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Boletim 16/12/2019

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Boletim

16/12/2019

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Boletim CONT-TRIB em 16.dez.2019

"Não há expediente que uma pessoa não use para evitar o

verdadeiro trabalho de pensar." (Thomas Edison)

FEDERAL

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

Ocupações Permitidas

Publicadas, no DOU dessa quinta-feira (12.12.2019) a Resolução CGSN n° 151/2019, que revoga exclusivamente o artigo 3° da Resolução CGSN n° 150/2019 e a Recomendação CGSN n° 008/2019, que propõe à Secretaria-Executiva do CGSN e ao Grupo Técnico GT-14 do CGSN a análise dos critérios para permissão ou vedação de ocupações ao Microempreendedor Individual (MEI), bem como a revisão do Anexo XI da Resolução CGSN n° 140/2018.

Com a revogação do artigo 3° da Resolução CGSN n° 150/2019, publicada na última sexta-feira (06.12.2019) - Econet Express 430/2019, a partir de 12.12.2019, as ocupações abaixo voltam a ser permitidas ao MEI:

a) astrólogo(a) independente (CNAE 9609-2/99); b) cantor(a)/músico(a) independente (CNAE 9001-9/02); c) disc jockey (dj) ou video jockey (vj) independente (CNAE 9001-9/06); d) esteticista independente (CNAE 9602-5/02); e) humorista e contador de histórias independente (CNAE 9001-9/01); f) instrutor(a) de arte e cultura em geral independente (CNAE 8592-9/99); g) instrutor(a) de artes cênicas independente (CNAE 8592-9/02); h) instrutor(a) de cursos gerenciais independente (CNAE 8599-6/04); i) instrutor(a) de cursos preparatórios independente (CNAE 8599-6/05); j) instrutor(a) de idiomas independente (CNAE 8593-7/00); k) instrutor(a) de informática independente (CNAE 8599-6/03); l) instrutor(a) de música independente (CNAE 8592-9/03); m) professor(a) particular independente (CNAE 8599-6/99); n) proprietário(a) de bar e congêneres, com entretenimento, independente (CNAE 5611-2/05).

Econet Editora Empresarial Ltda

Falta de recolhimento do ICMS agora é crime, decide

STF!

Definitivamente não é fácil ser empreendedor no Brasil. A simples falta de recolhimento do ICMS devido, conforme votos

majoritários do STF em julgamento de ontem (12.12.2019), já caracteriza crime fiscal. Veja a notícia no site do STF.

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/12/13/falta-de-recolhimento-do-icms-agora-e-crime-

decide-stf/

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Definitivamente não é fácil ser empreendedor no Brasil. A simples falta de recolhimento do ICMS devido, conforme

votos majoritários do STF em julgamento de ontem (12.12.2019), já caracteriza crime fiscal. Veja a notícia no site do

STF.

Ou seja, mesmo se o empresário está em situação de prejuízo com provas cabais que não pode recolher o tributo, será

condenado criminalmente. A atividade empresarial está sendo criminalizada no país!

Uma prova irrefutável das dificuldades financeiras seria o balanço patrimonial, comprovando-se a situação. Nem isto

sensibilizou o STF. Ou seja: caíram no mesmo saco o fraudador do ICMS e o simples inadimplente. Não separaram

“alhos de bugalhos”, ou, na linguagem bíblica, o “joio do trigo”!

A partir de agora, o empresário tem que redobrar sua “vigilância” no fluxo de caixa, senão poderá ser preso! É o caos: a

simples inadimplência de tributos tornou-se crime fiscal, à semelhança de crimes graves, como sonegação ou fraude!

'Zorra' é alvo de nota de repúdio do Conselho Federal

de Contabilidade

Redação - O Estado de S.Paulo

10/12/2019, 18:13

Esquete de humorístico da Globo mostrou contador vencendo o 'Troféu Não Fede e Nem Cheira'

Welder Rodrigues e Flavia Reis em cena do 'Zorra' que gerou nota de repúdio do Conselho Federal de Contabilidade.

Foto: Reprodução de 'Zorra' (2019) / TV Globo

O Conselho Federal de Contabilidade divulgou uma nota de repúdio ao Zorra, programa de humor da Globo, nesta

terça-feira, 10.

O motivo foi uma esquete exibida no último sábado, 7, em que o "Troféu Não Fede e Nem Cheira" é entregue a um

contador, interpretado por Welder Rodrigues.

"Vamos àquele que não foi o melhor, mas também não foi o pior do ano. Uma premiação exclusiva para quem nunca

ganhou nada na vida. O Troféu Não Fede e Nem Cheira de 2019 vai para Cesar Lobato, da contabilidade!", introduz a

apresentadora do prêmio fictício, vivida por Flavia Reis.

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O contador, então, discursa: "Queria agradecer ao meu chefe, que sempre falou para mim que meu trabalho é 'ok'. Meus

professores, que me incentivaram dando nota seis a vida inteira. Dava pra passar, né? E meus pais, que nunca esperaram

nada de importante da minha pessoa".

"Nunca decepcionei ninguém, mas também nunca supreendi", finaliza o personagem.

Nota de repúdio ao Zorra

O Conselho Federal de Contabilidade, porém, não viu a piada com bons olhos, e afirmou que o Zorra "desrespeitou uma

classe contábil de mais de 520 mil profissionais. [...] De forma desrespeitosa e debochada, depreciou a imagem do

Profissional da Contabilidade no episódio 'Prêmio Nem Fede e Nem Cheira'".

"A própria Rede Globo possui em seus quadros diversos contadores trabalhando para a empresa e, portanto, deveria se

envergonhar de difundir tais estereótipos de seus próprios funcionários", ressalta.

Na nota de repúdio, o programa também é equivocadamente chamado de Zorra Total, humorístico que foi exibido na

mesma faixa de horário que o atual Zorra entre 1999 e 2015.

O E+ entrou em contato com a assessoria da Globo sobre a nota de repúdio, mas não obteve retorno até a publicação

desta nota.

Clique aqui para assistir à esquete do Zorra que originou a nota de repúdio.

Leia abaixo a íntegra da nota de repúdio ao Zorra divulgada pelo Conselho Federal de Contabilidade:

"O Conselho Federal de Contabilidade vem a público externar repúdio ao programa Zorra Total, da TV Globo, exibido

no último sábado, 7, que, de forma desrespeitosa e debochada, depreciou a imagem do Profissional da Contabilidade,

no episódio 'Prêmio Nem fede e Nem cheira'.

Aliás, a Rede Globo de Televisão, em outras oportunidades, em suas telenovelas ou minisséries, já apresentou cenas

envolvendo a figura do Contador de forma depreciativa e, inobstante as manifestações do CFC e de outros órgãos da

classe, permanece com essa prática de vilipendiar o Profissional da Contabilidade.

Lamentamos que uma empresa de comunicação de massa, que opera mediante concessão do Poder Público, utilize essa

autorização estatal para difamar profissionais que detêm a confiança da sociedade por agir no interesse público e por

exercerem sua função com zelo, diligência, honestidade, seriedade, integridade e competência em todo o País.

A própria Rede Globo possui em seus quadros diversos contadores trabalhando para a empresa e, portanto, deveria se

envergonhar de difundir tais estereótipos de seus próprios funcionários.

Em “Princípios e Valores da TV Globo no Vídeo”, disponível em seu sítio na internet, a TV Globo afirma que tem por

compromisso valorizar o Brasil e seus talentos, sua origem e cultura – principais fontes de inspiração para os

conteúdos que ela pesquisa, cria, produz e exibe.

Entretanto, a prática que vemos em sua programação não nos parece estar alinhada com esses princípios. Exemplo

disso está estampado na edição do programa referido, que desrespeitou uma classe contábil de mais de 520 mil

profissionais, que existe no Brasil e no mundo há mais de um século, quando a TV Globo sequer pensava em existir.

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Lamentamos que a Direção dessa empresa não tenha o devido zelo e acurácia na seleção e na contratação daqueles

que fazem ou dirigem seus programas e permita que sejam produzidas peças de vídeo de tão baixa qualidade artística e

nenhuma preocupação com os princípios e valores que propaga e os que regem a sua atividade empresarial.

Conselho Federal de Contabilidade"

Governo poderá revisar soluções de consulta da Receita

Federal

Normas não estão contempladas pelo Decreto nº 10.139, que trata da revisão e a consolidação dos atos normativos

inferiores a decreto.

As soluções de consulta editadas pela Receita Federal poderão ser um dos próximos alvos do programa de

desburocratização do governo. As normas não estão contempladas pelo Decreto nº 10.139, que trata da revisão e a

consolidação dos atos normativos inferiores a decreto. Mas “estão no radar” do Ministério da Economia, segundo informou

ao Valor o diretor federal de Desburocratização, Geanluca Lorenzon.

As soluções de consulta são importantes para os contribuintes por vincularem a administração tributária e servirem de

base para decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) – que analisa as autuações fiscais. Foi por meio

em uma dessas normas (Solução de Consulta nº 13) que a Receita Federal informou aos contribuintes que deveriam excluir

do PIS/Cofins o ICMS efetivamente pago e não o da nota fiscal – geralmente maior.

A expectativa do Ministério da Economia é de finalizar a triagem de todas as normas inferiores a decretos até abril do

próximo ano. De acordo com Geanluca Lorenzon, a revisão do estoque regulatório é uma prática recomendada pela

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e que nunca foi feita justamente por

desconhecimento de quantas normas existem no país.

As empresas podem contribuir com o “revogaço” de normas proposto pelo decreto, por meio da plataforma Simplifique!.

“Os cidadãos podem apresentar sugestões e o órgão é obrigado a responder”, diz o diretor de Desburocratização. O decreto

estabelece três etapas: triagem, exame e consolidação ou revogação.

A área tributária é um dos principais entraves para o ambiente de negócios. De acordo com relatório do Tribunal de Contas

da União (TCU), foram editadas mais de 377 mil normas tributárias desde a Constituição de 1988. Há hoje 57 tributos no

país – excluídas as taxas. O relatório, com base em fiscalizações realizadas pelo órgão em 2017 e 2018, foi feito para

identificar os problemas causados pelo excesso de burocracia que afetam a competitividade.

No período, havia um estoque de aproximadamente 254 mil processos administrativos fiscais na Receita Federal,

envolvendo R$ 124 bilhões. No Carf, segunda instância tributária, eram 119 mil processos, discutindo autuações que

somavam R$ 584 bilhões.

O decreto está em linha com a orientação do TCU, segundo o advogado Breno Vasconcelos, do escritório Mannrich

Vasconcelos. Com um número menor de normas, acrescenta, diminui-se a complexidade do sistema. “O Estado atribui ao

contribuinte interpretar as normas. Por isso, tem que oferecer um sistema racional e organizado”, diz ele, acrescentando

que o texto do decreto ainda prevê a melhoria da técnica legislativa.

Hoje, afirma Vasconcelos, há confusões por causa de termos adotados em normas. Ele cita o caso da Lei nº 10.101, que

trata de participação nos lucros e resultados (PLR). O artigo 1º diz que a norma alcança “trabalhadores”. E o artigo 2º

afirma que os programas serão negociados entre “empresas e empregados”. Por isso, acrescenta o advogado, o Carf

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entende que o PLR só pode ser concedido a empregados, excluindo trabalhadores com outros vínculos, como diretores

estatutários.

O novo decreto trouxe mudanças importantes nas regras de publicação de normas inferiores, de acordo com advogados.

Orientações normativas, ofícios, diretrizes, recomendações e despachos de aprovação devem desaparecer. Só poderão ser

adotados em casos excepcionais. Haverá apenas três modalidades: portarias, resoluções e instruções normativas.

A norma, explica o advogado João Marcos Colussi, do escritório Mattos Filho, tenta consolidar a legislação, para ter um

sistema organizado, numerado e com a indicação do que não está mais valendo – o que deixou de ocorrer no fim dos anos

90, com o fim da chamada “revogação tácita”. “Vai trazer segurança jurídica”, afirma. “Hoje há muitas portarias conjuntas,

o que, às vezes, faz com que a ordem numérica não siga a cronologia. Existe um mundo à parte”, acrescenta.

Valor Econômico – Por Beatriz Olivon – 9 de dezembro de 2019.

Quais são as obrigações das empresas inativas?

11 dez 2019 Priscila Bida

Mesmo em inatividade, empresas são obrigadas a enviar declarações ao fisco para comprovação.

É considerada inativa toda pessoa jurídica que não tenha efetuado qualquer atividade operacional, não operacional,

patrimonial ou financeira, inclusive aplicação no mercado financeiro ou de capitais, durante todo o ano-calendário.

Ou seja, mesmo não tendo faturamento, a empresa só é considerada inativa caso não tenha qualquer movimentação

financeira ou patrimonial, exceto o que já foi citado.

Contudo, mesmo inativa, há declarações que precisam ser entregues ao fisco para comprovação da atual situação da

empresa como:

– Obrigações acessórias;

– Declarações mensais ou anuais (incluídas em qualquer regime de tributação);

Simples Nacional

São poucas as empresas inativas pelo regime de tributação do Simples Nacional. Isso porque elas são obrigadas a

recolher taxas anuais e devem ser regularizadas em nome de um contador.

Para as obrigações acessórias, que não geram cobrança, as empresas devem apresentar a SEFIP, que pode ser entregue

sem movimento no começo do ano-calendário sem movimento; a DEFIS, que deve ser entregue até o dia 31 de março do

ano-calendário subsequente: e a RAIS negativa, comprovando que não mesmo não teve empregado durante o ano-base,

sendo até o último dia útil de março.

Além disso, empresas sujeitas à CPRB (Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta) devem entregar

a DCTF “negativa”, até o 15º dia útil do segundo mês subsequente ao ano-base, que fica meados de março.

Lucro Real e Lucro Presumido

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Já pelo regime de tributação de lucro real e lucro presumido, a entrega da DCTF “negativa” passou a ser obrigatória a

partir da Instrução Normativa RFB Nº 1.646, De 30 De Maio De 2016, substituindo a extinta “DSPJ inativa”.

A RAIS negativa e a SEFIP também devem ser entregues nas mesmas condições que o SimplesNacional. Ou seja,

a RAIS negativa até o fim de março e a SEFIP no começo do ano-calendário.

O que acontece se não entregar

De acordo com a Receita Federal, ter um CNPJ inapto tem diversos efeitos negativos para o contribuinte, como:

– não poder participar de novas empresas;

– a possibilidade de baixa de ofício da inscrição;

– a invalidade da utilização da inscrição para fins cadastrais;

– a nulidade de documentos fiscais;

– a responsabilização dos sócios pelos débitos em cobrança.

Em 2018, a Receita Federal deixou 3,4 milhões de empresas inaptas, cujo o problema foi a falta de entrega de

declarações.

Para evitar que isso aconteça, o contribuinte deverá entregar todas as escriturações fiscais e declarações omitidas. Se ele

deixar omissões não regularizadas e que não configurem situação de inaptidão, estará sujeito à intimação e ao

agravamento das multas por atraso na entrega.

Fonte: Portal Contábeis por Danielle Nader

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Meu imposto caiu na malha fina o que fazer?

11 dez 2019 Eliefer Bandeira

A Receita Federal passou um pente fino nas declarações de imposto de renda entregues pelos

contribuintes, a novidade deste ano no IRPF 2019

A Receita Federal passou um pente fino nas declarações de imposto de renda entregues pelos contribuintes, a novidade

deste ano no IRPF 2019, é que a Receita Federal fez o processamento das Declarações em até 24 horas, com tecnologia

de ponta a Receita usou através de Algoritmos e robôs programados que fizeram todo o trabalho de cruzamento

processamento do IRPF em até 24 horas, ao detectar inconsistência nas informações à situação ficou como

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PENDÊNCIA, as que os robôs detectou tudo certo, o sistema automaticamente coloca na situação PROCESSADA. As

que ficaram com PENDÊNCIA e não foram sanadas, ambas foram para a malha fina.

700.221 declarações caíram na malha fina

É isso mesmo 700.221 mil caíram na malha fina, a Receita Federal liberou no dia (9), a consulta, do último lote de

restituições do Imposto de Renda de 2019, e informou que 700.221 declarações caíram na malha fina, ou seja, não

passaram por revisão de inconsistências no Imposto de Renda.

As mais de 700 mil declarações com “inconsistências nas informações prestadas” correspondem a 2,13% do total de

declarações entregues para o Governo Federal. Quanto às declarações retidas em malha, 74,9% apresentam imposto a

restituir, 22,4% apresentam imposto a pagar e 2,7% apresentam saldo zero.

As principais razões das declarações serem retidas são:

35,6% das declarações apresentam omissão de rendimentos do titular ou seus dependentes;

25,1% das declarações foram retidas por conta de despesas médicas;

23,5% declarações apresentam divergências entre o IRRF informado na declaração e o informado em DIRF;

12,5% declarações apontam para dedução de previdência oficial ou privada, dependentes, pensão alimentícia e outras

ocorrências.

Vale lembrar que uma declaração pode estar retida em malha por uma ou mais razões.

A minha IRPF caiu na malha, e agora o que fazer?

Para saber se a sua declaração entrou na malha fina, é possível verificar sua situação no site da Receita Federal. No

menu, clique em e-CAC, mas para acessar o extrato da declaração, é necessário utilizar o código de acesso gerado na

própria página da Receita Federal ou certificado digital emitido por autoridade habilitada.

Ao acessar o extrato, é importante prestar atenção na seção “Pendências de malha”. É aí que o contribuinte consegue

identificar se a declaração está retida em malha fiscal ou se há alguma outra pendência para ser regularizada.

Caso a declaração esteja retida em malha fiscal, o contribuinte encontrará, nessa seção, links para verificar com detalhes

o motivo, além de poder consultar orientações de procedimentos. Caso constate um erro na declaração apresentada, o

contribuinte poderá regularizar sua situação apresentando uma declaração retificadora.

Sem erros na declaração apresentada e com todos os documentos, o contribuinte pode optar por aguardar a intimação ou

agendar pela internet uma data e local para apresentar os documentos e antecipar a análise de sua declaração pela

Receita Federal, adiantando-se em resolver problemas futuros.

Como regularizar a IRPF que está na malha?

Para saber se a declaração está na malha final, será necessário acessar o Extrato de Processamento da DIRPF no site da

Receita Federal. O contribuinte, para isso, deve acessar o Portal eCAC, que é o centro de atendimento virtual do órgão.

Para consultar a declaração, o contribuinte deve utilizar o código de acesso gerado na própria página da Receita Federal.

Na primeira vez, o contribuinte deverá criar uma senha e informar os números dos recibos das duas últimas declaração.

Após acessar o extrato, na seção “Pendências de malha”, o contribuinte poderá identificar se a declaração está ou não

retida em malha fiscal, ou se há alguma outra pendência que possa ser regularizada por ele mesmo.

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O contribuinte que tiver uma declaração com erros deve entrar no programa, usado anteriormente para fazer o IR de

2019, deve clicar no documento enviado à Receita. Na ficha de identificação do contribuinte, é preciso indicar

“Declaração Retificadora”.

O contribuinte deve, ao abrir o programa, aparecer alguma mensagem de que há uma nova versão disponível, é preciso

fazer a atualização. Para isso, será necessário clicar em “Atualizar”. O programa será fechado e aberto novamente.

Se não houver o erro na declaração e o contribuinte tiver todos os documentos comprobatórios, ele também pode optar

por aguardar intimação ou aguardar a Receita abrir o agendamento pela internet para marcar uma data e local para

apresentar os documentos e antecipar a análise de sua declaração pela Receita Federal.

Fonte: Canaltech

Transação tributária com a União desafia Receita e

devedores

Por - Diário do Comércio

13 de dezembro de 2019

LUCAS AUGUSTUS ALVES MIGLIOLI

A MP do Contribuinte Legal (Medida Provisória 899/19), que regulamenta o art. 171 do Código Tributário Nacional

(CTN), estabelece um novo marco para o relacionamento entre a Receita Federal e os contribuintes ao definir critérios

objetivos para “transação tributária”. Colocar esse instrumento em prática será um desafio para a Receita e devedores

A MP 899/19 não é um parcelamento especial por meio de programas de refinanciamento de dívidas, como o Refis.

Trata-se de uma lei geral que prevê a possibilidade permanente de negociação com a União, tendo por finalidade o

incremento da recuperação de créditos fiscais e a regularização tributária dos contribuintes.

Nesse contexto, é preciso atentar para os motivos do enorme volume de dívida e disputas judiciais, em especial aquelas

decorrentes da dissonância entre os objetivos do Leão da Receita e dos empreendedores. Para a Receita Federal, o

propósito é arrecadar recursos para manter a máquina pública e, se possível, reverter o excedente à sociedade. Os

contribuintes, por outro lado, anseiam pela conversão dos tributos na efetiva melhoria da sociedade, a exemplo do que

ocorre no primeiro mundo.

Ainda que não concordemos com isso, o que se viu até aqui pode justificar tanto a cultura de queixa permanente contra o

que é cobrado quanto a busca frenética por isenções e regimes especiais.

Assim, sem muito alarde, num contexto que se pretende diferente, a MP do Contribuinte Legal talvez seja base de uma

Receita Federal mais voltada à sociedade, capaz de entender as necessidades e o novo grau de consciência cívica do

pagador de impostos.

Enquanto ansiamos por isso, devemos nos aplicar para entender como funcionará a nova MP na prática.

Em geral, poderão ser transacionadas as dívidas em discussão no âmbito do contencioso tributário administrativo e

judicial.

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O MP prevê três modalidades de transação: individual ou por adesão na cobrança da dívida ativa, por adesão nos casos

de contencioso judicial ou administrativo tributário e por adesão no contencioso administrativo tributário de baixo valor.

A transação poderá abranger descontos, prazos e formas de pagamento, além de oferecimento, substituição ou alienação

de garantias e constrições.

Como é possível cumular essas alternativas, o débito poderá ser parcelado em até 84 meses, com redução de até 50% da

multa e dos juros. Para pessoas físicas, microempresas e empresas de pequeno porte, o prazo poderá aumentar para 100

meses e a redução para 70%.

O texto veda, contudo, a transação sobre o valor principal da dívida e os acréscimos relativos a algumas espécies de

multas qualificadas (como as de fraude e sonegação).

