brasil de fato rj - 176

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Cidades | pág. 5 RIO DE JANEIRO Ano 4 | edição 176 9 a 11 de maio de 2016 distribuição gratuita Divulgação Paulo Fernandes / Vasco Falta de investimento, de recursos e a má administração das unidades de saúde estão gerando um caos na saúde do Rio de Janeiro. É o que apontam especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato . A crise atingiu, na última semana, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) que quase fechou as portas. Atenção médica já está comprometida em algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Governo Pezão põe em risco saúde pública no RJ Esportes | pág. 15 Mundo | pág. 8 Divulgação Roubar comida, em caso de fome, não é crime Suprema Corte italiana absolveu morador de rua Bolt se engaja em campanha contra exploração infantil Ícone do atletismo grava vídeo para os Jogos Olímpicos Com o empate em 1 a 1 no Maracanã, diante de 60 mil torcedores que sofreram para conseguir ingressos, em filas intermináveis nas bilheterias, o Vasco se sagrou bicampeão carioca, desta vez de forma invicta e merecida. Leandrinho (Botafogo) e Rafael Vaz (Vasco) marcaram os gols da partida. VASCO BICAMPEÃO! Esportes | pág. 16

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 176

Cidades | pág. 5

RIO DE JANEIRO

Ano 4 | edição 176

9 a 11 de maio de 2016 distribuição gratuita

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ção

Paulo Fernandes / Vasco

Falta de investimento, de recursos e a má administração das unidades de saúde estão gerando um caos na saúde do Rio de Janeiro. É o que apontam especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato. A crise atingiu, na última semana, o Hospital Universitário Pedro Ernesto

(Hupe) que quase fechou as portas. Atenção médica já está comprometida em algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Governo Pezão põe em risco saúde pública no RJ

Esportes | pág. 15Mundo | pág. 8Divulgação

Roubar comida, em caso de fome, não é crimeSuprema Corte italiana absolveu morador de rua

Bolt se engaja em campanha contra exploração infantilÍcone do atletismo grava vídeo para os Jogos Olímpicos

Com o empate em 1 a 1 no Maracanã, diante de 60 mil torcedores que sofreram para conseguir

ingressos, em filas intermináveis nas bilheterias, o Vasco se sagrou bicampeão carioca, desta vez de forma invicta e merecida. Leandrinho (Botafogo) e

Rafael Vaz (Vasco) marcaram os gols da partida.

VASCO BICAMPEÃO!Esportes | pág. 16

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EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:Fania Rodrigues

REPORTAGEM:André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana Pitasse e Pedro Rafael Vilela

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

ADMINISTRAÇÃO: Angela Bernardino e Marcos Araújo

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 [email protected]

EDITORIAL

Segunda-feira, 9 de maio, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F25Nublado

PREVISÃO DO TEMPO

Font

e: G

oogl

e

O Rio de Janeiro tem vivido momentos difíceis e de

grande tensão para os mora-dores da cidade e para os tu-ristas nacionais e estrangeiros que nos visitam. Recentemen-te ocorreu uma tragédia, per-feitamente evitável e que pro-vocou duas mortes. Trata-se da ciclovia Tim Maia, que liga os bairros do Leblon a São Conra-do, que desabou depois de três meses de sua inauguração. A construção não resistiu a uma ressaca, tão comum na orla ca-rioca nesta época do ano.

Mais de duas semanas de-pois do ocorrido, engenheiros continuam chamando a aten-ção sobre a ocorrência de er-ros no projeto, que o prefei-to Eduardo Paes (PMDB) uti-lizava como cartão postal do Rio tendo em vista os Jogos Olímpicos a serem realizados em agosto próximo.

ERROS GRAVESÉ visível a falta de responsa-bilidade dos organismos da Prefeitura. Além da provável ocorrência de erros graves de engenharia, no dia 21 de abril, quando houve o desabamen-to, não foi adotada nenhuma providência para fechar a ci-clovia em decorrência da res-saca. Nem houve preocupa-

Na verdade foram para o ralo os 44,7 milhões de reais gastos pela Prefeitura para a construção do “cartão postal”

nicação aparecendo como um “grande realizador”.

TETO DO HOSPITALPouco antes da tragédia da ciclovia, o teto do setor de pe-diatria do Hospital Munici-pal Rocha Faria desabou. Por sorte provocou apenas um grande susto em crianças e seus acompanhantes que ou

estavam em atendimento, ou aguardavam a sua vez.

Tragédias que poderiam ser evitadas e que se repetem ao longo do tempo fazem parte de uma rotina que pre-cisa acabar. Para isso é neces-sário exigir que os governan-tes deixem de lado o espetá-culo e se preocupem em cui-dar da cidade.

ção das autoridades muni-cipais com pelo menos uma ação preventiva para se agir em caso de necessidade.

Na verdade foram para o ralo os 44,7 milhões de reais gastos pela Prefeitura para a

construção do “cartão postal”, repetindo o que já aconteceu na gestão do então Prefeito Cesar Maia nas obras dos Jo-gos Pan-americanos. Pratica-mente nada restou para a ci-dade, nem mesmo uma pisci-na olímpica que poderia ser-vir para uso dos moradores da zona oeste. Exatamente por-que não resistiu ao tempo e tornou-se impraticável.

Mas não é só no “cartão pos-tal” da ciclovia junto ao mar que se observa a irresponsabi-lidade da Prefeitura, cujo titu-lar, Eduardo Paes, diariamen-te circula nos meios de comu-

Causas da tragédia da ciclovia

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais no Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

28° 21°

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QUA

Fernando Frazão/Agência Brasil

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 20162 | Opinião

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EM FOCO

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, in-

formou na quinta-feira (5) que vai ao Supremo Tribunal Fe-deral (STF) pedir a anulação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousse-ff sob o argumento de desvio de finalidade das ações do pre-sidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro do STF, Teori Zavascki, conce-deu liminar afastando Cunha do mandato de deputado fe-deral e, consequentemente, da presidência da Casa.

Marcos Oliveira/Agência Senado

Cardozo diz que vai ao STF tentar anular processo de impeachment

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Divulgação

O Brasil de Fato para-beniza a cantora e compo-sitora Beth Carvalho. Ela completou 70 anos na última semana. Beth é uma das maiores repre-sentantes da música po-pular brasileira. Viva Beth, viva o samba!

O vice-presidente Mi-chel Temer foi conside-rado ficha-suja na última semana. Ele fez doações de campanha acima do li-mite legal estipulado pela Justiça Eleitoral. Com a de-cisão, nos próximos 8 anos ele fica inelegível, ou seja, sem poder ser eleito.

