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Bruna Berwanger de Andrade
A INFORMAO EMPRESARIAL NA REALIDADE MIDITICA: UM ESTUDO DE
CASO DA REVISTA O SULCO COMO ESTRATGIA DE COMUNICAO
EMPRESARIAL DA EMPRESA JOHN DEERE, RS
Santa Maria, RS
2009
Bruna Berwanger de Andrade
A INFORMAO EMPRESARIAL NA REALIDADE MIDITICA: UM ESTUDO DE
CASO DA REVISTA O SULCO COMO ESTRATGIA DE COMUNICAO
EMPRESARIAL DA EMPRESA JOHN DEERE, RS
Trabalho Final de Graduao apresentado ao Curso de Bacharelado em Comunicao Social
Jornalismo do Centro Universitrio Franciscano, como requisito parcial para obteno do grau
de Jornalista - Bacharel em Jornalismo.
Orientadora: Glase Bohrer Palma
Santa Maria, RS
2009
Bruna Berwanger de Andrade
A INFORMAO EMPRESARIAL NA REALIDADE MIDITICA: UM ESTUDO DE
CASO DA REVISTA O SULCO COMO ESTRATGIA DE COMUNICAO
EMPRESARIAL DA EMPRESA JOHN DEERE, RS
Trabalho Final de Graduao apresentado ao Curso de Bacharelado em Comunicao Social
Jornalismo do Centro Universitrio Franciscano, como requisito parcial para obteno do grau
de Jornalista - Bacharel em Jornalismo.
____________________________________________
Glase Bohrer Palma Orientadora (Unifra)
____________________________________________
Maria Ivete Trevisan Foss (UFSM)
___________________________________________
Carlos Alberto Badke (Unifra)
Aprovado em ........ de ....................................... de ...............
AGRADECIMENTOS
No poderia deixar de registrar a minha gratido a todas as pessoas que direta ou
indiretamente contriburam para o sucesso desse trabalho.
Aos meus pais, Maurlio C. P. de Andrade e Maria Aparecida Berwanger de Andrade por todo
o amor, carinho, dedicao, esforo, companheirismo, pelas palavras de motivao, por terem
acreditado em mim, pelas alegrias, pela educao e, principalmente, pelo exemplo de vida.
Muito obrigada por tudo.
Ao meu irmo, Diogo que mesmo longe me apoiou e me deu carinho.
Glase Bohrer Palma, minha querida orientadora, pela dedicao, pacincia e motivao.
Sibila Rocha, minha professora e mestre durante todo trajeto da graduao, pelas palavras
de incentivo, pelas sugestes e por acreditar no meu potencial e sempre ir alm do que est
dito.
Ao Bebeto Badke, meu querido professor de assessoria de imprensa que apelidou o quarteto
carinhosamente de Prendinhas da UNIFRA e que eu nunca vou esquecer. Obrigada por
tudo.
Mrcia Pilar e Gabriela Machado pela amizade e companheirismo, s palavras de apoio e s
muitas alegrias que me proporcionaram durante os quatro anos do curso.
Patrcia Custdio Nunes pela compreenso nesta fase, em que manter a calma muitas vezes
foi difcil. Por toda sua amizade, cumplicidade, afinidade e companheirismo desde o incio da
graduao. Muito Obrigada.
Suami Teixeira e Kamila Vidor, as irms que surgiram em minha vida no momento em
que eu mais precisava, e que me acompanharam durante todo o processo desse trabalho.
Obrigada pela dedicao, apoio e descontrao nas horas mais difceis.
Aos colaboradores da John Deere de Campinas, So Paulo e Horizontina, Rio Grande do Sul,
em especial, Zuleica Centeno, Elisa Costopassi de Azevedo, Odilon Guimares e Edinei
Schemes, por acreditarem no meu potencial e por toda ateno dedicada s minhas
indagaes.
minha av Zil Berwanger que a minha segunda me, por todo o carinho e amor que me
dedicou durante toda vida. Obrigada, tambm pelos momentos de descontrao com as suas
visitas Santa Maria.
Ao meu av Almiro Berwanger que nos momentos em que eu precisei me distanciar e ficar
perto da famlia sempre fez de tudo para me ajudar, incluindo as diversas buscas na
rodoviria, malas para carregar. Obrigada pelo esforo.
s minhas tias, tios, primas e primos que eu amo tanto e que sem o carinho deles esse trajeto
de estudo e trabalho no seria completo. Amo vocs.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o jornalismo empresarial, especialmente entender o modo como a realidade empresarial se transforma em realidade miditica. O objeto de estudo a Revista O Sulco, edio brasileira da revista agrcola mundial publicada em 12 lnguas pela John Deere & Company e suas subsidirias, que atuam no setor agrcola. O Sulco dirigida a agricultores, exploradores de gado e funcionrios, e veicula a partir de cada nova estao do ano reportagens sobre temas da atualidade, novas culturas e tcnicas agronmicas, novidades em termos de mquinas, etc. Ento, pretende-se investigar as estratgias de comunicao que a empresa John Deere utiliza na revista, avaliando como o contedo empresarial se transforma em contedo miditico, elencando-se os temas mais recorrentes, como so colocados os aspectos grficos, analisando os aspectos de contedo e sua relao com as estratgias de comunicao empresarial. O aporte terico utilizado para fundamentar os conceitos de midiatizao, comunicao empresarial, estratgias de comunicao, jornalismo empresarial e comunicao rural baseado em autores como Muniz Sodr, John B. Thompson, Wilson Bueno, Paul Argenti, Martn-Barbero, Francisco Gaudncio Torquato do Rego e Juan Diaz Bordenave.
Palavras-chave: Midiatizao; Comunicao empresarial; Estratgias de comunicao; Jornalismo empresarial.
ABSTRACT
This work has as objective to reflect about business journalism, specially to understand how the business reality to be transformer in a media reality. The object of this study is the magazine O Sulco, brazilian edition from the worldwide agricultural magazine published in 12 languages by John Deere & Company and your affiliates, that work in agricultural sector. O Sulco is directed to farmers, graziers and staffs, and conveys since each new season reports about newsreel, new plantations and agronomic techniques, news of machines, etc. Then, intend to investigate the communication strategies that John Deere uses in the magazine O Sulco, evaluating how the business content becomes media content, listing the most recurrent themes in the magazine, as the graphics points are placed, analyzing the content aspects and its relation to the strategies of corporate communications. The theoretical contribution used to support the concepts of midiatization, business communication, strategies of communication, business journalism and rural communications is based on authors as Muniz Sodr, John B. Thompson, Wilson Bueno, Paul Argenti, Martn-Barbero, Francisco Gaudncio Torquato do Rego e Juan Diaz Bordenave.
Keywords: Midiatization; Business communication; Strategies of communication; Business journalism.
SUMRIO
1. INTRODUO.............................................................................................................9
2. MIDIATIZAO........................................................................................................12
3. COMUNICAO EMPRESARIAL.........................................................................15
3.1. ESTRATGIAS DE COMUNICAO EMPRESARIAL..........................................17
3.1.1. Constituindo a Identidade, Imagem e Reputao Empresarial......................................20
3.2. JORNALISMO EMPRESARIAL.................................................................................25
4. COMUNICAO RURAL........................................................................................32
5. O SULCO: 13 ANOS DE HISTRIA COM UM SCULO DE
EXPERINCIA..........................................................................................................34
5.1. O SULCO NO BRASIL: UM PANORAMA HISTRICO.........................................35
6. METODOLOGIA E CORPUS DE PESQUISA.......................................................38
7. A INFORMAO EMPRESARIAL NA REALIDADE MIDITICA.................41
7.1. O SULCO: ANLISE E DESCRIO........................................................................41
7.2. DISCUSSO DAS ESTRATGIAS DE COMUNICAO......................................61
8. CONCLUSO.............................................................................................................67
9. BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................71
10. ANEXOS..........................................................................................................76
LISTA DE TABELAS
TABELA A Anlise e descrio dos temas...........................................................................41
TABELA B Anlise e descrio do gnero jornalstico e nmero de pginas......................42
TABELA C Anlise e descrio dos ttulos...........................................................................43
TABELA D Anlise e descrio dos subttulos e olho jornalstico.......................................44
TABELA E Anlise e descrio dos interttulos...................................................................45
TABELA F Anlise e descrio do box jornalstico.............................................................46
TABELA G Anlise e descrio da diagramao e formato.................................................47
TABELA H Anlise e descrio das fotos.............................................................................48
TABELA I Anlise e descrio da proporo da foto em relao ao texto e s pginas.....51
TABELA J Anlise e descrio das legendas.......................................................................52
TABELA K Anlise e descrio da predominncia das cores...............................................53
TABELA L Anlise e descrio das fontes...........................................................................56
TABELA M Anlise e descrio das fotos das capas.............................................................58
TABELA N Anlise e descrio dos ttulos e chamadas das capas.......................................60
9
1. INTRODUO
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o jornalismo empresarial, especialmente
entender o modo como a realidade empresarial se transforma em realidade miditica. O objeto
de estudo a revista O Sulco, edio brasileira da revista agrcola mundial publicada em
12(doze) lnguas pela John Deere & Company e suas subsidirias, que atuam no setor
agrcola.
A empresa John Deere lder mundial na produo de equipamentos agrcolas e
florestais e uma das maiores fornecedoras de produtos e servios para construo, jardinagem
e irrigao. A companhia tem cerca de 52 mil funcionrios ao redor do mundo e 33 fbricas
localizadas em quinze pases. Alm dos Estados Unidos, elas esto localizadas na frica do
Sul, Alemanha, Argentina, Brasil, Canad, China, Espanha, Frana, Finlndia, Holanda, ndia,
Mxico, Nova Zelndia e Rssia. Incluindo escritrios de vendas e marketing e da rea de
crdito, centros de pesquisa e desenvolvimento e de distribuio de peas e outras operaes,
so mais de noventa unidades no mundo.
A empresa John Deere tem mais de seiscentos diferentes modelos de produtos
agrcolas em sua linha de produo que inclui tratores, implementos para o preparo do solo,
plantadeiras, cultivadores mecnicos, pulverizadores, colheitadeiras de gros e de algodo e
equipamentos para fenao e ensilagem.
