brasil em código - 20ª edição

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AS PERSPECTIVAS DO MERCADO DE LUXO SEGUNDO CARLOS FERREIRINHA ENTREVISTA CÓDIGO BRASIL EM Equipados com sensores e dispositivos que geram um fluxo contínuo de dados, os objetos ganham inteligência na Internet das Coisas para atender às demandas das pessoas e empresas Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação abr/mai/jun 2016 • www.gs1br.org EDIÇÃO 20 EDIÇÃO 20 BRASIL EM CÓDIGO GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

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Equipados com sensores e dispositivos que geram um fluxo contínuo de dados, os objetos ganham inteligência na Internet das Coisas para atender às demandas das pessoas e empresas. Veja mais em nossa revista.

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Page 1: Brasil em Código - 20ª edição

AS PERSPECTIVAS DO MERCADO DE LUXO SEGUNDO CARLOS FERREIRINHAENTREVISTA

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Equipados com sensores e dispositivos que geram um fluxocontínuo de dados, os objetos ganham inteligência na Internetdas Coisas para atender às demandas das pessoas e empresas

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AO LEITOR

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Um passo para o futuro

O impacto do mundo digital no cotidiano de empresas e consumidores está promovendo mudanças cada vez mais rápidas e em vários aspectos: na maneira de se comunicar, de atender os clientes, de selecionar talentos, de controlar os processos, de posicionar a marca e até de desenvolver novos formatos de negócios. Essa nova conjuntura demanda muita inovação para

atender às necessidades da sociedade e do mundo empresarial do século 21.Pensando nisso, a matéria de capa desta edição traz um panorama da Internet das Coisas, conceito

que significa uma evolução do uso da internet, na qual os objetos estão conectados em rede e se comunicam sem intervenção humana. Desse modo, tornam-se autônomos e tomam decisões para facilitar a vida das pessoas, que podem ter mais conforto e otimizar suas atividades diárias, e melhorar a oferta de produtos e serviços de empresas e governos. Estudo da consultoria IDC estima que 16 bilhões de objetos estarão conectados neste ano em todo o mundo, sendo 140 milhões no Brasil. Em 2020, a projeção é ter cerca de 30 bilhões de coisas conectadas no planeta.

Essa revolução tecnológica está apenas começando em nosso País e, para acompanhá-la, a GS1 Brasil estimula o uso de padrões que são base para soluções de Internet das Coisas, a exemplo da tecnologia de identificação por radiofrequência, a RFID, e da rede EPC, infraestrutura que permite a identificação automática e comunicação com os objetos. Aliás, a RFID e a Internet das Coisas nasceram no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, instituição que a GS1 apoia há mais de uma década e contribui para a permanente inovação nas tecnologias dos padrões GS1.

Um novo olhar para a evolução dos negócios, com muita energia jovem envolvida, também é lançado por meio de outra reportagem desta edição que retrata uma iniciativa apoiada pela GS1 Brasil. Recentemente, a entidade patrocinou uma das mais importantes maratonas tecnológicas do mundo, a AngelHack, realizada em São Paulo. Muitas ideias criativas foram apresentadas no evento, inclusive com a utilização dos padrões globais, e podem prosperar, transformando-se em projetos únicos no mercado. O evento representou um grande aprendizado para a entidade, que prepara o seu próprio hackathon para o mês de agosto.

Para completar, esta edição traz, ainda, um verdadeiro guia com dicas dos livros de inovação que influenciaram importantes profissionais do mercado brasileiro. Informação e inovação andam juntas para prover negócios mais efetivos e dar um passo à frente no mercado. É nisso que acreditamos.

Um forte abraço,

João Carlos de Oliveirapresidente

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EXPEDIENTE

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A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

Internet das Coisas chega para revolucionar o cotidiano de pessoas e empresas

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comunicação

GERENTE DE MARKETING E SUSTENTABILIDADEFrederico Bellini

COORDENAÇÃO DA REVISTAAndréa Palmer

GS1 BRASILRua Henrique Monteiro, 79

Pinheiros – 05423-020 – São PauloTelefone: (11) 3068-6229

www.gs1br.org

REDES SOCIAISfacebook.com/gs1brasil

www.linkedin.com/company/gs1-brasilwww.youtube.com/gs1brasil

www.flickr.com/gs1brasil

FALE COM A REDAÇÃ[email protected]

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICAG&T Comunicação Ltda.Telefone: (11) 2503-4618

[email protected]

EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos

REVISÃO Helder ProfetaFOTOGRAFIA Paulo Pepe

CAPA Marcelo GorzoniARTE Adriano Cristian Fernandes

COLABORAÇÃO Adriana Bruno, Denise Brito,Kátia Simões, Juliana Jadone Ticiana Werneck (texto)

IMPRESSÃOReferência Gráfica

TIRAGEM 3 mil exemplares

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SUMÁRIO

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CAPA Embora a Internet das Coisas remeta a um cenário futuro, esse conceito, que envolve diversas tecnologias, torna-se mais real, uma vez que os consumidores, as empresas e as cidades estão cada vez mais conectados

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SUSTENTABILIDADE Projeto da GS1 Brasil automatiza a gestão de vendas e logística da Associação Saúde Criança

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ENTREVISTA O especialista em mercado de luxo, Carlos Ferreirinha, mostra as perspectivas desse segmento no Brasil

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ESTRATÉGIA Mobile commerce é o futuro do varejo on-line. Sua empresa está preparada?

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CONHECIMENTO Saiba quais são os livros que influenciaram executivos de companhias inovadoras

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PERFIL Conheça a trajetória da Sodiê Doces, a maior rede de franquias de bolos artesanais do País

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MERCADO Food bikes surgem como modelo de negócio econômicoe sustentável

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do varejo on-line. Sua empresa está preparada?

quais são os livros que influenciaram executivos de companhias inovadoras

CURTAS INSTITUCIONAL OPINIÃO GESTÃOEMPREENDEDORISMOSAÚDENEGÓCIOS EVENTOPADRONIZAÇÃOINOVAÇÃOJOGO RÁPIDODESCONEXÃOPADRÃO DE QUALIDADE

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6 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Um novo olhar Em sua sexta edição, o evento Brasil em Código – Conferência Internacional da GS1 Brasil lançará uma nova maneira de pensar inovação, tecnologia e gestão de pessoas. A conferência será realizada no dia 30 de junho, no Hotel Unique São Paulo, na capital paulista, e terá a presença de renomados especialistas do mercado, como Paulo Silva, CEO do Walmart.com, e Gustavo Caetano, CEO da Sambatech, a maior plataforma de vídeos on-line da América Latina. Mais informações: www.brasilemcodigo.com.br.

Aprendizado na Europa Em abril, a GS1 Brasil organizou uma missão para visitar a Alimentaria, uma das maiores feiras de alimentos do mundo, em Barcelona, na Espanha, e a Hannover Messe, a principal feira global da área de tecnologia industrial, na cidade de Hannover, na Alemanha. O grupo foi formado pelo presidente da entidade João Carlos de Oliveira; os vice--presidentes Carlos Eduardo Severini, José Humberto Pires de Araújo, José Roberto Prado e Maria Eugenia Proença Saldanha; os conselheiros Eber Almeida Martins, Eliseu Scorsim e Sussumu Honda; a CEO Virginia Vaamonde; e a analista de marketing Andréa Palmer. Nos eventos, o grupo teve a oportunidade de conferir tendências, soluções inovadoras e novas tecnologias. Além disso, aproveitou para conhecer de perto o trabalho desenvolvido pela GS1 Espanha e GS1 Alemanha.

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Conexão Portal GS1 Brasil

Fique conectado no www.gs1br.org

Estudos e Pesquisas

No portal da GS1 Brasil, o espaço de Estudos e Pesquisas reserva às empresas a oportunidade de conhecer números relevantes a respeito da automação e do comportamento do consumidor. A gerente de inteligência de mercado da entidade, Marina Pereira, conta que o estudo “O Uso do Código de Barras: Empresas e Consumidores” já está na segunda edição e, nele, são apontadas as principais tendências e projeções em relação à utilização dessa ferramenta no Brasil. “Nesse espaço podem ser encontrados os estudos na íntegra e também infográficos que ilustram, resumidamente, os principais pontos da pesquisa”, reforça. Além disso, a entidade publica mensalmente o “Panorama GS1 Brasil”, documento que aponta importantes tendências de mercado para o associado e públicos relacionados. Portanto, o objetivo é que a área de Estudos e Pesquisas auxilie o associado a direcionar suas estratégias. “Os leitores poderão encontrar dicas de como utilizar tecnologias de automação para atender seus clientes com um posicionamento diferenciado e à frente de seu tempo”, finaliza Marina. Veja os estudos no www.gs1br.org/educacao-e-pratica/estudos-e-pesquisas.

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Capacitação profissionale desenvolvimento socialNo dia 19 de abril, a GS1 Brasil recebeu a visita dos alunos da 38ª turma dos cursos de capacitação profissional em Práticas Administrativas e Práticas do Varejo para pessoas com

deficiência intelectual, realizados pela Associação Nova Projeto com o apoio da GS1 Brasil. O encontro contemplou a apresentação do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), com um tour pelas dependências da entidade, além de uma confraternização entre os participantes. A formatura dessa turma ocorreu no dia 13 de maio, no auditório da GS1 Brasil. O curso, que começou em fevereiro e totalizou 240 horas, contou com dez formandos. “Uma característica marcante do grupo foi o acolhimento por parte dos alunos durante o período de formação da turma e a solidariedade que se fez presente nesse período”, afirma a diretora da Nova Projeto, Mônica Wahlbuhl. Para mais informações sobre essa iniciativa, acesse: www.gs1br.org/sustentabilidade/desenvolvimento-social/capacitacao.

Ajustede contasA crise econômica tem forçado os brasileiros a mudarem seus hábitos de consumo. Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais e em cidades do interior revela que 85,9% dos brasileiros se viram obrigados a ajustar o orçamento doméstico para se defender dos efeitos da crise. Em virtude do agravamento da situação econômica do País, 87% dos entrevistados admitiram que estão dedicando mais tempo

para pesquisar preços; e 80,5% estão evitando comprometer a renda com compras de calçados e roupas.

O poder dosmartphoneAs vendas nacionais de produtos de telecomunicações ao consumidor fi nal somaram R$ 37,6 bilhões em 2015, registrando alta de faturamento de 0,7% em relação ao ano anterior, segundo dados do TEMAX®, relatório trimestral da GfK com base no monitoramento das vendas reais de bens duráveis em todo o País. O segmento que abrange os aparelhos de telefonia celular e fi xa foi o único a apresentar resultados positivos em 2015, período em que o setor de bens duráveis amargou perdas da ordem de 16,3%. Especialistas da GfK apontam três tendências para o mercado brasileiro de smartphones: a tecnologia 4G, as telas grandes e as câmeras frontais de maior resolução.

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8 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Os caminhos da inovaçãoEntre os meses de março e abril, a GS1 Brasil promoveu o curso master em tendências, coolhunting e gestão de inovação. Com carga horária de 20 horas e realizado na sede da entidade, os participantes aprimoraram seus conhecimentos sobre metodologias e tendências para desenvolver projetos de inovação empresarial. “A ideia do curso surgiu no ano passado, quando criamos a área de educação e passamos a ouvir nossos associados para identificar suas necessidades. Ficou claro que, além dos assuntos técnicos sobre automação, havia uma grande demanda por temas como inovação, gestão e tendências”, comenta a gerente de educação da GS1 Brasil, Flávia Costa. O curso foi ministrado por três especialistas: Luis Rasquilha, CEO da Inova Consulting e da Inova

Business School; Marcelo Veras, sócio-diretor executivo da Unità Educacional e sócio da Inova Consulting; e Tadeu Brettas, publicitário, com mais de 30 anos de experiência na área e um dos profissionais de propaganda mais premiados do interior de São Paulo. O curso já tem nova edição marcada para o mês de setembro.

As preferências no e-commerceHoje, no Brasil, 9 a cada 10 pessoas (96%) já fi zeram compras on-line alguma vez. Isso torna o País um dos mercados de maior crescimento em e-commerce na América Latina, com penetração de 23%, segundo dados do estudo da Nielsen sobre Comércio Global Conectado. O levantamento, que entrevistou 13 mil pessoas em 26 países, relata que, nos últimos seis meses, os entrevistados adquiriram muito mais eletrônicos, livros, viagens e produtos relacionados à moda do que medicamentos, delivery de restaurantes, fl ores e vinhos.

Contra a piratariaO Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro realizou, no dia 3 de março, o Dia Nacional de Combate ao Contrabando. O evento consistiu na realização de diversas atividades pelo Brasil para levar às autoridades as preocupações do setor produtivo nacional em relação ao problema. Segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), as perdas com contrabando chegaram a R$ 115 bilhões em 2015, o que representa um crescimento de 15% com relação ao ano anterior. A GS1 Brasil participou da ação ao lado do IDESF, em Campo Grande (MS), ocasião na qual o Instituto divulgou o estudo “Rotas do Crime – As Encruzilhadas do Contrabando”, que mapeou as principais entradas e os caminhos percorridos pelas mercadorias ilegais no Brasil.

Entenderpara atenderA GS1 Brasil possui vários comitês setoriais com objetivo de compartilhar experiências, identifi car necessidades comuns e evoluir com ações assertivas. Com isso, a ideia é que as empresas associadas tenham um ganho de produtividade. Os comitês existentes na entidade são: Associações, Alimentos, Micro e Pequena Empresa, Saúde, E-commerce e Varejo. Ao longo do primeiro semestre, as reuniões desses grupos tiveram ótimos resultados e as empresas estão cada vez mais empenhadas e motivadas a trabalhar em conjunto. Venha participar e contribuir!

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Rastreabilidade premiada na Feira da APASDurante a Feira APAS 2016 – evento do setor de supermercados realizado em maio no Expo Center Norte, em São Paulo (SP) –, a GS1 Brasil demonstrou em seu estande, nomeado como Espaço da Automação, um circuito desde o recebimento das mercadorias até o checkout, passando pelo relacionamento do varejista com o consumidor a fim de mostrar os processos administrativos e logísticos baseados nos padrões GS1 para cumprir as normas de rastreabilidade de alimentos. Nesse momento, o varejo estrutura-se para cumprir a Resolução da Diretoria Colegiada RDC 24/2015, em vigor desde dezembro passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que visa garantir a segurança dos alimentos para os consumidores. Em parceria com o POPAI Brasil (The Global Association for Marketing at Retail), a Associação Paulista de Supermercados (APAS) desenvolveu o Prêmio Stand Show APAS POPAI. A GS1 Brasil ganhou o troféu na categoria Melhor Ação Promocional. A iniciativa funcionou da seguinte maneira: no corredor do estande, uma atriz abordava os visitantes e os convidava para um jogo bastante interessante. No hidden game, um lote de geleias estava contaminado e o jogador deveria localizar os potes num cenário de uma loja repleta de produtos, no menor tempo possível. O propósito da ação foi mostrar que, ao adotar a rastreabilidade com os padrões GS1, fica muito mais fácil encontrar os produtos. Os jogadores que cumpriram o desafio em menor tempo ganharam uma bolsa térmica com várias geleias da Queensberry, uma das apoiadoras da entidade no estande. E todos os participantes levaram um minividro do produto. As empresas Zebra Technologies, Seal Sistemas e Siris também foram apoiadoras do estande da GS1 Brasil.

Atualização

Quatro empresários associados à GS1 Brasil visitaram, em março, a sede da entidade a fim de conhecer melhor as possibilidades que os padrões GS1 oferecem para melhorar o desempenho de seus negócios. Laura Souza, da Cocoforte (RS); Adriano Braga, da FB Tecnologia Têxtil (GO); Mario Linhares, da Trigopan Comércio e Indústria (CE); e Maria Odete, da Massas Taddei (RJ) foram convidados para conhecer o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), além de fazer visitas técnicas a empresas para conhecer, de perto, casos de implantação de soluções GS1. A iniciativa faz parte do programa GS1 Atualiza, que tem como principal objetivo levar o conhecimento de gestão e de automação por meio de padrões GS1 aos associados de todo o País.

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Fontes de inspiraçãoNo mês de março, a GS1 Brasil promoveu uma viagem a importantes centros de referência em tecnologia dos Estados Unidos com o objetivo de buscar novos conhecimentos e soluções para incorporar ao seu Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) e Espaço do Conhecimento. No roteiro da chamada “Missão Inspiração”, o grupo da entidade brasileira visitou os centros de inovação da Microsoft (Microsoft Visitor Center e Microsoft Retail Experience Center) e a fábrica de jatos da Boeing (The Future of Flight Aviation Center and Boeing Tour), em Seattle. Outra parada foi realizada em Las Vegas para participar da GlobalShop, maior feira de design e marketing do varejo do mundo. Integraram a comitiva da GS1 Brasil o presidente João Carlos de Oliveira, a CEO Virginia Vaamonde, o diretor de fi nanças e serviços corporativos Charles Sampaio, o diretor de inovação e alianças estratégicas Roberto Matsubayashi e a gerente da área de educação Flávia Costa.

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Vitórias de Daniel DiasO nadador Daniel Dias, patrocinado pela GS1 Brasil, segue sua trilha de vitórias. No dia 18 de abril, ele recebeu o Laureus World Sports Awards 2016, como Atleta do Ano com Deficiência. O Laureus, considerado o Oscar do esporte, foi realizado em Berlim, na Alemanha. Com essa conquista, o atleta torna-se recordista nessa premiação, pois também venceu em 2009 e 2013. “Esse prêmio é uma grande honra e me dá um grande incentivo, já que estamos em preparação para os Jogos Paralímpicos no Rio. É algo muito grandioso”, disse Daniel, na ocasião. Outra conquista recente do nadador ocorreu durante o Open Internacional Caixa Loterias de Natação, no qual ele ganhou 1 ouro e 1 bronze. E mais: na disputa do Campeonato Europeu de natação adaptada, promovida pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), na cidade de Funchal, em Portugal, entre 30 de abril e 7 de maio, Daniel Dias conquistou três provas individuais (2 ouros e 1 prata), sendo uma dessas provas com WR (recorde mundial) e três revezamentos (4º lugar e 2 pratas). Até setembro, o nadador continua com foco nos treinamentos, além de participar de outras competições. Nesse ritmo de conquistas, a GS1 Brasil lança uma nova campanha de comunicação com Daniel Dias. O mote da ação destaca que o foco e a superação são a energia para transpor qualquer limite, de acordo com o gerente de marketing e sustentabilidade da GS1 Brasil, Frederico Bellini. A campanha circulará em todo o território nacional. #somosdanieldiasPara mais informações, acesse: www.gs1br.org/danieldias.

10 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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Pesquisa da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), feita em todo o Brasil, apontou que as contas de consumo (como as de água, luz, gás, telefone e TV a cabo) são consideradas as maiores “vilãs” do orçamento doméstico. A fatia dos que apontaram essas contas como a principal causa de problemas no orçamento das famílias foi de 37%, um salto de 14 pontos percentuais em comparação aos 23% que manifestaram essa opinião em 2015. Em segundo lugar, apareceram os gastos com alimentação, lembrados por 29%, uma elevação de 6 pontos percentuais com relação ao ano passado. Depois vieram impostos e transportes, ambos com 8%.

Negócios em casaO Microempreendedor Individual (MEI), figura jurídica que pode faturar até R$ 60 mil por ano, poderá utilizar sua residência como endereço comercial. O Senado aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei da Câmara dos Deputados (PLC 167/2015) que concede esse novo direito ao MEI, desde que ele não exerça atividade que exija local específico. O projeto já foi publicado no Diário Ofi cial do Senado e vai direto para sanção. A aprovação reforça a atualização da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (artigo 7, parágrafo único da LC 147/2014), que já previa a possibilidade dos Estados e municípios de identificarem como pessoa jurídica o endereço residencial utilizado para a atividade comercial do MEI.

