boletim classista campinas #2

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Nessa edição: Mabe, Juventude Trabalhadora, Pão e Rosas, Greve dos Garis e Encontro Nacional de Trabalhadores

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Page 1: Boletim Classista Campinas #2
Page 2: Boletim Classista Campinas #2

Em mais um episódio da novela me-xicana protagonizada por Luis Berrondo Ávalos, presidente da MABE, os tra-balhadores são novamente “privilegia-dos” com cortes em Hortolândia e Cam-pinas e ameaça em todos os setores. A conta gotas, aos poucos, os empre-sários tentam esconder as demissões para que não lutemos, tentando passar goela a baixo mais esse ataque.

Essas demissões ocorrem justamen-te após o término do período de esta-bilidade negociado no início deste ano devido à greve iniciada pela luta pela PLR, pagamento este que só foi feito após uma forte greve e que a empresa recusava-se a efetuar.

Mesmo tendo tido lucros exorbitan-tes com a venda de produtos nacionais e importados durante o ano de 2012 e inicio de 2013 (Amaury Junior e Elba Ra-malho que o digam nas grandes festas organizadas para as chefias), a patronal voltou a fazer um drama digno de Oscar. Vale lembrar que a MABE apenas acei-tou pagar a PLR após o juiz responsável por julgar a greve e seus méritos cogitar a possibilidade de abertura da contabi-lidade da empresa.

O que corre na radio-peão é que es-taria no plano da Mabe demitir 140 em Campinas e Hortolândia, além dos for-tes boatos sobre a venda desta unidade para a norte-americana Whirlpool (fabri-cante das marcas Brastemp e Consul no Brasil) e da unidade de Hortolândia para a alemã Bosch. A venda da unidade de Hortolândia para a BOSCH seria um “acordo de cavalheiros” entre as 2 em-presas, visto que, a BOSCH compraria

a unidade, e no entanto, o espaço tam-bém seria utilizado para a fabricação de produtos Whirlpool. A recuperação ju-dicial da MABE é uma mentira que só está servindo para aumentar os lucros e ganhos dos acionistas e preparar uma possível venda das plantas com mais rentabilidade.

E por que a Whirlpool compraria ape-nas 1 unidade e utilizaria também o es-paço da unidade fabril de Hortolândia para fabricação de seus produtos, mes-mo pertencendo à BOSCH? Resposta: Para “driblar” a lei contra o monopólio. E quem padece diariamente sobre os efeitos da “mais-valia” para pagar toda a conta, luxo e lixo da patronal? Res-posta: Os trabalhadores, é claro! Chega de nos enrolar!

Foram os milhares em Itu, e já são centenas de demitidos em Hortolân-dia e Campinas nos últimos anos. To-memos a luta dos rodoviários de Porto Alegre e dos garis do Rio de Janeiro como exemplo, em que os trabalhado-res firmes e unidos conseguiram ven-cer. Os garis venceram e os metalúrgi-cos também podem! É hora de unidade entre as duas plantas e democracia na base, construindo uma forte e unificada luta entre os trabalhadores da MABE de Hortolândia e de Campinas, organizan-do um comando de representantes das duas plantas, com trabalhadores eleitos em todos os setores. O Sindicato preci-sa organizar urgentemente assembleia nas duas plantas, é hora de uma forte mobilização para barrar as demissões e exigir que se abram as contas dessa empresa que só nos engana!

Trabalhadores da Mabe sofreM novos aTaques

MÁRIO, NOSSO “HERMANO” LÁ DO MÉXICO, PUXOU O TAPETE E MOSTRA A SUJEIRA QUE A MABE TENTA ESCONDER DOS TRABALHADORES DAQUI E DE LÁ...

- A MABE acaba de abrir nova planta em San Luis Potosi, no México, em parce-ria com italiana Faber e com a General Electric (GE), investindo cerca de 5 milhões de reais. Tá pobre, coitada.

- Em 2013, a MABE vendeu 3 bilhões em produtos e desenvolve por ano cerca de 50 no-vos projetos e investe no mundo 100 milhões

de dólares. Que crise hein!?

- O faturamento da empresa nos 2 úl-timos anos foi de mais de 2,5 bilhões de reais...quase nada né?

- Mário foi ler um dos jornais dos pa-trões, o Valor Econômico. Lá os caras, deixaram escapar:

“Em novembro passado, a disponibili-dade de caixa da Mabe Brasil era de R$ 8,6 milhões”. Ah, então não tinha dinheiro pra aumento e pra PLR no começo do ano, né?

“Há duas unidades em operação (da Mabe), em Campinas e Hortolândia (SP), onde são produzidos fogões e geladeiras e trabalham 2,6 mil pessoas. Um novo “PE-QUENO AJUSTE” de pessoal pode ocor-rer, disse o advogado” O ajuste deles é pé na bunda do trabalhador, enquanto o lucro deles é intocável. Não dá mais, precisamos de assembleia pra discutir o que fazer!

