caderno das letras 2013 2014

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A batalha dos elementos Há muitos milhões de anos, no planeta Terra, todos os elementos estavam numa batalha que há muito tempo durava. Quatro amigos, um do elemento do fogo, um da água, um da pedra e um da floresta. Os quatro amigos eram bondosos, brincalhões e engraçados, mas as suas tribos eram rabugentas e maldosas. Eles tinham de fazer alguma coisa, porém não se lembravam de nada que os pudesse ajudar. O do elemento da água era o mais inteligente e pensou que se conseguissem levar os chefes dos elementos para um local distante da tribo, podiam chegar a um acordo. Então cada um foi para a sua tribo e pediu uma audiência ao chefe. Os elementos pediram-lhes para se afastarem das tribos, mas eles disseram que era muito perigoso. Muito desiludidos foram para o seu local secreto na montanha mais alta e contaram o sucedido. De repente, uma luz intensa cegou-os durante um momento, olharam para cima e viram o inimaginável, o elemento da luz, que era o mais poderoso, bondoso, puro e magnífico dos elementos. Muito excitados perguntaram-lhe se havia solução para a guerra. Ele logo lhes respondeu que sim, mas tinham de procurar sete pedaços do cristal da amizade que fora destruído no início da guerra. Muito determinados perguntaram se havia algo que os auxiliasse na sua demanda. Dando-lhes um mapa, informou-os de que se deveriam dirigir aos lugares assinalados. Dirigiram-se aos seis primeiros locais, onde encontraram armadilhas fáceis de superar. Porém, no último, encontraram uma besta de três cabeças que estava a dormir. Com muita cautela, pegaram no cristal e foram-se embora.

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Page 1: Caderno das letras 2013 2014

A batalha dos elementos

Há muitos milhões de anos, no

planeta Terra, todos os elementos estavam

numa batalha que há muito tempo durava.

Quatro amigos, um do elemento do

fogo, um da água, um da pedra e um da

floresta.

Os quatro amigos eram bondosos, brincalhões e engraçados, mas as

suas tribos eram rabugentas e maldosas.

Eles tinham de fazer alguma coisa, porém não se lembravam de nada

que os pudesse ajudar.

O do elemento da água era o mais inteligente e pensou que se

conseguissem levar os chefes dos elementos para um local distante da tribo,

podiam chegar a um acordo.

Então cada um foi para a sua tribo e pediu uma audiência ao chefe. Os

elementos pediram-lhes para se afastarem das tribos, mas eles disseram que

era muito perigoso.

Muito desiludidos foram para o seu local secreto na montanha mais alta

e contaram o sucedido.

De repente, uma luz intensa cegou-os durante um momento, olharam

para cima e viram o inimaginável, o elemento da luz, que era o mais poderoso,

bondoso, puro e magnífico dos elementos.

Muito excitados perguntaram-lhe se havia solução para a guerra. Ele

logo lhes respondeu que sim, mas tinham de procurar sete pedaços do cristal

da amizade que fora destruído no início da guerra.

Muito determinados perguntaram se havia algo que os auxiliasse na sua

demanda.

Dando-lhes um mapa, informou-os de que se deveriam dirigir aos

lugares assinalados.

Dirigiram-se aos seis primeiros locais, onde encontraram armadilhas

fáceis de superar. Porém, no último, encontraram uma besta de três cabeças

que estava a dormir.

Com muita cautela, pegaram no cristal e foram-se embora.

Page 2: Caderno das letras 2013 2014

Ao juntar sete pedaços, um raio de luz foi dirigido para as pessoas e

ouviram-se risos e músicas alegres por todo o mundo. Já não estava em

guerra.

Eduardo José da Silva Pires Ferreira, n.º 7, 5.º A

Page 3: Caderno das letras 2013 2014

Os gémeos

Era uma vez uns gémeos

chamados Pedro e Lucas que viviam

numa rua serena nos Estados Unidos da

América, tão serena que não se passava

mesmo nada. Os seus vizinhos de cima

eram simpáticos, mas estranhos. Tinham

um caniche que ladrava durante todo o

dia.

Certo dia, à noite, ouviram um barulho enorme vindo do andar de cima.

Acharam estranho, mas mantiveram-se calmos. Passado algum tempo, viram a

polícia parada à frente do seu prédio, por isso foram ver o que se passava. Os

seus vizinhos estavam mais esquisitos do que nunca. Afirmavam não se ter

passado nada, portanto os gémeos voltaram para casa.

– Que estranho! – exclamou o Pedro, ao chegar a casa. – Amanhã,

vamos investigar.

No dia seguinte, ao acordar, foram escutar a conversa dos vizinhos.

Conseguiam ouvir uma voz desconhecida:

– Acreditem, o vosso cão vai ficar com poderes e irá dominar todo o

mundo. As minhas experiências são boas! Não contem nada à polícia, senão

mato-vos. Adeus!

Os dois irmãos esperaram à porta o tal homem que ia sair. Esperaram,

mas ele tinha saído por outro lado. Então, desceram as escadas.

– Cá estás tu, meu malandro! – disse o Pedro em voz alta ao vê-lo.

Os gémeos cercaram o homem e, então, chamaram a polícia, que não

tardou a chegar.

– Obrigado, meninos! – agradeceu o agente reconhecido.

– De nada. Foi um prazer ajudá-lo, sr. Agente!

O destino do homem e dos vizinhos não foi dominar o mundo, mas sim a

prisão.

Pedro Afonso Cortês, n.º 27, 5.º A

Page 4: Caderno das letras 2013 2014

Aventuras fantásticas com os meus cães

Um dia estava a tomar o pequeno-almoço quando reparei que uma

família de melros planava como se alguma coisa de mal tivesse acontecido, e

os meus cães também andavam agitados. Havia uma grande confusão no meu

quintal, um quintal que estava sempre calmo e verdejante, embora naquele dia

tivesse algumas pintinhas brancas do orvalho que caíra durante a noite.

Percebendo que me estavam a chamar, fui lá ver o que se passava; os

melros foram-se logo embora, planando sobre uma árvore. Para meu espanto,

havia lá um ninho com três filhotes de milhafre. Ao longe, uns homens

andavam a cortar centenas e centenas de árvores, e pensei que vieram daí

aqueles três filhotes, tão pequeninos como a palma da mão de um bebé.

Dos meus três cães, o mais inteligente era o mais velho, de nome

Rucky. Então, dei-lhe o ninho a cheirar, e ele foi em direção ao que eu previra,

o lugar onde os homens estavam a cortar imensas árvores, tantas que não

havia fim.

Pensei logo em tirar uma peça das máquinas para deixarem de

funcionar. Antes que eu fizesse algo, a minha cadela Boneca e o meu cão Bali

trataram disso.

Os homens, quando tentaram pô-las em funcionamento, verificaram que

não trabalhavam e foram ver o que se passava. Ainda tiveram tempo de

visionar os meus dois cães em ação, a roerem os fios. Então, tivemos de fugir.

Pelo caminho, o meu cão Rucky encontrou um casal de milhafres a voar,

como se estivesse à procura dos filhos. Parou e só depois continuou o seu

caminho em direção a minha casa. Os milhafres, compreendendo o que ele

queria, seguiram-nos, e lá, no meu quintal, o pobre casal nem podia acreditar

no que via, os seus três filhotes.

Page 5: Caderno das letras 2013 2014

Esta foi mais uma aventura, sempre com a ajuda dos meus três cães e

dos habituais melros, os mesmos que, quando acordo, estão sempre a dançar

como bailarinas nas minhas cultivações.

Nuno Diogo Belchior de Ferreira Lucas, n.º 25, 5.º A

Page 6: Caderno das letras 2013 2014

O baú

Era uma vez um baú muito velho,

muito gasto, muito grande e com

imensas coisas dentro, algumas tão

estranhas, tão fora do comum que nem

nos passa pela nossa imaginação.

Um dia, um menino que vivia na

casa onde estava o baú perguntou à

mãe:

– Mãe, o que é que há no sótão?

– Coisas só para adultos – disse a mãe depois de algumas hesitações.

A verdade é que nem a mãe sabia o que estava no sótão, pois tal como

o filho também ela tinha feito essa pergunta ao seu pai quando era criança, e

ele respondera-lhe da mesma forma.

De noite, o menino não conseguia dormir, pois não parava de pensar no

que é que estaria no sótão. Foi ter ao quarto dos pais, que dormiam que nem

uma pedra. Então, como não podia pedir à mãe para o ir adormecer, foi para o

sótão.

Subiu as escadas, abriu a porta e deu de caras com o baú. Naquele

espaço não havia mais nada senão teias de aranha, ratazanas, lagartixas e pó.

Abriu o baú e viu coisas que nunca tinha visto antes: bonecas e

bonecos, soldados e soldadinhos, e outros quantos brinquedos com feições tão

perfeitas que pareciam ser reais.

Nisto viu um apito pequeno e prateado, que soprou depois de tirar a

poeira.

– Que estranho! – disse o menino para consigo. – O apito não deu som,

deve estar estragado…

E voltou a apitar e mais uma vez não deu som nenhum.

O menino não perdeu a esperança e continuou a soprar, mas todas as

tentativas foram em vão.

Foi então que uma voz de meninice vinda do baú se queixou:

– Que ruído horrível! Podes parar, não?

E a seguir a esta muitas outras vozes vindas do baú se queixaram.

Page 7: Caderno das letras 2013 2014

O menino olhou para o centro do baú e viu todos os brinquedos a

falarem.

– Como é que conseguem falar? – perguntou o menino.

– É o apito – responderam os brinquedos.

Depois de uma longa explicação dada pelo general dos soldadinhos, o

menino percebeu que o apito despertava os brinquedos e eles ganhavam vida.

A partir desse dia, os brinquedos e o menino ficaram grandes amigos, e

depois de uma longa e profunda limpeza o sótão ficou um primor.

Até ao final da sua vida o menino e os brinquedos nunca mais

esqueceram aquele precioso momento.

Depois do menino ainda vieram os seus filhos e os seus netos a brincar

com os brinquedos.

Carolina Monteiro Henriques da Cunha, n.º 3, 5.º B

Page 8: Caderno das letras 2013 2014

O pinguim João queria ser espião

Há vinte e cinco anos, no país da

Pinguilândia, havia um pinguim chamado

João que queria ser espião. No entanto,

tinha um problema, ele era um pinguim

franzino e por isso sempre que ia pedir ao

comandante dos espiões para entrar na

equipa, o comandante achava que ele não

era capaz de fazer as coisas que lhe seriam

pedidas na equipa dos espiões onde ele

queria entrar.

Um dia quando o João estava a brincar com os seus três amigos,

António, Manuel e André, eles notaram que estava muito triste, e perguntaram-

lhe o que se passava com ele.

O João disse que se sentia frustrado com a opinião do comandante, é

que mesmo sendo franzino achava que conseguia ser melhor do que eles.

O André, que era o mais esperto do grupo, deu-lhe a ideia de ir ver o

que se passava com o desaparecimento dos ursos polares. É que era muito

estranho e ninguém sabia o que se andava lá a passar.

Os quatro amigos partiram à procura de uma explicação para o que se

passava. Seria uma aventura.

O Manuel, como era obeso, ficava sempre para trás e os amigos tinham

de o ajudar.

Mal lá chegaram, viram dois caçadores com duas metralhadoras a

apontarem para um urso. Sem hesitações, os quatro pinguins aproveitaram um

lago que por lá havia para mergulharem e se aproximarem desses caçadores.

Sem dificuldades, tiraram-lhes uma das metralhadoras e o João conseguiu

prendê-los.

De regresso ao seu país, o João foi condecorado pelo comandante dos

espiões. Era agora o João, o espião.

E viveram todos felizes para sempre.

Rui Vidal, n.º 24, 5.º B

Page 9: Caderno das letras 2013 2014

O sonho de Maria

Era uma vez uma menina chamada Maria.

Estava uma linda tarde de verão e Maria estava estendida na toalha a

apanhar sol na praia.

A certa altura, decidiu fazer um passeio à beira-mar, pois estava maré

baixa. Andou, andou, até que um foco de luz lhe atingiu os olhos. Ela parou e

tentou tapar o foco com o pé, porque a luz vinha do chão.

Finalmente, parou, e ela foi logo lá ver o que era. Era um búzio muito

colorido. Quando lhe tocou, deu um choque. A menina aleijou-se e os dedos

ficaram todos vermelhos, pareciam uns tomates.

Entretanto, virou-se para trás e para sua surpresa viu milhares de

prédios com designs muito avançados, viu também naves a voarem por cima

dos edifícios e viu-se em cima de uma espécie de ilha voadora cheia de

palmeiras e uma grande praia.

Ela pensou: «Como é que eu vou sair daqui?». Deu milhares de voltas e

encontrou umas escadas num canto da ilha que iam dar ao chão.

Desceu, desceu … e quando chegou ao fim,

não viu nada, só o começo de arranha-céus. Tentou

encontrar alguém, mas nada.

Mesmo num canto de uma rua viu um placar numa loja de telemóveis, o

que era a única maneira de se saber o que lá se vendia. Ela não via nada nas

montras dessa loja, só os nomes dos telemóveis e por cima nada.

Entrou e perguntou onde estavam todas as pessoas, e o dono da loja

disse-lhe que estavam em casa a fazer as suas compras online. Perguntou-lhe

também por que razão não havia telemóveis na montra, e ele respondeu que

os telemóveis eram invisíveis e só se viam se fossem ligados.

Maria já estava a perceber onde estava. Estava no futuro.

De repente, ouviu um barulho e alguém dizia: «Maria, Maria, Mariiia,

acorda, filha!». Eram os pais que a chamavam para se levantar. Então aí

percebeu que aquilo tinha sido um sonho.

Vasco Manuel Domingues Cotão, n.º 27, 5.º B

Page 10: Caderno das letras 2013 2014

Uma viagem inesperada e um tesouro

Há muitos anos havia um menino

que não tinha medo de nada e que

sonhava ir ao Egito antigo para

encontrar os tesouros lá existentes.

