biologia reprodutiva de espÉcies arbÓreas: … · 2004-11-12 · comunidades vegetais com clima,...

25
SISTEMAS SEXUAIS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE UMA ÁREA DE CERRADO E UMA ÁREA DE RESTINGA NO ESTADO DE SÃO PAULO Profa. Dra. Cibele Cardoso de Castro Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues Prof. Dr. George Shepherd Prof. Dr. Paulo Eugênio Alves Macedo de Oliveira Fevereiro – 2002

Upload: buiquynh

Post on 20-Dec-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

SISTEMAS SEXUAIS DE ESPÉCIES ARBÓREAS

DE UMA ÁREA DE CERRADO E UMA ÁREA DE

RESTINGA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Profa. Dra. Cibele Cardoso de Castro Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues

Prof. Dr. George Shepherd Prof. Dr. Paulo Eugênio Alves Macedo de Oliveira

Fevereiro – 2002

Page 2: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

RESUMO. Sistemas sexuais compreendem características das plantas relacionadas à presença e

funcionalidade de partes florais masculinas e femininas na flor, na inflorescência e/ou no

indivíduo. Apesar do hermafroditismo floral ser comumente observado em espécies arbóreas,

seguido pela dioicia e monoicia, comunidades vegetais podem diferir entre si quanto às proporções

desses mecanismos reprodutivos, principalmente se suas características ecológicas, influenciadas

por fatores abióticos, forem diferentes. O presente projeto tem como objetivo fazer a caracterização

dos sistemas sexuais das espécies arbóreas (PAP ≥ 15cm) ocorrentes em 10ha de cerradão e 10ha

de floresta de restinga no Estado de São Paulo. Flores de todas as espécies serão dissecadas a fim

de detectar a sexualidade morfológica, e a antese será acompanhada em campo a fim de determinar

a funcionalidade e a cronologia de amadurecimento das partes sexuais. Os dados obtidos serão

comparados dentro e entre as duas comunidades estudadas, e com os trabalhos realizados em outras

formações florestais tropicais.

2

Page 3: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

1. INTRODUÇÃO

As matas tropicais são características por apresentarem baixa densidade populacional de

espécies arbóreas e alta diversidade (Kress e Beach 1994), dados que levaram Fedorov (1966) a

sugerir que linhagens autocompatíveis teriam vantagem sobre as auto-incompatíveis, por não

dependerem de polinizadores para a formação de sementes. Como resultado, espécies autógamas

estariam sujeitas a altas taxas de autofecundação, e conseqüente especiação paripátrica.

No entanto, Ashton (1969) propôs, anos mais tarde, que a alogamia seria selecionada como

resposta à pressão seletiva para a manutenção de variação genética nas populações, o que levaria à

especiação por divergência alopátrica, inversamente ao sugerido por Fedorov (1966). A

predominância de alogamia como conseqüência de polinização cruzada foi corroborada pela

grande maioria dos estudos posteriores (ie, Bawa 1974, Ruiz e Arroyo 1978, Bawa 1979, Bawa et

al. 1985a, Bullock 1985, Olmstead 1989, Ibarra-Manríquez e Oyama 1992, Arroyo e Uslar 1993,

Jaimes e Ramírez 1999). Outros aspectos podem ter favorecido a manutenção da alogamia em

árvores, como o longo ciclo de vida, que aumenta a probabilidade de cruzamentos múltiplos

(Ashton 1969) e os ambientes tropicais, onde as interações bióticas são intensas e a recombinação

genética torna-se especialmente importante (Jaimes e Ramírez 1999).

Apesar dos fatores supracitados terem maximizado a seleção da alogamia, ela só foi possível

graças à capacidade dos polinizadores de transportar o pólen entre indivíduos distantes entre si

(Janzen 1971). No entanto, devido ao elevado número de flores geralmente apresentado pelas

árvores, os polinizadores são mais ativos dentro do que entre copas (Bawa 1974), o que aumenta as

chances de autopolinização. Por esta razão os sistemas de auto-incompatibilidade de espécies

arbóreas parecem funcionar principalmente como uma barreira para a autofecundação via

geitonogamia (Bawa 1974, 1979).

Além da predominância da alogamia em espécies arbóreas tropicais, vários estudos mostram

a existência de uma gradação de sistemas reprodutivos nestas plantas, que vai da apomixia

(produção de frutos sem fecundação) à alogamia obrigatória (Bullock 1985, Richards 1986, Jaimes

3

Page 4: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

e Ramírez 1999). É possível afirmar, neste contexto, que nem sempre a ausência da alogamia

representa menor aptidão reprodutiva e que, qualquer que seja a estratégia apresentada, ela possui

vantagens e desvantagens, constituindo apenas mais uma resposta evolutiva da planta às pressões

bióticas e abióticas do ambiente (Richards 1986, Ramírez e Brito 1990).

A autocompatibilidade e a apomixia, por exemplo, são conhecidas por reduzirem muito as

chances de certas recombinações genéticas, mas podem ser vantajosas por manterem um genótipo

parental com alta adaptação local, além de aumentarem as chances de sucesso na polinização

quando a densidade populacional é muito baixa (McMullen 1987, Ramírez e Brito 1990, Richards

1996, Jaimes e Ramírez 1999). Além disso, estes sistemas de reprodução diminuem os custos da

planta com a reprodução, pois requerem uma menor produção de flores em relação à auto-

incompatibilidade (Bawa 1974, Richards 1996). A autogamia é pouco comum em espécies

arbóreas, sendo predominante em espécies herbáceas e/ou anuais, ou relacionadas a estágios

sucessionais iniciais, isolamento biológico, fauna de polinizadores depauperada ou ineficiente

(Jaimes e Ramírez 1999), apesar de alguns autores discordarem da existência desse padrão

(Feinsinger et al. 1987).

