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Brasília, 29 de outubro de 2015 às 09h23 Seleção de Notícias CNI NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS Clipping Nacional

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Brasília, 29 de outubro de 2015 às 09h23Seleção de Notícias

CNINEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS

Clipping Nacional

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cni.empauta.com

Valor Econômico | BRTemas de Interesse | Colunas e Editoriais

Compromisso climático do Brasil quebra tabu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6OPINIÃO

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Setor químico tem o pior 3º tri em nove anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8EMPRESAS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Exportação puxa alta de 42% no lucro da Paranapanema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9EMPRESAS | RENATO ROSTÁS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Totvs segura ritmo da integração de olho no 4º trimestre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10EMPRESAS | GUSTAVO BRIGATTO

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Integração rende peso internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11VALOR ESTADOS - SP

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Commodities Agrícolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13COMMODITIES/AGRÍCOLAS

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Novatas ajudam a renovar ideias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14ESPECIAL INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Argentina limita ainda mais dólar para importadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15INTERNACIONAL

Temas de Interesse | Comércio Internacional

OMC estende prazo no caso de denúncia contra o país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17BRASIL | ASSIS MOREIRA

Temas de Interesse | Reforma Tributária

Pagamento de 'pedaladas' no ano que vem exigiría novas receitas, diz relator . . . . . . . . . . . . . . . . . 18BRASIL

Temas de Interesse | Mudanças climáticas

Acordo climático precisará de torniquete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20ESPECIAL | DANIELA CHIARETTI

Temas de Interesse | Competitividade

Receita para a indústria brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23VALOR ESTADOS - SP

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Temas de Interesse | Competitividade

Startups começam a atuar no exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25ESPECIAL INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO

Temas de Interesse | Competitividade

O campo de batalha está no mercado mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26VALOR ESTADOS - SP

Temas de Interesse | Competitividade

Competição deve se dar em base global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29ESPECIAL INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO

Federações | FIESP

Cresce o interesse em investir este ano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32VALOR ESTADOS - SP

Federações | FIESP

A alta do dólar já pesa na balança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36VALOR ESTADOS - SP

O Estado de S. Paulo | BRCNI

Editorial Econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39EDITORIAL ECONÔMICO

Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

Celso Ming . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40CELSO MING

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Após fraude na emissão de poluentes, Volks tem o P prejuízo em 15 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42ECONOMIA

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Fitch prevê queda de 0,5% no PIB da América Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44ECONOMIA

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Indonésia barra Brasil na OMC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45ECONOMIA

Temas de Interesse | Reforma Tributária

Projeto de repatriação é retirado da pauta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46POLÍTICA

Folha de S. Paulo | BRTemas de Interesse | Comércio Internacional

Clóvis Rossi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48CLÓVIS ROSSI

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Matias Spektor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50MATIAS SPEKTOR

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O Globo | BRTemas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Brasil tem maior queda entre Brics em ranking de negócios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51ECONOMIA

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Fitch: nova meta fiscal 'ilustra desafios' do país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52ECONOMIA

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Aviso

29 de outubro de 2015, 05:09�O jornal Correio Braziliense ainda não disponibilizou seu conteúdo paraclipagem. Estamos atentos e, assim que disponibilizado pelo jornal, oconteúdo será clipado e atualizaremos a informação."

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

Valor Econômico

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Compromisso climático do Brasil quebra tabu OPINIÃO

País é o primeiro emergente a prometer reduções ab-solutas das emissões. Por Alessandro Carlucci

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Em 27 desetembro, o Brasil apresentou formalmentesua "contribuição nacionalmente determinada pre-tendida" (ou INDCN) à Convenção Quadro das Na-ções Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).Isso significa que três quartos das nações do mundo,responsáveis por quase 90% das emissões globais, jáse comprometeram a agir sobre o aquecimento glo-bal antes mesmo do acordo climático de Paris agoraem dezembro.

No entanto, nesse mês que se provou um verdadeiromarco na ambição que podemos ter sobre clima - naqual tivemos compromissos sem precedentes de em-presas 3 , governos 4 elíderes religiosos 5 - o plano doBrasil se destacou. Isso porque o Brasil é o primeiropaísemergente aprometerreduções absolutas dos ga-ses de efeito estufa (GEE), quebrando um tabu po-lítico de longa data dentro das negociações sobreclima, nas quais os países industrializados pro-meteram reduzir as emissões absolutas e aseconomias emergentes se comprometeram a di-minuir a intensidade das emissões por unidade deprodução.

Ao comprometer-se com uma meta de 37% de di-minuição absoluta até 2025, em relação aos níveis de2005, e uma queda de 43% em 2030, o Brasil está de-monstrando um compromisso sem precedentes paraa ação coletiva e está fazendo avançar a noção de queà medida que os países se desenvolvem, eles vãoavançar de metas de redução de emissões em relaçãoao PIB, ou cenários "business as usual", para re-duçõesabsolutas. Como seu própriocompromisso, oBrasil agora lidera pelo exemplo.

Para um país fortemente dependente da agricultura,mineração, manufatura e exportações decommodities, esta é uma oferta significativa de am-bição para a comunidade internacional. Ele tambémenvia uma mensagem a outras economias do Brics 6 eaos mercados emergentes: que a busca do de-senvolvimento, competitividade e a ambição cli-mática podem se reforçar mutuamente.

Como parte deste compromisso, o Brasil definiu al-gumas metas e medidas específicas que ajudarão opaís a cumprir o seu plano de redução de GHG, in-cluindo:

- elevar a quota das energias renováveis para 45% dototal de energia até 2030;

- aumentar aquota deenergiasolar, eólica ebiomassapara 23% da produção de eletricidade até 2030;

- eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia até2030; e

- restaurar 12 milhões de hectares de floresta até2030.

O plano reforça o compromisso do Brasil para a"des-carbonização da economia global até o final deste sé-culo". Este é um sinal político importante sobre aquestão mais crítica que os líderes mundiais en-frentam na próxima CoP-21 em Paris 7 -nominalmente, como clarificar e operacionalizar umcompromisso de longo prazo para manter o aumentoda temperatura média global abaixo de 2ºC. As opi-niões estão divididas 8 sobre a melhor forma de ope-racionalizar esta meta comum para a ação coletiva e aambição do Brasil deve ser aplaudida.

Para as empresas que atuam no Brasil, essas medidasrepresentam uma oportunidade significativa. Pes-quisa realizada pela coalizão We Mean Business em

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

Valor Econômico

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Continuação: Compromisso climático do Brasil quebra tabu

2014 descobriu que as empresas latino-americanasestão alcançando uma média anual na taxa interna deretomo (TIR) de 17% em seus investimentos em bai-xas emissões de carbono. Desde grandes usuários deenergia, como a empresa química brasileiraBraskem, até minha própria antiga empresa e umadas maiores no segmento de cosméticos, a Natura,baixas emissõesdecarbono muitasvezes significare-tornos elevados. Essa pesquisa 10 também iden-tificou as políticas de energias renováveis comocatalisadores-chave para investimentos de maiorporte e ambição na redução de emissões.

Não há dúvida de que o empresariado terá de ser umparceiro-chave na execução deste plano durante apróxima década e por isso o governo brasileiro de-veria estudar formas de aprofundar a colaboraçãocom o setor privado. Uma coalizão de negócios nomercado interno em favor de uma ação climática jáestá emergindo. Além de Braskem e Natura, a CPFLEnergia, a Key Associados e a Visão Sustentável es-tão todas apelando pela precificação do carbono. Oslíderes dessas empresas entendem que o compro- .misso de descarbonização incentiva a inovação e fo-menta a competitividade econômica.

Com estes compromissos, o Brasil está criando umcaminho de crescimento que separa o de-senvolvimento econômico das , emissões de car-bono. Ao definir uma direção de longo prazo, eles .fornecem aos negócios a certeza . da política ne-cessária para fazer investimentos de longo prazo.

Ao assumir reduções de emissões absolutas, o Brasilenvia um sinal positivo para as economias emer-gentes dequeelas podem evitaros erros queos paísesindustrializados historicamente cometeram em seuprópriodesenvolvimento. Em junho,aBSR destacou11 que uma importante mudança estrutural para lon-ge do desenvolvimento intensivo em carbono estavaem andamento na China. A promessa do Brasil mos-tra que esta mudança estrutural está começando a setomar verdadeiramente global.

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Alessandro Carlucci é presidente do Conselho daBSR e ex-CEO da Natura

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Valor Econômico

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Setor químico tem o pior 3º tri em nove anos EMPRESAS

De São Paulo

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A indústria química nacional registrou em 2015 opior terceiro trimestre dos últimos nove anos em ter-mos de produção, vendas internas e demanda do-méstica, na comparação anual, de acordo com dadospreliminares da Associação Brasileira da IndústriaQuímica (Abiquim). Tradicionalmente, o intervalo éo que concentra os maiores volumes de produção,vendasedemandapara o setor, influenciado pelas en-comendas de fim e início de ano.

No trimestre, a produção de químicos de uso in-dustrial caiu 1,96%, as vendas internas recuaram5,36% e a demanda nacional, medida pelo consumoaparente nacional (CAN), teve retração de 5,2% dejulho a setembro sobre iguais meses do ano passado.A taxa médiadeutilização dacapacidade instalada fi-cou em 79%, dois pontos percentuais abaixo do ín-dice registrado um ano antes.

O único dado positivo no trimestre é a alta de 15,1%nas exportações. "A desvalorização do real no pe-ríodo recente trouxe impactos positivos para a ba-lança comercial de produtos químicos", avalia emnota adiretoradeEconomia eEstatísticadaAbiquim,

Fátima Giovanna Coviello Ferreira.

Apesar do encolhimento do mercado doméstico, per-centual maior da demanda interna tem sido atendidapela produção local, com encolhimento das im-portações. No ano passado, a fatia dos importados noconsumo doméstico foi de 35,8%, com queda de 6,2pontos percentuais, para 29,6%, de janeiro a se-tembro deste ano.

A Abiquim tem alertado o governo federal sobre osimpactos negativos que medidas previstas no pacotede ajuste fiscal terão na indústria e como essas ini-ciativas agravamaperda decompetitividade do pro-duto químico.

"Presente na base de diversas cadeias industriais,com forte penetração na economia e efeito mul-tiplicador expressivo, não se pode descartar o efeitoinflacionário que essas medidas, que aumentam oscustos de produção das empresas, poderão trazer",diz Fátima. A indústria poderá fechar fábricas e re-duzir a intenção de investimentos, indica a as-sociação. (SF)

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Valor Econômico

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Exportação puxa alta de 42% no lucro daParanapanema

EMPRESAS

Renato Rostás

A fabricante de cobre e derivados Paranapanemaapresentou forte aumento do lucro líquido no ba-lanço do terceiro trimestre. A empresa conseguiu en-gordar seu caixa, apesar do salto na dívida e naalavancagem - e pretende levantar mais recursoscom vendas de ativos, informou a diretoria em en-trevista ao Valor.

A companhia contratou o banco Brasil Plural paracoordenar o programa de desinvestimentos que in-clui terrenos, imóveis, precatórios e outros. Já houvemanifestação de interesse, tanto de investidores na-cionais como estrangeiros, mas dificilmente algumnegócio será fechado ainda neste ano. O valor con-tábil dos ativos é superior a R$ 100 milhões - "cen-tenas de milhões", afirmaram.

No terceiro trimestre, a empresa contabilizou R$186,4 milhões de lucro líquido, 42,4% a mais do queno mesmo período do ano passado. A receita líquidasubiu 24,2%, para R$ 1,54 bilhão, impulsionada pe-lasexportações - 61% foigerado no mercadoexterno.As vendas totais tiveram alta de 9%, para 77,3 mil to-neladas.

Ao mesmo tempo, os custos cresceram 20%, para R$1,35 bilhão, e as despesas operacionais quase do-braram, para R$ 81,4 milhões. Mesmo assim, o lucrooperacional da empresa avançou 58,7%, para R$101,7 milhões, e a margem sobre essa linha do ba-lanço foi de 5,2% para 6,6% na comparação anual.

O presidente do grupo, Christophe Akli, informouque atualmente a empresa roda a mais de 80% da ca-pacidade nominalnaunidade deDias d'Ávila (BA), oque ajuda a diluir os custos fixos. Mas também o usode matérias-primas tomou-se mais flexível de-pendendo até mesmo de sucata de cobre -, o que é ou-tro fator positivo para as margens.

No terceiro trimestre, o grupo gerou 25% de suas re-ceitascom exportaçõesàChina. "Se consome 9,5 mi-lhões de toneladas de cobre, o país processa apenas 6milhões de toneladas. Esse restante eles compram domercado internacional", explicou Akli. "A demandachinesa está relativamente regular."

