c a p Ít u l o 1

115

Upload: hakhue

Post on 01-Jan-2017

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: C A P ÍT U L O 1
Page 2: C A P ÍT U L O 1

PREFÁCIO - 4 INTRODUÇÃO - 6

ROUPAS E CALÇADOS - 107

EQUIPAMENTO - 93

ÁGUA - 150 CAMPING SELVAGEM - 189

FOTOGRAFIADE NATUREZA - 62

NAVEGAÇÃO - 115

OBSERVACÃO DE AVES - 23

BINÓCULOS E GRAVADORES - 51

FOGO - 183 ALIMENTAÇÃO - 204

C A P Í T U L O 1

C A P Í T U L O 2

SUMÁRIO

OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA

VIAGENS E TÉCNICAS PARA EMERGÊNCIAS

Page 3: C A P ÍT U L O 1

5

PREFÁCIODesde os primórdios do século XVI a atividade dos naturalistas em campo aumentou gradati-vamente até os dias atuais, atividade esta que abriu novos campos para pesquisa científica como a Zoologia, Botânica, Ecologia, Geologia e também nos campos da Física e da Química. Os Naturalistas dos séculos XVIII e XIX, em geral, dominavam todos estes ramos do conhecimen-to, além da Astronomia e Medicina. No Brasil a visita de ilustres naturalistas como Spix e von Martius, Wied, Darwin, Langsdorff, Natterer, Ba-tes e Wallace, dentre outros, acelerou o interesse da pesquisa de campo no nosso País.

Atualmente mais e mais naturalistas amadores adentram campos e florestas em busca de plan-tas e animais, colecionando fotografias, dese-nhos, gravações sonoras e filmagens, cada qual movido pelo mesmo interesse comum; a nature-za em sua essência. O fenômeno da globalização abriu fronteiras inexploradas a pesquisa facilitan-do o acesso a áreas remotas nos quatro cantos da terra e disponibilizando grande acervo de informação antes restrita às universidades, por meio da internet. Da mesma forma o turismo ecológico facilitou em muito o acesso dos ama-dores às áreas inóspitas, como as regiões polares e os desertos, e mesmo as mais altas montanhas podem ser alcançadas pelo cidadão comum.

Este repentino progresso na logística de trans-porte e desenvolvimento da tecnologia, na popularização do acesso a equipamento com-plexos, roupas, alimentos e sistemas de geopo-sicionamento, abrem um universo de perspecti-vas enormes ao naturalista amador, mas cria um paradigma quando se trata do quesito seguran-ça. Partindo dessa premissa, temos a intenção nessa obra de cuidar das diversas técnicas atual-mente em voga na observação da natureza, cui-dando também das condutas de segurança que um naturalista amador deve, em nossa opinião, ao menos conhecer na teoria. Numa situação de emergência e sobrevivência, o conhecimen-to teórico em técnicas de bushcraft, camping selvagem, navegação, primeiros socorros e ou-tros, podem, ao menos, amenizar a fadiga e o estresse de viagens a locais extremos da terra, como nas florestas tropicais, montanhas e até nos oceanos.

A prática de observação de aves, a fotografia de natureza, trekking e o turismo ecológico, são atividades inseridas no naturalismo e mes-mo profissionais da área de biologia, geologia, ecologia e na medicina, podem se beneficiar de suas técnicas para trabalhar em campo, seja para a preparação prévia de uma excursão ou para o naturalista amador em férias e que adentra em parques e reservas naturais.

A observação das aves e da natureza, por exemplo, é uma atividade relaxante e fascinante, que pode ser praticada por crianças, jovens e adultos. É um dos hobbies mais apreciados em todo o mundo.

Estima-se que hoje existam mais de 80.000.000 de praticantes, encontrados principalmente em países como Estados Unidos, Inglaterra, Alema-nha, Austrália, Japão e outros.

A observação de aves é realmente uma prática gra-tificante e encantadora que gera grande bem-estar emocional, aliviando os níveis de estresse do dia-a-dia. As aves constituem o grupo dos vertebrados mais difundidos e visualizados na natureza, pois são co-loridos, atrativos, interessantes e encantadores. Não bastassem tais atributos, muitas espécies cantam co-piosamente, o que tem inspirado a alma dos artistas e encantado gerações de pessoas em todo o globo.

Os observadores de aves também são responsá-veis por grande parte dos conhecimentos adquiri-dos sobre a avifauna de seus países, por acumula-rem fotografias, imagens em vídeo ou gravações dos cantos das aves. Essas atividades geralmente auxiliam as autoridades competentes no manejo de seus recursos naturais e promovem o turismo local. Pretendemos, por isso, divulgar algumas técnicas de observação de aves e da natureza em nosso país, fornecendo elementos para a escolha dos equipamentos mais indicados, bem como orientar sua utilização em campo.

TOMAS SIGRIST

Maio de 2014

Page 4: C A P ÍT U L O 1

6 7

INTRODUÇÃO AOS BIOMAS E ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

O bioma é um conjunto de ecossistemas. No Brasil existem seis biomas principais: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cer-rado, a Caatinga, os Campos Sulinos, os Mares e Oceanos.

Um ecossistema é constituído basicamente pelo relevo, pelo clima, pela vegetação, pela fauna, pelo solo e pelos rios. O sentido de um ecossistema reúne uma série de ciclos, o energético como o da luz solar, da água, ciclo do ozônio, e do carbono. A convivência dos seres viventes se dá em função de seu tipo de alimentação, formando a chamada cadeia trófica ou alimentar.

Nessa cadeia ou pirâmide alimentar, os produtores ou vegetais ela-boram diretamente a vida a partir das matérias minerais do solo e dos gases atmosféricos (através da clorofila); os consumidores primários se nutrem desses vegetais e servem de alimento, por sua vez ao consumidores secundários e terciários. Os decompositores (bactérias, fungos, urubus, etc.) se nutrem de detritos orgânicos de cadáveres e asseguram o retorno da matéria orgânica ao estado mineral, alimentando novamente as plantas.

Page 5: C A P ÍT U L O 1

8 9

UM MODELO DE PIRÂMIDE ALIMENTARVEGETAÇÃO BRASILEIRA

Page 6: C A P ÍT U L O 1

MO

DELO

ESTRU

TUR

AL DE U

M ECO

SSISTEMA

Page 7: C A P ÍT U L O 1

12 13

A vegetação típica de cerrado é composta por árvores e arbustos de pequeno porte, de troncos tortu-osos, casca rugosa e galhos com folhas duras. Desenvolve-se em solos pobres e deficientes em certos nutrientes, o que confere à vegetação um aspecto de certa aridez, veja nas fotografias.

O Bioma Cerrado está localizado essencialmente no Planalto Central do Brasil, nos estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Gros-so do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo; e também em áreas ao norte nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas “ilhas” isoladas de vegetação no Paraná.

O Bioma Cerrado possui uma grande quantidade de animais e vegetais de hábitos terrestres e aquáti-cos, muito frequentemente figurados em lendas e crendices populares.

OS CERRADOS

Page 8: C A P ÍT U L O 1

14 15

OS CAMPOSAs formações campestres do Brasil englobam três tipos: o Campo Sujo, o Campo Limpo e o Campo Rupestre. O Campo Sujo caracteriza-se pela presença evidente de arbustos em meio ao tapete de ervas e capim. A savana de cupim é uma simples variação destes campos, mas repleta de cupinzeiros.

No Campo Limpo, a presença de arbustos é insignificante. Já o Campo Rupestre é semelhante ao cam-po Sujo ou ao Campo Limpo, diferenciando-se apenas por afloramentos de rocha, comuns à paisagem.

Na foto acima os campos limpos em Goiás e abaixo a mesma fitofisionomia dos campos limpos em Santa Catarina, com bosques de mata subtropical e araucárias em capões isolados.

Page 9: C A P ÍT U L O 1

16 17

RIOS, MATAS E FLORESTAS

As florestas englobam os tipos de vegetação com predominância de árvores e podem ser dividas em:

Mata Ciliar: são matas que crescem na margem dos rios em terrenos não alagados.

Mata de Galeria: são matas que crescem em terrenos alagados, como as Veredas, por exemplo.

Mata Seca: são matas situadas em terrenos secos, em geral afastados dos rios e em terrenos elevados.

Cerradão: são matas de árvores retorcidas semelhantes aos cerrados, embora apresentem árvores bem maiores, como por exemplo, os ipês.

Page 10: C A P ÍT U L O 1

18 19

A Mata Subtropical da região sul é mais aberta.

A Mata Atlântica e sua densa vegetação.

As Restingas são praticamente impenetráveis sem o auxílio de passarelas.

Os manguezais ocorrem nos estuários de grandes rios.A mata de terra firme da Amazônia e seu denso dossel.

O Brasil tem poucas Ilhas oceânicas no seu extenso litoral; repleto de praias.

As Caatingas ocupam a Região Nordeste.

As matas alagavéis, como as matas de várzea e os igapós, são frequentes na Amazônia.

Os Palmais são ecossistemas dominados por palmeiras de diversas espécies, como por exemplo, a carnaúba.

Corte

sia d

e Ly

die

Baud

et

Corte

sia d

e Ly

die

Baud

et

Page 11: C A P ÍT U L O 1

Nesta seção pretendemos divulgar algumas técnicas de es-tudo e observação dos mais variados aspectos da fauna e flora presentes num dado ecossistema.C

AP

ÍTU

LO 1

OBS

ERVA

ÇÃO

DE

FAU

NA

E FL

OR

A

Page 12: C A P ÍT U L O 1

22 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 23C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

OBSERVAÇÃO DE AVES

As aves constituem o grupo vertebrado mais estudado e fácil de observar em nosso país e muitas das técnicas de observação utilizadas em Ornitologia podem ser adaptadas à outras áreas da Biologia, Ecologia ou a Etologia.

Por isso como introdução ao tema, iniciamos esta obra com o estudo das aves.

Ao praticar as atividades de campo sugeridas a seguir, o naturalista iniciante rapidamente adquire grande familiaridade com a fauna em seu local de atuação, obtendo também grande soma de informações que podem vir a se tornar de grande valia para desenvolvimento da Zoologia Brasileira. O número de ornitó-logos e outros profissionais, atuando no Brasil ainda é insuficiente para os desafios que esse campo de pesquisa oferece, e muitos observadores iniciantes ou avançados têm participação decisiva nas pesqui-sas, localizando espécies raras na natureza, obtendo fotografias, imagens e gravações das mais arredias espécies em campo e disponibilizando seu conhecimento pessoal para a comunidade científica. Alguns clubes de observadores de aves têm como objetivo principal estreitar o envolvimento de amadores e profissionais, possibilitando a troca de informações por meio de reuniões e encontros esporádicos entre seus associados, ou por meio de periódicos de livre circulação entre os interessados, além de palestras e outros eventos. O advento da Internet também aproximou em muito essas relações, gerando frutos para o progresso em todas as áreas do conhecimento humano, inclusive em nível internacional. O famoso ornitólogo Helmut Sick manifestou este sentimento em sua inestimável obra “Ornitologia Brasileira”:”_Na ornitologia de todos os países, os amadores contribuem consideravelmente para a ampliação dos conhe-cimentos. Conhecer, saber mais da interessantíssima vida das aves é o primeiro passo para estimular o sentimento de conservar a natureza, que atualmente passa por tantos perigos”.

Seguindo a sábia premissa desse ornitólogo, divulgamos a seguir, algumas sugestões iniciais para a correta anotação das observações de campo, com base em nossas experiências pessoais.A completa anotação das observações realizadas em campo em uma caderneta de notas é o primeiro passo a se executar com disciplina e dedicação. O melhor é adotar a utilização de cadernetas de bolso com capa dura e encadernação costurada, uma vez que esse sistema apresenta certas vantagens em campo, por se tratar de produto mais resistente ao constante manuseio.

Prefira tomar suas anotações por meio de lapiseiras que utilizam minas de grafite do tipo “B” ou “2B” ao uso inconveniente de canetas esferográficas, cuja tinta desvanece com o passar do tempo.

Quem preferir utilizar canetas deve investir nos modelos do tipo “caneta para arquivos”, pois estas são desenhadas especificamente para o arquivamento de documentos por décadas seguidas.Nessa cader-neta de campo, anota-se o nome completo do observador, seu endereço e dados pessoais para envio pelo correio, em caso de extravio, o que frequentemente acontece em campo.

Em seguida, numeram-se todas as páginas do caderno e iniciam-se as anotações das observações colhidas em campo.

Page 13: C A P ÍT U L O 1

24 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 25C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Na internet acesse:

www.avisbrasilis.com.br, www.wikiaves.com.br

www.xeno-canto.org, www.ao.com.br, www.ibama.gov.br

Você pode observar aves a qualquer hora do dia, em todas as estações do ano, nas horas vagas, finais de tarde e até à noite, quando podemos observar aves noturnas como as corujas, por exemplo.

O melhor horário para a prática da observação de aves é pela manhã (entre 6 e 10h) e no final da tarde (entre 15 e 18h), pois, assim como os seres humanos, as aves procuram temperatura ambiente mais amena. Dias chuvosos ou nublados não interferem na atividade das aves, mas ventanias muito fortes e frequentes podem inibir a atividade da maioria das espécies.

Para melhor observar as aves faça uso de um binóculo e tente se aproximar devagar e calmamente das aves, evitando falar alto e movendo-se devagar.

Leve uma caderneta de bolso e um lápis e anote suas observações.

Nessa caderneta de campo, anota-se:

1 - Seu nome completo e local (localidade, município, estado) e Data (dia, mês, ano);

2 - Horário e condições do tempo (nublado, com sol, frio, calor, geada, vento forte, etc.);

3 - Biótopo (cidade, campo, mata, brejo, capoeira, cerrado, caatinga, etc.);

4 - Cor das pernas, dos olhos e do bico, entre outras;

5 - Detalhe minucioso do colorido e da plumagem;

6 - Desenhos: tente esboçar, por meio de desenhos simples, características anatômicas que chamam a atenção ou posturas típicas da ave observada, como no desenho ao lado;

7 - Compare suas anotações e desenhos com as ilustrações de um guia de campo e discuta suas dú-vidas com seus colegas.

8 - Pesquise estórias, lendas e crendices populares sobre as aves e animais em sua região, procurando informações com pessoas da zona rural e nas comunidades culturais instaladas em sua região.

Page 14: C A P ÍT U L O 1

26 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 27C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

O QUE ANOTAR?1 - Local (localidade, município, estado) e Data (dia, mês, ano);

2 - Horário e condições do tempo (nublado, com sol, frio, calor, geada, vento forte, etc.);

3 - Biótopo (sub-bosque, dossel, estrato médio ou alto, brejo, capoeira, mata primária, etc) e o habitat (mata Atlântica, cerrado, caatinga, etc.);

4 - Cor das partes nuas, quando possível, como por exemplo, a cor das pernas, dos olhos e do bico, entre outras;

5 - Detalhe minucioso do colorido e da plumagem;

6 - Desenhos: tente esboçar, por meio de desenhos simples, características anatômicas que chamam a atenção ou posturas típicas da ave observada;

7 - Registros: caso tenha obtido uma foto, uma gravação ou tenha feito filmagens, faça-as constarem no corpo da anotação, como um lembrete;

8 - Comportamento: anote detalhadamente aspectos do comportamento natural da espécie como por exemplo:

• Acompanham bandos mistos?

• Seguem formigas de correição?

• Estava construindo um ninho? Como são os ovos? Tente um esboço ou uma foto!

• Vivem solitários ou aos casais?

• Como vocalizam? Foi possível obter gravações?

• Quais seus hábitos alimentares? Foi possível coletar um fruto do qual o pássaro se alimentava con-servando-o em álcool a 70% para análise posterior, ou obteve alguma foto desse fruto, ou ainda uma exata descrição do mesmo como a cor, a forma e até um esboço?

• Como voa essa ave? Em trajetória ondulada, linha reta ou mergulhando em pleno ar? No caso de aves de rapina ou pescadoras, como capturam suas presas?

• Usa poleiros verticais ou horizontais? Vivem em águas rasas ou profundas? Empoleira nas copas ou nos arbustos baixos?

• Qual a forma da asa, do bico e da cauda?

• A espécie tem hábitos gregários?

• Como a ave se comporta na presença do observador? Afasta-se apressadamente? Curiosa, aproxima-se deste ou o ignora completamente?

• A espécie observada apresenta alguma anilha de identificação nas pernas? Os binóculos permitem uma leitura das informações contidas nessas anilhas, no caso de aves de grande porte?

Cuidados

Se presenciar atos de agressão contra a natureza, derramamento de petróleo no mar ou derrubadas ilegais, comunique a polícia florestal ou o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) (http:// www.ibama.gov.br)

Page 15: C A P ÍT U L O 1

28 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 29C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Page 16: C A P ÍT U L O 1

30 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 31C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Ovo de curiango nas coleções do Museu de Zoologia da USP, acima e abaixo outro da mesma espécie fotografado em Goiás.

Ninho de choca-do-planalto (Thamnophilus pelzelni).

NINHOS E AVES MIGRATÓRIASFotografar ninhos é um assunto muito delicado. É difícil traçar uma linha sobre o que é certo e errado quando se fotografa a nidificação de aves. Assim, no interesse da segurança do pássaro, o melhor é evitar a fotografia em ninhos, ou tomar poucas fotos o mais rápido possível e se afastar imediatamen-te. As aves são particularmente vulneráveis durante o período migratório, durante o qual elas estão viajando distâncias extremamente longas, esgotando-se quase ao ponto da morte, e parando apenas para descansar, reabastecer, e seguir em frente. Procure tratar estas aves com respeito e cautela e minimizar a sua presença, ficando atrás de barreiras de folhagens ou troncos, tanto quanto possível e vestindo roupas de cores neutras, como o bege, oliva e cinza.

As vantagens de ser um observador ou fotógrafo de ética é que você vai sair com as fotografias na-turais que procura, e com a satisfação pessoal de ter observado um momento íntimo na vida de um animal sem lhe causar estresse.

Aprenda a entender o comportamento animal, saiba quando não interferir no seu ciclo de vida. Se o animal mostra estresse com sua aproximação, afaste-se. Nunca faça movimentos bruscos.

Ninho de tejo ou sabiá-do-campo Mimus saturninus.

É possível identificar fotografias de aves e de seus ovos pela comparação direta por meio de espécimes conservados nos museus, foto abaixo.

Page 17: C A P ÍT U L O 1

32 33C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Procure fotografar ou filmar aves em nidificação com teleobjetivas a partir de distâncias conside-ráveis para não estressar as mesmas. Tente fotos com a técnica de digiscoping (veja na página 55) e divulgue suas melhores tomadas em sites como o WikiAves (www.wikiaves.com.br). Evite se aproximar mais que o necessário! O manuseio de filhotes só é permitido a profis-

sionais que desenvolvem pesquisas sob supervi-são do Estado. Nestas fotos, biólogos anilham e colhem amostras de DNA de um ninhego de Guará (Eudocimus ruber), em Santa Catarina, cortesia de Alexandre Grose.

Page 18: C A P ÍT U L O 1

34 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 35C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

A abordagem lenta funciona melhor para pássaros empoleirados ou em áreas arborizadas, mas para as aves terrestres é sempre aconselhável fotografar deitado do chão e lentamente rastejar em direção à ave; parando com frequência. Espécimes conservados em museus, acima, podem auxíliar na correta indentificação das espécies mais difíceis, abaixo.