Como ele não tinha medo de nada,

o seu quarto estava decorado com as personagens assustadoras dos contos

que ele ouvira dos avós.

Ir ao Egito antigo era difícil, com todos os monstros existentes nas

pirâmides, e ele era só um menino, não um guerreiro. Além disso, também não

sabia como se ia para tal sítio, que era tão longe.

Numa tarde, quando regressava a casa, depois de um dia de escola,

caiu num esgoto. Não tentou sair de lá. Curioso, continuou a andar. Andou,

andou, até que caiu noutro buraco, e aconteceu o que ele menos esperava:

encontrou as pirâmides do Egito antigo, que ele pensava estarem tão longe e

afinal estavam mesmo debaixo da cidade onde vivia.

A primeira coisa que o menino fez foi tentar equipar-se, porque se não

morreria nas pirâmides. Na mochila, tinha alimentos, umas panelas e umas

fisgas, que por acaso levara consigo para a escola para mostrar aos seus

amigos do campismo. Fixou as panelas ao corpo com a ajuda das fisgas e a

colher de pau que escondera para qualquer eventualidade serviu de espada

para derrotar todos os inimigos.

Depois de explorar bem o terreno, chegou à conclusão de que as

pirâmides estavam soterradas e que teria de escavar com as próprias mãos

para descobrir a entrada.

Encontrou parte de uma pirâmide que lhe pareceu interessante, escavou

até encontrar a entrada e entrou.

No interior desse edifício, derrotou todos os inimigos e apanhou uma

caixa que tinha diamantes e ouro.

João Miguel de Mascarenhas Ilharco, n.º 9, 5.º C

Page 11: Caderno das letras 2013 2014

Uma banda desaparece

No século atual, em Londres, uma banda chamada «One Direction»

desaparece a meio do concerto. A Leonor, o Pedro e a cadela Luna percebem

que é um caso para os Três Maravilhas!

Começam por ir ao estádio onde o concerto tinha decorrido. Mal lá

chegaram, foram rapidamente falar com os polícias que estavam encarregados

do caso. Estes informaram que a banda tinha desaparecido enquanto o palco

estava coberto de fumo.

De seguida, vão falar com a agente da banda, que estava horrorizada. A

chorar, ela diz-lhes que não era suposto haver fumo no concerto. Os Três

Maravilhas dizem-lhe para descansar um pouco e vão-se embora. Entretanto,

seguem para o palco e analisam-no com o kit que o pai de Leonor, que era

polícia, lhe tinha oferecido.

Descobrem que o raptor tinha deixado lá as máquinas de fumo.

Descobrem também duas impressões digitais. Depois de pedirem ao pai de

Leonor para as analisar, descobrem que eram de duas raparigas de dezasseis

anos fanáticas pelos «One Direction». Vão tentar falar com elas.

No meio de toda a confusão, a curiosa Luna começa a encostar a orelha

a tudo e ouve qualquer coisa. O Pedro tenta abrir uma porta, a mesma que

captara a atenção da cadela, mas acaba por perceber que estava trancada. Em

coro, perguntam onde estava a chave, mas ninguém responde.

Não desistem de encontrar a chave. Assim, tanto procuram que têm

sucesso. Mandam então a Luna procurar as tais raparigas, e ela encontra algo.

Pedro e Leonor seguem a cadela e encontram-nas.

Vão à polícia e as raparigas são presas.

Rita Veloso Cristóvão Santos, n.º 17, 5.º C

Page 12: Caderno das letras 2013 2014

Um monstro e uma princesa linda

Há muitos anos vivia numa floresta

encantada um ser estranho, triste, solitário e

monstruoso. Era o Mamusonte, uma mistura de

mamute e bisonte. Ele tinha um aspeto

medonho: uns cabelos compridos, escuros e

encaracolados, uns olhos da cor do fogo e uma

pele encortiçada. O seu grande sonho era um

dia ser um animal como os outros.

Certo dia, o Mamusonte foi à procura de alimento na floresta e, com

tristeza, viu que cada animal que por ele passava, fugia. Chegou a um ponto

que só queria tornar-se como eles; por isso, com a ajuda de um machado,

cortou o cabelo e as suas enormes unhas.

Quando chegou ao pé dos animais, verificou que eles continuavam a

fugir.

Numa noite, alguns dias mais tarde, o Mamusonte pensou para ele: «Eu

vou ser tão mau, tão mau que nunca ninguém irá conhecer outro igual a mim.».

Não muito longe da floresta encantada, havia

um castelo no cimo de um monte, e o Mamusonte foi

até lá. Encontrou uma princesa e pensou: «Quem

melhor do que esta princesa para eu libertar a minha

maldade? Vou raptá-la!».

O Mamusonte levou-a num saco para a floresta encantada e quando ia

para o abrir pensou que ela talvez o achasse muito feio. No entanto, quando

ele abriu o saco, a princesa disse:

– Oh! Quem és tu? Não te conheço, mas és bonito!!

E o Mamusonte respondeu:

– Eu, bonito? Nunca ninguém me disse isso!!

E assim começou uma amizade. A mesma que acabaria por se

transformar em amor. Ao casamento deles, na floresta encantada, foram todos

os animais, pois a princesa também essa mudança conseguiu.

Bernardo João Simões Ferreira, n.º 6, 5.º C

Page 13: Caderno das letras 2013 2014

A melhor paisagem do mundo

Numa bela manhã de primavera viajava eu pelos Alpes franceses,

quando me deparei com uma paisagem deslumbrante, onde tudo era

verdejante.

À direita, havia uma pequena casa de madeira com aspeto desolador.

Era antiga e rústica. Estava abandonada como um pobre mendigo a pedir nas

ruas.

À esquerda, existiam pinheiros verdes e solitários. Um deles destacava-

se pelo seu tronco áspero e grosso e por ser tão alto como um dinossauro em

pé.

Logo atrás, num casario muito bonito, sobressaía uma igreja com uma

torre pontiaguda, semelhante à ponta de uma lança bem aguçada

Ao fundo, havia montanhas verdejantes. Eram tão altas como um

arranha-céus. Os seus recortes irregulares permitiam ver o nascer do sol.

A encimar a paisagem existia o imenso céu nublado. O seu cinzento

carregado era semelhante ao nevoeiro da manhã.

Esta foi a melhor manhã da minha vida, porque vi a melhor paisagem

que eu possa imaginar.

Bruno Miguel Cabral Pocinho, n.º 7, 5.º C

Page 14: Caderno das letras 2013 2014

Wolf

Ana estava sentada no sofá. Os pais

tinham saído e já perdera os avós. A menina

tinha apenas consigo a sua irmã mais nova,

Beatriz, que estava à sua responsabilidade.

Em casa, ouvia-se apenas as portas a

gemerem. De repente, Ana ouviu um barulho

no telhado. Beatriz estava a dormir e não ouviu

nada. O que seria aquilo? Ana queria

investigar.

Havia um problema. O que faria com

Beatriz? E se ela acordasse e fizesse

disparates? Nesse caso, quando os pais

chegassem, à meia-noite, iria ser castigada.

Nesse momento, Ana teve uma ideia. Beatriz andava no terceiro ano,

por isso já sabia ler. Decidiu assustá-la. Sabendo que ela tinha muito medo de

lobos, escreveu-lhe um bilhete, que colocou na sua mesa-de-cabeceira, com a

seguinte mensagem:

«Beatriz, por favor, não saias da cama. Ouvi um barulho estranho,

parecido com o dos lobos. Talvez seja um, vou tentar caçá-lo. Se saíres da

cama, há muitas probabilidades de ele te comer.

Ana»

Na verdade, Ana não foi à procura de um lobo nem pretendia caçá-lo, foi

ver o que se passava no telhado.

Da janela do sótão, a janela mais alta da casa, lançou uma corda que

prendeu na chaminé. A menina, aventureira como era, trepou-a e subiu ao

telhado. Lá em cima encontrou apenas Wolf, o seu antigo cão, que fugira há

algum tempo.

Com todo o cuidado, ajudou-o a descer do telhado, e Wolf, mal pôs as

patas em terra firme, fugiu novamente. Ana, cheia de alegria por o ter

encontrado, correu e pulou atrás dele, sem grande sucesso. Passaram por

Page 15: Caderno das letras 2013 2014

matas e mais matas, mas só ao fim de algum tempo o seu cão se deixou

apanhar.

No entanto, havia um pormenor. Os pais estavam a chegar,

encontravam-se a aproximadamente um quilómetro de casa. Ana e Wolf tinham

de regressar imediatamente do seu «passeio» noturno. Viram uma bicicleta e

não hesitaram, seria mesmo a pedalar que voltariam para casa.

Chegaram a casa antes dos pais.

Por sorte, os pais deixaram que as filhas ficassem com o cão. A partir

daí, as meninas nunca mais o perderam de vista, brincavam com ele e até lhe

compravam brinquedos.

Marta Luísa Elias Garcia Brás, n.º 16, 5.º D

Page 16: Caderno das letras 2013 2014

A cidade Docelândia

Numa cidade longínqua chamada

Docelândia, onde tudo era feito de doces,

todos os anos inauguravam uma feira.

Nessa feira, os divertimentos que

existiam eram o «quem come mais doces»,

o «alvo ao doce»…

Um dia, um menino chamado

Docinho foi com a sua mãe à feira. Quando

chegaram, o Docinho ficou estupefacto a

olhar para tanta doçaria. Ele ficou tão

contente que puxou a sua mãe para ir

divertir-se consigo.

O menino estava tão indeciso que não conseguia escolher, não sabia

para onde ir. Passados alguns minutos … lá se decidiu e gritou aos ouvidos da

mãe:

– Quero ir ao «alvo ao doce»!!! Por favor!

Nesse jogo, o Docinho tinha de acertar no alvo com o doce até

conquistar cem pontos, e tinha sete tentativas; no final, se ganhasse, ganharia

um «monte» de doces.

Quando começou a jogar, estava muito ansioso, tão ansioso que fez

tudo rapidamente; e porque a excitação era tanta tirou logo das mãos do

funcionário daquela banquinha o saco com o seu prémio, o que fez com que as

pessoas ficassem a olhar para ele.

Em seguida, já mais baixinho, o Docinho disse à mãe:

– Mãe, podemos ir ao «quem come mais doces», se faz favor?

A mãe até o deixaria ir, o único problema era que para aquele jogo

tinham de ter mais de treze anos, e o menino só tinha onze. No entanto, ele

disse que conseguiria aguentar.

Começou o jogo. O menino nunca parou, só o fez quando conseguiu

ganhar. O seu prémio foram dois bilhetes para a feira.

O Docinho estava a ter um dia muito feliz, mas tudo mudou algumas

horas mais tarde quando ficou cheio de dores de barriga. Nessa altura,

Page 17: Caderno das letras 2013 2014

começou a pensar que poderia dizer algo muito importante às pessoas para o

bem da sua cidade. Sem hesitações, exclamou:

– Meus caros amigos, gostava de vos dizer que ouvi comentar que

muitas pessoas saem daqui a queixar-se de que esta feira só tem doces

estragados, mas eles estão errados, nós é que comemos muitos doces, por

isso, eu aconselho-vos a mudarem o nome à cidade, que esta passe a chamar-

se «Vegetalândia». Assim, começaríamos a ser mais saudáveis.

O Presidente da Câmara concordou, e a cidade mudou de nome, de

«Docelândia» para «Vegetalândia».

Maria Miguel de Brito Graça Gonçalves, n.º 15, 5.º D

Page 18: Caderno das letras 2013 2014

O inspetor Max

Era um dia calmo para a Polícia

Judiciária (PJ), e o inspetor Jorge

Mendes, também conhecido por inspetor

Max, estava a beber o seu café quando

se assustou com o colega Sérgio Calado

que vinha a correr, gritando:

– Temos outro caso! Temos outro

caso!

«Mais uma dor de cabeça…», pensou o inspetor Jorge. «Qual é desta

vez?»

– Um grupo de assaltantes fez das suas… na casa do Presidente, e

matou-o!!!

– Então vamos já para lá – respondeu o inspetor Jorge prontamente.

E lá foram eles, apressados, no seu jipe.

Chegando ao local, começaram a investigar.

Algumas horas mais tarde, terminado o trabalho naquele espaço, foram-

se embora e enviaram o que recolheram para análise, no laboratório.

Passados dois dias, chegaram os resultados das impressões digitais,

que pertenciam a cinco pessoas: Vítor Seabra, Manuel Mendes, Maria Correia,

Patrícia Ferraz e Ricardo Cardoso. Através de tecnologia avançada,

conseguiram também o reconhecimento facial dos assaltantes, e foram no seu

encalço.

Um mês mais tarde, ajudados pelas equipas de buscas, encontraram-

nos, tendo ficado detidos até ao dia do julgamento.

Chegado esse dia, dirigiram-se ao tribunal, pelas mãos da PJ, e foram

acusados de invasão de propriedade privada, roubo e homicídio. Cumpriram

pena de dez anos e seis meses por tudo aquilo que tinham feito.

Já muito cansado, o inspetor Max, somando mais um sucesso, foi para

casa, dirigiu-se ao seu quarto e aterrou na cama, estafado!

Era mais um caso resolvido, finalmente!

Ana Marília Esteves Sobreira, n.º 4, 5.º D

Page 19: Caderno das letras 2013 2014

O Monstro e o Mistério do Rio

Era uma vez, há muito tempo atrás, uma pequena aldeia muito bonita

junto ao vale dos Montes Nevados. Nos arredores daquela aldeia, havia belos

pomares que davam frutos deliciosos e muitas flores, cujo perfume era

arrastado pela brisa que ali habitava.

Todos eram felizes! Todos cantavam! Todos dançavam! Todos exceto

um pobre monstro que era desprezado pelos aldeões. Ele era bondoso e, por

mais que se esforçasse para fazer amizade, todos diziam:

– Olhem para aquela criatura verde asquerosa!

