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Finanças Quarta-feira, 6 de novembro de 2019 | C1 Daycoval lucra mais O Daycoval obteve lucro líquido de R$ 268,3 milhões no terceiro trimestre, alta de 38,2% frente ao mesmo período do ano passado. A receita de operações de crédito aumentou 12,6%, para R$ 837,3 milhões. A carteira ampliada de empréstimos e financiamentos fechou setembro em R$ 23,9 bi- lhões, com avanço de 36,2% em um ano. O banco atribuiu o cres- cimento à melhora na demanda por recursos e a investimentos em tecnologia. (Talita Moreira) Índice Agenda C2 Bolsas nacionais C6 Indicadores financeiros C7 Fundos de ações C7 Fundos multimercados C8 Fundos de previdência C9 Fundos de renda fixa C9 Resultado do BTG Pactual reflete cenário de queda de juros e retomada do mercado de capitais C4 Destaques BB Seguridade A BB Seguridade pretende entre- gar um lucro líquido em 2019 mais perto do topo do novo “gui- dance”, disse o CEO Bernardo Ro- the, durante teleconferência. O braço de seguros, previdência e capitalização do BB divulgou, junto com os números do tercei- ro trimestre, uma nova projeção para o lucro líquido neste ano, com crescimento entre 13% e 17%. A anterior previa resultado de 8% a 13%. “A gente nunca tra- balha com guidance em que a meta está no meio da projeção”, disse o CEO. “Nossa expectativa não é meio, mas o topo do gui- dance.” (Sérgio Tauhata) Mínima do CDS brasileiro O custo do contrato de swap de default de crédito (CDS), que ser- ve como uma espécie de seguro contra calote, do Brasil, recuou ontem a 115 pontos, segundo dados da provedora Markit. É o menor nível desde 10 de maio de 2013 (112 pontos), quando o Brasil ainda possuía o grau de in- vestimento pelas principais agências de rating. Os CDS de outros emergentes também tive- ram leve queda, caso de México (86 pontos) e Rússia (73 pontos). (Álvaro Campos) Getnet no exterior O BC concedeu autorização para que a Getnet preste serviços de pa- gamento relativos à modalidade de emissor de moeda eletrônica. A decisão, aprovada pelo Departa- mento de Organização do Sistema Financeiro, foi publicada no DOU. Debênture da Rumo A Rumo emitiu R$ 1,129 bilhão em debêntures de dez anos, dividi- das em duas séries, no sistema de vasos comunicantes. A operação foi liderada por Itaú BBA e contou também com Bradesco BBI, San- tander, BB-BI, XP e BTG. (AC) 1.508,0 1.514,5 1.521,0 1.527,5 1.534,0 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data Índice de Renda Fixa Valor Base = 100 em 31/dez/99 5/out 2019 25/set 2019 Variações No dia No mês No ano -0,04% -0,02% 9,43% 1.529,20 Política monetária Mudanças na economia tornam incerto efeito de estímulo na inflação Juro na mínima exige cautela, diz BC Estevão Taiar e Alex Ribeiro De Brasília e São Paulo O Banco Central discutiu os ris- cos de uma aceleração mais forte do que o previsto da inflação em um contexto de mudanças estru- turais da economia, com um me- nor papel do Estado e maior força do crédito livre e do mercado de capitais, por isso resolveu sinali- zar cautela em eventuais cortes na taxa de juros que poderá fazer a partir do ano que vem. “Mudanças no mercado de cré- dito e na intermediação financei- ra, como o maior papel desempe- nhado pelo crédito com recursos livres e pelo mercado de capitais, podem impactar a transmissão da política monetária”, disse o Comitê de Política Monetária (Copom) na ata divulgada on- tem, a respeito da reunião reali- zada na semana passada. Segun- do o colegiado, tanto o crédito li- vre quanto o mercado de capitais “crescem a taxas robustas”. Na reunião da semana passa- da, o Copom cortou a taxa básica de juros de 5,5% ao ano para 5%, nova mínima histórica. O cole- giado sinalizou uma nova queda, de 0,5 ponto, para a reunião de zembro e pregou cautela para eventuais ajustes a partir de en- tão. O fato de a Selic estar testan- do patamares cada vez mais bai- xos também é considerado pelo comitê uma possível fonte de ris- cos de aceleração da inflação. “Faltam comparativos na his- tória brasileira para o atual grau de estímulo”, afirma. “Tendo em vista que a política monetária opera com defasagens sobre a economia, especialmente sobre o nível de preços, os fatores ava- liados tendem a aumentar a in- certeza sobre os canais de trans- missão da política monetária.” Apesar do maior nível de