caderno de estudos - ergonomia e segurança industrial

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ERGONOMIA E SEGURANÇA INDUSTRIAL Caderno de Estudos Profa. Claudia Padilha Editora Grupo UNIASSELVI 2011 NEAD Educação a Distância GRUPO

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Caderno de Estudos - Ergonomia e Segurança Industrial - Uniasselvi

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  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Caderno de Estudos

    Profa. Claudia Padilha

    Editora Grupo UNIASSELVI2011

    NEAD

    Educao a Distncia

    GRUPO

  • Copyright Editora GRUPO UNIASSELVI 2011

    Elaborao:Professora Claudia Padilha

    Reviso, Diagramao e Produo:Centro Universitrio Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI

    Ficha catalogrfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri Grupo UNIASSELVI Indaial.

    620.82 P123e Padilha, Claudia Ergonomia e segurana industrial / Claudia Padilha. Indaial : UNIASSELVI, 2011. 206 p. : il.

    Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-388-4

    1. Ergonomia. 2 Segurana no trabalho. I. Centro Universitrio Leonardo Da Vinci. Ensino a Distncia. II. Ttulo.

  • APRESENTAO

    Caro (a) acadmico (a)!

    Sou a Professora Claudia Padilha. Trabalharei com vocs a disciplina de Ergonomia e Segurana Industrial. Sou Fisioterapeuta e especialista em Fisioterapia do Trabalho, pelo CBES situado na cidade de Curitiba. Sou consultora em ergonomia desde 2006, e, atualmente, trabalho no SESI Blumenau, em uma equipe multidisciplinar com tcnicos e engenheiros de segurana.

    Neste Caderno de Estudos, vocs encontraro material completo e de fcil aprendizagem. muito prtico para ser utilizado no dia a dia. Sabemos que a Ergonomia e a Segurana Industrial so imprescindveis nos dias de hoje. Quando as utilizamos corretamente, nos encantamos, pois tem um objetivo muito nobre que melhorar as condies de trabalho para os trabalhadores. O material do Caderno lhe proporcionar parmetros para realizar um timo trabalho, despertando-o para novas buscas e pesquisas na rea.

    Na Primeira Unidade Conceitos: buscaremos a base dos nossos estudos, uma boa fundamentao terica para que possamos entender como nasceu a ergonomia e a segurana industrial. Veremos os princpios da ergonomia e do sistema enxuto, pois podem contribuir muito para uma produo saudvel. muito importante tambm fixarmos bem a fisiologia do trabalho, pois ela que nos acompanhar no nosso dia a dia.

    Na Segunda Unidade Fundamentos da Fisiologia Humana do Trabalho Ergonomicamente Adequado: agora que j entendemos como funciona a fisiologia do trabalho, precisamos conhecer tambm a fisiologia humana, para que possamos adequar o trabalho o mais confortvel e produtivo possvel aos nossos trabalhadores.

    E por fim a ltima Unidade Segurana Industrial: trataremos sobre o ambiente de trabalho, calor, vibrao e rudo. Voc poder identificar se existe risco para a sade do trabalhador. Veremos como identificar os riscos de acidente de trabalho, sempre prestando ateno na legislao que tambm estudaremos nesta unidade.

    Espero que este Caderno de Estudos possa contribuir para sua formao, que seja um despertar para um profissional completo e diferenciado, conhecedor das suas responsabilidades numa sociedade necessitada de profissionais cada vez mais qualificados.

    Bons estudos!Professora Claudia Padilha

    iiiERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    iv

    UNI

    Oi!! Eu sou o UNI, voc j me conhece das outras disciplinas. Estarei com voc ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observaes. Desejo a voc excelentes estudos!

    UNI

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    SUMRIO

    PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA .............................................................................ix

    UNIDADE 1: CONCEITOS BSICOS .............................................................................. 1

    TPICO 1: CONCEITOS BSICOS ................................................................................. 31 INTRODUO ............................................................................................................... 32 ERGONOMIA ................................................................................................................. 32.1 TRABALHO E CONDIES DE TRABALHO ............................................................. 42.2 CORRENTES DA ERGONOMIA ................................................................................. 52.3 TIPOS DE ERGONOMIA ............................................................................................. 5RESUMO DO TPICO 1 ................................................................................................... 6AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 7

    TPICO 2: HISTRIA E EVOLUO .............................................................................. 71 INTRODUO ............................................................................................................... 72 HISTRIA DA INDSTRIA ........................................................................................... 73 EVOLUO DA ERGONOMIA .................................................................................... 103.1 ERGONOMIA NO BRASIL ........................................................................................ 12RESUMO DO TPICO 2 ................................................................................................. 13AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 14

    TPICO 3: PRINCPIOS BSICOS DA ERGONOMIA, SISTEMAS DE PRODUO ENXUTA, LER E DORT ............................................................................... 15

    1 INTRODUO ............................................................................................................. 152 PRINCPIOS BSICOS DE ERGONOMIA .................................................................. 152.1 NO MTODO DE TRABALHO .................................................................................. 153 SISTEMAS DE PRODUO ENXUTA ........................................................................ 174 LER E DORT ................................................................................................................ 174.1 HISTRIA .................................................................................................................. 184.2 ETIOLOGIA DA LER/DORT ...................................................................................... 19RESUMO DO TPICO 3 ................................................................................................. 21AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 22

    TPICO 4: FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA DO TRABALHO .................................. 231 INTRODUO ............................................................................................................. 232 FISIOLOGIA DO TRABALHO ..................................................................................... 232.1 BIOMECNICA .......................................................................................................... 292.2 POSTURAS DO CORPO .......................................................................................... 322.2.1 Caractersticas dos movimentos ............................................................................ 342.3 ANTROPOMETRIA .................................................................................................... 362.3.1 Tipos de Antropometria ........................................................................................... 38

    v

  • vi

    2.3.2 Aplicaes da Antropometria .................................................................................. 422.4 TRABALHO PESADO ............................................................................................... 482.5 LEVANTAMENTO E TRANSPORTE MANUAL DE CARGAS ................................... 492.5.1 Levantamento de cargas ........................................................................................ 502.5.2 Transporte de cargas .............................................................................................. 55LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 55RESUMO DO TPICO 4 ................................................................................................. 58AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 59AVALIAO .................................................................................................................... 60

    UNIDADE 2: TRABALHO ERGONOMICAMENTE ADEQUADO .................................. 61

    TPICO 1: POSTOS E ESTAES DE TRABALHO ................................................... 631 INTRODUO ............................................................................................................. 632 ORGANIZAO DO TRABALHO ............................................................................... 633 POSTO DE TRABALHO .............................................................................................. 663.1 CONCEPO DO POSTO DE TRABALHO ............................................................. 683.2 DIMENCIONAMENTO DO POSTO DE TRABALHO ................................................ 71RESUMO DO TPICO 1 ................................................................................................. 75AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 76

    TPICO 2: SISTEMAS HOMEM-MQUINA E MTODOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO ................................................................................................. 77

    1 INTRODUO ............................................................................................................. 772 SISTEMAS HOMEM-MQUINA .................................................................................. 772.1 COMPONENTES DO SISTEMA ............................................................................... 792.1.1 Mostradores ............................................................................................................ 792.1.2 Controles ................................................................................................................ 803 MTODOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO ........................................................ 843.1 FERRAMENTAS MANUAIS ...................................................................................... 87RESUMO DO TPICO 2 ................................................................................................. 90AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 91

    TPICO 3: ATIVIDADE MENTAL E TRABALHOS EM TURNOS ................................. 931 INTRODUO ............................................................................................................. 932 ATIVIDADE MENTAL ................................................................................................... 932.1 ATENO PROLONGADA ....................................................................................... 943 TRABALHOS EM TURNOS ........................................................................................ 95RESUMO DO TPICO 3 ................................................................................................. 98AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 99

    TPICO 4: PREVENO DE SOBRECARGA NO TRABALHO E SOLUES ERGONMICAS ........................................................................................ 101

    1 INTRODUO ........................................................................................................... 101

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

  • vii

    2 SOBRECARGA NO TRABALHO EM DIVERSAS SITUAES .............................. 1013 ANLISE ERGONMICA DO TRABALHO (AET) .....................................................110LEITURA COMPLEMENTAR .........................................................................................111RESUMO DO TPICO 4 ................................................................................................113AUTOATIVIDADE ..........................................................................................................114AVALIAO ...................................................................................................................115

    UNIDADE 3: ERGONOMIA E SEGURANA X RISCOS ..............................................117

    TPICO 1: CONDIES AMBIENTAIS (ILUMINAO, RUDO, VIBRAO, CALOR E FRIO) ..........................................................................................................119

    1 INTRODUO ............................................................................................................1192 VISO .........................................................................................................................1193 A VISO E O TRABALHO ......................................................................................... 1234 AUDIO ................................................................................................................... 1255 AUDIO E O TRABALHO RUDO ....................................................................... 1285.1 PROBLEMAS DE SADE RELACIONADOS EXPOSIO AO RUDO ............. 1295.2 SER QUE O RUDO INFLUENCIA NO DESEMPENHO DO TRABALHADOR? ............................................................................................. 1315.3 CONTROLE DO RUDO INDUSTRIAL ................................................................... 1316 VIBRAES .............................................................................................................. 1336.1 EFEITOS DA VIBRAO SOBRE O ORGANISMO ............................................... 1336.2 VIBRAO E SADE ............................................................................................. 1357 TEMPERATURA E ORGANISMO HUMANO ............................................................ 1368 VENTILAO ............................................................................................................ 1409 TRABALHO EM ALTAS TEMPERATURAS .............................................................. 1429.1 DOENAS DO CALOR ........................................................................................... 14210 TRABALHO EM BAIXAS TEMPERATURAS .......................................................... 143RESUMO DO TPICO 1 ............................................................................................... 144AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 145

    TPICO 2: ACIDENTE DE TRABALHO (CONCEITOS, CAUSAS, CUSTOS E MTODOS DE PROTEO INDIVIDUAL E COLETIVA) ......................... 1471 INTRODUO ........................................................................................................... 1472 ACIDENTE DE TRABALHO ...................................................................................... 1482.1 DOENA OCUPACIONAL E/OU DO TRABALHO .................................................. 1492.2 CLASSIFICAO DOS ACIDENTES DE TRABALHO ........................................... 1502.3 CUIDADOS COM A TERCEIRIZAO / QUARTEIRIZAO DE SERVIOS ....... 1532.4 CAUSAS DE ACIDENTES ...................................................................................... 1542.5 CONSEQUNCIAS DOS ACIDENTES ................................................................... 1562.6 MTODOS DE PREVENO INDIVIDUAL E COLETIVA ...................................... 1562.7 PROTEO ............................................................................................................ 157RESUMO DO TPICO 2 ............................................................................................... 166AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 167

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

  • viiiERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    TPICO 3: ASPECTOS LEGAIS (CIPA, MTE - MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO, NRs NORMAS REGULAMENTADORAS) ......................... 169

    1 INTRODUO ........................................................................................................... 1692 IMPLEMENTAO DA SEGURANA NO TRABALHO .......................................... 1692.1 CIPA ......................................................................................................................... 1702.2 SEGURANA NO TRABALHO NO BRASIL ........................................................... 1752.3 NORMAS REGULAMENTADORAS ........................................................................ 179LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 195RESUMO DO TPICO 3 ............................................................................................... 202AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 203AVALIAO .................................................................................................................. 204REFERNCIAS ............................................................................................................. 205

  • ix

    PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA

    EMENTA

    Conceitos. Sistemas Homem-Mquina. Posto de Trabalho. Ambiente Trmico. Audio. Viso. Vibrao. Atividade Mental. Acidentes de Trabalho: conceitos, causas e custos. Mtodos de Preveno Individual e Coletiva. Fundamentos de fisiologia do trabalho. Antropometria e biomecnica. Dimensionamento de postos de trabalho. Concepo de postos e de estaes de trabalho. Aspectos Legais. Princpios Bsicos da Ergonomia, Organizao do Trabalho, Sistemas de Produo Enxuta, LER e DORT, Trabalho Fisicamente Pesado e Levantamento e Transporte Manual de Materiais, Mtodos e Ferramentas de Trabalho, Preveno de Sobrecarga no Trabalho, Trabalhos em Turnos, e Solues Ergonmicas.

