brasil em 2013 desenvolvimento - ib.usp.br do estado de conservação, por exemplo, o número de...

41
VOLUME 3 2013 BRASIL EM DESENVOLVIMENTO ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS 2013 BRASIL EM DESENVOLVIMENTO ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

Upload: vancong

Post on 04-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

VOLUME 3Vol. 3

Bras

il em

Des

envo

lvim

ento

201

3: E

stad

o, P

lane

jam

ento

e Po

lític

as P

úblic

as

2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

Série | Brasil: o estado de uma nação

Missão do IpeaProduzir, articular e disseminar conhecimento paraaperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para oplanejamento do desenvolvimento brasileiro.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Capa BD 2013 - Volume 3.pdf 1 04/11/2013 17:47:59

2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

VOLUME 1

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO: POSSIBILIDADES, LIMITES E DESAFIOS PARA ESTA DÉCADA

EditoresRogério Boueri

Marco Aurélio Costa

VOLUME 3

DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO E SUSTENTÁVEL: UM RECORTE TERRITORIAL

DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO E SUSTENTÁVEL: UM RECORTE TERRITORIAL

2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

VOLUME 1

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO: POSSIBILIDADES, LIMITES E DESAFIOS PARA ESTA DÉCADA

EditoresRogério Boueri

Marco Aurélio Costa

VOLUME 3

Governo Federal

Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Ministro interino Marcelo Côrtes Neri

Fundação públ ica v inculada à Secretar ia de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o Ipea fornece suporte técnico e institucional às ações governamentais – possibilitando a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimento brasi leiro – e disponibi l iza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus técnicos.

PresidenteMarcelo Côrtes Neri

Diretor de Desenvolvimento InstitucionalLuiz Cezar Loureiro de Azeredo

Diretor de Estudos e Relações Econômicas ePolíticas InternacionaisRenato Coelho Baumann das Neves

Diretor de Estudos e Políticas do Estado, dasInstituições e da DemocraciaDaniel Ricardo de Castro Cerqueira

Diretor de Estudos e PolíticasMacroeconômicasCláudio Hamilton Matos dos Santos

Diretor de Estudos e Políticas Regionais,Urbanas e AmbientaisRogério Boueri Miranda

Diretora de Estudos e Políticas Setoriaisde Inovação, Regulação e InfraestruturaFernanda De Negri

Diretor de Estudos e Políticas SociaisRafael Guerreiro Osorio

Chefe de GabineteSergei Suarez Dillon Soares

Assessor-chefe de Imprensa e ComunicaçãoJoão Cláudio Garcia Rodrigues Lima

Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoriaURL: http://www.ipea.gov.br

DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO E SUSTENTÁVEL: UM RECORTE TERRITORIAL

2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS2013BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

VOLUME 1

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO: POSSIBILIDADES, LIMITES E DESAFIOS PARA ESTA DÉCADA

EditoresRogério Boueri

Marco Aurélio Costa

VOLUME 3

Brasília, 2013

DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO E SUSTENTÁVEL: UM RECORTE TERRITORIAL

© Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – ipea 2013

ProjetoPerspectivas do Desenvolvimento Brasileiro

Série Brasil: o estado de uma nação

FICHA TÉCNICA

EditoresRogério BoueriMarco Aurélio Costa

Consultora do ProjetoJuliana Vilar Ramalho Ramos

Brasil em desenvolvimento 2013 : estado, planejamento e políticas públicas / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ; editores: Rogério Boueri, Marco Aurélio Costa. - Brasília : Ipea, 2013. 3 v. : gráfs., mapas. – (Brasil: o Estado de uma Nação)

Ao alto do título: Desenvolvimento inclusivo e sustentável: um recorte territorial. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7811-183-0

1.Desenvolvimento Econômico. 2. Estado. 3. PolíticasPúblicas.4. Desenvolvimento Sustentável.5. DesigualdadeRegional. 6. Distribuição Geográfica. 8. Brasil. I. Miranda, Rogério Boueri. II. Costa, Marco Aurélio. III. Instituto dePesquisa Econômica Aplicada.

CDD 338.981

As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas.

CAPÍTULO 25

AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA: DESIGUALDADES ENTRE REGIÕES E UNIDADES DA FEDERAÇÃO

João Paulo Viana* Ana Paula Moreira da Silva**2

Júlio César Roma* Nilo Luiz Saccaro Jr.*

Lílian da Rocha da Silva*** Edson Eyji Sano****

Daniel Moraes de Freitas*****

1 INTRODUÇÃOO Brasil possui um imenso capital natural, incluindo a maior área de florestas tropicais (FAO, 2006), aproximadamente 16% da água doce do planeta (Tundisi, 2005) e pelo menos 13% de todas as espécies que existem (Lewinsohn, 2006). A conservação dos ecossistemas brasileiros é essencial para a manutenção dos estoques de carbono na biomassa (que, liberados, intensifi-cariam o aquecimento global); para a regulação climática de diversas áreas ao redor do planeta (muitas das quais, áreas agrícolas que dependem da manutenção do regime de chuvas); para o aporte de matérias-primas essenciais a muitos setores industriais; e para a depuração de resíduos gerados pelas diversas atividades humanas. Isso tudo torna a conservação da biodiversidade bra-sileira indispensável ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar das populações humanas, tanto local quanto globalmente (Roma et al., no prelo). Para que estratégias de conservação efetivas sejam implementadas em todos os níveis de governo, faz-se necessário ampliar o conhe-cimento acerca da biodiversidade brasileira em suas diferentes regiões.

A tarefa de realizar um diagnóstico do estado de conservação da biodiversidade brasilei-ra é gigantesca, considerando-se a acentuada riqueza de espécies e ecossistemas e, ao mesmo tempo, a magnitude daquilo que ainda falta ser conhecido. Estima-se que o país teria cerca de 1,8 milhão de espécies, das quais apenas cerca de 10% seriam conhecidas (Lewinsohn e Prado, 2005). Uma forma de lidar com tais limitações é realizar o diagnóstico por meio de indicadores do estado de conservação, por exemplo, o número de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção e a quantidade ou cobertura territorial de áreas especialmente protegidas, tais como terras indígenas (TIs) e unidades de conservação (UCs), pois espera-se que tais espaços estejam submetidos a menor pressão antrópica, mantendo parcela representativa da biodiversidade.

* Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea.** Técnica de Planejamento e Pesquisa da Dirur do Ipea.*** Pesquisadora do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) na Dirur do Ipea.**** Chefe do Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (CSR/Ibama).***** Analista Ambiental do CSR/Ibama.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

758

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) vem disponibilizando periodicamente informa-ções desse tipo, como as listas nacionais de espécies ameaçadas e relatórios com a quantidade e a área de unidades de conservação. Comumente a forma de espacialização destes indicadores tem por base os seis biomas brasileiros, como definidos pelo IBGE (2004): Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal; como no caso dos relatórios identificando as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (Brasil, 2002) e os remanescentes de vegetação nativa (Brasil, 2007). Embora tal recorte territorial seja apropriado para orientar políticas de conservação da biodiversidade, ele não se adequa ao contexto das regiões admi-nistrativas brasileiras, ou mesmo à divisão política do país, que em geral orientam as políticas públicas dos demais setores do governo, as quais têm consequências sobre o meio ambiente e a conservação da biodiversidade. Além disso, desigualdades na distribuição das unidades de conservação nos biomas brasileiros (Roma e Viana, 2009) podem indicar diferenças regionais na capacidade do país em conservar a biodiversidade.

Este capítulo busca preencher tais lacunas no conhecimento sobre o estado de conser-vação da biodiversidade, abordando-o no contexto da regionalização político-administrativa mais comumente empregada na proposição e implementação de políticas públicas, que consi-dera as cinco regiões do país (Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste) e as Unidades da Federação (UFs) que as compõem. Nesse sentido, o estudo apresenta um índice para avaliar o estado de conservação da biodiversidade e, com base nos resultados, sugere aperfeiçoamentos na estratégia nacional de conservação da biodiversidade.

2 MÉTODOSO estudo tomou como base principal dados levantados junto a instituições federais, a saber: as listas nacionais de espécies da fauna (instruções normativas MMA nos 3/2003, 5/2004 e 52/2005, que apontam 627 espécies) e da flora (Instrução Normativa MMA no 6/2008, que identifica 472 espécies) ameaçadas de extinção; registros do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), mantido pelo MMA, que abrangem 658 e 1.566 unidades de con-servação (federais, estaduais, municipais e distritais) de proteção integral e de uso sustentável, respectivamente (atualização do registro: outubro de 2012); registros da Fundação Nacional do Índio (Funai) a respeito de 559 terras indígenas (atualização do registro: setembro de 2010). Além destas informações, utilizou-se também como indicador a área de vegetação nativa remanescente dos seis biomas brasileiros.

A análise e detecção da vegetação nativa remanescente foram realizadas tomando como base os dados disponibilizados no estudo Mapas de cobertura vegetal dos biomas brasileiros, escala 1:250.000, ano-base 2002 do MMA (Brasil, 2007), desenvolvido por um conjunto de instituições de pesquisa contratadas pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio/MMA). As diversas classes de remanescentes de co-bertura vegetal natural desse estudo foram englobadas aqui em uma única classe denominada cobertura vegetal natural.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

759

No presente trabalho, realizou-se uma atualização dos mapeamentos de remanescentes para o ano de 2009. Para isto, foram utilizados dados do Projeto Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS) do MMA e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia  (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No PMDBBS, foram identificados os polígonos de áreas desflorestadas maiores que 2 hectares nos biomas não ama-zônicos, por meio de análise de imagens CBERS-2B CCD e Landsat-5 TM de 2008 e 2009. Foi adotada a escala de 1:50.000 para o mapeamento na tela do computador. As análises foram realizadas no software ArcGIS, por detecção visual e digitalização manual das feições de desmata-mento encontradas, sendo classificadas como áreas antropizadas, sem tipologias. Para detalhes sobre os procedimentos metodológicos, ver Ibama (2011).

