brasil de fato rj - 008

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | ano 11 | edição 08 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Nova manifestação hoje, com concentração na Candelária Vitória com show de Neymar Está marcada para hoje (20) mais uma mobilização no Rio. A concentração será às 16h na Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas, e terá co- mo destino a sede da prefeitura municipal, na Cidade Nova. A primeira rei- vindicação do movimento era a diminuição das tarifas, agora, a luta é pela qualidade dos transportes públicos. Seleção brasileira vence o México e vai com tranquilidade para a última partida da primeira fase da Copa das Confedera- ções. Além de marcar o primeiro gol, cra- que deu bela assistência para o segundo. cidades | pág. 5 cidades | pág. 5 esporte | pág. 16 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Jefferson Bernardes/VIPCOMM Pablo Vergara Morre um operário a cada dia no setor da construção civil Acidentes fatais, em que trabalha- dores sem os devidos equipamen- tos despencam do alto de constru- ções, tornaram-se comuns no Brasil. Quase 3 mil trabalhadores morre- brasil | pág. 9 A legítima feira do povo Com a chegada das festas juninas, uma visita à feira de São Cristóvão é a oportunidade pra desfrutar da festa mais esperada da região, com agenda recheada de atividades. cidades | pág. 7 Chomsky com os brasileiros Noam Chomsky elogia as manifesta- ções no Brasil e na Turquia. Para ele, os protestos nos dois países são ten- tativas de o povo recuperar a partici- pação nas decisões. mundo | pág. 10 ram e 700 mil se acidentaram no pa- ís em 2010, na construção civil, por- tos e indústria naval. Na construção civil, 376 trabalhadores morreram nesse período. Resultado da mobilização política do povo carioca, o preço da tarifa de ôni- bus foi reduzida de R$2,95 para R$2,75. O anúncio ocorreu dois dias após uma marcha que reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Rio Branco. Pressão popular Pressão popular faz tarifa baixar faz tarifa baixar

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 008

Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | ano 11 | edição 08 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Nova manifestação hoje, com concentração na Candelária

Vitória com show de Neymar

Está marcada para hoje (20) mais uma mobilização no Rio. A concentração será às 16h na Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas, e terá co-mo destino a sede da prefeitura municipal, na Cidade Nova. A primeira rei-vindicação do movimento era a diminuição das tarifas, agora, a luta é pela qualidade dos transportes públicos.

Seleção brasileira vence o México e vai com tranquilidade para a última partida da primeira fase da Copa das Confedera-ções. Além de marcar o primeiro gol, cra-que deu bela assistência para o segundo.

cidades | pág. 5

cidades | pág. 5

esporte | pág. 16

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

Jeff erson Bernardes/VIPCOMM

Pablo Vergara

Morre um operário a cada diano setor da construção civil Acidentes fatais, em que trabalha-dores sem os devidos equipamen-tos despencam do alto de constru-ções, tornaram-se comuns no Brasil. Quase 3 mil trabalhadores morre-

brasil | pág. 9

A legítima feira do povoCom a chegada das festas juninas, uma visita à feira de São Cristóvão é a oportunidade pra desfrutar da festa mais esperada da região, com agenda recheada de atividades.

cidades | pág. 7

Chomsky comos brasileiros Noam Chomsky elogia as manifesta-ções no Brasil e na Turquia. Para ele, os protestos nos dois países são ten-tativas de o povo recuperar a partici-pação nas decisões.

mundo | pág. 10

ram e 700 mil se acidentaram no pa-ís em 2010, na construção civil, por-tos e indústria naval. Na construção civil, 376 trabalhadores morreram nesse período.

Resultado da mobilização política do povo carioca, o preço da tarifa de ôni-bus foi reduzida de R$2,95 para R$2,75. O anúncio ocorreu dois dias após uma marcha que reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Rio Branco.

Pressão popular Pressão popular faz tarifa baixarfaz tarifa baixar

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | opinião

Tem mais: não dá para acei-tar a violência da polícia e a criminalização dos movimen-tos sociais. Quem luta por li-berdade e para conquistar di-reitos não pode ser reprimido, como vimos nos últimos dias.

Queremos também mais moradias populares, hospi-tais e escolas. Achamos que isso é mais importante do que estádios.

Não dá para derrubar esco-la e museu para construir es-tacionamento, assim como não é possível gastar milhões de reais em obras, para depois entregar os estádios de mão beijada nas mãos de empre-sários.

Hoje (20), às 17h, na Cande-lária, a população estará nova-mente nas ruas, dizendo que não quer só mais 20 centavos. Quer um projeto popular de cidade e de Brasil.

buscaram consolidar uma de-mocracia formal e restrita no plano da efetivação da cidada-nia política e social.

A ofensiva neoliberal dos anos 1990 retirou da agenda nacional reformas estruturais como a agrária, tributária, ur-bana, dentre outras. A derro-ta eleitoral das forças neolibe-rais não foi sufi ciente para a re-tomada de uma agenda pauta-da em reformas estruturais de

cunho democrático e popular. A alternativa construída nos

últimos anos foi o neodesen-volvimentismo que apresen-tou um programa que contem-pla tanto a burguesia interna quanto as forças populares. En-tretanto, as reformas estrutu-rais continuam fora da agenda política brasileira.

No entanto, as mobilizações atuais da juventude têm o po-tencial de lançar, na sociedade

02

Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta,Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR),Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (OrienteMédio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador:Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira •Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca:Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, JoséAntônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dosSantos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

A juventude e as lutas sociaisESTAMOS vivenciando a mo-bilização espontânea da juven-tude mais impactante dos últi-mos 20 anos. O ponto de par-tida destes protestos está rela-cionado com a mobilidade ur-bana, com o aumento do pre-ço da passagem e com os enor-mes gastos fi nanceiros que es-tão sendo aplicados para a Co-pa do Mundo, num país marca-do pela profunda desigualdade social.

É justa e legítima a mobiliza-ção da juventude.

O processo de redemocrati-zação da sociedade brasileira no pós-ditadura militar foi in-completo. Ele foi interrompi-do pelas forças neoliberais que

editorial | Brasil

A primeira vitória

brasileira, as bases para cons-truir forças sufi cientes para re-tomar a luta pelas reformas es-truturais.

As mobilizações são sina-lizações de uma nova etapa da luta política brasileira mar-cada pelo retomada das lutas de massas. Os atos, marchas e protestos da juventude pode-rão cumprir um papel pedagó-gico para o conjunto da classe trabalhadora brasileira e pos-sibilitará a entrada em cena do movimento operário.

Certamente, estas mobiliza-ções contribuirão para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras do povo que assu-mirá o compromisso de com-

pletar a redemocratização dasociedade brasileira.

E isso não ocorre sem a apre-sentação de um projeto políti-co pautado em reformas estru-turais e que dialogue com o ní-vel de consciência das massas.

A imprensa conservadora,após legitimar e criminalizara mobilização, rotulando omovimento como uma inicia-tiva de “vândalos” e “grupe-lhos”, recuou. Agora, de formamaliciosa e estratégica, pro-cura disputar os rumos destesprotestos.

As forças populares devemgarantir o caráter popular e pro-gressista destes atos, pois elessão apenas a ponta do iceberg.

Certamente, estas mobilizações contribuirão para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras do povo

HOJE, DIA 20 de junho, se vo-cê pegou ônibus na cidade do Rio de Janeiro sentiu o sabor de uma grande vitória. A lu-ta da população contra o au-mento das passagens conquis-tou a redução da tarifa em di-versas cidades do Brasil, inclu-sive aqui no Rio.

Essa vitória é fruto da ação de homens e mulheres, jovens e adultos, trabalhadores e es-tudantes que mostraram a im-portância de lutar juntos.

É resultado do esforço de movimentos sociais, organiza-ções populares e diversos par-tidos de esquerda que, levan-tando suas bandeiras, estavam na luta muito antes da marcha dos 100 mil tomar as ruas.

É bom que se diga isso. O Plim-Plim e outros meios de comunicação criminalizaram as manifestações, chaman-do o povo de vândalo. Quan-

do esses meios de comunica-ção perceberam que fi caram “mal na fi ta”, tentaram voltar atrás. Dá para acreditar nessa cara de pau?

Mas a população, que não é boba, sabe que o Plim-Plim es-tá sempre do lado dos grandes empresários e contra o povão.

Agora que a passagem bai-xou, queremos mais. Você es-tá satisfeito ou satisfeita com barcas, trens e metrôs cheios? Gosta de motoristas estressa-dos por ter que cobrar passa-gem além de dirigir? Acha le-gal fi car horas nos pontos ou estações, esperando condu-ção? Pois é, nós também não.

A prefeitura e os governos do estado e federal tem que tirar o transporte público das mãos dos empresários, que só pensam em lucros. Queremos transporte público e de quali-dade.

editorial | Rio de Janeiro

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 opinião | 03

se mostrado pouco produtivas e participativas.

Construído a partir de uma pesquisa de avaliação coletiva da CNV realizada junto a dife-rentes grupos e organizações da sociedade civil, com análise ba-seada em parâmetros interna-cionais sobre justiça de transi-ção, o relatório objetiva incidir e avançar em lutas no campo da ‘Memória, Verdade e Justiça’.