Outro fator positivo para a Paranapanema foi a mar-gem de transformação do metal, que se encontra emaltos níveis históricos. Se há cinco anos, o prêmio es-tava próximo a US$ 200 por tonelada, hoje a Pa-ranapanema recebe de US$ 550 a US$ 600 pelaatividade. "Enxergamos manutenção desse patamarainda pelos próximos trimestres", comentou HélioNovaes, diretor financeiro.

Sobre o pagamento de dividendos neste ano, que es-tava no horizonte no início de 2015, Akli não dá cer-teza, mas comemora o fato de existir essapossibilidade. A empresa não distribui proventos hámais de quatro anos, mas, com o lucro acumulado deR$ 116,4 milhões registrado no balanço do terceirotrimestre, pode fazê-lo.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Valor Econômico

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Totvs segura ritmo da integração de olho no 4ºtrimestre

EMPRESAS

Gustavo Brigatto

De São Paulo

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Com a aprovação dos acionistas e do Conselho Ad-ministrativo de Defesa Econômica (Cade) para acompra da Bernatech, a Totvs está dando os pri-meiros passos na integração das operações. Co-meçaram a ser avaliadas as sinergias entre os doisnegócios, mas o processo só deve acelerar mesmonos primeiros meses do ano que vem. "O quarto tri-mestre é muito importante para o mercado de tec-nologia. Queremos mexer o mínimo possível naestrutura para conquistar as vendas do período", dis-se Rodrigo Kede, diretor-presidente da Totvs.

O terceiro trimestre foi o primeiro do ex-presidenteda IBM no comando da Totvs, empresa brasileira desoftwares de gestão. Segundo o executivo, a ex-pectativa é que a maior parte da integração esteja con-cluída no fim do primeiro semestre de 2016.

A compra daBernatech, anunciada em agostopor R$550 milhões, faz parte da estratégia do grupo de bus-car novas áreas de expansão. Na avaliação de Kede,boa parte do crescimento nos investimentos em tec-nologia no Brasil virá de pequenas e médias em-presas. "Com a Bernatech nos tomamos um ponto decontato único para esse segmento", disse.

Aceleraro crescimento éuma necessidadepara aTot-vs àmedidaqueacompanhia muda seu modelo dene-gócios, baseado na venda de licença de softwares,para o formato de assinatura de serviços, que tem umtíquete médio menor.

No terceiro trimestre, a receita com serviços cresceu20%, para R$ 33,2 milhões. Ao todo, foram adi-cionados 773 clientes nesse modelo, mais que os 567do tradicional.Esse tipo deoferta impulsionou o cres-cimento de 4,2% na receita da companhia, que che-gou a R$ 464,5 milhões. O lucro líquido avançou5,2% para R$ 71,7 milhões.

Os números são bem menos expressivos que os re-gistrados pela companhia cm anos anteriores. Kedeadmite que é preciso fazer mais, mas avalia que o de-sempenho foi melhor que o do segundo trimestre doano - aumento de 2,7% na receita e queda no lucro."No cenário atual, poucas empresas têm conseguidocrescer receita e lucro, o que significa que estamosexecutando bem. E o segundo trimestre nunca foipior que o primeiro no mercado de tecnologia."

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Integração rende peso internacional VALOR ESTADOS - SP

A Brain, fundada por Febraban, Anbima e BM&F-Bovespa, aglutina esforços para São Paulo disputarnegócios com Nova York e Londres

Por Luiz Sérgio Guimarães

dinheiro do Brasil corre para São Paulo- umfluxona-tural quando se fala da maior economia do país. Trêsdos cinco maiores bancos - Itaú, Bradesco e San-tander - têm sede na capital paulista. Esse trio con-centrava, em dezembro, 42% dos ativos totais dosistema. Os outros dois, Bancodo Brasil e Caixa, sãobancos públicos federais instalados em Brasília. Seconsiderado todo o Estado, os números são mais gi-gantescos ainda. Em julho deste ano, São Paulo con-centrava 54,7% das operações de crédito e 81,7% dasde leasing e tinha 60,6% dos ativos bancários.

É, portanto, o principal centro de pres-taçáodeserviços financeirosdopaís,masisso nãobas-ta. São Paulo quer mais. Entidades do setor lutam portransformar a região num polo financeiro da di-mensão de Londres e Nova York. "Ainda faltamuito", diz André Sacconatto, diretor da Brain-Bra-sil Investimentos e Negócios."O primeiro passo éconferir a São Paulo o status de centro financeiro daAmérica Latina."

A Brain foi fundada pela Febraban, Anbima eBM&FBovespa para aglutinar esforços públicos eprivados para, justamente, alçar a capital à condiçãode polo financeiro global com prerrogativas legais eoperacionais similares às encontradas em Londres eNova York. O desafio uigcntc é integrar os mais di-nâmicos centros latino-americanos ao sistema pau-lista. "Não basta a conexão estabelecida com ospaíses integrantes do Mercosul", diz Sacconatto."Serápreciso trazerinstituições einvestidores das na-ções mais estabilizadas

economicamente, como Chile, Peru, México e Co-

lômbia", destaca.

Trata-se de estratégia para superar distorções. Hoje,segundo ele, é costume um investidor chileno pre-ferir comprar ADRs da Petrobras na Bolsa de NovaYork, preterindoabrasileira, em São Paulo,por acre-ditar que é mais seguro e barato. "Isso não é verdade",destaca Sacconatto. "Taxas, corretagens, impostos,segurança e liquidez são semelhantes, mas o in-vestidor se

sente mais protegido juridicamente se a operação forfechada lá." Comoos investidores daAméricaLatinagostam de estar fisicamente no local onde fecham ne-gócios, a cidade de São Paulo acaba perdendo re-ceitascomo as obtidas com turismo eoutros serviços.

Éum trabalhoque independe de variações con-junturais, como aatual,decrise econômica edeperdado grau de investimento do país em uma das agênciasde

Sacconatto. da Brain: dar a São Paulo status de centrofinanceiro da América Latina

VãkirESTAOOSSP 101

Troster, consultor, capital paulista abriga outras ins-tituições complementares

avaliação de risco. "A disseminação de informaçõesconfiáveis tem de ser mantida", afirma Sacconatto."O investidor de foranãopode ter dúvida dequeé im-possível um default das dívidas internas e externas,precisa separar sinalizações das agênciasde rating doque de fato pode ou não acontecer", afirma.

A consolidação de São Paulo como centro financeirodo país tomou impulso a partir da reestruturação ban-cária surgida já antes do Plano Real, de 1994. Im-portantes bancos regionais - como o Bamerindus de

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Continuação: Integração rende peso internacional

Curitiba (PR), o Econômico deSalvador(BA)eo Na-cional do Rio- foram absorvidos por instituiçõespaulistas. Segundo o diretor da consultoria Troster &Associados, Roberto Luis Troster, 43% dos 243 ban-cos existentes antes do Plano Real tiveram o seu con-trole acionário transferido ou deixaram de existir atéo fim do século passado. O poderio do mercado deações carioca foi sendo transferido para a Bovespa emuitos bancosde investimento do RiodeJaneiro des-locaram suas sedes para São Paulo. O Rio se destacahoje pela presença de gestores de recursos agressivase sofisticadas e pelas administradoras de fundos depensão estatais. Na verdade, o Rio começou a perderpeso como principal centro financeiro quando dei-xou de ser a capital do país. Segundo estudo da FGV

Projetos, a infraestrutura de transportes e de entregade dados via banda larga, bem como a oferta de mãode obra especializada de diversas instituições, pro-duziramcondições ideais para queaGrandeSão Pau-lo se solidificasse como centrodos serviçosfinanceiros no país.

Foi um evento natural, segundo Troster. "A con-

glomeração em uma localidade causa um processoque se autoalimenta, atraindo mais empresas e for-necedores que querem usufruir de suas cx-temalidades", diz o ex-economista-chefc daFebraban. Além de sediar os maiores bancos, cor-retoras e distribuidoras do país, a cidade abriga o queTroster chama de "instituições complementares": aBovespa,aBM&F, as clearingsdeativos ecâmbioeaCâmara Interbancária de Pagamentos. E a in-fraestrutura da cidade é bem servida de aeroportos,hotéis, telecomunicações.

Um dos mais sofisticados e eficientes do mun-do,oSistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) fa-cilitou a hegemonia financeira paulista.Transferências de recursos, que envolvem tec-nologia avançada, criptografia, transporte,segurança, estrutura física, câmaras de compensaçãoe mão de obra qualificada, podem ser feitas em pou-cos minutos entre São Paulo e as mais distantes re-giões do Brasil e a um custo inferior ao de centrosfinanceiros globais.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Commodities Agrícolas COMMODITIES/AGRÍCOLAS

Nova altaemNYEspeculações dequeo El Niño for-mado neste ano ainda pode afetar a atual safra no oes-te da África, apesar dos elevados volumes entreguesnos portos regionais, impulsionaram a amêndoa on-tem na bolsa de Nova York. Os lotes para março de2016 subiram US$ 21, para US$ 3.226 a tonelada. Omercado ignoroudados do Cocobod,órgãoreguladorda amêndoa em Gana, segundo o qual o país detinha100 mil toneladas de cacau em estoque no início dasafra. O órgão também previu uma safra de 850 miltoneladas, acima das 696 mil toneladas do último ci-clo. Os fundos também começaram a rolar posiçõestendo em vista a expiração do contrato para de-zembro. Em Ilhéuse Itabuna (BA), o preço médio su-biu R$ 1, para R$ 141 a arroba, segundo a CentralNacional de Produtores de Cacau.

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Deterioração em campo A qualidade da safra de al-godão que está sendo colhida nos Estados Unidos éum ponto de preocupação crescente entre os in-vestidores da pluma e levou a uma nova alta dos pre-ços ontem na bolsa de Nova York. Os lotes paramarço de 2016 avançaram 30 pontos, a 62,46 cen-tavos de dólar a libra-peso. Correm entre os tradersrelatos deprodução prejudicada em partes do Texas eno sudestedos EUA, com fibrascurtas edebaixa qua-lidade, relacionadas ao clima adverso registrado noinício da safra, conforme relatório de Jack Scoville,da Price Futures Group. As chuvas em andamento noDelta do Mississippi acentuam os receios com a qua-lidade da commodity, já que as maçãs do algodão es-tão abertas. Na Bahia, a arroba ficou em R$ 76,05,segundo a Aiba, associação local de produtores.

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Clima favorável As cotações da soja devolveram osganhos recentes e fecharam no campo negativo on-tem na bolsa de Chicago, diante de pressões cli-máticas e da oferta elevada. Os papéis para janeiro de2016 fecharam a US$ 8,8275 o bushel, queda 8,25centavos. A previsão de chuvas para o Centro-Oestedo Brasil foiumforte incentivo para as vendasnabol-sa, já que a umidade colabora para a semeadura da sa-fra 2015/16 e o desenvolvimento das áreasrecém-plantadas. O Meio-Oeste dos EUA tambémreceberá chuvasnos próximosdias,maso impacto noritmo da colheita deverá ser mínimo, segundo ana-listas. Até domingo, 75% da área plantada no país ha-via sido colhida, ante 68% na média histórica. Nomercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq para asoja em Paranaguá caiu 0,26%, para R$ 81,57 a saca.

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Pressão da oferta A competitividade do milho bra-sileiro e o avanço da colheita americana levaram ospreços do milho a uma nova queda ontem na bolsa deChicago. Os papéis para março de 2016 recuaram3,75 centavos, para US$ 3,86 o bushel. Segundo fon-tes do mercado, a Bunge embarcou três navios de mi-lho do Brasil para os EUA neste ano, um movimentopouco comum, principalmente em meio à colheita deuma das maiores safras em solo americano. A notíciareforçou a impressão entre os traders de que o grãodos EUA tem perdido competitividade para o pro-duto do Brasil, por conta da queda do real. Os re-sultados elevados de produtividade e o forte avançoda colheita nos EUA também pressionam as co-tações. No Paraná, o preço médio subiu 0,74%, paraR$ 24,61 a saca, segundo o Deral/Seab.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Novatas ajudam a renovar ideias ESPECIAL INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO

De São Paulo

Para renovar ideias e obter maior flexibilidade e agi-lidade nos projetos de inovação, a IBM tem investidoem startups em todo o mundo. De acordo com Clau-dia Fan Munce, diretora do IBM Venture CapitalGroup e vice-presidente da IBM Corporate Strategy,a empresa mantém um fundo corporativo com re-cursos de US$ 100 milhões para aplicar em novatasdetecnologia. No evento promovido pela Apex nase-mana passada, ficou claro que os projetos brasileirosestão no radar da executiva. "Os negócios com star-tups crescem de forma agressiva no Brasil. Que-remos aproveitar essa onda", diz.

