brasÍlia-df, sexta-feira, 18 de marÇo de 2016 cÂmara … · 2016-03-18 · fim do ano passado....

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defesa à comissão. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou que, para dar celeridade ao processo de impeachment, o Plenário terá sessões também às segundas e sextas-feiras. www.camara.leg.br/camaranoticias Disque - Câmara 0800 619 619 BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2016 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 18 | Nº 3573 | 3 a 5 A chapa indicada pelos líderes partidários foi eleita pelo Plenário de manhã e, à tarde, reuniu-se para escolher direção A Câmara notificou ontem mesmo o Palácio do Planalto sobre a eleição da comissão especial e a instalação do colegiado. A partir de agora, a presidente terá o prazo de dez sessões do Plenário para enviar sua Comissão do impeachment é instalada Rosso presidirá trabalhos; relator é Jovair Arantes Deputado do Distrito Federal encabeçou a chapa e marcou primeira reunião do colegiado para segunda-feira Durante a sessão de eleição, deputados favoráveis e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff se manifestaram em Plenário com cartazes e discursos | 3 Fabio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil

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Page 1: BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2016 CÂMARA … · 2016-03-18 · fim do ano passado. “Com a aprovação do Acordo de Paris, as pers-pectivas são positivas com relação

defesa à comissão. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou que, para dar celeridade ao processo de impeachment, o Plenário terá sessões também às segundas e sextas-feiras.

www.camara.leg.br/camaranoticiasDisque - Câmara 0800 619 619

BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2016 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 18 | Nº 3573

| 3 a 5

A chapa indicada pelos líderes partidários foi eleita pelo Plenário de manhã e, à tarde, reuniu-se para escolher direção

A Câmara notificou ontem mesmo o Palácio do Planalto sobre a eleição da comissão especial e a instalação do colegiado. A partir de agora, a presidente terá o prazo de dez sessões do Plenário para enviar sua

Comissão do impeachment é instalada

Rosso presidirá trabalhos; relator é Jovair ArantesDeputado do Distrito Federal encabeçou a chapa e marcou primeira reunião do colegiado para segunda-feira

Durante a sessão de eleição, deputados favoráveis e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff se manifestaram em Plenário com cartazes e discursos

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Fabio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil

Page 2: BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2016 CÂMARA … · 2016-03-18 · fim do ano passado. “Com a aprovação do Acordo de Paris, as pers-pectivas são positivas com relação

18 de março de 20162 | JORNAL DA CÂMARA

MUDANÇAS CLIMÁTICA

(61) 3216-1500 [email protected]

[email protected] | Redação: (61) 3216-1660 /1611 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1626

1º Vice-PresidenteWaldir Maranhão (PP-MA)

2º Vice-Presidente Giacobo (PR-PR)

1º SecretárioBeto Mansur (PRB-SP)

2º Secretário Felipe Bornier (PSD-RJ)

Presidente: Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Editora-chefeRosalva NunesEditoresSandra CrespoRalph Machado

DiagramadoresGilberto MirandaRenato PaletRoselene Guedes

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 55a Legislatura SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Jornal da Câmara

Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA)

Presidente do Conselho de Ética e Decoro ParlamentarJosé Carlos Araújo (PSD-BA)

Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos Lúcio Vale (PR-PA)

Corregedor ParlamentarCarlos Manato (SD-ES)

Procurador ParlamentarClaudio Cajado (DEM-BA)

3ª SecretáriaMara Gabrilli (PSDB-SP)4º SecretárioAlex Canziani (PTB-PR)

Suplentes:Mandetta (DEM-MS)Gilberto Nascimento (PSC-SP)Luiza Erundina (PSB-SP)Ricardo Izar (PSD-SP)

Ouvidor Parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP)

Coordenadora dos Direitos da Mulher Dâmina Pereira (PMN-MG)

Procuradora da MulherElcione Barbalho (PMDB-PA)

Secretário de Relações InternacionaisÁtila Lins (PSD-AM)

Diretor-Geral: Rômulo de Sousa Mesquita

Secretário-Geral da Mesa: Sílvio Avelino

Leia esta edição no celular

Papel procedente de florestas plantadas

Secretário: Cleber Verde (PRB-MA)

Diretor-Executivo: Claudio Lessa

Diretor de Mídias: Caíque Novis

Diretor de Agência e Jornal:

João Pitella Junior

A Agenda Institucional do Cooperativismo 2016 foi apresentada a parlamentares e representantes do governo e do Poder Judiciário durante encontro na Câmara. No do-cumento constam as princi-pais demandas do setor.

Hoje, são mais de 6 mil cooperativas atuando em 13 ramos da atividade econômi-ca no País. Juntas, elas ge-ram mais de 320 mil empre-gos diretos. Possuem mais de 11 milhões de associados e são responsáveis por cerca de 6 bilhões de dólares em ex-portação.

Projetos - Atualmente, tramitam na Câmara dos Deputados mais de 500 pro-posições envolvendo coope-rativismo. Para o coordena-dor da Frente Parlamentar do Cooperativismo, deputa-do Osmar Serraglio (PMDB- PR), há alguns pontos que já estão sendo discutidos há anos, mas não avançam.

