brt transcarioca: reflexÕes e propostas À luz da...

138
BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA FILOSOFIA LEAN Felipe Seixas Souza Micaela Garcia Parente Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim, PhD. Rio de Janeiro Agosto de 2015

Upload: others

Post on 30-Aug-2019

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA FILOSOFIA

LEAN

Felipe Seixas Souza

Micaela Garcia Parente

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim, PhD.

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

Page 2: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

2

BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA FILOSOFIA LEAN

Felipe Seixas Souza

Micaela Garcia Parente

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

_____________________________________

Prof. Eduardo Galvão Moura Jardim, PhD

______________________________________

Prof. Edilson Fernandes de Arruda, DSc.

______________________________________

Prof. Ricardo Sarmento Costa, DSc.

______________________________________

Prof. Leonardo de Aragão Guimarães, MSc

______________________________________

Prof. Rômulo Dante Orrico Filho, Dr. Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2015

Page 3: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

3

Souza, Felipe Seixas

Parente, Micaela Garcia

BRT TransCarioca: Reflexões e Propostas à Luz da Filosofia

Lean / Felipe Seixas Souza e Micaela Garcia Parente. – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

XIII, 138 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo Jardim

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Produção, 2015.

Referencias Bibliográficas: p. 96-98.

1. Consumo 2. Lean 3. BRT 4. Mobilidade

I. Jardim, Eduardo. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de

Produção. III. BRT TransCarioca: Reflexões e Propostas à

Luz da Filosofia Lean.

Page 4: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

4

“Pois com sua sabedoria e coragem,

Mostrou que com uma rosa

E o cantar de um passarinho

Nunca nesse mundo se está sozinho”

Jorge Ben, Domingo 23

Page 5: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

5

AGRADECIMENTOS DE FELIPE

Quero agradecer em primeiro lugar às mães da minha vida, pois sei que ser

mãe é desdobrar fibra por fibra o coração. Vocês, mamãe e vovó, são a base do que

sou, e espero ser capaz de sempre corresponder esse afeto.

Agradeço aos grandes amigos da minha vida, especialmente aos meus

manolos Daniel, Rafael, Mateus (Momo) e Rodrigo, irmãos que sempre guardarei

debaixo de sete chaves, dentro do coração. Agradeço a todos os meus amigos da

faculdade pelo companheirismo e comprometimento nos trabalhos e estudos, em

particular ao Yago, que contribuiu muitas vezes para este trabalho ao discuti-lo

comigo. Por último, agradeço ao meu grande companheiro Ollie, que infelizmente

nunca saberá o que isso quer dizer.

Agradeço aos outros familiares fundamentais por seu apoio e constante afeto,

como meu dindo Valdir, Rosangela, tia Diná, tio Zé Carlos, dinda Cláudia e meu pai.

Agradeço aos professores que tornaram esse projeto possível e que são

referências em sua profissão: ao Eduardo Jardim, talvez o melhor professor que já tive

e que me fez ter certeza de ter escolhido a profissão certa, e ao Edilson, por sua

contribuição fundamental na simulação. Agradeço também ao professor Kamel, por

me acolher no LEE quando ainda nem pensava em me tornar Engenheiro de

Produção, e por mostrar uma visão tropicalista e antropofágica do nosso curso.

Micaela, minha grande parceira, meu contraponto, meu caminho, minha

inspiração, minha primavera, meu maior prazer é assistir o mundo rodar debaixo dos

nossos pés, e achar graça disso. Obrigado por todo momento que vivemos e

viveremos juntos, e por toda cumplicidade que tivemos neste trabalho, em especial.

Minha experiência pessoal na UFRJ é intrínseca ao tema deste trabalho. Todos

que me acompanharam sabem do sofrimento gerado por toda dificuldade na mudança

de curso, com greves e reviravoltas. Fui obrigado até a levar quatro zeros, com

enorme dano à métrica (questionável) CR, para minimizar o atraso na minha

graduação. Os sistemas produtivos são projetados por pessoas bem intencionadas,

mas que muitas vezes não serão seus usuários.

Tendo norte no tropicalismo, espero viver a vida sempre instigado por seu

mistério, paradoxo motriz da arte. Agradeço, leitor, cinco minutos do seu tempo para a

leitura da parte mais desinteressante deste texto. Frequentemente esquecemos

quanto valem cinco minutos na vida.

Page 6: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

6

AGRADECIMENTOS DE MICAELA

Gostaria de agradecer primeiramente ao professor Eduardo Jardim, pela

constante orientação e comprometimento para com a qualidade do trabalho. Sem

dúvidas, seus questionamentos e atenção a detalhes foram fundamentais para o

desenvolvimento do projeto.

À minha família, por todo o suporte ao longo do curso e pelo carinho e

compreensão em todos os momentos.

Aos meus amigos, pelos bons momentos vividos durante a faculdade e o

companheirismo nessa importante jornada.

Um agradecimento especial à Marina, pelo apoio à realização do trabalho e

entusiasmo em discutir o tema.

Por fim, agradeço ao Felipe, por sua dedicação, parceria e cumplicidade.

Page 7: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

7

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

BRT TransCarioca: Reflexões e Propostas à Luz da Filosofia Lean

Felipe Seixas Souza

Micaela Garcia Parente

Agosto de 2015

Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim

Curso: Engenharia de Produção

O presente estudo analisa um trecho do BRT TransCarioca, no Rio de Janeiro, sob a

ótica da filosofia lean. Projetado para facilitar o deslocamento de passageiros entre a

região da Barra da Tijuca e do Aeroporto Internacional Galeão, o sistema começa a

apresentar desafios operacionais, sobretudo nos horários de pico. Nesses momentos,

a duração total de uma viagem pode chegar a aproximadamente 2h30min em um

percurso de 40,5 km, como indica o mapeamento do fluxo de valor realizado in loco.

Com base nas premissas lean de foco no cliente, fluxo contínuo e lotes pequenos, foi

avaliada por meio de simulação a alternativa do uso de vans frequentes operando na

via e dedicadas a servir especificamente os passageiros que desejam se locomover

entre a Alvorada e o aeroporto do Galeão. Os resultados obtidos sugerem que a

proposta permitiria a redução dos tempos totais de viagem para o cliente, o que motiva

a realização de outros estudos complementares e prototipagem para verificar a

viabilidade do projeto em complementariedade ao sistema BRT em trechos relevantes.

Palavras chave: consumo lean, BRT, mobilidade.

Page 8: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

8

Abstract of Undergraduate Project presumed to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

BRT TransCarioca: Reflections and Proposals in the Light of the Lean Philosophy

Felipe Seixas Souza

Micaela Garcia Parente

August/2015

Advisor: Eduardo Galvão Moura Jardim

Course: Industrial Engineering

The study presented analyses a stretch of the BRT TransCarioca transport system in

Rio de Janeiro from a lean philosophy perspective. Aimed at facilitating journeys

between the Barra da Tijuca region of the city and Galeão International Airport, the

system faces operational challenges, particularly during peak hours of travel. During

these periods, the total duration of a trip can reach around 2 hours 30 min along a

40.5km route, as shown in the value stream mapping that was carried out in loco.

Based on the lean assumptions of client focus, continuous flow and small batches, the

alternative usage of frequent vans using the same bus lanes, but attending specifically

to passengers who wish to travel between Alvorada Station and Galeão airport, was

assessed in simulation. The results obtained suggest that the proposal would allow a

reduction in total travel times for the customer, which encourages the completion of

other complimentary studies and prototyping in order to verify the feasibility of this

project along other relevant stretches, in conjunction with the BRT system.

Keywords: lean consumption, BRT, mobility.

Page 9: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 18

1.1 APRESENTAÇÃO .............................................................................. 18

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO ................................................................. 22

1.2.1 Objetivos Gerais ........................................................................... 22

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................... 22

2 ABORDAGEM ........................................................................................... 23

2.1.1 Escolha do trecho ......................................................................... 25

2.1.2 Escolha das datas de visita ........................................................... 26

2.1.3 Estrutura do texto .......................................................................... 27

3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 28

3.1 SOLUÇÕES ENXUTAS ..................................................................... 28

3.1.1 Os Cinco Passos da Filosofia Lean 28

3.1.2 Mapeamento do Fluxo de Valor .................................................... 29

3.2 MODELO DE QUANTIFICAÇÃO DE VALOR ..................................... 32

3.3 A FILOSOFIA LEAN NO TRANSPORTE ........................................... 34

4 ANÁLISE DE SITUAÇÃO ATUAL.............................................................. 37

4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA ATUAL ................................................... 37

4.2 EXPERIÊNCIA DE CAMPO ............................................................... 43

5 DEFINIÇÃO DE SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA ........................................ 48

5.1 ESTUDOS DE CASO ......................................................................... 48

5.1.1 Medellin – Colômbia...................................................................... 48

5.1.2 Greenville-Spartanburg Airport District – Estados Unidos ............. 49

5.2 DEFINIÇÃO DO PADRÃO ................................................................. 50

6 ANÁLISE DOS TEMPOS DE VALOR DA SITUAÇÃO ATUAL .................. 56

6.1 CÁLCULO DOS TEMPOS DE VALOR DA SITUAÇÃO ATUAL ......... 56

6.2 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR ............................................ 58

Page 10: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

10

7 PROPOSTA DE SITUAÇÃO FUTURA ...................................................... 61

7.1 A PROPOSTA .................................................................................... 61

7.2 SIMULAÇÃO ...................................................................................... 63

7.2.1 Modelo de Simulação para BRT.................................................... 64

7.2.2 Modelo de Simulação para Van .................................................... 68

8 ANÁLISE CRÍTICA .................................................................................... 73

8.1 ANÁLISE DOS TEMPOS DE VALOR DA SITUAÇÃO FUTURA ........ 73

8.2 ANÁLISE DE QUALIDADE ................................................................ 76

8.3 ANÁLISE ECONÔMICA ..................................................................... 80

8.4 OUTROS ASPECTOS ....................................................................... 86

8.5 ANÁLISE COMPARATIVA ................................................................. 88

8.6 RESULTADO METODOLÓGICO ....................................................... 89

9 DESDOBRAMENTOS ............................................................................... 91

10 CONCLUSÃO ........................................................................................ 93

11 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 95

12 ANEXOS ............................................................................................... 98

12.1 ANEXO 1: MAPA DE SERVIÇOS DO BRT TRANSCARIOCA ....... 98

13 APÊNDICES .......................................................................................... 99

13.1 APÊNDICE 1: RELATÓRIOS DE VISITA ....................................... 99

13.1.1 Relatório – Visita 1 – 13 de fevereiro de 2015 ............................. 99

13.1.2 Relatório – Visita 2 – 06 de março de 2015 ............................... 107

13.1.3 Relatório – Visita 3 – 30 de abril de 2015 .................................. 115

13.2 APÊNDICE 2: SIMULAÇÃO ......................................................... 122

13.2.1 Estimação de Parâmetros ......................................................... 122

13.2.2 Intervalos de Confiança ............................................................ 127

13.3 APÊNDICE 3: MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR ............... 130

13.3.1 Mapeamento do fluxo de valor da situação atual ...................... 130

Page 11: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

11

13.3.2 Mapeamento do fluxo de valor da situação de referência.......... 134

13.3.3 Mapeamento do fluxo de valor da situação futura ..................... 136

Page 12: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Corredores de BRT previstos para o Rio de Janeiro. ...................... 19

Figura 2 - Estação Alvorada do BRT em horário de pico. ................................ 21

Figura 3 - Quantidade de passageiros no BRT TransCarioca. ......................... 27

Figura 4 - Mapeamento de Fluxo de Valor. ...................................................... 31

Figura 5 - Interseção do Corredor TransCarioca em Madureira. ...................... 40

Figura 6 - Motivo da Viagem no TransCarioca. ................................................ 41

Figura 7 - Tipo de Serviço Utilizado. ................................................................ 42

Figura 8 - Lotação do BRT TransCarioca Comparada à Situação Anterior. ..... 42

Figura 9 - Ilustração de estação elevada de PRT. ........................................... 50

Figura 10 - Mapa de Fluxo de Valor da Situação de Referência. ..................... 54

Figura 11 - Mapa de Fluxo de Valor do Trajeto Alvorada Galeão (13/02/2015) 59

Figura 12 - Montagem com Painel de Partidas do Aeroporto. .......................... 63

Figura 13 - Comportamento da Fila do BRT para Proporção do Semi-Direto =

47%. ........................................................................................................................... 65

Figura 14 - Comportamento da Fila do BRT para Proporção do Semi-Direto =

51%. ........................................................................................................................... 66

Figura 15 - Comportamento da Fila do BRT para Proporção do Semi-Direto =

54%. ........................................................................................................................... 66

Figura 16 - Gráfico de Fila Média e Tempo Esperado na Fila para BRT. ......... 67

Figura 17 - Gráfico de Taxa de Utilização Média para BRT. ............................ 67

Figura 18 - Comportamento da Fila da Van para Fator de Chegada = 1 e Fator

de Frequência de Veículos = 2. .................................................................................. 69

Figura 19 - Gráfico de Tempo Médio de Espera na Fila para Van. .................. 70

Figura 20 - Gráfico de Fila Média para Van. .................................................... 70

Figura 21 - Gráfico de Taxa de Utilização Média para Van. ............................. 71

Figura 22 - Van com Acessibilidade. ............................................................... 80

Figura 23 - Gráfico do Número Necessário de Vans. ....................................... 82

Page 13: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

13

Figura 24 - Gráfico de Taxa de Utilização e Preço Estimado da Passagem. ... 86

Figura 25 - Metodologia Prática para Melhoria de um Processo de Consumo. 89

Figura 26 - Mapa de serviços do BRT TransCarioca ....................................... 98

Figura 27 - Fila para BRT TransCarioca. ....................................................... 100

Figura 28 - Estação Alvorada ao Final do Dia. ............................................... 105

Figura 29 - Tela com informações sobre partidas. ......................................... 108

Figura 30 - Placas da plataforma de embarque. ............................................ 109

Figura 31 - Tabela de informações no aeroporto. .......................................... 112

Figura 32 - Fila da Bilheteria do Terminal Alvorada. ...................................... 116

Figura 33 - Passageiros com Mala na Fila para o Semi-Direto. ..................... 117

Figura 34 - Distribuição de Poisson para Chegada de Clientes. .................... 122

Figura 35 - Intervalo entre veículos Semi-Diretos. ......................................... 124

Figura 36 - Demanda Diária de Passageiros do BRT TransCarioca. ............. 125

Figura 37 - Distribuição dos Embarques ao Longo do Dia do BRT

TransCarioca. ........................................................................................................... 126

Page 14: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

14

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dimensões de valor para os stakeholders do BRT. ........................ 24

Tabela 2 – Comparativo entre Abordagens Acadêmico-Científica e

Empreendedora-Tecnológica ...................................................................................... 25

Tabela 3 - Cinco passos lean aplicados ao trânsito. ........................................ 35

Tabela 4 - Métricas de qualidade do transporte. .............................................. 36

Tabela 5 - Avaliação do BRT TransCarioca. .................................................... 38

Tabela 6 - Tabela de Origem-Destino do Horário de Pico da Tarde. ............... 41

Tabela 7 – Distribuição dos Tempos da Viagem de 13/02/2015. ..................... 44

Tabela 8 - Distribuição dos Tempos da Viagem de 06/03/2015. ...................... 44

Tabela 9 - Distribuição de Tempos (em minutos) nas viagens Alvorada-Galeão.

................................................................................................................................... 45

Tabela 10 - Distribuição de tempos (em minutos) nas viagens Galeão-Alvorada.

................................................................................................................................... 46

Tabela 11 - Comprimento do Corredor TransCarioca. ..................................... 52

Tabela 12 - Distribuição dos Tempos da Situação de Referência para Alvorada-

Galeão e Galeão Alvorada. ......................................................................................... 53

Tabela 13 - Valor Absoluto para BRT. ............................................................. 57

Tabela 14 - Cálculo de Valor para BRT. .......................................................... 57

Tabela 15 - Média do Cálculo de Valor para os Trajetos do BRT. ................... 57

Tabela 16 - Outputs do Modelo de Simulação. ................................................ 65

Tabela 17 - Fator de Chegada, Fator de Frequência de Veículos e Número de

Baias para Van. .......................................................................................................... 69

Tabela 18 - Distribuição dos Tempos para Van. .............................................. 72

Tabela 19 - Valor Absoluto para Van. .............................................................. 73

Tabela 20 - Valor Relativo para Van comparado às médias do BRT

TransCarioca. ............................................................................................................. 73

Tabela 21 – Simulação para Comparação entre BRT e Vans para Mesma

Demanda. ................................................................................................................... 75

Page 15: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

15

Tabela 22 – Simulação para BRT com o Mesmo Tempo de Fila da Van. ........ 76

Tabela 23 - Dimensões de Desempenho para Qualidade. ............................... 77

Tabela 24 - Avaliação de Qualidade das Experiências no BRT. ...................... 78

Tabela 25 - Avaliação de Qualidade para Van. ................................................ 79

Tabela 26 - Cálculo do Número Necessário de Vans. ..................................... 81

Tabela 27 - Custos Fixos para Motorista de Van. ............................................ 83

Tabela 28: Custo de uniformes e EPIs ............................................................ 83

Tabela 29 - Memória de Cálculo para Custos Fixos para Motorista de Van. .... 83

Tabela 30 - Custos Fixos para Veículo Van. .................................................... 84

Tabela 31 - Custos Variáveis para Veículo Van. .............................................. 84

Tabela 32 - Capacidade Mensal de Van. ......................................................... 85

Tabela 33 - Custo de Auxiliares de Embarque. ................................................ 85

Tabela 34 - Tabela de Preço Estimado da Passagem. .................................... 85

Tabela 35 - Quadro Comparativo para Cliente entre BRT e Van. .................... 88

Tabela 36 - Quadro Comparativo para Acionista entre BRT e Van. ................. 89

Tabela 37 - Tempos Registrados em Alvorada-Galeão 1. ............................. 102

Tabela 38 - Tempos Registrados em Galeão-Alvorada 1. ............................. 106

Tabela 39 - Tempos Registrados em Alvorada-Galeão 2. ............................. 110

Tabela 40 - Tempos Registrados em Galeão-Alvorada 2. ............................. 113

Tabela 41 - Número de Chegadas em um Minuto em uma das Filas do Semi-

Direto e Expresso. .................................................................................................... 118

Tabela 42 - Horários de Chegada, Partida, Abertura e Fechamento de Portas.

................................................................................................................................. 120

Tabela 43 - Passageiros Embarcados para Estimação de Proporção Semi-

Direto. ....................................................................................................................... 120

Tabela 44 - Teste Qui-Quadrado para Distribuição de Poisson da Taxa de

Chegada. .................................................................................................................. 123

Tabela 45 - Tempos de Embarque Medidos. ................................................. 125

Page 16: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

16

Tabela 46 - Intervalo de Confiança da Fila Média para BRT. ......................... 127

Tabela 47 - Intervalo de Confiança do Tempo Médio Esperado na Fila para

BRT. ......................................................................................................................... 127

Tabela 48 - Intervalo de Confiança da Taxa de Utilização Média para BRT. . 127

Tabela 49 - Intervalo de Confiança da Fila Média para Van .......................... 128

Tabela 50 - Intervalo de Confiança do Tempo Médio Esperado na Fila para

Van. .......................................................................................................................... 128

Tabela 51 - Intervalo de Confiança da Taxa de Utilização Média para Van. .. 129

Page 17: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

17

GLOSSÁRIO

Bilhete Único – Sistema único de bilhetagem eletrônica do Rio de Janeiro.

BRT – Bus Rapid Transport.

Ciclo do Processo – Tempo entre duas saídas consecutivas de um processo.

Ciclo do Produto – Tempo decorrido entre a entrada e a saída de um produto

em um processo.

Expresso – Linha do BRT que tem menos paradas que Parador. No estudo,

abordou-se especialmente o Alvorada-Fundão.

Gemba – Chão de Fábrica.

ITDP – Institute for Transportation and Development Policy.

Lean – Filosofia enxuta que busca maximizar o valor gerado para os

colaboradores ao reduzir desperdícios de um sistema produtivo.

Método A3 – Técnica de ação perante um problema oriundo do sistema de

produção Toyota.

Monte Carlo – Técnica de simulação baseada na repetição de amostragens

aleatórias massivas para cálculo heurístico do comportamento de um sistema.

PRT – Personal Rapid Transit.

Semi-direto – Linha do BRT que tem menos paradas que o Expresso. No

estudo, abordou-se especialmente o Alvorada-Galeão.

SMTR-RJ – Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro.

Stakeholders – Todos os colaboradores envolvidos na cadeia de valor de uma

empresa. São stakeholders clássicos cliente, acionista, sociedade, funcionários e

fornecedores.

TransCarioca – Corredor de BRT da cidade do Rio de Janeiro que liga a

Estação Alvorada, na Barra da Tijuca, ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro,

Galeão, na Ilha do Governador.

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.

VSM – Value Stream Mapping (Mapeamento do Fluxo de Valor). Técnica

gráfica utilizada para representar as etapas de consumo ou provisão e desperdícios

associados.

Page 18: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

18

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Se considerarmos o contexto das grandes metrópoles, o transporte

desempenha um papel central no funcionamento destes centros. Não apenas

possibilita o fluxo de pessoas e bens, como também é um fator decisivo ao ritmo de

crescimento delas. Entretanto, nem sempre as cidades são capazes de se planejar e

oferecer um sistema capaz de atender às necessidades dos usuários.

A cidade do Rio de Janeiro é um dos principais destinos turísticos brasileiros e

vem conquistando ainda mais exposição internacional, muito em função dos grandes

eventos esportivos da década de 2010. Além de ter servido como palco de importantes

partidas de futebol na Copa do Mundo de 2014, o Rio foi também escolhido para

sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Com a finalidade de melhorar a

infraestrutura de transporte de massa urbano, o poder público implantou o sistema de

Bus Rapid Transport (BRT) na cidade. Além de ligar o grande fluxo de turistas do

Galeão à região da Barra da Tijuca, estimativas ainda não confirmadas sugerem que

80% do público do Parque Olímpico utilizará o BRT como forma de acesso a mais

importante região dos jogos. A recente privatização do Aeroporto, com ágio de 294%1,

é um indicativo de que o volume de passageiros tenderá a aumentar nos próximos

anos. A Figura 1 expõe os corredores atuais e previstos para a cidade.

1 http://oglobo.globo.com/economia/odebrecht-leva-galeao-por-19-bilhoes-com-agio-de-294-

confins-sai-por-182-bilhao-10853279. Acesso em 13/06/2015.

Page 19: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

19

Figura 1 - Corredores de BRT previstos para o Rio de Janeiro.

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1580431 Acesso em 07/01/2015

A experiência prática, no entanto, demonstra que o BRT conta com questões a

serem resolvidas. Reportagens de diversos jornais expuseram o cotidiano dos

usuários: longos períodos de espera, grandes e desordenadas filas e desinformação

são reclamações constantes. Em matéria do Jornal O Globo2 sobre a superlotação no

corredor TransOeste, registra-se que apesar de projetado para atender até 100 mil

passageiros por dia, são registrados picos de demanda de até 130 mil passageiros. O

Secretário Municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio, afirma na reportagem que

a demanda pode ter sido subestimada.

Outra reportagem do Jornal O Globo3 deixa perceber que a existência de

longas filas não estava contemplada no projeto inicial: “Quanto ao ar-condicionado das

estações, elas foram projetadas para que os usuários ficassem poucos minutos dentro

delas, portanto, não expostos ao calor em excesso. Além disso, elas foram projetas

para garantir mais ventilação. Já os ônibus da frota do BRT todos possuem ar-

condicionado”.

2 http://noticiasdetransportes.blogspot.com.br/2013/09/dilema-do-brt-lotado-no-rush-e-

vazio.html Acesso em 12/04/2015

3 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/03/passageiros-sofrem-para-viajar-em-onibus-

do-brt-transoeste.html Acesso em 12/04/2015

Page 20: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

20

A superlotação, entretanto, deteriora a qualidade do serviço. Em reportagem

exibida no telejornal RJ TV, da Rede Globo4, o repórter embarcou durante uma

semana nos horários de pico (de 06h00min às 09h00min e das 17h00min às

20h00min) do corredor TransOeste. Ao tentar entrar no ônibus, relata que “vai

começar o tumulto para a gente conseguir agora entrar no ônibus. As pessoas

começam a se empurrar porque é muita gente, não cabe todo mundo aqui dentro”.