Presente no país há quase cem anos, a IBM acreditana criatividade e na capacidade técnica dos em-preendedores brasileiros. O desenvolvimento doecossistema de inovação tem preparado as startupspara o mercado global. "Os bons empreendedoresnão são diferentes dos que encontramos no Vale doSilício (EUA)", considera Claudia. O desafio, diz aexecutiva, está em ampliar o número de negócios nopaís. "O volume de startups é importante, trazcompetitividade e diversidade aos projetos."

Para Claudia, as novatas brasileiras podem e devemocupar lugares de destaque no comércio in-ternacional de soluções. "Normalmente, os negóciosformados aqui pensam no potencial do mercado lo-cal, o que é um erro", afirma a executiva.

Para ela, viver perto de problemas que afligem di-ferentes países - como gargalos na logística, di-ficuldadesno atendimentoàsaúdeeeducação - éumavantagem comparativa e tanto. "Quem está nos paí-ses desenvolvidos têm dificuldade em entender esolucionar questões complexas de países em de-senvolvimento. Os brasileiros são criativos eflexíveis."

Assoluçõespara aprimorarmodelos denegócio, pro-cessos produtivos e busca de eficiência nas empresasecadeiasprodutivas também são promissoras noBra-sil. Claudia identifica no corporate venture - modelode investimento corporativo em empresas nascentes- uma boa estratégia para dar respostas rápidas aosclientes. "Podemos investir recursos em empresasque estão próximas e entendem a demanda nossosclientes, atendê-los e ainda ter um produto para ven-da", diz.

A IBM, conta a executiva, apoia programas como oStartUp Brasil, do Ministério da Ciência, Tecnologiae Inovação (MCTI), e já fechou contratos com no-vatas brasileiras. Ela vê potencial em soluções queutilizem tecnologias como análise complexa de da-dos (big data), internet das coisas e outras fronteirasda tecnologia da inovação. "Neste ponto, todos ospaíses estão no mesmo estágio de desenvolvimento.A revolução digital igualou as condições para a cria-ção", analisa.

Para empresas gigantes como a IBM, estar perto dasstartups é fundamental. "Temos sempre a sensaçãode que estamos perdendo algum movimento ino-vador, simplesmente porque somos grandes demaispara nos movermos rápido", comenta Claudia.

Como integradora de soluções, a IBM tem de ficaratenta ainda aos projetos de inovação de seus clien-tes. "O relacionamento acontece com todos os par-ticipantes do ecossistema", revela a executiva.

Entre as dicas para companhias brasileiras in-teressadas em ingressar no mundo do corporate ven-ture, a executiva da IBM destaca: "Entenda asnecessidades do seu negócio e defina as linhas mes-tras para inovação. É importante manter o foco."

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Argentina limita ainda mais dólar para importadores INTERNACIONAL

Marli Olmos

De Buenos Aires

Combaixo nível de reservas em moeda estrangeira, ogoverno argentino corre contra o tempo para evitaruma crise cambial, amenosdeummêsdaeleição pre-sidencial. Os importadores foram ontem sur-preendidos por uma redução de 50% na cota diária dedólares que podem ser liberados sem necessidade deaprovação do Banco Central. O valor diário isento deautorização passou de US$ 150 mil para US$ 75 mil.Isso é menos de um sexto do limite fixado no início de2012, quando começou a restrição à liberação de dó-lares no país.

A medida apareceu sem o amparo de uma normativaoficial, o que não chega a ser uma novidade na Ar-gentina. Segundo os importadores, o novo limite dasoperações diárias foi simplesmente comunicado pe-lo BC aos operadores dos bancos privados, que, porsua vez, repassaram a informação às empresas que seapresentaram na tarde de segunda-feira munidas dapapelada burocrática, as já famosas DJAIs (De-clarações Juradas Antecipadas de Importação). Al-guns operadores contaram aos importadores queinusitadamente receberam a determinação por meioda rede social WhatsApp.

"Não há uma notificação formal que respalde a me-dida; somente apalavra",diz RubenOscar Garcia, se-cretário da Câmara dos Importadores da RepúblicaArgentina (Cira). A Câmara estima que a redução novalor atingirá cerca de 300 empresas médias, que atéagora estavam isentas de pedir à autoridade mo-netária permissão para a liberação dos dólares para

suas necessidades de importação diária.

Não é possível determinar quais setores ou países ex-portadores serão os mais atingidos, segundo Garcia."Os produtos e as origens variam muito. Mas o quenos preocupa é que isso acendeu um alerta em todo osetor importador", diz. Em nota, a Câmara destacaque a situação coloca as empresas em uma situaçãopróxima deum"default" comercial, com riscos depe-nalidades junto aos fornecedores, como custos demora por descumprimento de compromissos e atésuspensões de fornecimento de insumos destinados àprodução.

A Organização Mundial do Comércio já de-terminou que o governo argentino elimine as DJAIs.Mas para os importadores, essas licenças deixaramde ser o problema maior. "O mesmo Estado que au-torizauma importação éo quedepoisnãopermite queseja paga no exterior",destacao comunicado daCira."A situação que vivemos é uma caixa de Pandora",diz Garcia.

As exportações brasileiras para a Argentina se con-centram mais em produtos do setor automotivo, jáhabituado à necessidade de pedir autorização ao Ban-co Central argentino em razão dos altos valores dasoperações. Já faz, no entanto, algum tempo que boaparte das empresas do setor instaladas na Argentinaassumiram dívidas com as filiais do lado brasileiropor falta de liberação de dólares.

As montadoras fazem intercâmbio de peças e veí-culos entre fábricas de uma mesma marca instaladasnos dois lados da fronteira. Por isso têm mais fôlego.Mas fontes já alertaram que essa prolongada ex-

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Continuação: Argentina limita ainda mais dólar para importadores

posição preocupa o setor. O maior receio é o custoadicional de uma desvalorização cambial, que tendea acontecer com a mudança de governo, em de-zembro.

As reservas da Argentina em moeda estrangeira so-

mam US$27 bilhões. Quase metade disso é em yuan,umefeitodo "swap"(troca demoeda) com aChina. OBC argentino tem perdido, em média, US$ 100 mi-lhões por dia em reservas internacionais.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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OMC estende prazo no caso de denúncia contra opaís BRASIL

Assis Moreira

A Organização Mundial do Comércio (OMC )sótomará uma decisão sobre as denúncias da União Eu-ropeia (UE) e do Japão contra a política industrialdo Brasil no fim de 2016. A entidade informou que ocomitê de investigação (painel) vai demorar mais doque o limite máximo de nove meses.

Na prática, isso dará mais tempo para o Brasil pre-parar seus argumentos, ou, no mínimo, para manteros programas contestados. Depois da decisão daOMC, um país envolvido na disputa poderá recorrerao Orgão de Apelação, o que fará o caso durar aindamais.

Essa demora na OMC ocorre porque é pequeno o nú-mero deassessoresem trabalham em muitos casos. ACoreia do Sul recentemente reclamou formalmenteque uma reclamação que fez contra os EUA só co-meçará a ser examinada um ano e meio depois da

abertura do comitê de investigação, ou seja, quase nofim de 2016.

Na disputa envolvendo oBrasil, aOMC juntou os ca-sos abertos separadamente pela UE e o Japão, e man-teve os juízes. A investigação sobre se os programasbrasileiros violam ou não as regras internacionaiscontinuará sendo presidida pelo norueguês EirikGlanne.

Participam como terceira parte, com interesses eco-nômicos em questões como o programa Ino-var-Auto, países como EUA, China, Coreia, Canadá,Argentina, Austrália, Colômbia, Índia, Rússia, Áfri-ca do Sul, Taiwan, Cingapura e Turquia. São alvos daqueixa as exigências deconteúdo local,normalmenteproibidas pelas regras da OMC. Além disso, algunsparceiros consideram discriminatórias uma série demedidas fiscais adotadas pelo governo brasileirocontra produtos estrangeiros.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Reforma Tributária

Valor Econômico

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Pagamento de 'pedaladas' no ano que vem exigiríanovas receitas, diz relator

BRASIL

Fábio Pupo e Vandson Lima

De Brasília

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Caso o pagamento das "pedaladas" - dívidas deR$ 40bilhões do Tesouro com bancos públicos - se estendapelo próximo ano, novas receitas terão que ser cria-das pelo governo para compensar o gasto. A afir-mação é do deputado federal Ricardo Barros(PP-PR), relator do projeto da Lei OrçamentáriaAnual de 2016.

"Se as pedaladas forem pagas neste ano, então o go-verno deixará de dever para o BNDES, Caixa Eco-nômica Federal ou Banco do Brasil. Aí alivia oOrçamento do ano que vem. Se empurrar as pe-daladas para 2016, vamos ter que encontrar receitaspara cobrir isso", afirmou Barros.

A solução para o pagamento das "pedaladas" é alvode discussões entre a equipe econômica e o Tribunal

de Contas da União (TCU), que já recomendou aoCongresso a reprovação das contas de 2014. Agora,resta saber se o pagamento das "pedaladas" será feitointegralmente neste ano ou de forma parcelada.

Segundo o relator do projeto que altera a meta fiscalde 2015, deputado Hugo Leal (Pros-RJ), o governoaguarda a decisão do TCU sobre como deve ser qui-tado o passivo. "Não estamos querendo criar ficção[nos números].Estouconversando com aFazenda eoPlanejamento. Vamos aguardara decisão do tribunalpara saber se os valores precisam ser pagos in-tegralmente, ou se podem entrar na programaçãocontábil dos próximos anos", disse.

Segundo os cálculos apresentados por Leal, a qui-tação integral em 2015 das pedaladas levará o déficitfiscal deste ano a R$ 103 bilhões, caso ocorra tam-bém o adiamento do leilão de hidrelétricas. Des-considerando esses dois fatores, o déficit ficaria nosR$ 51,8 bilhões já anunciados.

Por conta do impasse, Leal avalia apresentar o re-latórioapenas com as variáveis, semos valores. "Nãodá para estimar. Se não, vamos maquiar de novo.Acho umriscoapontar umnúmero quenãoestejacon-solidado", disse, refutando a cobrança de par-lamentares da oposição por um número de déficitdesde já.

Na Comissão Mista de Orçamento , os parlamentaressubiram o tom contra o governo na discussão das pe-daladas nas contas de 2014. Os líderes haviam de-cidido enviar um requerimento cobrando que opresidente do Congresso, Renan Calheiros (P-MDB-AL), encaminhasse imediatamente o parecerdas contas ao colegiado, sob pena de recorrerem aoSupremo Tribunal Federal (STF).

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Reforma Tributária

Valor Econômico

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Continuação: Pagamento de 'pedaladas' no ano que vem exigiría novas receitas, diz relator

Minutos depois, o ministro do Planejamento, NelsonBarbosa, entrou em contato com a presidente da co-missão, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), e avi-sou que o governo encaminharia na semana que vemadefesa aoCongresso, segundo relatodasenadora. Aassessoria do Planejamento negou que o ministro te-nha falado em datas na conversa.

Barbosa teve reuniões ontem com Renan e Barros.Com o relator discutiu quais os fundamentos ma-croeconômicos que vão servir como base para as pe-

ças orçamentárias.

A expectativa de Barros era que o relatório sobre asreceitas do ano que vem fosse apresentado hoje noCongresso. Ele tem até o dia 4 para apresentar o re-latório preliminar sobre o Orçamento de 2016.0 de-putado reiterou que fará corte de R$ 10 bilhões noBolsa Família e retirará das contas a criação daCPMF.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Mudanças climáticas

Valor Econômico

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Acordo climático precisará de torniquete ESPECIAL

Entrevista Para Greenpeace, a cada cinco anos serápreciso rever metas

Conferência do clima

Daniela Chiaretti

O acordo climático internacional a ser fechado emParis em dezembro, durante a conferência da ONU,precisa ter uma meta de longo prazo de des-carbonizaçãodaeconomia eummecanismo queajus-te os compromissos dos países a cada cinco anos, apartir de 2020, para garantir ações mais fortes de re-dução de gases-estufa e mais recursos financeiros.Essa é a visão do engenheiro florestal Martin Kaiser,o alemão que coordena o Greenpeace Internationalquando o assunto é política climática.

"Uma meta sem plano é só um desejo", disse Kaiserem Bonn, na semana passada, durante a última ro-dada de negociação antes de Paris. O texto sobre amesa tem agora 55 páginas eestá cheio de trechos emque não há acordo entre os negociadores de mais de190 países.

Um dos temas mais controversoséo dadiferenciaçãodas responsabilidades entre os países, quem paga amaior parte da conta e corta mais gases-estufa. Kai-ser, umexpert em florestas quese especializouno Ca-nadá e foi do Forest Stewardship Council (FSC), écuidadoso. Reconhece que os países mais pobres evulneráveis precisam de apoio, mas diz que Paris teráqueequacionar "anovarealidade geopolíticadomun-do exterior no sistema atual das Nações Unidas".