AGENDASEXTA-FEIRA

18 de MARÇO de 2016

» Sessão soleneHomenagem ao Dia dos Contadores de História. Plenário Ulysses Gui-marães, 15h

Escolhido novo presiden-te da Comissão Mista de Mu-danças Climáticas, o deputa-do Daniel Vilela (PMDB-GO) disse que a comissão tem o dever de cobrar e fiscalizar o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris, firmado na COP-21, no fim do ano passado.

“Com a aprovação do Acordo de Paris, as pers-pectivas são positivas com relação ao alcance das me-tas para frear o aquecimen- O deputado Daniel Vilela

Comissão deve fiscalizar metas da COP-21to global”, afirmou duran-te reunião da comissão, na quarta-feira (16).

O novo relator dos traba-lhos (que presidiu a comissão no ano passado), senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), ressaltou que é preciso reduzir as emissões, sobretudo na área da mobili-dade urbana no Brasil.

“O País produz muito CO2 em função do modal de transporte adotado, que é muito focado em caminhões

e veículos pesados”, disse.Audiência - A comissão

aprovou a realização de au-diência pública sobre o pla-nejamento político e estra-tégico para o uso de energia renovável em escala por companhias de serviços pú-blicos. O debate deve ter a participação de David Mo-oney, diretor do Centro de Análise Estratégica de Ener-gia do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos.

320 milempregos diretos são gerados no País pelas cooperativas

O coordenador da frente parlamentar, deputado Osmar Serraglio

Frente do Cooperativismo apresenta agendaAtualmente tramitam na Câmara dos Deputados, segundo o grupo, mais de 500 proposições envolvendo o tema

Na avaliação do parla-mentar, o sistema tributário das cooperativas e a defini-

ção de como deve ser cons-tituída uma cooperativa de-vem ser prioridades.

“O tratamento adequado que a Constituição preconiza no sistema tributário às coo-perativas tem sido uma luta de anos, que nós estamos en-frentando, e que nunca con-cluímos porque sempre há uma pendência ou uma res-trição por parte da Receita Federal”, afirmou.

Objetivos comuns - Uma cooperativa é formada por pessoas com objetivos co-muns e divisão dos bene-fícios e obrigações. Para Serraglio, esse tipo de asso-ciação ajuda a enfrentar as dificuldades econômicas.

“Se eu vou precisar ad-quirir insumos para produ-zir na agropecuária, é dife-rente se nós nos unirmos e

comprarmos, bem fortaleci-dos, grandes compras, outra é eu ir à esquina e comprar sozinho. Se eu estou associa-do, vou ter um custo menor, além de ter um amparo téc-nico”, explicou.

Além disso, Serraglio res-saltou os benefícios finan-ceiros que são fundamentais para que as pessoas queiram fazer parte de uma coopera-tiva: “Imagine que os coo-perados precisem de algum recurso e, em vez de se diri-girem ao sistema financeiro normal eles vão a um ban-co cooperativo, os juros são outros, são diferenciados. Na verdade, a cooperativa é uma grande família onde to-dos se ajudam mutuamente e se fortalecem”.

A Frente Parlamentar do Cooperativismo, criada em 1986, é uma das mais anti-gas da Câmara. Atualmente, quase metade dos deputados faz parte do grupo.

Lucio Bernardo Jr

Lucio Bernardo Jr

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JORNAL DA CÂMARA | 318 de março de 2016

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou on-tem, por 433 votos a 1, a lista com as indicações dos líderes partidários para a composi-ção da comissão especial do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A comissão especial foi instalada à noite, com 65 titulares e igual número de suplentes. Para coordenar o colegiado, líderes de 13 partidos apresentaram uma chapa única, eleita com 62 votos favoráveis e 3 absten-ções. O presidente será Ro-gério Rosso (PSD-DF), e o relator, Jovair Arantes (PTB- GO). Os dois também são lí-deres dos seus partidos.

Por acordo entre esses lí-deres, também foram indica-dos na chapa três vice-pre-sidentes: Carlos Sampaio (PSDB-SP), primeiro; Maurí-cio Quintella Lessa (PR-AL), segundo; e Fernando Coelho Filho (PSB-PE), terceiro. PT e PCdoB anunciaram na reu-nião que poderão recorrer à Justiça, sob argumento de que a Lei do Impeachment (1.079/50) só prevê eleição de presidente e relator.

Após assumir o comando da comissão especial, Rosso disse que o processo será desenvolvido “com sereni-dade, preservando o direito de todos os envolvidos”. Ele marcou reunião extraordi-nária na segunda-feira (21), às 17h, para apresentação do plano de trabalho, a cargo do relator, e discussão dos pro-cedimentos internos.

Em rápido discurso após a eleição, Jovair Arantes afir-mou que teve que consultar a família antes. “Quando digo que esse relatório será importante, com certeza vai desagradar um dos lados. Mas tenho que agir como magistrado”, disse.

Memória - O pedido de impeachment de Dilma por suposto crime de respon-sabilidade foi apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, e aceito pelo pre-sidente da Câmara, Eduardo Cunha, em dezembro.

