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British-Angola Forum Relatório sobre a Conferência O Futuro de Angola 13 e 14 de Novembro de 2003 Chatham House, Londrês

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British-Angola Forum

Relatório sobre a Conferência

O Futuro de Angola

13 e 14 de Novembro de 2003

Chatham House, Londrês

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© The Royal Institute of International Affairs, 2004

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Steve Kibble por ter escrito este relatorio e ao Professor David Birmingham pela ediçãodo mesmo, queremos tambem agradecer á equipa do British-Angola Forum desde da Liz Horn, ManuelPaulo pelo apoio editorial na conclusão deste relatorio, muito agradecemos tambem aos patrocinadorese conferêncistas.

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Índice

A perspectiva de Londrês 1

Desafios e aspirações 2

A democratização 4

A terra e as minas terrestres 5

A economia 5

Investimentos, emprego e diversificação produtiva 6

Perspectivas dos doadores 7

Procedimento futuro 8

Sumário 9

Conclusão 10

Programa da conferência 11

Dados biograficos dos oradores 13

Lista dos delegados da conferência 19

Patrocinadores da conferência 24

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A perspectiva de Londrês

Angola já não está em guerra, excepto na suaprovíncia de Cabinda. A conferência do British-Angola Forum de 2003 focou a possibilidade da existência de um dividendo de paz,considerando também quais deveriam ser asprioridades de pós-conflito para a reconstruçãoe o desenvolvimento. As oportunidades e osproblemas são muitos, mas vários oradoressalientaram que, a seguir aos conflitos, asalterações democráticas introduzem-se muitolentamente. As questões-chave examinadasdurante a conferência do British-Angola Forumem 2002 foram tão pertinentes como sempre.1

A confrontação entre a transparência e asoberania é uma questão que continua aressoar com uma importância especial.

A iminência continua a dominar a nossapercepção: a necessidade de prestar assistênciaaos deslocados internos, de alimentar oshabitantes das áreas inacessíveis e de efectuara desminagem das regiões. Para além disso, asquestões de prioridade intensificaram-se: ademocratização, a pobreza, a reconciliação, aterra, o projecto de Bretton Woods, acorrupção, as relações de género, amobilização civil, as eleições e (acima de tudo)a conservação da paz. Foi sobre estas questõesque se debruçaram os duzentos participantes,incluindo Hilary Benn, Secretário de Estadopara o Desenvolvimento Internacional doGoverno Britânico, e Isaías Samakuva,Presidente da UNITA. Em Luanda, porém, ondea área de relações europeias foca quaseexclusivamente o movimento constante entre acapital e Lisboa, o Governo Angolano, devidoao iminente Congresso do MPLA, não tevepossibilidade de dispensar ninguém para vir aLondrês ouvir os debates que tiveram lugar, deforma muito intensa e bem informada, sobre osdesafios que o país actualmente encara.

Hilary Benn começou por apresentar umasinopse positiva do progresso alcançado emÁfrica, indicando que, até há pouco tempo,tinham tido lugar dezanove conflitosintratáveis no continente, mas que demomento havia dois. Isto lhe permitia falarnum progresso considerável em direcção a umaboa governança, numa regeneração lideradapor africanos, através da parceria da NEPAD, norealismo da confrontação do problema de

VIH/SIDA e numa manutenção cautelosa dapaz. Em Angola, ele aguardava a realização deeleições, daí a dois anos, e o advento de umasociedade civil cada vez mais activa. Ele nãoestava a negligenciar os problemas: 68 porcento dos angolanos a viver na pobreza, e 26por cento num extremo de pobreza, com umaexpectativa de vida de apenas 40 anos, e com ataxa mais elevada de mortalidade infantil domundo. Estes números incluíam 3,3 milhões dedeslocados internos, 240.000 refugiadostransfronteiriços e 100.000 soldadosdesmobilizados, apenas das forças armadas daoposição. O Sr. Benn elogiou a dedicação dopresidente angolano ao combate ao VIH/SIDA.O governo britânico estava agora preparadopara ajudar, e para tal iria aumentar a suaassistência para o dobro, para £9,4 milhões (emcomparação com os £70 milhões que tinha parao Malawi), com ênfase no Projecto de Reduçãoda Pobreza Urbana em Luanda e a voz da RádioEcclesia. A manutenção de diálogos dereconciliação e a introdução da transparênciacontinuavam a ser dois grandes desafios emAngola. As promessas de iniciativas de umareforma agrária e uma constituição eram bemrecebidas. A passagem para além dadependência do petróleo e a atracção deinvestimentos privados em programas dedesenvolvimento iriam requerer as espécies demudanças dramáticas recomendadas pelaIniciativa de Transparência das Indústrias deExtracção, patrocinada por Londrês. Com umatransparência visível, seria possível contemplar,cautelosamente, uma conferência de doadoresorganizada por angolanos.

Na sua resposta ao Sr. Benn, Isaías Samakuva, oPresidente da UNITA, aceitou todos os pontosapresentados, e acrescentou aos mesmos umalista muito mais longa, constituída pelas suaspróprias aspirações. O Sr. Samakuva recordouaos participantes que, embora os combatentestivessem realmente pousado as armas na maiorparte do território nacional, a paz não tinhaainda chegado a Cabinda, onde se cometiam,incessantemente, violações dos direitoshumanos. Além de ser preciso efectuar adesmobilização e a reintegração doscombatentes, era também urgentementenecessário reconstruir as infra-estruturas, umavez que os campos de minas tivessem sidotodos limpos. O processo de democratizaçãoconstava de muito mais do que a realização de

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1Em direcção a uma paz sustentável: um desafio para Angola e para a comunidade internacional, um relatórioda conferência do British-Angola Forum de 12 e 13 de Novembro de 2002 (Londrês: Royal Institute ofInternational Affairs, 2003).

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eleições; era necessário que tivesse lugar umareforma fundamental dos meios decomunicação social, bem como a introdução deuma liberdade judicial compreensiva. Ocatálogo impressionante apresentado porSamakuva incluía a devolução regional e odesenvolvimento de partidos políticos,incluindo partidos da oposição. A reconstruçãonacional exigia que se efectuasse umaconferência internacional de doadores, ocombate à pobreza e às doenças endémicas, eo desarmamento da população civil. Em termosdo desarmamento da população civil, opresidente da UNITA sugeriu delicadamenteque a comunidade internacional tinha ajudadoconsideravelmente a fazer a guerra e que,portanto, talvez devesse considerar agoraajudar a fazer a paz.

Desafios e aspirações

Alex Vines, Director do Programa de África naChatham House, iniciou o processo deelaboração dos pontos da ordem de trabalhosenunciada por Benn e por Samakuva,salientando o progresso alcançado no últimoano e esboçando as tarefas que faltava aindarealizar. O plano de integração do governo erabem acolhido, mas incluía algumas deficiênciasque era preciso rectificar. As mulheres e ascrianças tinham recebido um perfilinadequado, embora muitas delas tivessemsido combatentes, bem como vítimas passivasda guerra. Os ex-combatentes da UNITA tinhamsido abandonados nas cidades com demasiadafrequência, criando ali frustrações pessoais eproblemas sociais de maior porte. Até à data,os antigos combatentes tinham entregado àsautoridades, como parte do programa dedesarmamento, um número mínimo de armasleves. Presumia-se que as redes de criminosos,particularmente dos que se encontravamenvolvidos em contrabando, estivessem aabsorver as armas ainda por registar. A misériados angolanos no pós-guerra reflectia-se numaexpectativa de vida que era 35 por cento maisbaixa do que a média dos países emdesenvolvimento. Tal como nos restantesenclaves de petróleo, a pobreza e as doençasreflectiam uma falta de investimento crónicana saúde e na educação. A diferença nosmontantes de investimentos sociais eraparticularmente grave quando vista nocontexto de uma economia que produzia900.000 barris de petróleo por dia. Entre 1997 e2001, parte das receitas, correspondendo a um

pouco mais de US$4 biliões, segundo indicadopelas instituições financeiras internacionais,não tinha sido devidamente contabilizada. Asiniciativas no campo da transparência,incluindo um diálogo entre o governo deAngola e a Open Society Foundation, deGeorges Soros, ajudariam Luanda a ganharalguma aceitabilidade internacional, mas todasas iniciativas tinham sido adiadas por volta dadata do início da conferência de Londrês. Osoptimistas ainda tinham esperança de que apublicação dos relatórios do FMI e a revelaçãodos pagamentos feitos ao governo pelasempresas petrolíferas viessem a aumentar atransparência.

Os políticos angolanos aguardavam todos oadvento do Congresso do MPLA e talveztivessem permanecido no país para protegeremas suas posições políticas, e não, muitosimplesmente, por desprezarem qualquerfórum que não fosse de língua e culturaportuguesa. Não era provável que ocorressenenhum debate público sobre as principaisopções políticas até que as camadas superioresda conferência do partido comunicassem aosoutros as principais directrizes formuladas. Achave não era política, mas, sim, se o PresidenteEduardo dos Santos iria ou não seleccionar-se asi próprio para ser o próximo presidente.Parecia pouco provável que se viessem arealizar eleições parlamentares antes de 2005,em vista da complexidade das preparaçõesnecessárias, dos atrasos sofridos pelospreparativos de uma nova constituição e dafalta de fundos administrativos. Apesar destasdificuldades, Alex Vines continuava a confiarem que a paz fosse agora indubitavelmenteirreversível, embora a integração socialestivesse longe de ser concluída.

A segunda pessoa a tomar a palavra foi AllanCain, membro do Development Workshop, quehá mais de um quarto de século tem estadoactivo no sector de planeamento urbano emAngola. Allan Cain afirmou que, ao tentarresolver problemas tais como transformaçõessociais em massa e construções urbanas de pós-guerra, se poderia aprender muito com amaneira conforme os angolanos tinhamconcebido estratégias de sobrevivência duranteos seus deslocamentos forçados periódicos paraas cidades, entre as décadas de 70 e 90. Osproblemas principais tinham sido sempre, econtinuavam a ser, o acesso ao crédito, à águae à terra. Embora tivessem sido mais salientesdurante o movimento em massa para a cidade

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de Luanda, estas necessidades também seobservavam noutras cidades litorais, tais comoBenguela, assim como nas cidades emrenascimento nas terras altas como, porexemplo, Huambo. No sector de economiainformal, as mulheres eram muitas vezesdominantes, sendo frequentemente as chefesdas famílias de imigrantes sempre que oshomens desapareciam na guerra. Porémmesmo os homens tinham pouco acesso aocrédito bancário e as mulheres eramsistematicamente excluídas, apesar de nãohaver dúvida de que tinham competênciasempresariais comprovadas. Eram organizaçõesnão-governamentais tais como a DevelopmentWorkshop que viam as vantagens de sedesenvolverem as competências das mulheresatravés de sistemas efectivos de micro-financiamento e de concessão de empréstimosa grupos. O colapso das relações sociais duranteos anos da guerra significava que eranecessário fomentar as novas formas de auto-ajuda, entre os pobres, em vez de uma crençaromântica na inevitabilidade da solidariedadeurbana.

