boletim 133 do mensageiro da poesia

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Pág. 6/7 Inês Pereira Fernandes Poetisa do Mês Pág. 14 Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 133 Março/Abril 2016 Anuidade 20€ O nosso patrono Dia Mundial da Poesia Dia Mundial da Poesia

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Leia, assine e divulgue. Promova a Poesia e os valores a ela inerentes.

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Page 1: Boletim 133 do Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 1

Pág. 6/7

Inês Pereira Fernandes

Poetisa do MêsPág. 14

Mensageiro da PoesiaAssociação Cultural PoéticaBimestral - n.º 133Março/Abril 2016Anuidade 20€

O nosso patrono

Dia Mundial da PoesiaDia Mundial da Poesia

Page 2: Boletim 133 do Mensageiro da Poesia

2 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Nota de Abertura

Ficha Técnica:Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: [email protected] • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Manuela Lourenço, Preciosa Gamito, Adelaide Palmela, Luís F. N. Fernandes, Damásia Pestana, Arménio Correia, Nelson Carvalho, Maria Catarina Silva, Francisca São Bento, Lúcia Carvalho, Bia do Táxi, Armada Rosa, Zé Bento, Dolores Carvalho, Ana Santos, Manuel Sapateiro, Hermilo Grave, António Bicho, Joana Mendes, José Manuel Jacinto, Ivone Mendes, Inês Fernandes, Alexandrina Pereira, Berta Rodrigues, Carmindo Carvalho, José Frias, Telmo Montenegro, Eduardo Batista, Domingos Pereira, Noam Sambou, Apolo C, José Gonçalves, João Ricardo Pereira, Miraldino Carvalho, Manuel Avelar, Emília Mezia, Fanny, Isidoro Cavaco, Lurdes de Jesus Emídio, Manuel Nunes Avelar, Nelson Carvalho, Margarida Moreira, Maria Graça Melo, Maria de Fátima Coelho, Lúcia Pereira, Maria Laurinda Pacheco, Manuel Martins Nobre, Domingos Pereira, Maria Vitória Afonso, Maria João Lopes, Marcus Vinicius de Moraes, José Camacho e Maria Catarina Inácio • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografi a Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: [email protected]

Dia Mundial da PoesiaA XXX Conferência Geral da Unesco, realizada em Paris a 16 de março de 1999,

defi niu o dia 21 de Março como Dia Mundial da Poesia.

O propósito foi o reconhecimento de “promo-ver a leitura, publicação e ensino da poesia no Mundo, como forma de celebrar a diversidade de diálogo e a livre criação de ideias através das pa-lavras. Estabelecendo uma refl exão sobre o poder da linguagem e o desenvolvimento das habilida-des criativas e inovadoras”.

Um exercicio que o Mensageiro da Poesia há mais de 17 anos vem fazendo quotidianamente, mas que merece ainda mais exaltação, neste pri-meiro dia da Primavera, por sinal aquele em que redijo estas palavras.

Ao fazer a evocação da Poesia será oportuno, nesta nota de abertura fazer uma referência ao propósito da linha editorial deste nosso boletim, no qual, desde que dirigido por mim e, enquanto a direção desta associação assim o entender, não terão lugar neste espaço o insulto ou insinuação direto ou indireto, poemas ou prosas de escárnio entre poetas. Se no passado aconteceram, o re-gisto que fi cará deste período para a posteridade

não será esse.“(...) A hipocrisia disfarçada

de todos os relacionamentos era a maior causa de sua an-gústia indescritível. Ela tinha a dualidade de intenções dos seres humanos que ora amam, ora usam, (...)” Refere a poetisa brasileira Tati Bernardi. O que se aplica com muito propó-sito a algumas investidas repentinas nas nossas atividades públicas, com expressões forçadas de afecto...

Pela dignifi cação da Poesia, na sua natureza genuina, fi ca o apelo para que não a deixemos vandalizar, confundir, ou desvirtualizar. Cada acti-vidade e cada boletim representam o contributo, voluntário e solidário de um vasto leque de pes-soas. Este é um espaço de fraternidade, criativida-de e partilha.

Jorge Henriques SantosJornalista, CPJ 4927

DonativosÉ com muito agrado e profundo reconhecimento que aqui endereçamos, publicamente,

agradecimentos muito especiais a todos quanto têm contribuído para dar continuidade ao nosso boletim, mas também para o bom nome e sucesso da nossa Associação, com trabalho voluntário, apoio, carinho e incentivo mas também, com generosos donativos monetários que aqui descrevemos:

Maria Amélia Ferreira................80€Maria Manuela Amaro..............10€Maria Catarina da Silva...............5€

Preciosa Gamito.......................10€Júlio da Silva Marques.............5€Lina de Almeida.........................5€

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 3

Vida AssociativaoPróximas actividades

Destaques nesta edição:

• À Conversa com Fátima Coelho - Pág. 11

• Dia da Mulher - Pág. 15

• Cantinho do Escritor - Pág. 25

• 9.º Encontro Intercultural Saberes e Sabores - Pág. 7

• Tertúlia Poética - Tema livre - Pág. 4

• Tertúlia Poética Dia dos Namorados - Pág. 13

Caros Amigos do Mensageiro

Sinto-me particularmente feliz por estar aqui convosco. Sempre que posso adoro participar nestes eventos por muitas razões.

Primeiro: porque o Mensageiro é uma gran-de família.

Segundo: porque o seu presidente e a D. Donzília são pessoas que geram uma grande simpatia, pessoas de grande Interioridade es-piritual e que emanam sobre nós paz e alegria.

Sempre senti com eles uma grande cumpli-cidade e admiração. A pureza do seu coração e a sua amabilidade contagiam-nos.

Quanto aos associados tanto poetas como fadistas é notória a vontade de fazer sempre melhor.

Nalgumas das minhas crónicas, durante to-dos estes anos, várias vezes me referi ao Men-sageiro da Poesia.

E agradeço profundamente o carinho com que sempre fui aqui recebida.

Muito obrigada a todos em especial à direc-ção pelos momentos de criatividade, de entre-tenimento que sempre aqui passo.

Maria Vitória Afonso

Dia 25 de Abril e 1º de Maio: Co-memorando o Dia da Liberdade e o 1º de Maio, o Mensageiro da Poesia leva a efeito uma Tertúlia Poética na sua sede no dia 24 de Abril (Domingo) pelas 15,30 em que o tema será o 25 de Abril e o 1º de Maio.

Dia 1 de Maio dia da Mãe: Será comemora-do no domingo seguinte dia 8 de Maio pelo Mensageiro da Poesia, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas pelas 15,30 horas, com lanche compartilhado, Poesia, Fado, e algu-mas surpresas, o tema será a Mãe, vem e trás um amigo.

Dia 22 de Maio: Entrega dos Prémios do VIII Concurso do Mensageiro da Poesia, com exposição dos trabalhos premiados no Au-ditório da Junta de Freguesia de Amora, em que os poemas premiados serão ditos pelos autores. Haverá algumas novidades musicais e lanche compartilhado. Comparece e parti-cipa.

Dia 10 de Junho: Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, o Mensageiro da Poesia assinala esta data no dia 12 de Junho (Do-mingo) pelas 15,30 horas, em local a defi nir.

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4 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016

Apoios:

CLUBE RECREATIVO

DA CRUZ DE PAU

UNIÃO DAS

FREGUESIASDE

SEIXAL,ARRENTELA

EALDEIA

DE PAIO PIRES

Junta de Freguesia

de Amora

Vida Associativa oTertúlia Poética - Tema Livre

Como já vem a tornar-se tradição, realizou-se, na nossa Sede, no passa-do dia 28 de fevereiro, mais uma Ter-túlia Poética, com a participação de numerosos intervenientes, tendo sido livre o tema. Pelo meio, António Dias e José Camacho cantaram o fado, o que é sempre do agrado de todos.

Os poemas foram declamados pe-los seus próprios autores, com exce-ção de Jorge Viegas, que, além de ter recitado a poesia de sua autoria “Poema para ti”, declamou um soneto de Nicolau Tolentino e um poema de Gomes Leal (A Senhora De Brabante)e Damásia Pestana que disse o poema de Fernando Pessoa “O Mostrengo”.

