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Boletim 04/11/2019

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Boletim

04/11/2019

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Pressclipping em 04.nov.2019

"Vencer a si próprio é a maior das vitórias"

(Platão)

"Segurança Nacional"

Augusto Aras pede que MPF no Rio investigue porteiro de Bolsonaro

30 de outubro de 2019, 20h50

Por Gabriela Coelho

O procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou nesta quarta-feira (30/10) o ofício 2134/2019/GM,

assinado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, à Procuradoria da República no Rio de Janeiro para investigar o porteiro

do condomínio do presidente Jair Bolsonaro.

Augusto Aras, que pediu que o MPF no Rio investigue o porteiro de Jair Bolsonaro Agência Brasil

No ofício, Aras menciona o possível enquadramento no crime de caluniar ou difamar o presidente da

República, “imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação” na Lei 7170, que define os crimes

contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento.

O crime acarreta reclusão de um a quatro anos. Na mesma pena incorre quem, conhecendo o caráter ilícito da imputação,

a propala ou divulga. Aras se baseou em um ofício de Sergio Moro, que pediu uma apuração por suposta obstrução à

Justiça, falso testemunho, e denunciação caluniosa contra o presidente.

O PGR encaminhou um pedido de Moro, que enviou uma solicitação ao Ministério Público Federal para que instaure um

inquérito para investigar as declarações de um porteiro de que um dos suspeitos do assassinato de Marielle Franco pediu

autorização a Jair Bolsonaro para entrar no condomínio onde encontrou o outro suspeito.

Caso Uma reportagem da TV Globo exibida nesta terça-feira (29) citou o nome de Bolsonaro na investigação do caso Marielle

Franco. De acordo com a emissora, a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio

Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio, onde têm casa o presidente e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado da

morte da vereadora.

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Conforme as informações divulgadas pelo Jornal Nacional, no dia 14 de março de 2018, horas antes do crime, o ex-PM

Élcio de Queiroz, outro suspeito, teria anunciado ao porteiro do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo

até a casa de Lessa.

Gabriela Coelho é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 30 de outubro de 2019, 20h50

Setor imobiliário capta R$ 3,8 bi na Bolsa e

volta a abrir canteiros de obra Com juro menor, expectativa é de que captações possam dobrar nos próximos meses

O Estado de S. Paulo - 3 Nov 2019

Mônica Scaramuzzo Fernando Scheller Márcia De Chiara

Seis construtoras e incorporadoras captaram R$ 3,8 bilhões na Bolsa de Valores desde julho e devem acelerar projetos

residenciais e comerciais. Com a queda da taxa Selic e maior interesse de investidores, a expectativa é de que as

captações possam dobrar nos próximos meses e mais canteiros de obra sejam abertos, sobretudo em São Paulo, onde

guindastes e caminhões voltaram a fazer parte da paisagem. Segundo

o Secovi-SP, de janeiro a setembro foram comercializadas 30,5 mil unidades na capital, mais do que em 2018 inteiro. O

ânimo do setor pode ser um alento contra o desemprego – porque usa muita mão de obra – e é boa notícia para a

economia como um todo. “Tradicionalmente, esse segmento antecipa o cenário de crescimento econômico”, explica

Alessandro Farkuh, do Bradesco BBI. “Há expectativa de recuperação do PIB. A expansão deve ser menos intensa, mas

sustentável no longo prazo.”

O mercado imobiliário pode estar perto de uma retomada vigorosa. De julho para cá, seis construtoras e incorporadoras

captaram R$ 3,8 bilhões em novas ofertas de ações para colocar o pé no acelerador em seus projetos residenciais e

comerciais. Com a queda dos juros – a taxa Selic atingiu 5% ao ano na última semana – e o maior interesse de

investidores no setor, a expectativa é de que as captações possam dobrar nos próximos meses, já que outros grupos se

preparam para ir à Bolsa.

O ânimo do setor é uma boa notícia para a economia como um todo. “Tradicionalmente, esse segmento antecipa o

cenário de crescimento econômico. Há expectativa de recuperação do PIB, a expansão deve ser menos intensa, mas

sustentável no longo prazo”, diz Alessandro

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Farkuh, responsável pela área de banco de investimento do Bradesco BBI, que coordenou boa parte das operações das

construtoras na Bolsa.

Com esses recursos, as construtoras pretendem abrir novos canteiros de obras, sobretudo em São Paulo. E isso já se

reflete em outros setores da indústria. “Começamos a sentir nas últimas semanas maior demanda por aço vinda do setor

imobiliário”, disse Gustavo Werneck, presidente da Gerdau. O mesmo movimento deve acontecer com o cimento e

outras matérias-primas.

Quem se movimenta pela capital paulista percebe que guindastes voltaram a fazer parte do cenário. Dados do Secovi-SP,

obtidos pelo Estado, mostram que, de janeiro a setembro, foram comercializadas 30,5 mil unidades residenciais só na

capital, número 70% maior do que o do mesmo período do ano passado. “Isso é mais do que as 29,9 mil vendidas em

2018 inteiro”, diz Celso

Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. Só em setembro foram comercializados 4.055 imóveis – a maior marca para o

mês e cerca de 50% acima da média histórica.

A retomada do setor, que usa mão de obra intensiva, poderá ser um alento para um indicador que se recusa a apresentar

melhora significativa nos últimos anos: o desemprego. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

da semana passada mostraram que a taxa ainda é de 11,8% no País, com 12,5 milhões de pessoas sem trabalho. Dos

empregos gerados, a maioria é de vagas informais.

Concentração. As obras, contudo, ainda estão concentradas em edifícios residenciais e comerciais de médio e alto

padrão, diz Ana Maria Castelo, analista da FGV/Ibre. “Não vejo um boom generalizado como em 2007, quando muitas

companhias foram à Bolsa. A recuperação mais robusta da construção civil virá com a retomada das obras de

infraestrutura.”

Diversas fontes de mercado ponderaram ao Estado que a expansão do setor imobiliário ainda se resume a São Paulo,

cujo mercado se descolou do resto do País. De olho nessa oportunidade, a MPD Engenharia, líder em apartamentos de

alto padrão em Alphaville, vai investir até R$ 2 bilhões em empreendimentos nos próximos três anos. Segundo o

presidente da empresa, Mauro Dottori, entre 70% e 80% dos recursos serão direcionados para a capital paulista. “São

Paulo tem maior dinamismo e retoma primeiro do que outros mercados.”

Além das ofertas subsequentes em Bolsa, que são uma importante fonte de financiamento para construtoras, os

proprietários de edifícios têm sido assediados por fundos de investimento imobiliário de bancos. Para garantir retorno a

seus cotistas, as instituições financeiras estão comprando edifícios corporativos “maduros”, que já estão alugados para

empresas.

A Tishman Speyer, que desenvolve prédios residenciais e corporativos, vendeu por R$ 1,2 bilhão a torre que abriga a

sede corporativa do BB, em Brasília, a um desses fundos. A empresa já tem R$ 1 bilhão captado para investimento

adicional no mercado brasileiro. “Além desse dinheiro captado, está mais fácil conseguir crédito nos bancos para

viabilizar projetos”, afirma Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer no Brasil.

Manchas de óleo chegam a Abrolhos O Estado de S. Paulo - 3 Nov 2019

Paula Felix / COLABOROU ANDRÉ MARINHO, ESPECIAL PARA O ESTADO

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MARINHA DO BRASIL

Ilha de Santa Bárbara. Expectativa é de que poluente atinja a porção mais central do Banco Abrolhos, que é a

mais crítica, porque tem recifes de corais

Material foi encontrado na Ilha de Santa Bárbara e na Ponta da Baleia, em Caravelas, segundo a Marinha. Região tem

maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul.

Registros são da Ilha de Santa Bárbara e de Ponta da Baleia, ainda fora do parque nacional; para especialistas, se os

recifes locais forem atingidos em massa, a recuperação poderá demandar décadas. No País, há 49 locais com registro

ativo de contaminação

A Marinha confirmou ontem que fragmentos do óleo que atinge as praias do Nordeste foram encontrados em uma das

ilhas do Arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia, uma das áreas mais ricas em biodiversidade da América da Sul. As

partículas foram detectadas na Ilha de Santa Bárbara, ainda fora do Parque Nacional de Abrolhos.

Equipes atuam no local para a remoção do material, que também foi encontrado em Ponta da Baleia, em Caravelas. A

localização dos fragmentos foi informada pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha

do Brasil, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (Ibama). Até agora, já foram relatados 296 pontos afetados pela poluição em 101 municípios dos 9 Estados

do Nordeste. Anteontem, havia registro ativo em 49 localidades. Para pesquisadores, resquícios podem ainda chegar a

Espírito Santo e Rio.

Guilherme Dutra, diretor da Estratégia Costeira e Marinha da Conservação Internacional, que atua no Parque Nacional

de Abrolhos desde 1996, diz que o local nunca viveu uma situação de ameaça tão crítica. Segundo ele, equipes estão na

região e já entraram em contato com representantes do santuário. “Estamos bastante preocupados com a chegada do óleo

nos recifes pelo impacto físico da mancha, que se instala e impede a chegada de luz, e pela contaminação química,

porque sabemos pouco sobre os efeitos.”

Há preocupação notadamente com corais. “São a base do ecossistema dos recifes, principal espécie construtora deles e

onde os animais marinhos se abrigam e buscam alimento.”

Dutra relata que, ao longo da última semana, uma grande quantidade de óleo já havia sido retirada de regiões próximas.

“De Canavieiras foram retiradas 11 toneladas de óleo.” Os cientistas temem ainda pelas baleias: todos os anos, cerca de

9 mil jubartes vêm da Antártida para reproduzir na área – em um período que normalmente vai de junho a novembro.

Ameaça. A situação também é acompanhada pela Rede Abrolhos, que reúne pesquisadores do Brasil e do exterior.

Segundo Rodrigo Leão Moura, professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “uma quantidade

grande de óleo chegou à reserva extrativista do Corumbau e também em Arraial d’Ajuda, ao norte de Corumbau”. “A

contaminação está progredindo rapidamente para o sul. E o prognóstico é de que atinja a porção mais central do Banco

Abrolhos, que é a mais crítica, porque tem recifes de corais que ficam afastados da costa.”

Para Moura, a chegada do óleo na região de Abrolhos é um evento de “natureza catastrófica, porque não há como

limpar”. “Se os recifes forem atingidos em massa, a recuperação, se acontecer, levará décadas.”

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Procuradoria vê ‘fortes indícios’ de que

Bouboulina derramou óleo Comandante do navio e tripulação deixaram de comunicar sobre o derramamento de petróleo

Folha de Londrina - 2 Nov 2019

Carlos Ezequiel Vannoni/agência Pixel Press/estadão Conteúdo Pepita Ortega Fausto Macedo

São Paulo - Na representação da Operação Mácula, deflagrada nesta sexta-feira, 1º de novembro, a Procuradoria do Rio

Grande do Norte destaca a “’cristalina existência de fortes indícios” de que o navio petroleiro NM Bouboulina, da

empresa grega Delta Tankers, teria sido o navio envolvido com o vazamento de petróleo que gerou “uma poluição

marinha sem precedentes na história do Brasil”.

A representação do MPF (Ministério Público Federal) do Rio Grande do Norte é assinada pelos procuradores Victor

Manoel Mariz e Cibele Benevides Guedes da Fonseca, que indicam ainda que há fortes indícios de que a Delta Tankers,

o comandante do navio mercante e a tripulação deixaram de comunicar às autoridades acerca do derramamento de

“petróleo cru” no oceano Atlântico.

Na manhã desta sexta-feira (1º), a Polícia Federal realizou buscas em dois endereços do Rio de Janeiro - da Lachmann

Agência Marítima e da empresa Witt O Brien’s. As companhias teriam relação com o navio petroleiro de bandeira

grega.

As companhias não são vistas como suspeitas, segundo o delegado Agostinho Cascardo, mas poderiam ter arquivos,

informações e dados que sejam úteis às investigações. Mais de 100 megabytes de informações foram apreendidos

durante as diligências no período da manhã.

Victor e Cibele classificaram as buscas como “necessárias e urgentes” para coletar documentos que auxiliem no

esclarecimento dos fatos. O pedido foi acolhido pelo juiz Francisco Eduardo Guimarães, da 14ª Vara Federal de Natal,

que autorizou as buscas nas empresas ligadas à Delta Tankers. “Ocorre que, com os dados que estão no inquérito, apesar

de já ser possível falar sobre materialidade, autoria e circunstâncias no crime do artigo 68, ainda restam dúvidas sobre as

circunstâncias do crime do artigo 54, não sendo possível afirmar categoricamente se tal crime foi doloso ou culposo, se

houve motivação, assunção de risco, negligência, imprudência ou imperícia, conclusões que poderão ser alcançadas no

decorrer das investigações ora requeridas e de outras possíveis já na fase ostensiva da apuração”, dizem os procuradores

na ação.

De acordo com nota conjunta divulgada pelo Ministério da Defesa, pela Marinha e pela Polícia Federal, por meio de

geointeligência a PF identificou uma imagem satélite do dia 29 de julho relacionada a uma mancha de óleo a 733,2 km

(cerca de 395 milhas náuticas) a leste do Estado da Paraíba. Segundo os órgãos, essa imagem foi comparada com

imagens de datas anteriores, em que não foram identificadas manchas.

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Considerando que análises de laboratório haviam indicado que o óleo coletado nas praias do Nordeste, as investigações

trabalharam com dados de carga, portos de origem, rota de viagem e informações de armadores. O cruzamento das

imagens de satélite com os outros dados apontou esse navio como principal suspeito.

Segundo a Marinha, o Bouboulina ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias, devido a “incorreções de

procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo para descarga no mar”.

De acordo com a Polícia Federal, a embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, onde

permaneceu no País por três dias. Depois seguiu rumo a Cingapura, pelo oceano Atlântico, tendo aportado na África do

Sul. A reportagem não obteve contato com os citados.

Taxa de desemprego no Brasil cai para 11,8%, revela

IBGE

1 de novembro de 2019

Total de desocupados é de 12,5 milhões de pessoas

A taxa de desocupação no Brasil fechou o trimestre móvel encerrado em setembro em 11,8%, uma leve queda em relação

tanto ao trimestre anterior, finalizado em junho, quando 12% da população estavam sem trabalho, quanto ao trimestre que

acabou em setembro do ano passado (11,9%).

Os dados foram apresentados hoje (31), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e

fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

O contingente de desocupados soma 12,5 milhões de pessoas, uma diminuição de 251 mil pessoas. Já a população ocupada

atingiu 93,8 milhões, um aumento de 459 mil pessoas.

A população fora da força de trabalho permaneceu estável, com 64,8 milhões de pessoas. Já a taxa de subutilização ficou

em 24%, uma redução de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, somando 27,5 milhões de pessoas que

gostariam de trabalhar mais horas do que atualmente.

A população desalentada, que são pessoas que desistiram de procurar trabalho, soma 4,7 milhões de pessoas, um recuo de

3,6%.

Fonte: Agência Brasil

Informalidade no trabalho cresce e bate recorde no

Brasil, diz IBGE

De acordo com o Instituto, 338 mil pessoas entraram nesta modalidade em

relação ao trimestre anterior

Por FolhaPress

31/10/19 - 09h54

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Os aumentos também são vistos na comparação com o mesmo período de 2018

Foto: JOAO GODINHO / O TEMPO

A informalidade continua batendo recordes no mercado de trabalho brasileiro, informou nesta quinta-feira (31) o IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com o instituto, 11,8 milhões de pessoas estão sem carteira de trabalho assinada no setor privado, um

crescimento de 2,9% (338 mil pessoas) com relação ao trimestre encerrado em junho, enquanto os trabalhadores por

conta própria atingiram 24,4 milhões de pessoas, alta de 1,2% (293 mil pessoas).

Ambas as marcas são novos recordes na série histórica, segundo o IBGE. "Temos mais pessoas trabalhando nesse

trimestre, mas a questão é a qualidade dessa forma de inserção informal", disse a analista da pesquisa, Adriana

Beringuy.

Os aumentos também são vistos na comparação com o mesmo período de 2018. A alta foi de 3,4% (384 mil) entre os

trabalhadores sem carteira assinada, e 4,3% (1 milhão) com os que estão por conta própria.

Enquanto ocorre aumento da informalidade, a taxa de desocupação recua: agora foi de 12%, do trimestre encerrado em

junho, para 11,8% nos três meses encerrados em setembro. Também houve estabilidade na comparação com o mesmo

trimestre de 2018, que registrou 11,9% de desocupação.

De acordo com o IBGE, 12,5 milhões de pessoas ainda estão desempregadas no Brasil.

‘Efeito Chile’ preocupa equipe econômica brasileira

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A explosão das manifestações no Chile gerou críticas à agenda econômica liberal do governo Bolsonaro, que poderia

aprofundar as desigualdades – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom

Os protestos no Chile contra o governo do presidente Sebastián Piñera e as condições econômicas ruins da população

mais pobre, crise que já causou pelo menos 19 mortes, deflagraram uma nova onda de ataques à agenda liberal do

governo Jair Bolsonaro e do seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Desde a explosão das manifestações, as

comparações do Brasil com o Chile têm servido de mote para as críticas de que o avanço da agenda econômica de

privatizações, reformas e aperto fiscal pode aprofundar a desigualdade e deixar o país na mesma situação do Chile,

levando os brasileiros às ruas.

Em reação às críticas, a equipe econômica se prepara para combater o que chama de narrativa equivocada. Essa defesa é

considerada importante, porque o governo está prestes a encaminhar um conjunto de novas reformas e há a preocupação

agora de que essa nova agenda, pós-Previdência, não seja contaminada no Congresso pelo discurso antiliberal.

Em documento preparado pelos técnicos para reforçar a comunicação do time de Guedes, obtido pelo jornal O Estado de

S. Paulo, o Ministério da Economia rebate essa associação.

“O Chile tem resultados econômicos e sociais superiores a seus pares na América Latina. Certamente existem espaços

para melhorias, mas atribuir os recentes protestos sociais ocorridos no país a um mau desempenho econômico e social,

comparativamente aos países latino-americanos, não é uma posição corroborada pelos dados”, diz o documento.

O texto afirma que, no Brasil, várias reformas pró-mercado estão em curso, tendo como linha mestra o foco na correção

de distorções econômicas e sociais e zelo cuidadoso com as contas públicas. Segundo o texto, elas serão responsáveis

por garantir uma década de crescimento, com redução da pobreza e mais oportunidades.

Para a equipe de Guedes, o crescimento econômico chileno se diferenciou da maior parte dos países da América Latina

nas últimas décadas, graças às medidas pró-mercado e à busca pela melhor alocação dos recursos da economia.

Como consequência, o melhor desempenho do Produto Interno Bruno (PIB) chileno não se restringiu às décadas de

1980-2000, quando ocorreram as principais reformas no país, mas perdurou nos anos mais recentes.

A média de crescimento do nível de atividade chileno nos últimos 10 anos foi de 3,1%, enquanto para o Brasil foi de

1,5% e a para América Latina, de 2%. Apesar da desaceleração observada entre 2011 e 2017, a variação do PIB chileno

esteve acima da média de seus pares na região.

Chicago

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A agenda liberal de Guedes é sempre associada ao Chile, porque o ministro é contemporâneo do time de jovens liberais

egressos da Universidade de Chicago, que reformou a economia chilena durante a ditadura de Augusto Pinochet. A

associação com o grupo do Chile começou a ser feita tão logo os primeiros nomes da equipe econômica de Bolsonaro

foram definidos.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o movimento liberal

chileno foi construído na base de uma ditadura. “A modernização do Estado brasileiro está sendo construída dentro de

uma democracia. É muito diferente.”

