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Boletim 04/11/2019

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Boletim

04/11/2019

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Boletim CONT-TRIB em 04.nov.2019 "Não há lugar para a sabedoria onde não há

paciência."

(Santo Agostinho)

Publicada a versão 1.14 da Tabela 4.3.16 – Tabela Operações com

Suspensão da Contribuição Social (CST 09). (Site Sped – Leia Mais)

Alterações de Leiaute da ECD e da ECF para o Ano-Calendário 2019. (Site Sped – Leia Mais)

ATENÇÃO: PRORROGADO OS PRAZOS PARA A NFC-e

Tabela de obrigatoriedade

Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica – NFC-e no Estado de Minas Gerais.

Resolução nº 5.234/19

(atualizada pela Resolução nº 5.313/19)

A partir de Contribuintes Particularidades

1º/03/19 Para os contribuintes que se inscreverem no

Cadastro de Contribuintes deste Estado a

contar da referida data

1º/04/19 Para contribuintes:

a) enquadrados no código 4731-8/00 da

Classificação Nacional de Atividades

Econômicas - CNAE - (comércio varejista de

combustíveis para veículos automotores);

b) cuja receita bruta anual auferida no ano-

base 2018 seja superior ao montante de

R$100.000.000,00 (cem milhões de reais),

observado o disposto nos §§ 4º a 6º;

§ 4º – Para fins da obrigatoriedade de que

trata esta resolução, considera-se receita

bruta anual relativa a todos os

estabelecimentos da empresa localizados

no Estado de Minas Gerais, o produto da

venda de bens e serviços nas operações por

conta própria, o preço dos serviços

prestados, mesmo que não sujeitos ao

ICMS, e o resultado auferido nas operações

por conta alheia, não incluído o Imposto

sobre Produtos Industrializados – IPI –, as

vendas canceladas e os descontos

incondicionais concedidos.

1º/07/19 Para os contribuintes cuja receita bruta anual

auferida no ano-base 2018 seja superior ao

montante de R$15.000.000,00 (quinze

milhões de reais), até o limite máximo de

R$100.000.000,00 (cem milhões de reais),

observado o disposto nos §§ 4º a 6º;

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1º/10/19 Para os contribuintes cuja receita bruta anual

auferida no ano-base 2018 seja superior ao

montante de R$ 4.500.000,00 (quatro

milhões e quinhentos mil reais), até o limite

máximo de R$15.000.000,00 (quinze

milhões de reais), observado o disposto nos

§§ 4º a 6º;

§ 5º – Caso o período de atividade do

contribuinte seja inferior a um ano, o limite

de receita bruta, para os fins da

obrigatoriedade de que trata esta resolução,

será apurado proporcionalmente ao número

de meses de exercício da atividade,

considerado o ano-base de 2018.

§ 6º – A redução do faturamento em ano

civil posterior a 2018 não desobriga o

contribuinte da emissão da NFC-e na data

de obrigatoriedade prevista nos incisos do

caput.

1º/02/20 Para contribuintes cuja receita bruta anual

auferida no ano-base 2018 seja superior ao

montante de R$ 1.000.000,00 (um milhão de

reais), até o limite máximo de R$

4.500.000,00 (quatro milhões e quinhentos

mil reais), observado o disposto nos §§ 4º a

6º;

Efeitos a partir de 02.11.19 – Resolução nº

5.513/19.

1º/06/20 Para contribuintes cuja receita bruta anual

auferida no ano-base 2018 seja superior ao

montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil

reais), até o limite máximo de R$

1.000.000,00 (um milhão de reais) observado

o disposto nos §§ 4º a 6º;

Efeitos a partir de 02.11.19 – Resolução nº

5.513/19.

1º/09/20 Para os contribuintes cuja receita bruta anual

auferida no ano-base 2018 seja inferior ou

igual ao montante de R$ 500.000,00

(quinhentos mil reais), observado o disposto

nos §§ 4º a 7º.

Efeitos a partir de 02.11.19 – Resolução nº

5.513/19.

§ 7º – Fica dispensado da obrigatoriedade

de uso da NFC-e o contribuinte que estiver

enquadrado como microempresa com

receita bruta anual igual ou inferior a R$

120.000,00 (cento e vinte mil reais).

Efeitos a partir de 02.11.19 – Resolução nº

5.513/19.

Observações para as Microempresas:

Os §§ abaixo foram acrescidos no Art. 2º da Resolução nº 5.234/19 pela Resolução nº 5.513/19 de 01.11.19

com efeitos a partir de 02.11.19:

§ 7º – Fica dispensado da obrigatoriedade de uso da NFC-e o contribuinte que estiver enquadrado como

microempresa com receita bruta anual igual ou inferior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).

§ 8º – O estabelecimento enquadrado como microempresa que ultrapassar o valor previsto no § 7º ficará

obrigado a emitir a NFC-e no prazo de até sessenta dias contados da data em que ultrapassar o referido

valor.

§ 9º – Os contribuintes em início de atividades ficam obrigados à emissão da NFC-e quando auferirem

receita bruta anual acima de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), observado o disposto no § 8º.”.

Para quem já utiliza o ECF:

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O Inc. “I” do Art. 3º da Resolução nº 5.234/19 foi alterado pela Resolução nº 5.513/19 de 01.11.19 com

efeitos a partir de 02.11.19.

I – fica facultada a sua utilização, por até doze meses, contados das respectivas datas a que se referem os

incisos do caput do art. 2º, ou até que finde a memória do equipamento, o que ocorrer primeiro.

Fonte: https://linktr.ee/mouratreinamentofiscal

Novo parcelamento tributário? O que é a medida

provisória do contribuinte legal?

Fonte: Contabilidade na TVLink: http://www.contabilidadenatv.com.br/2019/10/novo-parcelamento-tributario-o-que-e-

a-medida-provisoria-do-contribuinte-legal/

O parcelamento de tributos é visto por muitos contribuintes como uma oportunidade para liquidação do crédito

tributário com o fisco. No caso dos débitos tributários federais a regra geral, ou seja, sem envolver nenhum tipo

de Refis ou outro programa extraordinário de parcelamento, é de ser feita a quitação do débito em até 60 meses.

O governo por meio da MP do contribuinte legal recentemente ofereceu um desconto de até 70% em dívidas com a

união, o que segundo o Ministério da Economia, é uma forma mais justa de alternativa de quitação de débitos do que os

já conhecidos Refis. O objetivo da MP é a regularização de débitos fiscais e redução do contencioso tributário entre

contribuintes e a União.

A MP do contribuinte legal estabelece requisitos e condições para que a União, os devedores ou as partes adversas

realizem transação para quitação dos créditos tributários.

Para quem não está familiarizado com o uso da palavra transação para quitação de tributos com o credor, vou explicar

melhor. A transação é uma das formas previstas no CTN (artigo 171 do Código Tributário Nacional), que dá ao devedor

a oportunidade de negociar suas dívidas com o credor, que neste caso é a União. Dessa forma, vê-se que a MP 899/19

busca soluções por meio de negociações entre as partes, onde União e contribuintes precisam ter uma relação de

confiança e diálogo construtivo em favor do interesse e do bem público, ou seja, é uma forma de negociação da dívida

onde ambas as partes normalmente necessitam ceder em algo, para que se concretize o acordo de quitação do débito.

A medida provisória pode ser utilizada tanto por pessoas físicas ou jurídicas e se aplica as cobranças em dívida ativa e

transações de contencioso tributário. O parcelamento poderá ser feito em até 100 meses, e conta com carência para início

do pagamento do valor acordado.

A MP tem algumas regras importantes que necessitam ser observadas, como por exemplo, nos casos de decretação de

falência pela empresa, ou encerramento de suas atividades, este acordo de quitação de débitos promovido pela União é

cancelado.

Os casos envolvendo contencioso tributário, que poderão ser parcelados, serão somente aqueles cujas as dívidas ainda

estejam sendo discutidas, e sempre dependerá de concessões recíprocas entre as partes para ser aprovado, bem como não

poderá contrariar decisão judicial definitiva.

O governo com esta MP pretende regularizar cerca de 1,9 milhão de devedores que hoje possuem débitos estimados em

mais de R$ 1,4 trilhão. Sem contar que com esta MP gera-se uma expectativa de encerrar centenas de milhares de

processos no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), e assim também gerar uma redução de cerca de 600

bilhões.

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De maneira geral a MP 899/19 se mostra positiva no sentido de buscar a redução do contencioso tributário, e agir como

uma forma de auxiliar empresas que realmente precisam de um parcelamento para quitarem suas dívidas com o fisco e

retomarem seu crescimento. Esperamos que esta medida provisória possa ser a porta de entrada para outras formas

inovadoras de quitação de débitos, e que tenham possibilidade de redução de penalidades ao contribuinte de boa fé

perante a RFB, pois, estas são formas que muitas vezes ajudam empresas que realmente estão se esforçando para crescer

e ajudar na economia do país.

A MP 899/19 é muito interessante pelo fato de trazer uma proposta diferente dos programas governamentais anteriores,

como o PRT e Pert, ele se volta mais na possibilidade de substituição e alienação de garantias, junto a isso também

oferece descontos e prazo de carência. A MP visa evitar o impacto negativo trazido por outros programas de

parcelamentos, onde se tinham contribuintes com alta capacidade contributiva usufruindo deste benefício e afetando

negativamente na arrecadação.

A MP faz com que a concessão deste tipo de benefício fiscal vise atender ao interesse público e deverá ser comprovada a

sua necessidade de instauração por uma avaliação da capacidade contributiva de cada contribuinte, entre outras

condições e limites instituídos em lei. Além disso, esta nova forma de parcelamento não afetará multas criminais ou

decorrentes de fraudes fiscais.

O texto da MP 899/19 entrou em vigor na data de sua publicação, mas ele ainda depende da confirmação do Congresso

Nacional para se consolidar como uma Lei.

Cerealistas não se beneficiam de crédito presumido de

PIS/Cofins, diz STJ 26 de outubro de 2019

Por maioria de quatro votos a um, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta terça-feira (15/10) que

as empresas cerealistas que exercem atividades como limpeza, secagem, classificação e armazenagem de grãos não têm

direito ao regime de crédito presumido instituído pela lei 10.925/2004. O benefício é destinado às agroindústrias, ou seja,

às empresas que realizam atividades industriais de produção agrícola.

A Turma analisou a controvérsia nos REsps 1.667.214/PR, 1.670.777/RS e 1.681.189/RS. Segundo salientou a ministra

Assusete Magalhães, é a primeira vez que o STJ analisa a questão no mérito. Em decisões anteriores sobre o tema, as duas

Turmas de Direito Público do STJ costumavam negar conhecimento aos recursos com base na súmula 7.

Os ministros entendiam que seria necessário reexaminar as provas do processo para entrar no mérito da controvérsia, o

que é vedado pela súmula. Porém, decidiram afastar o enunciado em casos como os três recursos especiais, em que não

há controvérsia na segunda instância sobre as atividades exercidas pelas cerealistas que são parte nos processos.

A lei 10.925/2004 permite que pessoas jurídicas e cooperativas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal

destinadas à alimentação humana ou animal deduzam da base de PIS e Cofins crédito presumido calculado sobre bens

adquiridos de produtor rural pessoa física ou de cooperado pessoa física.

O objetivo da política é tornar mais vantajosa a compra de bens vendidos por pequenos produtores. As agroindústrias que

adquirem a produção vendida por outras empresas podem tomar o crédito de PIS/Cofins decorrente da não-

cumulatividade, ou seja, devido à incidência das contribuições ao longo da cadeia produtiva.

Como as agroindústrias não obtêm esse tipo de crédito quando compram os bens de produtores pessoa física, o crédito

presumido aumenta a competitividade dos pequenos produtores rurais.

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A lei de 2004 impede explicitamente que as cerealistas se aproveitem do crédito presumido. Entretanto, as empresas

questionam esse dispositivo no Judiciário por entenderem que as atividades exercidas por elas se enquadram no conceito

de industrialização da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo. O texto adota critérios

mais amplos para definir produção, como o fato de a atividade alterar a natureza ou finalidade de um bem ou aperfeiçoá-

lo para o consumo.

Votos dos ministros sobre cerealistas

Nos três processos analisados pela 2ª Turma, as cerealistas exerciam atividades de limpeza, secagem, classificação e

armazenagem de grãos in natura como milho, soja e trigo.

O relator dos casos, ministro Og Fernandes, argumentou que os procedimentos não provocam a transformação dos bens,

de forma que as atividades não poderiam ser enquadradas no conceito de produção, necessário para autorizar o

creditamento.

Ao acompanhar o relator, a ministra Assusete Magalhães salientou que o conceito legal de produção decorre de

processamentos tecnológicos da matéria prima in natura, que não ocorrem no caso das cerealistas.

A magistrada acrescentou que a lei suspende a incidência de PIS e Cofins quando as empresas cerealistas vendem os

próprios produtos, e lembrou que as notas fiscais apresentadas nos três processos não têm destaque de recolhimento de

IPI.

Também votaram contra a aplicação do benefício a cerealistas os ministros Herman Benjamin e Francisco Falcão. Ficou

vencido o ministro Mauro Campbell Marques, para quem as atividades pré-industriais realizadas pelas cerealistas

poderiam se caracterizar como produção em um sentido mais amplo.

Fonte: Jota Info

Simplificado abertura de filiais interestaduais de empresas Fonte: Ministério da Economia

A abertura de filiais de empresas localizadas em estados diferentes da sede ficou mais simples. Além disso, está

mais fácil para o cidadão realizar outras solicitações, como alterações no registro, transferências e extinções em

âmbito interestadual nas juntas comerciais de todo o país.

Agora, com a integração digital das juntas comerciais, basta realizar o pedido no estado onde se localiza a sede da

empresa. Assim, a pessoa não precisa mais se deslocar fisicamente em mais de uma unidade federativa (estado e/ou

Distrito Federal) para obter a aprovação de seu pedido de registro, por exemplo. Esse era um fator tido como entrave

para novos empreendimentos empresariais.

“Uma das prioridades da Secretaria de Governo Digital é agilizar o registro de empresas. Para tanto, foi essencial

integrar digitalmente todas as juntas comerciais”, ressalta o secretário de Governo Digital do Ministério da Economia,

Luis Felipe Monteiro.

Os sistemas de registro e legalização de empresas já estão prontos para essa novidade desde o dia 14 de outubro. Até

então, para abrir, alterar, transferir ou extinguir uma filial localizada em outro estado ou no Distrito Federal, o cidadão

precisava solicitar o registro na junta comercial na qual estava localizada a sede e também na junta comercial da unidade

federativa da filial. Agora já é possível a troca de dados, de forma eletrônica, entre todas as juntas comerciais envolvidas

no processo.

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Equipes do Ministério da Economia trabalham desde janeiro para a integração de dados entre órgãos da Rede Nacional

para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). O procedimento foi

regulamentado com a Instrução Normativa nº 66, publicada em 7 de agosto deste ano. Além da redução dos prazos de

registro, os usuários dos serviços se beneficiam com a diminuição de custos, na medida em que não precisam se deslocar

por mais de um estado nem ingressar por meio de processos distintos.

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Responsável pelo departamento fiscal e pela abertura das filiais da empresa Via Brasil (lojas Casa Bahia e Ponto Frio),

Rafael Fernando Dias, 35 anos, conta que já se beneficiou com a nova medida. No último dia 24 de outubro, obteve o

CNPJ e a inscrição da primeira filial do Ponto Frio em Alfenas, interior de Minas Gerais, sem precisar sair da cidade-

sede, São Paulo/SP. Foram sete dias até a aprovação da filial mineira pela junta comercial do estado de São Paulo.

“Antes, havia estados em que demorávamos 20 a 30 dias para abrir uma filial. As taxas somavam em média R$ 600,

porque a gente pagava em São Paulo e no outro estado, onde iria abrir a loja. O custo de abrir uma filial caiu pela

metade. Foi a melhor solução que podia surgir neste momento”, afirma Dias, que já abriu 50 filiais desde janeiro.

Menos custos

As alterações representam um impulso para o registro e expansão de empresas no Brasil. É o que reforça o empresário

Rogerio Boschi, 42 anos, associado do Instituto Brasileiro de Registro Empresarial (Ibremp). “Nesses 23 anos em que

trabalho como consultor de legalização de empresas, essa foi uma das medidas de maior impacto, principalmente para

empreendedores que querem crescer”, relata Boschi. “Você diminui pela metade ou até mais o tempo para abrir uma

empresa. Além disso, deixa de gastar com autenticações em cartórios, Correios, transporte e logística até a junta

comercial de outro estado, deixa de gastar com taxas e emolumentos. E tem outro fator: cada dia de loja parada por

conta da burocracia gera prejuízo não só ao empresário, mas para o governo, que deixa de arrecadar impostos”.

Cobrança de taxas

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Outra medida em vigor desde o começo de outubro também impacta nos procedimentos de registro empresarial nas

juntas comerciais do país. A Lei da Liberdade Econômica extinguiu a cobrança de taxas relativas à inclusão de

informações no Cadastro Nacional de Empresas (CNE) e, ainda, no serviço de arquivamento dos atos de extinção de

Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) e de empresa de sociedade limitada.

Sem a cobrança pelo arquivamento de atos de extinção, o governo federal espera resolver o problema das empresas que

param de funcionar e não fazem a baixa devido a custos e à burocracia. No contexto atual de desburocratização, a

medida busca facilitar o encerramento formal do empresário individual – da Eireli e da sociedade limitada, que, juntas,

representam cerca de 96% das empresas no Brasil.

OPINIÃO

Edição impressa de 30/10/2019. Alterada em 30/10 às 03h00min

IN para o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) Francisco de Godoy Bueno, sócio do Bueno, Mesquita e Advogados e Vice-Presidente da Sociedade Rural Brasileira /BUENO, MESQUITA E ADVOGADOS Francisco de Godoy Bueno No dia 19 de julho de 2019, foi publicada no Diário Oficial da União, a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil de nº 1.902, que define normas e procedimentos para a apresentação das declarações de ITR pelos contribuintes, referente ao exercício de 2019.

O objeto da Instrução Normativa é estabelecer as diretrizes e especificações para a entrega das declarações do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), bem como prazos, meios disponíveis para sua apresentação, procedimento para apresentação depois do prazo e possibilidade de retificação da declaração.

A referida norma determina que o prazo para apresentação das declarações pelos contribuintes será do período de 12 de agosto até 30 de setembro deste ano, podendo ser realizado através da Internet, pelo Programa ITR 2019, ou programa Receitanet, ambos disponíveis no site da RFB (https://rfb.gov.br), ou ainda, através de mídia removível, pelo qual o contribuinte deve gravar em pen drive ou disco rígido externo, com a posterior entrega em uma das unidades da Receita Federal.