    OBJETIVOS DA DISCIPLINA

    Esta disciplina tem por objetivos:

    conhecer os conceitos de ergonomia, sua histria no mundo e no Brasil;

    compreender os princpios e filosofia ergonmica;

    reconhecer as aplicaes da ergonomia no trabalho nos diversos seguimentos da indstria;

    identificar as conseqncias que a falta de adequao ergonmica pode implicar;

    conhecer a legislao, CLT, INSS e NRs;

    compreender o que so acidentes de trabalho;

    identificar e reconhecer os possveis acidentes de trabalho e suas conseqncias no organismo humano;

    conhecer medidas preventivas e EPIs.

    PROGRAMA DA DISCIPLINA

    UNIDADE 1 CONCEITOS BSICOSTPICO 1 CONCEITOS BSICOSTPICO 2 HISTRIA E EVOLUOTPICO 3 PRINCPIOS BSICOS DA ERGONOMIA, SISTEMAS DE PRODUO ENXUTA,

    LER E DORTTPICO 4 FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA DO TRABALHO

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

  • xERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    UNIDADE 2 TRABALHO ERGONOMICAMENTE ADEQUADOTPICO 1 POSTOS E ESTAES DE TRABALHOTPICO 2 SISTEMAS HOMEM-MQUINA E MTODOS E FERRAMENTAS DE TRABALHOTPICO 3 ATIVIDADE MENTAL E TRABALHOS EM TURNOSTPICO 4 PREVENO DE SOBRECARGA NO TRABALHO E SOLUES ERGONMICAS

    UNIDADE 3 ERGONOMIA E SEGURANA X RISCOSTPICO 1 CONDIES AMBIENTAIS (ILUMINAO, RUDO, VIBRAO, CALOR E FRIO)TPICO 2 ACIDENTE DE TRABALHO (CONCEITOS, CAUSAS, CUSTOS E MTODOS DE

    ROTEO INDIVIDUAL E COLETIVA)TPICO 3 ASPECTOS LEGAIS (CIPA, MTE - MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO,

    NRs NORMAS REGULAMENTADORAS)

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    UNIDADE 1

    CONCEITOS BSICOS

    OBJETIVOS DE APRENDIzAGEM

    A partir desta unidade, voc ser capaz de:

    explicar os diversos conceitos e as fases da ergonomia;

    identificar os acontecimentos mais notrios para o surgimento da industrializao e da ergonomia;

    interpretar a histria e evoluo da indstria e da ergonomia;

    justificar a necessidade de se utilizar a ergonomia nas empresas;

    identificar os principais problemas causados pela falta de adequao nos postos de trabalho;

    conhecer os princpios do corpo humano, seu funcionamento no trabalho e os desgastes possveis.

    TPICO 1 CONCEITOS BSICOS

    TPICO 2 HISTRIA E EVOLUO

    TPICO 3 PRINCPIOS BSICOS DA ERGONOMIA, SISTEMAS DE PRODUO ENXUTA, LER E DORT

    TPICO 4 FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA OCUPACIONAL

    PLANO DE ESTUDOS

    Esta unidade est dividida em quatro tpicos. No final de cada um deles, voc encontrar atividades que reforaro o seu aprendizado.

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    CONCEITOS BSICOS

    1 INTRODUO

    TPICO 1

    UNIDADE 1

    Caro(a) acadmico(a)! Abordaremos, neste tpico, alguns assuntos relacionados ergonomia. Estudaremos alguns conceitos da ergonomia, para servir como um guia de consulta na atuao dos engenheiros de produo nos diversos seguimentos industriais. Este ser um material que servir como um estmulo formao de novos ergonomistas, pessoas preocupados com a sade do trabalhador e tambm com a sade das empresas.

    Conceitos conforme a ABERGO (Associao Brasileira de Ergonomia).

    IMPORT

    ANTE!

    Ergonomia a adaptao do trabalho do homem.

    2 ERGONOMIA

    DO GREGOERGO: TRABALHO + NOMOS: REGRA, LEI

    O objetivo prtico da Ergonomia a adaptao do posto de trabalho, dos instrumentos, das mquinas, dos horrios, do meio ambiente s exigncias do homem. A realizao de tais objetivos, em nvel industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforo humano.

  • UNIDADE 1TPICO 14

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    J para Couto (2002, p. 11), podemos definir como: o trabalho interprofissional que, baseado num conjunto de cincias e tecnologias, procura o ajuste mtuo entre o ser humano e seu meio ambiente de trabalho de forma confortvel e produtiva, basicamente procurando adaptar o trabalho ao homem.

    Segundo Iida (2005, p. 2) abrange no s mquinas e equipamentos utilizados, mas tambm toda a situao em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho. Comenta ainda, que muito mais difcil adaptar o homem ao trabalho do que o trabalho ao homem.

    Podemos observar que a ABERGO (Associao Brasileira de Ergonomia) no ano de 2000, a IEA (Associao Internacional de Ergonomia) adotou uma definio oficial, que diz:

    A Ergonomia (ou Fatores Humanos) uma disciplina cientfica relacionada ao entendimento das interaes entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e aplicao de teorias, princpios, dados e mtodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema.

    UNI

    Resumidamente podemos dizer que a ergonomia : adaptao inteligente, confortvel e produtiva do trabalho ao homem.

    2.1 TRABALHO E CONDIES DE TRABALHO

    Se pensarmos em trabalho, Davies e Shackleton (1977, p. 13) referenciam a definio dada por O'TOOLE, que diz que "o trabalho uma atividade que produz algo de valor para outras pessoas". E Condies de trabalho, como "o conjunto de fatores que determinam o comportamento do trabalhador.

    IMPORT

    ANTE!

    Pensando nestas duas definies, podemos imaginar a importncia de usarmos cada vez mais a Ergonomia a favor do homem.

  • UNIDADE 1 TPICO 1 5

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    IMPORT

    ANTE!

    2.2 CORRENTES DA ERGONOMIA

    Existem duas correntes na ergonomia. So geraes diferentes que do seu enfoque particular:

    A primeira corrente, a mais antiga, a Anglo-Saxnica que considera a ergonomia como a utilizao de algumas cincias para melhorar as condies de trabalho. Esta corrente enfoca mais a concepo de dispositivos tcnicos (mquinas, utenslios, postos de trabalho, ferramentas, programas etc.).

    A Europeia a segunda corrente. Por ser mais recente, tem como enfoque principal o estudo especfico do trabalho, com o objetivo de melhor-lo. Preocupando-se menos com os equipamentos, dispositivos e mais com o conjunto do trabalho, e principalmente com o trabalhador em questo, (sua fadiga, posturas, modo operatrio etc.).

    Aps a Segunda Guerra Mundial, a empresa francesa RENAULT, foi a primeira indstria automobilstica a criar um laboratrio voltado para a ERGONOMIA.

    Objeto Produto: concentra-se no estudo e pesquisas no setor comercial, na confeco de produtos

    com designer, cor, textura e qualidade adequados ao consumidor. Produo: que est voltada ao homem, s condies de trabalho, organizao, ambiente,

    adaptaes e ao modo operatrio.

    2.3 TIPOS DE ERGONOMIA

    Entre os tipos, destacam-se:

    Ergonomia de Concepo: tambm chamada de Ergonomia Pr-ativa, inicia-se no planejamento do posto, atravs de um estudo aprofundado do ambiente de trabalho, da prescrio da tarefa, do conforto e postura do trabalhador, das perspectivas de produo, durante a concepo do posto, criando assim um posto de trabalho adequado ergonomicamente.

    Ergonomia de Correo: a avaliao do posto j instalado, postura do trabalhador, ambiente de trabalho, mobilirio, ferramentas, modo operacional etc. Com o objetivo de adaptar ergonomicamente o mesmo. A ergonomia de correo tambm pode ser chamada de reativa, pois reage aos problemas detectados.

  • UNIDADE 1TPICO 16

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    RESUMO DO TPICO 1

    Caro(a) acadmico(a)! No presente tpico, estudamos vrios aspectos relacionados ao Trabalho e ao Trabalhador, aos quais apresentamos um resumo:

    Alguns conceitos de ergonomia, que consiste resumidamente em adaptar o trabalho ao homem.

    Sobre trabalho e condies de trabalho, que esto intimamente ligados ergonomia.

    As duas geraes ergonmicas, a anglo-saxnica e a europeia, com suas particularidades.

    Como podemos atuar em ergonomia, se pr-ativo ou reativo, que consistem em planejar um posto de trabalho, ou corrigir um j existente.

  • UNIDADE 1 TPICO 1 7

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Caro(a) acadmico(a)! Para melhor fixar o contedo estudado neste tpico, sugerimos que voc resolva as seguintes atividades:

    1 Resumidamente conceitue ergonomia.

    2 Qual a diferena bsica entre as correntes ergonmicas anglo-saxnica e europeia?

    3 O que ergonomia corretiva e ergonomia de concepo?

  • UNIDADE 1TPICO 18

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    HISTRIA E EVOLUO

    1 INTRODUO

    TPICO 2

    UNIDADE 1

    Neste tpico, estudaremos um pouco da histria do trabalho, da ergonomia e como e quem foram os responsveis pela ergonomia. Como a indstria evoluiu, a revoluo industrial, os principais acontecimentos para o surgimento da cincia da ergonomia.