Embora, a princípio, beneficie apenas aqueles que preencham as condições nela previstas, a medida configura um

grande avanço no cenário fiscal.

*Sócio do Miglioli e Bianchi Advogados

Receita Federal notifica 17,9 mil empresas de todo país

por divergências no IRPJ e na CSLL

14 de dezembro de 2019

Empresas poderão recolher os valores devidos até 31 de janeiro. Se não se regularizarem, multa prevista vai de 75% a

225%, além dos juros de mora.

A Secretaria da Receita Federal informou nesta quinta-feira (12) que notificou 17.934 empresas de todo o país para pagar

diferenças relativas ao recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro

Líquido (CSLL) sobre rendimentos de aplicações financeiras.

Com relação a essas pessoas jurídicas, que são optantes do regime de lucro presumido, o Fisco identificou “divergências”

de R$ 1,6 bilhão entre a ECF (Escrituração Contábil Fiscal) e a DIRF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte).

O período analisado vai de 2015 a 2017.

“No procedimento de revisão, não foram identificados os recolhimentos devidos sobre rendimentos de aplicações

financeiras de renda fixa e/ou JCP – Juro– sobre Capital Próprio, visto que esses valores deveriam ter sido adicionados à

base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido”, explicou o órgão.

Nessa fase da operação, explicou a Receita Federal, as empresas estão recebendo uma “Carta de Autorregularização” e

têm a possibilidade de recolher os valores devidos, conforme as orientações detalhadas no documento, até 31/01/2020.

Com isso, poderão evitar autuação da Receita Federal com acréscimo de multa (75% a 225%) além dos juros de mora.

Para confirmar a veracidade das cartas enviadas, o Fisco informou que também encaminhará mensagem para a caixa postal

dos respectivos contribuintes, que podem ser acessadas por meio do e-CAC.

Fonte: G1

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Lucro Presumido: Receita vai à “caça” do imposto sobre

rendimentos financeiros

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/12/12/lucro-presumido-receita-vai-a-caca-do-imposto-

sobre-rendimentos-financeiros/

A Receita Federal do Brasil iniciou nova operação de Malha PJ, cujo objetivo é a regularização de divergência

quanto ao recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre Lucro Líquido sobre

rendimentos de aplicações financeiras, nos casos de empresas optantes pelo Lucro Presumido.

Foram enviadas cartas às empresas de todo o Brasil alertando sobre as divergências detectadas entre ECF – Escrituração

Contábil Fiscal e a DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte, nas quais essas empresas constam como

beneficiária para o período compreendido entre 2015 e 2017.

No procedimento de revisão, não foram identificados os recolhimentos devidos sobre rendimentos de aplicações

financeiras de renda fixa e/ou JCP – Juros sobre Capital Próprio, visto que esses valores deveriam ter sido adicionados à

base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido.

Tribunais livram atacadistas de cosméticos do

pagamento de IPI

terça-feira, 10 dezembro 2019 – VALOR ECONÔMICO

Contribuintes vencem no TRF da 1ª Região, que concentra boa parte das ações

As indústrias de cosméticos estão conseguindo impedir, em segunda instância, a dupla cobrança de IPI prevista pelo

Decreto n° 8.393 – que equiparou estabelecimentos atacadistas a industriais para pagamento do tributo. Dois tribunais

regionais federais (TRFs) têm decidido a favor dos contribuintes. O da 4ª Região, que abrange a região Sul, e o da 1ª

Região, onde a maioria entrou com ação e que tem sob sua jurisdição o Distrito Federal e 13 Estados.

O decreto, publicado no governo Dilma Rousseff, começou a produzir efeitos em abril de 2015 como parte do pacote de

ajuste fiscal anunciado pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em razão do decreto, empresas de um mesmo

grupo econômico, por exemplo, teriam de recolher o imposto na saída dos produtos das fábricas para os seus

estabelecimentos de comercialização e também na saída das mercadorias desses estabelecimentos para os varejistas. A

alíquota média do setor é de 22%.

A União projetava em 2016, somente com a alteração do IPI dos cosméticos, elevar a arrecadação de R$ 381 milhões para

R$ 653 milhões. Contudo, muitas empresas do setor conseguiram decisões judiciais para suspender a cobrança. A Natura,

por exemplo, cita em seu balanço do terceiro trimestre que o valor total em discussão é de R$ 366,65 milhões.

Dois tribunais regionais federais, porém, têm decidido de forma contrária aos contribuintes – o da 2ª Região, no Rio de

Janeiro, e o da 3ª Região, com sede em São Paulo. No TRF da 5ª Região, com sede em Recife, o caso será ainda analisado

pelo Órgão Especial.

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No TRF da 4ª Região, há um importante precedente para as empresas. Recentemente, a Corte Especial declarou a

inconstitucionalidade parcial do artigo 8º da Lei nº 7.798, de 1989, que originou a equiparação de atacadistas aos

industriais de cosméticos.

Os desembargadores cancelaram a aplicação da parte do dispositivo que delega ao Executivo a competência para incluir

produtos no Anexo 3 da Lei nº 7.798 e, desta forma, transformou atacadistas em contribuintes do IPI. Segundo a decisão,

a Constituição apenas autoriza o Executivo a alterar as alíquotas do imposto (processo nº 5043793-76.2015.4.04.7000).

A discussão atual é semelhante à da norma de 1989, que motivou uma série de ações judiciais, com argumentos iguais aos

de agora. Por conta disso, o governo federal publicou em 1994 o Decreto nº 1.217, que excluiu o setor de cosméticos da

equiparação. Porém, em 2015, um novo decreto foi editado para que fosse retomada a tributação.

O caso julgado pelo TRF da 4ª Região é da Lógika Distribuidora de Cosméticos. A empresa faz parte do grupo familiar

da Bonyplus, criadora e desenvolvedora da marca de cosméticos BeautyColor. Em primeira instância, o pedido foi negado.

No TRF, o caso foi analisado inicialmente pela 2ª Turma, que decidiu pela inconstitucionalidade, e depois enviado para o

Órgão Especial, pelo fato de só o colegiado ter o poder de julgar uma norma por esse viés.

Agora, segundo o advogado que representa a Lógika no processo, Luiz Henrique Bona Turra, do Ferrari Turra Sociedade

de Advogados, o caso deve retornar para a 2ª Turma, que deve julgar o mérito, levando em consideração a declaração de

inconstitucionalidade. Ele destaca que o decreto afronta princípios constitucionais. Entre eles o da igualdade. A tributação

cumulativa, acrescenta, alcança todas as empresas familiares e deixa a salvo estruturas societárias e operações comerciais

complexas.

A União já recorreu com embargos de declaração. Para Turra, o caso poderá ser um importante leading case perante o

Supremo Tribunal Federal, “pois provavelmente será o primeiro do país que chegará na Corte Suprema com declaração

unânime de inconstitucionalidade parcial do artigo 8º da Lei nº 7.798/1989”.

Representante da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abipech), aceita como

amicus curiae (parte interessada) no julgamento no TRF, o advogado Daniel Lacasa Maya, do Machado Associados,

destaca que o setor não tinha como suportar esse aumento de carga tributária. “O decreto foi publicado em meio a recessão

e diante de um mercado extremamente competitivo”, diz.

Essa equiparação, de acordo com ele, traz um efeito danoso por poder gerar uma alta dos preços e inibir qualquer

investimento no setor. “Esse decreto foi uma catástrofe em termos de política tributária. Sem dúvida é muito pesado para

o setor”, afirma. Segundo pesquisa da LCA Consultores, com a edição do decreto, o setor de cosméticos passou da terceira

para a segunda posição como o mais tributado.

No TRF da 1ª Região, que concentra a maior parte dos processos, tanto a 7ª quanto a 8ª Turma, com competência para

julgar a matéria, têm entendimento favorável aos contribuintes. Empresas nacionais têm legalmente a possibilidade de

levar seus casos a Brasília, ao invés de ajuizá-los no Estados.

Os desembargadores da 8ª Turma foram unânimes a favor de uma atacadista (processo nº 1000278-33.2016.4.01.3500),

em julgamento realizado no fim de 2018. A relatora, desembargadora Novély Vilanova da Silva Reis, decidiu que “é

inexigível o IPI incidente na comercialização por empresa atacadista/distribuidora de produtos cosméticos, de perfumaria

e de higiene pessoal, previsto no Decreto 8.393/2015”.

Na decisão, cita precedente, unânime, da 7ª Turma (processo nº 0038789-78.2015.4.01.0000). Também há no TRF da 1ª

Região entendimento favorável em ação coletiva da Abipech (processo nº 0025042-27.2016.4.01.0000).

Por nota, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) afirma que “por não concordar com os fundamentos

deduzidos no acórdão [do TRF da 4ª Região], pretende recorrer da decisão”.

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Fonte: Valor 10.12.19

PORQUE O ICMS-ST NÃO PODE INTEGRAR A BASE DO PIS-

COFINS

13 de dezembro de 2019

No julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 574706, com repercussão geral reconhecida, os ministros do Supremo

Tribunal Federal entenderam que o valor arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do contribuinte e,

dessa forma, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins. Apesar do julgamento ter apreciado a exclusão do

ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins em operações normais, o mesmo raciocínio deve ser empregado

em relação ao ICMS/ST, pois se trata do mesmo imposto, somente recolhido de forma antecipada/diferenciada.

De fato, a substituição tributária caracteriza-se pelo fato de o contribuinte substituto responsabilizar-se antecipadamente

pelo cálculo e pagamento do montante do tributo da operação própria e das sucessivas, desobrigando os contribuintes

subsequentes do seu recolhimento. Contudo, muito embora o contribuinte substituto responsabilize-se antecipadamente

pelo cálculo e pagamento do montante do tributo, o substituído é quem efetivamente arca com o ônus econômico da

imposição, porquanto é ele quem desembolsa, por antecipação, o dinheiro destinado ao pagamento do imposto. O

substituto tributário posiciona-se como mero repassador da quantia retida.

Em outras palavras, a Substituição Tributária Progressiva ou “para frente” é apenas uma técnica de apuração e pagamento

do ICMS. Ela ocorre quando a lei atribui a um determinado contribuinte a obrigação de antecipar o pagamento que será

devido na operação seguinte por outro sujeito passivo. Vale dizer, é mera antecipação do pagamento do imposto, na qual

se atribui ao elo anterior, na cadeia de circulação, o ônus de recolher este tributo, mas continua a ser o mesmo ICMS,

recolhido de forma diferenciada.

Assim, a exclusão do ICMS-ST da base de cálculo do PIS e da Cofins é medida necessária, sob pena de aplicar tratamento

anti-isonômico entre contribuintes

Contudo, a Receita Federal não professa esse entendimento conforme se verifica da Solução de Consulta Cosit nº

106/2014, Solução de Consulta Cosit nº 104/2017, Solução de Consulta Cosit nº 99041/2017, cujo excerto destaca-se

abaixo:

“O valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de substituto tributário pode ser excluído da base de cálculo

da Cofins, tanto no regime de apuração cumulativa quanto no regime de apuração não cumulativa, desde que destacado

em nota fiscal”.

“Esta possibilidade de exclusão somente se aplica ao valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de substituto

tributário, não alcançando o valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de contribuinte do imposto. Ademais,

tal exclusão somente pode ser aproveitada pelo substituto tributário, não servindo, em qualquer hipótese, ao substituído

na obrigação tributária correlata”.

Vale dizer, a Receita exige que o substituído tributário calcule e recolha as contribuições ao PIS e Cofins sobre o valor

total faturado, isto é, incluído o valor de ICMS/ST-NF/Compra embutido no preço praticado ao consumidor final. No

entanto, esse entendimento não pode prevalecer sob pena de ferir o princípio da isonomia tributária.

Com efeito, a Constituição Federal, no artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV, erige em cláusula pétrea os direitos e as garantias

individuais e consagra no rol desses direitos e garantias individuais o princípio da igualdade insculpido no “caput” e no

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inciso I do artigo 5º da Constituição Federal, de forma genérica e de forma específica, no item II do artigo 150 da Carta

Magna.

Referido princípio possui um sentido duplo. Por um lado, tem por objeto a lei já feita, no sentido de que esta deve ser

uniformemente aplicada a todos, sem distinção (isonomia perante a lei). De outro lado, e aqui fundamentalmente reside a

importância do princípio, pilar de qualquer Estado Democrático de Direito, atua o mesmo no sentido de balisar a atuação

do próprio Legislador ao produzir o comando legal (isonomia na lei).

O Colendo Supremo Tribunal Federal sempre atribuiu ao princípio da isonomia a importância que lhe é inerente,

reconhecendo a limitação que ele impõe à atividade do próprio legislador, como se depreende da ementa do acórdão

proferido nos autos do Mandado de Injunção nº 58, “verbis”:

“MANDADO DE INJUNÇÃO – PRINCÍPIO DA ISONOMIA – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

-O princípio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, não é, enquanto postulado fundamental de nossa ordem

política-jurídica, suscetível de regulamentação ou de complementação normativa.

Esse princípio – cuja observância vincula, incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público – deve ser

considerado, em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios (RDA, 55/114), sob duplo

aspecto: a) o da igualdade na lei; b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade

puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislador que, no processo de sua formação, nela não poderá incluir

fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo

lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão

subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório.

A eventual inobservância desse postulado pelo legislador imporá ao ato estatal por ele elaborado e produzido a eiva de

inconstitucionalidade. (…)” (Revista de Direito Administrativo – Volume 183 – janeiro-março 1991- p. 143)

Assentado que o princípio da isonomia atua negativamente limitando a atividade do próprio Legislador, para assegurar a

guarda e cumprimento da Constituição Federal, certo é que tampouco pode a Fazenda Nacional, ou mesmo o Poder

Judiciário impor discriminação entre os contribuintes que estão submetidos ao ICMS pelo sistema normal, ou ICMS pelo

sistema de substituição tributária.

Celso Antônio Bandeira de Mello, tratando da matéria em obra já clássica sobre o assunto ensina, “verbis”: “… o critério

especificador escolhido pela lei, a fim de circunscrever os atingidos por uma situação jurídica – a dizer: o fator de

discriminação – pode ser qualquer elemento radicado neles, todavia, necessita inarredavelmente guardar relação de

pertinência lógica com a diferenciação que dele resulta. Em outras palavras: a discriminação não pode ser gratuita ou

fortuita.” (O conteúdo do princípio da igualdade, Ed. Rev. dos Tribunais, 1978, pág. 49, grifo nosso).

Todavia, o simples fato de um comerciante estar submetido ao ICMS/ST-NF/Compra, por si só, não é razão suficiente

para a discriminação, uma vez que não existe padrão de razoabilidade que justifique a distinção. No caso, se trata apenas

de sujeição a regimes distintos de recolhimento de imposto estadual. Por conseguinte, seria nítida a violação da igualdade

caso não se aplique o entendimento proferido no Recurso Extraordinário (RE) 574706 ao substituídos tributários.

Além disso, outro ponto que levaria à anti-isonomia é que cada estado tem uma lei específica para a substituição tributária

e, dependendo do estado, a sistemática de pagamento do ICMS de uma determinada mercadoria poderá, ou não, ser de

substituição tributária. A consequência prática disto é que uma opção legislativa de um ente federativo (estados e Distrito

Federal) pelo ICMS-ST, obrigatória ao contribuinte, repercutirá na base de cálculo de um tributo federal.

Disto se extrai, que empresas que vendem a mesma mercadoria, mas situadas em estados distintos, terão a base de cálculo

da contribuição ao PIS e da Cofins quantitativamente diversa, por mais que seus faturamentos sejam idênticos! Isto tudo

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por uma opção legislativa do ente federativo do qual fazem parte, implicando a exclusão do ICMS na base de cálculo das

contribuições, quando não haja previsão de substituição, e a inclusão do ICMS-ST, quando haja o regime substitutivo.

Constitui, pois, discriminação arbitrária a garantia de exclusão do valor do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins

contribuições somente para aqueles que calculam e recolhem o ICMS pelo sistema crédito/débito. A ausência de isonomia

é patente.

Mesmo porque, os fundamentos que levaram à decisão do RE 574706 aplicam-se integralmente no caso do ICMS/ST,

quais sejam: (a) o ICMS refletido no preço da mercadoria não é receita, mas, sim, mero ingresso que transita na

contabilidade do vendedor, mas que é repassado ao estado-membro; (b) o ICMS não se incorpora ao patrimônio do

contribuinte; e (c) se alguém fatura o ICMS, este é o ente público estatal.

O fato de um comerciante se submeter em algumas operações ao regime de recolhimento chamado de substituição

tributária, que lhe é imposto pela lei, não pode afetar o seu direito de deduzir o imposto no momento da apuração das

contribuições ao PIS e Cofins.

Por isso, deve ser garantido aos substituídos tributários o direito de excluir o valor de ICMS-ST pago por ocasião das suas

compras na base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins.

Fonte: Tributário nos Bastidores

Escrituração Contábil Digital 2020: Dicas, orientações,

prazos e multas

12 de dezembro de 2019

A obrigatoriedade da escrituração contábil digital (ECD) já é realidade para diversas empresas desde 2007 com o

lançamento do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital). Contudo, muitos administradores e profissionais da

contabilidade começam a suar só de pensar que mais um ano calendário está acabando.

Mesmo que as frequentes mudanças de regras te assustem, ou que seja o primeiro ano em que sua empresa entregará a

ECD, não há motivo para se preocupar. Afinal, toda a ideia do programa é facilitar o processo.

No entanto, entendemos que trocar de procedimento nunca é realmente fácil, por isso iremos te ajudar.

Neste artigo você vai encontrar tudo que precisa saber sobre escrituração contábil digital para que sua entrega em 2020

seja tranquila e feita com todo cuidado, evitando assim as temíveis multas.

O Que É Escrituração Contábil Digital

Instituída no ano de 2007 para fins fiscais e previdenciários a escrituração contábil digital é parte fundamental do SPED,

e busca trazer simplificação e agilidade a processos antes dependentes de livros físicos.

No “novo” processo, agora a entrega das informações ao fisco é feita através de um arquivo assinado e transmitido

digitalmente.

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A muito necessária modernização desse procedimento, traz redução da burocracia. Além disso, permite a empresas

devidamente preparadas um gasto menor de tempo

Regras Da ECD Válidas Para 2020

É importante ficar atento a atualizações nas regras, para que sua entrega em 2020 esteja 100% conforme. Leia abaixo as

regras atualizadas da ECD, de acordo com informações oficiais do portal do SPED.

Informações pertinentes a ECD

A escrituração digital contábil corresponde à obrigação de transmitir, em versão digital, os seguintes livros:

Livro Diário e seus auxiliares, se houver;

Livro Razão e seus auxiliares, se houver;

Livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos.

Empresas obrigadas a entregar a escrituração contábil digital

Segundo o art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013, estão obrigadas a adotar a ECD, em relação aos fatos

contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014:

As pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com base no lucro real

As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, que distribuírem, a título de lucros, sem incidência

do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela dos lucros ou dividendos superior ao valor da base de

cálculo do Imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita

As pessoas jurídicas imunes e isentas que, em relação aos fatos ocorridos no ano calendário, tenham sido obrigadas

à apresentação da Escrituração Fiscal Digital das Contribuições, nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.252,

de 1º de março de 2012

As Sociedades em Conta de Participação (SCP), como livros auxiliares do sócio ostensivo

As demais pessoas jurídicas podem também entregar a escrituração contábil digital de forma facultativa.

Realizar a entrega mesmo sem estar obrigado a isso é extremamente recomendado, em especial caso sua empresa estiver

prestes a adentrar a obrigatoriedade. Vale ressaltar que a tendência a informatização irá mais cedo ou mais tarde alcançar

a todos.

Importância Da Escrituração Contábil Digital

A ECD apresenta ao fisco informações que representam a realidade contábil de uma empresa.

Sua entrega permite maior integração aos fiscos, devida à padronização de informações nas 3 esferas (federal, estadual e

municipal). Adicionalmente, com um único arquivo, são atendidas as necessidades de informação de diversos órgãos

fiscalizadores.

Por meio da ECD é também possível identificar, com mais agilidade, falhas e fraudes tributárias.

Fica claro que a adesão ao projeto é benéfica ao governo, mas e quanto às empresas, existem benefícios? Podemos listar

alguns dos diversos propostos pela receita ao lançar o projeto.

Redução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel;

Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas unidades federadas;

Redução de custos administrativos devido à simplificação dos processos;

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Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas;

Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações do contribuinte;

Simplificação e agilização dos procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária (comércio exterior,

regimes especiais e trânsito entre unidades da federação);

Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais;

Redução do “Custo Brasil”.

Prazo Para Entrega Da Escrituração Contábil Digital Em 2020

Como compartilhamos aqui no passado, em situações normais, a transmissão da escrituração contábil digital deve ser

realizada até 23h59min59s (Vinte e três horas, cinquenta e nove minutos e cinquenta e nove segundos) do último dia útil

do mês de maio do ano seguinte ao ano calendário a que se refira a escrituração.

Sendo assim, a entrega da ECD para os fatos contábeis ocorridos no ano calendário 2019 deve ser realizada até o dia

29/05/2020.

Existem, no entanto, outros prazos aplicáveis a casos específicos, como os de transformação societária. Saiba tudo sobre

isso em nosso artigo sobre o assunto.

Fique atento, pois preparação é indispensável, e vale super a pena entregar com bastante antecedência.

Multas Aplicáveis

Acompanhar de perto as regras, e prazos de entrega da ECD é uma tarefa árdua, mas indispensável. Principalmente quando

consideramos a dimensão das multas aplicadas pela receita federal em casos de perda de prazo ou inexatidão de

informações.

O mecanismo legal que viabiliza a aplicação de multas para os casos citados acima é complexo. Ele está amparado no art.

11 da Instrução Normativa RFB nº 1.774/2017 que indica que os valores da multa serão definidos pelo art. 12 da Lei nº

8.218, de 1991. Por sua vez, esse artigo teve seu conteúdo alterado pela lei nº 13.670, de 30 de maio de 2018.

Atualmente, as penalidades são as seguintes:

Multa equivalente a 0,5% (meio por cento) do valor da receita bruta da empresa no período a que se refere a

escrituração para quem entregar a ECD sem atender aos requisitos para a apresentação dos registros e respectivos

arquivos.

