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37
I UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULADADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica CAROLINE DUARTE GALVÃO "BUSINESS DEVELOPMENT" NO SEGMENTO COSMÉTICO: OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO NO MERCADO DE PRODUTOS COSMÉTICOS EM MEIO À CRISE SÃO PAULO 2017

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I

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULADADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

CAROLINE DUARTE GALVÃO

"BUSINESS DEVELOPMENT" NO SEGMENTO COSMÉTICO:

OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO NO MERCADO DE

PRODUTOS COSMÉTICOS EM MEIO À CRISE

SÃO PAULO

2017

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II

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULADADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

"BUSINESS DEVELOPMENT" NO SEGMENTO COSMÉTICO:

OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO NO MERCADO DE

PRODUTOS COSMÉTICOS EM MEIO À CRISE

Caroline Duarte Galvão

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Faculdade de Ciências Farmacêuticas da

Universidade de São Paulo como requisito

para obtenção da Graduação em Farmácia-

Bioquímica.

Orientador: Prof. Dr. André Rolim Baby

SÃO PAULO

2017

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III

DEDICATÓRIA

Dedico aos meus familiares, que

contribuíram para minha formação

acadêmica e pessoal.

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IV

AGRADECIMENTO

Primeiramente, agradeço a Deus por sempre ter guiado e

conduzido cada um dos meus passos.

Agradeço aos meus pais, Alexandre e Kátya Galvão, pelo

esforço e sacrifício em me conceder uma educação de

excelência.

À minha irmã, Gabrielle Galvão, pelo apoio e encorajamento.

Ao Prof. André Rolim Baby pela sua orientação, dedicação e

conhecimentos transmitidos.

Aos professores tanto da Faculdade de Ciências Farmacêuticas,

quanto do Colégio Visconde de Porto Seguro pelo conhecimento

transmitido.

Ao programa Ciências sem Fronteiras pela oportunidade de

aprendizado em outro país.

Aos amigos pelos momentos de amizade e companheirismo.

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V

Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas

a coisas. (..) Todas as coisas foram feitas por

intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se

fez.

Rm 11: 36; Jo 1:3

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VI

SUMÁRIO

Lista de ilustrações ................................................................................................ VII

Lista de gráficos .................................................................................................... VIII

Lista de tabelas ........................................................................................................ IX

Lista de abreviatura .................................................................................................. X

RESUMO ................................................................................................................... XI

ABSTRACT ............................................................................................................... XI

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2. OBJETIVO ............................................................................................................ 13 3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 13 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 14 4.1. Overview Brasil ................................................................................................. 14

4.1.1 Crise no Mercado Brasileiro. ........................................................................... 14 4.1.2. Alteração de Hábitos ....................................................................................... 15 4.1.3. Dengue, Chikungunya e Zika .......................................................................... 16

4.2. Mercado Cosmético .......................................................................................... 18 4.2.1. Situação Atual ................................................................................................. 18 4.2.2. Dados de Consumo ........................................................................................ 20 4.2.3. Tendências ..................................................................................................... 21 4.2.4. Forecast .......................................................................................................... 23 4.2.5. Mercado de Repelentes .................................................................................. 24 4.2.5.1. Concorrentes ................................................................................................ 24 4.2.5.2. Vendas e Crescimento .................................................................................. 25 4.2.5.2.1. Mercado total ............................................................................................ 25 4.2.5.2.2. Mercado por Concorrentes ....................................................................... 27 4.2.5.2.3. Mercado por apresentação de produto .................................................... 28 4.2.5.2.4. Forecast .................................................................................................... 29 4.3. Parcerias para Mitigação de Riscos ................................................................ 30 4.4. Recomendação de Desenvolvimento de Negócio .......................................... 31 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 33 6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 34

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VII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Tabela do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde com o

número de casos e incidência de Dengue por 100 mil habitantes até a

semana epidemiológica 52 de 2016

FIGURA 2 – Mapa do Brasil do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde com

as incidências de caso de febre Zika e Chikungunya, respectivamente, por

100 mil habitantes até a semana epidemiológica 52 de 2016

FIGURA 3 – Relatório acumulativo por Grupos, extraído do Anuário da ABIHPEC

2016

FIGURA 4 – Índice Ultravioleta durante o verão no Brasil

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VIII

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Vendas anuais de PIR em Mio de BRL

GRÁFICO 2 – Vendas anuais de PIR em Mio de unidades

GRÁFICO 3 – Market share (%) por concorrente durante as altas temporadas de

2014/2015 e 2015/2016

GRÁFICO 4 – Preço médio por unidade em BRL

GRÁFICO 5 – Market share por tipo de apresentação

GRÁFICO 6 – Forcast de vendas em milhões de BRL por princípio ativo até 2022

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IX

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Indicadores Macroeconômicos Brasil , onde f=forecast

TABELA 2 – Alteração nos hábitos de consumo por categoria, onde Saldo =

Aumentou (-)Diminuiu (-)Deixou de consumir

TABELA 3 – Taxa de variação anual média da inflação

TABELA 4 – Consumo por categoria nas diferentes classes socioeconômicas

TABELA 5 – Evolução do mercado de produtos HPPC de 2015 até 2020

TABELA 6 – Mercado de cosméticos em milhão de Dólares (U$ MIO) por país

TABELA 7 – Comparativo de concorrentes do mercado de repelente

TABELA 8 – Crescimento de volume e preço ao ano de 2017 até 2022 por princípio

ativo

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X

LISTA DE ABREVIATURAS

HPPC Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

PIB Produto Interno Bruto

ABIHPEC Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e

Cosméticos

CAGR Taxa composta anual de crescimento

SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia

BRL Reais

MIO Milhão

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

FGV Fundação Getúlio Vargas

IUV Índice Ultravioleta

PIR Repelente de insetos para uso pessoal (Personal Insect Repellent)

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XI

RESUMO

GALVÃO, D.C. "Business Development" no Segmento Cosmético: Oportunidade de Crescimento no Mercado de Produtos Cosméticos em meio à Crise. 2017. 37pg. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

Palavras-chaves: Mercado, cosmético, repelente, saúde pública, Business development, Protetor solar.

A expressiva situação financeira e política do país atrelada à crise de saúde pública gerada pelos surtos de dengue, zika e chikungunya, fazem necessária análise da indústria e mercado de produtos de Higiene Pessoal, Perfumes e Cosméticos, a fim de minimizar riscos de um novo investimento e, também, atuar em áreas de importância na saúde pública. Por meio de uma análise de dados mercadológicos da categoria de cosméticos obtidos de auditorias de mercado (IMS, Cesta Nielsen, Panorama de Mercado da ABIHPEC e Euromonitor) e, também, por consulta a artigos científicos, livros acadêmicos e estudos diversos sobre Cosmetologia e o comportamento do consumidor deste segmento de mercado foi possível analisar o mercado de produtos cosméticos, especificamente o de repelentes, para assegurar investimento sólido e rentável em um novo produto, bem como avaliar possíveis parcerias para minimizar os riscos de um investimento, superando a crise e atendendo as necessidades da saúde pública. Como resultado, obteve-se que o mercado de repelentes é crescente e significante tanto financeiramente quanto na saúde pública, tornando-se, assim, atrativo para investimentos. Todavia, o mercado necessita de produtos inovadores e que se destaquem dos repelentes já existentes. Associado à isto, há a tendência do mercado de produtos multifuncionais, tornando um repelente multifuncional um grande atrativo.