– Cheira tão mal! E está sempre com aquelas roupas rasgadas e …

– Mas eu por dentro não sou mau – dizia ele, à beira das lágrimas.

Pobre monstro, tão solitário! Se ninguém gostava dele como era, por que

razão estaria ali?

Pegou nas suas coisas monstruosas e foi-se embora.

“Nunca serei feliz aqui “ pensou. Começou por caminhar, muito

lentamente, sempre para cima sem saber o seu triste destino. Talvez fosse

para o cume de um dos montes. Passavam dias e o pobre coitado ainda não

sabia se devia parar.

Um dia, tão cansado, desmaiou na neve branca que refletia os raios de

sol. Acordou atordoado e com fome, mas, por sua sorte, desmaiara ao lado de

um abrigo protegido por rochas que tinha espaço para fazer um quarto. Em

frente à gruta, corria um rio de águas límpidas. Isso permitia pescar e ter água

pura para beber.

Acabando por entrar, perguntou:

– Está aqui alguém?

Não ouviu resposta e começou a preparar a sua futura casa.

Passaram dias, meses, anos e o monstro tinha criado o hábito de, no

seu aniversário, expulsar a tristeza, chorando e deitando as lágrimas para o rio

que corria até a aldeia. Ao chegarem lá, como era de costume, as lágrimas

eram recolhidas do rio para as casas dos aldeões. Depois, quando bebiam

água ficavam felizes sem motivo, satisfeitos sem fazer nada…

Claro que, ao fim de alguns anos, se percebeu que era por causa da

água. Infelizmente, não percebiam o que tinha a água ou porque era sempre

naquele dia. Todos os anos chamavam cientistas diferentes e todos diziam o

Page 20: Caderno das letras 2013 2014

mesmo: “ Ao mesmo tempo é a água mais perfeita e mais esquisita”. Alguns

aldeões começavam a afirmar que se tratava do “Mistério do Rio”.

Até que um desses dias “especiais” chegou e um rapaz loirinho de olhos

azuis decidiu subir o monte, caminhando nas margens do rio até chegar à

nascente e desvendar o mistério. Mentiu à mãe, dizendo que ia acampar com

os amigos e lá foi, com muita confiança.

A certa altura, o rapaz encontra um monstro que chorava.

– AAHHH…! – gritou o rapaz, preparando-se para fugir.

– Tu és um aldeão? – perguntou o monstro.

– Sim – respondeu, percebendo que não lhe iam fazer mal – vim

desvendar o mistério do rio. Diz-se que a água anda estranha.

O monstro riu-se.

– Meu rapaz, este rio é o rio da Felicidade: transforma o triste em

contente, o mau em bom. Estou a expulsar a minha tristeza deitando lágrimas

para o rio e oferecer-vos felicidade, se é que me estás a perceber.

– Sim, compreendo muito bem, exceto a parte de “expulsar a minha

tristeza”.

Houve silêncio. O monstro, apesar de não querer recordar a história,

explicou ao miúdo.

O rapaz reconheceu a injustiça. Afirmou que tratavam mal o monstro e,

mesmo assim, ele oferecia felicidade. Pegou na mão do monstro e levou-o até

à velha praça da aldeia.

– Atenção a todos!

Muitas caras enojaram-se ao ver o monstro.

– Quem está aqui connosco é mais um aldeão normal. – continuou o

rapaz – Vocês desprezam-no, mas é ele que vos dá a água da felicidade.

– O quê?

– Que parvoíce!

O rapaz contou a história do monstro. Alguns pareceram acreditar.

Infelizmente, a maior parte exigiu:

– Prova-nos!

Dizendo isto, a multidão parecia ter calado o monstro.

–Tragam-me um copo de água – pediu.

Uma menina correu até ao monstro e deu-lhe o pedido.

Page 21: Caderno das letras 2013 2014

– O meu desejo é ser um de vós.

Então, chorou para o copo e bebeu…

KABUMMM!!!!!

O monstro transformara-se num rapaz, num Deus, num humano sobre-

humano que nem eu, o narrador, consigo descrever.

Agora todos percebiam o que sentia o monstro. Comparados com a sua

nova aparência os aldeões eram defeituosos. Pediram desculpa e

agradeceram não só pela resposta do Mistério do Rio como pela felicidade

oferecida.

Passado algum tempo, o monstro voltou ao normal. Ninguém se

importou com isso, até pelo contrário: a notícia correu de boca em boca, de

país em país até o mundo todo saber a história do mistério e aprender esta

importante lição de vida.

FIM

João Paiva Castelo-Branco, n.º 16, 5.º G

Page 22: Caderno das letras 2013 2014

A pior refeição

Era um dia chuvoso em meados de fevereiro, tinha havido aulas de manhã e os

alunos estavam de rastos.

Na hora de almoço, o João, o Silvino e o Renato foram ver a ementa.

– Oh, é peixe com batatas e tomates! – exclamaram em coro.

Eles foram almoçar sem alternativa de escapar ao sofrimento de comer peixe.

Já no refeitório, o Silvino disse:

– Nem era assim tão mau.

– Até foi bom! – exclamou o João

– Foi muito bom! – afirmou o Renato

A tarde foi diferente, o sol começou a aparecer no céu e todos se divertiram.

O Renato chegou a casa por volta das 19 horas e 30 minutos e reparou que a

mãe estava a encomendar....

– Piza? –interrogou o Renato.

– Porque penso que tu gostas e nós cá em casa todos nos deliciamos. –

respondeu a mãe.

– Faz antes uma comida mais saudável, como bacalhau com espargos e

batatas cozidas!-exclamou o Renato.

– Vou seguir o teu conselho. – disse a mãe.

E assim foi, em casa do Renato agora só se come comida saudável e nutritiva

e ele tem muito melhores resultados escolares e desportivos.

Afonso Miranda, nº1, 6ºB

Cristiano Santos, nº7, 6ºB

António Campos, nº5, 6ºB

Page 23: Caderno das letras 2013 2014

Para bem crescer bem terás de comer

Emily e Ema

A história começa como todas as outras…

Era uma vez uma elefanta juvenil, chamada Emily, que se achava

muito gorda, embora fosse a elefanta mais bonita e elegante de toda a

savana.

Todas as elefantas juvenis a seguiam e admiravam. Os elefantes, por

estarem tão apaixonados, falavam entre si a respeito da tromba de Emily: “É

fantástica! E aquela sua tromba… um espanto. Acho que estou apaixonado!”

ou então “Fiu! Fiu! Valha-me o Santo Elefante! Que bela tromba, giraça! Até

os meus olhos saltam das órbitas!”

Todos os da sua idade a adoravam e até lhe davam os amendoins

que encontravam. Claro que ela não os comia, por terem demasiadas

calorias!

O que muitos não sabiam era que ela, sempre que comia, ia logo

vomitar tudo.

Isto repetia-se a todas as refeições e quem sabia do sucedido

confrontava-a: “Porque é que fazes isso? És uma das mais magras, quer

dizer, és a mais magra da nossa espécie! Um destes dias pintas-te de

amarelo às manchas castanhas e quase que pareces uma girafa de tão

esquelética que te estás a tornar. Só te faz mal!”

Por mais que lhe perguntassem se ela estava bem, Emily não

respondia, ignorando todas as perguntas e conselhos.

O que ninguém sabia, vou eu agora contar: Era verão e todos os

elefantes estavam nas “Poças do Zec”. Nessa altura, Emily estava bem com

o seu peso e não se preocupava com as tendências da moda e cuidados a

ter com a silhueta. Estava ela, tranquila e relaxada, a passear o olhar pelas

poças, eis que… vê um elefante “super-híper-mega-maxi-giro” (como ela

pensava), elegante, musculado e alto que, ao reparar nela junto da

geladaria, a repreendeu: “Olha lá, já sei que me achas giro (também todas

me acham!), mas pensas mesmo que tens alguma hipótese comigo, balofa?

Se fosse a ti, procurava era um mamute como namorado! Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!”.

Ela ficou destroçada!

Page 24: Caderno das letras 2013 2014

A partir desse momento, Emily decidiu emagrecer e tornar-se muito

bonita, para que todos os elefantes reparassem nela, especialmente o

elefante das poças que elas descobriram que se chamava Groucho.

Bem, voltando de novo à história…

Ao contrário do que o leitor possa estar a imaginar, Emily não passou a

praticar nenhuma dieta saudável, ou seja, ela escolhia as suas próprias dietas,

pensando que fazia bem, embora essas fossem muito rígidas: exercício físico

em excesso, alimentos baixos em calorias e, por vezes, apenas duas maçãs

por dia.

Ela estava a ficar muito doente, mas, sempre que via a sua imagem

refletida em algum rio ou riacho, afastava-se logo, achando-se muito gorda e

feia.

Emily planeava todos os dias o que ia comer, ou não!

Os pais faziam udo para que ela melhorasse e procurasse ajuda médica,

mas ela não lhes prestava atenção, ignorando-os e trancando-se no quarto.

Certo dia, o diretor da escola dirigiu-se à sala da turma de Emily. Ia

acompanhado por uma elefanta um pouco forte, cujo nome era Ema.

– Olá turma! Esta é a Ema, a nova aluna. Ela veio transferida de outra

escola. Espero que a tratem bem e respeitem! – informou, ao entrar na sala,

com a sua habitual voz grossa.

– Sim senhor, Senhor Diretor! – responderam todos.

– Ema, podes-te sentar ali, ao lado da Emily. E também realizas com ela

o trabalho sobre a alimentação. – disse-lhe a professora. – A Emily depois

explica-te tudo sobre o trabalho.

Entretanto, tocou e todos saíram.

No intervalo, Emily e Ema juntaram-se a falar sobre a ida da nova

elefanta para aquela escola.

– Eu vim para esta escola, porque não conseguia continuar na outra.

Gozavam todos comigo, por ser gorda. Como a minha família não gostou disso,

mudou-me de escola! – contou Ema, com resignação.

– Não te sentiste triste por sair daquela escola? – inquiriu Emily.

– Por um lado, sim. Deixei a escola onde andei muito tempo. Por outro,

não fiquei triste, como sou mais forte que as outras elefantas, tratavam-me mal.

Não é fácil e como me irritava…– respondeu Ema. – Vou-te confessar uma

Page 25: Caderno das letras 2013 2014

coisa… Nunca contei isto a ninguém, mas eu sofro de um problema comum.

Tal como existem pessoas que sofrem de bulimia ou anorexia, eu sofro de

compulsão alimentar. Quando me irrito ou fico ansiosa demais, como

compulsivamente e é por isso que sou assim, forte. Já tentei controlar-me, mas

acabei sempre por ter recaídas!

– Sinto muito! Para dizer a verdade, eu também sofro de um problema

alimentar. Sofro de bulimia. Aos poucos e poucos, estou a tornar-me anorética.

Sempre que olho para algum riacho, vejo uma elefanta gorda e feia. Não tenho

coragem para procurar ajuda e quando penso “Amanhã é que é!”, acabo por

voltar ao mesmo. – contou Emily, a chorar.

– Bem, eu vou ajudar-te, mas também me ajudas, não ajudas!? – pediu

Ema, com um pequeno sorriso.

– Claro! Vamos nos ajudar mutuamente e juntas vamos superar tudo! –

explodiu Emily, enxugando as lágrimas.

– Podemos depois dar o nosso testemunho para o trabalho! –

recomendou Ema.

Passaram o dia todo juntas, a combinar uma ida ao veterinário, para se

aconselharem e marcarem novas consultas.

No dia seguinte, depois das aulas, seguiram até ao veterinário, a passos

um pouco rápidos, por já estarem atrasadas.

– Os conselhos do Doutor foram ótimos. Temos consulta, outra vez,

amanhã à tarde. E não podemos faltar! – exclamou Ema.

Voltaram outra vez à consulta que se passou a repetir duas vezes por

semana, depois das aulas.

Após alguns meses de consultas e terapias de grupo com outros

elefantes, as duas elefantas, Emily e Ema, começaram a melhorar e a passos

largos!

O trabalho que realizaram sobre a alimentação foi um êxito e toda turma

adorou.

Bem, agora é só esperar que as duas elefantas fiquem boas e voltem a

comer normalmente: várias refeições ao dia e em poucas quantidades, beber

muita água e comer de tudo um pouco, neste caso, comer vários tipos de

ervas, de gramíneas, de frutas e de folhas de árvores!

Ana Filipa Correia Santos, nº4, 6ºB

Page 26: Caderno das letras 2013 2014

O velho palacete

Num verão, os três primos Rita, Paula e José decidiram passar as férias

juntos, perto do velho palacete abandonado.

Foram os três sozinhos, já que tinham prometido ser responsáveis e

autónomos.

Partiram às sete horas da manhã, da casa da Rita.

As mães deles, irmãs, estavam preocupadíssimas, mas acabaram por

se acalmar.

O palacete ficava numa ilha, quase deserta, mas muito bonita.

Eles iriam para uma (quase) mansão, onde ficariam até uma semana

antes de acabarem as férias.

Quando chegaram, arrumaram logo as coisas e decidiram ir dar uma

olhadela pela ilha.

Ao passarem pelo velho palacete, viram uma placa que continha a

seguinte frase: «Não entrar, ou então nunca mais verá o céu nem pisará a

terra!»

De repente, alguém tocou no ombro do José, que se arrepiou todo.

– Ááááááhhhh!!!! – gritou.

– Descansa, sou só eu – confortou-o a governanta (eles foram sozinhos

mas na mansão havia uma governanta, claro).

Passaram os dois dias seguintes a arrumar as coisas e a porem os

quartos à sua maneira.

– Olhem lá, querem dar uma vista de olhos ao palacete? – perguntou a

Paula, que era muito curiosa e aventureira.

– Vamos a isso! ‘Tava a ver que nunca mais perguntavas! – exclamou a

Rita.

– ‘Bora lá!- acrescentou o José.

E assim foram espreitar o palacete, todos contentes e entusiasmados.

Entraram pé ante pé, sem um único pio, o respirar reduzido e por vezes

até suspenso.