Maia pondera, no entanto, que os avanços precisam estar atrelados à melhoria da qualidade de vida. “Não é uma agenda

em que a gente impõe a um Parlamento fechado ou calado a nossa pauta que veio de Chicago”, ressalta Maia, que

nasceu no Chile, onde seu pai, César Maia, foi exilado durante a ditadura militar no Brasil.

O presidente da Câmara prepara o lançamento de uma pauta voltada à área social, com projetos que visam a mudanças

para a redução das desigualdades. “Precisamos ter a agenda que destrava a economia e na qual possamos ter a redução

da pobreza”, diz.

Durante as votações do Congresso, na semana passada, muitos senadores e deputados aproveitaram para atacar a agenda

liberal do governo. “A equipe econômica mandou para cá uma proposta que acabava com o BPC, que tinha como

exemplo o Chile. Nós fizemos um avanço grande. O Chile não é exemplo para o Brasil”, discursou Omar Aziz (PSD-

AM).

Na tramitação da reforma da Previdência, a proposta do ministro de introdução do modelo de capitalização (no qual

cada um poupa para sua própria aposentadoria), adotado pelos chilenos durante a ditadura, caiu justamente por causa da

resistência dos congressistas, por conta da comparação com a situação atual dos aposentados mais humildes no Chile.

“Nós temos um laboratório de mais de 40 anos no Chile. É evidente que não precisamos repetir o que deu errado. O que

devemos fazer? Trazer para cá o que é bom e não trazer o que é ruim”, diz o secretário de Previdência e Trabalho,

Rogério Marinho. Ele acredita que, mais cedo ou mais tarde, a capitalização voltará ao debate.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo

Reforma Tributária do Senado pode entrar na pauta de

votações da CCJ a partir da semana que vem

1 de novembro de 2019

PEC 110/2019 já recebeu 135 sugestões de mudança. Entre outros pontos, parecer do relator Roberto Rocha mantém

benefícios fiscais para a Zona Franca de Manaus.

A reforma tributária (PEC 110/2019) em tramitação no Senado aguarda que o relator da Comissão de Constituição, Justiça

e Cidadania (CCJ), Roberto Rocha (PSDB-MA), analise as emendas apresentadas ao texto. Até o momento, a proposta

recebeu 135 sugestões de mudanças. A expectativa é que as discussões sobre o tema sejam retomadas na semana que vem.

A primeira versão do relatório entregue por Rocha, em setembro, mantém as políticas fiscais da Zona Franca de Manaus,

previstas no Decreto-Lei 288/1967. Atualmente, a política tributária do polo industrial é diferenciada do restante do Brasil.

Em relação aos tributos federais, há, por exemplo, redução de quase 90% no imposto de importação sobre os insumos

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destinados à industrialização e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de outras vantagens que

incluem políticas tributárias estaduais e municipais.

Para o senador Plínio Valério (PSDB-AM), a manutenção dos incentivos fiscais voltados aos itens produzidos na Zona

Franca de Manaus é crucial para o desenvolvimento da região, que conta com aproximadamente 600 indústrias de alta

tecnologia e gera mais de 500 mil empregos diretos e indiretos, segundo informações da Superintendência da Zona Franca

de Manaus (Suframa).

“É necessário manter as vantagens tributárias que a Zona Franca tem porque, sem elas, o estado e a população perdem

muito. Particularmente, nós do Amazonas, defendemos a reforma tributária que tramita no Senado”, revelou Valério.

Criada em 1957, a Zona Franca de Manaus funciona como uma estratégia de desenvolvimento regional, promovendo

integração produtiva e social da região Amazônica. O modelo do polo industrial abriga a Amazônia Ocidental, que

inclui os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e as cidades de Macapá e Santana, no Amapá. O complexo

compreende, ainda, três polos econômicos: comercial, industrial e agropecuário.

O especialista em Administração Pública da Universidade Federal do Amazonas, Maurício Brilhante, avalia que, sem os

benefícios fiscais previstos, a região poderia sofrer uma debandada de indústrias. Isso, segundo ele, prejudicaria a

geração de empregos e fortalecimento da economia regional.

“É importantíssimo manter os incentivos, uma vez que a indústria é uma atividade que agrega muito valor, gera empregos

e tem uma massa salarial maior. É preciso manter a economia dessa área com dois milhões de habitantes, que já conta

com indústrias instaladas, maquinário e pessoas capacitadas, com o intuito do desenvolvimento regional”, explicou.

PEC 110/2019

A reforma tributária em tramitação no Senado prevê a simplificação do modelo de arrecadação de impostos no país, com

a extinção de 10 tributos cobrados atualmente. Em substituição, o texto cria o Imposto Sobre Bens e Serviços, o IBS, e o

Imposto Seletivo, com incidência sobre produtos considerados perigosos à saúde da população, como bebidas alcóolicas

e cigarros.

A proposta acaba com o IPI, IOF, CSLL, PIS, Pasep, Cofins e Cide Combustíveis, de arrecadação federal. Extingue ainda

o ICMS, de competência dos estados, e o ISS, de âmbito municipal, além do Salário-Educação, repartido entre o Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), estados e municípios.

As regras de arrecadação e partilha dos novos impostos serão únicas para União, estados, municípios e o Distrito Federal.

Segundo a proposta, os valores arrecadados serão distribuídos, de forma eletrônica e direta, aos entes da federação.

O relatório entregue em setembro pelo senador Roberto Rocha projeta que a modernização prevista na reforma vai

fortalecer a capacidade de arrecadação do país. Na avaliação do parlamentar, o sistema tributário atual é “arcaico” e precisa

ser atualizado o quanto antes.

“Esse modelo existente, que penaliza muito o consumo no Brasil, é típico de países ditatoriais, porque você esconde

através de impostos indiretos o que é arrecadado. A população pobre do Brasil nem sabe o imposto que paga”, criticou

Rocha.

Mudanças

O texto principal da PEC 110/2019 institui que o IBS terá incidência sobre operações de bens e serviços, terá alíquota

padrão e será cobrado no estado de origem. O valor arrecadado será destinado ao ente de destino do bem ou serviço.

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Já o IS será um tributo de competência da União cobrado em operações financeiras na área de petróleo e derivados,

combustíveis e lubrificantes de qualquer origem, gás natural, cigarros, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, energia elétrica,

serviços de telecomunicações, veículos automotores novos, terrestres, aquáticos e aéreos.

As regras que definirão os valores das alíquotas dos novos tributos serão estipuladas por leis complementares aprovadas

no Congresso Nacional, nas assembleias estaduais, na Câmara Distrital e nas Câmaras Legislativas dos municípios.

Repórter: Criastiano Carlos

Fonte: Agência do Rádio Mais

Personagem midiático

TV Cultura entra na Justiça para gravar "Roda Viva" com Lula em

Curitiba

31 de outubro de 2019, 22h05

Lula no programa "Roda Viva" da TV Cultura em 1991. Na ocasião,

ele demonstrou profunda irritação com a derrota eleitoral de 1989 Reprodução

A direção de jornalismo da TV Cultura pediu autorização à Justiça Federal do Paraná para entrevistar o ex-presidente

Lula na sede da Polícia Federal, onde ele está preso desde abril de 2018. A informação é do jornalista Maurício Stycer

do Uol.

O petista já aceitou o convite da emissora pública de São Paulo, e a gravação da entrevista ao "Roda Viva" depende

agora da autorização judicial, emitida pela 12ª Vara Federal de Curitiba.

Em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal autorizou jornalistas da Folha de S.Paulo e do El País a entrevistarem

Lula. Depois, um despacho do delegado da Polícia Federal de Curitiba, Luciano Flores de Lima, permitiu a entrada de

outros veículos de imprensa para acompanhar a conversa, dentro dos limites de espaço da sede da superintendência.

Desde então Lula tem concedido entrevistas a jornais, sites e televisões nacionais e estrangeiras. Caso obtenha a

autorização, esta será a segunda vez que o ex-presidente fala com uma TV aberta brasileira no cárcere. A primeira foi

com a TVE da Bahia.

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Lula já concedeu algumas entrevistas ao "Roda Viva". Na de 1991, por exemplo, o ex-presidente revelou uma profunda

insatisfação com a derrota para Fernando Collor. Também teve a milésima edição do programa, em 2005, gravada no

Palácio do Planalto.

O líder petista foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em segunda

instância e confirmado pelo STJ. Lula também foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão no caso envolvendo o sítio

de Atibaia (SP). Atualmente o caso se encontra no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Por fim, o ex-presidente também é acusado pelo MPF de receber R$ 12 milhões em propina da Odebrecht por meio da

compra de um terreno em São Paulo. O espaço seria usado para a construção de uma nova sede do Instituto Lula. O caso

se encontra na fase de alegações finais na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.

Revista Consultor Jurídico, 31 de outubro de 2019, 22h05

Um em cada três municípios não gera receita suficiente

para sustentar prefeitura e Câmara

2 de novembro de 2019

Estudo da Firjan mostra que economia local não produz recursos para pagar o mínimo do funcionamento da burocracia.

RIO — A receita gerada pela atividade econômica de 1.856 cidades brasileiras não foi suficiente nem para custear a

estrutura administrativa da Câmara dos Vereadores e da prefeitura, em 2018. Os dados são do Índice Firjan de Gestão

Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira pela entidade industrial do Rio de Janeiro. O indicador analisou a situação de

5.337 prefeituras que entregaram dados ao Tesouro Nacional.

O cálculo foi feito com base nas receitas que estão ligadas à atividade econômica municipal, além de arrecadações com

tributos como ICMS, IPVA e IPI. Pela ótica da despesa, foram considerados os custos de manutenção da Câmara dos

Vereadores e da administração do Executivo, sem levar em consideração as despesas do governo com saúde, educação,

urbanismo e saneamento.

Isso significa que a economia dessas cidades não gera recursos sequer para pagar o mínimo do funcionamento da

burocracia local. Segundo Jonathan Goulart, gerente de estudos econômicos da Firjan, a baixa geração de receitas é o

principal entrave à gestão fiscal dos municípios brasileiro. Em 2018, 73,9% dos municípios tiveram a situação

orçamentária avaliada como “difícil” ou “crítica”.

— Temos hoje uma baixa capacidade de geração de receitas para o financiamento da estrutura administrativa, além de alta

rigidez do orçamento por conta dos gastos com pessoal. Com isso, há dificuldade para um planejamento eficiente, e os

investimentos são penalizados — afirma.

Em média, esses municípios gastaram, em 2018, R$ 4,5 milhões com a estrutura administrativa, enquanto as economias

locais geraram R$ 3 milhões. Isso significa que essas cidades precisariam aumentar em pelo menos 50% as receitas geradas

pela atividade econômica para ser sustentável.

A situação é mais preocupante no Norte e Nordeste, onde 71% e 45,6% dos municípios, respectivamente, têm situação

insustentável. Já nas regiões Sul e Sudeste, os percentuais são menores, de 6,6% e 18,6%.

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Para Vilma Pinto, pesquisadora do Ibre/FGV e especialista em finanças públicas, as regiões mais críticas são aquelas sem

dinamismo dos serviços ou que possuem um pequeno valor de receitas oriundo do turismo. A receita do Norte e Nordeste

é cerca de 30% da gerada nas demais regiões, enquanto não há grande disparidade nos gastos com custeio da estrutura

administrativa.

— Isso gera uma perda de autonomia, uma vez que dependem de recursos transferidos de estados e União. Se precisar de

um recurso adicional, não tem como ampliar. Não ter autonomia na gestão de receitas é ruim — explica.

Conforme o estudo, o cálculo de autonomia municipal aponta que a expansão dos municípios com a Constituição de 1988,

cujo intuito era expandir a qualidade dos bens e serviços oferecidos à população, não está cumprindo o papel previsto na

sua concepção. Nessas cidades, o montante gasto para sustentar a atividade administrativa (R$ 12 bilhões) é próximo ao

destinado à saúde (R$ 14 bilhões).

Sem sequer gerar recursos para sustentar a parte administrativa da máquina pública, municípios são obrigados a utilizar o

Fundo de Participação dos Municípios (FPM), por exemplo, para custear esses gastos. Compensações como royalties da

produção de petróleo também são utilizados.

O ranking das cidades

O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi, pondera, no entanto, que o Imposto de

Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) são a base de arrecadação do FPM e incidem sobre

atividades que se desenvolvem nas cidades. Ele lembra que é assegurado na Constituição que parte do que é arrecadado

com esses tributos deve ser distribuído aos governos municipais.

— O FPM é uma transferência obrigatória, constitucional, o governo não está me fazendo um favor, me emprestando. Isso

pertence ao município e tem que ser levado em consideração no cálculo — defende.

Uma das dificuldades dos municípios em se tornar sustentável é a pequena base de cobrança de impostos. Segundo

François Bremaeker, gestor do Observatório de Informações Municipais, cidades de menor porte não têm como cobrar

impostos da população, como ISS e IPTU, fazendo com que sua capacidade contributiva seja pequena.

— São dois impostos que apresentam maior arrecadação em municípios com maior porte demográfico. Daí não ser

surpresa alguma o fato de cidades pequenas não conseguirem com receitas próprias manter a máquina administrativa e,

muito menos, ter recursos para investimentos — explica.

Para Aroldi e Bremaeker, o grande número de municípios não é o problema, pois a multiplicação de cidades aproximou

os serviços públicos dos cidadãos, ao descentralizá-los. Eles afirmam que há espaço para criação de outros, no Norte e no

Centro-Oeste, a fim de melhorar o atendimento ao público, e que o custo de funcionamento dessa estrutura é de apenas

5% da receita anual, em média.

— Se pensarmos que, pelo fato de muitos municípios não terem recursos suficientes para se manter, eles deveriam ser

extintos, como muitas vezes é dito, deve-se pensar também que, se isso acontecer, suas populações migrarão em massa

para os grandes centros e teremos um verdadeiro caos urbano, muito pior do que o que vivemos hoje em dia — afirma

Bremaeker.

Entre as alternativas para melhoria da economia local, Aroldi destaca a discussão do Pacto Federativo como uma

possibilidade para a melhora da sustentabilidade orçamentária.

— No Pacto Federativo, vai ficar bem definido a função de cada ente da federação, a participação no bolo tributário

para dar conta de todas essas responsabilidades — destaca. - Fonte: O Globo

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ICMS/RJ - Secretaria de Fazenda verifica atividade de empresas na

Operação Maçarico VI

30 out 2019 - ICMS, IPI, ISS e Outros

A Secretaria de Estado de Fazenda do Rio (Sefaz-RJ) iniciou, nesta terça-feira (29/10), a Operação Maçarico VI, que

tem o intuito de fiscalizar as empresas conhecidas como noteiras. Esses estabelecimentos simulam operações para gerar

créditos indevidos de ICMS para outros contribuintes. O trabalho dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (AFREs)

que participam da ação consiste em verificar se as empresas realmente existem e se as operações que elas alegam fazer

de fato acontecem.

A apuração é feita por meio de fotos tiradas do local, entrevistas com funcionários e vizinhos das empresas, verificação

dos dados cadastrais e coleta de documentos. Esses estabelecimentos geralmente foram recém-abertos ou estiveram

inativos por um longo período e emitiram ou foram destinatários de grandes valores em notas fiscais em um curto

espaço de tempo. Essas notas podem fazer parte de diversas ilegalidades, como acobertamento do verdadeiro fornecedor

de mercadorias ou prestador de serviços, sonegação, geração de créditos tributários indevidos e importações

fraudulentas.

“Quando as suspeitas de irregularidades são confirmadas, fazemos o impedimento preventivo da Inscrição Estadual e,

em seguida, o seu cancelamento. Dessa maneira, conseguimos anular os créditos tributários gerados indevidamente e

responsabilizar os beneficiários”, explicou o Superintendente de Fiscalização da Sefaz-RJ, Rodrigo Aguieiras.

Com a Operação Maçarico VI, a Secretaria de Fazenda chega a 44 ações de combate à sonegação e de promoção da

educação fiscal realizadas em 2019.

Fonte: SEFAZ RJ

ICMS/SP - Secretaria da Fazenda e Planejamento deflagra

operação 'Papiro'

30 out 2019 - ICMS, IPI, ISS e Outros

A Secretaria da Fazenda e Planejamento e a Polícia Civil deflagraram nesta quarta-feira (30) a operação Papiro. O

objetivo é desmantelar fraude fiscal estruturada envolvendo empresas que comercializam papel utilizando-se de forma

irregular da imunidade tributária prevista na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional(CTN). A estimativa é

que 16 empresas tenham simulado operações com papel como se fossem utilizá-lo na impressão de livros, jornais e

periódicos, porém, deram destinação diversa a esse papel, deixando assim de recolher R$ 20 milhões aos cofres

paulistas, no período de 2015 a 2019.

O papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos possui imunidade prevista na Constituição Federal (Art.

150, VI, “d”) e no CTN (Art. 9º, IV, “d”). Dessa forma, quando utilizado com essa finalidade, não há incidência de

impostos, inclusive do ICMS, na comercialização desse papel.

Participam da ação 53 agentes fiscais de renda e 12 policiais civis da Divisão de Crimes Contra a Fazenda do

Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania da Polícia Civil (DPPC) para executarem trabalhos em 18 alvos, além

de promotores do Grupo de Atuação Especial contra a Sonegação Fiscal do Ministério Público do Estado (GAESF), no

cumprimento de dois Mandados de Busca e Apreensão nos municípios de Arujá e São Paulo.

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A arquitetura da fraude contempla dois grupos de empresas com finalidades preponderantemente diferentes. O primeiro

grupo realiza compra de papel com imunidade tributária simulando aplicação na produção de livros, jornais e/ou

periódicos. Posteriormente, estas empresas simulam vendas do papel com o destaque dos tributos para o segundo grupo

de empresas. Nessas supostas operações, apesar de destacado, o imposto não é recolhido, visto que essas empresas

utilizam-se de créditos frios ou simplesmente declaram e não pagam o imposto. Por fim, as empresas desse segundo

grupo realizam a venda do papel com destaque dos tributos para clientes finais, sem que o imposto tenha sido

efetivamente recolhido em nenhuma etapa, ganhando assim vantagem competitiva.

Os desvios do produto não tributado para outras finalidades constituem ato ilegal e prática de concorrência desleal. A

operação objetiva apreender livros, documentos fiscais, controles paralelos e realizar cópia e autenticação de arquivos

digitais, de forma a ampliar o conjunto probatório a ser utilizado nas esferas fiscal e penal, no sentido de desarticular a

fraude, desqualificar as empresas simuladas e as pessoas interpostas e responsabilizar os articuladores e beneficiários do

esquema.

Segue a relação de municípios onde ocorrerão as ações.

Municípios Alvos

São Paulo 10

Santa Branca 4

Arujá 2

Santa Isabel 1

Santo André 1

Total 18

O desenho abaixo ilustra o esquema utilizado na fraude:

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Fonte: SEFAZ SP

Esqueça o Supremo - A solução para a prisão de

corruptos está no Congresso

Não é o caso de tecer críticas ao Supremo Tribunal Federal, pois a Corte Constitucional está

fazendo o que lhe é devido: interpretar as leis em consonância com a constituição.

Publicado por Nelson Olivo Capeleti Junior

O Supremo Tribunal Federal deve confirmar a impossibilidade do cumprimento de pena antecipado. Ou seja, a

impossibilidade de se efetuar a prisão após decisão de órgão colegiado em Recurso de Apelação.

O Ministro Luís Roberto Barroso foi perfeito em seu voto, ao discorrer fartamente sobre as teorias de Robert Alexi,

trazendo a ponderação e proporcionalidade quando ocorre uma colisão de princípios constitucionais. Barroso tem razão

em todos os seus argumentos de fato, sobre a necessidade de uma efetivação mínima do direito penal para os que

residem no andar de cima da sociedade.