Os intervenientes e os respetivos poemas foram os seguintes: Hermilo Rogério (“Ser ou não ser”, “A Liber-dade é um direito” e “Como é linda a Liberdade!”); Maria Antónia Afonso

(“Sonho antigo”, “Namorar não é preciso” e “Dia de São Valentim”;

Damásia Pestana (“Profundo despertar”, “Silenciosos foram”); Lúcia Carvalho (“Fui Menina que não brinquei”, “Passado da nos-sa Vida” e “A tristeza e a alegria”; Miraldino Carvalho (“Eu pensei em escrever”, “Eu comprei um computador” e

“A poesia é cultura”; Arménio Correia (“Num Abril” e “Cami-

nhada errante”); José Gomes Cama-cho (“Eu perguntei à madrugada”); Maria Francisca São Bento (“Saudade”, “A nossa vida” e “Primavera”); José de Frias Almeida (“A Fé”, “A felicidade e o amor” e “A minha Lambreta”); Luís Ne-

ves Fernandes (“À memória de João de Deus”, “Uma recordação mar-cante” e “Portugal – Por amor a Jesus”; e Manuela Lourenço (“Mãe, olha para mim”, “Silêncio e amor” e “Cada manhã”).

Até à próxima Tertúlia, que será em data a designar, visto que o último domingo de março é dia de Páscoa, dia de se estar com a Família .

Hermilo Grave

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 5

Os Nossos Poetas8

Dia da Mulher

Tu, maestrina que Geres a harmonia musical,Que alimenta a nossa melomania

Tu, bombeira que apagas o fogo da fl orestaE dos corações

Tu, camponesa, que obténs do Espaço telúrico, os frutos mitigáveis.

Tu mulher grávida que trazes contigoO maior milagre da vida

Tu poetisa, que do nada absolutoRetiras as metáforas.

Tu professora, que em ternuraTe dás às criancinhas.

Tu prostituta para quem Não emito juízos de valor

Sois vós que fazeis o Dia da Mulher.

Maria Vitória Afonso

Uma lenda indianaA criação da mulher

Twashtri criara o Mundo, com todos os prodígios do seu poder. Ao desejar criar a mulher, verifi cou que havia gasto todo o material disponível com o ho-mem.

Isto fê-lo cair na mais profunda meditação, e de tanto cismar, encontrou a solução do caso. Tomou a redondeza da Lua e a ondulação da serpente, o enlace das trepadeiras e o ondear das relvas, a esbel-teza das canas e ao macieza da fl or, a fragilidade das folhas e o olhar do cabritinho, a alegria dos raios de sol, as lágrimas das nuvens, a instabilidade do vento, a timidez da lebre, a vaidade do pavão, a penugem aveludada que guarnece a garganta dos pardais, a dureza do diamante e o sabor açucarado do mel, o frio do gelo, a astúcia do gato e o arrulho da pomba.

Depois de baralhado tudo isto, formou a mulher, e, em seguida ofereceu-a ao homem.

Passados oito dias, o homem procurou Twashtri e disse-lhe:

- A criatura que me destes, Senhor, só afl ige a mi-nha existência. Fala o dia inteiro, rouba-me todo o tempo, lamenta-se constantemente e está sempre doente. Venho pedir-vos que a torneis a receber, porque não posso viver com ela.

Twashtri condescendeu, recebendo, portanto, a mulher.

Na semana seguinte, o homem procurou nova-mente o deus e explicou:

- Depois de vos entregar a criatura, vivo só e abor-recido. Recordo-me do seu dançar e cantar, lembro--me dos seus olhos lindos, e, mais que tudo, dos seus afagos e abraços…

Twashtri entregou de novo a mulher ao homem. Passaram-se três dias e já ele estava de volta, para dizer:

- Senhor, agora tenho a certeza de que a mulher não me dá prazer algum. Peço-vos que a tomeis ou-tra vez.

Twashtri replicou:- Vai-te, homem, e arranja-te como puderes.E o homem disse:Não consigo viver com a mulher.Twashtri retorquiu:Também não poderás viver sem ela.O homem lá se foi embora resmungando: Pobre

de mim! Não quero viver com ela e não posso viver sem ela!...

Deus precisa de tiMulher!Deus precisa das tuas mãos,E precisa também do teu olhar.Ele precisa do teu coração,Para ensinar,Aqueles que ainda,Não sabem amar.Mulher!Deus precisa de ti,Dos teus sonhos,Das tuas ilusões,Só ele te sabe guiarNa estrada das tuas emoções.Ele vê tantos rostos,Cheios de dor,Num mundo infestadoDe ódio e rancor.Mas Mulher!Deus precisa que os teus olhosSaibam sorrir.Porque só assim eles sabemDar o amor.

Francisca São Bento

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6 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 20168Poetisa do Mês

Bem pequenina, Inês Pereira Fernandes já imaginava e criava o seu próprio jornal

Inês Cethry Pereira Fernandes nasceu a 27 de Junho de 2003, em Portimão, foi registada em Lagoa, cidade onde nasceu a sua avó Maria "Bia" Fernandes, por isso, tem grande valor sentimental para os seus pais Paulo e Ellen Fernandes.

Reside e estuda naquela linda e pacata cidade, situada no coração do Barlavento Algarvio entre os concelhos de Portimão e Silves. Lagoa é um dos concelhos turísticos mais importantes da região do Algarve, sendo por isso o lugar ideal para viver, vi-sitar e até partir à aventura por entre a sua história e património, bem como através da oferta diversifi -cada das suas belas praias, artesanato, cordialidade e amabilidade das suas gentes, sem esquecer o de-senvolvimento cultural, social, e ambiental.

A pequena Inês é sócia do Mensageiro da Poesia por intermédio dos seus tios Luís e Donzília Fer-nandes, desde os seus tenros 4 anos de idade e colabora com o seu Boletim desde que as suas ap-tidões o permitiram.

Desde muito cedo, despertou interesse pelo mundo das artes, tendo sido a pintura e os dese-nhos as primeiras revelações. Ainda muito peque-nina, já ligava as suas brincadeiras ao mundo da escrita, chegando mesmo a imaginar e criar o seu próprio jornal e ou revista. Fazia pesquisas, junta-va recortes e inventava as suas notícias. Na escola primária, desenvolvia pesquisas autónomas e mui-tas vezes, fazia “power points” sobre as matérias estudadas ou acerca das aventuras vividas com os seus amiguinhos... Hoje, para além de perma-necer conectada a esta área, ingressou no ensino articulado, vertente música, no Conservatório de música de Lagoa e encontrou no violino mais uma paixão. Esta nossa associada faz também parte do coro do Conservatório de música de Lagoa, actuou em diversas ocasiões e a sua última apresentação, aconteceu nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril.

Dentre os muitos “hobbies” da Inês, destacam-se a música, desenho, escrita criativa e poética, dança, canto, natação, entre muitos outros.

Estudante do 5º ano na escola Jacinto Correia em Lagoa, a pequena grande Inês, destaca-se por ser uma excelente aluna e a Matemática, é a sua disciplina favorita. Ainda não sabe dizer o que quer ser quando for grande mas, de certeza, que o futuro lhe reserva muitos e bons ensinamentos,

saberá escolher e preparar-se com o mesmo em-penho, sabedoria e perseverança dos dias de hoje. Muito perfeccionista, tenta sempre fazer melhor, é uma leitora assídua, adepta do mundo das novas tecnologias da informação e é através delas, que partilha os seus pensamentos e opiniões. Procura constantemente informar-se e gosta de partilhar o que sabe e que descobre com os outros.

Quando chega o exemplar do Mensageiro fi ca sempre muito contente e imediatamente vai lê-lo para depois, o divulgar junto das amigas e incenti-vá-las a colaborar.

Muito caseira, mas com outro tanto de sociável, a Inês adora viajar, conhecer e fotografar novos lu-gares; gosta muito da escola, mas são as férias de Verão que lhe proporcionam grandes e felizes mo-mentos de lazer, brincadeiras e mergulhos, muitos mergulhos na praia de Armação de Pêra na com-panhia da sua querida avó Bia e da sua amiga Inês Cintra...

A “nossa” Inês tem uma personalidade muito forte, é meiga, criativa e inteligente. Manifesta-se sempre contra todo e qualquer tipo de injustiça e preconceito, mas não deixa para dizer amanhã o que pode dizer hoje...

Porque, no próximo mês de Junho se comemo-ra o Dia Internacional da Criança, o Mensageiro da Poesia, foi ouvir esta Benfi quista “de alma e cora-ção”, que é, sobretudo, uma criança muito correcta, responsável e amante das letras… um exemplo!

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 7

Primavera

Eu sou uma simples menina,Nesta inunda atmosfera,Pois a vida já me m’ensina,Seja fi el à primavera!

Com seus imensos encantos,Com coloridas mariposas,Ávidas do pólen de tantosLírios! Jacintos e rosas!

Primavera! Primavera,Onde quero crescer e viverComo um rosado botãoSem as abelhas temer!

