brasil em código - 14ª edição

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Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação out/nov/dez 2014 www.gs1br.org BRASIL EM CÓDIGO GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação EDIÇÃO 14 EDIÇÃO 14 CÓDIGO BRASIL EM Medida que implementa a rastreabilidade de medicamentos ajudará a combater falsificações e a garantir um tratamento seguro a todos SEGURANÇA EM LARGA ESCALA ENDEAVOR APONTA OS DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL ENTREVISTA

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Confira nesta edição a medida que introduz a rastreabilidade de medicamentos no País e vai garantir a segurança do paciente. Leia ainda entrevista com especialista da Endeavor sobre os desafios de ser um empreendedor e como aplicar o conceito de shopper marketing.

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ao leitor

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Tempo de mudançaAs novas demandas da sociedade e as transformações que acontecem

rapidamente no mundo corporativo são desafios que cada vez mais precisamos lidar em nosso cotidiano. São situações colocadas, em um primeiro momento, como difíceis de compreender ou executar, mas capazes de estimular o desenvolvimento dos negócios e mudar a postura do consumidor.

Nesta edição da Brasil em Código, tratamos de diferentes assuntos que ilustram essa situação. A matéria de capa mostra que já foram lançadas as bases para a rastreabilidade de medicamentos no Brasil, medida implementada em vários países e que se consolida como tendência mundial. A partir de 2016, os produtos poderão ser acompanhados em toda a cadeia de abastecimento, e a tecnologia é a chave para harmonizar a inteligência do processo e dos mecanismos operacionais com o uso do código Datamatrix.

A adaptação necessária para cumprir a lei da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não é simples e requer investimentos consideráveis por parte da indústria, mas, sem dúvida, trará ganhos como a diminuição da possibilidade de falsificações e maior transparência nas relações com os parceiros comerciais. Porém, é preciso ressaltar que o principal beneficiado será o paciente, que terá a certeza de receber um tratamento seguro e eficaz.

No âmbito das pequenas empresas, responsáveis por gerar boa parte da riqueza do País, o governo tem dado alguns passos importantes no sentido de melhorar as condições do ambiente de negócios, como bem explicitado na entrevista concedida por João Melhado, da Endeavor, organização mundial de fomento ao empreendedorismo que atua no Brasil desde o ano 2000. A recente medida que amplia a adesão ao Simples, considerando o faturamento e não mais a área de atuação, é um bom exemplo nesse aspecto e também assunto abordado nesta edição. Isso sinaliza uma mudança importante, mas não diminui o tamanho do desafio para criação de mais políticas públicas que ajudem os empreendedores.

Apesar dos problemas estruturais e da falta de mão de obra qualificada, o brasileiro é um otimista e sonha em ter seu próprio negócio. Tanto que as boas ideias das startups estão cada vez mais atraindo os chamados investidores-anjo, que devem aplicar cerca de R$ 2,6 bilhões nessas empresas até o próximo ano, como mostra nossa reportagem. Esses investidores estão atentos às oportunidades e adotam postura mais madura, indicando, mais uma vez, novidades que chegam ao mercado brasileiro, impulsionando o seu desenvolvimento.

Questões como essas vão permear o dia a dia das empresas ao longo de 2015 e, nesse momento em que o País acaba de passar por um processo eleitoral, esperamos que elas sejam discutidas e colocadas em prática de maneira positiva para toda a comunidade de negócios. É com esse espírito que a GS1 Brasil se prepara para o próximo ano, com o compromisso de contribuir para o crescimento do País, com muita competência e ética.

Um forte abraço,

João Carlos de Oliveira

presidente

Page 4: Brasil em Código - 14ª edição

expediente

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João Carlos de Oliveira Presidente

Antônio Carlos LeãoJosé Humberto Pires de Araújo

Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi

Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa

Vice-Presidentes

Virginia Villaescusa Vaamonde ceO e diretOra de Marketing

e relações instituciOnais Charles Sampaio

diretOr de Finanças e serViçOs cOrPOratiVOs Roberto Matsubayashi

diretOr de inOVaçãO e alianças estratégicas Silveraldo Mendes

diretOr de PrOcessOs e atendiMentO aO assOciadO

COORdEnAçãO dA REViStAAndréa Palmer

GS1 BRASiLRua Henrique Monteiro, 79

Pinheiros – 05423-020 – São Paulotelefone: (11) 3068-6229

www.gs1br.org

REdES SOCiAiSfacebook.com/gs1brasil

www.linkedin.com/company/gs1-brasilwww.youtube.com/gs1brasil

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FALE COM A REdAçã[email protected]

PROdUçãO EditORiAL E GRÁFiCAG&t Comunicação Ltda.telefone: (11) 2503-4618

[email protected]

EditORA denise turco – MtB 43.537 EditORA-ASSiStEntE Kathlen Ramos

REViSãO Helder ProfetaFOtOGRAFiA Paulo Pepe

CAPA Marcelo GorzoniARtE Adriano Cristian Fernandes

COLABORAçãO Adriana Bruno, Ana Paula Garrido, Camila Guesa, Claudia Manzzano, Giseli Cabrini,

Margareth Meza, Patricia Lucena (texto);e Edson Perin (artigo)

iMPRESSãOReferência Gráfica

tiRAGEM 3 mil exemplares

A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

Brasil se prepara para implementar a rastreabilidade de medicamentos

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comunicação

Page 5: Brasil em Código - 14ª edição

44 GESTÃO Saiba como preservar dois importantes tesouros das empresas, as marcas e as patentes

SumáriO

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CAPA Medida que introduz a rastreabilidade de medicamentos no País vai garantir a segurança do paciente. tecnologia é protagonista no projeto, com destaque para o código datamatrix

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ENTREVISTA João Melhado, da Endeavor, fala sobre os desafios de ser um empreendedor, desejo que virou uma mania nacional

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jOGO RáPIdO A consultora Fátima Merlin destaca a necessidade de aplicar o conceito de shopper marketing

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EdUCAÇÃO GS1 Brasil oferece programa de cursos gratuitos aos associados para ajudá-los a potencializar os negócios

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MERCAdO Redes da área de alimentos saboreiam bons resultados por meio de franquias e formatos alternativos

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PERFIL Com campanha de mídia divertida, OLX fortalece o segmento de classificados on-line

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TENdÊNCIA Conheça o novo perfil dos investidores-anjo e suas apostas para 2015

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6 CURTAS 10 INSTITUCIONAL digital16 LEGISLAÇÃO32 VAREjO38 EVENTO48 ESTRATéGIA 54 FINANÇAS57 OPINIÃO58 RAdAR60 RECURSOS HUMANOS66 TECNOLOGIA & NEGÓCIOS

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Projeção cinematográficaA ABAD 2014 – Curitiba, 34ª Convenção Anual do Atacadista Distribuidor, realizada no Expotrade Convention Center, em Pinhais (PR), em agosto, foi mais um encontro estratégico para o segmento, discutindo o tema “Foco e Eficiência: Fazendo mais pelo Brasil”. Presente em mais um ano no evento, a GS1 Brasil foi destaque, pois ganhou a primeira colocação no Prêmio POPAI de melhor ação promocional de estande, entre aqueles com 51 m² a 100 m². O espaço, que simulava um cinema 3D, demonstrou ao público soluções de rastreabilidade e identificação por radiofrequência envolvendo os padrões globais.

Garantia de origem Com o objetivo de apresentar as boas práticas de rastreabilidade na área de alimentos, a GS1 Brasil participou do V Seminário de Monitoramento e Rastreabilidade de Alimentos, organizado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em Campinas (SP). No evento, realizado em setembro, a assessora de negócios da GS1 Brasil, Flávia Costa, apresentou o tema “Tecnologia Consolidada da Garantia de Qualidade na Trajetória do Alimento desde a Origem até o Consumidor Final”. A palestra abordou

o padrão de identificação e de boas práticas de rastreabilidade, mostrando os resultados obtidos entre os associados da entidade. “Também convidamos a empresa Itaueira para mostrar um caso

prático utilizando o Sistema GS1”, contou Flávia.

Prêmio Automação A GS1 Brasil premia, desde 1998, as organizações que difundem as tecnologias e padrões globais. E neste ano não será diferente. Chegando a sua 17ª edição, o Prêmio Automação será realizado no HSBC Brasil, em São Paulo (SP), com estimativa de receber mais de 750 convidados, entre executivos do mercado, associados e imprensa. A entidade premiará os cases de empresas que se destacaram em automação, em torno do tema “Grandes Ideias em Evidência”, conta a assessora de organização de eventos sênior da GS1 Brasil, Poliana Nogueira.

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Parceira dos supermercados Com o tema “Supermercado 360º – Uma Visão Estratégica para o Consumidor”, a 48ª edição da Convenção ABRAS reuniu, em setembro, em Atibaia (SP), os principais líderes supermercadistas do País, além de renomados especialistas do varejo internacional. A GS1 Brasil marcou presença no evento com estande para receber os executivos e mostrar os benefícios da automação, diz o assessor de soluções da entidade, Marcelo Sá. Foram apresentadas duas soluções aos varejistas e associados: o Cadastro Nacional de Produtos (CNP), plataforma on-line para controlar e gerenciar o cadastro de mercadorias, e o GEPIR (Serviço de Verificação Global de Autenticidade de Prefixos), serviço gratuito e criado para garantir a checagem da autenticidade pelos usuários dos códigos de barras de produtos a partir de uma base de dados compartilhada mundialmente.

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Aposentadoriaem segundo planoSessenta e dois por cento dos jovens de 16 a 24 anos não fazem nenhum tipo de contribuição para a aposentadoria, segundo dados do Indicador de Educação Financeira (IndEF) 2014, elaborado pela Serasa Experian e IBOPE Inteligência. Apenas 31% desse público contribui com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e 1% com a previdência privada. Ainda de acordo com o levantamento, 49% da população de 25 a 34 anos e 46% dos brasileiros de 35 a 44 anos também afirmaram não fazer qualquer investimento para uma vida financeira segura no futuro.

Onda verdeEstudo realizado pela Grant Thornton com 2,5 mil empresas em 34 países mostra que a postura social e ambientalmente sustentável gera, além de uma boa imagem pública, retorno financeiro. No Brasil, 300 empresas participaram da pesquisa e os resultados mostram que a melhoria da eficiência energética e gestão de resíduos são as práticas mais usuais (48%), seguidas por criação de produtos e serviços que reduzem impacto ambiental (46%), doações para organizações de caridade (42%), avaliação prévia de processos de fusão e aquisição para medir impacto do negócio sobre direitos humanos (27%) e cálculo da pegada de carbono (22%).

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8 out/nov/dez 2014 [ BrasIL EM cÓDIGO ]

Nordeste em altaNa contramão do restante do País, o Nordeste apresenta cres-cimento sólido e expressivo e, por esse motivo, é considerado uma região de boas oportunidades para fabricantes e varejistas brasileiros. “O reflexo desse crescimento é ainda mais visível quando analisamos os investimentos da indústria na região, o maior número de matrículas em universidades e a expansão de outros setores como um todo”, comenta a executiva de atendimento da Nielsen, Sabrina Balhes. No varejo, há um crescimento expressivo nos canais tradicionais, como os supermercados pequenos, e também no atacarejo.

Por umaalimentação saudávelA GS1 Brasil participou do Produce Marketing Association (PMA) Fresh Summit, realizado em outubro na Califórnia, Estados Unidos. O evento antecipa as tendências mundiais da cadeia de alimentos e flores por meio de congresso e exposição, que atrai compradores de todo mundo. “Uma das grandes mensagens da feira foi inspirar as pessoas a ter uma alimentação mais saudável”, conta a assessora de soluções de negócios da GS1 Brasil, Flávia Costa, que esteve presente no evento. Segundo ela, também foram realizadas visitas técnicas a empresas produtoras de tomate, limão e morango e a distribuidores de foodservice com tecnologia de corte de alimentos frescos. O grupo contou com 75 participantes, em sua maioria brasileiros, entre produtores, representantes de empresas de sistemas, embalagens, sementes e varejistas.

Além da contaMesmo com um aumento de quase 7% na renda e uma maior conscientização dos gastos, pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel mostra que o endividamento no Brasil ainda é alto. A renda média da população, em 2012, era de R$ 2.603 e passou para R$ 2.779, em 2013. Porém, o gasto médio do consumidor no ano passado foi de R$ 2.762, uma alta de 8,7% se comparado ao período anterior. Nesse cenário, as classes sociais mais endividadas são a D e E, com 53% das famílias gastando mais do que ganham.

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Publicidade na mira Pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel, em parceria com a Associação Paulista de Supermercados (APAS), mostrou que 46% das marcas líderes perderam participação no mercado em 2013. Segundo o estudo, para ficar na memória do consumidor, os fabricantes precisam pagar um preço muito alto. Em 2013, os investimentos publicitários contabilizaram R$ 112,6 bilhões, aumento de 19% na comparação com 2012. A previsão é de que o Brasil seja o quinto maior mercado publicitário do mundo em 2015, e os segmentos que receberão maior investimentos serão comércio, higiene pessoal e beleza, serviços, veículos, peças e acessórios, mercado financeiro e seguros, cultura, lazer, esporte e turismo.

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-SP) inaugura em novembro a sua primeira loja--conceito com o objetivo de capacitar os empreendedores do comércio varejista, em especial aqueles que atuam na área de vestuário. No espaço localizado no Brás, bairro da capital paulista que possui a maior concentração do varejo de confecções do Brasil, os profissionais recebem

orientações para montar e administrar uma loja com aulas práticas e consultoria. A entidade organizará visitas para os empresários conhecerem conceitos de visual merchandising na loja-modelo, que terá exposição de produtos de vestuário, calçados e acessórios de moda. Empresas do comércio em geral, indústria e serviços também recebem atendimento no local.

Hora da viradaBuscar inspiração na trajetória de profissionais que fazem a diferença pelas empresas por onde passam e obtêm excelentes resultados. Para compartilhar esse tipo de atitude vencedora, o consultor Sérgio Mena Barreto lança Top Five, seu segundo livro. Em 25 anos de observação, Barreto, que também é diretor-presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA), verificou traços em comum nesses executivos acima da média. Assim, desenvolveu um modelo, com base em cinco atitudes, que pode ajudar qualquer pessoa a traçar seus objetivos e alavancar a carreira.

Modelo para o varejo de moda

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DIGITALINSTITUCIONAL

A GS1 Brasil apresenta o seu novo portal na internet a fim de consolidá-lo como o principal canal de comunicação com associados, empresários, empreendedores e interessados em automação. O endereço continua o mesmo (www.gs1br.org), assim como o objetivo do site: ser a porta de entrada para as empresas que precisam de código de barras e fonte de consulta para quem busca informações atualizadas e precisas sobre as soluções globais, como tecnologia de identificação por radiofrequência no padrão EPC (Código Eletrônico de Produtos), EDI (Troca Eletrônica de Dados), GDSN (Rede Global de Sincronização de Dados), entre outras.

“O portal está moderno, aderente às novas tecnologias e alinhado com o novo padrão visual da GS1 em todo o mundo. Além disso, ficou mais interativo e contemplando maior quantidade de informações para associados e empreendedores”, resume o coordenador de comunicação e eventos da GS1 Brasil, Frederico Bellini. Ele reforça que o site segue em linha com as ações que visam o fortalecimento da entidade no ambiente digital, a exemplo da produção de vídeos, maior interação nas redes sociais, webinars e novas soluções, como o Cadastro Nacional de Produtos (CNP).

Os associados podem contar com um novo conteúdo, que privilegia a linguagem mais simplificada sobre todas as soluções e serviços prestados pela GS1 Brasil. “Reescrevemos todo o conteúdo usando uma linguagem menos técnica e com mais foco em negócios, para atendermos melhor ao

público que acessa o nosso site. Afinal, o código precisa ser encarado como uma solução que apoia as empresas, e não como algo complexo”, comenta Bellini.

Outra novidade é que o portal oferece, automaticamente, conteúdos relevantes e complementares de acordo com a na-vegação. Se o usuário estiver navegando na página dos códigos de barras, por exemplo, o site mostrará outros conteúdos rela-cionados, como cases, cursos e notícias sobre o tema.

Há ainda outros destaques: informações segmentadas por setor; guia de parceiros para quem procura fornece-dores de serviços e produtos na área de automação; amostras gratuitas de certificação do código de barras; cursos e treinamentos gratuitos; e materiais técnicos para associados. As informações institucionais também estão todas neste canal, dentre elas, o link para o agendamento de visitas ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT).

O novo portal ganhou uma área exclusiva para vídeos sobre códigos de barras, EPC/RFID, CNP e Prêmio Automação. As principais reportagens da revista Brasil em Código também ganham conteúdo extra em versão audiovisual.

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Por Kathlen Ramos

Centro de soluções

Foi desenvolvido com design responsivo. Assim, adapta-se de acordo com os dispositivos de acesso – telas de computadores, notebooks, tablets ou celulares.

O processo de associação para obtenção do código de barras está mais simples, com uma menor quantidade de campos a ser preenchida.

O painel do associado foi reformulado e, agora,

além de permitir vários usuários por empresa, con-templa serviços que podem ser realizados diretamente pelo portal, sem a necessidade de envio de e-mails ou contatos com a central de atendimento.

É possível verificar dados contratuais e facilidades, como código adicional, recadastramento, transferên-cias, visualização de histórico de pagamentos e certifi-cação do código de barras.

Conhecimento em um cliquePrincipal canal de comunicação da entidade ganha novo visual e mais interatividade

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Conheça os principais destaques do novo portal da GS1 Brasil:

10 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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SISTEMAS DE ARMAZENAGEM AUTOMÁTICALINHAS DE SEPARAÇÃO DE PEDIDOS – PICKING

SISTEMAS DE MOVIMENTAÇÃO INTERNA – INTRALOGÍSTICALINHAS DE MONTAGEM E TESTES DE FUNCIONAMENTO

VEÍCULOS GUIADOS AUTOMATICAMENTE – AGV, LGV E SLSCÉLULAS DE TRABALHO E PALETIZAÇÃO ROBOTIZADAS

ARMAZÉM MULTI-PROFUNDIDADE COM CARRO SATÉLITE

www.cassioli.com.br

CASSIOLI BRASIL LTDA - Rua Gustavo Henrique Meerson, 235 – Parque Industrial JundiaíCEP 13213-186 – JUNDIAÍ – SP - Tel +55 11 4525 1001 – Fax +55 11 4525 1665 – [email protected]

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Por Camila Guesa

EDUCAÇÃOINSTITUCIONAL

GS1 oferece programa de cursos gratuitos aos associados a fim de ajudá-los a potencializar o uso dos padrões globais

Um código para todos

Profissionais do varejo, da indústria e da área de tecno-logia da informação juntos em uma sala de treinamento na sede da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação, na capital paulista. Qual é o ponto comum capaz de reu-nir diferentes interesses? Simples: aprofundar seus conhe-cimentos sobre uma solução acessível e que facilita a gestão dos negócios, o código de barras. Adotado mundialmente por mais de 1,4 milhão de empresas dos mais variados ra-mos de atividade, essa ferramenta é essencial para identi-ficar produtos, capturar, com rapidez, dados cadastrados previamente em um sistema e, assim, ainda obter maior controle das operações.

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Linguagem únicaProfissionais de diferentes áreas aprofundaram seus conhecimentossobre automação nos cursos da GS1 Brasil

Tássia Ruiz

Marcio Cinachi

Marcio Belan

Eduardo Gomes

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PaRa EnTRaR no PadRão

Conheça os cursos oferecidos pelo Programa de Educação GS1

Código de Barras I: ensina como desenvolver e gerenciar a identificação do seu produto. Aborda regras e requisitos técnicos para a correta construção e utilização do código de barras, como cores, tamanho e aplicação.Código de Barras II: mostra como criar a identificação e a aplicação dos códigos de barras para melhorar a gestão logística e garantir controles precisos, pontos que são a base dos processos de rastreabilidade. RFID com Base no Padrão GS1 EPCglobal: aborda a tecnologia de identificação por radiofrequência, que possibilita identificar produtos, realizar inventários, compartilhar informações e fazer a rastreabilidade em toda a cadeia de abastecimento, utilizando o padrão Código Eletrônico do Produto (EPC).Rastreabilidade – Implementação com o Sistema GS1: mostra os conceitos de rastreabilidade e sua importância para o consumidor. O foco é apresentar os requisitos básicos para a estruturação de sistemas de rastreabilidade.

Interesse comumTreinamento na sede da

entidade atrai público diversificado

Associado da GS1 por meio da Indústria Brasileira de Tubos Flexí-veis (IBTF), Marcio Roberto Belan decidiu expandir os negócios e associar também a nova empre-sa do grupo – a Indústria Belan de Mangueiras Técnicas (IBMT). Foi quando se interessou em participar do curso realizado na entidade em agosto. “Não tínhamos conheci-mento aprofundado sobre o código de barras”, disse. Segundo ele, este é um momento propício para se in-formar, pois a IBMT foi criada há apenas seis meses e, assim, pode começar com o código aplicado de forma correta. Para tanto, ele foi acompanhado do especialista em sistemas e gerente de TI da Micro Mello Informática – empresa que presta serviços a IBMT –, Eduardo Gomes. “Participamos com a ideia de conhecer melhor o código de barras para aprender a criar um software que atenda completamen-te o padrão GS1”, afirmou Gomes.

A analista de supply chain da Netshoes – que atua no comércio eletrônico de produtos esportivos, Tássia Cardoso Ruiz, também esta-va presente no curso e recomendou a experiência. “Muitos colaboradores da nossa empresa têm dúvidas sobre como aplicar o código de barras, sua funcionalidade e a importância dele para o processo de vendas. Com a participação no curso, pude adquirir mais informações que repassarei in-

ternamente”, afirmou. Além disso, o conteúdo foi essencial para dar con-tinuidade, de maneira correta, aos novos projetos da Netshoes.