“Já estamos pedindo a anu-lação do processo, vamos pe-dir novamente. A decisão do STF é uma prova muito im-portante no sentido de que ele usava o cargo para finali-dades estranhas ao interesse pú-blico, como acon-teceu no caso do impeachment”, disse o ministro da AGU.

Desde a fase do proces-

so de impeachment na Câ-mara dos Deputados, Cardo-zo acusou Cunha de agir por vingança pelo fato de o go-

verno não ter atuado para tentar barrar o processo

contra o deputado no Conselho de Ética da

Casa. (ABr)

IMPEACHMENT A votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário do Senado deve levar dois dias na próxima semana. Com isso, a expectativa é que a conclusão dessa etapa só ocorra na quinta-feira (12). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai presidir a sessão no plenário.

FRASE DA SEMANA

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disse o Papa Francisco em vídeo. “Precisamos eliminar os obstáculos que impedem sua plena inserção na vida social, política e econômica”, completou.

Temos que condenar a violência sexual sofrida pelas mulheres

CRIME AMBIENTALMinistério Público denuncia Samarco

O Ministério Público de Minas Gerais anun-ciou que ofereceu denún-cia contra a Samarco e 14 funcionários da minera-dora. Eles são acusados de se associarem para come-ter crimes ambientais em benefício da empresa.

O anúncio ocorreu no dia em que se comple-tam seis meses da tragé-dia em Mariana (MG), quando o rompimento de uma barragem da Sa-marco devastou distritos e municípios, destruiu vegetação nativa e po-luiu a bacia do Rio Doce, além de causar 19 mor-tes. O caso é considera-do o maior desastre am-biental do Brasil.

mandouMAL

mandouBEM CICLOVIA

Faltou previsão de impacto de ondas

O projeto da Ciclovia Tim Maia, em São Con-rado, no Rio, não previu o impacto de ondas na plataforma. Com isso, os cálculos para evitar aci-dentes, caso isso ocor-resse, não foram feitos. Um trecho de 26 metros da ciclovia desabou no dia 21 de abril, duran-te forte ressaca no mar, deixando dois mortos. A conclusão preliminar é da perícia criminal, di-vulgada na última sema-na pelo Instituto de Cri-minalística Carlos Éboli.

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Geral l 3

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André Richterda Agência Brasil

Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Estudantes e professo-res da rede estadual desocu-param, por volta das 21h de quinta-feira (5), a sede da Se-cretaria Estadual de Educa-ção do Rio de Janeiro, depois de passarem algumas horas no local. A ocupação fez par-te de uma mobilização em defesa da greve dos profis-sionais de educação e a favor da melhoria da qualidade do ensino público no estado.

Mais de 60 escolas estão sendo ocupadas há vários dias por alunos, em todo o estado. Segundo a secreta-ria, há 67 unidades de ensi-

Por unanimidade, STF mantém afastamento de Eduardo CunhaMinistros concordaram que Cunha não tem condições de ocupar o cargo de presidente da Câmara

Eduardo Cunha também foi afastado da presidência da Câmara

O Supremo Tribunal Fe-deral (STF), compos-

to por 11 ministros, validou por unanimidade a decisão liminar do ministro Teo-ri Zavascki, que determi-nou a suspensão do man-dato do deputado Eduar-do Cunha. O parlamen-tar também foi afastado da presidência da Câmara. O ministro atendeu a um pe-dido liminar feito pelo pro-curador-geral da Repúbli-ca, Rodrigo Janot, em de-zembro do ano passado.

A maioria referendou a li-minar de Zavascki e concor-dou que Cunha não tem con-dições de ocupar o cargo de presidente da Câmara. Se-gundo o relator, o parlamen-tar atua com desvio de fina-lidade para promover seus

próprios interesses. Zavas-cki citou casos envolvendo a CPI da Petrobrás e o pro-cesso a que Cunha respon-de no Conselho de Ética da Câmara, nos quais o deputa-do é acusado de usar reque-rimentos apresentados por

aliados para se beneficiar.Em seu voto, Cármen Lúcia

destacou que o Supremo res-guardou na decisão os prin-cípios e regras que devem ser aplicadas na Câmara dos De-putados. “A imunidade refe-rente ao cargo e aqueles que

o detém não pode ser con-cluída, em nenhum momen-to, por impunidade ou pos-

sibilidade de vir a ser. Afinal, a imunidade é uma garantia. O que a República não com-porta é privilégios”, disse.

Acompanharam o relator os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffo-li, Cármen Lúcia, Marco Au-rélio, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente, Ri-cardo Lewandowski.

MORRO DA PROVIDÊNCIAConfrontos armados deixam seis mortos

Enfrentamentos arma-dos no Morro da Providên-cia, no centro do Rio de Ja-neiro, deixaram seis mor-tos e três feridos na noite de quinta-feira (5). Segun-do a Polícia Militar, os con-frontos começaram de-pois que policiais do Ba-talhão de Operações Es-peciais (Bope), que faziam uma ação de inteligência no local, foram embos-cados por homens arma-dos dentro da comunida-de. Durante o tiroteio, um sargento do Bope morreu e dois ficaram feridos.

Em seguida, houve novo confronto de po-liciais do Bope com ho-mens armados. Na ver-são da Polícia Militar, os PMs foram alvo de dis-paros em diversos pon-tos da comunidade, o que motivou o início do tiroteio. Seis homens fo-ram atingidos pelos po-liciais. Cinco morreram e o sexto foi encaminha-do para o Hospital Souza Aguiar. As mortes estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicí-dios, que já realizou pe-rícia nos locais de con-fronto. A comunidade é ocupada por uma Uni-dade de Polícia Pacifica-dora (UPP) há seis anos.

Estudantes encerram ocupação da Secretaria de Educação no Rio

no ocupadas em todo o esta-do. O chefe de gabinete e de comunicação do órgão, Caio Castro Lima, classificou a ocupação temporária como um episódio positivo, e disse acreditar em um bom cami-nho para as negociações.

“Como eles estiveram aqui, ficou definido que, na próxima terça-feira (10), às 14h, o secre-tário Antônio Neto se reunirá com essa comissão para ex-por os pontos, as reivindica-ções que podemos atender, além de ser bem claro na-quelas que não estão ao nos-so alcance”, explicou. (ABr)

Segundo o relator, o parlamentar atua com desvio de finalidade para promover seus próprios interesses

Cuca da Une

Ocupação tenta pressionar por melhoria da qualidade do ensino

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 20164 | Geral

EM FOCO

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A crise na saúde não co-meçou agora. O caos na

saúde do Rio de Janeiro vem se desenhando antes mes-mo da crise econômica que atingiu em cheio o Brasil. O modelo de privatização da administração das UPAs, hospitais, clínicas e postos de saúde, assim como a fal-ta de integração entre es-ses sistemas e a falta de in-vestimento na ampliação do atendimento e na capacita-ção da equipe são aponta-dos por especialistas como principais problemas.