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12 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

INSTITUCIONAL[ [

Por Denise Turco

GS1 Brasil lança nova versão do Cadastro Nacional de Produtos (CNP 2.0), ferramenta que auxilia a geração e o controle de código de barras

Após um ano de seu lançamento, o Cadastro Nacional de Produtos (CNP) – sistema web desenvolvido pela GS1 Brasil para geração, controle da numeração e impressão do código de barras – ganhou uma importante atualização. A ferramenta, batizada de CNP 2.0, está mais intuitiva e com novas funcionalidades para atender às necessidades dos associados. Com maior quantidade de recursos, também apresenta layout moderno e interface amigável. “O sistema ficou mais fácil de ser utilizado”, afirma o assessor da área de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Alessandro Fagundes.

A ferramenta foi criada para auxiliar as empresas no cadastro e no gerenciamento de informações sobre seus produtos. E, de quebra, tem um papel para apoiar a gestão. Pelo fato de os dados serem cadastrados em um único local e numa plataforma na internet (e não em

planilhas soltas em um computador, por exemplo), a ferramenta assegura que as empresas tenham um banco de dados uniforme. Assim, podem melhorar os controles internos e também fornecer informações de qualidade e mais rapidamente para seus parceiros comerciais. Vários usuários da mesma empresa podem acessar o sistema.

A mudança do CNP não é apenas uma atualização tecnológica mas também representa um novo posicio-namento da GS1 Brasil com relação aos serviços presta-dos aos associados. Segundo o gerente de produtos da entidade, Paulo Aparecido Crapina, até o ano passado, a GS1 Brasil fornecia as informações principais para que as empresas fizessem a emissão do código de barras. Naquele contexto, a utilização do CNP era opcional e as empresas precisavam informar apenas os dados básicos sobre o produto. Agora, a entidade fornece o código de

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barras completo, mediante o cadastro obrigatório no CNP 2.0. Isso é impor-tante porque o detalhamento de infor-mações torna o sistema mais robusto. Entre os campos de preenchimento obrigatório estão, por exemplo, tipo de código a ser utilizado (GTIN-8, GTIN-12, GTIN-13, GS1-128, GS1 DataBar, GS1 DataMatrix, etc.), classifi cação de produtos (segmentos de alimentos, calçados, beleza, etc.) e descrição. Os dados sobre pesos e medidas, por exemplo, são importan-tes para auxiliar na gestão logística e de transporte, na estocagem e na exposi-ção de produtos nos pontos de vendas, auxiliando a montar os planogramas.

“Com esse novo modelo, garanti-mos para o associado que o código de barras é válido e está com a numeração de acordo com o padrão global GS1. Além disso, a empresa consegue fazer uma gestão de produtos mais precisa

e também disponibilizar um cadastro bastante rico para seus parceiros de negócios”, destaca Crapina.

Aliás, a entidade sempre incentivou a colaboração e a troca de informações entre as empresas. Com o CNP 2.0, isso se torna cada vez mais viável e estende--se também para o consumidor fi nal. Isso porque os dados são integrados às outras ferramentas que compõem o Sistema GS1, como, por exemplo, o aplicativo para smartphone InBar, que permite o acesso das informações dos produtos, como nome, marca, modelo, etc. Também pelo CNP 2.0, será possível utilizar o GEPIR (Serviço de Verifi cação Global de Autenticidade de Prefi xos), ferramenta que garante a autenticidade de códigos de barras GS1 em todo o mundo.

“O propósito é que o CNP se transforme em um ‘Google’ de pro-dutos, ou seja, uma referência para

busca de informações sobre diversos artigos. Nesse sentido, é muito im-portante que as empresas cadastrem o máximo de dados para facilitar seu contato com fornecedores, parceiros e consumidores”, conclui Crapina.

EVOLUÇÃO CONSTANTE As empresas que se associaram à

GS1 Brasil a partir de janeiro deste ano já começaram a usar o CNP 2.0. Para os associados antigos, a migração do sistema começou em março. Mas as novidades não param por aí. De acor-do com Fagundes, a ferramenta ganha-rá novas funcionalidades até o mês de junho, como campos para inserção de informações nutricionais; gestão de lo-tes; geração de etiquetas GS1-128, GS1 DataBar e GS1 DataMatrix.

Outro recurso que está sendo de-senvolvido é o serviço de webservi-ce, que permitirá integrar sistemas internos das empresas. “Geralmen-te, esses sistemas já têm a função do cadastro de mercadorias. A comuni-cação através de webservice com o CNP 2.0 otimizará ainda mais esse processo”, explica Fagundes.

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• Geração do código de barras para todos os produtos da empresa• Impressão de etiquetas (GTIN-8, GTIN-12, GTIN-13, GTIN-14, GS1 DataBar e GS1 DataMatrix) • Design moderno e intuitivo• Detalhamento das informações do produto• Relatórios que auxiliam a gestão dos itens cadastrados• Dados estatísticos sobre o cadastro de produtos • Controle de perfil de usuário • Disponibilidade de informações nutricionais • Gestão de lotes de produtos • Integração e atualização via webservice para inserção de GTIN • Consultas no GEPIR dentro do sistema

Benefícios do Cadastro Nacional de Produtos

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[[OPINIÃO

Rodrigo Pistori Pivetti, gerente de pré-vendas da

Alcatel-Lucent Enterprise

‘‘Nos momentos de crise e instabilidade econômica, as empresas precisam

ser criativas para manter a competitividade e sobreviver ao período de turbulência. A melhor saída é pensar simples. Se a receita diminui, é necessário ajustar as despesas e economizar, mas sem comprometer a qualidade dos serviços e produtos ofertados.

Nesse contexto, as soluções tecnológicas podem ser importantes para atingir o objetivo em curto prazo. Um tema prioritário para as áreas da Tecnologia da Informação é a chamada mobilidade corporativa. Isso porque o ambiente empresarial mudou e a demanda de comunicação exige interações em tempo real, em qualquer lugar e dispositivo.

Pesquisas mostram que o teletrabalho, também conhecido como home office, é adotado por uma pequena parte das companhias no Brasil, devido ao entrave cultural no meio corporativo. Um estudo da SAP Consultoria indica que 83% das empresas nacionais ainda não pensam em incorporar essa prática. Segundo a Sociedade Brasileira de Teletrabalhos e Teleatividades (SOBRATT),

o Brasil tem apenas 12 milhões de pessoas que atuam nesse formato, em um universo de quase 100 milhões de trabalhadores.

Para mudar essa realidade, chamamos a atenção para a redução de custos gerada e a experiência vivenciada pelas empresas que já adotam a mobi-lidade corporativa. Por exemplo, diminuição de aluguéis de escritórios e salas de reuniões, além da redução do consumo de energia elétrica, espaço para ativos, custos de viagens, hospedagens, pas-

sagens aéreas, etc. Outros fatores não tangíveis também devem ser considerados, como satisfação, produtividade e qualidade de vida do colaborador. Na prática, conforme a pesquisa da SAP Consultoria, as empresas que adotam o teletrabalho já perceberam que as relações se tornam mais profissionais, o colaborador tem maior concentração, menos estresse e se torna mais orientado aos resultados.

A relação interpessoal, porém, não pode ser extinta. A saída é criar um ambiente de trabalho físico e virtual ao mesmo tempo, mesclando uma infraestrutura de rede para atender escritórios e também acesso remoto pela internet, de forma segura, em qualquer lugar e por qualquer dispositivo. Tecnicamente, isso pode ser feito por meio de uma mescla das tecnologias de rede com e sem fio integradas pela internet – conceito chamado de acesso unificado. A comunicação ocorre por meio de voz e vídeo e os grupos de trabalho interagem através de chat e status de presença.

As empresas que adotam o teletrabalho já perceberam que o

colaborador se torna mais orientado aos resultados

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14 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

A adoção do home office combinada com o uso de soluções tecnológicas de comunicação ajuda a ganhar produtividade

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Que a crise está aí e atingiu o País em cheio, em di-versas esferas, é um fato. Com menor poder aquisitivo, o consumidor precisa planejar as compras de maneira mais racional, porém isso não signifi ca optar por pro-dutos mais baratos, especialmente para quem não abre mão de itens premium e de luxo. Sim, é hora de caute-la também para os consumidores mais abastados, mas nada que afete intensamente seu estilo de vida. Aliás, o momento é propício para as compras de indulgência. Tanto que, em meio à recessão, há uma intensa procura por carros, como os utilitários compactos, que custam a partir de R$ 70 mil, inclusive com lista de espera nas concessionárias, enquanto as versões mais populares enfrentam quedas acentuadas nas vendas, ou, ainda, as enormes fi las em sorveterias premium ou a grande pro-cura por alimentos gourmet.

Para saber um pouco mais sobre o comportamento de compras do consumidor de produtos e serviços de luxo, a Brasil em Código falou com Carlos Ferreirinha, consi-derado o principal formador de opinião sobre gestão do luxo e premium na América Latina e que atua há mais de 24 anos nesse mercado. Ele já foi executivo da EDS e da Louis Vuitton (Grupo LVMH), onde foi CEO do Brasil e diretor-sênior da América Latina. Hoje está à frente da empresa que fundou, a MCF Consultoria, especializada em traduzir a inteligência estratégica das marcas de luxo para diversos segmentos e atividades.

O executivo também conta como as empresas, de forma geral, podem espelhar-se nas companhias de luxo

para ganhar a preferência dos seus consumidores. “Dize-mos que nem todos podem ser luxo, mas todos podem aprender com a inteligência da gestão do luxo. Existem poucas marcas que alcançarão esse patamar elevado. E outras que poderão ‘tomar pílulas de luxo’ para que seus produtos e serviços tenham esse conceito traduzido em diversos aspectos”, afi rma. Confi ra, a seguir, a visão de Carlos Ferreirinha sobre esse mercado.

BRASIL EM CÓDIGO Apesar da crise, alguns setores da economia seguem fortes e vão na contramão da ins-tabilidade. O segmento de produtos de luxo é um deles? CARLOS FERREIRINHA São muitas as formas de se avaliar o impacto de uma crise séria, profunda e crítica como essa que estamos passando. Todos estão sofren-do, seja por desestímulo dos clientes, seja pelos altos incrementos no Custo Brasil para se operar. O fato de alguns setores seguirem em crescimento não quer dizer que o ambiente seja favorável. Ao contrário. O esforço está sendo muito maior e o foco para neutralizar os obs-táculos se tornou uma obsessão. O segmento de luxo sofre exatamente por isso. Entretanto, as vendas diretas desses produtos crescem no Brasil. O principal motivo é a expressiva baixa de consumo dos brasileiros no exte-rior, como refl exo da redução signifi cativa do volume de viagens internacionais, variação cambial, dentre outros fatores. O fato de vivermos uma crise política, e não uma redução da riqueza, faz com que o consumo doméstico de artigos de luxo seja favorecido.

16 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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ENTREVISTA

Por Kathlen Ramos

No atual momento de recessão econômica e política, como está o mercado de produtos de luxo no Brasil?

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“As vendas de produtos de luxo crescem no País, e o principal motivo é a expressiva baixa de consumo

dos brasileiros no exterior”

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[[ENTREVISTA

BC Quais tipos de produtos de luxo se destacam atualmente?CF Não há categorias vendendo mais no momento de crise. No caso de avi-ões, por exemplo, tínhamos clientes que compravam fora do País, e, agora, estão adquirindo no Brasil. Algumas categorias são favorecidas nesse mo-mento, como moda em geral e cama, mesa e banho.

BC O que explica o fato de alimentos gourmet ou carros top de linha esta-rem em alta, justamente nesse perío-do de recessão?CF Não necessariamente a compra em momentos de crise vai toda para itens mais baratos. Também passa a existir a compra mais inteligente, mais criteriosa e, principalmente, de indulgência. São exemplos desse fenômeno o cresci-mento de sorvetes premium e a lista de espera de carros como o Jeep Renegade, enquanto os automóveis populares amargam baixos índices de vendas. Em cenários como esses, o consumo é um ótimo antídoto para a tristeza. Diminui--se a frequência, mas aumenta-se o con-sumo desse tipo de produto em ocasiões mais defi nidas.

BC Como podemos entender o movimento de “premiunização” dos produtos? CF São muitas as razões que justifi cam e explicam esse conceito. A principal delas se refere ao aumento da sofi stica-ção dos consumidores como um todo, que os tornam mais exigentes e, com isso, abre caminhos para a compra de produtos e serviços em patamares mais elevados – não luxo, não básico, mas premium. No entanto, há também o fato de ter havido um enriquecimento como um todo dos consumidores. Na MCF chamamos de premium a sofi s-ticação acessível. A democratização da experiência e do prestígio, inspira-da pelo movimento mercadológico

masstige [mastígio], que signifi ca pres-tígio para as massas.

BC Na crise, vemos que, de modo ge-ral, a classe C viaja menos, diminui a frequência em restaurantes e posterga a compra de bens mais caros. Qual é a mentalidade das classes mais abasta-das nesse aspecto? CF Pensam da mesma forma. Nesse caso, o que muda é o poder aquisitivo. Da classe C para baixo, o impacto da atual crise é forte, com perda fi nanceira mais clara, enquanto os consumidores de alta renda são mais resilientes. Estão mais atentos, cautelosos e criteriosos. Mas o seu poder fi nanceiro ainda está pouco abalado. Seja qual for a classe social, todos querem comprar ou se manter comprando.

BC Nos últimos anos, muitas marcas de luxo se instalaram nas principais capitais do Brasil, de olho em um mer-cado com potencial crescimento. Hoje, como essas empresas estão vendo as oportunidades por aqui? CF Investimentos ou projetos novos estão suspensos. Esse é um momento de cautela e de fazer mais com aquilo que já existe.

BC Qual é o tamanho do mercado de luxo no País quando comparado à Europa e aos Estados Unidos? CF É pequeno, porém representati-vo para o tamanho do Brasil. É bem menor que o da China, por exemplo.

“Marcas de luxo surpreendem pela matéria-prima, personalização

do atendimento, obsessão pelos detalhes, história criada e

qualidade impecável”

18 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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De acordo com a pesquisa “O Merca-do de Luxo no Brasil”, realizada pela MCF Consultoria em parceria com a GfK, calcula-se que o faturamen-to médio de 2015 para o mercado de luxo seja de R$ 30,9 bilhões. O cresci-mento anual médio, que deve se man-ter, é de 10% a 12%. Os consumidores desses produtos representam cerca de 1,5% da população brasileira.

BC Como as marcas de luxo têm se adaptado ao novo perfil do consumi-dor, que é mais conectado, exigente e racional? CF Todas têm de se reinventar e se atualizar, sem exceções. De uma forma geral, as marcas de luxo estão em movimentos severos de redução de custos internos e de aumento de produtividade, focadas em relacio-namento para cuidar dos clientes. Em termos de relacionamento, por exemplo, as vendas em casa cres-cem exponencialmente. As marcas enviam seus produtos para a resi-dência do consumidor, sem prazo de devolução, e ele escolhe se gos-taria de comprar, levando o tempo que quiser. Outro exemplo são as agências de turismo que personali-zam e customizam o roteiro ao nível máximo de detalhes, quase como uma consultoria, e sem cobrar a mais por isso. Também podem ser lembrados os treats, como gulosei-mas e bebidas oferecidas nas lojas; e o aumento dos eventos exclusivos de relacionamento.

BC Hoje, os especialistas apontam que há um grande interesse das mar-cas em se relacionar com a geração chamada de millenials, ou seja, as pessoas nascidas entre 1980 e 1999. Por que há um interesse maior da in-dústria nesse público?CF Apesar da necessidade e von-tade, os millenials não representam força de consumo, porque ainda não são economicamente produtivos. E também são muito menos consu-mistas do que a nossa geração. As-sim, o relacionamento ainda é pela marca, pelo institucional e, acima de tudo, na educação deles. Mas a lon-go prazo.

BC O tema “luxo” antes era signifi ca-do de tradição, peças únicas e preços altíssimo, o que fazia com que apenas uma pequena parcela da população tivesse acesso. Hoje, o luxo se tornou mais democrático? CF O que se tornou democrático foi o acesso, e não o preço. Os mesmos pre-ços disponíveis para uma base maior de clientes que possuem esses devidos valores em uma malha de distribuição mais ampla. O luxo segue sendo único, raro e para poucos. Mesmo que esse número de poucos tenha aumentado fortemente nos últimos anos.

BC No mercado contemporâneo, como você resumiria as características de um produto de luxo? CF São muitas. Chamamos do pa-tamar absoluto do extraordinário. O

nível máximo da excelência. Marcas que, por meio de produtos e serviços, surpreendem pela matéria-prima, per-sonalização do atendimento, obsessão pelos detalhes, história criada e quali-dade impecável.

BC Como está a concorrência nes-se mercado? As marcas tradicio-nais têm sofrido com a entrada de novos players?CF Não muito. Não surgem tantas marcas que assustam aquelas tradicio-nais. Nos carros vemos mais isso e em alguns outros setores específi cos, em-bora não seja nada muito expressivo. Surgem, por exemplo, movimentos em nichos, como o de incorporação imo-biliária, agências ou agentes de turismo de luxo e pequenos designers de joias.

BC Na sua visão, pequenas empre-sas também podem entrar no seg-mento de luxo? CF Devem. Dizemos que nem todos podem ser luxo, mas todos podem aprender com a inteligência da ges-tão do luxo. Existem poucas marcas que alcançarão esse patamar eleva-do. E outras que poderão “tomar pí-lulas de luxo” para que seus produ-tos e serviços tenham esse conceito traduzido em diversos aspectos. Os conceitos usados pelas companhias tradicionais de luxo podem inspirar outras empresas, como a persistên-cia, o fato de não abrir mão de con-cessões e exceções, além de visão de longo prazo.

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“Hoje, o que se tornou democrático foi o acesso aos produtos de luxo, e não o preço”

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O futuroé agora

Por Denise Turco

Internet das Coisas possibilita múltiplas aplicações, tão amplas quanto a criatividade humana, no dia a dia das pessoas e das empresas

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Se você já usou o sistema de pa-gamento automático de pedágios e estacionamentos, o GPS do seu smartphone, o aplicativo colabo-rativo de trânsito Waze ou os ser-viços de transporte do Uber, pôde experimentar, na prática, o con-ceito de Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things, IoT). O assunto remete a um cenário futu-rístico, mas já está presente no coti-diano das pessoas e empresas.

O aplicativo Waze, por exemplo, usa o GPS e o sensor de movimento do celular para verificar se o carro está parado no trânsito e indica rotas alternativas, bem como avisa outros usuários sobre congestiona-mentos, acidentes e o que mais tiver no meio do caminho. A plataforma do Uber verifica a posição do GPS do usuário e do taxista para enviar o carro mais próximo. Depois, indica o trajeto mais rápido. Não há manu-seio de dinheiro, pois o número do cartão de crédito do cliente já está cadastrado na plataforma, assim a conta e o recibo seguem on-line. Essas soluções transformam o dado em informação e usam o celular como equipamento para viabilizar essa revolução tecnológica que está apenas começando.

“A Internet das Coisas é uma evolução do uso da internet, na qual, em vez de as pessoas es-tarem conectadas, são os objetos que estão conectados na rede, através de sistemas que utilizam inteligência artificial e dados analí-ticos. A partir daí, são capazes de prover mais informações, serem autônomos e tomarem decisões”, explica o diretor de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi.

A IoT não é uma tecnologia específica, mas um conceito que envolve diversas tecnologias. “Por isso, as possibilidades de criar so-luções por meio desse conceito são infinitas”, destaca a consultora e proprietária da RF Consulting, Renata Rampim. O ponto impor-tante é como coletar informação de forma múltipla, enviar para

uma base de dados e retornar com uma resposta para o usuário ou sistema em tempo real ou no menor intervalo possível, ser-vindo a um propósito.

