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Análise de Conjuntura
BOLETIM
EconomiABC
Panorama - Junho de 2018
O desempenho apresentado pela economia
brasileira no primeiro trimestre de 2018, comparado
a igual período do ano anterior, foi o melhor desde
2014. O crescimento de 1,2% não é um desempenho
invejável, mas estabelece o quarto trimestre seguido
com variação positiva.
O que mais chama atenção no desempenho
da economia brasileira tem sido a melhora do setor
industrial e o retorno do crescimento dos
investimentos.
Recentemente o FMI também divulgou
projeção para o crescimento da economia mundial de
3,8% para este ano, maior portanto que 2016 e 2017,
com destaque para os efeitos da política
expansionista dos EUA.
Desempenho da economia do Grande ABC
Apesar de ainda vivermos período de largo
desemprego na região, que não apresenta os
melhores níveis de desempenho produtivo da sua
história recente, os sinais apresentados pela melhora
no volume e geração de empregos formais, de fluxo
de comércio exterior, de operações financeiras e de
investimentos confirmados indicam uma possível
retomada da atividade produtiva. Este
comportamento foi confirmado pelo cálculo do Índice
de Atividade Econômica do Grande ABC (iABC), que
traz aperfeiçoamento metodológico nesta edição.
Destaques desta Edição
Panorama Econômico........................... p.02
Movimentação Financeira..................... p.04
Inflação................................................. p.06
Mercado de Trabalho............................ p.08
Comércio Exterior.................................. p.10
Especial: O Desempenho do PIB do Grande ABC
p.12
Apesar da melhora apresentada pelo crescimento
do PIB no primeiro trimestre deste ano,
comparativamente aos anos anteriores, a
retomada da economia após o ciclo recessivo
parece que irá demorar mais do que o previsto,
muito além do que o desejável.
A paralisação dos caminhoneiros em maio trará
efeitos negativos sobre o volume do PIB no
segundo trimestre do ano. Ao que aparenta, as
eleições majoritárias de outubro e o cenário
político parecem, cada vez mais, acenar para um
horizonte de incertezas e deverão refletir na
trajetória da economia ao longo deste ano.
Prof. Me. Sandro Renato Maskio
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Região do Grande ABC / SP
BOLETIM
EconomiABC
Panorama Econômico
De acordo com a última edição do Panorama
Econômico Mundial publicado pelo FMI em maio
passado, a economia mundial continua em lenta
retomada da atividade econômica. Segundo a
instituição, a economia mundial cresceu 3,8% em
2017. No primeiro trimestre de 2018, China e Estados
Unidos cresceram 6,8% e 2,9%, respectivamente,
influenciando positivamente as expectativas sobre a
expansão mundial. De outro lado, as economias do
Japão e da União Europeia cresceram apenas 0,9%
e 0,4%. O FMI projeta alta maior, de 3,9% em 2018,
puxada em especial pelos Estados Unidos e pela
China.
No cenário nacional, após crescimento de
1,2% no primeiro trimestre, ampliaram num primeiro
momento as expectativas em relação ao
desempenho no segundo e terceiro trimestres de
2018, que sazonalmente tendem a apresentar ritmo
mais intenso de atividade econômica. Entretanto, a
paralisação dos caminhoneiros no final de maio,
somada ao posterior prolongamento de seus efeitos
sobre a atividade produtiva mediante a discussão em
torno do valor do frete e o impacto nos custos dos
setores agropecuário e indústria, tenderá a impor
uma desaceleração à trajetória de retomada da
atividade econômica no País.
Ao mesmo tempo, o instável cenário político
nacional com a aproximação das eleições
majoritárias de outubro também tem se refletido no
retardamento da recuperação da atividade
econômica.
O próprio governo reduziu a estimativa de
crescimento da economia brasileira de 3% para 2,5%
em 2018 e poderá realizar nova revisão para baixo.