PaRTICIPE! a EnTIdadE PREPaRa novoS TEMaS PaRa 2015.As inscrições podem ser feitas pelo site da GS1 Brasil (www.gs1br.org)ou pelo telefone (11) 3068-6229.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2014 13

Page 14: Brasil em Código - 14ª edição

dIRETRIz GLoBaL

Do escritório global da GS1, na Bélgica, vêm as orientações para atuação mundial da entidade em suas 111 organizações-membro espalhadas por todo o mundo. Na área de educação, por exemplo, um dos papéis do GS1 Global Office é fornecer treinamento para os colaboradores da entidade sobre o Sistema GS1. O conteúdo, desenvolvido por especialistas, está disponível em diferentes formatos: cursos presenciais, e-learning e vídeos educativos que podem ser traduzidos ou legendados. “Utilizamos o mesmo material para todos a fim de garantir consistência em relação ao conteúdo passado. As organizações-membro são incentivadas a personalizar esse material para treinar seus associados”, comenta a gerente de treinamento e educação do GS1 Global Office, Claudia Riemer. Para se ter uma ideia, em 2013, mais de mil colaboradores da entidade, em âmbito global, participaram de um programa de certificação on-line que fornece conhecimento básico sobre todas as soluções da GS1. A entidade acredita na força da internet para treinar seus colaboradores e, assim, chegar mais facilmente às empresas. Por isso, nos próximos meses, o GS1 Global Office lançará uma nova plataforma on-line e disponibilizará mais 15 novos cursos. Desse modo, cada unidade da GS1 poderá usar o sistema para treinar seus associados com a possibilidade de incluir o material desenvolvido localmente.

14 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Já o coordenador de engenharia da indústria metalúrgica de produ-ção e venda de correntes de trans-missão D.I.D. Correntes, Marcio Cinachi, aproveitou a ocasião para se preparar para as mudanças esta-belecidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), que passará a exigir a aplicação do código de barras e rastreabilidade nas correntes de mo-tocicletas a partir de 2015. Apesar de já ter estudado sobre o assunto, fazer o curso presencial foi impor-tante para sanar as dúvidas. “Como temos uma gama grande de produ-tos, não sabíamos como selecionar quais itens poderíamos incluir o código de barras. Esclareci essas e outras informações e, junto ao meu pessoal, farei nossos produtos com o código já aplicado”, disse.

MúlTIPlOS FORMATOSPara ajudar os associados e inte-

ressados a utilizar os padrões glo-bais de identificação, captura e co-municação, a GS1 Brasil criou um programa de educação com aulas ministradas em sua sede, em São Paulo (SP), e também por meio de plataformas via internet.

O programa presencial é dividi-do em quatro módulos (veja boxe), com workshops mensais com carga horária de três horas e meia cada um. São apresentadas diferentes soluções para ajudar a aumentar a rentabilida-de das empresas, ensinando como identificar e codificar produtos, uni-dades logísticas, serviços, ativos, lo-cais e documentos. O curso também mostra como fazer a rastreabilidade de maneira eficiente, facilitando o acesso a novos mercados.

Tássia Ruiz, Marcio Cinachi, Marcio Belan e Eduardo Gomes participaram do módulo Código de Barras I, no qual conheceram, em detalhes, a funcionalidade deste padrão, sua formação, aplicação e leitura. Este curso é oferecido jun-tamente com outro tema, escolhido conforme a demanda do associado.

Neste ano, a GS1 Brasil inovou e, além do conteúdo teórico, incluiu a visita ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), recentemente inaugurado pela entidade. Nesse espaço, que possui equipamentos de ponta, é possível observar a apli-cação prática do que foi aprendido, como, por exemplo, a impressão do código nas embalagens.

Os cursos in company são outra opção para quem precisa se capaci-tar. A equipe da GS1 vai até as em-

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Page 15: Brasil em Código - 14ª edição

aprendizado práticoCursos presenciais incluem visita ao Centro de Inovação

e Tecnologia (CIT)

presas para compartilhar os conhe-cimentos sobre códigos e padrões com funcionários e prestadores de serviços terceirizados.

Além das aulas presenciais, a associação oferece cursos gratui-tos no formato webinar, que per-mite interação por meio de chat. Neste formato de treinamento, as--sociados de todo o Brasil po-dem acessar informações sobre as ferramentas e as soluções da GS1. “De acordo com a deman-da, temos também o Pergunte ao Especialista, que discute, ao vivo e on-line, dúvidas comuns entre

os associados sobre determinado tema. Em setembro, por exemplo, falamos sobre identificação logís-tica, no qual abordamos o código GS1-128 e como ele possibilita fa-zer a rastreabilidade e o controle de estoque”, explicou a assessora de soluções de negócios da enti-dade e responsável pelo Programa de Educação GS1, Flávia Costa. A entidade planeja, ainda, oferecer cursos via internet, ao vivo, com interação entre os especialistas da

GS1 e os internautas, possibilitan-do sanar dúvidas e questionamen-tos em tempo real.

Outro braço do Programa de Edu-cação GS1 é a parceria com universi-dades, a exemplo do Instituto Mauá de Tecnologia. Recentemente, a Mauá, com o apoio da GS1, in-cluiu uma disciplina focada na tecnologia RFID na grade curricu-lar nos cursos de graduação de en-genharia de controle e automação, elétrica e eletrônica.

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Por Giseli Cabrini

Empreendedores do setor de serviços devem estar atentos às mudanças na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas

A comemoração do Ano-Novo terá um significado especial para os empreendedores brasileiros. A partir de 1º de janeiro de 2015, empresários do setor de serviços poderão usufruir das vantagens oferecidas pelo Simples Nacional. Isso graças a um dispositivo legal (147/2014), que atualiza a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (123/2006), em vigor desde julho de 2007.

“A grande mudança está na chamada universalização das micro e pequenas empresas. O único critério para adesão ao Simples passa a ser o faturamento, e não mais a atividade econômica”, explica o conselheiro do Conselho Regional

de Contabilidade de São Paulo (CRC-SP) Sebastião Gonçalves dos Santos. Desse modo, qualquer empresa com faturamento até R$ 3,6 milhões, com pequenas exceções, poderá aderir ao programa. Foram inclusas, por exemplo, organizações que atuam nas áreas de serviços, como medi-cina, fisioterapia, psicologia, arquitetura, engenharia, pu-blicidade e atividades intelectuais de natureza artística, cul-tural ou desportiva. E ainda quem opera na produção ou venda no atacado de refrigerante e águas saborizadas.

O Simples é um sistema de tributação diferenciado para as micro e pequenas empresas (MPEs) que unifica

LEGISLAÇÃO MPE

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Contagem regressivapara um novo ano

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três impostos e cinco contribuições em um único Documento de Arrecadação do Simples Nacional, o DAS. A opção por esse regime costuma reduzir custos tributários e burocracia.

“A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas é um dispositivo vivo e sempre estamos em busca de aperfeiçoá-lo. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) continua trabalhando para criar um ambiente legal mais favorável aos pequenos negócios no País”, afirma o gerente de políticas públicas do SEBRAE Nacional, Bruno Quick. Atualmente, as MPEs respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB), 52% de todos os empregos com carteira assinada e 40% da massa salarial do País.

Segundo o SEBRAE, em 2007, o Brasil contava com 2,6 milhões de pequenos negócios. Hoje são mais de 9,1 milhões, que já arrecadaram mais de R$ 272,5 bilhões aos cofres públicos. A expectativa é de que, com as modificações, cerca de 450 mil empresas se inscrevam no Simples, nesse primeiro momento.

EFEITO RESSACAEmbora a universalização seja motivo para um

brinde, deve-se refletir antes sobre os riscos de uma eventual ressaca que essa oportunidade pode trazer no futuro. Santos ressalva que a lei complementar cria uma nova tabela progressiva, a de número VI, que estabelece o valor da alíquota do imposto que será pago a cada mês. “É preciso fazer as contas a fim de verificar se a adesão será, de fato, vantajosa. Por exemplo, se o empresário continuar a se enquadrar no regime de lucro presumido, a carga tributária será de 16,33% sobre o faturamento mensal. No caso do Simples, a alíquota começa em 16,93% para um fatu-ramento mensal de até R$ 180 mil.” Para o teto de R$ 3,6 milhões, a alíquota é de 22,45%.

O conselheiro do CRC-SP explica, no entanto, que no caso de regime de lucro presumido, além da alíquota de 16,33%, o empresário está sujeito a pagar um valor adicional de Imposto de Renda (IR), caso o lucro mensal supere R$ 20 mil. “Ele corresponde a 10% do valor do lucro mensal excedente a R$ 20 mil.”

Santos orienta que, antes de aderir ao Simples, o empresário busque ajuda de um profissional da área de contabilidade para fazer uma projeção do faturamento que a empresa terá em 2015 e considerar outras variáveis, como quantidade de empregados e valor da folha de pagamento. E, com isso, avaliar qual o regime mais vantajoso: Lucro Presumido, Simples e até mesmo Lucro Real.

OUTRAS NOVIDADESA nova lei também reduz o universo de MPEs

submetidas ao regime de substituição tributária, que hoje é de cerca de 1,5 milhão de empresas, para cerca de 300 mil, segundo o CRC-SP. Trata-se de um mecanismo usado por algumas secretarias da Fazenda dos Estados para cobrar antecipadamente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os pro-dutos adquiridos. Com a mudança, os pequenos empresários que atuarem em determinados seg-mentos (vestuário, móveis, couro e calçados, implementos agrícolas, materiais de construção, alimentos, papelaria, bebidas não alcoólicas, entre outros) não precisarão pagar o imposto antes de vender as mercadorias

As alterações buscam ainda desburocratizar alguns procedimentos. Elas preveem que o tem-po para abertura e fechamento de empresas seja de cinco dias. O prazo, hoje, é de 107 dias. A redução será possível graças ao Cadastro Único Nacional, sistema informatizado que acabará com as inscrições municipal e estadual e previsto para vigorar a partir de março de 2015. No caso de fechamento, a lei complementar possibilitará o cancelamento imediato do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), uma vez que ela desvincula o débito fiscal do débito da empresa. “É importante lembrar que a responsabilidade pelos tributos pendentes da empresa que está sendo fechada recairá sobre os sócios na condição de pessoa física”, alerta Santos, do CRC-SP.

A nova lei complementar traz benefícios também para o Microempreendedor Individual (MEI). Segundo o SEBRAE, a partir de agora, fica vedada aos conselhos representativos de categorias econômicas a exigência de obrigações diversas das estipuladas na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa para inscrição do MEI em seus quadros. Além disso, a cobrança de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) será na menor faixa existente. “A tributação deverá assegurar tratamento mais favorável ao MEI para realização de sua atividade no mesmo local em que residir, mediante aplicação da menor alíquota vigente para aquela localidade, seja residencial, seja comercial, sem prejuízo de eventual isenção ou imunidade existente”, explica Quick. Para ajudar a entender as mudanças, o SEBRAE oferece materiais e cursos gratuitos voltados a empresários e contadores, além de apoio nos pontos de atendimento, call center (0800 570 0800) e portal (www.sebrae.com.br).

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[[entrevista JOÃO MELHADO

Uma nação de empreendedoresApesar da burocracia e dos problemas estruturais, mais da metade dos brasileiros sonha em ter seu próprio negócio

Por Denise Turco

Trabalhar na própria empresa virou moda no Brasil. Pesquisa da Endeavor e Ibope mostra que 76% da população prefere ter um negócio para chamar de seu do que atuar como funcionário. É um dos maiores índices mundiais, ao lado de Turquia (82%), China (56%) e Estados Unidos (51%). Na última década, o empreendedorismo ganhou espaço no cotidiano do País e a atenção da mídia nacional. Porém, o brasileiro, que não desiste nunca, precisa ficar atento aos desafios que cercam esse sonho: lidar com a complexidade tributária, baixa qualificação da equipe, poucos conhecimentos de gestão e escassez de políticas públicas de incentivo para empreender, só para citar alguns exemplos.

Para ajudar a promover um ambiente que fa-voreça a cultura empreendedora e multiplique os negócios capazes de transformar o Brasil, a Endeavor, organização de fomento ao empre-endedorismo presente em 18 países, atua firme nesse propósito desde o ano 2000 no País. O trabalho da entidade consiste em selecionar pe-quenas e médias empresas com potencial de se tornarem grandes e as colocar em contato com empreendedores de sucesso. Gente do calibre como Carlos Alberto Sicupira e Jorge Paulo Lemann, da Ambev; Pedro Paulo Passos, da Natura; Sônia Hess, da Dudalina; Nizan Guanaes, do Grupo ABC; entre outros. Eles atuam como conselheiros ou embaixadores, ajudando os pe-quenos a diagnosticar e a resolver problemas, além de servirem de inspiração e motivação por meio de programas educacionais.

Há três anos, o economista João Melhado compõe a equipe da Endeavor na área de pesquisa

e mobilização, departamento responsável por criar conhecimento sobre empreendedorismo no País e articular as organizações interessadas no assunto de melhoria do ambiente de negócios. Ele acompanha os estudos que a Endeavor faz em parceria com várias instituições e, atualmente, conduz uma pesquisa em 14 capitais brasileiras para entender questões que envolvem políticas públicas locais. “Há muito que fazer nessa área e eu quero comprar essa briga”, diz. Na entrevista a seguir, Melhado fala sobre os desafios do empreendedorismo no Brasil.

Brasil em Código De que maneira a Endeavor atua junto aos pequenos negócios?JoÃo melHado Nossa missão é transformar os países por meio do empreendedorismo. Acreditamos nas empresas de alto impacto, ou seja, aquelas que inovam e querem ser grandes, mesmo começando pequeno. Temos uma equipe que percorre o Brasil analisando mais de mil organizações e, dessas, selecionamos dez. Entre os critérios de escolha estão: perfil empreendedor, inovação, ética e potencial de crescimento. A empresa selecionada conta com um gestor da Endeavor, que passa a ser uma espécie de sócio, acompanhando os negócios de maneira global, ajudando a dar foco e a verificar os desafios reais. Além disso, o gestor identifica na nossa rede, que possui mais de 30 mentores, um empresário de sucesso para ajudar o pequeno. Por exemplo: se ele está pensando em exportar, o colocamos em contato com o Beto Sicupira, da Ambev, para dar dicas, falar no que errou e acertou.

16 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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“Antigamente, as pessoas queriam ter uma banda de rock. Hoje, elas querem

montar uma startup”

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[[ENTREvISTA

BC Pesquisa recente da Endeavor/Ibope identificou que o brasileiro acredita que o empreendedor pensa somente em ganhar dinheiro para si próprio. Mas existe o empresário que sonha grande, é ético e está preocupado com inovação. Qual é a importância desse perfil para a economia nacional?Jm Hoje no Brasil existem 4,5 milhões de empresas. Desse total, 0,7% – ou 34 mil – crescem 20% ao ano, por pelo menos três anos. Essas são as empresas que classificamos de alto impacto. Elas representam uma parcela ínfima do total de organizações, mas são responsáveis por gerar 50% dos novos empregos e agregar quase 20% ao PIB. É delas que precisamos para ter um País melhor.

BC Como criar mais empresas de alto impacto?Jm Há várias questões que dificultam esse processo, como a falta de preparo para empreender e a complexidade tri-butária. A cultura empreendedora está muito bem aqui. No entanto, o empre-sário brasileiro precisa começar a so-nhar grande, ter uma ambição positiva, o que ainda não acontece. Ele precisa inovar e formar bons profissionais.

BC Em sua opinião, os empreende-dores brasileiros são inovadores?Jm Sim, mas eles são as exceções, e não a regra. Pesquisa internacional do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que 9% dos empre-endedores brasileiros dizem ter um negócio ou modelo de gestão novo para, pelo menos, parte do mercado. Esse é o mesmo número de Trinidad e Tobago! No Chile, chega a quase 40%. A razão para esse índice baixo é que no Brasil é recorrente a práti-ca de copycat ou cópia adaptada. Ela acontece quando pessoas trazem algo que deu certo lá fora e aplicam aqui, como, por exemplo, o frozen yogurt, os sorvetes mexicanos e a maioria dos aplicativos de celular.

BC O que é preciso para uma peque-na empresa se tornar grande?Jm Ter uma visão clara do merca-do, sonhar grande, ter um diferencial competitivo e formar um bom time. O empreendedor precisa saber resolver o problema do cliente, mas tem de ser um problema escalável, ou seja, não adianta resolver um grande problema para apenas dez pessoas. Exemplo: a criação de aplicativo de táxi. Até pou-co tempo atrás, para encontrar um táxi, era preciso ligar para uma central e o carro demorava a chegar. Agora, por meio de aplicativo, esse processo é muito mais rápido, ajudando a re-solver o problema de mobilidade nas grandes cidades.

BC Quais são os obstáculos para o empreendedor no Brasil? Jm Apesar de o tema estar bastante disseminado, ele começou a ser discu-tido recentemente no âmbito de polí-ticas públicas. O Simples é de 2004 e apenas neste ano foi aprovada a medida que vale para todos os setores. Outra questão é o teto de faturamento do Simples, de R$ 3,6 milhões. Quando ultrapassa esse montante e migra para o regime de Lucro Real ou Lucro Presumido, a empresa ainda não é grande, mas precisa se comportar como tal. Isso exige uma complexidade tributária que ela não está preparada para enfrentar. Hoje, 62% das empresas que excedem esse faturamento se tornam inadimplentes em dois anos, segundo

o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). É o que chamamos de “morte súbita”. Existem, ainda, outros fatores que afetam os negócios, como a infraestrutura logística deficitária e falta de capacitação da mão de obra.

BC Em outros países, os empre-endedores também enfrentam muitas dificuldades?Jm Com relação ao ambiente de negócios, ainda estamos na pré--história. Somos a sétima economia do mundo, porém ocupamos a 116ª posição no ranking Doing Business, que classifica o índice de facilida-de para fazer negócios nos países. É a mesma faixa do Paquistão e da República Dominicana. Aqui, o empreendedor gasta 2,6 mil horas por ano para pagar os impostos – é a pior taxa do mundo. Levamos o dobro do tempo do penúltimo co-locado, que é a Bolívia, com 1.025 horas. Nos países desenvolvidos, como Canadá, França, Holanda, gasta-se em torno de cem horas. O ponto positivo do Brasil é a cultu-ra .pró-empreendedor ismo, .que.se.destaca mundialmente. Apesar dos desafios, a forma como se fala de empreendedorismo aqui é mais positiva do que em outros lugares, como China, Argentina, México, África do Sul. Isso é importante, porque um país onde as pessoas acham que tudo vai dar errado não tem empreendedor.

20 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

“O empreendedor precisa estar aberto paraouvir a opinião dos outros”

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“Precisamos de mais empreendedores ousados e que não tenham medo de errar”

BC Quais são as principais iniciativas em termos de políticas públicas para as pequenas empresas? Jm Existem algumas frentes, como o Simples e ações pontuais. Há dois anos o governo federal lançou o programa Startup Brasil, para apoiar com dinhei-ro e capital intelectual o empreendedo-rismo tecnológico. Organizações como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) também auxiliam o empre-endedor. O governo de Minas Gerais lançou, em 2013, o Startups and Entre-preneurship Ecosystem Developement (SEED), projeto com foco em inovação. A Secretaria da Micro e Pequena Empre-sa e organizações como SEBRAE discu-tem várias políticas públicas, mas ainda precisamos concretizar esses debates.

BC No aspecto da gestão, quais são as principais dificuldades en-frentadas pelos empresários?Jm Em 2013, fizemos uma pesquisa em conjunto com o IBOPE, na qual entrevistamos mil empreendedores. Eles disseram que três dos quatro

maiores desafios estão ligados à falta de conhecimento em relação a fluxo de caixa, gestão de pessoas e noções básicas de como administrar um negócio. O segundo ponto mais mencionado foi a falta de dinheiro para investir.

BC Quais são os principais mitos em torno do empreendedorismo?Jm Muita gente abre a empresa por-que quer independência, trabalhar menos e ficar milionário em pouco tempo. Não é bem assim. O em-preendedor não tem um chefe, mas vários, que são os seus clientes. Ele trabalha muito mais do que se fos-se funcionário, porque precisa fazer tudo dar certo. Outro mito é a neces-sidade de ter um plano de negócios. Isso é interessante, mas muda a toda hora. Para começar um negócio, é importante ter uma ideia, testá-la, ver se tem gente interessada e se você está conseguindo resolver o proble-ma das pessoas. E, se necessário, mudar a estratégia. A adaptação é lei para o empreendedorismo.

BC Que características e ações são comuns entre os empreendedores de sucesso?Jm Não existe fórmula para empre-ender. Aliás, esse é outro mito. Existem empreendedores que obtiveram su-cesso de diferentes formas. O que faz a diferença? Estar antenado ao mercado, verificar o que o cliente precisa, ter foco e saber identificar os desafios e os entraves para crescer. Além disso, é difícil encontrar um empreendedor que deu certo fazendo tudo sozinho. Ele precisa estar aberto para ouvir a opinião dos outros e se cercar de gente boa.

BC Em geral, o empreendedor tem muitas responsabilidades e pouco tem-po para fazer cursos ou treinamentos? Que tipo de formação seria a ideal? Jm O empreendedor acha que vai aprender tudo no dia a dia. E ele vai mesmo. Porém, é fundamental se ca-pacitar. Tem um empresário de suces-so na Endeavor que fala: “Eu fiz uma grande empresa, mas demorou 20 anos e custou R$ 2 milhões. Se tivesse feito um MBA, teria feito a mesma coisa em dois anos com R$ 200 mil”. Claro, um curso de MBA não ensina tudo, mas é um exemplo para mostrar a importân-cia da capacitação.