Para que os objetos tornem-se “inteligentes” e comuniquem-se entre si, eles precisam ter dispo-sitivos inseridos ou conectados (sensores, etiquetas RFID e inter-faces de imagem e de vídeo, por exemplo). Hoje, os smartphones já são capazes de viabilizar a apli-cação da Internet das Coisas. Sabe por quê? O celular possui mais de 20 dispositivos inseridos: GPS, sensor de movimento, de umi-dade, de temperatura, de proxi-midade, de campo magnético e de luminosidade, barômetro, acele-rômetro, giroscópio (vetor de ro-tação), sensor de ritmo cardíaco, podômetro, câmeras, microfones, Wi-Fi, Bluetooth, etc.

A IDC estima que 16 bilhões de objetos estarão conectados em 2016 em todo o mundo. No Brasil serão mais de 140 milhões até o final deste ano. Em 2020, a pro-jeção é ter cerca de 30 bilhões de coisas conectadas no planeta.

A Cisco estima que a IoT pode gerar US$ 19 trilhões de receitas adi-cionais às empresas e aos governos globalmente desde 2013 até 2022.

MÚLTIPLAS APLICAÇÕESCom a IoT é possível extrapolar

os limites dos smartphones, que já têm uma série de tecnologias em-barcadas, englobando utensílios

pessoais e domésticos que possam acessar a rede. Por exemplo, uma pulseira para monitoramento re-moto de saúde, que mede os ba-timentos cardíacos, se identificar alguma alteração de informação, automaticamente a envia ao mé-dico. O carro conectado já está no mercado, possibilitando utilizar aplicativos e programar o veículo para responder a comandos do ce-lular. Sem falar em vários projetos que existem em todo o mundo do carro autônomo, capaz de fazer o percurso sozinho.

Para o lar, há várias soluções, como fechadura biométrica, sensor de temperatura e de ilu-minação com controle pelo ce-lular – através dos quais se pode programar o ar-condicionado para manter a casa fresca, ajustar a tem-peratura da geladeira e acionar a máquina de lavar roupa, mesmo longe de casa. Ou, ainda, a gela-deira que avisa se está faltando algum produto ou sobre a validade dos alimentos. “A ideia é que os sensores e tecnologias envolvidas tenham uma funcionalidade am-pliada, que permita realizar vá-rias coisas, mesmo que não es-teja presente naquele ambiente”, explica o analista sênior de ser-viços de telecom da IDC Brasil, Samuel Rodrigues.

Hoje, esse cenário já começa a se tonar realidade por aqui. A pes-quisa “O Uso do Código de Barras no Brasil – 2ª Edição”, realizada pela GS1 Brasil em 2015, com 477 consumidores, mostrou que 76% já têm computadores interconectados com smartphone e 55% possuem a TV conectada com o celular.

A Internet das Coisas é um conceito que

envolve diversas tecnologias

Roberto Matsubayashi,da GS1 Brasil

Na Internet das Coisas, os objetos podem tomar decisões

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Segundo o diretor de inovação da Samsung para a América Latina, Gabriel Farias, a empresa acredita que o futuro do lar con-tará com três atributos princi-pais. O primeiro, “Me Mostre”, será responsável por tornar in-formações complexas em algo útil. Por exemplo, a pessoa será alertada sobre poluição do ar ou receberá dicas de economia de energia. O segundo será o “Me Conheça”, que reconhecerá o estilo de vida. A casa saberá o momento em que você pretende acordar, acendendo as luzes e deixando o café pronto na hora exata. O terceiro atributo, “Me Diga”, ajustará a casa de acordo

com as necessidades do morador e dará sugestões sem que sejam solicitadas. “As empresas terão de se adequar ao consumidor co-nectado e oferecer as tecnologias necessárias para colaborar com suas vidas”, afirma Farias.

“A Internet das Coisas ainda está em uma na fase inicial. Mas, no futuro, qualquer pessoa po-derá comprar peças, sensores, baixar um software gratuito e montar um sistema de auto-mação para casa, para controlar a cortina ou automatizar a ali-mentação do gato ou cachorro, por exemplo”, aposta Augusto Gonçalves, evangelista de pes-quisa e desenvolvimento da Autodesk, empresa que atua com software 3D de engenharia e entretenimento.

EMPRESAS INOVADORASNo Brasil e no mundo, a área

de negócios está impulsionando o crescimento da Internet das Coisas. Isso significa que as empresas buscam ganhar efi-ciência operacional e reduzir custos investindo em soluções que utilizam esse conceito. Os principais fatores que motivam o crescimento da IoT no meio corporativo são: redução de custos, otimização de processos e expansão geográfica estru-turada. Essas informações são de um estudo regular realizado pela IDC, que traça um pano-rama sobre a Internet das Coisas. A última edição da pesquisa, feita em junho de 2015, con-sultou 2 mil pessoas no mundo, sendo cerca de 200 no Brasil.

O INÍCIO DE TUDO

A Internet das Coisas remete a um cenário futuro, mas, no en-tanto, o conceito não é novo. Em 1999, o pesquisador Kevin Ashton fundou as bases para o que se tor-naria a IoT no Auto-ID Centre, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Esse centro de pesquisas, que recebe o apoio da GS1 há mais de uma década, desenvolveu a pa-dronização da tecnologia de identi-ficação por radiofrequência (RFID) e da rede EPC, que é a infraestrutura que permite a identificação automá-tica dos objetos. Ashton foi um dos pioneiros a descrever um sistema no qual a internet estaria ligada ao mundo físico por meio de sensores. “A Internet das Coisas tem como base a RFID, porque essa foi a pri-meira tecnologia a ser usada para a comunicação entre objetos e sis-temas, sem um ser humano para fazer o input de dados”, explica o editor do RFID Journal Brasil,

Edson Perin. De acordo com a es-pecialista Renata Rampim, o marco inicial da Internet das Coisas foi em 2005, quando o Walmart, nos Estados Unidos, definiu que os cem principais fornecedores precisavam colocar chip RFID para identificar os paletes enviados à gigante do va-rejo. Hoje, segundo ela, há um es-tudo sendo desenvolvido na Europa indicando que a própria etiqueta RFID também pode ser um sensor.

A GS1 estimula a adoção da RFID, que permite identificar um produto com número de série indi-vidual, possibilitando verificar sua

localização e fazer monitoramento. No Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), da GS1 Brasil, instalado em sua sede na capital paulista, é pos-sível conhecer como funciona a aplicação da RFID na indústria, na área de distribuição e de varejo, com base no conceito de Internet das Coisas. Atualmente, a entidade apri-mora a infraestrutura técnica de es-pecificações do padrão RFID para, justamente, atender melhor esse pa-norama amplo e complexo da IoT, afirma o diretor da área de inovação e alianças estratégicas da entidade, Roberto Matsubayashi.

MIT, nos Estados UnidosPrimeiros conceitos de IoT surgiram na instituição por

meio de estudos sobre a RFID

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2016 23

Um passo à frenteFábrica da Siemens em Amberg, na Alemanha, foi criada segundo os conceitos de indústria 4.0

Em 2016, em todo o mundo, estima-se 16 bilhões de objetos co-

nectados. Em 2020, serão cerca de 30 bilhões de

coisas conectadas.

Na América Latina, serão 350 milhões de

dispositivos conectados em 2016 e 830 milhões

em 2020. Já o Brasil deve vai fechar este ano com mais de 140 milhões

de dispositivos conectados.

Em 2020, a receitamundial para IoT

atingirá US$ 1,7 trilhão; na América Latina,

US$ 15 bilhões; e, no Brasil, US$ 7 bilhões.

A IoT também está sendo utilizada em soluções de negócios inovadores, como omnichannel e indústria 4.0, de acordo com o editor do RFID Journal Brasil e pesquisador do Centro de Estudos Sociedade e Tecnologia (CEST), da Universidade de São Paulo (USP), Edson Perin. “Há empresas que já utilizam o conceito para aprimorar o omnichannel, que sig-nifica otimizar as vendas por dife-rentes canais de maneira integrada. Isso porque omnichannel é uma operação que depende de uma vi-sibilidade total e realista dos esto-ques”, comenta Perin.

Indo mais além, a IoT está pre-sente na indústria 4.0, considerada a quarta revolução industrial. A primeira teve base na máquina a vapor, que substituiu o artesa-nato e favoreceu a produção em massa. A segunda envolveu a criação da linha de montagem. A terceira, a entrada dos robôs para substituir as pessoas em traba-lhos mecânicos. “A quarta revo-

lução industrial traz o conceito da personalização dos produtos, como se fossem feitos sob me-dida para cada consumidor, sem deixar de manter os custos baixos e a produção em larga escala. A IoT, nesse caso, será realizada pela comunicação entre os pró-prios produtos que estão sendo fabricados com os sistemas de inteligência das linhas de pro-dução, facilitando a identificação de cores, formas e características do produto que foi encomendado por um comprador”, explica Perin.

O conceito de indústria 4.0 foi criado e patenteado pelo governo alemão, em um projeto envol-vendo empresas e universidades com o objetivo de modernizar ainda mais a indústria daquela região. A Siemens é uma das pio-neiras a adotar o conceito desde 1989 em sua fábrica em Amberg, na Alemanha, onde há interligação entre máquinas, alto nível de auto-mação por meio da digitalização e de sistemas de automação. No

Brasil, a companhia, assim como outras empresas de ponta, possui banco de dados unificado que apoia a digitalização, ferramentas que auxiliam no desenvolvimento do ciclo de vida do produto e pro-dução dentro de um ambiente in-tegrado, explica o gerente de negó-cios em sistemas de automação da Siemens, Robert Gries. “A ideia é dar um passo à frente em termos de produtividade. A indústria 4.0 utiliza o conceito de IoT de forma ainda mais ampla, de modo que impactará a maneira de se fazer ne-gócios”, aposta Gries.

Mas a Internet das Coisas não é apenas para grandes corporações. Na visão dos especialistas, os ne-gócios de menor escala também podem, e devem, adotar o con-ceito. “O desafio é que os custos são elevados, o que pode ser um limitador para as pequenas em-presas num momento inicial”, opina Rodrigues, da IDC.

CIDADES INTELIGENTESQuando se fala em melhorar o

contexto urbano, social e gover-namental, a Internet das Coisas entra em paralelo com outro con-ceito – a cidade inteligente (smart city). Há duas maneiras de en-tender essa ideia. A primeira é a cidade com soluções tecnoló-

PROJEÇÕES

Fonte: IDC

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gicas aplicadas em um único setor de forma integrada. “Por exemplo, no sistema de transporte, teríamos um ônibus integrado com metro, ciclovia, oferta de serviços, como Wi-Fi nos terminais e dentro dos veículos, informação ao passageiro de quanto ônibus vai chegar, se está lotado ou não”, diz o gerente de desenvolvimento de negócios de IoT da Cisco para a América Latina, Severiano Macedo. A se-gunda defi nição possível de smart city é uma pequena região do município com diversas soluções tecnológicas para melhoria do am-biente, tais como controle do des-perdício de água, gerenciamento de rejeitos industriais, monitoramento do clima e da poluição, etc. “Um exemplo é a região portuária de Barcelona, na Espanha, que conta com iluminação pública, gestão

de lixo, semáforo e câmeras inteli-gentes”, conta Macedo.

Hoje ainda não existe uma ci-dade 100% inteligente no mundo. Os projetos estão começando por iniciativa de secretarias de go-verno e/ou com companhias pri-vadas para custear essa inovação. No Brasil já há alguns exemplos, como é o caso de Águas de São Pedro (SP), onde há controle de iluminação e Wi-Fi em áreas públicas. Outro caso no Brasil é o projeto de medição inteligente, denominado no mercado como smart grid, da AES Eletropaulo e da Eletrobras em parceria com a Cisco. Em Barueri (SP), a AES Eletropaulo já começou o pro-jeto-piloto que prevê a instalação de 62 mil medidores inteligentes. “Com isso, os usuários de resi-dências terão uma visão on-line do consumo de energia. Um

aplicativo vai calcular o quanto se consome, quanto se paga, os picos de uso”, explica Macedo. Além disso, permitirá que falhas ou interrupções na distribuição de energia sejam identificadas e corrigidas com agilidade.

“Uma cidade começa a se tornar inteligente quando a gestão pú-blica entende que a tecnologia ajudará a resolver os problemas da região de maneira autônoma”, afi rma o diretor de indústria, ci-ência e tecnologia do Ministério das Comunicações (MC), José Gontijo. Ele acredita que, aos poucos, os projetos em algumas áreas específi cas vão ampliar a demanda para que as cidades au-mentem os serviços que envolvem o conceito de IoT. Aliás, o governo federal, por meio do MC, trabalha na elaboração de uma política para Internet das Coisas e comunicação

A INTERNET DAS COISAS POSSIBILITA DIVERSOS USOS

Processos agrícolas, como gerenciamento

de irrigação

Gerenciamento de ambientes,

com controle de temperatura e

iluminação

Monitoramento remoto de

máquinas e de estoques

Testes de produtos e controle de

qualidade

Rastreamento de frota e de ativos (contêineres e outros bens)Sistema de paga-

mento baseado em dispositivos

móveis

Gestão da cadeia de

suprimentos

Gestão da cadeia de suprimentos

Processos de produção Realidade

aumentada

Cidades inteligentes

Desempenho e entretenimento

automotivo

Sistemas de segurança com imagem detec-tada por sensor de movimento

Gestão de energia elétrica, com o medidor inteligente de

consumo

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máquina a máquina (considerada um subconjunto da IoT, essa tecno-logia é capaz de interligar sistemas de rede a dispositivos remotos sem intervenção humana), por meio de uma câmara que reúne represen-tantes do governo, universidades, associações de classe e iniciativa privada. O Ministério prepara uma consulta pública, que deve ser lan-çada no primeiro semestre, e prevê o lançamento do Plano Nacional de Comunicação M2M e Internet das Coisas ainda neste ano.

DESAFIOSDe acordo com Macedo, da

Cisco, estimativas de mercado indicam que, entre 2020 e 2025, cerca de 50 bilhões de coisas estarão conectadas. “A popu-lação mundial soma 7 bilhões de pessoas, sendo que metade tem acesso à internet, ou seja, 3,5 bilhões. Assim, nos próximos anos, haverá dez vezes mais ob-jetos conectados do que pessoas conectadas”, destaca Macedo.

Nesse cenário, a demanda por co-nectividade via IP, rede e fi bra ótica será muito grande. Esse é apenas um dos desafi os relacionados ao tema.

Há ainda a regulamentação e de-fi nição de regras de investimento, afi nal, são projetos que envolvem transformação de negócios e altas somas de dinheiro, que esbarram na confi ança no cenário econômico. Renata Rampim lembra de outra questão. Devido à grande variedade de objetos conectados, há a necessi-dade de padronizar os protocolos de comunicação para garantir o bom funcionamento da conexão entre os mais variados dispositivos.

Na opinião de Perin, o principal desafi o é o desconhecimento sobre as soluções existentes. Por isso, é importante se informar sobre o que está sendo feito no Brasil e no mundo para entender de que forma a IoT pode ajudar os negócios.

Falando em ampliar o conheci-mento sobre o assunto, a GS1 Brasil promoveu, em abril, uma webinar com Renata Rampim para explicar o conceito de IoT. O tema será ex-plorado novamente no curso “IoT Sem Mistérios”, nos dias 8 e 9 de junho na sede da entidade, na ca-pital paulista. “A IoT não é utópica, mas é tangível. Você pode adotar o conceito agora, desde que tenha imaginação com o que fazer com seus dados”, conclui Renata.

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Renata Rampim, da RF Consulting

Desafio é padronizar protocolos de comunicação dos diferentes

objetos conectados

O CONSUMIDOR E A INTERNET DAS COISAS

dos brasileiros acre-ditam que, no futuro, a IoT mudará seus hábitos de consumo62

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dos consumidores têm computadores interconectados com smartphone

possuem a TV conectada com o celular

Fonte: Pesquisa “O Uso do Código de Barras no Brasil – 2ª Edição”, da GS1 Brasil

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O CONSUMIDOR E A INTERNET DAS COISAS

dos brasileiros acre-ditam que, no futuro,

hábitos de consumo

dos consumidores têm computadores

Até 2020, teremos uma

sociedade conectada

Jovens de 18 a 24 anos percebem mais facilmente o fenômeno da

Internet das Coisas

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Por Katia Simões

Conheça a trajetória da Sodiê Doces, que começou com uma pequena loja no interior de São Paulo e transformou-se em uma rede de franquias em plena fase de expansão

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PERFIL

[ O doce sabor do sucesso

Junte 4 ovos, 120 g de farinha, 120 g de açúcar, fermento em pó e ½ colher de chá de baunilha. Acrescente uma boa dose de perseverança, uma pitada de disposição para arrega-çar as mangas e a certeza de que a vida pode ter outro sabor. Foi assim, misturando a receita do clássico pão de ló com muita disposição e coragem que a paranaense Cleusa Maria da Silva reescreveu a história da própria vida. Mais do que isso, deu início a Sodiê Doces, considerada a maior rede de franquias de bolos artesanais do País, com 243 lojas. Com um faturamento de R$ 218 milhões em 2015, a empresa prepara--se para colocar os pés no mercado norte-americano e, assim, iniciar seu processo de internacionalização.

“Quando abri a primeira loja, de 20 m2, não imaginava que poderia abrir mais uma”, lembra Cleusa. “Depois, estabeleci um crescimento de até 50 unidades. Quando cheguei lá, so-nhei com uma centena. Hoje, com mais de 200, acredito que não há limites para o sonho, desde que ele seja trabalhado com seriedade e muito suor.”

E ela não exagera quando diz que o sucesso decorre de muito trabalho. Nascida em Bandeirantes (PR), Cleusa não soube o que era brincar de boneca. Trocou os contos de fada pela lida na terra como boia fria. Ainda adolescente, aceitou o convite de um tio para sair da roça e partir para a cidade grande. Desembarcou em São Paulo para trabalhar em casa de família. Ser empregada doméstica, porém, não era o que ela queria. Aos 18 anos, foi para Salto, no interior paulista, trabalhar em uma fábrica. Ela não imaginava que ali sua vida começaria a mudar.

A entrada no universo dos bolos foi quase que por acaso. Com a morte do marido, a dona da fábrica em que Cleusa trabalhava teve de assumir a direção do negócio. Para dar conta das encomendas de bolo que fazia em casa, chamou uma de suas funcionárias para ajudar na cozinha. A esco-lhida foi Cleusa, que sequer tinha batedeira e nunca tinha preparado um bolo de festa. “Quando aprendi a receita, fui incentivada a vender meus próprios produtos. De dia eu montava bobinas de alto-falante e, à noite, preparava os bo-los”, lembra a empresária.

A primeira portinha foi aberta em 1997, com um in-vestimento de R$ 6 mil. Era uma loja pequena, com um freezer, que também era utilizado como mesa, e uma vitrine. No cardápio, dois produtos – torta mesclada e mousse de chocolate. “Entregava tudo a pé e não foram poucas as ve-zes que deixei de pagar a conta de luz de casa para garantir a energia da loja.”

Ao contrário das doceiras tradicionais, Cleusa não lotava a vitrine com bolos prontos. Deixava lá apenas alguns, para serem saboreados em fatias. O cliente chegava, fazia o pedi-

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Sabores multiplicadosEmpresa oferece 90 tipos de bolos e planeja

ampliar o mix com salgados

26 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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do e, em 10 minutos, saía com o bolo pronto. “Eu enxerguei uma oportuni-dade única, que ninguém havia visto antes”, gaba-se. “Talvez esteja aí um dos segredos do sucesso.”