Multa equivalente a 5% (cinco por cento) sobre o valor da operação correspondente, limitada a 1% (um por cento)

do valor da receita bruta auferida no período a que se refere a escrituração para empresa obrigada a entrega da

ECD e que omitir ou prestar incorretamente as informações referentes aos registros e respectivos arquivos.

Multa equivalente a 0,02% (dois centésimos por cento) por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da empresa

no período que se refere a escrituração, sendo limitada a 1% (um por cento) desta para as empresas que não

cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos registros e respectivos arquivos.

Possível redução no valor das multas

Para as pessoas jurídicas que utilizarem o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), as multas serão reduzidas:

À metade, quando a obrigação for cumprida após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício;

À 75% (setenta e cinco por cento), se a obrigação for cumprida no prazo fixado em intimação.

Fazendo A Entrega Com Segurança

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As informações contábeis que compõem a escrituração contábil digital, como mencionamos anteriormente, já não mais

serão transmitidas ao fisco via livros físicos, mas sim através de um arquivo digital gerado pela empresa.

Esse arquivo pode ser gerado através de um software próprio, comprado, ou desenvolvido pela empresa. O arquivo

opcionalmente pode ser criado através do preenchimento de todos os dados diretamente no Programa Gerador de

Escrituração (PGE), um software disponibilizado pelo fisco que também deve ser usado para validar os arquivos gerados

pelas empresas.

Na validação serão apontados quaisquer não conformidades encontradas na estruturação do arquivo de acordo com as

regras disponíveis no manual de leiaute. Uma vez que todos os erros tiverem sido corrigidos o contribuinte pode assinar

digitalmente e enviar.

É importante ressaltar que a ECD deve ser assinada por no mínimo um contador (e-PF ou e-CPF) e um responsável pela

assinatura (e-PJ ou e-CNPJ) através de certificados digitais A1 ou A3.

Todo o procedimento é realizado através do próprio PGE, e ao término o contribuinte pode baixar o recibo de transmissão.

A realização do processo serve como autenticação dos livros contábeis, e dispensa sua impressão e registro em junta

comercial.

Contudo, é ainda obrigatório que a empresa armazene o arquivo digital assinado e transmitido por todo o prazo

prescricional.

Viu a relevância de não deixar para última hora? Os erros apontados no momento da transmissão podem necessitar tempo

para serem corrigidos. Sendo assim, proteja sua empresa de multas trabalhando para entregar a escrituração bem antes do

prazo.

Dicas Importantes

Para aumentar ainda mais sua segurança em relação à entrega da escrituração contábil digital de sua empresa, preparamos

algumas dicas de coisas a se ter em mente durante a preparação, mas muitas vezes esquecidas.

Verifique a coerência para com o ano calendário anterior

É assustador o número de empresas que se esquecem de que a ECD de um período possui um vínculo direto com a do

período anterior.

É importante que você averígue a coerência entre ambos os documentos durante toda a fase de elaboração.

Separe as escriturações em caso de mudança de contador

Como a ECD deve ser entregue assinada por um contador responsável, e é inviável que o novo profissional assine pelo

anterior, em caso de troca de contadores, duas escriturações deverão ser entregues, cada um assinando pelo período que

se responsabilizou.

Cabe ao novo profissional vincular as contas lançadas anteriormente com as atuais por meio do registro l157.

Separe as escriturações caso os encerramentos de suas ECFs sejam feitos trimestralmente

A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) é uma obrigação acessória imposta a empresas brasileiras com o intuito de substituir

a Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.

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Na ECF, todas as operações que influenciam o valor devido do Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica e da

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devem ser lançadas.

Para algumas empresas os encerramentos da ECF devem ser feitos trimestralmente. Nesses casos, ao se recuperar dados

da ECD dentro da ECF ocorrerão conflitos, por que o encerramento da ECD é sempre anual.

Para evitar a necessidade de ajustes manuais, nada impede que a ECD seja feita através de 4 demonstrações trimestrais,

na verdade, isso é até orientado no manual.

Fonte: Jornal Contábil

Simples Nacional – o que é empresa em início de

atividade?

Base: art. 1º da Resolução CGSN 150/2019, que altera a Resolução CGSN 140/2018.

Fonte: Blog Guia TrabalhistaLink: https://guiatributario.net/2019/12/09/simples-nacional-o-que-e-empresa-em-inicio-

de-atividade/

Para fins de opção pelo Simples nacional, é considerada empresa em início de atividade aquela que se encontra no

período de 60 dias a partir da data de abertura constante do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ.

Desta forma, depois de efetuar a inscrição no CNPJ, a ME ou a EPP deverá, para formalizar a opção pelo

Simples Nacional, observar o prazo de até 30 dias, contado do último deferimento de inscrição, seja ela a

municipal ou, caso exigível, a estadual, desde que não ultrapasse 60 dias da data de abertura constante do CNPJ.

Base: art. 1º da Resolução CGSN 150/2019, que altera a Resolução CGSN 140/2018.

Aspectos contábeis das organizações religiosas

As associações, igrejas, partidos políticos, fundações dentre outras, por força da legislação brasileira são imunes e/ou

isentas da tributação incidente sobre a receita operacional auferida, porém não estão dispensadas da obrigatoriedade da

escrituração contábil.

Receitas

As receitas provenientes de dízimos, ofertas e doações devem ser contabilizadas de forma segregada, portanto é

imprescindível a manutenção de ferramentas para controle de recebimentos.

Despesas

Todas as saídas de recursos devem estar amparadas por documento idôneo que deve estar revestida das características

intrínsecas ou extrínsecas essenciais, definidas na legislação, na técnica-contábil ou aceitas pelos usos e costumes, tais

como: Nota fiscal, conhecimento de transporte, cupom fiscal, recibos, contratos, dentre outros.

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Movimentação financeira

É aconselhável que toda a receita da entidade seja depositada e movimentada através de instituições financeiras.

Remuneração de dirigentes

Para fins de gozo dos benefícios fiscais a organização deve observar o contido no Regulamento do Imposto de

Renda (RIR/2018) em seu art. 181, que descreve o seguinte:

“§ 3º Para o gozo da imunidade de que trata o caput, as instituições a que se refere este artigo ficam obrigadas a

atender aos seguintes requisitos (Lei n° 9.532, de 1997, art. 12, § 2°).

I – não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados;

II – aplicar integralmente seus recursos na manutenção e no desenvolvimento dos seus objetivos sociais;

III – manter escrituração completa de suas receitas e suas despesas em livros revestidos das formalidades capazes de

assegurar sua exatidão;

IV – conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data de sua emissão, os documentos que

comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, além da realização de outros atos ou operações

que venham a modificar sua situação patrimonial;

V – apresentar, anualmente, declaração de rendimentos, em conformidade com o disposto pela Secretaria da Receita

Federal do Brasil do Ministério da Fazenda;

VI – assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, na

hipótese de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; e

VII – outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere

este artigo.”

Remuneração de autoridades eclesiásticas:

A Remuneração dos ministros de confissão religiosa como pastores, obreiros, reverendos, padres, dentre outros, pode

ocorrer mediante prebenda quando não houver dedicação exclusiva na organização e sua atuação seja ligada à atividade

espiritual. Entretanto, merece cuidado para os casos em que o ministro possui dedicação exclusiva a entidade, com

atividades além daquelas ligadas à profissão da fé e com a presença de requisitos que indique subordinação, horário fixo,

habitualidade, pessoalidade, dentre outros, neste caso podemos estar diante de um de vínculo empregatício sujeitas a

todas as obrigações previdenciárias e trabalhistas.

Questões previdenciárias:

Em regra, conforme art. 12° da Lei 10.403/2002 o ministro de confissão religiosa é considerado como contribuinte

obrigatório da Previdência Social.

“Art. 12 – São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

(…)

V – como contribuinte individual:

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(…)

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem

religiosa.”

É importante ressaltar que quando se tratar de prebenda, ou seja, o pagamento realizado pela disponibilidade às funções

exclusivamente de cunho religioso são isentas da contribuição previdenciária patronal.

“Art. 22 – A contribuição a cargo da empresa, destinada a Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

(…)

III – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos

segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;

(…)

§ 13. Não se considera como remuneração direta ou indireta, para os efeitos desta Lei, os valores dispendidos pelas

entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de confissão religiosa, membros de instituto de

vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso ou para sua subsistência desde

que fornecidos em condições que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado.”

Ministro remunerado atuando como dirigente:

Para gozo dos benefícios tributários, conforme já evidenciado, a organização não pode remunerar seus dirigentes pelos

serviços prestados, portanto um ministro que recebe pelas atividades religiosas mais exerce simultaneamente cargos

estatuários pode ser visto pelo fisco com uma remuneração disfarçada ocasionando a suspensão do gozo da imunidade

ou da isenção.

Serviços voluntários:

O Trabalho Voluntário deve ser formalizado através de Termo de Adesão, quantificado e registrado pelo valor justo da

prestação do serviço como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro, com base no parágrafo 19 da Resolução CFC n°

1.409/12.

Outras receitas:

A isenção tributária não alcança as receitas que são próprias de atividades de natureza econômico-financeira ou

empresarial, como as receitas auferidas com exploração de estacionamento de veículos, aluguel de imóveis, prestação de

serviços, venda de mercadoria, ou seja, relativamente as receitas que fuja de seus objetivos estatutários estarão sujeitas a

incidência da COFINS, enquanto que o PIS a incidência é apenas sobre a folha de pagamento.

Distribuição onerosa de materiais para uso em cultos:

Na Solução de Consulta nº 159/2014 do COSIT o fisco se manifestou no seguinte sentido:

“(…) sem prejuízo dos demais requisitos estabelecidos em lei, a isenção do IRPJ e da CSLL, nos termos do § 1º do art.

15 da Lei nº 9.532, de 1997, destinada à organização de cunho religioso, constituída na forma de associação sem fins

lucrativos, de caráter educativo, cultural e de assistência social, é compatível com as atividades de livraria e gráfica,

desde que tais atividades se identifiquem com os objetivos ou finalidades da entidade para os quais foi criada,

estritamente considerados, e os resultados obtidos sejam aplicados integralmente nos fins institucionais.”

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RAFAEL CARDOSO DE LIMA – Contador, com especialização em Contabilidade Financeira, Auditoria e

Controladoria

Opinião

Lei Complementar 160/2017 contraria visão do STJ sobre benefícios fiscais

8 de dezembro de 2019, 7h02

Por Adriana Seadi Kessler

A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar os Embargos de Divergência em Recurso Especial

1.517.492, no dia 1º de fevereiro de 2018, firmou o entendimento no sentido de que não é possível a inclusão de

créditos presumidos de ICMS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por representar interferência da União na

política fiscal adotada por estado-membro, configurando ofensa ao princípio federativo e à segurança jurídica.

Embora o entendimento firmado na corte superior esteja sendo aplicado pelas turmas do Tribunal Regional Federal da 4ª

Região, competentes para análise de recursos relativos à matéria tributária, com a determinação da exclusão dos créditos

presumidos de ICMS da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, em grande parte dos casos o aproveitamento do

benefício tem sido condicionado à observância dos requisitos constantes do artigo 30 da Lei 12.973/2014.

O entendimento do TRF-4 está fundamentado na Lei Complementar 160/2017, publicada em 8 de agosto de 2017,

que, entre outras alterações, incluiu os parágrafos 4º e 5º no artigo 30 da Lei 12.973/2014, classificando os

benefícios fiscais ou financeiro-fiscais relativos ao ICMS, concedidos pelos estados e pelo Distrito Federal, como

subvenções para investimento, e submetendo, assim, o aproveitamento desses benefícios às condições impostas no

referido dispositivo legal.

Ocorre que a matéria referente à alteração legislativa trazida pela LC 160/2017 já foi analisada pelo Superior Tribunal de

Justiça por mais de uma vez, concluindo-se pela ausência de reflexos no entendimento firmado no julgamento dos

EREsp 1.517.492. Nesse sentido, o ministro Mauro Campbell Marques, o julgamento do REsp 1.605.245, consignou

que, ao “excluir o crédito presumido de ICMS das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL ao fundamento de

violação do pacto federativo (artigo 150, VI, “a”, da Constituição), tornou-se irrelevante a discussão a respeito do

enquadramento do referido incentivo/benefício fiscal como “subvenção para custeio”, “subvenção para

investimento” ou “recomposição de custos” para fins de determinar essa exclusão, já que o referido

benefício/incentivo fiscal foi excluído do próprio conceito de receita bruta operacional previsto no artigo 44, da Lei

4.506/64. Assim, também irrelevantes as alterações produzidas pelos artigos 9º e 10, da Lei Complementar 160/2017

(provenientes da promulgação de vetos publicada no DOU de 23 de novembro de 2017) sobre o artigo 30 da Lei

12.973/2014, ao adicionar-lhe os parágrafos 4º e 5º, que tratam de uniformizar ex lege a classificação do crédito

presumido de ICMS como “subvenção para investimento” com a possibilidade de dedução das bases de cálculo dos

referidos tributos desde que cumpridas determinadas condições”. Esse é o entendimento predominante sobre a matéria

no Superior Tribunal de Justiça.

Assim, o entendimento da corte superior, ao contrário do que está decidindo o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, é

no sentido de que as alterações produzidas pela Lei Complementar 160/2017 sobre o artigo 30 da Lei 12.973/2014, por

meio da inclusão dos parágrafos 4º e 5º, são irrelevantes em relação ao precedente julgado nos EREsp 1.517.492, não

havendo a necessidade de observância das referidas condições para aproveitamento do benefício fiscal.

Adriana Seadi Kessler é advogada no Pimentel & Rohenkohl Advogados Associados.

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Revista Consultor Jurídico, 8 de dezembro de 2019, 7h02

Revista Brasil comenta possíveis mudanças no Imposto

Sobre Serviço

Especialista em Direito Tributário fala de projeto aprovado na Câmara

Revista Brasil- No AR em 06/12/2019 - 10:26

O Revista Brasil comenta sobre a aprovação na Câmara dos Deputados sobre o projeto de lei que faz alteração

sobre competência da cobrança do Imposto Sobre Serviço (ISS). O programa conversa com Edison Carlos

Fernandes, especialista em Direito Tributário.

Segundo o advogado, o texto aponta que a cobrança para alguns setores passaria para o município onde o serviço é

prestado, entre eles operador de plano de saúde, cartão de crédito, administrador de fundo e consórcio e empresas de

leasing.

"Basicamente plano de saúde e serviços financeiros que passa a ser o ISS devido no local onde está o

consumidor", afirmou.

Edison disse que a mudança tem impacto direto nas finanças dos municípios, aumentando a arrecadação para as cidades

menores.

O projeto, que ainda precisa ser aprovado no Senado, traz um tempo de transição de três anos.

Reforma tributária. Análise crítica da PEC nº 45/19

Das três propostas de reforma em discussão no Congresso Nacional – PEC nº 110/19, PEC nº 45/19 e o substitutivo

apresentado pelo Deputado Luciano Bivar e outros no bojo da PEC nº 45/19 – a proposta que vem merecendo maior

destaque na mídia é a PEC nº 45/19, razão pela qual concentraremos nela a nossa análise crítica. Ao final ofereceremos

uma proposta alternativa, incorporando algumas das ideias ventiladas nas três propostas citadas, mas sem ferir o pacto

federativo, e sem remexer nos conceitos tributários já pacificados ao longo desses 31 anos.

A PEC nº 45/19 promove uma reforma parcial do Sistema Tributário, fundindo em torno do IBS os cinco tributos

incidentes sobre o consumo (PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS). Em que pese o esforço meritório de seus defensores ela

padece de vícios incuráveis tornando-a inviável.

Em primeiro lugar, há um obstáculo intransponível à sua aprovação pela quebra da forma federativa do Estado (inciso I,

do § 4º, do art. 60 da CF) ao suprimir dos Estados e dos Municípios impostos privativos de maior arrecadação.

Qualquer enfraquecimento dos entes regionais e locais, no entender do STF, equivale à medida tendente a abolir a forma

federativa de Estado (ADI MC nº 926-5).

Em segundo lugar, instituir o Comitê Gestor, para tentar conferir caráter nacional a um típico imposto federal,

conferindo-lhe poder normativo e outorgando-lhe representação extrajudicial e judicial, torna inexequível a sua

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operacionalização. Começa pela dificuldade na escolha dos representantes da União, dos 27 Estados e dos 5.600

Municípios para compor esse Comitê.

Realmente, para exercer a representação extrajudicial, que abrange a atividade de fiscalização e arrecadação, esse

Comitê Gestor deve ser composto por servidores efetivos exercentes do cargo de fiscalização, ao passo que, para exercer

a representação judicial esse Comitê só poderá ser composto por procuradores, únicos legitimados a postular em juízo.

São, portanto, dois Comitês. Nas duas hipóteses difícil, senão impossível a atuação conjunta e harmônica dos

representantes das três entidades políticas.

O terceiro mal é que essa PEC, ao fixar uma alíquota uniforme de 25% sobre todos os bens e serviços, provoca injusta

concentração da carga tributária no setor da agricultura e na área de prestação de serviços. Aquele passa a pagar o IPI e a

área de serviços passa a arcar com o IPI e ICM, causando aumento em torno de 300%. Para o prestador de serviço em

caráter pessoal (advogado, contador, médico etc.) o aumento chega a quase 700% por conta da inclusão do

PIS/COFINS, além do IPI/ICMS. O autor da proposta diz que o modelo foi importado da Europa. Só que lá a alíquota

básica, que varia de 20% a 25%, é flexibilizada para 16%, 12%, 6%, até isenção, tudo dependendo do setor da atividade

produtiva.

O quarto problema é que a PEC nº 45, ao vedar incentivo fiscal de qualquer espécie, contraria a política de integração

nacional, mediante redução gradual das desigualdades socioeconômicas entre as diferentes regiões do País (art. 150, I da

CF).

O quinto problema é que a PEC suprime doze preceitos constitucionais e cria mais de 140 normas novas,

potencializando demandas no STF. Introduz mais de 40 conceitos novos em matéria tributária, sinalizando décadas de

discussões na Corte Suprema até pacificar todos eles.

Na realidade, a PEC nº 45 está muito longe da pretendida simplificação, pois torna tudo muito mais complexo. Aliás, a

complexidade não reside nos textos constitucionais, nem na quantidade de tributos, mas na legislação ordinária e nas

normas de menor hierarquia despejadas diariamente por órgãos administrativos. E o Comitê Gestor, a exemplo do que

ocorre no SIMPLES, tem a vocação de provocar um cipoal de normas que confundem os contribuintes. Certamente,

complicar e onerar mais não é o caminho a ser perseguido!

Por isso, propomos uma reforma parcial unificando os tributos federais incidentes sobre o consumo (PIS, COFINS, IPI e

parte do IOF referente as operações de crédito e de valores imobiliários) em torno do IBS/IVA, e a incorporação da

CSLL no IR. A contribuição previdenciária patronal poderá ser reduzida e ter a sua diferença financiada por um

percentual do IBS/IVA.

No mais, basta promover emendas pontuais para dar transparência ao Sistema Tributário, reduzindo drasticamente os

litígios judiciais e evitando interpretações tangenciais que se afastam dos princípios tributários, como segue:

a) proibição de uso de medida provisória por atentar contra o princípio da legalidade tributária e causar instabilidade

legislativa;

b) proibição de cobrar taxas acima do provável custo de atuação estatal, fazendo às vezes de um imposto inominado;

c) definição do fato gerador das contribuições sociais por lei complementar para conter os costumeiros desvios de

finalidade;

d) vedar a tributação antecipada para conter a proliferação da substituição tributária, responsável maior pela elevação da

carga burocrática e insegurança jurídica;

e) exigir motivação expressa na alteração de alíquotas de impostos regulatórios por decreto, para evitar sua utilização

com finalidade arrecadatória;

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f) vedar a inclusão do valor do tributo na sua própria base de cálculo e na de outros tributos, para conferir transparência

tributária e cessar as intermináveis discussões judiciais que crescem de forma assustadora;

g) aumentar o percentual de vinculação do produto de arrecadação do IR nos FPE e FPM para compensar a extinção do

IPI.

Kiyoshi Harada – sócio da Harada Advogados Associados e presidente do Instituto Brasileiro de Estudos de Direito

Administrativo, Financeiro e Tributário

STJ analisa se empresa usou terceirização irregular

para permanecer no Simples

A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a julgar nesta semana uma acusação de terceirização

irregular feita contra a empresa Lunelli Comércio do Vestuário, detentora, entre outras, das marcas Lez a Lez, Fico e

Lunender. A Fazenda Nacional alega que a companhia promoveu uma terceirização artificial, criando empresas de

fachada para continuar aproveitando benefícios tributários do Simples Nacional. Diante disso, a Receita Federal cobrou

a contribuição previdenciária incidente sobre os salários dos empregados terceirizados.

Os ministros analisam o caso no REsp 1.652.347/SC, que opõe a Lunelli e a Fazenda Nacional. Por enquanto, dois

ministros votaram para manter a cobrança fiscal de contribuição previdenciária e considerar que a companhia realizou

uma terceirização irregular. O julgamento começou na última terça-feira (3/12) e foi retomado nesta quinta-feira (5/12),

quando foi interrompido novamente por um pedido de vista.

A companhia é acusada de ter dividido a sua operação como forma de continuar usufruindo dos benefícios do Simples

Nacional. A irregularidade estaria na contratação simulada de cinco empresas, que na realidade estariam ligadas à

Lunelli. A fiscalização apontou, entre outros pontos, que as companhias contratadas teriam como sócios ex-funcionários

da Lunelli, além de utilizarem maquinário cedido pela companhia.

Ainda segundo a Fazenda, a rede de empresas teria se organizado para pagar as contas de água e luz umas das outras e

compartilhar o imóvel de sede e as linhas telefônicas. Por fim, a acusação argumenta que as empresas contratadas

prestavam serviços exclusivamente para a Lunelli.

“Para ficar no simples a empresa dividiu-se”, sintetizou o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, José Levi, durante

sustentação oral realizada no dia 3.

Empresas de fachada?

