brasil regência

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O desfecho repentino do I Reinado pro vocou a escolha rápida dos regentes, que deveriam substituir o imperador re- cém despachado para o continente europeu. A pressa se justificava pelo temor de ocorrência de revoltas po- pulares. Lembre-se que D. Pedro II tinha apenas 5 anos de idade. Dessa forma estava impedido deovernar o país. A Constituição só lhe permitia o governo ao com- pletar 18 anos, o que só ocorreria em 1843. Até lá, o país teria que ser comandado pelos regentes. Os meses anteriores à renúncia do imperador incendiaram a Câmara, dividindo-a em duas facções. De um lado aqueles que se proclamavam moderados - ou chimangos. Defendiam o governo exercido por um brasileiro e a manutenção na íntegra da Constituição de 1824. Para eles, não interessavam reformas profun- das, nem mudanças radicais, bastava a escolha de um monarca de origem brasileira. Os jornais Aurora Fluminense e O Farol Paulistano expressavam a opi- nião do grupo. Os moderados criaram também a Soci- edade dos Defensores da Independência Nacional que reunia os políticos, fazendeiros e intelectuais compro- metidos com a idéia conservadora. Em situação oposta, estavam os exaltados - ou farroupilhas. Pleiteavam reformas mais profundas, va- riando do federalismo monárquico ao federalis- mo republicano. Os jornais defensores dessas idéias, eram A República e a Nova Luz Brasileira. De um modo geral, o apoio político dos exaltados vinha das cama- das médias urbanas, que haviam se rebelado contra o autoritarismo de D. Pedro I. Havia ainda os restauradores - ou caramurus, que defendiam o inusitado regresso do imperador. O grupo era formado pelos portugueses saudosos das mordomias e dos bons tempos da época do imperador. O mesmo clima de agitação da Câmara, se en- contrava nas ruas do Rio de Janeiro. Muitas pessoas tinham se mobilizado para pressionar a renúncia de D. Pedro I e continuavam a clamar por mudanças mais profundas. Soma-se a tudo isso, a desordem da econo- mia nacional, descapitalizada pela fuga de comercian- tes portugueses, que foram embora junto com D. Pedro I. Também muitos comerciantes brasileiros demonstra- vam receio de investir e perder o capital diante das in- certezas do momento. Para piorar, havia enorme insa- tisfação nas tropas do exército. Os soldados não aceita- vam a quantia irrisória que recebiam como soldo. A Regência Trina Provisória formada rapidamen- te pelos deputados que se encontravam na Câmara, foi composta por dois senadores e um militar. O Marques de Caravelas e Nicolau Vergueiro eram políticos com o perfil dos moderados e o brigadeiro Lima e Silva era um militar de razoável prestígio, escolhido para acal- mar a agitação das tropas. “Se nos dermos ao trabalho de arrolar os padres, militares, intelectuais, jornalistas levados ao patíbulo ou às prisões, sob a Regência, verificaremos que grande parte deles era de antigos combatentes da Independência.” Nelson Werneck Sodré - As Razões da Independência Rio de Janeiro, em 1831, quando começou o governo regencial. GU-GU DÁ-DÁ!

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Texto sobre o período da Regência de autoria de Edgard Chaves

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O desfecho repentino do I Reinado provocou a escolha rápida dos regentes,que deveriam substituir o imperador re-

cém despachado para o continente europeu. A pressase justificava pelo temor de ocorrência de revoltas po-pulares. Lembre-se que D. Pedro II tinha apenas 5 anosde idade. Dessa forma estava impedido deovernar opaís. A Constituição só lhe permitia o governo ao com-pletar 18 anos, o que só ocorreria em 1843. Até lá, opaís teria que ser comandado pelos regentes.

Os meses anteriores à renúncia do imperadorincendiaram a Câmara, dividindo-a em duas facções.De um lado aqueles que se proclamavam moderados -ou chimangos. Defendiam o governo exercido por umbrasileiro e a manutenção na íntegra da Constituiçãode 1824. Para eles, não interessavam reformas profun-das, nem mudanças radicais, bastava a escolha de ummonarca de origem brasileira. Os jornais AuroraFluminense e O Farol Paulistano expressavam a opi-nião do grupo. Os moderados criaram também a Soci-edade dos Defensores da Independência Nacional quereunia os políticos, fazendeiros e intelectuais compro-metidos com a idéia conservadora.

Em situação oposta, estavam os exaltados - oufarroupilhas. Pleiteavam reformas mais profundas, va-

riando do federalismo monárquico ao federalis-mo republicano. Os jornais defensores dessas idéias,eram A República e a Nova Luz Brasileira. De um modogeral, o apoio político dos exaltados vinha das cama-das médias urbanas, que haviam se rebelado contra oautoritarismo de D. Pedro I.

