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BOLETIM GEAE | ANO 24 | NÚMERO 569 | MARÇO DE 2017 Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade" Allan Kardec Grupo de Estudos Avançados Espíritas - GEAE Primeiro Grupo Espírita da Internet Conselho Editorial: Carlos Alberto Iglesia Bernardo José Cid Raul Franzolin Neto Renato Costa Sérgio Freitas Os boletins e informações sobre utilização do material do GEAE encontram-se no site: http://www.geae.net.br Editorial Interessante conto espírita começou com uma inspiração de nosso editor Carlos Iglesia em uma de suas viagens de casa ao trabalho. Agora, nesta edição completamos as partes que se unem como um quebra cabeça. Ficção ou realidade? Um texto de elevada significação para o Espiritismo se inicia com uma visão do que é o céu a algumas religiões denotando um espaço físico ou simbólico de beleza em harmonia com Deus. Kardec descreve em seguida a nossa relação com o plano espiritual; nossas falências e nossos méritos sempre dentro da Lei de Deus. Artigo escrito em 1865 para a Revue Spirite e muito atual para toda a humanidade. O que você faz nas desavenças da vida? Uma mensagem do plano espiritual psicografada por Raul Franzolin Neto...Obrigado amigo(a) da equipe Vade Mécum...Que Deus lhe ampare sempre! Qualquer comentário será bem-vindo ao GEAE: [email protected] Sumário Um conto espírita (III, IV e V) Carlos A. Iglesia Bernardo Onde é o céu? – Allan Kardec Nas desavenças da vida – mensagem psicografada

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BOLETIMGEAE|ANO24|NÚMERO569|MARÇODE2017

Féinabalávelésomenteaquelaquepodeencarararazão,faceaface,emtodasasépocasdahumanidade"AllanKardec

GrupodeEstudosAvançadosEspíritas-GEAEPrimeiroGrupoEspíritadaInternetConselhoEditorial:CarlosAlbertoIglesiaBernardoJoséCidRaulFranzolinNetoRenatoCostaSérgioFreitasOsboletinseinformaçõessobreutilizaçãodomaterialdoGEAEencontram-senosite:http://www.geae.net.br

EditorialInteressante conto espírita começou com umainspiraçãodenossoeditorCarlos Iglesiaemumadesuasviagensdecasaaotrabalho.Agora,nestaediçãocompletamos as partes que se unem como umquebracabeça.Ficçãoourealidade?Um texto de elevada significação para o Espiritismose inicia com uma visão do que é o céu a algumasreligiõesdenotandoumespaçofísicoousimbólicodebelezaemharmoniacomDeus.Kardecdescreveemseguida a nossa relação com o plano espiritual;nossas falênciasenossosméritos sempredentrodaLei de Deus. Artigo escrito em 1865 para a RevueSpiriteemuitoatualparatodaahumanidade.O que você faz nas desavenças da vida? UmamensagemdoplanoespiritualpsicografadaporRaulFranzolin Neto...Obrigado amigo(a) da equipe VadeMécum...QueDeuslheamparesempre!Qualquer comentário será bem-vindo ao GEAE:[email protected]árioUmcontoespírita(III,IVeV)–CarlosA.IglesiaBernardoOndeéocéu?–AllanKardecNasdesavençasdavida–mensagempsicografada

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Artigos

UmcontoEspírita(III,IVeV)

CarlosAlbertoIglesiaBernardo

ArtigopublicadonoBlogL´avenir:http://lavenir.educacao.ws

Um Conto Espírita (III)

De volta ao mundo espiritual

Pedroseapressa,estápreocupadocomoseucunhadoJoão.Grandesamigosdesdeque se conheceram emum incidente desuainfância,os laçossefortalecerammaisainda quando ele e sua irmã seapaixonaramecasaram.

Omotivodapreocupaçãoéodesesperode João com o estado de seu cão deestimação, Totó. Elessão muitosapegados, Totó o acompanha para todosos lados há muitos anos. Até mesmo aoCentro Espíritaeles vão juntos,Totó ficaesperando na portaaté que a sessãoacabe.

OCentroEspíritadobairro foi fundadopor Pedro. Apósoincidente

mencionado,em queteve suavidasalvaporJoão e Totó,elecomeçou amanifestarmediunidade. Teria sidointernado em um hospício, não fosse aintervençãodeumvizinho,queconheciaoEspiritismo.

Pedroestudou o Espiritismo, se tornoumédium,se dedicouaos idososnecessitados.As notícias sobresuasatividades mediúnicas eassistenciaisalcançaramoutras cidades.Vinha gente de longe assistir às reuniõesmediúnicas.

Totó passou de muito da idade a quecostumeiramente chega a sua raça e, nosúltimos dias, encontra-se em estado defraqueza acentuado.Mal come e bebe. OVeterinário já sinalizou que a partida éiminente.

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João questionouPedro insistentementesobre o que ocorreria com Totó após amorte.Pedro lhe explicou que é consensoentreosespíritasqueosanimaistemalmaequeelasobreviveàmortedocorpo,mas,ainda nãohá umaconclusãodefinitivasobre a sua situação na vidaespiritual.