Kaiser, que está no Greenpeace desde 1998, diz o queo acordo deve ter um texto claro para compensar asperdasedanos dequem nãoconsegue mais se adaptaraos impactos climáticos e defende o fim dos com-bustíveis fósseis em 2050 e o uso de 100% de ener-gias renováveis. A seguir, trechos da entrevista:

Valor: Qual é a diferença entre agora e aconferência de Copenhague, em 2009, quando sefracassou em fechar um acordo climático?

Martin Kaiser: A grande diferença é a transformaçãodo setor energético, um contexto completamente di-ferente de antes de Copenhague. Vemos hoje a efer-vescência das energias renováveis nos EstadosUnidos, na China, na América Latina.Tomaram-seuma alternativa econômica viável às usinas de car-vão, nucleares e ao petróleo. E o reconhecimento danecessidade de se reduzir a emissão de gases-estufa,principalmente entre os países mais emissores, viroumuito mais aparente em função do impacto da mu-dança do clima em vários locais - as grandes cidadeschinesas sofremcom apoluiçãodo ar,o mesmo na ín-dia, a seca de São Paulo. Mudança do clima não émais uma teoria, está acontecendo agora e as pessoasse dão conta de que é preciso um esforço global parareduzir emissões.

Valor O sr. acredita em um acordo em Paris?

Kaiser Os sinaisque estamos vendo dos chefes de Es-tado dos EUA, China, Brasil, índia são claros e bas-tante consistentes. Se os grandes emissores sentem anecessidadede termos umacordo, estamos em umlu-gar totalmente diferente do que estávamos há seisanos. Mas não só isso. O que vemos, quase todas assemanas, são grandes corporações se com-prometendo com metas de ter 100% de energia re-novável e cidadãos querendo fazer o mesmo. O CEOda Enel, fornecedora de energia na Itália [FrancescoStarace] acaba de dizer que sua empresa irá sair docarvão e investirá em energias renováveis porque es-ta é a tecnologia do futuro. Mudança do clima não émais assunto científico, é um tópico econômico.

Valor: O que o acordo deveria conter, na sua visão?

Kaiser: Se quisermos dar alguma chance à adaptação

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Mudanças climáticas

Valor Econômico

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Continuação: Acordo climático precisará de torniquete

ao aquecimento global vamos ter que derrubar o usode combustíveis fósseis em 2050 e ter fornecimento100% de renováveis. Esse é um elemento central queo acordo precisa ter: dar à economia uma direção delongo prazo. Sabendo que as contribuições nacionaisdivulgadas estão longe de ser suficientes para mantero aquecimento no limite de 1,5ºC, temos que garantirque o acordo de Paris consiga, desde o início, as-segurar mais ambição.

Valor Como?

Kaiser A cada cinco anos todo país seria obrigado afortalecer suas ações climáticas para ajudar no es-forço global. Esse mecanismo de ambição tem quecomeçar logo depois de 2020 e acontecer novamentea cada cinco anos. Sem isso e uma direção clara delongo prazo, vai ser muito difícil explicar o que esseacordo internacional significa.

ValorEsse mecanismo-torniqueteestá no textodene-gociação?

Kaiser Sim, há boas opções no texto, o que não querdizer queestão asseguradas,masestão no jogo.A me-ta de longo prazo, que está na declaração do G-7 [ogrupo dos países mais ricos do mundo e a China] dejunho, na declaração da presidente Dilma e da premiêAngela Merkel e também na da semana do clima deNova York, delineando a descarbonização da eco-nomia global com a ajuda das renováveis, começou aganhar o apoio de chefes de Estado. Isso aumenta aschances de ser adotada em Paris.

Valor Finanças costumam ser um impasse. Como re-solver?

Kaiser Esse é um dos contenciosos a ser equa-cionados em Paris. Está claro que os países ricos têmque cumprir sua promessa de prover US$ 100 bilhõesao ano, em 2020 [feita em Copenhague, em 2009, eainda nãocumprida]. Isso tem queacontecer para queParis tenha sucesso. Também é preciso que existam

ciclos no novo acordo em que necessidades adi-cionais possam ser supridas, depois de 2020. O maisimportante nesse contexto é que cada país observeseus investimentos domésticos e suas políticas paraconseguir conduzir os trilhões que se destinam à in-fraestrutura e fornecimento energético do "marrom"para o "verde"Ou seja, sairdepetróleo, carvão egás emigrar para as renováveis.

Valor Paris pode sinalizar com um preço para o car-bono?

Kaiser Acho que essa demanda vem da indústria dopetróleo, que está colocando uma cortina de fumaça efingindo fazer algo. Nunca se terá um preço para ocarbono em um processo de negociação como esse.O que queremos ver na indústria do petróleo são mu-danças em seu modelo de negócios, que coloque umfim à exploração e se volte às energias renováveis.

Valor Por que o mecanismo conhecido como "perdase danos" é importante?

KaiserOutro furacão bateu nacosta do México, épra-ticamente um por ano, agora. Há poucos dias vimosum novo tufão nas Filipinas. As consequências doaquecimento já atingem fortemente os mais pobres,que perdem casas e pertences. A questão é como seconseguir um acordo que garanta ou lide com a com-pensação das perdasdevidas pela mudançado clima.

Valor Deve ser um artigo independente daquele quetrata da adaptação aos impactos?

Kaiser Sim, perdas e danos precisam ter um capítulopróprio.O texto do acordo nãopodesimplesmente re-conhecerqueháumdebatesobre perdasedanos. Temque avançar.

Valor O acordo tem que ser legalmente vinculante?Se sim, como passar pelo Congresso dos EUA?

Kaiser É desafiador buscar um acordo "legally bin-

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Valor Econômico

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Continuação: Acordo climático precisará de torniquete

ding". Mas, sem isso, será difícil ter impactos trans-formadores. É mais uma questão de ver quaiselementos do acordo serão legalmente vinculantes,qual é o vetor de transformação. E dado o fato de queas INDCs dos países [os compromissos anunciados]são hoje basicamente maçãs e laranjas [as metas nãosão facilmente comparáveis] e não muito con-sistentes, o ponto-chave é como estarão no acordo.Por exemplo, o mecanismo de ambição, que faz comque as metas sejam revisadas a cada cinco anos a co-meçar em 2020, fortalece as políticas climáticas na-cionais e é algo que deve ser uma obrigação paratodos.

Valor. O mecanismo de revisão vale não só para asmetas de corte, mas também para adaptação e fi-nanciamento?

Kaiser Sim, para tudo.

ValorComoestão as regrasde transparência dedadose recursos?

Kaiser Há boas opções no texto para garantir a trans-parência, como a que diz que a contagem de deve sera mesma em todos os países e não diferente. Isso é umtema importante, mas controverso, vamos ver comovai ficar.

Valor E a equidade do acordo?

Kaiser Tem que estar em todos os tópicos cruciais doacordo. Em mitigação, acho que estamos em umaépoca em que todos os grandes emissores têm queagir ou não iremos conseguir manter o aquecimentoem 1,5ºC, 2ºC. O apoio a países mais pobres e vul-neráveis depende da capacidade de cada um de aju-dar. O anúncio da China, em Nova York, de colocarUS$3,1 bilhões para países pobres e pequenos foi umgrande sinal de solidariedade além dos blocos de ne-gociação no contexto da ONU.

Valor Sobre diferenciação das responsabilidades en-tre os países, como o sr. acha que deveria constar doacordo?

Kaiser Países vulneráveis, pequenas ilhas e países debaixa renda evidentemente precisam de apoio paramitigação, adaptação e perdas e danos. Há tambémpaísesqueprecisamdeajuda natransiçãodesuas eco-nomias para uma mais limpa e isso tem que estar noacordo. O que é difícil de equacionar é a nova rea-lidadegeopolíticado mundoexteriorno sistema atualdas Nações Unidas. Como contornar esse obstáculo éum tema muito desafiador para Paris.

Valor Em função do princípio das "Res-ponsabilidades Comuns, porém Diferenciadas" daConvenção do Clima?

Kaiser Sim,que definiu blocos de países. Do jeitoqueisso foi determinado, não é algo que se aplica mais àrealidade da mudança do clima.

Valor E os combustíveis fósseis?

KaiserO acordo deParis tem queser o começodo fimdos fósseis. Vendo os movimentos atuais de de-sinvestimentos em petróleo e carvão e a necessidadede mudar o modelo econômico, estou bastante oti-mista com o acordo. Mas é preciso estar alerta por-que os países produtores de petróleo farão o possívelpara minar um resultado ambicioso.

"Vemos hoje a 'efervescência das energias re-nováveis nos Estados Unidos, na China, na AméricaLatina"

"O anúncio da China de colocar US$3,1 bilhões parapaíses pobres e pequenos foi um grande sinal de so-lidariedade"

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Competitividade

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Competitividade

Valor Econômico

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Continuação: Receita para a indústria brasileira

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Competitividade

Valor Econômico

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Startups começam a atuar no exterior ESPECIAL INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO

A internacionalização de startups e fundos de in-vestimentos já começa a se tomar uma realidade. AGoboxi, nascida em Santos, desenvolveu um sof-tware que ajuda a economizar horas mensais, pormeio de um sistema inteligente de gestão de e-mails,que reduz a quantidade de mensagens eletrônicas aserem respondidas, ao identificar agendamentos ououtras tarefas, otimizando o tempo do usuário.

Em agosto, depois de dois anos de aperfeiçoamentose muitos palpites de clientes, privates equitys e es-pecialistas na área do Brasil e Estados Unidos, o pro-duto, desenvolvido pela equipe de criação emSantos, litoral paulista, foi lançado em versão aindagratuita no Vale do Silício, na Califórnia, onde a em-presa mantém seu principal escritório de negócios.

A Performa Investimentos é uma das investidoras daempresa nascente, que também conta com recursosde investidores anjos que atuam na Califórnia, que fi-zeram o primeiro investimento em uma empresa bra-sileira. "Por quatro anos, viajamos para o Vale doSilício e formamos uma rede de contatos que ajudoua aproximar a empresa desses novos investidores",diz o sócio da gestora, Humberto Matsuda. Umagrande empresa americana, cujo nome não é re-velado, está usando o aplicativo internamente e po-derá investir em uma parte da empresa. "Isso ajuda amelhorar a criação, porque temos relatórios de errosque permitem fazer mudanças e aprimoramentos."

O fundador da empresa, Christian Barbosa, obteve ovistodos EstadosUnidos esta semana edeverá se mu-dar para os Estados Unidos em breve, para passarmais tempo no mercado americano, cujo potencialpara o software é muito grande. Nos Estados Unidos,onde um profissional gasta 28% do seu tempo, emmédia, lendo e respondendo e-mails e dedica cerca de600 horas por ano administrando sua caixa ele-

trônica, surgiu, recentemente, um movimento cha-mado Five Sentences, que prega que as mensagensdevem conter cinco linhas ou frases.

"A empresa é brasileira, mas o lançamento do pro-duto foi feito no Vale do Silício e a intenção é de queboa parte da sua receita seja conquistada em con-tratos no exterior, cujo tamanho é um atrativo, aindamais quando se trabalha com um produto di-ferenciado", destaca Matsuda. Para ele, ingressar nosEstados Unidos permite crescer comcompetitividade diferenciada no mercado em que acompetição é acirrada.

A Performa Investimentos iniciou há três semanas acaptação para um fundo de investimentos em ne-gócios na América Latina, em oportunidades no Bra-sil, Chile, Argentina, Colômbia, Peru, Uruguai eMéxico. Serão investidos US$ 120 milhões em em-presas entre US$ 200 mil a mais de US$ 10 milhões.Poderão receber recursos mais de 50 empresas nes-ses países.

DosUS$120 milhões aserem captados, metade já es-tá assegurada, sendo que 80% do montante foi le-vantado no Brasil e o restante nos Estados Unidos. Aideia é que, ao concluir a captação nos próximos me-ses, metade seja de recursos nacionais e metade deestrangeiros, principalmente americanos e europeus.Os três perfis de investidores são: herdeiros que te-nham tido experiência com empreendedorismo e játenham gerenciado empresas, fundos com foco emmercados emergentes e capital de risco de grandesempresas. "Com esse foco na América Latina, as em-presas investidas poderão ter oportunidades de cres-cimento fora dos seus mercados, podendointernacionalizar seus produtos, se for o caso", apon-tou o gestor da Performa. (RR)

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O campo de batalha está no mercado mundial VALOR ESTADOS - SP

O campo de batalha está no mercado mundial

No momento de menor demanda por equipamentosde defesa do espaço aéreo, as companhias do setor,Embraer à frente, aproveitam o bom momento daaviação comercial internacional Por Virgínia Sil-veira

Exportar tem sido a saída para as companhias ae-roespaciais brasileiras no momento de retração dascompras governamentais de equipamentos para de-fesa do espaço aéreo. Especialmente quando a avia-ção comercial vive um bom momento, de aumento dafrota internacional e demanda de novos modelos.