    Alguns acontecimentos, disputas de tecnologias auxiliaram a ergonomia a crescer e ser mais difundida no mundo: quais so as fases da ergonomia conforme alguns autores, a criao da NR 17, ergonomia pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, ergonomia no Brasil, fases universitrias e crescimento em consultorias.

    2 HISTRIA DA INDSTRIA

    Antes de 1750, o trabalho era basicamente realizado por energia fsica, por seres humanos e trao animal, e nenhuma forma de energia era aproveitada para facilitar a produo. Por volta de 1780, iniciou-se o uso do vapor para uma srie de invenes. Ali existia um nmero excessivo de horas de trabalho, pssimas condies e frequentes acidentes de trabalho.

    No incio do sculo XX, Fayol, Taylor e Ford foram os principais nomes da industrializao, pois estabeleceram regras para o funcionamento, organizao e produo em massa nas indstrias. Resultando no aumento significativo na produtividade. (CYBIS, p. 5)

    A partir de 1973, houve uma reestruturao produtiva, atravs de mudanas nas bases tecnolgicas atravs da microeletrnica, na relao de trabalho, com trabalhos autnomos, terceirizados e cooperativas. Houve tambm uma mudana na organizao do trabalho com as clulas autogerenciveis e novas formas de gerenciamento, que por sinal continuam evoluindo.

  • UNIDADE 1TPICO 210

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    3 EVOLUO DA ERGONOMIA

    Para Iida (2005, p. 6), muito provavelmente o homem das cavernas j pensava em adaptar seu trabalho as suas condies fsicas, pois escolheu uma pedra, num formato anatmico para no se ferir. Isso ergonomia.

    Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez em 1857, pelo polons W. Jastrzebowski, que publicou um "ensaio de ergonomia ou cincia do trabalho baseada nas leis objetivas da cincia da natureza". Trata-se da maneira de mobilizar quatro aspectos da natureza anmica, quais seriam a natureza fsico-motora, a natureza esttico-sensorial, a natureza mental-intelectual e a natureza espiritual-moral. Esta cincia do trabalho, portanto, significava a cincia do esforo, jogo, pensamento e devoo. Uma das ideias bsicas de Jastrzebowski a proposio chave de que estes atributos humanos deflacionam-se e declinam devido a seu uso excessivo ou insuficiente. (BA, 2002 p. 126)

    Apenas durante a Segunda Guerra Mundial foram produzidas mquinas novas e complexas, inovaes que no corresponderam s expectativas, porque, na sua concepo, no foram levadas em considerao as caractersticas e as capacidades humanas. Surgiu a nova cincia, a ergonomia, que uniu esforos entre a tecnologia, as cincias humanas e biolgicas. Fisiologistas, psiclogos, antroplogos, mdicos e engenheiros, trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operao de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforo interdisciplinar foram to frutferos, que foram aproveitados pela indstria, no ps-guerra.

    Para Couto (2002, p. 14), a indstria j sabia onde implantar essa nova cincia, pois com a revoluo industrial de Taylor, Fayol e Ford iniciaram uma srie de problemas, tais como: impossibilidade de conseguir um nico e correto mtodo de trabalho; alienao do trabalhador no processo decisrio; seleo fsica e psicolgica rigorosssimas; trabalho exaustivo at a fadiga; isolamento do trabalhador numa s posio; desencadeamento de distrbios osteomusculares por sobrecarga funcional; reduo das possibilidades funcionais do trabalhador; entre outros.

    Em 1947, foi criada a primeira sociedade de ergonomia do planeta a Ergonomics Research Society, nascendo, assim, a corrente de ergonomia de fatores humanos (HUMAN FACTORS & ERGONOMICS OU HFE).

    Entre 1960 e 1980, assistiu-se a um rpido crescimento e expanso da ergonomia,

  • UNIDADE 1 TPICO 2 11

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    pois o meio industrial tomou conscincia da sua importncia na concepo dos produtos e dos sistemas de trabalho (equipamentos, ferramentas, ambiente, postura do trabalhador, organizao do trabalho etc.).

    IMPORT

    ANTE!

    IMPORT

    ANTE!

    IMPORT

    ANTE!

    Em 23 de novembro de 1990, O Ministrio do Trabalho e Emprego instituiu a Portaria n 3.751, a Norma Regulamentadora - NR17, que trata especificamente da ergonomia. Esta norma visa estabelecer parmetros que permitam a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente.

    Para Ba (2002, p. 126.), a ergonomia passou por quatro fases, cada uma com sua particularidade. A primeira ps-guerra, que est voltada mais s questes fsicas do ambiente de trabalho e s questes fisiolgicas e biomecnicas. J na segunda fase, ocorre uma melhor compreenso da relao entre o homem e seu ambiente, a fase do ambiente fsico (rudo, iluminao, vibrao etc.) Falando na terceira fase, a ergonomia da interface com o usurio, pois ocorre a informatizao dos processos e produtos. E, finalmente, a quarta fase, a viso macro, focaliza o homem, a organizao, o ambiente e a mquina como um todo em um sistema mais amplo.

    Caro(a) Acadmico(a)! Podemos dizer que, a ergonomia est em constante evoluo. Conforme as empresas vo evoluindo, a relao entre colaborador e seu trabalho tambm evolui, tornando a vida do ser humano mais produtiva, mais fcil e com mais qualidade.

    Um acontecimento bastante importante para a ergonomia em 1960, foi a disputa entre Estados Unidos e Unio Sovitica, pela conquista do espao, A ergonomia foi estudada profundamente, para ajustar os equipamentos, os espaos e as naves s reais necessidades dos astronautas.

    Iida (2005, pg. 2) destaca que para realizar seus objetivos a ergonomia precisa estudar os diversos aspectos do comportamento humano no seu trabalho e fatores importantes para projetos de sistemas de trabalho, tais como: o homem, a mquina, o ambiente, a informao, a organizao e as consequncias do trabalho.

  • UNIDADE 1TPICO 212

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    3.1 ERGONOMIA NO BRASIL

    Para VITAL (2002, p. 36), podemos dividir a ergonomia no Brasil em trs momentos: os primrdios, a fase universitria e a fase de disseminao junto ao mercado.

    Primrdios: O Professor Srgio Penna Kehl, da escola Politcnica da USP, foi um dos primeiros brasileiros a ensinar ergonomia. Ele abordou um tpico chamado O Produto e o Homem. Acreditando na ergonomia fundou GAPP (Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento), que oferece s empresas uma consultoria em ergonomia. Aps a Engenharia de Produo, as escolas de Desenho Industrial, Design e Psicologia tambm incluram nas suas grades a disciplina de Ergonomia.

    A Fase Universitria: aps a fase de Srgio Penna Kehl, vrias universidades como COPPE, ESDI e a FGV, tambm incluram a ergonomia como disciplina. Nasceram tambm, ps-graduaes, mestrados e doutorados, em Engenharia de Produo, Medicina, Psicologia, Design, Fisioterapia, entre outras reas.

    Fase de Disseminao: com o crescimento da formao em ergonomia, cresceram em quantidade e qualidade os profissionais oferecendo consultoria para empresas, nos mais diversos seguimentos. Um impulso foi, a criao da ABERGO (Associao Brasileira de Ergonomia), e Comisso de Ergonomia no Ministrio do Trabalho e Emprego.

  • UNIDADE 1 TPICO 2 13

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    RESUMO DO TPICO 2

    Caro(a) acadmico(a)! No presente tpico, estudamos vrios aspectos relacionados ergonomia, dos quais apresentamos um resumo:

    Para entendermos como surgiu a ergonomia, h a necessidade de saber qual era a real necessidade da poca.

    Quais foram os nomes principais da histria da industrializao e quais foram as suas contribuies para a indstria e, ainda, quais foram as consequncias para os trabalhadores.

    As consequncias da industrializao foram um combustvel para a criao da cincia da ergonomia.

    Qual foi a contribuio da Segunda Grande Guerra Mundial, para a ergonomia.

    O conforto dos astronautas gerou estudos ergonmicos profundos, colaborando para um crescimento ainda mais rpido.

    As fases da ergonomia citada por Ba, 2002.

    Ergonomia no Brasil, da disciplina no curso de Engenharia de Produo a doutorados, da criao da ABERGO passando pela criao da NR 17, e da Comisso de Ergonomia no Ministrio do Trabalho e Emprego.

  • UNIDADE 1TPICO 214

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Caro(a) acadmico(a)! Para melhor fixar o contedo estudado neste tpico, sugerimos que voc resolva as seguintes atividades:

    1 Como Fayol, Taylor e Ford impulsionaram a industrializao?

    2 Quais foram os principais problemas gerados pela industrializao de Fayol, Taylor e Ford?

    3 Qual foi a contribuio da Segunda Guerra Mundial para a ergonomia?

    4 Como evoluiu a ergonomia no Brasil?

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    PRINCPIOS BSICOS DA ERGONOMIA, SISTEMAS DE PRODUO

    ENXUTA, LER E DORT

    1 INTRODUO

    TPICO 3

    UNIDADE 1

    Caro(a) acadmico(a)! Abordaremos, neste tpico, princpios bsicos da ergonomia para execuo do trabalho e como eles podem auxiliar o trabalhador a evitar sobrecarga fsica. Como a Ergonomia pode auxiliar na produo enxuta e a produo enxuta pode contribuir com a ergonomia. O que LER/DORT, como evoluiu, quais as suas causas e consequncias, e o que as empresas podem fazer para a preveno. Outro princpio quando se deu uma epidemia no Brasil.

    A ergonomia a ferramenta perfeita para auxiliar as empresas a prevenir LER/DORT, pois atravs dela que podemos identificar os pontos a serem alterados, planejar novas aes, realizar atividades que auxiliam o trabalhador a realizar seu trabalho com mais facilidade, produtividade, menor fadiga, e sem desperdcios, melhorando assim todo o conjunto colaborador/ empresa.

    2 PRINCPIOS BSICOS DE ERGONOMIA

    2.1 NO MTODO DE TRABALHO

    Para Couto (2002, p. 59), o mtodo de trabalho um dos principais causadores de problemas ergonmicos, contudo podemos minimiz-los aplicando uma regra bsica de utilizao do corpo para o trabalho. As duas mos devem comear e completar os movimentos de uma s vez: ocorrer um melhor

    rendimento e um maior conforto de a mo direita e a esquerda pegarem os componentes

  • UNIDADE 1TPICO 316

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    simultaneamente e se colocarem simultaneamente no local de montagem. Os movimentos dos braos devem ser executados de forma simtrica, em direes opostas,

    simultaneamente: isso facilitar a manuteno do eixo corporal na posio vertical sem desvios.

    Os movimentos das mos devem ser facilitados e simplificados: nos diversos elementos e ou movimentos de trabalho devem se simplificados e facilitados, para facilitar a atividade do trabalhador.