ABSTRACT

The significant financial and political situation of Brazil, tied to its public health crises involving dengue, Zika and Chikungunya makes an industry and market analysis necessary of the Cosmetic sector in order to minimize risks related to develop a new product and also act in important public health areas. Through cosmetic market audit’s data (IMS, Cesta Nielsen, ABIHPEC Market Overview and Euromonitor), through its analysis, and also through scientific publications, academic books, research and consumer behavior was possible to analyze this market, specially insect repellent Market, to ensure a safe, solid and profitable investment, besides evaluating possible partnerships, overcoming the financial crises and meeting the public health unmet needs. As result from this analysis, was obtained that the personal insect repellent (PIR) market is growing and becoming even more significant financially and for public health, making it attractive for investments. However the market demands innovative PIRs, which needs to stand out from the former competitors. Related to that, there are multifunctional products, one of the cosmetic market trends, making a multifunctional PIR a great opportunity.

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1. INTRODUÇÃO

Os Produtos de Higiene Pessoal, Perfumes e Cosméticos (HPPC) são definidos

pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 07, de 10 de fevereiro de 2015,

como “preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso

externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios,

órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o

objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou

corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado”.

O uso dos referidos produtos tem se intensificado nos últimos 20 anos com taxa

de crescimento média de 11,4% ao ano2,3. Tal crescimento é resultante da maior

participação da mulher brasileira no mercado de trabalho; utilização de tecnologia de

ponta agregada ao aumento da produtividade e diminuição de custos/preço

praticado; constante lançamento de produtos; aumento da expectativa de vida da

população e ao aumento do consumo de cosméticos pelo o público masculino2,3.

Ademais, o aumento da renda brasileira durante os anos de 2004 a 2014, atingindo

crescimento de 11,7% em 2006, favoreceu o consumo de cosméticos pelas classes

D e E, e o consumo de produtos premiums pela classe C2,3,4.

Atualmente, o Brasil é um dos maiores mercados consumidores de HPPC,

representando 7,1% do mercado mundial, o segundo maior em produtos

depilatórios, desodorantes, perfumes, masculinos e de proteção solar2,3. Todavia,

mesmo com tais cenários favoráveis à expansão do mercado, o mesmo retraiu 9%

em 2015, devido à alta de impostos no período com o aumento do ICMS incidente

sobre cosméticos e a alta instabilidade política e econômica do país2,3.

O Mercado brasileiro esteve em regressão, com queda no PIB de 3,8% e taxa de

desemprego de 11,5% em 20165,6,7,8. Devido à este cenário, o setor industrial foi

amplamente atingido, tendo queda de 11,7% em sua produção e redução de

investimento de mais de 14% em 2015, sendo que a previsão para 2016 foi a de

superar estes valores5,6,7. Vale ressaltar que nas agências Fitch, Moody's e Standard

and Poor's, a nota do Brasil está dois degraus abaixo do grau de investimento. Já

em 2017, a previsão é de crescimento acima de 0,5% no PIB e taxa de inflação

superior a 4,5%8,9.

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Paralelamente a este contexto de mercado, a saúde pública do país encontra-se

em cenário crítico devido à crise de dengue, chikungunya e zika. Na última década,

a área de transmissão da dengue no Brasil quase quintuplicou, saltando de 1,5

milhões de km2 para 6,9 milhões de km2, representando, assim, 81% do território

nacional10,11. Dados do Ministério da Saúde evidenciam o avanço da dengue no

país, que retornou a infestar centros urbanos no Brasil, mesmo depois de duas

vezes erradicado nas últimas décadas. Foram 40 mil casos registrados em 1990,

aproximadamente 135 mil casos no ano 2000 e superou 1 milhão em 201010. Já, em

2016, foram mais de 1,5 milhões de casos, sendo que, atualmente, o mosquito

Aedes aegypti pode transmitir outras duas doenças, a febre chikungunya e o zika

vírus, o qual está sendo associado a um aumento expressivo dos casos de

microcefalia em recém nascidos, totalizando assim mais de 1,9 milhões de casos de

dengue, Zika e chikungunya.10,12

Com o lento retorno da economia, espera-se, de acordo com a Euromonitor, um

crescimento anual do mercado de cosméticos de 2,7% até 2020, R$ 115,095 bilhões

versus R$100,6 bilhões em 2015.3,4,5,6,7

Pelo exposto, observa-se que, apesar da crise financeira no país, o mesmo tem

necessidade de investimentos para suprir a demanda e a inovação necessária na

área de cosméticos e em áreas de importância na saúde pública, como a categoria

de repelentes, sendo atrativo para investimentos.

2. OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo analisar o mercado de produtos

cosméticos, especificamente o de repelentes, para assegurar investimento sólido e

rentável em um novo produto, bem como avaliar possíveis parcerias para minimizar

os riscos de um investimento, superando a crise e atendendo às necessidades de

saúde pública.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Os dados presentes neste trabalho para a análise de dados mercadológicos da

categoria de cosméticos foram obtidos de auditorias de mercado como: IMS, Cesta

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Nielsen, Panorama de Mercado da ABIHPEC e Euromonitor. Ademais, foram

consultados artigos científicos, livros acadêmicos e estudos diversos sobre

Cosmetologia e o comportamento do consumidor deste segmento de mercado.

Dentre as análises realizadas, foram calculados o crescimento/evolução do

mercado ou Growth (anual, trimestral e mensal), CAGR (Taxa composta anual de

crescimento), cujas fórmulas são (Equações 1 e 2):

(1) Evol. = [Xn / X(n-1)-1] / 100 %, onde n pode ser: Ano, mês ou trimestre(t) e X o

valor em questão referente a este período.

(2) CAGR = (Xn / X(n-1))(1/n-(n-1)-1] / 100 %, onde X é o valor referente a um ano n.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Overview Brasil

4.1.1. Crise no Mercado Brasileiro

O mercado brasileiro, como um todo, vem enfrentando crise devido às grandes

alterações e instabilidade no âmbito político, como impeachment e escândalos da

Lava-jato, entres outros. De acordo com o Latin Focus Consensus, a crise de

desemprego no Brasil tende a se ampliar em 2017, mas melhorar gradativamente

após 2018, como descreve a Tabela 1, com os indicadores macroeconômicos. Já o

PIB, a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) e o balanço

fiscal tendem a melhorar a partir de 2017. O mesmo deverá ocorrer com a inflação,

que fechou 2016 em alta de 6,3%.