Quando chegaram a um corredor, ouviram alguém exasperado a

informar um homem:

Page 27: Caderno das letras 2013 2014

– Agora vieram para cá uns pirralhos para nos arreliar! Isto é

inadmissível! Não vamos conseguir continuar a busca, chefe! Temos de os

mandar daqui para fora, imediatamente.

– Tens razão, Frank. Mas, se eles nos descobrem ‘tamos tramados, pá!

Feitos ao bife! Vamos parar à prisão! – exclamou a outra voz. – Para

conseguirmos encontrar a receita, precisamos de ter cuidado, e muito.

Ao ouvirem aquilo, ficaram chocados.

Estariam a ouvir os famosos ladrões de gastronomia Manchard e Frank,

os ladrões mais temíveis do país? Haveria uma receita preciosa no palacete?

Eles iriam descobrir.

Todos os dias à noite, ouviam uns sons vindos do palacete.

– Aqueles patifes querem afugentar-nos a todo o custo! – comunicou a

Paula à Rita. – Mas nós não vamos deixar que eles nos assustem, nem por

nada.

Lá iam eles, todas as tardes procurar indícios da tal receita do melhor

chocolate do mundo (entretanto eles tinham descoberto de que era a tal

receita) e dos seus ladrões.

Até que…Certo dia, suspeitando que alguém os vigiava, Manchard e

Frank decidiram pregar uma partida ao trio. A dupla iria atirar os primos ao mar!

– Hoje ‘tou com um mau pressentimento, por isso é melhor levarmos os

telemóveis e, já agora uma navalha – sugeriu o José. – Podemos vir a precisar.

No palacete, espreitaram tudo, e quando chegaram às escadas, viram

um vulto muito alto.

Antes de prosseguirem o caminho, puseram o número da polícia na

marcação rápida do telemóvel.

Deram uns passos em frente e......

– Oh não, caímos numa armadilha! – gritou a Rita.

Os homens encurralaram e prenderam os três. Depois, muito à pressa

foram ligar o barco.

O José resolveu telefonar nesse momento à polícia e a Rita, com a

navalha, soltou o José e a Paula.

Passados cinco minutos, apareceu o chefe da polícia para comunicar ao

grupo que os ladrões tinham sido presos e iam a caminho da esquadra, que

tinha sido recuperada a receita (que entretanto os ladrões tinham encontrado) e

Page 28: Caderno das letras 2013 2014

que agora eles estavam a salvo e poderiam passar o resto das férias em

sossego.

– Para vos recompensar, tomem estas medalhas e estas barras de

chocolate – disse o chefe da polícia.

E assim, em sossego (mas sempre a espreitar todos os cantos),

passaram o resto das férias a divertirem-se.

Ana Filipa C. Santos, n.º 4, 6.ºB

Page 29: Caderno das letras 2013 2014

As Estrelas

Tudo começou há muitos anos atrás. Alice era uma rapariga muito

sonhadora, tinha uns longos cabelos ruivos como as cenouras, umas sardas

castanhas e um sorriso que brilhava como as estrelas. Sentia-se muito triste

pois o seu pai fora um dos escolhidos para combater na Segunda Guerra

Mundial e tinha muito medo de não o voltar a ver. Uma noite Alice olhou pela

janela e perguntou à mãe:

– De onde vêm as estrelas?

– De um sítio longe daqui chamado Espaté Maré. – respondeu a mãe.

– Espaté Maré? A sério? E onde fica isso?

– No fundo da Maré se procura o Ré...não sei onde fica, mas isto era o

que a tua bisavó dizia.

– E há alguma história? – perguntou Alice com curiosidade.

– Sim, conta-se que um jovem aventureiro numa viagem partiu e nunca

mais voltou, o seu barco afundou-se numa “maré de tempestades”, vento,

chuva, trovões e, por fim, um arco-íris do tamanho dos Himalaias. O rapaz

voou com o vento e mergulhou no mar, quando acordou estava numa terra em

que o céu era azul com uns pontos brancos, era lindo! “ O que são? “

perguntou ele, “ São estrelas “ explicou um homem de barbas que apareceu do

nada “ Quero levá-las comigo, vão valer uma fortuna “ pensava o jovem

aventureiro. “ Tu não sais daqui vivo, nem com as minhas estrelas “ sussurrou

e desapareceu.

O jovem tentou levar todas as estrelas que via para dentro da sua bolsa,

do seu chapéu e da sua camisola. Conta-se, também. que ele bem tentou

voltar a terra, porém o homem de barbas fez diversos feitiços, maldições e

mesmo ataques que dificultaram a saída. Contudo, o jovem conseguiu sair com

as estrelas, só que, ao chegar ao mar, elas colaram-se ao céu. Mas havia

alguém que não queria que isso acontecesse...

Então já te tinhas esquecido? O homem de barbas vingou-se, e levou-o

de volta para Espaté Maré e nunca mais voltou. Tornar-se-ia escravo do

homem de barbas. Há pessoas que afirmam ver o seu fantasma refletido no

mar com um saco cheio de estrelas. Mas quem sabe?

Page 30: Caderno das letras 2013 2014

– Uau! Mãe, mas se ele nunca pode voltar como é que veem o

fantasma?

– Isso é mesmo um mistério. É óbvio que acreditou, pensou e nunca

parou de sonhar! – respondeu a mãe.

– Mas isso é possível? – estranhou a Alice.

– Claro, se fizeres tudo para conseguires o que queres, irás chegar ao

topo! – afirmou a mãe.

– É isso que vou fazer, pensar, acreditar e nunca parar de sonhar! O pai

irá voltar são e salvo. Pois ele é o mais forte!

O pai nunca voltou, Alice cresceu, casou-se, teve filhos, e agora netos.

Mas nunca deixou de pensar que o pai um dia viria.

E quem sabe…

Laura Pinheiro, n.º 15, 6ºB

Page 31: Caderno das letras 2013 2014

As 7

Tudo começou com as sete amigas Mariana, Marta, Cátia, Carolina, Inês,

Margarida, Laura e Teresa. As sete estavam a tirar as coisas do cacifo para o

último dia de aulas.

– Vamos lá, já tocou! – avisou a Mariana.

– A mãe da Marta vem buscar-nos, temos de nos despachar! – disse a Inês

preocupada.

– Até já deve ter chegado!-insiste a Inês tentando parecer a mais responsável.

– Já estou aqui à espera há 15 minutos! Venham lá! – grita a mãe da Marta

– Eu bem vos disse! – comentou a Inês.

– Anda e cala-te! – resmunga a Teresa.

Entraram no jipe da mãe da Marta.

– Uma, duas, três, quatro, cinco, seis…. A Cátia? – pergunta a mãe

preocupada.

– Não sei, ela estava ainda agora connosco! – diz a Laura preocupada,

estranhando o que estava a acontecer.

– Vou lá ver na escola! Deve-se ter atrasado outra vez! – afirma a Margarida.

Passados 20 minutos, a Margarida volta sem resultados. A mãe da Marta

decidiu levá-las pensando que a Cátia já tinha ido para casa.

– Depois ligam para casa dela pelo telefone fixo ou eu paro ali para vocês irem

falar com ela ou com os pais para saber o que aconteceu! – diz a mãe.

– Porque é que a casa da Cátia tem um placar a dizer vendido? – pergunta a

Mariana intrigada.

–Tens razão! Mas porquê? – concorda a Teresa.

– Sinto que algo de mal aconteceu! – sublinhou a Margarida.

– E o trabalho de Geografia? – pergunta a Laura.

Page 32: Caderno das letras 2013 2014

– Pois falta a Cátia! Como vamos dizer ao "setôr" de Geografia que não

fizemos o trabalho com a Cátia porque ela desapareceu? – pergunta a

Mariana.

–Não sei, logo pensamos numa solução! Agora vamos fazer o trabalho de

geografia sobre a Dinamarca! Já para o computador!- ordena a Marta.

– Hoje, para o lanche, fiz o que cada uma gosta para a Mariana fiz uma salada

com cenoura, tomate e cebola; para a Carolina arranjei um iogurte; para a

Laura um pão com ovo mexido; para a Marta umas rodelas de maçã, laranja e

ananás; para a Inês uma posta de pescada; para a Teresa um chá caseiro e

para a Margarida feijões vermelhos!- informou a mãe da Marta atarefada.

– Boa! – dizem todas em sintonia.

– A tua mãe é brutal! – exclama a Teresa.

– Mais que brutal, fantástica! – reforça a Mariana.

– D..- escreve a Marta à procura de Dinamarca-Docelândia?

– Han??? – dizem elas.

– Carrega para ver o que é!- sugere a Margarida curiosa.

– São imagens de uma ilha de doces que vai abrir hoje! A presidente não vos é

familiar? Não posso! É muito perto daqui!

– Que horror! Uma ilha de doces, não vamos cair nessa parvoíce só nos vai pôr

gordas! – diz a Carolina.

– Concordo!-dizem todas.

Passado 1 hora.

– E fim! Vamos ser as melhores! Tenho saudades da Cátia sinto que lhe

aconteceu alguma coisa muito má e se ela não voltar!- lamentou-se a Mariana

que era a que tinha mais afinidade com a Cátia.

– Não chores! Ela há de voltar! Acredita! – diz a Teresa a tentar consolá-la.

– Liga a TV! Vamos divertir-nos! – sugere a Laura a tentar animar.

Page 33: Caderno das letras 2013 2014

– Olha estão a falar sobre a Docelândia! Vamos ver! – exclama a Teresa

entusiasmada.

– Hoje vai abrir a nova ilha de Whashville, a Docelândia, vamos falar com a

Presidente! Como se chama? – pergunta o apresentador.

– Docinda – diz ela.

– Sr.ª Docinda, porque decidiu pegar numa ilha deserta e torna-la nesta

maravilha de doces?-indaga o jornalista, deliciado a comer a muralha de

chocolate.

– Eu acho que as pessoas devem comer mais do que gostam, mesmo que faça

mal ou bem. Mesmo que se engorde estamos a fazer o que gostamos. –

anuncia a Sr.ª Docinda com um ar convincente.

– Mas e as crianças não devem crescer saudáveis? – pergunta o jornalista.

– Não, pois as crianças são egoístas e parvas, pois só pensam em fazer o que

lhes faz bem!!! – grita a Sr.ª Docinda.

– Muito obrigado pela sua entrevista! A Docelândia têm chamado todo o mundo

à atenção! Desde pobres a ricos. Estão todos lá! Venha e divirta-se. – conclui o

jornalista.

– Isto é horrível! –diz Marta.

– Porquê? – perguntam todas.

– Acabei de ler no computador que todo o mundo vai ficar a viver na

Docelândia, deixando as suas obrigações. – comenta a Marta com um ar

preocupado.

– Isso é horrível! Temos que intervir! – afirmam as seis.

As 6 decidiram ir de barco até à ilha. Quando chegaram não estava lá ninguém

e os doces não existiam.

– Não posso, foi uma armadilha! Olha, a imagem que aparecia no jornal era um

cenário. E não existia nenhum jornalista era alguém mascarado. – conclui a

Carolina descobrindo tudo.

Page 34: Caderno das letras 2013 2014

– Descobriram, mas não chega, pois as pessoas estúpidas como são

acreditaram e agora vão morrer. – ameaça a Sr.ª Docinda aparecendo do

nada.

– Mas o que é que vai fazer às pessoas? – pergunta a Mariana preocupada.

– Vão ser atiradas ao mar! AHAHAHA!!!! – disse Docinda com um riso maléfico.

– Espera é a Cátia! – descobre a Laura.

– Cátia! Porque estás a fazer isto?. – pergunta Mariana.

– Vocês eram sempre as meninas saudáveis, deixando a gorda da Cátia para

trás! Nunca me quiseram no grupo. Era sempre a das gorduras e óleos!

– Mentira! Nós adoramos-te! – afirmam todas.

– A sério? – pergunta ela arrependida.

– Sim! Aceita as nossas desculpas . – pedem elas.

– Sim, aceito…………………..

– Acorda Cátia! É o último dia de aulas! – adverte a mãe de Cátia-

– Mas…Afinal foi um sonho – descobre ela.

Laura Pinheiro, Nº15, 6ºB, e Teresa Marcelino, Nº18, 6ºB

Page 35: Caderno das letras 2013 2014

Viagem ao submundo

Era inverno e estava a nevar. Eu e uma amiga passeávamos na rua e ao

passar junto a um poste de iluminação reparámos num folheto que dizia

“Perdeu-se cão preto e grande com coleira, rafeiro, chamado Adolfo”. A minha

amiga adorava animais, por isso decidimos procurar o rafeiro.

Passámos toda a manhã num bosque mas nada. Quando estávamos

prestes a sair, vimos um disco cor-de-rosa a pairar no ar na vertical. Ficámos

tão curiosas que lhe tocámos. Puxámos uma espécie de porta que se abriu.

Espreitámos e vimos um bosque, igual ao bosque onde estávamos, só que a

preto e branco. Achámos muito engraçado. Então saltámos lá para dentro.

Onde estaríamos? De repente ouvimos um cão ladrar. Aproximámo-nos

sem fazer barulho. Olhámos bem para ele. Era o cão desaparecido do folheto.

Quando já estávamos a uns quatro metros, o cão olhou para nós, a tremer,

veio ter connosco. Como ele estava cheio de medo, fizemos-lhe muitas festas e

ele ficou mais confiante.

Repentinamente, ouvimos um som de frigideira a bater. O cão assustou-

se e fugiu.

Corremos atrás do cão, mas ele era muito rápido e não o conseguimos

acompanhar.

Saímos do bosque e entrámos numa aldeia igual à nossa. Andámos um

bom bocado, até que a minha amiga parou e disse “Olha para aquela casa!”.

Eu olhei, era igualzinha à minha casa, só que a preto e branco.

