boletim classista nº2

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BOLETIM CLASSISTA BOLETIM ORGANIZADO PELA LIGA ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA E INDEPENDETES Dezembro de 2012 Numero 2 www.boletimclassista.blogspot.com.br [email protected] 20N: PARALISAÇÃO NACIONAL NA ARGENTINA TAMBÉM NA AMÉRICA DO SUL OS TRABALHADORES ENFRENTAM OS ATAQUES DOS GOVERNOS Na Espanha, 1 de cada 5 pessoas estão desempregadas e mais da metade dos jovens de até 25 anos não consegue emprego. Na Grécia a situação é pior. Em toda a Europa os trabalhadores, especialmente a juventude e as mulheres, sofrem as piores conseqüências da crise do capitalismo. Todos os benefícios conquistados pelos trabalhadores em décadas estão sendo retirados, em poucos anos, pelos governos. Mas os trabalhadores e a juventude resistem nas ruas da Grécia e da Espanha, com dezenas de paralisações nacionais, além da greve geral de 14 de novembro, que ocorreu em vários países europeus. O povo volta as ruas do Egito, pedindo a continuidade da revolução contra a tentativa da Irmandade Muçulmana, partido que tem a maioria no novo congresso, de impor uma ditadura religiosa. E o povo palestino resiste a mais uma ofensiva de Israel. No dia 20 de novembro, depois de 11 anos, os trabalhadores da argentina realizaram uma paralisação nacional contra o governo. Cristina Kirchner, de forma parecida a Lula e Dilma, se colocava na defesa, de palavra, dos trabalhadores e do povo pobre. Com os primeiros impactos da crise, declarou sua “sintonia fina” com os empresários. A paralisação foi um grande sucesso, graças a insatisfação dos trabalhadores, a existência de um movimento de sindicalismo de base, e a existência de uma forte esquerda revolucionária. Não pararam somente setores do funcionalismo publico, mas também da indústria. É uma primeira demonstração de que a crise começa a chegar na América do Sul. O governo Dilma e Lula, os sindicatos governistas e a mídia tentam nos enganar dizendo que a crise não vai chegar no Brasil. Mentira! A inflação dos alimentos tem sido bem maior que a inflação oficial que regula os aumentos salariais. Dilma atacou os servidores federais que questionaram o aumento salarial oferecido pelo governo, cortando o ponto dos grevistas. O trabalhador se endivida para cobrir as despesas e a maior parte dos empregos paga salários de fome. Aumenta a repressão policial especialmente contra a juventude negra. Precisamos nos preparar para que a crise, que está chegando no Brasil, não seja paga pelos trabalhadores. Nós que organizamos esse Boletim Classista, buscamos nos organizar no Brasil e junto a companheiros da Argentina, da Espanha e de outros países, para construir fortes correntes classistas de trabalhadores, que defendam um movimento operário independente dos governos e dos patrões, unificando efetivos e terceirizados e onde todas as decisões sejam tomadas nas assembleias de base. SEJA PARTE DESTA LUTA. Distribuindo e discutindo o Boletim Classista com os companheiros de trabalho e enviando críticas, relatos, comentários e sugestões

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boletim classista organizado pela liga estratégia revolucionária e independentes

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BOLETIMCLASSISTA

BOLETIM ORGANIZADO PELA LIGA ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA E INDEPENDETES

Dezembro de 2012Numero [email protected]

