apostila tecnico banco central

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  • 1. BANCO CENTRAL Tcnico EDITORA CENTRAL DE CONCURSOS LTDA. SEDE: Rua. Baro de Itapetininga, 163 / 6 andar CEP. 01042-909 So Paulo - SP Fone: (011) 3017-8800 - Fax: (011) 3257-0027 www.centraldeconcursos.com.br O MAIOR NDICE DE APROVAO DO BRASIL!

2. 2 Central de Concursos / Degrau Cultural INDICAO DE ESTUDOS A equipe pedaggica da Central de Concursos / Degrau Cultural apresenta o mais novo material de estudo para o concurso pblico do Banco Central, voltado para o cargo de Tcnico, que exige Ensino Mdio completo. Para um melhor aproveitamento do estudo, esta apostila apresenta teoria exemplificada e exerccios de fixao, alm de questes de provas anteriores e quadro sintico. Esperamos que este material possa ser de grande valia na conquista de sua vaga. Nesta apostila voc encontrar as seguintes matrias: - Noes de Direito Constitucional e Administrativo - Raciocnio Lgico - Interpretao de Textos - Lngua Portuguesa - Atualidades - Conhecimentos Especficos: Teorias e Normas de Segurana Bons Estudos! Os Editores Indicao de Estudos 3. Central de Concursos / Degrau Cultural 3 NDICE DIREITOCONSTITUCIONAL ............................................................................................................... 5 1. Princpios Fundamentais da Constituio do Brasil .................................................................................. 6 2. Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ...................................................................................... 12 3. Dos Direitos Sociais .......................................................................................................................... 36 4. Da Administrao Pblica .................................................................................................................. 48 5. Do Poder Legislativo.......................................................................................................................... 64 6. Do Poder Executivo ........................................................................................................................... 81 7. Do Poder Judicirio ........................................................................................................................... 91 DIREITOADMINISTRATIVO ........................................................................................................... 120 1. Ato Administrativo ...........................................................................................................................121 2. Lei n. 8.112, de 11/12/90 .................................................................................................................135 RACIOCNIOLGICO ..................................................................................................................... 153 INTERPRETAODETEXTOS ......................................................................................................... 185 LNGUAPORTUGUESA ................................................................................................................... 202 1. Fonologia ........................................................................................................................................203 2. Ortografia .......................................................................................................................................210 3. Morfologia ......................................................................................................................................220 4. Sintaxe ...........................................................................................................................................261 5. Pontuao .......................................................................................................................................303 6. Semntica ......................................................................................................................................307 Exerccios de Fixao e Aprofundamento ...............................................................................................314 Exerccios de Fixao e Aprofundamento - Gabarito ................................................................................344 ATUALIDADES ............................................................................................................................. 357 1. A Repblica Nova (1930-1945) .........................................................................................................358 2. A Repblica Liberal Populista (1945-1964) .........................................................................................363 3. O Regime Militar (1964-1985) ..........................................................................................................369 4. A Nova Repblica (Ps - 1985) .........................................................................................................375 5. Populao.......................................................................................................................................381 6. Transportes ....................................................................................................................................386 7. Energia...........................................................................................................................................391 8. Ecologia .........................................................................................................................................395 9. O Mundo aps a Segunda Guerra Mundial ........................................................................................399 10. Globalizao e Neo-Liberalismo.......................................................................................................408 11. Terrorismo e Oriente Mdio............................................................................................................418 12. O IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) e a Globalizao ............................................................423 13. Globalizao e Meio Ambiente ........................................................................................................428 14. Temas Diversos de Extrema Importncia .........................................................................................432 15. Exerccios de Fixao .....................................................................................................................446 4. 4 Central de Concursos / Degrau Cultural TEORIASENORMASDESEGURANA ............................................................................................. 468 1. Tcnicas Operacionais .....................................................................................................................469 2. Segurana Fsica e Patrimonial .........................................................................................................469 3. Preveno e Combate a Incndio ......................................................................................................470 4. Direo Defensiva e Ofensiva ...........................................................................................................472 5. Segurana de Dignitrios .................................................................................................................474 6. Primeiros Socorros ..........................................................................................................................475 7. Crimes Contra o Patrimnio..............................................................................................................476 8. Legislao Especfica .......................................................................................................................484 8.1. Lei n 10.826, de 22/12/2003 ........................................................................................................484 8.2. Lei n 11.036, de 22/12/2004 ........................................................................................................489 8.3. Lei n 7.102, de 20/06/1983 ..........................................................................................................489 9. Sisitema de Inteligncia Brasileira.....................................................................................................497 9.1. Noes de Inteligncia e Contra-Inteligncia ...................................................................................497 Decreto n 4.376, de 13/09/2002 ...................................................................................................498 5. DIREITO CONSTITUCIONAL 6. 6 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural Este Ttulo o mais simples da Constituio e seus artigos esto entre os mais requisitados nas provas de diversos concursos pblicos. Convm que voc o leia cuidadosamente e vrias vezes. 1. FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 1o - A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democr- tico de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo poltico. Pargrafo nico - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou dire- tamente, nos termos desta Constituio. Da leitura deste artigo depreende-se o seguinte: a) Forma de governo do nosso pas: Repblica Isto significa: * Representantes eleitos pelo povo. * Mandatos eletivos temporrios. * Agentes polticos passveis de responsabilizao por seus atos. * Existncia de soberania popular. * Repartio de poderes. b) Forma do Estado Brasileiro: Federao Ou seja: formado por um conjunto de Estados-mem- bros com relativa autonomia para se organizar polti- ca e juridicamente e regular os assuntos compreen- didos por suas atribuies. Existem, ento, pelo menos duas ordens jurdicas que se sobrepem: uma nacional, uniforme para todos os habitantes, e outra regional, vigorando apenas no interior de cada territrio. O conceito moderno de federao surge com a forma- o dos Estados Unidos da Amrica, quando as treze colnias se uniram em um s pas para fazer frente s metrpoles da poca, se inserindo no cenrio mundial. Cabe tambm ressaltar que confederao no uma forma de Estado, pois cada parte integrante dela pos- sui o direito de soberania (elemento de Estado). Embora a Federao por excelncia seja aquela em que convivem as ordens jurdicas da Unio e a dos Estados-membros, a Constituio Federal de 88 in- seriu os Municpios e o Distrito Federal como entes federativos. Importante, ainda, frisar que tais entes esto ligados indissoluvelmente, ou seja, no existe direito de se- cesso ou separao. Contudo, observa-se que o poder constituinte origi- nrio no tem limite, pois ele parte da vontade do povo, ou seja, o poder constituinte originrio pode, por exemplo, instituir a pena de morte em tempos de paz, como tambm criar a secesso da federao. c) A Repblica Federativa do Brasil um Estado Democrtico de Direito Estado de Direito: Todos esto submetidos lei confeccionada por re- presentantes do povo, inclusive o prprio Estado; Os poderes do Estado esto repartidos, e exercem mtuo controle entre si; Os direitos e garantias individuais so solenemente enunciados. Estado Democrtico: Fundado no princpio da soberania popular, ou seja, o povo tem participao efetiva e operante nas deci- ses do governo; Fundado na idia da defesa dos direitos sociais, ou seja, busca de superao das desigualdades sociais e regionais e realizao de justia social. Pluralidade partidria, pois em Estados de Exceo h a presena de um nico partido, o partido que institucionaliza a arbitrariedade. 1. PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIO DO BRASIL 1. Fundamentos da Repblica Federativa do Brasil 2. Tripartio dos poderes 3. Objetivos fundamentais 4. Relaes Internacionais 7. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 7 d) Com relao aos fundamentos da Repblica Fe- derativa do Brasil expressos nos incisos I, II e IV, cabem os seguintes comentrios: Soberania - segundo Miguel Reale, o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer, dentro de seu territrio a universalidade de suas decises, nos limites dos fins ticos de convivncia. Pode-se entender soberania como o direito inconteste de poder na seara interna de cada Estado. Cidadania - o status da nacionalidade brasileira acrescido dos direitos polticos, isto , do direito de participar do processo governamental, seja enquan- to candidato ao governo, seja enquanto eleitor. Con- forme ver-se- no artigo 15, so excepcionalssimas a perda e a suspenso dos direitos polticos. Valores sociais do trabalho - so todos os direitos que possibilitam que o trabalho seja realizado com dignidade, entre eles, obrigao de uma remunera- o justa e condies mnimas para o desenvolvi- mento da atividade. Livre-iniciativa - significa que as pessoas possuem inteira liberdade para possuir bens e para tentar de- senvolver empreendimentos de qualquer tipo, desde que respeitem as normas legitimamente existentes. uma caracterstica existente na economia de mer- cado, ou seja, economia capitalista. A livre-iniciativa um de seus elementos essenciais. e) Com relao ao pargrafo nico, nos termos da atual Carta, o povo exerce o poder indiretamente ao votar, de maneira direta e universal, para eleger os membros do Poder Executivo (Presidente da Rep- blica, Governador, Prefeito) e os do Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assemblia Legislativa, Cma- ra Municipal e Cmara Distrital). Por outro lado, existe tambm a possibilidade de o povo exercer diretamente o poder ao decidir sobera- namente certas matrias que lhe so propostas. Como vimos anteriormente, na atual Constituio h pelo menos trs institutos que garantem ao cidado o exerccio direto do poder: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. A presena dos mecanismos diretos e indiretos de participao popular no processo decisrio configu- ra o regime poltico de nosso pas como uma demo- cracia representativa semi-direta. 2. TRIPARTIO DOS PODERES Art 2o - So Poderes da Unio, independentes e har- mnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi- cirio. Assinala este artigo a tripartio dos poderes: a) Poder Executivo, na esfera da Unio - exerci- do pelo Chefe de Governo que, no Brasil, assim como em todos os pases presidencialistas, o Presidente da Repblica. A sua funo tpica, essencial, admi- nistrar, mas tambm pode legislar (por exemplo: ela- borao de Medidas Provisrias ou de Leis Delega- das) e julgar ( o caso dos Tribunais Administrativos, como por exemplo, o Tribunal de Impostos e Taxas). b) Poder Legislativo - exercido pelo parlamento que, no Brasil, corresponde ao Congresso Nacional, composto pelo Senado Federal e pela Cmara dos Deputados. Sua funo tpica a elaborao das leis, mas tambm administra (exemplo: possibilidade de criao ou extino de cargos, empregos e funes relacionadas aos seus servios) e julga (compete Cmara dos Deputados autorizar instaurao de pro- cesso contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica e os Ministros de Estado; compete ao Se- nado Federal processar e julgar, nos crimes de res- ponsabilidade, essas mesmas pessoas e mais: os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procura- dor-Geral da Repblica e o Advogado-Geral da Unio). c) Poder Judicirio - exercido pelos juzes desembargadores e ministros do judicirio; alm de julgar, o Judicirio pode, de forma atpica, legislar (por exemplo: elaborao de seu regimento interno) e administrar (organizao de suas secretarias e ser- vios auxiliares). 3. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS Art 3o - Constituem objetivos fundamentais da Rep- blica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidria; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- mas de discriminao. Este artigo, de contedo programtico, fixa metas a serem alcanadas em longo prazo. As enumeraes desses objetivos fundamentais fornecem diretrizes no apenas para o cidado comum, mas, sobretudo 8. 8 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural para as polticas governamentais. O candidato deve observar uma importante diferena entre o art.1 e o art.3 da Constituio, pois o art.1 define os fundamentos, isto , requisitos que j per- tencem ao pas, enquanto que o art. 3 define objeti- vos, metas, normas que devem ser cumpridas ao lon- go do tempo. Tem-se a idia de que o direito um agente transformador da sociedade para torn-la mais justa. 4. RELAES INTERNACIONAIS Art. 4o - A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelos seguintes prin- cpios: I - independncia nacional; II - prevalncia dos direitos humanos; III - autodeterminao dos povos; IV - no-interveno; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - soluo pacfica dos conflitos; VIII - repdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade; X - concesso de asilo poltico. Pargrafo nico - A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cul- tural dos povos da Amrica Latina, visando forma- o de uma comunidade latino-americana de naes. Cabem aqui algumas observaes: Diferena entre defesa da paz e soluo pacfica dos conflitos: Por defesa da paz entende-se como sendo o respeito ordem, ao status quo estabelecido, j a soluo pacfica significa o repdio guerra como meio de se evitar as mudanas. Pensemos: Hitler queria a paz, mas com ele no poder. No era ele um defensor da soluo pacfica dos conflitos. Independncia nacional: a no-submisso da Repblica Federativa do Brasil a qualquer ordenamento jurdico estrangeiro. Autodeterminao dos povos: pode ser traduzida como respeito soberania dos demais pases. No-interveno: por interveno deve-se enten- der, sobretudo a invaso armada de um pas estran- geiro, medida esta que tende a ser recusada pelo legislador constituinte. Repdio ao terrorismo: o legislador refere-se, aqui, ao terrorismo internacional, que no encontrar gua- rida no solo brasileiro (neste sentido, h, por exem- plo, a previso, em nosso ordenamento jurdico, de que o terrorista estrangeiro seja extraditado para o pas de origem). Asilo poltico: a proteo oferecida pelo Estado Brasileiro aos estrangeiros que estejam sofrendo perseguio poltica em sua terra natal ou no pas em que estiverem. O oferecimento de asilo poltico se coaduna com princpio, que vigora internamente, da livre manifestao do pensamento (art. 5o , IV, da CF). 9. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 9 QUADRO SINTICO DO CAPTULO Soberania cidadania Fundamentos dignidade da pessoa humana valores sociais do trabalho e da livre iniciativa pluralismo poltico construir uma sociedade livre, justa e solidria Objetivos garantir o desenvolvimento nacional Fundamentais erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao independncia nacional prevalncia dos direitos humanos autodeterminao dos povos Princpios no-interveno nas igualdade entre os Estados Relaes defesa da paz Internacionais soluo pacfica dos conflitos repdio ao terrorismo e ao racismo cooperao entre os povos para o progresso da humanidade concesso de asilo poltico EXERCCIOS DE FIXAO 01. Constitui objetivo fundamental da Repblica Federativa do Brasil: a) garantir o desenvolvimento nacional b) independncia nacional c) prevalncia dos direitos humanos d) autodeterminao dos povos e) no-interveno 02. Assinale a alternativa correta: a) a Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, natural e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes b) a Repblica Federativa do Brasil buscar o inter- cmbio econmico, poltico, social e racial dos po- vos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes c) a Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes d) a Repblica Federativa do Brasil buscar a interao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica do Sul, visando formao de uma comunidade sul-americana de naes e) a Repblica Federativa do Brasil buscar o inter- cmbio econmico, poltico, social, artstico e cultu- ral dos povos do continente americano, visando formao de uma comunidade de naes 03. A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelo(s) seguinte(s) princpio(s): a) erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais b) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- mas de discriminao c) no-interveno d) construir uma sociedade livre, justa e solidria e) dignidade da pessoa humana 04. So poderes da Unio, ________________ en- tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio. a) indissolveis e harmnicos b) independentes e indissolveis c) unidos e dependentes d) harmnicos e unidos e) independentes e harmnicos 05. A independncia nacional e o pluralismo pol- tico so respectivamente: a) fundamento e princpio internacional b) princpio internacional e fundamento c) princpio fundamental e objetivo d) objetivo e princpio internacional e) princpio internacional e meta 10. 