Espécies arbóreas, assim como a maioria das Angiospermas, são mais comumente

hermafroditas (Bullock 1985, Bawa et al. 1985a, Gibbs 1986, Richards 1986). Um problema geral

da arquitetura de flores hermafroditas é a interferência entre as funções masculina e feminina que,

além de aumentar as chances de autofecundação, constitui uma pressão seletiva influenciando

várias características florais (Bawa 1979, Webb e Lloyd 1986a, b). Esta pressão parece ter levado à

evolução de mecanismos que minimizem tal interferência e maximizem a fecundação cruzada, tais

como a separação espacial (hercogamia) ou temporal (dicogamia) dos órgãos masculinos e

femininos da flor ou inflorescência (Bawa 1979, Webb e Lloyd 1986a, b, Bertin e Newman 1993,

Castro e Oliveira 2001).

4

Page 5: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Apesar da existência das adaptações florais contra a autogamia, como a hercogamia e a

dicogamia, a prevalência de sistemas de auto-incompatibilidade em espécies arbóreas indica que as

barreiras para a autofertilização são principalmente genéticas, e não morfológicas. Por outro lado,

muitas das adaptações morfológicas podem indicar a probabilidade de autofecundação, pois são

manifestações dos sistemas de polinização e reprodução prevalentes nas plantas (Bawa 1979).

A dioicia é um mecanismo reprodutivo bem menos freqüente do que o hermafroditismo floral

em espécies arbóreas tropicais, apesar de ser mais comum nestes ambientes do que em regiões

temperadas. Devido ao menor número de possíveis intercruzantes na população, espécies dióicas

são consideradas menos eficientes na formação de frutos do que espécies hermafroditas (Arroyo e

Uslar 1993, Jaimes e Ramírez 1999, Oliveira e Gibbs 2000), e são em sua maioria freqüentemente

polinizadas por abelhas pequenas em ambientes tropicais (Sobrevilla e Arroyo 1982, House 1993).

Em adição à hercogamia, à dicogamia e à dioicia, espécies arbóreas podem também apresentar

monoicia como estratégia promotora de polinização cruzada. Assim como o hermafroditismo, a

monoicia não é capaz de evitar a autopolinização devido à alta probabilidade de ocorrência de

geitonogamia (Bawa 1974, Richards 1986).

Apesar de características como o hermafroditismo e a auto-incompatibilidade serem mais

comumente registradas em espécies arbóreas, comunidades vegetais podem diferir entre si quanto à

prevalência de tais estratégias. Estas diferenças parecem estar relacionadas às características

ecológicas das comunidades que, por sua vez, estão associadas direta ou indiretamente a fatores

abióticos (Sobrevilla e Arroyo 1982, Ramírez e Brito 1990, Ramírez e Seres 1994, Jaimes e

Ramírez 1999).

Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes

grupos de espécies e de interações entre espécies. As diferenças relacionadas ao clima, por

exemplo, podem afetar diretamente a fauna de polinizadores e resultar em variações na eficiência

dos serviços de polinização, que constitui uma pressão seletiva muito importante no

5

Page 6: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

estabelecimento de estratégias reprodutivas em plantas (Sobrevilla e Arroyo 1982, Arroyo e Uslar

1993). A previsibilidade em relação ao clima pode também constituir uma forte pressão ambiental

que determina a evolução de tais estratégias (Sobrevilla e Arroyo 1982, Ramírez e Brito 1990).

A relação entre os fatores abióticos e as estratégias de reprodução também pode ser

observada dentro das unidades fitogeográficas. Muitos estudos sugerem que as características

físico-químicas do solo e o gradiente topográfico estão fortemente relacionadas ao mosaico

vegetacional que constitui as formações florestais (Bullock 1985, Sabatier et al. 1997, Bertani et al.

2001), influenciando as relações planta-polinizador e o sucesso reprodutivo das plantas (Bawa

1979, Herrera 1988, Horvitz e Schenzke 1990, Ibarra-Manríquez e Oyama 1992, Roubik 1993,

Seffan-Dewenter e Tscharntke 1999). Existem, ainda, diferenças microclimáticas entre estratos

verticais da vegetação, o que afeta tanto a disponibilidade de recursos de cada estrato quanto a

evolução da morfologia de plantas e animais que os compõem (Sobrevilla e Arroyo 1982, Kress e

Beach 1994).

Além do solo e da topografia, o mosaico vegetacional de florestas tropicais é também

originado por distúrbios naturais de vários tamanhos e freqüências, como a formação de clareiras

pela queda de árvores, criando áreas em diferentes estágios de sucessão (Feinsinger et al. 1987). As

clareiras favorecem o estabelecimento de espécies colonizadoras, que podem apresentar estratégias

reprodutivas específicas, como flores pequenas e abundantes, pouco especializadas e

autocompatíveis (Sobrevilla e Arroyo 1982, Feinsinger et al. 1987, Jaimes e Ramírez 1999). Em

contrapartida, espécies de estágios sucessionais mais avançados possuem, de maneira geral, flores

maiores, polinizadas por animais maiores e mais especializados, e são freqüentemente auto-

incompatíveis (Feinsinger et al. 1987). Assim, plantas dependentes de polinizadores maiores

teoricamente são beneficiadas com a diminuição da freqüência, área ou intensidade do distúrbio

(Feinsinger et al. 1987).

6

Page 7: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

A maioria dos estudos que relaciona características reprodutivas a distúrbios ambientais

compara plantas de fragmentos antropogênicos com indivíduos de floresta contínua, e atribuem as

diferenças encontradas aos diferentes níveis de eficiência dos polinizadores. No entanto, esta

comparação parece não ser pertinente, uma vez que as características florais de muitas espécies

evoluíram sob regimes naturais de distúrbios pequenos e freqüentes, além de outros maiores e mais

raros, se acomodando a eles, diferentemente do que ocorre em distúrbios antropogênicos

(Feinsinger et al. 1987, Morato 1994).