Embora o crédito reforçasse as estratégias desobrevivência das mulheres de Luanda, anecessidade de se comprar água a vendedoresde água particulares esgotava os seus ganhos,pois que essa despesa equivalia, o que erachocante, a US$35 milhões por ano. Uma dasmaiores prioridades para Luanda era umabastecimento de água económico e salubre, eo Projecto de Redução da Pobreza Urbana emLuanda estava actualmente a investigarmodelos de abastecimento de água canalizada.A gestão da comunidade, um sistema debairros autónomos para a colecta de taxas epara o desenvolvimento de direitos doconsumidor, eram dimensões sociais de umprograma arrojado de engenharia hídrica.

Ao direito a ter água potável correspondiaintimamente a necessidade de ter direitosagrários seguros. O Sr. Cain salientou o facto deque a maior parte da população de Luanda nãotinha nenhum título legal explícito em relaçãoàs propriedades peri-urbanas onde plantavamas suas respectivas hortas urbanas e ondeconstruíam as suas respectivas habitações semi-permanentes. O problema da expropriaçãoefectuada por entidades mais poderosas eraagudo, e a legislação planeada talvez nãoreconhecesse os direitos de ocupaçãoexistentes, os quais precisavam de ser

urgentemente mudados para regimes depropriedade propriamente ditos.

O professor Gerald Bender, da Universidade doSul da Califórnia, mostrou-se ansioso por evitar'bater nos angolanos enquanto se discuteseriamente o seu futuro. É ainda espantosoque, sem incluir Cabinda, eles conseguiram pôrfim à sua guerra'. O professor Benderasseverou-nos que devíamos passar dasquestões 'velhas' que aborreciam osfuncionários do governo, pois não davam odevido crédito ao seu progresso, para as 'novas'questões, em cujas soluções a UNITA podiaparticipar. O governo tinha fornecido algumasinformações positivas em termos das suasdívidas ao Clube de Paris, das suas dívidas daSonangol e dos seus empréstimos adquiridosem troca da segurança do petróleo. De modotambém digno de louvor, tinha reduzido ainflação e estava mesmo preparado para passarpara o planeamento do desenvolvimento,embora não fizesse ainda ideia de como iriavender as suas novas aspirações a umacomunidade internacional que esperava ouvirproposições muito atractivas.

Os obstáculos históricos ao desenvolvimento dasiniciativas empresariais eram a influência longa esufocante do colonialismo português, bem comoo legado de uma economia de planeamentocentral. Embora já se tenha estabelecido oprimeiro banco particular, a nomenclaturaangolana, a qual segue o estilo estabelecidotanto do fascismo português como do marxismosoviético, dificultou toda a capacidade paraimportações e exportações, a não ser queobtivesse primeiro grandes comissões para siprópria. Como os rendimentos da elite informalse baseavam em transacções internacionais, todaa produção local foi efectivamentedesencorajada, pois que se considerava queenfraquecia os grandes e lucrativos contratos deimportação e exportação. Uma comissãopresidencial de práticas comerciais devia estar aajudar a libertar as iniciativas locais dirigidas aomercado, e não a abafar as mesmas. O caos e aausência de coordenação verificada no âmbitoda comunidade de doadores internacionais, dasgrandes corporações multinacionais, dasinstituições financeiras internacionais e dosgovernos doadores gerou ainda problemasadicionais. As empresas petrolíferas tinhamdemonstrado relutância em publicar asimportâncias pagas em bónus ao governo,devido às disposições de estrita

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confidencialidade contidas nos seus contratos.

Embora o Banco Mundial favorecesse agora arealização de uma conferência de doadores,outras entidades, incluindo o governo do ReinoUnido, não achavam que as condições fossempropícias para tal. No âmbito das rivalidadesque se observavam entre as agências e asempresas, o governo angolano manipulava acomunidade internacional tal como se fosse umviolino Stradivarius, fomentando a cobiçapetrolífera dos governos e instituiçõesfinanceiras. Porém essa orientação políticasofria de miopia, e os empréstimos contraídospor Luanda eram muitíssimo mais dispendiososdo que todo o crédito disponível nos termosque o FMI oferecia em troca da reforma. OFundo tinha-se adiantado tanto, no sector deinvestimento social que há muito favorecia queos ridículos oito por cento em receitas doEstado que Angola estava preparada parainvestir nos departamentos de saúde eeducação formavam um dividendo de pazinaceitável, mesmo no parecer dos financeirosde Bretton Woods.

Desenvolveu-se uma discussão generalizadaentre os delegados, tocando em assuntos taiscomo as divisões internas tanto do MPLA comoda UNITA, e colocando uma série de questões.Como poderia a burocracia do governo sercapaz de implementar a política? Estaria apolítica externa angolana a aproveitar-se dosseus sucessos? Seria a reconciliação pós-guerrapossível? Estariam as microfinanças a beneficiarrealmente os mais pobres? De onde devia vir oabastecimento de água de Luanda? Teriam oMPLA e a UNITA mudado suficientemente paraaceitarem os resultados das eleições? Quepressões se estavam a fazer sentir para areforma? A quem pertenciam os US$660milhões depositados numa conta na Suíça,desde o tempo da guerra?

A democratização

O Dr. Raúl Araújo, da Orden dos Advogados deAngola, reportou que se tinha chegado a umimpasse em relação a uma proposta deconstituição estatal. O anteprojecto submetidopelos partidos políticos não tinha alcançadonenhum acordo em termos da concepção deum estado ou unitário ou federal, embora setivesse aceitado o método de parlamentobicameral num sistema presidencial. Frisou-se,subsequentemente, que seria provável que osprocedimentos estabelecidos para a remoção

dos governadores de província fossem tãoimportantes para a constituição, e tãoconstitucionalmente difíceis, como a suaprópria nomeação. Não seria possível resolvertodas as questões importantes relativas àdistribuição do poder central numa assembleiaonde uma minoria de um terço pudessebloquear decisões, e a aglomeração de umamaioria de dois terços não seria tarefa fácil. Oalcance do poder presidencial era,efectivamente, a única questão constitucionalque tinha qualquer importância, apesar dosdois anos dedicados a pequenas discussõessobre 315 outras cláusulas.

O Dr. Ismael Mateus, da União dos JornalistasAngolanos, descreveu um processo de três"velocidades" em direcção à liberdade deimprensa e dos meios de comunicação social.Em Luanda havia alguma liberdade deimprensa. A faixa litoral, especialmenteBenguela, atravessava agora uma fase detransição, com órgãos da imprensa particularagora em operação, mas em Cabinda haviatanta interferência política que erapraticamente impossível verificar-se qualquernível de independência da mídia. Toda aliberdade de imprensa tinha porém sidotruncada por células de jornalistas profissionaisque pertenciam ao partido no poder, e porregulamentos estabelecendo que os novosjornais são obrigados a obter licenças. Emboraos membros mais influentes da sociedade civiltivessem boas relações com a imprensa, osmembros da Assembleia Nacional não estavampreparados para correrem riscos aocomunicarem com os jornais. Qualquer nova leida imprensa poderá ou não conter disposiçõespara a autonomia da imprensa, permitir umafunção às agências externas ou começar adesmantelar o monopólio da rádio que limitouefectivamente a radiodifusão em todas asprovíncias de Angola.

O Dr. David Mendes, membro da organizaçãoMãos Livres, activista da sociedade civil,considerava que Angola era uma ‘monarquiamascarada de ditadura’: como não tinhahavido eleições desde 1992, o sufrágiouniversal do país já não ‘legitimava’ o governoactual. As pessoas que exerciam o seu direitodemocrático de expressar livremente as suasopiniões eram frequentemente presas,perseguidas e permanentemente investigadaspela polícia política. Os grupos da sociedadecivil deploravam especialmente a falta de

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educação, apesar de um programa nacional dogoverno que fazia do ensino e do aprendizadoa principal prioridade do desenvolvimento. AUNITA, por sua vez, não tinha inspirado grandeoptimismo, pois parecia incapaz de promoveruma visão alternativa da democracia ou dodesenvolvimento. Na discussão que se seguiu,Guilherme Santos, da ACORD, estabeleceu umadistinção entre uma democracia liberalestrangeira ‘imposta aos angolanos’ e uma naqual os cidadãos estabelecessem as suaspróprias organizações e instituições derepresentação.

A terra e as minas terrestres

O maior problema da democratização emAngola era o da limpeza das minas terrestres ea distribuição de terras agrícolas pelosagricultores que nelas trabalhavam. As minasterrestres continuavam a mutilar as pessoas,apesar das operações de desminagemefectuadas pelos grupos Halo Trust e MinesAdvisory Group. O seu trabalho talvez levassedez anos a concluir, embora o número de minasplantadas fosse provavelmente de menos deum milhão, e não dez milhões, como secostumava reclamar. Em termos do regimeagrário, o Dr. Carlos Feijó falou na suacapacidade particular, como advogado, e nãona sua capacidade oficial de conselheiropresidencial, e descreveu as consultas quelegitimariam a política governamental numanova lei de terras. Actualmente, nenhuma leiregulava a posse das terras ou dos recursosnaturais por parte do estado. O estadoprecisava reformular as velhas ideiascolectivistas e de ser, por outro lado, sensívelaos direitos de propriedade das comunidades,respeitando ainda os direitos tradicionais deocupação. Num desenvolvimento bizarro,tinha-se sugerido que devia haver limitesmínimos e máximos de posse de terras, para sepoder restringir a criação de latifúndios comproprietários ausentes, limitando também afragmentação das terras em minifúndios.Segundo Guilherme Santos, a sociedade civilestava preocupada com o facto de estesdebates estarem a ter lugar nos escritórios dosadvogados ricos urbanos, totalmenteremovidos das zonas rurais, onde osverdadeiros agricultores se encontravam aconstruir os verdadeiros partidos políticos dofuturo.