estí- mulo monetário, as expectativas ancoradas, a inércia inflacioná- ria e os preços administrados têm mantido as projeções de in- flação abaixo da meta para os próximos dois anos. Num dos cenários apresenta- dos para 2020, que leva em con- ta a queda de juros a 4,5% como previsto pelo mercado e taxa de câmbio constante em R$ 4,05, a inflação ficaria em 3,7% (abaixo da meta, de 4%). O percentual é um pouco mais baixo do que os 3,8% estimados na reunião an- terior do Copom. Os juros mais baixos, diz o do- cumento, agiram para aumentar a projeção — hoje, o mercado projeta que o BC vá levar os juros a uma mínima de 4,5% ao ano, enquanto que em setembro es- perava 5%. No entanto, afirma a ata, esse efeito na inflação dos ju- ros mais baixos foi mais do que compensado pela redução das expectativas do mercado para a inflação e a antecipação para este ano de alguns reajustes de preços administrados inicialmente pre- vistos para o ano que vem. Para 2021, o cenário destaca- do pelo Copom projeta uma in- flação de 3,6%, o que o colegiado considera “ligeiramente abaixo” da meta, de 3,75%. Em outubro, o BC projetava percentuais entre 3,6% e 3,7%. “Os principais fato- res para a queda da projeção fo- ram a propagação da inflação mais baixa projetada para 2020 e a revisão em preços adminis- trados”, afirma a ata. O colegiado também usa ter- mos mais favoráveis para analisar a atividade econômica. A respeito dos indicadores anteriores à reu- nião de setembro, o comitê havia afirmado que eles “sugerem conti- nuidade do processo de recupera- ção da economia”. Já os números anteriores à reunião da semana passada “reforçam a continuidade do processo de recuperação”. O Copom também diz agora que o “Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre”. Na ata ante- rior, a expectativa era de um “li- geiro” crescimento no período. Ainda assim, o comitê cita expli- citamente a necessidade de im- plantar “reformas microeconômi- cas” que levem a “aumento de pro- dutividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negó- cios”. O Copom avalia ainda que as condições financeiras, apesar de uma “volatilidade inerente”, per- manecem em níveis confortáveis. Na avaliação anterior do colegia- do, a volatilidade era consequên- cia de “movimentos nos mercados internacionais e de impactos pon- tuais da crise na Argentina”. Leia mais na página C2 Mercado adota limite para queda da Selic Victor Rezende e Lucas Hirata De São Paulo O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinali- zou que existe um limite para a extensão do ciclo de corte de ju- ros no Brasil, forçando o mercado a corrigir apostas de que a Selic possa cair para níveis muito mais baixos do que os atuais 5%. A cau- tela indicada pelo Copom, tanto no comunicado divulgado logo após o encontro quanto na ata da reunião, publicada ontem, mostra que a taxa básica de juros tem es- paço para recuar mais um pouco nos próximos meses, mas não de- ve atravessar a fronteira dos 4%. Entre os casos de ajuste de pro- jeções, a Itaú Asset Management, gestora de fundos de investimen- to do Itaú Unibanco, revisou suas estimativas para a Selic e já não vê a taxa básica recuando para a casa dos 3% no fim de 2020. A projeção da asset para o fim de 2019 saiu de 4% para 4,50% e pas- sou de 3,75% para 4,25% no en- cerramento do próximo ano. “O Copom claramente quis deli- mitar as expectativas do mercado para a taxa de juros, que provavel- mente seriam direcionadas para a região de 3%”, afirma o economis- ta-chefe do UBS Brasil, Tony Vol- pon. Para ele, a menos que haja uma grande falha nas projeções de inflação do BC, o nível terminal da Selic para essa parte do ciclo parece ser de 4,50% ou, se o desempenho da inflação continuar a ficar abaixo da previsão do BC, de 4,25%. Ao menos, por enquanto, esse parece ser o cenário principal. Cálculos da Renascença apontam que as taxas de inflação implícita, medidas a partir do futuro de cu- pom de IPCA (DAP), estão em 3,27% neste ano e em 3,67% em 2020. Já a pesquisa Focus desta se- mana indica que o ponto médio das estimativas do mercado está em 3,29% em 2019 e 3,60% em 2020. Vale lembrar que a meta de inflação do próximo ano será de 4%, caindo para 3,75% em 2021. “O BC deixa dúvidas quanto à continuidade do ciclo, mas isso não quer dizer que cortes adicio- nais não possam acontecer”, pontua