brasileira; “mediador cultural”. despeito de uma experiência como livreiro na cidade de...

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A TRAJETÓRIA DE GASPAR DA SILVA NA IMPRENSA LUSO-BRASILEIRA EM FINS DO SÉCULO XIX: MEDIADOR CULTURAL ENTRE OS DOIS LADOS DO ATLÂNTICO * Célia Regina da Silveira (Professora Associada do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina UEL. Pós-doutoranda na Universidade Estadual Paulista UNESP Campus de Assis) Palavras-chave: Gaspar da Silva; imprensa luso-brasileira; “mediador cultural”. A circulação de mercadorias, impressos, homens e ideias no “longo século XIX” (1780-1914) para usar a expressão de Eric Hobsbawm 1 , em escala transnacional, ensejou a ampliação e o aprofundamento dos estudos dessa temática na historiografia e na teoria literária, nos âmbitos nacional e internacional, nas últimas décadas. Principalmente, engendrou uma preocupação dos estudiosos em trabalhar de maneira cooperativa, pois a própria natureza do objeto, demarcada pelas idas e vindas de elementos culturais (livros, jornais, revistas, panfletos etc.) e de homens (livreiros, editores, jornalistas) em diversas direções, tem fortalecido os vínculos entre pesquisadores de vários países, a fim de compreender as práticas culturais inerentes aos processos de circulação de ideias em nível transnacional. Exemplo disso é o projeto de cooperação internacional A circulação transatlântica dos impressos: a globalização da cultura no século XIX, que envolve pesquisadores de diversos países, como Brasil, França, Inglaterra e Portugal, sob a coordenação de Márcia Abreu (Unicamp Universidade Estadual de Campinas) e Jean- * Este texto faz parte da pesquisa de Pós-Doutorado em desenvolvimento na Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras campus de Assis, sob a supervisão da Profª. Drª. Tania Regina de Luca. 1 O “longo século XIX”, denominação cunhada por Eric Hobsbawm, compreende o período entre a década de 1780 (marcada pelas Revoluções Industrial e Francesa) e 1914 (início da Primeira Guerra Mundial). Ver: HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções (1789-1848). Trad. Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. Do mesmo autor também são: A Era do Capital (1848-1875). Trad. Luciano Costa Neto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002; A Era dos Impérios (1875-1914). Trad. Siene Maria Campos e Yolanda de Todelo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

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Page 1: brasileira; “mediador cultural”. despeito de uma experiência como livreiro na cidade de Campinas (SP), onde 2 ABREU, Márcia; MOLLIER, Jean-Yves. A circulação transatlântica

A TRAJETÓRIA DE GASPAR DA SILVA NA IMPRENSA LUSO-BRASILEIRA EM

FINS DO SÉCULO XIX: MEDIADOR CULTURAL ENTRE OS DOIS LADOS DO

ATLÂNTICO*

Célia Regina da Silveira

(Professora Associada do Departamento de História da Universidade Estadual de

Londrina – UEL. Pós-doutoranda na Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus

de Assis)

Palavras-chave: Gaspar da Silva; imprensa luso-brasileira; “mediador cultural”.

A circulação de mercadorias, impressos, homens e ideias no “longo século XIX”

(1780-1914) – para usar a expressão de Eric Hobsbawm1 –, em escala transnacional,

ensejou a ampliação e o aprofundamento dos estudos dessa temática na historiografia e na

teoria literária, nos âmbitos nacional e internacional, nas últimas décadas. Principalmente,

engendrou uma preocupação dos estudiosos em trabalhar de maneira cooperativa, pois a

própria natureza do objeto, demarcada pelas idas e vindas de elementos culturais (livros,

jornais, revistas, panfletos etc.) e de homens (livreiros, editores, jornalistas) em diversas

direções, tem fortalecido os vínculos entre pesquisadores de vários países, a fim de

compreender as práticas culturais inerentes aos processos de circulação de ideias em nível

transnacional. Exemplo disso é o projeto de cooperação internacional A circulação

transatlântica dos impressos: a globalização da cultura no século XIX, que envolve

pesquisadores de diversos países, como Brasil, França, Inglaterra e Portugal, sob a

coordenação de Márcia Abreu (Unicamp – Universidade Estadual de Campinas) e Jean-