A escala do distúrbio natural é geralmente pequena em relação à amplitude de forrageamento

da maioria dos polinizadores, portanto a variação espacial na efetividade do polinizador parece não

ser responsável pela diferenças observadas na biologia reprodutiva entre plantas que ocupam

diferentes tipos de áreas de um mosaico natural (Feinsinger et al. 1987). Ainda não são conhecidas

as formas através das quais a perda de interações bióticas afeta as comunidades naturais de plantas.

Um dos aspectos amplamente aceitos é que a especificidade de polinizadores parece não ser tão

importante em ambientes tropicais, onde as interações planta-polinizador são mais generalistas

(Herrera 1988, Waser et al. 1996).

Apesar das diferenças supracitadas entre fragmentos antropogênicos e o mosaico natural das

florestas tropicais, estes ambientes podem conter situações de isolamento reprodutivo semelhantes.

Populações de espécies que ocorrem exclusivamente em ambientes distantes de outros de mesmo

tipo, como as manchas de Cerrado, por exemplo, podem sofrer erosão genética devido à depressão

por endogamia (Aizen e Feinsinger 1994a, b). Plantas auto-incompatíveis, por outro lado, têm o

sucesso reprodutivo reduzido nestes ambientes, podendo resultar em pressão seletiva para

autofertilidade (Seffan-Dewenter e Tscharntke 1999).

O Estado de São Paulo possui quatro principais Unidades Fitogeográficas Florestais (IBGE

1992) ou simplesmente formações florestais: Savana Florestada (Cerradão), Floresta Estacional

Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa Montana (Floresta Atlântica de Encosta) e Formação

7

Page 8: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Pioneira com Influência Marinha (Floresta de Restinga), cada qual influenciada por fatores

abióticos distintos.

Apesar de existirem vários estudos a respeito da biologia reprodutiva de comunidades

florestais neotropicais (Bawa 1974, Ruiz e Arroyo 1978, Bawa 1979, Sobrevilla e Arroyo 1982,

Tanner 1982, Bawa et al. 1985a, b, Bullock 1985, McMullen 1987, Ramírez e Brito 1990, Ibarra-

Manríquez e Oyama 1992, Kress e Beach 1994, Jaimes e Ramírez 1999), muito poucos estudos

investigaram as comunidades vegetais do Brasil. A grande maioria dos estudos brasileiros

relacionados à biologia reprodutiva de plantas investiga espécies taxonomicamente relacionadas,

como Anonaceae (Gottsberger 1994), Bombacaceae (Oliveira et al. 1997), Bromeliaceae (Araujo

et al. 1994), Euphorbiaceae (Passos 1995), Malpighiaceae (Sigrist 2001), Melastomataceae (Melo

et al. 1999), Myrtaceae (Proença e Gibbs 1994), Orchidaceae (Borba 2001), Palmae (Henderson et

al. 2000), Passifloraceae (Koschnitzke e Sazima 1997), Piperaceae (Figueiredo e Sazima 2000),

Rubiaceae (Castro 2001), Rutaceae (Pombal e Morellato 2000) e Vochysiaceae (Oliveira e Gibbs

1994). Outros estudos incluem apenas uma espécie, e foram realizados em diversas formações

vegetais brasileiras, como floresta amazônica (Kuechmeister et al. 1997, Storti 1988, Hopkins et

al. 2000), mata-de-galeria (Castro e Oliveira 2001), floresta semi-decídua (Piedade e Ranga 1993,

Pombal e Morellato 1995, Piratelli et al. 1998), Cerrado (Crestana e Baitello 1988), floresta

ombrófila densa atlântica (Ferrari e Strier 1992, Franco e Buzato 1993, Sazima et al. 1993, Passos

e Sazima 1995, Lopes e Machado 1996, 1999, Collevatti et al. 1998, Machado et al. 1998), floresta

ripária (Franceschinelli e Kesseli 1999).

Dentre os poucos estudos que buscaram caracterizar a biologia reprodutiva de grupos de

espécies típicas de uma formação vegetal, os de Silberbauer-Gottsberger e Gottsberger (1988),

Oliveira (1996), e Saraiva et al. (1996) foram realizados em formações de Cerrado no Brasil

central. Os resultados indicaram semelhanças entre as características reprodutivas das plantas

8

Page 9: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

lenhosas dessa formação vegetal e das demais comunidades vegetais tropicais, ou seja, a

predominância de espécies melitófilas, hermafroditas e alógamas.

Baseando-se nas predições de que as estratégias reprodutivas em plantas influenciam o fluxo

gênico dentro e entre populações, e que o conhecimento acerca da biologia reprodutiva pode

auxiliar na compreensão dos mecanismos que regem a promoção e manutenção da diversidade nos

diferentes ecossistemas, foi estabelecida a seguinte hipótese para este projeto:

H0 → os sistemas sexuais das espécies arbóreas do Cerrado e da Floresta de Restinga do

Estado de São Paulo são semelhantes entre si e às registradas para outras formações florestais

tropicais, ou seja, apresentam predominância de hermafroditismo floral.

2. OBJETIVOS

O presente projeto tem como objetivo geral fazer a caracterização dos sistemas sexuais das

espécies arbóreas (PAP ≥ 15cm) ocorrentes em 10ha de cerradão e 10ha de mata de restinga no

Estado de São Paulo, comparar os dados obtidos entre si e com os trabalhos realizados em outras

formações florestais tropicais.

3. JUSTIFICATIVA

Estudos recentes enfatizam a importância de analisar não apenas os padrões de diversidade de

um ecossistema, mas também de interações entre organismos, o que inclui a polinização e os

sistemas de incompatibilidade (Seffan-Dewenter e Ttscharntke 1999). Além disso, a investigação

comparativa entre comunidades vegetais pode melhorar as generalizações aceitas atualmente,

principalmente se os fatores fisionômicos, ambientais e taxonômicos também forem levados em

consideração (Bullock 1985).

9

Page 10: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Os Cerrados são savanas neotropicais que constituem um dos tipos de vegetação mais

importantes do Brasil, ocupando originalmente um quinto do território brasileiro (Ratter et al.