Assim com todo esplendorDo brilhantismo dos campos,Eu escolho em cada fl or,A luz dos mágicos pirilampos!

Primavera! Primavera,É a estação por excelência,Minha fantasia acelera,Isto pra minha existência!

É esta minha ambição,Seria viver neste linda era,Que o mundo viva na estação,Onde seja sempre primavera!

Onde todos cheiros e cores,Pra os povos em confl itos,Que a primavera fosse fl ores,De paz e de actos bonitos!

Inês Pereira Fernandes

9º Encontro Intercultural Saberes e Sabores

Numa iniciativa da Câmara Municipal do Seixal, da Junta de Freguesia de Corroios, e Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moi-nho, realizou-se de 9 a 13 de Março no Pavi-lhão Municipal do Alto do Moinho o 9º En-contro Intercultural Saberes e Sabores, com uma vasta participação de associações e ar-tistas dos mais diversos quadrantes, desde a música à dança, da ginástica ao desporto, do folclore nacional á musica tradicional dos paí-

ses ali representados. Entre os diversos expo-sitores presentes, e como vem sendo habito, esteve o Mensageiro da Poesia A. C. P. com uma exposição e venda de livros de poesia, a um preço simbólico como forma de incentivar o público à leitura, dando a conhecer o traba-lho poético dos seus associados.

Arménio Correia

Vida Associativao

Dia Mundial da Poesia

A poesia sobre o marNo naufrágio de CamõesSomos nós a declamarEm poemas e canções

Domingos Pereira

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8 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

Dia do Pai

Hoje é dia de S. JoséE o dia do pai fi cou,Que lindo hoje que éVeio para fi car, e fi cou.

Dias dos pais são todos os diasÉ como o dia de NatalTemos tristezas e alegriasTudo na vida é natural.

Eu lembro-me sempre pai queridoTodas as horas do dia,Foste um pai tão meu amigoQue me deu sempre alegria.

Estou sonhando acordadaPouco consigo dormir,Saudades da vida passadaEssa que já não torna a vir.

Já me fez a despedidaQuatro anos está a fazer,No meu coração vive aindaComo se me viesse ver.

Recordo-o sempre queridoNão lhe abro é o portão,Gostava de vir ter comigoMas assim tenho-o no coração.

Dia dezanove de MarçoÈ dia para não esquecer,Só estes versinhos que façoÉ o que lhe posso oferecer.

Um beijinho lhe vou mandarEstou a chegar ao fi m,Ainda o quero ir visitarQuero vê-lo a olhar para mim.

Maria Catarina da Silva

Amor de Pai

Amor de mãeTão grande ele é que não temDimensão.Disso alguém duvidar está fora de questão.

Amor de paiNão saiNos jornais ou nos livros de leitura,Porque é um assunto de pouca procura.Até os poetas(Quem diria?),Mesmo os mais ascetas,Com sentido de grande rigor,Nada dizem, na sua poesia,Do grande amorQue um pai pode aos seus fi lhos dedicar.

E todo este olvidoSingular,Para mim, bem marcante,Pelas multidões passa despercebido.

Tudo isto é triste.Porém,O amor de pai existeE é tão importanteComo o amor de mãe!

Nunca preconceito algum me convenceuE não admito sequerQue aos nossos fi lhos a minha mulherPossa ter mais amor do que eu!

Hermilo GraveHermilo Grave

A um grande amigo

Luís és uma luta constanteQue todos impressionasO amor á poesia,Não é desgastantePorque é algo que,Fazes e adoras.

Domingos Pereira

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 9

Pai PaiSinto no meu peito, tristeza e saudadeRecordo as tuas palavras com humildadeNum desejo difícil de esquecer e aceitarA tua sabedoria ensinou-me a crescerA tua determinação foi coragem para vencerOs desafi os que juntos conseguimos ultrapassar. PaiFoste o meu verdadeiro e único amigoQuando precisei estiveste sempre comigoEnxugaste as minhas lágrimas com amor e carinhoNeste dia és lembrado com orgulho e admiraçãoTerás um cantinho especial no meu coraçãoÉs a razão, para prosseguir o meu caminho.

Ana Santos

Paizinho zela por mim

Neste seu dia paizinhoRecordo-o com carinhoSempre com muita emoção,Sei que não o posso verMas veio-me fortalecerA minha inspiração.

Já pensei em lhe escreverPara lhe poder dizerQue o guardo no coração,Procurei por todo o ladoEm nenhum lugar foi encontradoUma simples direção.

Aqui neste calmo ambienteSe estiver aqui presenteQue nos traga amor e paz,Traga-nos também harmoniaTodo o ano, dia a diaQue tanta falta nos faz.

Aí se eu pudesse enviar Beijinhos ia mandarE o meu amor também,Para os meus amores sagradosQue Deus já os tem guardadosMeu paizinho, e minha mãe.

Maria Laurinda Pacheco

A meu pai

Vida difícil a tua, pai! Muita canseira, pouco dinheiro,Muita injustiça, tão pouco pão,Calando orgulhoComendo ofensas do teu patrão.

Sorriso triste, parcas palavrasSilêncio nas verdades que doíam…Oito, dez, tantas horas….Como chicotes que batiam.

Deixaste tanto por dizer…Já velho, olhavas as mãos(e…que vazias estavam!)O que sentiasO que sabias e não diziasPorque te silenciavam!

Não viveste Abril!(como eu lamento!)Sempre conheci essa vontadeEsse teu anseio de LiberdadeEsse teu livre pensamento!

Foi isso que me deixaste!P´lo muito que aprendiP’lo muito que me ensinaste…Este Poema é para Ti!!!

Tua fi lha Alexandrina

Os Nossos Poetas8

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10 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

Abril fl orido

Abril fl orido, criança paridaA rasgar forte a treva invernosa!Abril límpido a despertar a vida,No desabrochar da fresca rosa!

Abril de águas-mil , como diz o povo,Purifi cando o triste passado.Abril a cantar um fado novo,Tão dorido e frágil...tão sonhado...

Tu escreves-te fi rme, em letras de ouro,Em luninosa e tépida alvoradaA história válida do meu País...

Rumando tenaz ao tempo vindouro,Com cravos rubros na madrugada,Abril tão jovem, a renascer feliz.

Lurdes Emídio

Antes do 25 de Abril Chegar

Canto de pé, no meu país amadoPara quem na sua frágil dorCante ao amor, que lhe foi negadoGentes ignoradas, no meu país amado

Que o vento triste bate no seu rostoE nos seus poemas vozes antigasO desgosto sempre bem cantadoCantigas ao desafi o, no meu país amado

Estamos livres, fomos libertadosDo meu canto lançarei mil dardosE cantarei como antigamenteQuando via os homens sentados

E todos a falarem muito baixinhoNão fossem os opressores ouviremE virem cercar-lhes o caminhoPara eles não dizerem, Como tinham sido acorrentados.

Maria Adelaide Palmela

Lembrar Abril

Num ocaso que defi nhaEstão a entardecerOs umbrais do pensamento,Em que já se adivinhaUma causa a ser esquecidaNo lento soprar do vento.Num céu onde as estrelasJá não conduzem o homemPelo sonho, que é a vidaNeste mundo vendilhãoQue gira em turbilhãoFechando qualquer saída.Muralhas vão-se erguendoNo teto do pensamentoNuma ufana conquista,Leves brisas da razãoSopram rentinhas ao chãoSem haver quem as defenda.Pelas arestas do tempoMemórias passam correndoRecordando tempos idos,Em que a chave da ilusãoAndava de mão em mãoEm punhos, ao alto erguidos.Era Abril na alvoradaMadrugada desejadaEm que o cravo fl oresce,Da canção silenciadaComo arma espoletadaNum Abril que se não esquece!

Arménio L. F. Correia

fi nha

samento,nhaquecida vento.

estrelas

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 11

À Conversa com8a nossa colaboradora Maria de Fátima Coelho

Mensageiro da Poesia: como se defi ne?Maria de Fátima: Como uma pessoa normal, com defeitos, virtudes, sonhos.

MP: Como é o seu dia a dia?MF: O meu dia a dia é como o de milhares de portugueses que ainda se encontram longe da reforma, casa trabalho e trabalho casa.

MP: Como soube da existência do Mensageiro da Poesia?MF: O meu marido gosta de escrever e atra-vés de uma associada vossa fomos assistir a um dos muitos encontros que o MP organiza-va. Tornámo-nos sócios, não sei precisar desde quando, e a partir daí o MP é presença assídua em nossa casa.