20N: PARALISAÇÃO NACIONAL NA ARGENTINA

TAMBÉM NA AMÉRICA DO SUL OS TRABALHADORES ENFRENTAM OS ATAQUES DOS GOVERNOS

Na Espanha, 1 de cada 5 pessoas estão desempregadas e mais da metade dos jovens de até 25 anos não consegue emprego. Na Grécia a situação é pior. Em toda a Europa os trabalhadores, especialmente a juventude e as mulheres, sofrem as piores conseqüências da crise do capitalismo. Todos os benefícios conquistados pelos trabalhadores em décadas estão sendo retirados, em poucos anos, pelos governos. Mas os trabalhadores e a juventude resistem nas ruas da Grécia e da Espanha, com dezenas de paralisações nacionais, além da greve geral de 14 de novembro, que ocorreu em vários países europeus. O povo volta as ruas do Egito, pedindo a continuidade da revolução contra a tentativa da Irmandade Muçulmana, partido que tem a maioria no novo congresso, de impor uma ditadura religiosa. E o povo palestino resiste a mais uma ofensiva de Israel.No dia 20 de novembro, depois de 11 anos, os trabalhadores da argentina realizaram uma paralisação nacional contra o governo. Cristina Kirchner, de forma parecida a Lula e Dilma, se colocava na defesa, de palavra, dos trabalhadores e do povo pobre. Com os primeiros impactos da crise, declarou sua “sintonia fi na” com os empresários. A paralisação foi um grande sucesso, graças a insatisfação dos trabalhadores, a existência

de um movimento de sindicalismo de base, e a existência de uma forte esquerda revolucionária. Não pararam somente setores do funcionalismo publico, mas também da indústria. É uma primeira demonstração de que a crise começa a chegar na América do Sul.O governo Dilma e Lula, os sindicatos governistas e a mídia tentam nos enganar dizendo que a crise não vai chegar no Brasil. Mentira! A infl ação dos alimentos tem sido bem maior que a infl ação ofi cial que regula os aumentos salariais. Dilma atacou os servidores federais que questionaram o aumento salarial oferecido pelo governo, cortando o ponto dos grevistas. O trabalhador se endivida para cobrir as despesas e a maior parte dos empregos paga salários de fome. Aumenta a repressão policial especialmente contra a juventude negra.Precisamos nos preparar para que a crise, que está chegando no Brasil, não seja paga pelos trabalhadores. Nós que organizamos esse Boletim Classista, buscamos nos organizar no Brasil e junto a companheiros da Argentina, da Espanha e de outros países, para construir fortes correntes classistas de trabalhadores, que defendam um movimento operário independente dos governos e dos patrões, unifi cando efetivos e terceirizados e onde todas as decisões sejam tomadas nas assembleias de base.

SEJA PARTE DESTA LUTA. Distribuindo e discutindo o Boletim Classista com os companheiros de trabalho e enviando críticas, relatos, comentários e sugestões

SE ATACAM UM,ATACAM TODOS!

PM DE SP INTENSIFICA “DIREITO DE MATAR” CONTRA OS JOVENS E OS POBRES

Esta repressão que se expressa hoje são apenas testes mais localizados que o governo e as castas burocráti-cas que dominam as universidades le-vam adiante para disciplinar os setores combativos. Mas conforme avance a crise internacional em nosso país, a re-pressão irá aumentar contra a classe trabalhadora e a juventude, como já vem se expressando nacionalmente na repressão do governo Dilma com a Força Nacional nos canteiros das obras do PAC bem como com a re-pressão policial e os cortes de ponto nas greves do funcionalismo federal. A repressão é o que estamos vendo internacionalmente contra a popu-lação que luta para que a crise não seja paga pelos trabalhadores e pela juventude. Chamamos a construir a mais ampla campanha democrática contra a repressão nacional e inter-nacionalmente, como ocorre neste momento no México com mais de 100 estudantes presos por se manifestar-em contra a fraude eleitoral.No estado de São Paulo chamamos também uma ampla campanha contra a repressão nas universidades quando sabemos que é sempre no fi nal do ano que a Reitoria gosta dar seu “veredito” sobre os absurdos pro-cessos administrativos. Reintegração imediata de Claudionor Brandão e dos estudantes expulsos! Retirada de todos os processos administrativos! Retirada das sindicâncias aos 31 de Franca! Fim da perseguição política!

sociais levadas a cabo pelo Governo Federal do PT. Ambos governam para a burguesia e os patrões, sendo que o mandato de Haddad dará continui-dade a esta mesma política na cidade de São Paulo.

Em meio às centenas de assassina-dos pela policia de Alckmin, suposta-mente, a ação policial busca justifi ca-se como forma de combater o crime organizado que, além de todas as ações criminosas que executam, es-tariam avançando no ataque contra policiais.

