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1 Análise de Conjuntura BOLETIM EconomiABC Panorama - Junho de 2018 O desempenho apresentado pela economia brasileira no primeiro trimestre de 2018, comparado a igual período do ano anterior, foi o melhor desde 2014. O crescimento de 1,2% não é um desempenho invejável, mas estabelece o quarto trimestre seguido com variação positiva. O que mais chama atenção no desempenho da economia brasileira tem sido a melhora do setor industrial e o retorno do crescimento dos investimentos. Recentemente o FMI também divulgou projeção para o crescimento da economia mundial de 3,8% para este ano, maior portanto que 2016 e 2017, com destaque para os efeitos da política expansionista dos EUA. Desempenho da economia do Grande ABC Apesar de ainda vivermos período de largo desemprego na região, que não apresenta os melhores níveis de desempenho produtivo da sua história recente, os sinais apresentados pela melhora no volume e geração de empregos formais, de fluxo de comércio exterior, de operações financeiras e de investimentos confirmados indicam uma possível retomada da atividade produtiva. Este comportamento foi confirmado pelo cálculo do Índice de Atividade Econômica do Grande ABC (iABC), que traz aperfeiçoamento metodológico nesta edição. Destaques desta Edição Panorama Econômico........................... p.02 Movimentação Financeira..................... p.04 Inflação................................................. p.06 Mercado de Trabalho............................ p.08 Comércio Exterior.................................. p.10 Especial: O Desempenho do PIB do Grande ABC p.12 Apesar da melhora apresentada pelo crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano, comparativamente aos anos anteriores, a retomada da economia após o ciclo recessivo parece que irá demorar mais do que o previsto, muito além do que o desejável. A paralisação dos caminhoneiros em maio trará efeitos negativos sobre o volume do PIB no segundo trimestre do ano. Ao que aparenta, as eleições majoritárias de outubro e o cenário político parecem, cada vez mais, acenar para um horizonte de incertezas e deverão refletir na trajetória da economia ao longo deste ano. Prof. Me. Sandro Renato Maskio

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1

Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

Panorama - Junho de 2018

O desempenho apresentado pela economia

brasileira no primeiro trimestre de 2018, comparado

a igual período do ano anterior, foi o melhor desde

2014. O crescimento de 1,2% não é um desempenho

invejável, mas estabelece o quarto trimestre seguido

com variação positiva.

O que mais chama atenção no desempenho

da economia brasileira tem sido a melhora do setor

industrial e o retorno do crescimento dos

investimentos.

Recentemente o FMI também divulgou

projeção para o crescimento da economia mundial de

3,8% para este ano, maior portanto que 2016 e 2017,

com destaque para os efeitos da política

expansionista dos EUA.

Desempenho da economia do Grande ABC

Apesar de ainda vivermos período de largo

desemprego na região, que não apresenta os

melhores níveis de desempenho produtivo da sua

história recente, os sinais apresentados pela melhora

no volume e geração de empregos formais, de fluxo

de comércio exterior, de operações financeiras e de

investimentos confirmados indicam uma possível

retomada da atividade produtiva. Este

comportamento foi confirmado pelo cálculo do Índice

de Atividade Econômica do Grande ABC (iABC), que

traz aperfeiçoamento metodológico nesta edição.

Destaques desta Edição

Panorama Econômico........................... p.02

Movimentação Financeira..................... p.04

Inflação................................................. p.06

Mercado de Trabalho............................ p.08

Comércio Exterior.................................. p.10

Especial: O Desempenho do PIB do Grande ABC

p.12

Apesar da melhora apresentada pelo crescimento

do PIB no primeiro trimestre deste ano,

comparativamente aos anos anteriores, a

retomada da economia após o ciclo recessivo

parece que irá demorar mais do que o previsto,

muito além do que o desejável.

A paralisação dos caminhoneiros em maio trará

efeitos negativos sobre o volume do PIB no

segundo trimestre do ano. Ao que aparenta, as

eleições majoritárias de outubro e o cenário

político parecem, cada vez mais, acenar para um

horizonte de incertezas e deverão refletir na

trajetória da economia ao longo deste ano.