Comosucesso de vendas da sua nova geração de jatoscomerciais(os E-Jets E2,de 70 a 120 assentos), a Em-braer acaba de iniciara contratação de funcionáriospara as atividades de produção e montagem dos pro-tótipos das aeronaves. Em dois anos de lançamento,os jatos E2 acumulam 640 pedidos, dos quais 267 fir-mes e 373 opções de compra, consolidando a li-derança da Embraer nesse mercado (60% departicipação).

De janeiro a setembro, segundo a Agência de Pro-moção de Exportações e Investimentos (Apex), 19empresas do cluster aeroespacial brasileiro ex-portaram cerca de US$ 1,6 bilhão para 60 países di-ferentes. O setor aeroespacial, sem incluir a Embraer,conta hoje com 120 empresas, que faturaram US$600 milhões em 2014 e empregaram 5,5 mil pessoas.

Já a Embraer concentra 90% das exportações do se-tor. Em 2014, a empresa faturou R$ 14,9 bilhões(US$6,28 bilhões), dos quaiscercade90% vieramdeexportação. Esses números ajudam a movimentar to-da a cadeia aeroespacial brasileira. Ainda

mais que o conteúdo nacional dos E-Jcts E2 au-mentou com a chegada da segunda geração. U A Em-

braer vai produzir alguns segmentos estruturais queeram fornecidos por terceirosnos jatos El, porqueen-tendemos que a solução minimizará os custos eotimizará a utilização das nossas instalações in-dustriais", afirma Luís Carlos Affonso,vice-presidente sênior operacional da aviação co-mercial da Embraer.

Tal estratégia foi possível de ser adotada porque, se-gundo Affonso, a empresa investiu muito em au-tomação e se tomou mais competitiva. Os trens depouso dos novos jatos são 100% feitos pela fábricada Eleb, controlada pela Embraer, em São José dosCampos. Algumas empresas de engenharia, como aSafran, Akaer e Solutions, também participam do de-senvolvimento da parte estrutural e de sistemas dosE2.

O programa de desenvolvimento dos E-Jats E2, ini-ciado em 2013, vai absorver recursos de US$ 1,7 bi-lhão. Para este ano, a empresa prevê investir US$650milhões, dos quais US$ 350 milhões em pesquisa edesenvolvimento e US$ 300 milhões em novos pro-cessos industriais.

De outro lado, a confirmação do contrato de comprade 36 caças Gripen NG para a Força Aérea Brasileira(FAB), em agosto deste ano, deu melhores per-spectivas para as empresas brasileiras que atuam naárea de defesa e de projetos aeronáuticos. O contratoé de US$ 4,7 bilhões, dos quais US$ 245,3 milhõessão para a compra de armamentos para os jatos.

Cerca de 350 técnicos e engenheiros da Embraer,Akaer, Inbra, Atech, AEL, Samal e Mectron, assimcomo do Departamento de Ciência eTecnologia Ae-roespacial (DCTA), farão o intercâmbio para a ab-sorção de tecnologia do caça. O primeiro grupo de 48engenheiros e técnicos brasileiros já começou a tra-balhar na fábrica da Saab, na Suécia.

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Selecionada pelaSaab para fazeragestão conjunta doprograma F-X2 - de reequipamentoe mo-demizaçãoda frota militar brasileira-, a Embraervaienviar200técnicose engenheiros para a Suécia. Aempresa também terá um papel relevante na exe-cução do programa, realizando grande parte do tra-balho de produção e entrega das versõesmonoposto(para um piloto)ebiposto(dois lugares)do Gripen NG.

A montagem final dos caças será feita na fábrica daEmbraer em Gavião Peixoto. A Mectron, do grupoOdebrecht Defesa & Tecnologia ficou responsávelpela integração de armamentos e pelo sistema de da-talink do Gripen, e a Atech, controlada pela Embraer,participarão do simulador. A Inbra Aerospace vaiproduzir a fuselagem e a AEL, de Porto Alegre (RS),desenvolverá a parte dos sistemas aviônicos.

Em maio, a Saab concluiu a compra de 15% da bra-sileira Akaer. O presidente da Akaer, César Augustoda Silva, diz que a participação da Saab na empresavai acelerar o projeto de se tornar uma fornecedoramundial de nível 1 no mercado de aeroestruturas, quemovimenta maisde US$30 bilhões por ano.O Brasil,segundo ele, tem uma participação pífia no seg-mento, inferior a 1%.

Com o fortalecimento da Akaer e um maior en-volvimento da cadeia aeroespacial brasileira, o paísteria potencial para exportar US$ 5 bilhões em dezanos", afirma Silva. A receita prevista para este ano éde R$ 70 milhões. Os contratos com a Embraer res-pondem por 60%.

Há seis anos trabalhando no programa do Gripencom a Saab, a Akaer está na liderança do de-senvolvimento de engenharia da parte estrutural do

caça. A experiência credenciou a empresa a assumiruma nova responsabilidade no programa, com o de-senvolvimento da fuselagem central da aeronave.

Para o coordenador do arranjo produto aeroespacial ede defesa do Centro para Competitividade e Ino-vação do Cone Leste Paulista (Cecompi), Carlos Fer-nando Rondina Mateus, o desafio a ser superadopelas empresas está na qualidade."Estamos tra-balhando para criar condições quepermitam o acessomais efetivo dessas empresas na cadeia de for-necimento global."

Paraesse trabalho,o Cecompiatua em parceria com aApex e com a Associação Brasileira de De-senvolvimento Industrial (ABDI ). Entre 2014 e2016, a Apex vai destinar R$ 3,3 milhões para pro-gramas de capacitação e internacionalização das em-presas da cadeia aeroespacial. "O jato A320 Neo, dafabricante europeia Airbus, conta com pedidos fir-mes que garantem pelo menos dez anos de produção.Esta é uma boa oportunidade para o cluster ae-roespacial brasileiro conseguira sua inserção nomercado global, mas precisamos nos preparar", afir-ma.

O presidente da Associação Brasileira das Indústriasde Materiais de Defesa e Segurança(Abimde),SamiHassuani,lembraqueasobrevivência da indústria ae-roespacial depende, sobretudo, da combinação entreo lançamento de produtos de alta tecnologia, vendasde pequenos lotes no país e exportação. "Se não tiveressa dinâmica, a empresa não sobrevive", destaca.

Assim como a Embraer e a própria Avibras, que ex-porta 80% da sua produção, há necessidade de as em-presas brasileiras encontrarem um nicho de mercadoonde sejam competitivas e estejam entre as melhores

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do mundo. Dados do Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (M-DIC) mostram que a indústria de defesa no Brasilgera hoje uma receita equivalente a US$3 bilhões. Omercado de material de defesa no mundo, no entanto,movimenta US$ 1,5 trilhão.

Estudo feito pela Fundação Instituto de PesquisasEconômicas (Fipe), a pedido da Abimdc, mostra queocomplexodaindústriadedefesa esegurança noBra-

sil movimentou R$ 202 bilhões em 2014.0 valor in-vestido no setor correspondeu a 3,7% do ProdutoInterno Bruto (PIB). Desse total, R$ 110 bilhões es-tão relacionados àsegurança públicaestadual.A áreadesegurança privada respondeupor R$ 31 bilhões dototal e a defesa nacional contribuiu com R$ 25,2 bi-lhões. Já asegurança pública federal, com R$S 6,9 bi-lhões.

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Competição deve se dar em base global ESPECIAL INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO

Entrevista Empresas preparadas para romper mo-delos vão ganhar mercado, diz o presidente da Apex

Ediane Tiago

Para o Valor, de São Paulo

No Brasil, duas agendas convergem para fortalecer aeconomia e ampliar a presença do país na cadeia glo-bal de valor: a internacionalização dos negócios e ainovação. A conexão entre esses dois pilares es-tratégicos aumenta em tempos de crise, momento noqual a busca por mercados depende da capacidade decriação e da competitividade. "Não existe negóciolongevo sem investimento em pesquisa e de-senvolvimento (P&D)", analisa David Barioni Neto,presidente Agência Brasileira de Promoção de Ex-portações e Investimentos (Apex-Brasil).

O executivo tem em mãos o desafio de comandar aagência, ligada ao Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em ações ca-pazes de atrair capital para os projetos de P&D, qua-lificando o dinheiro que entra no país. A meta éencorpar o investimento estrangeiro direto (IED)

com recursos para gerar conhecimento em solo na-cional e ampliar a inserção do país na rede global deinovação.

A tarefa será árdua. O Brasil não tem tradição emP&D, é considerado mediano em inovação e tem vis-to suas posições despencarem nos rankings que me-dem a competitividade e a produtividade daeconomia. Na última lista divulgada pelo FórumEconômico Mundial, em parceria com a FundaçãoDom Cabral, o Brasil caiu 18 posições na avaliaçãoda competitividade, quando comparados os fatoresem um grupo de 140 nações. Ficou na 75 a colocação- a pior posição na série histórica. "Em contrapartida,temos cadeias produtivas eficientes e criativas, quedemonstram potencial para inovar no país", lembra oexecutivo.

Barioni esteve em São Paulo na última semana paraparticipar do evento "Corporate Venture in Brasil",promovido pela Apex-Brasil, e falou com ex-clusividade aoValor sobre a importânciada inovaçãona superação da crise econômica, no aprimoramentodos negócios e no comércio exterior.

Valor: Quais desafios precisam ser superados paraatrair investimentos em pesquisa e desenvolvimentopara o Brasil?

David Barioni Neto: O primeiro deles é ampliar o ní-vel de aportes na economia como um todo. O Brasilainda não conseguiu passar dos 20% do Produto In-terno Bruto (PIB)em investimento. Precisamos apli-car mais em infraestrutura e outros fatores decompetitividade.Quantomaior aestabilidadenaeco-nomia, maior o apetite do empresário para investir,inclusive em pesquisa e desenvolvimento. É claroque a situação econômica precisa melhorar. Mas ainiciativa privada tem de transformar seu pen-samento. O que mantém o capital vivo é o aporte demais capital. As empresas ficam mais fortes a partir

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do momento em que destinam dinheiro para ser maiscriativas e competitivas.

Valor. Muitos setores estão atualmente lutando pelasobrevivência. A indústria, por exemplo, enfrentaperdas importantes. Como pedir para investir mais?

Barioni: Estamos saindo de uma economia protegidae temos de enfrentar o mundo. Essa é a realidade paraas empresas. A competição tem dese darem baseglo-bal. Durante os anos de crescimento econômico,muitos empresários deixaram de aplicar em efi-ciência, inovação e competitividade. Apostaram emmudanças simples para aproveitar o potencial domercado local. Foi um erro estratégico em muitos se-tores. Quem não se preparou, sofre limitações im-portantes. A participação da indústria na economiatem caído, com a crise a coisa se agravou e o seg-mento responde por 10% do PIB atualmente. Oíndice já foi superior a 30%. O potencial de consumono Brasil é grande, mas a concorrência pelo or-çamento das famílias também é. Os brasileiros que-rem produtos de maior qualidade e buscam opçõespara suas demandas. As empresas mais inovadorassobreviverão à crise. Na minha opinião, a indústriabrasileira voltará a crescer, mas em uma nova base.Não éumsetorpara quem querapenas aproveitar mo-mentos de crescimento econômico. Demanda com-prometimento com qualidade e eficiência em longoprazo. É outra dinâmica.

Valor: Temos base para dar um salto tecnológico eampliar a capacidade inovadora do Brasil?

Barioni: Sim. Os investimentos em P&D têm cres-cido em relação aoPIB, hoje estão em 1,24%. Éclaroque precisamos ampliar a taxa para dar conta da de-manda por competitividade na economia. Mas es-

tamos falando de um país que intensificou os aportesem P&D há uma década. É hora de comemorar osavanços e consolidar o ambiente para os negóciosinovadores. Somos reconhecidos pela nossa ca-pacidade de pesquisa. A engenharia aeronáutica bra-sileira é uma das melhores do mundo.Setores como ode tecnologia da informação e comunicação (TIC),agronegócio e produtos odontológicos também noscredenciam como inovadores. O problema é não ter-mos volume na mão de obra qualificada. Formamospoucos engenheiros, químicos, matemáticos e fí-sicos. São áreas que mantêm a roda da inovação gi-rando. Esse é um desafio a ser enfrentado. Morei naCoreia quando o governo decidiu dar um salto eco-nômico, com base na inovação. Os coreanosinvestiram pesado em formação de mão de obra,mandaram seus cientistas para as melhores uni-versidades do mundo. Fez toda a diferença.

Valor: Comoconvencero investidor estrangeiroaco-locar dinheiro em inovação no Brasil?

Barioni: Temos um mercado consumidor forte o su-ficiente para tirar o país da crise. Ninguém duvida dacapacidade brasileira para superar o momento. En-frentamos dificuldades para fazer negócios por aqui,masanossa economia émadura. Apesar do poucovo-lume, os talentos que temos são muito bons. Em-presas como GE, Google, IBM e Microsoftmontaram centros deP&D por aqui, colocandoo paísem suas redes globais de inovação. Temos ca-pacidade para atrair mais empresas.