Nas últimas quatro semanas o mercado também
diminuiu a projeção de desempenho do PIB para
2018 de 2,5% para 1,9%, segundo o relatório FOCUS
divulgado pelo Banco Central.
Um dos reflexos da melhora no nível de
atividade econômica é observado na redução do
desemprego. No trimestre fev/mar/abr de 2018 a taxa
de desocupação registrada no Brasil pela
PNAD/IBGE foi de 12,9% da PEA, ante 13,6% da
PEA de igual trimestre do ano anterior. Houve,
segundo a pesquisa, redução de 635 mil pessoas
desempregadas. Entretanto, o lento ritmo de
recuperação ainda não se refletiu na ampliação do
volume de pessoas contratadas com carteira
assinada pelo setor privado, tendo se ampliado o
número de ocupados sem carteira assinada,
empregados no setor público e atuando como
domésticos, autônomos (conta própria) ou
empregadores.
Mediante essa melhora no mercado de
trabalho, embora a renda média tenha ficado
praticamente estável, em R$ 2.182 (+0,8%), a massa
de renda gerada no mercado de trabalho aumentou
em R$ 4,6 bilhões por mês, 2,5% a mais que em igual
período do ano anterior.
A retração da atividade econômica dos
últimos anos foi acompanhada pela redução dos
níveis de inflação acumulada em 12 meses, que
diminui de 10,71% em janeiro de 2016 para 3,48%
em abril deste ano. Com essa queda, o Banco
Central vem reduzindo a meta da taxa básica de juros
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Análise de Conjuntura
BOLETIM
EconomiABC
da economia (SELIC), que era de 14,25% a.a. em
outubro de 2016 para 6,5% em março deste ano,
mesmo diante da crise fiscal e da ampliação da
necessidade de captação de recursos via dívida
pública para financiar o orçamento do governo. Isso
resultou no aumento da dívida líquida do setor
público. Em abril último a dívida líquida pública
somou pouco mais de R$ 3,4 trilhões (51,9% do PIB).
Nos últimos 12 meses encerrados em abril, o
déficit público nominal alcançou R$ 499 bilhões e o
déficit público primário somou R$ 118 bilhões. Dado
o esforço realizado pelo governo para ajustar as
contas públicas, os déficits citados foram
respectivamente 14% e 18% menores do que em
igual período do ano anterior.
.
Fonte: IBGE, SEADE, FMI
Nas últimas semanas, apesar dos
fundamentos externos da economia brasileira se
mostrarem sólidos - com elevado nível de reservas
internacionais, melhora no saldo da balança
comercial e no Saldo de Transações Correntes -, a
taxa de câmbio apresentou elevada volatilidade. O
câmbio superou os R$ 4,00 nas primeiras semanas
de maio, influenciado pela intensa movimentação de
capitais mediante a desvalorização das ações da
Petrobrás, redução da perspectiva de crescimento da
economia brasileira e pelas incertezas do ambiente
político, em ano cujas eleições majoritárias
apresentam cenário de indefinição.
Movimentação Financeira
0,4
%
1,4
%
2,1
%
1,2
%
1,1
%
4,4
% 3,3
%
2,3
% 3,4
%
-2,1
%
-3,8
% -2,5
%
-3,7
%
-3,3
%
-4,5
%
-5,0
%
-4,4
%
-1,7
%
-0,9
%
-1,8
% -0,2
%
0,4
%
2,5
%
4,0
%
2,4
%
3,50% 3,60% 3,40% 3,20%3,80%
-7,00%
-5,00%
-3,00%
-1,00%
1,00%
3,00%
5,00%
7,00%
9,00%
11,00%
1º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Crescimento Trimestral do PIB (%)(comparado a igual período do ano anterior)
Brasil - % a.trim São Paulo - % a.trim Mundo - % a.a.