– “Alguns dizem queos animaisficamem estado de sono até seremconduzidosnaturalmente para novasreencarnações, outros citam passagensmediúnicas que trazem evidências daparticipação dos animais em eventos noplanoespiritual”.

–“Outraquestãoabertaéoseugraudedesenvolvimento espiritual. Algunsdefendemqueelesjátemumlivrearbítriorelativo e, portanto, já estãosujeitos,comonós,àleidecausaeefeito.Outros pensam que isso só ocorrequandoeles atingem oponto de suaevoluçãoespiritualem que deixamde seranimais epassampara oestágiohumano.Há, inclusive, os quedefendem queapalavra Espíritosó deveria ser aplicadaapartirdessemomento”.

O quePedro sabia dizer é que nãoforampoucas as vezes emque, aosair doCentro após as sessões, vira um Espíritoluminosoentretendo-secomTotó.Eraumdos guias espirituais do Centro emembrode umainstituição do plano espiritualdedicada ao socorro de espíritossofredores.

Totó alegrava-semuito nestas ocasiõese os frequentadores do Centro, que nãopodiamperceberoquesepassavadoladoespiritual,atribuíamaalegriaàexpectativadasaídadodono.

A passagem de Totó para o planoespiritual foi tranquila, parecia queesperava apenas quePedro também

estivesseláparaadespedidafinal.Foicomumúltimoolhar de carinho eagradecimento que se despediu de seusgrandesamigos.

TivessePedro se concentrado naquelemomento,teriavistoalgoinusitado,amplacaravana espiritual se achava estacionadaao lado da casa. Uma grande matilha decães adestrados para a ajuda ao próximo,brincava nas redondezas, invisíveis aosolhosdosencarnados.

Um Espírito de muita luminosidadeadentrou o lar de João.Cortou os últimoslaços que prendiam Totóaos seusdespojoscarnaiseorecolheu.

Parte então a caravana, acompanhadapelamatilha,rumoaoseularespiritual.

________________________________UmContoEspírita(IV)

Sinhô Doutor SinhôDoutoreraassimchamadoporser

o único advogado que morava nasredondezas, muito requisitado nasquestões jurídicas que surgissem naquelerecantoruralerespeitadoportodos.

Advogado mais por ambição que porvocação, com um entendimento muitoparticular de suas obrigações, era exímioemmanejaraleiemfavordeseusprópriosinteresses. Atendia preferencialmente osgrandes proprietários de terras, em suasquerelascomosvizinhoseposseiros.Sabiacomo ninguém garantir a posse de umapropriedade irregular ou desalojar umpobrecoitadosemtítulodeposse.

Entre seus clientes, havia um porém,Nhô Bento, que pouco trabalho erendimento lhe trazia. Fazendeiro ehomem de negócios extremamentecorreto, só recorria ao advogado quando

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realmente necessitava de ajuda legal naelaboração de um contrato ou nodesenrolardesuastransaçõescomerciais.

A ocasião chegou para o SinhôDoutor,quandoNhôBentolhepediuparalocalizarseu único parente restante. Era o filho deum primo que havia deixado aquelasparagens pela cidade grande e que agoradeveriaestarmoço.

NhôBentocomeçavaasentira idadeequeria se aproximar do parente paraconhece-lo melhor e, quem sabe, passar-lheagestãodeseusmuitosnegócios.

Sinhô Doutor se incumbiu da tarefa,mas, aproveitou para descobrir o pontofraco do moço. Este era ganancioso aoextremo.Fácilfoiinduzi-loatomaratutelada fortuna, naturalmentemediante régiaremuneraçãoparasimesmo.

Ele só não previa que a ganância dojovem levaria à tragédia. PercebeurapidamenteoqueaconteceuquandoNhôBento foi encontradomorto, estraçalhadoporummastimdafazenda.

Mediante nova remuneração ajeitou asituação, o incidente foiconvenientementeregistrado como infelizacidente e qualquer suspeita abafadarapidamente. Foi ele inclusive que insistiupara que o mastim fosse imediatamentesacrificado, pois notou que ele era muitobem treinado e, caso outros percebessemisso também, poderiam surgircomplicações para manter a versãocontada.

Ganhou muito com este desonrosonegócio,mas, sedele lembrava,era comouma nota de rodapé, de somenosimportância, na brilhante carreira queimaginava para si mesmo. Perdeu ocontato com o herdeiro de Nhô Bento,quando, algum tempo após herdar afortuna, este deixou de ser um de seus

clientes habituais. Sabia que ele havia searrependido e, castigado pelo remorso,virará filantropo. Mas,Sinhô Doutor,jamaissearrependeu.

Amorteoencontrouassim,muitosanosdepois,semremorsosecomaconsciênciaadormecida.Seamorteoencontrou,nãoofezodescansoeterno.

