apostila ergonomia industrial

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Page 1: Apostila Ergonomia Industrial

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Page 2: Apostila Ergonomia Industrial

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EAP Ergonomia: programas e recursos _________________________________________________________________ ÍNDICE Pág. 1-Introdução ...................................................................................................................04 2- A Ergonomia Contemporânea e Atual .....................................................................08 2.1 O Progresso Histórico da Ergonomia ............................................................09 2.1.1 Ergonomia na primeira metade do século......................................09 2.1.2 Ergonomia II Guerra Mundial..........................................................10 2.1.3 Ergonomia na Reconstrução Européia............................................11 2.1.4 As Ergonomias Contemporâneas....................................................11 2.2 O Período Manufatureiro x Trabalhador Coletivo...........................................12 2.3 A Obra de Ramazzini .....................................................................................14 2.4 A obra de Taylor..............................................................................................15 2.5 A obra de Ford................................................................................................21 2.6 O Just in Time e o Kan-Ban............................................................................25 2.7 O Balanço do Neoliberalismo.........................................................................28 2.8 A Intervenção Ergonômica.............................................................................38 2.9 Macroergonomia............................................................................................39 2.10 Antropotecnologia..........................................................................................40 2.11 Ação Ergonômica...........................................................................................41 2.12 Discussão LER/DORT no Brasil....................................................................42 2.13 Conceitos Básicos de Ergonomia..................................................................45 2.14 Três princípios básicos da física....................................................................50 3. Fisiologia do Trabalho..................................................................................................51 3.1 Articulações do Corpo Humano.......................................................................55 3.2 Coluna Vertebral.............................................................................................57 3.3 Posturas Adotadas no Trabalho......................................................................60 3.4 Análise da Postura...........................................................................................61 3.5 A Fadiga..........................................................................................................61 3.6 Monotonia no Trabalho...................................................................................62 3.7 Ler/Dort: aspectos Gerais, acometimentos e sintomas..................................66 4. Estruturação da Análise Ergonômica.........................................................................73 4.1 Os 5 fundamentos da Intervenção Ergonômica..............................................75 4.2 Check List de Triagem Administrativo e Geral................................................79 4.3 Ferramentas de Avaliação..............................................................................81 4.3.1 Moore & Garg.................................................................................81 4.3.2 Sue Rodgers..................................................................................82 4.3.3 Rula................................................................................................83 4.3.4 NIOSH............................................................................................83 4.4.5 Tabela Snook & Cirello..................................................................99 4.4 Ergonomia Cognitiva e Psicologia Organizacional.......................................101 5. Processo Ergonômico Corporativo.......................................................................104 5.1 Implementação e Construção do Plano Global...........................................105 5.2 Livro de Evidência.......................................................................................118

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5.3 Guia de Melhoria do Trabalho..........................................................................122 6. Antropometria................................................................................................................133 6.1 Estudo Antropométrico.....................................................................................134 6.2 Distribuição e Medidas Antropométricas..........................................................138 6.2.1 Posição sentada...............................................................................138 6.2.2 Posição em pé..................................................................................145 6.3 Medidas Comuns do Corpo.............................................................................147 6.4 Antropometria Estática.....................................................................................150 6.5 Recomendações Posturais Básicas.................................................................158 6.6 Antropometria Dinâmica...................................................................................159 7. Análise dos Fatores de Risco....................................................................................166 7.1 Diretriz para esforços das mãos / braços.......................................................167 7.2 Posturas dignas de preocupações..................................................................170 7.3 Outros Fatores de Risco..................................................................................172 7.4 Esforço Muscular x Análise da Postura...........................................................175 7.5 Biomecânica do Polegar..................................................................................179 7.6 Vibração transmitida por ferramentas............................................................198 8. Gerenciamento de Produtos Ergonômicos...............................................................200 8.1 Construção de Produtos Ergonômicos...........................................................201 8.1.1 Cadeiras.........................................................................................201 8.1.2 Apoio para os pés...........................................................................205 9. Referência Bibliográfica..............................................................................................212

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EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

1.Introdução

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1. INTRODUÇÃO

Para que possamos entender melhor o impacto sofrido pela sociedade,

empresas, instituições e pessoas com os diversos casos de lesões ocupacionais,

queixas e deformidades produtivas observadas nos últimos anos, se faz

necessário buscar a resposta num conjunto de acontecimento com a própria

história do homem. Foi em 1857 que o termo Ergonomia foi utilizado pela primeira

vez por um polaco, de nome Wojciech Jastrzebowski que intitula uma das suas

obras Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho, “A ergonomia como uma

ciência do Trabalho requer que entendemos a atividade humana em termos de

esforço, pensamento, relacionamento e dedicação”. A Ergonomia deriva das

palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (leis), definida como a ciência da

utilização das forças e das capacidades humanas, englobando ações complexas e

abrangentes.

Cem anos depois, no início da década de 50, que um inglês, Murrel,

engenheiro de origem, começa a dar um conteúdo mais preciso a este termo, e

faz o reconhecimento desta disciplina científica criando a primeira associação

nacional de Ergonomia, a Ergonomic Research Society, que reunia fisiologistas,

psicólogos e engenheiros que se interessavam pela adaptação do trabalho ao

homem. E foi a partir daí que a Ergonomia se desenvolveu em outros países

industrializados e em vias de desenvolvimento.

O termo Ergonomia foi adaptado nos principais países europeus, onde se

fundou em 1959 em Oxford, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA –

International Ergonomics Association), e foi em 1961 que esta Associação realizou

o seu primeiro congresso em Estocolmo. Nos Estados Unidos foi criada a Human

Factors Society em 1957, e até hoje o termo mais freqüente naquele país continua

a ser Human Factors (Fatores Humanos).

Toda a prática ergonômica desenvolvida pelo Ergonomista é realizada

interagindo com outros profissionais numa equipe multidisciplinar, no sentido da

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otimização do “comportamento organizacional”, do incremento da qualidade do

produto e / ou serviço final, da melhoria da qualidade de vida no trabalho, e da

aquisição e desenvolvimento de novas competências, por parte dos colaboradores

da organização.

A ação do ergonomista consiste em colocar à disposição dos órgãos de

gestão, informação precisa e operacional acerca da realidade de trabalho para

que as decisões ao nível Organizacional, Técnico, Social e Humano permitam

alcançar com eficiência e eficácia os objetivos definidos.

Um dos principais aspectos na busca por eficiência - que qualquer empresa

que queira atravessar o milênio deve considerar - é a organização do trabalho. As

novas tecnologias, associadas às técnicas administrativas, que privilegiam a

qualidade e a produtividade, surgem em ritmo cada vez mais intenso.

A visão ergonômica se insere como um dos aspectos principais da

tendência contemporânea de crescimento que, além de aumentar a produtividade,

garante conforto, segurança e maior eficiência na execução do trabalho.

A ergonomia e seus procedimentos equilibram a necessidade por

produtividade sem esquecer do bem-estar dos trabalhadores. Ela evita

procedimentos não compatíveis com os princípios da Qualidade Total e das

modernas técnicas de gerenciamento. Com o seu emprego, evita-se energias

dependidas inutilmente pelos trabalhadores, as fadigas físicas e mentais, além do

absenteísmo, elemento nocivo ao trabalho.

A saúde do trabalhador é um campo em crescimento nas áreas

administrativas e de pessoal. Cada vez mais fica evidente a importância de

adequar o ambiente, mobiliário e instrumental de trabalho às necessidades

(características) do ser humano, no sentido de evitar danos à saúde e

conseqüentemente quedas de produtividade.

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Como definição devemos saber: “Ergonomia é uma disciplina científica que

trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos

de um sistema, e a aplicação de teorias, princípios, dados e métodos ao design a

fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global dos sistemas”.–

Assoc.Internacional de Ergonomia [IEA], San Diego, USA Agosto 2000 e Assoc.

Brasileira de Ergonomia [ABERGO], Gramado, BRA Set 2001.

O foco da Ergonomia é Viabilizar mudanças no sistema de trabalho a partir de

uma compreensão elaborada da realidade da atividade.

A Ergonomia rege os seguintes Critérios:

� Conforto;

� Segurança;

� Eficiência;

� Confiabilidade e

� Usuabilidade.

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2. A Ergonomia

Contemporânea e

Atual

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2. A ERGONOMIA CONTEMPORÂNEA E ATUAL

2.1- O Progresso histórico da Ergonomia

As relações entre homem e o trabalho se perdem na origem dos tempos.

Em termos arqueológicos os Homo habilis, que significa homem habilidoso, ou

aquele que fabrica seus próprios instrumentos, foram os primeiros a produzirem

seus utensílios simples de pedra lascada, dando continuidade em um processo de

melhoria de manuseabilidade e que teve por resultados produtivos, o ganho de

eficiência na caça e na coleta.

Os descendentes dos Homo habilis logo começaram a se deslocar de seu

local de origem para colonizar ambientes menos hospitaleiros na Europa e na

Ásia. Para isso fizeram uso de sua inteligência superior, que lhes permitia

construir abrigos, confeccionar peças de vestuário, dominar o fogo, construir

pequenos machados primitivos, habilitando-os a sobreviver e prosperar.

Com a difusão do uso do metal em época relativamente recente os seres

humanos praticamente deixaram de usar artefatos de pedra, desenvolveram

inúmeros instrumentos, utilizando para isso novos processos de forjaria e

fundição.

2.1.1 Ergonomia na primeira metade do século

A virada do século XIX para o século XX foi caracterizada pela mudança

dos fisiologistas aos engenheiros como os principais agentes ergonômicos.

Forma-se a Ergonomia Clássica no início do pós-guerra. A definição de

Ergonomia adotada por estas pessoas foi a seguinte: Ergonomia é o estudo do

relacionamento entre homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e aplicação

dos conhecimentos de anatomia, fisiologia, e psicologia na solução dos problemas

surgidos desse relacionamento.

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Esta Ergonomia engloba diversas disciplinas científicas como mostra o

quadro abaixo:

Disciplinas Formadoras Autores

Filosofia Platão, Aristoteles

Medicina Ramazzini, Villermé, Tissot

Físico-Química Lavouiser, Coulomb

Fisiologia do trabalho Amar, Chaveau, Marey

Engenharia do trabalho Da Vinci, Vauban, Jacquart

Organização Taylor, Gilbreth, Ford

2.1.2 Ergonomia na II Guerra Mundial

Na II Guerra Mundial pela falta de compatibilidade entre o projeto das

máquinas e dispositivos e os aspectos mecânicos-fisiológicos do ser humano se

agravou com o aperfeiçoamento técnicos dos motores. Os aviões, por exemplo,

passaram a voar mais alto e mais rápido. Os pilotos sofriam de falta de oxigênio, e

vários outros “defeitos” no sub-sistema fisiológico. Os projetistas não

consideraram o funcionamento do organismo em diversas altitudes, tendo como

conseqüência a perda de vários aviões.

Nessas novas circunstancia na Inglaterra e nos Estados Unidos foram

formados novos grupos interdisciplinares, agora com a participação de psicólogos

junto à equipe de engenheiros e médicos. Os trabalhos eram de aumentar a

eficácia de combate, segurança e o conforto dos soldados, e a adaptação dos

equipamentos às características físicas e psicofisiológicas.

Assim sendo a Ergonomia se alimentou de dados e estudos de manutenção

bélica.

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Segundo Iida (1990), os pesquisadores que haviam participado desse

esforço de guerra, decidiram continuar a empreitada voltando-se para a produção

civil, utilizando métodos, técnicas e dados obtidos para a indústria.

Em decorrência desses aspectos da guerra surge em 1947 a primeira

sociedade de Ergonomia do mundo, a Ergonomics Research Society. Nasce a

corrente a corrente de Ergonomia chamada de Fatores Humanos (Human Factors

Emgineering).

2.1.3 A Ergonomia na Reconstrução Européia

No período pós-guerra com o projeto de reconstrução do parque industrial

europeu surgia uma abertura para o estudo das condições de trabalho, tendo

como abordagem a fábrica de automóveis Renault.

Destas, preocupações nasce em 1949 com Suzane Pacaud, a análise da

atividade em situação real, resgatada em 1955 por Obrendame & Faverge como

Análise do Trabalho. A proposta veio a ser formalizada somente em 1966 por

Alain Wisner como Análise Ergonômica do Trabalho (AET).

2.1.4 As Ergonomias Contemporâneas

A década de 1970, marca a passagem definitiva da análise situada para o

campo da ação com uma crescente integração da Ergonomia na prática industrial.

Surge em especial na Europa um conceito novo, a Intervenção Ergonômica.

No limiar dos anos 80, ampliaram este quadro fazendo brotar duas novas

considerações. A primeira delas nos Estados Unidos e Países Nórdicos, preconiza

que os projetos de melhoria ergonômica são melhores sucedidos quando inseridos

na estratégia organizacional, o que foi chamado a partir de 1990 de

MacroErgonomia (Brown Jr., 1990). A segunda nova vertente amplia o debate

para o nível das contingências sociais e culturais, que foi acunhada pelo seu autor

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em 1974 de Antropotecnologia (Wisner 1974, 1980). Essas são as 3 formas da

ação Ergonômica contemporânea.

2.2 O Período Manufatureiro x Trabalhador Coletivo

O período manufatureiro é o próprio trabalhador coletivo, é a composição

de muitos trabalhadores parciais.

As aptidões de cada indivíduo ocasionam a formação de equipes, que

muitas vezes são mal planejadas, instituindo para um indivíduo lento acompanhar

os mais rápidos. Portanto, se suas peculiaridades naturais são a base sobre a

qual vem implantar-se a divisão do trabalho, a divisão heterogênea descreve uma

curva perigosa para os não habilitados.

Hoje o trabalhador coletivo é uma realidade presente em todos os locais, e

a força do trabalho depende da formação desse grupo. O trabalhador coletivo

possui todas as capacidades produtivas. Quanto mais incompleto for o trabalhador

parcial, mais perfeito será ele como parte do trabalhador coletivo, isto porque a

somatória dos esforços diluirão as eventuais perdas com ganhos dos mais

habilidosos.

A sistemática de distribuição dos trabalhadores pelo grau de dificuldade dos

postos em função da habilidade individual, é um mecanismo muito utilizado a fim

de suprimir perdas. Ocorre que os operadores mais habilidosos são normalmente

locados nos postos mais difíceis, e os operadores mais lentos são locados nos

postos supostamente mais fáceis. Este quadro que aparentemente é injusto

oferece aos trabalhadores mais habilidosos uma oportunidade melhor para o seu

desenvolvimento profissional, visto que seus postos mais complexos são alvos da

atenção da chefia. Desta forma os postos mais complexos tornam-se atrativos

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para a grande maioria dos funcionários, quais procuram tomar parte desta

possível ascensão.

Entretanto quando um funcionário lento consegue um lugar neste tipo de

trabalho, necessita desdobrar-se par atingir o esperado, ocasionando muitas

vezes a fadiga psicomotora, qual no decorrer do tempo pode se transformar em

doenças ocupacionais. Se por um lado, um posto extremamente leve é favorável

para o não aparecimento de fadigas, por outro lado segrega parte dos funcionários

em funções sem especialidade nenhuma, e impede o reconhecimento profissional

necessário para o ser humano. Ao lado da graduação hierárquica, temos então a

divisão dos trabalhadores em hábeis e inábeis, e com as atuais técnicas

racionalizadoras, que via de regra eliminam naturalmente as operações mais

simples, paralelamente automatizando as operações mais complexas.

Há uma migração de funcionários inábeis para os postos mais complexos, o

que no ponto de vista lesivo representa um fator potencial real, para o

aparecimento de lesões, visto que estes operadores inábeis, quando locados em

postos complexos, sem nenhum tipo de atrativo ultrapassam suas capacidades

naturais. Em contrapartida esta nova filosofia elimina a possibilidade de ascensão,

pois todos os postos passam a ser considerados homogêneos. Neste caso os

operadores mais hábeis perdem a oportunidade de promoção, passam a dividir

seus postos com operadores menos qualificados e iniciam um processo de auto

desmotivação. Portanto o profissional hábil deve ser desnecessário, caso os

sistemas continuem simplificando-se e especializando-se. O indivíduo é dividido,

transformando em mecanismo automático de um trabalho parcial, que impede o

operador de conhecer o processo completo, ou mesmo o produto concebido.

Desta forma observamos diversos trabalhadores que montam pecinhas do

produto. Estes operários não estão envolvidos com o produto, portanto, não

possuem um contrato com a qualidade ou mesmo produtividade, eles

simplesmente montam pecinhas.

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Esta especialização induz aos empobrecimentos intelectuais, que por sua

vez, acaba se refletindo na própria empresa, pois idéias valorosas, são

substituídas por opiniões difusas, resultantes do desconhecimento total do

universo produtivo.

Esta patologia industrial cruel para os mais capacitados, representa hoje um

quadro mundial de difícil solução em curto prazo, pois os mecanismos utilizados

para a concepção do parque industrial mundial, apresentam processos

extremamente empobrecidos e específicos. No Brasil a situação é certamente

pior, pois a chamada reserva de mercado que perdurou por mais de 20 anos nos

delegou um parque industrial extremamente antiquado.

2.3 A Obra de Ramazzini

Em 1700 um médico chamado BERNARDINO RAMAZZINI, escreve um

livro intitulado A DOENÇA DOS TRABALHADORES, este livro mostrava diversas

atividades, e os males sofridos pelos trabalhadores em funções diversas, muitas

comuns ainda hoje e outras extintas. Estes ofícios descritos, como; Doença dos

lapidários, Doença das lavadeiras, Doença dos banhistas, Doença dos salineiros,

Doença dos corredores, etc... Entretanto uma doença em especial nos chama a

atenção. A doença dos escribas e notários, qual foi descrita assim:

Conheci um homem notário de profissão que ainda vive, o qual dedicou toda a

sua vida a escrever, lucrando bastante com isso; primeiro começou a sentir grande

lassidão no braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu

uma completa paralisia do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou escrever

com a mão esquerda; porém ao cabo de algum tempo, esta também apresentou a

mesma doença.

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2.4 A Obra de Taylor

Frederick Winslow Taylor (1856-1915), engenheiro americano que iniciou,

no final do século passado o movimento de “administração científica” do trabalho.

O exame da obra de Taylor é de particular importância para entender um

dos componentes da matriz ideológica do movimento de “racionalização” industrial

De fato a “Administração Científica” marcou as técnicas de organização e

gestão do trabalho e da produção. Isto fica evidente ao examinarmos os manuais

de engenharia de produção, de ergonomia e de psicologia industrial. Todos eles

estão permeados da ideologia Taylorista, traduzido explicitamente pelos seus

“princípios”, ou implicitamente pelos seus pressupostos.

No entanto não quer dizer que o Taylorismo seja aplicável a qualquer tipo

de industria. Existem aquelas em que as características materiais do processo

produtivo ou o porte da empresa dificultam sua difusão. Tal é o caso das indústrias

de processos e da construção civil ou das empresas que têm produtos muito

diversificados.

Antes de anunciar seus princípios, Taylor analisou as administrações

tradicionais, que ao seu ver, funcionava com os mecanismos de “iniciativa e

incentivo”. O administrador mais experimentado deixa assim ao arbítrio do

operário, o problema da escolha do método mais adequado, e mais econômico

para realizar o trabalho. Ele acredita que sua função seja induzir o trabalhador a

usar a atividade, o melhor esforço, os conhecimentos tradicionais, a habilidade, a

inteligência e a boa vontade, em duas palavras - sua iniciativa, no sentido de dar

maior rendimento ao patrão. Acompanhando esta iniciativa, o administrador

deveria fornecer um comportamento que poderia assumir várias formas, “por

exemplo”, promessa de rápida promoção ou melhoria de salário decorrente do

aumento do número de peças produzidas.

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A crítica de Taylor sobre o sistema de “iniciativa e incentivo” estava

fundamentada no fato de que a persuasão do operário só poderia ser feita após o

controle e conhecimento do trabalho. Em outras palavras, a administração não

poderá depender exclusivamente da iniciativa operária, mesmo porque os

métodos de trabalho ainda guardavam algumas tradições das corporações de

ofício, e se demonstravam obsoletos em face das necessidades econômicas de

aumentar a produção naquele momento histórico.

Primeiro Princípio

Taylor identificava, assim como a raiz dos problemas de controle e

desconhecimento por parte da administração empresarial de como realizar o

trabalho. Esta preocupação, a nosso ver, está muito mais associada ao controle

do ritmo de trabalho e à sua intensificação do que propriamente à apropriação do

saber operário, apesar de sua obra propalar o oposto - a gerência não quer

realizar o trabalho, mas identificar qual a possibilidade de aumentar a extração de

excedente econômico.

O primeiro princípio Taylorista propõe, portanto a interferência e disciplina

do conhecimento operário sob o comando da gerência:

“À gerência é atribuída à função de reunir os conhecimentos tradicionais

que os trabalhadores possuíam, e então classificá-los a normas, leis ou fórmulas

úteis ao operário para a execução do seu trabalho diário”.

Uma das técnicas que divulgava para alcançar os seus objetivos era a

“análise científica” do trabalho. Tratava do estudo do movimento elementar de

cada operário, decifrando quais são úteis para assim eliminar os inúteis, e assim

aumentar a intensificação do trabalho. Tal análise era acompanhada do registro

dos tempos com o intuito de identificar o “tempo ótimo” para realizar uma tarefa. A

gerência passava assim a fixar “cientificamente” um ritmo de trabalho projetado,

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em lugar de determinar subjetivamente um quantum de trabalho a executar

segundo a experiência do próprio trabalhador.

O estudo de tempos é o elemento da administração científica que torna

possível a transferência da habilidade da administração para os operários.

Consistem de duas categorias gerais, a primeira - a fase analítica, e a segunda

fase construtiva.

A fase analítica do estudo de tempos é a seguinte:

a) dividir o trabalho de um homem que executa qualquer função em movimentos

elementares;

b) selecionar todos os movimentos desnecessários e eliminá-los;

c) observar como vários operários habilidosos executam cada movimento

elementar, e com auxílio de um cronômetro, escolher o melhor e mais rápido

método de se executar cada um deles;

d) descrever, registrar e codificar cada movimento elementar com seu respectivo

tempo, de forma que possa ser facilmente identificável;

e) estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo

selecionado de um bom operário, para cobrir esperas inevitáveis, interrupções,

pequenos acidentes etc;

f) estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo

selecionado, para cobrir a inexperiência do operário nas primeiras vezes que ele

executa a operação. (Esta porcentagem é alta em tarefas compostas de um

número elevado de elementos diversos, que formam uma longa seqüência não

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repetitiva. O fator diminui, entretanto quando a tarefa consiste de menor número

de elementos compondo uma seqüência de maior repetitividade);

g) estudar e registrar a percentagem de tempo, que deve ser tolerada para

descanso e os intervalos em que o descanso deve ser efetuado a fim de eliminar a

fadiga física.

A fase construtiva pode ser sumarizada como segue:

h)Combinar em vários grupos os movimentos elementares, que são usados

freqüentemente na mesma seqüência, em operações semelhantes; registrá-los e

arquivá-los de tal forma que eles possam ser facilmente encontrados;

i) destes registros, é fácil selecionar-se as seqüências adequadas de movimentos,

que devem ser usados por um operário produzindo determinado artigo; somando-

se os tempos relativos a esses movimentos e adicionando-se tolerâncias

correspondentes, obteremos o tempo-padrão para a execução da tarefa em

estudo;

j) a análise de uma operação, quase sempre revela imperfeições nas condições

que cercam esta operação, tais como: o uso de ferramentas inadequadas, o

emprego de máquinas obsoletas e a existência de más condições sanitárias etc. E

o conhecimento adquirido através da análise muitas vezes permite a padronização

das ferramentas e das condições de trabalho e o desenvolvimento de melhores

maquinas e métodos.

Na visão de Taylor existia um modo ótimo de realizar o trabalho, e com o

estudo de tempos e movimentos seria possível alcançar e padronizar.

Outra idéia subjacente a esses estudos era a identificação do tempo de

execução dos movimentos elementares do corpo humano. Este foi o caminho

desenvolvido em várias atividades com o surgimento de tabelas de tempos

elementares predeterminados com o M.T.M. (Methods-Time Measurement).

Page 19: Apostila Ergonomia Industrial

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Conforme podemos observar, também, neste “estudo de tempos”, Taylor

não deixava de considerar a fadiga operária, e com esse propósito efetuou várias

investigações:

Entre as várias investigações empreendidas nesta época uma delas

consiste na tentativa de encontrar normas ou leis que habilitem um chefe a

conhecer, de antemão, que quantidade de certo trabalho, pesado e contínuo, um

homem habituado a ele podia fazer diariamente, isto é, estudar o efeito da fadiga

provocada por trabalho pesado sobre um trabalhador de primeira ordem.

A determinação da fadiga diária era essencial porque podia prejudicar o

ritmo de trabalho. Todavia, a fadiga acumulada por anos de atividade e camuflada

pela rotação nos empregos, evidentemente, não era objeto de estudo.

Segundo Princípio

O segundo princípio tratava da seleção e treinamento e estava intimamente

relacionado com o anterior. Se o trabalho já foi estudado, analisado e simplificado,

enfim dominado pela gerência, o trabalhador adequado pode ser escolhido mais

facilmente, pois o que se procura não é um homem que conheça um ofício ou que

tenha várias habilidades para desenvolver qualquer trabalho. Não há necessidade

de “homens extraordinários”. Não se desejam qualidades profissionais, mas

habilidades pessoais específicas para atender à exigência do trabalho. Em face

da seleção científica do trabalhador, dos 75 carregadores de barras de ferro só

aproximadamente 1 em 8 era capaz fisicamente de carregar 47 ½ toneladas por

dia. Com a melhor das intenções, os outros 7 eram homens fisicamente inaptos

para trabalho neste ritmo. O único homem entre oito capaz de realizar a tarefa,

não tinha em nenhum sentido característico algum de superioridade sobre os

outros. Apenas era um homem do tipo bovino - espécime difícil de encontrar, e

assim muito valorizado. Era tão estúpido quanto incapaz de realizar a maior parte

dos outros trabalhos. A seleção, então, não consistiu em achar homens

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extraordinários, mas simplesmente escolher entre homens comuns e poucos

especialmente apropriados para tarefas complexas.

Em um relato sobre a organização da maior fábrica de esferas de aço

temperado para mancais de bicicletas, Taylor deparou-se com a falta de

adaptação dos trabalhadores às exigências de inspeção das esferas defeituosas.

Após estudos elaborados em um laboratório de fisiologia de uma universidade, ele

pôde ter as bases científicas para efetuar a seleção:

“Para benefício das raparigas, bem como da companhia, tornava-se,

necessário dispensar todas as moças que não apresentavam uma certa

adaptabilidade com as exigências. E infelizmente, isso implicava no afastamento

de grande parte das moças mais inteligentes, esforçadas e leais, somente porque

não possuíam percepção rápida seguida de rápida reação”.

Terceiro princípio

Dentro de sua ótica, restava a Taylor propor à gerência uma de suas

principais funções: o planejamento e controle do trabalho. Era assim, contra o

sistema de administração de sua época que deixava a um operário antigo, o

contramestre, a responsabilidade pela administração da produção. Em seu lugar

defendia a existência de especialistas responsáveis por cada uma das funções

produtivas (disciplina, preparação, métodos, preparação do trabalho, etc).

Criava-se, então, uma nova estrutura administrativa na fábrica que seria

paradigma a ser seguida pelas organizações industriais. Surgiam os

departamentos de programação e controle da produção, tempos e métodos,

controle de qualidade, arranjo industrial, ferramentaria etc. Todos exercendo

atividades que antes cabiam ao coletivo de trabalhadores sob a supervisão do

contramestre.

Page 21: Apostila Ergonomia Industrial

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O elemento central da programação do trabalho passava a ser a “tarefa”,

como designava Taylor, ou a “ordem de produção”, como seria difundida na

literatura sobre o assunto:

“A idéia da tarefa é o mais importante elemento na administração científica.

Na tarefa é especificado o que deve ser feito e também como fazê-lo, além do

tempo exato concebido para a execução. A administração científica em grande

parte, consiste em preparar e fazer executar essas tarefas".

Estes princípios, resumidamente colocados, mostram como serviriam de

base para a organização do trabalho fabril. O trabalho de Taylor, não deve ser

visto, assim como um simples estudo de tempos e movimentos, isto porque é

orientador de muitas técnicas de gestão de produção. Além disso, não se limita ao

campo de atuação do engenheiro, mas também incursiona nas demais profissões

que cuidam da atividade fabril, como,por exemplo,o selecionador e treinador de

pessoal, o ergonomista, o médico do trabalho etc.

2.5 A Obra de Ford

Em 1903, inaugurava-se a Ford Motor Company. Nesse tempo fabricar

automóveis era função reservada a profissionais que obtiveram sua formação nas

oficinas de bicicletas e viaturas de Michigan e Ohio. A montagem final era uma

operação que exigia muita habilidade e a presença de certo número de mecânicos

qualificados e competentes que viabilizavam o processo.

Foi somente dez anos mais tarde, em 1913, que Ford aplicaria pela primeira

vez plenamente os princípios da linha de montagem. Subtraiu a idéia do sistema

de carretilhas aéreas usadas nos matadouros de Chicago para esquartejar reses.

A esteira rolante passou a ter um funcionamento ininterrupto, combinando

operações extremamente parceladas. Com base nessa experiência, Ford

descreveu os seis princípios:

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1) sempre que for possível, o trabalhador não dará um passo supérfluo;

2) não permitir, em caso algum que ele se canse inutilmente com movimentos à

direita ou à esquerda, sem proveito algum. As regras gerais que nos levaram a

consegui-los são as seguintes:

2a - tanto os trabalhadores quanto às peças devem ser dispostas na ordem

natural de operações, de modo que toda a peça ou aparelho percorra o menor

caminho possível durante a montagem;

2b - empreguem-se planos inclinados ou aparelhos similares, de modo que o

operário sempre possa colocar no mesmo lugar as peças em que trabalhou, e

sempre ao seu alcance. Todas as vezes que for possível deve-se usar a

gravitação como meio de transporte, para chegar às mãos do operário;

2c - construa-se uma rede auxiliar para a montagem dos carros, pela qual

deslizando as peças que devem ser ajustadas, cheguem ao ponto exato onde são

necessários;

O sucesso dessa nova organização apareceu nos resultados da produção:

o tempo da montagem do chassi reduziu-se de 12 horas e 8 minutos, para 1 hora

e 33 minutos. Esta atividade ficou separada em 45 operações extremamente

simplificadas.

Fixo no seu posto de trabalho, o homem passou a ser quase um

componente da máquina. Os seus movimentos deveriam ser feitos

mecanicamente.

Aquele trabalhador qualificado, antes necessário no processo de

montagem, era eliminado. Em seu lugar surgia um novo homem, cuja única função

era repetir indefinitivamente movimentos padronizados, desprovidos de qualquer

conhecimento profissional.

Page 23: Apostila Ergonomia Industrial

23

Para certa classe de homens, o trabalho repetitivo, ou a reprodução

contínua de uma produção idêntica, por processos que não variam nunca,

constitui um espetáculo horrível. A mim me causa horror. Por preço algum do

mundo poderia fazer todos os dias as mesmas coisas. Entretanto, atrevo-me a

dizer que para a maioria, a repetição nada tem de desagradável.

Com efeito, para certos temperamentos a obrigação de pensar é uma

verdadeira tortura, porque o ideal consiste em operações que de modo algum

exijam instinto criador. Os serviços que exigem esforço mental e físico gozam de

limitada popularidade e não encontram aceitação. Palavras de Ford.

É evidente a vantagem econômica do trabalhador desqualificado sobre o

seu antecessor. Por este motivo todos os trabalhos foram levados a mais extrema

simplificação, de acordo com os princípios já lançados por Taylor. As estatísticas

da Ford comprovavam o significado da nova ordem na esfera produtiva:

“Uns 43% de todos os serviços, não requerem mais do que um dia de

aprendizagem; 36% requerem de um até oito dias; 6% de uma a duas semanas;

14% de um mês a um ano; 1% de um ano a seis anos. Este último trabalho revela

Ford, é a fabricação dos instrumentos que como a soldadura requer uma

aprendizagem especial”.

O resultado dessa simplificação e parcelamento extremos do trabalho

levou-o a perceber que eram reduzidas as necessidades de todo o potencial

humano para o trabalho. Eis o seu relato:

“Com extrema facilidade nos inclinamos a crer, sem investigação alguma,

que a perfeita posse de todas as faculdades constitui a condição fundamental para

o melhor rendimento em qualquer classe de trabalho. Com o intuito de fazer um

juízo real disto, mandei classificar todas as diversas operações da fábrica segundo

a espécie de máquina e do trabalho".

Page 24: Apostila Ergonomia Industrial

24

A estatística demonstrou que se contavam na fábrica 7.882 espécies

distintas de operações, entre as quais 949 classificadas como trabalho que exigia

homens sãos e fortes, de perfeita saúde; 3.338 espécies exigiam o

desenvolvimento físico comum e força normal. Entre as 3.595 espécies restantes

nenhuma exigia esforço físico, de modo que podia efetuá-las o homem mais fraco

e débil, mulheres ou meninos.

Os trabalhos mais fáceis por sua vez, classificados para verificar quais

deles exigiam o uso completo das faculdades; comprovou-se então que 670

trabalhos podiam ser confiados a homens sem ambas as pernas; 237 requeriam o

uso de uma só perna; em dois casos podia-se prescindir dos dois braços; em 715

casos de um braço, e em 10 casos a operação podia ser feita por um cego.

Portanto a seleção de homens para o trabalho poderia ser feita de uma

forma diferente. Taylor já dizia, em um de seus princípios, que não se deveriam

procurar pessoas excepcionais para o trabalho, mas homens comuns apropriados

para o tipo de trabalho exigido. Contudo, se uma pequena parcela do corpo

humano era solicitada, porque utilizar um organismo completo? Em verdade, a

realidade estatística da investigação de Ford dava-lhe condições de aprofundar

ainda mais a aplicação da “Seleção Científica”:

À primeira vista, poderia parecer que o emprego de pessoas em condições

diferentes às normais seria uma obra de caridade. Todavia, não era essa a

orientação do pensamento de Ford:

“A caridade tornar-se-á desnecessária se os que vivem dela forem retirados

da classe improdutiva e postos na classe produtiva...”.

A empresa organizada para o bem público dispensa a necessidade de

filantropia. Este sentimento, apesar da nobreza dos seus intuitos nada faz para dar

aos protegidos a necessária confiança em si...”

Page 25: Apostila Ergonomia Industrial

25

Neste conjunto de transformações os ciclos operacionais são maciçamente

reduzidos, entretanto surge no Japão uma nova filosofia, que via de regra é

paradoxalmente contrária às instituídas por Taylor e Ford. Nos referimos ao

discurso de Ohno, que lançou dentro das empresas da Toyota, novas ondas

administrativas, que em breve banharam todo o mar industrial. Estes novos

conceitos são importantes para o entendimento da questão DORT, em virtude da

proposta de desespecialização do trabalho.

2.6 O Just in Time e o Kan-Ban

O método de produção just-in-time é indicado por Ohno como constituindo o

segundo grande pilar do espírito Toyota. Como anteriormente, um pouco de

história é necessário.

Nascimento do sistema KAN-BAN: Ohno e o sistema de supermercados

É efetivamente no contexto do começo dos anos 50, marcados, lembremo-

nos pelas demissões em massa e pelo aumento das encomendas de guerra

endereçadas a casa Toyota, que nasce verdadeiramente o sistema Kan-Ban. Os

fornecimentos especiais destinados às tropas norte americanas terão uma ocasião

propícia à elaboração de um dos elementos chave que asseguram o

funcionamento do sistema Kan-Ban.

Por questões já indicadas, Toyota escolhe enfrentar este brutal aumento de

demanda sem aumentar seu pessoal. Assim a única via aberta era de uma

racionalização do trabalho apoiada no maior rendimento possível do trabalho vivo

centrado não na repetição de tarefas, mas na sua “ampliação” em fórmulas como

aquelas já experimentadas no setor têxtil. Baseando-se na manipulação ou na

observação simultânea de várias máquinas diferentes, esta via permitia

eficazmente, maximizar taxas de ocupação das ferramentas e dos homens.

Page 26: Apostila Ergonomia Industrial

26

É necessário esclarecer que, desde esta época, começo dos anos 50, ainda

que introduzindo nas oficinas os princípios de autonomação e de auto-ativação,

Ohno trabalha ardorosamente no projeto de um fluxo de produção sem abalos.

Segundo Nogusci, (1987), ele parecia desenvolver e idéia de criar um sistema

onde o próprio trabalhador buscaria suas peças no posto de trabalho, em oposição

ao princípio fordista, em que o trabalhador aguarda as peças que lhe vêm do

começo da cadeia. Mas o novo método não tinha ainda sido aplicado, nem mesmo

por Ohno.

Se nos referimos à história de Toyota tal como se escreve, no ano de 1954,

um pequeno artigo publicado num jornal profissional que chamou muito a atenção

das pessoas dentro da empresa. Aquele artigo indicava que a companhia

americana Lokheed, fabricante de aviões adotara um sistema chamado de

supermercado graças ao qual conseguira economizar 250 mil dólares por ano.

Ohno já havia ouvido falar deste sistema através de seus amigos que estavam nos

Estados Unidos, mas não havia ligado à produção. Segundo a lenda, este artigo

fez com que Ohno se decidisse a dar o primeiro passo e o conduziu a importar a

inovação elaborada na distribuição para tentar aplicá-la e introduzi-la no nível dos

próprios processos de fabricação.

O princípio aplicado por Ohno foi o seguinte: o trabalhador do posto de

trabalho posterior (aqui tomado como cliente) se abastece, sempre que

necessário, de peças, (os produtos comprados), no posto de trabalho anterior, (a

seção). Assim sendo, o lançamento da fabricação no posto anterior só se faz para

realimentar a loja, (a seção), em peças, (produtos), vendidas.

Assim surgiu o princípio do Kan-Ban que constitui, em matéria de gestão de

produção, a maior inovação organizacional da segunda metade do século. E três

meses após o começo dos primeiros experimentos, o sistema de supermercado -

modelo inspirador e arquétipo do método Kan-Ban – foi efetivamente instalado

numa das fábricas dirigidas por Ohno.

Page 27: Apostila Ergonomia Industrial

27

Os notáveis resultados deste sistema possibilitaram pouco a pouco sua

extensão a outras fábricas Toyota. Como conseqüências posteriores, citaremos

duas:

- De um lado o sistema Kan-Ban permitiu descentralizar ao menos uma parte das

tarefas do processo de controle de fabricação. Tarefas até então realizadas,

(seguindo as recomendações fordistas clássicas), por um departamento

especializado “o de métodos”, confiando tais responsabilidades aos chefes de

equipe.

- Por outro lado esta extensão permitiu integrar as tarefas de controle de qualidade

dos produtos às próprias tarefas de fabricação, quando até então eram

centralizadas num departamento particular chamado na empresa Toyota:

Departamento Central do Controle de Qualidade - (Wada, 1984).

Tendo chegado a este ponto, é possível delinear aqui algumas proposições

conceituais emanadas do Kan- Ban.