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Região do Grande ABC / SP
BOLETIM
EconomiABC
Há um ano a meta da taxa básica de juros
(SELIC) estabelecida pelo COPOM era de 11,25%
a.a., em trajetória de redução. A SELIC fechou 2017
a 7% a.a., abaixo do previsto pelo mercado no
relatório FOCUS de julho de 2017. Atualmente, a
taxa básica de juros estabelecida pelo COPOM é de
6,5% a.a. Combinada com inflação acumulada em
2,8% em maio, a taxa de juros real é uma das
menores desde 2016. Segundo avaliação do
mercado expressa no último relatório FOCUS do
Banco Central, a taxa básica de juros deverá fechar
o ano em 6,5% em 2018, com projeção de alta para
8% no final de 2019.
As taxas de juros para pessoas físicas e
pessoas jurídicas vêm diminuindo desde o 1º
semestre de 2016. Em abril passado, a taxa média
de juros para pessoas físicas foi de 56,79% a.a. e
para pessoas jurídicas foi de 20,81% a.a. Ainda
assim, as taxas se mostram bastante elevadas, em
especial quando comparadas às praticas em países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Enquanto a
taxa média de juros do crédito para capital de giro às
pessoas jurídicas foi de 17% a.a. em abril passado,
as taxas de juros do cheque especial e do cartão de
crédito (rotativo) para pessoas físicas foram de 320%
ao ano e de 331% ao ano, respectivamente.
Operações de Crédito
No Grande ABC, nos últimos 12 meses
encerrados em março deste ano, o volume de
operações de crédito diminuiu aproximadamente
10%. Entretanto, dada a trajetória de ascensão do
crédito iniciada no início do ano passado, no primeiro
trimestre deste ano houve ampliação de 8,3% nas
operações de crédito comparado a igual período do
ano passado, somando R$ 33 bilhões. Cabe
destacar, no entanto, que as operações de
financiamento imobiliário diminuíram 1,9% na mesma
comparação
Fonte: Banco Central
Na outra ponta, o ABC paulista registrou
ampliação do volume de depósitos em poupança em
2,67% nos últimos 12 meses encerrados em março e
de 5,7% no primeiro semestre deste ano.
Fonte: Banco Central
05.000
10.00015.00020.00025.00030.00035.00040.00045.00050.000
Operações de Crédito no Grande ABC (milhões de R$ de mar/2018 - deflacionado pelo IPCA)
OPERAÇÕES DE CRÉDITO FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
Depósito em Poupança no Grande ABC (milhões de R$ de mar/2018 - deflacionado pelo IPCA)
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Análise de Conjuntura
BOLETIM
EconomiABC
Comércio
No cenário nacional, em parte explicado pela
melhora no volume de concessão de crédito às
pessoas físicas, bem como pela estabilização no
aumento da massa de renda na economia, o nível de
atividade comercial apresenta trajetória de alta.
Nos últimos 12 meses encerrados em abril, a
atividade comercial aumentou 3,7%, invertendo a
trajetória apresentada nos 12 meses antecedente ao
período. No primeiro quadrimestre de 2018 a
ampliação no volume de atividade comercial foi de
3,3%. No Estado de São Paulo, nos últimos 12 meses
encerrados em abril, a ampliação da atividade
comercial foi de 3,3%, ao passo que no primeiro
quadrimestre deste ano foi 2,6%.
A melhora na atividade comercial foi
acompanhada da ampliação do volume de produção
física, que apresentou aumento de 7,4%. Somente a
indústria de transformação ampliou em 9,1% o
volume de produção física nos últimos 12 meses.
No Estado de São Paulo, a produção física
aumentou 8% nos 12 meses encerrados em abril.
Assim como o indicador de atividade comercial, os
indicadores de produção industrial também sugerem
retomada do nível de atividade econômica, já
sinalizada pelo crescimento de 1,2% do PIB do
primeiro trimestre do ano.