* Este texto faz parte da pesquisa de Pós-Doutorado em desenvolvimento na Universidade Estadual Paulista

(UNESP), Faculdade de Ciências e Letras – campus de Assis, sob a supervisão da Profª. Drª. Tania Regina de

Luca. 1 O “longo século XIX”, denominação cunhada por Eric Hobsbawm, compreende o período entre a década de

1780 (marcada pelas Revoluções Industrial e Francesa) e 1914 (início da Primeira Guerra Mundial). Ver:

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções (1789-1848). Trad. Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos

Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. Do mesmo autor também são: A Era do Capital (1848-1875).

Trad. Luciano Costa Neto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002; A Era dos Impérios (1875-1914). Trad. Siene

Maria Campos e Yolanda de Todelo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Page 2: brasileira; “mediador cultural”. despeito de uma experiência como livreiro na cidade de Campinas (SP), onde 2 ABREU, Márcia; MOLLIER, Jean-Yves. A circulação transatlântica

Yves Mollier (Université de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines).2 A questão central que

permeia as pesquisas dos integrantes do grupo – que lançam mão de recortes, abordagens e

fontes impressas diversas – refere-se às conexões estabelecidas pelas viagens dos impressos

e de homens pelos oceanos:

Não se deve pensar que o trânsito da produção editorial inglesa, francesa, portuguesa e brasileira oitocentista seguia um fluxo

unidirecional, da Inglaterra e França para Portugal e, de lá para o Brasil.

Pelo contrário, os impressos, as pessoas e as ideias circulavam entre estes diferentes lugares.3

No universo amplo de estrangeiros que se dirigiram para o Brasil no século XIX,

houve aqueles que vieram na condição de livreiros-editores: Paulo Martin (português); os

irmãos Laemmert (alemães); Bossange, Plancher, Villeneuve, Aillaud, Garnier e A. L.

Garraux (franceses), só para lembrar os nomes mais expressivos na atividade editorial

livresca. Esses livreiros-editores têm sido tema de estudo de vários historiadores ligados à

história do livro.4 Ao traçarem suas trajetórias, salientam, a um só tempo, o papel de

negociantes e mediadores culturais, ou seja, de agentes que, por meio da difusão e da

divulgação de livros, retiram as culturas de seus lugares e as aproximam dos leitores, sejam

eles ativos ou potenciais.

Nesse conjunto de estrangeiros que atuaram no Brasil como mediadores culturais,

podemos incluir o português Gaspar da Silva – o objeto de estudo da pesquisa da nossa

pesquisa. A despeito de uma experiência como livreiro na cidade de Campinas (SP), onde

2 ABREU, Márcia; MOLLIER, Jean-Yves. A circulação transatlântica dos impressos: a globalização da

cultura no século XIX. Disponível em: http://www.circulacaodosimpressos.iel.unicamp.br/. Acesso em: 8 de

setembro de 2015. 3 Id. ib., p. 11. 4 A produção acerca de editores-livreiros estrangeiros que atuaram no Brasil oitocentista é ampla e cada vez

mais vem suscitando interesse e trabalhos acadêmicos. Além da obra pioneira e de referência de Laurence

Hallewell, O livro no Brasil: sua história. São Paulo: Edusp, 1985, consultar também: NEVES, Lúcia Bastos;

FERREIRA, Tânia Bessone da Cruz. Livreiros no Rio de Janeiro: intermediários culturais entre Brasil e

Portugal. In: 3º. Colóquio do Polo de Pesquisas de Relações Luso-Brasileiras – Entre Iluminados e

Românticos, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.realgabinete.com.br/coloquio/3 coloquio outubro/paginas/16.htm)>. Acesso em: 30 de agosto de 2015. Das mesmas autoras: Trajetórias de livreiros no

Rio de Janeiro: João Roberto Bourgeois e Paulo Martin – livreiros franceses no Rio de Janeiro, no início do

oitocentos. X Congresso Regional da ANPUH do Rio de Janeiro, 2002. Disponível em:

<http://209.85.229.132/www.rj.anpuh.org/Anais/2002/Mesas/Neves>. Acesso em: 8 de setembro de 2015.