Conceituação

Se nos ativer ao mínimo essencial, tudo se sustenta nas proposições

seguintes:

1) - três inovações organizacionais de base:

a) No fundo o Kan-Ban se apresenta antes de qualquer coisa como uma

revolução nas técnicas de controle do processo de fabricação e encomendas e de

otimização do lançamento das fabricações. Em relação à lógica fordista, há uma

inversão das regras tradicionais: o processo de fabricação, em lugar de ser feito

em cadeia, de montante à jusante da cadeia de produção, é feito de jusante à

montante. O ponto de partida é o das encomendas já endereçadas à fábrica e dos

produtos já vendidos.

Page 28: Apostila Ergonomia Industrial

28

b) Além desta inversão no sentido geral das instruções de fabricação, a chave do

método consiste em estabelecer paralelamente ao desenrolar dos fluxos reais da

produção, (que vão dos postos anteriores aos postos posteriores), um fluxo de

informação invertido que vai de jusante à montante da cadeia produtiva, e onde

cada posto posterior emite uma instrução destinada ao posto que lhe é

imediatamente anterior. Esta instrução consiste na encomenda do número e da

especificação exata das peças necessárias ao posto anterior para executar sua

própria encomenda.

c) Desde o posto posterior, a série de encomendas, de posto a posto, remonta em

direção ao posto anterior, de tal maneira que em dado momento, só há em

produção, no departamento considerado, a quantidade de peças exatamente

necessárias; assim é realizado o princípio “estoque zero” ao qual se pode, de

maneira geral reportar a contribuição do Kan-Ban.

d) Todo o sistema de circulação das informações, (e logo de instruções implícitas

de produção e de lançamento das fábricas), é realizado através de “caixas” nas

quais são colocados cartazes, (em japonês Kan Ban), em que são inscritas

“encomendas” que os diferentes postos de fabricação, encaminham uns aos

outros.

e) Há assim “Kan Ban que circulam no sentido posto posterior - posto anterior,

posto posterior, e que correspondem às entregas das peças demandadas”. A

inovação como se vê, é puramente organizacional e conceitual.

2.7 Balanço do Neoliberalismo

O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da

Europa, e da América do Norte, onde imperava o capitalismo puro. Foi uma

reação teórica e política contra o Estado intervencionista e de bem estar. Seu

texto de origem é “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek, escrito em 1944.

Page 29: Apostila Ergonomia Industrial

29

Trata-se de um ataque contra qualquer limitação dos mecanismos de

mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal, à liberdade,

não somente econômica, mas também política. O alvo imediato de Hayek, naquele

momento, era o partido Trabalhista inglês, às vésperas da eleição geral de 1945

na Inglaterra, que este partido efetivamente venceria.

Três anos depois, em 1947, enquanto as bases do Estado de bem-estar na

Europa do pós-guerra efetivamente se constroem não somente na Inglaterra, mas

também em outros países, neste momento Hayek convocou aqueles que

compartilhavam sua orientação ideológica para uma reunião na pequena estação

de Mont Pélerin, na Suíça. Entre os célebres participantes estavam não somente

adversários firmes do Estado de bem-estar europeu, mas também inimigos férreos

do New Deal norte americano. Na seleta assistência encontravam-se Milton

Friedman, Karl Popper, Lionel Robbins, Salvador de Madariaga, entre outros. Ali

se fundou a Sociedade de Mont Pélerin, uma espécie de franco-maçonaria

neoliberal, altamente dedicada e organizada, com reuniões internacionais a cada

dois anos. Seu propósito era combater o Keynesianismo e o solidarismo reinantes

e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o

futuro. As condições para este trabalho não eram de todo favoráveis, uma vez que

o capitalismo avançado estava entrando numa longa fase de auge, sem

precedentes - sua idade de ouro, - apresentando o crescimento mais rápido da

história, durante as décadas de 50 e 60.

Hayek, e seus companheiros argumentavam que o novo igualitarismo deste

período, promovido pelo Estado do bem-estar, destruía a liberdade dos cidadãos e

a vitalidade da concorrência da qual dependia a prosperidade de todos.

Desafiando o consenso oficial da época, eles argumentavam que a

desigualdade era um valor positivo - na realidade imprescindível em si -, pois disso

precisavam as sociedades ocidentais. Esta mensagem permaneceu na teoria por

mais ou menos 20 anos.

Page 30: Apostila Ergonomia Industrial

30

A chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973,

quando o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão,

combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de

inflação, mudou tudo. A partir dai, as idéias neoliberais passaram a ganhar

terreno.

As raízes das crises, afirmaram Hayek e seus companheiros, estavam

localizados no poder excessivo dos sindicatos, e de maneira geral do movimento

operário, que havia corroído as bases de acumulação capitalista com suas

pressões reivindicativas sobre os salários e com sua pressão parasitária para que

o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais.

Esses dois processos destruíram os níveis necessários de lucros das

empresas e desencadearam processos inflacionários, que não podiam deixar de

terminar numa crise generalizada das economias de mercado. A estabilidade

monetária deveria ser a meta suprema de qualquer governo. Para isso seria

necessária uma disciplina orçamentária, com a contenção dos gastos com o bem-

estar, e a restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um

exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos. Ademais, reformas

fiscais eram imprescindíveis, para incentivar os agentes econômicos. Em outras

palavras, isso significava reduções de impostos sobre os rendimentos mais altos e

sobre as rendas.

Desta forma, uma nova e saudável desigualdade voltaria dinamizar as

economias avançadas, então às voltas com a estagnação, resultado direto dos

legados combinados de Keynes e de Beveridge, ou seja, a intervenção anticíclica

e a redistribuição social as quais haviam tão desastrosamente deformado o curso

normal da acumulação e do livre mercado. O crescimento retomaria quando a

estabilidade monetária e os incentivos essenciais houvessem sido restituídos.

A hegemonia deste programa não se realizou do dia para a noite. Levou

mais ou menos uma década, os anos 70, quando a maioria dos governos da

Page 31: Apostila Ergonomia Industrial

31

OCDE - Organização Européia para o Comércio e Desenvolvimento - tratava de

aplicar remédios Keynesianos às crises econômicas. Mas ao final da década, em

1979, surgiu a oportunidade. Na Inglaterra, foi eleito o governo Thatcher, o

primeiro regime de um país de capitalismo avançado publicamente empenhado

em por em prática o programa neoliberal. Um ano depois, em 1980, Reagan

chegou à presidência dos Estados Unidos. Em 1982, Khol derrotou o regime social

liberal de Helmut Schimidt, na Alemanha. Em 1983, a Dinamarca, Estado Modelo

do bem-estar escandinavo, caiu sob o controle de uma coalizão clara de direita, o

governo de Schluter. Em seguida quase todos os países do norte da Europa

ocidental, com exceção da Suécia e da Áustria, também viraram à direita. A partir

dai, a onda de direitização desses anos tinha um fundo político para além da crise

econômica do período. Em 1978, a segunda guerra fria eclodiu com a intervenção

soviética no Afeganistão, e a decisão Norte Americana de incrementar uma nova

geração de foguetes nucleares na Europa ocidental. O ideário do neoliberalismo

havia sempre incluído, como componente central, o anticomunismo mais

intransigente de todos as correntes capitalistas do pós-guerra. O novo combate

contra o império do mal - a servidão fortaleceu o poder de atração do

neoliberalismo político, consolidando o predomínio da nova direita na Europa e na

América do Norte. Os anos 80 viram o “triunfo” da ideologia neoliberalista nesta

região do capitalismo avançado.

O que fizeram, na prática, os governantes neoliberais deste período? O

modelo Inglês foi, ao mesmo tempo, o pioneiro e o mais puro.

Os governos Thatcher contraíram a emissão monetária, elevaram as taxas

de juros, baixaram drasticamente os impostos sobre os rendimentos altos,

aboliram controles sobre os fluxos financeiros, criaram níveis de desemprego

massivos, aplastaram greves, impuseram uma nova legislação anti-sindical e

cortaram gastos sociais. E, finalmente - esta foi uma medida surpreendentemente

tardia - se lançaram num amplo programa de privatizações, começando por

Page 32: Apostila Ergonomia Industrial

32

habitação pública e passando em seguida as indústrias básicas como o aço, a

eletricidade, o petróleo, o gás e a água.

Esse pacote de medidas é o mais sistemático e ambicioso de todos as

experiências neoliberais em países de capitalismo avançado.

A variante norte americana era bem mais distinta. Nos Estados Unidos,

onde quase não existiam um Estado de bem-estar do tipo europeu, a prioridade

neoliberal estava voltada para a competição militar com a União Soviética,

concebida como uma estratégia para quebrar a economia soviética, por esta via

derrubar o regime comunista na Rússia. Deve-se ressaltar que, na política interna,

Reagan também reduziu os impostos em favor dos ricos, elevou as taxas de juros

e aplastou à única greve séria de sua gestão. Mas decididamente, não respeitou a

disciplina orçamentária; ao contrário lançou-se numa corrida armamentista sem

precedentes, envolvendo gastos militares enormes, que criaram um déficit público

muito maior do que qualquer outro presidente norte-americano. Mas esse recurso

a um Keynesianismo militar disfarçado, decisivo para uma recuperação das

economias capitalistas da Europa ocidental e da América do Norte, não foi

imitado. Somente os Estados Unidos, por causa de seu peso na economia

mundial, podiam dar-se ao luxo do déficit massivo na balança de pagamentos que

resultou de tal política.

No continente europeu, os governantes de direita deste período - amiúde

com fundo católico - praticaram em geral um neoliberalismo mais cauteloso e

matizado que as potências anglo-saxônicas, mantendo a ênfase na disciplina

orçamentária e nas reformas fiscais, mais do que em cortes brutais de gastos

sociais ou enfrentamentos deliberados com os sindicatos. Contudo, à distância

entre estas políticas e as da social-democracia governante anterior já era grande.

E, enquanto a maioria dos países no norte da Europa elegia governos de

direita empenhados em várias versões do neoliberalismo, no sul do continente -

território de De Gaulle, Franco, Salazar, Fanfani, Papadopoulos, etc - previamente

Page 33: Apostila Ergonomia Industrial

33

uma região muito mais conservadora politicamente, chegavam ao poder, pela

primeira vez, governos de esquerda, chamados de euro-sociais: Miterrand, na

França, Gonzáles, na Espanha; Soáres, em Portugal; Craxi, na Itália; Papandre ou

na Grécia. Todos se apresentavam como uma alternativa progressista, baseada

em movimentos operários ou populares, contrastando com a linha reacionária de

Reagan, e Thatcher, Khol, e outros nomes do norte da Europa. Não, há dúvida,

com efeito, de que pelo menos Miterrand e Papandreou, se esforçaram para

realizar uma política de deflação e redistribuição, de pleno emprego e de proteção

social. Foi uma tentativa de criar um equivalente no sul da Europa do que havia

sido a social-democracia do pós-guerra no norte do continente em seus anos de

ouro. Mas o projeto fracassou, e já em 1982 e 1983 o governo socialista na França

se viu forçado pelos mercados financeiros internacionais a mudar seu curso

dramaticamente, e reorientar-se para fazer uma política muito próxima à ortodoxia

neoliberal, com propriedade para a estabilidade monetária, a contenção do

orçamento, concessões fiscais aos detentores de capital e abandono do pleno

emprego.

No final da década, o nível de desemprego na França socialista era mais

alto do que na Inglaterra. conservadora, como Thatcher se gabava amiúde de

assinalar. Na Espanha, o governo de Gonzales jamais tratou de realizar uma

política Keynesiana ou redistributiva. Ao contrário, desde o início do regime do

partido no poder se mostrou firmemente monetarista em sua política econômica:

grande amigo do capital financeiro, favorável ao princípio de privatizações e

sereno quando o desemprego na Espanha rapidamente alcançou o recorde

europeu de 20% da população ativa.

Enquanto isso, no outro lado do mundo, na Austrália e na Nova Zelândia, o

mesmo padrão assumiu proporções verdadeiramente dramáticas. Sucessivos

governos trabalhistas ultrapassaram os conservadores locais de direita com

programas de neoliberalismo radical.

Page 34: Apostila Ergonomia Industrial

34

O Estado de bem-estar, com todas as suas transferências de pagamentos

generosos desligados de critérios, de esforços ou de méritos, destroem a

moralidade básica do trabalho e o sentido de responsabilidade individual. Há

excessiva proteção e burocracia. Deve-se dizer que a revolução thatcheriana, ou

seja, o anti-keynesianismo ou liberal, parou - numa avaliação positiva - no meio do

caminho na Europa ocidental e é preciso completá-la.

Este tipo de extremismo neoliberal, por influente que seja nos países pós-

comunistas, também desencadeou uma reação popular, como se pode ver nas

últimas eleições na Polônia, na Hungria e na Lituânia, onde partidos ex-

comunistas ganharam e agora governam de novo seus países. Mas na prática,

suas políticas no governo não se distinguem muito daquela de seus adversários

declaradamente neoliberais.

A analogia com o euro-socialismo do sul da Europa é evidentemente, em

ambos os casos há uma variante mansa - pelo menos no discurso, senão sempre

nas ações - de um paradigma neoliberal comum na direita e na esquerda oficial. O

dinamismo continuado como força ideológica em escala mundial está sustentada

em grande parte, hoje por este “efeito de demonstração” do mundo pós-soviético.

Os neoliberais podem gabar-se de estar na frente de uma transformação

sócio-econômica gigantesca que vai perdurar por décadas.

O impacto do triunfo neoliberal no leste europeu tardou a ser sentido em

outras partes do globo, particularmente, pode-se dizer, aqui na América Latina,

que hoje em dia se converte na terceira grande cena de experimentações

neoliberais. De fato ainda que no seu conjunto tenha chegado à hora das

privatizações massivas, depois dos países da OCDE e da antiga União Soviética,

genealogicamente este continente foi testemunha da primeira experiência

neoliberal sistemática do mundo. Refiro-me, bem entendido ao Chile sob a

ditadura de Pinnochet. Aquele regime tem a hora de ter sido o verdadeiro do ciclo

neoliberal da história contemporânea. O Chile de Pinochet começou seus

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35

programas de maneira dura: desregulação, desemprego, repressão sindical,

redistribuição de renda em favor dos ricos, privatizações de bens públicos. Tudo

isso foi começado no Chile, quase um decênio antes de Thatcher, na Inglaterra.

No Chile, naturalmente, a inspiração teórica da experiência pinochetista era mais

norte americana do que austríaca. Friedman, e não Hayek, como era de se

esperar nas Américas.

Mas é de se notar que a experiência chilena dos anos 70 interessou

muitíssimo a certos conselheiros britânicos importantes para Thatcher, e sempre

existiram excelentes relações entre os dois regimes nos anos 80.

O neoliberalismo chileno, bem entendido, pressupunha a abolição da

democracia e a instalação de uma das mais cruéis ditaduras militares do pós-

guerra. Mas a democracia em si-mesma - como explicava Hayek - jamais havia

sido um valor central do neoliberalismo. A liberdade da democracia, explicava

Hayek, podia facilmente tornar-se incompatível, se a maioria democrática

decidisse interferir com os direitos incondicionais de cada agente econômico de

dispor de sua renda e de sua propriedade como quisesse. Neste sentido

Friedmane Hayek podiam olhar com admiração a experiência chilena, sem

nenhuma inconsistência intelectual compromisso de seus princípios. Mas esta

admiração foi realmente merecida, dado que - à diferença das economias de

capitalismo avançado sob os regimes neoliberais dos anos 80 - a economia

chilena cresceu a um ritmo alucinante sob o regime de Pinochet, como segue

fazendo com a continuidade da política econômica dos governos pós-Pinochet dos

últimos anos.

Se o Chile, nesse sentido, foi a experiência-piloto para o novo

neoliberalismo dos países avançados do Ocidente, a América Latina também

proveu a experiência-piloto para o neoliberalismo do Oriente pós-soviético. Aqui

me refiro, bem entendido, à Bolívia, onde, em 1985, Jeffry Sachs já aperfeiçoou

seu tratamento de choque, mais tarde aplicado na Polônia e na Rússia, mas

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36

originalmente para o governo do general Banzer, depois aplicado

imperturbavelmente por Victor Paz Estenssoro, quando surpreendentemente este

último foi eleito presidente, em vez de Banzer. Na Bolívia, no fundo da Experiência

não havia necessidade de quebrar um movimento operário poderoso, como no

Chile, mas para a hiperinflação. E o regime que adotou o plano de Sachs não era

nenhuma ditadura, mas o herdeiro do partido populista que havia feito a revolução

social de 1952.

Em outras palavras, a América Latina também iniciou a variante neoliberal

“progressista”, mais tarde difundida no sul da Europa, nos anos de euro-

socialismo. Mas o Chile e a Bolívia eram experiências isoladas até o final dos anos

80.

A virada continental em direção ao neoliberalismo não começou antes da

presidência de Salinas, no México, em 88, seguida da chegada ao poder de

Menem, na Argentina, em 89, da segunda presidência de Carlos Andrés Perez, no

mesmo ano, na Venezuela, e da eleição de Fujimoro, em 90. Nenhum desses

governantes confessou ao povo antes de ser eleito, o que efetivamente fez depois

de eleito.

Das quatro experiências viáveis desta década, podemos dizer que três

registraram êxitos impressionantes em curto prazo México, Argentina e Peru - e

uma fracassou: Venezuela. A diferença é significativa. A condição política da

deflação, da desregulamentação, do desemprego, da privatização das economias

mexicana, Argentina e peruana foi uma concentração de poder executivo

formidável: algo que sempre existiu no México, um regime de partido único, com

efeito, mas Menem e Fugimori tiveram de inovar na Argentina e no Peru com uma

legislação de emergência, auto-golpes e reforma da constituição. Esta dose de

autoritarismo político não foi factível na Venezuela, com democracia partidária

mais contínua e sólida do que em qualquer outro país da América do Sul, o único

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37

a escapar de ditaduras militares e de regimes oligárquicos desde os anos 50. Daí

o colapso da segunda presidência de Carlos Andrés.

Mas seria arriscado concluir que somente regimes autoritários podem impor

com êxito políticas neoliberais na América Latina. A Bolívia, onde todos os

governos eleitos depois de 1985, tanto de Paz Zamora, quanto de Sanches

Losada, continuaram com a mesma linha, está ai para comprovar o oposto. A lição

que fica da longa experiência boliviana é esta: há um equivalente funcional ao

trauma da ditadura militar como mecanismo para induzir democrática e não

coercitivamente um povo a aceitar políticas neoliberais das mais drásticas. Este

equivalente é a hiperinflação. Suas conseqüências são muito parecidas.

A região do capitalismo mundial que apresenta mais êxitos nos últimos 20

anos é também a menos neoliberal, ou seja, as economias do extremo oriente -

Japão, Coréia, Formosa, Cingapura, Malásia. Por quanto tempo estes

permanecerão fora da esfera de influência do neoliberalismo? Tudo que podemos

dizer é que este é um movimento ideológico, em escala verdadeiramente mundial,

como o capitalismo jamais havia produzido no passado.

Trata-se de um corpo de doutrina coerente, autoconsciente, militante,

lucidamente decidido a transformar todo o mundo à sua imagem, em sua ambição

estrutural e sua extensão internacional. Promove a competição massiva entre as

instituições, desconhecendo obstáculos sentimentais ou regionais. A globalização

por sua vez trilhou os caminhos do neoliberalismo, adentrando facilmente pela

porta aberta deixada pelo ideário preconizado por Hayek.

As modificações descritas anteriormente que precederam o contexto atual,

passam despercebidas por muitos, e erroneamente são consideradas como

“insignificantes”. Devemos entender que a profundidade destas modificações,

alterou toda a estrutura sócio-política, produtiva, comportamental, financeira da

sociedade, indústria e das instituições. As filosofias entregues à posteridade, não

conheceram obstáculos políticos, físicos, étnicos ou qualquer tipo pragmático que

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38

impedisse sua evolução natural. Muitos tentaram impedir, e o resultado legou seus

preceptores ao esquecimento ou descrédito. Conhecer, Taylor, Ford, Casal

Gilbreth, Toyoda, Ohno, Hayek, Friedman, é certamente entender os passos

percorridos pelo homem durante esta jornada maravilhosa que legou aos dias de

hoje toda a tecnologia que nos beneficia no dia a dia, entretanto é imperativo

perceber que os sistemas de trabalho mudaram muito, e trilham ainda caminhos

incertos, evidenciando novos horizontes a cada instante. Portanto a resposta

sobre o aumento vertiginoso dos casos de doenças ligadas diretamente aos ciclos

de trabalho, esta definitivamente respondida. Entretanto o que pode haver no

futuro é uma grande incógnita, visto que a tendência de racionalização continua

presente.

A nova filosofia industrial futura deve permear os conceitos criados a partir

da necessidade do aumento do ciclo, diminuição da força, melhoria postural,

eliminação da compressão mecânica e finalmente a melhoria global do posto de

trabalho em função da necessidade.

2.8 A Intervenção Ergonômica

O conceito de Intervenção Ergonômica foi desenvolvido pela escola

francesa de Ergonomia (Wisner, 1974, Duraffourg et al. 1977, Guerin et al. 1991).

A efetividade da Ergonomia consiste no fato de resultar em transformações

positivas no ambiente de trabalho.

A caracterização de uma Intervenção Ergonômica se dá pela construção

que viabiliza as mudanças necessárias, e que possa inserir os resultados da

Ergonomia e valores das organizações que recebem os resultados. Essa

construção divide a intervenção nas seguintes etapas: a Instrução da Demanda, a

Análise da atividade e dos Fatores de Risco, a Concepção de Soluções

Ergonômicas e a Implementação Ergonômica.

Page 39: Apostila Ergonomia Industrial

39

A instrução da Demanda compreende todo o encaminhamento contratual

da intervenção, o que passa pelo ajuste e foco do problema, identificação do

processo, organização, levantamento dos recursos humanos, e determinar as

formas de apresentação de resultados.

A Análise da Atividade e dos Riscos Ergonômicos consiste na coleta de

dados e informações. Por fator de risco entenderemos a condição ou prática que

desafie a produtividade, a qualidade, ou traga prejuízos ao conforto, segurança e

bem estar do trabalhador.

A Concepção de Soluções Ergonômicas pode variar de acordo com a

natureza do problema. E a Implementação Ergonômica constitui a fase final de

uma intervenção.

Os trabalhos em Ergonomia apresentam dupla vertente: científica e prática.

Os resultados práticos são as mudanças implantadas nas organizações onde as

intervenções são realizadas, necessitando para isso a integração de diversos

campos e áreas de conhecimento.

2.9 Macroergonomia

A partir de 1990 mudanças positivas têm acontecido na intervenção

ergonômica. Preconiza-se, hoje, a metodologia de abordagem sob o nome de

Macroergonomia, uma nova vertente que indica às empresas a busca de um

equilíbrio sociotécnico entre as pessoas, as tecnologias e a organização.

Esta ergonomia não faz, portanto, abordagens pontuais e/ou localizadas,

como normalmente vinham sendo feitas e, sim de uma forma em que contemple

as interfaces físicas, cognitivas e organizacionais. A metodologia da AET -

Avaliação Ergonômica de Trabalho possibilita contemplar todas esta interfaces.

Page 40: Apostila Ergonomia Industrial

40

O trabalho é ordenado de uma forma sugerida pela International

Ergonomics Association que, apesar de ter uma finalidade didática para

compreensão de conceitos, norteia a divisão do trabalho em:

- a Ergonomia Física nos permitirá enfocar os aspectos físicos de uma situação

de trabalho e suas interfaces com o trabalhador durante a jornada de trabalho. No

campo dos postos de trabalho se verificam problemas diversos com posturas e

problemas antropométricos, principalmente no manuseio de máquinas. No campo

ambiental a Ergonomia têm contribuições relativas à higiene industrial, para que

dê melhor conforto ao trabalhador durante o exercício de suas atividades.

- a Ergonomia Cognitiva tratará dos aspectos mentais da atividade de trabalho

de pessoas e indivíduos, homens e mulheres. A atividade humana no processo de

trabalho é estudada como sujeito da operação, apontando as suas características

no desenvolvimento de suas tarefas.

- a Ergonomia Organizacional buscará o reconhecimento do contexto

organizacional e o que ele poderá estar interferindo na atividade de trabalho, de

uma forma sistêmica, no âmbito interno e externo da empresa. Como resultado

poderá permitir que a organização elabore novas propostas de mudanças

organizacionais para melhorias de desempenho, conforto e segurança para os

trabalhadores.

2.10 Antropotecnologia

O termo cunhado por Alain Wisner, Antropotecnologia é a combinação de

aspectos ergonômicos e macroergonômicos, a construção da sua noção nasce de

uma ação ergonômica em uma empresa petrolífera cuja extração de óleo se dava

em distintos países e com leis e costumes diversificados.

Page 41: Apostila Ergonomia Industrial

41

A quase totalidade de pesquisa em Antropotecnologia entre 1985 e 1991,

mostraram que a importação de tecnologias atinge graus de sucesso

extremamente diversificados.

O campo da Antropotecnologia tem sido mais efetivamente um campo de

estudos do que um campo de realizações até porque estas ações não ocorrem

isoladamente de outros processos nas organizações. Em geral a compra de

tecnologia é um processo estabelecido nos maiores níveis da empresa ou da

organização, mas infelizmente a Ergonomia não é suficientemente aprendida

nestes espaços de decisão.

2.11 Ação Ergonômica

Ação Ergonômica é um conjunto de princípios e conceitos eficazes para

viabilizar as mudanças necessárias para adequação do trabalho às

características, habilidades e limitações dos trabalhadores no processo de

produção de bens e serviços.

Deste modo a Ação Ergonômica parte dos fundamentados ergonômicos

(conhecimentos sobre as características, habilidades e limitações da pessoa

humana – Ergonomia Física), aborda a cognição do trabalho (Ergonomia

Cognitiva), estabelece um foco na organização do trabalho (descreve as

atividades de trabalho – Ergonomia Situada), conduz uma avaliação custo-

efetividade – (Macroergonomia) e insere mudanças de cultura da organização

(Antropotecnologia).

A Ação Ergonômica se caracteriza como uma consultoria dinâmica, que

parte inicialmente da organização, e partir vai construindo um objeto preciso de

intervenção e focos definidos da sua ação.

Como podemos perceber o campo da Ergonomia é efetivamente amplo.

Isto levou os profissionais que trabalham com ergonomia a desenvolver maneiras

para solucionar problemas que surgem na vida profissional. Essas maneiras se

Page 42: Apostila Ergonomia Industrial

42

diferenciam quanto à forma de atacar os problemas (abordagem), quanto a forma

de encaminhar soluções (perspectivas) e quanto à forma de agir numa realidade

efetiva (finalidade).

1) Quanto à perspectiva: Ergonomia de Concepção e de Intervenção

Esta distinção se estabelece a partir do timing da ação ergonômica: ou age

em nível de projeto (Ergonomia de Concepção), ou sobre uma realidade existente

(Ergonomia de Intervenção).

A experiência em Ergonomia recomenda que se tome a intervenção como

acúmulo de experiências para a concepção.

Ergonomia de intervenção: é a resposta a uma demanda do cliente, que

deverá ser trabalhada e uma solução deverá ser encaminhada. Os procedimentos

básicos para a sua aplicabilidade é o método e técnica de Análise Ergonômica do

Trabalho. A intervenção de produção não necessariamente significa uma mudança

física.

Ergonomia de Concepção: a ergonomia de concepção pode ser

sintetizada com a elaboração de novos produtos, processos, métodos de trabalho

ou sistemas informatizado.

2.12 Discussão Ler/ Dort no Brasil

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e /ou Distúrbios Ósteo-

músculares relacionados ao Trabalho (DORT) acometem principalmente

músculos, ligamentos, tendões, nervos e ossos, resultando em dor, fadiga e queda

da performance.

No que se refere à questão LER-DORT, o Brasil possui uma característica

peculiar muito interessante, os índices epidêmicos observados em diversos

países, também se evidenciaram aqui, entretanto em períodos diferentes.

Page 43: Apostila Ergonomia Industrial

43

Estamos nos referindo ao rápido crescimento dos índices, que apontaram a partir

da década de 90 para uma curva ascendente, rumo a uma epidemia desenfreada.

A dúvida instituída em decorrência deste fato, merece algumas linhas de

explanação, isto porque as epidemias mencionadas em outros países haviam

acontecido entre os anos 70 e 80, portanto, mais de uma década anterior à

epidemia observada no Brasil. O estudo deste fato nos leva a uma conclusão

fundamental em busca do entendimento dos fatores que levaram e levam as

empresas a ingressarem no rol das grandes geradoras de doentes.

O fato na verdade se revela muito simples, e está relacionado ao período

em que houve a intensificação na implementação das técnicas racionalizadoras,

cujo jargão preconizava aprimorar os sistema a fim de promover um número maior

de empresas competitivas entre si e também contra as empresas internacionais.

Devemos entender que o Brasil permaneceu com sistemas ultrapassados

antes da década de 90, em função da falta de competitividade existente neste

período, ocasionada principalmente pelo regime militar que perdurou por 25 anos

aproximadamente, sistema que entregou o país a uma reserva de mercado

paternalista no ponto de vista competitivo, ocasionando uma espécie de

comodismo industrial. Nossas industrias gozavam do protecionismo

governamental, marcado pelos oligopólios empresariais. Desta forma não havia

motivo para modernizar nosso parque.

Em 1989 com a abertura do mercado a situação se inverteu; as industrias

brasileiras, buscando competir com outras empresas mundiais começaram a

aplicar diversas técnicas racionalizadoras com grande velocidade. No entanto, a

aplicação destas técnicas em equipamentos antiquados ocasionaram uma

situação dramática, pois a redução dos ciclos e a conseqüente concentração dos

movimentos e forças, ocasionaram um aumento eloqüente dos números de

doentes ocupacionais. E quando existir a necessidade de formar um plano médico

Page 44: Apostila Ergonomia Industrial

44

para tratamento dos possíveis doentes, a hegemonia pertence ao departamento

médico.

Em suma; o gerenciamento global depende de uma análise prévia

dependente diretamente do nível em que a empresa se encontra em relação ao

risco potencial ou real de gerar casos de LER. Portanto é recomendável que se

faça uma avaliação prévia, qual definirá o corpo básico para a formação do

comitê, qual o profissional indicado para gerenciar o grupo e que tipo de

intervenção recomendada para cada caso, levando-se em conta que tanto maior

será o envolvimento do corpo médico em função da gravidade pontual das

queixas, em oposição à inserção projetual, certamente mais preventiva.

O Brasil à Globalização e as LER/DORT Recorrentes

O Brasil possui um universo de equipamentos, máquinas, dispositivos,

ferramentas, processos e métodos, atrasados tecnologicamente é verdade em

decorrência dos longos anos de regime militar que imputaram um parque industrial

defasado em relação aos países industrializados. As empresas por sua vez

entraram no marasmo e ócio, resultante da falta de competitividade, ou mesmo

pela impossibilidade de importação dos maquinários necessários para esta

necessária evolução. Seja qual for o motivo, o fato cabal e incontestável aponta

hoje como ícone deste atraso, uma série destas empresas que sobraram pela falta

de competitividade, uma vez que foram incapazes de se aprimorar devido a total

defasagem. Outras empresas buscaram na racionalização total a arma para a

sobrevivência, buscando desta forma tirar o atraso de 30 anos em meses de

trabalho, contratando consultorias de Tempos e Métodos despreparadas, quais

diretamente mergulham os funcionários no trabalho desumano, pois a inserção de

seus ideários simplistas, somente alterava o método, oferecendo um trabalho cada

vez mais rápido nos mesmos equipamentos e máquinas. A empresa assim colhe o

NACO fugaz de lucro aparente, assinando um contrato de alto risco com a

posteridade.

Page 45: Apostila Ergonomia Industrial

45

A modernização do parque industrial brasileiro deverá seguir, não somente

a redução dos tempos, mas à incorporação de planos que brindem todos o

complexo técnico e administrativo. É necessário que uma visão holística tome

conta dos ideários produtivos, permitindo que os investimentos evoluam todo o

sistema, numa condição humana e técnica, pois não é possível reduzir

demasiadamente os ciclos com a simples aquisição de máquinas cada vez mais

rápidas, ou sistemas que aumentem a velocidade pela simples demonstração

matemática.

2.13 Conceitos Básicos da Ergonomia

Existem alguns conceitos chave subjacentes à Ergonomia que devem ser

realçados. São eles:

• Tarefa

• Atividade

• Comportamento

• Performance ou Desempenho

• Competência

• Carga de Trabalho

Tarefa

Citando autores clássicos em Ergonomia, como Leplat ou Laville, o conceito

de tarefa corresponde a um trabalho prescrito. Deste modo, pode ser definido, de

forma simples, como um objetivo a atingir em determinadas condições de

execução, ou seja, o que o operador tem que fazer.

Para realizar as suas tarefas, o operador utiliza meios, materiais,

instrumentos, ferramentas, etc., que lhe são facultados para o efeito. São

igualmente definidas as condições em que a tarefa deve ser realizada: um tempo,

um espaço, uma ordem de operações, um envolvimento físico, normas a respeitar.

Page 46: Apostila Ergonomia Industrial

46

Deste modo, a análise da tarefa centra-se no conjunto das condições de

trabalho, pondo em evidência os fatores que influenciam a atividade dos

trabalhadores. Assim, os elementos constituintes da tarefa são os objetivos (de

produção, de qualidade, viabilidade), os procedimentos (métodos de trabalho,

ordens ou instruções, normas, constrangimentos temporais), os meios disponíveis

(matérias, máquinas, ferramentas, documentação), o envolvimento físico

(espacial, ruído, trabalho noturno) e as condições sociais do trabalho (qualificação,

modalidades de remuneração, tipos de controles e sanções).

Atividade

Se a tarefa indica o que deve ser feito pelo operador, a atividade indica a

forma como se faz. A noção de atividade refere-se ao que o indivíduo põe em jogo

para executar a tarefa, constituindo um processo complexo que vai da percepção

à ação. Este processo é desencadeado por um estímulo que é percebido,

determinando o tratamento correspondente ao nível do sistema nervoso central,

seguido da correspondente tomada de decisão, que se manifesta por meio de uma

ação que deverá ter um resultado esperado num tempo útil.

O objeto da Ergonomia é a atividade dos trabalhadores, a fim de se

conhecer as funções humanas solicitadas e compreender as modalidades da sua

entrada em jogo. A partir deste conhecimento, podem ser estudados e previstos

os riscos para a saúde quando há uma solicitação extrema das funções

implicadas; podem ser determinadas as causas objetivas e não intencionais

destas modalidades de funcionamento, assim como os riscos sobre a saúde e a

produção. Identificadas as causas, é possível transformar a situação de trabalho.

É tradicional distinguir a existência de duas componentes da atividade

humana: uma componente não visível, correspondendo à atividade do conjunto de

processos internos, que vai determinar a outra componente, externa ou manifesta,

que corresponde ao comportamento observável.

Page 47: Apostila Ergonomia Industrial

47

Comportamento

O comportamento pode ser considerado como a parte observável da

atividade global do indivíduo na sua interação com o envolvimento. Apesar das

visões mais cognitivistas ou behaviouristas, esta definição, é aceitável em

Ergonomia, pois se trata de insistir sobre a dimensão relacional entre o homem e a

situação de trabalho.

Isto significa que a origem do comportamento não está, nem no indivíduo,

nem no meio, mas sim na relação entre os dois. Esta posição implica que o

comportamento não pode ser reduzido aos seus traços sem correr o risco duma

redução abusiva, ou seja, o desempenho não prediz necessariamente o

comportamento e muito menos os processos não observáveis que lhe são

subjacentes ou o custo dessa atividade.

Performance ou Desempenho

Em sentido estrito, a Performance pode ser entendida como o resultado

obtido na seqüência da atividade. Este resultado é comparado com o objetivo da

tarefa, ou seja, com o resultado desejado, podendo ser expresso em termos de

êxito, falha ou nível alcançado.

O conceito de Desempenho, em Francês e Inglês, Performance, representa

a capacidade do homem para compreender, agir ou identificar, que é explicada

pela interação de três fatores: as competências, as motivações e o envolvimento

de trabalho (Keravel, 1997). Assim, mesmo que se assegure um ótimo

envolvimento de trabalho e as competências adequadas às situações a gerir,

haverá certamente um mau desempenho por falta de motivação para utilizar os

saberes pertinentes. Do mesmo modo, por muito que a motivação anime os

operadores e o envolvimento de trabalho seja adequado, se existe falta de

competências específicas, o desempenho será também deficiente.

O envolvimento de trabalho, com as suas componentes físicas,

organizacionais e psicológicas devem permitir a expressão das competências e

Page 48: Apostila Ergonomia Industrial

48

motivações dos operadores. A compreensão dos fundamentos da motivação,

assim como dos seus fatores de influência e desenvolvimento, favorece a sua

manifestação. O sucesso de toda a atividade depende, pois, da vontade partilhada

pelo conjunto dos operadores para realizar uma missão, uma produção ou uma

melhoria.

Competência

A noção de competência, também não deve limitar-se a um saber fazer

específico inerente a uma dada tarefa, mas deverá passar pela mobilização de

conhecimentos e referências teóricas, assim como saberes práticos e pelo

tratamento apropriado da especificidade em jogo. Se o desenvolvimento de

competências se centrar na aprendizagem e treino da execução das tarefas

inerentes a um dado posto de trabalho, então o operador está limitado na

mobilização de competências, o que tem geralmente efeitos negativos a diferentes

níveis: ao nível da saúde, porque vai seguramente estar confinado a uma elevada

repetitividade; no nível da segurança, porque terá pouca margem de manobra

para antecipar ou adaptar os seus comportamentos às variações do sistema; ao

nível da produtividade qualitativa, porque não está preparado para identificar,

corrigir ou prevenir erros. Assim, compreender os mecanismos e as circunstâncias

das dificuldades do operador constitui uma prioridade do sistema de produção, no

sentido de melhor orientar as escolhas de investimentos em matéria de ajudas

técnicas ou organizacionais e da formação.

Carga de Trabalho

O termo carga sugere a idéia de um fardo imposto a alguém. Tratando-se da

carga de trabalho, o conceito envolve a carga imposta (solicitações, exigências,

constrangimentos), assim como as suas repercussões sobre o comportamento e

as funções do operador em atividade. O conceito de carga de trabalho pode ser

utilizado referindo-se exclusivamente à tarefa ou simultaneamente à tarefa e ao

envolvimento físico e social, constituindo, assim, a carga global de trabalho

Page 49: Apostila Ergonomia Industrial

49

(Sanders, 1989).

Chiles e Alluisi (1979), encarando a carga de trabalho como solicitação,

consideram que “o nível de carga é determinado pelo conjunto de exigências

profissionais impostas ao operador, implicando necessariamente ações

apropriadas por parte do operador”. Manifestas ou não, físicas, sensoriais,

perceptivo-motoras, cognitivas, verbais ou combinadas, estas ações são

indispensáveis ao cumprimento das suas tarefas. Sublinhando que, neste

contexto, o termo exigência significa obrigação de agir, estes autores limitam a

avaliação da carga de trabalho à das exigências profissionais e da performance.

Na mesma perspectiva, Laville (1976) considera que a carga de trabalho

depende do conteúdo da tarefa e das imposições temporais em que é executada.

Numa perspectiva diferente, para Leplat (1977), o termo carga designa as

conseqüências da execução da tarefa sobre o trabalhador; a tarefa propriamente

dita e os constrangimentos que impõe são agrupados sob a designação de

exigências do trabalho. Esta perspectiva enquadra-se na problemática da carga de

trabalho, na medida em que coloca o homem no centro das preocupações. Além

disso, o termo exigências caracteriza melhor as solicitações intrínsecas da tarefa.