Com a crise do petróleo in-ternacional, a paralisação de alguns setores da Petrobrás in-vestigada na Operação Lava Jato, teve impacto nos cofres público. E o que já era ruim piorou. “A crise da saúde co-meça com a crise do petróleo”, afirma a diretora do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) Isabela Soares Santos.

O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em Vila Isabel, ameaçou fechar as portas na semana passa-da por falta de recursos. De-pois de uma determinação de Justiça, o governo do Es-tado repassou R$ 7 milhões referentes ao mês de abril ao hospital, mas ainda fica-ram faltando outros R$ 2,1 milhões. Atenção médica já está comprometida em al-gumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Falta de investimento e má gestão geram caos na saúdeSérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão foram os governadores que menos investiram em saúde no Rio de Janeiro

Mas, nem tudo tem a ver com a falta de recursos. “Con-tratar uma empresa para fazer a gestão de hospital é uma loucura. Desse modo, a saúde é pensada com a lógica do lucro. As empresas vão querer sempre priorizar os procedi-mentos que dão maior mar-gem de lucro, mas que nem sempre é o que a população mais precisa”, afirma a direto-ra Cebes.

O modelo de saúde apli-cado no Rio de Janeiro se mostrou incapaz para solu-cionar os problemas da po-pulação. Segundo a médica sanitarista Luciana Dias de

Lima, pesquisadora da Es-cola Nacional de Saúde Pú-blica da Fundação Oswaldo Cruz o problema maior re-side na falta de integração entre UPAs, postos de saúde e hospitais.

“Esse é algo muito co-mum. E por que é um pro-blema? Porque o governo tem que garantir assistência em todos os níveis de aten-dimento. A UPA pode resol-ver questões de baixa com-plexidade, mas se o pacien-te precisa de internação ou cirurgia isso vai ser um pro-blema”, explica a médica.

Falta integração dos sistemas de saúde, o que faz com os cus-tos sejam ainda mais altos. “Se houvesse uma boa atenção pri-mária nos postos de saúde a gente não precisaria de UPA. Além disso, há uma carência de leitos no Rio de Janeiro. Será difícil garantir atendimento de qualidade para todos se não houver um investimento pesa-do na saúde”, argumenta Lucia-na Dias de Lima.

Para a médica sanitarista o problema não é só de gestão, mas também de falta de in-vestimento. “Nem tudo é pro-blema de gestão. É bom que se diga que o que se faz com os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) é algo impres-sionante”, destaca.

A Secretaria de Saúde não res-pondeu até o final desta edição.

EBC Memória

Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

Hospitais e Unidades de Pronto Atendimento correm o risco de fechar se Pezão não investir mais no setor

O Rio de Janeiro é o es-tado brasileiro que menos investe na saúde. Isso é o que aponta o Instituto Bra-sileiro de Geografia e Esta-tísticas (IBGE), quando di-vulgou em 2014 a primeira Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic) com dados de 2013. O ob-jetivo era verificar onde os governos estaduais gasta-vam o dinheiro.

O estado ficou em último lugar entre os estados bra-sileiros, com investimento

de R$ 5,2 bilhões para o se-tor, o que representa ape-nas 7,2% do orçamento estadual. Portanto abaixo da meta estabelecida pela Constituição. Desde 2012, uma lei federal exige que os estados apliquem no mínimo 12% de tudo o que arrecadam na saúde. 

Isso explica em par-te porque o estado com a maior estrutura hospita-lar da América Latina tem uma das piores atenções à saúde do Brasil.

Baixo investimento nos governos PMDB

Contratar uma empresa para fazer a gestão de hospital é uma loucuraIsabela Soares Santos, diretora Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes)

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Cidades l 5

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André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

No dia em que comple-tou três semanas de ocu-

pação por seus estudantes, o Colégio Estadual André Mau-rois recebeu a visita de diver-sos ex-alunos na última quin-ta-feira (5). Entre eles esta-va o cantor Evandro Mesqui-ta, que viveu parte de sua vida naquele colégio. Na conversa, estava a lembrança da época da ditadura civil-militar bra-sileira. Daquela escola, mui-tos saíram para lutar pela de-mocracia e derrubar o regime autoritário que durou oficial-mente 21 anos.

Evandro Mesquita lembra que sua mãe, Samira Mes-quita, foi uma das fundado-ras do C.E. André Maurois e que ali ganhou seu primei-ro prêmio de música, fican-do em segundo lugar. O co-légio também foi o palco para as primeiras apresen-tações do poeta Chacal e dos cineclubes promovidos por Bruno Barreto, todos ex-alunos do colégio. “Eu sou totalmente favorável à luta dos alunos por melho-ria nas condições de estudo, por melhoria das condições para os professores tam-bém. Estou muito emocio-nado de estar participando hoje desse movimento”, de-fende Evandro Mesquita.

Samira Mesquita foi lem-brada por outra filha, Mari-na Mesquita, que também esteve na conversa com os jovens estudantes. “Sou fi-

Evandro Mesquita faz show em escola ocupada no RioCantor é ex-aluno do Colégio Estadual André Maurois, ocupado há 3 semanas

lha de uma professora que trabalhou aqui na época da ditadura, quando o colégio sofreu uma represália por-que sempre pregou o en-sino aberto e democrático. Brigar pela educação sem-pre vale a pena. Não é uma invasão, é uma ocupação. O lugar é deles, dos alunos”, lembra Marina.

RESISTÊNCIAO Colégio Estadual André Maurois tem recebido algu-mas ilustres visitas, como a cantora Marisa Monte, que se apresentou para os estu-dantes da ocupação na úl-tima segunda-feira (2). No entanto ali o protagonismo é dos bravos estudantes que lutam por uma educação de qualidade. Como numa luta, os problemas encontra-dos são grandes. Alguns dos principais obstáculos são, segundo eles, o Governo do Estado e a Secretaria Esta-dual de Educação.