Aproxima-se de 300 o número de mortos nesses últimos dias, dados ofi -ciais que não contam aqueles assassi-nados pelos grupos de extermínio que agem escondidos atrás de “tôcas nin-jas” e que são compostos na maioria por policiais.

Ainda assim, grande parte dos mor-tos “ofi ciais”, constam nos dados poli-ciais com o sugestivo termo de “re-sistência seguida de morte”, sempre indicando que a policia revidou a um ataque iniciado por “suspeitos”. Extre-mamente violenta, sabemos que a policia paulista, além de ser uma das mais assassinas do mundo, é também uma das mais corruptas e criminosas.

A associação de policiais com o tráfi co internacional de drogas, com o roubo de carros e com a explosão de caixas eletrônicos não passa um dia sem ser notícia, comprovando ser re-gra e não exceção, a degeneração de uma corporação que não foi criada para “garantir a segurança” da popu-lação, como diz o senso comum, senão para garantir a existência da socie-dade capitalista exploradora, inclusive o comércio de produtos ilegais, a partir do uso da força e da repressão.

Sob a justifi cativa de repressão à criminalidade vivemos cada vez mais a militarização de todos os espaços públicos e, sobretudo, das lutas sociais. Não há greve, manifestação estudan-til, ocupação de prédios e espaços públicos abandonados que não sejam reprimidos constantemente pela polí-cia, como a desocupação do Pinheir-inho em São José dos Campos, ou a desocupação da reitoria da USP, mas também a militarização das obras do PAC para garantir a super exploração do governo Dilma aos trabalhadores da construção civil. Também é sob a justifi cativa de combate ao narcotrá-fi co que policias militares e do exército ocupam permanentemente os morros

Na USP há anos viemos sofrendo ataques do governo tucano e da Reitoria. Esta repressão está a serviço de avançar na privatização da universidade, bem como disciplinar aqueles que lutam por outro projeto de universidade. Por isso a demis-são de Brandão em 2008, e mais recente-mente as expulsões de estudantes e deze-nas de processos administrativos e criminais contra estudantes, trabalhadores e toda a Diretoria do Sintusp. Esta repressão tam-bém se expressa estadualmente, como podemos ver na Unesp de Franca, onde 31 estudantes estão sendo perseguidos por se manifestarem contra a presença de um representante da Monarquia brasileira, ou seja, quem defende a ditadura, a ma-tança dos trabalhadores do campo e o racismo. Na USP, são 73 processados por exigirem a retirada da polícia, num mo-mento em que 16 pessoas morrem todos os dias vítimas da violência policial.

Nos últimos dois meses a população civil de São Paulo, em especial a juven-tude pobre e negra e os trabalhadores das periferias, tem sido assassinada por policiais e/ou por indivíduos encapu-zados, o que tem gerado um clima de medo e terror principalmente nesses bairros mais populares.

O governo Estadual (Alckmin e PSDB), em meio às profundas desigual-dades sociais, com seu aparato poli-cial, busca controlar as contradições econômicas e políticas militarizando, reprimindo, assassinado nas periferi-as. Claro que a política do PSDB não destoa em nada da política repres-siva e de perseguição aos movimentos

A primeira defi nição a fazer so-bre qualquer carreira, é que não importa a qual ramo da produção ela se aplique (...) ela sempre será um mecanismo utilizado pelo em-pregador, para dividir os trabal-hadores, selecionando entre eles (...) os que melhor atendem as ex-pectativas e exigências do patrão. Estes serão destacados dos demais, receberão as melhores avaliações, postos de trabalho e salários em relação aos outros que serão sem-pre a grande maioria excluída. Por isso não existe e nunca vai existir nenhuma carreira que sempre con-temple a todos e que permita a to-dos progredirem igualmente.