BC Quais são as perspectivas e tendências para os próximos anos?Jm O empreendedorismo na área de tecnologia é uma tendência forte e existem motivos para isso. Se você dominar a tecnologia ou tiver um só-cio que faça isso, consegue abrir uma empresa com baixíssimo orçamento. Outra tendência são as franquias. Os brasileiros gostam desse modelo, que virou uma moda porque oferece baixo risco e retorno razoável. Nessa mesma linha de raciocínio, o copycat também tende a continuar em vários setores. Porém, você não inova quando investe em uma franquia ou copycat. A ques-tão é que precisamos de mais empre-endedores ousados, que não tenham medo de errar.

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Segurança na dose certa

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Medida que contribui com a rastreabilidade de medicamentos no Brasil acompanha tendência mundial na área farmacêutica para garantir a saúde do pacientePor Denise Turco

22 out/nov/dez 2014 [ BRasIL eM CÓdIGO ]

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Hoje o brasileiro já pode saber a procedência de vários tipos de alimentos que consome. A partir de 2016, terá um novo ganho nesse sentido: comprar medicamentos com garantia de origem e ter a certeza de receber um tratamento eficaz. Afinal, segurança é primordial quando o assunto é preservar vidas.

O ponto de partida para essa mudança é uma medida da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Resolução RDC 54/2013, que estabelece a rastreabilidade de medicamentos e tem a tecnologia como grande aliada. Na prática, cada caixinha de remédio vendida nas farmácias será identificada com um número serial, uma espécie de RG do produto, por meio do código bidimensional Datamatrix. A informação que será carregada pelo código ficará armaze-nada em um banco de dados, possibilitando verificar todo o caminho do medicamento desde a saída do laboratório, passando por distribuidores, hospitais, postos de saúde, far-mácias até o consumidor final.

A parti daí, mais informações sobre os produtos vão cir-cular no mercado, ajudando a prevenir falsificações, roubos e outros tipos de desvios. Além de aumentar a eficácia e a velocidade na solução de eventuais problemas, como o recall de medicamentos.

“Com a rastreabilidade, o big data chegará à cadeia far-macêutica. O maior uso da tecnologia da informação deverá se espalhar rapidamente na área dos cuidados para a saúde”, aposta o diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (INTERFARMA), Marcelo Liebhardt. A entidade possui 55 laboratórios associados e representa 54% do fatura-mento total da indústria farmacêutica no Brasil. Para exem-plificar, o executivo cita pesquisa realizada pela consultoria PwC nos Estados Unidos, em 2013, apontando que apenas 27% dos médicos incentivam o uso de aplicativos móveis relacionados à saúde. Mas a expectativa é de que, nos pró-ximos anos, 59% estimulem essa prática.

Por aqui, a expectativa é que, em breve, seja possível checar pelo celular as informações dos medicamentos adquiridos. “O consumidor verificará se o remédio é legítimo, se está dentro do prazo de validade e, o mais importante, se não tem alguma ocorrência que o coloque em risco”, completa o diretor da

empresa especializada em sistemas e consultoria para rastreabi-lidade de produtos T2 Software, Rodrigo Klein.

A medida será positiva para os hospitais, que fornecerão medicamento com garantia de origem aos pacientes, e também consultórios médicos. “A RDC 54 é um avanço e todos têm de colaborar. O médico terá a tranquilidade de receitar um pro-duto. E, de certa forma, a lei o força a conhecer melhor os me-dicamentos, porque os pacientes vão passar a cobrá-lo também caso aconteça algo de errado”, afirma o diretor da Associação Paulista de Medicina (APM), da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e do Comitê de Saúde da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Dr. Marun Cury.

Assim, a rastreabilidade terá um impacto direto na saúde da população, estimulando uma mudança de postura, no sentido de que ela ficará mais atenta ao medicamento que ingere e até mesmo comunicando a ANVISA em caso de problemas. Isso impulsiona as empresas a trabalhar com maior transparência, ajustar os procedimentos produtivos e oferecer mais qualidade.

Garantia de oriGemTodas as mudanças que virão com a rastreabilidade podem

ser resumidas em uma palavra: segurança. Essa é uma preo-cupação legítima. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 25% dos medicamentos comercializados no mundo são falsificados, considerando que a indústria farma-cêutica movimenta US$ 1 trilhão. A África registra o maior índice de falsificações, chegando a 50%. Nos Estados Unidos, 8% dos medicamentos são falsificados, percentual significa-tivo no faturamento do setor (US$ 400 bilhões). No Brasil, onde a indústria farmacêutica registra cifras de US$ 30 bilhões, o percentual oscila entre 5% e 8%. Os dados são de pesquisa internacional conduzida pela National Academy of Science, dos Estados Unidos, divulgada em 2013, e que contou com a participação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP).

O professor do departamento de tecnologia bioquímica e farmacêutica da FCF Marco Antonio Stephano, que repre-sentou o Brasil na elaboração do estudo e participou da con-sulta pública da RDC 54 junto à ANVISA, explica que os alvos das fraudes em âmbito mundial são os medicamentos com altos índices de vendas e preços elevados, como aqueles usados no tratamento do câncer, diabetes, Alzheimer, disfunção erétil, malária, doenças autoimunes e também anabolizantes. O ponto positivo é que no Brasil não foram localizadas fábricas de medicamentos falsos. Eles têm como origem, normalmente, China, Índia, Paraguai e Bolívia e entram ilegalmente pelas fronteiras. A pesquisa recomenda justamente a rastreabilidade, a ampliação dos mecanismos de controle de qualidade e aten-dimento ao consumidor para coibir as práticas ilegais.

Combate às fraudesUm medicamento é considerado falsificado em várias situa-

ções: quando não foi produzido pelo fabricante original e sofreu alterações, como, por exemplo, possuir um ingrediente ativo em

[ BRasIL eM CÓdIGO ] out/nov/dez 2014 23

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HistóricoDesde o início dos anos 2000, a rastreabilidade de

medicamentos é discutida no segmento farmacêutico. Em 2009, foi publicada a Lei 11.903, que instituiu o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM) e defi-

niu que todo remédio produzido, dispensado ou vendido seria controlado por meio de tecnologias de captura,

armazenamento e transmissão eletrônica de dados. Noano passado, a ANVISA publicou a RDC 54/2013,que regulamentou a lei e estabeleceu que as indús-trias devem disponibilizar três lotes de produtos

adotando o sistema de rastreabilidade até dezembro de 2015 e implantá-lo para

todos os itens até o finalde 2016.

dosagem muito alta ou baixa ou ter um componente diferente do declarado. Pode ter a data de validade alterada e vendido em embalagem falsa. Os riscos para a saúde são a permanência ou piora da doença e/ou problemas de intoxicação.

Outra situação são os medicamentos originais, mas roubados – prática também considerada como falsificação. Nesse caso, eles são armazenados sem as condições de higiene e conservação recomen-dadas e, por isso, podem não ter o efeito esperado. Esses produtos geralmente são destinados ao co-mércio das periferias das grandes cidades ou interior do País, em locais onde não há uma vigilância mais ativa. Segundo Stephano, da FCF, o roubo de medi-camentos chega a 12% no Brasil. “A esperança é que a rastreabilidade também combata o crime organi-zado de medicamentos”, acredita.

Atacar de frente essas fraudes torna-se cada mais relevante, tanto que agências reguladoras de diversos países estão exigindo a rastreabilidade de medicamentos. Neste momento, por exemplo,

24 out/nov/dez 2014 [ BRasIL eM CÓdIGO ]

ProcessoAntes de comprar equipamentos e mudar o software, é preciso conhecer, em detalhes, a operação da indústria – desde a ordem de produção até a expedição do produto.

ImPressão 2Segundo o gerente comercial da divisão de codificação industrial da Sunnyvale, Wagner Gennari, há três tecnologias de impressão: termo inkjet (jato de tinta), laser (que oferece codificação em alta definição para o Datamatrix) e termotransferência (traz alto desempenho para embalagens flexíveis).

ImPressão 1A impressão e a leitura do Datamatrix são as partes mais simples do projeto. O código armazena caracteres

numéricos e alfanuméricos (diferente de um QR Code, que, geralmente, dá acesso a uma URL). É importante ter uma qualidade boa de impressão para otimizar a sua leitura tanto na linha de produção quanto nas operações dos distribuidores e dos varejistas, recomenda o diretor da McPack, Marcelo Cozac.

Questões técnIcasConfira dicas para

ajustar as operações para rastreabilidade de

medicamentos, um processo complexo e que requer fornecedores confiáveis

InformaçãoO primeiro passo é estudar a fundo o assunto e conversar com fornecedores, especialistas, órgãos como GS1 Brasil, associações de classe e empresas parcerias.

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Fontes: Gs1 Brasil, MCPack, sunnyvale e Videojet

Estados Unidos, Coreia do Sul, China e também a União Europeia estão mo-bilizados em projetos similares ao bra-sileiro. Turquia e Argentina saíram na frente e hoje já são as referências mun-diais no assunto (veja boxe).

A pesquisa “Pain in the (Supply) Chain”, feita pela multinacional norte--americana que atua na área de logística UPS, realizada em 2013, nos Estados Unidos, consultou fabricantes de medi-camentos para saber os desafios enfren-tados em relação à segurança do produto, comenta o diretor da INTERFARMA, Marcelo Liebhardt. Para 48%, a falsifi-cação está crescendo mais rapidamente do que as ações para preveni-las; 40% citaram a má visibilidade da cadeia de suprimentos e o grande número de trans-ferências que nela ocorrem. “Esses dados ajudam a justificar a implantação da ras-treabilidade”, afirma o executivo.

teCnoloGiaA ANVISA definiu o código de barras

bidimensional Datamatrix como a tecno-logia a ser utilizada para captura, arma-zenamento e transmissão eletrônica de

dados para o sistema de rastreabilidade. Segundo a lei, o código deverá conter informações específicas para compor o chamado Identificador Único de Medicamentos (IUM). São eles: número de registro, número serial, data de vali-dade e lote. Isso atende a diferentes em-presas porque o Datamatrix comporta uma grande quantidade de informações, inclusive dados variáveis, ou seja, que mudam conforme o tipo de produto.

O código permite que se atribua um número serial único para cada cai-xinha de remédio. É justamente esse mecanismo que permitirá acompanhar o trajeto de um medicamento desde o laboratório até consumidor final. “Tecnicamente, ele tem outras caracte-rísticas que ajudam o segmento farma-cêutico, como, por exemplo, a facilidade de impressão na linha de produção. Além disso, é um padrão internacional, reconhecido pela ISO”, completa a co-ordenadora de soluções de negócios da GS1 Brasil, Ana Paula Maniero.

O Datamatrix é de domínio público, e a GS1 possui um padrão complementar que garante que todos os agentes da ca-

deia de medicamentos organizem as in-formações da mesma maneira dentro do código, permitindo, assim, a intero-perabilidade do sistema. Para ajudar as empresas, a entidade lançou, re-centemente, uma cartilha, disponível no site www.gs1br.org, com informa-ções para ajudar na correta aplicação e garantir a qualidade de impressão nas embalagens. A adesão para utilizar o GS1 Datamatrix é voluntária. “Em breve, não será mais necessário colocar o código de barras linear na caixa, porque essa infor-mação estará dentro do Datamatrix”, es-clarece Ana Paula.

Os códigos podem ajudar também em outras necessidades previstas nas operações logísticas a partir desse novo cenário. Pela lei, as indústrias precisarão identificar as embalagens de transporte – caixas maiores e paletes – para fazer a chamada relação de agregação, ou seja, informar todos os medicamentos con-tidos nessas embalagens. Dessa forma, todos os agentes da cadeia poderão con-ferir, de maneira automática, os produtos sem precisar abrir os volumes maiores na hora em que os recebem. Distribuidores

softwareÉ a parte mais importante da rastreabilidade, porque concentra a inteligência das informações. O sistema fará o controle de números seriais e do processo de agregação. Assim, é necessário prever vários tipos de situações, como devoluções, extravios, entregas não

realizadas, etc. Além disso, deve ser integrado ao ERP. “Invista num software robusto, preparado para lidar com grande volume de dados”, recomenda o diretor da divisão farma Brasil rastreabilidade da Videojet, Paulo Machado.

InvestImentoDepende do tamanho da indús-tria, da infraestrutura já instalada e dos processos. Segundo Cozac, da MCPack, uma empresa que tenha

apenas uma linha de produção deve investir cerca de R$ 1 milhão. Nas grandes companhias, os valores podem atingir R$ 50 milhões.

LeItores É importante lembrar que o equipamento que faz a leitura do código de barras tradicional não serve para o Datamatrix. É preciso que todas as empresas da cadeia de medicamentos, e não só a indústria, disponham de leitor 2D, diz Ana Paula Maniero, da GS1 Brasil.

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26 out/nov/dez 2014 [ BRasIL eM CÓdIGO ]

e redes de farmácias que fracionam os pedidos e precisam compor novas em-balagens de transporte também devem informar para o agente seguinte da ca-deia quais são os produtos que estão enviando. Para realizar esse processo, a GS1 Brasil sugere a utilização do có-digo GS1-128, ideal para operações logísticas e já conhecido no mercado, porque ele tem capacidade para com-portar a informação do número serial, também padronizado pela organização.

desafios para todos Para cumprir as exigências da lei,

as empresas deverão ajustar o plane-jamento da produção, operações lo-gísticas, sistemas e comprar equipa-mentos para impressão do código e leitura do Datamatrix. O investimento é elevado, mas, segundo informações fornecidas pela assessoria de imprensa da ANVISA, promoverá um retorno significativo na redução de custos de produção, de controles e gerencia-

mento de estoques, de automação de processos, evitando perdas.

“O grande desafio é adaptar-se a nova tecnologia sem impactar na pro-dutividade da indústria farmacêutica, pois acarretaria no custo do produto. Nossa preocupação também é com o pequeno varejo, que precisará fazer grandes investimentos para se adequar às exigências”, diz o vice-presidente da indústria Prati-Donaduzzi, Eder Mafissoni. A companhia, que atua

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O Datamatrix vem sendo adotado em todo o mundo, em especial na cadeia farmacêutica. A Turquia é pioneira nesse aspecto. O projeto surgiu da necessidade de o governo turco controlar o reembolso de remédios, pois ele subsidia a compra de 87% medicamentos. Para combater as fraudes, em 2010 foi instituída uma regulamentação nacional criando um sistema de rastreabilidade com o uso do padrão global GS1 Datamatrix. Cerca de 40 mil empresas estão envolvidas e são processadas 2,5 bilhões de informações sobre medicamentos por ano. Desde 2011, a Argentina também utiliza o GS1 Datamatrix para fazer a rastreabilidade de medicamentos, por determinação do Ministério da Saúde. A regra vale para fabricantes, distribuidores, farmácias, hospitais e outros pontos de dispensação. O projeto foi implementado de maneira gradual e, hoje, 3.661 SKUs são rastreáveis. Confira informações detalhadas nesta edição, na página 38.

No Brasil, o GS1 Datamatrix é utilizado por alguns hospitais que, a partir da necessidade de automatizar a separação de medicamentos, sugeriram aos fabricantes a identificação de medicamentos em ampolas e frascos (embalagem primária) com o código. O Hospital Israelita Albert Einstein é um dos pioneiros, começando esse processo em 2005. “Conseguimos maior eficiência e segurança para o paciente internado, pois acompanhamos o medicamento até o momento da administração. A RDC 54/2013, partindo da embalagem secundária, passa a ser uma pequena adição ao nosso processo, pois deveremos registrar a movimentação de entrada e a baixa do produto consumido”, explica o gerente de automação hospitalar do Einstein, Nilson Malta.

Paciente seguroHospital albert einstein utiliza o código para separação de medicamentos

Pioneiraturquia inovou ao adotar sistema de rastreabilidade na área farma

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com foco em medicamentos gené-ricos, fez um amplo mapeamento dos processos para identificar os ajustes necessários. “Será preciso fazer altera-ções no sistema como um todo, pois hoje os dispositivos de segurança e garantia da qualidade funcionam por meio de código de barras”, comenta Mafissoni. Também fará adaptação do layout das salas de produção e investirá em equipamentos de gravação seriada e software de gerenciamento logístico. A companhia prevê aplicar R$ 25 milhões na execução do projeto.

As maiores indústrias farmacêuticas que atuam no Brasil, representadas pela INTERFARMA, também se pre-param para atender a regulamentação e cumprir os prazos, segundo o diretor da entidade.

A Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (ABAFARMA) come-mora a rastreabilidade, medida espe-rada e apoiada pela entidade há vários anos. “É uma questão necessária não só pela maior segurança e qualidade do produto que chega ao consumidor mas também para evitar atos ilícitos”, afirma o diretor-executivo, Jorge Froes de Aguilar. Segundo ele, o setor tra-balha para adequar software e operação logística. “Já fizemos pilotos envol-vendo uma indústria, dois distribui-dores e algumas redes varejistas.”

Para a Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma), a medida é positiva, pois o Datamatrix resolve a questão da identificação e da rastreabilidade do medicamento. “O consumidor terá a certeza de que está comprando um produto original, pois muitos comércios dão grandes des-contos que geram dúvida sobre a quali-dade do remédio”, afirma o presidente da entidade, Pedro Zidoi.

Os principais grupos do varejo farmacêutico, representados pela As-sociação Brasileira das Redes de Far-mácias e Drogaria (ABRAFARMA), também concordam que a lei gera benefícios ao consumidor, comenta o presidente-executivo da entidade, Sérgio Mena Barreto. Ele lembra que a medida traz alguns desafios para o segmento. Um deles é definir, junto à ANVISA, como será a operação de envio das informações sobre a venda de medicamentos. “Isso porque, em agosto, a Agência publicou a Ins-trução Normativa 6, que completa a RDC 54/2013, estabelecendo que varejistas e distribuidores devem for-necer os dados para a indústria de-tentora do registro do medicamento”, explica a assessora de negócios e res-ponsável pelo setor de saúde na GS1 Brasil, Patrícia do Amaral.

Desse modo, o fabricante será o responsável por saber onde está o item na cadeia e informar à ANVISA, que não consultará as demais em-presas envolvidas. Nesse cenário, as associações discutem como conduzir essa operação, pois entendem que o

acesso a determinadas informações sai do âmbito regulatório e esbarra em questões comerciais.

Sem dúvida, a rastreabilidade ainda trará muitos desafios e investimentos para as empresas envolvidas no setor far-macêutico brasileiro, mas é um caminho sem volta. Afinal, quando o assunto é saúde não se deve medir esforços para atuar com responsabilidade.

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Para entender na PrátIca

No Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), instalado na sede da GS1 Brasil, em São Paulo (SP), é possível ver a simulação da impressão do código em uma linha de produção de indústria farmacêutica. O local recebe visitas dos interessados.

tendênciarastreabilidade de

medicamentos deve impulsionar o uso de

aplicativos móveis relacionados à saúde

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MERCADO ALIMENTAÇÃO

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Sabor deoportunidade

Comida rápida encontra mercado aquecido com empresas recém-inauguradas já criando franquias e formatos alternativos de negócioPor Ana Paula Garrido

Trocar um almoço por um salgado e um refrigerante, geralmente engolido às pressas entre um compromisso e outro. Quem nunca fez isso? Mas nada de sentir culpa, porque, apesar da onda de vida e alimentação saudável, com a correria do dia a dia, muita gente acaba se rendendo à praticidade do fast-food ou mesmo dos chamados snacks, como coxinhas, pastéis e esfirras.

Dados do Instituto de Food Service Brasil (IFB), divulgados em junho, mostram que a principal refeição feita fora de casa é o almoço (34%); em seguida, aparece o lanche da tarde. Nessas ocasiões, as pessoas dão preferência a snacks e comidas rápidas. Mas engana-se quem pensa que os consumidores priorizam apenas a rapidez do serviço. Segundo a sócia do Grupo Bittencourt, que atua na área de franquias, Lyana Bittencourt, nota-se que o consumidor está

mais exigente e preocupado com a qualidade e o frescor do alimento oferecido. Isso vale tanto para as opções gourmet quanto para os produtos tradicionais, que acabam recebendo novas variações, como um recheio diferente, por exemplo.

As empresas do setor têm se adaptado a esse cardápio e começam a saborear melhor os resultados desse mercado em expansão, em especial com a oferta de franquias. A começar por ser uma área quase que imune às crises econômicas. “Mesmo em períodos difíceis, as pessoas não podem ficar sem comer”, comenta o sócio da Empada Brasil, Márcio Rangel. A empresa foi criada em 1999, em Petrópolis (RJ), e hoje conta com 63 lojas espalhadas pelo Brasil, sendo apenas duas unidades próprias e o restante nas mãos de franqueados.

Mas a grande surpresa está nos resultados rápidos de empresas recém-inauguradas, como a Salgado Mania e a

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Coxinha du Chef, ambas abertas em 2013 e que já contam com franquias. A pesquisa do IFB ajuda a explicar esse cenário, apontando que o mercado brasileiro é jovem, já que 11% dos estabelecimentos têm menos de 12 meses de atividade e 41%, quatro anos ou menos.

A Salgado Mania, comandada pelos irmãos Thiago e Gustavo Chehara, investiu em um formato novo, com lojas pequenas e móveis – este incluindo o modelo de van, chamado de food truck, impulsionado pela Lei 15.947, que entrou em vigor em maio deste ano no município de São Paulo, permitindo o comércio de comida nas ruas (leia mais nas próximas páginas).

“Com o aluguel subindo demais, tivemos de pensar em alternativas. Depois de uma viagem para os Estados Unidos, surgiu a ideia de trabalhar com lojas móveis, até porque já havia esse projeto de lei em andamento por aqui”, explica Gustavo Chehara.