MP: No seu entender, o que é a Poesia?MF: A poesia é tudo o que nos faz bem à alma, quer seja escrita ou não. E a paixão que alguns

poetas nos transmitem quando declamam deixa--me emocionada.

MP: Dê-nos a sua opinião sobre o nosso Boletim de Poesia.MF: Não serei a pessoa mais indicada para falar sobre o Boletim da poesia, embora o receba sempre, confesso que não leio o quanto gostaria. Quem o lê de fi o a pavio é o meu marido que já está aposentado e dispõe de mais tempo livre.

MP: Acha que a Poesia é bem divulgada em Por-tugal e no seio da nossa camada Associativa?MF: No que respeita ao Mensageiro da Poesia penso que labuta para isso dando possibilidades a quem não dispõe de meios económicos para se lançar em publicações autónomas ver difun-didos os seus trabalhos.

MP: No seu entender o que deve ser feito para incutir a Poesia no seio da nossa juventude?MF: Penso que isso deveria ter início, se não em casa, nas escolas, mas hoje em dia a juventude e não só, estão mais virados para as informáticas.

MP: Quer deixar alguma mensagem?MF: Que a vossa associação continue assim,

dando possibilidades aos que não podem, monetariamente, a publi-car os trabalhos dos poetas

MP: Como colaboradora que tem sido, podemos continuar a contar consigo?MF: Sim, embora ultimamente o colaborador seja o meu marido porque é ele quem passa os tra-balhos, eu limito-me a corrigir algum erro e remeter ao Mensa-geiro da Poesia.

nfesso que não leio

Page 12: Boletim 133 do Mensageiro da Poesia

12 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

Artista da saudade

Prendi nas minhas mãos ansiosas...O teu amor terno... só meu! demais ninguémE esse olhar! nos meus espinhos são rosas...O teu sorriso... o beijo doce do Além...

À noitinha... oiço canções melodiosas...Do amor... que tanto quero nos meus braços...No mágico luar... imagens graciosas...Despertam-me, o ruído dos teus passos...

Chora, canta, ri, artista da saudade!Nas horas más... de febre e ansiedade...A tua voz... é esperança iluminada!

Sem ti... por onde ando... tudo arrefece!Bendita a melodia que me aquece!E a minha boca... canta alto apaixonada!

Emília Mezia

Amor e humildade

Com amor e humildadeA educação funcionaE predomina a verdadeDe ti não tenhas vergonha

Pedagogia é um bemQue passa pela tua menteQuando do coração vemA verdade não desmente

Quem tem arte de falar!...Vergonha de si não tem?...Deve sempre afi rmarO exemplo de si vem

Se gostas de humilhar!...Vergonha de ti não tens?...És um homem exemplarDiz como ganhaste os bens?...

De ti não tenhas vergonhaPredomina a verdadeA educação funcionaCom amor e humildade.

Manuel António Avelar

Fevereiro Este Fevereiro invernosoDias de sol foram poucos,Por vezes bem manhososUm frio daqueles – loucos. De vento muito raivosoDe pôr cabelos em pé,Levou muito orgulhosoApelando à sua fé!... Abracei-me a um pilarCom toda a minha energiaPorque senão, ia pararAo estaleiro da Siderurgia. Ainda assim, almas santasTemi pelas minhas forças,Como as rajadas eram tantasE pareciam coice de corças! Por andar muito distraídaE jamais ouvi constar!...A Ilha da Madeira foi traídaPor lá começar a nevar. Damásia Pestana

África

Mãe África, Mãe África, nós também somos teus fi lhos.O pigmento é que não se descolou do Coração. Mas Tu vês. Tu sabes. Tu sentes a nossa falta também.Não quero que chores mais. Ofereço-te a minha coloração esbranquiçada pelos genes antepassados.E “desobestantemente”,as distâncias, as temperaturas e as políticas, sentirei sempre a Tua Mão na minha,eternamente.Os meus passos, é que ainda não souberam como me tirar daqui,mas ainda não desisti de Ir e Voltar a estar dentro de Ti.

José Jacinto

O poeta

Precisa duma mulherInteligente bonita,Não, religiosa,RevolucionáriaCheia de amorTerna simplesSambadoraNão virgemSem casa postaQue viva no mundoE esteja na vidaÉ o que importa!...

Manuel Sapateiro

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 13

Tertúlia Poética do Dia dos Namorados

Mensageiro da Poesia, A. C. P. co-memorou o Dia dos Namorados com uma Tertúlia Poética e Fadista, no Centro Cultural e Desportivo das Pai-vas, que gentilmente nos cedeu as

suas instalações, aqui fi ca desde já o nosso muito obrigado, pelo carinho e simpatia, com que fomos recebidos.

Perante uma sala repleta de amigos da poesia e do fado, a apresentação do evento esteve a car-go do nosso associado Telmo Montenegro, ho-mem de palavra fl uente, habituado a estas lides

poéticas, que fazendo uma breve resenha sobre o poeta ou fadista, deu início à Tertúlia, de frisar que pela forma como o programa estava delineado, e seguindo-o à risca, houve tempo para que poetas e fadistas fossem chamados duas vezes, para gáu-dio da entusiástica plateia, que não se fez rogada nos aplausos que dispensou aos intervenientes.

Começou Hermilo Grave, “Namoro favo de mel” e “Jogos de amor” Lurdes Emídio, “Devoção do amor” e “Alentejo” Helena Moleiro, “Amor em três tempos” e “A minha irmã gémea” Miraldino de Carvalho, “O corvo disse à rosa” e “Não sei que hei-de fazer” o fadista José frias cantou “Sauda-de da partida” “O meu berço” tendo dito o poe-ma “Meu doce amor” Manuel Nobre, “O Manel mais a Inês” e “O amor” Lúcia de Carvalho, “Fui menina que não brinquei” e “Do coração nasce o amor” Jorge Viegas “Canção do mestiço” de Fran-cisco José Tenreiro, e “Saída” este de sua autoria Laura Santos “Dedicado ao dia de S. Valentim” e “Cinéfi lia” Telmo Montenegro “Anda” e “Meu eter-no amor” o fadista António Dias cantou “Minha

alma de amor sedenta” “Guitarra toca baixinho” “Amor tropical” e “Sinas trocadas” Margarida Mo-reira “Dia dos namorados” e “O Geovani” Vitória Afonso “Dia de S. Valentim” e “Confi ssão” Armé-nio Correia “Deslumbramento” e “Visita” do poe-ta popular António Lima Ferreira, Luís Fernandes “Minha amada” dedicado à sua esposa Donzília e “O rouxinol e a fl or” tendo terminado com a fadis-ta Mariana Vitória que cantou “Cheira bem cheira a Lisboa” “Entrei na vida a cantar” e “Tudo isto é fado”, com a assistência a colaborar em clima de alegria. Para terminar ouve uma última parte não menos importante, um lauto lanche compartilha-do entre todos os presentes, que em franco conví-vio não deram pelo passar do tempo. Pela reação dos presentes foi uma tarde bem passada, esta do Dia dos Namorados, em que o Mensageiro da Poesia primou pela organização, em que teve uma forte participação de associados e amigos “Mais de quarenta pessoas” numa Tertúlia Poética é mui-to bom, prova que estamos no caminho certo. Um grande obrigado a todos.

Arménio Correia

Vida Associativao

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14 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Vida AssociativaoMensageiro celebra Dia Internacional da Mulher

À semelhança do que aconteceu em anos ante-riores o Dia Internacional da Mulher teve mais uma vez destaque no Mensageiro da Poesia. No mais su-blime jeito de Tertúlia com Fado e Poesia, o evento teve lugar no dia 13 de Março no Clube Recreativo da Cruz de Pau.

A sessão foi presidida por uma mesa de honra constituida por: Luís Fernandes, Presidente da direc-ção do Mensageiro da Poesia; Manuela Lourenço, 1ª vogal do Conselho Fiscal; Jorge Santos, Diretor do Boletim do Mensageiro da Poesia e José Costa, representante do Clube Recreativo da Cruz de Pau, perante uma assistência com váras dezenas de as-sociados, onde nem a inoportuna e forçada troca de cumprimentos, retirou a serenidade de partilha de excelentes momentos de fado e a poesia.

Declamaram os poetas: João Ferreira, Helena Mo-leiro, Hermilo Grave, José Caldeira, Laura Santos, José Jacinto, Miraldino de Carvalho, Damásia Pes-tana, Vitória Afonso, Margarida Moreira, Sara Costa, Manuela Lourenço, Jorge Viegas, Lúcia de Carvalho e Lurdes Emídio.

