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Entendimento dos Tribunais Seção Especial: CARF Novidades na Legislação Disse o Fisco Fique de Olho Confirmada pelo STF a incidência de ISS sobre contratos de franquia Nos últimos meses o STF tem examinado diversos temas re- levantes em matéria tributária, muitos dos quais têm impacto direto na definição da tributação de alguns setores econômicos. Uma das questões que aguardava a manifestação final do STF é aquela relacionada à tributação dos contratos de franquia. A polêmica em torno do tema decorre da natureza complexa da franquia, que envolve transações de natureza distintas, a exemplo do licenciamento de marca, treinamento, distribuição de produtos, entre outras. A lista de serviços anexa à Lei Com- plementar nº 116/2003 prevê expressamente a franquia como atividade tributável (item 17.08) pelo ISS. Porém, no processo originado por uma franquia de fast food contra o município do Rio de Janeiro, discutiu-se a constitucionalidade da cobrança do ISS em face do conceito constitucional de “serviço”. No julgamento realizado em plenário virtual no último dia 29/05, em sede de repercussão geral, o STF decidiu pela consti- tucionalidade da imposição do ISS (RE 603.136/RJ). A decisão foi tomada por maioria (8 x 2) e teve a relatoria do ministro Gilmar Mendes. A tese fixada pelo STF foi a seguinte: “É constitucional a incidência de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre contratos de franquia (franchising) (itens 10.04 e 17.08 da lista de serviços prevista no Anexo da Lei Complementar 116/2003)”. Em seu voto, o ministro enfatizou que embora não tenha havido ainda uma superação total do entendimento de que o ISS incide apenas sobre “obri- gações de fazer”, a orientação mais recente do Tribunal é no sentido de admitir a cobrança do imposto sobre as atividades mistas que envolvam tanto “obrigação de fazer” quanto “obrigação de dar”. Fazendo referência ao julgado anterior do Tribunal que admitiu a possibilidade de cobrança do ISS sobre as atividades desempenhadas por operadoras de planos de saúde, o ministro concluiu pela constitucionalidade da cobrança do ISS no caso da fran- quia, mesmo admitindo tratar-se de contrato complexo. STF reafirma posicionamento de que o ICMS-Importação é devido ao estado em que está o importador da mercadoria O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário nº 665.134, reafirmou seu posicionamento sobre o local de pagamento do ICMS-Importação, ao concluir que, na importação por conta própria, “o sujeito ativo da obrigação tributária é o Estado-membro tribu- tante no qual está domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação da qual resulta a transferência de propriedade da mercadoria”. Ou seja, se o contribuinte que consta como importador na declaração de importação estiver localizado em São Paulo, o ICMS na importação é devido ao estado de São Paulo, mesmo que o desembaraço aduaneiro ocorra em outro estado. Na oportunidade, o STF também firmou seu posicionamento sobre outro tema: o estado que deve receber o ICMS nas importações por encomenda e por conta e ordem. Em ambas as situações, o cliente contrata uma trading para viabilizar a importação. Na importação por encomenda, a trading adquire as mercadorias no exterior com recursos próprios, importa a mercadoria e revende essa mercadoria no Brasil para uma empresa encomendan- te. Nesse caso, o STF definiu que o ICMS importação é devido ao Estado onde a trading estiver localizada. Por outro lado, na importação por conta e ordem, em que uma empresa faz a compra no exterior com recursos próprios e a trading apenas presta o serviço burocrático necessário à importação (desembaraço aduaneiro etc.), o STF definiu que o ICMS importação é devido ao estado onde a empresa estiver localizada. Contribuintes já possuem quatro votos no STF pela declaração de inconstitucionalidade da multa isolada por compensação não homologada Como mencionado no boletim de abril, o Supremo Tribunal Federal incluiu na pauta de julgamento virtual do dia 17/04/2020 o Recurso Extraordi- nário nº 796.939, que tem como objeto a análise da constitucionalidade da multa isolada de 50% (cinquenta por cento) em caso de negativa de homolo- gação de pedido de compensação (tema de repercussão geral nº 736). Iniciado o julgamento, o ministro Edson Fachin, relator do recurso, decidiu negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, fixando a seguinte tese para o tema de repercussão geral: “É inconstitucional a multa isolada prevista em lei para incidir diante da mera negativa de homologação de compensação tributária por não consistir em ato ilícito com aptidão para propiciar automática penalidade pecuniária”. Em seguida, o julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Os autos retornaram à pauta de julgamento virtual em 08/05/2020. Acompanharam o entendimento do relator os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Celso de Mello. Por fim, o ministro Luiz Fux destacou o caso para que o recurso extraordinário fosse julgado em sessão de julgamento presencial do plenário do STF. Sete ministros ainda votarão no caso: Dias Toffoli, Luiz Fux, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Roberto Barroso. Não há previsão para que as sessões de julgamento presenciais do STF retornem. STF julga constitucional a exigência do CEBAS como requisito para a imunidade previdenciária O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional a exigência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS) como requisito para a imunidade tributária às contribuições para a seguridade social. A discussão estava em saber se essa exigência deveria ser veiculada por Lei Complementar ou se é constitucional a sua exigência por meio do artigo 55, inciso II, da Lei Ordinária nº 8.212/1991. O STF decidiu que a lei ordinária pode exigir o CEBAS para fins de reconhecimento da imunidade de contri- buições para a seguridade social. STJ decide que juiz deve ouvir empresa do grupo econômico da executada antes de decidir pelo redirecionamento da execução fiscal A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimida- de, negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional (AgInt nos EREsp nº 1.775.269/PR) e confirmou que é necessária a instauração de Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (IDPJ) para o redirecionamento de execução fiscal a empresa do mesmo grupo econômico da empresa executada, que não tenha sido originalmente identificada na certidão de dívida ativa ou que não se enquadre nas hi- póteses gerais de responsabilidade de terceiros, previstas nos arts. 134 e 135 do Código Tributário Nacional. Na prática, o redirecionamento apenas será possível após (i) o juiz ou- vir a empresa para a qual a Fazenda pretende redirecionar a execução fiscal; e após (ii) restar comprovado que ocorreu abuso de personali- dade da empresa executada, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, como preconiza o artigo 50 do Código Civil. Apesar de a 1ª Seção ter negado provimento ao recurso fazendário por questões processuais, confirmou o entendimento anteriormente exteriorizado pela 1ª Turma no julgamento do Recurso Especial nº 1.775.269/PR, que deu provimento ao recurso do contribuinte “para cassar