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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 15 2 Região Nordeste A economia do Nordeste seguiu a tendência observada em nível nacional, no primeiro trimestre de 2010, apresentando expansão vigorosa, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, conforme evidenciado pelos crescimentos do PIB nas três principais economias da região: 9,5% na Bahia; 8,9% no Ceará; e 7,8% em Pernambuco. A evolução dos principais indicadores de atividade econômica sinalizou a continuidade desse desempenho no trimestre encerrado em maio favorecida, sobretudo, pela expansão da indústria, pela ampliação nas vendas varejistas e pela criação de empregos. O IBCR-NE apresentou expansão de 3,3%, no trimestre considerado, em relação ao encerrado em fevereiro, após o ajuste sazonal da série, e de 5,7% nos últimos 12 meses, segundo dados observados. As vendas varejistas no Nordeste 1 cresceram 4,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando aumentaram 3,3% no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC, do IBGE, ressaltando-se os aumentos assinalados nos segmentos equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 6,1%, e móveis e eletrodomésticos, 5,7%. O comércio ampliado, evidenciando expansões registradas nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 7,5%, e material de construção, 7,7%, cresceu 6,5% no trimestre. Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista da região cresceu 10,1% em maio, em relação a igual período de 2009, ante 8,1% em fevereiro. Observa-se, desde setembro de 2009, retomada de crescimento desse indicador, depois de movimento descendente a partir de agosto de 2007. Considerados os segmentos selecionados na pesquisa, registraram-se aumentos generalizados nas vendas, ressaltando-se os desempenhos em móveis e eletrodomésticos, 14,9%, e equipamentos e materiais para 1/ Os dados relativos à região foram obtidos a partir da agregação do índice do volume de vendas de cada unidade da Federação, ponderados pela participação regional da variável receita bruta de revenda de cada unidade da Federação na receita bruta total da região, constante da Pesquisa Anual de Comércio do IBGE. 115 120 125 130 135 140 Mai 2007 Set Jan 2008 Mai Set Jan 2009 Mai Set Jan 2010 Mai Gráfico 2.1 – Índice de Atividade Econômica Regional – Nordeste (IBCR-NE) Dados dessazonalizados 2002 = 100 135 155 175 195 215 235 Mai 2007 Set Jan 2008 Mai Set Jan 2009 Mai Set Jan 2010 Mai Fonte: IBGE Comércio varejista Comércio ampliado Gráfico 2.2 – Comércio varejista – Nordeste Dados dessazonalizados 2003 = 100 Tabela 2.1 – Comércio varejista – Nordeste Geral e setores selecionados Variação % no período Setores 2009 2010 Fev 1/ Mai 1/ 12 meses Comércio varejista 6,8 3,3 4,3 10,1 Comb. e lubrificantes 5,8 2,1 3,3 5,5 Hiper e supermercados 9,5 3,8 0,8 11,9 Móveis e eletrodomésticos 5,1 5,9 5,7 14,9 Tecidos, vestuário e calçados 1,8 2,2 2,9 6,6 Comércio ampliado 8,3 1,9 6,5 12,6 Automóveis e motocicletas 12,4 0,2 7,5 19,3 Material de construção -3,4 4,9 7,7 6,4 Fonte: IBGE 1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 15

2Região Nordeste

A economia do Nordeste seguiu a tendência observada em nível nacional, no primeiro trimestre de 2010, apresentando expansão vigorosa, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, conforme evidenciado pelos crescimentos do PIB nas três principais economias da região: 9,5% na Bahia; 8,9% no Ceará; e 7,8% em Pernambuco. A evolução dos principais indicadores de atividade econômica sinalizou a continuidade desse desempenho no trimestre encerrado em maio favorecida, sobretudo, pela expansão da indústria, pela ampliação nas vendas varejistas e pela criação de empregos. O IBCR-NE apresentou expansão de 3,3%, no trimestre considerado, em relação ao encerrado em fevereiro, após o ajuste sazonal da série, e de 5,7% nos últimos 12 meses, segundo dados observados.

As vendas varejistas no Nordeste1 cresceram 4,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando aumentaram 3,3% no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC, do IBGE, ressaltando-se os aumentos assinalados nos segmentos equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 6,1%, e móveis e eletrodomésticos, 5,7%. O comércio ampliado, evidenciando expansões registradas nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 7,5%, e material de construção, 7,7%, cresceu 6,5% no trimestre.

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista da região cresceu 10,1% em maio, em relação a igual período de 2009, ante 8,1% em fevereiro. Observa-se, desde setembro de 2009, retomada de crescimento desse indicador, depois de movimento descendente a partir de agosto de 2007. Considerados os segmentos selecionados na pesquisa, registraram-se aumentos generalizados nas vendas, ressaltando-se os desempenhos em móveis e eletrodomésticos, 14,9%, e equipamentos e materiais para

1/ Os dados relativos à região foram obtidos a partir da agregação do índice do volume de vendas de cada unidade da Federação, ponderados pela participação regional da variável receita bruta de revenda de cada unidade da Federação na receita bruta total da região, constante da Pesquisa Anual de Comércio do IBGE.

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Mai2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 2.1 – Índice de Atividade Econômica Regional – Nordeste (IBCR-NE)Dados dessazonalizados2002 = 100

135

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Mai2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Fonte: IBGE

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 2.2 – Comércio varejista – NordesteDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 2.1 – Comércio varejista – Nordeste

Geral e setores selecionadosVariação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 6,8 3,3 4,3 10,1

Comb. e lubrificantes 5,8 2,1 3,3 5,5

Hiper e supermercados 9,5 3,8 0,8 11,9

Móveis e eletrodomésticos 5,1 5,9 5,7 14,9

Tecidos, vestuário e calçados 1,8 2,2 2,9 6,6

Comércio ampliado 8,3 1,9 6,5 12,6

Automóveis e motocicletas 12,4 0,2 7,5 19,3

Material de construção -3,4 4,9 7,7 6,4

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

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escritório, informática e comunicação, 14,1%. Incorporadas as elevações de 19,3% nas vendas de veículos, motos, partes e peças e de 6,4% nas relativas a materiais de construção, o comércio ampliado da região cresceu 12,6% no período.

A produção industrial do Nordeste, segundo dados da PIM-PF do IBGE, finalizou os doze meses encerrados em maio com expansão de 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado refletiu o aumento de 6% na indústria de transformação, com destaque para os crescimentos assinalados em calçados e artigos de couro, 13%, e química, 11%%. A produção da indústria extrativa registrou queda de 2,7% no período, em virtude da redução na extração de óleos brutos de petróleo. Na margem, considerados dados dessazonalizados, a indústria nordestina expandiu 3% no trimestre finalizado em maio, comparativamente ao encerrado em fevereiro, quando havia registrado crescimento de 3,5%, no mesmo tipo de comparação. O desempenho esteve associado a variações de 3,2% na indústria extrativa e de 5% na de transformação, destacando-se a expansão de 13,1% em alimentos e bebidas, setor de maior peso na estrutura industrial nordestina, influenciada pelo maior dinamismo na indústria sucroalcooleira. A evolução recente da produção fabril evidencia a consolidação da recuperação da indústria regional, concentrada em bens de menor valor agregado e, portanto, com desempenho associado mais estreitamente ao comportamento da demanda interna.

De acordo com estatísticas da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, a evolução do emprego industrial ainda não traduziu a retomada do dinamismo da indústria regional, registrando retração de 0,1% nos doze meses encerrados em maio. Verificaram-se resultados negativos em doze dos dezoito segmentos pesquisados, com destaque para metalurgia básica, -7,4%, e papel e gráfica, -6,5%.

O estoque das operações de crédito superiores a R$5 mil, realizadas na região, atingiu R$158,2 bilhões em maio, expandindo-se 7,2% no trimestre e 36,7% em doze meses, destacando-se, nos dois períodos, os acréscimos nos saldos dos repasses realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e nas modalidades de empréstimos consignados, financiamentos de veículos e crédito habitacional. O estoque das operações pactuadas no segmento de pessoas físicas atingiu R$71,5 bilhões, com elevações de 7,2% no trimestre e de 29,3% em doze meses, enquanto o relativo a pessoas jurídicas totalizou R$86,7 bilhões, com acréscimos de 7,1% e de 43,6% nas mesmas bases de comparação.