A declaração é obrigatória para a pessoa física e jurídica, que não isenta ou imune, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora a qualquer título, bem como a usufrutuária. Igualmente, há obrigatoriedade a um dos condôminos e a um dos compossuidores, quando mais de uma pessoa for possuidora do imóvel.

Da mesma maneira, está obrigado a apresentar, a pessoa física ou jurídica que, entre 1 de janeiro de 2019 e a data da efetiva apresentação da DITR, perdeu a posse do imóvel rural ou o direito de propriedade.

Para os casos em que o imóvel rural pertencer a espólio, enquanto não for concluída a partilha, será obrigação do inventariando proceder à apresentação da declaração, ou, caso não tenha sido nomeado, o cônjuge meeiro, companheiro ou o sucessor a qualquer título.

Em relação à apresentação da Declaração de ITR depois do prazo fixado, a multa será de 1% ao mês ou fração de atraso, calculada sobre o valor total do imposto devido, cujo termo inicial para contagem é o 1 dia subsequente ao do final do prazo para entrega da declaração, sendo que, seu valor não pode ser inferior a R$ 50,00.

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No que diz respeito à possibilidade de retificação da declaração, diante de erros ou omissões, é possível, caso realizado antes de iniciado o procedimento de lançamento de ofício pela Receita Federal, sem a interrupção do pagamento do imposto apurado previamente.

Sobre a forma para pagamento do ITR, este poderá ser pago em até quatro quotas iguais, mensais e consecutivas, sendo que, nenhuma delas pode ser inferior a R$ 50,00 e, a primeira quota (ou única), deverá ser paga até o dia 30 de setembro de 2019. Caso o imposto devido total tenha valor inferior a R$ 100,00, este deverá obrigatoriamente ser pago em quota única.

Por fim, os pagamentos podem ser efetuados mediante transferência eletrônica de fundos, através de sistemas eletrônicos das instituições financeiras autorizadas pela Receita Federal ou Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), em qualquer agência bancária integrante da rede arrecadadora de receitas federais.

Com a publicação da supracitada Instrução Normativa da Receita Federal, os contribuintes podem se programar para, dentro de alguns dias, apresentar as suas respectivas declarações de ITR, conforme prazos estabelecidos.

Sócio do Bueno, Mesquita e Advogados; e Vice-Presidente da Sociedade Rural Brasileira

FALA PROFISSIONAL

Edição impressa de 30/10/2019. Alterada em 29/10 às 13h37min

Cresce número de escritórios que adotam o conceito de BPO

Canineo destaca ganhos como eficiência dos processos e melhor atendimento aos clientes /CONTABEXPRESS/DIVULGAÇÃO/JC Roberta Mello

A necessidade de redução de custos e otimização de processos é uma constante perseguida por empresas de todos os tamanhos e setores da economia. Na área contábil, os escritórios vêm solucionando esta máxima com a contratação de serviços de outsourcing ou terceirização de processos, especialmente aqueles mais repetitivos e que não estão diretamente ligados à essência da atividade das empresas contábeis e aqueles que apresentam maior risco.

Segundo levantamento da empresa ContabExpress, especializada no outsourcing de processos contábeis do País, a terceirização de processos no setor registou aumento de 80% entre janeiro e agosto de 2019. "Os escritórios de contabilidade buscam tecnologia de ponta e ganho de tempo para oferecer um atendimento mais personalizado aos clientes", diz o, Vitor Canineo.

JC Contabilidade - Qual o conceito de BPO?

Vitor Canineo - A sigla BPO se refere às iniciais de Business Process Outsourcing ou Terceirização de Processos de Negócios. Trata-se de uma oferta criada nos Estados Unidos para a entrega de serviços terceirizados. Genericamente, o BPO é um subconjunto de terceirização que envolve a contratação de

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operações e responsabilidades de um determinado processo do negócio para um provedor de serviços. As empresas que oferecem serviços terceirizados se especializam em áreas distintas, podendo desenvolver uma oferta altamente qualificada e a custo reduzido, porque operam com volumes elevados dentro de áreas determinadas.

Contabilidade - Quais os principais ganhos que ela pode trazer às empresas em geral?

Canineo - A terceirização de processos de negócios está relacionada ao ganho de eficiência, redução de custos, aumento de produtividade e o incentivo a capacidades inovadoras. O BPO é, portanto, uma fonte importante de vantagem estratégica. Desde pequenas startups até grandes multinacionais optam por buscar empresas de BPO para terceirizar processos. Essa tendência tem como motivação a oferta de serviços inovadores em um ambiente comercial altamente competitivo e em constante mudança. A principal vantagem que a terceirização de processos de negócios oferece a uma empresa é a flexibilidade. Ao terceirizar funções não essenciais e administrativas, o negócio pode alocar melhor seus recursos e seu tempo voltando-se para suas principais competências, como relacionamento com clientes, liderança de produtos ou excelência operacional.

Contabilidade - E no caso das empresas e setor relacionados à contabilidade e fiscal, como essa ferramenta ajuda no trabalho?

Canineo - A mesma tendência segue para o mercado contábil. Podemos citar que há, atualmente, dois perfis básicos de empresas de contabilidade: aquelas consolidadas, com grande carteira de clientes; e os negócios que estão em início de operação. Para ambos os casos as vantagens da terceirização de processos de negócios são inúmeras. Por exemplo, os escritórios já consolidados estão à procura de crescimento e expansão dos seus negócios de uma forma mais enxuta, ou seja, sem onerar os custos. Da mesma forma, os negócios contábeis em início de operação precisam criar uma operação de baixo custo para serem competitivos. Várias atividades desenvolvidas pelas empresas contábeis exigem grande dedicação de mão de obra e ainda geram risco aos negócios, porque são repetitivas e, portanto, passíveis de erros. Empresas como a ContabExpress oferecem uma mão de obra qualificada, tecnologia e processos eficientes para efetuar as atividades operacionais dos escritórios de contabilidade. Em contrapartida, os empresários contábeis focam estrategicamente no atendimento aos seus clientes e na entrega de uma contabilidade cada vez mais consultiva, com ganho de qualidade e participativa. E os clientes das empresas contábeis, por sua vez, podem contar com a disponibilidade dos contadores recebendo um suporte mais próximo e humanizado.

Contabilidade - De quanto foi o aumento experimentado na procura por este ano nesse tipo de serviço?

Canineo - Em 2019, houve um aumento de 200% na procura pela ContabExpress (BPO de serviços contábeis), pelos empresários contábeis.

Contabilidade - Como foi feita essa pesquisa?

Canineo - Durante a participação na Feira Nibo 2019, um dos maiores eventos contábeis no Brasil, houve um grande interesse dos empresários contábeis por utilizar estrategicamente o nosso centro de serviço compartilhado, terceirizando parcial ou totalmente os processos.

Contabilidade - A terceirização dos processos é segura?

Canineo - Sim, a responsabilidade técnica pela produção dos serviços operacionais fica a cargo da ContabExpress. Desta forma, o empresário contábil tem maior tranquilidade acerca de eventuais penalidades e multas aplicáveis decorrentes de eventuais erros ou atrasos na entrega de obrigações principais e acessórias. É claro que, ao terceirizar um ou mais processos de negócios, a empresa contratante precisa se atentar não só para a qualidade dos serviços oferecidos pelo novo parceiro, como também se precaver legalmente. Indicamos que, para manter um relacionamento comercial e profissional, a empresa contábil nomeie um gestor do contrato. É importante reforçar que a ContabExpress dispõe de Seguro de Responsabilidade Profissional para cobrir eventuais equívocos e respaldar seus clientes em caso

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de intercorrências. No modelo de negócio proposto pela ContabExpress, as preocupações com riscos trabalhistas também tendem a diminuir, devido a possibilidade de se operar com uma equipe mais enxuta.

Contabilidade - Na sua opinião, esse aumento no uso de BPO nas empresas brasileiras é semelhante à procura ou ao uso em outros países? Vocês trabalham em outros mercados internacionais?

Canineo - Sim, na verdade a terceirização de processos recebe forte influência de modelos implementados nos Estados Unidos e na Europa. Diversas multinacionais utilizam o BPO para aumentar a eficiência dos seus processos, levando em consideração também a redução de custos. Muitas vezes, estas multinacionais alocam seus processos em outros países aproveitando o capital intelectual local e custos mais acessíveis de mão de obra. Sobre a nossa atuação no mercado internacional, considerando o nosso crescimento nos últimos anos, estamos ganhando bastante visibilidade no mercado externo, gerando novas demandas e oportunidades de negócios nas áreas de soluções financeiras e gestão tributária. Temos clientes no Canadá, Estados Unidos, China e Argentina.

Contabilidade - Vocês utilizam tecnologia e sistemas criados aqui no Brasil? Por quê?

Canineo - Sim, utilizamos sistemas de mercado e alguns softwares desenvolvidos internamente.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelas empresas contábeis que podem ser minimizadas ou até sanadas com a contratação de serviços de terceirização de processos?

Canineo - As grandes dificuldades estão relacionadas à centralização da operação da empresa no contador e ou principal sócio da organização, fato que ocorre com a maioria dos contadores. Esta vinculação do contador diretamente com o operacional, time e equipe, e a inexistência de outros líderes capazes de assumir tarefas que exigem decisão têm como consequência o retrocesso na tecnologia adotada pela empresa, a dificuldade de customização de processos, falta de capacidade para se adaptar às mudanças e uma lentidão no crescimento e captação de novos clientes. Quando fica concentrado na operação, o contador não tem tempo para acompanhar as inovações tecnológicas do mercado de contabilidade. Outra variável é a falta de caixa a médio a longo prazo para investir no desenvolvimento tecnológico.

Contabilidade - Que tecnologias você aposta que se tornarão indispensáveis nos próximos anos na área de tributos, organização de informações empresariais e auditoria?

Canineo - A grande maioria das tecnologias desenvolvidas para o setor de contabilidade já foca, atualmente, a customização de processos e evitam ao máximo o trabalho manual para minimizar erros. A médio e longo prazos, tecnologias como inteligência artificial, machine learning e a infraestrutura de computação em nuvem, serão realidade também no nosso setor, tudo com foco na melhoria do atendimento ao cliente, ganho de eficiência nos processos de negócios - para realizarmos mais com menos recursos - e redução de custos.

1ª Turma do STJ define que ICMS-ST gera crédito de

PIS/Cofins

29 de outubro de 2019

O posicionamento adotado pelo colegiado ao julgar REsp 1.428.247/RS se alinha ao que defendem os contribuintes. A

tese afeta principalmente setores como o de supermercados, alimentos, combustíveis, eletrodomésticos, bebidas e cimento,

sujeitos à substituição tributária.

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O processo opõe a Coqueiros Supermercados à Fazenda Nacional. Por não estar no início da cadeia produtiva, o

supermercado não atua como substituto tributário, não sendo responsável pelo reconhecimento antecipado do imposto.

Porém, a empresa defende que os fornecedores embutem no preço das mercadorias o ICMS recolhido antecipadamente.

Dessa maneira, de acordo com a defesa, os valores são sujeitos à tributação pelo PIS e pela Cofins, de maneira que a

empresa tem direito de tomar o crédito.

Para argumentar contra o creditamento, a Fazenda Nacional lembra que o ICMS-ST não integra a base de cálculo do PIS

e da Cofins pagos pela empresa que atua como substituta tributária, no início da cadeia produtiva, responsável pelo

recolhimento antecipado do ICMS.

Ou seja, a Fazenda entende não houve pagamento de PIS e Cofins incidentes sobre esse valor recolhido antecipadamente

a título de imposto. Na visão do fisco, isso impede a empresa que atua como substituída tributária de tomar o crédito.

Por maioria de três votos a dois, a 1ª Turma entendeu que o valor do ICMS-ST compõe o custo de aquisição dos produtos,

o que permite a tomada de créditos das contribuições por parte das empresas que atuam como substituídos tributários.

Os ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Benedito Gonçalves acompanharam a divergência aberta pela ministra Regina

Helena Costa. Para a magistrada, o ICMS-ST compõe o preço da mercadoria por conta do recolhimento antecipado no

início da cadeia.

Tema deve ser levado à 1ª Seção

Apesar de a 1ª Turma ter decidido de forma mais favorável aos contribuintes, a 2ª Turma do STJ tem decisões que negam

a possibilidade de crédito, conforme defende a Fazenda Nacional. Exemplo é o REsp 1.456.648/RS.

Como as duas Turmas especializadas em Direito Público adotaram posicionamentos diferentes, a controvérsia deve ser

pacificada pela 1ª Seção do STJ, que reúne os integrantes dos dois colegiados. Quando os colegiados adotam

entendimentos diferentes sobre a mesma controvérsia tributária, a Fazenda e os contribuintes costumam levar o tema à

Seção por meio de embargos de divergência.

O resultado na 2ª Turma foi unânime, ou seja, os cinco ministros adotaram o entendimento da Fazenda Nacional. Se os

votos nas duas Turmas se mantiverem, a interpretação mais restritiva do direito ao crédito teria sete votos na 1ª Seção,

enquanto que a tese mais favorável às empresas teria três.

Entretanto, fontes próximas ao caso avaliam que tanto a procuradoria quanto os contribuintes deve recomeçar os diálogos

nos gabinetes, de maneira que os votos podem mudar.

Jamile Racanicci – Repórter

Fonte: JOTA

Receita nega aproveitamento de créditos de PIS/Cofins

para revendedoras de bens

2 de novembro de 2019

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Por meio da Solução de Consulta 248/2019 a Receita Federal se posicionou contra a possibilidade de aproveitamento de

créditos de PIS e Cofins por empresas revendedoras de bens.

A norma, que data de 17 de setembro, é alvo de críticas por tributaristas, que consideram que a solução de consulta

consolida uma postura restritiva da Receita sobre a possibilidade de tomada de créditos pelo setor.

De acordo com o texto, somente geram créditos de PIS e Cofins as atividades de produção de bens destinados à venda e

de prestação de serviços a terceiros.

Segundo o advogado Rafael Balanin, sócio do PVG Advogados, a solução apresentada pela Cosit não admite o direito

ao creditamento relacionado a uma série de gastos “relevantes e necessários” para empresas de revenda de bens.

Estão de fora, por exemplo, despesas com propaganda e marketing, sistemas de controle de estoque e vendas e

gastos com contratação de representantes comerciais.

“O efeito da aplicação desse entendimento é a eventual redução da margem do revendedor, ou mesmo o

encarecimento do produto a ser revendido, já que a limitação do aproveitamento de créditos de PIS e Cofins nessas

situações afeta diretamente o custo necessário para a revenda dos produtos”, afirma Balanin.

Ele acrescenta que a Receita Federal já havia publicado o Parecer Normativo 5/2018, que, segundo o advogado, foi um

dos primeiros pronunciamentos do órgão para restringir a possibilidade de creditamento para a revenda de bens.

O parecer citado pelo advogado define que não constituem insumos geradores de créditos para revendedores de bens os

gastos com combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos próprios de entrega de mercadorias, transporte de

mercadorias entre centros de distribuição próprios, embalagens para transporte das mercadorias, entre outras atividades.

“A limitação de aproveitamento de créditos normalmente preocupa os contribuintes, que enxergam no princípio da não

cumulatividade do PIS e Cofins a melhor forma de evitar a tributação em cascata”, explica Balanin.

No entendimento de Alexandre Monteiro, do Bocater Advogados, a solução de consulta da Receita Federal não atenta

para a definição que vem sendo formada em tribunais sobre o conceito de insumo e apuração de créditos de PIS e Cofins.

Ele cita o REsp 1.221.170, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que fixa o critério para que os contribuintes possam

tomar créditos sobre insumos. Segundo o processo, analisado de acordo com as sistemáticas dos recursos repetitivos, deve

ser observado o princípio da essencialidade na definição dos créditos de PIS e Cofins.

“Não há, no voto [do STJ], distinção entre as atividades econômicas do contribuinte, mesmo porque um dos

aspectos importantes foi analisar a relevância da técnica da não-cumulatividade”, afirma o advogado.

Para ele, a tentativa da Receita Federal de distinguir os contribuintes em relação à extensão do creditamento ofende os

princípios da não-cumulatividade, da isonomia e da capacidade contributiva.

Na análise da tributarista Ana Carolina Monguilod, sócia do PG Law, a solução de consulta publicada pela Receita Federal

afeta todas as áreas de revenda, tanto atacado como varejo. Para ela, a Solução de Consulta 248/2019 reflete uma postura

“extremamente restritiva” que já é adotada pela Receita Federal, segundo a advogada, há anos.

“PIS e Cofins, tributos relativamente simples no passado, tornaram-se verdadeiros pesadelos com a não-cumulatividade”,

afirma Ana Carolina.

Para ela, as interpretações restritivas das leis têm cada vez mais limitado o atingimento da própria não-cumulatividade

pregada pela Constituição Federal. “Mais um sinal de que nosso sistema tributário está doente e precisa de uma reforma”,

conclui a advogada.

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Fonte: JOTA

Solução de Consulta Cosit nº 248, de 20 de agosto de 2019 (Publicado(a) no DOU de 17/09/2019, seção 1, página 31)

Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins

CRÉDITO. INSUMOS NA ATIVIDADE COMERCIAL. IMPOSSIBILIDADE.

Somente há insumos geradores de créditos da não cumulatividade da Cofins nas atividades de produção de

bens destinados à venda e de prestação de serviços a terceiros. Para fins de apuração de créditos das

contribuições, não há insumos na atividade de revenda de bens, notadamente porque a esta atividade foi

reservada a apuração de créditos em relação aos bens adquiridos para revenda.

CRÉDITO. ALUGUÉIS DE PRÉDIOS. INCLUSÃO DA COTA CONDOMINIAL. IMPOSSIBILIDADE. No regime de apuração não cumulativa da Cofins, o crédito relativo a aluguéis de prédios não inclui os

dispêndios suportados pelo locatário em decorrência da locação do imóvel, tal como a cota condominial.

SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 647,

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2017.

Dispositivos Legais: Art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003; Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de 2018.

Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep

CRÉDITO. INSUMOS NA ATIVIDADE COMERCIAL. IMPOSSIBILIDADE.

Somente há insumos geradores de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep nas

atividades de produção de bens destinados à venda e de prestação de serviços a terceiros. Para fins de

apuração de créditos das contribuições, não há insumos na atividade de revenda de bens, notadamente

porque a esta atividade foi reservada a apuração de créditos em relação aos bens adquiridos para revenda.