o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem para que ordene a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica antes de decidir a pretensão atinente ao redirecionamento”. O julgamento unânime pela 1ª Seção do STJ, composta pela 1ª e 2ª Turmas, mesmo não tendo ocorrido sob o regime de recursos repetiti- vos, transparece que o entendimento atual do Tribunal é favorável aos contribuintes. STJ reafirma seu posicionamento de que devem ser observados os acordos contra a bitributação Em 19/05/2020, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão unânime, confirmou a não incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre os valores remetidos por empresa brasileira a empresa francesa em decorrência da contratação de serviços de construção e manu- tenção de cabos submarinos. A decisão, que foi proferida nos autos do Recurso Especial nº 1.618.897/RJ, é importante porque confirma posições anteriores do próprio Tribunal sobre a necessidade de observar as disposições dos acordos bilaterais contra a bitributação celebrados pelo Brasil. De fato, esses acordos adotam uma posição uniforme sobre como devem ser tributadas as atividades empresariais: o país de domicílio da empresa tem competência exclusiva para tributar os lucros da sua atividade, mesmo que sejam gerados em outros países. Assim, por conta do acordo celebrado entre Brasil e França no início da década de 1970, o Brasil não pode tributar, por meio do IRRF, os lucros auferi- dos por empresa francesa em território nacional. A única exceção a essa regra é o caso específico em que a empresa estrangeira tenha uma base fixa de negócios no Brasil (estabelecimento permanente), o que é bastante incomum na prática. BOLETIM TRIBUTÁRIO Entendimento dos Tribunais Seção Especial: CARF Novidades na Legislação Disse o Fisco Fique de Olho Receita Federal publica tratamento fiscal de novas normas contábeis Em maio, por meio de dois Atos Declaratórios Executivos da Coorde- nação-Geral de Tributação (ADE nº 8/2020 e ADE nº 9/2020), a Receita Federal esclareceu o tratamento tri- butário aplicável a diversas alterações contábeis promovidas nos últimos anos. O ADE nº 8/2020 endereçou os aspectos contábeis aplicáveis às economias hiperinflacionárias, trazi- dos pelo Pronunciamento Técnico nº 42 e Interpretação Técnica nº 23 do Comitê de Pronunciamentos Contá- beis (CPC), que tratam dos casos de empresas investidas em países com hiperinflação. Atualmente, os níveis inflacionários brasileiros estão abaixo daqueles requeridos para constatação de uma economia hiperinflacionária, mas, à luz da harmonização contábil inter- nacional, dito regramento foi inter- nalizado pelos órgãos competentes brasileiros. O ADE nº 8/2020 deixou claro que quaisquer modificações nas práticas contábeis virtualmente verificadas não produzirão efeitos na apuração de tributos federais. No mesmo sentido, o ADE nº 9/2020 determina que não produzirão efeitos na apuração de tributos federais quaisquer modificações relacionadas à Revisão dos Pronunciamentos Técnicos nº 13/2018 e Interpretação Técnica nº 22/2018, ambas também editadas pelo CPC. Nesse contexto, o tratamento fiscal aplicável às operações de arren- damento (Pronunciamento Técnico CPCP nº 06 - R2) continua regido pelo Anexo V da IN nº 1.753/2017; ao passo que a aplicação dos requisitos para combinação de negócios realizada em estágios (Pronunciamento Técnico nº 15) continua submetida ao tratamento previsto nos artigos 97 e seguintes da IN nº 1.700/2017. O ADE nº 9/2020 ainda tratou do dever de evidenciação contábil de operações em que há incerteza sobre os tributos incidentes sobre o lucro (Inter- pretação Técnica ICPC nº 22). Assim, restou estabelecido que os valores estimados submeter-se-ão ao tratamento tributário aplicável às provisões, nos termos dos artigos 70 e 284 da IN nº 1.700/2017, desde que afetem a determinação do lucro líquido do período de apuração antes da CSLL e do IRPJ, não sendo consideradas na determinação do lucro real. Receita Federal diz que a aquisição de participação societária remanescente de empresa controlada não dá direito à amortização de ágio A Receita Federal, por meio da Solução de Consulta da Coordenação-Geral de Tributação (COSIT) nº 39, manifestou-se sobre se a aquisição de partici- pação societária remanescente de pessoa jurídica controlada configura evento passível de registro e posterior amortização fiscal do ágio. Do ponto de vista contábil (Pronunciamento CPC nº 15), configuram combinação de negócios apenas as operações que resultassem na aquisição do controle da companhia adquirida. Assim, sob o ponto de vista contábil, no caso hipotético em que uma empresa detenha 80% do capital de outra empre- sa e, visando o controle integral, adquira os 20% remanescentes, não há caracterização de combinação de negócios. Por meio da solução de consulta mencionada, a Receita Federal socorreu-se do conceito contábil para sustentar a indedutibilidade da parcela do ágio registrada na aquisição de participação remanescente, nos termos do exemplo acima descrito. Embora esse entendimento seja vinculante no âmbito da administração tributária, consideramos que é contrário à legislação tributária, uma vez que o art. 20 do Decreto-lei nº 1.598/1997 prevê a possibilidade de registro de ágio (e consequente amortização fiscal, observadas as condições legais) por ocasião da “aquisição da participação [societária]”, sem esta- belecer qualquer distinção sobre haver ou não a caracterização de combinação de negócios. Projeto de lei prevê a criação de programa de parcelamento e anistia, a ser chamado de PERT–COVID/19 Foi apresentado pelo deputado Ricardo Guidi (PSD/SC) o Projeto de Lei (PL) nº 2.735/2020, que tem por objetivo a criação do Programa Ex- traordinário de Regularização Tributária decorrente do estado de calamidade pública causado pela pandemia do novo coronavírus, a ser chama- do de PERT-COVID/19. De acordo com o PL nº 2.735/2020, os contribuintes, sejam pessoa física ou jurídica, inclusive aquelas em recuperação judicial, poderão aderir ao pro- grama de parcelamento no prazo de até 90 (noventa) dias após o fim do estado de calamidade pública causado pela pandemia do coronavírus. O projeto, que ainda está em fase inicial de tramitação perante a Câmara dos Deputados, prevê a possibilidade de parcelamento dos débitos federais, desde que devidamente consolidados, com redução de multas de mora, de ofício e isoladas, dos juros de mora e do valor de encargo legal em até 90% (noventa por cento). É importante salientar que o texto original prevê que as parcelas, mensais e sucessivas, não serão inferiores aos percentuais abaixo indicados, a serem aplicados sobre a receita bruta auferida pelo contribuinte no mês imediatamente anterior, de acordo com o regime de tributação por ele escolhido: Anos-Calendário 2021 e 2022 PERCENTUAL MÍNIMO REGIME DE TRIBUTAÇÃO 0,3% Pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido 0,5% Demais casos Anos-Calendário 2023 e posteriores PERCENTUAL MÍNIMO REGIME DE TRIBUTAÇÃO 0,5% Pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido 1,0% Demais casos Além disso, o PL prevê a possibilidade de quitação dos débitos no âmbito do PERT-COVID/19, por meio da utilização de: (i) prejuízos fiscais, calculados à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento); (ii) base