Bati à porta. A porta abriu-se. Saiu de lá um homem muito velho, com

cerca de oitenta anos. Eu perguntei-lhe onde estávamos. Ele respondeu que

nos encontrávamos na rua principal de Vila Nova de Famalicão. Convidou-nos

a entrar e para surpresa nossa encontrámos dentro de casa o cão

Page 36: Caderno das letras 2013 2014

desaparecido. O senhor contou-nos que o deixou entrar porque ele estava a

tremer e cheio de frio. Então, alimentou-o e aqueceu-o num cobertor. Nós

dissemos que o cão era nosso e que se tinha perdido. Eu perguntei-lhe que dia

era e ele respondeu: “18 de novembro de 1750”. Passámos lá a tarde e

descobrimos o passado da minha casa. Será que aquele senhor era meu

parente?

O sol desapareceu e já era noite. Voltámos para o nosso mundo,

entregámos o cão aos donos, despedi-me da minha amiga, fui para casa e

passei a noite a pensar nas histórias que o homem me tinha contado.

Joana Mendes Azevedo, nº 8, 6.ºC,

Page 37: Caderno das letras 2013 2014

O Ladrão de Chocolate

Um dia fui à Feira de Chocolate em Óbidos. De repente, ouve-se uma

senhora a gritar:

– Não há chocolate!

Toda gente ficou espantada e só se ouvia:

– Ah! Oh! Mas como?! Não é possível!

No dia seguinte fui ao supermercado e também lá o chocolate

desaparecera.

Nas notícias falaram de o chocolate estar a desaparecer em todo o

mundo.

Um dia o ladrão descuidou-se. Tinha os sapatos enlameados e quando

entrou no supermercado para roubar deixou pegadas.

A polícia viu as pegadas e achou estranho o facto de serem muito

pequenas. Seria o ladrão uma criança? Não, não podia ser. Uma criança a

percorrer o mundo a roubar chocolate?

Numa tarde fui com uma amiga passear. A meio do caminho vimos uma

caixa. Curiosas abrimo-la. No interior estava uma espécie de um portal. A

minha amiga colocou lá um dedo e o portal sugou-a.

Fiquei assustada, sem saber o que fazer. Depois também coloquei o

meu dedo e fui ter com ela.

Entrámos numa caverna muito escura e assustadora. Sentimos que

estávamos a ser seguidas. Olhámos para trás e vimos um lobo. Corremos

imenso até que chegámos a um ponto em que o perdemos de vista.

A seguir, entrámos numa floresta mágica. Lá tudo era muito pequeno.

De repente, ouvimos umas gargalhadas. Seguimo-las e vimos uns

duendes a mordiscar chocolates e a rir. Então eram eles os ladrões de

chocolate.

Momentos depois, ouvimos as suas explicações. Eles tinham ouvido

falar que o chocolate era muito bom e então quiseram provar. Mas quando

provaram ficaram viciados e tornaram-se ladrões de chocolate.

Eu e a minha amiga dissemos para eles devolverem todos os chocolates

e aprenderem a fazer os seus próprios chocolates.

E assim foi, eles aceitaram a nossa proposta e tudo acabou bem.

Maria Beatriz Girão Abreu, nº 15, 6ºC

Page 38: Caderno das letras 2013 2014

A princesa que não sabia rir

Era uma vez uma princesa que não sabia rir. O rei contratava bobos mas

nem com os bobos ela ria.

Um dia estava a princesa no seu jardim, quando ao longe apareceu uma

figura muito pequenina a voar. A criatura era uma fada que lhe disse:

– Eu sei o que tens, e sei como resolver.

– Estás a falar a sério? – perguntou a princesa. – Podes mesmo ajudar-

me?

– Eu não! – disse a fada – mas o feiticeiro bom pode.

– Verdade? Que bom! – disse contente a princesa.

– Sim estou a falar verdade, mas tem cuidado! Para chegares lá tens de

passar pelas feras, depois pela bruxa e finalmente pelo gigante – avisou a fada.

– Estou disposta a correr esse risco! – afirmou a princesa.

– Estou a ver que és corajosa. Aqui tens um mapa – disse a fada ao

mesmo tempo que lhe entregava o mapa.

– Adeus, fada – despediu-se com um sorrisinho nos lábios.

A princesa andou, andou e quando olhou para o mapa reparou que

estava no sítio das feras. À sua frente encontravam-se cinco feras. Correu para

trás 500 metros e depois voltou para o local das feras.

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Ficou espantada quando viu um leão a dormir a sesta. E continuou o seu

caminho muito feliz.

Seguidamente, viu uma bruxa que ficou toda vermelha após cinco

minutos de luta. Mais uma vitória para a princesa.

Continuou a andar, muito feliz. Caminhou durante toda a noite e não

encontrou o feiticeiro nem o gigante.

No dia seguinte de manhã, continuou a sua caminhada. Andou, andou

até que bateu em qualquer coisa. Olhou para cima e viu o gigante.

Este, após quinze minutos de luta, começou a chorar como um bebé. A

princesa ficou tão feliz que quase sorriu.

Quando foi falar com o feiticeiro este disse-lhe que estava curada.

Ficou muito feliz e voltou para casa a sorrir e a rir.

Pedro Miguel Carvalho Homem Santiago, n.º 19, 6.º C

Page 40: Caderno das letras 2013 2014

Sobre o Universo

Existem dois significados para a palavra “espaço”: o espaço que as

coisas ocupam, e o espaço que está fora do nosso planeta, que é muito maior

do que nós e que fica à vista durante a noite.

Vamos concentrarmo-nos neste último.

Este espaço tem e não tem muita coisa. Por um lado, tem muitas

galáxias, planetas, estrelas, asteroides, cometas…Por outro lado, há o vazio,

onde nem mesmo o ar existe.

No entanto, existe uma coisa no nosso universo, que consegue ser

quase tão misterioso como o próprio Universo. Uma coisa que existe em quase

todos os recantos de dia, mas desaparece quase por completo durante a noite.

Essa coisa é a luz.

A luz é muito mais complexa e misteriosa do que parece. Aliás, nem os

nossos cientistas a conseguem compreender totalmente. Ela pode ser a mais

rápida do Universo, no entanto, há estrelas tão distantes de nós, que quando

nos chega a luz do seu nascimento, a estrela pode já estar morta!

A luz comporta-se como uma onda, podendo ter vários comprimentos.

Há as maiores, que podem ter mais de centenas de metros de comprimento -

as ondas rádio - e há as mais pequenas, que podem ter apenas alguns

nanómetros de comprimento. Por exemplo, 1 metro corresponde a 1 000 000

000 000 nanómetros. Algumas pessoas podem pensar que a luz visível é muito

variada. No entanto, ela representa apenas 3% dos vários comprimentos que a

luz pode ter.

Isto é só uma minúscula parte do Universo!

Tomás da Silva Costa, nº 20, 6º E

Page 41: Caderno das letras 2013 2014

A lenda dos cristais

Era uma vez três amigos, o Matt, o Jack e o Félix, que eram parte de um

grupo secreto, os “Shadone Hunters”. O secretismo era tanto que, no mundo

real, viviam vagueando pelas ruas sem que ninguém desconfiasse deles.

Julgavam-nos normais, o que fazia sentido, visto que, para além dos 257

membros, ninguém sabia do seu “negócio”, digamos assim. Eles próprios

usavam portais escondidos para se deslocarem do mundo real para aquele

onde eles viviam e conviviam quase como uma civilização. Esse mundo repleto

de criaturas hostis, de variadíssimas espécies e tipos: grandes, pequenos,

altos, baixos, gordos, magros, fortes, fracos, vermelhos, negros, amarelos, blá,

blá, blá!

Bom, vamos lá começar a história!

Matt ligou ao JacK:

– Oi! Como é que vais?

– Vou bem, pá. Então, p’ra que é que ligaste? – responde o Jack.

– Foi para saber uma coisa. Por acaso sabes por que é que o telemóvel

do Félix está desligado para aí há um mês?

– Não faço a mínima ideia. Porquê?

– Ah! É que ele mandou-me uma carta a dizer: “No dia 10 de dezembro

vem ao café da rua 666. Temos problemas. Traz o Jack.” E eu queria-lhe

perguntar para que raio é que ele me enviou isto!

– Isso é já amanhã! – exclama Jack.

– Muito obrigado, mas eu tenho uma coisa chamada calendário no meu

quarto. – replica Matt.

– Então, quanto a isso não podemos fazer nada. Teremos de esperar

atá amanhã.

No dia seguinte…

– Oi! – saúda o Matt.

– Oi! – repete Jack.

– Estão atrasados! – reclama Félix.

– Que eu saiba, a carta não trazia horas. – resmunga Matt. –

Desembucha, que se passou?

Page 42: Caderno das letras 2013 2014

– Problemas que tiraram o “master” do sério: o cristal da luz e o da

escuridão foram…bem, não se pode dizer roubados, mas desapareceram.

– Como é que?!... Impossível! – grita Jack.

– Ui, que esta vai ser dura!... – suspira Matt.

– A nossa missão é recuperá-los – lembra Félix.

O Matt e o Jack desataram a rir.

– Isso vai durar dias! – diz o Jack, entre gargalhadas.

– Temos um mês e vários dias para os encontrar – declara Félix.

– Isso serve – refere Matt. – Vamos a isso!

Uns dias depois… Jack liga ao Matt.

– Jo!

– Matt, consegui localizar o cristal da luz.

– O Google ajuda, não é?

– Pois claro. Uns “Shadone Hunters” rebeldes roubaram o cristal e

esconderam-no num armazém nos arredores de Pole Shift.

– Ok, estou lá num segundo.

Quando Matt lá chegou, uma luta decorria entre Félix e três rebeldes.

Félix parecia vacilar. Matt entrou nas calmas.

– Vai uma aposta: dou-vos uma sova em cinco segundos.

Um rebelde investiu contra si, mas conseguiu desviar-se e deu-lhe uma

cotovelada nas costas; depois correu para outro, acertou-lhe com uma joelhada

no estômago e atirou-o ao restante.

– Contei quatro segundos. Ganhei! – diz o Matt, ao mesmo tempo que

pegava no cristal da luz, que flutuava a meio metro do chão, e o atirava ao

Félix.

Nisto, um rebelde correu para a outra saída com o outro cristal.

– Oh! Por amor de… – suspirou o Matt.

Teleportou-se para a frente dele e pregou-lhe uma rasteira. Apanhou o

cristal e disse:

– Missão cumprida!

Jack chegou ao local e, os três, dirigiram-se para os altares dos cristais,

onde os foram colocar.

Paulo Alexandre Carvalho Fernandes da Eugénia, n.º 17, 6.º F

Page 43: Caderno das letras 2013 2014

Uma aventura

Era uma vez uma menina chamada Mafalda que vivia numa aldeia

chamada Cavaleiros. A Mafalda tinha uma irmã com o nome de Mariana e um

irmão chamado Rodrigo.

Um dia os três irmãos decidiram ir acampar para um mato que havia lá

na aldeia, porque queriam explorar uma mina e nunca tinham ido a nenhuma.

Quando chegaram ao mato, montaram a tenda e foram nadar num lago

de água doce. Depois, fizeram uma fogueira e assaram um peixe para o jantar.

À noite colocaram umas luzes na cabeça e foram explorar a mina. A

mina estava muito escura. Depois de ligarem as luzes a Mafalda disse:

– Vamos lá explorar isto!

Andaram muito porque a gruta era comprida.

De repente eles começaram a sentir o chão a tremer e a Mariana

perguntou:

– O que é isto?

– É um tremor de terra! – gritou o Rodrigo.

– Vamos sair daqui!-gritou a Mafalda

E saíram todos a correr da gruta com medo de morrer esmagados por

rochas, mas conseguiram sair a tempo sem qualquer ferimento.

– Ufa, ainda bem que conseguimos sair a tempo! – disse a Mariana.

– Íamos morrendo! – disse o Rodrigo

E foram dormir porque estavam muito cansados.

Page 44: Caderno das letras 2013 2014

No dia seguinte, quando eles acordaram, ouviram dois homens a

conversar:

– Os pais destes três devem estar preocupados! – disse um dos

homens.

E eles repararam que já não estavam na tenda mas sim numa carrinha

que os levara a um sítio deserto, onde só havia uma única casa.

E a Mafalda sussurrou:

– Olhem, a porta dá para abrir!

– Boa! Vamos fugir! – sussurrou o Rodrigo.

E os três saíram em silêncio e foram até ao sítio do acampamento,

arrumaram as coisas e foram para casa.

Matilde Melo, n.º 20, 6.ºF

Page 45: Caderno das letras 2013 2014

Cabelos de oiro

Eram nove da noite quando a pequena filha de Bianchi, um pouco

irrequieta, ansiava a chegada do pai.

A menina tinha olhos azuis e cabelos loiros que davam brilho à Roma de

inverno.

Ouve-se o típico ranger da porta, e Bianchi entra em casa encharcado

da chuva cristalina.

Enrola-se numa toalha e, com a sua grave e forte voz, apressa-se a

contar uma história:

– Minha querida, hoje irás levantar voo e ouvirás um verdadeiro sonho

pela primeira vez!

– Ó pai, que disparate! – ria a menina à gargalhada.

– Calma, já vais ver. A história chama-se "Cabelos de Oiro". Tudo

começou com um grande cavaleiro que combatia, sem dó ou piedade, o terrível

frio de inverno de Roma...

– Aposto que o cavaleiro és tu. – voltou a rir a menina, imaginando o seu

pai cavaleiro.

Deixa-me acabar! O malvado frio de Roma entristecia, lentamente, cada

pessoa, fazendo-as muitas vezes sofrer de desgosto.

– Pobre coitadas...

– O cavaleiro não via outra saída a não ser fugir de Roma. – continuou

Bianchi. – Assim fez. Procurava um raio de Sol. Nem que fosse o último que

visse... Bastava um para acabar com aquele sofrimento gelado.