CRÉDITO. ALUGUÉIS DE PRÉDIOS. INCLUSÃO DA COTA CONDOMINIAL. IMPOSSIBILIDADE.

No regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, o crédito relativo a aluguéis de

prédios não inclui os dispêndios suportados pelo locatário em decorrência da locação do imóvel, tal como a

cota condominial.

SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 647,

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2017.

Dispositivos Legais: Art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002; Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de 2018.

Assunto: Normas de Administração Tributária

CONSULTA. INEFICÁCIA.

A consulta é ineficaz quando o fato estiver disciplinado em ato normativo publicado na Imprensa Oficial

antes de sua apresentação.

Dispositivos Legais: Art. 18, VII, da IN RFB nº 1.396, de 2013, e ADI nº 4, de 2012.

SC Cosit nº 248-2019.pdf

Norma retira ICMS do cálculo de créditos da Cofins

30 de outubro de 2019

A Instrução Normativa (IN) nº 1.911, publicada na semana passada pela Receita Federal, preocupa contribuintes. O texto

não traz previsão expressa de que o ICMS está incluído na base de cálculo dos créditos do PIS e da Cofins. A retirada do

imposto estadual reduziria a base e, consequentemente, o valor a receber. A nova norma alterou a Instrução Normativa nº

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404, de 2004, que incluía expressamente o ICMS no valor do custo de aquisição de bens e serviços. A previsão estava no

parágrafo 3º do artigo 8º.

Agora, o artigo 167 da nova IN prevê apenas que, para o cálculo dos créditos decorrentes da aquisição de insumos,

bens para revenda ou bens destinados ao ativo imobilizado, integram o valor de aquisição o seguro e o frete pagos

na aquisição, quando suportados pelo comprador, e o IPI incidente na aquisição, quando não recuperável. O

silêncio sobre o ICMS preocupa, por dar a entender que a Receita Federal não vai mais aceitar a inclusão do ICMS. “O

artigo 167 fala expressamente do IPI, mas não cita o ICMS. A IN é silente, o que estava expresso não está mais”. Ele

acrescenta, porém, que não faria sentido a Receita não aceitar mais a inclusão do ICMS, o que poderia ser questionado

judicialmente.

A outro dispositivo na instrução normativa em que o órgão reafirma que o ICMS a ser retirado da base de cálculo

do PIS e da Cofins é o efetivamente pago e não o declarado na nota. A exclusão foi determinada pelo Supremo

Tribunal Federal (STF) em 2017 e poderá ser detalhada pelos ministros em dezembro, em julgamento de recurso

(embargos de declaração). Para retirar o ICMS do cálculo dos créditos, acrescenta Barbosa, é necessário previsão

em lei ordinária. “Teremos muitos mandados de segurança”, prevendo uma nova disputa entre contribuintes e

Receita Federal.

Lembrando sempre que “O ICMS compõe o preço”, acrescentando que a tentativa de excluir o imposto não resistiria a

questionamento judicial.

Por: Artur Ilton Teixeira de Azevedo

Fonte: Jornal Contábil

STJ começa a discutir crédito de PIS e Cofins no regime

monofásico

30 de outubro de 2019

A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça começou a discutir na semana passada a possibilidade de apropriação de

créditos do PIS e da Cofins pelas empresas sujeitas ao regime monofásico. O julgamento foi suspenso após pedido de vista

do ministro Napoleão Nunes Maia Filho.

O relator, ministro Gurgel de Faria, entendeu que as empresas sujeitas ao regime monofásico do PIS e da Cofins não

podem se apropriar de créditos das contribuições, uma vez que a não incidência sucessiva, gerada pela concentração da

tributação em uma única etapa da cadeia produtiva, impede o aproveitamento de créditos.

“Nesse sentido, a própria exposição de motivos da MP 66/2002, convertida na Lei 10.637/2002, excluiu da sistemática da

não-cumulatividade as receitas decorrentes de vendas submetidas à incidência monofásica”, disse.

O ministro afirmou ainda que o artigo 17 da Lei 11.033/2004, que instituiu o regime do “Reporto”, apesar de prever a

possibilidade de apuração de créditos de PIS e Cofins sobre as vendas efetuadas com alíquota zero, não desnaturou a

estrutura do sistema de crédito estabelecido pelo legislador.

“Sendo assim, o benefício fiscal do Reporto não derrogou as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, tendo em vista a sua

especialidade e aplicabilidade restrita às empresas inseridas Lei 11.033/2004”, disse.

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Novo capítulo sobre a exclusão do ICMS: a Instrução

Normativa 1.911/2019

Postado por José Adriano em 28 outubro 2019 às 10:30

Por Adriano Rodrigues de Moura e Glaucia Lauletta Frascino

Poucos acreditavam que o STF manteria entendimento anteriormente manifestado e concluiria pela

inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS. Isso aconteceu em

março de 2017, em um caso gravado com repercussão geral, e fez nascer, a partir daí, uma das principais discussões

tributárias da década.

Não nos referimos à discussão de mérito, pois essa nasceu muito antes. Falamos da controvérsia em torno da

aplicabilidade e efetividade do julgado, especialmente se considerarmos a tentativa da Procuradoria da Fazenda

Nacional de mitigar seus efeitos, seja com a sua modulação, seja com a limitação do valor a excluir ao ICMS recolhido.

Ambos temas objeto de embargos de declaração opostos pela União e cujo julgamento está pautado para 5 de dezembro

de 2019.

A par disso, a partir do julgamento de março de 2017, as consequências começaram a se materializar. Explicamos.

Por parte dos juízes e tribunais, que, quase à unanimidade, passaram a aplicar o entendimento pela inconstitucionalidade

aos casos concretos, os quais, apesar dos muitos recursos interpostos pela União, começaram a ser definitivamente

decididos.

Por parte dos contribuintes, que, mediante decisões definitivas, passaram a reconhecer os créditos em seus resultados e,

inclusive, submeter à tributação a receita aferida.

Por parte da Procuradoria, que, além dos infindáveis recursos, ingressou com embargos de declaração no leading

case perante o STF, requerendo não só a modulação de efeitos, mas o esclarecimento quanto a qual ICMS deveria ser

excluído, se o recolhido ou o destacado.

E, finalmente, por parte da Receita Federal do Brasil, que, ignorando todos os demais movimentos, não somente

consolidou sua interpretação por meio da Solução de Consulta Cosit 13, como a normatizou quando da recentíssima

edição da Instrução Normativa 1.911, de 15 de outubro de 2019.

Realmente, a norma recém-publicada determina que “para fins de cumprimento das decisões judiciais transitadas em

julgado que versem sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devem

ser observados os seguintes procedimentos: (...) o montante a ser excluído da base de cálculo mensal das contribuições

é o valor mensal do ICMS a recolher”.

Mas, afinal, em quem devemos confiar? Na Procuradoria, que levanta a dúvida sobre qual ICMS deve ser excluído (o

recolhido ou o destacado?) e justifica, assim, a oposição de embargos de declaração? Ou na Receita, que parece não

vislumbrar a dúvida ou obscuridade que a própria Procuradoria apontou nos embargos, normatizando a sua interpretação

por meio da recente instrução normativa?

Mais do que isso: qualquer indivíduo que lida com tributação corporativa no país sabe que essa matéria será enfrentada

pelo STF. E que há chances reais do Tribunal apontar o ICMS destacado (afinal, o “verdadeiro” ICMS) como aquele

passível de exclusão.

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Quer nos parecer que, diante dessas circunstâncias, a Receita tenta transformar em fato consumado — a exclusão do

ICMS recolhido, não do destacado — algo que ainda é incerto aos olhos da própria Procuradoria. Até porque, se a

decisão de março de 2017 não contivesse omissão ou obscuridade, os embargos de declaração não seriam nem

necessários, nem cabíveis.

A Procuradoria e a Receita são braços da União que, por décadas, exigiu valores indevidos, conforme reconhecido pelo

próprio STF. Deveriam, para falar o mínimo, procurar ter um entendimento uno sobre a matéria, senão por outra razão,

mas principalmente em prol da moralidade administrativa e da segurança jurídica.

Em resumo: os procedimentos da Procuradoria, quando da oposição de embargos, e da Receita, com a publicação da IN

1.911/2019, são contraditórios, pois ou bem temos dúvida e/ou omissão quanto a qual ICMS excluir, ou bem a questão

já foi elucidada pelo STF, sendo incabíveis os aclaratórios.

Para além da incongruência verificada entre Receita e Procuradoria, análise isolada do posicionamento da RFB

igualmente não confere suficiente clareza ao contribuinte sobre qual será a posição do Fisco na prática.

Isso porque, tanto na Solução de Consulta COSIT 13/2018, quanto na recém editada IN 1.911/19, a Receita Federal do

Brasil expõe seu entendimento sobre a forma de quantificação do ICMS a ser excluído da base de cálculo do

PIS/COFINS, no contexto do cumprimento de decisões judiciais transitadas em julgado.

Na citada Solução de Consulta, esse fato foi apontado expressamente como limitador do escopo daquela consulta: “O

núcleo da consulta formulada demanda qual o procedimento a ser adotado para cumprir as decisões judiciais transitadas

em julgado que versem sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins”.

O parágrafo único, do artigo 27, da recém-editada IN 1.911/19 possui semelhante redação: “Para fins de cumprimento

das decisões judiciais transitadas em julgado que versem sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo da Contribuição

para o PIS/Pasep e da Cofins, devem ser observados os seguintes procedimentos: [...]”.

Tem-se, pois, suficiente delimitado o alcance dessa norma apenas ao cumprimento de decisões judiciais transitadas em

julgado. A questão que se coloca é: qual será a posição da RFB em relação ao grande número de contribuintes que,

apesar de estarem protegidos por decisão judicial vigente que os autoriza a excluir o ICMS da base das contribuições,

ainda não possuem a definitividade do provimento jurisdicional transitado em julgado?

Em outras palavras, os contribuintes que passaram a excluir o ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS em sua

apuração regular, protegidos por decisão judicial vigente, ainda que não transitada em julgado, poderão sofrer retaliações

por parte do Fisco Federal.

A intuitiva resposta é que o entendimento manifestado na Solução de Consulta e na Instrução Normativa não seria

aplicado a esses contribuintes, haja vista a clara limitação do escopo da norma: “Para fins de cumprimento das decisões

judiciais transitadas em julgado”.

Não é o que se vê na prática. É cada vez mais frequente a intimação dos contribuintes, inclusive os que ainda não estão

amparados por decisão judicial transitada em julgado, para explicitarem à RFB qual o ICMS (destacado ou líquido) que

vem sendo excluído da base de cálculo das contribuições.

Na mesma linha, a edição da Versão 3.1.0 do Programa EFD-Contribuições trouxe a inserção de campos específicos

para o contribuinte individualizar o ICMS que vem sendo deduzido do PIS/COFINS.

Esses movimentos indicam certa tendência da RFB de se atentar, não apenas ao cumprimento de decisões judiciais

transitadas em julgado, como indicam as referidas Solução de Consulta e Instrução Normativa, mas também para

aqueles contribuintes que, gozando de decisão judicial vigente, passaram a excluir o ICMS da base de cálculo das

contribuições da sua apuração mensal.

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Os contribuintes esperaram por décadas, resilientemente, a apreciação da inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na

base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS. Não fará mal às autoridades tributárias agir com a mesma

resiliência, aguardando que os embargos de declaração sejam finalmente apreciados.

E que demonstrem seriedade e fair play tão logo sejam feitos os devidos esclarecimentos pelo STF, quando do

julgamento dos embargos de declaração.

Fato é que, diante de tantas dúvidas e incertezas, a edição de normas e a formalização de interpretação ainda não

avalizada pelo STF não contribui em nada com o adequado deslinde da discussão e só colabora com a sensação de

insegurança e inconsistência que permeia a tributação no Brasil. Trata-se de mais um capítulo de uma longa história.

https://www.conjur.com.br/2019-out-25/capitulo-exclusao-icms-instru...

Consultor Tributário

MP do "contribuinte legal" reacende a discussão sobre a

transação tributária

30 de outubro de 2019, 9h34

Por Hugo de Brito Machado Segundo

Quem atua na área tributária, em especial na advocacia privada, provavelmente já ouviu a pergunta, feita por algum

cliente com pendências junto à Receita Federal: “- Quando será que vem um novo REFIS?”. A sigla (que vem de

“Regularização Fiscal”) designou um primeiro parcelamento especial e diferenciado, surgido em 2000 (Lei 9.964/2000),

com o qual o Governo Federal pretendeu estimular contribuintes a regularizarem sua situação junto ao Fisco, pagando

débitos em condições favorecidas. A ideia era a de não matar a galinha dos ovos de ouro, permitindo às empresas

continuar em funcionamento, e, ao Fisco, receber pelo menos uma parte de uma dívida que, de outro modo, poderia ser

impagável.

A pergunta sobre “quando virá um novo REFIS” tornou-se frequente, contudo, porque foi mais ou menos isso o que

passou a ocorrer depois da previsão do primeiro deles, em 2000. Nos anos que se seguiram, não raro próximo de pleitos

eleitorais, publicaram-se leis com parcelamentos semelhantes, os quais passaram a ser apelidados de “REFIS 2”, “REFIS

3”, e assim por diante. Embora as condições exigidas por cada uma dessas leis fossem ligeiramente diferentes, assim

como os descontos concedidos, havia em comum a circunstância de serem especiais e episódicas, permitindo o

parcelamento de dívidas específicas, decorrentes de fatos geradores ocorridos até determinado período, devendo a

adesão ocorrer também dentro de certo limite temporal. Daí, nos intervalos havidos entre cada um deles, a crescente

expectativa pelo “próximo”.

Essa expectativa, como se pode imaginar, tinha efeito prejudicial sobre o adimplemento espontâneo dos débitos

tributários, notadamente sobre aqueles contribuintes que desenvolviam grande esforço para manter a pontualidade em

seus compromissos. O reiterado estabelecimento de tais programas sinalizava em sentido contrário, dispensando multas

e juros e concedendo prazos adicionais àqueles que não se mantinham adimplentes, fazendo com que os demais se

sentissem no papel de bobos.

Nesse cenário, surge a Medida Provisória 899/2019, editada em 16 de outubro p.p., a disciplinar o instituto da “transação

tributária”, prevista no art. 171 do Código Tributário Nacional. Em termos muitos simples, e diretos, pode-se dizer que

ela institui mais um REFIS, só que passível de concessão a qualquer tempo (não há mais “janelas” para adesão), e

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apenas para quem o Fisco decidir conceder. Reavivam-se, com isso, diversos debates, que há muito giram em torno do

instituto da transação tributária. E se adicionam outros, decorrentes de algumas disposições criativamente inseridas no

aludido diploma legal. O presente texto não objetiva exaurir o assunto, o que não seria viável ou mesmo adequado a este

espaço, mas apenas apontar alguns desses possíveis questionamentos.

Em um nível mais geral, pode-se ponderar a respeito da conveniência ou mesmo da validade de se adotar, no campo

tributário, o instituto da transação, por meio do qual, mediante concessões mútuas, as partes podem por fim a um litígio

e com isso extinguir o crédito tributário. De um lado, a obrigação tributária é ex lege, ou seja, decorre da lei, não da

vontade das partes. Assim, não poderia, em tese, a vontade alterar a sua dimensão. De outro, como consequência disso: a

atividade administrativa das autoridades que cobram o tributo é plenamente vinculada, sem espaço para juízos de

conveniência e oportunidade em torno do objeto e dos motivos dos atos a serem praticados (CTN, art. 3.º), o que se

revela incompatível com poderes discricionários para transigir.

Dir-se-á, em oposição, que é uma lei – ou uma medida provisória com força de lei - que está permitindo a transação,

com amparo no CTN, cujo art. 171 pode ser visto como regra mais específica, excepcional, a prevalecer sobre o art. 3.º

do mesmo Código. Mas os problemas da transação, em matéria tributária, não decorrem apenas de questões jurídico-

formais. Trata-se de um acordo para encerrar um litígio, e a realização deste pressupõe que as partes estejam em um

mesmo nível, ou patamar, que lhes confira condições para negociar com igualdade, o que não é exatamente o caso da

relação que se estabelece entre o Fisco e o contribuinte. Pelo menos se se considerar a generalidade dos contribuintes, o

que remete a outro problema: a transação será, como dito, algo muito semelhante ao que eram os vários “REFIS”, com o

diferencial de que será concedida apenas a quem a Fazenda desejar conceder, com larguíssima margem de

discricionariedade. Ou seja: o Fisco realizará a transação apenas quando isto lhe convier, ou com quem tiver cacife

suficiente para realizar um acordo vantajoso.

Essa amplitude, em tese, pode ser boa, fazendo com que somente se concedam prazos e condições diferenciados para

aqueles que, de outro modo, não teriam como pagar, e que não agiram com dolo, simulação etc., de sorte a que não se

sintam tolos aqueles que se esforçaram para pagar suas dívidas em dia. Ou seja: permite conceder um “REFIS” só para

quem merecer, e nos casos em que o Fisco também tiver algo a ganhar com a medida. Mas, na prática, ela pode não ser

tão boa, levando a que se concedam condições melhores a uns, e não a outros, sem justificativas plausíveis para tanto.

Não é demais lembrar que, na História do Direito Tributário, houve razões importantes para que o soberano tivesse de

cobrar tributos nos termos da lei, e não conforme seu arbítrio. Elas não decorriam apenas dos excessos praticados contra

alguns, mas também do generoso tratamento franqueado a outros, aspectos que a transação tributária pode ressuscitar.

Pode-se objetar que a transparência e a publicidade das transações realizadas serão capazes de evitar tais problemas

(apesar de se resguardar o sigilo fiscal?), e que a relativa flexibilização permitida pelo instituto é necessária para

“modernizar” o Direito Tributário. A MP, por outro lado, dispõe sobre uma série de limites e princípios a serem

observados na transação. Como não se pretende encerrar os assuntos, mas apenas suscitá-los, então que se aceitem tais

ponderações, mesmo que apenas para prosseguir no exame do texto da medida provisória, que ainda reserva algumas

surpresas.