de cálculo negativa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), calculada à alíquota de 9% (nove por cento); (iii) compensação de créditos próprios relativos a tributos ou contribuições incluídos no âmbito do programa e decorrentes de ação judicial transitada em julgado; e (iv) dação em pagamento com bens imóveis próprios do contribuinte, em limite de até 30% (trinta por cento) do montante do débito a ser parcelado (principal mais encargos). O projeto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, devendo ser levado ao plenário do órgão legislativo e, se aprovado, à sanção presidencial. Possibilidade de instituição de imposto sobre grandes fortunas é avaliada como medida de combate à crise econômica causada pelo coronavírus A Constituição de 1988 determina que compete à União Federal a insti- tuição de imposto sobre grandes fortunas (IGF) por meio de lei comple- mentar a ser aprovada pelo Congresso Nacional. Até o momento, contu- do, o IGF não foi instituído. O primeiro projeto de Lei Complementar (PLP) para a instituição do IGF (PLP nº 162/1989) foi de autoria de Fernando Henrique Cardoso. O PLP nº 162/1989 previa a aplicação de alíquotas progressivas e graduais e isentaria o considerado “imóvel familiar”. Posteriormente, foram propostos diversos projetos de leis complemen- tares para a instituição do IGF, sendo grande parcela já arquivada. A experiência malsucedida da adoção desse imposto em diversos países contribuiu para a não aprovação dos projetos. Diante da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, as propostas de instituição do IGF têm ganhado força. Logo no início da pandemia, dois novos projetos foram propostos como medidas de poten- cial fonte arrecadatória: PLP nº 50/2020, de autoria da senadora Eliziane Gama, e PLP nº 38/2020, pelo senador José Reguffe. O PLP nº 50/2020 prevê um imposto temporário para o ano de 2021. Paralelamente, a proposta prevê a criação de uma espécie de empréstimo compulsório sobre as grandes fortunas, para instituição ainda em 2020. O conceito de “grande fortuna” é o mesmo do PLP nº 183/2019, ou seja, o patrimônio líquido que excede 12 mil vezes o limite mensal da isenção do Imposto de Renda Pessoa Física. No entanto, o PLP nº 50/2020 se asse- melha ao PLP nº 315/2015 ao prever a aplicação do imposto ao espólio e às pessoas físicas e jurídicas com bens tanto no Brasil como no Exterior. No mais, como a maioria das propostas, essa também prevê alíquotas progressivas e graduais. Em 26/03/2020, o PLP nº 50/2020 foi encami- nhada ao Plenário do Senado Federal para votação. O PLP nº 38/2020, por sua vez, prevê a cobrança do IGF durante o período de calamidade pública. A referida proposta estabelece uma alíquota única de 0,5%, a ser aplicada sobre o patrimônio de brasileiros acima de 50 mil salários mínimos. A proposta também está aguardando o início da votação no Plenário do Senado Federal. Em uma primeira análise, alertamos para a aparente inconstitucionalidade do PLP nº 38/2020. Isso porque o IGF deve respeitar o princípio da anterio- ridade anual, não podendo ser implementado no período de calamidade pública de 2020. Apresentada proposta de criação da CIDE-Digital, a versão brasileira do digital service tax O Projeto de Lei nº 2.358/2020 (dep. João Maia, do PL-RN) propõe a criação de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), a incidir sobre a receita bruta proveniente de (i) exibição de publicidade em plataforma digital (aplicativo) para usuários localizados no Brasil; (ii) dispo- nibilização de uma plataforma digital em que usuários interagem comercializando bens ou oferecendo serviços, desde que pelo menos um deles esteja localizado no Brasil; e (iii) transmissão de dados coletados no Brasil durante uso de plataforma digital. O contribuinte da CIDE-Digital será a pessoa jurídica residente no Brasil ou no exterior pertencente a um grupo econômico que tenha auferido, no ano-calendário anterior, receita bruta global superior a R$ 3 bilhões e, pelo menos, R$ 100 milhões no Brasil. A alíquota será progressiva, de 1% a 5%. Trata-se da versão brasileira do modelo conhecido como digital service tax (DST), que vem sendo adotado por diversos países com o objetivo de tributar empresas com grande faturamento, e geralmente sem necessidade de presença física no país do mercado consumidor onde geram a renda. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) lidera o debate global sobre a definição da base tributável dos lucros gera- dos no mercado consumidor, sem presença física da empresa, no contexto da economia digital. Enquanto, porém, a OCDE busca um consenso sobre a base tributável, os países têm lançado seus DST de forma unilateral. A proposta brasileira está em linha com as demais propostas unilaterais de países europeus (França, Itália, Espanha, entre tantos outros), sendo essa uma das justificativas do autor do PL nº 2.358/2020. Dois importantes players latino-americanos, Chile e México, também adotaram medidas seme- lhantes, que entram em vigor em 01/06/2020. Cancelada pelo CARF autuação fiscal lavrada no âmbito da Operação Lava Jato A Receita Federal tem autuado as companhias envolvidas em operações de lavagem de dinheiro para que, em razão de supostos pagamentos indevidos, sejam cobrados: (i) o impos- to de renda retido na fonte (IRRF) à alíquota de 35%, por considerar que tais pagamentos são sem causa e/ou a benefi- ciário não identificado; (ii) o imposto de renda (IRPJ) e a con- tribuição social sobre o lucro (CSLL) das pessoas jurídicas envolvidas, em função da indedutibilidade dos pagamentos; (iii) multa agravada de 150%; e (iv) juros moratórios. Como regra, os diversos acórdãos já proferidos e noticiados sobre o tema foram decididos de forma unânime e desfavorá- vel aos contribuintes. Todavia, no Acórdão nº 1201-003.681, o contribuinte obteve êxito ao afastar a cobrança do IRRF pelos pagamentos realizados pelas sucursais da companhia no exterior. À época da autuação, as autoridades fazendárias entenderam que o grupo havia estruturado uma operação para reduzir a tributação no Brasil mediante despesas fictí- cias criadas em suas sucursais no exterior. Em que pese a opinião do Conselheiro relator pela ma- nutenção integral da autuação fiscal, prevaleceu a tese de que inexistiram elementos suficientes para afirmar categoricamente que a empresa brasileira direcionava esses pagamentos a terceiros não identificados e que seria a fonte geradora dos recursos. Por consequência, foi afastada a imposição do IRRF. Esse é um precedente importante para todas as empresas que atualmente mantêm discussão similar na esfera administrativa, pois demonstra que a autuação fiscal para a cobrança de IRRF deve comprovar que os pagamentos considerados sem causa foram realizados com recursos do contribuinte autuado. CARF volta a analisar a dedutibilidade de ágio em emissão primária de ações É sabido que, nos últimos anos, o CARF julgou diversas operações envolvendo amortização de ágio gerado na aquisição de participações societárias. Com o passar do tempo, inúmeros foram os temas suscitados pelas autoridades fazendárias e as teses constituídas a partir de elementos questionáveis. Nesse contexto, recentemente o CARF formalizou o Acórdão nº 1201-003.693, por meio do qual cancelou