Valor: Em que medida ampliar os investimentos eminovação pode melhorar a participação na cadeia glo-bal de valor?

Barioni: Somos a sétima economia do mundo e o 25 º

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quinto país exportador. Há algo evidentemente er-rado. O crivei seria o Brasil ocupar, pelo menos, o sé-timo lugar entre os comerciantes. Essa é a meta quetemos de perseguir. Claro que só chegaremos lá comprodutos melhores e inovadores, ampliando a vendade manufaturados. Temos de encarar a atual crise co-

mo uma oportunidade para melhorar nossas bases, naeconomia e nos negócios. Empresas preparadas pararomper modelos terão oportunidade de ganhar mer-cado.

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Cresce o interesse em investir este ano VALOR ESTADOS - SP

Apesar da falta de entusiasmo dos empresários, o Es-tado atrai novos projetos porque oferece boa in-fraestrutura e centros de pesquisa e tecnologia euniversidades

Por Ismael Pfeifer

O desânimo dos industriais paulistas tem batido re-corde nas últimas pesquisas da Federação das In-dústrias do Estado de São Paulo (Fiesp ).No iníciodo ano passado, 19% dos empresários previam nãofazer nenhum investimento no período, número quedisparou este ano: 44%disseram que não iam arriscarum centavo, Reflexo da crise econômica, Apesar dis-so, vários novos empreendimentos brotam na in-dústria paulista, parecendo indicar que asoportunidades podem aflorar justamente no mo-mento mais difícil. É a leitura que alguns segmentosprodutivos estão fazendo ao traduzir para si a velhamáxima recitada por consultores de bolsa de valores:investir na baixa para ganhar mais tarde.

Um dos movimentos econômicos que mais têm as-sustado setores da indústria, a desvalorização do realpode tomar-se a redenção para outros nichos. "O dó-lar caro atrapalha muita gente, que compra insumosimportados ou tem dívidas em dólar, mas empresasquevinham perdendo exportaçõesou sofrendo com aconcorrência de importados baratos podem voltar aexportar ou recuperar a competitividade interna",diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor do De-partamento de Competitividade e Tecnologia (De-comtec) da Fiesp.

Roriz Coelho cita os segmentos de autopeças, de ali-mentos epapel ecelulosecomo exemplos dos quepo-dem ganhar com a desvalorização do real. Mas hátambém benefícios para a indústria de tecidos e con-fecções, que vinha perdendo boa parte do mercadointerno para os chineses, e para as próprias fa-bricantes de veículos, que encolhem no mercado

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Continuação: Cresce o interesse em investir este ano

local - marcha à ré de 20% nas vendas dos nove pri-meiros meses do ano -, mas que começam a recuperarparte das exportações perdidas nos últimos anos: dejaneiro a setembro, o crescimento das vendas ao ex-terior cresceu 10%.

Em quase todos esses setores, menos em confecções,a indústria paulista é líder no país (detém, por exem-plo, 31% dos grandes fabricantes de alimentos e 56%das montadoras de veículos do país), embora a par-ticipação do Estado no Produto Interno Bruto (PIB)industrial nacional venha caindo paulatinamente nasúltimas décadas - de quase 50% há 20 anos para me-nos de 40% atualmente (segundo pesquisa da Fiespcom dados até 2012).

"Por um lado, a redução da participação de São Paulono produto industrial brasileiro é natural, porque aconcentraçãode50% dos anos 1990era insustentávelnum país que precisa crescer como um todo. Pelo ou-tro, além do maior custo de mão de obra no Es-tado,pesou na queda aguerra fiscal, em que algunsEstados chegaram a baixar o ICMS (Imposto sobreCirculação de Mercadorias e Serviços) de 18% para2% para conquistar fábricas", avalia o diretor deeco-nomia da Fiesp, Paulo Francini. Diante das di-mensões da crise, ele enxerga poucas brechas deinvestimento para a indústria paulista neste mo-mento, mas concorda que setores pouco dependentesde insumos importados, como o da indústria de ali-mentos, além dos segmentos exportadores, são osque mais têm a aproveitar com o novo cenário de dó-lar próximo de R$ 4.

Nessa direção, a Investe SP, do governo do Estado,lançou em setembro, em parceria com aAgência Bra-sileira de Promoção de Exportações e Investimentos(Apex), o SP Export, programa de apoio às ex-portações, voltado principalmente a criar opor-tunidades no exterior às pequenas e médiasempresas. O programa vai realizar seminários paralevar informação e assessoria a diversas regiões doEstado. Em parceria com associações comerciais,

entidades setoriais e prefeituras, pretende indicaroportunidades fora do país que o empresário às vezesnão sabe que tem. Será também criada uma pla-taforma de informações na internet para ajudar o em-preendedor a internacionalizar seus produtos.

O anode2015 tem sido surpreendentemente positivopara as ações do Investe SP. O órgão do governo pau-lista viu mais do que dobrar os investimentos comsua assessoria. Em 2014, foram fomentados 29 em-preendimentos, com investimentos totais de R$ 3,52bilhões e geração de 4 mil empregos. Até setembrodeste ano, os aportes chegaram a R$ 8,9 bilhões, di-vididos em 38 projetos.

"Não há contradição entre os índices de pessimismoapontados pela Fiesp e nosso crescimento. O em-presariado está cauteloso, mas São Paulo é na-turalmente muito atraente para os que decideminvestir, por ofereceramelhor infraestrutura do paíseos principais centros de pesquisa e tecnologia, comoa Unicamp, a USP e a Unesp. Além disso, a InvesteSP se desdobrou, neste ano particularmente difícil,para atrair investimentos, porque a prioridade do go-verno do Estado neste momento é reunir esforços pa-ra a geração de novos empregos", justifica JuanQuirós, presidente do Investe SP.

A Ajinomoto é um bom exemplo de como o setor dealimentos sente menosos efeitos dacrise. Entre o fimde 2013 até 2016, a empresa prevê investimentos quebeiram os R$ 400 milhões na ampliação de linhas deprodução, cm tecnologia e novos produtos em suascinco fábricas no interior do Estado. Menos de doisanos atrás, ampliousua fábricado temperoSazón,emLimeira, com aportes de R$ 47 milhões. Para o triê-nio 2014/2016, está investindo mais R$ 330 milhõesno mercado brasileiro.

O ânimo da companhia japonesa - líder do setor dealimentos em seu paísdeorigem - nãoéocasional.Noanopassado, cresceu 11% ealcançou faturamento deR$ 2 bilhões. Epara 2015 aestimativaédequeo cres-

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Continuação: Cresce o interesse em investir este ano

cimentos e aproxime de 10%. "Ninguém passa in-cólume à crise, mas boa parte de nosso modelo denegócios se baseia em lançamentos de produtos ino-vadores para facilitar a vida da dona de casa. Só esteano colocamos no mercado 17 novidades. Essa es-tratégia não permite parar de investir", resume LuizCarlos Silva,diretor da divisão de alimentos da Aji-nomoto do Brasil. A empresa atua também naprodução de insumos para a indústria de rações c ali-mentícia, com outras três unidades em cidades dointerior, Laranjal Paulista, Pederneiras e Valparaíso,além das duas em Limeira.

Outra explicação para os investimentos cm temposdifíceiséqueaAjinomoto brasileira éuma das pontasde lança do grupo japonês, presente em 27 países eque faturou US$ 9,1 bilhões no ano passado. "O Bra-sil é o terceiro faturamento do grupo, só atrás do Ja-pão e da Tailândia. Isso garante prioridade nosinvestimentos", diz Silva, que confirma que a em-presa tem olhos abertos também para as exportações,principalmente agora, com a desvalorização do real."A valorização do dólar melhora o resultado da em-presa. Exportamos muitos de nossos produtos e hojetemos uma receita bastante equilibrada entre as ven-das ao mercado interno e ao exterior."

A multinacional francesa Danone é outra grande dosetor de alimentação com investimentos no interior.Comprou há alguns meses terreno de 500 mil metrosquadrados em Itapetininga (a 170 quilômetros de SãoPaulo) para uma nova fábrica de iogurtes. A região éprodutora de leite - insumo básico para a companhia-eatraiupara lá outrasempresas, como aBatavo. Em-bora a Danone não fale em valores, os investimentosiniciais devem passar dos R$ 150 milhões e a pro-dução deve começar em 2017. A Danone opera hojecom planta em Poços de Caldas (MG).

A também francesa Norac, líder no segmento ali-mentício de pratos prontos e lanches naturais em seupaís, foi pega no contrapé ao se instalar no Brasil jus-tamente quando o consumo interno começou a en-colher. Comprou terreno em Ibiúna em 2011,começou a construir no ano seguinte e passou a pro-duzir sanduíches naturais, saladas prontas e pratosprontos à base de macarrão distribuídos a su-permercados e lanchonetes em janeiro de 2014, numinvestimento total de R$ 55 milhões.

"A estreia foi mais difícil do que prevíamos, masacreditamos na recuperação do mercado brasileiro.Estamos crescendo mais devagar do que pre-tendíamos, mas nosso projeto no Brasil é de longoprazo", anima-se Bertrand Chambert Loir, pre-sidente da Norac do Brasil, que usa o nome fantasiade "Atelier do Sabor" para seus produtos. Em poucomais de um ano e meio, a empresa saltou dos 50 fun-cionários iniciais para os 135 atuais e está faturandoao redor de R$ 3,3 milhões ao mês - próximo dos R$40 milhões por ano.

A Unilever também promoveu investimento pesadoeste ano no interior paulista. Foram R$ 500 milhõespara a construção da nova fábrica de sabões, de-tergentes, produtos de limpeza e produtos de per-fumaria e de higiene pessoal em Aguaí, município de32 mil habitantes a 200quilômetros da capital. A no-va unidade, inaugurada em agosto, vai gerar 120novos empregos diretos.

"Essas empresas fizeram estudos de viabilidade queapontaram São Paulo como extremamente vantajosoamédio e longoprazos.Queminveste sabequeacrisevai passar, como várias outras recentes passaram, eentão vão poder usufruir de um mercado consumidorde 43 milhões de pessoas e as melhores rodovias do

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Continuação: Cresce o interesse em investir este ano

país para escoar seus produtos. São Paulo é muitomaior que essa crise", diz Quirós, do Investe SP.

A sueca SKF, que produz rolamentos para máquinase veículos, é outra que investiu no Estado. Em se-tembro, inaugurou em Cajamar, região me-tropolitana de São Paulo, a nova fábrica da KaydonCorporation, empresa baseada nos Estados Unidoscomprada pelo Grupo SKF há dois anos. O in-vestimento ficou próximo dos R$ 60 milhões e deve

empregar até 150 funcionários, para produzir ro-lamentos especiais para turbinas eólicas. "A inau-guração da fábrica, que coincide com os cem anos denossa empresa no país, reafirma nosso compromissocom o Brasil", disse na inauguração o CEO global daSKF, Alrik Danielson.

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Continuação: A alta do dólar já pesa na balança

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29 de outubro de 2015Federações | FIESP

Valor Econômico

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Continuação: A alta do dólar já pesa na balança

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29 de outubro de 2015CNI

O Estado de S. Paulo

cni.empauta.com pg.39

Editorial Econômico EDITORIAL ECONÔMICO

Desânimo dos industriais às vésperas do fim do ano

O segundo semestre é historicamente melhor do queoprimeiropara aindústria, pois épreciso produzir pa-ra atender à demanda do comércio para as vendas deNatal e de fim de ano. Mas nem esse esperado com-portamento sazonal se observa em 2015. Faltandodois meses para o ano acabar, cresce o desânimo dascompanhias, medido pelo índice de Confiança doEmpresário Industrial (Icei), da Confederação Na-cional da Indústria (CNI ).O índice mostrou o piorcomportamento desde 1999.

Em dois anos, o Icei caiu 35%, de 54,5 pontos em no-vembro de 2013 e no campo positivo (acima dos 50pontos) para 35 pontos e no campo negativo, nestemês.Só em 2015 aqueda foide21% e,nos últimos 12meses, de 23,5%, mostrando quão rapidamente ascondições atuais e as expectativas se deterioraram.

Pequenas, médias e grandes empresas têm percepçãosemelhante da crueza dos tempos.

Medido pela percepção dos negócios nos últimosseis meses,o Icei édeapenas 26,5 pontos, chegando a39,3 pontos quando se avaliam as expectativas. Háuma ponta de otimismoquanto ao futuro, seja ela jus-tificada ou não.

As condições da economia brasileira são de-

terminantes da desconfiança dos empresários: nesteitem, o indicador é de 17,5 pontos, queda de 41% emrelação a outubro de 2014. Quando a pergunta é sobreo estado da empresa, este é avaliado em 31,3 pontos.Isto é, o País está pior que a empresa.