DEPOIMENTO

“Esses caras só nos enrolam. Se a situação tá feia, por que não

mostram as contas então dos últimos anos? Por que não abrem o balanço financeiro da MABE pra gente ver? Será que é por que tem muita coisa podre escondida? Será que sabem que o trabalhador vai ficar revoltado quando ver o tanto de dinheiro que é mandado pros acionistas, o tamanho do salário das chefias, e perceber que o migué pra dar aumento pra gente não passa de mentira??” (TRABALHADORA DA MABE)

Page 3: Boletim Classista Campinas #2

No ano passado a juventude saiu às ruas, vimos na tv milhões se manifestan-do por todo o país, vimos manifestações nas ruas de Campinas e até participamos de algumas delas.

Nós, jovens metalúrgicos, jovens tra-balhadores, também temos que lutar por nossos direitos. Nas fábricas cumprimos o mesmo tempo de trabalho dos demais trabalhadores, mas recebemos salários menores como aprendizes, patrulheiros; somos contratados por empresas tercei-rizadas, sem os mesmos direitos e com contratos temporários. É nosso direito: trabalho igual, salário e direitos iguais!

Muitas vezes somos obrigados a tra-balhar sem os equipamentos de seguran-ça corretos, sofrendo acidentes, lesões e nos casos mais graves muitos pagam

com a vida para que os patrões possam lucrar cada vez mais. As máquinas produ-zem cada vez mais rápido e com melhor qualidade, mas nosso tempo de trabalho segue o mesmo, o ritmo aumenta, e ain-da temos que fazer hora extra porque o salário não dá para o mês. Precisamos de um salário digno, que nos garanta pa-gar as contas, comer bem, nos divertir e termos acesso à cultura. Chega de horas extras, por um salário que garanta todas as nossas necessidades e que nossos fins de semanas sejam para o descanso, para o lazer e para a família. Chega de deixar as vidas nas fábricas. É preciso reduzir a jornada de nosso trabalho sem reduzir o salário.

Não bastasse deixarmos nossas vidas nas fábricas, também as perdemos nas ruas, com PMs treinados para o racismo

Todos os trabalhadores são explora-dos, pois o nosso trabalho é o que faz as fábricas, empresas e serviços fun-cionarem e nosso salário é infinitamen-te menor do que os lucros dos patrões. No entanto, as mulheres trabalhadoras, além de serem exploradas no trabalho, são oprimidas nesta sociedade.

Algumas coisas mudaram, mas, nós, mulheres ainda somos vistas como as responsáveis pelo serviço doméstico, como cozinhar, lavar e manter a casa limpa, cuidar dos filhos, etc. Ainda rece-bemos menos do que os homens – bas-ta ver que entre os metalúrgicos a linha marrom (eletroeletrônicos) é onde estão os salários mais baixos e é onde nós mu-lheres trabalhamos.

Somos vítimas de estupros e diversas formas de violência nas ruas e em nossas casas. Ainda sofremos a violência ma-chista que passamos todos os dias com os assédios nos ônibus superlotados e precários ou andando sozinhas em locais isolados e mal iluminados para ir traba-lhar.

Nosso país é governado por uma mu-lher, Dilma, que é de um partido que se diz “dos trabalhadores”. Porém as mu-danças do governo do PT, não passaram de pequenas concessões, enquanto os patrões e seus políticos encheram o bol-so! Esse governo não é das mulheres tra-

e para a brutalidade. Há poucas sema-nas, Jonatan, um jovem trabalhador e es-tudante do SENAI, foi preso pela polícia quando ia estudar, era inocente, como muitos outros trabalhadores presos e as-sassinados pela polícia racista e corrup-ta. Seus amigos, parentes e vizinhos não se calaram, saíram na Santos Dumont em frente ao São José em protesto.

A juventude acordou. E agora a juven-tude trabalhadora tem que se inspirar na luta dos garis do RJ para organizar suas lutas contra os patrões, os governos e a burocracia sindical. É hora de nos or-ganizarmos em cada local de trabalho e estudo, confiando em nossas forças, podemos fazer a diferença: lutemos por nossos direitos, por nossas vidas e pelo nosso futuro, dentro e fora da fábrica!

balhadoras: os serviços públicos, como transporte, saúde e educação só pioram a cada dia, ainda faltam creches para nossos filhos e milhares morrem com os abortos clandestinos.

A terceirização tem rosto de mulher, e os piores salários desse país tem a cara da mulher negra. Aqui na região, a ter-ceirização e o trabalho superexplorado das mulheres está escancarado nas de-núncias de assédio moral das trabalha-doras gestantes, das mulheres que não podem ir ao banheiro, como vimos na DELL, na Samsung, na Foxcomm, Quan-ta e outras, a lista é grande! Um exem-plo de luta, dentre várias outras, foi a luta na Sanmina em 2012, onde as mulheres foram linha de frente de uma greve he-roica de 43 dias que conquistou todas as reivindicações, o pagamento dos dias parados e a não demissão das e dos grevistas.