Atobá (Sula dactylatra) anilhado com anilha CEMAVE.

Caso encontre uma ave morta contento uma anilha metálica ou plástica presa aos pés, recolha o espécime, congelando-o dentro de um saco plástico lacrado se o processo de deterioração não estiver avançado, e leve sua coleta para uma universidade ou museu de zoologia próximo de sua residência. Caso o animal se encontre em adiantado estado de putrefação, procure tirar fotos da carcaça, colocando ao lado do espécime uma ca-neta ou outro objeto de uso comum, que permita uma idéia de escala de tamanho. Em seguida, tente retirar a anilha e entre em contato com o órgão responsável, seguindo a orientação contida na anilha, ou avise o CEMAVE (Centro de Estudos de Migração das Aves) (http:// www.cemave.org.br), cortesia de Robson S. e Silva.

Page 19: C A P ÍT U L O 1

36 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 37C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Latrina de anta (Tapirus terrestris).

Rastro de tataruga Viração (Podocnemis expansa)

Rastro de Jacaré (Caiman crocodilus).

Covil de arraia de rio (Potamotrygon sp.) em tempo de estiagem.

Fezes de capivara (Hydrochoeris hydrochaeris).

Pegada fresca de anta (Tapirus terrestris), note a umidade escoando do solo e folhas ainda frescas amassadas.

Pegada fresca de onça (Panthera onca), o vento ainda não alisou as arestas, nas bordas.

Dejetos, pegadas e rastros podem ser documentados por fotografia e depois verificados por especialistas,

ou em guias especializados. Acima a pegada de uma lebre européia (Lepus sp.)

RASTROS E DEJETOS

Page 20: C A P ÍT U L O 1

38 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 39C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Jararaca (Bothrops atrox), cuidado com o veneno! Cachorro do mato (Cerdocyon thous).

Penas perdidas de aves podem auxiliar na identificação de espécies ou de carcaças em adiantado estado de putrefação.

Muitos répteis procuram estradas e rodovias para tomarem banhos de sol e termorregular a temperatura corporal e se tornam vítimas de atropelamentos.

MÉTODOS DE COLETA DE ANIMAIS ATROPELADOS PARA ESTUDOS

Conservação: se houver possibilidade de mergulhar a carcaça toda em álcool de uso doméstico ou em solução de formol, tal medida pode salvar o esqueleto de um espécime de grande interesse para os museus de história natural. Diante de uma praia abarrotada de centenas de carcaças de aves marinhas, mortas após fortes tempestades, procure avisar o departamento de Zoologia da universidade mais próxima do local, divulgando o ocorrido aos ornitólogos profissionais para aproveitar a oportunidade de estudo que o local oferece.

Page 21: C A P ÍT U L O 1

40 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 41C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Queixada em atitude não agressiva.Acima e abaixo um cateto em atitude agressiva, note os pelos arrepiados.

Para se defender, ainda que de uma improvável agressão por certos animais, como os felinos, queixadas e catetos, use um spray de pimenta para sua segurança pessoal e também do animal agressor. Um spray de pimenta é muito mais se-guro e eficiente que uma arma de fogo. Em geral os animais selvagens fogem da presença huma-na. Portanto evite se aproximar em demasia.

Page 22: C A P ÍT U L O 1

42 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 43C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Você pode atrair pássaros e outros animais simplesmente espalhando bananas ou outras frutas dispo-níveis ao longo de trilhas, especialmente nas curvas, para fotografá-los mais facilmente.Bebedouros de água com açúcar precisam ser lavados diariamente para evitar contaminar as aves com fungos.

Procure fotografar qualquer fruto ou planta associada a alimentação dos animais, colocando um fundo branco ou permitindo uma escala de tamanho com a mão, visando aumentar seus conhecimentos na posterior indentificação desses frutos por meio de livros ou nas instituições de botânica. O acúmulo de fotografias com uma relação anotada dos animais que usam estes frutos como alimento, permitirá o desenvolvimento do seu conhecimento no ramo da frugivoria.

Page 23: C A P ÍT U L O 1

44 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 45C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

O ponto de fuga de cada espécie varia consideravelmente de animal para animal, e o sucesso da aproximação furtiva depende da sua capacidade em prever estes movimentos e esperar com paciência até que o animal relaxe voltando a se alimentar ou a beber, dando-lhe outra oportunidade de aproximação de forma gradativa.

Se você permanecer imóvel por vários minutos após entrar em uma área aberta, os animais voltarão à sua atividade normal e vão se acostumar com você. Nas fotos acima, os animais se mostram em atitude de alerta ante a aproximação do autor. Nestes momentos você deve se manter imóvel.

Anta (Tapirus terrestris), farejando em barreiro, excelente local para preparar armadilhas fotográficas e para a construção de abrigos de observação adjacentes.

Tamandua-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), farejando em total imobilidade, mantenha-se contra o vento.

Ariranha (Pteronura brasiliensis), prestes a mergulhar.Teiú (Tupinambis sp.), com o papo inflado em alerta.

Quati (Nasua nasua), em fuga. Quando você se aproxima de um animal, fique atento, parando sempre que o mesmo o observar com atenção ou quando erguem a cabeça ou as patas ou ainda quando arrepiam os pelos. Catetos (Pecari tayassu) em atitude não agressiva, boa hora para se aproximar.

Page 24: C A P ÍT U L O 1

46 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 47C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Acima, veado campeiro Ozotoceros bezoarticus em atitude relaxada, com a cauda abaixada, e abaixo um veado mateiro Mazama americana com a cauda erguida em alerta.

Cuidado ao se aproximar de jacarés. Embora algumas espécies como o Caiman crocodilus (acima) não re-presentem uma ameaça séria, é melhor se precaver contra outras maiores como o Jacaré-açu Melanosuchus niger (foto abaixo).

Page 25: C A P ÍT U L O 1

48 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 49C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Visão noturna de primeira geração. Aspecto visual obtido com um visor noturno.

A observação de animais noctívagos pode ser melhor executada em noites de lua cheia, cami-nhando por estradas desimpedidas por vegeta-ção ou com a utilização de veículos. Muitos ani-mais utilizam estradas durante a noite para caçar ou para evitar predadores.

Tenha à mão uma boa lanterna com 2.000 a 3.800 lúmen de potência e se possível um visor noturno. Os olhos de muitos animais refletem a luz de uma lanterna e podem assim ser localiza-dos. Visualizar animais selvagens às margens de rios é mais seguro quando se está embarcado, e jacarés e muitos mamíferos ribeirinhos também refletem a luz de lanternas.

Se caminhar a noite por trilhas, leve um compa-nheiro e use botas e peneiras de cano longo para evitar cobras. Cuide para não se perder. Jamais manuseie ou capture qualquer animal selvagem, este procedimento deve ser executado apenas por pesquisadores licenciados pelo IBAMA. Lem-bre-se de que uma boa foto não vale o estresse desnecessário de um animal.

Anta

Curiango

Curiango

Urutau encandeado

Jacaré

Tamanduá-de-colete

Jaritataca

X

Page 26: C A P ÍT U L O 1

50 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 51C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Binóculos de boa qualidade são essenciais para observação de animais e mesmo de certos detalhes de vegetação, nas copas.

Existem fatores determinantes na escolha dos binóculos, como sua capacidade de aumento, lumino-sidade, estabilidade da imagem, qualidade óptica, seu peso, entre outros. O primeiro fator determi-nante, o aumento, é normalmente indicado pelos fabricantes através de um número seguido de “X “. Assim, num modelo 8 X 42, o primeiro número ( 8 ) indica um aumento de oito vezes, ou seja, permite observar um objeto como se estivéssemos oito vezes mais próximos dele. O segundo número depois do “X “ ( 42 ) representa o diâmetro (em milímetros) das objetivas ou lentes frontais do binóculo. Dividindo-se o diâmetro das objetivas pelo aumento, obtém-se o valor da pupila de saída do binóculo. Por exemplo, para o mesmo modelo 8 X 42 anterior, temos: 42 : 8 = 5,25 mm. Quanto maior for a pupila de saída de um binóculo, maior será sua luminosidade e capacidade de oferecer imagens claras e nítidas. A dilatação máxima da pupila do olho humano, em condições de pouca luminosidade, está entre 7,0 mm e 9,0 mm, e em condições de muita luminosidade, entre 2,5 mm e 4,0 mm. Portanto, um binóculo 8 X 56, que proporciona uma saída de pupila de 7,0 mm, é mais adequado para uso em ambientes escuros, como no interior de florestas ou em horários de crepúsculo, pois oferece ampla luminosidade. No entanto, usando este mesmo modelo em ambientes abertos e bem iluminados, como acontece nos campos limpos ou nos cerrados, o observador ficaria incomodado pela excessiva quantidade de luz concentrada nas oculares. Nesse caso, seriam mais indicados os modelos com saída de pupila entre 2,5 mm e 4,0 mm, como, por exemplo, um modelo 10 X 25, 8 X 30 ou 10 X 42.

O campo de vista de um binóculo, outro fator importante, determina a área que se pode observar através do aparelho sem movimentar a cabeça. Os fabricantes indicam esse valor através do campo angular (medido em graus) e/ou através do campo linear, onde se mede em metros ou pés a área que pode ser abrangida a uma distância de 1000 metros, ou de 1000 jardas, respectivamente. Quanto maior for o campo de vista de um binóculo, melhores são as chances de se enquadrar rapidamente pequenos pássaros em movimento em ambientes de vegetação densa. De maneira geral, os modelos mais indicados têm um campo linear entre 95 m e 135 m/1000 m (vide tabela 1). Modelos compactos de binóculos (8 X 20, 10 X 25), ainda que sejam mais leves, e modelos dotados de grande poder de aumento (acima de 12X) são os que oferecem menor campo de vista, e seu uso torna-se limitado a áreas abertas como campos e praias.

No que se refere à estabilidade da imagem, permanece o fato de que quanto maior o aumento e maior a luminosidade do binóculo, maior será seu tamanho e peso e, consequentemente, maior será a possi-bilidade de se obter imagens tremidas. Os melhores aumentos situam-se entre 8X e 10X, e as objetivas com diâmetro abaixo de 56 mm são as mais indicadas. Nos últimos anos, surgiram no mercado binó-culos dotados de sistemas de estabilização de imagem com aumentos entre 12X e 20X, que dispensam o uso de tripés como era recomendado anteriormente pelos fabricantes para os antigos modelos nessa faixa de aumento. Porém, são de alto custo e permanece o fato de oferecerem um campo de vista reduzido. Sua utilização oferece vantagens quando se observa pequenos pássaros.

BINÓCULOS

Page 27: C A P ÍT U L O 1

52 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 53C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Modelo Canon 18x50 ISCom estabilização de imagem

Modelo Leica Trinovid 8x42 tipo “Roof Prism“

Binóculo tipo “Porro“ Zeiss

Binóculo ‘‘open bridge‘‘ VortexDuplicador de ocular Vortex

A qualidade óptica do binóculo também deter-mina seu desempenho no campo. Existem dois sistemas ópticos de binóculos: “porro prisms” (em que as objetivas não estão alinhadas com as oculares, porque os prismas não estão total-mente posicionados uns sobre os outros) e “roof prisms” (as objetivas, neste caso, estão alinhadas com as oculares, porque os prismas se posicio-nam exatamente uns sobre os outros, tornando este sistema mais compacto que o primeiro). Modelos com sistema prismático do tipo “porro” são mais baratos e podem ser de dois tipos: BK-7 (borossilicato) ou BAK-4 (bário-silicato), este úl-timo considerado de melhor qualidade por usar cristais de quartzo de alta densidade em sua fa-bricação, propiciando imagens mais definidas.

É importante que esses sistemas ópticos possu-am um revestimento anti-reflexão (“Coating”), pois isso reduz a perda de luz causada pela re-flexão e refração dos raios de luz que atravessam as lentes e prismas. Geralmente, tal revestimento é indicado pelo fabricante através dos seguintes termos: 1 - “Coated optics” - indica que uma ou mais superfícies em contato com o ar, de uma ou mais lentes ou prismas, estão revestidas, 2 - “Fully coated” - indica que todas as superfícies em contato com o ar estão revestidas, 3 - “Multi-coated” - como no item 1, porém com aplicação de múltiplas camadas de revestimento anti-refle-xão, 4 - “Fully multi-coated”.

ww

w.ze

iss.co

mw

ww.

leica

-cam

era.

com

ww

w.vo

rtexo

ptics

.com

ww

w.ca

non.

com

Page 28: C A P ÍT U L O 1

54 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 55C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

TELESCÓPIOS TERRESTRES OU LUNETASPara a observação de aves aquáticas, que se reúnem em bandos nos rios e estuários, e para localizar aves de grande porte pousadas à grande distância nas copas das árvores, ou ainda, monitorar ninhos a uma distância segura para não interferir no processo de reprodução de um pássaro, é sempre útil um telescópio com aumentos na faixa de 20 X a 60 X. Com aumentos dessa ordem, torna-se indispensável o uso de um tripé estável, leve e de fácil manejo.

O mercado oferece modelos com aumento fixo ou com sistema variável de aumentos, tipo “zoom” (entre 15 a 45X ou 20 a 60X), ou com intercâmbio de oculares de diferentes aumentos fixos (tipos 20X, 30X, 40X, 77X). Alguns modelos permitem acoplar máquinas fotográficas por meio de um adaptador opcional (digiscoping), atuando então como teleobjetivas (800 mm), ainda que com perda na sua luminosidade (abertura máxima entre f10 e f11). Os modelos mais luminosos possuem objetivas com diâmetro entre 60 e 82 mm, e sua saída de pupila, como no caso dos binóculos, varia de acordo com o aumento da ocular utilizada. A qualidade da imagem é indicada nos modelos profissionais com as siglas ED ou APO (de apocromático, ou seja, sem aberração cromática).

Camera adaptada para digiscoping Luneta - Leica Televid com objetiva linear

Luneta - Leica Televid com objetiva angular

Ao se trabalhar com lunetas, o uso de tripés se torna indispensável.

Ninhal de Trinta-réis-preto, Anous minutus visualizado e fotografado por meio da técnica de digiscoping.

ww

w.lei

ca-c

amer

a.co

m

Page 29: C A P ÍT U L O 1

56 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 57C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

GRAVANDO AS VOCALIZAÇÕES DAS AVES

Para o observador de campo, o conhecimento do canto e de outras manifestações sonoras das aves no ambiente na-tural auxilia na identificação das espécies, tanto quanto a observação direta das cores. Esse conhecimento torna-se es-pecialmente útil, por exemplo, em ambientes de vegetação densa ou em áreas impenetráveis como brejos e alagadiços, ou no caso de aves de hábitos noturnos, onde a visualização e a aproximação das mais furtivas espécies como inhambus, corujas e saracuras se tornam impraticáveis.

O canto serve para a defesa do território e para o namo-ro. Pássaros como japins, corrupiões, gralhas e gaturamos, conseguem imitar o canto de outras espécies. Os papagaios também ficaram populares por suas habilidades nesse setor, imitando a voz humana ou sirenes de ambulâncias, além de outros sons estranhos.

Postura de canto do aracuã (Ortalis sp.)

Page 30: C A P ÍT U L O 1

58 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 59C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

A gravação das manifestações sonoras das aves é uma técnica muito útil para a documentação da avifauna de certo local ou para estudos sistemáticos por meio da Bioacústica.As gravações dos cantos das aves também oferecem grande auxílio na aproximação de espécies furtivas ou ainda na atração de aves noturnas como as corujas e os curiangos, principalmente em regiões tropicais recobertas por densas florestas. Tal prática tornou-se acessível aos iniciantes com o advento tecnológico de variados modelos de gravadores portáteis compactos e de microfones especiais.Além dos binóculos, é sempre útil, portanto, levar a campo um pequeno gravador de sistema digital, para registrarmos a vocalização dos pássaros e das aves em locais onde a vegetação ofereça dificuldades à locomoção.

Esses gravadores de uso popular podem ser encontrados sob diferentes marcas e modelos a um custo aceitável e oferecem a possibilidade de atrair aves ocultas na densa vegetação. Tais aves vocalizam muito próximo ao observador que caminha por uma trilha estreita na floresta, atraídas que são pelo playback do seu canto gravado. Muitas cameras fotográficas e filmadoras permitem a captura de sons e dispensam a aquisição de um gravador portátil. Essas gravações constituem excelentes registros para comparação e especulação posteriores, quando podem ser analisados por peritos ou através da comparação com CDs de referência.

Nesses pequenos gravadores podemos checar também a possibilidade de ocorrência de determinada espécie em nossa área de estudo, ao reproduzirmos gravações de seus cantos por meio de cópias das faixas de excelente qualidade dos CDs (Audio Digital Compact Discs) de referência; ou www.xeno-canto.org/?language=pt

O autor gravando aves em plena floresta amazônica, note o kit de emergência a tiracolo, facão e um ‘’Camel back‘’ para água.

Page 31: C A P ÍT U L O 1

60 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 61C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

TÉCNICAS AVANÇADAS DE GRAVAÇÃOVisando incentivar os iniciantes na importante tarefa de documentar os registros das manifestações so-noras de nossa avifauna, e com isso aumentarmos nosso conhecimento sobre o assunto, divulgamos a seguir algumas técnicas mais avançadas de gravação em campo. Salientamos que as técnicas e a prática da gravação de aves envolve muito menos dificuldades que as técnicas fotográficas apresentadas anteriormente. No entanto, como acontece na fotografia, gravar com qualidade o repertório vocal das mais furtivas espécies requer a aquisição de equipamentos da melhor qualidade que o mercado oferece.

O primeiro item a considerar é a escolha de um bom microfone direcional, tipo bastão. Trata-se de um instrumento que captura apenas os sons provenientes de uma única direção, excluindo ou atenuando ruídos laterais ou sons provenientes de outras partes do ambiente. Alguns modelos, como os fabrica-dos pela empresa alemã Sennheiser (http://www.sennheiserusa.com), oferecem modelos direcionais (ME66) ou ultradirecionais (ME67). Em nossa experiência de campo, podemos recomendar ou sugerir como possibilidade de escolha o modelo ultradirecional e seus acessórios ou componentes (ME67 long shotgun microphone+K6 power supply+MZW67 windscreen) desse fabricante, que conta com repre-sentantes comerciais no Brasil. Sugerimos também o uso de um suporte supressor de ruídos (shock-mount) como o produzido pelo fabricante brasileiro Sabra-Som (http://www.sabrasom.com.br), mo-delo SSM-1/SL, ou similares. O cabo de conexão do microfone para o gravador deve ser confeccionado em lojas especializadas do ramo. A utilização de pesadas e incômodas parábolas montadas sobre tripés, em substituição aos microfones tipo bastão, é recomendável apenas para trabalhos muito es-pecializados por serem pouco manuseáveis em campo. Como uma última “dica”, recomendamos uma leve aplicação de um repelente de mosquitos, à base de água, sobre a espuma windscren do microfone para afastar ou inibir o incômodo zumbir desses insetos durante as gravações em campo. O mercado atual também oferece gravadores compactos profissionais analógicos ou digitais, em substituição aos antigos e pesados gravadores analógicos de rolo, utilizados há décadas seguidas por profissionais e amadores avançados. Os profissionais de hoje utilizam gravadores digitais “solid state recorder”.

