brochura pedro kaliambai

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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria

Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto

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construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade.

Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t

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PEDRO KALIAMBAI – 35

“Admito que já resolveste o enigma da Criação; e o teu destino? Aceito que desvendaste a Verdade; e o teu destino? Está bem, viveste cem anos felizes e ainda tens muitos para viver; e o teu destino?” Omar Kadhayam

Pedro Kaliambai preparou 35 pinturas de pequeno formato com destino. Tendo visitado o espaço da Q.Galeria há alguns meses atrás, o artista decidiu organizar uma sequência de telas que se lhe adequam, como se de uma espécie de pele artificial e idealizada se tratara. A pele humana é constituída por camadas (derme, epiderme…), à semelhança das sobreposições de guache, ressurgindo, renovando-se em translucidez e transparência sucessivas em pintura plena e expansiva. Verificam-se dois sentidos de leitura: o centrípto – enquanto a composição se auto-centra, se coloca dentro de foco, se situa em si mesma; o centrífugo - enquanto cada elemento, integrando a composição, permite uma expansão, ao nível da percepção visual, atravessando o vidro e as fronteiras da moldura. Assim, através da conciliação de ambas forças, a pintura decorre do desenho que a chama e o expande.

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O desenho na sua pintura assume a acepção que lhe foi outorgado por artistas do Renascimento e da modernidade, entendendo-o como aspecto constitutivo do pensamento visual, como capacidade intelectual de sentido integrador; denotativo de um certo discernimento arquetípico, pois propicia (senão mesmo obriga) ao exercício das capacidades intrínsecas que o artista deve promover — e desenvolver para atingir unidade na sua obra.

“…Nela se grava um desenho pra sempre, Irreconhecível de tão recente.

Escorra do momento a água turva – O desenho amado não esbate à chuva.”1

O desenho, não significava apenas o conjunto dos traços mais ou menos simples, as linhas ou o gráfico que se prevê signifiquem algo existente — de ordem representativa... Evoque-se Almada Negreiros quanto à primazia (e definição) do desenho, atendendo ao seu valor formativo, enquanto dom e exercício educacional, actuando em consentaneidade manifesta, e por transposição, ao trabalho elaborativo do entendimento humano, indutor de conhecimento. A afinidade ao entendimento reconhece-se pela forma como o próprio desenho se desenvolve: rapidez, clareza, simplicidade, ou seja, as qualidades que se reconhecem no desenho. O desenho impõe disciplina, condição única que a garante, assentimento e êxito: obriga a aceitação da obediência, um tipo de obediência que significa lealdade para consigo mesmo, "para com os nossos sentidos, órgãos do entendimento."2

1 Ossip Mandelstam, Guarda minha fala para sempre, Lisboa, Assírio & Alvim, 1996, p. 107

2 Almada Negreiros, "O Desenho", Ensaios, Lisboa, INCM, 1990, p.27

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Poder-se-ia ponderar se o desenho, efectivamente, corresponde à experiência da autoridade pessoal — que implica a consideração integral da pessoa; factor que, aliás, o caracteriza como Arte, à semelhança do modo como a personalidade individual está para a pintura, pertencendo mesmo ao domínio da pintura. Ou seja, quanto o desenho seja caminho – e simultaneamente finalização - para a pintura, donde o caminho para a mencionada autoridade pessoal – seguindo a terminologia. A sua pintura emerge do que está por detrás, impele para a travessia de tempo e espaço ínfimos, zonas intersticiais, espécie de limbos desconvencionalizados…por detrás de segmentos, por detrás de contornos, por detrás de organismos inventados, por detrás de preenchimentos vividos, por detrás de memórias consecutivas…afirmando com Thomas Bernhard:

“Por trás das árvores há um outro mundo, eles descem em longos sulcos para as aldeias, para as florestas dos milénios, amanhã perguntam por mim, (…)”3

3 Cf. Thomas Bernhard, “Por trás das árvores há um outro mundo”, Na Terra e no Inferno, Lisboa,

Assírio & Alvim, 2000, pp.61 e ss.