Convém, no entanto, distinguir as exigências, dos factores físicos e psicossociais,

que não podem ser considerados como exigências no verdadeiro sentido do

termo.

De um ponto de vista fisiológico, a carga de trabalho é o custo do trabalho

para o organismo humano (Brouha, 1957). Na mesma perspectiva, Strasser

(1979) diz que a carga de trabalho é determinada pelo custo fisiológico e

psicológico do trabalho. Segundo Monod e Lille (1976), o conceito de carga de

trabalho integra, numa relação causal, o conjunto das reações do homem no posto

de trabalho (astreintes) resultantes dos constrangimentos (contraintes) que se

exercem sobre o trabalhador no seu posto. A carga de trabalho designa as

variáveis independentes (contraintes) e as variáveis dependentes (astreintes) que

se manifestam por sinais objetivos e subjetivos, fisiológicos e psicológicos. Esta

Page 50: Apostila Ergonomia Industrial

50

definição oferece a vantagem de estabelecer um vasto quadro conceptual que

permite analisar os fatores de carga e os seus efeitos sobre o homem no trabalho.

2.14 Três princípios básicos da física devem ser considerados em qualquer

análise ergonômica:

1- A análise Temporal do Trabalho - que preconiza o estudo do trabalho em

função do tempo ou faixa de tempo. 2- Cinemática - que se preocupa com os aspectos geométricos do

movimento (posicionamento, velocidade e aceleração). 3- Cinética - o estudo das forças que influenciam os movimentos.

.

Page 51: Apostila Ergonomia Industrial

51

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

3.Fisiologia

do Trabalho

Page 52: Apostila Ergonomia Industrial

52

3. FISIOLOGIA DO TRABALHO

A palavra fisiologia é composta por 2 palavras gregas: Physis, que pode

significar aquilo que faz com que as coisas venham a ser o que são, é o perpétuo

movimento de vir-a-ser, brotamento. Physis foi traduzida para o latim pela palavra

“natura” que deu origem a natureza em português. A segunda palavra é logo, que

significa razão, raciocínio, estudo. Então, Fisiologia pode significar o estudo das

naturezas. Fisiologia humana o estudo da natureza humana, ou melhor, o estudo

dos fenômenos do corpo humano. A Fisiologia do Trabalho tem como objeto de

estudo os fenômenos do corpo humano nas situações de trabalho.

Durante a Revolução Industrial muitos surgiram muito problemas de

acidentes e doenças trazendo preocupação tanto para os empresários como para

os próprios trabalhadores. Neste momento são convocados os cientistas para

estudar tais situações de trabalho e oferecer apoio para as modificações

necessárias. Desenvolve-se daí a Fisiologia do trabalho.

O Trabalho Muscular

O movimento é uma característica fundamental do corpo humano. Ele é

realizado pelas contrações dos músculos esqueléticos que agem sobre um

sistema de alavanca e polias formado pelos ossos, tendões e ligamentos.

Os músculos do corpo humano classificam-se em três tipos: estriados ou

esqueléticos, lisos e cardíacos. Cerca de 40% dos músculos do corpo são

estriados, responsáveis pelo controle voluntário.

O movimento desejado é obtido através da interação de um grande número

de fatores anatômicos, fisiológicos, bioquímicos e biomecânicos.

Portanto, precisamos entender isoladamente alguns mecanismos

envolvidos na contração muscular. Os músculos são comandados pelo sistema

nervoso central, e as informações são transmitidas através do sistema nervoso

periférico, formando o Sistema Nervoso. O Sistema Nervoso é constituído por

Page 53: Apostila Ergonomia Industrial

53

neurônios os quais se caracterizam pelas propriedades de irritabilidade

(sensibilidade a estímulos) e condutibilidade (condução dos impulsos).

Cada músculo tem um nervo motor (grupo de fibras nervosas) que entra

nele. O músculo possui muitas unidades motoras, que responde de forma

graduada dependendo do número de unidades motoras que se ativem.

A maquinaria contrátil da fibra muscular está formada por cadeias protéicas

que se deslizam para encurtar a fibra muscular. Entre elas há a miosina e a actina,

que constituem os filamentos grossos e finos, respectivamente. Quando um

impulso chega através de uma fibra nervosa, o músculo se contrai.

Quando uma fibra muscular se contrai, se encurta e alarga. Seu

comprimento diminui a 2/3 ou à metade. Deduz-se que a amplitude do movimento

depende do comprimento das fibras musculares. O período de recuperação do

músculo esquelético é tão curto que o músculo pode responder a um segundo

estímulo quando ainda perdura a contração correspondente ao primeiro. A

superposição provoca um efeito de esgotamento superior ao normal.

Depois da contração, o músculo se recupera, consome oxigênio e elimina

bióxido de carbono e calor em proporção superior à registrada durante o repouso,

determinando o período de recuperação.

O fato de que consome oxigênio e libera bióxido de carbono sugere que a

contração é um processo de oxidação, mas, aparentemente, não é essencial, já

que o músculo pode se contrair na ausência de oxigênio, como em períodos de

ação violenta; mas, nesses casos, se cansa mais rápido e podem aparecer

cãibras.

www.afh.bio.br

Page 54: Apostila Ergonomia Industrial

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A fisiologia do trabalho distingue duas formas de esforço muscular:

• Trabalho muscular dinâmico (rítmico)

• Trabalho muscular estático (postural).

O trabalho muscular dinâmico caracteriza-se por uma seqüência rítmica de

contração e relaxamento da musculatura em atividade. Neste tipo de trabalho o

músculo age como uma bomba sobre a circulação sanguínea: a contração expulsa

o sangue dos músculos, enquanto que o relaxamento favorece o influxo de

sangue renovado. O trabalho muscular dinâmico, desde com o ritmo adequado,

pode ser realizado por um longo período sem cansar.

O trabalho muscular estático caracteriza por um estado de contração

prolongada da musculatura que geralmente implica no trabalho de manutenção da

postura. Neste tipo de trabalho o músculo permanece num estado de alta tensão,

produzindo força durante um longo período. Os vasos sanguíneos ficam

estreitados pela pressão interna deixando de fluir mais sangue para o músculo,

resultando na utilização da sua própria reserva. A carga de trabalho estático

ocorre praticamente todo tipo de trabalho: ficar em pé por um longo período,

levantar e carregar peso. Se o trabalho estático for repetido as conseqüências

podem ser deste uma fadiga penosa até dores insuportáveis.

Alavancas

Os músculos, as articulações e os ossos são responsáveis por formarem

diversas alavancas no nosso corpo.

Para cada movimento existe pelos menos 2 músculos que trabalham

antagonicamente, ou seja, quando um determinado músculo está contraindo para

realizar o movimento, o outro esta relaxado.

O corpo trabalha com três tipos de alavancas: interfixa (o apoio situa-se

entre a força e a resistência), interpotente ( a força aplicada entre o ponto de apoio

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55

e a resistência), e inter-resistente (resistência situa-se entre o ponto de apoio e a

força).

3.1 Articulações do Corpo Humano

As articulações dão resistência e mobilidade ao esqueleto, permitem o

amortecimento dos choques das extremidades ósseas, permitem a conexão de

estruturas ósseas diferentes, e participam da formação do esqueleto e do

crescimento ósseo.

As articulações móveis têm a coordenação e limitação de seus movimentos

provocada por vários fatores: tensão ligamentar e muscular por determinadas

estruturas ósseas.

O movimento articular deve ocorrer sem atrito, para não desgastar a

articulação. O perfeito funcionamento articular depende da cartilagem macia e

constante lubrificação pela produção do líquido sinovial.

Articulação do Membro Superior e Cintura Escapular

Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O

osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio

e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da

mão é formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges.

Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que

toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se chama cintura

torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escápula)

Articulação do Cotovelo

A articulação do cotovelo é uma articulação composta compreendendo três

articulações envolvidas pela cápsula articular comum.

Page 56: Apostila Ergonomia Industrial

56

A articulação umero-ulnar é sinovial do tipo gínglimo (ou em dobradiça) e

atua de forma preponderante na articulação do cotovelo, permitindo, no entanto,

ligeiros ajustes lateral e medial durante o movimento do rádio na pronação e

supinação. Sendo que sua estabilidade, não é afetada com a retirada cirúrgica da

cabeça do rádio. A articulação úmero-radial, é uma juntura sinovial trocóide que

acompanha a ulna nos movimentos de dobradiça do cotovelo e neste movimento,

a face superior côncava da cabeça do rádio desliza-se sobre o capítulo do úmero

na pronação e supinação girando como pivô contra o capitulo, e sua cápsula, é a

mesma da articulação úmero-ulnar. A articulação rádio-ulnar proximal, é uma

articulação sinovial que compreende movimentos de rotação do rádio sobre a

incisura radial da ulna nos movimentos de supinação e pronação.

Os ossos do cotovelo são fixados na articulação pela própria cápsula

articular, reforçado lateralmente pelo ligamento colateral radial que fixa a porção

distal do úmero à porção proximal da ulna e à porção proximal do rádio e, o

ligamento anular que fixa e dá suporte aos movimentos de rotação do rádio.

Medialmente, este suporte e feito pelo ligamento colateral ulnar ligando a

porção proximal da ulna à porção distal do úmero.

Compondo ainda para com os movimentos de flexão e abdução do

cotovelo, a inserção do músculo bíceps braquial inserido na tuberosidade do rádio

e ulna, e, braquial se inserindo na tuberosidade da ulna.

E como pode ser notado, como proteção para impacto do olecrânio, ainda

existe a bolsa olecraniana.

Articulação do Ombro

O ombro é uma articulação complexa formada por 3 ossos (clavícula,

escápula e úmero) que são mantidos unidos por músculos, tendões e ligamentos.

Esta é a articulação mais móvel do corpo e é presa por um grupo de tendões.

Encontra-se ainda no ombro bursas que são "saquinhos" cheios de líquido da

consistência de um óleo de motor.

O ombro pode movimentar o braço em círculo completo. Quando isso

Page 57: Apostila Ergonomia Industrial

57

acontece outras articulações também trabalham juntas, tal como a

acromioclavicular.

Por ser a articulação que mais se movimenta o ombro é também o mais

instável e por isso mais favorável a lesões.

O manguito rotator é um grupo de músculos (subescapular,

supraespinhoso, infraespinhoso e redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e

tem grande importância na estabilização, na força e na mobilidade do ombro.

3.2 Coluna Vertebral

A Coluna Vertebral é constituída de 33 vértebras, que se classificam em

cinco grupos: 7 cervicais, 12 Torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígenas.

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58

Entre cada vértebra existe um disco cartilaginoso denominado de Disco

Intervertebral. É formado de uma massa gelatinosa. Ele atua na absorção de

impactos.

Para manter as vértebras conectadas são necessários os ligamentos,

mantém os ossos conectados e dão suporte a coluna.

A coluna vertebral ainda tem a função de proteger a medula espinhal que

faz parte do sistema nervoso central.

Coluna Lombar Dor lombar (lombalgia)

Hérnia de Disco

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59

� As LER/DORT afetam a coluna vertebral podem ser:

Lombalgia: A dor na região lombar, independentemente da causa, recebe o nome

de lombalgia. A lombalgia pode ser classificada em dois tipos: aguda e crônica.

Ambas podem ser altamente incapacitantes para as atividades da vida diária, do

trabalho, do lazer e do esporte.

Lombalgia Aguda: É uma dor de início súbito, geralmente bruscos, e às vezes

conhecida como lumbago.

Lombalgia Crônica: Muitas vezes tem início impreciso, com períodos de melhora e

piora.

A grande maioria das vezes a lombalgia aguda é produzida por lesões nos

ligamentos ou músculos da coluna, ou ainda por lesões nos discos intervertebrais.

Mais raramente a causa pode ser fratura das vértebras, geralmente associada à

osteoporose, defeitos congênitos, tumores ou traumas violentos. No caso de

lesões de disco invertebral, um deslocamento de estruturas pode comprimir raízes

nervosas, caracterizando uma hérnia de disco, que se acompanha de dores

irradiadas para uma das pernas ou para ambas, mas geralmente com uma delas

mais comprometida.

Hérnia de Disco: A hérnia de disco surge como resultado de diversos

pequenos traumas na coluna que vão, com o passar do tempo, lesando as

estruturas do disco intervertebral, ou pode acontecer como conseqüência de um

trauma severo sobre a coluna. A hérnia de disco surge quando o núcleo do disco

intervertebral migra de seu local, no centro do disco para a periferia, em direção

ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes nervosas, levando à

compressão das raízes nervosas. Geralmente é decorrente de movimentos

repetitivos da flexão coluna acima de 90º.

Page 60: Apostila Ergonomia Industrial

60

3.3 Posturas Adotadas no Trabalho

O trabalho em pé:

O ficar de pé no local de trabalho exige um trabalho estático de

imobilismo para as articulações de quadris, joelhos e pés e a fadiga muscular.

Além disso, ficar de pé por um longo período, resulta em um aumento importante

da pressão hidrostática do sangue nas veias dos membros inferiores, resultando

em acúmulo de líquidos tissulares nas extremidades.

Algumas orientações de mecanismos para minimizar esse trabalho

estático podem ser dadas como, alternância na distribuição de peso entre um pé e

o outro, e realizar alongamentos de cervical e tronco durante toda jornada de

trabalho.

As conseqüências desse tipo de posição de trabalho são:

- acúmulo de sangue nos membros inferiores, com possibilidade de edema;

- exigência excessiva das válvulas venosas;

- nutrição inadequada da pele;

- formação de úlceras.

O trabalho sentado

No começo deste século começou a crescer o ponto de vista de que

a postura sentada o bem estar e o rendimento no trabalho é maior com menos

fadiga. No sentar o trabalho muscular estático com imobilismos articular é

diminuído.

No trabalho sentado encontramos algumas vantagens (alívio das

pernas, consumo reduzido de energia, alívio da circulação sanguinea) e

desvantagens (flacidez dos músculos da barriga e cifose).

Page 61: Apostila Ergonomia Industrial

61

3.4 Análise da Postura

Na prática, durante a jornada de trabalho, um trabalhador pode assumir

centenas de posturas diferentes.Em cada tipo postura, um diferente conjunto de

musculatura é acionado.

Uma simples observação visual não é suficiente para analisar as posturas

detalhadamente. Para isso foram desenvolvidas diversas técnicas para o registro

e análise da postura.

1) Sistema OWAS: Ovako Working Posture Analysing Sistem – Foi proposto

por três pesquisadores filandeses. Eles começaram com análises

fotográficas das principais posturas. A seguir foi feita uma avaliação quanto

ao desconforto, e montada uma classificação da postura no trabalho:

Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados.

Classe 2: postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira.

Classe 3: postura que deve merecer atenção em curto prazo

Classe 4: postura que deve merecer atenção imediata.

2) Registro eletromiográfo (EMG) – Registro eletrônico da atividade muscular.

Esse método tem a vantagem de fornecer informações objetivas do registro

da atividade muscular, porém tem a desvantagem de ser um equipamento

dispendioso.

3.5 A Fadiga

Fadiga pode ser definida como o efeito de um trabalho continuado, que

provoca uma redução da capacidade do organismo e uma degradação

qualitativa do trabalho.

Page 62: Apostila Ergonomia Industrial

62

Existem diversos fatores envolvidos no processo da fadiga são eles:

fisiológicos (relacionados com a duração e intensidade do trabalho físico e

intelectual), psicológicos (monotonia, falta de motivação), ambientais e sociais.

De acordo com o tipo de trabalho a fadiga pode ser classificada em fadiga

física e psíquica. A fadiga física pode ser caracterizada por: termos

bioquímicos, provocada por esforços estáticos ou dinâmicos, reparável com o

descanso. A fadiga psíquica envolve aspectos psicofisiológicos e não é

facilmente reparável com o sono. As tarefas com excesso de carga mental

provocam a diminuição da precisão, retardando as respostas sensoriais.

Uma pessoa fatigada tende a aceitar menores padrões de precisão e

segurança, podendo aumentar os índices de erros.

A fadiga fisiológica decorre do esgotamento das reservas de energia, que se manifesta pelo baixo teor de glicose, resultando em acúmulo de ácido lático nos

músculos. A fadiga desde que não ultrapasse certos limites, é reversível e o corpo

se recupera com pausas concebidas durante o trabalho. Já, quando a fadiga está

instalada cronicamente a pessoa não se recupera com o descanso e sono, além

de aumentar a probabilidade de doenças cardíacas e mentais.

3.6 Monotonia no Trabalho

Os sistemas tradicionais de Taylor e Ford, somados as atuais gestões

produtivas, terminaram por especializar demasiadamente ofícios antes ricos em

movimentos diferenciados, fato que ocasionou não somente a sobrecarga de

estruturas específicas do corpo humano, mas também tornaram os ofícios

extremamente desagradáveis em face da monotonia recorrente.

Aparentemente quanto menor o ciclo e mais curto o tempo de trabalho

maior será a produção no fim do dia, entretanto a própria cronoanálise prova que

este conceito é questionável em virtude das perdas existentes em ciclos

Page 63: Apostila Ergonomia Industrial

63

demasiadamente curtos. Ocorre que os ciclos extremamente curtos 1 a 20

segundos contém perdas significativas intrínsecas provenientes do fato de pegar e

colocar a peça na esteira ou mesa, promovendo perdas significativas no decorrer

do dia, é o que chamamos de “tempos mortos”. Por exemplo, num determinado

posto de trabalho cujo ciclo compreende 5 segundos, há 1.3 segundos para pega

e retorno de cada peça na esteira, ocasionando uma perda de 26%. Isto é: parte

importante do tempo total do ciclo é ocupado por “tempos mortos”. Os sistemas

enriquecidos reduzem este impacto, reservando o tempo real do ciclo para

agregações proveitosas, qual é a função vital dos estudos sobre métodos de

produção. Todos os trabalhadores necessitam exercitar sua atenção e

habilidade através de atividades devidamente definidas, evitando ofícios tediosos

monótonos. Trabalhos repetitivos contidos em ciclos curtos redundam em perda

de atenção e conseqüentemente má qualidade e produção. No decorrer do dia o

operador sentirá forte sonolência, realizará parte de suas tarefas a partir da

mecanização de movimentos.

Objetivando sair da condição monótona, há por parte de muitos

colaboradores ações muito conhecidas, quais representam uma linguagem que na

maior parte das vezes representa uma ação inconsciente na busca de alívio e

reanimação. é o que podemos observar facilmente em fábricas que possuem

linhas de produção com alto grau de exigência e ciclos massivamente curtos,

promovendo situações graves em função do absenteísmo elevado e constantes

saídas dos funcionários das linhas de produção. Este fenômeno conhecido dos

supervisores e gerentes de produção, leva a diversas divagações a respeito, uma

vez que para muitos supervisores e gerentes, existe uma tendência à vadiagem.

Todavia atestados médicos, saídas inesperadas, contínuas idas ao banheiro, etc,

demonstram, não necessariamente vadiagem dos operadores como muitos

pensam, mas indícios fortes de condições sofríveis oriundas de trabalhos mal

planejados, monótonos e estressantes.

Page 64: Apostila Ergonomia Industrial

64

Operações monótonas nem sempre se caracterizam por atribuições

manuais - a fragmentação do trabalho, a falta de exigência intelectual, a

mecanização dos movimentos, são qualidades comuns dos trabalhos

contemporâneos. Escritórios e fábricas limpas, organizadas, ricas em premiações

por produtividade e qualidade, algumas vezes não possuem boa qualidade no

trabalho realizado, em contrapartida há grande quantidade.

Faz-se necessário, portanto promover avaliações sobre as condições

cognitivas através de estudos avançados, consubstanciados por estudos

específicos das condições existentes no local. O ser humano interage diretamente

com todos os fatores que o rodeiam, mesmo aqueles fatores que aparentemente

não apresentam nenhuma importância real. Ocorre que cores, tamanho e forma

de letras, espaço, ruído, iluminação e principalmente organização do trabalho,

oferecem grande importância para o projeto, declinar de qualquer valor destes,

impõe real potencial de exposição aos trabalhadores.

O intelecto humano deve impreterivelmente ser utilizado para a execução

da tarefas, os apertadores de parafusos são realidades que existiram no passado.

Entretanto não é fácil definir o grau de complexidade que deva ser atribuída à

determinada tarefa, uma vez que não existe uma equação que razoe

perfeitamente sobre o grau de eficiência em função da complexidade atribuída,

talvez a maior prova que nos leve a instituir programas mais participativos vêm

das próprias indústrias. Os funcionários hoje são mais conhecidos como

colaboradores, uma vez que participam das elaborações projetuais de diversos

departamentos. No entanto esta discussão sobre trabalhos mais participativos

revela também algumas dificuldades inerentes, uma vez que encontramos muitos

operadores intelectualmente privilegiados, em contrapartida operadores humildes

com baixo nível de instrução e alta dificuldade de aprendizagem. Como então

estabelecer o enriquecimento ou implementar células de produção a fim de

quebrar a monotonia da função, uma vez que há possibilidade de ultrapassar a

capacidade laborativa de alguns e no mesmo instante ficar longe da capacidade

Page 65: Apostila Ergonomia Industrial

65

intelectual de outros? Para responder tal argumento, devemos em primeiro lugar

entender o seguinte:

- alguns funcionários são intelectualmente privilegiados e altamente

produtivos

- alguns funcionários são intelectualmente privilegiados e não produtivos

- alguns funcionários são intelectualmente não privilegiados e produtivos

- alguns funcionários são intelectualmente não privilegiados e não

produtivos

Estas formas diversas de se dividir grupos de funcionários pelo critério

mencionado, somente poderá ser realizada pelo chefe de produção, exatamente

aquele que conhece muito bem sua equipe. A distribuição portanto deve ser feita

por grupo concomitante. Não devemos atribuir uma tarefa complexa ao indivíduo

ou grupo de indivíduos “simplórios”, ao mesmo tempo não devemos expor um

indivíduo intelectualmente privilegiado a um trabalho monótono e repetitivo. É

necessário formar a equipe pelas características de cada indivíduo ou grupo de

indivíduos, em função da característica exigida pelo posto de trabalho.

Grau de eficiência no trabalho x complexidade “conjetura”

A expressão “enriquecimento da tarefa” não somente propõe uma

reestruturação da atividade executada. O termo define uma reestruturação

Page 66: Apostila Ergonomia Industrial

66

holística do modo operatório, alterando a seqüência de movimentos, distanciando

os movimentos lesivos, melhorando o comprometimento do operador com a

atividade. Enriquecer a tarefa apresenta um, método consagrado que visa brindar

o homem sem declinar em nenhum momento da empresa. No ponto de vista

fisiológico e mental as possíveis conseqüências de um trabalho altamente

especializado e repetitivo são muito conhecidas: atrofia mental e física dos órgãos

não envolvidos durante a atividade, aumento do número de acidentes em função

da desatenção e finalmente redução da satisfação no trabalho, portanto perda de

comprometimento profissional.

Regras básicas para a redução da monotonia no trabalho

- a troca de tarefas é possível e deve ser realizada entre os postos

- enriquecimento de tarefas deve ser realizado

- implementação de células de produção

- o trabalho não deve ser composto por poucos movimentos

- o processo deve estar sob controle

- os contatos sociais são importantes durante a jornada de trabalho

- os métodos de montagem devem ser simplificados quando muito

complexos

- o nível de ruído e iluminação deve ser controlado “vide

recomendação”

- a temperatura deve ser agradável.

3.7 LER/DORT: aspectos gerais, acometimentos e sintomas

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/ Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT) representam um dos grupos de doenças

ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países.

Reconhecidas pela Previdência Social desde 1987 (MINISTÉRIO DE

Page 67: Apostila Ergonomia Industrial

67

ESTADO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL, 1987), têm sido, nos

últimos anos, dentre as doenças ocupacionais registradas, as mais prevalentes,

segundo estatísticas referentes à população trabalhadora segurada (INSTITUTO

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, 1997).

Esta proposta de protocolo foi elaborada com base no protocolo do Centro de

Referência em Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde de São

Paulo (CEREST/SP), com sugestões de diversos serviços e pessoas,

particularmente do PST-Botucatu, CRST-Campinas, CESAT-Bahia, Coordenação

de S.T.-B.H./M.G. e dos membros do comitê de LER do Ministério da Saúde.

Em função da diversidade de experiências na abordagem das LER/DORT entre os

serviços de Saúde do Trabalhador do SUS, que inclui desde equipes recém-

formadas até serviços que já vêm realizando avaliações e reavaliações de práticas

e procedimentos, identificando os nós críticos na abordagem das LER/DORT, este

Comitê definiu pela elaboração de um Protocolo, que sendo acessível ao conjunto

dos serviços, sem pretender abordar todos os aspectos necessários,

representasse um primeiro texto técnico de uma série que poderá atender às

diferentes demandas. Portanto, este texto, ao mesmo tempo em que pode ensejar

uma uniformidade de procedimentos nos serviços, não objetiva, neste primeiro

momento, exaurir as questões envolvidas na abordagem das LER/DORT.

� Os LER/DORT que afetam o antebraço, punho e a mão podem ser:

Síndrome do túnel do carpo: A Síndrome do Túnel do Carpo é o nome de

uma situação na qual um nervo que passa na região do punho (o chamado

nervo mediano) fica submetido a uma compressão contínua, pelas estruturas

do próprio punho. Os sintomas típicos são a dormência e o formigamento nas

mãos, principalmente nas extremidades dos dedos. Esses sintomas ocorrem

ou pioram durante a noite, fazendo com que as pessoas tenham que levantar

pelo incômodo proporcionado; algumas vezes pode surgir dor em todo membro

superior. O quadro pode prolongar-se por meses ou até anos, e tende a ser

progressivo. Nos casos mais avançados pode haver perda de força para

Page 68: Apostila Ergonomia Industrial

68

segurar objetos com a mão. O diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo é

baseado nos sintomas característicos e na comprovação da compressão do

nervo por um exame chamado eletroneuromiografia, o qual constata um atraso

na condução de estímulo elétrico pelo nervo mediano ao nível do punho. Na

maioria dos casos a compressão sofrida por este nervo nesta região deve-se a

um estreitamento no canal por onde ele passa, uma espécie de túnel na região

dos ossos do carpo (o Túnel do Carpo), muitas vezes devido a uma inflamação

crônica não específica de tendões que também passam por esse canal, e de

ligamentos da região.

Tendinite: Todas as palavras terminadas com o sufixo”ite” indicam um

processo inflamatório.

Definição: Inflamação aguda ou crônica dos tendões. Se manifestam com mais

freqüência nos músculos flexores dos dedos, e geralmente são provocados por

dois fatores: movimentação freqüente, e período de repouso insuficiente.

Manifesta-se principalmente através de dor na região que é agravada por

movimentos voluntários. Associados à dor, manifestam-se também edema e

crepitação na região. Essa inflamação pode ter duas causas, que são:

Mecânica (esforços prolongados e repetitivos, além de sobrecarga),

e Química (desidratação, quando os músculos e tendões não estão

suficientemente drenados, a alimentação incorreta e toxinas no organismo

podem conduzir a uma tendinite).

A tendinite tem sido alvo de preocupação tanto da medicina do esporte

quanto da medicina do trabalho. Há uma variedade de tipos de atletismo e de

ocupações que podem estar sujeitas ao problema, todas sempre relacionadas

com esforços demasiados ou repetitivos (LER: Lesões por Esforço Repetitivo).

Jogadores de futebol, handebol, vôlei, feirantes (que carregam pesadas

caixas), estivadores e até mesmo dançarinos. Ultimamente, a área de

informática tem mostrado esse problema, com o esforço repetido dos

digitadores no teclado. Sem contar os pianistas, que por estudo sistemático de

suas partituras musicais podem ser acometidos de tendinite.

Page 69: Apostila Ergonomia Industrial

69

Tenossinovite: Inflamação aguda ou crônica das bainhas dos tendões. Assim

como a tendinite os dois principais fatores causadores da lesão são:

movimentação freqüente, e período de repouso insuficiente. Manifesta-se

principalmente através de dor na região que é agravada por movimentos

voluntários. Associados à dor, manifestam-se também edema e crepitação na

região.No final deste século tem sido freqüente o surgimento de novos casos

da doença que já está sendo considerada o mal do avanço tecnológico.

A doença atinge a classe de trabalhadores que utilizam movimentos

repetitivos das mãos, como por exemplo, digitadores, caixas, datilógrafos,

pianistas, tricoteiras, jornalistas, trabalhadores de perfuradeiras vibratórias

além dos remarcadores de supermercados.

A Tenossinovite surge do atrito excessivo do tendão que liga o músculo ao

osso. Este tendão é protegido por uma bainha que é sempre cheia de um

líquido. Estes movimentos repetitivos é que provocam a inflamação do tendão,

causando a doença. Os trabalhos em locais de baixa temperatura e esforços

de peso acima dos seis quilos também podem causar o problema.

Doença de DeQuervain: Constrição dolorosa da bainha comum dos tendões do

longo abdutor do polegar e do extensor curto do polegar. Estes dois tendões

têm uma característica anatômica interessante: correm dentro da mesm

bainha; quando friccionados, costumam se inflamar. O principal sintoma é a

dor muito forte, no dorso do polegar. Um dos principais fatores causadores

deste tipo de lesão está no ato de fazer força torcendo o punho.

Síndrome do Canal de Guyon: Equivalente à Síndrome do Túnel do Carpo,

porém mais rara, atingindo o nervo ulnar, na sua passagem através do Canal

de Guyon ou túnel em torno do osso pisiforme.

Page 70: Apostila Ergonomia Industrial

70

Síndrome do Pronador Redondo: Ocorre pelo compressão do nervo mediano

abaixo da prega do cotovelo. Essa compressão pode acontecer entre os dois

ramos musculares do músculo pronador redondo, ou da fáscia do bíceps, ou

na arcada dos flexores dos dedos.

� As LER/ DORT que afetam o cotovelo podem ser:

Epicondilite: Provocadas por ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos

músculos flexores ou extensores do carpo no cotovelo, ocasionando processo

inflamatório local que atinge tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos

sinoviais. No epicôndilo lateral inserem-se especialmente os músculos extensores,

e no epicôndilo medial os músculos flexores. Por isso existem 2 tipos de

epicondilite:

- Epicondilite medial: pode haver comprometimento do nervo ulnar;

- Epicondilite lateral: pode haver comprometimento do nervo radial.

Em ambos os casos o acometimento é devido à proximidade dos citados

nervos aos epicôndilos.

� As LER/DORT afetam o ombro podem ser:

Tendinite: Inflamação aguda ou crônica dos tendões que compõem a

articulação do ombro.

Síndrome do desfiladeiro torácico: É devida à compressão do plexo

braquial em sua passagem pelo chamado desfiladeiro torácico, formado pela

clavícula, primeira costela, músculos escalenos interior e médio e fáscias

dessa região, que determinam um estreito canal, que pode tornar-se ainda

mais exíguo quando encontramos pequenas alterações anatômicas ou outras

alterações decorrentes de traumas locais, vícios de postura e fatores

Page 71: Apostila Ergonomia Industrial

71

ocupacionais, tais como carregar carga pesada nos ombros ou trabalhar

com a cabeça elevada, ou também de utilização do membro superior.

Bursite: O ombro possui grandes bolsas (bursas) para movimentos livres de

atrito entre os tendões e seus tecidos subjacentes. Cada uma delas poderá

inflamar-se, porque você esteve usando o ombro de forma errada durante alguma

atividade ou devido a uma lesão num tendão ou em alguma das outras estruturas

articulares, que causou irritação.

Toda vez que você move o ombro de modo a contrair ou

irritar a bolsa inflamada há uma reação de dor. No topo

do ombro, a bursite provoca dor quando você estende o

braço lateralmente ou quando o volta para frente com a

palma da mão virada para baixo. Estando a bursite

localizada na parte posterior do ombro, a dor se

manifesta pela torção do braço em ambas as direções.

Pode haver também uma sensação de “mordida” num

determinado ponto do movimento do ombro.

É difícil distinguir a dor da bursite e a de um estiramento de músculo ou

tendão. A principal diferença é que a Segunda se manifesta pelo acionamento ou

alongamento do músculo, ao passo que a primeira está relacionada com o

movimento do ombro, mesmo estando você completamente relaxado, por exemplo

se deixa os braços oscilarem à deriva na superfície da água numa piscina. A

bursite pode tornar-se mais dolorosa, se o problema se agravar, mas a dor será

sentida sempre no mesmo lugar, toda vez que a bolsa é contraída numa posição

que a irrite.

Síndrome do Manguito rotador: Os músculos que compõem o manguito podem

sofrer lesões, porém o mais freqüente é a lesão crônica em movimentos

repetitivos de ombro acima de 100º e abaixo de 120º, podendo resultar em edema

Page 72: Apostila Ergonomia Industrial

72

até a ruptura total de um ou vários músculos do manguito. Existe uma relação

entre a síndrome de impacto e a degeneração do manguito. O impacto ocorre

entre o manguito (geralmente o supra espinhoso) e a porção Ântero-inferior do

acrômio, o ligamento coraco-acromial e a articulação acromioclavicular.

Os sintomas LER/DORT são:

• Limitação de movimentos;

• Deformidade;

• Diminuição da força;

• Perda da capacidade funcional;

• Dormência;

• Ardência ;

• Dor;

• Formigamento;

• Cãibra;

• Enrijecimento.

Page 73: Apostila Ergonomia Industrial

73

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

4.Estruturação da

Análise Ergonômica

Page 74: Apostila Ergonomia Industrial

74

4. ESTRUTURAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA

Matriz da Análise Ergonômica do Trabalho

Para a Ergonomia a mensuração admite dimensões quantitativas, que

correspondem ao senso comum acerca de mensurações, mas também,

qualitativas, como por exemplo, as que registram uma mudança de estado, ou

uma mudança de atitude.

Para que o ergonomista desenvolva uma Análise Ergonômica do Trabalho

(AET), faz-se necessário inicialmente estruturar todo o processo ergonômico,

seguindo esses quatro passos fundamentais.

Após, seguirmos e realizarmos todos esses passos, praticamente a Análise

Ergonômica do Trabalho já poderá ser desenvolvida e completada.

Page 75: Apostila Ergonomia Industrial

75

4.1: 1º Passo: Análise dos 5 Fundamentos da Intervenção Ergonômica

1. Reduzir a força 2. Eliminar posturas incorretas 3. Reduzir a repetitividade 4. Eliminar a compressão mecânica 5. Reduzir o grau de tensão no trabalho. Reduzindo a força

Como regra geral o trabalho não deve exigir mais do que 20% da

capacidade máxima de um determinado grupo muscular, de forma prolongada ou

repetitiva.Outra regra importante é procurar um bom ajuste na relação (intensidade

de força) x (duração da mesma). Por exemplo, quando se reduz a intensidade de

uma força para 10% da força máxima daquele grupo muscular, o trabalho poderá

ser desenvolvido 5 a 6 vezes mais rapidamente do que este mesmo grupo

executando 60% ou mais de sua força máxima.Isto quer dizer que a fadiga no

trabalho é influenciada mais pela intensidade da força que pela duração da

mesma.

Eliminando posturas incorretas

- Mudar a ferramenta de posição para evitar flexão do ombro

- Possibilitar a mudança do trabalhador ao redor do ponto de trabalho

- Utilizar apóia braços

- A altura do ponto de trabalho deve ser obtida através do estudo

antropométrico

Quando o trabalho exigir abdução constante dos braços, providenciar

suporte macio para os braços.

Reduzindo a repetitividade

Page 76: Apostila Ergonomia Industrial

76

Trabalhos que tenham um ciclo inferior a 30 seg, ou cujo qualquer de seus

movimentos ocupar mais de 50% do ciclo total é considerado trabalho repetitivo.

Método muito interessante que consiste na reestruturação da tarefa, de

modo que cada trabalhador ocupe um número maior de atividades, aumentando a

distancia entre movimentos lesivos, reduzindo, portanto a repetitividade.

Mecanismos que Intensificam a redução da repetitividade

• Mecanização: Utilizar dispositivos automáticos, visando eliminar

operações muito repetitivas.

• Rodízios: Existem dois aspectos importantes para a aplicação de

qualquer rodízio entre postos: a quantidade de rodízio necessária

e a qualidade do rodízio.

A escolha do tipo ideal de rodízio esta intrinsecamente ligada à

classificação dos postos, visto que somente através do mapeamento de todas as

operações, o ergonomista poderá identificar os movimentos predominantes de

cada operação, para assim fazer a escolha correta de um outro posto que não

possua tais movimentos. O rodízio deve ser encarado como paliativo, e não

solução do problema, muitas modificações são demoradas, principalmente

aquelas que dependem de mudanças no produto.

Redução da compressão mecânica

- Almofada para apoiar os cotovelos

- Borda da mesa arredondada

- Manoplas tão largas quanto o possível (30 a 35 mm) preensão (6 a

10 mm) pinça

Page 77: Apostila Ergonomia Industrial

77

- Manoplas cobertas com plástico semideformável ou espuma

- Os cabos devem ultrapassar a palma da mão

- As tesouras ou similares devem possuir molas fracas

- Quando necessário às mesas devem possuir bordas almofadadas

- As ferramentas devem possuir bordas arredondadas

- As ferramentas devem ter bom atrito, evitando necessidade do

aumento da força para pega

Redução do grau de tensão no trabalho

Trata-se de um conjunto de medidas de Engenharia Industrial, Relações

Trabalhistas e Manufatura, que resulta num clima mais descontraído e menos

tenso. A padronização e definição das regras de produção, representa hoje objeto

valioso de estudo de diversos especialistas da área, qual via de regra preconizam

em seus ideários à necessidade de sistemas mais voltados ao controle dos

processos e menos rígidos com os homens.

Ao instituir a linha de montagem, fazer um estudo correto de cronoánalise

antes de estabelecer o tempo-padrão.

- Instituir sistema de auditagem das velocidades das linhas

- Evitar o uso do tempo observado ou medido através de poucas

leituras.

- Dimensionar o TEMPO PADRÃO, levando-se em conta as folgas

necessárias para fadiga, perdas inevitáveis, necessidades pessoais e

ergonomia.

- Desenvolver alternativas para substituição de pessoal nas esteiras de

produção, não permitindo em hipótese alguma que um funcionário

faça o trabalho de dois.

- Preferir a situação em que o próprio funcionário passa a peça para

frente, ao invés da condição em que a peça chega até

ele.(recomendação válida somente para peças pequenas)

Page 78: Apostila Ergonomia Industrial

78

- Nunca aumentar a velocidade da linha sem estudo específico da

Engenharia Industrial.

- Fazer cuidadosamente a programação da produção, evitando correria

de última hora.

- Não permitir aumento de velocidade nas últimas horas do dia, visando

tirar o atraso.

- Identificar os gargalos da linha.

- Identificar a capacidade do processo.

- Eliminar prêmios e exortações injustas, Ex: obj 1000 - parabéns 1010 -

péssimo 990

- Esclarecer aos trabalhadores as metas, prazos e meios de se

conseguir a produção almejada.

- Eliminar o medo da demissão caso o objetivo não for alcançado.

- Eliminar premiações por pessoa.

- Eliminar o método do Terrorismo Gerencial. “O gerente mandou“

- Cuidado com a discriminação velada aos que não atingem a

produção.