Tabela 1: Indicadores Macroeconômicos Brasil , onde f=forecast.

Fonte: adaptado do Latin Focus Consensus.

Associado ao exposto, a taxa de produção industrial em comparação com os

últimos 12 meses teve retração de -5.4%, de acordo com o IBGE, fato este que

reforça a retração da economia e os impactos da mesma em diversos setores. Na

Indicadores Macroeconômicos 2014 2015 2016 2017 f 2018 f 2019 f 2020 f 2021 f

PIB (Bio BRL) 1.672 1.736 6314.6 6712.0 7168.3 7662.5 8198.3 8778.9

Evolução PIB Real 0,50% -3,80% -3.50% 0.60% 2.20% 2.40% 2.60% 2.70%

Inflação % 6,40% 10,70% 6.30% 4.70% 4.60% 4.40% 4.40% 4.30%

Balanço Fiscal (% do PIB) -6,00% -10,20% -8.90% -8.70% -7.60% -6.50% -5.70% -4.80%

Dívida Púlblica Bruta (% de PIB) 56,30% 65,50% 69.50% 77.40% 80.30% 82.40% 84.00% 85.60%

Taxa de câmbio (BRL/US$) 2,66 3,96 3.25 3.4 3.5 3.6 3.69 3.78

Taxa de interesse SELIC % 11,80% 14,30% 13.80% 9.80% 9.10% 8.90% 8.70% 8.50%

Taxa de desemprego 6,80% 8,50% 11.50% 12.40% 11.40% 10.60% 10.00% 9.30%

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exportação e importação, em 2015, a Balança Comercial Brasileira sofreu uma

redução de 15,1 e 252,%, respectivamente, em comparação ao ano anterior13.

Com a economia em retenção e a alta taxa de desemprego, que deve chegar aos

12,4% em 2017, a população tem revisto seus hábitos de consumo. (Fonte

LatinFocus consensus)

4.1.2. Alteração de hábitos

Desde 2015, os brasileiros tem mudado seu consumo, atingindo percentual de

alteração de consumo em 57%14. Dentre as principais alterações adotadas pela

população, constam: fazer mais pesquisa de preço antes das compras; mudar o

local de consumo; reduzir despesas da casa; adiar compra de produtos de maior

valor; mudar de casa e escola dos filhos para redução de custos. Aproximadamente,

74% dos brasileiros que alteraram seu perfil de consumo, trocaram produtos por

similares mais baratos14.

Na Tabela 2 é possível identificar que 32% das pessoas diminuíram seu

consumo de produtos cosméticos (produtos de beleza e higiene pessoal)15, todavia

a maioria aumentou ou manteve seu consumo destes produtos, o que torna este

mercado atrativo para estudo e investimentos.

Tabela 2: Alteração nos hábitos de consumo por categoria, onde Saldo = Aumentou (-)Diminuiu (-)Deixou de

consumir.

Fonte: IBOPE e CNI

Atividades de lazer 12 38 24 9 17 -35

Restaurantes 15 39 21 10 15 -34

Vestuário 20 40 37 1 1 -21

Carne vermelha 25 42 30 1 1 -18

Produtos de beleza e higiene pessoal 22 32 45 1 1 -11

Água 28 36 33 0 2 -8

Conta de telefone fixo ou de celular 26 31 37 2 5 -7

Transporte público 23 25 38 3 11 -5

Produtos de limpeza domésticos 24 29 46 0 1 -5

Frutas e verduras 27 31 40 0 1 -4

Energia elétrica 38 41 20 0 1 -3

Grãos 26 20 54 0 0 6

Medicamentos 32 22 42 1 3 9

SaldoAumentou Diminuiu ManteveDeixou de

consumir

Nao

sabe

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16

4.1.3. Dengue, Chikungunya e Zika

Em paralelo à essas mudanças no cenário sócio-econômico do país, cumpre

reforçar a crise de saúde pública que o mesmo enfrenta. Dados do Ministério da

Saúde evidenciam o avanço de dengue no país, que retornou a infestar centros

urbanos no Brasil mesmo depois de duas vezes erradicado nas últimas décadas

(Figura 1). Foram 40 mil casos registrados em 1990, aproximadamente 135 mil

casos no ano 2000 e superou 1 milhão em 201010. Já, em 2016, foram mais de

1,5 milhões de casos (Figura 2), sendo que, neste momento, o mosquito Aedes

aegypti pode transmitir outras duas novas doenças, a febre chikungunya e o zika

vírus, o qual está associado a um aumento expressivo dos casos de microcefalia

em recém nascidos, totalizando mais de 1,9 milhões de casos de dengue, zika e

chikungunya10,12. Segundo especialistas, a crise de surto da

dengue/Chikungunya e zika deve perdurar ainda de quatro a cinco anos e que a

proliferação de mosquitos agora aliada à cocirculação dos quatro sorotipos

permitiu que a dengue, inicialmente restrita a grandes centros urbanos, passe a

ocorrer em municípios de todos os portes populacionais, tornando-a, assim, um

mérito de saúde pública.

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17

Figura 1: Tabela do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde com o número de casos e incidência de

Dengue por 100 mil habitantes até a semana epidemiológica 52 de 2016.

Figura 2: Mapa do Brasil do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde com as incidências de caso de

febre Zika e Chikungunya, respectivamente, por 100 mil habitantes até a semana epidemiológica 52 de 2016

Ademais, a atual vacina cujo preço foi aprovado em Julho de 2016, protege

apenas contra a dengue, deixando a população exposta ao zika e à Chigungunya.

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Devido ao alto custo da vacina de, aproximadamente R$135,00, dependendo da

zona de ICMS, o Governo prevê imunização em larga escala apenas em 2019,

deixando a população exposta por mais 2 anos ainda16,17.

4.2. Mercado Cosmético

4.2.1. Situação atual

Atualmente, existem mais de 2600 empresas de Higiene Pessoal, Perfumaria

e Cosméticos no Brasil, sendo que 20 delas representam 73% do faturamento

total do setor, e 63% está localizada na região sudeste do país3. Tal segmento é

responsável por gerar mais de 5,7 milhões de empregos, crescendo a uma taxa

média de 8,1% em comparação a 0,3% da indústria como um todo3,19. Ademais,

representa 11% do consumo do mercado mundial, com apenas 3% da

população20.

