bremmer - riso na antiguidade

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Organização Jan Bremnier e Herman Roodenburg U ha IvisfcsT iO / ti\w n ,© f Tradução de CYNTHIA AZEVEDO e PAULO SOARES 1 E D I T O R A R E C O R D RIO DE JANEIRO · SÃO PAULO 2000

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  • OrganizaoJan Bremnier e Herman Roodenburg

    Uha IvisfcsTiO/i t i \ w n , f

    Traduo de CYNTHIA AZEVEDO e

    PAULO SOARES

    1E D I T O R A R E C O R D

    RI O D E J A N E I R O S O P A U L O

    2000

  • 1Piadas, comedigrafos e livros de piadas na cultura grega andga

    Jan B rem mer

    Era uma noite quente de vero no ano dc 422 a.C. O jovem Autlico acabara de conquistar a vitria no pancratium, a competio anual de luta e pugilato; seu tio, o rico Cal ias, o levara, juntamente com seu pai Licn, s corridas de cavalo. No caminho de volta casa, a vila no Pireu, onde terminariam o dia com um banquete, Calias avista Scrates c um grupo de amigos. le se aproxima do filsofo c o convida para o banquete, alegando que a diverso da noite seria muito melhor se fossem agraciados com a sua presena. Scrates aceita e, depois que os convidados se acomodam, todos ficam estranhamente fascinados pela beleza do rapaz vitorioso e to influenciados por Eros, que permanecem totalmente quietos e festejam em silncio.

    Com esta cena intrigante, Xenofontc (r.430-350 a.C.) faz a abertura de seu Simpsio, composto depois de 380 a.C., a fim de oferecer sua prpria viso do venerado mestre Scrates, apenas alguns anos depois do brilhante c evocativo Banquete de Plato.1 Tendo assim configurado a cena, Xcnofonte aplica um conhecido recurso literrio introduzindo um estranhe.2 Aps uma sbita batida na porta, o porteiro anuncia a chegada de Philip, o gelotopoios, literalmente o produtor de riso (contudo, daqui por diante, na falta dc um equivalente melhor em portugus, chamaremos dc bufo). Tendo-lhe sido permitida a entrada, ele se posta na soleira e declara; Todos voccs sabem que eu sou um bufo; por isso vim at aqui de propsito, pensando

  • 28 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    ser mais engraado vir a seu jantar sem ser convidado do que vir a convite. Tudo bem, responde o anfitrio, tome um lugar, pois os convidados, embora bem alimentados de seriedade, como voc pode observar, talvez estejam sedentos de riso. O bufo imediatamente tenta uma piada e fracassa terrivelmente. Quando sua segunda piada tambm no bem recebida, ele pra de comer, enrola-se na capa, deita-se em um sof e comea a gemer. S depois que os convidados prometem rir na vez seguinte e um deles ri s gargalhadas da desgraa do bufo, ele retoma o seu jantar (1.11-16).

    Quando as mesas j haviam sido tiradas, um artista profissional de Siracusa entra na sala com uma flautista, uma danarina e um belo rapaz que sabia tocar ctara e danar. Depois de a danarina ter feito vrias exibies de acrobacia, como manipular 12 aros e dar cambalhotas em um aro com espadas verticais, Philip, o bufo, parece sentir que a apresentao bem-sucedida da moa ameaava sua prpria condio de artista. Ento, ele se levanta e, imitando em mincias a dana do rapaz e da moa, faz uma pardia da dupla, tornando cada parte mvel de seu corpo mais grotesca do que naturalmente era. Enfim, isso produz o riso to desejado (2.22-3). Depois desses breves entreatos, surge uma sria discusso na qual Philip intervm algumas vezes. Durante um debate acerca do bem mais valioso de cada um, ele confirma que o seu orgulho assenta-se em fazer graa (3.11) e, depois, explica a razo de tal orgulho: sempre que as pessoas tm um pouco de sorte, (elas) gentilmente me convidam par? me juntar a elas, mas quando sofrem alguma contrariedade, correm de mim sem sequer olhar para trs, temendo ser foradas a rir sem vontade(4.50).

    Finalmente, quase fim da noite, um dos convidados louva a habilidade de Philip em acertar as caractersticas das pessoas. O bufo salta diante da possibilidade de exibir sua arte, mas Scrates o adverte de que ele s seria um bem valioso para os comensais se fosse reticente em assuntos sobre os quais no se deveria falar, e assim acabar com esse desconforto entre os convivas(6.8-10).

  • PIADAS, C O M E D I G R A FO S E LIVROS DE PIADAS...

    A descrio de Xenofonte do jantar de Calias uma imagem bas

    tante realista do entretenimento desfrutado pelos ricos e famosos no

    fim do sculo V em Atenas, embora ele fosse, provavelmente, jovem

    demais para ter estado presente em tais ocasies. Essa tambm a nossa

    mais extensa descrio de um cmico profissional, j que as outras fontes no fornecem muito mais que um nome e um ou outro detalhe.3

    Isso levanta vrias questes. Seria normal que bufes se intrometessem

    em banquetes e por qu? Quem eram eles e qual seria o seu repertrio? Usavam livros de piadas? Por que Philip foi proibido de fazer cer

    tas comparaes? Ser que o humor era considerado perigoso? Esse l

    timo ponto nos conduz, finalmente, queles que tentaram conter o riso ou at mesmo se opuseram totalmente ao chiste e ao riso: os filsofos conservadores, os espartanos e os primeiros cristos.

    BUFES

    um tanto estranho que a exibio de Philip no tenha ocorrido em um espao pblico, como o caso da maioria dos artistas modernos. Ao contrrio, ele atuou durante um symposium, nos ambientes seguros do aposento mais importante da casa grega, o chamado ndron (1-13), que era o nico aposento da casa ao qual os homens no pertencentes famlia tinham acesso.4 Era tpico da civilizao grega que as ocasies de riso e zombaria no fossem as do cotidiano, mas as do convvio social e das festividades. Os grandes festivais religiosos, em especial, permitiam aos gregos relaxar os padres habituais de comportamento e entregar-se ao riso autntico e ao humor irreverente.5 Como declarou o filsofo Demcrito: Uma vida sem festivais como uma estrada sem paragens (fragmento 230). As grandes comdias de Aristfanes nunca foram encenadas num dia qualquer do ano, mas apenas nas Dionsias (urbana e rural) e na Lenia. Na Lenia e em outra festa dionisaca ateniense, a Antestria, os homens ficavam em

  • 30 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    p nos carros e zombavam dos passantes.6 Uma outra ocasio para zombar das pessoas era a procisso dos atenienses a Eleusis, a fim de que fossem iniciados nos Mistrios de Demter. Quando essa procisso, partindo de Atenas, passava na ponte sobre o rio Kfisos, uma prostituta disfarada (ou um homem) zombava dos cidados mais proeminentes pelo norr.e/Tanto Dioniso quanto Demter eram deuses intimamente ligados inverso da ordem social e ambos ocupavam uma posio excntrica no panteo grego. O humor podia ser perigoso, e seu lugar na cultura tinha de ser limitado a ocasies estritamente definidas.9 Os gregos sabiam muito bem que o riso poderia conter um lado muito desagradvel.10