Outra estratégia do empreendedor, que também é dono da empresa de doces Docella, foi estabelecer acordos comerciais com o Grupo Pão de Açúcar para baratear o valor dos aluguéis, com a instalação de quiosques nos supermercados do grupo. “Para se instalar num shopping, o preço do aluguel é a partir de R$ 6 mil. Com a parceria, cai pela metade”, diz. Sem contar que, dentro dos supermercados, o fluxo de clientes é garantido, além do estacionamento ser gratuito. “A ideia é estar no local onde a pessoa está com fome”, diz o sócio da Salgado Mania, que conta com 13 unidades e tem recebido uma demanda de 30 candidatos a novas franquias por dia.

A Coxinha du Chef, que atua com lojas com-pactas a partir de 40 metros quadrados, também estuda esse formato. Até o momento, o sucesso da marca veio com a fórmula de aliar produto com qualidade por um preço baixo, com foco nas classes C e D, por meio de coxinhas servidas em cones com 6 e 12 unidades. Os preços são a partir de R$ 3.

“Sempre trabalhei com alimentação. O último restaurante que tive era focado no público A e B. Mas cheguei à conclusão de que é mais difícil ganhar dinheiro nesse segmento, pois, além de precisar de uma estrutura diferente, o público não é tão fiel assim. Se a bolsa de valores cai, você sente no fluxo do restaurante”, compara um dos sócios da empresa, Renato Iarussi. Com um ano de vida, a Coxinha du Chef já reúne 11 franquias e uma loja própria.

A ideia de Iarussi para atingir o mercado mais popular foi trabalhar com um produto de alta aceitação, de gosto unânime, e reinventá-lo com tipos diferentes de recheio, como a coxinha de bife à parmegiana e a de brigadeiro. Essa estratégia, aliás, é uma das questões indicadas pelo consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-SP) Marcelo Sinelli sobre o mercado de alimentação. “Como as pessoas não têm tempo, esse segmento apresenta um grande potencial. Mas o empreendedor precisa pensar qual será o seu diferencial para não vender mais uma simples coxinha no mercado.” Além de oferecer produtos complementares, como sucos e sobremesas, o preço é um fator fundamental para se destacar. “Neste ponto, porém, ganha-se com o volume de vendas. É um modelo que pode ser bem-sucedido, mas que exige muito trabalho. O empreendedor precisa estar ciente de que não terá descanso”, alerta Sinelli.

Os próprios empresários fazem coro sobre o empenho necessário. “A recomendação é de que o franqueado esteja presente no negócio. Ele precisará dedicar boa parte do tempo para a gestão. Até porque, ao mesmo tempo em que a demanda tem aumentado, também cresce a oferta e, logo, a competitividade”, comenta Rangel, da Empada Brasil, que tem apostado nas lojas instaladas dentro das estações de metrô em São Paulo (SP). A primeira foi aberta na estação Paulista, há cerca de dois anos. De lá para cá surgiram mais duas franquias: uma na

Caminho rentável Criada em 1999, Empada Brasil tem 63 lojas no País, sendo apenas duas próprias e o restante franquias

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[[MERCADO

Comida dE rua

A Lei 15.947, regulamentada pela Prefeitura de São Paulo em maio deste ano, promete facilitar a vida dos vendedores de comida de rua, com a permissão do comércio de alimentos, que antes era restrito aos vendedores de cachorro-quente e feirantes. Os produtos podem ser expostos em vans (os chamados food trucks), carrinhos ou barracas desmontáveis, tornando-se uma saída para os aluguéis de pontos comerciais, repetindo a estratégia já usada por Gustavo Chehara, da Salgado Mania.

Os interessados devem procurar a subprefeitura da região onde pretende se instalar para verificar se há previsão de novos pontos disponíveis, já que, em junho, a prefeitura divulgou uma lista com cerca de 700 espaços autorizados a ter esse tipo de comércio. Nesse caso, o vendedor precisa pedir o Termo de Permissão de Uso (TPU).

Cada subprefeitura é responsável por avaliar os pedidos e conceder ou não o alvará. Entre os documentos solicitados aos vendedores estão: croqui do local, indicação dos alimentos que serão vendidos e certificado de realização de curso de boas práticas de manipulação de alimentos.

O TPU terá um custo anual de 10% do valor do metro quadrado do quarteirão onde o vendedor ficará localizado. Nessa primeira lista, os valores do metro quadrado variaram entre R$ 18 (no bairro Cidades Tiradentes, zona leste) e R$ 2.943 (região do Butantã, zona oeste).

Para o consultor do SEBRAE-SP Marcelo Sinelli, a regulamentação tende a selecionar a qualidade dos produtos oferecidos. “Torna-se uma medida para verificar se o negócio tem algum tipo de problema.”

É justamente pensando em qualidade que dois chefs de trajetória internacional, Márcio Silva e Jorge Gonzalez, lançaram, em dezembro do ano passado, o Buzina Food Truck. A proposta é mudar o paradigma da comida servida na rua, geralmente dominada por pastéis, hot dog e espetinhos. Afinal, eles oferecem

refeições rápidas que levam ingredientes de alta qualidade, receitas diferenciadas – mas que podem ser facilmente consumidas com as mãos – e a preços acessíveis. Tudo é preparado de maneira artesanal em um caminhão adaptado a uma cozinha profissional, dentro dos padrões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

No cardápio há várias opções de hambúrguer, preparadas pelos próprios chefs, e dois pratos por dia. No caso das refeições, elas mudam conforme a disponibilidade de ingredientes, da criatividade e também do clima. Por exemplo, se faz calor, os chefs fazem salada de rúcula, queijo cabra e peito de frango grelhado. Se o tempo esfria, uma sopa de abóbora com amêndoas e queijo de cabra caramelizado.

O Buzina segue um roteiro semanal, sempre nas regiões sul e oeste da cidade. Enquanto aguarda liberação da prefeitura para estacionar em um ponto no bairro de Pinheiros, o caminhão para em locais privados, mas com acesso público, como recuo de alguma loja ou estacionamento. O itinerário pode ser verificado em suas páginas no Facebook (/buzinafoodtruck) e no Twitter (/buzinafoodtruck). De terça a sexta, já aten-de cerca de 150 pessoas por dia; aos sábados, de 300 a 350 experimentam os pratos.

Segundo Gonzalez, trata-se de um negócio viável, mas que exige trabalho duro. “Food truck não é diversão. Precisa planejar, estar atento aos detalhes, coordenar a logística e, principalmente, ter uma proposta única e original”, diz. O investimento da dupla de chefs foi de R$ 180 mil no caminhão com equipamento, valor que hoje está próximo de R$ 250 mil por causa da febre dos food trucks. “Esse mercado está crescendo absurdamente, mas agora é uma fase de moda, muita gente vai entrar porque é legal e divertido. Mas, com o passar do tempo, só ficarão os bons, que oferecem algo diferenciado em termos de produto e serviço”, aposta.

Nos Estados Unidos, o conceito de food truck já é bastante difundido, tanto que os negócios do segmento movimentam perto de US$ 700 milhões. No Brasil, é uma área muito nova, mas com grande potencial, acredita Gonzalez. De acordo com ele, as fábricas de veículos estão trabalhando com prazo de cinco meses para entregar os caminhões adaptados. É preciso entrar na fila de espera.

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estação Brás e outra na Faria Lima. “Conseguimos um retorno muito bom, principalmente pelo fluxo de pessoas. Tanto que, se em uma loja convencional recebemos 200 pessoas por dia, em média, nas unidades dentro do metrô o número chega a dobrar.”

Aproveitando o cenário positivo da comida rápida, empresas tradicionais fizeram ajustes no sistema de produção para crescer. É o caso da Pasteca, que atua há 20 anos em Santa Catarina com pastelarias de rua e decidiu adotar um modelo mais simplificado, reduzindo o cardápio de cerca de 100 sabores para 23 pastéis salgados. Além disso, começou a atuar, recentemente, no sistema de franquias, fornecendo aos franqueados a massa já cortada no tamanho do pastel e porções de recheios predefinidos. “Daí, é só assar ou fritar na hora”, explica a proprietária Miriam Terezinha Fellipi. O primeiro franqueado é de Erechim (RS), e a expectativa é fechar mais dois contratos até o final do ano.

A empresa, que possui duas lojas próprias em Chapecó e Xanxerê (SC), também implementou um novo jeito de atendimento para facilitar a vida do cliente. “Na lanchonete, a pessoa faz o pedido e recebe uma haste com o número. Em até dez minutos, ela recebe o pastel, sem precisar ficar prestando atenção no visor com a senha”, pontua Miriam.

DESAFIOS Para aproveitar o mercado favorá-

vel, sem nenhum problema de digestão, é preciso tomar alguns cuidados e saber das dificuldades que o setor tem enfrentado. De acordo com os empresários consultados, um grande problema é conseguir um ponto comercial. Prova disso são os seis franqueados da Coxinha du Chef que estão à espera de um espaço para se instalar. “Hoje temos uma pessoa na empresa dedicada apenas a buscar imóveis”, comenta Iarussi.

Outro alerta diz respeito à solidez dos negócios. Por isso, o consultor do SEBRAE-SP orienta compreender a Lei 8.955, que rege as franquias. Um dos itens da legislação diz que

a empresa a ser franqueada precisa emitir uma circular de oferta com os dois últimos balanços financeiros correspondentes aos últimos dois anos de operação, como forma de comprovar a segurança do negócio.

Com relação às lojas móveis, a es-pecialista Lyana Bittencourt chama a atenção para a alta exposição que o empresário terá diante do consu-midor. “Toda a operação precisa funcionar muito bem para evitar que o cliente veja ou perceba falhas na produção e no atendimento.” Além disso, ela alerta que as condições climáticas podem influenciar nas vendas. No caso do comércio reali-zado na rua, quando chove, o fluxo de clientes diminui.

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receita inovadoraCom lojas compactas, Coxinha du Chef saboreia expansão rápida aliando recheios diferenciados e preço baixo

Nova estratégiaPasteca otimizou o cardápio de pastéis salgadose começou a atuar no sistema de franquias

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Por Margareth Meza

Economia desacelerada e concorrência acirrada são alguns motivos que levam o setor supermercadista a estar atento à prevenção de perdas para garantir seus ganhos. Tecnologias aplicadas nessa área têm sido importantes aliadas nessa missão

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VAREJO PERDAS

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excelênciaEm busca da

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O setor supermercadista trabalha com margens de lucro apertadas e com concorrência acirrada. É anfitrião de clientes exigentes e precisa manter uma série de ações para fazê-los comprar e retornar com frequência às lojas. Não bastasse essa lista de desafios, é o segmento varejista que mais registra perdas no País. Elas geram um prejuízo financeiro enorme para companhias de todos os portes.

Dados da Associação Brasileira de Supermer-cados (ABRAS) mostram o tamanho do problema. Em 2013, o índice de perdas sobre o faturamento líquido foi 2,52%, segundo a “14ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro – Supermercados”, o mais recente estudo sobre o tema, divulgado em agosto e produzido pelo departamento de economia e pesquisa da entidade e instituições parceiras. O índice está acima do lucro líquido do setor, que é de 2,3%, conforme o Ranking ABRAS, pesquisa anual publicada em abril. Os percentuais comprovam que prevenir perdas é premissa básica para ganhar fôlego em meio a um mercado competitivo.

“Quando a prevenção não é feita, a perda supera a margem e o varejista precisa repassar o prejuízo ao preço final, o que o torna menos competitivo. Com trabalho preventivo, ocorre o oposto e ele pode diminuir o preço. Essa com-paração deixa claro como se trata de uma ques-tão estratégica.” O alerta é de Carlos Eduardo Santos, presidente do Comitê de Prevenção de Perdas do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), co-ordenador do Grupo de Prevenção de Perdas do Programa de Administração do Varejo da Funda-ção Instituto de Administração (PROVAR/FIA), administrador do portal Prevenir Perdas e execu-tivo da Plastrom Sensormatic.

O coordenador do Comitê ABRAS de Preven-ção de Perdas e gestor da área no Condor Super Center, rede com 39 lojas no Paraná, Eder Ismael Motin, concorda com o especialista e vai

além. Para ele, não prevenir as perdas pode levar à evasão definitiva de clientes. “Uma das consequências da perda é a ruptura [falta de produto na gôndola], originada, entre outros motivos, por furtos e fraudes entre fornecedores e colaboradores. Se o consumidor não encontra o que deseja, ele se frustra. Se a ausência do produto for constante, certamente deixará de frequentar a loja”, adverte.

NA PRáTICAO autosserviço tem bons exemplos de

empresas cientes dessas implicações e que se empenham para alcançar índices de excelência. Um exemplo é o Condor Super Center, que reduziu as perdas de 2,14% para 1,64% entre 2012 e 2014. O SuperMaia, rede brasiliense com 15 lojas, 14 na capital federal e uma em Valparaíso (GO), registrava índice de 4,5% em 2006, quando foi iniciada a implementação das boas práticas de prevenção. Agora as perdas representam 1,8%.

Para alcançar esses números e se manter em posição de vantagem sobre boa parte do setor, as duas redes montaram estrutura sustentada nos pilares norteadores da prevenção de perdas: pessoas, processos e tecnologia. Para começar, é preciso que toda a equipe esteja engajada, inclusive a presidência, e que haja investimento em treinamento.

O Condor Super Center recorre a essas práticas para manter a eficiência e a produtividade de sua enorme equipe de prevenção, composta por, aproximadamente, 400 funcionários. Em cada loja há um encarregado, um ou dois auditores e oito agentes de segurança. O encarregado treina os colaboradores e os conscientiza sobre a importância dos processos. Os auditores checam precificação e data de validade na área de vendas. Os agentes ficam em pontos estratégicos de olho em tudo o que se passa.

O SuperMaia tem um fiscal de perdas por loja e um gerente geral para coordená-los. Esses pro-fissionais zelam pela qualidade da condução dos processos implementados pela rede. Observam, por exemplo, se os conferentes estão lançando a data de validade do que recebem no sistema interno.

Carlos Eduardo Santos,da Plastrom SensormaticEmpresas que não previnem perdas são menos competitivas

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Já os recursos tecnológicos são fundamentais para mensurar de maneira precisa os indicadores e, assim, maximizar os resultados. “A tecnologia é essencial para apurar, combater e prevenir as maiores causas das perdas ao atuar direta e indiretamente sobre elas. Não há como falar em performance nessa área sem recorrer à tecnologia”, destaca a diretora de operações e controle do SuperMaia, Nayra Maia.

A disponibilidade de softwares e hardwares para o varejo super-mercadista tem crescido à medida que aumenta a conscientização da necessidade de prevenir perdas, e ela avança a passos largos. O SuperMaia, por exemplo, desenvolveu um software interno com aplicações para todas as áreas, inclusive a de prevenção. Por meio dele, é possível até gerenciar prazos de validade, questão tratada com atenção por ser um dos pontos críticos do autosserviço alimentar. A pesquisa da ABRAS constatou que 14,7% das perdas identificadas do segmento ocorrem, simplesmente, pela validade expirada. “O conferente lança a data de validade de tudo que chega à loja nesse programa, que gera um relatório para ser repassado aos líderes de seção. O documento os ajuda a monitorar os prazos nas gôndolas”, conta Nayra.

A rede brasiliense encontrou uma solução para a gestão da validade, mas o mercado já disponibiliza uma ferramenta que auxilia nessa tarefa. Trata-se do código de barras GS1 DataBar, cujo diferencial é a capacidade de portar informações como o GTIN (Número Global de Item Comercial), número serial, lote e a data validade de cada item.

“Quando o código GS1 DataBar é lido, por conter a informação da validade nas barras, o sistema pode comparar com a data atual e, assim, checar se está vencido ou não”, explica o assessor de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá. Outro código que também auxilia nessa questão é o GS1-128, indicado para as operações logísticas. A entidade é responsável por divulgar o uso desses e de outros padrões para identificar e codificar produtos na cadeia de abastecimento.

MúlTIPlAS FUNçõESA tecnologia de identificação por

radiofrequência (RFID) também é uma opção para acompanhar e geren-ciar a data de validade. A dinâmica é a seguinte: os produtos recebem eti-quetas que portam um chip, no pa-drão global EPC (Código Eletrônico de Produto), da GS1, no qual o dado é armazenado. “Nesse caso, o leitor é dispensado. O chip é lido por ante-nas instaladas no ambiente. Um dos benefícios é a leitura das informações em tempo real e sem a necessidade de contato físico”, esclarece Sá.

Na opinião de Santos, a RFID também é bastante útil do ponto de vista logístico, especialmente no centro de distribuição (CD). “Ela aumenta a eficiência das operações de cross-docking e depósito ao reduzir a incidência de erros operacionais e gerar assertividade na emissão das notas fiscais”, enfatiza.

As etiquetas inteligentes também podem ser aplicadas em mercadorias com alto índice de ruptura, desde que tenham margens que subsidiem o custo da tecnologia. “O recurso possibilita a realização constante de inventários, fundamentais para reduzir estoque

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Eder Motin, do Condor Super CenterPessoas, processos e tecnologia são os pilares para

a empresa alcançar níveis de excelência

EstratégiaSuperMaia investe em um conjunto de soluções tecnológicas para prevenir as perdas

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Em plEno dEsEnvolvimEnto

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virtual e fazer o planejamento adequado das compras”, esclarece Santos.

Outra vantagem é facilitar o geren-ciamento dos produtos de alto risco (PAR). Nesse grupo, estão categorias de alto valor agregado e margem alta, como uísques, sistemas de barbear, equipamentos de foto e eletroportáteis. O índice de perdas desses artigos é tão alto que 83% do setor adota processos específicos para lidar com eles.

“A solução permite rastreá-los e, assim, evitar perdas por furtos e por má gestão de estoque. Com ela, o varejista consegue controlar, com facilidade, a posição e a movimentação dos itens no depósito, na área de vendas e no processo como um todo”, elucida a assessora de negócios da GS1 Brasil, Patrícia do Amaral.

O SuperMaia pretende adotar, em médio prazo, a tecnologia RFID para reduzir perdas, começando com PAR. Atualmente, a rede utiliza etiquetas antifurto para esse tipo de produto e instalou maior quantidade de câmeras – e mais sofisticadas – nos locais onde eles são expostos. “É uma alternativa

para reduzir o confinamento. Somente categorias muito caras, como uísques, ficam trancadas. Nesse caso, a opção é deixar somente a embalagem na gôndola”, revela Nayra.

No Condor, o rigor com PAR tam-bém é grande. Segundo Motin, esses itens chegam do CD em compar-timentos trancados que só podem ser abertos em um espaço vigiado por câmeras. “No depósito, permanecem isolados e sob filmagem”, descreve. Na área de vendas o confinamento é mínimo. Câmeras e etiquetas antifurto são os recursos para monitorá-los, como no SuperMaia. As redes estão no caminho certo, pois deixar esses artigos com acesso livre ao consumidor resulta em aumento de vendas de até 120%, de acordo com Santos.

MONITORAMENTO EFICAzNo SuperMaia, as imagens das

câmeras que vigiam PAR e todos os equipamentos instalados nas lojas e no CD – cerca de 750 aparelhos – são visualizadas em uma central de mo-nitoramento. A adoção desse modelo

unificador ajudou a reduzir conluios de funcionários ao possibilitar a extin-ção das salas de CFTV (Circuito Fe-chado de Televisão) que existiam em cada loja. Também permitiu à diretoria acompanhar o trabalho dos fiscais de perdas e tornou possível padronizar vários processos, inclusive os ligados à operação geral da rede.

“Agora, temos um gerente especia-lizado na análise das imagens e conse-guimos criar diversos indicadores para avaliar desempenhos, como de redução de furtos, de perdas por consumo de produtos nas lojas e de procedimentos operacionais”, revela Nayra.

Segundo Santos, o SuperMaia é uma das únicas companhias super-mercadistas do País a fazer uso dessa estratégia que potencializa o uso do CFTV. O recurso é amplamente ado-tado entre os supermercados – 87% do setor utiliza. Entretanto, costuma ser empregado de maneira menos sofisticada, como em salas montadas nas lojas ou, ainda, ao instalar as câ-meras e gravar as imagens para usá--las quando necessário.

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Apesar de essencial, a cultura da prevenção de perdas no setor é relativamente nova – surgiu há cerca de 20 anos no Brasil. Começou a se desenvolver com a chegada do Plano Real, que acabou com a hiperinflação, estabilizou a moeda e pôs fim à ciranda financeira praticada até então. “Como deixou de ser viável obter remuneração sobre o próprio capital, as empresas deram ênfase à operação para reduzir despesas e aumentar o lucro líquido, daí começaram a olhar para esse aspecto”, explica o especialista na área de prevenção de perdas, Carlos Eduardo Santos.

Segundo Eder Motin, do Condor Super Center, nos últimos dez anos é que a área passou a ganhar a devida importância porque, no período, aumentou o volume de informações veiculadas sobre o assunto. O executivo também se baseou na “14ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro”, realizada pela ABRAS, que detectou que, em 2013, 61% das empresas tinham área de prevenção, contra 28% em 2012.

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Por Kathlen Ramos

O mercado de classificados on-line está bastante movimentado no Brasil nos últimos tempos. O conjunto de sites de classificados e leilões atingiu uma audiência de 19 milhões de usuários em fevereiro de 2014, segundo dados da Nielsen Ibope. Para se ter uma ideia, isso representa 59% da audiência total do comércio eletrônico no País.

Um exemplo dessa empreitada de sucesso é a OLX. Com o slogan “de-sapega, desapega”, a empresa aguçou a curiosidade dos brasileiros em testar a venda de produtos usados e conse-guiu. Basta fazer um cadastro (com informações básicas do vendedor) e, em seguida, inserir as imagens do item a ser vendido, como título, descrição, preço e contato. A partir do momen-to que o produto entra no ar, ele fica acessível para qualquer interessado. Assim, muita gente percebeu que as negociações são bastante simples, multiplicando a adesão de usuários e

fazendo com que os antigos se encora-jassem à venda de novos itens.

