cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada€¦ · cabelo é formado por placas, compostas pela...

1
31 | 3586 2511 www.teiadetextos.com.br www.ufmg.br/ciencianoar [email protected] Aqui você vai encontrar importantes informações do curioso mundo da Ciência. Contamos com sua ajuda para conservar este texto, que também está disponível em nosso site. 21 | 5ª etapa teia de textos CABELO, CABELEIRA, CABELUDA, DESCABELADA Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Quem disse que cabelo não sente? Quem disse que cabelo não gosta de pente? Arnaldo Antunes Qualquer um já acordou num dia em que o cabelo está sem jeito, rebelde e não há pente que o penteie. O pior é que existem doenças onde isso acontece todos os dias! A Síndrome dos cabelos impenteáveis é um exemplo disso. Essa condição genéca foi descrita pela primeira vez há 40 anos. Nessa rara síndrome, os cabelos da criança podem ser normais nos primeiros anos de vida e, aos poucos, vão ficando loiro-prateados e desordenados e não há pente que os deixe no lugar certo. Para entender por que isso acontece, primeiramente, saiba que o fio de cabelo é formado por placas, compostas pela proteína querana, que ficam organizadas parecendo escamas de peixe. A querana é produzida nas células dos folículos pilosos, na raiz do cabelo. É aí que os fios ganham forma e cor e, é claro, comprimento. Os estudos que vêm sendo feitos mostram que o fio de cabelo de uma pessoa com a Síndrome dos cabelos impenteáveis, quando observado com um microscópio eletrônico, tem pequenos sulcos formando buracos nas camadas de querana, e também não têm a forma de tubo dos fios normais. O diagnósco final para saber se a criança tem a síndrome ou está apenas numa fase de cabelo ruim tem que ser feito com esse microscópio, que é bem mais potente que os outros e consegue aumentar o fio centenas de vezes. Por sorte dos pacientes, não há muito que se preocupar porque a Síndrome dos cabelos impenteáveis não traz outros sintomas e, com o tempo, a aparência dos cabelos melhora muito. Sorte também para os pais, pois quem nunca ouviu um adolescente reclamando de como está horrível seu cabelo? Texto originalmente escrito por Adlane Vilas-Boas para o programa Ritmos da ciência, da Rádio UFMG Educava FM 104,5, e adaptado por Joyce Padilha de Melo. Projeto realizado com o apoio do PROEXT 2011 - MEC/SESu.

Upload: others

Post on 04-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CABELO, CABELEIRA, CABELUDA, DESCABELADA€¦ · cabelo é formado por placas, compostas pela proteína queratina, que ficam organizadas parecendo escamas de peixe. A queratina é

31 | 3586 2511www.teiadetextos.com.brwww.ufmg.br/[email protected]

Aqui você vai encontrar importantes informações do curioso mundo da Ciência. Contamos com sua ajuda para conservar este texto, que também está disponível em nosso site.

21 | 5ª etapa

teia de textos

CABELO, CABELEIRA, CABELUDA, DESCABELADACabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada

Quem disse que cabelo não sente?Quem disse que cabelo não gosta de pente?

Arnaldo Antunes

Qualquer um já acordou num dia em que o cabelo está sem jeito, rebelde e não há pente que o penteie. O pior é que existem doenças onde isso acontece todos os dias! A Síndrome dos cabelos impenteáveis é um exemplo disso.

Essa condição genética foi descrita pela primeira vez há 40 anos. Nessa rara síndrome, os cabelos da criança podem ser normais nos primeiros anos de vida e, aos poucos, vão ficando loiro-prateados e desordenados e não há pente que os deixe no lugar certo.

Para entender por que isso acontece, primeiramente, saiba que o fio de cabelo é formado por placas, compostas pela proteína queratina, que ficam organizadas parecendo escamas de peixe. A queratina é produzida nas células dos folículos pilosos, na raiz do cabelo. É aí que os fios ganham forma e cor e, é claro, comprimento.

Os estudos que vêm sendo feitos mostram que o fio de cabelo de uma pessoa com a Síndrome dos cabelos impenteáveis, quando observado com um microscópio eletrônico, tem pequenos sulcos formando buracos nas camadas de queratina, e também não têm a forma de tubo dos fios normais. O diagnóstico final para saber se a criança tem a síndrome ou está apenas numa fase de cabelo ruim tem que ser feito com esse microscópio, que é bem mais potente que os outros e consegue aumentar o fio centenas de vezes.

Por sorte dos pacientes, não há muito que se preocupar porque a Síndrome dos cabelos impenteáveis não traz outros sintomas e, com o tempo, a aparência dos cabelos melhora muito. Sorte também para os pais, pois quem nunca ouviu um adolescente reclamando de como está horrível seu cabelo?

Texto originalmente escrito por Adlane Vilas-Boas para o programa Ritmos da ciência, da Rádio UFMG Educativa FM 104,5, e adaptado por Joyce Padilha de Melo.

Projeto realizado com o apoio do PROEXT 2011 - MEC/SESu.