Prof. Me. Sandro Renato Maskio

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

Panorama Econômico

De acordo com a última edição do Panorama

Econômico Mundial publicado pelo FMI em maio

passado, a economia mundial continua em lenta

retomada da atividade econômica. Segundo a

instituição, a economia mundial cresceu 3,8% em

2017. No primeiro trimestre de 2018, China e Estados

Unidos cresceram 6,8% e 2,9%, respectivamente,

influenciando positivamente as expectativas sobre a

expansão mundial. De outro lado, as economias do

Japão e da União Europeia cresceram apenas 0,9%

e 0,4%. O FMI projeta alta maior, de 3,9% em 2018,

puxada em especial pelos Estados Unidos e pela

China.

No cenário nacional, após crescimento de

1,2% no primeiro trimestre, ampliaram num primeiro

momento as expectativas em relação ao

desempenho no segundo e terceiro trimestres de

2018, que sazonalmente tendem a apresentar ritmo

mais intenso de atividade econômica. Entretanto, a

paralisação dos caminhoneiros no final de maio,

somada ao posterior prolongamento de seus efeitos

sobre a atividade produtiva mediante a discussão em

torno do valor do frete e o impacto nos custos dos

setores agropecuário e indústria, tenderá a impor

uma desaceleração à trajetória de retomada da

atividade econômica no País.

Ao mesmo tempo, o instável cenário político

nacional com a aproximação das eleições

majoritárias de outubro também tem se refletido no

retardamento da recuperação da atividade

econômica.

O próprio governo reduziu a estimativa de

crescimento da economia brasileira de 3% para 2,5%

em 2018 e poderá realizar nova revisão para baixo.

Nas últimas quatro semanas o mercado também

diminuiu a projeção de desempenho do PIB para

2018 de 2,5% para 1,9%, segundo o relatório FOCUS

divulgado pelo Banco Central.

Um dos reflexos da melhora no nível de

atividade econômica é observado na redução do

desemprego. No trimestre fev/mar/abr de 2018 a taxa

de desocupação registrada no Brasil pela

PNAD/IBGE foi de 12,9% da PEA, ante 13,6% da

PEA de igual trimestre do ano anterior. Houve,

segundo a pesquisa, redução de 635 mil pessoas

desempregadas. Entretanto, o lento ritmo de

recuperação ainda não se refletiu na ampliação do

volume de pessoas contratadas com carteira

assinada pelo setor privado, tendo se ampliado o

número de ocupados sem carteira assinada,

empregados no setor público e atuando como

domésticos, autônomos (conta própria) ou

empregadores.

Mediante essa melhora no mercado de

trabalho, embora a renda média tenha ficado

praticamente estável, em R$ 2.182 (+0,8%), a massa

de renda gerada no mercado de trabalho aumentou

em R$ 4,6 bilhões por mês, 2,5% a mais que em igual

período do ano anterior.

A retração da atividade econômica dos

últimos anos foi acompanhada pela redução dos

níveis de inflação acumulada em 12 meses, que

diminui de 10,71% em janeiro de 2016 para 3,48%

em abril deste ano. Com essa queda, o Banco

Central vem reduzindo a meta da taxa básica de juros

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Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

da economia (SELIC), que era de 14,25% a.a. em

outubro de 2016 para 6,5% em março deste ano,

mesmo diante da crise fiscal e da ampliação da

necessidade de captação de recursos via dívida

pública para financiar o orçamento do governo. Isso

resultou no aumento da dívida líquida do setor

público. Em abril último a dívida líquida pública

somou pouco mais de R$ 3,4 trilhões (51,9% do PIB).

Nos últimos 12 meses encerrados em abril, o

déficit público nominal alcançou R$ 499 bilhões e o

déficit público primário somou R$ 118 bilhões. Dado

o esforço realizado pelo governo para ajustar as

contas públicas, os déficits citados foram

respectivamente 14% e 18% menores do que em

igual período do ano anterior.

.