No modo convencional de anúncio na OLX, a venda é feita gratuitamente. Mas, caso o vendedor queira colocar o seu produto em evidência no portal, ele paga um valor pelo serviço. E é justamente aí que a empresa fatura. “Nosso lucro advém, basicamente, da compra de destaques e de alguns formatos de mídia, como links pa-trocinados no Google. A opção “Des-taque”, por exemplo, custa R$ 10 por semana e permite que o anúncio apareça no topo da página de forma rotativa”, explica a gerente de marketing da OLX Brasil, Maria Elisa Silva.

Assim, com simplicidade, variedade (são 12 categorias disponíveis para inclusão de produtos que vão desde eletrônicos até empregos) e preço baixo, a OLX tem atraído cada vez mais pessoas. No ano passado, a empresa registrou um crescimento de 200% em

número de anúncios na plataforma e a meta para 2014 é de 150% de incremento nesse volume.

A companhia afirma ser líder no seg-mento de classificados on-line gratu-itos C2C (Consumer to Consumer) no Brasil, com mais de 8,7 milhões de anúncios ativos, recebendo uma média mensal de 26 milhões de visitantes únicos, alta de 91% quando comparado com o primeiro semestre de 2013, segundo Maria Elisa.

Para atingir números positivos, um bom aliado da companhia, além do formato do negócio, é a estratégia de marketing. O bordão “desapega, desapega” tornou-se conhecido em todo o País e tem ajudado a fortalecer a marca, bem como o mercado de venda de produtos usados pela internet como um todo. Os filmes publicitários mostram como o hábito de se desfazer de alguns objetos pode beneficiar a vida das pessoas, sempre com tom divertido.

Com forte campanha na mídia, OLX fortalece um mercado ainda incipiente no País: o de venda de produtos usados por meio de classificados on-line

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Apego pelos bonsresultados

36 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

PERFIL EMPREENDEDORISMO

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“Queremos promover uma mudança cultural entre os brasileiros. A ideia é que eles percebam que produtos ‘parados’ em casa podem ter valor para outras pessoas e que essa postura se resume numa atitude inteligente e no consumo sustentável”, justifica a gerente de marketing.

A escolha de personagens inusitados (zumbi, viking, marciano, rainha e Medusa) teve como objetivo mostrar a diferentes perfis de pessoas que podem vender itens sem uso. “Um dos motes usados nas campanhas é o da rainha acumuladora que tinha tantas coisas, que já não havia mais espaço em seu castelo”, comenta Maria Elisa.

AMPLIANDO OS hORIzONtESO OLX pretende expandir os ne-

gócios por meio de novas plataformas para as transações, como os dispositi-vos mobile, cada vez mais utilizados no Brasil. “Nossa estratégia está ancorada, principalmente, na expansão do uso do aplicativo móvel para acessar a plata-

forma, que hoje corresponde a 47% do tráfego do site, uma média de 38 mil downloads ao dia”, revela a executiva.

Em julho deste ano, por exemplo, houve um aumento de mais de 600% no número de downloads do aplicativo da empresa, se com-parado ao mesmo período de 2013. A companhia já percebeu que a facilidade de comprar e vender por meio do aplicativo representa um diferencial. Isso porque o usuário consegue, rapidamente, tirar a foto do item e postar o anúncio. As pessoas que acessam a OLX por dispositivos móveis realizam, em média, 300% mais transações do que aqueles que acessam o site pelo computador.

Da mesma forma, o acesso por meio do aplicativo facilita a interação dos compradores. “Basta clicar no contato para ser direcionado para o telefone ou e-mail de acesso do vendedor”, esclarece Maria Elisa, acrescentando que a solução da OLX está na lista dos 20 aplicativos mais

baixados no GooglePlay (loja de apli-cativos para Android).

Outra frente para impulsionar o crescimento é a parceria da companhia com os Postos Ipiranga, visando novos formatos de negócios. O acordo consis-te no seguinte: cada anúncio postado no site da OLX pode ser revertido em 200 pontos no programa de fidelização KM de Vantagens. Além disso, algumas lojas de conveniência AMPM, instala-das nos Postos Ipiranga, foram ambien-tadas para abrigar pontos de encontro para vendedores e compradores da OLX realizarem as negociações.

A empresa criou, ainda, a Central do Desapega nas universidades, uma conti-nuidade à ação implementada em algu-mas estações de metrô e condomínios do Rio de Janeiro. A iniciativa funcionou de forma itinerante com o objetivo de estimular os universitários a vender itens usados na plataforma da empresa.

hIStóRIA

A OLX foi criada em 2006 pelo argen-tino Alec Oxenford e pelo francês Fabrice Grinda, que perceberam a oportunidade de criar uma companhia global forte em classificados gratuitos on-line. A meta era oferecer uma plataforma amigável e simples para quem desejasse comprar e vender. A empresa foi comprada em 2011 pelo grupo de investimentos Naspers, que hoje responde pelo seu comando global. Atualmente está presente em 107 países e 42 idiomas. No Brasil, a compa-nhia chegou em 2010 e possui sede na ca-pital paulista e um escritório no Rio de Ja-neiro, com um total de 134 funcionários. O CEO é o Marcos Leite.

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Maria Elisa Silva, da OLXEstratégia é expandir os negócios por

meio de dispositivos mobile

Bem humoradaCampanha de marketing estimula a venda de objetos usados por meio de personagens inusitados

OS núMErOS da EMprESa

a OLX faz mais de 460 mil contatos/dia por meio do site. Isso resulta em um valor de r$ 466 milhões em transações e 15 vendas por minuto, em média.

O site conta com 8,7 milhões de anúncios postados e 26 milhões de usuários únicos.

a empresa disponibiliza 12 categorias de produtos: celulares e tablets; eletrônico e informática; itens para bebês e crianças; para sua casa; moda e beleza; esportes; música, arte e lazer; agropecuária; empregos e negócios; animais; imóveis; e veículos.

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Page 38: Brasil em Código - 14ª edição

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Conferência Brasil em Código mostrou as principais apostas das empresas para garantir uma experiência ao consumidor na velocidade que o mundo digital impõe

Por Denise Turco e Kathlen Ramos

AUTOMAÇÃOevento

Informação a serviçodos negócios

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Com tantas informações disponí-veis e compartilhadas atualmente na internet, o que é, de fato, relevante na hora de traçar estratégias de negócios? Como a automação pode auxiliar a processar uma grande quantidade de dados, de maneira correta e precisa, para atender melhor ao cliente?

Questões como essas permearam as discussões do Brasil em Código – 4ª Conferência Internacional da GS1 Brasil sobre Automação e Lo-gística, realizada em agosto, no Hotel

Caesar Business, na capital paulista. O encontro reuniu 300 executivos de diversos setores e representantes de entidades governamentais.

No evento promovido pela GS1 Brasil, o ciclo de palestras contou com a abertura e comentários do eco-nomista e apresentador do programa Manhattan Connection, do canal Globo News, Ricardo Amorim. Exe-cutivos da indústria, do varejo e da GS1 se revezaram destacando a im-portância da informação para ajustar

processos operacionais e de vendas, com informações padronizadas e confiáveis para o consumidor.

A novidade deste ano foi a apre-sentação de cases de sucesso das uni-dades da GS1 do México e da Argen-tina, que enriqueceram o conteúdo do evento e despertaram interesse do público. O especialista europeu Peter Hinssen foi o destaque do encontro e fez uma ampla análise do impacto da tecnologia na sociedade e no mer-cado. Confira, a seguir, as palestras.

38 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Page 39: Brasil em Código - 14ª edição

EvEnto consolidado

Nelson Fujimoto, do MDIC

João Carlos de Oliveira,presidente da GS1 Brasil

“Continuaremos contribuindo para o crescimento do nosso País, para que tenhamos cada vez mais desenvolvimento, onde o trabalho, a competência e a ética sejam as premissas para um futuro melhor”

Em sua quarta edição, o Brasil em Código – Conferência Internacional da GS1 Brasil sobre Automação e Logística já se tornou referência na-cional em apresentar tendências em tecnologia da informação, destacando a importância de adotar processos padronizados para a eficiência de empresas de todos os portes.

Representantes de entidades do varejo, parceiros, membros da GS1 e ex-dirigentes da entidade prestigiaram o evento, que também recebeu o presidente da GS1 Portugal, Paulo Gomes, e o CEO João Guimarães, além do CEO da GS1 Colômbia, Rafael Flores. Outra presença importante foi a do secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Nelson Fujimoto. Agradecendo o convite para participar pela primeira vez da conferência, ele afirmou que “a automação comercial é essencial para o alcance, a competitividade e a eficiência dos negócios”. Além de assistir às palestras, os participantes tiveram um momento para fazer networking.

Destacando a atuação da GS1 Brasil no mer-cado, o presidente da associação, João Carlos de Oliveira, mencionou a inauguração recente da nova sede da entidade e do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) como importante iniciativa para prestar apoio às 58 mil empresas

associadas. “Vamos continuar contribuindo para o crescimento do nosso País, para que tenhamos cada vez mais desenvolvimento, onde o trabalho, a competência e a ética sejam as premissas para um futuro sempre melhor”, finalizou Oliveira.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2014 39

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[[EVENTO

Shopper no comandoO vice-presidente de vendas da

Reckitt Benckiser no Brasil, Maurício Utiyama, abordou os desafios para obter rentabilidade na gôndola. Ele mostrou como a tecnologia pode ajudar nessa empreitada, citando a solução batizada pela companhia de Shopperpercepction. Em parceria com o varejo, a companhia instalou sensores 3D nas gôndolas para acompanhar o movimento do shopper e, assim, fazer uma análise da interação e conversão. Desse modo, obtém dados sobreicom-portamento do cliente diante de lan-çamentos, promoções e planogramas.

As informações coletadas geram dados diariamente, o que ajuda indústria e varejo a tomar decisões de maneira rápida. Utiyama forneceu um exemplo real da Reckitt Benckiser, detentora de marcas de produtos de limpeza e higiene pessoal como Veja, Vanish, Bom Ar e Veet. A companhia identificou que, na prateleira de lim-padores, 86% das pessoas passavam na frente dos produtos e não paravam. Apenas 14% paravam e, desse total, 76% efetuavam a compra. “Era uma gôndola com baixo nível de atenção e alto nível de conversão”, resumiu.

A partir desse conhecimento, a em-presa aplicou diversos tipos de plano-gramas e conseguiu aumentar a intera-

ção do consumidor com a categoria em 37%. “Usamos materiais para disputar a atenção das pessoas, que era bastante baixa. Com a maior interação, as ven-das aumentaram em 18%”, constatou o executivo, acrescentando, ainda, que outro resultado positivo foi a redução do tempo médio do consumidor nas compras desses artigos.

deSafioS logíSticoSA automação no varejo de uti-

lidades domésticas (UD) foi o tema desenvolvido pelo diretor de logística e serviços do Magazine Luiza, Ricardo Ruiz Rodrigues. A empresa entrega entre 50 mil e 80 mil pedidos por dia em todo o território nacional. Essa é uma operação logística bastante com-plexa, pois, além das dificuldades de infraestrutura do País, a empresa entrega diretamente na casa do cliente. “A cada dia, encontramos endereços que trazem barreiras, como o tamanho do produto, escadas estreitas ou até cachorros que dificultam o trabalho dos entregadores”, resumiu Rodrigues.

Segundo ele, a automação é um dos pilares do Magazine Luiza para manter uma posição de destaque no mercado. Mas, de modo geral, é preciso dar um grande salto nesse aspecto. Para explicitar suas ideias, Rodrigues traçou uma linha do tempo mostrando a evolução do segmento de UD desde a década de 1970, época em que o País era dominado pelas pequenas lojas de bairro ou grandes

magazines, como Mappin e Mesbla e, basicamente, a única forma de comprar era ir até os estabelecimentos.

Os anos 1990 e 2000 foram mar-cados pelo advento da internet, que trouxe consigo o e-commerce. E, por fim, nessa década, a grande tendência é o omnichannel e uma nova postura dos clientes, que exigem informações em tempo real sobre suas entregas. “Antes não havia tanta preocupação em usar a tecnologia, já que o arrojo comercial era suficiente para manter uma loja competitiva. Hoje, essa energia do departamento comercial precisa estar aliada ao controle e à velocidade da informação que só a tecnologia traz”, ressaltou.

Para o executivo, o omnichannel traz uma série de desafios para o varejo, como pensar em rede, pois requer múltiplos pontos de atendimento e opções de serviço; reconfiguração dos centros de distribuição; rastreabilidade e transparência para entender, de forma detalhada, os custos e o nível de serviço em cada ponto da cadeia, exigindo investimentos em tecnologia para ofere-cer visibilidade ao consumidor.

Qualidade doS dadoSCom quase três décadas de atuação,

a GS1 México desenvolveu, há 15 anos, uma solução de catalogação de produtos e sincronização de dados para facilitar as transações entre indústria e comércio. Desde então, a ferramenta vem sendo aprimorada, tornando-se uma referência na área de automação. Quem contou um pouco sobre esse trabalho foi o diretor- -geral da entidade, Mario de Agüero.

Maurício Utiyama, da Reckitt Benckiser

Ricardo Rodrigues,do Magazine Luiza

40 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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Segundo ele, o objetivo é buscar constantemente a qualidade dos da-dos – fundamental nas relações entre parceiros comerciais. Mas, hoje, o novo desafio é fornecer informação confiável também para o consumidor final. A resposta para isso foi encontrada por meio de uma ferramenta simples: o código de barras. Através dele, o con-sumidor pode ter acesso a informações relevantes e corretas a respeito do pro-duto que está comprando.

A partir dessa nova demanda, a entidade adaptou o catálogo eletrônico de produtos e centralizou a informação em um único site, de maneira segura e dinâmica. Isso reduziu pela metade o tempo de inserção dos dados por parte da indústria e diminuiu os erros de digitação. Outro ganho foi a possibilidade de incluir os pesos e as medidas das mercadorias, o que ajuda a fazer o planograma no ponto de venda.

No México, 17 redes varejistas e distribuidores utilizam o catálogo eletrônico com dados sobre alimentos, higiene e beleza, vestuário, eletrônicos, entre outros, somando 455 mil produ-tos cadastrados. Desse total, 135 mil têm fotos, algo que é importante, porque a imagem também passa informação. Segundo Agüero, 72% dos dados constantes na ferramenta estão comprovadamente corretos. “A catalogação e a sincronização de dados não pode ser vista como um projeto de

tecnologia, mas uma maneira de fazer negócios”, afirmou. Agora, a entidade planeja ampliar essa experiência para outros setores, como o farmacêutico e o de lojas de departamentos.

Saúde em primeiro lugarQuando o assunto é a rastreabili-

dade de medicamentos, a Argentina é um case reconhecido mundialmente, como mostrou o CEO da GS1 naque-le país, Ruben Calónico. Ele explicou como funciona o sistema vigente no país desde 2011 por determinação do Ministério da Saúde. A Admi-nistración Nacional de Medicamen-tos, Alimentos y Tecnología Médica (ANMAT), órgão responsável pelo registro, normatização, vigilância e fiscalização de alimentos, remédios e cosméticos, estabeleceu as normas para a rastreabilidade, determinando que os medicamentos fossem identi-ficados com os padrões GS1. A regra vale para todos os envolvidos: fabri-cantes, distribuidores, farmácias, hos-pitais e outros pontos de dispensação.

O programa foi implementado de maneira gradual, incorporando, aos poucos, os medicamentos que deveriam ser incluídos no sistema de

rastreabilidade, que hoje já somam 3.661 SKUs. Os códigos e os padrões utilizados para apoiar as operações são o GS1 DataMatrix, o GS1-128 e o EPC/RFID, este último ainda em fase de testes. As informações obrigatórias que devem circular na cadeia de abastecimento são: país, empresa, produto e número de série, que podem constar no GTIN. Dados sobre lote e vencimento são opcionais.

O assunto gerou bastante interesse no público, uma vez que, por determi-nação da Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária (ANVISA), até 2016 toda a cadeia farmacêutica no Brasil deverá adotar mecanismos para fazer a ras-treabilidade de medicamentos (confira mais sobre o assunto na página 22).

Calónico citou alguns resultados alcançados nos últimos três anos: 51 milhões de unidades rastreadas, o que representa 258 milhões de transa-ções desde a origem até os pontos de dispensação. Para se ter uma ideia, a cadeia farmacêutica na Argentina en-volve 242 laboratórios, mais de 10 mil farmácias, 15 operadores logísticos, 572 estabelecimentos assistenciais, 677 atacadistas e 5 distribuidores. Uma novidade do programa é que, neste ano, serão inclusos produtos médicos como, por exemplo, marca--passos, próteses de coluna e de mama e lentes intraoculares.

Ruben Calónico,da GS1 Argentina

Mario de Agüero, da GS1 México

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2014 41

Page 42: Brasil em Código - 14ª edição

[[EVENTO

BaBel digitalA palestra da CEO da GS1 Brasil,

Virginia Vaamonde, propiciou uma reflexão sobre como as empresas podem evoluir no e-commerce, ofe-recendo uma experiência de compra satisfatória ao consumidor.

Pesquisa do Ibope apontou, por exemplo, que 55% dos consumidores que já compraram pela internet tive-ram problemas como atraso na entrega, mercadorias com defeito ou produtos que não condiziam com a imagem da compra. Virginia compartilhou com a plateia que faz parte dessa estatística. Recentemente, ao comprar, via internet, um ursinho de pelúcia para a sua neta Alice como presente de aniversário, ficou surpresa ao saber que a garota recebeu um palhacinho. “Esse problema traz prejuízos para a reputação de uma marca, aumento do custo logístico do varejo e não fideliza o cliente”, enumerou.

A executiva resumiu que o cená-rio é o de uma babel digital. “A Alice não recebeu o produto que esperava

por falta de alinhamento dos parcei-ros comerciais. Cada empresa está construindo o seu próprio cadastro. Muitas vezes o varejista atribui um código de identificação ao produto diferente do que foi usado pelo fabri-cante”, comenta.

Para garantir um processo consistente nas compras on-line, as empresas devem seguir algumas premissas. A principal é adotar uma identificação única e global. “No mundo físico, o número do código de barras corresponde ao número global do item comercial, o GTIN, que é atribuído pela indústria, mas passa para todos os parceiros comerciais. Assim, basta levar esse código de identificação também para as páginas da internet”, explicou. Com essa ação, todos os parceiros da cadeia podem trocar

informações precisas e automatizadas, inclusive com o próprio consumidor.

Dessa forma, os padrões apresentam benefícios que são replicados em toda a cadeia de abastecimento, como acura-cidade de dados, preservação da repu-tação da marca, diminuição dos custos operacionais e aumento das vendas.

novaS perSpectivaS Com bom humor e perspicácia, Peter

Hinssen apresentou novas ideias sobre como a tecnologia afeta o cotidiano das pessoas e empresas. Ele é um dos mais renomados especialistas europeus sobre o impacto da tecnologia na

sociedade, presidente da consultoria Across Group, coach, conselheiro de empresas e escritor.

Segundo Hinssen, as mudanças recentes provocadas pela tecnologia são tão marcantes que podem ser consideradas como o “novo nor-mal”. Um exemplo? Tirar uma sel-fie. Antes a tecnologia era algo espe-cial, e não corriqueiro, e as pessoas não sabiam usá-la. “Hoje ela é mais do que relevante e domina a eco-nomia do mundo. Basta verificar o crescimento e o poder de empresas dessa área como Google, Amazon e Apple”, ressaltou.

O impacto da tecnologia também é forte na dinâmica social. Há 30 anos, a família se reunia para passar um tempo junta. Hoje, cada pessoa tem

Peter Hinssen, especialista em tecnologia e seus impactos na sociedade

Virginia Vaamonde,da GS1 Brasil

Page 43: Brasil em Código - 14ª edição

seu telefone, TV ou tablet. Todos estão em casa, mas não interagem entre si. As crianças já são consideradas nativas digitais, pois nasceram e cresceram com a tecnologia ao seu redor. “Antes elas escreviam cartas para o Papai Noel. Agora compram seus brinquedos na Amazon”, brincou o presidente da Across Group. O uso intenso do smartphone fez surgir novos medos, como a nomofobia – o vício em estar conectado.

Com tantas mudanças, o novo normal pode ser resumido na sigla VUCA (Volability/ volatilidade, Uncertainty/incerteza, Complexibility/complexidade e Ambiguity/ambiguidade). Nesse cená-rio, as empresas precisam lançar mão de estratégias fluidas e ter agilidade se quiserem sobreviver. Assim, a infor-mação torna-se o principal ativo das companhias. “Informação é valor, é

oportunidade”, enfatizou. Entretanto, a quantidade de dados é enorme e gera uma questão ainda sem uma resposta pronta: como fazer um bom filtro e aproveitá-los da melhor forma? “Hoje, todos nós vemos, produzimos e compartilhamos informação”, afirmou Hinssen, que, nesse sentido, também destacou a importância do trabalho da GS1, líder na padronização dos dados para ajudar na gestão dos negócios.

A saída para quem quiser sobreviver no mercado é adotar uma cultura de inovação como espinha dorsal dos negócios – de preferência apostar nas inovações radicais. Um exemplo de quem está fazendo isso é o Google. A companhia desenvolveu um carro que dispensa motorista e já funciona na Califórnia, Estados Unidos. Possui um serviço chamado Google Shopping Express, por meio do qual o consumidor faz compras on-line com entrega grátis. Assim, a empresa tem o buscador, o site de vendas, o Google Maps, o carro e ainda comprou empresas de robô recentemente. “Isso é uma oportunidade, mas por que o Google, um site de busca, faz tudo isso? Porque, informação é a solução. O futuro não

é a tecnologia, mas uma mudança de mentalidade”, argumentou Hinssen.