(...) A carreira também divide os trabalhadores, fazendo-os compe-tirem entre si em busca das mel-hores avaliações e dos prêmios (progressão) destinados apenas aos melhores avaliados, jogando assim uns contra os outros, difi -cultando e enfraquecendo sua organização e lutas. (...) Apesar disso, os trabalhadores da USP de-sejam e lutaram para ter uma car-

Reproduzimos trecho da declaração da minoria do Sindicato dos Trabalhadores da USP sobre o plano de carreira implementado pela Reitoria da USP.

Por Diana Assunção, diretora do Sintusp e processada pela Reitoria

Por Domenico Diretor do Sintusp e militante da LER-QI.

O QUE É CARREIRA E PARA QUE ELA SERVE?

cariocas e agora pretendem repetir a experiência nas favelas de São Paulo, como Paraisópolis.

A PM brasileira, como um todo, her-dou do período da Ditadura Militar o “direito” não outorgado por nenhuma lei, de eliminar aqueles que consideram seus “inimigos sociais”.

O Brasil é ainda um dos únicos países que não puniu até hoje nenhum mili-tar pelos crimes que cometeram em nome do Estado, e essa impunidade é o que garante que a polícia brasileira aja como melhor lhe convir, ostentan-do até hoje em seu brasão o massacre de Canudos, o massacre cometido contra o povo paraguaio na (mal) dita “Guerra do Paraguai”, o massacre do Carandiru em 92 e a própria Ditadura Militar iniciada em 1964.

Por isso, é fundamental que os parti-dos de esquerda, as centrais sindicais e sindicatos que se colocam no campo da independência de classe e da inde-pendência do governo, passem a lutar consequentemente contra os reais mo-tivos da “insegurança social”, ou seja, passem a lutar contra a miserável ex-ploração capitalista e a falta de futuro que essa sociedade impõe à juventude pobre do nosso país.

reira. Isso é compreensível, pois (...) eles guardam há anos uma esper-ança de que através de uma car-reira “justa” seus méritos e esforços venham a ser valorizados. (...) Mas invariavelmente, cedo ou tarde, todos acabam decepcionados ou repletos de revolta e de indig-nação (...). Nessas ocasiões os que se sentem prejudicados chegam a se perguntar: porque que eles (a Reitoria) não contemplam todo mundo?

Ai é que está a questão. A úni-ca forma de tratar a todos igual-mente seria através de reajustes salariais com o mesmo percentual para todos, mas para isso não seria necessário uma carreira. Ou mel-hor, dizendo, para reajustar os sa-lários repondo igualmente todas as perdas salariais para todo mundo não poderia haver nenhuma car-reira, pois as carreiras só servem ao propósito de diferenciar e valorizar alguns em detrimento dos demais. (...) LEIA DECLARAÇÃO COMPLETA NO BLOG - www.boletimclassista.blogspot.com.br

CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO E A SUPER-EXPLORAÇÃO DO TRABALHO

UMA SÓ CLASSE! UMA SÓ LUTA!

COM A PALAVRA OS TRABALHADORES ARGENTINOS

balhadora contra a burguesia. Os patrões se garantem no poder com a principal derrota que sistematica-mente eles impõe a nós proletários: nossa divisão, através do racismo, do machismo, da homofobia. Os mais oprimidos acabam ocupando, em geral, os piores postos de trabalho com os menores salários.

Com o processo de reestruturação produtiva (neoliberalismo), nas déca-das de 80 e 90, os patrões aumenta-ram ainda mais essa divisão através da TERCEIRIZAÇÃO. Eles viram que terceirizando vários setores era pos-

forma que as reivindicações sejam conquistadas é com os trabalhadores organizados, para o que é fundamental o método de assembléias, para ir a luta, que é a única forma que temos para con-seguir nossas conquistas. (...)

FATE (fábrica de pneus) – Ariel Godoy (delega-do de sector)

Por que vocês estão fechando a Av. Panameri-cana?

Hugo: por demandas como o aumento do piso do imposto sobre o salário e o fi m do trabalho in-formal, contra a burocracia sindical que continu-amente nos ataca.