No Brasil uma de suas filiais est localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, na
cidade de Horizontina. A revista O Sulco dirigida a agricultores, exploradores de gado e
funcionrios. Veicula a partir de cada nova estao do ano com reportagens sobre temas da
atualidade, novas culturas e tcnicas agronmicas, novidades em termos de mquinas.
Ento, pretende-se investigar as estratgias de comunicao que a empresa John Deere
utiliza na revista, avaliando como o contedo empresarial se transforma em contedo
miditico, elencando-se os temas mais recorrentes na revista, como so colocados os aspectos
grficos e sua relao com as estratgias de comunicao empresarial.
A importncia da troca de informaes dentro das empresas incontestavelmente
crescente. Estratgias de comunicao integradas, bem focadas e que visem ao dilogo entre
os diversos nveis hierrquicos e ao desenvolvimento da empresa como um todo so
imprescindveis em qualquer organizao moderna.
10
O relacionamento entre as empresas e seus pblicos atravs de veculos miditicos
tema de pesquisa que transita por diferentes reas do conhecimento humano, tais como
sociologia, antropologia, psicologia social, economia, administrao e comunicao social. O
crescente interesse pelo tema est atrelado a sua contemporaneidade, pois se relaciona, de
forma direta, a expanso da globalizao e, como decorrncia, ao aumento da influncia das
organizaes no cotidiano da humanidade.
Nesse contexto, a pesquisa da revista O Sulco como estratgia de comunicao para
a empresa John Deere de grande relevncia. Tanto pelo fato da empresa estar situada na
cidade de Horizontina, como pelo fato de abranger, de forma direta e indireta, a maioria da
populao da cidade. Outro aspecto importante a destacar a deficincia de pesquisas
relacionadas comunicao empresarial e rural. No momento atual da globalizao e
crescimento das organizaes imprescindvel estudarmos as estratgias de comunicao das
empresas.
Aps definido o corpus de pesquisa feito o estudo de caso intrnseco, ou seja,
aquele em que o caso constitui o prprio objeto de pesquisa, no caso a revista O Sulco. A
tcnica de pesquisa aplicada foi a da anlise de contedo. Desenvolvida em trs fases: pr-
anlise, organizao do corpus de pesquisa; explorao do material, recorte das edies e
reportagens a serem estudadas e a ltima fase desenvolvida foi o tratamento dos dados e
interpretaes.
O captulo que fala sobre a midiatizao traz alguns conceitos tericos abordados por
alguns dos autores referncia nessa rea. Trata-se de um captulo para esclarecer as questes
sobre midiatizao, mediao e midiao, para compreendermos melhor esses conceitos e
situar a pesquisa no mbito da midiatizao.
O captulo seguinte aborda vrios aspectos da comunicao empresarial. Inicialmente
definimos o que comunicao empresarial, por quem ela desenvolvida, quem seu pblico
de interesse. Traz dois subcaptulos, o primeiro Estratgias de comunicao empresarial,
aborda como podemos definir uma estratgia organizacional eficiente e se completa com um
subcaptulo A Construo da Identidade, Imagem e Reputao que explica a importncia da
construo desses conceitos dentro e fora da empresa e que so utilizados muito na
comunicao empresarial. O segundo subcaptulo o Jornalismo Empresarial, que o
aspecto terico bsico para essa pesquisa.
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O quarto captulo aborda os aspectos mais relevantes sobre a comunicao rural. Traz
alguns conceitos formulados por Juan Diaz Bordenave e Francisco Torquato do Rego, para
situar a revista que empresarial, mas traz assuntos ligados ao rural.
O quinto captulo menciona a metodologia utilizada e tambm explica sobre o corpus
da pesquisa. Apresenta quais tcnicas foram relevantes para a concretizao do estudo.
O sexto captulo refere-se revista em si e como ela foi estudada. Mostra em dois
subcaptulos o que foi encontrado. O primeiro aborda a anlise e descrio da revista e o
segundo traz consideraes levantadas a partir da discusso das estratgias de comunicao da
empresa John Deere relacionada com a revista e com a teoria apresentada.
As concluses finalizam o estudo. Nesse item faz-se uma retomada dos principais
pontos tratados durante a pesquisa, alm de mostrar aonde a mesma conseguiu chegar e quais
pontos ficaram evidenciados no final.
12
2. MIDIATIZAO
"Nossa capacidade de comunicao no medida pela forma como dizemos as coisas, mas
pela maneira como somos entendidos."
(Andrew S. Grove)
A comunicao nas organizaes hoje um tema em debate e que pode ser abordado a
partir de diversas perspectivas. A informao empresarial pode ser transformada em
informao miditica e, para isso devemos repensar alguns conceitos tericos sobre a
midiatizao. A inteno aqui no refletir profundamente sobre a midiatizao e, sim trazer
um breve aporte terico desse conceito enquanto uma forma de mediao social.
Primeiramente devemos entender que a comunicao, segundo Paulo Freire (1980),
para ser eficaz deve ser dialgica. Se ambos (emissor e receptor) no se entenderem,
certamente tambm no conseguiro se comunicar. Para isso, necessrio que os cdigos
utilizados por emissor e receptor sejam de conhecimento mtuo e isso possvel graas, entre
outros fatores, ao contexto cultural em que ambos esto inseridos.
Segundo Sodr (2002), a midiatizao traz tona novas formas de perceber, pensar e
contabilizar o real. Com as mudanas trazidas, sobretudo com o desenvolvimento tecnolgico,
a mdia deixa de ser um instrumento e passa qualidade de produtora de sentidos sociais
capazes de transformar os modos de sociabilidade, caracterizando assim, uma sociedade
midiatizada (BARICHELLO, 2007, p. 54). Essa sociedade rege-se pela midiatizao, ou seja,
pela tendncia virtualizao das relaes humanas, presente na articulao do mltiplo
funcionamento institucional e de determinadas pautas individuais e de conduta com as
tecnologias da comunicao (SODR, 2006).
Sodr ainda esclarece que as mediaes simblicas de toda e qualquer cultura so
linguagens, leis, artes. A palavra mediao traz o significado da ao de fazer ponte ou fazer
comunicarem-se duas partes, implicando diferentes tipos de interao. A linguagem , por
isso, considerada mediao universal.
J a midiatizao, segundo o autor, uma ordem de mediaes socialmente
realizadas caracterizada por um tipo particular de interao, portanto, a que poderamos
chamar de tecnomediaes. No momento em que o processo da comunicao torna-se tcnico
e mercadologicamente redefinido pela informao, a midiatizao nada mais que um
dispositivo cultural.
13
Ele ainda acentua que a midiatizao afeta as formas de vida tradicionais qualificando-
as como uma natureza informacional, que se inclina no sentido de configurar discursivamente
o funcionamento social em funo dos vetores mercadolgicos e tecnolgicos e
caracterizada por uma prevalncia da forma sobre os contedos semnticos. Resume, assim,
todo esse processo como o uso sistemtico da informao com vistas reproduo de um
sistema social.
A mediao, portanto, recobre a totalidade do campo social, j a midiatizao, o da
articulao hibridizante das mltiplas instituies com as vrias organizaes de mdia. Sodr
(2006, p. 23) coloca que a mdia estruturadora ou reestruturadora de percepes e
cognies, funcionando como uma espcie de agenda coletiva. Ele comenta da hiptese
norte-americana da agenda-setting que leva em conta a organizao de pautas por parte da
mdia para a opinio pblica ao destacar determinados temas e preterir, ofuscar ou ignorar
outros tantos.
A midiatizao muito mais do que a transformao de um discurso social em discurso
miditico. Ela pode atuar em termos de influncia ou poder na construo da realidade social.
Martn-Barbero foi um dos primeiros autores a pensar o conceito de mediao. Ele
explica que as mediaes so os lugares de onde provm as construes que delimitam e
configuram a materialidade social e a expressividade cultural.
Ento, mediaes podem ser consideradas como os espaos entre os meios de
comunicao e as pessoas que so receptoras dos meios. Toda cultura social, crenas,
costumes, sonhos, medos esto configuradas no sentido de mediao.
J Trigueiro (2005) explica a diferena entre esses conceitos, caracterizando mediao
e midiatizao. Enquanto a mediao a operao de negociao entre duas ou mais partes
no processo de comunicao e que para ser efetuada convenientemente, necessita de
diferentes nveis de interaes sociais; a midiatizao a realizao das operaes
informacionais das negociaes de mediaes sociais, atravs das organizaes empresariais
miditicas, implicando uma tipologia especfica de interao que envolve aspectos de
interesses mercadolgicos e tecnolgicos (SODR apud TRIGUEIRO, 2002, p.2).
O dispositivo miditico constri diversos conceitos restritos, como no caso do discurso
empresarial que se modifica na esfera miditica. A mdia , portanto, uma instncia
organizadora que age e opera sobre outros campos (mas que sofre tambm aes desses
campos), produzindo mltiplos sentidos (BORELLI; SANCHOTENE, 2008, p. 2). O
14
conceito formulado por Vern (1997) (Apud BORELLI; SANCHOTENE, 2008) de
midiatizao j nos remete a sua operao e interao nos campos sociais, onde a mdia ocupa
um lugar central na sociedade, afetando as relaes entre as instituies e os atores
individuais.
J no se pode mais viver na sociedade moderna sem os meios de comunicao social.
Segundo Thompson (1998) o desenvolvimento da mdia transformou a natureza de produo
e do intercmbio simblico no mundo moderno. Portanto, a comunicao oral passada de
gerao em gerao no mais to importante quanto comunicao que a mdia nos traz e
com que j estamos acostumados.
E, alm disso, os meios de comunicao criam novas formas de ao e de interao e
novos tipos de relacionamentos sociais. Com isso h uma complexa reorganizao de padres
de interao humana atravs do espao e do tempo. Com o desenvolvimento dos meios, a
interao se dissocia do ambiente fsico, de tal maneira que os indivduos podem interagir uns
com os outros ainda que no compartilhem do mesmo ambiente espao-temporal
(THOMPSON, 1998, p. 77). Essas novas interaes propiciadas pelos meios de comunicao
evidenciam ainda mais a midiatizao da vida social e oferecem diversas caractersticas que
as diferenciam das interaes face a face.
Essas reflexes contribuem com a pesquisa, porque os autores trabalham a
midiatizao relacionada aos diversos meios de comunicao, em que est inserido o veculo
miditico revista.
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3. COMUNICAO EMPRESARIAL
O ritmo acelerado na era de informao torna imperativo que cada empresa reserve um tempo
significativo para examinar e perguntar que adaptaes dever empreender agora para sobreviver.