Melhorias na infraestrutu-ra, reforma de espaços peda-gógicos e melhoria na quali-dade da merenda são algu-mas das reivindicações exi-gidas pelos estudantes que já ocupam mais de 70 esco-las por todo o estado do Rio. “Esta é uma semana difícil, pois a Secretaria Estadual de Educação cortou o trans-porte dos alunos. É uma iro-nia o governo decretar férias quando os alunos querem

Eu sou totalmente favorável à luta dos alunos por melhoria nas condições de estudo e por melhoria das condições para os professores tambémEvandro Mesquita, cantor

Divulgação

vir para a escola. Aqui não é uma colônia de férias, esta-mos debatendo a melhoria da educação”, reclama o es-tudante do terceiro ano Edu Carvalho, de 17 anos.

CONTEXTUALIZANDOO movimento, liderado por alunos secundaristas, teve início no dia 23 de março

deste ano, quando o Colégio Estadual Presidente Mendes de Morais, na Ilha do Gover-nador, foi ocupado por alu-nos da própria escola. Além de reivindicarem melhorias estruturais nas unidades de ensino, o movimento tam-bém surgiu em apoio à greve dos profissionais de educa-ção da rede estadual do Rio de Janeiro, paralisados des-de o dia 3 de março.

ESTADO RESPONDEPor meio de nota, a Secreta-ria de Estado da Educação informou que desde a últi-ma segunda-feira (2) cerca de 67 escolas ocupadas en-traram oficialmente em re-cesso escolar. Afirmou ain-da que buscará atender al-gumas reivindicações do movimento de ocupação das escolas, dentre elas: eleição direta para diretor; nenhuma disciplina com menos de dois tempos; fim do Programa de Bonifica-ção por Resultados; e cada professor ensinando em apenas uma escola.

Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, recebeu a visita de Evandro Mesquita

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Cidades l 7

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8 | Mundo

Estudantes ocupam escolas no ParaguaiNa capital paraguaia, As-

sunção, alunos da rede pública ocuparam três esco-las. O líder do movimento no colégio Comercio, Facundo Quintana, disse que o objeti-vo é protestar contra o Minis-tério da Educação, que não cumpriu promessas feitas depois de protestos estudan-tis no ano passado. Entre es-sas promessas estão a entre-ga de livros gratuitos e forne-cimento de almoços.

“O governo não cumpriu o compromisso de reformar as instituições em todo o país,

Divulgação

Sputnik

David Lagerlöf

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ação

SUÉCIA A foto da ativista sueca Tess Asplund, do grupo Afrophobia Focus, rodou o mundo nos últimos dias. Seu gesto de protesto com o braço erguido em frente a líderes do grupo neonazista SMR (Movimento de Resistência Sueca, na sigla em sueco) foi interpretado como um ato de bravura. Tess interrompeu a marcha neonazista.

A Comissão Europeia apresentou no final da se-mana passada um novo sistema de asilo. Para ade-quar seu sistema aos tra-tados internacionais, o organismo definiu que o país que se recusar a dar asilo a refugiados terá que pagar 250 mil euros por cada imigrante recusado.

Na proposta, a comissão prevê um “sistema mais jus-to”. Além disso, quando um país enfrentar um “núme-ro desproporcional de can-didaturas para asilo”, um sis-tema de solidariedade en-tre os países europeus será acionado automaticamen-te. Nesse cenário, os novos candidatos ao estatuto de refugiados, independente-mente da sua nacionalida-de, serão realocados. (ABr)

Justiça italiana diz que roubo de comida em caso de fome não é crime

EUROPAPaís que rejeitar pedido de asilo terá que pagar multa

A Suprema Corte da Itá-lia absolveu semana passa-da um morador de rua que tinha sido condenado a uma pena de seis anos de prisão e 100 euros de multa por rou-bar salsichas e queijos de um mercado em 2011.

A Corte anulou a senten-ça que o Tribunal de Ape-lação de Gênova tinha dita-do contra Roman Ostriakov após ele roubar a merca-doria equivalente a 4 euros

Estudantes paraguaios reivindicam educação de qualidade

Associação de consumidores diz que decisão judicial é um avanço

que caem aos pedaços por falta de manutenção”, infor-mou o jovem.

Os estudantes também pedem a renúncia da minis-tra da Educação, Marta La-fuente, acusada de estar en-volvida em denúncias de superfaturamento em lici-tações para compra de água e alimentos.

O protesto ganhou a ade-são de alunos de outras es-colas públicas e privadas. No interior, alunos dos departa-mentos (estados) de Itapúa, Caaguazú, Ñeembucú e Mi-

(cerca de 16 reais). Para o Tribunal, o “fato não cons-titui crime” porque não se pode punir quem rouba pe-quenas quantidades de ali-mentos para enfrentar a im-prescindível necessidade de se alimentar.

O presidente da associa-ção de consumidores Coda-cons, Carlo Rienzi, celebrou a sentença e alertou que “nos últimos anos de crise econômica aumentou con-sideravelmente o número de cidadãos” que se veem obrigados a roubar para po-der se alimentar.

siones, Alto Paraná, San Pe-dro, Canindeyú se somaram ao movimento.

LUTA INTERNACIONALEm comunicado, a Fenaes (Federação Nacional de Es-tudantes Secundaristas) ex-pressou solidariedade e apoio aos alunos. Os estu-dantes paraguaios seguiram o exemplo dos jovens brasi-leiros que em São Paulo e no Rio de Janeiro ocupam esco-las e reivindicam melhorias na educação. (Opera Mundi)

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 20168 | Mundo

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Carta Capital

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF) 

e Wallace Santos, de Belo Horizonte (MG)

Divulgação

Programa do PMDB sinaliza para a sociedade que saúde e educação deixariam de ser prioridadesRosa Maria Marques, da PUC-SP

Com o avanço do processo de impeachment da pre-

sidente Dilma Rousseff no Se-nado, cuja tendência é con-firmar seu afastamento já no próximo dia 12 de maio, todas as atenções se voltam para o vice Michel Temer. Ele deve-rá assumir o posto por pelo menos seis meses (180 dias) até o julgamento final de Dil-ma, que pode nem mesmo retornar ao cargo depois dis-so. Frente à situação de cri-se econômica do país e dese-quilíbrio fiscal do governo, o PMDB de Temer apresentou, recentemente, um documen-to chamado “Ponte para o fu-turo”, em que faz um diagnós-tico da situação atual e propõe medidas que, se aplicadas, podem significar uma piora ainda maior dos serviços pú-blicos de saúde e educação, levando o país a um proces-so de privatização cada vez maior desses setores. É o que avaliam especialistas consul-tados pelo Brasil de Fato.