Segundo avaliação do SERASA EXPERIAN,
entre os segmentos que registraram maior ampliação
da atividade comercial no primeiro trimestre deste
ano estão móveis e utilitários domésticos, seguidos
de tecidos, vestuário e calçados.
Fonte: IBGE
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
jan
-08
abr-
08
jul-
08o
ut-
08
jan
-09
abr-
09
jul-
09o
ut-
09
jan
-10
abr-
10
jul-
10o
ut-
10
jan
-11
abr-
11
jul-
11o
ut-
11
jan
-12
abr-
12
jul-
12o
ut-
12
jan
-13
abr-
13
jul-
13o
ut-
13
jan
-14
abr-
14
jul-
14o
ut-
14
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-15
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15
jul-
15o
ut-
15
jan
-16
abr-
16
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16o
ut-
16
jan
-17
abr-
17
jul-
17o
ut-
17
jan
-18
abr-
18
Atividade Comercial(média de 2014 = 100)
IBGE - Brasil IBGE - São Paulo
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Região do Grande ABC / SP
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EconomiABC
Inflação
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada
esteve abaixo do limite inferior da política de metas
do governo, que é de 3% a.a. Em maio a inflação
medida pela IPCA/IBGE acumulou 2,85% no ano.
Após rápida redução entre janeiro de 2016 e
junho de 2017, a inflação manteve-se estável no
último ano, em torno de 2,76% a.a.
Segundo expectativa do mercado publicada
no relatório FOCUS do Banco Central da segunda
semana de junho, a inflação deverá fechar 2018 um
pouco acima, com variação de 3,8% - ainda assim
abaixo do centro da meta, que é de 4,5%.
Em boa medida, a retração da inflação após
o realinhamento dos preços administrados em 2015
foi influenciada pela própria retração da atividade
econômica brasileira, que somente agora em 2018
apresenta sinais mais claros de reaquecimento. Além
disso, a inflação deverá ser afetada neste ano pela
valorização do dólar, do petróleo, bem como pela
política de reajuste dos combustíveis e pelos efeitos
de oferta que ainda estão sendo gerados em função
da paralisação dos caminhoneiros.
Diante da trajetória de redução dos níveis de
inflação, o COPOM também imprimiu ritmo de
diminuição das metas para a taxa básica de juros
(SELIC). Desde o final de 2015, a SELIC diminui de
14,25% a.a. para 6,5% a.a.
Entretanto, dada a perspectiva de aumento
da inflação para 2018 e 2019, de acordo as próprias
estimativas do Banco Central, há possibilidade de a
meta colocada para a SELIC elevar-se no segundo
semestre de 2018. Perspectiva esta também
pressionada pela recente valorização do dólar nas
últimas semanas e que levou o Banco Central a
injetar mais de US$ 30 bilhões em contratos de
swaps cambial para acalmar o mercado.
Outro fator que tende a influenciar a trajetória
da política monetária diz respeito às expectativas
geradas em torno do ambiente político eleitoral.
Pesquisas têm indicado indefinição mais acentuada
do cenário eleitoral quando comparada às eleições
majoritárias anteriores, o que tende a trazer mais
expectativas e incertezas, que funcionam como
combustíveis para comportamentos
desestabilizantes do mercado financeiro. Isso poderá
vir a pressionar pela ampliação da taxa de
remuneração dos títulos públicos.
Por todos estes motivos, tenderemos a ter
uma ampliação da ortodoxia monetária nos próximos
meses. As implicações regionais destas alterações
derivam dos mesmos canais de transmissão dos
efeitos da política monetária, sentidos em especial no
mercado de crédito por meio de alteração da
disponibilidade e da taxa real de juros aos
tomadores, bem como via alteração do poder de
compra da moeda.