Os autores argumentam que Dilma ofendeu a lei or-çamentária, nos anos de 2014 e 2015, ao ter autoriza-do a abertura de créditos or-çamentários, ampliando os

O 1º secretário da Câma-ra dos Deputados, Beto Man-sur (PRB-SP), entregou na tarde de ontem, no Palácio do Planalto, notificação so-bre o início dos trabalhos da comissão especial do impea-chment da presidente Dilma Rousseff. Assim, começou a contar o prazo de dez sessões do Plenário da Câmara para que a presidente se defenda

O Plenário aprovou a chapa única indicada pelos líderes partidários, composta por 65 titulares

Zeca Ribeiro

Mansur entrega notificação no Planaltodas denúncias na comissão.

Mansur informou ainda que foram juntadas ao pro-cesso principal as denúncias feitas na delação premiada, na Operação Lava Jato, fei-ta pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e divulga-das nesta semana. Segundo o deputado, a anexação foi autorizada pela Secretaria- Geral da Mesa Diretora.

O líder do governo na Câ-mara, José Guimarães (PT- CE), minimizou a decisão de juntar as denúncias de Del-cídio ao pedido de impeach-ment. “Tudo isso vai para dentro da comissão, não tem novidade nenhuma, todo mundo já sabe o que foi a delação, portanto são peças que já estão no tabuleiro da disputa política”, disse.

Começa o processo do impeachment de DilmaComissão especial eleita pelo Plenário foi instalada ontem; o presidente é Rogério Rosso, e o relator, Jovair Arantes

A comissão especial do impeachment reuniu-se à noite e elegeu presidente, três vices e relator

gastos incompatíveis com a obtenção da meta de resulta-do primário prevista em lei.

Vice-líder do governo, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse ontem em Ple-nário que a base do impeach-

ment é o inconformismo da oposição com a derrota nas eleições de 2014. “De lá para cá, a oposição falou apenas nesse tema. Eles estão in-conformados”, disse. “O que estamos vendo aqui hoje é

um ataque à democracia. A pior forma de corrupção é corromper a Constituição.”

Julgamento - Detalhes do rito do processo de im-peachment foram definidos pelo Supremo Tribunal Fe-

deral em dezembro, mas de-vido a embargos de declara-ção apresentados pela Mesa Diretora, somente na quar-ta-feira (16) os ministros ra-tificaram toda a decisão.

Respeito - Cunha dis-se ontem em Plenário que, diante da gravidade do pro-cesso, é preciso conduzi-lo com respeito à Constituição e ao Regimento Interno.

“Estamos vivendo um momento importante, de um processo que foi judicia-lizado, e embora não tenha havido a concordância [da Câmara com o STF sobre as regras], cabe a nós respeitá- las e cumpri-las”, disse. “So-bretudo precisamos de res-peito ao Parlamento e a to-dos os partidos constituídos, em igualdade de condições.”

Gustavo Lima

O deputado Rogério RossoGustavo Lima

O deputado Jovair Arantes

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18 de março de 20164 | JORNAL DA CÂMARA

A maioria dos líderes par-tidários na Câmara pediu cal-ma e serenidade na análise do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O argumento é de que o proces-so é grave, e não deve ser le-vado com exaltação, no Con-gresso ou nas ruas.

Moderação foi a palavra mais usada. Isso não impediu que os ânimos ficassem acir-rados no Plenário, mas os de-putados mantiveram a ordem, apesar dos gritos de “golpis-tas” ou “fora Dilma”.

O deputado Roberto Freire (PPS-SP), disse que o PT par-ticipou ativamente do impe-achment de Fernando Collor e apresentou pedidos contra Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. “Naque-la vez não era golpe. Agora é golpe?”

A deputada Moema Gra-macho (PT-BA) disse que não há motivos para afastar Dil-ma e criticou o fato de a sessão estar sendo comandada pelo presidente da Câmara, Edu-ardo Cunha, que teve o nome citado na Operação Lava Jato e agora é réu no Supremo Tri-bunal Federal. Cunha alega inocência.

Avaliações - Para o líder da Minoria, Miguel Haddad (PS-DB-SP), o impeachment não é iniciativa dos parlamenta-res, mas uma reivindicação das ruas.

O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), considerou que a presidente cometeu um “es-telionato” para se reeleger em 2014. “O brasileiro não quer mais ver este governo provo-car fraudes de todo tipo.”

O líder do DEM, Pauder-ney Avelino (AM), disse que o momento é histórico. “Repu-diamos aqueles que dizem que impeachment é golpe. Quan-do o processo é feito obede-cendo às leis, é mais do que legitimo.”

O líder do PT, Afonso Flo-rence (BA), rebateu a tese de que há motivos para o impea- chment por suposto crime de responsabilidade, porque não haveria justificativa jurídica e no campo político. “Dilma teve mais de 50 milhões de votos. Haver manifestações de oposição, de tamanho re-conhecível, não dá legitimi-dade.”

Para o líder do PCdoB,

Daniel Almeida (BA), a saída para a crise não é o impeach-ment. Segundo ele, “nenhum jurista sério” levaria em conta as chamadas “pedaladas fis-cais”.

O líder do Psol, Ivan Va-lente (SP), disse que não existem razões para aprovar o impeachment. “Impopula-ridade não tira presidente da República, porque isso pode ser acusado de golpe.”