Outro ponto fundamental é aban-donar o organograma tradicional, de modo que a empresa passe a atuar como uma rede. Além disso, é preciso desenvolver duas habilidades essenciais: velocidade e agilidade. Dessa forma, Hinssen terminou com uma dica: “Não fique muito tempo pensando na estratégia. Faça.”

mudança conStanteNa visão do economista e media-

dor do evento, Ricardo Amorim, de maneira geral, os temas abordados pelos palestrantes mostraram o im-pacto das mudanças que acontecem cada vez mais rapidamente no mundo dos negócios. Essas transformações podem ser motivadas por diferentes situações: tecnologia, legislação, pa-drão de consumo, comportamento da sociedade, etc.

Nesse cenário, o recurso essencial para se manter competitivo é a inova-ção. Ele citou que, na área de automa-ção, uma das inovações mais impor-tantes foi a criação do código de barras, nos anos 1960, nos Estados Unidos. “Em geral, as mudanças são maiores do que imaginamos”, comentou.

A mudança constante do mercado também requer uma nova maneira de trabalhar com a informação. “No último ano e meio, foi gerada mais informação do que toda a humanidade produziu até hoje. É preciso separá-la e conectá-la. Esse é o desafio das empresas e da GS1”, ressaltou. Como processar os dados é outra questão para se refletir. “Em 1969, o homem chegou à Lua e o computador mais potente da época tinha a capacidade de processamento inferior à do iPhone 4”, destacou. O ser humano não tem como competir com uma máquina no que diz respeito a processos repetitivos e em grande escala, por isso precisa buscar a diferença criativa. “Espero que sejamos capazes de ser agentes transformadores, e não aqueles pelos quais as mudanças passem por cima”, concluiu Amorim.

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Ricardo Amorim, economista

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2014 43

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Por Ana Paula Garrido

Além de não ser tão oneroso quanto se imagina, registro de marcas e patentes valoriza a empresa e a resguarda de cópias ou falsificações

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Todo mundo já ouviu falar que a marca Coca-Cola vale mais que a própria empresa ou que qualquer invenção da Apple é totalmente protegida contra cópias. No entanto, esse cenário de logotipos e ideias valiosas não é uma exclusividade das grandes companhias. Pelo contrário. Segundo especialistas de propriedade intelectual, toda empresa deve proteger seu patrimônio.

A marca registrada vale para todo o território nacional dentro do segmento em que a empresa atua, como uma forma de identificá-la e diferenciá-la entre os concorrentes. “Além disso, pode chegar ao ponto de superar o produto, afinal você não fala em comprar lã de aço ou lâmina de barbear”, pondera a consultora do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-SP), Sandra Fiorentini.

Engana-se quem pensa que um negócio pequeno dificilmente terá um nome forte. “Marca é toda forma de identidade, desde quando você atende ao telefone até colocá-la no cartão de visita ou na embalagem. Querendo ou não, nasceu a marca”, garante a advogada da Cone Sul, Maria Isabel Montañes.

Já que é inevitável ter um nome no mercado, é preciso garantir a sua eficiência. Daí entra o registro de marcas, que deve ser solicitado ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), autarquia responsável por analisar e publicar as concessões de direitos de propriedade intelectual para a indústria brasileira. “O registro garante direitos, como uso exclusivo da marca pelo seu titular, impede o uso indevido por terceiros e licencia seu uso, gerando royalties”, diz o diretor de marcas do INPI, Vinícius Bogéa.

Os prejuízos para quem não registra uma marca vão além dos royalties. Imagine se, de uma hora para outra, não for possível falar o nome da sua empresa por telefone? Foi o que aconteceu com duas farmácias de manipulação com nome parecido, lembra Sandra. “Uma se chamava Farmos e a outra Pharmus, mas, mesmo com grafia diferente, uma delas teve de mudar, pois induzia o consumidor a erros.”

Segundo o INPI, além de parar de usar a marca, a empresa infratora pode até pagar multa. Mas, de modo geral, os empresários têm se mostrado atentos a esse risco. As estatísticas da entidade indicam um aumento de pedidos

GESTÃO MARCAS

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Tesouroprotegido

44 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Page 45: Brasil em Código - 14ª edição

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2014 45

O mapa da marca

Por último, o INPI realiza o exame técnico do pedido e, sendo aprovado, é preciso pagar as taxas finais de certificado e proteção relativas a dez anos, nos valores de R$ 745 ou R$ 298 (com desconto). Para obter tal redução, é preciso cumprir as mesmas condições exigidas para a emissão da GRU, descrita no passo 2.

*Valores atualizados até a data do fechamento da revista.

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O jeito mais prático e barato de fazer o pedido de registro de marcas é pelo sistema on-line e-Marcas, no site do INPI (www.inpi.gov.br). Veja o passo a passo:

Depois de publicado na revista, as empresas têm dois meses para se opor ao registro da sua marca. Caso alguém se manifeste, você também terá o mesmo prazo para enviar sua defesa. Mas fique atento, pois se não mandar, o pedido é arquivado.

3

Faça o cadastro no Módulo de Seleção de Serviços, informando se a marca é formada só pelo nome (nominativa), se ela tem desenhos (figurativa), se mistura figura e texto (mista) ou se é tridimensional. De acordo com o INPI, 61% das marcas registradas são mistas, ou seja, com logotipos. Caso não seja do tipo nominativa, é preciso enviar imagem, assim como as descrições em perspectiva das marcas tridimensionais, que têm uma profundidade nas formas – por exemplo, se o desenho for de um cubo, é preciso informar as características das faces para transmitir a ideia de volume.

Depois emita a Guia de Recolhimento da União (GRU) e pague a taxa, que será de R$ 355 ou R$ 142* – o valor com desconto é apenas para microempresas, microempreendedor individual, empresas de pequeno porte, cooperativas, instituições de ensino e pesquisa, entidades sem fins lucrativos e órgãos públicos.

Envie o formulário do pedido e acompanhe o processo na Revista da Propriedade Industrial. A dica é acessar o sistema Push-INPI (http://formulario.inpi.gov.br/Push/pages/login.jsf), que permite ao usuário cadastrado receber via e-mail as principais informações do seu processo.

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46 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

[[GESTÃO

de registro em torno de 55% entre 2006 e 2012. No mesmo intervalo foram concedidos mais de 465 mil registros.

Esse cenário é sentido no dia a dia das consultorias que prestam assessoria aos empresários. “A procura tem crescido muito nos últimos anos. Temos de três a quatro casos de pedidos de marcas por semana”, revela Sandra, do SEBRAE-SP.

Tal crescimento na demanda foi favorecido pelo desenvolvimento de inovações tecnológicas. Prova disso é que, em 2006, foram feitos apenas 12 mil depósitos – que correspondem à etapa inicial para o pedido de registro de marca – pelo sistema eletrônico. Em 2012, eles chegaram a 110 mil, o que representa uma alta superior a 800%.

Como fazerAntes de dar entrada em qualquer

processo, recomenda-se realizar uma busca no site do INPI, que mostra todas as marcas registradas e em trâmite. Apesar de haver a opção de pesquisa gratuita, a consultora Sandra recomenda pagar à autarquia uma taxa de R$ 50 para ter acesso à busca mais completa, dentro do próprio sistema.

Se não houver nenhum registro já feito, o empresário pode optar por fazer o pedido sozinho (confira as dicas no final da reportagem). Mas há quem prefira contratar um profissional especializado na área de propriedade intelectual para cuidar de todo o processo, incluindo a pesquisa, o pedi-do de registro e a gestão da marca ao longo dos anos.

Foi o caso de Neusa Miguel, pro-prietária da Dom Diagnósticos – con-sultoria de recursos humanos que analisa o perfil dos funcionários para então traçar um plano estratégico de acordo com o que a empresa precisa.

A escolha do nome, criado por uma empresa especializada em logotipos, foi realizada enquanto o produto principal da companhia era testado na Universidade de São Paulo (USP). Trata-se de um programa em que as

pessoas preenchem os questionários e recebem uma análise sobre seu comportamento – por isso, foi preciso verificar a eficiência desse sistema. “Dom vem do próprio dom das pessoas. Gostei por ser curto e fácil de ser lembrado”, comenta Neusa.

Com a marca em mãos, a empresária contratou a Cone Sul para fazer o registro no INPI e cuidar da marca. “Periodicamente, eles verificam se há convergência de nomes, o que pode levar o cliente a se confundir”, exemplifica Neusa.

Outro cuidado de manutenção é que o registro vale por dez anos, mas pode ser renovado sempre. Porém, tal solicitação deve ser feita antes de vencer o prazo inicial. Se o proprietário não renovar, outra empresa pode requerer.

LiCença para CriarNo caso das patentes, tanto o

prazo de validade quanto a duração do processo de análise são diferentes. Segundo o INPI, enquanto uma mar-ca é examinada, em média, em três anos, uma patente pode levar até sete para ser concedida. Isso porque as informações técnicas da invenção são analisadas minuciosamente, o que requer a entrega de uma série de documentos, como, por exemplo, relatório do invento descrevendo a

novidade, atividade inventiva e sua aplicação, desenhos, amostra ou fotografias do invento e comprovantes dos pagamentos de taxas.

Por conta desse detalhamento, os especialistas são unânimes em orientar o empresário a procurar ajuda. “Um cabeleireiro criou uma cadeira com um apoio a mais para que ele pudesse ficar sentado enquanto cortava o cabelo do cliente. Ele precisou contratar um marceneiro para fazer o relatório com as especificações do seu invento”, comenta Sandra.

Nesse caso, a cadeira adaptada rece-beu um registro de Modelo de Utilidade, por ser um aperfeiçoamento de algo que já existe. O processo de análise demora em torno de cinco anos e o registro vale por 15 anos, que começa a ser contado

Claudemir Lopes, da GRX Brasil Para proteger a sua invenção,

indústria teve o cuidado de requerer patente

Page 47: Brasil em Código - 14ª edição

paTenTe: fique aTenTO aOs deTalhes

No sistema eletrônico de pedidos, o e-patentes, vá para a página http://epatentes.inpi.gov.br/modulo2/edeposito/. Lá você encontrará as informações de onde se cadastrar e fazer o depósito do pedido de patente nos valores de R$ 175 ou R$ 70. Após fazer o pagamento, você receberá um número de protocolo.

A partir da data do depósito, o requerente tem até três anos para solicitar o exame técnico, ou seja, quando a invenção ou processo de aperfeiçoamento será avaliado quanto à eficiência e inovação. O de Patente de Invenção (criação de um produto ou processo

inédito, sem igual no mercado) custa R$ 590 ou R$ 236 e o de Modelo de Utilidade (aperfeiçoamento de algo que já existe), R$ 380 ou R$ 152.

No terceiro ano você também começará a pagar a anuidade, mesmo que ainda não tenha conseguido o registro de patente. Essa cobrança vai até o fim da vigência do registro e varia de acordo com os períodos – do terceiro ao sexto ano é um valor diferente do intervalo do sétimo ao décimo ano – e se a patente já foi concedida ou não. No caso das Patentes de Invenção, os valores vão de R$ 118 a R$ 4.005, e nos Modelos de Utilidade, de R$ 80 a R$ 2.415.

Quem recebe o registro de patente tem um prazo de vigência retroativo, que começa a valer na data do depósito. Ou seja, se você fez o depósito em 2010 e conseguiu em 2014 o registro de Modelo de Utilidade (que vale por 15 anos) sua patente vai até 2025. Isso porque, com o protocolo do depósito em mãos, você já está protegido contra falsificações. Tanto que, caso seja vítima de um problema nesse sentido, tem o direito de pedir o exame prioritário de patente.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2014 47

a partir da data do depósito inicial. Já as criações de produtos e processos que não existem no mercado, mas podem ser produzidos pela indústria, são registradas como Patentes de In-venção, que levam até sete anos para serem concedidas e têm duas décadas para serem exploradas.

Ao contrário do registro de marcas, que pode ser renovado, o de patentes é temporário, permitindo que a criação passe a ser de domínio público no fim do período.

Como o prazo para obter a patente é longo, é fundamental fazer a pesquisa no sistema de busca para verificar se a obra é realmente inédita. Apesar disso, a advogada Maria Isabel alerta para a dificuldade de se conseguir o registro. “Enquanto no processo de marcas a probabilidade é de 90%, no de patentes, cai para 20%.”

A boa notícia é que o empresário não precisa esperar sair o registro para começar a produzir. “Ele pode divulgar que a patente já foi requerida, como forma de reforçar que o produto é inovador”, aconselha a consultora do SEBRAE-SP.

É o que Claudemir Lopes está fazendo. Sócio da GRX Brasil, empresa que desenvolve produtos e projetos para proteger ambientes com alta carga de radiação, ele elaborou um revestimento para ser usado em um universo mais amplo que o das salas de raios-X. “Trata-se de uma argamassa, a Thermo-X, que ameniza a temperatura de áreas muito expostas ao sol. Assim, ganha-se em economia de energia”, explica o inventor.

O produto foi finalizado em outubro e o pedido de registro feito no começo deste ano. “Já fizemos um pré-lançamento e agora vamos iniciar a produção em escala industrial”, conta Lopes, revelando que, em um primeiro momento, a intenção da patente é proteger a ideia, para, “quem sabe no futuro, pensar em receber royalties”.

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Neusa Miguel, da Dom DiagnósticosEmpresa contratou assessoria especializada para cuidar do

registro da marca

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64 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

ESTRATÉGIA GOvERnAnçA

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Conceitos e práticas de governança aplicados em organizações do terceiro setor tornam a administração mais segura e agregam valor à marca da instituição

Gestão transparente

Por Adriana Bruno

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Nos anos 1990, com a abertura do mercado nacional, o tema governança começou a tomar corpo no Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), os Estados Unidos e a Inglaterra são os berços desse sistema de gestão, através do qual as organizações são dirigidas com base em práticas que alinham interesses entre stakeholders e parceiros. A finalidade é preservar e otimizar o valor das companhias, contribuindo para sua longevidade e também facilitando acesso ao capital.

A aplicação das práticas de gover-nança ainda é recente por aqui e tem potencial de desenvolvimento, tanto que ela não se restringe apenas às cor-porações. O terceiro setor, que cresce em número e importância no País, tam-bém está adotando essa metodologia, tornando a gestão das entidades mais reguladas, padronizadas e baseadas em políticas que visam garantir a equidade e a transparência na gestão.

“As organizações precisam validar seus resultados e propósitos sociais de forma estruturada e confiável, apre-sentando-se, assim, de forma mais transparente ao mercado e às partes interessadas, como associados, forne-cedores, colaboradores, etc. Essa. necessidade é tamanha que levou algumas empresas de auditoria a dis-ponibilizar equipes especializadas para atuar em entidades do terceiro setor”, ressalta o diretor da GS1 Brasil, Charles Sampaio. Apesar de não ser do terceiro setor, mas com atuação sem fins lucrativos, a entidade adota práticas de governança corporativa desde a década de 1990.

No Brasil, há cerca de 290 mil fun-dações privadas e associações sem fins lucrativos, segundo o último le-vantamento sobre o terceiro setor, re-alizado em 2010. A estimativa consta no estudo “Perfil das Fundações Pri-vadas e Associações sem Fins Lucrati-vos”, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Insti-tuto de Pesquisa Econômica Aplica-da (IPEA), Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG) e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).

Para o coordenador da comissão de Terceiro Setor do IBGC, Arnaldo Rezende, os exemplos de governança no terceiro setor passam a figurar no Brasil a partir de organizações mantidas e criadas por empresas como a Fundação Natura, a Fundação Bradesco e o Itaú Social. Segundo ele, a governança contribui com a performance da gestão, controle e relacionamento com os investidores que passam a enxergar uma doação, por exemplo, como investimento. Além disso, garante maior transparência dos dados e auxilia em questões ligadas a marcos regulatórios.

Aliás, esses são pontos que impul-sionam a presença dos conceitos de governança no terceiro setor. Para o sócio de auditoria da KPMG no Bra-sil, Marcos Boscolo, atualmente, é comum que um doador (pessoa física ou jurídica) busque conhecer como a entidade opera, se ela possui audi-toria externa, informações públicas, etc. “Além disso, as instituições que buscam celebrar convênios com enti-dades governamentais têm a necessi-dade de trabalhar com essa estrutura e controles internos para prestar con-tas do recurso público”, diz.

MúLTIPLOS BENEFíCIOSUma boa governança pode favorecer

a mobilização de uma comunidade e po-tencializar os esforços e investimentos na direção certa, de acordo com o ponto de vista dos principais interessados na existência daquela organização. É o que afirma Antonio Luiz de Paula e Silva, facilitador do Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social, enti-dade que oferece programas de formação relacionados a temas como planejamento, captação de recursos e gestão de iniciativas sociais.

Para ele, um terceiro setor só é for-te quando criativo, inovador e mo-bilizador – qualidades conquistadas a partir de um diálogo amplo com os stakeholders de cada instituição. “Ainda são poucas as organizações que pensam a sua governança estra-tegicamente e o conceito é muito di-fuso. Numa época em que a interação aumenta exponencialmente com a tecnologia da informação, que o co-

Ainda são poucas as

companhias que pensam a

sua governança de maneira estratégica

Charles Sampaio,da GS1 Brasil

Organizações precisam validar seus propósitos

sociais de forma estruturada e confiável

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[[ESTRATÉGIA

50 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

nhecimento se torna mais disponível e a crítica da sociedade se torna cada vez mais rigorosa, é natural que a tema ganhe importância”, afirma.

A governança também propicia maior projeção para as organizações sociais privadas sem fins lucrativos e de interesse da comunidade. “A transparência é algo muito valorizado no terceiro setor, principalmente quando o investidor tem interesse em propiciar mudanças sociais”, comen-ta a professora do curso Governança Corporativa e Compliance dos pro-gramas de Educação Executiva do Insper, Ecléa Hauber.

PRINCíPIOS E CONCEITOS Transparência, equidade, prestação

de contas e responsabilidade corporati-va são princípios e conceitos de gover-nança aplicados em empresas de todos os setores. No terceiro setor, em especial, a diferença está no processo de atuação de conselheiros no acompanhamento das questões do dia a dia, por meio da atuação do conselho fiscal ou de outros tipos (deliberativo, consultivo, gestão financeira, etc.). “Isso assegura que as ações mais relevantes estão sendo discu-tidas num colegiado, garantindo maior transparência nesse processo e evitando que ações relevantes fiquem restritas à tomada de decisão de uma única pes-soa”, explica Marcos Boscolo.

Ao adotar esses princípios, o ter-ceiro setor acumula ganhos como sustentabilidade, segurança na gestão e visibilidade junto ao público ex-terno. “É fundamental que uma en-tidade sem fins lucrativos seja mais organizada e transparente do que uma empresa com ações na bolsa de valores”, acrescenta Boscolo. Ele faz uma analogia para explicar essa situação: quando uma indústria automotiva faz um recall, ela assume que produziu um equipamento com falha grave e anuncia isso abertamente ao público. Mesmo assim, muitas

pessoas continuam comprando os carros desse fabricante. No caso de entidade do terceiro setor, se ela tiver algum fato que possa abalar sua imagem e fazer com que as pessoas percam a confiança, certamente terá sérios riscos de continuidade. Afinal, um doador pode ficar na dúvida e escolher outra entidade para destinar a contribuição.

Para Sampaio, da GS1 Brasil, o processo de governança em uma en-tidade sem fins lucrativos oferece um indicativo de que os propósitos de in-teresse coletivo que nortearam a sua criação permanecem e são cumpridos pelos seus administradores. “Há uma unicidade no direcionamento de es-tratégias e planos, uma vez que eles são norteados pela governança corpo-rativa”, diz o executivo.

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O IBGC e o GIFE lançaram, neste ano, a segunda edição do “Guia das Melhores Práticas de Governança para Fundações e Institutos Empresariais”. A primeira versão, lançada em 2009, foi pioneira no gênero no Brasil. Já a nova edição, revisada e ampliada, traz como destaque o relacionamento das fundações e institutos com as próprias empresas mantenedoras, abordando a discussão de prestação de serviços e uso da marca, além de outros temas relevantes para a gestão. A versão digital do guia está disponível no site do IBGC – www.ibgc.org.br

InfOrmAçãO

A governança contribui com a performance da gestão, controle, transparência e relacionamento com os investidores

Arnaldo rezende, do IBGCGovernança auxilia em questões

ligadas a marcos regulatórios

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Por Kathlen Ramos

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jogo rápido VAREJO

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O shopper marketing é um assunto que se torna cada vez mais frequente nas conversas do varejo. O motivo é simples: essa é a ferramenta que permite lojas e marcas entender pro-fundamente os clientes, gerando vantagens competitivas e me-lhores resultados. Dedicada a estudar e, principalmente, lidar no dia a dia com esse tema, a consultora Fátima Merlin lançou o livro Meu cliente não voltou. E agora?, pela Poligrafia Editora. Sócia-fundadora da consultoria Connect Shopper, ela é econo-mista, especialista em varejo, comportamento do consumidor e shopper, além de master business em marketing pela FIA. Fátima atua há mais de 20 anos nessas áreas – foi gerente de eco-nomia e pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) por 13 anos e diretora de varejo e shopper insi-ghts da Kantar WorldPanel por quase uma década.

No livro ela instiga o varejista a questionar, de maneira prática e interativa, sobre sua verdadeira situação no cenário atual e como corrigir suas falhas. Saiba um pouco mais sobre o assunto na entrevista a seguir.

O que é shopper marketing e como nasceu a ideia de desenvolver um livro sobre o tema?