Juan: pela luta de todos os trabalhadores, por essa união que existe, para reivindicar algo que é justo. Este governo quer tirar o salário das nossas famílias, de nossos fi lhos. Para mostrar ao governo que o povo trabalhador está unido para reivindic-ar e defender todos os direitos dos trabalhadores. Por isso nos somamos a essa manifestação.

LINEA 60 – Juan y Hugo (delegados)

sível aumentar seu lucro. No metrô, por exemplo, em diversas áreas da manutenção e da limpeza ao invés do governo abrir mais postos de tra-balho, fazem contratos de terceiri-zação milionários com multinacionais aprofundando cada vez mais a super exploração e a precarização. O piso salarial dos efetivos é de R$1200,00 e conta com VR, VA, Plano Médico e uma série de benefícios. A maioria dos terceirizados recebem um sa-lário mínimo e no máximo o dinheiro para condução. Assim somos joga-dos uns contra os outros. Por um lado os patrões difundem a falsa ideia de que os efetivos são mais “capazes” para ganhar mais, e por outro os ter-ceirizados vêem neles um setor privi-legiado.

A luta pela unidade da nossa classe é estratégica para derrotar os patrões. Em todo o mundo eles farão de tudo para impor novos ataques da crise capitalista nas nossas costas. Não a toa nas lutas que tiveram na USP das trabalhadoras da Dima e da União, e na mais recente batalha pelo paga-mento dos trabalhadores da Façon no metrô de SP, nós do Boletim Classista estivemos lado a lado aos setores mais explorados de nossa classe.Direitos e salários iguais a todos os tra-balhadores!Pela efetivação imediata de todos os terceirizados, sem necessidade con-curso público!Pela unidade das fi leiras operárias para derrotar os patrões!

Karl Marx, intelectual revolucionário que via a luta de classes como o mo-tor da história, evidencia no Mani-festo Comunista a divisão da socie-dade capitalista entre as classes: dominante (patrões/burguesia) e dominada (trabalhadores). Marx em sua obra aponta que a única ma-neira de acabar com a exploração e opressão seria através da organi-zação e da unidade da classe tra-

Estamos com um grupo de companheiros da FATE acompanhando a manifestação das comis-sões de fábrica e dos trabalhadores da região (norte de Buenos Aires, o principal corredor indus-trial do país), da Kraft, Donnelley, Worldcolor, Rio-platense... Hoje é uma jornada de luta (...)

(...) neste corte de rua se dá uma demon-stração muito importante dos companheiros das comissões de fábrica da região, com muitos companheiros de base participando. O fato é disputar com a burocracia essa questão, de que as reivindicações são justas, são nossas, assim como os métodos da classe operária, o piquete, a greve, são nossos, e é uma disputa também com a burocracia, que o utiliza para seus inter-esses e nós os utilizamos para os interesses históri-cos da classe trabalhadora. (...)

(...) a situação dentro da fabrica é essa: um setor dá a luta para que se mantenham os mé-todos com os quais entendemos que se deve lu-tar, através das assembléias e das decisões co-letivas, e entendendo claramente que a única

A situação política na Argentina mudou com a forte paralisação no último dia 20 de novembro. A convergência entre o método de greve nacional, que não era colocado em prática desde 13 de dezembro de 2001, com os bloqueios de ruas e acessos (instaurado pelo movimento piqueteiro desde 2002-2003), mostrou o potencial da classe trabalhadora para paralisar o país. Aumentou a autoridade da esquerda revolucionária, como o PTS (nossa organização irmã

na Argentina), que pôde se destacar pela inserção conquistada em anos de organização dos setores mais importantes da classe operária.

Apresentamos depoimentos dos nossos companheiros argentinos, que mostram bem o conteúdo da nossa luta.