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Análise de Conjuntura
BOLETIM
EconomiABC
Fonte: IBGE
Região Metropolitana
Na Região Metropolitana de São Paulo, a
inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA foi de
3,31% em maio, acima da inflação nacional. Assim
como no plano nacional, os grupos que
apresentaram as maiores elevações de preço foram
transporte, saúde, educação e habitação.
O item transporte foi o que registrou a maior
mudança de comportamento nos últimos 12 meses
encerrados em maio de 2018, comparado a igual
período encerrado em maio de 2017. A inflação anual
do setor de transportes aumentou de 1,84% no ano
para 6,54% no ano.
No Grande ABC, depois de ter atingido valor
de R$ 608 em maio de 2017, a cesta básica fechou
em R$ 569 em maio deste ano. Contribuíram para
essa redução os preços dos alimentos na Região
Metropolitana de São Paulo, que nos últimos 12
meses registraram queda de 1,46%, segundo do
IPCA/IBGE. Queda essa que ocorreu muito mais em
função da alteração no volume de oferta de alguns
bens, diminuindo a pressão sobre preços, do que
pela redução dos custos relacionados à atividade
produtiva.
Fonte: CRAISA
.
10
,67
% 9,3
2%
4,5
7%
2,7
1%
2,8
0%
2,8
4%
2,8
5%
11
,10
%
9,4
0%
4,3
7% 2,8
9%
3,3
6%
3,6
4%
3,3
1%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
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10,00%
12,00%
jan
-14
mar
-14
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-14
jul-
14
set-
14
no
v-1
4
jan
-15
mar
-15
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-15
jul-
15
set-
15
no
v-1
5
jan
-16
mar
-16
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-16
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no
v-1
6
jan
-17
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17
set-
17
no
v-1
7
jan
-18
mar
-18
mai
-18
Inflação Acumulada em 12 meses (IPC A- IBGE; em % a.a)
Brasil Região Metropolitana de São Paulo banda inferior Meta banda superior
35
7,9 4
40
,4
46
1,7
47
0,2
52
9,7 5
76
,2
60
1,6
56
1
R$300
R$400
R$500
R$600
R$700
jan
-11
mai
-11
set-
11
jan
-12
mai
-12
set-
12
jan
-13
mai
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set-
13
jan
-14
mai
-14
set-
14
jan
-15
mai
-15
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15
jan
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-16
set-
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-17
set-
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-18
Cesta Básica - Região do ABC (em R$)
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Região do Grande ABC / SP
BOLETIM
EconomiABC
Mercado de trabalho no ABC
Em abril a taxa de desemprego registrada
pelo SEADE no Grande ABC foi de 16,5% da PEA,
abaixo dos 18,4% em abril de 2017. Nos últimos
meses não há evidências sólidas de redução do nível
de desemprego na região, tendo em vista a flutuação
apresentada no período. Em 20 anos de mensuração
da taxa de desemprego regional, os últimos 24
meses registram média de desemprego em torno de
17% da PEA, a maior para os últimos 13 anos.
Apesar da melhora no saldo de geração de
empregos formais no ABC paulista, que voltou a ser
positivo em 2018, o que não ocorria desde 2013, a
melhora nos indicadores da taxa de desocupação
(desemprego) é mais lenta. A taxa de desemprego
comporta empregos informais, autônomos, os que
trabalham por conta própria e os empregadores, bem
como é afetada pela transição entre estas formas de
ocupação.
A variação da massa de renda no mercado de
trabalho local deixou de ser divulgada pelo SEADE
devido ao fim do convênio com o Consórcio
Intermunicipal do ABC no início deste ano.
Segundo informações do CAGED e RAIS do
Ministério do Trabalho, a massa de renda dos
trabalhadores formais do Grande ABC somou R$ 2,1
bilhão em abril deste ano.