A economia

Arvind Ganesan, da Human Rights Watch,tomando uma posição diferente da que éusual, a qual pressupõe que as economias deenclaves petrolíferos sejam naturalmentecorruptas, vislumbrou a possibilidade deAngola poder vir a utilizar as suas receitas depetróleo para o desenvolvimento e a boagovernança. Essa transformação exigiria,porém que todos os estudos do FMI sobre o"diagnóstico do petróleo" fossem publicados eimplementados. Até à data, tinha havidopoucas indicações de revelações públicas ouimplementações pelo governo. De factocontinuavam a desaparecer US$740 milhõestodos os anos, o que equivalia a um prejuízonacional de nove por cento do produtodoméstico bruto. Obviamente, isto exercia umimpacto negativo sobre as prioridades dosencargos, tais como a reforma judicial e oaumento das reservas para os serviços de saúdee do investimento na educação. Embora asreceitas de petróleo continuassem a aumentar,a posição angolana no Índice deDesenvolvimento Humano das Nações Unidastinha decrescido, e correspondia agora àposição de duas outras economias petrolíferas:o Uzbequistão e a Guiné Equatorial, no fim doíndice. Ganesan salientou ainda outroproblema: caso se manifestasse a vontade deimplementar mudanças, e caso se pudessemconter os níveis de corrupção, teria Angola ascapacidades, em termos de pessoal, paraadministrar a sua economia petrolífera? Ernstand Young, na auditoria que tinham feito doBanco Central, tinham-se achado incapazes deconfiar nos dados fornecidos. Pior ainda: aSonangol nunca tinha tido uma auditoriaindependente das suas receitas, algumas dasquais pareciam ter evitado por completo osistema contábil do Banco Central. O governotinha sido incapaz de reconciliar asdiscrepâncias ou mesmo de sugerir métodospara fazê-lo, os quais satisfizessem os seusconsultores, a KPMG. Nas margens daconferência, os executivos das petrolíferasadmitiram que apenas eles, e não a Sonangol,o Banco Central ou a Presidência, sabiamquanto petróleo estava realmente a serextraído dos poços angolanos.

O segundo orador a considerar a questão daeconomia foi o Dr. Carlos Leite, do FMI, queexplicou quais eram as funções básicas do FMI.Sua fiscalização, seus conselhos técnicos e sua

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monitorização financeira tinham sidoconcebidos, em grande parte, para determinarse se justificava qualquer apoio da balança depagamentos em Angola. O aumento para odobro da produção petrolífera e, portanto, dasreceitas, em breve tornariam Angola inelegívelde receber os pequenos empréstimos que seencontram disponíveis aos países comrendimentos baixos. O Dr. Leite acrescentouque a tarefa de erradicar os desfalques e acorrupção ia ser gigantesca, e que a AgênciaInternacional de Transparência tinhaclassificado Angola em 124.º lugar, dos 133países examinados. Outro índice classificouAngola como sendo o país mais corrupto domundo, confirmando a impressão geral deAngola como sendo um país rico, cujapopulação é extremamente pobre. Asiniciativas de transparência em Angolaprecisavam de medir a dívida nacional, deadministrar as receitas de petróleo e depermitir uma sinopse parlamentar dos dadosfiscais normais publicados, incluindo aauditoria que obviamente seria necessáriofazer à Sonangol. Mais tendenciosa ainda foi asugestão para se reduzirem as despesas dogoverno, de 50 por cento das receitas nacionaispara os 30 por cento que se gastavamnormalmente nos restantes países da região daÁfrica Austral. Em Angola um 'dividendo detransparência' poderia produzir ainda mais doque um 'dividendo de paz', mas o custo de umareforma administrativa e económica seriaelevado. Embora os conselhos do FMI tivessemmuitas vezes sido controversos, em Angola asdistorções das práticas financeiras têm sido tãoextremas que era nitidamente necessáriointroduzir mudanças. A pressão interna sobreum governo que não dependia dos cidadãosnem dos eleitores para as suas receitas fiscaisera inevitavelmente fraca e, por conseguinte, apressão externa para se iniciarem mudançasdesempenhava em Angola uma funçãoextremamente importante.

Investimentos, emprego ediversificação produtiva

Angola encara uma transição em triplicado: daguerra para a paz, do planeamento centralpara as forças do mercado e da devastação paraa reconstrução. Mamadou Blondin Beye, da ChevronTexaco, salientou o progressoalcançado com o estabelecimento de muitasempresas locais e companhias petrolíferas àprocura de subcontratantes locais. O Dr. João

Nzatuzola, da organização Jubilee2000 Angola,preferiu reiterar as reservas expressadas porGerald Bender, apontando para odesencorajamento que sofriam os vendedorese empresas locais que não alimentavam osinteresses da elite. Luanda tinha o maiormercado urbano de África, no qual a procuraultrapassava a oferta e, ainda assim, o estadoimpedia activamente os vendedores públicosde efectuarem efectivamente os seus negócios.As estradas de asfalto liso, para os condutoresde BMWs, recebiam precedência em relaçãoaos ramos de camiões para empresas agrícolasperi-urbanas. O movimento social era tão fracoque tinham começado a irromperdemonstrações de protesto, apesar daubiquidade das muitas forças policiais queprotegiam o poder e os ricos. A desigualdadesocial podia agora ser maior do que nos temposcoloniais ou pré-coloniais, e a corrupção tinhacorroído toda a mentalidade democrática que a elite dantes tinha advogado. Ofortalecimento dos partidos da oposição e aerradicação das práticas coloniais ajudariam ainaugurar um 'plano moderno' para o futurode Angola.

Os desafios, segundo Blondin Beye,continuavam a exercer intimidação: umaeconomia nacional fragmentada, uma ausênciade confiança internacional, uma capacidadeadministrativa fraca, uma população infantilgigantesca em risco de doença, uma economianão diversificada, uma falta de coordenaçãodos doadores e uma sociedade civil fraca pararepresentação das pessoas normais. Eranecessário fomentar mudanças de projectosbaseados em doadores para programassustentáveis e enfim para políticas baseadasnos diferentes sectores. Estas mudanças fariamAngola avançar dos esquemas individuais, comfundos das ONGs, para parcerias públicas eprivadas, e de critérios accionados porinteresses estrangeiros para as prioridadesnacionais. Os observadores mais cépticosqueriam saber como seria possível harmonizaruma 'iniciativa de parcerias' com o negóciobásico de extracção das empresas petrolíferas.

Numa discussão variada perguntou-se aosoradores que incentivos havia em Angola paraa entrega de armas e para o desarmamento dapopulação civil, que, aparentemente, se sentiamais segura em permanecer com as suas armas.Mencionou-se ainda a vontade ou falta devontade de se receber ajuda de qualquer

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empresa internacional na construção da pazem Cabinda. Em termos desta questão tãosensível, as empresas jogavam a 'carta nãopolítica' – um gambito útil para protegerem asua 'neutralidade'. As empresas petrolíferasalegavam estarem a desenvolver a consciênciaambiental através da sua consideração daopção de liquefacção e amoedação do gás dechamas ou das suas reacções aos agricultores epescadores locais que temiam os derrames depetróleo da tubagem com fugas. Umapergunta intrigante – se bem que impossível de responder – colocada por um padre,relacionava-se com a consequência da paz ecomo evitar um espírito de vingança:representaria isto um desejo angolano dereconciliação, ou antes um estado de coma? Omantra segundo o qual os angolanos tinhamde ser consultados e capacitados em todos osestágios do período de pós-conflito e deregeneração foi constantemente repetido, eninguém discordou dele. Mas as iniciativasangolanas requeriam mais apoio externo aocuidado dos deslocados que regressavam àssuas terras, ao cuidar das crianças de rua, àcriação de empregos e à formação de gerentesem funções empresariais. Como dissera IsaíasSamakuva, tinham-se perdido 28 anos e todosos angolanos precisavam de perdoar e deseguir em frente.

Perspectivas dos doadores

Tony Fernandes, embaixador de Angola emLondrês, tentou substituir os representantesausentes do seu governo e, com a "cenouranuma mão e a vara noutra", pediu àcomunidade internacional que desse o seuapoio à conferência de doadores. Ele falou,especialmente sobre a necessidade de sedesfazer a percepção de que Angola era umpaís rico. As estatísticas sobre a pobreza tinhamaumentado desde 1995. Tony Fernandes frisoua 'paralisia' do sector da economia que não ode petróleo, indicando que por mais que sechorasse o dinheiro perdido em contasbancárias na Suíça, o problema dodesenvolvimento económico não seriafacilmente resolvido. Os desenvolvimentosconseguidos nos sectores de saúde e educaçãoiriam reforçar a democracia. Angola poderiadesempenhar uma função positiva na região daÁfrica Central e poderia ajudar a restaurar aestabilidade ao Congo-Kinshasa.

Um painel de quatro governos ocidentais – oholandês, o norueguês, o português e obritânico – expressaram reacções comedidas,concordando com o Embaixador TonyFernandes na medida em que Angola precisavaser considerada no seu contexto africano. Odiálogo e a coordenação entre os doadores,bem como entre os doadores e os recebedores,para consolidação da paz, requeria, porém umnível de transparência bem como de combate àcorrupção. Todos concordaram que aconsolidação da democracia e o alívio dapobreza fossem essenciais, embora as outrasprioridades tivessem variado. A Holandacontinuava a empreender projectoshumanitários e de emergência, incluindo areintegração dos retornados, sendo esta umamedida interina até que Luanda começasse aempregar as suas receitas de petróleo de formatransparente, nos sectores de saúde eeducação. O Governo Britânico continuava adesempenhar a sua função de apoio àsociedade civil e à mídia. Todos os fornecedoresde assistência estavam preocupados com apossibilidade do problema de VIH/SIDA, atéagora não quantificado em Angola, poderampliar-se e todos esperavam ansiosamentepelo 'dividendo de paz' e pelo 'dividendo detransparência'; depois disso, talvez se realizassea conferência de doadores, ou em Haia ou emLisboa. Nem o Reino Unido nem a Holandaconsideravam Angola um candidato para acooperação no desenvolvimento a longo prazo,pois que não era um dos dezasseis países maispobres do mundo. Mesmo assim, continuava aser essencial que o país alcançasse os objectivosde desenvolvimento estabelecidos para omilénio, e que fornecesse, em especial,cuidados de saúde e educação às meninas. AsEstratégias de Redução da Pobrezaenvolveriam consultas com a sociedade civil,bem como uma consideração de questõeséticas difíceis, para as quais Hillary Benn tinhachamado a nossa atenção.