Responsabilidade - Agui-naldo Ribeiro (PB), líder do PP, pediu respeito e tranquili-dade. “Peço a todos, membros ou não da comissão, respon-sabilidade para compreender o momento que o País vive, para não incitarem as ruas, porque o momento é de re-flexão.”

O líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), reco-mendou equilíbrio e respon-sabilidade para enfrentar “um dos momentos mais delicados da história do País”.

Pelo PMDB, Leonardo Pic-ciani (RJ), pediu moderação. “Estamos num momento de gravidade política, institucio-nal e econômica, de modo que o Congresso deve ser movido por moderação e diálogo.”

O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), sugeriu sere-nidade, “porque faltam pou-cos dias para o desfecho do processo definitivo de afas-tamento da presidente”.

Fernando Coelho Filho (PE), líder do PSB, pregou respeito. “A postura será a de respeitar o direito e a opi-nião de cada um, para que seja um processo o mais tranquilo possível”, afirmou.

Líder do Pros, Ronaldo Fonseca (DF) disse que o par-tido agirá para aprovar o im-peachment e abreviar “a dor que o Brasil está sofrendo”.

Popularidade - O líder do PDT, Weverton Rocha (MA), alertou para o risco de ser inaugurada no Brasil uma modalidade de disputa polí-tica na qual governos que não estejam bem em popularidade sejam retirados do poder.

O líder do PSC, Andre Moura (SE), entretanto, re-bateu o argumento de Rocha. “Não, isto é para quem des-via dinheiro público. Vamos dizer um basta para este go-verno corrupto,”, disse o par-lamentar.

Líderes recomendam moderação no debate

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JORNAL DA CÂMARA | 518 de março de 2016

O presidente da Câma-ra dos Deputados, Eduardo Cunha, defendeu ontem que o seu partido, o PMDB, re-solva imediatamente se vai deixar ou não a base de apoio à presidente Dilma Rousseff. Na avaliação dele, o PMDB deveria sair do governo, en-tregar os ministérios e atu-ar com independência nas votações no Congresso Na-cional. Ele reafirmou que se empenhará para conduzir o impeachment de Dilma com a maior celeridade possível e pediu o comparecimento dos deputados inclusive às segundas e sextas-feiras.

Cunha lembrou que, em convenção no sábado (12), o PMDB fixou um prazo de 30 dias para o diretório na-cional decidir se o partido fica na base do governo. “O PMDB está em um processo de profunda divisão e de dis-cussão da saída do governo. Defendo que a reunião do di-retório aconteça já, imedia-tamente. Não dá para ficar só no aviso prévio; o PDMB tem que decidir”, afirmou.

“Como integrante do PMDB, acho que o partido tem que sair, não tem mais que apoiar este governo, in-dependentemente do impe-achment. A forma de gover-nar não é a forma à qual o PMDB deve estar associa-do. Tem que sair, entregar os ministérios e atuar com

A decisão da Justiça Fe-deral de suspender o ato de nomeação do ex-presiden-te Luiz Inácio Lula da Sil-va como ministro da Casa Civil repercutiu ontem en-tre os deputados. A liminar foi emitida pelo juiz Itagiba Catta Preta Neto, do Distri-to Federal, que entendeu que há crime de responsabilida-de na nomeação. A Advoca-cia-Geral da União recorreu

Parlamentares do PT não reconhecem a valida-de da liminar. O líder do PT na Câmara, Afonso Floren-ce (BA), destacou que a de-cisão foi tomada por um juiz de primeira instância. Vice--líder do partido, o deputa-do Henrique Fontana (RS) acrescentou que a prerroga-

Lucio Bernardo Jr.

tiva de nomear ministros é da presidente da República. “Lula está nomeado minis-tro. O ato da presidente é um

ato legítimo, e eu não parto do pressuposto das notícias que circulam, porque nós vi-vemos um momento de boa-

taria”, afirmou.Representação - Também

ontem, líderes da oposição protocolaram, na Procura-doria-Geral da República, uma representação em que pedem a abertura de inqué-rito contra Dilma para inves-tigar a prática de crimes de prevaricação, fraude proces-sual e favorecimento pessoal na nomeação de Lula.

Para o líder do PPS, Ru-bens Bueno (PR), é necessá-rio que as instituições cum-pram o papel de defender os interesses do País. “O ato de nomeação de Lula, por si só, já caracteriza clara obstru-ção da Justiça”, disse.

O líder do DEM, Pauder-ney Avelino (AM), afirmou que contava desde cedo

com a suspensão da posse. Segundo ele, Dilma “esbo-feteou” o povo brasileiro. “Com isso, ela está a um pas-so de fazer com que o Brasil se transforme em um país convulsionado”, disse.

Manifestações - Durante a posse de Lula, na manhã de ontem no Palácio do Pla-nalto, manifestantes a favor do governo se reuniram na Praça dos Três Poderes. Já os defensores do impeachment ficaram no Eixo Monumen-tal, entre o Congresso Nacio-nal e o Ministério da Justiça. Houve momentos de ânimos acirrados e tensão. No início da noite, manifestantes vol-taram à Esplanda dos Minis-térios para um novo protesto contra o governo.