No marco do primeiro ano de atuação da CNV, conside-ra-se importante a refl exão so-bre o processo político que vem sendo desenvolvido, visando fazer deste um processo posi-tivo para o fortalecimento de-mocrático do país.

Tiago Régis é pesquisador do ISER – organização de direi-tos humanos sediada no Rio

Celia Neves Latuff

BRT, a realidade do transporte na Zona Oeste

QUANDO COMEÇA efetivamente a sua jornada detrabalho, às 7h da manhã na Barra da Tijuca, a auxiliarde serviços gerais Ângela já viveu três horas de absolu-to horror e humilhação na via-crúcis diária de se des-locar de Bangu, onde mora, até o bairro onde trabalha.

Anteriormente (mal) servida pela linha 883 (Ban-gu-Barra da Tijuca), que foi desativada, ela hoje sofremuito mais tendo que pegar duas conduções: o veícu-lo alimentador que a leva de seu bairro até a estaçãodo BRT do Mato Alto, em Guaratiba, e depois o próprioBRT que a deixará na estação Alvorada.

Fomos até a estação da Zona Oeste para conferir arealidade de quem depende do transporte público pa-ra chegar ao trabalho.

O dia ainda não havia clareado quando encontra-mos Ângela. Eram 5h49m de quarta-feira (19) e ela jádemonstrava cansaço depois de vencer a primeira eta-pa de sua viagem matinal.

Estação lotada, pessoas esperando há muito tempopara viajar com alguma dignidade – ou seja, sentada –em um veículo que já sairá dali quase como uma latade sardinhas.

Acompanhamos uma correria que estampa a de-gradante lógica cotidiana quando cada um precisa ga-rantir o seu. Ou seja, disputar com o semelhante quaseque na força um lugar melhor.

Perguntamos a Ângela se é sempre assim, e ela de-sabafa: “É pior, é uma porcaria”. E seguiu, indignada:“O parador, nem se fala, é um inferno, posso dizer queé igual aos trens da Central do Brasil”.

Segundo a trabalhadora, a retirada da linha 883 dei-xou os moradores de sua região praticamente sem ne-nhuma opção a não ser encarar o BRT – que, segundoela, não é a maravilha que se anuncia: “Olha esse aí,nem se respira dentro dessa merda”, disse a trabalha-dora, se despedindo da gente e indo encarar a segun-da parte de sua viagem.

A fala de Ângela em nada combina com o que lemosno site BRTBRASIL – A evolução das cidades (brtbra-sil.org.br): “O BRT (Bus Rapid Transit), ou Transpor-te Rápido por Ônibus, é um sistema de transporte co-letivo de passageiros que proporciona mobilidade ur-bana rápida, confortável, segura e efi ciente por meiode infraestrutura segregada com prioridade de ultra-passagem, operação rápida e frequente, excelência emmarketing e serviço ao usuário”.

Parece que de tudo isso só o que se realiza de fato éa “excelência em marketing”. Nas propagandas da Pre-feitura o BRT é uma maravilha.

Para dar conta desse calvário na ida e na volta dotrabalho, Ângela acorda às 4h da manhã e só chega devolta em casa quando já é noite.

Ela e milhares de outros trabalhadores dos bairrosda periferia do Rio – além do tempo efetivamente tra-balhado – perdem em média 5 horas por dia.

Celia Nevesé professora

Novo Código da Mineração

Monitoramento da CNV

Ela e milhares de outros trabalhadores dos bairros da periferia do Rio – além do tempo efetivamente trabalhado – perdem em média 5 horas por dia

SERÁ PUBLICADA, na próxi-ma semana pelo ISER, o II Re-latório de Monitoramento da Comissão Nacional da Verdade (CNV), uma retrospectiva crí-tica sobre seu primeiro ano de funcionamento.

Dentre alguns pontos positi-vos sobre o trabalho da comis-são, o documento destaca as recomendações remetidas ao poder público para que locais utilizados como centros clan-destinos de prisão e tortura du-rante a ditadura sejam trans-formados em espaços de me-mória. É o caso dos prédios do antigo DOPS e DOI-CODI do Rio de Janeiro, assim como da Casa da Morte, em Petrópolis. No Rio, nenhuma ação gover-namental foi implementada até o momento.

convidada para a solenidade. As organizações agrupadas

em torno do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Fren-te à Mineração lançaram nota repudiando esse processo.

Segundo o Comitê, “a soleni-dade de lançamento do Códi-go, por seu caráter excludente das vozes críticas ao expansio-nismo mineral, não nos repre-senta e nos deixa ainda mais re-ceosos quanto ao conteúdo da proposta”. Talvez o novo Código da Mineração venha benefi ciar a velhos interesses.

Carlos Bittencourté pesquisador do Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)

NO DIA 18 de junho, a presi-dente Dilma Rousseff lançou a proposta de novo marco regu-latório para a mineração. Não houve qualquer debate público sobre a proposta.

A solenidade recheada de representantes das empresas mineradoras, investidores do setor mineral, burocratas e téc-nicos revela os interesses a que vem responder a atualização do Código da Mineração. O le-ma apresentado na ocasião foi: “Mais competitividade, mais ri-queza para o Brasil.”

O que signifi ca tornar a ex-tração de um bem não reno-vável e fi nito mais competiti-va? Pode signifi car a remoção de milhares de famílias, a pre-

carização e aumento do risco de morte para os trabalhado-res da mineração, a destruição de aquíferos, das próprias re-servas minerais, o aumento do desmatamento e a intensifi ca-ção do modelo exportador de bens naturais no país.

O governo, ao apresentar um marco regulatório pró-com-petitividade mantém as mes-mas engrenagens, nas quais os bônus fi cam com as empre-sas através dos lucros e royal-ties com, os governos. Os ônus seguem com as comunidades afetadas, os trabalhadores e o meio ambiente.

Nenhuma comunidade afe-tada, organização ambienta-lista, representação sindical foi

Chama atenção a ausência de mecanismos de transparên-cia sobre os trabalhos investi-gativos. Faltam esclarecimen-tos sobre os procedimentos se-guidos para o levantamento, sistematização e tratamento das informações que compo-rão o relatório fi nal, assim co-mo para a coleta de depoimen-tos e testemunhos.

A comissão não tem publica-do relatórios parciais e, quando questionada, tem alegado a ne-cessidade de que certas infor-mações sejam mantidas em si-gilo, sob o argumento de não se prejudicar as investigações.

Outro ponto crítico se refe-re às audiências públicas. Com pouca abertura, restrito tem-po para falas, pouca frequên-cia e objetivos vagos, elas têm

Carlos Bittencourt

Tiago Régis

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | cidades

“Mobilidade no Rio é um plano secundário”

jamento em relação a is-so, e acaba virando umaestratégia vazia.

E como fi ca a fi scaliza-ção nesse caso?

Não existe fi scalizaçãona rua. A empresa tem es-sa postura agressiva comrelação ao estudante, eos motoristas mal prepa-rados e superexplorados,cada vez mais, têm sidoavessos a transportar osestudantes. Além disso,os motoristas têm umacota mínima de transpor-tar passageiros pagantes euma que, caso ele alcan-ce, ele ganha um dinhei-ro extra. Se ele para muitopara estudante, idoso oudefi ciente, o número depassageiros pagantes di-minui, e fi ca com difi cul-dade de alcançar a metaque dá esse dinheiro ex-tra para ele. Para o mo-torista não interessa car-regar gratuidade porqueaumenta o tempo de via-gem dele e diminui o nú-mero de pagantes.

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Pablo Vergara

Para o pesquisador Jorge Borges, o direito de ir e vir não é prioridade na gestão de Eduardo Paes

Viviane Tavaresdo Rio de Janeiro (RJ)

O direito de ir e vir da população que vive na ci-dade do Rio de Janeiro não é a prioridade da ges-tão de Eduardo Paes. Es-sa é a opinião do pesqui-sador Jorge Borges, espe-cialista em planejamen-to urbano e uso do so-lo. Borges também criti-ca a postura das empre-sas de ônibus que deter-minam quem pode usu-fruir da gratuidade e o va-lor das passagens, atri-buições que deveriam ser do município. “As empre-sas vêm conseguindo vá-rias isenções e redução de impostos, e a passa-gem tem subido acima da infl ação e dos indicado-res de custos das próprias empresas”, denuncia.

Brasil de Fato – O que é mobilidade urbana?

Jorge Borges – A mo-bilidade urbana é um conjunto de indicado-

res que medem a capa-cidade de deslocamen-to em uma cidade. Ou se-ja, ela mede quanto uma população exerce seu di-reito de ir e vir no espa-ço urbano. Existem vários elementos para medir is-so como a conectividade, se as linhas de transporte se conectam; da acessibi-lidade, que são as passa-relas, calçadas, acesso às estações de trem e metrô, entre outros. No caso do Rio de Janeiro, a questão da mobilidade tem sido vista como um plano se-cundário.

De quem é a respon-sabilidade? E como fa-zer isso?

A política de transpor-te e mobilidade é par-te da política urbana em geral, que é responsabi-lidade direta do municí-pio. Ou seja, é ele que tem a responsabilidade de fa-zer zoneamento urba-no, defi nir os parâmetros de ocupação do solo, ou seja, as áreas que serão mais concentradas, com mais atividades se insta-lando, as áreas mais re-sidenciais, mais indus-triais, mais comerciais... E essa política urbana é fundamental para pensar a estrutura de transporte.

