boletim otcm n.º 3 - 2011, dezembro

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OBSERVATÓRIO DO TURISMO DA CIDADE DE MAPUTO N.º3 DEZEMBRO.2011 Mais de 80% pretende voltar a Maputo ‘Ecoeficiência’ a todo o vapor nos hotéis Turistas que mais visitam Maputo têm entre 25 a 44 anos MAPUTO Oportunidades de desenvolvimento dos vínculos económicos com as economias locais Número de trabalhadores aumenta nas áreas de conservação ‘Meeting of the EU Trade Officials’ em Maputo MOÇAMBIQUE MUNDO Captar turistas brasileiros poderá ser uma boa aposta Turismo europeu cresce e supera expectativas OMT prevê 1.800 milhões de turistas em 2030 http://observatoriomaputo.blogspot.com/ Prioridades do Turismo para 2012 A Educação e a formação profissional assim como a atracção de investimentos assumem-se, no sector do turismo, como os grandes enfoques para o ano de 2012. A ideia é promover cada vez mais a espe- cialização dos recursos humanos através do uso de unidades móveis, centros ou escolas instaladas, e prosseguir com os esforços encetados no que diz respeito à atracção de investimentos para zonas de interesse turístico. Urge formar e atrair investimentos, mas para 2012 o Ministério do Turismo é pe- remptório em defender a promoção do turismo doméstico; a divulgação da ‘Mar- ca Moçambique’; a introdução do licen- ciamento electrónico e da plataforma do turismo; e a mobilização de recursos para a construção de três escolas de hotelaria e turismo –almejadas há muito pelos ope- radores turísticos. Aliás, só o conjunto das agências de turismo precisa de 500 profis- sionais. A palavra de ordem associada ao novo ano passa também pelo desenvolvimento integrado, sendo que em alta continuam a estar o Projecto Âncora (nas províncias de Maputo, Inhambane, Zambézia e Nampu- la) e o Projecto Arco Norte (nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado), que procuram maiores injecções de investi- mento. Por outro lado, o ministro do Turismo, Fernando Sumbana, defende o carrinho de três rodas compostas pelo Sector Pú- blico, Privado e Sindicato. Uma estratégia que faz todo o sentido se se tiver em conta que a parceria público-privada (PPP) que dá vida ao Observatório do Turismo da Cidade Maputo (OTCM) tem vindo a dar os seus frutos, não só em termos de infor- mações de inteligência de mercado como da promoção de sinergias. Não obstante, e diante das metas traça- das para o desenvolvimento sustentável, torna-se imprescindível desenvolver a ma- terialização da quarta roda do carrinho do turismo com a adesão das comunidades. Neste momento, a demanda turística para o nosso País é considerada alta. Mas o grá- fico não se manterá constante nem em fase ascendente ao longo de 2012. Nesse sentido, o apelo do MITUR vai para que em conjunto quebremos a sazonalidade turística; aumentemos o volume de che- gadas turísticas internacionais e, ao mes- mo tempo, a quota de viagens internas, actuando na estratégia de diversificação de produtos e serviços turísticos. Torna-se premente incluir pacotes de tu- rismo doméstico (ao bom estilo do «vá para fora cá dentro»), através da promo- ção de excursões para destinos histórico- -culturais dentro do País. Será uma boa forma de instigar o turismo de férias, o turismo juvenil, numa forte parceria com o sector de alojamento e transportes. Só assim conseguiremos reduzir a sazona- lidade das actividades turísticas e renta- bilizar os meios e equipamentos disponí- veis. Adicionalmente, e como os turistas viajam na sua maioria sozinhos, de acordo com o Estudo de Satisfação levado a cabo pelo Observatório, seria igualmente im- portante estimular o ‘turismo em família’ bem como captar o ‘turismo sénior’ que se encontra em franca expansão na Europa e nos EUA. Bom Ano Novo!

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Boletim do Observatório de Turismo da Cidade de Maputo

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Page 1: Boletim OTCM n.º 3 - 2011, Dezembro