Havia ainda os restauradores - ou caramurus,que defendiam o inusitado regresso do imperador. Ogrupo era formado pelos portugueses saudosos dasmordomias e dos bons tempos da época do imperador.

O mesmo clima de agitação da Câmara, se en-contrava nas ruas do Rio de Janeiro. Muitas pessoastinham se mobilizado para pressionar a renúncia de D.Pedro I e continuavam a clamar por mudanças maisprofundas. Soma-se a tudo isso, a desordem da econo-mia nacional, descapitalizada pela fuga de comercian-tes portugueses, que foram embora junto com D. PedroI. Também muitos comerciantes brasileiros demonstra-vam receio de investir e perder o capital diante das in-certezas do momento. Para piorar, havia enorme insa-tisfação nas tropas do exército. Os soldados não aceita-vam a quantia irrisória que recebiam como soldo.

A Regência Trina Provisória formada rapidamen-

te pelos deputados que se encontravam na Câmara, foicomposta por dois senadores e um militar. O Marquesde Caravelas e Nicolau Vergueiro eram políticos com operfil dos moderados e o brigadeiro Lima e Silva eraum militar de razoável prestígio, escolhido para acal-mar a agitação das tropas.

“Se nos dermos aotrabalho de arrolar ospadres, militares,intelectuais, jornalistaslevados ao patíbulo ou àsprisões, sob a Regência,verificaremos que grandeparte deles era de antigoscombatentes daIndependência.”

NelsonWerneck Sodré -

As Razões daIndependência

Rio de Janeiro,em 1831, quandocomeçou ogovernoregencial.

GU-GUDÁ-DÁ!

Bra

sil

Reg

ênci

aGovernaram apenas o tempo suficiente para que

se articulasse novos acordos entre os políticos, queresultaram na escolha da Regência Trina Permanente,em junho de 1831. O tempo que separou uma e outraregência, conspirou a favor dos moderados. A Socie-dade Defensora que reunia esse pessoal, cresceu muitoem importância, como provam as inúmeras organiza-ções de perfil moderado, que surgiram no Brasil intei-ro.

AGITAÇÕES E A GUARDA NACIONALAGITAÇÕES E A GUARDA NACIONALAGITAÇÕES E A GUARDA NACIONALAGITAÇÕES E A GUARDA NACIONALAGITAÇÕES E A GUARDA NACIONAL

O grupo que formava a regência - Bráulio Muniz,José Carvalho e Lima eSilva - tinha, em maiorou menor grau, alguma li-gação com os políticosconservadores. Além domais, o super ministérioda Justiça foi entregueao padre Diogo AntônioFeijó, político sem escrú-pulos, que já tinha mu-dado de lado algumasvezes, e agora se auto-intitulava um grandemoderado. A ele foidado o sinal verde paracastigar desordeiros emaus funcionários

públicos que, em outras palavras, significava eliminar aoposição dos exaltados. “Diante disso, os vencidosnão tiveram alternativa e, analogamente ao dia 7 deabril de 1831, no Campo da Honra, com armas empunho, fizeram suas exigências numa representaçãoao governo. Os liberais moderados consideravam po-sitivo todo esse processo que levou ao levante dejulho, já que podiam assim, mais rapidamente demaneira justificada, terminar de uma vez por todascom políticos e grupos oponentes e consolidar a suaposição.” 1

A inquietação nas ruas tornava-se cada vez maisperigosa, incluindo até, unidades militares desconten-tes. Em julho, rebelaram-se o 26° Batalhão de Infanta-ria e o Batalhão de Polícia do Rio de Janeiro. Depoisdo protesto os militares enviaram um documento aoministro Feijó, exigindo uma série de mudanças, dentre

elas, a renúncia do próprio ministro! O governo reagiucriando a Guarda Nacional que atuaria com eficiênciana repressão aos movimentos (populares ou não) quecontestaram o regime. Inicialmente, o ingresso na Guar-da Nacional era condicionado à renda anual superior a200.000 réis. Com esse critério tornou-a uma força militaridentificada com o interesse das elites.

Como afirmava, o próprio ministro Feijó em dis-curso: “A Câmara dos Deputados deve saber que seismil cidadãos armados, não da qualidade dos que em15 de julho derramaram em consternação na capital,mas seis mil pessoas que representam cada uma famí-lia e bens,que constitui a massa mais rica e populosado Império, tem declarado não mais poder sofrer ainquietação e sobressalto, os incômodos e prejuízosque lhe causam os anarquistas, e que a indiferençada Assembléia Geral,sobre a calamidade que sepassam diante de seus olhos, lhes é muito sensível eagradável”. 2 Ao longo do Império, a Guarda Nacio-nal se consolidou como uma força local, controladasobretudo, pelos fazendeiros que se impuseram comocoronéis em suas regiões.