EXPANSÃODa primeira para a segunda loja,

oferecida a um irmão que fi cou de-sempregado, passaram-se quatro anos. Na sequência, Cleusa abriu outra em sociedade com uma ex-funcionária e uma quarta unidade, em Sorocaba, em parceria com uma amiga. Mesmo com quatro pontos, não sobrava di-nheiro para nada. Mas ela sabia que tinha um bom produto e não desistia. Foi um cliente assíduo que lhe propôs abrir uma franquia em São Paulo. Fa-lou tantas vezes, por mais de um ano, que um dia Cleusa tomou um ônibus e desembarcou na sede da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Na volta para casa, abasteceu a bol-sa com uma série de livros e revistas sobre o tema. O primeiro franqueado, o mesmo que plantou a semente em suas visitas contínuas à loja, abriu as portas em 2006, no bairro de Vila

Guilherme. A formatação do sistema fi cou por conta de um advogado ami-go. Nessa época, a vitrine já era bem recheada, com mais de 50 bolos de sa-bores diferentes – hoje são 90. Um dos carros-chefes, o Bolo Aerado nasceu da necessidade de evitar desperdício. “Sempre usamos raspas de chocolate e sobravam muitos pedaços. Um dia me deparei com quase 20 quilos de sobras sem uso. Coloquei no fogo, derreti, misturei com creme de leite e criei uma nova receita. Desde então, trabalha-mos para diminuir, a cada dia, o índice de desperdício, hoje na casa dos 3%.”

Quando a rede já tinha tomado corpo, somava 75 lojas, e tudo parecia superar todas as expectativas da fun-dadora, mais um grande baque. Desde que adotara o sistema de franchising, Cleusa tentava registrar o nome da rede como Sensações Doces e não conseguia. Recebia sempre uma nega-tiva imposta por uma empresa suíça, nada menos do que a Nestlé, sua prin-cipal fornecedora, que na época tinha no portfólio o chocolate Sensação.

“Quando eu soube contra quem eu precisaria lutar fi quei desesperada”, conta. Mas como cruzar os braços não faz parte da sua rotina, Cleusa con-tratou uma consultoria para ajudar a buscar um caminho. A resposta surgiu dentro de casa. Foi uma amiga que lhe mostrou o nome Sodiê escrito à caneta em um guardanapo de papel. Na ver-

dade, a junção das letras dos nomes dos fi lhos de Cleusa – Sofi a e Diego.

Depois que o nome foi registrado, ela reuniu os franqueados e assumiu o prejuízo da mudança de toda a co-municação da rede, que consumiu R$ 1 milhão. Foram três anos, de 2011 a 2014, com a franqueadora no verme-lho trabalhando para pagar a dívida. A mudança promoveu uma repaginação nas lojas e o início de uma maior pro-fi ssionalização do negócio.

Além da chegada de executivos de mercado, a Sodiê contratou uma con-sultoria de treinamento para acompa-nhar de perto os padrões de qualidade dos produtos, já que cada loja possui a sua própria cozinha. A fi m de dimi-nuir o impacto da crise, a rede também se prepara para ampliar o mix de pro-dutos, com a criação de uma fábrica de salgados própria e introdução de bolos caseiros ao cardápio. O objetivo é oferecer ao consumidor um pacote completo para festas, o que, na visão de Cleusa, ajudará a manter o fatu-ramento e as margens em tempos de economia ruim. Prestes a completar 50 anos, dois fi lhos e três casamentos, Cleusa afi rma que ainda tem muito a fazer. O primeiro passo é superar o medo de andar de avião e o segundo, quebrar a timidez ao falar em público. Nada difícil para quem não tinha nem o dinheiro para pagar a conta de luz de casa e construiu, em 19 anos, uma rede de franquias com mais de 200 lojas.

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Cleusa Maria da Silva,fundadora da SodiêNão há limites para o sonho, desde que se trabalhe com seriedade

Fundação..................................................................Início do franchising.................................................Número de lojas.................................. Expansão prevista para 2016..............Vendas....................................Faturamento em 2015................................Faturamento estimado para 2016.............Número de empregos gerados na rede.................

SODIÊ EM NÚMEROS

19972006

243, em 11 Estados10 novas unidades

350 mil quilos de bolo/mêsR$ 218 milhõesR$ 230 milhões

2,8 mil

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[[ESTRATÉGIA

O futuro das compras é mobile

Por Ticiana Werneck

O comércio eletrônico via smartphone já representa 12% do varejo on-line brasileiro. Sua plataforma de e-commerce está dando a devida atenção a este canal de venda?

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As compras via dispositivos mó-veis – smartphones e tablets – repre-sentaram, em 2015, 12% das vendas totais do e-commerce brasileiro, mo-vimentando R$ 5 bilhões, de acordo com a E-bit. Esse número não para de aumentar. Já nos dois primeiros meses de 2016, os dispositivos foram respon-sáveis por 16% das vendas – e devem, segundo especialistas, atingir 20% até o fi nal do ano.

A pesquisa Total Retail 2016, da PwC, aponta que quase metade dos consumidores globais (46%) rea-lizaram pelo menos uma compra por meio de dispositivo móvel no último ano. Na China, esse número aumenta para 65%.

As buscas por produtos rea-lizadas em dispositivos móveis já ultrapassaram aquelas feitas em desktops, segundo dados do Google. O último estudo Google Fashion Trends também coloca mais holofote nos celulares: 62% das pessoas que se informam sobre moda pela internet fazem as pes-quisas via dispositivo móvel.

Essa força do mobile commerce (ou m-commerce, ou seja, o co-mércio eletrônico realizado por meio de dispositivos móveis), que muitos analistas já propagam, re-vela o futuro do varejo on-line. De fato, o potencial é incrível, ainda mais colocando na balança a ampla disponibilidade de aparelhos mais sofisticados e baratos (porta de en-trada dos consumidores de baixa renda para a internet), com telas maiores e conexões rápidas.

“Cada vez mais o mundo está dentro do seu bolso. O smartphone ao alcance das mãos vem se tornando o ponto de partida para tudo. É o grande portal para se conectar ao mundo vir-tual, e isso inclui as compras”, afi rma o sócio-diretor da empresa de solu-ções digitais VTEX, Rafael Forte.

No Brasil, a maioria das pessoas usa o celular para comparar preços e conferir detalhes de produtos, mas ainda não se sente segura e confor-tável para fechar a compra na te-linha. Mas é uma questão de tempo. Para o diretor-executivo da E-bit/Buscapé, André Ricardo Dias, isso ainda acontece porque as lojas pre-cisam adaptar os sites móveis para oferecer uma melhor navegação na tela do smartphone. Ele se refere às dificuldades para visualizar fotos de produtos, formulários difíceis de serem preenchidos pelo celular, che-ckouts pouco amigáveis e páginas que demoram para carregar.

Entra nessa conta também a ainda oscilante infraestrutura de telefonia móvel. Basta dizer que 80% dos con-sumidores brasileiros que fecham uma compra pelo celular estão conectados a uma rede Wi-Fi. Eles evitam usar a rede 3G ou 4G por medo de uma pos-sível interrupção do serviço.

Assim, quando se analisa as taxas de conversão do e-commerce, esse desafi o fi ca claro. Enquanto no desktop a conversão é de 1,8%, nos dispositivos móveis é de 0,6%. Isso signifi ca que, a cada 100 acessos, 6 se revertem em compra. “O consumidor já possui o forte hábito de usar o ce-

lular para tudo. Se a experiência no site mobile for satisfatória, a compra é só uma consequência”, afi rma Pedro Dias, sócio-diretor da Apis3, consultoria digital que atende contas como Decathlon e B2W (Submarino, Shoptime e Americanas.com).

Portanto, a conversão é uma ques- tão de melhorar a experiência de na-vegação via smartphone. A Privalia, outlet on-line de moda, é um exemplo. As vendas via site móvel e aplicativo já representam 55% do faturamento da companhia. Outro dado interessante: o consumidor omnichannel, ou seja, que visita a Privalia tanto pelo com-putador quanto pelo aplicativo ou site móvel, gasta 56% a mais que aqueles que só circulam pelo computador. Na visão de Dias, da E-bit, esse é um case. Além da navegação ser facilitada para a tela menor, a Privalia oferece vanta-gens para quem escolhe o canal móvel, como maior pontuação no programa de fi delidade, prazo menor de entrega e valor de frete diferenciado.

OPERAÇÃO EFICIENTEHoje o m-commerce deixou de ser

tendência para se tornar uma reali-dade urgente. Rafael Forte, da VTEX, percebeu esse aumento de interesse entre os clientes. “Até 2014, nem todas as empresas olhavam atentamente para o m-commerce. Elas percebiam a importância, mas não compreendiam isso como uma prioridade. Porém, a partir de 2015, a fi cha caiu”, conta. “Hoje, é difícil um varejista abrir seu negócio sem considerar uma versão m-commerce”, emenda.

Compras via smartphone por faixa etária

Fonte: Opinion Box

26 a 35anos

58,9%18 a 25

anos

54,9% A partir dos 36 anos, o índice de compras diminui gradativamente

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A versão mobile a que o executivo refere-se é o site criado ou adaptado para a tela do celular. É possível ter um site adaptativo, elaborado ex-clusivamente para o smartphone, ou responsivo, que se ajusta a dife-rentes telas, do desktop ao celular. A escolha depende da natureza do e-commerce, e cada caso é único. “Se é um site visualmente ‘pesado’, ou seja, com muitas imagens de alta quali-dade e muita programação javascritpt, a orientação é seguir o caminho do m-commerce adaptativo, pois será criada uma versão mais leve para dispositivos carregarem usando co-nexões 3G ou 4G”, diz Forte. No en-tanto, se o site é ‘leve’, o responsivo pode ser a melhor opção. “Nele, o site se ajusta ao tamanho da tela, su-primindo elementos e melhorando a usabilidade”, complementa.

Também é preciso considerar os aplicativos que oferecem mais recursos de interação com o consumidor – como permitir a navegação mesmo sem co-nexão à internet ou enviar notifi cações por push (mensagem que o aplicativo envia para o celular, a exemplo de noti-fi cações do Facebook).

A Dafiti, varejista on-line de moda, adotou o site responsivo (que se ajusta a diversos tamanhos de telas), e o aplicativo. “Registramos mais acessos no site via desktop, mas, em um ano, os acessos via mo-bile dobraram e hoje representam 40% de nosso tráfego”, revela o sócio--fundador do site Malte Huffmann.

Para ele, os principais aspectos para garantir uma operação m-commerce eficiente são a velocidade da nave-gação, a qualidade e a disponibili-dade de informações. “É importante

que a experiência de compra no mobile seja adaptada e tão completa quanto a experiência no desktop. Se a conexão for lenta, se o consu-midor não encontrar todas as infor-mações que precisa para realizar a compra ou se não houver fotos de boa qualidade, ele desiste”, observa. Atualmente, a Dafiti é mobile first, ou seja, o foco está voltando para os dispositivos móveis.

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ESTRATÉGIA

30 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

76,1 milhões de brasileiros

possuem um smartphone,

segundo a Nielsen Ibope

O estudo global “Total Retail 2016”, da PwC, apresenta dados in-teressantes sobre o varejo on-line, especifi camente o m-commerce. Foram entrevistados 23 mil internautas, de 23 países, sendo que 34% acreditam que o celular será sua principal ferramenta de compras no futuro. O levantamento destaca que é preciso olhar para a China a fim de aprender sobre o comércio eletrô-nico via celular, afinal, 65% dos chineses fizeram uma compra usando seu smartphone no último mês. Apenas 12% nunca usaram um celular para comprar; no mundo esse índice sobe para 46%. Entre as razões para consumidores evitarem as compras pelo celular estão: “não tenho pacote de dados”, “a tela é muito pequena”, “me preocupo com segurança”, “não me sinto confortável compartilhando dados pessoais”, “não tenho acesso a Wi-Fi”, “os sites móveis não são fáceis de usar”. A pesquisa mostra, ainda, as categorias mais compradas on-line, sem distinção de canal móvel ou desktop: eletrônicos, itens para casa, moda, livros/música, móveis e artigos esportivos, nessa ordem.

Projeções futuras

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2016 31

Os consumidores se acostumaram com a conveniência do celular para várias tarefas. Assim, para fechar uma compra por meio do dispositivo, espera-se a mesma facilidade. Confira os aspectos que garantem um bom site m-commerce e as falhasmais comuns:

Fontes: VTEX e Apis3

Pague com uma selfie!

Para driblar as difi culdades na fi na-lização de uma compra on-line, a Amazon estuda um sistema de paga-mento que usa selfi es em vez de senha. A empresa já possui uma patente para um sistema de identifi cação do usuário por foto ou vídeo.

Valor da compra

Pesquisa brasileira da Opinion Box ressalta que 56,5% dos con-sumidores compraram bens físicos pelo celular com valores entre R$ 3.621 e R$ 7.240.

Participação do m-commerce em relação às vendas do comércio eletrônico no Brasil

EM VOLUME

14,3%(dezembro/2015)

vendas desktop

EM VALOR88%

12%vendas mobile

Fonte: Pesquisa brasileira da Opinion

Fonte: E-bit

Consumidoresque declararam ter comprado pelo celular:

51,4%

Homens

47,6%Mulheres

Rápido e prático

Erros

Acertos

Páginas que exigem muitos passos para completar a venda e com checkouts confusos

Formulários grandes para fechar uma compra Sites que consomem muitos recursos para carregar

Acertos

Site simples, leve e fácil de navegar Oferecer informações claras, legíveis e

precisas, sem necessidade de muitos cliquesCarregar a página rápido

PANORAMA DO M-COMMERCE

Valor da compraPague com uma selfie!

Para driblar as difi culdades na fi na-lização de uma compra on-line, a Amazon estuda um sistema de paga-mento que usa selfi es em vez de senha. A empresa já possui uma patente para um sistema de identifi cação do usuário por foto ou vídeo.

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[[GESTÃO Na rota

certa

34 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Tomar decisões baseadas na emoção, ignorar tendên-cias e trabalhar baseado na percepção pessoal, sem dados de mercado. Esses são alguns equívocos corriqueiros no universo empresarial que podem trazer diversos prejuízos à administração de uma companhia, podendo levá-la à falência. Essas decisões acontecem com mais frequência nas atividades do cotidiano, e não em assuntos estraté-gicos, segundo o professor e coordenador de cursos de MBA de gestão fi nanceira da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), Ricardo Teixeira. “Geralmente, as grandes de-cisões ocorrem apenas de vez em quando e, por serem muito importantes, costumam ser bem pensadas. Podem até dar errado, mas não acontecem sempre. Na maioria das vezes em que as empresas quebram, isso ocorre em consequência de uma série de pequenas decisões do dia a dia, às quais não se atribui tanta importância.” Entre os exemplos citados por ele, está o descuido da gestão fi nan-ceira, não mantendo um fl uxo de caixa saudável, ou seja, faltando dinheiro para as despesas rotineiras.

A ocorrência de problemas que levam à ruína do empreendimento está diretamente relacionada a ges-

tores que se comportam sem planejamento, diz a consultora administrativa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (SEBRAE-SP), Cristina Nogueira Redis. “Alguns em-presários agem como se seguissem a direção do vento”, critica. Segundo ela, da abertura ao gerenciamento da empresa, todas as decisões têm de ser baseadas em fatos. Um plano de negócios, por exemplo, deve conter levantamento de informação sobre o mercado, concor-rência, estudos de conveniência e de viabilidade, ser-vindo de subsídio para decisões assertivas. “Todo tipo de decisão precisa de uma metodologia própria para saber se dará certo”, aconselha a consultora.

Uma forma de proteger a organização é criar um plano de ação. “As pessoas criam a empresa e, se está indo bem, creem que ela vá continuar dessa forma. Mas não é assim. Tudo vai mudando, e é preciso acompanhar as variáveis capazes de impactar o ne-gócio: concorrência, mão de obra, economia, etc. Para cada uma dessas mudanças, é preciso ter uma lista do que ela pode trazer: ameaça ou oportunidade. Essa

Por Denise Brito

Algumas más decisões administrativas podem cobrar um alto preço na saúde da empresa. Saiba como evitá-las Fo

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análise tem de ocorrer sempre”, diz Cristina. Segundo o sócio--diretor da Person Consultoria, Jorge Pessoa Alves, entre os prin-cipais problemas que podem gerar a quebra de uma empresa estão, justamente, os que não costumam

ser alvo de atenção. “Pode parecer óbvio, mas na prática a maioria das decisões é postergada, e não to-mada. Não há acompanhamento constante da operação e, somente quando há falta de dinheiro e de crédito bancário, é que os profis-

sionais começam a se preocupar. E muitas vezes já é tarde.” Por isso, é preciso sair do tumulto do dia a dia, para enxergar o negócio de longe e ter uma visão macro e, assim, ter co-ragem de tomar as decisões acertadas e a tempo de corrigir as rotas.

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COMO EVITAR FALHAS NA GESTÃO?

Liderança - O presidente ou diretor-executivo representam um papel fundamental na condução da estratégia da companhia. Empreendedores com pouca experiência costumam to-mar decisões iniciais que comprometem o negócio a médio e longo prazo, tais como ter vários sócios para uma empresa pequena e contratar parentes como funcionários.

Visão global - O principal executivo precisa ter a preocupação de lidar com todos os aspectos do negócio, como plano estratégico que envolva conhecer o mer-cado, concorrência, melhores práticas e indicadores do setor para se situar e conhecer seu público-alvo. Dessa forma, consegue direcionar o marketing e as vendas.

Acompanhamento constante - Entre as atividades que fazem parte da roti-na do executivo estão: fazer um orçamento anual e acompanhar o previsto vs. realizado; acompanhar o fl uxo de caixa; saber ler um balanço e sua demonstração do resultado do exercício (DRE); propiciar um ambiente favorável para a inovação; e melhorar processos para o aumento de produtividade e qualidade.

Colaboradores - Antes de contratar funcioná-rios, é preciso avaliar corretamente a produtividade da equipe. Uma análise precisa pode demonstrar, inclusive, ser desnecessária a admissão de um novo colaborador.

Mercado - A atual redução na demanda de produtos e de serviços, em razão da crise econômica do País, acarreta perda de produtividade. Assim, é hora de avaliar como está, efetivamen-te, o poder de compra dos clientes para o devido ajuste.

Atualização e inovação - Outra situação comum é a empresa fazer um estudo de viabilidade na época de sua abertura baseado num determinado cenário. O tempo passa, o mercado muda e as decisões continuam sendo tomadas a partir das condições antigas. É preciso se atualizar aos novos hábitos dos clientes, mudar os processos produtivos e substituir tecnologias para se manter competitivo.

Autoavaliação - As empresas costumam parar apenas no fi m do ano para se avaliar. No entanto, essa atenção tem de ser contínua para detectar mudanças no mercado.

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EMPREENDEDORISMO

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Negócios viáveisPor Denise Turco

Pequenas empresas se destacamcom ideias criativas e apoio da tecnologia com o uso do código de barras

Hoje, é preciso mais do que uma boa ideia para alcançar o caminho do sucesso, especialmente para os empreendedores, que lidam com muitas dificuldades para começar e manter um negócio. A seguir, co-nheça três histórias de empresas – Pankz, Mascky Distribuição e Beox – que conseguiram aliar criatividade, planejamento, visão de futuro e tra-balho árduo para se destacarem nos mercados em que atuam. Nessa tra-jetória de crescimento, um dos ele-mentos essenciais para o desenvolvi-mento foi a automação, com o uso do código de barras padrão GS1.

PLANEJAR FAZ A DIFERENÇAA tradicional receita de panqueca

norte-americana chegou ao Brasil de uma maneira muito prática de prepa-rar pelas mãos da Pankz. Enio Silva, sua esposa e mais um sócio criaram a empresa em 2013, depois de uma via-gem aos Estados Unidos, onde é muito comum o consumo de panqueca no café da manhã. Assim, a empresa de-senvolveu uma massa pré-pronta que vem em uma garrafi nha; basta preen-cher com a água até a medida indicada e preparar a panqueca. Simples assim.

Mas não foi tão prático colocar o produto na prateleira dos supermer-

cados. Os sócios tiveram um perío-do intenso de desenvolvimento do produto e pesquisa de mercado. Até porque, nenhum deles tinha experi-ência no ramo alimentício. “Por isso, procuramos a ajuda de especialistas”, conta Silva. A empresa contratou um laboratório acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) para fazer uma correta análise química do produ-to, determinar a tabela nutricional e o prazo de validade. “Fomos em busca de fornecedores de matérias-primas, embalagens e equipamentos com so-lidez e qualidade reconhecida. A ideia foi construir com todos uma relação duradoura para apoiar o nosso cresci-mento”, relata Silva.