ObservatóriO dO turismOda cidade de maPutO

N.º3 DeZeMbRo.2011

Mais de 80% pretende voltar a Maputo

‘Ecoefi ciência’ a todo o vapor nos hotéis

Turistas que mais visitam Maputo têm entre 25 a 44 anos

Maputo

Oportunidades de desenvolvimento dos vínculos económicos com as economias locais

Número de trabalhadores aumenta nas áreas de conservação

‘Meeting of the EU Trade Offi cials’ em Maputo

MoçaMbique

MuNDoCaptar turistas brasileiros poderá ser uma boa aposta

Turismo europeu cresce e supera expectativas

OMT prevê 1.800 milhões de turistas em 2030

http://observatoriomaputo.blogspot.com/

Prioridades do Turismo para 2012A Educação e a formação profi ssional

assim como a atracção de investimentos assumem-se, no sector do turismo, como os grandes enfoques para o ano de 2012. A ideia é promover cada vez mais a espe-cialização dos recursos humanos através do uso de unidades móveis, centros ou escolas instaladas, e prosseguir com os esforços encetados no que diz respeito à atracção de investimentos para zonas de interesse turístico.Urge formar e atrair investimentos, mas para 2012 o Ministério do Turismo é pe-remptório em defender a promoção do turismo doméstico; a divulgação da ‘Mar-ca Moçambique’; a introdução do licen-ciamento electrónico e da plataforma do turismo; e a mobilização de recursos para a construção de três escolas de hotelaria e turismo –almejadas há muito pelos ope-radores turísticos. Aliás, só o conjunto das agências de turismo precisa de 500 profi s-sionais.A palavra de ordem associada ao novo ano passa também pelo desenvolvimento integrado, sendo que em alta continuam a estar o Projecto Âncora (nas províncias de Maputo, Inhambane, Zambézia e Nampu-la) e o Projecto Arco Norte (nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado), que procuram maiores injecções de investi-mento.Por outro lado, o ministro do Turismo, Fernando Sumbana, defende o carrinho de três rodas compostas pelo Sector Pú-blico, Privado e Sindicato. Uma estratégia que faz todo o sentido se se tiver em conta que a parceria público-privada (PPP) que dá vida ao Observatório do Turismo da Cidade Maputo (OTCM) tem vindo a dar

os seus frutos, não só em termos de infor-mações de inteligência de mercado como da promoção de sinergias. Não obstante, e diante das metas traça-das para o desenvolvimento sustentável, torna-se imprescindível desenvolver a ma-terialização da quarta roda do carrinho do turismo com a adesão das comunidades.Neste momento, a demanda turística para o nosso País é considerada alta. Mas o grá-fi co não se manterá constante nem em fase ascendente ao longo de 2012. Nesse sentido, o apelo do MITUR vai para que em conjunto quebremos a sazonalidade turística; aumentemos o volume de che-gadas turísticas internacionais e, ao mes-mo tempo, a quota de viagens internas, actuando na estratégia de diversifi cação de produtos e serviços turísticos.Torna-se premente incluir pacotes de tu-rismo doméstico (ao bom estilo do «vá para fora cá dentro»), através da promo-ção de excursões para destinos histórico--culturais dentro do País. Será uma boa forma de instigar o turismo de férias, o turismo juvenil, numa forte parceria com o sector de alojamento e transportes. Só assim conseguiremos reduzir a sazona-lidade das actividades turísticas e renta-bilizar os meios e equipamentos disponí-veis. Adicionalmente, e como os turistas viajam na sua maioria sozinhos, de acordo com o Estudo de Satisfação levado a cabo pelo Observatório, seria igualmente im-portante estimular o ‘turismo em família’ bem como captar o ‘turismo sénior’ que se encontra em franca expansão na Europa e nos EUA.

Bom Ano Novo!

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dezembro.2011 ObservatóriO dO turismO da cidade maPutOObservatóriO dO turismO da cidade maPutO2

Maputo

‘Ecoeficiência’ a todo o vapor nos hotéisNo âmbito do Projecto de Valorização da Efi-ciência do Uso de Recursos e Produção Mais Limpa (ERP+L) na indústria hoteleira em Mo-çambique, no sector da acomodação e sua cadeia de valores de fornecimento, realizou-se um seminário de apresentação de resultados das Auditorias de P+L conduzidas em sete ho-téis das cidades de Maputo e Matola.A iniciativa decorreu da continuidade dos trabalhos realizados nos hotéis, entre 2010 e 2011, e participaram activamente do projec-to o Ministério para a Coordenação de Ac-ção Ambiental (MICOA), através da Direcção Nacional de Gestão Ambiental (DNGA) e do Centro Nacional de Produção Mais Limpa (CNPML), em colaboração com a Direcção Nacional de Turismo (DNATUR) do Ministé-rio do Turismo (MITUR), e com o apoio da UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial). No Seminário, a UNIDO, o MICOA e o MITUR

organizaram uma cerimónia de premiação dos hotéis com boas práticas de conservação dos recursos, melhor desempenho ambiental e cometimento na implementação do Projec-to, a 3 de Novembro. Nos dias 7 e 8 do mesmo mês, iniciou a se-gunda ronda de Capacitação dos Técnicos de Hotéis em eficiência do uso de recursos, Pro-dução Mais Limpa e Responsabilidade Social para numa fase posterior se poder arrancar com as auditorias nos respectivos empreen-dimentos.O Observatório do Turismo da Cidade de Maputo, que se fez representar em ambos os eventos e no sentido de mobilizar e convidar mais hotéis da Cidade de Maputo para inte-grarem o Projecto, informa que os custos de participação no Projecto, incluindo as audito-rias, são cobertos pela UNIDO e que os hotéis devem ser de «3 Estrelas para cima; ter um mínimo de 50 camas e possuir uma piscina».