o economista-chefe do Haitong, Flavio Serrano. “A incer- teza que compartilho com o Co- pom é a de ver, depois de tantas reduções na Selic, como a econo- mia irá reagir a níveis de juros sem precedentes”, diz, ressaltan- do que o cenário de inflação con- tinua “muito favorável”. Avaliação semelhante têm os economistas do Bradesco, para quem “o cenário de inflação bas- tante benigno não permite descar- tar continuidade do ciclo [além de dezembro], ainda que em menor intensidade”. Já os economistas Leonardo Fonseca e Lucas Vilela, do Credit Suisse, afirmam que, se o balanço de riscos para a inflação evoluir mais favoravelmente do que o esperado, “o BC poderá con- tinuar com o ciclo de flexibiliza- ção, mas isso provavelmente seria limitado a um ou dois cortes adi- cionais de 0,25 ponto percentual na Selic em 2020”. Por ora, Bradesco e Credit Suis- se continuam a projetar que a ta- xa básica cairá para 4,50% no fim deste ano e se manterá nesse ní- vel pelo menos até o fim de 2020. Já os economistas Cassiana Fer- nandez e Vinicius Moreira, do J.P. Morgan, notam que as projeções de inflação “continuam deixan- do as portas abertas para ajustes adicionais de 0,25 ponto não apenas em fevereiro, mas, tam- bém, além dessa reunião”. O J.P., contudo, não deixa de res- saltar que o tom adotado recente- mente pelo BC e a possibilidade de uma aceleração mais forte da ativi- dade podem reduzir a possibilida- de de novos cortes em 2020. Ontem, a percepção de que a queda da Selic tem limite se esten- deu ainda para a curva futura de juros. As taxas sofreram ajustes ex- pressivos pela manhã, mas se aco- modaram ao longo do dia. No fim da sessão regular, a taxa do contra- to de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 ficava estável a 4,49%; a do DI para janeiro de 2023 subia de 5,42% para 5,45%, após tocar máxima a 5,55% e a do DI para janeiro de 2025 avançava de 5,99% para 6,01%, após atingir 6,10% no pico do dia. Sócio da Monte Bravo Investi- mentos, Rodrigo Franchini lem- bra que o Copom tende a ser mais conservador, independen- temente do governo e de sua composição e, por isso, buscou frear já no comunicado apostas mais ousadas quanto ao ciclo de cortes atual. “Ver o juro a 4% ou abaixo seria algo extremamente arrojado para um comitê conser- vador como o nosso”, diz. Para Franchini, o BC deixa “bem claro” que espera alguma aceleração da atividade econô- mica e cita até mesmo a liberação dos saques do FGTS. “Isso não era o que o mercado queria ouvir. Por isso, houve uma abertura das curvas de juros [alta das taxas]. O mercado ficou decepcionado.” O tom mais conservador ado- tado pelo Copom contribuiu pa- ra a valorização do real. Um ciclo menor de queda de juros benefi- cia o câmbio, já que não compri- me tanto o diferencial de juros com o exterior e, assim, resguar- da o rendimento das apostas na moeda brasileira. Mas, além da política monetária, o movimento do câmbio foi determinado pela reação positiva dos investidores ao pacote de medidas apresenta- do pela equipe econômica. O dó- lar comercial fechou ontem em baixa de 0,46%, aos R$ 3,9927. O câmbio também oscilou à espera do resultado da participa- ção estrangeira no megaleilão de excedentes da cessão onerosa, que acontece hoje. Depois que a francesa Total e a britânica BP afirmaram que não participa- riam do certame, o investidor passou a temer uma baixa ade- são das petroleiras internacio- nais, freando, assim, a euforia com a possível entrada de recur- sos estrangeiros no Brasil. Na bolsa de valores, esse receio se refletiu na queda das ações da Petrobras (de 1,27% a ON e 2,34% a PN), pelo medo de que a com- panhia eleve sua fatia nos blocos ofertados para garantir o sucesso do leilão. O movimento do Ibo- vespa só não foi pior porque a al- ta dos bancos ajudou a equili- brar a performance do dia — o ín- dice terminou com leve baixa de 0,06%, aos 108.719 pontos. Entre os destaques no setor financeiro, Itaú Unibanco subiu 1,73% on- tem. (Colaboraram Juliana Ma- chado, Marcelo Osakabe e Ana Carolina Neira) Soſtwares e serviços para gestão em Saúde, Jurídico, Indústria e Comércio, RH e Logística. BENNER.com.br | 11 2109.8500 reach C A P I T A L Com cenário de juros baixos, invista em fundos de ações. 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FinançasQuarta-feira, 6 de novembro de 2019 | C1