Para o bioma Amazônia, a atualização foi realizada sobrepondo-se os polígonos de desmatamento (área mínima = 6,25 hectares) mapeados anualmente com base na análise de imagens dos satélites Landsat-5 TM, CBERS-2B CCD e RESOURCESAT LISS3. O mapa de remanescentes de cobertura vegetal natural do país para o ano-base de 2009 resultou, portanto, do cruzamento entre os remanescentes de cobertura vegetal natural do Brasil identificados no âmbito do projeto Probio/MMA (Brasil, 2007) e as áreas de desmatamento derivadas dos projetos PMDBBS e Prodes. Este mapa foi, em seguida, subdividido nas 27 Unidades Federativas do Brasil.

O último indicador utilizado na avaliação foi o número de repositórios ex situ de biodi-versidade, isto é, instituições devidamente homologadas que mantêm espécimes da fauna e flora brasileiras fora do ambiente natural. Estas instituições foram incluídas por serem poten-cialmente importantes para uma estratégia nacional de conservação da biodiversidade, pois embora tenham capacidade limitada para manter espécies, poderiam ser utilizadas para o ma-nejo da diversidade genética de populações naturais, em especial as extremamente ameaçadas. O levantamento destas instituições teve como base as seguintes fontes: i) lista de zoológicos e aquários cadastrados no Ibama, fornecida pela Coordenação de Fauna Silvestre (obtida por meio de comunicação pessoal em agosto de 2012); ii) cadastro de instituições associadas à Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB);1 e iii) lista de jardins botânicos brasileiros, disponível no site da Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB).2

A partir das informações levantadas, criou-se um banco de dados georreferenciados em um sistema de informações geográficas, utilizando-se a base cartográfica do IBGE na escala de 1:250.000, contendo as seguintes variáveis para cada uma das cinco regiões e seus respectivos estados: a) espécies da fauna ameaçadas de extinção; b) espécies da flora ameaçadas de extinção; c) repositórios ex situ da biodiversidade; d ) terras indígenas; e) unidades de conservação de uso sustentável; f ) unidades de conservação de proteção integral; e g) remanescentes da vege-tação nativa, considerando-se os seis biomas brasileiros.

1. Para mais informações, ver: <http://szb.tempsite.ws/index.php?page=zoologicos>. Acesso em: nov. 2012.2. Para mais informações, ver: <http://www.rbjb.org.br/jardins>. Acesso em: nov. 2012.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

760

O resultado do diagnóstico foi sintetizado sob a forma de um índice, aqui proposto, denominado índice de conservação da biodiversidade (ICB), o qual pode ser expresso pela seguinte fórmula:

, onde:

RKi = ranking da variável i

RKmax = ranking máximo

O valor do ranking para cada UF foi obtido a partir do ordenamento do resultado de cada uma das variáveis supracitadas. As variáveis d a g, acima identificadas, expressam a relação entre a área ocupada por determinado aspecto considerado e a área total da UF, e foram ordenadas com base nas respectivas porcentagens, representando, dessa forma, o “grau de cobertura” da UF por áreas especialmente protegidas e vegetação nativa remanes-cente. Seguindo-se ao ordenamento das variáveis, houve a atribuição de pontos de maneira semelhante ao processo adotado para o cálculo do coeficiente de correlação por postos de Spearman. Dessa forma, para cada variável, aos respectivos valores ordenados, foram atri-buídos pontos entre 1 (para o valor que representasse a pior condição para a conservação da biodiversidade) e 27 (na situação oposta), correspondendo aos seus resultados para os 26 estados e o Distrito Federal.

Como exemplo, no caso da variável “número de espécies da fauna ameaçadas de extin-ção”, a menor pontuação (valor = 1) foi atribuída à UF que apresentou o maior número de espécies ameaçadas de extinção, pois isto indica uma situação mais desfavorável à conservação da biodiversidade. No caso da variável “cobertura por unidade de conservação de proteção integral”, a menor pontuação (valor = 1) foi atribuída à UF que apresentou o menor grau de cobertura, pois tal situação indica também pior condição para a conservação da biodi-versidade. Para informações detalhadas sobre o procedimento de atribuição de pontos, ver Siegel (1975). O ICB varia entre 0 e 1, sendo que valores menores expressam pior condição ou capacidade da UF de conservar a biodiversidade. O índice, embora não possua unidade, permite, ao agregar diversas informações e expressá-las numericamente, avaliar a condição para a conservação da biodiversidade de uma UF em relação às demais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃOO resultado da consolidação das listas nacionais da fauna e da flora ameaçadas de extinção, considerando-se as regiões político-administrativas do país, é apresentado no gráfico 1. A região Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas, seguida das regiões Nordeste e Sul. O Centro-Oeste e o Norte apresentam os menores quantitativos, com valores muito próximos. Estes padrões refletem largamente o processo de ocupação territorial do país, e pode ser mais bem percebido quando considerados os quantitativos

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

761

da fauna e da flora ameaçados de extinção para os estados brasileiros e o Distrito Federal (mapas 1 e 2, respectivamente).3

GRÁFICO 1 Número de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção nas cinco regiões brasileiras

32

85

35

79

124

239

278

391

61

188

0

150

100

50

200

250

300

350

400

450

Norte Centro-Oeste Nordeste Sudeste Sul

Flora Fauna

Fonte: dados da pesquisa. Elaboração dos autores.

Além dos padrões de ocupação territorial, outros fatores também são prováveis causadores das diferenças observadas, tais como níveis distintos de conhecimento da fauna e da flora das regiões e dos estados, e mesmo variações na diversidade dos grandes biomas brasileiros em uma escala regional. Neste último caso, por exemplo, a região Nordeste inclui porções que corres-pondem aos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, que, embora possuam diversas espécies em comum, apresentam também espécies endêmicas, contribuindo para um aumento na riqueza, ou seja, no número absoluto de espécies.

3. Para a confecção da camada correspondente ao fundo dos mapas, foram utilizados dados disponibilizados pelo site Natural Earth, disponível em: <www.naturalearthdata.com>.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

762

MAPA 1 Número de espécies da fauna ameaçadas de extinção nas UFs

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

763

MAPA 2Número de espécies da flora ameaçadas de extinção nas UFs

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Os quantitativos dos repositórios ex situ da biodiversidade revelam um padrão coincidente com o grau de ameaça à biodiversidade considerando-se as UFs, o que significa que aqueles esta-dos com maior número de espécies ameaçadas abrigam mais instituições, em seus territórios, que têm por missão conservar a biodiversidade fora de seu ambiente natural, no caso jardins botânicos e zoológicos (gráfico 2 e mapa 3).

Novamente, pode-se atribuir este padrão ao processo de ocupação territorial do país e ao grau de desenvolvimento, uma vez que um maior número de instituições ocorre nas regiões onde existe maior quantidade de especialistas (mão de obra qualificada para a manutenção dos repositórios) e maior demanda por visitação. No entanto, esta histórica vocação para a finalidade educacional e recreacional (principalmente dos zoológicos) mais que a esforços dirigidos de con-servação, faz que raramente sejam encontrados fortes programas de conservação de espécies da fauna e da flora ameaçadas nestas entidades, muito menos de uma forma integrada, seja em nível nacional, seja regional. A criação de um sistema nacional de conservação ex situ, como proposto por algumas entidades, visaria mostrar que iniciativas nesse sentido são viáveis.4

4. Para mais informações, ver, por exemplo: <http://www.rbjb.org.br/content/lan%C3%A7amento-do-sistema-nacional-de-conserva%C3%A7% C3%A3o-ex-situ-snces>.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

764

GRÁFICO 2 Número de repositórios ex situ da biodiversidade nas cinco regiões brasileiras

11 11

22

92

38

0

40

30

20

10

50

60

70

80

90

100

Norte Centro-Oeste Nordeste Sudeste Sul

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

MAPA 3 Número de repositórios ex situ de biodiversidade nas UFs

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

765

A cobertura de áreas protegidas nas regiões e UFs (gráfico 3 e mapa 4), bem como o grau de cobertura por remanescentes de vegetação nativa (gráfico 4 e mapa 5), revelam um padrão quase que inverso àquele apresentado pelos quantitativos da fauna e da flora ameaçados de extinção. Ou seja, regiões e UFs com maior cobertura de áreas protegidas, ou ainda com maior quantidade de área remanescente de vegetação nativa, tendem a possuir menor número de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção (gráficos 1, 3 e 4).

GRÁFICO 3 Áreas especialmente protegidas (terras indígenas, unidades de conservação de proteção integral e unidades de conservação de uso sustentável) nas regiões brasileiras(Em %)

23,9

10,4

18,2

2,5

4,9

8,9

1,72,5

8,8

0,1

2,7

8,3

0,51,7

3,8

0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,5

30,0

Norte Centro-Oeste Nordeste Sudeste Sul

UC de proteção integral UC de uso sustentávelTerra indígena

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

766

MAPA 4 Áreas especialmente protegidas (terras indígenas, unidades de conservação de proteção integral e unidades de conservação de uso sustentável) nas UFs(Em %)

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Os resultados mostram grandes contrastes regionais no que diz respeito ao nível de pro-teção da biodiversidade brasileira oferecido por unidades de conservação e terras indígenas, bem como em relação aos espaços ocupados por remanescentes de vegetação nativa. Em um extremo, a região Norte, com elevado grau de proteção e cobertura por vegetação nativa. No outro extremo, as regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Novamente, tais padrões relacionam-se fortemente às diferenças regionais e estaduais com respeito aos processos de ocupação e ao grau de desenvolvimento econômico.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

767

GRÁFICO 4 Vegetação nativa remanescente nos biomas e nas regiões brasileiras(Em %)

88,8

73,1

41,1

65,373,3

53,7

19,1

36,947,1

22,130,0

67,7

11,9

83,1

35,9

23,3

0

40302010

5060708090

100

Norte Centro-Oeste Nordeste

Amazônia Cerrado Caatinga Mata Atlântica Pampa Pantanal

Sudeste Sul

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

MAPA 5 Vegetação nativa remanescente nas UFs (Em %)

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

768

Tais contrastes – encontrados nos indicadores do estado de conservação da biodiversi-dade incluídos no estudo – são explorados de forma mais detalhada nas seções seguintes, as quais tratam de cada uma das regiões brasileiras e das UFs que as constituem.

