boletim fórum drs n 79

40
F órum DRS Boletim Eletrônico Ano 5 | Edição 79 | Agosto/2011 www.iicaforumdrs.org.br Entrevista Alberto Adib e Ivanilson Guimarães entrevistam Martín Perez que aborda a experiência do Instituto de Desenvolvimento de Mendoza, em desenvolvimento territorial Especial III Curso de Atualização Conceitual em Gestão Social do Desenvolvimento Territorial

Upload: forum-drs

Post on 25-Mar-2016

227 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Produzido pelo Fórum Permanente de Desenvolvimento Rural Sustentável

TRANSCRIPT

Page 1: Boletim Fórum DRS n 79

Fórum DRSBoletim EletrônicoAno 5 | Edição 79 | Agosto/2011

www.iicaforumdrs.org.br

EntrevistaAlberto Adib e Ivanilson Guimarães entrevistam Martín Perez que aborda a experiência do

Instituto de Desenvolvimento de Mendoza, em desenvolvimento territorial

EspecialIII Curso de Atualização Conceitual em Gestão Social

do Desenvolvimento Territorial

Page 2: Boletim Fórum DRS n 79

� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

Page 3: Boletim Fórum DRS n 79

�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

no t a ao l e i t o r[ ]

Os diálogos promovidos pelo Fórum DRS sobre desenvolvimento ter-

ritorial e enfrentamento da pobreza rural continuam nesta edição.

O tema central é a contribuição da Universidade para a gestão das

políticas públicas, na opinião de Martín Perez, da Universidade de Mendo-

za. A matéria especial apresenta os resultados do III Curso de Atualização

Conceitual em Gestão Social dos Territórios, realizado no Uruguai.

Boa Leitura.

Coordenação do Fórum DRS

Foto de Capa: Arquivo IICA

Page 4: Boletim Fórum DRS n 79

Contribuir para o desenvolvimento da capacidade técnica, institucional e gerencial dos integrantes

e parceiros, operando também como instrumento de integracao latino-americana para a gestão do conhecimento

relacionado com o desenvolvimento rural sustentável e o combate a pobreza.

O Fórum DRS tem como objetivo

Page 5: Boletim Fórum DRS n 79

�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

í n d i c e

Entrevista

Alberto Adib e Ivanilson Guimarães entrevistam Martín Perez que aborda a experiência do Instituo de Desenvolvi-mento Rural de Mendoza, em desenvolvimento territorial.

Notícias do Fórum

Sobre DRS

Eventos

Especial

III Curso de Atualização Conceitual em Gestão Social do Desenvolvimento Territorial

Internacional

Publicações

06

12

16

18

20

32

36

2006

Page 6: Boletim Fórum DRS n 79

[ ]en t r e v i s t a

Fotos: André Kauric

com Martin A. PerezEntrevista

Page 7: Boletim Fórum DRS n 79

�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

[ ]en t r e v i s t a

As políticas públicas de desenvolvimento rural com enfoque territorial da

Argentina foram os temas da entrevista realizada por Alberto Adib, especialista

em Desenvolvimento Rural Sustentável do IICA Paraguai, e Ivanilson Guimarães,

consultor do IICA, ambos representando o Fórum DRS, ao argentino Martín A. Perez,

do Instituto de Desenvolvimento Rural, de Mendoza, na Argentina.

Perez falou sobre a experiência do Instituto de Desenvolvimento Rural de

Mendonza/Argentina através do Programa de Participação Local e Desenvolvimento

o Humano; Programa de Ordenamento Territorial Rural. O argentino fez considerações

conceituais e metodológicas do modelo territorial (dimensão social, econômica,

ambiental e política-institucional);

Martín A. Perez é responsável pelo departamento de ordenamento territorial

da Fundação Instituto de Desenvolvimento Rural. Agrônomo de formação trabalha

para geração e coordenação de recursos que permitem favorecer o Desenvolvimento

Rural da província de Mendoza.

O diálogo aconteceu em Recife durante a realização do V Fórum Internacional

de Desenvolvimento Territorial, em novembro de 2010. Confira!

FPORUM DRS - Gostaria de ouvir de você, desde seu papel institucional no Instituto

de Desenvolvimento Rural e da Universidade, como você vê a proposta de fazer desen-

volvimento com enfoque territorial? O que você vê como vantagem nisso? Como pode

contribuir? O quão diferente é fazer política pública com enfoque territorial?

MARTÍN – Em primeiro lugar me parece que a política pública ou a forma de se inserir

no território através de um enfoque territorial, porque é a partir disso que nos damos

conta de como inserimos a política em um território, de como chegamos às pessoas de Entrevista

Page 8: Boletim Fórum DRS n 79

� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

[ ]en t r e v i s t a[ ]

um lugar ou que estamos tentando chegar. Essa é uma

forma de se aproximar, não é a única. É, na minha opi-

nião, uma instância superior, de aproximar duas partes

que nos últimos 20 ou 30 anos tem se intensificado tan-

to na esfera política, pública, como na tomada de deci-

são. Ou seja, está mudando o esquema de priorizações,

que no esquema clássico ficava muito longe da base.

Então me parece que o enfoque territorial o que faz é

aproximar duas dimensões, duas grandes esferas para

construir canais de ida e volta. Não somente ida, mas

são necessários os dois canais. Não só o de abaixo ou só

o de cima. Apenas um não chega a efetividade na to-

mada de decisões. Nesse sentido, portanto, o enfoque

territorial tenta aproximar.

FORUM DRS- Como percebe isso na Argentina?

MARTÍN – Eu acredito que o grande desafio deste

enfoque, assim como comentava Rafael Echeverri (Se-

cretário Técnico de Proterritórios), é a redistribuição do

poder. Porque esse enfoque não muda o poder, ele não

diminui, o que acontece é que o poder muda de mãos.

Esse jogo é ponto chave para entender como esse en-

foque pode trabalhar com as pessoas na Argentina, em

distintas regiões provinciais em Argentina e em outros

países. Até onde se está disposto a coordenar esse pro-

grama desde a esfera pública desde a base? É factível,

em dúvida que é, mas tem que se fazer um trabalho

para saber como esse poder será redistribuído, não todo,

mas alguma parte que com certeza sera distribuído.

FPORUM DRS – Essa experiência de Mendoza tem uma

abrangência nos limites da província. Você percebe

que há outras instâncias fora de Mendoza, por exem-

plo no governo central ou nas universidades, que essa

proposta de enfoque territorial já tenha chegado e se

há alguma sensibilidade para esse tipo de proposta e

intervenção

Page 9: Boletim Fórum DRS n 79

�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

[ ]en t r e v i s t a[ ]en t r e v i s t a

MARTÍN - Sim, já existe dentro da província, por meio

da IDR, mas também em outras instituições nacionais

que também trabalham na província e fora da provín-

cia, a nível nacional, tem muitas experiências interes-

santes, que também já possuem sua trajetória como o

da Subsecretaria de Agricultura Familiar com seus tra-

balhos nos grupos, nos territórios. Talvez não com a for-

malização dos territórios, como é o caso do Brasil, mas

sim como ponto de encontro onde aqueles integran-

tes dos territórios estão começando a discutir de outra

maneira sua realidade. Tem uma experiência muito boa

e está aumentando nesses últimos cinco ou seis anos.

Está começando a tomar força desde a nação, desde a

província e desde de abaixo.

Na Universidade, vou falar apenas do caso que eu

conheço que é na universidade de Córdoba, existe tam-

bém até abaixo um desenvolvimento que aplica a teoria

na realidade. Projetos de pesquisa, nos quais estou par-

ticipando, onde o sentido territorial está começando a

ser investigado, mas falta muito para começarmos a en-

tender quais são os processos próprios dos territórios

de Mendonza para poder intervir melhor, ou seja, a aca-

demia ainda tem muito que nos dizer como funciona os

processos para que isso possa depois alimentar alguma

tomada de decisões ou políticas com adequado grau

de conhecimento.

FPORUM DRS – Do ponto de vista da estratégia de

desenvolvimento territorial, ele é forte desde que ha-

jam organizações pré- desenvolvidas nessas regiões.

No Brasil, fazendo uma comparação, temos regiões

cujo o nível de organização é mais alto e outras orga-

nizações que são incipientes ou fragilizadas. A minha

questão Martín é que você nos caracterizasse um pou-

co as organizações que existem, por exemplo situadas

especificamente na província de Mendonza, que estão

compondo esse ciclo institucional organizado dentro

da ordem de desenvolvimento territorial

Martín – Em primeiro lugar a organização mais forte

que está levando essa visao de território é a que contro-

la o Fórum de Agricultura Familiar, que é um Fórum na-

cional, mas que tem representatividade nas províncias

como organização de base. É uma organização que tem

a idéia de trabalhar desde a base com mesas concre-

tas, em regionalizar as políticas, em trazê-las para baixo

para as especificidades locais de cada território e está

dinamizando isso. Mas não está só. Em cada uma das

bases da provincia, existem outras instituições como câ-

maras de produtores, câmaras de comercio, que estão

se voltando para esse enfoque. E estão começando a

trabalhar com instituições pública e privadas, como IDR,

em alguns casos a universidade, em outros casos, outros

órgãos do governo, mas a província está começando a

tomar forma.

FPORUM DRS – O desenvolvimento territorial de algu-

ma forma tem uma composição de vários municípios e

quando você descentraliza a decisão do município para

o território de alguma forma você fragiliza o poder do

município. Qual é a composição e quantos municípios

fazem parte da província e quais são as relações que

existem nesse processo de desenvolvimento territorial?

E os poderes locais municipais como que eles reagem e

se eles se incorporam ou não nessa nova proposta?