Quando já dentro do veículo, o jornalista filma uma passageira dizendo que o BRT

está pior do que o trem, e que tem que entrar “na marra”. Quando sai de uma estação,

por excesso de lotação o ônibus não consegue fechar a porta, partindo assim mesmo.

Cabe lembrar, neste ponto, de outra matéria do Jornal O Dia5, na qual se relata o caso

de uma menina de seis anos que ficou pendurada na porta do BRT TransCarioca com

o veículo em movimento e só foi solta quando o veículo parou na estação seguinte.

Ainda na reportagem do telejornal RJ TV, o repórter registra os desafios do

caminho de volta, partindo do Terminal Alvorada. As longas e numerosas filas são

expostas, e uma passageira diz que quando o ônibus chega, as pessoas começam a

empurrar para entrar primeiro, e não há mais prioridade ou respeito aos idosos. Outro

afirma que todos os dias perde de 40 minutos a 1 hora na fila no Terminal Alvorada.

Quando finalmente embarca, o repórter mostra um veículo lotado, ao qual o ar-

condicionado não consegue dar vazão. Passageiros então abrem a saída de

emergência para que o ar entre no ônibus. Uma usuária passa mal e chora durante o

trajeto, e só pode desembarcar na estação seguinte.

Outra reportagem do telejornal Bom Dia Brasil da Rede Globo6 sobre o mesmo

corredor relata: “o sistema foi inaugurado em 2012, com a promessa de melhorar o

transporte na Zona Oeste do Rio. Mas na plataforma as pessoas se atropelam para

conseguir entrar no ônibus”. Além de um suposto mau dimensionamento da

capacidade, a repórter revela que os passageiros “dizem que não possuem mais as

alternativas que possuíam antes do BRT. Com a implantação do sistema, linhas foram

extintas ou sofreram mudanças.” Um especialista engenheiro em transportes da PUC-

Rio ouvido pela matéria afirma que “o principal erro é a hipótese de que o próprio BRT

4 http://globotv.globo.com/rede-globo/rjtv-1a-edicao/t/edicoes/v/passageiros-do-brt-transoeste-

reclamam-de-superlotacao-nos-onibus/4041233/ Acesso em 12/04/2015

5 http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-10/menina-de-6-anos-fica-pendurada-no-

brt-transcarioca-e-motorista-foge.html Acesso em 12/04/2015

6 http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/passageiros-do-brt-transoeste-no-rio-

reclamam-da-demora-e-superlotacao-nos-onibus/4046222/ Acesso em 12/04/2015

Page 21: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

21

seria um transporte de massa. Ele tem suas limitações.” A Figura 2 mostra a Estação

Alvorada no horário de pico da tarde.

Figura 2 - Estação Alvorada do BRT em horário de pico.

Fonte: Elaboração Própria

As situações expostas na reportagem para o corredor TransOeste parecem se

assemelhar às vividas pelos usuários do corredor TransCarioca. Nesse contexto, em

que se registra um tempo de viagem de até duas horas e meia convivendo com um

intervalo entre veículos de dez minutos, este estudo se propõe a explorar as

aplicações da filosofia lean como forma de obter melhorias no sistema de transporte,

tendo como campo de estudo a cidade do Rio de Janeiro. É importante frisar que será

utilizado como princípio básico o conceito de valor para o cliente do serviço – nesse

caso, o passageiro do serviço de transporte.

Trata-se de uma abordagem centrada nas pessoas, o que pressupõe a

priorização da profundidade na pesquisa, em detrimento de sua amplitude. Isso se

refletiu em diversas etapas do projeto, desde a organização das idas a campo até a

definição das dimensões de valor a serem utilizadas. Alguns dos resultados obtidos,

entretanto, poderão passar por análise crítica e serem extrapolados para outras

situações.

O estudo poderá ser uma ferramenta útil para o melhor planejamento dos

serviços de transporte tendo em vista aqueles que o utilizarão, e não puramente o

ponto de vista dos provedores.

Page 22: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

22

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO

1.2.1 Objetivos Gerais

O objetivo geral deste trabalho é avaliar a possibilidade de extrapolar a

metodologia do consumo lean para o estudo do transporte urbano, em particular para

o BRT.

1.2.2 Objetivos Específicos

O objetivo específico é estudar um trecho relevante do BRT na cidade do Rio

de Janeiro e realizar propostas de melhoria para seu desempenho visando à redução

dos tempos de atravessamento e de ciclo.

Page 23: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

23

2 ABORDAGEM

“Hoje, amiúde, o produto não é o problema. Infelizmente, muitas empresas que produzem bens e prestam serviços se apegam a um foco centrado no produto. Pelo fato de supervisionar somente um elemento do processo total de consumo, muitas vezes elas negligenciam a experiência total do consumidor em achar, obter, instalar, manter, aperfeiçoar e dispor dos produtos necessários à solução do problema.” (WOMACK e JONES, 2006, p. 6)

Existem diversas dimensões na qual uma abordagem lean pode ser feita. Essa

filosofia (FALCONI, 1992) define como objetivo da empresa a criação de valor para

seus stakeholders, com seus interesses distintos: clientes externos, colaboradores

internos (funcionários), acionistas, colaboradores externos (fornecedores), governo e

sociedade.

Um mapeamento, ainda que rudimentar, destes interesses é uma metodologia

útil para começar a compreender o problema, e está exposto na Tabela 1. Tal análise

foi feita ao categorizar em cinco dimensões: operacional, econômica, social, ambiental

e de qualidade. Para o cliente, estão envolvidas métricas de valor relacionadas à

experiência de consumo; o acionista enxerga o retorno gerado pela operação, com

medidas operacionais relacionadas a este objetivo; os colaboradores internos veem as

condições de trabalho envolvidas no sistema; os colaboradores externos enxergam a

sustentabilidade financeira do negócio que, ao consumir recursos (km rodados) e

apresentar rentabilidade satisfatória, eleva seu consumo de insumos e sua capacidade

de pagamento; a sociedade avalia o impacto que a implantação do sistema teve sobre

a qualidade de vida e o desenvolvimento local.

Page 24: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

24

Tabela 1 - Dimensões de valor para os stakeholders do BRT.

Cliente Acionistas Colaboradores Internos

Colaboradores Externos

Sociedade

Operacional Tempo de

viagem

Eficiência dos Veículos;

Passageiros Transportados

Capacitações

Quantidade de Pedidos;

Km rodados

Km de engarrafamentos

Econômico Preço da

passagem Rentabilidade Salário Rentabilidade PIB da cidade

Social Segurança Valor da marca Empowerment Empregos

gerados Empregos gerados

Ambiental Poluição na

estação Consumo de Combustível

Poluição na estação

Reciclagem de Resíduos

Poluição gerada

Qualidade Conforto % de veículos fora de serviço

Ergonomia Risco de

Inadimplência

% do tempo gasto em

deslocamento

Fonte: Elaboração Própria

Tendo como referência a metodologia proposta por WOMACK e JONES

(2006), será adotada uma abordagem focada no cliente. Como a principal dimensão

objetiva para este é o tempo de viagem, esse será o eixo do trabalho.

Para tal, o grupo se propôs a vivenciar a experiência de um consumidor que

deseja utilizar o BRT para se locomover entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim e

a região da Barra, registrando no percurso todas as dificuldades e incômodos

testemunhados. Trata-se de um sistema complexo, por conter alto volume de

passageiros, grande variabilidade de processos, elevado valor de ativos e

considerável vagarosidade dos processos logísticos (COSTA e JARDIM, 2015). A

visita ao gemba permite uma valiosa reflexão sobre essas características.

A experiência vivida no trajeto será a base principal para todas as reflexões

desenvolvidas no trabalho, o que caracteriza uma abordagem centrada na

profundidade em detrimento da amplitude. Essa abordagem empreendedora

tecnológica se difere da acadêmico-científica em diversos pontos, como ressaltado na

Tabela 2 (JARDIM, 2011).

Page 25: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

25

Tabela 2 – Comparativo entre Abordagens Acadêmico-Científica e Empreendedora-Tecnológica

Fonte: JARDIM (2011)

Tal escolha naturalmente implica em riscos para a extrapolação das

conclusões obtidas, uma vez que se trata de um caso particular do sistema BRT.

Ainda assim, acreditamos trazer reflexões válidas, por se tratar da representação de

um caso real. As propostas realizadas, portanto, não têm o intuito de representar um

novo modelo para substituir o Bus Rapid Transit.

2.1.1 Escolha do trecho

Tendo sido estabelecidas tais premissas, a seguir serão detalhados os critérios

utilizados para a determinação do trecho a ser analisado:

Pleno funcionamento do corredor – Para não realizar uma análise

exclusivamente teórica, foram considerados apenas os corredores já

operacionais;

Page 26: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

26

Oportunidades geradas por grandes eventos na cidade – A realização dos

Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 promete trazer um grande fluxo de

pessoas para a cidade, e o BRT é uma aposta do poder público para a

mobilidade urbana;

Capacidade de observação da jornada do usuário – Para uma análise do ponto

de vista do cliente, é fundamental colocar-se no lugar dele. A facilidade para

acompanhar e entrevistar um usuário de determinado corredor é, portanto,

determinante para o grupo.

O corredor TransCarioca, que liga o Terminal Alvorada ao Aeroporto

Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), encaixou-se perfeitamente nos critérios

escolhidos: já se encontra em funcionamento; permitirá a ligação entre a porta de

entrada dos turistas e atletas à região que concentrará grande parte das disputas

esportivas e permitirá a vivência prática pelo grupo. O foco do estudo passa a ser,

então o passageiro que se desloca entre a Alvorada e o Aeroporto Galeão utilizando o

BRT.

2.1.2 Escolha das datas de visita

A escolha das datas e horários de visita foi planejada com o objetivo de ter

contato com momentos críticos de operação. Para tal, escolheu-se trabalhar com os

horários de pico no trecho.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro

(SMTR-RJ) disponibilizados para o mês de janeiro, o dia da semana com maior

demanda de passageiros no BRT TransCarioca é sexta-feira, em que a quantidade

total do mês ultrapassou 800 mil. A Figura 3 mostra a sazonalidade da quantidade de

passageiros ao longo da semana.

Page 27: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

27

Figura 3 - Quantidade de passageiros no BRT TransCarioca.

Fonte: Adaptado de http://www.rio.rj.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=d13b12db-d703-4ca1-bef5-21c46812ac07&groupId=4800437, Acesso em 23/04/2015.

O horário do dia escolhido para a realização das visitas foi o período de 17h às

18h, em que a volta para casa caracteriza o maior volume de passageiros no dia

(ITDP, 2015, p.16). As datas de visita foram 13 de fevereiro, 6 de março e 30 de abril

de 2015.

2.1.3 Estrutura do texto

O trabalho será estruturado de acordo com o framework A3, oriundo da filosofia

lean (JTMAE, 2013). Esta consiste numa exposição dos sintomas de um problema,

compreensão das causas raiz, recomendações e possíveis extrapolações.

Depois da análise inicial dos sintomas em que se apresentou o contexto dos

usuários do BRT TransCarioca e da exposição do referencial teórico a ser utilizado,

será feita uma análise da situação atual. Com o auxílio da pesquisa do estado da arte

do transporte urbano, estudaremos uma possível proposta futura para o trecho, que

utilize grande parte da infraestrutura atual e que requeira poucos investimentos

adicionais.

Por fim, será realizada uma análise crítica dos resultados considerando

também, ainda que superficialmente, outros stakeholders e dimensões de

desempenho.

Page 28: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

28

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão apresentados os ferramentais básicos que serão

utilizados na análise do caso. Como ressaltado anteriormente, a filosofia lean será o

ponto de partida, calcada na ótica do cliente.

3.1 SOLUÇÕES ENXUTAS

3.1.1 Os Cinco Passos da Filosofia Lean

Segundo COSTA e JARDIM (2015, p. 95), o pensamento enxuto é uma

maneira de encaminhar a melhoria e a (re)organização de um ambiente produtivo. Ao

entender o que é valor para o cliente, seria possível identificar e eliminar desperdícios

via melhoramento contínuo dos processos de produção, e assim alavancar a posição

competitiva da empresa.

Os Cinco Passos do Pensamento Enxuto (COSTA, JARDIM 2010) apresentam

uma metodologia racional para a eliminação de desperdícios em um processo

produtivo, através da correta compreensão do que é valor para o cliente. São eles, em

suma:

1. Compreender o que é valor para o cliente – Ao se colocar na posição do

cliente, é possível identificar quais tarefas realmente lhe agregam valor e pelas

quais ele estaria disposto a pagar;

2. Mapear o fluxo de produção e identificar desperdícios – Para compatibilizar a

eficiência dos ativos com o valor do cliente, deve-se eliminar tanto quanto

possível os tempos de desperdício no processo;

3. Tornar o fluxo contínuo – No lugar de trabalhar com o chamado “lote

econômico”, adotar lotes pequenos ou unitários e racionalizar set-ups e

arranjos físicos, como o estabelecimento de células produtivas no lugar de um

arranjo funcional;

4. Deixar o cliente puxar a produção – Eliminar as previsões de demanda (que

carregam erros e, portanto, desperdício) ao ser veloz o suficiente para esperar

a chegada do pedido para disparar a produção;

5. Buscar a perfeição – Adotar a melhoria contínua através do feedback dos

stakeholders.

Page 29: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

29

3.1.2 Mapeamento do Fluxo de Valor

A revisão bibliográfica revelou que o mapeamento do processo de consumo

tem sido explorado na literatura sob diferentes óticas. O artigo de WOMACK e JONES

(2005) pode ser compreendido como uma das primeiras aplicações da filosofia lean

para o consumo. Mais tarde, o assunto foi tratado mais extensivamente por WOMACK

e JONES (2006) em um livro, no qual se descreve o método para a compreensão dos

desperdícios a qual os clientes estão sujeitos no seu contato com provedores.

KALBACH e KAHN (2011) realizaram um levantamento comparativo de

diferentes técnicas de mapeamento. JORGE (2013) fez um levantamento similar e

concluiu que, apesar das diferenças entre as ferramentas, todas permitem a

visualização das tarefas realizadas pelo consumidor, e podem servir de insumo para a

melhoria do processo.

Para a melhor compreensão da distribuição dos tempos gastos pelo

consumidor no processo de consumo, WOMACK e JONES (2006, p. 32) citam o Value

Stream Mapping (Mapeamento do Fluxo de Valor). Trata-se de uma representação

gráfica das etapas de consumo associadas às suas durações e qual o “percentual” de

valor gerado por cada atividade. A ferramenta permite identificar desperdícios no

processo ao compreender o ponto de vista do cliente e do provedor simultaneamente.

Ressalta-se que o foco da análise está naquele, e este deve repensar seu processo

como forma de maximizar o valor gerado para o consumidor. A ferramenta de

WOMACK e JONES (2005) é a que melhor permite quantificar os tempos gastos em

cada etapa do processo, sendo, portanto, mais útil à análise do caso em questão.

O mapeamento tem seis princípios que devem nortear a análise do processo

de consumo, e estão diretamente relacionados com a produção enxuta (WOMACK E

JONES, 2005):

1. Solucione o problema do cliente completamente se certificando que todos

os bens e serviços funcionam, e funcionam juntos.

2. Não desperdice o tempo do cliente.

3. Proporcione exatamente o que o cliente quer.

4. Proporcione o que o cliente quer exatamente onde ele quer.

5. Proporcione o que o cliente quer onde ele quer exatamente quando ele

quer.

Page 30: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

30

6. Continuamente agregue soluções para reduzir o gasto de tempo do

consumidor e seus aborrecimentos.

Em uma primeira análise, entretanto, os autores parecem ser flexíveis com os

tempos geradores de valor. Consideram valor como uma “atividade pela qual o

consumidor está disposto a pagar, porque ela parece ser realmente necessária à

solução do problema” (WOMACK e JONES, 2006, p. 16). Ainda que a afirmação seja

coerente e será incorporada nas análises que serão feitas nos próximos capítulos, ao

aplicá-la em um caso de oficina mecânica os autores são condescendentes. Conforme

ilustra a Figura 4, o cliente estaria disposto a pagar por atividades como “Dirigir até a

oficina”, “Ficar na fila e pagar”, “Dirigir até em casa” etc. O modelo também

desconsidera condições de conforto para o cliente, como temperatura, posições

adotadas, dentre outros. Sua representação se encontra na Figura 4.

Page 31: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

31

Figura 4 - Mapeamento de Fluxo de Valor.

Fonte: WOMACK & JONES (2006), p. 32

Além do exemplo proposto pelos autores, a revisão bibliográfica revelou a

aplicação da ferramenta em outros tipos de serviço. MARTINS et al (2010), por

exemplo, comparam o processo de consumo em dois restaurantes universitários,

sugerindo códigos, símbolos e critérios de representação.

O mapeamento, entretanto, pode ser complementado por um sistema de

equações que calculem o valor gerado pelo sistema.

Page 32: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

32

3.2 MODELO DE QUANTIFICAÇÃO DE VALOR

Para imputar mais adequadamente os tempos geradores de valor no VSM,

JARDIM (2014) desenvolveu um modelo que classifica diferentes tipos de desperdício

e valor. Na prática, constitui-se de um método que expõe como os princípios de

WOMACK e JONES (2005) poderiam ser aplicados. São necessárias as seguintes

etapas:

1. Baseado no conceito do sistema ideal, estabelecer estritamente quais são as

etapas de completo valor do processo de consumo em análise.

2. Com base na experiência, na concorrência ou no desejo do cliente, quantificar

tempos-padrão – T(p) –, isto é, se só houver essas etapas e se elas ocorrerem

dentro desses tempos, então teremos um processo com 100% de valor.

3. Definir o início (baseado no momento em que houve a decisão do consumo) e

o fim (baseado no momento em que se concluiu o consumo ou obteve-se o

resultado desejado do mesmo) do processo.

4. Baseado em 3, ir “ao gemba”, isto é, ao local do consumo, identificar as reais

etapas e quantificá-las, cronometrando-as.

5. Baseado em 4, construir um mapa preliminar visual com as etapas reais

desenhadas em uma escala de tempo.

6. Classificar as etapas em dois grandes conjuntos: etapas de valor e etapas de

desperdício.

A principal diferença para o modelo de WOMACK e JONES (2006) é o

reconhecimento de tipos de tempos de valor e de desperdício. Através da identificação

das atividades fim do consumo, é possível calcular o desperdício D(r) como a

diferença entre o tempo registrado V(r) e o tempo padrão:

D(r) = V(r) – T(p) (I)

Nas etapas de desperdício (tempos não razão de ser do consumo), entretanto,

não necessariamente o valor gerado é nulo. Verifica-se que existem atividades com

valor subsidiário V(s), isto é, etapas úteis que geram um valor não ligado à razão de

ser do consumo, e valor complementar V(c), constituindo de etapas que geram um

valor ligado à razão de ser do consumo. Para tornar mais clara a diferenciação entre

estes, pode-se citar como V(s) a possibilidade de ler notícias durante a fila do ônibus,

e como V(c) o deslocamento a pé até o destino.

Page 33: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

33

Por último, as etapas de desperdício absoluto D(a) correspondem a aquelas às

quais o cliente não está disposto a pagar, não reconhece e não leva consigo. Neste

grupo encontram-se tempos em filas, aguardando a saída do veículo, parando em

estações que não são seu destino etc. Portanto, têm-se as seguintes equações:

Valor Absoluto:

V = T(p) + V(c) (II)

D = D(r) + D(a) (III)

T = V + V(s) + D (IV)

V: Valor Total

D: Desperdício Total

T: Tempo Total

Substituindo (I), (II) e (III) em (IV):

T = V(c) + V(r) + V(s) + D(a) (V)

Valor Relativo:

Valor Real (%) = V/T (VI)

Valor Total (%) = (V+V(s))/T (VII)

Desperdício (%) = D/T (VIII)

Variabilidade do Real Quanto ao Projeto (%) = D(r)/T(p) (IX)

Cabe a análise crítica de alguns pressupostos do modelo. Em primeiro lugar, a

mensuração dos tempos V(s) e V(c) pode ser difícil ou imprecisa. Se um passageiro

precisa passar duas horas em uma fila, ainda que tenha acesso à internet, capacidade

de ler notícias etc, a computação desse tempo como V(s) distorcerá a análise de Valor

Total. Do mesmo modo, se o passageiro precisa andar um longo trecho, considerar

todo o tempo como V(c) tenderá a elevar o Valor Real registrado. Seria necessário,

portanto, dividir a contribuição dessas atividades para o Valor Total, sendo o resto

computado como D(a).

Em segundo lugar, como fica claro pela Equação (V), o modelo pressupõe que

não há sobreposição de tempos V(s) e V(r). Na realidade, o passageiro poderia, por

exemplo, ler um livro durante seu trajeto, gerando um valor subsidiário.

Será necessário, portanto, um maior refinamento para adequar o modelo ao

caso em estudo.

Page 34: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

34

3.3 A FILOSOFIA LEAN NO TRANSPORTE

A revisão bibliográfica revelou relativamente poucos artigos sobre o tema.

Ainda assim, os artigos encontrados permitiram um cruzamento da teoria de logística e

lean com o estudo do trânsito urbano.

Para DUNNING e RICHERT (2001), o transporte de massa compartilha

grandes similaridades com a produção em massa: clientes são transportados em

grandes lotes; investimentos maciços são feitos em maquinário (veículos) e depósitos

(estações); é dada prioridade à eficiência do equipamento no lugar do fluxo de

produção. Grandes desperdícios são gerados, como o tempo gasto esperando pelo

transporte, se deslocando até estações e fazendo baldeações; capacidade é

desperdiçada quando veículos viajam subutilizados; energia é gasta ao acelerar e

frear grandes veículos em distâncias curtas. Para os autores as cidades, além disso,

são centros de produção com infraestrutura mais ou menos organizada. Os serviços

de suporte, como o transporte urbano, geram capacitações que as diferenciam

competitivamente.

A ótica adotada é fundamental para pensar a abordagem do problema. A

filosofia lean considera os tempos de transporte como desperdícios, e o mesmo

pensamento poderia ser aplicado à mobilidade urbana quando se adota a ótica da

sociedade. Para esta, seria ideal se a configuração urbana fosse tal que a maior parte

de seus deslocamentos fosse curto e possível de ser realizado a pé ou de bicicleta,

conceito conhecido como “cidade compacta”. Nessa, os indivíduos não precisam

realizar grandes deslocamentos e, portanto, não recorrem ao carro por falta de opções

confiáveis de transporte público (LITTLE, 2014).

Entretanto, ao estudar um sistema logístico, a compreensão de valor para o

cliente deve ser outra. Para este, passa a ter valor a atividade de transporte, uma vez

que está disposto a pagar por ela e a reconhece.

DUNNING e RICHERT (2001) contrastam a perspectiva do transporte de

massa com o Personal Rapid Transit (PRT), uma aplicação da metodologia enxuta à

mobilidade urbana. Os passos da filosofia lean poderiam ser, então, aplicados ao

trânsito urbano, como explicitado pela Tabela 3.

Page 35: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

35

Tabela 3 - Cinco passos lean aplicados ao trânsito.

Passos Lean Aplicação ao Transporte

1 Compreender o que é

valor para o cliente

O produto de um sistema de trânsito é uma viagem, não um

passageiro ou um veículo. Portanto, contar o número de

passageiros, veículos ou quilômetros não é uma boa medida do valor da viagem.

Sem métricas de qualidade é impossível compreender por que

os sistemas de transporte público não satisfazem as

expectativas.

2 Mapear o fluxo de

produção e identificar desperdícios

Tempo é desperdiçado ao esperar por um serviço

agendado; realizar baldeações; se deslocar para uma estação;

acelerar e frear um veículo; estocar pessoas com o

propósito de esperar um veículo; infraestrutura (como trilhos,

corredores exclusivos etc) para ser utilizada brevemente a cada

10 minutos.