(Philip Kotler)
A Comunicao Empresarial (Organizacional, Corporativa ou Institucional)
compreende um conjunto complexo de atividades, aes, estratgias, produtos e processos
desenvolvidos para reforar a imagem de uma empresa ou entidade (sindicato, rgos
governamentais, ONGs, associaes, universidades.) junto ao seu pblico de interesse
(consumidores, empregados, formadores de opinio, classe poltica ou empresarial, acionistas,
comunidade acadmica ou financeira, jornalistas.) ou junto opinio pblica.
Bueno (2003) busca contextualizar historicamente a comunicao empresarial,
dizendo que ela nasceu como um campo de trabalho margem da propaganda/marketing e,
no incio, buscou legitimao na edio dos veculos empresariais, na comunicao interna e
na assessoria de imprensa. Portanto, no se colocava a comunicao empresarial no mbito
mercadolgico da gesto da empresa e sim se tentava diferenciar desse ramo. Mas sabido,
hoje, que a comunicao institucional, como comunicao empresarial, est intimamente
ligada comunicao mercadolgica.
Hoje, a Comunicao Empresarial vive, certamente, um novo momento.
Profissionalizou-se, alcanou posio de destaque no organograma das organizaes, objeto
de pesquisa em universidades e de amplos debates no mercado. Ela no se reduz ao
"management" e deve ser vista como processo de construo da cidadania.
A globalizao e o enorme crescimento da economia geral dos pases geraram novas
atitudes e comportamentos dentro das empresas. A este respeito, Neves pondera que:
O ambiente moderno requer outra abordagem de comunicao. A velha idia da soberania de mercado j era. A arena est congestionada por inmeras foras novas e atuantes. Mesmo aqueles pblicos [cliente/consumidor], nossos velhos conhecidos, j no so mais os mesmos. (NEVES, 2000, p.68).
Por esse e outros motivos que, dentro da organizao, deve-se ter uma comunicao
integrada e focada para o mesmo sentido. A comunicao segmentada entre os vrios setores
de uma empresa como: relaes pblicas, assessoria de imprensa, recursos humanos,
16
marketing, ocasiona, alm da perda de sinergia, a produo de rudos entre os pblicos da
empresa.
Esse tipo de comunicao tem assumido, nos ltimos anos, maior complexidade, tendo
em vista a necessidade de trabalhar com diferentes pblicos (portanto diferentes contedos,
discursos ou linguagens), o acirramento da concorrncia, a segmentao da mdia e a
introduo acelerada das novas tecnologias. Segundo Bueno em seu livro Comunicao
Empresarial Teoria e pesquisa a comunicao empresarial necessita hoje estar articulada
com outros setores da empresa, numa chamada comunicao integrada.
Um nmero crescente de empresas reconhece o valor da comunicao empresarial e
est adaptando seus oramentos e estruturas internas de forma adequada. Uma pesquisa
chamada Corporate Survey realizada pela revista norte-americana PRWeek em 2005 em
parceira com a Weber Shandwick, que uma empresa lder mundial que lida com relaes
pblicas nos principais meios de comunicao e empresas, estimou que o oramento mdio de
comunicao empresarial no futuro crescer 24% ao ano.
O CEO (Chief Executive Officer) ou chefe executivo a personificao da marca
corporativa. Como tal, deve ser a pessoa mais envolvida no desenvolvimento da estratgia
geral de comunicao e na transmisso de mensagens consistentes para o pblico- alvo. Em
termos ideais, a comunicao empresarial ter uma linha direta com o CEO. Argenti (2006)
situa os executivos e o chefe da comunicao empresarial em um patamar importante:
Mesmo que as hierarquias no sigam diretamente para o CEO, situa que o chefe da comunicao empresarial deve ter acesso aos mais altos nveis da gerncia snior e esses executivos precisam acreditar no valor e na necessidade da comunicao empresarial como um meio para alcanar as metas corporativas. Sem essa conexo, a comunicao ser menos eficaz e muito menos poderosa. (ARGENTI, 2006, p. 56-57)
Bueno (2003) lembra ainda:
Hoje, encontra-se [a comunicao empresarial] na linha de frente, situada em posio de destaque no organograma provendo conhecimentos e estratgias para que as empresas e entidades no apenas superem os conflitos existentes, mas possam atuar, preventivamente, impedindo que eles se manifestem. (BUENO, 2003, p. 8)
Por esse motivo entendemos que a comunicao empresarial em seu conceito evoluiu e
evolui at hoje. Ela deixa de ser um mero complemento no processo de gesto das empresas
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para se tornar estratgica e como um elemento importante do processo de inteligncia
empresarial (BUENO, 2003, p.13).
E como inteligncia empresarial e em razo de seu carter estratgico, a comunicao
deve, segundo Bueno, respaldar-se em bancos de dados inteligentes, em um conhecimento
mais profundo dos seus pblicos de interesse, dos canais de comunicao e da prpria mdia.
Deve-se ainda manter um relacionamento forte com seus pblicos, tanto interno como
externo, manter a imagem da empresa que relacionada com a qualidade dos produtos
oferecidos pela mesma.
Nesse novo patamar de inteligncia empresarial, a comunicao deve basear-se em
pesquisas, teorias, conceitos e passar do ttico e do improvisado para o estratgico.
3.1. ESTRATGIAS DE COMUNICAO EMPRESARIAL
Paul Argenti em seu livro Comunicao empresarial aborda como podemos definir
uma estratgia organizacional eficiente. Ele aponta que a primeira parte de uma estratgia de
comunicao empresarial eficiente est relacionada prpria organizao. Os trs
subconjuntos de uma estratgia organizacional incluem (1) determinar os objetivos de dada
comunicao; (2) decidir que recursos esto disponveis para alcanar tais objetivos e (3)
diagnosticar a reputao da organizao.
Uma empresa tem muitos motivos para se comunicar e deve iniciar o processo de
comunicao com seus pblicos determinando os objetivos. Argenti (2006) questiona que a
base para definir o objetivo o que a organizao espera de cada pblico-alvo como
resultado da comunicao?. A especialista em comunicao Mary Munter escreve em seu
Guide to Managerial Communication que a comunicao gerencial s bem-sucedida se a
resposta desejada for obtida do seu pblico.
Na mesma discusso das estratgias comunicacionais Argenti (2006) explica que para
determinar o modo como comunicar um tema depende, em grande parte, dos recursos
disponveis na empresa, incluindo dinheiro, recursos humanos e tempo.
Comeando pelo dinheiro a maioria das empresas em geral erra buscando solues
baratas e de curto prazo para os problemas de comunicao, porque tais questes no so
consideradas sob a perspectiva do pblico-alvo.
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De acordo com Oliveira (2003), a gesto da comunicao estratgica deve ser
entendida como um processo, que busca estabelecer canais de troca contnuos entre a
organizao e seus interlocutores, no sendo, no entanto, soberana nesse processo. A autora
defende que, dentro da estrutura organizacional, o setor de comunicao deve ocupar o lugar
de participante nos processos de tomada de decises.
O campo da comunicao organizacional deve deixar de ser entendido como lugar
para divulgao, mas como interveniente do processo, que trabalha com informaes e
percepes dos grupos sobre as decises organizacionais. (OLIVEIRA, 2003), Como suporte
consolidao da identidade da organizao internamente e de seu conceito na sociedade e no
mundo dos negcios.
Rodrigues (1990) afirma que a comunicao moderna contrasta com os processos
estabelecidos pelas sociedades tradicionais, principalmente, pela ruptura da temporalidade e
da coletividade dos ritos sociais. So processos estratgicos, constitudos de uma
racionalidade tcnica e centrados no indivduo, que procuram prover experincias
significativas dentro de espaos privados, longe da intromisso alheia.
Para o autor, a comunicao um processo de transao entre indivduos, de interao
dos mesmos com a natureza, de relacionamento com as instituies sociais ou de introspeco
consigo mesmo. Os processos comunicacionais abrangem, por conseguinte, domnios
extremamente diversificados que compreendem atos discursivos assim como o silncio,
gestos, comportamentos, olhares e posturas, aes e omisses (RODRIGUES, 1990, p. 67).
Dentro do contexto apresentado por Rodrigues (1990), o processo de comunicao
possui alm das duas partes, emissor e receptor, descritas pelo modelo de Schramm (1961)
uma terceira fora de influncia, a instncia institucional. A mesma vigia, normaliza e
sanciona o dizer e o fazer das aes trocadas entre as partes. Conforme Bonfadini (2007) essa
instncia tem o poder de determinar as regras e aquilo que faz sentido, como fazem
determinados grupos de adolescentes, atravs de palavras, desenhos ou gestos. Este
simbolismo permite que o grupo se individualize e se reconhea como tal. Ou seja, os
processos de comunicao so oriundos de fatores culturais e estes determinam regras,
definem papis, apontam normas de conduta e estipulam esquemas de percepo aos
indivduos dentro de seus grupos de relacionamento.
19
Baldissera (2001) pondera que as organizaes ampliaram sua influncia e assumiram
o papel de agentes de manuteno e transformao cultural. Esse papel ocorre derivado do
suporte promovido pela informao:
A utilizao de estratgias de comunicao, com o objetivo de direcionar ou manipular a individualizao dos sentidos, uma vez que as estratgias comunicacionais so o modo como os emissores/receptores constroem e dispem efeitos de sentido na cadeia de comunicao (BALDISSERA, 2001, p. 3).
Bonfadini em sua tese de doutorado explica que a comunicao estratgica s
organizaes a partir do momento em que o processo se torna um fluxo contnuo e em
relacionamento de longo prazo, com os diferentes pblicos. A mesma deve substituir a viso
que as organizaes tm: de curto prazo, voltadas s questes dirias, de cima para baixo e
baseadas em sistemas de informao. A viso deve ser ampliada por um processo de
comunicao que possibilite: avaliar o ambiente da organizao; identificar os objetivos dos
consumidores; localizar os detentores do poder; pontuar as variveis relacionadas
concorrncia; e analisar os meios e procedimentos comunicacionais adotados pelo setor. Esses
procedimentos comunicacionais utilizados como estratgia organizacional permitiro
compreender como se do as relaes de fora entre a organizao e os seus pblicos e
localizar as fendas, os pontos nevrlgicos no processo de comunicao que necessitam ter
especial ateno (BALDISSERA, 2001, p. 4).