MARTÍN – A província de Mendonza tem 18 municí-

pios, dos quais dois municípios são totalmente urbanos,

portanto, estes dois não tem entrado muito nessa pro-

posta de desenvolvimento territorial, ou seja, temos 16

municípios que estão no esquema. Propriamente é mui-

to particular o caso de Mendonza porque estamos loca-

lizados em uma zona árida, semiárida, onde a atividade

agropecuária, agrícola, a vida do homem se da em oásis,

Page 10: Boletim Fórum DRS n 79

10 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

[ ]en t r e v i s t a[ ]

em diferentes oásis da província. Ou seja, a própria relação homem-natureza

já gerou um território. O território ja está marcado que é um Oásis, isto já é um

território. Esse oásis toma parte de distintos municípios, alguns municípios

entram totalmente e outros não. Ma ai ja tem a primeira regionalização. Esses

municípios ou estes oásis até hoje não conseguem trabalhar como um terri-

tório integrado. Sim em alguns aspectos, como gestão de problemáticas em

comum, aí estão atuando, mas não com uma política integradora de trabalho

de todos os municípios do oásis. E eu acredito que esse é o primeiro passo

que se está dando de se regionalizar o trabalho através do oásis. Mas o oásis

não tem identidade política, é uma situação politico-ambiental que determi-

na essa questão, não tem uma identidade política própria. Esse me parece

que será o primeiro passo no momento da regionalização através de políticas

desenhadas para esse oásis.

O enfoque territorial terá que

lidar com estes temas. Tem

que se mudar o que se pode

mudar e ajustar o que pode ser

ajustado, mas não podemos

partir de um modelo distinto.

Martín Perez

Page 11: Boletim Fórum DRS n 79

11www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

[ ]en t r e v i s t a[ ]en t r e v i s t a

FÓRUM DRS – Para facilitar a compreensão poderia

explicar o que significa oásis. Como se construiu essa

questão do oásis sob um olhar de território. Uma forma

de identidade territorial em base aos recursos naturais,

cujo principal é a água. Então poderia explicar um pou-

co como é esse oásis.

MARTÍN – Isso, justamente em uma zona na qual a

media de precipitações anual em toda a província é de

200 mm de chuva, a atividade do homem é se desen-

volver através dos rios artificiais unicamente. A atividade

agrícola forte, fruticultura e horticultura, se desenvolve

nas zonas onde tem rios sistematizados. Essas zonas de

rios sistematizados são o que chamamos de oásis. Por-

tanto na província existem 4 oásis que correspondem a

4 bacias de quatro rios.

A sistematização do rio, da água em Mendonza é de

uma institucionalidade quase que superior. A gestão da

água tem a primeira lei na Argentina em Mendonza em

1800 e pouco, porque a água é o único recurso estraté-

gico que distingue entre produzir e não produzir. Os de-

mais recursos podem ser adquiridos e a água não. Um

tem direito a água para produzir ou não tem.Por mais

que tenha todo o capital e etc. Os oásis então são as zo-

nas onde os rios sistematizados permitiram o desenvol-

vimento da atividade frutiagrícola e, obviamente, dentro

desses oásis é onde estão a maior concentração de gen-

te, da vida das pessoas. Apenas o 3% de toda superfície

provincial está dentro do oásis, o resto é deserto. Desses

3%, o 97% dessa população vivem nos oásis.

FÓRUM DRS – Nesses oásis é muito forte o cultivo da

uva. Qual é o papel dos empresários que trabalham com

o cultivo da uva e azeite? Como é a relação com essa

classe para questão territorial

MARTÍN – O perfil produtivo da província tem como

base a atividade fruti-hortícola. Obviamente o tema da

vinicultura é um tema de muita força, de tradição em

Mendonza que tem crescido e ressurgido nos últimos

15 anos com muita força, com muita inserção de capital

estrangeiro e que convive com pequenos produtores

de vinícolas. Alguns conseguiram transformar sua pro-

dução, outros não. Um exemplo cada vez mais claro

é a cooperação de vinícola de argentina que tem que

formar uma grande institucionalidade, com uma parti-

cipação empresarial muito grande, com um perfil insti-

tucional forte, que está começando a tomar estes temas

da territorialidade, das características territoriais, das

diferenças territoriais, ou seja, elementos do oásis que

tem de ser levados em consideração para elaboração de

uma política para a vinícola. Então essa corporação em-

presarial com cooperação do governo está começando

a dinamizar os produtores menores e a integrar tais pro-

dutores no processo. Não é fácil, existe muito interesse

em jogo, mas de alguma maneira entram no jogo os

menores. São processos muito difíceis. Vocês sabem

a realidade que temos na Argentina, tradicionalmente,

é distinta que se vê na América Latina. O trabalho na

Argentina tem mais a ver com o produtor individual, o

desenvolvimento tem sido mais um perfil capitalista in-

dividual e que em dados momentos tem dado resulta-

dos muito bons. Então não podemos nos esquecer que

partimos dessa base e com essa característica cultural e

nisso que esses processos tem de se adaptar. Não pode-

mos mudar da noite para o dia a atividade individual de

cada um. O enfoque territorial terá que lidar com estes

temas. Tem que se mudar o que se pode mudar e ajustar

o que pode ser ajustado, mas não podemos partir de

um modelo distinto.

Page 12: Boletim Fórum DRS n 79

1� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

no t í c i a s do f ó r um[ ]

Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas no Nordeste do Brasil

De 14 a 16/9, no hotel Othon Pala-ce, em Salvador (BA), um seminá-rio nacional debate o Programa de Gestão do Conhecimento em Zo-nas Semiáridas do Nordeste Brasi-leiro. A realização é do IICA, Fórum DRS, em parceria com o FIDA, a AECID e o Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Planejamento. Clique para fazer a inscrição.

O objetivo é propor recomenda-ções para a implementação do Programa quanto à organização de redes de colaboração e de intercâmbio de conhecimentos e experiências; os arran-jos institucionais necessários e as formas de comunicação pública e divulgação de conteúdos complexos, tecnologia e inovações à população do semiárido. E, assim, aproveitar o potencial das iniciativas impetradas por diferentes atores locais.

Participam do evento cerca de 200 gestores públicos e téc-nicos, dirigentes de movimentos sociais, de organizações não governamentais e de organismos de fomento e aca-dêmicos que realizam iniciativas relacionadas à gestão do conhecimento.

Crescimento moderado - Nas últimas décadas foram regis-trados um crescimento econômico positivo e uma melho-ria dos indicadores sociais no Semiárido. A porcentagem de pessoas que vivem em estado de pobreza extrema

Evento que promove debate estruturado sobre o Programa de Gestão do Conhecimento acontece de 14 a 16/9, em Salvador (BA). Inscrições seguem abertas

Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas do Nordeste do Brasil

JUVENTUDE

SEMIÁRIDOTERRITÓRIOS

DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

BOAS PRÁTICASINCLUSÃO POLÍTICA

INCLUSÃO PRODUTIVA

GÊNERO

CONHECIMENTO

DEBATE

TECNOLOGIA SOCIAL

GESTÃO

POLÍTICAS PÚBLICAS

TECNOLOGIA

INICIATIVAS

COMUNICAÇÃO

RESULTADOS

Realização

Apoio

SEMINÁRIO NACIONAL

Dar a la población ruralpobre la oportunidadde salir de la pobreza

reduziu de 41,8% em 1995 para 24,9% em 2008.

As políticas públicas sociais de garantia de renda, assim como as de educação, saúde, eletrificação, de infraestrutura e os grandes empreendimentos públicos e pri-vados, foram motores e tiveram impactos positivos sobre as con-dições de vida da população rural do Nordeste.

Ainda assim, o cenário atual inspi-ra cuidados. “Apesar dos avanços recentes, a região Semiá-rida ainda apresenta os índices de pobreza mais elevados do país. Essa situação se relaciona com a adversidade de al-gumas das características sócio-ambientais e econômicas da região”, explica o coordenador executivo do Fórum DRS, Carlos Miranda.

A realização é do IICA, Fórum DRS, em parceria com o FIDA, a AECID e o Governo do Estado da Bahia, por meio da Se-cretaria de Planejamento. O Seminário também conta com o apoio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Inte-gral (CAR), da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional da Bahia, da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, do SEBRAE, da Embrapa, do Banco do Nordeste, da Fundação Banco do Brasil, da Secretaria de Assuntos Internacionais, do Ministério do Desenvolvimen-to Social, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Governo Federal.

Page 13: Boletim Fórum DRS n 79

1�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

no t í c i a s do f ó r um[ ]

13° livro da Série DRS é lançado oficialmente

Com o objetivo de promover a atu-alização sobre os aspectos concei-tuais e operacionais relacionados ao planejamento e a gestão de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável territorial no Uruguai, o Instituto Interamericano de Coope-ração para a Agricultura (IICA), por meio do Fórum de Desenvolvimento Rural Sustentável (Fórum DRS), com o apoio dos seus principais parceiros institucionais, realiza, de 25 de julho a 02 de agosto, em Montevidéu, a terceira edição do Curso Internacio-nal de Atualização Conceitual e Inter-câmbio de Experiências em Políticas Públicas de Desenvol-vimento Territorial.

O Curso é resultado do interesse manifestado pelos diri-gentes uruguaios pela realização de um curso de capaci-tação em matéria de gestão do desenvolvimento territorial e de tratativas realizadas pelas representações do IICA do Brasil e do Uruguai, junto à Diretoria de Desenvolvimen-to Rural do “Ministerio de Ganadería, Agricultura y Pesca (MGAP)” e da “Oficina de Planificación y Presupuesto (OPP)” da Presidência da República. “O Curso integra o projeto de territorialização do atual Governo Uruguaio”, explicou Car-los Miranda, coordenador executivo do Fórum DRS

O curso está dirigido para 50 técnicos e dirigentes do MGAP e OPP e de outras entidades governamentais dos

Diretor-executivo do Fórum Desenvolvimento Rural Sustentável, Carlos Miranda, apresenta publicação durante evento sobre pobreza rural, em Brasília

departamentos, membros das orga-nizações da sociedade e convidados especiais da academia. Serão aborda-dos, entre outros temas, a evolução das concepções de desenvolvimento rural, a emergência dos conceitos de susten-tabilidade e territorialidade, os desafios para a aplicação desses conceitos no Uruguai; a Metodologia de planeja-mento e gestão social dos territórios; a experiência das ações territoriais no Uruguai; e as reflexões sobre os desa-fios e as recomendações para conceber e executar políticas públicas territoriais no Uruguai.