A briga sem trégua de exaltados e moderados,deu espaço para os restauradores fazerem a sua festa.Incentivados por José Bonifácio, alguns jornais defen-diam o regresso de D. Pedro I alegando que a bagunçatinha começado após a renúncia do imperador. O es-perto do José Bonifácio havia recuperado prestígioapós assumir a condição de tutor de D. Pedro II. NoRio de Janeiro, alguns restauradores fanáticos provo-caram distúrbios, até que o governo resolveu tomaruma atitude mais séria, extinguindo a Sociedade Mili-tar. Foi fechado também o jornal Caramuru, que era oporta-voz do grupo. José Bonifácio foi destituído epreso. Dessa vez, não retornaria ao cenário político.Em 1834, terminava o grande motivo da existência dosrestauradores com a morte de D. Pedro I.

No mesmo ano a tensão dominava amplos seg-mentos da elite agrária. As notícias que chegavam dasprovíncias eram preocupantes e mostravam inquieta-ção e descontentamento com o centralismo exageradodos regentes. Em duas províncias, já se falava aberta-mente em rebelião. A ofensiva política dos conserva-dores visava acalmar os ânimos e realizar a tão sonha-da conciliação.

A mais veemente tentativa de conciliação foi aaprovação do Ato Adicional de 1834. Como indica o

O Tempo da História

1831

ABDICAÇÃO DE

D. PEDRO I

1834

ATOADICIONAL

1835

CABANAGEME

GUERRA DOSFARRAPOS

1835

REVOLTADOS

MALÊS

1837

SABINADAE

BALAIADA

1840

GOLPEDA

MAIORIDADE

REVOLTAS

Filho de paisdesconhecidos,criado e educadopor padres, DiogoAntonio Feijó viuno ofício religiosoa chance de serum homemrespeitado, alémde servir comotrampolim parasuas aspiraçõespolíticas.

Bra

sil

Reg

ênci

a

próprio nome, a lei modificava a Constituição de 1824,alterando os seus pontos mais conflitantes. Dessa for-ma suprimiu-se Conselho de Estado que era o orgãode assessoria do imperador. Transformou os Conse-lhos de Província, em Assembléias Legislativas comamplo poder de autonomia e decisão. Eliminou-se aRegência Trina que foi substituída pelo governo deum só regente, com eleição direta nas províncias.

Por tudo isso, o Ato Adicional implantou umgrande avanço liberal adjetivando-se como “experiên-cia republicana”, adjetivo que deve ser visto com re-servas pois: “O poder executivo provincial continua-va a ser exercido como na Carta de 1824, por umpresidente de nomeação régia. É bem verdade que ospresidentes não tinham direito a vetar as decisões dasAssembléias, eleitas pelos poderosos das províncias;mas sua autonomia se restringia a esta pequena con-cessão, muito distante do ideal federalista propaladopelos exaltados. Tavares Bastos que escrevia em 1870a favor do Ato Adicional dizia -O sistema do Ato Adi-cional, porém, ocasionava maiores dificuldades prá-ticas, porque não estabelecia a federação, mas umregime que participava de ambos os sistemas,centralizador e descentralizador”.·”.

Nas eleições para a Regência Una manteve-seo esquema de 1824, restringindo-se o voto a um nú-mero irrisório de pessoas. O total de 6000 eleitoresera ridículo, considerando-se que a população totalera de 1.000.000 habitantes. Na Bahia, só 950 eleitores

tiveram condição de voto. O candidato dos liberais e dealguns moderados, para assumir a regência, era opernambucano Holanda Cavalcanti, escolhido por ternascido em um estado nordestino. O outro candidato,era o insistente padre Diogo Antônio Feijó, o superministro da Justiça. Na abertura das urnas, configurou-se a vitória apertada do padre Feijó por 2826 a 2251votos. Só que logo após o anúncio dos resultados, co-meçaram as principais revoltas da época regencial.

O “vulcão da anarquia” como foi chamado, tor-nou o governo de Feijó um autêntico inferno, levando-o à prematura renúncia em 1837. O Parlamento nãoperdoou a incapacidade do governo, que não conse-guia impedir a expansão das revoltas. Os partidos total-mente divididos e fragmentados, não tinham como seorganizar e articular um apoio mais consistente ao go-verno. Em mensagem ao Parlamento, Feijó pediu auto-rização para concentrar mais poderes, como se nota na“Fala do Trono” em 1836: “Nossas instituições vaci-lam, o cidadão vive receoso, assustado; o governo con-some o tempo em vãs recomendações. Seja ele respon-sabilizado por abusos e omissões; dai-lhe porém leisadaptadas às necessidades públicas; dai-lhe forças,com que possa fazer efetiva a vontade nacional. O vul-cão da anarquia ameaça o Império: aplicai a tempo oremédio” 3

Mas que revoltas eram essas, que tantoinfernizavam a vida do padre Feijó?