3.1 Região NorteA região Norte é a maior região brasileira, correspondendo aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e contém os biomas Amazônia e Cerrado, este último ocupando praticamente todo o território do estado de Tocantins (mapa 6). A Amazônia brasileira, que caracteriza a região, é a floresta tropical com maior biodiversidade do mundo (Silva, Rylands e Fonseca, 2005). Ocorrem na região pelo menos 40 mil espécies de plantas, 425 de mamíferos, 1.300 de aves, 371 de répteis e 427 de anfíbios (Mittermeier et al., 2003). Aqui serão brevemente abordados aspectos do estado da conservação do bioma Amazônia. Informações sobre o Cerrado serão tratadas adiante, na seção correspondente à região Centro-Oeste, onde este bioma predomina.

MAPA 6As regiões, as UFs e os biomas brasileiros

Fonte: IBGE (2004).Elaboração dos autores.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

769

Uma porção considerável da biodiversidade amazônica e consequentemente da região Norte, é endêmica. Ou seja, parte importante das espécies ocorre exclusivamente nessa região do país. Dos totais de espécies mencionados anteriormente, os endemismos correspondem, por exemplo, a 30 mil espécies de plantas (ou 75%), 172 de mamíferos (ou 40%) e 366 de anfíbios – ou 86% (Mittermeier et al., 2003). Vastas áreas ainda são um vazio com relação ao conheci-mento científico sobre a biodiversidade da região. Estudo realizado por Oren e Albuquerque (1991), por exemplo, revelou haver milhares de quilômetros quadrados na Amazônia brasileira nunca estudados, sendo que muitas destas áreas, prioritárias para investigações ornitológicas, estavam passando por rápida transformação devido a desmatamentos e degradação florestal.

Os desmatamentos, principal ameaça à manutenção da biodiversidade regional, são mo-nitorados anualmente desde 1988, quando da implementação do Prodes, pelo Inpe. Nestes mais de vinte anos do Prodes, foram revelados dados alarmantes sobre os desmatamentos. A média da área desmatada anualmente no período 1988-2012 foi de 15.874 km2, com dois picos, em 1995 (29.059 km2) e 2004 (27.772 km2). Desde 2004 tem se configurado uma tendência de redução da área desmatada anualmente, que em 2012 atingiu o valor mais baixo de todo o período monitorado, 4.656 km2 (Inpe, 2013). A diminuição da área desflorestada anualmente pode ser atribuída, em grande medida, às ações empreendidas desde 2004 pelo governo brasileiro, no âmbito do Plano de Ação para a Prevenção e o Controle do Desmatamento na Amazônia Legal – PPCDAM (Maia et al., 2011). Ainda assim, a área desmatada anual-mente na região permanece demasiadamente alta. Corresponde à perda, em um único ano, de uma área de florestas equivalente a 80% do Distrito Federal.

A despeito do elevado desmatamento registrado, os estados da região Norte ainda possuem a maior parte de seus territórios cobertos por vegetação nativa. Proporcionalmente, Tocantins é o estado que teve a maior parcela de floresta amazônica desmatada, permanecendo 40,1% da cobertura original. Por sua vez, parcela importante do Cerrado, que cobre a maior parte do estado, ainda está presente. No outro extremo, Amapá e Amazonas mantêm mais de 95% da cobertura de vegetação nativa, correspondente à floresta amazônica (tabela 1).

TABELA 1 Áreas total e remanescente de vegetação nativa dos biomas presentes nas UFs da região Norte(Em 1 mil km2)

UFAmazônia Cerrado

Total Remanescente % Total Remanescente %

AC 164,5 152,5 92,7 – – –

AP 140,0 134,0 95,8 – – –

AM 1.553,9 1.487,7 95,7 – – –

PA 1.238,3 1.025,1 82,8 – – –

RO 238,2 171,4 72,0 – – –

RR 222,9 212,1 95,2 – – –

TO 24,8 10,0 40,1 252,8 184,8 73,1

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

770

Os desmatamentos amazônicos concentram-se principalmente ao longo dos limites sul e leste da região, formando um “arco de desmatamento” que se estende, em sentido leste-oeste, desde o sudeste do Maranhão (região Nordeste), passando pelo norte do Tocantins, sul do Pará, norte do Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e o sudeste do Acre (Ferreira, Venticinque e Almeida, 2005). A despeito do desmatamento, a região Norte apresenta, como visto, os menores quantitativos de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção. O mesmo se aplica ao número de repositórios ex situ da biodiversidade, sendo que três estados não possuem instituições registradas com tal finalidade nas bases levantadas por este estudo (tabela 2).

TABELA 2 Número de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e número de repositórios ex situ de biodiversidade nas UFs da região Norte

UF Fauna Flora Total Repositórios

AC 11 4 15 1

AP 19 3 22 1

AM 29 8 37 4

PA 54 20 74 5

RO 13 5 18 0

RR 10 1 11 0

TO 31 5 36 0

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Parcelas importantes dos territórios dos estados da região Norte foram alocadas para a conservação da natureza e ainda destinadas à criação de terras indígenas. Nos extremos, encontram-se o Amapá e o Tocantins, com 71,0% e 21,4% de seus territórios, respectivamente, destinados a tais usos (tabela 3).

TABELA 3 Área de terras indígenas (TI), unidades de conservação de proteção integral (PI) e de uso sustentável (US), e respectivas porcentagens de cobertura no território das UFs da região Norte(Em 1 mil km2)

UF TI % PI % US % Total (%)1

AC 24,4 14,8 16,0 9,7 37,1 22,6 47,1

AP 11,8 8,3 47,8 33,5 42,2 29,5 71,0

AM 423,1 27,1 148,6 9,5 279,7 17,9 52,0

PA 283,4 22,7 128,0 10,3 278,2 22,3 55,1

RO 50,0 21,0 33,5 14,1 26,0 10,9 39,0

RR 103,4 46,1 11,7 5,2 16,5 7,4 53,5

TO 25,5 9,2 16,0 5,8 23,4 8,4 21,4

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.Nota: 1 O total exclui a sobreposição entre os diferentes tipos de áreas protegidas.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

771

3.2 Região NordesteA região Nordeste abrange os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe e contém quatro biomas, a saber: Amazônia (apenas no Maranhão), Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Aqui será tratado principalmente da Caatinga, bioma predominante na região Nordeste, sendo os demais biomas abordados nas outras regiões.

A Caatinga é o quarto bioma continental brasileiro em extensão e o único com distribuição totalmente restrita ao território nacional. O bioma ocorre em todos os estados da região Nordeste e também em uma área no norte de Minas Gerais (mapa 6). Fisionomicamente, a Caatinga é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas (Leal et al., 2005). As chuvas, concentradas em apenas três meses no começo do ano, definem a paisagem constituída pela vegetação xerofítica5 (Nimer, 1972; Rodal, Barbosa e Thomas, 2008). O conhecimento a res-peito da biodiversidade do bioma ainda é limitado, mas sabe-se que há um elevado número de espécies endêmicas. Por exemplo, levantamentos recentes registraram, entre outras, 932 espécies de plantas, sendo 318 endêmicas (Giulietti et al., 2003), e 143 espécies de mamíferos, sendo, dezenove endêmicas (Oliveira, Gonçalves e Bonvicino, 2003). Para a região Nordeste, há registro de 10.607 plantas vasculares (Forzza et al., 2010).

Na Caatinga está a população mais pobre do Nordeste e uma das mais pobres do Brasil. As condições sociais tendem a ser piores nas áreas mais secas, que são também aquelas com menor capacidade de manter atividades econômicas sustentáveis (Sampaio e Batista, 2003). Este quadro social leva a uma dependência muito grande em relação aos recursos naturais. A lenha é uma importante fonte de energia para a população nordestina, obtida da vegetação nativa, também utilizada para a produção de carvão vegetal, invariavelmente sem reposição florestal, embora esta fosse prevista na legislação (Drumond et al., 2003; Giulietti et al., 2003). Praticamente a totalidade do desmatamento na Caatinga, cuja taxa média foi de 0,33% ao ano no período 2002-2008 (Ibama, 2010), é atribuída a estes usos da vegetação nativa (Cavalcanti e Araújo, 2008).

A condição climática caracterizada pelo deficit hídrico e a exploração insustentável dos recursos naturais da Caatinga contribuem para o processo de degradação ambiental obser-vado no bioma. Segundo Nogueira (2006), uma área de 15 mil km2 da região Nordeste está comprometida pelo processo de desertificação, abrangendo partes do território dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. A esta situação crítica, soma-se a deficiência das medidas adotadas para a conservação do bioma.

Esses fatos, associados aos desmatamentos ocorridos também nos demais biomas da região Nordeste, tornaram esta região a segunda com maior número de espécies ameaçadas (363), das quais 124 referem-se a espécies da flora e 239, da fauna (gráfico 1). A Bahia, onde ocorrem 255 espécies ameaçadas (162 da fauna e 93 da flora), é o estado com maior número destas espécies na região Nordeste (tabela 4). A região apresenta 22 repositórios

5. Composta por plantas com adaptações para resistir às secas.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

772

ex situ da biodiversidade, situação superior em número apenas às regiões Norte e Centro-Oeste. Para os estados de Alagoas e Maranhão, não foram encontradas instituições registradas com esta finalidade (tabela 4).