“A orientação metodológica é combinar aulas expositi-vas sobre temas teóricos e experiências com painéis que apresentem e debatam diferentes visões das questões relacionadas à gestão do desenvolvimento territorial. Es-tima-se que 50% do tempo dedicado a cada disciplina seja destinado à reflexão e ao debate, cuja dinâmica será estimulada por questões propostas pelos expositores e a coordenação do curso. Finalmente, o trabalho de campo deve ser orientado para o intercâmbio de experiências entre os participantes do curso”, enfatizou Miranda.

Veja a programação do Curso no site do Fórum DRS

Page 14: Boletim Fórum DRS n 79

14 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

no t í c i a s do f ó r um[ ]

Brasil e Uruguai avançam na agenda binacional de desenvolvimento rural

Autoridades dos Ministérios de Desenvolvimento Agrário

do Brasil (MDA) e de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uru-

guai (MGAP), e do Instituto Interamericano de Cooperação

para a Agricultura (IICA) se reuniram, no último dia 3 de

agosto ,em Montevidéu, e avançaram nas pautas de uma

agenda binacional de cooperação, integração e educação

para o desenvolvimento rural.

No marco do III Curso sobre Atualização Conceitual na

Gestão Social de Desenvolvimento Territorial, instrumenta-

do pelas Oficinas do IICA Brasil e Uruguai; se realizou uma

reunião conjunta entre autoridades de ambos países para

estabelecer acordos em uma agenda binacional.

Daniel Garín, subsecretário do MGAP, agradeceu à delega-

ção do MDA assim como aos membros do IICA, por “desem-

barcar” com o Curso, em terras “charrúas”. O subsecretário,

realizou um repasso pela história da Direção de Desenvol-

vimento Rural do País, formada em 2007, que ingressou no

ano passado no orçamento nacional. O trabalho realizado

pela Direção na sua etapa inicial, se orientou a criar insti-

tucionalidade, articular estruturas paralelas e sensibilizar à

população sobre o desenvolvimento rural. Na atualidade o

trabalho está dirigido ao fortalecimento das redes sociais,

facilitar e capacitar para a sustentabilidade. O futuro próxi-

mo, segundo Garín, estará marcado pelo monitoração e a

reformulação das políticas públicas.

Agenda de cooperação horizontal MDA-MGAP, com apoio técnico do IICA, objetiva a realização de atividades em territórios fronteiriços

Por outra parte, Jerônimo Rodrigues, secretario do MDA,

afirmou que é necessário mudar alguns conceitos no setor

agropecuário da região. Rodrigues afirmou que “a qualida-

de de participação de um movimento não pode ser conta-

da em quantidade de grãos”. O secretário remarcou a idéia

de que o território é sinônimo de identidade e, desde este

ponto de vista, expressou que “existe um vazio de políticas

ou sobreposição das mesmas e que se precisa uma pla-

taforma de políticas públicas”. O mandatário explicou que

o Brasil tem um acúmulo de experiências sobre créditos

específicos, assistência técnica e comercialização, para pe-

quenos produtores e agricultores familiares.

Neste sentido, José Olascoaga, diretor de Desenvolvimento

Rural do MGAP, comentou que a cooperação com o Brasil

é estratégica para o setor que dirige. Segundo Olascuaga,

a capacitação sobre desenvolvimento rural com enfoque

territorial, realizada entre o 25 de julho e o 3 de agosto, su-

perou as expectativas, o que arrojó um produto não plane-

jado. O diretor mencionou a “emergente necessidade de

pensar em uma agenda”, o que também significará “uma

experiência nova de cooperação com o IICA”.

Antonio Donizeti, representante do IICA no Uruguai, en-

fatizou que tanto o MDA como a Oficina do Instituto no

Brasil, possuem experiência acumulada e lições aprendi-

das, o que avaliza como um intercâmbio exitoso. Donizeti

deu a conhecer o projeto Integração de regiões de fron-

Page 15: Boletim Fórum DRS n 79

1�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

no t í c i a s do f ó r um[ ]

teira, aprovado pelos Fundos Concursáveis da Direção Ge-

ral do IICA. O representante afirmou que “se tem luz verde

nas políticas de Brasil e Uruguai”, o foco de integração das

regiões de fronteiras pode ser postulado ao Fundo para a

Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM).

Carolina Albuquerque, assessora do MDA, propôs incluir o

debate sobre território e extensão na Reunião Especializa-

da de Agricultura Familiar (REAF). A idéia de Albuquerque

foi retomada por Garín que aprovou a proposta e afirmou

que a “extensão” gera debate. O subsecretário em relação

com o conceito de fronteiras expressou que “aquela linha

imaginária está se apagando”. Segundo Garín, a região tem

que apontar a uma nova matriz de conhecimento onde

cooperação, integração e educação, sejam os eixos a tran-

sitar.

O próximo passo na negociação implica a definição do

território das regiões fronteiriças a serem abordadas pelo

planejamento.

Estiveram presentes no encontro os especialistas e auto-

ridades presentes, Joaquim Soriano diretor do Núcleo de

Estudos Agrários do MDA; Manuel Otero, Luis Valdés e Car-

los Miranda, representante, especialista em projetos e as-

sessor, respectivamente da Oficina do IICA Brasil; Santiago

Cayota e Néstor Eulacio, coordenador técnico e assessor,

respectivamente, do IICA Uruguai.

Representantes do Governo brasileiro e uruguaio

Manuel Otero, Representante do IICA no Brasil e Daniel Garín, Viceministro do MGAP

Daniel Garín, Viceministro do MGAP e representantes do MDA, Jerônimo Souza e Joaquim Soriano.

Page 16: Boletim Fórum DRS n 79

16 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

sob r e d r s[ ]

Artigo alerta para omissão de especificidades do rural

no Plano Brasil sem MisériaDe acordo com pesquisadores do OPPA, o Plano Brasil sem Miséria não contempla as especificidades da Pobreza rural

Os pesquisadores Ademir Antonio Cazella e Fábio Luiz Búrigo, ambos do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura (OPPA), escreveram artigo alertam sobre uma possível omissão do Plano Brasil sem Miséria, priori-dade do Governo brasileiro. De acordo com os pesquisa-dores, duas áreas de ação estratégicas de enfrentamento da pobreza não foram priorizadas no Plano: microfinan-ças específicas para a população rural e, em especial, o acesso à terra.

Na primeira área seria necessário reavaliar a estrutura operacional da linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar voltado para agri-cultores pobres (Pronaf B) e a ineficiência do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado (PNM-PO) em atender o público rural. O Pronaf B foi criado para beneficiar as famílias de agricultores de baixa renda, que apresentam renda bruta anual familiar inferior a R$ 6 mil, sendo que até 70% dessa renda podem ser provenientes de atividades desenvolvidas fora do estabelecimento ru-ral.

No tocante ao acesso à terra, para os pesquisadores, a ausência do tema no Plano causa, no mínimo, estranheza. Por mais precária que tenha sido a política reforma agrária no Brasil, ela é responsável por cerca de um quarto do total de agricultores familiares do país. Dos 4.367.902 agri-cultores familiares levantados no último Censo, 1.038.964 são agricultores assentados pelo programa de reforma agrária (913.046) e, de forma complementar, pela política de crédito fundiário (125.918).

No fim do artigo, os pesquisadores registram, também, a sensação de abandono das iniciativas

de desenvolvimento territorial, com destaque para os Territórios da Cidadania, concebidas no governo anterior como instrumentos de descentralização e de integração das políticas de enfrentamento da pobreza rural. “Sem a adoção de políticas descentralizadas, que prevejam a implicação das forças ativas de uma dada região, as situa-ções discutidas acima discutidas dificilmente serão aten-didas pelo PAA e pela Bolsa Verde”, enfatizou Búrigo.

Para ler o artigo, acesse:

http://oppa.net.br/artigos/portugues/artigo_OPPA_br_038-07_2011-ademir_cazella-fabio_burigo.pdf

Para esses agricultores, pouco adianta a oferta de serviços tradicionais de extensão rural feitos por profissionais das ciências agrárias, como está previsto no Plano. A

necessidade imediata é de assistência de ordem jurídica, que faça valer o direito de

usucapião e resolva as situações pendentes de inventários familiares, que deixam em

regime de insegurança ao direito de proprie-dade inúmeras famílias de agricultores.

Antônio Cazella

Page 17: Boletim Fórum DRS n 79

1�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

Concessionárias de energia ajudarão a localizar

população extremamente pobre

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, assinou acordo de cooperação técnica com a Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) durante o anúncio das ações que visam retirar da extrema pobreza 2,7 milhões de brasileiros que vivem no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Pelo acordo, assinado no último dia 18, as concessionárias se comprometem a apoiar o Brasil Sem Miséria na divulgação de informações e localização de famílias de baixa renda que ainda não acessam os benefícios, para que sejam incluídas no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal.

O governo firmou ainda acordo com as representações da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) dos qua-tro estados para a compra de produtos de agricultores fami-liares. Atualmente, essas compras são feitas pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA) e os produtos distribuídos a creches, escolas e entidades socioassistenciais. A iniciativa privada vai comprar também artesanato, principalmente de associações de mulheres.