De forma objetiva, o “Pon-te para o futuro” apresen-ta como uma das soluções para o problema fiscal a ne-cessidade de acabar com as

vinculações constitucionais de recursos e os percentuais de despesas obrigatórias em saúde e educação, previstos pela Constituição. Propõe também a desindexação dos benefícios e da aposentado-ria ao salário mínimo. Para a professora de economia Rosa Maria Marques, da PUC-SP, o programa do PMDB sinaliza

para a sociedade que saúde e educação deixariam de ser “prioridades na escala de va-lores do Estado brasileiro”.

A Constituição e a legisla-ção do setor preveem, atual-mente, que municípios e es-tados devem aplicar, respec-tivamente, 15% e 12% de suas receitas em saúde. Na edu-cação, municípios e estados

são obrigados a aplicar 25% de suas receitas e transferên-cias da União no ensino pú-blico. No caso da União, esse percentual mínimo é de 18%. “A introdução de percentuais sobre os recursos da União, estados e municípios tem como propósito definir mí-nimos de comprometimen-to dos entes públicos com es-sas políticas, que indepen-dem da orientação política do gestor de plantão. São po-líticas de Estado, portanto”, argumenta Rosa Maria.     

ATAQUE AO SUSPara a cientista política Le-nira Maia, especialista em políticas e gestão da saúde pela UFMG, as propostas do PMDB podem agravar ain-

da mais a situação de subfi-nanciamento e até mesmo de desmantelamento do Sis-tema Único de Saúde (SUS). “Cortar benefícios e direi-tos nunca foi solução e não é neste momento históri-co. Sabemos desde sempre a que interesses serve esse tipo de proposta e quais seto-res beneficia”, afirma. Ela ex-plica que, da forma como foi

pensado, o SUS foi instituído com o objetivo de coordenar e integrar as ações de saú-de das três esferas de gover-no (União, estados e municí-pios) e atender de forma uni-versal toda a população. “An-tes do SUS, apenas trabalha-dores formais tinham aces-so aos serviços de saúde de caráter assistencial, ficando a imensa maioria da popu-lação entregue ao assisten-cialismo ou à caridade”. Se-gundo Lenira, a questão das vinculações e despesas obri-gatórias constituem, nesse cenário, a estrutura funda-mental de funcionamento do SUS, sem a qual será impos-sível a “concretização” desse modelo. Se prosperar o pro-jeto pretendido por Michel Temer e o PMDB, o acesso à saúde ficará cada vez mais dependente da renda indivi-dual de cada um ou de sua família, prevê a professora Rosa Maria Marques.

Saúde e educação não serão prioridades para Temer, dizem especialistasPrograma apresentado por Michel Temer prevê fim das despesas obrigatórias em saúde e educação

Especialistas temem agravamento dos serviços públicos

Temer deverá assumir o posto por pelo menos seis meses até o julgamento final de Dilma

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Brasil l 9

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O quê: Evento busca o fortalecimento do movimento artístico da cultura negra no Rio, com muito teatro, exibição de filmes, música e debates. Onde: Terreiro Contemporâneo – Rua Carlos Carvalho, 53, Cruz Vermelha, Centro.Quando: Sexta-feira (13), 17h.Quanto: 0800

O quê: Festa promete batalha de hip hop, além de contar com muito funk, dancehall, new soul e bass. Evento perfeito para os amantes da música das ruas.Onde: Antonieta – Avenida Mem de Sá, 104, Lapa. Quando: Sexta-feira (13), 22h.Quanto: R$ 20 (até 2h)

O quê: Evento musical super animado volta com força máxima e agora se torna quinzenal, com muita dança charme e apresentações culturais de hip hop. Onde: Parque Madureira – Rua Soares Caldeira, 115, Madureira.Quando: Sexta-feira (13), 18h.Quanto: 0800

O quê: Evento reúne apresentações de diferentes grupos de poesia do Rio de Janeiro. Como encerramento, será convidada uma banda musical.Onde: Arena Carioca Dicró – Parque Ary Barroso, Penha. Entrada pela Rua Flora Lobo.Quando: Domingo (15), 17h.Quanto: 0800

O quê: Batalha de MCs da Cidade de Deus traz um dos artistas mais conceituados do cenário carioca: MC Xará. Onde: Centro de Intervenções Culturais Cidade de Deus – Avenida Edgar Werneck, espaço embaixo da Linha Amarela.Quando: Quinta-feira (12), 19h.Quanto: 0800

O quê: Programação faz debate sobre centenário do samba, exibição de filmes, encontro de sambistas, teatro, feijoada e apresentações musicais. Onde: Renascença Clube – Rua Barão de São Francisco, 54, Andaraí.Quando: Sexta-feira (13), 13h.Quanto: 0800

O quê: Evento vem para movimentar a música negra com muito rap, hip hop, charme, soul e R&B, além de ter microfone aberto para a rapaziada mandar suas rimas.Onde: Black JPA – Estrada do Cafundá, 16, Jacarepaguá.Quando: Domingo (15), 15h. Quanto: 0800

Black JPA

Batalha Da Di Deus

Tributo aos nossos ancestrais

Parque Di’Nego Charme vs. Hip Hop

Circuito Carioca de SarausThe GrooveSarau

Resistência Preta

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Divulgação/Pref. Jundiaí

Divulgação

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Divulgação

O quê: Roda de samba muito animada agita praça pública com Alexandre Nadai e Zé Samba. Evento musical receberá ainda uma feira de artesanatos e muita feijoada, caldos e petiscos.

Onde: Praça da Harmonia – Gamboa.

Quando: Domingo (15), 17h.

Quanto: 0800

Festa dos Pretos Velhos

AGENDA CULTURAL DA SEMANA

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Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 201610 | Cultura

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O cartunista Vitor Teixei-ra iniciou a vida profis-

sional desenhando estam-pas para a indústria têxtil, após se formar em design gráfico. Com as Jornadas de Junho de 2013, cansado de ter o trabalho subutilizado e com um desejo de publicar trabalhos autorais, Vitor co-meçou a divulgar as primei-ras charges e logo ficou co-nhecido na internet.

Com pouco contato com os movimentos populares e ten-do estudado em escola parti-cular, o cartunista assume: “Eu era um coxinha. A ver-dade é essa”. Ele já vinha cul-tivando uma simpatia pela política de esquerda desde 2011, mas foi após o sucesso da página no Facebook que

Vitor Teixeira: “Meu trabalho não é resposta a nada, é pergunta”

Júlia Dolce e Norma Odarade São Paulo (SP)

Novo colaborador do Brasil de Fato, o cartunista fala sobre o momento político atual

ele entrou em contato com as organizações populares para oferecer o trabalho.