Cabanagem no Pará: Foi a mais popular das revoltas.Durante um período conseguiu unir amplos setores sociais.No final, houve o desentendimento entre os rebeldes, pois aelite não aceitava o encaminhamento popular da rebelião. Foiduramente reprimida, com 30 mil mortos.

Balaiada no Maranhão: Se deu nummomento de crise da produção de algodãoe se caracterizou por um grandedesentendimento entre os rebeldes

Sabinada na Bahia: Foi a de menor teorseparatista e ficou restrita à cidade deSalvador. Mais localizada na camadamédia da população.

Revolta dos Malês na Bahia: foi a maisampla e bem estruturada rebelião urbanade escravos da história brasileira. Osrebeldes eram muçulmanos e tinhamporobjetivo exterminar os brancos e mulatos.

Revolta dos Farrapos no Rio Grandedo Sul: Em sua origem estava ainsatisfação dos pecuaristas gaúchosque não aceitavam a redução deimpostos concedida ao charqueimportado dos países platinos. Foi a maislonga das revoltas e terminou com umacordo entre os gaúchos e o governocentral.

No geral, as revoltas regenciais eramseparatistas e republicanas, à exceçãoda Revolta dos Malês e evidenciaram asdesavenças entre as elites locais e ogoverno central. Todas foram reprimidascom o máximo rigor.

Bra

sil

Reg

ênci

a

RENÚNCIA DE FEIJÓ E REGÊNCIARENÚNCIA DE FEIJÓ E REGÊNCIARENÚNCIA DE FEIJÓ E REGÊNCIARENÚNCIA DE FEIJÓ E REGÊNCIARENÚNCIA DE FEIJÓ E REGÊNCIADE ARAÚJO LIMADE ARAÚJO LIMADE ARAÚJO LIMADE ARAÚJO LIMADE ARAÚJO LIMA

As revoltas deixaram o regente Feijó, comple-tamente perdido. Isolado, perdeu o apoio que tinha naCâmara. No início da Regência foi aplaudido comogovernante de muita firmeza, porém, à medida que asrevoltas se propagaram, o regente foi se tornando ex-tremamente autoritário. Com isso tornou-se o “bodeexpiatório” dos problemas não resolvidos. Afastado dospolíticos mais importantes, longe dos comerciantes maispoderosos, bombardeado pelos militares descontentes,pressionado pela imprensa, só lhe restava a opção darenúncia.

Para substituí-lo foi escolhido o regente AraújoLima, que era tido como grande solução conservadoracapaz de contornar a crise. De imediato, escolheu vári-os ministros, entre intelectuais e pessoas importantesda época formando o Ministério das Capacidades. En-tretanto, apesar do prestígio osnovos ministros trataram de se livrardo abacaxi preparando a posse de D.Pedro II, que exigia a mudança daConstituição. Objetivavam a conso-lidação no poder, não sem antes fa-zer um notável trabalho decooptação daqueles liberais de pos-tura menos radical, que pudessemse engajar num projeto de uniãonacional em favor das elites.

As rebeliões terminaram em1840, à exceção da Farroupilha quese prolongou até 1845. Nenhuma de-las teve êxito, e a República aindaestava longe de se concretizar. Nãoconseguiram a união das revoltasque na verdade era impossível, con-siderando as condições geográficas,totalmente desfavoráveis aos rebel-des. O apoio de outras nações nãoexistiu, e nem sequer foi cogitado,sobretudo pela visão bastantelocalista dos líderes das rebeliões.Todas sem exceção foram vítimas debloqueios navais que as deixava semsuprimentos e sem condições de re-abastecimento.

Pelo menos motivaram a na-ção a repensar a idéia de pátria,inexistente até então. Em 1822, osentimento nacionalista foi prejudi-cado pela independência elitista, li-derada pelo filho do rei de Portugal.Entrelaçavam-se com esses interes-ses, o apoio de inescrupulosos polí-ticos conservadores quedesfrutavam de vergonhosas regalias.

Pena que as rebeliões tenham servido de bodeexpiatório para fortalecer os argumentos em defesa dacentralização e a volta da monarquia. O Brasil estavapronto para o reinado de D. Pedro II.

1 In. Wernet, Augustin. O Período Regencial.Global Editora. Pág. 31.2 In. Wernet, Augustin. Op. Cit. Pág. 313 In. Prado Jr, Caio. Evolução Política do Brasil.Editora Brasiliense. Pág. 72.

Depois da Revolta dos Malês até osbatuques foram proibidos, comoforma de evitar a união entre asvárias atnias negras.

Rendição era um termo que os farroupilhas nãoaceitavam, e os conflitos só chegaram ao fimdepois que o governo central cedeu aosestancieros gaúchos