Uma pausa surgiu entre Bianchi e a história, mas antes que a sua filha

perguntasse o que se passava, ele continuou olhando para as nuvens:

– Os dias passavam como os segundos do relógio. Até que um dia, o

cavaleiro viu uma linda menina tão bela como mar ou o luar... Por ternura e

compaixão à menina o cavaleiro levou-a para sua casa onde a cuidou com

muito amor. Desde aí, jurou nunca mais a deixar até ao fim dos seus dias e,

sem perceber, com os cabelos de oiro da menina o frio desapareceu

juntamente com o seu desgosto.

E nesse preciso momento, Bianchi sai do quarto.

João Paiva Castel-Branco, n.º 15, 6º G

Page 46: Caderno das letras 2013 2014

A mudança

Teresa era uma menina de 7 anos e que vivia no Alentejo, em Fronteira.

Fronteira era uma terra pequenina, mas com vastos campos para serem

cultivados e muitas colinas com animais. Teresa vivia num desses montes,

rodeados de animais, da vaca e do porco até à galinha e ao pavão.

Tinha uma casa muito grande e, à volta, pequenas casinhas com tábuas

escritas.

Todos os dias, quando acordava, ela e as suas quatro irmãs iam a

correr, cada uma para uma casinha. Teresa costumava ir para a casinha com a

placa “Vacas”. Entrava e um senhor velhote estava sentado num banquinho, ao

lado das vacas, com um balde cheio de leite. Teresa levava o balde à sua irmã

mais velha e juntas levavam-no para casa, para a mãe o ferver e o poderem

beber.

Todos os dias, Teresa fazia isto e ia para a escola. Mas aos 12 anos,

Teresa teve de ir estudar para Coimbra. Foi viver para casa da terceira irmã, a

irmã do meio, que já era casada e tinha um filho.

No primeiro dia de escola, Teresa levantou-se, foi para a escola, para o

7º ano. Fez logo amigas, mas era muito diferente de todas porque não era uma

menina da cidade.

Com o passar dos tempos, Teresa foi-se habituando a viver na cidade,

mas havia um dia em que ela podia ser a rapariga do campo. Todos os anos,

na Golegã, ia um fim de semana inteiro para casa dos tios e vestia as suas

botas grandes e o seu casaco de pelo e ia montar a cavalo com a família.

Teresa, quando acabou o curso, casou-se e teve três filhos. Um dos filhos sou

eu.

E, mesmo assim, todos os fins-de-semana, vamos a Fronteira, à sua

casa grande e vemos os cavalos, as vacas, as galinhas e os pavões porque

mesmo que sejamos diferentes dos outros, não significa que sejamos piores e

não temos de mudar quem somos para que os outros gostem de nós.

Margarida Freitas, nº24, 6ºG

Page 47: Caderno das letras 2013 2014

Uma viagem entre eras

No fim do séc. XIX, no ano de 1893, na América havia um cientista

chamado Barney Stone. Ele tinha uma boa vida: era novo, estava no início da

sua carreira e, brevemente, iria pedir a sua namorada em casamento. Estava

cada vez mais nervoso, à medida que o dia se aproximava, mas, quando este

chegou, ele exclamou para si próprio:

– É hoje! Vou pedir a minha amada em casamento!

Já estava tudo preparado: o arranjo de flores, a caixa com o anel…

Quando chegou a hora, Barney foi buscá-la a casa para irem dar um

passeio os dois juntos e, quando ele se sentiu preparado, ajoelhou-se e

perguntou-lhe:

– Emily Cooper, aceitas casar comigo?

Ela, emocionada, exclamou:

– Claro, claro que aceito!

Barney pôs-lhe o anel suavemente na sua mão, mas, nesse momento,

um ladrão veio e, para lhe roubar o anel, esfaqueou-lhe a barriga e ela morreu.

Berney pediu ajuda às poucas pessoas que passavam por lá e finalmente,

chegaram médicos para a tratar, porém, tudo foi em vão, ela já estava morta.

No funeral, Barney chorou muito com saudades de Emily e, nesse momento,

veio-lhe uma ideia brilhante à cabeça:

– Vou construir uma máquina do tempo para salvar a minha amada!

Ele trabalhou, trabalhou, trabalhou e ao fim de quatro anos, conseguiu

acabá-la. Agora só faltava testá-la para ver se funcionava. Formou-se um

turbilhão de luzes e faíscas e lá estava ele outra vez no dia do pedido de seu

casamento. Agora, em vez de irem os dois para o parque, foram para um local

mais movimentado, a praça principal da cidade. Quando ele a ia pedir em

casamento, apercebeu-se de que se tinha esquecido das flores, por isso,

pediu:

– Emily, fica aí, não te mexas, tenho de ir só à florista!

Quando ele saiu da loja, viu-a caída no chão. Tinha sido atropelada por

uma carroça. Nesse momento, deitou-se no chão e abraçou-a com muita força.

Percebeu que o destino não podia mudar a morte das pessoas. Então, voltou

para o sítio onde estava a máquina do tempo e adormeceu lá, mas, sem

Page 48: Caderno das letras 2013 2014

querer, a sua mão carregou no botão de «Futuro muuuito distante»! Quando

acordou, viu um monte de grutas à sua volta e apercebeu-se de que estava

noutra era. Uma rapariga aproximou-se dele e disse:

– Chamo-me Charllote Robinson, vem comigo conhecer a minha aldeia!

Eles os dois aperceberam-se de que fora o seu reencontro. Dirigiram-se

os dois para a aldeia e viveram o resto da sua vida juntos.

Rosa Silva, n.º 28, 6º G

Page 49: Caderno das letras 2013 2014

Um campismo selvagem

Joana, Filipa, Carlos e Manuel são quatro amigos que frequentam a

escola secundária de Évora. Estão todos no décimo ano, mas em áreas

diferentes: artes, ciências, humanidades e economia.

Estando o segundo período a terminar, os quatro amigos começaram a

fazer para as férias da Páscoa. Como eram muito aventureiros, decidiram fazer

campismo selvagem nos arredores de Évora.

Após a afixação das pautas com as avaliações, e como as notas foram

boas, os pais deixaram-nos ir. Pegaram em duas tendas de campismo, uma

para as raparigas e outra para os rapazes, e lá foram eles com as mochilas

cheias de roupa e comida enlatada no carro do pai do Manuel.

Quando chegaram ao local escolhido, junto a um maravilhoso rio,

montaram as tendas e divertiram-se a explorar a zona. À noite, após uma

refeição de sandes de atum, e como começava a esfriar, resolveram acender

uma fogueira.

O Carlos pegou na sua viola e os outros acompanharam-no a cantar as

suas músicas preferidas.

O serão estava a ser bastante divertido mas, de repente, ouviram um

barulho estranho e dois homens encapuçados surgiram do escuro, armados.

Assustados, os quatro amigos juntaram-se uns aos outros, enquanto viam os

homens roubarem os seus telemóveis e todo o dinheiro que tinham.

Todos ficaram muito assustados e desesperados por não poderem

contactar com ninguém. Nessa noite abrigaram-se na tenda das meninas mas

não dormiram um só segundo.

Pela manhã, ao saírem da tenda, a Joana reparou em algo que estava

no chão. Mal podiam acreditar quando viram um cartão de cidadão que

suposeram ser de um dos ladrões.

Puseram-se então a caminho e, após andarem vários quilómetros a pé,

chegaram a Évora. Cansados e todos transpirados, dirigiram-se para a

esquadra da polícia onde contaram a sua história. No fim do dia foram levados

para casa num carro da polícia e decidiram que nunca mais iriam fazer

campismo selvagem.

Vasco Filipe Ferreira Ventura, n.º 18, 6.º I

Page 50: Caderno das letras 2013 2014

A Razão pela qual digo não a Deus

Fiquei extasiado. Haviam-nos dito que podíamos dispersar pelo espaço onde

nos encontrávamos. Novamente, fiquei extasiado. Olhava em volta e só via luz,

luz, luz. Metaforicamente, é claro. Àquela hora da tarde, o sol ainda não se

tinha posto, mas faltava pouco. Havia lojas, restaurantes, um homem de lata

(pintara-se de dourado para parecer ouro - mas a mim ele não me engana),

pessoas conversando sobre as suas vidas, política, economia, ou mesmo

conversando sobre nada. E, mais uma vez, luz. Tanta luz.

Pensei em ir para cima, ver a estátua do Poeta. Oh!, quis o Destino, fatal como

a paixão ardente, que eu, por alguma razão alheia ao meu propósito de ser,

descesse o Chiado. Oh!, fatal destino! Que me foste tu mostrar! Comecei a

minha descida ao Inferno. Na altura, não notei, era só luz, luz, luz. Mais lojas,

mais restaurantes, mais pessoas conversando sobre tudo e sobre nada. À

medida que fui descendo, o sol ia-se pondo, o ar que se alojava nos meus

pulmões tornava-se mais frio.

Passara já um terço da minha descida. Eram tantas as expetativas que tinha

para aquela parte da peregrinação, dadas as maravilhas que já tinha visto,

ouvido, sentido e degustado. Não fiquei dececionado, não ainda. As lojas eram

ainda mais espantosas que as de cima, três milhões de vezes mais iluminadas

e agitadas. As pessoas eram três vezes mais ricas do que as que passeavam

por lá, no topo. As suas conversas, mais interessantes e interessadas apenas

por aqueles suficientemente cultos para as compreenderem. A sua presença

quase que ofuscava por completo os malabarismos dos trapezistas e as

melodias dos músicos de rua que pediam esmola. Talvez devido à sua

insignificância aparente, as pessoas que por ali passavam pareciam não

reparar neles.

Mas eu sim.

Agora, o crepúsculo aceso na Rua das Luzes e o ar, outrora quente e

acolhedor, tornara-se quase tão pesado como as carteiras das mulheres à

minha volta.

Page 51: Caderno das letras 2013 2014

Lá fui eu para o último troço da Rua Garrett, esperançado por encontrar melhor

e maior. E o Chiado não me desiludiu. As lojas ainda mais ricas e cheias de

pessoas, ainda mais abastadas do que as próprias boutiques onde compravam

a roupa, a joalharia, o ouro ou só comparavam os preços para sua satisfação.

E era tanta a luz proveniente deste novo Éden que descobrira... cegava-me

total e profundamente. Já não via o céu, o sol se pondo, os meus colegas há

muito desaparecidos, as dezenas de pedintes na rua, só... o Chiado e todo o

seu esplendor. Até o ar me parecia mais quente e o vento, batendo-me na

cara, soava a uma voz feminina, poderosa e cativante, envolvendo-me.

Lá estava eu, finalmente, no último sétimo do meu trajeto. De bom humor,

obviamente, cantando e trauteando. Já não se avistavam mendigos, nem

malabaristas, nem músicos de rua há um bom bocado. Ao fundo, erguia-se um

magnífico centro comercial, que se estendia ao subsolo, acessível por meio de

escadas rolantes. Gente entrava e saía, ia-se apinhando à entrada e ria-se

estridentemente. Ainda antes, mesmo ao meu lado, encontrava-se uma

gigantesca Zara, não menos luxuosa do que os outros estabelecimentos que já

visitara. E, à direita da Zara, num degrau de mármore branco, um homem. Nem

poderia dizer com toda a certeza que se tratava de um homem. A sua barba

não era feita há pelo menos um mês, diria eu pelo seu estado. O casaco verde

que vestia, em farrapos, era permeável ao frio e à humidade de janeiro. Os

seus pés descalços eram os pés de um morto, a única coisa imóvel naquela

rua por natureza movimentada. O cartaz que segurava deteve-me por um

instante. Não me recordo do que dizia exatamente, mais um pobre coitado

queixando-se da sua vida: o típico desempregado sem abrigo ou família nem

lugar para onde ir, apenas a esperança de que uma alma caridosa passasse

por si e lhe desse uma moeda. Preparava-me para o abandonar, quando os

seus olhos cansados, lívidos como o mármore onde se sentava, se levantaram

e recaíram nos meus.

E o peso do mundo desabou sobre mim. De um momento para o outro, a luz

que me havia cegado o olhar desapareceu e a verdadeira natureza do mundo

revelou-se-me clara como a água. Desde os fariseus passeando-se pelo

Chiado até aos estabelecimentos onde comerciavam. O frio instalou-se e o sol

Page 52: Caderno das letras 2013 2014

há muito que já se deixara ocultar pelos altos edifícios. A Rua das Luzes era o

lugar mais sombrio de toda a Criação.

Olhei o homem nos olhos tão esquecidos por Deus, assentei ao de leve a

minha mão no seu ombro e desci ao centro comercial sempre cabisbaixo;

sentei-me de cócoras na berma da estrada e esperei, juntamente com os meus

colegas que aí se encontravam, que nos viessem recolher.

António de Sá Godinho, n.º 3, 9ºA

Page 53: Caderno das letras 2013 2014

Para bem crescer, bem terás de comer

A minha mãe sempre me disse «Tens que comer menos doces». «Está

bem, está bem...» respondo-lhe eu. É por situações destas que eu invejo a sua

simpreza de espírito. Alguns poderiam chamar-lhe burrice, mas, como é a

minha mãe, não convém exceder limites.

Começa logo pela primeira palavra: «Tens». Que fique bem claro que eu

apenas «tenho» de me alimentar (não interessa como, desde que o faça) e

dormir, tudo o resto é opcional.

Como tal, a afirmação contradiz-se a si própria e não pode ser

comprovada, por isso, é mentira, eu não tenho «que comer menos doces».

Mas pensemos por um segundo que é verdade. Que acontecerá se não o

fizer? Que mal tem uma cárie ou duas? Pois bem, instigado por esta dúvida,

resolvi pesquisar que tipo de problemas o consumo excessivo de doces pode

causar. Encontrei num site de notícias sobre saúde a resposta ao meu

problema: 78% das pessoas que seguiam uma alimentação com alto nível

glicémico sofrem de cancro do pâncreas, segundo um estudo feito pelo Annals

of Epidemiology, nome bastante cómico dado o assunto do qual se trata, visto

que a tradução portuguesa do nome da organização que publicou o estudo é

Anais da Epidemiologia. Menos cómicas são as estatísticas. 78%?! Significa

que, em cada 4 pessoas que gostem um bocadinho mais de doces, 3 delas

terão cancro de pâncreas. Bom, a bem dizer, seriam 3,12 pessoas, mas como

esse valor não é muito prático, decide-se arredondar às unidades.