    Ora, uma dessas ocasies era o simpsio, o banquete que, na idade arcaica (c.800-500 a.C.), era o local onde a elite demonstrava a sua superioridade. Aqui os aristocratas discutiam poltica, firmavam alianas e, por ltimo, mas no menos importante, se entretinham com dados e jogos, contando anedotas e cantando.11 Quando, por volta do fim do sculo VI, a poltica comeou a se desenvolver em uma esfera parte, que no era mais monoplio da aristocracia, o simpsio foi perdendo sua posio central e se tornou parte de uma esfera pessoal mais privada.12 Os aristocratas comearam ento a mostrar caractersticas tpicas de uma classe de lazer, com sua preocupao em exibir riqueza e diverso. Entretanto, somente a partir de meados do sculo V os aristocratas atenienses puderam convidar todos os tipos de pessoas para suas mesas.13 Seus convidados logo passaram a incluir um tipo particular, o adulador {klax), o qual, evidentemente, para pagar a sua comida, adulava o anfitrio, a quem chamava ho trephor, (o alimentador).11 Como diz o coro em Os aduladores, uma comdia de 421 de um contemporneo de Aristfanes, upolis:

    Eu vou ao mercado. Quando descubro um comprador rico, me fixonele. E se, por acaso, o bobo rico diz algo, eu o elogio ruidosamente,expresso minha admirao e finjo me deleitar com suas palavras. Ento

  • PIADAS, COMF.DICRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 31

    vamos ao jantai, cada um dc ns em uma direo tudo para conseguir um bolo de cevada que no era nosso.'5 Ento o adulador tem que comear imediatamente com sua tagarelice engraada ou atirado porta afora.16

    As piadas eram, ento, a contribuio esperada dos no convidados,'7 como tambm torna-st evidente no discurso de outro parasita em uma comdia do siciliano Epicarmo, que viveu durante a primeira metade do sculo V: Jantando com aquele que me deseja (ele precisa apenas me convidar) e, da mesma forma, com aquele que no me deseja (e no h necessidade alguma de convidar); no jantar sou uma pessoa espirituosa, provoco muito riso e adulo o meu anfitrio.18 Originalmente, um parasits, literalmente algum que come mesa de outro, era um funcionrio religioso dos povoados ticos,19 mas por volta da metade do sculo IV a.C., embora por razes obscuras, o termo aos poucos ganhou um sentido mais moderno, tornando-se sinnimo de klax.10 No sculo V, tambm encontramos o termo bomolochos, literalmente aquele que arma ciladas em altares; em outras palavras, aquele que implora por comida, como explica um antigo lxico. O local em particular pode parecer estranho primeira vista, mas algo esperado, j que os gregos consumiam carne principalmente pelo sacrifcio.21 O costume de trocar alimento por piadas era provavelmente antigo porque o verbo correspondente bomolocbeuo significa bancar o bufo ou entregar-se obscenidade. Mas, com o passar do tempo, os bufes de sucesso notoriamente se transferiram dos altares dos devotos para as salas de jantar mais extravagantes da elite ateniense.

    Talquai as piadas, as pardias, como a imitao burlesca que Philip fizera dos danarinos, eram, provavelmente, o nmero mais popular dos bufes, j que tambm temos conhecimento de um outro gelo- topoios do sculo IV, Eudikos, que imitava pugilistas e lutadores, ao passo que outros imitavam ditirambos e cantos para harpa. O tirano de Siracusa, Agtocles (c.300 a.C.), que era por natureza um bufo e

  • 32 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    um imitador, chegou a se tornar muito popular imitando alguns dos presentes nas reunies da asscmblia popular.22

    Alm de piadas e imitaes, os cmicos tambm faziam comparaes, um aspecto popular dos casamentos e simpsios.23 Encontramos essas comparaes em As vespas, de Aristfanes, mas elas tambm ocorrem no Banquete, de Plato, no qual Alcibiades compara Scrates a esses silenos colocados nas oficinas dos estaturios... e tambm... ao stiro Mrsias (215A). No de estranhar que a comparao seja pouco aduladora: as comparaes parecem evidenciar principalmente as peculiaridades fsicas, j que, no Mnon de Plato, Scrates observa que todas as pessoas bonitas gostam de um jogo de comparaes porque -lhes mais vantajoso esse fato. Na verdade, so belas as imagens dos seres belos (80C).24 Aparentemente, essas comparaes foram reunidas em livros (para o uso em banquetes?). Um papiro do fim do sculo 111 a.C. contm uma enumerao de frases injuriosas, que foram divididas em vrias partes e dirigidas a pessoas segundo suas caractersticas fsicas. Uma das partes se refere quelas de rosto vermelho, que seriam ridicularizadas por frases delicadas como voc no tem um rosto, mas um sol noturno, outra, aos calvos, que seriam ridicularizados por voc no tem uma cabea mas..., ponto em que o papiro, talvez por sorte, se interrompe. Provavelmente, o livro pertencia a um cmico profissional, como o encontrado no Simpsio, de Xenofonte.25 Mas, se essas comparaes eram absolutamente normais, por que ento Scrates impediu Philip de faz-las? Ser que nem todos se alegravam com o humor?

    Antes de nos voltarmos para essa questo, investiguemos, primeiramente, o problema do lugar exato em que deveramos situar esses bufes dentro do espectro social. Da comdia, sabemos os nomes de vrios bufes e parasitas, o que mostra que eles eram bem conhecidos em Atenas (Athenaeus 240-6). A atividade pode ter sido realizada em meio s famlias porque, durante o casamento do macednio Karanos, chegou o palhao Mandrgenes, um descendente, assim diziam, do

  • PIADAS, COMEDIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 33

    clebre palhao ateniense Straton. Ele provocou muito riso entre ns com suas brincadeiras e depois danou com a esposa, que tinha mais de 80 anos (Athenacus 130C). Os comedigrafos podem at ter alcanado uma certa reputao por sua graa, j que a comdia criou uma dupla de inventores mitolgicos para os atos espirituosos: Radamanto e Palarr.edes. O primeiro seria um dos mais famosos moradores das i'has de Blest, onde a comida era abundante; o segundo seria o inventor mitolgico mais engenhoso da Grcia, estando os ditos espirituosos entre as suas invenes.26

    Em Atenas, na segunda metade do sculo IV, havia at mesmo um clube de bufes, chamado os sessenta, que regularmente se encontravam no santurio de Hracls em Diomia, nos arredores de Atenas.27 Eles eram to famosos que circulavam dizeres como Acabo de chegar dos sessenta e Os sessenta disseram isso e aquilo. Esses cmicos devem ter sido famosos at mesmo fora de Atenas, dado que Filipe II da Macedonia, que gostava muito de todos os tipos de entretenimento, enviou-lhes um talento em troca de suas piadas. Os membros do clube eram, evidentemente, amadores, pois seus nomes mostravam que pertenciam classe alta ateniense; um deles, Calimedon, o estrbico, era, inclusive, um renomado poltico.28 Considerando que a bufonaria parece ter se tornado cada vez menos aceitvel no sculo IV, o clube pode muito bem indicar a existncia de um grupo de cidados que desejavam chocar a ordem social existente.29