Por França Representante dos trabalhadores da Cipa/Manutenção do metrô

DEPOIMENTO DE TRABALHADOR DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO DA SPTrabalho como auxiliar de higienização. Desmontamos partes das máquinas e na maioria das vezes com elas ligadas. Trabalhamos com produtos químicos perigosos e ainda ajudamos na produção. A empresa exige que façamos o trabalho de outras funções com a desculpa de dar uma chance de crescer profi ssional-mente. Na verdade é uma forma de não contratarem mais e gastarem menos salário, que na minha função é um dos mais baixos. É muito perigoso, trabalhamos com as máquinas ligadas, que moem e misturam a carne, se equilibrando em lugares que não tem apoio. Mangueiras de alta pressão de água quente e aplicadores de produtos químicos aumentam muito os riscos de acidentes. Todos os dias faltam equipamentos de proteção individual (EPI), como tocas e luvas. Esses EPI’s sequer são sufi cientes para evitar acidentes com produtos químicos que entram pelas luvas, ou sermos puxados pe-las máquinas em funcionamento, como esteiras, moedores e roscas, além de queimaduras com óleo quente.

Precisamos melhorar a organização dos trabalhadores para exigirmos da empresa nossos direitos e condições de-scentes de trabalho, já que nós sabemos que infelizmente não podemos contar com a ajuda do sindicato.

A paralisação votada na assembléia da linha “B” do metro foi total. Não circulou um só trem durante toda o dia, em sintonia com os milhões de trabalhadores que se pronunciaram parando contra as medidas antioperárias do governo. Os delegados e ativistas participaram e garantiram a paralisação. Nas primeiras horas da manhã a linha “A” também não circulou e durante o dia houve demoras em todas as linhas. Com a cerca de 60% dos trabalhadores deixando de ir trabalhar, houve uma importantíssima adesão a paralisação, apesar da negativa em parar por parte da diretoria do sindicato encabeçados por Roberto “Beto” Pianelli (que apóia o governo). Na maioria dos setores essa decisão não foi ref-erendada pelos trabalhadores. Se negaram a fazer assembléias nas linhas para decidir demo-craticamente. Na linha “B” foi a assembléia que decidiu democraticamente que nos juntaríamos a paralisação.

Claudio Dellecarbonara – delegado da linha “B” do metro de Buenos Aires

MÉXICO - ÚLTIMO MOMENTOMilhares de estudantes se manifes-taram no último dia 01 de dezembro contra a fraude na posse de Enrique Peña Neto, tendo sofrido uma enor-me repressão. Já são mais de 100 presos políticos destes confrontos. Exigimos a IMEDIATA LIBERDADE DE TODOS OS PRESOS POLÍTICOS E FIM DA REPRESSÃO AOS ESTUDANTES!

VENHA CONSTRUIR O BOLETIM CLASSISTA

“Nós somos metroviários da agrupação Metroviários pela Base, que lutamos recentemente junto aos trabalhadores da Façon, dando um exemplo de unidade das fi leiras operárias! Achamos que a única forma de fazer com que os capitalistas paguem pela crise é unifi cando os trabalhadores e lutando para nos organizar desde a base, para que uma categoria tão estratégica como os trabalhadores do Metrô possa mostrar todo seu potencial de luta, em unidade com os usuários, que também são trabalhadores! O Boletim Classista é uma ferramenta nesse caminho!”Marília Rocha, operadora de trens na Linha 3 – Vermelha do Metrô.

“Há alguns meses atrás os trabalhadores da Façon, junto com companheiros do Metroviários pela Base e do Sintusp, além de estudantes da USP e Fundação Santo André tivemos uma marcante experiência de luta, organização e unidade entre diferentes categorias. A aliança entre terceirizados, quarteirizados e metroviários efetivos também mostrou como é forte. Naquela luta, além de nos enfrentarmos com a empresa também precisamos combater o SINTRACON (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil), que se utilizava de métodos burocráticos para impedir nossa organização e luta. Depois dessa experiência vejo como o Boletim Classista é uma ótima ferramenta para seguirmos nos organizando entre os que participaram da luta e também chegando a outros trabalhadores.”Givanildo, ex-trabalhador da Façon (“quarteirizada” do metrô)

