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Brasil Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda > Outubro de 2007 Um novo modelo de desenvolvimento impulsiona a economia, cria uma nova classe média e diminui as desigualdades sociais capa_F!.indd 5 capa_F!.indd 5 15.10.07 16:42:11 15.10.07 16:42:11

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BrasilEconomia SustentávelUma publicação do Ministério da Fazenda > Outubro de 2007

Um novo modelo de desenvolvimento impulsiona a economia,

cria uma nova classe média e diminui as desigualdades sociais

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04EditorialO Brasil vive um momento especial, com grandes desafios, mas também com grandes oportunidades

CrescimentoUm modelo baseado no crescimentoeconômico sustentável e na redução das desigualdades sociais

InclusãoCom mais empregos e renda maisalta surge uma nova classe média,antes sem acesso ao consumo

InvestimentoO PAC vai modernizar a infra-estrutura do País e abrir caminho para um novo salto econômico

12

18

03

Brasil – Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda produzida pela Assessoria de Comunicação Social em parceria com a área de Projetos Especiais da Revista EXAME – Editora Abril S/A.

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SUMA�RIO.indd 4SUMA�RIO.indd 4 15.10.07 16:47:5315.10.07 16:47:53

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 5

O Brasil de 2007 vive um momento único em sua história. Está em curso um novo ciclo de desenvolvimento, que combina cresci-mento econômico sustentável e diminuição das desigualdades sociais. Este novo ciclo é

caracterizado por ser mais vigoroso, mais equilibrado, im-pulsionado pelo comércio exterior e pelo fortalecimento do mercado interno de massa.

É um crescimento sustentável porque o País reduziu sua vulnerabilidade a crises internacionais. O acúmulo de reser-vas internacionais já ultrapassa US$ 163 bilhões.

Esse processo se dá num contexto de estabilidade mo-netária. A inflação é baixa e estável. A taxa de juros básica vem caindo ininterruptamente há mais de um ano. O déficit nominal do setor público atingiu o menor valor da série histó-rica (2,08% do PIB). O objetivo é chegar ao déficit nominal zero até 2010. A dívida líquida caiu para 43,1% do PIB em agosto de 2007, e a meta é chegar a 36% do PIB em 2010.

No governo Lula, os gastos com pessoal e encargos so-ciais da União caíram como proporção do PIB em relação aos anos anteriores. E houve distribuição de renda com austeridade fiscal. As despesas primárias da União com a máquina pública mantiveram-se estáveis, ao mesmo tempo em que aumentaram as transferências de renda, como no Programa Bolsa Família.

O PIB do Brasil cresce há mais de quatro anos consecu-tivos, impulsionado pelo consumo das famílias, que aumenta há 15 trimestres seguidos, e, particularmente, pela expansão do investimento público e privado a um ritmo de mais de 10% ao ano. O País está criando um verdadeiro mercado de massa e uma nova classe média está surgindo. A criação de empregos deverá superar em 2007 o recorde histórico, de 1,5 milhão de empregos formais, atingido em 2004.

O volume de crédito bancário, que representava R$ 380 bilhões em dezembro de 2002, atingiu R$ 830 bilhões em agosto de 2007. O crédito para a pessoa física triplicou no mesmo período e impulsiona o consumo de bens duráveis e a compra da casa própria. A produção industrial cresce vigorosamente, especialmente a indústria de transformação e a de bens de capital. Esse crescimento se dá com mais pro-dutividade e com grande rentabilidade para os investidores, num ambiente de fortalecimento do mercado de capitais e de solidez do sistema financeiro. A conseqüência dessa política

de inclusão social foi redução da pobreza e a diminuição da desigualdade de renda, medida pelo índice de Gini.

O inédito ciclo virtuoso de desenvolvimento permitiu ao Brasil enfrentar com sucesso e serenidade a mais recente turbulência internacional. A solidez macroeconômica tor-nou o País muito mais resistente a choques. No segundo trimestre de 2007, houve forte crescimento das operações de derivativos de câmbio envolvendo a moeda brasileira. Com a expansão de 34% no volume das operações de deri-vativos real/dólar em relação ao primeiro trimestre de 2007, os contratos em real ultrapassaram os contratos em iene e o real se tornou a segunda moeda em negócios no mundo, atrás apenas dos derivativos em euro/dólar. Como efeito da turbulência internacional, no Brasil não houve fuga de ca-pitais, não houve falta de liquidez e não houve venda de títulos brasileiros.

Este momento único na história do Brasil inclui enor-mes desafios para a atual geração e para as gerações fu-turas. Milhões de brasileiros ainda estão por ser incluídos no mercado de massa e ainda há grandes desigualdades a serem enfrentadas, especialmente nos campos da saúde e da educação. O potencial de crescimento econômico do País é imenso. Este ano, nosso governo lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), voltado fundamental-mente para um amplo conjunto de obras de infra-estrutura, necessárias para sustentar no longo prazo esse novo ciclo de desenvolvimento.

O Brasil é um País aberto a oportunidades, inserido e disposto a competir com êxito na economia global. Uma Nação de gente empreendedora, motivada e confiante no futuro. Um povo determinado a construir um País mais justo e solidário.

É uma grande honra e motivo de orgulho participar dessa construção!

A construção de um País mais justo

Guido MantegaMinistro de Estado da Fazenda

editorial

Elza

Fiuz

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Br

CARTA MINISTRO MANTEGA.indd 5CARTA MINISTRO MANTEGA.indd 5 15.10.07 17:06:0015.10.07 17:06:00

crescimento

Novo ciclo de

4 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

desenvol vmédia: 2004-2007

4,3Ritmo forte e contínuoVariação do Produto Interno Bruto (PIB) em %

1997

6,0-

5,0-

4,0-

3,0-

2,0-

1,0-

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007* 2008* 2009* 2010*

* Projeções do governo (PPA 2008-2011) > Fonte: IBGE > Elaboração: MF/SPE

3,4

0,00,3

4,3

1,3

2,7

1,1

5,7

2,9

3,7

4,75,0 5,0 5,0

crescimento

1ª parte_F!.indd 41ª parte_F!.indd 4 15.10.07 17:59:2315.10.07 17:59:23

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 5

O s tempos de inflação sem controle, entra-ves ao crescimento, falta de fôlego para investir e desemprego em alta ficaram pa-ra trás no Brasil. Uma conjunção de boas notícias – estabilidade, recordes da balança

comercial, superávit em transações correntes, redução do endividamento público e aumento do poder de compra da população e da renda dos trabalhadores – está mudando profundamente o país e marca uma era de prosperidade como há décadas os brasileiros não assistiam. A economia entrou em trajetória vigorosa e sustentável. Nos últimos quatro anos – incluindo a projeção de 4,7% para 2007 –, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu, em média, 4,3%. É um ritmo forte para uma economia complexa e madura que, após décadas de estagnação, reencontra suas forças.