Nas vozes de fado, abrilhantaram a tarde os fa-distas: José Camacho, Lina de Almeida, José Frias, Manuela Amaro, Carlos Cruz, António Dias, Milai Santos, Zeferino António, Mariana Vitória, Ma-ria João Soares, e José Chéton. Acompanha-dos brilhantemente à guitarra portuguesa e à viola Tó Zé Cerdeira e Nuno Rafael, respec-tivamente.

Nesta sessão foram ainda homenageadas a fadista, Manuela Amaro, e a poetisa Maria Vitória Afonso.

Nas comunicações feitas pela mesa e nos poemas e fados partilhados nesta tertulia, foi evocado o papel das Mulheres na sociedade, o caminho percorrido no sentido da igualda-

de de género, mas também o caminho que ainda a percorrer para que a Mulher tenha o seu espaço de igualdade de oportunidades e de igualdade social em Portugal e no Mundo. Com destaque para o papel social que organi-zações culturais como o Mensageiro da Poe-sia desenvolvem na exaltação da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.

A sessão culminou com um lanche convivio, entre os participantes, no mais fraterno am-biente que já carateriza estes encontros.

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 15

Vida Associativao12º Convívio do Dia Mundial da Poesia

A nossa Associação levou a efeito o 12º Convívio do Dia Mundial da Poesia, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas. Foi mais um dia festivo de excelente confraternização entre Poetas, Fadistas e o Grupo Coral Alentejano do C.C.E.D. das Paivas.

A mesa de honra teve um arranjo muito bonito elaborado pela nossa querida amiga Manuela Lourenço, e dela fi zeram parte Luís Fernandes, Presidente da nossa Associação, Manuel Martins Nobre, representante do Cen-tro Cultural e Desportivo das Paivas, Maria Francisca São Bento, Vice-Presidente da nossa Associação, e a grande fadista Lina de Almeida, que foi a apresentadora de todo o programa.

Poesia, Fado e Cantares Alente-janos intercalaram-se na brilhante atuação.

O primeiro poeta a declamar foi João Ferreira, seguindo-se Manuel Nobre, Maria Francisca S. Bento, Preciosa Gamito, Damásia Pesta-na, Hermilo Grave, Maria Vitória Afonso, Telmo Montenegro, José Frias, Arménio Correia, Luís Fer-nandes e Helena Moleiro.

No decorrer da declamação de Poesia, intercalaram-se as bonitas vozes de Lina de Almeida, Milai Santos, António Dias, José Frias, assim como de dois fadistas do

Grupo Coral Operário Alentejano.Este espetáculo foi abrilhantado pela atua-

ção do Grupo Coral Operário Alentejano, com

os seus cantares tradicionais, que toda a assistência aplaudiu.

No fi nal, tivemos um lanche partilhado por todos, sem exceção, onde houve lugar a uma animada cavaqueira. Aqui deixamos um agradecimento à esposa do Sr. Manuel Nobre, à Direção do Centro Cultural e Des-portivo das Paivas, ao Sr. Carlos Fernandes e a todos que colaboraram na organização deste evento.

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16 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

É à noite…É á noite!... Que o sonho se debruça da janela,Da minha alma, inquieta e imperfeita.Em que o sonho é perfeita sentinela,Sempre á escuta e atenta, sempre á espreita,

É á noite!... Que o sonho me lembra uma aguarela,De cor esbatida e já desfeita.Em que o sonho é uma rosa amarela,Que perfuma a minha alma e a enfeita.

É á noite!... Que os sonhos se perdem nos caminhos,Nas veredas, nos atalhos, nas estradas,Á procura de um amor que já perdi.

É á noite!... Em que os sonhos se perdem e sozinhos,Vagueiam pelas tristes madrugadas,Chorando, sem saber nada de ti.

Lúcia de Jesus Pereira

Rei absolutoAo estar-se na meninice,Passa o tempo lentamente.Mas ao chegar-se à velhice,Corre o tempo velozmente.

O tempo tudo transforma.Ninguém se pode gabarDe ter descoberto a formaDo tempo fazer parar.

O tempo, teimoso, avança,Pois é esse o seu mister.Ninguém lhe dita mudança,Nem o faz retroceder.

Não ouve o tempo conselho,Nem liga pra borborinho.E apesar de ser tão velho,Não fraqueza no caminho.

O tempo pra sempre duraE, com sua arte oculta,Todo o mal do homem cura,Não lhe cobrando consulta.

Armanda Rosa

A dor do meu cantoVou cantando minha dorAos poemas que embalo,Como se fora de amorEsta dor de que te falo.

Canto triste envolventeSegredo deste meu pranto,Que eu te dou docementeNestes versos que te canto.

Neste poema que cantoEsquecer-te não consigo,Ganham asas de encantoOs poemas que te digo.

Um dia quis escreverMeus poemas ao luarSenti meu punho tremerPor tanto de ti gostar.

De coração em pedaçosVivo minhas frustrações,No calor dos teus abraçosVou revivendo ilusões.

Apolo C.

Essa vida não é nada

Mulher que vais vendendoO teu corpo a quem passaEm silêncio vais sofrendoA tua própria desgraça

De noite á luz da luaTeu martírio começa entãoVendes o corpo na ruaPara ganhares o teu pão

Tu és sempre maltratadaSem carinho, sem guaridaVais vivendo enganadaO teu recurso é a vida

Na noite, sempre tão fria,Iludes a própria dorSorrindo sem alegriaVais vendendo o teu amor

Refrão

Fazes da noite o diaE assim ganhas a vidaTu vives sem alegriaA mocidade perdida

Beijas teus fi lhos queridosTantas vezes a chorarE uma vez adormecidosVendes o corpo p’ra lhes dar

Essa vida não é nadaA fi ngir te chamam queridaTambém nasceste honradaMulher que andas na vida.

Zé Bento

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 17

Cantinho do Escritor8

Olá Mensageiros(as)!... Olá Primavera!

Mais uma estação che-gou...esperemos que en-volta de Paz, Amor e Poesia. Nesta altura as árvores vestem-se de verde esperança, um pouco ausente no ser humano nesta socie-dade conturbada em que vivemos.

Mas para lhe dar algum colorido, também abrem para nós as fl ores, algumas perfu-madas, outras nem tanto, mas que sem dú-vida um encanto que nos encanta.

Primavera tem o condão de despertar em nós laivos de ternura com as maravilhas da Natureza.

Natureza essa tão esquecida, e por vezes tão mal tratada pelos humanos que de hu-manos nada têm. Deveriam ver o exemplo das avezinhas, que cantam deliciosas sere-natas, ao esplendor da Primavera, há lá coi-sa mais poética que o regresso das andori-nhas aos seus beirais, com seu chilrear de alegria a construir os ninhos, preparando com desvelo o lar para a chegada dos seus fi lhotes .

Neste mês de Março, comemora-se o dia Internacional da Mulher, dia do Pai, dia Mundial da Poesia, da Árvore, e também este ano a Páscoa, portanto sem dúvida um mês Abençoado, sinto-me privilegiada por ter nascido neste mês num dia especial(dia da Mulher).

Desejo para todos(as) que comemorem todos estes dias com os mais nobres senti-mentos, de Paz e Harmonia.

Uma Santa Páscoa e sejam felizes.

Manuela Lourenço

Mensageiro da poesiaLavrador que o terreno lavrasPara lançares nele boa semente,Teus regadios são as palavrasQue ajudam toda esta gente.

Deus te ajude MensageiroGosto da tua moral,Lutas com pouco dinheiroMas és para todos igual.

Teus passos não são em vãoNo teu caminho há ternura,A todos dás tua mãoPela via da cultura!

Mensageiro nunca percas a coragem,Faz muita falta a tua mensagem!Bem hajas Mensageiro da Poesia, Associação CulturalBem hajas Câmara MunicipalE Juntas de FreguesiasA todos o meu muito obrigado.

Joana Mendes

O Amigo

Um amigo quando é amigo,Deve provar não é garganta,Porque há abismos, que digoSó falar, falar não adianta!

Amigo é ser especial,Que não sai do pensamento,Quando apela vem ajudar,Seja qual for o argumento!

Quando a amizade é pura,Tem que ter máximo respeito,Pra fortifi car a ventura,Pra se notar com proveito!

Amizade não se paga,Nem deve meter dinheiro,Todo auxilio pronto afaga,Ver quem é bom companheiro!

Preciosa Gamito

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18 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8Obrigado Aljustrel IQue estranho destinoDe ti me afastou, como tenho sentidoUm sonho de menino, em amor se tornouE hoje me traz envolvido. IISinto a tua presençaDesde a minha infância, Aljustrel reparaSe não há recompensaPorquê a distância, que de ti me separa.