    Usar fora da gravidade para o transporte de peas: a fora da gravidade pode facilitar a conduo das peas, evitando sobrecarga fsica do trabalhador.

    Dar preferncia aos movimentos angulares contnuos, ao invs dos de linha reta com mudana brusca de direo; os movimentos em arco so bem mais rpidos, fceis e precisos do que os retilneos: nos movimentos em semicrculos economizam energia e produzem o mesmo.

    O corpo deve trabalhar na vertical: nesta posio o gasto energtico mnimo e esta posio fisiolgica.

    Nas Ferramentas, Dispositivos e Postos de Trabalho: Dever haver um local fixo, definido, para as ferramentas e materiais: logo o trabalhador

    memorizar o esquema do posto de trabalho e realizar seu trabalho mais facilmente. Situar as ferramentas e materiais na ordem de sua utilizao: isso evitar que o trabalhador

    desloque seu corpo para fora do eixo natural, evitando movimentos que possam ser nocivos.

    Sempre que possvel, transferir para dispositivos o trabalho de segurana, fixar e sustentar as peas: quando a mo humana utilizada para segurar algum dispositivo, melhor fix-lo em uma morsa por exemplo.

    Combinar duas ou mais ferramentas, se necessrio: o estudo da tarefa fundamental para definir as melhores ferramentas.

    Adequar a empunhadura das ferramentas, de forma a fazer contato com toda superfcie da mo: para superfcies verticais os cabos devem ser em pistolas, e superfcies horizontais, retos.

    Evitar esforos manuais em pina, somente admiti-los para atividade de preciso: o trabalhador que realiza o movimento de pina forado mais suscetvel a distrbios de membros superiores.

    Evitar trabalhos na parte de trs de uma pea: esses movimentos costumam ocasionar movimentos de compresso nervosa, e fora do eixo natural.

    Prover iluminao adequada exigncia visual da tarefa: pois evita desperdcio de tempo na realizao da tarefa.

    Acertar o plano de trabalho individualmente para cada operador: cada tipo de trabalho ou peso da pea tem uma altura adequada. Por exemplo: altura do trabalho pesado o osso pbis do operador, trabalhos moderados so no cotovelo, e trabalhos leves ou de empenho visual so a 30 cm dos olhos.

    Distribuir o trabalho de acordo com a capacidade das pernas, dedos e mos: as pernas devem ser utilizadas para fazer fora. A movimentao precisa realizada pelos membros superiores

  • UNIDADE 1 TPICO 3 17

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    e mos, punhos retos e dedos devem realizar movimentos precisos e delicados.

    3 SISTEMAS DE PRODUO ENXUTA

    Conforme Ba (2002, p. 32), um sistema de produo flexvel, com robs, manipuladores, mquinas-ferramentas, entre outros. Foi criado por Taiichi Ohno, que desenvolveu vrias abordagens, como: composio do trabalho, as 7 perdas, os 5 S, Set Up, Heijunka e Shojinka, CQZD controle de qualidade zero defeito e sistema Kanban.

    Buettgen (2009, p. 142) comenta que, abalado economicamente, limitado em recursos e com srios problemas de produtividade, o Japo ps-guerra, necessitava de uma nova perspectiva industrial; atravs de mudana de comportamentos, pensamentos e atitudes, criou-se a produo enxuta, com novos princpios e prticas gerenciais.

    A produo sem estoque, enxuta, eliminando os desperdcios, com fluxo contnuo, esforo da resoluo dos problemas imediatamente, envolvimento de todos e aprimoramento contnuo, so os princpios da produo enxuta. Se formos mais profundamente ao assunto, veremos que a ergonomia esta intimamente ligada a ela, pois busca uma produo sem desperdcios, com envolvimento de todos, estudos e aprimoramento contnuo com um enfoque especial no trabalhador, na sua postura, no seu rendimento, na sua sade e conforto. Ento podemos utilizar a ergonomia para auxiliar a produo enxuta, e a produo enxuta para auxiliar a ergonomia.

    IMPORT

    ANTE!

    IMPORT

    ANTE!

    A ergonomia pode auxiliar a produo enxuta, e a produo enxuta a ergonomia! apenas uma questo de estudo.

    4 LER E DORT

    LER: Leso por esforo repetitivo, DORT: Distrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

  • UNIDADE 1TPICO 318

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    4.1 HISTRIA

    O primeiro relato sobre LER e DORT, foi feito em 1473, por Ellenborg. Em 1717, Ramazzini, considerado o pai da Medicina do Trabalho, descreveu a doena dos escribas e balconistas, que devido manuteno da mesma postura por longos perodos, movimentos repetidos das mos na mesma direo, somado esforo mental intenso, cometiam erros de clculos nos livros, e queixavam-se de fadiga e paralisia nos membros superiores. (BA, 2002, p. 45)

    A industrializao das mquinas a vapor tambm deu sua contribuio para a LER e DORT, devido aos processos produtivos difceis, longas jornadas de trabalhos, manuteno do trabalhador na mesma postura, trabalhos realizados fora do eixo natural do corpo, trabalhos montonos e esforo fsico intenso.

    Na Segunda Revoluo Industrial, com a busca de maior produtividade e organizao do trabalho, foram criadas novas mquinas, que substituram um pouco da fora fsica humana, porm aumentou a incidncia de acometimentos relacionados ao trabalho (como cimbras), pois esses postos muitas vezes eram antiergonmicos, deixavam o trabalhador sem possibilidade de variar o padro de movimentos, as linhas de montagem geravam movimentos repetitivos e eram mantidas as longas jornadas de trabalho.

    Porm uma epidemia de LER e DORT aconteceu nas ltimas dcadas, devido ao ambiente de trabalho, ferramentas, utenslios, acessrios e mobilirios inadequados; longos perodos na mesma posio, utilizao de equipamentos vibratrios, excesso de horas extras, ajustes inadequados no posto de trabalho, carga mental intensa, entre outros fatores. Estudos foram iniciados, para mapear as doenas, setores, profisses e seguimentos da indstria, pela organizao mundial de sade.

    TABELA 1 TABELA DE ACIDENTES DE TRABALHO INSSCID 10 /DOENAS TOTAL COM

    e SEM CATDOENAS DO TRABALHO

    TOTAL SEM CAT

    TOTAL 659.523 22.374 141.108M54 Dorsalgia 51.372 1.745 36.052M65 - Sinovite e tenossinovite 22.515 4.403 15.187M75 - Leses do ombro 19.505 3.891 13.752G56 - Mononeuropatias dos membros superiores 8.465 1.149 7.061M51 - Outros transtornos de discos intervertebrais 6.672 789 4.994M77 - Outras entesopatias 6.220 945 4.693F43 - Reaes ao stress grave e transtornos de adaptao 7.026 310 2.920

    FONTE: Anurio Estatstico da Previdncia Social 2008, p. 539.

  • UNIDADE 1 TPICO 3 19

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    IMPORT

    ANTE!

    Podemos perceber na tabela acima, uma incidncia de doenas osteomusculares, doenas estas que possivelmente no estariam acometendo trabalhadores, se as empresas investissem em preveno, melhorassem seus sistemas de gerenciamento de riscos e produo e se pensassem mais nos seus trabalhadores.

    4.2 ETIOLOGIA DA LER/DORT

    Para Ba (2002, p. 47), a LER/DORT tem diversas causas. Estudos demonstram diversos fatores, entre eles esto: biomecnicos, ergonmicos, psicossociais, organizacionais, individuais, metablicos e socioculturais. E todos so determinados por um fator chamado organizao de produo. Para entendermos melhor os fatores etiolgicos da LER/DORT, descreveremos um a um.

    Biomecnicos: posturas inadequadas, fora excessiva, repetitividade, compresso mecnica das estruturas corporais, utilizao inadequada de seguimentos corporais, trabalho montono e falta de preparo fsico.

    Fisiolgicos: hormnios, defeitos congnitos (maior nmero de vrtebras e costelas), fragilidade do sexo feminino, gravidez, estrutura ssea, obesidade, diabetes, problemas oculares, entre outros.

    Psicolgicos: estresse, atitude negativa em relao vida, insatisfao dentro e fora do trabalho, desmotivao, perfil psicolgico e busca inconsciente por benefcios sociais e ganhos secundrios.

    Hbitos de vida extratrabalho: hobbies, atividades domsticas, ignorncia com o funcionamento do corpo humano (falta de cuidados com a sade), tabagismo, alcoolismo, dupla jornada de trabalho etc.

    Organizao do trabalho: ritmo de trabalho imposto pela gerncia ou linhas de produo, horas extras, trabalhos montonos, falta de treinamentos e pausas curtas ou inexistentes.

    Posto de trabalho: ferramentas no ergonmicas, altas ou baixas temperaturas (m distribuio da circulao sangunea favorecendo leses), vibraes, carga excessiva de trabalho etc.

    Todos esses fatores desequilibram a relao entre o corpo, mente e meio socioeconmico cultural, do trabalhador. Influenciando diretamente na sua qualidade de vida.

    Dores e limitaes decorrentes de LER/DORT contribuem para o aparecimento de sintomas depressivos, de ansiedade e angstia, fazendo o trabalhador sofrer um abalo na sua vida como um todo (insegurana, tenso, dvidas na possibilidade de melhorar e manuteno do trabalho ps-afastamento).

  • UNIDADE 1TPICO 320

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Pesquisadores comentam que todo ser humano para manter o bom funcionamento do corpo, necessita de uma dose de atividade fsica, pois com sedentarismo, aparecem os processos degenerativos por todo corpo. Por isso precisamos sempre incentivar a prtica de atividade fsica regular nas empresas.

    IMPORT

    ANTE!

    Com a adoo de programas de preveno de doenas e reduo do estresse no trabalho, com palestras, grupos de sensibilizao sobre o estresse, tcnicas de relaxamento, criao de locais para atividades ldicas e recreao, atividades que diminuam a sobrecarga fsica no trabalho e uma organizao de trabalho adequada e ajustada ergonomicamente fazem com que o trabalhador tenha prazer em realizar seu trabalho e orgulho da empresa em que trabalha.

  • UNIDADE 1 TPICO 3 21

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    RESUMO DO TPICO 3

    Caro(a) acadmico(a)! No presente tpico estudamos vrios assuntos relacionados ergonomia, dos quais apresentamos um resumo:

    Princpios da ergonomia nos mtodos de trabalho, nos dispositivos, utenslios e nos postos de trabalho.

    A contribuio da Produo Enxuta para a ergonomia e vice-versa.

    Estudamos tambm a LER/DORT, suas causas, consequncias no trabalho e qualidade de vida.

    O que as empresas podem fazer para prevenir a LER/DORT.