Indicadores Turísticos da Demanda - Destino Maputo 2008 2009 2010 2011*

Número de Turistas 294.698 333.000 357.310 382.320Nacionais 40% 44% 44% 47%Estrangeiros 60% 56% 56% 53%

Permanência Média 3 3 4 7

Gasto Médio por dia (USD) 95 95 106 123**

Taxa de Ocupação Hoteleira 39.5% 44.3% 53,8% -Contribuição ao PIB de Maputo (USD) $ 95 M $ 151 M $ 187 MGeração de Emprego Directo 3.880 4.000 4.116 4.239* Projecção Observatório ** Estimativa Intercampus

Mais de 80% pretende voltar a MaputoSegundo o Estudo de Satisfação ao Turista na Cidade de Mapu-to, levado a cabo pelo Obser-vatório do Turismo da Cidade de Maputo, 80% dos turistas estrangeiros tencionam voltar à cidade de Maputo após a sua vi-sita, contra 89% dos nacionais. Quais são as razões invocadas para o retorno? Para 42% dos turistas vindos de fora a razão prende-se sobretu-do com a oportunidade de ce-lebrar negócios e para 35% dos mesmos a questão é motivada pelo gozo de férias. Já os nacio-nais pretendem retornar à ca-pital de Moçambique em maior percentagem (51%) para passar as suas férias e 34% dos mesmos devido a actividades de passeio e turismo. Face à questão colocada sobre «se recomendaria a alguém uma visita à cidade de Maputo?», 92% de estrangeiros e 97% dos nacio-nais respondem afirmativamen-te – um dado que nos enche de orgulho e que nos motiva ainda mais no sentido de transformar Maputo num destino de eleição. Para tal, as sinergias inter-pares serão cruciais!

Participantes do seminário de apresentação de resultados das Auditorias de P+L, que foram conduzidas em sete hotéis das cidades de Maputo e Matola.

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dezembro.2011ObservatóriO dO turismO da cidade maPutO 3

Maputo

Investimentos turísticos atingem Reserva Especial de MaputoAs zonas turísticas de Dobela e Mili-bangalala, localizados na Reserva Es-pecial de Maputo (REM), irão bene-ficiar de um investimento calculado em mais de 100 milhões de dólares norte-americanos.A ponta de Milibangalala é a que ab-sorve a maior fatia do investimento, com 90 milhões de dólares. O mon-tante será aplicado na construção de um hotel de cinco estrelas que inclui uma sala de congressos, restauran-tes e bungalows. Serão construídas ainda residências de ocupação tem-porária e um centro de actividades desportivas e safaris.Por seu turno, a Ponta de Dobela, com 10 por cento do investimento (10 milhões de dólares) irá beneficiar de um projecto que compreende a implantação de Chalets, entre outras acções de apoio às actividades pre-vistas na REM.O projecto, em fase de estudo, é desen-volvido pela Mozaico do Índico, uma empresa participada por entidades estatais e orientada para a promoção e gestão das oportunidades de investi-mento no sector do turismo.Para a concretização dos projectos foi assinado o contrato de concessão das referidas zonas turísticas, entre o Ministério do Turismo e a Mozaico do Índico. Na ocasião, o ministro do Turismo, Fernando Sumbana, desta-cou as recentes medidas promovidas pelo Governo na vertente humana, entre as quais a consignação de 20 por cento das receitas geradas nos parques e reservas para as comuni-dades locais.

Turistas viajam mais sozinhosAo perfil do visitante que acorre à cidade de Maputo junta-se ainda a particulari-dade de que a maioria dos indivíduos, inquiridos no âmbito do I Estudo de Sa-tisfação ao Turista na Cidade de Maputo, desloca-se em viagem sozinho. Aliás, 59% dos estrangeiros e 76% dos nacionais acorrem a Maputo sem a companhia de alguém.A percentagem dos que que viajam com a família é ainda pouco expressiva (19% dos estrangeiros e 16% dos nacionais), o

que nos leva a crer que se os pacotes tu-rísticos fossem cada vez mais orientados para o segmento familiar, os operadores turísticos iriam ser capazes de captar uma maior fatia de turistas.Outro facto curioso é que apesar de 30% dos visitantes estrangeiros vir à cidade de Maputo no intuito de estabelecer ne-gócios, constata-se que apenas 4% dos mesmos vêm em grupo de negócios. Ou seja, uma vez mais, a deslocação e esta-dia são feitas em regime individual.