E a questão da gratui-dade para idosos, estu-dantes e pessoas com necessidades especiais, como o município faz para garantir?

Isso já foi uma grande discussão. De um lado, as empresas alegam que es-tas pessoas são um fator

ENTREVISTA Jorge Borges, especialista em planejamento urbano, discute a mobilidade no Rio

de custo que deve ser pa-go por alguém, para ga-rantir o equilíbrio econô-mico fi nanceiro da em-presa. Vários especialistas e juristas defendem que o operador de transporte, ao se habilitar a fazer esse tipo de serviço, deve ter em conta que determina-dos públicos são benefi -ciários desta gratuidade. Isso signifi ca que no cál-culo que a empresa faz antes de assumir a ges-tão dos transportes, que é concedido pelo municí-pio a ela, deveria contem-plar antes essas gratuida-

des como fator inerente.

Como é esse pagamento por parte da prefeitura às empresas para pesso-as que usufruem a gra-tuidade?

As gratuidades como um todo são feitas pe-las empresas por meio dos cartões, e, é a partir daí, que elas [as empre-sas] reivindicam os subsí-dios. A isenção de impos-tos, por exemplo, é uma estratégia para manter o valor da passagem. Mas a prefeitura, por exemplo, não tem nenhum plane-

Pablo Vergara

“As empresas vêm conseguindo várias isenções e redução de impostos, e a passagem tem subido acima da infl ação”

“No caso do Rio de Janeiro, a questão da mobilidade tem sido vista como um plano secundário”

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 cidades |

creta, as pessoas perce-beram que ir para as ru-as resulta na conquista de direitos e isso só aumenta a mobilização”, avalia.

Está marcada para ho-je (20) mais uma mobili-zação no Rio. A concen-tração está agendada pa-ra as 16h na Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas, e terá como destino a sede da prefeitura municipal, na Cidade Nova.

A primeira reivindi-cação do movimento era a diminuição das tarifas,

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Eduardo Paes anuncia a suspensão do aumento das tarifas

Marcha realizada no dia 17 reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Rio Branco

Tomaz Silva/ABr

Pablo Vergara

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Resultado da mobi-lização política do povo carioca, o preço da tari-fa de ônibus que custava R$2,95 foi reduzido para R$2,75, nesta quarta-fei-ra (19). O anúncio ocorre dois dias após uma mar-cha que reuniu mais de 100 mil pessoas na Aveni-da Rio Branco.

Segundo os organiza-dores do ato, essa é a pri-meira vitória da extensa pauta de reivindicações dos segmentos que fazem parte do movimento.

“É importante desta-car que nosso movimen-to não se esgota com a redução da tarifa. Nos-sa pauta agora cresceu”, declara o estudante Ken-zo Soares, integrante do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem que, juntamente com a Operação Pare o Aumen-to, convocaram as últi-mas manifestações.

“Com essa vitória con-

“Não é possível disputar o poder sem passar pela luta política partidária, o único caminho que pode garantir o real avanço”

agora a luta é pela qua-lidade dos transportes públicos.

“Somos contra au-mento do subsídio para os empresários, a redu-ção de 20 centavos para o trabalhador não pode resultar em mais R$ 200 milhões para a Fetrans-por como anunciado pe-lo prefeito Eduardo Paes”, disse Kenzo.

Ele adiantou que uma grande manifestação já está marcada para o dia 30 de junho, data da fi -nal da Copa das Confe-derações. “Esse será nos-so principal foco para conseguir vitórias ainda maiores. Com a força das ruas, o governo mudou de posição”, afi rmou o es-tudante.

Outra exigência do movimento é a libertação imediata das pessoas que foram presas e arquiva-mento dos processos.

“As massas estão nas ruas”

Para a socióloga e pro-

fessora da UERJ Márcia Leite, a juventude que foi às ruas está incorporan-do as bandeiras por ou-tro tipo de cidade. “Eles não querem apenas a re-dução de R$ 0,20, eles querem uma sociedade melhor, mais participa-ção”, explica.

“Esses jovens querem escola e saúde ‘padrão FI-FA’. É um movimento que se amplia cada vez mais, pipoca em várias cidades”, completa a socióloga.

Ela avalia que, no con-

texto dos megaeventos, a propaganda de que o brasileiro, especialmente o carioca, teria um futuro melhor também explica a adesão aos protestos.

“O investimento é maciço para grandes obras, mas o povo vê to-do o resto piorar: a saú-de, o saneamento, a educação, o salário dos professores, médicos. O povo do Rio sequer vai usufruir dos grandes eventos”, destaca.

Marcia discorda da

ideia de que o brasileironão sai às ruas há maisde vinte anos, desde ostempos do Fora Collor.“Os movimentos sociaisdo campo e da cidadesempre estiveram nasruas”, diz a socióloga, ex-plicando que os movi-mentos tiveram difi cul-dades de generalizar su-as pautas, em parte pe-la grande criminalizaçãoefetuada pelo Estado.

“Não devemos subes-timar o poder da críticaa esse projeto de cidadeque tem sido feita pelosmovimentos.

O repúdio aos partidospolíticos, cujos militan-tes foram impedidos deportar bandeiras, é consi-derado preocupante, se-gundo a socióloga.

“É ingênuo achar queé possível operar sempolítica partidária. Nãoé possível disputar o po-der sem passar pela lu-ta política partidária, oúnico caminho que po-de garantir o real avan-ço”, conclui.

Pressão popular reduz tarifaPressão popular reduz tarifaMOBILIZAÇÃOMOBILIZAÇÃO Nova manifestação está marcada para hoje (20), com concentração na Candelária Nova manifestação está marcada para hoje (20), com concentração na Candelária

Page 6: Brasil de Fato RJ - 008

Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | brasil

que o aumento da tarifa de ônibus também esta-va revogado. O que cau-sou uma certa confusão a quem ouvia o pronun-ciamento.

A revogação fi cou su-bentendida por meio apenas da fala de Alck-min (que só havia cita-do a parte que lhe cabia, metrô e trem).

O Sindicato dos Petro-leiros do Rio de Janei-ro está recorrendo da sentença de condena-ção de um trabalhadordo restaurante de uma unidade da Petrobras por desviar pedaços de frango que sobra-ram de um almoço. Na ocasião, a direção da empresa no Rio chamou o “camburão” da PM para prender e algemar três traba-lhadores. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como estavam des-congelados, os peda-ços seriam destinados ao lixo.

Condenado por restos de frango

O presidente nacional da CUT, Vagner Frei-tas, defendeu o can-celamento do reajuste de tarifa de transporte público em São Pau-lo. “Defendemos uma ampla discussão com a sociedade para atin-gir o objetivo fi nal que é custo zero”, disse. Assim como a CUT, a CTB, a Conlutas e a Intersindical também estarão em ato que acontece hoje (20) no Rio de Janeiro.

CUT pede revogação das tarifas

A votação do relatório fi nal da CPI das uni-versidades privadas acontece dia 25 deste mês, na Alerj. São inú-meras as irregularida-des encontradas, co-mo o atraso nos salá-rios dos professores e falhas do Ministério da Educação no pro-cesso de avaliação das universidades.

CPI da Educação Superior

06

SINDICALFernando Pereira/SECOM

Alckmin e Haddad anunciam revogação de aumentos: vitória do MPL

José Francisco Netoda Redação

O país vive uma sema-na histórica, com uma sé-rie de reduções de tarifas de transporte, após levar jovens às ruas de todo o país. Recife, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janei-ro reduziram as tarifas do transporte.

Nas duas maiores ci-dades do país, as revoga-ções vieram após intensa violência policial e mobi-lizações com mais de 100 mil pessoas nas ruas.

Em São Paulo, após um acordo entre os go-vernos estadual e muni-cipal, dirigidos por Ge-raldo Alckmin e Fernan-do Haddad, respectiva-mente, o aumento das tarifas de metrô, trem e ônibus foi revogado on-tem (19), às 18 horas.

Semana de revogações

As passagens que ti-nham sido aumentadas para R$3,20 no início de junho voltarão a custar R$3,00, a partir da próxi-ma segunda-feira (24).

Ambos apontaram que a redução pode cau-sar perda de investimen-to em outras áreas. Al-ckmin, em sua fala, dis-se que “nos casos do me-trô e do trem, nós vamos revogar o reajuste dado, voltando à tarifa original”.

O governador citou vá-rias vezes a palavra “tran-quilidade” como eixo pa-ra se debater “temas [que foram] legitimamente colocados”. Além disso, anunciou que, para tanto, alguns ajustes terão que ser feitos na área de in-vestimentos.

Haddad, por sua vez, em sua fala, não chegou a anunciar textualmente

TARIFAS Além do Rio, São Paulo, Porto Alegre e Recife diminuem passagem

“A gente vai continuar a nossa assistência integral para todas essas pessoas que foram presas e que vão ser processadas”

O prefeito insistiu que houve “uma peque-na confusão” com os au-mentos das tarifas le-vados adiante por Rio e São Paulo. Já que, de acordo com ele, a maio-ria das outras capitais, em que as desonerações já estavam presentes, já havia dado aumentos no início do ano, diferente-mente de Rio e São Pau-lo, que tiveram adiados seus aumentos para o meio do ano.