No Sudeste, o plano federal prevê ações de expansão da rede de ensino técnico, mais investimentos em educação, a instalação de 286 Unidades Básicas de Saúde e o aumento do número de Centros de Referência Especializados de As-sistência Social (Creas), com a criação de 86 novas unidades.

Quanto ao acesso aos serviços públicos, a meta do Brasil Sem Miséria é levar energia elétrica a mais de 11 mil famílias da região. Desse total, 9 mil estão em Minas Gerais. O estado é beneficiado com as ações do programa Água para Todos, que prevê a construção de cisternas e de pequenos sistemas

de irrigação, de forma a garantir água para beber e para a produção agrícola.

DILMA CONFIANTE - Dilma Rousseff afirmou que pode-ria parecer uma contradição estar na região Sudeste, a mais rica do país mais rico da América Latina e um dos países mais promissores do mundo, dialogando sobre miséria. Entretan-to, não é, lembrou a presidenta, ao fazer referência aos 16,2 milhões de brasileiros que vivem com menos de R$ 70 por mês, sendo 2,7 milhões no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Naquela região, 79% da população mais pobre vive em áreas urbanas, motivo pelo qual o governo federal, em parceria com os estados e municípios, priorizou três frentes de atuação do Plano Brasil sem Miséria: localizar e cadastrar a população que ainda não recebe benefícios so-ciais; complementar o Bolsa Família e atuar na qualificação profissional e geração de emprego.

“A miséria continua sendo nosso principal problema e nosso maior desafio. Ter 16 milhões de brasileiros na miséria é uma característica do país inaceitável”, disse a presidenta, ao lembrar que o fato de o país ter elevado à classe média, nos últimos anos, “uma Argentina”, torna o desafio de acabar com a pobreza extrema urgente e obrigatório.

Dilma Rousseff fez referência à crise financeira internacio-nal e frisou que o mundo vive hoje um momento de inquie-tudes e interrogações. No entanto – reiterou a presidenta – o Brasil já demonstrou que o caminho seguro para enfrentar a crise financeira é combatendo “a crise mais crônica e per-manente da história da humanidade, a miséria”. Na opinião dela, a resposta brasileira ao mundo frente os efeitos da crise é justamente investir no Plano Brasil sem Miséria, no PAC, no Minha Casa, Minha Vida, no Pronatec, no Ciência sem Fron-teiras e no Brasil Maior.

sob r e d r s[ ]

Page 18: Boletim Fórum DRS n 79

1� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

e ven t o s[ ]

I Encontro Sul-Americano de Estudos Agrários

O Rio de Janeiro será palco do primeiro Encontro Sul-Americano de Estudos Agrá-rios. O evento será realizado de 12 a 15 de setembro no Rio de Janeiro e vai reunir pesquisadores, professores, alunos e interessados no debate que terá como tema central “A questão agrária na América do Sul”. A programação inclui conferências, mesas redondas, minicursos, comunicações coordenadas, além de lançamento do documentário “Fazenda Santa Maria do Monjolinho”, de Luiz Flávio de Carvalho Costa. O Encontro é realizado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janei-ro (Unirio) e pelo Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Conta ainda com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e Programa de Pós-Graduação em História da UFRRJ.

Mais informações através do e-mail [email protected] ou no site do Encontro: www.estudosagrarios.blogspot.com.

Seminário Brasil Sem Miséria

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas (Sebrae) realizam no dia 14 de setembro o seminário “Brasil Sem Miséria: como o empreendedorismo e os pe-quenos negócios podem ajudar”. O objetivo do evento é debater as possibilidades de contribuição dos empresários para a inclusão produtiva e social da população que ainda sofre com a miséria. Mais informações no site http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/eventos/brasil-sem-miseria/seminario-brasil-sem-miseria. As ins-crições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail do [email protected]

Page 19: Boletim Fórum DRS n 79

1�www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

Seminário Nacional Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas no Nordeste do Brasil

Evento acontece de 14 a 16 de setembro em Salvador Bahia e tem como objetivo promo-ver um debate estruturado sobre o programa de gestão do conhecimento nas zonas Semi-áridas do Nordeste, com vistas a propor recomendações para a sua implementação quanto à organização de redes de colaboração e de intercâmbio de conhecimentos e experiências; os arranjos institucionais necessários e as formas de comunicação e divulgação de conteú-dos complexos, tecnologia e inovações a população do semiárido. O evento está destinado a 200 gestores públicos e técnicos, dirigentes de movimentos sociais, de organizações não governamentais e de organismos de fomento e acadêmicos que realizam iniciativas rela-cionadas à gestão do conhecimento.

Mais informações: www.iicaforumdrs.org.br

e ven t o s[ ]

VI Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial

De 26 a 28 de outubro acontece em Salvador, na Bahia, o VI Fórum Internacional de De-senvolvimento Territorial. Este ano o tema do Fórum será estratégias de inclusão sócio-produtiva e terá como objetivo a construção de estratégias no tema. O Fórum está dividi-do em quatro painéis e discutirá políticas públicas internacionais e nacionais relacionadas à inserção produtiva. O Fórum está dirigido a gestores públicos e técnicos, dirigentes de movimentos sociais, de organizações não governamentais e de organismos de fomento e acadêmicos. As inscrições serão abertas no mês de setembro.

Mais informações: www.iicaforumdrs.org.br

Page 20: Boletim Fórum DRS n 79

�0 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

espec i a l[ ]

Fórum DRS realiza III Curso de Atualização Conceitual em Gestão Social do Desenvolvimento Territorial

Page 21: Boletim Fórum DRS n 79

�1www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

espec i a l[ ]

Fórum DRS realiza III Curso de Atualização Conceitual em Gestão Social do Desenvolvimento Territorial

Page 22: Boletim Fórum DRS n 79

�� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

espec i a l[ ]

Participaram do curso 50 tecnicos e dirigentes do MGAP e OPP e de outras entidades governamentais dos departamentos, membros das organizacoes da socie-dade e convidados especiais da academia. Foram abor-dados, entre outros temas, a evolucao das concepcoes de desenvolvimento rural, a emergencia dos conceitos de sustentabilidade e territorialidade, os desafios para a aplicacao desses conceitos no Uruguai; a Metodologia de planejamento e gestao social dos territorios; a experiencia das acoes territoriais no Uruguai; e as reflexoes sobre os desafios e as recomendacoes para conceber e executar politicas publicas territoriais no Uruguai.

“A orientacao metodologica foi combinar aulas expo-sitivas sobre temas teoricos e experiencias com paineis que apresentaram e debateram diferentes visoes das questoes relacionadas a gestao do desenvolvimento territorial. Cerca de 50% do tempo dedicado a cada disci-plina foi destinado a reflexao e ao debate, cuja dinamica foi estimulada por questoes propostas pelos exposito-res e a coordenacao do curso. Finalmente, o trabalho de campo foi orientado para o intercambio de experiencias entre os participantes do curso”, enfatizou Miranda.

Com o objetivo de promover a atualização o sobre os aspectos conceituais e operacionais relacionados ao plane-jamento e a gestao de politicas publicas para o desenvolvi-mento sustentável territorial no Uruguai, o Instituto para a Agricultura (IICA), por meio do Fórum de Desenvolvimento Rural Sustentavel (Forum DRS), com apoio de seus principais parceiros institucionais, realizou, de 25 de julho a 02 de agos-to, em Montevide u, a terceira edição do Curso Internacional de Atualização Conceitual e Intercâmbio de Experiências em Poli ticas de Desenvolvimento Territorial. Veja como foi a visi-ta de campo do Curso

O Curso foi resultado do interesse manifestado pelos dirigentes uruguaios pela realizacao de um curso de capacitação em matéria de gestao do desenvolvimento territorial e de tratativas realizadas pelas representacoes do IICA do Brasil e do Uruguai, junto a Diretoria de De-senvolvimento Rural do “Ministerio de Ganaderia, Agri-cultura y Pesca (MGAP)” e da “Oficina de Planificacion y Presupuesto (OPP)” da Presidencia da Republica. “O Cur-so integra o projeto de territorializacao do atual Governo Uruguaio”, explicou Carlos Miranda, coordenador executi-vo do Fórum DRS.

Participantes do III Curso

Page 23: Boletim Fórum DRS n 79

��www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

espec i a l[ ]

Entre os docentes do III Curso estiveram o professor Sérgio Leite e Nelson Delgado, do OPPA/CPDA; Carlos Osório, consultor da SDT/MDA e Alberto Adib, especialista em Desenvolvimento Rural Sustentável do IICA Paraguai.

DESAFIOS – O curso finalizou com uma reflexão feita pe-los participantes sobre os desafios para a territorialização da gestão das políticas públicas de DRS no Uruguai. Os te-mas objetos da reflexão foram: a identificação dos territó-rios; o planejamento de forma participativa das Políticas; planejar políticas com estratégia territorial e gestão social (Políticas Públicas e atores sociais) e, finalmente, como formular e financiar projetos estratégicos territoriais. Je-rônimo Rodrigues, secretário do MDA e participante do Curso, afirmou que é necessário mudar alguns conceitos no setor agropecuário da região. Rodrigues afirmou que “a qualidade de participação de um movimento não pode ser contada em quantidade de grãos”. O secretário remar-cou a idéia de que o território é sinônimo de identidade e, desde este ponto de vista, expressou que “existe um vazio de políticas ou sobreposição das mesmas e que se precisa uma plataforma de políticas públicas”. Jerônimo explicou que o Brasil tem um acúmulo de experiências sobre cré-ditos específicos, assistência técnica e comercialização, para pequenos produtores e agricultores familiares.

LANÇAMENTO LIVRO – O Fórum DRS apresentou com exclusividade aos alunos do Curso o Livro “Politicas Publicas, Atores Sociais e Desenvolvimento Territorial no Brasil”, décimo quarto livro da Série DRS. O lançamento do livro foi oportuno, já que em seus seis capítulos tem por propósito final fornecer subsídios técnicos e institucionais para a concepção de novos instrumentos de políticas de desenvolvimento rural.