Há pontos positivos no texto. É o caso da vedação a que a transação diga respeito a multas agravadas, aplicadas nos

casos de dolo, fraude, simulação, em que se configure crime contra a ordem tributária (art. 5.º, § 2.º, II, da MP 899/19),

algo ausente dos REFIS anteriores e que os tornava tanto mais atrativos quanto mais graves fossem as irregularidades

cometidas pelo contribuinte (o que aumentava o desestímulo ao cumprimento espontâneo e pontual dos deveres fiscais

em relação aos demais). Ou a permissão de que as partes transacionem sobre a suspensão de processos executivos e da

própria exigibilidade do crédito tributário, a demonstrar que os REFIS anteriores, eram, sim, uma modalidade de

transação, embora tenha havido manifestações jurisprudenciais em sentido contrário. Desde o primeiro REFIS, tinha-se

ali uma transação, só que por adesão, aplicável de modo indistinto a todos os que por ele optassem: extinção do crédito

por concessões mútuas, o Fisco abrindo mão de multas, juros e prazos, e o contribuinte, dentre outras coisas, de seu

direito de questionar a legalidade do que se lhe exigia. É o que se pode passar a fazer com a MP 899, só que com ampla

liberdade – para o Executivo – quanto aos possíveis destinatários e aos termos de cada transação.

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Há, finalmente, duas surpresas que não podem deixar de ser mencionadas.

A primeira é a previsão de que o contribuinte que descumprir os termos da transação, levando à sua rescisão, poderá ter

sua falência requerida pela Fazenda Pública (art. 8.º, II, da MP 899/2019). E, a segunda, a ressalva de que os servidores

que atuem em transações apenas respondem nos casos de fraude ou dolo destinados à obtenção de vantagens para si ou

para outrem (MP 899, art. 20). Caso se entenda que a transação foi desastrada para os interesses do Fisco, ou abusiva em

relação aos direitos do contribuinte, mas não beneficiou especificamente a própria autoridade ou a um terceiro, não há

responsabilidade, seja civel, penal ou administrativa. Excesso de exação, por exemplo, não poderá ensejar qualquer

responsabilidade, caso o abuso, ou o dano, não decorram de comprovado dolo ou fraude para beneficiar alguém.

Quanto à primeira dessas disposições, trata-se de claro e abusivo expediente para contornar a jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça, pacífica no sentido de que a Fazenda não pode requerer a falência do contribuinte. E a razão de tal

entendimento do STJ é muito simples: a Fazenda não participa do processo de execução coletiva que é a falência. A

execução fiscal continua tramitando individualmente. Assim, não faz o menor sentido que a Fazenda possa pedir a

instauração de um processo do qual ela simplesmente não pode participar, apenas para coagir seu devedor ao

adimplemento do débito. E isso para não referir o detalhe de que o texto constitucional veda o uso de medida provisória

para disciplinar matéria de Direito Processual Civil. Trata-se, portanto, de uma sanção política, inválida formal e

materialmente. Na verdade, rescindida a transação, deve-se retornar ao status quo ante, seja no que tange à possibilidade

do Fisco exigir multas e juros dispensados, seja no que tange à possibilidade de o contribuinte discutir o débito em sua

integralidade, sem que se adicionem sanções que, de uma forma ou de outra, seriam inconstitucionais.

Quanto à segunda surpresa, ela certamente decorre do medo, generalizado, que as autoridades têm, de tomar decisões

que favoreçam particulares, em detrimento da Fazenda Pública. O servidor fazendário que lavre muitos autos de

infração, impondo duras exigências aos contribuintes, será considerado “exemplar” e “muito sério”, mesmo que seus

autos sejam posteriormente anulados na via administrativa ou no âmbito judicial. É possível mesmo que na repartição se

lhe conceda uma medalha pelos “esforços em prol dos interesses da coletividade”. Mas aquele fiscal que reconheça

isenções, ou desconstitua cobranças ilegais, talvez comece a inspirar suspeitas nos colegas... Isso explica a injustificável

escassez de casos em que se vê aplicado o art. 316, § 1.º, do Código Penal, que diz ser crime a autoridade exigir tributo

que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, se emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei

não autoriza. Autoridades sofrem persecução penal quando deixam de cobrar o tributo. Mas raramente, ou mesmo

nunca, quando cobram o que não deveriam. Com isso, na dúvida, ausente uma disposição legal ou uma orientação

normativa interna claríssima em favor do cidadão, adota-se o entendimento contrário a este e favorável ao Estado, ainda

que seguido de um conselho pessoal ao cidadão inconformado: “- Vá para a Justiça, que o Sr. tem razão! Mas eu não

posso reconhecer isso administrativamente, porque, o Sr. sabe, eu ‘tenho que me preservar’...”.

Talvez seja para evitar o medo que inspira servidores a agirem assim que a MP veicula a exclusão de responsabilidades

constante de seu art. 20, mas isso não é suficiente para lhe conferir validade. Além de ser vedado às medidas provisórias

tratar de matéria penal, a redação do art. 20 da MP 899/19 sofre do vício que tenta combater, pois só enxerga como

possível excesso aquilo que favorece pessoalmente a própria autoridade ou a um terceiro. É preciso lembrar que ilícitos,

penais, civis e administrativos, também se praticam contra o contribuinte, sem que se favoreça ninguém em particular,

vale dizer, mesmo quando praticados em prol do “interesse público”. E, nesse caso, se o agente causar dano a um

particular, em virtude de seu comportamento no âmbito de uma transação, sua responsabilidade – ou o direito de o Fisco

acioná-la regressivamente – decorrerá do art. 37, § 6.º, da CF/88, que não pode ser revogado por uma MP. A

mentalidade de que a autoridade séria é aquela excessivamente dura nas exigências que faz, aliada ao disposto no art. 20

da MP 899/19, e à elevada assimetria geralmente presente em tais negociações, pode fazer da transação um ambiente em

que o sujeito passivo poderá sofrer os mais variados abusos, os quais restarão impunes desde que ninguém tenha deles se

favorecido pessoalmente. Seria a volta aos tempos em que os cobradores de tributos escolhiam como e de quem exigira

exação, sem se responsabilizar pelos excessos havido nessas cobranças?

Hugo de Brito Machado Segundo é doutor e mestre em Direito, advogado e professor da Faculdade de Direito da

Universidade Federal do Ceará e do Centro Universitário Christus (Unichristus). Membro do Instituto Cearense de

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Estudos Tributários (Icet) e da World Complexity Science Academy (WCSA). Visiting scholar da Wirtschaftsuniversität

(Viena, Áustria).

Revista Consultor Jurídico, 30 de outubro de 2019, 9h34

O Fisco de olho do Produtor Rural

Ao longo dos anos acompanhamos mudanças contínuas na legislação tributária e contábil, mas as novidades recentes

prometem um impacto significativo no status atual.

O produtor rural brasileiro nunca ficou tão exposto como no presente em relação às fiscalizações de imposto de renda e

INSS devidos sobre a comercialização da produção rural.

Isto porque, por meio da IN RFB 1.903/19, a Receita Federal criou o LCDPR – Livro Caixa Digital do Produtor Rural.

Assim, a partir do ano calendário 2019, exercício 2020, produtor rural que auferir, anualmente, receita total da atividade

rural superior a: 7,2 mi, ano calendário 2019 e 4,8 mi, ano calendário 2020, estará sujeito à escrituração do LCDPR.

Com o passar dos anos esta exigência deve atingir também produtores com menores receitas. A entrega do arquivo

digital que contém o LCDPR escriturado e assinado digitalmente deverá ser realizada até o final do prazo de entrega da

Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física do respectivo ano-calendário.

Mas, afinal, por que o produtor rural ficará tão exposto?

A Receita exige através do LCDPR a indicação da conta bancária em que entrou recurso da produção rural, bem como

indicação pormenorizada da origem das contas bancárias de que saíram os pagamentos de despesas e investimentos da

atividade rural.

O problema não é a entrega desse livro digital, mas o cruzamento com os dados das contas bancárias que a Receita

Federal pretende realizar. Bem, se a ela sabe que conta bancária entrou 100X, estes 100X devem ser justificados. Por

exemplo: (i) receita da atividade rural; (ii) rendimento de aluguel ou arrendamento; (iii) rendimentos do trabalho e (iv)

lucros de suas empresas. Qual a justificativa que você, produtor rural, apresentará à Receita Federal?

É imprescindível estar atento à organização e documentação do custeio da atividade rural mensalmente. Ou seja, cuidar

dos aspectos burocráticos que envolvem a produção assim como qualquer outro empresário.

Aquele que entregar a documentação ao seu contador na véspera do prazo de entrega da declaração, corre o risco de não

possuir tempo hábil para atender as exigências do fisco.

Outra questão também importante nesse âmbito é o CAEPF – Cadastro de Atividade Econômica da Pessoa Física. A

cada dia que passa, novas informações surgem acerca do e-Social e, desta vez, a novidade é a regulamentação do

CAEPF. Desde janeiro deste ano o produtor rural deve cadastrar-se no CAEPF, o qual substituiu o Cadastro Específico

do INSS (CEI) para pessoas físicas.

O CAEPF servirá para futuras concessões de benefícios previdenciários e aposentadorias ao produtor rural, por isso a

importância de se manter atualizado o cadastro com atividades econômicas de cada imóvel rural, haja vista que, além do

proprietário, também estão obrigados o arrendatário ou comodatário.

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O cadastro no CAEPF como Segurado Especial que trabalha em imóvel rural com até 4 módulos (aproximadamente 24

ha., dependendo de cada região), será o meio que lhe garantirá a futura aposentadoria pela atividade rural. As receitas

informadas através do CAEPF serão automaticamente cruzadas com a DIRPF do contribuinte.

No momento atual, além de cuidar dos riscos naturais envolvidos em sua atividade, o produtor rural deve ainda atentar-

se aos riscos previsíveis para evitar surpresas indesejadas, pôr em xeque o patrimônio da família e as suas garantias

individuais, por isso a importância de assessorar-se junto ao seu contador de confiança.

Jandival Ross, Contador e Gabriel Villena, Advogado e Contador, Palestrante e Professor de MBA na área

tributária.

Solução de Consulta COSIT Nº 291 DE 23/10/2019

Publicado no DOU em 31 out 2019

Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias

PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE

PAGAMENTO. OPÇÃO. ABRANGÊNCIA.

A partir de 1º de janeiro de 2019, o produtor rural pessoa física poderá optar por contribuir na forma prevista nos incisos

I e II do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991 .

A opção abrangerá todos os imóveis em que o produtor rural pessoa física exerça atividade rural.

Dispositivos Legais: Lei nº 8.212, de 1991, art. 25 ; Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, art. 175 .

FERNANDO MOMBELLI

Coordenador-Geral

Tributário

Contador que elaborar ou assinar balanço falso pode ser

declarado inidôneo perante a Receita Federal do Brasil

O artigo apresenta uma análise sobre a norma do Regulamento do Imposto de Renda que

permite que a Receita Federal do Brasil aplique a pena de inidoneidade aos profissionais de

contabilidade em certas circunstâncias.

28/10/2019 09:32:37

O profissional de contabilidade, assim como ocorre com outros profissionais (médicos, engenheiros, advogados etc.)

está sujeito às consequências estabelecidas em diversas normas de caráter punitivo se e quando agirem contra as leis em

geral. A lei tributária impõe ao profissional de contabilidade a responsabilidade pela correção, integridade e veracidade

das demonstrações financeiras. A responsabilidade dos profissionais de contabilidade na legislação do Imposto de Renda

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está prevista no art. 1.048 do RIR/18, segundo o qual o balanço patrimonial, as demonstrações do resultado do período

de apuração e outros documentos de contabilidade deverão ser assinados por bacharéis em ciências contábeis, atuários,

peritos-contadores, contadores, guarda-livros ou técnicos em contabilidade legalmente registrados, com a indicação do

número dos registros. Essa regra está em vigor desde 1943 quando foi editado o Decreto-lei n. 5.844 (art. 39). O texto do

§ 1º do referido preceito é claro ao afirmar que esses profissionais, no que se referir à parte técnica, serão

responsabilizados, juntamente com os contribuintes, por qualquer falsidade dos documentos que assinarem e pelas

irregularidades de escrituração praticadas com a deliberada intenção de fraudar as normas imperativas sobre o imposto

sobre a renda. Uma consequência da prática de fraude é a responsabilidade tributária prevista no art. 135 do Código

Tributário Nacional; a atribuição de responsabilidade solidária, no entanto, não impede a aplicação de normas que

dispõem sobre crimes fiscais se for provada a participação do contabilista na prática do crime.

Em razão do disposto no art. 1.049 do RIR/18, se for constatada falsidade do balanço ou de qualquer outro documento

de contabilidade, e da escrita (contábil ou fiscal) dos contribuintes, o profissional que houver assinado tais documentos

será declarado sem idoneidade pela Receita Federal do Brasil mediante ato publicado no Diário Oficial da União. O

acusado tem direito de defesa na forma do disposto no § único do art. 1.049 do RIR/18; todavia, só poderá se defender

depois da aplicação da penalidade, que é declaração de inidoneidade. Portanto, é possível que o profissional fique

impossibilitado de exercer o direito de trabalhar antes mesmo de ter sido intimado para, caso queira, apresentar defesa.

A norma que prevê a declaração de inidoneidade, a despeito de garantir o direito de defesa, é flagrantemente

inconstitucional na medida em que a penalidade (a declaração de inidoneidade em si) é imposta antes de qualquer

movimento de defesa do acusado; ele terá seu nome publicado no Diário Oficial da União sem ter tido a oportunidade de

falar e apresentar eventuais provas de sua inocência. Esse mecanismo processual não é compatível com preceito da

Constituição Federal de 1988 que consagra o princípio do devido processo legal.

Escrito Por

Edmar Oliveira Andrade Filho

IRPJ e CSLL

Não incidem juros na restituição de valores pagos a mais por estimativa,

diz STF

28 de outubro de 2019, 15h38

Por Gabriela Coelho

Não incidem juros na restituição de valores antecipados pagos a mais do que o devido a título de Imposto de Renda

Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no regime de recolhimento por estimativa.

O entendimento foi firmado, por maioria, na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal.

Não incidem juros na restituição de valores pagos a mais em IRPJ e CSLL, diz STF

A sessão ocorreu no último dia 22. Prevaleceu entendimento da relatora, ministra Rosa Weber. Segundo ela, inexiste

previsão legal que determine a incidência de juros sobre a devolução dos valores recolhidos antecipadamente a mais, "de

modo que não se pode mesclar sistemáticas de recolhimento distintas, até porque compete ao contribuinte optar por qual

regime pretende apurar o imposto".

"No caso concreto, nego a aplicação da Taxa Selic na restituição dos tributos pagos a mais em virtude de opção pelo

recolhimento por estimativa", afirmou.

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Para a ministra, "é imprescindível haver um novo pronunciamento desta Corte, especificamente quanto à pretensão de

incidência, com base no princípio da isonomia, de juros ou da Taxa Selic no recolhimento antecipado de que trata o

artigo 39 da Lei 8.383/1991", disse.

Caso No caso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou provimento à apelação de Busscar Ônibus S/A, mantendo

sentença que concluiu pela inaplicabilidade de juros ou da taxa Selic na compensação ou restituição de IRPJ e CSSL de

recolhimentos por estimativa efetuados a mais nos termos dos artigos 38 e 39 da Lei 8.383/1991.

No recurso analisado, afirmou-se que o acórdão recorrido, ao não reconhecer o direito do contribuinte à aplicação da

taxa Selic na compensação ou restituição de valores pagos a mais no regime de recolhimento por estimativa, violou o

princípio da isonomia tributária e restringiu o direito de propriedade.

RE 479.956

Gabriela Coelho é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 28 de outubro de 2019, 15h38

CRCMG solicita alteração da IN que restringe a assinatura

de técnicos em contabilidade na declaração de autenticidade

da Junta Comercial

Publicado em: 28 | 10 | 2019

A IN DREI n.º 60/2019, que dispõe sobre a autenticação de documentos por advogados ou contadores, foi editada em

função da Lei n.º 13.874/2019, e orienta as Juntas Comerciais a aceitar somente a assinatura de contadores na declaração

de autenticidade, excluindo os técnicos em contabilidade, apesar de estes serem autorizados, conforme o Decreto-Lei n.º

9.295/1946 e a Resolução CFC n.º 560/1983, a assinar os balanços. Tal situação gerou um grande impacto ao exercício da

profissão pelos técnicos em contabilidade e, com isso, o CRCMG tem recebido diversas manifestações da classe contábil

solicitando um posicionamento para que esse quadro seja revertido.

Atendendo a essa demanda, a presidente do CRCMG, contadora Rosa Maria Abreu Barros, que também é vogal da Junta

Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg), prontamente se manifestou quanto ao assunto em sessão plenária

realizada na Jucemg, argumentando que não deveria ser vedada a assinatura da autenticidade pelos técnicos e que, na

redação da lei, o legislador não considerou que a classe contábil é composta por duas categorias: a de Técnico em

Contabilidade e a de Contador.

Com isso, o CRCMG recebeu o Ofício Jucemg n.º 127/2019, informando que aquele órgão entrou em contato com o

Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (Drei) para que a orientação seja alterada, o que dependerá,

também, da validação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de que os técnicos estão aptos a realizarem as

atividades em questão, motivo pelo qual este Conselho também enviou ao CFC um ofício informando-o da situação, para

que a questão seja resolvida o mais breve possível.

Confira o Ofício da Jucemg enviado ao CRCMG:

“Senhora Presidente,

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Ao ensejo do pedido formulado por V.Sra. durante a 53078 Sessão Ordinária do Plenário desta JUCEMG, realizada em

15 de outubro de 2019, relativo às inovações dadas pela Lei Federal 13.874, de 20 de setembro de 2019, pela qual somente

o contador e o advogado poderiam assinar a declaração de autenticidade, excluindo deste rol o Técnico em

Contabilidade, informo-lhe, que foi encaminhado o ofício GAB/SG/120/2019 ao Departamento de Registro Empresarial

e Integração - DREI, na pessoa de seu diretor, Sr. André Luiz Santa Cruz Ramos, em 17 de outubro de 2019.

Ponderamos junto ao Departamento as razões explicitadas em Plenário, com o seu entendimento, tido por injustificável

o motivo para a exclusão dos técnicos em contabilidade do rol de autorizados a firmarem a declaração.

Considerando que o Conselho Federal de Contabilidade - CFC, já estaria ultimando providências junto ao DREI, e as

pesquisas do Conselho de que há Juntas Comerciais que aceitam a assinatura firmada por profissional de nível técnico,

submetemos ao pedido de orientações no sentido de haver possibilidade de, durante a transitoriedade, esta JUCEMG

passar a aceitar a assinatura dos técnicos.

Em suma, informamos que enquanto não obtivermos retorno do respectivo departamento, aguardaremos a orientação

técnica formal para prosseguirmos com a autorização dos atos.

Bruno Selmi Dei Falci

Presidente”

Tratamento fiscal dos juros sobre depósitos judiciais na

pessoa jurídica

Bases: Regulamento do Imposto de Renda, artigos 738 e 788 e julgado STJ, no REsp 1138695/SC.