Ver ainda: DUTRA, Eliane. Leitores de além-mar: a editora Garnier e sua aventura editorial no Brasil. In:

BRAGANÇA, Aníbal; ABREU, Márcia (Orgs.). Impresso no Brasil: dois séculos de livros brasileiros. São

Paulo: Edunesp, 2010; DEAECTO, Marisa Midori. O Império dos livros: instituições e práticas de leitura na

São Paulo oitocentista. São Paulo: Edusp; Fapesp, 2011.

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foi proprietário da Livraria Internacional entre 1877 e 1878,5 essa atividade ocuparia um

curto espaço de tempo em sua trajetória nos trópicos, nos quais permaneceu por quase

quinze anos (de 1876 a 1890). Nesse período, sua atuação concentrou-se fundamentalmente

nas contendas da imprensa, fosse como colaborador de diversos jornais, como a Província

de São Paulo, fosse como proprietário e diretor d’o Diário Mercantil (1874-1890). Nessa

atividade exercida por homens de letras − a imprensa −, Gaspar da Silva, de acordo com

pesquisa preliminar para a elaboração deste plano de trabalho, divulgou muito do repertório

e dos debates da literatura portuguesa da época. Também trilhou o caminho inverso:

divulgou a literatura brasileira em Portugal, especialmente quando foi diretor da Edicão

Quinzenal Ilustrada (1897-1898), extensão lusa do Jornal do Brasil, editada em Lisboa.

Desse modo, esta pesquisa é concebida sob a perspectiva das conexões e interações entre

Brasil e Portugal e vice-versa. A nosso ver, os escritos e ações de Gaspar na imprensa dos

dois países poderão mostrar como se davam as apropriações e interlocuções entre os dois

lados do Atlântico. Ou seja, de que maneira integraram e agiram no universo das letras

luso-brasileiras.

Os caminhos e rotas dos livreiros, impressos e dos homens foram múltiplos. Do

mesmo modo que europeus desenvolveram empreendimentos de negócios e experiências

culturais no Brasil – como os livreiros acima mencionados e o jornalista Gaspar da Silva –,

tivemos a circulação de muitos periódicos e revistas estrangeiras no Brasil, sobretudo

francesas. Só para dar um exemplo, a Revue des Deux Mondes foi um periódico

internacional que circulou no Brasil desde a década de 1830 e teve um importante papel de

atualização acerca das novidades literárias e dos debates políticos na Europa, voltado para a

elite letrada brasileira. A Revue igualmente divulgava temas relacionados à América do Sul

para o leitorado europeu.6 As revistas femininas A Marmota Fluminense, Jornal da Família

5 Essa informação provém da pesquisa “Os livros na imprensa paulista: anúncios, resenhas e livreiros (1870-

1890)”, na qual mapeei os livreiros e representantes de livrarias e periódicos nacionais e estrangeiros, tendo

como base os anúncios publicados nas páginas de alguns periódicos paulistas, em fins do século XIX. Ver:

SILVEIRA, Célia Regina da. Os livros na imprensa paulista: anúncios, resenhas e livreiros (1870-1890). In: Anais do VII Simpósio Nacional de História Cultural: escrita, circulação, leituras e recepções, 2015. 6 CAMARGO, Katia Aily Franco de. “Leitores e questões identitárias no Brasil oitocentista”. In: Revista

Porto, v. 1, n. 2, 2012. Disponível em: <file:///C:/Users/C%C3%A9lia/Downloads/2193-6222-1-PB.pdf)>.