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79

4.2: 2º Passo: Aplicação do Check List Administrativo e Geral

EHS N.º /

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA GERAL - FÁBRICA POSTO TRABALHO/OPERAÇÃO :( CHECK LIST DE TRIAGEM ) N.º PEÇA / CONJUNTO :

Situação Atual Situação Proposta Outras:

QUESTÕES QUESTÕES

1 A temperatura está ambiente ? N.A. NÃO 0 SIM 1 26 O diâmetro de pega no utensílio está adequado? N.A. NÃO 0 SIM2 Há flexibilidade para variação postural ? N.A. NÃO 0 SIM 1 27 A posição de pinça das mãos é exercida com força? N.A. SIM 0 NÃO3 O ciclo de trabalho é menor que 30 segundos ? N.A. SIM 0 NÃO 1 28 A força exercida pelos dedos é pequena? N.A. NÃO 0 SIM4 Há repetitividade de algum tipo de movimento ? N.A. SIM 0 NÃO 1 29 Há flexão ou extensão significativa e obrigatória dos punhos? N.A. SIM 0 NÃO5 Há pequena pausa entre um ciclo e outro do trabalho ? N.A. NÃO 0 SIM 1 30 Há desvio lateral significativo e obrigatório dos punhos? N.A. SIM 0 NÃO6 Há rodízio de tarefas ? N.A. NÃO 0 SIM 1 31 Sustenta-se pesos com os membros superiores ? (+ 5 Kg) N.A. SIM 0 NÃO7 Há frequência em horas extras ? N.A. SIM 0 NÃO 1 32 Há elevação dos braços ou abertura lateral dos ambros? (+ 60º) N.A. SIM 0 NÃO8 Há flexibilidade de horário no trabalho ? N.A. NÃO 0 SIM 1 33 Há elevação dos braços acima do nível dos ombros? N.A. SIM 0 NÃO9 O rítmo exige demanda de atenção ? N.A. SIM 0 NÃO 1 34 A coluna permanece em posição neutra o maior tempo? N.A. NÃO 0 SIM

10 O posto de trabalho tem regulagens satisfatórias ? N.A. NÃO 0 SIM 1 35 Há trabalho em pé parado acima de 60% do tempo da jornada ? N.A. SIM 0 NÃO11 Há flexibilidade na disposição das ferramentas/utensílios? N.A. NÃO 0 SIM 1 36 Faz-se esforço forte com a coluna ? (+ 10 Kg) N.A. SIM 0 NÃO12 Há ferramentas vibratórias? N.A. SIM 0 NÃO 1 37 Há necessidade de abaixar-se com frequencia? (1 x/min) N.A. SIM 0 NÃO13 A vibração se estende por todo o corpo? N.A. SIM 0 NÃO 1 38 Estando sentado, fica-se em posição estática ? (apoio/neutralidade) N.A. SIM 0 NÃO14 O tronco e cabeça estão na vertical ? (neutralidade) N.A. NÃO 0 SIM 1 39 Há espaço suficiente para as pernas (sentado) ? N.A. NÃO 0 SIM15 Há contrações estáticas por tempo prolongado ?(+ 20 seg.) N.A. SIM 0 NÃO 1 40 A cadeira é ergonômica e regulável? N.A. NÃO 0 SIM16 O pescoço está envolvido? N.A. SIM 0 NÃO 1 41 Os pés estão apoiados? (sentado) N.A. NÃO 0 SIM17 Existe dificuldade visual? N.A. SIM 0 NÃO 1 42 Aperta-se pedais mais do que 3 vezes por minuto ? N.A. SIM 0 NÃO18 Os braços trabalham na vertical ou próximo? N.A. NÃO 0 SIM 1 43 A altura do pedal é inferior à 10 cm ? N.A. NÃO 0 SIM19 Há postura forçada dos MMSS? (alcance e neutralidade) N.A. SIM 0 NÃO 1 44 A ferramenta pesa mais de 1 Kg.? N.A. SIM 0 NÃO20 Os objetos manipulados estão dentro do alcance ? (50 cm) N.A. NÃO 0 SIM 1 45 Há balancim colocado corretamente nas ferramentas? N.A. NÃO 0 SIM21 Ombros sofrem movimentos giratórios N.A. SIM 0 NÃO 1 46 Distância horizontal da manipulação de cargas é menor 25 cm? N.A. NÃO 0 SIM22 O contato da mão é com metal? N.A. SIM 0 NÃO 1 47 Deslocamento vertical acima/abaixo 25 cm relação à cintura? N.A. SIM 0 NÃO23 Há contato frequente das mãos/punhos com quinas vivas? N.A. SIM 0 NÃO 1 48 As peças manipuladas são de grande volume? N.A. SIM 0 NÃO24 A tarefa pode ser feita sem luvas? N.A. NÃO 0 SIM 1 49 O trabalho exige pouco da capacidade cárdio-respiratória? N.A. NÃO 0 SIM

25 As mãos fazem pouca ou nenhuma força? N.A. NÃO 0 SIM 1

91 a 100% pontos = Excelente Computar somente ítens Itens Favoráveis: Total Respostas : 71 a 90% pontos = Boa aplicáveis e percentual 51 a 70% pontos = Aceitável proporcional. % : Condição Ergonômica: 31 a 50% pontos = Moderada Menos 31% pontos = a Melhorar Observações :

AVALIADOR :

DATA :

CHECK LIST PARA MAPEAMENTO ERGONÔMICO

/ /

Page 80: Apostila Ergonomia Industrial

80

EHS N.º /

AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA ADMINISTRAÇÃO POSTO TRABALHO/OPERAÇÃO :ÁREA :

Situação Atual Situação Proposta Outras:QUESTÕES QUESTÕES

1 Esforço muscular estático? N.A. SIM NÃO 1 21 O teclado é destacável do vídeo? N.A. NÃO 0 SIM 1

2 Cadeira estofada? N.A. NÃO 0 SIM 1 22 O teclado tem seu próprio suporte? N.A. NÃO 0 SIM 1

3 Altura do assento da cadeira é regulável? N.A. NÃO 0 SIM 1 23 A altura do suporte do teclado é regulável? N.A. NÃO 0 SIM 1

4 Apoio dorsal da cadeira é regulável ? ( inclinação e altura ) N.A. NÃO 0 SIM 1 24 Este ajuste pode ser feito facilmente? N.A. NÃO 0 SIM 1

5 Acionamento fácil das regulagens da cadeira? N.A. NÃO 0 SIM 1 25 As dimensões são apropriadas, inclusive para o mouse? N.A. NÃO 0 SIM 1

6 Assento com borda arredondada? N.A. NÃO 0 SIM 1 26 Há suporte para o punho ? N.A. NÃO 0 SIM 1

7 A cadeira está com boa estabilidade ? N.A. NÃO 0 SIM 1 27 É possível mexer o teclado mais para perto ou longe? N.A. NÃO 0 SIM 1

8 Forma do encosto acompanha curvatura da coluna? N.A. NÃO 0 SIM 1 28 Existe suporte para documentos? (distância / ângulo / regulagem) N.A. NÃO 0 SIM 1

9 Espaço para acomodação das nádegas? N.A. NÃO 0 SIM 1 29 O espaço para o documento é suficiente? N.A. NÃO 0 SIM 1

10 Cadeira giratória? N.A. NÃO 0 SIM 1 30 A legibilidade do documento é satisfatória? N.A. NÃO 0 SIM 1

11 Rodízios adequados? N.A. NÃO 0 SIM 1 31 Há apoio disponível para os pés? N.A. NÃO 0 SIM 1

12 A cadeira tem 5 patas ? N.A. NÃO 0 SIM 1 32 O sistema de trabalho permite variação postural? N.A. NÃO 0 SIM 1

13 Os braços da cadeira prejudicam a aproximação? N.A. SIM 0 NÃO 1 33 A iluminação do ambiente está entre 450 e 550 lux? (medir com EHS)N.A. NÃO 0 SIM 1

14 A mesa tem espaço apropriado para a função? N.A. NÃO 0 SIM 1 34 A temperatura é adequada? (24+/- 2ºC - medir com Isotherm) N.A. NÃO 0 SIM 1

15 Mesa tem regulagem de altura? N.A. NÃO 0 SIM 1 35 O nível sonoro é menor que 65 decibéis? (medir com EHS) N.A. NÃO 0 SIM 1

16 A borda da mesa é arredondada ? N.A. NÃO 0 SIM 1 36 Existem pausas pré programadas? (Ergo Centre) N.A. NÃO 0 SIM 1

17 Espaço sufuciente para as pernas ? ( altura, largura e prof )N.A. NÃO 0 SIM 1 37 Uso frequente do telefone para a função? N.A. SIM 0 NÃO 1

18 Altura do monitor está adequada ao usuário? N.A. NÃO 0 SIM 1 38 Existe Head Set? N.A. NÃO 0 SIM 1

19 A visão está livre de reflexos? N.A. NÃO 0 SIM 1 39 Utiliza Notebook? N.A. SIM 0 NÃO 1

20 Há tremores na tela? N.A. SIM 0 NÃO 1 40 Existe suporte / mouse / teclado acoplados ao notebook? N.A. NÃO 0 SIM 1

91 a 100% pontos = Excelente Computar somente ítens Itens Favoráveis: Total Respostas : 71 a 90% pontos = Boa aplicáveis e percentual 51 a 70% pontos = Aceitável proporcional. % : Condição Ergonômica : 31 a 50% pontos = Moderada Menos 31% pontos = a Melhorar Observações :

AVALIADOR :

DATA :

CHECK LIST PARA MAPEAMENTO ERGONÔMICO

acetitável

Page 81: Apostila Ergonomia Industrial

81

4.3: 3º Passo: Aplicação das Ferramentas de Avaliação

4.3.1 Ferramenta: Moore & Garg

Índice de Moore e Garg

LINHA AUDITOR

POSTO DATAClassificação Caracterização Mult. Enc. Observações

Intensidade do esforço ( FIT )

Leve Tranquilo 1.0Médio Percebe-se algum esforço 3.0Pesado Esforço nítido; sem expressão facial 6.0Muito Pesado Esforço nítido; muda a expressão facial 9.0Próx. máximo Usa tronco e membros 13.0

XDuração do Esforço ( FDE )

< 10% do ciclo 0.510-29% do ciclo 1.030-49% do ciclo 1.550-79% do ciclo 2.0> 80% do ciclo 3.0

XFrequencia do Esforço ( FFE )

< 4 por minuto 0.54 - 8 por minuto 1.09 - 14 por minuto 1.515-19 por minuto 2.0> 20 por minuto 3.0

XPostura da Mão-Punho ( FPMP )

Muito boa Neutro 1.0Boa Próxima do neutro 1.0Razoável Não neutro 1.5Ruim Desvio nítido 2.0Muito ruim Desvio próximo do máximo 3.0

XRitmo do trabalho ( FRT )

Muito lento =< 80% 1.0Lento 81-90% 1.0Razoável 91-100% 1.0Rápido 100-115% ( apertado porém acompanha ) 1.5Muito rápido > 115% ( apertado, não acompanha ) 2.0

XDuração do trabalho ( FDT )

=< 1 hora por dia 0.251-2 horas por dia 0.502-4 horas por dia 0.754-8 horas por dia 1.0 > 8 horas por dia 1.5

ÍNDICE ( FITxFDExFFExFPMPxFRTxFDT ) = 0,00

< 3.0 Baixo Risco

Interpretação 3.0 - 7.0 Duvidoso RESULTADO

> 7.0 Risco

Page 82: Apostila Ergonomia Industrial

82

4.3.2 Ferramenta: SueRodgers

ANÁLISE DE POSTOS DE TRABALHO MÉTODO

Revisado 2001 SUE RODGERSThomas E. Bernard

LINHA AUDITOR VERDE Outros

DATA

NÍVEL 1- Baixo TEMPO 1= 0 a 6 seg ESFORÇOS 1 = 0 a 1 AMARELO 1 2 3DE 2- Moderado DE 2= 6 a 20seg POR 2 = 1 a 5 1 3 2

ESFORÇO 3- Pesado ESFORÇO 3= 20 a 30seg MINUTO 3 = 5 a 15 2 1 34 > 30seg 4 > 15 2 2 2

E D E D E D 2 3 1 PESCOÇO 2 3 2

3 1 2

OMBROS

VERMELHOTRONCO 2 2 3

3 1 3BRAÇOS 3 2 1

3 2 2

MÃOS-PUNHO

DEDOS VIOLETA 3 2 33 3 1

PERNAS 3 3 2PÉS / DEDOS X4X

XX4

NÍVEL DE ESFORÇO RESULTADO

BAIXO ( 0 - 30% ) MODERADO ( 30 - 70% ) PESADO ( 70 - 100 % )PESCOÇO A cabeça gira parcialmente A cabeça gira totalmente para o lado Igual ao moderado porém

A cabeça esta ligeiramente para frente A cabeça esta totalmene para trás com aplicação de forçaA cabeça está para frente aprox. 20 º A cabeça esta flexionada acima de 20º

OMBROS Braços ligeiramente abduzidos Braços abduzidos sem suporte Aplica força ou sustentandoBraços extendidos com algum suporte Braços flexionados (nível Do ombro) pesos com os braços

separados do corpo

TRONCO Inclina ligeiramente para o lado Flexiona para frente sem carga Levantando ou aplicandoFlexiona ligeiramente o tronco Levanta carga de peso moderado força com rotação

próximo ao corpo Grande força com flexãoTrabalho próximo ao nível da cabeça do tronco

BRAÇOS Braços ligeiramente afastados do Rotação do braço, exigindo força Aplicação de grande forçaANTE-BRAÇOS corpo sem carga moderada ( 1 <F< 2 Kg) com rotação

Aplicação de pouca força ou Levantamento de cargas levantando pequena carga com os braços extendidospróxima ao corpo (F<1 kg) (F > 2Kg)

MÃOS Aplicação de pequena força em Area de agarre grande ou estreita Pinçamento com dedosPUNHOS objetos próximos ao corpo Moderado angulo do punho especial - Punho angulado com forçaDEDOS Punho reto, com aplicação de força mente em flexão (F > 1 Kg)

para agarre pequena (F < 1 Kg) Uso de luvas com força moderada Superfície escorregadia ( 1 < F < 2Kg) ( F > 2Kg)

PERNAS Parado, caminhando sem Flexão para frente Exercendo grandes forças JOELHOS flexionar-se Inclinar-se sobre a mesa de trabalho para levantamento dePÉS Peso do corpo sobre os dois pés Peso do corpo sobre um pé algum objetoDEDOS Girar o corpo sem exercer força Agachar-se exercendo

força

Page 83: Apostila Ergonomia Industrial

83

4.3.3 Ferramenta: RULA

A - Análise dos Membros Superiores e Punhos PONTUAÇÃO B - Análise de Pescoço, Tronco e PernasPasso 1: Identificar a posição do seguimento superior dos braços Tabela A Passo 9: Identificar a posição do pescoçoObservar a Figura 1 e pontuar utilizando o seguinte critério PUNHO Observar a Figura 4 e pontuar utilizando o seguinte critério

1 2 3 41 = Para 20º de extensão e 20º de flexão Braço Ante- 1 = Para flexão de 0º a 10º2 = Para extensão maior que 20º Braço 1 2 1 2 1 2 1 2 2 = Para flexão de 10º a 20º2 = Para flexão entre 20º e 45º 3 = Para flexão maior que 20º3 = Para flexão entre 45º e 90º 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 = Extensão4 = Para flexão maior que 90º +1 = Adicionar 1 para pescoço rotacionado+1= Adicionar 1, quando o ombro estiver elevado. 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 +1 = adicionar 1 para inclinação lateral do pescoço+1= Adicionar 1 para braço abduzido-1= Subtrair 1 quando o braço estiver suportado por algum apoio 3 2 3 2 3 3 3 4 4 = Pontuação final para pescoço

Pontuação final para braços=1 2 2 2 3 3 3 4 4 Passo 10: Identificar a posição do tronco

Passo 2: Identificar a posição dos antebraços Observar a Figura 5 e pontuar utilizando o seguinte critérioObservar a Figura 2 e pontuar utilizando o seguinte critério 2 2 2 2 2 3 3 3 4 4

1 = Para trabalho sentado com as costas bem apoiadas e ângulo1 = Para flexão entre 60º e 100º 3 2 3 3 3 4 4 4 5 entre coxas/tronco entre 90º e 110º.2 = Para flexão com menos que 60º e mais que 100º 2 = Para flexão do tronco para posição em pé entre 0º e 20º+1 = Adicionar 1, quando o antebraço trabalhar cruzando a linha 1 2 3 3 3 4 4 5 5 3 = Para flexão do tronco para posição em pé entre 20º e 60º média do corpo 4 = Para flexão do tronco maior que 60º na posição em pé+1 = Adicionar 1 quando o antebraço estiver aberto em relação ao 3 2 2 3 3 3 4 4 5 5 +1 = Adicionar 1 para rotacionamento do tronco tronco. +1 = Adicionar 1 para inclinação lateral do tronco

3 2 3 3 4 4 4 5 5 = Pontuação final para o troncoPontuação final para antebraço=

1 3 4 4 4 4 4 5 5 Passo 11: PernasPasso 3: Identificar a posição do punho 1= Para pés e pernas apoiados na posição sentadoObservar a Figura 3 e pontuar utilizando o seguinte critério 4 2 3 4 4 4 4 4 5 5 1 = Para posição em pé com o peso do corpo distribuído em ambos os pés

2 = Para pés e pernas sem suporte, em pé ou sentado1 = Para punho em posição neutra 3 3 4 4 5 5 5 6 6 = Pontuação final para pernas.2 = Para flexão ou extensão entre 0º e 15º3 = Para flexão ou extensão maior que 15º 1 5 5 5 5 5 5 6 7 Tronco+1 = para próximo ao máximo 1 2 3 4 5 6

5 2 5 6 6 6 6 7 7 7Pescoço 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

Pontuação final para punho= 3 6 6 6 7 7 7 7 8 1 2 1 2 2 3 3 4 4 4 4 4 Tabela B1 2 2 2 3 4 4 5 5 5 5 5

Passo 4: Lateralização do punho 1 7 7 7 7 7 8 8 9 2 2 2 3 3 4 4 5 5 5 6 6+1 = Para desvio radial ou ulnar 2 3 2 3 3 4 4 5 6 6 6 6+1 = Para trabalho com rotação de punho. 6 2 7 8 8 8 8 9 9 9 3 4 4 4 4 5 5 6 6 6 6 6

Pontuação da laterização do punho=3 9 9 9 9 9 9 9 9 Passo 12: Resumo da pontuação de posturas na Tabela B

Passo 5: Resumo da pontuação da tabela A Use os valores dos passos 8,9 e 10 para localizar a pontuaçãoUse os valores dos passos 1,2,3 e 4 para identificar a Tabela C de posturas na tabela Bpontuação da postura na Tabela A 1 2 3 4 5 6 7+ =Pontuação de Postura

Pontuação da postura - Tabela A= 1 1 2 3 3 4 5 52 2 2 3 4 4 5 5 + Passo 13: Adicionar a pontuação do trabalho muscular

Passo 6: Adicionar a pontuação do Trabalho Muscular. 3 3 3 3 4 4 5 6 Se a postura é estática = adicionar 1Se a postura é estática = adicionar 1 + 4 3 3 3 4 5 6 6 Se a postura é dinâmica, mais que 4 mov./minuto: adicionar 1Se a postura é dinâmica, mais que 4 mov./minuto: adicionar 1 5 4 4 4 5 6 7 7 = Pontuação do esforço muscular

Pontuação do trabalho muscular = 6 4 4 5 6 6 7 77 5 5 6 6 7 7 7 Passo 14: Adicionar pontuação de força/carga

Passo 7: Pontuação da força/carga adicional 8+ 5 5 6 7 7 7 7 0 = Carga intermitente ou força menor que 2 Kg0 = Carga intermitente ou força menor que 2 Kg + 1 = carga intermitente ou força de 2 a 10 Kg 1 = carga intermitente ou força de 2 a 10 Kg + 2 = Repetição ou carga estática e forças de 2 a 10 Kg2 = Repetição ou carga estática e forças de 2 a 10 Kg 3 = Repetição ou carga estática e forças maiores que 10 Kg3 = Repetição ou carga estática e forças maiores que 10 Kg 3 = Carga ou força com aceleração do movimento 3 = Carga ou força com aceleração do movimento (Ação de sacudir e/ou dar solavancos) (Ação de sacudir e/ou dar solavancos) Cruzamento: Linha x Coluna = Pontuação de força/carga

Pontuação de força/carga=Passo 15: Identificação da coluna correspondente na Tabela C.

Passo 8: Identificação da linha correspondente da Tabela C = A pontuação obtida da análise do pescoço, tronco e pernasA pontuação obtida da análise dos membros superiores e punho = será usada para identificar a coluna correspondente na tabela Cserá usada para identificar a linha correspondente na tabela C = Pontuação final do pescoço, tronco e pernas

Pontuação final dos membros superiores e punho =

Nome: Função/Operação: Luminosidade:

Área/Departamento: Analista: Data: Temperatura:

Pontuação Final

2345

RULA - Avaliação Rápida da Postura dos Membros Superiores

Laterização - Punho

Pernas

1

4.3.4 Ferramenta: NIOSH

O Guia NIOSH de Levantamento de Cargas (1991)

� O Instituto Nacional de Segurança e Saúde (NIOSH -- National Institute of Safety & Health) oferece um modelo de avaliação de risco denominado Guia NIOSH de Levantamento de Cargas (NIOSH Lifting Guide), o qual poderá ser utilizado como ferramenta para avaliar o esforço físico despendido na execução de tarefas manuais de levantamento que exijam a utilização das duas mãos. NIOSH 1991 (EQUAÇÃO REVISADA DE LEVANTAMENTO DE CARGAS)

Page 84: Apostila Ergonomia Industrial

84

Os males atribuídos ao levantamento manual de cargas para atividades

continuas, são uma das preocupações dos profissionais de Saúde e Segurança

Ocupacional. Apesar dos esforços no controle, incluindo programas direcionados a

trabalhadores e postos, os males da coluna relacionados ao trabalho continuam

aumentando com significativa proporção, lesando pessoas e aumentando os

custos no tratamento para reabilitação.

Somente nos E.U.A., segundo o Departamento de Estatística do

Ministério do Trabalho (D.O.L.), os traumas na coluna são aproximadamente 20 %

de todas as lesões e queixas relacionadas ao trabalho e em torno de 25 % dos

custos de afastamentos remunerados dos trabalhadores. O mais recente relatório

do Conselho Nacional de Segurança do Trabalho (EUA) indica que a sobrecarga

física é a causa mais comum de doenças ocupacionais, contabilizando 31 % de

todas as doenças. A coluna é a parte do corpo mais lesada (22% dos 1,7 milhões

de lesões) e a mais dispendiosa do sistema de compensação dos trabalhadores.

Mais de 10 anos atrás, o Instituto Nacional de Saúde e Segurança

Ocupacional (NIOSH) reconheceu o aumento dos problemas de lesões nas costas

relacionadas ao trabalho, e publicou o Guia Prático de Levantamento manual de

Cargas (NIOSH WPG, 1981). O NIOSH WPG (1981) continha um sumário da

literatura relacionado ao manuseio de cargas anterior a 1981; procedimentos

analíticos e a equação de levantamento de carga para calcular o peso

recomendado durante uma tarefa simétrica utilizando-se as duas mãos; e um dado

aproximado para controle dos riscos de lesões no levantamento manual. Este

dado foi chamado de limite de ação (AL), um termo resultante que designou o

peso recomendado derivado da equação de levantamento.

Em 1985 o NIOSH conveniado ao Comitê "ad hoc" de experts revisaram a

literatura corrente sobre levantamento, incluindo a equação NIOSH WPG (1981).

A literatura revisada foi sumarizada em um documento intitulado "Documentação

Científica de Auxílio à Equação Revisada de Levantamento de Carga NIOSH

1991. Baseado nos resultados da literatura revisada, o comitê recomendou

critérios definindo a capacidade de levantamento para trabalhadores sadios.

Page 85: Apostila Ergonomia Industrial

85

O Comitê utilizou estes critérios para formular a equação revisada de

levantamento e foi formado por M.M.Ayoub, Donald B. Chaffin, Colin G. Drury,

Arun Garg e Suzanne Rodgers, os representantes do NIOSHI incluíram Vem Putz-

Anderson e Thomas R. Waters.

Todavia, a equação revisada não é infalível, o limite de peso

recomendado derivado da equação é consistente com a literatura, mas deve ser

interpretado como um dado técnico e não definitivo. Além disso, a aplicação

adequada da equação revisada é mais apropriada para proteger a saúde dos

trabalhadores em face da grande variedade de tarefas de levantamento, do que

antigos métodos que confiavam em um único fator ou critério.

Finalmente, podemos salientar que a equação de levantamento NIOSH

1991 é somente uma das ferramentas para prevenção de lesões nas costas e

afastamentos, uma vez que não é a única. Além disso, o levantamento de cargas

é somente um dos fatores que podem gerar estas lesões. Outras causas tem sido

estabelecidas como fatores de risco como a vibração em todo o corpo, postura

estática, prolongado período de trabalho sentado e traumas diretos sobre as

costas. Portanto a aplicação da equação revisada NIOSH 1991 deve ser parte, de

um processo de investigação/prevenção de queixas relacionadas à coluna/costas,

direcionando os usuários a solução dos problemas dos postos de trabalho.

O Guia NIOSH de Levantamento de Cargas assume um formato algébrico

geral, da seguinte forma: RWL = LC X HM X VM X DM X AM X FM X CM Limite de Peso Recomendado (RWL)

• O RWL é o principal produto da Equação de Levantamento da NIOSH (NIOSH Lifting Equation)

• O RWL é definido para uma tarefa ou condição específica

� O RWL representa o peso da carga que 99% das pessoas saudáveis

do sexo masculino e 75% das pessoas saudáveis do sexo feminino

Page 86: Apostila Ergonomia Industrial

86

poderiam erguer num determinado espaço de tempo (1, 2 ou 8 horas)

Esta equação não se aplicará caso ocorra alguma das seguintes

situações:

• Erguer/baixar utilizando apenas uma das mãos • Erguer/baixar durante mais de 8 horas • Erguer/baixar enquanto sentado ou ajoelhado • Erguer/baixar num espaço restrito de trabalho • Erguer/baixar objetos instáveis • Erguer/baixar ao mesmo tempo em que carrega, empurra ou puxa • Erguer/baixar fazendo movimentos bruscos (velocidade acima de

aproximadamente 30" (76 cm)/segundo) • Erguer/baixar com carrinho de mão ou pá • Erguer/baixar com contato pé/piso inadequado (coeficiente de fricção entre

a sola do calçado e o piso < 0.4) • Erguer/baixar em ambiente inadequado (isto é: com temperaturas acima

dos limites entre 66-79°F (19-26°C), e/ou umidade relativa fora dos limites de 35-50% Constantes do Guia NIOSH de Levantamento de Cargas

Constante Sistema Métrico Sistema usual nos EUA

LC = Constante de Carga 23 kg 51 LB

HM = Multiplicador horizontal (24/H) (10/H)

VM = Multiplicador vertical (1 – 0.003 V – 75) (1 – 0.0075V – 30)

DM = Multiplicador de distância (0.82 +4.5/D) (0.82 + 1.8/D)

AM = Multiplicador de assimetria (1 – 0.00032A) (1 – 0.0032A)

FM = Multiplicador de freqüência Faixa .21 – 1.00 Faixa .21 – 1.00

CM = Multiplicador de contato 1.00, .95 ou .90 1.00, .95 ou .90

Page 87: Apostila Ergonomia Industrial

87

Variáveis do Guia NIOSH de Levantamento de Cargas a serem medidas

• H = Localização Horizontal A localização horizontal se refere à distância entre o ponto médio das

mãos do operador e o ponto médio dos seus tornozelos. Essa distância não poderá ser menor do que 10" (25 cm) nem maior do que 25" (63 cm).

Multiplicador Horizontal (HM) H (pol/cm) HM H (pol/cm) HM <10/25.4 1.00 18/45.7 0.56 10/25.4 1.00 19/48.3 0.53 11/27.9 0.91 20/50.8 0.50 12/30.5 0.83 21/53.3 0.48 13/33 0.77 22/55.9 0.45 14/35.6 0.71 23/58.4 0.43 15/38 0.67 24/61 0.42 16/40.6 0.63 25/63.5 0.40 17/43.2 0.59 >25/63.5 0

• Multiplicador Horizontal

• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• Partindo das medidas escolhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.

• Observar que o maior decréscimo é de 60% a 25" (63cm). • Ter em mente que, caso o objeto do levantamento a ser

feito esteja a mais de 25" (63cm) de distância dos tornozelos, este não deverá ocorrer.

• No entanto, do ponto de vista prático, caso o objeto do levantamento a ser feito esteja a mais de 25" (63cm), ainda se poderia considerar a utilização de 0,40 como o modificador, sabendo-se que o valor irá subestimar o RWL.

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• V = Localização

Localização vertical é a distância do solo até a altura das mãos, no item existente no início do levantamento. Uma localização vertical não poderá ser menor do que 0" (0 cm) nem maior do que 70" (178 cm).

V(pol/cm) VM V(pol/cm) VM 0 0.78 38/96.5 0.94 2/5 0.79 40/101.6 0.93 4/10.2 0.81 42/106.7 0.91 6/15.2 0.82 44/111.8 0.90 8/20.3 0.84 46/116/8 0.88 10/25.4 0.85 48/121.9 0.87 12/30.5 0.87 50/127 0.85 14/35.6 0.88 52/132.1 0.84 16/40.6 0.90 54/137.2 0.82 18/45.7 0.91 56/142.2 0.81 20/50.8 0.93 58/147.3 0.79 22/55.9 0.94 60/152.4 0.78 24/61 0.96 62/157.5 0.76 26/66 0.97 64/162.6 0.75 28/71.1 0.99 66/167.6 0.73 30/76.2 1.00 68/172.7 0.72 32/81.3 0.99 70/177.8 0.70 34/86.4 0.97 >70/177.8 0 36/91.4 0.96 · Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na

PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES. · Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador

correspondente. Registrar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

· A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.

· Observar o valor do modificador vertical de 1 a 30” (76 cm). · Observar que o maior decréscimo foi de 30% a 70" (178cm). · Ter em mente que, caso o objeto do levantamento a ser feito esteja

a mais de 70" (178 cm) de altura, ele não deverá ser executado. · No entanto, do ponto de vista prático, caso o objeto do levantamento

a ser feito esteja a mais de 70" (178cm) de altura, ainda poderia se considerar a

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utilização de 0,70 como o modificador, mesmo sabendo que o valor irá subestimar o RWL.

• D = Distância Percorrida

Distância percorrida é a medida do deslocamento vertical ocorrido durante um levantamento. Por exemplo, ao se levantar uma caixa a 27" (68 cm) e colocá-la numa prateleira a 37" (94 cm), a distância percorrida será de 10" (25 cm). A distância mínima percorrida é de 10" (25 cm) enquanto que a máxima é de 65" (165 cm).

Multiplicador de Distância (DM) D (pol/cm) DM D(pol/cm) DM <10/25.4 1.00 24/61 0.90 10/25.4 1.00 25/63.5 0.89 11/27.9 0.98 30/76.2 0.88 12/30.5 0.97 35/88.9 0.87 13/33 0.96 40/101.6 0.87 14/35.6 0.95 45/114.3 0.86 15/38.1 0.94 50/127 0.86 16/40.6 0.93 55/139.7 0.85 17/43.2 0.93 60/152.4 0.85 18/45.7 0.92 65/165.1 0.85 19/48.3 0.91 70/177.8 0.85 20/50.8 0.91 >70/177.8 0 22/55.9 0.90 Multiplicador de Distância (DM) • Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na

PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES. • Partindo das medidas escolhidas, selecionar os valores e modificador

correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.

• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.

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• Lançar o valor do modificador vertical de 1 a 30” (76 cm). • Lançar que a maior redução foi de 15% a 70" (178cm). • Ter em mente que, caso a distância percorrida pelo objeto do

levantamento a ser feito seja maior do que 70" (178 cm), ele não deverá ser executado.

• No entanto, do ponto de vista prático, caso a distância percorrida pelo objeto do levantamento a ser feito seja maior do que 70" (178cm), ainda poderia se considerar a utilização de 0,70 como o modificador, mesmo sabendo que o valor irá subestimar o RWL.

A = Ângulo de Assimetria Ângulo de assimetria se refere à quantidade de torção existente no

início de um levantamento. O valor mínimo é 0° e o máximo 135°. Multiplicador de Assimetria (AM) A (graus) AM A (graus) AM 0 1.00 75 0.76 5 0.98 80 0.74 10 0.97 85 0.73 15 0.95 90 0.71 20 0.94 95 0.70 25 0.92 100 0.68 30 0.90 105 0.66 35 0.89 110 0.65 40 0.87 115 0.63 45 0.86 120 0.62 50 0.84 125 0.60 55 0.82 130 0.58 60 0.81 135 0.57 65 0.79 >135 0 70 0.78 Multiplicador de Assimetria (AM)

• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

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• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.

• Lançar que a maior redução foi de 43% a 135 graus. • Ter em mente que, caso o levantamento a ser feito seja de mais de 135

graus, ele não deverá ser executado. • No entanto, do ponto de vista prático, não são muitos os indivíduos que

conseguem fazer uma torção de mais de 90 graus sem tirar os pés do lugar. Notar, também, que a alteração no modificador referente a cada variável é relativamente pequena. Não exagerar em sua análise. F = Frequência A freqüência é simplesmente o número de levantamentos

executados por minuto. E não existe um número máximo de freqüência. Tabela de Multiplicador de Frequência (FM) Duração de Tarefa Frequência de ≤ 8 HRS ≤ 2 HRS

≤ 1 HRS Levantamentos/ V<30" V>30" V<30" V>30" V<30" V>30" min. (75cm) (75cm) (75cm) (75cm) (75cm)

(75cm) 0.2 0.85 0.85 0.95 0.95 1.00 1.00 0.5 0.81 0.81 0.92 0.92 0.97 0.97 1 0.75 0.75 0.88 0.88 0.94 0.94 2 0.65 0.65 0.84 0.84 0.91 0.91 3 0.55 0.55 0.79 0.79 0.88 0.88 4 0.45 0.45 0.72 0.72 0.84 0.84 5 0.35 0.35 0.60 0.60 0.80 0.80 6 0.27 0.27 0.50 0.50 0.75 0.75 7 0.22 0.22 0.42 0.42 0.70 0.70 8 0.18 0.18 0.35 0.35 0.60 0.60 9 0.00 0.15 0.35 0.30 0.52 0.52 10 0.00 0.13 0.26 0.26 0.45 0.45 11 0.00 0.00 0.00 0.23 0.41 0.41 12 0.00 0.00 0.00 0.21 0.37 0.37 13 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.34 14 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.31 15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.28 >15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

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Multiplicador de Frequência (FM)

• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.

• Ter em mente que a freqüência dos levantamentos poderá ser muito alta, portanto não deveriam ser executados.

• Ter em mente que caso o levantamento a ser feito seja de uma altura menor do que 30”(75cm), a pessoa estará erguendo, também, seu próprio corpo.

• No entanto, do ponto de vista prático, caso a freqüência de levantamentos a serem feitos seja maior do que 6 levantamentos por minuto, será mais difícil fazer, do ponto de vista cardiovascular D = Duração Existem três opções para o componente duração. Caso um operador

passe um total de uma hora ou menos executando uma tarefa que exija levantamento, o componente duração será 1 (um). Caso ele passe entre uma e duas horas executando uma tarefa que exija levantamento, o componente duração será 2 (dois). Caso o operador passe mais do que duas horas executando uma tarefa que exija levantamento, o componente de duração será 8 (oito).

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Classificação do contato (Coupling), ou nível como uma carga é segurada

Multiplicador de Contato (CM) Contato V<30 pol. V>30 pol. (75 cm) (75 cm) Boa 1.0 1.0 Razoável 0.95 1.0 Ruim 0.90 0.90

Bom Razoável Ruim No caso de recipientes cuja forma física seja considerada ótima, como é o caso de algumas caixas e engradados. Um “Bom” contato mão/objeto poderia ser definido como alças ou recortes para as mãos com forma física otimizada.

No caso de recipientes cuja forma física seja considerada ótima, um contato mão/objeto considerado “Razoável” poderia ser definido como alças ou recortes para as mãos com forma física pouco otimizada

No caso de recipientes cuja forma física seja considerada pouco otimizada ou de peças avulsas ou objetos de formato irregular que sejam volumosos, de difícil manuseio ou tenham arestas vivas.

No caso de peças soltas ou objetos de formato irregular, que não sejam normalmente acondicionados em recipientes, tais como peças fundidas, estoque, e suprimentos, um “Bom” contato mão/objeto seria definido como pega confortável em que a mão pode facilmente envolver o objeto.

No caso de recipientes de forma física otimizada, sem alças ou recortes para as mãos ou utilizados para peças soltas ou objetos de formato irregular, um contato “Razoável” mão/objeto será definido como uma pega em que a mão poderá ser flexionada em cerca de 90 graus

Elevação de sacos de formato não rígido (isto é: sacos que dobram ao meio).

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Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador

correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.

Registros sobre contato

• Um desenho de alça otimizado terá diâmetro entre 0,75" (2 cm) e 1,5" (4 cm), e comprimento de 4.5" (11 cm), vão de 2" (5 cm), formato cilíndrico e uma superfície lisa e anti-deslizante.

• Um recorte para as mãos otimizado terá as seguintes características aproximadas: 1.5" (4 cm) de altura, comprimento, formato semi-ovalado, vão de 4.5" (11 cm), superfície lisa e anti-deslizante, e .25" (63 cm) de espessura de recipiente (por ex.: papelão de espessura dupla)

• Um design otimizado de recipiente terá 16" (41 cm) de largura, 12" (30 cm) de altura e uma superfície lisa, anti-deslizante.

• Um trabalhador deverá ser capaz de encaixar os dedos a quase 90° por debaixo do recipiente, tal como necessário para erguer uma caixa de papelão do solo.

• Um recipiente é considerado menos do que otimizado quando tem largura de > 16" (41 cm), altura de > 12" (30 cm), superfícies ásperas ou deslizantes, arestas vivas, centro de massa assimétrica, conteúdo instável, ou requer o uso de luvas para o seu manuseio. Um objeto solto é considerado volumoso quando não pode ser facilmente equilibrado entre empunhaduras.

• Um trabalhador deverá ser capaz de envolver o objeto confortavelmente com as mãos, sem que isso cause desvios excessivos dos pulsos ou posturas desajeitadas. A empunhadura não deverá exigir emprego excessivo de força.

Índice de Levantamento (LI)

• O índice de levantamento poderá ser utilizado para estabelecer a pouca qualidade do levantamento. O índice de levantamento:

− Oferece uma estimativa relativa do esforço físico associado a uma tarefa de levantamento específica;

− Definido como a relação entre o peso da carga erguida e o RWL.

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LI = Peso da Carga/ RWL Se:

LI>3 VERMELHO LI>1 AMARELO LI<1

Um LI abaixo de 1.0 indica que a tarefa é considerada de baixo risco. Um LI entre 1 e 3 indica que existe algum risco na tarefa de levantamento.

Um LI de 3 ou acima indica um risco imediato para a maior parte dos operadores.

Um levantamento com LI entre 1 e 3 requer controles administrativos ou de engenharia para melhoria das condições de levantamento. Considere que um LI>1.5 deve ser revisto com seriedade para que seja alterado de alguma forma. Um levantamento com LI>3 requer controles de engenhariapara melhorá-lo.