Fonte: SEADE / DIEESE
20
,8 22,8
15,2
8,1
12,1
8,8
13,0
17,119,2
15,4
18,1
16,5
0
5
10
15
20
25
abr-
98
ou
t-9
8ab
r-9
9o
ut-
99
abr-
00
ou
t-0
0ab
r-0
1o
ut-
01
abr-
02
ou
t-0
2ab
r-0
3o
ut-
03
abr-
04
ou
t-0
4ab
r-0
5o
ut-
05
abr-
06
ou
t-0
6ab
r-0
7o
ut-
07
abr-
08
ou
t-0
8ab
r-0
9o
ut-
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10
ou
t-1
0ab
r-1
1o
ut-
11
abr-
12
ou
t-1
2ab
r-1
3o
ut-
13
abr-
14
ou
t-1
4ab
r-1
5o
ut-
15
abr-
16
ou
t-1
6ab
r-1
7o
ut-
17
abr-
18
% d
a P
EA
Desemprego no Grande ABC (% da PEA)
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Análise de Conjuntura
BOLETIM
EconomiABC
Segundo dados da PNAD/IBGE para o País,
embora a taxa de desemprego tenha caído no
primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo
período de 2017, o número de ocupados com carteira
assinada no Brasil diminuiu, assim como a massa de
renda.
Até maio deste ano o Grande ABC registrou
acréscimo de 5.754 empregos formais, contra perda
de mais de 3.600 no mesmo período do ano passado.
Esta melhora foi puxada especialmente pelos
segmentos da indústria de transformação e de
serviços.
Não obstante, nunca é demais lembrar que
entre 2014 e 2017 a região perdeu cerca de 89 mil
empregos formais, sendo mais de 57 mil na indústria
de transformação.
Ainda assim, a renda média no setor
industrial é bastante superior à média do rendimento
da região, superando todos os demais setores.
Fonte: RAIS/CAGED – MTE, deflacionados pelo IPCA.
Quando comparado entre os sete municípios
do ABC paulista, a renda média proveniente do
mercado formal de trabalho se mostra maior em
cidades com marcante presença do segmento
industrial, como São Bernardo do Campo e São
Caetano do Sul.
Fonte: RAIS/CAGED – MTE, deflacionados pelo IPCA.
Apesar dos desafios que envolvem o
mercado de trabalho do Grande ABC, após a
expressiva desaceleração apresentada e que
envolve desafios para a política pública de fomento à
atividade econômica, é importante notar que os
municípios com maior renda média para o trabalho
formal são os que apresentam maior desempenho
exportador.
R$ 4.780
R$ 3.648
R$ 2.475
R$ 2.507
R$ 3.320
Industria
Serviços
Comércio
Construção Civil
Grande ABC
Renda do Emprego Formal por SetorGrande ABC - abril de 2018
abr/18
abr/17
R$ 3.320
R$ 2.316
R$ 2.632
R$ 2.945
R$ 3.044
R$ 3.369
R$ 3.482
R$ 3.691
Grande ABC
Rio Grande da Serra
Ribeirao Pires
Santo Andre
Maua
Diadema
Sao Caetano do Sul
Sao Bernardo do Campo
Renda do Emprego Formal por Município - abril de 2018
abr/17 abr/18
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Região do Grande ABC / SP
BOLETIM
EconomiABC
Comércio Exterior
Nos primeiros cinco meses deste ano a
balança comercial da região registrou superávit de
US$ 356 milhões, 37% menor do que em igual
período do ano passado. Após dois anos de
elevação, o saldo comercial voltou a registrar queda.
A queda foi resultado de aumento de 14,4% no
volume de exportações, que somaram US$ 235
bilhões, frente ao maior crescimento (de 33%) das
importações, que registraram US$ 199 bilhões.
Mesmo com corrente de comércio exterior
em crescimento, 22% maior que em igual período de
2017, maio registrou redução no fluxo comercial
internacional na região após 14 meses em ascensão.