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Mai 2007

Set Jan2008

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Mai

Brasil Nordeste

Gráfico 2.3 – Produção industrialDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 2.2 – Produção industrial – Nordeste

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 3,5 3,0 5,5

Indústria extrativa 6,8 -0,4 3,2 -2,7

Indústria de transformação 93,2 3,3 5,0 6,0

Alimentação e bebidas 28,6 0,6 13,1 3,0

Química 19,7 2,6 -5,0 11,0

Refino de petróleo e álcool 11,8 2,3 5,2 8,5

Têxtil 7,9 0,1 5,7 6,3

Metalurgia básica 6,4 8,6 -4,4 4,8

Minerais não metálicos 6,3 1,2 7,2 9,0

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Mai 2008

Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.4 – Evolução do saldo das operações de crédito – Nordeste1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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A inadimplência do crédito concedido pelo sistema financeiro na região situou-se em 3,8% em maio, ante 4,1% em fevereiro e 4,8% em maio do ano anterior. A evolução decorreu de declínios assinalados no segmento de pessoas físicas, 0,36 p.p., e no de pessoas jurídicas, 0,24 p.p., cujas taxas de inadimplência foram de 5,7% e 2,4%, respectivamente.

A safra de grãos do Nordeste deverá alcançar 11,9 milhões de toneladas em 2010, de acordo com o LSPA de junho do IBGE, representando 8,2% da produção nacional. A projeção contempla aumento anual de 1,5% na safra e reflete as estimativas de incrementos na produção de caroço de algodão, 4,7%, e de soja, 25,3%, esta influenciada pela ampliação na área plantada, principalmente na região de cerrado que foi menos afetada pela escassez de chuvas. Em sentido inverso, estimam-se recuos respectivos de 15,5% e de 9,4% para as lavouras de milho e de feijão, decorrentes, notadamente, dos efeitos climáticos. Em relação às demais lavouras, estimam-se elevações respectivas de 3,6% e de 5,3% na produção de mandioca e banana.

Em relação às transações externas, o déficit da balança comercial da região atingiu US$66,7 milhões nos seis primeiros meses do ano, de acordo com estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), traduzindo expansões de 51,4% nas exportações e de 78% nas importações, que totalizaram no período, US$7,7 bilhões e US$7,8 bilhões, na ordem.

O valor das exportações nordestinas refletiu aumentos respectivos de 27,3% e de 18,9% nos preços e no quantum exportado. Registrou-se maior crescimento das vendas de produtos básicos, 89,6%, impulsionadas, notadamente, pelos embarques de minérios de ferro e seus concentrados, sem registro no mesmo período de 2009. As vendas relativas a bens manufaturados elevaram-se 53%, em especial, óleos combustíveis e hidrocarbonetos e derivados halogenados, enquanto os embarques de produtos semimanufaturados cresceram 26,3%, influenciados pelo crescimento nos itens pastas químicas de madeira e açúcar de cana em bruto. Os principais países de destino das exportações da região Nordeste, no primeiro semestre de 2010, foram EUA, China, Argentina, Holanda e Rússia que, em conjunto, representaram 48,1% das vendas ao mercado externo, ressaltando-se os incrementos dos embarques à China, 65,2%, e à Rússia, 80%, em relação ao mesmo período de 2009.

O crescimento das importações da região Nordeste nos primeiros seis meses de 2010, em relação ao mesmo

Tabela 2.3 – Produção agrícola – Nordeste

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Var. %

(%) 2009 2010 2010/2009

Produção de grãos 11 748 11 919 1,5

Soja 15,1 4 183 5 240 25,3

Milho 8,1 4 777 4 039 -15,5

Feijão 7,3 847 767 -9,4

Algodão herbáceo (em caroço) 5,8 633 662 4,7

Outras lavouras selecionadas

Cana-de-açúcar 15,1 71 379 71 344 0,0

Mandioca 7,3 9 158 9 486 3,6

Banana 6,0 2 948 3 103 5,3

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 2.4 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Nordeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 5 091 7 707 51,4 27,5

Básicos 1 089 2 064 89,6 31,6

Industrializados1/ 4 002 5 643 41,0 24,5

Semimanufaturados 1 801 2 276 26,3 40,0

Manufaturados1/ 2 201 3 367 53,0 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

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período de 2009, resultou das variações de 14% nos preços e de 56,1% no quantum. Todas as categorias de uso final cresceram. As aquisições de combustíveis subiram 249,2%, com destaque para o aumento nas compras de óleo diesel, enquanto as de matérias-primas cresceram 60,4%, com expansões nas relativas a naftas e a sulfetos de minérios de cobre. As importações de bens de capital aumentaram 51,5%, impulsionadas pelo crescimento nas compras de veículos para carga, enquanto que as referentes a bens de consumo duráveis cresceram 40%, com ênfase no acréscimo nas aquisições de automóveis. As aquisições de bens de consumo não-duráveis elevaram-se em 14,6%. Os principais mercados de origem foram EUA, Argentina, China, Argélia e Chile, responsáveis por 49,2% das compras externas da região.

De acordo com estatísticas do Caged/MTE, foram gerados 55,3 mil postos de trabalho no Nordeste, no trimestre finalizado em maio, ante a eliminação de 51,1 mil empregos formais em igual período do ano anterior. Esse movimento, refletindo a recuperação do nível de atividade, foi influenciado em grande parte pela geração de vagas na construção civil, 34,5 mil, e no setor de serviços, 37,2 mil, que haviam sido responsáveis, em conjunto, pela criação de apenas 19,9 mil vagas no trimestre encerrado em maio de 2009. Destaque-se, ainda, a influência da atividade na indústria de transformação, segmento responsável por 34,4 mil desligamentos no trimestre encerrado em maio deste ano, seguindo o padrão sazonal decorrente, sobretudo, do ciclo da atividade sucroalcooleira, comparativamente à eliminação de 63,2 mil postos de trabalho no trimestre finalizado em igual período de 2009. O nível de emprego formal, considerados dados dessazonalizados, cresceu 2,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, refletindo resultados positivos do emprego em sete das oito atividades pesquisadas, com ênfase no crescimento de 6,9% assinalado na construção civil.

A variação registrada pelo IPCA2 na região Nordeste atingiu 1,37% no trimestre encerrado em junho, ante 1,88% no finalizado em março, movimento decorrente do impacto mais expressivo da aceleração dos preços monitorados – cuja variação passou de 0,67% para 1,36% -, relativamente ao arrefecimento assinalado pelos preços livres – com taxas respectivas de 2,40% e 1,37% para os mesmos períodos. A evolução dos preços monitorados, contribuindo com 0,13 p.p. para o resultado do IPCA na região, traduziu, sobretudo, o reajuste assinalado nas tarifas de táxi, os aumentos nos preços dos produtos farmacêuticos e da gasolina, e os

2/ Consideram-se as variações e os respectivos pesos das três regiões metropolitanas abrangidas pelo IPCA: Fortaleza, Recife e Salvador.

Tabela 2.5 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Nordeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 4 368 7 774 78,0 45,1

Bens de consumo 518 684 31,9 50,6

Duráveis 352 493 40,0 70,9

Não duráveis 166 190 14,6 29,9

Bens intermediários 2 406 3 860 60,4 47,0

Bens de capital 915 1 387 51,5 27,1

Combustíveis e lubrificantes 528 1 843 249,2 66,3

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 2.6 – Evolução do emprego formal – Nordeste

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total -51,1 130,1 204,9 5,0 55,3

Extrativa -0,7 0,5 1,1 0,5 0,7

Ind. de transformação -63,2 39,9 93,8 -19,5 -34,4

Serv. ind. de util. pública 0,5 2,5 -1,7 0,2 0,1

Construção civil 5,2 22,1 31,8 18,6 34,5

Comércio 2,6 15,4 42,2 8,7 13,9

Serviços 14,7 24,5 38,5 17,2 37,2

Agropecuária -10,5 24,5 -0,9 -20,5 3,3

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

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incrementos nas taxas de água e esgoto e de energia elétrica residencial.