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VERDE PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES: RWL = Limite de Peso Recomendado RWL = 51*10/H*(1-.0075|V-30|)*(.82+1.8/D)*(1-.0032A)*CM*FM (no caso de

libras) RWL = 23*25/H*(1-.0075|V-75|)*(.82+4.5/D)*(1-.0032A)*CM*FM (no caso de

quilogramas) RWL = Constante de Carga x HM x VM x DM x AM x CM x FM D) Índice de Levantamento = Peso real (lb.) / RWL (lb.) = A) Medidas (TIRADAS DO PRÓPRIO LEVANTAMENTO): ____in/cm (HM) ____in/cm (VM) ____in/cm (DM) graus(AM)____ ____bom, razoável, ruim (CM) ____levantamentos por minuto(FM) B) Multiplicadores (TIRADOS DAS TABELAS DAS DIRETRIZES DO

NIOSH): RWL(lb)= 51 x____(HM) x ____(VM) x ____(DM) x ____(AM) x ____(CM) x

____(FM) RWL(kg) = 23 x ____(HM) x ____(VM) x ____(DM) x ____(AM) x ____(CM)

x ____(FM) C) RWL = ____lb. RWL = ____kg. Vantagens do uso da Equação de Levantamento NIOSH

• A equação identifica as variáveis de maior impacto sobre a segurança do empregado.

• As perguntas poderão ser utilizadas para comparar o risco relativo de muitas tarefas Para aplicar as tabelas psicofísicas, deverão ser conhecidas ou medidas as

seguintes informações a respeito das tarefas:

• Distância percorrida enquanto empurrando/puxando (pés/m) • Freqüência de empurros (empurros/min)

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• Altura das mãos ao empurrar (cintura/ombro) • Força inicial necessária para mover o objeto (lb/kg) • Força sustentada necessária para manter o objeto em

movimento (normalmente medida com um calibre de empurro/puxão) (lb/kg)

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NIOSH - 1991EQUAÇÃO REVISADA DE LEVANTAMENTO DE CARGAS

Posto Trabalho Empresa

Área Turno Auditor Data

RWL = LC x HM x VM x DM x AM x FM x CM

CargaConstante LC 23 kg

Multiplicador H>=25 XHorizontal HM ( 25 / H ) H<63 H =

Multiplicador XVertical VM 1 - ( 0,003 x | V - 75 | ) V<175 V =

Multiplicador D>=25 Xde Distância DM 0,82 + ( 4,5 / D ) D<175 D =

MultiplicadorAssimétrico AM 1 - ( 0,0032 x A ) A<135 A =

Multiplicador Xde Frequência FM Tabela 1 F =

Multiplicador Xda Pega CM Tabela 2 Pega

=RWL

L (Peso do Objeto) Maior peça

LI = LLI < 1 Baixo Risco RWL

1 <= LI < 2 Risco Moderado

LI >= 2 Alto Risco LI = #DIV/0!

TORÇÃO DO TRONCO "A"

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4.4.5 Ferramenta: Tabela Snook & Cirello

A ferramenta Snook & Cirello deve ser aplicada quando uma determinada

tarefa utiliza-se de empurrar ou puxar algum objeto. Essa Tabela é dividida em

tabela para empurrar e tabela para puxar, e também dependendo do sexo

masculino/ feminino.

Guia Psicofísico para Empurrar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)

Tabela1 - Forças máximas aceitáveis para o esforço de empurrar - para homens (kg)

2,1 m empurrar 7,6 m empurrar 15,2m empurrar 30,5 m empurrar 45,7 m empurrar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada

5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h

Força Incial(3)90 20 22 25 25 26 26 30 14 16 21 21 22 22 26 16 18 19 19 20 21 25 15 16 19 19 24 13 14 16 16 20 12 14 14 1875 26 29 32 32 34 34 40 18 20 27 27 28 28 34 21 23 25 25 26 27 32 19 21 25 25 31 16 18 21 21 26 16 18 18 23

144 50 32 36 40 40 42 42 50 23 25 33 33 35 35 42 26 29 31 31 33 33 40 24 27 31 31 38 20 23 26 26 33 20 22 22 2825 38 43 47 47 50 51 60 27 31 40 40 42 42 51 31 35 37 37 40 40 48 28 32 37 37 46 24 27 32 32 39 23 27 27 3410 44 49 55 55 58 58 70 31 35 46 46 48 49 58 36 40 43 43 45 46 55 32 37 42 42 53 28 31 35 36 48 27 31 31 3990 21 24 26 26 28 28 34 16 18 23 23 25 25 30 18 21 22 22 23 24 28 17 19 22 22 27 14 16 19 19 23 14 16 16 2075 28 31 34 34 36 36 44 21 23 30 30 32 32 39 24 27 28 28 30 30 36 21 24 28 28 35 18 21 24 24 30 18 21 20 26

95 50 30 34 38 43 43 45 54 26 29 36 38 40 40 48 29 33 35 35 37 38 45 27 30 35 35 44 23 26 30 30 37 22 26 26 3225 41 46 51 53 54 55 65 31 35 45 45 48 48 58 35 40 42 42 45 45 54 32 36 42 42 52 27 31 36 36 45 27 31 31 3810 47 53 59 59 62 63 75 35 40 52 52 55 56 66 40 46 49 49 52 52 62 37 41 48 48 60 32 36 41 41 52 31 35 35 4490 19 22 24 24 25 26 31 13 14 20 20 21 21 26 15 17 19 19 20 20 24 14 16 19 19 23 12 14 16 16 20 12 14 14 1775 25 28 31 31 33 33 40 16 19 26 26 27 28 33 19 21 24 24 26 26 31 18 21 24 24 30 16 18 21 21 26 15 18 18 22

64 50 32 35 39 39 41 41 50 20 23 32 32 34 35 41 23 27 30 30 32 33 39 23 26 30 30 37 20 22 26 26 32 19 22 22 2825 38 42 46 46 49 50 59 25 28 39 39 41 41 50 28 32 36 36 39 39 47 28 31 36 36 45 24 27 31 31 39 23 26 26 3310 43 48 53 53 57 57 68 28 32 45 45 47 48 57 32 37 42 42 44 45 54 32 36 41 41 52 27 31 36 36 44 26 30 30 38

Força Mantida(4)90 10 13 15 16 18 18 22 8 9 13 13 15 16 18 8 9 11 12 13 14 16 8 10 12 13 16 7 8 10 11 13 7 8 9 1175 13 17 21 22 24 25 30 10 13 17 18 20 21 25 11 13 15 16 18 18 22 11 13 16 18 22 10 11 13 15 18 9 11 13 15

144 50 17 22 27 28 31 32 38 13 16 22 23 26 27 32 14 17 20 20 23 24 28 15 17 20 23 28 12 14 17 19 23 12 14 16 1925 21 27 33 34 38 40 47 16 20 28 29 32 33 39 17 20 24 25 28 29 34 18 21 25 29 34 15 18 21 24 28 15 17 20 2410 25 31 38 40 45 46 34 19 31 32 33 38 39 46 20 24 28 29 33 34 40 21 25 29 33 39 18 21 24 28 33 17 20 23 2890 10 13 16 17 19 19 23 8 10 13 13 15 15 18 8 10 11 12 13 13 16 8 10 12 13 16 7 8 9 11 13 7 8 9 1175 16 18 22 22 25 26 31 11 13 17 18 20 21 25 11 13 15 16 18 18 21 11 13 16 18 21 9 11 13 15 18 9 11 12 15

95 50 18 23 28 29 33 34 40 14 17 22 23 26 27 32 14 17 19 20 23 23 28 15 17 20 23 27 13 14 17 19 23 12 14 16 1925 22 28 34 35 40 41 49 17 21 27 29 32 33 39 18 21 24 25 26 29 34 18 21 25 28 33 15 18 21 24 28 15 17 20 2310 26 35 40 41 46 48 57 20 24 32 33 37 38 45 20 25 28 29 32 33 40 21 25 29 33 39 17 20 24 27 32 17 20 23 2790 10 13 16 16 18 19 23 8 10 12 13 14 15 18 8 10 11 11 12 13 15 8 9 11 13 15 7 8 9 11 13 7 8 9 1075 14 18 21 22 25 26 31 11 13 17 17 19 20 24 11 13 14 15 17 17 21 11 13 15 17 20 9 11 12 14 17 9 10 12 14

64 50 18 23 28 29 32 33 39 14 17 21 22 25 26 31 14 17 19 19 22 22 27 16 16 19 22 26 12 14 16 18 22 12 14 15 18

25 22 28 34 35 39 41 48 17 21 26 27 31 33 37 18 21 23 24 27 28 33 17 20 24 27 32 14 17 20 23 27 14 17 19 22

10 26 32 39 41 46 48 56 19 25 30 32 36 37 44 21 25 27 28 31 32 38 20 24 28 32 37 17 20 23 26 31 16 19 22 26

(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Percentil desejado de população industrial (3) A força solicitada para iniciar o movimento; (4) A força solicitada para manter um objeto em movimento.

Alt.Pega (1)

Porc.%(2)

Page 100: Apostila Ergonomia Industrial

100

Guia Psicofísico para Empurrar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)

Tabela5- Forças máximas aceitáveis para esforço de empurrar - para mulheres (kg)

2,1 m empurrar 7,6 m empurrar 15,2m empurrar 30,5 m empurrar 45,7 m empurrar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada

5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h

Força Incial(3)90 14 15 17 18 20 21 22 15 16 16 16 18 19 20 12 14 14 14 15 16 17 12 13 14 15 17 12 13 14 15 17 12 13 14 1575 17 18 21 22 24 25 27 18 19 19 20 22 23 24 15 17 17 17 19 20 21 15 16 17 19 21 15 16 17 19 21 14 15 17 19

144 50 20 22 25 26 29 30 32 21 23 23 24 26 27 29 18 20 20 20 22 23 25 18 19 21 22 25 18 19 21 22 25 17 18 20 2225 24 25 29 30 33 35 37 25 26 27 28 31 32 34 20 23 23 24 26 27 29 20 22 24 26 29 20 22 24 26 29 20 21 23 2610 26 28 33 34 38 39 41 28 30 30 31 34 36 38 23 26 26 26 29 31 32 23 25 27 29 33 23 25 27 29 33 22 24 26 2990 14 15 17 18 20 21 22 14 15 16 17 19 19 21 11 13 14 14 16 16 17 12 14 15 16 18 12 14 15 16 18 12 13 14 1675 17 18 21 22 24 25 27 17 18 20 20 22 23 25 14 16 17 17 19 20 21 15 16 18 19 21 15 16 18 19 21 15 16 17 19

95 50 20 22 25 26 29 30 32 20 21 23 25 27 28 30 16 19 20 21 23 24 25 18 20 21 23 26 18 20 21 23 26 18 19 20 2325 24 25 29 30 33 35 37 23 25 27 28 31 33 34 19 22 23 24 27 28 29 21 23 24 26 30 20 22 24 26 30 20 22 24 2710 26 28 33 34 38 39 41 26 28 31 32 35 37 39 22 24 26 27 30 31 33 24 26 28 30 33 24 26 28 30 33 23 25 26 3090 11 12 14 14 16 17 18 11 12 14 14 16 16 17 9 11 12 12 13 14 15 11 12 12 13 15 11 12 12 13 15 10 11 12 1375 14 15 17 17 19 20 21 14 15 17 17 19 20 21 11 13 14 15 16 17 18 13 14 15 16 18 13 14 15 16 18 12 13 14 16

64 50 16 15 17 17 19 20 21 16 18 20 21 23 24 25 14 15 17 18 19 20 21 15 17 18 19 22 15 17 18 19 22 15 16 17 1925 19 20 23 24 27 28 30 19 21 23 24 27 28 29 16 18 20 20 23 24 25 18 19 21 22 25 18 19 21 22 25 17 19 20 2210 21 23 26 27 30 31 33 22 23 26 27 30 31 33 18 20 22 23 25 26 28 20 22 23 25 28 20 22 23 25 28 19 21 23 25

Força Mantida(4)90 6 8 10 10 11 12 14 6 7 7 7 8 9 11 5 6 6 6 7 7 9 5 6 6 6 8 5 5 5 6 8 4 4 4 675 9 12 14 14 16 17 21 9 10 11 11 12 13 16 7 8 9 9 10 11 13 7 8 9 9 12 7 8 8 8 11 6 6 6 9

144 50 12 16 19 20 21 23 28 12 14 14 15 16 17 21 10 11 12 12 14 14 18 10 11 12 12 16 9 10 11 11 15 8 8 9 1225 16 20 24 25 27 29 36 15 17 18 18 20 22 27 12 14 15 16 17 18 22 13 14 15 15 21 11 13 13 14 19 10 10 11 1510 18 23 28 29 32 34 42 18 20 21 22 24 26 32 14 17 18 18 20 22 27 15 17 17 18 25 14 15 16 17 22 12 12 13 1790 6 7 9 9 10 11 13 6 7 8 8 9 9 11 5 6 6 7 7 8 10 5 6 6 7 9 5 6 6 6 8 4 4 5 675 8 11 13 13 15 16 19 9 10 11 11 13 13 17 7 8 9 10 11 11 14 8 9 9 10 13 7 8 8 9 12 6 6 6 9

95 50 11 15 18 18 20 21 26 12 13 15 15 17 18 22 9 11 13 13 14 15 19 10 12 12 13 17 10 11 11 12 16 8 9 9 1225 14 18 22 23 25 27 33 15 17 19 19 21 23 28 12 14 16 16 18 19 24 13 15 15 16 22 12 14 14 15 20 11 11 12 1510 17 22 26 27 30 32 39 17 20 22 23 25 27 33 14 17 19 19 21 23 28 16 18 18 19 26 14 16 17 18 24 13 13 14 1890 5 6 8 8 9 9 12 6 7 7 7 8 9 11 5 6 6 6 7 7 9 5 6 6 6 8 5 5 5 6 7 4 4 4 675 7 9 11 12 13 14 17 8 10 10 11 12 12 15 7 8 9 9 10 10 13 7 8 8 8 11 7 7 8 8 11 6 6 6 8

64 50 10 13 15 16 17 18 23 11 13 14 14 16 17 21 9 11 12 12 13 14 17 10 11 11 12 16 9 10 10 11 15 8 8 8 11

25 12 16 19 20 22 23 29 14 17 18 18 20 21 26 12 14 15 15 17 18 22 12 14 14 15 20 11 13 13 14 19 10 10 11 14

10 15 19 23 23 26 28 34 17 20 21 21 23 25 31 14 16 17 18 20 21 26 15 16 17 18 24 13 15 16 16 22 12 12 13 17

(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Percentil desejado para a população industrial (3) A força solicitada para iniciar o movimento; (4) A força solicitada para manter um objeto em movimento

Alt.Pega (1)

Porc.%(2)

Guia Psicofísico para Puxar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)

Tabela2 - Forças máximas aceitáveis para esforço de puxar - para homens (kg)

2,1 m puxar 7,6 m puxar 15,2m puxar 30,5 m puxar 45,7 m puxar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada

5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h

Força Incial(3)90 14 16 18 18 19 19 23 11 13 16 16 17 18 21 13 15 15 15 16 17 20 12 13 15 15 19 10 11 13 13 16 10 11 11 1475 17 19 22 22 23 24 28 14 15 20 20 21 23 26 16 18 19 19 20 20 24 14 16 19 19 23 12 14 16 16 20 12 14 14 17

144 50 20 23 26 26 28 28 33 16 18 24 24 25 26 31 19 21 22 22 24 24 29 17 19 22 22 27 17 19 19 19 24 14 16 16 2025 24 27 31 31 32 33 39 19 21 28 28 29 30 36 22 25 26 26 28 28 33 20 22 26 26 32 17 19 22 22 28 16 19 19 2410 26 30 34 34 36 37 44 21 24 31 31 33 33 40 24 28 29 29 31 31 38 22 25 29 29 37 20 22 25 25 31 18 21 21 2790 19 22 25 25 27 27 32 15 18 23 23 24 24 29 18 20 21 21 23 23 28 16 18 21 21 26 14 16 18 18 23 13 16 16 1975 23 27 31 31 32 33 39 19 21 28 28 29 29 36 22 25 26 26 28 28 33 20 22 26 26 32 17 19 22 22 28 16 19 19 24

95 50 28 32 36 36 39 39 47 23 26 33 33 35 35 42 26 29 21 31 33 33 40 24 27 31 31 38 20 23 27 27 33 20 23 23 2825 33 37 42 42 45 45 54 26 3 39 39 41 41 49 30 34 36 36 38 39 46 27 31 36 36 45 24 27 31 31 38 23 26 26 3310 37 42 43 48 51 51 61 30 33 43 43 46 47 56 33 38 41 41 43 44 52 31 35 40 40 50 30 34 39 39 43 26 30 30 3790 22 25 28 28 30 30 36 18 20 26 26 27 28 33 20 23 24 24 26 26 31 18 21 24 24 30 16 18 21 21 26 15 18 18 2275 27 30 34 34 37 37 44 21 24 31 31 33 34 40 24 28 29 29 31 32 38 22 25 29 29 36 19 22 25 25 31 19 21 21 27

64 50 32 36 41 41 44 44 53 25 29 37 37 40 40 48 29 33 35 35 37 38 45 27 30 35 35 43 23 26 30 30 37 22 26 26 3225 37 42 48 48 51 51 61 30 34 44 44 46 47 56 34 39 41 41 43 44 52 31 35 41 41 50 27 30 35 35 43 26 30 30 3710 42 48 54 54 57 58 69 33 38 42 45 52 53 63 38 43 46 46 49 49 59 35 39 46 46 57 30 34 39 39 49 29 34 34 42

Força Mantida(4)90 8 10 12 13 15 15 18 6 8 10 11 12 12 15 7 8 9 9 10 11 13 7 8 9 11 13 6 7 8 9 10 6 7 7 975 10 13 16 17 19 20 23 8 10 13 14 16 16 19 9 10 12 12 14 14 17 9 10 12 14 17 7 9 10 11 14 7 8 10 11

144 50 13 16 20 21 23 24 28 10 13 16 17 19 20 23 11 13 14 15 17 17 20 11 13 15 17 20 9 11 12 14 17 9 10 12 1425 15 20 24 25 28 29 34 12 15 15 20 23 24 28 13 15 17 18 20 21 24 13 15 18 20 24 11 13 15 17 20 11 12 14 1710 17 22 27 28 32 33 39 14 17 22 23 26 27 32 14 17 19 20 23 24 28 15 17 23 24 28 12 14 17 19 23 12 14 16 1990 10 13 16 17 19 20 24 8 10 13 14 16 16 19 9 10 12 12 14 14 17 9 10 12 14 17 7 9 10 12 144 7 9 10 1275 13 17 21 22 25 26 30 11 13 17 18 20 21 25 11 14 15 15 16 18 22 12 13 16 18 22 10 11 13 15 18 9 11 13 15

95 50 16 21 26 27 31 31 37 13 17 21 22 25 26 31 14 17 19 19 22 23 27 16 17 19 22 27 13 14 16 19 22 12 14 16 1825 19 26 31 33 37 38 45 16 20 26 27 30 31 37 17 20 22 23 26 27 32 17 20 23 27 32 14 17 19 22 26 14 16 19 2210 22 29 36 37 42 43 51 18 23 29 31 34 36 42 19 23 26 27 30 31 37 19 23 27 31 36 16 19 22 25 30 16 19 21 2590 11 14 17 18 20 21 25 9 11 14 15 17 17 20 9 11 12 13 15 15 18 9 11 13 15 18 8 9 11 12 15 8 9 10 1275 16 19 23 23 26 27 32 11 14 19 19 22 22 26 12 14 16 17 19 19 23 12 14 17 19 23 10 12 14 16 19 10 12 13 16

64 50 17 23 28 29 32 34 40 14 18 23 24 27 28 33 15 18 20 21 23 24 28 15 18 21 24 27 13 15 17 20 23 12 14 16 20

25 20 27 33 33 39 40 48 17 21 27 28 32 33 39 18 21 24 25 28 29 34 18 21 25 28 33 15 18 21 24 28 15 17 20 25

10 23 31 36 40 45 46 54 19 24 31 32 37 38 45 20 24 27 28 32 33 39 21 24 28 32 36 17 20 24 27 32 17 20 23 27

(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Porcentagem de população industrial (3) A força solicitada para adquirir um objeto em movimento (4) A força solicitada para manter um objeto em movimento

Alt.Pega (1)

Porc.%(2)

Page 101: Apostila Ergonomia Industrial

101

Guia Psicofísico para Puxar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)

Tabela6 - Forças máximas aceitáveis para esforço de puxar - para mulheres (kg)

2,1 m puxar 7,6 m puxar 15,2m puxar 30,5 m puxar 45,7 m puxar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada

5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h

Força Incial(3)90 13 16 17 18 20 21 22 13 14 16 16 18 19 20 10 12 13 14 15 16 17 12 13 14 15 17 12 13 14 15 17 12 13 14 1575 16 19 20 21 24 25 26 16 17 19 19 21 22 24 12 14 16 16 18 19 20 14 16 17 18 20 14 15 16 18 20 14 15 16 18

144 50 19 22 24 25 28 29 31 19 20 22 23 25 26 28 14 16 19 19 21 22 24 17 18 20 21 24 17 18 20 21 24 16 18 19 2125 21 25 28 29 32 33 35 21 25 26 26 29 30 32 16 19 21 22 25 26 27 19 21 23 24 27 19 20 22 24 27 19 20 22 2510 24 28 31 32 36 37 39 24 26 28 29 32 34 36 18 21 24 25 27 29 30 22 24 25 27 31 21 23 25 27 31 21 23 24 2790 14 16 18 19 21 22 23 14 15 16 17 19 20 21 10 12 14 14 16 17 18 13 14 15 16 18 13 14 15 16 18 12 13 14 1675 16 19 21 22 25 26 27 17 18 19 20 22 23 25 12 15 17 17 19 20 21 15 16 18 19 21 15 16 18 19 21 15 16 17 19

95 50 19 23 25 26 29 30 32 19 21 23 24 26 27 29 14 17 19 20 22 23 25 18 19 21 22 25 18 19 21 22 25 17 18 20 2225 22 26 29 30 33 35 37 22 24 26 27 30 31 33 16 20 22 23 26 27 28 20 22 24 25 29 20 22 24 25 29 20 21 23 2610 25 29 32 33 37 39 41 25 27 29 30 33 35 37 18 22 25 26 29 30 32 23 25 26 28 32 23 25 26 28 32 22 24 25 2990 15 17 19 20 22 23 24 15 16 17 18 20 21 22 11 13 15 15 17 18 19 13 14 15 17 19 13 14 15 17 19 13 14 15 1775 17 20 22 23 26 27 28 17 19 20 21 23 24 26 13 15 17 18 20 21 22 16 17 18 20 22 16 17 18 20 22 15 16 18 20

64 50 20 24 26 27 30 32 33 20 22 24 25 28 29 30 15 18 20 21 23 24 25 18 20 22 23 26 18 20 22 23 26 18 19 21 2325 23 27 30 31 35 36 38 23 25 27 29 32 33 35 17 21 23 24 27 28 30 21 23 25 27 30 21 23 25 27 30 21 22 24 2710 26 31 34 35 39 40 43 29 28 31 32 35 37 39 19 23 26 27 30 31 33 24 26 28 30 34 24 26 28 30 34 23 25 27 30

Força Mantida(4)90 6 9 10 10 11 12 15 7 8 9 9 10 11 13 6 7 7 8 8 9 11 6 7 7 8 10 6 6 7 7 9 5 5 5 775 8 12 13 14 15 16 20 9 11 12 12 13 14 18 7 9 10 10 11 12 15 8 9 10 10 14 8 9 9 9 12 7 7 7 10

144 50 10 16 17 18 19 21 25 12 13 15 16 17 18 22 9 11 13 13 14 15 19 11 12 12 13 17 10 11 11 12 16 8 9 9 1225 13 19 21 21 23 25 31 14 16 18 19 21 22 27 11 14 15 16 17 19 23 13 15 15 16 21 12 12 14 14 19 10 11 11 1510 15 22 24 25 27 29 36 16 19 21 22 24 26 32 13 16 18 18 20 22 27 15 17 17 18 25 14 15 16 17 23 12 12 13 1790 6 9 10 10 11 12 14 7 8 9 9 10 10 13 5 6 7 7 8 9 11 6 7 7 7 10 5 6 6 7 9 5 5 5 775 8 12 13 13 15 16 19 9 10 11 12 13 14 17 7 8 10 10 11 12 14 8 9 9 10 13 7 8 9 9 12 6 7 7 9

95 50 10 15 16 17 19 20 25 11 13 15 15 16 18 22 9 11 12 13 14 15 18 10 12 12 13 17 9 11 11 12 15 8 8 9 1225 12 18 20 21 23 24 30 14 16 18 18 20 22 27 11 13 15 15 17 18 22 12 14 15 15 21 11 13 13 14 19 10 10 11 1510 14 21 23 24 26 26 35 16 18 21 21 23 25 31 13 15 17 18 20 21 26 15 16 17 18 24 13 15 16 16 22 12 12 13 1790 5 8 9 9 10 11 13 6 7 8 8 9 10 12 5 6 7 7 7 8 10 6 6 6 7 9 5 6 6 6 8 4 5 5 675 7 11 12 12 13 14 18 8 9 11 11 12 13 16 7 8 9 9 10 11 13 7 8 9 9 12 7 8 8 8 11 6 6 6 9

64 50 9 14 15 16 17 18 23 10 12 13 14 15 16 20 8 10 11 12 13 14 17 9 11 11 12 16 9 10 10 11 14 8 8 8 11

25 11 17 18 19 21 22 27 13 15 16 17 19 20 24 10 12 14 14 16 17 21 11 13 13 14 19 11 12 12 13 17 9 10 10 13

10 13 20 21 22 24 26 32 15 17 19 20 22 23 26 12 14 16 16 18 19 24 13 15 16 16 22 12 14 14 15 20 11 11 12 16

(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Porcentagem de população industrial

(3) A força solicitada para adquirir um objeto em movimento

(4) A força solicitada para manter um objeto em movimento

Alt.Pega (1)

Porc.%(2)

4.4: 4º Passo: Avaliação Ergonômica

4.5: 5º: Análise Ergonômica do Trabalho (AET)

4.6: Ergonomia Cognitiva e Psicologia Organizacional

A atividade de trabalho tem um significado claro para o ergonomista: trata-

se da resposta comportamental da pessoa frente à situação de trabalho para

realizar a sua tarefa.

Ergonomia Cognitiva Falaremos agora de um importante aspecto da Ergonomia Contemporânea

que é a Ergonomia de Cognição, ou seja, o estudo dos aspectos mentais

envolvidos na atividade de trabalho.

Page 102: Apostila Ergonomia Industrial

102

O ergonomista deve conhecer a dimensão cognitiva em uma situação

profissional. O estudo cognitivo se insere numa superação da concepção clássica

que propõem uma divisão entre o trabalho manual e o trabalho mental.

No plano tecnológico os estudos de cognição se explicam pela evolução

das tarefas profissionais. Com o desenvolvimento da automação industrial e

comercial, nos tornamos programadores de alguma coisa, seja no ambiente de

domiciliar ou de trabalho. Esta abundante literatura se originou dos estudos de

aviação militar onde os ergonomistas estavam preocupados em evitar erros dos

pilotos.

Nesse movimento apreende-se a importância dos atos do pensamento do

trabalhador na consecução de suas tarefas.

O grande perigo do campo cognitivo é seu aspecto fortemente abstrato, na

medida que não vemos o pensamento em si. Porém, apresenta como assunto a

mobilização das capacidades mentais do indivíduo na situação de trabalho,

resultado da extensa experiência e vivência pelos operadores.

Portanto, a ciência cognitiva tem como foco estudar a capacidade e os

processos de formação e produção de conhecimento na interface homem-

máquina.

Psicologia Organizacional Em qualquer organização, manter as pessoas trabalhando de forma

eficiente sempre foi um assunto complicado. As pessoas passam a maior parte do

seu tempo vivendo ou trabalhando dentro de organizações. As organizações

necessitam do comprometimento dos seus colaboradores para alcançar as metas

e os objetivos organizacionais traçados pelo planejamento estratégico da

empresa.

Toda organização é formada por pessoas, seres humanos, que se

comunicam, se relacionam, têm sentimentos e emoções. Schein (1985) define

cultura organizacional como sendo um padrão de suposições básicas – inventadas

Page 103: Apostila Ergonomia Industrial

103

ou desenvolvidas pelos membros da empresa para lidar com problemas de

adaptação externa e integração interna.

Para manter as pessoas nas organizações, é necessário que se criem

condições que facilitem um alto nível de rendimento durante toda longo período, é

que também permitam a cada funcionário, o atendimento de algumas de suas

necessidades individuais.

Superar os problemas que ocorrem nas organizações exige a capacidade

de assimilar e comunicar informações de modo confiável e válido e flexibilidade

interna e criatividade para efetuar as mudanças que são impostas pela informação

obtida.

Page 104: Apostila Ergonomia Industrial

104

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

5.Processo

Ergonômico

Corporativo

Page 105: Apostila Ergonomia Industrial

105

5. PROCESSO ERGONÔMICO CORORATIVO

5.1 Implementação e Construção do Plano Global

A busca de soluções verdadeiras e fundamentadas deve partir de uma

lógica mensurável, metodológica e passível de ser implementada nas diversas

realidades existentes; seja no complexo comercial, industrial ou de serviços. A

administração da ergonomia seja no campo projetual, de contenção de correção ou

mesmo na intenção prevencionista, deve ser objeto de uso dos diversos

profissionais que direta ou indiretamente se envolvam com as propostas cuja

implementação altere um sistema qualquer.

A partir do entendimento dos diversos campos do conhecimento humano,

quais estão intrinsecamente ligados ao próprio homem, é fácil supor que nenhuma

profissional poderá dominar perfeitamente a ciência chamada ergonomia. O

trabalho humano se envolve com sérias questões ligadas à psicologia humana, às

dificuldades técnicas ligadas às propostas de engenharia, aos fatores relacionados

à segurança do trabalho ou direcionados à saúde dos colaboradores. O trabalho

humano se relaciona com o meio ambiente, com a motivação, com as dificuldades

estruturais, locais regionais ou ambientais, o trabalho humano visto num prisma

holístico se envolve em todos os instantes com qualquer atividade, ofício, esporte,

informação, sem discriminação de raça, credo situação financeira ou social.

Portanto como poderia um profissional se considerar hábil o suficiente para

dominar tantas tecnologias e conhecimentos.

Diante destas afirmações, sugerimos como ponto de partida para a

inserção do complexo ergonômico na empresa, a formação de um COMITÊ de

ERGONOMIA, composto por profissionais das diversas áreas existentes. A partir da

formação deste comitê será possível discutir um tema sob a luz das diversas

realidades existentes numa grande empresa, assim como os diversos temas que

compõe um problema industrial.

Page 106: Apostila Ergonomia Industrial

106

A natureza do comitê esta inscrita na própria necessidade de discussão em

grupo, sua função será corroborar com discussões construtivas, que

proporcionarão as ações cabíveis em cada caso. Não obstante esta a necessidade

de amparo técnico e informativo, permitindo que assuntos médicos possam ser

entendidos pelos engenheiros, assim como limitações técnicas razoadas pelos

médicos. Não devem ser declinadas quaisquer discussões, mesmo que

aparentemente confidenciais; para que isto ocorra torna-se importante à correta

escolha dos elementos que integrarão o comitê, proporcionando à empresa um

grupo de trabalho maduro e produtivo, que via de regra estará discutindo profundas

alterações no campo técnico administrativo da empresa.

Não basta simplesmente formar um comitê objetivando satisfazer as

cobranças dos sindicatos, ou entidades oficiais; é necessário formar uma equipe

balanceada e voltada para a filosofia que deveria ser a ícone do labor de qualquer

empresa, isto é; aprimorar todo o sistema dos negócios, deste sua concepção, sua

construção até sua utilização.

Nestes três campos de atuação das engenharias podemos encontrar

fortemente as bases elementares da ergonomia. Inserir este complexo ergonômico,

portanto, também refere um trabalho em equipe, equipe formada por profissionais

de diversas áreas, voltados diretamente à necessidade de inserir estas técnicas

ergonômicas diretamente nos sistemas existentes, propondo uma mudança

estrutural de filosofia, onde o objetivo primaz esteja na melhoria entre a relação das

regras humanas com as fortes regras industriais.

Interessante hoje encontrar empresas que pregam a filosofia de satisfação

total do cliente como ponto de partida para a continuidade de seus negócios, mas

não analisam profundamente esta questão, uma vez que um produto somente

poderá satisfazer o cliente quando possui alto grau de qualidade, baixo preço e

rápida entrega. Muito bem! Como podemos produzir com qualidade sem

ergonomia? Será que um operário produz satisfatoriamente em estado de fadiga?

Evidentemente não!

Page 107: Apostila Ergonomia Industrial

107

Os funcionários também são clientes, clientes dos processos métodos

equipamentos e dispositivos escolhidos para a manufatura do produto. Os

engenheiros que elaboram tais sistemas, também são clientes, clientes dos

treinamentos realizados, clientes da vontade política da empresa. Portanto antes de

filosofarmos sobre os clientes dos nossos produtos, devemos dissertar sobre o

primeiro cliente. Isto é nosso próprio funcionário!

À mudança deve ser total, e deve partir do presidente da empresa,

instituindo um clima favorável e terreno fértil para o surgimento e amadurecimento

do complexo ergonômico. Melhorar as condições de trabalho não deve ser

encarado como um sacrifício hediondo, mas um investimento saudável no futuro da

entidade.

Empresas que buscam eliminar as queixas com a implementação imediata

de pausas, ginásticas, treinamentos posturais sem o devido estudo das condições

dos riscos existentes; isto é, sem a implementação de um PLANO GLOBAL, podem

num ponto de vista mais técnico, ocultar ou mascarar não conformidades

importantes, e na maior parte das vezes de fácil resolução e correção.

As ações devem ser frutos de uma análise pormenorizada de todo o

sistema, deve estar ligada ao conjunto de ações necessárias, nunca deve ser

encarada como solução definitiva, isto porque estamos lidando com processos e

sistemas altamente dinâmicos e intrinsecamente ligados às necessidades voláteis

do mercado. Cabe ressaltar que não estamos depreciando ou desmerecendo

qualquer ação ou profissional que milite ou não por estas áreas, estamos afirmando

que qualquer ação deve ser fruto de um estudo fundamentado, e deve fazer parte

de um PLANO GLOBAL completo e elucidativo. Ações administrativas não

eliminam os problemas, apenas reduzem o impacto imposto por uma ou mais

condições inadequadas.

O trabalho ergonômico deve permear as diversas atuações dos diversos

departamentos que compõe o conjunto de uma empresa. Sua penetração deve

Page 108: Apostila Ergonomia Industrial

108

atingir as diversas etapas do desenvolvimento de qualquer projeto, retratando não

somente os aspectos existentes mas também os aspectos passados e futuros.

A idéia de que o início do processo ergonômico dentro de uma empresa se

faz naturalmente devido à tendência mundial em aprimorar os processos produtivos

é um grande engano. Normalmente existe o conhecimento sobre uma ou outra

grande empresa que aplicou ergonomia em seu processo produtivo, mas não

existem informações suficientes sobre como estas implementações foram

realizadas e qual motivo que realmente iniciou tal processo. Para muitos diretores e

gerentes ergonomia não representa uma prioridade, visto que no entender destes

profissionais, estas inovações não passam de melhorias no conforto. Puro engano,

ergonomia hoje é reconhecidamente uma ferramenta fundamental para a melhoria

dos sistemas produtivos.

A banalização da produtividade como único objetivo, levou muitas

empresas a implementarem processos pragmáticos preconizados por consultorias

em gestões de produtividade, estes ideários são baseados freqüentemente em

literaturas fundamentadas por grandes instituições; o risco esta exatamente nos

processos residuais destas gestões, que via de regra não são devidamente

explanados. A redução dos ciclos, a concentração dos esforços, a aproximação dos

movimentos não são abordados durante uma explanação que têm por único

objetivo instituir uma nova ordem produtiva. A empresa contratante posteriormente

percebe que piorou demasiadamente seus processos no ponto de vista

ergonômico, em face do aumento da procura ao ambulatório; relatos

coincidentemente fortes de dores nos braços, dores nas costas ou dores difusas

pelos membros superiores comprovam o impacto da transformação produtiva.

Os médicos do trabalho por sua vez se queixam pelo aumento do número

de reclamantes, os supervisores se queixam pelo aumento do número de

afastamentos promovidos pelo ambulatório, e pela constante queda nos índices de

produtividade, finalmente os gerentes de qualidade se queixam pelo retrocesso dos

índices de qualidade.

Page 109: Apostila Ergonomia Industrial

109

Posteriormente o absenteísmo explode influenciando negativamente todos

os parâmetros mensuráveis existentes no campo produtivo.

Existe a partir deste momento uma busca sutil, que justifique tal

sintomatologia empresarial. Os médicos culpam a produção, principalmente devido

aos relatos dos funcionários que mencionam aumentos da velocidade no fim do

turno, os supervisores culpam os médicos, que segundo suas observações afastam

facilmente os funcionários queixosos. Esta discussão infrutífera, freqüentemente

atrasa o processo ergonômico necessário, visto que nesta “queda de braço”, a

empresa incorre para o início da banalização da ergonomia. Os supervisores se

unem aos engenheiros buscando provas sobre a coerência do processo produtivo,

relatos de funcionários que se ocupam em atividades extra ofício, ou informações

sobre outras empresas que trabalham “mais“ e praticamente não existem

queixas!!!, os médicos se unem aos profissionais das áreas de segurança e RH,

colecionando provas sobre aumentos da velocidade, alterações constantes nos

processos e métodos e relatos importantes sobre injustiças feitas no decorrer do

labor quotidiano.

Ambos se preparam para expor tais informações aos diretores, tentando

convencê-los sobre a inconsistência da informação do outro. O fato é inegável; Os

índices de qualidade, produtividade e absentísmo degradam assustadoramente,

não existe mais como negar uma epidemia dentro da empresa.

Neste momento aparece outro componente diferencial – estamos nos

referindo ao próprio funcionário, que percebendo a guerra inglória entre os seus

supostos superiores hierárquicos, “àqueles que resolveriam seu problema”, buscam

na ajuda de uma entidade externa a solução dos seus problemas. Os sindicatos

percebendo os anseios dos funcionários iniciam uma batalha paralela. Não importa

mais quem têm razão; os médicos ou os supervisores uma vez que a empresa esta

errada! Deixou escapar dos portões da fábrica um assunto facilmente contornável.

Agora para a empresa é imprescindível iniciar algum tipo de ação.

Page 110: Apostila Ergonomia Industrial

110

Construção do PLANO GLOBAL

A proposta metodológica para inserção ponto a ponto dos itens que

julgamos ser essenciais para o pleno domínio da questão denominada

ERGONOMIA, será explanada detalhadamente a fim de abordarmos todos os

segmentos que compõe o PLANO GLOBAL. Este conjunto de ações, fruto do

desenvolvimento prático e teórico adquirido por anos de experiência como

ergonomistas numa grande multinacional, e posteriormente aperfeiçoado em

função das nossas novas atividades como consultores de ergonomia de grandes

empresas situadas no país.