A economia volta a crescer, acompanhada da reduçãodas desigualdades sociais

Construção civil em alta: um

dos símbolos da retomada

econômica

vimento

Germ

ano

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6 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

crescimento

No ranking do PIB elaborado pelo Banco Mundial, o Brasil aparece como a nona maior economia do mundo. O consumo cresce des-de o último trimestre de 2003, os investimen-tos estão em alta desde o primeiro trimestre de 2004, o setor financeiro tem solidez e os lucros do setor produtivo incentivam projetos de modernização e de expansão. Um número crescente de empresas brasileiras está abrindo frentes no exterior para competir com grandes grupos internacionais.

Re sul ta do de um no vo mo de lo de de sen-vol vi men to, a con ju ga ção de cres ci men to e es ta bi li da de é acom pa nha da por uma dis tri-bui ção de ren da pra ti ca men te sem pa ra le lo no mun do. Es se pro ces so per mi tiu a emer-gên cia de mi lhões de no vos con su mi do res e re sul tou em uma cla ra me lho ria dos in di-ca do res so ciais.

RE SIS TÊN CIA A CRI SESO cres ci men to robusto que trou xe im-

pul so ao Bra sil é sus ten ta do em três ei xos. O pri mei ro é a re du ção da vul ne ra bi li da de ex ter na, al can ça da com o au men to do su pe-rá vit co mer cial (US$ 46 bi lhões em 2006, diante de um dé fi cit de US$ 6,6 bi lhões em

1998) e de tran sa ções cor ren tes e por só li-das re ser vas in ter na cio nais, atual men te em US$ 163 bi lhões, o maior ní vel já atin gi do até ho je. Des de mar ço de 2006, no tri mes tre se guin te à li qui da ção da dí vi da com o Fun do Mo ne tá rio In ter na cio nal (FMI), as re ser vas fo ram re for ça das em US$ 103 bi lhões.

Um gi gan tes co es for ço am pliou a pre sen-ça bra si lei ra no co mér cio mun dial. As ex por ta-

6 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

O país avança...

1998 2000 2002 2004 2007*

-6,6-0,8

1998 2000 2002 2004 2007*

-4,0

1,80,9

-3,8

1,5

1998 2000 2002 2004 2007*

Saldo comercial (US$ bilhões)

Saldo em transações correntes (% PIB)

Reservas (US$ bilhões)

34,4 31,5 27,516,3

163,0

33,6

43,2

13,1

Bovespa: recorde em negócios logo após a turbulência global

Durante a turbulência internacional, a Moody's melhorou o rating do Brasil

Germ

ano

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1ª parte_F!.indd 61ª parte_F!.indd 6 15.10.07 18:01:1215.10.07 18:01:12

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 7

... com crescimento sustentável

ções, que dez anos atrás to ta li za vam US$ 53 bi lhões, sal ta ram pa ra US$ 137 bi lhões em 2006 e se trans for ma ram em um dos mo to res da eco no mia. En tre 2002 e 2006, as ven das ex ter nas cres ce ram 128%, en quan to as im por-ta ções re gis tra ram au men to de 93,4%.

O País se tor nou uma das po tên cias mun diais do agro ne gó cio e ex por ta ja tos, au to mó veis, soft wa re e uma ex ten sa ga ma

de pro du tos pa ra to dos os pon tos do pla ne-ta. Pou cos paí ses de ram um sal to tão gran-de em tão pou co tem po. Es sa po si ção foi con quis ta da por meio de uma no va po lí ti ca co mer cial, que apos tou na di ver si fi ca ção da pau ta de ex por ta ções e dos par cei ros co mer ciais. En tre os países em que os pro-du tos bra si lei ros mais são negociados es tá a Chi na, que, até 2002, fi gu ra va co mo o

O aumento nas taxas de

investimento supera o

crescimento do consumo

1998 2000 2002 2004 2007*

1,65

5,977,60

4,18

12,53

1.197

773

397

165

1998 2000 2002 2004 2007*

1.529Risco-país (pontos base)

Inflação (IPCA) – %

29,00

1998 2000 2002 2004 2007*

25,00

17,75

11,25

15,75

Taxa Selic (final de período) – %aa

* Dados disponíveis no final de setembro de 2007 > Fonte: Ministério da Fazenda/SPE

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8 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

crescimento

8 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

sé ti mo maior mer ca do pa ra as exportações brasileiras e, ago ra, es tá em ter cei ro lu gar, com uma par ti ci pa ção de 6,1%.

A amea ça de cri se glo bal pro vo ca da re cen-te men te pe las di fi cul da des do se tor imo bi liá-rio nor te-ame ri ca no, que exi giu for te atua ção das au to ri da des mo ne tá rias nos Es ta dos Uni-dos, no Ja pão e na Eu ro pa pa ra as se gu rar li qui dez e con ter o ris co de uma re ces são, com pro vou a ca pa ci da de de re sis tên cia da eco no mia bra si lei ra. Se, por al guns mo men-tos, a vo la ti li da de dos pre ços dos ati vos no Bra sil foi maior do que em ou tros paí ses, a si-tua ção ra pi da men te aco mo dou-se, em ra zão, prin ci pal men te, do su pe rá vit em tran sa ções cor ren tes e do ele va do vo lu me de re ser vas.