Page 24: Boletim Fórum DRS n 79

�4 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

espec i a l[ ]

VISITAS DE CAMPO – Dois dias do III Curso consistiram na visita de territórios do Uruguai. Os alunos foram dividi-dos em grupos, que conheceram lugares distintos. Apos as visitas cada grupo contou a sua experiência. Conheça os territórios visitados:

assalariados rurais da zona. Um grupo de pecuaristas e de mulheres explicaram sobre algumas políticas que estão sendo adotadas na região, alem da história e situação atu-al daqueles que ali vivem.

- Cuchilla de Haedo : Com superfície de 920.000 hectare, a zona de Cuchilla de Haedo cobre 5 departamentos: Sal-to, Rivera, Artigas, Paysandu e Tacuarembó. O território foi escolhido por ser uma zona de baixo potencial de desen-volvimento, que tem sua atividade econômica baseada em lã e carne. A Zona possui baixo nível institucional e baixo nível referente a infraestrutura e serviços de quali-dade de vida e produção. A população é de 9600.

- Departamento de Cerro Largo: Outros alunos tiveram a oportunidade de conhecer a zona chamada de Quin-ta Seção, localizada no Departamento de Cerro Largo. A Quinta Seção é fronteira seca com o Brasil e compreen-de os seguintes centros de população: Aceguá, La Mina, Puntas de La Minas, Maria Isabel, San Diego, Soto, Cañada de los Burros, Mangrullo, entre outros. O Estado de Cer-ro Largo tem uma população de 89.971 habitantes, dos quais 5.083 estão localizados na Quinta Seção. Desde 2006, o Governo Uruguaio começa a dedicar especial já que a zona de fronteira é considerada a de maior índice de pobreza do Pais. Os alunos conheceram um grupo de pecuaristas e uma cooperativa de amendoim.

- Departamento de Lavalleja: Com uma superfície total de 10 mil km2, o Departamento de Lavalleja tem uma po-pulação de 60 mil habitantes, dos quais oito mil rurais, o equivalente a 9% da população rural total do Uruguai. A capital do departamento é Ciudad de Minas com 37 mil habitantes. Outras principais cidades do Estado são Solis de Mataojo, Varela, Marisacala e Piraraja, entre outras. As principais atividades econômicas são a pecuária, ovinos e mineração. A visita consistiu em encontro com grupo de pecuaristas e orgânicos na Ciudad de Minas e visitas a co-operativa apícola e de azeite, além de empreendimento turístico da região;

- Departamento de Canelones: Os alunos tiveram a opor-tunidade de conhecer um dos sete territórios de Canelo-nes. Migues, ao noroeste do Estado de Canelones, é um território de 2 mil habitantes e que possui o maior índice de pobreza do Estado de Canelones. A visita foi dirigida pela Sociedade de Fomento Rural de Migues (SFRM), um núcleo de aproximadamente 400 produtores familiares e

Lavalleja

Canelones

Page 25: Boletim Fórum DRS n 79

��www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

espec i a l[ ]

Após a realização do Curso e das visitas de cam-po, José Olascoaga, Diretor de Desenvolvimento Ru-ral do Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, descreveu os motivos que geraram a realiza-ção da capacitação no país. O diretor explicou a etapa que atravessa a instituição, que com a unificação de políticas e recursos, aspira a elaborar um plano com enfoque territorial para a jurisdição nacional. Olasco-aga confirmou a sintonia entre o MDA e a DDR, assim como avançou na solução das debilidades sinalizadas por técnicos e produtores no âmbito do III Curso so-bre Atualização Conceitual em Gestão Social de De-senvolvimento Territorial, coordenado pelo IICA.

Como surgiu a iniciativa de trazer o curso so-bre desenvolvimento territorial ao Uruguai?

A Oficina do IICA no Uruguai começou a elaborar sua Estratégia País, para a qual fez consultas a distintos níveis no Ministério, quando fez as consultas à Direção de Desenvolvimento nós pensamos a necessidade de capacitação dos quadros técnicos. Depois surgiu um convite da Oficina do IICA no Brasil para ir a uma ati-vidade em Brasília, onde justamente se estava traba-lhando no âmbito das políticas de desenvolvimento rural. Por outra parte, nós já estávamos tendo instân-cias de cooperação com autoridades do MDA, então o curso entrou em sintonia com os que estávamos realizando.

Quais são as qualidades das políticas do MDA que poderiam ser aplicadas no Uruguai?

Nós observamos que o MDA, em muitos destes temas, tem bastante experiência acumulada e ve-mos que o conteúdo conceitual, depois, passa a uma operacionalização em território. Nós te pedimos que neste curso se analizasse a experiencia que existe no Uruguai, que nao é uma experiencia de enfoque ter-ritorial, desde o principio, tem-se evolucionando para chegar a isso. É interessante, no Brasil, como ao âmbito de políticas de Estado se agrega uma reflexão acadê-mica.

Como se visualizam no Uruguai as medidas que se aplicaram no Brasil de apoiar à agricultura familiar, onde se destinou a venda deste tipo de produção às escolas públicas?

Nós estamos atentos a estas medidas através da participação do Ministerio na Reuniào Especializada de Agricultura Familiar (REAF), nesse âmbito se da muito intercambio entre os diferentes países sobre as diferentes políticas. A experiencia de compras públi-cas do Brasil, no que tem que ver com a agricultura familiar, sempre gerou muito interesse a tal ponto que neste momento se está desenvolvendo uma ativida-de de capacitação e intercambio na qual delegacões dos distintos países do Mercosul estão participando

Uruguai aspira realizar um planejamento

de políticas de desenvolvimento rural com

enfoque territorial

Entrevista com José Olascoaga

Page 26: Boletim Fórum DRS n 79

�6 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

espec i a l[ ]

no Brasil de uma visita técnica para conhecer mais a fundo a implementação destas políticas de compras públicas. Para a gente, nos parece uma ferramenta in-teressante para estudar e para tratar de adaptar a nos-sa realidade.

Joaquim Soriano, diretor do Núcleo de Estudos do MDA, comentou sobre a saída de campo que foi o que se passava no Brasil há 10 anos, várias políticas públicas e projetos mas com ausencia de coordenacão. Que opinas disto?

Ao introduzir este enfoque territorial de desenvolvi-mento, imediatamente, nos conduz à necessidade de que a aplicacão das políticas públicas tem que estar articulada e coordenará entre os distintos gestores de políticas. A visão que teve o colega do Brasil no territo-rio, eu creio que é correta, nos estamos iniciando um processo. Estamos em uma etapa onde tem muitas políticas que no se executam com uma abordagem territorial nem de uma forma articulada e siguem uma lógica setorial e isso dificulta a abordagem territorial. Nos criamos as Mesas de Desenvolvimento Rural e os Conselhos Agropecuarios e nos demos conta de que esses espacos tem que enriquecer - los e fortalecer-los, essa é a etapa que vem.

Os produtores sinalizaram na visita de campo que havia muita desconfiança em relação ao Mi-nisterio. Como foi a experiencia neste sentido?

Nos cinco anos anteriores, um dos trabalhos que se fez foi demonstrar aos produtores familiares, às pes-soas que estavam mais isoladas na campanha, e nos territorios mais vulneraveis, que as políticas públicas eram dirigidas para eles e que eles deveriam ser nao apenas beneficiarios senao participantes ativos destas

políticas. Nao se pode esquecer a historia, durante muitos anos esses atores eram realmente invisiveis nao eram destinatarios das políticas públicas e nao se sentíam identificados por essas políticas. A partir da mudanca política no Governo, comecaram a se priorizar estes setores e se comecaram a dirigir pro-postas, programas e distintas ferramentas de inter-venção em territorios que os incluiem como benefi-ciarios. Primeiro teve que vencer essa resistnêcia, essa desconfiança ou seja incredulidade que era natural que existisse. Eu acredito que essa etapa ja está su-perada, creio que agora se as pessoas se dao conta e tem bastante claro qual é a mensagem, qual é o alinhamento político estratégico.

Algumas das debilidades que sinalizaram os técnicos se referem à multiplicação de projetos no mesmo territorio. Como se melhorará esta si-tuação?

Atualmente a definição de políticas do Ministe-rio e a execucão dos programas se vao fazer desde a Direcão de Desenvolvimento Rural, a qual se criou a meados da administração passada. Neste momen-to estamos em uma etapa de fortalecimento onde vamos poder ter, através da lei de orçamento, os re-cursos para o Fundo de Desenvolvimento Rural. Por outro lado, temos recursos asignados para a contra-tação de pessoal de maneira de que vamos a poder trabalhar desde a DDR e nao desde os projetos. Estão sendo negociadas duas fontes de dívida externa, uma com o Banco Mundial (BM) e outra com o Banco Inte-ramericano de Desenvolvimento (BID). Ambas terão um componente muito forte de aplicação através da DDR. A idea É que estes projetos reforcem as políticas públicas mas cada uma terá uma énfasis.

Page 27: Boletim Fórum DRS n 79

��www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

espec i a l[ ]

A Fronteira como território de políticas para o

desenvolvimento rural

O III Curso sobre Atualização Conceitual em Gestão Social de Desenvolvimento Territorial consistiu, nas jornadas de 1 e 2 de agosto, em visitas de campo a diferentes pontos do território uruguaio. Um dos focos de trabalho se realizou no Estado de Cerro Largo, localizado no limite noroeste do Uru-guai com o Brasil, onde os alunos conheceram a zona de-nominada Quinta Seção. A visita aos grupos de pecuaristas “Cimarrones” e “Guayubiras”, e à cooperativa de produtores de amendoim “Proquincel”, abriu o debate entre os técnicos so-bre a dificuldade de delimitar as zonas de fronteira em função a um território que admite duas nacionalidades.Acompanhe nesta reportagem especial como foi a visita a Quinta Seção, sua história, dificuldades e situação atual.