TABELA 4 Número de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e número de repositórios ex situ de biodiversidade, nas UFs da região Nordeste

UF Fauna Flora Total Repositórios

AL 83 11 94 0

BA 162 93 255 5

CE 55 10 65 5

MA 42 8 50 0

PB 60 9 69 2

PE 99 24 123 4

PI 25 4 29 1

RN 40 5 45 2

SE 41 4 45 3

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

No que se refere à cobertura vegetal, o bioma Mata Atlântica é aquele que se encontra em pior situação, havendo baixas porcentagens de remanescentes de vegetação nativa em to-dos os estados da região Nordeste, com um máximo de 22,5% na Bahia (tabela 5). Sergipe, por sua vez, apresenta a menor porcentagem de cobertura nativa remanescente deste bioma entre todos os estados do Nordeste, com apenas 6,4%, seguindo-se em situação próxima os estados de Pernambuco e Alagoas, respectivamente com 11,2% e 11,9% de área remanescente. Da Caatinga, restam próximo ou mais de 50% de cobertura vegetal nativa em quase todos os estados nordestinos, com exceção de Alagoas, onde restam 17,4%, e Sergipe, com 31,5% de área remanescente.

Quanto ao Cerrado, estão na região Nordeste os últimos grandes remanescentes de vegetação nativa do bioma, presentes nos estados do Piauí (84,1%), do Maranhão (76,0%) e da Bahia (63,0%). Juntamente à área presente no Tocantins (região Norte), esta região, conhecida popularmente como MAPITOBA, resultante da fusão das siglas estaduais, é considerada como a última fronteira agrícola nacional, apresentando taxas crescentes de desmatamento. Por fim, restam 65,3% da área amazônica presente na região Nordeste, concentrada no estado do Maranhão (tabela 5).

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

773

TABELA 5 Áreas total e remanescente de vegetação nativa dos biomas presentes nas UFs da região Nordeste(Em 1 mil km2)

UFAmazônia Caatinga Cerrado Mata Atlântica

Total Remanescente % Total Remanescente % Total Remanescente % Total Remanescente %

AL - - - 13,0 2,3 17,4 - - - 14,5 1,7 11,9

BA - - - 301,0 143,1 47,5 151,3 95,4 63,0 108,5 24,4 22,5

CE - - - 147,8 87,4 59,1 - - - - - -

MA 110,2 71,9 65,3 3,8 2,5 67,2 212,1 161,1 76,0 - - -

PB - - - 51,4 27,4 53,4 - - - 4,6 0,8 17,1

PE - - - 81,1 36,8 45,4 - - - 16,4 1,8 11,2

PI - - - 158,0 108,8 68,9 93,4 78,6 84,1 - - -

RN - - - 49,4 26,3 53,2 - - - 2,7 0,6 21,5

SE - - - 10,0 3,2 31,5 - - - 10,5 0,7 6,4

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

De modo geral, todos os estados nordestinos apresentam baixa presença de áreas prote-gidas (terras indígenas, unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável), variando de um mínimo de 1,4%, no Rio Grande do Norte, a 11,4%, no Piauí e na Bahia. A única exceção é o Maranhão, onde 25,0% do território foi destinado ao estabelecimento de áreas protegidas, sendo 14,4% unidade de conservação de uso sustentável, 6,6% terra indíge-na e 4,1% unidade de conservação de proteção integral (tabela 6).

TABELA 6 Área de terras indígenas (TI), unidades de conservação de proteção integral (PI) e de uso sustentável (US) e respectivas porcentagens de cobertura no território das UFs da região Nordeste(Em 1 mil km2)

UF TI % PI % US % Total (%)1

AL 0,3 1,0 0,2 0,7 1,9 6,8 8,5BA 3,0 0,5 8,9 1,6 53,6 9,5 11,4CE 0,1 0,1 0,8 0,5 10,1 6,8 7,4MA 21,8 6,6 13,7 4,1 47,6 14,4 25,0PB 0,3 0,6 <0,1 0,1 0,7 1,4 2,1PE 1,2 1,2 0,8 0,8 4,4 4,5 6,5PI 0 0 13,8 5,5 15,9 6,3 11,4RN 0 0 <0,1 0,1 0,7 1,3 1,4SE <0,1 0,2 0,2 1,1 1,1 5,0 6,2

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.Nota: 1 O total exclui a sobreposição entre os diferentes tipos de áreas protegidas.

3.3 Região SudesteA região Sudeste do Brasil abrange os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Com exceção de uma área relativamente pequena do bioma Caatinga (tratado

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

774

na seção anterior), presente no estado de Minas Gerais, os biomas presentes no Sudeste são a Mata Atlântica e o Cerrado (mapa 6). Este último será tratado na próxima seção.

O bioma Mata Atlântica é um complexo ambiental que incorpora cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies ao longo de toda a faixa continental atlântica brasileira, avançando em direção ao interior do Brasil nas regiões Sudeste e Sul (mapa 6). A ampla variação de latitude e altitude, a diversidade de regimes climáticos presentes e os sucessivos processos de fragmen-tação e expansão das formações florestais, ao longo da história geológica do bioma, resultaram em uma biodiversidade gigantesca (Câmara, 2005).

Em mais de cinco séculos de ocupação, essa área passou por diversos ciclos econômicos relacionados à exploração de commodities (Câmara, 2005; Dean, 1996; Young, 2005), o que causou sérios danos à biodiversidade do bioma. Mesmo assim ainda é possível constatar níveis extremamente elevados de biodiversidade, demonstrados pelos números de espécies conhecidas e por seu grau de endemismo: 20 mil plantas (40% endêmicas), 263 mamíferos (27% endêmicos), 936 aves (16% endêmicas), 306 répteis (31% endêmicos), 475 anfíbios (60% endêmicos) e 350 peixes de água doce – 38% endêmicos (Fonseca et al., 2004). Estas espécies se distribuem de maneira bastante heterogênea ao longo da extensão da Mata Atlântica, o que afeta fortemente as estratégias para seu conhecimento e conservação. O grande número de espécies novas descritas para o bioma em curto período de tempo é um indicativo de que a biodiversidade da Mata Atlântica ainda é pobremente conhecida, apesar de séculos de investigação científica (Silva e Casteleti, 2005).

Na região Sudeste, ocorre a maior densidade demográfica do país, resultado de um processo histórico de ocupação que implicou grandes transformações da paisagem, com desmatamento de grande parte da cobertura vegetal original para o uso agropecuário e urbano. Não por acaso, portanto, são desta região os mais alarmantes números de espécies ameaçadas de extinção no país (gráfico 1, tabela 7), contribuindo para que seus dois principais biomas estejam entre os 34 hotspots6 mundiais de biodiversidade (Mittermeier et al., 2004). Um ponto positivo é a quantidade de repositórios ex situ presentes, a maior entre todas as regiões brasileiras, com São Paulo e Minas Gerais sendo as UFs com maior número de instituições voltadas a este fim no país (tabela 7).

TABELA 7 Número de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e número de repositórios ex situ de biodiversidade nas UFs da região Sudeste

UF Fauna Flora Total Repositórios

ES 122 63 185 4

MG 148 126 274 17

RJ 187 107 294 6

SP 213 52 265 65

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

6. Regiões terrestres que contêm pelo menos 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas e perderam 70% ou mais de sua vegetação original (Myers et al., 2000).

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

775

São Paulo e Espírito Santo são os estados da região Sudeste que possuem a menor porcentagem remanescente da cobertura original da Mata Atlântica. A situação do Espírito Santo mostra-se mais preocupante, visto que apenas 3,7% da área do estado está prote-gida por unidades de conservação ou terras indígenas. Minas Gerais possui a maior área remanescente de Mata Atlântica em termos absolutos, enquanto o Rio de Janeiro possui a maior porcentagem da área original do bioma conservado. Quanto ao Cerrado, a área remanescente é muito menor em São Paulo que em Minas Gerais, seja em termos percen-tuais, seja em termos absolutos. Entretanto, Minas Gerais possui uma porcentagem menor de seu território protegido, o que contribui para a redução das áreas conservadas mineiras no futuro, e deve ser considerado nas estratégias de conservação do bioma (tabelas 8 e 9).

TABELA 8 Área total e remanescente de vegetação nativa dos biomas presentes nas UFs da região Sudeste(Em 1 mil km2)

UFCaatinga Cerrado Mata Atlântica

Total Remanescente % Total Remanescente % Total Remanescente %ES - - - - - - 45,3 8,7 19,3MG 11,1 5,2 47,1 333,7 145,0 43,5 241,7 58,3 24,1RJ - - - - - - 41,7 10,3 24,6SP - - - 81,1 7,9 9,8 165,6 32,1 19,4

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

TABELA 9 Área de terras indígenas (TI), unidades de conservação de proteção integral (PI) e de uso sustentável (US), e respectivas porcentagens de cobertura no território das UFs da região Sudeste(Em 1 mil km2)

UF TI % PI % US % Total (%)1

ES 0,2 0,4 1,0 2,3 0,5 1,0 3,7

MG 0,7 0,1 11,3 1,9 39,7 6,8 8,6

RJ <0,1 0,1 3,3 7,7 5,8 13,4 19,0

SP 0,2 0,1 9,5 3,8 30,5 12,3 15,3

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.Nota: 1 O total exclui a sobreposição entre os diferentes tipos de áreas protegidas.