No quesito tecnologia, desde o começo, os empreendedores sabiam que o código de barras era funda-mental para viabilizar a chegada do produto ao varejo. “Obter essa so-lução é um processo fundamental e simples: basta entrar no site da GS1 e adquirir o número, que é único e exclusivo. Dá para fazer isso em al-guns minutos, que podem economi-zar meses de trabalho”, afirma Silva. “Se você não pensa o produto já com o código de barras no começo do ne-gócio, poderá ter problemas no futu-ro, como, por exemplo, refazer um lote inteiro de embalagens. Isso leva tempo e dinheiro”, pontua. A Pankz fez a identifi cação das garrafi nhas e das caixas com código de barras e

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Enio Silva, da PankzCódigo de barras é ponto

inicial para automação e crescimento

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Cido Domingues, da MasckyExpansão da empresa está baseada na ampliação do portfólio e uso do código de barras

entende que a ferramenta é o pontapé para automação. “Com ele estamos prontos para seguir adiante.”

Com capacidade produtiva de 3 mil unidades/mês, a Pankz produz a massa de panqueca em duas apre-sentações: na garrafi nha, destinada ao consumidor fi nal das classes A e B; e em embalagens maiores para hotéis de padrão 4 ou 5 estrelas. Hoje o pro-duto é comercializado em supermer-cados mais refi nados da capital pau-lista. Recentemente, a Pankz fechou fornecimento para o Walmart e está em negociação com outras duas gran-des redes varejistas.

Com fábrica localizada em Ita-pevi, na Grande São Paulo, os três sócios atuam em todas as áreas da empresa – comercial, administrativo e produção – pelo menos neste mo-mento inicial, no qual ainda está se desenvolvendo. A Pankz, que come-çou no regime de Microempreende-dor Individual (MEI), está fazendo a transição para microempresa, dan-do o primeiro passo de crescimento. “Atribuímos o nosso desenvolvimen-to ao planejamento feito com calma, seguindo a regulamentação e colo-cando o código de barras para estar pronto para atender varejistas e ata-cadistas”, conclui Silva.

EMPREENDEDOR INCANSÁVELCido Domingues, 49 anos, é for-

mado em contabilidade, administra-

ção e pós-graduado em gestão de ne-gócios. Depois de trabalhar 24 anos como gerente financeiro de uma loja de equipamentos náuticos, resolveu abrir o próprio negócio em 2012. “Sempre tive vontade de ser empre-endedor, mas não sabia o que fazer. Certo dia, me dei conta de que era colecionador de carros de miniatura e criei um display de acrílico para co-locá-los. A partir daí veio a ideia para um negócio”, conta.

Foi assim que ele começou a vender carrinhos para padarias e lojas de conveniência em postos de gasolina. Sua veia comercial co-meçou a aflorar com muitas ideias para prestar alguns serviços aos varejistas. Assim, começou a criar e arrumar os displays para exposi-ção dos itens, disponibilizar emba-lagens de presente para as lojas e fazer troca dos produtos nos pon-tos de venda a cada 30 dias – uma forma de sempre apresentar novi-dades. A partir daí, a Mascky Co-mércio e Distribuição tomava for-ma e fôlego. Hoje tem entre seus clientes as lojas de conveniência das redes de postos de gasolina Papa, Campeão, Duque e Graal.

Aos poucos, Cido percebeu que as lojas tinham necessidade de ou-tros produtos e ampliou o mix de sua distribuidora com bichinhos de pelúcia, brinquedos, óculos de sol e, mais recentemente, acessó-

rios para celular. Atualmente tra-balha com cerca 50 itens entre na-cionais e importados.

O empreendedor acredita que contou com um pouco de sorte, pois, logo no início, conseguiu estabelecer parcerias com lojas localizadas em bairros nobres da capital paulista.

No entanto, para dar um salto e ampliar as vendas, era preciso de um elemento importante: utilizar o código de barras. Assim, desde ja-neiro deste ano, a Mascky utiliza a ferramenta em parte do seu portfólio. “O código de barras agrega valor até mesmo em produtos mais baratos. Além disso, facilita a entrada em no-vos clientes e a venda para o varejo, dá mais credibilidade”, avalia Cido. Para o empreendedor, o ponto posi-tivo é o baixo custo para obtenção do código de barras.

Cido se mostra incansável. Ele tra-balha sozinho, sete dias por semana, mas diz estar muito feliz com esse rit-mo. Diariamente, circula pela cidade para atender os clientes, mas sem deixar de angariar novos contratos. O

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próximo passo é vender para lojas de postos de gasolina em rodovias. Além disso, ampliar o portfólio, incluindo brincos de prata. “Desenvolvi um display para os brincos também, co-loquei a minha marca e terá código de barras”, afirma. Ele também está desenvolvendo módulos para expo-sição diferenciada de brinquedos nos pontos de venda, principalmente nas lojas de conveniência.

BELEZA MADE IN BRAZIL

A venda de cosméticos e os salões de beleza são áreas promissoras na economia nacional. Segundo a As-sociação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cos-méticos (ABIHPEC), desde 1996 o segmento cresce devido à maior par-ticipação de mulheres no mercado de trabalho (são elas as principais con-sumidoras desses produtos e servi-ços), a frequência de lançamento de produtos e os preços mais estáveis.

A Beox Professional é uma em-presa que aproveita essa onda. Cria-da em 2005, a indústria de pequeno porte sediada em São Paulo (SP), alcançou reconhecimento mundial com sua linha de cosméticos profis-sionais. São 11 linhas de produtos, com finalidades específicas. Há des-de xampu e máscara, até colorações, mousse modelador, sérum, pomada modeladora e kits para transforma-ções. Hoje a marca está presente em salões de beleza no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Co-lômbia, Guatemala, El Salvador, Costa Rica, Panamá e Reino Unido. E são justamente as vendas ao mer-cado externo que devem garantir um crescimento de 30% neste ano. “A busca por inovação, qualida-de em matéria-prima, tecnologia e

destaque visual fez com que nossa expansão fosse inevitável, dispu-tando o espaço nacional e interna-cional com grandes marcas”, conta a diretora de desenvolvimento da Beox, Francine Arraias.

A empresa utiliza códigos de bar-ras desde o início das atividades em todos os itens. “O código de barras é necessário para a entrada do produto no ponto de venda. Ele é fundamen-tal para a identificação dos produtos que serão revendidos aos consumi-dores”, diz Francine.

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[[EMPREENDEDORISMO

No início deste ano, Pankz, Beox e Mascky Distribuição participaram junto com a GS1 Brasil da Feira do Empre-endedor do SEBRAE-SP. Nessa edição do evento, a GS1 Brasil, que marca presença todos os anos, decidiu fazer algo diferente. “Além de demonstrar a aplicação do código de barras em vários setores, convidamos algumas empre-sas associadas para fi carem em nosso estande e contar um pouco sobre a importância e os benefícios que essa solu-ção trouxe aos produtos e às vendas”, conta a assessora de eventos da entidade, Ingrid Cundari Pelat.

“Foi ótimo participar no estande da GS1 Brasil”, avalia Cido Domigues, da Mascky. Para a Beox, a experiência também foi interessante. “Expor junto com a entidade demonstra que as nossas embalagens seguem as normas exigidas para uma boa leitura de códigos de barras”, afi rma Francine Arraias, da Beox.

Enio Silva, da Pankz, acredita que foi uma oportunidade importante para o negócio. “A GS1 Brasil colocou a nossa empresa na vitrine. As pessoas que passaram no estande manusearam o nosso produto e mostramos o quão fácil é ter uma mercadoria identifi cada com código de barras”, completa Silva.

A Feira do Empreendedor foi realizada no mês de fevereiro, na capital paulista, recebeu 130 mil visitantes e atingiu R$ 15,5 milhões em negócios fechados, de acordo com o SEBRAE. Esses números são os maiores desde a primeira edição do evento, em 2010.

Parceria para crescer

Francine Arraias, da BeoxInovação e tecnologia são

fundamentais para o negócio

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O setor de produtos para saúde é um dos mais di-nâmicos da economia mundial. Hoje, ele abrange mais de 10 mil categorias de produtos e cerca de 1,5 milhão de itens distintos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses artigos variam dos mais simples aos mais sofisticados equipamentos para prevenção, diagnóstico, tratamento, monitoramento de doenças e reabilitação de pacientes. São exemplos os produtos para diagnóstico por imagem (como raio-X, ressonância magnética, ultrassom, etc.), diagnóstico in vitro, mate-

riais implantáveis (como stent e marca-passo), ortopé-dicos, oftalmológicos, odontológicos e para audiologia, além de suprimentos médico-hospitalares (gaze, linha para sutura, etc.).

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (ABIMED), entre as áreas de maior peso no faturamento do setor, estão os equipamentos de grande porte e os dispositivos médicos implantáveis. O superintendente da Associa-ção Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos

Por Kathlen Ramos

Segmento de produtos para a saúde se desenvolve no Brasil e avança nas questões de identifi cação única

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SAÚDE

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Fortes aliados no tratamento

O Fórum Internacional de Reguladores de Dispositivos Médicos (IMDRF, na sigla em inglês), o Food and Drug Administration (FDA) e a Comissão Euro-peia estão engajados em criar uma solução abrangente para melhorar a segu-rança e o atendimento do paciente: a Identifi cação Única de Produtos para a Saúde (UDI, na sigla em inglês). O sistema adotaria um padrão único e global, permitindo a implementação da UDI em toda a cadeia de suprimen-tos ao redor do mundo. Uma prova do engajamento dessas organizações é que, em setembro de 2013, o FDA estabeleceu um sistema comum para a identifi cação de todos os dispositivos médicos no mercado norte-ameri-cano. E, em dezembro do mesmo ano, a GS1 foi credenciada pelo FDA como instituição responsável pela emissão da UDI. Os padrões do Sis-tema GS1 são capazes de identifi car os produtos para saúde em todas as etapas da cadeia de suprimentos e, por isso, ajudam a melhorar a segurança do paciente e a efi ciência das operações das empresas do setor. Além disso, possibilitam realizar uma gestão efi caz de recalls e reduzir erros médicos.

Mercado mundial aposta na identificação única

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Médicos, Odontológicos, Hospita-lares e de Laboratórios (ABIMO), Paulo Henrique Fraccaro, lembra outros produtos representativos: aparelhos de imagens, descartáveis, implantes ortopédicos e mamários, raio-X e equipamentos odontológi-cos. “Consideramos que a área de odontologia tem atingido superávit em importação e exportação e é a única que apresenta essa condi-ção”, acrescenta.

O Brasil é, hoje, o sétimo mer-cado mundial em produtos para a saúde, conforme indica o presiden-te-executivo da ABIMED, Carlos Goulart. “O setor responde por cer-ca de 5% do total de gastos do País com a saúde, faturando cerca de US$ 11,7 bilhões, em 2014, e geran-do 0,6% do PIB brasileiro”, afirma.

E apesar do tamanho e desenvol-vimento desse mercado, ele ainda reserva algumas oportunidades. “Com o envelhecimento da popu-lação, há uma tendência natural de aumento da demanda por saúde. Além disso, hoje existe também uma busca por melhor qualidade de vida e pela prevenção de doenças”, analisa Goulart.

IDENTIFICAÇÃO ÚNICAUm grande desafi o do setor é im-

plementar a identifi cação única para esses produtos, que oferece diversos benefícios. “Esse processo melhora a segurança de pacientes e profi ssio-nais e pode estimular a exportação de produtos médicos para países que exigem esse tipo de identifi ca-ção”, analisa Goulart. A identifi ca-

ção única possibilitará, ainda, que as empresas estabeleçam processos de rastreabilidade, além de ajudar no combate do contrabando e falsifi ca-ção desses itens.

Para Fraccaro, da ABIMO, a identificação em toda a cadeia pro-dutiva gera uma grande melhoria no gerenciamento de produtos. “Ou-tros benefícios são evitar desvio de itens e melhorar o controle dos estoques”, sinaliza Fraccaro, acres-centando que é necessária uma discussão em todo o setor para que os custos de implementação não inviabilizem os processos.

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CRISE ECONÔMICA: a área de produtos para a saúde também foi atingida pela instabilidade política e econômica do País. Depois de crescer cerca de dois dígitos durante uma década, de janeiro a outubro de 2015, o segmento apresentou queda de 7,6% em relação a igual período do ano anterior. “Esta-mos considerando que o Brasil vai começar a ter uma situação de normalidade no final de 2017”, projeta o superintendente da ABIMO, Paulo Henrique Fraccaro.

SAÚDE NO BRASIL: para o executivo da ABIMO, o investimento em saúde também deveria ser maior. “Hoje, o Brasil gasta entre US$ 800 e US$ 900 per capita em saúde, enquanto a Argentina gasta US$ 1,2 mil; a Inglaterra, US$ 3,5 mil; e Estados Unidos, US$ 4,5 mil”, aponta Fraccaro.

NOVAS SOLUÇÕES: para o presidente da ABIMED, Carlos Goulart, também é pre-ciso garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e do segmento diante do rápido envelhecimento da população e do aumento de custos provocado por doenças crônicas ou graves, como diabetes, hipertensão e câncer.

INDÚSTRIA NACIONAL: atualmente, existem 13,8 mil empresas que fabricam ou comercializam produtos para a saúde no Brasil, segundo a ABIMED. Ao todo, essas companhias empregam cerca de 147 mil trabalhadores – 46% na indústria e 54% no comércio. Do total de empresas, cerca de 80% são pequenas e médias, a maioria concentrada em São Paulo.

Desafios para crescer

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Competição acirrada

Por Adriana Bruno

Fique de olho na concorrência, que deve receber atenção especial na hora do planejamento, além de monitoramento constante

Quem já é empresário ou pretende ser terá sempre uma palavra norteando o desenvolvimento do negócio: planejamento. E, nesse universo do planejar, um dos pon-tos vitais é estudar a concorrência com quem irá travar batalhas diárias pela preferência do cliente. “Terá sucesso a empresa que oferecer maior valor aos clientes”, comen-ta o administrador e consultor da Buchmann Consultoria, Daniel Buchmann. Segundo ele, valor é o resultado do con-junto de benefícios menos o esforço e o preço para a obten-ção de um produto ou serviço. “Comparativamente, quanto maior o valor percebido perante a concorrência, maiores são as chances de sucesso. Portanto, no planejamento, a concor-rência deve receber atenção mais do que especial”, afirma.

Vale ressaltar que a avaliação da concorrência e do cliente é a base para a elaboração da estratégia da em-presa, assim como o grau de investimento que deverá ser feito no negócio. O consultor de finanças do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São

Paulo (SEBRAE-SP), Escritório Regional Grande ABC, Vitor Arantes de Moura, destaca que é importante com-preender a relação entre clientes e concorrentes. “Ava-liar esses dois aspectos é como entrar num jogo em que os competidores têm o mesmo objetivo. Vence aquele que compreende melhor as necessidades do cliente e se diferencia dos competidores”, exemplifica.

Nesse processo de avaliação, o empresário também tem a oportunidade de afirmar o posicionamento da companhia, definir preços e margens que serão pratica-dos, além de avaliar os produtos e/ou serviços ofertados.

RADAR NA CONCORRêNCiA Há alguns anos, o comportamento do consumidor

transformou-se. Mais exigente e ansioso por experimen-tar novos produtos e marcas, ele tornou-se multicanal. Além disso, reconhece melhor o valor dos produtos e compra aquilo que realmente satisfaça sua necessidade.

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Esse cenário motivou uma avalia-ção mais apurada da concorrência. De acordo com Buchmann, há dois tipos de concorrentes: os diretos (por exemplo, uma loja de materiais de construção terá como concorrente direto outro estabelecimento do mes-mo ramo, que oferece itens iguais ou similares) e os indiretos, aqueles que disputam o mercado pelas mesmas necessidades ou desejos, porém, os clientes podem optar por um produ-to completamente diferente (o con-corrente indireto da loja de mate-riais de construção poderia ser uma imobiliária, construtora ou empresa de leilões imobiliários). “Para saber quem são os concorrentes indiretos, pode-se fazer uma pergunta simples: quem poderia conquistar meu cliente atual ou potencial quando o desejo ou necessidade for ‘este’ ou ‘aquele’?”, explica Buchmann. O que levará o cliente a optar por um produto em detrimento ao outro é, justamente, o valor percebido.

O comércio eletrônico também deve ser analisado no âmbito da con-corrência, dependendo do produto ou serviço ofertado. Isso porque o fa-turamento do e-commerce no Brasil representa 4,1% de todo o varejo. Ao longo da última década, a taxa de crescimento anual é de duas a três ve-zes maior que a expansão das lojas fí-sicas, segundo dados fornecidos pelo consultor do SEBRAE, Vitor Moura.

PONTO DE PARTIDA A mesma internet que representa

concorrência também pode ser usa-da para fazer levantamentos sobre o tema. Além disso, a recomenda-ção dos especialistas é realizar uma pesquisa de campo. “É importante identifi car o modelo de negócio dos concorrentes, conhecer em detalhes o produto ou serviço fornecido, estru-tura de custos e preços, forma de dis-tribuição, modelo de venda, logística, estrutura de pessoal, formas de fi nan-ciamento, etc.”, comenta o sócio-dire-tor da Latin American Angels Society (LAAS), Renato Simon.

Além disso, sempre que a em-presa dispuser de recursos poderá contratar um profissional de inteli-gência de mercado, que terá a mis-são de “vigiar” todos os passos da concorrência, detectando ameaças em potencial ou até mesmo defi-ciências que podem gerar oportu-nidades. “Outra maneira é fazer o papel de cliente e ir até o estabeleci-mento concorrente para fazer uma compra real, observando como é o serviço, instalações, organização geral, atendimento, estoque e mo-delo de vendas ou seja, procurar identificar os diferenciais e o ‘valor total’”, orienta Buchmann. Ele ain-da reforça que tudo que chegar às mãos, de forma ética, no melhor es-pírito concorrencial, deve ser anali-sado e avaliado sobre os possíveis

impactos, visando aumentar a van-tagem competitiva do negócio.

Para estudar a concorrência é ne-cessário saber também quais são os critérios que o cliente avalia ao deci-dir comprar de uma loja ou de outra. Segundo Vitor Moura, esses critérios são: efi cácia do produto ou serviço; efi ciência no atendimento; variedade; relacionamento; instalações da em-presa; e preço.

O processo de monitorar o con-corrente deve ser frequente e or-ganizado. Dessa forma, a empresa tem tempo hábil para mudar sua estratégia, reagir ao avanço de ou-tras empresas e corrigir algo que não esteja agradando a clientela. O head de consultoria da GS&AR, Jean Rebetez, alerta para o fato de que, quando a concorrência é mais eficiente, tem maior cobertura e inovação com produtos e serviços mais relevantes, isso passa a ser uma ameaça. Logo, é preciso estar um passo à frente, ou seja, com ino-vação e em sintonia com os desejos do consumidor. Aliás, é comum se espelhar ou até copiar as estratégias dos concorrentes. Mas Buchmann faz um alerta: “nem tudo que dá certo para o concorrente pode ter êxito na sua empresa. É preciso muita cautela e também observar de vários outros fatores, entre eles direitos autorais, cultura organiza-cional e capacitação da equipe”.

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Procure medir constan-temente os resultados e fazer correções de rumo sempre que necessário.

Dicas para superar a concorrência

Fonte: Daniel Buchmann/Buchmann Consultoria

Obtenha informações relevantes dos concor-rentes e dedique tem-po para analisá-las.

A partir das conclu-sões, desenvolva e implemente planos de melhorias.

Envolva a equipe na busca de soluções, mantendo-a sempre motivada e desafi ada.