MPLApós ser anunciada a

revogação do aumento das tarifas de trem, ôni-bus e metrô, o Movimen-to Passe Livre (MPL) vai buscar apoio jurídico às pessoas que foram presas durante os atos.

“A gente vai continuar a nossa assistência inte-

gral para todas essas pes-soas que foram presas e que vão ser processadas. Agora, imagino que mais processos virão”, afi rma Nina Cappello, integran-te do MPL.

Nina esclarece que essa conquista fortale-ce outras reivindicações. “O transporte efetivado é um direito fundamental para todas as outras lu-tas, porque permite que a população tenha aces-so à cidade, tenha acesso a todos os outros direi-tos. Nesse sentido, a gen-te entende que o trans-porte fortalece todas as outras lutas também.”

Em relação ao ato marcado para essa quin-ta-feira (20), na Praça do Ciclista, na avenida Pau-lista, Nina disse que isso ainda depende de uma avaliação.

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no entorno do pavilhão que hoje a abriga. Ape-nas em 2003 ele recebeu a reforma que a transfor-mou no que é conhecido como Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradi-ções Nordestinas.

fi lha de nordestinos do Rio Grande do Norte, Clea Batista, de 30 anos, tem o local como parte de sua história. “Desde os 12 frequento a feira. Vinha ajudar minha mãe a vender milho assado e cozido”, conta. Nesses anos, ela nota signifi ca-tivas mudanças no pú-blico e no funcionamen-to do espaço, mas des-taca que ainda é diverti-do trabalhar ali. “Quan-do não venho, sinto fal-ta”, conta.

Com o decorrer do tempo, a feira começou

A feira de São Cristóvão é do povo

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Pablo Vergara

Pablo Vergara

O Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, onde acontece a feira de São Cristóvão

Feira continua a reproduzir a legítima cultura do povo nordestino

Mariane Matosdo Rio de Janeiro (RJ)

A feira de São Cristó-vão, também conhecida como feira dos nordesti-nos, foi criada nos anos de 1940 no local fi nal de parada dos caminhões e paus de arara que vi-nham do nordeste do país. Localizada no bair-ro homônimo na Zona Norte da cidade, a feira foi erguida com o suor de quem tentava sobrevi-ver à miséria e à mudan-ça. “É o único ambiente na cidade que o nordes-tino se sente mais à von-tade”, afi ma o pernambu-cano Cícero Antonio, de 36 anos, que vive no Rio desde os 16 anos e que trabalha na feira venden-do redes.

Além de um local de festa e comemoração de quem sentia saudade de casa e de seu amado baião, a feira também é uma fonte de renda – ou de uma mínima forma de sobrevivência, através da troca de mercadorias.

Nascida no Rio, mas

FATOS EM FOCO

O vereador Eliomar Coelho (Psol) come-çou nesta quarta-fei-ra (19) a coletar as 17 assinaturas necessá-rias para instalar a CPI dos Ônibus, que vi-sa apurar os contra-tos das concessões das empresas de ôni-bus com a Prefeitura do Rio. Durante a ses-são, Eliomar conse-guiu o apoio de mais nove vereadores, mas houve pressão do líder do governo, o verea-dor Guaraná (PMDB), para que parlamenta-res retirassem as assi-naturas e novos verea-dores não assinassem o requerimento.

Candidato ao gover-no do estado do Rio de Janeiro em 2014, o deputado federal e lí-der do PR na Câma-ra Anthony Garotinho, tem 24% dos votos do eleitorado, de acor-do com uma pesquisa do Instituto Vox Popu-li. Segundo a pesqui-sa, o senador Lindber-gh Farias (PT) vem em segundo, com 21,2% dos votos.

A Casa da Mulher Tra-balhadora (CAMTRA) promove no sábado (21), na Câmara Muni-cipal do Rio de Janei-ro, o seminário “Ques-tões de Gênero na Es-cola: O machismo por trás do bullying”. O encontro visa deba-ter as conexões entre o bullying e o machis-mo e sensibilizar pro-fi ssionais da área de educação para a im-portância do comba-te às discriminações e da implementação de uma educação não sexista.

CPI dos

Ônibus

Pesquisa

eleitoral

Seminário

LAZER Local de festa e de fonte de renda para o povo nordestino radicado no Rio

a atrair não apenas nor-destinos, mas também cariocas e turistas de to-das as partes em bus-ca de diversão e conta-to com a cultura vibran-te do nordeste. Sonia Re-belo, de 53 anos, nascida e criada na capital cario-ca, encontrou na feira a “Disney do Ceará”.

Apesar das muitas mu-danças que ocorreram desde sua criação, a Fei-ra de São Cristóvão con-tinua a reproduzir a legí-tima cultura do povo nor-destino. No começo, ela acontecia a céu aberto,

O Centro abriga a fei-ra e todas as suas atra-ções, que vão da esti-mulante música da re-gião à saborosa culiná-ria. Ali também pode serencontrado, além do tãoprocurado queijinho co-alho e da famosa tapio-ca, diversos pratos típi-cos, como moquecas,baião de dois e carne desol. São cerca de 700 bar-racas oferecendo os maisdiversos produtos, alémdos palcos que apresen-tam shows de forró, ma-racatu, xaxado e baião. Éum mundo que atrai to-das as semanas pesso-as de todas as partes, se-ja para ouvir os repentis-tas e apreciar a literaturade cordel, seja para dan-çar agarradinho.

Com a chegada dosfestejos juninos, uma vi-sita à feira é a perfeitaoportunidade pra des-frutar da festa mais es-perada da região, comuma agenda rechea-da de brincadeiras típi-cas, quadrilhas e mui-to mais. (Núcleo Pirati-ninga)

“O Centro abriga a feira e todas suas atrações, que vão da estimulante música da região à saborosa culinária”

“É o único ambiente na cidade que o nordestino se sente mais a vontade”

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do Rio mostra que é pos-sível ousar mais uma vez. “É grande o desafi o de construir uma mídia com nossos valores, que pre-gue a solidariedade entre os povos e permita que os trabalhadores construam um país para todo o po-vo”, concluiu.

Além do Brasil de Fa-to, outros veículos de comunicação popu-lar receberam menções honrosas por sua bata-lha diária na defesa das lutas sociais e denún-cias das condições de vi-da dos mais pobres. Al-guns dos homenagea-dos foram o jornal O Ci-dadão, da Maré; o jor-nal Sem Terra, do MST; o Núcleo Piratininga de Comunicação; a revista Vírus Planetário; a rádio comunitária Santa Mar-ta; o Coletivo Tatuzaroio de Comunicação e Cul-tura; além de outras ini-ciativas.

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O editor do Brasil de Fato, Nilton Viana, fala durante a cerimônia

Parlamentares e militantes participaram da homenagem

Pablo Vergara

Maria Buzanovsky/Juntos e Misturados

Raoni Alvesdo Rio de Janeiro (RJ)

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), presidida pelo deputado Marcelo Freixo (Psol), irá propor, através de indi-cação legislativa, a cria-ção de uma delegacia de homicídios no município de Campos dos Goytaca-zes, para a investigação dos crimes relacionados à disputa agrária na re-gião. A proposta foi anun-ciada na segunda-feira (17), durante audiência pública realizada na Câ-mara de Vereadores, pa-

“Essa medalha não é só nossa: é de todos os companheiros da mídia alternativa e popular”

Medalha Pedro ErnestoHOMENAGEM Jornal Brasil de Fato e outros veículos de comunicação alternativa são homenageados no Rio

do Rio de Janeiro (RJ)

O jornal Brasil de Fa-to foi homenageado pe-lo mandato do vereador Renato Cinco (PSOL) pe-los dez anos de existên-cia e por atuar em defe-sa dos interesses da clas-se trabalhadora. No 1º de maio deste ano, o veícu-lo passou a ser publicado semanalmente em uma versão gratuita especial para o Rio, com destaque para os temas locais.

“Estamos muito feli-zes com a edição Rio do Brasil de Fato, pois nos-sa cidade está repleta de contradições. Aqui, os pobres têm sido expul-sos do centro da cidade, e o Brasil de Fato vem co-laborando para que os movimentos sociais pos-sam enfrentar essa bata-lha”, destacou Cinco.

Estiveram presentes na cerimônia, realizada na última sexta-feira (14), parlamentares, militantes sociais, representantes da mídia alternativa e o edi-tor do jornal, Nilton Via-na. “Estamos sendo re-conhecidos pela ousadia de criar esse veículo em 2003”, afi rmou o jornalis-ta, ao receber a medalha Pedro Ernesto, a mais al-ta honraria da Câmara Municipal do Rio. Segun-do ele, a bela experiência

Mais investigação para os confl itos no campoREFORMA AGRÁRIA Comissão sugere criação de delegacia de homicídios

ra debater a violência no campo. “Queremos uma política de segurança em uma cidade que não é só de vida urbana. Temos aqui um histórico de con-fl itos no campo muito grande. Esse ano, tivemos dois brutais assassinatos por conta de problemas agrários, disputa de terra, venda de lotes e presen-ça muito forte do latifún-dio. Queremos a criação de uma delegacia de ho-micídios, que, certamen-te, vai ajudar nos confl i-tos”, anunciou Freixo.