Turistas que mais visitam Maputo têm entre 25 a 44 anosDe acordo com o Estudo de Satisfação ao Turista na Cidade de Maputo, realiza-do pelo Observatório do Turismo com o apoio técnico da empresa de estudos de mercado Intercampus, a camada etária dos estrangeiros que mais visitam a cida-de de Maputo corresponde à que vai dos 35 aos 44 anos (36%), logo seguida do es-calão dos 25 aos 34 anos (29%).Quanto aos turistas domésticos ou visitan-tes nacionais a proporção inverte-se de al-gum modo, sendo que 40% dos inquiridos que visitam a capital pertencem à camada etária que vai dos 25 aos 34 anos, e 28% são os que possuem entre 35 e 44 anos.No fundo, mais de 60% dos entrevistados que viajam até Maputo representam a considerada idade activa. Mas, enquan-to os estrangeiros vêm a Maputo mais orientados para o desenvolvimento de negócios (30%), os nacionais acorrem à cidade para visitar os familiares e amigos (34%) e no sentido de gozarem as suas merecidas férias (33%). Tendo em conta que em determinados pontos do globo, como na Europa e nos Estados Unidos da América, já se promo-ve imenso aquilo que se chama de turismo

sénior. Ou seja, um turismo mais vocacio-nado para uma camada etária mais idosa. Seria interessante poder intensificar a aposta num público-alvo mais velho e com uma tranquilidade financeira sufi-ciente para poder ficar mais tempo na cidade, e ao ponto de aumentar a per-centagem de visitantes que se quedam entre os 26% dos estrangeiros e os 15% dos nacionais com mais de 45 anos. Eis um desafio que o Observatório lança aos actores turísticos bem como ao próprio Governo em termos estratégias de pro-moção e marketing.

59% 19% 12% 4% 6%

76% 16% 6%

sozinho família amigos grupo negócios grupo turismo

Fonte: Observatório do Turismo da Cidade Maputo

8%

18%

36%

28%

10%

4%

11%

28%

41%

16%

55 ou mais

45-54

35-44

25-34

16-24

Fonte: OTCM

Estrangeiros Nacionais

ESTrANGEIrOS

NACIONAIS

2%

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dezembro.2011 ObservatóriO dO turismO da cidade maPutOObservatóriO dO turismO da cidade maPutO4

MoçaMbique

O crescimento do turismo em Moçambique e as oportunidades de desenvolvimento dos vínculos económicos com as economias locaisAs estatísticas oficiais indicam que o número de chegadas internacionais ao País tem estado a crescer progressiva-mente. Os investimentos no Turismo também demons-tram um crescimento considerável, colocando o sector no quarto lugar no conjunto dos investimentos directos estrangeiros registados em Moçambique nos últimos 6 anos. Por outro lado, o recente fenómeno da nossa econo-mia relacionado com a descoberta e início de exploração de carvão mineral, gás e petróleo tem vindo a contribuir para o aumento do tráfego de pessoas a nível interno, para além de que as relações económicas do mercado interno e as actividades relacionadas com a administração nacio-nal contribuem para que cada vez mais moçambicanos viagem pelo País. A oferta turística em termos de serviços de alojamento (quartos) e similares (restaurantes) tem também regis-tado aumentos progressivos. No entanto, nota-se ainda uma fraca ligação entre o crescimento das actividades de turismo e a resposta das economias locais à crescente de-manda de produtos e serviços a incorporar na Cadeia de Valor do Turismo como fornecimentos locais de terceiros.O turismo como actividade económica tem um grande potencial de estimular a capacidade empresarial local de-vido ao facto de exigir um vasto leque de serviços e pro-dutos fundamentais para a prestação de serviços de alo-jamento, restauração e actividades que tirem partido dos atractivos locais como programas turísticos, o que cons-titui em última análise a essência do negócio do Turismo. Os produtos hortícolas e a respectiva cadeia de produção