10 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural 06. A cidadania : a) objeto da Repblica Federativa do Brasil b) objetivo da Repblica Federativa do Brasil c) meta da Repblica Federativa do Brasil d) fundamento da Repblica Federativa do Brasil e) princpio internacional da Repblica Federativa do Brasil 07. Erradicar a pobreza e a marginalizao e re- duzir as desigualdades sociais e regionais so: a) objetivos da Repblica Federativa do Brasil b) fundamentos da Repblica Federativa do Brasil c) postulados da Repblica Federativa do Brasil d) metas a curto prazo da Repblica Federativa do Brasil e) princpios internacionais da Repblica Federativa do Brasil 08. A Repblica Federativa do Brasil adota, como forma de Estado e forma de governo, respectiva- mente: a) Repblica e Presidencialismo b) Presidencialismo e Federao c) Democracia e Repblica d) Federao e Repblica e) Repblica e Federao 09. Qual a caracterstica fundamental do Estado Federal? a) participao dos cidados na escolha de seus re- presentantes b) participao dos Estados-membros na Cmara dos Deputados c) repartio constitucional de competncias e parti- cipao da vontade dos Estados-membros na vonta- de nacional, atravs do Senado Federal d) temporariedade dos mandatos e) responsabilidade mandatria 10. Assinale a alternativa correta: Asilo poltico : I. proteo oferecida pelo Estado ao estrangeiro que esteja a sofrer perseguio poltica no pas onde se encontra II. princpio internacional da Repblica Federativa do Brasil III. sinnimo de extradio, ou seja, devoluo do es- trangeiro terrorista ao seu pas de origem, para ser julgado pelos crimes polticos que cometeu IV. instituto no reconhecido em nosso pas a) todas esto corretas b) todas esto erradas c) apenas I e II esto corretas d) apenas III e IV esto corretas e) apenas I, II e IV esto corretas 11. (TTN-92) Constitui um dos objetivos funda- mentais da Repblica Federativa do Brasil: a) autodeterminao dos povos b) no-interveno e defesa da paz c) soluo pacfica dos conflitos d) erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais e) concesso de asilo poltico 12. (TRT/ES-90) O princpio da separao dos po- deres est inscrito na Constituio Federal, em dispositivo que afirma que: a) a Repblica Federativa do Brasil formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Dis- trito Federal b) todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituio c) so Poderes da Unio, independentes e harmni- cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio d) assegurado aos brasileiros o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou con- tra ilegalidade ou abuso de poder e) a lei no excluir da apreciao do Poder Judici- rio qualquer leso ou ameaa a direito 13. (TRT/ES-90) A Repblica Federativa do Bra- sil, em suas relaes internacionais, rege-se pe- los seguintes princpios: a) independncia nacional e combate s drogas b) prevalncia dos direitos humanos e livre manifes- tao do pensamento, admitida a censura em casos especiais c) autodeterminao dos povos e no-interveno d) repdio ao terrorismo, ao racismo e ao asilo poltico 14. (TTN/92) A federao brasileira formada pela unio: a) indissolvel dos Estados e do Distrito Federal b) voluntria dos Estados e Municpios e do Distrito Federal c) indissolvel dos Estados e Municpios d) voluntria dos Estados e do Distrito Federal e) indissolvel dos Estados e Municpios e do Distri- to Federal 15. (TRT/ES-90) A Constituio estabelece como objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: a)desenvolver a livre iniciativa e estimular o uso so- cial da propriedade b) erradicar a pobreza e a marginalizao e aumen- tar as desigualdades sociais e regionais c) garantir o desenvolvimento nacional e o sistema financeiro d) promover o bem de todos, admitido o preconceito de sexo, bem como o de idade, para certos concur- sos pblicos e) construir uma sociedade livre, justa e solidria 11. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 11 Gabarito 1. A 2. C 3. C 4. E 5. B 6. D 7. A 8. D 9. C 10. C 11. D 12. C 13. C 14. E 15. E 12. 12 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural 1.INTRODUO Iniciamos agora o estudo do Ttulo II da Constituio Federal, que se reparte da seguinte maneira: a) Dos direitos e deveres individuais e coletivos (art.5o ) b) Dos direitos sociais (arts. 6o a 11) c) Da nacionalidade (arts. 12 e 13) d) Dos direitos polticos (arts. 14 a 16) e) Dos partidos polticos (art. 17) Neste captulo estudaremos apenas o item (a). Os demais ficaro para os captulos seguintes. Os dispositivos citados tratam, todos eles, de direitos e garantias fundamentais. Direitos so as faculdades e prerrogativas que a Cons- tituio, por meio de disposies declaratrias, outor- ga s pessoas. Garantias so disposies de proteo, ou seja, me- canismos jurdicos que procuram assegurar e fazer cumprir os direitos previstos (de nada adiantaria o cons- tituinte nos conceder direitos se no nos fornecesse meios para proteg-los). 2.DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAISE COLETIVOS Com 78 incisos, o artigo 5o um dos mais importan- tes da Constituio e trouxe grandes avanos em re- lao Carta Magna anterior. Sua redao, em deter- minados momentos, traduz uma reao contra abu- sos ocorridos no perodo ditatorial. A estrutura deste artigo mais ou menos a seguinte: os primeiros trinta incisos tratam, entre outras coi- sas, de liberdades diversas, como a liberdade de pen- samento, de culto, de expresso, de locomoo, de reunio e de associao, o direito propriedade, herana, direito autoral, etc. Aps estes incisos, so apresentadas disposies diversas sobre o Poder Ju- dicirio. Segue-se, ento, uma longa parte destinada ao Direito Penal (cerca de 30 incisos). Por fim, so apresentados os chamados remdios constitucionais (habeas corpus, mandado de segurana, mandado de injuno etc.) e mais alguns incisos, versando sobre o Poder Judicirio e alguns direitos civis. Caput - Princpio da isonomia Art. 5 - Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, seguran- a e propriedade, nos seguintes termos: (...). Aparece aqui um princpio fundamental do direito: o princpio da isonomia (todos so iguais perante a lei). necessrio, todavia, que se esclarea um porme- nor: a igualdade proclamada aqui a igualdade for- mal, ou seja, igualdade de todos perante a lei, j que a igualdade material (uma mesma situao econmi- ca, fsica, social, intelectual etc. para todos os indiv- duos) no existe. Alis, a se considerar a realidade material dos indiv- duos, muitas vezes torna-se necessrio efetuar dis- criminaes, para que a igualdade formal possa ser atingida. Neste sentido, o inciso LXXIV do artigo 5o , dir, por exemplo, que o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos que comprovarem insu- ficincia de recursos. Vale aqui a famosa mxima de Ruy Barbosa, que diz que A isonomia no consiste em tratar todos da mes- ma maneira; consiste, isto sim, em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Chamamos ateno, tambm, para o fato de que mui- tas vezes necessrio e permitido ao Estado efetuar determinadas discriminaes em razo do interesse pblico, para atender determinadas finalidades. Surge assim a figura da discriminao-finalidade, que per- mite, por exemplo, a exigncia de determinados que- sitos discriminadores, como porte fsico, altura, peso etc. em editais de concursos pblicos para cargos 2. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 1. Introduo 2. Dos direitos e deveres individuais e coletivos 3. Direitos e garantias ptreos 13. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 13 nos quais tais qualidades so necessrias (cargo de bombeiro, por exemplo). Na doutrina, tais discriminaes so chamadas de objetivas, pois constituem condio sine qua non para o efetivo exerccio de determinada atividade. Contu- do, algumas diferenas so questionadas, pois no so objetivas, como, por exemplo, a obrigatoriedade de servio obrigatrio para a nao apenas para um sexo, tendo o direito de abolir tais discriminaes sub- jetivas. Alm dos direitos individuais enumerados no caput, temos outros, conforme se l nos incisos seguintes: I - homens e mulheres so iguais em direitos e obri- gaes, nos termos desta Constituio; Observa-se aqui um desdobramento do princpio da isonomia: as mulheres, pela primeira vez na histria constitucional brasileira, adquiriram total equiparao, perante a lei, aos homens, tanto em direitos quanto em obrigaes. Este inciso eliminou, por exemplo, a exclusividade da penso alimentcia para mulheres, assim como acabou com a exclusividade do homem na chefia da unidade familiar. Princpio da legalidade II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei; Lei um preceito jurdico escrito, emanado pelo poder estatal competente, com carter de inovao, genera- lidade e obrigatoriedade. Entende-se que somente o poder legislativo, via de regra, deve elabor-la, sendo ela obrigatria e para todos. V-se aqui a enunciao de um princpio basilar do Estado de Direito: o princpio da legalidade. Embora determinados atos administrativos, como de- cretos e portarias, tambm obriguem os cidados, em ltima anlise, isto s possvel porque alguma lei o permite. III - ningum ser submetido tortura ou tratamento desumano ou degradante; Exemplos de tortura: utilizao de pau-de-arara, cho- ques, espancamentos, mutilaes, queimaduras, so- ros da verdade etc. Quanto proibio de tratamento desumano e degra- dante, ela diz respeito, sobretudo, aplicao de pe- nas e, neste sentido, o inciso XLVII proibir, por exem- plo, penas de trabalhos forados e penas cruis. Ningum poder ser tratado sem o devido respeito. O legislador constituinte, em 1988, era um legislador escaldado com um Estado que no respeitava o indi- vduo. Muitos deles foram alvos de tortura, da a im- portncia dada ao tema. O direito integridade ba- sicamente o 1 direito humano elencado na Lei Maior. Liberdade de pensamento IV - livre a manifestao do pensamento, sendo ve- dado o anonimato; A prova pode pedir tal questo trocando a palavra an- nimo por apcrifo ou inominado, pois so sinnimos. Toda e qualquer pessoa pode manifestar seu pensa- mento, qualquer que seja este, mas isto no a exime de ser responsabilizada pelo que disser, se ofender algum. Da a proibio do anonimato: ele impede a identificao do autor, para fins de responsabilizao. Direito de resposta V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem; Este inciso reflexo do anterior. Ao ofendido asse- gurado direito indenizao e direito de resposta. Este ltimo tem sido largamente utilizado nas campanhas eleitorais. Liberdade de conscincia, de crena e de culto VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de cren- a, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos reli- giosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias; A Constituio assegura a todos escolher livremente a crena e a ideologia poltica ou filosfica que quise- rem. a chamada liberdade interna, tambm conhe- cida por liberdade subjetiva ou liberdade moral. Quando esse direito se exterioriza, com a expresso, por exemplo, da crena atravs do culto, estamos di- ante da liberdade objetiva, que tambm resguarda- da pelo Estado. Evidentemente, essa liberdade no absoluta: pela interpretao sistemtica, ela se mantm at onde inicia a liberdade do outro. No se pode, por exemplo, fazer pregaes s duas horas da manh, pois isso interfere no direito de intimidade e privacidade do ou- tro. 14. 