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/10/28/tratamento-fiscal-dos-juros-sobre-depositos-

judiciais-na-pessoa-juridica/

Os juros incidentes na devolução dos depósitos judiciais possuem natureza remuneratória e são tributados pelo

IRPJ e pela CSLL, na forma prevista pela legislação do Imposto de Renda, como receitas financeiras por

excelência.

No caso dos juros incidentes na repetição do indébito tributário, inobstante a constatação de se tratarem de juros

moratórios, se encontram dentro da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dada a sua natureza de lucros cessantes,

compondo o lucro operacional da empresa quanto aos juros de mora pagos em decorrência de sentenças judiciais.

Muito embora se tratem de verbas indenizatórias, possuem a natureza jurídica de lucros cessantes, consubstanciando-se

em evidente acréscimo patrimonial previsto no art. 43, II, do CTN (acréscimo patrimonial a título de proventos de

qualquer natureza), razão pela qual é legítima sua tributação pelo Imposto de Renda.

Bases: Regulamento do Imposto de Renda, artigos 738 e 788 e julgado STJ, no REsp 1138695/SC.

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Brasil tem mais de 790 mil normas vigentes; foram mais

de 6 mi editadas desde a CF/88

Postado por José Adriano em 29 outubro 2019 às 14:03

Outubro marca o aniversário da Constituição Federal do Brasil, que celebra 31 anos. Nessas três décadas desde a

redemocratização, foram editadas mais de 6 milhões de normas de Norte a Sul do país. Estudo do IBPT – Instituto

Brasileiro de Planejamento e Tributação revela números impressionantes do Direito brasileiro ("Quantidade de Normas

Editadas no Brasil").

Este acompanhamento é feito anualmente pelo IBPT, que não se surpreende com os dados. Acerca do recente

estudo, Gilberto Luiz do Amaral, coordenador do Instituto, é categórico ao asseverar que a principal conclusão é que a

enorme quantidade de normas e a sua constante modificação gera insegurança jurídica tanto às empresas quanto aos

cidadãos.

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“A maioria da população, dos empreendedores e dos profissionais, inclusive os do governo, não sabe

ao certo quais são as normas que estão efetivamente em vigor. Isto dificulta sensivelmente a vida das pessoas, desanima

os empreendedores, aumenta a informalidade e atrapalha o ambiente de negócios. Nos surpreende o fato dos governos

e legislativos não fazerem nada para atenuar esta avalanche de normas.”

A judicialização acaba sendo uma das nefastas consequências, pondera Amaral: “A miríade de normas resulta na

quantidade estratosférica de demandas administrativas e judiciais. A falta de compilação e clareza das normas permite

uma multiplicidade de interpretações, desaguando nas Cortes administrativas e judiciais, e, inclusive, gerando

julgamentos contraditórios.”

Matéria tributária

O estudo do IBPT aponta que em matéria tributária foram editadas 403.322 normas - são mais de 2,14 normas tributárias

por hora (dia útil). Em 31 anos, houve 16 emendas constitucionais tributárias. A análise qualitativa desses dados mostra

que a maior parte dos tributos sofreu uma majoração.

“É algo que fica claro quando observamos o histórico das normas tributárias do país, pois em quase todas as vezes que

nossos legisladores trataram de tributos, foi para majorá-los, tentando aumentar a arrecadação”, ressalta o

coordenador do estudo e presidente do Conselho Superior do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral.

O advogado Eduardo Salusse, do escritório Salusse, Marangoni, Parente e Jabur Advogados,

resume em dois pontos as dificuldade em termos de normas tributárias no Brasil: (i) a quantidade de normas e (ii) a

baixa qualidade delas, que potencializa o problema.

“As normas, a despeito da quantidade, são malfeitas. São vagas, imprecisas, com conceitos abertos, e isso dá margem a

interpretação divergente e gera contencioso. E é esse cenário que talvez justifique o grande apelo da sociedade e do

país em falar de reforma tributária.”

De acordo com o estudo do instituto, os municípios brasileiros são responsáveis por quase 60% das normas tributárias

editadas nesses 31 anos de vigência da CF/88. Não é à toa, ponderou o advogado, que há verdadeiras “pérolas” na

legislação – como município que editou norma “alterando” a Constituição e decreto municipal que “proibia morrer”:

“O Brasil é o país mais descentralizado do mundo em competência tributária, e evidentemente isso submete o

Legislativo a uma volúpia em intensidade que é impossível acompanhar.”

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Recentemente, o relatório do Banco Mundial “Doing Business” revelou uma melhora no ambiente de negócios do

Brasil. O levantamento leva em conta dez indicadores para analisar o cenário em 190 países, como o custo para se abrir

um negócio e a dificuldade para obter eletricidade ou para pagar impostos. Apesar da melhora na nota, o Brasil caiu em

posição no ranking (124º lugar), sendo ultrapassado por países como Uganda e Egito.

Ao lembrar a rapidez com que a sociedade evolui atualmente, especialmente em áreas como tecnologia e economia

digital, Eduardo Salusse destaca que a grande dificuldade é submeter essa nova realidade à uma legislação estagnada no

tempo.

“A lei sempre corre atrás do fato novo. Os municípios e Estados, na disputa eterna de buscar para si o maior número de

competências tributárias possíveis, editam normas sem parar. Acredito sim que essas reformas [PEC 45 e PEC 110]

vão caminhar, mas se não for simplificação ampla, ao menos ela irá ocorrer.”

De todo modo, prossegue o causídico, os advogados ficam absolutamente carregados de tentar, pela via da interpretação,

adequar a situação concreta à realidade – com técnicas como a reinterpretação ou mutação constitucional, com a

mudança do sentido da lei sem mudar o texto.

“Dentro de uma realidade de reforma tributária, se pudermos simplificar e vivermos num país com menos dúvidas, o

advogado tributarista vai se reinventar – orientar o cliente em como fazer negócio, reorganizar a empresa, um papel

equivalente a outros advogados no países desenvolvidos.”

Até lá, afirma Gilberto do Amaral, contribuintes e empresários são atormentados por normas tributárias “que são

verdadeiras ‘pegadinhas’”. “Além de contraditórias, mal redigidas e de crescimento exponencial, elas são feitas,

conscientemente, para vilipendiar o patrimônio e renda do cidadão”, conclui o coordenador do IBPT.

Veja a íntegra do estudo.

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https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI313899,11049-Brasil+tem+ma...

Sociedade Unipessoal

Confira o novo modelo de contrato para abrir uma

Sociedade Unipessoal

Empresários já podem constituir uma Sociedade Unipessoal na junta

comercial; Confira o modelo de contrato.

29/10/2019 18:40:12

A Sociedade Limitada Unipessoal foi criada pela Lei 13.874/19, que trata sobre a Liberdade Econômica. A norma

possibilitou que uma única pessoa participasse do quadro societário de uma sociedade limitada.

Anteriormente, esse tipo de sociedade era constituída por dois ou mais sócios igualmente responsáveis pela porcentagem

que corresponde ao investimento de cada um.

Diferenças societárias

Antes da Ltda Unipessoal, para abrir uma empresa sem sócios contavam com duas opções:

Empresário Individual (EI): não exige capital social mínimo, porém o sócio responde com o patrimônio particular do

CPF.

Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) : O sócio responde apenas com o patrimônio investido na

empresa, porém o capital social mínimo deve ser de 100 vezes o salário mínimo.

Mudanças Sociedade Unipessoal

Com a mudança, o empresário pode abrir seu próprio negócio sem precisar de um sócio, sem a exigência de um capital

mínimo e ainda pode proteger seu patrimônio particular, já que apenas o patrimônio da Pessoa Jurídica responde pelas

dívidas e obrigações da Empresa.

A regularização de uma empresa de sociedade limitada depende do registro na Junta Comercial e a solicitação de

inscrição nos seguintes órgãos: Receita Federal (para emissão de CNPJ) , Secretaria da Fazenda (para inscrição de

ICMS) e prefeitura, para concessão de alvará de funcionamento.

A necessidade de autorizações de outros tipos de permissões dependerá do formato de negócio de cada companhia. São

alguns exemplos a vigilância sanitária ou conselhos de classe.

Modelos de Contrato

Empresários interessados já podem constituir uma sociedade Unipessoal. Para Paulo Roberto Alves Silva, legalizador

empresarial desde 1989, a Sociedade Limitada Unipessoal é uma oportunidade, já que “dá a possibilidade de

constituir uma empresa LTDA, sem sócios, ou seja com *sócio único/único sócio”.

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O Grupo de Legalização Empresarial de Foz do Iguaçu/PR e Região, em parceria com o Portal Contábeis, disponibilizou

um modelo de contrato para facilitar o processo de abertura de empresas: o de constituição de Sociedade Unipessoal.

Vale ressaltar que este modelo de contrato já foi registrado na JUCEPAR.

Confira na íntegra:

NOME, brasileiro, maior, casado sob o REGIME X, nascido no dia xx/xx/xxxx, OCUPAÇÃO, residente e domiciliado

na cidade de CIDADE, ESTADO, no ENDEREÇO, portador da Cédula de Identidade Civil RG n° XXXXXXX

ÓRGÃO EXPEDITOR e inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXXX, conforme dados extraídos da Carteira Nacional de

Habilitação, registro nº XXXXXXX, expedida pelo DETRAN/ESTADO.

RESOLVE constituir uma SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL, nos termos da legislação aplicável, que se

regerá pelas cláusulas e condições a seguir:

CLÁUSULA PRIMEIRA- DA DENOMINAÇÃO: A sociedade, constituída sob a forma de sociedade limitada

unipessoal, adotará o nome empresarial de NOME DA EMPRESA LTDA, que será regida por este instrumento de

constituição e considerando a disposição constante do parágrafo único do art. 1.052 do Código Civil e em obediência ao

contido na INSTRUÇÃO NORMATIVA DREI Nº 63, DE 11 DE JUNHO DE 2019.

CLÁUSULA SEGUNDA- DA SEDE SOCIAL: A sociedade limitada unipessoal terá sua sede social, na cidade e

comarca de CIDADE, ESTADO, no ENDEREÇO COMPLETO.

CLÁUSULA TERCEIRA- DO OBJETO SOCIAL: A sociedade limitada unipessoal tem por objeto social a

exploração do ramo: ATIVIDADE DA EMPRESA. (CNAE xx.xx-x/xx).

CLÁUSULA QUARTA- DA DURAÇÃO: O prazo de duração é indeterminado, iniciando suas atividades a partir do

registro do presente instrumento.

CLÁUSULA QUINTA- DO CAPITAL SOCIAL: O capital social é na importância de R$ VALOR (VALOR POR

EXTENSO) dividido em VALOR (VALOR POR EXTENSO) quotas de R$ VALOR (VALOR POR EXTENSO)

cada uma, totalmente subscritas e integralizadas pelo sócio único, em moeda corrente do país, fica assim distribuído:

Sócio Único PERC. % QUOTAS VALOR R$

FULANO DE TAL xxx xx.xxx xx.xxx,xx

TOTAL xxx xx.xxx xx.xxx,xx

PARÁGRAFO PRIMEIRO- A responsabilidade do sócio único é restrita ao valor de suas quotas, não havendo

responsabilidade solidária pelas obrigações sociais, respondendo, no entanto, pela integralização do capital social.

PARÁGRAFO SEGUNDO- Sobre as quotas acima, pesa a cláusula restritiva de incomunicabilidade e

impenhorabilidade.

CLÁUSULA SEXTA- A administração da sociedade limitada unipessoal caberá ao sócio único NOME DO SÓCIO,

qualificado no preâmbulo deste instrumento, para o que está dispensado da prestação de caução.

PARÁGRAFO PRIMEIRO – Ao administrador da sociedade limitada unipessoal compete o uso da firma e a

representação da sociedade, podendo para tanto realizar individualmente todos os atos necessários ou convenientes para

gerenciar, dirigir e orientar os negócios da sociedade e os assuntos relacionados à mesma, podendo abrir, encerrar e

movimentar contas bancárias, assumir obrigações, assinar e celebrar contratos, firmar compromissos profissionais de

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âmbito nacional ou internacional, confessar dívidas, fazer acordos, transigir, renunciar, desistir, adquirir, alienar e onerar

bens imóveis, representar a sociedade perante terceiros, no Brasil ou no exterior e perante repartições públicas federais,

estaduais, e municipais, autarquias, sociedades de economia mista, estabelecimentos bancários, instituições financeiras,

Caixas Econômicas, e respectivas agências, filiais, sucursais ou correspondentes, bem como para representar a sociedade

ativa e passivamente, em juízo e fora dele, bem como para representar a sociedade ativa e passivamente, em juízo e fora

dele, podendo ainda, constituir mandatários e outorgar procurações com poderes específicos.

PARÁGRAFO SEGUNDO– Faculta-se sócio único administrador, nos limites de seus poderes, constituir procuradores

em nome da sociedade, devendo ser especificados no instrumento de mandato, os atos e operações que poderão praticar

e a duração do mandato, que, no caso de mandato judicial, poderá ser por prazo indeterminado.

CLÁUSULA SÉTIMA- DA REMUNERAÇÃO: O sócio único administrador, fixará uma retirada mensal, a título de

“pró-labore”, observadas as disposições regulamentares pertinentes.

CLÁUSULA OITAVA- DO DESIMPEDIMENTO: O sócio único administrador declara sob as penas da lei, não estar

incurso em nenhum dos crimes previstos em lei que o impeça de exercer a administração da sociedade em virtude de

condenação criminal, nem está sendo processado nem condenado em crime falimentar, de prevaricação, peita ou

suborno, concussão, peculato, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra

as relações de consumo e a fé pública ou a propriedade.

CLÁUSULA NONA- Esta sociedade poderá a qualquer tempo, abrir e encerrar filiais, agências e escritórios, em

qualquer parte do território nacional ou no exterior mediante alteração contratual assinada por todos os sócios.

CLÁUSULA DÉCIMA- DO EXERCÍCIO SOCIAL E BALANÇO PATRIMONIAL: Ao término de cada exercício

social, em 31 de dezembro, será procedido à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado

econômico, cabendo sócio único, os lucros ou perdas apuradas.

PARÁGRAFO ÚNICO- Fica a sociedade limitada unipessoal autorizada a levantar balanços ou balancetes

intermediários em qualquer período do ano calendário, observadas as disposições legais, podendo inclusive, distribuir os

resultados se houver e se for de interesse do titular, inclusive a obrigação da reposição dos lucros, se os mesmos forem

distribuídos com prejuízo do capital.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA- RESOLUÇÃO DAS QUOTAS DO SÓCIO ÚNICO EM RELAÇÃO À

SOCIEDADE: Falecendo ou interditado o sócio único da sociedade, a empresa continuará suas atividades com os

herdeiros, sucessores e/ou sucessores do incapaz. Não sendo possível ou inexistindo interesse destes, o valor de seus

haveres será apurado liquidado com base na situação patrimonial da empresa, à data da resolução, verificada em balanço

especialmente levantado.

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA- DA DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE: A Sociedade poderá

ser dissolvida por iniciativa do sócio único, que, nessa hipótese, realizará diretamente a liquidação ou indicará um

liquidante, ditando-lhe a forma de liquidação. Solvidas as dívidas e extintas as obrigações da Sociedade, o patrimônio

remanescente será integralmente incorporado ao patrimônio do titular.

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA- DECLARAÇÃO DE ENQUADRAMENTO: O sócio único da sociedade

limitada unipessoal, declara sob as penas da Lei, que:

1. a) Se enquadra na condição de MICROEMPRESA;

2. b) O valor da receita bruta anual da sociedade não excederá o limite fixado no inciso I do artigo 3º da Lei

Complementar nº 123 de 14/12/2006;

3. c) Não se enquadra em qualquer das hipóteses de exclusão relacionadas no § 4º do artigo 3º da mesma Lei.

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CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - Fica eleito o foro da Comarca de CIDADE, ESTADO, para o exercício e o

cumprimento dos direitos e obrigações resultantes do presente deste contrato, com exclusão de qualquer outro, seja qual

for ou vier a ser o futuro domicílio do titular.

Lavrado em 01 (uma) via, lido, compreendido, conferido e elaborado de conformidade com a intenção do sócio único

ora presente e que o mesmo assina o presente instrumento de Constituição de Sociedade Limitada Unipessoal,

obrigando-se fielmente por si, seus herdeiros e sucessores legais a cumpri-lo em todos os seus termos.

CIDADE/ESTADO, DATA

MP892 - Cancelada reunião para votar MP que

desobriga publicação de documentos de empresas em

jornais

Postado por José Adriano em 30 outubro 2019 às 9:49

Foi cancelada a reunião prevista para esta quarta-feira (30) da comissão mista sobre a Medida Provisória 892/19, a fim

de votar o parecer da relatora, senadora Soraya Thronicke (PSL-MS). Ainda não foi divulgada uma nova data para a

deliberação.

A MP determina que as empresas constituídas como sociedades anônimas publiquem apenas na internet os documentos

exigidos pela Lei das S/A (Lei 6.404/76), como convocação de assembleias, avisos aos acionistas, relatórios da

administração e demonstrações financeiras.

Os documentos deverão ser disponibilizados no site da companhia e nos endereços da Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) e da bolsa de valores onde as ações são negociadas, estes dois últimos sem cobrança de nenhum valor. As

publicações deverão ter certificação digital de autenticidade.

Antes de a MP ser editada, a lei exigia que os documentos fossem divulgados na imprensa oficial e em jornal de grande

circulação, o que acarretava um custo para as empresas.

https://www.camara.leg.br/noticias/606171-cancelada-reuniao-para-vo...

Planejamento Tributário do IPI

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/10/29/planejamento-tributario-do-ipi/

O Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI é um tributo com incidência sobre dezenas de milhares de

produtos. No entanto, por ser um imposto indireto, repassado para os adquirentes, muitas vezes não recebe o

mesmo cuidado dispensado aos demais tributos.

O IPI repercute diretamente na formação do preço de venda e, por vezes, o ônus é assumido pelo próprio vendedor

devido à inadimplência de clientes. Desta forma, o planejamento e a gestão fiscal desse imposto podem ser grandes

diferenciais competitivos.

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Ao apurar o IPI da competência, o colaborador responsável fará a confrontação dos débitos e créditos, recolhendo a

diferença. Sendo o resultado credor, o contribuinte poderá manter o saldo para utilizar em competência posterior ou, ao

final do trimestre, solicitar sua compensação/restituição, conforme o caso.