e fornecimentos proporcionam grandes oportunidades de inclusão de pequenos e médios produtores, mas será necessário introduzir novos produtos que respondam às necessidades de serviços de restauração de qualida-de internacional. Serviços de segurança e manutenção, lavandarias e outros podem ser contratados em regime de “outsourcing” pelos hotéis. O desenvolvimento de ne-gócios ligados às actividades náuticas, pesca de lazer, o artesanato, os espectáculos culturais, o teatro, as agências de turismo receptivo, os operadores de programas locais, o turismo de habitação, entre muitas outras actividades, fazem parte de um grande universo de negócios com grandes oportunidades de inclusão na Cadeia de Valor do Turismo. Torna-se necessário entender que todas as pesquisas rea-lizadas sobre a Cadeia de Valor do Turismo têm demons-trado que o fenómeno do Turismo não aponta somente para o mercado estrangeiro como estando na origem do crescimento do sector mas que, pelo contrário, o número maior de turistas que visitam os diversos pontos do País são essencialmente nacionais ou residentes.Por esse motivo deverá ser entendido pelas pessoas acti-vas das economias locais que o Turismo abre inúmeras portas para a diversificação das actividades económicas locais que estão gradualmente a ser influenciadas por no-vos tipos de solicitações ligadas a necessidade de alojar, alimentar e divertir turistas e viajantes nacionais e estran-geiros.

tuRCoNSuLt

Moçambique entre os melhores destinos turísticos para 2012Para o jornal ‘Financial Times’, Moçam-bique é uma das grandes atracções do mercado turístico para 2012. O jornal recolheu a opinião de vários agentes de viagens que apontaram alguns dos des-tinos que deverão ser mais procurados pelos turistas.Will Jones da agência de viagens Jour-neys by Design diz: “Com uma linha costeira de 2,500 km inexplorada, plena

de belezas, Moçambique é o último grito dos destinos litorais”. Mas outro agente, Joel Zack, da Heritage Tours não lhe fica atrás: “Moçambique oferece o luxo sem perder a sensação de se estar em África. As praias são fantásticas e as pessoas muito amáveis”.No que diz respeito ao turismo de topo, o destaque vai para a ilha de Quilalea, si-tuada no arquipélago das Quirimbas, no

Norte do País. Não obstante, outros pon-tos mágicos são igualmente apontados como a Ilha de Ibo e as ilhas de Bazaru-to e Benguerra, que atraem as atenções das agências de viagem, assim como o Parque Nacional da Gorongosa. Ou seja, Moçambique soma e segue em termos de destinos de reconhecida qualidade turís-tica.

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MoçaMbique

BW Mozambique vai investir 1 bilião de dólares em Nampula

O governo moçambicano assinou com a BW Mozambique, Lda., uma empre-sa formada pela INATUR - Instituto Nacional de Turismo e a BW Group, de operadores britânicos domiciliados na Espanha, um contrato na área do tu-rismo estimado num bilião de dólares.A verba será aplicada nas ilhas de Crusse e Jamal, localizadas na pro-víncia de Nampula, segundo o minis-tro do Turismo, Fernando Sumbana, e prevê-se que o arranque das obras possa ocorrer no primeiro trimestre de 2012.Este investimento enquadra-se numa série de empreendimentos turísticos que serão instalados nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, de-signados por Projecto Arco Norte.

Ante-projecto de Lei das Áreas de ConservaçãoNo dia 24 de Novembro realizou-se a Consulta sobre o ante-projecto da Lei das áreas de conservação. Participa-ram desta reunião a Governadora da Cidade de Maputo, o ministro do Turis-mo, juristas, docentes, responsáveis de coutadas de caça e representantes da sociedade civil bem como o Observató-rio do Turismo da Cidade de Maputo.O ante-projecto prevê dar resposta adequada à realidade actual, harmo-nizar-se à lei de pescas, minas, caça e estradas no que concerne à protecção, conservação e uso sustentável da di-versidade biológica para o benefício da humanidade e de gerações moçambi-canas em particular.Foram debatidos aspectos sobre: (i) a essência conceptual das áreas de conservação total, posto que habitam no seio dos Parques Nacionais (área de conservação total) comunidades que

têm progressivamente vindo a crescer e com impacto directo sobre o ambien-te; (ii) a necessidade de de inir claramente a participação das comunidades locais nas áreas de conservação.Salientou-se a dificuldade de funcionar com três institutos autónomos que re-gem a mesma matéria, nomeadamente o Ministério do Turismo, o Ministério para Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) e o Ministério da Agricultura, ainda no mesmo âmbito sobre a buro-cracia exigida pelos Governos provin-ciais e distritais no que toca às licenças para actividade do turismo e activida-de cinegética.Este projecto prevê uma revisão pro-funda sobre as penalizações dos actos criminosos voluntários com a integra-ção de prisão efectiva nos crimes co-metidos por reincidência.