Contrate serviços externos (con-sultoria, pesquisa de mercado) para auxiliar nas mudanças ou levantar e transformar dados em informações relevantes.

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SUSTENTABILIDADE

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Automaçãosocial

Por Kathlen Ramos

Parceria da GS1 Brasil com a Associação Saúde Criança promove a automatização da gestão e da venda de produtos comercializados pela entidade

Quando o assunto é a saúde das crianças, o Brasil avan-çou com relação à mortalidade infantil ou à cobertura de serviços médicos nas últimas décadas. No entanto, ainda é preciso desenvolver muito mais para chegar ao patamar desejado, especialmente, pelos pais, que planejam o melhor para os seus filhos.

Com o objetivo de contribuir para melhorar esse cenário, alguns projetos do terceiro setor surgem com sucesso no País, como é o caso do trabalho desenvolvido pela Associa-

ção Saúde Criança (ASC), entidade fundada em 1991 pela médica Vera Cordeiro. Ao atender seus pacientes, a Dr.ª Vera percebia que o ato médico não se completava, pois, muitas vezes, quando a criança chegava em casa, enfrentava condições precárias em virtude do desemprego e da situa-ção de miséria da família, não obtendo, assim, um resultado satisfatório no tratamento de saúde.

Foi a partir dessa visão que a entidade nasceu no Rio de Janeiro, com o intuito de reestruturar as famílias de crianças

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com doenças crônicas e vítimas da desigualdade social, promovendo o seu autossustento. A ASC entende que as mães, quando saem do hos-pital com seus fi lhos, precisam de apoio em todos os sentidos, prin-cipalmente quando são carentes de recursos. E, partindo do princípio que a pobreza e a miséria são mul-tidimensionais, a instituição atua de forma multidisciplinar, integrando cinco áreas: saúde, moradia, cidada-nia, renda e educação.

Assim, a entidade criou uma me-todologia para suas ações: o Plano de Ação Familiar (PAF). Ele é ela-borado em parceria com a família por uma equipe formada por assis-tentes sociais, nutricionistas, psicó-logos, médicos, advogados, entre outros. “Cada família é atendida, individualmente, a partir das suas necessidades e potencialidades, du-rante um período de dois anos, para que possa adquirir autonomia e dig-nidade”, conta a diretora-executiva da instituição, Cristiana Velloso.

Com o PAF, a organização cons-tatou um aumento de 58% na renda das famílias assistidas. Além disso, o número de reinternações das crian-ças por problemas de saúde foi re-duzido em 59% após a participação no programa. Em quase 25 anos, o Saúde Criança já atendeu mais de

60 mil pessoas. A metodologia foi replicada por 23 instituições em todo o Brasil e, em 2010, a ASC – caracterizada como uma entida-de sem fins lucrativos – tornou-se uma franquia social com unidades em vários Estados. Esse trabalho vem sendo reconhecido mundial-mente, tanto que a entidade suíça Global Geneva publicou, em 2015, um ranking das 500 organizações não governamentais (ONGs) mais relevantes no mundo, e a ASC ocupa a 21ª posição, a primeira na América Latina.

Para desenvolver esse trabalho, o Saúde Criança conta com recursos internacionais (que representam mais de 60% da arrecadação), do-ação de pessoas físicas e venda de produtos desenvolvidos pela ASC. Um dos sonhos da entidade é que a comercialização desses artigos re-presente mais de 50% do orçamento anual da instituição.

IMPACTO POSITIVO Diante de valores tão sólidos pra-

ticados pela ASC, e também de suas metas de arrecadação, a GS1 Brasil decidiu auxiliá-los nessa empreita-da. “Tendo em vista as atividades que o Saúde Criança realiza, crian-do e vendendo produtos de marca própria, vimos que poderíamos

trazer um impacto positivo nes-se processo tão importante para eles”, conta o analista de susten-tabilidade da GS1 Brasil, Herbert Kanashiro. Assim, a GS1 Brasil realizou o projeto para automatizar a gestão das vendas, logística e es-toque da ASC, como parte de um conjunto de ações socioambientais que estão no escopo do Programa Sustentabilidade em Código, cria-do pela entidade em 2015. Uma das principais iniciativas em sustenta-bilidade contempla, justamente, o apoio à profi ssionalização e à auto-mação de ONGs por meio das so-luções GS1.

Ao longo dos últimos anos, a GS1 Brasil vem apoiando uma sé-rie de projetos na área de educação e capacitação de pessoas com defi -ciência intelectual e jovens aprendi-zes, coleta seletiva, além de ajudar no crescimento das empresas, me-lhorando seus processos por meio da automação. “Com o objetivo de consolidar esses valores, a criação do Sustentabilidade em Código elevou o tema a um patamar estratégico e integrou as iniciativas à atividade

Cristiana Velloso, do Saúde CriançaFamílias ganham autonomia e

dignidade no projeto

Nilson Gasconi, da GS1 BrasilSoluções GS1 trouxerammelhorias no controle logístico e de vendas da Associação Saúde Criança

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Herbert Kanashiro, da GS1 BrasilApoio à entidade reforça os objetivos do

Programa Sustentabilidade em Código

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[[SUSTENTABILIDADE

principal da GS1 Brasil: a automação. Acreditamos que os padrões podem transformar a maneira como as pessoas trabalham e vivem”, afi rma o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira.

SONHO REALA parceria entre o Saúde Criança e

a GS1 Brasil fez com que a esperada automação das vendas de produtos saísse do papel. Atualmente, a ASC comercializa acessórios para bebês, uma linha institucional de canecas e pingentes, nécessaires e bolsas fe-mininas, somando 50 categorias de produtos, fabricados com matérias--primas adquiridas pela própria insti-tuição ou proveniente de doações de lojas e fábricas. “Grande parte desses produtos é confeccionada por mães atendidas no projeto, profi ssionaliza-das na área de costura e que se des-tacaram. Algumas são funcionárias contratadas e outras ganham por pro-dução, por cada peça que fazem em suas casas, enquanto cuidam de seus fi lhos doentes”, conta a coordenadora de produtos da ASC, Renata Kastrup.

O estoque de produtos fica na sede da entidade, no bairro de Bo-tafogo, no Rio de Janeiro (RJ). Os artigos são vendidos em dois quios-ques localizados em shopping centers

da capital fl uminense: o Riosul e o BarraShopping. Hoje, a ASC tem um estoque de, aproximadamente, 8 mil itens, sendo 3,5 mil na matriz e 4,5 mil nos dois pontos de venda.

No projeto de automação, inicial-mente, foi implementado o EAN-13, código de barras que identifica os produtos desenvolvidos pela enti-dade. Com isso, cada item passou a ser reconhecido de forma única e ex-clusiva. A ASC também começou a utilizar o Cadastro Nacional de Pro-dutos (CNP), ferramenta on-line de-senvolvida pela GS1 Brasil para auxi-liar as empresas no registro de seus produtos, facilitando a gestão e o controle da numeração de mercado-rias e impressão do código de barras. “Essas duas soluções, somadas ao Certificado de Qualidade de Impres-são de Código de Barras, trouxeram melhorias no controle e eficiência sobre a produção, logística, estoque e, consequentemente, maior profis-sionalização à atividade”, afirma o assessor de soluções de negócios da GS1 Brasil, Nilson Gasconi.

Para ajudar o projeto a se concreti-zar, a Seal, empresa integradora de so-luções que atua há 28 anos no mercado de computação móvel e captura auto-mática de dados, também teve uma

participação importante. A companhia doou ao Saúde Criança três leitores de códigos de barras sem fi o, proporcio-nando mobilidade aos usuários. “De-dicamos nosso tempo e esforço, bem como a doação de equipamentos, para ajudar associações, como a ASC, a ganharem produtividade, efi ciência e redução de perdas”, afi rma o CEO da Seal, Wagner Bernardes. “Somos par-ceiros da GS1 Brasil há quase 30 anos e entendemos que apoiar esse projeto com o uso dos padrões vinha ao en-contro com nossos valores corporati-vos”, acrescenta.

Os resultados mostram-se pro-missores. Foi possível reduzir erros e tempo de execução dos processos. “A parceria com a GS1 agilizou as vendas, as transferências do estoque para as lojas, a contagem dos produ-tos e o controle do estoque. Antes tudo era feito manualmente”, desta-ca Renata, reforçando que, apesar da crise econômica, as vendas da entida-de têm crescido. “Com a automação, nossa expectativa é de que teremos mais tempo para investir em pesqui-sa de mercado, na criação de novos produtos, no treinamento de vende-doras, no relacionamento com clien-tes e em outras ações que estimulem as vendas”, sinaliza Renata.

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Para conhecer mais aspectos do projeto desenvolvido pela GS1 Brasil em parceria com a Associação Saúde Criança, confira o vídeo:

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Assista ao vídeo

www.gs1br.org/sustentabilidade/desenvolvimento-economico/negocios-sociais

Wagner Bernardes, da SealDoação de leitores de códigos debarras ajudou o Saúde Criança a

ganhar eficiência na gestão dos produtos vendidos em dois

shoppings no Rio

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Conheça o processo de automação da Associação Saúde Criança com o uso das soluções GS1:

ETIQUETAGEM

LOGÍSTICATransferência erecebimento da

matriz para as lojas

INVENTÁRIOEstoque e loja

VENDAS

As etiquetas dos produtos com código de barras (EAN-13) me-diam 50 mm x 30 mm.

No estoque, a contagem dos produtos e a inclusão dos da-dos no sistema eram manuais. Em uma simulação com 473 produtos, gastava-se 42 minu-tos para contagem dos itens. As mercadorias eram enviadas do estoque para as lojas em sacolas e a conferência era feita manual-mente nos quiosques de venda.

Em uma simulação, a conta-gem manual dos produtos e lançamento dos itens no sis-tema (por digitação) no es-toque/matriz demoravam 8 horas, envolvendo 4.647 itens. Na loja, esse processo levava em torno de 6 horas e 30 mi-nutos, com 2.420 itens.

Simulação realizada no quiosque do Shopping Riosul mostrou que a contagem manual dos produtos e inclusão dos dados no sistema (por digitação ma-nual do código interno) eram feitas em 45 segundos, utilizan-do 6 produtos.

Os produtos ganharam etiquetas em novo tamanho (70 mm x 50 mm) e, com isso, re-ceberam o Certificado de Qualidade de Im-pressão de Código de Barras, garantindo a correta leitura dos padrões utilizados.

Utilizando o leitor de código de barras, o tempo do processo foi reduzido para 24 minutos. Os pedidos da loja para matriz passaram a ser feitos via sistema, sem a ne-cessidade de conferência manual. Assim, conquistou-se maior controle e segurança, com informações concretas sobre os pro-dutos, estoque, movimentação, expedição e vendas. Também foi realizada a integra-ção do sistema de gestão (lojas e estoque).

A contagem dos produtos passou a ser feita com o leitor do código de barras e o processo de lançamento de dados no sistema deixou de ser necessário. A partir daí, a mesma simulação mostrou que, com a ajuda da automação, essa etapa foi realizada em 6 horas. Na loja, levou 4 horas e 20 minutos.

Com o uso dos leitores de códigos de bar-ras, apenas no momento da inclusão do item no sistema, o processo foi realizado em 19 segundos. Já com a contagem e a inclusão no sistema via leitor, o tempo pas-sou a 58 segundos, o que se justifi ca pela falta de experiência do operador. No en-tanto, a operação tornou-se mais precisa, pois deixou de ser manual.

ANTES DA AUTOMAÇÃO DEPOIS DA AUTOMAÇÃO

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Da Redação

Global Forum reúne países-membro da GS1 para alinhar as principais estratégias da entidade em todo o mundo

Imersão nomundo dos padrões

Um momento para saber tudo o que acontece com relação ao uso de padrões ao redor do mundo, trocar experiências e compartilhar resulta-dos de iniciativas inovadoras. É esse o clima do Global Forum, evento anual promovido pela GS1 que reúne pro-fi ssionais de todos os continentes para aprender mais sobre a aplicação de padrões e alinhar as estratégias globais da organização. Além disso, o encon-tro é propício para motivar as equipes a identifi car oportunidades junto às empresas associadas.

A última edição do Global Forum foi realizada em Bruxelas, na Bélgica, de 22 a 26 de fevereiro, e reuniu 89 unidades da GS1, num total de 760 participantes. Para se ter uma ideia, as diretrizes que guiam a entidade até 2017 começam com o reforço da marca GS1, passam pela implemen-tação de soluções nas áreas de saúde e de varejo e envolvem até ações de apoio humanitário em regiões afeta-das por guerras.

Entre os vários temas discutidos, a rastreabilidade teve destaque devido

à preocupação mundial em relação à identifi cação de origem de diversos tipos de produtos. No setor de vestuá-rio, por exemplo, ela tem sido um ve-tor de crescimento importante, tanto que essa é uma das áreas que mais in-vestem em RFID para ter visibilidade de todo o processo, auxiliar na movi-mentação logística; gestão de estoque e da loja; além de melhorar a experiên-cia da marca com o consumidor.

Omnichannel foi outro tema que ganhou destaque. Neste ano, exe-cutivos de importantes companhias

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globais, como Google, Walmart, Carrefour e P&G foram convidados para participar de um debate sobre o assunto. Com a crescente necessi-dade de integração de canais, a GS1 trabalha no desenvolvimento da fer-ramenta SmartSearch, que propõe a padronização de informações sobre os produtos na internet com base no código de barras, facilitando os negó-cios on-line e dando mais visibilida-de aos produtos.

A qualidade das informações que circulam entre empresas e consu-midores tornou-se indispensável e é outro ponto relevante quando se fala em omnichannel e e-commerce. Nesse sentido, o evento chamou a atenção para a importância de as em-presas fornecerem informação úni-ca e confiável tanto nas lojas físicas quanto nas virtuais com o apoio das soluções GS1.

Na área de transportes e logísti-ca, as palestras abrangeram a par-ticipação cada vez maior da GS1 nesse setor, além de iniciativas de peso realizadas na Alemanha, onde os correios adotaram o padrão de identificação única de unidades lo-gísticas, o SSCC, e na Colômbia, onde o ministério dos transportes adotou o padrão EPC/RFID em seu sistema nacional de identificação de veículos. Outra iniciativa de grande valia é a parceria da GS1 com orga-

nizações mundiais, como a ACNUR (agência da ONU para refugiados) e a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Os padrões GS1 auxiliam na chamada logística humanitária, para movimentação de produtos distribuídos em áreas que sofrem com guerras ou desastres na-turais. Atualmente, é feito um am-plo trabalho no campo de refugiados Zaatari, na Jordânia, que já abriga 81 mil pessoas vindas da Síria.

Já no setor de saúde, a entidade aproveitou o evento para lançar o projeto Imagine, que visa entender e desenvolver ações e soluções para hospitais e clínicas, visando melho-rar a segurança do paciente. O pro-jeto deve trazer os hospitais cada vez mais perto da GS1. Assim, os pacientes, que sempre esperam um atendimento de qualidade, poderão usufruir dos benefícios dos padrões globais. Outra iniciativa estratégica da entidade neste segmento diz res-peito à identificação única de produ-tos para saúde (UDI).

Na ocasião, a organização também lançou a nova versão da GDSN, a Rede Global de Sincronização de Da-dos (confi ra mais sobre o assunto na página 50). Esta é a base de dados dos produtos identifi cados com padrões GS1, fundamental para que cada or-ganização-membro possa expandir seus serviços aos associados. Ou-tras plataformas também ganha-ram melhorias e atualizações tec-nológicas, como o GEPIR (Serviço de Verificação Global de Autentici-dade de Prefixos) e o GLN (Núme-ro Global de Localização).

Em todas as edições, o Global Forum destina um espaço para as organizações-membro exporem

suas ações, o que resulta em apre-sentações criativas e com uma dose de irreverência. Neste ano, diversos países apresentaram projetos en-volvendo rastreabilidade, qualidade das informações e educação. A GS1 Japão, por exemplo, mostrou como o padrão EPCIS permite controlar a qualidade e rastrear informações em todas as fases da produção e distri-buição da bebida mais tradicional do país – o saquê.

Durante o Global Forum, os participantes puderam se informar sobre esse grande evento com a cobertura da TV GS1, apresentada pelo jornalista Chris Burns, que já atuou nas emissoras de televisão CNN e Bloomberg.

EDUCAÇÃO E ATENDIMENTOA equipe da GS1 Brasil teve participa-

ção ativa durante o evento, a fi m de apre-sentar as recentes conquistas e também aprender com iniciativas de sucesso de outras organizações-membro. A entida-de brasileira participou de dois painéis de discussão – educação e atendimen-to ao cliente –, compartilhando ações de destaque com as demais insti-tuições no mundo, e de uma apre-sentação para mostrar os sucessos obtidos na área de comunicação, com a ampliação da visibilidade da GS1 na imprensa brasileira.

Nesta edição do Global Forum, participaram pela GS1 Brasil o pre-sidente João Carlos de Oliveira, a CEO Virginia Vaamonde, a geren-te de negócios Ana Paula Maniero, o executivo de negócios Nilson Gasconi, o analista de CRM Maik Gordon, a analista de marketing Sabrina Savioli, e a especialista de marketing Poliana Nogueira.

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PADRONIZAÇÃO

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Diferentespartes de um todo

Da Redação

Rede Global de Sincronização de Dados (GDSN), da GS1, ganha atualização para auxiliar de maneira mais efi ciente empresas de toda a cadeia de abastecimento

A Rede Global de Sincronização de Dados, GDSN (sigla em inglês de Global Data Synchronisation Network), padrão da GS1 que per-mite às empresas cadastrar e com-partilhar informações sobre seus produtos em tempo real, ganhou uma nova versão. Com lançamen-to mundial realizado em 6 de maio, a ferramenta, utilizada por indús-trias e varejistas, traz novos recur-sos que permitem melhorar o com-partilhamento e a sincronização de dados para aumentar a eficiência das operações.

A nova plataforma, denominada GDSN Major Release 3, ganhou mais de 300 atributos e 1,5 mil alterações que acrescentam características e funcionalidades aprimoradas. “Entre essas mudanças, a GS1 Brasil, por exemplo, colaborou para incluir na ferramenta alguns campos para lançar dados de impostos federais e estadu-ais do País, a fi m de atender à deman-da do mercado brasileiro, que é bas-tante peculiar nessa área tributária”,

destaca o assessor da área de inovação e alianças estratégicas da entidade, Alessandro Fagundes.

Na GDSN é possível lançar todas as informações sobre um produto: características, preço, dimensões, im-postos, localização da fábrica, etc. A GS1 centraliza essa rede, que funcio-na por meio de datapools, que são empresas de tecnologia que oferecem soluções de cadastro de produtos per-mitindo a sincronização de dados en-tre fornecedores e compradores. As-sim, quando uma indústria cadastra um item na GDSN, automaticamen-te, o datapool comunica a todos os parceiros comerciais autorizados e destinatários da informação que integram a rede – no caso, o varejo. Portanto, para usar a GDSN é pre-ciso contratar um datapool. Segun-do Fagundes, em todo o mundo existem 29 datapools, que utili-zam o mesmo padrão de armaze-namento e compartilhamento de informações e precisam ser certi-ficados pela GS1.

BENEFÍCIOSA GDSN contribui para que em-

presas parceiras trabalhem com in-formações precisas, o que gera im-pactos positivos em toda a cadeia. Com dados consistentes sobre os itens em seus sistemas e de modo sincronizado, elas podem planejar lançamentos e promoções de pro-dutos, melhorar o fluxo logístico e de transportes, evitar atrasos nas entregas e não deixar faltar merca-dorias nas prateleiras do varejo, por exemplo. Tudo isso torna as opera-ções mais eficientes e, logo, ajuda a reduzir custos. Outra vantagem é que, a partir do momento em que as companhias trabalham com da-dos iguais, elas têm a segurança de oferecer informações completas e confiáveis aos consumidores, que estão cada vez mais exigentes.