O shopper marketing significa o desenvolvimento de ações de marketing e merchandising baseadas em insights, visando à satisfação das necessidades de grupos-alvos de shoppers. Como consequência, a ideia é proporcionar uma melhor experiência de compras para eles. Apesar dos benefícios que esse conceito traz ao varejo, no Brasil ele não é aplicado no ritmo que poderia ou deveria, a exemplo de países como Estados Unidos, Alemanha, Itália e Inglaterra. Muitos projetos são desenhados, mas nunca implementados. Assim, a inspiração para o livro nasceu dessa necessidade de engajar o varejo e suas agências às práticas do shopper marketing. Além disso, proporcionar um claro entendimento do significado, desafios, oportunidades e dicas para ter sucesso na implantação dessa nova abordagem, integrando toda a cadeia.

Cliente 360°

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Conhecer o consumidor a fundo e oferecer a melhor solução de compras é um dos grandes desafios do varejo. Livro orienta como atingir essa meta

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VAREJO

Fátima Merlin, da Connect Shopper

A falta de conhecimento sobre o comportamento do consumidor é uma das maiores dificuldades que o varejista enfrenta hoje?

Sim, pois dificulta realizar ações direcionadas e efetivas. Conhecer o cliente é a base para investir os recursos naquilo que, de fato, é relevante. Vale lembrar que um dos grandes desafios do varejo é reter o cliente, o que passa por garantir uma boa experiência de compra, entregando facilmente o que ele procura e necessita. Isso envolve cada detalhe: sortimento adequado, abastecimento, produto bem exposto, loja sinalizada e organizada e prestação de serviços.

No livro, você conta a história de um pequeno varejista do interior que acaba comprovando suas teorias. Qual foi a inspiração para essa narrativa?

A história desse varejista permite que os demais compreendam novas formas de lidar com seus próprios desafios e apliquem as estratégias propostas de maneira simples e objetiva. A ideia foi mesclar a teoria com ações práticas para mostrar o que é possível fazer. O livro mostra que, mesmo no pequeno varejo, basta ter planejamento minucioso e execução eficaz para alcançar o sucesso. Para isso, é preciso adotar um processo, ter muita organização, estabelecer metas e métricas para monitorar resultados e trabalhar duro.

Quais as principais falhas quando se pensa em melhorar a experiência de compra?

Para compor o livro, fiz uma pesquisa com varejistas de todos os portes, setores e regiões do País e detectei que somente três em dez possuem uma base gerenciada do cliente. Apenas essa pequena parcela entende o que é o cliente, suas segmentações, perfil, estilo de vida, hábitos, convicções e usa essas informações para desenvolver ações direcionadas.

Como o varejista pode, de fato, conhecer o seu cliente?Há muitas ferramentas para isso. Desde a mais básica, que

é simplesmente ouvir o cliente e verificar quem entra e sai da loja. Numa simples observação, é possível perceber nichos importantes e, a partir daí, direcionar as ações. Um dos meus clientes, com uma loja de menos de 500 m², percebeu, por observação no checkout, que a cada dez clientes, sete eram idosos. A partir daí, ele avaliou se o sortimento estava adequado ao seu público. E também disponibilizou lupas nas gôndolas para ajudar seus clientes a ler códigos, preços

e outros dados. O retorno foi bastante positivo. Não digo que acabou fidelizando porque, hoje, não existe cliente fiel, mas ações como essa fazem o cliente voltar à loja, porque ele sente que pertence àquele varejo. Além desse método simples, existem outros mais sofisticados, como câmeras que filmam o shopper enquanto ele circula no estabelecimento e traduzem as imagens em informações.

O ideal é atender ao público que mais representa a realidade da loja?

Sim, porque é impossível fazer tudo para todos. O varejista precisa conhecer o grupo que representa 70% ou 80% do negócio. E, com base nesses dados, desenhar a estratégia para cada etapa de jornada do cliente, desde quando ele chega à loja, passando pelo trajeto que ele faz, como interage com produtos e serviços, até as ações de marketing e merchandising.

Como você vê a evolução do shopper marketing no varejo brasileiro e para onde essa técnica deve caminhar?

Como pesquisa para construção do livro, em maio de 2013, fiz uma sondagem com empresários de varejo e indústria, em parceria com o ECR Brasil para detectar o estágio atual do shopper marketing no País e suas perspectivas. O levantamento foi consolidado entre setembro e novembro de 2013, e, entre as principais constatações descobrimos, que, embora esse conceito ganhe força e relevância, apenas 20% dos respondentes souberam detalhá-lo e aprofundá-lo. Além disso, a maioria (75%) se classifica em um estágio primário quando o assunto são as práticas de shopper marketing. Os principais entraves apontados pelo levantamento foram: falta de conhecimentos específicos, de equipe dedicada, de área estruturada e de recursos, inclusive financeiros. Em muitos casos, ausência de processos bem planejados e estruturados. Apenas 5% afirmaram estar em um estágio avançado, contando com uma área específica, equipe 100% dedicada, budget próprio e projetos bem delineados. Apesar dos números ainda discretos, a maioria dos respondentes avalia uma perspectiva muito promissora para o shopper marketing – 80% acreditam que essa prática crescerá e boa parte dos investimentos de marketing e trade é direcionada para projetos nessa área.

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“Conhecer o cliente é a base para investir os

recursos naquilo que, de fato, é relevante”

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Por Patricia Lucena

54 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Em meio a um cenário de enfraquecimento da atividade econômica e alta dos juros, empresas devem se planejar de maneira estratégica para não correr o risco de fechar as portas

Novos produtos, serviços diferenciados e tecnologia. Muitos são os segredos para uma empresa atingir o sucesso e atuar de maneira sustentável. Em tempos de juros altos, inflação no limite da meta e um ambiente de baixa atividade econômica, a situação financeira das companhias está sendo fortemente impactada. Se não houver atenção, elas correm o risco de ficar em débito com seus fornecedores, fechar as portas e deixar as boas ideias para trás.

Segundo o indicador de inadimplência da pessoa jurídica do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o número de dívidas em atraso registrou aumento de 6,17%, em julho, na comparação anual. “Esse é um crescimento alto, mas ainda não é catastrófico. Porém, é uma luz amarela que indica ‘atenção’ para todas as empresas”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Ela destaca que é preciso muito cuidado em um cenário como o atual. “Uma empresa com dívida acaba sendo paralisada, porque ela precisa fechar uma área para quitar as dívidas ou cortar o quadro de pessoal. Com isso, a produção começa a diminuir e, consequentemente, impacta na atividade econômica do País, que vai resultar em mais empresas inadimplentes. É uma bola de neve.”

Uma das soluções para não fazer parte dessas estatísticas é estruturar um planejamento estratégico para alavancar as vendas e fugir da inadimplência. “O empresário ainda resiste em planejar e, com isso, acaba queimando etapas importantes. Desse modo, recorre a empréstimos com juros altos para pagar o fornecedor e não correr o risco de interromper o seu fluxo de produção”, ressalta o coordenador de Inteligência de Crédito da SERASA Experian, João Machado. Medidas como essas podem dar certo em um primeiro momento, mas trazem problemas mais graves em um curto espaço de tempo. “Isso porque

as instituições bancárias vão querer receber e o fornecedor ficará desconfiado. Daí as vendas caem e, assim, vem a inadimplência”, argumenta Machado.

O planejamento deve contemplar os gastos, as vendas e tempo para o estoque ficar inutilizado. “É claro que, dificilmente, tudo acontece como foi planejado, mas é im-portante ter estimativas até para pensar em alternativas, caso necessário. É nesse ponto que as empresas geralmente falham”, analisa Marcela. Prova disso é que o número de empresas com dívidas em atraso cresceu 7,11% em julho, na comparação com o mesmo período de 2013, segundo dados do SPC Brasil. Apesar da leve desaceleração em relação à alta de junho (7,8%), este foi o quarto mês seguido em que o crescimento se manteve acima de 7%.

“Crédito é confiança”, afirma Machado. Nesse sentido, quando há quebra dessa relação, ninguém sai ganhando.

Alerta amarelo!

FINANÇAS INADIMPLÊNCIA

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João Machado, da SERASA ExperianFalta de planejamento faz com que gestor

recorra a empréstimos com juros altos para pagar fornecedores

SinAl vERdE SAibA como conduzir umA negociAção de inAdimplênciA pArA que oS negócioS voltem A fluir

Antes de começar a negociação, liste todas as despesas fixas da empresa e as dívidas já assumidas ou previstas. Assim, é possível saber o valor disponível para quitar a dívida e pensar nas formas de pagamento que melhor se encaixam ao orçamento da companhia.

Estabeleça critérios e hierarquias para saldar as dívidas com os fornecedores. dê prioridade àqueles que disponibilizam os recursos para sua empresa funcionar.

Conheça o perfil do fornecedor e o histórico de relacionamento com a sua empresa.Procure o credor ou fornecedor e proponha uma negociação. Geralmente, eles estão dispostos a fazer acordos e até oferecer descontos.

na hora da negociação, mantenha o respeito e o tom de voz positivo. isso faz a diferença.

Quem compra quer receber o produto, assim como quem vende a prazo precisa do dinheiro. Do contrário, não tem como pagar os funcionários, os impostos e os fornecedores, além de não poder fazer novos investimentos. “Tudo isso traz prejuízos não apenas a empresa em questão, mas também para os negócios e a economia do País como um todo”, diz Machado.

E agora?As etapas de planejamento e exe-

cução não foram bem-sucedidas e a inadimplência chegou. Alerta vermelho. Mas não se desespere nem tome decisões precipitadas. Antes de partir para a negociação, coloque na ponta do lápis todas as despesas fixas de seu negócio e as dívidas já assumidas ou previstas. “Assim, é possível saber o valor disponível para pagar a nova dívida que será negociada, escolhendo as condições e formas de pagamento que melhor se encaixam ao orçamento da companhia”, explica Machado.

A partir disso, a empresa deve avaliar em quais áreas e de que maneira pode economizar, seja em uma ação rotineira, como evitar deixar as luzes acesas 24 horas, seja em uma atitude mais drástica, como o corte de funcionários.

O próximo passo é procurar o credor ou fornecedor e propor uma negociação. “Muitas vezes, o credor tem tanto interesse em receber quanto o devedor tem em pagar. Por isso, no momento em que é procurado, ele acaba aceitando acordos e até oferecendo bons descontos”, ressalta Marcela.

Segundo a coordenadora da área de atendimento ao associado da GS1 Brasil, Claudilena Murro, a melhor forma de conduzir uma negociação é conhecer bem os parceiros e fornecedores, suas características particulares, natureza jurídica e como os seus produtos e soluções favorecem o negócio deles. “Essa imersão ajuda no processo de negociação de um título, assim como a empatia e o respeito”, afirma. Essa é a postura adotada pela equipe da entidade

nas questões de inadimplência entre associados, sempre buscando uma solução amigável.

No momento da negociação, um ponto importante é estabelecer crité-rios e hierarquias para saldar as dívidas com os fornecedores, diz o professor de finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Finan-ceiras (FIPECAFI), Silvio Paixão. Se-gundo ele, há três tipos de fornecedores: o máster, que disponibiliza os recursos para a empresa; o de suporte, que via-biliza o relacionamento com os fornece-dores e clientes (prestadores de logística e contabilidade, por exemplo); e o de produtos não essenciais, que fornece material de escritório e limpeza. “O ide-al é que a empresa devedora priorize o

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16 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

fINANçAS

5 PASSoS PARA FuGiR dA inAdiMPlênCiA

56 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

1. Planeje as compras e a formação do estoque.

2. Conheça o seu segmento de atuação: clientes, fornecedores, concorrentes e variáveis externas que possam impactar o seu negócio.

3. não abra mão de treinamentos e uso de novas tecnologias, pois isso manterá sua empresa competitiva no mercado.

4. Evite desperdícios.

5. Aproveite o final do ano, quando geralmente a atividade econômica melhora, para ganhar mais e quitar as dívidas.

Marcela Kawauti, do SPC BrasilCresce índice de empresas inadimplentes, o que requer cuidado no cenário de economia enfraquecida

Silvio Paixão, da FiPECAFiÉ fundamental estabelecer critérios e hierarquias para

saldar as dívidas

pagamento dos fornecedores máster e, depois, siga a ordem de importância: suporte e produtos não essenciais”, orienta o professor.

NomE sujoContudo, há casos em que o credor

inclui a empresa devedora na base de SPC sem tentar um acordo prévio. Isso é possível a partir do primeiro dia de atraso de pagamento. Porém, é fundamental evitar chegar a esse ponto. A inadimplência já é um sinal de que as coisas não estão caminhando

da forma como deveriam. É mais um alerta para que a companhia se planeje e consiga se reerguer.

“O nome de uma empresa incluído em uma base de dados de negativação gera impacto ruim na sua reputação e, consequentemente, prejudica os negócios”, lembra Marcela. Além disso, dificilmente uma companhia tem capital suficiente para comprar todos os insumos à vista, sem precisar de um prazo para vender antes de quitar a dívida. Mas se ela está com o seu nome sujo, fica mais complicado realizar um empréstimo e, assim, manter as operações fluindo.

Isso porque ter uma dívida não é um problema, mas ter uma dívida em atraso, sim. Além da reputação, os juros fazem com que o valor aumente significativamente e, assim, seja cada vez mais difícil quitá-la. “Toda empresa corre riscos, mas os gestores não param para pensar nisso. Um empresário hoje em dia é um grande gestor de risco”, analisa Paixão.

Do outro lado da moeda, o forne-cedor ou credor atua, muitas vezes, como um “jogador de xadrez”, um estrategista. Por isso, é fundamental que tenha consciência da sua im-portância para determinado cliente, entenda o problema e busque uma solução em conjunto.

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2013 17

[[OpINIãO

‘‘Políticas de integração institucional e otimização de recursos por meio de disseminação

de conhecimento operacional e conscientização de que a modalidade criminal relaciona--se, diretamente, com atividades de organizações criminosas em constante ascensão. Essa é a fórmula em que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) baseia seu trabalho de combate à pirataria, destacando-se no enfrentamento ao contrabando e descaminho, às falsificações, aos delitos que atentem contra a saúde pública e aos crimes fiscais. E tem dado certo, representando importante parcela no volume avaliado em bilhões de reais em mercadorias apreendidas todos os anos.

Um dos projetos que capitaneia esse direcionamento no combate à pirataria é denominado de Operação Temática de Enfrentamento aos Crimes contra o Fisco e a Saúde Pública (OTEFIS), ação permanente e executada pela Divisão de Combate ao Crime (DCC), com caráter repressivo e de capacitação, abrangendo todo o território nacional em diferentes épocas do ano. A OTEFIS é constituída de instruções vindas de diversos órgãos com expertise no assunto e atividades de fiscalização nas rodovias federais. Essa oficina prática é uma chance para aplicação e fixação dos conhecimentos adquiridos, bem como para gerar motivação operacional.

Nas ações, a prioridade é a capacitação para fiscalização de veículos de carga, contêineres e demais transportes com numerário expressivo de mercadorias, com o objetivo principal de identificar o modus operandi de grandes redes contrabandistas e de pirataria do País e suas conexões. Assim é possível ter visão mais ampla dessa modalidade criminosa que tem se mostrado complexa e repleta de ramificações, tais quais às do tráfico de drogas, armas e ilícitos ambientais.

Temos também uma ligação importante com órgãos das esferas federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada, com destacada atuação da GS1 Brasil, com a capacitação voltada para a identificação e o acesso às informações do código de barras. A participação efetiva de associações representativas do empresariado em todo o processo é muito importante, demonstrando que operações policiais podem receber, com os devidos resguardos legais, outros atores interessados no combate a determinados crimes.

Dessa forma, a PRF enxerga a OTEFIS como indutor de conhecimento e integração, pois todos os envolvidos retornam para as suas atividades com habilidades e atitudes que levam à continuidade do trabalho e à disseminação deste com os demais stakeholders da instituição, otimizando recursos e resultados, com dividendos sociais imensuráveis.

Sabemos que o embate à pirataria está longe de ter soluções definitivas somente pela frente da repressão: é preciso uma exploração experimental em eixos econômicos e educativos para que, em conjunto com ações repressivas, possam demonstrar caminho para controle de situação.

o embate à pirataria está longe de ter soluções

definitivas somente pela frente da repressão

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Conjunto de ações com caráter repressivo e de capacitação conquista importantes resultados com o apoio de órgãos públicos e da iniciativa privada

Manuel Hermeto Vasconcelos Júnior

coordenador dos grupos de operações

de fronteira e enfrentamento à

pirataria na polícia rodoviária federal

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Símbolo da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista faz da faceta cultural e da multiplicidade de papéis trunfos para se manter ativa e atual

Às vésperas de completar 123 anos, em 8 de dezembro, a Avenida Paulista parece ter encontrado uma fórmula perseguida por muitos: a da juventude. No espaço de 2,8 quilômetros, vivem 5.mil moradores e circulam, diariamente, 1,5 milhão de pessoas, em média. Duas linhas de metrô e 184 ônibus atendem a região. Somando-se os dois sentidos, passam pela via 4,2 mil veículos por hora no período de pico. Sem contar os helipontos no alto dos edifícios e uma ciclovia, que ganhará espaço permanente junto ao canteiro central da avenida. As obras devem começar em janeiro de 2015.

A Paulista e seu entorno concentram sedes de empresas de grande porte e multinacionais, além de estabelecimen-tos de diversos segmentos, como das áreas de saúde, comércio, serviços e ins-tituições públicas.

No entanto, a avenida é grande não apenas em números mas também nos múltiplos significados e papéis que vem exercendo ao longo dos anos. As suas facetas simbólica e cultural são o que

fazem da via um espaço vivo, segundo a doutora em Geografia pela Univer-sidade de São Paulo (USP) e uma das autoras do artigo Atrativo Turístico e Centralidade Cultural: A Territorialida-de da Avenida Paulista, Viviane Veiga Shibaki. “Diferentemente do centro da cidade que fica deserto fora do horário comercial, a Paulista funciona 24 horas. Ela conseguiu acompanhar a dinâmica espacial da metrópole e, atualmente, constitui um polo de efervescência cul-tural, gastronômica e turística”, observa.

As calçadas são disputadas por ska-tistas, hippies, hare krishnas, estudantes, executivos, artesãos, vendedores ambu-lantes, poetas e até mesmo noivas. No local é comum presenciar performances de artistas anônimos e até covers de Elvis Presley e Michael Jackson.

Ao que tudo indica, a avenida já carregava em seu código genético a multiplicidade que garantiria sua longe-vidade. Afinal, ela foi projetada pelo uruguaio Joaquim Eugênio de Lima e ganhou toque paisagístico do francês Paul Villon e dos brasileiros Ramos de

Azevedo e Burle Marx, responsáveis, respectivamente, pelo Trianon, vale da Nove de Julho e jardins suspensos do Banco Itaú. Abrigou nos seus primeiros anos, mansões dos mais diversos estilos arquitetônicos: florentino, neoclássico, mourisco, art-nouveau até kitsch. Nos anos 1930, suportou a expansão viária com a chegada dos bondes elétricos.

Aceitou a verticalização, iniciada na década de 1950 e intensificada desde então. Começou a ganhar contornos culturais com a construção do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na década de 1960. Em uma cidade na qual tempo é dinheiro, talvez o segredo para nunca enferrujar seja esse. Não resistir à passagem dos anos, mas estar em sintonia com essas transformações e, assim, acompanhar o ritmo de uma metrópole onde o tempo não para.

24 hoRAS DE LAzER Segundo dados da São Paulo Turismo

(SPTURIS), a Paulista está entre os cinco atrativos mais visitados na cidade. A Central de Informação Turística (CIT),

Por Giseli Cabrini

Eternamente jovem

58 out/nov/dez 2014 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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A sEção RAdARé voltada a temas relacionados

a turismo e cultura. Participe! Mande sua sugestão para

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da SPTURIS, instalada no Parque Mário Covas, realiza uma média de mil aten-dimentos por mês, sendo que 85% são turistas nacionais e 15% internacionais.

A Paulista é um marco de entreteni-mento, com uma programação intensa que dura dia e noite com opções para todos os gostos: museus, espaços cultu-rais, parques, feiras de antiguidade e de artesanato, cinemas, livrarias, teatros, ba-res e restaurantes. As principais atrações são: MASP, Casa das Rosas, Instituto Itaú Cultural, Centro Cultural FIESP e Parque Trianon, além das tradicionais Corrida de São Silvestre e Réveillon da Paulista. Idealizado pelo empresário As-sis Chateaubriand e pelo crítico de arte Pietro Maria Bardi, o MASP se mudou para o número 1.578 da Avenida Paulis-ta no dia 7 de novembro de 1968. Antes, ficava no centro da cidade. Entre os con-vidados de honra para a inauguração do novo prédio, que hoje é um dos mais im-portantes da arte ocidental do hemisfério

sul, estava a rainha da Inglaterra, Eliza-beth II. Atualmente, o acervo possui cer-ca de 8 mil peças.

Em meio aos arranha-céus e à modernidade que cerca a avenida, foi preservado um importante patrimônio histórico: a Casa das Rosas. Com estilo clássico francês, a mansão possui 30 cômodos e, no passado, reunia os milionários barões do café. Em 1991, a mansão foi inaugurada como espaço cultural e hoje oferece cursos e eventos ligados à literatura.

A “decoração” da Paulista é garantida pelo Parque Trianon, projetado pelo paisagista francês Paul Villon e o inglês Barry Parker e inaugurado em 1892. São 48,6 mil m² de vegetação tropical, remanescente da mata atlântica, que atraem várias espécies de aves.

Virada do ano é sinônimo de Corrida de São Silvestre. Uma das provas de rua mais tradicionais do mundo tem largada na Paulista e percurso de 15 quilômetros,

passando pelos principais pontos turí-sticos da cidade. A corrida chega, em 2014, à sua 90ª edição e foi idealizada pelo jornalista Cásper Líbero depois de assistir a uma competição noturna em Paris, na França, na qual os atletas percorriam o trajeto portando tochas de fogo. Empolgado com a ideia, resolveu implementá-la no Brasil na virada do ano. A primeira corrida foi disputada à meia- -noite do dia 31 de dezembro de 1924. o atleta Alfredo Gomes terminou na frente entre os 146 participantes, dos quais apenas 60 chegaram ao final do percurso de 6,2 mil metros. hoje, a corrida supera 27 mil inscritos de diferentes nacionalidades.