1997). Sua flora é muito rica, com mais de 800 espécies arbóreas (Mendonça et al. 1988). No

entanto, a distribuição dos Cerrados foi fortemente restringida, nos últimos 20 anos, principalmente

por atividades agrícolas e somente nos últimos anos sua importância foi reconhecida e sua

preservação valorizada (Dias 1990, Ratter et al. 1997).

As florestas de restinga são formações costeiras intermediárias entre a Vegetação Pioneira de

Dunas e a mata Atlântica, que predominam do litoral da Bahia ao Rio de Janeiro e no do Rio

Grande do Sul. A heterogeneidade de micro-ambientes da planície de restinga é também verificada

na vegetação, podendo-se observar alteração nas características fisionômica, florística e estruturais

na medida em que se avança em direção ao interior do continente. Via de regra ocorre um aumento

do número de espécies, do porte das árvores, da definição dos estratos arbóreos, da altura do dossel

da floresta e dos parâmetros estruturais de uma forma geral. Essa variação geralmente ocorre de

forma contínua, exceto quando são verificadas alterações bruscas nas características do meio. Os

fatores que determinam este gradiente são de origem abiótica, principalmente ligados ao grau de

evolução do solo, mas também à influência (decrescente) da maresia e do vento

O presente projeto será inserido no projeto temático intitulado “Diversidade, dinâmica e

conservação em Florestas do Estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes” (em anexo),

aprovado pelo programa Biota e coordenado pelo Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola

Superior de Agricultura “Luis de Queiroz” (ESALQ – USP), com uma equipe de 15 pesquisadores

de diferentes áreas do conhecimento e de diversas instituições nacionais e internacionais. O projeto

temático está sendo desenvolvido em quatro Unidades de Conservação que representam as quatro

principais formações florestais do Estado de São Paulo: Parque Estadual da Ilha do Cardoso

(Floresta de Restinga), Estação Ecológica de Carlos Botelho (Floresta Atlântica de Encosta),

Estação Ecológica de Caitetus (Floresta Estacional Semidecidual) e Estação Ecológica de Assis

10

Page 11: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

(Cerradão). O projeto temático tem como objetivo correlacionar dados vegetacionais com dados

físicos de cada formação, além de compará-los entre as quatro formações, na perspectiva de

compreender os fatores mantenedores da diversidade vegetal nesses diferentes tipos florestais e

com isso promover uma adequação das práticas de manejo e conservação das mesmas. Os dados do

projeto temático serão também comparados com aqueles gerados em parcelas permanentes para as

formações tipicamente tropicais, que estão sendo desenvolvidos em diferentes regiões do mundo.

A questão da biologia reprodutiva não foi contemplada na versão inicial do projeto temático

pois dependia da alocação das parcelas (10,24ha em 256 parcelas de 20x20m em cada área) e da

caracterização vegetacional dos indivíduos arbóreos (PAP ≥ 15cm) em cada área. O presente

projeto será supervisionado pelo Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues (ESALQ – USP) e

proporcionará a integração de dois professores-pesquisadores de diferentes instituições ao projeto

temático: os Drs. George Shepherd (Universidade Estadual de Campinas) e Paulo Eugênio Alves

Macedo de Oliveira (Universidade Federal de Uberlândia).

A Estação Ecológica de Assis (EEA) e o Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) foram as

formações florestais escolhidas para o estudo devido à menor altura do dossel e ao relevo

relativamente plano, características que facilitam o acesso e a manipulação das flores dos

indivíduos arbóreos, procedimentos imprescindíveis para a coleta dos dados.

O presente projeto e o referido projeto temático serão relacionados de várias maneiras. O

presente projeto será desenvolvido na mesma infra-estrutura básica do projeto temático, além de

fazer uso da marcação das parcelas para orientação em campo, da identificação das espécies, da

localização dos indivíduos e, ainda, do material coletado para verificação preliminar da

sexualidade de flores e inflorescências. Por outro lado, os dados coletados no presente projeto

poderão auxiliar na compreensão dos possíveis mecanismos mantenedores da diversidade na área

de estudo, uma vez que indicarão tendências gerais nos padrões de sexualidade, que representam

características que regem o fluxo gênico dentro e entre populações. Estas informações, além de

11

Page 12: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

questões que certamente surgirão ao longo do estudo, poderão ser utilizadas para nortear futuros

trabalhos na área de estudo, ou ainda cursos de treinamento em ecologia florestal e visitas

monitoradas, conforme também proposto pelo projeto temático. As informações a respeito da

sexualidade floral (hermafroditismo, dioicia, heterostilia etc) poderão ser anexadas às etiquetas de

herbário das plantas coletadas na área de estudo, e os registros fotográficos de flores e

inflorescências poderão ser utilizados no guia ilustrado de reconhecimento das plantas no campo.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Áreas de estudo

A EEA foi fundada em 1992, e está localizada no centro-oeste do Estado de São Paulo

(22o41’ a 22o46’S, 49o10’a 49o16’W), a uma altitude de 520 a 590m. Possui clima tipo

mesotérmico com chuvas concentradas no verão e precipitação média anual em torno de 1400mm,

com geadas esporádicas (Cwa sensu Köppen 1948, SMA 1997). A temperatura mínima absoluta

registrada em um período de 20 anos foi de -2oC (SMA, 1997). O relevo é suave-ondulado (SMA

1997), e os solos são de três tipos: Latossolo Vermelho-Escuro álico, A moderado, textura média

(LEd); Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico abrupto, A moderado, textura arenosa média (PV-

2) e Areia Quartzosa Hidromórfica (AQ).

A vegetação da EEA é classificada como Cerrado lato-sensu com predominância de

cerradão (Kronka 1998). Estudos relacionados à florística e à estrutura das formações

remanescentes de Cerrado “stricto sensu” (incluindo cerradão) da EEA estão sendo desenvolvidos

por membros da equipe do projeto temático, com enfoque nos pequenos fragmentos deste tipo de

formação vegetal. Segundo Durigan et al. (1999), na área de cerradão da EEA existem 155

espécies dentre arvoretas (adultos com altura entre 4 e 9m) e árvores (adulto com altura superior a

9m), com predominância da família Myrtaceae.

