bioletter - ipbeja · nº 1/2010: março/abril página 3 não são detectadas por estas paragens...
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cupações comuns sobre as ameaças cons-
tantes e crescentes à biodiversidade do
nosso planeta, e uma forma de envolvermos
um número cada vez maior de elementos da
comunidade estudantil.
São os jovens que poderão marcar a
diferença, numa época em que a preserva-
ção da biodiversidade (natural e cultural) é
uma luta diária. Esperamos, por isso, con-
tribuir para a sua consciencialização e
mobilização.
Maria Margarida Pereira
Coordenadora de Curso de Biologia
2010— Ano Internacional da
Biodiversidade
Num ano que pretende ser um marco
na problemática da conservação da bio-
diversidade, os alunos do curso de licen-
ciatura em Biologia (da Escola Superior
Agrária de Beja) pretenderam contri-
buir, de forma activa, para a divulgação
desta preocupação global e criar uma
plataforma de discussão e divulgação de
iniciativas, aberta a toda a comunidade
estudantil. Surgiu, assim, o Bioletter , em
duas versões: o jornal e blog.
Este é um contributo, sem dúvida
modesto, face à dimensão do problema de
perda de biodiversidade que ameaça o
planeta Terra e, consequentemente, a
espécie humana, tão dependente dos
recursos naturais, ainda que, negada ou
minorada por muitos “poderes” da nossa
sociedade global.
É no entanto, uma forma de nos jun-
tarmos à “aldeia global” que partilha preo-
EDITORIAL
A Opinião de ….. Há décadas que investigadores e divulgadores andam a tentar mostrar à sociedade a importância e
o valor económico que dependem dos bens e serviços fornecidos pela diversidade biológica, nos seus
diferentes níveis de organização funcional e, em particular, nos ecossistemas.
Não foi fácil porém pregar esta evidência que, geralmente encontrava no valor intrínseco o seu mais
alto reconhecimento. Com efeito, as sociedades desenvolvidas, na melhor das hipóteses, lá foram con-
cedendo o chamado direito à existência da biodiversidade, em nome do valor universal do conceito de
vida. É o clássico valor espiritual da biodiversidade, bem reconhecido mas sem expressão de mercado,
logo muitas vezes ignorado quando se trata de proceder a avaliações e definição de estratégias.
As alterações climáticas e a mudança global são factores decisivos para esta mudança. Passou a ser
fácil entender que a perda de biodiversidade não é apenas o usual folclore associado aquelas espécies
emblemáticas com que se foi construindo o ambientalismo idealista do século XX. Os actores agora são
outros. Bancos, multinacionais ligadas à produção, seguros, governos, vêm juntar-se aos militantes de
sempre. Hoje a biodiversidade é encarada de forma séria pelo mercado, que procura então aprender
como assegurar uma posição privilegiada neste sector. Finalmente parece que a biodiversidade pode ser
traduzida em Euros ou dólares. Aliás é essa a medida que deveria se utilizada para avaliar as suas fun-
ções prestadas no turismo, na regulação climática, na depuração de contaminações, ou no fornecimento
de matérias primas utilizadas desde a alimentação à farmacêutica, com toda a explosão que as biotec-
nologias estão a sugerir neste início de novo século.
É tempo de procurar, não só conhecer e avaliar o valor objectivo da biodiversidade, mas sobretudo
integrá-lo na equação que mede o desenvolvimento, seja ele o de uma empresa, região, ou de um país.
Portugal tem na biodiversidade, uma nova oportunidade. O sucesso da afirmação de uma posição
privilegiada requer decisões urgentes e coerentes. Precisamos de conhecimento e inovação. Isso impli-
ca, no que diz respeito à I & D, na área da conservação da natureza e biodiversidade, que se definam
estratégias e compromissos que mudem rapidamente o paradigma ao estilo: “de projecto em projecto”,
para uma verdadeira linha de ID&T sobre a biodiversidade a médio e longo prazo. Uma ID&T que dispo-
nibilize informação segura de apoio à decisão e gestão do recurso biodiversidade.
António Domingos Abreu
Bastonário da Ordem dos Biólogos
Jornal do Curso de Biologia
Escola Superior Agrária
Instituto Politécnico de Beja
BioLetter
Editorial
A Opinião de ….
Links úteis
Próximas Activida-
des
Nesta Edição(
Workshop de Cogume-
los Silvestres 2
Craig Venter volta a dar
cartas 3
Pólo Ictiológico do Gua-
diana
3
Biólogos da ESAB na
Europa 4
António Domingos Abreu, Bastonário da Ordem dos Biólogos
Nº 1/2010: Março/Abril
Aproveitando o ano inter-
nacional sobre a biodiversida-
de, não nos podemos esquecer
de todos os organismos vivos
que habitam o planeta Terra.
Os fungos não foram esqueci-
dos, e como tal, foi realizado
um workshop sobre cogumelos
silvestres no Ecocentro de
Compostagem Caseira, em
Gasparões, Ferreira do Alen-
tejo, com objectivo de dar a
conhecer a enorme diversida-
de de cogumelos que emergem
em solos nacionais e sensibili-
zar os participantes para a
importância dos fungos nos
ecossistemas e preservação
dos nossos recursos micológi-
cos. Com a colaboração
imprescindível dos biólogos e
oradores do Centro de Estu-
dos da Avifauna Ibérica, Car-
los Vila-Viçosa e Luís Morga-
do, no passado dia 06 de
Fevereiro de 2010, pelas
10h00, deu-se inicio ao work-
shop de cogumelos, Como
tema de abertura, iniciação à
micologia e morfologia de
cogumelos, onde Luís Morgado
abordou os temas sobre graus
taxonómicos, as característi-
cas dos fungos e caracteriza-
ção das estruturas morfológi-
cas, identificação de macro-
fungos, identificação e taxo-
nomia de cogumelos.