parcialmente uma autuação fiscal. No caso em questão, a empresa autuada conseguiu comprovar que as supostas “empresas-veículo”, sem propósito negocial, criadas unicamente para amortizar fiscalmente o ágio gerado na aquisição da participação societária – tal como alegava a autoridade fiscal –, teriam na verdade uma real justificativa: as empresas tinham como objetivo estabelecer uma organização e separação das atividades comercial e industrial. Por essa razão, o CARF afastou a alega- ção de artificialidade das empresas envolvidas na operação. Outra matéria discutida nos autos, e mantida pelo Conselho, diz respeito à parcela do ágio gerada posteriormente à aquisição da participação societária e que teria origem na emissão de novas ações com ágio pela empresa adquirida (aquisição primária de ações, por meio de aporte direto de recursos). Embora se trate de uma operação comum e já examinada pelo CARF no passado, que em diversas ocasiões atestou a possibilidade de registro de ágio na subscrição de ações, alegou-se no caso que haveria um descasamento entre a forma como a operação foi estruturada e as disposições do contrato de compra e venda. O CARF decidiu por manter a autuação em relação a essa parcela específica do ágio. Contribuintes vencem no CARF após a extinção do voto de qualidade Conforme noticiado em nosso boletim de abril, a Lei nº 13.988/2020, sancionada em 14/04/2020, extinguiu o voto de qualidade nos julgamentos de determinação e exigência do crédito tributário. De acordo com o artigo 28 da nova lei, em caso de empate na votação (lembrando que a composição do CARF é paritária, metade de conselhei- ros representantes do fisco e metade dos contribuintes), o resultado será aquele que resolver o processo de maneira favorável ao contribuinte. Com a nova sistemática, já foram publicados alguns acórdãos. Dentre eles, destacam-se dois casos julgados pela 2ª Turma Extraordinária da 2ª Seção, que envolviam omissão de rendimentos de pessoas físicas. O julgamento desses casos terminou empatado e o resultado foi pelo cancelamento da autuação fiscal após a aplicação da nova regra, segundo a qual, em caso de empate, deve o processo ser resolvido de forma favorável ao contribuinte. Governo Federal prorroga o pagamento de parcelamentos em decorrência da COVID-19 No dia 11/05/2020, o ministro da Eco- nomia publicou a Portaria ME nº 201 para prorrogar os prazos de vencimento de parcelas mensais relativas aos pro- gramas de parcelamento administrados pela Secretaria Especial da Receita Fe- deral do Brasil (RFB) e pela Procurado- ria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), em decorrência da pandemia causada pelo coronavírus. De acordo com a portaria, os venci- mentos das parcelas dos programas de parcelamento ficam prorrogados até o último dia útil do mês: de agosto de 2020, para as parcelas com vencimento em maio de 2020; de outubro de 2020, para as parcelas com vencimento em junho de 2020; e de dezembro de 2020, para as parcelas com vencimento em julho de 2020. Por fim, a portaria ressaltou que a pror- rogação dos prazos de vencimento das parcelas não implica em direito ao con- tribuinte de restituição ou compensação de quantias eventualmente já recolhidas. Publicadas medidas que têm por objetivo facilitar a importação de bens em tempos de COVID-19 No mês de maio, diversas normas foram publicadas com o objetivo de facilitar a importação de bens destinados ao combate da COVID-19 e permitir que empresas continuem importando, sem serem prejudicadas pelas dificuldades trazidas pela pandemia. A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), por exemplo, publicou as Resoluções CAMEX nºs 33, 34 e 44, que trazem novas atualizações da lista de produtos da saúde sujeitos a redução do imposto de importação em razão da pandemia de COVID-19, constante da Resolução CAMEX nº 17/2020. A Portaria SECEX nº 25, publicada em 11/05/2020, por sua vez, permitiu a importação de ventiladores pulmonares, monitores de sinais vitais, bombas de infusão, equipamentos de oximetria e capnógrafos usados, sem exigência de comprovação de inexistência de produção nacional. A portaria produzirá efeitos apenas durante o período de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, em decorrência da COVID-19. Por fim, a Instrução Normativa RFB nº 1.947, publicada em 08/05/2020, estabeleceu, em caráter temporário, procedimentos e prazos para formaliza- ção dos pedidos de aplicação e extinção de regimes aduaneiros especiais e de regimes aplicados em áreas especiais, durante a pandemia de COVID-19. As medidas visam a garantir que as empresas beneficiárias de regimes aduaneiros especiais e regimes aplicados em áreas especiais não sejam prejudica- das em razão das dificuldades causadas pela pandemia. A instrução normativa trata, dentre outros pontos: do prazo para apresentação de documentos para formalização de pedidos de regimes especiais; do prazo para retorno de bens com saída temporária da Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio, em curso; e da suspensão dos prazos no âmbi- to do Carnê ATA. Rio de Janeiro retoma o programa de parcelamento “Concilia Rio” O município do Rio de Janeiro publicou, em 11/05/2020, a Lei nº 6.740/2020, por meio da qual autorizou o Poder Executivo a retomar o programa de parcelamento Concilia Rio, instituído pela Lei Municipal nº 5.854/2015. Dessa vez, o programa abrangerá débitos tributários municipais, inscritos ou não em dívida ativa, relativos a fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2019. O Decreto nº 47.422/2020, que regulamenta o programa, prevê, em relação ao pagamento de débitos de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo (TCL) e Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), descontos no montante de principal, multa de ofício e encargos moratórios da seguinte forma: NÚMERO DE PARCELAS DESCONTO PRINCIPAL MULTA ENCARGOS PAGAMENTO À VISTA 10% 80% 80% ATÉ 12 PARCELAS 10% 60% 60% ENTRE 13 E 24 PARCELAS - 40% 40% ENTRE 25 E 48 PARCELAS - 25% 25% Adicionalmente, conforme disposto no Decreto nº 47.422/2020, o programa Concilia Rio terá duração de 90 (noventa) dias, a contar do dia 1º de junho de 2020. O Decreto prevê, ainda, a vedação da cumulação dos referidos benefícios com benefícios concedidos por leis municipais anteriores ou outros benefícios concedidos pela própria Lei nº 6.740/2020. Edição Maio 2020 Este boletim é um informativo da área de Direito Tributário de TozziniFreire Advogados. SÓCIOS RESPONSÁVEIS PELO BOLETIM: Gustavo Nygaard Christiane Alvarenga Erlan Valverde Jerry Levers de Abreu Rafael Mallmann Ricardo Maitto Thiago Medaglia Vinicius Jucá Mais informações tributárias em: tozzinifreire.com.br/blog/tributário/ Colaboraram com este boletim: Andre Arakaki de Souza Ana Flavia Neves Lambiasi Bruno Rodrigues Teixeira de Lima Caio Sicchieri Albarello Camilla Botaro Sanchez Carolina Jezler Muller Camilla Pugliese Udiloff Eduardo Rodrigues de Britto Alves Eric Simoes Visini Ivy Bergami Goulart Barbosa Thatiane Rocha Alves William Guimaraes Cyrelli Este material não pode ser reproduzido integralmente ou parcialmente sem consentimento e autorização prévios de TozziniFreire Advogados. Imagens: Derek Thompson, Francisco Aragão, Jeso Carneiro, Miriam Zomer, Nik Anderson, Thiago Melo, Victor Camilo