12

Page 13: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

O PEIC foi fundado em 1962 e situa-se no município de Cananéia, extremo sul do litoral do

Estado de São Paulo (25o03’ a 25o18’, 47o53’ a 48o05’), fazendo parte do complexo estuarino

lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, considerado o terceiro do mundo em termos de

produtividade pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). A média das

temperaturas mínimas está em torno de 19oC, a média das máximas em torno de 27oC e a

precipitação anual entre 1800-2000 mm (Melo e Mantovani 1994). A topografia é

predominantemente montanhosa, e os solos são dos tipos podzol hidromórfico (nas planícies),

Latossolo Vermelho-Amarelo-Orto (LV, nas meias encostas e morros isolados) e Podzol Vermelho-

Amarelo com transição para Latossolo Vermelho-Amarelo (PVL, nas encostas mais acidentadas,

Pfeifer 1989).

No PEIC são encontradas diferentes formações vegetais naturais, como campo de altitude

(nos altos dos morros), floresta atlântica de encosta (nos terrenos de maior declive), vegetação de

dunas (próximo à zona de maré), floresta de restinga (na planície litorânea), e manguezais (nas

várzeas dos rios). Na restinga foram registradas 53 espécies e 23 famílias em 0,27 ha na restinga

alta, e 867 indivíduos com DAP≥ 1,6 cm em 0,1 ha, pertencentes a 31 espécies e 17 famílias com

predomínio de Myrtaceae na restinga alta e de Theaceae na restinga baixa (Sugiyama 1993).

4.2. Escolha das espécies, marcação dos indivíduos e acesso às inflorescências

Todas as espécies arbóreas amostradas nos 10,24ha do projeto temático na EEA e no PEIC

serão classificadas quanto aos sistemas sexuais.

Os dados serão coletados em, no mínimo, duas populações para cada espécie. Além da

marcação e numeração atribuída aos indivíduos amostrados pelo projeto temático, todos os

indivíduos estudados no presente projeto serão marcados com fita de campo. Estes dados, além da

localização nas parcelas e de pontos de referência visuais para localização das plantas, serão

13

Page 14: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

registrados em um caderno de campo à prova d’água, e arquivados em computador a cada retorno

do campo.

A presença de inflorescências com botões e flores será observada com auxílio de binóculo

previamente ao acesso às mesmas, que será realizado através de escada, andaime ou equipamento

de escalada, conforme a necessidade.

4.3. Sistemas sexuais

As flores em pré-antese serão coletadas de, no mínimo, seis indivíduos por espécie (n=3

flores por indivíduo, provenientes de inflorescências diferentes) e fixadas em FAA 70. Em

laboratório, estas flores serão observadas sob lupa para registro da posição dos elementos

reprodutivos, e serão dissecadas a fim de detectar a sexualidade morfológica, ou seja, a presença de

anteras com pólen e de pistilos com óvulos.

Para determinar a funcionalidade dos elementos masculinos, a viabilidade do pólen será

estimada utilizando-se carmim acético (Dafni 1992) para um mínimo de seis indivíduos por espécie

(n=3 flores por indivíduo, provenientes de inflorescências diferentes; será utilizada uma antera por

flor, avaliando-se a viabilidade dos primeiros 200 grãos por lâmina). Caso haja alguma dúvida em

relação à viabilidade dos grãos, como, por exemplo, a presença de polimorfismos, os grãos serão

colocados para germinar em ágar (Dafni 1992). A funcionalidade dos elementos femininos, isto é,

a capacidade de desenvolvimento de frutos em flores pistiladas, será testada pelo acompanhamento

da formação de frutos provenientes de polinização natural em um mínimo de seis indivíduos (n=30

flores marcadas no campo).

Durante as viagens de campo, ramos com botões em pré-antese de cada espécie serão

coletados e mantidos em água, no alojamento, para a observação de eventos florais como horário

de antese (checada em intervalos regulares), de receptividade estigmática (testada com água

14

Page 15: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

oxigenada, Dafni 1992), de deiscência de anteras e de movimento de órgãos sexuais ao longo da

vida da flor. O material botânico de todas as espécies será depositado no Herbário ESA.

Caso alguma(s) espécie(s) apresentar(em) impedimentos para a coleta de dados, como, por

exemplo, indivíduos com flores inacessíveis para o teste de funcionalidade da parte feminina da

flor (formação de frutos) ou impossibilidade de germinação dos grãos de pólen em ágar, os dados

serão apresentados com as devidas ressalvas.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

De acordo com os dados relacionados ao sistema sexual, as espécies serão incluídas nas

seguintes categorias (sensu Richards 1986):

• hermafroditas: indivíduos com flores hermafroditas, com estames e pistilos

funcionais, i.é., anteras deiscentes, pólen viável e ovário capaz de produzir fruto;

• dióicas: indivíduos com flores unissexuais;

• monóicas: indivíduos com flores masculinas e femininas, separadamente.

• androdióicas ou ginodióicas: populações com indivíduos hermafroditas e indivíduos

masculinos ou femininos, respectivamente;

• andromonóicas ou ginomonóicas: indivíduos com flores hermafroditas e unissexuais

(masculinas ou femininas, respectivamente);

• hercogâmicas: possuem flores com separação espacial entre órgãos sexuais.

• dicogâmicas: possuem flores com separação temporal no amadurecimento dos

órgãos sexuais. Espécies dicogâmicas serão classificadas como protândricas ou

protogínicas, nas quais as inflorescências ou flores possuem anteras ou pistilo

amadurecendo previamente, respectivamente.