RECORDES NA BOLSANão hou ve fu ga de ca pi tais, o flu xo cam-

bial man te ve-se po si ti vo, o mer ca do fi nan cei-ro ope rou den tro de pa drões nor mais e as em-

pre sas não fo ram afe ta das. De pois de re gis trar que da, a Bol sa de Va lo res de São Pau lo (Bo ves-pa) ra pi da men te se re cu pe rou, ba ten do, no iní cio de ou tu bro, seu re cor de em vo lu me de ne gó cios, chegando aos 63 mil pontos.

Ape sar da si tua ção in ter na cio nal, a Moody's me lho rou o ra ting do Bra sil, fican-do o País a um degrau do investment grade. A evo lu ção do prê mio de ris co já re tor nou ao ní vel an te rior à cri se, ao con trá rio do que ocor reu na maior par te dos paí ses emer gen-tes. O ris co- país, prin ci pal in di ca dor de con-fian ça dos in ves ti do res es tran gei ros, es ta va em 165 pon tos em mea dos de ou tu bro, de-pois de atin gir 2.436 em 2002, no au ge da tur bu lên cia do ce ná rio elei to ral.

“O Bra sil é o exem plo mais cla ro de des-co ber ta da es ta bi li da de fi nan cei ra na Amé ri-ca La ti na”, afir mou a re vis ta The Eco no mist em edi ção de 25 a 31 de agos to de 2007. “Os ban cos es tran gei ros con ti nuam re co-

Lula é recebido por Hu Jintao: China é o terceiro maior parceiro do país

O Brasil é o exemplo mais claro de descoberta da estabilidade financeira na América Latina

The Economist, 25/10/07

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BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 9

men dan do in ves ti men tos no Bra sil, ape sar da tur bu lên cia. A aná li se é de que o País se tor nou o por to se gu ro na Amé ri ca La ti na pa-ra os in ves ti do res que bus cam re mu ne ra ção mais al ta e ris co me nor. En tre as ins ti tui ções es tran gei ras que re co men dam os in ves ti men-tos no Bra sil es tão a Merrill Lynch, a Gold-man Sachs e o Ci ti group”, in for mou o jor nal Ga ze ta Mer can til em 20 de agos to.

ES TA BI LI DA DE MONETÁRIAO se gun do pi lar do cres ci men to sus-

ten tá vel da eco no mia bra si lei ra tem si do a es ta bi li da de mo ne tá ria. Des de 2003, a ta xa anual de va ria ção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

vem re cuan do e, em 2006, fi cou abai xo da me ta de fi ni da pe lo Con se lho Mo ne tá rio Na-cio nal (CMN). Pa ra 2007, a pro je ção é de 4,2% e, pa ra 2008, de 4%. Os outros ín di ces de pre ços tam bém per de ram de sa ce le ra ção des de 2003, en con tran do-se atual men te em pa ta mar pró xi mo ao do IP CA, nu ma ten dên cia que en cer ra um ci clo de cul tu ra in fla cio ná ria, do mi nan te por mui tos anos.

Com a in fla ção ri go ro sa men te sob con-tro le, a ta xa de ju ros es tá em que da des de se tem bro de 2005, de pois de ter fi ca do en tre as mais al tas do mun do. A re du ção per mi tiu ao sis te ma fi nan cei ro, após mui tos anos, pro-mo ver a ex pan são do cré di to, tan to pa ra o con su mo quan to pa ra o in ves ti men to.

Resultado do setor público (% PIB em 12 meses)

6,0

4,0

2,0

0,0

-2,0

-4,0

-6,0

-8,0

Primário Nominal

2,92 3,24 3,35 3,55 3,89 4,18 4,35 3,88 4,12

-6,97

-5,28

-3,37 -3,29-4,17 -4,65

-2,43 -2,96 -3,01-2,08

0,01Dez 98 Dez 99 Dez 00 Dez 01 Dez 02 Dez 03 Dez 04 Dez 05 Dez 06 Ago 07

Fonte: Valor Econômico, Reuters e Bloomberg > Elaboração: MF/SPE

Longe da turbulênciaVariação das bolsas de valores entre os dias 23.7 e 10.10.2007 – Crise sub-prime (em %)

25

20

15

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5

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Vene

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-15

-0,1-0,1-0,1

-0,3-1.1-2,8

-4,4-5,8-6,0-9,0

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Bras

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a

Hon

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ng

22,3

18,6

8,9

3,22,62,52,41,41,00,5

8,9

Dívida líquida do setor público (DLSP)/PIB

46%

44%

42%

40%

38%

36%

34%

46%

2006 2007 2008 2009 2010

Mercado Governo

37,50%

35,90%

Fonte: Tesouro Nacional

Fonte: Tesouro Nacional

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10 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

crescimento

10 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

DÉFICIT NOMINAL ZEROO terceiro ei xo do cres ci men to sus ten tá vel

é a res pon sa bi li da de fis cal, por meio de uma po-lí ti ca que tem co mo ob je ti vo uma re du ção con-sis ten te da re la ção dí vi da/PIB, pa ra in ter rom per um ci clo de al ta con se cu ti va que se re pe tia ha-via no ve anos. Des de no vem bro de 2002, quan-do a dí vi da pú bli ca re pre sen ta va 50,5% do PIB, es sa re la ção foi re du zi da em 7,4%.

Es se com pro mis so se tor nou con cre to, lo go no iní cio do atual go ver no, com a ele va-ção, de 3,35% pa ra 3,80%, da me ta de su pe rá-vit pri má rio. En tre 2003 e 2006, o su pe rá vit pri má rio efe ti vo foi, na mé dia, 0,84% maior do que o re gis tra do de 1999 a 2002.

Gra ças a es sa po lí ti ca, as ne ces si da des de fi nan cia men to do se tor pú bli co têm si do as me no res já re gis tra das no País – 2,8% do PIB, em mé dia, no biê nio 2004-2006.

Com a aus te ri da de fis cal, o dé fi cit no-mi nal atin giu o me nor va lor da sé rie his-tó ri ca (2,08% do PIB). A me ta é che gar a ze ro em 2010. “Não pre ci sa mos ele var ju ros pa ra atrair ca pi tais ex ter nos, por que ajus ta mos nos sas con tas”, afir ma o minis-tro da Fazenda, Guido Man te ga. “Es ta mos fa zen do ajus te fis cal há qua tro anos e meio e su pe rá vit pri má rio há no ve anos. É al go iné di to na his tó ria.”