“Nesse processo todo eu fui me aperfeiçoando, me politi-zando, compreendendo cada luta e suas questões próprias, lendo muita história para me aprofundar mais. É papel de todo comunicador e artista que tem um trabalho opinati-vo se manter informado”, afir-mou o cartunista, em entrevis-ta para o Brasil de Fato.

Na última quinta-feira (5),

Vitor iniciou uma parceria com o Brasil de Fato, crian-do charges semanais exclusi-vas. “Conversando com car-tunistas mais velhos eles di-zem que antigamente tinham que bater na porta dos jornais com o portfólio debaixo do braço. Hoje, o cartunista vai para a internet, começa a pu-blicar e é chamado pelos veí-culos. É bem legal participar desse processo, que tem sido um grande marco para várias pessoas”, destacou.

É papel de todo comunicador e artista que tem um trabalho opinativo se manter informado

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Cultura l 11

Page 12: Brasil de Fato RJ - 176

12 | Opinião

Governo do Rio de Janeiro

OPINIÃO | Tico Santa Cruz

Um possível Governo Temer e PSDB, nos mol-des neoliberais, desses que querem a derruba-da de direitos e privatiza-ções de setores públicos como educação e saúde, em nada afetaria minhas finanças.

Esse mercado especulati-vo faz com que instituições financeiras toda hora me procurem querendo mexer no meu dinheiro, para fazer eu ganhar mais. Nesse caso, elas poderiam me oferecer ainda mais vantagens. 

O que assusta nessa história é ver que quem será prejudi-cado é quem mais apoia essa história de impeachment. 

Muitos que não têm ab-solutamente nenhum privi-légio serão devastados caso tenham seus direitos ata-cados. Ainda assim aplau-dem essas movimentações dos golpistas, como se es-tivessem livrando o Brasil do mal. Foram induzidos a crer que o PT é o único problema do Brasil. 

MANIPULAÇÃOA mídia vai alimentan-do essa sensação e, quan-do olhamos, estamos com-pletamente cercados por ideias que não são nossas. 

A falência do Estado do Rio de Janeiro não é fru-

to da crise econômica que o país atravessa. É eviden-te que ela piorou a situação, mas as contas do Estado já haviam entrado em colap-so muito antes, devido à má gestão dos governos peeme-debistas de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

Entre 2006 e fevereiro de 2014, as dívidas cresceram 69%. Passaram de R$ 48 bi-lhões para R$ 81,4 bilhões. Os débitos aumentaram tan-to que os governos Cabral/Pezão precisaram se endivi-dar cada vez mais para pagar os compromissos anteriores.

DÍVIDA DA DÍVIDAEm 2007, Cabral assumiu, e, em 2014, o governo enviou à Assembleia Legislativa 47 pe-didos de autorização para con-tratar empréstimos, o equiva-lente a R$ 25 bilhões. O dinhei-ro não serviu para melhorar a vida das pessoas e os serviços de saúde, transporte, educa-ção e saneamento básico.

O que perdemos com o golpe?

Querem tirar das pessoas a humanidade. A mídia que temos contribui para acabar com o princípio da solidariedade. 

Sem solidariedade pen-samos o seguinte: “Se não vai me afetar, que se da-nem todos”. 

ISOLAMENTO SOCIALTudo o que tenho conquis-tei com muito trabalho. Mas, se vivo numa socieda-de onde a maioria não tem quase nada, o que aconte-cerá comigo?  Viverei isola-do, com medo, angustiado, tentando “me defender” da violência daqueles que não têm nada a perder. Aliena-do, tentando me blindar das misérias humanas, do sofrimento alheio.

O Governo Dilma cum-priu sua função? Não. Por milhares de motivos. Sua indignação é correta, legí-tima, importante. No en-tanto, o que está por vir é muito pior. Infinitamen-te pior. E a maneira como estão chegando ao poder é uma afronta a nossa de-mocracia.

Tico Santa Cruz é músico, vocalista da

banda Detonautas

Linha 4 do Metrô é um buraco sem fundo de recursos públicos

Mario Augusto Jakobskind

Recentemente, o governo do Rio de Janeiro anunciou que poderia parcelar o pagamen-to dos salários dos servidores públicos ativos e aposentados.

Enquanto isso, o governo do Rio de Janeiro encaminha ao BNDES pedido de financia-mento de R$ 1,2 bilhão para

as obras da Linha 4 do Metrô, que são um buraco sem fun-do de recursos públicos. O valor inicial da obra dobrou. Passou de R$ 5 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

O consórcio responsá-vel pela obra, o Rio Barra, é formado pelas constru-toras Queiroz Galvão, Ode-brecht e Carioca Engenha-ria. As duas primeiras estão envolvidas nas denúncias da Lava Jato.

Outra empresa envolvida com o governo do Rio e em escândalos de corrupção é a Andrade Gutierrez. Um de seus executivos admitiu que pagou propina para reali-zar diversas obras, entre elas a reforma do Maracanã e a construção do Comperj. Na delação premiada na Lava Jato, os executivos da em-presa citaram Sérgio Cabral como um dos beneficiários do suborno.

CRISE PRODUZIDAPortanto, a crise que o Rio de Janeiro enfrenta hoje não é um fenômeno de 2015. Ela vem sendo gestada ao longo dos nove anos da política econô-mica dos governos do PMDB. Agora, o governo estadual usa a desaceleração da economia como desculpa para tentar en-cobrir a responsabilidade que seu partido tem.

Mario Augusto Jakobskind é jornalista,

membro do Conselho Editorial do Brasil de Fato

Cabral e Pezão faliram o estado do Rio de Janeiro

Obras da Olimpíada contribuíram para o endividamento do Rio

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016

Page 13: Brasil de Fato RJ - 176

Variedades l 13

Ingredientes• 1kg de farinha de trigo branca

• 500 gramas de farinha de trigo integral

• 900 ml de água fria

• 20g de fermento biológico em pó (ou 60g de fermento biológico fresco em tabletes)

• 4 colheres de sopa de açúcar

• 1 colher de sopa de sal

Modo de preparoMisturar as farinhas com o fermento seco e o açúcar. Caso use o fermento fresco, dissolver em água morna e jogar antes de misturar. Coloque a água e misture mais um pouco, e só depois coloque o sal. Misture a massa com carinho, lembrando que os movimentos devem sempre colocar ar dentro da massa. Deixe descansar a massa por duas horas, coberta por um pano, num local sem vento. Depois, misture mais um pouco e deixe descansar por mais uma hora. Prepare os pães (pode botar azeitona, castanhas, tomate seco ou goiabada como recheio) e aqueça o forno na temperatura máxima. Coloque os pães no forno e deixe na temperatura máxima nos primeiros 5 minutos, enquanto o fermento termina seu trabalho. Depois abaixe o forno, e coloque dentro dele uma tigela com gelo, para umedecer o forno e deixar a casca mais crocante. Em 30 ou 40 minutos o pão estará pronto! E o cheiro gostoso já vai chamar a vizinhança para comer!