Fonte: IBGE, SEADE, FMI

Nas últimas semanas, apesar dos

fundamentos externos da economia brasileira se

mostrarem sólidos - com elevado nível de reservas

internacionais, melhora no saldo da balança

comercial e no Saldo de Transações Correntes -, a

taxa de câmbio apresentou elevada volatilidade. O

câmbio superou os R$ 4,00 nas primeiras semanas

de maio, influenciado pela intensa movimentação de

capitais mediante a desvalorização das ações da

Petrobrás, redução da perspectiva de crescimento da

economia brasileira e pelas incertezas do ambiente

político, em ano cujas eleições majoritárias

apresentam cenário de indefinição.

Movimentação Financeira

0,4

%

1,4

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2013 2014 2015 2016 2017 2018

Crescimento Trimestral do PIB (%)(comparado a igual período do ano anterior)

Brasil - % a.trim São Paulo - % a.trim Mundo - % a.a.

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

Há um ano a meta da taxa básica de juros

(SELIC) estabelecida pelo COPOM era de 11,25%

a.a., em trajetória de redução. A SELIC fechou 2017

a 7% a.a., abaixo do previsto pelo mercado no

relatório FOCUS de julho de 2017. Atualmente, a

taxa básica de juros estabelecida pelo COPOM é de

6,5% a.a. Combinada com inflação acumulada em

2,8% em maio, a taxa de juros real é uma das

menores desde 2016. Segundo avaliação do

mercado expressa no último relatório FOCUS do

Banco Central, a taxa básica de juros deverá fechar

o ano em 6,5% em 2018, com projeção de alta para

8% no final de 2019.

As taxas de juros para pessoas físicas e

pessoas jurídicas vêm diminuindo desde o 1º

semestre de 2016. Em abril passado, a taxa média

de juros para pessoas físicas foi de 56,79% a.a. e

para pessoas jurídicas foi de 20,81% a.a. Ainda

assim, as taxas se mostram bastante elevadas, em

especial quando comparadas às praticas em países

desenvolvidos e em desenvolvimento. Enquanto a

taxa média de juros do crédito para capital de giro às

pessoas jurídicas foi de 17% a.a. em abril passado,

as taxas de juros do cheque especial e do cartão de

crédito (rotativo) para pessoas físicas foram de 320%

ao ano e de 331% ao ano, respectivamente.

Operações de Crédito

No Grande ABC, nos últimos 12 meses

encerrados em março deste ano, o volume de

operações de crédito diminuiu aproximadamente

10%. Entretanto, dada a trajetória de ascensão do

crédito iniciada no início do ano passado, no primeiro

trimestre deste ano houve ampliação de 8,3% nas

operações de crédito comparado a igual período do

ano passado, somando R$ 33 bilhões. Cabe

destacar, no entanto, que as operações de

financiamento imobiliário diminuíram 1,9% na mesma

comparação

Fonte: Banco Central

Na outra ponta, o ABC paulista registrou

ampliação do volume de depósitos em poupança em

2,67% nos últimos 12 meses encerrados em março e

de 5,7% no primeiro semestre deste ano.

Fonte: Banco Central

05.000

10.00015.00020.00025.00030.00035.00040.00045.00050.000

Operações de Crédito no Grande ABC (milhões de R$ de mar/2018 - deflacionado pelo IPCA)

OPERAÇÕES DE CRÉDITO FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS

0

5.000

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15.000

20.000

25.000

Depósito em Poupança no Grande ABC (milhões de R$ de mar/2018 - deflacionado pelo IPCA)

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Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

Comércio

No cenário nacional, em parte explicado pela

melhora no volume de concessão de crédito às

pessoas físicas, bem como pela estabilização no

aumento da massa de renda na economia, o nível de

atividade comercial apresenta trajetória de alta.

Nos últimos 12 meses encerrados em abril, a

atividade comercial aumentou 3,7%, invertendo a

trajetória apresentada nos 12 meses antecedente ao

período. No primeiro quadrimestre de 2018 a

ampliação no volume de atividade comercial foi de

3,3%. No Estado de São Paulo, nos últimos 12 meses

encerrados em abril, a ampliação da atividade

comercial foi de 3,3%, ao passo que no primeiro

quadrimestre deste ano foi 2,6%.

A melhora na atividade comercial foi

acompanhada da ampliação do volume de produção

física, que apresentou aumento de 7,4%. Somente a

indústria de transformação ampliou em 9,1% o

volume de produção física nos últimos 12 meses.