3 Tornar o fluxo contínuo

O fluxo de toda produção deve ser documentado e estudado por inteiro. O passageiro deve fluir da origem ao destino, sem

interrupções. O maior impedimento ao fluxo contínuo é a tendência a realizar operações

em lotes grandes.

4 Deixar o cliente puxar a

produção

Veículos são disponibilizados para os passageiros conforme sua demanda. Para alcançar a produção puxada no trânsito é

necessário adotar veículos menores.

5 Buscar a perfeição

O sistema deve prover feedback para permitir ações corretivas.

Deve também aprender padrões sazonais de demanda e

antecipar quando e onde os veículos serão requisitados.

Fonte: Adaptado de DUNNING E RICHERT (2001)

Page 36: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

36

As métricas de qualidade citadas por DUNNING e RICHERT (2001) como

fundamentais para a correta compreensão do valor para o cliente são descritas na

Tabela 4.

Tabela 4 - Métricas de qualidade do transporte.

Métricas Descrição

1 Conveniência A distância total que o passageiro deve andar desde o início da sua viagem

até o final

2 Duração O tempo transcorrido do início até o final da viagem

3 Baldeações Número de trocas entre veículos

4 Pontualidade Tempo total de espera do passageiro, incluindo o tempo que ele deve

esperar por chegar ao seu destino antes da hora desejada

5 Conforto Conforto físico: as posturas adotadas pelo passageiro durante a viagem

6 Barulho Nível de barulho do ambiente de trânsito

7 Vibração Nível de balanço ou vibração da viagem

8 Segurança Probabilidade de ferimento ou morte como resultado de atividade de trânsito

durante a viagem

9 Esforço Dispêndio de atenção e energia pessoal para utilizar o sistema de trânsito

10 Flexibilidade Capacidade de se adaptar às necessidades especiais de viagem, como

acesso para deficientes, grupos de passageiros, porta-malas etc.

Fonte: Adaptado de DUNNING E RICHERT (2001)

Page 37: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

37

4 ANÁLISE DE SITUAÇÃO ATUAL

Para compreender o presente, serão analisadas as condições de operação do

sistema atual e relatada a experiência prática pela qual os autores passaram – a visita

ao gemba.

4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA ATUAL

O Bus Rapid Transport (BRT) é um meio de transporte urbano amplamente

difundido. ALEXANDRE (2014) entrevistou usuários do TransCarioca com objetivo de

comparar a situação de uso de ônibus convencional com o BRT. Para a maior parte

dos passageiros, os resultados sugerem que a implementação trouxe ganhos de

tempo quando comparados aos ônibus convencionais utilizados antes de sua

inauguração. Além da redução da emissão de gases, são destacados como aspectos

positivos a segurança, conforto, previsibilidade do embarque, tempo total de viagem e

uso de veículos novos. Como aspectos negativos são ressaltados a existência de

estações que não foram abertas, lotação dos veículos em horários de pico,

necessidade de esperar por vários veículos para embarcar por causa da lotação e um

intervalo considerado grande entre um veículo e outro. Deve-se ressaltar que os dados

da pesquisa foram coletados em Julho de 2014, pouco depois da inauguração do

corredor.

O Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) avalia

corredores BRT ao redor do mundo através de critérios padronizados de desempenho

e infraestrutura. Para o TransCarioca, a avaliação foi “ouro”, como expõe a Tabela 5.

Page 38: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

38

Tabela 5 - Avaliação do BRT TransCarioca.

Pontuação Máxima

Possível BRT

TransCarioca

BRT Básico 38 38

Infraestrutura Segregada com Prioridade de

Passagem 8 8

Alinhamento das Vias de Ônibus

8 8

Cobrança da Tarifa Fora do Ônibus

8 8

Tratamento das Interseções 7 7

Embarque por Plataforma em Nível

7 7

Planejamento dos Serviços 19 19

Múltiplas Linhas 4 4

Serviços Expressos, Limitados e Locais

3 3

Centro de Controle 3 3

Localização entre os 10 Maiores Corredores

2 2

Perfil da Demanda 3 3

Horas de Operação 2 2

Rede de Múltiplos Corredores

2 2

Infraestrutura 14 13

Pistas de Ultrapassagem nas Estações

4 4

Minimização das Emissões de Ônibus

3 2

Estações afastadas das Interseções

3 3

Estações Centrais 2 2

Qualidade do Pavimento 2 2

Estações 10 9

Page 39: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

39

Distância entre as Estações 2 2

Estações Seguras e Confortáveis

3 2

Número de Portas nos Ônibus

3 3

Baias de Acostamento e sub-pontos de Parada

1 1

Portas Deslizantes nas estações de BRT

1 1

Comunicações 5 3

Consolidação da Marca 3 3

Informações aos Passageiros

2 0

Acesso e Integração 14 7

Acesso Universal 3 3

Integração com outros Meios de Transp. Público

3 2

Acesso de Pedestres 3 2

Estacionamento seguro de Bicicletas

2 0

Ciclovias 2 0

Integração com um Sistema Público de Bicicletas

1 0

TOTAL 100 100 89

Deduções de Pontos 0 -3

Velocidades Comerciais 0 0

Pico de Passageiros por hora e por sentido < 1.000

0 0

Falta de Fiscalização da Prioridade de Passagem

0 -1

Vão Pronunciado entre o Ônibus e a Plataforma

0 -2

Superlotação 0 0

Baixa Frequência de Pico 0 0

Page 40: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

40

Baixa Frequência Fora de Pico

0 0

Manut. Precária das Vias, Ônibus, Estações e Sistemas

0 0

Pontuação Total: 100 86

Classificação:

OURO

Fonte: ITDP (2015) Acesso em 21/04/2015

Entretanto, o dia a dia do funcionamento do corredor parece contradizer alguns

pontos da avaliação. São várias as interseções entre o TransCarioca e o fluxo de

veículos. Como se nota na Figura 5, os veículos muitas vezes fecham o cruzamento

para o BRT. Também é inexistente a priorização semafórica.

Figura 5 - Interseção do Corredor TransCarioca em Madureira.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=OnAGmcM5zhk Acesso 21/04/2015

Talvez a diferença mais notável se dê no critério de superlotação. Além de não

observada pela avaliação, ela impacta diretamente em diversos outros critérios - uma

estação superlotada se torna menos segura e menos acessível, por exemplo.

A falta de informações aos usuários ficou clara, pela perda completa de pontos.

Não estão facilmente disponíveis informações como linhas existentes, horários de

chegada, plataformas de embarque etc.

Segundo ITDP (2015), o TransCarioca foi projetado para uma capacidade de

320 mil usuários por dia, alterando o trajeto de linhas já existentes:

Linhas eliminadas: 12 linhas eliminadas por seus trajetos

corresponderem ao trajeto do BRT;

Page 41: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

41

Linhas alimentadoras: 47 linhas seccionadas, dando lugar a uma ou

duas linhas alimentadoras e somando, ao todo, 52 linhas alimentadoras;

Linhas criadas: 6 linhas convencionais criadas para completar a

alimentação do BRT TransCarioca.

Foram analisados também os deslocamentos De-Para nos horários de pico do

TransCarioca. Nota-se na Tabela 6 que 65,6% do fluxo de passageiros saem da Barra

da Tijuca ou Jacarepaguá nesse horário.

Tabela 6 - Tabela de Origem-Destino do Horário de Pico da Tarde.

Fonte: ITDP (2015), p. 19.

Quanto ao motivo dos deslocamentos, é evidenciado que a maior parte dos

usuários utiliza o corredor para ir ao trabalho ou estudo, ainda que motivos “não

obrigatórios” como lazer, serviço, comércio e aeroporto somem um percentual

significativo de usuários, como explica a Figura 6.

Figura 6 - Motivo da Viagem no TransCarioca.

Fonte: ITDP (2015), p.20.

Page 42: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

42

O BRT TransCarioca conta com oito diferentes serviços, conforme apresentado

no ANEXO 1. As linhas se diferem principalmente pelas regiões atendidas e pelo

número de paradas, sendo em ordem decrescente Parador, Expresso e Semi-Direto.

Em relação ao tipo de linha preferido pelos clientes, 85% utilizam apenas um

tipo de serviço, enquanto outros podem utilizar mais de um. A Figura 7 mostra a

distribuição da preferência pelo serviço.

Figura 7 - Tipo de Serviço Utilizado.

Fonte: ITDP (2015), p.21.

A questão da lotação fica mais evidente quando é feita a comparação com o

sistema anterior à implementação do corredor (linhas convencionais). A Figura 8

mostra que para 69% dos entrevistados, a situação ficou igual ou pior do que a

anterior.

Figura 8 - Lotação do BRT TransCarioca Comparada à Situação Anterior.

Fonte: (2015), p.31.

As linhas de BRT no Rio de Janeiro são operadas por consórcios privados, e a

remuneração se dá pela passagem (para TransOeste e TransCarioca) e combinação

de tarifa e distância percorrida para TransBrasil. O único corredor que não receberá

Page 43: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

43

subsídios na tarifa será o TransOeste (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS

DE TRANSPORTES URBANOS (NTU), 2011, p.88). O consórcio BRT é operado por7:

Algarve

Bangu Barra

Campo Grande

Caprichosa

Futuro

Jabour

Litoral

Paranapuã

Pégaso

Real

Redentor

Santa Maria

Tijuca

Três Amigos

Cabe ressaltar que o grupo teve dificuldade de encontrar informações precisas

relativas à operação dos corredores BRT, especialmente a relação entre governo e

consórcio de empresas. Não fica clara a participação de cada empresa, os subsídios

concedidos pelo governo, dentre outros.

4.2 EXPERIÊNCIA DE CAMPO

Como forma de compreender a rotina dos usuários do sistema, o grupo decidiu

realizar visitas e registrar tempos e condições de conforto relacionadas à experiência.

Os relatórios das visitas encontram-se no APÊNDICE 1. Entretanto, para uma análise

mais aprofundada, foram compilados nas Tabelas 7 e 8 as distribuições dos tempos

de viagem.

7 http://www.fetranspordocs.com.br/downloads/Relacaodeempresas2014.pdf Acesso em

17/02/2015

Page 44: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

44

Tabela 7 – Distribuição dos Tempos da Viagem de 13/02/2015.

Viagem ALV-GIG1

% Viagem GIG-

ALV1 %

Tempo Total 2:23:00

1:39:00

Tempo Dentro do Ônibus

1:35:00 66,43% 1:21:00 81,82%

Tempo em Movimento

0:56:30 39,51% 0:52:30 53,03%

Tempo Parado no Sinal

0:26:30 18,53% 0:20:00 20,20%

Tempo Parado na Estação

0:12:00 8,39% 0:08:30 8,59%

Tempo de Fora do Ônibus

0:48:00 33,57% 0:18:00 18,18%

Filas 0:40:30 28,32% 0:06:00 6,06%

Caminhando até Destino

0:07:30 5,24% 0:12:00 12,12%

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 8 - Distribuição dos Tempos da Viagem de 06/03/2015.

Viagem ALV-GIG2

% Viagem GIG-

ALV2 %

Tempo Total 1:39:00

1:39:00

Tempo Dentro do Ônibus

1:15:00 77,32% 1:23:00 83,84%

Tempo em Movimento

0:55:30 57,22% 0:48:00 48,48%

Tempo Parado no Sinal

0:14:30 14,95% 0:24:00 24,24%

Tempo Parado na Estação

0:05:00 5,15% 0:11:00 11,11%

Tempo de Fora do Ônibus

0:24:00 22,68% 0:16:00 16,16%

Filas 0:15:30 15,98% 0:10:00 10,10%

Caminhando até Destino

0:06:30 6,70% 0:06:00 6,06%

Fonte: Elaboração Própria

Fica claro através da análise da distribuição dos tempos que o período dentro

do veículo em movimento – objetivo do processo de consumo e única parte pela qual o

consumidor está realmente disposto a pagar – é, na melhor das hipóteses, cerca da

metade de sua jornada. Grandes desperdícios ocorrem ao enfrentar filas ou aguardar

nos sinais de trânsito.

Page 45: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

45

O tempo, como variável objetiva, é o foco principal desse estudo. Entretanto,

cabe ressaltar que este não permite retratar completamente a experiência de

consumo. As esperas em filas, por exemplo, tornam-se muito mais agravantes, dadas

as condições de embarque para passageiros com necessidades especiais ou portando

bagagens. Na seção 8 outras variáveis subjetivas serão incorporadas à análise. As

Tabela 9 e Tabela 10 compilam a distribuição de tempos das experiências de

campo, com observações úteis para descrever as viagens. Nelas, é possível notar

como aspectos qualitativos e não previsíveis impactam no tempo total gasto.

Tabela 9 - Distribuição de Tempos (em minutos) nas viagens Alvorada-Galeão.

DISTRIBUIÇÃO DE TEMPOS (EM MINUTOS) NAS VIAGENS ALVORADA-GALEÃO

ETAPA ALV-GIG1 OBS ALV-GIG2 OBS

Andar até bilheteria 0,5

0,5

Fila da bilheteria 0,5

2,5

Comprar Ingresso 2,0

Falta de informação

sobre os preços e trajetos.

1,0

Andar até plataforma de embarque 5,0

Procura por local de

embarque; local cheio.

4,0

Fila 38,0

Retorno ao fim da fila por falta de informação e lotação do

veículo.

12,0

Espera Estação Alvorada 3,0

1,0

Em movimento 26,5

24,0

Parado no Sinal 9,5 12 paradas 6,0 9

paradas

Espera Estação Madureira 1,0

0,0

Desembarque Estação Madureira 1,0

1,0

Em movimento 6,0

6,5

Parado no Sinal 7,0

Trânsito intenso em um

cruzamento.

5 paradas

3,5 4

paradas

Page 46: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

46

Espera Estação Vicente de Carvalho 0,0

0,0

Desembarque Estação Vicente de Carvalho 1,0

0,5

Em movimento 15,0

15,5

Parado no Sinal 8,0 10 paradas 4,5 6

paradas

Espera Estação Fundão 1,0

0,0

Desembarque Estação Fundão 3,0

0,5

Em movimento 6,0

6,5

Parado no Sinal 2,0 3 paradas 0,5 1

parada

Espera Estação Terminal 2 0,0

0,0

Desembarque Estação Terminal 2 2,0

1,0

Em movimento 3,0

3,0

Espera Estação Terminal 1 0,0

1,0

Desembarque Estação Terminal 1 1,0

0,5

Andar até saguão 1,0

1,5

Total 143,0

97,0

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 10 - Distribuição de tempos (em minutos) nas viagens Galeão-Alvorada.

DISTRIBUIÇÃO DE TEMPOS (EM MINUTOS) NAS VIAGENS GALEÃO-ALVORADA

ETAPA GIG-ALV1 OBS GIG-ALV2 OBS

Andar até bilheteria 6,0

Bilheteria vazia; por informação

errada os autores

andaram até estação e tiveram de

voltar.

1,0

Fila da bilheteria 1,0

3,0

Comprar Ingresso 1,0

1,0

Andar até plataforma de embarque 2,0

2,0

Fila 4,0

6,0

Page 47: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

47

Espera Estação Terminal 1 3,0

1,0

Em movimento 7,5

7,5

Parado no Sinal 1,0 1 parada 1,5 2

paradas

Espera Estação Fundão 1,0

1,0

Desembarque Estação Fundão 0,5

0,5

Em movimento 15,0

13,5

Parado no Sinal 7,0 9 paradas 8,0 8

paradas

Espera Estação Vicente de Carvalho 0,0

0,0

Desembarque Estação Vicente de Carvalho 1,0

1,0

Em movimento 5,0

6,0

Parado no Sinal 2,0 3 paradas 4,0 5

paradas

Espera Estação Madureira 0,0

0,0

Desembarque Estação Madureira 1,0

0,5

Em movimento 25,0

21,0

Parado no Sinal 10,0 12 paradas 10,5 13

paradas

Espera Estação Alvorada 2,0

7,0

Desembarque Estação Alvorada 0,5

0,5

Andar até saída 3,5

2,5

Total 99,0

99,0

Fonte: Elaboração Própria

Page 48: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

48

5 DEFINIÇÃO DE SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

Com fim de fixar um padrão comum de comparação para as experiências no

BRT TransCarioca e possíveis propostas de intervenção, faz-se necessário identificar

a situação ideal que forneça os Tempos Padrão, conforme o modelo de JARDIM

(2014). Com o intuito de tornar a comparação mais real, decidiu-se por pesquisar pelo

estado da arte, transpondo-o para a situação do corredor em estudo. Tal decisão se

revelará útil na análise crítica, quando será possível realizar comparações entre a

situação atual e as melhores práticas.

Para tanto, foram feitos estudos de caso em sistemas que incorporam algumas

das características citadas por DUNNING e RICHERT (2001) como aplicações da

filosofia lean ao transporte urbano.

5.1 ESTUDOS DE CASO

Os estudos de caso confirmaram a viabilidade da adoção de princípios lean ao

transporte. Enquanto o primeiro caso traz uma experiência de sucesso na América

Latina, o segundo apresenta uma das mais avançadas tecnologias, ainda em

aperfeiçoamento.

5.1.1 Medellin – Colômbia

A cidade de Medellin tornou-se referência mundial em mobilidade urbana ao

ser a pioneira na adoção de um sistema de teleféricos para transporte de massa, em

2004. Como descrevem BRAND e DAVILA (2011), o sistema visa integrar áreas

marginalizadas da cidade ao sistema de metrô local, com a redução do tempo de

viagem, aumento do conforto do passageiro e adoção de uma tarifa única.

Pode-se interpretar o sistema de Medellin à luz da filosofia lean, exposta

anteriormente. Em primeiro lugar, ainda que a produção se mantenha empurrada, o

teleférico oferece um fluxo contínuo com pequenos lotes de processamento, que

tendem a reduzir desperdícios de tempo de espera. Pode-se considerar também que

houve um esforço prévio para a compreensão do valor para o cliente, uma vez que a

instalação do sistema foi feita de modo a integrar uma região degradada à cidade,

fomentando oportunidades de emprego e renda para a população local e permitindo o

acesso das autoridades e prestadores de serviços para um lugar antes inacessível.

Por fim, a adoção de um “corredor aéreo” exclusivo reduz significativamente a

variabilidade do processo, tornando-o muito mais previsível para seus operadores.

Page 49: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

49

Quando comparado à experiência do BRT TransCarioca, ambos os sistemas

têm em comum a existência de um corredor exclusivo, ainda que o fluxo contínuo

permitido pelo corredor aéreo apresente uma grande vantagem, dado que o BRT

passa por diversos cruzamentos e, consequentemente, deve parar nos semáforos.

Outra diferença radical é o tamanho do lote de processamento - enquanto o teleférico

trabalha com lotes pouco maiores que um, o ônibus transporta grandes volumes de

cada vez, com um ciclo de processo mais elevado. Entretanto, ambos os sistemas

devem parar em todas as estações de sua linha, já que não seguem direto para a

estação desejada pelo passageiro individual.

5.1.2 Greenville-Spartanburg Airport District – Estados Unidos

Com a finalidade de trazer à prática alguns dos conceitos do PRT, PRT

CONSULTING (2015) conduziu um estudo de viabilidade para a instalação de um

sistema de transportes individuais no aeroporto de Greenville-Spartanburg, no Estado

de Carolina do Sul nos Estados Unidos. Grande parte do conceito do projeto é

inspirado em um sistema similar que já se encontra em operação no aeroporto de

Heathrow em Londres, conectando o estacionamento a um terminal de passageiros. A

análise de investimentos compara a instalação do PRT com ônibus de traslado.

Se por um lado a adoção de ônibus requer pouca instalação de infraestrutura,

pois os veículos poderiam utilizar as ruas atuais, por outro a inserção de grandes

veículos poderia causar congestionamentos ao redor do aeroporto. Além disso, o

frequente número de paradas para embarque e desembarque tenderia a aumentar a

duração da viagem. Tais possibilidades são indesejadas, uma vez que podem

acarretar na perda de voos para os passageiros.

Para o projeto do PRT, devem-se construir corredores suspensos exclusivos,

de modo a eliminar cruzamentos de fluxo desnecessários. Quando necessário, as

estações podem ser ao nível da rua, visando facilitar o embarque e desembarque de

passageiros com malas. São dados como inputs principais para o projeto o tempo

máximo admissível de espera e de traslado do cliente. A Figura 9 ilustra uma estação

de PRT.

Page 50: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

50

Figura 9 - Ilustração de estação elevada de PRT.

Fonte: PRT CONSULTING (2015)

A comparação entre os ônibus de traslado e o PRT trouxe alguns resultados

interessantes. Primeiramente, os tempos do PRT parecem ser 2,5 vezes menores que

os ônibus. Todas as viagens naquele são sentados, enquanto neste há a possibilidade

de ir em pé. Como os veículos PRT são elétricos, as emissões de gases também são

reduzidas. Pressupondo que o seu maior nível de serviço habilitaria a cobrança de um

preço ligeiramente maior para o estacionamento, o Valor Presente Líquido mostrou ser

superior ao ônibus de traslado, devido aos custos operacionais menores.

Essa tecnologia, ainda começando seu desenvolvimento e muito dependente

de tecnologia da informação, possivelmente ainda não teria condições de atender uma

grande demanda e longo trajeto como do BRT TransCarioca, cujo funcionamento é

bem conhecido e implementado no mundo todo. No entanto, o estudo de viabilidade

traz resultados interessantes e reflexões quando confrontado à realidade do corredor

de ônibus. Ao colocar o foco no cliente, modelou-se o sistema para atender suas

expectativas. A individualização e customização das viagens eliminam paradas

desnecessárias e viagens em pé. A característica de o cliente puxar o sistema permite

ainda evitar que veículos se locomovam vazios desnecessariamente, elevando a

eficiência do sistema sem prejudicar seu nível de serviço.

5.2 DEFINIÇÃO DO PADRÃO

Como a situação que mais se aproxima dos conceitos de lean aplicados ao

transporte urbano é o caso de Greenville-Spartanburg, os dados de desempenho

Page 51: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

51

projetados na análise de viabilidade serão utilizados para um benchmarking da

situação de referência.

Segundo PRT CONSULTING (2015), o tempo máximo caminhando na viagem

seria de 90 segundos, enquanto a maior espera possível por um veículo seria de 60

segundos. O veículo não precisa parar em sinais de trânsito ou estações que não são

o destino do passageiro.

Ao transpor para o TransCarioca, adotaram-se as seguintes premissas:

O veículo trafegaria com uma velocidade média de 60 km/h

(atualmente, a velocidade máxima é de 70km/h em vias expressas e

40km/h ao passar pelo centro de bairros);

Não existiriam tempos de espera em sinais ou estações que não são o

destino do passageiro;

O tempo caminhando seria composto de 1:30 até o PRT mais 1:00 até o

saguão de embarque;

O tempo de espera pelo veículo seria de 1:00.

Foram calculados os tempos padrão para cada trecho da viagem em ambos os

trajetos. Como informações oficiais sobre as distâncias entre as estações não estão

disponíveis, foi feita uma estimativa com o auxílio do Google Maps. Foram simulados

os trajetos entre as estações em que o ônibus realiza paradas, utilizando como via o

corredor TransCarioca. As distâncias aproximadas obtidas estão apresentadas na

Tabela 11.

Page 52: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

52

Tabela 11 - Comprimento do Corredor TransCarioca.

Alvorada – Galeão Km

Alvorada – Madureira 19,0

Madureira – Vicente de Carvalho 4,5

Vicente de Carvalho – Fundão 11,0

Fundão – Galeão Terminal 1 5,0

Total 39,5

Galeão – Alvorada Km

Galeão Terminal 1 – Fundão 5,0

Fundão – Vicente de Carvalho 11,0

Vicente de Carvalho – Madureira 4,5

Madureira – Alvorada 19,0

Total 39,5

Fonte: www.google.com.br/maps. Acesso em 15/05/2015.

Diferentemente do BRT, o PRT não realizaria parada intermediária no Terminal

2, por não ser o destino do passageiro. Portanto, ambos os trajetos tem distância de

39,5 km. A partir de tais distâncias, foram calculados os tempos padrão de viagem,

tendo como premissa a velocidade de 60km/h. Dessa forma, a duração da etapa

“Tempo Em Movimento” das viagens Alvorada – Galeão e Galeão – Alvorada seria de

39,5 min.