Contudo, embora Barroso esteja certo em sua exposição de motivos, certo é que no quesito técnico, consoante alegado

pela Ministra Rosa Weber, por mais que exista a necessidade do cumprimento antecipado da pena, o STF não pode

reescrever a constituição, empregando-lhe sentido que a literalidade não comporta.

Não vou aqui esmiuçar os artigos da constituição e do Código de Processo Penal, porque acredito que, aqueles que

acompanham a controvérsia, já esgotaram a referida análise.

Neste momento basta dizer que a constituição deixa clarividente que ninguém será considerado culpado antes da

sentença penal condenatória transitada em julgado, e, que o Código de Processo Penal permite antes do trânsito em

julgado, apenas a prisão temporária e preventiva.

Mas vale observar que a função da pena temporária e preventiva não tem por base o cumprimento antecipado da pena,

mas sim outros fundamentos, como resguardar o processo e as provas.

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Dito isto, sendo o artigo 5º da constituição cláusula pétrea, é impossível que o congresso venha através de seu processo

legislativo a reformar o CPP para permitir o cumprimento antecipado da pena.

Todavia, existe uma saída honrosa para o Congresso e necessária para toda a sociedade.

Vejamos…

A lei penal elevou o crime de tráfico de drogas por equiparação a crime hediondo. O crime hediondo permite a prisão

preventiva. O que ocorre é que as prisões brasileiras estão lotadas de jovens pobres e de periferia, surpreendidos com

quantidade ínfima de droga, e que por não terem emprego e por possuírem o estereótipo (Lombrosiano) acabam presos

como se traficantes fossem, embora usuários de drogas.

Vale ressaltar que o tráfico de drogas não é um crime violento. Basta ver o verbo nucelar do tipo penal. O tráfico de

drogas consiste em transmitir a outrem substância elencada como droga ilícita.

Pois bem.

A corrupção também não é um crime violento. Entretanto, da sua prática dimana uma série de omissões do Estado

relacionadas a saúde, educação, segurança pública, que certamente, por efeito cascata, causam muitas mortes.

Logo, a única forma de coibir a prática da corrupção, é equiparar o referido tipo penal a categoria de crime

hediondo. Note-se que, a intenção sequer é a de levar a prisão provisoriamente os agentes públicos corruptos, mas que a

lei penal tenha a sua eficácia de prevenção, desestimulando a prática da corrupção ante o temor e a certeza da

aplicabilidade e coercitividade da lei penal.

Se permitimos a utilização do rol de crimes hediondos contra a população mais desfavorecida da sociedade (lei de

drogas) por que não permitir que a lei penal alcance os abastados da sociedade, aqueles que detêm todas as

possibilidades de contratar uma defesa técnica?

Este humilde articulista enviou e-mail para as assessorias dos Senadores por Santa Catarina, Espiridião Amin e Jorginho

Mello, solicitando tal análise por parte do Senado.

Peço-vos, a vocês caros leitores, que façam o mesmo com relação aos Senadores e/ou Deputados de vossos Estados.

Se você não sabe quem são os Senadores e/ou Deputados por vossos Estados, basta procurar no Google, e encontrando-

os, nos seus perfis da Câmara estará o endereço eletrônico das suas assessorias.

O momento é de mobilização pela integridade nos serviços públicos e pelo cumprimento do elencado no artigo 37 da

constituição federal: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Adendo: Senador Espiridião Amin entrou em contato comigo no dia de hoje, 29/10/2019, pessoalmente, por telefone,

demonstrando interesse na proposição legislativa.

Nelson Olivo Capeleti Junior

Empresas brasileiras gastam 2 mil horas por ano

pagando impostos, diz economista

2 de novembro de 2019

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A alta carga de impostos é tema de discussão na Jovem Pan. Regras claras, segurança jurídica, guerra fiscal e complexidade

de tributos são alguns dos itens que impactam diretamente na competitividade do país. Mas será que a reforma tributária,

desta vez, irá progredir? Essas foram questões abordadas pelo economista e comentarista Samy Dana fez com Alexandre

Schwartsman, consultor e PHD pela Universidade de Berkley.

O especialista fala sobre os danos provocados pelo custo Brasil e o que a ineficiência gera. “Boa parte dos Estados acaba

oferecendo vantagens do ponto de vista tributário, um tenta roubar do outro, então a gente tem um rouba monte fiscal que

aumenta a complexidade do sistema, perde eficiência. Mas muitas vezes, por uma questão tributária, você pode pegar a

matéria prima, jogar para um estado muito distante, produzir lá, voltar. Do ponto de vista tributário, a coisa faz sentido,

mas para a sociedade, é uma perda. Literalmente você pega a forma menos eficiente de distribuir a produção, que deveria

ficar próxima ou das fontes de matéria prima ou do mercado consumidor, e você não faz nenhum dos dois por conta disso.”

Schwartsman expõe números alarmantes. Segundo ele, as empresas brasileiras gastam dez vezes mais tempo com

burocracias do que a média esperada. “O Brasil é um país custoso para acompanhar essa parte tributária, então existe um

número, que está no Banco Mundial, de facilidade de fazer negócios. Uma empresa média brasileira, típica, gasta de mais

de duas mil horas por ano para a tarefa de pagar imposto, de fazer acompanhamento, a escrituração, etc. Na OCDE

[Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], esse número é menor do que 200 horas por ano. A gente

está, literalmente, jogando fora, 1.800 horas ano para essas empresas”, disse.

Sobre a possível volta de um dos tributos mais contestados pelos brasileiros, a CPMF [Contribuição Provisória sobre

Movimentação Financeira], ele afirmou que “se for olhar, especificamente para a questão de bens, ela é um imposto

cumulativo. Em particular, se ela é uma alíquota muito pequenininha, não faz tanta diferença, mas do jeito, pela discussão

que o governo andou carregando, a gente acabaria com uma alíquota grande, porque iria substituir alguns impostos grandes

– em particular, a ideia era trocar a contribuição previdenciária por isso. Então era uma alíquota que incide

cumulativamente.”

Schwartsman não arrisca ditar um prazo para que a reforma tributária saia do papel, mas vê alguns passos importantes

serem dados, como um engajamento maior do Congresso Nacional e de governadores em torno do tema, que é uma das

prioridades para o desenvolvimento brasileiro.

Fonte: Jovem Pan

Medidas Cautelares

Gilmar manda soltar ex-governadores Anthony e Rosinha

Garotinho

31 de outubro de 2019, 18h30

Por Gabriela Coelho

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Ouça: 0:00 01:41 Audima

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu nesta quinta-feira (31/10) soltar os ex-governadores

do Rio de Janeiro Anthony e Rosinha Garotinho. No lugar da prisão, determinou medidas cautelares.

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O casal está proibido de manter contato com outros investigados ou testemunhas. Também deve entregar os passaportes

e não pode sair do país sem autorização judicial.

Além disso, deve comparecer mensalmente à Justiça até o quinto dia útil de cada mês, onde precisa comprovar o local de

residência.

Na terça-feira (29), a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro revogou, por dois votos a um, liminar

em Habeas Corpus ao casal Garotinho, ambos ex-governadores do estado. Foi a quinta vez que Anthony Garotinho

esteve preso desde 2016.

Em setembro, os Garotinhos foram presos preventivamente por risco de alguma interferência nas investigações,

inclusive com ameaças a testemunhas.

Eles são investigados por ilegalidades nos contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ) e a

Odebrecht, para a construção de casas populares dos programas.

A defesa do casal Garotinho, feita pelos advogados Vanildo José da Costa Junior e Eugênio José Guilherme

Aragão, disse que "as prisões não foram motivadas por qualquer tipo de condenação nesse processo". "O mérito ainda

será analisado definitivamente."

"Garotinho e Rosinha foram privados de liberdade com base em supostas ameaças relatadas por uma testemunha que

jamais conseguiu prová-las. Não custa lembrar que essa mesma testemunha mudou seu depoimento cinco vezes e foi

considerada, no passado, uma testemunha sem fé pública pelo então ministro do TSE Luiz Fux."

Assim, ao conceder o HC, "o ministro Gilmar Mendes salientou que não há qualquer motivo fático concreto para as

prisões, usando argumentos fundamentados na Constituição brasileira".

Clique aqui para ler a decisão

HC 177.829

Gabriela Coelho é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 31 de outubro de 2019, 18h30

Segunda Leitura

Derrame de petróleo no Nordeste e o Tribunal

Penal Internacional

27 de outubro de 2019, 10h20

Por Vladimir Passos de Freitas

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No dia 30 de agosto passado manchas de petróleo chegaram ao litoral do Estado de Pernambuco, causando preocupação

geral. A ocorrência chegou à imprensa internacional através de uma expressiva foto de um menino “saindo do mar

repleto de óleo na praia de Itapuama, Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife”.[i] De lá para cá o fato

foi se agravando, enorme quantidade de petróleo atingiu oito estados e no dia 25 deste mês chegou em Ilhéus, sul do

Estado da Bahia.[ii]

O fato é verdadeira tragédia, pois ocasiona danos ambientais de enorme gravidade, sociais porque pescadores terão

reduzida sua capacidade de exercerem sua profissão e econômicos, estes traduzidos no cancelamento de viagens

turísticas à região, cujas praias, pela beleza que possuem, atraem turistas de todo o Brasil. São danos de difícil avaliação

neste momento.

As medidas paliativas para minimizar o desastre e a tentativa de descobrir a autoria, correm por conta da Marinha de

Guerra. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o Almirante Ilques Barbosa Júnior relatou que “o culpado não foi

identificado, mas está entre os navios que circularam em alto-mar, na faixa de 300 a 500 quilômetros na costa leste de

Sergipe”.[iii]

De concreto sabe-se apenas que, segundo pesquisas da Universidade Federal da Bahia, o petróleo origina-se da

Venezuela.[iv] De elogiável, cita-se o esforço de todos os que atuam no recolhimento do material que chega às praias,

entre eles muitos voluntários. De inteligente, as tentativas em Pernambuco e na Bahia de aproveitamento dos resíduos

para fazer cimento e produzir carvão.[v]

Mas, quais os resultados concretos esperados? A resposta é simples: redução máxima dos danos causados e a apuração

de responsabilidades, com punição dos autores.

Críticas e declarações genéricas, ações judiciais com eventual condenação da União por isto ou aquilo, politização da

trágica ocorrência, em nada auxiliarão.

Na verdade, o desastre ambiental ocorrido tem uma vítima direta que é o Brasil, porém atinge toda a humanidade.

Apesar disto, no âmbito internacional paira um silêncio eloquente. Talvez este caso possa servir para uma nova postura

do Tribunal Penal Internacional, o TPI.

Sobre esta importante Corte Internacional, registrei nesta coluna, no ano de 2010,[vi] que o “seu marco inicial foi em 17

de julho de 1998, quando 120 Estados adotaram o Estatuto de Roma, como base jurídica para o estabelecimento do

Tribunal Penal Internacional permanente. O Estatuto de Roma entrou em vigor em 01 de julho de 2002, após a

ratificação por 60 países. O TPI é um tribunal de última instância, que tem por objetivo julgar pessoas acusadas dos

crimes mais graves e de preocupação internacional, ou seja, o genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

É formado por dezoito juízes, dos quais três compõem a presidência do tribunal. Atualmente, 114 países são Estados

Partes do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.”

No preâmbulo o Estatuto de Roma, onde se deliberou pela criação do TPI, afirma-se que “os crimes de maior gravidade,

que afetam a comunidade internacional no seu conjunto, não devem ficar impunes e que a sua repressão deve ser

efetivamente assegurada através da adoção de medidas em nível nacional e do reforço da cooperação internacional”.[vii]

No art. 7º do Estatuto, estabelece-se as ações que podem ser submetidas à jurisdição do TPI. Entre elas, o art. 7º, alínea

“k”, menciona: “Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou

afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.”

No caso da poluição marítima em análise, o primeiro passo seria descobrir se a ação foi criminosa, hipótese esta que não

se descarta. Se chegar-se a algum resultado, poderiam os responsáveis por ela serem levados a julgamento na Corte

Internacional?

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Do ponto de vista da adequação dos fatos à figura típica da alínea ’k”, seria necessário que a poluição tivesse sido

causada intencionalmente. Em caso de mera culpa (imprudência, negligência ou imperícia), a competência do TPI seria

de pronto descartada.

Supondo-se que tenha sido doloso, seria necessário analisar a competência jurisdicional do Brasil. É que os artigos 6º e

7º do Código Penal, que tratam da extraterritorialidade da aplicação da lei brasileira, não apontam para hipótese como

esta, em que o navio causador do dano estava em águas internacionais.

Além disto, entre os dispositivos do Estatuto de Roma, está o art. 17, 2, “b”, que admite o acesso à Corte no caso de “Ter

havido demora injustificada no processamento, a qual, dadas as circunstâncias, se mostra incompatível com a intenção

de fazer responder a pessoa em causa perante a justiça;”

No caso brasileiro, a demora ainda não teria existido, mas a sua presunção deixa de ser apenas um risco quando se pensa

no processamento de uma ação penal no Brasil que, além das dificuldades na apuração das provas, , tramitaria em quatro

instâncias até chegar ao trânsito em julgado, tornando pouco efetiva a possibilidade de execução de eventual condenação

em tempo razoável.

Se assim é, poderia a Corte Internacional assumir nova postura, enfrentando a complexa questão de avançar na sua

competência. Refiro-me à possibilidade de que, crimes contra a humanidade, cujos efeitos se revelem nocivos

diretamente a país signatário do Tratado de Roma, pudessem por ela serem processados e julgados.

A relevância da questão ambiental pode ser decisiva neste grande passo. Talvez esta tragédia possa ser a justificativa da

grande virada. A pensar.

https://g1.globo.com/natureza/desastre-ambiental-petroleo-praias/noticia/2019/10/25/satelite-aeronave-matematica-e-

sonares-entenda-as-acoes-e-os-desafios-na-busca-da-origem-das-manchas-de-oleo-no-nordeste.ghtml

i Ana Carolina Mendonça: https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2019/10/24/interna_nacional,1095569/apos-

foto-de-menino-coberto-de-oleo-circular-o-mundo-especialistas-al.shtml.

ii https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/10/25/manchas-de-oleo-chegam-a-ilheus-no-litoral-

sul-da-bahia.htm

iii O Estado de São Paulo, 23/10/2019, A18.

iv https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2019/10/10/analise-da-ufba-aponta-que-oleo-que-atinge-litoral-do-ne-e-da-

venezuela.ghtml

v O Estado de São Paulo, 25/10/2019, A18.

vi Os Tribunais Internacionais e a Justiça Doméstica. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2010-nov-28/segunda-

leitura-tribunais-internacionais-justica-domestica.

vii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4388.htm.

Vladimir Passos de Freitas é chefe da Assessoria Especial de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e Segurança

Pública, professor de Direito Ambiental e de Políticas Públicas e Direito Constitucional à Segurança Pública na PUCPR

e desembargador federal aposentado do TRF-4, onde foi corregedor e presidente. Pós-doutor pela Faculdade de Saúde

Pública da Universidade de São Paulo (USP) e mestre e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Foi presidente da International Association for Courts Administration (Iaca), da Associação dos Juízes Federais do

Brasil (Ajufe) e do Instituto Brasileiro de Administração do Sistema Judiciário (Ibraju).

Revista Consultor Jurídico, 27 de outubro de 2019, 10h20

Chile em chamas Antonio Carlos Prado

25/10/2019

© Fornecido por Três Editorial Ltda

Quando Maria Antonieta, esposa do rei Luís XVI, foi informada de que as camadas mais pobres da população francesa

já não possuíam sequer pão para comer, ela teria dito a célebre frase: “qu’ils mangent de la brioche” (“que comam

brioches”).

As cabeças de ambos rolaram na guilhotina em plena revolução francesa. Recentemente, assim que o governo chileno

majorou em 3,75% a tarifa do metrô em Santiago nos horários de pico, o ministro da Fazenda, Felipe Larraín,

incorporou a rainha: deu a entender que os trabalhadores poderiam acordar mais cedo para utilizarem esse meio de

transporte com o preço normal. Nenhuma autoridade vai ser degolada no país, mas estamos vendo no que deu o descaso:

o Chile está em chamas.

Como as jornadas de junho

Desde a defenestração do ditador Augusto Pinochet e a redemocratização, em 1990, o país é um dos mais estáveis da

América Latina e apresenta invejáveis indicadores na macroeconomia. Cabem, então, as perguntas: o que motivou a

revolta dos chilenos? Por que a violência e a barbaridade de atos de vandalismo? Até a terça-feira 22, o Chile estava

sitiado por incêndios, depredações e saques a supermercados; nas ruas de Santiago, dez mil homens do Exército e da

polícia reprimiam brutalmente os manifestantes; já se contavam dois mil presos, centenas de feridos e pelo menos quinze

mortos em setenta e duas horas. As respostas estão justamente na economia.

O aumento da tarifa do metrô, de oitocentos para oitocentos e trinta pesos (aproximadamente R$ 4,80), foi somente a

gota d’água em um somatório de fatores que vem desagradando considerável parcela dos cerca de dezenove milhões de

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habitantes — e prova maior disso é que o presidente Sebastián Piñera voltou atrás, cancelou o aumento, pediu perdão,

mas os protestos prosseguiram. Situação bastante similar a que se viu no Brasil, em junho de 2013, quando o anúncio do

aumento nas passagens de ônibus em São Paulo e no Rio de Janeiro detonaram numa bola de neve uma série de

manifestações contra o governo.

Apesar de ostentar a maior renda per capita da América Latina (US$ 20 mil), a desigualdade social é marcante no Chile,

fruto dos altíssimos custos com educação e saúde públicas. A isso junta-se a pressão imobiliária, fazendo com que um a

cada três chilenos maior de dezoito anos esteja endividado, de acordo com dados da Universidade San Sebastián y

Equifax. Quem amarga essa situação, em meio a uma economia que exibe muito bom crescimento de 2,5% ao ano,

índice que provavelmente será mantido em 2019, com certeza engrossa o coro e os saques e as barricadas e as labaredas

dos descontentes. “A sociedade chilena suportava demandas latentes que não obtinham respostas do governo”, diz o

analista político da Universidade do Chile, Octavio Avendaño.

Sob o slogan “#ChileAcordou”, protesta-se, assim, contra um modelo econômico radicalmente liberal (nada a ver com o

saudável liberalismo e conservadorismo clássicos) que praticamente anulou as pensões e aposentadorias (Piñera vai

aumentá-las) e privatizou as instituições de ensino e de saúde. A esmagadora maioria das aposentadorias são inferiores a

US$ 300, resultado do sistema de capitalização desenvolvido ainda nos tempos do governo de Pinochet. Por tal sistema,

no qual os trabalhadores vão montando poupanças individuais para quando se aposentarem, a tendência é um rigoroso

empobrecimento da camada mais idosa da população.

O futuro é um mistério

O governo de Piñera é composto por profissionais que operam com os grandes conglomerados econômicos, e o próprio

presidente é constantemente acusado de favorecer os milionários pelo simples fato de ser um deles — a sua fortuna é

estimada em 0,98% do PIB do país, pela avaliação da “Forbes”. “Existe um descontentamento e o aumento das tarifas do

metrô foi a faísca que desencadeou tudo”, diz o analista Roberto Méndez. Assim, para quem olha o Chile de fora, lá

parece que se nada em mar de rosas — e, se assim achamos, dá para mensurar a caoticidade que se engole por aqui.

Como se viu, não é bem assim: entre os chilenos há de fato rosas para poucos e espinhos para muitos.

É bastante provável que Maria Antonieta jamais tenha dito a frase que a revolução francesa colocou em sua boca e

citada no início dessa reportagem, e com certeza não a criou — ela já aparece na obra “Confissões”, de Jean-Jacques

Rousseau, escrita em 1765, quando a futura rainha tinha somente nove anos de idade. Também é bastante provável que

os protestos arrefeçam, mas o Chile não será a mesma ilusão de tranquilidade. O que vem pela frente? Fiquemos com o

sociólogo Alberto Mayol, da Universidade de Santiago: “mais uma vez o futuro do país é um mistério”.

