bipedismo e evolução humana

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1 Ciências Sociais A Evolução do Homem Valéria Pereira Traduzido por Valéria Pereira. Resumido e Adaptado. Bipedismo e a Evolução Humana (1) A hipótese do Amor Materno. Os primatas povoaram a África desde há pelo menos 40 ou 50 milhões de anos. Resistiu na luta por sua existência, contra animais mais fortes e ferozes do que eles, como os mamíferos carnívoros, adaptando-se à vida num habitat específico onde encontraram pouca concorrência, constituído pelas árvores da floresta; desenvolveram, portanto, um estilo de vida arborícola. No ambiente aéreo da floresta adaptaram-se perfeitamente, desenvolvendo os artelhos para agarrar-se aos ramos (e que mais tarde, transformariam-se nas mãos) e, ao mesmo tempo, um notável sentido social consequente à vida sedentária em grupo.

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Valéria Pereira

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Page 1: Bipedismo e Evolução Humana

1 Ciências Sociais – A Evolução do Homem – Valéria Pereira

Traduzido por Valéria Pereira. Resumido e Adaptado.

Bipedismo e a Evolução Humana (1) – A hipótese do “Amor Materno”.

Os primatas povoaram a África desde há pelo menos 40 ou 50 milhões de anos. Resistiu na luta

por sua existência, contra animais mais fortes e ferozes do que eles, como os mamíferos

carnívoros, adaptando-se à vida num habitat específico onde encontraram pouca

concorrência, constituído pelas árvores da floresta; desenvolveram, portanto, um estilo de

vida arborícola.

No ambiente aéreo da floresta adaptaram-se perfeitamente, desenvolvendo os artelhos para

agarrar-se aos ramos (e que mais tarde, transformariam-se nas mãos) e, ao mesmo tempo, um

notável sentido social consequente à vida sedentária em grupo.

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2 Ciências Sociais – A Evolução do Homem – Valéria Pereira

Traduzido por Valéria Pereira. Resumido e Adaptado.

Por volta de 15-20 milhões de anos atrás, destacou-se uma linha evolutiva dos primatas, que

originou os Hominídeos, a família taxonômica à qual pertencemos. Os Hominídeos passaram

também a extrair do habitat arbóreo tudo o que era necessário para viver: alimento (folhas,

brotos, frutos, insetos, ovos, pequenos roedores, etc.) e a água encontrada nas folhas e brotos

de plantas higrófilas (plantas que adaptam-se com facilidade à umidade ou que só vegetam

com a umidade), ricas em soluções aquosas, o que os liberava de recorrerem a rios e fontes,

reforçando a sua segurança.

Segundo os paleontólogos, por volta de 5-6 milhões de anos atrás o clima mudou em vastas

regiões do centro-leste e do sul da África, tornando-se mais árido, tornando as florestas mais

rarefeitas e transformando-as numa savana contendo grupos de árvores isoladas e arbustos.

A vegetação árborea sobrevivente também se transformou. As plantas higrófilas da floresta

anterior deixaram espaço para espécies arbóreas xerófilas, adaptadas aos climas mais áridos,

ricas em celulose mas pobres em água.

A mudança do clima e da vegetação, ocorrida no período de alguns milhares de anos, obrigou

os Hominídeos a mudar de estilo de vida, passando de arborícola absoluto a um tipo misto.

Eles foram obrigados a começar a atravessar a savana com frequência, ao passar de uma

vegetação arbustiva a uma outra, para encontrar as árvores desejadas e principalmente para,

todos os dias, alcançarem as fontes de água, passando assim, progressivamente, a formas de

nomadismo.

Na savana, porém, escondiam-se animais predadores que atacavam principalmente os

indivíduos mais fracos, como os filhotes, especialmente quando isolados, o que certamente

acentuou o instinto social da comunidade. Aprenderam, assim, a viver e a se deslocar em

grupos plurifamiliares organizados e comandados por um "chefe tribal" que organizava a

proteção do grupo e dava os comandos para correr ou para fugir. Quando chegava uma ordem

de deslocamento ou de fuga, o que era muito frequente, era preciso obedecer

instantaneamente, pois a vida dos retardatários estava em jogo. Nas comunidades dos

hominídeos, todavia, haviam indivíduos que não podiam se movimentar com facilidade, como

os doentes e as crianças pequenas, etc.