Com essas premissas e cálculos, obteve-se a seguinte distribuição de tempos

da situação de referência, conforme a Tabela 12.

Page 53: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

53

Tabela 12 - Distribuição dos Tempos da Situação de Referência para Alvorada-Galeão e Galeão Alvorada.

Situação de Referência Alv – GIG

%

Situação de

Referência GIG – Alv

%

Tempo Total 0:42:30 100,00% 0:42:30 100,00%

Tempo Dentro do Veículo 0:39:30 91,86% 0:39:30 91,86%

Tempo em Movimento 0:39:30 91,86% 0:39:30 91,86%

Tempo Parado no Sinal 0:00:00 0,00% 0:00:00 0,00%

Tempo Parado na Estação 0:00:00 0,00% 0:00:00 0,00%

Tempo de Fora do Veículo 0:03:30 8,14% 0:03:30 8,14%

Filas 0:01:00 2,33% 0:01:00 2,33%

Caminhando até Destino 0:02:30 5,81% 0:02:30 5,81%

Fonte: Elaboração Própria

Foi também elaborado o mapa de fluxo de valor correspondente à situação de

referência para os trajetos. O mapa do percurso Alvorada-Galeão pode ser visto na

Figura 10 e o do percurso Galeão-Alvorada pode ser consultado na Seção 13.3.2.

Page 54: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

54

Figura 10 - Mapa de Fluxo de Valor da Situação de Referência.

Fonte: Elaboração Própria

Page 55: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

55

Em ambos os casos, o trajeto se resumiria a quatro etapas: andar até a

plataforma de embarque, aguardar pela chegada do veículo, realizar o deslocamento

propriamente dito (a única etapa que oferece valor real para o passageiro) e caminhar

até o destino final. Nota-se que, nessa situação, o tempo gasto com adquirir um bilhete

(e a respectiva fila para tal) não seria necessário, já que a cobrança poderia ser feita

no interior do veículo. Também não haveria tempo de espera na estação após o

embarque e o tempo gasto com deslocamento seria equivalente ao tempo padrão,

uma vez que não haveria qualquer tipo de parada intermediária.

Page 56: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

56

6 ANÁLISE DOS TEMPOS DE VALOR DA SITUAÇÃO ATUAL

Como descrito na Seção 3.2, é necessário adaptar o modelo de JARDIM

(2014) para o caso em estudo. Em seguida, será criada uma representação gráfica

para comparação das experiências.

6.1 CÁLCULO DOS TEMPOS DE VALOR DA SITUAÇÃO ATUAL

Serão utilizadas três equações para representar o valor e desperdício gerados:

D(r) = V(r) – T(p) (I)

T = V(r) + V(c) + D(a) (X)

Valor Real Relativo (%) = T(p)/T (XI)

Variabilidade do Real Quanto ao Padrão (%) = D(r)/T(p) (IX)

Desperdício Relativo (%) = 100% - Valor Real Relativo = (T-T(p))/T (XII)

Para reduzir o elemento subjetivo, o elemento V(s) será excluído deste estudo,

sendo posteriormente incorporado na análise subjetiva do caso. O cálculo do Valor

Real Relativo considera que apenas o Tempo Padrão de deslocamento – a finalidade

do processo de consumo – é relevante para a análise objetiva. Desse modo, o V(c) foi

desconsiderado do numerador, e assim como o V(s), será incorporado mais tarde de

forma qualitativa na Análise Crítica. O Desperdício Relativo foi definido como a

proporção do tempo que excede o padrão.

Os tempos foram classificados da seguinte maneira:

T(p) = tempo em movimento no caso PRT;

V(c) = tempo caminhando até destino;

V(r) = tempo em movimento registrado;

D(a) = tempo em filas, parado no sinal e esperando dentro do ônibus.

A distribuição dos tempos segundo essa classificação absoluta para as

experiências práticas está exposta na Tabela 13.

Page 57: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

57

Tabela 13 - Valor Absoluto para BRT.

Valor Absoluto

Situação de Referência

Alv – GIG

Situação

de Referência

GIG – Alv

Viagem

Alv – GIG 1

Viagem

GIG – Alv 1

Viagem

Alv – GIG 2

Viagem

GIG – Alv 2

V(R) 0:39:30 0:39:30 0:56:30 0:52:30 0:55:30 0:48:00

V(C) 0:02:30 0:02:30 0:07:30 0:12:00 0:06:30 0:06:00

D(A) 0:01:00 0:01:00 1:19:00 0:34:30 0:35:00 0:45:00

D(R) 0:00:00 0:00:00 0:17:30 0:13:30 0:15:00 0:08:30

Fonte: Elaboração Própria

Aplicando as três equações mencionadas no início da seção, obtiveram-se os

resultados contidos na Tabela 14 e Tabela 15.

Tabela 14 - Cálculo de Valor para BRT.

Valor Relativo

Situação de

Referência ALV-GIG

Situação de

Referência GIG-ALV

Viagem ALV-GIG1

Viagem GIG-ALV1

Viagem ALV-GIG2

Viagem GIG-ALV2

Valor Real Relativo 91,9% 91,9% 27,6% 39,9% 40,7% 39,9%

Variabilidade quanto ao Padrão 0,0% 0,0% 43,0% 32,9% 40,5% 21,5%

Desperdício Relativo 8,1% 8,1% 72,4% 60,1% 59,3% 60,1%

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 15 - Média do Cálculo de Valor para os Trajetos do BRT.

Valor Relativo Média BRT ALV-GIG Média BRT GIG-ALV

Valor Real Relativo 34,2% 39,9%

Variabilidade quanto ao Padrão 41,8% 27,2%

Desperdício Relativo 65,8% 60,1%

Fonte: Elaboração Própria

As notas obtidas para o Valor Real Relativo e para a Variabilidade quanto ao

Padrão podem ser explicadas por etapas de desperdício absoluto, como o tempo

parado no sinal e em desembarques em estações intermediárias.

Page 58: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

58

6.2 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

Mapeou-se o fluxo de valor da ida e da volta para as duas visitas realizadas,

totalizando-se quatro mapas. O mapa para a primeira visita no trajeto Alvorada-Galeão

encontra-se na Figura 11 e os demais no APÊNDICE 3, disponível na seção 13.3.1.

Page 59: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

59

Figura 11 - Mapa de Fluxo de Valor do Trajeto Alvorada Galeão (13/02/2015)

Fonte: Elaboração Própria

Page 60: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

60

O consumidor que deseja utilizar o BRT entre a Alvorada e o Galeão,

atualmente, deve enfrentar ao menos 12 etapas para tal, das quais apenas 5

correspondem ao passageiro dentro do ônibus em movimento.

Como observação geral, a análise dos mapas revela diversas etapas que não

agregam valor ao passageiro, como filas, compra de bilhetes e deslocamentos a pé

que não estão diretamente relacionados à razão de ser do consumo. Através dessa

ferramenta, fica visualmente explícito que, uma vez dentro do ônibus, praticamente

metade do tempo gasto na viagem é parado em sinais ou em estações que não são o

destino final do passageiro que se desloca entre a Alvorada e o Galeão.

Além disso, é possível ver, graficamente, o impacto que acontecimentos

incidentais do consumo (como a volta ao fim da fila de embarque no primeiro trajeto

Alvorada – Galeão) causam ao passageiro. Eles muitas vezes representam etapas

extras na jornada do cliente que se traduzem em tempo desperdiçado.

Vale ressaltar que tais acontecimentos não previstos são, na realidade,

consequências do atual planejamento do sistema, evidenciando, por exemplo, que a

sinalização e disponibilização de informações atuais não são suficientes para um

passageiro novato compreender a utilização do serviço.

Tendo identificado as etapas de desperdício envolvidas nos trajetos Alvorada –

Galeão e Galeão – Alvorada, o próximo capítulo estudará possibilidades de soluções

lean para melhorar a situação atual pelo ponto de vista do passageiro.

Page 61: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

61

7 PROPOSTA DE SITUAÇÃO FUTURA

A situação desejável deve permitir que passageiros se desloquem entre o

Aeroporto e a região da Barra de forma confortável e acessível com a otimização dos

tempos geradores de valor. A operação deverá se moldar, portanto, para que esses

objetivos sejam alcançados.

Considerando os investimentos feitos para a construção do corredor

TransCarioca, uma das restrições para propostas de melhoria é que estas não exijam

mudanças drásticas de infraestrutura ou envolvam novos dispêndios de capital.

Conforme o objetivo deste estudo, de validar a extrapolação da filosofia lean

para o caso particular de transporte público, deve ser testada a hipótese de que

veículos mais frequentes e de menor capacidade seriam uma solução para se

alcançar a situação desejável no trajeto em questão.

Na prática, tal alternativa já se apresenta de maneira não oficial em diversos

pontos da cidade, por meio de vans e dos chamados moto-táxis (que trabalham com

lote unitário). Como grande parte do trabalho informal, o transporte alternativo surge

para atender a uma demanda reprimida. Sob o ponto de vista do transporte urbano

como processo produtivo, as vans operam com lotes menores, reduzindo

sensivelmente os tempos de paradas intermediárias; por serem veículos mais leves,

podem atingir velocidades médias superiores aos ônibus; contam com maior

flexibilidade de adaptação frente às condições de trânsito; oferecem maior conforto

para seus usuários, por permitir que viagem sentados (ainda que algumas operem

superlotadas).

Essas características levam a crer que esses veículos podem permitir ciclos do

produto inferiores em relação aos ônibus. Como constatado nas experiências práticas

dos autores no BRT TransCarioca, grande parte do tempo é desperdiçado em filas ou

parando em estações que não são o destino do passageiro. A possibilidade de

redução desses tempos e de maior conforto sugerida pelas vans certamente merece

uma consideração mais aprofundada. Será, portanto, estudada sua adoção dedicada

ao trajeto Alvorada-Galeão, de maneira complementar ao sistema atual.

7.1 A PROPOSTA

No lugar de propor grandes investimentos para aquisição de bens de capital,

pode-se pensar no credenciamento de vans que já circulam nas ruas da cidade. Os

veículos devem contar com bagageiro e acessibilidade para deficientes, uma vez que

Page 62: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

62

farão a ligação com o aeroporto e com a região das Olimpíadas e Paraolimpíadas. A

viagem será feita de modo direto, isto é, sem paradas em estações intermediárias. A

quantidade de vans será estabelecida de modo a atender a um tempo médio de

espera, fixado em cerca de 2,5 minutos, por se aproximar do PRT, cujo tempo médio

de espera era de 1,0 minuto.

Apesar de a principal intervenção estudada ser a adoção de veículos de menor

capacidade e a maior frequência de operação para o trajeto Alvorada – Galeão,

também se permitiu propor melhorias incrementais em todas as etapas da jornada.

Como boa parte dos passageiros que vão para o Galeão partindo do Terminal

Alvorada porta bagagens, a localização da baia de embarque seria modificada, por

entender que esses clientes têm um dispêndio maior de energia ao se deslocar e

podem atrapalhar a circulação de outros. O embarque seria, portanto, transferido para

uma das extremidades da estação, preferencialmente próximo ao ponto de táxi. Esta

premissa já havia sido adotada para a Situação de Referência (PRT) e, portanto, o

tempo caminhando até o destino da Van será de 2,5 minutos.

A etapa de compra de bilhetes poderia ser simplificada ao permitir que

passageiros os adquirissem previamente pela internet, evitando filas. Caso esta fosse

incentivada, poderia ajudar o sistema a prever aumentos de demanda, a tempo de

compensar com aumentos de oferta. A venda de cartões retornáveis contendo viagens

de ida e volta também contribuiria para reduzir as filas em uma das etapas da viagem,

além de fidelizar o passageiro. Considerou-se desta forma, um tempo de 2,0 minutos

para a obtenção do bilhete.

É desejável, além disso, melhorar a sinalização da estação para os usuários. A

inclusão de informações em tempo real sobre o estado do sistema e dos voos no

aeroporto poderia elevar o Valor Subsidiário e Complementar gerados, como ilustrado

pela Figura 12.

Page 63: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

63

Figura 12 - Montagem com Painel de Partidas do Aeroporto.

Fonte: Elaboração Própria

A possibilidade de cobrança de um preço diferenciado também será

considerada, desde que se comprove uma melhoria real do serviço. Passageiros

frequentes, como trabalhadores do aeroporto, poderiam receber algum tipo de

subsídio, caso necessário.

Para compreender melhor como a adoção de vans impactaria no fluxo da

estação, bem como para avaliar a sensibilidade do tempo médio de espera sobre a

quantidade necessária de vans, será construído um modelo de simulação.

7.2 SIMULAÇÃO

O objetivo da simulação é explorar os impactos potenciais da adoção de vans

no trajeto Alvorada-Galeão. Para tanto, primeiro foi construído um modelo que

represente, ainda que de forma simplificada, a atual condição de embarque na estação

Alvorada. Tal escolha foi feita pelo fato de o embarque atual demandar uma parcela

significativa de tempo e atenção do passageiro, como observado nas primeiras visitas.

A modelagem do problema requereu uma terceira ida a campo, desta vez para

medir tempos relacionados ao processo produtivo do provedor. Foram quatro as

variáveis medidas: o tempo entre chegadas de clientes; o intervalo entre ônibus; o

tempo de embarque; a proporção de passageiros da fila que utilizarão o Semi-Direto.

Para a estimativa da taxa de chegada atual de passageiros que vão do Alvorada para

o Galeão no horário de pico, utilizaram-se dados históricos do ITDP (2015) presentes

na seção 4.1. O modelo do BRT foi adaptado para simular a implementação de vans,

com o intervalo entre veículos variado enquanto se mantinha o tempo de espera na fila

razoavelmente constante. Para facilitar a leitura, a estimação dos parâmetros foi

inserida no APÊNDICE 2, que pode ser consultado na seção 13.2.1.

Page 64: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

64

7.2.1 Modelo de Simulação para BRT

Um modelo de Monte Carlo (HROMKOVIC, 2001, p. 365) foi desenvolvido para

simular a situação atual da plataforma de embarque no BRT. Como o modelo seria

adaptado posteriormente para a avaliação das vans, algumas simplificações foram

adotadas, visando reduzir a sua complexidade. Em primeiro lugar, retirou-se do

modelo o Expresso, e a taxa de chegada foi ponderada pela proporção estimada de

passageiros do Semi-Direto, como explicado anteriormente. Considerou-se que o

ônibus tem capacidade para 140 passageiros, e que suas vagas são idênticas. Na

prática, verifica-se que existe a formação de uma “fila para ir sentado”: quando o

ônibus chega, há grande fluxo de pessoas que rapidamente ocupam os bancos do

ônibus. Alguns, então, preferem esperar a próxima composição para tentar viajar de

forma mais confortável, enquanto outros preferem entrar logo no ônibus para reduzir

seu tempo total de viagem.

Nas visitas ao gemba, os autores optaram por ficar nessa “fila para ir sentado”,

portanto registrando um tempo médio de espera na fila superestimado, já que poderia

ter tentado entrar mais rapidamente caso se dispusesse a ir em pé.

A última simplificação adotada foi não considerar a existência de quatro filas,

mas antes de uma fila única com taxa de chegada quatro vezes maior do que a

estimada no gemba. A taxa total de chegada de clientes por minuto é, portanto:

λ = 6,067 passageiros/minuto * 4 portas * proporção de clientes do Semi-Direto

Todas as simplificações foram adotadas pelo entendimento de que essas

características da situação atual não seriam mais relevantes caso a proposta

apresentada fosse implementada, como será detalhado na seção seguinte.

O modelo tem duas variáveis aleatórias: o intervalo entre chegadas de veículos

e a quantidade de chegadas de passageiros neste intervalo. A primeira é obtida

através da distribuição Triangular referida na seção 13.2.1.3. A segunda é obtida

através da distribuição de Poisson cujo parâmetro é o produto entre o intervalo

simulado e a taxa de chegada de clientes por minuto. A proporção de clientes do

Semi-Direto foi variada em uma análise de sensibilidade, para testar o impacto de um

aumento ou redução da demanda sobre o desempenho do sistema.

Cada rodada do modelo simula um intervalo de chegada de 25 veículos. Foram

feitas 10 simulações completas de 1.000 rodadas cada para a estimação dos outputs e

construção de intervalos de confiança de 95%.

Page 65: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

65

As variáveis de saída do modelo (HILLIER e LIEBERMAN, 2006) estão

descritas na Tabela 16. Os intervalos de confiança para os principais outputs se

encontram no APÊNDICE 2, na seção 13.2.2.1.

Tabela 16 - Outputs do Modelo de Simulação.

Fonte: Elaboração Própria

Como ilustram as Figura 13, Figura 14 e Figura 15, aumentos na proporção

levam o sistema à instabilidade, pela aproximação da taxa de utilização de 100%.

Figura 13 - Comportamento da Fila do BRT para Proporção do Semi-Direto = 47%.

Fonte: Elaboração Própria

Page 66: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

66

Figura 14 - Comportamento da Fila do BRT para Proporção do Semi-Direto = 51%.

Fonte: Elaboração Própria

Figura 15 - Comportamento da Fila do BRT para Proporção do Semi-Direto = 54%.

Fonte: Elaboração Própria

É possível notar um aumento do tamanho e do tempo médio de espera da fila

conforme cresce a proporção do Semi-Direto, tal como ilustrado pela Figura 16. O

resultado para uma proporção entre 51% e 53% condiz com o tempo registrado na fila

na 2ª visita ao TransCarioca, dada a ressalva feita no início desta seção. Tal fato é

reforçado pelo comportamento cíclico observado na 3ª Visita, e que pode ser visto na

Figura 14.

Page 67: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

67

Figura 16 - Gráfico de Fila Média e Tempo Esperado na Fila para BRT.

Fonte: Elaboração Própria

A utilização média também cresce conforme o aumento da demanda, indicando

uma saturação atual do sistema, como perceptível na Figura 17.

Figura 17 - Gráfico de Taxa de Utilização Média para BRT.

Fonte: Elaboração Própria

O modelo para o BRT, portanto, foi fundamental para a compreensão da dinâmica

de filas e embarque na estação. Esse entendimento permitiu estruturar uma lógica que

pôde ser adaptada para o estudo da proposta de implantação de vans.

Page 68: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

68

7.2.2 Modelo de Simulação para Van

Como dito anteriormente, o modelo para Van foi construído a partir da lógica do

modelo para BRT. Algumas adaptações, entretanto, foram necessárias para a

simulação. Primeiramente, a capacidade do veículo foi fixada em 10 passageiros, já

que os veículos deverão contar com bagageiro. O objetivo da modelagem é determinar

como o intervalo entre veículos deve responder a eventuais aumentos da demanda

para manter o tempo médio de espera na fila próximo a um nível de serviço aceitável.

Este foi definido como cerca de 2,5 minutos, por se aproximar do PRT, cujo tempo

médio de espera era de 1,0 minuto.

Para facilitar a compreensão, criaram-se duas variáveis para a análise de

sensibilidade. A primeira, o Fator de Chegada, multiplica a taxa de chegada de clientes

estimada na seção 13.2.1.5. A segunda, o Fator de Frequência de Veículos, multiplica

a frequência atual do BRT, reduzindo o intervalo entre veículos. Cabe ressaltar que, ao

aumentar a frequência, a variabilidade do tempo entre veículos se reduz, pois todos os

parâmetros da distribuição Triangular foram divididos por esse fator. Em suma:

λ = 1,054 passageiros/minuto * Fator de Chegada

Os parâmetros da distribuição triangular seriam:

Mínimo = 8,68/Fator de Frequência de Veículos

Moda = 10,38/Fator de Frequência de Veículos

Máximo = 14,42/Fator de Frequência de Veículos

A Figura 18 ilustra o comportamento da fila para um Fator de Chegada de 1 e

Fator de Frequência de Veículos de 2.

Page 69: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

69

Figura 18 - Comportamento da Fila da Van para Fator de Chegada = 1 e Fator de Frequência de Veículos = 2.

Fonte: Elaboração Própria

A Figura 19 e a Tabela 17 expõem a variável de nível de serviço de modelo, o

tempo médio de espera na fila. Nota-se que ele se manteve razoavelmente constante

com a manipulação da frequência de veículos que atenda a demanda. Como o

intervalo entre veículos se aproximou do tempo médio de embarque (2 minutos) para

os últimos dois cenários, considerou-se que o número de baias deveria ser aumentado

nesses casos para evitar o congestionamento da plataforma.

Tabela 17 - Fator de Chegada, Fator de Frequência de Veículos e Número de Baias para Van.

Fonte: Elaboração Própria

Page 70: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

70

Figura 19 - Gráfico de Tempo Médio de Espera na Fila para Van.

Fonte: Elaboração Própria

Como visível na Figura 20, a fila média cresce com o aumento da demanda, mas,

como a frequência de veículos também cresce, o tempo de espera na fila se mantém

estável, como sugerido na Figura 19. A taxa de utilização média também registra

crescimento, partindo de um grau relativamente alto de ociosidade para uma ocupação

máxima de cerca de 95%, como mostra a Figura 21.

Figura 20 - Gráfico de Fila Média para Van.

Fonte: Elaboração Própria

Page 71: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

71

Figura 21 - Gráfico de Taxa de Utilização Média para Van.

Fonte: Elaboração Própria

Com os dados gerados pelo modelo, construiu-se uma classificação dos tempos

para a Van similar à das visitas de campo, contidas na Tabela 7 e na Tabela 8.

Considerou-se que o veículo iria diretamente para o Aeroporto, sem paradas em

estações intermediárias. No trajeto Alvorada-Galeão, considerou-se que haveria um

tempo de embarque de 2min na Estação Alvorada e de 1min para desembarque no

Terminal 2. No percurso Galeão-Alvorada, supõe-se que metade da demanda estaria

em cada terminal, e haveria dois embarques de até 1min30s em cada um. Devido às

paradas nos Terminais 1 e 2 tanto na ida como na volta, a distância de ambos os

trajetos seria igual a 40,5 km, a mesma do BRT Alvorada Galeão. Além do tempo em

fila para o embarque de cerca de 2min45s, considerou-se um tempo de 2min para a

compra de bilhete.

Optou-se pelo conservadorismo no Tempo em Movimento e Tempo Parado no

Sinal, cujos valores correspondem à média atual do BRT nos trajetos. No caso do

Galeão-Alvorada, assumiu-se um tempo igual ao Alvorada-Galeão no trecho

correspondendo à Terminal 1 – Fundão, por diferir da situação vivida no BRT. Pode-se

supor, entretanto, que a van tende a ter uma velocidade média superior, por ser um

veículo de menor porte e realizar menos frenagens. A distribuição estimada dos

tempos para a Van encontra-se disponível na Tabela 18.

Page 72: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

72

Tabela 18 - Distribuição dos Tempos para Van.

Van - ALV-GIG

% Van - GIG-

ALV %

Tempo Total 1:26:45 1:24:15

Tempo Dentro do Veículo

1:19:30 91,64% 1:17:00 91,39%

Tempo Andando 0:56:00 64,55% 0:52:00 61,72%

Tempo Parado no Sinal

0:20:30 23,63% 0:22:00 26,11%

Tempo Parado na Estação

0:03:00 3,46% 0:03:00 3,56%

Tempo de Fora do Veículo

0:07:15 8,36% 0:07:15 8,61%

Filas 0:04:45 5,48% 0:04:45 5,64%

Andando até Destino 0:02:30 2,88% 0:02:30 2,97%

Fonte: Elaboração Própria

Page 73: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

73

8 ANÁLISE CRÍTICA

Nesta seção será feita a análise dos resultados obtidos no modelo de

simulação para Van, comparado ao resultado de campo do BRT. A reflexão será

guiada pelas dimensões descritas na Tabela 1, com foco na ótica do cliente. Como

observado anteriormente, o ponto de partida o tempo de viagem para o passageiro.

8.1 ANÁLISE DOS TEMPOS DE VALOR DA SITUAÇÃO FUTURA

Com os dados obtidos na simulação, é possível aplicar a mesma metodologia

utilizada na seção 6.1 para a Van. A Tabela 19 apresenta a distribuição do Valor

Absoluto, enquanto a Tabela 20 expõe o Valor Relativo obtido, comparado às

experiências práticas.

Tabela 19 - Valor Absoluto para Van.