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© Fornecido por Três Editorial Ltda

Governo - Novo pacote prevê corte de 10% em todos os

incentivos fiscais

Postado por José Adriano em 1 novembro 2019 às 17:33

O pacote a ser enviado pelo governo ao Congresso Nacional na terça-feira terá como uma de suas medidas

centrais um corte linear de 10% em todos os incentivos tributários em vigor.

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A estimativa é que a mudança abra de imediato uma folga aproximada de R$ 27 bilhões no Orçamento do

próximo ano. Além disso, programas como o Simples e a desoneração da cesta básica estão na linha de tiro.

As informações foram obtidas com uma fonte do governo envolvida na formulação das propostas e antecipadas

pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.

Outras mudanças estão a caminho. A equipe econômica já trabalha em uma nova rodada de propostas, a ser

enviada em 30 dias, com foco ainda mais ambicioso: uma completa reformulação do Bolsa Família.

De acordo com o painel Renúncias Tributárias do Tribunal de Contas da União (TCU), as desonerações fiscais

aplicadas atualmente somam R$ 307 bilhões. O corte deixará de fora apenas incentivos regionais, que

contemplam principalmente Norte e Nordeste, e da Zona Franca de Manaus, estimados em R$ 30 bilhões.

Assim, restariam pelo menos R$ 270 bilhões que estariam sob avaliação. O corte de 10% extinguiria R$ 27

bilhões em desonerações de imediato.

A partir daí, será feita uma mudança na sistemática desses incentivos: os mesmos estarão todos sob avaliação

do Congresso Nacional pelos próximos quatro anos. Caberá ao Legislativo convalidar cada incentivo, por

projeto de lei complementar. Aqueles que não conseguirem se provar efetivos aos congressistas serão

definitivamente extintos.

A alteração tende a agradar ao Congresso Nacional, que será “empoderado”, pontua a fonte, para definir que

renúncias tributárias funcionam e quais devem ser descontinuadas.

O pacote do governo será dividido em partes: ao Senado, serão enviadas três propostas de Emenda à

Constituição (PEC). A principal é a PEC Mais Brasil, que vai transferir mais dinheiro federal a Estados e

municípios. Serão R$ 400 bilhões em royalties pela exploração de petróleo no período de 15 anos. E R$ 6,8

bilhões do salário-educação que hoje transitam pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

(FNDE) e irão direto para governadores e prefeitos. A mesma PEC trará desonerações, desindexações e

desvinculações, entre outros assuntos.

Outra PEC tratará do quadro de emergência fiscal na União, nos Estados e nos municípios. Uma terceira é a da

desvinculação dos fundos setoriais, que vai liberar perto de R$ 220 bilhões arrecadados ao longo do tempo e

não utilizados. Autorizará o uso desses recursos para abater a dívida pública. Estima-se que o fluxo anual dos

fundos seja da ordem de R$ 30 bilhões. Os 280 fundos terão prazo de dois anos para serem confirmados pelo

Congresso ou extintos. Estão fora dessa regra os fundos constitucionais.

O governo queria ter enviado o pacote nesta semana, mas uma divergência em relação à reforma tributária -

considerada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) como “a grande reforma” - travou as

negociações. Há duas propostas sobre o tema, uma no Senado e outra na Câmara. Chegou-se à definição de que

será formada uma comissão mista para discutir o assunto. Mas a tendência, segundo a fonte, é que prevaleça o

texto da Câmara, com alterações sugeridas pelo governo.

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Com isso, também se resolve o problema de por onde iniciar a tramitação. Saindo da comissão especial, a

reforma tributária será analisada pela Câmara e depois pelo Senado. A reforma administrativa também

começará pela Câmara. As PECs do pacto serão protocoladas pelos líderes do governo no Congresso, os

senadores Eduardo Gomes (MDB-TO) e Fernando Bezerra (MDB-PE). Por consequência, começarão pelo

Senado.

A proposta de reforma administrativa conterá um forte enxugamento da estrutura de governo. Agências de

governo e órgãos serão extintos ou fundidos para eliminar duplicidades e para dar um desenho mais lógico à

administração federal.

Além disso, a proposta trará uma nova estrutura de carreiras do funcionalismo federal, com faixas salariais

mais próximas das de mercado. A avaliação é que não faz sentido o governo pagar até 80% mais do que a

iniciativa privada.

A estabilidade funcional será alcançada após dez anos, e não três, como atualmente. Essas mudanças, porém,

só serão aplicadas aos novos funcionários.

Haverá também proposta para eliminar os dois meses de férias do Judiciário, conforme informou o Valor

ontem. O governo proporá ainda um corte de 20% nos recursos repassados ao Sistema S.

Além das PECs da área fiscal e das reformas administrativa e tributária, o governo deve encaminhar uma

proposta que mira a geração de empregos.

O foco será desonerar custo do emprego em duas faixas: para quem tem entre 18 e 27 anos e está com

dificuldades de ingressar no mercado de trabalho; e para quem já passou dos 55 anos. Ainda não está definido

o formato da proposta. O governo gostaria de encaminhar por meio de uma medida provisória (MP), para que a

mudança tivesse efeito imediato.

Fonte: Valor Econômico via http://www.clipping.abinee.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start...

O que rende e o que deixa de render com a Selic em 5%

2 de novembro de 2019

Depois da decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira, 30, opções como

a caderneta de poupança e parte dos fundos DI perderam a capacidade de repor a inflação para o investidor. As demais

aplicações de renda fixa também reduziram os prêmios.

No documento divulgado nesta quarta pelo Banco Central, a Selic ficou em 5%, novo piso histório para o indicador. Já a

projeção para o IPCA em 2019 foi alterada de 3,3% para 3,4% e, no caso de 2020, a expectativa se manteve em 3,6%.

Confira o que acontece com seus investimentos nessas novas condições:

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CDB – atenção à oferta de banco médio

Assim como as opções de renda fixa, os CDBs estão em queda livre, acompanhando a Selic. No entanto, títulos vendidos

pelos bancos de médio e pequeno portes ainda superam a inflação e ficam na dianteiras entre as opções com garantia do

FGC para aportes de até R$ 250 mil.

Poupança – retorno perde para a inflação

Queridinha, o investimento, que rendia 3,85% ao ano recuou para 3,43% – 11 pontos base abaixo da projeção para a

inflação, que é de 3,54%, quando se pondera os relatório Focus do BC para 2019 e 2020. A tendência é de piora: o mercado

espera nova redução da Selic em dezembro.

LCI e LCA – bom retorno, mas difícil de ver

Imobiliárias e do Agronegócio (LCAs) parece atraente, mas o porcentual de CDI que serve de remuneração para as letras

está atrelado ao prazo. Outro ponto: esse é um produto difícil de encontrar no mercado financeiro.

Fundo DI – 41% deles perdem para a inflação

Apesar do movimento recente de algumas empresas que reduziram as taxas dos fundos de renda fixa atrelados ao CDI,

ainda há no mercado um volume majoritário de opções que cobram taxas de administração igual ou acima de 0,50% ao

ano, perdendo para a inflação.

Tesouro direto – títulos estão em queda livre

O retorno dos três tipos de papel do Tesouro Direto (Selic, IPCA e os prefixados) estão em queda, acompanhando o

movimento de cortes da taxa Selic. Os mais indicados são os de longo prazo (mais de 12 meses), atrelados ao índice oficial

de inflação, o IPCA.

Ações – bolsa lidera as recomendações

A Selic mais baixa reduz o custo financeiro das empresas, o que anima o mercado por melhora no ambiente de negócios.

Esse é um dos porquês das ações liderarem as recomendações dos gestores. Setor, porém, tem forte oscilação e investidor

precisa de apetite ao risco.

Fundos Imobiliários – queda nos juros favorece setor

A queda da Selic impulsiona o crédito habitacional, o que faz dos fundos de imóveis uma opção atraente. No ano, o índice

com os principais fundos registra alta de 18,14%, 24,36% nos últimos 12 meses, com baixa oscilação. Mercado, contudo,

é complexo.

Fundos multimercado – porta de entrada para orisco

Em agosto, os fundos de multimercado (que misturam renda fixa a renda variável no mesmo pote) captaram, líquidos, R$

6,2 bilhões. Segundo os especialistas, o resultado é motivado por brasileiros que começam a experimentar um pouco mais

de risco.

Fonte: Estadão

01/11/2019 POSTADO EM: Economia Notícias Tributário e Fiscal

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‘O risco é fatiar a reforma tributária e criar um sistema

ainda mais complexo’

Pedro Passos, fundador da Natura, se diz preocupado com o andamento da reforma tributária – Foto: Werther

Snantana/Estadão

Após aprovar a reforma da Previdência, o governo colocou na sequência a reforma administrativa e deixou

a tributária para 2020. O empresário Pedro Passos, cofundador da Natura e conselheiro da Endeavor, organização de

estímulo a empreendedores, especialmente em países emergentes, vê com preocupação o adiamento da reforma que ele

considera a mais importante para o setor empresarial.

Ele alerta que 2020 é ano eleitoral e isso poderá criar dificuldades para que Congresso e Executivo mantenham uma

agenda comum para aprovação da reforma tributária. “O Congresso, a partir de junho, vai estar com outra agenda.”

Além disso, segundo o empresário, como esse é um tema com muitos interesses diferentes, há um risco de se fatiar

demais a reforma e se criar um sistema ainda mais complexo.

A Endeavor elaborou uma lista de 11 princípios básicos para a reforma tributária, como transparência, progressividade,

entre outros, que deveriam, na avaliação da organização, nortear qualquer modelo de reforma (veja os pontos no final da

entrevista). A seguir, os principais trechos da entrevista.

Por que a Endeavor decidiu formular uma série de princípios para nortear a reforma tributária?

Na divulgação do último “Doing Business” (relatório do Banco Mundial que mede impacto das leis e regulações e da

burocracia no funcionamento das empresas), o Brasil aparece nas piores posições possíveis no quesito pagamento de

impostos: ficou na 184.ª posição entre 190 países. Também as nossas pesquisas mostram que o fator mais crítico para o

desenvolvimento das empresas é a complexidade tributária e a insegurança jurídica que provêm dessa complexidade. Por

essa razão resolvemos estudar os princípios do que seria uma boa reforma tributária.

Por que indicar princípios e não optar por um projeto A ou projeto B de reforma?

Há dois projetos importantes no Congresso: a PEC (proposta de emenda à Constituição) 45, que está na Câmara, e a

PEC 110, que está no Senado. E um terceiro projeto do governo está por vir. Em vez de eleger um único projeto,

achamos melhor apontar princípios fundamentais para que uma boa reforma pudesse ocorrer, sempre focalizando o que

nos parece mais dolorido hoje para o empresário, que são os impostos sobre consumo e circulação (ISS, ICMS, IPI, PIS,

Cofins). Se fizermos uma reforma simplificadora, uniforme, transparente, podemos dar um salto no crescimento no PIB

de 10 pontos porcentuais em 15 anos.

Esses princípios são factíveis nos projetos que já estão o Congresso?

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A estrutura fundamental dos dois projetos é igual: simplificação, unificação de impostos, cobrança no destino em vez de

na origem, um mínimo de alíquotas. Porque hoje a confusão decorrente de um número muito grande de alíquotas gera

muito custo e muito contencioso tributário em discussão na Justiça em diversas esferas. Hoje o contencioso tributário

das empresas está em R$ 4 trilhões, o equivalente a 60% do PIB. Isso é imobilizador. É preciso fazer a reforma e seria

muito conveniente que o governo apaziguasse de alguma forma o passado e desse uma direção mais clara sobre os

temas sub judice para a frente.

Isso trava a economia?

Sim, porque o investidor se pergunta: que imposto eu vou pagar? Quanto eu coloco na minha conta? Qual é o retorno?

Isso é gravíssimo. O contencioso tributário das empresas no Brasil é centenas de vezes maior do que no restante do

mundo.

Como se resolve isso?

Possivelmente, uma força-tarefa vai ter de ser feita para equacionar a questão. Acreditamos que a fase de transição é

muito importante, porque não se consegue fazer a reforma do dia para a noite. Por outro lado, ela não pode ser muito

longa a ponto de se perder o impacto positivo. Nesse decorrer, é importante a pacificação desse contencioso tributário.

A reforma tributária, em relação à da Previdência e a trabalhista, é a mais difícil de ser feita?

Historicamente, foi uma das mais difíceis, mas sinto nesse momento uma certa predisposição das diversas esferas de

governo, no nível executivo, tanto municipal quanto estadual, em consonância com a área federal. Há muitos pontos a

serem resolvidos. Como passaremos a ter uma arrecadação única, quem vai dividir o bolo e vai gerenciar essa divisão do

bolo? Há uma discussão se deveria ficar a nível dos Estados ou se deveria ficar no nível federal. Por vezes surge a

hipótese de um IVA dual, com impostos estaduais e federais, o que gostaríamos de evitar. O risco é fatiar a reforma

tributária e chegar a um sistema com complexidade maior do que se tem hoje, e não terminar a reforma efetivamente.

O governo jogou para o ano que vem a reforma tributária e colocou a administrativa na frente. O sr. acha que é

uma sinalização dessa complexidade?

É uma preocupação muito forte, porque sabemos que o ano que vem é um ano eleitoral. Acho que essa condição de uma

agenda comum entre Congresso e Executivo precisa ser aproveitada. É uma reforma difícil, e nós temos de mobilizar

Estados, municípios, ter esses entendimentos, na verdade. E o Congresso a partir de junho e julho vai estar com

uma outra agenda.

O sr. considera a reforma tributária a mais importante para destravar a economia?

O Brasil precisa de uma agenda de reformas muito grande. Não dá para dizer qual é a mais importante. Do ponto de

vista empresarial, a tributária é a mais importante. Hoje, o sistema tributário reduz muito a produtividade do País, a

alocação de recursos é feita de forma errada, porque tem incentivos fiscais e cargas tributárias diferentes, dependendo de

como é o modelo de operação.

Qual a sua avaliação sobre a Zona Franca de Manaus?

A Zona Franca precisava ser revisitada nos propósitos e na forma como arrecada impostos com isenções. Temos

avaliação de que o subsídio é da ordem de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões por ano, cifra muito pesada para beneficiar

uma geração de empregos relativamente baixa.

OS 11 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA PROPOSTOS PELA ENDEAVOR

– Legislação clara e simples

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– Mínimo de exceções entre produtos e serviços

– Mais transparência e racionalidade em incentivos à atividade econômica

– Máxima neutralidade e mínima interferência nas empresas

– Estímulo à cooperação entre os entes da federação

– Segurança e previsibilidade para contribuinte e para o fisco

– Devolução garantida de crédito tributário

– Mais eficiência na administração tributária com menos ônus para contribuinte e Estado

– Transparência para consumidor sobre quanto paga de tributo

– Transição rápida e simplificada entre os regimes tributários

– Sistema tributário progressivo, que onere mais quem tem maior capacidade de pagar impostos

Fonte: Estadão

TRIBUTOS

Edição impressa de 30/10/2019. Alterada em 29/10 às 13h31min

Fisco mira aplicativos de internet para aumentar arrecadação Argumento é que esses trabalhadores não contribuem para sistema e tendem a cair na dependência CREATIVEART - FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC

A equipe econômica quer formalizar e cobrar impostos dos trabalhadores por conta própria que prestam serviços para empresas de aplicativo de internet, como Uber, 99, Cabify e outras plataformas que fazem conexão com os consumidores, como GetNinjas. Estão no foco motoristas, web designers e profissionais dos ramos de beleza, assistência técnica, consultoria, eventos e serviços domésticos, entre outros. Em paralelo, já se discute a reformulação do programa do Microempreendedor Individual (MEI).

Uma das preocupações da área econômica é com as contas da Previdência, pois esses trabalhadores não contribuem para o sistema e mais tarde tenderão a cair na dependência da União, seja na aposentadoria por idade ou no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Segundo um técnico a par das discussões, ainda não há um diagnóstico fechado sobre o universo e a renda desses trabalhadores, mas é sabido que muitos conseguem um bom rendimento e teriam condições de recolher tanto para a Previdência quanto para a Receita.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em agosto revelou que o número de trabalhadores por conta própria bateu a marca recorde de 24,2 milhões de pessoas de um total de 93,5 milhões de ocupados com mais de 14 anos. Uma proposta está sendo discutida no Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet), criado pelo governo com a participação de especialistas, para cobrar desses trabalhadores Imposto de Renda (IR) ou obrigá-los a aderir ao MEI.

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Os inscritos no programa recolhem 5% sobre o piso nacional (o que hoje dá R$ 49,90 ) e têm direito a cobertura previdenciária - o que inclui a proteção social de auxílio-doença, salário-maternidade etc. - e a um benefício equivalente ao mínimo na aposentadoria. No caso da cobrança de imposto, a Receita Federal acionaria as empresas de aplicativos para ter acesso à renda desses trabalhadores e, assim, enquadrá-los nas faixas de IR.

As discussões envolvem também uma reformulação no MEI, revela Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae. Hoje, essa forma de tributação é destinada a quem tem um faturamento bruto anual de até R$ 81 mil e emprega apenas um funcionário. "O governo está estudando alterar os limites do MEI - diz Quick, acrescentando que, para os trabalhadores, será mais vantajoso aderir ao programa do que ser obrigado a pagar Imposto de Renda."

A ideia é ampliar o limite de faturamento, o número de empregados para até três e aumentar a alíquota para trabalhadores com renda mais alta. Em contrapartida, o benefício previdenciário no futuro seria superior ao piso nacional. A contribuição dos inscritos no MEI já foi de 11%, mas a ex-presidente Dilma Rousseff reduziu o percentual para combater a inadimplência, o que não surtiu efeito.

Em maio, um decreto presidencial permitiu aos motoristas de aplicativos aderir ao MEI, mas não incluiu os demais trabalhadores de aplicativos. Em agosto, uma portaria do comitê gestor do Simples criou a ocupação específica de motorista de aplicativo independente e, segundo a Receita Federal, 17.680 trabalhadores foram formalizados. O MEI, criado em 2008, tem ao todo nove milhões de inscritos e arrecadou em 2018 R$ 2,3 bilhões. Esta cifra poderia até dobrar, pois o índice de inadimplência é bastante elevado, na casa de 50%.

Segundo Quick, com as novas tecnologias, há um universo enorme de trabalhadores, sobretudo no ramo de serviços, que poderiam ser alcançados. Há empresas, destaca ele, com mais de 500 mil prestadores cadastrados, como designers, manicures e trabalhadores domésticos. "As pessoas estão começando a ver que o mundo do trabalho não se resume a ter uma carteira assinada."

Contudo, a proposta divide especialistas e até técnicos do governo. "O objetivo da medida é formalizar uma atividade que já existe na realidade e não tem qualquer regulamentação. Esse é o trabalho do futuro - diz um economista que participa diretamente das negociações."

Para outros integrantes do grupo, não é trivial cobrar impostos dessas pessoas, pois há um aspecto social a ser observado. "Os aplicativos acabaram virando uma alternativa de trabalho durante a crise econômica e a alta do desemprego", aponta um integrante da equipe de Paulo Guedes.

No mundo, essa preocupação também existe. Uma lei aprovada no Senado da Califórnia no mês passado deve forçar empresas como Uber e Lyft a contratar como empregados de fato os motoristas desses aplicativos de transporte. Nos EUA, ao considerar o motorista como empregado, ele passa a ter direito a um salário mínimo e a pagamento de horas extras, além de outros benefícios.

No Brasil, recentemente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que um caso envolvendo um motorista de aplicativo e a empresa dona do serviço seja julgado pela Justiça comum em vez da trabalhista. A Segunda Seção do Tribunal considerou que não há relação empregatícia entre os dois, entendimento que deve prevalecer em outros casos similares.