    Fora de Atenas, os bufes eram convidados bem-vindos nas cortes dos reis vizinhos daTrcia, da Macedonia e dos sucessores de Alexandre, o Grande.30 Contudo, parece que, entre a elite urbana, a bufonaria perdeu bastante do seu status. Uma indicao pode ser o fim de Dionsio II, o tirano de Siracusa. O historiador Teopompo (c.377-320) relata que ele estava perdendo aos poucos a viso. Durante algum tempo, os seus parasitas se comportaram como se eles tambm sofressem dessa perda de viso, apalpavam a comida diante deles, fingindo no v-la, at que Dionsio guiasse as suas mos em

  • 34 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    direo aos pratos uma atitude que os fez merecer o apelido de bajuladores de Dionsio (Dionysokolakes). muito estranho que Dionsio tenha finalmente perdido essa posio e terminado, segundo afirma Teopompo o que no necessariamente confivel , sentando-se em barbearias e brincando de bufo.31 A barbearia era, sem dvida, o lugar por excelncia da fofoca masculina, no s devido ao prprio barbeiro uma prova o pedido de seu cliente, quando perguntado sobre como ser barbeado: Em silncio.32 Em outras palavras, Dionsio caiu do topo para o mais baixo estgio da sociedade. Essa viso negativa da bufonaria cresceu com o passar do tempo e, no perodo romano, os bufes foram freqentemente associados aos atores da mmica e, portanto, num patamar bem inferior na escala social.33 De acordo com o Livro dos sonhos, de Artemidoro, do sculo II, sonhar com bufes significava ento logros e trapaas (1.76).

    OS COMEDIGRAFOS E SEUS LIVROS

    Est claro que as habilidades de Philip se parecem apenas em parte com as dos artistas modernos. Contar piadas e interpretar so a marca de muitos comedigrafos modernos, mas Philip tambm fazia comparaes, uma arte que no tpica do entretenimento moderno. Infelizmente, nem Xenofonte, nem outros autcres nos fornecem qualquer exemplo das piadas. No conhecemos, portanto, a natureza dessas piadas nem a sua origem. Os bufes usariarr. livros de piadas? Uma de nossas fontes sobre os sessenta diz que Filipe pediu que as piadas fossem copiadas, o que sugeriria um tipo de livro de piadas, mas outra fonte menciona que ele apenas pediu que elas fossem escritas. Assim, no podemos ter certeza absoluta da existncia de livros de piadas na ltima metade do sculo IV, mas eles so confirmados pelo comedigrafo romano Plauto, que usou a comdia grega como sua fonte. Em seu Schus, produzido em 200 a.C., o parasita Gelsimo

  • PIADAS, COMEDIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 3S

    .5

    (no por acaso, um nome grego que significa Homem Riso, e que sugere o gelotopoios) fica em tamanha dificuldade que planeja organizar um leilo para vender seus livros de piadas, que consistem em dizeres engraados e lisonjeiros e pequenas mentiras.34 E no Persa, de Plauto, o comedigrafo Satrio pensa em oferecer o seu livro de piadas filha como dote (w. 389-96). Est claro, ento, que esses comedigrafos possuam livros de piadas para ajud-los a ganhar a vida, enquanto alguns comensais no incio da modernidade, como Aernout van Overbcke, colecionavam piadas em cadernos para serem um sucesso social entre seus pares.35 Como Xenofonte, Plauto no d exemplo algum destas piadas, mas, por sorte, j no fim da Antiguidade, um autor annimo produziu um livro de piadas que sobreviveu.

    Uma srie de manuscritos, nenhum deles posterior ao sculo X, chamada Filgelos, ou Amante do Riso, contm uma coleo de 265 piadas.36 Felizmente seu autor e propsito so desconhecidos e apenas uma piada se refere a um evento que pode ser datado: os jogos comemorativos do milnio de Roma, em 21 de abril de 248 d.C. A coleo deve ter sido reunida no sculo III, mas a natureza tardia de seu vocabulrio sugere claramente que a edio final s teria sido feita no incio da em bizantina, provavelmente antes do sculo VI.37 Uma fonte foi, com certeza, a coleo de Plutarco de apophthegmata, que aqui aparece regularmente em forma diluda de piada.38 Obviamente, o espao nos impede de analisar a fundo o seu contedo, mas discutiremos rapidamente alguns de seus principais pontos.39

    Das 265 piadas, 110 so relativas ao scholastikos, literalmente algum que d palestras ou assiste a elas {sebo las).A0 o estudante, o advogado e tambm o professor pedantes em suma, na feliz traduo de Barry Baldwin, o intelectualide . As piadas podem sugerir uma certa graa, como no nmero 55: Um jovem e gracioso scholastikos vendera seus livros quando lhe faltou dinheiro. Ele ento escreve a seu pai: Me d os parabns, pai, j estou ganhando dinheiro com os meus estudos! No entanto, a maioria das piadas enfoca sua

  • 36 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    estupidez ou inpcia social, como no exemplo seguinte que, ao mesmo tempo, ilustra a terrvel realidade de uma antiga sociedade escravagista:41 Quando um scholastikos teve um filho com uma escrava, seu pai o aconselhou a mat-lo. Mas ele respondeu: 'Primeiro, voc enterra os prprios filhos, depois me aconselha a matar o meu!" (n 57).

    Cerca de 60 piadas dizem respeito a cidades da Antigiiidade famosas por sua estupidez: Cime (na costa ocidental da moderna Turquia), Sdon (no Lbano moderno) e Abdera (na costa daTrcia). Essas piadas raramente se destacavam do nvel normal de piadas que celebram a estupidez de cidades vizinhas: Um habitante de Cime leva o corpo do pai para o mumificador depois da morte dele em Alexandria. Mais tarde, ao retornar para busc-lo, o homem mostra vrios corpos e lhe pede um sinal que identifique o pai. Ele responde: 'Ele tossia. (n 171). A razo pela qual as duas primeiras cidades figuram nessas piadas totalmente obscura, mas Abdera era famosa por seu filsofo sorridente Demcrito, que parece ter recebido seu r.ome por ter rido da estupidez dos seus concidados, e que se tornou uma figura popular nos tratados filosficos e moralizantes do final das eras helenstica e romana.42

    Em outras 30 piadas, os mdicos so o alvo ou desempenham papel coadjuvante. Algumas destas piadas at combinam a aluso aos mdicos com os j mencionados scholastikoi, ou com as cidades famosas por sua estupidez: Quando algum procura um mdico scholastikos e diz: Doutor, quando acordo fico tonto por meia hora antes de comear a me sentir bem, o mdico responde: Acorde meia hora mais tarde! (n 3). Quando o paciente sente dor e chora alto, o mdico de Cime troca sua lmina por uma mais cega (n 177). No surpreende que, numa poca em que o tratamento de sade ainda era muito pouco desenvolvido, os prprios mdicos ou a medicina como um todo fossem alvo de escrnio. Alm do fato de serem intelectuais, talvez seja tambm relevante que os mdicos quase sempre fizessem pro-

  • PIADAS, COMEDiGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 37

    paganda de suas habilidades e at mesmo realizassem cirurgias nas esquinas ou no teatro.43

    H sete piadas acerca de videntes e astrlogos. Os videntes j eram um dos alvos favoritos na comdia antiga, e os satiristas romanos troaram dos astrlogos e dos adivinhos, mas ambas as categorias conseguiram manter a sua influncia por toda a Antigiiida- de, apesar do ceticismo atestado por essas piadas.44 Finalmente, h pequenas sees de piadas sobre o preguioso, o avaro, covardes, glutes, alcolatras, pessoas com mau hlito e piadas misginas. Levando-se em conta que a misoginia era difundida na Antigida- de, surpreendente que to poucas piadas sejam obscenas ou digam respeito s mulheres. Ainda assim, elas no esto totalmente ausentes: Disse um jovem esposa voluptuosa: Mulher, o que faremos, comemos ou fazemos amor?' que voc quiser; no tem po (n 244). Ou, A esposa de um misgino, que estava to doente que achavam que ele ia morrer, jurou que se enforcaria se qualquer coisa acontecesse a ele. Animando-se, ele perguntou: Voc far o mesmo se eu me iecuperar? (n 248).