Após identificar a suposta irregularidade a fiscalização cobrou da Lunelli a contribuição previdenciária incidente sobre a

folha de salário dos funcionários das empresas contratadas. A cobrança em 2008 girava em torno de R$ 10 milhões,

segundo o relator do caso. Fontes próximas ao processo, porém, estimam que o montante tenha mais do que dobrado de

lá para cá.

A cobrança da contribuição previdenciária se deu após a fiscalização desconsiderar a personalidade jurídica das

companhias contratadas. A Receita entendeu que existia relação de subordinação entre os funcionários das cinco

companhias e a Lunelli.

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Por outro lado, a Lunelli defendeu que a Receita Federal não forneceu provas suficientes para evidenciar a relação de

emprego. Ainda, argumentou que os depoimentos das testemunhas demonstram que as empresas prestadoras de serviço

são idôneas e autônomas, e não empresas de fachada.

De acordo com o contribuinte, as companhias prestavam serviços exclusivamente à Lunelli porque eram de pequeno

porte e não tinham capacidade para atender a demandas de outros clientes, de forma que não havia qualquer exigência de

exclusividade. A companhia também negou ter interferido na administração das pequenas empresas e ressaltou que a lei

não impede que ex-empregados da Lunelli se tornem proprietários das empresas que venham a lhe prestar serviço.

Segundo o advogado da Lunelli, Carlos Amorim, do escritório Martinelli Advogados, é comum no setor que ex-

funcionários deixem as empresas nas quais atuam e abram suas própria tecelagem. Além disso, por conta da

sazonalidade, é usual que a produção dessas pequenas tecelagens sejam voltadas a um único comprador.

Por fim, o contribuinte destacou que, ainda que o Judiciário considere a terceirização irregular e decida que na verdade

as empresas constituem um grupo econômico, não fica automaticamente autorizada a cobrança de contribuição

previdenciária sobre os salários dos supostos terceirizados.

Isso porque seria necessário comprovar, adicionalmente, que os funcionários das “subsidiárias de fachada” também são

empregados da Lunelli. Na visão do contribuinte, no entanto, não existe vínculo empregatício porque não estão

atendidas as condições de pessoalidade, eventualidade, onerosidade e subordinação.

Votos

O relator do caso na 2ª Turma do STJ, ministro Francisco Falcão, considerou que a partir dos elementos trazidos pela

fiscalização ficou comprovada a confusão patrimonial entre as companhias tratadas no processo. Existiria, assim, uma

Ilicitude na terceirização, sendo possível a conclusão de que há vínculo empregatício direto entre os funcionários das

empresas contratadas e a Lunelli.

O ministro Herman Benjamin, que preside a 2ª Turma, acompanhou o relator para entender que a terceirização é ilícita e

que a Lunelli deve pagar a cobrança de contribuição previdenciária sobre os salários dos empregados. “Todas [as

empresas] com confusão pessoal, patrimonial: luz, água, contadores. A única distinção é a jurídica. Uma formalidade”,

disse.

Na sequência, o ministro Mauro Campbell afirmou que não conheceria a maior parte do recurso por aplicar a súmula 7

do STJ, conforme havia anunciado na terça-feira (3/12). O enunciado impede que o tribunal superior reavalie as provas

apresentadas no processo, para que os ministros se debrucem apenas sobre questões de Direito relativas à aplicação da

legislação federal.

Se o recurso não for conhecido pelo STJ, prevalece a decisão da segunda instância, que afastou a cobrança de

contribuição previdenciária.

Durante a sessão desta quinta-feira (5/12), Campbell reforçou que a segunda instância decidiu de forma unânime que a

desconsideração do negócio jurídico do contribuinte não autoriza que o Judiciário reconheça o vínculo empregatício por

presunção. Isso porque, na visão dos desembargadores, a Receita não reuniu evidências que comprovassem a

subordinação dos empregados, a não eventualidade da prestação dos serviços, a pessoalidade do trabalho e a

remuneração entre as pessoas físicas prestadoras de serviço e a suposta empresa tomadora.

Após defender a aplicação da súmula 7, Campbell pediu vista para elaborar o voto no mérito caso os demais ministros

entendam que o recurso deva ser admitido e ele seja vencido na parte do conhecimento.

A 2ª Turma é composta por cinco ministros, e além de Campbell aguardam para votar os ministros Og Fernandes e

Assusete Magalhães.

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Segunda instância

O caso chegou ao STJ após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) analisar o assunto e proferir duas decisões

distintas: uma favorável e uma desfavorável à empresa. Em 2015 a Corte manteve a cobrança fiscal, porém em 2016, por

meio de embargos de declaração, o entendimento foi alterado.

Na decisão mais recente o TRF4 considerou que a fiscalização não comprovou o vínculo empregatício que embasaria a

cobrança da contribuição previdenciária.

“Ainda que a nítida atuação da embargante [Lunelli] nas áreas de administração de pessoal, contábil e financeira das

empresas contratadas, além da cedência de equipamentos e imóveis e do capital social reduzido, aponte a formação de

grupo econômico, a exposição detalhada no Relatório Fiscal Complementar não corrobora, de modo inequívoco, a

conclusão de que os empregados prestavam serviços sob as ordens da Lunender”, afirmou o desembargador Amaury

Chaves de Athayde.

Fonte: Jota Info

em conformidade

Administração pública não pode invalidar ato baseado em solução de

consulta

10 de dezembro de 2019, 7h08

Por Gabriela Coelho

Se o contribuinte adotou procedimentos seguindo uma solução de consulta emitida pela Receita, mesmo que a Receita

tenha errado no momento de responder, a administração pública não pode invalidar o ato do contribuinte. O

entendimento foi fixado, por unanimidade, pela Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de

Recursos Fiscais (Carf).

Prevaleceu o voto da relatora, conselheira Edeli Pereira Bessa. "A resposta à consulta, certa ou errada, vincula a

Administração até que ocorra uma alteração estabelecendo novo critério jurídico a ser adotado pela autoridade

administrativa, o qual será aplicável apenas aos fatos geradores posteriores à sua adoção, nos termos do artigo 146 do

CTN", disse.

Segundo a conselheira, na hipótese de alteração de entendimento expresso em decisão proferida em processo de consulta

já solucionado, "a nova orientação atingirá apenas os fatos geradores que ocorrerem após sua publicação na imprensa

oficial ou após a ciência do consulente, conforme dispõe do artigo 48, § 12, da Lei 9.430/1996".

A relatora lembrou de um caso analisado pela 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em que confirmou-se o

entendimento expresso no paradigma, no sentido que a interpretação firmada em consulta fiscal gera direitos aos

consulentes e, se equivocada, somente deixará de ser aplicada em fatos geradores posteriores à edição da nova

orientação.

"A disciplina legal específica estabelecida para a consulta fiscal pela Lei 9.430, de 1996, não permite que a resposta

editada pela Administração neste âmbito seja classificada como “atos normativos expedidos pelas autoridades

administrativas”, cuja invalidade não afeta a exigência do tributo devido, mas apenas impede a aplicação de penalidades

e a cobrança de acréscimos moratórios do sujeito passivo que as observar."

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De acordo com a conselheira relatora, ao deslocar a eficácia da alteração do entendimento firmado em resposta à

consulta do sujeito passivo para as incidências verificadas após a publicidade da nova orientação, "somente é possível

concluir que o legislador manteve a validade pretérita da orientação anterior, e disto decorre, inexoravelmente, a

impossibilidade de cobrança dos tributos não recolhidos em razão da resposta dada especificamente ao sujeito passivo

em consulta fiscal por ele formulada".

Caso O litígio decorreu de lançamentos de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurada nos anos-calendário

1997 a 1999 a partir da constatação de exclusão indevida de receitas de exportação, acerca das quais a contribuinte alega

ter obtido, em resposta em consulta fiscal, a informação de que os rendimentos auferidos no exterior não integram a base

de cálculo da CSLL, por força do artigo 15 da Instrução Normativa SRF 38/96.

A autoridade julgadora de primeira instância manteve integralmente a exigência. O colegiado anterior, por sua vez, por

maioria de votos, afastou a multa de ofício e os juros de mora aplicados, por força do artigo 100, parágrafo único do

CTN, sob a premissa de que o objeto da consulta estava “voltado para os impostos incidentes nas vendas de serviços

realizadas no exterior”, ou seja, a venda de serviços para empresas situadas no exterior (Chile e Argentina), sendo que a

resposta à consulta consignou que os rendimentos auferidos no exterior não integram a base de cálculo da

CSLL instituída pela Lei 7.689/88.

Clique aqui para ler o acórdão.

PAF 16327.001334/2002-28

AC 9101-004.487

Gabriela Coelho é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 10 de dezembro de 2019, 7h08

IR 2019: 700.221 contribuintes estão na malha fina

Receita Federal informou que mais de 700 mil contribuintes caíram na malha fina por

inconsistências nas informações prestadas.

11/12/2019 09:59:45

A Receita Federal informou nesta segunda-feira, 9, que 700.221 contribuintes tiveram suas declarações do Imposto de

Renda de 2019 retidas na malha fina devido a inconsistências nas informações prestadas.

Quando entram na malha fina, as declarações dos contribuintes ficam retidas para verificação de pendências e eventual

correção dos erros. As restituições são pagas somente após a questão ter sido resolvida.

A quantidade de declarações retidas em malha corresponde a 2,13% do total de 32.931.145 declarações apresentadas

neste ano.

De acordo com o órgão, desse total de declarações retidas em malha, 74,9% apresentam imposto a restituir; 22,4%

apresentam imposto a pagar e 2,7% apresentam saldo zero.

Ainda segundo a Receita, as principais razões que levaram à retenção de declarações em 2019 foram:

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- Omissão de rendimentos do titular ou seus dependentes: 35,6% das declarações com esta ocorrência;

- Despesas médicas: 25,1% das declarações com esta ocorrência;

- Divergências entre o IRRF informado na declaração e o informado em DIRF: 23,5% declarações com esta ocorrência;

- Dedução de previdência oficial ou privada, dependentes, pensão alimentícia e outras: 12,5% declarações com estas

ocorrências.

Consulta ao último lote do IR

Desde segunda-feira a Receita liberou as consultas ao sétimo e último lote do Imposto de Renda de Pessoas Físicas de

2019.

As consultas já podem ser feitas pelo site da Receita Federal. Também é possível fazer a consulta por meio do aplicativo

para tablets e smartphones.

Quem não aparecer em um dos sete lotes regulares do IR está automaticamente na malha fina do Leão.

Como sair da malha fina

Para saber o que há de errado com sua declaração, os contribuintes podem acessar o "extrato" do Imposto de Renda no

site da Receita Federal no chamado e-CAC (Centro Virtual de Atendimento).

Para acessar o extrato do IR é necessário utilizar o código de acesso gerado na própria página da Receita Federal, ou

certificado digital emitido por autoridade habilitada.

Após verificar quais inconsistências foram encontradas pela Receita Federal na declaração do Imposto de Renda, o

contribuinte pode enviar uma declaração retificadora.

Quando a situação for resolvida, o contribuinte sai da malha fina e, caso tenha direito, a restituição será incluída nos

lotes residuais do Imposto de Renda.

Via Varejo confirma indício de fraude contábil e vê impacto

bilionário; ação vai de alta de 8% para queda de 3%

A companhia estima o impacto no resultado da investigação entre R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

Por Lara Rizério 12 dez 2019 18h38 - Atualizado 2 dias atrás

SÃO PAULO – As ações da Via Varejo (VVAR3) tiveram uma reviravolta no último sinal da Bolsa na sessão desta

quinta-feira (12): os papéis saíram de alta de 8,14%, a R$ 11,16 às 17h54, para fechar em queda de 3,10%, a R$ 10,00.

Confira o movimento no gráfico abaixo:

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(Fonte: Bloomberg)

O movimento aconteceu logo após a divulgação de fato relevante sobre o resultado da investigação feita por comitê de

Investigação da companhia.

A conclusão foi de que foram encontrados indícios de fraude contábil caracterizada pela manipulação da provisão

trabalhista e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos e falhas de controles internos que

poderiam resultar em erros materiais em determinadas contas contábeis.

A companhia ainda estima o impacto no resultado entre R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

“A administração da companhia, tendo tomado conhecimento do quanto relatado acima, já está adotando as providências

necessárias para apurar, em conjunto com seus auditores independentes, o valor total dos ajustes contábeis decorrentes

do quanto revelado através da investigação”, destacou no fato relevante.

Segundo a a dona das marcas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com, em paralelo à investigação e conforme informado

anteriormente em seu release de resultados do 3º trimestre de 2019, a empresa continua empenhada na condução de um

trabalho de identificação de riscos e oportunidades. “Referido trabalho ainda está em andamento, porém já foram

identificados determinados ajustes relevantes, da ordem de R$ 200 milhões, referentes a créditos fiscais e outras

provisões”, afirmou.

O impacto combinado dos ajustes resultará em ajustes da ordem de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão nos resultados do 4º

trimestre de 2019, com impacto no patrimônio líquido entre R$ 800 milhões e R$ 940 milhões. Os referidos ajustes

gerarão um efeito caixa no decorrer dos próximos três a quatro anos.

Também foram apurados créditos fiscais de R$ 600 milhões referentes a PIS/COFINS e ICMS, cujo reconhecimento

está atualmente em validação com os auditores independentes.

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A Via Varejo ainda destacou que os ajustes não impactarão o fluxo de caixa de forma adversa e relevante, assim como a

condição financeira e operacional ou a capacidade de honrar compromissos. “A administração continuará priorizando o

turnaround das operações da Companhia, em linha com o que vem sendo feito desde o final do 2º trimestre de 2019,

buscando entregar resultados cada vez melhores e consistentes a seus investidores”.

Em 13 de novembro, os papéis tiveram uma sessão de forte volatilidade, chegando a ter queda de 9%, mas fechando em

baixa de 0,99% após a notícia de investigação. Na ocasião, a empresa havia informado a primeira fase de investigações

sobre as supostas irregularidades contábeis não havia confirmado as alegações.

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Impacto na companhia

Em relatório, Pedro Fagundes, analista da XP Investimentos, destacou que o montante com efeito caixa negativo na Via

Varejo é na realidade de cerca de R$ 900 milhões, a ser desembolsado no intervalo de três e quatro anos – ou cerca de

6% (a valor presente) do valor de mercado da empresa.

Além disso, o valor desconsidera os ganhos de R$ 600 milhões relacionados a créditos fiscais, atualmente em avaliação

(a maior parte já transitado em julgado), bem como eventuais benefícios provenientes de recuperação de impostos

(estimados em cerca R$ 270 milhões). “O efeito combinado de ambos tem o potencial de anular quase a totalidade do

efeito negativo no caixa”, afirma.

A investigação está relacionada a práticas da antiga gestão da companhia e faz parte da fase de ajuste pela qual a

empresa passa nesse momento. “Sendo assim, continuamos acreditando que a Via Varejo apresenta hoje um perfil de

governança melhor do que aquele apresentado no passado”, afirma o analista.

Assim, na avaliação de Fagundes, apesar de negativa, a notícia não altera os fundamentos da companhia para os

próximos anos e nem afeta os pilares da visão construtiva para as ações da Via Varejo (confira o relatório clicando aqui).

Assim, a equipe de análise tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 12, o que corresponde a um potencial de

valorização de 20% frente o fechamento de quinta.

O Bradesco BBI aponta que as notícias são claramente negativas. “No entanto, não vemos as notícias como tendo um

impacto negativo na capacidade da administração de executar a recuperação em andamento e que constitui o case de

investimento da Via Varejo. Por exemplo, não vemos as notícias impactando negativamente a potencial lucratividade

operacional futura da empresa. Também vemos o impacto do caixa como gerenciável”, apontam os analistas do banco.

Contudo, a recomendação é neutra, dada a forte alta recente dos ativos.

Tributário

Créditos de PIS e Cofins no regime não cumulativo – mudanças

conceituais e possibilidades de questionamentos de normas

aplicáveis

Premissa para essa apropriação de crédito é que haja pelo fornecedor pagamento de PIS e Cofins

em qualquer percentual quando do fornecimento desses itens a empresa.

10/12/2019 09:00:15

Ponto interessante com relação a possibilidade de crédito de PIS e Cofins, no regime não cumulativo, está relacionado

aos bens classificados como ativo imobilizado da empresa.

Temos, como regra geral, tanto na Lei 10637/02, que trata da possibilidade do PIS não cumulativo, como na Lei

10833/03, que trata da Cofins não cumulativa que as aquisições suscetíveis a geração de credito tem relação com

mercadorias adquiridas para revenda, insumos adquiridos para uso na produção, aquisição de energia elétrica ou térmica

consumida em estabelecimento do contribuinte, pagamentos de aluguéis de instalações, máquinas e equipamentos

utilizados pela empresa, a contraprestação de arrendamento mercantil pagos pela empresa, exceto quando o beneficiário

do pagamento for empresa do SIMPLES, a aquisição de equipamentos do ativo imobilizado da empresa adquiridos para

uso na manufatura ou para locação, o pagamento de edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros

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utilizados nas atividades da empresa, os gastos com armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, o vale

transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica

que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção, e os bens classificados no

intangível da empresa para uso na produção de bens destinados a venda ou a prestação de serviços.

Premissa para essa apropriação de crédito é que haja pelo fornecedor pagamento de PIS e Cofins em qualquer percentual

quando do fornecimento desses itens a empresa.

Norma esclarecedora desse fato veio através do Ato Declaratório Interpretativo número 15/2007 que tratou da

possibilidade de crédito do PIS e Cofins no regime não cumulativo quando o fornecimento é realizado por empresa

enquadrada no SIMPLES Nacional.

ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO Nº 15, DE 26 DE SETEMBRO DE 2007

Dispõe sobre o desconto de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da

Seguridade Social (Cofins) calculados em relação às aquisições de bens e serviços de pessoa jurídica optante pelo

Simples Nacional.

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 224 do

Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 95, de 30 de abril de

2007, e tendo em vista o disposto no art. 23 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, e o que consta do

processo nº 10168.003407/2007-14, declara:

Artigo único. As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e

da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) , observadas as vedações previstas e demais

disposições da legislação aplicável, podem descontar créditos calculados em relação às aquisições de bens e serviços

de pessoa jurídica optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) , instituído pelo art. 12 da Lei Complementar nº 123,

de 14 de dezembro de 2006.

Esses créditos, conforme determina o parágrafo 1º do artigo 3º da Lei número 10637/02, e mesmo parágrafo do mesmo

artigo da Lei número 10833/03 são realizados com base na alíquota aplicada para cálculo das contribuições referente as

receitas da empresa.

Assim, independente do quanto o fornecedor calcula de PIS e Cofins no seu fornecimento, a empresa adquirente

enquadrada no regime não cumulativo de apuração dessas contribuições pode se apropriar de crédito das mesmas tendo

como base as alíquotas de 1,65% (PIS) e 7,6% (Cofins) . Esse posicionamento, de forma mais recente, está

contemplado, também, no artigo 166 da Instrução Normativa RFB de número 1911/19.

Reforça-se nessa interpretação a mecânica da não cumulatividade de apuração, na qual há o direito de creditamento,

com a premissa de que o item adquirido seja componente intrínseco de outro item gerador de receita para o qual haja o

cálculo e o recolhimento de PIS e Cofins.

Esse leque de possibilidades de créditos, tem sofrido alterações significativas, sendo a de maior impacto a decisão do

STJ – Superior Tribunal de Justiça, de fevereiro de 2018, que em seu julgado, atrelou a possibilidade de créditos dessas

contribuições (PIS e Cofins não cumulativos) aos conceitos de essencialidade e relevância do item na atividade da

empresa geradora da sua receita operacional, com isso, as colocações das Instruções Normativas RFB nºs 247/01 e

404/04 foram descartadas como balizadoras dessa possibilidade de crédito.

Com essa decisão do STJ, as empresas têm trabalhado nessa apropriação de créditos explorando os dois conceitos

mencionados (essencialidade e relevância).

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Tivemos, também, a publicação do Parecer Normativo CST/RFB nº 05/18 que objetiva apresentar aos contribuintes a

interpretação da Receita Federal a essa decisão do STJ, sendo que sua interpretação está atrelada a aplicação dos dois

conceitos acima citados, mas exclusivamente a produção de bens destinados a venda, ou, a prestação de serviços a

terceiros. Assim, itens sem relação com essas atividades não estão incluídos na seara de possibilidades de crédito. A

atividade comercial, por exemplo, na manifestação do ‘Parecer’ não enseja qualquer direito a crédito, exceção às

mercadorias adquiridas para revenda, citando-se textualmente essas não possibilidades nos gastos referentes a transporte

e embalagem para transporte das mercadorias revendidas. Assim na visão da Receita Federal, o conceito de insumos não

se aplica às atividades comerciais, o que ´chega a ser uma afronta a decisão do STJ que menciona “.......o conceito de

insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerando-se a

imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade

econômica desempenhada pelo contribuinte........”.

Essa mudança de entendimento com relação a possibilidade de crédito dessas duas contribuições, chegou também ao

CARF – Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, no tocante ao posicionamento sobre possibilidades de créditos

utilizando o conceito de essencialidade e relevância. Exemplo:

“ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de

apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014

INSUMOS. VINCULAÇÃO, ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MARKETING. O

contribuinte que presta serviços relacionados à área de marketing e publicidade, inclusive o desenvolvimento de

marcas e de mercado, utiliza serviços de marketing prestados por terceiros como insumo essencial à sua própria

prestação de serviços, gerando, portanto, o direito ao crédito de Cofins no regime da não cumulatividade.

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014

INSUMOS. VINCULAÇÃO, ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MARKETING. O

contribuinte que presta serviços relacionados à área de marketing e publicidade, inclusive o desenvolvimento de

marcas e de mercado, utiliza serviços de marketing prestados por terceiros como insumo essencial à sua própria

prestação de serviços, gerando, portanto, o direito ao crédito de PIS no regime da não cumulatividade.”

(Processo nº 19515.721360/2017-23, Recurso Voluntário, Acórdão nº 3201-005.668 – 3ª Seção de Julgamento / 2ª

Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 21 de agosto de 2019)

Assim, dois pontos são vitais ao analisarmos essa questão. O primeiro deles, entendemos, está vinculado diretamente ao

aspecto financeiro econômico da operação, ou seja, como componente do valor pago pelo adquirente termos uma parcela

de PIS e Cofins, independente de seu percentual. O segundo tem relação com a possibilidade crédito, para a qual nos

subsidiamos da decisão do STJ, ou seja, o direito ao crédito é possível quando se comprova a essencialidade e a

relevância do bem ou direito adquirido na atividade econômica desenvolvida pela empresa.