  • UNIDADE 1TPICO 322

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Caro(a) acadmico(a)! Para melhor fixar o contedo estudado neste tpico, sugerimos que voc resolva as seguintes atividades:

    1 Quais so os princpios bsicos da ergonomia no mtodo de trabalho?

    2 Como podemos ajustar ergonomicamente as Ferramentas, Utenslios e Postos de Trabalho, conforme seus princpios.

    3 Qual a ligao entre produo enxuta e ergonomia?

    4 Quais os fatores etiolgicos da LER/DORT?

    5 Podemos prevenir a LER/DORT? Como?

  • ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA DO TRABALHO

    1 INTRODUO

    TPICO 4

    UNIDADE 1

    Caro(a) acadmico(a)! Abordaremos, neste tpico, alguns assuntos relacionados ao funcionamento do organismo humano no trabalho. Vamos entender de fisiologia humana, o funcionamento do organismo, as principais funes, como: funo neuromuscular, coluna vertebral, metabolismos e senso cintico. Estudaremos a fisiologia, biomecnica, antropometria, trabalhos pesados e levantamento e transporte de cargas. De onde o organismo adquire energia, e quais atividades que consomem mais essa energia, quais as consequncias de certos trabalhos para o organismo. Quais as medidas necessrias para no expormos o trabalhador a riscos a sua sade.

    2 FISIOLOGIA DO TRABALHO

    Entenderemos melhor a fisiologia a partir do estudo de algumas funes do organismo humano.

    Sistema Nervoso: constitudo por clulas nervosas ou neurnios, com caractersticas de irritabilidade (sensibilidade a estmulos) e condutibilidade (condues de sinais eltricos). Esses Sinais Eltricos so chamados tambm de Impulsos Eltricos. So impulsos eletroqumicos propagados ao longo das fibras nervosas. Esses sinais so produzidos aps um estmulo externo (luz, som, temperatura, agentes qumicos, movimentos de articulaes,...) e conduzidos at o sistema nervoso central, onde ocorre a interpretao e reao. Por sua vez essa reao enviada de volta, pelos nervos motores, conectados aos msculos, provocando movimentos como, piscar dos olhos, movimentos dos membros, entre outros. Para essa reao acontecer ocorre a sinapse, que uma cadeia de clulas nervosas conectadas entre si, em um sentido nico, estima-se que cada ligao sinptica tenha capacidade de transmitir 10.000 sinais.

  • UNIDADE 1TPICO 424

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    FIGURA 1 SINAPSEFONTE: Iida (2005 p. 69)

    Sistema Muscular: so os grandes responsveis pelos movimentos do corpo, eles que transformam a energia qumica armazenada em contrao, consequentemente em movimentos. Para isso acontecer ocorre a oxidao de gorduras e hidratos de carbono, numa reao qumica. Existem trs tipos de msculos; os lisos, que esto nas paredes dos intestinos, vasos sanguneos, bexiga, e outras vsceras, os msculos do corao, que realizam trabalho muscular de bombear nosso sangue; e os msculos estriados ou esquelticos, que so os nicos de que temos controle consciente. So responsveis pelos diversos movimentos que realizamos no dia a dia. Os seres humanos tm aproximadamente 434 msculos estriados, 75 pares destes msculos esto envolvidos diretamente com a postura e movimentaes globais. Estes msculos so formados por fibras longas e cilndricas com dimetros entre 10 a 100 microns e comprimentos at 30 cm, dispostas paralelamente.

    FIGURA 2 FIBRAS MUSCULARES ESTRIADAS OU ESQUELTICASFONTE: Iida (2005 p. 71)

    Irrigao Sangunea: o sistema circulatrio quem nutre com oxignio, glicognio e outras substncias estes msculos. Este sistema constitudo por artrias, veias, vasos e capilares extremamente finos. Para esse sistema trabalhar perfeitamente como uma bomba hidrulica, os msculos precisam contrair e relaxar com certa frequncia. Quando o msculo contrai, ele estrangula a parede dos vasos, impedindo a passagem do sangue e quando relaxa

  • UNIDADE 1 TPICO 4 25

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    ele permite que ocorra um fluxo novamente. Quando a contrao for prolongada (mais que 1 minuto), esse msculo ficar sem nutrio, ocorrendo rapidamente a fadiga muscular. A fadiga muscular, por sua vez, a reduo da fora muscular, podendo causar dores intensas. A fadiga muscular reversvel, isso no quer dizer que seja um problema irrelevante.

    Biomecnica: podemos observar que o corpo humano se assemelha a um conjunto de alavancas, formado por ossos e articulaes movimentados pelos msculos. Para que haja um movimento so necessrios pelo menos dois msculos trabalhando, um contraindo (protagonista) e o outro distendendo (antagonista). Eles tm como objetivo evitar movimentos bruscos que possam prejudicar o bom funcionamento do sistema msculo-esqueltico.

    FIGURA 3 ALAVANCAS DO CORPOFONTE: Iida (2005 p. 73)

  • UNIDADE 1TPICO 426

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    IMPORT

    ANTE!

    Por exemplo, quando flexionamos o antebrao, realizamos contrao do bceps (protagonista) e distendemos o trceps (antagonista), mas quando estendemos o antebrao, realizamos contrao do trceps (protagonista) e distendemos o bceps (antagonista).

    FIGURA 4 CONTRAO MUSCULAR PROTAGONISTA E ANTAGONISTAFONTE: Iida (2005 p. 74)

    Biomecnica da Coluna Vertebral: constituda de 33 vrtebras, empilhadas uma sobre as outras, divididas em 7 cervicais (regio pescoo), 12 torcicas (regio do trax), 5 lombares (regio cintura), 5 sacrais (so vrtebras fundidas) na regio das ndegas e logo abaixo, as ltimas 4 formam o cccix (so pouco desenvolvidas). Destas 33, apenas 24 so flexveis, as cervicais, torcicas e lombares, que com os ligamentos e discos intervertebrais (disco cartilaginoso) formam uma estrutura rgida ao ponto de sustentar o peso de todo corpo, ao mesmo tempo em que tem flexibilidade para realizar movimentos de rotao, flexo, extenso e lateralizao. A coluna vertebral forma uma espcie de canal, por onde passa a medula espinhal, que liga o sistema nervoso central (crebro) atravs dos nervos interligados aos diversos seguimentos do corpo humano.

    A coluna possui 3 curvaturas fisiolgicas (naturais), duas lordoses (so concavidades na cervical e lombar) e uma cifose ( uma convexidade torcica), porm com uma utilizao inadequada, atravs de m postura, por exemplo, podemos aument-las, diminu-las ou at adquirir mais uma, a chamada escoliose.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 27

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    FIGURA 5 COLUNA VERTEBRAL SUAS ESTRUTURAS E CURVATURASFONTE: Iida (2005 p. 75)

    Metabolismo: a energia necessria para manter o bom funcionamento do organismo, gerada atravs da alimentao. Toda nossa alimentao transformada em energia, uma parte dela utilizada para mantermos vivos em repouso, apenas funes vitais, (corao, pulmo, sistema digestrio,...) atravs do Metabolismo Basal. A outra parte dessa energia utilizada como combustvel para as atividades do dia (trabalhar, estudar, praticar esportes,...) o excedente transformado em gordura como reserva de energia, para ser utilizado quando houver necessidade.

    IMPORT

    ANTE!

    Metabolismo Basal - Homens: 1.800 kcal/dia e Mulheres: 1.600 kcal/dia.

  • UNIDADE 1TPICO 428

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    FIGURA 6 METABOLISMOFONTE: Iida (2005 p. 79)

    Energia Gasta no Trabalho: Vamos observar quantos kcal/dia cada profissional consome para exercer suas atividades dirias. Os homens que trabalham em escritrio gastam 2.500 kcal/dia, um mecnico de automveis e um carpinteiro, gastam 3.000 kcal/dia, uma grande parte dos trabalhadores industriais gasta entre 2.800 e 4.000 kcal/dia. J entre as mulheres os gastos so um pouco menores, uma costureira ou digitadora, gasta 2.000 kcal/dia, uma vendedora ou dona de casa com afazeres leves, gasta 2.500 kcal/dia, uma bailarina ou trabalhadora com servios moderados gasta 3.000 kcal/dia.

    FIGURA 7 GASTO DE ENERGIA EM ALGUNS TRABALHOSFONTE: Iida (2005 p. 81)

  • UNIDADE 1 TPICO 4 29

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Senso Cintico: fornece informaes sobre movimentos de partes do corpo, sem a necessidade de acompanhamento visual. Permite perceber foras e tenses internas e externas exercidas pelos msculos. So clulas receptoras situadas nos msculos, tendes e articulaes, que quando h contrao do msculo, transmite ao sistema nervoso central informaes sobre o que est acontecendo, permitindo a percepo do movimento. Muitos movimentos do corpo esto sendo realizados pelo senso cintico enquanto outros esto realizando a tarefa propriamente dita. bastante utilizado no treinamento de novas habilidades motoras, funcionando como um realimentador do crebro para que o mesmo possa detectar se o movimento foi realizado corretamente.

    IMPORT

    ANTE!

    IMPORT

    ANTE!

    UM EXEMPLO DE SENSO CINTICO um motorista de automvel, que capaz de acionar corretamente o volante e os pedais, enquanto sua viso concentra-se no trfego.

    2.1 BIOMECNICA

    Quando simplificarmos o conceito, biomecnica o estudo da mquina humana. Msculos, ossos, articulaes e movimentos so estudados profundamente. Aprofundaremos o estudo em biomecnica ocupacional, observando as interaes fsicas do trabalhador em relao ao seu trabalho, mquinas, ferramentas, materiais, posto de trabalho, esforo fsico e posturas. (IIDA, 2005)

    Produtos e postos de trabalhos inadequados provocam estresses musculares, dores e fadiga. Que muitas vezes so solucionados com simples providncias, como: aumento ou reduo da altura da mesa ou da cadeira, melhorias de layout ou micro pausas. (IIDA, 2005, p. 159)

    Como j estudamos anteriormente, o metabolismo basal j gasta uma quantidade considervel de kcal/dia, quando realizamos um trabalho esse metabolismo aumenta, e se h um esforo fsico de moderado a intenso, esse metabolismo necessita de um tempo para adaptao, (cerca de 2 a 3 minutos). Caso o esforo comea antes dessa adaptao, o msculo inicia a atividade em desvantagem energtica, pois utiliza uma reserva pequena de energia que dura no mximo 20 segundos. Causando fadiga rpida. Quando h um aquecimento (de

  • UNIDADE 1TPICO 430

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    2 a 3 min.) antes do esforo, h um equilbrio entre a demanda e o suprimento de oxignio.

    Durante o esforo fsico, o msculo funciona como um motor trmico, oxidando o glicognio e liberando cido ltico e cido racmico, que aumentam o teor de acidez no sangue, estimulando a dilatao dos vasos, aumentando o ritmo respiratrio contribuindo para o aumento do oxignio nos msculos. (IIDA, 2005, p. 160)

    IMPORT

    ANTE!