Manifestantes a favor e contra a posse de Lula ocuparam a praça

Suspensão da nomeação de Lula repercute na Câmara

Cunha pede que o PMDB saia do governoPara o presidente da Câmara, se Dilma quiser enfrentar o impeachment, basta entregar imediatamente a defesa

Alex Ferreira

“Como integrante do PMDB, acho que o partido tem que sair, entregar os ministérios e atuar com independência.”Deputado Eduardo Cunha

independência nas matérias que são para o bem do País”, completou.

Segundo Eduardo Cunha, o fato de o presidente nacio-nal do PMDB e vice-presi-dente da República, Michel Temer, não ter comparecido ontem à posse do ex-presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Civil foi um protesto contra a nomeação do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para a Secreta-ria de Aviação Civil. No sá-bado, o PMDB havia proibi-do os seus filiados de aceitar cargos até sair a decisão so-bre a permanência ou não no

governo. Lula e Mauro Lopes assumiram os cargos duran-te a mesma cerimônia no Pa-lácio do Planalto.

“O ministro ocupar o cargo é uma questão pesso-al, mas o fato de o governo nomeá-lo é um desrespeito ao partido. A nomeação foi uma afronta ao PMDB, que recebeu como resposta o não comparecimento do presi-dente do partido à posse. A ausência ocorreu em função disso”, explicou.

Impeachment - Cunha lembrou que, notificada ontem da formação da co-missão especial na Câma-

ra, Dilma terá um prazo de 10 sessões para apresentar a defesa. O tempo estimado para a conclusão do processo na Casa é de 45 dias. “Pode-rá ser até antes: se a presi-dente quiser enfrentar logo essa votação, como o líder do governo vem dizendo, é só entregar imediatamente a defesa, pois o teor da acu-sação já é conhecido desde dezembro”, disse.

O presidente disse que o processo começou em 2 de dezembro, quando houve a aceitação do impeachment, depois interrompido pela “judicialização” do assunto

– o recurso do PCdoB ao Su-premo Tribunal Federal con-tra as regras de funciona-mento da comissão especial.

Agora, de acordo com Cunha, haverá a sequência célere que um processo desta gravidade exige. “Teremos sessão de debates no Plená-rio nesta sexta-feira (hoje), normalmente. Cada um vai seguir a sua consciência: oss que efetivamente acham que esse processo é relevante e precisa de celeridade vão es-tar aqui para dar presença. Também já estava combina-da a sessão na segunda-feira (21). Depende muito da Casa, mas estarei aqui toda segun-da e sexta”, ressaltou.

Cunha também avaliou o fato de as discussões no Ple-nário estarem tensas. “É da natureza do processo políti-co. A tendência é ficar a cada hora mais tenso, mas temos experiência para lidar com esse tipo de situação e vamos fazer o nosso papel de tentar baixar a temperatura quan-do os ânimos se acirrarem.”

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, concede entrevista na qual comentou o processo

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18 de março de 20166 | JORNAL DA CÂMARA

Deputados e senadores já apresentaram cerca de 100 emendas ao texto enviado pelo Executivo

Parlamentares tentam garantir mais recursos para limpeza nas ruas e apoio a famílias de crianças com microcefalia

Emendas sugerem mudanças em MP sobre AedesParlamentares querem

alterações no texto da Me-dida Provisória 712/16, que prevê medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e febre chikungunya. A MP foi defendida por represen-tantes de três ministérios em audiência da comissão mista que analisa o texto.

Cerca de 100 emendas fo-ram apresentadas por depu-tados e senadores ao texto, que permite que autoridades do Sistema Único de Saúde (SUS) determinem a entrada forçada em imóveis abando-nados para combater o mos-quito.

Entre outros pontos, as emendas tentam garantir re-cursos para o combate ao Ae-des aegypti e apoio às famílias com crianças com microce-falia e outras doenças decor-rentes do zika vírus.

Segurança jurídica - O relator da MP, deputa-do Newton Cardoso Junior (PMDB-MG), cobrou do Mi-nistério da Justiça soluções para outra preocupação ma-nifestada nas emendas par-lamentares: a segurança ju-rídica do ingresso forçado de agentes de saúde em imóveis fechados.

“O que mais preocupa, em um primeiro momento, são as consequências jurídi-cas e os impactos da entra-da forçada nas residências. O ministério tem a respon-sabilidade de garantir a or-

dem institucional, a partir do momento em que as ca-sas começam a ser abertas por profissionais ligados ao Ministério da Saúde ou às prefeituras. Vocês precisam

estar preparados para recep-cionar as consequências des-ses atos”, afirmou.

Autor de uma das emen-das, o deputado Alfredo Kae- fer (PSL-PR) sugeriu multa,

equivalente a 10% do salário mínimo, para proprietários relapsos que dificultarem o acesso dos agentes de saúde a residências ou outras tipos de propriedade.

Outra emenda de Kaefer quer acabar com o estoque de veículos em depósitos dos Detrans estaduais, que hoje servem de foco para o mos-quito. O deputado pede a re-alização de leilões dos bens a cada 90 dias.

Emenda do presidente da comissão mista, senador Paulo Bauer (PSDB-SC), su-gere que todos os órgãos pú-blicos dediquem pelo menos um dia da semana para in-tensificar e dar mais visibi-lidade a ações contra o mos-quito.