Um orador norueguês realçou a necessidade dese publicar o diagnóstico do petróleo, para sereformar o orçamento, para se limpar a dívidanacional e para se reformar o poder judiciário,sublinhando o mesmo conflito entre afrustração e a urgência. Para evitar confundircompletamente as estruturas administrativasfracas do governo de Luanda, Aud Marit Wiig,do ministério norueguês de negóciosestrangeiros, sugeriu que o fortalecimento dafunção das Nações Unidas talvez ajudasse a

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introduzir alguma coerência na prática dogoverno. Os portugueses, salientando as suasafinidades culturais e linguísticas com Angola,falaram na necessidade de se estabelecer umaoposição efectiva, através de uma novaconstituição eleitoral. João Macedo, daEmbaixada de Portugal no Reino Unido, previuuma expansão dos investimentos portugueses,especialmente no sector não petrolífero, emque havia mais oportunidades para o empregode expatriados. Uma abertura para a migraçãode trabalhadores e capital vindos de Portugaldependeria porém do progresso do pagamentodas dívidas prévias, e controversas, de Angola.Infelizmente, David Mendes tinha visto poucaevidência de diálogos significativos entre osangolanos sobre a resolução do problema dapobreza e Allan Cain tinha visto poucos planosa longo prazo por parte dos doadores. Umafalta de coordenação entre os doadores era umproblema evidente, mas os acordos entre osdoadores, relativamente às prioridades,poderiam ser considerados conspirações deestrangeiros. Entretanto a lacuna definanciamento entre o período de transição deemergência e um programa dedesenvolvimento a longo prazo poderia vir aafectar adversamente toda a sociedadeangolana.

Procedimento futuro

A última sessão foi iniciada com um paradoxo:o embaixador John Thompson salientou anecessidade dos angolanos assumirem aliderança na gestão dos seus próprios negócios,ao passo que Isaías Samakuva consideravaimportante que os angolanos tomassem emconsideração as opiniões dos seus verdadeirosamigos no exterior. O líder da oposição queriaque se aproveitassem as experiênciasestrangeiras em educação, na democratização,em direitos humanos, na liberdade de imprensae na conversão dos recursos petrolíferos paraassistência no sector da agricultura.

Tony Fernandes mitigou o catálogo de déficesao salientar os aspectos positivos 'daquilo quejá conseguimos fazer', e queria que osdoadores evitassem fazer do futuro de Angola'um refém do seu presente'. O diálogo entretodas estas partes interessadas – o governo, aoposição, os doadores, a sociedade civil – eraextremamente necessário. Esse diálogo nãodevia, porém, negligenciar as perspectivascríticas: 'o pouco que se conseguiu fazer' era

um refrão válido. David Mendes falou naincapacidade do governo para diferenciarentre as críticas e a subversão. O seu conceitode sociedade civil não incluía ambições para setornar uma oposição política, mas procuravaobter o direito de exercer liberdades, deprocurar obter uma divisão mais justa dos bense de assegurar que os cidadãos fossem tratadosde acordo com os seus méritos e não as suasafiliações.

José Paulo, da Rádio Ecclesia, demonstrou queuma voz independente nos meios decomunicação social podia ajudar a ultrapassar adiferença entre as críticas e o encorajamento.Em vez de ser uma 'rádio da oposição', talcomo o governo alegara, a estaçãoconsiderava-se a si própria uma entidadefacilitadora. A Rádio Ecclesia procurava ajudaruma sociedade civil fraca, já que o governo sedistanciava tanto e não estava disposto a 'falarnum microfone aberto' através da difusão dasgenuínas 'voz dos sem voz'. A mídiaindependente apoiava o governo em quererque Angola tivesse a sua dignidade e não setornasse um país de pedintes. Mas o progressodo governo necessitava de incluir um certonível de aceitação de responsabilidade, deabertura às críticas e de reconhecimento doserros cometidos. Um dos delegados sugeriuque os governos precisavam proteger os seuscríticos, em vez de os demonizar.

Gerald Bender declarou que tentava acentuar oaspecto positivo, encorajar o governo a'comercializar' os aspectos positivos e conferiraos seus próprios feitos uma melhor reputação.O regime político de Luanda era um dos seuspróprios piores inimigos. Os economistastinham demonstrado enfaticamente osbenefícios de uma educação universal,especialmente da educação das meninas.Seriam necessárias grandes quantidades dedinheiro, mas também seria necessário termuita imaginação, através, por exemplo, doencorajamento das universidades particularesque emergiam, e da renúncia a taxasalfandegárias sobre materiais escolares. Eratambém necessário ter linhas laterais depensamento nos departamentos de receitas,para tornar os dispêndios no sector de saúdemais efectivos, especialmente se a ameaça doVIH/SIDA estivesse a aumentar nas populaçõesde pessoal mobilizado e desmobilizado nasforças armadas. Apesar de haver umaconsciência emergente sobre a ameaça da

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SIDA, até agora não quantificada, oinvestimento de Angola no sector de saúde eraapenas metade da média dedicada ao sectornos outros países africanos.

Para vergonha dos organizadores daconferência, foi tarde demais que elesreconheceram que não tinham conferido umperfil adequado à mulher angolana, que atéagora tinha arcado com tantos dos encargos daindependência. Andy Rutherford, daorganização One World Action, indicou que acidadania activa dependia essencialmente daparticipação das mulheres. John Thompsonfalou em estar muito bem impressionado comos feitos das mulheres, e de se sentir face aosgrandes encargos que elas tinham em Angola,bem como à falta de reconhecimento querecebiam. Os homens africanos precisavam decompartilhar os pesos transportados pelasmulheres africanas, afirmou um delegado. AUNITA tinha feito um gesto simbólico, poistinha nomeado mulheres para a liderança dosgovernos das províncias, mas nem a UNITA nemo MPLA pareciam estar preparados para seguiro exemplo do ANC, na África do Sul, que tinhareservado uma quota de um terço das listaseleitorais para as mulheres.

Sumário

A Dame Margaret Anstee foi a mulher que subiuao púlpito para apresentar a sua sinopse daconferência. Segundo ela, Angola tinha estadosempre 'numa encruzilhada', mas agora podiaescolher a rota correcta em direcção à paz, àtransparência e ao diálogo. A conferência tinhademonstrado que a pobreza era o principalproblema de Angola, mas para se resolver oproblema era preciso atravessar obstáculos taiscomo a falta de transparência, a corrupção, adependência do petróleo e a excessivacentralização política. Angola sofria ainda outrasdeficiências tais como uma falta de capacidadehumana, pois que a educação ainda nãomobilizava o potencial humano. O diálogorequeria a liberdade de imprensa e umapreocupação muito maior com os direitoshumanos. Em Angola há muito que as mulhereseram os principais empreendedores, e asmulheres arcavam ainda uma percentagemdesproporcionadamente grande dos encargos daguerra e das doenças causadas pelas privações.Tinha-se alegado que se tinha feito progressonuma nova constituição, numa política agráriapara o futuro, numa lei de investimentos, e naredução da corrupção e da inflação. O aumento

da liberdade de imprensa e dosempreendimentos privados eramdesenvolvimentos bem recebidos, mas nem acomunidade internacional nem os própriosangolanos compreendiam ainda a imensidadedas tarefas que os esperavam. Para se poderalcançar um progresso significativo, Angolaprecisava de trabalhar numa estratégia nacional,numa "'vitrina' para o seu dividendo de paz".

Algumas das imagens e comentários principaisque tinham iluminado o espírito daconferência:

• Prospectos empolgantes.• A necessidade de uma 'oposição leal’. • As eleições, por si próprias, não trazem

a democratização.• O governo angolano ausente ‘nunca

perde uma oportunidade de perder umaoportunidade’.

• Manter o foco na redução da pobreza.• Angola 'manipula os financeiros

internacionais tal como se fossem umviolino Stradivarius'.

• Quem gasta o dividendo de paz?• Angola é uma ‘ditadura mascarada de

democracia’ (ou uma ‘monarquiaapoiada numa república petrolífera’).

• Compromisso, capacidade, competência.• Ainda somos órfãos da Guerra Fria.• Ajudar a regressar a Angola, vinda da

Europa e da América, a diáspora daclasse média angolana, e fornecer-lhesalojamento e serviços de saúde.

• Em harmonia, precisamos de 'tentaralcançar um nível de antagonismo nãoviolento'.

• ‘As armas calaram-se e a paz é agorairreversível.’

• Precisamos de 'ouvir a voz dos sem voz’.• Quais são as oportunidades que temos a

curto prazo? Os milagres levam umpouco mais de tempo.

• Não fazer do 'futuro um refém dopresente'.

• Talvez a iniciativa de transparência dasindústrias de extracção fosse útil paraLuanda?

• Estarão os angolanos numa coma depós-guerra, ou será que podem perdoar,esquecer e seguir em frente?

• Estabelecer um estado de direito quesubstitua o estado da influência.

• Pensar com e não pelos angolanos – masos doadores não devem perder a

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oportunidade de ajudar.• As dezoito províncias necessitam de uma

política agrária para os agricultoresactivos.

• Não sejamos negativos.• As mulheres são sobreviventes: que

problemas encaram os homens?• Quem decide, e quem paga?• Uma encruzilhada crítica requer um

mapa angolano e um condutorangolano.

Conclusão

A lista de questões apresentadas no final dorelatório da conferência de 2002 em relação àeconomia, à democratização e ao combate àpobreza, continua a ser válida. Em 2003 não se encontrava presente nenhum representante do

governo central angolano, e era portantodifícil estabelecer a sua linha de pensamento eplaneamento. A disposição dos participantesna conferência de Londrês de 2002 tinha sidotal que os participantes desejavam ajudarAngola a resolver os seus problemas, numaatitude de empenho positivo e não dedenúncia negativa. A conferência de 2003ilustrara que a tarefa de localizar os pontos depressão que tornam efectivos os conselhoscontinua a ser difícil. O formato da conferênciatalvez não seja o melhor método de ajudarAngola a progredir. Qual é a melhor maneirados amigos de Angola se alegrarem quandoouvem os angolanos dizer 'vejam comoavançámos', e qual a melhor maneira detrabalhar com eles quando dizem 'mas vejamque pouco ganhámos' ?

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2 Em direcção a uma paz sustentável, p. 9.