Por isso, a luta organizada das mulhe-res em cada local de trabalho e a partir dos sindicatos é muito importante! Pre-cisamos nos fazer ouvir, dar um basta à violência, dar um basta à dupla jornada, ter iguais direitos e igual salário, com o fim do trabalho precário, com saúde, educação e transporte públicos, gratui-tos, de qualidade, estatais e controlados pelos trabalhadores e pela população. E isso só pode ser conquistado pelas nos-sas mãos, sem confiarmos em Dilmas

e Lulas, nem governos, nem patrões, nem na burocracia sindical que vende nossos direitos, porque os interesses de todos eles, são contrários aos nossos: se nós perdemos, eles ganham às nossas custas! Mulheres, nós também podemos vencer!

http://www.facebook.com/PaoeRosasBrasilhttp://nucleopaoerosas.blogspot.com.br/

É hora da JuvenTude Trabalhadora luTar por seus direiTos!

Mulher Trabalhadora, sozinha É Mais difícil, conheça o Grupo de Mulheres pão e rosas!

SOMOS TODAS CLAUDIA FERREIRA: Mulher, trabalhadora e negra assas-sinada e arrastada pela PM no Rio de Janeiro

Page 4: Boletim Classista Campinas #2

No próximo dia 29 de março, sábado, trabalhadores de várias partes do país se reunirão em São Paulo para discutir como nos unificamos para construir nos-sa luta daqui pra frente.

O país mudou desde o ano passado, e a energia da juventude nas ruas conta-minou os trabalhadores. Os garis do Rio mostraram nossa força.

Com a presença de garis, rodoviários, metalúrgicos e trabalhadores da indús-tria alimentícia, petroleiros, professores, metroviários, trabalhadores da USP, dos correios, bancários e de outras catego-rias, queremos organizar um grande en-contro nacional que discuta como co-locar de pé uma forte corrente nacional de trabalhadores para lutar por nossos

direitos contra os patrões, os governos e os sindicatos vendidos(CUT, Força Sin-dical, UGT, CGTB, CTB, Nova Central). O ato contará também com a presença de “hermanos” da Argentina, que acabam de realizar um grande encontro do sindi-calismo classista e combativo com mais de 4 mil trabalhadores. Nossa luta não tem fronteiras, NOSSA CLASSE é uma só!

Professores, metalúrgicos, merendei-ras, trabalhadores dos Correios e outras categorias estão se organizando para o Encontro e sairá ônibus de Campinas.

Vem com a gente! Envie email para [email protected] ou ligue para 983248616 (falar com Chico).

A greve de 8 dias dos garis sacudiu o carnaval do Rio de Janeiro, e chamou a atenção dos milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Após se enfrentarem he-roicamente com a burocracia pelega de seu sindicato e com a justiça do trabalho que queria tocar o terror contra a catego-ria decretando a greve “ilegal” e deixan-do o governo colocar escolta armada pra terminar a greve, a força era tanta que ti-veram uma das maiores vitórias da classe trabalhadora em muitos anos. Conquis-taram 37% de aumento real no salário,

enconTro de Trabalhadores no dia 29: É hora de fazer coMo os Garis!

reverteram 300 demissões, ganharam os dias parados, e receberam aumento de quase 70% no vale. Hoje, a greve dos ga-ris, é exemplo para outros garis de Nite-rói, Santa Bárbara d´Oeste, Betim e em várias outras cidades, mostrando a força de nossa classe e como ela fortalecida e organizada é capaz de fazer funcionar e parar uma cidade inteira.

Os garis se organizaram pela base em cada local, realizaram assembleias, comissões democráticas, atos de rua, e

os Garis venceraM: essa É a nossa classe!

conquistaram o apoio da população da cidade, de estudantes e trabalhadores de outras categorias. Para garantir e for-talecer a mobilização fizeram piquetes e exigiram que a empresa divulgasse os salários escandalosos dos chefes e dire-tores, mostrando onde estava, na verda-de, o dinheiro da empresa, que mantinha salários miseráveis e péssimas condi-ções de trabalho para seus milhares de trabalhadores.

A greve mostrou a miséria do trabalha-dor brasileiro, como o Brasil de 10 anos de PT, o Brasil de Dilma ainda é o país do trabalho precário. Nesse mesmo país “do futuro”, Dilma deu aquela bola açu-carada de 25 bilhões para a FIFA ao fi-nanciar as obras da Copa que está nas mãos dos empresários, enquanto chutou para escanteio o dinheiro para a saúde, educação e transporte público de quali-dade para a população. Em Campinas não é diferente, Jonas, Alckmin e Dilma preocupado com os turistas e os lucros da Copa pros empresários e multinacio-nais, enquanto nossa vida segue a mes-ma: acidentes, demissões, terceirização, escolas e ônibus caindo aos pedaços.

A greve dos garis mostrou o caminho, sigamos seu exemplo. Essa luta deixou uma marca em cada trabalhador: de ca-beça erguida e organizado pela base, é possível vencer os patrões e os gover-nos!