Entre os preços livres, a redução de 3,98% para 3,68% na variação dos preços no grupo de não comercializáveis, teve impacto mais acentuado, 0,18 p.p., relativamente à aceleração dos preços dos itens comercializáveis, de 0,96% para 1,15%, com contribuição de 0,14 p.p. na taxa de inflação do segundo trimestre do ano. O comportamento dos preços dos itens não comercializáveis foi influenciado, principalmente, pela queda registrada nos preços dos pescados. A inflação registrada nos itens comercializáveis repercutiu, sobretudo, os aumentos verificados nos preços do leite e derivados, vestuário, e automóvel novo, responsáveis, em conjunto, por 014 p.p. da variação nos preços livres. O índice de difusão, evidenciando maior disseminação dos reajustes dos preços na região, aumentou 0,1 p.p. no trimestre, ao atingir 43,49%.

O expressivo dinamismo da economia nordestina, evidenciado pelos indicadores desde o segundo semestre do ano passado, baseia-se na expansão da massa salarial, sobretudo em virtude do crescimento do emprego, e na ampliação do crédito, aspectos presentes também em outras regiões do país. Adicionalmente, têm favorecido o maior crescimento regional, os impactos das rendas oriundas dos programas sociais e os investimentos públicos na região – bem como seus efeitos multiplicadores – relativamente mais concentrados no nordeste. Esses fatores seguirão presentes na conjuntura local nos próximos meses, delineando perspectivas favoráveis para a continuidade do crescimento econômico. A despeito disso, é natural que se observe acomodação do ritmo de expansão, comparativamente ao observado no último trimestre de 2009 e no primeiro deste ano, haja vista que esses períodos caracterizaram-se, ainda, pelo processo de recuperação do nível de atividade após os efeitos da crise financeira internacional.

Tabela 2.7 – IPCA – NordesteVariação %

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

Ano I Tri II Tri Ano

IPCA 100,0 4,26 1,88 1,37 5,05

Livres 70,7 3,74 2,40 1,37 5,64

Comercializáveis 37,0 2,53 0,96 1,15 3,83

Não comercializáveis 33,7 5,13 3,98 3,68 9,83

Monitorados 29,3 5,57 0,67 1,36 3,68

Principais itens

Alimentação 25,1 2,56 2,96 1,34 5,53

Habitação 12,1 6,23 0,56 1,58 4,93

Artigos de residência 3,9 2,70 0,91 0,29 3,05

Vestuário 7,9 6,35 1,29 2,72 8,10

Transportes 17,1 3,18 1,22 0,87 3,59

Saúde 12,5 5,34 0,60 2,25 4,71

Despesas pessoais 9,1 7,63 2,14 1,72 5,78

Educação 6,7 5,83 6,92 0,39 8,26

Comunicação 5,5 0,52 -0,03 -0,03 0,67

Fonte: IBGE

1/ Referentes a setembro de 2009.

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Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 2.5 – Índice de Atividade Econômica Regional – Bahia (IBCR-BA)Dados dessazonalizados2002 = 100

Bahia

O desempenho do PIB na Bahia no primeiro trimestre deste ano – altas de 9,5% em relação a igual período de 2009, segundo a estimativa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), e de 2,6% em relação ao trimestre anterior, após a dessazonalização dos dados – ratificou o processo de recuperação econômica do estado, delineada a partir do segundo semestre do ano passado. A expansão do produto, em base interanual, refletiu o aumento na atividade em todos os setores, em especial na agropecuária, que registrou crescimento de 14,6% refletindo, sobretudo, a maior produção de grãos. A indústria, que se recupera de retrações apresentadas nos três primeiros trimestres de 2009, cresceu 13,4%, destacando-se a elevação da atividade da construção civil, 15%, consistente com o bom desempenho imobiliário da região metropolitana de Salvador e com a realização de obras de infraestrutura no estado. O setor de serviços cresceu 7,7%, impulsionado pelo comportamento das atividades de transporte e armazenagem, 15,8%, e de comércio, 15%. A continuidade desse dinamismo é confirmada pela evolução do IBCR-BA, que aumentou 6,9% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, após o ajuste sazonal da série.

As vendas varejistas na Bahia aumentaram 1,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam avançado 2,2%, no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da PMC do IBGE. O resultado está em parte associado ao bom desempenho, neste ano, das vendas relacionadas ao Dia das mães, segunda melhor data para o comércio, e à proximidade da Copa do Mundo. Ressaltem-se, no trimestre, os aumentos assinalados nas vendas dos segmentos de móveis e eletrodomésticos, 5,5%, e de combustíveis e lubrificantes, 3,5%, contrastando com o recuo de 0,5% registrado nas relativas a hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, e de 18,4% em livros, jornais, revistas e papelaria. As vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, elevaram-se 4,2% e 11%, na ordem, contribuindo para que o comércio ampliado crescesse 2,8% no período.

Considerados períodos de doze meses, as vendas varejistas do estado elevaram-se 10,2% em maio, comparativamente a igual período de 2009, com ênfase nas expansões assinaladas nos segmentos móveis e eletrodomésticos, 17,9%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, 16,4%. Incorporados os aumentos das vendas de veículos, motos, partes e peças, 15,3%, e de material de

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Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

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Mai

Fonte: IBGE

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 2.6 – Comércio varejista – BahiaDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 2.8 – Comércio varejista – Bahia

Geral e setores selecionadosVariação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 7,0 2,2 1,2 10,2

Combustíveis e lubrificantes 1,2 0,9 3,5 2,9

Hiper e supermercados 8,5 2,9 -0,5 9,8

Tecidos, vestuário e calçados 2,2 1,4 -0,3 7,0

Móveis e eletrodomésticos 5,6 3,9 5,5 17,9

Livros, jornais, revistas e papelaria 15,8 11,9 -18,4 9,7

Comércio ampliado 7,3 2,7 2,8 11,5

Automóveis e motocicletas 10,0 0,7 4,2 15,3

Material de construção -3,2 5,0 11,0 8,2

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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construção, 8,2%, o comércio varejista ampliado cresceu 11,5% no período.

O Índice de Confiança do Consumidor de Salvador, divulgado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado da Bahia, alcançou 132,5 pontos em maio, 4,4 p.p. superior ao registrado em fevereiro, sinalizando perspectivas positivas para a evolução da atividade varejista.

A produção da indústria baiana cresceu 0,7% no trimestre finalizado em maio, relativamente ao encerrado em fevereiro, quando aumentara 2,4%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE, refletindo a expansão de 7,1% na indústria extrativa e 0,7% na indústria de transformação. Contribuíram para o desempenho do setor, os aumentos nas atividades relativas a celulose e papel, alimentos e bebidas, e refino de petróleo e álcool, segmentos que conjuntamente participam com cerca de 50% da produção industrial, além do incremento na produção de veículos, no período, com peso menor na estrutura fabril do estado, 1,8%.

Considerados períodos de doze meses, a produção da indústria baiana cresceu 6,7% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, evidenciando a recuperação da atividade após o período crítico da crise financeira internacional. Foram observadas contribuições positivas em seis dos oito segmentos pesquisados, com ênfase nos segmentos refino de petróleo e produção de álcool, 13%, e minerais não metálicos 12,3%.

O Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (Iceb), divulgado pela SEI, alcançou 288 pontos em maio, ante 252,5 pontos em abril, indicando a ampliação da percepção positiva relacionada à evolução da economia do estado. Esse comportamento refletiu o aumento do indicador associado às expectativas no setor industrial e de serviços, enquanto o indicador de confiança para a agropecuária recuou 36,4%, continuando, contudo, na zona de otimismo.