14 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural Percebe-se um avano no respeito do Estado s liber- dades de conscincia e de crena, em comparao a textos constitucionais anteriores. No pode, qualquer agente pblico, no exerccio de suas funes fazer qualquer juzo de valor sobre a crena de qualquer pessoa, pois o Estado Laico. VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva; O Estado Brasileiro laico, isto , no tem religio oficial. Portanto, a prestao de assistncia religiosa, segundo o texto, alm de ser regulamentada por lei, ser oferecida facultativamente por quem quiser. Enti- dades de internao coletiva so: penitencirias, re- formatrios, orfanatos, hospitais, quartis etc. VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou polti- ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir presta- o alternativa, fixada em lei; comum, no caso de algumas religies, alegar-se escusa de conscincia (minha religio no permite) para a dispensa do servio militar obrigatrio. Nesses casos, deve ento a autoridade competente conceder uma prestao alternativa, onde, ao invs do treinamento militar, que contraria a sua religio, o sujeito ir fazer uma outra coisa (prestao de servios comunitrios, execuo de servios de escritrio etc.). Deve agora o indivduo cumprir essa prestao alterna- tiva. Caso contrrio, a sim, perder seus direitos polti- cos, e deixar de ser cidado, isto , no poder mais votar ou se candidatar a uma eleio. Um cuidado se deve ter: s se pode alegar escusa de conscincia quando a obrigao legal a todos imposta permitir uma prestao alternativa. Caso contrrio, ela no poder ser alegada. Quem presencia um crime, por exemplo, no pode dizer ao Juiz que no pode tes- temunhar por razes de conscincia - no h ato que substitua o depoimento dessa pessoa e, portanto, no h prestao alternativa que possa ser aplicada. Liberdade de expresso IX - livre a expresso da atividade intelectual, arts- tica, cientfica, e de comunicao, independente de censura ou licena; Censura, segundo Michel Temer, a verificao do pensamento antes de sua divulgao, com o intuito de impedir a circulao de certas idias. um crivo prvio do Estado sobre qualquer publicao Licena (no presente contexto) a autorizao emiti- da por rgos oficiais para a publicao de jornais e peridicos. Estes dois institutos, utilizados exaustivamente no perodo da ditadura e demais estados de Exceo, hoje no tm mais lugar. lgico que o administrador faa uma classificao, como disposto no artigo 220 da CF: Art. 220, 3o - Compete lei federal: I - regular as diverses e espetculos pblicos, ca- bendo ao Poder Pblico informar sobre a natureza deles, as faixas etrias a que no se recomendem, locais e horrios em que sua apresentao se mostre inadequada; II - estabelecer os meios legais que garantam pes- soa e famlia a possibilidade de se defenderem de programas ou programaes de rdio e televiso que contrariem o disposto no art. 221, bem como da pro- paganda de produtos, prticas e servios que pos- sam ser nocivos sade e ao meio ambiente. X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a hon- ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao; A publicao ou a divulgao de fotos, segredos, car- tas ou informaes que firam a vida ntima, a privaci- dade, a honra ou a imagem das pessoas gera obriga- o de reparao. Direito imagem , no dizer de Celso Bastos, o direi- to de ningum ver o seu retrato exposto em pblico sem o seu consentimento. Inviolabilidade da casa XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do mora- dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina- o judicial; Dia o perodo entre o nascer do sol e o pr do sol. No se pode pensar que no Brasil, pas com quatro horrios oficiais, determinada hora significa dia ou noite. Noite o perodo em que no h luz solar. Durante o dia, somente poder-se- entrar na casa sem consentimento do morador em quatro situaes: 1. flagrante delito (exemplo: o marido est espancan- do a mulher). Os exemplos dados em prova sempre 15. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 15 trazem o verbo no gerndio, p. ex.: est roubando a casa. 2. desastre (o telhado est desmoronando); 3. para prestar socorro (o morador quebrou a perna e no consegue se levantar); 4. por ordem judicial (mandado de priso), ou manda- do de busca. Durante a noite, a invaso da residncia somente admitida nas trs primeiras hipteses. Uma ordem judicial jamais poder autorizar, por si s, invaso de casa alheia noite. Inviolabilidade da correspondncia XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comuni- caes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabele- cer para fins de investigao criminal ou instruo pro- cessual penal; O direito assegurado neste inciso reflexo do direito de intimidade. A inviolabilidade das correspondncias e demais co- municaes telegrficas absoluta, mas a das co- municaes telefnicas, no, sendo permitido colo- car escutas e gravar conversas telefnicas, desde que haja ordem judicial neste sentido, e apenas com fina- lidade de investigao criminal ou de instruo pro- cessual penal. Observe que a redao deste inciso restritiva: no permitida a escuta telefnica, por exemplo, para ins- truir um processo civil. Liberdade de exerccio de profisso XIII- livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer; A exigncia de qualificao profissional para o exerc- cio de determinadas profisses necessria. Imagi- ne, por exemplo, o que aconteceria se uma pessoa, sem diploma de mdico, sasse por a dando remdi- os e operando pacientes... Cada profisso regulamentada por uma lei especfi- ca. Para ser jornalista, por exemplo, no h a neces- sidade de diploma de nvel superior. Direito de acesso informao XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional; Os jornalistas, por exemplo, no so obrigados a re- velar suas fontes, mas devem, sempre, assinar a ma- tria, de modo que, se ofenderem algum, sero responsabilizados pelo que tiverem publicado. Este disposto constitucional tambm usado para jus- tificar a legalidade dos servios de disque-denncia. Direito de locomoo XV- livre a locomoo no territrio nacional em tem- po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; A expresso qualquer pessoa ampla e abarca no apenas os brasileiros como tambm os estrangeiros. A liberdade de ir e vir pode ser limitada pelo Poder Pblico em caso de guerra. Direito de reunio XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- mas, em locais abertos ao pblico, independentemen- te de autorizao, desde que no frustrem outra reu- nio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio aviso autoridade com- petente; As pessoas so livres para fazer passeatas, protes- tos, manifestaes etc., no necessitando de autori- zao do Poder Pblico para esse fim. A exigncia de prvio aviso atende a uma necessida- de administrativa, e foi feita para que a autoridade com- petente possa tomar as providncias necessrias, como, por exemplo, interditar o trnsito, liberar ruas, convocar fora policial para garantir a realizao da reunio etc. Tal exigncia se justifica para se evitar a realizao de manifestaes antagnicas no mesmo horrio e local. Direito de associao XVII - plena a liberdade de associao para fins lcitos, vedada a de carter paramilitar; Assim como a liberdade de reunio, a liberdade de associao tambm direito coletivo. A grande dife- rena entre reunio e associao reside na durao e na finalidade de ambas. Segundo Jos Afonso da Silva, a associao uma reunio estvel e permanente de pessoas que visam um fim comum. 16. 16 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural Associao paramilitar, proibida pela Lei Maior, a que se destina ao treinamento de pessoas no manejo de armas, e que adota rigidez hierrquica semelhante do exrcito, com objetivos escusos, ilegais, como os esquadres da morte, por exemplo. XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento; Em relao s cooperativas, h necessidade de lei ordinria que regulamente sua criao, o que dever o legislador regular oportunamente. Tanto para as associaes como para as cooperati- vas, no se permite qualquer interferncia estatal em seu funcionamento, desde que estejam de acordo com as normas legais. H inovao, pois o Estado no mais interfere na sea- ra dos seus cidados, quando estes no ameaam suas estruturas democrticas. Pela Constituio an- terior havia a necessidade de autorizao do Estado. XIX - as associaes s podero ser compulsoria- mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trnsito em julgado; Somente o Poder Judicirio, e apenas ele, poder decretar a suspenso das atividades de uma associa- o ou decretar sua dissoluo. Suspenso a paralisao temporria das atividades da associao. Dissoluo o desaparecimento da sociedade, do mundo jurdico. Se a deciso da justia for pela postura mais grave, ou seja, pela dissoluo da associao, dever, ne- cessariamente ter ocorrido o trnsito em julgado da deciso, ou seja, devero ter-se esgotado todos os recursos possveis contra aquela deciso, que se tor- na, ento, definitiva. Exemplificando: o juiz, de um frum qualquer, decide, em sua sentena, pela dissoluo da sociedade. Os representantes desta tm o direito de apelar desta deciso para um rgo de segunda instncia, superi- or a este juiz. Resolvem faz-lo e perde novamente a sociedade. Ainda no ocorreu o trnsito em julgado, pois ainda h o direito de se entrar com recurso espe- cial, para o Superior Tribunal de Justia, ou recurso extraordinrio, para o Supremo Tribunal Federal (se matria constitucional). Perdendo novamente, a no haver mais recurso possvel: ocorreu o trnsito em julgado, cujo resultado a coisa julgada, ou seja, a sentena imutvel, no mais passvel de alterao. Liberdade de associao XX - ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; O fato de se exigir a filiao de determinados profissi- onais aos respectivos Conselhos Regionais (CREA, CRM, CRP, OAB, CRC etc.), sob pena de exerccio ilegal da profisso indica situao em que este inciso no aplicado. Tal exigncia, entretanto, parece en- contrar respaldo constitucional no artigo 149 da CF, que outorga Unio competncia para instituir contri- buies de interesse das categorias profissionais ou econmicas. XXI- as entidades associativas, quando expressamen- te autorizadas, tm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Observe, que a autorizao tem que ser expressa. Uma associao de funcionrios pblicos aposenta- dos, por exemplo, pode, mediante procurao de seus filiados, mover um processo contra o Estado para ob- ter benefcios a que estes faam jus (representao judicial). Da mesma forma, um sindicato de trabalha- dores pode entrar, em nome de seus filiados, em ne- gociao com o sindicato patronal para efetuar deter- minados acertos salariais (representao extrajudicial). Direito de propriedade XXII- garantido o direito de propriedade; No o direito de ser proprietrio de quaisquer bens, pois este direito permitido em qualquer pas do mun- do. Entende-se que o corpo constitucional enfoca a propriedade privada dos meios de produo, com, por exemplo, fabricas, escolas, fazendas etc.. Na econo- mia planificada no h esta defesa. O direito de propriedade, enunciado aqui de forma ge- nrica, sofrer restries nos incisos seguintes. Funo social da propriedade XXIII - a propriedade atender a sua funo social; Ao se exigir o cumprimento da funo social da pro- priedade, teve o legislador constituinte a idia de que a propriedade urbana e a rural no mais poderiam ser- vir para o simples acrscimo patrimonial, mas sim deveriam ter um destino na sociedade. 17. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 17 Para se entender este inciso, necessrio esclarecer que a funo social da propriedade varia, conforme seja ela urbana ou rural. O art. 182, 2o da CF diz o seguinte: a propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade ex- pressas no plano diretor. O plano diretor um instrumento de poltica de desen- volvimento e expanso urbana, exigido pela CF para cidades com mais de 20.000 habitantes; nele so enumeradas as obrigaes dos proprietrios de im- veis urbanos e as punies que sofrero, caso no as cumpram. Em relao s propriedades rurais, o art. 186 da CF diz o seguinte: A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilizao adequada dos recursos naturais dispo- nveis e preservao do meio ambiente; III - observncia das disposies que regulam as re- laes de trabalho; IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprie- trios e dos trabalhadores. Aquelas propriedades que no cumprirem a sua fun- o social podero sofrer desapropriao, nos termos do inciso seguinte: Desapropriao XXIV - a lei estabelecer o procedimento para desa- propriao por necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia indeniza- o em dinheiro, ressalvados os casos previstos nes- ta Constituio; Desapropriao a transferncia compulsria da pro- priedade de um bem de uma determinada pessoa para o Estado, em razo de necessidade pblica, utilidade pblica ou interesse social. Necessidade pblica aquela que o Poder Pblico sente em relao a determinado bem e que s pode ser resolvida com a transferncia deste. Utilidade pblica afere-se pela convenincia da utili- zao do bem. Interesse social ocorre quando se visualizam benef- cios coletividade. Embora este inciso diga que a desapropriao dever ser precedida de pagamento prvio e justo em dinhei- ro, nem sempre assim. O texto constitucional enu- mera excees indenizao em dinheiro: nas desapropriaes para fins de reforma agrria, a indenizao ser feita mediante ttulos da dvida agr- ria (art. 184, da CF); no caso de desapropriao-sano (desapropriao aplicada ao proprietrio de imvel urbano que no pro- mova o seu adequado aproveitamento), o pagamento feito mediante ttulos da dvida pblica (art. 182, 4, III). O art. 243, da CF, diz que o Estado dever tomar a propriedade que foi utilizada para plantio de plantas psicotrpicas ilegais; neste caso, entretanto, no se trata de desapropriao, porque no h qualquer inde- nizao, e da essncia do instituto da desapropria- o que sempre haja indenizao. A Constituio utiliza a expresso expropriao de forma inadequada, pois tal expresso tem o mesmo sentido da palavra desapropriao. Requisio administrativa XXV - no caso de iminente perigo pblico, a autorida- de competente poder usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior, se houver dano; Este inciso traz mais uma restrio ao direito de pro- priedade: a chamada requisio administrativa ou utilizao de propriedade alheia. Diferentemente da desapropriao, neste caso no h alterao no Cartrio de Ttulos e Documentos, uma vez que no houve qualquer alterao de domnio (dono). O proprietrio perder apenas o direito deusar, perder o direito de posse, que, temporariamente, passar ao Estado. Ao trmino do perigo, deve a administrao pblica devolver o imvel. Se houver a constatao de dano, far-se- o ressarcimento posteriormente. Convm lembrar, ainda, que h uma outra requisio administrativa, efetuada em situaes outras que no em iminente perigo. A Justia Eleitoral, por exem- plo, pode perfeitamente requisitar um prdio particular para que nele sejam realizadas eleies. Proteo pequena propriedade rural XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia, no ser obje- to de penhora para pagamento de dbitos decorren- 18. 18 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural tes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; A pequena propriedade rural, de acordo com o Cdigo Florestal, tem um tamanho varivel de acordo com a regio do pas onde se encontrar. Penhora o ato judicial pelo qual so apreendidos os bens do devedor para que por eles se cobre o credor do que lhe devido. Esse inciso protege o pequeno agricultor que poderia perder sua propriedade em virtude do no-pagamento dos emprstimos que fez para o plantio. Para que a propriedade no seja objeto de penhora, ela dever ser pequena e ser trabalhada pela famlia; alm disso, a dvida dever ter sido contrada em fun- o da atividade produtiva. O favor constante nesse inciso no abrange dvidas fiscais, pelo que poder ser efetuada a penhora em decorrncia do no-pagamento de tributos. Diz ainda, o legislador, remetendo o assunto a lei pos- terior, que haver normas para permitir o desenvolvi- mento desse pequeno produtor. Direito autoral XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao, publicao ou reproduo de suas obras, transmissvel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Segundo a Lei 9.610/98, o direito do autor de explora- o exclusiva de sua obra vitalcio, ou seja, perdura por toda sua vida. Perdura tambm, por toda a vida de seus herdeiros, se estes forem filhos, pais ou cnju- ges. Os demais sucessores do autor gozaro dos di- reitos patrimoniais que este lhes transmitir pelo pero- do de setenta anos, a contar de 1o de janeiro do ano subseqente ao de seu falecimento. Esgotados es- ses prazos, a obra cai no domnio pblico, passando o seu uso a ser inteiramente livre. Direito participao individual em obra co- letiva XXVIII - so assegurados, nos termos da lei: a) a proteo s participaes individuais em obras coletivas e reproduo da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalizao do aproveitamento econ- mico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intrpretes e s respectivas repre- sentaes sindicais e associativas; O constituinte quis proteger a participao individual nas obras coletivas. Uma novela, por exemplo, com- posta da participao do autor, atores, diretores, as- sistentes e todo o corpo auxiliar. Quem de alguma forma colaborou na elaborao de uma produo dever ser contemplado com uma por- centagem da venda dessa obra. Estendeu-se, tambm esse direito reproduo da imagem e da voz humanas e s atividades desportivas. Privilgio de inveno industrial XXIX - a lei assegurar aos autores de inventos in- dustriais privilgio temporrio para sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros sig- nos distintivos, tendo em vista o interesse social e desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas; Caso o direito do inventor contrarie o interesse coletivo, este ltimo prevalecer, pois o interesse coletivo su- premo e indisponvel em relao ao individual. O privilgio de inveno industrial, no caso, consiste no direito de obter patente de propriedade do invento e no direito de utilizao exclusiva desse invento. Por este inciso, tal privilgio dever ser temporrio, isto , a lei ordinria que for regul-lo no poder torn-lo perptuo. Direito de herana XXX- garantido o direito de herana; Ao assegurar o direito de herana, a Constituio im- pede que o Estado se aproprie dos bens do falecido. XXXI - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus; De cujus a pessoa que morreu. Se for estrangeira, a sucesso dos seus bens pode ser regulada por duas maneiras: ou pela lei do seu pas de origem, ou pela lei do pas onde esto situados os seus bens. Se os bens estiverem no Brasil, aplicar-se- sempre a lei que for mais favorvel aos filhos ou cnjuge brasileiros. 19. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 19 Defesa do consumidor XXXII- o Estado promover, na forma de lei, a defesa do consumidor; A regulamentao deste inciso adveio com a promul- gao do Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei n 8.078/90. XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pbli- cos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva- das aquelas cujo sigilo seja imprescindvel seguran- a da sociedade e do Estado; Excetuando-se as informaes que coloquem em ris- co a segurana da sociedade e do Estado, a resposta ao pedido de informao obrigatria, sob pena de ser aberto processo administrativo contra o funcion- rio competente. Alm disso, em havendo recusa em fornecer dados ligados pessoa do requerente, poder-se- obrigar o Poder Pblico a entreg-los, utilizando-se o instituto do habeas data, consagrado no inciso LXXII. Direito de petio XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defe- sa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal; Neste inciso temos a consagrao do direito de peti- o, ou direito de representao. Por ele qualquer pessoa, tanto fsica quanto jurdica pode fazer um re- querimento endereado aos rgos do Poder Pblico, pleiteando um direito individual ou demonstrando que contra si ou seu interesse (seja individual ou coletivo) cometeu-se uma ilegalidade (violou-se a lei) ou algum abuso de poder, por parte de um agente pblico. Poder Pblico toda e qualquer entidade governa- mental, seja da Unio, dos Estados-membros, dos Municpios, do Distrito Federal, dos Territrios, das autarquias e fundaes pblicas, seja do Poder Exe- cutivo, Legislativo ou Judicirio. Certidoodocumentoondeumfuncionriopblicoates- ta algo que se encontra em seus livros e registros. Muito embora o legislador quisesse garantir o asseguramento da obteno de certides, junto s reparties pblicas, independentemente de qualquer pagamento, isto no ocorre na prtica porque se co- bram os valores do papel, da tinta gasta, do carbono e do tempo despendido pelo servidor, sob a denomina- o de emolumentos, ou custas judiciais. Jurisdio universal ou Jurisdio nica XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Ju- dicirio leso ou ameaa a direito; Esse princpio consagrado como princpio da