O processo de comunicao importante nas organizaes, pois possibilita a
construo de relacionamentos com pblicos que influenciam diretamente na realizao da
misso organizacional. Pois como afirma Ferrari (2003, p. 2): a estratgia indispensvel
para a garantia da qualidade do relacionamento da organizao com seus pblicos e para a
criao de valores a serem incorporados pelos funcionrios, clientes, fornecedores e
acionistas, que resultem, entre outras vantagens, na maximizao de seus negcios. Ou seja,
a comunicao elemento estratgico no relacionamento da organizao com os seus diversos
pblicos e tema de estudo de diversas reas como no jornalismo empresarial.
O relacionamento com clientes uma estratgia de extrema importncia para as
empresas atuais porque seus produtos j no se diferenciam tanto assim, a concorrncia est
cada vez mais acirrada e o cliente mais exigente e fiel. Deste modo as empresas, assim como a
comunicao empresarial, devem ter uma viso de relacionamento com os clientes e no mais
de vendas com os consumidores. As empresas esto buscando alternativas como os clubes de
20
fidelidade, o marketing ps-venda e o esforo em gerar mais receitas com o mesmo nmero
de clientes (BUENO, 2003).
Mas a construo de relacionamentos com os clientes no fcil e as empresas devem
estar seguras de sua imagem, identidade e reputao que passam para os clientes. Com as
novas tecnologias a vulnerabilidade das empresas e entidades aumenta porque a velocidade
com que as informaes transitam por esses canais vertiginosa.
Diante de todos esses desafios e mudanas no cenrio mundial as empresas passaram a
visualizar o ambiente social de uma forma mais ampla e a avaliar de maneira cuidadosa as
atitudes dos consumidores e usurios de bens e servios. As novas estratgias de comunicao
das organizaes segundo Rego em seu livro Tratado de Comunicao Organizacional e
Poltica voltam-se para as seguintes providncias e aes como, acompanhar mais de perto as
tendncias sociais; procurar encontrar um eixo e definir claramente seu papel; ter flexibilidade
(diplomacia) no encaminhamento das demandas de natureza poltica, preservando, claro, a
identidade tcnica; planejar com muito cuidado o lanamento de programas, projetos e
eventos, para evitar interpretaes distorcidas por parte da mdia; zelar pelo conceito;
consolidar imagem de envolvimento social.
So essas, entre vrias outras providncias, que podem e devem ser tomadas pelas
organizaes atuais que prezam por uma boa comunicao externa. Identifica-se s esses itens
acima citados, pois merecem maior ateno no momento de construir um veculo de
comunicao empresarial. Devendo-se levar em conta as tendncias sociais da opinio
pblica, definir objetivos comunicacionais claros e precisos, no se pode esquecer da
identidade e imagem da empresa sempre zelando pelo conceito e desenvolvendo uma
reputao slida.
3.1.1. Constituindo a Identidade, Imagem e Reputao Empresarial
Hoje, a comunicao afina-se com o processo de gesto das organizaes e tem sido,
paulatinamente, afetada pelas presses do mercado e do marketing. Mas a comunicao
empresarial, como argumenta Bueno (2003), precisa conciliar estas duas vertentes, a
institucional e a mercadolgica, de modo a garantir, ao mesmo tempo, o reforo da imagem de
uma empresa comprometida com a cidadania e a obteno de resultados favorveis.
21
Shirley Cavalcante em seu artigo A Comunicao na Gesto da Comunicao
Organizacional pondera que:
Os clientes exigem que as empresas identifiquem e atendam as suas necessidades e expectativas atravs das especificidades do produto ou servio. No entanto como a empresa vai identific-las faz parte das estratgias de cada Organizao. (2009, online)1
Dentre os vrios componentes da comunicao empresarial, a identidade, a imagem e
a reputao de uma organizao so as partes cruciais na construo das estratgias de
comunicao dessa empresa.
Argenti em seu livro Comunicao empresarial esclarece que a identidade de uma
empresa a manifestao visual de sua realidade, como transmitida atravs do nome,
logomarca, lema, produtos, servios, instalaes, folhetaria, uniformes e todas as outras peas
que possam ser exibidas, criadas pela organizao e comunicada a uma grande variedade de
pblicos (ARGENTI, 2006, p. 80). Os diferentes pblicos formam, ento, percepes
baseadas nas mensagens que as empresas enviam de forma tangvel. Se essas imagens
refletirem com preciso a realidade organizacional, o programa de identidade ter obtido
xito. Se as percepes diferirem radicalmente da realidade, ou a estratgia foi ineficiente ou
o modo como a empresa se percebe precisa ser modificado.
J Rego (2004) entende por identidade a soma das caractersticas fsicas fundamentais
do produto, da amlgama de ingredientes que formam sua personalidade e sua composio
manufaturada. Sendo assim na identidade est colocada a autenticidade do produto, aquilo que
o produto realmente pretende ser.
A imagem a empresa vista pelos olhos de seu pblico. Uma organizao pode ter
diferentes imagens junto a diferentes pblicos. Determinar a imagem da organizao junto aos
diferentes pblicos em geral no to bvio, porque, dependendo do pblico envolvido, uma
organizao pode ter diversas imagens. Rego (2004) especifica que a imagem a projeo, a
sombra da identidade. E quanto mais distante da identidade, mais distorcida ser a imagem.
Segundo o autor:
A identidade se projeta na imagem, graas ao estabelecimento de uma marca para carimbar o produto e ao desenvolvimento de tcnicas de comunicao e marketing
1 Artigo online publicado em 2009. Veja em: http://www.aberje.com.br/novo/acoes_artigos_mais.asp?id=688
http://www.aberje.com.br/novo/acoes_artigos_mais.asp?id=688
22
(marketing-mix) voltadas para posicionar o produto na mente do consumidor. (REGO, 2004, p. 104).
Ento, para se consolidar uma identidade e imagem empresarial preciso antes de
tudo a difuso de sua marca. E neste momento que entram os veculos de comunicao
empresarial como a televiso, o rdio, os jornais, as revistas para ajudar o pblico a se
identificar com a empresa.
Os pblicos geralmente tm certas percepes sobre uma organizao antes mesmo de
comear a interagir com ela. As percepes so baseadas na indstria, no que j leram
previamente a respeito da organizao, nas informaes que obtiveram de outros que j
interagiram com a empresa e nos smbolos visuais que so reconhecveis.
Depois de interagir com uma organizao, os pblicos podem ter uma imagem
diferenciada da que tinham antes. Se isso acontecer, o objetivo que a imagem seja melhor, e
no pior. As organizaes devem procurar entender a percepo da sua imagem no apenas
entre os consumidores, mas tambm entre outros pblicos-alvos, como investidores,
funcionrios e a comunidade.
O objetivo ideal dos estrategistas de comunicao a construo de uma imagem
competitiva pondera Roberto de Castro Neves em seu livro Imagem empresarial e
comunicao integrada. E uma imagem s competitiva se ela der resultados concretos pra
empresa (NEVES, 2000, p. 23). Os resultados que se podem conceber a partir de uma
imagem competitiva da empresa so baseados na sua credibilidade, como tambm em sua
reputao. Para se construir uma imagem empresarial competitiva e ter credibilidade preciso
desenvolver, fortalecer e proteger os atributos positivos da imagem de empresa e neutralizar
os atributos negativos (NEVES, 2000, p. 23). A imagem empresarial precisa e deve
corresponder essncia da empresa e pode ser desenvolvida e protegida atravs de um
sistema de comunicao integrada.
Segundo Bueno (2003) a imagem construda, passo a passo, ao longo do tempo,
pela sua ao cidad, pela excelncia de seus produtos e servios, pelo respeito aos
consumidores, pelo carter inovador de seus produtos, pela postura tica e transparente. Ou
seja, a imagem empresarial no construda de uma hora para outra e deve ser cuidada.
Qualquer deslize dos comunicadores empresariais em suas transmisses das notcias sobre a
organizao pode arruinar sua imagem e, principalmente sua reputao.
23
Assim, compreender a identidade e a imagem conhecer profundamente o que a
organizao realmente e para onde ela est voltada. Enquanto a imagem pode variar para
diferentes pblicos, a identidade precisa ser consistente.
Atualmente todos os setores esto focados na competitividade global e as empresas
esto tentando driblar a escassez de recursos. A identidade e a imagem de uma organizao
podem se tornar o nico trao distintivo entre uma empresa e outra.
Para uma empresa moldar sua identidade preciso levar em conta alguns aspectos, tais
como: ter uma viso corporativa inspiradora, uma marca corporativa cuidadosamente
elaborada (com foco em nomes e logomarcas) e, muito importante, uma auto-apresentao
coerente.
Em relao ao primeiro aspecto o professor da Erasmus University, na Holanda, Cees
B. M. van Riel explica que:
A comunicao ser mais eficaz se as organizaes se basearem em uma [...] histria corporativa sustentvel como fonte de inspirao para todos os programas de comunicao internos e externos. Histrias dificilmente podem ser imitadas, e elas favorecem a consistncia em todas as mensagens corporativas. (Apud ARGENTI, 2006, p. 84)
Portanto, deve-se sempre pensar nas consequncias e na repercusso de todos os
assuntos que dizem respeito organizao de uma forma estratgica e que no agrida a
imagem da empresa. Ela deve ser fonte inspiradora para os clientes, funcionrios, mdia e os
diversos outros pblicos que esto envolvidos, direto e indiretamente, com a organizao.
No que tange ao aspecto dos nomes e logomarcas, a sociedade valoriza as marcas
como sinais identificadores que ajudam a avaliar tudo a nossa volta de modo rpido e com o
mnimo de esforo. Considerando esse fenmeno, o valor de uma empresa pode ser
significativamente influenciado pelo sucesso de sua estratgia de marca corporativa. A marca
e um gerenciamento estratgico da marca so componentes essenciais em programas de
gerenciamento de identidade. Em uma empresa que visa comunicao integrada no se pode
separar o que institucional, a imagem, do que comercial, a marca.
No entanto, para construir a identidade de uma organizao necessrio coerncia. A
viso de uma organizao deve se manifestar de forma consistente em todos os seus
elementos de identidade, das logomarcas e lemas ao comportamento dos funcionrios.