RefrãoComo posso esquecer-te AljustrelSe és minha riquezaO esplendor de um berço de encantoQue me torna fi elO calor, o sorrir dos teus fi lhosCheios de franquezaQue me fazem feliz e cantar-teObrigado Aljustrel. IIINão há nada que pagueO calor desta terra, que me viu nascer,Quem sente é que sabeSem o afecto que encerra, já não posso viver. IVFoi bem que fi zeste, nesta ingratidãoAo longe a escutar-teEsse amor que me deste, é como esta cançãoQue hoje quero cantar-te“Refrão”

VÉ meu companheiro, nas noites serenasQue eu ouço porémO cantar de mineirosAcalma as suas penas e as minhas também. VIÉ gente hospitaleiraQue o Alentejo merece e o torna felizTua gente mineiraProduz, enriquece, e orgulha o país.“Refrão”

José Camacho

O meu espelho…Meu espelho, confi dente e meu amigo,Olho para ti e não me reconheço.Que imagem é esta que persigo?...Dentro de ti e fora do que pareço.

Não és recompensa, nem castigo,Nem sequer és o espelho que mereço.És mais, muito mais do que o que digo.És o meu rosto voltado do avesso.

Companheiro inseparável, confi dente,Meu espelho, meu amigo, minha dorTanta vez a deslizar pelo teu brilho!...

Apagas as minhas lágrimas docemente,Não censuras…És apenas espectador,Se eu quiser pisar um novo trilho.

Lúcia Pereira

“Primavera”Como é linda a PrimaveraVoam as aves à soltaPousando de fl or em fl orSeu gorjeio transmite amorBeleza nos verdes montesE o murmúrio das fontesSão como músicas divinasJorrando águas cristalinasQue nos acalmam a dorAté a brisa afaganteOndulando a naturezaDá-nos um vaivém de belezaNos ramos de verde corO rebanho das ovelhas a balirAo longe canta o pastorNa Primavera tudo cantaCantam os grilos e as rãsDesde a noite até manhãAté mesmo o vento fortePorque está com alegriaEssa quente ventaniaQue nos acalma e encantaVai transformando em quimerasEssa linda estação do anoQue se chama Primavera…

Ivone Mendes

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 19

Os Nossos Poetas8

Eu sou: Bia

Tantas são as pétalas da fl or do meu destinoFeito ao luar, entre vinho almiscaradoEm confl ito neste mundo peregrinoEm que nasci, metade raiz, metade fado

Há outros aspectos me correndo nas veiasFantasmas perfeitos, o sol cavalgandoPelas paredes do tempo deslizando, me enleiasAmbas as mãos procuram, me acariciando

As pétalas da fl or da minha procuraFeita em corcel desfi lando no meu peitoÉ alvo da minha inocência, da minha loucuraComo pantera correndo, muito a seu jeito

Numa noite repleta de assombros e desejosEm viva constelação, que despontava na terraQuando um prateado cordão prendia os beijosNuma curva geométrica que o silêncio encerra

Cada gota de orvalho, era raiz abertaDas árvores que plantou o meu olharDe braços pendidos e vista incertaUm hálito perene, fazia minha barca naufragar

E assim nasci; onde fl amejavam afetosOnde adormecido o silêncio surgiaE uma suave brisa, percorria os abetosDeitando ao mundo este ser que sou eu... Bia

Bia do Táxi

Mais uma Primavera

Mais um ano, mais uma Primavera,das plantas renascidas ...seria bom, quem nos deraremédio para nossas feridas.É linda a Natureza,nesta altura, dela sentimos a pureza de todo o seu esplendorem cada abrir de uma fl or.nessa beleza da fl or,que nos perfuma e encantaalivia um pouco a dor e faz trinar muita garganta.São milhões de avezinhas,que regressam aos seus beiraisvestidas de negro as andorinhasaté encantam os pardais.E os campos de girassóis ?...essa beleza sem fi mparecem milhares de sóis,dando as boas vindas a todos e a mim. Manuela Lourenço

Primavera

Eis que surge o amanhecer da cor O despertar dos sentidos ...O cheiro das fl ores...A natureza nos beija, é o toque do amor.São perfumes cheios de sabores...O azul do céu com laivos de brancuraE o Sol espreitando com doçura...Terna manha PrimaverilUma entre tantas, entre mil...Percorro campos verdes e às cores.Há música no ar, as andorinhas...Que cantam alegremente às fl ores.Há vida ... há luz ... há cor...É a chegada do Amor!...Crianças brincam com fulgor ...Animais despertam com o calorAcorda Natureza !...É a Primavera em fl or...Vem abraça quem passa Que o Mundo precisa da tua cor...

Margarida Moreira

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20 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

História triste

Uma linda rosa, Toda empoeirada,Que fora lançadaPara a beira da calçada,Permanecia, queixosa,Perto duma valeta.

Passava o PoetaE, ao ver a rosaDesditosa,Triste e abandonada,Sujeita ao maior perigo,Pegou nela,Com cautela,E levou-a consigo.

Chegado a casa, o Poeta, docemente,Lavou a rosa, imediatamente,E pô-la numa jarra colorida.A rosa, toda ereta,Ganhou vida,Uma vida nova…

Morreu o poetaE, na sua cova,Não se vê uma fl or,Nem uma singela violeta.

Como o mundo está cheio de desamor!

Noam SAMBOU

Paisagem de sossegoSuave é a brisa penteando a searaOndulando ao de leve o trigo maduroDa cor que de ouro faz joia mais caraEm forma de pão, alimento mais puro

Bela é a visão que abrange a planícieNa monotonia… tão calma e dolenteComo se a cidade de repente visseUm largo Alentejo à espera da gente

E eu que resido num prédio em alturaAdmiro sonhando a extensa planuraAo sentir em dolência o meu corpo inerte

Busco o sossego da paisagem perfeitaAlívio do stress de que a vida se enfeitaProcurando imagens na imensa internet.Maria Graça Melo(no livro "O BAILE DAS PALAVRAS"

História triste

U li d

Tenho a minha LambretaTenho uma linda Lambreta,Vai comigo a todo o lado.Todos dizem que é treta.Para mim, tem resultado.

Fui ao canil na LambretaLevar depressa a ração.Fui veloz como uma seta,Pra dar de comer ao cão.

Eu relanti em S. Bento,Zona de muitos buracosE terra de muito vento,Onde caem os mais fracos.

Quem tem a barriga cheiaE muitos banquetes comeQuase nunca liga meiaAos pobres que passam fome.

Com a esquerda e a direita,Sendo uma gorda outra magra,O país não se endireita,Mesmo tomando Viagra!

José Frias

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Mensageiro da Poesia - 21

Os Nossos Poetas8

Não se agite as vossas águas

As águas agitadas em correriaE ondas a correr pela praia foraMesmo o homem com sua sabedoriaNão as poderá fazer parar na hora.

Qualquer que endurece o coraçãoDesconhece de Deus, a sua justiçaAnda ao sabor da sua razãoE aquele que tem paz; ele o atiça.

Todo o homem que é enganadorPrepara sempre uma ratoeiraEle se faz muito engenhosoDepois diz que é por brincadeira.

Pois aquele que é maldizenteTornar-se-á um desestabilizadorO seu coração é duro não senteDesse mal será o causador.

O que anda no mal não tem pazE quer perturbar toda a gentePorque esse não será capazDe tranquilizar qualquer mente.

Não vamos olhar para a dorNem pensar que estamos de partidaPorque o teme ao SenhorEle lhe dará anos de vida.

Jamais nós poderemos existirSem o poder do regeneradorPorque aquele que há-de virÉ o grande restaurador.

Eduardo Fernando Batista

O meu outro eu

Não sei quem és, nem sei se existes,O teu perfume me inebria.Vens sobre mim nas horas tristes,És meu alento e alegria,Chegaste e nunca partiste.

Onde quer que eu vá, tu estás comigo,Tua presença me acalma,Nas noites frias, meu abrigo,És recanto da minha alma,Junto de ti, tudo consigo.

Quando de mim mesmo me afasto,E o abismo se aproxima,Lá estas tu, meu doce emplastro,Qual anjo, pairando por cima,Como um luzeiro, ou um astro.

Há dias que quando acordoNão dou por mim, desconheço,Eu penso mas não recordo,Tu lá estás, eu reconheço,Pegas-me ao colo, eu concordo.

Não sei qual é o teu nome,Chamo-te força do bem,E se o desejo me consome,Sentir falta, sentir fome,Tua luz sobre mim vem.