Suporte Supressor de ruído

Manoplas

ME67

Microfone direcional Senneiser K6

“Anti-puff“ ou “Windscreen“

Cabos

Microfone direcional completamente montado

3

3

2

2

4

4

5

5

6

6

1

1

Partes de um microfone direcional.

Page 32: C A P ÍT U L O 1

62 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 63C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Cigana (Opisthocomus hoazin)

FOTOGRAFIA DE NATUREZA

As técnicas e equipamentos para a fo-tografia de natureza são de fácil assi-milação e disponíveis a preços variáveis. Leve em suas andanças pelo campo, ao menos, uma camêra digital compacta no bolso ou na mochila para registrar a natureza em sua essência.

Page 33: C A P ÍT U L O 1

64 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 65C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

FOTOGRAFANDO AS AVESA fotografia da vida selvagem e em especial a das aves demanda paciência, dedicação, domínio de determinados equipamentos e técnicas apropriadas de trabalho. Aos interessados nesse tema, e espe-cialmente ao público brasileiro, indicamos a leitura da obra de Lello Piazza (ver bibliografia). Segundo esse autor, a fotocâmera ideal para o fotógrafo de natureza é a do tipo reflexa ou SLR, tanto para o “formato 35 mm” como para o “médio formato” (6x6, 6x7, 6x9), pois tal sistema permite observar através da objetiva e por meio de um espelho refletor a mesma imagem que será registrada na película fotográfica. Esse sistema também é o que oferece maior flexibilidade de acessórios como lentes inter-cambiáveis, “flashes”, teleconversores e filtros de correção.

Um carão (Aramus guarauna) fotografado numa poça as margens de uma estrada a partir de um veículo em Santana do Araguaia, Pará.

Durante a filmagem ou fotografando do veículo faça uma aproximação lenta e gradativa e quando filmar aves aquáticas em torno de lagos ou em rios, tente alugar um barco se disponível. Você ficará surpreso o quão perto você pode se aproximar das aves em um barco.

Page 34: C A P ÍT U L O 1

66 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 67C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

TRILHAS E ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS A presença de animais selvagens muitas vezes pode ser determinada por suas trilhas no capim alto, areia ou lama. Essas trilhas geralmente possuem um cheiro característico ou catinga e são excelentes locais para armadilhas fotográficas. Seguindo essas trilhas, muitas vezes, somos levados a poços de água e locais de alimentação e o rastreamento em geral, é fascinante. Tome cuidado adicional com os grandes felinos, queixa-das e jaritatacas e cuide para não se perder. Algumas trilhas são particularmente infestadas por carrapatos e micuins; use repelente nas pernas.

Cachorro do mato (Cerdocyon thous) Veado-mateiro (Mazama americana)

Cateto (Pecari tayassu) Irara (Eira barbara)

Armadilhas fotográficas podem ser instaladas em estradas repletas de pegadas ou ao longo de trilhas abertas na vegetação por animais, como na foto ao lado, no Parque Nacional das Emas, em pleno campo úmido. Muitas desta câmeras permitem fotografar ou até filmar a passagem de animais em um determinado local e quando instaladas de frente a um ninho, podem acom-panhar o processo reprodutivo de uma ave sem causar transtorno excessivo. Se pretender usar destes recursos com ninhos de corujas, escolha um modelo com visão noturna, que emite um flash invisível de infra-vermelho, evitando assim cegar a ave em trajetória de voo até a entrada do ninho. Se não puder bancar os custos, a melhor ética é desistir.

Armadilha fotográfica Bushnell

Page 35: C A P ÍT U L O 1

68 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 69C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

CÂMERASNeste capítulo, abordaremos a utilização do “formato 35 mm”, por ser o mais usual na fotografia de animais.

As câmeras SLR de 35mm são fornecidas por inúmeros fabricantes e numa variedade de modelos. As vantagens tecnológicas associadas ao advento da tecnologia digital baratearam os custos da fotografia e a velocidade de processamento das imagens obtidas. Porém, as opiniões são as mais contraditórias quanto às vantagens de utilização do sistema digital frente às películas fotossensíveis.

Independentemente do tipo e modelo de câmera que você escolher, é recomendável que esta apresen-te os recursos operacionais descritos a seguir:

Fotômetro: um fotômetro tipo TTL incorporado ao corpo da máquina evita cálculos complexos de exposição quando são incorporados às lentes acessórios como filtros e teleconversores, entre outros.

Sistema de levantamento de espelho (ou Mirror lock-up): permite erguer o espelho após focar com uma teleobjetiva antes de disparar a foto, evitando-se trepidações na câmera, que normalmente é presa ao tripé. Atenção: não se trata do comando “B”, incluso na maioria das câmeras e utilizado para tempos longos de exposição.

Auto-bracketing ou auto-escalonamento: sistema automático de exposição que permite variar expo-sições sucessivas de velocidade ou abertura. A subexposição ou superexposição de uma foto é feita a partir da leitura da luz pelo fotômetro TTL.

Camêra SLR digital

TELEOBJETIVASAlém de uma boa câmera fotográfica, torna-se necessário a utilização de Teleobjetivas com distâncias focais entre 400 e 600 mm, que possibilitam aumentos entre 8 e 12x, como indica a tabela 1:

Teleobjetivas fixas são preferíveis àquelas dotadas de “zoom”, pois produzem imagens com melhor definição nas bordas do fotograma.

Assim como acontece com os binóculos, quanto maior for a luminosidade ou a abertura máxima ofere-cida por uma teleobjetiva, maior o seu tamanho e peso. Consequentemente, maiores serão as chances de se obter imagens tremidas. A tabela indica algumas categorias de peso em relação ao aumento e à luminosidade para alguns tipos de teleobjetivas:

Page 36: C A P ÍT U L O 1

70 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 71C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

As teleobjetivas leves são também chamadas de “teleobjetivas lentas”, enquanto que as pesadas são chamadas de “teleobjetivas rápidas”, porque enquanto estas oferecem ajustes de velocidade rápidos, as primeiras se limitam a ajustes de velocidade bem mais lentos. Teleobjetivas “rápidas” são 3 a 4 vezes mais caras que as “lentas”.

Existem também as chamadas “lentes de espelho” ou catadióptricas (normalmente em versões do tipo 500/F8.0, ou 600/F5.6, ou F8.0). São ainda bem mais leves e compactas que as teleobjetivas fixas len-tas citadas anteriormente, mas possuem abertura fixa, não podendo a sua luminosidade ser alterada a não ser com a utilização de filtros de densidade neutra ou ND, já inclusos normalmente como aces-sórios; porém, são de uso inconveniente em campo. Seu custo é baixo e oferecem imagens inferiores às teleobjetivas convencionais.

CAÇA FOTOGRÁFICA ERRANTEEmbora pouco utilizada por fotógrafos profissionais da natureza, acreditamos que a caça fotográfica errante seja inicialmente um excelente treino para o observador de aves. A qualidade técnica das ima-gens obtidas por meio dessa técnica fotográfica, ainda que deixe a desejar na concepção do fotógrafo profissional, ao nosso ver é a que permite as imagens mais originais e fidedignas sob certas circuns-tâncias. Frequentemente, no trabalho de observação de campo, somos surpreendidos com a súbita aparição das mais furtivas espécies, que se colocam a poucos metros do observador, e muitas vezes se põem a executar curiosas demonstrações de seu comportamento natural a despeito da presença humana. Ao biólogo profissional ou ornitólogo, essa técnica permite documentar a presença de raras espécies em seu biótopo sem interferir no seu trabalho básico de pesquisa, pois o tempo dispensado a essa atividade é pequeno e esporádico.

O equipamento a ser utilizado para a caça fotográfica errante demanda versatilidade e grande rapidez de resposta, conforme a sugestão abaixo:

- Câmera 35mm SLR programável ou digital SLR

- Teleobjetiva fixa autofocal 300mm, F4.0 / 400mm, F5.6, preferencialmente dotadas com sistema de estabilização de imagens IS

- Teleconversor 2x autofocal

- Filtro SKY para a proteção das lentes

- Pára-sol apropriado

- Flash TTL, NG 48 ou maior, munido de acessório para teleobjetiva tipo Beamer

- Alça tipo bandoleira para a câmera

- Monopé

Ardea cocoi

Page 37: C A P ÍT U L O 1

72 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 73C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Munido de tal equipamento, o fotógrafo deve caminhar calmamente pela trilha em meio à vegetação, vestindo roupas camufladas e procurando as aves com seus binóculos. A câmera, com a teleobjetiva e o flash montado, deve ser carregada no ombro ou pescoço por meio da alça (“bandoleira”) ao ime-diato alcance das mãos. A utilização de um filtro “SKY” assegura boa proteção às lentes objetivas no caso de quedas ou enroscos acidentais.

As câmeras programáveis têm a vantagem de selecionar um programa com prioridade de velocidade que permite fixar uma velocidade de obturação tipo 1/125 ou 1/250. O programa ajusta automatica-mente a abertura apropriada ou aciona automaticamente o flash montado na sapata acima do corpo da câmera, evitando assim a possibilidade de fotos tremidas ou mal expostas, com grande rapidez de resposta. Como essas câmeras programadas já vêm dotadas de um motordrive incorporado ao corpo, aconselhamos, além do automatismo para o sistema de autofocagem e do programa com prioridade de velocidade, a utilização do sistema de auto-escalonamento em ajustes de +1 e -1, subexpondo e sobreexpondo de um ponto a leitura automática do dispositivo TTL. O funcionamento desses progra-mas é exaustivamente explicado nos manuais de utilização que acompanham as marcas e os modelos de cada fabricante.

Um monopé pode ser útil para evitar trepidações com teleobjetivas convencionais, mas o ideal é substi-tuir tal artifício por teleobjetivas com sistema de estabilização de imagem IS. Aconselhamos também a utilização de um pára-sol montado à objetiva, e ter sempre à mão um teleconversor (1.4x ou 2.0x), pois tal acessório aumenta a distância focal da teleobjetiva em 1.5x e 2x respectivamente. Assim, uma tele-objetiva de 300, F4.0 com aumento de 6x montada em um teleconversor 1.4x ou 2.0x corresponde a:

Finalmente, uma lente zoom 28-80 mm ou algo semelhante permite fotografar plantas, insetos e flores presentes no habitat de uma ave, bem como seu ninho ou os frutos dos quais se alimenta, enriquecen-do assim a documentação das observações realizadas em campo.

O mais difícil: Abordagem profissional

A utilização de técnicas avançadas de fotografia para retratar aves requer, em primeira instância, um elemento básico primordial: paciência.

Obter imagens de alta qualidade das aves e outros animais selvagens em seu habitat natural, sob con-dições adversas de luz, em terrenos íngremes, sob sol forte ou chuva e suportar o assédio de miríades de mosquitos por longos períodos demanda muita dedicação.

A parafernália fotográfica a deslocar para o campo exige normalmente preparação prévia, e cada sequência fotográfica requer planejamento e atenção nos mínimos detalhes.

Equipamento a ser utilizado:

- Câmera programável

- Teleobjetiva: 400, 2.8 / 300, 3.8 / 500, 4.0 / 600, 4.0

- Tripé, propulsor controle remoto

- Teleconversor 2x

- Flash TTL, NG 48 ou maior, munido de acessório para teleobjetiva tipo zoom

- Alça tipo bandoleira para a câmera

- Monopé

Os melhores fotógrafos de natureza, além de ter vasto conhecimento profissional das técnicas foto-gráficas, são também grandes naturalistas de campo. Portanto, o ideal é percorrer inicialmente o local onde se pretende trabalhar, munido basicamente de binóculos para o reconhecimento de terreno e mapear as “possibilidades” que a área oferece. Essas “possibilidades” se manifestam sob a forma de uma árvore em floração ou frutificação para onde acodem espécies polinizadoras ou frugívoras; quan-do há o encontro de um ninho com ovos ou filhotes, ou de um local onde os animais se reúnem para dormir ou beber água. Caçadores locais podem ajudar muito nesse aspecto, e orientam na preparação de “cevas” ou locais previamente escolhidos onde se colocam frutos, quirera ou outros atrativos. Bar-reiros de sal são excelentes “cevas naturais” que atraem os psitacídeos além dos mamíferos.

No entanto, como podemos verificar na tabela acima, tal acessório reduz a luminosidade ou abertura máxima (F) da lente, podendo ser utilizado apenas sob boas condições de luz.

Alguns fotógrafos naturalistas se fazem acompanhar por um auxiliar de campo, que cuida de atrair uma espécie em particular por meio do playback do canto gravado, até o alcance das lentes do fotó-grafo posicionado em local mais aberto e iluminado.

A aproximação furtiva da ave a ser fotografada deve ser progressiva, com movimentos lentos, com sequências de disparos entre os intervalos de aproximação.

Page 38: C A P ÍT U L O 1

74 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 75C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Garça azul (Egretta caerulea)

Uma vez definida a escolha da área em que se pretende trabalhar, prepara-se previamente, um escon-derijo ou tenda portátil.

Essas tendas devem ser confeccionadas com tecidos grossos e resistentes e de cores sombrias, como o verde musgo ou o cáqui, ou preferencialmente de tecido tipo “camuflado”, de uso militar, quando se pretende montá-la em áreas arborizadas. Pequenas janelas protegidas por telas ou filós de mosquitei-ros permitem a ventilação interna, e bolsos costurados nas paredes laterais internas acondicionam len-tes e outros acessórios, protegendo-os da umidade do solo. Para prevenir os danos da chuva, monta-se uma lona impermeável plástica sobre toda a estrutura.

Para auxiliar na camuflagem, colocam-se na parte externa galhos com folhas ou outros elementos comuns na paisagem.

No interior da tenda, o fotógrafo monta a câmera com a teleobjetiva em um tripé e posiciona uma ou mais unidades de flashes no local da ação. Todo o equipamento é conectado por meio de cabos e fios que ficam dissimulados sob a serrapilheira, a terra ou galhos.

O ideal é montar várias dessas tendas em locais apropriados ao mesmo tempo, investindo certo tem-po de espera em cada uma delas, e deslocar-se de uma para outra ao longo do dia para evitar o estresse de esperas tediosas. Em se tratando de espécies mais arredias, é melhor entrar no esconderijo de madrugada e evitar tais deslocamentos. Visando tirar o máximo proveito do esforço dedicado à montagem de tais esconderijos, o melhor é desaparecer do local onde foram montados por alguns dias, para que os animais se acostumem com a presença desses esconderijos em seu habitat. No caso das cevas, é melhor voltar para a reposição das iscas apenas ao anoitecer. Se houver necessidade de montar a tenda sobre árvores, é preciso lembrar que a excessiva perturbação causada pelas complexas manobras de acesso aos galhos e a instalação de toda a parafernália fotográfica podem interferir nas atividades reprodutivas de certas aves fazendo-as abandonarem seus ninhos ou sua prole. Obviamen-te, nenhuma imagem vale tal risco. Tal interferência deve antes ser minimizada pelo uso de andaimes de rápida montagem, com o auxílio de ajudantes locais. Ou, preferencialmente, deve-se instalar uma câmera nas proximidades do local desejado com o auxílio de escadas e controlar seu funcionamento por meio de controle remoto.

O monitoramento do local da ação é feito por meio de um telescópio posicionado em esconderijo afastado e previamente preparado.

Page 39: C A P ÍT U L O 1

76 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 77C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Valorize o conhecimento prático de mateiros locais contratando seus serviços como guias, quando adentrar em áreas remotas. A distribuição de renda promovida nestas relações, favorece a economia local e abre a oportunidade para troca de informação sobre os conhecimentos que você deixa ao partir, além dos ganhos pessoais adquiridos com estas comunidades. Na página ao lado algumas aves fotografadas no Monte Arfak, Indonésia, localizadas por mateiros locais. Acima Yunus demonstra suas habilidades com o arco e flecha.

Cicinnurus magnificus, fêmea acima e macho abaixo. Na foto acima, Poecilodryas a. albispecularis.

Page 40: C A P ÍT U L O 1

78 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 79C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Para construir um abrigo de observação camuflado você pode improvisar com materias naturais locais, uti-lizando paus, cipós e folhas de palmeiras ou capim. Uma lona plástica auxilia na vedação em dias de chuva, mas deve ser camuflada com vegetação para eliminar seu efeito artifícial em meio à paisagem natural.

Page 41: C A P ÍT U L O 1

80 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 81C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Nessa sequência fotográfica o Amblyornis inornatus foi localizado por mateiros locais no Monte Arfak, a 1.700m de altitude na Indonésia. Com auxílio e cortesia da população local pudemos construir um abrigo fotográfico numa das arenas de exibição, de grande auxílio na ocasião.

Tente construir um abrigo ou tenda fotográfica no início da manhã e depois deixe-o por algumas horas para que os animais possam se acostumar com isso. Esteja preparado para passar algumas horas no abrigo e procure levar um pouco de água e comestíveis com você, nunca se sabe quando os animais vi-rão. Não fique desapontado se não virem, afinal, eles não têm compromisso com você. Uma das maio-res vantagens de usar um bom tripé é que ele permite compor com precisão. Sempre use um tripé.

Page 42: C A P ÍT U L O 1

82 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 83C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Fotografar a partir de seu veículo com a câmera montada e ao alcance das mãos posicionada no assento do passageiro ao lado, é a abordagem preferida para fotografar aves e outros animais, pois é muito difícil se aproximar deles a pé. Muitas das aves ficam empoleiradas sobre o topo de arbustos ou em mourões de cerca ao lado da estrada. Se possível, desligue o motor apenas depois de garantir algumas tomadas.

Page 43: C A P ÍT U L O 1

84 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 85C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Borboletas são facéis de fotografar em barreiros.

Lasaia sp. Diaethria clymena

Caria mantinea

Doxocopa pavon Marpezia sp.

Doxocopa zunilda Tenemis sp.

Protesilaus sp.

Rethus periander Doxocopa linda

Page 44: C A P ÍT U L O 1

86 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 87C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

Colecione fotos de flores silvestres e seus insetos polinizadores. Após acumular uma coleção icono-gráfica de um mesmo local durante anos seguidos e em várias estações do ano, leve seu acervo a um especialista (entomólogo ou botânico), com suas anotações de campo. Seu acervo pode resultar numa publicação científica.

Page 45: C A P ÍT U L O 1

88 C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A 89C APÍTULO 1 - OBSERVAÇ ÃO DE FAUNA E FLOR A

FILMANDO A VIDA SELVAGEM

O advento da tecnologia digital na captura de imagens em vídeo, por meio de filmadoras compactas de fácil manuseio em campo, representou considerável progresso para a documentação dos hábitos e comportamentos das aves e de outros animais.O mercado oferece aos iniciantes uma imensa variedade de marcas e modelos de filmadoras portáteis para as mais variadas aplicações. Antes de adquirir uma marca ou modelo de filmadora, aconselhamos uma pesquisa prévia na Internet sobre as especificações técnicas de cada marca e modelo. Visando facilitar a pesquisa dos consumidores, alguns fabricantes disponibilizam em seus sites um glossário dos termos técnicos e uma rápida explicação sobre conceitos básicos sobre o sistema digital de captura de imagens em vídeo, de grande valia aos iniciantes.