Valor Absoluto Van - ALV-GIG Van - GIG-ALV

V(R) 0:56:00 0:52:00

V(C) 0:02:30 0:02:30

D(A) 0:28:15 0:29:45

D(R) 0:16:30 0:12:30

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 20 - Valor Relativo para Van comparado às médias do BRT TransCarioca.

Valor Relativo Van - ALV-

GIG Van - GIG-

ALV Média BRT ALV-GIG

Média BRT GIG-ALV

Valor Real Relativo 45,5% 46,9% 34,2% 39,9%

Variabilidade quanto ao Padrão

41,8% 31,6% 41,8% 27,2%

Desperdício Relativo 54,5% 53,1% 65,8% 60,1%

Fonte: Elaboração Própria

A comparação dos resultados da simulação com os vividos no gemba não deve

ser entendida como definitiva, pois se reconhece a comparação entre variáveis de

natureza distinta: as primeiras baseadas em análise estatística e as segundas em

duas experiências práticas. O recomendável seria que, caso os resultados simulados

demonstrassem uma oportunidade de melhoria, fosse elaborado um protótipo físico

para a proposta, de modo a testá-la no chão de fábrica. Por limitações práticas,

entretanto, este estudo se aterá ao modelo simulado em computador.

Page 74: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

74

Em adição, o modelo desenvolvido para o BRT sofreu algumas simplificações

em relação à situação real, conforme destacado na seção 7.2.1. O objetivo de seu

desenvolvimento foi compreender o comportamento das filas e das chegadas de

veículos, permitindo a construção do modelo para Van.

Na comparação com os resultados médios do BRT, a adoção do sistema de

Vans parece elevar o Valor Real Relativo em cerca de 10% para ambos os trajetos,

reduzindo o Desperdício Relativo na mesma proporção. A Variabilidade quanto ao

Padrão tende a manter-se constante pela premissa conservadora adotada ao supor

que as Vans teriam Tempo em Movimento igual ao BRT. Desta forma, V(r) e D(r) se

mantém constantes na equação (I), tornando a Variabilidade quanto ao Padrão

constante.

Pode-se avaliar que grande parte do Desperdício Absoluto registrado tanto

para a Van como para o BRT correspondeu aos tempos parado no sinal. Para o

primeiro, correspondeu a cerca de 25% do tempo total de viagem; para o segundo,

20%.

Reduzir esse tempo é, portanto, fundamental para elevar o nível de valor

gerado pelo sistema. Sob a ótica do cliente, tornaria a viagem mais rápida e com

menor variabilidade; para o provedor, elevaria a eficiência do veículo.

O tratamento das interseções poderia ser feito prioritariamente evitando o

cruzamento de fluxo nos principais pontos de retenção de trânsito do trajeto. Para ruas

de menor movimento, poder-se-ia optar pela priorização semafórica.

Um questionamento natural seria por que adotar vans no lugar de mais e/ou

maiores ônibus. A pergunta pode ser respondida sob alguns aspectos. Primeiramente,

considere-se uma situação em que se adotassem as premissas de operação da Van

de que todos os passageiros deveriam ir sentados no BRT (cuja capacidade neste

sentido é de 50 passageiros), e este atendesse à demanda Alvorada-Galeão.

Suponha-se uma Taxa de Chegada de Passageiros igual a 4,22, escolhida por gerar

uma taxa de ocupação média de cerca de 90%. Ao mesmo tempo, considere-se a

mesma situação com a utilização de vans para, segundo a equação XIII, proporcionar

a mesma taxa média de ocupação (HILLIER e LIEBERMAN, 2006, p.22).

ρ = λ/Sµ (XIII)

Dessa forma, ter-se-ia uma taxa de serviço (μ) 50 ÷ 10 = 5 vezes a do BRT.

Simulando-se cinco rodadas e mil iterações para cada caso, obtiveram-se os

resultados médios da Tabela 21.

Page 75: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

75

Tabela 21 – Simulação para Comparação entre BRT e Vans para Mesma Demanda.

Inputs BRT Van

λ (passageiros/min) 4,22 4,22

S (passageiros) 50 10

1/µ (min)

Min 8,68 1,74

Med 10,38 2,08

Max 14,42 2,88

Outputs BRT Van

Fila Média (passageiros) 29,16 8,49

Tempo Esperado na Fila (min) 6,88 1,99

Utilização Média 93,5% 91,9%

Fonte: Elaboração Própria

Os resultados sugerem uma redução de 71% no tempo esperado na fila da van

em relação ao BRT, apesar de um mesmo Sμ. Em adição, os veículos menores, como

sugerido, eliminam tempos de desperdício absoluto ao evitar paradas em estações

intermediárias.

Para que o BRT proporcionasse o mesmo tempo esperado na fila, seria

necessário elevar a frequência de serviço a ponto de ter uma taxa de utilização média

baixa, prejudicando a eficiência dos ônibus. Para ilustrar esse efeito, simulou-se o

intervalo entre veículos que permitira ao BRT obter um tempo médio esperado na fila

igual ao da van, como pode ser visto na Tabela 22.

Page 76: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

76

Tabela 22 – Simulação para BRT com o Mesmo Tempo de Fila da Van.

Inputs BRT

λ (passageiros/min) 4,22

S (passageiros) 50

1/µ (min)

Min 3,16

Med 3,78

Max 5,24

Outputs BRT

Fila Média (passageiros) 8,30

Tempo Esperado na Fila (min) 1,97

Utilização Média 34,2%

Fonte: Elaboração Própria

Como se pode observar, para um tempo esperado na fila próximo ao da Van, é

necessário multiplicar a taxa de serviço μ por 2,75, gerando uma Taxa de Utilização

Média de 34,2%.

Por fim, os ônibus articulados atendem a necessidades distintas dos clientes

que precisam se deslocar entre Alvorada-Galeão, pelas condições de acessibilidade.

Uma elevação da frequência de ônibus, entretanto, pode ser considerada no

curto ou médio prazo, caso haja recursos disponíveis, para melhorar o nível de serviço

para os demais passageiros.

O tempo, entretanto, não é a única variável relevante para a avaliação do

modelo, como destacado na Tabela 1. Outras dimensões essenciais para a

compreensão dos motivadores de um processo de consumo devem ser estudadas.

8.2 ANÁLISE DE QUALIDADE

Como ressaltado por DUNNING e RICHERT (2001), para compreender o valor

gerado por um sistema de transporte urbano para o cliente, é fundamental a inclusão

de critérios de desempenho relacionados à qualidade. Em adição, é necessário

considerar as variáveis que foram retiradas da análise objetiva dos tempos – o valor

complementar V(c) e o valor subsidiário V(s).

Page 77: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

77

Para tanto, foram adaptadas as variáveis citadas por DUNNING e RICHERT

(2001) para a situação em estudo. Algumas foram eliminadas por não serem

relevantes para a comparação, ou por permanecerem inalteradas em ambas as

alternativas. Utilizaram-se quatro variáveis para a avaliação, explicadas na Tabela 23.

Tabela 23 - Dimensões de Desempenho para Qualidade.

Dimensão de Desempenho

Descrição

Conveniência (%) O tempo total que o passageiro deve andar desde o início da sua

viagem até o final comparado ao padrão (PRT)

Pontualidade (%) Tempo total de espera do passageiro em filas comparado ao padrão

(PRT)

Conforto (%) Conforto físico: as posturas adotadas pelo passageiro durante a viagem. Tempo sentado comparado ao tempo total de viagem, considerando-se

ainda posturas desconfortáveis.

Acessibilidade (%) Capacidade de se adaptar às necessidades especiais de viagem, como

acesso para deficientes, grupos de passageiros, porta-malas etc.

Fonte: Adaptado de DUNNING e RICHERT (2001)

A avaliação de cada dimensão foi feita como se segue:

Conveniência: obtida pela divisão do tempo caminhando padrão pelo

tempo caminhando registrado;

Pontualidade: obtida pela divisão do tempo esperando em filas padrão

pelo tempo esperando em filas registrado;

Conforto: o cálculo do conforto levou em conta a proporção do tempo da

viagem no qual o passageiro viajou sentado. Entretanto, também foi

levada em consideração a postura adotada ao sentar, já que nas

viagens em que o BRT andou superlotado (Alvorada-Galeão), a postura

causou desconforto em um dos autores. Nesse caso, multiplicou-se por

um fator de 75% a nota, para compensar esse efeito;

Acessibilidade: esta variável foi subdividida em quatro, em que se

avaliou se a experiência seria adequada para cada tipo de passageiro

com necessidades especiais. Foi considerada a acessibilidade para

deficientes; idosos/grávidas/pessoas com criança de colo; pessoas

portando bagagem; grupos de passageiros. Destaca-se que a avaliação

não foi binária, mas variou de 0 a 1 para cada um deles. Optou-se por

representar dessa maneira já que, apesar de algumas características

Page 78: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

78

estarem presentes no modal, elas não foram totalmente satisfatórias

para atender as necessidades do usuário.

O resultado da comparação pode ser observado na Tabela 24.

Tabela 24 - Avaliação de Qualidade das Experiências no BRT.

Critério de Desempenho

Referência - PRT ALV-

GIG

Referência - PRT GIG-

ALV

ALV-GIG 1

GIG-ALV1

ALV-GIG2

GIG-ALV2

Média BRT ALV-GIG

Média BRT GIG-ALV

Conveniência 100,0% 100,0% 33,3% 20,8% 38,5% 41,7% 35,9% 31,3%

Pontualidade 100,0% 100,0% 2,5% 16,7% 6,5% 10,0% 4,5% 13,3%

Conforto 91,9% 91,9% 49,8% 81,8% 58,0% 83,8% 53,9% 82,8%

Acessibilidade 87,5% 87,5% 25,0% 87,5% 37,5% 87,5% 31,3% 87,5%

Deficientes 100% 100% 0% 100% 0% 100% 0,0% 100,0%

Idosos/ Grávidas/ Criança de Colo

100% 100% 50% 100% 50% 100% 50,0% 100,0%

Porta Malas 100% 100% 0% 50% 50% 50% 25,0% 50,0%

Grupos de Passageiros

50% 50% 50% 100% 50% 100% 50,0% 100,0%

Fonte: Elaboração Própria

A mesma avaliação foi aplicada para as Vans. A Tabela 25 expõe os resultados

obtidos.

Page 79: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

79

Tabela 25 - Avaliação de Qualidade para Van.

Critério de Desempenho Van ALV-

GIG Van GIG -

ALV Média BRT ALV-GIG

Média BRT GIG-ALV

Conveniência 100,0% 100,0% 35,9% 31,3%

Pontualidade 21,1% 21,1% 4,5% 13,3%

Conforto 91,6% 91,4% 53,9% 82,8%

Acessibilidade 87,5% 87,5% 31,3% 87,5%

Deficientes 50% 50% 0,0% 100,0%

Idosos/ Grávidas/ Criança de Colo

100% 100% 50,0% 100,0%

Porta Malas 100% 100% 25,0% 50,0%

Grupos de Passageiros

100% 100% 50,0% 100,0%

Fonte: Elaboração Própria

Nota-se que, além de parecer apresentar desempenho superior ao BRT na

maior parte dos critérios, as Vans sugerem menor variabilidade entre os trajetos. A

nova localização da plataforma de embarque reduziria os Tempos Caminhando até

Destino, elevando a nota de conveniência; a redução dos tempos de espera em filas

tornaria o sistema mais pontual; a certeza de ir sentado, combinada com a redução

dos tempos fora do veículo, aprimoraria o conforto da viagem.

Quanto à acessibilidade, acredita-se que a Van possa atender todos os

critérios de modo totalmente satisfatório, com a ressalva de que o acesso para

deficientes pode ser mais difícil do que no caso do BRT (excluindo os casos de

superlotação), pelo design do veículo. A Figura 22 ilustra um dos veículos que

poderiam ser utilizados.

Page 80: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

80

Figura 22 - Van com Acessibilidade.

Fonte: http://veiculo.mercadolivre.com.br/MLB-629240436-sprinter-515-lotaco-com-acessibilidade-_JM Acesso em 04/06/2015

Uma das constatações mais recorrentes observados em todas as visitas foi

como o sistema atual do BRT não é amigável ao usuário. Por se tratar de um critério

subjetivo e de difícil medição, não foi incluído na análise de qualidade. Entretanto, sua

importância não pode ser minimizada, e tem grandes impactos operacionais.

Como fica claro no Relatório da 3ª visita, contido no Apêndice 13.1.3, diversos

passageiros solicitaram informações para um dos autores por este estar vestindo um

casaco do Rio 2016, apesar da proximidade de um funcionário especializado em tirar

dúvidas. A já mencionada desordem da fila torna cansativo para o passageiro a etapa

de embarque, fazendo-o até precisar retornar ao fim da fila. Não há informações

acessíveis para os passageiros a respeito do estado do sistema, tempos de espera

etc. A sinalização é insuficiente e não ajuda os clientes a localizar qual a linha que

devem tomar para chegar ao seu destino.

Todas essas questões elevam o tempo de permanência do cliente na estação,

cansam-no e reduzem a eficiência do sistema. É necessário, portanto, compreender

as jornadas dos diferentes usuários e criar uma linguagem que consiga explicar de

forma satisfatória o funcionamento do sistema. A organização das filas deve fazer

parte desta reestruturação.

8.3 ANÁLISE ECONÔMICA

Outro fator relevante para a tomada de decisão do cliente no processo de

consumo é o preço da passagem. Para determinar o valor, é necessário calcular o

número de veículos, sua estrutura de custos, consumo médio de insumos, dentre

outros. Seria necessário também incluir os investimentos necessários para adaptação

Page 81: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

81

da infraestrutura da estação e para o credenciamento de motoristas. A análise

completa foge ao escopo deste estudo, mas uma estimativa é útil para verificar a

ordem de grandeza do preço para o cliente.

Na simulação calculou-se como o intervalo entre as vans deveria variar para

manter o nível de serviço aproximadamente constante. Ao se multiplicar o intervalo

médio pela velocidade média (levando em conta o tempo em movimento e parado no

sinal), se obtém a distância média entre os veículos. A divisão do comprimento total do

corredor por este valor fornece a quantidade necessária de vans.

Percurso total = 40,5 + 40,5 = 81 km

A Velocidade Média de percurso, calculada como o quociente da comprimento

do percurso pelo tempo em movimento mais o tempo parado no sinal, é:

ALV-GIG: 40,5km/1,325h = 30,56 km/h = 0,51 km/min

GIG-ALV: 40,5km/1,283h = 31,56 km/h = 0,53 km/min

Na Figura 23 e Tabela 26 estão expostas as quantidades necessárias de vans

para cada cenário.

Tabela 26 - Cálculo do Número Necessário de Vans.

Fator de Chegada

Taxa de Chegada de Passageiros

λ (p/min)

Frequência de

Veículos

Intervalo Médio (min)

Distância Média

(km) ALV-GIG

Número de

Vans ALV-GIG

Distância Média (km)

GIG-ALV

Número de

Vans GIG-ALV

Total de

Vans

1 1,05 2 5,19 2,64 16 2,73 15 31

1,5 1,58 2,3 4,51 2,30 18 2,37 18 36

2 2,11 2,75 3,78 1,92 22 1,99 21 43

2,5 2,63 3,25 3,19 1,63 25 1,68 25 50

3 3,16 3,75 2,77 1,41 29 1,46 28 57

3,5 3,69 4,25 2,44 1,24 33 1,29 32 65

4 4,22 4,75 2,19 1,11 37 1,15 36 73

Fonte: Elaboração Própria

Page 82: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

82

Figura 23 - Gráfico do Número Necessário de Vans.

Fonte: Elaboração Própria

A estimativa da estrutura de custos da van foi realizada através de um

benchmarking com documento da SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO

(2014). Os dados utilizados foram adaptados dos correspondentes ao custo de

Motorista de Veículos para Fretamento em horário comercial (2ª a 6ª). Foi necessário

adotar algumas simplificações: considerou-se que as vans só rodariam no horário

comercial de 2ª a 6ª, quando acontece o pico de demanda; supôs-se que a taxa de

chegada de clientes e o número de vans não variam ao longo do dia e da semana.

Essas escolhas, ainda que não representativas da realidade, foram feitas para evitar a

modificação dos dados utilizados como fonte. Uma análise detalhada deveria levar em

conta as sazonalidades, ajustando a oferta à demanda. Poderiam, por exemplo, ser

credenciados motoristas para meio período, atuando apenas nos horários críticos.

Ao adotar a van como objeto de custo, determinaram-se os custos fixos e

variáveis. Para cada motorista, os custos fixos estão discriminados na Tabela 27 e

Tabela 28.

Page 83: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

83

Tabela 27 - Custos Fixos para Motorista de Van.

SALÁRIOS E ENCARGOS

Salário Base Mensal 1,420.07R$

Encargos Sociais (73%) 1,042.33R$

Custo Mensal 2,462.40R$

BENEFÍCIOS

VALE REFEIÇÃO

Valor Mensal 432.00R$

Crédito PIS/COFINS (9,25%) 39.96-R$

Custo Mensal 392.04R$

ASSISTÊNCIA MÉDICA

Valor Mensal 155.19R$

Participação da Empresa (40%) 62.08R$

Crédito PIS/COFINS (9,25%) 5.74-R$

Custo Mensal 56.34R$

SEGURO DE VIDA

Valor Mensal 1.15R$

Crédito PIS/COFINS (9,25%) 0.11-R$

Custo Mensal 1.04R$

Fonte: Adaptado de SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO (2014)

Tabela 28: Custo de uniformes e EPIs

UNIFORMES E EPI'S Custo Unitário Vida Útil (meses) Quantidade Custo Mensal

Calça 41.41R$ 6 2 13.80R$

Camisa 39.92R$ 6 2 13.31R$

Japona 85.70R$ 24 1 3.57R$

Crachá 5.28R$ 12 1 0.44R$

Valor Mensal 31.12R$

Crédito PIS/COFINS (9,25%) 2.88-R$

Custo Mensal 28.24R$

Fonte: Adaptado de SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO (2014)

A Tabela 29 resume os custos fixos do motorista.

Tabela 29 - Memória de Cálculo para Custos Fixos para Motorista de Van.

MEMÓRIA DE CÁLCULO - RESUMO Valor

SALÁRIOS 1,420.07R$

ENCARGOS SOCIAIS 1,042.33R$

VALE REFEIÇÃO 392.04R$

ASSISTÊNCIA MÉDICA 56.34R$

SEGURO DE VIDA 1.04R$

UNIFORMES 28.24R$

CUSTO MENSAL 2,940.06R$

Fonte: Adaptado de SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO (2014)

Page 84: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

84

Em relação ao veículo, a Tabela 30 expõe os custos fixos.

Tabela 30 - Custos Fixos para Veículo Van.

DEPRECIAÇÃO com crédito PIS/COFINS 108.53R$

SEGURO OBRIGATÓRIO 24.80R$

SEGURO com crédito PIS/COFINS 315.68R$

VALOR MENSAL 449.01R$

BDI - Benefício e Despesas Indiretas

para serviços de transporte = 24,99%112.21R$

CUSTO MENSAL 561.22R$

Fonte: Adaptado de SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO (2014)

Os custos variáveis foram calculados em função do km rodado e encontram-se

disponíveis na Tabela 31.

Tabela 31 - Custos Variáveis para Veículo Van.

PEÇAS

Preço Veículo 0 km 97,430.00R$

Fator da Incidência da Necessidade de

Manutenção de Peças0.000002

R$/km 0.19R$

PNEUS E ACESSÓRIOS

R$/km com crédito PIS/COFINS 0.04R$

COMBUSTÍVEL

Consumo (km/l) 9

Valor Unitário (R$/l) 2.30R$

Custo (R$/km) 0.26R$

Custo (R$/km com crédito PIS/COFINS) 0.23R$

ÓLEOS E LUBRIFICANTES

Custo (R$/km com crédito PIS/COFINS) 0.02R$

RESUMO DO CUSTO VARIÁVEL (R$/km) 0.49R$

BDI - Benefício e Despesas Indiretas para serviços de transporte = 24,99%0.12R$

CUSTO VARIÁVEL (R$/km) 0.61R$

Fonte: Adaptado de SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO (2014)

Para determinar o custo variável de cada van, é necessário determinar a

distância total percorrida em um mês. Como o tempo de trajeto de cada veículo é de

aproximadamente uma hora em cada trajeto, assumiu-se que uma van poderia realizar

três viagens de ida e volta em um dia. Considerando que um mês possui 22 dias úteis,

a capacidade mensal de cada veículo encontra-se estimada na Tabela 32.

Page 85: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

85

Tabela 32 - Capacidade Mensal de Van.

Capacidade da Van 22 dias úteis

Total de Viagens Ida e Volta Diárias 3

Total km Diário 243 kmTotal de Viagens Ida e Volta Mensal 66

Total km Mensal 5346 km

Passageiros Ida + Volta 20

Capacidade de Passageiros no Mês 4860

Fonte: Elaboração Própria

Tomando agora o sistema como objeto de custo, têm-se como custo variável o

número de vans e como custo fixo a estrutura de apoio, composta pelos auxiliares de

embarque. Entende-se que a estrutura de manutenção dos veículos poderia ser

adaptada do já existente e, desta forma, não se constitui em custo relevante. Adotou-

se a mesma estrutura dos custos para o motorista, porém com salário-base de R$

861,82. Como para os dois últimos cenários existe a necessidade de incluir uma baia

de embarque a mais, o número de auxiliares aumenta. Os dados se encontram na

Tabela 33.

Tabela 33 - Custo de Auxiliares de Embarque.

Embarque na Estação 1 Baia 2 Baias

Quantidade 4 7

Custo Total Unitário 2,055.38R$ 2,055.38R$

Custo Total 8,221.52R$ 14,387.66R$

Fonte: Adaptado de SECRETARIA DA FAZENDA DE SÃO PAULO (2014)

O último passo para estimar o preço da passagem foi incluir a taxa de

utilização calculada na simulação. As informações agregadas para cada cenário estão

na Tabela 34, e a Figura 24 mostra como o preço varia com a taxa de utilização.

Tabela 34 - Tabela de Preço Estimado da Passagem.

Taxa de Chegada de

Passageiros λ

(p/min)

Total de

VansCusto das Vans

Custo de

ApoioCusto Total

Custo

Unitário

Taxa de

OcupaçãoPreço

1,054 31 209.197,27R$ 8.221,52R$ 217.418,79R$ 5,31R$ 58,77% 9,04R$

1,581 36 242.938,77R$ 8.221,52R$ 251.160,29R$ 5,29R$ 76,47% 6,91R$

2,108 43 290.176,86R$ 8.221,52R$ 298.398,38R$ 5,26R$ 84,73% 6,20R$

2,635 50 337.414,95R$ 8.221,52R$ 345.636,47R$ 5,24R$ 89,07% 5,88R$

3,162 57 384.653,05R$ 8.221,52R$ 392.874,57R$ 5,22R$ 91,74% 5,69R$

3,689 65 438.639,44R$ 14.387,66R$ 453.027,10R$ 5,28R$ 93,62% 5,64R$

4,216 73 492.625,83R$ 14.387,66R$ 507.013,49R$ 5,26R$ 94,88% 5,55R$

Fonte: Elaboração Própria

Page 86: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

86

Figura 24 - Gráfico de Taxa de Utilização e Preço Estimado da Passagem.

Fonte: Elaboração Própria

Como se pode notar, o aumento da taxa de utilização permite economias de

escala e, portanto, a redução do preço da passagem. O serviço se torna competitivo

com um pequeno aumento da demanda, que pode ser causado já pela melhora do

serviço.

O tipo de contrato estabelecido entre os motoristas credenciados e a operação

do TransCarioca tem impactos na estrutura de custos. A discussão do modelo ideal

foge ao escopo deste estudo, mas cabe ressaltar que alguns dos custos incluídos na

análise poderiam não ser repassados diretamente aos prestadores de serviço, mas

antes depositados em um fundo que subsidiaria manutenções, compra de novos

veículos etc. A existência de subsídios também poderia ser considerada,

principalmente para passageiros frequentes, como trabalhadores do aeroporto.