Representantes do Movimento dos Tra-balhadores Sem Terra (MST) também estive-

ram presentes no encon-tro e contaram um pouco da realidade violenta da região e as difi culdades dos moradores acampa-dos. “Temos todo tipo de problema social, como a difi culdade de escola pa-ra as crianças, moradia, água potável, energia elé-trica e acesso à alimenta-ção básica. Esperamos que essa audiência traga o reconhecimento des-sas famílias organizadas no processo de luta pela conquista da terra na re-gião”, contou a represen-tante do MST Marina dos Santos, que ainda lem-brou das mortes por con-fl itos agrários. “Essa de-

mora na concretizaçãodos assentamentos temnos levado a muitos con-fl itos. Exemplos disso sãoos assassinatos dos com-panheiros Cícero Gue-des e Regina dos SantosPinto. São muitas famí-lias nas áreas de acam-pamentos e que estão àmercê de politicas públi-cas que garantam o aces-so à terra, à moradia e àsegurança”, destacou.

Segundo o delega-do Carlos Augusto Silva,responsável pela 146ªDP, as investigações des-sas mortes, ocorridas nofi nal do ano passado eno começo de 2013, es-tão em curso.

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 brasil |

Márcio Zontada Redação

Passavam das três da tarde em Teresina (PI) e o calor intenso da capital piauiense despertou Ma-risa de um longo cochilo após o almoço.

Ao entrar no banho para tirar o excesso de suor e seguir posterior-mente para seu traba-lho de manicure, Marisa escutou o telefone tocar pela primeira vez.

Nos cinco minutos que demorou no banhei-ro o telefone não deu tré-gua. Ao sair e pronta-mente atender, veio a no-tícia direta e avassalado-ra: “Marisa, seu marido acabou de morrer, caiu de uma altura de mais de 4 metros na obra”.

“Depois do telefone-ma, o tempo parou para mim e parece estar para-do até hoje. Crio meus fi -lhos sozinha e me tornei uma pessoa ressentida, doente. Tomo remédio para depressão. Tínha-mos toda uma vida pela frente que foi interrompi-da bestamente”, lamenta.

O acidente que viti-mou o marido da mani-cure, Givaldo Costa, aos 24 anos, aconteceu em dezembro de 2011. O ra-paz trabalhava na cons-trução de um edifício lu-xuoso no centro de Te-resina e sem os devidos equipamentos, despen-cou de um dos andares em formação.

A morte de Givaldo num ambiente de traba-lho com altura acima de

dois metros tem se tor-nado recorrente no Bra-sil nos últimos anos.

Segundo dados da Previdência Social, 2.712 mil trabalhadores morre-ram e 701.496 mil foram acidentados no país em 2010 na construção civil, portos e indústria naval.

A construção civil é considerada a mais letal pelo órgão governamen-tal, vitimando fatalmen-te 376 trabalhadores no mesmo período, o que signifi cou praticamente a morte de um operário a cada dia no Brasil em 2010.

A situação, no entan-to, pode ser ainda pior no setor. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), alerta que 38% da força de tra-balho na construção civil é informal e os acidentes não são contabilizados pelo governo

E a perspectiva não é de melhorias. Na avalia-ção de alguns especia-listas do setor, os pro-blemas podem se agra-var com a aprovação do Projeto de Lei 4330/2004 proposto pelo deputa-do federal, Sandro Mabel (PL/GO), que tende a precarizar ainda mais es-se tipo de trabalho.

O PL está em fase fi -nal de análise pela Co-missão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câ-mara dos Deputados. O texto defende a libe-ração total da terceiri-zação e permite direta-mente a subcontratação e sublocação por em-presas terceirizadas.

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Em 2010, a média de acidentes fatais envolvendo operários da construção civil foi de um por dia

Acesso à saúde pública ainda é um dos maiores problemas enfrentados pela população no país

Abr

Elza Fiúza/Abr

2.712 mil trabalhadores

morreram em 2010 na

construção civil

Patrícia Benvenutida Redação

Além da falta de hos-pitais e de unidades de saúde, locais mais afasta-dos dos grandes centros em geral sofrem com ou-tra difi culdade, a falta de médicos.

O assunto voltou aos noticiários recentemente, depois de o governo fede-ral anunciar sua intenção de trazer profi ssionais es-trangeiros para trabalhar em áreas que carecem de mão de obra.

Dados do Ministério da Saúde divulgados em junho mostram que, nes-te ano, 55% dos municí-pios brasileiros que soli-citaram médicos junto ao Programa de Valorização da Atenção Básica (Pro-vab) não conseguiram se-quer um profi ssional.

A falta de médicos no interior, para o governo

“Depois do telefonema, o tempo parou para mim e parece estar parado até hoje”

TRABALHO Dados apontam alto índice de acidentes em construções com mais de dois metros de altura

Risco nas alturas

Falta de médicos afeta o interiorSAÚDE Atraídos por bons salários e melhor infraestrutura, profi ssionais do setor se concentram nos centros urbanos

federal, é refl exo do nú-mero insufi ciente de pro-fi ssionais no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o país tem ape-nas 1,8 médico para ca-da mil brasileiros, índice abaixo do registrado em países latino-americanos

como Cuba (6,39), Argen-tina (3,2) e México (2).

O Conselho Federal de Medicina (CFM), porém, defende que não há fal-ta de profi ssionais, e sim uma má distribuição. A falta de profi ssionais no interior, segundo a enti-

dade, é resultado da pre-cariedade das condiçõesde trabalho impostas aosmédicos. Muitas prefei-turas, de acordo com oConselho, não têm cum-prido o que foi acordadoantes da contratação dosprofi ssionais.

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | mundo

“Estou com os manifestantes do Brasil”

do principalmente em uma crítica às estratégias de desenvolvimento nor-te-americanas e ao poder das grandes corporações multinacionais atual-mente. Para o pensador, as privatizações de recur-sos básicos, alicerces dos regimes neoliberais, alte-ram a relação dos cida-dãos com o mundo a sua volta e reduzem também a noção de bens comuns.

“Para muitas socieda-

autoridades europeias e pesquisadores do mun-do inteiro reunidos para o fórum na pequena ci-dade de Bonn, Chomsky afi rmou que a ocupação da praça Taksim é um mi-crocosmo da defesa dos bens comuns.

“Trata-se de um mo-vimento global contra a violência que ameaça a liberdade em diferentes países. As pessoas estão indo às ruas para defen-der bens comuns, aque-les que são compartilha-dos dentro das socieda-des. O capitalismo base-ado na massifi cação de privatizações não com-preende a gestão coleti-va, aí está o problema. Os movimentos que ocor-rem neste momento são legítimos, na tentativa de recuperar a participação popular na gestão destes bens”, disse o linguista.

Para além da dominação econômica

O discurso de Chomsky esteve centra-

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Camila Nobrega

Camila Nobrega

Noam Chomsky fala durante o fórum em Bonn, na Alemanha

Para Chomsky, “praça Taksim é um microcosmo de um movimento global”

Camila Nobregade Bonn (Alemanha)

Cercado de jornalistas e curiosos de pelo menos 30 países, na noite desta segunda-feira (17), o lin-guista e crítico político Avram Noam Chomsky, de 84 anos, caminhava lentamente para se reti-rar da plenária após sua palestra no Fórum Glo-bal de Mídia, em Bonn, na Alemanha.

Questionado sobre os eventos que aconte-cem na Turquia e no Bra-sil, disse que “embora se-jam protestos diferen-tes e com suas peculiari-dades, as manifestações nos dois países são ten-tativas de o povo recupe-rar a participação nas de-cisões. É uma forma de ir contra o domínio dos in-teresses de grupos eco-nômicos. Acho ambos muito importantes e pos-so dizer que estou com os manifestantes – dis-se o linguista, entusiasta do movimento Occuppy, declarando apoio ao mo-vimento que toma as ru-as de cidades brasileiras e também aos manifestan-tes turcos”.

Durante seu discur-so para cerca de duas mil pessoas, entre jornalistas,

MOVIMENTO GLOBAL Em encontro realizado na Alemanha, Noam Chomsky fala sobre a onda de manifestações que atinge o Brasil e a Turquia

“Trata-se de um movimento global contra a violência que ameaça a liberdade em diferentes países”

des, a propriedade pri-vada se tornou aparente-mente a única possibili-dade de divisão de terri-tórios e recursos. Isso es-tá acabando com essa no-ção do que é comum”, dis-se, ampliando a análise para a participação social. “Existe um pensamento muito difundido em sis-temas políticos e econô-micos pautados em ide-ais liberais que defende a manutenção do poder de

decisão nas mãos de pou-cas pessoas, que seriam o grupo mais ‘bem pre-parado’ da sociedade. Os demais seriam apenas es-pectadores. É contra isso que alguns grupos estão lutando”.

A base desse pensa-mento parte de um da-do bastante claro que Chomsky trouxe à tona: segundo ele, 70% da po-pulação norte-america-na, por exemplo, não tem qualquer infl uência so-bre a política nacional. Ou seja, a maioria da po-pulação não tem poder, por exemplo, sobre polí-ticas públicas que afetam suas vidas diariamente.