Passam horas, dias e anos,Amores, desamores, paixões,Quantas vezes nos desenganos,Nas alegrias e emoções,Me livraste de outros danos.

Meu outro eu, anjo talvez,Houve um tempo em que eu te via,Desconheço tais porquês,A forte chuva caía,Deixei de te ver de vez.

Telmo MontenegroIn: À Esquina do TempoEdição: Chiado Editora

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22 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

Ainda recordo aqueles anosAinda recordo aqueles anosQue vivia sem ter nadaEram muitos seres humanosNaquela vida já passada

INão tínhamos ordenadosNão havia trabalho certoTer reforma nem de pertoNaqueles anos já passadosDevem ser mais recordados Esses tempos desumanosPara os malvados e tiranosNão poderem voltar atrásAos meus tempos de rapaz Ainda recordo aqueles anos

IISem rádio nem televisão Ter um carro nem pensar Nem se pensava em andarAlgumas vezes de aviãoMas foi grande a evoluçãoDe gente mais avançadaPorque estava revoltadaEstava acabando a alegriaParte do povo bem sentiaQue vivia sem ter nada

IIIA situação tinha que mudarFoi o que veio a acontecerTodos tinham para viverA miséria estava a acabarViamos a vida melhorarNum futuro sem enganosEstava nos nossos planosMelhorar o que está malCremos defender PortugalSomos muitos ser humanos

IVNão deixamos voltar atrásAos anos de antigamente Queremos o país com gentePara governar seja capazDe nos dar trabalho e paz Com uma vida organizada E a moral bem levantadaSentirmos a alegria crescerE não voltarmos a viverNaquela vida já passada.

Manuel Martins Nobre

A palavra amor…Simples, terna, talvez bem fácil de dizer,Amor, palavra que tanto poder encerra,Pra uns é o maná mais gostoso na terra;Pra outros um inferno autêntico de temer!

Agita homem ou mulher, andam em guerra”,Pra um grande amor, a todos custa a vencer,Nenhum sabe, mas cair por vezes traz prazer,Que a porta da felicidade ali se descerra!

Vejam, como é doce, terna d’esta palavra,Quando surge leal p’la primeira vez lavra,Encanta quem sente algo novo, profundo…

Amor! Sentimento que nasce e morre suspeito,Ninguém sabe o que faz consegue bem-feito,Sendo assim, o amor é será o motor no mundo!

Dolores Carvalho

Poetas sonhadores

Os Poetas são Sonhadoresescrevem para não chorarsalpicam no papel,pinceladas de emoção,agitam a sua vida,o seu coração.

Homem lutador,genuína simplicidade,amante da Pazde grande sensibilidade.Espalha pelo mundoHinos de amor,nas mensagens que ditana amizade que dedica.

De degrau em degrausubiu na difícil caminhada.Nem os obstáculos que enfrentavao deixaram menos lutador.Sempre com desejode espalhar pelo mundoHinos de amor.

Outros Poetas com os mesmossonhosa ele se juntaramsubindo de degrau em degrauconquistaram o sonho almejado.

Hoje entre festa, Música e Poesiavamos todos brindarAo XVIII Aniversário do “Mensageiro da Poesia”Ao sr. Presidente, parabéns!temos o privilégio de terum grande amigo.Um Poeta Sonhador,Homem lutador,que espalha por todos nósHinos de Amor.Bem-haja.

Fanny

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 23

Os Nossos Poetas8

Lingua famosa

Língua de Camões;Língua de Bilac!Amo-te, ó rude e doloroso idioma (Bilac)

A poesia é a música da alma, e, sobretudo,De almas grandes e sentimentaisVoltaireTudo passei; mas tenho tão presente (Camões)

Não há no Universo idioma mais eleitoQue o nosso, português, útil, sonante, vernáculo,Que usam Portugal e Brasil n’um elo estreito,Que é por isto que entre nós não há obstáculo!

É um legado dos nossos antepassados feito…AMIGO!? AMIZADE!? Não são um espectáculo…?AMOR?! Haverá palavra mais linda no peito,Isto e tudo contribuíram pró nosso cenáculo?

Foram Abreu! Amado! Bilac que tiveram jeito…Foram Camões! Bocage! Camilo o certo pináculo,Desta língua maravilhosa de tanto respeito!

Que se tornou unigénita como um tentáculo,Com esta língua tão fecunda tanto se tem feito,Que se pode, afi rmar é mesmo sustentáculo

Nelson Fontes Carvalho

Dilúvio de sonhos

Absorto no meu pensamentoImerso nesta enxurrada de ideiasQue alimentam estas minhas pelejasNem dou pelo passar do tempo.

São pássaros loucos!Cavalos voadores!

São sombras incógnitasQue povoam a minha menteSão sonhos cor de rosa sonhadosDe olhos abertos acordados.

Sonho retroceder no tempoVaguear nas horas decorridasNas alegrias, nas agruras.

Sonho, ir contigo meu amorColher fl ores aos jardins da nossa adolescênciaQue eram o paraíso dos nossos amoresDe onde, pró mundo olhávamos com ânsia.

Ah! Como éramos tresloucados!Totalmente desvairados!

Tu eras uma gazela saltitanteEu um poldroAos pinotes solto erranteCorrendo e saltando.

Vem, vamos para o lado de lá, vamosJuntos este sonho sonhar.Vamos rir à gargalhada de tudo que fi zemosE vamos esquecer todos os anseiosQue não concretizámosTodos os desejos que não realizámos.

Vem, vem amor, vamos recomeçar.Vem, vem amor, vem comigo este sonho sonhar.

Carmindo Carvalho

Sentidas Condolências

O Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética endereça as suas condolên-cias à família do saudoso amigo e sócio pioneiro João Ricardo Pereira.

Page 24: Boletim 133 do Mensageiro da Poesia

24 - Mensageiro da Poesia

Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8Quem o Alentejo conheceu

Quem o Alentejo conheceuE saiba apreciarSeus campos são jardinsPara sempre o recordar

I IIIOuve-se os grilos cantar Ouve-se o canto da perdizParece música no prado As cegonhas no seu ninhoVêem-se rebanhos de gado O cantar do passarinhoNas planícies a pastar Com uma vida felizVêem-se os pássaros voar Por isso é que se dizLogo ao amanhecer És a beleza sem fi mAntes do sol nascer Na vida és assimComeça o novo dia Não se pode desmentirÉ vida com alegria A olhar e a sorrirQuem o Alentejo conheceu Seus campos são jardins

II IVNa Primavera é fl orida Vêem-se grandes trigaisParece que foi semeado Na altura do VerãoCom o cheiro perfumado És terra que dá pãoNo caminho percorrido Também os arrozaisPor isso é distinguido Nos campos os maiorais Pouco há a comparar Os rebanhos a guardarAté dá gosto passear Por onde se passarE ver sua paisagem Tudo és de belezaÉ linda a sua imagem É linda a naturezaE o saiba apreciar Para sempre o recordar

Lúcia Carvalho

A vida é uma passagem

A vida é uma passagemQue breve desapareceComo a simples miragemQue tão depressa esquece

No jardim murcham as rosasE nasce mais uma fl orEm noites maravilhosasPode nascer o amor

Muito breve e complicadaÉ a nossa triste vidaPara tantos, desejadaPara outros, dolorida

No jardim eu queria terMinhas roseiras em fl orE sempre as pudesse verBonitas da mesma cor

Todas tinham seu perfumeCada qual com sua corNo roseiral de queixumeSó transbordasse o amor

As rosas murcham e secamFica apenas a lembrançaO fardo dos anos pesamA morte é nossa herança

Maria João Lopes

Pensamento

O amor puro, o amor autêntico, não conhece oscilações, pois é sempre estável e constante; o amor que ora é muito, ora é pouco ou nenhum, é o outro, que o vulgo diz que se “faz”!

Hermilo Grave

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Março/Abril 2016

Mensageiro da Poesia - 25

A vida não é nadaAs carícias do teu rostoQue a brisa leve te afaga,São ternuras ao sol-posto,São coisas feitas de nada.

Sinto que a brisa tropeçaNas fl ores do teu jardim,Sempre que a noite começa,E tu fi cas junto a mim.

Oiço no teu coraçãoA música do teu olhar;E sinto nessa paixãoO teu desejo de amar.

Quando tudo não é nada;Com ternura e com paixão,Ficas amando calada,Ao ritmo do coração.

A tua boca molhadaQue à minha transmite calma,Teus ternos beijos de fadaSão delírios da minha alma.

Quando vem a madrugada,E o amor já nos prendeu,A vida já não é nada,Ficamos só, tu e eu.