Destacamos, a seguir, alguns aspectos, de forma bastante sintética, para análise relativa ao planejamento fiscal deste

imposto:

Análise de Produtos

Em linhas gerais, as formas de desoneração do IPI são: a imunidade, a não incidência, a isenção e alíquotas zero.

Portanto, num primeiro momento, o planejador precisa dominar estes conceitos, e aplicá-los, caso cabível, aos produtos

ou operações, segundo as normas legislativas e normativas próprias, produto por produto, ou operação por operação.

Como exemplo: são isentos os produtos nacionais saídos do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial,

diretamente para lojas francas, nos termos e condições estabelecidos pelo artigo 15 do Decreto-Lei 1.455, de 1976

Descontos Incondicionais

Não poderiam ser deduzidos do valor da operação os descontos, diferenças ou abatimentos, concedidos a qualquer título,

ainda que incondicionalmente.

Porém o STF decidiu, em 04.09.2014, que é inconstitucional a inclusão, na base de cálculo do IPI, dos descontos

incondicionais (destacados na nota e não sujeitos a quaisquer condições) – veja a notícia.

Posteriormente, em 09.03.2017, a Resolução do Senado Federal 1/2017 suspendeu os efeitos do § 2º do art. 14 da Lei

4.502/1964. Portanto, todos os contribuintes podem deduzir, na base de cálculo do IPI, os respectivos descontos

incondicionais, a partir da data da referida Resolução (09.03.2017).

Bonificações em Mercadorias

As bonificações concedidas em mercadorias configuram descontos incondicionais, não integrando o valor total da

operação de saída e, consequentemente, a base de cálculo do IPI.

Para caracterizar tais bonificações, devem constar da própria nota fiscal de venda dos bens e não dependerem de evento

posterior à emissão desse documento.

Bonificações em mercadorias entregues gratuitamente, a título de mera liberalidade, sem vinculação à operação de

venda, não são consideradas descontos incondicionais, enquadrando-se no conceito de doação. Portanto, nesta situação,

o valor entregue deverá ser tributado pelo IPI.

Recomenda-se, portanto, que a entrega de bonificações em mercadorias seja efetuada através de nota fiscal de venda de

outras mercadorias para o cliente, quando existente as mesmas, possibilitando assim evitar a tributação do IPI sobre a

parcela bonificada.

Vide Solução de Consulta Cosit 266/2019.

Drawback

Um dos aspectos primordiais no processo de análise é o completo conhecimento dos produtos comercializados, quanto

às suas características e funcionalidade. Este é um quesito essencial para avaliar a correta classificação fiscal dos

produtos ou reivindicar eventuais regimes ou benefícios fiscais, como o Drawback, por exemplo.

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Como Proceder à Retificação da EFD-ICMS/IPI?

2 de novembro de 2019

Para proceder à retificação da EFD-ICMS/IPI há necessidade de outro arquivo para substituição integral do arquivo digital

da EFD regularmente recebido pela administração tributária.

A EFD-ICMS/IPI de mês de referência janeiro de 2013 em diante, pode ser retificada, sem autorização, até o último dia

do terceiro mês subsequente ao encerramento do mês da apuração.

Afora estes prazos, retificações somente serão possíveis com autorização da SEFAZ do Estado onde o estabelecimento

está localizado.

No caso de retificação de EFD-ICMS/IPI, deverá ser utilizado o leiaute vigente no período de apuração.

O PVA a ser utilizado deverá ser a versão atualizada da data da transmissão.

Não será permitido o envio de arquivo digital complementar.

Não produzirá efeitos a retificação de EFD:

– de período de apuração que tenha sido submetido ou esteja sob ação fiscal;

– cujo débito constante da EFD objeto da retificação tenha sido enviado para inscrição em Dívida Ativa, nos casos em que

importe alteração desse débito;

– transmitida em desacordo com as disposições normativas relativas à retificação.

Fonte: Blog Guia Tributário

TRF de São Paulo impede redução de PIS/Cofins no

regime monofásico

1 de novembro de 2019

Depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela exclusão do ICMS do cálculo do PIS e da Cofins, os

contribuintes passaram a obter decisões para aplicar o entendimento também aos casos em que o imposto estadual é

recolhido por meio de substituição tributária (ICMS-ST). O mesmo não ocorre, no entanto, com aqueles que não pagam

diretamente as contribuições sociais – que estão no chamado regime monofásico.

Recentemente, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, com sede em São Paulo, negou o pedido de

um posto de combustíveis para retirar o ICMS-ST do cálculo do PIS e da Cofins que são recolhidos pela refinaria. A

exclusão poderia reduzir os valores de aquisição dos produtos.

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No regime monofásico, a cobrança do PIS e da Cofins é concentrada no primeiro elo da cadeia produtiva (o fabricante ou

o importador). A tributação é embutida no preço da mercadoria. Empresas dos setores farmacêutico, automotivo e de

petróleo e gás, por exemplo, estão neste regime.

Esse é mais um dos desdobramentos do julgamento do STF de março de 2017. Os ministros não trataram, na ocasião, das

situações que envolvem o ICMS-ST nem do regime monofásico do PIS e da Cofins. Por isso, há novas discussões no

Judiciário.

As empresas que recolhem o ICMS-ST não necessariamente estão no regime monofásico do PIS e da Cofins. A

substituição tributária é uma técnica usada pelos Estados para facilitar a fiscalização do pagamento do ICMS: uma

companhia antecipa o imposto para todas as outras que fazem parte da cadeia produtiva.

A lógica é semelhante a do regime monofásico. Mas há uma diferença importante. No caso do ICMS-ST, a empresa

recolhe o imposto na condição de substituta, ou seja, em nome de outras companhias. Ela faz dois repasses ao Estado: um

do seu próprio ICMS e outro da substituição tributária. Já no caso do PIS e Cofins monofásico não há essa separação

jurídica. O recolhimento das contribuições fica concentrado no fabricante ou no importador e os valores são repassados

de forma indireta às distribuidoras e varejistas.

Sobre os casos específicos do ICMS-ST – em que não há ligação com o regime monofásico do PIS e da Cofins – há

decisões favoráveis aos contribuintes em pelo menos três tribunais. A 2ª Turma do TRF da 4ª Região (Sul do país), a 2ª,

3ª e 4ª Turmas do TRF da 5 Região (Nordeste) e a 6ª Turma do TRF da 3ª Região permitiram a exclusão do imposto do

cálculo das contribuições sociais.

Já sobre o regime monofásico não há notícias de decisões que favoreçam os contribuintes. O julgamento do processo

envolvendo o posto de combustíveis teve placar apertado: três desembargadores votaram contra a exclusão e dois foram

favoráveis (processo nº 5003436-79.2018.4.03.6126).

“Essa foi a primeira vez que se teve uma discussão acalorada sobre o tema, o que eu vejo como positivo. Os juízes, até

então, diziam apenas que o posto e a distribuidora não tinham legitimidade para pedir a exclusão do ICMS por causa da

alíquota zero do PIS e da Cofins”, afirma o advogado Eduardo Muniz Cavalcanti, do Bento Muniz Advocacia,

representante do posto no caso, acrescentando que levará a discussão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Muniz diz que é preciso levar em conta, no regime monofásico, o fato de que as alíquotas de PIS e Cofins cobradas do

fabricante do produto são muito mais altas do que os percentuais cobrados das empresas que não estão nesse regime. Sobre

a venda da gasolina, por exemplo, incidem 28,52%, enquanto que a alíquota geral e regular do PIS e da Cofins, na

sistemática não cumulativa, é de 9,25%.

“A consequência da cobrança monofásica do imposto é o repasse para o próximo da cadeia do terço proporcional. Veja

que somadas as alíquotas das operações – refinaria, distribuição, posto – encontra-se uma alíquota proporcional de 9,5%

em cada uma delas”, diz o advogado. “É evidente, portanto, que a distribuidora e o varejista participam da repercussão

tributária na cadeia de comercialização”, enfatiza.

Prevaleceu no TRF o voto da relatora, a desembargadora Monica Nobre. Ela negou o pedido do posto de combustíveis

com a justificativa de que não haveria impacto para as empresas da cadeia. Afirmou ainda, no voto, que o imposto estadual,

na sistemática da substituição tributária, não integra a receita bruta das operações seguintes, já que “o pagamento do tributo

é feito pelo primeiro da cadeia”.

Especialista na área, Leo Lopes, sócio do FAS Advogados, diz que a discussão sobre o regime monofásico é mais

complexa que a do ICMS-ST, mas, ainda assim, há argumentos para defender a tese do contribuinte. “Tudo passa por

entender se o PIS e a Cofins está tributando o restante da cadeia”, afirma. “Apesar de juridicamente o regime monofásico

não ter a mesma estrutura da substituição tributária, do ponto de vista econômico faz sentido porque os valores são

repassados e a cadeia toda acaba sendo tributada.”

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A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) foi procurada pelo Valor , mas não deu retorno até o fechamento da

edição.

Fonte: Valor Econômico

IFRS 16: aplicação prática da norma contábil

28/10/2019

BLB BRASIL

Aqui no blog já discorremos sobre o tratamento da operação de arrendamento mercantil sob a ótica contábil e,

inclusive, sobre os aspectos de planejamento tributário da respectiva operação.

Em virtude de alguns comentários que recebemos sobre os assuntos, neste artigo vamos abordar um exemplo prático da

aplicação da IFRS 16 na contabilidade do arrendatário, ou seja, como ficam o balanço patrimonial e a demonstração do

resultado de uma empresa com aplicação da norma IFRS 16.

Recapitulando, anteriormente vimos que a IFRS 16 afetou substancialmente a contabilização dos arrendatários, pois as

operações de arrendamento operacionais (na norma IAS 17) eram registradas diretamente no resultado da empresa ao

longo do contrato e, consequentemente, o arrendatário não demonstrava em suas demonstrações financeiras o “direito

de uso do ativo” tampouco sua contrapartida, ou seja, o “passivo de arrendamento”.

Assim, vamos ao exemplo prático:

A “Empresa XYZ” descobriu que possuiu um contrato de locação de ativos (máquinas) e, portanto, com a adoção no

novo padrão da norma de arrendamento mercantil (IFRS 16), o respectivo contrato precisa ser contabilizado nas

demonstrações financeiras da empresa para o período iniciado em 1º de janeiro de 2019.

Os dados do contrato são:

Assinatura do contrato: 01/01/2017;

Período do contrato: 5 anos;

Pagamentos anuais da locação: $100.000;

Taxa de juros incremental da operação: 3% ao ano;

O ativo será devolvido ao arrendador no final do contrato;

A vida econômica do ativo é de 8 anos.

Imagine que você está efetuando o fechamento contábil da “Empresa XYZ” do exercício social de 31 de dezembro de

2019 e, consequentemente, como você apresentaria a operação acima nas demonstrações financeiras da empresa?

Vamos à resposta:

1. Contabilização do contrato utilizando a norma de arrendamento IAS 17:

Indo direto ao ponto, conforme ocorrem os pagamentos da locação (5 pagamentos de $100.000), os mesmos são

reconhecidos diretamente no resultado da empresa da seguinte forma:

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Ou seja, a operação de locação é oculta no balanço patrimonial (ativo ou passivo) da Empresa XYZ.

Vale ressaltar que essa contabilização não mais é aceita para as empresas que utilizam as IFRS completas.

Para as empresas que utilizam as IFRS PME (NBC TG 1000), a contabilização da operação acima é aceita, dado que não

houve alteração na norma contábil para as PMEs (tanto do CPC quanto para o IASB) no momento da adoção da IFRS 16

(CPC 06 R2).

Mas como é feita a contabilização da operação de locação (descrita acima) para as empresas que adotam a IFRS 16

(CPC 06 – R2)?

Seguimos com a resposta:

2. Contabilização do contrato utilizando a norma de arrendamento IFRS

16:

2.1 Reconhecimento inicial do ativo e do passivo

Em primeiro lugar, a empresa deve reconhecer o ativo de direto de uso, bem como o passivo de arrendamento.

O passivo de arrendamento deve ser mensurado pelo valor presente dos pagamentos do arrendamento, a uma taxa

de desconto “implícita” no arrendamento. Caso a taxa de desconto não seja determinada imediatamente, a empresa deve

utilizar a “taxa incremental” sobre o empréstimo do arrendatário.

Considerando que a taxa incremental da operação é de 3% ao ano, segue o valor presente do passivo:

Nota: o fator de desconto no primeiro ano é calculado como: 1/((1+3%) a potência de 1 ano etc.

O valor do ativo é igual ao valor inicial do passivo de arrendamento, adicionando os custos diretos iniciais incorridos

pelo arrendatário mais as estimativas de custos de remoção do ativo etc. Para fins didáticos, estamos considerando que

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não temos nenhum custo adicional a ser acrescentado no ativo. Consequentemente, concluímos que o custo inicial do

ativo é o mesmo valor do passivo de arrendamento ($457.971).

Dessa forma, o lançamento contábil inicial do ativo e do passivo é:

2.2 Mensuração subsequente do ativo e do passivo

Dado que o ativo e o passivo possuem “vidas próprias”, consequentemente, a empresa precisa atentar-se para duas

coisas:

1ª: Depreciação do ativo de direito de uso: para fins didáticos, digamos que a depreciação é linear ao longo dos 5 anos

de locação e, portanto o registro contábil da depreciação anual é $91.594 ($457.971 / 5 = $91.594):

2ª: Amortização e juros do passivo de arrendamento: cada pagamento (anual) de $100.000 é dividido entre o

pagamento do valor principal e dos juros do arrendamento.

Fizemos a respectiva divisão (pagamento do principal e dos juros) e vejamos o resultado na tabela a seguir:

Consequentemente, em linhas gerais a empresa deve registrar periodicamente:

1. o acrescimento dos juros no passivo (total de $42.029); e

2. os pagamentos do passivo de arrendamento ($500.000).

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3. Por fim, vejamos como fica o impacto na demonstração do resultado da “Empresa XYZ”,

utilizando da norma IAS 17 versus norma IFRS 16:

Como você pode perceber, não há impacto no resultado final da empresa, ou seja, as despesas de locação ($500 mil)

foram “permutadas” pelas despesas de “depreciação e “juros financeiro” sobre arrendamento ($458 mil e $42 mil,

respectivamente). Contudo, e o mais importante, no decorrer do tempo houve uma variação no resultado da empresa.

Conclusão

Procuramos demonstrar neste artigo, de forma didática, um exemplo prático da contabilização de um contrato de

arrendamento mercantil.

No dia a dia das empresas existe uma maior complexidade na contabilização dos contratos, pois:

Existem diversos contratos de arrendamentos;

As taxas de juros “implícita” ou incremental” são um desafio que as empresas têm se deparado para calcular o

valor presente do passivo;

As variações “monetárias do passivo” (índice de inflação, como exemplo) devem acrescer os valores do passivo

e do ativo;

O passivo deve ser segregado em circulante e não circulante;

As alterações nos prazos dos arrendamentos são um obstáculo que as empresas enfrentam no cálculo do

arrendamento; etc.

Importante observar que a norma IFRS 16 não se restringe aos arrendamentos mercantis, pois ela inclui todos os tipos de

contratos que (dentro de certas condições) transferem o direito de uso de um ativo, o que pode incluir, como exemplos:

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locações e aluguéis de máquinas, equipamentos, veículos, imóveis; direitos de franquias; direito de uso de propriedade

rural etc. Ou seja, a norma é bem abrangente e pode ser enquadrada em diversas empresas e segmentos.

Fonte: https://www.blbbrasil.com.br/blog/ifrs-16-exemplo-

pratico/?utm_campaign=auditores_blb_noticias_011119&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Tributação: Receitas financeiras

Resumo:

Estudaremos no presente Roteiro de Procedimentos a incidência das contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins

sobre as receitas financeiras, tanto no regime cumulativo como no não cumulativo. Tema que era para ser relativamente

simples, mas que nosso legislador deixou deveras complicado.

1) Introdução:

Para saber se as receitas financeiras são ou não tributadas pelas contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins, diversos

fatores devem ser considerados pelo profissional que milita na área fiscal/tributária. Era pra ser um tema relativamente

simples, mas nosso legislador deixou deveras complicado!!!

Por exemplo, sendo a pessoa jurídica tributada pelo Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) com base no Lucro

Presumido, estará sujeita ao regime cumulativo de incidência das contribuições e, estando nesse regime a Base de

Cálculo (BC) será o faturamento. No conceito de faturamento não se inclui as receitas financeiras, salvo quando estas

forem oriundas do exercício da atividade empresarial.

Já a pessoa jurídica tributada pelo IRPJ com base no Lucro Real, estará sujeita ao regime não cumulativo de incidência

das contribuições e, estando nesse regime a Base de Cálculo (BC) será o faturamento acrescido de outras receitas, a qual

incluí as receitas financeiras.

Portanto, no regime cumulativo as receitas financeiras serão tributadas apenas se estiverem ligadas à atividade ou objeto

principal da pessoa jurídica e, no regime não cumulativo, isso independe.

Outros fatores deverão ser observados quando da tributação das contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins, porém,

os veremos mais detalhadamente nos próximos capítulos... Uma ótima leitura meus amigos!

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

2) Conceitos:

2.1) Receitas Financeiras:

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Os juros recebidos, os descontos obtidos, o lucro na operação de reporte, o prêmio de resgate de títulos ou debêntures e

os rendimentos nominais relativos a aplicações financeiras de renda fixa, auferidos pelo contribuinte no período de

apuração, compõem as receitas financeiras e, assim, deverão ser incluídos no lucro operacional.

Quando referidas receitas forem derivadas de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do

período de apuração, poderão ser rateadas pelos períodos a que competirem.

As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de

índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual, serão consideradas, para efeitos da legislação do

Imposto de Renda, da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, do PIS/Pasep e da Cofins, como receitas financeiras,

quando ativas.

Base Legal: Arts. 9º e 17, II da Lei nº 9.718/1998 e; Questão 139 do Capítulo VIII do Perguntas e Respostas Pessoa

Jurídica da RFB/2019 (Checado pela Valor Consulting em 03/11/19)..

3) Tratamento tributário:

Para analisarmos se uma receita financeira é tributada ou não pelas contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins, a

primeira questão a ser enfrentada é o regime ao qual está sujeito o contribuinte (cumulativo ou não cumulativo), uma vez

que os fatos geradores são distintos. Outro ponto a analisar é se a pessoa jurídica é imune ou isenta das contribuições.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

3.1) Regime não cumulativo:

De acordo com a Lei nº 10.637/2002 e Lei nº 10.833/2003 as contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, no regime de

incidência não cumulativa, incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente

de sua denominação ou classificação contábil. Para esse efeito, o total das receitas compreende a receita bruta de que

trata o artigo 12 do Decreto-Lei nº 1.598/1977 e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica com os seus

respectivos valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o artigo 183, VIII da Lei nº 6.404/1976:

Artigo 12 do Decreto-Lei nº 1.598/1977:

Art. 12. A receita bruta compreende:

I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria;

II - o preço da prestação de serviços em geral;

III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e

IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III.