Acesso em: 2 de novembro de 2015. Ver também: PRADO, Maria Lígia Coelho. Leituras políticas e

circulação entre a França e as Américas: Francisco Bilbão e a Revue des Deux Mondes. In: BEIRED, José

Luis Bendicho; CAPELATO, Maria Helena; PRADO, Maria Lígia (Orgs). Intercâmbios políticos e

mediações culturais nas Américas. Assis: FCL-Assis – UNESP Publicações; São Paulo: Laboratório de

Estudos de História das Américas – FFLCH – USP, 2010. Disponível em:

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e Estação, publicadas na segunda metade do século XIX, são híbridas quanto à produção e

à circulação, tendo envolvido pessoas e empresas francesas, brasileiras e alemãs.7 Outra

rota pode ser assinalada: periódicos de brasileiros, editados em Paris, como o

empreendimento de Mariano Pina (1860-1889) denominado A Ilustração – revista de

Portugal e do Brasil, que circulou em Portugal e em terras nacionais, entre 1884 e 1892.8

Esses são alguns poucos exemplos que mostram como os caminhos dos impressos e

da circulação de ideias foram múltiplos, e não unidirecionais – da Europa para o Brasil −,

mas também no sentido inverso − do Brasil para a Europa. Gaspar da Silva pode ser visto

como um homem que trilhou as duas rotas: da Europa para o Brasil e do Brasil para a

Europa. Ao sugerir o estudo de sua trajetória na imprensa luso-brasileira, intenta-se

(re)compor sua atuação no horizonte específico dos valores culturais de cada país, mas sem

perder de vista a ideia de que as interlocuções estabelecidas, em alguma medida,

interferiram nas discussões do cenário político-cultural de cada nação − ou seja, a formação

das identidades encontra-se além das fronteiras nacionais. Ao que tudo indica, Gaspar da

Silva foi um dos agentes desse processo.

**

A atuação de portugueses na imprensa brasileira foi profusa durante quase todo o

século XIX, ora como colaboradores, ora como fundadores de jornais e revistas literárias.9

Um dos nomes d’além-mar que aportou no Brasil em 1876 – tendo participado ativamente

das discussões político-literárias das últimas décadas do século XIX – foi o de Gaspar da

Silva (1855-1910). Além de livreiro na cidade de Campinas (SP), foi um atuante divulgador

das letras lusitanas nas páginas de diversos jornais paulistas. E ainda difundiu obras de

<http://historia.fflch.usp.br/sites/historia.fflch.usp.br/files/Intercambios_Politicos_-_e-book.pdf)>. Acesso

em: 3 de outubro de 2015. 7 Consultar: SURIANE, Ana Cláudia. Propostas de uma metodologia para o estudo da relação entre literatura

e moda no século XIX numa perspectiva transnacional a partir de revistas de moda e fotografias. A circulação

transatlântica dos impressos: conexões. Campinas, SP: Unicamp/IEL, 2014.

(disponível:http://issuu.com/marciaabreu/docs/circulacao_transatlantica_dos_impre. Consultado em 1 de novembro de 2015. 8 Ver: LUCA, Tania de. A Ilustração (1884-1892): algumas questões teórico-metodológicas. In: ABREU,

Márcia; DEAECTO, Marisa M. A circulação transatlântica dos impressos: conexões. Campinas, SP:

Unicamp/IEL, 2014. Disponível em:

<http://issuu.com/marciaabreu/docs/circulacao_transatlantica_dos_impre. >. Acesso em: 15 de setembro de

2015. 9 A esse respeito, ver: NEVES, João Alves. As relações literárias de Portugal com o Brasil. Lisboa: Icalp,

1992.

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escritores brasileiros na imprensa portuguesa. Com o lisboeta Leo da Fonseca, fundou, em

São Paulo, um dos jornais considerados mais afeitos às questões literárias de São Paulo na

época – O Diário Mercantil (1884-1890) – que contou com a colaboração de escritores do

universo luso-brasileiro. Além disso, acolheu jovens escritores brasileiros da época (alguns

deles, estudantes de Direito em São Paulo, como Raul Pompéia, Raimundo Correa, Olavo

Bilac e Teófilo Dias, entre outros). Nesse aspecto, o jornal de Gaspar da Silva teve um

papel similar ao da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, fundado em 1875, por Ferreira de

Araújo. Para Brito Broca, O Diário Mercantil foi o jornal mais literário de São Paulo:

[...] a par da Gazeta de Notícias, do Rio, se tornou o jornal mais literário

do Brasil, na época. Ali acolheu todos os novos da famosa geração de

89, publicando-lhes os trabalhos e estimulando-os [...] sem falar na

copiosa colaboração de escritores portugueses. [...] O Diário Mercantil, além do que realizou no campo literário, teve grande atuação no terreno

puramente jornalístico. A ele cabe a primazia de haver introduzido o

serviço de telegramas diretos da Europa no Brasil, iniciativa que foi vista então como uma louca aventura.10

De volta a Portugal, em 1890, o jornalista faria o caminho inverso: atuaria como

divulgador do Brasil em Portugal, tanto por meio de artigos publicados na imprensa

lisboeta, quanto mediante a publicação de livros que tratavam do Brasil, como A Revolução

do Brasil (1894) e O Brasil actual (1895). E ainda produziu obras que reservavam espaço

significativo para os letrados brasileiros, como o livro A pasta d’um jornalista: escritos

políticos, literários e biográficos (1908) – acompanhado de um “Antelóquio” de Abel

Botelho –, no qual traçou pequenas biografias de homens ligados ao círculo das letras no

Brasil, como Ferreira de Araújo, Assis Brasil, Fontoura Xavier e Furtado Coelho (ator de

origem portuguesa). Quanto à atuação direta na imprensa, em fins da década de 1890, foi

diretor da Edição Quinzenal Illustrada (1897-1898), extensão lusa do Jornal do Brasil

(1891-2012). A Edição Quinzenal Illustrada era editada em Lisboa e tinha como

proprietários Fernando Mendes de Almeida Filho (1845-1912) e Candido Mendes de

Almeida Filho (1866-1839). O estudo de Júlio Rodrigues da Silva, da Universidade Nova

de Lisboa, sobre a Edição Quinzenal Illustrada, esclarece que:

10 BROCA, Brito. Naturalistas, parnasianos e decadistas: vida literária do realismo ao pré-modernismo.

Campinas, SP: Edunicamp, 1991, p. 227. Ver também, do mesmo autor: A vida literária no Brasil – 1900. 5.

ed. Rio de Janeiro: J. Olympio; Academia Brasileira de Letras, 2005, p. 287-288; 309.

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Embora o redator-chefe de A Edição Quinzenal Illustrada fosse

Fernando Mendes de Almeida, a gestão cotidiana da revista recaía nos

diretores portugueses: Jaime Vítor (1855-?) e Visconde de São

Boaventura (1855-1910). Os dois jornalistas estavam emocionalmente e profissionalmente ligados ao Brasil tendo conhecido e trabalhado no

país, embora com itinerários pessoais diferentes.11

Ainda com relação ao itinerário de Gaspar da Silva, ou Visconde de São

Boaventura,12 na imprensa, é preciso registrar que, mesmo além-mar, não deixou de

divulgar Portugal no Brasil. Entre 1903 e 1906, figurou como colaborador de O Estado de

São Paulo, no qual publicou, de forma regular (duas ou três vezes por semana),

correspondências de Portugal em uma coluna denominada “A vida portuguesa”, que,

conforme Fernanda Muller (2010), “difundia textos, resenhas de obras literárias

portuguesas, panoramas sobre as peças teatrais, a política e a sociedade portuguesa em

geral.”13

A despeito dessa farta atuação nas imprensas brasileira e portuguesa, seu nome e

sua importância como mediador cultural entre Brasil e Portugal e vice-versa foram

obscurecidos pela memória histórica. A História da Imprensa no Brasil, o clássico livro de

Nelson Werneck Sodré, restringe-se a mencioná-lo ao aludir ao jornal Diário Mercantil,

numa referência à colaboração de Olavo Bilac na imprensa brasileira: “[...] que começara

na Semana e na Estação e, em São Paulo, pertencera ao prestigioso Diário Mercantil, de

Gaspar da Silva.”14 Além de ser a única menção, está meramente vinculada à trajetória do

poeta Olavo Bilac na imprensa.15

11 SILVA, Julio Rodrigues da. A Edição Quinzenal Ilustrada (1897-1898): a experiência editorial do Jornal do

Brasil em Portugal. In: A circulação transatlântica dos impressos: conexões, p. 209. Campinas, SP:

Unicamp/IEL, 2014. Disponível em:

<http://issuu.com/marciaabreu/docs/circulacao_transatlantica_dos_impre>. Acesso em: 10 de setembro de

2015. 12 Título que recebeu do rei Carlos I em 1892 e que passou a usar para assinar seus textos em Portugal. De

acordo com Informação colhida em: BROCA, Brito. Op. cit, 1991, p.288. 13 MULLER, Fernanda Suely. José Maria Eça de Queirós, colaborador do jornal O Estado de São Paulo

(1888-1896). In: Patrimônio e Memória. Unesp – FCLAs – CEDAP, v.6, n. 2, 2010, p. 225. 14 SODRÉ, Nelson. A História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 291. 15 Conforme João Neves, esse silêncio com relação à atuação de portugueses na imprensa brasileira não se

restringe a Gaspar da Silva. “Se lermos A História da imprensa no Brasil, de Nelson W. Sodré, bem pouco

saberemos dos portugueses [...] nada acrescenta acerca dos inúmeros jornalistas portugueses que trabalharam

na Imprensa brasileira e que nela tiveram especial destaque. São numerosas as omissões, entre as quais se

apontam os nomes de Filinto de Almeida, José Maria Lisboa, Faustino Xavier de Novaes, padre Senna

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O silêncio a que aludimos não se refere somente a esse jornal. Estende-se à

trajetória16 de Gaspar da Silva no universo mais amplo da imprensa paulista. Boa parte dos

dados obtidos para a elaboração desta proposta de pesquisa adveio de trabalhos referentes à

história da imprensa – como o do já citado Nelson Werneck Sodré e o de Afonso A. Freitas,

A imprensa periódica de São Paulo desde seus primórdios em 1823 até 1914,17 pioneiro na

sistematização da imprensa paulistana. Parcela dos dados adquiridos foi propiciada também

por pesquisas acerca das relações literárias entre Portugal e Brasil, em estudos como os de

João Alves das Neves (já mencionado),18 Heytor Lyra19 e Arnaldo Faro.20

Portanto, as informações que temos a respeito de Gaspar da Silva ou Visconde de

São Boaventura, são esparsas e foram, até o momento, coletadas dos trabalhos citados. A

despeito dessas escassas informações, buscou-se traçar uma cronologia do percurso de

Gaspar da Silva tanto na imprensa do Brasil quanto na de Portugal. Essa sistematização

proporcionou-nos uma visão de conjunto que foi fundamental para determinar nosso objeto

de estudo e sua problemática. Fez-nos considerar a atuação do lusitano como disseminador

de ideias numa via de mão dupla: tanto de Portugal para o Brasil quanto do Brasil para

Portugal. Desse modo, assim como fez Gaspar da Silva (e pensando-o como um mediador

cultural), procurar-se-á desenvolver igualmente um trabalho de mão dupla: em outras

palavras, investigar as conexões Portugal/Brasil e Brasil/Portugal. Ao tomá-lo como

portador das possibilidades de conexões entre os dois países, o recorte dessa pesquisa não

se direcionará para um único suporte no qual Gaspar tenha atuado, mas abrangerá um

espectro mais amplo de sua atuação: o início de sua trajetória na imprensa paulista

(especialmente no jornal A Província de São Paulo, de 1876 a 1878, período no qual foi

Freitas, Gaspar da Silva e Augusto Emílio Zaluar, jornalistas portugueses que tiveram grande projeção.” Cf.

NEVES, João Alves. Op. cit, p. 21. 16 Trajetória é usada, aqui, no sentido dado por Pierre Bourdieu: “A relação que se estabelece entre agentes

singulares, e, portanto, seus hábitos, e a força do campo, relação que se objetiva em uma trajetória e em uma

obra. Diferentemente das biografias comuns, a trajetória descreve a série de posições sucessivamente

ocupadas pelo mesmo escritor em estados sucessivos do campo literário [...] isto é, relacionalmente, que se

define o sentido dessas posições, publicações em tal ou qual revista, ou por tal ou qual editor, participação em tal ou qual grupo etc.”. No entanto, no Brasil da segunda metade do século XIX, não havia um campo literário

autônomo, pois literatura, imprensa e política eram socialmente indissociáveis. Cf. BOURDIEU, P. Razões

práticas: sobre a teoria da ação. 3. ed. Campinas (SP): Papirus, 1996, p. 71. 17 FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde seus primórdios em 1823 até 1914.