Atormentadoporsuasvisõesinteriores,quase que demente, vagou muitos anospelas paisagens sombrias dos planosespirituais mais inferiores. Andanças queumdiaolevaramacairextenuadoe,numrelance de lucidez, finalmente lembrar-sedequeDeusexiste.

Súplica ardente e sincera ao Altíssimo,imediatamenteérespondidaporlatidosaolonge. Mais um pouco e prestimosomastim se aproxima. Rapidamente omastim afasta osvultos tenebrososquetentavamarrastarSinhôDoutorparalongedossocorristas.

Chegamentãoluminososseres,guiadospelos latidos, que o recolhem emprovidencialmaca.Elepercebevagamenteque o carregam por pequena distância edaí o colocamemumdos veículos de umlongocomboio.Omastim,queosegueatéomomentoemqueamacaérecolhidanoveículo,estranhamentelheparecefamiliar.

Começa então para o Sinhô Doutor olongocaminhoderetornoaocumprimentodasLeisDivinas.

________________________________UmContoEspírita(V)

Reencontro TodosrodeiamecumprimentamFlávio.

Ele está imensamente feliz. O ambiente éde festa, a reunião espiritual foi um

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sucesso e os últimos detalhes para suavoltaaoplanoterrenoacertados.

Realizadanomodestosalãodopequenocentro espírita do bairro, contou com apresença dos irmãos encarnados atravésdodesdobramentopelosonofísico.Joãoesuaesposa,doisfrequentadoresdocentro,aceitaram receber Flávio como filho.Pedro, o fundador do grupo e médium,aceitou o compromisso de guiar seusprimeirospassosnaDoutrina.

Flávio,umdosguiasdacasa,espíritodeluz há muito, retornará as lides terrenaspara ajudar seus três filhos de umaencarnação passada. Então, nas Gálias,ligou-seao Cristianismo nascente, mas,incompreendido pela família e pelosamigos, teve que renunciar à sua posiçãosocial e até mesmo à sua vida, coroadapelomartírioemtestemunhodesuafé.

Seus antigos filhos, fugindo de todaorientação que procurou lhes dar desdeentão, lançaram-se à toda sorte dedesacertos e, por várias existências,comprometeram-secomasleisdivinas.

Agora,pelaprimeiravez,asperspectivassãooutras,sobosnomesdePedroeJoão,doisdelesseencontramdecididamentenocaminho do bem e o terceiro, começa aabrir-se para o arrependimento. Seusúltimos erros, como Sinhô Doutor, ocolocaram em uma situação de extremapenúria espiritual, mas, por outro lado, osofrimento decorrente, quebrou-lhefinalmenteacascadeorgulhoeindiferençapelopróximocomquesecobriaháséculos.

SinhôDoutor,agoraumpobredementeabrigadonainstituiçãofundadaporPedro,está prestes a desencarnar. Ficará algumtempo na instituição espiritual a qual ocentro se encontra ligado e retornará aocorpofísicoassimqueFlávio,reencarnado,

estiver casado e pronto para acolhê-lonovamentecomofilho.

João e Pedro perdoaram SinhôDoutor.O primeiro lhe será avô carinhoso nofuturo e o outroo receberá também naescola dominical para o aprendizado doEvangelhodeJesus.

Flávio sai sorridentedosalãoeprocuraseu fiel companheiro, que deveria estaraguardando do lado de fora. Olha paratodososladosefinalmenteovê.

É uma cena engraçada. Totó,desencarnado há alguns dias, estácorrendoepulandoalegrementeemtornodeJoãoePedro.Ogrupodeespíritosqueos levavam de volta aos seus lares,tevequepararparadar-lhesoportunidadedebrincarcomocão.

Não há dúvidas, ele vai pedirautorizaçãoparaqueTotóvoltemaisumavezcomelesaoplanofísico.

Este cão tem sido seu companheirotantas vezes que Flávio nem sabe maisdizer como os laços que os unemcomeçaram. Há outros animais aos quaisFlávio dedica sua atenção, inclusive comoresponsávelpelas caravanas socorristas dainstituição nos planos inferiores daespiritualidade,quecontamsemprecomaescoltadeumavalorosamatilha.

Mas, Totó é especial. No momentocrucial da vida de Flávio, quando vierambuscá-loparaomartírio,láestavaeleefoio único que se levantou em sua defesa.Tentativa inútil, prontamente anuladapelas lanças dos legionários, mas, Fláviojamais se esqueceu da cena e a gratidãoque sente ainda é a mesma que sentiunaquelemomentolongínquonotempo.

Flávio, parado na porta do centro,contemplandoaalegrealgazarracriadaporTotó, João e Pedro, não pode deixar de

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elevar o pensamento em gratidão aoCriador.

Volta-lhe a memória neste instantetambém o ponto culminante de outraencarnação.Omomentoemque,andandodespreocupado pelos campos, deparou-secomacenadeumhomempregandoaboanova do Reino dos Céus aos animaissilvestresqueocercavam.

Foi com Francisco de Assis queaprendeu que todos os seres da Criaçãosãonossosirmãos.