Frente a uma pla-teia composta de pesso-

as vindas de todo o mun-do para a conferênciaem Bonn, mas majorita-riamente de europeus, odiscurso de Chomsky pa-recia soar um pouco ana-crônico. Foi o que se ou-viu nos corredores. Nãofoi essa a interpretação,porém, de participantesvindos de países africa-nos em desenvolvimen-to. Não houve tambémanacronismo para os re-presentantes turcos queestavam ali, ou de outraspessoas vindas da regiãoque vive hoje a PrimaveraÁrabe. Para estes grupos,nos quais o Brasil pare-ce se incluir, uma fala deChomsky ecoou:

“O termo democraciapode parecer óbvio paraalguns, e aí está a ame-aça. Há vários tipos dedemocracia, várias for-mas de aplicação des-te conceito. O que pode-mos pensar é: este tipode democracia na qual aesmagadora maioria dapopulação não tem par-ticipação alguma é a quequeremos?”, concluiu.(Canal Ibase)

“as manifestações nos dois países são tentativas de o povo recuperar a participação nas decisões”

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 cultura |

ARTE Ocupação do Instituto Municipal Nise da Silveira é nova iniciativa do Norte Comum

cos. A gente vê resulta-dos nas doenças mentais graves, em pacientes com um longo tempo de in-ternação, através do con-vívio afetivo e da prática criativa”, afi rma o médico e ator Vitor Pordeus, que dá ofi cina teatral às ter-ças e quintas no Instituto Nise da Silveira. Segun-

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Daniel carvalho

Daniel carvalho

No espaço, ocorrem saraus poéticos, exposições, ofi cinas artísticas e debates

As paredes foram marcadas com poesias, fotos, desenhos e cartazes

Luísa Côrtesdo Rio de Janeiro (RJ)

“Um espaço de encon-tro em diversos lugares da cidade”. Assim que o Norte Comum se autode-nomina e promove a ocu-pação cultural no Institu-to Municipal de Assistên-cia à Saúde Nise da Silvei-ra, no Engenho de Den-tro, entre outras iniciati-vas voltadas para a Zona Norte do Rio de Janeiro. O terceiro andar do prédio virou o Hotel da Loucura, com quartos que abrigam artistas de outras cidades para promover um inter-câmbio de ideias, além de um espaço onde ocorrem saraus poéticos, exposi-ções, ofi cinas artísticas e debates. As paredes de concreto já foram mar-cadas pelos novos hóspe-des: poesias, fotos, dese-nhos e cartazes colorem o ambiente.

Criado em 2011, o Norte Comum represen-ta uma demanda dos mo-radores do Rio que sen-tem falta de opções cultu-rais fora do eixo Centro-Zona Sul. “Começamos a pensar na produção cul-tural como forma de se discutir e de fazer políti-ca na cidade. Assim, colo-quei a ideia no papel, di-vulguei nas redes sociais e meu irmão (Pablo Mei-jueiro) fez a programação visual”, conta Carlos Mei-jueiro, um dos idealiza-dores do coletivo aberto a todos, que reúne artistas, médicos, jornalistas, de-signers, pacientes do Ins-tituto, moradores de rua e curiosos. Atualmente com o foco na Zona Nor-te da cidade, os membros não descartam a possi-bilidade de, mais tarde, atuarem na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Por enquanto, as primei-ras reuniões do núcleo de articulação da rede, que

já contou com 60 pesso-as, passaram das praças públicas para a nova se-de, no Engenho de Den-tro. Os interessados em se agregar ao grupo são bem-vindos: basta cola-borar com ideias e ter a iniciativa de aparecer nos encontros ou buscar o contato do Norte Comum nas redes sociais.

“A experiência do Ho-tel da Loucura tem es-se mérito mais forte da saúde como uma produ-ção simbólica. Nós, co-mo atores, estamos con-seguindo mudanças: pe-gamos duas enferma-rias psiquiátricas aban-donadas e, hoje, elas são centro culturais, com to-da uma gama de proces-sos políticos, terapêuti-

do ele, é necessário dis-seminar o afeto catalisa-dor e a prática expressi-va como formas de tera-pia. “Todo ser humano é artista, cientista e faz po-lítica o tempo inteiro, as-sim, temos que mudar es-se panorama de loucura, doença pública e corrup-ção. As doenças são ma-nifestações individuais de um patrimônio coleti-vo”, completa Pordeus.

GeringonçaAlém dos eventos no

próprio Instituto, co-mo o Sarau TropiCaos e as ofi cinas artísticas, o Norte Comum contri-bui na gestão do proje-to Geringonça, que le-va artistas como Lucas Santanna ao Sesc-Tiju-ca, exposições, shows e performances no even-to Amostra Grátis, com edições no Morro do Bo-rel e no Morro do Sal-gueiro. “Ainda temos também os projetos in-dividuais. Por exemplo, a Saída Fotográfi ca, que

propõe o registro de lo-cais que não costumamreceber tanta atenção dagrande mídia, o Pique-nique Literário, ofi cinasde vídeos, de teatro, dopassinho, iniciativas dediferentes membros”, ex-plica uma das colabo-radoras, a pesquisadoraGisele Andrade.

Neste turbilhão deprojetos, eventos e sin-gularidades de cada umque participa do NorteComum, há um consen-so em torno do desejode mudar a sociedade.“O que tem em comumentre todos é pensar nocorpo político, na ques-tão do território, da cir-culação na cidade. To-das as atividades são fei-tas para promover a ho-rizontalização do espa-ço. Não podemos dei-xar de pensar no senti-do político das inicia-tivas, na grande potên-cia política desta mobi-lização de pessoas e tro-cas de ideias e debates”,conclui Meijueiro.

“Começamos a pensar na produção cultural como forma de se discutir e de fazer política na cidade”

“A experiência do Hotel da Loucura tem esse mérito mais forte da saúde como uma produção simbólica”

Movimento político-cultural ganha força na Zona Norte

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | cultura

não há direitos e nem ci-dadania.

“Estamos vivendo um

Estado de supressão de direitos para categorias sociais inteiras: sem-ter-ra, sem-teto, negros, po-bres, encarcerados e isso é grave”, criticou.

Repper Fiell lembrou que apanhou e foi preso por publicar e distribuir uma cartilha que expli-

Marina Schneider do Rio de Janeiro (RJ)

Mais de 400 pesso-as assistiram ao docu-mentário Mais Náufragos que Navegantes, no últi-mo domingo (16), no Ci-ne Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro.

Antes da exibição, aconteceram apresen-tações de hip-hop e, de-pois, foi realizado um de-bate sobre direitos huma-nos e segurança pública no Rio de Janeiro.

A atividade faz parte do projeto Domingo é dia de cinema, que acontece uma vez por mês, sempre aos domingos de manhã, com ingressos a R$ 2.

Dirigido por Guiller-mo Planel, o fi lme tra-ta dos direitos humanos na América Latina e con-ta com depoimentos de mais de 30 pessoas, en-tre ativistas e estudiosos, que dão as suas visões so-bre esses direitos e expli-cam a importância de lu-tar por eles.

As entrevistas são in-tercaladas com cenas de manifestações que vão desde as passeatas pe-la educação pública no Chile até os atos em de-fesa dos povos indígenas na Bolívia e protestos pe-lo esclarecimento dos cri-mes de Estado cometidos durante a ditadura civil-militar no Brasil.

Direitos Durante o debate, a

advogada Fernanda Viei-ra afi rmou que existe o discurso da democracia, mas em alguns territórios

cava como deveria ser a abordagem policial.

Morador do morro Santa Marta, na Zona Sul do Rio, ele criticou a fal-ta de investimentos nas favelas, que continuam com esgoto a céu aber-to, moradias precárias e sem escolas sufi cientes para todos.

“Como morador de uma favela que é parte da cidade do Rio de Janeiro eu também quero direi-tos humanos”, disse.

Para o delegado Or-lando Zaccone, é preciso aprofundar o debate po-lítico sobre a construção de uma sociedade justa.

“É ilusão a gente achar que teremos direitos hu-manos para todos em uma sociedade capitalis-ta como a nossa onde a desigualdade só cresce”, apontou.

Presidente da Comis-são de Direitos Huma-nos da Alerj, o deputa-do estadual Marcelo Frei-

xo (PSOL) disse que é im-portante questionar este modelo de sociedade em que se confunde cidada-nia com consumo.

“A luta pelos direitos humanos é fundamen-tal, mas o grande desafi o que temos hoje é questio-nar o modelo de desen-volvimento do Brasil”, dis-se. Para ele, o Estado vio-la direitos através da po-lícia, que está na ponta, e viola também através de

uma sociedade de consu-mo que ele reafi rma.

DebateAlém do fi lme, o pro-

jeto Domingo é dia de cinema conta, também, com atrações musicais. Na edição desse mês, o espaço foi reservado pa-ra o hip-hop crítico, que consegue, através da po-esia, falar sobre proble-mas sociais.

MC Papá, de apenas 9 anos, integrante do Bon-de da Cultura, do morro

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Naldinho Lourenço

Naldinho Lourenço

“Domingo é dia de cinema” PROJETO Local exibe fi lme sobre direitos humanos e promove debate e apresentações musicais

Jorge Turco, Repper Fiell,do Visão da Favela Brasil,e Gas PA, do grupo de rapO Levante cantaram.

ServiçoO “Domingo é dia

de cinema” existe há 13anos e sempre exibe edebate fi lmes que nãoentram no circuito co-mercial de cinema.

É uma ferramentaeducativa e cultural quetem o objetivo de contri-buir para a construção deuma sociedade justa.