Como esperado, ao longo dos últimos 20 anos, o mercado de cosméticos vem

crescendo com taxa média de 11,4% aa chegando a um faturamento de R$ 42,6

bilhões em 20153,13. Isso de deve ao acesso das classes D e E aos produtos do

setor, devido ao aumento de renda, novos integrantes da classe C passaram a

consumir produtos com maior valor agregado, à uma participação crescente da

mulher brasileira no mercado de trabalho, à utilização de tecnologia de ponta e

ao consequente aumento da produtividade, favorecendo os preços praticados

pelo setor, que tem aumentos menores do que os índices de preços da economia

em geral, aos lançamentos constantes de produtos, atendendo cada vez mais às

necessidades do mercado, ao aumento da expectativa de vida, o que traz a

necessidade de conservar uma impressão de juventude3,13.

Entretanto, em 2015, com o aumento do IPI e do ICMS em 18 estados mais a

recessão econômica, que ampliou o desemprego, provocando insegurança por

parte do consumidor, o setor retraiu quase 9%, pela primeira vez nos últimos 20

anos3,13. Neste mesmo período, também ocorreram reduções na balança

comercial, a qual sofreu diminuição de 14,5 e 10,3% na importação e na

exportação, respectivamente3,13. Já, em 2016, o mercado apresentou índice 3%

maior em relação ao mesmo período do ano de 2015, totalizando R$ 21 bilhões

de valor acumulado, conforme Figura 3 3,13.

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Figura 3: Relatório acumulativo por Grupos, extraído do Anuário da ABIHPEC 2016.

Ademais, o mercado não acompanhou a inflação dos últimos 5 anos,

apresentando aumento de preços inferior do que a taxa de inflação e do que o

índice de preços ao consumidor, como descreve a Tabela 3.

Tabela 3: Taxa de variação anual média da inflação.

Variação Anual média (%)

Ano Desvalorização cambial média

FGV IPCA

Índice Geral de preços

Índice Geral

Saúde e Cuidados Pessoais

Higiene Pessoal

2006 10,5 3,8 3,1 6 0,6

2007 12,2 7,7 4,5 4,5 2,3

2008 6,4 9,8 5,9 5,7 7,3

2009 -5,8 -1,7 4,3 5,4 2,5

2010 10,3 11,3 5,9 5,1 2,3

2011 5 5,1 6,5 6,3 4,6

2012 -14,7 7,8 5,8 6 4,7

2013 -9,7 5,5 5,9 7 6,6

2014 -7,7 3,7 6,4 7 6,3

2015 -28,2 10,5 10,7 9,2 9,1

Acumulado últimos 10 anos

-26,5 84,2 77,2 82,4 56,9

Médio Composto últimos 10 anos

-3 6,3 5,9 6,2 4,6

Fonte: Panorama de Mercado ABIHPEC 2016.

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20

Com o retorno do aquecimento do mercado, o mesmo se tornou atrativo para

novos players multinacionais, aumentando a concorrência e obrigando as

empresas brasileiras investirem na inovação e em ingredientes sofisticados,

como um diferencial3. Com a necessidade de se reinventar para se manter

competitivo no mercado de cosméticos, as empresas de HPPC são

extremamente inovadoras e estão em constante lançamento de novos produtos,

o que pode ser visto como um desafio para se adentrar neste mercado e se faz

necessário ficar atento nas tendências e inovações deste setor3.

4.2.2. Dados de Consumo

Estima-se que o brasileiro reserve 1,5% do seu orçamento para gastos com

HPPC, com média de U$ 145,5 gastos per capta com estes produtos, evidenciando

que, mesmo em crise, o brasileiro tende a reservar uma quantia considerável do seu

orçamento para gastar consigo em produtos de higiene, perfumaria e cosméticos3.

Tal reserva no orçamento gerou em 2016 um potencial de consumo de

aproximadamente R$ 80 milhões, sendo que 75% (aprox.. R$ 60 milhões) deste

potencial está dividido entre as classe B e C (Fonte: IPC Maps 2016).

Dentro destas classes, dos produtos mais consumidos por no mínimo uma vez

por semana estão artefatos do dia-a-dia, como creme dental, sabonete e

desodorantes. Segundo as pesquisas/auditorias de mercado IPSOS e Tom Micro,

dentre os produtos consumidos não tão frequentemente se encontram protetores

solares e cremes antirrugas, ocupando a 14º e 22º posição, respectivamente (vide

Tabela). Isto mostra que estas classes gastam mais com os produtos de

necessidade básica que em produtos dispensáveis no dia a dia.

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21

Tabela 4: Consumo por categoria nas diferentes classes socioeconômicas.

Categoria Classe B Classe C

Creme dental 10,59% 10,85%

Sabonete 10,55% 10,78%

Desodorante para axilas 9,59% 9,67%

Shampoo comum 8,74% 8,75%

Perfume/ colônia nacional 6,80% 7,09%

Aparelho descartável de barbear/depilar 6,49% 6,99%

Fio/fita dental 5,89% 5,46%

Creme hidratante 5,43% 5,82%

Líquido para higiene bucal 5,06% 4,69%

Creme rinse / condicionador 4,32% 4,48%

Sabonete líquido 3,23% 2,85%

Creme para as mãos 3,12% 2,99%

Creme para o rosto 2,89% 2,80%

Protetor solar 2,45% 2,20%

Perfume/ colônia internancional 2,15% 1,61%

Shampoo com condicionador (2 em 1) 2,06% 2,31%

Creme para os pés 1,73% 1,77%

Lenço de papel 1,59% 1,45%

Shampoo anti-caspa 1,52% 1,58%

Creme/loção de limpeza 1,31% 1,22%

Gel / fixador para cabelo 1,02% 1,14%

Creme anti- rugas 0,91% 0,79%

Desodorante para os pés 0,88% 0,86%

Shampoo colorante / rinsagens / henna / tintura 0,50% 0,54%

Creme contra acne 0,45% 0,50%

Creme/gel hidratante pós sol 0,41% 0,46%

Bronzeador 0,34% 0,34%

Grand total 100,00% 100,00%

Fonte: adaptado de Ipsos e Tom Micro

4.2.3. Tendências

Atendendo à tendência mundial do individualismo, na qual cada pessoa deve

valorizar em si o que a torna diferente, aquilo que demonstre sua identidade, o

mercado de cosméticos tem investido em uma pluralidade de produtos que

permitam tal individualização.

Para disponibilizar estes produtos à crescente classe C, marcas têm investido

na abertura de lojas conceitos e lojas físicas ao invés de revistas de revenda e

venda em pontos específicos, como supermercados e lojas de cosméticos em

geral, como por Natura que, em 2012, abriu sua primeira loja “Pop Up” na rua

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22

Oscar Freire, São Paulo, SP, e desde de então vem abrindo diversas lojas em

shopping centers20. Ou por exemplo a Phebo, que antes era vendida em

drogarias e supermercados e que inaugurou em 2012, também, sua primeira loja

conceito20. Outro meio de venda que tem crescido é a venda online20.