MuitaPaz,CarlosA.I.Bernardo

NostemposdaCodificação

Ondeéocéu?

AllanKardec

Nessaimensidadesemlimites,onde,pois,estáocéu?Portodaaparte;nenhummuroolimita;osmundosfelizessãoasúltimasestaçõesqueaeleconduzem,asvirtudeslhesabrindoo

caminhoeosvícioslhesbarrandooacesso.

O vocábulo céu se diz, em geral, doespaço indefinido que circunda a Terra e,mais particularmente, da parte que estáacima do nosso horizonte. Vem do latimcoelum, formado do grego koitos, oco,côncavo, porque o céu parece aos nossosolhos como uma imensa concavidade. Osantigosacreditavamnaexistênciadevárioscéus superpostos, compostos de matériasólida e transparente, formando esferas

concêntricas, das quais a Terra era ocentro. Girando em torno da Terra, essasesferas arrastavam consigo os astros, queseachavamemseucircuito.

Esta ideia, devida à insuficiência dosconhecimentos astronômicos, foi a detodas as teologias, que fizeram dos céus,assim escalonados, os diversos graus dabeatificação; o último era a morada dasuprema felicidade. Segundo a opinião

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mais comum, havia sete. Daí a expressãoEstar no sétimo céu, para exprimir afelicidade perfeita. Os Muçulmanosadmitiam nove, em cada um dos quaisaumenta a felicidade dos crentes. OastrônomoPtolomeu(1)contavaonze,dosquais o último era chamado Empíreo(2),devidoàdeslumbrante luzqueali reina.Éaindahojeonomepoético,dadoao lugarda eterna beatitude. A teologia cristãreconhece três céus: o primeiro é o daregiãodo ar e das nuvens; o segundoé oespaço onde se movem os astros; oterceiro, além da região dos astros, é amorada do Altíssimo, a casa dos eleitos,que contemplam Deus face a face. É emvistadestacrençaquesedizqueSãoPaulofoilevadoaoterceirocéu.

As diversas doutrinas concernentes àmorada dos bem-aventurados repousam,todas, no duplo erro que a Terra seja ocentro do universo, e que a região dosastros é limitada. Foi para além destelimite imaginário que todas colocaram amorada felizemoradadoTodo-Poderoso.Singular anomalia, que coloca o autor detodas as coisas, o que as governa todas,nosconfinsdacriação,emvezdenocentrode onde a radiação de seu pensamentopoderiaestender-seatudo!

Com a inexorável lógica dos fatos e daobservação, a ciência levou seu facho atéàs profundezas do espaço e mostrou ainanidadedetodasessasteorias.ATerrajánão é o pivô do universo, mas um dosmenoresastros rodandona imensidade;oprópriosolnãopassadeumcentrodeumturbilhão planetário; estrelas sãoinumeráveis sóis, em torno dos quaiscirculam mundos incontáveis, separadospor distâncias apenas acessíveis aopensamento, postoquepareçam tocar-se.Nesse conjunto, regido por leis eternas,

nas quais se revelam a sabedoria e aonipotência do Criador, a Terra nãoaparece senão como um pontoimperceptíveleumdosmenosfavorecidospara a habitabilidade. Desde então sepergunta por queDeus a teria feito comoúnicasededavidaeparaaíteriarelegadosuas criaturas prediletas. Ao contrário,indicaqueavidaestáportodaaparte,quea humanidade é infinita como o universo.Revelando-nos a ciência, mundossemelhantesàTerra,Deusnãoospodiatercriado sem objetivo. Deveria tê-lospovoadoporserescapazesdeosgovernar.

As ideias dohomemestãona razãodoque sabe. Como todas as descobertasimportantes,adaconstituiçãodosmundoslhe deve ter dado um outro curso. Sob oimpériodessesnovosconhecimentos,suascrençasdevemter-semodificado.Océufoideslocado;aregiãodasestrelas,nãotendolimites, não mais lhe pode servir. Ondeestá ele? Ante uma tal questão, todas asreligiõesficammudas.

O Espiritismo vem resolvê-la,demonstrando o verdadeiro destino dohomem. A natureza deste último, e osatributosdeDeus,tomadoscomopontodepartida,levamàconclusão.

O homem é composto do corpo e doEspírito.O Espírito é o ser principal, o serde razão, o ser inteligente; o corpo é oenvoltório material, que revestetemporariamente o Espírito, para aexecução de sua missão na Terra e aotrabalho necessário ao seu adiantamento.Uma vez gasto, o corpo se destrói e oEspírito sobreviveà suadestruição.SemoEspírito, o corpo é apenasmatéria inerte,como um instrumento privado do braçoque o maneja; sem o corpo, o Espírito étudo:vidaeinteligência.Deixandoocorpo,

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entra nomundo espiritual, de onde haviasaídoparaencarnar-se.