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Nalgumas das suas telas os sulcos adivinham-se, conformando rugas que poderiam ser excertos de paisagens românticas ou naturalistas. A herança de uma assunção de paisagem que glosa a substância e a identidade, quer do autor, quer dos espectadores. Cruzando vidas, os segmentos agrilhoados nas telas mínimas evocam – no meu imaginário – a sabedoria de Daniel Arasse ao conceber a historiografia da arte através do conceito de ―detalhe‖. Pois as telas podem, assim seja, entender-se como detalhes, cujo desocultamento cabe concretizar. Numa analogia ontológica, a essência e a existência enfadam-se, desencantadas de querelas obsoletas. Um e si-mesmo, promovendo o desvelamento que as almas, as ideias e as sensibilidades anseiam. Além das subjectividades implícitas em cada uma das 35 peças, existe esse mundo que as alimenta: fragmentos de folhas, pele de seres animais, estames, fósseis, cascas de árvores, barro da terra que se desprende…tudo que nos rodeia suscita pulsar, imprime uma respiração, decide um olhar demorado que atravesse os tempos distintivos das transposições na pintura. Vêem-se 35 pinturas que sabem de permanência, de estabilidade, de fixação que testemunham a passagem do tempo, a ambiguidade da incolumidade cíclica das estações – a sucessão ininterrupta:

“Um dia de primavera no fim do mundo. No fim do mundo, de novo o dia passa. O melro chora, como se fossem as suas lágrimas Que molham os ramos cimeiros das árvores.”4

Os conteúdos iconográficos destas pinturas, quase reduzidos a minúsculas notas essenciais, revelam rigorosa depuração e expressam uma consciência austera, quer em termos estéticos, quer picturais. Os motivos apresentados atravessam o vidro que os abriga e expandem-se. As formas geométricas – de teor informal, nalguns casos - potencializam uma policromia clarificada e a fundamentação de desenho que as organizam. Pedro Kaliambai plasma um mundo – em termos picturais – que é reconcebido nos segmentos aproximativos na sequência de uma observação da natureza minuciosamente realizada. O mundo pode ser revigorado, voltando à matricidade originária da flora e da fauna, onde se ausentam as morfologias do humano. Todavia, na sua radicação subjazem, pois são singulares os olhos que o recuperam e devolvem em arquetipias, vestígios e indícios.

“…O mundo exterior, arrefecido a espaços, tornava-se abrasador. Como dizê-lo? Formava manchas e em seguida raias. “5

Está-se perante 35 episódios de pintura que contêm em si percursos, jornadas e permanências, acompanhando o ritmo de uma existência. Pode divagar-se, desencadear narrativas sobre as substâncias mais inesperadas: cada espectador ao contemplá-las quererá evoluir e participar na imensidão de paisagem interna que aqui se encontra plasmada. Maria de Fátima Lambert Lx, fev./mar. 2010

4 Li Shang-Yin – Chuva na Primavera e outros poemas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p.21

5 Yukio Mishima, O templo dourado, Lisboa, Assírio & Alvim, 1985, p.148

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Sem título – 2009, 12x12 cm (cada de um conjunto de 35 pinturas)

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Curriculum Pedro Kaliambai Luís David de Morais nasceu em Luanda em1974 Vive e trabalha em Lisboa Tlmv.961120172 [email protected] Habilitações académicas: 2006 - Curso Avançado de Artes Plásticas no AR.CO 2005 - Workshop de Gravura, no AR.CO, sob a direcção de Ângelo de Sousa 2000 - Licenciatura em Engenharia Zootécnica Prémios: 2008 – Finalista do prémio ANTECIPARTE '08 Feiras: 2010 – Espacio Atlántico – Vigo 2009 – Valencia.Art – Valência 2009 – Foro Sur ’09 – Cáceres 2008 – 8ª edição da ARTE LISBOA – Lisboa Exposições individuais: 2001 – Centro Cultural de Fronteira – Fronteira Exposições colectivas: 2009 – Wallpaper – Galeria 3+1, Lisboa 2008 – Sara & André – Galeria 3+1, Lisboa 2007 – Pavilhão 24A bolseiros & finalistas do AR.CO 06, Lisboa 2005 – 7 na pintura – Igreja de Santiago, Monsaraz 2004 – Almoço de Verão do AR.CO – Quinta de S. Miguel, Almada 2003 – A Arte no Corpo e o Corpo na Arte – Galeria 21, Évora 2003 – Escultura na Cidade – Grupo Pró-Évora, Évora 2001 – Corpo.Nu.Desenho.4 – Grupo Pró-Évora, Évora 2001 – 1º Aniversário da Galeria 21 – Galeria 21, Évora 2000 – Corpo.Nu.Desenho.3 – Grupo Pró-Évora, Évora

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