Impeditivo de crédito, relacionado ao PIS e a Cofins, mas com aplicação sobre ativos imobilizados, foi trazido as

normas legais relacionadas a essas duas contribuições pela Lei de número 10865/04.

A restrição relaciona-se ao fato de não ocorrer o direito ao crédito do bem do ativo vendido a terceiro e alugado por esse

terceiro a empresa vendedora. Essa restrição consta no parágrafo 3º do artigo 31 da mencionada Lei, e mais

recentemente no parágrafo único do artigo 181 da Instrução Normativa RFB de número 1911/19. Na sequência temos a

redação do artigo 31 da Lei de número 10865/04.

Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos

apurados na forma do inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nº s 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de

dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30

de abril de 2004.

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1º Poderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nº s 10.637, de 30 de

dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens

e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1º de maio.

2º O direito ao desconto de créditos de que trata o § 1º deste artigo não se aplica ao valor decorrente da

reavaliação de bens e direitos do ativo permanente.

3º É também vedado, a partir da data a que se refere o caput, o crédito relativo a aluguel e contraprestação de

arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica. (g.n.)

Essa restrição foi incorporada a legislação, antes da decisão do STJ e antes de outras decisões que estão ampliando a

possibilidade de crédito do PIS e Cofins no regime não cumulativo.

Analisando a mesma de forma específica, identificamos, que ela apresenta um contrassenso de acordo com os

parâmetros básicos para o crédito. Como mencionado, esses parâmetros têm vinculação ao PIS e a Cofins serem

componentes de valor do fornecimento, e o item do fornecimento ter relação de essencialidade e relevância com a

atividade desenvolvida pelo adquirente.

Assim, quando temos a restrição de créditos para PIS e Cofins que são componentes de valores de aluguéis ou

contraprestações de arrendamento de bens que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica, claramente há, uma

afronta ao conceito da não cumulatividade dessas contribuições.

Alegar que o crédito já foi tomado em momento anterior, na compra do bem incorporado ao ativo, entendemos ser fator

ratificante de que o crédito agora também é possível. Quando da incorporação ao ativo tivemos um momento financeiro

específico, com essas contribuições compondo o preço da aquisição, sendo as mesmas (as contribuições) recolhidas pelo

vendedor do equipamento, isso como condicional para que o adquirente efetivasse o crédito, associando esse fator

(componente de preço) a caracterização de essencialidade e relevância do item na sua operação.

Em momento seguinte esse bem ao entrar em processo de negociação (venda) e ser alugado para antigo proprietário, por

necessidade direta voltada a suportar a sua operação fim e tendo características de essencialidade e relevância

operacionais, terá como componente do valor do aluguel ou arrendamento, uma nova etapa de tributação de PIS e Cofins

que nada tem a ver com a primeira, ou seja, trata-se de outro momento financeiro, em que o locatário, desembolsará

valor pelo uso do equipamento, ou seja, terá um custo para essa operação, e compondo esse custo, teremos nova parcela

de PIS e Cofins, agora sobre valor de aluguel ou arrendamento e não sobre valor de aquisição do equipamento. Nota-se

que na revenda do bem não ocorre o fato gerador dessas contribuições, pois por previsão legal o valor da mesma não

comporá a base de cálculo da operação (Lei 10637/02 do PIS e § 3º, Art. 1º da Lei 10.833/2003 do COFINS"), dessa

forma o seu adquirente também não terá direito ao credito pela ausência de cobrança dessas contribuições na operação

anterior. Na sequência temos a mudança da característica da receita sobre o bem, ou seja, essa receita não é mais de

venda de mercadoria, mas sim de aluguel ou arrendamento, sendo que o locador (ou arrendador) pagará essas

contribuições com base nessas contraprestações, mesmo sem crédito pela aquisição do item, não havendo, porque,

termos ai sobre as mesmas contribuições, a “quebra” da cadeia de não cumulatividade, ou seja: (1) tributa-se as

contribuições como parcela componente de preço na locação ou arrendamento; (2) não há direito a crédito na aquisição

do bem arrendado pois o mesmo não teve no preço de aquisição essas contribuições como componente da precificação;

(3) o locatário ou arrendatário mesmo pagando essas contribuições como componente do valor da contraprestação pela

disponibilização de uso, em momento financeiro completamente distinto daquele relacionado a primeira aquisição, não

pode recuperar as mesmas (PIS e Cofins) pelas vedações mencionadas acima (parágrafo 3º do artigo 31 da Lei número

10865/04 e parágrafo único do artigo 181 da Instrução Normativa RFB de número 1911/19).

Temos assim, pelo locador ou arrendador o pagamento de PIS e Cofins sobre a receita de locação ou arrendamento, sem

a possibilidade de crédito, e adicionalmente temos que esse PIS e Cofins compôs o valor pago pelo locatário ou

arrendatário como componente do preço da operação, mas sem possibilidade de crédito pois o bem em momento

financeiro anterior fez parte do seu ativo e sobre ele houve o crédito de PIS e Cofins lá na primeira operação. Importante

observar os parâmetros de tempo e espaço totalmente desassociados e desvinculados, cada um gerando uma precificação

e um custo assumidos, lá atrás pelo adquirente, e agora pelo locatário, ou arrendatário. Vincular esses momentos para

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vedar o crédito de PIS e Cofins na locação ou arrendamento é afrontar disposições das Leis números 10637/02 e

10833/03 quanto as contribuições fazerem parte do preço do fornecimento logo serem creditáveis, bem como da decisão

do STJ de fevereiro de 2018 quanto aos conceitos de essencialidade e relevância do bem na operação da operação.

Considerando que uma possível reforma tributária, tudo indica, irá independente das propostas em análise no

Congresso, fazer a junção do PIS e da Cofins, as empresas, inclusive através de seus Departamentos Jurídicos, buscam

linhas de argumentações que possam trazer legalidade as amplas possibilidades de créditos dessas contribuições, sendo

que o crédito sobre aluguel ou arrendamento de item que já tenha integrado o patrimônio da empresa é uma dessas linhas

em análise.

Escrito Por

Jorge Carlos Bahia

Tributação da distribuição de dividendos

O PL nº 3.129/19 em tramitação na Câmara dos Deputados atualiza os valores expressos em reais da tabela e das deduções aplicáveis à tributação do IRPF, modifica as alíquotas de tributação do IRPJ, institui tributação sobre lucros e dividendos e revoga a possibilidade de a pessoa jurídica distribuir juros sobre o Capital Próprio a seus sócios

Por Kiyoshi Harada 10 de Dezembro de 2019 às 10:04

| Jurista, com 30 obras publicadas. É membro da Academia Brasileira de Direito Tributário e sócio fundador do escritório Harada Advogados Associados

O Projeto legislativo sob exame destoa do discurso do governo no sentido de diminuir a carga tributária. Ele aumenta a

alíquota máxima do IRPF de 27,5% para 37% e cria a incidência do imposto de renda sobre os lucros e dividendos

distribuídos pelas empresas na base de 20%, reduzindo em contrapartida o imposto incidente sobre os ganhos da pessoa

jurídica de 15% para 10%, mantido o adicional para a parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor

resultante da multiplicação de R$20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração.

Ao reduzir o percentual de 15% incidente sobre o lucro das pessoas jurídicas para 10%, e criar a tributação dos lucros

distribuídos na base de 20%, a proposta legislativa sob exame, na realidade, provoca um aumento da ordem de 15%

sobre a atual carga tributária.

A tributação dos lucros distribuídos aos sócios implica bitributação, isto é, a tributação recai sobre os lucros já tributados

na pessoa jurídica, a exemplo do IGF que implica tributação do bem anteriormente tributado, razão da não instituição até

hoje desse imposto previsto no inciso VII, do art. 153 da CF.

Nenhum País do mundo, como nos Estados Unidos e Países da OCEDE que mantêm a dupla tributação adota alíquotas

exacerbadas de 10% para pessoa jurídica e de 20% para pessoa física como previstas no projeto legislativo sob exame. O

ganho, a renda, que tem o sentido de aquisição de riqueza nova não deve ser objeto de dupla tributação. A tributação do

lucro da pessoa jurídica é mera antecipação do pagamento pelas pessoas físicas

Como afirmado por Everardo Maciel na palestra proferida no 3º Congresso do CODECON, em 17-10-2019, a

“tributação dos lucros na PJ é o início de um ciclo impositivo, equivalente à retenção na fonte, que se encerra com a

distribuição de resultados”.

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A proposta legislativa sob exame atinge em cheio as empresas sob o regime de lucro presumindo – cerca de 900 mil

contribuintes – e ao tributar os lucros percebidos pelos sócios implica utilização de tributo com efeito confiscatório

vedado pelo art. 150, IV da CF.

A finalidade última de uma empresa é gerar lucros para seus sócios. Esses lucros são reduzidos brutalmente em razão da

carga tributária que incide sobre a atividade econômica. Hoje, por exemplo, a carga tributária de uma empresa é de

aproximadamente 35% do lucro. Logo, em última análise, verifica-se que somente 65% dos lucros de uma empresa

podem ser objeto de distribuição para seus sócios.

Dessa forma, caso seja aprovada a tributação sobre a distribuição de lucros com a incidência da alíquota de 20%,

verifica-se que os sócios, que teoricamente teriam direito a 100% do lucro da empresa, na realidade, somente terão

direito a 45% do lucro da empresa, ou seja, mais de 55% do lucro das empresas será destinado ao pagamento de tributos,

como se o fisco fosse sócio majoritário da empresa.

Apesar da pessoa jurídica ter existência independente de seus sócios, as suas cotas são propriedade de seus sócios. Logo,

reduzir o patrimônio da empresa por meio de tributação, implica, ipso facto, reduzir o patrimônio dos sócios, de forma

que apesar da tributação sobre a distribuição de lucros implicar apenas uma bitributação econômica e não jurídica, ela

resulta no confisco da propriedade dos sócios da empresa que terão direito a apenas 45% do lucro da pessoa jurídica.

Assim, a tributação de 55% do patrimônio da empresa acarreta a redução de 55% do patrimônio de seus sócios, ferindo o

disposto no art. 150, IV da CF.

A tributação dos lucros e dividendos distribuídos, segundo as doutas considerações de seu ilustrado autor, tem o objetivo

de “manter a justiça fiscal do sistema no sentido de tributar mais quem possui maiores rendas”.

Ora, a alegada justiça fiscal de tributar mais de quem ganha mais já está atendida pela elevação da alíquota do IRPF de

27,5% para 37%, isto é, um aumento de 9,5% em relação à situação atual. Não se pode invocar o princípio da tributação

progressiva para incluir ganhos que estão fora do campo de incidência, porque já tributados na pessoa jurídica.

Por tais razões, entendemos que o projeto legislativo em questão não deve prosperar.

STF nega embargos e empresas terão que pagar

diferença de ICMS na cesta básica

12 de dezembro de 2019

As empresas do ramo alimentício e de supermercados saíram derrotadas de mais um embate travado no Supremo Tribunal

Federal (STF) para tentar amenizar os custos milionários gerados pela perda de uma ação na corte superior em 2014.

Trata-se do Recurso Extraordinário (RE) 635.688. O caso envolve créditos de ICMS gerados a partir de diferenças de

alíquotas estaduais em produtos da cesta básica. Esta foi a segunda vez que as companhias entraram com embargos de

declaração com intuito de diminuir o período a ser pago e, consequentemente, o valor.

No entanto, nos dois casos, os recursos não foram aceitos pelos ministros. O último foi negado, por unanimidade, na sexta-

feira (6/12), acompanhando o entendimento do relator, ministro Gilmar Mendes. O julgamento dos embargos entrou no

plenário virtual do STF no dia 29 de novembro e ficou até o dia 5 de dezembro.

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Fontes ouvidas pelo JOTA informaram que as companhias estão esperando a publicação do acórdão para analisar se é

cabível ou não novos embargos. Ainda não há uma data estabelecida para a publicação. Quanto à interposição de novos

recursos, a preocupação das defesas é a de que o Supremo possa entender os terceiros embargos como protelatórios, o que

pode gerar multas.

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) informou, via assessoria de comunicação, que não tem nada a

comentar sobre o julgamento dos segundos embargos. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) não se

manifestou até o fechamento da reportagem. As duas são amici curiae no processo.

A segunda negativa dos embargos interessa principalmente aos fiscos estaduais que esperam receber valores milionários

provenientes da ação. O Rio Grande do Sul, por exemplo, espera incremento de receita de R$ 600 milhões. O estado de

São Paulo deve receber em torno de R$ 700 milhões relativos aos anos de 2002 a 2018. A Secretaria de Fazenda do Distrito

Federal espera receber R$ 1 bilhão relativos aos anos de 2017, 2018 e 2019.

Na análise de fontes ouvidas pelo JOTA, a resposta do STF do último dia 6 de dezembro contra os embargos das empresas

do setor dá mais segurança jurídica às Secretarias de Fazenda. Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e o Distrito

Federal continuaram a autuação fiscal e as cobranças no decorrer do processo no STF. Com a negativa de modulação

pedida pelas empresas, as secretarias podem continuar as cobranças e as negociações para o pagamento dos valores

devidos.

A decisão do STF afeta principalmente companhias do segmento alimentício e de supermercados. Grandes corporações

como a BRF, o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour colocaram em seus balanços a provisão do pagamento do montante.

A BRF e o Carrefour, por exemplo, provisionaram cerca de R$ 800 milhões. Já para o Grupo Pão de Açúcar o valor

aproximado é de R$ 200 milhões. Segundo fontes ouvidas pelo JOTA, diante das cifras milionárias, as empresas tentam

a diminuição dos valores a serem pagos para evitar um rombo contábil.

A ação de referência é do grupo alimentício Santa Lúcia S/A contra o estado do Rio Grande do Sul. O RE 635.688, com

repercussão geral, foi julgado em 16 de outubro de 2014, quando o plenário do STF determinou que as empresas não

podem utilizar integralmente créditos de ICMS previstos em convênios do Conselho Nacional de Política Fazendária

(Confaz) para produtos da cesta básica sem que eles estejam ratificados por lei específica estadual.

Cobrança

De acordo com a Procuradoria-Geral do Estado do RS, o estado iniciou a cobrança dos valores desde a negativa dos

primeiros embargos de declaração interpostos pelos contribuintes. A PGE gaúcha informou ainda que a maioria dos

processos possuía carta fiança ou seguro garantia, portanto o estado intimou a empresa a pagar o valor sob pena de a

seguradora ou o banco efetivar o depósito da importância correspondente. Afirmou ainda que a PGE já fez chamamento

de empresas para celebrar acordos, como parcelamentos, uma vez que os valores são altos.

Segundo a Secretaria da Fazenda do estado de São Paulo, as autuações fiscais continuaram sendo feitas, mesmo com o

processo judicial em curso. Em relação aos débitos constituídos, a pasta informou que eles encontram-se em discussão

judicial ou inscritos na dívida ativa, e cabe à PGE paulista adotar as medidas em âmbito judicial. O Distrito Federal

informou que também vai permanecer com as cobranças.

Fonte: JOTA

EFD ICMS IPI – Publicado PVA versão 2.6.2

12 de dezembro de 2019

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Disponibilizada a versão corretiva do PVA (2.6.2)

Versão criada para corrigir erro relacionado a validação do campo COD_PART do registro 1110:

Download em: http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e-demonstrativos/sped-sistema-

publico-de-escrituracao-digital/escrituracao-fiscal-digital-efd/escrituracao-fiscal-digital-efd

Fonte: Sítio do SPED

EFD Contribuições - Versão Beta do PGE 4.0

Publicado em 12/12/2019

Foi disponibilizada versão beta do PGE, exclusivamente para teste, na plataforma windows.

Versão beta do PGE 4.0 da EFD-Contribuições

Foi disponibilizada a versão 4.0.0.018 beta do Programa Gerador de Escrituração - PGE da EFD Contribuições,

destinada especialmente a desenvolvedores de soluções de software e demais contribuintes que queiram testar as novas

funcionalidades a serem disponibilizadas na versão 4.0 do PGE, prevista para 01 de janeiro de 2020.

Por tratar-se de uma versão beta, não será possível realizar nenhuma transmissão de arquivos com este PGE e

também não é possível garantir que arquivos gerados e até mesmo validados por esta versão do programa sejam

aceitos na versão final a ser disponibilizada em breve.

Eventuais problemas identificados com esta versão devem ser encaminhados exclusivamente por email para

faleconosco-sped-contribuicoes @ rfb.gov.br , com o assunto: PGE Versão 4.0 Beta.

As principais alterações no PGE estão listadas abaixo:

- Disponibilização dos registros 0900 e 1011

- Ajustes na escrituração de revenda de bens tributados por substituição tributária (CST 05)

- Ajustes na validação de retenção na fonte, informada em M200 / M600

- Disponibilização da escrituração da NF3e nos registros C500 / C600

- Correção de erros na exigência de F525 em escriturações com diversos estabelecimentos

- Correção dos relatórios de consolidação quando escriturado o registro F200

Clique aqui para baixar o programa.

Operação Fonte Não Pagadora: R$ 174 milhões em

retificações de DCTF e R$ 52 milhões em DARF

Fiscalização

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A Fiscalização de Alta Performance foi realizada por meio da Superintendência da Receita Federal do Brasil na 1ª

Região Fiscal, com supervisão e apoio da Coordenação-Geral de Fiscalização

publicado: 12/12/2019 08h23 última modificação: 12/12/2019 09h08

A Receita Federal finalizou a fase de autorregularização da Operação Fonte Não Pagadora, que combate a falta de

recolhimento de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) de Pessoas Jurídicas e obteve resultados expressivos:

O débito confessado de Imposto de Renda Retido na Fonte aumentou em R$ 174.606.661,40, resultado de

retificação de DCTFs de 2.548 empresas;

Houve pagamento de R$ 52.218.666,72 em DARF de 3.143 empresas

377 empresas retificaram a DIRF

O total de indícios de sonegação verificado nesta operação, para o período de janeiro de 2015 a dezembro de 2016, foi

de aproximadamente R$ 821 milhões, tendo a autorregularização alcançado ao menos 21% desse montante.

A Fiscalização de Alta Performance realizada pela Superintendência da Receita Federal do Brasil na 1ª Região Fiscal,

com supervisão e apoio da Coordenação-Geral de Fiscalização, demonstra como essa nova forma de atuar na

conformidade tributária é efetiva e deve ser reforçada nos próximos anos. Com restrições orçamentárias, falta de

concursos e aposentadoria de muitos servidores, é premente a utilização de tecnologia para reforçar a presença e a

justiça fiscal;

A próxima etapa é a autuação das empresas que não aproveitaram a oportunidade de se autorregularizarem.

Ifac institui painel permanente para antecipar

tendências na Contabilidade mundial Por Maristela Girotto

Comunicação CFC

Identificar as tendências que irão trazer impactos à Contabilidade mundial, com a finalidade de implementar, em tempo

oportuno, mecanismos capazes de auxiliar os profissionais a absorverem essas mudanças de forma positiva. Com esse

objetivo, a Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês) alterou seu modelo dedicado à educação

contábil e criou um painel permanente para prover aconselhamento estratégico, além de auxiliar no processo de edição e

revisão de normas.

O professor Fábio Moraes da Costa, que integrava o Grupo Consultivo do International Accounting Education Standards

Board (Iaesb), indicado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), com apoio do Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil (Ibracon), faz parte do painel da Ifac. “Estamos fazendo a transição para o novo modelo de

painel”, afirma o professor, único representante da América do Sul no grupo, que é constituído por 22 profissionais,

divididos entre membros da academia e do mercado.

De acordo com Costa, o Iaesb vinha funcionando no mesmo padrão dos demais conselhos deliberativos da Ifac –

International Public Sector Accounting Standards Board (Ipsasb), International Auditing and Assurance Standards

(Iaasb) e International Ethics Standards Board (Iesba) –, que são responsáveis por todo o processo de edição de normas.

A partir de meados deste ano, o próprio conselho da Ifac passou a ter a responsabilidade pela aprovação das normas de

educação.

“O modelo foi repensado e resultou na criação do painel, para atuar não só na área de regulação, mas também para poder

antecipar tendências na contabilidade. O objetivo é o de que a profissão esteja preparada para as novas exigências do

mercado, incluindo novas habilidades”, explica Costa.

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A profissão tem sido bastante afetada pelas mudanças tecnológicas, e isso, segundo o professor, traz uma série de desafios,

mas também oportunidades para o futuro. “Hoje muita gente está preocupada com a automação na contabilidade, porém,

há novos segmentos sendo criados”, disse ele, acrescentando que, diante dessa realidade, a Federação Internacional sentiu

a necessidade de identificar cenários plausíveis, para que a profissão possa se preparar para as mudanças.

Para Costa, nunca antes houve um cenário em que as coisas mudassem tão rápido, e a Ifac, com a criação do painel, está

sendo proativa, preparando a profissão para assimilar as tendências e contextos futuros.

Além do trabalho do painel, a Federação está buscando maior engajamento e feedback, com as entidades membros e com

os demais stakeholders, para antecipar as tendências. “Está sendo criada uma pesquisa, que será feita com as entidades, e

preparada a participação em eventos, na área de educação, para ajudar a Ifac a identificar caminhos possíveis”, afirma

Costa.

A reprodução deste material é permitida desde que a fonte seja citada.

TRF1 – Mercadoria de origem nacional é considerada

exportação quando para consumo ou industrialização

10 dez 2019 Eliefer Bandeira

Tribunal de Justiça (STJ), a não incidência da Cofins/Pis alcança as empresas sediadas na Zona Franca de Manaus

(ZFM) que vendem seus produtos para outras empresas na mesma localidade. Com base neste entendimento, a Oitava

Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) deu parcial provimento à apelação de uma empresa de

indústria e comércio de pneus para desobrigá-la de recolher a contribuição previdenciária substitutiva incidente sobre a

prestação de serviços a pessoas físicas ou jurídicas.