Número de trabalhadores aumenta nas áreas de conservação

O pessoal afecto às áreas de conservação tem vindo a aumentar em praticamente

todos os parques e reservas de Moçambique. A variação do nú-mero de efectivos tem sido positiva em 10 das 11 áreas existen-tes, sendo que a que registou um maior aumento foi a reserva do Gilé, com uma variação positiva na ordem dos 288,9%. A reserva em causa viu aumentar o seu número de trabalhadores, entre 2008 e 2010, de 9 para 35, de acordo com a DNAC.Também a Reserva do Niassa apresenta uma evolução positiva de 80 para 174 postos de trabalho criados de 2008 a 2010 (regis-tando uma variação positiva de 117,5%). No terceiro e quarto lu-gares, no que diz respeito à geração de emprego e no período em estudo, posicionam-se o Parque Nacional de Banhine e a Reserva de Pomene, com uma variação de 87,5 e 62,5%, respectivamente.Curiosamente, e em termos numéricos, o Parque Nacional da Gorongosa possui o maior número de trabalhadores quando comparado com as restantes áreas de conservação do País, com um total de 406 funcionários.

Parque Nacional de Banhine

Parque Nacional de Bazaruto

Parque Nacional de Gorongosa

Parque Nacional de Zinave

Parque Nacional das Quirimbas

Parque Nacional do Limpopo

Reserva Especial de Maputo

Reserva Nacional do Niassa

Reserva de Pomene

Reserva de Marromeu

Reserva do Gilé

Reserva de Chimanimani

4524

51

5235

7172

11684

40

406385

6155

17480

138

96

359

6341

2010

2008FONTE:DNAC

Número de Trabalhadoresnos Parques Naturais e Reservas

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dezembro.2011 ObservatóriO dO turismO da cidade maPutOObservatóriO dO turismO da cidade maPutO6

MoçaMbique

‘Meeting of the EU Trade Officials’ em MaputoO Observatório do Turismo da Cidade de Maputo esteve presente no ‘Meeting of the EU Trade Officials’, a 30 de Novem-bro de 2011, na delegação da União Eu-ropeia em Maputo. Um evento dedicado às oportunidades de investimento no sector do Turismo, no qual participaram igualmente o INATUR e a empresa Tur-consult.Nesse contexto, o INATUR, através do Dr. Mário Sevene (responsável pelo depar-tamento de desenvolvimento e investi-mento), apresentou as oportunidades de investimento no seio do sector e alguns projectos em Moçambique que poderão ser tentadores para empresários estran-geiros, sobretudo nas regiões de Pemba, Inhassoro e Vilanculos.O Dr. Rui Monteiro, empresário respon-sável pela firma Turconsult, abordou

as oportunidades e desafios do sector privado no que diz respeito ao turismo, evidenciando o papel relevante dos pro-jectos empresariais de pequena e média dimensão, da formação profissional bem como os negócios complementares às empresas do ramo da hotelaria e restau-ração (evidenciando sobretudo os respei-tantes ao agrobusiness).Em representação do Observatório do Turismo da Cidade de Maputo, a Dra. Helga Nunes apresentou o organismo que monitora e analisa o mercado; apoia

a gestão das empresas de turismo e das políticas e estratégias do sector e que promove a Cidade de Maputo enquanto destino atractivo.Presentes estiveram os responsáveis pe-las áreas de investimento e negócio das embaixadas de Espanha, França, Irlanda, Itália e Portugal, e ainda Myriam Sekkat (Oficial do Sector Privado e Comércio) e Francesca Di Mauro (Primeira Secretária – Chefe de Secção, Desenvolvimento Eco-nómico e Governância), da delegação da União Europeia em Moçambique.

RAS, Swazilândia e Moçambique unem esforços turísticosAs autoridades do sector de turismo de Moçambique, África do Sul, através da província de Kwazulu Natal, e Swazilândia organizaram, de 26 a 29 de Novembro, uma

expedição motorizada denominada Cross Border Excur-sion.A expedição partiu da região de Kwazulu Natal, concreta-mente em Durban Hluhluwe, seguindo para Maputo (Ponta do Ouro, Reserva Especial de Maputo), prosseguindo para a Swazilândia (Mbabane) e terminando em Durban, na pro-cedência.A excursão contou com a participação de 200 pessoas, numa coluna constituída por 50 viaturas com tração a qua-tro rodas e três adicionais mega-buses.Segundo o programa, em cada um dos três países por onde passou a caravana de turistas, foi realizdo um seminário com o envolvimento de aproximadamente 500 pessoas, sendo 200 excursionistas e 300 empresários, designada-mente operadores turísticos, jornalistas eparceiros locais.A conferência teve como enfoques a apresentação de opor-tunidades de investimento, actividade que foi coordenada pelas agências de promoção de investimentos de Moçam-bique, África do Sul e Swazilândia.O evento teve um forte envolvimento do sector privado,