3.4 Região Centro-OesteA região Centro-Oeste abrange os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. O bioma predominante na região é o Cerrado, mas o Centro-Oeste abriga também parte dos biomas Amazônia e Mata Atlântica, além de conter integralmente o bio-ma Pantanal (mapa 6). Devido a tal heterogeneidade, a vegetação da região é diversificada na paisagem e tem elevada riqueza de espécies. Esta seção focará principalmente nos biomas Cerrado e Pantanal, pois os biomas Mata Atlântica e Amazônia foram tratados nas seções correspondentes às regiões Sudeste e Norte, respectivamente.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

776

O bioma Cerrado possui vegetação composta de diferentes fitofisionomias (campos, transições gramíneo-lenhosas, florestas de galeria e florestas secas) e registra, entre outras, 11.637 espécies de plantas vasculares (Forzza et al., 2010), 191 de mamíferos (Marinho-Filho, Rodrigues e Juarez, 2002), e 837 de aves (Silva, 1995). O Cerrado possui também um número elevado de endemismos: por exemplo, algo em torno de 44% das plantas seriam exclusivas do bioma (Myers et al. , 2000).

Os solos favoráveis à agricultura e a fisionomia de árvores esparsas e pequenas, facilmente removíveis, aliados a uma política de integração desse território ao resto do país, renderam ao bioma uma ocupação intensiva e impactante a partir da década de 1950. A população saltou de 1,5 milhão, em 1950, para 2,7 milhões de habitantes na década seguinte7 (IBGE, 2011), consequência da criação de Brasília e de uma política de desenvolvimento da agricultura que prosseguiu nas décadas posteriores. Parcela importante dos grãos exportados pelo Brasil nos dias de hoje são produzidos em áreas originalmente ocupadas por Cerrado.

Diferentemente do bioma Amazônia, cuja cobertura vegetal é monitorada desde 1988, os desmatamentos do bioma Cerrado, assim como em todos os demais biomas extra-amazônicos, passaram a ser oficialmente monitorados pelo governo brasileiro apenas a partir de 2009. O monitoramento identificou que no período de 2002 a 2008 a taxa anual de desmatamento foi de 0,7%, a maior taxa entre os seis biomas brasileiros (Ibama, 2011). Em decorrência de sua elevada biodiversidade e acentuado grau de desmatamento, o Cerrado é considerado a maior, mais rica e provavelmente mais ameaçada região de savanas tropicais do mundo (Silva e Bates, 2002), e também um dos 34 hotspots mundiais de biodiversidade (Mittermeier et al., 2004).

O bioma Pantanal, por sua vez, está inserido na bacia do Alto Paraguai, abrangendo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (mapa 6). Considerando-se os principais grupos de organismos, ocorrem no bioma 903 espécies de plantas vasculares, sendo 47 endê-micas (Forzza et al., 2010), 132 de mamíferos (Brasil, 2002) e 463 de aves (Tubelis e Tomas, 2003). O bioma é marcado por inundações periódicas, que ocupam cerca de 80% de sua área durante a primeira metade do ano (Alho, 2008; IBGE, 2004).

A principal atividade econômica no Pantanal é a pecuária bovina de corte, realizada de forma extensiva em pastagens naturais. Nas últimas três décadas, porém, a atividade se expandiu, deixando de ocupar apenas áreas com pastagens naturais e passando a alterar áreas com vegetação arbórea original em todas as quatro regiões fitoecológicas (mata decídua, mata semidecídua, cerrado e chaco) presentes no bioma (Abdon, 2004; Abdon et al., 2007).

Como consequência do processo de integração do Cerrado do Centro-Oeste à economia do país, apenas o Mato Grosso ainda possui mais da metade de seu território com cobertura deste bioma. No Distrito Federal, mais de 70% da área foi convertida para outros usos desde o final da década de 1950, quando a construção de Brasília foi iniciada. A Mata Atlântica, por sua vez, é o bioma que passou por maiores transformações, restando pouco mais de 10% da área original em Goiás e no Mato Grosso do Sul. Dos biomas Amazônia e Pantanal ainda existem, relativamente, maiores porções com cobertura de vegetação nativa (tabela 10).

7. Até a década de 1950, o censo era baseado em população presente, após esse período este passou a ser feito com população recenseada.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

777

TABELA 10 Área total e remanescente de vegetação nativa dos biomas presentes nas UFs da região Centro-Oeste(Em 1 mil km2)

UFCerrado Pantanal M. Atlântica Amazônia

Total Remanescente % Total Remanescente % Total Remanescente % Total Remanescente %

DF 5,8 1,7 29,3 - - - - - - - - -

GO 329,6 116,3 35,3 - - - 10,5 1,2 11,4 - - -

MS 216,1 52,5 24,3 90,2 77,8 86,2 50,6 6,1 12,0 - - -

MT 358,8 203,4 56,7 61,1 48,0 78,5 - - - 483,0 326,8 67,7

Fonte: dados da pesquisa. Elaboração dos autores.

As mudanças que ocorreram no uso do solo resultaram, como esperado, em ameaças sobre as espécies nativas. O Centro-Oeste, entretanto, ainda apresenta níveis relativamente baixos quando comparado a outras regiões do país, que passaram por maiores transformações na paisagem natural (gráfico 1). O estado de Goiás apresenta o maior quantitativo de espé-cies ameaçadas, 78 no total. Por outro lado, a região Centro-Oeste possui baixo número de repositórios ex situ, destacando-se novamente Goiás, com cinco instituições destinadas a tal finalidade (tabela 11).

TABELA 11Número de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de número repositórios ex situ de biodi-versidade nas UFs da região Centro-Oeste

UF Fauna Flora Total Repositórios

DF 28 7 35 2

GO 52 26 78 5

MS 39 5 44 2

MT 38 6 44 2

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

O Distrito Federal é a UF com maior cobertura por áreas protegidas no país (tabela 12). Tal resultado parece ser contraditório considerando-se que, como visto, o Distrito Federal possuía em 2009 menos de 30% de seu território coberto por vegetação nativa (tabela 10). Entretanto, tal contradição se explica pelo fato de que praticamente todo o Distrito Federal é coberto por unidades de conservação da categoria Área de Proteção Ambiental, que possui menores restrições quanto aos tipos de utilização em comparação às demais categorias de uni-dades de conservação de uso sustentável definidas pela Lei no 9.985, de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Dessa forma, áreas destinadas à produção agrícola, ou mesmo ao uso urbano, podem estar contidas em tais unidades de conservação. Aproximadamente 20% da área do estado de Mato Grosso é ocupada por áreas protegidas, com destaque para as terras indígenas. Mato Grosso do Sul e Goiás são os estados com menor cobertura, sendo a maior parte constituída por unidades de conservação de uso sustentável (tabela 12).

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

778

TABELA 12 Área de terras indígenas (TI), unidades de conservação de proteção integral (PI) e de uso sustentável (US) e respectivas porcentagens de cobertura no território das UFs da região Centro-Oeste(Em 1 mil km2)

UF TI % PI % US % Total (%)1

DF 0 0 0,6 10,1 5,2 89,5 96,5

GO 0,4 0,1 3,1 0,9 15,3 4,5 5,5

MS 7,6 2,1 3,9 1,1 35,3 9,9 12,8

MT 134,1 14,8 31,9 3,5 23,1 2,6 20,6

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.Nota: 1 O total exclui a sobreposição entre os diferentes tipos de áreas protegidas.

3.5 Região SulA região Sul é a menor região brasileira, correspondendo aos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, e contém os biomas Cerrado, Mata Atlântica e Pampa. O Cerrado está presente em uma pequena área do norte do Paraná, enquanto o Pampa ocorre apenas no Rio Grande do Sul, abaixo do paralelo 30º, onde ocupa 53% do estado. O estado de Santa Catarina, por sua vez, encontra-se integralmente inserido no bioma Mata Atlântica (mapa 6).

O bioma Mata Atlântica foi apresentado anteriormente, na seção referente à região Sudeste. Entretanto, cabe destacar que a Mata Atlântica possui aspectos distintos nessa parte do Brasil. Na região Sul, o bioma se caracteriza pelas florestas com araucária (floresta ombrófila mista) e ainda por formações campestres não savânicas (os campos de altitude) no interior do Paraná e de Santa Catarina (Brasil, 2002). Assim como no caso da Mata Atlântica do Nordeste e do Sudeste, pouco resta do bioma na região Sul, sendo que apenas 18,1% da vegetação ainda ocorre no Paraná, o estado que perdeu, proporcionalmente, maior parte da cobertura do bioma (tabela 13). Da pequena área de Cerrado, que ocorre também no Paraná e repre-senta o limite austral do bioma, restam 30% da cobertura original (tabela 13) (Brasil, 2002; Ritter, Ribeiro e Moro, 2010).

TABELA 13 Área total e remanescente de vegetação nativa dos biomas presentes nas UFs da região Sul(Em 1 mil km2)

UFMata Atlântica Pampa Cerrado

Total Remanescente % Total Remanescente % Total Remanescente %

PR 194,2 35,1 18,1 – – – 3,7 1,1 30,0RS 103,6 23,9 23,1 177,8 63,7 35,9 – – –SC 93,4 32,2 34,5 – – – – – –

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

A vegetação predominante no extremo sul do Brasil, o Pampa, é do tipo campestre, com muitas espécies herbáceas, arbustivas e de arvoretas coexistindo em uma matriz de

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

779

gramíneas (Overbeck et al., 2009). A pecuária de corte, a partir do uso destes campos como pastagens naturais, foi iniciada ainda no século XVII, quando missionários jesuítas introduziram cavalos e gado. Desde então, a vegetação campestre tem sido um dos pontos principais a sustentar uma economia baseada na criação de gado. Durante as três últimas décadas, uma grande porção de áreas com vegetação de campo foi convertida em cultivo agrícola (Pillar e Quadros, 1997). O presente estudo estimou a porcentagem remanescente do bioma em 35,9% (tabela 13).