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Page 1: BOLETIM TRIBUTÁRIO · 2020. 6. 2. · BOLETIM TRIBUTÁRIO Entendimento dos Tribunais Seção Especial: CARF Novidades na Legislação Disse o Fisco Fique de Olho Receita Federal

Entendimento dos Tribunais Seção Especial: CARF Novidades na Legislação Disse o Fisco Fique de Olho

Confirmada pelo STF a incidência de ISS sobre contratos de franquiaNos últimos meses o STF tem examinado diversos temas re-levantes em matéria tributária, muitos dos quais têm impacto direto na definição da tributação de alguns setores econômicos. Uma das questões que aguardava a manifestação final do STF é aquela relacionada à tributação dos contratos de franquia.

A polêmica em torno do tema decorre da natureza complexa da franquia, que envolve transações de natureza distintas, a exemplo do licenciamento de marca, treinamento, distribuição de produtos, entre outras. A lista de serviços anexa à Lei Com-plementar nº 116/2003 prevê expressamente a franquia como atividade tributável (item 17.08) pelo ISS. Porém, no processo originado por uma franquia de fast food contra o município do Rio de Janeiro, discutiu-se a constitucionalidade da cobrança do ISS em face do conceito constitucional de “serviço”.

No julgamento realizado em plenário virtual no último dia 29/05, em sede de repercussão geral, o STF decidiu pela consti-tucionalidade da imposição do ISS (RE 603.136/RJ). A decisão foi tomada por maioria (8 x 2) e teve a relatoria do ministro Gilmar Mendes. A tese fixada pelo STF foi a seguinte: “É constitucional a incidência de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre contratos de franquia (franchising) (itens 10.04 e 17.08 da lista de serviços prevista no Anexo da Lei Complementar 116/2003)”.

Em seu voto, o ministro enfatizou que embora não tenha havido ainda uma superação total do entendimento de que o ISS incide apenas sobre “obri-gações de fazer”, a orientação mais recente do Tribunal é no sentido de admitir a cobrança do imposto sobre as atividades mistas que envolvam tanto “obrigação de fazer” quanto “obrigação de dar”. Fazendo referência ao julgado anterior do Tribunal que admitiu a possibilidade de cobrança do ISS sobre as atividades desempenhadas por operadoras de planos de saúde, o ministro concluiu pela constitucionalidade da cobrança do ISS no caso da fran-quia, mesmo admitindo tratar-se de contrato complexo.

STF reafirma posicionamento de que o ICMS-Importação é devido ao estado em que está o importador da mercadoriaO Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário nº 665.134, reafirmou seu posicionamento sobre o local de pagamento do ICMS-Importação, ao concluir que, na importação por conta própria, “o sujeito ativo da obrigação tributária é o Estado-membro tribu-tante no qual está domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação da qual resulta a transferência de propriedade da mercadoria”. Ou seja, se o contribuinte que consta como importador na declaração de importação estiver localizado em São Paulo, o ICMS na importação é devido ao estado de São Paulo, mesmo que o desembaraço aduaneiro ocorra em outro estado.

Na oportunidade, o STF também firmou seu posicionamento sobre outro tema: o estado que deve receber o ICMS nas importações por encomenda e por conta e ordem. Em ambas as situações, o cliente contrata uma trading para viabilizar a importação. Na importação por encomenda, a trading adquire as mercadorias no exterior com recursos próprios, importa a mercadoria e revende essa mercadoria no Brasil para uma empresa encomendan-te. Nesse caso, o STF definiu que o ICMS importação é devido ao Estado onde a trading estiver localizada. Por outro lado, na importação por conta e ordem, em que uma empresa faz a compra no exterior com recursos próprios e a trading apenas presta o serviço burocrático necessário à importação (desembaraço aduaneiro etc.), o STF definiu que o ICMS importação é devido ao estado onde a empresa estiver localizada.

Contribuintes já possuem quatro votos no STF pela declaração de inconstitucionalidade da multa isolada por compensação não homologadaComo mencionado no boletim de abril, o Supremo Tribunal Federal incluiu na pauta de julgamento virtual do dia 17/04/2020 o Recurso Extraordi-nário nº 796.939, que tem como objeto a análise da constitucionalidade da multa isolada de 50% (cinquenta por cento) em caso de negativa de homolo-gação de pedido de compensação (tema de repercussão geral nº 736).

Iniciado o julgamento, o ministro Edson Fachin, relator do recurso, decidiu negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, fixando a seguinte tese para o tema de repercussão geral: “É inconstitucional a multa isolada prevista em lei para incidir diante da mera negativa de homologação de compensação tributária por não consistir em ato ilícito com aptidão para propiciar automática penalidade pecuniária”.

Em seguida, o julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Os autos retornaram à pauta de julgamento virtual em 08/05/2020. Acompanharam o entendimento do relator os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Celso de Mello.

Por fim, o ministro Luiz Fux destacou o caso para que o recurso extraordinário fosse julgado em sessão de julgamento presencial do plenário do STF. Sete ministros ainda votarão no caso: Dias Toffoli, Luiz Fux, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Roberto Barroso. Não há previsão para que as sessões de julgamento presenciais do STF retornem.

STF julga constitucional a exigência do CEBAS como requisito para a imunidade previdenciáriaO Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional a exigência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS) como requisito para a imunidade tributária às contribuições para a seguridade social.

A discussão estava em saber se essa exigência deveria ser veiculada por Lei Complementar ou se é constitucional a sua exigência por meio do artigo 55, inciso II, da Lei Ordinária nº 8.212/1991. O STF decidiu que a lei ordinária pode exigir o CEBAS para fins de reconhecimento da imunidade de contri-buições para a seguridade social.

STJ decide que juiz deve ouvir empresa do grupo econômico da executada antes de decidir pelo redirecionamento da execução fiscalA 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimida-de, negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional (AgInt nos EREsp nº 1.775.269/PR) e confirmou que é necessária a instauração de Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (IDPJ) para o redirecionamento de execução fiscal a empresa do mesmo grupo econômico da empresa executada, que não tenha sido originalmente identificada na certidão de dívida ativa ou que não se enquadre nas hi-póteses gerais de responsabilidade de terceiros, previstas nos arts. 134 e 135 do Código Tributário Nacional.

Na prática, o redirecionamento apenas será possível após (i) o juiz ou-vir a empresa para a qual a Fazenda pretende redirecionar a execução fiscal; e após (ii) restar comprovado que ocorreu abuso de personali-dade da empresa executada, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, como preconiza o artigo 50 do Código Civil.

Apesar de a 1ª Seção ter negado provimento ao recurso fazendário por questões processuais, confirmou o entendimento anteriormente exteriorizado pela 1ª Turma no julgamento do Recurso Especial nº 1.775.269/PR, que deu provimento ao recurso do contribuinte “para cassar o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem para que ordene a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica antes de decidir a pretensão atinente ao redirecionamento”.

O julgamento unânime pela 1ª Seção do STJ, composta pela 1ª e 2ª Turmas, mesmo não tendo ocorrido sob o regime de recursos repetiti-vos, transparece que o entendimento atual do Tribunal é favorável aos contribuintes.