A informalidade é um dos principais desafios ao sistema previdenciário atual, que é financiado pelas contribuições dos segurados. O País tem hoje 11,8 milhões de trabalhadores sem carteira assinada, de acordo com o IBGE. Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva no início deste ano, estima que 5,5 milhões de brasileiros utilizam ou já utilizaram aplicativos de transporte para trabalhar.

Apesar disso, apenas 17.680 desses motoristas contribuem como microempreendedores individuais (MEIs), possibilidade criada em maio deste ano pelo Ministério da Economia para estimular a formalização entre esses trabalhadores.

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Para o economista e professor da FGV Mauro Rochlin, a Previdência Social pode ser onerada por esse grupo, caso os motoristas continuem sem recolher para o sistema durante os próximos anos. Isso porque, ainda que não contribuam, eles podem passar a receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), no valor de um salário mínimo, quando atingirem 65 anos, caso tenham renda familiar abaixo de um quarto do salário mínimo.

"Cinco milhões de pessoas é um número bastante significativo. Se de fato essas pessoas não contribuem porque não têm vínculo empregatício, nem recolhem como autônomas, poderiam onerar a Previdência. Pelo menos nos próximos dois anos, o crescimento do mercado informal tende a ser maior que o formal, o que influencia na arrecadação do sistema", afirma.

O problema, porém, não será contornado pela criação de uma nova legislação, segundo o professor de Direito Previdenciário do Ibmec RJ e da Uerj, Fábio Zambitte. Isso porque a lei já determina que pessoas que exercem atividade remunerada devem contribuir para a Previdência como autônomos.

"Os motoristas de aplicativo já são segurados obrigatórios da Previdência. Se não recolhem, são considerados devedores. A questão é que no caso dos profissionais que recebem remunerações menores, é mais difícil ter esse controle, que normalmente é feito com a ajuda da Receita Federal. Se a pessoa declara uma renda, mas não contribui para a Previdência, é feito um auto de infração, e ela é obrigada a pagar as contribuições devidas com juros e multa. Mas se o profissional não declara a renda que recebe, o controle é dificultado", explica Zambitte.

Em maio o governo publicou um decreto permitindo que motoristas de aplicativos se inscrevam junto à Previdência na categoria Contribuinte Individual, podendo optar por MEI. O decreto prevê que a responsabilidade pela inscrição é do próprio motorista e que a fiscalização cabe aos municípios. Ele poderá optar pelas alíquotas de 20% (para benefício acima do salário mínimo), 11% ou 5%, no caso do MEI.

Além da aposentadoria, os segurados passam a ter direito a benefícios como auxílio-doença, salário-maternidade e aposentadoria por incapacidade. "Não existe nenhum seguro com cobertura tão ampla quanto o INSS no mercado", aponta Zambitte.

Reforma tributária: entenda a PEC 45, em tramitação

no Congresso

29 de outubro de 2019

O ponto central do projeto é a substituição de cinco tributos por um único imposto.

Depois da aprovação da reforma da Previdência no Congresso, o governo se volta agora a outras reformas na pauta

econômica. Uma delas é a reforma tributária. Há, atualmente, cinco diferentes propostas de reforma tributária em

tramitação no Congresso. A mais avançada delas, a Proposta de Emenda à Constituição 45, foi redigida por Bernard Appy,

Diretor do Centro de Cidadania Fiscal, e é defendida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

O ponto central do projeto é a substituição de cinco tributos por um único imposto, que seria chamado de imposto sobre

bens e serviços (IBS). O modelo é inspirado em sistemas utilizados em outros países, que reúnem em um único imposto

sobre valor adicionado (IVA) toda a tributação sobre o consumo, com uma alíquota uniforme.

Segundo os autores da proposta, os impostos que atualmente incidem sobre o consumo no Brasil são “complexos,

descoordenados, cumulativos, repletos de obrigações acessórias e geradores de enorme contencioso”. A simplificação do

sistema tributário é uma demanda antiga do setor produtivo brasileiro.

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Segundo o relatório Doing Business 2019, do Banco Mundial, as empresas brasileiras gastam, em média, 1.958 horas por

ano apenas para cumprir todas as regras tributárias. A burocracia tributária é um dos principais fatores que leva o Brasil a

ficar na 109ª posição no ranking que mede a facilidade de fazer negócios no mundo – outros itens são a burucracia para

abrir uma empresa e a dificuldade de registro de propriedade.

Se o projeto for aprovado, serão extintos: imposto sobre produtos industrializados (IPI); imposto sobre operações relativas

à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação

(ICMS); imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS); contribuição para o financiamento da seguridade social

(Cofins); e a contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).

O IBS seria de competência de municípios, estados e União – três dos cinco tributos que seriam extintos são federais (IPI,

PIS e Cofins), um é estadual (ICMS) e o outro, municipal (ISS). Outro ponto importante da reforma proposta é que o IBS

seria unificado – hoje, há uma grande variedade de alíquotas a depender do produto ou serviço.

O imposto único também responde às críticas frequentes aos benefícios e isenções fiscais, que levam à chamada guerra

fiscal entre os estados brasileiros. Ele teria uma alíquota uniforme e seria cobrado no local onde o bem ou serviço é

consumido. Hoje, o ICMS é cobrado no estado de origem do bem. Como as alíquotas variam de acordo com o estado, as

empresas tendem a migrar para os locais onde o imposto é menor.

Transição

A proposta prevê um período de transição para que as empresas e os governos possam se adaptar ao novo regime. Esta

seria feita em duas etapas. Uma, de dez anos, para as empresas, e outra, de 50 anos, para a distribuição dos recursos entre

União, estados e municípios.

Para as empresas, nos dois primeiros anos, o IBS seria uma alíquota de 1%, enquanto a Cofins seria reduzida em 1%. Nos

anos seguintes, as alíquotas dos cinco impostos existentes hoje seriam reduzidas gradualmente, sendo substituídas pelo

IBS.

Já a transição para os entes federativos teria uma duração de 50 anos. Por 20 anos, os estados e municípios receberiam o

equivalente à arrecadação atual do ICSM e ISS, enquanto a União receberia o mesmo que recebe hoje na arrecadação com

IPI, Pis e Cofins. Passados esses 20 anos iniciais, por 30 anos, a parcela recebida referente aos impostos existentes hoje

seria reduzida gradualmente, à medida que aumentaria a parcela que caberia ao ente referente ao IVA.

Fonte: ÉPOCA

Taxa sobre energia solar gerada em casa poderá

eliminar 60% dos empregos no setor

Por Redação, 13:22 / 29 de Outubro de 2019 Atualizado às 13:57

Segundo estimativa do Sindienergia e da Fiec, atualmente, 1,65 mil profissionais atual no

segmento de geração distribuída. No País são mais de 60 mil

Ao todo, 990 vagas no Ceará, e 36 mil no Brasil, serão encerradas, de acordo com a previsão Foto: Arquivo

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A nova taxa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aplicada sobre a geração distribuída no Brasil deverá

ter um impacto direto no mercado de trabalho. Segundo estimativa do Sindicato das Indústrias de Energia e Serviços

do Setor elétrico do Ceará (Sindienergia) e da Federação das Indústria do Estado do Ceará (Fiec), a medida deverá

fechar cerca de 60% dos postos de trabalho diretos do setor em todo o País.

No Ceará, pouco mais de 1,65 mil pessoas estão empregadas por empresas que atuam no setor de geração de energia

solar no Estado. No Brasil, a estimativa é de que o segmento gere mais de 60 mil postos de trabalho. Ao todo, 990 vagas

no Ceará, e 36 mil no Brasil, serão encerradas, de acordo com a previsão.

Com a nova cobrança sobre o excedente de energia gerada e devolvida à rede de transmissão geral, as entidades

projetam que as empresas do setor parem de investir, uma vez que a procura por equipamentos de geração

distribuída seria reduzida.

A diminuição do potencial de retorno de investimentos após a aplicação da nova cobrança pode fazer com menos

pessoas se sintam confortáveis em gerar a própria energia, reduzindo a demanda pelos serviços relacionados ao setor.

"O setor de energia é responsável por gerar mais 60 mil empregos no Brasil, mas agora a expectativa é reduzir esse

número em 60%. Além disso, ainda temos o aumento dos impactos ambientais, que poderiam ser amenizados pelo

incentivo à energias limpas. E o pior é que ainda não estamos contando os empregos indiretos", disse Benildo Aguiar,

presidente do Sindienergia.

Para Aguiar, as distribuidoras de energia serão as mais beneficiadas pela decisão da Aneel, que deverá começar a valer

no começo no próximo ano. "Quais os interesses dessa nova taxa? Não resta dúvida de que é a distribuidora a mais

beneficiada, que volta a ser a monopolizadora do mercado de energia", disse.

Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/negocios/online/taxa-sobre-energia-solar-gerada-em-casa-

podera-eliminar-60-dos-empregos-no-setor-1.2167837

01/11/2019 POSTADO EM: Economia

Calculadora mostra quanto brasileiro paga de imposto

em relação a sua renda

A Oxfam Brasil, entidade que trabalha na busca de soluções para o problema da pobreza, desigualdade e injustiça,

lançou hoje (31) um site que é uma calculadora tributária para mostrar o valor social do imposto que os brasileiros

pagam. Segundo a entidade, a ferramenta online mostra como o sistema brasileiro de cobrança de impostos é injusto e

pesa sobre os mais pobres.

O site O Valor do Seu Imposto permite aos usuários saberem quanto pagam de impostos de acordo com a sua renda

mensal, incluindo tudo que recebem mensalmente, seja salário, aluguel, aplicações e outras fontes. Após inserir o dado,

o usuário verá como ajuda anualmente a financiar – direta ou indiretamente – estudantes da educação fundamental,

pessoas atendidas na saúde pública, metros quadrados de vias públicas, quilos de lixo coletados ou pontos de iluminação

pública.

O site também apresenta cinco propostas tributárias para reduzir as desigualdades no país como contribuição ao debate

sobre a reforma tributária, em andamento no Congresso Nacional. As propostas são: simplificação e redução da

tributação sobre o consumo; equidade no imposto de renda da pessoa física com o fim da isenção de lucros e dividendos

e maior distribuição das faixas de renda e alíquotas para tributação; equidade no imposto de renda da pessoa jurídica,

para evitar que grandes empresas terminem pagando menos impostos que as pequenas e médias em razão do uso de

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diferentes regimes fiscais; aplicação do ITR – o IPTU rural – nas suas funções social e de preservação ambiental, além

da sua capacidade arrecadatória de grandes propriedades; e adoção do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) sobre o

0.1% de pessoas com maior riqueza acumulada no país.

“Essa é uma discussão muito importante para o Brasil, mas deve partir dos pontos fundamentais que estão gerando

desigualdades”, afirma a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia. “Por isso estamos com essas cinco propostas

tributárias, pois acreditamos que elas podem efetivamente reduzir desigualdades, tornando nosso sistema tributário mais

justo e solidário.”

Base inédita de dados

A ferramenta lançada pela Oxfam Brasil foi montada sob uma base inédita elaborada a partir da junção de diferentes

pesquisas e dados públicos. Foram usadas bases da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e da Pesquisa

de Orçamento Família (POF), ambas do IBGE, e os grandes números das declarações de Imposto de Renda de Pessoas

Físicas (DIRPF), da Receita Federal.

Outra informação disponibilizada pela ferramenta é a comparação da contribuição de impostos entre diversas faixas de

renda, para evidenciar como no Brasil as pessoas que estão entre os 2% com menor renda (pouco mais de R$ 800)

contribuem proporcionalmente mais do que as pessoas que estão entre os 0,2% com renda mais alta no país (mais de R$

375 mil).

Enquanto o primeiro grupo paga, em média, 25% de sua renda para impostos, os mais ricos contribuem com apenas 7%

de sua renda. A média de contribuição com impostos no Brasil é de 19% da renda.

Fonte: Época Negócios

O PIS/Pasep vai mudar com a reforma da Previdência?

Entenda

31 de outubro de 2019

O abono salarial PIS/Pasep é um dos direitos que está em pauta com a reforma da Previdência prevista pelo Governo.

Saiba como o benefício pode mudar com as alterações e se você será afetado.

A resposta é sim. A reforma da Previdência propunha uma mudança nas regras para que o trabalhador tenha direito ao

abono salarial do PIS/Pasep. Pela regra atual, quem ganha até dois salários mínimos por mês (o equivalente a R$ 1.996

em 2019), pode sacar o benefício.

A proposta original, contudo, defendia reduzir esse limite para um salário mínimo. O relator da reforma na Câmara sugeriu

restringir a quem tem uma renda mensal de até R$ 1.364,43.

Durante a votação, os senadores derrubaram essa proposta de mudança. Com isso, continua valendo a regra atual.

Regras ainda podem mudar

Apesar disso, as regras ainda podem mudar. É que a votação da reforma continuará no Plenário do Senado. Os

parlamentares vão analisar ainda outros seis destaques.

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Ademais, para ser efetivada, a reforma precisa ter a aprovação em segundo turno com o voto de pelo menos 49 dos 81

senadores.

Nesse ínterim, pode ser que alguns deles mudem novamente a regra relativa ao abono salarial do PIS/Pasep.

O que é o abono do PIS/Pasep?

O abono salarial é uma espécie de décimo quarto salário, que é pago ao trabalhador anualmente.

Equivale ao valor máximo de um salário mínimo e pode ser sacado conforme o calendário anual determina. Geralmente,

varia conforme o mês de nascimento do trabalhador.

O Pasep é a sigla para Programa de Formação do Patrimônio do Servidor, também criado em 1970. Tem o mesmo objetivo

do PIS: integrar o empregado e a empresa em que ele trabalha.

É o número de inscrição social que servidores públicos civis e militares possuem e que dá direito a benefícios como Seguro

Desemprego, Abono Salarial, Fundo de Garantia etc.

O número do PIS pode ser encontrado na Carteira de Trabalho, no comprovante de inscrição ou no Cartão do Cidadão.

Quem tem direito a sacar o abono salarial do PIS/Pasep?

O trabalhador que recebeu, em média, até dois salários mínimos por mês, e trabalhou de carteira assinada por, pelo menos,

30 dias em 2018.

Além disso, é necessário que a pessoa esteja inscrita no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos.

Entretanto para verificar se pode fazer o saque, trabalhadores da iniciativa privada podem consultar o site da Caixa. Já

para quem é funcionário público, a consulta é pelo site do Banco do Brasil.

Valor do abono salarial que o trabalhador pode receber esse ano

Com base na tabela, portanto, o valor máximo pago é de até um salário mínimo e varia de acordo com o tempo que a

pessoa esteve empregada.

Se ela trabalhou o ano todo, recebe um salário mínimo. Se trabalhou só um mês, por exemplo, ganha 1/12 do mínimo (o

que significa R$ 84,00, arredondando).

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Caso haja dúvidas, é possível fazer a consulta das seguintes maneiras:

PIS (trabalhador de empresa privada):

Pelo Aplicativo Caixa Trabalhador;

ou ainda, pelo site da caixa (www.caixa.gov.br/PIS), em seguida clique em “Consultar pagamento”.

Também é possível pelo telefone de atendimento da Caixa: 0800 726 0207

Pasep (servidor público):

Através dos telefones da central de atendimento do Banco do Brasil: 4004-0001 (capitais e regiões metropolitanas) ou

ainda pelo 0800 729 0001 (demais cidades) e 0800 729 0088 (deficientes auditivos).

Fonte: DPN Finanças & Cidadania

Calculadora mostra quanto brasileiro paga de imposto

em relação a sua renda

Segundo a entidade, a ferramenta online mostra como o sistema brasileiro de cobrança de impostos é injusto e pesa

sobre os mais pobres

31/10/2019 - 16h15 - Atualizada às 19h55 - POR AGÊNCIA BRASIL

A Oxfam Brasil, entidade que trabalha na busca de soluções para o problema da pobreza, desigualdade e injustiça,

lançou hoje (31) um site que é uma calculadora tributária para mostrar o valor social do imposto que os brasileiros

pagam. Segundo a entidade, a ferramenta online mostra como o sistema brasileiro de cobrança de impostos é injusto e

pesa sobre os mais pobres.

O site O Valor do Seu Imposto permite aos usuários saberem quanto pagam de impostos de acordo com a sua renda

mensal, incluindo tudo que recebem mensalmente, seja salário, aluguel, aplicações e outras fontes. Após inserir o dado,

o usuário verá como ajuda anualmente a financiar – direta ou indiretamente – estudantes da educação fundamental,

pessoas atendidas na saúde pública, metros quadrados de vias públicas, quilos de lixo coletados ou pontos de iluminação

pública.

O site também apresenta cinco propostas tributárias para reduzir as desigualdades no país como contribuição ao debate

sobre a reforma tributária, em andamento no Congresso Nacional. As propostas são: simplificação e redução da

tributação sobre o consumo; equidade no imposto de renda da pessoa física com o fim da isenção de lucros e dividendos

e maior distribuição das faixas de renda e alíquotas para tributação; equidade no imposto de renda da pessoa jurídica,

para evitar que grandes empresas terminem pagando menos impostos que as pequenas e médias em razão do uso de

diferentes regimes fiscais; aplicação do ITR – o IPTU rural – nas suas funções social e de preservação ambiental, além

da sua capacidade arrecadatória de grandes propriedades; e adoção do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) sobre o

0.1% de pessoas com maior riqueza acumulada no país.

“Essa é uma discussão muito importante para o Brasil, mas deve partir dos pontos fundamentais que estão gerando

desigualdades”, afirma a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia. “Por isso estamos com essas cinco propostas

tributárias, pois acreditamos que elas podem efetivamente reduzir desigualdades, tornando nosso sistema tributário mais

justo e solidário.”

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Base inédita de dados

A ferramenta lançada pela Oxfam Brasil foi montada sob uma base inédita elaborada a partir da junção de diferentes

pesquisas e dados públicos. Foram usadas bases da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e da Pesquisa

de Orçamento Família (POF), ambas do IBGE, e os grandes números das declarações de Imposto de Renda de Pessoas

Físicas (DIRPF), da Receita Federal.

Outra informação disponibilizada pela ferramenta é a comparação da contribuição de impostos entre diversas faixas de

renda, para evidenciar como no Brasil as pessoas que estão entre os 2% com menor renda (pouco mais de R$ 800)

contribuem proporcionalmente mais do que as pessoas que estão entre os 0,2% com renda mais alta no país (mais de R$

375 mil).

Enquanto o primeiro grupo paga, em média, 25% de sua renda para impostos, os mais ricos contribuem com apenas 7%

de sua renda. A média de contribuição com impostos no Brasil é de 19% da renda.

Lei Kandir: relator afirma que setor agropecuário

permanecerá com isenção de ICMS

Presidente da FPA, Alceu Moreira (MDB-RS), diz que o setor não pode mais arcar com nenhum tributo

29 de outubro de 2019 09:53 [email protected]

Foto: Assessoria

O relator da PEC 42/2019, senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), afirmou, nesta terça-feira (29), durante reunião

da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que irá apresentar uma emenda substitutiva em que retira os produtos

primários e semielaborados do setor agropecuário da revogação da Lei Kandir. Desde 1996, a medida desonera de

Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) esses produtos e a proposta, em tramitação na Comissão de

Constituição e Justiça do Senado, previa o retorno da tributação.

“Tem sido o agronegócio, ao longo desses últimos anos, o viés com o qual a economia brasileira tem se salvaguardado,

do ponto de vista dos números de sua balança comercial, e também dos efeitos a todos aqueles que produzem. Onerar

esse setor seria um retrocesso”, declarou Veneziano, afirmando que o autor da PEC, senador Antonio Anastasia (PSDB-

MG), também está comprometido com a retirada.