Artigo 183, VIII da Lei nº 6.404/1976:

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:

(...)

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VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais

ajustados quando houver efeito relevante.

Registra-se que na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou

contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário, tais como o Imposto

sobre Produtos Industrializados (IPI) e o ICMS Substituição Tributária (ICMS-ST).

Portanto, compõem a Base de Cálculo (BC) das contribuições todas as receitas mencionadas... Mas e aí, nem só de Base

de Cálculo (BC) vivem os tributos... kkk

Em verdade, o valor das contribuições é o resultado da multiplicação da Base de Cálculo (BC) pela respectiva alíquota,

que no caso das empresas sujeitas a sistemática não cumulativa são as seguintes:

a. 0% (zero por cento), para os fatos geradores ocorridos até junho de 2015.

b. 0,65% de PIS/Pasep e 4,00% de Cofins, para os fatos geradores ocorridos a partir de julho de 2015.

Olha só, as receitas financeiras possuem alíquotas reduzidas... Mas cuidado, essas reduções não se aplicam aos Juros

sobre o Capital Próprio, sobre os quais, no regime de apuração não cumulativa, ficam mantidas as alíquotas em 1,65% e

7,6%.

Ficam mantidas em 0% (zero por cento), mesmo em relação a fatos geradores ocorridos a partir de julho de 2015, as

alíquotas das contribuições incidentes sobre receitas financeiras decorrentes de variações monetárias, em função da taxa

de câmbio, de (1):

1. operações de exportação de bens e serviços para o exterior; e

2. obrigações contraídas pela pessoa jurídica, inclusive empréstimos e financiamentos.

Ficam também mantidas em 0% (zero por cento), mesmo em relação a fatos geradores ocorridos a partir de julho de

2015, as alíquotas das contribuições incidentes sobre receitas financeiras decorrentes de operações de cobertura (hedge)

realizadas em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão organizado destinadas

exclusivamente à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas quando, cumulativamente, o objeto

do contrato negociado:

estiver relacionado com as atividades operacionais da pessoa jurídica; e

destinar-se à proteção de direitos ou obrigações da pessoa jurídica.

Nota Valor Consulting:

(1) Para fins de aplicação da alíquota 0% (zero por cento) incidente sobre as receitas financeiras decorrentes de

variações monetárias, em função da taxa de câmbio, de operações de exportação de bens e serviços para o exterior a que

se refere o artigo 1º, § 3º, I do Decreto nº 8.426/2015, devem ser consideradas as variações cambiais ocorridas até a data

da liquidação do contrato de exportação ou a data do recebimento pelo exportador dos recursos decorrentes da

exportação. O benefício não alcança as variações cambiais ocorridas após a data de recebimento pelo exportador dos

recursos decorrentes da exportação (Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8/2015).

Base Legal: Art. 183, VIII da Lei nº 6.404/1976; Art. 12, caput, §§ 4º e 5º do Decreto-Lei nº 1.598/1977; Art. 1º da Lei

nº 10.637/2002; Art. 1º da Lei nº 10.833/2002; Arts. 54 e 55 da Lei nº 12.973/2014; Decreto nº 8.426/2015; Decreto nº

8.451/2015; ADI RFB nº 8/2015; Questão 010 do Capítulo XXII do Perguntas e Respostas Pessoa Jurídica da

RFB/2019 e; Questão 124 do Capítulo XXVIII do Perguntas e Respostas Pessoa Jurídica da RFB/2019 (Checado pela

Valor Consulting em 03/11/19).

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3.1.1) Entidades isentas:

Define o artigo 8º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, que as pessoas jurídicas imunes a

impostos ficam sujeitas ao regime cumulativo das contribuições. Assim, por não haver tratamento específico, as pessoas

jurídicas isentas se sujeitam ao regime não cumulativo (2).

Desta forma, as pessoas jurídicas imunes por estarem inseridas no regime cumulativo, não haverá tributação de

PIS/Pasep e Cofins sobre suas receitas financeiras. Já as pessoas jurídicas isentas são inseridas no regime não

cumulativo, e, portanto, a partir de 01/07/2015, por força da revogação do Decreto nº 5.442/2005, pelo Decreto nº

8.426/2015, suas receitas financeiras estão sujeitas às alíquotas de 0,65% e 4% da contribuição para o PIS/Pasep e

Cofins, respectivamente,.

Registra-se que até 30/06/2015, as associações sem fins lucrativos tiveram a alíquota da Cofins reduzida a 0% (zero por

cento) em relação às receitas financeiras.

Ressalta-se, porém, que, em se tratando de associação sem fins lucrativos, em relação às receitas financeiras:

a. são isentas da Cofins em relação às receitas decorrentes das atividades próprias (não se estendendo, portanto, às

receitas financeiras);

b. são isentas da contribuição para o PIS/Pasep, desde que preencham as condições e os requisitos do artigo 15 da

Lei nº 9.532/1997. Todavia, são contribuintes da contribuição para o PIS-Pasep incidente sobre a folha de

salários.

Nota Valor Consulting:

(2) A imunidade tributária das pessoas jurídicas está amparada pelo artigo 150 da Constituição Federal/1988, no qual se

expõe que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre:

(…)

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos

trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

(…)

Já a isenção de pessoas jurídicas é amparada pelo artigo 15 da Lei nº 9.532/1997, a qual dispõe que consideram-se

isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os

serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloque a disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem

fins lucrativos. O referido artigo ainda esclarece que a isenção aplica-se exclusivamente em relação ao IRPJ e à CSLL,

excetuados os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável.

Base Legal: Art. 150 da CF/1988; Art. 15 da Lei nº 9.532/1997; Art. 13 da MP nº 2.158-35/2001; Art. 8º da Lei nº

10.637/2002; Art. 10 da Lei nº 10.833/2003; Decreto nº 5.442/2005 - Revogado e; Decreto nº 8.426/2015 (Checado pela

Valor Consulting em 03/11/19).

3.1.2) Multas recebidas por atraso no pagamento de clientes:

As multas recebidas pelo atraso no pagamento de clientes são consideradas como outras receitas operacionais, devendo

ser tributadas como tal. Assim, no sistema não cumulativo essas multas estão sujeitas à tributação mediante aplicação

das alíquotas de 1,65% para o PIS/Pasep e 7,6% para a Cofins.

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Base Legal: Art. 1º da Lei nº 10.637/2002; Art. 1º da Lei nº 10.833/2003; Art. 397 do RIR/2018 e; Art. 144 da IN RFB

nº 1.700/2017 (Checado pela Valor Consulting em 03/11/19).

3.2) Regime cumulativo:

Regra geral, as contribuições para o PIS/Pasep e para Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas no regime cumulativo, são

calculadas com base no faturamento, assim considerado a receita bruta, que compreende o produto da venda de bens nas

operações de conta própria, o preço da prestação de serviços em geral, o resultado auferido nas operações de conta

alheia e as receitas da atividade ou objeto principal não compreendidas anteriormente.

Portanto, as receitas financeiras que não decorrerem da atividade ou do objeto principal da pessoa jurídica não são

tributadas no regime de incidência cumulativa por não se enquadrarem no conceito de faturamento. Nesse sentido,

decidiu a Solução de Consulta Cosit nº 30/2019:

SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 30, DE 21 DE JANEIRO DE 2019

(Publicado(a) no DOU de 29/01/2019, seção 1, página 21)

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS

EMENTA: REGIME DE APURAÇÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA

BRUTA. RECEITAS FINANCEIRAS. RENDIMENTOS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS.

A partir da publicação da Lei nº 11.941, de 2009, ocorrida em 28 de maio de 2009, a base de cálculo da Cofins no

regime de apuração cumulativa ficou restrita ao faturamento auferido pela pessoa jurídica, que corresponde à receita

bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, nos termos do art. 2º e caput do art. 3º

da Lei nº 9.718, de 1998.

No regime de apuração cumulativa, a receita bruta sujeita à Cofins compreende as receitas oriundas do exercício de

todas as atividades empresariais da pessoa jurídica, e não apenas aquelas decorrentes da venda de mercadorias e da

prestação de serviços.

O fator relevante para determinar se há a incidência da Cofins no regime de apuração cumulativa sobre determinada

receita, inclusive receita financeira, é a existência de vinculação dessa receita à atividade negocial/empresarial

desenvolvida pela pessoa jurídica.

PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 84 - COSIT, DE 8 DE JUNHO DE 2016.

Dispositivos Legais: Lei nº 9.718, arts. 2º e 3º, caput; Lei nº 11.941, de 2009, art. 79, XII.

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP

EMENTA: REGIME DE APURAÇÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA

BRUTA. RECEITAS FINANCEIRAS. RENDIMENTOS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS.

A partir da publicação da Lei nº 11.941, de 2009, ocorrida em 28 de maio de 2009, a base de cálculo da Contribuição

para o PIS/Pasep no regime de apuração cumulativa ficou restrita ao faturamento auferido pela pessoa jurídica, que

corresponde à receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, nos termos do art.

2º e caput do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998.

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No regime de apuração cumulativa, a receita bruta sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep compreende as receitas

oriundas do exercício de todas as atividades empresariais da pessoa jurídica, e não apenas aquelas decorrentes da venda

de mercadorias e da prestação de serviços.

No caso de pessoa jurídica que se dedica à locação e administração de bens próprios e à participação em outras

sociedades, não integram a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep, no regime de apuração cumulativa, as

receitas auferidas em decorrência de rendimentos sobre aplicações financeiras.

O fator relevante para determinar se há a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep no regime de apuração cumulativa

sobre determinada receita, inclusive receita financeira, é a existência de vinculação dessa receita à atividade

negocial/empresarial desenvolvida pela pessoa jurídica.

PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 84 - COSIT, DE 8 DE JUNHO DE 2016.

Dispositivos Legais: Lei nº 9.718, arts. 2º e 3º, caput; Lei nº 11.941, de 2009, art. 79, XII.

Em conclusão, e mesmo sendo repetitivo, temos que as pessoas jurídicas submetidas à sistemática cumulativa não

tributarão as receitas financeiras, salvo quando estas forem oriundas do exercício da atividade empresarial. Exemplo:

Uma empresa cujo objeto social seja o comércio, as receitas financeiras não estarão sujeitas às contribuições. Por outro

lado, num banco, as receitas financeiras fazem parte de seu objeto principal e estarão sujeitas ao PIS/Pasep e à Cofins.

Base Legal: Art. 12, caput do Decreto-Lei nº 1.598/1977; Arts. 2º e 3º, caput da Lei nº 9.718/1998; SC Cosit nº 30/2019

e; Questão 010 do Capítulo XXII do Perguntas e Respostas Pessoa Jurídica da RFB/2019 (Checado pela Valor

Consulting em 03/11/19).

3.2.1) Entidades imunes:

A Lei nº 10.833/2003, que veio a tratar da tributação da Cofins não cumulativa, estabelece que as entidades imunes

permanecem sujeitas ao regime vigente anteriormente à sua promulgação, ou seja, para efeito da apuração da

contribuição da Cofins, sujeitam-se à incidência cumulativa.

Nesse sentido, as pessoas jurídicas sujeitas ao regime cumulativo, em especial as entidades imunes, para efeito da

apuração da Base de Cálculo (BC) da Cofins, compreenderá apenas o faturamento, assim considerado a receita bruta por

elas auferidas. Portanto, conclui-se que as receitas financeiras auferidas por entidades imunes não devem ser tributadas

pela Cofins à alíquota de 4%, por não fazer parte do faturamento.

Já no que se refere ao PIS/Pasep, as entidades imunes tributarão essa contribuição com base na folha de salários, que

devem ser calculados mediante a aplicação da alíquota de 1%. De acordo com a Medida Provisória nº 2.158-35/2001,

são contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades:

a. templos de qualquer culto;

b. partidos políticos;

c. instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do artigo 12 da Lei nº

9.532/1997;

d. instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e

requisitos do artigo 15 da Lei nº 9.532/1997;

e. sindicatos, federações e confederações;

f. serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei;

g. conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;

h. fundações de direito privado;

i. condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e

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j. Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no

artigo 105, § 1º da Lei nº 5.764/1971.

Concluindo, temos que as entidades relacionadas anteriormente não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o

faturamento e são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. Para esse efeito,

consideram-se receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações,

anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembleia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem

caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais.

Base Legal: Art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998; Art. 13 da MP nº 2.158-35/2001; Art. 10, caput, IV da Lei nº

10.833/2003; Art. 79, XII da Lei nº 11.941/2009 e; Art. 52 da Lei nº 12.973/2014 (Checado pela Valor Consulting em

03/11/19).

3.2.2) Locação e administração de bens próprios e participação em outras sociedades:

No caso de pessoa jurídica que se dedica à locação e administração de bens próprios e à participação em outras

sociedades, não integram a Base de Cálculo (BC) do PIS/Pasep e da Cofins, no regime de apuração cumulativa, as

receitas auferidas em decorrência de rendimentos sobre aplicações financeiras.

Base Legal: SC Cosit nº 516/2017 (Checado pela Valor Consulting em 03/11/19).

3.2.3) Juros sobre inadimplência:

Conforme prevê a Solução de Consulta Cosit nº 134/2018, as receitas decorrentes da cobrança de juros de clientes, por

atraso no pagamento, são acréscimos à receita de venda e, portanto, resultantes de sua atividade, estando sujeitas à

incidência das contribuições, mesmo no regime cumulativo.

E, na mesma seara, caso a empresa esteja sujeita ao regime não cumulativo, deverá tributar os juros sobre inadimplência

como receita da atividade e não nas regras diferenciadas das receitas financeiras. Em resumo, essas receitas são

acessórias à receita da venda do produto e estarão sujeitas ao mesmo tratamento tributário.

Base Legal: SC Cosit nº 134/2018 (Checado pela Valor Consulting em 03/11/19).

3.3) Regimes concomitantes:

Existem pessoas jurídicas que estão no regime cumulativo, outras no não cumulativo e, ainda, aquelas que estão ao

mesmo tempo em ambos. Isso acontece, por exemplo, em uma instituição de ensino do Lucro Real, que aufere receitas

de educação superior e de cursos livres. A primeira está no regime cumulativo e a segunda no não cumulativo.

Nessas situações, as receitas financeiras serão tratadas integralmente no regime não cumulativo, ou seja, às alíquotas de

0,65% e 4%.

Base Legal: Art. 1º, § 1º do Decreto nº 8.426/2015 (Checado pela Valor Consulting em 03/11/19).

4) EFD-Contribuições:

De acordo com o Manual da EFD-Contribuições, as receitas financeiras auferidas no período deverão ser informadas no

Registro F100 da EFD-Contribuições quando relacionados as demais operações que, em função de sua natureza ou

documentação, não sejam passíveis de serem escrituradas em registros próprios dos seguintes Blocos:

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a. A: Documentos Fiscais - Serviços (Sujeitos ao ISS);

b. C: Documentos Fiscais – I - Mercadorias (ICMS/IPI);

c. D: Documentos Fiscais – II - Serviços (ICMS); e

d. F: Demais Documentos e Operações.

Registra-se que devem ser informadas no Registro F100 da EFD-Contribuições as operações representativas das demais

receitas auferidas, com incidência ou não das contribuições sociais, bem como das demais aquisições, despesas, custos e

encargos com direito à apuração de créditos das contribuições sociais, que devam constar na escrituração do período,

tais como: a) receitas financeiras auferidas no período; b) receitas auferidas de Juros sobre o Capital Próprio (JSCP); c)

outras receitas auferidas, operacionais ou não operacionais, não vinculadas à emissão de documento fiscal específico e;

d) entre outros.

As operações referentes às demais receitas auferidas, tributadas ou não, devem ser individualizadas no Registro F100 da

EFD-Contribuições em função da sua natureza e tratamento tributário. Porém, podem ser demonstradas de forma

consolidada as operações que, em função de sua natureza, volume ou detalhamento, dispensa a sua individualização,

como por exemplo, na demonstração dos rendimentos de aplicações financeiras oriundos de investimentos diversos ou

em contas diversas, consolidando as operações por instituição financeira:

Rendimentos de aplicação financeira – Banco X;

Rendimentos de aplicação financeira – Banco Y.

As operações que não se refiram a um estabelecimento específico da pessoa jurídica devem ser relacionadas nos

registros filhos do Registro F010 da EFD-Contribuições do estabelecimento centralizador da escrituração

(estabelecimento sede).

Na EFD-Contribuições, devem ser informados as receitas, as alíquotas e os respectivos códigos da situação tributária

(CST), referentes ao PIS-Pasep e à Cofins, conforme o quadro sinótico a seguir:

Descrição CST Alíquotas

Receita bruta 01 Regra geral

1,65% PIS/Pasep

7,6% Cofins

02 Específicas, conforme o caso

Receitas financeiras 02 0,65% PIS/Pasep

4% Cofins

Juros sobre o capital próprio 01 1,65% PIS/Pasep

7,6% Cofins

Variações cambiais ativas de operações de exportação ou

de obrigações, inclusive empréstimos e financiamentos

06 0%

Hedge de atividade operacional e de proteção de direitos

e obrigações da pessoa jurídica

06 0%

Outras receitas 01 Regra geral

1,65% PIS/Pasep

7,6% Cofins

Base Legal: Registro F100 da EFD-Contribuições (Checado pela Valor Consulting em 03/11/19).

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 03/11/2019 pela Equipe Técnica da Valor Consulting e está atualizado até a legislação

vigente em 03/11/2019 (data da sua última atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das

alterações legais.

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Não é permitido a utilização dos materiais publicados pela Valor Consulting para fins comerciais, pois os mesmos estão

protegidos por direitos autorais. Também não é permitido copiar os artigos, materias e arquivos do Portal Valor

Consulting para outro site, sistema ou banco de dados para fins de divulgação em sites, revistas, jornais, etc de terceiros

sem a autorização escrita dos proprietários do Portal Valor Consulting.

A utilização para fins exclusivamente educacionais é permitida, desde que indicada a fonte:

"Valor Consulting. Tributação: Receitas financeiras (Área: PIS/Pasep e Cofins). Disponível em:

https://www.valor.srv.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=803. Acesso em: 03/11/2019."

Como Comprovar a Destruição de Bens para Fins de

Dedução do IRPJ?