patrocinando a iniciativa sob forma de cedência de meios de transporte, financiamento de combustível, telecomuni-cações, seguros, serviços de salvamento dos participantes, em caso de necessidade, e noutras áreas.A excursão foi um encontro de culturas em que se juntaram os povos de Moçambique, África do Sul e Suazilândia para se tornar num único com o objectivo de desenvolvimento económico.Moçambique trabalhou com o sector privado, o que per-mitiu receber condignamente os visitantes. Foram mobili-zados os artesãos, pescadores e operadores turísticos para que cada um pudesse ofereçer o seu melhor em termos de alojamento, gastronomia, arte e cultura e de pescado. A ocasião serviu para mostrar o que o Moçambique tem de melhor através de brochuras e vídeos, sob o ponto de vista turístico e o que tem a vender, incluindo oportunidades de investimento.A Cross Border Excursion está integrada numa iniciativa tripartida de promoção de turismo, envolvendo Moçambi-que, África do Sul, através da província de Kwazulu Natal, e Swazilândia, cujo lançamento aconteceu recentemente em Sandton, Joanesburgo, na África do Sul.

Rafael Nambal, assessor de Comunicação e Imagem

MituR

«Um evento dedicado às oportunidades de investimento no

sector do Turismo, no qual participaram igualmente o INATUR e

a empresa Turconsult»

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dezembro.2011ObservatóriO dO turismO da cidade maPutO 7

MuNDo

Captar turistas brasileiros poderá ser uma boa apostaO turismo interno no Brasil cresceu 16% entre 2007 e 2010, passando de 43 para 50 milhões de pessoas. Parte da responsabili-dade desse crescimento pertence aos via-jantes domésticos que já correspondem a 85% do turismo brasileiro, segundo dados do Ministério do Turismo.A tendência será continuar crescendo, es-perando-se que emerjam mais 50 milhões de brasileiros que não tinham o turismo na sua base de consumo e que agora terão - uma tendência que se espera ver concreti-zada também em Moçambique.Além dos turistas domésticos, o sector irá investir igualmente na América do Sul. As principais apostas serão no Chile, pela sua boa posição económica, e na Argentina que tem vindo a se reestruturar fi nanceiramen-te. Além disso, o Peru e a Colômbia também têm apresentado um forte crescimento eco-nómico, com bons mercados a serem explo-rados pelo turismo brasileiro, uma ideia que Moçambique poderia replicar em relação

a países vizinhos em pleno gozo da saúde económica e até um pouco mais distantes como Angola (o quinto mercado emissor de turistas para a cidade de Maputo). Por outro lado, o câmbio com o Real forte vem prejudicando a balança comercial do turismo, propiciando a saída dos brasilei-ros das classes A e B, que consideram mais vantajoso viajar para fora do país. Um dado extremamente importante, se tivermos em conta a proximidade estabelecida, nos úl-timos tempos, em termos de actividades culturais e de negócio entre Moçambique e o Brasil. Face à cooperação encetada entre os dois países e as oportunidades de negócio que se antevêem, urge estabelecer uma estra-tégia de captação de turistas brasileiros para Moçambique. Quem sabe a Copa do Mundo no Brasil não poderá ajudar Mo-çambique no sentido da atracção de mais visitantes?

65% dos estrangeiros não conhecem a ‘Marca Moçambique’Além do recente lançamento, por parte de Moçambique, Suazilândia e a província sul-africana de Mpuma-langa, da marca regional de turismo denominada ‘Triland’, que nasce para captar potenciais visitantes na Euro-pa, na Ásia e no continente americano, urge refl ectir sobre a propalada ‘Marca Moçambique’.Depois de cerca de três anos após o seu lançamento (tendo o mesmo decorrido a 26 de Fevereiro de 2009), apenas 35% dos turistas estrangeiros diz conhecer aquele branding, contra 91% dos na-cionais. Aliás, 65% dos estrangeiros é peremptório quando afi rma desconhe-cer a ‘Marca Moçambique’, que nasceu para promover «um país rico em segre-

dos e tesouros naturais».Na altura ficou expresso que a Marca Moçambique iria funcionar, sobretu-do, como um compromisso no sentido da exigência que não se pode compa-decer com a falta de limpeza nas cida-des, a pouca afabilidade dos agentes da polícia, a ineficácia dos operadores nem com a inexistência de infraestru-turas de apoio, entre outras falhas.A meta definida pelo Ministério do Turismo consistia em suplantar os 180 milhões de dólares da receita do turismo internacional, arrecadados em 2008, e atingir os 4 milhões de tu-ristas em 2020. Será que o ‘Triland’ vai servir para fortificar a ‘Marca Moçam-bique’?