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PROGRAMA DA CONFERÊNCIA

O Futuro de AngolaRelatório sobre a Conferência do

British-Angola Forum

13 e 14 de Novembro de 2003Chatham House, Londrês

Discurso de abertura

Presidente: Dame Margaret Anstee, Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 1: S. Exa. Hilary Benn, Secretário de Estado de Desenvolvimento

Internacional, Reino UnidoOrador 2: Embaixador Tony Fernandes, Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 3: S. Exa. Isaias Samakuva, Presidente da Unita, Angola

ANGOLA: DESAFIOS E ASPIRAÇÕES

Presidente: Prof. David Birmingham, Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 1: Prof. Gerald Bender, Professor Associado, University of

Southern California, EUAOrador 2: Alex Vines, Chefe do Programa de África do RIIA e convocador do BAFOrador 3: Allan Cain, Director, Development Workshop, Angola

DEMOCRATIZAÇÃO

Presidente: John Flynn, ChevronTexaco e Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 1: Dr. Raúl C. Araújo, Presidente, Orden dos Advogados AngolanosOrador 2: Dr. Ismael Mateus, Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), AngolaOrador 3: Dr. David Mendes, Mãos Livres, Angola

A TERRA E AS MINAS TERRESTRES

Presidente: Bispo Donald Arden, Membro do Grupo Consultivo do BAF Orador 1: S. Exa. Carlos Feijó, Assessor da Presidência da República, Assuntos

Regionais, Angola Orador 2: Guilherme Santos, ACORD, AngolaOrador 3: Tim Porter, Responsável pela África Austral, Halo Trust, Reino Unido

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A ECONOMIA DE ANGOLA

Presidente: Dr. Steve Kibble, CIIR, e Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 1: Dr. Carlos Leite, antigo representante residente do Fundo Monetário

Internacional, AngolaOrador 2: Arvind Ganesan, Director, Human Rights Watch, EUAOrador 3: Nicholas Shaxson, Escritor, Economist Intelligence Unit, Alemanha

INVESTIMENTO, EMPREGO, DIVERSIFICAÇÃO PRODUTIVA

Presidente: Francisco da Cruz, Gerente, BP - Angola Orador 1: Mamadou Blondin Beye, Coordenador regional, ChevronTexaco, Reino

UnidoOrador 2: Dr. João Nzatuzola, Jubilee2000Angola, Angola

PERSPECTIVAS DOS DOADORES

Presidente: Embaixador Tony Fernandes, Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 1: Hans Teunissen, Chefe da Divisão da África Austral do Ministério

dos Negócios Estrangeiros, Países BaixosOrador 2: David Butt, Director adjunto da Divisão de África, Department for

International Development (DFID), Reino UnidoOrador 3: Aud Marit Wiig, Director adjunto de Assuntos Africanos, Ministério de

Negócios Estrangeiros da NoruegaOrador 4: João Macedo, Conselheiro, Embaixada de Portugal no Reino Unido

PAINEL DE DISCUSSÃO: O CAMINHO EM FRENTE

Presidente: Embaixador John Thompson, Membro do Grupo Consultivo do BAF

Orador 1: Embaixador Tony Fernandes, Membro do Grupo Consultivo do BAFOrador 2: S. Exa. Isaias Samakuva, Presidente da Unita, AngolaOrador 3: David Mendes, Mãos Livres, Angola Orador 4: José Paulo, Rádio Ecclesia, AngolaOrador 5: Prof. Gerald Bender, Professor associado na University of

South California, EUA

Sumário: Dame Margaret Anstee, Membro do Grupo Consultivo do BAF

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Dados Biograficos dos Oradores

Margaret AnsteeA Dame Margaret Anstee recebeu um doutoramento honorário da Universidade de Essex etrabalhou para as Nações Unidas durante mais de quatro décadas (de 1952 a 1993),principalmente com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, excepto duranteo período de 1967 a 1968, altura em que foi conselheira económica superior no gabinetedo primeiro-ministro do Reino Unido. De 1992 a 1993 a Dame Margaret desempenhou afunção de Representante Especial do Secretário-geral das Nações Unidas em Angola, bemcomo de chefe da missão de manutenção da paz naquele país (na UNAVEM I ou Missão deVerificação das Nações Unidas em Angola). Desde que saiu da ONU, em Julho de 1993, aDame Margaret tem estado a trabalhar como consultora independente e conselheiraespecial do Presidente e do Governo da Bolívia. A Dame Margaret é bolseira honorária doNewnham College, em Cambridge, bem como da Universidade de Londres, e é aindamembro do grupo consultivo do British-Angola Forum.

Raúl C. AraújoO Dr. Raúl Araújo obteve a sua licenciatura e depois o seu doutoramento naUniversidade de Coimbra. O Dr. Araújo ajudou a estabelecer a faculdade de direito daUniversidade Católica de Luanda, tendo exercido o cargo de Presidente do Comité deElaboração da Nova Lei da Imprensa e desempenhado a função de deão da UniversidadeLusíada, em Angola. Actualmente o Dr. Araújo é Presidente da Orden de Advogados deAngola e ajudou a preparar uma nova constituição para Angola em 1991-1992. O Dr.Araújo é ainda membro de uma comissão técnica para o anteprojecto de uma novaconstituição para Angola, e é professor associado da Universidade Agostinho Neto.

Donald ArdenDepois de ter recebido ordens eclesiásticas, em 1939, o Reverendo Arden trabalhou eviajou extensivamente por toda a região da África Austral, ocupando cargosinclusivamente em Pretória, na Suazilândia, no Malawi e em Moçambique. O Rev. Ardenfaz parte do grupo consultivo do British Angola-Forum, e dos conselhos deadministração das organizações Concern Universal, Mozambique-Angola AnglicanAssociation e Association for Christian Support. O Bispo Arden publicou já, entre outras,a obra Out of Africa Something New (De África, algo novo).

Gerald BenderO Professor Bender obteve um PhD da Universidade da Califórnia sob o tema de ‘USForeign Policy Analysis and Regional Studies – Africa’. (Análise da política externa dosEUA e estudos regionais – África). O Professor Bender é especialista na política externados EUA para África, tendo publicado várias obras. Actualmente, o Prof. Bender está aestudar a gestão da diversidade humana e o seu impacto no desenvolvimentoeconómico na África do Sul, Namíbia e Angola. O Prof. Bender é consultor do Ministériodo Interior dos EUA bem como do Banco Mundial, do Conselho de Segurança Nacionale de várias sociedades multinacionais.

Hilary BennHilary Benn foi eleito em 1979 para o Conselho de Administração do Município Londrino deEaling, onde exerceu o cargo de Representante do Presidente do Município do Grupo doPartido Trabalhista de 1985 a 1994, e de Representante do Presidente do Município ePresidente do Sector de Educação de 1986 a 1990. Em Junho de 2001, Hilary Benn foinomeado Subsecretário Parlamentar de Estado de Desenvolvimento Internacional e, emMaio de 2002, foi transferido para o Ministério do Interior (Home Office) comoSubsecretário Parlamentar do Estado das Disposições Comunitárias e das Prisões. Em 2003

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retornou ao Ministério de Desenvolvimento Internacional, onde desempenhou a função deMinistro de Estado, tendo sido nomeado Secretário de Estado em Outubro do mesmo ano.

David BirminghamDavid Birmingham reformou-se em 2002 do cargo de Professor Catedrático de História daUniversidade de Kent em Canterbury. O Professor é especializado em História de Angolae da África Central entre 1400 e 1990, e publicou já várias obras sobre uma série dequestões africanas. David Birmingham leccionou anteriormente na School of Oriental andAfrican Studies da Universidade de Londrês (de 1965 a 1966), e na Universidade da Gana(de 1966 a 1979). David Birmingham obteve um bacharelato da Universidade da Gana eem 1964 obteve o seu doutoramento, intitulando-se a sua tese 'O Comércio e o Conflitoem Angola'. David Birmingham é membro do grupo consultivo do British-Angola Forum.

Mamadou Blondin BeyeMamadou Blondin Beye recebeu um bacharelato em administração comercial da Ecoledes Hautes Etudes Commerciales (HEC). Mamadou Beye iniciou a sua carreira na ChevronTexaco em 1997, como analista comercial no Departamento de Planeamento da ChevronOverseas Petroleum Inc. em San Ramon, Califórnia. Depois disso foi viver paraWashington DC, onde exerceu o cargo de Representante Internacional do Departamentodos Negócios Públicos e Governamentais da ChevronTexaco em questões relacionadascom África e o Médio Oriente. Antes de ir viver para o Reino Unido, Beye trabalhoucomo Representante de Questões Governamentais da ChevronTexaco em Sacramento,na Califórnia, onde trabalhou no sector do downstream californiano. Actualmente,Mamadou Beye exerce o cargo de Coordenador Regional da Região Africana doDepartamento de Relações Internacionais da ChevronTexaco em Londrês, onde chefiaalgumas das questões públicas e governamentais da ChevronTexaco para as suasUnidades de Negócios Estratégicos em África.

Allan CainAllan Cain obteve a sua licenciatura na Architectural Association, na Inglaterra. Em 1973,preocupado com o papel da arquitectura nas vidas dos pobres, fundou, juntamente comoutros dois estudantes de arquitectura, a organização Development Workshop. Osprimeiros programas da organização focaram maneiras da arquitectura poder melhoraras condições de vida dos habitantes pobres das zonas rurais. Allan Cain é ainda CônsulHonorário do Canadá em Luanda. Em 1993, o Sr. Cain recebeu o Prémio de Excelência emPolítica Externa do Ministério de Negócios Estrangeiros do Canadá, devido à assistênciaque prestou aos cidadãos canadianos quando a guerra rebentou em Luanda.

Tim CraddockTim Craddock obteve a sua licenciatura da School of Oriental and African Studies (SOAS) daUniversidade de Londres. Em 1979 começou a trabalhar para o Ministério dos NegóciosEstrangeiros e Commonwealth (FCO), onde já desempenhou uma série de funções, a saber:vice-cônsul no Chade, vice-cônsul em Istambul; segundo secretário em Ankara; primeirosecretário em Paris; e embaixador na Estónia, de 1997 a 2000. Tim Craddock trabalhou noFCO como Chefe da Secção do Departamento da América do Sul, como membro doConselho de Administração do FCO e como Chefe de Departamento no sector de Política deAssistência e Recursos. Desde 2000 que tem trabalhado como Chefe do Departamento deÁfrica (Corno de África) do Department for International Development (DFID).

Francisco da CruzFrancisco Da Cruz é licenciado e está actualmente a concluir o seu doutoramento emcomércio internacional. Francisco da Cruz iniciou a sua carreira diplomática em 1990, ecomeçou a trabalhar na Missão Permanente de Angola na ONU em Nova Iorque. Em

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1991 foi transferido para a Missão de Observadores Permanentes da República deAngola na Organização dos Estados Americanos, em Washington, DC, missão esta queem 1993 se tornou a Embaixada de Angola nos EUA. Francisco da Cruz foi aindaConselheiro Ministerial da Embaixada de Angola na República da África do Sul antes decomeçar a trabalhar para a BP Angola em Luanda, em Março de 2002, como Gerente deQuestões Políticas do Departamento de Negócios Públicos e Governamentais. EmOutubro de 2003, foi nomeado Gerente do Departamento de Negócios Públicos eGovernamentais. Francisco da Cruz publicou um livro sobre as relações bilaterais entreAngola e os EUA: Desafios e Oportunidades no Novo Milénio.