Dos vários problemas que os doces trazem, decidi enumerá-los, para

facilitar a leitura:

• Cancro do pâncreas e da mama;

• Obesidade;

• Problemas dentários;

• Diabetes;

• Vício;

• Anorexia monetária;

• …

Começo a pensar que talvez tivesse sido melhor se eu tivesse escutado

a minha mãe... Poupar-me-ia não só a saúde, como também o tempo que

Page 54: Caderno das letras 2013 2014

gastei a fazer esta pesquisa e este texto. Talvez agora, que já sei o desfecho...

António de Sá Godinho, n.º 3, 9ºA

Page 55: Caderno das letras 2013 2014

Comida saudável VS Comida não-saudável, quem irá ganhar?

Nesta história, vou contar como decorreu uma enorme guerra entre a

comida saudável e não saudável. Era mais um dia normal, ou seja, conflituoso

e barulhento na cidade da comida “saudávelenãosaudável” situada na cozinha

do Sr. Ernesto. Esta cidade está separada por um muro, o “muro das bolas de

Berlim”, composto, tal como o nome indica, por uma parede espessa de bolas

de Berlim, de todos os feitios: com creme, sem creme, com chocolate, enfim,

uma infinidade de combinações. Este muro separa a parte Norte da parte Sul

da cidade da comida “saudévelenãosaudável” que estão em guerra fria desde

que a obesidade, o cancro e os problemas cardiovasculares se tornaram um

problema bastante comum na nossa sociedade.

Na parte Norte, situa-se a comida saudável, onde todos os alimentos

são crus e simples, sem aditivos nem conservantes. Nesta parte da cidade,

todos os alimentos estão em forma, com o IMC (Índice de Massa Corporal)

entre os 18,5 e os 24,9. O líder desta parte da cidade é o ananás Fernanda que

tem espinhos e que com eles combate os inimigos transformando-os em

comida saudável. Na parte Sul, localiza-se a comida não-saudável com o IMC

acima de 25. Nesta parte da cidade, todos os alimentos são alterados com

aditivos e conservantes. Aqui existem muitos traidores, todos os que passaram

da parte da comida saudável para a não-saudável, que são os alimentos

transgénicos. Estes preferiram aliar-se à parte não-saudável, juntando-se a

fragmentos de outros alimentos de forma a adaptarem-se às exigências dos

consumidores, que levam uma alimentação não-saudável.

Esta guerra tem uma particularidade: se um alimento matar outro, este

segundo passa a pertencer à raça do primeiro. Por exemplo, se o ananás

Fernanda matar a pizza Amílcar, esta irá passar para o lado da comida

saudável, transformando-se num alimento saudável. É claro que esta guerra é

uma luta entre comidas desarmadas, lutando apenas “corpo a corpo”. Luta de

batatas cozidas com batatas fritas, luta de sumo natural com sumo altamente

modificado.

Nesta guerra, o vencedor iria servir de alimento aos consumidores: se

fosse a comida saudável, estariam todos em forma com o IMC localizado entre

18,5 e 24,9, sem doenças cardiovasculares, ou de qualquer outra espécie,

Page 56: Caderno das letras 2013 2014

relacionada com a má alimentação. Mas o principal objetivo da comida

saudável era bastante ambicioso: queriam acabar com o cancro no mundo.

Porém, se a comida não-saudável ganhasse iria haver, para sempre,

problemas relacionados com a má alimentação e o cancro seria a principal

causa de morte em todo o mundo.

Passada uma longa e dolorosa guerra, surgiu o grande vencedor: a

comida saudável. Assim, com a ajuda da Liga Portuguesa Contra o Cancro,

conseguiram erradicar o cancro no mundo e todas as pessoas ficaram felizes e

saudáveis. A comida não-saudável fora derrotada. Nunca mais haveria

doenças relativas à má alimentação.

E é por isso que se deve sempre escolher a comida saudável para o

nosso prato quando comemos, pois teremos diversas ventagens se a

ingerirmos, derrotando, de alguma maneira, doenças que, à partida, são

consideradas incuráveis.

David Nogueira da Rocha Nº5 & João Manuel Canavarro Nº12

Turma A, 9ºano

Page 57: Caderno das letras 2013 2014

“Para bem crescer, bem terás de comer”

Os meus olhos assustados, fragilizados, com a última luz de vida

escondiam o que outrora foram aqueles olhos azuis rejuvenescidos e ardentes.

Como tinha saudade dos meus brilhantes cabelos loiros, sedosos e macios ao

toque.

Sempre fui a única culpada, ignorei tudo o que me diziam. Ouvia o que

os professores diziam, o que os meus pais diziam, o que todos aqueles que

realmente sabiam aconselhavam, no entanto, nada fazia para o mudar.

Todos os erros que cometi estou a pagá-los agora. Era jovem e

irresponsável, enquanto andava no secundário nunca comia na cantina da

minha escola, fazia questão de me alimentar só de "comida de plástico" onde

nada era natural. Tudo artificial e desvitaminado. Em casa, recusava-me a

comer vegetais, trocava-os por fritos e a fruta por açúcares.

E aí chegamos ao que sou hoje, uma rapariga de 18 anos com cancro

do intestino. Pelas estatísticas, não irei poder saborear o paladar da comida por

muito mais tempo.

Esses erros, de que atrás falei, acarto agora com as suas

consequências. Tento aproveitar cada dia como se fosse o último, ver cada raio

de Sol como se fosse uma bênção, cheirar cada cheiro como se fosse uma

dádiva.

Neste momento a minha vida já não faz muito sentido, no entanto, tento

usá-la para evitar que outros cometam os erros e as asneiras que cometi.

Tento usar a minha vida, a minha experiência, o meu testemunho para alertar

para os perigos e para que consigam corrigir a tempo e, acima de tudo, não se

tornarem no bocado de carne perecível, com “prazo de validade” como me

tornei.

Por isso, muitas vezes digo: “Para bem crescer, bem terás de comer”…

Joana Cascão, n.º 10

João Sequeira, n.º 11

9º A

Page 58: Caderno das letras 2013 2014

“A Roda Cósmica”

No Cosmos, cujo conhecimento ficou em grande parte a dever-se a Carl

Sagan, estão integradas as galáxias, as estrelas, os planetas, os cometas, etc.

Resumindo, é tudo o que conhecemos e muito mais. O ser humano também é

um exemplo de um Cosmos que, à escala universal, é microscópico, sendo

constituído por células em vez de estrelas e planetas. Estas, ao unirem-se,

formaram tecidos que, por sua vez, originaram órgãos que garantem o correto

funcionamento do organismo, o “Cosmos” humano.

Hoje vou falar-vos de um Universo especial, do qual depende o funcionamento

do “Cosmos” humano. É conhecido por quase toda a gente mas nem sempre

lhe é dado o devido valor, e chama-se Roda dos Alimentos. Este Universo é

constituído por diferentes grupos, uns mais pequenos que outros. Se

compararmos os diferentes grupos a galáxias, os alimentos serão os planetas.

Como surgiu então este Universo da Roda dos Alimentos? Os diferentes

grupos da Roda dos Alimentos são formados por alimentos que foram alvo da

seleção natural, proposta por Charles Darwin. Esta selecção afetou a evolução

dos alimentos, levando à eliminação de alguns deles que eram prejudiciais ao

“Cosmos” humano e ao aparecimento de outros melhor adaptados para

garantir o equilíbrio desse Cosmos. Quanto mais saudável para o organismo

humano, maior o grupo. Por exemplo, os cereais e seus derivados e os

tubérculos apresentam a maior proporção na Roda dos Alimentos, enquanto

que as gorduras e óleos formam o menor grupo.

Para preservar o equilíbrio no “Cosmos” humano devemos ter uma alimentação

saudável, seguindo na nave da Vida através deste Universo maravilhoso. Para

isso, devemos respeitar as regras do Universo, evitando acidentes. Se isso não

for feito, podemos aumentar o risco de doenças terríveis, que destruirão o

“Cosmos” de cada um. O Cancro é bom exemplo de como um acidente pode

perturbar o “Cosmos” humano. Este pode manifestar-se em diferentes sistemas

do corpo humano, as nossas galáxias, assim como um buraco negro pode

destruir o sistema solar.

Page 59: Caderno das letras 2013 2014

Para evitar o aparecimento de cancro e de outras doenças perigosas, devemos

ter uma alimentação saudável, ou seja, da qual façam parte de forma

equilibrada alimentos de todos os grupos da Roda dos Alimentos. Desta forma,

criamos defesas, os glóbulos brancos, verdadeiros “guerreiros” contra os

“inimigos” do nosso Cosmos, invisíveis a olho nu mas com uma imensa

capacidade destrutiva que atacam de forma silenciosa e de surpresa.

Concluindo, o nosso organismo é um Cosmos que precisa de ser protegido

para não ser extinto, e para isso o pequeno Universo da Roda dos Alimentos

pode ser um aliado muito poderoso na luta contra os nossos inimigos.

Tiago Lé, Nº17, 9ºA

Page 60: Caderno das letras 2013 2014

Corpo humano… usamo-lo para correr, pensar, no entanto, apesar de

muitos não se aperceberem, é o maior local de guerra do mundo. Todos os

dias o nosso organismo procura, deteta e elimina ameaças. Todavia, com a

aquisição de métodos saudáveis, pode diminuir-se o seu trabalho.

Estava um dia normal no organismo do Arsénio. Ele encontrava-se muito

feliz, no entanto, o seu organismo não podia dizer o mesmo, pois este tinha

encontrado células de cancro. Arsénio era forte, preguiçoso e guloso, as suas

práticas alimentares não eram as melhores:

– Alerta! É uma célula cancerígena! Reúnam os melhores soldados, isto é

uma emergência! Repito uma emergência! – gritou alarmado o Sargento

Branco.

– Caramba! Depois de tantos avisos que o Arsénio recebeu sobre as suas

práticas alimentares, e agora nós é que sofremos! – disse o general Vermelho.

Após estes acontecimentos, estava lançada a I Guerra Corporal Arseniana.

Todos os glóbulos se colocaram em posição e começaram a recuar para as

pernas para, daí, começarem a conquistar todo o corpo. A função dos glóbulos

brancos era, obviamente, a de combate, por outro lado as hemácias forneciam

mantimentos e as plaquetas eram os “cães de guerra”.

Depois de conquistarem as pernas, parte mais fácil, tiveram grande

resistência do exército cancerígeno na parte da bacia:

– Recuem soldados, esta é uma daquelas batalhas muito complicadas.

Temos de dar a volta se queremos chegar ao coração! – concluiu o Sargento

Branco.

– Foi um ótimo dia de batalha, soldados, agora descansem. – disse o

General Vermelho.

No dia seguinte, os glóbulos brancos sofreram muitas perdas e as hemácias

ficaram sem mantimentos para os ajudarem: estava assim instalado o cancro.

Dias depois Arsénio foi ao médico e foi diagnosticada a doença, este ficou

destroçado e passou a semana deprimido.

No entanto, algo se passava no organismo do Arsénio. Depois de todo o

sangue ter sido submetido ao controlo do cancro depois da derrota na “batalha

da aorta”, surgiu um leucócito especialmente treinado para a guerra. Este

chamava-se Leandro, o leucócito, e, sem nenhum leucócito do seu lado, pegou

Page 61: Caderno das letras 2013 2014

em várias plaquetas e disfarçou-se de célula cancerígena. Após uma grande

subida acabou por chegar à base, o coração. Foi aí que se deu o célebre dia A.

Depois da entrada no coração, Leandro, o leucócito, destruiu o reator principal

da base das células cancerígenas e acabou por eliminá-las do organismo do

Arsénio. Acabou assim a IGuerra corporal Arseniana e a vitória foi do

organismo.

Depois de o médico lhe ter dado alta, Arsénio seguiu uma dieta muito

saudável e ficou livre de qualquer ameaça ao seu organismo.

Tiago Bessa Curado, n.º 18, e Jaime Marques, n.º 8

9º A

Page 62: Caderno das letras 2013 2014

Mon futur professionnel/ Le métier de mes rêves

Je rêve d’être un scientifique, depuis longtemps. Je ne sais pas encore quel

domaine de la science je choisirai, car j’adore les mathématiques, la chimie et

les animaux.

Je pense qu’être scientifique sera super ! On fera des découvertes fantastiques

et je serai connu par tout le monde.

Ce n’est pas facile de devenir scientifique ; je dois étudier beaucoup et c’est

nécessaire d’avoir de bonnes notes dans le brevet et dans le bac pour aller à

l’université. Je pense que je peux entrer dans une université aux États-Unis.

Mais ce métier a des choses moins positives aussi. Parfois, les recherches sont

tellement dures qu’on n’a pas de temps pour la famille.

Pourtant le travail en équipe sera fantastique ! Partager mes connaissances et

mes doutes avec mes amis scientifiques pour améliorer une expérience, c’est

génial !

Je rêve que, un jour, je changerai l’humanité pour le mieux.

Pour finir, pour être scientifique je pense qu’on doit être persistant, travailleur et

passionné par la science.

Tomás Bessa, n.º 18, 9ºA

Page 63: Caderno das letras 2013 2014

O pesadelo sombrio

Carlos era um rapaz alto e de boa estatura física, que vivia com os pais

e o irmão mais velho. Sonhava vir a ser um agente secreto para acabar com os

criminosos.

Certo dia, enquanto Carlos e o seu irmão, Teodoro, regressavam a casa

depois de um passeio, estranharam o silêncio. Aquele silêncio não era habitual,

pois a mãe enquanto fazia as suas tarefas cantarolava, para si, e o seu pai

martelava com o seu martelo. Decidiram entrar, percorreram a casa, chamando

pelo pai e pela mãe. Contundo, estes não responderam. Corajosamente,

entraram no quarto dos pais, lugar que nunca tinham visto.