No Estado de São Paulo, a produção física

aumentou 8% nos 12 meses encerrados em abril.

Assim como o indicador de atividade comercial, os

indicadores de produção industrial também sugerem

retomada do nível de atividade econômica, já

sinalizada pelo crescimento de 1,2% do PIB do

primeiro trimestre do ano.

Segundo avaliação do SERASA EXPERIAN,

entre os segmentos que registraram maior ampliação

da atividade comercial no primeiro trimestre deste

ano estão móveis e utilitários domésticos, seguidos

de tecidos, vestuário e calçados.

Fonte: IBGE

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Atividade Comercial(média de 2014 = 100)

IBGE - Brasil IBGE - São Paulo

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

Inflação

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada

esteve abaixo do limite inferior da política de metas

do governo, que é de 3% a.a. Em maio a inflação

medida pela IPCA/IBGE acumulou 2,85% no ano.

Após rápida redução entre janeiro de 2016 e

junho de 2017, a inflação manteve-se estável no

último ano, em torno de 2,76% a.a.

Segundo expectativa do mercado publicada

no relatório FOCUS do Banco Central da segunda

semana de junho, a inflação deverá fechar 2018 um

pouco acima, com variação de 3,8% - ainda assim

abaixo do centro da meta, que é de 4,5%.

Em boa medida, a retração da inflação após

o realinhamento dos preços administrados em 2015

foi influenciada pela própria retração da atividade

econômica brasileira, que somente agora em 2018

apresenta sinais mais claros de reaquecimento. Além

disso, a inflação deverá ser afetada neste ano pela

valorização do dólar, do petróleo, bem como pela

política de reajuste dos combustíveis e pelos efeitos

de oferta que ainda estão sendo gerados em função

da paralisação dos caminhoneiros.

Diante da trajetória de redução dos níveis de

inflação, o COPOM também imprimiu ritmo de

diminuição das metas para a taxa básica de juros

(SELIC). Desde o final de 2015, a SELIC diminui de

14,25% a.a. para 6,5% a.a.

Entretanto, dada a perspectiva de aumento

da inflação para 2018 e 2019, de acordo as próprias

estimativas do Banco Central, há possibilidade de a

meta colocada para a SELIC elevar-se no segundo

semestre de 2018. Perspectiva esta também

pressionada pela recente valorização do dólar nas

últimas semanas e que levou o Banco Central a

injetar mais de US$ 30 bilhões em contratos de

swaps cambial para acalmar o mercado.

Outro fator que tende a influenciar a trajetória

da política monetária diz respeito às expectativas

geradas em torno do ambiente político eleitoral.

Pesquisas têm indicado indefinição mais acentuada

do cenário eleitoral quando comparada às eleições

majoritárias anteriores, o que tende a trazer mais

expectativas e incertezas, que funcionam como

combustíveis para comportamentos

desestabilizantes do mercado financeiro. Isso poderá

vir a pressionar pela ampliação da taxa de

remuneração dos títulos públicos.

Por todos estes motivos, tenderemos a ter

uma ampliação da ortodoxia monetária nos próximos

meses. As implicações regionais destas alterações

derivam dos mesmos canais de transmissão dos

efeitos da política monetária, sentidos em especial no

mercado de crédito por meio de alteração da

disponibilidade e da taxa real de juros aos

tomadores, bem como via alteração do poder de

compra da moeda.

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Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

Fonte: IBGE

Região Metropolitana

Na Região Metropolitana de São Paulo, a

inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA foi de

3,31% em maio, acima da inflação nacional. Assim

como no plano nacional, os grupos que

apresentaram as maiores elevações de preço foram

transporte, saúde, educação e habitação.

O item transporte foi o que registrou a maior

mudança de comportamento nos últimos 12 meses

encerrados em maio de 2018, comparado a igual

período encerrado em maio de 2017. A inflação anual

do setor de transportes aumentou de 1,84% no ano

para 6,54% no ano.