As técnicas de trabalho em campo são similares às tratadas para a fotografia. As técnicas de gravação do canto e o uso do playback colocam certas espécies ao alcance das objetivas da filmadora.

Esta prática apresenta grande relevância no estudo dos hábitos reprodutivos de nossas aves, registran-do os pais nos cuidados com o ninho ou registrando as danças de corte em arenas, hábito comum em certas famílias como os dançadores Pipridae e os beija-flores Trochilidae. Como na fotografia digital e nas gravações das vocalizações, certos programas de “softwares” possibilitam a posterior editoração das imagens obtidas, sendo incluídos como acessórios por muitos fabricantes.

Filmagem sem tripé. Filmagem com tripé, cortesia de Gerard Baudet.

Page 46: C A P ÍT U L O 1

91C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

VIAG

ENS

E TÉ

CNIC

AS

PAR

A EM

ERG

ÊNCI

ASC

AP

ÍTU

LO 2

Page 47: C A P ÍT U L O 1

92 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 93C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

ORGANIZANDO A SUA VIAGEM EMBALE O EQUIPAMENTO ADEQUADO

O equipamento que você levar com você é em grande parte uma questão de gosto pessoal e do tipo de viagem que planeja, como um dia de caminhada ou uma viagem de uma semana na mata. No entanto, tome algum tempo para escolher o tipo de equipamento que se adapta melhor às suas necessidades. Ninguém deveria se aventurar no campo, sem as habilidades para usar um mapa e uma bússola, pes-quise na internet como fazer isso.

INFORMAR A ALGUÉM

Antes de sair para uma viagem de exploração, informe a alguém sobre o seu percurso de destino, e o tempo que pretende demorar. Lembre-se de avisar a pessoa que você retornou, assim que chegar. Carregue um telefone celular e combine horários fixos para contatos com terceiros e mantenha seu aparelho desligado para poupar baterias.

CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO

Condições climáticas adversas podem transformar uma viagem em uma tragédia. Confira a previsão do tempo antes de sair para sua aventura. O inverno é uma época de extremos, e se você está indo para o cam-po no inverno, não se esqueça de tomar precauções especiais. Esteja preparado e use roupas apropriadas.

CONTINUE PRATICANDO

Continue a ler e aprender mais sobre a preparação de sobrevivência na selva. Lembre-se de continuar a praticar as habilidades de sobrevivência que você aprendeu. O melhor momento para começar a prepa-rar a sua viagem é agora, antes de ir para as trilhas! Certifique-se de ter feito a preparação adequada.

ESCOLHENDO SEU EQUIPAMENTO

Como dissemos, o equipamento que você leva com você é em grande parte uma questão de gosto pessoal, por exemplo, em uma caminhada de três horas, você provavelmente não precisará de um saco de dormir ou um mosquiteiro, mas em uma viagem de 30 dias de mochila, você não pode sobreviver sem eles. É mau planejamento evitar um kit de primeiros socorros que deve incluir: curativos básicos para bolhas e feridas; gaze esterilizada, band-aid.

-Medicamentos básicos: analgésico, antisséptico, anti-diarréia, pinças (muito útil para remover peque-nos espinhos, lascas ou carrapatos) e uma tesoura ou uma faca pequena.

No entanto, não duplicar ferramentas, se você já tem uma faca, você não precisará de outra ferramenta de corte no seu kit de primeiros socorros. Certifique-se de saber o que o seu kit contém e como usar os materiais para primeiros socorros de forma eficaz. Uma boa idéia é adicionar um manual de instruções básicas de primeiros socorros.

Quando nenhuma ajuda profissional médica está disponível, é essencial que você saiba alguns princípios básicos de primeiros socorros e como aplicá-los, mesmo sob estresse.

Adaptado de: http://www.wilderness-survival-skills.com

Page 48: C A P ÍT U L O 1

94 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 95C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

O equipamento que você transporta em uma viagem se resume aos itens estritamente necessários, organizados de acordo com as atividades que você planeja executar. No entanto torna-se necessário organizar um kit de emergência, que basicamente é sempre o mesmo e que nunca deve ser esquecido fora de sua mochila ou bolsa a tiracolo. Sua mochila deve ter um peso ideal, que varia de pessoa para pessoa,tendo como regra básica, algo que você consiga carregar sem esforço. Portanto evite escolher equipamentos excessivamente pesados e aqueles supérfluos. Sempre que pensar em comprar algo, procure se informar sobre as dimensões e o peso e se você realmente precisa daquilo. O primeiro item a ser adiquirido é uma mochila ou uma bolsa de alça, ou se preferir um bornal. Se você pretende cami-nhar apenas algumas horas em seus passeios, prefira um bornal ou uma bolsa de tamanho adequado para carregar o kit de emergência, um celular, pilhas e baterias para seu equipamento e uma pequena garrafa d’água; possivelmente um lanche. Se você pretende caminhar o dia todo e só retornar a noite, escolha uma mochila modular com bolsos externos.

Caso planeje caminhar por trilhas por dois dias ou mais, prefira uma mochila estanque, sem compar-timentos externos, com 40 a 60 litros de capacidade, dependendo do seu porte fisíco. Em qualquer situação sempre leve água potável ou mineral. Para passeios curtos, uma garrafa de água mineral 650 ml será suficiente. No caso de uma caminhada de um dia leve pelo menos 2 litros (em um cantil tipo camel back), a menos que você garanta um fácil reabastecimento no percurso. Para caminhadas de vários dias, pensando em acampar a noite, use um cantil de metal, do tipo militar e tenha um ou dois sacos plásticos ou aluminizados com capacidade para armanezar pelo menos 5 litros de água. Neste último caso não esqueça de levar um ‘’filtro’’ ou pílulas de cloro ‘’clor in’’. Em caso de emergência você poderá ferver a água em um cantil de alumínio ou recorrer a purificação e filtragem conforme explicado na página 156. Não esqueça um bom repelente de insetos e protetor solar. Caso pretenda levar alimentos escolha itens não perecíveis.

Mochila modular Mochila estanque

Page 49: C A P ÍT U L O 1

96 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 97C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Ter um kit de sobrevivência pode tornar a vida muito mais fácil durante uma situação de emergência, e é algo que você carrega em todos os momentos. Geralmente é pequeno o suficiente para caber numa bolsa ou mochila, e reúne apenas itens de sobrevivência essenciais, como:

1-Isqueiro ou pederneira de magnésio e uma faca: em uma situação de sobrevivência você vai ser muito grato por poder acender uma fogueira. Uma faca pequena é ítem indispensável.

2-Sacos plásticos reforçados para armazenar água com 3 a 5L: suas necessidades exatas de hidra-tação dependem de uma série de fatores, incluindo seu ambiente, nível de atividade, e de sua saúde geral. Ter uma maneira de transportar e armazenar a água é essencial para a sua sobrevivência. Eu recomendo um cantil de alumínio por sua capacidade de transportar e ferver a água direto na garrafa. Além de um bom cantil, leve um ou dois sacos plásticos reforçados com capacidade para 4 a 5 litros, para armazenar água em seu abrigo.

3-Filtro de água: Na minha opinião, um filtro de água é outra peça importante que ajuda a reduzir a sua demanda por água e lhe dá a capacidade de purificar até mesmo as fontes mais repugnantes. Há uma série de filtros de água de qualidade no mercado, mas até agora só há um que eu recomendo. Veja página 156.

4-Lona plástica ou Plastilona (2x2m ou 3X3m dependendo de sua estatura): Sua capacidade de regular a temperatura interna do corpo, e se proteger dos elementos, vai ser extremamente importante em qualquer tipo de situação de sobrevivência. O tipo de abrigo que você escolher vai depender da sua situação, seu ambiente ou de sua capacidade global para improvisar um abrigo com materiais locais. Um cobertor de emergência é leve e fornece bom isolamento térmico adicional.

5-Alimentos: Embora a comida provavelmente não vá se tornar uma prioridade em uma situação de emergência a curto prazo, é algo que precisa ser considerado após 3 ou 4 dias. Quando se trata de escolher o tipo certo de alimentos de sobrevivência, tenha em mente que as suas necessidades calóricas vão ser muito maiores do que o normal. Barras de cereais, jerked beef, mistura de granolas, nozes e sementes são itens que ocupam pouco espaço em sua mochila e fornecem uma enorme quantidade de calorias, proteínas, gorduras e nutrientes essenciais; produtoras de energia.

Carregue seu equipamento ótico de observa-ção ao imediato alcance das mãos e nunca dentro das mochilas. Prefira usar binóculos de-pendurados ao pescoço ou presos em correias elásticas pelos ombros. Máquinas fotográficas e filmadoras devem ser carregadas nos ombros por meio de bandoleiras. Acessórios como car-tão de memória, baterias carregadas, flash e outros devem ser distribuídos em bolsos em coletes ou nas calças ao imediato alcance das mãos, em caso de necessidade. Utilize os itens secundários levados na mochila, nas costas, durante as paradas de descanso. Se você levar lutenas ou filmadoras ou ainda tele -objetivas de longo alcance, não tem jeito, vai ter que carregar tudo nas mãos.

Page 50: C A P ÍT U L O 1

98 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 99C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

3 novelos de paracorde 3 mm com 10 m cada Kit de primeiro socorros

MosquiteiroMochila ou bolsa tiracolo

Bússola

Lanterna a dinâmo, recarregável dispensa o uso de pilhas e baterias Plastilona 3x2m

Filtro LifeStraw (Veja na pág. 156)

Kit de pesca pequeno(Veja na pág. 206)

Repelente de insetos

Barra de magnésio, isqueiro e pederneira

Camel Back ou saco plástico ou aluminizado com 3-5 L.

Pequena faca de bushcraft, modelo Guepardo.(Veja na pág. 101)

ITENS ESSENCIAIS NO KIT DE SOBREVIVÊNCIA

Page 51: C A P ÍT U L O 1

100 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 101C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

CUTELARIA Uma faca de sobrevivência na selva é um bem de valor inestimável. Você sempre precisa de uma faca, não apenas em uma situação de emergência, mas seu manuseio requer cuidado. Ao escolher a sua faca, a grande questão é muitas vezes a possibilidade de obter uma faca de aço inoxidável ou aço carbono. Ambos os materiais tem suas vantagens e desvantagens, e preços diferentes. A faca de aço inoxidável tende a ser mais cara do que uma faca de aço carbono. No entanto, é importante saber que, mesmo uma faca de aço inoxidável, ou “à prova de ferrugem”, pode, eventualmente, sofrer pontos de ferrugem e corrosão. O mais importante é escolher um modelo com lâmina “full tang” entre 2,5 e 4 mm de espessura e 4 a 8 polegadas de comprimento. Abaixo outros instrumentos úteis.

Nunca deixe de carregar uma faca em seu Kit de emergência. As facas Mora produzidas na Sué-cia são baratas, leves, resistentes e provavelmen-te a melhor escolha para grupos que pretendem pela praticidade. Os demais modelos apresen-tados ao lado refletem uma escolha alternativa ou complementar para grupos que pretendem acampar na selva frequentemente. Canivetes com lâminas dobráveis podem ser utilizados, mas não devem substituir uma faca de lâmina fixa. Escolha sempre um modelo com lâmina en-tre 2 e 4 mm de espessura.

Tipo Bushlore ou de Bushcraft, a mais indicada

Tipo Skiner ou escalpelo, modelo Saico

Tipo Scandi (www.moraknive.com)

MODELOS DE FACAS INDICADAS

Serrotes de poda dobráveis

Modelo TramontinaModelo Bahco

Facão, lima e bainha

ww

w.co

ndor

tk.co

m

ww

w.sa

ico.co

m.b

r

Kukri

Page 52: C A P ÍT U L O 1

102 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 103C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Forma segura de passar uma faca ao colega.

Descascando

Rachando

Afinando

Esfarpando

Lacerando

Furando

COMO USAR UMA FACA DE FORMA SEGURA

Outro instrumento de corte recomendável, espe-cialmente para mulheres, é um serrote de poda do-brável (por exemplo: o modelo Tramontina). Segure firme a serra pelo cabo e aplique pressão e movi-mento constante da lâmina, mantendo a mão que apoia o galho bem afastado do corte, prevenindo acidentes. A utilização de ferramentas pesadas, como pás, arcos de serra, podões, cegadeiras e machados só pode ser considerada quando se viaja em veículos ou embarcações.

Faca de Bushcraft da Condor ou Bushlore

A utilização de facões, parangs ou Kucris deve ser evitada por amadores, já que estes instrumentos causam quase 90% dos acidentes leves ou graves em campo. Prefira utilizar uma faca ou um serrote dobrável para evitar acidentes em locais remotos. Caso pretenda usar um facão ou mesmo uma ma-chadinha, apesar das advertências, fique atento aos procedimentos de segurança abaixo indicados.

Área de segurança.

X

Page 53: C A P ÍT U L O 1

104 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 105C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Na foto acima a planta conseguiu um rebrotamento pois foi podada corretamente próximo ao solo, portan-to, sempre que podar uma planta, procure serrar o mais rente possível ao solo.

Na foto central houve negligência na poda e a planta não conseguiu uma cicatrização adequada. A linha ver-melha indica a área ideal de corte que deveria ter sido aplicado, de baixo para cima.

Na foto inferior como o corte foi aplicado na área ideal a planta gradativamente cicatriza a área afetada e prosse-gue seu desenvolvimento normalmente. Portanto, faça o corte o mais rente possível ao tronco.

Na foto acima para podar um ramo, faça um corte um pouco afastado do tronco evitando uma laceração da casca no mesmo no momento da queda do ramo. Em seguida remova a parte restante, agora sem o peso do galho que foi removido, o mais rente possível ao tronco.

Este cuidado evita doenças causadas por fungos ou lar-vas xilófogas oportunistas e promove a rápida recupe-ração da árvore.

Sempre que possível prefira usar madeira morta ou usar a casca, galhos e troncos de árvores tombadas por tempestades, já que seu desenvolvimento natural está comprometido de qualquer forma. O uso responsável dos recursos naturais só encontra justificativa para o ob-servador da natureza em casos de emergência. Prefira sempre o uso de redes ao de bivaques de madeira.

MÉTODOS RESPONSÁVEIS DE PODA PARA OBTER

ESTACAS E MADEIRA VERDE EM ACAMPAMENTOS

DE EMERGÊNCIA

Page 54: C A P ÍT U L O 1

106 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

ROUPAS E CALÇADOS Leve poucas roupas em suas viagens. Prefira lavar as peças usadas em rios e lagoas usando apenas água e sabão de coco. Antes da viagem separe um ou dois sacos plásticos com capaci-dade para 10 litros e adicione uma medida de amaciante de roupas. Espalhe o produto pelo interior dos sacos e deixe escorrer no avesso para secar ao sol. Depois de seco, volte os sacos ao avesso novamente e dobre os mesmos para compactá-los. No campo basta encher os sacos com água e deixar a roupa de molho por 20 mi-nutos para eliminar o mau cheiro. Numa emer-gência você pode improvisar o mesmo princípio usando carvão de uma fogueira. Deixe suas rou-pas de molho com água e carvão pré-lavado por meia hora. Depois enxague tudo e coloque de molho com água e flores do campo, disponíveis em certas épocas (prefira as mais perfumadas), amarradas em ramalhetes. Você pode usar fo-lhas de eucalipto ou outras essências se preferir. Evite roupas brancas, podem manchar.

Tenha sempre um anorak ou uma capa de chuva em sua mochila.

Page 55: C A P ÍT U L O 1

108 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 109C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Prefira jaquetas impermeáveis e casacos com bolsos

Prefira roupas de cores discretas, o vermelho e outras cores berrantes assustam os animais.

Use roupas leves e confortáveis

Use coturnos e polainas em ambientes muito quentes e úmidos. Coletes fotográficos acomodam equipamentos ao imediato alcance das mãos.

Use botas de canos longos ou perneiras para se precaver de picadas de cobra e espinhos. As bo-tas de borracha sao indicadas para ambientes sa-turados de umidade, como florestas tropicais ou brejos e alagadiços. Coturnos de uso militar ou botas de caminhada confeccionados com lona ou couro, sao indicados para ambientes mais secos, como em cerrados e caatingas ou em ter-renos predegosos.

Prenda seu gravador digital à cintura por meio de uma ‘’bolsa tipo canguru’’ e conecte o cabo ao microfone direcional fazendo-o passar pelas cos-tas, deixando-o cair livremente sobre seu ombro ao lado dos binóculos, foto à esquerda.

BOTA DE CAMINHADA

COTURNO

BOTA DE BORRACHA

Page 56: C A P ÍT U L O 1

110 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 111C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Use calças e coletes com bolsos, bem como camisas fol-gadas e confortáveis a base de tecidos sintéticos respirá-veis e de cores apagadas.

Page 57: C A P ÍT U L O 1

112 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 113C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

http

://w

ww.

wild

erne

ss-su

rviva

l-skil

ls.co

m/h

ow-to

-surv

ive-in

-the-

wild

erne

ss.h

tml

Apesar de algumas pessoas não considerarem a roupa como um abrigo, eu acredito que é um dos itens mais importantes nesta categoria. Em uma situação de sobrevivência as roupas no corpo, combinadas com o que está na sua bolsa ou mochila, será a sua principal fonte de abrigo e proteção. A roupa é portanto a sua primeira linha de defesa contra os elementos e a sua escolha é algo que nunca deve ser negligenciado.

O autor em trabalho de campo, fotografa um ‘‘bower’’ no monte Arfak, Irian Jaya, Indonésia a 1.700m de altitude. Nesta altitude as matas nebulares saturam a vegetação com a umidade das chuvas inten-sas. Um PARKA ou Anorak, calças impermeáveis, botas de borracha e um saco a tiracolo contendo um kit de sobrevivência se tornam a indumentária ideal.

Para serem verdadeiramente à prova d’água, as capas de chuva devem ser feitas de tecidos impermeáveis e havendo costuras, a chuva não pode vazar através das pequenas perfurações feitas por agulhas durante a confecção. Mesmo sendo à prova d’água a umidade não vai passar pelo tecido, mas o suor não pode sair, também. Uma caminhada pela mata gera tanto calor e suor que a única maneira de ficar seco é ter uma roupa que não seja apenas à prova d’água, mas que respira a umidade também. “Respirabilida-

de” e controle de umidade são obtidos através de ventilação e / ou pela confecção de tecidos sintéticos avançados.

Aberturas de ventilação permitem que o ar cir-cule pelo vestuário prevenindo o sobreaqueci-mento, confeccionados com malha simples ou por meio de aberturas especialmente concebidas com zíper ou aberturas de velcro que você pode abrir e fechar para ajustar a temperatura do seu corpo. Os tecidos do tipo “Dry-fit” ou “Rip Stop” caem em uma das três categorias a seguir:

1.PVC ou poli-vinil: Totalmente à prova d’água, mas não podem proteger da umidade ou respi-rar sem aberturas exteriores ou painéis de malha. Estes tecidos são geralmente utilizados em reves-timentos básicos de plástico.

2.Tecidos revestidos: Nylons ou poliésteres com revestimentos impermeáveis. Tecidos que são reves-tidos em vez de laminados tendem a ser um pouco mais macios e menos ruidosos, mas não são assim tão impermeáveis. Alguns exemplos de tecidos re-vestidos incluem: Power-Tex, Ultrex, e Hydroflex.