Há, pois,o mundo corporal, compostode Espíritos encarnados, eo mundoespiritual, formado dos Espíritosdesencarnados. Os seres do mundocorporal, pelo mesmo fato de seuenvoltório material, estão presos à Terra,ou a um globo qualquer; o mundoespiritual está por toda a parte, em redorde nós e no espaço; nenhum limite lhe émarcado.Emrazãodanaturezafluídicadeseu envoltório, os seres que o compõem,emvezdesearrastarempenosamentenosolo, transpõem as distâncias com arapidezdopensamento.Amortedocorpoéarupturadoslaçosqueosretêmcativos.

Os Espíritos são criados simples eignorantes, mas com aptidão para tudoadquirir e para progredir, em vista de seulivre-arbítrio. Pelo progresso, adquiremnovos conhecimentos, novas faculdades,novas percepções e, em consequência,novosprazeresdesconhecidosaosEspíritosinferiores; eles veem, ouvem, sentem ecompreendemoqueosEspíritosatrasadosnão podem ver, nem ouvir, nem sentir,nem compreender. A felicidade está narazãodoprogressorealizado;desorteque,dedoisEspíritos,umpodenãosertãofelizquantoo outro, unicamenteporque é tãoadiantado intelectual e moralmente, semque haja necessidade de se acharem emlugares diferentes. Posto estejam um aolado do outro, um pode estar nas trevas,enquantotudoéresplendenteemredordooutro, absolutamente comoparaumcegoeumvidentequesedessemasmãos:umpercebe a luz, que não faz qualquerimpressão sobre seu vizinho. A felicidadedosEspíritosé inerenteàsqualidadesquepossuem: assim, a desfrutam onde quer

que se encontrem, na superfície da Terra,entreencarnadosounoespaço.

Uma comparação vulgar dará melhorainda a compreender esta situação. Senumconcertoestiveremdoishomens,umbommúsicoedeouvidoeducado,ooutrosem conhecimento de música e com oouvido pouco delicado: o primeiroexperimenta uma sensação de satisfação,ao passo que o segundo fica insensível,porque um compreende e percebe o queno outro não causa nenhuma impressão.Assim é com todos os prazeres dosEspíritos, que estão na razão da aptidãopara os sentir. O mundo espiritual temesplendores em toda parte, harmonias esensaçõesqueosEspíritosinferiores,aindasubmetidosàsinfluênciasdamatéria,nemmesmo entreveem, pois só são acessíveisaosEspíritosdepurados.

Nos Espíritos o progresso é fruto dopróprio trabalho. Mas, como são livres,trabalham por seu adiantamento commaior oumenor atividade ou negligência,conformesuavontade;assim,apressamouretardam seu progresso, e, por istomesmo, sua felicidade. Ao passo que unsavançam rapidamente,outros se arrastampor longos séculos nas fileiras inferiores.São, pois, os próprios artífices de suasituação, feliz ou infeliz, conforme apalavra doCristo: “A cadaum segundo assuas obras.” Todo Espírito que fica paratrás não pode lamentar-se senão de simesmo; o que avança tem mérito. Afelicidade que conquistou não passa deprêmioaosseusolhos.

A felicidade suprema só é partilha dosEspíritos perfeitos, isto é, dos purosEspíritos.Elessóaatingemdepoisdehaverprogredidoeminteligênciaemoralidade.Oprogresso intelectual e o progressomoralraramente marcham juntos; mas o que o

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Espírito não faz num tempo, fá-lo-á emoutro; de sorte que os dois progressosacabam por atingir o mesmo nível. Eis arazão pela qual, por vezes, se veemhomens inteligentes e instruídos muitopouco adiantados moralmente, ereciprocamente.

A encarnação é necessária ao duploprogresso moral e intelectual do Espírito:ao progresso intelectual, pela atividadequeéobrigadoadesenvolvernotrabalho;ao progressomoral, pela necessidadequeos homens têm uns dos outros. A vidasocial é a pedrade toquedasboas emásqualidades. A bondade, a maldade, asuavidade, a violência, a benevolência, acaridade,oegoísmo,aavareza,oorgulho,ahumildade,asinceridade,a franqueza,alealdade, a má-fé, a hipocrisia, numapalavra, tudooqueconstituiohomemdebem ou o homem perverso, tem pormóvel, por objetivo e por estimulante asrelações do homem com os seussemelhantes. Por isto, quem vivesse só,nem teria vícios, nem virtudes. Se, peloisolamento, se preserva contra o mal,todavia,anula-seobem.