São Paulo: Tipografia do Diário Oficial, 1915. 18 NEVES, João Alves. Op. cit. 19 LYRA, Heitor. O Brasil na vida de Eça de Queiroz. Lisboa: Livros do Brasil, 1972. 20 FARO, Arnaldo. Eça e o Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro; Editora Nacional, 1977.

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colaborador) e seu empreendimento jornalístico, o Diário Mercantil (1884-1890). Também

será investigada sua atuação, na mesma área, quando de seu regresso à terra natal,

especialmente na revista A Edição Quinzenal Illustrada (1897-1898).

Embora eleja esses dois extremos da atuação do jornalista português, a pesquisa em

questão não deixará de levar em conta o conjunto de sua experiência.21 Isso porque tal

vivência teve desdobramentos por ocasião de seu retorno a Portugal. Dito de outro modo, o

período em que residiu e atuou no Brasil proveu-o de uma experiência e de um capital

simbólico que, acreditamos, foi fundamental para a sua reinserção na imprensa em

Portugal. Além disso, o que propomos privilegia as “transferências culturais”,22 procura

afastar-se das ideias de passividade, influência e atraso do Brasil, buscando muito mais as

interações e conexões entre os dois lados do Atlântico.

A esse respeito, Tania de Luca (2014) chama a atenção para o fato de que são

comuns as reflexões sobre experiências de deslocamentos de brasileiros para a Europa e

seus vários desdobramentos quando do retorno ao Brasil. O mesmo, no entanto, não se

pode dizer da rota contrária (de um país estrangeiro para as terras brasileiras). Nas palavras

da autora:

Deste lado do Atlântico, insiste-se no exemplo paradigmático de Araújo

Porto-Alegre (1806-1879), cuja estadia em Paris foi tão significativa para as atividades que empreendeu, mas igualmente caberia acompanhar os

desdobramentos que a estadia nos trópicos trouxe, por exemplo, para a

trajetória de Rafael Bordalo Pinheiro, para ficar somente num exemplo.23

Assim como o caricaturista português Rafael Bordalo Pinheiro, mencionado por de

Luca, a trajetória de Gaspar da Silva na imprensa brasileira, mais especificamente na

21 Em 1878, por exemplo, foi redator de A Gazeta de Sorocaba. Em 1882, mudou-se para Uberaba (MG),

onde foi redator do jornal Tiradentes. Retornou à capital paulista em 1883, ano em que foi diretor e redator,

juntamente com Raul Pompéia, do Jornal do Comércio, de São Paulo. No ano seguinte, fundaria o já

mencionado O Diario Mercantil (1884-1890). Dados coletados em: SILVA, Domingos Carvalho. Gaspar da

Silva: agitador das letras no Brasil. In: Revista Colóquio/Letras. Ensaio, n. 106, nov. 1988, p. 29-38.

Disponível em:<http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/do?bibrecord&id=PT.FCG.RCL.5494>. Acesso em: 4 de agosto de 2015. 22 ESPAGNE, Michel; WERNER, Michael. Tranferts. Les relations interculturreles dans l’espace franco-

allemand (XVIIIº-XIXº siècles). Paris: Editions Recherche sur les civilisations, 1988. Ver também: COOPER-

RICHET, Diana. “Aula 01. Transferências culturais, circulação de ideias e práticas: o caso da França e do

Brasil no século XIX” (Trad. Valéria Guimarães). Aula proferida no Minicurso: Desafios das Transferências

Culturais – circulação de práticas e representações na imprensa do longo século XIX, realizado no CEDAP-

FLC-UNESP-Assis e no CEDEM-UNESP-Assis, out. 2012. 23 DE LUCA, Tania Regina. op. cit., p. 173.