A ferramenta atende ainda à re-gulamentação de rastreabilidade e recall de produtos e pode ser uti-lizada por empresas de diferentes segmentos. As mudanças realizadas

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Nova versão GDSN ganhou recursos para melhorar o compartilhamento e a sincronização de dados

no sistema também o tornam mais adequado para atender às rígidas normas mundiais de segurança ali-mentar, tais como as estabelecidas pela União Europeia e pelo U.S. Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos – locais

onde a GDSN é amplamente adota-da pelas empresas.

A equipe da GS1 Brasil apoia as companhias interessadas em imple-mentar a GDSN, prestando informa-ções e treinamentos para indústrias e varejistas, unindo as diferentes partes

para formar um todo. A entidade, in-clusive, fez uma atualização do Cadas-tro Nacional de Produtos para a versão CNP 2.0 com o objetivo de servir de ferramenta de apoio, permitindo às em-presas preparem todos os dados neces-sários antes do envio a um datapool.

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Como funciona a GDSNComo funciona a GDSN

1-Carregamento do dado: o fornecedor registra seus dados (ou o catálogo de produtos) no datapool de origem.

2-Registro do dado: um subconjunto desses dados é enviado para o GS1 Registro Global, que coordenada todas as informações da rede e indica em qual datapool está a informação que será sin-cronizada entre os parceiros.

3-Requisição de subscrição: o comprador, por meio do datapool, faz a subscrição para receber os dados do fornecedor.

4-Publicação do dado: se o fornecedor aprovar, o datapool publicará a informação solicitada pelo comprador.

5-Confirmação do destinatário: o comprador envia uma confi rmação para o fornecedor por meio do datapool, encerrando o ciclo de comunicação.

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[[INOVAÇÃO

52 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

ColaboraçãoEquipe da GS1 Brasil apoiou os participantes, esclarecendo dúvidas sobre os padrões globais

Um caldeirãode projetos promissores promissores promissores promissores promissoresPor Denise Turco

GS1 Brasil apoia o AngelHack, maratona tecnológica realizada em São Paulo e que já passou por mais de 70 cidades do mundo

De que é feito um hackaton? As maratonas tecnológicas, cada vez mais frequentes no Brasil e no mun-do, precisam de dois elementos prin-cipais: boas ideias e muita energia para criar rapidamente um projeto original e viável. Foi esse o clima do Hackaton AngelHack, realizado nos dias 16 e 17 de abril, em parceria com a IBM Think Lab. A GS1 Brasil foi uma das patrocinadoras do evento, colaborando com sorteio de brindes e mentoria, além de propor um desafi o especial aos participantes.

O AngelHack, que organiza ma-ratonas de hackatons em 76 cidades do planeta, tem a proposta de impul-sionar a inovação, estimulando a pro-

gramação de códigos e a criação de aplicativos. Nesta edição realizada na cidade de São Paulo, o evento re-cebeu mais de mil inscrições. Foram selecionados 200 participantes – de várias idades – que ficaram 32 horas consecutivas construindo os códi-gos, desenvolvendo as plataformas digitais e estudando a viabilidade comercial dos projetos. Nos bas-tidores da maratona, realizada na unidade da IBM da capital paulista, mais de cem pessoas estiveram en-volvidas entre organizadores, men-tores e voluntários.

“Com o tema ‘Anyone can Code’ [em português, Qualquer um Pode Codifi car], a ideia era reunir designers,

empreendedores e desenvolvedores para criar soluções para a sociedade em qualquer área”, explica o orga-nizador do AngelHack no Brasil, Fernando Tomé. O evento começou às 10h do sábado e os projetos deve-riam ser apresentados às 13h do do-mingo. Os critérios para avaliação foram: originalidade, escala de mer-cado e design bonito e funcional. O projeto não poderia ser apresentado em Power Point, mas era preciso de-senvolver uma versão demo da solu-ção. Os grupos, formados por cinco ou seis participantes, tiveram apenas três minutos para apresentar e defen-der a ideia aos jurados.

A equipe vencedora do AngelHack foi a Mimimi, que criou um aplicati-vo para qualquer tipo de reclamação. Nessa plataforma, as queixas seriam analisadas por uma interface que usa

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Premiação da equipeTem Pra Já no desafio GS1Da esq. para dir.: Douglas Franco, Salvador Ramalho, Augusto Claro e Giselle Blankestein são parabe-nizados por Sergio Borger, diretor do IBM Think Lab (de preto); e André Lullis, da GS1 Brasil

Venha codificar

Nos dias 6 e 7 de agosto, a GS1 realizará o seu primeiro hackaton, em sua sede em São Paulo (SP), com um desafio relacionado ao universo da automação e dos padrões globais. Desde maio, a entidade promove eventos com objetivo de prestar mentoria, abordando, por exemplo, como participar de um hackaton, como montar o plano de negócios, apresentar as soluções GS1, além de visitas ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) da entidade. A equipe vencedora ga-nhará uma viagem com todas as despesas pagas para participar do HackZurich, na Suíça, considerado o maior hackaton da Europa.

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inteligência artifi cial para dar uma res-posta bem humorada ao usuário, con-ta Tomé. A equipe foi premiada com um programa de mentoria de duas se-manas, com a possibilidade de parti-cipar ainda de outra etapa de orienta-ção similar na Califórnia, nos Estados Unidos, e apresentar suas ideias para investidores daquele país.

DESAFIO PARALELOEm paralelo à proposta principal

do AngelHack, a GS1 Brasil lançou outro desafi o, que atraiu boa parte dos grupos participantes: criar uma solu-ção inovadora que impacte na experi-ência de compra das pessoas usando o código de barras. Vários grupos em-barcaram na competição da entidade, que fez sorteios de arduínos (equipa-mento utilizado como plataforma de prototipagem eletrônica), canecas e vouchers do restaurante Outback para incentivar as equipes.

O time campeão foi o Tem Pra Já, formado por Giselle Blankenstein, Augusto Claro, Douglas Franco e Sal-vador Ramalho. O grupo criou uma plataforma webmobile de comércio e doação de produtos próximos ao ven-cimento. A plataforma é uma espécie de market place que se destina a em-

presas do varejo, atacado e indústria que tenham mercadorias próximas à data de validade, desde que possuam um responsável técnico (nutricionis-ta, farmacêutico, veterinário, etc.), que garanta a segurança do consu-mo dos itens. A solução tem um viés sustentável: se o e-commerce não vender até uma data limite estipula-da, o produto é destinado à doação. As empresas usuárias e os clientes da plataforma utilizariam o código de barras padrão GS1 para consultar in-formações dos produtos.

A ideia surgiu a partir de trabalhos e interesses em comum do grupo. Giselle, 39 anos, advogada, mestre em direito do consumidor e douto-randa do Programa de Saúde Global e Sustentabilidade da Universidade de São Paulo (USP), interessou-se pelo assunto em 2007, por meio de sua experiência profi ssional no vare-jo ao descobrir o grande volume de produtos que são descartados. Há algum tempo ela conheceu Salvador, que, em 2011, fez um intercâmbio em Portugal, onde conheceu o projeto Zero Desperdício, que estimulava a doação de alimentos. Ele é formado em marketing, tem 24 anos e trabalha na área de negócios digitais no banco

Itaú. Possui experiência em inova-ção e empreendedorismo social por meio de iniciativas acadêmicas e de extensão. Depois da viagem, Salvador dedicou-se a estudar como a indústria brasileira de alimentos poderia ser mais efi ciente nas esferas social, am-biental e econômica. A conclusão foi que a solução para o problema viria por meio da tecnologia.

Giselle e Salvador uniram esfor-ços participando do AngelHack. No evento, eles se juntaram a Augusto e Douglas, dupla que também já se conhecia e foi responsável pela pro-gramação da plataforma. Augusto, 21 anos, participa atualmente de um programa na Microsoft, além de tocar alguns projetos pessoais. Dou-glas, 25 anos, é formado em análise de sistemas, profissional certificado pela Microsoft (MCP), programa-dor na empresa Vizir Software Stu-dio e criador do sistema Zanco Au-tomação Comercial. Todos moram em São Paulo e foi a primeira vez que participaram de um hackaton. A GS1 Brasil premiou cada integrante do Tem Pra Já com um óculos de realidade virtual e com a inscrição para o hackaton que será promovido pela entidade em agosto.

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54 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Por Juliana JadonColaboração Kathlen Ramos

Executivos contam quais livros de inovação abriram os horizontes para inspirar estratégias únicas e lidar com os desafi os do dia a dia

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Inovar ou ter um insight que gere frutos não é tare-fa fácil. Muitas pessoas têm boas ideias, no entanto, na hora de colocar o que foi pensado em prática, o projeto ou protótipo nem mesmo sai do papel. Empresas com a expectativa de obter resultados efetivos por meio da ino-vação precisam de um time disposto a agir de maneira diferente e arriscar.

Esse processo pode começar com a leitura de livros de inovação, desde obras que contam a trajetória de grandes visionários – como The Everything Store, que

narra a vida do fundador da Amazon, Jeff Bezos, ou A Cabeça de Steve Jobs, que procura desvendar os bas-tidores das criações icônicas da Apple – até aquelas que dão o passo a passo e metodologias de como criar um processo inovador dentro de uma companhia. A Brasil em Código consultou executivos de empresas inovadoras a respeito desse tema. Confira, a seguir, dicas de livros que os incentivaram a realizar mudan-ças positivas, ter novas formas de agir e, claro, acres-centaram conhecimento.

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Recomendo “O livro de inovação que mais me mar-cou foi o Funky Business Forever: How to Enjoy Capitalism (tradu-ção livre, Negócios Descolados para Sempre. Como Aproveitar o Capita-lismo), dos autores Kjell Nordström e Jonas Ridderstråle. Trata-se de um título de 2008, que antecipou par-te significativa das mudanças que estamos presenciando no ambiente de negócios, em que a inovação é mais do que uma forma de se tor-nar competitivo, é questão de so-brevivência em cenários complexos como o atual.”

Importância da obra“Os autores são revolucionariamente malucos e abordam o mundo funky, que representa uma mudança de épo-ca, com novos modelos e desafios. Nos convencem de que nunca vimos um momento tão fértil de oportuni-dades, no qual não faltarão empregos para aqueles que tiverem qualificação. Nesse cenário, as pessoas talentosas estão precisando menos das organi-zações do que as organizações das pessoas talentosas; as escolas serão cada vez mais empresas, e as empre-sas cada vez mais escolas; o líder tem o direito de ser vencido, mas não tem o direito de ser surpreendido.”

Romeo Busarello,diretor de canais digitais da Tecnisa

“É uma obra à frente do seu tempo e que flerta com os atuais desafios dos gestores e das empresas de todos os portes e segmentos.”

“A proposta da obra ajuda a ampliar horizontes e a enxergar além do cotidiano da companhia, sugerindo uma metodologia inovadora com passos que podem ser aplicados de forma prática, dentro da estratégia da empresa. Este livro é uma ferramenta de grande valia a gestores de todos os níveis.”

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Recomendo“O livro de inovação que mais me impressionou foi o Balance Scorecard, de Robert Kaplan e David Norton, que traz a im-portante metodologia balance scorecard, desenvolvida para mobilizar mudanças, traduzir estratégia em ações, alinhar a organização em torno do plano traçado, motivar colaboradores, fazendo da inovação estratégica um processo contínuo.”

Importância da obra“Quando li este livro, em 2000, atuava em uma incubadora e de-senvolvia inúmeros projetos si-multaneamente. As técnicas apre-sentadas foram úteis no sentido de inspirar estratégias únicas, específi -cas a cada um dos empreendimen-tos com os quais eu trabalhava no momento – a maioria deles voltada à tecnologia e internet – e imple-mentá-las no dia a dia.”

João Pedro Serra,Country manager do Groupon Brasil

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56 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Luís Rasquilha,CEO da Inova Consulting,

da Inova Business School e professor do curso master em

inovação da GS1 Brasil

Recomendo “O livro Viagem ao Futuro. A Verdade Sobre a Prospecti-va e o Foresight, da minha au-toria (Atual Editora), apresenta metodologias sobre como estu-dar o futuro e mapear as princi-pais tendências do mercado.”

Importância da obra“Ela alerta para a importância de estudar o futuro e as trans-formações que as empresas precisam considerar para so-breviver no mercado.”

“É rápido de ler, muito prático e instiga à mudança.”

“O livro trata de um assunto atual de maneira inteligente, demonstrando como liderança, criação e inovação estão diretamente relacionadas; como a ligação desses fatores direcionam rupturas e mudanças significativas nos negócios; e o quanto líderes influenciam e motivam (ou não) suas equipes a serem criativas e inovadoras.”

Rodrigo Werlang,diretor de tecnologia da Paradigma Business Solutions

Recomendo “Um dos livros sobre o tema que me chamou a atenção foi Creative Leadership: Skills that Drive Change (em tradução livre, Li-derança Criativa: Habilidades que Impulsionam a Mudança), dos autores Gerard J. Puccio, Marie Mance e Mary C. Murdock. Em sua segunda edição, aborda assun-tos relevantes para a atualidade, em que inovação é essencial para o sucesso. Demonstra como lideran-ça e criatividade andam de mãos dadas e como o pensamento cria-tivo está relacionado à inovação, conceituando formas de pensar e agir interessantes para ajudar na solução de problemas.”

Importância da obra “Meu dia a dia está diretamente re-lacionado à inovação e pensamento criativo para solucionar problemas. E alguns pontos do livro estão rela-cionados com o fato de que inovar envolve mudança e novas maneiras de pensar. Para um líder, estar aber-to à mudança, suportar novas ideias, permitir autonomia e encorajar a equipe a assumir riscos, criando um ambiente propício à inovação, pode fazer muita diferença na evolução do time e, consequentemente, no resul-tado. Sempre incentivo as pessoas com quem atuo a pensarem de forma crítica e construtiva para que exerci-tem o pensamento criativo.”

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“Todo profissional deveria ler este livro. Para mim, é um dos melhores dos últimos 30 anos. Ele provoca uma profunda reflexão sobre como podemos direcionar as nossas ações e os nossos hábitos.”

“É um livro de leitura fácil, simples no seu entendimento e que toca no ponto central e mais desafiador da inovação: a sua transformação em uma rotina, e não apenas em uma ação pontual.”

Marcelo Veras,sócio-diretor executivo da Unità Educacional, sócio e membro do conselho da Inova Consulting e professor do curso master em inovação da GS1 Brasil

Recomendo “O livro O Poder do Hábito: Por que Fazemos o que Fazemos na Vida e nos Negócios, de Charles Duhigg (Edi-tora Objetiva), explica porque fazemos o que fazemos e como funciona o nosso cé-rebro no que diz respeito a hábitos.”

Importância da obra “Traz uma visão muito profunda sobre como podemos mudar os nos-sos hábitos e direcioná-los para o que queremos.”

Tadeu Brettas,publicitário e professor do curso master em inovação da GS1 Brasil

Recomendo “O livro Inovação como Rotina - Como Ajudar seus Colaboradores a Transformar Ideias Criativas em Realidade, de Paddy Miller e Thomas Wedell-Wedellsborg (Editora M. Books), apresenta um método prá-tico e efi caz para criação da cultura da inovação nas empresas.”

Importância da obra“Os autores nos mostram como criar a atmosfera adequada para o surgimento e manutenção da inovação no universo corporativo, sistematizam o processo de criação de uma cultura voltada à pro-dução de ideias originais e a consolidam como hábito dos colaboradores e ro-tina na organização.”

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É incontestável que a crise econômica e política do País tem trazido efeitos negativos para famílias e empresas. Falhas na gestão, descontrole nos gastos ou orçamento re-duzido têm aumentado o endividamento, por exemplo. O pessimismo tornou-se a única certeza para muitos.

Diante desse cenário e com base em sua vivência de mais de 20 anos no mercado fi nanceiro, o economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com es-pecialização em fi nanças pela Universidade de São Paulo (USP), Marcelo de Libero d’Agosto, mostra alguns cami-nhos para reduzir riscos em meio a essa instabilidade.

Ele – que também é sócio da Investmate e membro do comitê de investimentos da More Invest – destaca, por exemplo, a importância de antecipar a negociação com cre-dores, mas, acima de tudo, de tentar manter o otimismo. “Embora a situação esteja, de fato, ruim e confusa, ‘a roda precisa continuar girando’. É preciso estar sempre atento às oportunidades, já que elas podem surgir e serem boas, a despeito do ambiente que estamos vivendo”, diz o especia-lista, que também é autor do livro Como Escolher o Melhor Fundo de Investimento e palestrante do programa de capa-citação de empreendedores GS1 Atualiza, promovido pela GS1 Brasil. Confi ra a entrevista a seguir.

Se uma pessoa ou empresa está endividada, você é fa-vorável a buscar um empréstimo maior para quitar os outros menores?

O mais vantajoso sempre é pagar juros menores. Esse deve ser o objetivo de qualquer estratégia de renegociação de fi nanciamento. Uma única dívida centralizada tem a vantagem de facilitar o controle de gestão. Manter diversos empréstimos pulverizados, além de aumentar o trabalho

operacional, pode, em algumas ocasiões, reduzir o seu li-mite de crédito nos bancos ou fi nanceiras, deixando-o com fama de muito endividado. Vale lembrar, ainda, que nesse equilíbrio é importante tentar conseguir prazo maior para quitar os empréstimos.

O atual momento é propício para renegociar pen-dências financeiras?

A crise favorece a negociação na medida em que to-dos – devedores e credores – estão em situações simi-lares, administrando as dificuldades ocasionadas por uma conjuntura ruim. De maneira geral, negociar é sempre a melhor opção, com ou sem crise. Por exem-plo, uma empresa que tem uma dívida pode mostrar seu histórico de vendas, argumentando que a situação é transitória e poderia ter uma melhora futura na recei-ta para pagar a dívida. Mostrar o interesse em quitar os empréstimos e focar na viabilidade da proposta é extremamente importante nesse momento. Os bancos ficam mais reticentes em negociar se não houver argu-mentos consistentes.

Qual é a sua opinião sobre a tática de “esquecer” a dí-vida e renegociá-la em feirões da Serasa, por exemplo?

Esquecer a dívida nunca é uma solução. Por mais que nesses feirões se consiga um bom desconto sobre o sal-do devedor, a taxa de juros que foi cobrada ao longo do tempo e levou a dívida ao valor atual é absurdamente alta. O ideal é negociar antes de o problema tornar-se potencialmente insolúvel. Esquecer a dívida deixa a empresa sem crédito no mercado, tornando a recupera-ção dos negócios muito difícil.

Minimize os efeitos da crise no orçamentoPor Kathlen Ramos

Economista mostra caminhos para controlar as fi nanças corporativas e pessoais, lembrando que é importante estar atento às oportunidades de investimentos que possam surgir

58 abr/mai/jun 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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“A crise favorece a negociação na medida em que

todos – devedores e credores – estão administrando as dificuldades”

Marcelo de Libero d’Agosto, economista

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Como desenvolver uma reserva fi nanceira para emer-gências? Qual a importância desse hábito e como ele pode se tornar uma realidade?

Não há um número mágico sobre o quanto se deve poupar mensalmente, especialmente numa empresa. Se o negócio tem um giro elevado de estoques, por exemplo, manter uma reserva de caixa muito grande é prejudicial por-que atrapalha a lucratividade da companhia. É importante, então, compreender o fl uxo operacional da empresa. Ou a dinâmica dos salários e retiradas, no caso da pessoa física. De modo geral, realizar uma reserva de 10% ou 20% men-sais é prudente. Mas o fundamental é ter um controle das entradas e saídas de caixa, para evitar descasamentos entre pagamentos e recebimentos.

Em uma casa ou empresa sempre há gastos supér-fluos que podem ser reduzidos. Como encontrar essas lacunas?