Pode-se hipotetizar que, quando ocorria uma situação de perigo, os membros doentes eram

abandonados ao seu destino e que isto não era relevante para os fins evolutivos da população,

mas no que diz respeito aos filhotes a situação era completamente diversa; sua sobrevivência

era fundamental e dependia do comportamento materno.

As fêmeas-mães podiam assim escolher entre duas opções:

1) abandonar os filhos para fugirem, o que teria levado rapidamente à extinção da tribo e

daquela linha evolutiva relativa.

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3 Ciências Sociais – A Evolução do Homem – Valéria Pereira

Traduzido por Valéria Pereira. Resumido e Adaptado.

2) carregar consigo os pequenos, agarrando-os com os artelhos anteriores e levando-os nos

braços, como já faziam durante o aleitamento ao seio. Este era o comportamento

indispensável à sobrevivência da estirpe.

Porém, deslocar-se de cada vez por várias centenas de metros ou até mais com os filhos nos

braços significava caminhar com três ou dois membros; a presença de pedras no terreno, de

arbustos e de gramíneas da savana (que, em certas estações, formavam uma massa intricada

de quase um metro de altura) impediam a locomoção com três membros e com os filhos

abraçados ventralmente. Tal posição poderia atrapalhar facilmente a orientação em relação ao

restante do grupo; restava assim apenas o recurso de caminhar com o porte ereto, para o qual

as mães estavam biologicamente despreparadas, embora já soubessem ficar de pé por alguns

minutos, dando alguns passos nessa posição.

Caminhar ou correr na postura ereta com os filhos nos braços causava grande fadiga e

sofrimento físico que as mães podiam suportar apenas com uma grande força de vontade.

Nossas ancestrais cumpriam este esforço com o objetivo de salvar a vida dos filhos, podendo-

se hipotetizar que o instinto materno tenha gradualmente impulsionado a comunidade à

mutação, cultural (ou comportamental) do bipedismo, o que, segundo os antropólogos,

assinalou o início da evolução rumo aos Hominídeos, dos quais iria emergir o gênero Homo.

Além de carregar os recém-nascidos durante a fuga, as fêmeas-mães deviam arrastar consigo

os filhos mais crescidos segurando-os pelas mãos, o que teria feito com que os filhos mais

crescidos se habituassem necessariamente à postura bípede.

Também os machos adultos, por sua vez, tinham a necessidade de usar o bipedismo com o

objetivo de observar o terreno circunstante erguendo-se acima das plantas da savana, avaliar a

posição dos animais predadores e dos membros do próprio grupo e, enfim, para ficar com as

mãos livres, podendo assim atirar pedras e brandir bastões.

O impulso em direção ao bipedismo ocorreu, assim, por parte de todos os membros da

comunidade primitiva, porém, esta hipótese apresentada aqui, a contribuição determinante

foi oferecida pelas fêmeas-mães, e estão relacionadas à motivações que podem ser

relacionadas ao 'amor materno'.

Page 4: Bipedismo e Evolução Humana

4 Ciências Sociais – A Evolução do Homem – Valéria Pereira

Traduzido por Valéria Pereira. Resumido e Adaptado.

A característica do bipedismo (que já existia, de forma incipiente, em todos os Hominídeos),

reforçou-se certamente através de uma progressivo e severo processo de seleção que premiou

os indivíduos fenotipicamente melhor predispostos e tornou-se, depois de um largo espaço de

tempo, cada vez mais aperfeiçoando, originando uma mutação genética completa através da

aquisição de inúmeras pequenas mutações gênicas úteis.

Assim, os ancestrais dos humanos adotaram definitivamente o modo de caminhar sobre duas

pernas, liberando as mãos para fabricar e empunhar utensílios. A maior parte dos Hominídeos,

porém, continuou quadrúpede e continuou a linha evolutiva dos macacos antropomorfos.

Bibliografia:

RICKARDS, Olga & BIONDI, Gianfranco. Uomini per caso. Miti, fossili e molecole nella nostra storia

evolutiva, (Homens por acaso. Mitos, Fósseis e Moléculas em nossa História Evolutiva), Editori Riuniti,

2002.