Uma única existência corporal émanifestamente insuficiente para que oEspíritopossaadquirirtudooquelhefaltaembemesedesfazerdetudooqueemsié mau. O selvagem, por exemplo, jamaispoderia, numa só encarnação, atingir onívelmoraleintelectualdomaisadiantadoEuropeu?Istoématerialmenteimpossível.Deve-se, pois, ficar eternamente naignorância e na barbárie, privado dosprazeres que só o desenvolvimento dasfaculdades pode proporcionar? O simplesbomsensorepeletalsuposição,queseria,aomesmo tempo, a negação da justiça edabondadedeDeus,eadaleiprogressivada natureza. Eis porque Deus, que é

soberanamente justo e bom, concede aoEspírito do homem tantas existênciasquantasnecessáriasparaatingiroobjetivoqueéaperfeição.Emcadanovaexistênciaele traz o que adquiriu nas precedentes,em aptidão, em conhecimentos intuitivos,em inteligência e em moralidade. Cadaexistência é, assim, um passo à frente navia do progresso, a menos que, pelapreguiça, por sua despreocupação ou porsua obstinação no mal, não a aproveite,caso em que deve recomeçar. Deledepende, pois, aumentar ou diminuir onúmerodesuasencarnações,sempremaisoumenospenosaselaboriosas.

NointervalodasexistênciascorpóreasoEspírito entra, por um período mais oumenos longo,nomundoespiritual,ondeéfeliz ou infeliz, conforme o bem ou omalque haja feito. O estado espiritual é oestadonormaldoEspírito,desdequeteveoseuestadodefinitivoeocorpoespiritualnão morre. O estado corporal é apenastransitório e passageiro. É o estadoespiritual,sobretudo,querecolheosfrutosdoprogressorealizadoporseutrabalhonaencarnação; tambéméquandosepreparapara novas lutas e toma resolução que seesforça para pôr em prática, ao voltar àhumanidade.

Areencarnaçãopodedar-senaTerraouemoutrosmundos. Entreosmundos, unssãomais adiantados que outros e neles aexistência se realiza em condições menospenosas do que na Terra, física emoralmente,masondenão sãoadmitidossenão Espíritos que atingiram um grau deperfeiçãocompatível comoestadodessesmundos.

Avidanosmundossuperiores jáéumarecompensa, porque aí se está isento dosmalesevicissitudesaqueseestáexpostoaqui. Os corpos menos materiais, quase

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fluídicos, ali não estão sujeitos nem àsdoenças, nem às enfermidades, nem àsmesmas necessidades. Estando excluídososmausEspíritos,oshomensalivivemempaz, sem outro cuidado senão o de seuadiantamento pelo trabalho dainteligência. Ali reinam a verdadeirafraternidade, pois não há egoísmo, averdadeira liberdade, pois não hádesordens a reprimir, nem ambiciososprocurandooprimirofraco.ComparadosàTerra, esses mundos são um verdadeiroparaíso;sãoasetapasdaviadoprogresso,que conduz à morada definitiva. Sendo aTerra, um mundo inferior, destinado àdepuração dos Espíritos imperfeitos, eis arazãopelaqualomalaquidominaatéquea Deus apraza dela fazer a morada deEspíritosmaisadiantados.

Assim é que o Espírito, progredindogradualmente, à medida em que sedesenvolve,chegaaoapogeudafelicidade;mas, antes de haver atingido o pontoculminante da perfeição, goza de umafelicidade relativa ao seu adiantamento.Como a criança gosta dos prazeres daprimeira infância, mais tarde, os dajuventudee,finalmente,osmaissólidosdaidademadura.

A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não é a ociosidadecontemplativa, que seria, como muitasvezes já foi dito, uma eterna e fastidiosainutilidade. Em todos os graus, a vidaespiritual é, ao contrário, uma atividadeconstante, mas isenta de fadigas. Asuprema felicidade consiste no gozo detodos os esplendores da criação, quenenhuma linguagempoderia pintar, que amais fecunda imaginação poderiaconceber; no conhecimento e napenetraçãodetodasascoisas;naausênciade todo cansaço físico e moral; numa

satisfaçãoíntima,umaserenidadedealma,quenadaaltera;noamorqueunetodososseres,devidoàausênciadetodoatritopelocontato dos maus e acima de tudo pelavisão de Deus e a compreensão de seusmistérios, revelados aos mais dignos. Elaestá,também,nasfunçõesdecujoencargosesentemfelizes.OspurosEspíritossãoosMessias ou mensageiros de Deus, paratransmissãoeexecuçãode suasvontades;elesrealizamasgrandesmissões,presidemàformaçãodosmundoseàharmoniageraldo universo, encargo glorioso, ao qual sóse chega pela perfeição. Só os da ordemmaiselevadaestãonos segredosdeDeus,inspirando-seemseupensamento,doqualsãoosrepresentantesdiretos.

As atribuições dos Espíritos sãoproporcionais ao seu adiantamento, àsluzesquepossuem,àsuascapacidades,àssuas experiências e ao grau de confiançaque inspiram ao soberanoMestre. Aí nãoháprivilégiosou favores,quenãosejamopreçodomérito:tudoémedidoaopesodaestritajustiça.Asmaisimportantesmissõesnão são confiadas senão aos que sãocapazesdeasdesempenhareincapazesdefalhar ou de as comprometer. Ao passoquesobosolhosdopróprioDeus,osmaisdignos compõem o conselho supremo, achefes superiores é confiada a direção deum turbilhão planetário, a outros éconfiada a de ummundo especial. Vêm aseguir, na ordem de adiantamento e desubordinação hierárquica, as atribuiçõesmais restritas dos que são prepostos àmarchadospovos,àproteçãodasfamíliasedosindivíduos,aoimpulsodecadaramodo progresso, às diversas operações danatureza, até aos mínimos detalhes dacriação. Nessa vasto e harmoniosoconjunto, há ocupação para todas ascapacidades, todas as aptidões, todas as

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boas vontades, ocupações aceitas comalegria, solicitadas com ardor, porque sãoummeiodeadiantamentoparaosEspíritosqueaspiramelevar-se.