3.Tecidos Laminados: Nylons ou poliésteres la-minados em uma membrana microporosa em camadas de tecidos colados ou unidos por calor. Laminados são mais impermeáveis que os teci-dos revestidos, mas eles tendem a ser um pouco mais duros e mais pesados. Exemplos de lami-nados incluem: Bosui, Dermizax, Gore-Tex, XALT, deer-tex, quiet-tex.

Portabilidade: Se você precisa embalar e trans-portar a sua capa de chuva para uma longa viagem, é importante ter um modelo compacto para armazenamento em um bolso da mochila.

TECIDOS IMPERMEÁVEIS

Page 58: C A P ÍT U L O 1

114 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 115C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Você sabe o que fazer caso se encontre perdido e sozinho no campo? Pare, pense, observe e planeje antes de entrar em ação. (http://www.wilderness-survival-skills.com/how-to-survive-in-the-wilderness.html)

1.Parar. Sente-se e permaneça parado até que a frustração, medo, raiva ou fúria desapareçam. 2.Pense na sua situação. O que você tem que pode ajudar nesta emergência? Sua mente é sua maior ferramenta de sobrevivência!

3.Observe seus arredores. Onde você deveria ficar? Se disse para onde estava indo, as pessoas podem estar procurando por você. Existe uma área aberta onde os colegas ou o resgate teriam uma melhor chance de vê-lo?

4.Planeje sua ação. Na maioria dos casos, a prioridade deve ser: procure fazer um abrigo contra as intempéries, deixe um sinal para atrair a atenção, encontre água.

Se depois de algum tempo ou dias de espera, ninguém vem em seu socorro, você pode decidir tentar encontrar seu proprio caminho para a sua segurança. Além disso, é claro, isso é o que você tem que fazer se sabe desde o início que ninguém vai estar procurando por você. Siga o ditado, “Prepare-se para o pior para esperar o melhor” e sempre tente evitar colocar você, ou a vida do seu colega ou a sua saúde em perigo.

NAVEGAÇÃO

Bússola estilo “Silva“

Page 59: C A P ÍT U L O 1

116 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 117C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Na inesperada situação de se encontrar perdido em áreas de vegetação densa ao se afastar inadverti-damente das trilhas, adote o seguinte estratagema:

Passo A - escolha uma árvore ou um elemento de referência qualquer na paisagem das imediações onde se encontre.

Passo B - tentando calcular a distância percorrida desde que se afastou da trilha conhecida, escolha a direção que lhe pareça mais familiar e caminhe em linha reta, riscando o solo ou a serrapilheira com os pés, marcando seu trajeto o tempo todo.

Passo C - após certo percurso percorrido e não encontrando a trilha, mantenha a calma necessária e o bom humor, e retorne ao ponto de referência escolhido anteriormente, orientando-se pelas marcas deixadas no chão.

Passo D- chegando ao local de referência previamente escolhido, escolha outra direção e siga as mes-mas indicações dos passos anteriores, repetindo tal procedimento em várias direções opostas a partir do ponto de referência até encontrar a trilha desejada. Jamais ande em círculos ou percorra trajetos diagonais a partir de outros pontos de referência.

Esse estratagema pode ser facilmente compreendido através do esquema abaixo. Encare a situação com humor e confie no instinto do “caçador-coletor-primitivo” que há em cada um de nós, e evite o estresse desnecessário. Tente, portanto, jamais se afastar das trilhas em áreas selvagens ao cair da tar-de, pois à noite todo o processo se agrava. Procure se fazer acompanhar de um colega, pois as chances e riscos de acidentes como esse podem ser bastante minimizadas. E boa aventura!

Na possibilidade do estratagema anterior não surtir efeito e você continuar perdido, procure encontrar algum curso d’água corrente ( como um córrego, riacho, igarapé ou um rio ) e tente seguir o seu curso correnteza abaixo; como indicado na foto acima. Os rios são estradas naturais que levam a civilização e oferecem melhores oportunidades para obtenção de alimentos, higiene pessoal e hidratação numa situação de sobrevivência. Em regiões montanhosas ao acompanhar um córrego, evite descer áreas encachoeiradas e contorne esses obstáculos vadeando pela mata para transpô-los. Caso necessite na-vegar por leitos caudalosos de rios, construa uma jangada com paus ou qualquer material flutuante; evite atravessar a nado.

Page 60: C A P ÍT U L O 1

118 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 119C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

DESVIO

TRILHA PRINCIPAL

Árvores de grande porte com raízes tabulares ou sapopemas, isto é, com a base do tronco alar-gada, propiciam boa referência como ponto de partida para o método ilustrado na página 116. Você pode golpear estas sapopemas com o fa-cão para enviar sinais sonoros que se repercutem a grandes distâncias ou usar um apito. Na foto ao lado, deixe marcas no solo, riscando-o com os pés para indicar desvios em mata fechada quando se transita por trilhas estreitas; auxílian-do grupos de resgate que estejam procurando por você em caso de necessidade. Evite marcar árvores com o facão.

Page 61: C A P ÍT U L O 1

120 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 121C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Deixe marcas no solo sempre que se desviar da trilha principal e tome cuidado ao passar por troncos caídos, já que muitas cobras costumam procurar abrigo sob os mesmos e sempre use botas de canos longos em trilhas estreitas que atravessam áreas de vegetação densa.

DESVIO

TRILHA PRINCIPAL

Page 62: C A P ÍT U L O 1

122 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 123C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Improvise um cajado com um galho sempre que pretender atravessar um rio de correnteza que flui sobre um leito de seixos lisos para obter apoio extra.

Page 63: C A P ÍT U L O 1

124 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 125C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Em áreas de florestas contínuas, ou em áreas abertas ou amplas como cerrados e caatingas, jamais se afaste das trilhas ou estra-das correndo o risco de se perder. Procure o auxílio de guias locais especializados.

No caso de tomar bifurcações nessas trilhas ou estradas, indique a direção de origem riscando o solo com os pés, mas jamais ferindo as cascas das árvores com facas ou quebrando seus galhos, como observamos com frequência em muitos locais. Esteja ciente das nor-mas e condutas obrigatórias nos parques e reservas sobre proteção do Estado, procurando as autoridades competentes em caso de dúvidas.

Sinalização para socorro

Como todas as outras técnicas de sobrevivência, saber sinalizar por socorro é uma habilidade que você deve praticar antes que você realmente tenha que usá-la. Se você se perder, sinalizar por resgate é uma opção que você deve considerar, especialmente se você não levar um rádio, telefone celular ou um apito, vai ter que usar sinais visuais. Dependendo da sua situação e do material que você tem disponível, você pode usar o fogo e a fumaça, um espelho para refletir sinais, lanternas ou outras opções para criar seus sinais de socorro visuais.

SOS (Save Our Souls)

É o melhor sinal de socorro internacional conhecido. Todos de-vem estar familiarizados com o SOS. O sinal de SOS pode ser transmitido através de qualquer método, visual ou sonoro. O código para SOS é 3 piscadas ou batidas curtas, 3 longas e nova-mente 3 sinais curtos, faça uma pausa e repita o sinal.

O sinal visual de SOS pode, por exemplo, ser construído para ser visualizado por aeronaves com pedras e troncos, ou qualquer ma-terial que você tenha disponível. Portanto, assim que você decidir tomar um certo rumo, deixe um sinal ou desenho no solo e indique sua direção com uma seta. Á noite você pode usar uma lanterna ou um Laser-point para enviar um SOS para, por exemplo, uma embarcação. Durante o dia, você pode usar um espelho refletor ou papel aluminizado. Se é difícil produzir sinais de longa e curta duração, você deve saber que quase qualquer sinal repetido três vezes vai servir como um sinal de socorro. Use sua imaginação.

Suponha que você tenha que atravessar um trecho de floresta para chegar a um rio.

Apesar dos constantes desvios (área em magenta) para ultrapassar obstáculos naturais em meio à faixa de floresta, é possível manter a direção correta até o ponto de destino, mesmo quando não podemos vê-lo, simplesmente mantendo a linha de fé calibrada em 168 graus sudeste (neste exemplo) enquanto se controla a agulha magnética na direção norte.

1-Aponte a linha de fé para o ponto de destino.

2-Gire o “dial” da bússola até coincidir a agulha com a marcação N (Norte).

3-No exemplo abaixo a linha de fé fica a 168º Sudeste.

4-Uma vez dentro da mata, basta ajustar a agulha magnética em N e seguir rumo 168º Sudeste.

O uso do GPS não exclui a bússola, já que esta dispensa o uso de baterias numa emergência.

USO DA BÚSSOLA

Page 64: C A P ÍT U L O 1

126 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 127C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

COMO PREVER O TEMPOA capacidade de ler adequadamente a formação de nuvens é importante quando você quer entender como prever o tempo. Nuvens são classificadas em diferentes tipos, de acordo com a altura e forma. Nem todas as nuvens trazem chuva, algumas são sinais de bom tempo.

Durante um dia bom, as nuvens são brancas. Nuvens de tempestade são geralmente negras, baixas, e se concentraram em grupos grandes. Se a chuva se aproxima, as nuvens irão formar um véu acinzen-tado. Isto significa que é hora de achar abrigo.

Os animais podem sentir os movimentos na pressão do ar que precedem todas as alterações climáticas. Observe os animais ao seu redor e veja se você nota alterações no seu comportamento, diante de alte-rações nos vários tipos de clima. Os seres humanos têm usado o comportamento animal para prever o tempo e as tempestades ao longo de séculos. Logo antes de uma chuva, aves, como andorinhas, têm a tendência de voar muito mais baixo, rente ao chão, e as abelhas e borboletas parecem desaparecer dos canteiros de flores que costumam visitar. Saracuras, sapos e certos primatas começam a vocalizar com certa insistência no meio do dia, quando normalmente gritam ao amanhecer ou antes do crepúsculo.

Page 65: C A P ÍT U L O 1

128 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 129C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Quando você está na natureza, alguns conhecimentos básicos sobre como prever o tempo vai ajudá-lo a tomar as medidas adequadas para não ficar em apuros e arriscar a sua segurança.

A pressão do ar

Mudanças de clima significam mudanças na pressão do ar. A diminuição da pressão do ar indica a aproximação de uma área de baixa pressão, que muitas vezes traz nuvens e precipitação. O aumento de pressão do ar, muitas vezes significa que uma área de alta pressão se aproxima, trazendo um belo dia limpo e claro. Há também sinais da natureza das variações de pressão do ar que podem ser usadas para prever o tempo. Por exemplo, em um belo dia, limpo e claro, a fumaça da fogueira sobe constantemente,mas se ela começa a rodar e descer, há indícios de quedas de pressão atmosférica e provavelmente haverá tempestades.

Page 66: C A P ÍT U L O 1

130 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 131C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Um céu vermelho em cada entardecer ou amanhecer é um dos sinais naturais mais belos de tempo bom e ao anoitecer, um céu vermelho indica que o dia seguinte será provavelmente um dia de alta pressão com ar seco e sem chuvas.

Page 67: C A P ÍT U L O 1

132 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 133C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Geralmente nuvens carregadas de chuvas se apresentam mais baixas e de coloração cinza formando um véu extenso, facilmente observadas à distância.

Prevendo a formação de tempestade e a possibilidade de raios no horizonte, evite se abrigar debaixo de árvores frondosas como na foto ao lado, e espere a tormenta passar sentando-se em meio às gramíne-as em áreas mais abertas ou procure instalar uma lona em meio a um aglomerado extenso de árvores, mas nunca sob árvores isoladas. Aproveite para encher o cantil.

Nuvens brancas indicam tempo estável quando aparecem em grandes altitudes como na foto inferior da página ao lado. Outras vezes, nuvens brancas aparecem em baixa altitude quando tempestades começam a se formar de forma gradativa; muito embora sejam apenas um possível prenuncio de chuva ao entardecer.

Árvores isoladas atraem raios, procure sentar em áreas abertas. O Brasil tem os maiores índices mundiais de acidentes com raios.

Page 68: C A P ÍT U L O 1

134 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 135C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Em regiões serranas recobertas por florestas úmi-das a constante evaporação que sobe da copa das árvores em dias de chuva, denuncia a perma-nência de períodos longos de precipitação que podem durar dias ou semanas. Tal fenômeno ocorre em geral, no auge da estação úmida e a promessa de dias difíceis em campo exige uma preparação prévia.

Page 69: C A P ÍT U L O 1

136 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 137C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Montar um estojo de primeiros socorros é uma tarefa que deve ser olhada com muito cuidado por aqueles que costumam fazer atividades ao ar livre. É fundamental saber usar corretamente o conteúdo do estojo, e você também pode se informar mais sobre o assunto na internet, em alguns sites sobre o tema ou até fazer um curso orientado por profissionais de saúde.

Veja abaixo uma lista com sugestões para um estojo de primeiros socorros (adaptado de http://www.trilhaserumos.com.br/canada/arquivos/estojo-primeiros-socorros):

Instrumentos - Termômetro, Tesoura e pinça.

Material para curativo - Gaze esterilizada - absorve sangue de ferimentos e limpam sem deixar os fiapos como o algodão, Esparadrapo - use para impedir que a sujeira infeccione feridas, curativos em bolhas devem ser fixados com esparadrapo para que não se desloquem com o atrito, Ataduras de crepom, Ataduras de gaze, caixa de curativo adesivo (band-aid).

Anti-sépticos - Pomada cicatrizante (ex: sulfato de neomicina mais bacitracina, que é o genérico do nebacetin)

Medicamentos - Analgésicos em comprimidos, Antiespasmódicos em comprimidos, Anti-histamínico, Anti-inflamatório de uso oral, Gel anti-inflamatório, Colírio neutro, Soro fisiológico em pó (sal de hidra-tação), Medicamento para enjoo, Pomada contra queimaduras e picadas de insetos.

Outros itens complementares - luvas descartáveis, conta-gotas, agulhas (para furar bolhas ou retirar espinhos, por exemplo) e seringas descartáveis, sabão de coco - para limpeza em caso de picadas de animais peçonhentos, lenços umedecidos - funciona como antibactericida, na higienização da pele, para limpar ferimentos, relação dos itens do estojo, com indicação de data de validade e para checar se falta algo, relação dos postos de atendimento para o caso de picadas de animais peçonhentos (for-necido pelo órgão de saúde local), alfinetes de segurança para prender ataduras, repelente de insetos.

Os primeiros socorros podem muitas vezes fazer a diferença entre a vida e a morte ou entre as lesões ligeiras ou as agravadas. Um bom kit de primeiros socorros de uso pessoal deve conter: (10) Bandagens triangulares, (5) Ataduras Crepe, tamanho 10 cm, (10) Ataduras Crepe, tamanho 20 cm, (1) Rolo de esparadrapo ou fita adesiva (Crepe), (1) Tesoura e 1 Bisturi, (5) Talas moldáveis para imobilização; vários tamanhos (para pernas, braços e dedos) (1) Pacote de gazes (pacote com 50 unidades), (2) Pares de luvas descartáveis, (1) Cobertor térmico.

Analgésicos em comprimidos, absorventes íntimos, colírio e pomada antisséptica de uso preferencial, pomada para assaduras, repelente de insetos, protetor solar, anti-histamínico e qualquer medicamento prescrito de uso contínuo.

PRIMEIROS SOCORROS

Por favor, tenha em mente que as informações aqui apresentadas são apenas diretrizes gerais. Para informações médicas, consulte um médico, ter uma aula de primeiros socorros ou um curso dirigido por profissionais é altamente recomendável.

Alguém praticando primeiros socorros deve determinar as prioridades de tratamento.

Primeiro, verifique se a vítima está em perigo real, ou se vai colocá-la em uma situação ainda mais peri-gosa, ajudando-a. Evite mover uma vítima com ferimentos desconhecidos, a menos que haja um maior perigo em deixar a vítima onde está. Se necessário, ajude, mas cuide da sua segurança em primeiro lugar. Não mova qualquer pessoa com um pescoço fraturado sob suspeita ou lesão na coluna vertebral, a menos que as dificuldades em respirar o tornar necessário.

Antes de viajar procure um posto de saúde buscando informações sobre vacinação contra a febre amarela e o tétano. Para evitar arboviroses, dengue e malária use um bom repelente o dia todo e use mosquiteiros na hora de dormir.

A melhor forma de prevenir doenças tropicais é usando um repelente de insetos em tempo integral.

Page 70: C A P ÍT U L O 1

138 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 139C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Caravelas e águas-vivas podem causar acidentes graves em praias.

ACIDENTES POR COBRA*

Acidente botrópico (causado por serpentes do grupo das jararacas): dor e inchaço no local da picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orificios da picada; sangramentos em gengivas, pele e urina. Pode evoluir com complicações como infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.

Acidente laquético (causado por surucucu): quadro semelhante ao acidente botrópico, acompanha-do de vômitos, diarréia e queda da pressão arterial.

Acidente crotálico (causado por cascavel): no local sensação de formigamento, sem lesão evidente; dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento, visão turva ou dupla, dores muscula-res generalizadas e urina escura.

Acidente elapídico (causado por coral verdadeira): no local da picada não se observa alteração im-portante; as manifestações do envenenamento caracterizam-se por visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento.

Em caso de acidentes: lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão, hidrate a vítima com goles de água, não corte ou fure o local da picada, eleve o local afetado, levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo e não faça torniquete.Convém lembrar que serpentes não peçonhentas também podem causar acidentes e que nem sempre as serpentes peçonhentas con-seguem inocular veneno por ocasião do acidente. Cerca de 40% dos pacientes atendidos no Hospital Vital Brazil são picados por serpentes consideradas não peçonhentas ou por serpentes peçonhentas que não chegaram a causar envenenamento.

Hospital Vital Brazil: Especializado no tratamento de acidentes por animais peçonhentos.

Assistência médica gratuita/orientação telefônica, 24 horas por dia: Av. Vital Brasil, 1500 - Butantã: CEP - 05503-900 - São Paulo - SP - Fones: (11) 2627-9529 e (11) 2627-9528, Fax: (11) 3726-7962.

SOROSOs soros antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo Instituto Butantan (São Paulo), Fundação Eze-quiel Dias (Minas Gerais) e Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada pelo Mi-nistério da Saúde que distribui para todo o país, por meio das Secretarias de Estado de Saúde. Assim, o soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados. Consulte:

*http://www.butantan.gov.br/home/acidente_com_animais_peconhentos.php

ACIDENTES POR ESCORPIÃO

Os escorpiões de importância médica estão distribuídos em todo o país, causam dor no local da picada, com boa evolução na maioria dos casos, porém crianças podem apresentar manifestações graves decorrentes do envenenamento.Em caso de acidente, recomenda-se fazer compressas mornas e analgésicos para alívio da dor até chegar a um serviço de saúde para as medidas necessárias e avaliar a necessidade ou não de soro.

ACIDENTES POR ARANHAS

São três os gêneros de aranhas de importância médica no Brasil:

Loxosceles (“aranha-marrom”): é importante causa de acidentes na região Sul. A ara-nha provoca acidentes quando comprimida; deste modo, é comum o acidente ocorrer enquanto o individuo está dormindo ou se vestindo, sendo o tronco, abdome, coxa e braço os locais de picada mais comuns.