Segundo o relator do caso, desembargador federal Novély Vilanova da Silva Reis, nos termos do art. 4º do Decreto-Lei

nº 288/67 somente é exportação brasileira para o estrangeiro a saída de mercadoria de origem nacional para a Zona

Franca de Manaus (ZFM).

De acordo com o magistrado, o TRF1 firmou orientação de que o benefício fiscal restringe-se às operações realizadas

com mercadorias nacionais destinadas a pessoas físicas e jurídicas sediadas na Zona Franca de Manaus, sendo possível,

ainda, a extensão do benefício aos valores decorrentes da prestação de serviços realizados para pessoas físicas ou

jurídicas situadas naquela localidade.

Este entendimento deve ser adotado, também, para excluir as receitas decorrentes da venda de mercadorias nacionais

para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus e a prestação de serviços a pessoas físicas e jurídicas da

base de cálculo da contribuição previdenciária substitutiva sobre o valor da receita bruta prevista na Lei nº 12.546/2011,

porque este último tributo tem idêntica base de cálculo do Pis e da Cofins.

Sobre a compensação, o relator assinalou que esta observará a lei vigente à época de sua efetivação, após o trânsito em

julgado.

Processo nº: 0001084-49.2015.4.01.3200 - Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região

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Direto do Carf

Carf analisa tributação de lucros distribuídos superiores ao lucro

presumido

11 de dezembro de 2019, 9h48

Por Gustavo Lian Haddad e Alexandre Evaristo Pinto

Nesta semana trataremos dos precedentes do CARF relativos à tributação do montante distribuído a título de lucros em

valor superior àquele que serviu de base de cálculo do IRPJ da pessoa jurídica sujeita ao regime do Lucro Presumido.

O artigo 10 da Lei n. 9.249/95[1] estabeleceu que os lucros ou dividendos serão distribuídos com isenção de IRRF e não

serão tributáveis pelos seus beneficiários desde que tenham sido “calculados com base nos resultados apurados” pelas

pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado.

Entende-se por resultado apurado aquele amparado pela escrituração contábil feita de acordo com a legislação

comercial.

Logo, a escrituração contábil é o meio de comprovação de que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as

normas para apuração da base de cálculo do imposto ao amparo do regime adotado pela pessoa jurídica – seja ele lucro

real ou presumido.

Se o lucro distribuído for maior do que o escriturado contabilmente, ainda há a possibilidade de distribuição do saldo das

reservas de lucros ou lucros acumulados de períodos anteriores, como reconhece a Receita Federal do Brasil (RFB) em

atos infralegais que regeram o tema: art. 51 da Instrução Normativa SRF n. 11/96[2], art. 48 da Instrução Normativa

SRF n. 93/97[3], art. 141 da Instrução Normativa RFB n. 1.515/14[4] e art. 238 da Instrução Normativa RFB n.

1.700/17[5].

A principal alteração dos referidos dispositivos normativos diz respeito à consequência na hipótese em que não haja

lucros acumulados ou reservas de lucros para suportar o montante dos valores distribuídos. Diferentemente dos

dispositivos anteriores que estabeleciam a tributação do excesso de lucros distribuídos de acordo com a tabela

progressiva do IRPF, o art. 238 da Instrução Normativa RFB n. 1.700/17 estabelece que o regime aplicável ao excesso

na distribuição de lucros será o do art. 61 da Lei n. 8.981/95, isto é, imposto de renda exclusivo na fonte, à alíquota de

35%, por pagamento sem comprovação de causa.

A despeito de possíveis controvérsias acerca de tal enquadramento, é importante notar que o art. 22, inciso VII da

Instrução Normativa RFB n. 1.500/14, com a redação conferida pela Instrução Normativa RFB n. 1.869/19, inclui o

excesso de lucros distribuídos a pessoa física dentre os rendimentos sujeitos à tabela progressiva do IRPF, com retenção

na fonte como antecipação do devido no ajuste anual, em postura incompatível com o regime de tributação exclusiva na

fonte mencionado no parágrafo anterior.

Será interessante notar como a fiscalização e os precedentes administrativos se posicionarão em futuras auditorias em

vista da antinomia apontada no âmbito dos atos normativos editados pela própria RFB.

Feitas as principais considerações sobre o cenário legal e normativo aplicável, passamos à análise dos precedentes do

CARF.

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Percebe-se que as decisões reconhecem que lucros distribuídos em excesso ao lucro presumido que serviu de base para o

cálculo do IRPJ são isentos de tributação, desde que devidamente comprovados com base na escrituração contábil do

contribuinte.

Os pontos enfrentados na jurisprudência relacionam-se aos elementos necessários à comprovação da existência de lucro

e à prova da higidez da escrituração contábil que lastreia a distribuição, estando a seguir analisados.

Ausência de autenticação prévia de Livros Contábeis No âmbito do CARF, é possível verificar que a autenticação do Livro Diário após o início do procedimento fiscal tem

sido uma das principais causas para que as autoridades fiscais entendessem que não havia escrituração contábil regular

apta a fundamentar a apuração do resultado.

Segundo tal entendimento, ocorreria a perda da espontaneidade em virtude da extemporaneidade da autenticação do

Livro Diário. Nessa linha, os autos de infração foram mantidos, por unanimidade, nos Acórdãos 2301-004.462

(28/01/16), 2301-004.464 (28/01/16), 2301-004.668 (10/05/16), 2202-003.649 (21/09/16), 2201-003.521 (16/03/17),

2401-005.777 (02/10/18), 2401-005.778 (02/10/18), 2401-005.830 (06/11/18), 2401-005.829 (06/11/18), 2401-005.873

(08/11/18), 2202-005.011 (12/03/19), 2402-007.517 (07/08/19); por maioria, no Acórdão 2401-001.338 (20/08/19); e

por voto de qualidade no Acórdão 2401-005.294 (06/03/18).

Da análise desses e de outros acórdãos sobre o mesmo mérito é possível identificar que diferentes elementos são

considerados para atestar a imprestabilidade da escrituração contábil apresentada pelo contribuinte como meio de prova

dos lucros distribuídos.

Vícios formais na escrituração No Acórdão 2201-003.521 (16/03/17) foi apresentado o argumento de que a escrituração contábil foi assinada por

pessoa não habilitada, uma vez que o responsável legal que assinou o Livro Diário não era responsável legal ao tempo

em que ele deveria ter sido escriturado.

No Acórdão 2401-005.769 (13/09/18) a turma manteve a autuação por conta da ausência de cumprimento de diversas

formalidades, inclusive a ausência de assinatura das peças contábeis por profissional habilitado e por sócio da pessoa

jurídica.

Já no Acórdão 2202-004.614 (04/07/18) o auto de infração foi mantido, por unanimidade, em função da falta de

apresentação do Termo de Encerramento do Livro Diário, assim como pela falta de apresentação do Livro Diário.

Por fim, nos Acórdãos 2201-005.620 (10/10/19) e 2202-005.632 (08/10/19) a fundamentação para não aceitação da

escrituração foi a ausência de formalidades no Livro Diário e a divergência dos lançamentos deste com os do Livro

Razão.

Inconsistências da escrituração com obrigações acessórias Nos Acórdãos 2401-005.777, 2401-005.830, 2401-005.829 e 2202-005.011, além da intempestividade da autenticação

dos Livros Contábeis, foi constatado que existiam inconsistências entre a escrituração contábil e a DIPJ entregue. Tal

aspecto também foi apontado como um dos elementos a afastar a tese do contribuinte no Acórdão 2002-001.312

(24/07/19).

Insuficiência de documentação comprobatória A insuficiência de documentos comprobatórios a darem lastro aos registros contábeis foi fundamento para que fossem

mantidos, por unanimidade, os autos de infração nos Acórdãos 2401-005.779 (02/10/18) e 2201-005.468 (11/09/19).

Diante do exposto, nota-se que as decisões do CARF têm sido no sentido de que não incidirá tributação sobre os lucros

ou dividendos distribuídos em valor superior à base de cálculo do Lucro Presumido, desde que a escrituração contábil (i)

esteja devidamente autenticada nos registros competentes; (ii) tenha sido elaborada nos termos da legislação comercial e

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esteja amparado em documentação hábil; e (iii) não apresente inconsistências com valores informados em obrigações

acessórias (mormente a DIPJ, atualmente ECF).

Vale ressaltar que os acórdãos analisados se referem a períodos nos quais a escrituração contábil era feita em Livros

Contábeis físicos, sendo que a sua autenticação se dava nas Juntas Comerciais. Tal cenário mudou com a instituição da

Escrituração Contábil Digital (“ECD”), que compreende a versão digital dos Livros Contábeis, é assinada e entregue

digitalmente no âmbito do SPED, nos termos da Instrução Normativa RFB n. 1.774/17.

Este texto não reflete a posição institucional do Carf, mas, sim, uma análise dos seus precedentes publicados no site do

órgão, em estudo descritivo, de caráter informativo, promovido pelos seus colunistas.

[1] Lei n. 9.249/95: “Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de

janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado,

não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do

beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior”.

[2] Instrução Normativa SRF n. 11/96: “Art. 51. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou

créditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. (...)

§ 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, a parcela dos lucros ou dividendos

que exceder o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita

a pessoa jurídica, também poderá ser distribuída sem a incidência do imposto, desde que a empresa demonstre, através

de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo

as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou

arbitrado.

§ 3º A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao

regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda

que por conta de período-base não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputado aos

lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda

calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais.

§ 4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à

tributação nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da

Lei nº 9.250, de 1995”.

[3] Instrução Normativa SRF n. 93/97 (não mais em vigor): “Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e

dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. (...)

§ 2o No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem

incidência de imposto:

I - o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa

jurídica;

II - a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre,

através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado

segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou

arbitrado.

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§ 3o A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao

regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda

que por conta de período-base não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputada aos

lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda

calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais.

§ 4o Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à

tributação nos termos do art. 3o, § 4o, da Lei No 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3o

da Lei No 9.250, de 1995.”.

[4] Instrução Normativa RFB n. 1.515/14: “Art. 141. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos

pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da

Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013.(...)

§ 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem

incidência de imposto:

I - o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa

jurídica;

II - a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre,

através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado

segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou

arbitrado. (...)

§ 4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à

tributação nos termos dos incisos I a IV do parágrafo único do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 2013.”

[5] Instrução Normativa RFB n. 1.700/17: “Art. 238. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos

pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da

Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013. (...)

§ 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderão ser pagos ou creditados

sem incidência do IRRF:

I - o valor da base de cálculo do imposto, diminuído do IRPJ, da CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a

que estiver sujeita a pessoa jurídica;

II - a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no inciso I, desde que a empresa demonstre, com

base em escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado

segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado.

§ 3º A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao

regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda

que por conta de período-base não encerrado, que exceder o valor apurado com base na escrituração, será imputada aos

lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto sobre a renda

calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais.

§ 4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à

tributação nos termos do art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995.”.

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Gustavo Lian Haddad é advogado, ex-conselheiro titular da 2ª Seção do Carf, doutorando em Direito Econômico e

Financeiro pela Universidade de São Paulo (USP) e Professor dos programas de pós-graduação do Insper.

Alexandre Evaristo Pinto é conselheiro titular da 1ª Seção do Carf, ex-conselheiro titular da 2ª Seção do Carf,

doutorando em Direito Econômico, Financeiro e Tributário pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Direito

Comercial pela USP e bacharel em Direito pelo Mackenzie e em Contabilidade pela USP. Professor do Instituto

Brasileiro de Direito Tributário (IBDT) e coordenador do MBA IFRS da Fipecafi.

Revista Consultor Jurídico, 11 de dezembro de 2019, 9h48

Solução de Consulta 4ª Região Fiscal Nº 4041 DE 11/12/2019

Publicado no DOU em 13 dez 2019

Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep

CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA DE

SALÁRIOS. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.

IMUNIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 636.941/RS.

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o apelo extremo nº 636.941/RS, com repercussão geral reconhecida, decidiu que

são imunes à Contribuição para o PIS/Pasep, inclusive quando incidente sobre a folha de salários, as entidades

beneficentes de assistência social que atendam aos requisitos constantes do art. 14 do Código Tributário Nacional (Lei nº

5.172, de 1966) e do art. 29 da Lei nº 12.101, de 2009.

Sendo assim, em virtude do disposto no art. 19 da Lei nº 10.522, de 2002, na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1, de

2014, e na Nota PGFN/CASTF/Nº 637, de 2014, a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil encontra-se

vinculada ao referido entendimento.

VINCULAÇÃO À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 243, DE 20 DE AGOSTO DE 2019, COM EMENTA

PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO DE 17 DE SETEMBRO DE 2019, Seção 1, PÁGINA 31.

Dispositivos Legais: Constituição Federal, art. 195, § 7º; Lei nº 5.172, de 1966, arts. 9º, IV, "c", e 14; Lei nº 10.522, de

2002, art. 19; Lei nº 12.101, de 2009, art. 29; Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1, de 2014; Nota PGFN/CASTF/Nº 637,

de 2014; Instrução Normativa RFB nº 1.911, de 2019, arts. 24 e 276, III e IV, § 2º.

FLÁVIO OSÓRIO DE BARROS

Chefe

Guarda e manutenção de documentos fiscais

Resumo:

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Analisaremos no presente artigo o que a legislação tributária diz a respeito da guarda e manutenção de documentos

fiscais, bem como o entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).

1) Guarda e manutenção de documentos fiscais:

Atualmente, na era digital em que vivemos, os documentos fiscais em papel estão sendo substituídos por documentos

eletrônicos (digitais). Podemos citar como exemplo, as Notas Fiscais tradicionais (modelos 1 e 1A) que hoje foram

substituídas pela Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), bem como diversas obrigações acessórias que atualmente existem

apenas no formato digital (EFD-ICMS/IPI, EFD-Contribuições, Escrituração Contábil Digital, etc.).

Sejam eletrônicos ou em formato de papel, as empresas devem guardar os documentos que dão lastro à escrituração

contábil e tributária pelo prazo estipulado pela legislação de regência. Nesse sentido, diversos prazos devem ser

observados, há prazos fiscais, contábeis, trabalhistas, previdenciário, entre outros.

Vale mencionar que esses prazos estão diretamente relacionados com o prazo decadencial e prescricional de ações que

lhes sejam pertinentes e, portanto, devemos, em princípio, estar atentos a esses mesmos prazos.

Nosso Código Tributário Nacional (CTN/1966), aprovado pela Lei nº 5.172/1966, veio tratar sobre o prazo decadencial

nos seguintes termos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente

efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto,

contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de

qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

Já o prazo prescricional está esculpido no artigo 174 do CTN/1966:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição

definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

Do exposto podemos concluir que decadência é a perda de um direito que não foi exercido pelo seu titular no prazo

previsto em lei, ou seja, é a perda do direito em si, em razão do decurso do tempo. Na prática tributária, a decadência é o

prazo que a Fazenda Pública tem para constituir o crédito tributário, por meio de Auto de Infração (AI) ou Notificação

de Lançamento (NL, logo, atinge o aspecto material do tributo).

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Já a prescrição é a perda de uma pretensão de exigir de alguém um determinado comportamento, ou seja, é a perda do

direito à pretensão em razão do decurso do tempo. Na prática tributária, a prescrição refere-se à perda do direito de

cobrar o crédito constituído (lançado pelo fisco ou declarado pelo próprio contribuinte, por exemplo), portanto, refere-se

ao direito instrumental ("processual").

De forma geral, atualmente temos 3 (três) dispositivos legais tratando sobre prazos de guarda de documentos, tanto na

área comercial como na área tributária. O primeiro é o artigo 195 do CTN/1966, o qual estabelece que "os livros

obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até

que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram".

Temos também o artigo 37 da Lei nº 9.430/1996, o qual estabelece que "os comprovantes da escrituração da pessoa

jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se

opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios".

Por fim, temos o artigo 1.194 do Código Civil (CC/2002), o qual estabelece que "o empresário e a sociedade empresária

são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua

atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.

Da leitura dos 3 (três) dispositivos legais podemos extrair que o prazo de guarda de documentos segue os prazos previsto

de decadência e prescrição, daí a importância de conhecer esses 2 (dois) prazos.

Base Legal: Arts. 173, 174 e 195, § único do CTN/1966; Art. 37 da Lei nº 9.430/1996; Art. 1.194 do CC/2002 (Checado

pela Valor em 10/12/19).

1.1) Documentos eletrônicos:

A Lei nº 12.682/2012 (1), veio autorizar o armazenamento, em meio eletrônico, óptico ou equivalente, de documentos

públicos ou privados, compostos por dados ou por imagens, observado o disposto na mencionada Lei, nas legislações

específicas e no regulamento.

Diante essa autorização legal, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) emitiu o Ato Declaratório Interpretativo

RFB nº 4/2019 para estabelecer que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes de

lançamentos neles efetuados podem ser armazenados em meio eletrônico, óptico ou equivalente para fins do disposto no

artio 195 do CTN/1966.

Registra-se que o mencionado Ato estabelece que o documento digital e sua reprodução terão o mesmo valor probatório

do documento original para fins de prova perante a autoridade administrativa em procedimentos de fiscalização,

observados os critérios de integridade e autenticidade estabelecidos pelo artigo 2º-A da Lei nº 12.682/2012, e pelo artigo

1º da Medida Provisória nº 2.200-2/2001:

Lei nº 12.682/2012

Art. 2º-A. Fica autorizado o armazenamento, em meio eletrônico, óptico ou equivalente, de documentos públicos ou

privados, compostos por dados ou por imagens, observado o disposto nesta Lei, nas legislações específicas e no

regulamento.

§ 1º Após a digitalização, constatada a integridade do documento digital nos termos estabelecidos no regulamento, o

original poderá ser destruído, ressalvados os documentos de valor histórico, cuja preservação observará o disposto na

legislação específica.

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§ 2º O documento digital e a sua reprodução, em qualquer meio, realizada de acordo com o disposto nesta Lei e na

legislação específica, terão o mesmo valor probatório do documento original, para todos os fins de direito, inclusive para

atender ao poder fiscalizatório do Estado.

§ 3º Decorridos os respectivos prazos de decadência ou de prescrição, os documentos armazenados em meio eletrônico,

óptico ou equivalente poderão ser eliminados.

§ 4º Os documentos digitalizados conforme o disposto neste artigo terão o mesmo efeito jurídico conferido aos

documentos microfilmados, nos termos da Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968 , e de regulamentação posterior.

§ 5º Ato do Secretário de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do

Ministério da Economia estabelecerá os documentos cuja reprodução conterá código de autenticação verificável.

§ 6º Ato do Conselho Monetário Nacional disporá sobre o cumprimento do disposto no § 1º deste artigo, relativamente

aos documentos referentes a operações e transações realizadas no sistema financeiro nacional.

§ 7º É lícita a reprodução de documento digital, em papel ou em qualquer outro meio físico, que contiver mecanismo de

verificação de integridade e autenticidade, na maneira e com a técnica definidas pelo mercado, e cabe ao particular o

ônus de demonstrar integralmente a presença de tais requisitos.

§ 8º Para a garantia de preservação da integridade, da autenticidade e da confidencialidade de documentos públicos será

usada certificação digital no padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).

O Ato Declaratório Interpretativo continua estabelecendo o seguinte:

a. os documentos originais poderão ser destruídos depois de digitalizados, ressalvados os documentos de valor

histórico, cuja preservação é sujeita a legislação específica;

b. os documentos armazenados em meio eletrônico, óptico ou equivalente poderão ser eliminados depois de

transcorrido o prazo de prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que eles se referem.

Nota Valor Online:

(1) A Lei nº 12.682/2012 dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de documentos em meios eletromagnéticos.

Base Legal: Art. 195, § único do CTN/1966; Preâmbulo e art. 2º-A da Lei nº 12.682/2012; Art. 10 da Lei nº

13.874/2019 e; ADI RFB nº 4/2019 (Checado pela Valor em 10/12/19).

1.2) Tabela Prática:

Estamos relacionando na tabela abaixo, de maneira exemplificativa, alguns documentos fiscais com seus respectivos

prazos de guarda, bem como a base legal que os ampara:

Documento Prazo de

Guarda

Base legal

Comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que

repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros.

5 anos Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996; artigo 45, III,

da Lei nº 8.981/1995 e; artigo 173 do

CTN/1966.

Declaração de Ajuste Anual (DAA) e deduções 5 anos Artigos 173 e 174 do CTN .

Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis) 5 anos Artigos 173 e 174 do CTN/1966; artigo 26, II,

da LC nº 123/2006 e; artigo 66 da Resolução

CGSN nº 140/2018.

Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) 5 anos Artigo 27 da IN RFB nº 1.915/2019.

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Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos (Decore

Eletrônica)

5 anos Artigo 4º, § 4º da Resolução CFC nº

1.364/2011 e; Resolução CFC nº 1.403/2012.

Escrituração Contábil Digital (ECD) 5 anos Artigos 174 e 195 do CTN/1966 e; artigo 11 da

Lei nº 8.218/1991.

Escrituração Contábil Fiscal (ECF) 5 anos Artigos 174 e 195 do CTN/1966; artigo 4º do

Decreto-Lei nº 486/1969 e; artigo 37 da Lei nº

9.430/1996.

EFD-Contribuições 5 anos Artigos 174 e 195 do CTN/1966 e; artigo 11 da

Lei nº 8.218/1991.

e-Financeira 5 anos Artigos 174 e 195 do CTN/1966 e; artigo 9º, §

único da IN RFB nº 1.571/2015.

Imposto de Renda - documentos relativos à declaração (geral) 5 anos Artigos 173 e 174 do CTN/1966.

PIS-Pasep 5 anos Artigos 33 e 45 da Lei nº 8.212/1991 e; Súmula

Vinculante STF nº 8.

Cofins 5 anos Artigos 33 e 45 da Lei nº 8.212/1991 e; Súmula

Vinculante STF nº 8.

Sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e

atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar

documentos de natureza contábil ou fiscal.

5 anos Artigo 1º da IN SRF nº 86/2001.

Base Legal: Equipe Valor Online.

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 10/12/2019 pela Equipe Técnica da Valor Online e está atualizado até a legislação vigente em 10/12/2019 (data da sua última

atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das alterações legais.