O saldo das operações de crédito realizadas no estado, com valor superior a R$5 mil, totalizou R$45,3 bilhões em maio, registrando crescimento de 7,9% no trimestre. Os empréstimos pactuados no segmento de pessoas físicas somaram R$19,6 bilhões, elevando-se 6,7% no trimestre, enquanto os contratados por pessoas jurídicas alcançaram R$25,7 bilhões, aumentando 8,9% no trimestre. A taxa de inadimplência dos empréstimos do sistema financeiro atingiu 3,8% em maio, com recuo de 0,48 p.p., em relação a fevereiro. A evolução do indicador, no período,

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Fev 2008

Mai Ago 2008

Nov Fev 2009

Mai Ago 2009

Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.8 – Evolução do saldo das operações de crédito – Bahia1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 2.9 – Produção industrial – Bahia

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010 Acumulado

Fev2/ Mai2/ em 12 meses

Indústria geral 100,0 2,4 0,7 6,7

Indústria extrativa 5,3 1,1 7,1 1,4

Indústria de transformação 95,1 2,6 0,7 7,0

Produtos químicos 32,6 3,6 -9,1 10,3

Ref. petróleo e prod. álcool 19,4 2,5 6,0 13,0

Alimentos e bebidas 15,2 3,9 7,6 2,4

Celulose e papel 12,5 -6,4 9,3 -0,9

Metalurgia básica 7,8 8,1 -8,8 0,5

Borracha e plástico 3,1 9,7 -1,9 -3,1

Minerais não metálicos 2,8 3,1 1,8 12,3

Veículos automotores 1,8 -11,3 28,0 8,2

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na Indústria Geral, conforme a PIM-PF/IBGE

referente ao último mês disponível.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

130,59106,76

105

110

115

120

125

130

135

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Brasil Bahia

Gráfico 2.7 – Produção industrialDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2002 = 100

Fonte: IBGE

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traduziu a retração, de 6,7% para 6,1%, nos atrasos relativos ao segmento de pessoas físicas e o recuo, de 2,4% para 2%, nos associados às operações com pessoas jurídicas.

A safra de grãos no estado deverá totalizar 6,7 milhões de toneladas em 2010, segundo o LSPA do IBGE de junho, ampliando-se 8,7% em relação a 2009 e correspondendo a 54% da produção da região. A estimativa para a produção de soja alcança 3,1 milhões de toneladas e para a de algodão herbáceo, 1 milhão de toneladas, crescimentos de 28,2% e 5,5%, respectivamente, enquanto as relativas a milho e feijão deverão registrar recuos, de 10,3% e 1,2%, na ordem.

A balança comercial da Bahia assinalou superávit de US$902 milhões nos seis primeiros meses do ano, 1,5% superior ao registrado em igual período de 2009, com expansão de 55,2% na corrente de comércio. As exportações totalizaram US$4,1 bilhões e as importações, US$3,2 bilhões, correspondendo, na ordem, a aumentos de 46,8% e 67,5%.

A evolução das vendas externas traduziu os aumentos de 30,2% nos preços, e de 12,8% no quantum exportado. Os embarques de produtos industrializados, que representaram 83,9% da pauta exportadora, aumentaram 53,5%, refletindo as elevações nas exportações de manufaturados, 81,3%, especialmente, óleos combustíveis e produtos químicos/petroquímicos; e de semimanufaturados, 19,7%, com ênfase nas elevações de pasta química de madeira e derivados do cacau. As exportações de produtos básicos cresceram 19,4%, com destaque para as expansões nas vendas de frutas e fumo. Os Estados Unidos, principal parceiro comercial no período, absorveram 17,4% das exportações do estado aumentando sua participação em 3,8 p.p., enquanto a China recuou 2,1p.p. Esses dois países e a Argentina absorveram, em conjunto, 43% das exportações da Bahia.

A elevação das importações traduziu altas de 19,3% nos preços e de 40,4% no quantum, e refletiu maiores compras em todas as categorias de uso, com ênfase em combustíveis e lubrificantes, 171,3%, e bens de capital, 73,8%, impulsionadas, especialmente, pelo aumento nos desembarques de máquinas para a indústria de alimentos e bebidas e veículos de carga. As aquisições de bens intermediários, que responderam por 62,1% das importações no período, elevaram-se 68,4%, refletindo os aumentos nas compras de nafta e minério de cobre. As importações de bens de consumo cresceram 36,6%, impactadas, sobretudo, pela elevação nas compras de aparelhos de vídeo, reprodução e gravação de som e nas de automóveis

Tabela 2.11 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Bahia Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 2 823 4 144 46,8 27,5

Básicos 560 668 19,4 31,6

Industrializados 2 264 3 475 53,5 23,9

Semimanufaturados 1 021 1 223 19,7 40,0

Manufaturados1/ 1 243 2 253 81,3 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 2.12 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Bahia Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 1 935 3 242 67,5 45,1

Bens de capital 365 635 73,8 27,2

Bens intermediários 1 195 2 012 68,4 46,9

Bens de consumo 313 428 36,6 50,4

Duráveis 285 394 38,1 70,6

Não duráveis 28 33 20,7 29,9

Combustíveis 62 167 171,3 34,7

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 2.10 – Produção agrícola – Bahia

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos 43,3 6 123 6 655 8,7

Soja 18,5 2 426 3 111 28,2

Algodão herbáceo 11,6 962 1015 5,5

Milho 7,1 2 158 1 936 -10,3

Feijão 6,1 342 338 -1,2

Outras lavouras

Banana 6,9 1 426 1 426 -0,0

Café 5,7 177 179 1,5

Mandioca 5,6 1 426 1 426 -0,0 Cacau 5,3 143 138 -3,6

Cana-de-açúcar 4,5 5 263 5 860 11,3

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

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de passageiros. A Argélia, Argentina e Chile constituíram-se nos principais mercados de origem das importações do estado, representando, em conjunto, 46,8% do total.

De acordo com o Caged/MTE, foram criados 37,1 mil empregos formais na Bahia, no trimestre finalizado em maio, ante 16,3 mil naquele encerrado em fevereiro. A agropecuária e a construção civil responderam pela geração líquida de 52,8% dos postos de trabalho no período. Adicionalmente, a indústria de transformação contratou 8,2 mil novos empregados, destacando-se o sub-setor de produtos alimentícios e bebidas, 3,1 mil. O nível do emprego formal aumentou 1,9% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando crescera 2,4%, no mesmo tipo de comparação, ressaltando-se a elevação de 4,5% observada na construção civil, considerados dados dessazonalizados.

A taxa média de desemprego da Região Metropolitana de Salvador (RMS) atingiu 11,5% no trimestre finalizado em maio – a maior taxa entre as regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa -, ante 12,1% em igual período de 2009, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. A redução do desemprego refletiu a elevação de 5,5% na população ocupada ante a alta de 4,8% na População Economicamente Ativa (PEA). O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores aumentou 2,8% no período. Considerados dados dessazonalizados, a taxa de desemprego da RMS decresceu 0,5 p.p. em relação à registrada no trimestre encerrado em fevereiro.

A inflação da RMS, medida pelo IPCA, atingiu 1,43% no trimestre encerrado em junho, ante 2,49% naquele finalizado em março, refletindo tanto a redução na variação dos preços livres, de 2,49% para 1,53%, como dos preços monitorados, de 2,48% para 1,17%. O arrefecimento nesse grupo decorreu dos recuos nos preços do álcool combustível e da gasolina, cujo efeito sobrepôs-se ao da alta nas tarifas de energia elétrica residencial e da taxa de água e esgoto.

A evolução dos preços livres traduziu a desaceleração, de 4,32% para 1,47%, assinalada na variação dos preços dos bens não comercializáveis, influenciados, particularmente, pelas reduções nos preços do tomate, da batata-inglesa e do camarão. Os preços dos itens comercializáveis avançaram de 0,90%, para 1,59%, com ênfase nos aumentos relacionados aos itens leite pasteurizado, camisa/camiseta masculina e antibiótico.