8.4 OUTROS ASPECTOS

No momento da concepção de um sistema, especialmente quando focado na

ótica do acionista, corre-se o risco de desconsiderar o processo de consumo de muitos

usuários, em nome de um funcionamento supostamente eficiente e que atenda à

maioria. Na análise do BRT TransCarioca observou-se que os clientes enfrentam

dificuldades relacionadas à capacidade do sistema. Sugere-se que este foi construído

sob a concepção de ser uma alternativa de baixo custo ao transporte sobre trilhos. Há

uma aparente contradição quanto à finalidade do modal, quando se compara o trajeto -

que liga a Barra da Tijuca, ponto de atração de turistas e dos Jogos Olímpicos, ao

Page 87: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

87

Galeão, porta de entrada da maioria dos visitantes da cidade - com seus maiores

usuários: clientes, que em sua maioria necessitam se deslocar diariamente até o

trabalho, que se tornaram reféns ao perder suas alternativas. O TransCarioca seria,

portanto, subotimizado tanto para esses passageiros carentes de um transporte de

massa, como para aqueles que necessitam se deslocar ocasionalmente portando

bagagens até o Aeroporto.

Outro aspecto, ainda que controverso, deve ser apontado na análise: uma

possível resistência cultural ao uso de vans por parte de diferentes stakeholders.

Por parte do governo, esses veículos já sofreram perseguições por sua suposta

concorrência com linhas de ônibus tradicionais até que, recentemente, começaram a

ser legalizadas em alguns trechos8. Entretanto, os problemas estão longe de um fim, já

que a restrição ao seu funcionamento ainda é grande9.

É interessante constatar que a questão envolve diretamente o BRT. Em

matéria publicada no Jornal O Dia, anuncia-se que a Prefeitura proibiu a passagem de

vans e kombis no percurso do BRT TransOeste para “impedir a concorrência entre

modais”. Segundo a reportagem, os transportes alternativos levavam cerca de 30 mil

passageiros diariamente em cerca de 700 veículos. Além de impedir a concorrência, a

proibição teria ainda um efeito positivo no trânsito, devido à “grande quantidade de

vans no local”, como ressalta o Coordenador de Transporte Complementar, Cláudio

Ferraz10. Os impactos negativos sobre o trânsito pela implantação de corredores de

BRT, entretanto, parecem ser minimizados pelos tomadores de decisão, já que

consideram o modal um substituto de baixo custo para o metrô11.

Já pelo lado da sociedade, as vans são muitas vezes associadas à falta de

segurança em diversas esferas: passageiros viajando em pé ou em bancos de

plástico, motoristas imprudentes e casos de violência são alguns dos responsáveis por

tal imagem.

8 http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-01-15/prefeitura-abre-mais-uma-licitacao-para-

vans.html Acesso em 23/04/2015

9 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/02/motoristas-de-van-da-ilha-protestam-em-

frente-prefeitura-do-rio.html Acesso em 23/04/2015

10 http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-07-15/prefeitura-proibe-vans-no-brt-

transoeste.html Acesso em 23/04/2015

11 http://vejario.abril.com.br/materia/cidade/dificuldade-financeira-faz-rio-cogitar-substituicao-de-

metro-por-brt/ Acesso em 21/06/2015

Page 88: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

88

Para contornar tal situação, deveriam ser pensadas medidas para deixar claro

à população que o uso de vans seria feito de forma institucional e segura. Apenas

viajariam passageiros sentados, seria respeitada uma velocidade máxima, não haveria

pagamento dentro do veículo e os motoristas seriam funcionários credenciados.

8.5 ANÁLISE COMPARATIVA

Na Tabela 35, é possível comparar a situação atual e a proposta por meio dos

diversos critérios e questionamentos levantados até aqui.

Tabela 35 - Quadro Comparativo para Cliente entre BRT e Van.

Trajeto Alvorada – Terminal 1 Trajeto Terminal 1 – Alvorada

Visão do cliente BRT (média) Van (f=2,5) BRT (média) Van (f=2,5)

Operacional

Tempo total 2:00:00 1:26:45 1:39:00 1:24:15

Tempo dentro do veículo 1:25:00 1:19:30 1:22:00 1:17:00

Tempo em movimento 0:56:00 0:56:00 0:50:15 0:52:00

Tempo de espera pelo veículo 0:25:00 0:02:41 0:05:00 0:02:41

Número de etapas 12 7 11 7

Valor real relativo 34,2% 45,5% 39,9% 46,9%

Qualitativo

Conveniência 35,9% 100,0% 31,3% 100,0%

Pontualidade 4,5% 21,1% 13,3% 21,1%

Conforto 53,9% 91,6% 82,8% 91,4%

Acessibilidade 31,3% 87,5% 87,5% 87,5%

Econômico

Preço R$ 3,40 R$ 5,88 R$ 3,40 R$ 5,88

Fonte: Elaboração Própria

A proposta de adoção de vans sugere desempenho superior em praticamente

todas as dimensões de valor para o cliente analisadas, com exceção do preço da

passagem. Para o acionista, apesar de uma taxa de utilização média inferior, as vans

elevariam o ciclo do processo.

Page 89: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

89

Tabela 36 - Quadro Comparativo para Acionista entre BRT e Van.

BRT (média) Van (f=2,5)

Visão do acionista

Taxa de utilização 98,4% 89,1%

Ciclo do processo 00:10:23 0:03:11

Fonte: Elaboração Própria

8.6 RESULTADO METODOLÓGICO

A elaboração do estudo permitiu desenvolver uma metodologia prática para a

identificação de oportunidades de melhoria em um sistema produtivo, em especial

serviços, tendo como ponto de partida na ótica do cliente. A Figura 25 ilustra as

etapas.

Figura 25 - Metodologia Prática para Melhoria de um Processo de Consumo.

Fonte: Elaboração Própria

Ficou claro que somente a visita ao chão de fábrica, ou gemba, é capaz de

revelar a complexidade envolvida nos detalhes cotidianos da operação. As visitas

perpassaram o desenvolvimento do trabalho e demonstraram que a infraestrutura

atual é não intuitiva e demanda grande dispêndio de atenção, exemplificado pela

desorganização da fila e pelas constantes dúvidas a um dos autores que vestia um

casaco Rio 2016.

O entendimento adequado de valor é peça fundamental da análise e se inicia

com a definição clara dos stakeholders e do objetivo do processo de consumo.

Considerando o ponto de vista da sociedade, o transporte é encarado como

Page 90: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

90

desperdício. Ao adotar a ótica do cliente, entretanto, a figura muda. O indivíduo está

sujeito às restrições impostas pela realidade, já que nem sempre é capaz de escolher

o local de sua moradia de forma a reduzir seus tempos de deslocamento. Precisa,

portanto, utilizar algum sistema de transporte para se deslocar o mais rapidamente

possível até seu destino, desta forma gerando valor para si.

Depois da vivência prática, buscaram-se as melhores práticas em mobilidade

urbana para clarificar a situação ideal. O estudo dos casos de Medellin e Greenville-

Spartanburg demonstrou que é possível aplicar princípios da filosofia lean ao

transporte de passageiros. Foi, então, construída a distribuição dos tempos para a

situação ótima, caso transplantada para o TransCarioca.

Para compreender a situação atual, foi necessário adaptar o modelo

desenvolvido por JARDIM (2014), de modo a atender às particularidades de um

serviço logístico. O mapeamento do fluxo de valor apontou para a existência de

grandes tempos de desperdício absoluto, especialmente no trajeto Alvorada-Galeão. A

superlotação, além de deteriorar a qualidade do serviço, eleva os tempos gastos em

filas, identificados como fontes de desperdício.

A proposta de adoção de vans como forma de melhoria do nível de serviço

atual surgiu da reflexão sobre as restrições reais impostas ao sistema. Com o

referencial teórico, determinou-se de que forma o sistema deveria eliminar os

desperdícios da operação. Para tornar a proposta mais concreta, optou-se por simular

uma plataforma de embarque e estudar o comportamento da fila, tanto para a situação

atual como para a futura. Um passo adicional seria a prototipagem física, que revelaria

complexidades invisíveis à uma modelagem computacional do sistema.

Na análise crítica ponderaram-se os prós e contras da alternativa em relação à

situação atual. Neste ponto consideraram-se os impactos sobre outras métricas de

desempenho relevantes para o processo de consumo. Seria necessário, entretanto,

aprofundar o estudo de impactos sobre os outros stakeholders.

Um dos riscos implícitos no estudo é o dos resultados se aplicarem apenas a

uma situação específica. Entretanto, a metodologia desenvolvida tem potencial para

ser aplicável a diversas situações de consumo em serviços, por ser composta de

etapas abrangentes que buscam o entendimento das particularidades de cada caso.

Neste aspecto, portanto, o trabalho permitiu extrair um resultado geral através de uma

situação específica.

Page 91: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

91

9 DESDOBRAMENTOS

Como ressaltado na Tabela 1, a análise foi focada na ótica do cliente e na

métrica de valor do Tempo de Viagem. Para cada métrica listada, caberia um estudo

similar ao realizado.

A primeira recomendação, entretanto, é a necessidade de coletar um banco de

dados mais robusto para suportar a simulação. Por limitações práticas, não foi

possível obter um grande volume de informações para as variáveis de entrada do

modelo. A coleta dessas informações poderia tornar mais precisos os cálculos sobre a

quantidade de recursos a serem empregados.

Do ponto de vista operacional, deveriam se detalhar as sazonalidades da

operação para estabelecer o número de veículos em cada momento do dia. Seria

necessário também mapear as competências que deveriam ser desenvolvidas para

manter o processo no nível de serviço adequado, como a redução das variabilidades

no tempo entre veículos. O impacto sobre a rede de valor do TransCarioca, incluindo o

aumento ou redução do consumo de insumos, aumento ou redução na demanda por

serviços complementares, como taxis até o Alvorada, linhas alimentadoras,

concessões de alimentos nas estações etc, também deve ser ponderado. Poderia se

avaliar, além disso, a adoção de vans para outros trechos, como Madureira-Galeão e

Vicente de Carvalho-Galeão.

Ainda que se tenha abordado o impacto sobre a qualidade do serviço para o

cliente, este deveria ser aprofundado, possivelmente com uma pesquisa mais ampla

em relação aos usuários. Poder-se-iam utilizar ferramentas clássicas do design, como

a construção de personas, jornada do usuário etc. Outro aspecto da qualidade, a

confiabilidade do sistema, deveria ser analisado sobre o ponto de vista do percentual

médio de veículos fora de serviço. Um estudo de ergonomia seria adequado, tanto

para a situação atual, como para a futura. Em adição, o impacto social da redução do

tempo diário gasto com deslocamento poderia ser avaliado sob vários aspectos, como

a liberação de mais tempo para consumo ou lazer.

Outros fatores que deveriam ser levados em conta são as externalidades

econômicas da implantação das vans. É necessário comparar os custos gerados pelas

emissões de gases, desgaste da infraestrutura física, valor da marca, segurança dos

passageiros, dentre outros, em relação ao BRT.

O detalhamento do cálculo do preço da passagem e uma análise de

investimento precisam ser elaborados para tornar mais consistente a proposta

Page 92: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

92

apresentada. Para os colaboradores externos, poder-se-ia refletir sobre o impacto em

sua rentabilidade e no risco associado. O aumento ou redução do Produto da cidade,

Estado ou País seria reflexo do impacto econômico do sistema sobre a sociedade.

Do ponto de vista social, podem-se avaliar as implicações políticas e jurídicas

da mudança sugerida: em uma cidade com a história marcada pela hegemonia dos

ônibus, certamente haverá muita resistência a adoção de vans. A segurança do novo

sistema, tanto pelo risco de acidentes, como pela violência urbana, é uma

característica importante para a percepção de valor e processo de consumo. O

aumento ou redução dos empregos gerados poderia ser uma variável importante para

suportar a implantação das vans. O aumento da frequência de veículos sugere que

haveria aumento dos postos de trabalho no caso da adoção de vans. O

empoderamento dos colaboradores internos, permitindo-os influir na frequência de

veículos pode trazer benefícios para a operação e motivação dos mesmos.

Um estudo que avaliasse em que faixas de demanda as vans, BRT e

transporte sobre trilhos melhor se encaixam poderia trazer contribuições importantes

para o planejamento de longo prazo de mobilidade em toda a cidade do Rio de

Janeiro, já que ocasionalmente tomadores de decisão assumem premissas sem

ponderar seus impactos, como considerar o BRT um metrô de baixo custo.

A realização de avaliações semelhantes em os outros trechos do BRT seria de

grande valor para testar a necessidade de adaptação da proposta a diferentes

contextos e necessidades.

Por fim, a avaliação dos impactos ambientais é uma análise imprescindível.

Deve-se avaliar como seriam impactadas as emissões de gases, tanto a total como a

das estações pelo seu impacto direto na saúde dos clientes, elevação do consumo de

insumos etc. Pode-se considerar a adoção de combustíveis mais sustentáveis, como o

biodiesel ou uso de veículos elétricos, e a reciclagem dos resíduos da operação, como

pneus.

Page 93: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

93

10 CONCLUSÃO

O presente estudo buscou aplicar os princípios da filosofia lean para o contexto

do transporte urbano, analisando o caso do BRT TransCarioca. Procurou-se em

especial, a redução dos tempos de viagem e do intervalo entre veículos, visando

elevar o valor gerado para o cliente.

As observações feitas em campo permitiram obter algumas conclusões sobre o

funcionamento atual da linha Semi-Direto Alvorada-Galeão. Primeiramente, foi

constatado um longo tempo de viagem: o processo de consumo pode chegar a

2h23min, dos quais apenas 39,5% correspondem ao veículo em movimento. Além

disso, o passageiro deve passar por até 12 etapas de consumo. Para uma amostra

específica, aplicou-se um método escolhido para quantificação de valor e obteve-se

uma média de 34,2% de valor real relativo para o trajeto de ida. Tal porcentagem se

justifica, principalmente, pelo tempo gasto pelo passageiro em filas – em uma das

visitas, os autores chegaram a esperar por 38 minutos para conseguir embarcar no

BRT.

Tendo como ponto de partida uma situação de referência em que esse tempo

de fila fosse reduzido para 2min41s, as análises realizadas sugerem que o uso de

vans diretas na mesma via é uma alternativa razoável para facilitar a viagem do

passageiro que se desloca entre a Barra e o Aeroporto do Galeão. Na configuração

proposta, o cliente que já tivesse adquirido seu bilhete antecipadamente passaria por 7

etapas de consumo, contra as 12 atuais. A adoção desses veículos teria impacto

principalmente nos tempos de fila, que segundo o mapeamento realizado, chegaram a

representar 28% do tempo total de viagem. A mudança não impactaria

significativamente, em princípio, os tempos gastos pelo veículo com paradas no sinal e

em movimento. As simulações indicam, em adição, que para uma mesma taxa de

atendimento (Sμ), os tempos médios esperados na fila tendem a ser menores para

Vans do que para BRT.

Uma vez que não haveria paradas intermediárias fora do Aeroporto, o tempo

total médio para o trajeto de ida (o mais longo) cairia de 2h00min para 1h27min. Com

isso, o valor real relativo se elevaria, de acordo com os cálculos, para 45,5%. A análise

qualitativa sugere que os fatores mais favorecidos com a mudança, em média, seriam

pontualidade e acessibilidade. O último se explica pela hipótese de vans adaptadas

com bagageiros, intervenção que se justifica num contexto de uso dedicado ao trajeto

Page 94: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

94

Alvorada-Galeão. Para os horários de pico, o fator conforto se torna um diferencial no

caso da van.

A análise econômica preliminar estima um preço final de cerca de R$ 5,90 para

o segmento de usuários que utilizassem a van entre a Alvorada e o aeroporto.

A execução do estudo permitiu o desenvolvimento de uma metodologia prática

para a identificação de oportunidades de melhorias em processos de consumo,

especialmente serviços. Os autores consideram ter atingido seu objetivo de aplicar os

princípios da filosofia lean para melhorar a jornada do cliente. No lugar de apresentar

argumentos definitivos, entretanto, espera-se que o projeto seja capaz de gerar

reflexão acerca da finalidade dos sistemas produtivos e encorajar novos estudos na

área. A existência de corredores de BRT em construção na cidade do Rio de Janeiro

poderia ser uma oportunidade para testar a proposta, em especial em trechos curtos

com alto volume de passageiros.

É importante frisar, entretanto, que não se busca substituir ou propor o fim do

BRT. Entende-se que este possui características positivas, em especial quando

comparado à situação prévia à sua implantação. A proposta é, antes, complementar

ao sistema atual.

Vivemos em um mundo em constante e irreversível mudança, em que o

consumo se torna cada vez mais personalizado e moldado às expectativas do usuário.

Nesse mundo, haverá cada vez menos lugar para a adoção de sistemas produtivos

que acreditem cumprir o seu papel ao se limitar a gerar rentabilidade ao acionista,

ignorando as diferenças e peculiaridades do gemba e o que realmente é valor para

seu cliente.

Page 95: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

95

11 BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES URBANOS

(NTU). Estudos de BRT no Brasil. [S.l.], p. 134. 2011.

BRAND, P.; DAVILA, J. Aerial cable-car systems for public transport in low-

income urban areas: lessons from Medellin, Colombia. World Planning Schools

Congress. Perth: [s.n.]. 2011. p. 18.

BRT RIO. Mapa de Serviços do BRT TransCarioca, 2014. Disponivel em:

<http://www.brtrio.com/>. Acesso em: 12 jul. 2015.

COSTA, R.; JARDIM, E. OS CINCO PASSOS DO PENSAMENTO ENXUTO.

Trilha Projetos. Rio de Janeiro, p. 11. 2010.

DUNNING, R.; RICHERT, T. Applying Lessons from Lean Production Theory to

Transit Planning. Automated People Movers, 2001. 1-10.

FALCONI, V. TQC: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 6ª. ed. Rio

de Janeiro: Fundação Christiano Ottoni, 1992.

FETRANSPOR. Relação de Empresas de Transporte do Rio de Janeiro. Rio

de Janeiro, p. 147. 2014.

G1. Motoristas de Van da Ilha Protestam em Frente à Prefeitura do Rio, 2015.

Disponivel em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/02/motoristas-de-van-

da-ilha-protestam-em-frente-prefeitura-do-rio.html>. Acesso em: 23 abr. 2015.

G1. Passageiros Sofrem para Viajar em Ônibus do BRT TransOeste. G1, 2015.

Disponivel em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/03/passageiros-sofrem-

para-viajar-em-onibus-do-brt-transoeste.html>. Acesso em: 12 abr. 2015.

GOOGLE. Google Maps. Disponivel em: <https://www.google.com.br/maps>.

Acesso em: 15 maio 2015.

GUIMARÃES, P. Métodos Quantitativos Estatísticos. 1ª. ed. Curitiba:

IESDE, 2008.

HILLIER, F.; LIEBERMAN, G. INTRODUÇÃO À PESQUISA OPERACIONAL.

São Paulo: McGraw Hill, v. 8ª, 2006.

HROMKOVIC, J. Algorithms for hard problems: introduction to combinatorial

optimization, randomization, approximation, and heuristics. 2ª. ed. New York: Springer,

2001.

Page 96: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

96

INTERSEÇÃO do Corredor TransCarioca em Madureira. Youtube, 2014.

Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=OnAGmcM5zhk>. Acesso em: 21

abr. 2015.

ITDP. Análise de Impacto do BRT TransCarioca na Mobilidade Urbana do

Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 72. 2015.

LITTLE. The Future of Urban Mobility 2.0, 2014. Disponivel em:

<http://www.uitp.org/sites/default/files/members/140124%20Arthur%20D.%20Little%20

%26%20UITP_Future%20of%20Urban%20Mobility%202%200_Full%20study.pdf>.

Acesso em: 25 jun. 2015.

MARTINS, N.; CANTANHEDE, I.; JARDIM, E. MAPEAMENTO DE FLUXO DE

VALOR EM SERVIÇOS: UMA PROPOSTA DE CÓDIGOS, SÍMBOLOS E

CRITÉRIOS. XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. São

Carlos: [s.n.]. 2010. p. 1-12.

O DIA. Prefeitura Abre Mais uma Licitação para Vans, 2014. Disponivel em:

<http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-01-15/prefeitura-abre-mais-uma-

licitacao-para-vans.html>. Acesso em: 23 abr. 2015.

O DIA. Prefeitura Proíbe Vans no BRT TransOeste, 2014. Disponivel em:

<http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-07-15/prefeitura-proibe-vans-no-brt-

transoeste.html>. Acesso em: 23 abr. 2015.

O DIA. Menina de 6 Anos Fica Pendurada no BRT TransCarioca e Motorista

Foge. O Dia, 2015. Disponivel em: <http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-

10/menina-de-6-anos-fica-pendurada-no-brt-transcarioca-e-motorista-foge.html>.

Acesso em: 12 abr. 2015.

O GLOBO. Odebrecht leva Galeão por R$ 19 bilhões, com ágio de 294%;

Confins sai por R$ 1,82 bilhão. O Globo, 2013. Disponivel em:

<http://oglobo.globo.com/economia/odebrecht-leva-galeao-por-19-bilhoes-com-agio-

de-294-confins-sai-por-182-bilhao-10853279>. Acesso em: 13 jun. 2015.

O GLOBO. Dilema do BRT Lotado no Rush e Vazio Fora Dele. Notícias de

Transportes, 2015. Disponivel em:

<http://noticiasdetransportes.blogspot.com.br/2013/09/dilema-do-brt-lotado-no-rush-e-

vazio.html>. Acesso em: 12 abr. 2015.

PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO. Quantidade de Entradas nas Estações

do BRT TransCarioca por dia. Secretaria Municipal de Transportes do Rio de

Page 97: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

97

Janeiro, 2015. Disponivel em:

<http://www.rio.rj.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=d13b12db-d703-4ca1-bef5-

21c46812ac07&groupId=4800437>. Acesso em: 23 abr. 2015.

PRT CONSULTING. Greenville-Spartanburg Airport District: PRELIMINARY

PERSONAL RAPID TRANSIT. [S.l.], p. 73. 2015.

SCHWAGERMAN, W.; ULMER, J. The A3 Lean Management and Leadership

Thought Process. The Journal of Technology, Management, and Applied

Engineering, Dezembro 2013. 1-10.

SECRETARIA DE FAZENDA DE SÃO PAULO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

DE TRANSPORTE DE FUNCIONÁRIOS SOB REGIME DE FRETAMENTO

CONTÍNUO. Governo do Estado de São Paulo. São Paulo, p. 102. 2014.

SKYSCRAPER CITY. Corredores de BRT previstos para o Rio de Janeiro,

2013. Disponivel em: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1580431>.

Acesso em: 07 jan. 2015.

TV GLOBO. Passageiros do BRT TransOeste no Rio Reclamam da Demora e

Superlotação nos Ônibus. Globo TV, 2015. Disponivel em:

<http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/passageiros-do-brt-transoeste-

no-rio-reclamam-da-demora-e-superlotacao-nos-onibus/4046222/>. Acesso em: 12

abr. 2015.

TV GLOBO. Passageiros do BRT TransOeste Reclamam de Superlotação nos

Ônibus. Globo TV, 2015. Disponivel em: <http://globotv.globo.com/rede-globo/rjtv-1a-

edicao/t/edicoes/v/passageiros-do-brt-transoeste-reclamam-de-superlotacao-nos-

onibus/4041233/>. Acesso em: 12 abr. 2015.

VAN com Acessibilidade. Mercado Livre, 2015. Disponivel em:

<http://veiculo.mercadolivre.com.br/MLB-629240436-sprinter-515-lotaco-com-

acessibilidade-_JM>. Acesso em: 04 jun. 2015.

VEJA RIO. Dificuldade Financeira faz Rio Cogitar Substituição de Metrô por

BRT, 2015. Disponivel em: <http://vejario.abril.com.br/materia/cidade/dificuldade-

financeira-faz-rio-cogitar-substituicao-de-metro-por-brt/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

WOMACK, J.; JONES, D. Lean Consumption. Harvard Business Review, mar.

2005. 13.