O público principalsão alunos de escolas pú-blicas e de pré-vestibula-res comunitários, mas aatividade é livre.

“Muita gente que já es-tá na universidade vol-ta para debater, porque lánão tem esse tipo de de-bate”, explica o professorLeon Diniz, que organizao projeto.

O Domingo é Dia de Ci-nema conta com o apoioda Petrobras e os partici-pantes podem sugerir fi l-mes e debatedores peloe-mail [email protected].

“É ilusão a gente achar que teremos direitos humanos para todos em uma sociedade capitalista como a nossa onde a desigualdade só cresce” “A luta pelos

direitos humanos é fundamental, mas o grande desafi o que temos hoje é questionar o modelo de desenvolvimento do Brasil”

Fila diante do Cine Odeon, na Cinelândia

Apresentações de hip-hop e debates no projeto “Domingo é dia de cinema”

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

A semana é favorável para questões profi s-sionais. Cuidado com relacionamentos afetivos. Período bom para se dedicar mais aos estudos. Procure valorizar as relações para evitar mal-entendidos.

Áries(21/3 a 20/4)

Período bom para vivenciar novas relações e esclarecer sentimentos. Atitudes român-ticas podem favorecer com quem se rela-ciona ou em paquera. A semana é propícia para novos objetivos.

Câncer(21/6 a 22/7)

Semana propensa para questões profi ssion-ais, principalmente com as parcerias. No amor, boas conversas nos relacionamentos ajudam na afetividade. Cuide para não se prender em sentimentos do passado.

Libra(23/9 a 22/10)

Semana favorece para recompor energias. Mo-mento propenso a se envolver com assuntos alheios. Bom para conversas esclarecedoras. Na vida amorosa, situações de romantismo e momentos apaixonados.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Situações fi nanceiras requerem mais atenção. Boas tendências para concluir projetos novos. Estudos e atividades cul-turais vão exigir mais dedicação. No amor, período propenso para gestos afetuosos.

Touro(21/4 a 20/5)

Período bom para decisões que envolvam viagens, contatos com pessoas à distância e estudos. Atente-se para não agir de ma-neira exagerada na vida amorosa e junto aos familiares.

Leão(23/7 a 22/8)

Momento bom para assuntos profi ssionais, negócios e parcerias. No amor, período favorável para esclarecer assuntos do passado. Semana boa para temas familiares e domésticos.

Escorpião(23/10 a 21/11)

Período para inovações e mudanças. Priorize o essencial e imediato. Semana favorece para ambientes mais sociais. Na vida amorosa, procure demonstrar senti-mentos de maneira mais intensa.

Aquário(21/1 a 19/2)

Essa semana propicia assuntos relacionados a questões profi ssionais. Evite os excessos nas relações. Período bom para questões fi nanceiras. No amor, expresse mais os senti-mentos e se dedique mais a você mesmo(a).

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Período bom para esclarecer questões pen-dentes. Cuide para que as obrigações não façam se distanciar de costumes simples. Na vida amorosa, bom para compartilhar ambientes sociais com a pessoa amada.

Virgem(23/8 a 22/9)

Semana favorece para colocar em práti-ca projetos do passado. Positiva para se dedicar a novos conhecimentos ou adquirir informações. Período bom para vivenciar um novo momento na vida amorosa.

Sagitário (22/11 a 21/12)

Semana propensa para projetos novos, prin-cipalmente profi ssionais. Valorize a paciência. Cuide para que algumas cismas não refl itam em sua vida amorosa. Valorize mais os momen-tos com a família.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 43

Cargo desubstituto

Orientaçãoda campa-nha con-tra a Aids

Face damoeda

oposta à“coroa”

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Natureza-(?), gê-nero depintura

Joanad’(?),

heroínafrancesa

(?) fogo:agir comoo incen-diário

Estabele-cimento

que alugafilmes

Modelo de carrocriado

por Ford

Erva usadana fabri-cação doabsinto

Enfastia-do; abor-

recido

AlceuValença,cantor

brasileiro

Não, eminglês

Travessa para servirverduras

Às (?): ao contrário

A SétimaArte (red.)

Ausentar-se

Que nãotrai

Qualidade da mem-brana da célula

Haste para espetarpetiscos

Acessórios douniforme do soldado

Prefixo de“introvertido”

Esposa de Jacó (Bíb.)

Teia;trama

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ASTROLOGIA - Semana de 20 a 26 de junho de 2013Período exige paciência com padrões e situações convencionais; Assuntos antigos estarão presentes durante toda a semana.

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | esporte

da Redação

O presidente da Fe-deração Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, minimizou os protestos que têm ocor-rido pelo Brasil nas últi-mas semanas e disse, na terça-feira (18), que o fu-tebol é “mais forte que a insatisfação das pessoas”.

“O futebol é mais for-te que a insatisfação das pessoas. Eu disse a Dil-ma e Aldo [Rebelo] que temos confi ança neles. Uma vez que a bola ro-lar, as pessoas vão en-tender e isso vai acabar”, disse Blatter ao Estado de S. Paulo.

Blatter comparou a si-tuação vivida no Brasil –que acolhe atualmente a Taça das Confederações – com o que tem ocor-rido na Turquia, que irá acolher o Mundial de fu-tebol sub-20, entre junho e julho, e onde têm ocor-rido manifestações que colocaram o país em ten-são política.

“Nós [Fifa] vimos isto também na Turquia, mas

confi amos plenamen-te nas autoridades”, afi r-mou o responsável má-ximo da Fifa na última segunda-feira (17), num congresso sobre o papel das fi nanças no futebol.

O dirigente disse ain-da que o futebol exis-te para unir as pessoas. “Isso está claro e sei um pouco sobre as manifes-tações que estão aconte-cendo. Acho que as pes-soas estão aproveitando a plataforma do futebol e a presença da imprensa internacional para dei-xar claro certos protes-tos”, declarou.

Ele crê que as reivin-

dicações fi carão em se-gundo plano com o de-correr das competições.

A abertura da Copa das Confederações, no sábado (15), fi cou marca-da por protestos nas ime-diações do estádio Mané Garrincha contra os gas-tos do país com a realiza-ção da Copa do Mundo. Para dispersar os mani-festantes, policiais entra-ram em confronto e uti-lizaram bombas de efei-to moral.

As cenas se repetiram no Rio de Janeiro (RJ) no domingo (16), antes da partida entre Itália e Mé-xico no Maracanã. Cer-ca de mil pessoas protes-taram contra o aumen-to das tarifas de ônibus e do custo de vida, em ma-nifestação que terminou em confronto e repres-são da polícia.

Dois dias depois, no segundo jogo da seleção brasileira na competi-ção, na quarta-feira (19), em Fortaleza (CE), uma manifestação de 50 mil pessoas marcou presen-ça nos arredores do está-

dio Castelão. Houve ex-cesso policial. Três pes-soas foram detidas e um jornalista foi ferido no olho, alvejado por um ti-ro de bala de borracha.

Pelé e Fenômeno Enquanto isso, em ví-

deo polêmico, Pelé apa-rece pedindo apoio para a seleção brasileira e res-salta que todos devem esquecer as manifesta-ções que tomaram conta do país. Já Ronaldo Fenô-meno, questionado a res-

peito da presença de mi-lhares de pessoas nas ru-as em todo o país, afi r-mou: “Não se faz Copa do Mundo com hospitais”.

14

FATOS EM FOCO

O alastramento de pro-testos pelo Brasil, es-pecialmente nas cida-des que recebem parti-da da Copa das Confe-derações, causa trans-tornos à Fifa. A entida-de garantiu não haver orientação para as equi-pes de produção não mostrarem manifesta-ções na arquibancada, mas afi rma que a ins-trução é para concen-trar a transmissão nos “personagens da par-tida”. E deixar a torcida fora da lista.

Ex-Fla e Seleção Mar-celo Buarque está bem. Pego de surpresa na última semana com a notícia de que ha-via contraído um cân-cer no sangue, o téc-nico foi internado em um hospital no Rio de Janeiro, mas já está se tratando em casa. Os exames feitos em Mar-celo apontaram a exis-tência de uma Leuce-mia Linfoide Crônica (LLC). Segundo ele, a doença foi descoberta precocemente, o que é fundamental para a re-cuperação.

Fifa se esquiva

Marcelo Buarqueinternado

José Roberto convoca para treinos

Com o retorno da oposto Sheilla e sem a ponteira Jaqueline, o técnico da seleção fe-minina de vôlei Jo-sé Roberto Guimarães convocou o grupo pa-ra o início dos treinos visando o Grand Prix. Ao todo, 19 jogado-ras foram chamadas. As atletas se apresen-tam na terça-feira (18), no Aryzão, o Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquare-ma, no Rio de Janeiro.

Três pessoas foram detidas e um jornalista foi ferido no olho, alvejado por um tiro de bala de borracha

”Nós [FIFA] vimos isto também na Turquia, mas confi amos plenamente nas autoridades”

FUTEBOL Joseph Blatter disse confi ar plenamente nas autoridades brasileiras e turcas

A Fifa e os protestos

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

O presidente da Fifa Joseph Blatter e a presidenta Dilma Rousseff , na abertura da Copa das Confederações

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 esporte |

rações, a Itália terá pelafrente o Brasil para defi -nir quem fi ca com a pri-meira colocação. O due-lo está marcado para sá-bado (22), às 16 horas(de Brasília), na ArenaFonte Nova, em Salva-dor. Já o Japão, encerraa participação contra oMéxico, no mesmo dia ehorário, no Mineirão.