    Para um trabalho fsico pesado, aconselhvel fazer um pr-aquecimento de 2 a 3 minutos, ou iniciar a atividade com menor intensidade, dando oportunidade ao organismo para adaptar-se. No ocorrendo discrepncia entre a oferta e a demanda de oxignio. (Iida, 2005, p.161)

    Trabalho Esttico aquele que exige contrao contnua dos msculos para manter a postura necessria

    ao trabalho. Por exemplo: os msculos dorsais e dos membros inferiores servem para manter a posio em p, msculos dos ombros e pescoo para manter a cabea inclinada para frente, msculos da mo e brao esquerdo seguram a pea para ser martelada com a outra mo.

    Trabalho DinmicoOcorre quando h contrao e relaxamento alternados dos msculos, em tarefas

    como: martelar, girar o volante, caminhar, empurrar objetos etc. Esses movimentos musculares funcionam como bomba hidrulica aumentando o volume sanguneo, consequentemente aumenta o volume de oxignio e a resistncia fadiga.

    FIGURA 8 TRABALHO DINMICO E ESTTICOFONTE: Kroemer (2005 p. 16)

  • UNIDADE 1 TPICO 4 31

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Dores MuscularesNormalmente ocorrem em contraes estticas, pois no h uma boa circulao de

    sangue e oxignio, facilitando o acmulo de resduos metablicos, causando vrios problemas, como cibras, espasmos e fraquezas. Essas dores podem ser geradas a partir de trabalhos fsicos intensos, no transporte de cargas, em posturas inadequadas, empurrar ou puxar carga, tores na coluna, e repeties exageradas nos movimentos.

    Traumas MuscularesTraumas musculares so causados pela exigncia fsica maior que a capacidade do

    trabalhador, pode ser gerada por impacto (fora sbita em um curto espao de tempo) ou por esforo excessivo (quando h cargas excessivas sem pausas). Iida (2005, p. 164) destaca que geralmente os traumas so decorrentes de esforos excessivos, porque traumas por impacto, no so to comuns em ambientes de trabalho.

    Moore e Garg, citado por Couto (2002), criaram um critrio semiquantitativo para medir o ndice de sobrecarga biomecnica do trabalhador em 1995. Que nos auxiliam a avaliar a sobrecarga biomecnica de punho, ombro e coluna. Este fator avalia intensidade, frequncia e durao do esforo, alm do ritmo e durao do trabalho nas posturas da mo, punho, ombro e coluna.

    CRITRIO SEMIQUANTITATIVO DE MOORE E GARG - 1995(MODIFICADO PARA CONSIDERAR OMBRO E COLUNA)

    FIE X FDE X FFE X FPMPOC X FRT X FDT = NDICE DE SOBRECARGA

    Fator Classificao Caracterizao MultiplicadorFIE

    Fator de Intensidade do Esforo

    Leve Tranquilo 1Algo pesado Percebe-se algum esforo 3

    Pesado Esforo ntido; sem mudana de expresso facial 6Muito pesado Esforo ntido; mudana de expresso facial 9

    Prximo ao Max. Usa tronco e membros, outros grupos musculares 13Fator Classificao MultiplicadorFDE

    Fator de Durao do

    Esforo

    < ou = 9% 0,510 29% 1,030 49% 1,550 79% 2,0

    = ou > 80% 3,0Fator Classificao MultiplicadorFFE

    Fator de Frequncia do Esforo

    < ou = 3 por minuto 0,54 8 1,0

    9 14 1,515 19 2,0

    = ou > 20 3,0

  • UNIDADE 1TPICO 432

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    Fator Classificao Caracterizao MultiplicadorFPMPOC Fator Postura da Mo, Punho, Ombro e Coluna

    Muito boa Neutro 1,0Boa Prximo do neutro 1,0

    Razovel No neutro 1,5Ruim Desvio ntido 2,0

    Muito ruim Desvio prximo dos extremos 3,0

    Fator Classificao Caracterizao MultiplicadorFRT

    Fator Ritmo de Trabalho

    Muito lento < ou = 80% 1,0Lento 81 90 % 1,0

    Razovel 91 100 % 1,0Rpido 91 100 % apertado, mas ainda consegue

    acompanhar1,5

    Muito rpido = ou > 116% apertado e no consegue acompanhar

    2,0

    Fator Classificao MultiplicadorFDT

    Fator Durao do

    Trabalho

    < 1 hora 0,251 2 0,502 4 0,754 8 1,0> 8 1,5

    FIE FDE FFE FPMPOC FRT FDT TOTAL

    Interpretao dos Resultados:< 3,0: baixo risco de leses biomecnicas3 7,0: duvidoso, questionvel7,0: alto risco de leses

    QUADRO 1 CRITRIO SEMIQUANTITATIVO MOORE E GARG 1995FONTE: Couto (2002, p. 185)

    2.2 POSTURAS DO CORPO

    o estudo do posicionamento do corpo e suas partes.

    Ns seres humanos podemos assumir trs posturas bsicas, deitado, sentado e em p, utilizando a fora muscular para a manuteno delas. Podendo ser adequadas ou no.

    As posturas inadequadas que os trabalhadores adquirem, na maioria das vezes so causadas por postos de trabalhos e equipamentos inadequados e por exigncias da tarefa, que geram dores corporais, afastamentos do trabalho e doenas ocupacionais. Veremos algumas situaes de m postura que geram consequncias ao trabalhador: Trabalho esttico que envolve postura parada por longos perodos; Trabalho com esforo fsico intenso e Trabalhos com o tronco inclinado e ou rodado.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 33

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    Posio Deitada a posio mais adequada para o repouso, pois o sangue flui livremente por todo

    corpo, no h tenso muscular, contribuindo para eliminao de resduos metablicos e toxinas musculares. No a uma posio indicada para o trabalho, pois os movimentos tornam-se difceis e fatigantes.

    Posio em P bastante vantajosa, pois permite o uso dinmico das pernas, braos e tronco. Porm

    bastante fatigante quando necessrio ficar parado, pois a musculatura faz contrao esttica para manuteno da postura.

    Posio SentadaO trabalho muscular do dorso e do ventre responsvel por manter essa postura.

    Podemos citar algumas vantagens em relao posio em p. Uma delas a liberao dos ps e pernas para realizar tarefas como, por exemplo, acionamento de pedais.

    Inclinao da Cabea para FrenteNo trabalho, inclinar a cabea para frente inevitvel, o aparecimento de dores no

    pescoo e ombros e fadiga na regio cervical tambm so. Vamos ver alguns fatores que facilitam essas queixas: a permanncia prolongada, o assento muito alto, mesa muito baixa, cadeira longe da rea de trabalho e uso de equipamentos especficos de preciso, so os principais.

    IMPORT

    ANTE!

    IMPORT

    ANTE!

    Uma sugesto! Se a mesa for utilizada para trabalhos de leitura, desenho ou escrita, uma inclinao no tampo de 10 graus, dar um maior conforto ao trabalhador, reduzindo as queixas msculos-esquelticos.

    OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) foi desenvolvido por trs pesquisadores finlandeses, que trabalhavam numa metalrgica. Eles fotografaram as principais posturas encontradas na indstria e desenvolveram uma classificao para definir se a postura dos trabalhadores de risco ou no a sua sade. Este mtodo avalia a postura do tronco (flexo) em relao atividade exercida pelo colaborador.Esta figura foi obtida do programa Ergolndia 3.0 desenvolvido por FBF SISTEMAS, este programa calcula automaticamente o risco de leso da coluna.

  • UNIDADE 1TPICO 434

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    FIGURA 9 OWASFONTE: Disponvel em: . Acesso em: 7 fev. 2011.

    2.2.1 Caractersticas dos movimentos

    Para fazer um determinado movimento, diversas combinaes de contraes musculares podem ser utilizadas, cada uma delas tendo diferentes caractersticas de velocidade, preciso e movimento. Um trabalhador experiente fatiga-se menos porque aprende a usar aquela combinao mais eficiente em cada caso, economizando energia. (IIDA, 2005 p.157)

    Segundo Iida, (2005) os tipos de movimentos podem ser: Preciso: so realizados pelas pontas dos dedos, quando utilizado punho, cotovelo e

    ombro. Esses movimentos ganham fora, porm so prejudicados na preciso. Ritmo: so movimentos suaves, curtos e rtmicos, aceleraes bruscas e rpidas mudanas

    de direo, causam fadiga. Movimentos Retos: so movimentos em torno das articulaes, so mais difceis e

    imprecisos. Exigem uma integrao complexa entre articulaes e msculos. Terminaes: so movimentos que exigem posicionamentos precisos, com acompanhamento

    visual. So difceis e demorados.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 35

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    Movimentos de Puxar e EmpurrarPara realizar movimentos de puxar e empurrar, so necessrios diversos fatores como

    postura, dimenses antropomtricas, sexo, altura do objeto que ser puxado ou empurrado, atrito do sapato com o cho, entre outros. Iida (2005, p. 176), destaca que um homem tem capacidade entre 20 e 350 kgf (aproximadamente). Se utilizarmos os ombros esses kgf podem at dobrar.

    FIGURA 10 FORA AO EMPURRARFONTE: Iida (2005 p. 177)

    Alcance VerticalDores e fadiga so consequncias de movimentos acima da linha dos ombros, podendo

    causar tendinite de bceps e de outros msculos. O tempo mximo de manuteno do brao acima de 30 cm da bancada de trabalho de 4 minutos. Quanto mais alto menos o tempo de limite.

    FIGURA 11 ALCANCE VERTICALFONTE: Iida (2005 p. 177)

    Alcance HorizontalO alcance horizontal com peso nas mos exige maior contrao muscular, com o objetivo

    de contrabalanar o movimento do peso. Tanto na horizontal, quanto na vertical, os braos tm pouca resistncia muscular em manter cargas estticas.

  • UNIDADE 1TPICO 436

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    FIGURA 12 ALCANCE HORIZONTALFONTE: Iida (2005 p. 178)

    2.3 ANTROPOMETRIA

    o estudo das medidas fsicas do corpo, bastante importante para a indstria, pois utiliza essas medidas para realizar uma produo coesa para um pblico alvo. Antigamente utilizava-se destes estudos para delimitar uma populao em peso e altura, mais tarde observava-se tambm o alcance dos movimentos. E hoje podemos estudar antropometricamente um brao para dimensionar o comprimento de uma manga por exemplo.

    Variaes nas Medidas Diferenas entre sexos: desde o nascimento existem diferenas entre homens e mulheres, que

    continuam durante a vida toda. Na fase adulta, observamos que os homens apresentam ombros mais largos, trax maior, clavculas mais longas e escpulas mais largas, com bacia levemente mais estreita, alm de cabea maior, braos mais longos e ps e mos maiores. As mulheres, em contra partida, tm ombros estreitos, trax menor e arredondado, bacia mais larga, e estatura de 6 a 11% menores que os homens. Uma diferena bastante importante a proporo de msculos e gorduras, os homens tm mais msculos que gordura e as mulheres mais gorduras que msculos.