STJ reafirma seu posicionamento de que devem ser observados os acordos contra a bitributaçãoEm 19/05/2020, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão unânime, confirmou a não incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre os valores remetidos por empresa brasileira a empresa francesa em decorrência da contratação de serviços de construção e manu-tenção de cabos submarinos.

A decisão, que foi proferida nos autos do Recurso Especial nº 1.618.897/RJ, é importante porque confirma posições anteriores do próprio Tribunal sobre a necessidade de observar as disposições dos acordos bilaterais contra a bitributação celebrados pelo Brasil. De fato, esses acordos adotam uma posição uniforme sobre como devem ser tributadas as atividades empresariais: o país de domicílio da empresa tem competência exclusiva para tributar os lucros da sua atividade, mesmo que sejam gerados em outros países.

Assim, por conta do acordo celebrado entre Brasil e França no início da década de 1970, o Brasil não pode tributar, por meio do IRRF, os lucros auferi-dos por empresa francesa em território nacional. A única exceção a essa regra é o caso específico em que a empresa estrangeira tenha uma base fixa de negócios no Brasil (estabelecimento permanente), o que é bastante incomum na prática.

BOLETIM TRIBUTÁRIO

Entendimento dos Tribunais

Seção Especial: CARF

Novidades na Legislação

Disse o Fisco

Fique de Olho

Receita Federal publica tratamento fiscal de novas normas contábeisEm maio, por meio de dois Atos Declaratórios Executivos da Coorde-nação-Geral de Tributação (ADE nº 8/2020 e ADE nº 9/2020), a Receita Federal esclareceu o tratamento tri-butário aplicável a diversas alterações contábeis promovidas nos últimos anos.

O ADE nº 8/2020 endereçou os aspectos contábeis aplicáveis às economias hiperinflacionárias, trazi-dos pelo Pronunciamento Técnico nº 42 e Interpretação Técnica nº 23 do Comitê de Pronunciamentos Contá-beis (CPC), que tratam dos casos de empresas investidas em países com hiperinflação.

Atualmente, os níveis inflacionários brasileiros estão abaixo daqueles requeridos para constatação de uma economia hiperinflacionária, mas, à luz da harmonização contábil inter-nacional, dito regramento foi inter-nalizado pelos órgãos competentes brasileiros. O ADE nº 8/2020 deixou claro que quaisquer modificações nas práticas contábeis virtualmente verificadas não produzirão efeitos na apuração de tributos federais.

No mesmo sentido, o ADE nº 9/2020 determina que não produzirão efeitos na apuração de tributos federais quaisquer modificações relacionadas à Revisão dos Pronunciamentos Técnicos nº 13/2018 e Interpretação Técnica nº 22/2018, ambas também editadas pelo CPC. Nesse contexto, o tratamento fiscal aplicável às operações de arren-damento (Pronunciamento Técnico CPCP nº 06 - R2) continua regido pelo Anexo V da IN nº 1.753/2017; ao passo que a aplicação dos requisitos para combinação de negócios realizada em estágios (Pronunciamento Técnico nº 15) continua submetida ao tratamento previsto nos artigos 97 e seguintes da IN nº 1.700/2017.

O ADE nº 9/2020 ainda tratou do dever de evidenciação contábil de operações em que há incerteza sobre os tributos incidentes sobre o lucro (Inter-pretação Técnica ICPC nº 22). Assim, restou estabelecido que os valores estimados submeter-se-ão ao tratamento tributário aplicável às provisões, nos termos dos artigos 70 e 284 da IN nº 1.700/2017, desde que afetem a determinação do lucro líquido do período de apuração antes da CSLL e do IRPJ, não sendo consideradas na determinação do lucro real.

Receita Federal diz que a aquisição de participação societária remanescente de empresa controlada não dá direito à amortização de ágioA Receita Federal, por meio da Solução de Consulta da Coordenação-Geral de Tributação (COSIT) nº 39, manifestou-se sobre se a aquisição de partici-pação societária remanescente de pessoa jurídica controlada configura evento passível de registro e posterior amortização fiscal do ágio.

Do ponto de vista contábil (Pronunciamento CPC nº 15), configuram combinação de negócios apenas as operações que resultassem na aquisição do controle da companhia adquirida. Assim, sob o ponto de vista contábil, no caso hipotético em que uma empresa detenha 80% do capital de outra empre-sa e, visando o controle integral, adquira os 20% remanescentes, não há caracterização de combinação de negócios.

Por meio da solução de consulta mencionada, a Receita Federal socorreu-se do conceito contábil para sustentar a indedutibilidade da parcela do ágio registrada na aquisição de participação remanescente, nos termos do exemplo acima descrito. Embora esse entendimento seja vinculante no âmbito da administração tributária, consideramos que é contrário à legislação tributária, uma vez que o art. 20 do Decreto-lei nº 1.598/1997 prevê a possibilidade de registro de ágio (e consequente amortização fiscal, observadas as condições legais) por ocasião da “aquisição da participação [societária]”, sem esta-belecer qualquer distinção sobre haver ou não a caracterização de combinação de negócios.

Projeto de lei prevê a criação de programa de parcelamento e anistia, a ser chamado de PERT–COVID/19Foi apresentado pelo deputado Ricardo Guidi (PSD/SC) o Projeto de Lei (PL) nº 2.735/2020, que tem por objetivo a criação do Programa Ex-traordinário de Regularização Tributária decorrente do estado de calamidade pública causado pela pandemia do novo coronavírus, a ser chama-do de PERT-COVID/19.

De acordo com o PL nº 2.735/2020, os contribuintes, sejam pessoa física ou jurídica, inclusive aquelas em recuperação judicial, poderão aderir ao pro-grama de parcelamento no prazo de até 90 (noventa) dias após o fim do estado de calamidade pública causado pela pandemia do coronavírus.

O projeto, que ainda está em fase inicial de tramitação perante a Câmara dos Deputados, prevê a possibilidade de parcelamento dos débitos federais, desde que devidamente consolidados, com redução de multas de mora, de ofício e isoladas, dos juros de mora e do valor de encargo legal em até 90% (noventa por cento).

É importante salientar que o texto original prevê que as parcelas, mensais e sucessivas, não serão inferiores aos percentuais abaixo indicados, a serem aplicados sobre a receita bruta auferida pelo contribuinte no mês imediatamente anterior, de acordo com o regime de tributação por ele escolhido:

Anos-Calendário 2021 e 2022

PERCENTUAL MÍNIMO REGIME DE TRIBUTAÇÃO0,3% Pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido

0,5% Demais casos

Anos-Calendário 2023 e posteriores

PERCENTUAL MÍNIMO REGIME DE TRIBUTAÇÃO0,5% Pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido

1,0% Demais casos

Além disso, o PL prevê a possibilidade de quitação dos débitos no âmbito do PERT-COVID/19, por meio da utilização de:

(i) prejuízos fiscais, calculados à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento);

(ii) base de cálculo negativa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), calculada à alíquota de 9% (nove por cento);

(iii) compensação de créditos próprios relativos a tributos ou contribuições incluídos no âmbito do programa e decorrentes de ação judicial transitada em julgado; e

(iv) dação em pagamento com bens imóveis próprios do contribuinte, em limite de até 30% (trinta por cento) do montante do débito a ser parcelado (principal mais encargos).