O trajeto até o estado de Cerro

Largo desde a capital do país, leva mais

de cinco horas de viagem. A cidade

de Melo, capital departamental, se

encontra a 387 km de Montevidéu

e a apenas 60 km da fronteira com o

Brasil. Cerro Largo com 13.648 km2 é

um Estado extenso, segundo dados do

Instituto Nacional de Estadística (INE),

sua população em 2004 superava a

86.564 habitantes, dos quais 50.578,

vivem na capital departamental.

Page 28: Boletim Fórum DRS n 79

�� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

espec i a l[ ]

Território humano e produtivo

O despovoamento do território rural foi atribuída por

Pablo Beck, presidente da Associação de Produtores Rurais

da Quinta Seção, a uma “política que favorecia o êxodo”.

O representante mencionou que a falta de eletricidade, o

mal estado das edificações e a estradas assim como o fe-

chamento das escolas foram fatores determinantes para

o vazio que existe no âmbito rural do departamento.

Os sistemas produtivos também mudaram, segundo

o dirigente. A zona vive um processo de estrangeirização

e concentração de terra, “normalmente os compradores

são brasileiros, na década de oitenta viviam do outro lado,

agora se radicam aqui”. Beck reconhece que a chegada

do setor arrozeiro “dinamizou a zona em questão de ma-

quinaria. Esta era uma zona de “charcales”, hoje se tornou

boas pradarias e com altos rendimentos de arroz”. O Esta-

do de Cerro Largo, tradicionalmente dedicado à produ-

ção pecuária, incorporou, a partir da década de 1990, a

rotação soja-trigo, o que gerou emprego para assalaria-

dos que se mudaram do campo – onde viviam com um

sistema produtivo de autoconsumo- aos povos.

Depois da crise econômica do ano 2002 o panora-

ma foi desfavorável. Rosina Lucas, vocal da Associação,

comentou que os arrozeiros começaram a sair “passavam

a fronteira, se foram e não pagaram nada. Foram deixa-

dos empréstimos sem pagar”. Outra das modalidades

produtivas que se instalaram nos últimos anos na zona,

comentou Beck, são as grandes empresas que adquiri-

ram importantes extensões de terra onde “o dono não

conhece o campo, eram latifúndios improdutivos e agora

são latifúndios produtivos, se aplicam certas tecnologias,

com mudanças bruscas de rumo e os peões ganham aí

o mínimo.”.

Em 2006, o projeto “Uruguay Rural (UR)” do Ministério

de Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP), financiado pelo

Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA),

formou um grupo de trabalho multidisciplinar e come-

çou a realizar um diagnóstico na zona com os pequenos

produtores e os agricultores familiares. Patricia Duarte, so-

cióloga do projeto, junto com sua equipe, tiveram como

primeira dificuldade a de reverter a imagem do Ministério

que, segundo Beck, era de “desprestigio e descrédito”. O

representante comentou que os produtores relaciona-

vam o Ministério com a distribuição de vacina da febre

aftosa e agregou que “se associava habitualmente à clas-

se de burocrata que, na melhor das hipóteses, os víamos

na televisão e que as políticas de desenvolvimento eram

pura teoria, não aterrizavam no território”.

E assim se fez a luz

A primeira ação significativa de aplicação de políticas

públicas no território, que os produtores mencionaram,

foi a reabertura da Escola Pública Nº 28 de Puntas de la

Mina, a chegada da luz foi o feito que provocou maior

confiança na gestão de UR. Os postes do de energía elé-

trica levavam mais de dez anos colocados sem resposta

das autoridades. A luz chegou a 15 produtores dos quais

apenas 5 podiam pagar pela obra, segundo explica Beck

“aí foi a prova que fizemos à UR”. O projeto subsidiou com

8 mil dólares a conexão elétrica dos produtores que não

podiam enfrentar o gasto, o delegado esclareceu “porque

os apenas os cinco não podiam então tinham que se unir

com os 10 que não podiam”.

Duarte valorizou o curso para adultos proposto pela

Administração Nacional de Educação Primária em 2007-

2008, “chamava a atenção que tinha gente que assinava

com o dedo o que diretamente não assinava (…) a gente

começou a assinar a lista de presença e se sentiam orgu-

lhosos”.

O Plano “Sequía“ 2008-2009 do MGAP, forçou aos gru-

pos de produtores a articular a partilha de ração e semen-

Page 29: Boletim Fórum DRS n 79

��www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

espec i a l[ ]

te entre a coletividade, dada a ausência de institucionali-

dade na zona, eles tiveram que se responsabilizar por tal

tarefa, “conseguimos repartir 500 toneladas da ração em

um período de tres meses e 20 toneladas de sementes,

isso foi um exercicio para nos”, admitiu Beck.

A participação nas Mesas de Desenvolvimento, pro-

movidas pelo MGAP, foi paulatina. “A princípio íamos em

cinco, UR começou a trabalhar com esta gente que era

excluída, que vivia da caça e da pesca, conseguiu-se arru-

mar um núcleo de produtores e começou com políticas

de subsidio, focando o grupal”, comentou Beck.

A necessidade de identificar destinatários para os pro-

jetos de Produção Responsavel, Apoio à Cria o o Programa

Pecuária –impulsionados pelo MGAP e diferentes fontes

de financiamento-, conseguiu estabelecer a unidade nos

grupos de produtores. No dia 23 de noveembro de 2010

se formou a Associação de Produtores Rurais da Quinta

Seção que agrupa a 60 integrantes e suas reunioes são

abertas a todos que queiram participar.

A terra prometida

Em maio de 2010, dez familias da zona da 5ta Sección

receberam com alegria a notícia de que foram nomeados

colonos. Os grupos de pequenos produtores pecuários

Guayubira e Cimarrones foram os destinatários de 872

hectáres, cedidas pelo Instituto Nacional de Colonização

(INC) do Uruguai. A descricão do contexto e o processo

que levou à conformação dos grupos fizeram parte da

aprendizagem da visita de campo.

Alberto Bude trabalhava no estabelecimento La Ci-

marrona, hoje denominado pelos grupos como Colônia

Missões-sócio pedagógicas Maestro Miguel Soler. Bude

foi contratado pelo INC durante dois anos até que se les

adjudicó el campo. Nesse período se formou o grupo Ci-

marrones, que junto a Guayubira, se inscreveram como

colonos. Cada uma das familias conta com 50 cabeças

de gado. Walter Pererira, professor rural e porta-voz dos

Cimarrones, comentou que são um grupo onde existem

distintas opiniões mas que o objetivo da união é “ganhar

na qualidade de vida das familias”. Pererira descreveu o

projeto produtivo baseado na venda da cria de carneiros

e vacas de descarte, onde a comercialização se realizou,

até o momento, diretamente com exportadores.

Os produtores aspiram a ser sócios, a iniciativa descri-

ta por José Adan Pina, tesoureiro de Guayubira, planeja a

criação de um rodeio comunitário. A decisão do grupo,

após da consulta com os técnicos que os assessoram, é

que o rodeio se desenvolva progressivamente. O próximo

mês, com a entrada da primavera, os membros de Guayu-

bira destinarão cinco vacas de cria cada um ao rodeio co-

munitário. Segundo o estipulado por Pina “o rodeio que

daqui a 8 anos será de todos. Acreditamos que o rodeio

comum vai susbstituir ao rodeio individual de cada um”.

Pina assegurou que o grupo de colonos acredita que

é uma decisão acertada dar terras a pequenos produtores

e assalariados rurais, já que eles se sentem como os “ele-

gidos”. Neste sentido, reforçou que “se nós fracassamos,

fracassa tudo”. O tesoureiro manifestou que se a colônia

prospera a ideia vai replicar em outros produtores e reco-

nheceu que “alguns estão esperando que tudo fracasse,

estão olhandoapenaspara o próprio umbigo”.

Grupos Cimarrones e Guayubira

Page 30: Boletim Fórum DRS n 79

�0 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

espec i a l[ ]

Cooperativa de amendoim

A cooperativa Proquincel C.A.L., formada em 2010, agrupa a 13 produtores da zona de Isidoro Noblía, 11 dos quais se dedicam à produção de amendoim. Em dezembro do ano passado a organização conquistou seu primeiro objetivo que foi a adquisición de un tractor y una aradora. Si bien todavía no han podido utilizar la maquinaria, dado que la cosecha de maní será en marzo, esperan con expectativa que crezca su anterior producci-ón, que sequía mediante, ascendió aproximadamente a 1500 Kg por hectárea.

O período de sua formação começa em 2006, com a integração de grupos mais numerosos, beneficiarios de uma microcapitalizacão para trabalho -realizada por UR-, do que despois surgiu um fundo de economia voluntário. Pequenos produtores pecuários, chacareiros, assalariados rurais e arrendadores eram os beneficiários do plano.

O periodo germinal da organização esteve marcado pela quantidade de reunioes, onde se superavam a tres de-zenas de pessoas. Alfonso Martínez, secretario da coopera-tiva, comentou que “depois de tantas reunioes falamos não fazemos outra porque na próxima somos menos”.

O secretário reconhece que “a cooperativa surgiu por-que necessitávamos ter a pessoa jurídica para ter a ma-quinaria, que em um principio era de melhor qualidade, mas quando começou a gente a deixar, não sei se nao foi porque comecou a se assustar com a palabra cooperati-va, commecaram a surgir diferentes interesses”.

Os membros da organização estarão recebendo em setembro formação da Confederacão Uruguaia de Enti-dades Cooperativas (CUDECOP), dado que, como explica Martínez, “a maioría daqui nao tem experiencia de coo-perativismo”.