Diversas modificações implementadas no modo de produção desde sua

origem na pré-história até os dias de hoje, evidenciaram uma forte relação do

trabalho com o modo escolhido para a execução desta tarefa. Os processos e

métodos outrora definidos pelos próprios trabalhadores, hoje são instituídos por

departamentos de engenharia que utilizam como ferramenta de análise sistemas

destinados exatamente à eliminação dos chamados “tempos mortos”. Os estudos

de engenharia delimitam praticamente a forma do produto, o método e processo de

produção, assim como o número de pessoas para a montagem do mesmo. Estes

estudos sofrem freqüentes ajustes em função da competição acirrada entre os

diversos segmentos de negócios, ou pelo aparecimento de novas técnicas.

A competição poderá agravar-se em função de outras situações, como

ocorre em alguns produtos específicos, por exemplo; existe uma conhecida e

desigual disputa, reflexo de subsídios importantes ofertados por países

desenvolvidos, ou pelo emprego de mão de obra escrava, ou mesmo pelo trabalho

de presidiários, ambos observados em países subdesenvolvidos.

Preços muito abaixo dos custos de produção dos concorrentes. Esta é a

realidade de muitos segmentos de negócios, na tentativa de igualar os preços,

ocorre uma busca insana por ferramentas que reduzam os custos operacionais. Os

Page 111: Apostila Ergonomia Industrial

111

ciclos são reduzidos, demissões, horas extras e finalmente o simples e antigo

método do aumento das velocidades.

Com a banalização do sistema produtivo ocorre a fertilização do terreno

para o aparecimento dos infortúnios decorrentes das sobrecargas físicas e

cognitivas, somados ao aumento do número de acidentes.

Outro agravante está presente na persistência deste tipo de atitude, e

praticamente sua consagração perante os bastidores das organizações.

Argumentados pelo fato de que muitas empresas conseguiram “vencer” a barreira

dos custos, e pior, viram outras que não seguiram seus passos, anunciarem suas

respectivas inviabilizações.

Não podemos ignorar a realidade - a disputa pela redução dos custos é

tema de diversas e acaloradas discussões, quais não terminarão tão cedo!

Em face destas evidências, não podemos defender em momento algum a

permanência do negócio nos patamares anteriores a década de 90, logo devemos

firmar nossa posição que visa demonstrar a possibilidade de inserção de qualquer

técnica produtiva junto com determinações ergonômicas vigentes, proporcionando

um sistema competitivo e ao mesmo tempo saudável.

Se não houver uma mudança radical na forma irracional que se institui

programas para a redução dos custos por meio da racionalização simples, é

possível prever três tipos de empresas:

1º As que tiveram problemas relacionados aos DORT

2º As que têm problemas relacionados aos DORT

3º E as empresas que terão problemas relacionados aos DORT

Evidentemente que as afirmações possuem afirmações aparentemente

simplistas e severas, entretanto devemos considerar que em decorrência da

Page 112: Apostila Ergonomia Industrial

112

necessidade de sobrevivência, muitas empresas “grandes, médias e pequenas”,

instituirão mais cedo ou mais tarde programas para racionalização dos seus

sistemas sem com isso aplicar um programa ergonômico eficiente.

Para finalizarmos esta introdução sobre a importância da formação de um

comitê, que deverá gerir adequadamente o programa de ergonomia, é conclusivo

afirmar que estamos lidando com uma realidade complexa e altamente dinâmica.

Hora permeando as realidades sociais e cognitivas, hora ingressando nos

contextos técnicos, hora fluindo para os ideários médicos. Exigindo desta forma a

abordagem do tema por profissionais das diversas áreas.

PRIMEIRO ANO

AO – PRÉ LAUDOSugerimos à realização de um pré-laudo antes do início

efetivo dos trabalhos que visam fundamentalmente eliminar os riscos ergonômicos

existentes, assim como preparar os diversos departamentos para uma subseqüente

e nova ideologia voltada à ergonomia de concepção. Gostaríamos de relatar que

também não aplicávamos tal instrumento, mas a falta de conhecimento sobre

detalhes dos sistemas produtivos durante os treinamentos, nos impedia algumas

vezes de razoar perfeitamente sobre determinado problema.

O pré-laudo poderá ser realizado por qualquer ergonomista experimente,

seu objetivo não se resume ao levantamento minucioso das condições

ergonômicas existentes, mas formar uma idéia básica que permita priorizar cada

item do plano em função de suas respectivas importâncias.

O pré-laudo portanto, poderá ser obtido rapidamente, uma vez que a forma

de coletagem dos dados é possível através da verificação visual simples. Como

mencionamos anteriormente um bom ergonomista pode realizar facilmente esta

tarefa em pouco tempo.

A construção do corpo do plano, portanto focará os pontos mais prioritários,

evitando desta forma o remanejo do plano durante sua fase de implementação, ou

Page 113: Apostila Ergonomia Industrial

113

mesmo redundâncias desnecessárias comuns e dispendiosas, oriundas do mal

planejamento.

Uma empresa automobilística, por exemplo, que queira iniciar um plano

avançado a fim de aprimorar a linguagem ergonômica entre seus diversos

departamentos, e paralelamente iniciar um plano para a inserção da ergonomia de

concepção em suas diversas áreas de engenharia, deverá primeiramente pré-

avaliar todo o complexo fabril através do pré-laudo, a fim de ajustar o PLANO.

A forma tradicional para definir a priorização de fatores não conformes é

decorrente principalmente do próprio ponto de vista da empresa, oriundo de suas

experiências e treinamentos anteriores, ou mesmo da forma que alguns

profissionais formadores de opinião entendem o conteúdo do complexo, desta

maneira outra grande vantagem para a inserção do pré-laudo antes do início da

elaboração do PLANO, esta exatamente na possibilidade de evidenciar os pontos

mais falhos da empresa, quais poderão “encorpar” a elaboração final do PLANO.

Não devemos confundir, “pré-laudo com apresentação da área”.

Examinemos agora a diferença entre estas duas condições, para que o simples

passeio pela área não se transforme numa verificação produtiva em busca dos

pontos falhos.

Quando uma empresa contrata os serviços de um profissional de

ergonomia, ocorrem normalmente uma série de eventos que antecedem o início

dos trabalhos propriamente ditos; são negociações normais que visam solucionar

dúvidas sobre o conteúdo do treinamento, apresentação das ferramentas que

deverão ser utilizadas para análise posterior, custos de cada evento etc. O

profissional de ergonomia necessitará percorrer rapidamente os locais produtivos,

sem com isso caracterizar um pré-laudo; seu objetivo neste momento é conhecer a

empresa, definir rapidamente qual o tipo de manuseio predominante, ciclos e

complexidade do processo.

Page 114: Apostila Ergonomia Industrial

114

Finalmente o início do pré-laudo é iniciado através do estudo rápido dos

postos operacionais. Cada verificação não deverá ultrapassar 5 minutos; a

elaboração do relatório ocupará aproximadamente 20 minutos.

O relatório final deverá propor ações rápidas, expor as condições mais

severas, identificar posturas inadequadas e vícios posturais. Sua constituição

simples, descritiva, isenta de cálculos ou estudos mais precisos permitira formar

uma idéia aproximada da real situação. A escolha de um bom profissional para a

elaboração desta atividade é crucial, uma vez que as diversas conclusões não se

originam de planilhas ou ferramentas, mas da pura observação e experiência do

consultor.

A forma de condução da operação poderá se tornar improdutiva quando o

profissional de ergonomia for direcionado aos locais que a empresa julga

prioritários. A questão é exatamente esta; como é possível uma empresa não

expert no assunto, direcionar um profissional gabaritado, a fim de expor seus

maiores problemas? Não estamos recriminando a empresa, mas sim a forma de

condução, visto que, para um profissional de consultoria, mesmo com anos de

experiência, se torna impossível conhecer todo o complexo visitando somente

poucas áreas ou em função das deliberações.

Por outro lado, ao invés de se deixar levar pelo colaborador da empresa

aos locais de risco, o consultor se comportar como um investigador, auditando

rapidamente todos os locais será possível confrontar suas observações com os

relatos da própria empresa, será possível desta forma construir um mapa

praticamente irrefutável, cujo descritivo compare (queixas x observações). Desta

forma haverá possibilidade mesmo antes do inicio dos treinamentos, de iniciar

intervenções importantes, visto que a constatação do risco indicada pelo consultor

em consonância com queixas anteriores comprovadas pelos médicos.

A ergonomia é um assunto extremamente vasto e complexo, principalmente

no que se refere à realidade produtiva e industrial. Os grupos musculares utilizados

Page 115: Apostila Ergonomia Industrial

115

para as diversas operações de montagem de um caminhão, evidentemente diferem

dos utilizados na montagem de um celular ,por exemplo; isto que dizer que para o

treinamento das equipes destas duas empresas não é possível utilizar os mesmos

enfoques - sem com isso declinar das bases ergonômicas que abordam os temas

não predominantes àquelas empresas, uma vez que a montagem de celulares

possui uma área específica de montagem de racks pesados e grandes, enquanto

fábricas de caminhões possuem áreas para a montagem dos sistemas eletrônicos

pequenos e sensíveis.

Quais perguntas o ergonomista deve formular para a realização do pré-

laudo numa empresa?

* Para o médico:

- Existem casos novos?

- Existe alguma área reincidente?

- Existem funcionários afastados? Quantos?

- Existem funcionários reabilitados? Quantos?

- Em quais áreas eles estão localizados?

- Existiu um período definido, em que se iniciou ou agravou-se este

processo?

* Para os engenheiros:

- Existe estudo de cronoanálise realizado?

- Existe algum tipo de estudo que leve em consideração o biótipo dos

funcionários para o desenvolvimento dos postos, ou compra de equipamentos ou

produtos?

Page 116: Apostila Ergonomia Industrial

116

- A relação produção x número de operadores sofre algum tipo de estudo

em função das mudanças de volume?

- A empresa utiliza tabelas antropométricas, ou estudos realizados em

populações de outros países para o desenvolvimento dos sistemas operacionais?

- Integrantes da produção possuem a autoridade para alterar processos ou

métodos definidos, se assim julgarem conveniente?

- Existe algum tipo de livro de evidências, que denote as alterações

realizadas nos últimos anos?

- Os engenheiros costumam auditar o processo, a fim de verificar falhas ou

distorções?

* Para os Supervisores de Produção

- A forma de abordagem feita pelos superiores aos seus subordinados, em

seu parecer é:

amigável;

impessoal;

ríspida;

grosseira;

- Qual a forma utilizada para eliminar a sobra oriunda do atraso de

produção no decorrer do dia de trabalho?

aumento simples da velocidade da esteira;

aumento da velocidade da esteira com o proporcional acréscimo do número

de operadores;

Page 117: Apostila Ergonomia Industrial

117

colocação de mais peças nos espaços;

alterar os horários de paradas “lanche, almoço e banheiro” para eliminar o

banco;

- Qual procedimento é tomado a fim de evitar atrasos, quando um operador

falta ou se ausenta temporariamente do posto?

substituição do mesmo por reservas previamente treinadas;

distribuição de suas tarefas para os outros operadores;

redução proporcional da velocidade;

- As horas extras, variações de velocidades, alterações de volumes nos

últimos dias do mês. ocorrem com qual freqüência?

nunca ocorrem

algumas vezes

freqüentemente

Estas perguntas devidamente respondidas somadas ao pré-laudo realizado

anteriormente permitirá ao ergonomista formar uma idéia muito clara da situação

real e administrativa da empresa; perceber quais os departamentos menos

preparados e quais as ações mais urgentes, permitindo desta forma delinear

perfeitamente o PLANO GLOBAL necessário para sanear completamente as não

conformidades. Ao mesmo tempo deverá entregar aos responsáveis ações de fácil

e rápida implementação obtidas durante as verificações proveitosas.

No ponto de vista médico existe grande motivação para a implementação

do questionário em face dos evidentes apontamentos e relatos. Estes relatos

auxiliam a conclusão do “nexo”, e contribuem para a documentação proveitosa

Page 118: Apostila Ergonomia Industrial

118

relativa à linearidade necessária de informações que caracterizam um processo

verdadeiro.

Entretanto o ponto mais atrativo em decorrência da elaboração do

questionário é certamente o controle estatístico dos diversos quesitos relatados. O

local mais afetado, o percentual de queixas por segmento, a descrição do nível do

desconforto, a freqüência e finalmente a evolução durante a jornada, demonstram a

influência direta do labor no agravamento deste desconforto permitindo razoar

perfeitamente sobre o impacto físico ou cognitivo impetrado.

O relato dos usuários se faz necessário uma vez que parte importante das

não conformidades descreve componentes não dimensionais, ou fatores lesivos

ligados ao plano doméstico ou do lazer. Estes componentes apesar de não ligados

ao labor, acabam influindo diretamente no desenvolvimento da tarefa através de

dores e desconfortos, ou mesmo o recorrente agravamento da lesão; isto mesmo.

É positivo razoar sobre a possibilidade do agravamento da lesão em função da

própria execução da tarefa, uma vez que movimentos similares aos agressores

originais podem contribuir para o agravamento da lesão, desta forma os meios

convencionais de análise somente indicarão o risco ergonômico presente no local

de trabalho, evidenciando exigências biomecânicas e outros fatores presente

durante a execução da tarefa, em contrapartida não buscarão na palavra do

usuário fatores que também podem influir na carga física e cognitiva. Portanto será

possível encontrar funcionários relatando fortes e freqüentes dores, quais evoluem

no decorrer do labor, mas no ponto de vista técnico não procedem uma vez que

operam equipamentos leves e tranqüilos.Desta forma devemos buscar nas tarefas

extra ofícios, respostas para estas questões.

5.2 Livro de Evidência

Novas metodologias e materias de estudos tem sido desenvolvidos para o

melhor entendimento de todos sobre o Processo Ergonômico.

Page 119: Apostila Ergonomia Industrial

119

O Processo Ergonômico do Trabalho apropriado para ás pessoas pode ser

um objetivo conjuntamente compartilhado pelos trabalhadores e as pessoas do

departamento administrativo.

A implantação apropriada do processo ergonômico pode ajudar as

companhias a conseguir e fornecer um ambiente de trabalho com grande

segurança, produtividade e gualidade no produto.

O livro de Evidência é dividido em 3 capítulos:

1º O processo Ergonômico – Uma breve história

2º Por que Documentar?

3º Como Documentar?

Capítulo 1) O processo Ergonômico – Uma breve história

O Processo Ergonômico constistirá de 3 etapas importantíssimas:

1) Início da Implementação do Processo: será composto por 5 passos

1. Fixar o compromisso da liderança;

2. Selecionar os membros do Comitê Ergonômico Local;

3. Treinar o Comitê;

4. Desenvolver estratégias da missão ergonômica;

5. Desenvolver processo para o grupo de trabalho.

2) O Ciclo de Melhoria do Trabalho: a 2ª etapa é o desenvolver o Ciclo de

Melhoria do Trabalho, seguindo 6 passos principais:

1. Identificar os trabalhos prioritários;

2. Avaliar sobrecargas do trabalho;

3. Desenvolver soluções;

4. Implementar soluções;

Page 120: Apostila Ergonomia Industrial

120

5. Documentar projetos;

6. Acompanhar os projetos realizados.

3) A 3ª etapa consistirá em desenvolver objetivos á longo prazo. O

sucesso das implementações das soluções faz-se necessário á busca de

estratégias á longo prazo, como os treinamentos especializados e avançados, a

comunicação ergonômica, a revisão do processo instalado, entre outros.

Capítulo 2) Por que Documentar?

Documentar significa coletar, organizar, e armazenar os registros escritos

do início até o fim do projeto.

Sem uma documentação apropriada e organizada, a eficiência do processo

do projeto possa ser que não ocorrá.

Existem pelo menos 8 boas razões para organizar a documentação do

processo ergonômico:

1) Assegurar projetos que prosseguem organizados: A boa prática de

documentar tem mostrato um grande impacto dentro do dia-a-dia do

funcionamento do grupo ergonômico local, pois ajuda os membros a organizar

todos os recursos e projetos que devem ser prioritários, e reorganizar os

desenvolvidos.

2) Desenvolver fatores para justificar a melhoria ergonômica: Um dos

fatores utilizados são os indicadores, que envolvem desde o acompanhamento do

procedimento médico até os esforços operacionais.

3) Construir uma história de sucesso: Um dos objetivos á longo prazo para

se conseguir sucesso no projeto é a Comunicação Ergonômica de toda a

Companhia.

4) Formar uma biblioteca de informação dos projetos futuros com atributos

similares:

Page 121: Apostila Ergonomia Industrial

121

A documentação efetiva ajuda o Comitê interno a trilhar soluções

ergonômicas para projetos futuros, ou mesmo reprojetos das soluções já

implementadas. Quando a documentação encontra-se organizada facilita toda a

busca das informações colhidas, otimizando tempo e energia para possíveis

mudanças.

Uma boa biblioteca de informações também benificía quando por algum

motivo o ciclo de melhoria tem que ser interrompido.

5) Apontar problemas no trabalho ou na operação: Um boa documentaçaõ

registrada e organizada permite ao Comitê focar esforços nos trabalhos de

prioridades, começando pela causa da raíz dos problema.

6) Esforços proativos ergonômicos: Quando os problemas foram

solucionados, as informações documentadas podem ser utilizadas proativamente

para a criação de estações de trabalho.

7) Monitorar continuamente e valiar as gualidades e sucesso do processo

ergonômico.

8) Encontrar regulamentos dos requerimentos (exemplo, OSHA).

Capítulo 3) Como Documentar?

Criar e manter organizada toda a documentação requer cooperação e

esforço de todo time ergonômico envolvido. O comitê tem responsabilidade

primária desta ação.

O Livro de Evidência está organizado com 3 partes em relação ao processo

de documentação:

1) Documentando o Time.

Page 122: Apostila Ergonomia Industrial

122

2) Documentando o Comprometimento (Ações).

3) Documentando o Projeto.

5.3 Guia do Ciclo de Melhoria do Trabalho

O Guia Técnico do Processo Ergonômico e a Melhoria do Trabalho

Este é o primeiro livro que se dirige ás necessidades e interesses de

pessoas não especializadas. Este livro foi projetado para pessoas como você

mesmo, que têm muito conhecimento e experiência, mas que não é um

especialista em ergonomia.

O que você tem á sua frente é uma referência completa, para uma

abordagem prática, objetiva para a tarefa de identificar, analisar e corrigir

trabalhos que possam estar mal projetados sob o ponto de vista ergonômico.

O Guia Técnico é uma parte do Adequando-se os Trabalhos ás pessoas:

um pacote com um Processo Ergonômico, que inclui:

• O Guia de Implementação: informações essenciais sobre o

processo ergonômico, e orientações para o início deste

processo em sua fábrica.

• Videotapes com o Comprometimento das Lideranças:

complementa o Guia de implantação, é projetado para

orientar os membros da Comissão local de Ergonomia.

• O Videotape de Conscientização: suplementa o Guia técnico.

Inclui demonstração de como analisar os trabalhos

Page 123: Apostila Ergonomia Industrial

123

focalizando problemas ergonômicos e exemplos de como

implementar princípios ergonômicos em sua fábrica.

• Um curso recomendado para Treinamento da Comissão

Local de Ergonomia: oferece introdução abrangente ás

técnicas e princípios básicos de Ergonomia para a

identificação, análise e correção dos problemas do trabalho.

1. O que é Ergonomia ?

2. O Processo Ergonômico e Você

3. Como Usar Este Livro

O restante da Introdução é divida em 3 partes:

Parte 1: O que é Ergonomia? Porque nós precisamos dela

e o que ela pode fazer em nossas fábricas.

Parte 2: O Processo Ergonômico e Você: Um estudo de

algumas das características chaves do Processo Ergonômico

e sua participação nele.

Parte 3: Como Utilizar este Livro: O que há neste livro,

como ele está organizado, recomendações de como

usá-lo para fazer ergonomia funcionar na sua fábrica.

Page 124: Apostila Ergonomia Industrial

124

O Guia Técnico do Processo Ergonômico

O livro que você acabou de abrir é uma referência completa, para uma

abordagem prática, objetiva para a tarefa de identificar, analisar e corrigir

trabalhos mal projetados sob o ponto de vista ergonômico.

As pessoas sem formação científica ou de engenharia, podem ser treinadas

para aplicar princípios ergonômicos básicos com o objetivo de melhorar os

trabalhos significativamente.

Para que tudo possa ficar claro dividiremos a introdução em 3 partes:

1) O que é Ergonomia?

2) O Processo Ergonômico e Você.

3) Como Usar Este Livro.

O que é Ergonomia?

Ergonomia quer dizer adequar os trabalhos ás pessoas. Alguns trabalhos

ultrapassam as limitações humanas, resultando em cansaço, dores e / ou

limitações de movimento. Para tentar minimizar ou solucionar estes problemas

entende-se por Ergonomia.

O processo ergonômico hle dará a oportunidade de ajudar a resolver

problemas em sua fábrica, mas antes é necessário entender as respostas para

seis questões chaves:

1. O que pode acontecer quando um trabalho está mal projetado?

2. Quais são os efeitos destas condições?

3. Como que os trabalhadores respondem a um projeto de trabalho mal

elaborado?

4. Como a ergonomia soluciona estes problemas?

5. Quais são os benefícios da Ergonomia?

6. Se a ergonomia é tão benéfica, porque ela não foi ou não está sendo

usada mais freqüentemente, em mais lugares até o presente momento?

Page 125: Apostila Ergonomia Industrial

125

O Processo Ergonômico e Você

Você é uma parte importante para o processo ergonômico.

Se você é um membro do Comitê local de Ergonomia, ou se você está

trabalhando com esta comissão para melhoria dos trabalhos em sua fábrica, você

pode contribuir significantemente para o sucesso dos esforços locais e dos

esforços ao longo de toda a organização.

Como Usar Este Livro

As partes principais do Guia serão divididas em sete capítulos. Sendo que:

Capítulo 1: serão discutidos os Efeitos de um Projeto Mal Elaborado,

que oferece a base que você precisa, antes de começar melhorar os

trabalhos em sua fábrica.

Capítulos 2 ao 7: irão levá-lo a percorrer os seis passos do ciclo de me-

lhoria do trabalho.

O Ciclo de Melhoria do Trabalho ilustra como cada novo trabalho cria, com

base na experiência e resultado dos trabalhos anteriores.

O Guia Técnico do Processo Ergonômico foi projetado para oferecer um

conhecimento básico dos princípios de Ergonomia e técnicas em combinação com

o treinamento formal. Deve ser utilizado como um livro de consulta.

Será apresentada recomendações de como usar este livro como manual de

instrução para adquirir um conhecimento básico de Ergonomia.

Parte 1: O que é Ergonomia?

Ergonomia quer dizer adequar os trabalhos ás pessoas, de modo que as

pessoas possam beneficiar-se do melhor modo possível de um ambiente sadio,

positivo e seguro. Alguns trabalhos não fazem concessões as imitações humanas,

Page 126: Apostila Ergonomia Industrial

126

resultando em cansaço em demasia no final do dia, dificultando o relacionamento

social e familiar.

Existem algumas coisas que podemos fazer com relação a estes

problemas. É isto que se entende por Ergonomia

O processo ergonômico lhe dará a oportunidade de ajudar a resolver

problemas em sua fábrica, mas antes para isso é necessário entender as

respostas para 6 questões chaves:

1. O que pode acontecer quando um trabalho não está

projetado para se adequar ao trabalhador?

O problema começa com um projeto mal elaborado. Em termos

ergonômicos o projeto mal elaborado do trabalho quer dizer que há expectativa

com relação ao elemento humano no global do sistema. Quando os limites do

corpo são desprezados, pode-se chegar á distração, erros, acidentes e problemas

de saúde de longa duração.

Alguns movimentos devem ser evitados, como:

� Flexionar o tronco sobre a sua bancada de trabalho

durante todo o dia;

� Esticar-se para o alcance ou pega;

� Erguer caixas ou sacos volumosos;

� Trabalhar com os braços acima da linha da sua

cabeça;

� Esforça-se para ler uma letra miúda;

� Esforça-se para escutar em uma área com muito

barulho.

Page 127: Apostila Ergonomia Industrial

127

2. Quais são os efeitos destas condições?

Condições de trabalho como estas, atingem o trabalhador. Os efeitos

imediatos, ou em curto prazo, podem ser:

• O desconforto

• A fadiga

• A sobrecarga visual

• Dores

• Sobrecarga mental

Quando os trabalhadores estão cansados, desconfortáveis ou com

dores, o senso comum nos diz que existe uma maior probabilidade de erros e

acidentes durante o trabalho.

Em longo prazo, tais condições podem causar lesões mais sérias,

podendo levar até a invalidez. Podemos exemplificar as lesões como: síndrome do

túnel do carpo, lombalgias, tendinites, dedo em gatilho, entre outras.

Você provavelmente conhece pessoas que estão afastadas do serviço ou

com incapacidade para executar seus trabalhos por causa de problemas como

estes.

3. Como que os trabalhadores respondem a um projeto

de trabalho mal elaborado?

As pessoas lidam de maneiras diferentes com relação á dor, ao

desconforto, á fadiga e á inconveniência causadas por um projeto mal elaborado.

Os seguintes tipos de respostas são possíveis:

• Absenteísmo: as pessoas podem ser forçadas a se

ausentar para conseguir algum alívio.

Page 128: Apostila Ergonomia Industrial

128

• Rodízios: as pessoas podem ser forçadas a mudar de

trabalho dentro da fábrica, ou a abandonar o seu

trabalho.

1. O que é Ergonomia ?

2. O Processo Ergonômico e Você

3. Como Usar Este Livro

• Reclamações: as pessoas podem reclamar de seus

trabalhos junto a colegas, supervisores ou

representantes dos empregados.

• Desempenho inadequado: as pessoas, quando

apresentam desconforto enquanto trabalham, em

geral não conseguem produzir no mesmo ritmo ou no

melhor ritmo possível.

Um projeto mal elaborado pode causar sofrimento tanto para o

trabalhador afetado como para os seus familiares.

Eventualmente, estas respostas humanas normais e

compreensíveis afetarão toda a operação, podendo resultar em:

- maior chance de acidentes / incidentes;

- problemas de produção;

- queda da qualidade;

- maior taxas de erros;

- maior taxa de sucateamento;

Page 129: Apostila Ergonomia Industrial

129

Em resumo, todos perdem quando o projeto de trabalho é mal elaborado -

trabalhadores, suas famílias e toda a operação. Entre os possíveis tipos de perda

podemos incluir:

Portanto, o projeto mal elaborado pode apresentar como resultado 5

conseqüências possíveis:

1. Perda econômica para os trabalhadores afetados e

suas famílias.

2. Perda da Qualidade de vida do trabalhador.

3. Perda da capacidade do trabalhador de conseguir

renda.

4. Perda operacional com relação à eficiência,

conhecimento, experiência dos trabalhadores

lesionados que não podem continuar em seus

trabalhos.

4. Como a ergonomia soluciona estes problemas?

• Trabalhos já existentes: A ergonomia utiliza

conhecimentos de muitas ciências diferentes para

analisar a interação entre o trabalhador e o ambiente

de trabalho. Nós usamos a Ergonomia para identificar

quais elementos do ambiente de trabalho afetam

negativamente o trabalhador e para identificar as

exigências do trabalho.

Esses elementos negativos e as exigências excessivas são

chamados de:

Page 130: Apostila Ergonomia Industrial

130

A. Sobrecargas do trabalho: para reduzir estas

sobrecargas, são necessárias modificações no

método de trabalho, os locais de trabalho ou as

ferramentas. É isto que chamamos adaptação

do trabalho às pessoas.

B. Novos Trabalhos: O melhor modo de se

proteger os trabalhadores é projetar o trabalho

desde o seu início, de modo que ele se adapte

ou se ajuste aos limites humanos.

O ideal é que ambas as atividades, correção de trabalhos já existentes ou

o projeto de novos trabalhos, segundo os princípios ergonômicos, devem

acontecer durante todo o tempo em toda a fábrica.

1. O que é Ergonomia ?

2. O Processo Ergonômico e Você

3. Como Usar Este Livro

5. Quais são os benefícios da Ergonomia?

Um Processo Ergonômico de sucesso apresentará como resultado muitos

benefícios pessoais e operacionais. Entre eles são:

• Saúde e Segurança

- Reduções de lesões e doenças ocupacionais;

- Reduções de acidentes / incidentes durante o

trabalho;

• Qualidade de vida no trabalho

Page 131: Apostila Ergonomia Industrial

131

- Melhoria da auto-estima e motivação do

empregado em relação ao trabalho;

• Benefícios Operacionais

- Redução do Custo com assistência médica;

- Melhoria da qualidade do produto;

- Redução da taxa de absenteísmo.

6. Se a ergonomia é tão benéfica, por que ela não foi

usada ou não está sendo usada mais freqüentemente,

em mais lugares até o presente momento?

Existem muitas razões para essas questões, basicamente estas razões

estão relacionadas a quatro barreiras que você pode conhecer e saber como lidar

com elas.

1. Existência de pouco conhecimento geral sobre ergonomia:

A ergonomia não é uma ciência nova, porém poucas

pessoas estavam capacitadas para aplicá-la. Por muito

tempo a maioria das pessoas não sabiam que as

limitações e as capacidades humanas estavam sendo

desprezadas no projeto de um trabalho, ou se elas

sabiam, elas aceitaram que muitos trabalhos são

realmente difíceis; ou que elas não sabiam o que fazer.

2. Ausência de conhecimento específico sobre o trabalho: As

pessoas que projetam o trabalho, em geral, estão muito

distantes do ambiente real das operações e não sabem

qual problema o operador pode estar tendo. Muitos

trabalhadores não sabem que os seus trabalhos podem

Page 132: Apostila Ergonomia Industrial

132

ser as causas principais das suas contínuas dores e de

outros problemas físicos.

3. Ausência de comunicação entre as pessoas e as unidades

organizacionais responsáveis pelo projeto de trabalho: O

projeto de trabalho é um processo complexo que envolve

muitas unidades organizacionais. A comunicação sobre a

ergonomia, em geral, é mal feita, especialmente quando a

ergonomia não é prioridade de todas as unidades.

4. O conflito de metas entre as unidades organizacionais:

Em qualquer organização, cada unidade tem seus

próprios interesses e metas, os quais podem estar em

conflito com as demais unidades. A menos que os setores

tenham um interesse em comum em promover

Ergonomia.

Um processo ergonômico auxiliará a vencer as barreiras de comunicação

e conhecimento, mostrando como se formar um Comitê Local de Ergonomia,

como instruir o Comitê para se desenvolver e implantar melhorias ergonômicas. O

Guia de Implantação, incluído neste trabalho, oferece orientações para se fazer o

processo ergonômico ter sucesso em sua fábrica.

Page 133: Apostila Ergonomia Industrial

133

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

6.Antropometria

Page 134: Apostila Ergonomia Industrial

134

6. ANTROPOMETRIA

6.1 Estudo Antropométrico

A palavra antropometria pode ser dividida em suas duas partes: Antro =

homem, ser humano e Metria = medição, processo ou técnica de mensuração.

Portanto, o Estudo antropométrico, é a técnica que visa a obtenção de medidas

do corpo ou partes do corpo, através de uma leitura de parte, ou toda a população

de um determinado local. A aplicação desta técnica é muito abrangente, servindo

como base para o desenvolvimento de praticamente todos os utensílios

manuseados ou utilizados pelo ser humano.

Sua aplicação pode abranger o dimensional dos pés de uma determinada

população para a confecção de sapatos, ou o estudo pormenorizado de poucos

indivíduos para a confecção interna da cabine do ônibus espacial por exemplo.

Como podemos observar o estudo antropométrico é certamente um dos quesitos

básicos para o desenvolvimento de um produto, sistema ou processo. O estudo da

população envolvida oferece ao projetista os dados necessários para o

desenvolvimento conceitual, ou mesmo para a correção de uma determinada

tarefa.

A obtenção das medidas corporais é possível, graças a alguns

equipamentos existentes no mercado. -Escala Antropométrica - Cadeira

Antropométrica - Antropomêtro - Softwares, ou em alguns casos por programas de

computador. Neste último caso, os dados são fornecidos por estudos pré-

existentes, feitos por grandes entidades “normalmente internacionais”, estes

programas são concebidos de forma que, a obtenção de todos os dados se

viabilize através da inserção de um só dado de parte do corpo. Portanto o

programa permite por analogia que os outros dados faltantes sejam deduzidos em

função do dado fornecido, assim quando é inserido, por exemplo 177cm de altura,

o programa entende que todos as outras características corporais de um indivíduo

de 177cm devam ser apresentadas. Desta forma o usuário do programa recebe

Page 135: Apostila Ergonomia Industrial

135

todos os dados corporais de um indivíduo de 177cm, inserindo somente uma

informação. Aparentemente o programa é perfeito, entretanto devemos ressaltar

que existem diferenças importantes entre a população que originou os dados

imputados, em comparação à nossa população por exemplo.

A utilização do estudo antropométrico nos possibilita ingressar em outra

etapa importante para o desenvolvimento do projeto, estamos nos referindo à

possibilidade de levantarmos a CURVA DE GAUSS. Esta curva em forma de U

invertido representa à distribuição que uma determinada amostragem possui num

determinado momento. Esta distribuição possui esta forma devido à tendência de

centralização das medidas ou valores em torno de um ponto médio. Desta forma é

possível por analogia ingressar nos dados que mais nos interessam, uma vez que

é possível coletar um número específico, parte de um valor, uma faixa ou qualquer

parte da amostragem para o desenvolvimento de uma proposta qualquer.

A coletagem dos dados representa 100% da população existente,

entretanto, não é sempre viável desenvolver uma proposta para 100% da

população em decorrência da inviabilidade operacional, ou mesmo em função do

aumento exponencial dos custos que esta atitude ocasionaria. Muitos especialista

indicam um range de 90%, isto é; haverá um corte dos 5% nos extremos superior

e inferior da curva, embora outros autores mencionem 95% do range. Quanto

maior for o range escolhido, maior será a dificuldade de adequações e

conseqüentemente maior o custo operacional, em contrapartida maior será o

número de beneficiados.

Se faz necessário também considerarmos neste momento outro fenômeno

importante. - A existência de uma tipologia diferenciada de indivíduos em função

da região, etnia, condição social, colonização etc. Este fato incontestável

observado em muitas partes do mundo, se evidencia com maior profundidade aqui

no Brasil, a ponto de não conseguirmos identificar claramente qual é o “tipo

brasileiro” característico.

Em geral as populações das empresas brasileiras também oferecem

divergências corporais significativas em decorrência do fato mencionado acima,

Page 136: Apostila Ergonomia Industrial

136

não possibilitando desta forma que o estudo de uma empresa, signifique a

adequação ideal para outra. Devemos entender estes preceitos, e abrir nossas

mentes para uma realidade indiscutível quanto à diversidade corporal existente,

oriunda principalmente de colonizações totalmente variadas.

O estudo antropométrico é uma ferramenta necessária para a definição do

projeto, correção dimensional, verificação estática, e contrariamente ao que muitos

pensam, responsável direta por parte importante da dinâmica dos movimentos.

Caso o dimensional de um posto de trabalho estiver mal elaborado,

certamente o operador realizará posturas inadequadas. Este fato pode ser

facilmente observado em postos cujos pontos de trabalho estão muito altos,

obrigando o operador abduzir os ombros, ou flexionar os punhos, em contrapartida

quando o ponto de trabalho estiver abaixo do recomendado, haverá flexão do

tronco.

Curva de Gauss – Forma para Obtenção

Forma matemática para obtenção da curva de Gauss. “Exemplo”

Xi Fi

157 1

160 3

162 3

165 8

167 15

170 29

172 34

175 19

178 9

180 7

182 3

184 2

186 1

134 TOTAL

Cálculo da Média: X » Média

X=(1x157)+(3x160)+(3x162)+(8x165)+(15x167)+(29x170)+(34x172)+(19x175)+(9x178)+(7x180)+(3x2)+(2x1

84)+(1x186)

134

Page 137: Apostila Ergonomia Industrial

137

_ _

X = 23013 X = 171.74

134

Cálculo para obtenção dos 5 e 95%

Total 134

5% = 134 x 5 = 6.7

100

95% = 134 x 95 = 127 ( 127 - 134 = 6.7 )

100

Page 138: Apostila Ergonomia Industrial

138

M 26

M 19

M 00 M 02

M1

M0

M0

M1

M 01

M 25

M 05

M1

M1

6.2 Distribuição e Medidas Antropométricas 6.2.1 Posição Sentada

M00 Distância entre o cotovelo e piso – digitação M01 Distância entre o tampo da mesa e piso – escrito M02 Altura recomendada para o assento M03 Limite do alcance normal M04 Espaço mínimo sob a mesa para encaixe das pernas M05 Distância entre o tampo da mesa e a linha dos olhos M13 Largura da mão M14 Comprimento da mão M17 Distância ótima para pega em preensão M18 Largura da coxa M19 Espaço entre assento e parte inferior do tampo M25 Distância entre o topo da cabeça e base da cadeira M26 Comprimento do braço

� Vãos: projetar tendo em vista a pessoa com corpo com maiores dimensões. − Exemplo: Vãos de portas devem ser adequados a homens

corpulentos. � Alcances: projetar tendo em vista a pessoa de menores dimensões.

− Exemplo: O alcance à frente deve ser adequado a mulheres miúdas.

Page 139: Apostila Ergonomia Industrial

139

� Adaptabilidade: projetar de modo que o empregado possa ajustar a estação de trabalho ou equipamento para corresponder às suas características físicas.

� Se possível, não projetar para a média da população: − Ao se projetar para a média da população, faz-se a maior

exclusão possível. − Não existe tal coisa como “pessoa média”, pois “ao projetar

considerando a média, se exclui a maior parte da população.” Aplicação de dados antropométricos

− Selecione medições que tenham relação direta com as dimensões definidas no projeto

− Determine o princípio de projeto (alcance x vão) aplicável a cada medição.

− Para assegurar a compatibilidade de todos os valores selecionados de um projeto, combine-os em um desenho, maquete ou modelo de computador.

− Para se ter diferentes partes do corpo na postura ideal, pode ser necessário adotar soluções de meio termo. Cada pessoa é diferente de todas as demais.

Altura na posição sentado

� Distância vertical da superfície do assento ao topo da cabeça, com a pessoa sentada ereta, olhando diretamente para frente, e tendo os joelhos em ângulo reto.

� Útil para se determinar o espaço livre para a cabeça, quanto sentado, em espaço confinado ou entre divisórias.

� Medição do espaço livre. Deverá ser suficiente para a pessoa de maior tamanho. Espaço mínimo para as pernas (sentado)

� Distância vertical do assento à parte superior da coxa em sua máxima altura vertical, medida com a pessoa sentada ereta e com os joelhos em ângulo reto.

� Útil na determinação do espaço livre para a cabeça, quando uma pessoa está sentada em espaço confinado ou entre divisórias.

� Essencial para se estabelecer as dimensões embaixo de uma superfície de trabalho, de tal modo que seja previsto espaço adequado entre a parte superior da coxa e a parte inferior da superfície de trabalho.

Page 140: Apostila Ergonomia Industrial

140

� Auxilia na determinação da altura de assentos. � Medição do espaço livre. Deverá ser suficiente para a pessoa de maior

tamanho.

Altura dos joelhos

� Distância vertical medida do chão ao ponto mais alto da coxa, com a pessoa sentada ereta e tendo os joelhos em ângulo reto.