inafastabilidade do controle jurisdicional ou princpio da universalidade da jurisdio. Qualquer pessoa que sinta que seu direito est sendo ameaado, ou que entenda que sofreu uma leso merecedora de reparos, tem o direito de ir ao Judici- rio buscar uma soluo, na forma de uma sentena proferida pelo juiz. Houve aqui um enorme ganho em relao redao deste princpio na Constituio de 1967, que dizia que o ingresso em juzo poderia ser condicionado a que se exaurissem previamente as vias administrativas. A regra, hoje, que qualquer pessoa pode recorrer ao Judicirio, independentemente de abrir ou no processo administrativo. Excepciona, o legislador constituinte, apenas em relao justia desportiva (art. 217, 1o ). XXXVI- a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada; Busca-se garantir aqui a segurana jurdica, conce- dendo-se s pessoas estabilidade nas suas relaes jurdicas com o Estado. Normas supervenientes (ou seja, que sobrevenham posteriormente) no podem suprimir atos consumados. Ato jurdico perfeito, segundo o art. 6, 1 da Lei In- troduo ao Cdigo Civil, o ato consumado de acor- do com a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Como todo ato jurdico, deve obedecer aos seguintes requisi- tos: agente capaz, vontade livre, objeto lcito e forma prescrita ou no defesa (proibida) em lei. Coisa julgada, segundo o art. 6, 3 da Lei Introdu- o ao Cdigo Civil, a deciso judicial de que j no caiba recurso. Direito adquirido aquele que permite gozar dos efei- tos de lei no mais em vigor, por j ter sido incorpora- do ao patrimnio do seu titular, isto , j ser de sua propriedade. importante notar que no se pode alegar direito ad- 20. 20 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural quirido se o prejuzo for decorrente de emenda consti- tucional ou de dispositivo da prpria Constituio 1. O legislador deixa claro, no incio do inciso que a vedao em causa se destina lei, isto , ao ordenamento infraconstitucional. XXXVII - no haver juzo ou tribunal de exceo; Probe-se a criao de tribunais ou juzos que no sejam aqueles previstos no art. 92 da CF. Os julga- mentos somente podero ser realizados por juzes ou tribunais pertencentes estrutura do Poder Judici- rio, a saber: Supremo Tribunal Federal, Superior Tri- bunal de Justia; os Tribunais Regionais Federais e Juzes Federais; os Tribunais e Juzes do Trabalho; os Tribunais e Juzes Eleitorais; os Tribunais e Juzes Militares; os Tribunais e Juzes dos Estados e do Dis- trito Federal e Territrios. O mais famoso tribunal de exceo da histria foi o que julgou os oficiais nazistas com o trmino da 2 Grande Guerra, o Tribunal de Nuremberg. No ordenamento brasileiro no haver casos a serem jul- gados fora dos poder judicirio, por mais hediondo que seja o crime. XXXVIII- reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votaes; c) a soberania dos veredictos; d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Jri o rgo julgador formado por sete pessoas do povo, destinado a julgar crimes dolosos contra a vida, a saber: homicdio (matar algum), infanticdio (matar o prprio filho logo aps o parto, em virtude do estado puerperal), aborto, e instigao, induzimento ou aux- lio ao suicdio. Ao jurado compete apenas examinar os fatos e dizer se o ru dever ser condenado ou absolvido. O voto emitido pelo jurado secreto. Ao final da votao dado conhecimento ao ru de sua sentena. O jurado no aplica a pena, funo esta que cabe exclusiva- mente ao juiz. No inciso acima, soberania dos veredic- tos quer dizer que o juiz obrigado a acatar a deciso dos jurados, mesmo que no concorde com ela. Ao ru dever ser assegurada a mais ampla defesa, ou seja, no sero admitidos quaisquer atos que im- peam ou cerceiem seu direito de defesa. No pode o juiz indeferir uma prova ou uma testemunha, sob pena de violao desse preceito constitucional. Princpio da anterioridade da lei penal XXXIX - no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal; Toda conduta, para ser considerada criminosa, dever estar previamente descrita em lei enquanto tal; asso- ciada a essa conduta dever vir a cominao legal da pena, ou seja, a previso legal de qual sano ser aplicada. Para que haja um crime, necessrio que a lei que o descreve esteja em vigor antes de o ato ser praticado. Se lei posterior vier a prever uma conduta como crimi- nosa, seus efeitos sero da data de sua publicao para frente. A lei penal, portanto, jamais retroagir, isto , jamais alcanar atos praticados antes de sua pu- blicao, exceto na situao seguinte: Princpio da retroatividade da norma penal mais benfica ao infrator XL- a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; Depreende-se que somente retroagir a lei penal que no mais caracterizar determinada conduta como cri- minosa ou que diminuir a pena a ser aplicada ao crimi- noso, pois, nestes casos, o ru ser beneficiado. XLI - a lei punir qualquer discriminao atentatria dos direitos e liberdades fundamentais; Esse inciso no um dispositivo auto-executvel, pre- cisando da expedio de lei regulamentando-o. Repdio ao racismo XLII - a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos ter- mos da lei; Fiana o direito subjetivo que permite ao acusado, mediante cauo (depsito em dinheiro nos cofres pblicos) e cumprimento de certas obrigaes, con- servar sua liberdade at a sentena condenatria irrecorrvel. Dizer que o racismo crime inafianvel significa di- zer que o acusado no poder responder ao processo 1 O art. 17, do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, por exemplo, diz o seguinte: Os vencimentos, a remunerao, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituio sero imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, no se admitindo, neste caso, invocao de direito adquirido ou percepo de excesso a qualquer ttulo. 21. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 21 em liberdade, atravs de fiana. Prescrio a perda do direito do Estado de punir, em razo do tempo excessivamente grande deman- dado na apurao do caso. Conforme diz Maximilianus Fhrer, se a pena no imposta ou executada dentro de determinado prazo, cessa o interesse da lei pela punio, passando a prevalecer o interesse pelo es- quecimento e pela pacificao social. Dizer que o crime de racismo imprescritvel significa que o Estado poder levar o tempo que for necessrio para efetuar a sua apurao, que a prescrio no ocorrer. Aps a apurao e devida sentena penal condenatria, o infrator cumprir sua pena. Recluso uma modalidade de pena privativa de li- berdade, que se aplica a crimes dolosos e, portanto, mais graves, e cujo incio de cumprimento de pena se dar em regime fechado (preso), ou semi-aberto (tra- balha em colnia penal agrcola de dia, e se recolhe noite na cela para dormir) ou aberto (fica em sua pr- pria casa). Como o legislador nos diz que a pena para o crime de racismo de recluso, o incio de seu cumprimento ser atrs das grades, ou seja, em regime fechado, podendo mudar posteriormente para o semi-aberto e bem mais tarde, para o aberto. XLIII- a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terro- rismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem; Graa o ato de competncia privativa do Presidente da Repblica, pelo qual se defere pedido individual de perdo ou de diminuio da pena do crime cometido. Se for concedida, ela extingue a punibilidade, ou seja, reconhece-se que houve crime, mas a ele no se apli- car a pena. A anistia se d por lei elaborada pelo Congresso Naci- onal, onde se perdoa o ato criminoso, extinguindo-se todas as aes penais a ele referentes. No pode o anistiado recusar a anistia, uma vez que esta o es- quecimento da prpria infrao, apagando-a, como se ela nunca tivesse existido. Os crimes hediondos so enumerados pela Lei 8.930, de 6.09.94, conforme segue: a) homicdio quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s agente, e homicdio qualificado; b) latrocnio (roubo seguido e morte); c) extorso mediante seqestro; d) extorso qualificada pela morte; e) estupro; f) atentado violento ao pudor; g) epidemia com resultado morte; h) genocdio. Como se v, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os cri- mes hediondos no podero se beneficiar de fiana, graa ou anistia. Alm disso, todos os que participa- ram da conduta criminosa e os que, podendo evit-la, se omitiram, respondero ao processo sob pena de recluso. XLIV- Constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupo armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico; O inciso em pauta vem reforar a defesa do regime poltico adotado neste pas, que a democracia, e a defesa da ordem constitucional. Princpio da personalizao da pena XLV- Nenhuma pena passar da pessoa do condena- do, podendo a obrigao de reparar o dano e a decre- tao do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, at o limite do valor do patrimnio transferido; Quando o autor de um determinado crime falecer, sua famlia no ir para a cadeia cumprir o que resta da pena por ele. este o princpio da personalizao da pena.Tal regra difere de outros ordenamentos do mun- do em que a famlia sofre pelo ilcito cometido por um de seus membros, com casas demolidas, por exem- plo. H, entretanto, uma segunda questo envolvida a, que de natureza patrimonial. Qualquer crime cometido implicar em reparao de dano, e a obrigao de indenizar, esta sim, passar aos familiares do de cujus, mas somente at o limite do que receberam na su- cesso, resguardados os direitos do cnjuge-meeiro (aquele que fica com a metade dos bens). Exemplificando: Carlos cometeu crime de falsidade e foi condenado a uma pena de 5 anos. Cumpre 2 anos e falece. Sua mulher e filhos no respondero crimi- nalmente. Enquanto estiveram casados, Carlos e a esposa auferiram, de forma lcita, uma casa e um te- lefone, que equivalem a 100 mil reais. 50 mil de Carlos e 50 mil da viva. S a parte de Carlos que deve indenizar os prejuzos ocasionados a terceiros, pelos documentos falsificados, e no o patrimnio in- teiro. Perdimento de bens, no sentido original, era a devolu- o aos cofres pblicos de quantias subtradas do pr- prio errio, ou em decorrncia de enriquecimento ilci- to gerado pelo exerccio de cargo, funo ou emprego 22. 