Phoneutria (“armadeira”, “aranha-da-banana”, “aranha-macaca”): a maioria dos acidentes é registrada na região Sudeste, principalmente nos meses de abril e maio. É bastante comum o acidente ocorrer no momento em que o indivíduo vai calçar o sapato ou a bota.

Latrodectus (“viúva-negra”): encontradas predominantemente entre ipomeias no litoral nordestino e do Sudeste, causam acidentes leves e moderados com dor local acompa-nhada de contrações musculares, agitação e sudorese. As aranhas caranguejeiras e as tarântulas, apesar de muito comuns, não causam envenenamento. As que fazem teia em

áreas geométricas, muitas encontradas dentro das casas, também não oferecem perigo.

ACIDENTES POR TATURANAS OU LAGARTASAs taturanas ou lagartas que podem causar acidentes são formas larvais de mariposas que possuem

cerdas pontiagudas contendo as glândulas do veneno. É comum o acidente ocorrer quando a pessoa encosta a mão nas árvores onde habitam as lagartas.O acidente é relativamente benigno na grande maioria dos casos. O contato leva a dor em queimação local, com inchaço e vermelhidão discretos. Somente o gênero Lonomia pode causar envenenamento com hemorragias e complicações como

insuficiência renal.

ACIDENTES POR ARRAIASUma observação importante em relação as arraias é que seu ferrão, localizado em sua cauda, é

venenoso e costumam trocá-los de 2 a 3 vezes ao ano. Por isso, não coloque a mão na cauda da arraia. E se acaso você levar uma ferroada nas pernas, procure atendimento médico imediatamente. É importante frisar que as arraias não são animais agressivos, apenas se defendem quando pisadas em

águas rasas. Portanto é útil sondar a areia com uma vara quando se caminha em águas rasas.jararaquinha, Bothrops newiediiLacraias são venenosas, embora sua

picada seja dolorosa geralmente não matam.

Page 71: C A P ÍT U L O 1

140 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 141C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Hemiptera, barata d’agua

Megaloptera, sialídeos

Lepidoptera, borboletas (lagarta) Hymenoptera, formigas

Hymenoptera, abelhas

Siphonaptera, pulgas

Coleoptera, escaravelhos

Insetos como moscas e mutucas transmitem doenças ou parasitas como bernes e bicheiras. Pulgas, barbeiros e piolhos infestam taperas e casas de pau-a-pique. Vespas, abelhas, formigas, tesourinhas, baratas d’água, sialídeos e outros podem picar e injetar peçonhas perigosas. As lagartas queimam a pele

Cascavél, Crotalus durissusJararaca, Bothrops jararaca

Diptera, moscas.

Muitos peixes possuem ferrões venenosos nas barbatanas ou dentes afiados.

Piranha-vermelha

Arraia-de-fogo

Page 72: C A P ÍT U L O 1

142 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 143C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Numa situação de emergência, na possibilidade de se afastar de uma trilha sem botas ou polainas, é possível improvisar uma proteção para as pernas contra picadas de cobras ou proteção contra es-pinhos, por meio da casca de certas árvores. Escolha um galho verde de grossura aproximada de sua coxa, e retire a casca usando sua faca e um bastão afiado de madeira improvisado. Use cipós ou paracordes de seu kit de emergência para trançar um cadarço conforme foto abaixo, obtendo assim uma polaina. Usando o mesmo princípio, você pode preparar vasilhas e outros utensílios para cozinhar ou ferver água, neste caso aplicando uma camada de lama ou barro na parte externa do vasilhame para proteger a casca das chamas. Ferva a água dentro do vasilhame e descarte o conteúdo saturado de tanino e outras substâncias extraídas da casca nesta primeira fervura. Depois é só usar o vasilhame para cozinhar.

A remoção da casca de muitas árvores pode ser letal à planta, e só deve ser considerada em situações extremas; portanto sempre use botas e perneiras.

Use uma faca com lâmina 3 a 4 mm de espessura.

Polaina e Vasilha improvisada com casca.

Page 73: C A P ÍT U L O 1

144 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 145C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Evite o contato com insetos, aranhas, cobras e outros animais peçonhentos.

O manuseio de animais peçonhentos é altamen-te arriscado e deve ser praticado apenas por profissionais competentes. Tocandiras e algumas Caranguejeiras causam ferroadas dolorosas e até febre, mas geralmente não deixam vítimas.

Muitas aranhas Caranguejeiras soltam pêlos que causam forte irritação na mucosa das narinas quando inalados.

É fácil esbarrar com vespas quando se tenta avançar em florestas a golpes de facão. Prefira usar trilhas para evitar acidentes.

Para evitar teias de aranha que infestam certas trilhas, como as produzidas pelas Nephila por exemplo, leve um galho com ramos e folhas a sua frente. Apesar de inofensivas tal procedimen-to evita o acúmulo da seda em seu equipamento.

X

Page 74: C A P ÍT U L O 1

146 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 147C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Cabas de vespas e correições de formiga podem causar desconforto quando não percebidas a tempo, mas em geral não causam acidentes graves. Se acampar em um local e este for invadido por uma correição, o melhor é recolher tudo e procurar outro local.

Ao amarrar sua rede de selva numa árvore ou ao limpar o local de seu acampamento, fique atento a presença de cabas e formigueiros nas proximi-dades. “A Vizinhança é tudo“.

Em certas áreas da Amazônia se torna necessário recolher redes e mosquiteiros diariamente devi-do às formigas cortadeiras ou quenquens (Atta sp.), e se você for atormentado em excesso por vespas “lambe-olhos” é melhor procurar outro local para acampar afastando-se um centena de metros das colônias. Estas vespas geralemente procuram o sal eliminado com o suor.

Page 75: C A P ÍT U L O 1

148 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 149C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Morcegos hematófagos como o morcego-vampiro, à esquerda, podem transmitir doenças como a raiva. Evite se abrigar em locas e cavernas ocupadas por colônias de morcegos, pois mesmo espécies inofensivas, como na foto à direita, oferecem riscos de doenças pelo acúmulo de fezes, onde se desen-volvem fungos que podem causar danos pulmonares sérios se inalados.

Ao adentrar em locas ou cavernas adornadas com pinturas rupestres, evite acender fogueiras. Procure foto-grafar as imagens e leve sua descoberta para as universidades. Muitos locais com arte rupestre ou repletos de fósseis então por serem descobertos e oferecem grandes oportunidades para pesquisas arqueológicas e paleontológicas. Jamais leve estalactites ou espeleotemas como lembrança. Nunca tente escavar fósseis ou explorar cavernas. Volte ao local com um profissional. Fotos cortesia de Lydie Baudet.

Morcego vampiro, Desmodus rotundus, principal vetor da raiva. Jamais manipule morcegos vivos ou mortos!

Page 76: C A P ÍT U L O 1

150 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 151C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Se perder na natureza é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Turistas e mesmo mateiros ex-perientes estão sujeitos a circunstâncias fora de seu controle. A coisa mais importante que você precisa para viver é a agua. Se você for criativo e saber para onde olhar, você pode encontrar ou coletar água potável em praticamente qualquer ambiente da Terra.

Para manter a boa saúde, o corpo humano precisa de um mínimo de dois litros de água por dia. Se você usar mais água do que você dispõe, vai começar a sofrer de desidratação. Com desidratação gra-ve, suas celulas encolhem e dificultam a circulação, causando uma falta de fluxo de oxigênio para os músculos. A desidratação pode começar após seis horas sem água, e mais do que um dia inteiro sem água é motivo de séria preocupação. O corpo humano só pode viver cerca de três dias sem ela. Agora que entendemos a importância da água, deve ser bastante claro que você precisará ter que purificar e armazenar a quantidade adequada às suas necessidades.

A primeira coisa que você deve fazer numa situação de emergência na natureza é encontrar uma fonte de água potável. As fontes mais óbvias são córregos, rios e lagos. A água contida em rios claros e lagos pode parecer limpa, mas existem milhões de organismos na água fresca. Se você não purificá-la, pode ficar extremamente doente por bactérias ou vírus ingeridos. Nascentes de água doce podem ser seguras para beber sem filtrar, mas em uma situação de sobrevivência, você deve ter cautela. Animais sempre sabem onde há água, por isso fique atento para trilhas de animais selvagens.

Vegetação verde é também um sinal de que a água está próxima. Enxames de insetos podem ser um aborrecimento, mas também um sinal de que uma fonte de água não está muito longe. O trajeto feito por aves aquáticas em voo pela manhã pode apontar na direção certa. Permanecer em movimento até encontrar uma fonte de água, aleatoriamente, pode dar resultados, mas evite se perder ainda mais. Quando você faz uma pausa para descansar, use seus ouvidos- rios podem ser ouvidos na floresta tranquila a grandes distâncias. Lembre-se de que a água sempre flui para baixo, de modo que as áreas baixas e vales são uma boa aposta.

Se você encontrar uma área enlameada, pode haver águas subterrâneas disponíveis. Cavar um buraco de cerca de um metro de profundidade pode nos surpreender ao descobrir que o buraco é logo preenchido com água. É fundamental lembrar que a qualquer momento que você bebe água encontrada sem purifi-cá-la, você está assumindo um risco, mas sem outra opção, você deve arriscar em casos desesperadores.

A água da chuva geralmente pode ser consumida sem riscos de doença ou enfermidades. Se chover, use todo e qualquer recipiente que você tiver em suas mãos para recolher o máximo possível. Se você tiver uma lona plástica, você pode amarrar as pontas nos galhos a poucos centímetros do chão com uma leve inclinação para coletar e drenar a chuva. Se você não consegue encontrar um recipiente, poderá amarrar a lona em nível em todos os quatro cantos e colocar uma pedra no centro para servir como um saco de água improvisado. Se a água da chuva tem um gosto um pouco diferente, é porque lhe faltam determinados minerais que são encontrados em águas subterrâneas ou córregos, mas é seguro bebê-la.

151

ÁGUA

Page 77: C A P ÍT U L O 1

152 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 153C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Se você estiver perto de neve e gelo (algo raro na maior parte do Brasil), derreter e beber a água é sempre melhor que a consumir congelada, o que vai reduzir sua temperatura corporal e levar à desidra-tação. A neve derretida e o gelo também devem ser purificados, se você tem os meios.

Orvalho pesado também pode fornecer água potável. Antes do amanhecer amarre um pano absorven-te em torno de suas pernas e dê um passeio em locais de grama alta. Você pode ser capaz de absorver água suficiente para uma bebida de manhã cedo. Frutas, cocos, cactos, trepadeiras, bromélias, palmei-ras e bambus podem ser boas fontes de sustento líquido. Quanto mais água você pode coletar, melhor suas chances de sobrevivência.

Você também pode fazer um filtro para remover quaisquer partículas visíveis: encontre uma grande lata ou saco plástico, mas bambu oco também irá funcionar, perfure pequenos buracos, 5-10 em torno da base de seu recipiente e suspenda-o do chão, preencha-o com camadas alternadas de carvão (de uma fogueira), rocha, areia e pano ou capim seco, alterne camadas finas e grossas, quanto mais, melhor, despeje a água coletada no filtro e recolha-a em outro recipiente abaixo.

Adicione carvão vegetal de seu fogo para remover o odor e melhorar o sabor. Você sempre deve puri-ficar a água, fervendo-a.

Você pode usar a técnica da transpiração para coletar água potável:

1- De manhã, pegue vários sacos plásticos e amarre-os em torno de um galho de árvore ou arbusto de folhas verdes. Evite plantas que secretam leite ou seiva esbranquiçada para evitar envenenamento.

2- Coloque um peso no interior, como uma pedra, para criar um ponto baixo para que a água se acumule.

3- Ao longo do dia, a planta irá transpirar e produzir umidade que irá escoar ao ponto baixo. Faça um buraco para beber a água ou despeje-a em um recipiente para mais tarde. A água vai se acumular aos poucos, mas é melhor do que nada.

Se você estiver perto da costa, uma praia é uma excelente maneira de conseguir água potável. Cave um buraco na depressão atrás da primeira duna de areia, isto é, tipicamente a cerca de 100 metros a partir da linha de maré. Coloque pedras no fundo do poço para manter a areia firme nas laterais ou use capim seco se for possível - o que irá evitar que as paredes desmoronem. Dentro de algumas horas, você poderá ter até cinco litros de água filtrada. Se o gosto é muito salgado, você deve mover-se mais para trás da segunda duna de areia.

Page 78: C A P ÍT U L O 1

154 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Esta técnica funciona bem perto de qualquer corpo d’água, como em pântanos, brejos e la-gos, mas cave mais perto da água do que a ver-são praia. O mesmo método também funciona na caatinga durante a estação chuvosa - apenas cavar no ponto baixo entre as placas de lama res-secada próximas da vegetação, em locais som-breados. Procure por solo úmido em leitos de rios secos e as chances são de que você poderá encontrar águas subterrâneas por baixo.

Agora que coletamos a água, é hora de purificar. Não beba água sem tratamento a menos que possa usar um Lifestraw ou em situações deses-peradoras. A giardíase é a doença mais co-mum em seres humanos pelo consumo de água não purificada (é um parasita que vive no intes-tino dos seres humanos e animais sendo expulso do organismo nas fezes, e se defecado perto de um corpo d’água, lago ou rio, será contamina-do). Náuseas, cólicas e diarréia são os sintomas mais comuns da giardíase. Os sintomas podem não aparecer em duas semanas mas uma vez presente, pode durar até seis semanas. Se infec-tado, procure um médico o mais rápido possível.

Criptosporidiose é outra doença pela água en-volvendo parasitas encontrados nas fezes. Os mesmos sintomas como na giardíase podem ser esperados, mas mais graves. Ambos os parasitas podem ser encontrados no solo e vegetação, e para dar a si mesmo a melhor chance de sobrevi-vência, você deve sempre ferver a água, mesmo que pareça limpa e lavar frutas e vegetais.

Se você está perdido na selva perto de um rio ou lago, é preciso purificar a água a ser ingerida. Ebu-lição é a maneira melhor e mais fácil para tornar a água fresca e segura - 10 minutos a uma fervura constante é uma boa regra. É claro, a água em ebulição significa que necessita de uma fogueira e um recipiente de algum tipo. Se você não tem um recipiente, você provavelmente poderá encontrar um ou mais dos seguintes itens: latas descartadas, bambus, conchas grandes, garrafas de plástico ou de vidro, vasilhas feitas de casca de árvore revestidas com barro, vide página 143.

Use sua camisa ou outro pano para filtrar os sedimentos presentes na água antes de ferver. Um método eficiente de fervura é encher completamente uma garrafa PET plástica com água, tampá-la e pendurá-la sobre algumas brasas, mantendo-a balançando constantemente, assim a garrafa não derrete e a água entra em ebulição.

Outra maneira de purificar a água é a utilização de pastilhas de purificação, e elas são obrigatórias em qualquer kit de sobrevivência. Os comprimidos a base de iodo ou cloro, podem tratar a água. Muitas pessoas são alérgicas ao iodo, por isso certifique-se de saber se você é uma delas antes de usá-las. Água escura, assim tratada, muitas vezes precisa de pelo menos 30 minutos para ser totalmente tratada de forma eficaz, antes de ser consumida. No Brasil recomendamos as pastilhas CLOR IN.

www.clorin.com.br

O bambú oferece bons vasilhames naturais para ferver água quando apoiado verticalmente próximo às chamas de uma fogueira.

Saco estanque aluminizado.

O carvão serve para purificar a água, vale a pena coletar um pouco

PURIFICAÇÃO DA ÁGUA

Adaptado de: http://www.wilderness-survival-skills.com

Page 79: C A P ÍT U L O 1

157C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

O Lifestraw é um dispositivo de filtração portátil que permite com segurança beber diretamente de qualquer fonte de água fresca. Uma extremi-dade tem o bocal estreito, o outro vai diretamen-te para a fonte de água. Cada Lifestraw filtra 700 litros, aproximadamente a quantidade de água necessária para uma pessoa por ano.

O filtro vai te livrar de quase 100 por cento de bactérias aquáticas, 98,7 por cento de vírus e remover partículas tão pequenas quanto 15 mícrons. Cinco milhões de pessoas por ano morrem de doenças transmitidas pela água - a maioria crianças. Mais de um bilhão de pesso-as no mundo não têm acesso a água potável. Os fabricantes do Lifestraw tem a esperança de ajudar a reduzir este valor pela metade até o ano de 2015. Lifestraw também é um grande item para qualquer entusiasta ao ar livre ter no seu kit de sobrevivência ou de emergência. Ele pesa apenas 140 gramas e pode fazer a diferença em situações de sobrevivência.

Visite http://www.lifestraw.com.br.

LIFESTRAW

Page 80: C A P ÍT U L O 1

158 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 159C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Muitas cactáceas armazenam água e apesar da presença de ácido oxálico, podem ser usadas em situações extremas.

Palma Opuntia cochenillifera é o nome científico da cactácea forrageira e comestível, de origem mexicana, largamente difundida no Nordeste bra-sileiro - recebendo o nome genérico de palma.Seu uso varia desde a alimentação do gado e humana, paisagístico e cerca-viva, como para a produção de corante natural, extraído de inseto parasita.

Os ramos (palmas ou cladódios) são os respon-sáveis pela fotossíntese, uma vez que as folhas foram transmutadas nos espinhos que, nesta espécie, são esparsos e pequenos, e até ausen-tes. A floração ocorre durante todo o ano, com preferência ao período de setembro a março. As flores possuem tom avermelhado, com estames longos e róseos. Sua reprodução dá-se por esta-quia ou sementes.Também na culinária humana os cladódios novos e os frutos são usados, tanto na América Central como do Nordeste brasileiro.

O Mandacaru (Cereus jamacaru) é uma planta da família das cactáceas. É comum no nordeste brasi-leiro e pode atingir mais de 5m de altura. O man-dacaru resiste a secas, mesmo das mais fortes.

As flores desta espécie de cactos são brancas, muito bonitas e medem aproximadamente 30cm de comprimento. Os botões das flores geral-mente aparecem no meio da primavera e cada flor dura apenas um período noturno, ou seja, desabrocham ao anoitecer e ao amanhecer já começam a murchar. Seu fruto tem uma cor vio-leta forte. A polpa é branca com sementes pretas minúsculas, e é muito saborosa.

Coroa-de-frade (Melocactus zehntner): pequeno e arredondado, este cacto tem um aspecto in-teressante. Suas flores são formadas no chapéu vermelho e cilíndrico sobre o tronco verde. Pos-

sui espinhos pontiagudos nas bordas dos gomos que formam o tronco. Nativo das regiões semi-áridas do nordeste é pouco exigente quanto ao solo e à umidade.

O xique-xique (Pilosocereus gounellei), junta-mente com o cacto mandacaru, são os cactos mais típicos da “caatinga” do nordeste brasileiro. O cacto xique-xique tem importância fundamen-tal no alimento de aves e animais, por fornecer frutos e hastes que são utilizadas na alimentação de animais de criação, como bois e cabras. O fru-to é comestível, saboroso. Da haste é feito um prato bastante comum na alimentação humana na região, chamado de “cortado de xique-xique” e contém aproximadamente 5% de proteína e rico em sais minerais.