não

9%

Conhece a marca ‘Moçambique’?Nacionais

sim91%

não65%

sim35%

Estrangeiros

não45%

sim55%

Total

Fonte: Observatório do Turismo da Cidade de Maputo

Turismo europeu cresce e supera expectativas

Contrariamente à tendência dos últimos anos, o crescimento nas chegadas durante os oito primei-ros meses de 2011 foi maior nas economias avançadas (+4,9%) do que nas emergentes (+4,0%), devido principalmente aos re-sultados especialmente bons da Europa (+6%).Na Europa do Norte (+7%) e Eu-ropa Central e Oriental (+8%), a recuperação do declive de 2009, iniciado em 2010, ganhou impul-so este ano. O mesmo sucedeu em alguns destinos da Europa do Sul (+8%), que este ano tam-bém se benefi ciaram da dimi-nuição das viagens para o Médio Oriente (-9%) e para o Norte de África (-15%).

Page 8: Boletim OTCM n.º 3 - 2011, Dezembro

dezembro.2011 ObservatóriO dO turismO da cidade maPutO8

MuNDo

ObservatóriO dO turismO da cidade maPutO

FICHA TÉCNICAO Observatório do Turismo da Cidade de Maputo (OTCM) é resultado de uma parceria entre as 16 organizações que o integram. Trata-se de um organismo especializado em monitorar e analisar as informações de inteligência de mercado. O Boletim do OTCM é distribuído em Moçambique e em todas as embaixadas do País no exterior.

EQUIPA

Coordenação / concepção de textos:Helga Nunes (AHSM)Assessoria / concepção de textos:Federico Vignati (SNV)Secretariado: Tânia Barbero (AHSM)Design e Paginação: Rui BatistaTradução: Pedro AmaralImpressão: Kamatsolo, Lda.

INFORMAÇÕES

Associação de Hotéis do Sul de MoçambiqueRua da Sé, nº 114, 6º andar Porta 608Maputo - MoçambiqueTel. +258 21 31 4970

Subscrições e informações do Boletim:[email protected]://observatoriomaputo.blogspot.com/

MEMBROS DO OTCM

OMT prevê 1.800 milhões de turistas em 2030 Em 2030, as chegadas de turistas inter-nacionais em todo o mundo deverão as-cender ao número de 1.800 milhões. A estimativa é da OMT e foi apresentada durante a XIX Assembleia Geral deste organismo, que decorreu na Coreia.De acordo com a OMT, o turismo vai continuar a crescer até 2030 mas a “um ritmo mais moderado”, mais con-cretamente a cerca de 3,3% ao ano. Tal signifi ca que “a cada ano, entrarão no mercado turístico mais 43 milhões de turistas”, sublinha a OMT, avançando que a meta dos 1.000 milhões será já ultrapassada no próximo ano.O número de turistas previstos para 2030, 1.800 milhões, signifi ca, segun-do a OMT que “em duas décadas, 5 milhões de pessoas cruzaram por dia as fronteiras internacionais”, seja em lazer, negócio ou através de outras ac-tividades.Até 2030, os destinos que maior cres-

cimento irão apresentar são os emer-gentes. Assim, Ásia, América Latina, Europa Central e Oriental, Europa Mediterrânica Oriental, Médio Orien-te e África deverão ganhar cerca de 30 milhões de turistas por ano, número que se compara aos 14 milhões que deverão ser ganhos pelos destinos mais tradicionais das economias mais avançadas: América do Norte, Europa e Ásia-Pacífi co.A OMT avança ainda que já em 2015 as economias emergentes igualarão as mais avançadas em número de turis-tas, mas em 2030 já as terão ultrapassa-do, com uma quota de 58%. Por outro lado, nas próximas décadas, os países da Ásia e do Pacífi co irão ser os prin-cipais emissores de fl uxos turísticos, pensando-se que até 2030 poderão ge-rar 17 milhões de chegadas a cada ano, contra os 16 milhões gerados pelos eu-ropeus.

 

 

FEIRAS Internacionais em 201218 a 22 de JaneiroFeira Internacional de Madrid(Espanha)

29 de Fevereiro a 04 de MarçoBolsa de Turismo de Lisboa(Portugal)

07 a 11 de MarçoITB, Berlim(Alemanha)

18 a 20 de AbrilCOTTM, Beijing(China)

12 a 15 de MaioINDABA, Durban(África do Sul)

NovembroWorld Travel Market, Londres(Inglaterra)

27 a 29 de NovembroEIBTM, Barcelona(Espanha)