Daycoval lucra maisO Daycoval obteve lucro líquidode R$ 268,3 milhões no terceirotrimestre, alta de 38,2% frente aomesmo período do ano passado.A receita de operações de créditoaumentou 12,6%, para R$ 837,3milhões. A carteira ampliada deempréstimos e financiamentosfechou setembro em R$ 23,9 bi-lhões, com avanço de 36,2% emum ano. O banco atribuiu o cres-cimento à melhora na demandapor recursos e a investimentosem tecnologia. (Talita Moreira)

Índice

Agenda C2

Bolsas nacionais C6

Indicadores financeiros C7

Fundos de ações C7

Fundos multimercados C8

Fundos de previdência C9

Fundos de renda fixa C9

Resultado doBTG Pactual refletecenário de queda dejuros e retomada domercado de capitais C4

Destaques

BB SeguridadeA BB Seguridade pretende entre-gar um lucro líquido em 2019mais perto do topo do novo “gui-dance”, disse o CEO Bernardo Ro-the, durante teleconferência. Obraço de seguros, previdência ecapitalização do BB divulgou,junto com os números do tercei-ro trimestre, uma nova projeçãopara o lucro líquido neste ano,com crescimento entre 13% e17%. A anterior previa resultadode 8% a 13%. “A gente nunca tra-balha com guidance em que ameta está no meio da projeção”,disse o CEO. “Nossa expectativanão é meio, mas o topo do gui-dance.” (Sérgio Tauhata)

Mínima do CDS brasileiroO custo do contrato de swap dedefault de crédito (CDS), que ser-ve como uma espécie de segurocontra calote, do Brasil, recuouontem a 115 pontos, segundodados da provedora Markit. É omenor nível desde 10 de maio de2013 (112 pontos), quando oBrasil ainda possuía o grau de in-vestimento pelas principaisagências de rating. Os CDS deoutros emergentes também tive-ram leve queda, caso de México(86 pontos) e Rússia (73 pontos).(Álvaro Campos)

Getnet no exteriorO BC concedeu autorização paraque a Getnet preste serviços de pa-gamento relativos à modalidadede emissor de moeda eletrônica. Adecisão, aprovada pelo Departa-mento de Organização do SistemaFinanceiro, foi publicada no DOU.