24
Neves (2000) argumenta que para construir a identidade institucional de uma empresa
so necessrios vrios elementos. Esses elementos formam um sistema de comunicao
paralela e independente dentro da organizao, liberando mensagens que atuam sobre o
conjunto de percepes das pessoas. Podemos citar muitos elementos, mas os principais so:
histrico da empresa, seus produtos e servios, a propaganda, os eventos que realiza, como se
relaciona com os diferentes pblicos, etc. E so esses elementos (objetivos, visuais e
simblicos) que sustentam a imagem da empresa e fortalecem seus atributos positivos assim
como sua identidade e credibilidade.
Uma reputao slida criada quando a identidade de uma organizao e sua imagem
esto alinhadas. Segundo Argenti a reputao se diferencia da imagem por ser construda ao
longo do tempo e por no ser simplesmente uma percepo em um determinado perodo.
Diferencia-se da identidade porque um produto tanto de pblicos internos quanto externos,
enquanto a identidade construda por elementos internos a prpria empresa.
Uma forte reputao tem implicaes estratgicas para uma empresa, porque, como
avalia Fombrum, chama a ateno para as caractersticas positivas da empresa e amplia as
opes existentes para seus gerentes, por exemplo, no caso de aumentar ou diminuir preos de
produtos e servios ou de implementar programas inovadores (Apud ARGENTI, 2006, p.
98).
Para se desenvolver um planejamento estratgico de imagem preciso fazer
levantamentos, pesquisas, anlises e diagnsticos, pois o planejamento visa definir direes,
objetivos e programas (NEVES, 2000, p. 33). Aps o levantamento dos dados obtidos
atravs dos processos acima citados pode-se identificar as questes que precisam ser
administradas, os elementos da identidade institucional que precisam ser harmonizados,
desenham-se os planos de ao que precisam ser desenvolvidos e definem-se os objetivos que
precisam ser perseguidos (NEVES, 2000).
O ambiente de negcios em constante mudana traz implicaes para a reputao de
uma empresa. A proliferao da mdia e a importncia crescente da responsabilidade social
exigem um foco maior por parte das organizaes na construo e na manuteno de
reputaes mais slidas. A confiana pblica no mundo empresarial pequena, mas a
vigilncia pblica alta.
A comunicao de uma empresa deve estar conectada com a cultura organizacional
que reflete o processo de gesto. Portanto, toda ao, estratgia e produto de uma empresa ou
25
entidade precisa estar em sintonia com a cultura da empresa, sob pena de alimentar conflitos
que possam comprometer sua imagem (BUENO, 2003, p.47).
Uma das mudanas mais profundas desse sculo que est associada com a cultura
empresarial so as novas tecnologias, principalmente a Internet. Ela est presente em todos os
contextos sociais, inclusive no contexto da comunicao empresarial. E segundo Bueno
(2003), longe das novas tecnologias, as organizaes e as pessoas tendem a involuir. Por
essa razo a imagem da empresa precisa estar, tambm, vinculada com o progresso das novas
tecnologias. A empresa precisa de um site no qual trar suas informaes, mensagens,
produtos e servios disponveis para seus pblicos.
3.2. JORNALISMO EMPRESARIAL
O conceito de comunicao empresarial engloba diversas reas da comunicao social,
tais como o marketing, as relaes pblicas, a publicidade e propaganda assim como tambm
o jornalismo.
No jornalismo sepode perceber vrios mbitos da sociedade e no jornalismo
especializado em empresas que est baseado o Jornalismo Empresarial. Este tem a funo de
planejar e operar os meios de comunicao (audiovisuais, impressos, internet, entre outros)
para os pblicos que se quer atingir de uma determinada empresa ou organizao. Neste
trabalho, pretende-se falar em meios de comunicao impressos, ou, mais especificamente,
em revista de empresa.
Os news mdia podem funcionar como instrumentos de socializao, por exemplo, ao participarem na gerao de um campo referencial mnimo de conhecimentos susceptvel de promover a comunicao e de ajudar a sintonizar as pessoas em sociedade (SOUSA, 1999, online).
O Dicionrio de Comunicao define a expresso house-organ (rgo da casa, o
jornalzinho, revista ou boletim da empresa) como:
Veculo impresso, peridico, de comunicao institucional, distribudo gratuitamente e dirigido ao pblico interno (funcionrios e seus familiares) e/ou determinados segmentos do pblico externo (revendedores, acionistas, clientes, fornecedores, autoridades, imprensa, etc.). O jornal da empresa, a revista e o boletim possuem caractersticas e objetivos prprios, o que deve ser levado em conta ao se optar por um ou por outro (RABAA; BARBOSA, 1998, p. 319-320).
26
Palma (1994) define quatro funes para esse jornal: informao, integrao, educao
e motivao, e classifica os jornais de empresa, de acordo com o pblico-alvo, em internos,
externos e mistos. Para Rego (1987), algumas das qualidades imprescindveis s publicaes
empresariais so a periodicidade, atualidade, universalidade (apresentando informaes sobre
quaisquer reas ou programas de interesse da empresa e da comunidade), imediatismo,
veracidade, interesse humano e difuso, ou seja, devem chegar ao pblico ao qual se
destinam. Essas caractersticas so inerentes aos meios de comunicao de modo geral, mas
assumem um papel particular dentro da empresa:
Se um dos critrios utilizados pelas empresas jornalsticas para determinar o que ou no notcia est na poltica editorial, ou seja, na orientao ideolgica das publicaes, o critrio mais vlido para determinar o conceito de notcia na empresa a prpria poltica empresarial (REGO, 1987, p. 41).
Alm disso, deve ser levado em conta, segundo o autor (1987, p. 40), que a audincia
das empresas heterognea. E por essa heterogeneidade que a audincia empresarial se
assemelha audincia de massa. Outro aspecto que as empresas tm se tornado globais,
complexas e amplas, dispersando-se geograficamente e distanciando muito os seus membros
uns dos outros.
Alvarenga (2006, online) defende em seu artigo O fim do jornalzinho a atuao do
jornalista, de forma estratgica, dentro da empresa. Alm das habilidades inerentes
atividade, como um bom texto, edio e conhecimentos de diagramao, esse profissional
deve ter um profundo conhecimento dos valores e objetivos da empresa, seus negcios e
processos comunicacionais, bem como desenvolver habilidades de relacionamento e
imparcialidade perante todos os setores dentro da organizao.
Para a autora, jornalismo estratgico a adoo de princpios e prticas de jornalismo
de fora da empresa para dentro dela, como um diferencial e uma forma de aumentar a
credibilidade junto ao pblico interno. Fidedignidade, liberdade de imprensa e equilbrio so
os fatores determinantes para que o jornalista atue estrategicamente dentro da empresa. A
fidedignidade pressupe preciso do contedo e veracidade, reservado o espao para boas e
ms notcias:
Se h algo que no pode ser revelado, deve-se tratar essa informao de maneira sigilosa. A partir do momento em que essa informao vaza, prefervel que o
27
pblico interno tome conhecimento dela por meio de fontes oficiais. Isso evitar boatos e aumentar a confiana na empresa (ALVARENGA, 2006, online).
As publicaes empresariais, por isso, devem ter periodicidade para que os fatos no
se tornem obsoletos e tambm manipulados de forma indevida pelos corredores da empresa.
O processo de informao nas organizaes diz respeito conjuntura empresarial.
Segundo Rego (2004), nem toda mensagem que interessa comunidade pode ser
transformada em mensagem jornalstica e publicada pelos canais empresariais. Na empresa
os assuntos assumem interesses e significaes particulares. O que um jornal dirio pode
publicar sobre a empresa, nem sempre interessa publicao no jornal da empresa. O autor
explica que o conceito de notcia na empresa a prpria filosofia empresarial da organizao.
J que o termo notcia est inserido na terminologia jornalstica, devemos atribuir
notcia empresarial uma natureza jornalstica tambm. Segundo Rego (1986) a notcia
empresarial assume um papel de mensagem socialmente significativa para a empresa e seus
diversos pblicos, assumindo o significado de fato empresarial.
Dentre as caractersticas jornalsticas que um veculo empresarial deve ter a atualidade
deve ser tratada de um modo diferenciado tambm. Nos veculos empresariais a atualidade da
informao no igual rapidez jornalstica que marca as mdias tradicionais. Torquato do
Rego (2004) argumenta que os fatos atuais da empresa podem ser os j acontecidos no
intervalo de trs meses anteriores ao aparecimento de uma edio ou podem ser que ainda no
aconteceram no momento da publicao.
O jornalismo empresarial se difere da publicidade institucional pelo seu objetivo de
informar o pblico. Aqui, a mensagem enaltece, pela informao jornalstica, o trabalho de
uma empresa, entidade econmica que deve ser apresentada com lugar definido na economia
de uma nao (REGO, 2004, p. 71). Trata-se de aprofundar a imagem da empresa trazida
pela publicidade superficialmente. O objetivo bsico das publicaes externas segundo o autor
:
Estabelecer, pela informao e promoo dos produtos e atividades da empresa, uma sincronizao de iniciativas e interesses entre empresa e seus agentes diretos e indiretos de produo e vendas. (REGO, 2004, p. 72)
Os seus objetivos igualmente podem variar conforme seu pblico alvo. A
comunicao na empresa objetiva modificar e adaptar o comportamento das pessoas,
influenciar em atitudes e preferncias, encaminhar todas as aes com vistas execuo das
28
metas programadas. Para os pblicos externos a comunicao empresarial objetiva fazer
conhecer e promover uma empresa, com vistas obteno de atitudes favorveis por parte dos
pblicos externos. J a comunicao interna deve atuar em trs linhas: envolvimento, que se
trata em comunicar todos os funcionrios sobre a empresa, a concorrncia e o mercado,
deixando-os preparados para atender o pblico externo (clientes, imprensa, acionistas,
fornecedores, comunidade e governo); motivao, para que todos saibam das metas e das
campanhas internas e assim ajudar a atingi-las e comprometimento, valorizar o
relacionamento interpessoal. (ALVAREZ, 2006).
Esclarecidos os objetivos e as mensagens jornalsticas precisamos identificar os
veculos jornalsticos que podemos utilizar para as publicaes empresariais. Rego (1987)
reuniu as principais publicaes em dois grupos. O primeiro compreende os jornais, as
revistas e boletins e o segundo abrange os relatrios, folders, cartas pessoais, folhetos,
comunicados, instrues, manuais de acolhimento, circulares, apostilas. Muitas dessas
publicaes e veculos no se destinam ao jornalismo propriamente dito e quanto tcnica o
primeiro grupo se encaixa nas caractersticas do jornalismo.