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Para o presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), a notícia é importante e era a esperada pelo colegiado.

Ele destacou que o setor não pode mais arcar com nenhum tributo. “Não permitiremos, em hipótese alguma, nenhum

centavo de acréscimo na tributação do agro brasileiro, de qualquer natureza”.

De acordo com Moreira, taxar as exportações traria consequência gravíssima, como aconteceu com a Argentina. “As

retenções argentinas causaram prejuízo gigantesco. Agora tiraram o tributo do trigo e da soja e voltaram para a disputa

de mercado em grande velocidade. O que estamos fazendo aqui é protegendo a saúde da economia brasileira”, afirmou.

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) estima que o fim da Lei Kandir causaria um impacto negativo de R$

47,8 bilhões em faturamento para o agronegócio brasileiro e, consecutivamente, para a receita de estados e municípios.

O estudo da OCB mostra ainda a evolução de algumas culturas comparando a atualidade com os anos que receberam a

Lei Kandir. As exportações de soja, por exemplo, cresceram 654%, enquanto as de milho subiram 3.7678%. A

agropecuária responde hoje por 48% das exportações brasileiras.

Audiência pública

A FPA, juntamente com a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da

Câmara dos Deputados, vai realizar audiência pública no próximo dia 6 de novembro para discutir os impactos da

revogação da Lei Kandir para o setor agropecuário brasileiro. Segundo o deputado Neri Geller (PP-MT), autor do

requerimento, a PEC 42/19 trouxe preocupação para o setor, por isso a realização do debate. “Quando nós crescemos as

exportações, estamos gerando emprego e renda e dando oportunidade de vida para as pessoas”, disse.

Para ele, o assunto precisa ser discutido para se chegar a uma solução final, seguindo a resolução do Supremo Tribunal

Federal (STF), que determinou a regulamentação da compensação aos estados e municípios. “Porque vários estados

cresceram muito por conta da desoneração. A PEC é um retrocesso. Quando você produz menos, você emprega menos,

gera menos consumo de óleo diesel, de máquina, entre outros. Até a indústria acaba sendo prejudicada”, disse.

ISS: Kalil explica reunião com o Cruzeiro e diz que Galo

e Coelho já foram notificados pelo MP

Henrique André - @ohenriqueandre

31/10/2019 - 11h52 - Atualizado 16h34 - Hoje em Dia /

A ida de Zezé Perrela, gestor de futebol do Cruzeiro, e Wágner Pires de Sá, presidente do clube, ao gabinete do prefeito

Alexandre Kalil (PHS), na última terça-feira (29), foi um dos assuntos comentados pelo dono da cadeira mais importante

da capital mineira durante visita à sede do Jornal Hoje em Dia, nesta quinta (31).

De acordo com Kalil, o desejo do clube celeste de não mais ser obrigado a pagar o ISS (Imposto Sobre Serviços) sobre

as rendas dos jogos, apesar de ser uma solitação antiga, a qual ele mesmo encabeçou com o dirigente da Raposa, não é

tão simples de ser atendido. De acordo com o prefeito, Atlético e América deveriam se juntar ao Cruzeiro,

principalmente por já terem sido notificados pelo Ministério Público.

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"Era uma briga minha antiga. O Cruzeiro está liderando isso através do Zezé (Perrela), e eu falei com ele: olha, traga o

Atlético e o América para a mesa e vamos conversar dentro da lei. Não temos interesse de insentar ninguém de nada

porque a prefeitura não pode abrir mão de receita. Mas é uma receita pequena para prefeitura e muito significativa para

os clubes", comenta o prefeito.

"Se o Atlético e o América trouxerem proposta viável, a forma de projeto de lei, vamos estudar. Detalhe: América e

Atlético já foram notificados pelo MP, o Cruzeiro ainda não. O Cruzeiro pulou na frente, mas já foram (Galo e Coelho)

notificados", acrescenta.

Em entrevista a Rádio Itatiaia, concedida na última terça, Perrela explicou o motivo da visita e falou sobre a tentativa

deste "acordo tributário".

"Essa luta de não se cobrar o ISS sobre a renda dos jogos é uma solicitação antiga, inclusiva uma briga antiga minha e

do Kalil, enquanto ele era presidente do Atlético e eu era do Cruzeiro, porque Belo Horizonte é uma das poucas capitais

do Brasil que cobram esse tipo de imposto. E isso não significa nada para a prefeitura e será uma grande ajuda aos

clubes. Obviamente, ele vai estudar juridicamente o assunto para ver se tem como resolver", disse Perrela.

"Qualquer pretensão nossa que estiver fora da legalidade, não tem como fazer. Vamos conversar. Conversamos com o

prefeito, vamos encaminhar uma reunião com o FUAD e convocar, também, o Atlético e o América para que se unam

conosco nessa bandeira. O que se puder fazer, ainda que tenha que aproveitar uma Lei, o prefeito se colocou à

disposição para nos ajudar. (...) Hoje em dia, se cobra ISS até sobre o sócio do clube, que usa a piscina, e sobre o sócio

torcedor", finalizou.

O prefeito concedeu entrevista ao editor de Horizontes, Renato Fonseca, e ao repórter Paulo Henrique Lobato. Assista:

https://www.hojeemdia.com.br/esportes/iss-kalil-explica-reuni%C3%A3o-com-o-cruzeiro-e-diz-que-galo-e-coelho-

j%C3%A1-foram-notificados-pelo-mp-1.753598

Francesa de 90 anos tinha obra-prima de R$ 100

milhões na cozinha – e nunca soube

A. J. Oliveira

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© Domínio Público/Wikimedia Commons

De vez em quando brotam no mundo da arte histórias que transcendem os círculos restritos das pessoas que

normalmente acompanham esse universo, como eruditos e especialistas. A mais recente delas acaba de vir à tona: um

pequeno painel de 25 cm encontrado na casa de uma senhora francesa foi leiloado neste domingo (27) por mais de 24

milhões de euros — o equivalente a mais de R$ 100 milhões. Por pouco não foi jogado fora.

Tamanho valor se deve à atribuição da obra a um dos mais importantes e celebrados mestres precursores da pintura

renascentista italiana: Cenni di Pepo, mais conhecido como Cimabue. Nascido em Florença por volta de 1240, o pintor

foi o primeiro a usar, entre 1272 e 1302, inovações estéticas revolucionárias que seriam aprofundadas nos séculos

seguintes. Mas a antiga dona do quadro não sabia de nada disso.

O painel esteve pendurado na parede que divide a cozinha e a sala de estar da casa de uma idosa de 90 anos que mora

em Compiègne, cidade a cerca de 80 quilômetros de Paris. Quem o descobriu foi Philomène Wolf, da casa de leilões

Actéon. Chamada às pressas para avaliar os itens, ela quase deixou passar o trabalho. “Tive uma semana para dar uma

opinião de especialista sobre o conteúdo da casa e esvaziá-la”, disse ao jornal Le Parisien.

“Eu precisei abrir uma janela na minha agenda. Se não tivesse feito isso, tudo teria sido mandado para o lixo”, conta

Wolf. Ela consultou o especialista parisiense em história da arte Eric Turquin, o mesmo que em junho identificou um

quadro perdido de Caravaggio. Mesmo diante da importância da obra, Turquin diz ter ficado surpreso com o valor final

do leilão, que a princípio era estimado para render algo em torno de 4 a 6 milhões de euros.

Ao New York Times, o historiador relatou ter ficado satisfeito quando os lances atingiram 10 milhões de euros, e

“tremendamente feliz” quando eles bateram 15 milhões. “O preço foi maior do que eu poderia ter sonhado, e havia uma

galeria de arte contemporânea participando do leilão, o que foi algo novo para nós”, afirma Turquin. Ao menos seis

participantes estavam na disputa acirrada pelo “novo” Cimabue — quem o levou para casa foi Fabrizio Moretti.

O vendedor de arte de Londres explicou ter comprado em nome de dois colecionadores. “É uma das descobertas sobre

os velhos mestres mais importantes dos últimos 15 anos. Cimabue é o começo de tudo. Ele começou a arte moderna.

Quando segurei o quadro nas minhas mãos, eu quase chorei”, disse. Segundo a avaliação dos pesquisadores, o painel

tem dois “gêmeos”. Todos faziam parte de um altar do final do século 13.

Essa obra de Cimabue foi batizada de “A Zombaria com Jesus”, e fazia parte do mesmo díptico (duas tábuas de madeira

emendadas por dobradiças) com outros dois pedaços da mesma pintura: “A Flagelação de Cristo”, que está em Nova

York, e “A Virgem e a Criança com Dois Anjos”, em Londres. Os especialistas descobriram a relação graças a

fragmentos da moldura, do estilo e da técnica, além de pequenos túneis em comuns feitos por vermes.

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Cimabue é valorizado por ter rompido com a arte bizantina, rígida e solene, e adotado um estilo de pintar que prezava

pelo naturalismo e tinha mais perspectiva. Foi daí que começou a reinvenção da pintura ocidental pelos artistas italianos.

Ninguém, nem a senhora francesa, faz ideia de como o pequeno tesouro parou nas mãos da família, há gerações. Mas

existe a suspeita de que devem haver mais pedaços do mesmo díptico perdidos por aí.

Em 5 pontos, os fatos e as lacunas do caso Marielle

© ARQUIVO PESSOAL/CÂMARA MUNICIPAL DO RJ À esquerda, o

motorista de Marielle, Anderson, que também foi atingido; à direita, Marielle discursa na Câmara

Com uma série de reveses, a investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL-RJ) e do

motorista dela, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018, se arrasta há um ano e meio. Duas pessoas foram

acusadas de terem executado o crime, mas ainda não se sabe o motivo e, ainda que haja suspeitas, não está claro quem

seriam os mandantes.

As informações mais recentes da investigação revelam tentativas de impedir que ela avance. Em setembro, a ex-

procuradora-geral da República Raquel Dodge denunciou o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do

Rio de Janeiro (TCE/RJ) Domingos Brazão e outras quatro pessoas por tentarem interferir no processo investigativo. As

autoridades suspeitam que ele seja o "autor intelectual" dos assassinatos.

Em outubro, a Polícia Civil do Rio prendeu três pessoas suspeitas de esconder as armas usadas pelos assassinos; entre

elas, pode estar a submetralhadora HK MP5, usada no crime. A arma utilizada para executar Marielle e Anderson até

hoje não foi encontrada pelos investigadores. As defesas dos acusados não foram encontradas pela reportagem, mas

sabe-se que os advogados que os representam disseram no passado à imprensa que seus clientes negam envolvimento no

crime.

A última reviravolta ocorreu nesta terça-feira (29). Em depoimento revelado pela TV Globo, um porteiro do condomínio

onde mora o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou à Polícia Civil do Rio de Janeiro que um dos homens

apontados como autores do assassinato foi ao conjunto de casas no dia do crime. Ali, afirmou que iria à casa do

presidente, e alguém na residência de Bolsonaro autorizou sua entrada pelo interfone, segundo a testemunha. De acordo

com a reportagem, o porteiro teria dito que foi uma voz de homem e que teria reconhecido a voz do "Seu Jair".

O advogado do presidente da República, Frederick Wassef, disse que é impossível Bolsonaro ter falado ao interfone — o

então deputado federal estaria em Brasília no dia da morte de Marielle, conforme registro de votações da Câmara dos

Deputados e vídeos postados por Bolsonaro nas redes sociais.

A BBC News Brasil preparou uma linha do tempo que mostra os principais fatos, tropeços, incógnitas e desdobramentos

da investigação.

Marielle e Anderson são assassinados

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Marielle voltava para casa, no dia 14 de março de 2018, após um evento com jovens negras organizado pelo seu partido.

No carro estavam o motorista, Anderson Gomes, e a assessora de Marielle.

Os investigadores dizem que os assassinos sabiam onde Marielle estaria e tinham informações sobre o carro que a

levava.

A polícia reconstituiu, por meio de imagens de câmeras de rua, a viagem de cerca de uma hora feita pelo carro dos

suspeitos, da Barra da Tijuca até o endereço onde estava Marielle.

Ao chegarem ao endereço, os suspeitos esperaram por duas horas, até que Marielle deixou o local.

Os assassinos, a bordo de um Cobalt, seguiram o carro em que estava a vereadora e a alguns quilômetros dali, no Largo

do Estácio, região central, emparelharam o seu veículo ao que levava Marielle e efetuaram os disparos, que atingiram

Marielle e Anderson.

A origem do Cobalt prata usado pelos acusados ainda é um mistério. A placa do carro tinha sido clonada, e o veículo

registrado sob a numeração original foi encontrado na Zona Sul do Rio, estacionado na garagem de uma cuidadora de

idosos.

De acordo com o MP-RJ, a investigação mostrou que o Cobalt já circulava pelo Rio de Janeiro desde 2016.

Imagens de câmera de segurança mostraram que o carro estava na Barra da Tijuca horas antes do crime. Sua

identificação foi possível por características do veículo, como um "defeito traseiro inconfundível".

Mas ainda não se sabe de onde o Cobalt veio nem o percurso que realizou após o assassinato.

1. Fragilidades da investigação são expostas

Nos dias seguintes ao crime, autoridades deram declarações desencontradas sobre o caso, surgiram sinais de

precariedade na investigação e de envolvimento de agentes de segurança em tentativa de obstruí-la.

A polícia identificou que uma submetralhadora HK MP5, de origem alemã e calibre 9mm, foi empregada no crime.

Trata-se de uma arma de uso restrito no Brasil, utilizadas por forças especiais.

Cinco unidades de submetralhadoras deste modelo teriam desaparecido do arsenal da Polícia Civil, algo que foi

identificado em um recadastramento feito em 2011.

Por sua vez, as balas usadas eram do lote UZZ18, vendido à Polícia Federal em 2006 e ligado a outros crimes. Raul

Jungmann, então ministro de Segurança Pública, disse logo após o assassinato de Marielle e Anderson que a munição foi

roubada "anos atrás" na sede dos Correios na Paraíba. Os Correios afirmaram não ter registro disso.

As investigações não revelaram até o momento quem estaria por trás destes desvios de munição e armas.

A pedido da PGR, a Polícia Federal instaurou, em novembro de 2018, uma "investigação da investigação" do caso

Marielle. Havia a suspeita de que agentes do Estado estariam atuando para obstruir a elucidação do crime.

Segundo disse à época o então ministro da Segurança Pública, essa segunda apuração foi criada após depoimentos ao

Ministério Público Federal darem conta de que havia "uma organização criminosa envolvendo agentes públicos de

diversos órgãos, organização criminosa e a contravenção para impedir, para obstruir, para desviar a elucidação dos

homicídios de Marielle e do Anderson Gomes".

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Jungmann já havia afirmado em agosto que o envolvimento de agentes do Estado e de políticos no crime dificultava seu

esclarecimento.

Em maio, uma reportagem da TV Record apontou que o carro em que estavam Marielle e Anderson havia sido deixado

no pátio da delegacia sem cuidados especiais para a preservação de provas e que os corpos das vítimas não passaram por

raio-x porque o Estado estaria sem equipamento.

Ainda em março, o site G1 mostrou que cinco das onze câmeras que ficam no trajeto percorrido pelos assassinos de

Marielle e Anderson estavam apagadas naquela noite. Elas teriam sido desligadas entre 24 a 48 horas antes do crime.

Apesar de ter sido um dos principais desdobramentos do início da investigação, a Polícia Civil descarta agora que este

fato tenha relação com o homicídio.

O delegado Giniton Lages, então responsável pelo caso, afirmou não haver qualquer prova que indique que agentes

públicos teriam desligado os aparelhos propositalmente, para proteger os criminosos.

Em abril, a repórter Vera Araújo, do jornal O Globo, encontrou duas testemunhas do crime que não haviam sido ouvidas

pela polícia.

Alguns meses depois, em agosto, o Ministério Público trocou a equipe que investiga o caso e incluiu um grupo

especializado em milícias.

2. Acusados de apertar o gatilho são presos

Em março de 2019, um ano após as mortes, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado

anunciaram a prisão de dois acusados.

O policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46, foram

denunciados pelos crimes de homicídio qualificado de Marielle e Anderson e por tentativa de homicídio de Fernanda

Chaves, assessora de Marielle, que sobreviveu ao ataque.

Segundo os investigadores, Lessa efetuou os disparos contra Marielle e Anderson, enquanto Queiroz dirigiu o Cobalt

usado durante o ataque.

O Ministério Público denunciou os acusados afirmando que teriam agido por "motivo torpe". O órgão afirma que Lessa

a teria matado porque tinha "repulsa" contra sua atuação em defesa de minorias, como disse em entrevista coletiva na

tarde desta terça-feira a promotora Simone Sibilio, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime

Organizado (Gaeco).

Já a Polícia Civil diz que não sabe qual foi a motivação para o crime, mas também afirma que Lessa demonstrava ter

"ódio" e "obsessão" por personalidades que militam em causas associadas à esquerda, como era o caso de Marielle.

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© POLÍCIA CIVIL DO RJ Os ex-PMs Ronnie Lessa (à esq.) e Élcio

Vieira de Queiroz foram denunciados como executores do crime contra Marielle e Anderson

Em entrevista coletiva, Giniton Lages, chefe da Delegacia de Homicídios da Capital, que era naquele momento

responsável pela investigação, disse que os autores dos assassinatos cometeram "um crime perfeito", o que fez os

investigadores concentrarem sua atenção em pessoas que teriam a capacidade técnica de cometê-lo.

"Esses crimes foram planejados e executados por pessoas que tinham conhecimento do sistema de investigação e de

Justiça", diz uma das promotoras responsáveis pelo caso, Leticia Emile Alquebres Petriz.

Lessa, acusado de efetuar os disparos, é policial reformado. Também trabalhou na Polícia Civil e foi membro do

Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), segundo Lages. Por sua experiência, avalia o delegado, era capaz de

cometer um crime sofisticado.

Durante a investigação, diz Lages, observou-se que Lessa tem "obsessão por personalidades que militam à esquerda".

"Numa análise do perfil dele, você percebe ódio e desejo de morte, você percebe alguém capaz de resolver diferenças

dessa forma (matando)", diz o delegado.

Ainda que a Polícia Civil não tenha afirmado categoricamente qual foi a razão para o crime, o delegado a descreve como

"motivo torpe", como também o descreve a denúncia do Ministério Público.

A investigação foi feita com a quebra de dados do celular de Lessa. Segundo o delegado, ele fazia buscas por

informações ligadas a Marcelo Freixo e também ao general Richard Nunes, então secretário de Segurança Pública do

Rio.

© CARL DE SOUZA/AFP/GETTY IMAGES Segundo a polícia,

os autores dos crimes cometeram 'um crime perfeito' - por isso, investigadores focaram em pessoas que teriam a

capacidade técnica de cometê-lo

Segundo o delegado, a confirmação de que de fato era Lessa no carro foi possível por métodos que não serão

divulgados.

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A promotora Elise Fraga, da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MPRJ, apontou um dos elementos.

Disse que imagens do braço direito do atirador são compatíveis com as do braço de Lessa - ambas mostram uma

tatuagem.

O sargento reformado Lessa ingressou na Polícia Militar em 1991 e, a partir de janeiro de 2003, passou a atuar na

Polícia Civil como adido, cargo no qual permaneceu até 2010, quando sofreu um atentado que o afastou definitivamente

da atividade policial.

Segundo o MP, não há provas contundentes de seu envolvimento com milícias, mas isso ainda está sendo investigado. O

órgão afirma, no entanto, que ele é suspeito de ter cometido homicídios ligados à contravenção (jogo do bicho).

© EPA "É uma dor que você tem todo dia, toda hora", diz Marinete da Silva

(à dir.), mãe da vereadora Marielle Franco

Segundo a Polícia Militar, o ex- sargento Queiroz, que seria o motorista do carro, foi expulso dos quadros da corporação

em 2015, após conclusão do Conselho de Disciplina instaurado pela Corregedoria. O Conselho foi instaurado em função

do envolvimento do ex-policial em atividade ilegal de exploração de jogos de azar.