DICANa parte da farinha integral podem ser incluídas aveia, gérmen de trigo, linhaça ou outros grãos. Os grão integrais são muito mais saudáveis do que os refinados (farinha branca) porque contém mais fibras e nutrientes.

Divulgação

Divulgação

Temos visto muitas mulheres sendo punidas por fazerem aborto. O que você pensa sobre isso? 

Betânia Ferreira, 34 anos, advogada

Dúvidas? [email protected] Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf

Cara Betânia, a questão do aborto é bem polê-

mica. Acredito que nenhu-ma mulher deve ser obri-gada a ser mãe se isso não for sua vontade. Mas in-dependente da opinião de cada um, vejo que a socie-dade brasileira precisa en-frentar essa questão. Um grande número de mulhe-res, pobres e na maioria negras,   morrem todos os dias na tentativa de abor-tar sozinhas e sem assis-tência médica. Além dis-so, o acesso das mulheres aos métodos contracepti-vos ainda é precário. Mui-tos países já avançaram

ANDRÉ DAHMER | malvados.com.br

AMIGA DA SAÚDE

nação do sistema patriar-cal sobre a vida das mulhe-res. Por isso é tão impor-tante que as mulheres con-tinuem se organizando e lutando pelos seus direitos.

em suas leis e reconheceram o direito das mulheres sobre seu corpo e sua vida, legalizando o aborto. O que está em jogo não é o direito dos indivíduos, mas a domi-

Pão integral

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Variedades l 13

DICAS MASTIGADAS | Alan Tygel

Page 14: Brasil de Fato RJ - 176

14 | Variedades

Áries (21/3 a 20/4)Áries terá um período em que precisará procurar o equilíbrio para se sentir melhor na vida.

Touro (21/4 a 20/5)Pode acumular muitas responsabilidades, terá de dividir seu tempo para dar atenção a tudo.

Gêmeos (21/5 a 20/6)É tempo de deixar para trás situações que já não podiam evoluir para dar início a novos projetos.

Câncer (21/6 a 22/7)Terá o período estável, com progressos lentos, mas inteiramente favoráveis, inclusive no trabalho.

Leão (23/7 a 22/8)Terá um período positivo. Trate os seus assuntos pessoais com mais atenção e tudo vai se resolver bem.

Virgem (23/8 a 22/9)Precisará mostrar que sabe como utilizar as suas capacidades nos mais diversos desafios.

Libra (23/9 a 22/10)Estabeleça as metas e objetivos que quer ver concluídos no final desta fase. Não desista.

Escorpião (23/10 a 21/11)Terá um período rico em oportunidades, vai poder fazer mudanças que vão agradar seu cotidiano.

Sagitário (22/11 a 21/12)Organize-se e programe-se com alguma antecedência para ter a sua vida facilitada neste momento.

Capricórnio (22/12 a 20/1)Dê atenção às opiniões e conselhos de pessoas mais experientes. Cuide da sua imagem.

Aquário (21/1 a 19/2)Estará cheio de energia ao longo deste período, mas é necessário fazer um bom uso da mesma.

Peixes (20/2 a 20/3)O período é favorável, mas igualmente exigente, em que poderá resolver muitos assuntos.

HORÓSCOPO FASES DA LUANova 9/5

Cheia 21/5

Crescente 13/5

Minguante 29/5

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 201614 | Variedades

Page 15: Brasil de Fato RJ - 176

Tânia Rego /Agência Brasil

Usain Bolt faz campanha contra exploração infantilLenda do atletismo estrela vídeo de campanha para os Jogos do Rio 2016

A cidade de Mogi das Cru-zes (SP) receberá um torneio entre seleções de basquete masculino. A competição, pre-paratória para os Jogos Olím-picos do Rio 2016, ocorrerá entre os dias 28 e 31 de julho. A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) enviou convi-

Seleções de basquete masculino se enfrentarão em Mogi das CruzesCidade paulista receberá torneio preparatório para a disputa da Olimpíada

te a outras seis federações.Apesar de não confirmar os

demais participantes, além do Brasil, a CBB espera con-tar com a Austrália, a China e a Lituânia para a disputa do tor-neio que ocorrerá no Ginásio Professor Hugo Ramos, casa do time do Mogi no torneio

Novo Basquete Brasil (NBB).O torneio acontecerá logo

depois da passagem da tocha olímpica pela cidade, no dia 26 de julho, e foi resultado de negociações entre a CBB, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Prefeitura de Mogi das Cruzes. (BP)

50 tons de verde

Saiu a convocação da seleção brasileira para a Copa América Centená-rio, que será disputada nos Estados Unidos, com sete jogadores que atuam no futebol nacional.

Desses sete, três fazem parte da mesma equipe. O Santos mandará para a competição o meia Lucas Lima e os atacantes Ricar-do Oliveira e Gabriel.

Não trataremos do mé-rito dos três, mas falemos das reclamações à impren-sa do presidente do Santos, Modesto Roma, pelas nove rodadas em que o time fi-cará desfalcado no Cam-peonato Brasileiro.

Desde o ano passado, to-dos já sabiam que a principal competição do país não seria paralisada para a disputa, tan-to da Copa América, quanto dos Jogos Olímpicos. Ape-sar do atraso das reclama-ções, as queixas são justas.

É impressionante como a CBF despreza o próprio campeonato. Como ela não tem nenhum apreço por um “produto” seu. Ao dar infinita prioridade à sele-ção, desprestigiando o fu-tebol praticado por aqui, a entidade se mostra inca-paz de conduzir as mudan-ças necessárias no esporte dentro do país.

É urgente o fim da coin-

cidência de datas entre os campeonatos aqui dispu-tados e os jogos da seleção por duas razões.

A primeira é a mais óbvia e alvo das reclamações de Mo-desto Roma. A seleção tira os melhores jogadores do cam-peonato, diminui o espetá-culo e prejudica o clube que cede jogadores à seleção.

Outra razão é o desprestí-gio da própria seleção. Com a coincidência de jogos com o campeonato e a crise pela qual atravessa a equi-pe que representa o Brasil, o torcedor terá poucas dú-vidas em optar por ver seus clubes em competição.