A des pe sa de pes soal da União caiu

Crescimento econômico deve ser socialmente justoGuido Mantega, ministro da Fazenda

“”

Sustentabilidade: programas sociais promoveram a inclusão e reduziram a pobreza

Caminho da dívida pública federal para o grau de investimentoA melhora na composição da dívida pública federal foi fundamental para a redução do risco soberano

Moody'sS&P

FITCH

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007B1

BB-B+

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B2B+B

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B1BB-BB-

B2B+B

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B1BB-BB-

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Ba1BB+BB+

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BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 11

– em dezembro de 2002, re pre sen ta va 4,93% do PIB, ín di ce re du zi do pa ra 4,63% em dezembro de 2006. O Po der Exe cu ti vo, que re pre sen ta a maior par te das des pe sas, acom pa nha es sa ten dên cia. Em dezembro de 2002, seus gas tos com pes soal equi va-liam a 3,97% do PIB, aci ma dos 3,77% re-gis tra dos em dezembro de 2006.

O no vo ci clo de de sen vol vi men to que es tá mu dan do o Bra sil tam bém es tá apoia do na in clu são so cial e na re du ção das de si gual da des, por meio de uma das mais bem-su ce di das ex pe riên cias de dis-tri bui ção de ren da já im plan ta das. Nes se mo de lo, o cres ci men to eco nô mi co, se gun-do Man te ga, de ve ser so cial men te jus to, pro por cio nan do um au men to do con su mo das fa mí lias, e sus ten tá vel, com ba se na ex pan são da ca pa ci da de pro du ti va, com au-men to dos in ves ti men tos, es pe cial men te em in fra-es tru tu ra. “O Bra sil cres ce e quer cres cer ain da mais, de for ma con sis ten te, equi li bra da e so cial men te jus ta.”

40%

60%

80%

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Jun/

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Dez

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Mar

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Jun/

07

Câmbio

Taxa de juros

Prefixados

Índice de preços

Aspe

ctos

fisc

ais

Composição da dívida pública federal (doméstica e externa)

3%

2%

1%

0%

4%

Evolução de pessoal e encargos da União (% PIB por Poder)

3,95%

3,98%

3,88%

4,05%3,78%

3,59%3,74%3,97%3,77%

0,49%

0,18%

0,56%

0,19%

0,57%

0,18%

0,59%

0,17%

0,64%

0,19%

0,61%

0,20%

0,60%

0,21%

0,63%

0,20%

0,66%

0,21%

0,70%

0,23%

Executivo Legislativo Judiciário

3,77%

97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

5,0

4,8

4,6

4,4

4,2

5,4

Evolução das despesas de pessoal e encargos da União (% PIB) Conceito de competência (sem contribuição patronal do governo)

5,2

4,77

4,694,80

4,89

4,93

4,514,39

4,38

97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

4,63

4,60

Fonte: Ministério do Planejamento

Fonte: Tesouro Nacional

Fonte: Ministério da Fazenda/SPE

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inclusão

12 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

E m 1967, os consumidores brasileiros mal passavam de 14 milhões. Hoje, o País tem 60 milhões de consumidores com renda mensal acima de R$ 500. Eles constituem um dos maiores mercados do mundo, superior ao da

Índia, com uma população 6,2 vezes maior. Poucos mercados se multiplicaram e se modernizaram com a mesma velocidade do que a registrada no Brasil, e esse ritmo ganhou intensidade ainda maior nos últi-mos anos com o modelo de crescimento sustentável que passou a orientar o País.

Expansão do emprego e aumento da renda criam uma nova classe média

Consumo de

12 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Consumo das famílias(var. % no trimestre ante mesmo trimestre do ano anterior)

6

Fonte: IBGE > Elaboração: MF/SPE

5

4

3

2

1

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-1

-2

-3

-4

5,7

2

3

4

1 2 3 4 1

2

3

4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

inclusão

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massa

Crescimento "chinês": vendas de eletroeletrônicos vão crescer 10% em 2007

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 13

1995

30%-

18%-1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Redução da pobreza*

20%-

22%-

24%-

26%-

28%-

* Considera conceito "miséria" segundo definição da FGV: indivíduo com renda per capita mensal inferior a R$ 125 (valor de uma cesta mínima de alimentos na região metropolitana de São Paulo, regionalizada para as outras áreas de acordo com seu custo de vida). Fonte: FGV/PNAD/IBGE > Elaboração: MF/SPE

19,3

28,8 29,0 28,527,2

28,427,6

26,728,2

25,4

22,8

Alex

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li

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inclusão

O que mais impressiona na comparação entre o Brasil de 40 anos atrás e o de hoje, no entanto, não são apenas os números. O perfil do consumidor também mudou – e mudou radicalmente. Até pouco tempo, uma parcela significativa dos brasileiros que chegavam ao mercado não tinha acesso ao consumo. Antes, 37% dos consumidores eram classificados co-mo classe E, de baixíssimo poder aquisitivo. Atualmente, são apenas 8%. Em contrapartida,

hoje 34% fazem parte da classe C, mais do que o dobro em comparação a 1967.