O conhecimento sobre a biodiversidade do Pampa é ainda mais incompleto que aquele disponível sobre os outros biomas e regiões brasileiras. Estima-se a existência de 3 mil espécies de plantas campestres no Rio Grande do Sul (Boldrini, 1997; Overbeck et al., 2009), além de 150 espécies de peixes (doze endêmicas), 476 de aves (duas endêmicas) e 102 de mamíferos (duas endêmicas), não havendo estimativas sobre o número total de anfíbios e répteis (Sabino e Prado, 2003).

Os principais usos da terra e fatores de transformação dos campos do sul do Brasil que impactam a biodiversidade nativa referem-se à expansão da produção agrícola, da silvicultura e de pastagens cultivadas. A expansão da produção agrícola reduziu em 25% a área de cam-pos naturais no sul do Brasil,8 nos últimos trinta anos (Overbeck et al., 2009). No sul do Rio Grande do Sul, plantações de Eucaliptus sp. (e, em menor extensão, de Acacia sp.) estão au-mentando rapidamente em área, para fins de abastecimento de indústrias de papel e celulose, levando também à perda de espécies campestres (Pillar, Boldrini e Lange, 2002).

Certamente devido a esse processo de ocupação e às mudanças na paisagem natural, a região Sul apresenta quantitativos importantes de espécies ameaçadas de extinção (tabela 14). A região apresenta, ainda, grande número de repositórios ex situ da biodiver-sidade, sendo que o Paraná e o Rio Grande do Sul empatam em terceiro lugar como os estados que possuem os maiores números de repositórios no Brasil, atrás apenas de São Paulo (65) e Minas Gerais (17), ficando Santa Catarina em quarto lugar, com dez insti-tuições (tabelas 7 e 14).

TABELA 14Número de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e número de repositórios ex situ de biodiversidade nas UFs da região Sul

UF Fauna Flora Total Repositórios

PR 103 20 123 14

RS 129 30 159 14

SC 105 34 139 10

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

8. Essa redução considera toda a área de ocorrência dos campos sulinos, e não apenas os localizados no bioma Pampa.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

780

Os estados da região Sul apresentam baixa cobertura de áreas especialmente protegidas, tendo em um extremo o Rio Grande do Sul e no outro o Paraná, respectivamente com 3,1% e 9,4% (tabela 15). Isto coloca a região como a que possui menor cobertura de áreas protegidas no Brasil (mapa 4).

TABELA 15 Área de terras indígenas (TI), unidades de conservação de proteção integral (PI) e de uso sustentável (US) , e respectivas porcentagens de cobertura no território das UFs da região Sul(Em 1 mil km2)

UF TI % PI % US % Total (%)1

PR 1,0 0,5 4,6 2,3 14,5 7,3 9,4

RS 1,1 0,4 2,5 0,9 5,3 1,9 3,1

SC 0,8 0,9 2,6 2,7 1,8 1,9 5,4

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

Nota: 1 O total exclui a sobreposição entre os diferentes tipos de áreas protegidas.

3.6 Desigualdades no estado de conservação da biodiversidade brasileiraOs resultados do Índice de Conservação da Biodiversidade (ICB) evidenciam os contrastes revelados neste capítulo entre as regiões e UFs com relação ao estado de conservação da biodi-versidade (mapa 7). Os dados que compõem o ICB são apresentados em detalhe no apêndice A. Em extremos opostos, encontram-se as regiões Norte (cujas UFs apresentam os maiores valores do ICB) e a Sudeste (cujas UFs apresentaram os menores valores). O Amapá foi a UF que apresentou a melhor condição para a conservação da biodiversidade (ICB = 0,831), enquanto o Espírito Santo apresentou a menor (ICB = 0,291). No conjunto, o Espírito Santo apresentou elevado número de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, poucos re-positórios ex situ, baixa cobertura de áreas protegidas e de remanescentes de vegetação nativa (apêndice A). De uma maneira geral, a condição para a conservação da biodiversidade tende a ser menor nas regiões Sudeste e Sul, intermediária na região Nordeste e Centro-Oeste, e maior na região Norte (mapa 7).

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

781

MAPA 7Valores do ICB para as UFs

Fonte: dados da pesquisa.Elaboração dos autores.

O Brasil tem desenvolvido grandes esforços na implementação de medidas para a con-servação da biodiversidade. Por exemplo, o país foi responsável pela criação de 74% de todas as áreas protegidas no mundo entre 2003 e 2008 (Jenkins e Joppa, 2009). Por outro lado, como destacado por Roma e Viana (2009), a distribuição das unidades de conservação nos biomas brasileiros é bastante desigual. Os resultados obtidos no presente trabalho mostram que existem também desigualdades entre regiões e UFs, e não se limitam à distribuição das unidades de conservação. Será um grande desafio para o país reduzir as desigualdades na con-dição para a conservação da biodiversidade.

Estudos recentes apontam a necessidade de existir algo em torno de 30% e 40% de habitat remanescente como condição mínima desejável para a conservação da biodiversidade (Ghislain et al., 2010; Metzger, 2010). Dessa forma, um limite mínimo da ordem de 30% com relação à cobertura de vegetação nativa remanescente poderia permitir a conciliação entre

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

782

uma paisagem intensamente utilizada pelo homem e a conservação biológica (Metzger, 2010). De modo semelhante, é possível tomar tal valor também como referência com relação à qualidade oferecida por áreas especialmente protegidas para a conservação da biodiversidade. Ou seja, se algo em torno de 30% de uma paisagem for coberta por unidades de conservação e terras indígenas, tal condição seria um mínimo necessário para assegurar a compatibilização entre uso humano e conservação da biodiversidade.

Nesse sentido, outra referência a ser considerada é aquela oferecida pelas Metas de Biodiversidade de Aichi. Tais metas compõem um dos principais resultados da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, que ocorreu em Nagoya, Japão, em 2010. De acordo com a Meta 11, os países signatários da CDB se comprometem, até 2020, a conservar pelo menos 17% de áreas terrestres e de águas continentais e 10% de áreas marinhas e costeiras, por meio de sistemas de áreas protegidas. Tais áreas deverão possuir, entre outros, atributos que as caracterizem como ecologicamente representativas e, ainda, deverão ser interligadas e integradas em paisagens terrestres e mari-nhas mais amplas (CDB, 2010).

Os valores anteriormente citados são apresentados aqui como referências para permitir um exercício de avaliação dos resultados de cobertura por áreas protegidas e de remanescentes de vegetação nativa para as regiões e UFs encontrados neste estudo. Por exemplo, ecossistemas menos complexos poderiam requerer menor grau de cobertura por áreas protegidas e vice-versa. E mesmo a proteção, ou manutenção, de áreas mínimas com cobertura de vegetação nativa não assegura a conservação, pois certas espécies não se distribuem de maneira homogênea no espaço, e, dependendo do porte ou de necessidades relacionadas ao fechamento do ciclo de vida, possuem requerimentos diferentes em termos de área de uso para manter populações viáveis.

Considerando-se a elevada cobertura por unidades de conservação e também de remanes-centes de vegetação nativa, todos os estados da região Norte apresentam condições favoráveis para a conservação da biodiversidade. Por sua vez, doze UFs (Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe, Santa Catarina) possuem menos de 10% de seus territórios cobertos por áreas especialmente pro-tegidas, enquanto outros cinco estados (Bahia, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo) possuem entre 10% e 20% (mapa 4).

Caso fosse considerado que cada UF e região brasileira tivessem que, individualmente, atender à Meta 11 de Aichi, os resultados obtidos indicam que as UFs da região Norte aten-deriam integralmente a tal meta no que diz respeito às áreas terrestres. No caso da região Sul, nenhuma das UFs alcança 10% de cobertura de seus territórios por áreas terrestres especial-mente protegidas. Destaca-se que este trabalho utilizou recorte espacial que incluiu apenas os biomas terrestres brasileiros definidos pelo IBGE. Por outro lado, a cobertura da zona cos-teira e marinha por unidades de conservação é muito baixa, da ordem de 1,5% (Roma et al., 2010), de maneira que o país ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir a Meta 11, no que diz respeito a ambientes costeiros e marinhos.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

783

Os resultados mostram também que as regiões e UFs com menor cobertura de áreas prote-gidas são também aquelas com menor cobertura de vegetação nativa remanescente. Estados como Alagoas, Espírito Santo, Paraná, São Paulo e Sergipe possuíam, em 2009, menos de 20% de seus territórios com remanescentes de vegetação nativa (mapa 5). O Distrito Federal e o Rio de Janeiro, por sua vez, possuíam entre 20% e 30%. A ocorrência em conjunto de baixa cobertura por áreas especialmente protegidas e remanescentes de vegetação nativa indica condição pouco favorável à conservação da biodiversidade nessas UFs.

De uma maneira geral, o ICB apresentou forte aderência aos resultados encontrados para o conjunto das variáveis estudadas, e permitiu sintetizar os contrastes regionais e entre as UFs de maneira apropriada. Tais contrastes são marcantes e deveriam ser considerados pelos gestores responsáveis pelas políticas públicas em meio ambiente para o aperfeiçoamento e a priorização de ações, planos e programas voltados para a conservação da biodiversidade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAISEste estudo identificou importantes desigualdades entre regiões e UFs no que diz respeito às condições necessárias para a conservação da biodiversidade. Por outro lado, as políticas públicas federais em meio ambiente normalmente adotam os biomas brasileiros como uni-dades espaciais de planejamento de ações, planos e programas voltados para a conservação da biodiversidade. Exemplos disto são o combate aos desmatamentos ilegais na Amazônia e no Cerrado, a definição de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e a conse-quente criação de unidades de conservação. Assim, os resultados deste estudo apontam para a necessidade de se considerar, também, o recorte regional e as UFs no planejamento e na execução de ações de conservação da biodiversidade brasileira. A utilização de unidades polí-tico-administrativas permite direcionar e diferenciar as ações, os planos e programas voltados para a conservação da biodiversidade, aumentando a possibilidade de torná-los mais efetivos.