Os dados de cada comunidade serão compostos em uma tabela que incluirá as espécies

estudadas e a classificação do respectivo sistema sexual. As proporções dos diferentes sistemas

15

Page 16: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

sexuais de cada comunidade serão comparadas entre si e entre as duas áreas estudadas através de

análises de Qui-quadrado (Sokal e Rohlf 1981), e com dados de outras comunidades florestais

tropicais (Bawa 1974, Ruiz e Arroyo 1978, Sobrevilla e Arroyo 1982, Bawa et al. 1985, Bullock

1985, McMullen 1987, Ramírez e Brito 1990, Ibarra-Manríquez e Oyama 1992, Kress e Beach

1994, Jaimes e Ramírez 1999).

6. PLANO DE TRABALHO

O projeto terá duração mínima de dois anos, com viagens mensais às áreas de estudo. No

primeiro ano serão coletados os dados das espécies de restinga (PEIC), e no ano seguinte as de

cerrado (EEA). O terceiro ano será utilizado no caso da interpretação dos dados de alguma espécie

for duvidosa.

Em cada viagem para coleta de dados de sistemas sexuais, o seguinte protocolo será seguido:

• localização e marcação de indivíduos floridos acessíveis;

• coleta de flores e botões de todas as espécies em flor, e fixação dos mesmos em

FAA 70 para dissecação em laboratório;

• marcação de flores em campo para acompanhamento de duração de antese e para

observação de capacidade de desenvolvimento de frutos em flores pistiladas (teste

da funcionalidade sexual feminina; ver item 5);

• acompanhamento da antese em botões de ramos mantidos em água no alojamento;

• coleta de material botânico para depósito em herbário;

• registro fotográfico de flores e inflorescências.

Após cada viagem de campo, o material coletado será avaliado em laboratório e os resultados

serão interpretados e armazenados, conforme descrito respectivamente nas seções 4.3. e 5.

16

Page 17: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

7. CRONOGRAMA

Tabela 1. Cronograma proposto para o desenvolvimento do projeto "Sistemas sexuais de espécies

arbóreas em uma área de cerrado e uma área de restinga no Estado de São Paulo”.

PERÍODO

ATIVIDADE 2003 (semestres)

2004 (semestres)

2005 (semestre)

1o 2o 1o 2o 1o 2o

Revisão bibliográfica X X X X X X

Coleta: floresta de restingaa X X Xb Xb

Coleta: cerrado X X Xb Xb

Análise dos dados X X X X X X

Relatórios Parciais X X X X X X

Relatório Final X

a A floresta de restinga será a primeira a ser amostrada pois o trabalho de

marcação de parcelas e de plaqueamento dos indivíduos (realizado por

profissionais ligados ao projeto temático) está mais adiantado nessa área do que

na área de cerrado.

b Necessário somente no caso de resultados duvidosos.

8. RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aizen MA, Feinsinger P. 1994a. Forest fragmentation, pollination, and plant reproduction in a

Chaco dry forest, Argentina. Ecology 75: 330-351.

___b. Habitat fragmentation, native insect pollinators, and feral honey bees in Argentine “Chaco

Serrano”. Ecological Applications 42: 378-392.

17

Page 18: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Araujo AC, Fischer EA, Sazima M. 1994. Sequential flowering and pollination of three species of

Vriesea (Bromeliaceae) at Juréia, southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica 17: 113-

118.

Arroyo MTK, Uslar AP. 1993. Breeding systems in a temperate Mediterranean-type climate

montane sclerophyllous forest in central Chile. Botanical Journal of the Linnean Society 111:

83-102.

Ashton AP. 1969. Speciation among tropical forest trees: some deductions in the light of recent

evidence. Biological Journal of the Linnean Society 1: 155-196.

Bawa KS. 1974. Breeding systems of tree species of a lowland tropical community. Evolution 28:

95-92.

___. 1979. Breeding systems of trees in a tropical wet forest. New Zealand Journal of Botany 17:

521-524.

___, Perry DR, Beach JH. 1985a. Reproductive biology of tropical lowland rain forest trees. I.

Sexual systems and incompatibility mechanisms. American Journal of Botany 72: 331-345.

___, Bullock SH, Perry DR, Coville RE, Grayum MH. 1985b. Reproductive biology of tropical

lowland rain forest trees. II. Pollination systems. American Journal of Botany 72: 346-356.

Bertani DF, Rodrigues RR, Batista JLF, Shepherd GJ. 2001. Temporal analysis of floristic and

structural heterogeneity of a riverine tropical forest. Revista Brasileira de Botânica 24:

Bertin RI, Newman. C. M. 1993. Dichogamy in Angiosperms. The Botanical Review 59: 112-152.

Borba EL. 2001. Biossistemática de espécies rupícolas de Pleurothallis (Orchidaceae) ocorrentes

em campos rupestres brasileiros. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas.

184p.

Bullock SH. 1985. Breeding systems in the flora of a tropical deciduous forest. Biotropica 17: 287-

301.

18

Page 19: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Castro CC. 2001. Biologia reprodutiva de Rubiáceas arbustivas de Mata Atlântica. Tese de

Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. 60p.

Castro CC, Oliveira PE. 2001. Reproductive biology of the protandrous Ferdinandusa speciosa

Pohl (Rubiaceae) at southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica 24: 167-172.

Collevatti RG, Campos LAO, Silva AF. 1998. Pollination ecology of the tropical weed Triumfetta

semitriloba Jacq. (Tiliaceae), in the south-eastern Brazil. Revista Brasileira de Biologia 58:

383-392.

Crestana CDSM, Baitello JB. 1988. Floral biology of Nectandra mollis ssp. oppositifolia (Nees.)

Rohwer (Lauraceae) in the experimental Station of Mogi Guaçu, State of São Paulo (Brazil).

Instituto Florestal - Boletim Técnico (São Paulo) 42: 121-138.

Dafni A. 1992. Pollination ecology - A practical approach. Oxford University Press, Oxford.

De grande DA, Lopes EA. 1981. Plantas da restinga da Ilha do Cardoso (São Paulo, Brasil).

Hoehnea 9: 1-22.

Dias BFS. 1990. A conservação da natureza no Cerrado brasileiro. In Novaes-Pinto M. (ed.):

Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. Editora UnB, Brasília, pp. 583-640.