Os produtores avizaram outros horizontes como me-lhorar a comercialização e a diversificação de rumos. Se-gundo Martínez, “é um desafío o superar a falta de escala e de poder de negociação que tem a zona”, e ampliou “agora o pequeño produtor está desesperado por vender para pagar a mao de obra (…) sobretudo no referente ao cultivo de amendoim, os intermediarios fazem o que querem”.

A aquisição de terras é outra preocupação do grupo que neste momento não está produzindo. Duarte expli-cou que “está no diretorio a solicitação de posse de uma fracão de 164 hectáres próxima à zona”.

A avaliação dos membros de Proquincel sobre a inte-gração do grupo é positiva mas admiten que é um ca-minho complexo. Prova disso é a anedocta que conta Robert Romero, vicepresidente da cooperativa, “o día que íamos assinar, éramos 14, vinha o trator e a aradora, e a úl-tima hora saiu um pela porta dos fundos, ficamos 13 nos papeis”, e produtor confessa que “como eu digo, ficamos os 13 mais necessitados”.

A Busca da identidade

O especialista regional em desenvolvimento rural do IICA, Alberto Adib, que acompanhou o grupo de técnicos, sugeriu a necessidade de se pensar qual é a identidade

Membros da Cooperativa Proquincel e técnicos participantes do curso

Page 31: Boletim Fórum DRS n 79

�1www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

espec i a l[ ]

do território. As características, segundo Adib, que tam-bém foi professor no curso, podem ser dadas pelo siste-ma de produção (pecuaristas, produtores de amendoim ou agricultores), pelas marcas geográfica naturais ou artificiais (fronteira, rios, estradas, seções judiciais). Uma vez que o território se delimite, Adib comprometeu pro-dutores e técnicos a estruturarem um planejamento do território, e advertiu que “não se planeja com o dinheiro que tem o Governo, se planeja em função do que se ne-cessita: saúde, educação, vivenda, produção e etc.”.

O especialista também enfatizou a uma ampla par-ticipação. “Não tem que participar só os pequenos, tem que chamar aos outros, para que todos juntos possam formar um território desenvolvido, todos planejam em beneficio de todos, se fortalece a mesa e esse é o de-safio”

A saída de campo terminou com uma reunião dos técnicos com os representantes das instituições que trabalhama na zona. Guillermo Macé, encarregado da Unidade de Comunicação, Direcão Geral da Granja (DI-GEGRA) do MGAP, participante do curso, consultou aos representantes sobre o estado de elaboração de um plano territorial. A resposta, unânime, foi que não se realizou nem se está fazendo um planejamento destas características.

Macé reconheceu que o curso aportou conheci-mentos: o primeiro passo a dar é tomar contato com os atores sociais dos territórios e estabelecer as necessi-dades, após planejar como cubrir estas demandas e ter um leque de projetos para negociar a financiação que as alcancem. O técnico finalizou sua argumentação , co-mentando que um ministro uma vez sugiriu a ele “Macé nunca deixe de exteriorizar tuas loucuras” e agregou “essas loucuras se podem transformar em uma deman-da interiorizada e quando um louco solto às exterioriza tem alguém que as acolhe”, o que gerou a aprovacão dos participantes da mesa.

Palavras como símbolos

Currupios: assim são denominadas as pessoas que combinam palavras do espanhol e do português nesta zona de fronteira

Cimarrones: cachorros originários do territorio uru-guaio, que provêm das misturas de outras raças, e que se caracterizam pelo caráter selvagem.

Guayubira: Árvore nativa de madeira dura.

Professor Miguel Soler: incentivador do núcleo Esco-lar Experimental La Mina (1954-1961), desenvolveu um importante trabalho comunitário que melhorou a qua-lidade de vida nas sete aldeias que cobria com sua rede de escolas rurais.

Page 32: Boletim Fórum DRS n 79

�� AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

i n t e r n ac i o na l[ ]

El Salvador implanta metodologia do Territórios da Cidadania

O Programa Territórios da Cidadania, desenvolvido des-de 2008 pelo Governo Federal, é referência do Programa Presidencial Territorios de Progreso (Territórios de Progres-so), que será lançado nesta quinta-feira (1º), em El Salvador, pelo presidente deste país da América Central, Mauricio Fu-nes. A implantação da metodologia do programa brasileiro, adequada à realidade salvadorenha, consolida o Projeto de Cooperação Internacional firmado em dezembro de 2010 entre Brasil e El Salvador, com apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

“A iniciativa de El Salvador é um reconhecimento im-portante para o Territórios da Cidadania e comprova que o esforço do governo brasileiro e dos movimentos que cons-troem a estratégia de desenvolvimento territorial passou a ser uma referência”, afirma o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA), Jerônimo Rodrigues. Ele lembra que uma das pre-missas centrais do programa é o desenvolvimento nacional com sustentabilidade e enfoque no combate à pobreza.

O programa do governo salvadorenho será desenvolvido no Território Bahia de Jiquilisco, que compreende seis muni-cípios do Departamento de Usulután (Jiquilisco, Usulután, Puerto El Triunfo, San Dionísio, Concepción Batres e Jucua-rán). Este território se caracteriza pelo potencial econômico para o turismo, a pesca, a aquicultura e produção de frutas, hortaliças e grãos, incluindo sementes de feijão e milho.

A Bahia de Jiquilisco, que concentra assentamentos de ex-combatentes da guerra civil salvadorenha (1980-1992), é uma área de preservação ambiental com extensos mangue-zais. O Conselho do Território será composto por 52 repre-sentações da sociedade civil e 52 do poder público, sendo 50% mulheres e 50% homens. Durante a organização do Conselho foram identificadas 38 instituições nacionais e 38 organizações da sociedade civil com ações no Território.

Desde a elaboração do acordo de cooperação, quatro missões brasileiras visitaram El Salvador para auxiliar na ar-

ticulação entre os órgãos federais e na elaboração de uma matriz de ações governamentais para promover o desenvol-vimento sustentável de regiões rurais. As atividades também contemplaram a definição da metodologia de gestão e con-trole social do programa.

O governo salvadorenho adotou tecnologia em softwa-re livre desenvolvida pelo Núcleo de Desenvolvimento para a Internet da Assessoria de Comunicação do MDA que dá suporte ao Programa Territórios da Cidadania. O portal do programa salvadorenho, pelo qual serão acompanhadas as ações nos territórios, também foi desenvolvido pelo núcleo do MDA. Clique aqui e conheça o Portal Salvadorenho.

A cooperação entre os dois países também prevê du-rante este ano a capacitação de técnicos para o desenvol-vimento do portal. Por duas vezes, a equipe de tecnologia de El Salvador veio ao Brasil aprofundar os conhecimentos sobre as ferramentas de gestão e controle social utilizadas pelo Programa Territórios da Cidadania. O responsável técni-co do programa brasileiro, Breno Assunção, também visitou o país duas vezes para dar seguimento à capacitação. Até dezembro, a tecnologia brasileira terá sido totalmente trans-ferida para El Salvador.

Em março de 2011, uma delegação do governo de El Salva-dor esteve no Brasil para conhecer aspectos gerenciais, técnicos e o impacto do Territórios da Cidadania na vida dos moradores das regiões atendidas. A missão visitou, no Ceará, os Territórios da Cidadania Sertão Central e Vales do Curu e Aracatiaçu.

Lançado em 2008, o Programa Territórios da Cidadania tem como objetivos promover o desenvolvimento econô-mico e universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sus-tentável. Desenvolvidas pelo Governo Federal em parceria com estados, municípios e sociedade civil, as ações integra-das de cidadania, infraestrutura e apoio a atividades produti-vas abrangem 1.852 municípios e beneficiam cerca de 42,4 milhões de habitantes.

Page 33: Boletim Fórum DRS n 79

��www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

i n t e r n ac i o na l[ ]

Fome na Somália se agravará nos próximos quatro meses

A fome afeta uma sexta região da Somália e a situação se agravará nos próximos quatro meses, já que a ajuda humanitária não aumentará, anunciou a ONU no último dia 5 de setembro.

O limite da fome foi superado ante a desnutrição aguda e o índice de mortalidade registrado na região de Bay, sul da Somália, em consequ-ência de uma seca devastadora no Chifre da África, destacou a ONU.

“Se o nível atual de resposta (a crise humanitária) con-tinuar, a fome seguirá progredindo nos próximos quatro meses”, adverte em um comunicado a Unidade de Análi-ses da ONU para a Segurança Alimentar e a Nutrição (FS-NAU).

“No total, quatro milhões de pessoas estão em situa-ção crítica na Somália, das quais 750 mil correm o risco de morrer nos próximos quatro meses na ausência de uma resposta adequada em termos de envio de ajuda”, com-pleta o texto. “Dezenas de milhares de pessoas já morre-ram, sendo que mais da metade eram crianças”, recorda a FSNAU.

O estado de fome responde a uma definição estri-ta das Nações Unidas: pelo menos 20% das residências confrontadas com uma grave penúria alimentar, 30% da população com desnutrição aguda e uma taxa de morta-lidade diária de dois sobre 10 mil pessoas.

A região de Bay, a última declarada em fome pela ONU, é controlada pelos insurgentes islamitas shebab, assim como grande parte do sul e do centro da Somália, e inclui sobretudo a cidade de Baidoa, uma das principais do país.

No total, 12,4 milhões de pessoas residentes no Chifre da África sofrem com a pior seca em décadas e precisa de

ajuda humanitária, segundo a ONU. A Somália é o país mais afetado em consequência da guerra civil inicia-da em 1991, que destruiu boa parte das infraestruturas e dificulta muito o acesso ao centro e ao sul do país.

FAO faz apelo - A FAO considerou “inadmissível” a fome no Chifre da África e fez um apelo à comunidade internacional para que não financie apenas uma ajuda de urgência, mas

também faça investimentos agrícolas por um longo perí-odo a fim de evitar a repetição de crises alimentares.