ASCENSÃO SOCIAL“Existem membros de uma nova classe

média emergindo quase da noite para o dia no Brasil e na maior parte da América Latina (...) No Brasil, entre 2000 e 2005, o número de famílias com renda anual entre US$ 5.900 e US$ 22 mil cresceu 50%, de 14,5 milhões para

6,9%

3,9%

2,9%

ago 05

out 05

dez 05

fev 06

abr 06

jun 06

ago 06

out 06

dez 06

fev 07

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jun 07

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0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

Massa salarial(2)

Rendimento médioPessoas ocupadas

Emprego, renda e massa salarial(var. % acumulada em 12 meses)

(2) Com base na renda do trabalho principal > Fonte: PME/IBGE > Elaboração: MF/SPE

(1) De janeiro a agosto de 2007.Fonte: MTE/CAGED > Elaboração: MF/SPE

Emprego formal: criação de novos postos (em milhares)

2003

1.200

1.000

800

600

400

200

645

1.523

1.254 1.229

1.355(1)

2004 2005 2006 2007

1.400

1.600

Vendas anuais de alguns itens de consumo(3)

(4) Estimativa > Fontes: Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrônicos (Eletros), Anfavea(5) Previsão > Fontes: Abinee, IDC, IT Data, e-bit, GNETT/ Ibope/

netRatings, operadoras de telefonia, ABTA e Teleco-F

Carros(em milhões)

Fogões(em milhões)

Televisores(em milhões)

Refrigeradores(em milhões)

1967 | 2007 1967 | 2007 1967 | 2007 1967 | 2007

12

10

8

6

4

2

0

0,4

2,3 (4)

1

3,5

0,7

11

0,5

4

Venda de computadores (em milhões de unidades)

2005 2006 2007(5)

12

10

8

6

4

2

0

5,7

8,2

10,1

(3) G

ráfic

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EXAM

E ed

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903

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22,3 milhões, enquanto o daqueles que rece-bem menos de US$ 3 mil por ano caiu abrup-tamente para apenas 1,3 milhão”, informou The Economist (edição de 18 a 24 de agosto).

Um enorme contingente de pessoas in-gressou em um universo que tem casa própria, automóveis e computadores em seu dia-a-dia. Essa migração, que está formando uma no-va classe média, se tornou possível por uma combinação de fatores. O primeiro deles é a

expansão do emprego e da renda. O emprego formal vem crescendo de forma consistente nos últimos anos. De janeiro a agosto de 2007, foram criados mais de 1,3 milhão de postos de trabalho no País, o que já supera todo o ano an-terior. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego continua apresentando sinais de queda.

Nos últimos quatro anos, os salários cres-ceram 23% em termos reais e o salário mínimo voltou aos mesmos níveis da década de 1960*,

Uma nova classe média está emergindo

quase da noite para o dia no BrasilThe Economist, 25/08/07

”A renda dos brasileiros aumentou em todas as faixas

14 milhões

(6) Os dados disponíveis do IBGE da década de 1960 não permitem o desmembramento entre as classes A e B.

Fontes: IBGE, LatinPanel, Goldman Sachs

Cartão de crédito24,5%

Crediário42%

Dinheiro, cheque e cartão de débito30%

Cheque pré-datado3,5%

Cheque10%

Dinheiro 80%

Crediário10%

Fontes: Ponto Frio e Associação Comercial de São Paulo

Número de consumidores(6)

1967 2007

60 milhões

O perfil do consumidor(3)

Divisão dos consumidores por classes sociais(6)

Como os brasileiros pagam suas compras

Comparação entre o número de consumidores do Brasil e o de outros países (em milhões)

120

China

70

Rússia

60

Brasil

20

Índia

E 37%

A/B 15%C 16%

D 32%

A 5%

E 8%

D 34%

B 19%

C 34%

1967

2007

1967

2007

*Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

Estados Unidos

200

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16 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

inclusão

16 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

quando seu poder aquisitivo era bem maior. O poder de compra da população também cresce com a ampliação dos programas de transferên-cia de renda, como o Bolsa Família. Criado em 2003 para garantir o direito dos brasileiros à alimentação e o acesso à educação e à saúde, o programa atende atualmente 11 milhões de famílias em todo o País. Com esse quadro, a renda dos brasileiros vem aumentando em todas as faixas, de acordo com a Pesquisa Na-cional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que entre os mais pobres o crescimento da renda é maior.

Mais oportunidades: até agosto de 2007, foram criados 1,3 milhão de empregos

PMC Ampliada inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção.(*) Loja de dep./magazine, duty free, ótica, caça, pesca e camping, relojoaria e joalheria, artes, artigos esportivos.Fonte: PMC/IBGE > Elaboração: MF/SPE

REDUÇÃO DE DESIGUALDADESEsse cenário possibilitou uma forte redução

no índice de pobreza da população, de 28,8% em 1995 para 19,3% em 2006, segundo a Fun-dação Getulio Vargas (FGV) e a Pnad-IBGE. É uma tendência bastante forte, que foi reco-nhecida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI): o documento Perspectiva Econômica Mundial, divulgado em outubro de 2007, cita o declínio recente da desigualdade social no Brasil como um exemplo a ser seguido.

O fenômeno de uma classe média emer-gente também é sustentado por uma verda-deira revolução no crédito, que saiu de 22,1% do PIB em 2002 para 33,1% em agosto de 2007. A estabilidade econômica e a redução no patamar das taxas de juros incentivaram as instituições financeiras a ampliar a oferta de recursos ao consumidor. Do lado do tomador, o interesse cresceu com a redução do spread bancário e com a criação de outros mecanis-mos de financiamento. É o caso dos emprés-timos com desconto em folha de pagamento, cujo volume mensal apresentou crescimento de 242% entre 2004 e julho de 2007.

O consumo das famílias brasileiras vem crescendo desde o primeiro trimestre de 2004. No primeiro semestre de 2007, a evolu-ção foi de 5,7%, superior aos 4,1% do mesmo período do ano anterior. As vendas no varejo mostram aumento em todos os itens, segun-do a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE. Alguns itens, como informática e artigos de uso pessoal e doméstico, registram “crescimento chinês”, com média superior a 23%, de acordo com o levantamento. As ven-das de autoveículos tiveram salto de 27,4%,

Vendas no comércio (crescimento acumulado no ano até julho/07)

a

25

20

15

10

5

23,9 23,722,9

16,7

13,6

10,1 9,7 9,5

7,5 7,3 6,7 6,65,4

c d e f g h j k li mb

a. Outros artigos de uso pessoal e domésticob. Equipamentos, material de escritório,

informática e comunicaçãoc. Veículos, motos – partes e peçasd. Móveis e eletrodomésticose. PMC AMPLIADA*f. Tecidos, vestuários e calçadosg. PMCh. Material de construçãoi. Artigos de farmácias, médicos,

ortodônticos, perfumaria e cosméticosj. Hiper e supermercadosk. Livros, jornais, revistas e papelarial. Hipermercados, supermercados, alimentos,

bebidas, fumom. Combustíveis e lubrificantes

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conforme os dados da Anfavea. Nos primeiros sete meses de 2007, as montadoras de au-tomóveis bateram seu recorde no País, com mais de 1 milhão de unidades vendidas.