Outra tendência de mercado são os produtos premiums ou de luxo24. De 2009

a 2012, este mercado cresceu 2 dígitos mundialmente, alcançando faturamento

de U$1,4 bilhão em 2015, uma alta expressiva de 6%24. Todavia, os

consumidores deste mercado não estão em busca de um produto, mas sim de

experiências memoráveis20. Eles não querem esbanjar o produto, mas sentir as

lembranças, as experiências e os valores que um produto premium agrega em

sua essência, que está associada à marca, à sustentabilidade relacionada ao

produto20.

Os produtos premiums cosméticos são mais acessíveis à população que

outros segmentos do mercado como tecnologia, automóveis, vestuário e

acessórios, o que fortalece ainda mais este mercado e o solidifica como uma

tendência. Devem ser os focos destes produtos as gerações X e Y e também a

terceira idade20,24.

É relevante considerar os produtos multifuncionais. A Resolução da Diretoria

Colegiada - RDC Nº30, de 01 de junho de 2012, define Produtos Multifuncionais

como “qualquer preparação cosmética destinada a entrar em contato com a pele

e lábios, cujo benefício de proteção contra a radiação UV não é a finalidade

principal, mas um benefício adicional do produto”, sendo exemplos: hidratantes

com FPS, bases com FPS, sabonetes líquidos com FPS, anti-aging com

proteção solar entre muitos outros. A rotina diária faz com que o consumidor

prefira produtos multifuncionais que os poupem de utilizar diversos produtos ao

invés de um apenas. Associado ao exposto, há o aumento da conscientização da

população em relação aos cuidados com a pele e com o sol e a migração do

skincare para o suncare. Fato este que também tem se expandido para o

mercado de roupas, as quais passam a ter fator de fotoproteção também20.

Há um movimento relevante em direção aos produtos green também

chamados de produtos naturais e sustentáveis. Esta qualidade está entre os “top

5” fatores decisivos na hora de adquirir um produto, estando na frente inclusive

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23

do nome da marca24,26. Aproximadamente 60% dos consumidores se

demonstram dispostos a pagar um maior preço para obter em seus cosméticos

ingredientes “verdes” e naturais24,26. No Brasil, o fato do produto ser green já

representa 25% na tomada de decisão para compra de HPPCs24,26. O termo

“green” envolve muito mais que apenas produtos naturais e orgânicos, ele

também considera a sustentabilidade da empresa, se o produto é eco-friendly e

se é produzido eticamente correto. Sendo assim, caso um produto deseje possuir

esta característica, deve levar em conta toda sua cadeia produtiva e não apenas

a composição do produto e da sua embalagem26.

4.2.4. Forecast

Considerando as tendências do mercado e o retorno gradual da economia, o

Euromonitor prevê que até 2020 o Brasil retome a terceira colocação no ranking

mundial de consumo de HPPCs, com crescimento de acumulado de 14,3%3,27. Além

disso, a Tabela 5 permite confirmar a tendência do mercado premium, com

crescimentos superiores que a média do mercado.

Tabela 5: Evolução do mercado de produtos HPPC de 2015 até 2020, onde f=forecast e * Valor total menor que

a soma das categorias individuais, uma vez que há contagem dupla entre as categorias.

Fonte: EUROMONITOR International 2017

2015 2016 2017f 2018f 2019f 2020f 2015/20162015-20

CAGR

2015/20

TOTAL

Baby and Childspecific

Products4.523,40 4.472,80 4.598,60 4.789,40 4.992,10 5.207,40 -1.1 2.9 15.1

Bath and shower 7.738,40 7.667,70 7.771,90 7.907,40 8.080,10 8.282,10 -0.9 1.4 7.0

Colour Cosmetics 8.341,00 8.300,70 8.513,30 8.743,00 9.037,00 9.357,10 -0.5 2.3 12.2

Deodorants 11.457,80 11.801,50 12.282,00 12.932,50 13.377,70 13.848,40 3.0 3.9 20.9

Depilatories 1.037,20 1.106,40 1.170,90 1.235,60 1.300,50 1.369,20 6.7 5.7 32.0

Fragrances 18.859,10 19.148,70 19.666,80 20.279,00 20.958,80 21.704,10 1.5 2.8 15.1

Hair Care 20.227,90 20.200,50 20.883,10 21.700,60 22.611,40 23.585,40 -0.1 3.1 16.6

Men's Grooming 21.615,50 22.608,20 23.632,00 24.718,60 25.912,70 27.191,60 4.6 4.7 25.8

Oral Care 7.735,80 7.720,00 7.921,50 8.182,20 8.512,60 8.887,40 -0.2 2.8 14.9

Oral Care Excl Power

Toothbrushes7.735,80 7.720,00 7.921,50 8.182,20 8.512,60 8.887,40 -0.2 2.8 14.9

Skin Care 10.167,90 9.788,60 9.907,00 10.062,10 10.258,50 10.494,10 -3.7 0.6 3.2

Sun Care 3.505,00 3.505,30 3.606,00 3.723,50 3.847,60 3.984,30 0.0 2.6 13.7

Sets/Kits 1.482,80 1.460,30 1.489,20 1.526,70 1.572,90 1.626,80 -1.5 1.9 9.7

Premium Beauty and

Personal Care4.025,70 4.270,80 4.509,40 4.740,30 4.969,40 5.197,50 6.1 5.2 29.1

Mass Beauty and

Personal Care81.015,70 80.841,10 82.954,10 85.640,40 88.447,00 91.529,20 -0.2 2.5 13.0

Beauty and Personal

Total*100.663,80 100.876,60 103.738,00 107.244,40 110.993,60 115.095,70 0.2 2.7 14.3

Category of Beauty and

Personal Care

BRL Mio Growth (%)

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24

Também quando comprado com o mercado global, observa-se que o Brasil é um

mercado altamente relevante e com crescimento muito superior ao da média global,

demonstrada na Tabela 6, fato que reforça a importância de se estudar este

mercado.

Tabela 6: Mercado de cosméticos em milhão de Dólares (U$ MIO) por país.

Fonte: adaptado do Euromonitor.

4.2.5. Mercado de Repelentes

4.2.5.1. Concorrentes

No mercado de repelentes, por mais que não possua muitos concorrentes, estes

são extremamente fortes, portanto, antes de discutir dados de mercado é necessário

entender os players que atuam nele. Como descrito na Tabela 7, a maiorias das

marcas apresenta uma proposta de valor e pontos fortes e fracos semelhantes

(Repelex, Off, Xô Inseto e Moskitoff etc.), não tendo diferenciação expressiva que

distinga valor agregado à marca, diferentemente da Exposis, Johnson’s baby e

Luvex, que possuem proposta de valor mais clara, com pontos fortes significativos,

diferenciando-se no mercado. Faz-se ressaltar que quanto mais específica a

proposta de valor, maior o risco de “nichar” a marca, como por exemplo, o Luvex que

é de uso profissional e não é comercializado em pontos de venda que a população

tenha acesso. Como Luvex é um outro segmento de mercado, o mesmo não será

considerado nas análises.