“É inadmissível que hoje em dia, com todas as fontes financeiras, tecnológicas e a experiência à nossa dispo-sição, mais de 12 milhões de pessoas corram o risco de morrer de fome”, declarou Jacques Diouf, diretor-geral da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Roma.

“Planos completos de investimento já foram apro-vados e estão disponíveis, mas falta financiamento. Se os governos e seus parceiros doadores não investirem imediatamente, a fome apavorante que tentamos com-bater voltará e será uma vergonha para a comunidade internacional”, acrescentou Diouf.

Douf participou de uma reunião técnica sobre a seca e a fome no Chifre da África para preparar a conferência da União Africana que deverá reunir países doadores na cidade de Addis Abeba no dia 25 de agosto.

Diouf disse durante uma entrevista à AFP que “a cons-trução de canais de irrigação não são obras com custos exorbitantes, são pequenas coisas que podem ser feitas”.

O chefe da FAO também sugeriu a escavação de po-ços nos caminhos ocupados por pastos, melhoria das es-tradas e criação de sistemas de estocagem das colheitas.

Page 34: Boletim Fórum DRS n 79

�4 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

i n t e r n ac i o na l[ ]

Siga o Fórum DRS pelo Twitter e fique por dentro

dos nossos das últimas notícias

http://twitter.com/forumdrs

Disse ainda que a perda de produção chega aos “40% ou 60%” e pediu que os Estados africanos passem a investir 10% de seus orçamentos, ao invés de 5%, na agricultura.

No dia 15 de agosto, a ONU fez um apelo de urgência e pediu contribuições para o fundo da luta contra a fome no Chifre da África. A organização arrecadou até o mo-mento presente apenas 1,3 bilhões de dólares, segundo a ONU são necessários 2,4 bilhões.

No dia 17 de agosto, os membros da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) se reuniram em Istambul para arrecadar 350 milhões de dólares para a Somália.

“É necessário preparar a próxima campanha agrícola. As chuvas só irão chegar em outubro. Os únicos meios para a sobrevivência das famílias são os campos e os pastos (...) Portanto, é preciso ajudar as famílias a ficarem nas ter-ras”, declarou à AFP Cristina Amaral, diretora de operações emergências da FAO recentemente vinda da Somália.

Sally Kosgei, ministra da Agricultura do Quênia que re-cebe um grande número de refugiados, ressaltou que no seu país “60% das terras são áridas ou semi-áridas” e sofre também com a seca, “as famílias perdem seus pastos e a situação se agrava com a chegada dos refugiados”.

O Quênia “não se queixa”, existem programas, mas “nós não podemos financia-los”, disse. “O mundo precisa acor-dar” para evitar a fome, “temos os projetos, falta a infraes-trutura”, acrescentou Kosgei, que citou também a cons-trução de diques e a distribuição de cereais resistentes à falta de água.

A seca que afeta a região, a pior em 60 anos, já deixou de-zenas de milhares de mortos e ameaça 12 milhões de pesso-as na Somália, Quênia, Etiópia, Djibuti, Sudão e Uganda.

“Existe quase uma banalização da fome na Somália. Es-tamos habituados a ver imagens de crianças que morrem, de um país que está sempre em crise”, lamentou Amaral.

Diouf declarou que não suporta mais “ver uma imagem de uma criança que corre o risco de morrer de fome”, acres-centando: “não ficamos felizes por nossas crianças, eu não sei por que aceitamos isso para as crianças dos outros”.

Page 35: Boletim Fórum DRS n 79
Page 36: Boletim Fórum DRS n 79

�6 AGOSTO 2011 www.iicaforumdrs.org.br

[ ]pub l i c a ções

Memórias - Gregório Bezerra

O lendário líder camponês Gregório Be-zerra, nascido no Agreste pernambuca-no, foi um dos personagens brasileiros que marcaram a história da luta pela dignidade e desenvolvimento do tra-balhador rural e enfrentamento ao re-gime da ditadura militar, superando 22 anos de cárcere privado marcados por torturas físicas e psicológicas. Para ho-menagear sua trajetória de vida e luta será lançado, em setembro, a reedição do livro “Memórias”, obra que inspirou gerações de militantes em todo o Brasil, mais de trinta anos após sua primeira publicação (1979). O livro, autobiografia Gregório Bezerra, vem acrescido de fo-tografias e textos inéditos, em um único volume e conta com a contribuição de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai. Mais informações através do email [email protected] ou no site da editora Bointempo: http://www.boitempo.com/.

Coordenação: Boitempo Editorial

Pesquisadores brasileiros e franceses realizam, nesta coletânea, uma aná-lise comparada de políticas públicas, debruçando-se sobre o processo de elaboração de políticas e programas voltados para a agricultura e o meio rural no Brasil, na França e na Europa como um todo. Com temas que abor-dam o desenvolvimento sustentável, a agricultura familiar, territórios e agro-combustíveis, entre outros, este livro pretende ressaltar a importância de se levarem em conta as peculiaridades da agricultura e do meio rural de cada país na formulação das políticas públi-cas, analisando, assim, a sua adequação e eficácia. Participação social, espaços de coordenação, construção de pactos e consensos possíveis são algumas das questões de formulação e implemen-tação de políticas públicas que atra-vessam os 11 capítulos. As análises e reflexões deste livro foram produzidas no contexto de alguns projetos/gru-pos de pesquisa, dentre eles o Oppa, do CPDA/UFRRJ, e o projeto Produção de Políticas sobre Desenvolvimento Sustentável (Propocid).

Coordenação: Cirad/Maud X

Análise comparada de políticas agrícolas: uma agenda em

transformação

Coord. Editorial: Cirad/Maud X

Dimensões Rurais de Políticas Brasileiras

As principais questões rurais brasileiras no início do século XXI podem ser visu-alizadas nos textos apresentados nesta coletânea, que têm um objeto comum: o desenvolvimento em suas codeter-minações com a agricultura e a socie-dade abrangente. Aspectos agrários, agrícolas e ambientais, assim como atores e poderes atuantes no mundo rural contemporâneo, são analisados por seus autores, que enfocam as di-mensões rurais do desenvolvimento nacional e territorial, tendo em vista a compreensão dos processos de cons-trução da cidadania e da democracia. O livro é organizado por Roberto José Moreira e Regina Bruno. A publicação pode ser adquirida em diversas livrarias virtuais pelo preço médio de R$30,00.

Page 37: Boletim Fórum DRS n 79

��www.iicaforumdrs.org.br AGOSTO 2011

[ ]pub l i c a ções

Coord editorial: Argos

Finanças e solidariedade: cooperativismo de crédito rural

solidário no Brasil

A obra “Finanças e solidariedade” ana-lisa as possibilidades de, através do cooperativismo de crédito solidário, desenvolver uma sociedade menos excludente e menos dependente das economias externas. Focado no com-bate à pobreza e às desigualdades so-ciais, o cooperativismo de crédito soli-dário permite maior participação das minorias nas decisões que afetam a vida financeira de milhares de pessoas e empresas. Iniciativas financeiras vol-tadas aos pobres são uma possibilida-de promissora de transformação social. O autor é Fábio Luiz Búrigo, que é pro-fessor do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural da Universi-dade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Polí-tica da UFSC. Membro do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultu-ra (OPPA).Graduado em Agronomia (1987), mestre em Agroecossistemas (1999) e doutor em Sociologia Política (2006).

A SÉRIE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL expressa a efetiva

colaboração tanto da Representação do IICA no Brasil quanto do Fórum

Permanente de Desenvolvimento Rural Sustentável em busca do desenvolvimento

agrícola e do bem-estar das comunidades rurais.

Reúne artigos assinados por renomados profissionais nacionais e internacionais

com o objetivo de difundir e suscitar o intercâmbio de conhecimentos e de

iniciativas bem-sucedidas de desenvolvimento sustentável no meio rural,

promovidos por instituições acadêmicas, instituições governamentais e

nãogovernamentais e organizações da sociedade em geral.

Série

Desenvolvimento Rural Sustentável

Mais detalhes da Série no site: www.iicaforumdrs.org.br

Page 38: Boletim Fórum DRS n 79

Coordenador Executivo do Fórum DRS

Carlos Miranda

Assessor Técnico do Fórum DRS

Breno Tiburcio

Assistente Técnico do Fórum DRS

Renato Carvalho

Coordenadora de Comunicação

Fernanda Tallarico

Coordenador Editorial em Exercício

Rodrigo GermanoProjeto Gráfico e Diagramação

Patricia Porto

Jornalista

André Kauric

Malvina Galván

Fotos

Arquivo IICA

André Kauric

Malvina Galván

Fotos Capa e Contra Capa

Arquivo MDA

Representação do IICA no BrasilSHIS QI 03, Lote A, Bloco F, Centro Empresarial TerracottaCEP 71605-450, Brasília-DF, Brasil. Telefone: (55 61) 2106-5477 Fax: (55 61) 2106-5458 / 5459

Visite nossos Sites:www.iicaforumdrs.org.br www.iica.org.br

E x p e d i e n t e

P a r c e i r o s

http://twitter.com/forumdrs

Page 39: Boletim Fórum DRS n 79

Na próxima edição o Boletim do Fórum DRS trará ao leitor na seção “Diálogos”

uma entrevista exclusiva com Ignacy Sachs. O sociólogo falou à respeito

das atuais políticas relacionadas ao desenvolvimento rural sustentável e

fez uma reflexão sobre o futuro do rural. Além da entrevista, o leitor

poderá ler a matéria especial sobre o Seminário Nacional Pobreza Rural,

Desenvolvimento e Políticas Públicas: desafios e alternativas que aconteceu

de 22 a 24 de agosto, em Brasília.

Não Perca!

Page 40: Boletim Fórum DRS n 79

Tuiuiu

Ave simbolo do Pantanal