À esquerda, Mandacaru em frutificação com água armazenada, à direita ressecado

À esquerda, Palma com água armazenada, à direita ressecada

Xique-xique

À esquerda, Coroa de frade com água armazenada, à direita ressecado

O caroá Neoglaziovia variegata, é uma bromélia da Caatinga, que armazena água na base de suas folhas

e produz fibras resistentes para trançar cordas.

CACTÁCEAS COMO ALIMENTO E FONTE DE ÁGUA EMERGENCIAL, APENAS EMERGENCIAL!

http

://pr

ojet

ocac

tinga

.blo

gspo

t.com

.br/p

/cact

os.h

tml

Page 81: C A P ÍT U L O 1

160 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 161C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

As macambiras pertencem à Família Bromeliaceae e são confundidas com cactáceas em muitos locais. No Nordeste fornecem fibras para a confecção de cordames e a base de suas folhas possui uma polpa que produz uma espécie de farinha, popularmente conhecida como “maniva de macambira”, rica em carboidratos. Apesar de seu aproveitamento como alimento, sua preparação exige conhecimento pré-vio, já que a seiva produzida nas extremidades das folhas, pode causar forte reação alérgica.

Sempre que tomar conhecimento sobre a utilização de plantas silvestres como fonte de alimento, verifique se o consumo não demanda métodos apropriados de preparação, evite o consumo in natura. Certas plantas agáves e certas eufórbias também se parecem com cactáceas, mas são geralmente tóxi-cas e produzem leite ou resina viscosa e não água como os cactos.

Page 82: C A P ÍT U L O 1

162 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 163C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Em áreas secas de cerrados e caatingas, o orvalho da manhã se acumula na vegetação e a água pode ser coletada com um pano absorvente; embora pouca, é melhor que nada. Também vale a pena procu-rar água em ocos de pau, sondando-os com algum canudo de taquara ou outro caule oco disponível, sempre tomando cuidado com animais que possivelmente aí se abriguem.

Page 83: C A P ÍT U L O 1

164 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 165C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Afloramentos rochosos frequentemente vertem água em lifetes superfíciais que escoam morro abaixo, propiciando um crescimento maior da vegetação, veja detalhe AA.

AA

Page 84: C A P ÍT U L O 1

166 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 167C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Em áreas de caatinga e carrascais com aflora-

mentos rochosos aparentes, a presença de plan-

tas carnívoras e cactáceas (acima) pode ser um

indicativo de água nas proximidades. Procure

nos arredores por cacimbas naturais (foto abaixo

a esquerda) que armazenam água da chuva re-

cente, indicada pelo bom aspecto da vegetação.

Estabeleça um perímetro e procure em várias di-

reções sem perder seu ponto de partida e muito

menos, de correr o risco de se afastar das trilhas;

mantenha-se atento. Se ao contrário, as cactáce-

as e a vegetação presente nos lajedos estiver res-

secada, nem perca tempo de procurar cacimbas.

Page 85: C A P ÍT U L O 1

168 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 169C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Em áreas camprestes geralmente a água escoa nos grotões profundos geralmente cercada por vege-tação mais viçosa e frondosa. Outra alternativa é buscar frutos em meio a vegetação rasteira, muito embora a quantidade de líquido obtida não seja muita. Quando nos locomovemos pelos descampados planaltos elevados recobertos por campos limpos ou sujos e mesmo na savana de cupim, a melhor alternativa para obter a água é procurar por frutas como o cajuzinho do campo, guarirobas, araçás, abiu (Pouteria ssp. Sapotaceae foto ao lado) e outras. Aprenda a conhecer pelo menos as principais frutas silvestres brasileiras, por meio de guias ilustrados.

Page 86: C A P ÍT U L O 1

170 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 171C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Muitos cipós d’água aparecem como opção de água potável em matas de terra firme amazônica e nas matas de transição com as matas de vár-zea. Sua utilização deve ser considerada somente em situações alarmantes, já que frequentemente você acabará encontrando algum igarapé, rega-tos ou poças em meio à floresta.

Palmeiras dotadas de grande quantidade de raízes escora ou adventícias, como na foto ao lado, indi-cam a presença de um lenho extremamente rijo e o esforço para derrubá-la e colher o palmito, sim-plesmente não compensa o esforço e a queima de calorias. Procure por palmeiras com estirpe mais afiladas e facéis de colher em situação de emer-gência somente. No entanto, estas raízes supor-tam árvores elevadas sobre terrenos encharcados, e indicam portanto, possibilidade de obter água a poucos centímetros da superfície.

Acima, nos campos de altitude as gramíneas se fixam sobre a turfa superfícial do solo raso extre-mamente esponjoso; basta cavar poucos centímetros para encontrar água. No centro as bromélias fornecem boa reserva de água na base de suas folhas. Abaixo, o elegante Buriti assinala no horizonte a certeza de água ao viajante do sertão e nas veredas.

Page 87: C A P ÍT U L O 1

172 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Vegetação verde é também um sinal de que a água está próxima quando vista no horizonte.

Animais sempre sabem onde há água, por isso fique atento para trilhas de animais selvagens.

Na imagem acima a seta indica um escoamento natural de água vertendo da encosta acima, assinalada pelo corredor de vegetação que acompanha o fluxo de um provável córrego.

Na foto acima a seta em primeiro plano indica um campo úmido, logo seguido por um campo limpo que culmina numa vereda ao longe. Ambas as setas indicam bons locais para cavar a procura de água em situações críticas. Entretanto, é quase certo encontrar água aflorando à superfície em meio à vege-tação da vereda ao fundo, foto abaixo.

Page 88: C A P ÍT U L O 1

174 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 175C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Florações repentinas no agreste revelam a ocorrência de chuvas recentes, promessa de água acumula-da nas áreas rochosas adjascentes, acima.

Na foto abaixo um planalto seco elevado revela poucas oportunidades para se obter água, a melhor aposta é procurá-la nos grotões abaixo.

Page 89: C A P ÍT U L O 1

176 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Tanto nas caatingas acima quanto nos cerrados abaixo, a presença de leitos secos de rios favorece a prospecção de água subterrânea acumulada nas margens e acessível a poucos centímetros abaixo.

A esquistossomose é transmitida por caramujos aquáticos que proliferam em açudes e cacimbas na região nordeste. Ferva a água desses locais antes de consumir. Cortesia de Lydie Baudet.

Page 90: C A P ÍT U L O 1

178 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 179C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

O exame minucioso de falhas no relevo acidentado nas chapadas do Brasil Central, indica a presença de leitos secos de regatos que despencam em cachoeiras apenas durante as chuvas sazonais, no entanto é possível encontrar água na base desses penhascos ao se determinar o ambiente de sua localização por meio de uma bússola que indica a direção quando deixamos as áreas abertas dos planaltos e nos aprofundamos nas grotões florestados úmidos, veja na página 124.

Page 91: C A P ÍT U L O 1

180 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 181C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Você pode improvisar copos dobrando folhas grandes de plantas lacustres ou da vegetação que ge-ralmente cresce ao longo dos cursos d’água evitando contaminar a água com as mãos; embora tal recurso não dispense o uso de um filtro.

Evite caminhar entre plantas de folhas largas que se desenvolvem nos sub-bosques de grotões úmidos ao lado de córregos, pois muitas espé-cies de vespas instalam suas colônias ou cabas na face inferior das folhas visando proteção contra a chuva. Jamais abra caminho com facão, pois estes locais oferecem um microclima ideal para a sobrevivência de muitos anfíbios fotófobos. É melhor molhar as botas do que enfrentar os ferrões!

Page 92: C A P ÍT U L O 1

182 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 183C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Barra de magnésio, isqueiro, pederneira e caneco de cantil para cozinhar.

FOGO

Uma das habilidades mais fundamentais é praticar e aprender mé-todos diferentes, de como fazer uma fogueira em qualquer lugar e em qualquer condição. Uma fogueira pode mantê-lo quente e seco. Você pode usá-la para cozinhar alimentos, purificar e esterilizar água e ataduras, pode afugentar animais perigosos e sua fumaça pode manter insetos afastados. É também uma forma importante de sina-lizar por ajuda. Incêndios naturais oferecem boa oportunidade para coletar carvão, útil para purificar água.

Cozinhar é uma habilidade de grande importância para todos os via-jantes. Cozinhar não só faz muitos alimentos mais apetitosos ao pa-ladar, mas também pode prevenir que parasitas e bactérias causem uma intoxicação alimentar.

Como uma habilidade de sobrevivência, você também deve ser capaz de preparar sua comida sem quaisquer utensilios de cozinha. Quan-do você aprende mais sobre como encontrar o seu alimento você também vai aprender mais sobre a natureza em si. Quanto mais você aprende, mais você vai amar e desfrutar da natureza. Lembre-se, em uma situação como esta, o sucesso é mais uma questão de tentativa e erro e muita paciência. Ao acampar em locais selvagens, evite fazer fogueiras, ou tome os cuidados necessários para evitar incêndios. Risque a pederneira com o dorso de uma lâmina para produzir faís-cas numa mecha.

MÉTODOS DE COCÇÃO

Page 93: C A P ÍT U L O 1

184 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 185C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Para fazer uma fogueira, você precisa construí-la de forma gradual, começando com pequenos pedaços de madeira, em seguida, avançar para peças maiores como gravetos e troncos.

Primeiro, escolha um local protegido do vento e com uma oferta de madeira ou outro combustível disponível, mas afastado da vegetação seca. Veri-fique se o seu fogo não vai ficar fora de controle. A segurança é uma consideração essencial. Lim-par todos os detritos para longe e iniciar o fogo em terra firme ou em uma camada de pedras ou em uma cama de galhos verdes. Isto irá eliminar a possibilidade de contaminação por gases emana-dos do solo aquecido. Para evitar dores lombares ao se cozinhar de cócoras, construa uma platafor-ma elevada com galhos e espalhe uma camada espessa de lama na superfície para isolamento e acenda sua fogueira normalmente.

Mecha

Você vai precisar de algum material que se in-flame com muita facilidade para iniciar o fogo, como uma mecha ou acendalha. Há uma série de coisas que você pode usar para mecha, como papel, absorventes, estopa, folhas, grama, cas-cas e resina. Você vai encontrar resina em árvores como pinheiros e outras; vai queimar, mesmo se estiver molhada.

Use sua faca para transformar galhos secos e pe-daços de casca em material inflamável. Se você encontrou resina, esfregue-a em pequenos ga-lhos e paus.

Pequenos galhos secos e paus são os melhores. Eles devem acender facilmente quando coloca-dos sobre uma pequena chama. Os ramos mor-tos na parte inferior das árvores fornecem gra-vetos excelentes, são geralmente secos, mesmo que tenha chovido por semanas.

Combustível

Uma vez que o fogo foi estabilizado, você pode adicionar pedaços maiores de lenha, tão seca quanto possível. Procure por árvores mortas, elas geralmente são uma boa fonte de lenha seca.

Lembre-se: Nunca deixe uma fogueira acesa. Ve-rifique se o seu fogo está completamente extinto antes de sair de campo, pelo menos duas vezes.

Orelha-de-pau, produz brasas duradouras

Madeira senescente favorece boa lenha para fogueiras;cuidado com cobras.

A casca fina de certas árvores fornece mechas semelhantes ao papel

Barba de velho como mecha

TIPOS DE MECHAS E LENHA

Paina como acendalha

Madeira seca esfarpada, como combustível.

Page 94: C A P ÍT U L O 1

186 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 187C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Cuide bem de sua fogueira certificando-se de apagá-la com água ou areia assim que abando-nar seu acampamento, evite incêndios aciden-tais. Espalhe o carvão apagado e cubra com ter-ra, areia ou detritos não inflamáveis presentes no local, cobrindo todos os rastros de sua presença após deixar o local.

Page 95: C A P ÍT U L O 1

188 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 189C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

A construção de um abrigo é uma prioridade absoluta se você enfrentar uma situação de sobrevivência em duras condições meteorológicas, como frio ou calor excessivo. Um bom abrigo deve protegê-lo dos elementos e ser con-fortável o suficiente para descansar e dormir.

1- Se possível escolha um local seco, bem drenado e ra-zoavelmente plano.

2- A uma distância confortável à água e com uma boa fonte de lenha.

3- Que disponha de materiais de construção para o seu abrigo.

4- Que ofereça proteção contra ventos fortes.

Se você está perdido, verifique se o seu abrigo é fácil de ser visto e encontrado por equipes de busca e resgate.

Um local muito perto de água pode ser incomodado por insetos.

Evite pedras soltas, e as árvores mortas podem cair em seu abrigo.

Evite terrenos baixos, tais como ravinas e vales estreitos, que podem recolher o ar pesado e frio à noite e são, por-tanto, mais frios do que o terreno circundante mais alto. Por outro lado, os topos das montanhas estão expostos a ventos elevados. A melhor área para instalar o abrigo está a meio termo.

CAMPING SELVAGEM

Page 96: C A P ÍT U L O 1

190 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 191C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

3

2

4

2

4

1

3

1

Se você pretende acampar, deve aprender alguns nós pela praticidade em desfazê-los, aproveitan-do ao máximo o cordame disponível no seu kit de emergência. Abaixo algumas sugestões.

Enrrole seu paracorde de 3mm em no-velos com 10 m de comprimento cada, conforme esquema ao lado; assim ele não embaraça e pode ser reutilizado.

Você pode usar fio encerado de algodão, fio de rami ou de sisal que são biodegra-dáveis ou o paracorde 550 sintético e reutilizável.

Numa emergência você pode usar cipós e lianas ou raízes para improvizar amar-rações, mas prefira sempre que possível levar algum cordame para evitar o corte desnecessário de cipós.

Page 97: C A P ÍT U L O 1

192 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 193C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Algumas folhas de plantas como as das palmeiras Geonoma ssp. acima, podem ser trançadas facil-mente devido a sua geometria natural, para improvisar um telhado de folhas num abrigo improvisado.

COMO AMARRAR SUA REDE DE DORMIR

3

2

4

5

6

7

8

1

Page 98: C A P ÍT U L O 1

194 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 195C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Se você adicionou uma lona e um cobertor de emergência ou uma rede com mosquiteiro extra para o seu equipamento, você está apto a construir um abrigo em poucos minutos. No entanto, se você não tiver equipamentos adequados, terá que improvisar com materiais locais.

Se você pretender acampar, mesmo que apenas por uma noite na mata, utilize uma rede de selva resguardada por um mosquiteiro do tipo Kampa (www.kampa.com.br). Use a lona plástica (2x2 m ou 3x3 m) como cobertura contra chuva e não esqueça de levar 4m de corda para amarrar a rede e 20 m de paracorde com 3mm a 4mm para fixar a lona.

Rede com mosquiteiro Lona plástica ou “Basha”

‘‘Tarp de Nylon‘‘

Nó corrediço (BB) indicado para prender o estirante ao espeque no solo. Você pode improvisar um espeque usando um galho em forquilha cortando-o na forma de um gancho.

REDES DE SELVA E MOSQUITEIROS PARA BIVAQUES

(BB)

Page 99: C A P ÍT U L O 1

196 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 197C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Neste acampamento no Monte Arfak, na Indonésia, foram construídos bivaques com madeira local, amarradas com cipós em clareiras dominadas por árvores de pequeno porte para evitar a queda aci-dental de galhos e troncos pesados durante os frequentes temporais. A bagagem e outros equipa-mentos ficaram protegidos da alta umidade em estantes construídas com madeira morta. Evite tanto quanto possível a utilização de galhos verdes.

Se preferir utilizar taperas e outras construções ribeirinhas, cuide da presença indesejável de animais peçonhentos, como aranhas, pulgas, barbeiros e bichos de pé, antes de se instalar.

Page 100: C A P ÍT U L O 1

198 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 199C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Neste acampamento em Waigeo, (Raja Ampat) Indonésia, foi necessário recolher e espalhar pedras de um leito pedregoso de rio adjacente para conter a lama durante dias seguidos de chuva e possibilitar a imediata visualização de serpentes peçonhentas; abundantes neste local. A cozinha foi montada com galhos secos e a dispensa organizada antes de cada refeição e imediatamente suspensa em árvores por meio de sacos e cordas, após cada preparação, evitando assim a atração de animais indesejáveis. Mesmo os bagaços e o lixo orgânico produzido foram enterrados em local afastado para evitar a aproximação temerária de babirussas, uma espécie de porco selvagem, (www.PapuaExpeditions.com).

O mesmo procedimento deve ser tomado em um acampamento base no Brasil ou outro local, evitando pro-blemas com a aproximação de animais perigosos atraídos pelos alimentos e provisões indevidamente espa-lhados ou armazenados. As botas devem secar longe do solo, evitando acidentes com aranhas e escorpiões.

Page 101: C A P ÍT U L O 1

200 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 201C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Procure instalar seu acampamento em clareiras afastadas de árvores grandes ou de escarpas íngrimes, evi-tando acidentes com pedras e árvores tombadas em tempestades. Mantenha seus utensílios acima do solo.

A construção de bivaques, mesas, bancos, prateleiras e outras estruturas com madeira, só é praticável em acampamentos base, utilizados durante semanas a fio, por equipes de trabalho de pesquisa ou de turismo de observação em grupo, visando o conforto dos participantes como um todo. Se acampar sozinho em um determinado local por apenas 1 ou 2 dias, prefira uma rede de selva. A praticidade de poder carregar na sua mochila todo equipamento necessário para a construção de um abrigo, facilita seu deslocamento por amplas regiões a serem exploradas em suas excursões. Tenha o cuidado de carregar um saco de dormir em regiões frias.

A utilização de barracas pré-fabricadas tipo igloo pode ser uma alternativa à utilização de redes de selva ou ao camping estruturado por meio de bivaques. No entanto, em climas tropicais umidos a condensação da umidade no interior dessas tendas pode tornar o seu uso incômodo e sua utilização fica restrita a climas mais secos e frios.

Page 102: C A P ÍT U L O 1

202 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 203C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Rios apresentam uma ameaça constante para a sua segurança. Chuvas fortes em colinas próxi-mas podem facilmente criar inundações.

Praias de rios recobertos por seichos rolados indi-cam que fortes correntes de montanha carregam todos os sedimentos leves como areia, paus e o folhiço em inundações relâmpago corriqueiras. Apesar do aspecto convidativo destas praias para a instalação de acampamentos, qualquer chuva a montante certamente trará prejuízos e aciden-tes aos incautos.

A presença de pedras lisas, destituídas de musgo em meio às torrentes de montanha, indicam que estes rios sofrem inundações frequentes, pois mesmo o musgo não consegue se fixar em sua superfície. Portanto evite secar roupas nas pedras ou permaneça próximo para evitar surpresas.

Evite acampar em leitos secos de rios, pois em geral abrigam poças repletas de mosquitos que se criam nestes locais em profusão. Ao final da estiagem, estes leitos sofrem inundações relâmpago mesmo quando as chuvas e tempestades acontecem nas cabeceiras a montante do curso.

Rios de águas escuras carregadas de sedimentos indicam períodos chuvosos prolongados e provavel-mente a previsão de mal tempo por dias sucessivos com tempestades. Uma mudança climática com dias de clima favorável só pode ser esperada com a diminuição da turbidez das águas. Por isso, ao acampar próximo às margens garanta uma distância adequada da água para evitar inundações em seu acampamento; especialmente a noite.