País 2015 2016 2017 2018 2019 2020Evol.

15/16

Evol.

16/17

Evol.

17/18

Evol.

18/19

Evol.

19/20

USA 80.041,50 82.153,00 84.300,30 86.193,20 87.807,80 89.201,70 2,60% 2,60% 2,20% 1,90% 1,60%

China 50.683,00 53.963,90 57.609,50 61.470,20 65.556,30 69.889,20 6,50% 6,80% 6,70% 6,60% 6,60%

Brasil 30.248,50 30.312,50 31.172,30 32.225,90 33.352,50 34.585,20 0,20% 2,80% 3,40% 3,50% 3,70%

Japão 32.191,00 32.340,60 32.673,70 32.705,70 32.747,30 32.799,80 0,50% 1,00% 0,10% 0,10% 0,20%

Reino Unido 17.931,50 18.264,20 18.596,60 18.922,70 19.254,10 19.556,90 1,90% 1,80% 1,80% 1,80% 1,60%

Alemanha 16.543,40 16.696,10 16.830,00 16.959,00 17.101,50 17.252,70 0,90% 0,80% 0,80% 0,80% 0,90%

Índia 11.656,00 12.550,00 13.540,30 14.628,10 15.820,70 17.154,60 7,70% 7,90% 8,00% 8,20% 8,40%

França 14.396,30 14.357,10 14.313,10 14.266,70 14.232,60 14.184,00 -0,30% -0,30% -0,30% -0,20% -0,30%

Coreia do Sul 11.637,20 12.031,60 12.340,10 12.610,80 12.853,90 13.069,00 3,40% 2,60% 2,20% 1,90% 1,70%

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25

Tabela 7: Comparativo de concorrentes do mercado de repelente.

Marca Ponto forte ponto fraco proposta de valor

Repelex (RB) Preço Uso restrito em crianças (apenas ≥ 2 anos) Menor tempo de proteção Ativo com um perfil toxicológico mais agressivo (DEET)

Proteção eficaz para toda a família, fácil de aplicar.

Off (SCJ) Preço Uso restrito em crianças (apenas ≥ 2 anos) Menor tempo de proteção Ativo com um perfil toxicológico mais agressivo (DEET)

Proteção diária contra pernilongos e mosquitos para toda a família

Exposis (OSLER)

Ativo com um melhor perfil de segurança, com menor toxicidade (icaridina) Maior tempo de proteção Uso em crianças ≤ 2 anos Proteção multi-insetos

Preço Proteção eficaz multi-inseto, duradoura e segura à sua família.

Moskitoff/Xô inseto (CIMED)

N.A. Uso restrito em crianças (apenas ≥ 2 anos) Menor tempo de proteção Ativo com um perfil toxicológico mais agressivo (DEET)

Proteção eficaz para toda a família, fácil de aplicar.

Loção Antimosquito Johnsosn’s Baby (J&J)

Ativo com um melhor perfil de segurança, com menor toxicidade (IR3535) Uso em crianças ≤ 2 anos Proteção multi-insetos Sem álcool

Menor tempo de proteção

Proteção eficaz e segura para uso diário em bebês, sem agredir sua pele delicada.

Luvex (ITW) Ativo com um melhor perfil de segurança, com menor toxicidade (IR3535) Maior tempo de proteção Uso em crianças ≤ 2 anos Proteção multi-insetos

Fator Solar de Proteção (FPS)

Preço Repelente de insetos para uso profissional com proteção duradoura e multi-inseto.

Fonte: adaptado dos diferentes sites dos produtos28,29,30,31,32,33

.

4.2.5.2. Vendas e crescimento

4.2.5.2.1. Mercado Total

Uma peculiaridade do mercado de repelentes é que ele é sazonal, tendo alta no

verão, ou seja, nas épocas de surto de dengue. Na última temporada (Nov-Mar

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26

2016) houve crescimento significativo do segmento, que triplicou em comparação

com o mesmo período no ano anterior, seja em vendas unitárias ou em reais. O

mesmo tem ocorrido desde 2012, todavia em taxas de crescimento menores. O

boom de 2016 se deve, principalmente, ao surgimento do zika e da Chikungunya

associada à microcefalia, portanto, a tendência do mercado é continuar crescendo

nos próximos anos (Gráficos 1 e 2), uma vez que a erradicação destas doenças e/ou

de sua proliferação não aparenta estar próxima.

Gráfico 1: Vendas anuais de PIR em Mio de BRL.

Fonte: Cesta Nielsen, Retail Index.

Gráfico 2: Vendas anuais de PIR em Mio de unidades.

Fonte: Cesta Nielsen, Retail Index.

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27

4.2.5.2.2. Mercado por concorrentes

Analisando os concorrentes presentes no mercado, constatou-se que de 2015 para

2016 houve inversão não apenas no marketshare, como também no líder do

marcado que passou do Off, em 2015, para o Exposis, em 2016. Tal fato revelou

que as características em consideração na aquisição do repelente são: tempo de

repelência e idade mínima para uso, fato que gerou a inversão do uso dos produtos

como ilustrado no Gráfico 3.

Gráfico 3: Market share (%) por concorrente durante as altas temporadas de 2014/2015 e 2015/2016.

Fonte: Cesta Nielsen, Retail Index

Ademais, o Gráfico 3 permite inferir que devido ao seu agressivo perfil de

toxicidade e segurança, o N,N-dietil-meta-toluamida (DEET) tem perdido mercado

para a icaridina, desde que esta iniciou sua comercialização.

A icaridina é proveniente da pimenta (Capsicum spp) e possui baixa absorção

através pele, garantindo perfil toxicológico inferior35. Ainda, pelo exposto, há o seu

tempo de repelência que varia de 8 a 10 horas. Por estes motivos, este princípio

ativo vem ganhando espaço no mercado e pode adotar preços premium, como

ilustrado no Gráfico 4 , o qual apresenta os preços médios de cada um dos

concorrentes existentes no mercado.

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28

Gráfico 4: Preço médio por unidade em BRL.

Fonte: Cesta Nielsen, Retail Index

O fato do Exposis possuir preço mais elevado que seus concorrentes e, mesmo

assim, continuar conquistando mercado, reforça o potencial da icaridina no

desenvolvimento de um novo produto deste segmento.

4.2.5.2.3. Mercado por apresentação de produto

Quando se estuda um mercado, é de suma importância analisar a apresentação

do produto em questão, uma vez que pode ser um fator determinante na escolha do

produto pelo consumidor. No caso dos repelentes, as apresentações disponíveis

são: spray, loção, kids, aerossol e gel. Em comparação com 2015, no ano de 2016

houve crescimento de mais de 170% da vendas da apresentação gel, mesmo assim,

seu marketshare ainda foi reduzido. Pode-se inferir que, acompanhando as

tendências do mercado, a apresentação que deverá continuar crescendo e se

manter como líder é a spray, devido à sua fácil aplicabilidade e espalhabilidade

favorecida em comparação com a loção.