No Grande ABC, depois de ter atingido valor

de R$ 608 em maio de 2017, a cesta básica fechou

em R$ 569 em maio deste ano. Contribuíram para

essa redução os preços dos alimentos na Região

Metropolitana de São Paulo, que nos últimos 12

meses registraram queda de 1,46%, segundo do

IPCA/IBGE. Queda essa que ocorreu muito mais em

função da alteração no volume de oferta de alguns

bens, diminuindo a pressão sobre preços, do que

pela redução dos custos relacionados à atividade

produtiva.

Fonte: CRAISA

.

10

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Inflação Acumulada em 12 meses (IPC A- IBGE; em % a.a)

Brasil Região Metropolitana de São Paulo banda inferior Meta banda superior

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Cesta Básica - Região do ABC (em R$)

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

Mercado de trabalho no ABC

Em abril a taxa de desemprego registrada

pelo SEADE no Grande ABC foi de 16,5% da PEA,

abaixo dos 18,4% em abril de 2017. Nos últimos

meses não há evidências sólidas de redução do nível

de desemprego na região, tendo em vista a flutuação

apresentada no período. Em 20 anos de mensuração

da taxa de desemprego regional, os últimos 24

meses registram média de desemprego em torno de

17% da PEA, a maior para os últimos 13 anos.

Apesar da melhora no saldo de geração de

empregos formais no ABC paulista, que voltou a ser

positivo em 2018, o que não ocorria desde 2013, a

melhora nos indicadores da taxa de desocupação

(desemprego) é mais lenta. A taxa de desemprego

comporta empregos informais, autônomos, os que

trabalham por conta própria e os empregadores, bem

como é afetada pela transição entre estas formas de

ocupação.

A variação da massa de renda no mercado de

trabalho local deixou de ser divulgada pelo SEADE

devido ao fim do convênio com o Consórcio

Intermunicipal do ABC no início deste ano.

Segundo informações do CAGED e RAIS do

Ministério do Trabalho, a massa de renda dos

trabalhadores formais do Grande ABC somou R$ 2,1

bilhão em abril deste ano.

Fonte: SEADE / DIEESE

20

,8 22,8

15,2

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EA

Desemprego no Grande ABC (% da PEA)

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Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

Segundo dados da PNAD/IBGE para o País,

embora a taxa de desemprego tenha caído no

primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo

período de 2017, o número de ocupados com carteira

assinada no Brasil diminuiu, assim como a massa de

renda.

Até maio deste ano o Grande ABC registrou

acréscimo de 5.754 empregos formais, contra perda

de mais de 3.600 no mesmo período do ano passado.

Esta melhora foi puxada especialmente pelos

segmentos da indústria de transformação e de

serviços.

Não obstante, nunca é demais lembrar que

entre 2014 e 2017 a região perdeu cerca de 89 mil

empregos formais, sendo mais de 57 mil na indústria

de transformação.

Ainda assim, a renda média no setor

industrial é bastante superior à média do rendimento

da região, superando todos os demais setores.

Fonte: RAIS/CAGED – MTE, deflacionados pelo IPCA.

Quando comparado entre os sete municípios

do ABC paulista, a renda média proveniente do

mercado formal de trabalho se mostra maior em

cidades com marcante presença do segmento

industrial, como São Bernardo do Campo e São

Caetano do Sul.

Fonte: RAIS/CAGED – MTE, deflacionados pelo IPCA.

Apesar dos desafios que envolvem o

mercado de trabalho do Grande ABC, após a

expressiva desaceleração apresentada e que

envolve desafios para a política pública de fomento à

atividade econômica, é importante notar que os

municípios com maior renda média para o trabalho

formal são os que apresentam maior desempenho

exportador.

R$ 4.780

R$ 3.648

R$ 2.475

R$ 2.507

R$ 3.320

Industria

Serviços

Comércio

Construção Civil

Grande ABC

Renda do Emprego Formal por SetorGrande ABC - abril de 2018

abr/18

abr/17

R$ 3.320

R$ 2.316

R$ 2.632

R$ 2.945

R$ 3.044

R$ 3.369

R$ 3.482

R$ 3.691

Grande ABC

Rio Grande da Serra

Ribeirao Pires

Santo Andre

Maua

Diadema

Sao Caetano do Sul

Sao Bernardo do Campo

Renda do Emprego Formal por Município - abril de 2018

abr/17 abr/18

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

Comércio Exterior

Nos primeiros cinco meses deste ano a

balança comercial da região registrou superávit de

US$ 356 milhões, 37% menor do que em igual

período do ano passado. Após dois anos de

elevação, o saldo comercial voltou a registrar queda.