15

isso. Têm apenas um profi ssional em sua sele-ção, o atacante Vahirua. O restante, só amadores.

O maior presente que o pior público da Copa das Confederações teve foi exatamente este. Vi-ram um time inteiro jo-gando por prazer, não por contratos.

Seja o prazer patri-ótico de representar o seu pequeno país, dian-te de tubarões do fute-bol mundial, ou apenas o prazer de jogar bola.

Se o gol é o orgasmo do futebol, você pode imaginar o primeiro gol de uma ilhota da Poliné-sia marcado fora de seu continente, por amado-res em meio a estrelados profi ssionais?

Foram estes gritos, de 11 jogadores fazen-do história para si mes-mos, diante dos olhos do mundo, que fi zeram algo valer a pena do la-do de dentro das arenas moldadas pela FIFA.

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

As milhares de vozes que se levantam no Bra-sil pelo direito de ter di-reitos, sumariamente re-tirados sob as exigências da FIFA, com a conivên-cia de nossos governos, permanecem ativas – e cada vez maiores – mes-mo debaixo de balas e bombas.

Porém, chamaram a atenção algumas pou-cas vozes no Mineirão, que ganharam mais de 20 mil adesões. As vo-zes do Taiti.

Tecnicamente, é so-frível vê-los em campo. A Nigéria, com uma pre-guiça irritante e justifi ca-da pelo golpe que os jo-gadores levaram dos di-rigentes em suas pre-miações, goleou-os com facilidade por 6 a 1.

Parte considerável do encastelamento da ca-marilha que dirige o fu-tebol mundial deve-se a estes pequenos países, sem tradição no futebol, mas com votos nos Con-gressos da FIFA.

Os jogadores do Taiti não têm nada a ver com

O grito dos inocentes

copa das confederações

William Volcov/Folhapress

da Redação

Itália e Japão realiza-ram o jogo mais eletri-zante da Copa das Con-federações, até aqui. A seleção italiana saiu vi-toriosa com um 4 a 3 so-bre os asiáticos, em uma partida de muitas alter-nativas na Arena Per-nambuco, em São Lou-renço da Mata (PE). O estádio lotado apoiou os japoneses durante os 90 minutos.

A partida foi realizada pelo grupo do Brasil e ga-rantiu a classifi cação dos italianos para as semifi -nais do torneio.

Em dois tempos dis-tintos, os japoneses pres-sionaram os italianos e levantaram a torcida com o gol de pênalti de Honda, após bobeada da zaga europeia. Kagawa, em belo voleio, ampliou. No fi nal do primeiro tempo, De Rossi iniciou a reação dos tetracampeões em gol de cabeça.

Na volta do intervalo, Uchida fez contra e Ba-

Em jogo de 7 gols, Itália vence JapãoFUTEBOL Times fi zeram o jogo mais emocionante da Copa das Confederações

lotelli, de pênalti, virou o resultado. Okazaki em-patou novamente, mas Giovinco silenciou os torcedores com um gol aos 40 minutos do se-gundo tempo.

Restando dez minu-tos para o fi nal do jogo, a trave de Buff on balançou por duas vezes. Primei-ro no chute cruzado de Okazaki e depois na ca-beçada de Kagawa, sem goleiro, para desespero de Alberto Zaccheroni.

Os gritos de olé vol-taram a empurrar os ja-poneses, mas no contra-ataque De Rossi achou Marchisio e o camisa 8

cruzou na medida pa-ra Giovinco sacramen-tar a vitória emocionan-te dos italianos. Três mi-nutos depois, os japone-ses chegaram a empatar com Yoshida, mas o árbi-tro Diego Abal assinalou impedimento.

Na próxima roda-da, a última do grupo A na Copa das Confede-

André Mourão/Folhapress

Italianos vibram: Brasil é o próximo adversário

Giovinco comemora o gol que garantiu a vitória da Itália sobre o Japão

Mané Garrincha | Brasília (DF) | 15/06 | 16h00

3 X 0Brasil Japão

Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 16/06 | 16h00

1 X 2México Itália

1 X 6Mineirão | Belo Horizonte (MG) | 17/06 | 16h00

Taiti Nigéria

Castelão | Fortaleza (CE) | 19/06 | 16h00

2 X 0Brasil México

Arena Pernambuco | Recife (PE) | 19/06 | 19h00

4 X 3Itália Japão

Arena Pernambuco | Recife (PE) | 16/06 | 19h00

2 X 1Espanha Uruguai

Na próxima rodada, a última do grupo A na Copa das Confederações, a Itália terá pela frente o Brasil

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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | esporte

02MéxicoBrasil

X

Julio Cesar, Thiago Silva, David Luiz ,

Daniel Alves, Marcelo, Hulk (Lucas),

Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar

(Hernanes), Neymar, Fred (Jô)

Corona, Flores (Herrera), Rodríguez,

Moreno, Salcido, Torrado (Jimenez),

Mier, Torres (Barrera), Guardado,

Giovani dos Santos e Hernández

Gols de Neymar e Jô | Castelão | Fortaleza (CE) | 19/06 | 16:00

FICHA TÉCNICA

COPA DAS CONFEDERAÇÕES Além de marcar o primeiro gol, craque deu assistência a Jô após belo drible

16

O atacante Neymar disputa lance com jogador mexicano

Jeff erson Bernardes/VIPCOMM

Com show de Neymar,Brasil vence o México

da Redação

Com apoio da torci-da, a seleção brasileira venceu um rival ingrato e conseguiu tranquilida-de para a última partida da primeira fase da Co-pa das Confederações. Na quarta-feira (18), o time bateu o México por 2 a 0, no Castelão (CE), com gols de Neymar e Jô, e chegou a seis pon-tos em dois jogos do tor-neio. No sábado, o Brasil enfrenta a Itália, na Fon-te Nova (BA).

O jogo fi cou marcado mais uma vez por ma-nifestações dentro e fo-ra do estádio contra os gastos na Copa do Mun-do. Nas arquibancadas, torcedores levaram car-tazes apoiando a Sele-ção e as manifestações que acontecem no Brasil desde a última semana.

Após a Fifa (Federa-ção Internacional de Fu-tebol) afi rmar que carta-zes de protesto não se-riam exibidos em ima-gens da transmissão, a TV Globo, parceira da dona da Copa, usou câ-meras exclusivas e re-gistrou torcedores com o protesto na sua trans-missão.

A seleção brasileira

da Redação

Manifestantes que par-ticipavam do protesto em Fortaleza (CE), na quar-ta-feira (19), contra os gastos excessivos do país com a Copa do Mundo e Copa das Confederações bloquearam o trânsito na Avenida Raul Barbosa ao lado do Makro, próximo à BR-116. O objetivo inicial do grupo era marchar até o estádio Castelão.

Ele foram contidos ao chegar à segunda bar-reira policial. Havia ain-da uma outra barreira de PMs atrás. A Secretaria da

Violência policial nos arredores do Castelão REPRESSÃO Houve tiros de bala de borracha, uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo

teve um início arrasa-dor no Castelão. Atacan-do pelos lados do cam-po, com Marcelo na es-querda e Daniel Alves avançando pela direi-ta, o Brasil chegava com força na área do México.

A ligeira vantagem da Seleção sobre o México na posse de bola (51% contra 49%) passa im-pressão de um confron-to muito mais equilibra-do do que realmente foi.

Embora tenha toma-do um ou outro susto, o time treinado por Luiz Felipe Scolari se por-tou bem no aspecto de-fensivo.Vigiando de per-to quem recebesse a bo-la, muitas vezes com até dois marcadores, os bra-sileiros difi cultaram a saída de jogo adversária, em especial no primeiro tempo. E, por fi car mais tempo no campo de ata-que, teve mais oportuni-dades de fi nalização.

Quando o jogo se en-caminhava para o fi m, os visitantes aumenta-ram o número de car-tões amarelos. Já com o sentimento de derrota, os marcadores mexica-nos tinham como prin-cipal alvo Neymar, que, além do primeiro gol, deu a assistência a Jô.

Segurança do Ceará in-formou que a polícia pro-tegia o perímetro estabe-lecido pela Fifa para ga-rantir a entrada de torce-dores.

Houve tiros de bala de borracha, uso de bombas de efeito moral e gás la-crimogêneo.

Três pessoas foram de-tidas e pelo menos um jornalista foi ferido na manifestação.

Pelas redes sociais, o jornalista Pedro Rocha, que foi atingido por uma bala de borracha no olho, afi rmou que passa bem. “Tava todo mundo sen-

tado e o choque abriu fo-go”, registrou nas redes sociais.

Um veículo da Autar-quia Municipal de Trân-sito e Cidadania (AMC), órgão de trânsito de For-taleza, foi incendiado du-rante os protestos.

Dentro do Castelão,

Manifestantes fogem de bombas de gás lançadas pela polícia

Victor Eleutério/Folhapress

onde ocorreu a partidaentre Brasil e México, tor-cedores portavam diver-sos cartazes de apoio àsmanifestações por todo opaís, contrariando as re-gras ditadas pela Fifa, or-ganizadora da Copa dasConfederações e Copa doMundo.