INCENTIVOS DO GOVERNOEm muitos casos, o vigor do comércio e

de diversos segmentos industriais conta com impulso do governo. O setor de informática é um exemplo. As vendas crescem com os bene-fícios fiscais que, entre outras medidas, isen-taram de tarifas os desktops e notebooks com preço final de até R$ 4 mil. A decisão, que foi reforçada por melhores condições de financia-mento e pelo combate da Polícia Federal ao contrabando, trouxe dinamismo aos negócios – no primeiro semestre de 2007, foram vendi-dos 4,3 milhões de micros, o que representou aumento de 20% em relação aos primeiros seis meses de 2006 – e ajudou a promover a inclu-são social de milhares de brasileiros.

O mesmo ocorre com a habitação. Me-didas de estímulo ao segmento imobiliário, como redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para insumos básicos da construção e a permissão para o desconto em folha das prestações dos financiamentos imobiliários, ajudaram milhares de brasilei-ros a realizar o sonho da casa própria. Em 2006, o número de unidades residenciais financiadas pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) chegou a 473 mil, maior montante em 20 anos. Os financiamentos do SFH estão mais concentrados na po-pulação com renda de até cinco salários mínimos. Com emprego e crédito na mão, a nova classe média vai às compras. Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) > Elaboração: MF/SPE

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 17

Casa própria – financiamento imobiliário (contratações nos últimos 12 meses)

Fonte: Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) > Elaboração: MF/SPE

180 000

160 000

140 000

120 000

100 000

80 000

60 000

40 000

20 000

01 02 02 03 03 04 04 05 05 06 06 07 07

16.000

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12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

ago fev ago fev ago fev ago fev ago fev ago fev ago

Unidades R$ milhões

Vendas e produção em setembro matêm a expectativa de aumento de 25% nas vendas ao mercado interno em 2007

Jan

260

190Mar Mai Jul Set Nov

Produção de autoveículos(Média móvel trimestral com ajuste sazonal, unidades)

200

210

220

230

240

250

270

Produção: set 07 / set 06 = + 23,9%Produção: jan-set 07 / jan-set 06 = + 10,6%

Crescimento de vendas de jan-set 07 / jan-set 06 = + 27,4%

Jan Mar Mai Jul Set0706

ago01

dez01

abr02

ago 02

dez02

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dez 03

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ago04

dez04

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dez05

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ago07

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Dez 02 = 383,1(22,1% do PIB)

Ago 07 = 841,5(33,1% do PIB)

Ago 07 = 290,3(11,4% do PIB)

Dez 02 = 87,1(5% do PIB)

Revolução no crédito (R$ bilhões)

Fonte: Banco Central > Elaboração: MF/SPE

Volume do crédito bancário Crédito bancário para pessoas físicas

Antô

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investimento

As bases para a aceleração do crescimento e melhoria da infra-estrutura social

Salto para o

18 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

C rescimento e consumo em alta costumam formar uma equação que, muitas vezes, resulta em pres-são inflacionária. Não é o que ocorre no Brasil. O aumento dos investimentos, observado desde o primeiro trimestre de 2004, afasta a ameaça

de aumento das taxas de inflação. Os investimentos têm crescido quase duas vezes mais do que o PIB. Entre abril e junho de 2007, o aumento foi de 13,8% na comparação com os três meses anteriores, índice que se aproxima dos registrados em 2004 e está entre os mais elevados dos úl-timos anos. O ciclo que o Brasil iniciou é sustentável e duradouro, e não simplesmente uma bolha. É um processo vigoroso e equilibrado, diferente de outros momentos vividos pelo País, quando se crescia à base de desequilíbrios que traziam inflação e endividamento. Trata-se, portanto, de um movimento que vai perdurar, já que o País conta com um sistema financeiro sólido, um mercado interno em expansão e um setor produtivo lucrativo.

13,8

5,4

jun01

dez01

jun02

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(15)%

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(5)%

5%

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15%

20%

PIB e investimentos(crescimento ante o mesmo trimestre do ano anterior)

PIB Formação bruta de capital fixo

Progresso no mar: novas plataformas fortalecem competitividade externaM

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investimento

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futuro

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20 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

investimento

20 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

LUCROS EM ALTAA rentabilidade das indústrias supera os

resultados oferecidos pelas aplicações finan-ceiras. No caso das grandes empresas do setor, a rentabilidade em 2006 foi de 16,7%, superior à renda fixa (13,1%). Capitalizadas, as empresas estão investindo em programas de expansão e de modernização que per-mitirão obter ganhos de produtividade. Um sinal desse dinamismo é a posição que o Brasil alcançou no ranking de lançamento de ações primárias (IPOs): o segundo lugar no mundo, com cerca de 10% dos novos papéis que chegam ao mercado.

As indústrias estão trabalhando a todo vapor. No primeiro semestre de 2007, o setor industrial cresceu 4,9% em compa-ração ao período janeiro/junho de 2006, tendo como destaques a construção civil, forte geradora de empregos, e a indústria de transformação, que registrou cresci-mento de 5,1%, melhor desempenho em vários anos. O setor de serviços, por sua vez, cresceu 4,7% – vale ressaltar o desempenho

do comércio, que ganhou impulso com o mercado de massa.