Nesse trabalho pretende-se analisar uma revista empresarial voltada, principalmente,
para os clientes da empresa, mas que abarca tambm notcias sobre os funcionrios e a prpria
empresa.
Segundo uma pesquisa realizada com 24 publicaes de organizaes, ilustrada no
livro Jornalismo Empresarial: teoria e prtica, de Francisco Gaudncio Torquato do Rego,
so mostradas algumas diferenas tcnicas entre jornais, revistas e boletins que caracterizam o
jornalismo empresarial. Como resultado as revistas dedicam mais espao s ilustraes e
exercem com maior frequncia o jornalismo interpretativo. As matrias de entretenimento
(variedades, horscopos, palavras cruzadas, quadrinhos) recebem um tratamento
proporcionalmente igual, tanto em jornais quanto em revistas, mas no aparecem nos boletins
(REGO, 1987, p. 44). Veja tabela de comparaes em anexo2.
O autor revela que as revistas por seu contedo basicamente interpretativo e por seu
grande nmero de pginas, apresentam intervalos mais espaados entre as edies. A revista
evita, portanto, informaes urgentes, imediatas e apresenta, sobretudo, um contedo de
2 Tabela ilustrativa retirada do livro Jornalismo empresarial teoria e prtica, de Francisco Gaudncio Torquato do Rego. Ela auxilia a leitura do texto e ilustra as informaes de cada tipo de veculo empresarial. Veja tabela na ntegra no anexo 10.1.
29
interesse permanente. Por ter um grande nmero de pginas, a revista amplia o universo de
contedo e o veculo que oferece maior volume temtico. Por sua natureza tcnica e por seu
contedo interpretativo, permite um esquema de difuso mais demorado.
Segundo o site da Aberje (Associao Brasileira de Comunicao Empresarial) a
revista institucional tem:
Contedo predominantemente interpretativo e de interesse permanente, diversidade temtica, dirigida a um ou mais elementos componentes do Pblico Externo (clientes, consumidores, fornecedores, comunidade, distribuidores, revendedores, imprensa, governo, universidades, associaes de classes, entre outros) e/ou Pblico Interno (empregados e familiares e empregados de empresas terceirizadas que prestem servios em carter permanente). (2009, online).
Torquato do Rego (1987) explica que basicamente h dois pblicos para o veculo
empresarial como a revista: o interno e o externo. Mas h publicaes que tentam atender
ambos, simultaneamente.
na seleo do contedo das matrias que esses pblicos estaro ou no inseridos no
veculo jornalstico da empresa. O autor distribui os contedos em dois grandes grupos: as
informaes sobre a empresa e as informaes sobre os empregados. Mas em relao aos
assuntos das matrias, Rego fez uma correlao dos esquemas de classificao do CIESPAL
(Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicacin para Amrica Latina Quito/
Equador), de Joffre Dumazedier e de Jos Marques de Melo.
A seguinte classificao dos contedos das informaes jornalsticas mais frequentes
das edies foi elaborado baseado nesses trs esquemas e ficou assim ordenada: tecnologia
industrial; informaes normativas e funcionais; artes, literatura e cincias; programas de
ajuda e benefcios; esportes, festas, atividades clubsticas, espetculos; retratos pessoais,
histrias de interesse humano; economia, administrao, expanso empresarial; problemas
sociais, poltica, religio; promoes nacionais, estaduais, municipais; catstrofes, acidentes,
necrologia; plantas, animais; turismo, cidades, recantos e paisagens tursticas; famlia,
crianas; correspondncia de leitores; meios de comunicao e outros (REGO, 1987, p. 175).
O autor utilizou esse recurso classificatrio de assuntos para quantificar as matrias de
cada grupo. Alm disso, essas temticas foram agrupadas em trs grandes grupos: matrias
descendentes (cuja origem est na direo da empresa e visa atingir os funcionrios), matrias
ascendentes (cuja origem encontra-se nos prprios funcionrios) e matrias sobre assuntos
gerais (REGO, 1987, p.175).
30
As matrias jornalsticas se sobressaem s outras categorias. Mas outra categoria de
matria vista nas revistas e jornais empresarias so as de entretenimento. Rego classificou
essas matrias em quatro grupos: humorismo, horscopo, passatempos, histrias em
quadrinhos.
Outro aspecto importante para a elaborao da revista empresarial o aspecto grfico.
Esse chamado por Torquato do Rego (1987) de esquematizao morfolgica, ou seja, a
estrutura editorial alm dos textos, o termo morfologia j explica que o tratado da forma.
A esquematizao morfolgica do veculo empresarial abrange os espaos em branco,
a dimenso, o tamanho, a ilustrao e a apresentao do jornal incluindo: a organizao do
contedo determinando os espaos para cada assunto e separando as vrias categorias de
matrias e, as marcas das caractersticas fsicas da publicao. Tomando o exemplo dado pelo
autor (1987, p.87), os ttulos vincularo o tema unidade empresarial, sendo desnecessria a
diviso da publicao em sees especficas
Para melhor situar o mbito de cada aspecto, Torquato do Rego (1987, p.157) limita os
ttulos que compreendem as manchetes e os ttulos principais, subttulos, os interttulos e os
antettulos; o texto que compreende o espao destinado s notcias, reportagens, editoriais,
artigos, crnica e demais tipos de matrias e as ilustraes que abrangem as fotografias,
charges, mapas, desenhos, croquis, organogramas, etc com os aspectos limitados, pode-se
compreender melhor a estrutura morfolgica dos veculos empresariais.
O contedo da ilustrao empresarial no to diversificado como na grande
imprensa. A fotografia normalmente gira em torno do homem e da mquina (equipamentos).
Ela essencialmente promocional. Valoriza o funcionrio e o seu trabalho. Ou o seu ambiente
de trabalho. O autor (1987, p. 186) esquematizou um roteiro para analisar as ilustraes das
publicaes empresariais, que ficou assim: (1) Homem; (2) Mquinas e equipamentos; (3)
Homens / Mquinas e equipamentos; (4) Paisagens, obras de arte; (5) Organograma, grficos,
fluxogramas, mapas, quadros e desenhos e (6) Outros. Para essa anlise foram includos mais
dois tipos de grupo para a classificao das ilustraes: o (7) que agrupa paisagem e mquina
e o (8) que agrupa somente o produto agrcola.
Ele ainda enfatiza que a fotografia, muitas vezes, mais importante para o funcionrio
que o prprio texto. E assim , em geral, com qualquer leitor que se fixa mais nos elementos
grficos de fcil denotao e intensa conotao, constituindo-se em atrao principal e
chamativo para a leitura do que o texto que o acompanha e exige mais do leitor.
31
O autor explica que a notcia empresarial ou o jornalismo empresarial ganham, a cada
dia, mentalidade profissional. No entanto, no se deve atribuir ao jornal ou revista de
empresa a misso de milagreiro. Esses veculos no podem por si s trazerem uma boa
imagem para empresa, assim como aumentarem os lucros da mesma. Eles esto inseridos no
mbito da comunicao que muito amplo e complexo. preciso compreender que a
publicao de empresa um meio novo para obteno de novos resultados. Trata-se de um
instrumento de convergncias e de transformao. Mais que um custo administrativo ou
social, um investimento que pode trazer novas e promissoras perspectivas para o sistema
empresarial (REGO, 1986, p. 132).
Por isso, deve-se ter o cuidado no momento da escolha do tipo de veculo
comunicacional para a empresa em questo. Levando em conta as estratgias que precisam ser
levantadas para se comunicar com os pblicos internos e externos. As temticas e formas
como o contedo devem ser abordados para conseguir o objetivo comunicacional almejado.
32
4. COMUNICAO RURAL
A empresa escolhida para esse estudo, John Deere e Company, atua na fabricao de
tratores, colheitadeiras, plantadeiras e outros produtos agrcolas e, por isso, parte de seus
esforos em comunicao devem ser pensados a partir de conceitos de comunicao rural.
O conceito de comunicao rural definido por Juan Diaz Bordenave como:
O conjunto de fluxos de informao, de dilogo e de influncia recproca existentes entre os componentes do setor rural e entre eles e os demais setores da nao afetados pelo funcionamento da agricultura, ou interessados no melhoramento da vida rural. (BORDENAVE, 1983, p. 7).
Por isso, percebe-se a necessidade de uma abordagem especfica sobre a comunicao
nesse setor da economia. Para Torquato do Rego (1986, p. 135), ao trabalhar a comunicao
no meio rural, o comunicador deve levar em conta o fato de que, no campo, a resistncia s
mudanas maior que nas cidades. Por isso, o comunicador precisa no somente codificar as
mensagens, mas se colocar no papel do agricultor para saber quais so suas reais
necessidades. J Bordenave (1983, p. 31) acredita que a maneira especfica da comunicao
rural atuar numa determinada regio ou pas vai depender do modelo de desenvolvimento
rural adotado.
Estabelecidos alguns conceitos de comunicao rural, devemos identificar as
mensagens que podero produzir efeitos junto aos agricultores. Torquato do Rego (1986, p.
138) classifica de maneira genrica os fatos que podero interessar ao pblico rural. Comea
pelos documentos de interesse geral ou particular que seriam, segundo ele, comunicados,
avisos transmitidos por rgos oficiais e esclarecimentos s questes que provoquem dvidas
junto ao pblico e tambm pequenos informes, dados diretamente ligados aos interessados.
As prximas mensagens seriam relatos detalhados do dia-a-dia e dos fatos
significativos do cotidiano rural. Aps, poderiam ser publicados em um veculo rural fatos
diversos, como descries de experincias detalhadas ou no que possam interessar ao
pblico. E, por fim, as notcias que, segundo o autor, seriam os informes de primeira mo.
O autor tambm define a estrutura morfolgica mais adequada para uma publicao
rural, que seria de 30% para informaes de primeira mo; 20% para matria de orientao
prticas recomendadas e 20% para matrias de interesse permanente. O restante pode ficar
reservado para matrias de ltima hora.