A queda foi resultado de aumento de 14,4% no

volume de exportações, que somaram US$ 235

bilhões, frente ao maior crescimento (de 33%) das

importações, que registraram US$ 199 bilhões.

Mesmo com corrente de comércio exterior

em crescimento, 22% maior que em igual período de

2017, maio registrou redução no fluxo comercial

internacional na região após 14 meses em ascensão.

Um dos fatores explicativos para tal comportamento

de redução do saldo comercial pode estar na

trajetória de valorização do dólar desde julho de

2017, com pequeno reverso em janeiro e fevereiro

deste ano. Certamente as recentes alterações da

taxa de câmbio, que nas últimas semanas chegou

próximo dos R$ 4,00 por dólar, refletirão de forma

negativa sobre os resultados da balança comercial

dos próximos meses.

Fonte: MDIC

Se de um lado a ampliação das exportações

demostra igual ampliação do mercado externo, que

se constitui em um dos mecanismos a estimular o

setor produtivo, de outro lado, o aumento das

importações aponta para o comportamento

importador de insumos industriais do setor produtivo

regional, já apontado anteriormente no Boletim

EconomiABC. Comportamento este aquecido pela

conjuntura das exportações, que movimentam a

produção e a demanda por insumos, e pelos efeitos

estruturais causados por políticas cambiais e de

O Superávit acumulado jan/maio 2018 soma US$ 356

milhões

2,04

2,00

2,37

2,20 2,20

3,21

3,974,04

3,40 3,26

3,74

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

1,4

1,9

2,4

2,9

3,4

3,9

jan

-08

jul-

08

jan

-09

jul-

09

jan

-10

jul-

10

jan

-11

jul-

11

jan

-12

jul-

12

jan

-13

jul-

13

jan

-14

jul-

14

jan

-15

jul-

15

jan

-16

jul-

16

jan

-17

jul-

17

jan

-18

Sald

o e

m m

ilhõ

es

de

US$

Câm

bio

R$

: U

S$

Saldo da Balança Comercial do Grande ABC - milhões de US$

saldo câmbio

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Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

comércio exterior que ampliaram a competição de

insumos industriais no mercado nacional.

Nos últimos dois anos o setor automobilístico

destacou-se não só no mercado interno, mas

também no plano externo. Empresas do setor

instaladas no ABC constituem-se nos maiores

exportadores locais. Esta característica se reflete na

distribuição das exportações por município.

Fonte: MDIC

Diante da redução observada no saldo da

balança comercial nos primeiros meses de 2018,

devemos ficar ainda mais alertas quanto aos efeitos

dos eventos recentes, como a greve dos

caminhoneiros e a recente valorização do dólar,

sobre o resultado comercial dos próximos meses.

Estes eventos, justamente com as

expectativas em torno da trajetória da política

econômica para os próximos anos, atreladas às

incertezas do pleito eleitoral que se aproxima,

poderão desacelerar o movimento de retomada da

atividade econômica do País.

$6,85

$4.778,06

$6.865,84

$8.520,44

$9.650,88

$17.744,70

$187.883,74

Rio Grande da Serra

Ribeirão Pires

Diadema

Mauá

São Caetano do Sul

Santo André

São Bernardo doCampo

Exportações por Municípiomil US$ dólares

2018

2017

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

Especial: O desempenho do PIB

do Grande ABC

Segundo dados do SEADE, em 2014 e 2015

a economia do Grande ABC regrediu 6% e 14,4%,

respectivamente. Nesse mesmo período, o PIB do

Brasil foi de +0,5% e -3,77%. A economia da região

começou a regredir em 2014 sob efeito da crise

cambial da Argentina, com evidente reflexo sobre o

setor industrial da região. Em 2015, diante da

recessão que abateu País, a economia do Grande

ABC recuou pouco mais de 14%.

Com objetivo de ampliar a precisão do Índice

de Atividade Econômica do ABC (iABC), realizamos

uma atualização metodológica que inclui inserção de

novas variáveis explicativas no modelo.