Dificuldade de acesso - Na audiência pública, o coorde-nador do Programa Nacio-nal de Controle de Dengue do Ministério da Saúde, Gio-vanini Coelho, defendeu a aprovação da MP e lembrou que, da meta de 67 milhões de imóveis que precisam ser vistoriados em busca de fo-cos do mosquito, 16% não fo-ram visitados por dificuldade de acesso.

“Esse percentual médio varia de estado para estado. Em São Paulo, por exemplo, a taxa de casas não visitadas é de 27%. Isso significa que, mesmo com todo o esforço de mobilização da comuni-dade e do trabalho dos ór-gãos públicos, ainda há um residual de imóveis que não foram trabalhados e que po-dem se constituir em focos geradores permanentes de proliferação do mosquito Ae-des aegypti”, advertiu.

O coordenador da comis-são externa da Câmara so-bre o zika vírus, Osmar Terra (PMDB-RS), também cobrou mais recursos do Orçamento da União para tentar barrar os possíveis efeitos da epi-demia.

“Essa será a mais gra-ve e a pior das epidemias. O mosquito existe em todo o Brasil. As notificações de microcefalia estão crescen-

A assessora da Diretoria de Controle de Monitoramen-to Sanitário da Agência Na-cional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa), Patrícia Azevedo Chagas, informou em audiên-cia da CPI dos Crimes Ciber-néticos que o órgão atua para retirar do ar páginas de venda de medicamentos abortivos, quando recebe denúncias.

Segundo Patrícia, é mais recorrente na rede a venda do Citotec (medicamento abor-tivo que é regular em muitos países) por meio de sites es-trangeiros. Quando os medi-camentos ilegais são encon-trados nos Correios e a Anvisa é notificada, a encomenda é retida e encaminhada à Polí-

Brasil vive a mais grave das epidemias, diz Terrado em uma taxa de 5% a 7% por semana. A taxa é alta e, mais ou menos, 40% a 50% dos casos se confirmam. As-sim, chegaremos ao fim do ano com 100 mil notificações de microcefalia”, alertou.

Osmar Terra ressaltou ainda que, além da microce-falia, há associação do zika com outras alterações cere-brais em crianças e com a síndrome de Guillain-Barré.

Efeitos demográficos - Ao defender a MP, o secretário executivo do Ministério do Planejamento, Francisco Gaetani, chamou a atenção para o risco de efeitos de-mográficos no País diante da possibilidade de mulheres adiarem os planos de gravi-dez devido ao temor da asso-ciação do zika com a micro-cefalia e outras doenças que atingem bebês.

Anvisa diz que atua para coibir venda de medicamentos abortivos

cia Federal para investigação, explicou. 

Para prevenir a comercia-lização, a Anvisa assinou, por exemplo, termo de coopera-

ção com a página Mercado Li-vre, para retirar do ar anún-cios de venda.

Páginas ativas - O debate foi solicitado pelo deputado

Flavinho (PSB-SP). Segundo ele, as páginas oferecendo os produtos ainda estão disponí-veis e que esses medicamen-tos continuam sendo comer-cializados, mesmo proibidos. O deputado identificou pelo menos seis páginas ativas que comercializam os medi-camentos e entregou a lista à representante da Anvisa.

“Temos nomes, endereços, IPs. São atos ilegais, então a Polícia Federal e o Ministério Público serão contatados para que de fato possam ter ação concreta. A partir dessa ação punitiva e inibitiva, a gente quer melhorar a legislação para de fato fechar todas as brechas”, acrescentou.

Ecomendas - O gerente corporativo de Negócios In-ternacionais de Importação dos Correios, Nailton Alves de Oliveira, disse que o órgão faz controle preventivo das mercadorias que entram no País. Hoje, explicou, “100% das encomendas internacio-nais são submetidos a contro-le por meio de raio-x”.

Gerente corporativo do órgão de gestão de encomen-das dos Correios, Antonio Carlos Kruel informou que 64 milhões de objetos passaram pelos Correios apenas no ano passado, dificultando a ques-tão da segurança. Segundo ele, o maior cliente hoje é o Mercado Livre.

O deputadop Flavinho (C) foi o autor do pedido da audiência

Lucio Bernardo Jr.

Luis Macedo

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Comissão especial faz mudanças e define projeto de lei de conversão, que será analisado pelo Plenário da Câmara

Aprovada MP sobre bloqueio de vias públicas

ECONOMIA

Convidados defendem legalização dos jogos no Brasil

JORNAL DA CÂMARA | 718 de março de 2016

A Comissão Mista que analisa a Medida Provisória 699/15 aprovou na quarta--feira o relatório do sena-dor Acir Gurgacz (PDT-RO). Como houve modificações, a MP foi aprovada na forma de projeto de lei de conversão, que agora segue para análi-se da Câmara.

O texto modifica o Có-digo de Trânsito Brasileiro (CTB, Lei 9.503/97), definin-do como infração gravíssima a conduta de usar veículo para interromper, restringir ou perturbar deliberada-mente a circulação em vias públicas. A mesma punição será aplicada a pedestres que fizerem o bloqueio.

De acordo com a pro-posta, o infrator será puni-do com multa de R$ 3.830,8 (20 vezes o valor de uma infração gravíssima) e sus-pensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência no período de 12 meses, a multa será apli-cada em dobro.