33
J vimos que existem muitos canais impressos que podem servir de base para uma
comunicao empresarial e, do mesmo modo, para a comunicao rural. Mas essa mais
especfica e, segundo Torquato do Rego (1986, p. 142), a revista o veculo mais sofisticado
entre todos. Ela tem grande apoio da imagem visual, tem um maior nmero de pginas, est
adequada para grandes reportagens e matrias explicativas, a linguagem utilizada mdia,
presta-se tambm a veiculao de matrias informativas como os avisos; opinativas como os
artigos assinados, crnicas, editoriais. H uma grande vantagem em se escolher a revista,
conforme o autor, porque ela pode atender a pblicos diferentes, mas tambm h o grande
perigo de se exagerar na sofisticao e nos recursos grficos. Isso poderia causar at mesmo
uma maior resistncia com relao ao pblico rural no atendendo a audincia necessria.
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5. O SULCO: 13 ANOS DE HISTRIA COM UM SCULO DE EXPERINCIA
A revista O Sulco, em verso brasileira, foi baseada na edio da revista The
Furrow, criada nos EUA em 18953, sendo publicada, portanto, h mais de 110 anos. a
revista empresarial mais antiga do mundo.
The Furrow, em seus primeiros anos, circulava somente nos Estados Unidos, numa
pequena tiragem de poucas centenas de cpias. Cada nmero constava de 16 pginas com
fotografias e ilustraes em preto e branco.
No se sabe com certeza a data do nascimento da revista The Furrow. As primeiras
revistas numeradas apareceram em 1899 e nelas h referncias ao ano de 1896 como primeiro
aniversrio da publicao. Ficando estabelecido ento que o ano de 1895 foi o ano de seu
primeiro nmero.
O contedo abrangia desde informaes at anncios de produtos e servios
fornecidos pelos concessionrios John Deere. Editorialmente, desde o seu nascimento, The
Furrow teve o firme propsito de ser informativo e til. Alguns de seus primeiros artigos
descreviam diferentes culturas e seus distintos sistemas agrcolas. Esta prtica teve
continuao por vrias dcadas atravs de edies internacionais da revista norte-americana,
publicada em vrios idiomas.
A partir de 1959, a revista apareceu em espanhol sob o ttulo El Surco, com uma
verso especial para o Mxico e outra para a Argentina. Em 1960, a revista passou a ser
publicada na Espanha sob o nome de Campo y Mecanica e, posteriormente, publicou-se a
primeira edio para os leitores de lngua alem. Em 1965, comeou a era do El Surco
hispano-americano, com artigos abrangendo cada um dos pases da Amrica Central e do Sul.
Na Europa, a expanso da publicao foi muito rpida, passando a circular em 10
pases com artigos especiais de cada uma das regies atingidas pela revista. Segundo a
reportagem da primeira edio de O Sulco no Brasil, a revista, neste mais de um sculo, tem
sido um vnculo duradouro entre John Deere e as famlias agrcolas do mundo,
compartilhando os tempos de abundncia e de progresso e, tambm, as pocas difceis e de
escassez.
3 Informaes obtidas atravs da reportagem da primeira edio da revista O Sulco, de 1996.
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Hoje ela editada em doze idiomas diferentes pela John Deere. Atualmente, a John
Deere Brasil responsvel pela edio brasileira e tambm pela edio sul-americana, a El
Surco, que atualmente est circulando, principalmente, na Argentina e Uruguai.
5.1. O SULCO NO BRASIL: UM PANORAMA HISTRICO
Aqui no Brasil, a histria da revista se relaciona com a histria de duas empresas de
produtos agrcolas, a John Deere Company e a SLC (Schneider Logemann Cia. Ltda.).
A empresa John Deere4 iniciou sua participao no mercado brasileiro atravs de uma
associao com a indstria brasileira SLC em 1979, quando adquiriu 20% do capital da
organizao sediada em Horizontina, RS.
Assim como a John Deere, a Schneider Logemann tinha iniciado sua histria com uma
oficina mecnica de reparos. A oficina aberta em 1945, em Horizontina, passou em 1947, a
produzir trilhadeiras para cereais, com a marca SLC e, em 1965 foi a responsvel pela
produo da primeira colheitadeira autopropelida no Brasil. A mquina pioneira, a SLC 65-A,
foi baseada na tecnologia do modelo 55 da John Deere.
A parceria entre as duas empresas acelerou a introduo da tecnologia John Deere nos
equipamentos produzidos no Brasil pela SLC. A colheitadeira 6200, por exemplo, lanada em
1983, usava a cor verde da John Deere. Naquele mesmo ano, a linha de produtos aumentou
com a fabricao de plantadeiras em Horizontina.
Ao mesmo tempo intensificava-se o intercmbio de filosofias de manufatura, gesto da
qualidade e conduo de negcios. Em 1989, uma nova fbrica foi inaugurada em
Horizontina, com significativa expanso da capacidade de produo.
A presena da John Deere no Brasil ganhou peso maior a partir de 1996. Naquele ano,
a linha de tratores John Deere passou a ser produzida no Brasil, com a marca SLC
John Deere. A John Deere aumentou sua participao na sociedade para 40% e foi constituda
a SLC John Deere Ltda..
E foi nesse mesmo ano, com a parceria entre as duas empresas ampliadas, que surgiu a
verso brasileira da The Furrow, a revista O Sulco. A publicao comemorava os 101 anos
da revista norte-americana e constava como ano 1 e nmero 1. A publicao teve
4 Informaes obtidas atravs do site da empresa John Deere. http://www.deere.com.br/pt_BR/ag/about_us/brasil.html Acesso em: 04 nov. 2009.
http://www.deere.com.br/pt_BR/ag/about_us/brasil.html
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aproximadamente 20 pginas e a tiragem no estava especificada nessa edio. Logo na
segunda edio, datada tambm de 1996, a revista trouxe como ano 101 em referncia a
verso norte-americana e at hoje conta a partir desse ano.
O expediente da primeira edio da revista O Sulco conta com: Romeu Schneider -
Direo Geral; Gilberto Zago - Coordenao Editorial; Jos Antonio Pinheiro Machado
Editor; Paulo de Almeida Lima Produtor Executivo; Adlia Porto Reportagem; Fernando
Bueno, Imagem Bank e Arquivo SLC Fotos; Ivan Pinheiro Machado Editor Grfico;
Antonio Aliardi Montagem e Arte finalizao; Fernanda Verssimo, J Saldanha e Lcia
Bohrer Produo; L&PM Editores & Escala Comunicao e Marketing Coordenao
Geral do Projeto.
No ano de 1999, a John Deere aumentou novamente seus investimentos no Brasil
adquirindo o controle total do capital da SLC John Deere S.A. Em 2001, a marca mundial
John Deere passou a ser utilizada nos equipamentos produzidos no Brasil. E a partir da a
edio da revista ficou totalmente a cargo da John Deere.
A revista O Sulco passou por diversas alteraes nesses treze anos de histria.
Inclusive vrios jornalistas foram responsveis por suas edies. A partir da edio Primavera
2003, nmero 18, o jornalista responsvel5 pela publicao Odilon Guimares
permanecendo at hoje. A coordenao editorial a cargo de Zuleica Centeno foi transferida,
no ano de 2007, para a jornalista Elisa Cortopassi de Azevedo, que antes era Coordenadora
Operacional.
O pblico-alvo da revista so agricultores, sejam eles clientes ou no e, todos aqueles
que tm interesses ligados terra, como exploradores de gado. Ela veicula, a partir de cada
nova estao do ano, reportagens sobre temas da atualidade, novas culturas e tcnicas
agronmicas, novidades em termos de mquinas, etc. A sua tiragem est em 33 mil unidades
por edio e a periodicidade quadrimestral. O Sulco, atualmente contm 22 pginas e
apresenta uma reportagem principal, cuja manchete predomina na capa, com quatro pginas
internas.
A estrutura editorial se baseia no momento da agricultura, ou de algum evento especial
da empresa. As demais pautas so decididas em reunies, que levam em considerao as
pocas de plantio e colheita de determinadas culturas e o que os agricultores esto buscando
5 Informaes obtidas atravs de entrevista por e-mail com Odilon Guimares, Eliza de Azevedo e Zuleica Centeno.
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ou precisando no momento. O plano editorial feito ao final de cada ano e vai sendo adaptado
ao longo do ano conforme as ocorrncias. A revista no busca e no pode ser regional,
afirma Elisa de Azevedo, tendo em vista que a empresa John Deere tem filiais em trs cidades
distintas do Brasil.
O processo de produo, definio de pautas, redao de textos, escolha de fotos,
reviso, impresso e distribuio est a cargo do setor de Marketing da empresa. Mas todos os
demais departamentos, como recursos humanos e relaes pblicas colaboram de alguma
maneira com informaes para a composio do contedo da revista.
A distribuio feita por meio de uma base de dados, onde as pessoas podem se
cadastrar atravs do site da empresa. Ela tambm distribuda para a rede de concessionrios
John Deere que se encarrega de disseminar a revista para seus clientes, funcionrios. Os
funcionrios das fbricas da empresa, espalhadas pelo Brasil, tambm recebem a revista.
A revista brasileira contm dois encartes. Um deles chamado Ps-venda que tem o
objetivo de oferecer aos clientes informaes sobre as iniciativas da rea de suporte ao cliente
da John Deere e de seus concessionrios. Os artigos trazem informaes sobre novos produtos
e sugestes para ajudar os clientes a obter a mxima produtividade de seus equipamentos e, ao
mesmo tempo, controlar os custos da mecanizao agrcola.
O outro encarte chama-se Joozinho e Derinha, que tem nas crianas o seu pblico-
alvo e traz, para elas, assuntos relacionados com a capa da revista e tambm conforme a
estao do ano. Esses encartes no sero analisados na presente pesquisa, mas so pertinentes
de mencionar porque esto vinculados com a revista que o objeto de estudo.
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6. METODOLOGIA E CORPUS DE PESQUISA
A pesquisa trata de um estudo de caso intrnseco que, segundo Gil (2002), aquele em
que o caso constitui o prprio objeto da pesquisa. Ela ser de natureza exploratria e
descritiva. A anlise final dos dados tem como predominncia a natureza quantitativa.
O estudo de caso constitudo de um nico caso ou mltiplos. Aqui, pretende-se fazer
uma anlise de contedo da revista O Sulco, com exemplares do ano 113: Vero 2008
nmero 29, Inverno 2008 nmero 31, Primavera 2008 nmero 32 e do ano 114: Outono 2009
nmero 33. Essas revistas abrangem as estaes do ano distintas. A edio Outono 2008
nmero 30 no foi escolhida, porque a primeira edio da revista publicada em 2009 foi a
Outono, e queramos edies mais atualizadas possveis com as estaes do ano diferentes.