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paulista, pode ser vista como um exemplo desse caminho inverso. Com uma permanência

de quinze anos no Brasil, Gaspar da Silva, além de divulgar autores portugueses e aspectos

da vida sociopolítica portuguesa, acumulou conhecimentos sobre o país que o recebera,

teceu relações com homens de imprensa, escritores e poetas brasileiros, tanto no âmbito

intelectual quanto afetivo, integrando-se, assim, no universo letrado paulista. Enfim, parte-

se do pressuposto de que ele acumulou um capital simbólico que, ao retornar a seu país de

origem, foi proveitoso no que tange a sua atuação nas atividades jornalísticas lusitanas.

Portanto, a hipótese levantada neste projeto é a de que a experiência acumulada no Brasil e

sobre as terras brasileiras, bem como as redes de sociabilidade intelectual por ele tecidas,24

tornaram-no uma pessoa com credenciais para dirigir uma revista de propriedade de

brasileiros, com o objetivo de falar do Brasil para um público luso-brasileiro.

Contudo, para examinar as implicações da experiência de Gaspar no Brasil, antes é

preciso palmilhar a trilha de sua atuação no País. Para tal, empreender-se-á a pesquisa nos

jornais paulistanos A Província de São Paulo e Diário Mercantil, assim como na revista

Edição Quinzenal Ilustrada, editada em Lisboa.

Com base no exposto acima, a elaboração da problemática desta proposta de

pesquisa parte de algumas indagações iniciais, como:

1) O que fez Gaspar da Silva deixar Portugal?

2) Como ele se inseriu no grupo do jornal A Província de São Paulo?

3) Quais os “créditos”, nas esferas jornalística e literária, e que recursos e

vantagens, em termos de redes de sociabilidade, Gaspar da Silva, então nos seus

vinte anos, mobilizou para ser colaborador d’A Província de São Paulo?

24 Nesse aspecto, a noção de sociabilidade empregada no trabalho de Angela de Castro Gomes é central para

este trabalho. Segundo a autora: “[...] A noção de lugar de sociabilidade [...] está sendo tomada em uma dupla

dimensão. De um lado aquela contida na ideia de ‘rede’, que remete às estruturas organizacionais, mais ou

menos formais, tendo como ponto nodal o fato de se constituírem em lugares de aprendizado e trocas

intelectuais, indicando uma dinâmica do movimento de fermentação e circulação das ideias. De outro, aquela contida no que a literatura especializada chama de ‘microclimas’, que estão secretas nessas redes de

sociabilidade intelectual, envolvendo as relações pessoais e profissionais de seus participantes. Ou seja, se os

espaços de sociabilidade são ‘geográficos’, são também ‘afetivos’, neles se podendo e devendo captar não só

os vínculos de amizade/cumplicidade e de competição/hostilidade, como igualmente a marca de uma certa

sensibilidade produzida e cimentada por eventos, personalidades ou grupos pessoais”. Cf. GOMES, Angela de

Castro. Essa Gente do Rio...: modernismo e nacionalismo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999, p.

20. Ver também: SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais. In: RÉMOND, René (Org.). Por uma história

política. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1996.

Page 10: brasileira; “mediador cultural”. despeito de uma experiência como livreiro na cidade de Campinas (SP), onde 2 ABREU, Márcia; MOLLIER, Jean-Yves. A circulação transatlântica

4) O inverso também: a experiência na imprensa brasileira e as relações aqui

estabelecidas proporcionaram-lhe um capital que teria sido útil e aproveitado

para atuar na Revista Quinzenal Ilustrada em Lisboa?

Partindo dessas indagações, a presente proposta de pesquisa encontra-se na fase de

mapeamento da atuação de Gaspar da Silva nos jornais já citados. Tal caminho tem tornado

possível não só apreender os assuntos, autores e debates veiculados pela pena do jornalista:

seus textos também têm fornecido indícios a respeito dele próprio e das redes de

sociabilidade que integrou no universo jornalístico do Brasil e de Portugal.

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