Como medida adminis-trativa, no caso de interrup-ções causadas por veículos, o texto estabelece a remo-ção do automóvel da via e prevê a punição dos organi-

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A proposta aprovada prevê anistia para caminhoneiros que fizeram protesto em novembro de 2015

“A intenção é diminuir o número de acidentes e de vítimas no trânsito. Será um avanço muito grande.”Senador Acir Gurgacz

zadores da interrupção com multa de R$11.492,4 (60 ve-zes o valor de uma infração gravíssima).

Alcoolizado - A proposta também aumenta a punição para o crime de homicídio culposo na direção de veí-culo por motoristas que es-tejam com a capacidade psi-comotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência.

O senador Gurgacz re-vogou parágrafo que trata-va dessa penalidade no CTB para adotar a punição pre-vista no Código Penal e em outro artigo do CTB. Com a mudança, a pena de reclu-são,- que poderia chegar no máximo a quatro anos, po-derá ser de 10 anos.

Anistia - Outra impor-tante mudança feita na MP, de acordo com Gurgaz, foi em relação à anulação de

multas aplicadas anterior-mente à medida. No tex-to aprovado pela comissão especial, o senador acatou emenda que concede anis-tia às multas e sanções apli-cadas aos caminhoneiros participantes do movimen-to grevista iniciado em 9 de novembro de 2015.

Esse movimento obs-truiu as estradas do País como forma de manifesta-ção contra o valor do frete,

a alta de impostos, eleva-ção nos preços de combus-tíveis, dentre outras reivin-dicações.

Guincho - O projeto tam-bém modifica o código de trânsito para permitir que os serviços de remoção, de-pósito e guarda de veículo sejam executados por órgão público ou por particular contratado por licitação pú-blica. No último caso, o pro-prietário do veículo pagará diretamente ao contratado. Mas a medida não impede que os estados estabeleçam a cobrança por meio de taxa instituída em lei.

Por fim, o texto aprova-do permite a integração dos órgãos e entidades do Sis-tema Nacional de Trânsito com o objetivo de melhorar a fiscalização, inclusive por meio do compartilhamento da receita arrecadada com a cobrança das multas.

Em audiência da comis-são especial criada para analisar o marco regula-tório dos jogos no Brasil, realizada na quarta-feira, o presidente da Associa-ção Brasileira dos Bingos, Cassinos e Similares (Abra-bincs), Olavo Sales da Sil-veira, defendeu tributação menor das casas de jogos. Ele foi convidado para par-ticipar do debate a pedido do deputado César Halum (PRB-TO).

Silveira apresentou aos deputados sugestões para a regulamentação usando como base proposta que está em estágio avança-do de discussão no Senado (PLS 186/14). O texto auto-riza o credenciamento de uma casa de bingo a cada 150 mil habitantes de um município e até 35 cassinos

Zeca Ribeiro

Na audiência, houve protestos contra a legalização dos jogos

no País, e proíbe que políti-cos explorem jogos de azar.

Segundo o projeto, o Brasil poderia arrecadar R$ 15 bilhões. O texto esta-belece tributo com alíquo-ta de 10% sobre a receita bruta de estabelecimen-tos como bingos e de 20% no caso de jogos on-line. Mas, segundo Silveira, a receita bruta não pode ser considerada para o cálculo porque se confunde com o chamado “giro de apostas” – valor obtido pela soma de todas as apostas do dia. Para ele, a tributação deve ser feita com base na dife-rença entre apostas e prê-mios pagos.

O projeto também cria um cadastro de pessoas viciadas em jogos, os cha-mados “ludopatas”, que seriam proibidos de entrar

em casas de bingos, casi-nos e estabelecimentos de jogos em geral.

Controle - Paulo de Mo-rais, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, também de-fendeu a regulamentação e rebateu uma das principais

críticas – a de que apostas em bingos, cassinos e jo-gos pela internet permitem a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal.

O advogado afirmou que, como os jogos já exis-tem clandestinamente, po-dem ocorrer crimes; se le-

galizados, serão submetidos à lei de combate à lavagem de dinheiro (Lei 12.683/12), que prevê mecanismos de controle sobre movimenta-ções financeiras.

Morais também men-cionou recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que confirmou a validade de uma lei que dá à Receita Fe-deral o poder de acessar as movimentações financeiras diretamente junto aos ban-cos. O mesmo vale para au-toridades tributárias de es-tados e municípios.

Apoio - O presidente da comissão especial, Elmar Nascimento (DEM-BA), apoia a regulamentação desde que as penas para crimes decorrentes da ati-vidade sejam equiparadas às previstas para casos de lavagem de dinheiro.

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18 de março de 20168 | JORNAL DA CÂMARA

FUNDOS DE PENSÃO

Após investigação, Carf muda procedimentosEm CPI da Câmara, presidente do órgão também diz desconhecer processos sob suspeita e valores envolvidos

Luis Macedo

O presidente do Carf, Carlos Alberto Freitas Barreto (D), durante o depoimento à CPI da Câmara

“Pelo que o senhor fala, parece que está tudo bem, mas não está tudo bem.”Deputado José Carlos Aleluia

Durante quatro horas de depoimento, o presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Carlos Alberto Freitas Barreto, expli-cou aos deputados da Comis-são Parlamentar de Inquérito na Câmara as mudanças feitas nos procedimentos depois da deflagração da Operação Ze-lotes, no ano passado. Bar-reto, entretanto, deixou os membros da CPI do Carf insa-tisfeitos ao dizer que não tem como apontar que processos estão sob suspeita ou os va-lores envolvidos.