Isidoro Cavaco

Senhor

Escrevi ao sol, ao mar e à terraA tudo eu escreviSó ainda não tinha escritoUm poema para ti

Não brinquei na meniniceNão vivi a juventudeSabes o que tenho sofridoCom esta falta de saúde

Bendito seja o teu nomeLouvado sejas JesusAjuda-me a suportarEsta tão pesada cruz

Tu és pai, confi dente e amigoÉs a minha companhiaEstás sempre comigoSeja de noite ou de dia

Para te agradecerNada mais te posso darContinuar a viverErguendo as mãos a rezar

Tu me deste este domO dom de escrever poesiaVou sempre te agradecerHora a hora, dia a dia

Na estrada que percorriDei carinho e dei amorPor tudo o que já viviObrigado senhor.

Berta Rodrigues

Ser poeta

Ser poeta é sentir amorNem que seja por uma fl or.E no coração muita esperançaÉ viver sempre a mocidadeEm qualquer que seja a idadeE ser-se sempre criança

E foste tu essa fl or!...Que com poemas d’ amorFiz um castelo encantadoE nesta bela adoraçãoVou vivendo com emoçãoUm lindo sonho doirado!

É como na praia as crianças,Erguem castelos de esperançasTão lindos, á beira mar!...Mas quando vem a maré cheiaE o mar arrasta a areiaFica a criança a chorar!

Esses castelos tão lindosCom tanto amor construídosSão como os sonhos da vida,Construídos com muito amorE um dia sem alguém supor Vem uma onda desmedida!

João Ricardo Pereira

Os Nossos Poetas8

Jamais Saberás(À Márcia Maria)

Sei que milhões de anos não bastarãoPara saberes o muito que te amo.Eu sofro a ferir o coração,Falta a tua presença que reclamo.

Falho... são imensos e vários os meus erros,Porém, quanto amor há dentro de mim:E, no maior de todos os desterros,Eu não concebo tanto amor assim.

Vão-se os anos… a vida continua…Um sentimento igual não encontrarás.Eu sofro de tanta saudade tua,O quanto te amo, jamais saberás!

Marcus Vinícius de MoraesPoços de Caldas (MG)

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Março/Abril 2016Os Nossos Poetas8

Em Corroios há um moinhoNoutros tempos trabalhouDepois de envelhecerNum museu se tornou

I IIINuma zona ribeirinha Há outros também desviadosTrabalhava com a maré São da mesma utilidadeAinda hoje está de pé Pertencem há mesma cidadeA sua velha casinha Mas estão abandonadosDo trigo fazia a farinha Se ainda fossem arranjadosAli vivia sozinho Em vias de se perderDifícil era o caminho A tantos deram de comerPara levar ao celeiro Quando podiam trabalharConhecido do moleiro Assim se vai acabarEm Corroios há um moinho Depois de envelhecer

II IVHoje está recuperado Tiveram seu tempo de vidaTem lá os seus haveres Como qualquer outro serCumpria os seus deveres Já não podiam moerNo tempo já atrasado Fizeram a despedidaPor muita gente é visitado Já era grande a fadigaA sua herança deixou Sua tarefa acabouO tempo tudo mudou Sua vida terminouFicou a recordação Depois de já velhinhoPara a sua população A vida de um moinhoNoutros tempos trabalhou Num museu se tornou

Miraldino Carvalho

Em Corroios há um moinhoÀ memória de João de Deus

Num belo dia de Primavera,Manhã de arco-íris,Nesta linda terra,Uma criança perguntou-meSe eu era feliz?E se gostava de ler?Eu de imediato,Aprontei-me a responder:Que sim!—Ela riu-se para mim,Com um livro na mãoQual não foi o meu espanto:

Quando vi João de Deus!A criança de voz docinha,Numa bonita gracinha,Me disse:Sem nenhuma hesitação É lindo o livro de João de Deus!

E eu fi quei seduzido,Ao redor… na tenção da criança

Toda, imensa sem igual…Repetida e relembrada…A bela lembrança:Da eterna, formosa e boaPessoa… do Sul de Portugal!...

Luís F. N. Fernandes

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Mensageiro da Poesia - 27

YPoeta em DestaqueBiografi a Resumida de João de Deus

João de Deus de Nogueira Ramos, mais co-nhecido como João de Deus, nasceu a 8 de março de 1830, em São Bartolomeu de Mes-sines e faleceu a 11 de janeiro de 1896, em Lisboa, tendo sido um eminente poeta lírico e pedagogo, deixando para a posteridade não só a sua excelsa poesia como também a sua Cartilha Maternal, que consiste num método simples e prático de ensino de leitura dedica-do às crianças e que até hoje ainda é utilizado.

A sua poesia, escrita numa linguagem sim-ples e delicada é acessível a todos e reside aí, talvez, grande parte do sucesso que João de Deus obteve como poeta. Foi chamado no seu tempo o Poeta do Amor e, além da poesia líri-ca, também praticou a poesia satírica.

Filho de modestos comerciantes, de fracos recursos fi nanceiros, viveu grande parte da sua vida em extrema pobreza, numa época em que só os fi lhos dos ricos podiam aspi-rar a uma carreira universitária. Estudou latim na sua terra natal e ingressou mais tarde no Seminário de Coimbra, onde os estudantes menos abonados podiam prosseguir os seus estudos. Mas considerando o poeta que não tinha vocação para a vida eclesiástica, ingres-sou na Universidade de Coimbra, como estu-dante de Direito, tendo aí um percurso muito conturbado, com muitas faltas e interrupções, devido à vida boémia que levava. Só se for-mou dez anos mais tarde depois de ter ingres-sado na universidade e, mesmo assim, graças ao clamor de muitos dos seus condiscípulos, que tudo fi zeram para que o poeta terminasse os seus estudos.

Viveu, durante muito tempo da ajuda de amigos e de alguma poesia que ia publican-do aqui e ali e da colaboração com a impren-sa regional alentejana e algarvia. Não tendo interesse pela advocacia, resolveu, em 1868, partir para Lisboa, cidade onde passou a resi-dir e onde chegou a passar grandes privações. Passava o tempo nos cafés, em particular no Martinho da Arcada, em constantes tertúlias. Para sobreviver, fazia traduções e escrevia ser-mões e hinos para cerimónias religiosas.

Como candidato independente, fez-se ele-

ger como de-putado pelo círculo de Sil-ves.

No Parlamen-to, em declara-ções que foram publicadas pelo Correio da Noi-te, terá dito: “Que diacho querem vocês que eu faça no Pa r l a m e n t o ? Cantar? Recitar versos?...”.

Casa, em 1868, com uma senhora abastada, tendo ad-quirido aí estabilidade na sua vida pessoal e, nesse mesmo ano, publica a coletânea “Flo-res do Campo”, a que se segue uma peque-na recolha de 14 poemas intitulada “Ramo de Flores” (1869), considerada a sua melhor obra poética. Ao longo dos anos e antes da sua morte, colabora com a imprensa periódica, faz muitas traduções e mantém uma intensa obra literária. Infl uenciado pelo seu amigo Antero de Quental, adere ao ideário socialista, tendo publicado no jornal católico “Cruz do Ope-rário”, edição de 29 de agosto de 1880, uma carta onde se confessa socialista, dizendo: “…sou socialista porque sou cristão, sou socialis-ta porque amo os meus semelhantes…”

João de Deus viria a falecer no dia 11 de janeiro de 1896, com 65 anos de idade e os seus restos mortais encontram-se sepultados no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrá-cia, em Lisboa, e tem uma via pública com o seu nome no bairro da Estrela e uma Estátua, erigida em 1966, no Jardim da Estrela, sito no mesmo bairro.

A melhor homenagem que nós, amantes da poesia, podemos prestar a tão ilustre e excelso Poeta é ler a sua poesia, cheia de encanto, por vezes ingénua e quase infantil.

Pesquisa de Hermilo Grave

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Segredo é Amar

Seria o beijo Que te pedi, Dize, a razão (outra não vejo) Por que perdi Tanta afeição? Fiz mal, confesso; Mas esse excessoSe o cometi, Foi por paixão, Sim, por amor De quem?... de ti!

Tu pensas, fl or, Que a mulher basta Que seja casta, Unicamente? Não basta tal: Cumpre ser boa, Ser indulgente. Fiz-te algum mal? Pois bem: perdoa!

É tão suave Ao coração Mesmo o perdão De ofensa grave! Se o alcançasse, Se o conseguisse, Quisera então Beijar-te a mão, Beijar-te a face... Beijar? que disse! (Que indiscrição...) Perdão! perdão!

João de Deus, in ‘Campo de Flores’

Perd

ão!

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