O objetivo nacional de conservar a biodiversidade pode estar comprometido em algu-mas regiões e Unidades da Federação onde há pouca disponibilidade de áreas apropriadas para esta finalidade. Tais regiões e UFs deveriam ser priorizadas pelos gestores federais no que diz respeito à elaboração e ao aperfeiçoamento de políticas públicas nesta esfera de governo que favoreçam e incentivem a conservação da biodiversidade. Para os gestores estaduais, os resultados sinalizam a necessidade de se intensificar esforços.

No caso das UFs que apresentaram condição menos favorável para a conservação da biodiversidade, as medidas a serem tomadas, além da criação de áreas especialmente protegi-das, incluiriam ações, planos e programas voltados para a gestão de paisagens, entre outras, a criação de mosaicos de unidades de conservação, a implantação de corredores ecológicos associados à recuperação e restauração de áreas degradadas e à conexão de fragmentos de vege-tação nativa. Tais medidas são extremamente complexas, do ponto de vista do planejamento e da implementação, por envolverem diversos atores, instituições e escalas espaciais.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

784

Nesse sentido, é indispensável a participação de instituições e gestores nas esferas federal, estadual e municipal. O comprometimento das três esferas públicas se mostra também fun-damental, considerando-se as recentes mudanças na legislação ambiental, que descentralizam poderes e obrigações para estados e municípios, como nos casos do novo Código Florestal e da Lei Complementar no 140, de 2011, que fixa normas para a cooperação entre a União e os demais Entes Federativos no que se refere à proteção do meio ambiente.

Outro argumento a favor da participação mais intensa de gestores estaduais e munici-pais é que as condições desfavoráveis para a conservação da biodiversidade ocorrem em áreas com maior densidade demográfica e/ou onde atividades econômicas, como a agricultura, encontram-se mais consolidadas. Uma estratégia para a compatibilização entre o uso humano e a conservação da biodiversidade nestes casos envolveria, necessariamente, o uso de instru-mentos como a delimitação de áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL), ambos previstos no Código Florestal.

Estes instrumentos impõem, respectivamente, métricas a serem mantidas ao redor de áreas sensíveis (como cursos de água e topos de morro) e a manutenção de uma cota mínima de vegetação natural a ser conservada na propriedade privada. Tal estratégia, para ser efetiva, deve ser desencadeada e gerenciada o mais próximo possível do terreno. Destaca-se que tais instrumentos existiam no passado, mas tiveram dificuldades de serem implementados em sua totalidade em função da deficiente fiscalização do Estado, o que resultou na destinação das áreas de APP e RL para outras finalidades, implicando em passivos ambientais. Destaca-se, ainda, que a área de passivos em APP e RL a ser recuperada em algumas UFs a partir das mu-danças introduzidas pelo novo Código Florestal é pequena (Soares-Filho, 2013) e, portanto, teria contribuição limitada para o aumento da cobertura vegetal natural ou mesmo para a conectividade dos remanescentes de vegetação natural ainda existentes.

O alcance do objetivo nacional de conservação da biodiversidade sinaliza uma provável migração de parcela importante do protagonismo das ações para as UFs, especialmente naque-les casos em que a condição local se mostra menos favorável. Instrumentos econômicos como o ICMS-Ecológico, por exemplo, poderiam ter um papel mais importante e provavelmente precisariam de aperfeiçoamento no sentido de aumentar os incentivos para a conservação da biodiversidade nas UFs onde estão implantados, e expandidos para aquelas que ainda não os possuem. Cerca de metade das UFs (treze das 27) contavam com ICMS-Ecológico em 2010, enquanto outras dez haviam elaborado projetos de lei relacionados à matéria (Brasil, 2010). Outros mecanismos tributários e linhas de crédito devem ser também desenvolvidos e dispo-nibilizados, para agentes públicos e privados, para estimular a conservação da biodiversidade.

A reversão de quadro desfavorável à conservação da biodiversidade dependerá de ações, planos e programas nas esferas estadual e municipal de governo, dada a maior proximidade destes níveis do poder público aos fatores que contribuem para tais condições e à melhor capacidade de articulação de ações que podem contribuir para a reversão do quadro. Caberia, portanto, às UFs o papel de promoção, articulação e coordenação de ações, planos e progra-mas voltados para a conservação da biodiversidade.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

785

Nesse sentido, merece destaque a recente e inédita iniciativa do estado do Paraná na promoção da elaboração de planos municipais da Mata Atlântica, instrumento previsto na Lei no 11.428, de 2006 (Lei da Mata Atlântica). Os planos a serem desenvolvidos no estado deverão definir ações prioritárias para a conservação de áreas deste bioma a partir do mapeamento de remanescentes nos municípios. A iniciativa foi resultado de articulações entre o órgão estadual de meio ambiente, a representação dos municípios paranaenses e uma organização não governamental (ONG).9 Embora ainda não existam resultados, provavelmente a reversão do quadro de desigualdades regionais e entre UFs no estado de conservação da biodiversidade dependerá de estratégias semelhantes, uma vez que desloca o protagonismo da distante esfera federal para o nível local, onde as ações devem acontecer.

REFERÊNCIAS

ABDON, M. M. Os impactos ambientais no meio físico – erosão e assoreamento – na bacia hidrográfica do rio Taquari, MS, em decorrência da pecuária. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. Disponível em: <http://www.dsr.inpe.br/site_bhrt/download/Tese.pdf>.

ABDON, M. M. et al. Desmatamento no bioma Pantanal até o ano 2002: relações com a fitofisionomia e limites municipais. Revista brasileira de cartografia, v. 59, n. 1, p. 17-24, 2007.

ALHO, C. J. R. Biodiversity of the Pantanal: response to seasonal flooding regime and to environmental degradation. Brazilian journal of biology, v. 68, n. 4-Supplement, p. 957-966, 2008.

BOLDRINI, I. I. Campos do Rio Grande do Sul: caracterização fisionômica e problemática ocupacional. Boletim do instituto de biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 56, p. 1-39, 1997.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade brasileira: avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros, Biodiversidade. Brasília: MMA, 2002.

______. Mapas de cobertura vegetal dos biomas brasileiros. Brasília: MMA, 2007.

______. Quarto relatório nacional para a convenção sobre diversidade biológica. Brasília: MMA, 2010. p. 241.

CÂMARA, I. G. Breve história de conservação da Mata Atlântica. In: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. (Orgs.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas – state of the hotspots. Belo Horizonte: Fundação SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional, 2005, p. 31-42.

9. Para mais informações, ver: <http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=1681>.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

786

CAVALCANTI, E.; ARAÚJO, N. O uso da energia de biomassa no bioma Caatinga. [s.l.] Fundação Joaquim Nabuco, 2008. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/geral/VSMA/VSMA2008_2302.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2010.

CDB – CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. United Nations Environment Programme. Decisions adopted by the conference of the parties of the convention on biological diversity at its tenth meeting. Anais… In: CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Nagoya, Japan: United Nations Environment Programme, 18-29 out. 2010. Disponível em: <http://www.cbd.int/doc/decisions/cop-10/full/cop-10-dec-en.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2013.

DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

DRUMOND, M. et al. Estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da Caatinga. In: SILVA, J.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.; LINS, L. (Orgs.). Estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da Caatinga. Brasília: MMA, 2003. p. 329-340.

FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Global forest resources assessment 2005. Roma: FAO, 2006.

FERREIRA, L. V.; VENTICINQUE, E.; ALMEIDA, S. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos avançados, v. 19, n. 53, p. 157-166, 2005.

FONSECA, G. A. B. et al. Atlantic Forest. In: MITTERMEIER, R. A. et al. (Orgs.). Hotspots revisited: earth’s biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. 2. ed. Cidade do México: Cemex, 2004. p. 84-92.

FORZZA, R. C. et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 1 e 2. 2010.

GHISLAIN, R. et al. Conserving biodiversity in managed forest landscapes: the use of critical thresholds for habitat. The forestry chronicle, v. 86, p. 589-596, 2010.

GIULIETTI, A. et al. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA, J.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.; LINS, L. (Org.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília: MMA, 2003. p. 48-90.

IBAMA – INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Centro de Sensoriamento Remoto. Monitoramento do desma-tamento nos biomas brasileiros por satélite: acordo de cooperação técnica MMA/Ibama – monitoramento do bioma Caatinga 2002 a 2008. Brasília: MMA/Ibama, 2010. Disponível em: <www.mma.gov.br/portalbio>. Acesso em: 21 abr. 2010.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

787

______. Monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros por satélite: acordo de cooperação técnica MMA/Ibama – monitoramento do bioma Cerrado, 2008-2009. Brasília: Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2011. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/cerrado/RELATORIO_CERRADO_2008-2009.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2013.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mapa dos bio-mas do Brasil: primeira aproximação. 2004. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 5 fev. 2010.

______. Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.

INPE – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Taxas anuais do desmatamento – 1988 até 2012. Inpe, 2013. Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2012.htm>. Acesso em: 9 abr. 2013.

JENKINS, N. C.; JOPPA, L. Expansion of the global terrestrial protected area system. Biological conservation, v. 142, p. 2.166-2.174, 2009.

LEAL, I. R. et al. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil. Megadiversidade, v. 1, p. 139-146, 2005.

LEWINSOHN, T. M. (Ed.). Avaliação do estado do conhecimento da biodiversidade brasileira. [s.l.]: Ministério do Meio Ambiente, 2006.

LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Quantas espécies há no Brasil? Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 36-42, 2005.

MAIA, H. et al. Avaliação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal – PPCDAM: 2007-2010. Brasília: Agência de Cooperação Internacional do Governo da Alemanha (GIZ); Ipea; Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), dez. 2011. p. 54.

MARINHO-FILHO, J.; RODRIGUES, F. H. G.; JUAREZ, K. M. The Cerrado Mammals: diversity, ecology, and natural history. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. (Org.). The cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savana. New York: Columbia University Press, 2002. p. 266-284.