    Variaes tnicas: vrios estudos realizados durante dcadas comprovam a influncia da etnia nas variaes das medidas. Muitos produtos foram exportados e no tiveram tanta aceitao, pois na sua criao no foram levados em consideraes estudos antropomtricos do pas importador. Hoje o problema se tornou mais grave com o livre comrcio internacional. Podemos citar alguns exemplos: os rabes tm membros relativamente mais longos que os europeus, enquanto os orientais os tm mais curtos. Muitos calados brasileiros so baseados em formas europeias, explicando o desconforto de muitos deles, pois os ps dos europeus so levemente mais finos que os dos brasileiros.

    Influncia do Clima nas Propores Corporais: o corpo dos povos de clima quente so

  • UNIDADE 1 TPICO 4 37

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    ligeiramente lineares e os de clima frio tm formas mais arredondadas. Os magros facilitam a troca de calor com o ambiente, e os mais cheinhos conservam mais facilmente o calor.

    As Pesquisas de Sheldon: Sheldon realizou um estudo minucioso entre 4.000 estudantes norte-americanos. Ele fotografou todos os indivduos de frente, perfil e costas. Definindo trs tipos fsicos. O primeiro Ectomorfo, de formas mais alongadas, com membros mais longos e finos, pouca gordura e msculos, ombros largos e cados, rosto magro, entre outras caractersticas. O segundo tipo o Mesomorfo: possui pouca gordura subcutnea, apresenta cabea cbica, ombros e peitos largos e abdmen pequeno, tem tipo fsico musculoso. O terceiro e ltimo tipo o Endomorfo: que apresenta formas arredondadas e macias e depsito de gordura. Possui forma em pera, abdmen grande e o trax parece ser relativamente pequeno, membros curtos e flcidos, ombros e cabea arredondados. Essa pesquisa apenas uma base, pois a maioria das pessoas no se encaixa perfeitamente nesses padres. O que existe mais facilmente uma mistura entre dois tipos.

    Variaes Extremas: dentro de uma populao existem as diferenas extremas, principalmente no que diz respeito altura, estatisticamente os homens so 25% mais altos que as mulheres, uma diferena considervel a do abdmen, de 43,4 a 14,0 cm, porm podem ser alterados, quando emagrece, engorda ou engravida.

    FIGURA 13 VARIAES CORPORAISFONTE: Iida, (2005, p.105)

  • UNIDADE 1TPICO 438

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    2.3.1 Tipos de Antropometria

    Esttica: so medidas com o corpo parado ou realizando poucos movimentos. Ela deve ser aplicada a projetos de objetos sem partes mveis, ou com pouca mobilidade.

    Dinmica: mede o alcance dos movimentos. Deve ser medido com o membro parado simulando o movimento.

    Funcional: so realizadas na execuo da tarefa, pois cada parte do corpo no se movimenta isoladamente, h um conjunto de diversos movimentos para a realizao de uma funo.

    Realizao das MedidasSempre que for possvel e economicamente justificvel, as medidas antropomtricas

    devem ser realizadas tomando a amostra dos usurios ou consumidores do objeto a ser projetado. As etapas destas medies so: Definio de Objetivos: onde e para que elas sero utilizadas. Definir o tipo de Antropometria: se esttica, dinmica ou funcional. Definio das Medidas: envolve a determinao dos pontos do corpo, da postura, dos

    instrumentos antropomtricos, entre outras condies. Escolha do Mtodo de Medio: podem ser diretas, com os instrumentos entrando em

    contato direto com o corpo. Utilizando rgua, fitas mtricas, trenas, raios laser, esquadros, paqumetro, transferidores, balanas, dinammetros e outros instrumentos, que avaliam ngulos, medidas, pesos e foras. E indiretas, que envolvem fotografias com fundo quadriculado, para facilitar o estudo nos programas especficos.

    Seleo da Amostra: devero ser os prprios usurios ou consumidores do objeto a ser projetado, deve se levar em consideraes caractersticas biolgicas, inatas, e adquiridas com treinamento ou experincia no trabalho.

    Planejamento: descrio das variveis a serem medidas; a preciso desejada, que ir influir no tamanho da amostra; amostragem dos sujeitos (tipo e quantidade de pessoas a serem medidas) e procedimentos a serem adotados, descrevendo como sero efetuadas as medies.

    Medies: deve ser elaborado um roteiro e um formulrio para anotaes. Anlise Estatstica: podemos representar em grficos com quantidades de frequncia ou

    em porcentagem.

    ANTROPOMETRIA BRASILEIRA

    Iida, (2005, p. 120), comenta que ainda no existem medidas abrangentes confiveis da populao brasileira, porm muitos levantamentos foram realizados por profissionais e pesquisadores, em locais e populaes especficas. Um exemplo o Instituto Nacional de Tecnologia (1988), que realizou um estudo entre 26 indstrias do Rio de Janeiro abrangendo

  • UNIDADE 1 TPICO 4 39

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    3.100 trabalhadores homens adultos.

    Apresentam-se as medidas de antropometria esttica de trabalhadores brasileiros, baseadas em uma amostra de 3.100 trabalhadores do Rio de Janeiro. (IIDA, 2005 et. al)

    Medidas Antropometria esttica (cm) Homens5% 50% 95%Em P Peso (kg) 52,3 66,0 85,9

    Estatura, corpo ereto 159,5 170,0 181,0Altura dos olhos (em p, ereto) 149,0 159,5 170,0Altura dos ombros (em p, ereto) 131,5 141,0 151,0Altura do cotovelo (em p, ereto) 96,5 104,5 112,0Comp. do brao na horizontal at a ponta dos dedos

    79,5 85,5 92,0

    Profundidade do trax (sentado) 20,5 23,0 27,5Largura dos ombros (sentado) 40,2 44,3 49,8Largura dos quadris (em p) 29,5 32,4 35,8Altura entre pernas 71,0 78,0 85,0

    Sentado Altura da cabea, a partir do assento, corpo ereto 82,5 88,0 94,0Altura dos olhos, a partir do assento, corpo ereto 72,0 77,5 83,0Altura dos ombros, a partir do assento, corpo ereto

    44,0 59,5 64,5

    Altura do cotovelo, a partir do assento 18,5 23,0 27,5Altura do joelho, sentado 49,0 53,0 57,5Altura popltea, sentado 39,0 42,5 46,5Comprimento ndega-popltea 43,5 48,0 53,0Comprimento ndega-joelho 55,0 60,0 65,0Largura das coxas 12,0 15,0 18,0Largura entre cotovelos 39,7 45,8 53,1Largura dos quadris (em p) 29,5 32,4 35,8

    Ps Comprimento do p 23,9 25,9 28,0Largura do p 9,3 10,2 11,2

    QUADRO 2 MEDIDAS ANTROPOMTRICAS DE TRABALHADORES BRASILEIROSFONTE: Iida (2005, p. 121)

    A figura a seguir mostra onde e como realizar antropometria.

  • UNIDADE 1TPICO 440

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    FIGURA 14 ANTROPOMETRIA EM PFONTE: Disponvel em: . Acesso em: 7 fev. 2011

    FIGURA 15 ANTROPOMETRIA SENTADAFONTE: Disponvel em: . Acesso em: 7 fev. 2011

    Movimentos ArticularesConforme Iida (2005, pg. 123), o corpo humano um sistema articulado, cada junta

    ou articulao realiza um movimento angular em uma ou mais direes. As articulaes so formadas por ligamentos, tendes e msculos que so responsveis pela estabilidade, e por

  • UNIDADE 1 TPICO 4 41

    ERGONOMIA E SEGURANA INDUSTRIAL

    uma cartilagem nas extremidades sseas com lquido (uma espcie de gel) que lubrificam a articulao.

    Mulheres e pessoas que praticam algum esporte tm maior flexibilidade e mobilidade articular, j pessoas obesas tm uma reduo nos movimentos articulares, devido massa extra de tecido em torno das articulaes.

    Quando ocorre contrao em um msculo, os msculos vizinhos so acionados para estabilizar as articulaes e permitir o movimento. Quando h repetitividade nos movimentos, ocorre fadiga do msculo ou grupo muscular responsvel, e os msculos vizinhos entram em ao, para realizar o movimento desejado; ocorrendo perda na velocidade e preciso.

    Registro dos MovimentosExistem diversas tcnicas para registrar os movimentos muitos deles recursos de cinema

    e TV, fotografia e informtica. Para realizar as medies necessrio um fundo graduado, que servir como escala para a medida, e utilizando os recursos disponveis, poderemos avaliar corretamente esses movimentos.

    Alcance dos MovimentosQuando falamos em alcance dos movimentos, falamos em ngulos articulares, em

    seguida observe os valores mdios em graus das amplitudes articulares, em flexo (dobrar), extenso (esticar) e rotao (girar).

    FIGURA 16 NGULOS DE ALCANCE DO CORPO HUMANOFONTE: Iida (2005, p. 128)

  • UNIDADE 1TPICO 442

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    2.3.2 Aplicaes da Antropometria

    muito mais fcil utilizarmos as tabelas antropomtricas j disponveis na bibliografia, porm se formos utilizar devemos tomar bastante cuidado, realizando alteraes nos projetos dos produtos, conforme a realidade da populao consumidora ou usuria. Problemas de diferenas antropomtricas em relao s etnias so mais comuns, pois nos dias de hoje existe certa liberdade de importao e exportao, porm existem problemas em todos os fatores (profisso, faixa etria, poca e condies especiais).

    Critrios para aplicao de dados antropomtricosPara a indstria seria mais fcil utilizar apenas um padro de medida, porm teriam

    srios problemas em eficincia e vendas, pois os usurios ou consumidores teriam que se adaptar ao produto ou no o comprariam. Para que isso no ocorra, Iida (2005) nos mostra cinco critrios de aplicao desses dados.

    Critrio nmero 1: Os projetos so dimensionados para a mdia da populao. Esse critrio se aplica principalmente em produtos de uso coletivo, utilizando 50% dos dados antropomtricos dimensionados. Um bom exemplo a produo do banco de um nibus.

    Critrio nmero 2: Os projetos so dimensionados para um dos extremos da populao. Em algumas situaes a porcentagem mdia, no se aplica. Um exemplo o dimensionamento de sadas de emergncia.

    Critrio nmero 3: Os projetos so dimensionados para faixas da populao. Alguns produtos so fabricados em diversos tamanhos, por exemplo, camisetas so P, M ou G.