Mal abriram a porta, Carlos soltou um grito. A sua mãe encontrava-se

deitada na cama, sem respirar, pois tinha levado um tiro, e o seu pai estava

preso com uma corda ao pescoço, uma vez que o assassino o tinha enforcado.

“Quem poderá ter feito isto?” Pensou. “Os nossos pais nunca fizeram

mal a ninguém, só queriam pão para nos dar de comer.”

– Espera, está ali um bilhete. – disse Carlos.

Teodoro agarrou no bilhete e leu-o.

“Meu caro amigo Carlos, penso que temos uns negócios pendentes. Se

fosse a ti pagaria a tua dívida, ou o teu irmão será o próximo. Deixar-te-ei

pistas para me encontrares. O teu amigo sombrio.”

– Quem é este homem? E que dívida é essa? Juro-te que irei até ao fim

do mundo e farei esse tal de sombrio pagar pela morte dos nossos pais.

– Ajudar-te-ei, mas não vamos ser consumidos pela vingança.

– Prometido.

Carlos encontrou ali a sua oportunidade para poder fazer o que sempre

sonhou e poderia contar com a ajuda do seu irmão.

No dia seguinte, partiram. Ao saírem de casa, encontraram outro bilhete

que dizia: “Meu caro amigo Carlos, qual será o teu país favorito? O país onde

sempre sonhaste ir? O país onde o teu irmão poderá ver a morte? Logo de

seguida, partirão e dirijam-se para a Alemanha. Dirige-te lá e a tua dúvida

permanecerá. O teu amigo sombrio.”

Carlos pensou durante um pouco e deduziu que o país onde sempre

sonhara ir era Itália. Sim, Itália era o seu sonho.

Page 64: Caderno das letras 2013 2014

Decidiram partir para Itália. Enquanto esperavam pelo avião, uma

rapariga, Margarida, dirigiu-se a eles e perguntou-lhes:

– Procuram pelo sombrio?

– Sim, como sabes?

– A minha irmã foi vítima do sombrio. Recebi um bilhete dele a dizer que

mais dois rapazes tinham sido vítimas, e ordenou-me que me encontrasse com

vocês. Poderei ir convosco?

– Claro! – respondeu Carlos.

Os três chegaram a Itália e, imediatamente, embarcaram para a

Alemanha.

Numa sexta-feira treze, receberam um novo bilhete: “Meus caros

amigos, Carlos e Margarida. Agora que vieram ter comigo, teremos o encontro

final. Dirijam-se para a Jamaica. O vosso amigo sombrio.”

Os três ficaram um pouco receosos, pois não conheciam este sombrio

nem sabiam do que ele era capaz. Mas, com coragem, seguiram em frente,

porque não podiam deixar que esta pessoa matasse as suas famílias, logo

teriam de se vingar, pelo menos Carlos.

Chegaram à Jamaica e partiram para o local combinado. Quando iam

para atravessar a passadeira, uma carrinha vermelha para à sua frente. Três

homens saíram e agarram Carlos e Teodoro. Estes dois perceberem que foram

traídos, pois é Margarida que ordena que os amarrem e os atirem para a

traseira da carrinha. Nesse momento Carlos amaldiçoou a sua vida. A carrinha

parou em frente a uma fábrica abandonada. Mal entraram na carrinha, Carlos e

Teodoro viram a figura de uma pessoa vestida com um fato preto. Aquele era o

sombrio, aquele era o encontro final.

A conversa iniciou-se mal, pois sombrio falou da morte dos pais de

Carlos e da forma como estes tinham sofrido.

Carlos, consumido pela vingança, agrediu o sombrio tentando matá-lo,

mas os homens que o tinham amarrado não permitiram. O sombrio ordenou

que os matassem, mas para surpresa de Carlos, é Margarida que não o

permite. Carlos vê ali a sua oportunidade para acabar com o sombrio, pois

agora seria ele a sofrer. Agarrando a arma de um dos homens, Carlos corre em

direção a sombrio para acabar com ele.

Page 65: Caderno das letras 2013 2014

– Tu prometeste que não serias consumido pela vingança – gritou-lhe

Teodoro.

– Ele acabou com a nossa família, ele tem de pagar por tudo o que nos

fez.

De repente, à frente de Carlos estava um corpo caído, o corpo de

sombrio.

Afinal, o homem que tinha acabado com a família de Carlos era Hugo,

um ex-colega de Carlos, com quem este nunca se tinha dado bem. Quanto a

Margarida, esta pediu desculpas aos dois irmãos e os três partiram rumo à

casa de Carlos.

Ana Carolina Coelho, nº1, 9ºD

Page 66: Caderno das letras 2013 2014

Acerto das Previsões

Previsões. Tentativa baseada em cálculos que nos permite ter uma ideia

aproximada de um acontecimento do futuro. Um processo normal nos governos

de todo o mundo para tentar prever receitas, despesas, crescimento

económico… mas parece que esse não é o forte em Portugal. Quando se

prevê alguma coisa em Portugal, passado algum tempo, acerta-se essa

previsão, que fica muito longe do esperado. Mas então, o que corre mal neste

processo? A resposta é simples: quando, em Portugal, se faz uma previsão,

esta é baseada em médias. Por exemplo, no novo orçamento do estado.

Prevê-se uma receita com os cortes nos salários da função pública e

pensionistas de uns valentes milhões de euros. Essa taxação depende do

salário e vai aumentando, consoante o valor mensal que cada um recebe.

Fiquei ontem a saber que, em média, um funcionário público tem um ordenado

de 1300 euros. Multiplicou-se o valor da taxação (200 euros) pelo número total

de funcionários públicos e a previsão estava feita. Só existe um problema: o

número de pessoas com salários muito reduzidos é enorme. Mas então, o que

faz a média? O que faz a média são as quantias exuberantes que uma minoria

desses trabalhadores recebe. Imaginemos: eu tenho quatro rebuçados e o meu

colega, outros quatro. A média é obviamente quatro. Mas se eu tiver um

rebuçado e o meu colega sete, a média é de quanto? A média mantem-se em

quatro. Se eu taxar dois rebuçados a quem tenha quatro, três a quem tenha

mais de seis e nenhum a quem tenha menos de dois, o resultado baseado da

previsão baseada na média é diferente do resultado baseado na realidade.

Agora não se ponha o governo a taxar rebuçados à toa.

Hugo Antunes, nº 9, 9º D

Page 67: Caderno das letras 2013 2014

MÃE

Palavra MÃE… Palavra que em todos os quatro cantos do mundo é

conhecida. É também uma palavra que nos faz pensar… Se “pesquisarmos”

bem lá no fundo, são três letras que, por mais que escrevamos, nunca

acertaremos na “definição”.

Desviei-me para este tema, pois, como todos sabemos, é a melhor pessoa

que conhecemos.

O Mundo pode cair-nos aos pés, mas ela estará sempre lá para o voltar a

pôr no sítio.

A minha? Ana Paula Violante. Uma senhora que sempre fez e faz tudo

pelos filhos; mulher trabalhadora. Eu não tenho palavras para descrever o amor

indescritível que sinto pela minha mãe. Está sempre com um sorriso na cara

(impressionante, de facto).

Quando partir (esperando eu que seja daqui a uns bons anos, muitos

bons…) vai ser mau, bastante doloroso. Mas terei que pensar que Ela estará

sempre e repito, sempre, a olhar por mim e pela minha família.

Eu gosto mesmo muito, muito mesmo da minha mãe, e nada no mundo me

fará separar dela.

M – Ã – E, palavra graciosa, digna de ser escrita milhões de vezes.

Amo-te, Mãe.

Afonso Violante, n.º 2, 9ºE

Page 68: Caderno das letras 2013 2014

Futilidades

Toda a gente sabe que a vida não é justa nem nunca foi, mas se a

maneira de pensar e de viver das pessoas não mudar radicalmente, nunca

será.

Certo dia, a minha melhor amiga contou-me algo que vira numa rede

social, e eu logo pensei que tinha que desabafar com o papel. Portanto, o

assunto que me leva a escrever esta crónica são as futilidades e as injustiças

presentes na nossa sociedade.

Por que razão nos lamentamos sempre, quando não nos falta nada de

essencial, e até recebemos amor, e quando milhões de pessoas vivem em

condições extremamente piores que as nossas? Porque é que as pessoas

ligam mais às aparências e aos bens materiais do que à beleza interior e aos

valores do coração?

Como a minha melhor amiga referiu, há gente que diz que um aparelho

eletrónico – neste caso um Iphone – é a sua vida, mas conseguiriam estas

mesmas pessoas sobreviver sem comer ou dormir, ou sem ter amigos com

quem contactar através desses aparelhos? Será assim tão difícil valorizar o

que é mais importante?

E não estou a dizer que não é fixe ter um Iphone e que não gostava de

ter um, mas vivo facilmente sem ele, e esforço-me por dar valor ao que tenho,

que é tanto comparado com o que milhões de pessoas possuem.

Talvez essas pessoas que declararam que viviam para os Iphones

estivessem apenas a brincar, mas e se não estão? E se estivessem mesmo a

falar a sério? Penso que é um problema grave, mas alimento a esperança de

que, num futuro não muito longínquo, os humanos caiam em si e percebam o

que realmente lhes faz falta. Talvez pensem um bocadinho mais nos outros,

pois muitos deles são quem lhes fabrica a roupa e os aparelhos eletrónicos e,

ainda, são escravizados! E nós? Queixamo-nos e queremos sempre mais e

mais.

Sejamos, ao menos, mais solidários e menos fúteis, mas sobretudo,

mais honestos connosco próprios.

Mafalda Agante, n.º 10, 9º E

Page 69: Caderno das letras 2013 2014

Voluntariado

Há uma altura em que todos os jovens se perguntam qual a sua função

no mundo, e acham que não conseguem contribuir para um mundo melhor. Era

disso que estava a falar com a minha mãe, quando nas notícias se debatia

esse assunto. Estávamos sentadas na mesa de madeira da cozinha, com a

televisão pequena ligada.

– Ao contrário do que pensas, não são só os governos que podem fazer

uma diferença no mundo. Qualquer pessoa pode – disse-me ela.

– Sim, mas o quê? E para quê? – perguntei.

– Dar é sempre melhor que receber. Uma palavra amiga, um pacote de

massa… são esses pequenos gestos que fazem as grandes diferenças.

– Mas mesmo assim… não vai mudar o mundo – contestei.

– Mudas o mundo de uma pessoa quando contribuis para a sua

felicidade.

A minha mãe estava certa. Porém, eu não era daquelas celebridades

que doam milhares de euros a instituições, ou daquelas cujas músicas, filmes e

livros inspiram os outros e os ajudam a sonhar. Era apenas eu, alguém que

doava algumas roupas e brinquedos, mas nada mais… ou será que era? Sim,

eu tinha o poder de o fazer, mas e a coragem? Somos nós que podemos fazer

a diferença, alegrar o dia e a vida de alguém, basta querermos. Não me ia

lamentar mais. Era a altura de atuar. E quando, na televisão, apareceu uma

notícia a falar de voluntariado nas Filipinas, não pensei duas vezes. Ali estava

a minha oportunidade, não a ia perder. Agora sabia qual a minha função… o

meu lugar no mundo. Era fazer dele um mundo melhor para os que mereciam...

e ajudar outros jovens a decidirem-se quanto a contribuir para um futuro mais

risonho.

Mafalda Agante nº10 9ºE

Page 70: Caderno das letras 2013 2014

De escola para escola

Quem não me conhece deve achar que sou uma pessoa problemática,

pois a verdade é que já mudei de escola três vezes.

Fiz a pré-escolar e a primária num colégio religioso na Conchada, no

quinto ano fui para outro colégio, também religioso, e esta foi a primeira vez

que mudei de escola. Receei as mais variadas coisas: ter dificuldades em fazer

amizades, ter más notas, enganar-me nas salas, (pois estava habituada àquela

monotonia da primária, naquele colégio pequeno, acolhedor, muito familiar, até

de que ainda sentia saudades), já para não falar dos amigos que tive de deixar

e com quem cresci. Mesmo com todos os receios e contratempos, quis mudar.

De início, quando cheguei àquele colégio, não foi fácil: perdia-me na

escola, não conhecia ninguém e foi aí que comecei a dar-me com quem

também andava sozinho. O certo é que fiz muitos amigos, mas nenhum de

valor! Aquele colégio era um colégio cheio de bons alunos, mas todos de mau

coração.

Já no sétimo ano, mudei-me para uma escola pública. Foi o descalabro

total! Gastava a mesada toda em guloseimas e batatas fritas, não tinha o

melhor dos comportamentos, andava desligada das aulas, faltava aos apoios,

etc. A sensação foi ótima, até que chegou o momento em que vi as minhas

notas a descer, a uma velocidade incrível. Quando quis mudar, tarde demais!

Claro que aprendi com os erros e, de novo, mudei de escola. Mas

quando decidi vir para a Martim certifiquei-me de que tudo ia ser diferente. E

foi!

Ando na Martim de Freitas e adoro.

Rafaela Pombo, n.º 18, 9º E

Page 71: Caderno das letras 2013 2014

Mon avenir

Bonjour. Ce matin je vais interviewer une copine sur le métier qu’elle va choisir

dans l’avenir.

– Salut! Je peux parler avec toi?

– Oui, bien sûr. Qu’est-ce que tu veux?

– Je voulais savoir quelle profession choisiras-tu dans l’avenir?

– Bien, j’adore les sciences et les mathématiques, donc je serai pharmacienne.

– Alors, tu feras un bac scientifique, n’est-ce pas?

– Oui, mais mes notes ne sont pas fantastiques.

– Mais si tu veux ce métier tu devras étudier plus.

– Je sais!

– J’ai déjà terminé les questions, merci. Au revoir!

– De rien, au revoir !

Laura Porto Mariz, n.º 16, 9ºF