Não é permitido a utilização dos materiais publicados pela Valor Online para fins comerciais, pois os mesmos estão protegidos por direitos autorais. Também

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A utilização para fins exclusivamente educacionais é permitida, desde que indicada a fonte:

"Valor Online. Guarda e manutenção de documentos fiscais (Área: IRPJ e CSLL). Disponível em: https://www.valor.srv.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=819. Acesso em: 15/12/2019."

Dedutibilidade: Depreciação - Falta de segregação da

edificação e terreno

1) Pergunta:

Um imóvel cujo valor da edificação e do terreno não se encontra perfeitamente segregado poderá ter a despesa de

depreciação deduzida na apuração do IRPJ e da CSLL?

2) Resposta:

Para podermos responder com perfeição essa questão convém analisar o que o Regulamento do Imposto de Renda

(RIR/2018) têm a nos dizer sobre a depreciação de bens imóveis:

Bens Depreciáveis

Art. 318. Podem ser objeto de depreciação todos os bens sujeitos a desgaste por uso, causas naturais ou obsolescência

normal, inclusive:

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I - edifícios e construções, observado o seguinte (Lei nº 4.506, de 196, art. 57, § 9º):

a) a quota de depreciação é dedutível a partir da época da conclusão e do início da utilização; e

b) o valor das edificações deve estar destacado do valor do custo de aquisição do terreno, admitido o destaque com base

em laudo pericial; e

II - projetos florestais destinados à exploração de frutos (Decreto-Lei nº 1.483, de 6 de outubro de 1976, art. 6º,

parágrafo único).

Parágrafo único. Não será admitida quota de depreciação referente a (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 10 e § 13):

I - terrenos, exceto em relação aos melhoramentos ou às construções;

(...) (Grifo nossos)

Como podemos verificar, ao contrário das edificações e construções, os terrenos não podem ser objeto de depreciação.

Assim, para que o contribuinte faça jus às quotas de depreciação de uma edificação e/ou construção é de fundamental

importância que o valor do terreno esteja perfeitamente segregado do valor da edificação e/ou construção nos Livros

Contábeis e Fiscais.

Mas, e quando o contribuinte não segregar em seus registros contábeis e fiscais esses valores? ... Neste caso, o

contribuinte deverá providenciar a respectiva segregação para que seja admitida a dedução das quotas de depreciação da

construção ou edificação.

Para isso, o contribuinte deverá servir-se de Laudo Pericial (Laudo de Avaliação) para determinar que parcela do valor

contabilizado corresponde ao valor do edifício ou construção, aplicando, sobre esta, a respectiva taxa de depreciação

admitida para espécie de bem.

Porém, nem todas as empresas utilizam esse procedimento (Laudo de Avaliação), na prática, elas acabam simplesmente

depreciando o valor total do imóvel (terreno mais edificação e/ou construção).

O problema é que numa eventual fiscalização por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), esses valores

serão, com certeza, "questionados" pelos Fiscais desse órgão:

Temos informações extra-oficiais, inclusive, de quem em Autos de Infração os Fiscais da RFB tem sido excessivamente

rigorosos, pois estão glosando a totalidade da quota de depreciação lançada como despesa no resultado da empresa,

quando ela não efetuou a segregação do terreno e da edificação e/ou construção.

No entanto, esse procedimento da fiscalização tem sido rechaçado pelo Conselho de Contribuintes (CC), conforme

podemos verificar na ementa dos seguintes Acórdãos (1):

Acórdão nº 103-22139/2005 da 5ª Turma:

Ementa: IRPJ - DEPRECIAÇÃO SOBRE BENS IMÓVEIS - Não havendo destaque do valor do terreno das respectivas

edificações e não sendo apresentado laudo pericial ou outros documentos para essa segregação de valores, deve o fisco

arbitrar o valor a ser depreciado, na forma do artigo 148 do CTN. A glosa do valor total da depreciação e a posterior

apresentação de laudo de avaliação enseja o seu acolhimento ou de determinação de uma avaliação contraditória.

Acórdão nº 12-26638 da 9ª Turma:

ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ

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EMENTA: GLOSA DE DESPESAS DE DEPRECIAÇÃO DE BENS IMÓVEIS. Não estando destacado o valor do

terreno do valor da edificação, e não tendo sido apresentado laudo pericial, o Fisco deve arbitrar o valor a ser

depreciado, na forma do artigo 148 do CTN (itens 2 e 3 do PN 14/1972). Neste sentido, não tendo o Fisco utilizado da

prerrogativa do arbitramento, não cabe glosar por inteiro o valor correspondente à depreciação. POSTERGAÇÃO DE

RECONHECIMENTO DE RECEITAS FINANCEIRAS. LANÇAMENTO DE DIFERENÇA DE IMPOSTO. O lançamento

de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas,

rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em

outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do seguinte: os valores que,

por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro

líquido do período de apuração, ou dele excluídos, serão, na determinação do lucro real do período de apuração

competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente (Decreto-lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, §§

6º e 4º).

Como podemos observar, o CC tem sido muito específico e direto quanto a questão ora analisada, inclusive invocando o

artigo 148 do Código Tributário Nacional (CTN/1966), que possuí a seguinte redação:

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens,

direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou

preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os

documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação,

avaliação contraditória, administrativa ou judicial. (Grifo nossos)

Portanto, com base no artigo 148 do CTN/1966 podemos concluir que não é procedimento correto a fiscalização glosar,

simplesmente, o valor total da depreciação. Ela deve, na verdade, arbitrar o valor sujeito à depreciação.

Por fim, registramos que esse posicionamento é reforçado pela antiga manifestação da RFB exarada no Parecer

Normativo CST nº 14/1972, que, à época, já invocava o artigo 148 do CTN/1966 para "recomendar" o arbitramento, pelo

Fisco, do valor depreciável.

Nota Valor Online:

(1) Esses Acórdãos são meramente exemplificativos, pois existem outros documentos emitidos pelo CC.

Base Legal: Art. 148 do CTN/1966; Art. 318 do RIR/2018 e; PN CST n° 14/1972 (Checado pela Valor em 09/12/19).

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 21/04/2015 pela Equipe Técnica da Valor Online e está atualizado até a legislação vigente em 09/12/2019

(data da sua última atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das alterações legais.

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"Valor Online. Dedutibilidade: Depreciação - Falta de segregação da edificação e terreno (Area: IRPJ e CSLL). Disponível em:

https://www.valor.srv.br/pergResps/pergRespsIndex.php?idPergResp=1319. - Acesso em: 16/12/2019."

Dedutibilidade: Previdência privada de funcionários

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1) Pergunta:

O valor pago pela empresa à título de previdência privada para seus funcionários é detutível na determinação do Lucro

Real?

2) Resposta:

Sim, são dedutíveis as contribuições não compulsórias destinadas a custear planos de benefícios complementares

assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dos dirigentes da pessoa jurídica.

Entretanto, para fins de determinação do Lucro Real, a dedução das referidas contribuições, cujo ônus seja da pessoa

jurídica, não poderá exceder, em cada período de apuração, a 20% (vinte por cento) do total dos salários dos empregados

e da remuneração dos dirigentes da empresa, vinculados ao referido plano (1).

Nunca é demais lembrar que a dedução das contribuições da pessoa jurídica para os seguros de vida com cláusulas de

cobertura por sobrevivência fica condicionada, cumulativamente:

a. ao limite de 20% (vinte por cento) anteriormente mencionado; e

b. a que o seguro seja oferecido indistintamente aos empregados e aos dirigentes.

Nota Valor Online:

(1) O somatório das contribuições que exceder os 20% (vinte por cento) deverá ser adicionado ao lucro líquido para fins

de determinação do Lucro Real

Base Legal: Art. 11, § 2º da Lei nº 9.532/1997 e; Art. 373 do RIR/2018 (Checado pela Valor em 09/12/19).

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 30/05/2016 pela Equipe Técnica da Valor Online e está atualizado até a legislação vigente em 09/12/2019 (data da sua última

atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das alterações legais.

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não é permitido copiar os artigos, materias e arquivos do Portal Valor Online para outro site, sistema ou banco de dados para fins de divulgação em sites, revistas, jornais, etc de terceiros sem a autorização escrita dos proprietários do Portal Valor Online.

A utilização para fins exclusivamente educacionais é permitida desde que indicada a fonte:

"Valor Online. Dedutibilidade: Previdência privada de funcionários (Area: IRPJ e CSLL). Disponível em: https://www.valor.srv.br/pergResps/pergRespsIndex.php?idPergResp=3566. - Acesso em: 16/12/2019."

Dedutibilidade: Cestas de Natal distribuídas a

empregados

1) Pergunta:

As aquisições de cestas de Natal distribuídas aos empregados são dedutíveis para fins de apuração do Lucro Real e da

Base de Cálculo (BC) da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)?

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2) Resposta:

Primeiramente, cabe nos deixar claro que, para efeitos tributários, as cestas de Natal que as empresas costumam

distribuir aos seus colaboradores não se confundem com os brindes distribuídos a eles ou à terceiros, que recebem

tratamento específico.

No que se refere a distribuição de cestas de Natal, a legislação tributária não prevê expressamente a possibilidade de sua

dedução como despesa para fins de apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da Contribuição Social sobre o

Lucro Líquido (CSLL), porém, o entendimento já pacificado em decisões de 1º (primeiro) e 2º (segundo) grau da

instância administrativa é pela sua permissibilidade, claro que observados certos requisitos.

Referidos requisitos seguem a mesma linha adotada para a dedução das despesas com alimentação, dentre as quais, a de

que devem ser fornecidas a todos os colaboradores indistintamente, conforme previsão do artigo 383 do RIR/2018 e

artigo 27 da Instrução Normativa SRF nº 11/1996, este equiparando, para efeitos da dedutibilidade, as despesas com

alimentação às cestas básicas de alimentos, observado, sempre, a distribuição indistinta à todos os colaboradores.

Interessante observar que, no passado, a jurisprudência administrativa (Acórdão nº 101-84.180/1992) também vinculou a

dedutibilidade das cestas de Natal ao seu preço, ou seja, autorizava a dedução com despesa desde que a cesta de Natal

tivesse um preço médio razoável e que fosse comprado em época oportuna (dezembro). Nossa Equipe Técnica,

considera esse entendimento ainda válido atualmente.

Concluindo, podemos considerar dedutível, para fins de apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da CSLL, a

despesa efetivamente realizada com a aquisição de cestas de Natal, desde que distribuídas indistintamente à todos os

colaboradores, que tenha um preço razoável e que sejam fornecidas no período natalino.

Nota Valor Online:

(1) Leia nosso Roteiro de Procedimentos intitulado "Despesas de fim de ano" e veja o tratamento fiscal e contábil que

deve ser observado na apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da CSLL quando da realização de despesas de

fim de ano, quais sejam: (i) da distribuição de cestas de Natal a colaboradores; (ii) da distribuição de brindes à

colaboradores e terceiros quem mantenham vínculo com a empresa; (iii) das festas de confraternização e; (iv) dos

pequenos donativos (gorjetas) à terceiros.

Base Legal: Art. 13, § 1º da Lei nº 9.249/1995; Art. 383 do RIR/2018; Art. 27 da IN SRF nº 11/1996; SC nº 234/2007 da

9ª RF; Acórdão nº 101-84.180/1992 do 1º Câmara de Contribuintes - DOU 05/12/1994 e; Acórdão nº 107-07610 da 7ª

Câmara do 1º CC - DOU 28/07/2004 (Checado pela Valor em 09/12/19).

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 19/12/2016 pela Equipe Técnica da Valor Online e está atualizado até a legislação vigente em 09/12/2019

(data da sua última atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das alterações legais.

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"Valor Online. Dedutibilidade: Cestas de Natal distribuídas a empregados (Area: IRPJ e CSLL). Disponível em: https://www.valor.srv.br/pergResps/pergRespsIndex.php?idPergResp=5597. - Acesso em:

16/12/2019."

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Reflexos da reforma tributária no CTN

09 dez 2019 Eliefer Bandeira

Com a criação de um único tributo e a extinção dos antigos, como fica a compensação tributária prevista na

legislação?

Nunca se discutiu tanto sobre reforma tributária quanto neste ano. Parece que os políticos acordaram de vez para o

problema fiscal no país.

As reformas em curso perante o Congresso Nacional visam em suma alterar o sistema para a sua simplificação e

diminuir, com isso, a dificuldade de entendimento da tributação, promovendo maior transparência fiscal, unificação de

tributos que possuam a mesma base (ainda que de entes tributantes diversos) e, por consequência, promover uma

drástica redução de obrigações acessórias associadas aos tributos existentes.

Com a criação de um único tributo e a extinção dos antigos, como fica a compensação tributária prevista na legislação?

Por certo não haverá redução da carga tributária, até porque existe um notório déficit (diga-se de passagem) gigantesco

nas contas públicas, então o que se tenta realizar com a simplificação é simplesmente tornar o sistema mais fácil de se

conviver, ainda que estudos demonstrem que alguns setores da economia serão prejudicados em termos de carga fiscal

enquanto outros em tese serão beneficiados.

Por melhores que sejam as intenções daqueles que estão à frente desses projetos, alguns aspectos práticos relevantes não

estão sendo pensados para a transição de um sistema para o outro, especialmente no que toca alguns institutos previstos

no direito tributário, tal como a compensação tributária, como adiante comentaremos.

É bom lembrar que a simplificação tributária proposta consiste especialmente na criação de um novo IVA/IBS (Imposto

sobre o Valor Agregado ou Imposto sobre Bens e Serviços), que pretende unificar cinco tributos: três da União (Imposto

de Renda, PIS e Cofins), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS).

Pretende-se que tal tributo seja de competência federal, gerido por um Comitê Gestor sob a liderança da União e com a

participação dos Estados e municípios para que seja feita a correta distribuição dos montantes arrecadados.

Perceba-se que esse novo sistema tirará a autonomia que hoje Estados e municípios têm para legislar e arrecadar seus

respectivos tributos, o que pode significar uma inconstitucionalidade já de largada por ferir o pacto federativo

estabelecido originalmente na Constituição Federal e que, por ser cláusula pétrea, não pode ser alterado.

Ademais disso e particularmente para o problema que visamos enfrentar neste artigo, com a criação de um único tributo

sob competência federal e a extinção dos antigos, como fica a compensação tributária que atualmente é prevista na

legislação federal? Se uma empresa tiver, por exemplo, um crédito antigo de Cofins e tiver débitos vincendos de

IVA/IBS poderá compensar? E seu tiver um crédito antigo de ICMS, poderá ser abatido dos futuros débitos de

IVA/IBS?

O artigo 170 do CTN diz que a lei deverá prever as regras para a compensação a cargo de cada ente tributante. No caso

federal, hoje vigora a Lei 9.430/96 (art. 74) que em síntese permite compensar tributos federais entre si desde que

administrados pela Receita Federal.

Supondo então que esse IVA/IBS fosse administrado em última análise pela Receita Federal, ainda que se considere a

existência do mencionado Comitê Gestor, a compensação de Cofins com débito desse novo imposto seria viável pela

atual legislação federal que trata a compensação. Entretanto, caso haja qualquer dúvida sobre a administração ser ou não

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exclusiva da Receita Federal, seria possível ainda assim o encontro de contas com base no art. 74 da Lei 9.430? Ou seria

necessária a edição de uma nova lei?

Caso seja necessária uma nova lei, considerando que com certeza haverá muita coisa a regulamentar para a aplicação do

novo sistema tributário, é quase certo que demorará para se preencher essa lacuna e é possível que os contribuintes, de

uma hora para a outra, tenham suas compensações paralisadas, por impossibilidade de uso de seus créditos.

Há no caso de Estados e municípios, que em sua grande maioria até hoje não regulamentaram em suas competências a

possibilidade de compensação tributária, teriam eles de aceitar as compensações como forma de devolução de sua parte

no IVA/IBS? Não deveria haver alguma modificação/adaptação da legislação atinente à compensação? Seria necessária

ou até mesmo conveniente uma alteração do artigo 170 do CTN para prever uma transição entre os sistemas (atual e

futuro?).

Claro que não se espera que essa falta de continuidade de compensação vá ocorrer, mas vale neste momento o alerta.

Além desse tema, é provável que outros problemas de transição venham a ocorrer e será necessário que o Poder

Executivo e o Congresso Nacional rapidamente editem normas para que o sistema continue funcionando, sem deixar de

fora questões tão importantes como a efetivação das compensações, como visto.

Devemos, portanto, ficar atentos para as repercussões possíveis da reforma tributária, e estarmos preparados para uma

transição, na qual poderão ser necessárias várias adaptações e/ou alterações da legislação tributária, não somente no

âmbito da Constituição Federal, mas também do CTN e das legislações de cada tributo. Precisamos estar preparados

para “virar a chave” quando o momento apropriado se apresentar.

*Marcelo Annunziata é sócio do Demarest Advogados

Fonte: Demarest Advogados

NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS - MERCADORIA OFERECIDA EM

BONIFICAÇÃO

Harrison Nagel

Muitas empresas, ao ofertarem bonificações aos seus clientes, desconhecem que tal bônus não integra a base de cálculo

do ICMS, recolhendo integralmente o imposto. Nota-se que a nomenclatura “bonificação” nada mais é do que um

desconto no preço dado aos clientes para tornar o produto mais atrativo e competitivo, estimulando sua compra.

Este desconto é incondicional e, dessa forma, não integra a base de cálculo do ICMS, conforme interpretação a contrário

do art. 13, §1º, II, da Lei Complementar nº 87/96. A Lei Complementar nº 87/96 no art. 13, §1º, II, “a”, juntamente com

o disposto no art. 146 da CF, manda incluir na base de cálculo do ICMS o valor da operação mercantil e também o dos

seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos, concedidos sob condição.

Desta forma, a base de cálculo do ICMS não é o preço anunciado, mas o valor da operação, que se define no momento

em que esta se concretiza. Sendo assim, os valores de bonificação não integram a base de cálculo do ICMS porque não

fazem parte do valor da operação da qual decorre à saída da mercadoria da empresa.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) pacificou a questão, consolidando a posição que a base de cálculo do ICMS é o

valor da operação mercantil efetivamente realizada.

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Portanto, os valores concernentes aos descontos ditos promocionais, assim como os descontos para pagamento à vista,

ou de quaisquer outros descontos cuja efetivação não fique a depender de evento futuro e incerto, não integram a base de

cálculo do ICMS por não fazerem parte do valor da operação da qual decorre à saída da mercadoria.

Concluindo, a base de cálculo do ICMS não pode utilizar elementos estranhos à operação mercantil realizada, como, por

exemplo, o valor intrínseco dos bens entregues por fabricante à empresa atacadista, a título de bonificação, ou seja, sem

a efetiva cobrança de um preço sobre os mesmos. Percebe-se que a utilização de elementos estranhos na composição da

base de cálculo do ICMS é ilegal, podendo requerer a restituição por meio de repetição de indébito.

Harrison Nagel

Nagel & Ryzeweski Advogados

[email protected]

www.nageladvocacia.com.br

Governo lança guia para ajudar empresas a pagar

menos impostos ao investir em inovação

7 de dezembro de 2019

O Guia Prático da Lei do Bem busca informar empresários sobre como aproveitar os incentivos fiscais.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações lançou nesta quinta-feira (5) o Guia Prático da Lei do

Bem para aumentar o grau de informação de empresários sobre benefícios e detalhar a rotina dos processos de adesão. O

guia ilustrado compila toda a legislação e traz instruções sobre o preenchimento eletrônico dos formulários necessários

para que as empresas interessadas se beneficiem de incentivos fiscais.

Há avaliação no governo de que muitas empresas desconhecem os mecanismos de funcionamento da lei e sentem

insegurança para aderir. “Por que a Lei do Bem não está sendo aplicada com todo o potencial que poderia? Parte disso é

desconhecimento da lei e falta de comunicação mais eficiente e precisa”, afirma o ministro Marcos Pontes.

“As empresas têm um certo receio de utilização da Lei do Bem, em grande parte pelo desconhecimento de como participar

de maneira segura. Esse guia é uma primeira providência para que tenham mais conhecimento”, diz o ministro.

Editada há 14 anos, a lei diminui o pagamento de tributos de empresas – como o Imposto sobre Produtos Industrializados

(IPI) e o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) – que realizarem

pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. A estimativa do ministério é que, para cada R$ 1 de isenção, as

empresas invistam R$ 4,50 em pesquisa, desenvolvimento e inovação.O acesso aos incentivos tributários depende de

avaliação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Ontem (4), o governo publicou o 19º lote,

que tem os nomes de 40 empresas analisadas, é referente à utilização dos incentivos fiscais do ano-base 2016. Ainda não

foram cotejados os processos relativos a 2017 e 2018.

O ministro Marcos Pontes admite que há algum “represamento” na tramitação das análises, mas informa que está mudando

os métodos de avaliação dos processos para ter mais agilidade. Até o final do ano passado, 1.574 empresas haviam aderido

à Lei do Bem. Este ano, o número de empresas autorizadas chegou a 1.850.

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O governo considera o número baixo em um universo que pode ser de até 150 mil empresas. Além disso, as empresas que

aderiram são grandes empresas, que recolhem impostos de acordo com o lucro real apurado. Nenhuma empresa do regime

tributário Simples ou que pague impostos de acordo com o lucro presumido aderiu à lei.

Questionado pela imprensa, Pontes não descarta mudar a lei para obter mais adesões no futuro, mas não faz previsão de

quando possa acontecer. Apenas descarta que possa ser imediatamente. “Não é possível dizer que isso vá acontecer em

curto prazo”.

Fonte: Época Negócios

A importância das ferramentas tecnológicas para a

inteligência fiscal

A inteligência fiscal é extremamente necessária para a gestão dos documentos fiscais eletrônicos,

e ferramentas tecnológicas são de extrema importância tanto para grandes como para pequenas

empresas.