“Na situação de hoje, em que nos encontramos como classe operária dividida e que os meios de comunicação são manipulados pela burguesia, um boletim escrito pela classe operária é muito importante para que consigamos nos organizar. Não como setores divididos, mas sim como classe. Já tenho claro que não basta fazer greves combativas, pois já fi zemos várias nos Correios, mas a burocracia nos traiu. Temos que aliar toda a classe trabalhadora e sempre buscar aliança com a população. Para isso, nossa categoria tem uma posição privilegiada, pois chegamos a cada casa neste país.”A – delegado sindical dos Correios

“Somos da corrente ‘Professores Pela Base’ e nos organizamos a partir de escolas em Campinas, ABC Paulista, Zona Oeste e Zona Norte de São Paulo. Viemos de uma importante intervenção na V Conferência Estadual da APEOESP de São Paulo levantando bem alto as bandeiras dos professores temporários, da luta pela retirada da polícia da escolas e contra a burocratização dos Sindicatos, como é o nosso caso com a Articulação/PT e PcdoB na direção. Lançamos na última semana a Revista “Educação e Luta de Classes” para abrir um debate ideológico e político com os professores, algo que também queremos fazer nos unifi cando com outras categorias a partir do Boletim Classista”Rita Frau, professora da Rede Estadual de São Paulo em Campinas

“A Juventude Às Ruas está ao lado dos trabalhadores que vem organizando suas agrupações nos locais de trabalho mas também a possibilidade de um boletim que unifi que todos. Nós defendemos a aliança operário-estudantil como um norte estratégico para nossa intervenção nas universidades e escolas e por isso na última campanha das eleições estu-dantis da USP organizamos uma chapa chamada ‘Cícera’ que era o nome de uma trabalhadora terceirizada da USP, negra e que foi assassinada por um policial, representando milhares de jovens negros que todos os dias são massacrados por esta polícia. Queremos estar ao lado dos trabalhadores na mais ampla campanha contra a violência policial e ser parte ativa na construção dos piquetes de distribuição deste boletim”Letícia Parks, estudantes do curso de Letras da USP

“Nos organizamos com o boletim ‘Uma Classe’ para colocar de pé uma verdadeira alternativa para os trabalhadores e trabalhadoras bancários que queiram se organizar desde a base, na luta para retomar em nossas mãos o Sindicato que hoje se encontra dominado por uma burocracia sindical que defende os interesses dos patrões e dos governos. Recu-peramos o método histórico dos piquetes organizados pelos próprios trabalhadores a partir de suas unidades de trabalho, e lutamos para que as assembleias voltem a ser espaços controlados pelos trabalhadores da base, e não por esses verdadeiros “agentes” da burguesia como Juvandia e Cia., que precisam se proteger com seguranças para impedir a manifestação da base. O Boletim Classista deve ser uma nova ferramenta para organizar nossos combates em conjunto com trabalhadores de outras categorias”Edison, Delegado Sindical da Ag. Sete de Abril da Caixa

“Este boletim vai ser um espaço privilegiado para a luta das mulheres trabalhadoras, sobretudo as mulheres negras que são as que mais sofrem com a opressão e a exploração. Queremos organizar campanhas contra a dupla jornada de trabalho como fi zemos no último Encontro das Mulheres Trabalhadoras da USP exigindo igual salário para igual traba-lho, bem como lavanderias, creches e restaurantes comunitários. Queremos também debater contra a violência às mulheres e pelo direito ao aborto, para que nenhuma mulher morra por conta de abortos clandestinos”Silvana Ramos, ex-trabalhadora terceirizada da USP e “linha de frente” da luta das trabalhadoras da Dima

“Convidamos todos os trabalhadores e trabalhadoras, efetivos e terceirizados, temporários, desempregados e donas de casa a debaterem e impulsionarem conosco um boletim que coloque a força da classe operária e as ideias dos trabalhadores na ofensiva, contribuindo para nossa organização para além do local de trabalho e servindo como uma ferramenta de luta contra a burocracia sindical, contra a burguesia e contra os efeitos da crise capitalista em nossa país, nos aliando com trabalhadores não só do Brasil, mas do mundo inteiro” Marcelo “Pablito”, e Claudionor Brandão, diretores do Sintusp