Carlos FeijóO Dr. Carlos Feijó é um advogado e consultor internacional que leccionou já naFaculdade de Direito da Universidade de Angola e na Universidade Católica de Angola.O Dr. Feijó trabalha ainda como investigador na Graduate School of Republic andDevelopment Management da Universidade de Witwatersrand na África do Sul.Actualmente, o Dr. Feijó é Ministro da Presidência da República, responsável pelosNegócios Regionais e Internos, tendo ocupado já os cargos de membro da ComissãoTécnica para revisão da legislação constitucional angolana, vice-ministro daadministração pública, secretário do conselho de ministros e conselheiro jurídico dasnegociações para o processo de paz em Angola.

António da Costa FernandesDesde 1994 que António C. Fernandes tem sido o embaixador de Angola no ReinoUnido. Durante muitos anos, António Fernandes foi representante da UNITA no Egipto,na Zâmbia e no Reino Unido. Como Secretário dos Negócios Externos da UNITA entre1987 e 1991, António Fernandes conseguiu convencer Portugal a servir de mediadorentre o MPLA e a UNITA, o que culminou nos Acordos de Bicesse de Angola, em Maio de1991. O Sr. Fernandes saiu da UNITA em 1992, devido ao número cada vez maior deviolações dos direitos humanos que se observavam no âmbito do movimento, e começoua trabalhar como assistente do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola.Actualmente, o Sr. Fernandes é membro do grupo consultivo do British-Angola Forum.

John FlynnJohn Flynn exerceu o cargo de Embaixador Britânico em Angola e (não residente) em SãoTomé e Príncipe de 1990 a 1993. Começou por trabalhar em Angola como Chargé d'Affairesem 1978, altura em que estabeleceu a Embaixada Britânica em Luanda. No decorrer da suacarreira no serviço diplomático, serviu também de embaixador na Venezuela e Alto-comissário na Suazilândia. John Flynn continua a ocupar-se de questões africanas: em 1998foi nomeado Representante Especial Britânico na Serra Leoa, e tem trabalhado comoconsultor, em Angola, para uma série de empresas, incluindo a ChevronTexaco e a De LaRue. O Sr. Flynn é membro do grupo consultivo do British-Angola Forum.

Arvind Ganesan Arvind Ganesan trabalha para a Human Rights Watch desde 1995, sendo Director doPrograma de Negócios e Direitos Humanos, baseado em Washington, DC. O Sr. Ganesanestá envolvido em investigação, advocacia e desenvolvimento de política em questõesrelacionadas com os negócios e os direitos humanos, com um foco principal na indústriada energia. Mais recentemente, Arvind Ganesan tem focado o desenvolvimento deenergia em Angola. O Sr. Ganesan publicou já breves relatórios sobre o acordo entre oFundo Monetário Internacional e o Governo de Angola em relação à utilização das suasreceitas do petróleo.

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Steve KibbleO Dr. Steve Kibble é o encarregado da política para África e o Iémen no Catholic Institutefor International Relations (CIIR), e trabalha na advocacia, investigação, análise eredacção de uma série de publicações, estabelecendo ainda redes e organizandoalianças, notavelmente o UK Inter-Agency Group on Southern Africa. O Dr. Kibbletrabalha ainda em questões do terceiro mundo, teorias de desenvolvimento(especialmente relacionadas com a África Austral), acordos comerciais, construçãoregional, conflito, construção da paz e reconciliação.

Carlos LeiteO Dr. Carlos Leite tem um PhD em Economia da Universidade de McMaster no Canadá,e trabalhou já como assistente de professor catedrático de economia na University ofWestern Ontario (em Londres, Canadá) e, subsequentemente, como economista para aÁfrica do Sul, Camarões, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial no Fundo MonetárioInternacional (FMI). Até há pouco, o Dr. Leite era o representante do FMI residente emAngola. Entre as suas publicações contam-se Does Mother Nature Corrupt? (A NaturezaCorrompe?) Natural Resources, Corruption and Economic Growth (Os Recursos Naturais,a Corrupção e o Desenvolvimento Económico) e Is Growth Enough? MacroeconomicPolicy and Poverty Reduction (O Crescimento é Suficiente? A Política Macro-económica ea Redução da Pobreza).

João Macedo João Shearman de Lemos Macedo nasceu na Cidade do Cabo em 1970. Depois de terregressado a Portugal, formou-se em Direito na Universidade de Lisboa. Foi trabalharpara o Ministério dos Negócios Estrangeiros em 1995, e já trabalhou também para oDepartamento da América do Norte. De 1998 a 2001 esteve colocado em Angola. Em2001 foi transferido para a Embaixada Portuguesa em Londres, como Conselheiro.

Ismael Mateus Ismael Mateus tirou um curso de jornalismo na Universidade de Coimbra, e concluiu depoisum curso superior em legislação das comunicações, no Instituto Judicial de Comunicaçõesda Faculdade de Direito da mesma universidade. A sua carreira profissional tem incluídoo seu trabalho para a Rádio Nacional de Angola, a rádio Luanda Antena Comercial, a RDP-África e o Semanário Angolano. O Dr. Mateus é membro do Sindicato de JornalistasAngolanos e da União de Escritores Angolanos. Entre as obras que publicou contam-seAngola, Partido e Luto: a sombra da guerra.

Manuel David MendesO Dr. David Mendes desempenhou o cargo de Secretário de Estado do Ambiente em Angolade 1992 a 1997, e foi membro da Comissão Eleitoral de Angola em 1992. O Dr. Mendes émembro da Associação de Escritores Angolanos e Presidente do Conselho da Associação deAdvogados de Angola e da Associação de Jornalistas de Angola para os Direitos Humanose do Cidadão (uma organização mais conhecida pelo nome Mãos Livres). Recentemente oDr. David Mendes publicou um folheto sobre o processo de consulta para a futura lei deterras. O Sr. Mendes formou-se em Direito na Universidade Agostinho Neto tendo recebido,em 2000, o prémio Martin Luther King da Embaixada dos EUA em Angola.

João Nzatuzola João Nzatuzola formou-se em sociologia na Universidade de Ciências Sociais eAdministração da República Democrática do Congo, e obteve ainda um diploma daUniversidade de Estudos de Desenvolvimento (IEUD) de Genebra e um diploma de EstudosSuperiores (DEA) em Demografia na Université de Paris I Panthéon Sorbonne. O Dr.Nzatuzola trabalhou para o Ministério da Agricultura em Luanda e Namibe, e para o

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Ministério do Petróleo e Sector de Energia da Southern Africa Development Community(SADC). O Dr. Nzatuzola foi leitor da University Agostinho Neto, em Luanda, tendorecentemente exercido a função de consultor do Programa de Desenvolvimento das NaçõesUnidas (PDNU) e da BP.

José PauloJosé Paulo formou-se em teologia pastoral na Universidade Católica de Kinshasa e épresentemente director executivo e director de informação da Rádio Ecclesia de Angola,onde trabalha desde 1998. José Paulo também já foi correspondente da rádio Voice ofAmerica na República Democrática do Congo, editor e apresentador da Rádio Veritas, naÁsia, e leitor de comunicações sociais no Grande Convento de Luanda.

Tim PorterTim Porter foi oficial dos Royal Marines de 1981 a 1989, e em 1992 começou a trabalharpara o HALO Trust, onde desempenha presentemente o cargo de Chefe da secção daÁfrica Austral. Tim Porter visita Angola frequentemente.

Isaías SamakuvaIsaías Samakuva foi eleito para o cargo de Presidente da UNITA em Julho de 2003,durante o congresso do partido. O Sr. Samakuva ingressou nas forças armadas da UNITAem 1974 e foi sendo promovido até se tornar brigadeiro. Em 1979 foi nomeado para oComité Central e em 1986 foi promovido para o cargo de Secretário Permanente daUNITA e Director do Gabinete do Presidente. De 1989 a 1995 o Sr. Samakuvadesempenhou a função de representante da UNITA no Reino Unido. Tendo feito parteda delegação de negociações da UNITA às conversações de paz de Lusaka de 1993 a 1994,o Sr. Samakuva assumiu, em Dezembro de 1994, o cargo de Chefe da Representação naComissão Conjunta, baseada em Luanda. Quando Angola voltou a entrar em guerra, emfins de 1998, o Sr. Samakuva saiu de Angola e foi para França onde, a partir da sua baseem Paris, se tornou um dos contactos principais da UNITA com o mundo exterior. IsaíasSamakuva regressou a Angola em Outubro de 2002.

Guilherme SantosGuilherme Santos formou-se em agronomia e há treze anos é membro da organizaçãoAction for Rural Development and the Environment sendo vice-presidente do seuconselho de administração. Nos últimos cinco anos, o Sr. Santos tem tambémrepresentado em Angola a organização ACORD (Agency for Cooperation on Researchand Development), uma organização que apoia o desenvolvimento institucional dasONGs locais e organiza projectos de desenvolvimento de competências no sector deadministração local.

Nicholas ShaxsonNicholas Shaxson foi correspondente da Reuters em Angola (1993–1995) bem comorepórter contratado da Reuters em Londres, no sector de energia (1995–1998).Actualmente, Nicholas Shaxson é jornalista em regime freelance, e desde 1997 escreverelatórios para a Unidade de Inteligência do Economist. Recentemente, o Sr. Shaxsonassumiu o cargo de investigador associado do Programa de África do Royal Institute ofInternational Affairs. As suas áreas de especialização são a política e economia dos paísesprodutores de petróleo no Golfo da Guiné, em especial Angola, o Gabão e a GuinéEquatorial.

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Hans TeunissenHans Teunissen formou-se na Universidade de Leiden com uma licenciatura em Estudosde Direito, e iniciou a sua carreira no ACRNU como Encarregado de Protecção no Egiptoe na Malásia. Em 1979 o Sr. Teunissen começou a trabalhar para o Ministério de NegóciosEstrangeiros dos Países Baixos, tendo desempenhado vários cargos proeminentes,incluindo Conselheiro de Política no sector de Política Comercial em relação aos paísesem desenvolvimento, Secretário do Grupo Consultivo Nacional no sector de cooperaçãono desenvolvimento e tendo ainda exercido funções nas embaixadas de Islamabad,Lusaka e Manila. Mais tarde o Sr. Teunissen foi também Director de Negócios Europeus,Director de Negócios Multilaterais e Institutos Financeiros Internacionais e chefe dosector de Fundos e Questões Sociais da ONU. Actualmente, Hans Teunissen é Chefe daDivisão da África Austral da Directoria de África.