De acordo com o MP, ele é amigo de Lessa.

A polícia não descarta a possibilidade de que houvesse uma terceira pessoa no veículo, algo que será avaliado na

próxima etapa da investigação. Já o MP negou que houvesse uma terceira pessoa ali, em outra divergência entre os dois

órgãos.

3. Surgem possíveis suspeitos de arquitetar o crime

Em setembro, a então procuradora-geral da República Raquel Dodge denunciou o conselheiro afastado do Tribunal de

Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ) Domingos Brazão e outras quatro pessoas por tentarem interferir no

processo investigatório. As autoridades suspeitam que ele seja o "autor intelectual" dos assassinatos.

Ainda não está claro qual seria a relação entre Brazão e os acusados de executar o crime. Tampouco se sabe qual seria a

motivação dele para desejar a morte da vereadora.

Segundo a denúncia, Brazão se beneficiou do cargo que tinha para interferir na investigação, cooptando pessoas a darem

depoimentos falsos. Sua intenção seria desviar o curso da apuração da Polícia Civil para longe de si e em direção ao

miliciano Orlando Oliveira Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, e o vereador Marcelo Moraes Siciliano, o

primeiro como executor e o segundo como mandante, o que de fato aconteceu por um tempo. Siciliano e Brazão

disputam controle político na zona oeste do Rio.

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© Polícia Civil Orlando de Curicica, preso por chefiar a milícia de Boiúna, chegou

a ser apontado como executor do crime

Segundo a PGR, Curicica, que está preso, disse que sofreu pressão da Polícia Civil do Rio para assumir a autoria do

assassinato da vereadora e de seu motorista e que, ao negar que faria isso, passou a sofrer represálias.

Além de Brazão, foram denunciados também um delegado federal, uma advogada, um policial militar e um policial

federal aposentado, que era assessor de Brazão no Tribunal de Contas do Rio. A PGR pede a condenação pelos crimes

de falsidade ideológica, favorecimento pessoal e de obstrução da Justiça.

A denúncia foi feita com base no relatório de uma investigação da Polícia Federal, que corria paralelamente à da Polícia

Civil.

A PGR diz que esse relatório indica, com base em depoimentos, interceptações, busca e apreensões e análise de

conversas via WhatsApp, que Brazão é o principal suspeito de ser o mentor dos assassinatos.

O relatório sugere ainda que Brazão teria ligação com o chamado "Escritório do Crime", grupo de milicianos matadores

de aluguel que têm sua base em Rio das Pedras, favela na zona oeste da cidade, e que a investigação desse vínculo vem

sendo dificultada pelo fato de o grupo ter ligações com membros da Polícia Civil.

4. Prisões por atrapalhar investigação

Em outubro, a Polícia Civil do Rio prendeu quatro pessoas suspeitas de esconder as armas usadas pelos assassinos; entre

elas, pode estar a submetralhadora HK MP5, usada no crime. A arma utilizada para executar Marielle e Anderson até

hoje não foi encontrada pelos investigadores.

Foram detidos Elaine Pereira Figueiredo Lessa, mulher de Ronnie Lessa, acusado de executar o assassinato, seu irmão,

Bruno Pereira Figueiredo, José Márcio Mantovano, conhecido como "Márcio Gordo", e Josinaldo Lucas Freitas,

conhecido como "Djaca".

Segundo denúncia do Ministério Público, no dia seguinte à prisão de Ronnie, eles agiram para retirar pertences do

suspeito de seu apartamento e jogá-los no mar.

5. Porteiro aponta ligação entre acusado de morte e presidente Bolsonaro

Veio à tona nesta terça-feira (29) o depoimento de uma testemunha que aponta um elo entre um dos acusados do

assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes e o presidente Jair Bolsonaro.

As informações foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

Segundo a emissora, um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, afirmou à

Polícia Civil do Rio de Janeiro que no dia do assassinato um dos suspeitos do crime dirigiu até o condomínio, horas

antes do crime.

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Ao porteiro, o ex-policial-militar Élcio Vieira de Queiroz disse que iria à casa de número 58 — imóvel que pertence ao

presidente.

O funcionário do condomínio então ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante poderia entrar, e alguém na

residência autorizou a entrada do veículo, um Renault Logan. Em dois depoimentos à Polícia Civil do Rio, o porteiro

disse ter reconhecido a voz de quem atendeu como sendo a do "Seu Jair", segundo o Jornal Nacional.

Uma vez dentro do condomínio, Élcio não foi à casa de Bolsonaro, segundo o porteiro: ele dirigiu até o imóvel 66. É

onde mora Ronnie Lessa, acusado de fazer os disparos que mataram Marielle e Anderson.

Segundo a reportagem do JN, como o porteiro teria acompanhado a movimentação do carro pelas câmeras de segurança

do condomínio, depois da entrada de Élcio, percebeu que o veículo tinha ido para a casa de Ronnie, e não para a de

Bolsonaro, e decidiu ligar novamente para o imóvel do presidente. Na segunda ligação, um homem que o porteiro disse

acreditar ser o "Seu Jair" disse saber para onde o carro estava indo.

A citação a Bolsonaro poderá levar a investigação sobre os assassinatos para o Supremo Tribunal Federal (STF), pois

Bolsonaro possui o chamado foro privilegiado.

O advogado do Presidente da República, Frederick Wassef, disse que é impossível Bolsonaro ter falado ao interfone —

o presidente estaria em Brasília no dia da morte de Marielle, conforme registro de votações da Câmara dos Deputados e

vídeos postados por Bolsonaro nas redes sociais.

Pessoas ligadas à investigação disseram ao Jornal Nacional que Élcio e Ronnie deixaram o condomínio minutos depois

da entrada do primeiro; mas estavam no carro de Ronnie. Em seguida, embarcaram no carro usado no crime num local

próximo ao condomínio.

Copom reduz juros básicos para 5% ao ano, o menor

nível da história

Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) diminuiu os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de

Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 5% ao ano, com corte de 0,5 ponto percentual. A decisão

era esperada pelos analistas financeiros.

Com a decisão de hoje (30), a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De

outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar

14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a

taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho deste ano.

Em comunicado, o BC reiterou a necessidade de continuidade nas reformas estruturais da economia brasileira para que

os juros permaneçam em níveis baixos por longo tempo. O texto indicou que uma nova redução de 0,5 ponto deverá

ocorrer antes do fim do ano. “O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá

permitir um ajuste adicional, de igual magnitude”, destacou o texto. A próxima reunião do Copom está marcada para 10

e 11 de dezembro.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice

Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o indicador fechou em 2,89% no acumulado de 12

meses. No mês passado, o IPCA registrou deflação de 0,04%, o menor percentual para meses de setembro desde 1998.

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Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4,25%, com margem de tolerância

de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para

2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o

IPCA encerrará 2019 em 3,3%, continuando abaixo de 4% até 2022. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal

com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,29%.

Crédito mais barato

A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o

consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da

economia de 0,9% para este ano e de 1,8% em 2020.

A expectativa está em linha com as do mercado. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos preveem

crescimento de 0,91% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2019.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic)

e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o

excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao

reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da

inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não

correm risco de subir.

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Prazo Para Cobrança do FGTS com Prescrição

Trintenária Vence em 12/11/2019 31/10/2019 Portal Tributário

Por muito tempo a prescrição para se cobrar o FGTS não depositado era de 30 anos, conforme estabelecia o art. 23, § 5º

da Lei 8.036/1990, in verbis:

“§ 5º O processo de fiscalização, de autuação e de imposição de multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da CLT,

respeitado o privilégio do FGTS à prescrição trintenária.”

Entretanto, em novembro de 2014 o plenário do STF discutiu novamente a questão do prazo prescricional do FGTS não

depositado pelos empregadores e tomadores de serviço, através do Recurso Extraordinário com Agravo – ARExt

709212/DF.

Na oportunidade, com base no art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal (abaixo transcrito), considerando se tratar de

direito dos trabalhadores urbanos e rurais, nos termos do inciso III do referido dispositivo constitucional, o STF reviu sua

jurisprudência e decidiu que o prazo prescricional aplicável às cobranças dos depósitos do FGTS é de 5 anos.

“XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os

trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;”

De acordo com o STF, os valores devidos ao FGTS é um direito do empregado, tem natureza social e trabalhista e decorre

diretamente das relações de trabalho.

Considerando que a Constituição Federal estabelece o prazo prescricional de 5 anos para requerer os créditos

trabalhistas resultantes das relações de trabalho, até o limite de 2 anos após a rescisão de contrato, para o STF não

mais subsistia as razões anteriormente invocadas para a adoção do prazo de prescrição trintenária.

No mesmo julgamento, o STF também reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 23, § 5º, da Lei 8.036/1990, bem

como do art. 55, do Decreto 99.684/1990, na parte em que ressalvam o “privilégio do FGTS à prescrição trintenária”, por

afronta ao art. 7º, XXIX, da CF/88, tendo em vista o respeito à hierarquia das normas.

Em consideração ao princípio da segurança jurídica, com base no art. 27 da lei n. 9.868/1999, o STF decidiu que a mudança

jurisprudencial quanto à prescrição (de 30 para 5 anos) não poderia atingir os créditos anteriores à 13.11.2014 (data do

julgamento).

Em decorrência do novo entendimento estabelecido pelo STF sobre o tema, o TST alterou, por meio da Resolução TST

198/2015, a Súmula 362 a partir de junho/2015, in verbis:

Nº 362 FGTS. PRESCRIÇÃO. (redação alterada pela Resolução TST Nº 198/2015)

I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de

reclamar contra o não-recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do

contrato;

II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que

se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-

709212/DF).

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O que delimita o prazo prescricional com base no novo entendimento é a data da ocorrência da lesão (falta de recolhimento

do FGTS), ou seja, se ocorreu antes de 13.11.2014. o prazo deve ser trintenário, desde que a data final dos trinta anos não

ultrapasse os 5 anos a contar de 13.11.2014.

Se a data da lesão foi a partir de 13.11.2014, a prescrição é quinquenal (5 anos).

Para melhor ilustrar, veja na tabela abaixo algumas situações hipotéticas:

Veja que na situação 3, por exemplo, a prescrição era trintenária (data da lesão foi antes de 13.11.2014), e como o

vencimento da prescrição dos 30 anos ocorreu primeiro (antes do prazo quinquenal contado a partir de 13.11.2014). o

direito de requerer o depósito não efetuado já está prescrito.

Já em relação à situação 4, 7 e 8, por exemplo, a prescrição que também é trintenária (data da lesão foi antes de 13.11.2014).

o prazo para requerer os depósitos não efetuados em nov/1989, jan/2011 e jun/2013, respectivamente, vence em

12/11/2019, porquanto estão imprescritos, ou seja, ainda podem ser cobrados.

Já nas situações 1 e 2 (data da lesão foi após 13.11.2014), o prazo de prescrição sempre será quinquenal.

Escrito por Sergio Ferreira Pantaleão, Advogado, Administrador, responsável técnico do Guia Trabalhista e autor de

obras na área trabalhista e Previdenciária.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2019-10/ford-encerra-producao-de-caminhoes-na-fabrica-de-

sao-bernardo-do-campo

Direito de Defesa

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Mudança do Coaf para o BC e o combate à lavagem de

dinheiro

29 de outubro de 2019, 9h10

Por Pierpaolo Cruz Bottini

Em agosto deste ano o governo federal expediu uma medida provisória que muda o nome do Coaf para Unidade de

Inteligência Financeira (UIF) e o desloca do Ministério da Fazenda para a estrutura do Banco Central.

Para além da questão estética, a alteração afeta a funcionalidade e a efetividade do gerenciamento de informações para

prevenção e combate à lavagem de dinheiro.

1. A Unidade de Inteligência Financeira – os diversos modelos internacionais A melhor forma de combater organizações criminosas é identificar e bloquear seus bens. Para além da prisão de

membros, a supressão de recursos é fundamental para esvaziar sua estrutura e capacidade de atuação.

Os produtos dos crimes praticados por essas organizações são em geral escondidos e reinseridos na economia formal

através de diversas modalidades de lavagem de dinheiro. Para isso, são utilizadas operações simuladas e fraudes para

conferir aos recursos de origem criminosa uma aparência de licitude.

Como o Estado não tem capacidade de fiscalizar todos os atos financeiros e comerciais usados para mascarar bens,

diversos países — entre eles o Brasil — criaram um sistema de colaboração compulsória. Pelo qual profissionais e

entidades que trabalham em setores mais usados por criminosos para ocultação de recursos devem notificar autoridades

públicas sempre que tomarem conhecimento de operações suspeitas, como transações com altos valores em espécie ou

depósitos fracionados. Assim, bancos, cartórios, seguradoras, joalheiros, leiloeiros de arte, dentre outros, tem obrigação

de colaborar com o Poder Público e comunicar atos de possível ocultação de bens ilícitos.

Tais comunicações são feitas às Unidades de Inteligência Financeira (UIFs), órgãos públicos com atribuição de recolher

dados, organizá-los e repassá-los às autoridades competentes para investigar a lavagem de dinheiro, como o Ministério

Público.

Diversas recomendações de entes internacionais de combate à lavagem de dinheiro recomendam a instituição de UIFs

para sistematizar informações sobre movimentações atípicas de capital, aprimorar o combate à reciclagem de capitais, e

facilitar o intercâmbio de experiências em âmbito internacional.

Nessa linha, o GAFI (Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo)

recomendou que os países criassem Unidades de Informação Financeira (UIF) que servissem como centro para receber,

analisar e transmitir declarações de operações suspeitas (Recomendação 29). No mesmo sentido, a Diretriz 2018/843 do

Conselho Europeu destaca a importância das UIFs no combate ao terrorismo e à lavagem de dinheiro e indica como

“essencial reforçar a eficácia e a eficiência das UIFs”[1]

Diante disso, diversos países criaram UIFs, com diferentes estruturas, a depender de sua vocação institucional e tradição

jurídica. Existem basicamente existem três espécies de Unidades de Inteligência Financeira: (i) judiciais (ii) coercitivas,

(iii) administrativas – sem considerar as hibridas que mesclam elementos de cada uma delas.

As unidades judiciais são previstas, em geral, naqueles países nos quais o Ministério Público é parte integrante do

Judiciário. Neles, as Unidades tem natureza persecutória penal porque o próprio órgão responsável pela acusação possui

os instrumentos de acompanhamento ou recebimento de informações sobre operações suspeitas.

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As unidades coercitivas tem natureza administrativa, mas podem determinar medidas cautelares como suspensão de

transações, congelamento e sequestro de bens.

Por fim, as administrativas têm atribuição exclusiva de sistematização de informações e produção de análises sobre

possíveis operações ilegais ou atípicas. Não tem poder de determinar medidas de coerção ou de iniciar processos

judiciais. Apenas colhem a informação e comunicam, provocam ou instruem os demais órgãos competentes para a

persecução penal ou investigação, como o Ministério Público e a Polícia, nos termos e limites da lei.

Dado o papel central das UIFs no combate à lavagem de dinheiro, a comunidade internacional recomenda que os países

se esforcem para garantir sua autonomia institucional, livrando-as de ingerências políticas e de manipulações que

dificultem o exercício de suas funções. Em regra, tais entidades são ligadas diretamente a Ministérios da Fazenda ou da

Justiça, com quadro próprio de servidores e estrutura orçamentária adequada.

2. A Unidade de Inteligência Financeira no Brasil A unidade de inteligência brasileira é a UIF — antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) — e tem

natureza administrativa. Até o advento da Medida Provisória 893, de agosto deste ano, seu conselho era composto por

servidores públicos integrantes do quadro efetivo do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários, da Susep, da

Receita Federal e de outros órgãos[2].

A natureza administrativa da UIF impede que o órgão promova medidas cautelares, quebras de sigilo, ou mesmo

requeira a instauração de processo penal. Cabe à instituição receber, armazenar e sistematizar informações, elaborar

Relatórios de Inteligência Financeira, e contribuir para o combate à lavagem de dinheiro através do planejamento

estratégico, de ações de inteligência e de gestão de dados. Além disso, a UIF detém atribuições de supervisão

administrativa de setores sensíveis e de formulação de políticas para o setor.

No setor de inteligência, a UIF recebe dados, organiza-os, e elabora relatórios para subsidiar autoridades competentes

para investigar ou dar início à persecução pelo crime de lavagem de dinheiro e outros, sempre dentro dos limites

autorizados e regulados pela lei.

No campo regulatório, cabe à UIF elaborar regras voltadas a alguns setores sensíveis à lavagem de dinheiro sobre a

forma e método de registro de informações de clientes e sobre os atos suspeitos de lavagem que devem ser comunicados.

Por fim, a atividade repressiva decorre da competência da UIF para instaurar processo administrativo e aplicar sanções

às entidades e pessoas que descumprirem as regras legais sobre prevenção à lavagem de dinheiro.

As atribuições do UIF de regulamentação e repressão são válidas apenas para setores sem órgão regulatório próprio,

como empresas de factoring, de comércio de joias, metais preciosos, pedras, objetos de arte e antiguidades. Aquelas

que contam com órgão de controle específico, como bancos — regulados pelo Banco Central — ou agentes de custódia,

emissão, distribuição, liquidação de títulos ou valores mobiliários — regulados pela CVM — empresas de seguro,

capitalização ou previdência privada — regulados pela Susep, e outros, devem observar as regras estabelecidas pelo

órgão regulatório correspondente, e perante este serão processados administrativamente.

No entanto, todas as entidades que operam em setores sensíveis — tenham ou não órgão regulador próprio — devem

atender às requisições de informações formuladas pela UIF na periodicidade, forma e condições por ela estabelecidas,

cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo das informações prestadas.

Justamente por ter atribuições de regular diversos setores e de receber informações de pessoas físicas e jurídicas de

todas as áreas obrigadas, a UIF deveria ser um órgão eclético, composta por representantes de diversos órgãos

públicos. E assim era sua composição, até o advento da Medida Provisória 893/19

3. A MP 893/19 O governo federal expediu em agosto a Medida Provisória 893, que submete a UIF nacional — antigo Coaf — ao Banco

Central e afasta a necessidade de que seus membros sejam funcionários públicos.

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Se o órgão antes tinha certa autonomia ao estar atrelado diretamente ao Ministério da Fazenda, e independência por ser

constituído exclusivamente por servidores públicos, agora é subordinado a uma autarquia e pode ter em seu conselho

membros do setor privado.

A medida é disfuncional e arriscada.

O GAFI recomenda que “A UIF deverá ser operacionalmente independente e autônoma, o que significa que a UIF

deverá ter autoridade e capacidade de desenvolver suas funções livremente, inclusive tomar por conta própria a

decisão de analisar, solicitar e/ou disseminar informações específicas.”[3]. A Diretiva EU 2015/849 – documento de

referência de combate a lavagem de dinheiro mesmo para países externos à União Européia, dispõe em seu item 37 que:

“37 Todos os Estados-Membros criaram, ou deverão criar, UIF operacionalmente independentes e autónomas para

recolher e analisar a informação que recebem com o objetivo de estabelecer ligações entre as operações suspeitas e as

atividades criminosas a elas subjacentes, a fim de prevenir e combater o branqueamento de capitais e o financiamento do

terrorismo. Deverá entender-se por UIF operacionalmente independente e autónoma a UIF com os poderes e os meios

para desempenhar livremente as suas funções, nomeadamente a possibilidade de decidir autonomamente quanto à

análise, ao pedido e à disseminação de informações específicas.