Há um ano, no campo positivo estavam as indústriasextrativa, de alimentos, bebidas e produtos far-macêuticos, todas acima dos 50 pontos. Neste mês,todos os ramos industriais estão em declínio. Nem osegmento farmacêutico escapa, embora a populaçãoesteja envelhecendo e, como consequência, de-mande mais remédios e tratamentos.

A pesquisa da CNI retrata o encolhimento da in-dústria, cuja participação no Produto Interno Bruto(PIB) caiu cerca de seis pontos porcentuais nos úl-timos seis anos e hoje mal supera os 10%. Para umaqueda do PIB de 3%, como preveem os consultadospara a pesquisa Focus, do Banco Central, o recuo daindústria deverá ser quase o dobro (5,5%).

A indústria está sujeita àcompetiçãoglobal. Mas, en-quanto os juros e a carga tributária são altos, a pro-dutividade é baixa, a volatilidade do câmbio éexcessiva e a infraestrutura é sofrível, o que limita apossibilidadede recuperação acurto prazo. Comoes-tará o parque industrial após mais um ano de re-cessão?

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

O Estado de S. Paulo

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Celso Ming CELSO MING

Aí está a evolução do faturamento líquido do setor de bens de capital(máquinas, equipamentos e instalações), num momento de paradeira dos

investimentos.

Aí está a evolução do faturamento líquido dosetor de bens de capital (máquinas,

equipamentos e instalações), num momento deparadeira dos investimentos.

Celso Ming

Não há sentido de urgência

A situação econômica é mais do que grave. O PIBmergulha a mais de 3,0% neste ano e começam a apa-recer projeções de números próximos desse tambémpara o desempenho da atividade econômica em2016.

A inflação vai para os dois dígitos (para acima de9,9% em 12 meses). Se for verdade que o País já viveuma situação de dominância fiscal, em que os jurosoperam como cerveja choca sobre a inflação, é enor-me a probabilidade de que sobrevenha uma corridaao dólar.

A indústria está prostrada, incapaz de reação, e o de-semprego, hoje nos 7,6%, tende também a chegaraos dois dígitos.

A administração fiscal é um pandemônio. Ninguémno governo consegue apresentar um número coe-rente para o rombo. E, se não há acordo nem sequerpara o tamanho do problema, menos ainda há parauma solução.

O ajuste fiscal, por exemplo, o mesmo que foi pro-posto para um déficit mais baixo, esta emperrado. Aíaparecem aqueles escapismos em que só os tolosacreditam: que tudo isso é resultado da crise globalou da prolongada estiagem e não de erros de políticaeconômica; e que o Brasil não é a única economia domundo apanhada pela derrubada dos preços in-ternacionais das commodities e pela redução das en-comendas externas. Enfim, quem atribui tudo a umaespécie de inferno zodiacal, cujas forças ninguémcontrola, acaba por eximir o governo de res-ponsabilidades sobre tudo o que de errado aí está.

Pior, ainda, o emperramento do ajuste não conseguedespertar sentido deurgência.Se nãohápercepção decatástrofe, não há nem mesmo por que chamar osbombeiros. Somos bonzos a caminho da imolação,com a desvantagem de que a serenidade aparente nãopassa de fruto da inconsciência.

O ajuste de contas parece distante, mas também vaise aproximando. O primeiro deles está agendado pa-ra outubro de 2016. Já há uma alentada debandada depolíticos do PT, especialmente de prefeitos, para ou-tros partidos, porque não será possível eleger os can-didatos apoiados pelo governo quando tantaencrenca segue não equacionada, principalmentequando a inflação e o desemprego não param de co-mer renda do consumidor que, por coincidência, étambém eleitor.

Desse ponto de vista, um dos maiores interessadosem que a presidente Dilma deixe a Presidência da Re-pública tende a ser o PT. Isso pode explicar por quecada vez mais gente dentro do partido vem tra-

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

O Estado de S. Paulo

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Continuação: Celso Ming

balhando na oposição.

São os mesmos que combatem descaradamente oajuste fiscal e exigem que a presidente Dilma dê novocavalo de pau na economia. Pregam a derrubada dosjuros namarra eaexpansão irrestrita das despesas pú-blicas, pouco se importando para onde vai a inflação,a falta de confiança e a fuga de capitais. Também pe-dem a demissão do ministro da Fazenda, JoaquimLevy, por seu suposto apego à ortodoxia, e a do mi-nistro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por ser in-capaz de controlar as ações do Ministério Público eda Polícia Federal. Imaginam que tudo isso seja re-sultado de uma conspiração com o objetivo deinviabilizar o projeto político do PT e do ex-pre-sidente Lula.

De resto, ninguém mais ousa fazer apostas firmes.Não hácerteza decomo seguirá adeterioraçãodaeco-nomia nem como serão desfeitos os enormes en-

roscos da política.

-

Na economia, as coisas desandam e as soluções nãodecolam. Não há vontade política de buscar saídas

-

Mal das pernas A melhora do faturamento em se-tembro em relação a agosto (mais 2,1%, já des-contada a inflação) é mais efeito da alta do dólar doquedo aumentodademanda.Équeaté mesmo os pro-dutos fabricados no Brasil tem forte conteúdo depeças e componentes importados. 0 setor continuamal das pernas: queda de 7,8% no período de 12 me-ses terminado em setembro.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Estado de S. Paulo

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Após fraude na emissão de poluentes, Volks tem o Pprejuízo em 15 anos

ECONOMIA

Escândalo. Montadora registrou perda de EUR1,7 bilhão no 3º trimestre, contra lucro de EUR2,9 bilhões no mesmo período de 2014; resultadofoi prejudicado por provisão de EUR 6,7 bilhõesfeita pela empresa para cobrir gastos com recallglobal de 11 milhões de carros

A Volkswagen divulgou ontem o primeiro prejuízotrimestral em pelo menos 15 anos. O resultado foiprejudicado por reservas de EUR 6,7 bilhões que amontadora fez para cobrir gastos relacionados ao re-call global de 11 milhões de veículos envolvidos nafraude de manipulação de resultados de testes po-luentes. No terceiro trimestre do ano,o grupo alemãoregistrou perdaslíquidas deEUR 1,73 bilhão entre ju-nho e agosto, revertendo lucro de EUR 2,9 bilhõesem igual período de 2014.

O escândalo explodiu nos Estados Unidos no mêspassado, quando foi revelado que os motores a dieselda Volkswagen tem um software que adultera os tes-tes de poluição. Os carros, na verdade, têm índices decontaminação acima do nível permitido.

No balanço financeiro trimestral, a empresa indicouque, além dessas provisões, pode registrar "cargas fi-nanceiras consideráveis à medida que se concretizam

os riscos judiciais". Reguladores e promotores ao re-dor do mundo estão investigando a fraude da mon-tadora nos testes de emissões de diesel, enquantoclientes e investidores estão movendo ações ju-diciais.

O lucro operacional, que não inclui o resultado naChina e o impacto financeiro do recall, teve quedaanual de0,7% nos trêsmesesaté setembro, aEUR 3,2bilhões. A receita, que também desconsidera as ope-rações chinesas, subiu 5,3%, a EUR 51,5 bilhões,graças a fortes vendas no oeste da Europa e apesar dafraqueza em mercados emergentes como Brasil eRússia.

Comoresultado, acompanhia espera queo lucro ope-racional do ano fique "significativamente abaixo" dorecorde atingido em 2014, de EUR 12,7 bilhões.Diante desse cenário, o grupo planeja cortar os in-vestimentos em EUR 1 bilhão por ano em sua prin-cipal divisão. A divisão de luxo Audi, fonte de cercade 40% do lucro do grupo, também planeja cortesnos investimentos.

A companhia confirmou que o prejuízo é o primeiroresultado trimestral negativoem pelo menos15 anos,mas,por causa demudanças contábeis, aempresa nãopode precisar quando o último prejuízo ocorreu.

Vendas. As vendas do grupo, que também incluem amarca Porsche, caíram 1,5% em setembro, para885.300 carrose recuaram 34% no terceiro trimestre,para 2,39 milhões de unidades.

Com isso a montadora alemã ficou atrás da japonesaToyota na liderança das vendas mundiais no acu-mulado dos nove primeiros meses deste ano após terassumido a primeira posição três meses antes.

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O Estado de S. Paulo

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Continuação: Após fraude na emissão de poluentes, Volks tem o P prejuízo em 15 anos

No Brasil, um dos grandes mercados da marca, asvendas da Volkswagen caíram 33% de janeiro a se-tembro, para 283,2 mil unidades. O País tem 17.057unidades da picape Amarok, fabricadas na Ar-gentina, envolvidas no escândalodo diesel eque tam-bém passarão por recall no início de 2016. /AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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Brasil

33% foi a queda nas vendas da Volkswagen no mer-cado brasileiro entre janeiro e setembro. País tem 17mil unidades da picape Amarok, modelo envolvidono escândalo do diesel

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O Estado de S. Paulo

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Fitch prevê queda de 0,5% no PIB da América LatinaECONOMIA

A agência de classificação de risco Fitch revisou aprojeção para o Produto Interno Bruto (PIB) realda América Latina em2015 para -0,6%, de +0,5%previsto em abril. Segundo a Fitch, obstáculos ex-ternos e desafios domésticos afetam a maioria dospaíses da região e as recessões no Brasil e na Ve-nezuela continuam se aprofundando.

Apesar da redução da estimativa para o crescimentoda região, a Fitch observou que as tendências de ra-ting estão no geral estáveis e que apenas dois paísestêm atualmente perspectiva negativa, o Brasil e aCostaRica. Asações de rating daFitch têm sido equi-libradas, com duas elevações (Bolívia e Paraguai) edois rebaixamentos (El Salvador e Brasil) até agoraneste ano. / DANIELLE CHAVES

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Estado de S. Paulo

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Indonésia barra Brasil na OMC ECONOMIA

País asiático impede abertura de processo que buscadefender as exportações de frango brasileiro; disputavive um impasse há seis anos

Jamil Chade

CORRESPONDENTE / GENEBRA

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A Indonésia barrou a abertura de um processo so-licitado pelo Brasil contra suas barreiras à im-portação de frango. Ontem, o Itamaraty recorreuaos tribunais da Organização Mundial do Co-mércio (OMC ) para que a entidade julgue asbarreiras impostas pela Indonésia contra o frangonacional e num contencioso que já dura seis anos.

O entrave para as exportações brasileiras na In-donésia não vêm de tarifas de importação, mas debarreiras técnicas. O país asiático estabeleceu nor-mas mais rígidas no método do abate halal - que se-gue os preceitos islâmicos - do que as regras queestão reconhecidas pelo Codex Alimentarius, có-digo internacional de padrão dos alimentos. Alémdisso, os indonésios não aceitam os certificados sa-nitários produzidos no Brasil.

O governobrasileiro insiste queexporta frango para155 países e que, das 3 milhões de toneladas ven-didas por ano, 1,5 milhão de toneladas vai a paísesmuçulmanos e com o método do abate halal.

Por meses o governo vem alertando em diversas ne-gociações que, sem razões científicas, os indonésiosnão teriam direito de manter as barreiras. Agora,sem uma explicação, o Brasilquer quea OMC julgueo caso.

Não contribuiu o fato de que as diplomacias dos doispaíses tenham adotado uma certa distância desdequeJacarta decidiuexecutardoisbrasileirospor trá-fico de drogas.

Ontem, em Genebra, a Indonésia julgou que o pro-cesso brasileiro era "prematuro", que estava abertaa negociar e impediu o estabelecimentodo caso. Masisso apenas arrasta o caso por mais algumas se-manas, já que a lei na OMC permite que o Brasil rea-presente o caso em novembro, quando então seriaaprovado automaticamente.

Em seu discurso, o Brasil indicou que tanta exportarfrango para o mercado da Indonésia desde 2009,sem sucesso. Para a diplomacia nacional, as me-didas são "discriminatórias".

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Reforma Tributária

O Estado de S. Paulo

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Projeto de repatriação é retirado da pauta POLÍTICA

Oposição derrota governo e proposta que prevê atra-ção de até R$ 150 bi não é votada

João Villaverde e Daiene Cardoso

A Câmara dos Deputados derrotou ontem o governoe aprovou um pedido da oposição para retirada depauta ao projeto de lei que cria o regime especial detributação para repatriação e regularização de ativosde brasileiros mantidos no exterior. Foram 193 votosa favor, 175 contra e uma abstenção.

Deputadosdo PSDB, PSB,DEM, Solidariedade, PC-doB, PPS, Rede, PV e PSOL orientaram a retirada depauta alegandoqueo texto final do relatorManoel Jú-nior (PMDB-PB) ainda estava indisponível. "O go-verno não basta mandar uma imoralidade (para oCongresso). Quer que votemos no escuro', protestouo deputado Roberto Freire (PPS-SP). Quando o pla-car foi anunciado, os parlamentares de oposição co-memoraram com gritos de "Fora PT".