Considerado o período de doze meses, o IPCA aumentou de 5,09% em março para 5,22% em junho,

Tabela 2.13 – Evolução do emprego formal – Bahia

Novos postos de trabalho

Discriminação 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 17,5 27,0 31,4 16,3 37,1

Indústria de transformação 1,5 3,8 4,5 2,7 8,2

Comércio 1,5 4,0 10,0 3,9 1,5

Serviços 5,6 8,4 12,3 6,3 7,3

Construção civil 5,0 8,6 10,0 5,3 9,6

Agropecuária 3,7 1,8 -6,3 -2,1 10,0

Serviço industrial de utililidade pública 0,4 0,0 0,0 -0,0 0,1

Outros2/ -0,2 0,3 0,7 0,3 0,5

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

10

11

12

13

14

15

16

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: IBGE

2006 2007 2008

2009 2010

Gráfico 2.9 – Taxa de desemprego aberto – RMS%

Tabela 2.14 – IPCA – SalvadorVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,58 0,63 2,49 1,43

Livres 73,6 0,53 0,73 2,49 1,53

Comercializáveis 38,8 0,34 0,89 0,90 1,59

Não comercializáveis 34,8 0,75 0,56 4,32 1,47

Monitorados 26,4 0,73 0,36 2,48 1,17

Principais itens

Alimentação 25,0 -0,33 1,31 3,11 1,36

Habitação 10,7 2,00 0,23 0,59 3,05

Artigos de residência 3,8 1,20 0,19 0,99 0,05

Vestuário 8,3 1,98 1,44 1,74 3,14

Transportes 18,2 0,45 0,09 3,33 -0,17

Saúde 12,6 0,34 1,27 0,80 2,51

Despesas pessoais 9,4 1,55 -1,09 2,60 2,36

Educação 6,9 -0,13 0,06 8,03 0,21

Comunicação 5,2 -0,39 1,70 -0,30 0,04

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

2009 2010

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comportamento decorrente da aceleração dos preços livres, de 4,96% para 5,37%, cujo impacto sobrepôs-se ao da menor variação nos itens monitorados, de 5,45% para 4,81%.

A evolução dos principais indicadores econômicos do estado sugere a continuidade do crescimento da atividade econômica, cenário sustentado pelo dinamismo da demanda interna, associado à expansão do crédito e ao aumento do emprego. As estimativas da produção agrícola indicam a obtenção de safra recorde de grãos em 2010. Além disso, mantêm-se os impactos positivos do Programa Minha Casa Minha Vida sobre a construção civil e os efeitos dos programas assistenciais do governo federal. Ressalte-se, entretanto, que a plena consolidação da recuperação da indústria está condicionada ao desempenho da atividade econômica mundial, na medida em que parcela significativa dos bens produzidos pelo estado destina-se ao mercado externo.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 27

Ceará

A economia cearense registrou expansão de 3,7% no primeiro trimestre do ano, relativamente ao trimestre anterior, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), dessazonalizados, confirmando a consolidação da recuperação econômica sinalizada pelo IBCR-CE. O desempenho prosseguiu favorável, considerado o trimestre encerrado em maio deste ano, conforme evidenciado pela expansão, na margem, dos indicadores da produção industrial, das vendas do comércio, do emprego formal e do volume de crédito. Nesse cenário, o IBCR-CE, após ajuste sazonal, aumentou 3,6% no período, em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, quando crescera 4,6%, na mesma base de comparação. A evolução da inflação em Fortaleza diferiu da observada para a média do País, não evidenciando o arrefecimento da elevação dos preços no segundo trimestre do ano, comportamento explicado, em parte, pela evolução dos preços dos bens comercializáveis e pela concentração de reajustes de preços monitorados no período.

A atividade varejista do estado cresceu 4,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando se elevara 5,6% no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Registraram-se, no período, aumentos em todos os segmentos considerados na pesquisa, com destaque para os referentes a livros, jornais, revistas e papelaria, 17,5%, e móveis e eletrodomésticos, 6,2%. Incorporados o crescimento de 11,2% assinalado nas vendas de veículos, motos, partes e peças e o recuo de 1,2% em materiais de construção, o comércio ampliado cearense apresentou elevação trimestral de 7,6%.

Considerados períodos de doze meses, as vendas varejistas do estado cresceram 12,3% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, com ênfase no aumento observado nos segmentos hipermercados e supermercados, 18%, e móveis e eletrodomésticos, 16,4%. A expansão no comércio ampliado, refletindo as variações observadas nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 24,4%, e de materiais de construção, 2,9%, atingiu 15,5% no período.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), decresceu 2,6% no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, quando havia aumentado 1,1% no mesmo tipo de comparação. O movimento trimestral

115

120

125

130

135

140

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 2.10 – Índice de Atividade Econômica Regional – Ceará (IBCR-CE)Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

140

160

180

200

220

240

260

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliadoFonte: IBGE

Gráfico 2.11 – Comércio varejista – CearáDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 2.15 – Comércio varejista – Ceará

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 9,5 5,6 4,5 12,3

Combustíveis e lubrificantes 10,0 3,0 4,2 5,1

Hiper e supermercados 14,4 5,0 3,8 18,0

Móveis e eletrodomésticos 9,8 9,0 6,2 16,4

Tecidos, vestuário e calçados -0,3 3,9 2,6 2,9

Comércio ampliado 10,2 3,3 7,6 15,5

Automóveis e motocicletas 14,7 1,6 11,2 24,4

Material de construção -4,6 9,7 -1,2 2,9

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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refletiu as quedas assinaladas nos componentes relativos à situação presente, 0,8%, e às expectativas futuras para os próximos doze meses, 3,7%, atribuído, em parte, ao maior comprometimento da renda do consumidor com compras efetuadas no primeiro trimestre do ano, impulsionadas pelos estímulos decorrentes da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Apesar do recuo no período, o índice ainda permanece em patamar relativamente elevado, situando-se 5,2% acima do observado no segundo trimestre de 2009.

A produção industrial cearense cresceu 4,8% no período de doze meses finalizado em maio, em comparação ao correspondente de 2009, de acordo com dados da PIM-PF do IBGE. Registraram-se expansões em oito dos dez segmentos abrangidos pela pesquisa, com destaque para os crescimentos na produção de calçados, 17%, e têxtil, 11,2%, setores de maior peso na estrutura industrial local, além de produtos químicos, 18,9%, e de metal, 29,6%. Na margem, a produção industrial do estado aumentou 1,9% no trimestre encerrado em maio, desempenho associado à expansão da atividade de refino de petróleo e álcool, 14,6%, e de produtos de metal, 19%.

O maior dinamismo do setor industrial do estado também se refletiu nos dados do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que apontam elevação de 20% no faturamento real da indústria de transformação nos doze meses encerrados em maio, em relação ao mesmo período do ano anterior. Na mesma base de comparação, a remuneração real cresceu 15%, seguindo-se os aumentos registrados em horas trabalhadas, 11,7%, e pessoal empregado, 11,4%. O nível médio de utilização da capacidade instalada atingiu 87,8% no período de doze meses finalizado em maio, ante 86% em fevereiro e 83,4% em igual período do ano anterior.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil totalizou R$22,4 bilhões em maio, elevando-se 6,9% no trimestre e 28,6% nos últimos doze meses. Esses resultados refletiram expansões respectivas de 6% e 26,7% nos financiamentos para pessoas jurídicas, e de 8% e 31,1% nos relativos às pessoas físicas, nos períodos considerados. As variações no trimestre decorreram, principalmente, dos crescimentos nos empréstimos nas modalidades de capital de giro, outros financiamentos e financiamento de veículos, responsáveis por 78,6% do volume de empréstimos a pessoas jurídicas; e das ampliações no crédito consignado e financiamento para aquisição de veículo para o segmento

105

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115

120

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130

135

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Brasil Ceará

Gráfico 2.12 – Produção industrialDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 2.16 – Produção industrial – Ceará

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 7,5 1,9 4,8

Alimentação e bebidas 32,3 11,7 6,6 -7,7

Têxtil 21,9 -4,1 -5,9 11,2

Calçados e art. de couro 15,9 11,3 -7,7 17,0

Química 8,2 7,2 7,5 21,0

Refino de petróleo e álcool 5,8 1,2 14,6 -9,5

Vestuário e acessórios 5,5 6,4 2,7 -3,7

Minerais não metálicos 4,4 0,0 8,4 11,7

Produtos de metal 1,6 13,5 19,0 30,0

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

5

15

25

35

45

55

Mai 2008

Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.13 – Evolução do saldo das operações de crédito – Ceará1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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de pessoas físicas. A taxa de inadimplência atingiu 3,6% em maio, mantendo-se estável em relação ao observado em fevereiro.