No segundo trimestre de 2007, o au-mento da produção industrial foi de 5,8%, diante de 3,8% nos primeiros três meses do ano. No caso das indústrias de bens de ca-pital, importante termômetro da atividade econômica, o aumento foi de 18,5%, acima dos 14,8% do trimestre anterior. No período entre janeiro e agosto, quem mais se desta-cou entre os diversos segmentos de bens de capital foram os fornecedores para o setor agrícola: os fabricantes de peças alcançaram um impressionante aumento de 139,8% em sua produção, enquanto a indústria de má-quinas e equipamentos cresceu 42,5%. É um importante sinal de que, após a crise en-frentada nos últimos anos, a agricultura bra-sileira se recupera com velocidade, registra recorde de produtividade e se prepara para liderar o mercado mundial dos negócios do campo. Outros destaques, no setor de bens de capital, são as indústrias que fornecem para o setor de energia e para fins industriais

PIB e indústria (crescimento ante o mesmo trimestre do ano anterior)

PIB Indústria – transformação

jun01

dez01

jun02

dez 02

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dez03

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dez 04

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jun07

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(5)%

5%

10%

15%

20%

7,25,4

Orçamento fiscal e seguridadeEmpresas públicas federaisTotal

Investimento público – Proposta de Lei Orçamentária 2008 (em R$ bilhões)

2008 Lei

Orçamentária

2004 2005 2006 2007

8.6

24.8

33.4

14.5

28.1

42.6

16.5

32.8

49.3

26.2

50.1

76.3

30.2

62.1

92.3

1o trim 06

4,6

9,2

0,9 1,32,8

5,13,2

7,85,8

18,5

Indústria geral Bens de capital

Produção industrial e bens de capital (taxa de crescimento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior)

3,8

14,8

2o trim 06

3o trim 06

4o trim 06

1o trim 07

2o trim 07

0%

4%

8%

12%

16%

20%

R$ 20 bilhõesLeilão de concessão de estradas (2.600 km)

Investimentos – rodada de leilões

Leilão de energia (Hidrelétrica de Santo Antônio – Rio Madeira)

Leilão das linhas de transmissão (1.930 km)

Ferrovia Norte–Sul

(durante os 25 anos de concessão)

R$ 12,7 bilhões

R$ 1 bilhão

R$ 1,4 bilhão

Fontes: Ministério dos Transportes e ANTT > Elaboração: MF/SPE

Fonte: IBGE > Elaboração: MF/SPE

Fonte: Ministério do Planejamento

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BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 21

em geral, cuja produção aumentou 19,7% e 17,7%, respectivamente.

Nesse ritmo acelerado de negócios, em setembro de 2007 o nível de utilização da capacidade das indústrias atingiu 86,1%, o maior em 30 anos. Os dados são da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV), com base em levantamento com cerca de 1.100 empresas.

Depois desses avanços, que tiraram a economia brasileira da estagnação, o governo anunciou, no início de 2007, o maior plano de investimentos já implan-tado no Brasil – o Programa de Acelera-

ção do Crescimento (PAC). Com projetos que totalizam US$ 503 bilhões até 2010, financiados pelo setor público e pelo se-tor privado, o objetivo do PAC é ampliar e modernizar a infra-estrutura do País, para eliminar os principais gargalos que limitam o crescimento, reduzir custos e aumentar a produtividade, estimular o aumento dos investimentos das empresas e reduzir as desigualdades regionais.

A proposta é criar bases para um novo salto econômico e para um crescimento consistente e veloz, com aumento da gera-ção de emprego e da melhoria das condições

A utilização da capacidade das indústrias atingiu 86,1%,

a maior em 30 anosRodovias: novas concessões

reforçam parceria entre governo e empresas

A modernização dos portos está entre as prioridades do PAC

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22 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

investimento

22 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

LEGISLAÇÃOLei nº 10.925/04

Lei nº 10.996/04

Lei nº 11.033/04

Lei nº 11.051/04

Lei nº 11.053/04Lei nº 11.196/05

Lei nº 11.119/05Lei nº 11.311/06Decreto nº 4.902/03Decreto nº 5.058/04Decreto nº 4.955/04Decreto nº 5.173/04Decreto nº 5.468/05Decreto nº 5.164/04

Decreto nº 5.172/04Decreto nº 5.697/06Resoluções CAMEX

PRINCIPAIS DESONERAÇÕES COM REDUÇÃO NA ARRECADAÇÃO – 2004 a 2008

Correção da tabela do IRPF em 4,5%; prorrogação do mecanismo de depreciação acelerada com crédito na CSLL; prorrogação da permanência do setor de construção civil no regime cumulativo do PIS/Cofins Tributos envolvidos: IRRF-Trabalho, IRPF, CSLL, CPMF, PIS/Pasep e CofinsInstituição do Simples nacional promovendo ampla mudança na sistemática de apuração e pagamento.Tributos envolvidos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, Contribuição Previdenciária e IPIDesonerações do PIS e Cofins das edificações e Infra-Estrutura, com a criação do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infra-Estrutura (Reidi)Tributos envolvidos: PIS/Pasep e CofinsDesoneração do IPI na compra de perfis de açoTributos envolvidos: IPICriação do Programa de Inclusão Digital, com aumento do limite de isenção de PIS/Cofins sobre microcomputadores de R$ 2.000,00 para R$ 4.000,00Tributos envolvidos: PIS/Pasep e CofinsSUBTOTAL [B]

TOTAL GERAL

6.231

3.873

3.397

63

244

13.808

36.617

PERÍODO: 2004 A 2006Redução para zero das alíquotas do PIS/Cofins de vendas e crédito para agroindústriaRedução para zero das alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre arroz, feijão e farinha de mandiocaExclusão da base de cálculo do IRRF, das pessoas físicas, de R$ 100,00 do total dos rendimentos provenientes do trabalho assalariadoAlíquota em função do prazo de aplicação e redução de alíquota dos fundos de investimento de 20% para 15%Ampliação do prazo de apuração do IPI-Outros que passou de quinzenal para mensalRedução para zero das alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre livros em geralCrédito de depreciação de bens de capital descontado da CSLL; redução do prazo para aproveitamento de crédito PIS/Cofins relativos a bens de capital de 48 para 24 mesesRedução para zero das alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre farinha de milho e leiteTributação de planos de previdência no resgate ou recebimento do benefícioIncentivo à exportação (*) Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (Recap)Programa de Inclusão Digital – venda de micros a varejo (Cofins/PIS)Inovação tecnológica – dedução de despesas com pesquisa tecnológica da base do IRPJ e CSLLPrazo de recolhimento de tributosRetenção do PIS/Cofins sobre autopeças Alíquota zero de PIS/Cofins para leite em pó e queijoNafta Petroquímica. Tributação de PIS/Cofins a 5,6% e crédito a 9,25%Aumento dos limites do SimplesCorreção da tabela do IRPF em 10%Correção da tabela do IRPF em 8%Prorrogação do acordo automotivo até fevereiro/04Redução das alíquotas do IPI-automóveisRedução da alíquota média do IPI referente a bens de capital de 5% para 3,5%Redução da alíquota média do IPI referente a bens de capital de 3,5% para 2%Redução da alíquota média do IPI referente a bens de capitalRedução para zero das alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas à incidência não-cumulativa das referidas contribuiçõesRedução das alíquotas do IOF de seguros de vidaRedução das alíquotas do IPI sobre insumos da construção civil Redução de alíquotas do Imposto de ImportaçãoSUBTOTAL [A]