Aencarnaçãoé inerenteà inferioridadedos Espíritos; não é mais necessária aosque transpuseram o seu limite e queprogridem no estado espiritual, ou emexistências corporais em mundossuperiores, que nada mais têm damaterialidade terrestre.Da parte destes évoluntária, visto como exerce sobre osencarnados uma ação direta para arealização da missão de que estãoencarregados junto àqueles. Aceitam assuas vicissitudes e os sofrimentos pordevotamento.

Ao lado das grandesmissões confiadasaosEspíritossuperiores,oshádetodososgraus de importância, confiadas aos detodas as ordens. De onde poder dizer-seque cada encarnado tem a sua, isto é,deveres a cumprir para ao bem de seussemelhantes, desde o pai de família, aquemincumbeocuidadodefazerosfilhosprogredirem, até o homem de gênio, quelança na sociedade novos elementos deprogresso. É nessas missões secundáriasquemuitas vezes se encontram fracassos,prevaricações, renúncias, mas que sóprejudicamoindivíduo,enãooconjunto.

Todas as inteligências concorrem, pois,paraaobrageral,sejaqualforograuquetenhamatingido,ecadaumanamedidadesuas forças; umas no estado deencarnação, outras, no de Espírito. Portodaparteaatividade,debaixoaoaltodaescala, todas se instruindo, se ajudandoentre si, se prestando mútuo apoio, sedandoasmãos,parachegaremaotopo.

Assim se estabelece a solidariedadeentre o mundo espiritual e o mundocorporal, isto é, entre os homens e os

Espíritos, entre os Espíritos livres e osEspíritosescravizados.Assimseperpetuame se consolidam, pela depuração e pelacontinuidade das relações, as verdadeirassimpatias,asafeiçõessantas.

Por toda a parte, pois, há vida emovimento; nenhum recanto do espaçoinfinitoquenãoestejapovoado;nenhumaregião que não seja incessantementepercorrida por inumeráveis legiões deseres radiosos, invisíveis para os sentidosgrosseiros dos encarnados, mas cuja vistadeslumbra de admiração e de alegria asalmasdesprendidasdamatéria.Enfim,portoda a parte há uma felicidade relativapara todos os progressos, para todos osdeveres cumpridos; cada um leva consigooselementosdesuafelicidade,narazãodacategoria onde o coloca seu grau deadiantamento.

A felicidade depende das qualidadespróprias dos indivíduos e não o estadomaterial domeio emque se acham; está,pois, em toda a parte onde haja Espíritoscapazes de ser felizes; nenhum lugarcircunscrito lhes é assinado no universo.Emqualquer lugaronde se encontrem,ospuros Espíritos podem contemplar amajestade divina, porque Deus está emtodaparte.

Entretantoafelicidadenãoépessoal.Sesó se a encontrasse em si mesmo, se senão pudesse fazer que outros apartilhassem,seriaegoístaetriste;elaestátambém na comunhão de pensamentosque une os seres simpáticos. Os Espíritosfelizes atraídos uns para os outros pelasimilitude de ideias, gostos, sentimentos,formam vastos grupos ou famíliashomogêneas, no seio das quais cadaindividualidade irradia suas própriasqualidades, e se penetra dos eflúviosserenos e benéficos, que emanam do

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conjunto, cujos membros, tanto sedispersampara sedaremàs suasmissões,tanto se reúnem num ponto qualquer doespaçoparacomunicaroresultadodeseustrabalhos, ou se reúnem em torno de umEspírito de ordem mais elevada, parareceberconselhoseinstruções.

Posto estejam os Espíritos por toda aparte, os mundos são focos onde depreferência se reúnem, em razão daanalogia que existe entre si e os que oshabitam.EmtornodosmundosadiantadosabundamosEspíritossuperiores;emtornodos atrasados pululam os Espíritosinferiores. A Terra é ainda um destesúltimos. Cada globo, pois, de certomodo,tem sua população própria de Espíritosencarnados e desencarnados, que sealimenta, em maioria, pela encarnação edesencarnaçãodosmesmosEspíritos.Essapopulação é mais estável nos mundosinferiores, onde os Espíritos são maisligados à matéria, e mais flutuante nosmundossuperiores.Masdosmundosfocosde luz e felicidade, destacam-se Espíritospara mundos inferiores, a fim de aísemearemosgermesdoprogressoe levara consolação e a esperança, levantar osânimosabatidospelasprovaçõesdavidae,porvezes,aíseencarnamparacumprirsuamissãocommaiseficácia.