    A proeminncia de intelectualides e mdicos na coleo de piadas possivelmente indica um ambiente social especfico. Em A nuvens, de Aristfanes, Scrates enumera seus deuses guardies: sofistas, que eram de fato os oradores, videntes, poetas e malabaristas (w. 332- 3). Em outras palavras, estes eram basicamente os intelectuais do seu tempo, gente que no se envolvia com qualquer tipo de trabalho manual. O mesmo preconceito parece estar ocorrendo aqui, e corresponderia a este desprezo pelos intelectuais o fato de muitas piadas enaltecerem o bom senso do homem comum. Por conseguinte, a origem da coleo, provavelmente, so as classes urbanas mais baixas, embora permanea obscuro o motivo pelo qual esse livro de piadas foi composto.

  • 3R UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    A DOMESTICAO DA BUFONARIA E DO RISO

    As objees de Scrates poderiam ter correspondido ao tempo imaginrio do Simpsio, de Xenofonte, j que uma recente antologia atribuiu a seguinte citao a Scrates: Deve-se usar o riso como se usa o sal com parcimnia (,Stobaeus 3.34.18). Se a atribuio estiver correta, Scrates teria sido um dos vrios filsofos com a reputao de nunca, ou raramente, ter rido, assim como Pitgoras, Anaxgoras e o sbio rei Ancarsis.45 Por outro lado, por volta de 420 ainda havia um forte senso de humor prevalecendo em Atenas e a ausncia do riso foi vista como caracterstica de um misantropo,4' embora Aristfanes regularmente, de modo malicioso, alegasse no ter usado a frmula cmica grosseira, empregada pela comdia antiga;47 em suas ltimas comdias; porm, ele empregou cada vez menos a injria pessoal e a bufonaria.48 Evidentemente, a mar mudara eas maneiras mais refinadas que aos poucos se desenvolviam entre os aristocratas atenienses devem ter comeado a tornar inaceitveis os ataques pesseais e o humor menos refinado.

    O primeiro elemento deste desenvolvimento tambm visvel no tratado de Xenofonte sobre a educao do rei persa Ciro, a Ciropdia, que freqentemente discute de forma indireta os costumes gregos e deve datar da primeira metade do sculo IV. Ciro observa que os persas formulam uns aos outros apenas perguntas que podem ser facilmente respondidas e fazem apenas brincadeiras inocentes que no agridem ningum (3.2.18). Aqui nos confrontamos com a fora negativa das piadas, que podem nos ferir e, por suposio, mais ainda as pessoas que vivem em uma cultura de verdadeira vergonha. Este poder das piadas pode ainda ser observado na Creta contempornea. Michael Herzfeld, o melhor etngrafo contemporneo da Grcia, recentemente mostrou um episdio no qual os aldees cretenses pediriam permisso para recitar canes satricas com o cbjetivo de no serem acusados de ofender a dignidade de algum.49 Esta preocupao com o

  • PIADAS, COMEDIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 39

    poder ofensivo das piadas parece ter se tornado mais evidente no decorrer do sculo IV.

    A crescente repulsa ao humor menos refinado se torna claramente visvel em vrias obras de Iscrates dos anos 350. Em seu Antidosis, este orador conservador, que costumava idealizar o passado, desaprova o fato de que hoje em dia fala-se de homens que representam o bufo e tm a capacidade de zombar e arremedar como talentosos um ttulo que deveria ser reservado a homens dotados da mais alta excelncia (284, trad. G. Norlin). E em seu Areopagiticus, ele nota que as geraes anteriores cultivaram os modos de um cavalheiro, no os de um bufo; e com relao queles com inclinao para a pilhria (eutrapelous) e a bufonaria, de quem hoje falamos como pessoas espirituosas, eram vistos, naquela poca, como pobres tolos (49, trad. Norlin).

    De fato, tanto Plato como Aristtcles, os principais filsofos do sculo IV, opuseram-se ao humor grosseiro e obscenidade, acentuando a necessidade do riso contido, inofensivo. Em A repblica, Plato declara que os guardies do Estado ideal so proibidos de se entregar ao riso porque o riso exagerado normalmente seguido de uma reao violenta (388). Essa nfase na moderao do riso tambm aparece em primeiro plano em A repblica, na discusso sobre a poesia (606). Neste ponto, Plato rejeita a bufonaria na comdia porque ela pode fazer com que as pessoas a imitem. E em As leis, reconhecida como uma obra conservadora, Plato chega a querer abolir completamente a comdia e deixar a bufonaria para escravos ou empregados estrangeiros (816-17). Coincide com a oposio de Plato ao riso o fato de que, em sua escola, a Academia, o riso era proibido, e ele prprio foi representado na comdia ateniense como um charlato.50

    Ao contrrio do rico Calias e seus amigos, Plato tambm rejeitou totalmente a presena de entretenimento pago no simpsio:

  • 40 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    as festas de vinho de segunda classe e as pessoas triviais. Tais homens, sendo muito incultos para se entreterem enquanto bebem usando as prprias vozes e os recursos da conversao, pagam o preo das cantoras... e encontram o seu entretenimento nos gorjeios delas. Mas onde os bebedores so homens de valor e cultura, no encontrars moa alguma cantando, danando ou tocando harpa. Eles so bastante capazes de desfrutar a prpria companhia sem tal frivolidade, usando as suas prprias vozes em discusso sbria, e cada um esperando a sua vez de falar ou escutar at mesmo quando se bebe muito.

    (Protdgoras 347CD)

    Conforme a descrio de Plato, o anfitrio no Simpsio de Xe- nofonte, Calias, no era particularmente asctico e logo conseguiu desperdiar a sua considervel herana com seu extravagante estilo de vida.51

    O tratado de Aristteles Sobre a comdia infelizmente no sobreviveu,52 mas ele apresenta uma anlise sistemtica da galhofa e do riso em sua tica a Nicmaco (4.8). Em Aristteles, podemos ver a tendncia de Plato totalmente elaborada, uma vez que ele considera como bufes comuns aqueles que se excedem no humor e preferem extrair o riso a dizer algo lisonjeiro ou evitar ferir o alvo de sua diverso. Por outro lado, aqueles que brincam de um modo refinado so chamados espirituosos (eutrapelo). So os homens que respeitam limites, ao passo que o bufo escravo de seu senso de humor, e no poupa nem a si mesmo, nem aos outros, se puder provocar o riso. Naturalmente, em sua cidade ideal, o jovem no deveria ser exposto conversa indecente o legislador deveria inclusive bani-la totalmente da cidade (Poltica 7.15.7). Aristteles resume suas opinies na Retrica da seguinte forma: Algumas piadas so adequadas a um cavalheiro, outras no o so; esteja certo de escolher uma que seja adequada a voc. A ironia serve melhor a um cavalheiro que a bufo-

  • PIADAS, CONiEDIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 41

    naria; o irnico faz piadas para se divertir, o bufo, para divertir outras pessoas (3.18).53

    Assim, no sculo IV, percebem-se dois avanos relativos ao humor no simpsio. Em primeiro lugar, a bufonaria se tornou cada vez menos aceitvel para a classe alta como uma expresso de humor. Em segundo, como mostrou a reao de Scrates, insultar os outros com piadas tambm se tornou menos aceitvel, embora as discusses e as ofensas verbais sempre tenham feito parte da tradio do simpsio; como na antiga Irlanda, a Grcia antiga teve uma forte tradio de condenar a poesia.54 Esses estgios tambm se refletiram nas comdias, nas quais o elemento de bufonaria diminuiu e os insultos pessoais desapareceram do repertrio cmico.