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29

Gráfico 5: Market share por tipo de apresentação.

Fonte: Cesta Nielsen, Retail Index

4.2.5.2.4. Forecast

O mercado de repelentes apresentou crescimento médio superior à média da

indústria de bens de consumo, mesmo antes dos surtos recentes de zika e dengue.

O crescimento de 2013 sobre o ano anterior foi de 18%, seguido pelo aumento de

dengue nos anos de 2014 e 2015 (crescimentos de 38 e 41%, respectivamente),

além do surto de zika, que favoreceu o ano de 2016 com as vendas

aproximadamente 3x superiores à 201534.

Considerando que o mercado deve manter a taxa de crescimento pré-zika devido

ao aumento do conhecimento e conscientização dos seus benefícios de proteção, as

premissas adotadas para o forecast do mercado nos próximos anos foi aumento de

vendas e de preço, de acordo com o segmento de mercado.

O mercado foi dividido em dois segmentos: repelentes de curta duração (até 2h)

e repelentes de longa duração (até 10h), o qual também pode ser segmentado em

seus principais representantes - DEET e icaridina. No primeiro foi considerado um

aumento de preço seguindo um teto pré-determinado de inflação de 6,5% ao ano, e

um baixo potencial de crescimento, devido às suas propriedades toxicológicas e

tempo de proteção e por já ter sido abundantemente explorado ao longos dos anos

pelos concorrentes.

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30

Já o segmento de icaridina deve ser foco de investimento nos próximos anos

justamente pelas suas propriedades de baixo potencial toxicológico e tempo de

repelência, ideal para uso em centros urbanos, portanto, tanto o crescimento em

volume como em preço deve ser superior ao crescimento do mercado e da inflação,

respectivamente. Assim, a Tabela 8 descreve as taxas de crescimento utilizadas por

período para o cálculo do forecast, representado no Gráfico 6.

Tabela 8: Crescimento de volume e preço ao ano de 2017 até 2022 por princípio ativo.

2017-2018 2019-2020 2021-2022

DEET (2h) Volume: +1,5% Preço: +6,5%

Volume: -0,5% Preço: +6,5%

Volume: -1,5% Preço: +6,5%

Icaridina (10h) Volume: +26% Preço: +10,0%

Volume: +16% Preço: +8,0%

Volume: +11,5% Preço: +6,5%

Gráfico 6: Forcast de vendas em milhões de BRL por princípio ativo até 2022.

Considerando os valores de crescimento e a inflação projetada pelo Boletim

Focus, o mercado de repelentes deverá apresentar crescimento real entre 5 e 7% ao

ano nos próximos quatro anos, tornando, assim, um importante player no mercado

de HPPC, o qual tem um crescimento real projetado entre 2 a 4% ao ano para os

próximos cinco anos de acordo com o Instituto Nielsen e Euromonitor.

4.3. Parcerias para mitigação de riscos

No final de 2016, o Ministério da Saúde abriu um pregão para a compra de

repelentes a serem distribuídos às mais de 480 mil grávidas inscritas no programa

Bolsa Família durante o período endêmico de 2016/201737,38,39. A empresa teria,

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31

após o fechamento do contrato, 15 dias para iniciar a entrega e distribuição dos

produtos, estando assim disponível para as grávidas em janeiro de 201738. Todavia,

devido a atrasos na assinatura do contrato, a entrega só foi iniciada em março de

201739. O governo adquiriu três bilhões de horas38 de repelência, portanto, pode-se

inferir que será necessária uma nova abertura de pregão para a temporada de

dengue de 2017/2018 e provavelmente nos próximos anos.

Esta é uma oportunidade singular de maximizar as vendas e lucro, pois apesar

da necessidade de se diminuir o preço por unidade, uma vez que quem ganha o

pregão é a empresa com o menor preço, aumenta-se em muito as unidades

vendidas ao atingir os consumidores das classes C e D que normalmente não

comprariam repelentes devido ao seu custo mesmo estando em época de surto.

Agregado a este cenário, há o intervalo de 2 anos até que a vacina da dengue, a

qual não imuniza contra zika e Chikungunya, seja disponibilizada em larga escala

para a população, ou seja, mesmo com a tardia chegada da vacina, o mercado

continuaria grande e em crescimento, uma vez que a população permanece

desprotegidas das outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypt.

Outra oportunidade para mitigar os riscos é uma parceria para co-promoção ou

co-desenvolvimento do produto. Parcerias de co-promoção é uma relação ganha-

ganha onde uma parte ganha por aumentar suas vendas, já que a segunda parte

divulga e promove o produto nos pontos de vendas e distribuição e acaba ganhando

um percentual das vendas. Este tipo de parceria deve ser cuidadosamente estudada

e bem definida no contrato, bem como o de co-desenvolvimento que posteriormente

pode evoluir para uma co-promoção ou venda total do produto para uma das partes.

No co-desenvolvimento, as partes partilham os riscos do desenvolvimento caso o

produto não alcance sucesso, seja por motivos de segurança, regulatório, eficácia

etc. Todavia, cumpre mencionar que neste caso, as vendas e lucros do produto

serão partilhados entre as partes de acordo como o definido em contrato.

4.4. Recomendação de desenvolvimento de negócio

Com o cenário atual do País já discutido anteriormente, bem como o surto de

dengue, Chikungunya e zika, faz-se notória a necessidade de investimento em

produtos que possam chegar às massas e prevenir o desenvolvimento destas

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doenças que exacerbam o uso do sistema público de saúde, gerando gastos ao

mesmo. Consideração, também, as tendências do mercado, o crescimento de cada

segmento do mercado atual e forecast e a crescente conscientização da população

com os cuidados da pele, recomenda-se a criação de um repelente com fator FPS.

As áreas endêmicas de dengue, Zika e chikungunya são as mesmas onde o

Índice de Ultravioleta (IUV) é considerado muito alto e extremo durante o verão,

como ilustrado na Figura 4 do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o Centro

de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos.

Figura 4: Índice Ultravioleta durante o verão no Brasil.

Fonte: CPTE

Deste modo, desenvolver um repelente com multifuncionalidade gera um

diferencial do mercado de repelentes de inseto, o qual possui concorrentes muito

fortes, porém com poucas vantagens competitivas entre si. Além disso, consegue-

se, assim, uma expansão do tamanho do mercado uma vez que agora este não se

restringe a apenas uma categoria de cosmético. O produto Luvex, que poderia ser

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um concorrente, não apresenta riscos, pois está “nichado” no mercado profissional e

não é de conhecimento da população.

É importante ressaltar que o repelente deve ser de longa duração e com um

princípio ativo com um bom perfil de segurança, ou seja, a icaridina, a qual também

atende a demanda do mercado de produtos mais naturais, podendo alegar que este

princípio ativo provém da pimenta, dando a alusão de natural e eco-friendly,

característica de difícil atribuição a protetores solares, uma vez que eles devem ser

resistentes à água.