O Carf é um órgão do Mi-nistério da Fazenda encar-regado de julgar recursos de empresas autuadas pela Re-ceita Federal. Segundo a Po-lícia Federal, há indícios de venda de sentenças e as sus-peitas recaem sobre conse-lheiros e ex-conselheiros, que teriam atuado em benefício de grandes grupos econômicos a partir de intermediários.

As investigações apon-tam prejuízos de R$ 19 bilhões para a Receita Federal. Entre os suspeitos estão 24 pessoas, pelo menos 15 escritórios de advocacia e consultoria, além de empresas. Segundo Barre-to, todos os processos em jul-gamento pelo órgão, soma-dos, totalizam R$ 300 bilhões.

Mudanças - Segundo o presidente do Carf, uma das mudanças foi evitar o dire-cionamento de processos. “O processo passou a ser dis-tribuído aleatoriamente por meio de sorteio eletrônico, em sessão pública. Primeiro é sorteado para a turma de julgamento e depois para o conselheiro”, disse.

Outra mudança foi a proi-bição de conselheiros exerce-rem paralelamente a advoca-

cia. “O advogado tem que se licenciar da Ordem dos Ad-vogados do Brasil para atuar no Carf”, disse, em resposta a João Carlos Bacelar (PR-BA), relator da CPI. O Carf tam-bém eliminou a possibilidade de sucessivos pedidos de vista – outro fator que, segundo a PF, ajudava as fraudes.

A Operação Zelotes sus-peita ainda que houve paga-mento de propina em troca da inclusão de benefícios fiscais

a grupos econômicos na edi-ção e aprovação de três medi-das provisórias. Ao responder pergunta do relator, Barreto alegou não ter como informar detalhes. “Eu não recebi in-formação oficial a respeito das investigações e conclusões da Operação Zelotes”, disse.

Críticas - Deputados criti-caram o rito processual dos recursos das empresas con-tra autuações do Fisco. “Pelo que o senhor fala, parece que

está tudo bem, mas não está tudo bem”, disse José Carlos Aleluia (DEM-BA). Delegado Éder Mauro (PSD-PA) criti-cou a postura de Barreto dian-te das denúncias. “O senhor, como presidente, teria condi-ções de apurar internamente o caso”, afirmou.

Arlindo Chinaglia (PT SP) questionou o fato de a Fa-zenda não ter como ir à Justi-ça quando o Carf dá ganho de causa a devedores. “A empre-sa, se perder no Carf, pode re-correr à Justiça. E nem sequer deposita em juízo a quantia devida enquanto tramita o recurso. Diante disso, é pos-sível questionar a existência do próprio Carf”, disse.

Convocações - Os requeri-mentos de convocação serão votados pela CPI no próxi-mo dia 31. Deputados que-rem convocar o ex-presiden-te Luiz Inácio Lula da Silva e Luís Cláudio, um dos filhos dele e suspeito de ter recebi-do dinheiro de empresas be-neficiadas por MPs.

CPI quebra sigilos de empresário preso na Lava JatoLucio Bernardo Jr.

A CPI dos Fundos de Pen-são quebrou os sigilos do em-presário Adir Assad, conde-nado pela Justiça Federal após ter sido investigado na Operação Lava Jato. O reque-rimento foi aprovado ontem

Com a medida, a CPI terá acesso aos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemáti-co de Assad e de oito empre-sas. Ele prestou depoimento na semana passada, mas não respondeu a maioria das per-guntas.

Assad foi condenado em setembro último por lavagem de dinheiro e associação cri-minosa. Na CPI, também é suspeito de usar suas empre-sas para lavar dinheiro apli-cado por fundos de pensão no Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC)

denominado Trendbank.Os negócios teriam con-

tribuído para os atuais defi-cits nos fundos de pensão dos funcionários da Petrobras

(Petros) e dos Correios (Pos-talis), investigados pela CPI.

Cachoeira - O presidente da CPI, Efraim Filho (DEM- PB), citou outra linha inves-

tigativa que associa Assad à extinta CPI mista que apurou a ligação do bicheiro Carli-nhos Cachoeira com agentes públicos, em 2012.

“Quem acompanhou a delação premiada do sena-dor Delcídio Amaral (sem partido-MT, ex-líder do go-verno Dilma), lembra que a eventual quebra de sigilo de Assad está associada a ma-nobra para encerrar a CPI do Cachoeira”, afirmou.

Assad está em prisão do-miciliar desde dezembro. De acordo com o Ministério Pú-blico, ele usou empresas de fachada para intermediar pa-gamento de R$ 40 milhões desviados da Petrobras.

Agenda - A CPI volta a se reunir na terça-feira (22) para ouvir, pela segunda vez, o presidente da Previ, Guei-tiro Matsuo Genso, sobre as suspeitas de má gestão e os prejuízos no fundo de pensão do Banco do Brasil.

Para o presidente da CPI, Efraim Filho (C), investigação pode esclarecer delação premiada