Debênture da RumoA Rumo emitiu R$ 1,129 bilhãoem debêntures de dez anos, dividi-das em duas séries, no sistema devasos comunicantes. A operaçãofoi liderada por Itaú BBA e contoutambém com Bradesco BBI, San-tander, BB-BI, XP e BTG. (AC)

1.508,0

1.514,5

1.521,0

1.527,5

1.534,0

Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data

Índice de Renda Fixa ValorBase = 100 em 31/dez/99

5/out2019

25/set2019

VariaçõesNo dia

No mês

No ano

-0,04%

-0,02%

9,43%

1.529,20

Política monetária Mudanças na economia tornam incerto efeito de estímulo na inflação

Juro na mínima exige cautela, diz BCEstevão Taiar e Alex RibeiroDe Brasília e São Paulo

O Banco Central discutiu os ris-cos de uma aceleração mais fortedo que o previsto da inflação emum contexto de mudanças estru-turais da economia, com um me-nor papel do Estado e maior forçado crédito livre e do mercado decapitais, por isso resolveu sinali-zar cautela em eventuais cortesna taxa de juros que poderá fazera partir do ano que vem.

“Mudanças no mercado de cré-dito e na intermediação financei-ra, como o maior papel desempe-nhado pelo crédito com recursoslivres e pelo mercado de capitais,podem impactar a transmissãoda política monetária”, disse oComitê de Política Monetária(Copom) na ata divulgada on-tem, a respeito da reunião reali-zada na semana passada. Segun-do o colegiado, tanto o crédito li-

vre quanto o mercado de capitais“crescem a taxas robustas”.

Na reunião da semana passa-da, o Copom cortou a taxa básicade juros de 5,5% ao ano para 5%,nova mínima histórica. O cole-giado sinalizou uma nova queda,de 0,5 ponto, para a reunião dezembro e pregou cautela paraeventuais ajustes a partir de en-tão. O fato de a Selic estar testan-do patamares cada vez mais bai-xos também é considerado pelocomitê uma possível fonte de ris-cos de aceleração da inflação.

“Faltam comparativos na his-tória brasileira para o atual graude estímulo”, afirma. “Tendo emvista que a política monetáriaopera com defasagens sobre aeconomia, especialmente sobreo nível de preços, os fatores ava-liados tendem a aumentar a in-certeza sobre os canais de trans-missão da política monetária.”

Apesar do maior nível de estí-

mulo monetário, as expectativasancoradas, a inércia inflacioná-ria e os preços administradostêm mantido as projeções de in-flação abaixo da meta para ospróximos dois anos.

Num dos cenários apresenta-dos para 2020, que leva em con-ta a queda de juros a 4,5% comoprevisto pelo mercado e taxa decâmbio constante em R$ 4,05, ainflação ficaria em 3,7% (abaixoda meta, de 4%). O percentual éum pouco mais baixo do que os3,8% estimados na reunião an-terior do Copom.

Os juros mais baixos, diz o do-cumento, agiram para aumentara projeção — hoje, o mercadoprojeta que o BC vá levar os jurosa uma mínima de 4,5% ao ano,enquanto que em setembro es-perava 5%. No entanto, afirma aata, esse efeito na inflação dos ju-ros mais baixos foi mais do quecompensado pela redução das

expectativas do mercado para ainflação e a antecipação para esteano de alguns reajustes de preçosadministrados inicialmente pre-vistos para o ano que vem.

Para 2021, o cenário destaca-do pelo Copom projeta uma in-flação de 3,6%, o que o colegiadoconsidera “ligeiramente abaixo”da meta, de 3,75%. Em outubro,o BC projetava percentuais entre3,6% e 3,7%. “Os principais fato-res para a queda da projeção fo-ram a propagação da inflaçãomais baixa projetada para 2020e a revisão em preços adminis-trados”, afirma a ata.