22 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural na administrao direta ou indireta. A Constituio Federal, entretanto, no exige que o infrator seja fun- cionrio pblico para ser-lhe aplicada a pena de perdimento de bens. Basta que cause prejuzo ao Estado. Princpio da individualizao da pena XLVI- a lei regular a individualizao da pena e ado- tar, entre outras, as seguintes: a) privao ou restrio da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestao social alternativa; e) suspenso ou interdio de direitos; Individualizao da pena significa dizer que o juiz de- ver aplicar a pena coerentemente com o crime co- metido e com as condies do infrator. No deve o juiz agir de forma arbitrria, perseguindo os fracos e privilegiando os mais fortes. Ou ainda, determinando a mesma quantidade da pena independente do grau da participao individual em um ilcito coletivo. A determinao da pena deve ter por base uma rela- o de proporcionalidade, aferida por dois critrios: o qualitativo e o quantitativo. O critrio qualitativo nos diz que crimes mais graves devem ter penas mais severas. O critrio quantitativo nos diz que a pena dever ser aplicada em maior ou menor grau, confor- me a maior ou menor culpabilidade do infrator. Alm dessas duas relaes devemos analisar os an- tecedentes criminais do ru, sua personalidade, sua conduta social e familiar, os motivos determinantes do crime, gravidade da conduta etc. Somente a lei pode criar penas e o legislador enume- ra alguns tipos, podendo perfeitamente ser criadas outras, uma vez que a enumerao meramente exemplificativa: a) privao ou restrio de liberdade O Cdigo Penal divide essa pena em deteno e re- cluso. Na recluso, o preso inicialmente cumprir sua pena em regime fechado, em isolamento celular, ou seja, preso em uma cela. Na deteno, poder iniciar o cumprimento de sua pena em regime semi- aberto, ou seja, trabalha durante o dia em colnia pe- nal agrcola, ao ar livre, e noite, recolhe-se cela. b) perda de bens; a perda em favor da Unio dos instrumentos do cri- me ou do produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo infrator com a pr- tica de fato criminoso. c) prestao social alternativa; Essa pena consiste na atribuio ao condenado de tarefas gratuitas junto a entidades assistenciais, hos- pitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos. d) suspenso ou interdio de direitos; Implica na perda permanente (interdio) ou tempor- ria (suspenso) de direitos. Perfaz-se, por exemplo, com a proibio para o exerccio do cargo, funo ou atividade pblica, ou mandato eletivo; com a proibio do exerccio de profisso, atividade ou ofcio que de- pendam de habilitao especial, de licena ou autori- zao do poder pblico; com a suspenso de autori- zao ou de habilitao para dirigir veculos etc. XLVII - no haver penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de carter perptuo; c) de trabalhos forados; d) de banimento; e) cruis; A pena de morte, prevista no Cdigo Militar, uma exceo regra, s sendo permitida em perodo de guerra. No h penas de carter perptuo, uma vez que estas privam o homem de sua condio humana, e no lhe permitem a reeducao, que objetivo do legislador. Tambm no se permite a imposio de trabalhos for- ados. Os trabalhos forados, por sua prpria nature- za, so gratuitos. Nos presdios brasileiros, os pre- sos que trabalharem sero sempre remunerados. Banimento a expulso de brasileiro do territrio na- cional. A Constituio tambm no o admite. XLVIII - a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo apenado; Isto significa que presos de menor periculosidade de- vero ficar com os de menor periculosidade. Os mais jovens devero ficar separados dos mais velhos. As mulheres ficaro em presdios femininos, e os homens, nos masculinos. XLIX- assegurado aos presos o respeito integrida- de fsica e moral; 23. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 23 O Estado detm a custdia do preso e responsvel pela sua integridade fsica e moral. Se uma pessoa for assassinada, estuprada ou maltratada numa priso, cabe ao de indenizao contra o Estado. L - s presidirias sero asseguradas condies para que possam permanecer com seus filhos durante o perodo de amamentao; Os filhos das presidirias no podem ser punidos pe- los erros de suas mes; portanto, devem ser criados com condies mnimas. Se no houvesse esta ga- rantia, estaria havendo uma apenao dessas crian- as, constitucionalmente proibida. LI - nenhum brasileiro ser extraditado, salvo o natu- ralizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalizao, ou de comprovado envolvimento em trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, na for- ma da lei; Extradio a transferncia compulsria de pessoa que est no territrio nacional para outro pas, a pedi- do deste, para que responda a processo ou cumpra pena naquele pas. O brasileiro nato nunca poder ser extraditado. O brasileiro naturalizado somente ser extraditado se estiver envolvido em trfico ilcito de entorpecentes ou, para crimes comuns, se os tiver cometido antes de sua naturalizao (ou seja, quando ainda era es- trangeiro). LII - no ser concedida extradio de estrangeiro por crime poltico ou de opinio; Vimos anteriormente que a concesso de asilo poltico um dos princpios que regem as relaes de nosso pas com os demais. Da a vedao contida neste inciso. Para se considerar o crime como poltico, entretanto, devero ser analisados vrios fatores, tais como: os motivos do crime, a psicologia do autor, o ambiente poltico existente no Estado reclamante etc. LIII - ningum ser processado nem sentenciado se- no pela autoridade competente; Dada a complexidade de nosso ordenamento jurdico, o processo e o proferimento da sentena devero ser feitos por um juiz que tenha competncia para julgar a questo. Desta forma, h um juiz competente para julgar questes tributrias, outro para julgar questes de famlia, outro para julgar questes trabalhistas etc. Busca-se, assim, assegurar que a justia seja feita. Princpio do devido processo legal LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; O devido processo legal uma garantia processual penal. a seqncia de atos necessrios para se che- gar sentena final, sendo que, necessariamente, nele devero estar presentes as garantias seguintes: Princpio da ampla defesa e do contraditrio LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- trativo, e aos acusados em geral sero assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recur- sos a ela inerentes; Contraditrio a possibilidade de refutao da acusa- o e se d quando as partes so colocadas em p de igualdade, dando-se igual oportunidade ao acusa- do de opor-se ou dar outra verso aos atos produzidos pela outra parte contra ele. Ampla defesa o direito do acusado de apresentar, no processo, todos os meios lcitos necessrios para provar sua inocncia (testemunhas, documentos etc.). Importante inovao a extenso do contraditrio e da ampla defesa para os processos administrativos. Revogou-se, assim, a lei ordinria anterior atual Cons- tituio, que permitia que os processos administrati- vos corressem em segredo de justia, muitas vezes, revelia do funcionrio, que s era notificado do resul- tado final, sem ter tido o direito de exercer o direito de defesa. LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obti- das por meios ilcitos; A licitude dos meios usados na obteno das provas necessria para a transparncia e a seriedade pro- cessuais. Imagine o que aconteceria se o Poder Judi- cirio admitisse, nos processos, provas obtidas, por exemplo, mediante tortura, suborno de testemunhas, ameaas s pessoas ligadas ao acusado, escutas telefnicas sem autorizao do juiz, furto de corres- pondncia... Princpio da no-culpabilidade LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsi- to em julgado de sentena penal condenatria; Consagrou-se aqui a garantia do princpio da inocn- cia, ou como querem alguns doutrinadores, princpio da no-culpabilidade, instituto fundamental do Estado 24. 24 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural de Direito. O acusado ser considerado inocente at que haja o trnsito em julgado da sentena condenatria. A Constituio, por este inciso, no recepcionou os artigos do Cdigo de Processo Penal que determina- vam que se mandasse o nome do acusado para o rol dos culpados, aps a primeira deciso penal condenatria. Muitas vezes o ru apelava desta sen- tena para o Tribunal e l ganhava a causa, sendo absolvido; sofria, contudo, um prejuzo enorme, uma vez que o seu nome j estava fazendo parte dos no- mes de pessoas com antecedentes criminais, portan- to, culpadas. LVIII - o civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei; A identificao criminal (coleta de impresses digitais na delegacia de polcia) configura medida vexatria imposta ao cidado indiciado, que a lei presume ino- cente at que sentena irrecorrvel diga o contrrio, no se justificando no caso de ele ter sido identificado no lugar em que o fato ocorreu. LIX - ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal; Ao penal pblica aquela cuja iniciativa cabe priva- tivamente ao Ministrio Pblico (promotoria pblica). Uma vez que o direito de punir pertence unicamente ao Estado, a regra no direito processual penal que a ao penal seja pblica. Este tipo de ao inicia-se por uma pea chamada denncia e que somente o promotor de justia poder elaborar (art. 129, I da CF). A ao penal privada aquela cuja iniciativa cabe ao particular ofendido. ele que ingressa nos autos como titular da ao penal, para que se persiga e se puna o infrator. Quem determina quais so os casos de ao penal pblica e quais so os casos de ao penal privada a lei. O crime de difamao, por exemplo, de ao penal privada, ao passo que o crime de homicdio de ao penal pblica. O prazo que o promotor de justia tem para elaborar a denncia de 5 dias, para o ru que est preso, e 15 dias, para o ru que est respondendo processo em liberdade. Mas pode ser que ele, por estar atarefa- do, perca o prazo. Neste caso pode o particular inten- tar a ao privada subsidiria da pblica. Mas s se permitir a ao privada subsidiria da pblica quan- do o Ministrio Pblico, que quem deve propor a ao, no o fez dentro do prazo. Publicidade dos atos processuais LX - a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- resse social o exigirem; Publicidade aquilo que garante a transparncia da atuao dos poderes pblicos. Em regra, os atos pro- cessuais devero ser pblicos, ou seja, qualquer pes- soa a eles ter acesso. H, todavia, situaes em que a lei assegura o sigilo dos atos processuais, para resguardar o direito de in- timidade ou em razo do interesse social, como por exemplo, nos casos de guarda de menores, divrcio, investigao de paternidade, investigao de crimes contra a segurana nacional etc. LXI - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- ciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Ns j definimos o flagrante delito nos comentrios ao inciso XI. A priso em flagrante delito pode ser decre- tada por qualquer pessoa, independentemente de mandado. J a priso preventiva, que a captura do indiciado ou a sua conservao em crcere, a fim de que esteja presente em juzo e no escape ao cumprimento da sentena, s pode ser decretada pelo juiz competen- te, o juiz criminal. Pode ser feita em qualquer fase do inqurito policial ou ao penal para se garantir a or- dem pblica, ou por convenincia da aplicao da lei penal, quando houver prova da existncia do crime e indcios suficientes da provvel autoria. As pessoas s podero ser presas: em flagrante deli- to ou por priso preventiva, decretada por um juiz com- petente, ressalvados os casos de crimes militares. Novamente, a Constituio revogou artigo do Cdigo de Processo Penal que permitia a priso administrati- va do civil para averiguaes. LXII- a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada; A comunicao ao juiz visa permitir o exame dos critri- os de legalidade da priso; se for ilegal, o juiz a relaxar, conforme previsto no inciso LXV, logo abaixo. A comunicao famlia tem por objetivo inform-la sobre o paradeiro do preso e permitir que tome as 25. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 25 providncias que julgar necessrias (constituio de advogado, por exemplo). LXIII- o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegu- rada a assistncia da famlia e de advogado; Ada Grinover nos diz que: o ru, sujeito da defesa, no tem obrigao nem dever de fornecer elementos de prova que o prejudiquem. Pode calar-se ou at mentir. Ainda que se quisesse ver no interrogatrio um meio de prova, isso s seria possvel em carter meramente eventual, em face da faculdade dada ao acusado de no responder. O acusado contar, tambm, com a assistncia de sua famliaedeadvogado.Sendocomprovadamentepobre, caber ao Estado fornecer-lhe assistncia jurdica. LXIV - o preso tem direito identificao dos respons- veis por sua priso ou por seu interrogatrio policial; Procurou-se, neste inciso, dar elementos ao acusado para apurao de responsabilidades, se caso sofrer abusos no ato da priso ou no interrogatrio. uma pena que essa garantia seja uma faca de dois gumes, uma vez que, com essa proteo, presos perigosos podem se voltar contra as famlias inocentes daque- las pessoas que os denunciaram ou os prenderam. LXV- a priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciria; O juiz determinar a soltura daquele que foi ilegal- mente preso, mesmo que no haja pedido de habeas corpus. A verificao de ilegalidade consiste, sobretu- do, no exame dos pressupostos do inciso LXI (exis- tncia de flagrante delito ou de mandado de priso expedido pelo juiz competente). LXVI- ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana; Liberdade provisria o instituto pelo qual se permite que o acusado permanea solto, respondendo em li- berdade ao seu processo. A priso, como se v, somente dever ser efetuada em ltimo caso, isto , se a lei no admitir a liberdade provisria. LXVII - no haver priso civil por dvida, salvo a do responsvel pelo inadimplemento voluntrio e inescusvel de obrigao alimentcia e a do deposit- rio infiel; A priso civil admitida somente em duas situaes: a) quando o sujeito, mediante sentena judicial, rece- beu a obrigao de pagar penso alimentcia a tercei- ro e, tendo condies, no o fez; b) no caso do depositrio infiel, isto , o indivduo que se incumbiu de guardar um bem com a obrigao de restitu-lo, e que no o faz, quando solicitado; o depo- sitrio infiel pode pegar pena de at um ano de priso. Remdios constitucionais Nos incisos LXVIII a LXXIII esto previstos os chama- dos remdios constitucionais. So instrumentos po- derosos de proteo jurdica a serem utilizados para resguardar determinados direitos previstos na prpria Constituio. Habeas corpus LXVIII - conceder-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violn- cia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder; A expresso habeas corpus de origem latina e sig- nifica tenha-se o corpo. Designa instituto jurdico que tem por finalidade precpua proteger a liberdade de locomoo, ou seja, de mover-se com o prprio cor- po. Protege, portanto, apenas o direito de pessoa f- sica e viva (pessoa jurdica, ente abstrato definido em lei, no tem corpo e, portanto, no h como cercear a sua liberdade de locomoo). H duas espcies de habeas corpus: o preventivo e o repressivo. Habeas corpus preventivo aquele utilizado nos casos em que o direito de locomoo est sendo ameaado (neste caso, ser concedido ao paciente um salvo-con- duto, assinado pelo juiz, sendo que uma cpia do mes- mo tambm ser enviada autoridade coatora). Habeas corpus repressivo aquele utilizado quando a violncia ao direito de ir e vir j aconteceu, por ilega- lidade ou abuso de poder (ou seja, o indivduo j est preso, detido etc.). A palavra ilegalidade, aqui, deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, como presena de cercea- mento de defesa, acusao baseada em lei posterior ao fato ocorrido, instaurao de processo criminal perante juiz incompetente, ausncia de defesa em processo criminal etc. Abuso de poder o exerccio irregular do poder, pelo transbordamento, por parte da autoridade, dos limites de sua competncia. 26. 26 - Direito Constitucional Central de Concursos / Degrau Cultural O processamento do habeas corpus gratuito e pode ser impetrado pelo prprio paciente, independentemen- te de interposio de advogado. Mandado de segurana LXIX - conceder-se- mandado de segurana para obter direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribui- es do Poder Pblico; Mandado de segurana um instrumento que protege por excluso, ou seja, protege direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data. Direito lquido e certo o que no mostra dvida, pela clareza e evidncia com que se apresenta. O mandado de segurana protege os direitos tanto de pessoa fsica quanto de pessoa jurdica. oponvel contra qualquer autoridade pblica (agen- tes polticos, agentes pblicos, agentes delegados, notariais, agentes administrativos, oficiais dos regis- tros pblicos) ou contra qualquer agente de pessoa jurdica privada, no exerccio de atribuio do poder p- blico ( possvel, por exemplo, impetrar mandado de segurana contra o diretor de um hospital particular). Mandado de segurana coletivo LXX - o mandato de segurana coletivo pode ser impetrado por: a) partido poltico com representao no Congresso Nacional; b) organizao sindical, entidade de classe ou asso- ciao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Os princpios estudados anteriormente para o manda- do de segurana se aplicam ao mandado de seguran- a coletivo, que um instrumento que visa proteger direito lquido e certo de uma categoria. Este instituto foi uma inovao introduzida pela Cons- tituio atual e permitiu maior agilidade na soluo para determinados abusos cometidos pelo Poder P- blico. Mandado de injuno LXXI - Conceder-se- mandado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdade constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania; Eis outra inovao constitucional. A finalidade do man- dado de injuno obter, junto ao Poder Judicirio, a cincia ao Poder omisso para que supra a sua inrcia criando a norma faltante, possibilitando ao impetrante a viabilidade de fruio de direitos e prerrogativas que, embora previstos em norma constitucional, no con- seguem produzir efeitos no mundo jurdico, por estar a referida norma carente de regulamentao. Habeas data LXXII - conceder-se- habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informaes re- lativas pessoa do impetrante, constantes de regis- tros ou bancos de dados de entidades governamen- tais ou de carter pblico; b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; O habeas data assegura o acesso a informaes re- ferentes pessoa do impetrante guardadas em ban- cos de dados governamentais ou de carter pblico, e possibilita a retificao desses dados. direito personalssimo do titular dos dados, isto , s pode ser exercido por este2, e sua interposio gratuita. Uma pessoa, por exemplo, cujo nome, por engano, conste na relao de maus pagadores do Servio de Proteo de Crdito, poder impetrar habeas data contra esta instituio, para que deixe de constar no cadastro de devedores. Aopopular LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia; Cidado o sujeito que est em pleno exerccio dos seus direitos polticos. S pode ser cidado o brasi- leiro nato ou o naturalizado. A ao popular instrumento destinado a corrigir toda e qualquer leso ao patrimnio pblico ou de entidade de que participe o Estado. Ela uma garantia consti- tucional no apenas judicial, mas tambm poltica, 2 A jurisprudncia do STF admite a interposio de habeas data por parentes de pessoas mortas ou desaparecidas. 27. Central de Concursos / Degrau Cultural Direito Constitucional - 27 uma vez que possibilita a participao do cidado na vida pblica. Jamais a pessoa jurdica tem legitimidade para prop- la, uma vez que a pessoa jurdica no pode ter direi- tos polticos, no pode ser cidad. O ato lesivo, passvel de anulao, o que atinge a moralidade administrativa (art. 37), o meio ambiente (art. 225), o patrimnio histrico e cultural (art. 216) e o patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe. O cidado estar agindo de boa-f se o fizer no inte- resse da comunidade; neste caso, no arcar com as custas judiciais, que a verba que se recolhe ao Es- tado por se ter movimentado o Poder Judicirio, e nem com o nus da sucumbncia, isto , os honorrios advocatcios, pagos por quem perde a ao. Havendo motivos escusos por parte do cidado, no caso de perder a ao, que movida em seu nome, dever haver o recolhimento das custas judiciais e do nus de sucumbncia. Os efeitos da ao popular se traduzem ou pela anula- o do ato lesivo praticado, ou pela sua sustao (caso sua consumao esteja prestes a ocorrer), ou pela or- denao da sua prtica, na hiptese de omisso (a autoridade deveria ter praticado o ato e no o fez). Tutela jurisdicional aos hipossuficientes LXXIV - o Estado prestar assistncia jurdica inte- gral e gratuita aos que comprovarem insuficincia de recursos; Deve-se entender assistncia jurdica aqui de uma for- ma ampla, envolvendo no apenas o provisionamento de advogados para mover aes, mas tambm as con- sultas para esclarecimento de situaes de direito. No se deve confundir necessidade com miserabilidade. Basta que o interessado no possa prover as custas do processo sem prejuzo do susten- to prprio e da famlia, para que se invoque o preceito constitucional. O rgo do Judicirio encarregado de realizar o pre- visto neste inciso a Defensoria Pblica, a respeito da qual o artigo 134 da Lei Maior diz o seguinte: A Defensoria Pblica instituio essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientao jurdica e a defesa, em todos os graus, dos necessi- tados, na forma do artigo 5o , LXXIV. LXXV - o Estado indenizar o condenado por erro ju- dicirio, assim como o que ficar preso alm do tempo fixado na sentena; Estabelece, este inciso, a figura da responsabilidade patrimonial do Estado, com previso de indeni