METZGER, J. P. O Código Florestal tem base científica? Natureza e conservação, v. 8, p. 92-99, 2010. Disponível em: <http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/natcon.00801017>.

MITTERMEIER, R. A. et al. Wilderness and biodiversity conservation. Proceedings of the national academy of sciences, v. 100, n. 18, p. 10.309-10.313, 2003.

______. Hotspots revisited: earth’s biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. 2 ed. Cidade do México: Cemex, 2004.

MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6.772, p. 853-858, 2000.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

788

NIMER, E. Climatologia da região Nordeste do Brasil. Introdução à climatologia dinâmica. Revista brasileira de geografia, v. 34, p. 3-51, 1972.

NOGUEIRA, L. Desertificação e a questão energética no semiárido brasileiro: desafios e oportunidades para as energias renováveis. In: KUSTER, A.; MELCHERS, I.; MARTÍ, J. (Orgs.). Tecnologias apropriadas para terras secas. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer; GTZ, 2006. p. 21-49.

OLIVEIRA, J. A.; GONÇALVES, P. R.; BONVICINO, C. R. Mamíferos da Caatinga. In: LEAL, I. R.; TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (Orgs.). Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária, 2003. p. 275-333.

OREN, D. C.; ALBUQUERQUE, H. G. D. Priority areas for new avian collections in brazilian Amazonia. Goeldiana zoologia, v. 6, 1991.

OVERBECK, G. E. et al. Os campos sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V. D. et al (Eds.). – Campos sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília: MMA, 2009. p. 26-41.

PILLAR, V. D.; BOLDRINI, I. I.; LANGE, O. Padrões de distribuição espacial de comuni-dades campestres sob plantio de eucalipto. Brasília: Pesquisa agropecuária brasileira, v. 37, n. 6, p. 753-761, 2002.

PILLAR, V. P.; QUADROS, F. L. F. Grassland-forest boundaries in southern Brazil. Coenoses, v. 12, p. 119-126, 1997.

RITTER, L. M. O.; RIBEIRO, M. C.; MORO, R. S. Composição florística e fitofisionomia de remanescentes disjuntos de Cerrado nos Campos Gerais, PR, Brasil – limite austral do bioma. Biota neotropica, v. 10, p. 379-414, 2010.

RODAL, M.; BARBOSA, M.; THOMAS, W. Do the seasonal forests in northeastern Brazil represent a single floristic unit? Brazilian journal of biology, v. 68, p. 467-475, 2008.

ROMA, J. C.; VIANA, J. P. Conservação desbalanceada entre os biomas. Desafios do desen-volvimento, n. 55, p. 50, 2009.

ROMA, J. C. et al. O estado da biodiversidade – parte 2: biomas brasileiros. In: ALVAREZ, A. R.; MOTA, J. A. (Orgs.). Sustentabilidade ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem-estar humano. 1. ed. Brasília: Ipea, 2010, p. 75-128. Disponível em: <http://goo.gl/9RTD87>. (Série Eixos do Desenvolv0imento Brasileiro, livro 7).

______. A economia de ecossistemas e da biodiversidade no Brasil (TEEB-Brasil): análise de lacunas. [s.l.], Ipea. (Texto para Discussão). No prelo.

SABINO, J.; PRADO, P. I. Vertebrados. In: LEWINSOHN, T. (Org.). Avaliação do estado do conhecimento da biodiversidade brasileira – Brasília: MMA, 2006. (Série Biodiversidade 15). v. 2, p. 55-143.

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

789

SAMPAIO, Y.; BATISTA, J. Desenvolvimento regional e pressões antrópicas no bioma Caatinga. In: SILVA, J.; el al.(Orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília: MMA, 2003. p. 311-324.

SIEGEL, S. Estatística não paramétrica para as ciências do comportamento. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1975.

SILVA, J. M. C. Birds of the Cerrado region, South America. Steenstrupia, v. 21, p. 69-92, 1995.

SILVA, J. M. C.; BATES, J. M. Biogeographic patterns and conservation in the South American Cerrado: a tropical savanna hotspot. BioScience, v. 52, p. 225-233, 2002.

SILVA, J. M. C.; CASTELETI, C. H. M. Estado da biodiversidade da Mata Atlântica bra-sileira. In: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. (Eds.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. São Paulo; Belo Horizonte: Fundação SOS Mata Atlântica; Belo Ho-rizonte: Conservação Internacional, 2005. p. 43-59.

SILVA, J. M. C.; RYLANDS, A.; FONSECA, G. A. B. O destino das áreas de endemismo da Amazônia. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 124-131, 2005.

SOARES-FILHO, B. S. Impacto da revisão do Código Florestal: como viabilizar o grande desafio adiante? Brasília: Secretaria de Assuntos Estratégicos, 2013. p. 28. Disponível em: <http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/Artigo-codigo-florestal.pdf>. Acesso em: 13 maio 2013.

TUBELIS, D. P.; TOMAS, W. M. Bird species of the Pantanal wetland, Brazil. Ararajuba, v. 11, n. 1, p. 5-37, 2003.

TUNDISI, J. G. Recursos hídricos. Parcerias estratégicas, v. 20, p. 689-708, 2005.

YOUNG, C. E. F. Causas socioeconômicas do desmatamento da Mata Atlântica brasileira. In: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. (Eds.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. São Paulo; Belo Horizonte: Fundação SOS Mata Atlântica: Conservação In-ternacional, 2005. p. 103-118.

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas

790

APÊ

ND

ICE

APÊ

ND

ICE

A

TABE

LA A

.1Va

lor

e ra

nkin

g da

s va

riáv

eis

estu

dada

s e

resu

ltad

o do

Índi

ce d

e Co

nser

vaçã

o da

Bio

dive

rsid

ade

(ICB)

das

UFs

UFFa

una

Rank

ing

faun

aFl

ora

Rank

ing

flora

Repo

sitór

ioRa

nkin

g re

posit

ório

Terra

indí

gena

(%

)Ra

nkin

g te

rra

indí

gena

(%)

UC p

rote

ção

inte

gral

(%

)

Rank

ing

UC p

ro-

teçã

o in

tegr

al

(%)

UC d

e us

o su

sten

táve

l (%

)

Rank

ing

UC d

e us

o su

sten

táve

l (%

)Re

man

esce

nte

(%)

Rank

ing

rem

anes

-ce

nte

(%)

Rank

ing

tota

lIC

B

AP19

243

261

78,

320

33,5

2729

,526

95,8

2715

7,0

0,83

1

AC11

264

241

714

,822

9,7

2322

,625

92,7

2415

1,0

0,79

9

AM29

218

15,5

416

27,1

269,

522

17,9

2395

,726

149,

50,

791

RR10

271

270

346

,127

5,2

187,

415

95,2

2514

2,0

0,75

1

PA54

1320

10,5

519

,522

,725

10,3

2522

,324

82,8

2314

0,0

0,74

1

RO13

255

20,5

03

21,0

2414

,126

10,9

1972

,020

137,

50,

728

TO31

205

20,5

03

9,2

215,

820

8,4

1670

,219

119,

50,

632

MA

4215

815

,50

36,

619

4,1

1714

,422

72,2

2111

2,5

0,59

5

DF28

227

172

110,

02

10,1

2489

,527

29,3

711

0,0

0,58

2

MT

3819

618

211

14,8

233,

515

2,6

664

,018

110,

00,

582

PI25

234

241

70,

02

5,5

196,

310

74,5

2210

7,0

0,56

6

MS

3918

520

,52

112,

118

1,1

99,

918

38,2

1210

6,5

0,56

3

PR10

38

2010

,514

24,5

0,5

122,

313

7,3

1418

,33

85,0

0,45

0

SE41

164

243

140,

29

1,1

85,

09

18,6

484

,00,

444

CE55

1210

135

19,5

0,1

50,

53

6,8

1259

,117

81,5

0,43

1

BA16

23

933

519

,50,

513

1,6

109,

517

46,9

1479

,50,

421

RJ18

72

107

26

220,

14

7,7

2113

,421

24,6

678

,00,

413

SC10

57

346

1023

0,9

152,

714

1,9

434

,59

78,0

0,41

3

SP21

31

525

6527

0,1

63,

816

12,3

2016

,22

77,0

0,40

7

PE99

924

94

161,

217

0,8

54,

57

39,6

1376

,00,

402

(Con

tinua

)

Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade Brasileira

791

UFFa

una

Rank

ing

faun

aFl

ora

Rank

ing

flora

Repo

sitór

ioRa

nkin

g re

posit

ório

Terra

indí

gena

(%

)Ra

nkin

g te

rra

indí

gena

(%)

UC p

rote

ção

inte

gral

(%

)

Rank

ing

UC p

ro-

teçã

o in

tegr

al

(%)

UC d

e us

o su

sten

táve

l (%

)

Rank

ing

UC d

e us

o su

sten

táve

l (%

)Re

man

esce

nte

(%)

Rank

ing

rem

anes

-ce

nte

(%)

Rank

ing

tota

lIC

B

GO

5214

268

519

,50,

18

0,9

74,

58

34,6

1074

,50,

394

MG

148

412

61

1726

0,1

71,

911

6,8

1135

,611

71,0

0,37

6

PB60

119

142

110,

614

0,1

21,

43

50,4

1570

,00,

370

RN40

175

20,5

211

0,0

20,

11

1,3

251

,616

69,5

0,36

8

RS12

95

307

1424

,50,

410

0,9

61,

95

31,2

865

,50,

347

AL83

1011

120

31,

016

0,7

46,

813

14,5

159

,00,

312

ES12

26

634

416

0,4

112,

312

1,0

119

,35

55,0

0,29

1

Font

e: d

ados

da

pesq

uisa

.El

abor

ação

dos

aut

ores

.

(Con

tinua

ção)