O colegiado também usa ter-mos mais favoráveis para analisara atividade econômica. A respeitodos indicadores anteriores à reu-nião de setembro, o comitê haviaafirmado que eles “sugerem conti-nuidade do processo de recupera-ção da economia”. Já os númerosanteriores à reunião da semana

passada “reforçam a continuidadedo processo de recuperação”. OCopom também diz agora que o“Produto Interno Bruto (PIB) deveter apresentado crescimento noterceiro trimestre”. Na ata ante-rior, a expectativa era de um “li-geiro” crescimento no período.

Ainda assim, o comitê cita expli-citamente a necessidade de im-plantar “reformas microeconômi-cas” que levem a “aumento de pro-dutividade, ganhos de eficiência,maior flexibilidade da economia emelhoria do ambiente de negó-cios”. O Copom avalia ainda que ascondições financeiras, apesar deuma “volatilidade inerente”, per-manecem em níveis confortáveis.Na avaliação anterior do colegia-do, a volatilidade era consequên-cia de “movimentos nos mercadosinternacionais e de impactos pon-tuais da crise na Argentina”.

Leia mais na página C2

Mercado adota limite para queda da SelicVictor Rezende e Lucas HirataDe São Paulo

O Comitê de Política Monetária(Copom) do Banco Central sinali-zou que existe um limite para aextensão do ciclo de corte de ju-ros no Brasil, forçando o mercadoa corrigir apostas de que a Selicpossa cair para níveis muito maisbaixos do que os atuais 5%. A cau-tela indicada pelo Copom, tantono comunicado divulgado logoapós o encontro quanto na ata dareunião, publicada ontem, mostraque a taxa básica de juros tem es-paço para recuar mais um pouconos próximos meses, mas não de-ve atravessar a fronteira dos 4%.

Entre os casos de ajuste de pro-jeções, a Itaú Asset Management,gestora de fundos de investimen-to do Itaú Unibanco, revisou suasestimativas para a Selic e já nãovê a taxa básica recuando para acasa dos 3% no fim de 2020. Aprojeção da asset para o fim de2019 saiu de 4% para 4,50% e pas-sou de 3,75% para 4,25% no en-cerramento do próximo ano.

“O Copom claramente quis deli-mitar as expectativas do mercadopara a taxa de juros, que provavel-mente seriam direcionadas para aregião de 3%”, afirma o economis-ta-chefe do UBS Brasil, Tony Vol-pon. Para ele, a menos que hajauma grande falha nas projeções deinflação do BC, o nível terminal daSelic para essa parte do ciclo pareceser de 4,50% ou, se o desempenhoda inflação continuar a ficar abaixoda previsão do BC, de 4,25%.

Ao menos, por enquanto, esseparece ser o cenário principal.Cálculos da Renascença apontamque as taxas de inflação implícita,medidas a partir do futuro de cu-pom de IPCA (DAP), estão em3,27% neste ano e em 3,67% em2020. Já a pesquisa Focus desta se-mana indica que o ponto médiodas estimativas do mercado estáem 3,29% em 2019 e 3,60% em2020. Vale lembrar que a meta deinflação do próximo ano será de4%, caindo para 3,75% em 2021.

“O BC deixa dúvidas quanto àcontinuidade do ciclo, mas issonão quer dizer que cortes adicio-nais não possam acontecer”,pontua o economista-chefe doHaitong, Flavio Serrano. “A incer-teza que compartilho com o Co-pom é a de ver, depois de tantasreduções na Selic, como a econo-mia irá reagir a níveis de jurossem precedentes”, diz, ressaltan-do que o cenário de inflação con-tinua “muito favorável”.