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (P-MDB-RJ), encerrou a sessão e abriu outra em se-guida, pautando novamente o projeto, mas o clima seacirrou na Casa.

A oposição contestava pontos polêmicos do texto,como a possibilidade da regularização de crimes co-mo lavagem de dinheiro, quadrilha e aqueles co-metidos por doleiros. Em conversa com o Estado, orelator, disse que retiraria esses pontos polêmicos dorelatório para viabilizar a aprovação na próxima se-mana.

O início da sessão ontem na Câmara foi caótico. Deum lado, o líder do governo na Casa, José Guimarães(PT-CE), pediu que o projeto fosse votado na pró-xima terça-feira.

Contas públicas. Guimarães solicitava que o projeto

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Reforma Tributária

O Estado de S. Paulo

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Continuação: Projeto de repatriação é retirado da pauta

fosse votado, dada a importância que ele terá para ascontas públicas - o texto foi inicialmente fechado pe-lo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que avalia serpossível atrair até R$ 150 bilhões com a re-gularização de dinheiro e patrimônio de brasileirosmantidos fora do País.

De outro lado, parlamentares da oposição (PSDB,DEM, PPS, PSOL, PSB, Solidariedade, PV e Rede) etambém da base aliada (PC do B) sustentando que oprojeto visa livrar criminosos. "Esse projeto pareceservir para regularizar a situação de réus ou de in-vestigados da Operação Lava Jato", disse o deputadoMiro Teixeira (Rede-RJ).

O presidente da Câmara é um dos parlamentares in-vestigados na Lava Jato por crimes de lavagem de di-nheiro e evasão de divisas. Recentemente, oMinistério Público da Suíça passou à Pro-curadoria-Geral da República documentaçãobancária apontando ser Cunhao responsável por con-tas em bancos da Suíça que não foram declaradas noBrasil.

Antes de abrir a sessão, Cunha foi questionado sobreo projeto, quese aprovado podería beneficiá-lo. "Issoé um absurdo. Em primeiro lugar, o projeto é oriundodo Poder Executivo. Não estou tomando co-

nhecimento do que está acontecendo. Não me be-neficio nem pretendo me beneficiar deabsolutamente nada."

'Plano B'. Considerado como uma espécie de "planoB" para a CPMF pelo potencial de atração de re-cursos, o projeto prevê a cobrança de uma alíquota de15% de Imposto de Renda (IR) e outros 15% de mul-ta, totalizando uma cobrança de 30%, sobre o di-nheiro ou o patrimônio de brasileiros no exterior. Oprazo para regularização, segundo o projeto, éde210dias.

O dinheiro que será arrecadado com a multa, peloprojeto, será encaminhado para os fundos de Estadose municípios, como FPE e FPM, respectivamente.Originalmente, o dinheiro formaria o fundo para a re-forma do ICMS, considerada prioritária por Levy. Amudança desagradou o ministro da Fazenda, que, noentanto, continua considerando o texto prioritário,porque precisa dos recursos para fechar as contas pú-blicas em 2016.

Segundo o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), "écomo se o Estado brasileiro estivesse cobrando pro-pina para liberar crimes". / COLABORARAM DA-NIEL CARVALHO e IGOR GADELHA

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Folha de S. Paulo

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Clóvis Rossi CLÓVIS ROSSI

Ressaca da onda rosa?

Clóvis Rossi

Derrota de Cristina e crises de Dilma Rousseff e deNicolás Maduro ameaçam o longo ciclo esquerdista

A INESPERADA derrota de Cristina Kirchner naeleição de domingo na Argentina e o despencar naspesquisas de popularidade tanto de Dilma Rousseffno Brasil como de Nicolás Maduro na Venezuela co-locamnaagenda aperspectiva deressaca dachamada"onda rosa", a ascensão ao poder de partidos de es-querda, iniciada com Hugo Châvezeml998.

Pergunta, por exemplo,Francesc Dalmases, do". De-mocracia Aberta", coletivo de 37 ONGs que estuda ademocracia e suas perspectivas:

"Estamos alcançando o fim da narrativa progressistae testemunhando uma crescente paralisia da es-querda ou mesmo um retomo ao neoliberalismo, que,deacordo com alguns,nente nunca desapareceu, masficou disfarçado pelos frutos do crescimento eco-nômico que foram parcialmente investidos em po-líticas sociais redistributivas?".

Dalmases não tem outra resposta que não seja dizerque "o ambiente econômico e político está mudando,e o futuro não é claro".

Mas outroanalista, Gerardo Munck, daEscola deRe-lações Internacionais da Universidade do Sul da Ca-lifórnia, tem mais certezas:

"A coincidência deste fim de ciclo na Argentina com

os grandes problemas enfrentados por Dilma Rous-seff e a probabilidade de derrota do governo Maduronas eleições parlamentares na Venezuela sugeremque a ascensão da esquerda esteja chegando ao fim eque forças centristas ou conservadoras ganharãomais poder do que tiveram em tempos recentes".

Continua: "Dado que esses são os três países mais ri-cos e os maiores da América do Sul, mudanças nelesalterarão radicalmente o equilíbrio de poder na re-gião".

Francisco Panizza (London School of Economics) fi-ca mais ou menos no meio do caminho: "Não estouseguro de que seja o fim da hegemonia da esquerda,mas ê, sim, uma séria crise dos governos de esquerdana região".

Uma das principais causas da crise, segundo Shar-mon 0'Neil (Council on Foreign Relations):

"A exaustão das políticas econômicas expansivas se-guidas por muitos líderes esquerdistas, propiciadaspelo boom das commodities".

Panizza coincide em apontar essa causa, mas acres-centa que, além desse fator externo, a crise "e-videncia as limitações dos governos de esquerda emlançar as bases de um modelo de desenvolvimentosustentável para o século 21 e de pôr em prática po-líticas de integração social que potencializem as ca-pacidades dos setores menos privilegiados paraaceder às oportunidades da economia moderna".

Tradução minha: programas assistencialistas, comoo Bolsa Família, são necessários, indispensáveis até,

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Folha de S. Paulo

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Continuação: Clóvis Rossi

mas, sem reformas estruturais, não bastam para em-poderar os mais pobres.

Tanto é assim que cerca de 200 milhões de pessoascorrem o risco de voltará pobreza na América Latinaante a desaceleração do crescimento econômico daregião, conforme recente relatório da Oxfam.

Esteja-se ou não no fim de um ciclo, a "onda ro-sa"deixa um legado perene: a atenção aos pobres, viaprogramas tipo Bolsa Família, não sairá da agendanem que voltem os mais empedernidos con-servadores.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Folha de S. Paulo

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Matias Spektor MATIAS SPEKTOR

Matias Spektor

Depois da rasteira

Um novo pacto terá de surgir das cinzas desta crise,combinando estabilidade financeira com redução dadesigualdade. Sem isso, será difícil para qualquerconstelação de forças ter um futuro político viável.Tal acordo demandará uma composição difícil. Porumlado, medidas liberaispara restaurar as contas pú-blicas. Por outro, redistribuição de renda. Para fun-cionar, necessitará de liberalização e redistribuiçãoao mesmo tempo.

Essa realidade deveria servir como norte para a di-plomada comercial brasileira, que agora se preparapara a reunião ministerial da OMC, daqui a seis se-manas.

Durante o encontro, saberemos se a OMC começaráum capítulo novo ou se permanecerá presa à rodadaDoha, negociação iniciada em 2001, mas estagnadahã vários anos.

Para o Brasil, o encontro será difícil porque sua pos-tura oficial permanece intocada há 14 anos. A es-tratégia original do Brasil consiste em montar umacoalizão de países em desenvolvimento para com-bater os subsídios agrícolas das economias maisricas, ao passo que resiste às pressões dos mais fortespela abertura de seu mercado nacional.

De lá para cá, porém, uma revolução na geopoliticado comércio fez a estratégia brasileira cair por terra.

Primeiro, os países ricos reduziram seus subsídios àagricultura, ao passo que China e Índia, su-

postamente aliados do Brasil, os aumentaram. Hoje,o maior desafio ao agronegócio brasileiro não está nomercado europeu ou americano, mas no asiático.

Além disso, a produção industrial deixou de ser umprocesso nacional. Quase 70% do comércio mundialnão consiste mais em bens finalizados, mas em par-tes e componentes em cadeias globais de produção.Ao proteger o industrial brasileiro da competição ex-terna, a diplomada comercial, em vez de prepará-lopara o ciclo capitalista ora em andamento, o condenaao atraso. Nesse mundo, protecionismo produz de-sindustrialização.

A indústria sabe disso. Não à toa, até mesmo os se-tores mais protecionistas -máquinas, químicos e ele-tro-eletrônicos- começam a pedir acordoscomerciais. Reconhecer que levamos uma rasteira éuma precondição necessária para levantar do chão,sacudir a poeira e seguir adiante.

Livres de uma estratégia cuja data de validade já ven-ceu, teríamoscondições decomeçar a travar abatalhaque realmente importa: restaurar o braço legislativoda OMC, hoje enfraquecido a ponto de deixar o co-mércio global cada vez mais à mercê de pequenosgrupos de grandes jogadores com força para ditar asregras.

Isso importa porque o comércio internacional é umdos principais instrumentos de política pública queeste governo e seus sucessores terão para construirnossa recuperação.

MAT1AS SKKTOR escreve às quintas-feiras nestacoluna.

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29 de outubro de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Globo

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Brasil tem maior queda entre Brics em ranking denegócios

ECONOMIA

País perde cinco posições em lista do Banco Mun-dial. Burocracia é um dos principais entraves

-Washington e rio- Do ano passado para cá, o Brasilnão conseguiu melhorar seu ambiente de negócios eficou para trás no ranking de melhores locais para to-car uma empresa. De acordo com o Banco Mundial,o país perdeu cinco posições no relatório "Doing Bu-siness 2016 ", que acompanha 189 economias. Otombo foi o pior entre as nações do Brics (grupo queinclui ainda Rússia, China, índia e África do Sul), le-vando a economia brasileira para a 116º colocação.

No bloco dos cinco emergentes, o Brasil só está me-lhor que a índia, que figura na 130ª colocação, apóssubir quatro degraus em relação ao ano passado. Omais bem colocado do Brics é a Rússia, que ganhoutrês posições e aparece no 51º lugar, no ranking glo-bal.

A posição brasileira é pior que a média da AméricaLatina, que, se fosse um país, estaria na 104ª posição.Nações como México (38ª posição), Chile (48ª po-sição) e Colômbia (54ª posição) se distanciam doBrasil. A burocracia é um dos principais entraves. O

Banco Mundial calcula que, em 2015, abrir uma em-presa no Brasil demorava 83 dias. Em Cingapura, lí-der do ranking, o processo leva só dois dias e meio. Jána Rússia, demora dez dias e meio.

Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral,diz que falta ao país implantar tecnologias que já do-mina, como ampliar a informatização de processos.

- O Brasil tem base tecnológica para isso. Falta umaestratégia de país - afirma.

Para Paulo Fleury, professor do Instituto Dos de lo-gística, as barreiras no ambiente de negócios criamempecilho para atrair investidores internacionais:

- Imagina um investidor americano ou europeu quechegua aqui e não tem a menor ideia se um processovai demorar um mês ou seis meses? Cria um riscoenorme. (Henrique Gomes Batista e Marcello Cor-rêa)

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O Globo

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Fitch: nova meta fiscal 'ilustra desafios' do país ECONOMIA

Pressão para corte de nota de crédito aumenta, alertaagência de risco

A agência de classificação de risco Fitch divulgounota ontem afirmando que a revisão da meta fiscalbrasileira para 2015 "ilustra os crescentes desafiosque o Brasil enfrenta para consolidar suas contas" Oequilíbrio fiscal é um dos principais quesitos mo-nitorados por agências como a Fitch, que rebaixou anota do Brasil em 15 de outubro para "BBB-" dei-xando o país a um degrau de perder o grau de in-vestimento.

O déficit do Orçamento neste ano poderá chegar a R$60 bilhões, ou 1,04% do Produto Interno Bruto

(PIB), caso o governo não consiga arrecadar o valoresperado com as concessões de hidrelétricas. No iní-cio do ano, a meta do governo era registrar um su-perávit (economia para pagamento de juros)equivalente a 1,1% do PIB.

Diante desse quadro, a agência não descarta um novocorte. "A perspectiva negativa sugere o risco demaior pressão para queda do rating', disse ShellyShetty, chefe para os ratings soberanos da AméricaLatina monitorados pela Fitch, em nota.

A avaliação se soma à da agência Moody's, que tam-bém destacou a deterioração da situação fiscal dopaís, em nota divulgada na terça-feira. (Rennan Setti)

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