WOMACK, J.; JONES, D. Soluções Enxutas. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

Page 98: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

98

12 ANEXOS

12.1 ANEXO 1: MAPA DE SERVIÇOS DO BRT TRANSCARIOCA

Figura 26 - Mapa de serviços do BRT TransCarioca

Fonte: http://www.brtrio.com/ Acesso em 12/07/2015

Page 99: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

99

13 APÊNDICES

13.1 APÊNDICE 1: RELATÓRIOS DE VISITA

13.1.1 Relatório – Visita 1 – 13 de fevereiro de 2015

Será a seguir feita uma descrição, tanto qualitativa como quantitativa, da

primeira visita dos autores ao BRT TransCarioca. O relatório será estruturado

seguindo a jornada do usuário ao longo dos dois trajetos.

Trajetos: Alvorada – Galeão e Galeão – Alvorada

Data: 13/02/2015, sexta-feira

13.1.1.1 Trajeto Alvorada – Galeão

13.1.1.1.1 Qualitativo

Ao chegar na estação Alvorada, a preocupação imediata foi de encontrar a

bilheteria. Esta se encontrava visível, a poucos passos de distância. Havia uma

pequena fila única, de cerca de 3 passageiros, com 2 guichês de atendimento

funcionando. Durante o atendimento, os autores ficaram confusos sobre que tipo de

bilhete pedir, pois não estava claro se havia diferença de preço em função dos tipos de

BRT (Expresso, Semi-Direto etc). Por fim, foram gastos R$4,40 por pessoa (R$1,00

para adquirir um bilhete único recarregável e R$3,40 de carga para uma passagem).

Após passar pela roleta de entrada da estação (o que se deu sem qualquer

impedimento), o próximo passo foi encontrar o local de embarque para o Galeão. Essa

etapa foi bastante custosa, uma vez que a plataforma de embarque é extremamente

longa e as informações estavam difusas ao longo do caminho. Dessa forma, os

autores se viram obrigados a andar em frente, em meio a multidão de passageiros que

formavam diferentes filas, até que a placa identificando o ponto de embarque para o

Galeão fosse avistada. Esse caminho demorou alguns minutos. Ao chegar ao ponto de

embarque, a placa identificada tanto “Galeão” como “Fundão”, o que foi um motivo de

dúvida tanto para os pesquisadores como para alguns passageiros novatos ao redor.

A fila está retratada na Figura 27.

Page 100: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

100

Figura 27 - Fila para BRT TransCarioca.

Fonte: Elaboração Própria

Sem dúvidas, a fila foi a etapa mais frustrante em toda a visita. Após

identificarmos o ponto de embarque para o Galeão, percebemos que havia várias filas

paralelas distribuídas ao longo da baia. Aparentemente, cada fila se formava em frente

a uma porta do ônibus, e todas eram para pessoas que desejavam embarcar tanto

para o Galeão como para o Fundão. Nesse momento, entendemos que as duas linhas

compartilhavam o mesmo espaço de embarque, mas não estava claro a ordem de

chegada de cada. Assim, os passageiros ficavam constantemente “checando” os

ônibus que estavam prestes a parar na baia, para então se prepararem para o

embarque.

Tendo escolhido uma das filas, foi preciso esperar até a chegada do ônibus

para o Galeão, e nesse momento o sistema de embarque se revelou um verdadeiro

caos.

Assim que o ônibus parou, um funcionário responsável por organizar o

embarque começou a anunciar, em voz alta, a chegada do ônibus e seu destino,

apressando os passageiros a embarcarem o mais rápido possível. Nesse momento,

diversas pessoas avançaram para dentro do ônibus, independentemente das filas

Page 101: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

101

formadas até então. Ao chegar à porta do ônibus, o mesmo estava extremamente

lotado, de forma que não era mais possível embarcar. Ao decidir esperar pelo próximo,

o funcionário nos surpreendeu avisando que teríamos de retornar ao fim da fila, caso

não fossemos embarcar imediatamente.

Nesse momento, entendemos que as filas formadas eram na verdade para

aqueles que desejavam ter mais chances de garantir um lugar sentado, uma vez que

no momento do embarque não havia qualquer ordem ou priorização, e pessoas de

dentro ou fora da fila poderiam entrar simultaneamente. Assim, ficou claro que o

funcionário presente no local tinha apenas como missão impedir que pessoas

tentassem embarcar irregularmente (como foi presenciado), informar o destino do

ônibus atual e garantir que a área de embarque ficasse livre.

Após retornarmos ao fim da fila, tivemos uma longa espera até que fosse

possível embarcar em segurança. Por não haver mais assentos normais disponíveis,

fomos sentados em bancos preferenciais.

Vale ressaltar que durante o período em que estivemos na fila, presenciamos

alguns passageiros com malas volumosas. Estes mostraram muita dificuldade para

transitar e especialmente para embarcar, não apenas devido ao layout do ônibus,

como também ao número de passageiros ao redor.

Pelo fato de estarmos sentados, a viagem ocorreu sem grandes problemas de

conforto. O principal ponto a ser ressaltado é o número de paradas em semáforos, que

ocorreram diversas vezes seguidas, interrompendo a viagem.

Em determinado ponto do trajeto, um dos integrantes precisou se levantar para

que uma mulher com criança de colo sentasse. Entretanto, nesse momento o ônibus já

estava mais vazio, de forma que a experiência de ir em pé não pode ser comparada

ao momento de pico.

O momento do desembarque no Terminal 1 foi dificultado pelo fato de muitos

passageiros com malas terem embarcado no Terminal 2, a estação imediatamente

anterior. Entretanto, não podemos considerar que o desembarque foi pior do que o

embarque, visto que naquela etapa havia muita pressão por conseguir um assento e

todo o ambiente era de estresse e confusão.

A estação Terminal 1 estava localizada muito próxima ao acesso ao aeroporto,

de forma que o trajeto até o saguão ocorreu de forma rápida e tranquila. O único ponto

a ser destacado nessa etapa foi a escassez de informação próxima ao local de

atravessar a rua. Mesmo sendo necessário para o passageiro (possivelmente com

Page 102: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

102

malas) atravessar a rota por onde passa o BRT, não havia nenhum semáforo ou aviso

de que o ônibus poderia estar prestes a passar.

13.1.1.1.2 Quantitativo

Os tempos de cada atividade foram medidos e estão documentados na Tabela

37.

Tabela 37 - Tempos Registrados em Alvorada-Galeão 1.

Atividade Hora Início Hora Fim Duração

Chegada à Estação Alvorada 17:15:00 17:15:00 00:00:00

Procurar Bilheteria 17:15:00 17:15:30 00:00:30

Fila 17:15:30 17:16:00 00:00:30

Comprar Ingresso 17:16:00 17:18:00 00:02:00

Achar Ônibus 17:18:00 17:23:00 00:05:00

Fila 17:23:00 17:29:00 00:06:00

Volta à Fila 17:29:00 18:01:00 00:32:00

Espera Estação Alvorada 18:01:00 18:04:00 00:03:00

Em Movimento 18:04:00 18:10:00 00:06:00

Parado no Sinal 18:10:00 18:11:00 00:01:00

Em Movimento 18:11:00 18:11:30 00:00:30

Parado no Sinal 18:11:30 18:12:00 00:00:30

Em Movimento 18:12:00 18:13:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:13:00 18:13:30 00:00:30

Em Movimento 18:13:30 18:16:00 00:02:30

Parado no Sinal 18:16:00 18:17:00 00:01:00

Em Movimento 18:17:00 18:21:00 00:04:00

Parado no Sinal 18:21:00 18:21:30 00:00:30

Em Movimento 18:21:30 18:23:00 00:01:30

Parado no Sinal 18:23:00 18:24:00 00:01:00

Em Movimento 18:24:00 18:25:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:25:00 18:26:00 00:01:00

Em Movimento 18:26:00 18:27:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:27:00 18:28:00 00:01:00

Em Movimento 18:28:00 18:31:00 00:03:00

Parado no Sinal 18:31:00 18:31:30 00:00:30

Em Movimento 18:31:30 18:33:00 00:01:30

Parado no Sinal 18:33:00 18:34:00 00:01:00

Em Movimento 18:34:00 18:35:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:35:00 18:36:00 00:01:00

Em Movimento 18:36:00 18:38:00 00:02:00

Parado no Sinal 18:38:00 18:38:30 00:00:30

Em Movimento 18:38:30 18:40:00 00:01:30

Espera Estação Madureira 18:40:00 18:41:00 00:01:00

Desembarque Estação Madureira 18:41:00 18:42:00 00:01:00

Em Movimento 18:42:00 18:43:00 00:01:00

Page 103: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

103

Parado no Sinal 18:43:00 18:47:00 00:04:00

Em Movimento 18:47:00 18:47:30 00:00:30

Parado no Sinal 18:47:30 18:48:00 00:00:30

Em Movimento 18:48:00 18:49:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:49:00 18:49:30 00:00:30

Em Movimento 18:49:30 18:51:00 00:01:30

Parado no Sinal 18:51:00 18:52:00 00:01:00

Em Movimento 18:52:00 18:53:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:53:00 18:54:00 00:01:00

Em Movimento 18:54:00 18:55:00 00:01:00

Desembarque Estação V. de Carvalho 18:55:00 18:56:00 00:01:00

Em Movimento 18:56:00 18:58:00 00:02:00

Parado no Sinal 18:58:00 18:59:00 00:01:00

Em Movimento 18:59:00 19:00:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:00:00 19:01:00 00:01:00

Em Movimento 19:01:00 19:02:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:02:00 19:02:30 00:00:30

Em Movimento 19:02:30 19:03:00 00:00:30

Parado no Sinal 19:03:00 19:03:30 00:00:30

Em Movimento 19:03:30 19:05:00 00:01:30

Parado no Sinal 19:05:00 19:06:00 00:01:00

Em Movimento 19:06:00 19:07:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:07:00 19:07:30 00:00:30

Em Movimento 19:07:30 19:10:00 00:02:30

Parado no Sinal 19:10:00 19:10:30 00:00:30

Em Movimento 19:10:30 19:11:00 00:00:30

Parado no Sinal 19:11:00 19:12:00 00:01:00

Em Movimento 19:12:00 19:13:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:13:00 19:14:00 00:01:00

Em Movimento 19:14:00 19:17:00 00:03:00

Parado no Sinal 19:17:00 19:18:00 00:01:00

Em Movimento 19:18:00 19:19:00 00:01:00

Espera Estação Fundão 19:19:00 19:20:00 00:01:00

Desembarque Estação Fundão 19:20:00 19:23:00 00:03:00

Em Movimento 19:23:00 19:24:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:24:00 19:25:00 00:01:00

Em Movimento 19:25:00 19:27:00 00:02:00

Parado no Sinal 19:27:00 19:27:30 00:00:30

Em Movimento 19:27:30 19:29:00 00:01:30

Parado no Sinal 19:29:00 19:29:30 00:00:30

Em Movimento 19:29:30 19:31:00 00:01:30

Desembarque Estação Terminal 2 19:31:00 19:33:00 00:02:00

Em Movimento 19:33:00 19:36:00 00:03:00

Desembarque Estação Terminal 1 19:36:00 19:37:00 00:01:00

Andar até Saguão 19:37:00 19:38:00 00:01:00

Page 104: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

104

Fonte: Elaboração Própria

13.1.1.2 Trajeto Galeão - Alvorada

13.1.1.2.1 Qualitativo

O ponto de partida do trajeto Galeão – Alvorada é a saída do saguão de

desembarque doméstico do Terminal 1.

A partir do saguão, uma placa indicava o caminho pra a bilheteria do BRT, que

se localiza dentro do próprio aeroporto. Ao chegarmos lá para adquirir um bilhete, o

local se encontrava vazio, pois a funcionária havia saído temporariamente. O grupo se

dirigiu ao balcão de informações do Rio Galeão, localizado em frente à bilheteria, para

perguntar se era possível adquirir o cartão Bilhete Único e carregá-lo em algum outro

lugar. A funcionária do balcão informou que isso também havia um ponto de venda

dentro da própria estação do BRT, portanto o grupo se dirigiu diretamente para lá.

Entretanto, ao chegar ao local descobrimos que havia apenas uma máquina de

autoatendimento para carregar cartões. Apesar de já termos adquirido os Bilhetes

Únicos no trajeto de vinda, decidimos que deveríamos assumir a posição de um

passageiro que havia acabado de chegar de viagem e não possuísse o cartão (como

por exemplo um turista ou passageiro utilizando o BRT pela primeira vez). Por esse

motivo, consideramos parte da jornada do usuário a etapa de retornar à bilheteria (e a

eventual espera para retorno da funcionária) e volta à estação.

Ao contrário da experiência na Estação Alvorada, o acesso à baia de embarque

na estação do Terminal 1 se deu de forma bastante tranquila, muito em função da

reduzida extensão dessa estação em comparação com a Alvorada (assim como o

menor volume de usuários).

A espera pelo BRT demorou poucos minutos, e o fato de a estação possuir ar-

condicionado garantiu um nível satisfatório de conforto. Pelo baixo número de

passageiros aguardando, não se formou uma fila propriamente, como verificamos no

trajeto anterior.

Assim como no trajeto Alvorada – Galeão, o grupo fez a viagem sentado,

porém nesse caso havia diversos assentos vagos no ônibus, de forma que não houve

nenhum tipo de confusão ou “correria” para conseguir um lugar.

A viagem foi mais rápida do que a anterior, apesar de novamente o ônibus ter

parado inúmeras vezes em semáforos. Entretanto, ao contrário da ida, as paradas não

foram estendidas ou prejudicadas pelo trânsito nas vias do entorno, de forma que não

houve qualquer interrupção nos cruzamentos.

Page 105: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

105

Um ponto interessante a ser descrito é que ao longo da viagem, o grupo pode

presenciar uma família de turistas brasileiros que estava utilizando o BRT para chegar

ao Recreio. Uma das integrantes dessa família, que já havia realizado esse trajeto

diversas vezes, relatou que considerava o BRT uma ótima opção para quem chegava

de viagem à noite, pois era mais barato e rápido que um táxi.

O momento do desembarque ocorreu sem grandes problemas. Apesar de

alguns passageiros também carregarem malas, de certa forma causando barreiras

dentro do ônibus, isso não configurou um impedimento relevante, visto que o número

de pessoas era muito reduzido em comparação com o trajeto anterior.

Apesar de a Estação Alvorada estar vazia no momento do desembarque, como

visível na Figura 28, o grupo sentiu dificuldades para sair da estação pela falta de

informações e pela longa extensão da plataforma, o que torna o processo de chegar

até as roletas uma grande caminhada.

Figura 28 - Estação Alvorada ao Final do Dia.

Fonte: Elaboração Própria

Após passarmos pela roleta de saída da estação, é preciso fazer uma pequena

caminhada até a rua (onde é possível pegar outro transporte para chegar ao destino

final).

Page 106: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

106

Apesar de ser um caminho rápido, o grupo julgou que faltam informações de

opções de transporte no local e que o ponto de táxi não é um local seguro de espera,

devido à má iluminação e ao posicionamento do mesmo em relação à rua.

13.1.1.2.2 Quantitativo

Na Tabela 38 encontra-se a medição dos tempos ao longo do trajeto.

Tabela 38 - Tempos Registrados em Galeão-Alvorada 1.

Atividade Hora Início Hora Fim Duração

Saguão de Desembarque Doméstico T1 20:12:00 20:12:00 00:00:00

Procurar Bilheteria 20:12:00 20:18:00 00:06:00

Comprar Ingresso 20:18:00 20:20:00 00:02:00

Andar até Estação Terminal 1 20:20:00 20:22:00 00:02:00

Fila 20:22:00 20:26:00 00:04:00

Espera Estação Terminal 1 20:26:00 20:29:00 00:03:00

Em Movimento 20:29:00 20:36:00 00:07:00

Parado no Sinal 20:36:00 20:37:00 00:01:00

Em Movimento 20:37:00 20:37:30 00:00:30

Desembarque Estação Fundão 20:37:30 20:38:00 00:00:30

Espera Estação Fundão 20:38:00 20:39:00 00:01:00

Em Movimento 20:39:00 20:40:00 00:01:00

Parado no Sinal 20:40:00 20:41:00 00:01:00

Em Movimento 20:41:00 20:46:00 00:05:00

Parado no Sinal 20:46:00 20:46:30 00:00:30

Em Movimento 20:46:30 20:48:00 00:01:30

Parado no Sinal 20:48:00 20:48:30 00:00:30

Em Movimento 20:48:30 20:51:00 00:02:30

Parado no Sinal 20:51:00 20:52:00 00:01:00

Em Movimento 20:52:00 20:53:00 00:01:00

Parado no Sinal 20:53:00 20:53:30 00:00:30

Em Movimento 20:53:30 20:54:00 00:00:30

Parado no Sinal 20:54:00 20:54:30 00:00:30

Em Movimento 20:54:30 20:55:00 00:00:30

Parado no Sinal 20:55:00 20:56:00 00:01:00

Em Movimento 20:56:00 20:57:00 00:01:00

Parado no Sinal 20:57:00 20:58:00 00:01:00

Em Movimento 20:58:00 20:59:00 00:01:00

Parado no Sinal 20:59:00 21:00:00 00:01:00

Em Movimento 21:00:00 21:01:00 00:01:00

Desembarque Estação V. de Carvalho 21:01:00 21:02:00 00:01:00

Em Movimento 21:02:00 21:04:00 00:02:00

Parado no Sinal 21:04:00 21:04:30 00:00:30

Em Movimento 21:04:30 21:06:00 00:01:30

Parado no Sinal 21:06:00 21:06:30 00:00:30

Page 107: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

107

Em Movimento 21:06:30 21:07:00 00:00:30

Parado no Sinal 21:07:00 21:08:00 00:01:00

Em Movimento 21:08:00 21:09:00 00:01:00

Desembarque Estação Madureira 21:09:00 21:10:00 00:01:00

Em Movimento 21:10:00 21:11:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:11:00 21:12:00 00:01:00

Em Movimento 21:12:00 21:14:00 00:02:00

Parado no Sinal 21:14:00 21:15:00 00:01:00

Em Movimento 21:15:00 21:16:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:16:00 21:17:00 00:01:00

Em Movimento 21:17:00 21:19:00 00:02:00

Parado no Sinal 21:19:00 21:19:30 00:00:30

Em Movimento 21:19:30 21:21:00 00:01:30

Parado no Sinal 21:21:00 21:21:30 00:00:30

Em Movimento 21:21:30 21:23:00 00:01:30

Parado no Sinal 21:23:00 21:24:00 00:01:00

Em Movimento 21:24:00 21:25:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:25:00 21:26:00 00:01:00

Em Movimento 21:26:00 21:27:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:27:00 21:28:00 00:01:00

Em Movimento 21:28:00 21:31:00 00:03:00

Parado no Sinal 21:31:00 21:31:30 00:00:30

Em Movimento 21:31:30 21:34:00 00:02:30

Parado no Sinal 21:34:00 21:34:30 00:00:30

Em Movimento 21:34:30 21:35:00 00:00:30

Parado no Sinal 21:35:00 21:36:00 00:01:00

Em Movimento 21:36:00 21:37:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:37:00 21:38:00 00:01:00

Em Movimento 21:38:00 21:45:00 00:07:00

Espera Estação 21:45:00 21:47:00 00:02:00

Desembarque Estação Alvorada 21:47:00 21:47:30 00:00:30

Andar até a Saída da Estação Alvorada 21:47:30 21:51:00 00:03:30

Andar até o Ponto de Táxi 21:51:00 21:52:00 00:01:00

Fonte: Elaboração própria

13.1.2 Relatório – Visita 2 – 06 de março de 2015

Será a seguir feita uma descrição, tanto qualitativa como quantitativa, da

segunda visita dos autores ao BRT TransCarioca. O relatório será estruturado

seguindo a jornada do usuário ao longo dos dois trajetos.

Trajetos: Alvorada – Galeão e Galeão – Alvorada

Data: 06/03/2015, sexta-feira

Page 108: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

108

13.1.2.1 Trajeto Alvorada - Galeão

13.1.2.1.1 Qualitativo

Ao chegar à estação Alvorada, os autores se dirigiram imediatamente à

bilheteria para a recarga do já adquirido cartão. Havia uma fila única mais extensa do

que na experiência anterior, de cerca de 8 passageiros, com 4 guichês de atendimento

funcionando.

Após passar pela roleta de entrada da estação, o próximo passo foi encontrar o

local de embarque para o Galeão. Como a estação estava perceptivelmente mais

vazia do que na visita anterior, o grupo teve mais facilidade para se deslocar, apesar

de ainda de modo custoso. Finalmente percebeu, também, a existência de painéis

com os tempos estimados dos próximos ônibus. Entretanto, as informações são de

pouca valia, uma vez que ainda será necessário enfrentar longas filas e a

desinformação presente na própria plataforma de embarque. As telas estão

apresentadas na Figura 29.

Figura 29 - Tela com informações sobre partidas.

Fonte: Elaboração Própria

Do mesmo modo que na experiência anterior, foram encontradas dificuldades

decorrentes do fato de duas linhas compartilharem o mesmo espaço de embarque.

Page 109: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

109

Assim, os passageiros ficavam constantemente “checando” os ônibus que estavam

prestes a parar na baia, para então se prepararem para o embarque. Era necessário

que uns perguntassem aos outros se iriam embarcar naquele ônibus, para que então

pudessem “furar a fila”. A sinalização da linha pode ser observada na Figura 30.

Figura 30 - Placas da plataforma de embarque.

Fonte: Elaboração Própria

O embarque no veículo foi extremamente tumultuado. A abertura das portas faz

com que todos os passageiros correm ao mesmo tempo para tentar garantir um lugar

sentado. Novamente o grupo acabou ocupando um assento preferencial, por não ter

tempo de localizar outra posição.

Os autores puderam constatar que o veículo possuía bagageiros para

acomodar malas. O veículo estava ligeiramente mais vazio em relação à visita

anterior, e pelo fato de estarmos sentados, a viagem ocorreu sem grandes problemas

de conforto, a despeito de uma postura inconfortável decorrida da superlotação.

O desembarque foi tranquilo, mas um funcionário do BRT solicitou que todos

os passageiros descessem do veículo, pois aquele ainda demoraria a sair.

Page 110: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

110

13.1.2.1.2 Quantitativo

Os tempos de cada atividade foram medidos e estão documentados na Tabela

39.

Tabela 39 - Tempos Registrados em Alvorada-Galeão 2.