O projeto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, devendo ser levado ao plenário do órgão legislativo e, se aprovado, à sanção presidencial.

Possibilidade de instituição de imposto sobre grandes fortunas é avaliada como medida de combate à crise econômica causada pelo coronavírusA Constituição de 1988 determina que compete à União Federal a insti-tuição de imposto sobre grandes fortunas (IGF) por meio de lei comple-mentar a ser aprovada pelo Congresso Nacional. Até o momento, contu-do, o IGF não foi instituído.

O primeiro projeto de Lei Complementar (PLP) para a instituição do IGF (PLP nº 162/1989) foi de autoria de Fernando Henrique Cardoso. O PLP nº 162/1989 previa a aplicação de alíquotas progressivas e graduais e isentaria o considerado “imóvel familiar”.

Posteriormente, foram propostos diversos projetos de leis complemen-tares para a instituição do IGF, sendo grande parcela já arquivada. A experiência malsucedida da adoção desse imposto em diversos países contribuiu para a não aprovação dos projetos.

Diante da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, as propostas de instituição do IGF têm ganhado força. Logo no início da pandemia, dois novos projetos foram propostos como medidas de poten-cial fonte arrecadatória: PLP nº 50/2020, de autoria da senadora Eliziane Gama, e PLP nº 38/2020, pelo senador José Reguffe.

O PLP nº 50/2020 prevê um imposto temporário para o ano de 2021. Paralelamente, a proposta prevê a criação de uma espécie de empréstimo compulsório sobre as grandes fortunas, para instituição ainda em 2020. O conceito de “grande fortuna” é o mesmo do PLP nº 183/2019, ou seja, o patrimônio líquido que excede 12 mil vezes o limite mensal da isenção do Imposto de Renda Pessoa Física. No entanto, o PLP nº 50/2020 se asse-melha ao PLP nº 315/2015 ao prever a aplicação do imposto ao espólio e às pessoas físicas e jurídicas com bens tanto no Brasil como no Exterior. No mais, como a maioria das propostas, essa também prevê alíquotas progressivas e graduais. Em 26/03/2020, o PLP nº 50/2020 foi encami-nhada ao Plenário do Senado Federal para votação.

O PLP nº 38/2020, por sua vez, prevê a cobrança do IGF durante o período de calamidade pública. A referida proposta estabelece uma alíquota única de 0,5%, a ser aplicada sobre o patrimônio de brasileiros acima de 50 mil salários mínimos. A proposta também está aguardando o início da votação no Plenário do Senado Federal.

Em uma primeira análise, alertamos para a aparente inconstitucionalidade do PLP nº 38/2020. Isso porque o IGF deve respeitar o princípio da anterio-ridade anual, não podendo ser implementado no período de calamidade pública de 2020.

Apresentada proposta de criação da CIDE-Digital, a versão brasileira do digital service taxO Projeto de Lei nº 2.358/2020 (dep. João Maia, do PL-RN) propõe a criação de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), a incidir sobre a receita bruta proveniente de (i) exibição de publicidade em plataforma digital (aplicativo) para usuários localizados no Brasil; (ii) dispo-nibilização de uma plataforma digital em que usuários interagem comercializando bens ou oferecendo serviços, desde que pelo menos um deles esteja localizado no Brasil; e (iii) transmissão de dados coletados no Brasil durante uso de plataforma digital.

O contribuinte da CIDE-Digital será a pessoa jurídica residente no Brasil ou no exterior pertencente a um grupo econômico que tenha auferido, no ano-calendário anterior, receita bruta global superior a R$ 3 bilhões e, pelo menos, R$ 100 milhões no Brasil. A alíquota será progressiva, de 1% a 5%.

Trata-se da versão brasileira do modelo conhecido como digital service tax (DST), que vem sendo adotado por diversos países com o objetivo de tributar empresas com grande faturamento, e geralmente sem necessidade de presença física no país do mercado consumidor onde geram a renda.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) lidera o debate global sobre a definição da base tributável dos lucros gera-dos no mercado consumidor, sem presença física da empresa, no contexto da economia digital. Enquanto, porém, a OCDE busca um consenso sobre a base tributável, os países têm lançado seus DST de forma unilateral.

A proposta brasileira está em linha com as demais propostas unilaterais de países europeus (França, Itália, Espanha, entre tantos outros), sendo essa uma das justificativas do autor do PL nº 2.358/2020. Dois importantes players latino-americanos, Chile e México, também adotaram medidas seme-lhantes, que entram em vigor em 01/06/2020.

Cancelada pelo CARF autuação fiscal lavrada no âmbito da Operação Lava JatoA Receita Federal tem autuado as companhias envolvidas em operações de lavagem de dinheiro para que, em razão de supostos pagamentos indevidos, sejam cobrados: (i) o impos-to de renda retido na fonte (IRRF) à alíquota de 35%, por considerar que tais pagamentos são sem causa e/ou a benefi-ciário não identificado; (ii) o imposto de renda (IRPJ) e a con-tribuição social sobre o lucro (CSLL) das pessoas jurídicas envolvidas, em função da indedutibilidade dos pagamentos; (iii) multa agravada de 150%; e (iv) juros moratórios.

Como regra, os diversos acórdãos já proferidos e noticiados sobre o tema foram decididos de forma unânime e desfavorá-vel aos contribuintes. Todavia, no Acórdão nº 1201-003.681, o contribuinte obteve êxito ao afastar a cobrança do IRRF pelos pagamentos realizados pelas sucursais da companhia no exterior. À época da autuação, as autoridades fazendárias entenderam que o grupo havia estruturado uma operação para reduzir a tributação no Brasil mediante despesas fictí-cias criadas em suas sucursais no exterior.

Em que pese a opinião do Conselheiro relator pela ma-nutenção integral da autuação fiscal, prevaleceu a tese de que inexistiram elementos suficientes para afirmar categoricamente que a empresa brasileira direcionava esses pagamentos a terceiros não identificados e que seria a fonte geradora dos recursos. Por consequência, foi afastada a imposição do IRRF.

Esse é um precedente importante para todas as empresas que atualmente mantêm discussão similar na esfera administrativa, pois demonstra que a autuação fiscal para a cobrança de IRRF deve comprovar que os pagamentos considerados sem causa foram realizados com recursos do contribuinte autuado.

CARF volta a analisar a dedutibilidade de ágio em emissão primária de açõesÉ sabido que, nos últimos anos, o CARF julgou diversas operações envolvendo amortização de ágio gerado na aquisição de participações societárias. Com o passar do tempo, inúmeros foram os temas suscitados pelas autoridades fazendárias e as teses constituídas a partir de elementos questionáveis.

Nesse contexto, recentemente o CARF formalizou o Acórdão nº 1201-003.693, por meio do qual cancelou parcialmente uma autuação fiscal. No caso em questão, a empresa autuada conseguiu comprovar que as supostas “empresas-veículo”, sem propósito negocial, criadas unicamente para amortizar fiscalmente o ágio gerado na aquisição da participação societária – tal como alegava a autoridade fiscal –, teriam na verdade uma real justificativa: as empresas tinham como objetivo estabelecer uma organização e separação das atividades comercial e industrial. Por essa razão, o CARF afastou a alega-ção de artificialidade das empresas envolvidas na operação.