� Útil para se determinar o vão necessário entre os joelhos e a parte inferior da superfície de trabalho, quando sentado.

� Medição do espaço livre. Deverá ser suficiente para a pessoa de maior tamanho.

Altura poplítea (sentado)

� Distância vertical do chão à parte inferior da coxa, estando a pessoa sentada ereta, com os joelhos em ângulo reto e tendo os pés no chão.

� Útil na determinação de altura de superfícies de trabalho e faixas de alturas de assentos para fins de ajuste.

Page 141: Apostila Ergonomia Industrial

141

� É desejável que haja ajuste de altura para atender diferentes percentis.

Distância nádega-panturrilha

� Distância horizontal do plano do ponto de trás das nádegas à parte de trás da perna na altura do joelho, medida com o sujeito sentado ereto e com os joelhos em ângulo reto.

� Útil para se determinar o comprimento do assento. Deverão ser considerados o ângulo do assento e a inclinação da sua extremidade dianteira.

� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis.

Altura do apoio de cotovelo (sentado)

Page 142: Apostila Ergonomia Industrial

142

� Distância vertical da superfície de assento à parte inferior do cotovelo direito, medida com o sujeito sentado ereto e com o braço direito vertical ao lado e o antebraço em ângulo reto em relação ao braço.

� A altura do apoio de cotovelo, junto com outros dados e considerações adequadas, é útil para se determinar alturas dos apoios de braços, superfícies de trabalho, mesas e consoles para operadores sentados.

� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis. Altura dos olhos

� Distância vertical do assento ao canto interno do olho, medido com a

pessoa sentada ereta.

� Útil para se determinar linhas de visão e campos ótimos de visão para o operador sentado de terminais de vídeo, monitores, etc.

� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis. Altura dos ombros (sentado)

� Distância vertical do assento ao ponto mais alto da extremidade lateral do

ombro medido com a pessoa sentada ereta.

� Importante para se determinar altura de prateleiras para evitar alcances acima dos ombros.

� Medição de alcance: na maior parte dos casos, devem ser atendidas pessoas de menor estatura.

Diretrizes de estação de trabalho com assento

As diretrizes de projeto fornecidas são relativas ao Ponto de Referência do Assento (PRA). Define-se o PRA como a interseção do plano do encosto com o plano do assento.

− O trabalho é desempenhado otimamente

20 cm a 30 cm acima do PRA − O trabalho é desempenhado otimamente

35 cm a 61 cm horizontalmente ao PRA − A figura abaixo ilustra a área de trabalho ideal.

Page 143: Apostila Ergonomia Industrial

143

Área de alcance do trabalho � A área normal de trabalho pode ser convenientemente alcançada através

do movimento do antebraço, com o braço pendendo lateralmente na posição vertical natural.

� A área de trabalho máxima é aquela que pode ser alcançada, estendendo-se o braço a partir do ombro.

� Sempre que possível todos os materiais, ferramentas, controles e recipientes, deverão ser dispostos no interior do envelope normal.

� Quando são dadas duas dimensões, a dimensão maior refere-se ao percentil 95 masculino, enquanto que a menor refere-se ao percentil 5 feminino. Área de trabalho primária – faixa horizontal

• A. Raio de alcance normal Max = 14" (36 cm) • B. Distância sentado/em pé Max = 8"-13" (20 - 33 cm) • C. Raio de alcance prolongado Max = 27" (68 cm) • D. Distância ideal de início do trabalho Ideal = 1"- 4" (2 - 10 cm) • E. Área de trabalho ótima 10" x 10" ( 25 x 25 cm) • F. Largura dos ombros 12" - 17" (30 - 43 cm)

Variáveis do trabalho sentado

• A. Altura do trabalho sentado — ajustável 61 - 79 cm Se não for de altura ajustável, trabalhar a 68 cm

• B. Ângulo da superfície de trabalho — ajustável - 6 a 30° • C. Máxima espessura da superfície de trabalho 5 cm • D. Profundidade do espaço para joelhos Min =38 cm • E. Largura do espaço para joelhos Min = 51 cm • F. Espaço livre vertical para as coxas Min = 19 cm • G. Distância para início do trabalho 10 cm • H. Profundidade do espaço livre para os pés 10 cm • I. Espaço livre para os joelhos com apoio dos pés 61 - 79 cm • J. Distância ao espaço livre da parte posterior dos dedos do pé 71 cm • K. Altura de trabalho das mãos 20 - 30 cm

Dimensões do assento

� Altura do assento: − A faixa ideal de ajuste de altura, do chão ao topo do assento,

é de 38 a 84 cm. − O assento de escritórios normalmente tem altura entre 35 e 48

cm, enquanto que o assento industrial pode ser de até de 84 cm de altura do chão.

� Profundidade do assento:

Page 144: Apostila Ergonomia Industrial

144

− O comprimento máximo do assento é de 38 a 48 cm − Os assentos devem possuir uma inclinação para baixo na

borda frontal. � Largura do assento:

− A largura mínima do assento é de 46 cm � Inclinação do assento:

− O ângulo do assento deve ser ajustável; preferivelmente de 0° a 10° do plano horizontal.

� Ângulo do encosto em relação ao assento: − Nas cadeiras de encosto ajustável ou sistemas articulados

assento/encosto, a faixa mínima do ângulo de reclino em relação ao assento deve ser de 90° a 105° do plano horizontal.

� Encosto: − O encosto deverá ter pelo menos 33 cm de largura e deverá

ter mais do que 35 cm de altura − O encosto deverá ser ajustável independentemente do ajuste

de inclinação do assento

• Apoio de braço: − A distância interna entre os apoios de braço deverá ser de 46

a 56 cm. − O apoio de braço deverá ter pelo menos 5 cm de largura e 16

cm de comprimento. • Altura do encosto:

− O encosto deverá ter pelo menos 35 cm de comprimento e deverá ser de altura ajustável.

• Apoio lombar: − Um assento que proporcione apoio lombar dará suporte à

coluna e um certo alivio à musculatura. − O apoio lombar restaura parcialmente a lordose (ou curva

lombar) da coluna na região lombar, importante para o conforto do empregado.

Page 145: Apostila Ergonomia Industrial

145

M 15

M 08

M 10

M 09

M 20

M 21

M 24

M 22

M 23

M 11 M 12

6.2.2 Postura em pé

M06 Largura dos ombros M07 Estatura do indivíduo M08 Distância do piso ao nível dos olhos M09 Altura indicada para o apoia pés (trabalho em pé x sentado) M10 Distância entre o cotovelo e chão (trabalho em pé) M11 Comprimento do braço e antebraço (alcance máximo) M12 Altura máxima para alcance

Page 146: Apostila Ergonomia Industrial

146

M15 Comprimento do pé M16 Largura do pé M20 Distância entre topo da cabeça e pivô dos ombros M21 Distância entre pivô do ombro e pivô femural M22 Distância entre pivô femural e pivô do joelho M23 Distância entre o pivô do joelho e pivô do calcanhar M24 Distância entre o piso e pivô do calcanhar

M 06

M 07

Page 147: Apostila Ergonomia Industrial

147

6.3 Medidas comuns do corpo (em pé)

• Nas seguintes medições de espaço não é dada margem para os sapatos; entretanto, se usa normalmente uma margem de 2 cm.

Estatura

� Distância vertical da superfície de apoio dos pés até o topo da cabeça, estando o individuo em posição ereta.

� Fazer uma compensação para operadores que se erguem na ponta dos pés, estendem os braços para cima, se elevam durante o caminhar ou ficam em pé em objetos (como paletes) acima da superfície do chão.

� Importante para o espaço livre acima da cabeça para luminárias • Questão do espaço livre: projetar para a pessoa de maior tamanho

Altura dos olhos em pé

� Distância vertical da superfície de apoio dos pés até os olhos, estando o indivíduo em posição ereta.

� Importante para alturas de displays suspensos e acesso da visão acima de

obstáculos.

� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis Altura dos ombros (em pé)

� Distância vertical da superfície de apoio dos pés ao topo dos ombros, estando o individuo em posição ereta.

� Define o ponto mais alto da zona de conforto (a parte mais baixa é a altura

dos joelhos)

� O manejo manual de materiais abaixo do nível dos ombros reduzirá a probabilidade de CTDs

� Dimensão de alcance: deve ser levado em conta o tamanho da menor

pessoa

Page 148: Apostila Ergonomia Industrial

148

Altura dos cotovelos (em pé)

� Distância vertical da superfície de apoio dos pés à parte inferior do cotovelo, estando o antebraço horizontal e o indivíduo em posição ereta.

� Define a parte superior da zona ótima de conforto (a parte inferior é a altura do apoio das mãos)

� Útil para: alturas de esteiras e acessos. � Se possível, deverá ser selecionada uma faixa. Se for fixa, definir a altura

tendo em vista indivíduos altos e providenciar plataformas para as pessoas mais baixas.

� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis. Altura do apoio das mãos (em pé)

� Distância vertical da superfície de apoio dos pés à palma do operador quando o braço é mantido para baixo e a mão é estendida na posição horizontal.

� Define a parte inferior da zona de conforto ótima (a parte superior é a altura

do cotovelo na posição em pé)

� Com esta medição podemos determinar alturas de corrimãos

� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentís Altura dos joelhos (em pé)

� Distância vertical da superfície de apoio ao alto do joelho, estando o indivíduo em posição ereta

� Não devem ser projetadas tarefas de manuseio de materiais

abaixo desta altura

� Medição de alcance vertical: projetar para as pessoas mais altas

Page 149: Apostila Ergonomia Industrial

149

Exercícios conceituais

1 - Considerando os freqüentes ferimentos causados pelos carrinhos de

supermercado nos tornozelos dos clientes. Como você realizaria uma intervenção que evitasse tal risco?

2 - Porque os leitores óticos situados defronte aos caixas dos supermercados

não estão de acordo com as necessidades humanas?

3 - Porque as cadeiras universitárias usuais não oferecem conforto aos alunos?

4 - Que fatores você levaria em consideração para o desenvolvimento de um

posto de: digitação - motorista de automóvel - operador de torno - cabine de um avião - marceneiro - secretária - caixa de banco-

5 - Descrever 3 situações reais do mercado, cuja concepção ergonômica esta incorreta:

1-

_______________________________________________________ 2-

_______________________________________________________ 3-

_______________________________________________________

6 - O “tanque de lavar roupa” da sua casa, foi fixado em função de qual parâmetro?

Page 150: Apostila Ergonomia Industrial

150

6.4 Antropometria Estática

A utilização adequada das medidas coletadas durante o estudo

antropométrico de uma determinada população, permite resolver grande parte dos

problemas ergonômicos, bastando para isso entender que o corpo humano faz

parte de uma geometria típica da nossa espécie, sem com isso afirmar que

diferenças importantes entre os indivíduos não possam ser encontradas. Com

efeito, a antropometria das partes humanas, demonstrada pela curva de Gauss,

propõe uma forma típica, seja qual for o parâmetro escolhido.

O estudo estático visa no primeiro momento projetual, conceber valores que

premiam funcionalmente o projeto ou desenho em função das necessidades dos

usuários, estabelecendo para isso, o melhor dimensionamento possível para

correto uso, deslocamento, encaixe ou acesso. Para que isto se torne possível, é

necessário que o maior número de informações esteja em posse dos elaborados

do projeto, tais informações oriundas de fontes diferentes devem propor

exatamente uma interface perfeita entre as necessidades para a manufatura do

produto em favor das necessidades humanas.

Algumas premissas básicas são necessárias para dar início ao projeto numa

visão mais ergonômica, tais conhecimentos poderiam ser apresentados assim

Conhecimento do sistema

Conhecimento da antropometria populacional, biomecânica dos movimentos

e complexo das forças aplicadas.

Conhecimento do método

Conhecimento do processo

Conhecimento do produto

O estudo dimensional da população merece entre outras considerações

pertinentes, um perfeito razoamento sobre as diferenças peculiares existentes

entre os indivíduos de um determinado grupo de usuários, fato que via de regra

pode influenciar positivamente ou negativamente na elaboração ou fechamento da

proposta. As diferenças corporais são muitas vezes encaradas com naturalidade,

Page 151: Apostila Ergonomia Industrial

151

no entanto para quem elabora um produto qualquer, estas diferenças podem

significar a inviabilização da proposta. Evidentemente que esta inviabilização

depende mais de situações peculiares em comparação às situações mais

freqüentes uma vez que pessoas com peculiaridades dimensionais felizmente

fazem parte de uma minoria.

Outro ponto a ser discutido refere exatamente à inexistência de uma

característica básica de alguns povos, situação típica de grande parte da

população brasileira, que reconhecidamente partilha sua formação da união de

diversas etnias. Imagine a dificuldade que nós brasileiros teríamos em formar um

gráfico com a medida padrão de nossa população, visto que um país com

dimensões continentais, formado historicamente pela colonização portuguesa,

seguida por diversas invasões e finalmente receptora contumaz de imigrantes

Italianos, Alemães, Poloneses, Japoneses etc... Estes se misturaram entre si, com

os negros e paralelamente com os próprios índios, instituindo no pais um grupo

extremamente heterogêneo na forma corporal, cultural e social.

Hoje se questiona muito à necessidade de um estudo antropométrico que

defina o biótipo do brasileiro, entretanto a tarefa se mostra extremamente difícil e

trabalhosa, em face das evidências apresentadas acima. Em contrapartida, estas

diferenças dimensionais viabilizaram em muitos locais, o desenvolvimento peculiar

de sistemas, costumes e produtos, quais no ponto de vista prático alicerçaram

uma notável gama de variedades produtivas. Atualmente os usuários mais

seletivos, negam produtos que não atendam às expectativas, fundamentando

ainda mais à necessidade do uso de projetos voltados aos consumidores, portanto

o uso incorreto das medidas ou desrespeito a elas, pode significar a negação do

produto, milhões de dólares em desperdícios, dores, queixas, perda de mercado

etc...

Outra forma incorreta de obtenção de dados para design de produtos, aponta

à utilização de tabelas elaboradas em outros países. Ocorre que o biótipo dos

europeus é diferente do biótipo brasileiro, que é diferente do americano, que é

Page 152: Apostila Ergonomia Industrial

152

diferente do japonês, etc...Estas diferenças podem se acentuar, em função de

determinadas regiões.

Por exemplo, os pés dos europeus se mostram mais compridos e finos do

que os pés dos brasileiros, tipicamente mais curtos e altos (Lacerda 1984).

As diferenças étnicas são algumas vezes significativas, instituindo à

necessidade de avaliar o impacto que um determinado projeto ocasionaria numa

modificação qualquer proposta na matriz situada em outro país, por exemplo. Para

que possamos entender melhor o porque da explanação, citaremos alguns

exemplos importantes: Os pigmeus da África Central, medem em média 143cm

para os homens, enquanto os negros neolíticos que habitam a região sul do

Sudão medem 182cm.Isso significa, que a diferença entre o mais alto e o mais

baixo, é de aproximadamente 30%.

Hoje com a globalização, há uma preocupação crescente em relação aos

produtos comercializados. Novos produtos mais flexíveis e ajustáveis,

considerados “lançamentos mundiais” começam a tomar conta das prateleiras,

evidenciando uma tendência marcante.

- uma vez que o desenvolvimento das propostas no que se refere aos

usuários deveria estar ligada ao conhecimento por parte dos projetistas ao biótipo

das diversas populações usuárias, mas como sabemos não reflete a realidade. Os

projetos mundiais, portanto devem passar por estudos que avaliassem melhor o

impacto na devidas populações usuárias. Alguns produtos não ofereceriam riscos,

mas outros certamente impactariam diretamente nas estruturas corporais dos

clientes. Exemplificaremos alguns problemas relacionados à inadequação do

produto frente à população usuária. Estes problemas são freqüentes, e facilmente

observáveis, sendo que provavelmente todos nós já vivenciamos tais situações:

Sapatos apertados - As medidas dos sapatos brasileiros, representam um

estudo europeu. Os pés dos brasileiros são mais gordos e curtos, enquanto os

europeus possuem pés mais longos e finos, assim é fácil de entender o porque há

necessidade de “lacear” o sapato.

Page 153: Apostila Ergonomia Industrial

153

Distância entre os assentos dos ônibus - qualquer pessoa que possua mais

de 170cm, não encaixa devidamente as pernas entre os bancos.

Caracterização de 3 grupos pela forma corporal: Endomorfo - formas arredondadas e macias “forma de pêra“

Mesomorfo - tipo musculoso, de formas angulosas. Ectomorfo - corpo e membros finos Pesquisa feita por (Sheldon 1940) A diferença nas proporções corporais existe até na medida dos pés, assim

como constatou Lacerda (1984).Os pés dos brasileiros são relativamente mais

curtos e mais “gordos”, em relação aos pés dos europeus mais finos e longos.

Comparação entre as medidas dos pés europeus e brasileiros (Lacerda 1984)

Outro fator importante a ser considerado, é a etnia do indivíduo, pois ela

determina as proporções corporais, estas proporções não sofrem alterações,

mesmo que haja evolução na estatura do indivíduo.

Page 154: Apostila Ergonomia Industrial

154

Proporções típicas de cada etnia (Newman e White, 1951 - Siqueira 1976).

Crescimento Populacional: Fenômeno interessante que ocorre em

praticamente todos os países industrializados, evidencia o crescimento da

população geração a geração uma vez que as populações mais jovens se

mostram cada vez mais altas em comparação aos seus pais. Este fenômeno

ocasionado por uma alimentação rica em proteínas, somado aos exercícios físicos

nas escolas, mostra um jovem corporalmente diferente.

Recomendamos, portanto que se faça uma revisão dos valores obtidos no

estudo antropométrico original, caso algumas das situações abaixo discriminadas

ocorrer.

POPULAÇÃO

JOVEM ROTATIVIDADE DEMISSÕES ESTUDO ANTROPOMÉTRICO PROMOÇÕES

CONTRATAÇÕES TRANSFERÊNCIAS

Page 155: Apostila Ergonomia Industrial

155

No momento em que o mundo procura uma nova realidade projetual, as

medidas antropométricas anteriormente peculiares e destinadas a uma população

específica, perderam suas finalidades regionalistas. Assim como nos referimos

anteriormente muitos produtos são distribuídos para diversos povos, obrigando os

fabricantes a procurar um novo tipo de design, que sirva para qualquer biotipo

humano, ou fabricar produtos com diversos tipos de ajustes.

A antropometria estática requer valores representativos da população

através do estudo antropométrico desta mesma população usuária, permitindo

desta maneira que se elabore uma perfeita harmonia do desenho em favor dos

limites humanos encontrados. Este estudo assim como verificamos, não é estático

mas dinâmico e mutável uma vez que seres humanos crescem, engordam,

envelhecem, etc.

O dimensionamento humano é parte integrante e fundamental de

praticamente todas as propostas que visem elaborar qualquer elemento utilizado

por pessoas, em qualquer fase, mesmo em sua de fabricação ou utilização. Desta

forma podemos concluir que dificilmente encontraremos algum produto, que não

tenha qualquer tipo de manuseio.

As figuras abaixo indicam valores que devem ser confrontados com os

valores provenientes do estudo antropométrico.

Variações extremas do corpo (Diffrient et al, 1974)

Page 156: Apostila Ergonomia Industrial

156

Grandjean 1974

A figura demonstra a preocupação com a área de alcance normal e máxima.

Distâncias e limites recomendados para partes do corpo humano:

Page 157: Apostila Ergonomia Industrial

157

r > 120 r > 220 r > 550 r > 850

a > 40 a > 50 a > 130

b > 120 b > 200 b > 850

a > 40 a > 130 a > 130

> 120 b > 200 b > 850

Page 158: Apostila Ergonomia Industrial

158

6.5 Recomendações posturais básicas

Peças volumosas devem ser posicionadas em função do ponto natural de trabalho do operador “m10”, não em função da altura da mesa. A figura propõe o trabalho em pé em decorrência do dimensionamento grande da peça.

Page 159: Apostila Ergonomia Industrial

159

Largura mínima para mesa em função da largura dos ombros. Obs: Distância entre botoeiras, usar “M06”

Posição Vertical Horizontal

Em pé 203cm 76cm

Em pé 203cm 102cm

pernas dobradas

Ajoelhado 122cm 117cm

Deitado 46cm 243cm

Apesar dos valores recomendados acima, sugerimos que se utilize os valores obtidos a partir do estudo antropométrico da população.

6.6 Antropometria Dinâmica

Membros Superiores

A biomecânica dos movimentos se constitui no estudo analítico do

deslocamento de um segmento do corpo para realizar uma determinada tarefa. No

ponto de vista dos técnicos, engenheiros e profissionais ligados às áreas de

engenharia, este estudo via de regra representa o segmento mais complexo da

Page 160: Apostila Ergonomia Industrial

160

análise ergonômica, uma vez que se faz necessário desenvolver uma “visão” mais

acurada dos movimentos humanos. Este complexo de deslocamentos, cujos

nomes soam estranhamente, oferecem severa dificuldade para os indivíduos não

treinados.

O primeiro passo para a correta análise dinâmica de uma atividade, é

entender que os movimentos possuem nomes bem definidos, e apesar das

sutilezas diferenciais entre alguns deles, é fundamental diferenciar

adequadamente cada movimento. Posteriormente, num segundo passo, se faz

necessário lançar adequadamente cada movimento numa planilha analítica,

buscando quantificar o risco.

A identificação de todos os movimentos observados num determinado ciclo

evidenciará um estudo detalhado sobre todos os movimentos existentes. Ocorre

que partes das análises não são eficazes, uma vez que não existe a preocupação

com a identificação de todos os movimentos, mas para o apontamento daqueles

movimentos que o auditor julgar mais prioritários, proporcionando um quadro irreal

da situação ergonômica, pois muitas vezes movimentos aparentemente

insignificantes, demonstram numa visão detalhada alta lesividade. Isto ocorre

devido a forças inerentes, compressões mecânicas, vibrações, ou a soma de

diversos fatores somados a este movimento considerado inicialmente

insignificante.

O estudo ergonômico minucioso deve levar em consideração todos os

movimentos existentes, e somente após a correlação entre os diversos fatores, há

possibilidade de desprezar qualquer segmento. Um ciclo de trabalho é construído

de diversos movimentos, que paralelamente possui intrinsecamente envolvido

outros parâmetros como a força, repetitividade, posturas, compressão mecânica,

vibração e muitos outros, evidenciando um complexo de possibilidades e

correlações lesivas ou não.

Este complexo demonstra ao longo de diversas análises que, não existe um

“posto lesivo”, mas momentos lesivos dentro de um ciclo qualquer. Portanto,

quanto mais detalhada for a discriminação dos movimentos e todos os agregados

Page 161: Apostila Ergonomia Industrial

161

de um determinado ciclo de trabalho, maior será a possibilidade de obtenção de

uma análise precisa.

Desta forma podemos afirmar que o motorista de táxi é acometido por

fortes dores nas costas devido à somatória de diversos fatores, não somente pela

postura típica do motorista:

Inadequação do banco

Postura

Stress

Contração estática

Excesso de trabalho

A importância de cada fator como causador depende do grau de exposição,

que via de regra varia de caso para caso. Por exemplo, o motorista de táxi que

vive no interior pode se queixar de dores da mesma forma que um motorista que

trabalhe nos grandes centros, mas certamente a parcela de stress do motorista

urbano é significativamente maior que a observada no motorista que trabalha no

interior. Em contrapartida, “e supondo apenas”, o motorista do interior que dirige

em estradas de terra certamente sentirá o efeito dos constantes impactos, de uma

forma mais severa que o motorista da cidade. Desta forma é possível que ações

corretivas diferentes, sejam necessárias em ofícios iguais, uma vez que o

detalhamento das operações nos mostrou atividades aparentemente similares,

mas diferentes no que diz respeito à exposição de fatores lesivos, desta forma a

priorização das ações para o motorista da cidade difere significativamente da

priorização das ações necessárias para o motorista do interior.

A utilização do recurso do uso de câmera lenta, como forma de aprimorar a

técnica de visualização dos movimentos, é reconhecidamente positiva, tanto no

ponto de vista de coleta dos dados como para cronometragem dos movimentos

curtos e rápidos.

Page 162: Apostila Ergonomia Industrial

162

Nota: Uma vez que muitos funcionários alteram seus ritmos normais de

trabalho quando percebem que estão sendo filmados, torna-se necessário que

haja certeza, sobre a normalidade da filmagem.

Atividades humanas freqüentemente são compostas por movimentos

diferenciados e complexos, geridos através da simples vontade do indivíduo em

executar, o meio é um fantástico sistema de músculos, veias, nervos, ossos e

tendões. Os movimentos, principalmente os realizados pelos membros superiores,

demonstram uma fantástica gama de possibilidades, visto que cada movimento,

pode por definição ser simples ou composto, originando outro movimento inédito.

Esta possibilidade imensa de variações viabiliza inumeráveis tarefas, no

entanto algumas posturas não são adequadas, e podem proporcionar incômodos

ou lesões. Os movimentos incorretos, portanto, têm por origem a própria vontade

do indivíduo, ou pode ser fruto de uma imposição externa. Seja qual for a origem

da postura inadequada, há necessidade de correção imediata.

Em continuidade ao nosso ideário sobre movimentos incorretos,

poderíamos numa análise simplista e incorreta, supor que todos os trabalhos são

lesivos, pois em praticamente todos os ofícios podemos encontrar movimentos

inadequados, mas ao mesmo tempo, devemos considerar também que muitas

atividades possuem movimentos inadequados e mesmo assim não promovem

lesões em seus trabalhadores. Aparentemente existe uma antítese sobre os

fundamentos que definem movimentos lesivos, mas sob luz da verdade,

observamos que a lesividade é fruto de uma relação entre fatores, e qualquer

análise que venha a definir o risco de um posto em ocasionar DORT, tomando

como base somente um fator, é certamente incorreta. Não queremos ser

“repetitivos”, pois o assunto fora mencionado anteriormente da mesma forma, mas

a abordagem sobre movimentos e posturas merece ser devidamente explanado

em decorrência da tendência comum dos analistas em pré-julgar de forma

negativa um posto pelo simples fato de existir um movimento incorreto. A

lesividade é uma conclusão final, nunca deve ser um parecer inicial.

Page 163: Apostila Ergonomia Industrial

163

O entendimento da questão transcende o simplismo utilizado por muitos

como forma de analisar postos de trabalho. Primeiro: devemos aceitar que

praticamente todos os trabalhos são repetitivos, “alguns com maior intensidade do

que outros”, segundo: grande parcela dos ofícios possui movimentos lesivos,

terceiro: todos os trabalhos possuem algum tipo de esforço para a execução da

tarefa. Entretanto nem todos os trabalhos são lesivos.

Haverá maior ou menor incidência de casos, em função da relação

existente entre os fatores coligados ou separados, estes limites deverão ser

obtidos através de uma equação ou planilha de análise.

Neste momento enquanto discutimos sobre aspectos típicos da

antropometria dinâmica, não poderíamos deixar de ressaltar também à

importância do estudo da cronoanálise como forma de definição dos limites

humanos em função dos tempos envolvidos. Isto porque esta ferramenta de

engenharia permite com certo grau de confiabilidade, quantificar matematicamente

os tempos necessários para a realização de uma determinada tarefa, o estudo

fracionado dos movimentos e finalmente os componentes para definição da folga

necessária em função das dificuldades intrínsecas envolvidas durante a

elaboração da tarefa.

Estudos recentes indicam 4 fatores principais como fontes geradoras de

lesões às estruturas humanas. São elas:

Força

Repetitividade

Postura inadequada

Compressão mecânica

Cada um destes fatores é por si gerador de casos quando exceder os

limites naturais humanos, sendo que a interação entre eles aumenta a incidência

dentro de uma curva exponencial e imprevisível.

Por analogia concluímos que estes fatores por estarem coligados dentro de

um ciclo de trabalho, também estão coligados um ao outro pela própria

Page 164: Apostila Ergonomia Industrial

164

necessidade de montagem. Desta forma quanto menor o ciclo maior a

proximidade entre movimentos incorretos no decorrer do dia, conseqüentemente

maiores a concentração de força, e finalmente menor o tempo de recuperação das

estruturas.

A recuperação dos tecidos somente é possível com o incremento de

técnicas que permitam que as estruturas trabalhem alternadamente numa

seqüência similar ao 0 e 1, (zero - parado e um operando). Não estamos nos

referindo ao tipo de trabalho alternado, onde o operador trabalha e para. Estamos

nos referindo a troca de movimentos dentro do próprio ciclo de trabalho, onde um

grupo muscular é ativado ocasionando algum movimento e logo em seguida

descansa, numa terceira etapa um outro músculo é acionado e estes primeiros

descansam e assim sucessivamente, caracterizando um sistema complexo de

movimento onde o trabalho extremamente simples e repetitivo é abandonado.

A força atualmente é considerada o fator mais lesivo entre os causadores

principais dos DORT, e infelizmente sua correta forma de obtenção é praticamente

desconhecida entre os analistas de postos. Este fato imputa às análises um erro

capital quanto à profundidade e confiabilidade necessária, pois não devemos

simplesmente considerar a força, mas a medir corretamente.

A utilização de dinamômetros, eletromiografias de superfície e outras

técnicas permitem que estas forças existentes possam ser coletadas e analisadas,

evitando desta forma, considerações empíricas e subjetivas. As forças acreditem;

é o elemento que mais engana o analista!

A relação entre as forças envolvidas no ciclo de trabalho e as posturas

existentes é direta, visto que haverá aumento da sobrecarga física caso uma

postura correta passe a ser realizada de forma incorreta, portanto quando o ciclo é

reduzido há concentração de forças, pois mais vezes por hora estas sobrecargas

serão necessárias.

Portanto para que possamos realizar um bom projeto, conceitual ou

corretivo, é necessário que tenhamos em primeiro lugar formas para obter todos

os valores que direta ou indiretamente possam ocasionar fadiga às estruturas dos

Page 165: Apostila Ergonomia Industrial

165

operadores. Equipamentos como dinamômetros, torquímetros, eletromiógrafos de

superfície e outros se mostram fundamentais para uma boa análise.

Os membros superiores, possuem dezenas de ossos, centenas de

músculos, 3 nervos principais (radial, mediano e ulnar), que se dividem em

dezenas de ramificações. Sua formidável capacidade de movimentação,

inigualável mesmo com a atual tecnologia, foi primordial para o desenvolvimento

humano, e representa ainda hoje um espetacular meio de trabalho. Estes

membros superiores, porém, possuem limitações claras quanto à durabilidade e

resistência mecânica, similares aos mecanismos muito precisos, que operam bem

em condições favoráveis e definidas.

Para que possamos entender melhor este formidável complexo estrutural

que chamamos de máquina humana, é preciso primeiramente entender seus

limites. Observando através destas limitações os caminhos projetuais necessários,

oferecendo ao nosso projeto valores compatíveis às necessidades individuais ou

coletivas.

Page 166: Apostila Ergonomia Industrial

166

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

7. Análise Básica

dos Fatores de

Risco

Page 167: Apostila Ergonomia Industrial

167

Os principais Fatores de Risco são: esforço muscular, a postura

inadequada e a repetitividade.

A Força é definida como a necessidade de superar resistência na

realização de atividade. Quanto maior a força aplicada maior é o risco de

desconfortos. Os atos de esforços comuns a avaliar são:

7.1 Diretrizes para esforços das mãos/braços Objetivos:

� Promover o entendimento do relacionamento entre esforços vigorosos e as doenças músculo-esqueléticas.

� Promover o entendimento de como utilizar as diretrizes para esforços das mãos/braços para avaliar os esforços vigorosos.

� Promover o entendimento de como utilizar as diretrizes para esforços das mãos/braços para auxiliar no desenvolvimento de soluções efetivas de projetos para a prevenção de doenças músculo-esqueléticas.

1) Pressão com o polegar 2) Pressão com os dedos 3) Rotação do antebraço 4) Rotação do antebraço 5) Empurrar com uma mão 6) Empunhamento Firme 7) Puxar com uma das mãos 8) Puxar para baixo 9) Pinçamento

Porque e como foram desenvolvidas as diretrizes de esforço das mãos/braços

� Os engenheiros precisam das informações pertinentes à ergonomia para projetar corretamente os produtos e linhas de montagem

Page 168: Apostila Ergonomia Industrial

168

� As diretrizes de esforço das mãos/braços foram baseadas na metodologia Projeto para Montagem (Projeto for Assembly).

� As diretrizes de esforço das mãos/braços têm como base as informações provenientes dos principais textos de ergonomia, relatórios de pesquisas e atas de conferências, utilizando a percepção profissional de engenheiros e ergonomistas muito experientes.

Quando utilizar as diretrizes de esforço das mãos/ braços

� Durante a fase de desenvolvimento Projetoers e projetistas poderão estabelecer metas de projeto e avaliar projetos.

� Durante a pré-produção. Engenheiros de produção poderão estabelecer e avaliar as características do processo e da estação de trabalho.

� Durante a produção. O pessoal de produção e segurança do trabalho poderá avaliar e fazer a auditoria das operações de montagem existentes.

Utilização dos dados de força

� Capacidade de força máxima do grupo populacional selecionado

� Modificando fatores � Repetições � Nível de risco ergonômico baseado na porcentagem de força

disponível utilizada. Como avaliar os projetos existentes: 1. Medir as forças

� Medição da força exige criatividade e uma boa compreensão do seu propósito.

� Propósito: Determinar se a porcentagem de capacidade de força máxima que está sendo utilizada excede ou não os limites aceitáveis estabelecidos para repetições de aplicação de força.

� A precisão exigida depende na proximidade da porcentagem do ponto de equilíbrio entre níveis de risco.

Page 169: Apostila Ergonomia Industrial

169

2. Selecionar a força máxima referente à população desejada

� Para aplicação de força da extremidade superior, o projeto tem como objetivo basear a força aceitável na capacidade máxima de força do quinto percentil feminino.

� Caso seja sabido que a força de trabalho da tarefa é composta apenas de homens, então o projeto é baseado no quinto percentil de força máxima masculina.

� Essa força máxima estabelece o ponto inicial para o limite do projeto. O limite do projeto propriamente dito será menor do que esse máximo, devido às reduções feitas para a duração, repetição de nível de risco desejado

3. Determinar os modificadores

� Para estabelecer a força máxima permitida no projeto, iniciamos com a aplicação de força simples máxima que toda a população de trabalho poderá exercer e, em seguida, ajustamos a mesma levando em conta as características específicas do trabalho.

� A duração é o único modificador de força máxima no caso de aplicativos de força pela extremidade superior. O Empunhamento Firme e o Puxar para Baixo possuem modificadores adicionais.

� A repetição também serve como modificador, porém é aplicada ao determinarmos a percentagem de força máxima aceitável.

4. Calcular a força máxima ajustada A força máxima ajustada é calculada multiplicando-se a força máxima pelos

modificadores. Isto representa a força máxima que todos os membros do grupo populacional poderão exercer, dadas as alterações relativas às características reais do trabalho.

5. Calcular a porcentagem de força máxima utilizada Dividir a força real relativa à tarefa pela força máxima ajustada para a

população. Isto representa a porção de capacidade da força que está sendo exercida para executar a aplicação de força numa única vez.

6. Determinar as repetições

� As repetições são classificadas em uma das três categorias seguintes: (1) > 10 por minuto (2) 2-10 por minuto (3) < 2 por minuto

Page 170: Apostila Ergonomia Industrial

170

7. Determinar o nível de risco das repetições e porcentagem de força máxima

utilizada � O risco de aplicação de força depende de duas coisas:

( ) Porcentagem de capacidade máxima de força ( ) Freqüência de aplicação de força

� Quanto maior o número de repetições, mais baixa a porcentagem permitida de capacidade máxima de força que será considerada aceitável.

� Para se estabelecer o nível de risco, a repetição deverá ser classificada apenas como:

− Alta (>10 por minuto) − Moderada (2-10 por minuto) − Baixa (<2 por minuto)

Exemplo: Avaliação de Risco de postos de trabalho existentes

O problema: � Estão ocorrendo lesões numa linha de montagem existente. Na

montagem do copo do liquidificador, gira-se a base no copo de vidro. � A base tem 100 mm de diâmetro e é empunhada com a mão e dedos. O

tempo de montagem é de 1,2 segundo. A razão de repetição é de 4 vezes por minuto. O torque necessário é de 12 polegadas-libras (1,35 N-m)

Será que essa tarefa contribui para provocar lesões? Solução:

� O torque máximo ajustado é de 14 polegadas-libras (1-6 N-m) � O torque atual de 12 polegadas-libras (1,35 N-m) equivale a 83% da força

máxima, e situa-se na faixa de “alto risco”. � O torque deverá ser reduzido para um máximo de 30% do torque máximo

ajustado: Torque máximo X modificador de duração X modificador de risco = 14,0 polegadas-

libras x 1,0 x 0,3 = 4,0 polegadas-libras (0,5 N-m). 7.2 Posturas dignas de preocupação

A postura é definida como a posição do corpo. O “Estatismo” é a permanência do corpo na mesma posição por períodos prolongados. Quanto maior o desvio e o período de postura estática maior o risco de desconfortos.

Encontramos como conseqüências da postura inadequada os seguintes estados: perda da força muscular, maior tensão sobre os tecidos conjuntivos e menor circulação.

Page 171: Apostila Ergonomia Industrial

171

Posturas digna de preocupação: Mãos e Punhos :

• Flexão

• Extensão

• Desvio Ulnar

• Desvio Radial

Braços e Ombros

• Alongamento para a frente

• Mãos acima de ombros

• Abdução (levantamento)

Coluna e Pescoço

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172

• Flexão

• Extensão

• Rotação

Pernas:

• Cócoras

• Ajoelhar

A Repetição é definida como a execução ininterrupta do mesmo movimento. O movimento acelerado com poucos intervalos pode gerar maior risco de desconforto.

7.3 Outros fatores de risco

Vibração

Vibração é qualquer movimento que um corpo executa em torno de um

ponto fixo referencial, apresentando oscilações mecânicas regulares ou irregulares

Page 173: Apostila Ergonomia Industrial

173

(regularmente, como no caso da vibração ocasionada por um motor, ou

irregularmente como no caso do balanço de um barco no mar).

A natureza destas vibrações, e seus efeitos sobre as pessoas, foram

devidamente descritos por Wisner, Grether, e nas publicações ISO.

Para o correto entendimento do risco ocasionado pela exposição do ser

humano a um sistema vibratório qualquer, torna-se necessário coletar cinco

quantidades físicas dimensionais:

- a freqüência, medida em ciclos por segundo ou hertz (Hz)

- a intensidade do deslocamento (em cm ou mm) ou aceleração máxima

sofrida pelo corpo medida em g(g=9.81m x s-2).

- a direção do movimento, definida por três eixos triorgonais: x de costas

para frente, y da direita para a esquerda, e z dos pés à cabeça.

- a quarta grandeza diz respeito ao conhecimento da freqüência de

ressonância do corpo em exposição e o ponto de aplicação no corpo

- e a quinta grandeza refere à duração do fenômeno

As vibrações nas freqüências mais baixas “1 a 80 Hz” são particularmente

danosas ao organismo humano, provocando lesões nos ossos, juntas e tendões,

embora reconhecidamente a complexidade das diversas estruturas que compõe o

corpo humano apresentem diferentes freqüências de ressonância. Algumas partes

do organismo podem amortecer os efeitos da vibração, outras podem amplificar

estas vibrações. Esta amplificação ocorre quando partes do corpo passam a vibrar

na mesma freqüência da fonte, e então se inicia o processo conhecido como

ressonância.