Durigan G, Bacic MC, Franco GADC, Siqueira MF. 1999. Estação Ecológica de Assis. Hoehnea 2.

Fedorov AA. 1966. The structure of the tropical rainforest and speciation in the humid tropics.

Journal of Ecology 60: 147-170.

Feinsinger P, Beach JH, Linhart YB, Busby WH, Murray KG. 1987. Disturbance, pollination

predictability and pollination success among Costa Rican cloud forest plants. Ecology 68:

1294-1305.

Ferrari SF, Strier KB. 1992. Exploitation of Mabea fistulifera nectar by marmosets (Callithrix

flaviceps) and muriquis (Brachyteles arachnoides) in south-east Brazil. Journal of Tropical

Ecology 8: 225-239.

19

Page 20: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Figueiredo RA, Sazima M. 2000. Pollination biology of Piperaceae species in southeastern Brazil.

Annals of Botany 85: 455-460.

Franceschinelli EV, Kesseli R. 1999. Population structure and gene flow of the Brazilian shrub

Helicteres brevispira. Heredity 82: 355-363.

Franco ALM, Buzato S. 1992. Floral biology of Nematanthus fritschii (Gesneriaceae). Revista

Brasileira de Biologia 52: 661-666.

Gibbs PE. 1986. Do homomorphic and heteromorphic self-incompatibility systems have the same

sporophytic mechanism? Plant Systematics and Evolution 154: 285-323.

Gottsberger G. 1994. The Annonaceae of the Brazilian Cerrado and their pollination. Revista

Brasileira de Biologia 54: 391-402.

Henderson A, Pardini R, Rebello JFS, Vanin S, Almeida D. 2000. Pollination of Bactris (Palmae)

in an Amazon forest. Brittonia 52: 160-171.

Herrera CM. 1988. Variation in mutualisms: the spatio-temporal mosaic of a pollinator

assemblage. Biological Journal of the Linnean Society 35: 95-125.

Hopkins MJG, Hopkins HC, Sothers CA. 2000. Nocturnal pollination of Parkia velutina by

Megalopta bees in Amazonia and its possible significance in the evolution of chiropterophily.

Journal of Tropical-Ecology 16: 733-746.

Horvitz CC, Schemske DW. 1990. Spatiotemporal variation in insect mutualists of a neotropical

herb. Ecology 71: 1085-1097.

House SM. 1993. Pollination success in a population of dioecious rain forest tree. Oecologia 96:

555-561.

Ibarra-Manríquez G, Oyama K. 1992. Ecological correlates of reproductive traits of Mexican rain

forest trees. American Journal of Botany 79: 383-394.

20

Page 21: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Jaimes I, Ramírez N. 1999. Breeding systems in a secondary deciduous forest in Venezuela: The

importance of life form, habitat, and pollination specificity. Plant Systematics and Evolution:

215-236.

Janzen DH. 1971. Euglossine bees as long-distance pollinators of tropical plants. Science 171: 203-

205.

Köppen W. 1948. Climatologia: un estudio de los climas de la tierra. México, FCC.

Koschnitzke C, Sazima M. 1997. Floral biology of five species of Passiflora L. (Passifloraceae) in

a semideciduous forest. Revista Brasileira de Botanica 20:119-126.

Kress WJ, Beach JH. 1994. Flowering and plant reproductive systems. In La Selva: ecology and

natural history of a Neotropical rainforest (LA McDade, KS Bawa, HA Hespenheide, GS

Hartshorn, eds.). The University of Chicago Press, Chicago. Pp. 161-182.

Kronka FJN. 1998. Áreas de domínio do cerrado no Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria do

Meio Ambiente. 84p.

Kuechmeister H, Silberbauer-Gottsberger I, Gottsberger G. 1997. Flowering, pollination, nectar

standing crop, and nectaries of Euterpe precatoria (Arecaceae), an Amazonian rain forest

palm. Plant Systematics and Evolution 206: 71-97.

Lopes AV, Machado ICS. 1996. Floral biology of Swartzia pickelii Killip ex Ducke (Leguminosae-

Papilionoidae) and its pollination by Eulaema spp. (Apidae-Euglossini). Revista Brasileira de

Botânica 19: 17-24.

___. 1999. Pollination and reproductive biology of Rauvolfia grandiflora (Apocynaceae):

secondary pollen presentation, herkogamy and self-incompatibility. Plant Biology (Stuttgart)

1: 547-553.

Machado ICS, Sazima I, Sazima M. 1998. Bat pollination of the terrestrial herb Irlbachia alata

(Gentianaceae) in northeastern Brazil. Plant Systematics and Evolution 209: 231-237.

21

Page 22: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Martin FN. 1959. Staining and observing pollen tubes in the style by means of fluorescence. Stain

technology 34: 125-128.

McMullen CK. 1987. Breeding systems of selected Galapagos Islands Angiosperms. American

Journal of Botany 74: 1694-1705.

Melo MRF, Mantovani W. 1994. Composição florística e estrutura fitossociológica da mata

atlântica de encosta na Ilha do Cardoso (Cananéia, Brasil). Boletim do Instituto de Botânica

9:107-158.

Mendonça RC, felfili JM, Walter BMT, silva-Júnior MC, Rezende AV, Filgueiras TS, Nogueira,

PE. 1998. Flora vascular do Cerrado. In SM Sano, M Almeida (eds.). Cerrado: ambiente e

flora. EMBRAPA-Cerrados, Palnaltina, DF. Pp.289-556.

Morato EF. 1994. Abundância e riqueza de machos de Euglossini (Hymenoptera: Apidae) em mata

de terra firme e áreas de derrubada, nas vizinhanças de Manaus (Brasil). Boletim do Museu

Paraense Emílio Goeldi, série Zoologia, 10: 95-105.

Melo GF, Machado IC, Luceno M. 1999. Reproduction of three Clidemia (Melastomataceae)

species in Brasil. Revista de Biologia Tropical 47: 359-363.