A safra de grãos do Ceará deverá totalizar 391 milhões de toneladas em 2010, de acordo com o LSPA de junho do IBGE, recuando 49,6% em relação à safra anterior. Esse resultado reflete, fundamentalmente, o efeito da estiagem, provocando quedas significativas na produção das três principais culturas do estado: milho, 61,2%, que responde por 53% da produção de grãos do Ceará neste primeiro semestre; arroz, 27,8%; e feijão, 23,1%. Em relação às outras lavouras, estimam-se expansões de 47,4% para a colheita de castanha-de-caju, que liderou em valores nominais a lista das exportações cearenses nos primeiros seis meses do ano, e de 43% para a produção de mandioca.

De acordo com estatísticas do MDIC, a balança comercial do Ceará apresentou déficit de US$176 milhões nos seis primeiros meses do ano, ante US$108 milhões em igual período de 2009, registrando-se expansões de 28% nas importações e de 20,5% nas exportações, que totalizaram, na ordem, US$771,3 milhões e US$595,3 milhões.

O desempenho das exportações refletiu elevações de 11,4% nos preços, e de 8,1% no quantum exportado. Os embarques de produtos básicos cresceram 12,5% no semestre, com ênfase nos aumentos relativos à castanha-de-caju e a melões frescos. As exportações de bens semimanufaturados aumentaram 55,3%, estimuladas pelas expansões nas vendas de couros e peles e de ceras vegetais, enquanto as relativas a manufaturados cresceram 15,7%, com destaque para os acréscimos nos embarques de calçados e componentes e de tecidos de algodão. Considerados os principais países de destino, as vendas direcionadas aos EUA, ao Reino Unido, à Argentina, à Itália e à Holanda representaram, em conjunto, 57% dos embarques do estado.

A evolução das importações traduziu o aumento de 32,4% nas quantidades importadas, significativamente superior ao declínio de 3,3% nos preços. Consideradas por categorias de uso final, as aquisições de combustíveis cresceram 95,5% no semestre, impulsionadas pelas compras de gás natural liquefeito, que têm crescido desde o início das operações do terminal de regaseificação do porto de Pecém, em 2009, e as relativas a bens intermediários, 72,8%, influenciadas pelos aumentos nas compras de trigo. Em direção contrária, os desembarques de bens de capital, impactados pelas reduções nas compras de maquinaria industrial e de outros equipamentos fixos, decresceram

Tabela 2.17 – Produção agrícola – Ceará

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Var. %

2009 2010 2010/2009

Produção de grãos 776 391 -49,6

Feijão 0,19 130 100 -23,1

Milho 0,18 534 207 -61,2

Arroz (em casca) 0,03 93 67 -27,8

Outras lavouras selecionadas

Banana 0,09 430 414 -3,6

Mandioca 0,07 686 981 43,0

Abacaxi (mil frutos) 0,06 18 9 -50,0

Castanha de caju 0,05 104 154 47,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 2.18 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Ceará Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 494 595 20,5 27,5

Básicos 140 157 12,5 31,6

Industrializados1/ 354 438 23,6 24,5

Semimanufaturados 71 111 55,3 40,0

Manufaturados1/ 283 327 15,7 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 2.19 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Ceará Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 603 771 28,0 45,1

Bens de consumo 53 42 -19,3 50,6

Duráveis 23 20 -10,2 70,9

Não duráveis 30 22 -26,3 29,9

Bens intermediários 345 597 72,8 47,0

Bens de capital 196 115 -41,4 27,1

Combustíveis e lubrificantes 9 18 95,5 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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30 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

41,4% no período. As compras referentes a bens de consumo duráveis registraram declínio de 10,2%, evidenciando decréscimos nas importações de objetos de uso pessoal e de máquinas e aparelhos de uso doméstico. As compras de bens de consumo não duráveis recuaram 26,3%, com ênfase na redução nas aquisições de vestuário e outras confecções têxteis. As importações provenientes da China, EUA, Argentina, Alemanha e Rússia responderam por 56,5% do total das compras do estado no semestre.

A economia cearense registrou 20,3 mil novos postos de trabalho, no trimestre finalizado em maio, ante 6,8 mil em igual período do ano anterior, de acordo com dados do Caged/MTE. O aumento na geração de empregos refletiu, em especial, as contratações assinaladas nas atividades construção civil, 5 mil, e serviços, 9,4 mil, responsáveis, em conjunto, pela geração de 4 mil vagas no trimestre encerrado em maio de 2009. Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego formal no Ceará cresceu 2,7% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, resultado de aumento no emprego em seis das oito atividades pesquisadas, ressaltando-se o crescimento de 9% verificado na construção civil.

O IPCA na região metropolitana de Fortaleza aumentou 1,82% no trimestre encerrado em junho, ante 1,10% no finalizado em março, refletindo a desaceleração dos preços livres, de 1,94% para 1,65%, e aceleração dos monitorados, -0,95% para 2,25%. O comportamento desse grupo repercutiu os impactos dos reajustes nos itens gasolina, energia elétrica residencial e produtos farmacêuticos, parcialmente atenuados pela retração nos preços das passagens aéreas.

A aceleração dos preços livres no período, diferindo do comportamento do índice em âmbito nacional, refletiu o maior crescimento dos preços dos itens comercializáveis, de 0,67% para 1,40%, influenciado pelas elevações nos preços de leite e derivados, eletrodomésticos e equipamentos, carnes e vestuário. A desaceleração observada nos preços dos itens não comercializáveis foi favorecida pela redução em alimentos in natura e pela menor disseminação de reajustes de preços nos seus componentes. A despeito do comportamento desse grupo, o índice de difusão do IPCA na região cresceu 3,13 p.p. no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março.

A evolução recente dos indicadores de atividade e as perspectivas em relação ao desempenho da economia cearense sugerem que o estado deverá seguir apresentando resultados

Tabela 2.20 – Evolução do emprego formal – Ceará

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 6,8 29,1 36,3 3,1 20,3

Extrativa 0,0 0,0 0,2 0,0 0,1

Ind. de transformação 4,5 10,9 11,4 -0,5 3,8

Serv. ind. de util. pública -0,1 0,1 0,0 0,0 -0,1

Construção civil -0,3 5,5 5,2 4,0 5,0

Comércio 0,7 3,1 7,8 2,9 2,9

Serviços 4,2 5,3 9,1 1,2 9,4

Agropecuária -2,0 3,2 2,6 -4,5 -0,7

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

Tabela 2.21 – IPCA – FortalezaVariação %

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

Ano I Tri II Tri 12 meses

IPCA 100,0 4,43 1,10 1,82 5,22

Livres 71,2 4,04 1,94 1,65 6,07

Comercializáveis 38,1 2,30 0,67 1,40 3,85

Não comercializáveis 33,1 6,10 3,43 1,92 8,66

Monitorados 28,8 5,44 -0,95 2,25 3,16

Principais itens

Alimentação 25,1 2,82 2,45 1,20 5,28

Habitação 14,0 6,04 1,09 2,38 5,40

Artigos de residência 3,6 3,09 1,08 1,53 3,50

Vestuário 7,7 9,84 0,68 3,06 11,51

Transportes 16,5 2,67 -1,85 2,45 3,12

Saúde 12,2 4,08 0,14 2,21 3,36

Despesas pessoais 8,7 9,24 1,25 1,76 6,23

Educação 6,7 5,88 6,10 1,04 10,11

Comunicação 5,5 -0,82 0,30 0,09 0,24

Fonte: IBGE

1/ Referentes a setembro de 2009.