O corpo inteiro é mais sensível na faixa de 4 a 8 Hz, que corresponde à

freqüência de ressonância na direção vertical (eixo z). Na direção horizontal e

lateral, as ressonâncias ocorrem a freqüências mais baixas, de 1 a 2 Hz. Se no

entanto se considerarmos apenas partes do corpo, observaríamos que cada

segmento reagiria a uma determinada freqüência diferente:

Page 174: Apostila Ergonomia Industrial

174

Freqüência de ressonância em partes do corpo ombros -3 - 5 hz olhos - 60 a 90 Hz cabeça - 20 Hz tronco - 3 Hz coluna vertebral -3 a 4 Hz coxa - 9 Hz perna - 5 Hz mão - 20 -200 Hz mão apertada - 50 - 210 Hz antebraço - 10 - 30 Hz

Em geral, quanto maior a massa do corpo, mais baixa será sua freqüência de ressonância, e quanto menor a massa mais alta a freqüência. Especificamente nestas freqüências existe uma certa fragilização das estruturas.

Tempos máximos de exposição permitidos às vibrações longitudinais (eixo z) e transversais (eixos x, y).

Baixas freqüências (4 a 20 Hz) e acelerações de 0,06 a 0,09g comuns em transportes coletivos são particularmente incomodas, ocasionando náuseas e vômitos. As vibrações inferiores a 1 Hz, como aquelas provocadas pelas ondas do mar também causam enjôos e indisposição geral. As mulheres são mais sensíveis do que os homens, assim como as crianças entre 1 e 12 anos de idade.

Durante a elaboração do projeto estas freqüências de ressonância devem ser evitadas, caso impossível devemos isolar a fonte com mantas de borracha ou qualquer tipo de dispositivo que atenue a transmissão da vibração para as mãos

Page 175: Apostila Ergonomia Industrial

175

ou outras partes do corpo dos operadores. Nos casos em que a vibração se faz pela transmissão da máquina para o chão, e do chão para os pés dos operadores deverá ser colocado um tapete “tipo anti-fadiga” para minimizar esta transmissão.

� Estresse de impacto

– Possível compressão de nervos e vasos sanguíneos – Possível excesso de desgaste e fricção de tecidos

conjuntivos

7.4 Esforço Muscular x Análise Postural

No interior dos músculos existem inúmeros vasos sangüíneos muito finos,

cujos diâmetros são da ordem de (0,0007 mm), chamados de capilares, e são

através desses capilares que o sangue é transportado, levando oxigênio,

nutrientes, proteínas etc, ou retirando os subprodutos do metabolismo.

A obtenção correta do esforço muscular é um fator primordial para uma

correta análise ergonômica, visto que representa o fator mais lesivo entre os

fatores conhecidos. O esforço muscular como fonte lesiva pode ser identificado de

duas formas:

Instantâneo - explosão de força num curto espaço de tempo Cumulativo ou

repetitivo-esforço contínuo no decorrer do dia.

A carga manuseada é por definição de fácil analogia, visto que basta

utilizarmos uma balança para que a massa do objeto seja conhecida. No entanto

para outros tipos de esforços, os músculos reagem não somente a massa, mas

por vezes, em função de diversos outros fatores intrínsecos, quais oferecem

elementos de difícil obtenção. Estes elementos podem expor as estruturas às

condições desfavoráveis, enquanto a massa manuseada apresentar baixa carga.

Este fenômeno do aumento excessivo das forças em função do distanciamento da

carga pode ser obtido através do estudo conhecido como princípio das alavancas,

impondo aos analistas à necessidade de um olhar mais clínico de todos os fatores

que podem estar contidos num simples manusear de cargas. Outro fator que pode

comprometer a intensidade da força de um determinado grupamento muscular, é

observado através do estudo da facilidade ou não da pega, uma vez que o atrito

Page 176: Apostila Ergonomia Industrial

176

entre as partes poderá influir diretamente na força para o agarre. A geometria da

peça, por sua vez poderá também alterar a força necessária para o agarre, e

dependendo da forma escolhida inviabilizar o trabalho necessário.

Neste conjunto de regras não há espaço para suposições, o “conceito de

força” é pessoal e altamente variável de indivíduo para indivíduo, tornando

perigoso, portanto, qualquer conclusão baseada em suposições empíricas ou

pessoais. A força utilizada deve ser obtida através de equipamentos específicos,

como dinamômetro ou torquímetro, tornando possível desta forma quantificar de

forma exata as exigências impostas pelo equipamento ou processo de montagem.

O uso da eletromiografia de superfície também representa uma boa

ferramenta de análise uma vez que permite ao analista obter parâmetros sobre a

força realizada por determinados grupamentos musculares requisitados, através

do posicionamento de sensores estrategicamente colocados sobre a pele do

operador enquanto o mesmo executa sua função laborativa. Esta metodologia

requer algum conhecimento prévio sobre a disposição das estruturas humanas,

embora sua utilização na prática se mostre fácil. Em contrapartida durante a

elaboração do projeto não existe um operador trabalhando, ou simulações que

possam representar o processo real de montagem, desta forma não é possível

coletar dados em função da simulação do esforço por parte de um indivíduo. A

regra neste caso é coletar os esforços necessários pela analogia dos esforços

requeridos num modelo previamente concebido, ou mesmo através de simulações

ou razoamentos de operações similares, mesmo porque a utilização de modelos

ou pilotos antes da aprovação de qualquer produto, é um procedimento comum

nas industrias, desta forma os engenheiros podem facilmente realizar as

avaliações necessárias sobre o impacto dos esforços pela simples utilização de

um dinamômetro durante os “job” ou “pilotos”, sem com isto criar um novo sistema,

basta se utilizar o sistema usual.

Em contrapartida a utilização do dinamômetro é limitada quanto a sua

aplicabilidade em operações complexas, onde se observam movimentos

Page 177: Apostila Ergonomia Industrial

177

compostos ou diversificados. Neste caso a utilização do eletromiógrafo será mais

indicado.

Características importantes da relação esforço x fadiga

O músculo se fadiga rapidamente sem irrigação sangüínea, não sendo

possível mantê-lo por mais de um ou dois minutos.

O sangue deixa de circular nos músculos contraídos, quando estes atingem

60%ou mais de sua força máxima.

A maioria das pessoas não consegue manter o esforço máximo por mais de

alguns segundos.

Caso o indivíduo estiver exercendo 50% da sua força máxima, a fadiga

existirá após um ou dois minutos.

Se a contração atingir entre 15 a 20% da força máxima do músculo, a

circulação continua normalmente por um período muito maior.

Em oposição à permanência dos músculos contraídos, a contração e

relaxamento alternado fazem que o próprio músculo funcione como bomba

sangüínea, ativando a circulação nos capilares, aumentando o volume do sangue

circulado em até 20 vezes em comparação a situação de repouso.Isso quer dizer

que o músculo passa a receber mais sangue, e conseqüentemente mais oxigênio,

aumentando, portanto sua resistência contra a fadiga.Este fato explica porque

anteriormente as máquinas de escrever, ergonômicamente mal elaboradas

mantinham um número pequeno de queixas em comparação aos atuais teclados

de computador. Numa análise superficial, podermos razoar que; apesar de mal

concebida a máquina de escrever mantinha o operador exercendo atividades

diferenciadas “trocar papel, usar corretivos, puxar alavanca etc”, proporcionando

uma sistemática claramente dinâmica em comparação aos atuais teclados

evidentemente simplistas no ponto de vista biomecânico.

Page 178: Apostila Ergonomia Industrial

178

Esforço Dinâmico - é caracterizado pela alteração rítmica de

contração e extensão, tensão e relaxamento dos músculos.

Esforço Estático - em oposição ao esforço dinâmico, caracteriza-se

pelo prolongado estado de contração dos músculos numa determinada

posição.

O músculo opera em condições desfavoráveis de irrigação durante o

trabalho estático, enquanto há equilíbrio durante o trabalho dinâmico.

No trabalho dinâmico, os músculos atuam como bombas sangüíneas, o

suprimento de oxigênio normalmente se mostra suficiente para manter as

estruturas em equilíbrio. Entretanto no trabalho estático, os vasos mantêm uma

pressão interna danosa ocasionada pelo sangue armazenado. Este sangue

ocasionará dor e fadiga nas estruturas devido ao armazenamento do ácido lático e

outros subprodutos indesejáveis que não podem ser eliminados, acarretando num

curto espaço de tempo a falência das estruturas caso não haja reversão do

quadro.

No gráfico abaixo podemos observar a relação entre o esforço estático x

tempo despendido para a operação

Page 179: Apostila Ergonomia Industrial

179

Força

7.5 Biomecânica do pegar

Muitas tarefas dependem fundamentalmente da habilidade das mãos para

desenvolver manobras adequadas com determinada exigência de força ou para

executar tarefas de fino manejo. As mãos se apresentam como as verdadeiras

ferramentas ou interfaces para a execução laboral de grande parte das nossas

tarefas, talvez em face do próprio desenvolvimento da habilidade do pegar com o

polegar opositor.

O tamanho do objeto poderá influenciar fortemente na força aplicada

pelas estruturas das mãos, independentemente da massa do próprio produto, isto

porque a geometria da mão humana requer um tipo de desenho adequado para

seu perfeito encaixe, o desrespeito a esta regra ocasionará grande mudança na

potência para a execução do labor requerido.

O exemplo fornecido abaixo refere duas condições de pega em duas latas

de tamanhos diferentes, porém de pesos iguais e força para fechamento das

tampas também iguais. A força gerada pelas estruturas das mãos quando se

fecham os dedos sobre a tampa poderá ser obtida através do ângulo de abertura

dos próprios dedos.

Page 180: Apostila Ergonomia Industrial

180

O tendão (T) que puxa o osso da segunda junção dos dedos, esta conectado com o músculo do braço. A direção de puxar (F) é semelhante ao componente (Fy), e esta quase paralelo a ela. O ângulo ß entre (F) e (Fy) é pequeno, conseqüentemente (Fy) a componente que esta puxando o dedo é relativamente grande, enquanto (Fx), a componente que estabiliza a junção entre as duas ligações médias dos dedos é pequena. Se a força necessária para fechar o dedo (Fy) é 50N, a força do músculo (F) puxando o tendão é:

F= Fy / cos ß = 50/cos15o = 52N

Portanto a força necessária para fechar o dedo é muito próxima ao valor necessário para fechar a tampa. Em contrapartida, a mão aberta mais distendida, não oferece as mesmas condições, visto que a última ligação dos dedos exerce muita pressão sobre o dedo. O puxar de (F) esta perto da componente (Fx), que atua para estabilizar a junção. Em contrapartida o componente (Fy), atuando para pressionar o dedo, está submetido a um ângulo de 75graus, qual oferece grande mudança na força necessária para fechamento da tampa.

A Segunda lata maior também requer 50N para o fechamento da tampa, mas a exigência sobre as estruturas das mãos é significativamente maior, e poderá ser obtida assim:

F= 50/cos75o = 193N

Este substancial aumento sobre a força do músculo (F), é causada pelas mudanças entre os ângulos da mão.

Page 181: Apostila Ergonomia Industrial

181

Muitos construtores fazem opção do “corrimão” grosso em detrimento do corrimão fino, esta escolha poderá impedir que um indivíduo faça um agarre seguro quando se desequilibrar na escada, por exemplo.

Outros exemplos de interferência do angulo de abertura das mãos sobre a exigência da força aplicada pelas estruturas.

Respostas Exercício 1 - F1 = Fy1/cosβ ⇒ F1 = 40/cos15 ⇒ F1=40/0.966

F1= 41.40 N

Exercício 2 - F2= Fy2/cosββββ ⇒⇒⇒⇒ F2 = 40/cos81 ⇒⇒⇒⇒ F2 = 40 / 0.156

F2 = 256.40 N No início das discussões, relações de equilíbrio estático e estudos de

posturas inadequadas, foram utilizadas para estimar a força estática do músculo. A biomecânica dinâmica por sua vez representa o estudo do homem em face da exigência do processo laborativo dentro das condições normais de movimentos.

As regras para o estudo da relação entre as forças exigidas pelos equipamentos, dispositivos, partes e peças contra as forças realmente aplicadas pelas estruturas humanas, estão contidas em princípios físicos e químicos conhecidos. Desta forma será possível encontrar esforços através dos princípios das alavancas, estudos matemáticos e princípios físicos consagrados.

Page 182: Apostila Ergonomia Industrial

182

Ferramentas mal elaboradas normalmente exigem do trabalhador

posturas inadequadas, ocasionando fadiga, perda de concentração e perda de

produtividade. São encontradas em grande número dentro das industrias, quais

não se apercebem dos transtornos que estas condições oferecem para todo o

sistema

A inadequação ergonômica reflete falhas conceituais básicas, que

poderiam ser suprimidas facilmente, caso os engenheiros incluíssem em suas

propostas conceitos da biomecânica dos movimentos. Declinar-se destas

necessidades é oferecer ao trabalhador ofícios que via de regra impedem

trabalhos contínuos, uma vez que o operador certamente incluirá diversas pausas

na busca de minimizar os efeitos danosos oriundos das exigências laborativas mal

planejadas.

Page 183: Apostila Ergonomia Industrial

183

Estudo das Forças Envolvidas no Trabalho

Qualquer tipo de atividade exige algum tipo de gasto energético, mesmo

que esta atividade aparentemente não represente esforço físico algum. Os

esforços muitas vezes passam despercebidos numa análise superficial, mas aos

olhos do analista que busca uma verificação ergonômica precisa, isto não deverá

acontecer.

A máxima força potencial de cada músculo depende principalmente:

Idade - Sexo- Biótipo-Treinamento- Motivação- Condição Biomecânica

A figura abaixo demonstra a força em relação à idade para indivíduos de ambos os sexos.

homem

mulher

Podemos observar na figura acima, uma parábola que descreve

graficamente a força humana no decorrer de sua vida, e a relação entrem a força

do homem e da mulher. A diferença de dois terços “2/3” é uma condição estimada,

pois como sabemos esta diferença pode se acentuar ou reduzir caso a caso.

Ponto de trabalho ideal: Os trabalhos pesados devem ser abolidos dos

meios industriais, entretanto sabemos que isso não será sempre possível. Embora

em alguns países, como o Japão, por exemplo, exista uma linha bastante

ordenada no sentido da eliminação completa dos trabalhos pesados.

Este objetivo vem sendo seguido pelas engenharias das fábricas

japonesas que se perceberam da baixa produtividade dos trabalhos pesados. Os

japoneses simplesmente observaram a constante necessidade dos funcionários

Page 184: Apostila Ergonomia Industrial

184

saírem dos postos para descansarem, este suposto “abandono”, tácito, é

observado em constantes saídas para o banheiro, procura ao ambulatório, saída

para cafés, etc...A perda produtiva neste tipo de trabalho chega a 50 %. Este

índice é desastroso para qualquer empresa que busque excelência em seus

objetivos institucionais.

Botoeiras

Diâmetro força

19 - 38 mm 0.28 - 2.27 Kgf

Nota: Se faz necessário razoar sobre estas recomendações em oposição ao risco de acidente. Quando a recomendação ergonômica proporcionar algum tipo de risco de acidente, deverá prevalecer a segurança.

Informações adicionais - O acionamento de botoeiras poderá representar risco de lesões (DORT) nos seguintes casos:

- Excesso de força para acionamento. - O operador esmurra ao invés de acionar. - A locação da botoeira esta incorreta. - Existe proteção contra acionamento acidental, qual induzirá à posição

incorreta dos punhos ou ombros. - Existem quinas vivas na botoeira. - A botoeira é demasiadamente pequena.

Page 185: Apostila Ergonomia Industrial

185

Analogia de situações.

Abaixo algumas intervenções interessantes realizadas para aliviar

posturas inadequadas. Embora possa parecer óbvio, a maior parte das intervenções ergonômicas são realmente simples.

INCORRETO CORRETO

Fig-A

Fig-B

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186

Fig C

Fig-D

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187

Fig - E

Fig -F

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188

Fig-G

Fig -H

Fig - I

Page 189: Apostila Ergonomia Industrial

189

Fig - J

Fig-k

Page 190: Apostila Ergonomia Industrial

190

Fig - L

Utilização do formulário de identificação de fatores de risco

� Observe vários trabalhadores durante a realização da atividade em questão (se possível, grave tudo em vídeo).

� No formulário, faça um círculo em toda postura inadequada observada. � Se tal posição for mantida por mais de dez segundos, assinale a opção

“postura estática” para a parte do corpo correspondente. � Se o nível de repetição numa determinada parte do corpo parece adequado

à descrição, assinale a opção “repetição”. � No formulário, faça um círculo ao redor de toda força sendo exercida pelo

trabalhador. � Circule ou assinale “vibração” ou “estresse de impacto”, se observar um ou

ambos na atividade em questão. � Anotações e esboços devem ser feitos na área de observações do

formulário. � Some o número de fatores de risco observados e anote o total no canto

inferior direito.

OBSERVAÇÕES: � Esta é uma análise visual simples de fatores de risco, e não uma análise

ergonômica detalhada. � Este formulário deve ser utilizado para identificar atividades sujeitas a

fatores de risco que mereçam uma análise mais detalhada. � Este formulário serve apenas para indicar a presença ou ausência de

fatores de risco, e não o grau de seriedade dos mesmos.

Page 191: Apostila Ergonomia Industrial

191

Parte do

corpo Postura Esforço

excessivo Repetição

Mãos/

punho

s

Ombros

Colun

a

Pescoço

Pernas

Martel Gira

Acima

dos ombros

Alonga-

mento

para a

frente Empurrar/puxar

FATORES DE RISCO________________

Estática

Perm.

> 10

Perm.

> 10

Perm.

> 10

Perm.

> 10

Perm.

> 10

Moviment

o rápido,

contínuo,

poucas

pausas?

Movimento

contínuo,

pausas

infreqüentes?

Movimento

contínuo,

pausas

infreqüentes?

Levant Empurrar/pu

Movimento

contínuo,

pausas

infreqüentes?

Movimento

contínuo,

pausas

infreqüentes?

Outros

Vibraç

Estresse de

Abduçã

o

Rotaçã

o

Flexão Extensão

Rotaçã

o

Flexão Extensão

Flexão

Extensã

o Desvio ulnar

Desvio radial

Cócoras Ajoelhar

Apert Compri

Page 192: Apostila Ergonomia Industrial

192

Ferramentas e Dispositivos

As ferramentas manuais certamente representam o grande avanço que

permitiu a evolução da espécie humana assim como a conhecemos hoje, pois à

luz dos primeiros momentos, a nossa frágil espécie somente sobreviveu, através

do esforço em sobrepujar a força das intempéries através da utilização de

artefatos inteligentemente adaptados, paralelamente permitindo a caça de animais

de médio e grande porte. Esta capacidade em desenvolver artefatos, aumentou

significativamente suas limitadas capacidades naturais, proporcionando ao longo

de milênios de evolução um terreno fértil para a instalação das primeiras

civilizações.

A revolução industrial por sua vez representou para os amantes da

história das ferramentas e dispositivos profundas e fundamentais inovações,

ressaltando como síntese deste período à substituição da força de trabalho

humana pela força das máquinas a vapor.

Foi MacCoy um inventor americano, que no fim do século 19,

desenvolveu a primeira ferramenta pneumática manual, aumentando

significativamente a capacidade humana em desenvolver trabalhos manuais. A

partir deste momento as ferramentas manuais passam a ocupar um lugar de

destaque dentro das industrias, evoluindo espetacularmente num curto espaço de

tempo em decorrência do aumento produtivo ocasionado.

Praticamente todos os trabalhos exigem algum tipo de intervenção

manual, seja direta ou indireta. Mesmo em maquinarias automáticas, se torna

necessário em algum instante apertar um botão, ou corretamente segurar um

volante para dirigir um sofisticado equipamento. O manejo fino ou grosseiro,

portanto, e apesar das automações impostas, não foi declinado, e em muitos

casos foi severamente intensificado.

Robôs sofisticados, ou com a utilização de uma simples pinça possuem

algo em comum, ambos em alguma fase de sua existência necessitaram ser

manuseado pelo homem. Esta afirmação aparentemente óbvia demonstra no seu

Page 193: Apostila Ergonomia Industrial

193

conteúdo pragmático uma forte interação entre produto x homem, nos levando á

repensar sobre o verdadeiro significado da palavra “automático”, uma vez que,

mesmo o mais sofisticado dos robôs, advém do trabalho manual humano.

Ergonomia x pequenos dispositivos e ferramentas

No que se refere ao manuseio propriamente dito, a manutenção das

ferramentas e dispositivos requer o treinamento dos profissionais técnicos, quais

via de regra cuidam diariamente da manutenção destas ferramentas. A

necessidade deste treinamento advém principalmente de um aspecto interessante,

estamos nos referindo ao desgaste dos equipamentos. É comum esperarmos dos

funcionários, queixas eloqüentes sobre o desgaste ou mal funcionamento das

ferramentas; isto ocorre quando o desgaste ou mal funcionamento ocorre num

curto espaço de tempo, entretanto na maiorias das vezes este desgaste é lento,

quase imperceptível, tornando impossível notar diferenças de um dia para o outro.

Neste caso não existe queixa, pois da mesma forma que não nos apercebemos do

desgaste e endurecimento da embreagem do nosso carro, eles não se apercebem

do desgaste dos seus equipamentos.

Muitas vezes observamos colaboradores “esmurrando” partes da

ferramenta a fim de encaixar adequadamente - suas mãos demonstram através de

calos, ferimentos ou sinais físicos o tempo longo na permanência da atividade

inadequada. Preferimos culpar o usuário pelo ato, mas se faz necessário razoar

sobre as condições que o (a) levaram a praticar tal procedimento.

Page 194: Apostila Ergonomia Industrial

194

Desgaste de ferramentas Uso Desgaste indevido natural Quebra Fadiga DESGASTE Mudança de material Projeto mal concebido Falta manutenção

Fluxograma de atuações defronte uma ferramenta defeituosa

ORIGEM Auditoria Queixa Análise Análise COMITÊ

Engenharias Novos Projetos CORREÇÃO

Page 195: Apostila Ergonomia Industrial

195

Recomendações dimensionais sobre ferramentas manuais

Diâmetro para preensão Diâmetro para manoplas Mulheres 30 mm 6mm ⇒ F < 7Kgf Homens 34 mm 20mm ⇒ F > 9Kgf

Diâmetro para pega Diâmetro correto para

pinçamento 40mm a 75mm 6mm a 10mm

Espaço necessário para o perfeito encaixe da mão

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196

Page 197: Apostila Ergonomia Industrial

197

Projeto de ferramentas x risco de acidentes

EXERCÍCIOS

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198

Qual o desvio ulnar “x” ocasionado pelas condições observadas no desenho acima?

Identifique o desvio “x” ocasionado pela inadequação dimensional

Para que não ocorra desvios indesejáveis do punho direito, qual ângulo “x” é recomendado para o antebraço? Encontre o valor “x”, que proporcione neutralidade ao punho direito.

Resposta dos exercícios

Exercício 1 X = 30 graus Exercício 2 X = 15 graus Exercício 3 X = 25 graus

7.6 Vibração transmitida por ferramentas

Em particular discutiremos este item com muita atenção em virtude dos

inúmeros casos reais de doenças “dedos brancos”, ocasionadas pelo contato

direto entre as estruturas das mãos com a ferramenta que transmite a vibração. A

Page 199: Apostila Ergonomia Industrial

199

exposição excessiva também poderá causar problemas vasculares, danos nos

nervos, ossos ou juntas, uma vez que haverá redução do fluxo sanguíneo nas

extremidades. Inicialmente uma sensação de dormência e perda de sensibilidade,

posteriormente, através da contínua exposição e associada à força necessária

para o manuseio destas ferramentas, poderá haver uma evolução para danos

irreversíveis. Vibrações que variam de 25 - 150Hz, e aceleração de 1.5g à 80g são

comumente associadas a um mal chamado de dedos brancos, pessoas afetadas

por este mal perdem a sensibilidade, tornando-se incapazes de realizar tarefas de

manejo fino.

A força exercida numa determinada tarefa também representa um

componente importantíssimo para o agravamento do risco ocasionado por

manejos em pontos vibratórios. Um determinado operador pode simplesmente

manusear a ferramenta com leves toques e estar pouco submetido à determinada

vibração, enquanto outro colega realizando a mesma função se utilize grande

vigor para manusear a ferramenta recebendo desta forma toda a vibração gerada.

Outro fator importante aponta para o formato da manopla, cabo ou

qualquer ponto de contato entre a fonte e o trabalhador, isto porque quanto maior

a área de contato maior a transmissão da vibração.

Seja qual for o caso, a origem vibracional deve ser eliminada ou isolada,

evitando que a transmissão se faça da origem para o trabalhador, como medida

extrema reduzir drasticamente o tempo de exposição nesta condição.

Page 200: Apostila Ergonomia Industrial

200

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

8. Gerenciamento

de Produtos

Ergonômicos

Page 201: Apostila Ergonomia Industrial

201

81. Construção de Produtos Ergonômicos

8.1.1 Cadeiras

A cadeira representa mais que um simples acessório, é um instrumento

de status, representa o poder de seu possuidor! Herança dos reis talvez, visto que

até hoje, quanto maior a patente, mais alto é o espaldar da cadeira, não é fácil

discutir sobre este item, visto que fatalmente chegaremos à conclusão de que a

cadeira mais simples, muitas vezes é melhor ergonômicamente do que muitas

cadeiras sofisticadas. Surpreendemos certa vez um gerente “emprestando” a

cadeira da secretária quando esta se ausentava, talvez na busca de aliviar as

dores cervicais ou lombares, no entanto a devolução era quase que imediata

quando a secretária chegava, pois sua cadeira portentosa não poderia ficar no

canto da sala. A solução veio em seguida com a importação de um belo apoio

lombar, corrigindo desta forma a deficiência de sua cadeira sofisticada.

As cadeiras de gerentes e diretores normalmente não possuem um

adequado encaixe para as escapulas, instituindo uma pequena e dolorosa

projeção da região torácica para frente.

Princípios gerais sobre o assento

Na posição sentada, o corpo entra em contato com o assento praticamente

através de sua estrutura óssea.Esse contato é feito por dois ossos arredondados

em suas extremidades e configurados como duas pirâmides invertidas. Situados

na bacia são chamadas de tuberosidades isquiáticas, recobertas por uma fina

camada de tecido muscular e uma grossa pele, adequadas, portanto para suportar

grandes pressões que podem chegar a suportar em 25cm de pele 75% do peso do

corpo.

Por este motivo estofamentos muito macios não proporcionam um bom

suporte, visto que distribuem a pressão para outras partes das nádegas e coxas,

que são fisiologicamente inadequadas para suportarem compressão, ocasionando

estrangulamento da circulação sangüínea em veias e capilares. A dormência,

Page 202: Apostila Ergonomia Industrial

202

dores e fadiga são efeitos desta condição. Os assentos muito duros em

contrapartida são extremamente desconfortáveis, obrigando o usuário levantar-se

diversas vezes para aliviar o mal estar. A solução está numa condição

intermediária, através da aquisição de assentos feitos com espumas injetadas e

média dureza.O material deverá ser antiderrapante, permitir a perspiração

(transpiração através do material), evitar plásticos lisos e impermeáveis.

O contato da nádega com a superfície através das tuberosidades

isquiáticas impõe a definição do design do assento em favor de cadeiras

produzidas com espumas injetadas e desenho que não ocasione obstrução dos

vasos e microvasos.

A circulação normal do sangue, que é realizado por veias, artérias e

vasos, esta em desvantagem em comparação a posição em pé, visto que andando

os músculos das pernas e pés funcionam como bombas auxiliares, melhorando o

bombeamento sanguíneo.

Neste mesmo ponto de vista, mas em oposição a fluxo sanguíneo

observado durante o posicionamento em pé, é notório que durante o

posicionamento sentado ocorre à compressão na parte posterior das coxas, que

funciona como um obstáculo, reduzindo desta maneira o diâmetro de muitas veias.

Esta condição poderá ser mais grave quando funcionários baixos se posicionam

em cadeiras altas (tipo balcão), quais não possuem apoio para os pés ou mesmo

padronização da altura das mesas.

A utilização de caixas, pedaços de madeira, etc..Reflete muitas vezes

esta condição, instituindo além da compressão demasiada das estruturas

Page 203: Apostila Ergonomia Industrial

203

inferiores, perigosas posturas dos membros superiores, fruto da tentativa

encontrar alívio para seu desconforto.

Outra forma de assento que atualmente esta sendo utilizado em muitos

postos de trabalho, e propõe um tipo de sentar intermediário entre o sentado

tradicional e o posicionamento em pé, é comumente chamado de cadeira para

trabalho semi-sentado. Estas cadeiras oferecem um apoio estofado para encosto

das nádegas do operador num ângulo acentuado se comparado à cadeira

tradicional. Estas cadeiras em sua grande maioria são desconfortáveis, visto que

possuem um assento similar aos utilizados em bicicletas, estes assentos não

oferecem o elemento básico da boa concepção do sentar. Isto é; o peso não esta

corretamente distribuído sobre as ísquias, alterando perigosamente uma

necessidade humana básica.

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204

Cadeira alta

valor mínimo q - raio da pata cadeira baixa 265 cadeira alta 300

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205

8.1.2 Apoio para os Pés

Muitas dúvidas surgem quanto a real necessidade da utilização do apoio

para os pés se faz presente. Qual modelo, altura dimensionamento, tipo de

material e resistência oferecem um leque grande de possibilidades, e para que

possamos compreender melhor, se faz necessário apresentar alguns conceitos

básicos a respeito das relações existentes entre o posicionamento das pernas e

pés proporcionado pelo sentar.

São três as observações básicas que via de regra, permitem iniciarmos o

estudo da necessidade ou não do apoio para os pés.

1º - O trabalho é executado exclusivamente sentado

2º - O trabalho pode ser realizado em pé e sentado

3º - O trabalho é realizado exclusivamente em pé

Page 206: Apostila Ergonomia Industrial

206

No primeiro caso o trabalho é realizado exclusivamente na posição

sentado. O apoio para os pés é necessário, desde que, a altura da mesa ou ponto

de trabalho impossibilite o posicionamento dos pés do usuário no chão. O

operador por sua vez, no intuito de melhorar sua fadiga iminente volta os pés no

sentido de apoiá-los na própria base da cadeira, condição que leva o usuário a

lançar o tronco à frente.

No segundo caso, o trabalho pode ser realizado em pé, assim como,

sentado “posicionamento típico de postos industriais”, neste caso, os apoios para

os pés também são necessários, visto que o ajuste da cadeira é feito em função

do ponto ideal de trabalho “normalmente locado na mesma altura dos cotovelos

dos operadores em relação ao chão”. Este ajuste alto da cadeira ocasiona uma

diferença importante entre os pés do operador e o chão quando este se sentar,

evidenciando a necessidade de apoio próprio para as estruturas, visto que neste

caso não há possibilidade do operador posicionar os pés sobre a base da cadeira.

Freqüentemente é possível observar nas linhas de produção, operadores

posicionando os pés sobre caixas, engradados ou mesmo perigosamente sob as

estruturas da própria linha, quais comportam além de diversos componentes

elétricos o retorno da esteira. Este procedimento conhecido entre os supervisores

de segurança que via de regra mencionam acidentes a respeito, identifica à

necessidade do uso de locais próprios para a locação dos pés dos operadores.

No terceiro caso é observado um trabalho exclusivamente em pé, não

existe a necessidade do apoio tradicional para os pés. Entretanto, uma linha de

ergonomistas defende à necessidade do uso de uma espécie de banquinho, qual

é utilizado para o apoio alternado dos pés durante a atividade laborativa. Assim o

operador hora apóia o pé esquerdo sobre o banquinho, hora apóia o pé direito.

Conclusão

O projeto do apoio adequado para o posicionamento dos pés em função

do trabalho operacional, requer um estudo pregresso e detalhado das funções

executadas. As dificuldades para um bom projeto do apoio para os pés, estão

Page 207: Apostila Ergonomia Industrial

207

relacionadas principalmente à própria dinâmica dos movimentos, mas também não

se deve declinar das observações sobre os envoltórios, o mobiliário, assim como

as diferenças antropométricas, étnicas, formais, culturais - “modo para sentar”,

“forma do sapato”, etc...

Metodologia para um correto projeto de apoio para os pés

Sabemos que muitos autores mencionam a necessidade de um ajuste

fácil de altura, também referem à inclinação fixa de 15º da base como ideal,

promovendo desta forma uma suposta relação ideal entre as estruturas dos

membros inferiores e o correto posicionamento do sentar. Nossa opinião diverge

destes autores no que se refere à pré-definição do ângulo, visto que inclinação de

15 graus pode promover o posicionamento incorreto dos pés das mulheres,

quando estas estiverem calçando sapatos com saltos altos.

O desenvolvimento de qualquer produto ergonômico deve considerar o

usuário como fonte de informações, não nos referimos somente às dimensões do

ser humano, mas aos diversos aspectos técnicos, sociais e cognitivos que compõe

o local propriamente dito.

Apóia pés para escritório

A necessidade do apóia pés para escritório se faz quando a relação

“altura da mesa x ajuste da cadeira”, proponha o que podemos chamar de “pés

suspensos”. Esta situação evidentemente interligada ao dimensionamento do

indivíduo, esta também relacionada com o tipo de atividade executada, a largura

do tampo, o dimensionamento do produto, barras na parte inferior do tampo, tipo

de teclado, e outras situações semelhantes.

Tomemos como exemplo, uma mesa com 74cm do tampo ao chão e 3 cm

de espessura, condição que representa a maior parte dos mobiliários produzidos

no Brasil. Neste caso o indivíduo ideal deverá possuir 175cm, sendo que os

Page 208: Apostila Ergonomia Industrial

208

funcionários que possuam alturas superiores a esta, podem facilmente posicionar

seus pés no chão, entretanto os funcionários baixos, normalmente ajustam as

cadeiras para o correto posicionamento dos membros superiores, ocasionando a

“suspensão dos pés”, quais instintivamente são locados sobre as bases das

cadeiras giratórias na tentativa de aliviar o incomodo, esta postura é péssima para

os membros superiores, pois com os pés para trás, ocasionam o desequilíbrio de

toda a estrutura superior.

Altura ideal do apoio para os pés em função de uma mesa padrão “74cm”.

O apóia pés ideal para cada altura de indivíduo abaixo de 175 cm de

altura, em função da mesa de 174cm é respectivamente: Mesa Indivíduo Apóia pés ideal 74 175 0 74 172 2 74 170 3.1 74 167 4.1 74 165 5.2 74 162 6 74 160 6.9 74 157 8 74 154 9.2 74 152 11

Podemos observar na última linha da tabela, que o apóia para os pés

deveria conter um range de 11cm para um indivíduo de 152cm, o que no ponto de

vista prático é um problema real, visto que os fabricantes de apoio para os pés

não industrializam equipamentos com tal range. Talvez porque muitos

simplesmente se baseiem em produtos importados.

Quanto à inclinação

Os estudos que consubstanciaram a utilização de uma base em balanço substituindo a base tradicional em 15 graus, podem ser resumidos da seguinte forma:

Sapatos sem saltos. Fig 01

Page 209: Apostila Ergonomia Industrial

209

Observar que existe uma relação entre tronco x cadeira x apóia pés

θ1 = θ2 = θ3 O conceito que sugere a inclinação de 15 graus para os apóia pés, têm

por gênese conceitual o estudo apresentado pela “Figura 01”, visto que o melhor

ponto operacional para os membros superiores indica uma inclinação entre 10 e

15 graus para o tronco na posição sentada, esta inclinação é transferida para os

pés numa relação intrínseca entre as estruturas. O ângulo de 15 graus para os

pés, portanto representa os mesmos 15 graus para o posicionamento da coluna

humana, e são adequados para indivíduos que utilizam saltos baixos. No entanto

quando houver a interferência de saltos altos, há necessidade de cálculo desta

interferência para determinação do novo ângulo da bandeja “figura 2”.

Abaixo descrevemos algumas situações em que poderíamos esperar uma

angulação de 15 graus entre os pés do operador e o chão:

- o indivíduo não possui em seus sapatos saltos proeminentes - a inclinação do tronco esta entre 100 e 115 graus - o apóia pés esta devidamente locado - o indivíduo não possui necessidade de alternância das posturas

Porque o angulo de 15 graus não pode ser considerado regra:

A relação existente entre o posicionamento do tronco e o angulo que os

pés e o chão formam durante o ato de sentar, pode ser explicada pelo princípio de

perpendicularidade existente entre os pés e a parte inferior da perna, este

princípio nos mostra que o angulo de 90 graus é uma necessidade intrínseca entre

Page 210: Apostila Ergonomia Industrial

210

estas estruturas. O desenho abaixo demonstra como a relação de

perpendicularidade é real e necessária.

O angulo de 90 graus é uma constante nesta relação entre os segmentos

demonstrados, isto é; a parte inferior da perna e os pés. Portanto seja qual for o

tipo de apóia pés desenvolvido haverá a necessidade de respeito a esta regra.

θ1 = θ2 = θ3

Estudo da inclinação para apóia pés quando houver uso de saltos nos sapatos

θ1 = θ2 = θ3 ≠ θ4

O salto alterou o angulo esperado, ocasionando o aumento da inclinação real.

Exemplo: Figura 2

Page 211: Apostila Ergonomia Industrial

211

∆ = 5cm

Portanto inclinação real é obtida da seguinte forma:

θ3 = 15 graus “mesmo da inclinação do encosto” Sen θ4 = cat op = 5 θ4 = 12.5 graus

hip 23

Portanto o ângulo necessário para atender a usuária é θθθθ3 + θθθθ4 = 27.5 graus.

O projeto deve favorecer a variação angular livre ou controlada do ângulo das bandejas, em face dos muitos fatores que alteram a inclinação esperada de 15 graus.

.

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212

EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________

9.Referência

Bibliográfica

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213

9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Norma Regulamentadora – NR 17 – “Ergonomia”.

Norma Regulamentadora – NR 15 – “Atividades e Operações Insalubres”.

Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora nº17-2 TEM.IT, 2002.

NBR 5413/1992 – “Iluminamento de Interiores”. Apostila Programa de Engenharia de Produção COPPE (Curso de Especialização

em Ergonomia)

Guia para Análise Ergonômica do Trabalho (AET) na Empresa, Mário César Vidal.

Ergonomia na Empresa – Útil, Prática e Aplicada, Mário César Vidal.

Ergonomia Aplicada ao Trabalho, volumes 1 e 2 de Hudson Araújo Couto.

Como Gerenciar as Questões de L.E.R./D.O.R.T de Hudson Araújo Couto.

Guia de Melhoria no Trabalho – Processo Ergonômico Global Ford (Adaptando o Trabalho ás Pessoas).

Ergonomic Design for People at Work (volumes 1 e 2) Kodak – Human Factors.

Handbook of Human Factors and Ergonomics, 2ª ed. Gavriel Salvendy.

Apostila de Treinamento Proderg

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214

Referência Bibliográfica Ergodesign: produtos e processos. MORAES, Anamaria e FRISONI, Bianka Cappucci. Rio de Janeiro, 2AB, 2001. 206p. Ergonomia: conceitos e aplicações. MORAES, Anamaria de e MONT´ALVÃO, Claudia. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 2AB - Série Oficina, 2000. 2a Ed. 132p. www.apergo.pt/ergonomia