Outra matéria discutida nos autos, e mantida pelo Conselho, diz respeito à parcela do ágio gerada posteriormente à aquisição da participação societária e que teria origem na emissão de novas ações com ágio pela empresa adquirida (aquisição primária de ações, por meio de aporte direto de recursos). Embora se trate de uma operação comum e já examinada pelo CARF no passado, que em diversas ocasiões atestou a possibilidade de registro de ágio na subscrição de ações, alegou-se no caso que haveria um descasamento entre a forma como a operação foi estruturada e as disposições do contrato de compra e venda. O CARF decidiu por manter a autuação em relação a essa parcela específica do ágio.

Contribuintes vencem no CARF após a extinção do voto de qualidadeConforme noticiado em nosso boletim de abril, a Lei nº 13.988/2020, sancionada em 14/04/2020, extinguiu o voto de qualidade nos julgamentos de determinação e exigência do crédito tributário. De acordo com o artigo 28 da nova lei, em caso de empate na votação (lembrando que a composição do CARF é paritária, metade de conselhei-ros representantes do fisco e metade dos contribuintes), o resultado será aquele que resolver o processo de maneira favorável ao contribuinte.

Com a nova sistemática, já foram publicados alguns acórdãos. Dentre eles, destacam-se dois casos julgados pela 2ª Turma Extraordinária da 2ª Seção, que envolviam omissão de rendimentos de pessoas físicas. O julgamento desses casos terminou empatado e o resultado foi pelo cancelamento da autuação fiscal após a aplicação da nova regra, segundo a qual, em caso de empate, deve o processo ser resolvido de forma favorável ao contribuinte.

Governo Federal prorroga o pagamento de parcelamentos em decorrência da COVID-19No dia 11/05/2020, o ministro da Eco-nomia publicou a Portaria ME nº 201 para prorrogar os prazos de vencimento de parcelas mensais relativas aos pro-gramas de parcelamento administrados pela Secretaria Especial da Receita Fe-deral do Brasil (RFB) e pela Procurado-ria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), em decorrência da pandemia causada pelo coronavírus.

De acordo com a portaria, os venci-mentos das parcelas dos programas de parcelamento ficam prorrogados até o último dia útil do mês:

• de agosto de 2020, para as parcelas com vencimento em maio de 2020;

• de outubro de 2020, para as parcelas com vencimento em junho de 2020; e

• de dezembro de 2020, para as parcelas com vencimento em julho de 2020.

Por fim, a portaria ressaltou que a pror-rogação dos prazos de vencimento das parcelas não implica em direito ao con-tribuinte de restituição ou compensação de quantias eventualmente já recolhidas.

Publicadas medidas que têm por objetivo facilitar a importação de bens em tempos de COVID-19No mês de maio, diversas normas foram publicadas com o objetivo de facilitar a importação de bens destinados ao combate da COVID-19 e permitir que empresas continuem importando, sem serem prejudicadas pelas dificuldades trazidas pela pandemia.

A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), por exemplo, publicou as Resoluções CAMEX nºs 33, 34 e 44, que trazem novas atualizações da lista de produtos da saúde sujeitos a redução do imposto de importação em razão da pandemia de COVID-19, constante da Resolução CAMEX nº 17/2020.

A Portaria SECEX nº 25, publicada em 11/05/2020, por sua vez, permitiu a importação de ventiladores pulmonares, monitores de sinais vitais, bombas de infusão, equipamentos de oximetria e capnógrafos usados, sem exigência de comprovação de inexistência de produção nacional. A portaria produzirá efeitos apenas durante o período de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, em decorrência da COVID-19.

Por fim, a Instrução Normativa RFB nº 1.947, publicada em 08/05/2020, estabeleceu, em caráter temporário, procedimentos e prazos para formaliza-ção dos pedidos de aplicação e extinção de regimes aduaneiros especiais e de regimes aplicados em áreas especiais, durante a pandemia de COVID-19.

As medidas visam a garantir que as empresas beneficiárias de regimes aduaneiros especiais e regimes aplicados em áreas especiais não sejam prejudica-das em razão das dificuldades causadas pela pandemia.

A instrução normativa trata, dentre outros pontos: do prazo para apresentação de documentos para formalização de pedidos de regimes especiais; do prazo para retorno de bens com saída temporária da Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio, em curso; e da suspensão dos prazos no âmbi-to do Carnê ATA.

Rio de Janeiro retoma o programa de parcelamento “Concilia Rio”O município do Rio de Janeiro publicou, em 11/05/2020, a Lei nº 6.740/2020, por meio da qual autorizou o Poder Executivo a retomar o programa de parcelamento Concilia Rio, instituído pela Lei Municipal nº 5.854/2015. Dessa vez, o programa abrangerá débitos tributários municipais, inscritos ou não em dívida ativa, relativos a fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2019.

O Decreto nº 47.422/2020, que regulamenta o programa, prevê, em relação ao pagamento de débitos de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo (TCL) e Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), descontos no montante de principal, multa de ofício e encargos moratórios da seguinte forma:

NÚMERO DE PARCELASDESCONTO

PRINCIPAL MULTA ENCARGOS

PAGAMENTO À VISTA 10% 80% 80%

ATÉ 12 PARCELAS 10% 60% 60%

ENTRE 13 E 24 PARCELAS - 40% 40%

ENTRE 25 E 48 PARCELAS - 25% 25%

Adicionalmente, conforme disposto no Decreto nº 47.422/2020, o programa Concilia Rio terá duração de 90 (noventa) dias, a contar do dia 1º de junho de 2020. O Decreto prevê, ainda, a vedação da cumulação dos referidos benefícios com benefícios concedidos por leis municipais anteriores ou outros benefícios concedidos pela própria Lei nº 6.740/2020.

Edição Maio 2020

Este boletim é um informativo da área de Direito Tributário de TozziniFreire Advogados.

SÓCIOS RESPONSÁVEIS PELO BOLETIM:

Gustavo Nygaard Christiane Alvarenga Erlan Valverde Jerry Levers de Abreu Rafael Mallmann Ricardo Maitto Thiago Medaglia Vinicius Jucá

Mais informações tributárias em: tozzinifreire.com.br/blog/tributário/

Colaboraram com este boletim:Andre Arakaki de Souza

Ana Flavia Neves Lambiasi

Bruno Rodrigues Teixeira de Lima

Caio Sicchieri Albarello

Camilla Botaro Sanchez

Carolina Jezler Muller

Camilla Pugliese Udiloff

Eduardo Rodrigues de Britto Alves

Eric Simoes Visini

Ivy Bergami Goulart Barbosa

Thatiane Rocha Alves

William Guimaraes Cyrelli

Este material não pode ser reproduzido integralmente ou parcialmente sem consentimento e autorização prévios de TozziniFreire Advogados.

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