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positivos em 2010. O mercado interno, impulsionado pelo setor serviços – com ênfase nos segmentos relacionados ao turismo e ao comércio varejista-, a manutenção dos programas sociais e a expansão dos investimentos públicos e privados, sobretudo de infraestrutura, permanece desempenhando papel essencial no crescimento da economia do estado. Ressalte-se que esse dinamismo favorece, ainda, a distribuição de renda, por meio da absorção e qualificação de mão-de-obra. Não obstante esse cenário, as estimativas para a atividade agropecuária, setor com menor participação na composição do PIB do estado, apontam redução da safra em decorrência de adversidades meteorológicas.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 33

Pernambuco

O PIB de Pernambuco cresceu 1,6% no primeiro trimestre de 2010, relativamente ao último trimestre do ano anterior, segundo dados dessazonalizados da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem), evidenciando para a economia estadual desempenho inferior ao registrado para o PIB em âmbito nacional, no mesmo período, 2,7%. Cabe observar que os níveis de atividade no estado, sob os efeitos da crise financeira mundial, se retraíram com menor intensidade que os observados para a média do País, induzindo expansões menores na fase de recuperação. Dentre os setores, a agropecuária pernambucana apresentou retração de 4,7% no primeiro trimestre do ano, principalmente em função da redução da produção de grãos; a indústria avançou 4,1%, impulsionada, em especial, pela construção civil e pela indústria química; e os serviços cresceram 1,3%, sobretudo devido às atividades de comércio e de transportes. O maior dinamismo da economia estadual manteve-se nos meses posteriores, conforme evidenciou a expansão de 3,4% no IBCR-PE no trimestre encerrado em maio, relativamente àquele findo em fevereiro, após ajuste sazonal dos dados.

De acordo com a PMC do IBGE, as vendas do comércio varejista acumuladas em doze meses até maio evoluíram 9,4%, superando a alta de 7% observada em fevereiro, na mesma base de comparação. O incremento reflete aumento nas vendas de todos os segmentos pesquisados, em particular de 9,6% em hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; 9,6% em combustíveis e lubrificantes; e 8,7% em tecidos, vestuário e calçados. No conceito ampliado, a expansão nas vendas mostrou-se ainda mais elevada, 12,1%, em função dos crescimentos de 18,7% e 6,9% nos segmentos de veículos e motocicletas e de material de construção.

A evolução das vendas varejistas na margem evidenciou, após ajuste sazonal dos dados, crescimento de 2,8% no trimestre encerrado em maio em relação ao trimestre encerrado em fevereiro – quando a expansão alcançara 3,9% -, com ênfase na expansão dos segmentos tecidos, vestuário e calçados, 4,9%, e de combustíveis e lubrificantes, 5%. O comércio ampliado mostrou alta de 3,4% no mesmo período, com elevações de 9,1% nas vendas de material de construção e de 2,7% nas de veículos e motocicletas.

A produção industrial pernambucana cresceu 9,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao anterior, quando aumentara 2,1%, considerados dados

Tabela 2.22 – Comércio varejista – Pernambuco

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Nov1/ Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 3,1 3,9 2,8 9,4

Combustíveis e lubrificantes 4,0 -0,1 5,0 9,6

Hiper e supermercados 2,8 3,8 0,8 9,6

Tecidos, vestuário e calçados 4,3 3,5 4,9 8,7

Móveis e eletrodomésticos 1,3 9,8 3,6 5,5

Comércio ampliado 3,9 2,6 3,4 12,1

Automóveis e motocicletas 6,3 -0,7 2,7 18,7

Material de construção 5,7 0,6 9,1 6,9

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

105

110

115

120

125

130

135

140

145

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Gráfico 2.14 – Índice de Atividade Econômica Regional – Pernambuco (IBCR-PE)Dados dessazonalizados2002 = 100

100

106

112

118

124

130

136

1

Brasil

Sul

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados

Comércio Varejista – Sul

130

140

150

160

170

180

190

200

210

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliado

Fonte: IBGE

Gráfico 2.15 – Comércio varejista – PernambucoDados dessazonalizados2003 = 100

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dessazonalizados da PIM-PF do IBGE. A evolução do indicador traduziu, principalmente, a expansão na produção de alimentos e bebidas, 14,8%, impulsionada, em parte, pela valorização, em cerca de 50%, no preço do açúcar no mercado internacional. O maior dinamismo na fabricação de alimentos e bebidas é evidenciado, ainda, pelo aumento de 11,2% nas horas trabalhadas do setor, de acordo com os dados da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). Dentre as demais atividades industriais com expansão no período, destacaram-se as de produção de minerais não-metálicos e borracha e plástico, com aumentos de 10,4% e 14,8%, respectivamente.

Considerados períodos de 12 meses, a produção industrial cresceu 7,8% em maio, superando os 4,5% observados nacionalmente. Os segmentos de metalurgia básica, químico e de borracha e plástico avançaram 16,8%, 14,4% e 11,6%, respectivamente, com impactos parcialmente atenuados pelo recuo de 1,4% na produção de produtos de metal.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil reais realizadas em Pernambuco atingiu R$38,6 bilhões em maio, elevando-se 6,1% no trimestre e 81,8% em doze meses. A expansão trimestral foi determinada pelos aumentos de 7,1% no segmento de pessoas físicas, condicionada pelo crescimento das operações de crédito pessoal e financiamentos imobiliários, e de 5,7% no segmento de pessoas jurídicas, como decorrência dos aumentos nos saldos das operações direcionadas aos serviços públicos (exceto saúde e educação) e à indústria de máquinas e equipamentos.

A inadimplência nessas operações atingiu 2,9% em maio, retraindo-se 0,4 p.p. no trimestre, com identicos níveis de retração, os segmentos de pessoa física e pessoa jurídica alcançaram taxas de 5,7% e 1,6%.

As perspectivas para o desempenho agrícola no estado, neste ano, mostram-se favoráveis, segundo o LSPA de junho, que estima expansão de 7,9% para a produção de cana-de-açúcar – principal produto agrícola do estado-,em função da elevação de 7,6% na área plantada, impulsionada pelo aumento de 68% no preço pago aos produtores, entre as duas últimas safras, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). As produções de banana e de uva tiveram crescimento projetado de 6,1% e 24,1%, também em decorrência de expansão da área plantada, de 21,1% e 29,7%. Para a produção anual de grãos o levantamento prevê redução de 29% na produção anual de grãos, relativamente à safra

Tabela 2.23 – Produção industrial – Pernambuco

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Acum.

12 meses

Indústria geral 100,0 2,1 9,1 7,8

Alimentação e bebidas 41,7 -5,3 14,8 6,3

Metalurgia básica 13,9 5,9 2,5 16,8

Química 13,1 14,5 1,8 14,4

Minerais não metálicos 7,2 2,0 10,4 11,3

Produtos de metal 6,5 0,5 0,0 -1,4

Borracha e plástico 4,5 5,1 14,8 11,6

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

Jan 2004Fev 2004Mar 2004Abr 2004MaiJunJul 2004AgoSet

100

105

110

115

120

125

130

135

140

145

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Brasil PernambucoFonte: IBGE

Gráfico 2.16 – Produção industrial Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

10

30

50

70

90

110

130

Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.17 – Evolução do saldo das operações de crédito – Pernambuco1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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anterior, como consequência das quedas de 16,3% e 38% nas produções de feijão e milho, respectivamente, que refletem reduções na área plantada e colhida estimadas, na ordem, em 9% e 27,5% para o feijão, e 7,4% e 25,7% para o milho. Os preços pagos aos agricultores desses dois produtos recuaram, respectivamente, 11% e 17%, no primeiro trimestre de 2010, em relação ao mesmo trimestre de 2009.

A balança comercial do estado apresentou déficit de US$799,7 milhões no primeiro semestre do ano, ante US$401,3 milhões no mesmo período do ano anterior, de acordo com as estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, refletindo elevações de 72,2% e de 42,3% nas importações e nas exportações, que totalizaram US$1.317,7 milhões e US$518 milhões, na ordem. Assinale-se que essas cifras, recordes para o estado, elevaram a corrente de comércio em 62,6%, relativamente à observada nos doze meses anteriores.