John ThompsonJohn Thompson foi nomeado Embaixador de Sua Majestade na República de Angola e(não residente) em São Tomé e Príncipe em Fevereiro de 2002. Tendo ingressado noministério dos negócios estrangeiros e Commonwealth em 1964, o Sr. Thompsontrabalhou anteriormente como Chefe do Grupo de Gestão da Informação do Ministériona Grã-Bretanha, e assumiu também cargos diplomáticos em Nova Iorque, Vanuatu(onde foi Alto-comissário), São Paulo e Hong Kong. De 1979 a 1981 trabalhou em Luandacomo chefe da embaixada, cônsul e primeiro secretário. O Embaixador Thompson émembro do grupo consultivo do British-Angola Forum.

Alex VinesAlex Vines tem estado à cabeça do Programa de África do Royal Institute of InternationalAffairs desde 2002. As áreas em que se especializa incluem a política de África a Sul doSaara, a política da África Austral (especialmente de Angola), a segurança do sectorprivado e o risco político em África e a proliferação de armas pequenas e minas terrestresem África. Alex Vines foi membro do Painel de Especialistas da ONU sobre a Libéria, deMaio de 2001 a Maio de 2003, e é também chefe de investigação da ONG Human RightsWatch, tendo sido já investigador visitante da ONG MacArthur no Departamento deEstudos da Guerra do King’s College, na Universidade de Londres, e investigadorassociado na Queen Elizabeth House, Universidade de Oxford. Alex Vines pertence aosconselhos de administração editorial do Journal of Southern African Studies e do SouthAfrican Journal of International Relations.

Aud Marit WiigDesde 1983 que Aud Marit Wiig tem desempenhado várias funções no Ministério deNegócios Estrangeiros da Noruega. A sua área de especialização tem sido a da políticaafricana, e ainda a área do desenvolvimento. Actualmente, Aud Marit Wiig é directorageral adjunta do Departamento Bilateral do Ministério, em Oslo, o qual cobre a África,a Ásia, o Médio Oriente e a América Latina.

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Lista dos delegados da conferência

PARTICIPANTES ORGANIZACÔES

Mário Adauta Institute of Social and Economic Research,Angola

Estêvão Alberto Embaixada de Angola, Reino UnidoDr Chris Alden London School of Economics, Reino UnidoMaria Allen Westminster University, Reino UnidoCarlos Almeida Embaixada de Angola, Reino UnidoPaulino de Almeida Embaixada de Angola, Reino UnidoDavid Angell Departamento dos Negócios Estrangeiros,

CanadáRobert Angliss Standard Bank LtdDame Margaret Anstee Membro do Conselho de Administração do

British-Angola ForumDomingos António Membro do British-Angola ForumDr Raul Araújo Presidente da Orden dos Advogados de

Angola, AngolaManuel de Araújo Membro do British-Angola ForumBispo Donald Arden Membro do Conselho de Administração do

British-Angola Forum, Reino UnidoDavid Batt Department for International Development,

Reino UnidoHans Beck Department for International Development,

Reino UnidoWieteke Beermink Netherlands Institute for Southern Africa,

Países BaixosProf. Gerald Bender University of Southern California, EUAThe R Hon Hilary Benn Secretário de Estado de Desenvolvimento

Internacional, Reino UnidoLoes van den Bergh NOVIB, Países BaixosMamadou Beye ChevronTexaco, Reino UnidoDr Adotey Bing Africa Centre, Reino UnidoProf. David Birmingham Membro do Conselho de Administração do

British-Angola ForumAndrew Bone De Beers, Reino UnidoAna Bonjourno Membro do British-Angola Forum Patricia Borges CWC Associates, Reino UnidoPeter Brayshaw Comité de Moçambique e Angola, Reino

UnidoPaulo Bunga ASEARU, Reino UnidoJosé Cabaça Membro do British-Angola Forum Allan Cain Development Workshop, AngolaMichael Cameford University of Leeds, Reino UnidoAtaúlfo Carlos Richmond University, Reino UnidoJ.C. Víctor de Carvalho Membro do British-Angola Forum Peter Carver Hull Blyth Group, Reino UnidoMarise Castro Amnesty International, Reino UnidoLúcia Cherinda Alto Comissariado de MoçambiqueMichael Clarke Igreja Anglicana, Reino UnidoEmanuel Cláudio RM – News, Reino Unido

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Daniel Collison Save the Children, Reino UnidoTony Colman MP Membro do Parlamento, Reino UnidoDomingos Correia British-Angola ForumAtilde Correia Membro do British-Angola Forum Sérgio da Costa London Metropolitan Univesity, Reino UnidoMaria Covilha Embaixada de Angola, Reino UnidoFranções Croquette Embaixada da França, Reino UnidoDeborah Crowe Save the Children, Reino UnidoFrancisco da Cruz BP, AngolaFilomena Cunha Embaixada de Angola, Reino UnidoDesmond Curran Department for International Development,

Reino UnidoDr Mary Daly Christian Childrens Fund, AngolaHilton Dawson MP Membro do Parlamento, Reino UnidoYvonne Debetz Embaixada dos Países Baixos, Reino UnidoCarla Divengle Embaixada de Angola, Reino UnidoJohn Donnelly De La Rue International, Reino UnidoTony Dykes Christian Aid, Reino UnidoDebbie Emmanuel Standard Bank LtdIain Esau UpstreamEugénio Faustino Sonangol, Reino UnidoS. Exa. Carlos Feijó Assessor da Presidência da República, AngolaS. Exa. António Fernandes Embaixador de Angola no Reino Unido,

Membro do Conselho de Administração doBritish-Angola Forum

Zele Fernandes ASEARU, Reino UnidoFelix Ferreira Sonangol, Reino UnidoCaspar Fithen UNJohn Flynn British-Angola Forum Board Member &

ChevronTexaco, Reino UnidoMabel da Fonseca Smith Honorary Consul of the Republic of Guinea-

BissauGeorge Frynas University of Birmingham, Reino UnidoArvind Ganesan Human Rights Watch, EUARonildo Ganga London Metropolitan University, Reino UnidoLesley Gantsho Alto Comissariado da África do Sul, Reino

UnidoJill Gasson World Vision, Reino UnidoTsega Gebreyes MSI – CellularRuth Goldberger Save the Children, Reino UnidoCarlos Gomes Membro da British-Angola Forum António Gonçalves Membro da British-Angola Forum John Goodridge Standard Chartered Bank, Reino UnidoRanjiv Goonawardena Associação Internacional de JornalistasAaron Griffiths Conciliation Resources, Reino UnidoKeith Gubbin Africa Asset Management, Reino UnidoS. Exa. Antonio Gumende Alto Comissario de Moçambique, Reino UnidoJohn Hanks Conservation International, África AustralRoy Hans Ministério dos Negócios Estrangeiros, Países

BaixosSvein Heglund INSTOK, NoruegaLiz Horn British-Angola ForumCarola Hoyos Financial Times, Reino Unido

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John Hughes Angola Peace Monitor, Reino UnidoDr Mohamed Ibrahim MSI – CellularSachiko Ishibashi Embaixada do Japão, Reino UnidoJuliette John Department for International Development,

Reino UnidoMartin Johnston Department for International Development,

AngolaFrancisco Jose Embaixada de Angola, Reino UnidoJosé Julio Embaixada de Angola, Reino UnidoKoosum Kalyan Shell International, Reino UnidoCarlos Kandanda Unita, AngolaChristina Katsouris Energy Intelligence, Reino UnidoDr Steve Kibble Membro do Conselho de Administração do

British-Angola Forum e Catholic Institute forInternational Relations, Reino Unido

Nathalie Kroner Ministry of Foreign Affairs, Países BaixosEmil Kumar Limje Industrial LtdAndrea Lari Membro da British-Angola ForumArlete Leandro SafisoDr Carlos Leite International Monetary Fund, EUAMerle Lipton Royal Institute of International Affairs

(Chatham House), Reino UnidoPaulo Lourenço Embaixada de Portugal, Reino UnidoMário Lourenço BP, AngolaKirsten Lund Netherlands Institute for Southern Africa,

Países BaixosJoão Lunguela Centro de Conselhos e Informações sobre

Angola, Reino UnidoHelma Maas NOVIB, Países BaixosJoão Macedo Embaixada de Portugal, Reino UnidoAnnabel Martin–Bah Martin-Bah ConsultantsDr Ismael Mateus Secretário-geral, Sindicato de Jornalistas

Angolanos, AngolaRosário Mateus RM–News, Reino UnidoAmandio Mavela University of Badford, Reino UnidoDr David Mendes Director, Mãos Livres, AngolaHumphrey Miller De La Rue International, Reino UnidoDiane Moody Cruz Vermelha Britânica, Reino UnidoTony Mullen De La Rue International, Reino UnidoChiho Nakamura Embaixada do Japão, Reino UnidoJosé Nascimento Sonangol, Reino UnidoSisa Ncwane South Africa High Commission, Reino UnidoMaria Neto Agostinho Neto University e SOAS, Reino

UnidoBernardino Neves Angolan Voice Abroad, Reino UnidoFrancisco Ngongo University of Bradford, Reino UnidoLiliane Nlezilyayo Membro do British-Angola ForumDr Joao Nzatuzola Jubilee2000Angola, AngolaTim O’Hanlon Tullow Oil, Reino UnidoRicardo de Oliveira University of Cambridge, Reino UnidoFernando Paiva ChevronTexaco, AngolaMaria Luíza Palma Membro da British-Angola Forum Henry Parham Publish What You Pay, Reino Unido

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Imogen Parsons London School of Economics School, ReinoUnido

Dr Nilesh Patel ST. Trellis Ltd, Reino UnidoFiona Paterson Associação Internacional de Advogados,

Reino UnidoJosé Paulo Radio Ecclesia, AngolaManuel Paulo British-Angola ForumAnne Petrie Foreign and Commonwealth Office, Reino

UnidoClaire Pickard-Cambridge Argus Media GroupNeto Pinto Embaixada de Angola, Reino UnidoTim Porter HALO Trust, Reino UnidoMarcel Pruwer International Economic Strategy, BélgicaColm Reidy Catholic Missionary, IrlandaRoger Reynolds Banco Efisa, Reino UnidoToby Reynolds ReutersEddie Rich Extractive Industries Transparency Initiative,

DFID, Reino UnidoAndrew Robathan House of Commons, Reino UnidoPaul Robson Development Researcher & Consultant, Reino