Em 2006, o Congresso Nacional aprovou o relatório final da CPI dos Correios que recomendava transformar a UIF

brasileira em uma Agência Nacional de Inteligência Financeira, com autonomia, estrutura permanente de servidores

técnicos e administrativos qualificados que, independentemente da mudança dos componentes da direção, teriam

condições de manter o funcionamento adequado e ininterrupto de suas atividades, bem como a memória de sua atuação e

processos de trabalho.

A MP em análise vai de encontro a essas diretrizes internacionais e à proposta do Congresso Nacional para o

fortalecimento da UIF. Ao subordina-la a uma autarquia, não fixar mandatos para conselheiros e permitir membros

externos ao serviço público, a norma fragiliza a instituição, cria um regime instável para seus integrantes e dificulta o

acúmulo de experiências, essencial para um órgão de estratégia de informação.

As funções do Banco Central não se confundem com as da UIF. O primeiro regulamenta e fiscaliza o sistema financeiro

e as instituições financeiras. A segunda tem um âmbito mais abrangente, pois recebe e sistematiza e informações de

inúmeros setores para além de bancos e similares, a maior parte deles sem qualquer relação com as atividades do Banco

Central.

Em 2018 a UIF brasileira recebeu mais de 100 mil comunicados de comerciantes de bens de luxo, transportadoras de

valores, imobiliárias e outros entes, desvinculados e não regulados pelo Banco Central. Ao ser subordinada a este, a UIF

terá dificuldades para regular atos, firmar parcerias, convênios, pedir ou receber informações dessas entidades estranhas

ao sistema financeiro. O fluxo de informações, que hoje funciona bem, pode ficar comprometido com a nova posição da

UIF.

Mesmo a atividade regulatória será afetada. Hoje o processo administrativo para apuração do descumprimento de

normas de combate à lavagem de dinheiro por entidades sensíveis é regulado com precisão por um Decreto Presidencial

(9.663/19). A MP em discussão remete à Diretoria do Banco Central as atribuições para regular os procedimentos. ritos,

prazos e critérios de fixação de penas administrativa.

Não se discute a competência ou isenção dos diretores do Banco Central, mas não parece adequado que eles regulem

processos sancionatórios destinados a setores distintos da área financeira, estranhos às suas atribuições, competência e

experiência.

No que se refere à estrutura, a comunidade internacional recomenda que as UIFs tenham assegurados recursos

suficientes para o cumprimento de suas funções.

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Nesse sentido, o GAFI recomenta que:

10. A UIF deverá receber recursos financeiros, humanos e técnicos adequados, de forma a assegurar sua autonomia e

independência e permitir que a UIF possa cumprir de forma eficaz suas responsabilidades. Os países deveriam possuir

processos para garantir que os funcionários da UIF tenham altos padrões profissionais, inclusive padrões de

confidencialidade, além de serem idôneos e aptos.[4]

Alguns países, como Portugal, preveem garantias de estrutura mínima às UIFs na própria lei:

1 - A Unidade de Informação Financeira tem independência e autonomia operacionais, devendo estar dotada dos

recursos financeiros, humanos e técnicos suficientes para o desempenho cabal e independente das suas funções.

2 - A Unidade de Informação Financeira exerce as suas funções de modo livre e com salvaguarda de qualquer influência

ou ingerência política, administrativa ou do setor privado, suscetível de comprometer a sua independência e autonomia

operacionais.[5]

A MP, embora preveja autonomia técnica e operacional, não prevê autonomia orçamentária à UIF. O órgão passará a

depender do Banco Central para garantir estrutura mínima ao exercício de suas atividades. Ocorre que a autarquia tem

outras prioridades, outras atribuições, e talvez não dê à UIF a devida atenção institucional, comprometendo sua

estrutura.

Para além disso, como já exposto, a Medida permite que agentes do setor privado componham o Conselho da UIF. Sem

questionar a competência de profissionais desta área, a falta de experiência no setor público e eventuais conflitos de

interesse podem afetar sua atividade, sem contar o risco de compartilhar informações sensíveis com pessoas não

submetidas ao rigor disciplinar imposto aos servidores públicos em relação à gestão do sigilo.

Vale destacar que o GAFI sugere que “a UIF deverá ser capaz de obter e empregar os recursos necessários para

desenvolver suas funções, de forma individual ou rotineira, livre de qualquer influência ou interferência política,

governamental ou industrial indevida, que possa comprometer sua independência operacional.”.[6] A presença de

representantes do setor privado no Conselho — sem a existência de quarentenas ou restrições — pode comprometer tal

independência.

Por fim, a MP não prevê mandato para os membros da UIF, comprometendo sua independência ao subordiná-los a atos

de vontade de dirigentes do Banco Central, nem sempre atrelados às finalidades institucionais da agência de inteligência.

4. Conclusão A existência de uma UIF forte e independente é a chave para prevenir e combater a lavagem de dinheiro. Ao rebaixar

seu status institucional e submetê-la a autarquia com atribuições distintas, o governo federal coloca em risco um

mecanismo importante para o combate ao crime organizado, seguindo na contramão do mundo e de sua própria diretriz

de reforçar a segurança pública.

[1] Considerando 16 da DIRETIVA (UE) 2018/843 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 30 de maio

de 2018 que altera a Diretiva (UE) 2015/849 relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de

branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo e que altera as Diretivas 2009/138/CE e 2013/36/UE

[2] Lei 9.613/98. art. 16 e Decreto 9663/19, art. 3º

[3] GAFI – Nota interpretativa 8 da Recomendação 29 (UIFs)

[4] GAFI – Nota interpretativa da Recomendação 29 (UIFs)

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[5] Lei 83/2017, art. 83

[6] GAFI – Nota interpretativa da Recomendação 29 (UIFs)

Pierpaolo Cruz Bottini é advogado, sócio do escritório Bottini e Tamasauskas e professor livre-docente de Direito Penal

da Faculdade de Direito da USP.

Revista Consultor Jurídico, 29 de outubro de 2019, 9h10

Criminoso sem crime

Record é condenada por reportagem sobre desmatamento na

Amazônia

29 de outubro de 2019, 18h18

Por Tábata Viapiana

Por vislumbrar excessos em uma reportagem veiculada em 2016, a 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça

de São Paulo condenou a TV Record a pagar indenização por danos morais por ter retratado o pecuarista Antônio José

Junqueira Vilela Filho como "maior desmatador da Amazônia" sem que ele tenha condenações transitadas em julgado

por crimes ambientais.

No voto, o relator, desembargador Luis Mario Galbetti, citou o artigo 220, § 1º da Constituição Federal, que diz que a

plena liberdade de informação jornalística deve observar, entre outras regras, a do artigo 5º, inciso X, da mesma Carta,

que afirma serem “invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas”.

Segundo o relator, não se ignora o compromisso dos veículos de comunicação com a divulgação de informações de

interesse público. Neste caso, "não há como ilidir que potenciais crimes ambientais, notadamente cometidos na

Amazônia, constituem fatos de interesse geral da coletividade". Porém, o desembargador enxergou excessos na

reportagem em questão.

"Consta de fato estar sendo o autor investigado sob acusação de prática de crimes ambientais na Amazônia. Contudo,

observo ter havido excesso na matéria jornalística em debate. Em diversos trechos, há referência de “crimes” praticados

pelo autor, e a utilização de termos como “criminosos”. Embora informada a existência de denúncia do Ministério

Público, e das investigações, é notória a caracterização do autor como criminoso a despeito de não se haver notícia de

sua condenação criminal transitada em julgado", disse.

Tal excesso, afirmou Galbetti, acarretou danos morais ao pecuarista. Por isso, os desembargadores decidiram majorar a

indenização por danos morais. O valor passou de R$ 9.540, conforme sentença de primeiro grau, para R$ 20 mil. O

autor da ação havia pedido no mínimo R$ 200 mil. A decisão no TJ-SP se deu por unanimidade.

Processo: 1090069-62.2017.8.26.0100

Tábata Viapiana é repórter da revista Consultor Jurídico

Revista Consultor Jurídico, 29 de outubro de 2019, 18h18

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O equilíbrio entre o direito de propriedade e a

convivência harmônica nos condomínios

Fonte: Mapa JurídicoLink: https://mapajuridico.wordpress.com/2019/10/29/o-equilibrio-entre-o-direito-de-

propriedade-e-a-convivencia-harmonica-nos-condominios/

O Código Civil de 2002 prevê, no âmbito da função social da posse e da propriedade, a proteção da convivência

coletiva. No entanto, a relação entre o direito de propriedade e as regras de convivência nos condomínios residenciais

nem sempre é tranquila.

Segundo o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luis Felipe Salomão, “em se tratando de condomínio edilício,

o legislador, atento à realidade das coisas e ciente de que a convivência nesse ambiente especial tem muitas

peculiaridades, promoveu regramento específico, limitando o direito de propriedade, visto que a harmonia exige espírito

de cooperação, solidariedade, mútuo respeito e tolerância, que deve nortear o comportamento dos condôminos”.

O código estabelece um rol exemplificativo do que pode ser estipulado por convenção condominial, a qual pode regular

as relações entre os condôminos, a forma de administração e a competência das assembleias, entre outros aspectos.

De acordo com Salomão, no momento em que se fixa residência no condomínio de um prédio, é automática e implícita a

adesão às suas normas internas, às quais se submetem todos, para a manutenção da higidez das relações de vizinhança.

LOCAÇÃO TEMPORÁRIA

Nesse confronto de direitos, são diversos os casos que demandam a intervenção do Judiciário, tendo a jurisprudência do

STJ se firmado no sentido de que a análise de norma condominial restritiva passa pelos critérios de razoabilidade e

legitimidade da medida em face do direito de propriedade.

Esse foi o entendimento adotado pelo ministro Salomão na Quarta Turma, ao apresentar seu voto no REsp 1.819.075,

cujo julgamento foi iniciado no último dia 10 e vai definir se um condomínio residencial pode proibir a oferta de

imóveis para aluguel por meio de plataformas digitais, como o Airbnb.

O relator entendeu que não é possível a limitação das atividades locatícias pelo condomínio residencial, porque as

locações via Airbnb e plataformas similares não estariam inseridas no conceito de hospedagem, mas, sim, de locação

residencial por curta temporada. Além disso, não poderiam ser enquadradas como atividade comercial passível de

proibição pelo condomínio.

O ministro considerou que haveria violação ao direito de propriedade caso fosse permitido que os condomínios

proibissem a locação temporária. Segundo ele, o condomínio pode adotar medidas adequadas para manter regularmente

o seu funcionamento – como o cadastramento de pessoas na portaria –, mas não pode impedir a atividade de locação

pelos proprietários.

Na sequência, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Raul Araújo.

ANIMAL EM CASA

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Em maio de 2019, a Terceira Turma decidiu que a convenção de condomínio residencial não pode proibir de forma

genérica a criação e a guarda de animais de qualquer espécie nas unidades autônomas quando o animal não apresentar

risco à segurança, à higiene, à saúde e ao sossego dos demais moradores e dos frequentadores ocasionais do local.

O REsp 1.783.076 teve origem em ação ajuizada por uma moradora de condomínio do Distrito Federal para ter o direito

de criar sua gata de estimação no apartamento. Ela alegou que o animal, considerado um membro da família, não

causava transtorno nas dependências do edifício.

Em seu voto, o relator, ministro Villas Bôas Cueva, apontou a previsão do artigo 19 da Lei 4.591/1964 – de que o

condômino tem o direito de “usar e fruir, com exclusividade, de sua unidade autônoma, segundo suas conveniências e

interesses, condicionados às normas de boa vizinhança, e poderá usar as partes e coisas comuns de maneira a não causar

dano ou incômodo aos demais moradores, nem obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos”.

Segundo o ministro, podem surgir três situações relacionadas à presença de animais em condomínios. A primeira é

quando a convenção não regula o tema, e nesse caso o condômino pode criar animais em sua unidade autônoma, desde

que não viole os deveres previstos nos artigos 1.336, IV, do Código Civil e 19 da Lei 4.591/1964.

A segunda hipótese é a da convenção que proíbe a permanência de animais causadores de incômodo aos moradores, a

qual não apresenta nenhuma ilegalidade. Por último, há a situação da convenção que veda a permanência de animais de

qualquer espécie – o que, para o ministro, é desarrazoado, uma vez que “determinados animais não apresentam risco à

incolumidade e à tranquilidade dos demais moradores e dos frequentadores ocasionais do condomínio”.

“O impedimento de criar animais em partes exclusivas se justifica na preservação da segurança, da higiene, da saúde e

do sossego. Por isso, a restrição genérica contida em convenção condominial, sem fundamento legítimo, deve ser

afastada para assegurar o direito do condômino, desde que sejam protegidos os interesses anteriormente explicitados”,

concluiu.

CONDÔMINO INADIMPLENTE

Recentemente, a Quarta Turma também se posicionou no sentido de que as regras condominiais não podem ultrapassar

os limites da lei. No julgamento do REsp 1.699.022, o colegiado definiu que o condomínio não pode impor sanções que

não estejam previstas em lei – como a proibição de usar piscinas e outras áreas comuns – para forçar o pagamento da

dívida de morador que esteja com as mensalidades em atraso.

Por unanimidade, os ministros consideraram inválida a regra do regulamento interno de um condomínio que impedia o

uso das áreas comuns por uma moradora em razão do não pagamento das taxas condominiais. A dívida acumulada era

de R$ 290 mil em 2012, quando a condômina ajuizou ação para poder utilizar as áreas comuns.

O relator do recurso, ministro Luis Felipe Salomão, explicou que o caput e os incisos do artigo 1.336 do Código Civil,

em rol meramente exemplificativo, explicitaram os deveres condominiais, podendo a convenção, o estatuto ou o

regimento interno respectivo prever outras condutas permitidas e proibidas, positivas ou negativas, com o intuito de

promover a boa convivência entre os moradores.

“Percebe-se que a natureza jurídica do condomínio edilício tem como característica a mescla da propriedade individual

com a copropriedade sobre as partes comuns, perfazendo uma unidade orgânica e indissolúvel”, ressaltou. O relator

destacou que o Código Civil afirmou, de forma expressa, que é direito do condômino “usar das partes comuns, conforme

a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores” (inciso II do artigo 1.335).

Segundo o ministro, o condomínio não pode impor sanções que não estejam previstas em lei para constranger o devedor

ao pagamento do débito. Para Salomão, não há dúvida de que a inadimplência gera prejuízos ao condomínio, mas o

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próprio Código Civil estabeleceu meios legais “específicos e rígidos” para a cobrança de dívidas, “sem qualquer forma

de constrangimento à dignidade do condômino e demais moradores”.

MUDANÇA NA FACHADA

Contudo, o condomínio pode estabelecer regras para possibilitar ou não mudanças na fachada e em áreas comuns do

edifício. Com esse entendimento, a Terceira Turma deu provimento ao REsp 1.483.733, interposto por um condomínio,

para determinar que um dos condôminos restaurasse as esquadrias da fachada do seu apartamento conforme o padrão

original do prédio.

O recurso teve origem em uma ação de desfazimento de alteração na fachada de um apartamento, ajuizada pelo

condomínio após o morador mudar a cor das esquadrias externas, de preto para branco.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) negou o pedido, entendendo que a modificação não infringiu os preceitos

legais, uma vez que seria pouco visível a partir da rua, além de não ter acarretado prejuízo direto no valor dos demais

imóveis do prédio.

O ministro relator do recurso no STJ, Villas Bôas Cueva, explicou que o legislador trouxe critérios objetivos bastante

claros a respeito de alterações na fachada de condomínios edilícios, os quais devem ser observados por todos os

condôminos indistintamente, ressalvando a possibilidade de sua modificação, desde que autorizada pela unanimidade

dos condôminos (artigo 10, parágrafo 2°, da Lei 4.591/1964).

Para o relator, a solução do TJRJ fere a literalidade da norma, pois tanto no Código Civil quanto na Lei 4591/1964 há

referência expressa à proibição de se alterar a cor das esquadrias externas.

Em seu voto, o relator ressaltou que admitir que apenas as modificações visíveis do térreo possam caracterizar alteração

da fachada, passível de desfazimento, poderia levar ao entendimento de que, em arranha-céus, os moradores dos andares

superiores, quase invisíveis da rua, não estariam sujeitos ao regramento em análise.

“Assim, isoladamente, a alteração em tela pode não ter afetado diretamente o preço dos demais imóveis do edifício, mas

deve-se ponderar que, se cada proprietário de unidade superior promovesse sua personalização, empregando cores de

esquadrias que entendesse mais adequadas ao seu gosto pessoal, a quebra da unidade arquitetônica seria drástica, com a

inevitável desvalorização do condomínio”, disse.

TAXAS DE MANUTENÇÃO

O STJ também já se pronunciou sobre as obrigações criadas por associação de moradores. No julgamento de dois

recursos especiais sob o rito dos repetitivos (Tema 882), a Segunda Seção fixou a tese de que “as taxas de manutenção

criadas por associações de moradores não obrigam os não associados ou os que a elas não anuíram”.

Os recursos representativos da controvérsia foram interpostos por proprietários que, embora não integrassem as

associações de moradores, sofreram cobrança das taxas de manutenção relativas às suas unidades e aos serviços postos à

disposição de todos. Eles foram condenados em primeira instância a pagar as quantias reclamadas pelas respectivas

associações.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), em ambos os casos, afirmou que a contribuição mensal era obrigatória,

independentemente de inscrição prévia do morador na associação, pois esta presta serviços comuns que beneficiam

todos. A falta de pagamento, segundo o TJSP, configuraria enriquecimento ilícito do proprietário.

O autor do voto vencedor no STJ, ministro Marco Buzzi, lembrou que, no julgamento do EREsp 444.931, em 2006, a

Segunda Seção já havia confrontado duas teses relacionadas ao tema: de um lado, a liberdade associativa, que impede a

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cobrança de contribuição de não associado; e, de outro, o enriquecimento sem causa, que torna legítima a cobrança pelos

serviços usufruídos ou postos à disposição do dono do imóvel, independentemente de ser ou não associado.

O ministro ressaltou que a decisão do TJSP considerou irrelevante a questão atrelada ao direito associativo. No entanto,

lembrou que, diversamente, julgados do STJ reconhecem a importância da anuência ou da adesão do proprietário aos

termos constitutivos da associação de moradores para efeito de tais cobranças, preponderando, inclusive, a liberdade

associativa sobre o enriquecimento sem causa.

LIBERDADE DE AASSOCIAÇÃO

Nesse sentido, Buzzi lembrou que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 432.106, afirmou que “as

obrigações decorrentes da associação, ou da não associação, são direitos constitucionais” e, em relação à cobrança de

taxas condominiais por condomínio de fato, o STF consignou que tal obrigação ou se submete à manifestação de

vontade ou à previsão em lei, sob pena de se esvaziar a disposição normativa e principiológica contida no artigo 5°, XX,

da Constituição Federal.

Segundo o ministro, as obrigações de ordem civil, de natureza real ou contratual, pressupõem a existência de uma lei que

as exija ou de um acordo firmado com a manifestação expressa de vontade das partes pactuantes. No ordenamento

jurídico brasileiro, explicou, há somente duas fontes de obrigações: a lei ou o contrato – as quais não existiam nos casos

em análise.

“Na ausência de uma legislação que regule especificamente a presente matéria, prepondera, na hipótese, o exercício da

autonomia da vontade a ser manifestado pelo proprietário ou, inclusive, pelo comprador de boa-fé, emanada da própria

garantia constitucional da liberdade de associação e da legalidade, uma vez que ninguém pode ser compelido a fazer

algo senão em virtude de lei”, disse.

O ministro destacou que a associação de moradores é “mera associação civil e, consequentemente, deve respeitar os

direitos e garantias individuais, aplicando-se, na espécie, a teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais”.

Assim, ressaltou que as taxas de manutenção criadas por associação de moradores não podem ser impostas a proprietário

de imóvel que não é associado, nem aderiu ao ato que instituiu o encargo, em observância ao princípio da liberdade de

associação.