    Como pode ser explicada esta evoluo, em geral mais observada em relao comdia do que ao simpsio? Evidentemente, estavam ocorrendo mudanas importantes na sociedade ateniense dessa poca. O sculo IV mostrou todos os sinais de um aburguesamento crescente, com o correspondente refinamento moral: contar piadas dava passagem para a agudeza de esprito. significativo que a expresso agudeza de esprito (eutrapeha) no seja encontrada antes de A repblica, de Plato, mas seja discutida vrias vezes em Aristteles; eutrapelos (espirituoso) tambm comea a perder a conotao negativa que ainda possua, por exemplo, na passagem de Iscrates citada acima.55 Ao mesmo tempo, talvez possam aqui ser aplicadas as perspectivas desenvolvidas pelos socilogos Norbert Elias e Pierre Bourdieu. Como a aristocracia comeou a se retirar da vida pblica e a se concentrar mais no simpsio, as discordncias e as discusses internas se tornaram menos aceitveis. Alm do mais, como tinham pouco a ganhar com sua participao na vida pblica, eles precisavam se distinguir de outras maneiras. E assim como comearam a agir de modo mais controlado, eles tambm desenvolveram um estilo mais educado em seu comportamento no simpsio.56

  • 42 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    CONTRA O HUMOR E O RISO

    No preciso supor que o crescente refinamento na cultura grega tenha realmente se tornado a regra. O fato de que, quatro sculos mais tarde, Plutarco (c. 40-120) ainda julgasse necessrio reiterar o argumento em favor da piada indolor (Moralia 629E), sugere que o hbito de insultar estivesse profundamente arraigado no mundo do antigo simpsio. No entanto, outros foram mais longe e se opuseram totalmente ao humor e ao riso.

    O primeiro grupo conhecido por opor-se ao riso foram os pita- gricos. Por volta de 530 a.C., Pitgoras deixou a ilha de Samos e se mudou para Crton, no sul da Itlia, onde fundou um movimento baseado em inmeras prescries ascticas. Embora a figura de Pitgoras seja cercada de lendas e a falta de fontes escritas antigas torne muito difcil a reconstruo dessa fase do pitagorismo, uma dessas prescries, evidentemente, diz respeito ao riso: o prprio mestre su- postamente nunca teria rido, segundo relatos do pitagrico tirano de Siracusa, Dionsio II, e da maior fonte do pitagorismo antigo, o filsofo do sculo IV Aristoxenus; os seguidores de Pitgoras foram ridicularizados pela comdia ateniense por suas tristes expresses faciais.57

    Considerando que ns identificamos o simpsio e os festivais de Dioniso como os cenrios para o humor, vale observar que em /Ir leis, de Plato, o espartano comenta que a sua cidade proibiu a in Julgn- cia festiva nessas ocasies (637B). Tambm Xenofonte menciona em seu folheto sobre a constituio espartana que os seus simpsios careciam de excessos, embriaguez e linguagem chula (5.6); e Plutarco ressalta que o jovem poderia assistir s reunies espartanas para se acostumar a zombar sem bufonaria e a suportar a zombaria. Porm, quando um espartano no mais tolerasse ser ridicularizado, ele poderia pedir ao zombeteiro que parasse, o que este imediatamente fazia, segundo Plutarco em sua idealizada biografia de Licu.go (12.6-7). As fortes

  • PIADAS, COMEDIC.RAFOS F. LIVROS DF. PIADAS... 43

    presses na vida espartana para o trmino da hierarquia diante da ameaa da populao subalterna, os hilotas, provavelmente tornaram a festividade e a zombaria intolerveis.58

    Mas alguns foram ainda mais longe. Na epstola aos Efsios, no Novo Testamento, o autor (provavelmente no So Paulo) declara que a eutrapela, zombaria, no tem lugar na comunidade crist (5.4). Foi sugerido cue eutrapela aqui signifique algo como linguagem sugestiva,59 mas o chiste condenado por autores cristos um tanto tardios como Incio, Clemente de Alexandria, Orgenes e, literalmente, em dzias de passagens, por Baslio e Joo Crisstomo. Os dois ltimos chegaram ao ponto de condenar tambm o riso, o que, de fato, muitos padres fizeram.60 Clem ente de Alexandria (c.150-215), que escreveu um livro, o Paedagogus, para ensinar os jovens cristos de classe alta, dedicou uma seo especial questo do riso. Ele quis banir os bufes da sociedade crist,61 mas no pretendia abolir o riso completamente. Seria an tinatural suprimir o riso, segundo Clemente, mas o cristo deve dem onstrar moderao, como em todas as coisas. Um sorriso deveria ser su ficien te para o cristo, enquanto as mulheres e os rapazes deveriam te r m uito cuidado para no rir; regra semelhante foi imposta por Baslio de Cesaria (c. 330- 79) em uma das primeiras regras monsticas, a chamada Regulae fusius tractatae. A esse respeito, como em re la o a vrios outros assuntos, esses doutores da Igreja seguiram a trad io dos filsofos mais conservadores. O seu estilo de vida c ris to ainda era, em muitos aspectos, um estilo pago.62

    Deleitar-se com o humor e o riso a b u n d a n te eminentemente contrrio a se esforar para manter toda a v id a sob controle, o que pode ser observado entre os pitagricos, os e sp a rta n o s e, em um grau ainda mais alto, os cristos ascticos. No d e v e r ia surpreender que um grupo social que tentava manter o co n tro le sobre todos os tipos de expresso fsica, como comer, dormir e a sexualidade, tambm se opusesse ao riso. Desfrutar livremente o h u m o r e o riso a marca de

  • 44 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    uma comunidade tranqiiila, aberta, no de uma ideologia asctica ou de uma sociedade tensa.

    Devem ter sido as semelhanas entre os pitagricos, os espartanos e os cristos que conduziram a uma influncia mtua no fim da Antiguidade. De acordo com o filsofo pago Jmblico, em seu Sobre a vida de Pitgoras (25), Pitgoras visitara Esparta para estudar as suas leis; e a passagem em vida de Santo Anto, de Atansio (14), na qual ele observou que o santo jamais riu ou se lamentou, foi tirada quase ao p da letra de A vida de Pitgoras, do pago Porfrio (25). De fato, nas prticas e na hagiografia, os pitagricos e os primeiros cristos eram muito mais inter-relacionados do que gostariam de admitir.63 Em relao ao riso, essa herana combinada teria uma longa tradio na Igreja ocidental comprovada pelas proibies e restries ao riso nas Regras medievais monsticas.64 Alm dessa herana do fim da Antigidade, Toms de Aquino retomaria as idias de Aristteles sobre a eutrapelia e as interpretaria como um argumento pelo riso contido, argumento esse seguido por Pascal.65 E assim o eco do riso antigo seria ouvido, embora com moderao, iurante muitos sculos.