Nessa imensidade sem limites, onde,pois,estáocéu?Portodaaparte;nenhummuro o limita; os mundos felizes são asúltimas estações que a ele conduzem, asvirtudeslhesabrindoocaminhoeosvícioslhesbarrandooacesso.

Ao lado deste quadro grandioso, quepovoa todosos recantosdouniverso, quedá a todos os objetos da criação umobjetivo e uma razão de ser, como épequena e mesquinha a doutrina quecircunscreve a humanidade num

imperceptível ponto do espaço, que nô-lamostra começando num dado instante,paraterminar,igualmente,numdia,comomundo que a leva, não abarcando, assim,senão umminuto na eternidade! Como étriste, fria, glacial, quando nos mostra orestodouniversoantes,durante,edepoisda humanidade terrena, sem vida, semmovimento, como um imenso desertomergulhado no silêncio! Como édesesperadora,peloquadroqueapresentadopequenonúmerodoseleitosvotadosàperpétua contemplação, enquanto amaioria das criaturas é condenada asofrimentos sem fim! Como é pungentepara os corações amantes, pela barreiraquepõeentreosvivoseosmortos!Dizemque as almas felizes só pensam em suafelicidade;asinfelizes,emsuasdores.Édeespantar que o egoísmo reine na Terra,quandoomostramnocéu?Entãocomoéacanhada a ideia que ela dá da grandeza,dopoderedabondadedoCriador!

Ao contrário, quanto é sublime o queapresenta o Espiritismo! Como suadoutrina amplia as ideias e alarga opensamento! - Mas quem diz que ele éverdadeiro? Primeiro a razão, depois arevelação; finalmente a concordância como progresso da ciência. Entre duasdoutrinas, das quais uma apequena e aoutra amplia os atributos de Deus; dasquaisumaseatrasaeaoutravaiàfrente,diz o bom senso de que lado está averdade.Que empresença dos dois, cadaum, no foro íntimo, interrogue as suasaspirações e uma voz íntima lheresponderá. As aspirações são a voz deDeus,quenãopodeenganaroshomens.

Mas, então, porque, desde o princípio,Deus não lhes revelou toda a verdade?Pelamesmarazãoporquenãoseensinaàcriança o que se lhe ensina na idade

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madura. A revelação restrita era bastanteduranteumcertoperíododahumanidade;Deus as proporciona às forçasdoEspírito.Osquehoje recebemuma revelaçãomaiscompleta são os mesmos Espíritos quenoutros tempos receberam apenas umaparcela, mas que depois cresceram eminteligência. Antes que a ciência lhestivesse revelado as forças vivas danatureza, a constituição dos astros, overdadeiro papel e a formação da Terra,teriam compreendido a imensidade doespaço,apluralidadedosmundos?Teriampodidoidentificar-secomavidaespiritual?conceber, depoisdamorte, umavida felizouinfeliz,anãosernumlugarcircunscrito

e sob uma forma material? Não.Compreendendo mais pelos sentidos doque pelo pensamento, o universo erademasiado vasto para seu cérebro. Erapreciso reduzi-lo a menores proporções,paraopôremseupontodevista,livredeoampliarmais tarde.Uma revelaçãoparcialtinhasuautilidade,então;erasábia;hojeéinsuficiente. O erro é daqueles que, nãolevando em conta o progresso das ideias,creem poder governar homens maduroscomasandadeirasdainfância.

Fonte: Kardec, A. Revista Espírita. AnoVIII.Vol.3Marçode1865.

ComunicabilidadeEspiritual

Nasdesavençasdavida

NasdesavençasdavidaPercorremosatribuiçõescansáveiselongasParecemintermináveisquevemevãoSãotristesrecordaçõesdaquiloquequeríamosverapagadasEcomodesilusão,sempreestãoaonossoladoSolicitaçõesconstantesrefazemnossomalestarEtudoparecechegaraofimdocaminhoNãohámaisondeseguirSórestaonada.

Masoqueéonada?DaimagináriaescuridãototalDassequelasdovazioDotristesilêncioacabrunhadoDaangústiadenãomaisexistirDomedodamortefinalDainconsistênciadossereshumanosSórestaocaos.MasocaoséalgoDadestruição,areconstruçãoDaintolerância,oamor

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Donascimento,orenascimentoDaescuridão,aluzDasolidão,aamizadeDaignorância,oprogressoDoprogresso,asabedoriaDonada,otudoDasimplicidade,aevoluçãoDofrio,oamparoDavida,aemoçãodapazSórestaotudo.Masoqueéotudo?AcertezadacontinuidadeAesperançanoamanhãOamornocoraçãoAvidaemsociedadeOsonhodorealAfontedasabedoriaAluzdoinvisívelAsortedapaixãoAsobrevivênciadoserAvozquevoaEnfim,tudoexisteEnemmesmoocéuSedefinenomeumundoquemeesperaEidesempreteamarObrigadoportudo...VadeMécum,mensagempsicografadaporRaulFranzolinNeto

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