31 de outubro de 2019

Para fins de apuração do lucro real, são dedutíveis como custo as quebras ou das perdas de estoque por deterioração,

obsolescência ou ocorrência de riscos não cobertos por seguros, desde que comprovadas:

1. por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de segurança, que especifique e identifique as quantidades

destruídas ou inutilizadas e as razões da providência;

2. por certificado de autoridade competente, nas hipóteses de incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;

e

3. por meio de laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou

danificados, quando não houver valor residual apurável.

O denominado “Pedido de Acompanhamento de Destruição de Bens” é o processo formal, junto à Receita Federal do

Brasil, que o contribuinte (pessoa jurídica) realiza para comprovar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou

danificados, quando não houver valor residual apurável.

O pedido é feito mediante apresentação de formulário digital ao órgão, juntamente com a documentação pertinente. Acesse

aqui o formulário oficial.

Observe-se que a entrega de documentos, por pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real, presumido ou arbitrado, deve

ser obrigatoriamente por meio do e-CAC (Instrução Normativa RFB 1.782/2018).

Bases: art. 303 do Regulamento do Imposto de Renda e Ato Declaratório Executivo Cofis 67/2017.

Fonte: Blog Guia Tributário

Portaria do INPI mantém descontos para pequenos

negócios no registro de marcas

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Fonte: Mapa JurídicoLink: https://mapajuridico.wordpress.com/2019/10/31/portaria-do-inpi-mantem-descontos-para-

pequenos-negocios-no-registro-de-marcas/

As microempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais poderão obter abatimento de

60% nos preços dos serviços de propriedade industrial do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) decidiu manter o desconto para alguns usuários de seus serviços.

A redução de 60% nos preços de alguns serviços relativos a patentes, marcas, desenhos industriais, indicações

geográficas e contratos de licença, transferência de tecnologia e franquia foi mantido em até 60% para pessoas naturais

(somente se estas não detiverem participação societária em empresa do ramo a que pertence o item a ser registrado).

A redução também se aplica a microempresas, microempreendedor individual e empresas de pequeno porte;

cooperativas; instituições de ensino e pesquisa; entidades sem fins lucrativos, bem como órgãos públicos, quando se

referirem a atos próprios. A medida é baseada na Portaria MDIC nº 39 de 07/03/2014, que estabelece regras para a

concessão do desconto.

Segundo a especialista do Sebrae, Hulda Oliveira Giesbrecht, a medida é importante para os pequenos negócios, no

sentido de estimular o uso dos ativos de propriedade industrial para ampliar a competitividade das empresas.

“Especialmente em relação aos serviços relativos a marcas, esse desconto tem impacto significativo, considerando que

no acumulado, de janeiro a agosto de 2019, dos quase 160 mil pedidos de marca depositados no INPI, 49% foram de

Microempresas (ME), Microempreendedores Individuais (MEI) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), diz a analista.

Para o Sebrae, a manutenção desse desconto materializa o estabelecido na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa

(MPE), que institui um tratamento simplificado, diferenciado e favorecido para o segmento.

As micro e pequenas empresas muitas vezes não sabem como registrar a sua marca para proteger sua identidade e

estarem preparadas para crescer. Isso evita, inclusive, a necessidade de mudança da marca se ela já estiver sendo

utilizada por outra empresa, ou foi registrada e já possui os seus direitos reservados. Conforme o analista do Sebrae,

Hugo Roth Cardoso, é importante seguir algumas dicas, como pesquisar no e-marca do INPI se a marca que o

empreendedor pretende usar já foi registrada para a classe, que é a categoria do produto ou serviço. Um exemplo disso é

possibilidade de uma pessoa vender açaí, mas existir um registro da mesma marca para cortinas. No caso, o registro é

feito sem problemas.

O empreendedor pode pagar com desconto pelo registro de uma marca conforme a sua especificidade, se apenas nome,

ou se possui uma figura também. Além disso, no pedido podem ser inseridos todos os elementos descritivos da marca, e

se ela possui tradução para o inglês.

É necessário acompanhar todo o trâmite, já que o INPI pode aprovar a solicitação, ou reprovar caso verifique que ela não

atende aos requisitos necessários, que é ser única, não ter sido registrada anteriormente, não causar confusão com outra

marca já registrada, e não fazer referência a marca pública e notória. Quando o instituto der seu aval, é preciso pagar

uma nova taxa pelo registro cuja vigência será de 10 anos, renováveis pelo mesmo período, o que garantirá a

exclusividade.

Hugo Roth explica que existem empresas especializadas que acompanham as solicitações junto ao INPI, e que oferecem

seus serviços e cobram pelo acompanhamento do processo. “É preciso avaliar se, de fato, esses serviços são

necessários”, observa o analista. Ele explica que, caso o empreendedor se sinta inseguro para fazer o pedido de registro,

ou tenha dúvidas sobre quais elementos destacar na sua solicitação, o apoio externo será bem-vindo e dará mais

segurança. “Se for apenas para acompanhar um pedido, a complexidade é baixa e talvez a pessoa consiga realizar sem

ajuda externa, mas caso precise fazer algum questionamento ou recorrer de uma decisão do INPI, o apoio especializado

é oportuno”, ressalta.

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Com a marca registrada, o empreendedor pode operar com segurança de que ninguém irá tirá-la, nem criar outra que

gere confusão (nome semelhante ou mesma identidade visual) com a reputação do seu produto ou serviço.

Crime tributário sem representação penal

O crime tributário é de responsabilidade do auditor fiscal. Somente ele pode definir em sua fiscalização se o contribuinte

cometeu esse crime através de sua escrita fiscal ou contábil. O artigo 83 da lei 9.430/96, define que a representação

fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1º e 2º da lei 8.137, de 27 de

dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do decreto-lei 2.848, de

7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na

esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito.

O MPF para promover denúncia de crime contra a ordem tributária, tem que ter a prova com base no auto de infração e

no relatório fiscal com a participação direta do auditor fiscal da Receita Federal, visto que essa autoridade é que

identifica através do encerramento da fiscalização se existe o crime tributário, porém o MPF está promovendo denúncia

através de representação de terceiros sem nenhum conhecimento técnico fiscal, apenas para atender interesse pessoal.

O MPF antes de aceitar a representação particular, deve solicitar do auditor fiscal que constituiu o crédito tributário o

auto de infração e o relatório fiscal e não tomar como base uma representação particular sem antes intimar o contribuinte

para saber o motivo. A perícia técnica se faz necessário para identificar o crime tributário. O MPF promoveu denúncia

motivada por questões pessoais apenas para causar prejuízo ao contribuinte, sem analisar e seguir o rito processual

tributário, abandonando a técnica e desrespeitando o trabalho do auditor fiscal que não encontrou nenhum indício de

crime contra a ordem tributária.

O Fisco federal aplicou auto de infração em uma empresa e não encontrou elementos suficientes para aplicar a multa

penal e o MPF promoveu a representação penal para atender a vontade de terceiros sem a representação penal do auditor

fiscal que ao encerrar a fiscalização concluiu que o contribuinte não havia cometido crime tributário. Prevalecendo nesse

caso, a vontade de terceiros, que por questões pessoais, usou o Ministério Público em causa própria e foi atendido.

Portanto, inexistindo fraude, não se pode falar em crime contra a ordem tributária, ainda mais quando se revela que o

verdadeiro intento é satisfazer a vontade e vaidade de terceiro, responsável pela representação. A lei determina que o

Ministério Público só pode promover a denúncia após a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal

do crédito e no caso, não houve o crime tributário e o auto de infração foi anulado pela Justiça Federal.

Nesse diapasão, se mostra cristalino que a denúncia promovida pelo MPF, está ligada a uma questão pessoal não

podendo a presente ação penal prosperar em razão da inexistência de conduta criminosa, uma vez que o auditor fiscal

responsável pela aplicação do auto de infração não identificou crime tributário.

Portanto, se instaurou um procedimento investigatório criminal sem a participação do auditor fiscal e sem diligências

necessárias e o MPF não juntou nos autos qualquer prova de existência de indícios de crime contra a ordem tributária. É

importante ressaltar que a questão criminal, em si, nunca foi alvo de efetiva investigação, uma vez que o auditor fiscal,

não vislumbrou indícios que justificasse a representação que tanto o MPF fez questão de promover a denúncia apenas na

vontade de terceiros.

O contribuinte por motivos alheiros, perdeu prazo para recorrer administrativamente e através de ação anulatória

ingressou na Justiça Federal solicitando a nulidade do auto de infração e obteve êxito, onde o juiz Federal com brilhantes

argumentos anulou o auto de infração e sem auto de infração e sem penalidade administrativa o MPF promoveu a

denúncia contra o contribuinte, onde não mais existia o procedimento fiscal administrativo, presume-se para atender

interesse particular.

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Admilton Figueiredo de Almeida – tributarista e consultor tributário.

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO COMPLEXO SISTEMA

TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

30 de outubro de 2019

A complexidade fiscal no Brasil é um ponto de atenção para gestores de empresas de todos os portes e segmentos. Leis

novas são criadas diariamente com impacto em tributos nas esferas federal, estaduais e municipais. Para se ter uma ideia,

de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o país tem uma média de 45

alterações fiscais por dia útil. Já o Banco Mundial estima que as empresas brasileiras dedicam 1.958 horas por ano com o

cumprimento de obrigações tributárias. Não à toa, uma ampla reforma tributária e fiscal vem sendo discutida no Congresso

Nacional neste semestre. Tudo indica que no próximo ano teremos novidades neste setor, impactando substancialmente a

forma pela qual a informação é gerada.

A tecnologia assume o protagonismo à medida que uma empresa cresce, passa a comprar e vender mais produtos de

diferentes localidades, adquire serviços de empresas localizadas em inúmeros Municípios, abre uma unidade em uma outra

região ou estado do País e, principalmente, adota novas ferramentas digitais – ERP, CRM, gateway de pagamento, entre

outras. Ao mesmo tempo, os governos tentam se modernizar para digitalizar processos, instituem novos campos e

obrigações a fim de aumentar a fiscalização.

A transformação digital no âmbito fiscal é uma realidade, mas traz enormes desafios para empresas e governos. De acordo

com o estudo “Impacto Socioeconômico da Tributação Digital no Setor Público”, realizado pelo IDC, 74% dos

contribuintes na América Latina acreditam que seus respectivos sistemas fiscais federais necessitam de reengenharia total

dos processos por meio da integração de novas tecnologias. Essa visão é compartilhada por 50% das agências

arrecadadoras e 57% das agências de regulação.

O cenário atual multiplica os gargalos e as chances de erros em recolhimentos dos novos passivos, seja por falta de

estrutura em alguma das pontas, seja por má gestão. E, assim, qualquer equívoco nesse processo burocrático, ainda que

digital, pode ocasionar enormes prejuízos com a aplicação de juros e multas.

Como exemplo, no final de 2018, a Receita Federal divulgou uma etapa do “Projeto Malha Fiscal”, que convocou mais

de 8 mil empresas por inconsistências no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e na Contribuição Social sobre o

Lucro Líquido (CSLL). A diferença de R$ 983 milhões foi identificada pelo cruzamento de informações eletrônicas da

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) confrontadas com as presentes na Escrituração Contábil

Fiscal (ECF) referentes ao ano-calendário de 2014. A princípio, o cruzamento entre DCTF e ECF é algo considerado

básico, pois indica apenas divergências entre totalizadores de tributos e recolhimentos, mas o que se vê no mercado é que

os contribuintes ainda resistem em ter uma postura preventiva frente ao Fisco.

Diante de tantos detalhes importantes, a transformação digital exerce um papel fundamental para amarrar toda a operação

para o cumprimento das normas legais e regulamentares do compliance fiscal. Passa a ser essencial a escolha por uma

plataforma de conformidade tributária amigável e que permita adaptação para outros sistemas, pois os dados necessários

para gerenciar com precisão os tributos provêm de diferentes fontes (RH, CRM, faturamento, comércio etc). O simples

cruzamento de dados entre obrigações fiscais deve ser uma rotina diária para área fiscal e não um processo que só se inicia

após o recebimento de uma notificação.

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A falta de integração de informação entre as soluções pode gerar inúmeras inconformidades como a emissão de notas

fiscais com destaque de tributo indevido, código fiscal de operações e prestações (CFOP) e código de situação fiscal (CST)

incorretos, falta de escrituração de notas fiscais de entrada ou de saída, uso de NCMs inexistentes e falha no cálculo de

alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI)

ou das contribuições ao PIS e à COFINS.

Os gestores tributários precisam entender que a emissão da nota fiscal ou a entrega de uma determinada obrigação fiscal

não é o final do processo, mas apenas o início de uma jornada fiscal digital cheia de encruzilhadas, em que a escolha pela

implantação de uma solução fiscal com automação embarcada poderá garantir que as informações percorram todo o trajeto

com segurança até seu destino.

Escrito por: Trícia Braga, diretora de conteúdo da Avalara Brasil, líder de solução em nuvem de automação de

compliance fiscal para empresas de todos os portes

Fonte: Tramp Magazine

Opinião

Sistemática de cálculo de diferencial de ICMS do Rio Grande do Sul é

ilegal

30 de outubro de 2019, 6h03

Por Caroline Schwalm Wölfle

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O diferencial de alíquotas (Difal) é devido em operações interestaduais realizadas com destinação a consumidor final

contribuinte ou não do ICMS, conforme disciplina o artigo 155, parágrafo 2º, incisos VII e VIII, da Constituição Federal

[1], com alteração dada pela Emenda Constitucional 87/2015.

Nesse contexto, em 2015 foi celebrado o Convênio ICMS 93/2015, onde restou consignado que, nas operações

interestaduais com não contribuintes, o cálculo do Difal deveria considerar a mesma base de cálculo utilizada para o

recolhimento do ICMS devido na operação interestadual, apurada nos termos do artigo 13, parágrafo 1º, da Lei

Complementar 87/96.

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Ante o referido convênio, o estado do Rio Grande do Sul publicou a Instrução Normativa RE 039/16, a fim de

regulamentar o cálculo do Difal, alterando, contudo, a sistemática de cálculo do diferencial para as operações que

envolvam mercadoria destinada a contribuintes do ICMS.

A Instrução Normativa RE 039/16 determina que o cálculo do Difal devido ao estado do RS na entrada de mercadoria

destinada a consumidor final contribuinte utilize a alíquota interna para a formação da sua base de cálculo em vez da

alíquota interestadual que é utilizada na operação em concreto, considerando-se a seguinte fórmula de cálculo:

Portanto, o estado do Rio Grande do Sul criou uma nova fórmula para calcular o diferencial de alíquota, a qual

desconsidera a base de cálculo aplicada na operação interestadual, utilizando a alíquota interna, criando sistemática em

que o diferencial de alíquota passa a ser calculado “por dentro”.

Dessa forma, com a inovação dada pela Instrução Normativa RE 039/16, o contribuinte se vê diante de duas bases de

cálculo diferentes para a mesma operação interestadual: uma base de cálculo para a alíquota interestadual, consignada na

nota fiscal e outra base de cálculo para o Difal, que não corresponde àquela indicada na nota fiscal da operação, eis que

o cálculo é feito de forma fictícia.

Trata-se, portanto, de uma base de cálculo simulada e distinta daquela utilizada na operação interestadual, a qual carece

de amparo legal. E, por essa razão, necessário ponderar quanto à validade desta regra.

Com efeito, esta inovação na base de cálculo do Difal estabelecida pelo estado do Rio Grande do Sul abre espaço para a

discussão sob a perspectiva legal e constitucional. Primeiramente, tem-se que a competência para se dispor acerca da

base de cálculo do tributo é de lei complementar, de acordo com o disposto nos artigos 146, III, "a", e 155, parágrafo 2º,

XII, "i", ambos da Constituição [2]. Logo, a alteração da base de cálculo do tributo em tela não poderia ter sido feita por

meio de instrução normativa, quando a Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir) é que regulamenta o ICMS.

Nesse viés, analisando-se a Lei Kandir, nota-se que, na verdade, não há qualquer amparo para que seja incluído na base

de cálculo do Difal alíquota distinta daquela que compôs a base de cálculo na nota fiscal da operação interestadual. Isso

porque a referida lei não prevê para o Difal o cálculo “por dentro”, tampouco autoriza que se utilizem bases de cálculo

distintas para uma única operação interestadual. Ora, o artigo 13, parágrafo 1º [3], da LC 87/96, nada menciona quanto

ao cálculo do diferencial de alíquota.

De igual maneira, a Constituição Federal de 1988, ao tratar do diferencial de alíquota em seu artigo 155, parágrafo 2º,

VII e VIII, em momento algum dispôs sobre a possibilidade de se instituir sistemática de cálculo com utilização de

alíquota distinta daquela verdadeiramente aplicada na operação interestadual para a determinação da base imponível.

Assim, não havendo qualquer regra legal ou constitucional autorizadora, a conclusão que se chega é que não poderia o

estado estabelecer uma nova base de cálculo para o Difal devido nas operações destinadas a contribuintes do ICMS por

meio da aplicação da alíquota interna (diversa daquela utilizada na base de cálculo constante na nota fiscal da operação).

Ainda que assim não fosse, tendo em vista que esse sistema de cálculo do Difal implica, no fim das contas, aumento do

tributo, tal alteração deveria ser feita mediante lei (sentido estrito), conforme determina o artigo 150, I, da

Constituição.[4]

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Nessa linha, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul vem se posicionando no sentido de que não

há qualquer autorização legal para a sistemática de cálculo do Difal instituída pela IN RE 036/2016 e, portanto, essa

viola os princípios da legalidade, bem como da anterioridade anual e nonagesimal.[5]

Diante disso, verifica-se a possibilidade de o contribuinte discutir a validade do cálculo do Difal instituído pela IN RE

039/2016 no Judiciário, ante a relevância da matéria e fundamentos legais.

[1] "Art. 155. (...)§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto,

localizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o

imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual;

VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a

interestadual de que trata o inciso VII será atribuída:

a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;

b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto;"

[2] "Art. 146. Cabe à lei complementar: (...)

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos

respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;"

"Art. 155. (...)

§2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

XII - cabe à lei complementar:

i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem,

mercadoria ou serviço."

[3] "Art. 13. (...) § 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo:

I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle;

II - o valor correspondente a:

a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição;

b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado."

[4] "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito

Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;"

[5] Vide acórdãos dos processos 70075380154; 70076472919; 70080713472.

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Caroline Schwalm Wölfle é advogada do escritório Pimentel & Rohenkohl Advogados Associados.

Revista Consultor Jurídico, 30 de outubro de 2019, 6h03