Um dos fatores explicativos para tal comportamento
de redução do saldo comercial pode estar na
trajetória de valorização do dólar desde julho de
2017, com pequeno reverso em janeiro e fevereiro
deste ano. Certamente as recentes alterações da
taxa de câmbio, que nas últimas semanas chegou
próximo dos R$ 4,00 por dólar, refletirão de forma
negativa sobre os resultados da balança comercial
dos próximos meses.
Fonte: MDIC
Se de um lado a ampliação das exportações
demostra igual ampliação do mercado externo, que
se constitui em um dos mecanismos a estimular o
setor produtivo, de outro lado, o aumento das
importações aponta para o comportamento
importador de insumos industriais do setor produtivo
regional, já apontado anteriormente no Boletim
EconomiABC. Comportamento este aquecido pela
conjuntura das exportações, que movimentam a
produção e a demanda por insumos, e pelos efeitos
estruturais causados por políticas cambiais e de
O Superávit acumulado jan/maio 2018 soma US$ 356
milhões
2,04
2,00
2,37
2,20 2,20
3,21
3,974,04
3,40 3,26
3,74
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
1,4
1,9
2,4
2,9
3,4
3,9
jan
-08
jul-
08
jan
-09
jul-
09
jan
-10
jul-
10
jan
-11
jul-
11
jan
-12
jul-
12
jan
-13
jul-
13
jan
-14
jul-
14
jan
-15
jul-
15
jan
-16
jul-
16
jan
-17
jul-
17
jan
-18
Sald
o e
m m
ilhõ
es
de
US$
Câm
bio
R$
: U
S$
Saldo da Balança Comercial do Grande ABC - milhões de US$
saldo câmbio
11
Análise de Conjuntura
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EconomiABC
comércio exterior que ampliaram a competição de
insumos industriais no mercado nacional.
Nos últimos dois anos o setor automobilístico
destacou-se não só no mercado interno, mas
também no plano externo. Empresas do setor
instaladas no ABC constituem-se nos maiores
exportadores locais. Esta característica se reflete na
distribuição das exportações por município.
Fonte: MDIC
Diante da redução observada no saldo da
balança comercial nos primeiros meses de 2018,
devemos ficar ainda mais alertas quanto aos efeitos
dos eventos recentes, como a greve dos
caminhoneiros e a recente valorização do dólar,
sobre o resultado comercial dos próximos meses.
Estes eventos, justamente com as
expectativas em torno da trajetória da política
econômica para os próximos anos, atreladas às
incertezas do pleito eleitoral que se aproxima,
poderão desacelerar o movimento de retomada da
atividade econômica do País.
$6,85
$4.778,06
$6.865,84
$8.520,44
$9.650,88
$17.744,70
$187.883,74
Rio Grande da Serra
Ribeirão Pires
Diadema
Mauá
São Caetano do Sul
Santo André
São Bernardo doCampo
Exportações por Municípiomil US$ dólares
2018
2017
12
Região do Grande ABC / SP
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Especial: O desempenho do PIB
do Grande ABC
Segundo dados do SEADE, em 2014 e 2015
a economia do Grande ABC regrediu 6% e 14,4%,
respectivamente. Nesse mesmo período, o PIB do
Brasil foi de +0,5% e -3,77%. A economia da região
começou a regredir em 2014 sob efeito da crise
cambial da Argentina, com evidente reflexo sobre o
setor industrial da região. Em 2015, diante da
recessão que abateu País, a economia do Grande
ABC recuou pouco mais de 14%.
Com objetivo de ampliar a precisão do Índice
de Atividade Econômica do ABC (iABC), realizamos
uma atualização metodológica que inclui inserção de
novas variáveis explicativas no modelo.
PIB do Grande ABC/iABC (2010 = 100)
Fonte: SEADE / Observatório Econômico - UMESP
Entre as variáveis incluídas no modelo estão
a arrecadação do ICMS nos municípios locais.