Page 103: C A P ÍT U L O 1

204 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 205C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

ALIMENTAÇÃOA preparação prévia do cardápio a ser transportado em uma mochila demanda três regras:

-1: leve apenas alimentos não perecíveis.

-2: Prefira alimentos desidratados ou liofili-zados para evitar excesso de peso.

-3: Tente priorizar alimentos ricos em pro-teínas, carboidratos, e evite muito açúcar e futilidades em excesso.

Como sugestão: você pode levar carne seca, “Jerked Beef”, copa, bacalhau sal-gado, frutas liofilizadas, granola, proteí-na de soja, leite em pó e refeições desi-dratadas pré-preparadas. Evite enlatados pelo excesso de peso, chocolates, que derretem facilmente, biscoitos que em-boloram e refrigerantes, salgadinhos que ocupem muito volume.

É essencial compreender onde encontrar comida em caso de sobrevivência, mesmo sabendo que comi-da é menos premente que a água. Com a abundância de água e um lugar confortável para descanso, a maioria de nós pode viver vários dias sem comida.

No entanto, a alimentação é importante para o seu estado mental e emocional, assim como uma fonte de energia para manter uma temperatura corporal normal ou adequada.

Em uma situação de sobrevivência, você tem que tirar proveito de tudo que está disponível para comer. A maioria das áreas selvagens estão cheias de alimentos naturais, que vão desde plantas a insetos. As fontes de alimentos que você pode explorar são determinadas pelo habitat em que você está, portanto varie sua dieta para ter certeza de obter as proporções adequadas de gordura, proteína, carboidratos, minerais e vitaminas.

Cocos de palmeiras e peixe são boas fontes de proteína e gordura e fornecem praticamente tudo que um sobrevivente em longo prazo precisa. No entanto, na primeira fase de uma situação de sobrevivên-cia, as plantas são as mais adequadas como alimento de emergência, pois são facilmente acessíveis e contêm os hidratos de carbono necessários.

Dependendo da época do ano você vai encontrar quase sempre plantas comestíveis, a menos que você esteja no meio de um deserto árido ou caatingas em tempo de seca. Conhecimento de apenas uma ou duas plantas silvestres comestíveis podem ser de grande ajuda em sua busca por alimento de so-

brevivência. Plantas silvestres comestíveis, frutos e castanhas são um dos alimentos mais impor-tantes da sobrevivência. Ao planejar sua viagem certifique-se de aprender algo sobre a diversida-de vegetal da região que você vai visitar. Como já foi dito, o conhecimento de apenas uma ou duas plantas comestíveis pode ser de grande aju-da em sua busca por alimento de sobrevivência. Brotos de bambu e palmitos podem ser retirados de diversas espécies de palmeiras e frutos doces podem ser previamente memorizados por meio de pesquisas em livros e revistas especializados.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, al-guns animais têm a capacidade de digerir subs-tâncias altamente venenosas ou tóxicas aos seres humanos. Portanto, nem todos os tipos de frutos comidos por animais são inofensivos para o ho-mem, como quer a cultura popular.

Portanto, para evitar a necessidade de caçar ou derrubar palmeiras organize um bom estoque de alimentos não perecíveis antes de sair a campo.

Page 104: C A P ÍT U L O 1

206 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 207C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

TÉCNICAS DE PESCA

Os peixes são uma valiosa fonte de alimento num país entrecortado por rios, córregos e igarapés como o Brasil, portanto a pesca é uma importante alternativa para a obtenção de alimentos. Aprender diferentes técnicas de pesca e carregar um kit de pesca básico é essencial e prudente. Para ter sucesso na pesca, você precisa saber algo sobre o comportamento dos peixes. Passe algum tempo observando onde os peixes estão em diferentes momentos do dia. Peixes gostam de se abrigar sob as galhadas e abaixo de rochas e troncos. A melhor época para pescar é pouco antes do amanhecer, ou apenas após o anoitecer, ou quando o mau tempo é iminente. Ao retirar o anzol, cuidado com os dentes das piranhas, cações e outros peixes e evite os ferrões de cascudos, mandis e arraias. Cuidado para não pisar em arraias de água doce, arraste os pés suavemente. Cuidado com sucuris, piranhas, poraquês e jacarés-açus, Melanusuchos na Amazônia.

Inclua no seu kit de pesca, que de ser usado apenas em emergências, anzóis de tamanho P ou M, um corretel de linha de Nylon e giradores e um pedaço de arame para evitar o corte da linha. Em situações de emergência você pode construir anzóis artesanais com espinhos, com bambu, ossos e alfinetes, po-dendo improvisar iscas artificiais com penas, tecidos coloridos e paracordes desfiados. Se preferir usar iscas vivas utilize pequenos peixes, minhocas e larvas xilófagas encontrados em madeiras podres ou pequenos frutos coloridos. Improvise uma vara de pesca ou prepare anzóis ou linhas de espera. Evite pegar peixes excessivamente grandes com anzóis exagerados, preservando espécies ameaçadas pela pesca comercial. Prefira pescar em lagoas isoladas em tempos de estiagem já que os peixes que aí se encontram já estão condenados de qualquer forma. Pescar durante o período da Piracema é proibido pela legislação brasileira, consulte o IBAMA para informações adicionais.

Isca artificial

Page 105: C A P ÍT U L O 1

208 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 209C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

O palmito pode ser recolhido em praticamente todas as espécies de palmeiras, mas fica mais fácil retirá-lo de palmeiras novas ou pequenas que de palmeiras adultas, geralmente com lenho excessiva-mente rijo. A utilização do palmito só deve ser considerada em casos extremos.

Plantas como a pimenteira ou jaborandi ao lado, Piper ssp. produzem frutos de gosto ruim e de pouco valor energético, portanto procure por frutos de polpa adocicada como os ingás Inga ssp. abaixo.

Page 106: C A P ÍT U L O 1

210 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 211C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Nas fotográfias abaixo, algumas plantas que produzem frutos em abundância nos ecossístemas brasi-leiros, representando espécies comuns de ampla distribuição que podem ser utilizadas como alimento em situações de emergência. O conhecimento prévio das espécies mais comuns de frutos é algo de suma importância para aqueles que viajam frequentemente na natureza.

FRUTOS COMESTÍVEIS

Pequi

Pinhão

Bacaba em frutificaçãoFruta d’anta

Ananás Cacau

Caju

Embaúba

Bacuri em frutificação

Page 107: C A P ÍT U L O 1

212 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 213C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Cocos de palmeiras são alimentos nutritivos que nunca devem ser negligenciados. Abaixo alguns frutos de baixo valor proteíco, especialmente quando verdes, devem ser consumidos quando não oferecem qualquer dificudade para serem colhidos, pois não compensa o esforço em relação ao valor energético que oferecem.

Em suas caminhadas procure fotografar qualquer planta em frutificação com objetivo de uma poste-rior identificação. Você rapidamente notará certas características presentes em determinados gêneros de plantas frutíferas, se familiarizando com outras espécies encontradas em outras regiões em suas viagens futuras.

Este aprendizado pode ser construído com a experiência de anos de observação e torna seu contato com a natureza uma atividade mais gratificante.

Byrsonima intermedia Malpighiaceae, Murici pequeno Chichá-do-Cerrado, Sterculia chicha.

Miconia pepericarpa Melastomataceae, Pixirica

Protium ovatum Burseraceae, Almécega Cordiera sessilis Rubiaceae, Marmelada

Fabaceae, Baru, Dipteryx sp.

A natureza oferece muitas plantas comestíveis, mas também tem um monte de plantas venenosas. Há muitas boas regras sobre as plantas venenosas para evitar acidentes, por exemplo, evitar qualquer planta que tenha uma seiva leitosa ou bagas com gosto amargo ou adstringente. A idéia de um teste de comestibilidade é testar sua sensibilidade a alergia passo a passo. Entre cada etapa, você espera e fica atento para uma reação desagradável. O processo é demorado, leva muitas horas. Primeiro esfregue partes da planta em seu antebraço, depois coloque uma pequena quantidade sob a língua. O último passo é engolir uma pequena quantidade e esperar por pelo menos metade de um dia para ver se você fica doente.

Se você é azarado e escolher a planta errada, você terá alguns problemas sérios. Portanto, comer plantas desconhecidas é muito perigoso, simplesmente não vale a pena o risco. A única maneira de você saber que plantas pode comer é aprendendo a reconhecê-las. Coma somente as plantas que você reconhece ou colecione fotografias em excursões gradativamente e pesquise em livros sobre sua corre-ta identificação e usos na medicina ou como fonte de alimento. Consulte mateiros e povos da floresta para uma primeira abordagem em áreas remotas se você dispõe de tempo para isso. Transmita suas experiências pessoais em blogs apropriados na internet.

A cagaita Eugenia dysenterica Myrtaceae a esquerda, produz frutos que causam forte desinteria. Ao lado a direita, um fruto de Cordia nodosa (Boraginaceae), planta mirmecófila que abriga colônias de formigas Azteca ssp. provida de áculeos nas folhas e nas bagas, com polpa leitosa e possivelmente perigoso. Na dúvida não coma.

PLANTAS VENENOSAS

Page 108: C A P ÍT U L O 1

214 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 215C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

A urtiga é uma planta venenosa que causa forte inrritação na pele quando suas folhas são tocadas inadivertidamente. Seus frutos vivamente coloridos atraem grande variedade de pássaros, mas esta planta deve ser evitada sempre que possível, pois cresce geralmente na borda de trilhas e nas clareiras. A irritação cutânea geralmente é passageira para a maioria das pessoas.

Plantas medicinais como a carqueja (Baccharis triptera) abaixo, são úteis em campo, apenas se você tem como ter certeza de uma indentificação segura. O chá da carqueja é muito utilizado em complicações gástricas.

Page 109: C A P ÍT U L O 1

216 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 217C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Evite o contato com colmeias de melíponas selvagens e outras abelhas com ou sem ferrão sempre que possível, algumas espécies produ-zem mel, mas também armazenam substân-cias nocivas retiradas de carcaças ou de plantas venenosas em auveólos adjacentes ao mel.

A coleta de cogumelos para alimentação é práti-ca comum e usual em países do Hemisfério Norte onde guerras e privações históricas forçaram a população a recorrer ao aprendizado no uso cor-reto deste tipo de alimento. No Brasil, certamen-te muitos cogumelos são comestíveis, mas ao contrário dos países citados anteriormente, nos falta o conhecimento básico para discernir uma espécie comestível de outra venenosa. Portanto, simplesmente desconsidere o consumo e a coleta de cogumelos, ou procure ajuda de especialistas em universidades e centros de pesquisa.

Page 110: C A P ÍT U L O 1

218 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 219C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

As diversas variedades de bambus e taquaras fornecem material para a construção de abrigos, reci-pientes para água, material de construção para jangadas e bivaques. Sua utilização como alimento fica restrita ao consumo dos brotos que podem ser consumidos cozidos ou crus. Certas espécies armaze-nam água no interior dos colmos.

Os colmos do bambu podem ser usados para construção de telhados provisórios.

As fotos acima ilustram o corte nocivo da coleta irresponsável do bambu. Sempre que precisar usar taquaras e bambus em acampamentos de emergência, use uma serra de poda cortando pouco acima do nó (linha vermelha) e o mais rente possível ao solo. Assim a planta rapidamente retoma seu crescimento por brotamento e não morre como aconteceu na foto à direita.

Page 111: C A P ÍT U L O 1

220 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 221C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Caçar animais para a carne é desaconselhável em uma situação de sobrevivência. A caça é difícil e você vai gastar muita energia para obter seu alimento. Em vez de considerar a caça com armadilhas, é melhor gastar tempo à procura de outras fontes de alimento. A coleta de ovos de aves selvagens e a caça de animais selva-gens não são permitidos na maioria dos países e caçar com laços e outras armadilhas deve ser considerado apenas em uma situação de sobrevivência na selva, como um último recurso.

Page 112: C A P ÍT U L O 1

222 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 223C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

INSETOS COMESTÍVEIS As mais vitais necessidades nutricionais em uma situação de sobrevivência são proteína e gordura. A maioria dos insetos são ricos em ambos. Insetos comestíveis como gafanhotos e larvas xilófagas de madeira são bons alimentos para a sobrevivência. Ninhos de formigas e cupinzeiros fornecem larvas, pupas e ovos. Caso decida comer insetos, é bom lembrar que quanto mais colorido, tanto mais peri-goso será capturar e ingerir o mesmo.

Isoptera, cupins

Coleoptera, besouros

Mantodea, louva-a-deus

É possível queimar a parte interna de um cupin-zeiro para produzir fumaça e assim repelir inse-tos num acampamento.

Page 113: C A P ÍT U L O 1

224 C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA 225C APÍTULO 2 - V IAGENS E TÉCNIC A S PAR A EMERGÊNCIA

Ambientes costeiros, manguezais e mesmo nas ilhas oceânicas, oferecem grande variedade de frutos do mar como crustáceos, moluscos, peixes e outros, tanto na linha de maré como na vegetação mais afastada adjascente. O uso destes frutos do mar só deve ser cogitado em situações de emergência, já que muitas espécies são protegidas por lei e jamais devem ser exploradas desnecessariamente.

Page 114: C A P ÍT U L O 1

226 227

PARA SABER MAIS BIBLIOGRAFIA

Grylls, Bear 2009, Living Wild: The Ultimate Guide to Scouting and Fieldcraft 2009.

Lorenzi, H. 1992, Arvores Brasileiras Vol. I, Ed. Plantarum, Nova Odessa, SP. 352pp.

Lorenzi, H. 1996, Palmeiras no Brasil, Nativas e Exóticas, Ed. Plantarum, Nova Odessa, SP. 302pp.

Lorenzi, H. 1998, Arvores Brasileiras Vol. II, Ed. Plantarum, Nova Odessa, SP. 352pp.

Mears,R. 2006 Bushcraft Survival Raymond Mears Paperback, 256 Pages, Published 2006 by Hodder Paperbacks.

Mears,R.2003 Essential Bushcraft Paperback, 240 Pages, Published 2003 by Hodder & Stoughton Ltd.

Mears,R.2001 Outdoor Survival Handbook, A Guide To The Resources And Materials Available In The

Wild And How To Use Them For Food, Shelter,Warmth And Navigation by Ray Mears, Paperback, 240

Pages, Published 2001 by Ebury Press.

Peres, M.K. 2012, Frutos e sementes do Cerrado: Atrativos para Fauna. Editora Rede de sementes do

Cerrado, Brasília DF.

Piazza, L. 1989. Manual Prático de Fotografia - LELLO PIAZZA – Dinalivro.

Sigrist, T. 2014. Guia de campo Avis Brasilis: Avifauna Brasileira – Vinhedo, São Paulo: Ed. Avis Brasilis.

Sigrist, T. 2006. Aves do Brasil: Uma Visão Artística. Vinhedo, São Paulo: Ed. Avis Brasilis.

Sigrist, T. 2010. Iconografia das Aves do Brasil - Bioma Cerrado, 1ª edição, São Paulo: Editora Avis Brasilis, 2010.

Sigrist, T. de A. 1996. Desenho científico de aves. Pp. 171-175. In: Anais V Congr. Brasil. Ornitol.,

Campinas, UNICAMP.

Sigrist, T. de A. 2000. O pintor de Aves. Atualidades Ornitol. (94): 8-9.

Sigrist, T. de 2012. Mamíferos do Brasil: Uma Visão Artística – 1 º Edição. Vinhedo, São Paulo: Ed. Avis Brasilis.

Towell, C. 2009,The Survival HandBook: Essential Skills for Outdoor Adventure, Dk Pub.

http://www.avisbrasilis.com.br

http://www.thebushcraftstore.co.uk

http://www.gamefayre.co.uk

http://www.deerhunterclothing.co.uk

http://www.ridgeline.co.nz

http://www.knife-depot.com

http://www.cutelariafiveladeouro.com.br

http://facasgauchas.com

http://www.frosts.se

http://www.tramontina.com.br/produtos/categoria/1285-facoes

http://www.condortk.com

http://www.lojamilitar.com.br

http://www.raymears.com

http://www.bhphotovideo.com

http://www.opticsplanet.com

http://www.vortexoptics.com

http://www.meoptasportsoptics.com

http://en.leica-camera.com/home

http://www.leica-store.com.br

http://www.sennheiserusa.com

http://www.wikiaves.com.br

http://www.xeno-canto.org

http://www.ao.com.br

http://www.ceo.org.br

http:// www.ibama.gov.br

http://projetocactinga.blogspot.com.br/p/cactos.html

http://www.wilderness-survival-skills.com

http://www.trilhaserumos.com.br

http://www.butantan.gov.br/home/acidente_com_animais_peconhentos.php

Page 115: C A P ÍT U L O 1

AGRADECIMENTOS

Aos amigos Gerard Baudet, Robson Silva e Silva, Geiser Trivelato, Alexandre Grose, David Villas Boas, Wesley R.

Silva, Luís Octávio M. Machado, Edwin O. Willis, Yoshica Oniki, Jacques Vielliard, Maria Luíza da Silva, Richard Prum,

Karl Schuchmann, Mauro Galleti, Miguel Nema, Alexandre Aleixo, Luís Fabio Silveira, Fábio Schuncke, Edna e Paul

Thomsen, Paulo Branco, Marta e Luis Katsumi Yabase, Patrícia e Marco Newman, Yunus, Like Wijaya, Iwein Mauro

pelo acompanhamento e constante apoio e incentivo nos trabalhos de campo. A todos aqueles que direta ou indi-

retamente participaram de nossas expedições, o nosso reconhecimento pelos ensinamentos em grande parte aqui

reproduzidos pelo bem comum...

Tomas Sigrist e Avisbrasilis Editora

Abril de 2014

NUVEM DE “TAGS” PARA PESQUISA NA INTERNET (GOOGLE, YOUTUBE E OUTROS)

Bushcraft, Tarp raft, Tarp Shelter, Condor Knife, Mora Knife, Bahco Laplander, Birdwathing, Survival Handbook,

Avisbrasilis, Ray Mears, Bear Grylls, Collin Towell, The bushcraft store, goretex, how to use a compass, survival gear,

survival books, survival trapps, survival fishing, navigation without compass, jungle bivouak, wilderness travel, vortex

optics, leica-camera, Meopta, ridgeline clothing, Knife-Depot, how to make bannock, how to make jerked beef,

coppicing, primeiros socorros, raft sea rescue, how to use a gps, como evitar picadas de cobras, Harri Lorenzi, How

to use a machete, carving a wood spoon, woodsman craft, Knots, wikiaves, museu de zoologia - MZUSP, bamboo

rice, wild cooking, optics planet, http://www.optyczne.pl, bhphotovideo, battoning.

Sigrist, Tomas

Prática e técnicas de observação da natureza / 1ª edição / Tomas Sigrist, ilustrado por Tomas Sigrist. - Vinhedo: Avis Brasilis, 2014. Formato eBook.

228 p.

ISBN 978-85-60120-24-6

1. Aves - Brasil. 2. Natureza, observação. I. Título. II. Bushcraft. III. Sigrist, Tomas, ilustr.

w w w . a v i s b r a s i l i s . c o m . b rTodos os direitos reservados.

Copyright 2014. All rights reserved.

Proibida a impressão