    Notas

    Sou muito grato a Andr Lardinois pelos comentrios e a Robert Parker pela habilidosa correo do meu ingls.

    1. Para um estudo completo do dilogo deXenofontc vejaG. J. Woldir.ga, Xenophons Symposium (Diss., Universidade de Amstcrd, 1938). Em minhas citaes c cm meu resumo, usei a traduo de O. J.Todd em Xenophon, Loeb, vol. 4 (Cambridge e Londres, 1923).

    !. O mesmo recurso ocorre em Plato, Symposium 174A. cf. Woldinga, Xenophons Symposium, p. 141.

    . Para uma pesquisa completa sobre os antigos bufes, veja P. Maas, "Gel/>topoioi\ em Paulys Realencyclopdie der cassichen Altertumswissenschafi, vol. 7 (Stuttgart, 1912), pp. 1019-21.

    . Cf. M. Jameson, Private space and the Greek city, em O. Murray e S. Price (orgs.), The Greek City from Homer to Alexander (Oxford, 1990), pp. 170-95; idem.

  • PIADAS, COMEDIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 45

    Domctic space ir the Greek City-state, em S. Kent (org.), Demesne Architecture and the Use of Space (Cambridge, 1990) pp. 92-113.

    5. Para uma boa pesquisa sobre as festividades antigas, veja C. Calamc, La festa, cm M. Vcgctti (org.), Introduzione alie cultwe antiche, vol. 3 (Turim, 1992), pp. 29-54.

    6. W. Burkett, Homo necans (Berkeley, 1983), pp. 229.7. F. Graf, Eleusis und die orphisebe Dichtung Athens in vorhellenistischer Zeit (Berlim

    e Nova York, 1974), pp. 45-6; Burkert, Homo necans, p. 278; A. M. Bowie, Aristophanic Comedy (Cambridge, 1993), pp. 239-40.

    8. J. Bremmer, Greek Religion (Oxford, 1994), pp. 18-20.9. Isso corrctamcnte ressaltado por S. Halliwell, The uses of laughter in Greek

    culture. Classical Quarterly, 41 (1991), pp. 279-96.10. D. Lateiner, No hughing matter: a literary tactic in Herodotus", Transactions o f

    the American Philological Association, 107 (1977), pp. 173-82. Sobre o riso na cultura grega, o melhor estudo continua sendo L. Woodbury, Quo medorisu ridscsdoque Graeci usi sint (Diss., Universidade de Harvard, 1944); veja tambm S. Milanezt, Le rire dHads, Dialogues d histoire ancienne, 21 (1995). pp. 231-45.

    11. Sobre o simpsio, veja O. Murray (org.), Sympotica (Oxford, 1990); K. Vierneisel e B. Kaeser (orgs.), Kunst der Schale Kultur des Trinkens (Munique, 1990); W. J, Slater (org.), Dining in a Classical Context (Ann Arbor, 1991).

    12. E. Stein-Hlkeskamp, Lcbcnsstil als Selbstdarstellung: Aristokraten beim Symposium, em Euphronios und seine Zeit (Berlim, 1991), pp. 39-48; B. Seidensticker, 'Dichtung und GcselLschaft im 4. Jahrhundcrt. Versuch cincs bcrblicks, em W. Edcr (org.), Die athenische Demokratie im 4. jahrhundcrt v. Chr. (Stuttgart, 1995), pp. 175-98.

    13. E. Petlizer, Outlines of a morphology of sympotic entertainment", em Murray, Sympotica, pp. 177-84.

    14. Timocles, fr. 8.8; R Kassel e C. Austin, Foetae comici G raeci (Berlim e Nova York, 1983), de cuja excelente edio extra todos os trechos da comdia grega; Macho d/WAthenaeus 579b; Nicocles apudZtobaeus, Florilegium 14.7; Alciphron 3.66.5.

    15. Kassel e Austin, Poetae comici Graeci, em seus com entrios art loc., no notaram que uma piada (menor) porque o po de cevada era o tipo mais barato, cf. Bremmer, Marginalia Manichaica, Zeitschrift fu r Papyrologie und Epigraphik, 39 (1980), pp. 29-34, csp. p. 32; T. Braun, Barley cakes a n d emmer bread, em J. Wilkins et al. (orgs.), Food in Antiquity (Exeter, 1995), p p - 23-37.

    16. Eupolis, fr. 172, trad. C. B. Gulick, Locb (supcrficialm cntc adaptado).17. Chegar sem convite era uma caracterstica do parasita a n t ig o , cf. Asio, fr. 14 West;

    Crtino, fr. 46, 47 c 182; Alexis, fr. 213. 259; T im teo, fr. 1 ; Apolodoto Carstio, fr. 29 e 31 ; Linkeus de Samos in Athenaeus 245a.; L u c ia n o , Demonax 63; B. Fehr, Entertainers at the Symposion: the Akletoi in the a r c h a ic period", em Murray, Symporica, pp. 185-95.

    18. Epicarmo, fr. 35 Kaibcl, trad. C. B. Gulick, Locb; ta m b m sobre os parasitas engraados, Alexis fr 188, 229; Filemon fr. 153; H . N cssclrath , Lukians Para- sstendialog (Berlim e Nova York, 1985). p. 19.

  • 46 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    19. M Jameson, Theoxenia , em R. Hagg (org.). Ancient Greek Cult Practice from the Epigraphical Evidence (Estocolmo, 1994), pp. 35-57, esp. pp. 48s; L. Bruit Zaidman, Ritual eating in archaic Greece: parasites and paredroi, cm Wilkins, Food in Antiquity, pp 196-2C3.

    20. Sobre a relao entre esses dois termos, cf. Ncsselran, Lukians Parasitendutlog, pp. 88-121 ; idem, Die attische minire Komdie (Berlim e Nova York, 1990), op. 309- 13: P. G. Brown, Menander, fragments 745 and 746K-T, Menanders Kolax, and parasites and flatterers in Greek comedy, Zeitschrift fur Papyrologie und Epigraphik, 92 (1992), pp. 91-107.

    21. Fcrcrates, ft. 150; Aristfanes, fr. 171 ; F. Frontisi-Ducroux, La bomolochia: autour de l'embuscade l'autel, Cahiers du Centre Jean Berard, 9 (Npoles, 1934), pp. 29-49; Nessclrath, Die attische minire Kon.die, pp. . 25-8; K. Dover, Aristophanes: Frogs (Oxford, 1993), p. 240. Explicao: Harpocration s.v. bemolocheuesthai.

    11. Eudikos: Aristoxcno, fr. 135 Wehrli (= Atltenaeus 19s). Agatoclcs: Diodcro Siculo 20.63.2.

    23. Sobre casamentos cf. R. Hague, "Ancient Greek wedding song?: the tradition of praise, Journal of Folklore Research, 20 (1983), pp. 131-43.

    24. E. Romagnoli, Studi Italians di filologia classica, 13 (1905). pp. 226, 251; E. Fraenkcl, Elementi Plautini in Plauto (Florena, 1960), pp. 163-4 e Addenda, p. 422; N. Dunbar, Aristophanes, Birds (Oxford, 1995,, pp. 487s.