Avaliação semelhante têm oseconomistas do Bradesco, paraquem “o cenário de inflação bas-tante benigno não permite descar-tar continuidade do ciclo [além dedezembro], ainda que em menorintensidade”. Já os economistasLeonardo Fonseca e Lucas Vilela,do Credit Suisse, afirmam que, se o

balanço de riscos para a inflaçãoevoluir mais favoravelmente doque o esperado, “o BC poderá con-tinuar com o ciclo de flexibiliza-ção, mas isso provavelmente serialimitado a um ou dois cortes adi-cionais de 0,25 ponto percentualna Selic em 2020”.

Por ora, Bradesco e Credit Suis-se continuam a projetar que a ta-xa básica cairá para 4,50% no fimdeste ano e se manterá nesse ní-vel pelo menos até o fim de 2020.Já os economistas Cassiana Fer-nandez e Vinicius Moreira, do J.P.Morgan, notam que as projeçõesde inflação “continuam deixan-do as portas abertas para ajustesadicionais de 0,25 ponto nãoapenas em fevereiro, mas, tam-bém, além dessa reunião”.

O J.P., contudo, não deixa de res-saltar que o tom adotado recente-mente pelo BC e a possibilidade deuma aceleração mais forte da ativi-dade podem reduzir a possibilida-de de novos cortes em 2020.

Ontem, a percepção de que aqueda da Selic tem limite se esten-deu ainda para a curva futura dejuros. As taxas sofreram ajustes ex-pressivos pela manhã, mas se aco-modaram ao longo do dia. No fimda sessão regular, a taxa do contra-to de Depósito Interfinanceiro (DI)para janeiro de 2021 ficava estávela 4,49%; a do DI para janeiro de2023 subia de 5,42% para 5,45%,após tocar máxima a 5,55% e a doDI para janeiro de 2025 avançavade 5,99% para 6,01%, após atingir6,10% no pico do dia.

Sócio da Monte Bravo Investi-mentos, Rodrigo Franchini lem-bra que o Copom tende a sermais conservador, independen-temente do governo e de suacomposição e, por isso, buscoufrear já no comunicado apostasmais ousadas quanto ao ciclo decortes atual. “Ver o juro a 4% ouabaixo seria algo extremamentearrojado para um comitê conser-vador como o nosso”, diz.

Para Franchini, o BC deixa“bem claro” que espera algumaaceleração da atividade econô-mica e cita até mesmo a liberaçãodos saques do FGTS. “Isso não erao que o mercado queria ouvir.Por isso, houve uma abertura dascurvas de juros [alta das taxas]. Omercado ficou decepcionado.”

O tom mais conservador ado-tado pelo Copom contribuiu pa-ra a valorização do real. Um ciclomenor de queda de juros benefi-cia o câmbio, já que não compri-me tanto o diferencial de juroscom o exterior e, assim, resguar-da o rendimento das apostas namoeda brasileira. Mas, além dapolítica monetária, o movimentodo câmbio foi determinado pelareação positiva dos investidoresao pacote de medidas apresenta-do pela equipe econômica. O dó-lar comercial fechou ontem embaixa de 0,46%, aos R$ 3,9927.

O câmbio também oscilou àespera do resultado da participa-ção estrangeira no megaleilão deexcedentes da cessão onerosa,que acontece hoje. Depois que afrancesa Total e a britânica BPafirmaram que não participa-riam do certame, o investidorpassou a temer uma baixa ade-são das petroleiras internacio-

nais, freando, assim, a euforiacom a possível entrada de recur-sos estrangeiros no Brasil.

Na bolsa de valores, esse receiose refletiu na queda das ações daPetrobras (de 1,27% a ON e 2,34%a PN), pelo medo de que a com-panhia eleve sua fatia nos blocosofertados para garantir o sucessodo leilão. O movimento do Ibo-

vespa só não foi pior porque a al-ta dos bancos ajudou a equili-brar a performance do dia — o ín-dice terminou com leve baixa de0,06%, aos 108.719 pontos. Entreos destaques no setor financeiro,Itaú Unibanco subiu 1,73% on-tem. (Colaboraram Juliana Ma-chado, Marcelo Osakabe e AnaCarolina Neira)

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