Ainda, um produto multifuncional é passível de atingir novos consumidores em

cidades litorâneas, que normalmente quando vão à praia e ficam desprotegidos

contra as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt, ou acabam tendo que

passar ambos os produtos: repelentes e protetor solar, sendo que, estes produtos

foram formulados e desenvolvidos para serem utilizados separadamente, e não se

pode garantir a mesma eficácia de ambos os produtos quando utilizados em

conjunto.

Entretanto, criar uma formulação que contenha ambos os produtos pode ser um

desafio farmacotécnico para que a textura, espalhabilidade e sensação do mesmo

sejam agradáveis ao consumidor e ao toque.

Outra oportunidade gerada ao se desenvolver o produto em questão é a venda

para o mercado público. Com o diferencial da fotoproteção é possível desenvolver

um estudo farmacoeconômico e demonstrar que utilizando-se a combinação de

protetor solar com repelente, diminui-se não somente os gastos públicos com a

dengue, zika e Chikungunya, mas também os gastos com doenças de pele, como

câncer de pele e queimaduras, entre outras.

5. CONCLUSÕES

Esse trabalho permitiu concluir que o Brasil, mesmo em meio à crise, continua

sendo um bom mercado para os Produtos de Higiene Pessoal, Perfumes e

Cosméticos, com crescimento significativo em diversas categorias nos próximos

anos, especialmente a de repelentes.

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Todavia, com a necessidade de inovação que os produtos de HPPC exigem, é

necessário conhecer o alvo do investimento, alinhando o desenvolvimento inovador

de um novo produto com as tendências do mercado e hábitos de consumo, criando

um produto com um diferencial irrefutável para se obter sucesso e minimizar os

riscos, os quais também podem ser reduzidos se forem possíveis parcerias e

oportunidades de expansão de mercado como, por exemplo, com o Governo e o

mercado público.

Deste modo, o estudo demonstrou que um bom mercado para explorar é o de

repelentes e, associando-os às tendências do mercado, o desenvolvimento de um

repelente com fotoproteção mostra-se promissor em frente a este mercado.

Como próximas etapas a fim de viabilizar este produto, deve-se analisar a

factibilidade farmacotécnica e também realizar análise dos custos do

desenvolvimento do produto para verificar se economicamente é viável a elaboração

do mesmo, de modo que ele alcance ao mercado com preços competitivos aos

concorrentes já existentes, considerando os benefícios que ele possui.

6. REFERÊNCIAS 1- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Resolução RDC. n. 7, de 10 de fevereiro de 2015. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 29, 11 de fevereiro de 2015.

2- ABIHPEC. Perspectivas 2017: inovação e diversificação de produtos estimulam vendas no país e exterior. Disponível em: https://abihpec.org.br/2017/03/perspectivas-2017-inovacao-e-diversificacao-de-produtos-estimulam-vendas-no-pais-e-exterior/. Acesso em: 10 mar 2017.

3- ABIHPEC. Anuário ABIHPEC 2016. Disponível em: https://abihpec.org.br/publicacao/anuario-abihpec-2016/. Acesso em: 10 mar. 2017.

4- CANZIAN, F. Brasil volta a concentrar renda após década de avanços. Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1753494-brasil-volta-a-concentrar-renda-apos-decada-de-avancos.shtml. Acesso em: 15 mar. 2017.

5- ALVARENGA, D. Veja os números da economia brasileira que Temer irá enfrentar. G1 Economia. Disponível em:

http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/05/veja-os-numeros-da-economia-brasileira-que-temer-ira-enfrentar.html. Acesso em: 02 jul. 2016.

6- IMF Survey. Latin America’s Economic Slowdown Continues. IMF. Disponível em:

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7- IBGE. Economia. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#economia. Acessado em: 04 jul. 2016.

8- Latin Focus Consensus. Disponível em: http://www.consensuseconomics.com/download/latin_american_economic_forecasts.htm.Acesso em: Fev. 2017.

9- LIS, L. Mercado estima inflação de 4,87% e alta de 0,5% no PIB em 2017. G1 Economia. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/mercado-estima-inflacao-de-487-e-pib-de-05-em-2017.ghtml Acesso em: 11 Fev. 2017.

10- Brasil. Ministério da Saúde. Casos de Dengue. Brasil, Grandes Regiões e Unidades Federadas, 1990 a 2016. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/fevereiro/10/Dengue-classica-ate-2016.pdf. Acesso: 20. Jan. 2017.

11- Girardi, G. Conteúdo Estadão. Área da dengue mais que quadruplica em 10 anos no Brasil. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/estado/2016/02/01/area-da-dengue-mais-que-quadruplica-em-10-anos-no-brasil.html Acesso em: 20 Jan 2017.

12- G1. Bem Estar. 2016 já teve mais de 1,9 milhão de casos de dengue, chikungunya e zika. Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016-ja-teve-mais-de-19-milhao-de-casos-de-dengue-chikungunya-e-zika.ghtml Acesso em: 20 Jan. 2017.

13- ABIHPEC. Panorama do Setor 2016. Disponível em: https://abihpec.org.br/publicacao/panorama-do-setor-2016-2/ Acesso em: 10 mar. 2017.

14- OLIVEIRA, F. Crise faz 57% dos brasileiros mudarem hábitos de consumo. Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/09/1679422-crise-faz-57-dos-brasileiros-mudarem-habitos-de-consumo.shtml Acesso em:18 jan 2017.

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16- BRASIL. ANVISA. Vacina contra dengue tem preço definido. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/vacina-contra-dengue-tem-preco-definido/219201 Acesso em: 20 jan. 2017.

17- BRASIL. ANVISA. BNDES libera R$ 97,2 milhões para vacina contra dengue. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/saude/2017/01/bndes-libera-r-97-2-milhoes-para-vacina-contra-dengue Acesso em: 20 jan. 2017.

18- BRASIL. Ministério da Saúde. Monitoramento dos casos de dengue, febre de chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 52, 2016. Boletim Epidemiológico. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/abril/06/2017-002-Monitoramento-dos-casos-de-dengue--febre-de-chikungunya-e-febre-pelo-v--rus-Zika-ate-a-Semana-Epidemiologica-52--2016.pdf Acesso em: 20 jan 2017.

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38- Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde lança edital do pregão para a compra de repelentes. Portal da Saúde Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/fevereiro/10/Dengue-classica-ate-2016.pdf. Acesso: 24. mar. 2017.

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40- BRASIL. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. Índice Ultravioleta Dez2016-Fev2017. Disponível em: http://satelite.cptec.inpe.br/acervo/acervo.formulario.logic Acessado em: 01 abr. 2017.

24/04/2017

Caroline Duarte Galvão

24/04/2017

Prof. Dr. André Rolim Baby