UnidoCamilla Rossaak Norwegian Agency for Development and

Cooperation, NoruegaAndy Rutherford One World ActionS. Exa. Isaías Samakuva Presidente da Unita, AngolaAny Samakuva Membro do British-Angola Forum Felicia Samakuva Membro do British-Angola Forum Paul Samson BHP Billiton, BélgicaGuilherme Santos ACORD, AngolaMaliana Serrano EuroAidAditi Sharma Action for Southern Africa, Reino UnidoNicholas Shaxson Economist Intelligence Unit, AlemanhaScott Shelton CWC Associates, Reino UnidoJorge da Silva Standard Chartered Bank, Reino UnidoDarren Simpson Ministry of Defence, Reino UnidoPatrick Smith Africa ConfidentialJames Smither Control Risks Group, Reino UnidoJessi Soares British-Angola Forum MemberSusanne Spets Swedish International Development

Cooperation Agency, SuéciaNick Stacey De Beers, Reino UnidoLord Steele House of Lords, Reino UnidoMatthias Stiefel WSP International, SuíçaOllie Sykes Christian Aid, Reino UnidoRichard Synge Africa ConfidentialSimon Taylor Global Witness, Reino UnidoAnadeto Teixeira Membro do British-Angola Forum Stuart Testar BP, Reino UnidoHans Teunissen Ministry of Foreign Affairs, Países BaixosClare Thomas Japan Bank of International Cooperation,

Reino UnidoS. Exa. John Thompson Embaixador do Reino Unido em Angola e

Membro do Conselho de Administração do

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British-Angola ForumGunu Tiny London School of Economics, Reino UnidoAthul Vahder Liberal Democrats, Reino UnidoPhillippe Vasset Africa Energy Intelligence, FrançaManuel Vicente Membro do British-Angola Forum Maria–Noelle Vieo Membro do British-Angola Forum Alex Vines Programa de África, RIIA e convocador do

British-Angola ForumEmma Wade Foreign and Commonwealth Office, Reino

UnidoRebecca Wallace CAFOD, Reino UnidoPeter Watford UK Trade and Investment, Reino UnidoSarah Wheeler Conciliation Resources, Reino UnidoDavid White Financial Times, Reino UnidoAud Marit Wiig The Royal Ministry of Foreign Affairs,

NoruegaDr Patrick Wilmot Africa Centre, Reino UnidoBob van der Winden Netherlands Institute for Southern Africa,

Países BaixosDr Lillian Wong Foreign and Commonwealth Office, Reino

UnidoDr Sarah Wykes Global Witness, Reino Unido

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PATROCINADORES DA CONFERÊNCIA

O Brititish-Angola Forum: WWW.britishangolaforum.org

O British-Angola Forum (BAF) foi fundado em 1998, com o objectivo de reunirorganizações, empresas e indivíduos que, na Europa, estejam interessados em assuntosangolanos e em Angola no seu contexto regional e internacional: um dos objectivosprincipais é enriquecer as relações entre os dois países.

O Forum é uma organização independente e apolítica,sem fins lucrativos, quepretende tornar-se um centro de excelência e competência em assuntos angolanos,através do fornecimento de informações de qualidade, da participação num debateconstrutivo e da realização de investigações. Existindo sob os auspícios do RoyalInstitute of International Affairs (Chatham House), o Forum oferece uma oportunidadeincomparável para os indivíduos, organizações e empresas compartilharem os seusconhecimentos e ideias através do espectro todo da sociedade angolana.

Até à data, o British-Angola Forum já organizou uma série de palestras e semináriossobre negócios, investimentos, política, direitos humanos, a constituição e a cultura, epresidiu a reuniões com ilustres visitantes angolanos. O Forum orientou ainda duasconferências internacionais sobre Angola, intituladas 'A politica externa ocidental paracom Angola no novo milénio' e 'Em direcção a uma paz sustentável: um desafio paraAngola e para a comunidade internacional.'

Um grupo consultor de indivíduos com experiência em assuntos angolanos orienta adirecção do Forum. O grupo é formado por: Dame Margaret Anstee, Bispo DonaldArden, Professor David Birmingham, Baronesa Linda Chalker, Lord William Deedes,Caroline Elmes, Sua Exa. John Thompson (Embaixador de Sua Majestade em Angola),Sua Exa. António da Costa Fernandes (Embaixador de Angola no Reino Unido), JohnFlynn, Sir Marrack Goulding, Elizabeth Wild, Stuart Testar e Dr Steve Kibble.

Alex Vines e Manuel Paulo, que têm um conhecimento extensivo de Angola, orientamo desenvolvimento do British-Angola Forum.

• O British-Angola Forum é patrocinado pela BP (patrocinador fundador), • ChevronTexaco• De Beers• De La Rue• Hull Blyth• Miranda, Correia e Amondeira e Associados• Shell International• Limje Industrial Ltd• Standard Chartered Bank• Project Navigator Ltd• Sonangol UK• Banco Africano de Investimento (BAI).

Quem desejar tornar-se membro corporativo do BAF ou obter mais informações, pode contactarManuel Paulo - Tel: +44 (0) 207 957 5733 ou E-mail: [email protected]

www.britishangolaforum.org

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COOPERAÇÃO DO MINISTÉRIO HOLANDÊS DOS NEGÓCIOSESTRANGEIROS COM ANGOLA

Para aliviar o grande sofrimento humano causado pela guerra civil, Angola tem estadoa receber dos Países Baixos, nos últimos anos, um nível considerável de auxílioestrutural de urgência. A maior parte da cooperação dos Países Baixos com odesenvolvimento de Angola é na forma de assistência humanitária. O montante totalda assistência holandesa para Angola em 2002 foi de €12,2 milhões. Em 2003, os PaísesBaixos ofereceram €9 milhões para assistência humanitária através de instituiçõesmultilaterais (a OCHA, a UNICEF e o PAM), do comité internacional da CV e das ONGs.Esta assistência humanitária é utilizada em ajuda alimentar de urgência, agricultura(segurança alimentar dos programas de desenvolvimento), água e saneamento, saúdee actividades humanitárias relacionadas com as minas. A fim de adoptar uma políticafavorável em relação à assistência humanitária, a Holanda oferece apoio à OCHA,coordenação e monitorização das necessidades, ao PAM, serviços de voos, e à rede desegurança do PDNU. Outras áreas importantes que também recebem apoio são a deresolução de conflitos, a de construção da paz e a de direitos humanos. A questão dosdireitos agrários recebe também atenção especial.

COOPERAÇÃO DO MINISTÉRIO REAL NORUEGUÊS DOS NEGÓCIOSESTRANGEIROS COM ANGOLA

Há muito tempo que a Noruega tem estado a cooperar com Angola. A cooperaçãopara o desenvolvimento e a assistência humanitária são duas das bases principais dasua cooperação. O montante total da assistência que a Noruega presta a Angola temsido de aproximadamente NOK 150 a 175 milhões (USD 22-25 milhões) por ano nosúltimos anos, sendo um terço na forma de assistência humanitária e dois terços naforma de cooperação no desenvolvimento a longo prazo. Os associados da Norueganestas actividades incluem o governo angolano, a ONU e outras organizaçõesmultilaterais, e uma grande série de ONGs norueguesas e angolanas. Algumas áreasimportantes de cooperação incluem as actividades humanitárias relacionadas com asminas, a reintegração dos refugiados e dos deslocados internos, a construção dademocracia e boa governação, e a educação. Existe um elemento importante decooperação institucional, na indústria da pesca e no sector de energia, por exemploentre a Direcção Norueguesa do Petróleo e o Ministério do Petróleo de Angola, e acooperação no desenvolvimento institucional dos sectores de electricidade e água.Angola é ainda um sócio comercial importante da Noruega. As empresas petrolíferas eas empresas de fornecimento de equipamento da Noruega já estabeleceram umapresença em Angola.

ENVOLVIMENTO DA NOVIB COM ANGOLA

A Novib/Oxfam Países Baixos é uma organização que se concentra nos direitoshumanos e tem mais de 40 anos de experiência na prestação de apoio às iniciativas dedesenvolvimento dos próprios beneficiários, na luta contra a pobreza e exclusão nomundo inteiro. A Novib/Oxfam Países Baixos é uma das doze organizações afiliadas àOxfam as quais, em conjunto, constituem a Oxfam International. A organizaçãoesforça-se por ajudar a criar uma sociedade global baseada nos princípios da justiça, daresponsabilização, do respeito e da solidariedade. Em Angola, a Novib/Oxfam PaísesBaixos apoia organizações que trabalham tanto nas zonas urbanas como rurais, nossectores de educação, democratização e direitos humanos, liberdade de expressão,

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transparência e responsabilização, bem como no sector de meios de vida. Asorganizações associadas à nossa trabalham para aliviar a pobreza através daorganização das comunidades e da advocacia. Através do apoio que dá ao seutrabalho, a Novib/Oxfam visa a contribuir para o desenvolvimento equitativo, odiálogo e a paz.

ENVOLVIMENTO DA CAFOD COM ANGOLA

A Agência Católica de Desenvolvimento no Estrangeiro, ou CAFOD, é a agência oficialde desenvolvimento no estrangeiro da Igreja Católica na Inglaterra e País de Gales. ACAFOD é membro das redes mundiais de organizações católicas de assistência edesenvolvimento Caritas Internationalis e CIDSE. A CAFOD trabalha em parceria com asorganizações locais e foca o apoio às comunidades mais pobres, independentementeda sua religião, para que as mesmas se ajudem a si próprias. A CAFOD tem trabalhadoem Angola desde 1981, desenvolvendo parcerias com a igreja Católica e outrasentidades. Actualmente tem dado apoio a projectos de formação de educadoressociais, formação profissional, Rádio Ecclesia, reassentamento e segurança alimentar,desarmamento, trabalhos de lóbi e desenvolvimento das capacidades das organizaçõeslocais. A CAFOD encoraja todos os seus parceiros a colocarem os problemas do géneroe do VIH/SIDA no centro do seu trabalho.

ENVOLVIMENTO DO NIZA COM ANGOLA

O Instituto dos Países Baixos para a África Austral (NiZA) é uma organizaçãopoliticamente independente para a promoção da democracia na África Austral. Foifundado em 1997, como resultado de uma fusão de três organizações anti-apartheid.O envolvimento do NiZA com a população de Angola já existe desde 1961, altura emque se formou o Comité de Angola. A solidariedade do NiZA é expressada através dacooperação com organizações locais através de três programas: os meios decomunicação social, os direitos humanos e construção da paz, e a economia. O NiZAdesenvolve actividades com base na robustez dos seus parceiros em Angola, tentandoajudá-los principalmente através do financiamento das competências necessárias, dodesenvolvimento de organizações e de intercâmbios e estabelecimento de redes comoutras organizações (p. ex. nos países vizinhos). No Norte, o NiZA actua como centrode conhecimentos para jornalistas, para o Ministério de Negócios Estrangeiros e para opúblico

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