Lei nº 11.482/07 e Lei nº 11.434/07(MP nº 340/07)Lei Complementarnº 123/06Lei nº 11.488/07 (MP nº 351/07)

Decreto nº 6.024/07

Decreto nº 6.023/07

VALORES*3.596

492

1.897

2.739

1835.320

2.2452.21077

1.384

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4321.06090722.809

MEDIDAS DO PAC – 2007/2008

* Em R$ milhões

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BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 23

de vida da população. Os investimentos vão beneficiar setores estratégicos, como energia e transporte – portos, aeroportos, rodovias e ferrovias – e a infra-estrutura so-cial (urbanização de favelas, saneamento, habitação e transporte de massa).

Também estão previstas no PAC medi-das para remover obstáculos (burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e le-gislativos) ao crescimento, estimular o cré-dito e o financiamento, dar mais rapidez aos processos de licença ambiental, desoneração tributária e medidas fiscais de longo prazo.

NOVAS CONCESSÕESO PAC é o mais ousado projeto para

fortalecer a economia. Várias iniciativas de-vem movimentar ainda mais os negócios, como a rodada de leilões que vão criar novas parcerias entre o governo e as empresas. A lista começou com as concessões para a operação de 2,6 mil quilômetros de ro-dovias federais, que devem trazer para os cofres públicos recursos da ordem de R$ 20 bilhões nos próximos 25 anos. O processo teve início, com sucesso, em outubro de 2007, quando três empresas – duas delas de capital estrangeiro – venceram a licita-ção para concessão de trechos de duas das principais rodovias brasileiras. Os leilões incluem ainda projetos na área de energia (como a usina hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, com capacidade para gerar 3.168 megawatts) e de ferrovias.

As empresas projetam pesados investi-mentos para os próximos anos. A Vale do Rio Doce acaba de anunciar um projeto de expansão que vai exigir recursos da ordem de US$ 59 bilhões, dos quais cerca de US$ 11 bilhões serão aplicados já em 2008. É o maior projeto implantado até hoje pela iniciativa privada no País. O Grupo Votoran-tim, um complexo empresarial que opera em setores como papel e cimento, prepara-se para investir R$ 25,7 bilhões na ampliação de suas atividades. Os investimentos das montadoras de automóveis e dos fabrican-

tes de autopeças para os próximos três anos devem totalizar cerca de US$ 15 bilhões.

O governo continua estimulando os investimentos privados, por meio de uma série de medidas, entre elas a desoneração tributária. Foram reduzidos tributos na ces-ta básica de alimentos, na construção civil, nos investimentos e na correção do Imposto de Renda, num valor correspondente, em 2007, a R$ 36,6 bilhões.

Os desafios imediatos para o Brasil são discutir e aprovar uma reforma tributária, re-duzir a carga de impostos, aperfeiçoar o con-trole do gasto corrente e obter das agências de risco a classificação investment grade. Se-gundo analistas, esse status poderia trazer ao País, no curto prazo, cerca de US$ 50 bilhões a mais por ano a partir de 2008 na forma de investimentos estrangeiro diretos.

31.880(1)

9.420

12.5508.3399.834

14.108

2002 2003 2004 2005 2006 20075.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

Investimento estrangeiro direto líquido (US$ bilhões)

Mercado de capitais – emissões primárias e secundárias (R$ milhões)

(2) Inclui notas promissórias, CRIs e quotas de fundos de investimento em direitos creditórios, dentre outros > (3) Emissões acumuladas em 12 meses até setembro/07 > Fonte: CVM > Elaboração: MF/SPE

Demais(2) Debêntures Ações

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007(3)1996

80.000

60.000

40.000

20.000

160.000

140.000

120.000

100.000

0,3

150.642

(1) De janeiro a agosto de 2007.

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Investimentos do PACPrograma de Aceleração do Crescimento prioriza setores estratégicos do Brasil

PAC Investments Growth Acceleration Program (PAC) prioritizes strategic sectors in Brazil

Valores em R$ bilhões / Values in R$ billon

Paul

o Sa

ntos

/Inte

rfot

o

investimento investment

Energia > 274,8Geração de energia elétrica ............................. 65,9Transmissão de energia elétrica .............. 12,5Petróleo e gás natural ............................179,0Combustíveis renováveis ........................ 17,4

Energy > 274.8Generation of eletric power ............................65.9Transmission of electric power ......................................... 12.5Oil and natural gas .............. 179.0Renewable combustibles ........ 17.4

mapa central.indd 4mapa central.indd 4 15.10.07 18:33:4115.10.07 18:33:41

Social > 170,8Luz para Todos ..................8,7 Saneamento .................. 40,0Habitação ......................106,3Metrôs ...................................3,1Recursos hídricos ...........12,7

Transportes > 58,3Rodovias ............................33,4Ferrovias .............................. 7,9Portos ................................... 2,7Aeroportos .........................3,0Hidrovias .............................0,7Marinha mercante .......10,6

Social > 170.8Light for All ................................. 8.7 Sanitation ................................40.0Housing ...................................106.3Subway .........................................3.1Hydro-resources ........................12.7

Transports > 58.3Highways ...................................33,4Railways ...................................... 7,9Ports ............................................. 2,7Airports ........................................3,0Waterways ..................................0,7Merchant Marine ....................10,6

503,9Total

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