Oliveira PE. 1996. Dioecy in the Cerrado vegetation of Central Brazil. Flora 191: 235-243.

___, Gibbs PE. 1994. Pollination biology and breeding systems of six Vochysia species

(Vochysiaceae) in central Brazil. Journal of Tropical Ecology 10: 509-522.

___, Gibbs PE, Barbosa AA, Talavera S. 1997. Contrasting breeding system in two Eriotheca

(Bombacaeae) species of the brazilian Cerrados. Plant Systematics and Evolution 179: 207-

219.

___, Gibbs PE. 2000. Reproductive biology of woody plants in a Cerrado community of Central

Brazil. Flora 195: 311-329.

Olmstead RG. 1989. The origin and function of self-incompatibility in flowering plants. Sexual

Plant Reproduction 2: 127-136.

22

Page 23: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Passos L, Sazima M. 1995. Reproductive biology of the distylous Manettia luteo-rubra

(Rubiaceae). Botanica Acta 108: 309-313.

Passos L. 1995. Fenologia, polinização e reprodução de duas especies de Croton (Euphorbiaceae)

em mata semidecídua. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. 84p.

Pfeiffer RM, Noffs MS, Silva D. 1989. Correlação de características do meio biofísico do Parque

Estadual da Ilha do Cardoso. Revista do Instituto Florestal 1: 39-49.

Piedade LH, Ranga NT. 1993. The pollination ecology of Galipea jasminiflora Engler (Rutaceae).

Revista Brasileira de Botânica 16: 151-157.

Piratelli AJ, Pina-Rodrigues FCM, Gandara FB, Santos EMG, Costa LGS. 1998.Pollination

biology of Jacaratia spinosa (AUBL) ADC. (Caricaceae) in a residual forest in southwest

Brazil. Revista Brasileira de Biologia 58: 671-679.

Pombal ECP, Morellato PC. 1995. Pollination of Dendropanax cuneatum Decne. and Planch.

(Araliaceae) by flies in a semideciduous forest in southeastern Brazil. Revista Brasileira de

Botânica 18: 157-162.

___. 2000. Differentiation of floral color and odor in two fly pollinated species of Metrodorea

(Rutaceae) from Brazil. Plant Systematics and Evolution 221: 141-156.

Proença CEB, Gibbs PE. 1994. Reproductive biology of eight sympatric Myrtaceae from Central

Brazil. New Phytologist 126: 343-354.

Ramírez N, Brito Y. 1990. Reproductive biology of a tropical palm swamp community in the

Venezuelan Llanos. American Journal of Botany 77: 1260-1271.

___, Seres A. 1994. Plant reproductive biology of herbaceous monocots in Venezuelan tropical

cloud forest. Plant Systematics and Evolution 190: 129-142.

Ratter JA, Ribeiro JF, Bridgewater S. 1997. The Brazilian Cerrado vegetation and threats to its

biodiversity. Annals of Botany 80: 80: 223-230.

Richards AJ. 1986. Plant breeding systems. Allen and Unwin, London.

23

Page 24: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

____. 1996. Breeding systems in flowering plants and the control of variability. Folia Geobotanica

et Phitotaxonomica 31: 283-293.

Roubik DW. 1993. Direct costs of forest reproduction, bee-cycling and the efficiency of pollination

modes. Journal of Biosciences. 18: 537-552.

Ruiz R, Arroyo MYK. 1978. Plant reproductive ecology of a secondary deciduous tropical forest in

Venezuela. Biotropica 10: 221-230.

Sabatier D, Grimaldi M, Prévost MF, Guillaume J, Godron M, Dosso M, Curmi P. 1997. The

influence of soil cover organization on the floristc and structural heterogeneity of a Guianan

rain forest. Plant Ecology 131:81-108

Saraiva LC, Cesar O, Monteiro R. 1996. Breeding systems of shrubs and trees of a Brazilian

savanna. Arquivos de Biologia e Tecnologia 39: 751-763.

Sazima I, Buzato S, Sazima M. 1993. The bizarre inflorescence of Norantea brasiliensis

(Marcgraviaceae): visits of hovering and perching birds. Botanica Acta 106: 507-513.

Sigrist MR. 2001. Biologia reprodutiva de doze especies simpátricas de Malpighiaceae em mata

semidecídua do sudeste brasileiro. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas.

122p.

Seffan-Dewenter I, Tscharntke T. 1999. Effects of habitat isolation on pollination communities.

Oecologia 121: 432-440.

Silberbauer-Gottsberger I, Gottsberger G. 1988. A polinização das plantas do Cerrado. Revista

Brasileira de Biologia 48: 651-663.

Sobrevilla C, Arroyo MTK. 1982. Breeding systems in a montane tropical cloud forest in

Venezuela. Plant Systematics and Evolution 140: 19-37.

Sokal RR, Rohlf JRF. 1981. Biometry. San Francisco: W. H. Freeman.

Storti EF. 1988. Floral biology of Solanum sessiliflorum var. sessiliflorum in the Manaus region,

Amazonas, Brazil. Acta Amazonica 18: 55-66

24

Page 25: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ESPÉCIES ARBÓREAS: … · 2004-11-12 · Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes ... A escala do distúrbio

Sugiyama M. 1983. Estudo das florestas de restinga na Ilha do Cardoso, Cananéia, SP. Dissertação

de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Tanner EVJ. 1982. Species diversity and reproductive mechanisms in Jamaica trees. Biological

Journal of the Linnean Society 18: 263-278.

Waser NN, Chittka L, Price MV, Williams NM, Ollerton J. 1996. Generalization in pollination

systems, and why it matters. Ecology 77: 1043-1060.

Webb CJ, Lloyd DG. 1986a. The avoidance of interference between the presentation of pollen and

stigmas in Angiosperms. I. Dichogamy. New Zealand Journal of Botany 24: 135-162.

___. 1986b. The avoidance of interference between the presentation of pollen and stigmas in

Angiosperms. II. Herkogamy. New Zealand Journal of Botany 24: 163-178.

25