Dessas revistas analisado o contedo da capa e as reportagens principais, delimitando assim
o corpus da pesquisa.
Com o propsito de entender o modo como a realidade empresarial se transforma em
realidade miditica, so descritos os temas da reportagem principal na revista, mapeados os
aspectos grficos da mesma como: colocao das chamadas e ttulos nas pginas, so
analisadas as temticas e identificadas as estratgias de comunicao utilizadas para transpor
o contedo empresarial em contedo miditico.
Para coletar os dados de um estudo de caso deve-se utilizar sempre mais de uma
tcnica (GIL, 2002, p. 140). Primeiramente utiliza-se a pesquisa bibliogrfica. Segundo
Marconi e Lakatos (1990) esse tipo de pesquisa abrange toda bibliografia j tornada pblica
em relao ao tema de estudo. Os livros constituem as fontes bibliogrficas por excelncia.
Isso permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenmenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2002, p.45).
Aps toda a pesquisa bibliogrfica foi empregada uma entrevista estruturada com
perguntas do tipo abertas para a coordenadora editorial da revista, Elisa Cortopassi de
Azevedo6. A revista O Sulco de responsabilidade do setor de Comunicao, ligado ao
Departamento de Marketing Estratgico da empresa. Atualmente, tm-se pessoas deste
departamento em Campinas SP, Horizontina RS e tambm na Argentina. Mas o ponto
principal da revista est hoje em Campinas e So Paulo.
6 Veja a entrevista completa no anexo 10.2. Entrevista com Elisa Cortopassi de Azevedo (realizada em:29 de junho de 2009).
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Devido a distncia, a entrevista foi realizada por meio de e-mails. Segundo Marconi e
Lakatos (1990) a entrevista um procedimento utilizado na investigao social e serve para a
coleta de dados ou para ajudar no diagnstico ou no tratamento de um problema social. Nesse
tipo de entrevista e com essas perguntas o entrevistado responde livremente, usando
linguagem prpria e pode emitir opinies. No caso, precisava-se de mais informaes sobre a
revista e seu processo de produo e edio.
Por fim, emprega-se uma anlise de contedo da revista que segundo Berelson (apud
MARCONI; LAKATOS, 1990, p.114) uma tcnica de pesquisa para a descrio objetiva,
sistemtica e quantitativa do contedo evidente da comunicao
Para Ander-Egg (apud MARCONI; LAKATOS, 1990, p. 114) a tcnica mais
difundida para investigar o contedo das comunicaes de massas, mediante a classificao,
em categorias, dos elementos da comunicao.
Esse contedo analisado por meio de categorias sistemticas, previamente
determinadas, que levam a resultados quantitativos. Martins (2006) apresenta essa tcnica
como conveniente quando se deseja analisar e avaliar o contedo de qualquer forma de
comunicao. Ele ainda expe que a anlise de contedo quase certamente far parte do
planejamento e desenvolvimento dos trabalhos de campo de um Estudo de Caso. Bardin (apud
MARTINS, 2006, p. 33) descreve que a anlise de contedo oscila entre dois plos do rigor
da objetividade e da fecundidade da subjetividade.
A tcnica da anlise de contedo presta-se tanto aos fins exploratrios, ou seja, de
descoberta, quanto aos de verificao, confirmando ou no, proposies e evidncias de um
Estudo de Caso (MARTINS, 2006, p. 34).
Segundo Gil (1994), essa tcnica se desenvolve em trs fases. A primeira fase
denomina-se pr-anlise e a fase de organizao - escolha dos documentos, formulao de
hipteses e preparao do material para anlise. Nessa fase deu-se a escolha da empresa John
Deere para a pesquisa e o Estudo de Caso da revista O Sulco produzida pela mesma.
A segunda fase a explorao do material - administrao sistemtica das decises
tomadas na pr-anlise. Envolve o recorte (escolha das unidades), a enumerao (escolha das
regras de contagem) e a classificao (escolha de categorias). Aqui foram escolhidas as quatro
edies distintas da revista, abrangendo todas as estaes do ano e assuntos de capas diversos.
Martins (2006) leva em conta nessa fase que se pode levantar categorias j testadas, ou
construir categorias a partir das frequncias e significados comuns das unidades de anlise. As
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categorias dessa pesquisa foram inspiradas na esquematizao numeradas por Torquato do
Rego (1987) em sua pesquisa com jornais, revistas e boletins informativos empresarias. Nessa
anlise verificaremos as seguintes categorias: temas, gnero das reportagens, ttulos,
subttulos, box (presena ou ausncia), interttulo, quantidade de pginas, diagramao
(espaos em branco, a dimenso, o tamanho, a ilustrao e a apresentao da revista com as
marcas das caractersticas fsicas da publicao), fotos (tamanho e cor), proporo legenda,
olho, fonte de toda reportagem e capa (tipo de foto e presena/ausncia de chamadas).
A ltima fase abrange o tratamento dos dados e interpretaes gerao de
inferncias sobre o texto como um todo e interpretaes. Para um Estudo de Caso, as
proposies (teses) podero ser testadas a partir dos achados de uma Anlise de Contedo
(MARTINS, 2006, p. 34).
O autor ainda elenca os principais usos da Anlise de Contedo que seriam: descrever
tendncias no contexto das comunicaes; comparar mensagens, nveis e meios de
comunicao; auditar contedos de comunicaes e compar-los com padres ou
determinados objetivos; construir e aplicar padres de comunicao; medir a clareza das
mensagens; descobrir estilos de comunicao; identificar intenes, caractersticas e apelos de
comunicadores e desvendar as ideologias dos dispositivos legais.
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7. A INFORMAO EMPRESARIAL NA REALIDADE MIDITICA
Aps toda reflexo terica e metodolgica e para desvendarmos como a informao
empresarial se transforma em realidade miditica, partimos para a anlise, descrio e
discusso das estratgias de comunicao da revista O Sulco. Aqui, o captulo dividido
em dois subcaptulos.
O primeiro aborda toda a descrio e explanaes feitas a partir da anlise de contedo
organizada primeiramente em uma tabela completa7. Nesse subcaptulo a tabela foi dividida
em pequenas outras, organizadas por categorias para facilitar a leitura e a descrio.
No segundo subcaptulo, est a discusso das estratgias de comunicao utilizadas
pela empresa John Deere nessa revista. Ali esto reunidas as consideraes tiradas a partir da
descrio e anlise e tambm o que foi estudado no referencial terico.
7.1. O SULCO: ANLISE E DESCRIO
TABELA A Anlise e descrio dos temas Edio/ Reportagem
Vero 2008 N 29
Inverno 2008 N 31
Primavera 2008 N 32
Outono 2009 N 33
Temas Avano da produo de soja na Amrica do Sul.
Inaugurao da nova fbrica da John Deere em Montenegro.
Produo e expanso da cana-de-acar.
Os 50 anos da John Deere na Amrica do Sul.
As temticas das revistas do Vero 2008 e da Primavera 2008 so os produtos
agrcolas. A primeira fala sobre a produo da soja na Amrica do Sul e a segunda sobre a
expanso da cana-de-acar, nada mais do que reportagens sobre fatos atuais desses produtos.
O autor Torquato do Rego (1986) nos coloca que as notcias para a comunicao rural so os
informes de primeira mo e que essas devem ocupar cerca de 30% da publicao rural. Nessas
publicaes elas contemplam essa porcentagem. Para o jornalismo empresarial esses temas
esto dentro da classificao feita tambm por Torquato do Rego (1987) que devem abordar
tecnologia industrial e plantas e animais.
7 Veja tabela completa no anexo 10.2.
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O Sulco edio Inverno 2008 e Outono 2009 abordam temas relacionados
diretamente com a empresa John Deere, como a inaugurao da nova fbrica em Montenegro
e os 50 anos da mesma na Amrica do Sul. Segundo a classificao geral do autor (1987)
esses assuntos esto dentro do grupo das informaes sobre a empresa e as temticas dentro
das matrias descendentes (cuja origem est na direo da empresa e visa atingir os
funcionrios e clientes).
A comunicao estratgica de uma empresa deve levar em conta, segundo Argenti
(2006) trs aspectos e o primeiro deles a determinao dos objetivos de dada comunicao.
No jornalismo empresarial, a comunicao na empresa objetiva modificar e adaptar o
comportamento das pessoas, influenciar atitudes e preferncias, encaminhar todas as aes
com vistas execuo das metas programadas. A coordenadora editorial da revista O Sulco,
Elisa Cortopassi de Azevedo8 diz que o objetivo da revista no divulgar informaes da
empresa, mas principalmente matrias ligadas agricultura, pecuria, cultivo da terra, que
sirvam de ajuda e que sejam do interesse dos agricultores. No estudo emprico percebe-se
que as revistas que abordam o cultivo de alimentos foram publicadas nas pocas de plantao
e/ou colheita dos mesmos e isso visa enaltecer os produtos John Deere que so tratores,
plantadeiras e colheitadeiras necessrias para o manejo dessas culturas. Desse modo, a revista
contempla o objetivo pretendido, mostrando matrias sobre agricultura em geral, mas sem
deixar de mostrar a importncia dos produtos John Deere para o manejo dos mesmos.
Para os pblicos externos, a comunicao empresarial objetiva fazer conhecer e
promover uma empresa, com vistas obteno de atitudes favorveis por parte desses
pblicos. O que pode ser visto nas duas outras edies que trazem assuntos diretos sobre a
empresa.
TABELA B Anlise e descrio do gnero jornalstico e nmero de pginas
Edio/ Reportagem
Vero 2008 N 29
Inverno 2008 N 31
Primavera 2008 N 32
Outono 2009 N 33
Gnero Interpretativo. Interpretativo. Interpretativo. Interpretativo. Nmero de pginas
Quatro pginas.
Quatro. Quatro. Quatro.
8 Veja a entrevista completa no anexo 10.2. Entrevista com Elisa de Azevedo (realizada em:29 de junho de 2009).
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O Sulco, em suas reportagens de capa, traz o gnero interpretativo, com quatro
pginas em todas as edies. Os assuntos so mais apr