    25. P Heidelberg 190, cf. R. Kassel, Kleine Schriften (Berlim e Nova York, 1991), pp. 418-21 (= Rheinisches Museum 99, 1956, pp. 242-5).

    26. Eupolis, fr. 385; Aristfanes, As rs 1451; Anaxandridcs fr. 10; A. Brclich. Glieroi greet (Roma, 1958), pp. 167-9.

    27. Embora provavelmente de maneira errada, esse santurio quase sempre identificado com aquele de Hracls cm Kinosarges, outro subrbio ateniense, onde os cnicos e os bastardos costumavam se encontrar, cf. R. Parker, Athenian History: a history (Oxford, 1996), p. 306

    28. Os sessenta: Athenaeus 260b (de Hcgesandcr), 614d-e (tambm citado em Telefanes). EstrbicoCalimedon: Timocles, fr. 29, cf. J. Davies, Athenian Propertied Families (Oxford, 1971), p. 279.

    29. Sobre clubes in-establishmeni similares, cf. Murray, Sympotica, p. 157.30. Trcia: Xenofonte, Anabasis 7.3.33 (Rci Seuthes). Macedonia: Demstcnes 2.19;

    Teopompo FGrH 115F162,236 (Filipe II); Plutarco, Moralist 6CB (Alexandre, o Grande); Athenaeus 130 (o palhao Mandrgencs). Sucessores: Athenaeus 195f (Antoco Epfanes danou nu com palhaos), 244-5 (Ptolemeu), 246 (Lisimaco); Josefo, Antiquitates 12.211-14 (Ptolemeu).

    31. Teopompo FGrH 115 F 283b; veja tambm Teofrasto, fr. 548 Fortenbaugh.32. Filogelos, n 148 (a piada uma verso "diluda de uma apophthegma atribuda ao

    rei macedonio Archclaos [Plutarco, Moraiia 177A]), cf. Aristfanes, Or pssaros 1440ss, Riqueza 338; Eupolis, fr. 194; Lsias 23.3, 24.20; Demstcnes 25.52; Menandro, Samia 510-13; Teofrasto, Characters 8; I olbio 3.20.5; Filodemo, De ira col. 2 1.23ss; Plutarco, Nlcias 30, Moraiia 509A; S. Lewis, "Barbers Shops and

  • PIADAS, COMEDIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS... 47

    perfume shops: 'symposia without wine, em A. Powell (org.), The Greek World (Londres, 1995), pp. 432-4'.

    33. Cf. Diodoro Siculo 20.63.2; Plutarco, Antonius9.5, SulL1 2; Dio Crisstomo 32.86, Athenaeus 261c, 464s; Cassio Dio 30.4 ; E. Rawson, "The vulgariry of the Roman mime, cm H. D. Jocelyn (org.), Tria Lustra (Liverpool, 1993), pp. 255-60.

    34. Plauto, Stick us 221: legos ridculos vendo., cavillattones, adsentatiunculas ac prrieratiunculas parasitica*; 4C.0 iho intro ad libros et discam de dictis melioribus, 454. Para o nome de Gelsimo, veja Fracnkcl, Elementi Plautini, 33. Parasitas plautinos: J. C. E. Lowe, Plautus parasites and the Atcllena, cm G. Vogt-Spira (org.), Studien zur vorliteraristhen Priode im friiben Rem (Tbingen, 1989), pp. 161-9.

    35. Veja Herman Roodcnburg, Captulo 8 deste livro.36. Para uma ecio excelente com traduo c comentrio, veja A. Thierfelder,

    Philogebs: der Lacbfreund (Munique, 1968). Para uma traduo inglesa, veja B. Baldwin, The Phtlogelos or Laughter-lover (Ansterd, 1983); sobre a tradio do texto, veja tambm o s:u "John Tzetzes and the Philogelos", Byzantion, 56 (1986),pp. 339-41.

    37. Cf. G. Ritter, Stvdien zur Sprache des Philogelos (Diss., Universidade da Basilia, 1955); L. Robert, Entretiens Hardt 14 (Genebra, 1968), p. 284.

    38. W.Gemoll, DasApophthegma (Viena c Leipzig, 1924), p. I , observa que a etimologia de apophthegma obscura, mas a relao com phthengcmai, falar alto, define a palavra comc um ato de falar mais marcado que apenas uma resposta normal. Para a ocorrncia da palavra nosculo IV, veja A. Lardinois, Wisdom in context: the use nfgnomic statements in archaic Greek poetry (Diss., Universidade de Princeton, 1995), pp. 18-19.

    39. As piadas quase no tm recebido ateno recentemente, mas veja J. Rouge, Le Philoglos et la navigation", Journal des savants (1987), pp. 3-12.

    40. Sobre os scholastikos, veja A. Claus, Ho scholastikos (Diss., Universidade de Colnia, 1965); acrescente sobretudo C. Rouech, Aphrodisias in Late Antiquity (Londres, 1989), rs 42-3, 45, 68-9; R. Kotansky, Magic in the court ol the governor of Arabia", Zeitschrift fiir Papyrologie und Epigraphik, 88 (1991), pp. 41-60, csp. pp. 52-3; T. Hickey, A fragment of a letter from a bishop to a scholastikos", ibid., 110 (1996), pp. 127-31

    41. Veja a discusso com nuanas en . I. Finley, Ancient Slavery and Modem Ideology (Nova York, 1980), pp. 93-122.

    42. T. Rutten, Demoknt, lachenderPhilosoph undsanguinischer Melanchdiker (Leiden, 1992), cujas consideraes sobre as fontes Cevem ser suplementadas com K. Brodersen, Hippokratcs und Artaxerxes. Zu P. Oxy. 1 184v, P. Bercli. Inv. 7094v und 21137, +934v", Zeitschrif fu r Papyrologie und Epigraphik, 102 (1994), pp. 100-10; R. Muller, Demokrit-der lachende Philosoph, em S. Jkele A. Timonen (orgs.), Laughter down the Centuries, I (Turku, 1994), pp. 39-51.

    43. V. Nutton, Tne medical meeting place, em P. J. van der Eijk et al. (orgs.), Ancient Medicine in it: Socio-Cultural Context (2 vols, Amsterd e Atlanta, 1S95), 1, pp. 3-

  • 48 UMA HISTRIA CULTURAL DO HUMOR

    22, csp. p. 18. tpico do status das piadas que elasno sejam mencionadas nesses excelentes livros.

    44. R. MacMulIcn, Enemies o f the Roman Order (NewHavcn e Londres, 1966), pp. 128-62; J. Brcmmcr, "Propnets, sects, and polit its in Greece, Israel and early modern Europe, Numen, 40 (1953), pp. 150-83)

    45. Pitgoras: Digenes l^rcio 8.20. Anaxgpras: Aclian Varia historia 8.13. Anacarsis; Athenaeus 613d.

    46. Frinico, fr. 19.47. Aristfanes, Paz 740-50. Aristfanes rcgularmcntc ejci'a os nuques crr icos de

    seus competidores, os quais, mais tarde, ele prpiio usa sem pudor, cf A. H. Sommcrstcin, Aristophanes: Peace (Warminster, 1985), p. 167; E. DcganicJ. M. Bremer, cm J. M. Bremer e E. W. Handley (cds), Arstnphane Entretiens Hardt, 38 (Genebra, 1993), p. 168.