Embora não traduza a exata soma de valor
adicionado gerado na região, a arrecadação deste
tributo é uma importante proxy (ferramenta) para
análise da atividade econômica, mesmo com os
efeitos do expediente da substituição tributária
quando se detalha a arrecadação por município.
Outra variável que passou a incorporar o
modelo foi o consumo de energia elétrica pela
indústria, por município. Esse consumo reflete o nível
de atividade produtiva do setor industrial, importante
50,000
60,000
70,000
80,000
90,000
100,000
110,000
t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Iabc Seade
13
Análise de Conjuntura
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setor da economia regional, capaz de induzir as
atividades de outros segmentos da economia local.
Além destes, permanecem na composição
do modelo informações sobre mercado de trabalho,
movimentação financeira regional e fluxos de
exportação e importação.
A tabela abaixo apresenta os dados oficiais
do crescimento do PIB do Grande ABC, apurado e
divulgado pelo SEADE, e a estimativa calculada pelo
indicador iABC do Observatório Econômico da
Universidade Metodista de São Paulo.
Crescimento Econômico do GABC
SEADE iABC
2012 -3,96% -3,86%
2013 2,21% 2,85%
2014 -7,62% -6,00%
2015 -14,42% -15,48%
2016 - 4,9%
2017 - 5,4% Fonte: SEADE / Observatório Econômico - UMESP
Diferentemente da trajetória da economia
brasileira e paulista, o indicador iABC aponta que a
economia do Grande ABC cresceu 4,9% e 5,4% em
2016 e 2017, após forte retração em 2015. É
importante ressaltar que, após a queda de mais de
20,5% no biênio 2014-2015, a economia regional
passou a apresentar uma base de comparação
significativamente menor para avaliar o desempenho
de 2016 e 2017.
O gráfico da página anterior aponta que, no
final de 2017, o PIB da região deve ser equivalente
ao apresentado no final de 2014. Mas ainda distante
do pico observado no segundo semestre de 2013.
Em 2017 a região registrou o maior volume
de investimentos confirmados, segundo informações
divulgadas pelo SEADE.
Fonte: SEADE
Do total de US$ 5,03 bilhões de
investimentos confirmados, mais de 90% estão
atrelados ao setor automotivo. Pela distribuição
regional dos investimentos confirmados entre 2012 e
2017, mais de 75% concentraram-se em apenas dois
municípios: São Bernardo e São Caetano.
Fonte SEADE
$918$1.256
$933$265 $212
$5.030
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Investimentos Confirmados (US$ milhões)
Diadema6%
Mauá2%
Ribeirão Pires
0,23%
Santo André15%
São Bernardo do Campo
39%
São Caetano do Sul38%
Distribuição dos investimetnos confirmados entre 2012- 2017 no GABC
14
Região do Grande ABC / SP
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EconomiABC
A melhora indicada pelo indicador iABC, e
em especial a melhora dos níveis de investimentos,
as duas também captadas pelo indicador de intenção
de investimentos da Sondagem Industrial da
FIESP/CNI para a região, sinalizam uma perspectiva
positiva na dinâmica da economia local.
15
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Universidade Metodista de São Paulo
Escola de Gestão e Direito
Curso de Ciências Econômicas
Observatório Econômico
Reitor
Dr. Paulo Borges Campos Júnior
Diretor da Escola de Gestão e Direito
Dra. Alessandra Maria Sabatine Zambone
Coordenadora do Curso de Ciências
Econômicas.
Ma. Silvia Cristina da Silva Okabayashi
Coordenador de Estudos do Observatório
Econômico
Me. Sandro Renato Maskio
Professor Pesquisador
Dr. Moisés Pais dos Santos
Alunos Pesquisadores
Anderson Thiago dos Santos, Angelo Cesar Grasino
Peçatti , Thiago Farias Soares
A serviço do desenvolvimento do Grande ABC.
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E-mail: [email protected]
Tel: 4366-5035
URL:http://www.metodista.br/observatorio-economico