Fonte: Contabilidade na TVLink: http://www.contabilidadenatv.com.br/2019/12/a-importancia-das-ferramentas-

tecnologicas-para-a-inteligencia-fiscal/

Para melhorar a identificação de créditos fiscais e ajustar a parametrização fiscal dentro da organização, é necessário

inicialmente uma revisão tributária completa, o que pode ser muito custoso e demorado se feito manualmente. Mas com

o apoio de uma ferramenta que fornece o monitoramento adequado de alíquotas e demais regras tributárias essa tarefa

não se torna tão dispendiosa. Possuir uma ferramenta que faça a consistência tributária dos seus itens adquiridos e

vendidos, e aponte equívocos nas apurações de impostos como ICMS, PIS, e Cofins reduz muito o risco fiscal na sua

empresa e a torna mais competitiva, pois, evita o recolhimento de impostos a maior, e também a menor, o que neste

último caso aumenta as chances de autuações perante os órgãos tributantes.

Receber as informações das corretas cargas tributárias e não precisar mais se preocupar em acompanhar as alterações

legais para manter os produtos dentro da carga correta, geram dentro da organização mais qualidade nas informações,

pois estas validações são feitas por especialistas, sem contar no tempo que não é mais perdido internamente na empresa,

e que gera um melhor aproveitamento dos colaboradores para outros fins, como análises tributárias mais voltadas a

gestão e tomada de decisão, do que a mera revisão de cadastros.

Quando se opta pelo uso de uma ferramenta de revisão fiscal, a empresa se beneficia com o acesso a milhares ou

milhões de regras tributárias que já foram analisadas e revisadas por uma equipe especialidade, tendo então informações

de qualidade e confiabilidade a sua disposição. E ter segurança nas informações fiscais é algo muito valioso, pois, com a

complexa legislação tributária que temos e que muda constantemente, ter uma base de dados bem elaborada, bem

estruturada e correta, deixa a empresa em compliance fiscal gerando máxima qualidade nos seus processos fiscais.

Fora as ferramentas tecnológicas que o gestor pode investir, temos também de citar o conhecimento que a equipe fiscal

deve ter, e esse conhecimento pode ser aprimorado participando de eventos que mostrem soluções aplicadas no mercado

para que a empresa alcance o compliance tributário e melhore seus processos fiscais.

No futuro os profissionais que não se atualizarem e se adequarem as mudanças que o mundo fiscal está sofrendo serão

substituídos por profissionais mais capacitados. O desenvolvimento de novas tecnologias está gerando uma

transformação digital enorme como o uso da robotização para cumprimento de tarefas mais simples, o que gerará uma

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maior demanda por profissionais mais aptos a fazerem análises para tomada de decisão, ou seja, a figura do consultor

fiscal ficará mais a vista do que a do gerador de guias.

Todos os cálculos que um robô possa vir a fazer, ou outras ações que ele venha a executar precisarão ser coordenados

por um analista responsável, alguém que confira e assegure que está tudo correto com os processos. O tempo dispendido

com isso não deve ser muito grande, pois, este analista terá de se preocupar mais com auditorias, gestão tributária,

previsões de impactos tributários, entre outras análises que uma máquina dificilmente executaria, pois, são informações

muito analíticas.

Nos atuais gestores, executivos e sócios de empresas, a necessidade de ter bons consultores estratégicos serão

primordiais, não só fiscal, mas em todas as áreas, e o contador é um profissional de destaque nesse assunto. Ele pode dar

o aporte necessário ao empresário em assuntos complexos como as variações do resultado ou patrimônio da empresa.

Gerando assim dados mais estratégicos maximizando a gestão contábil, fiscal, pessoal e societária de uma empresa.

Para o futuro também será necessária uma maior integração entre os setores, principalmente financeiro, fiscal, contábil e

pessoal, que geralmente são muito desvinculados uns dos outros. A participação cada vez mais ativa das tecnologias

deverá unir cada vez mais esses setores e seus processos, mas de forma positiva, pois, como comentado antes, a ideia é

ter-se uma automatização de processos, de modo a otimizar e simplificar a vida dos profissionais destes setores.

A tecnologia não vai eliminar funções de profissionais preparados, muito pelo contrário, a inteligência artificial, os

chatbots, ou os sistemas de cloud computing vieram para melhorar o armazenamento de dados, reduzir a carga de

trabalho que é atualmente dispendida com atividades repetitivas e de pouco valor agregado, para dar ao profissional

dessas áreas mais produtividade, e tempo para se tornar cada vez mais um analista com visão estratégica do que um

mero profissional que apenas executa rotinas operacionais.

Por que a LGPD "vai pegar"?

A lei geral de proteção de dados pessoais entra em vigor em agosto/2020,

você está preparado?

Publicado por Lilian Pinheiro

Por que a LGPD “vai pegar”?

Como qualquer outra legislação, a Lei de proteção de Dados Pessoais - LGPD - Lei 13.709/2018 alterada pela Lei

13.853/19 é um novo comando legal que demandará seu integral cumprimento por todos os atores envolvidos no

tratamento de dados pessoais, seja tal tratamento a finalidade ou o objeto social da empresa, seja como meio ou

ferramenta para se atingir esse objeto ou finalidade empresarial.

A proteção aos dados pessoais vem cumprir um direito já positivado no art. 5, inciso X da Constituição Federal de

1988 que é o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem.

O respeito aos direitos humanos, apresentado como fundamento VII, busca reafirmar o preâmbulo da Declaração

Universal dos Direitos Humanos1, 1948, cujos valores permeiam a nossa Carta Magna de 1988 para garantir o livre

desenvolvimento da personalidade, a dignidade da pessoa humana e o pleno exercício da cidadania.

É importante salientar que a LGPD positiva novos direitos para todos os brasileiros, justificados por todo um

arcabouço principiológico que as empresas deverão respeitar para viabilizar o seu compliance legal.

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Senão, vejamos os fundamento e princípios trazidos no artigo 2º e no artigo 6º da referida lei.

Artigo 2º da LGPD: Fundamentos da proteção de dados pessoais:

· Respeito à privacidade

· Autodeterminação informativa

· Liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião

· Inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem

· Desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação

· Livre iniciativa, livre concorrência e a defesa do consumidor

Os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas

naturais.

Podemos dividir estes sete incisos em dois grandes grupos, no primeiro grupo temos os fundamentos que visam

proteger a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem, respeitando primordialmente a autodeterminação informativa e

os direitos humanos para o livre exercício da cidadania das pessoas naturais e no segundo grupo, os fundamentos que

buscam proteger e fomentar a livre iniciativa e a livre concorrência, o desenvolvimento econômico, tecnológico e a

inovação respeitando os direitos humanos e os direitos do consumidor.

Temos aqui uma dualidade, nem sempre fácil de se equilibrar, pois ao mesmo tempo em que necessitamos de

informações, muitas vezes pessoais e sensíveis, já que pesquisas empíricas se baseiam em tais dados para entender e

formar perfis comportamentais de atuais e potenciais consumidores no intuito desenvolver e oferecer novas tecnologias,

produtos e serviços cada vez mais personalizados precisamos também verificar os limites da autodeterminação

informativa, respeitando a privacidade, intimidade, a honra, a imagem, os direitos humanos e os direitos destes

consumidores.

Um exemplo de respeito à privacidade do titular de dados, começa por não coletar nenhum dado desnecessário, ou

seja, devo coletar estritamente dados pessoais necessários para a minha operação, nada a mais.

Estes dados pessoais coletados devem também estar protegidos e terem seu acesso restrito aos usuários com

prerrogativa de acesso e serem utilizados apenas para os fins exclusivos a que se destinam, conforme previamente

autorizado pelos seus titulares.

Há aqui uma mudança de mentalidade, a propriedade dos dados pessoais pertence ao seu titular e não à entidade,

empresa, órgão ou instituição que a coletou, tratou, armazenou ou compartilhou, parece lógico não?

De modo que o respeito aos direitos do titular de dados começa pelo reconhecimento e respeito à dignidade da pessoa

humana titular de direitos e prerrogativas inerentes a esta qualidade.

Artigo 6º da LGPD: as atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios:

No que tange à boa-fé, nos ensina o Professor ÁLVARO VILLAÇA DE AZEVEDO [1] que o princípio da boa-fé

“assegura o que acolhimento do que é lícito e a repulsa ao ilícito”.2

A boa-fé deve estar presumida em qualquer relação contratual, ela legitima tal relação e leva em consideração os usos

e os costumes de uma sociedade.

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Mas como se falar em usos e costumes frente à avassaladora tecnologia que descarta o passado num ritmo frenético?

Muito simples, a tecnologia não pode se servir de meios escusos para atingir seus objetivos, daí a necessidade de

balizar seus avanços por meio de cláusulas gerais que revestem os princípios da finalidade, adequação, necessidade,

livre acesso, qualidade dos dados, transparência, segurança, prevenção, não discriminação e responsabilização e

prestação de contas definidos pela própria lei.

Na sequência, o artigo 6º da LGPD trata dos princípios da finalidade, adequação, necessidade, livre acesso, qualidade

dos dados, transparência, segurança, prevenção, não discriminação e finalmente a responsabilização e prestação de

contas.

Como finalidade devemos compreender que todo tratamento de dados deve ter seu propósito explicitado, a lei fala em

propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular de dados, assim, para cumprimento deste princípio o

controlador deve informar ao titular para que seus dados estão sendo coletados e mais, que não haverá nenhum outro

tipo de tratamento que não seja este.

É imprescindível, então que controlador tenha essas finalidades bem determinadas e delimitadas porque não poderá

alterá-las a posteriori sem o consentimento do titular.

I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem

possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades;

O princípio da adequação visa garantir que há uma compatibilidade do tratamento com as finalidades que foram

informadas ao titular, ou seja, é a confirmação do princípio da finalidade.

II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do

tratamento;

Talvez o mais importante seja o princípio da necessidade, porque ele traz a maior mudança de “mindset” no que tange

à real necessidade dos dados que se coletam porque estamos acostumados a coletar dados simplesmente por coletar.

Quando solicitamos dados ou informações, normalmente sempre coletamos mais do que precisamos e a razão é muitas

vezes psicológica: coletamos a mais por medida de segurança, por imaginarmos que é melhor “sobrar do que faltar”

então, agora a medida de segurança passa a ser “na justa medida, nem mais nem menos”, apenas o necessário para a

realização das finalidades informadas e acordadas com o titular, de modo que devemos limitar o tratamento ao mínimo

necessário.

III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência

dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados;

A acessibilidade, já estava prevista no inciso XIV, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 e posteriormente no

artigo 10º da Lei de Transparência – Lei 12.527/2011 como direito à informação e vem positivado novamente como

direito absoluto do titular em acessar livremente seus dados pessoais e, assim também poder solicitar sua correção,

alteração ou apagamento.

Interessante lembrar que foi exatamente a negativa de acesso aos dados de um titular, no caso, David Carroll (veja o

documentário "The great Hack" em português, "Privacidade Hacheada" produzido e dirigido por Jehane Noujaim e

Karim Amer), que levou ao escândalo envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica e à descoberta da manipulação

de bilhões de perfis do Facebook para atender interesses políticos em vários países.

IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem

como sobre a integralidade de seus dados pessoais;

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Par e passo com o livre acesso está a garantia da transparência dos dados ao titular, informando também sobre a

realização do tratamento e os agentes nele envolvidos.

VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do

tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial;

O princípio da qualidade dos dados objetiva garantir a acuidade dos dados, que devem ser exatos, claros, atualizados e

respeitando o princípio da finalidade, relevantes pra o cumprimento do objeto do tratamento.

De fato, de nada valem dados incorretos ou desatualizados, e as boas práticas de TI já primam por isso.

V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com

a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento;

A proteção contra a discriminação é mencionada no inciso IX do artigo 6º e garante que nenhum tratamento poder ser

feito com finalidade discriminatória, ilícita ou abusiva, direito primordialmente garantido no artigo 5º caput e incisos I,

II da nossa Constituição Federal.

IX - não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;

Finalmente chegamos aos princípios de caráter mais operacional e já conhecidos das áreas de compliance e segurança

da informação como a segurança dos dados pessoais por meio de ferramentas de TI e procedimentos técnicos e

administrativos; a prevenção através de medidas evitem a ocorrência de danos aos direitos e liberdades dos titulares

durante o tratamento e por consequência a previsão da responsabilização e prestação de contas que obrigam os agentes a

demonstrar a adoção de medidas eficazes que comprovem sua diligência no cumprimento das normas de proteção de

dados assim como a sua eficácia.

Destarte, é de suma importância a criação de procedimentos e a documentação de boas práticas nesse sentido.

VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não

autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão;

VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais;

X - responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de

comprovar a observância e o cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas

medidas.

Vale lembrar que Marco Civil da Internet – Lei 12.965/2014 veio regulamentar o uso da internet no Brasil e a Lei

Geral de Proteção de Dados Pessoais – Lei 13.709/2018 alterada pela Lei 13.853/19 vai regulamentar a coleta e o

tratamento de dados pessoais na internet e fora dela.

Isso mesmo. A LGPD vai também impactar naquele seu arquivo de ferro cheio de papeis com informações sobre os

seus funcionários e clientes.

E é por todo o descrito que a LGPD não apenas “vai pegar” como “tem que pegar” porque ela é a garantia dos novos

direitos individuais que surgem na sociedade da informação.

As mudanças na sociedade devem ser acompanhadas de avanços no nosso ordenamento jurídico, sendo

imprescindível delimitar, esclarecer e fundamentar direitos e deveres, dada a dificuldade em se estabelecer limites entre

os meios físicos, biológicos e digitais.

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Nessa nova sociedade a informação é o “novo petróleo” de modo que há uma urgente necessidade de se estabelecer

claramente as “regras do jogo”.

E você, qual a sua opinião sobre o assunto?

Lilian Pinheiro

Advogada, empresária, membro das comissões OAB Direito Digital e Compliance, Inovação e Empreendedorismo.

Email: [email protected]

[1] AZEVEDO. Álvaro Villaça. Teoria Geral dos Contratos Típicos e Atípicos. São Paulo: Editora Atlas, 2002, p. 26.

Lilian Pinheiro

O direito não protege aquele que dorme, por isso conheça e exerça seus direitos

8 dicas que você deve saber antes de abrir uma empresa

Publicado por Lauren J. L. F. Teixeira Alves

[Artigo publicado originalmente no Blog]

Escrevo o artigo de hoje para te alertar: cuidado para não cair no “conto do vigário”: o mero fato de abrir uma empresa

não é sinônimo de “lucro na certa”. Pelo contrário! É sinônimo de “trabalho na certa”.

Todos os dias nos deparamos com empreendimentos sendo abertos. Todos os dias nos deparamos com empreendimentos

sendo fechados. Isso é tão frequente que chega a ser assustador e vira assunto na boca do povo: “meu Deus, você viu que

fulano abriu a empresa esses dias e já fechou?”

Quantas vezes ouvimos isso por aí, né?

O que eu preciso saber antes de abrir um empreendimento?

Primeiro de tudo: que essas situações não ocorrem por causas isoladas. Não adianta colocar a culpa na “crise

econômica”. Ela pode ajudar, mas não é somente ela. A verdade é que o mercado não é o mesmo que era há 5 anos,

quiçá há 20, 30 anos… O mercado é muito mais exigente, nos dias atuais.

Então, anota aí algumas coisas que você tem que se atentar antes de abrir um empreendimento:

1. Quem é o seu cliente?

Você quer abrir um negócio. OK. Mas se eu te perguntar hoje, quem será o seu cliente, você sabe me dizer

EXATAMENTE? Quais os seus costumes, como gosta de ser atendido, o que ele realmente procura no mercado?

Sem cliente, o empreendimento não é nada, desculpe-me a franqueza. Pior será se você não conhecer o padrão do cliente

que quer atender. Não adianta ter uma loja mega chique, com produtos refinados e preços altíssimos, se o cliente que

realmente você quer atingir prefere ir em lojas mais simples e pechinchar pelos preços. Entende?

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2. Como funciona o mercado?

Que você quer entrar no mercado a todo vapor, já sabemos. Mas você sabe como ele funciona? “Lauren, o que você quer

dizer com isso?”

Eu quero te dizer que você deve entender como os seus concorrentes trabalham, quais são as forças dos seus

concorrentes e, principalmente, quais são suas fraquezas. Além disso, você deve entender como funciona a base de

preços desse mercado.

Sabendo quem é o seu cliente e como o mercado funciona, você saberá identificar qual será o seu diferencial. Afinal,

abrir uma empresa que já existe um monte, não haverá qualquer destaque, não é mesmo?

3. Conheça seus números

Quando eu digo isso, eu quero te dizer que você deve conhecer como funciona a gestão da sua própria empresa: o quanto

é preciso para abrir a empresa, o quanto é preciso de fluxo de caixa para manter a empresa nos primeiros anos, o quanto

é preciso de investimentos com imagem e propaganda, o quanto é preciso de estoque de produtos e contratação de

funcionários.

Resume-se a números. Não adianta ter um dia super feliz se o caixa da sua empresa vai mal. Empresa sobrevive

mediante dinheiro. Você sabe como está o seu ou delega e fecha os olhos?

4. Conheça sua equipe

Essa gestão rígida, engessada, mega autoritária, está com os dias contados! Sim, meus amigos. Antigos gestores estão,

cada vez mais, sendo trocados por gestores com mente aberta e dispostos a mudanças.

As empresas devem respirar inovação, devem ser a própria inovação. E a partir disso, o que se tem é que uma empresa

precisa de uma equipe forte, que confia no seu gestor e que, principalmente, saiba trabalhar em conjunto.

Pesquisas mostram que 8 em cada 10 profissionais pedem demissão por causa do chefe, e não valorizar os próprios

funcionários é não se importar com o bem-estar do próprio negócio.

O que fazem as empresas de sucesso: liderança horizontal, como forma de fazer o empregado sentir que pertence à

corporação e que faz a diferença estando ali!

Passe a conhecer quem trabalha para você e com você. Como são suas personalidades. Quais os horários que o

rendimento é melhor. Como motiva-los… Tudo como forma de fazer crescer o valor da corporação num todo.

5. Tenha um plano de negócios

O plano de negócios, basicamente, detalha o estudo de mercado, o planejamento financeiro, fluxo de caixa, previsão de

vendas, investimentos em produto, imagem e marketing, dentre muitas outras variantes.

Começar um negócio sem ter se planejado PREVIAMENTE é pedir por dias terríveis. Lembre-se: a sorte passa muito

rápido para aquele que se arrisca no escuro.

6. Entenda que sociedade é coisa séria

Já me deparei com pessoas que falavam: “vou ver se acho um sócio pra ver no que vai dar” ou “não gosto muito de

ciclano, mas vou abrir uma empresa com ele porque…. ”

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Um dos maiores erros é cair na besteira de achar que sociedade se desfaz tão fácil quanto qualquer outra relação. A

dissolução de uma sociedade pode te proporcionar prejuízos muito maiores que a dissolução de um casamento!

Portanto, procure uma pessoa para chamar de “sócio (a)” que você confie, que possua objetivos estratégicos iguais – ou

que complementem/melhorem – os seus.

Obviamente que frustrações poderão ocorrer. Afinal, é impossível conhecer uma pessoa tão bem que ainda não possa

descobrir algo novo dela. Mas te alerto, não haja no impulso.

Ser sócio é dividir os lucros e os PREJUÍZOS. A depender da forma societária, o prejuízo é ainda maior! A dor de

cabeça então, nem se fala!

7. Não se dê ao luxo de se iludir

Não se iluda, meu amigo e minha amiga. O mercado é cruel e você precisa estar pronto para enfrentar todo e qualquer

cenário.

Dias de maré boa vão vir, e tenho certeza que você os viverá intensamente. Mas não se deixe levar pelas marés boas.

Esteja preparado para enfrentar as marés bravas. Essas são as mais perigosas para a continuidade da empresa.

8. Contabilidade e Jurídico são investimentos

Quanto muitos se deparam com essa afirmação logo falam: “Até parece!” Só que por acreditar neste “até parece” pode

custar muito caro à empresa.

O enquadramento errado da sua empresa pode te levar ao pagamento em excesso de tributos e demais burocracias. Ora,

você sabe a diferença de um microempreendedor e de uma EIRELI? Já me deparei com pessoas abrindo EIRELI, sem

ter capital social para isso e sem se dar contar como conseguiria declarar isso para a Receita Federal posteriormente.

Veja que para EIRELI, é exigido que o capital mínimo correspondente a pelo menos 100 vezes o valor do salário

mínimo vigente, enquanto ao microempreendedor toda essa situação é muito mais acessível. E você já imaginou como

declarar 100 vezes o valor do salário mínimo para a Receita, no momento da abertura do capital da empresa, para uma

pessoa que não está conseguindo receber nem dois salários direito de início? Baita enrascada.

Além do mais, a falta de planejamento jurídico pode te levar à perda de oportunidades no mercado, como é o caso mais

recente de empresas que lidam diretamente com licitação: em certos estados do País, a empresa deve obrigatoriamente

ter compliance implantando, caso contrário, não poderá concorrer. Assim como, a falta de planejamento pode levar à

condenações em valores altíssimos. Seguindo o exemplo do compliance, empresas que aderem à governança e

comprovam o cumprimento de todas as normas, conseguem amenizar e até mesmo zerar eventuais pagamentos advindos

de condenação judiciais.

Sabendo disso tudo, você já está com um pézinho a frente que muitos de seus concorrentes, acredite.

Agora você já sabe que ter CNPJ, o mero fato de abrir uma empresa, não é sinônimo de riqueza. É sinônimo de muito

trabalho.

Quando te digo tudo isso é para que pare e pense. O mercado está muito exigente. Isso é uma realidade e não é possível

fugir disso. Ou você se adapta e transforma seu modelo de negócio, ou simplesmente cai fora e se acomoda.

Infelizmente, muitas pessoas ainda acreditam que é “só abrir uma empresa, começar a funcionar, que os clientes e o

dinheiro vão surgindo”. Isso dava certo há décadas atrás, não mais.

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Hoje, a pessoa que quer se destacar no mercado deve apresentar um diferencial. Ser o mesmo que todos não é

diferencial. Atender o cliente como todos os outros não é o diferencial. E se liga: se importar com o cliente, com o

atendimento e qualidade dos produtos/serviços não é diferencial, é obrigação!

Ler tudo isso, te incomoda ou te fortalece para buscar suas metas? A forma como você encara a realidade e as

dificuldades, é fator preponderante para a prosperidade do seu negócio.

Lauren J. L. F. Teixeira Alves