    Critrio nmero 4: Os projetos apresentam dimenses regulveis. Implica maior custo, porm necessrios. Os produtos permitem ajustes de altura, largura, inclinao, entre outros, como os assentos dos carros.

    Critrio nmero 5: Os projetos so adaptados ao indivduo. um projeto caro, pois so produtos especficos, exclusivos como as roupas dos astronautas, os carros de frmula 1, sapatos de nmeros maiores ou deformidades, entre outros.

    CUIDADOS ESPECIAIS

    O Espao de TrabalhoO espao de trabalho um volume imaginrio, necessrio para o organismo realizar

    os movimentos requeridos durante o trabalho. Porm no apenas a rea fsica ocupada pelo corpo e movimentos necessrios, importante permitir conforto fsico e psicolgico.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 43

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    Espao pessoalCada pessoa tem necessidade de um espao para guardar objetos especiais, ferramentas

    de uso exclusivo, existe um espao psicolgico, que as pessoas se sentem seguras. A invaso desse espao provoca insegurana, gerando estresse e reduo da produtividade.

    FIGURA 17 LIMITE DE ESPAO PESSOALFONTE: Iida (2005 p. 584)

    PosturaPara dimensionarmos um posto de trabalho, precisamos primeiro saber a postura que

    o trabalhador adotar, deitado, sentado ou em p.

    FIGURA 18 POSTURA PARA O TRABALHOFONTE: Iida (2005 p. 144)

  • UNIDADE 1TPICO 444

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    Tipo de AtividadeCaso haja aes de agarramento de alavancas ou registros com o centro das mos, os

    acionamentos devem ficar de 5 a 6 cm mais prximos ao corpo. Existem muitos casos prximos a esses, que merecem ateno especial.

    VesturioO vesturio pode aumentar o volume ocupado pelo trabalhador como limitar os

    movimentos, chegando ao extremo de 5 cm.

    Cadeiras de rodasLarguras das passagens, corredores e postos devem ser dimensionadas permitindo

    circulao de cadeiras de rodas.

    SUPERFCIES HORIZONTAIS

    Dimenses da MesaQuando a mesa no permitir ajustes a cadeira deve t-la. A altura da mesa deve ser

    regulada pela posio do cotovelo, quando sentado o cotovelo deve ficar entre 3 e 4 cm, mais altos que o tampo da mesa. Os padres existentes variam entre 54 e 74 cm. Uma mesa muito baixa obriga o trabalhador a inclinar o tronco para frente, podendo causar cifose lombar, sobrecarga no dorso e cervical, gerando dores e desconforto. J com uma mesa muito alta o trabalhador faz abduo (abrir os braos lateralmente) e elevao do ombro, sobrecarregando essa musculatura alm da musculatura do pescoo. A altura inferior acomoda as pernas, um bom espao entre a cadeira e as pernas de 20 cm. Na maioria das vezes prefervel ajustar a mesa na altura mxima e regular o posto com os ajustes da cadeira.

    J os alcances da mesa, devem ser dimensionados conforme o tamanho da pea a ser manuseada e os movimentos que o trabalhador precisa realizar. As peas de utilizao frequente que exigem preciso precisam ficar prximos ao trabalhador, na chamada por Iida (2005), como tima, e as peas de uso espordico, ou de menos preciso ficam entre a faixa do alcance timo e o alcance mximo. Quando a mesa for utilizada para leitura ou inspeo visual aconselhvel que o tampo da mesa tenha uma inclinao de 45.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 45

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    FIGURA 19 ALCANCE DAS MOSFONTE: Iida (2005 p. 146)

    Bancada de Trabalho em PAssim como na mesa, o cotovelo a referncia, tambm depende da natureza da tarefa,

    e prefervel que seja ajustvel, caso no seja possvel, podemos ajustar para o trabalhador mais alto, os demais sero contemplados com estrados antiderrapantes com altura mxima de 20 cm. A altura da bancada para trabalhos de preciso de at 5 cm acima do cotovelo, para trabalhos moderados de 5 a 10 cm abaixo, j para trabalhos pesados de at 30 cm abaixo do cotovelo.

    FIGURA 20 ALTURAS PARA BANCADASFONTE: Iida (2005, p. 147)

  • UNIDADE 1TPICO 446

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    ASSENTO

    Hoje em dia podemos dizer que muitos trabalhadores no so mais homo sapiens e sim homo sedens, pois passam maior parte do seu dia sentado ou deitado, passam muito pouco do seu dia em p. Existem muitas vantagens de se trabalhar sentado, consome menos energia que em p e reduz a fadiga; a presso mecnica dos membros inferiores menor; facilita manter o foco no trabalho; permite o uso dos ps (pedais) e mos. A desvantagem o aumento da presso sobre as ndegas e a restrio dos alcances. E um assento mal projetado ou muito alto provocar m circulao sangunea na regio popltea (atrs do joelho).

    Na posio sentada, todo peso da parte superior do corpo sustentado por dois ossos localizados nas ndegas, chamados tuberosidade isquiticas (extremidade inferior da bacia), cobertos por uma fina camada muscular. Assentos muito duros ou muito macios no proporcionam bom suporte para um equilbrio adequado do corpo. Em contrapartida, assentos intermedirios, com espessura entre 2 e 3 cm, proporcionam estabilidade e conforto. No so recomendados revestimentos plsticos lisos e impermeveis, sendo indicados revestimentos antiderrapantes e com capacidade de dissipar calor e suor.

    Conforme Iida (2005, p. 151) existem seis princpios para projetos e seleo de assentos:

    Primeiro Princpio - As dimenses devem ser adequadas s dimenses antropomtricas do usurio: a medida mais importante da regio popltea (entre o cho e a parte posterior da coxa). Mas o assento deve ter altura ajustvel, para contemplar vrios trabalhadores, a altura mnima em 31,5 e mxima 48,4 cm, se no contarmos os sapatos. A norma NBR 13962 recomenda largura de 40 cm e profundidade entre 38 e 44 cm.

    Segundo Princpio O assento deve permitir variao de postura: a variao de postura tem como o objetivo a reduo da fadiga e sobrecarga nos discos intervertebrais, Grandjean e Htinger (1977), realizaram um estudo entre trabalhadores de escritrio e observaram que apenas 33% do dia eles permaneciam sentados eretos acomodados totalmente nas cadeiras. No resto do dia, trocavam constantemente de postura, sentados na ponta do assento, ou inclinados para frente ou ainda estendidos para trs. Para trabalhadores que trabalham horas a fio, sentados como call centers, recomendado um suporte para os ps com dois ou trs nveis diferentes, facilitando assim as trocas de posturas.

    Terceiro Princpio O assento deve ter resistncia, estabilidade e durabilidade: a norma NBR 14110 recomenda uma resistncia de aproximadamente 112 kg, com cinco apoios, para melhorar a estabilidade, dando maior segurana, por fim uma durabilidade de 15 anos.

    Quarto Princpio Existe um assento mais adequado para cada tipo de funo: cada tipo de trabalho tem uma necessidade especfica, por exemplo, no podemos instalar num carro o assento usado por um digitador.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 47

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    Quinto Princpio O encosto e o apoia-brao devem ajudar no relaxamento: o encosto deve ter forma cncava, de forma plana, estar distante do assento de 10 e 20 cm, para acomodar as ndegas e a curvatura da coluna e de ter entre 35 e 50 cm de altura acima do assento. Os apoiadores de braos podem ser utilizados para descansar, alm de auxiliar no ato de sentar ou levantar.

    Sexto princpio Assento e mesa formam um conjunto integrado: entre o assento e a mesa deve haver um espao de 20 cm para acomodar as coxas. A altura como vimos anteriormente. O ponto de referncia a altura do cotovelo, do trabalhador sentado.

    Dimensionamentos do assentoTodos os pases tm suas normas, por isso muitas vezes difcil nos adaptar com

    produtos importados, e as normas brasileiras muitas vezes no coincidem com estudos realizados por ergonomistas. Um exemplo a norma NBR 139628. Ela recomenda a altura do assento entre 42 e 50 cm, e os estudiosos em ergonomia, recomendam de 36 a 53 cm. Quando os assentos forem altos, com presso na regio posterior da coxa, necessrio um suporte para os ps, que facilitar as trocas de posturas recomendadas no princpio nmero 2. Ou realizar um estudo antropomtrico e adequar o assento a ele.

    POSTURA SEMISSENTADO

    Nem completamente em p, nem sentado, assim que podemos definir o semissentado, que tem por objetivo sustentar o corpo e aliviar a sobrecarga dos membros inferiores, em atividades que no permitam a posio sentada, ou exigem maiores movimentaes. Existem no mercado, diversos tipos de bancos semissentados, aqueles que so chamados de Balans. Esses bancos so recomendados, devido posio dos joelhos. Todo o corpo sustentado por eles, gerando sobrecarga, dores e desconforto.

    FIGURA 21 BANCOS SEMISSENTADO TIPO BALANSFONTE: Iida (2005, p. 157)

  • UNIDADE 1TPICO 448

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    FIGURA 22 TIPOS DE BANCOS SEMISSENTADOSFONTE: Iida (2005, p. 157)

    2.4 TRABALHO PESADO

    Conforme Kroemer (2005, p. 81), trabalho pesado aquela atividade que exige grande esforo fsico, caracterizado por grande consumo energtico que exija bom desempenho do corao e pulmes. O consumo de energia e o esforo cardaco impem limites ao desempenho sob o trabalho pesado. Podemos chamar de trabalho pesado atividades, como: minerao, construo, agricultura, transporte, atividades florestais, entre outras.

    Como j estudamos anteriormente, o que comemos e bebemos serve como combustvel para o nosso organismo. A quantidade de energia gasta no trabalho pode ser fortemente aumentada quando realizamos trabalho pesado.

    Podemos perceber que cada vez mais as pessoas trabalham sentadas, com pouco esforo. Em contrapartida ainda existem trabalhos pesados, que castigam os trabalhadores. Pesquisas tm nos mostrado que uma ocupao saudvel deve envolver um consumo dirio entre 12.000 e 15.000 kj para homens e entre 10.000 e 12.000 kj para mulheres. Exemplos de trabalhos com consumos energticos saudveis so, carteiros, mecnicos, sapateiros, alguns trabalhos da construo, entre outros.

    Observe o quadro a seguir, que demonstra a quantidade de kj gastos em certas ocupaes.

  • UNIDADE 1 TPICO 4 49

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    Tabela de demanda energtica de algumas atividades

    Demanda energtica em KJ/dia

    Tipo de trabalho Exemplo de Ocupao Homens MulheresTrabalho leve, sentado Guarda livros 9.600 8.400Trabalho manual pesado Tratorista 12.500 9.800Trabalho moderado envolvendo todo corpo Aougueiro 15.00 12.000Trabalho pesado envolvendo todo corpo Guarda chave de ferrovia 16.500 13.500Trabalho extremo en