    48. Degani, em ibid., pp. 8s.49. M. Hcrr.fcld, The Poetics o f Manhood (Pr nccton 1935), pp. 146-9.50. Sobre Plato, o simpsio c o riso, veja H. D. Ration, Laughter, humnr and

    related topics in Plato", Classiest et Medievalia, 27 (1956), pp. 1 86-213; M. Mader, Das Problem des Lichens und der Kcmodte bei Plator (Struttgart, 1977); 0 . J. dc Vries, Laughter in Plato", Mnemosyne, IV, 38 ( 1985), pp. 378-81 ; M. Tecusan, Logos Sympottkos: patterns cf the irrational in plilosophical drinking: Plato outside the Symposium", in Murray, Sympotica, pp. 218-60; Z. Stewart, Laughter and the Greek philosophers: a sketch, em Jakel e Ttmonen, Laughter down the Centuries, pp. 29-36. Acadcrma: Aelian, Varia historai.h. Charlato: Anphis, fr. 12.

    51. Davies, Athenian Propertied Families pp. 261s.52. Para uma boa introduo situao atual de nosso cmhecimcnta, veja R. Janko,

    Aristotle, Poetics (Indianpolis e Cambridge, 1987).53. Sobre Atistteles, sua escola e humor, vejaA. D. Leenan et al., M. Tullius Cicero,

    de oratore libri HL Kommentar (3 vols. Heidelberg, .989), III, pp. 190-200; H. Flashar, Aristotles, das Lachen und die alte Kcmolie", em Jakel e Timonen, Laughter down the Centuries, pp. 59-70.

    54. Alexis, ft, 160 com o comentrio de Kassel e Austin; V. J. Slater, Sympotic ethics in the Odyssey", em Murray, Symtsotica, pp. 213-20.G. !4agy, The BestoftheAcbaens (Baltimore e Londres, 1979), pp. 222-75 (acusao poesia); P. O Leary, Jeers and judgments: laughter in early Irish literature", Cambodge Medieval Celtic Studies, 22 (1991), pp. 15-29.

    55. Cf. P. W. van der Horst, Is wittiness unchristian! Anote on eutrapelia in Eph. V4", em idem. G. Mussies, Studies on toe Hellenisic Background o f the New Testament (Utrecht, 1990), pp. 223-37.

    56. Sobre esse avano vejaj. Bremmer, Walking, standing, nd sitting in ancient Greek culture", em J. Bremmer and H. Roodenburg (orgs ), /Cultural History ofGesture (Cambridge, 1991), pp. 16-35, esp. pp. 18-20.

    57. Aelian, Varia historia 8.13 (Aristxcnos), 13.18 (Dicniso); Alexis, fr. 201 (co-

  • PIADAS COMEPIGRAFOS E LIVROS DE PIADAS.. 49

    mdia). Sobre Pitgoras, veja o brilhante estudo de W. Burkert, Lore and Science in ancient Pythagoreanism (Cambridge, MA, 1972); J. Bremmer, Religious secrets and secrecy in classical Greece, cm H. Kippcnbcrg e G. Stroumsa (orgs.), Secrecy and Concealment (Leiden, 1995), pp. 61-78, csp. pp. 63-70 (alguns acrscimos).

    58. E. David, Laughter in Spartan society", cm A. Powell (org.), Clattical Sparta: techniques behind her success (Londres, 1989), pp. 1-25; N. Fisher, Drink, hyhris, and :hc promotion of harmony in Sparta, ibid., pp. 26-50.

    59. Van dcr Horst, Is wittiness unchristian? ', que tambm discute a atitude problemtica dos cristos em relao ao humor; acrescente agora K. Rahncr, Eutraplic", cm Dictionnaire de spiritualit asctique et mystique, vol. 4.2 (Paris, 1961) pp. 1726- 9; C. Spicq, Notes de lexicographie no-testamentaire: supplment (Friburgo c Gottingen, 1932), pp. 322-5; G. Luck, Humor", Reallexikon fur Antike und Christentum, 16 (Stuttgart, 1996], pp. 753-73 (no muito satisfatrio).

    60. Graa: Incio, Epistola 4.8; Clemente de Alexandria, Paedagogus 2.6.50, 2.7.53; Orlgencs, Fragmenta ex commentarii; in epistulam and Ephesios 24 (= Journal o f Theological Studies, 3, 19C2, 559); Basilico. Epistolas 2, 22.1; Joo Crisstomo, Patrologia Graeca 49.235; 58 516; 60.72; 62.120 c passim Riso; N. Adkin, The Fathers on laughter", Orpheus, 6 (1985), pp. 149-52; acrescente o provavelmente esprio tratado de Joo Crisstomo, Ascetam facetiis uti non dehere (Patrologia Graeca 48.1053-60).

    61. Essa oposio aos bufes regularmentc recorrente entre os doutores da Igreja. Veja, por exemplo, Astrio, Homilia 1.5.4 (que ainda combina bufes e parasitas); Grcgrio de Nissa, De beneficentia 9.105; Joo Crisstomo, Patrolcgia Graeca 58.665; 60.75; 62.120.

    62. Clemente de Alexandria, Paedagogus 2.5.45-8; Baslico, Patrologia Graeca 31.961.63. Cf. J. Bremmet, Symbols of marginality from early Pythagoreans to late antique

    monks, Greece and Rome, 39 (1992), pp. 205-14, esp. pp. 205-6; M. van Uytfranghc, LHagiographie: un genre chrtien u antique tardif, Analecta Rollandiana, 111 (1993), pp. 135-88.

    64. B. Sceidle, "Das Lachen im alten Monchtum, Benedtktinische Monatisckrift zur Pflege religiosen undgeistigen L 'tens, -20 (1938), pp. 2 7 1 -8 0 , reeditado era seu Beitrge zum alten Mnchtum und zur Benediktusregel (Sigmaringen, 1986), pp. 30-9; G. Schmitz, ... quod rident homines, plorandum est. Der Unwert des Lachens in mcnastisch gepragten Vorstellungen der Sptantikc und des frhen Mittclalters, cm F. Quarthal e W. Setzler (orgs.), Stadtverftssung Verfassungsstaat Pressepolitik (Sigmaringen, 1980), pp. 3-15; J. Le Goff, Le Rire dans les rgles monastiques du haut moyen ge, en C. Lepelley et al. (cds). Haut moyendge: culture, peducation et socit. tudes offertes Pierre Rich (La Garenne-Colombes, 1990), pp. 93-103, Le Goff, Captulo 3 deste livro.

    65. H. Rahner, Eutrapelie, einc vcrgessenc Tugend" Geist u n d Lehen, 27 (1954), pp. 346-53; M.-M. Dufeil, Risus in theologia Thome, cm T. Bouch e H. Charpentier (orgs.), Le Rire au Moyen ge dans la littrature et lets arts (Bordeaux, 1990),

  • 50 UMA HISTRIA CULTURAL D O HUMOR

    pp. 147-63; J. Morel, Pascal et la doctrine du rire grave", cm Mthodes chez Pascal ,Par'S l979J PP' 2 13'22; J- Viorrcall. The rejection of humor in Western

    though t , Philosophy East and West, 39 (1989), PP. 243-65; Verberckmoes. Captulo 6 deste livro. '