Atividade Hora Início Hora Fim Duração

Chegada à Estação Alvorada 18:23:00 18:23:00 00:00:00

Procurar Bilheteria 18:23:00 18:23:30 00:00:30

Fila 18:23:30 18:26:00 00:02:30

Comprar Ingresso 18:26:00 18:27:00 00:01:00

Passar na Catraca 18:27:00 18:27:30 00:00:30

Achar Plataforma 18:27:30 18:31:00 00:03:30

Fila 18:31:00 18:43:00 00:12:00

Espera Estação 18:43:00 18:44:00 00:01:00

Em Movimento 18:44:00 18:49:00 00:05:00

Parado no Sinal 18:49:00 18:50:00 00:01:00

Em Movimento 18:50:00 18:52:00 00:02:00

Parado no Sinal 18:52:00 18:52:30 00:00:30

Em Movimento 18:52:30 18:55:00 00:02:30

Parado no Sinal 18:55:00 18:56:00 00:01:00

Em Movimento 18:56:00 18:57:00 00:01:00

Parado no Sinal 18:57:00 18:57:30 00:00:30

Em Movimento 18:57:30 19:00:00 00:02:30

Parado no Sinal 19:00:00 19:01:00 00:01:00

Em Movimento 19:01:00 19:03:00 00:02:00

Parado no Sinal 19:03:00 19:03:30 00:00:30

Em Movimento 19:03:30 19:06:00 00:02:30

Parado no Sinal 19:06:00 19:06:30 00:00:30

Em Movimento 19:06:30 19:08:00 00:01:30

Parado no Sinal 19:08:00 19:08:30 00:00:30

Em Movimento 19:08:30 19:10:00 00:01:30

Parado no Sinal 19:10:00 19:10:30 00:00:30

Em Movimento 19:10:30 19:14:00 00:03:30

Desembarque Estação 19:14:00 19:15:00 00:01:00

Em Movimento 19:15:00 19:16:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:16:00 19:16:30 00:00:30

Em Movimento 19:16:30 19:19:00 00:02:30

Parado no Sinal 19:19:00 19:20:00 00:01:00

Page 111: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

111

Em Movimento 19:20:00 19:21:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:21:00 19:22:00 00:01:00

Em Movimento 19:22:00 19:23:00 00:01:00

Parado no Sinal 19:23:00 19:24:00 00:01:00

Em Movimento 19:24:00 19:25:00 00:01:00

Desembarque Estação 19:25:00 19:25:30 00:00:30

Em Movimento 19:25:30 19:28:00 00:02:30

Parado no Sinal 19:28:00 19:28:30 00:00:30

Em Movimento 19:28:30 19:30:00 00:01:30

Parado no Sinal 19:30:00 19:31:00 00:01:00

Em Movimento 19:31:00 19:37:00 00:06:00

Parado no Sinal 19:37:00 19:37:30 00:00:30

Em Movimento 19:37:30 19:39:00 00:01:30

Parado no Sinal 19:39:00 19:40:00 00:01:00

Em Movimento 19:40:00 19:43:00 00:03:00

Parado no Sinal 19:43:00 19:43:30 00:00:30

Em Movimento 19:43:30 19:44:00 00:00:30

Parado no Sinal 19:44:00 19:45:00 00:01:00

Em Movimento 19:45:00 19:45:30 00:00:30

Desembarque Estação 19:45:30 19:46:00 00:00:30

Em Movimento 19:46:00 19:46:30 00:00:30

Parado no Sinal 19:46:30 19:47:00 00:00:30

Em Movimento 19:47:00 19:53:00 00:06:00

Desembarque Estação 19:53:00 19:54:00 00:01:00

Em Movimento 19:54:00 19:57:00 00:03:00

Espera Estação 19:57:00 19:58:00 00:01:00

Desembarque Estação Terminal 1 19:58:00 19:58:30 00:00:30

Andar até Saguão 19:58:30 20:00:00 00:01:30

Achar Check-In 20:00:00 20:02:00 00:02:00

Fonte: Elaboração própria

13.1.2.2 Trajeto Galeão - Alvorada

13.1.2.2.1 Qualitativo

Logo na saída do saguão o grupo conseguiu identificar uma sinalização que

compara diferentes formas de ir até o centro da cidade. Sugere-se a integração de

BRT com metrô, como disposto na Figura 31.

Page 112: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

112

Figura 31 - Tabela de informações no aeroporto.

Fonte: Elaboração Própria

Partimos do saguão de desembarque para a bilheteria, para mais uma vez

recarregar o bilhete. Dessa vez enfrentamos uma pequena fila, agravada pelo fato de

dois visitantes estarem pedindo informações turísticas para a funcionária da bilheteria.

Esta, por sua vez, recomendou que eles fossem para a Lapa através de BRT e Metrô,

como no painel de informações da Figura 31. A compra do bilhete ocorreu sem

problemas.

A espera pelo BRT demorou um pouco mais do que na visita anterior. A

estação estava mais cheia, mas logo o veículo chegou. A porta de entrada para o

veículo é um pouco apertada, o que pode trazer problemas para o embarque e

desembarque com malas.

Page 113: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

113

A viagem transcorreu sem problemas. Percebeu-se ainda a presença de

turistas estrangeiros no ônibus.

O ônibus enfrentou uma longa fila para o desembarque na estação Alvorada.

Apesar disso, foi fácil sair da estação e tomar um táxi.

13.1.2.2.2 Quantitativo

Na Tabela 40 encontra-se a medição dos tempos ao longo do trajeto.

Tabela 40 - Tempos Registrados em Galeão-Alvorada 2.

Atividade Hora Início Hora Fim Duração

Chegada ao Saguão - Desembarque Doméstico T1 20:30:00 20:30:00 00:00:00

Procurar Bilheteria 20:30:00 20:31:00 00:01:00

Fila 20:31:00 20:34:00 00:03:00

Comprar Ingresso 20:34:00 20:35:00 00:01:00

Andar até Estação Terminal 1 20:35:00 20:37:00 00:02:00

Fila 20:37:00 20:43:00 00:06:00

Espera Estação 20:43:00 20:44:00 00:01:00

Em Movimento 20:44:00 20:45:00 00:01:00

Parado no Sinal 20:45:00 20:46:00 00:01:00

Em Movimento 20:46:00 20:52:00 00:06:00

Parado no Sinal 20:52:00 20:52:30 00:00:30

Em Movimento 20:52:30 20:53:00 00:00:30

Espera Estação 20:53:00 20:54:00 00:01:00

Desembarque Estação 20:54:00 20:54:30 00:00:30

Em Movimento 20:54:30 20:55:00 00:00:30

Parado no Sinal 20:55:00 20:56:00 00:01:00

Em Movimento 20:56:00 20:59:00 00:03:00

Parado no Sinal 20:59:00 21:00:00 00:01:00

Em Movimento 21:00:00 21:01:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:01:00 21:02:00 00:01:00

Em Movimento 21:02:00 21:05:00 00:03:00

Parado no Sinal 21:05:00 21:06:00 00:01:00

Em Movimento 21:06:00 21:07:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:07:00 21:08:00 00:01:00

Em Movimento 21:08:00 21:09:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:09:00 21:10:00 00:01:00

Em Movimento 21:10:00 21:11:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:11:00 21:12:00 00:01:00

Page 114: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

114

Em Movimento 21:12:00 21:13:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:13:00 21:14:00 00:01:00

Em Movimento 21:14:00 21:16:00 00:02:00

Desembarque Estação 21:16:00 21:17:00 00:01:00

Em Movimento 21:17:00 21:17:30 00:00:30

Parado no Sinal 21:17:30 21:18:00 00:00:30

Em Movimento 21:18:00 21:19:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:19:00 21:19:30 00:00:30

Em Movimento 21:19:30 21:21:00 00:01:30

Parado no Sinal 21:21:00 21:21:30 00:00:30

Em Movimento 21:21:30 21:23:00 00:01:30

Parado no Sinal 21:23:00 21:23:30 00:00:30

Em Movimento 21:23:30 21:24:00 00:00:30

Parado no Sinal 21:24:00 21:26:00 00:02:00

Em Movimento 21:26:00 21:27:00 00:01:00

Desembarque Estação 21:27:00 21:27:30 00:00:30

Em Movimento 21:27:30 21:30:00 00:02:30

Parado no Sinal 21:30:00 21:31:00 00:01:00

Em Movimento 21:31:00 21:32:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:32:00 21:33:00 00:01:00

Em Movimento 21:33:00 21:35:00 00:02:00

Parado no Sinal 21:35:00 21:35:30 00:00:30

Em Movimento 21:35:30 21:36:00 00:00:30

Parado no Sinal 21:36:00 21:37:00 00:01:00

Em Movimento 21:37:00 21:37:30 00:00:30

Parado no Sinal 21:37:30 21:38:00 00:00:30

Em Movimento 21:38:00 21:39:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:39:00 21:40:00 00:01:00

Em Movimento 21:40:00 21:42:00 00:02:00

Parado no Sinal 21:42:00 21:42:30 00:00:30

Em Movimento 21:42:30 21:43:00 00:00:30

Parado no Sinal 21:43:00 21:44:00 00:01:00

Em Movimento 21:44:00 21:47:00 00:03:00

Parado no Sinal 21:47:00 21:47:30 00:00:30

Em Movimento 21:47:30 21:48:00 00:00:30

Parado no Sinal 21:48:00 21:49:00 00:01:00

Em Movimento 21:49:00 21:49:30 00:00:30

Parado no Sinal 21:49:30 21:50:00 00:00:30

Page 115: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

115

Em Movimento 21:50:00 21:51:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:51:00 21:52:00 00:01:00

Em Movimento 21:52:00 21:53:00 00:01:00

Parado no Sinal 21:53:00 21:54:00 00:01:00

Em Movimento 21:54:00 21:59:00 00:05:00

Espera Estação 21:59:00 22:06:00 00:07:00

Desembarque Estação Alvorada 22:06:00 22:06:30 00:00:30

Andar até a Saída da Estação Alvorada 22:06:30 22:09:00 00:02:30

Fonte: Elaboração Própria

13.1.3 Relatório – Visita 3 – 30 de abril de 2015

A terceira e última visita ao BRT TransCarioca foi realizada com o objetivo de

recolher dados para a etapa de simulação do trabalho. Ao contrário da 1ª e da 2ª

visita, os autores não realizaram embarque no BRT. Todas as medidas foram feitas

dentro da estação, próximas à plataforma de embarque.

Data: 30/04/2015, quinta-feira véspera de feriado.

13.1.3.1 Qualitativo

No momento da chegada à estação, por volta de 18h30, pudemos perceber

que a fila da bilheteria estava muito mais longa do que nas outras visitas, como

exposto na Figura 32.

Page 116: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

116

Figura 32 - Fila da Bilheteria do Terminal Alvorada.

Fonte: Elaboração Própria

Ao passar pela catraca, a dupla se posicionou separadamente em diferentes

pontos da estação para realizar as medições em paralelo.

Uma percepção geral foi de que o movimento de pessoas dentro da estação

variava em ciclos: ora podia-se caminhar com tranquilidade pela plataforma, ora

algumas filas se estendiam demasiadamente atrapalhando a circulação de

passageiros. O momento de chegada dos ônibus, quando as filas então se

esvaziavam, era acompanhado de muita correria daqueles que tentavam conseguir

entrar no automóvel.

Além disso, uma situação curiosa vivida por um dos autores revela como os

usuários do sistema ficam confusos: por estar vestindo um casaco azul dos Jogos

Olímpicos, o autor foi diversas vezes abordado por passageiros que pediam

informações sobre locais de embarque e trajetos das linhas.

Também pudemos observar a presença de alguns passageiros portando

bagagens na fila para o Semi-Direto, registrada na Figura 33. Muitos tiveram

dificuldades na hora do embarque, uma vez que era necessário carregar a mala para

Page 117: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

117

dentro do ônibus ao mesmo tempo que eram pressionados a entrar rapidamente por

aqueles que vinham atrás.

Figura 33 - Passageiros com Mala na Fila para o Semi-Direto.

Fonte: Elaboração Própria

13.1.3.2 Quantitativo

Foram feitas as seguintes medições durante a visita: taxa de chegada de

passageiros, intervalo de chegada dos ônibus, tempos de embarque e quantidade de

passageiros que realizaram embarque.

13.1.3.2.1 Taxa de chegada de passageiros

Essa medição foi feita nas quatro filas destinadas às linhas Alvorada-Fundão

(Expresso) e Alvorada-Galeão (Semi-Direto). Como as filas compartilham passageiros

de ambas, a taxa medida corresponde ao total dos dois públicos. Para estimar a

proporção entre passageiros do Semi-Direto e do Expresso, utilizou-se as medidas de

passageiros embarcados que também será apresentada nesse relatório.

A contagem de passageiros que chegavam à fila foi feita em intervalos fixos de

1 minuto.

Page 118: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

118

Tabela 41 - Número de Chegadas em um Minuto em uma das Filas do Semi-Direto e Expresso.

Observação Número de chegadas de

passageiros

1 7

2 6

3 9

4 3

5 6

6 14

7 7

8 10

9 2

10 3

11 10

12 5

13 4

14 5

15 8

16 9

17 5

18 4

19 4

20 5

21 3

22 2

23 5

24 6

25 8

26 7

27 5

28 3

29 11

30 11

31 6

32 7

33 4

34 8

35 3

36 4

37 7

38 4

39 2

40 1

Page 119: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

119

41 6

42 2

43 1

44 1

45 10

46 14

47 6

48 11

49 4

50 9

51 6

52 4

53 8

54 6

55 5

56 3

57 6

58 15

59 7

60 2

61 8

Fonte: Elaboração Própria

13.1.3.2.2 Intervalo de chegada dos ônibus e tempos de embarque

Novamente para ambas as linhas, foram registrados os horários de chegada,

abertura e fechamento das portas e partida. Tais dados foram utilizados para obtenção

dos tempos de embarque e taxa de chegada dos ônibus.

Foi feita uma pausa nas medições, como indicado na Tabela 42.

Page 120: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

120

Tabela 42 - Horários de Chegada, Partida, Abertura e Fechamento de Portas.

Linha Chegada Abertura Fechamento Partida

Semi-Direto 18:41:26 18:41:33 18:43:06 18:45:07

Expresso 18:47:03 18:47:08 18:49:54 18:50:00

Semi-Direto 18:51:44 18:51:55 18:54:20 18:54:30

Expresso 18:57:56 18:58:11 18:59:55 19:00:06

Semi-Direto 19:00:25 19:00:30 19:03:56 19:04:00

Expresso 19:07:32 19:07:35 19:09:54 19:10:01

Semi-Direto 19:14:50 19:14:52 19:15:52 19:16:18

Expresso 19:16:37 19:16:40 19:19:23 19:19:26

Semi-Direto 19:25:44 19:26:38 19:28:17 19:28:21

Expresso 19:28:35 19:28:42 19:29:21 19:29:25

Intervalo

Expresso 20:04:10 20:04:20 20:07:45 20:07:49

Expresso 20:13:18 20:13:20 20:15:59 20:16:05

Fonte: Elaboração Própria

13.1.3.2.3 Entrada de passageiros

Com o objetivo de estimar qual parte da taxa de chegada total corresponde aos

passageiros da linha Alvorada-Galeão, foram feitas medidas do número de embarques

em cada linha.

Um dos membros do grupo se posicionou próximo a uma das portas de entrada

do ônibus para contar o número de passageiros que realizavam embarque,

assumindo-se como premissa que a razão entre entradas entre linhas diferentes em

uma mesma porta seria representativa da razão de embarques em todo o veículo.

Os dados obtidos estão descritos na Tabela 43.

Tabela 43 - Passageiros Embarcados para Estimação de Proporção Semi-Direto.

Linha Nº de passageiros embarcados Porta

Expresso 29 4ª

Semi-Direto 29 4ª

Expresso 26 3ª

Expresso 27 4ª

Semi-Direto 38 3ª

Expresso 38 3ª

Expresso 26 4ª

Semi-Direto 24 4ª

Fonte: Elaboração Própria

Uma observação feita durante tais medições foi de que, apesar de os veículos

ficarem cerca de 2 minutos como as portas abertas, a maior parte do embarque

acontecia nos primeiros 30 segundos. O restante do tempo era gasto com o ônibus já

Page 121: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

121

lotado, parado na plataforma de embarque, com embarques esporádicos por aqueles

que forçavam a entrada em meio aos outros passageiros.

Page 122: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

122

13.2 APÊNDICE 2: SIMULAÇÃO

13.2.1 Estimação de Parâmetros

13.2.1.1 Taxa de Chegada de Clientes

Para a estimação desta taxa, mediu-se a intervalos fixos de um minuto a

quantidade de chegadas de clientes em uma das filas. As chegadas foram modeladas

segundo uma distribuição de Poisson com λ = 6,067 passageiros/minuto, como mostra

a Figura 34.

Figura 34 - Distribuição de Poisson para Chegada de Clientes.

Fonte: Elaboração Própria

Para verificar o ajuste da distribuição aos dados observados, realizou-se um

teste qui-quadrado (GUIMARÃES, 2008, p. 160), exposto na Tabela 44.

Ho: A distribuição de Poisson se ajusta aos dados

H1: A distribuição de Poisson não se ajusta aos dados

Page 123: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

123

Tabela 44 - Teste Qui-Quadrado para Distribuição de Poisson da Taxa de Chegada.

X Probabilidade

Calculada Frequência Observada

Probabilidade Observada

Frequência Calculada

0 0,0023 0 0,0000 0,1415

1 0,0141 3 0,0492 0,8581

2 0,0427 5 0,0820 2,6030

3 0,0863 6 0,0984 5,2639

4 0,1309 8 0,1311 7,9836

5 0,1588 7 0,1148 9,6868

6 0,1606 9 0,1475 9,7944

7 0,1392 6 0,0984 8,4885

8 0,1055 5 0,0820 6,4371

9 0,0711 3 0,0492 4,3391

10 0,0432 3 0,0492 2,6324

11 0,0238 3 0,0492 1,4518

12 0,0120 0 0,0000 0,7340

13 0,0056 0 0,0000 0,3425

14 0,0024 2 0,0328 0,1484

≥15 0,0016 1 0,0164 0,0948

Fonte: Elaboração Própria

A estatística é calculada segundo a equação a seguir, onde fo é a frequência

observada, fe é a frequência estimada e k é o número de classes.

k

1i e

2e02

f

)ff(

Ao efetuar os cálculos, obtém-se stat X² = 50,701. Como X²(99%; 14) = 29,141,

stat X² > X²(99%; 14). Portanto, não se rejeita Ho. O valor p calculado é igual a

2,25898E-06.

Para utilizar a distribuição, entretanto, algumas adaptações foram necessárias.

Como a fila é mista e dividida em quatro, multiplicou-se o λ pela proporção de

passageiros para Semi-Direto e por quatro filas (correspondendo uma a cada porta).

13.2.1.2 Proporção de Passageiros do Semi-Direto

A estimativa dessa variável foi feita contando a quantidade de passageiros que

entravam em uma das portas para os ônibus Expresso e Semi-Direto. Construíram-se

intervalos de confiança para essas quantidades de passageiros, e estimou-se a maior

e menor proporção do Semi-Direto, a um nível de confiança de 95%. Os dados

coletados se encontram na seção 13.1.3.2.3.

Page 124: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

124

Expresso = 29,2 ± 1,987

Semi-Direto = 30,3 ± 4,635

Proporção = 0,507 ± 0,055, ou seja, 0,452 < 0,507 < 0,562

13.2.1.3 Intervalo entre Chegada de Veículos

Cronometrou-se o intervalo entre veículos e, portanto, entre Semi-Diretos.

Entretanto, poucas informações puderam ser coletadas, por limitações práticas. De

todo modo, as chegadas foram modeladas segundo uma distribuição triangular,

presente na Figura 35.

Figura 35 - Intervalo entre veículos Semi-Diretos.

Fonte: Elaboração Própria

13.2.1.4 Tempo de Embarque

O tempo de embarque foi medido como o tempo entre a abertura e fechamento

das portas. Esta variável é importante para, na modelagem das vans, identificar qual

seria o piso para o tempo entre veículos em apenas uma plataforma. Um intervalo

próximo de 2 minutos demandaria, portanto, a adição de mais uma baia de embarque.

A Tabela 45 expõe os dados coletados e sua média.

Page 125: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

125

Tabela 45 - Tempos de Embarque Medidos.

Fonte: Elaboração Própria

13.2.1.5 Taxa de Chegada de Clientes para Van

Esta precisou ser estimada através de dados históricos da pesquisa do ITDP

(2015). Segundo a pesquisa, cerca de 190.000 passageiros utilizam o serviço por dia,

tal qual exposto na Figura 36.

Figura 36 - Demanda Diária de Passageiros do BRT TransCarioca.

Fonte: ITDP (2015), p. 16

A partir da Figura 37, observa-se que aproximadamente 27% das viagens

acontecem no pico da tarde, de 17 às 20h.

Page 126: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

126

Figura 37 - Distribuição dos Embarques ao Longo do Dia do BRT TransCarioca.

Fonte: ITDP (2015), p. 16

A Figura 6 estima que 1% dos motivos de viagem são relacionados ao

Aeroporto. ATabela 6, por sua vez, expõe a proporção de embarques com

determinado destino e determinada origem. Nota-se que, dos passageiros que têm

como destino a Ilha do Governador, 2.7% ÷ 7,3% = 36,99% partem da Barra da Tijuca

ou Jacarepaguá.

Considerando essas informações, a taxa de chegada de passageiros que

partem da Alvorada com destino ao Galeão no horário de pico da tarde foi estimada

por:

= 1,054 passageiros/minuto

Como há diversas incertezas associadas a essa taxa, análises de sensibilidade

foram feitas no modelo para verificar como o sistema deveria responder a um aumento

na demanda, seja por esta ter sido subestimada, seja por ser impulsionada pela

melhora eventual do serviço.

Page 127: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

127

13.2.2 Intervalos de Confiança

13.2.2.1 Modelo para BRT

13.2.2.1.1 Fila Média

Tabela 46 - Intervalo de Confiança da Fila Média para BRT.

p Fila Média IC+ IC-47% 66,63797823 66,7164 66,55955

48% 70,51900272 70,65963 70,37837

49% 76,29700896 76,46268 76,13134

50% 84,89820762 85,11728 84,67914

51% 96,77443289 97,14152 96,40735

52% 112,7042625 113,2235 112,185

53% 135,631282 136,3079 134,954754% 159,93748 160,87 159,005

Fonte: Elaboração Própria

13.2.2.1.2 Tempo Médio Esperado na Fila

Tabela 47 - Intervalo de Confiança do Tempo Médio Esperado na Fila para BRT.

p Tempo Médio Esperado na Fila IC+ IC-47% 5,840420042 5,851008 5,829832

48% 6,058298882 6,067842 6,048756

49% 6,410604253 6,422618 6,398591

50% 6,964745003 6,984671 6,944819

51% 7,786833417 7,822223 7,751443

52% 8,974204854 9,006944 8,941466

53% 10,46163638 10,53517 10,388154% 12,32028999 12,36313 12,27745

Fonte: Elaboração Própria

13.2.2.1.3 Taxa de Utilização Média

Tabela 48 - Intervalo de Confiança da Taxa de Utilização Média para BRT.

p Utilização Média IC+ IC-

47% 90,8% 0,908082 0,907082

48% 92,6% 0,926442 0,925741

49% 94,4% 0,944331 0,943791

50% 96,0% 0,960244 0,959475

51% 97,4% 0,974033 0,973358

52% 98,4% 0,983887 0,98349

53% 99,0% 0,990623 0,990309

54% 99,4% 0,9946 0,994272

Fonte: Elaboração Própria

Page 128: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

128

13.2.2.2 Modelo para Van

13.2.2.2.1 Fila Média

Tabela 49 - Intervalo de Confiança da Fila Média para Van

Fator de

Chegada

Frequência

de VeículosFila Média IC+ IC-

1 2 2,949406828 2,944511 2,954302

1,5 2,3 4,362586079 4,352656 4,372516

2 2,75 5,746197758 5,712378 5,780017

2,5 3,25 7,047973449 7,000242 7,095705

3 3,75 8,435886525 8,377816 8,493957

3,5 4,25 9,816817314 9,74432 9,889315

4 4,75 11,17822058 11,07061 11,28583

Fonte: Elaboração Própria

13.2.2.2.2 Tempo Médio Esperado na Fila

Tabela 50 - Intervalo de Confiança do Tempo Médio Esperado na Fila para Van.

Fator de

Chegada

Frequência

de VeículosTempo Médio Esperado na Fila IC+ IC-

1 2 2,791736111 2,786021 2,797451

1,5 2,3 2,752989642 2,743835 2,762144

2 2,75 2,727193883 2,711253 2,743135

2,5 3,25 2,686649741 2,670408 2,702892

3 3,75 2,683101533 2,662744 2,703459

3,5 4,25 2,660946001 2,634723 2,687169

4 4,75 2,655626363 2,636232 2,675021

Fonte: Elaboração Própria

Page 129: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

129

13.2.2.2.3 Taxa de Utilização Média

Tabela 51 - Intervalo de Confiança da Taxa de Utilização Média para Van.

Fator de

Chegada

Frequência

de VeículosUtilização Média IC+ IC-

1 2 58,8% 0,587032 0,588318

1,5 2,3 76,5% 0,763426 0,766005

2 2,75 84,7% 0,846227 0,848397

2,5 3,25 89,1% 0,889739 0,891614

3 3,75 91,8% 0,917392 0,918833

3,5 4,25 93,7% 0,936249 0,937673

4 4,75 94,9% 0,948773 0,950041

Fonte: Elaboração Própria

Page 130: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

130

13.3 APÊNDICE 3: MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

13.3.1 Mapeamento do fluxo de valor da situação atual

Page 131: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

131

Page 132: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

132

Page 133: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

133

Page 134: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

134

13.3.2 Mapeamento do fluxo de valor da situação de referência

Page 135: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

135

Page 136: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”

136

13.3.3 Mapeamento do fluxo de valor da situação futura

Page 137: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”
Page 138: BRT TRANSCARIOCA: REFLEXÕES E PROPOSTAS À LUZ DA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015124.pdf · E o cantar de um passarinho Nunca nesse mundo se está sozinho”