Mas, para a CBF, é preciso acomodar os interesses do seu colégio eleitoral, as nos-sas jabuticabas, as federa-ções estaduais. Elas exigem um número generoso de da-tas para campeonatos sem graça, que valem alguma coi-sa só no final. Quando valem.

É urgente o fim da coincidência de datas entre os campeonatos aqui disputados e os jogos da seleção

A Federação Interna-cional de Tênis (ITF, sigla em inglês) anunciou que fará uma nova pintura do piso das quadras do Cen-tro de Tênis Olímpico, no Parque Olímpico da Bar-ra. Após esgotar o debate sobre a cor do piso, que estava entre o verde e o azul, a ITF resolveu man-ter a cor original verde, mas mudará o tom da coloração do piso.

Para os tenistas que utilizaram as quadras, a tonalidade mais cla-ra do verde atrapalha-va a visualização das bo-las amarelas com a luz do sol. A mudança do tom visa dar maior contraste entre o piso e a bola.

Outra preocupação da ITF é a iluminação das quadras, que não foi ex-perimentada no evento-teste do tênis.

Rafael Ribeiro/CBF

Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma campanha contra a exploração de meno-

res, direcionada a turistas e atletas que desembarcarão no Rio para os Jogos Olím-picos, ganhou um reforço de peso na última semana. O atleta jamaicano seis vezes campeão olímpico, Usain Bolt, estrelou o último vídeo da campanha It’s penalty! (É pênalti!, em português) so-bre o tema.

A campanha será veicula-

A CBF não gosta de futebol

da em dez companhias aé-reas e em hotéis, visando aumentar a consciência de quem estiver na cidade sobre o problema da exploração in-fantil. Além de Bolt, a cam-panha conta com o zagueiro brasileiro David Luiz, o ex-jo-gador inglês de futebol Gary Lineker e o ex-jogador do rú-gbi François Pienaar.

A campanha também foi rea-lizada durante a Copa do Mun-do no Brasil, em 2014. (BP)

Bolt estrela vídeo de campanha contra a exploração infantil

O Brasileirão vai começar

desfalcado pela própria CBF

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016 Esportes l 15

TOQUES CURTOS | Bruno PorpettaBINÓCULO

Page 16: Brasil de Fato RJ - 176

Vasco e Botafogo fizeram a grande decisão do Campeo-nato Carioca na tarde deste domingo (8), no Maracanã. O Vasco tinha a vantagem do empate devido à vitória no primeiro jogo por 1 a 0.

Apesar da vantagem, a equipe vascaína não ficou esperando o Botafogo em seu próprio campo, o que deixou o jogo bastante igual.

O Botafogo tinha con-tra si o tempo que corria, com o jogo truncado no meio-campo, além das le-sões. Renan Barbosa teve que deixar o campo lesio-nado, Joel Carli e Ribamar também sentiam dores e jogavam no sacrifício.

Apenas no final do pri-meiro tempo o jogo ficou mais aberto. Com vários jo-gadores com cartão ama-relo, a marcação no meio--campo ficou mais frou-xa e as oportunidades co-meçaram a aparecer.

Enquanto o Botafogo as-

Empate dá o bicampeonato ao VascoVasco e Botafogo ficaram no 1 a 1 e cruzmaltino ficou com o título do Carioca

Nenê foi o grande destaque da campanha vitoriosa do Vasco

sustou com chute de Bru-no Silva, o Vasco apa-receu bem em cabeça-da de Jorge Henrique, des-ta vez por cima do gol.

Após o intervalo, o Bo-tafogo partiu para cima e logo aos seis minutos abriu o placar. Diego deu belo cruzamento na ca-beça de Leandrinho, que mandou firme para o gol.

A alegria do Botafo-go não durou muito. Ape-nas cinco minutos depois, Nenê cobrou falta lateral

pela direita e botou na ca-beça de Rafael Vaz, que su-biu muito para empatar. Os botafoguenses reclama-ram bastante da falta que originou o gol do Vasco.

Após o gol do Vasco, o Botafogo lançou Luis Henrique e Neilton em campo. Criou algumas oportunidades de gol, mas não caprichou nas con-clusões. Com o empa-te, o Vasco se sagrou bi-campeão carioca, des-ta vez de forma invicta.

Na noite deste sábado (7), Bernardo Ribeiro, jo-gador da Friburguense, morreu disputando uma partida amadora em Re-creio, cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, após um mal súbito.

Ele tinha contrato com o time de Nova Friburgo

Jogador da Friburguense morre em peladaaté o final deste mês e dis-putou o Campeonato Ca-rioca deste ano, partici-pando de nove jogos, sem marcar nenhum gol. A Fri-burguense acabou rebai-xada à segunda divisão do estadual.

Revelado pelo Flamengo na mesma safra de Renato

Augusto, Bernardo atuou boa parte da carreira na Al-bânia. Também jogou na Itália, Finlândia e Austrá-lia, retornando ao Brasil no ano passado para jogar no Inter de Lages (RS).

Bernardo tinha 27 anos de idade e faleceu logo que chegou ao hospital da cida-de mineira. (BP)Bernardo Ribeiro teve um mal súbito em uma pelada

O Grupo Especial de Policiamento em Está-dios (GEPE) da Polícia Militar do Rio de Janei-ro prendeu na noite deste sábado (7) um cambista com 31 ingressos para a final entre Vasco e Bota-fogo, além de R$ 2.393,00 em espécie, nas imedia-ções de São Januário.

Devido ao esquema pa-ra venda de ingressos definido pela FERJ para o jogo, realizado somente nas bilheterias, a ação de cambistas durante a sema-na foi constante. Em redes sociais, ingressos para a fi-nal variavam entre 120 e 200 reais, mais que três ve-

Divulgação Friburguense

Paulo Fernandes/Vasco

Shana Reis

Torcedores sofrem na mão de cambistas na final

zes o valor real do bilhete.A ação dos cambistas era

tão descarada que até mes-mo uma pelada entre eles durante a noite foi reportada em alguns veículos de co-municação como uma “festa da torcida para a final”. Os mesmos circulavam livre-mente nos pontos de venda de ingressos, especialmente em São Januário.

A FERJ contratou a empresa BWA, que não comercializa ingressos pela internet, para a venda dos bilhetes da final. Esta empresa é a favorita do governo do Estado para as-sumir a administração do estádio, após a saída do Con-sórcio Maracanã. (BP)

Empresa contratada pela FERJ favoreceu ação de cambistas

16 | Esportes

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 9 a 11 de maio de 2016