Sempre há meios de se economizar. A Ambev é um exemplo. Há alguns anos a empresa adota o que se cha-ma de Orçamento Base Zero. É uma prática que estimula o comprometimento com o controle de despesas e custos. Enquanto algumas empresas aumentam o orçamento de um ano para o outro levando em consideração algum in-dexador, a ideia desse método é pensar o funcionamento da companhia como se fosse começar do zero. Claro que é algo bastante difícil, mas o exercício é válido e pode ser aplicado por quaisquer empresas ou pessoas. Ele faz raciocinar sobre os custos que, de fato, são importantes. Numa casa, por exemplo, preciso mesmo ter dois car-ros? E numa empresa, preciso ter dois caminhões ou vale vender um para comprar uma versão mais potente ou até mesmo terceirizar a distribuição?

No atual cenário do País, quais os cuidados que se deve ter com custos fi xos e variáveis?

Uma tendência é reduzir o custo fi xo e focar mais no cus-to variável. Na hora de montar uma equipe de trabalho, por exemplo, é importante ponderar se vale mais a pena contra-

tar um funcionário que pode ter horas ociosas ou chamar um colaborador para tarefas específicas. O mesmo pen-samento vale para outras áreas. Assim, só deve ser fixo aquilo que é indispensável no dia a dia da empresa. O restante, que não é o core business, vale a pena avaliar se pode ou não ser variável ou terceirizado.

Grande parte da população e empresários têm receio de investir em metas maiores neste período de crise. Esses planos devem continuar?

A crise política virou uma novela interminável. A cada hora surge um capítulo novo e isso contamina negativamen-te as pessoas, que vão deixando de olhar para o que real-mente importa. Embora a situação esteja, de fato, ruim e confusa, “a roda precisa continuar girando”. É preciso estar sempre atento às oportunidades, já que elas podem surgir e serem boas, a despeito do ambiente que estamos viven-do. Então, a dica é controlar os gastos, mas estar atento para boas barganhas que podem surgir.

Qual é o seu conselho para quem tem um capital e pretende investir?

A melhor opção é manter a liquidez, porque não sa-bemos o que pode acontecer. No momento, as chances de ocorrer uma virada positiva ou seguirmos num cená-rio conturbado são praticamente equivalentes. O mais prudente são os investimentos tradicionais em títulos públicos, papéis de bancos de primeira linha e fundos de investimento.

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“A crise favorece a negociação na medida em que

todos – devedores e credores – estão administrando as dificuldades”

Marcelo de Libero d’Agosto, economista

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Aquela antiga estação ferroviá-ria, que não recebe passageiros há décadas, voltou a funcionar, porém, em menor proporção. Muita gente consegue materializar esse tipo de lembrança praticando o ferreomo-delismo ou modelismo ferroviário, um hobby que consiste na constru-ção de modelos, em escala reduzida, de veículos e estruturas ferroviárias (trens, bondes, automotrizes, cená-rios, etc.). As primeiras miniaturas teriam sido feitas por relojoeiros ale-mães no século 19.

Miniaturas de locomotiva ganha-ram destaque na parede da sala do diretor da Universidade São Judas Tadeu, José Carlos Jadon, que mora

na capital paulista. A coleção, compos-ta por 77 locomotivas que remetem à brincadeira de infância, é uma boa maneira de se distrair e de resgatar boas lembranças diante da rotina de trabalho intensa. Projetos, reuniões e resolução de problemas não faltam

no seu dia a dia. “Ter um hobby é uma boa forma de dedicar-se a uma ativida-de que lhe gere satisfação. Representa uma distração, uma verdadeira brinca-deira de adulto”, ressalta. Na década de 1960, ele residia no bairro na Moo-ca, em São Paulo, em uma casa próxi-

Por Juliana Mello

O hobby de colecionar e construir modelos de transporte ferroviário atravessa gerações e ganha cada vez mais adeptos

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José Carlos JadonCom uma coleção de 77 locomotivas,

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ma à linha férrea. Sobre os trilhos pas-sava, diariamente, o trem elétrico da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF), que atraia a atenção de José Carlos e seu melhor amigo, Ita-beray. Momentos antes de o trem pas-sar, eles corriam em direção aos trilhos, para contemplar a locomotiva.

Sabendo do apreço que o filho ti-nha por trens, o pai de José Carlos, Julio Jadon, o presenteou no aniver-sário de oito anos com um kit loco-motiva da Atma, muito semelhante àquela que ele e o amigo gostavam de ver. Até hoje o item é, sem dúvi-das, o preferido do executivo. “Cha-mada de Paulistinha, é uma réplica fiel do trem elétrico da CPEF. Feita de ferro, acende os faróis e anda so-bre os vagões, assim como o trem que nós acompanhávamos diaria-mente”, diz entusiasmado.

Atualmente, a brincadeira de crian-ça tomou uma proporção maior. Seja Maria Fumaça ou trem elé-trico, no roteiro de viagem de José Carlos e sua esposa, Glaucia Jadon, não faltam passeios sobre trilhos. Na Europa, os dois fizeram vários percursos de trem, passando por diferentes países e, agora, planejam uma viagem sobre trilhos pelos Es-tados Unidos.“Esse tipo de passeio é muito gratificante. Os trens são uma maneira rápida, divertida e segura de percorrer longos trajetos. Além disso, é possível ir acompanhando as diferentes paisagens no decorrer do caminho”, descreve Jadon.

HOBBY DE FAMÍLIANa família Ruggero, que pos-

sui uma coleção de cerca de 60 itens, entre locomotivas, vagões e cenário, os trens também sempre foram presença constante. Quan-do garoto, a casa dos avós pater-nos do professor Adriano Ricardo Ruggero, 40 anos, ficava ao lado da linha da Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA), em Hortolândia (SP). Essa proximidade chamava a aten-ção do menino, quando passava os domingos ou as férias por lá. Ao escutar o sinal da cancela, logo ele corria para ver o grandioso trem passar, observando cada detalhe.

O ferreomodelismo começou na família de Adriano no Natal de 1980, quando ele e seu irmão mais velho ganharam um Ferrorama, da marca Estrela. Quatro anos depois, o irmão ganhou o primeiro kit, com uma lo-comotiva e três vagões, saindo do brinquedo para algo mais próximo da realidade de um trem. Sozinho, começou a elaborar esboços de uma maquete, construída caprichosa e lentamente até ser abandonada em

1997, ano em que iniciou os estudos na faculdade. Foi então que Adria-no e seu pai, Paulo Ruggero, resga-taram o projeto e decidiram limpar os trilhos, lubrificar as locomotivas e testar a parte elétrica, envolvendo, assim, toda a família nesse hobby.

Para completar a coleção, Adriano vem comprando ao longo dos anos vários modelos de locomotivas na-cionais e importadas em encontros de ferreomodelistas ou lojas virtu-ais. “Passamos excelentes momen-tos em torno dos pequenos trens em movimento. O ferreomodelismo e a paixão por trens uniu ainda mais a família. Comecei a visitar mais ci-dades, levando meu pai comigo a encontros em diversos lugares sobre essa atividade, ouvindo suas histó-rias dos tempos da ferrovia”, conta Adriano. Para quem pretende se de-dicar ao modelismo ferroviário, ele sugere: “Leiam, questionem, conhe-çam! Visitem encontros, estações, em uso ou não, e façam passeios de trem.” Adriano e José Carlos, certa-mente, sabem como colocar a vida nos trilhos.

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Adriano (à frente) e Paulo RuggeroA paixão por trens em miniatura uniu ainda mais a família

Os Estados Unidos e a Alemanha possuem o maior número de ferreomodelistas do mundo por conta da tradição do transporte ferroviário nesses países. De acordo com o diretor da fabricante de trens elétricos Frateschi, Lucas Frateschi, o mercado brasileiro ainda possui bastante potencial a ser explorado. É possível começar o hobby com trens a partir de R$ 380.

Para começar a coleção

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MERCADO

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Lucros sobreduas rodasPor Kathlen Ramos

Acompanhando o sucesso dos food trucks, nascem as food bikes. Com apelo mais econômico, prático e sustentável, o modelo é ideal para quem quer ter uma empresa própria, mas com baixo investimento

Ao circular pelas grandes avenidas, ou alguns eventos, é possível visualizar um modelo de ne-gócios que tem despontado nos últimos tempos: as food bikes. Oferecendo um cardápio saboroso e variado – passando por comidinhas, lanches e sobremesas –, esse é um empreendimento que tem atraído diversos brasileiros. E por bons mo-tivos. Um deles é o investimento reduzido, va-riando entre R$ 3,7 mil a R$ 20 mil, dependendo do projeto, conforme afirma a proprietária da

Moove Bikes, empresa que desenvolve bicicletas especiais para negócios, Mery Lunelli.

Além da vantagem do baixo investimento, o professor de administração e coordenador da Incubadora de Negócios da ESPM, José Ama-to Balian, vê outros atrativos para esse modelo. “As food bikes são uma evolução dos tradicio-nais carrinhos, trazendo mais atratividade, pois são alegres, modernas, leves e agradáveis. Com os devidos alvarás e cumprindo as exigências de

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higiene e segurança, pode-se ter um ponto fixo e/ou atuar em eventos”, re-sume.

Outros pontos têm contribuído para o sucesso dos negócios sobre duas rodas: o crescente número de ciclofai-xas no País, favorecendo a mobilidade das food bikes, e a crise econômica, que acaba estimulando apostas mais cautelosas e que envolvem uma quan-tia menor de dinheiro. Fatores como esses levaram a Moove Bikes a não sofrer os efeitos negativos da recessão, provando que seu negócio vai na con-tramão das incertezas. “Não sentimos queda nas vendas. Muito pelo contrá-rio. Com a alta de demissões e falta de empregos, muitas pessoas estão crian-do sua própria empresa. Assim, nossa expectativa é de que este ano será mar-cado pelo empreendedorismo..Conse-quentemente, aposto no ano das food bikes”, projeta Mery.

MODELO DE GESTÃONão é porque esse tipo de empre-

endimento é constituído por uma pe-quena estrutura que dispensa um bom planejamento. Aliás, na avaliação de Mery, os estabelecimentos voltados à

alimentação necessitam de uma aten-ção ainda maior. “Tudo precisa estar bem alinhado quanto à produção, compras, logística, além de conhecer pessoas-chaves desse meio, principal-mente de eventos”, adverte.

No caso da logística, por exemplo, é importante lembrar que nem sem-pre será possível pedalar até o destino. Muitas vezes, será necessário transpor-tar a bicicleta em uma pequena carreta acoplada a um carro ou contratar um serviço de frete.

A definição do cardápio é outro as-pecto fundamental. “O ideal é apostar em lanches, doces, sucos, refrigerantes, alimentos pequenos ou até com apelo gourmet, contanto que sejam fáceis de se armazenar”, sugere Balian.

Outra pedalada vital é escolher a forma na qual se pretende atuar. A primeira opção é ter um ponto fixo, que habilita a empresa a se estabe-lecer num mesmo local da cidade diariamente. Para tanto, necessita-se de um Termo de Permissão de Uso (TPU), que pode ser requerido junto às prefeituras dos municípios. A se-gunda alternativa é atuar em eventos públicos ou privados.

Nesse modelo de negócio, tam-bém é importante desenhar algumas estratégias de marketing, e as redes sociais ganham destaque nesse sen-tido. “É importante ter e manter um contato com os clientes, e estes são os melhores canais”, avalia Mery.

HORA DO LANCHEAlgumas food bikes já trilham um

caminho de sucesso. Um exemplo é a Bike Burguer, que tem o fotógrafo Danilo Tanaka como fundador. “In-

Caminho de sucessoDanilo Tanaka montou a

Bike Burger com investimento inicial de R$ 15 mil

Mery Lunelli, da Moove BikesCom a alta desemprego, as food bikes são opção para abrir um negócio próprio

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[[MERCADO

satisfeito com a área de fotografia, ele decidiu unir duas paixões: bike e gastronomia”, conta sua esposa e sócia-proprietária da empresa, Vivian Zaghi Braga.

Para montar o negócio, que se ba-seia em hambúrgueres artesanais, o investimento inicial foi de R$ 15 mil, e o retorno ocorreu em seis meses. A bicicleta da empresa é compos-ta por equipamentos como chapa para hambúrguer e caixas térmicas para acondicionar os alimentos que requerem refrigeração. A Bike Bur-guer tem um ponto fixo na cidade de São Paulo (Alameda Rio Claro, na esquina com a Avenida Paulista) e também há uma segunda bicicleta dedicada apenas aos eventos. Para que tudo esteja pronto para servir os clientes, o trabalho dos empre-endedores começa horas antes, com a preparação dos hambúrgueres e do molho especial, receita da casa. De modo geral, são produzidas cem unidades por dia, número que dobra aos finais de semana. “Nossa rotina é bem corrida e precisamos de muita disposição”, diz Vivian.

A empreendedora sinaliza os maiores benefícios da food bike: “So-mos itinerantes e pequenos. Assim, podemos fazer eventos e estar onde quisermos. Ficamos na rua e isso fa-cilita a visão do nosso cliente”, des-

taca. Outro ponto favorável é que o negócio mostra-se atrativo aos olhos do consumidor. “A grande maioria dos ‘passantes’, ao perceberem que somos uma bike, param para obser-var, antes mesmo de comer. Depois, se interessam pelo produto, principal-mente por ser diferente e fora dos pa-drões, que normalmente são barracas ou food trucks”, justifi ca Vivian.

HORA DA SOBREMESAOs docinhos também são alvo de

muitas food bikes pelo Brasil. Um exemplo é a Pudim a Gosto, especia-lizada em pudins em diversos tama-nhos e sabores, como chocolate belga, limão siciliano, fava de baunilha, pis-tache, doce de leite, entre outros. “Mi-nha mãe sempre foi expert no pudim e, com o tempo, me ensinou a fazer. Arrisquei a modifi car alguns ingre-dientes, acrescentei sabores e resolvi testar como seria aceito no mercado. Deu certo”, explica a proprietária da empresa, Ana Paula Ferreira.

Além do talento na cozinha, ela também conta com a expertise de seu marido com as bikes. “Em 2014, quando surgiu a empresa, meu ma-rido, que é ciclista, pensou que a bike seria uma possibilidade de bai-xo custo para funcionar como uma loja ambulante. Hoje, estamos mais focados em eventos fechados, em

São Paulo e no interior”, diz, salien-tando que seu produto é muito bem aceito em encontros corporativos, festas de casamento e aniversários.

O investimento inicial foi de R$ 3 mil e, em seis meses, o casal conseguiu reaver o valor. “Acredito que o custo é o maior benefício desse modelo de negócio. Ainda mais com a situação fi nanceira que estamos vivendo, a lo-cação de uma loja é algo inviável para muitos, como é o meu caso. Com a food bike, posso estar em eventos e fa-zer parcerias, que traz pouco ônus de logística”, pondera Ana.

A bike da Pudim a Gosto é com-posta por uma cesta frontal de vime que, no interior, comporta um iso-por com gelos recicláveis, já que os pudins precisam ficar o tempo todo refrigerados. E, na parte traseira, há uma bandeja de madeira, onde ficam dispostos utensílios como guardana-pos, álcool gel e colheres. No caso de Ana, a Pudim a Gosto funciona como uma renda extra, já que a em-preendedora atua na área de comuni-cação de uma empresa.

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O cardápio ideal de uma food bike inclui lanches, doces e bebidas, desde

que sejam fáceis de se armazenar

Doce pedaladaPudins de diversos sabores da

bike da Pudim a Gosto são bem aceitos em eventos e festas

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EXPANSÃO LIMITADAAs food bikes, por si só, costumam ser um negócio limitado e sem ganho mensal muito alto, chegando a uma média entre dois a três salários mínimos, segundo esti-mativa do coordenador da Incubadora de Negócios da ESPM, José Amato Balian. Mas, com criatividade, algumas empre-sas já pensam em como resolver esse pro-blema. A Bike Burguer, por exemplo, em paralelo ao negócio dos hambúrgueres, pretende desenvolver outros segmentos, como churros e batata frita. Também há planos de expandir as operações por meio do modelo de franquias.

VARIAÇÃO CLIMÁTICAQuem atua nas food bikes também pre-cisa estar ciente dos contratempos, como as condições climáticas. Participar de um evento à céu aberto, com chuva forte, pode ser sinônimo de prejuízos.

ESPAÇO RESTRITOUma das dificuldades de quem aposta nesse negócio é a capa-cidade de armazenamento (que costuma ser limitada) e impossi-bilidade de oferecer uma grande variedade de produtos.

MUITA DISPOSIÇÃOSem dúvida é preciso de muita energia para atuar nesse nicho. Na maioria das vezes, é preciso iniciar os trabalhos bem cedo para preparar os produtos ou as bi-kes para os eventos.

LEGALIZAÇÃO DO NEGÓCIOPara iniciar as atividades com uma food bike, é preciso ter, no mínimo, um cadastro como Mi-croempreendedor Individual (MEI) – pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para tanto, é neces-sário faturar no máximo R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. O empreendedor necessita, ainda, re-alizar o curso de Boas Práticas de Manipulação de Alimentos, geralmente oferecido pela Vigi-lância Sanitária dos municípios, para garantir qualidade, higiene e segurança dos processos.

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Os desafios das food bikes

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[[PADRÃO DE QUALIDADE

Charles Sampaio, Diretor de finanças e

serviços corporativos da GS1 Brasil

‘‘Ética, transparência e prestação de contas são alguns dos conceitos de governança que

cada vez mais ganham força na gestão de empresas, em virtude da realidade de mercado, de mudanças culturais e até mesmo da globalização das operações empresariais. No entanto, essas ideias tomam contornos que vão muito além do universo corporativo. Em nosso dia a dia, as discussões sobre a qualidade da governança, ou sua ausência, em diversas áreas como na saúde, na educação, na política, estão no centro do debate. Aliás, o assunto nunca esteve tão atual nesses tempos em que o Brasil busca respostas para problemas de corrupção e distorções na gestão das mais variadas naturezas que afetam direta ou indiretamente o bem--estar dos cidadãos.

Prova de que a governança está em plena evolução no País são os resultados de uma pesquisa da Deloitte divulgada recentemente. O estudo consultou executivos de 103 empresas que atuam no mercado nacional em 2015, comparando com dados de levantamento semelhante realizado em 2013. Um ponto de destaque é que o número de profissionais que avalia como alta a importância de uma boa estrutura de governança corporativa subiu dez pontos percentuais nos últimos dois anos. De modo geral, as companhias têm ampliado o uso de instrumentos, como código de ética, auditoria externa independente e transparência das informações, tanto para o público interno quanto para o externo.

O estudo mostra que as pressões regulatórias e mercadológicas representam um forte impul-so para essas recentes transformações. Nesse sentido, a Lei Anticorrupção (12.846/2013) teve um papel fundamental ao prever a respon-sabilização civil e administrativa de empresas que praticam atos lesivos contra a administra-ção pública. No que diz respeito às demandas

do mercado, a governança ganha relevância na medida em que ajuda a oferecer um dife-rencial competitivo num cenário de concorrência acirrada e recursos escassos.

No caso das organizações do terceiro setor, elas também têm interesse em mostrar seus movimentos de forma cada vez mais clara aos seus membros, impulsionadas pelas necessidades de gestão e validação de resultados. Na GS1 Brasil, entidade sem finalidade lucrativa e estrutura associativa pulverizada em vários setores, as práticas de governança são fundamentais para o equilíbrio das atividades desenvolvidas. Entre as ações aplicadas na organização estão, por exemplo, o planejamento estratégico validado pelo Conselho, o monitoramento de resultados traduzidos por meio dos indicadores corporativos, a prestação de contas realizada em assembleia e a validação dos registros contábeis por auditoria independente. Não resta dúvida de que essa postura traz maior transparência, qualidade das informações e profissionalização da gestão da entidade – práticas que incentivamos nossos colaboradores e associados a adotá-las diariamente por meio dos valores corporativos da busca da excelência e integridade.

A governança ajuda a oferecer um diferencial competitivo

num cenário de concorrência acirrada e recursos escassos

Transformação em curso

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Práticas de governança vão além do mundo corporativo e expandem-se para as organizações do terceiro setor

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