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Na Paulista não existe o número 1, ela começa no 7. A numeração ímpar corre pela esquerda e pela direita, a par.

Para percorrê-la a pé, desde o início na Praça Oswaldo Cruz até o fim, na Praça Cordeiro de Farias, são necessários

3.818 passos e 64 minutos, contando-se as paradas nos semáforos.

É referência em acessibilidade. Possui revestimento por placas de concreto moldadas in loco e pisos podotáteis

de alerta e direcionais.

É um dos locais com maior concentração de rádios AM e FM e de antenas de transmissão da cidade.

Atrai as noivas, que fazem do espaço urbano um dos lugares preferidos para fotos do grande dia ou até mesmo

para a celebração na igreja da Paróquia São Luiz Gonzaga.

É a preferência do local para manifestações culturais, populares

e sociais. Um dos grandes marcos da atualidade é a Parada do

Orgulho LGBT, que reúne mais de 3 milhões de pessoas.

Abriga 18 consulados.

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CURIOSIDADES

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RecuRsos Humanos MOTIVAÇÃO

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Aliar o propósito do negócio e do colaborador faz a diferença quando o objetivo é restabelecer a conexão entre trabalho e satisfação pessoal

Por Giseli Cabrini

Produtividade, metas e resultados estão rela-cionados ao desempenho das pessoas ao executar tarefas. Assim, a relação entre indivíduo, trabalho e performance exige uma ligação que, nos últimos anos, tem passado por uma reconfiguração.

Historicamente, muitas transformações fize-ram com que o trabalho adquirisse um significado social. No mundo contemporâneo – ocidental e capitalista –, o trabalho passou a ser visto como o principal vínculo do indivíduo com a sociedade e até uma extensão da própria pessoa. Esse tipo de relação se encaixa perfeitamente no modelo tradicional de gestão de empresas baseado em co-mando e controle, no qual as ações de motivação se resumem a mecanismos extrínsecos, ou seja, a oferta de recompensas materiais a fim de satisfa-zer os colaboradores e, assim, alcançar melhores resultados para a organização.

Mas, segundo especialistas, a transição para o século 21 vem provocando mudanças no papel que o trabalho exerce na vida das pessoas, afrouxando esse elo. Com isso, para muitos, estar motivado exige mais do que a simples oferta de dinheiro ou recompensas. Demanda mecanismos intrínsecos, ou seja, ferramentas em sintonia com seus propósitos pessoais.

Em suas palestras pelo mundo, disponíveis inclusive na internet, o analista de carreira norte- -americano e autor do livro Motivação 3.0, Daniel Pink, defende que a motivação nas empresas deve partir de um tripé formado por elementos que não estão relacionados a prêmios financeiros. São eles: autonomia (direcionar a própria vida); domínio (melhorar cada vez mais fazendo algo que importa); e propósito (fazer o que fazemos para que sirva a algo maior que a nós mesmos). Assim, no mundo corporativo, as recompensas funcionam quando o que está em jogo envolve habilidades mecânicas, metas de curto prazo e foco estreito. Mas falham quando abrangem habilidades cognitivas, metas

de longo prazo e visão periférica. Isso indica a necessidade de algumas mudanças nas políticas de recursos humanos das companhias.

“Quando a empresa não fornece um propósito ou um significado nobre para o trabalho da pessoa, tira sua autonomia ao submetê-la a uma hierarquia, planos e processos já definidos. Além disso, suprime a oportunidade de autoaprimoramento porque condena erros. O peso todo vai para o dinheiro e a obrigação”, defende o autor do livro O2 - Organizações Orgânicas, um Guia para Revolucionar a Gestão e Liderar as Equipes do Século XXI, Renan Carvalho.

O consultor e palestrante na área de vendas, motivação e comunicação, Marcos Sousa, concorda e acrescenta que se trata de uma via de mão dupla. “O propósito é o real combustível da motivação e ele envolve as duas partes: empresa e indivíduo.”

Uma das explicações para essa transformação no comportamento é a percepção de que é possível construir a identidade de várias maneiras. “Antigamente, as pessoas se apresentavam usando o nome da companhia como seu segundo sobrenome. A relação de identidade com o trabalho era muito forte. Mas, agora, o vínculo com o trabalho passou a ser uma consequência, ficou mais efêmero e centrado no indivíduo”, explica o sócio-diretor do Ateliê de Pesquisa Organizacional, Luis Felipe Cortoni.

RESULTADOS CONCRETOSPara Alfredo Assumpção, indicado em 2008

como um dos mais influentes headhunters do planeta pela revista Business Week e autor de Gestão sem Medo – Como Ser Feliz no Mundo Corporativo, entre outros livros, as empresas demandam líderes capazes de criar e desenvolver um ambiente no qual as pessoas possam se realizar na plenitude de suas potencialidades, a partir da premissa: ser, saber e fazer.

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PropósitoExistem para atender o objetivo financeiro dos proprietários ou

maximizar retorno para o acionista

A razão de sua existência é servir a uma causa nobre e beneficiar todas as pessoas que interagem com ela de maneira equilibrada

Têm uma hierarquia vertical de poder (representada por um organograma), na qual existem

pessoas mais e menos importantes

São conjuntos horizontais de times, células ou pessoas, nos quais ninguém é mais importante e todos

interagem focados no propósito

Operam como máquinas, no sentido que existem atividades superespecializadas,

medição numérica de todos os componentes e previsibilidade

Atuam como organismos vivos, são adaptáveis, imprevisíveis e o todo nunca

é igual à soma das partes. É preciso nutrir o ambiente para que seja saudável

Os recursos humanos devem ser encaixados nas funções, nos cargos ou nos processos que constituem a

máquina e devem gerar produtividade

São indivíduos únicos com emoções e experiências para os relacionamentos e

bom desempenho do organismo

É externa, ou seja, os recursoshumanos produzem o necessárioquando submetidos a incentivos

financeiros ou ameaças de perdasdesses benefícios

Ocorre de forma natural em um ambiente de autonomia, transparência,

que estimula o autoaprimoramento e serve a uma causa nobre

Deve ser planejado. O tamanho da máquina pode ser definido, calculado

e executado segundo o desejo dos acionistas e recursos disponíveis

É natural, uma consequência do reconhecimento dos clientes ao encantamento (ou superação de

expectativas) gerado pela empresa

Significa gerir e é exercido por gerentes e gestores que prestam contas a seus

superiores. Eles foram escolhidos para garantir que a empresa atinja os

objetivos planejados

Significa ter paixão e ser exemplo. O líder é escolhido ou aprovado pela equipe por ser referência e exemplo à

causa nobre da empresa

Estrutura

Funcionamento

Pessoas

Motivação

Crescimento

Liderança

Empresas de comando e controle Organização orgânica

TradiçãO E MOdErnidadE na gEsTãO dE rECursOs huManOs

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A Fesap Holding, fundada por Assumpção a partir da sua empresa FESA, especializada no recrutamento de profissionais altamente qualificados, é um exemplo vivo do que ele acredita. As iniciais, antes associadas a Financial Executive Search Associates, nos dias atuais, têm outro significado – Feliz Elegante, Simples e Alegre – e resumem o espírito da organização e de quem faz parte dela. A companhia, fundada em 1995, cresceu 2.520% nos últimos oito anos, considerando um cenário adverso com a crise financeira de 2008. Nesse período, na contramão de muitas que enxugaram seus quadros, surgiu a Asap Recruiting Leaders for the Future, empresa que integra a

holding e é focada no recrutamento de executivos de média gerência.

O consultor Renan Carvalho clas-sifica como organizações orgânicas as empresas que abraçaram esse novo jeito de lidar com seus recur-sos humanos. São companhias nas quais as equipes trabalham de for-ma autônoma e fazem o que amam. Além disso, os colaboradores são di-recionados por um propósito nobre: beneficiar a humanidade. As metas passam a ser: encantar os clientes – a partir de seu propósito – e ser eco-nomicamente sustentáveis – gastar menos do que ganham.

No mundo, há vários exemplos de empresas orgânicas: Google, Toyota, Southwest Airlines, Whole Foods e Handelsbanken. No Brasil, Carvalho destaca a Semco Partners, que atua com joint-ventures. Na década de 1980, o fundador Ricardo Semler, escreveu o livro Virando a Própria Mesa, no qual mostra como eliminou o sistema tradicional e passou a gerir de uma maneira democrática, com alto nível de engajamento. Outro caso é o da Promon Engenharia, que se converteu em uma sociedade anônima de capital fechado para fazer de todos

os colaboradores, sócios da empresa. “Podemos citar ainda a Vagas.com e a 99jobs por altos níveis de propósito e autonomia”, completa Carvalho.

Adotar novas práticas na gestão dos recursos humanos não é algo apenas para as grandes companhias, mas está ao alcance de todas. Prova disso é que, em 2011, Carvalho criou o Programa de Gestão Empresarial Orgânica (PGEO), voltado a empresas de micro, pequeno e médio porte. “Trata-se de um pro-grama de capacitação que dura sete meses e tem foco na gestão orgânica. As empresas menores possuem uma grande vantagem em relação às de maior porte porque quase não adotam ferramentas tradicionais de gestão.” Além disso, têm mais dificuldade para oferecer altos salários e benefícios. Nesse sentido, oferecer um ambiente de trabalho no qual os colaboradores se sintam valorizados e em sintonia com os valores da empresa torna-se um forte atrativo para manter a equipe motivada.

Cerca de 20 organizações de dife--rentes segmentos que atuam em Santa Catarina já participaram do programa. Entre elas está a Della Nonna Pães & Doces. “Tive de mu-dar, pois aprendi que o crescimen-to deve ser sustentável e os clientes precisam ficar satisfeitos. O preço é apenas um detalhe, o importante é a qualidade. Por isso, não contrata-mos pessoas apenas para preencher uma vaga. Queremos gente que se encaixe no nosso propósito”, afirma um dos sócios-proprietários, Miguel Salvalagio. Os 50 colaboradores da padaria passaram a participar mais ativamente da gestão, até mesmo da definição das regras de conduta. E uma equipe de líderes ajuda na in-terface com a direção.

Segundo Salvalagio, os resultados são visíveis. “Nos últimos quatro anos, não investimos em nenhum tipo de propaganda. O crescimento acontece por meio de boca a boca feito pelos clientes. A rotatividade dos funcio-nários também diminuiu”, finaliza.

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A imagem do anjo é sempre de um ser celestial, meigo, amável. Mas os an-jos que investem em startups são bem mais arrojados e exigentes, sobretudo agora que estão mais estabelecidos no Brasil. O País tem hoje cerca de 6,5 mil investidores-anjo, número insignifican-te perto de nações com cultura mais forte de investimento, como os Estados Unidos, que chega a 5 milhões de an-jos. Entre 2014 e 2015, o Brasil deve atingir um montante de R$ 2,6 bilhões desses investimentos, cifra satisfatória para o diretor-executivo do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tec-nologia (CIETEC), Sérgio Risola.

Um dos avanços mais relevantes nos últimos anos foi a postura desses inves-tidores. “Antes, eles eram mais passivos, esperavam o empreendedor aparecer com a oferta. Hoje, procuram as ini-ciativas que mais lhe agradam”, afirma o fundador da Anjos do Brasil, Cassio Spina. Não existe mais amor à primei-ra vista, pois o investidor-anjo pesquisa muito para achar a aposta certa. “Eles também estão aprendendo que não

podem aplicar capital em apenas um negócio. É preciso diversificar o inves-timento. Isso mostra que está havendo amadurecimento”, comenta Risola.

Os anjos também ficaram mais im-pacientes. Segundo Risola, até mesmo os investidores brasileiros mais ma-duros querem ter o retorno do capi-tal aplicado em um ou dois anos, ao passo que, nos Estados Unidos, por exemplo, isso pode demorar até nove anos. No entanto, na prática, cada ne-gócio tem a sua particularidade e pro-jeção de retorno diferente.

NOvO PAPElO investidor-anjo ajuda a empresa a

encontrar espaço no mercado e a am-pliar a sua atuação. Por isso, ele quer conhecer bem o negócio e os empreen-dedores antes de aplicar o seu capital. Em primeiro lugar, busca saber se os colaboradores são capazes de tocar o negócio, ou seja, se têm qualificação e competências. Também avalia o poten-cial do mercado e a oportunidade. Dife-rente do que muitos imaginam, a ideia

ou o projeto em si vem em terceiro lugar como diferencial no momento em que analisa um negócio.

“Além disso, o investidor e o empre-endedor precisam ter afinidade, porque, senão, mais tarde, terão problemas”, alerta Spina. Isso porque quem aplica o capital espera encontrar um profissio-nal bem preparado, com capacidade de execução comprovada, conhecimento do mercado e capaz de gerar resultados com poucos recursos. Dessa forma, a expectativa é de que o dinheiro empre-gado renderá mais. “Com certeza não é fácil encontrar empreendedores assim”, pondera Spina.

Depois de conhecer bem o empre-endedor, os anjos buscam caracterís-ticas específicas: uma oportunidade real, uma demanda da sociedade; algo inovador e que tenha vantagem com-petitiva e/ou um mercado que seja amplo, pois nichos específicos não apresentam grande crescimento. Além disso, um negócio que possa crescer sem exigir muito capital e pessoal. As-sim, o empreendedor precisa entender

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Investidores estão mais exigentes ao escolher o empreendedor certo.Confira essa nova postura e as áreas mais propensas a receber capital em 2015

Por Claudia Manzzano

64 out/nov/dez 2014 [ BraSIL EM CÓDIGO ]

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todos os aspectos de investimentos-anjo e se preparar para consegui-lo. Isso in-clui até mesmo saber como se faz um pitch, apresentação resumida de três a cinco minutos com objetivo de desper-tar o interesse da outra parte (investidor ou cliente) pelo seu negócio. Nela, deve conter apenas as informações essenciais e diferenciadas. O pitch pode ser apre-sentado apenas verbalmente ou ilustra-do por poucos slides.

AMADURECIMENTO O investimento-anjo apresenta cres-

cimento há cerca de três anos no Brasil, em especial a partir da criação de entida-des que fomentam o desenvolvimento desse tipo de aporte, tendo como base o que já acontece nos Estados Unidos e na Europa. Nesses locais, com mais tradi-ção na área, as entidades auxiliam os in-vestidores com informações e estreitam o caminho entre empreendedores e in-vestidores, propiciando a oportunidade das novas empresas apresentarem seus projetos a quem pretende investir. Por aqui o avanço não é maior em razão da burocracia e da falta de políticas de pro-teção e estímulo às startups (confira mais informações na entrevista com Endeavor na página 18).

A Anjos do Brasil é das organizações que está movimentando esse cenário – dinâmico, mas repleto de desafios, como, por exemplo, a tímida divulga-ção do conhecimento sobre o processo de criação de negócios de alto potencial e como o investimento-anjo é funda-mental para impulsionar isso. “O Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 20 milhões de empreende-dores, segundo pesquisa do Global En-trepreneurship Monitor [GEM]. Assim, o tamanho do desafio para a dissemi-nação desses conhecimentos é bastante grande”, analisa Cassio Spina. De fato, são pouquíssimas as instituições que orientam sobre a melhor forma de nego-ciar com o investidor”, completa Risola, do CIETEC, instituição que faz um tra-balho para preparar os empreendedores.

APOSTAS De acordo com a Anjos do Brasil, o

investidor-anjo normalmente aplica ca-

pital nos segmentos que conhece, pois isso ajuda tanto na sua avaliação quan-to no apoio ao projeto. Porém, ele tam-bém pode investir junto com outros an-jos que tenham o domínio necessário em um determinado setor. Hoje não é apenas a área de tecnologia que tem despertado interesse. Segundo Spina, projetos nas áreas de educação, saú-de e biotecnologia também são vistos como grandes oportunidades. Empre-sas que atuam com biomedicina, quí-mica, meio ambiente e nanotecnologia são igualmente procuradas, completa Risola, do CIETEC.

O cenário é parecido com o que acontece nos Estados Unidos, onde a área de internet e a de saúde são as que mais recebem investimentos-anjo. De acordo com estudo, “Halo Report”, entre o último quadrimestre de 2013 e o primeiro de 2014, o investimento-anjo no segmento de internet, por exemplo, aumentou de 32,7% para 42,5%.

Independentemente da área de atu-ação da empresa, o que realmente in-teressa aos investidores-anjo é que o negócio possua inovação, seja escalável (algo que se pode reproduzir em gran-de quantidade com ganho de produ-tividade) e tenha um mercado amplo (no mínimo nacional). Enfim, um alto potencial de crescimento.

PERfIl DE ANjOfernando Rolim é um típico investi-

dor-anjo. Ele atua em diversas frentes, mas sempre em áreas que conhece, e usa a tecnologia como aliada para al-cançar bons resultados. O diferencial é que também possui fortes caracterís-ticas de um empreendedor. Além de

investir capital, ele cria as ideias, ajuda nas decisões importantes e direciona o destino dos negócios. Exatamente o papel do anjo. Para tocar o dia a dia da empresa, conta com sócios que enten-dem da área de atuação.

formado em administração de em-presas com especializações em marke-ting, finanças e governança corporativa, a primeira empreitada de Rolim foi abrir sua própria consultoria com amigos, focada em atender concessionárias de carros. Antes, ele trabalhou em compa-nhias da área por vários anos e chegou a ser CEO da Associação Brasileira dos Concessionários de Automóveis fiat. A consultoria foi tão bem que uma multi-nacional americana a comprou. foi na-quele momento que o anjo surgiu. Rolim pretendia investir em algo novo, porém no ramo automotivo – que já conhecia –, pois não queria se aventurar. Em razão de sua experiência anterior, ele sabia as necessidades do mercado e criou o pro-jeto do Plat 4 Maxx, um software que facilita a venda de produtos automotivos nas concessionárias de veículos. Com o tempo, outras ideias vieram, como a consultoria GR Max, dedicada à distri-buição da cadeia automotiva, e o site de vendas de automóveis Qlicar. Diferente de muitas startups, as empreitadas de Rolim não têm o foco em tecnologia – ela é apenas uma ferramenta para viabi-lizar os negócios.

Dos três investimentos, a Plat 4 Maxx é a mais desafiadora. O investi-dor diz que acredita na ideia, mas pre-cisa ter muito dinheiro e tempo para dar continuidade. “As outras empresas já tiveram retorno mais rápido, devido à natureza do negócio”, comenta.

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‘Edson Perin

Editor do RFID Journal Brasil e escritor do livro

TI para Negócios ‘Fiquei extremamente satisfeito quando assisti à palestra de Antônio Almeida, superintendente da Brascol, um dos maiores atacadistas de moda bebê e infantojuvenil do Brasil, durante o seminário de identificação por radiofrequência (RFID), da GS1 Brasil. Ele disse que a solução de padrão EPCglobal implantada em sua empresa pode fazer mais do que contar produtos em estoque e reduzir o tempo de espera dos seus clientes no caixa de pagamento. Almeida mostrou como a RFID está aprimorando o marketing da Brascol.

O executivo começou elencando os resultados operacionais, como fatores que, em um primeiro momento, motivaram a implantação da tecnologia: melhorar o controle e a visibilidade das mercadorias no estoque e na loja física, além dos ganhos atingidos com a alta performance. “A RFID aumentou a nossa eficiência nas vendas porque tornou o nosso estoque bem controlado, facilitou a exibição de produtos na área de vendas, e até a verificação pelos nossos clientes do valor em reais em seus carrinhos, para poderem decidir se continuam ou não fazendo compras”.

“Nossos compradores têm pressa para pegar produtos, pagar e ir embora, porque, muitas vezes, vão colocar os produtos à venda no mesmo dia em suas lojas ou precisam pegar um ônibus ou avião para voltarem às suas cidades. Agora, por saberem que nossa loja

tem uma tecnologia de ponta [baseada em RFID], que torna a compra mais rápida, passaram a nos visitar com mais frequência”, explicou Almeida, dizendo que isso se tornou um fator de aumento da frequência de compradores na Brascol.

Depois disso, ele começou a relatar uma visão que está começando a evoluir entre os usuários de RFID no Brasil – a

de que a tecnologia traz benefícios maiores do que a excelência na contagem e visibilidade dos estoques, pois é capaz de garantir eficiência e velocidade aos processos. “Além das vantagens que nos motivaram a investir em RFID, a Brascol se tornou uma espécie de ponto turístico para muitos compradores, que agora desejam conhecer o sistema de vendas eficiente e high-tech que temos lá. Isso se tornou um motivo a mais para atrair clientes. Ou seja, a RFID virou um instrumento de marketing.”

Para o executivo da Brascol, a companhia atingiu um novo patamar no mercado pelo uso da tecnologia, o que está transformando a companhia em outras áreas. “Estamos atraindo profissionais muito capacitados para trabalhar conosco, porque souberam que usamos RFID e, assim, compreenderam a preocupação da empresa com inovação e investimento em tecnologia de ponta”, afirmou Almeida. Para ele, o uso da tecnologia incrementou a imagem pública da Brascol, fazendo-a ser reconhecida como empresa inovadora e uma liderança tecnológica em seu segmento.

A Brascol se tornou um ponto turístico para os compradores

que desejam conhecer o sistema de vendas high-tech da loja

RFID: da rastreabilidade ao marketing

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A tecnologia oferece ganhos reconhecidos de eficiência operacional e já tem incrementado as atividades de outras áreas corporativas

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Medida que implementa a rastreabilidade de medicamentos ajudará a combater falsificaçõese a garantir um tratamento seguro a todos

SEGURANÇA EM LARGA ESCALA

ENDEAVOR APONTA OS DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL ENTREVISTA

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