O crescimento no valor exportado no período, refletiu aumentos de 38,7% nos preços e de 2,6% no quantum, com elevações nos embarques em todas as categorias de fator agregado. Os semimanufaturados cresceram 131,9%, destacando-se as altas em açúcar de cana em bruto e em borracha sintética. Os produtos básicos aumentaram 35,5%, com ênfase nos embarques de frutas. Os manufaturados avançaram 15,2%, ressaltando-se os aumentos em resina politereftalato de etileno (PET), parcialmente compensados pela retração no álcool. Os principais destinos dos produtos pernambucanos ao exterior foram Rússia, com participação de 17%, Argentina, 11,3%, Venezuela, 7,8%, e Estados Unidos, 6,5%.

A alta no valor importado nos últimos doze meses correspondeu a aumentos de 5,2% nos preços e de 63,7% no quantum. Todas as categorias de uso registraram expansão, em especial combustíveis e lubrificantes, com alta de 159,7%. As compras de motocicletas e automóveis contribuíram para que o segmento de bens duráveis se expandisse 107,7%. Os bens de capital aumentaram 74,9%, condicionados, sobretudo, pela expansão em maquinaria industrial. Os bens intermediários cresceram 60,4%, refletindo o comportamento dos insumos químicos destinados à produção de resina PET. Os principais países de origem, consideradas as participações na pauta, foram os EUA, 16,3%; Argentina, 15,5%; México, 11,8% e China, 11,7%.

O mercado de trabalho pernambucano registrou a eliminação de 3,8 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio, de acordo com dados do Caged/MTE,

Tabela 2.24 – Produção agrícola – Pernambuco

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2009/2008

Grãos

Feijão 8,0 130 109 -16,3

Milho 3,0 193 120 -38,0

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 34,3 19445 20980 7,9

Uva 10,9 159 168 6,1

Banana 6,2 437 542 24,1

Tomate 4,9 157 157 -0,3

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 2.25 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Pernambuco Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 364 518 42,3 27,5

Básicos 17 24 35,5 31,6

Industrializados 347 494 42,7 23,9

Semimanufaturados 82 189 131,9 40,0

Manufaturados1/ 265 305 15,2 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 2.26 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Pernambuco Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 765 1318 72,2 45,1

Bens de consumo 95 148 55,8 50,4

Duráveis 28 58 107,7 70,6

Não duráveis 67 90 33,9 29,9

Bens intermediários 467 749 60,4 46,9

Bens de capital 126 221 74,9 27,2

Comb. e lubrificantes 77 200 159,7 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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desempenho associado ao padrão sazonal observado na agropecuária e na indústria, refletindo o ciclo produtivo do setor sucroalcooleiro. Ainda assim, o saldo de desligamentos no período situou-se abaixo dos 27,9 mil postos eliminados em igual trimestre do ano anterior. A melhora observada entre os dois períodos resultou tanto do maior número de contratações nos setores de comércio, serviços e construção civil, 16,3 mil, conjuntamente, em relação aos 5,2 mil em 2009, quanto à menor eliminação de empregos na indústria e na agricultura, 20,7 mil, comparativamente aos 33,4 mil no ano passado. O índice de emprego formal registrou aumento de 2% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, quando avançara 1% no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

A taxa de desemprego da Região Metropolitana do Recife (RMR) situou-se em 9,7% em maio, recuando 0,8 p.p. em relação a igual mês de 2009, segundo a PME do IBGE. O rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas aumentou 11,3%, na mesma base de comparação. Considerados dados dessazonalizados, o desemprego avançou 0,7 p.p. em maio em relação a fevereiro, traduzindo expansões de 3,2% na PEA e de 2,7% na população ocupada.

A variação do IPCA relativo à RMR atingiu 0,83% no trimestre encerrado em junho, ante 1,60% no finalizado em março. A trajetória descendente refletiu, em especial, a desaceleração, de 2,44% para 1,06%, na variação dos preços livres, decorrente de quedas de 0,54 p.p. e 2,36 p.p. nas variações dos preços comercializáveis e não-comercializáveis, respectivamente, na mesma base de comparação. A desaceleração nos preços do grupo educação no período, foi o principal determinante do arrefecimento da variação nos preços dos itens não comercializáveis. A desaceleração nos preços dos itens comercializáveis refletiu, sobretudo, o arrefecimento na alta dos custos da alimentação no domicílio, influenciada especialmente pelas quedas nos preços de açúcares e derivados, carnes, e óleos e gorduras. A variação dos preços monitorados passou de -0,49% para 0,22%, com aumentos na gasolina e nos produtos farmacêuticos, parcialmente atenuados pela redução da tarifa de energia elétrica. O índice de difusão do IPCA alcançou 60,2% no trimestre encerrado em junho, ligeiramente acima dos 58,7% naquele encerrado em março.

A inflação acumulada em doze meses na RMR atingiu 4,60%, ante 5,19% em março. A desaceleração traduziu, em especial, o comportamento dos preços monitorados, que variaram 2,31% até junho ante 3,64% até

Tabela 2.27 – Evolução do emprego formal – Pernambuco

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total -27,9 36,3 48,4 0,1 -3,8

Ind. de transformação -32,2 13,8 28,7 -4,1 -20,4

Comércio 0,9 3,2 9,5 0,1 3,0

Serviços 3,4 5,5 8,4 5,5 9,1

Construção civil 0,9 2,9 7,4 3,6 4,2

Agropecuária -1,2 9,0 -3,7 -5,3 -0,3

Serv. ind. de util. pública 0,3 1,8 -1,9 0,3 0,7

Outros2/ 0,0 0,0 0,1 0,1 -0,1

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

Tabela 2.28 – IPCA – RecifeVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,51 1,59 1,60 0,83

Livres 72,2 0,27 1,64 2,44 1,06

Comercializáveis 38,6 0,71 1,22 1,22 0,68

Não comercializáveis 33,6 -0,25 2,15 3,89 1,53

Monitorados 27,8 1,11 1,46 -0,49 0,22

Principais itens

Alimentação 26,8 -1,14 2,16 3,21 1,44

Habitação 12,6 2,19 2,03 -0,05 -1,20

Artigos de residência 4,2 2,63 0,66 0,67 -0,32

Vestuário 7,6 0,15 1,30 1,09 1,65

Transportes 15,2 0,49 1,68 0,16 1,43

Saúde 12,5 1,34 1,48 0,68 1,83

Despesas pessoais 9,2 1,53 1,42 2,12 0,61

Educação 6,2 0,50 0,15 5,70 0,05

Comunicação 5,7 -0,08 0,67 0,07 -0,24

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

7

8

9

10

11

12

13

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009 2010

Gráfico 2.18 – Taxa de desemprego aberto – Recife%

Fonte: IBGE

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março. Destaque-se a redução na tarifa de energia elétrica residencial, compensando, em parte, as altas nos preços de planos de saúde, produtos farmacêuticos e gás de botijão. Os preços livres cresceram 5,50% no período, ante 5,80% nos doze meses encerrados em março, com ênfase nos aumentos nos grupos alimentação e bebidas, destacando-se tubérculos, raízes e legumes e açúcares e derivados. Ressalte-se ainda, a elevação dos gastos com despesas pessoas, impulsionados pelos aumentos nos itens empregado doméstico e recreação.

Os indicadores conjunturais da economia pernambucana revelam crescimento acelerado tanto das atividades mais tradicionais, lideradas pelo setor sucroalcooleiro – estimulado pela restrição de oferta de açúcar no mercado internacional-, quanto da introdução de novas atividades, sobretudo investimentos, atraídos pelo próprio nível de atividade e pela logística favorável do estado. Esse ritmo de crescimento, associado a medidas governamentais como transferências no âmbito dos programas sociais e incrementos do salário mínimo, vêm promovendo benefícios significativos, evidenciados pelos aumentos nas vendas varejistas, na população ocupada e no rendimento médio.