PIB do Grande ABC/iABC (2010 = 100)

Fonte: SEADE / Observatório Econômico - UMESP

Entre as variáveis incluídas no modelo estão

a arrecadação do ICMS nos municípios locais.

Embora não traduza a exata soma de valor

adicionado gerado na região, a arrecadação deste

tributo é uma importante proxy (ferramenta) para

análise da atividade econômica, mesmo com os

efeitos do expediente da substituição tributária

quando se detalha a arrecadação por município.

Outra variável que passou a incorporar o

modelo foi o consumo de energia elétrica pela

indústria, por município. Esse consumo reflete o nível

de atividade produtiva do setor industrial, importante

50,000

60,000

70,000

80,000

90,000

100,000

110,000

t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3 t1 t3

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Iabc Seade

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Análise de Conjuntura

BOLETIM

EconomiABC

setor da economia regional, capaz de induzir as

atividades de outros segmentos da economia local.

Além destes, permanecem na composição

do modelo informações sobre mercado de trabalho,

movimentação financeira regional e fluxos de

exportação e importação.

A tabela abaixo apresenta os dados oficiais

do crescimento do PIB do Grande ABC, apurado e

divulgado pelo SEADE, e a estimativa calculada pelo

indicador iABC do Observatório Econômico da

Universidade Metodista de São Paulo.

Crescimento Econômico do GABC

SEADE iABC

2012 -3,96% -3,86%

2013 2,21% 2,85%

2014 -7,62% -6,00%

2015 -14,42% -15,48%

2016 - 4,9%

2017 - 5,4% Fonte: SEADE / Observatório Econômico - UMESP

Diferentemente da trajetória da economia

brasileira e paulista, o indicador iABC aponta que a

economia do Grande ABC cresceu 4,9% e 5,4% em

2016 e 2017, após forte retração em 2015. É

importante ressaltar que, após a queda de mais de

20,5% no biênio 2014-2015, a economia regional

passou a apresentar uma base de comparação

significativamente menor para avaliar o desempenho

de 2016 e 2017.

O gráfico da página anterior aponta que, no

final de 2017, o PIB da região deve ser equivalente

ao apresentado no final de 2014. Mas ainda distante

do pico observado no segundo semestre de 2013.

Em 2017 a região registrou o maior volume

de investimentos confirmados, segundo informações

divulgadas pelo SEADE.

Fonte: SEADE

Do total de US$ 5,03 bilhões de

investimentos confirmados, mais de 90% estão

atrelados ao setor automotivo. Pela distribuição

regional dos investimentos confirmados entre 2012 e

2017, mais de 75% concentraram-se em apenas dois

municípios: São Bernardo e São Caetano.

Fonte SEADE

$918$1.256

$933$265 $212

$5.030

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Investimentos Confirmados (US$ milhões)

Diadema6%

Mauá2%

Ribeirão Pires

0,23%

Santo André15%

São Bernardo do Campo

39%

São Caetano do Sul38%

Distribuição dos investimetnos confirmados entre 2012- 2017 no GABC

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM

EconomiABC

A melhora indicada pelo indicador iABC, e

em especial a melhora dos níveis de investimentos,

as duas também captadas pelo indicador de intenção

de investimentos da Sondagem Industrial da

FIESP/CNI para a região, sinalizam uma perspectiva

positiva na dinâmica da economia local.

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Análise de Conjuntura

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Universidade Metodista de São Paulo

Escola de Gestão e Direito

Curso de Ciências Econômicas

Observatório Econômico

Reitor

Dr. Paulo Borges Campos Júnior

Diretor da Escola de Gestão e Direito

Dra. Alessandra Maria Sabatine Zambone

Coordenadora do Curso de Ciências

Econômicas.

Ma. Silvia Cristina da Silva Okabayashi

Coordenador de Estudos do Observatório

Econômico

Me. Sandro Renato Maskio

Professor Pesquisador

Dr. Moisés Pais dos Santos

Alunos Pesquisadores

Anderson Thiago dos Santos, Angelo Cesar Grasino

Peçatti , Thiago Farias Soares

A serviço do desenvolvimento do Grande ABC.

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Tel: 4366-5035

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