Workshop de Cogumelos Silvestres
abordou temas sobre ecologia
e habitats, gestão do recurso
micológico, a importância eco-
lógica e sócio- económica do
recurso. Foram feitas reco-
lhas de esporos (esporadas),
dos cogumelos colhidos no
campo. e observações de
estruturas do cogumelo ao
microscópio.
Com a chegada da primave-
ra e melhoria de condições
climatéricas, aguardam-nos
mais saídas micológicas, tal
como outro tipo de activida-
des a realizar no Ecocentro.
Agradecimentos: Associação
de Estudantes da ESAB, Ins-
tituto Politécnico e Direcção
da Escola Agrária, EC3-
Ecocentro de Compostagem
Caseira, Carlos Vila-Viçosa,
Luís Morgado, e a todos os
participantes no workshop.
Texto/ Fotos: Miguel Capela.
Depois de um reforço
energético, seguiu-se a saída
de campo, onde se colheu,
observou e identificou os
cogumelos que ali surgiam,
num típico montado alenteja-
no. Apesar de não haver muita
quantidade de cogumelos, a
variedade era imensa, o que
foi bastante positivo para os
participantes.
De regresso ao Ecocentro,
Carlos Vila-Viçosa falou sobre
os recursos micológicos e
“Há quem passe pelo bosque e
só veja lenha para a fogueira”
Leon Tolstoi
Página 2 BioLetter
Foto3 (à esquerda): Russula ssp;
Foto4 (à direita): Clathrus ruber.
Foto 5 (em baixo): Montado.
Foto2: Amanita muscaria
Nem todos os cogumelos são
comestíveis: se for parecido
com os que costuma apanhar,
mas se lhe falta alguns aspec-
tos característicos da espé-
cie, e se não tiver a certeza,
não arrisque. O cogumelo
fará mais falta na natureza
do que no seu prato.
h t t p : / / w w w . d b i o . u e v o r a . p t /
ectoiberica/GUME/
http://
miscara.blogspot.com/2007/08/
associao-micolgica -marifusa.html
http://www.fungos.net/
Foto1: Pleurotus ostreatus.
Cogumelos comestíveis já
são comercial izados, depois
de emergirem do saco,
estão prontos a ser colhi-
dos e cozinhados.
http://www.youtube.com/
watch?
v=4r6qiJoT0ps&feature=player
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Nº 1/2010: Março/Abril Página 3
não são detectadas por estas
paragens algumas há já deze-
nas de anos, como o esturjão,
famoso pelas características
gastronómicas das suas ovas
(caviar).
A promoção deste centro
está a cargo do Instituto da
Conservação da Natureza e
Biodiversidade (ICNB), com o
apoio da Câmara Municipal de
Mértola e da EDIA, empresa
Vai ser criado pólo dedicado
aos peixes do rio Guadiana
em Mértola
Mértola foi escolhida
para acolher o pólo ictiológico
do Guadiana, ou seja, um cen-
tro onde serão expostas e
estudadas espécies de peixes
originárias daquele rio, algu-
mas delas em risco de extin-
ção, como por exemplo o
Saramugo, e outras que já
que gere o projecto Alqueva,
e uma das grandes dinamiza-
doras do Baixo Alentejo.
Prevê-se que comece a
funcionar em 2011. Numa
próxima edição vamos tentar
aprofundar este tema junto
de algum dos responsáveis
pelo projecto.
Texto de Ivo Monteiro
Aluno do 2º ano de Biologia
Polo Ictiológico do Guadiana
revistas científicas afirmam
que a investigação abriu cami-
nho ao estudo do património
genético individual, para
alcançar uma medicina perso-
nalizada.
Indiferente a tudo isto,
John Craig Venter está, des-
de 2003 ,a dar a volta ao
mundo a bordo do navio Sor-
cerer II, ao estilo de
“Charles Darwin e a origem
das espécies”. O cientista
está convencido de que no
fundo dos oceanos estará a
chave para a criação de fár-
macos ajustáveis ao ADN de
cada um. Mas o seu principal
objectivo é descobrir um
novo combustível, sem emis-
sões de CO2. Venter montou
um laboratório a bordo do
navio onde junta amostras de
água que vai recolhendo dos
locais por onde passa. O
objectivo? Sequenciar o
genoma de milhões de micror-
ganismos, esperando encon-
trar, em alguns deles, uma
bactéria capaz de transfor-
mar a luz solar em energia
limpa.
O cientista esteve nos
Açores em 2009 e andará
pelo Mediterrâneo em 2010.
Se os prazos se cumprirem,
acabará a sua aventura no
final do ano. Esperamos assim
que a viagem seja frutuosa e
que em poucos anos tenhamos
combustível sem emissões de
CO2.
Texto de Eunice Santos
Aluno do 2º ano de Biologia
Craig Venter volta a dar cartas O nome Craig Venter poderá
não ser estranho ao ouvido.
Isto deve-se ao facto de
este cientista ter descodifi-
cado o genoma humano de
uma só pessoa - ele próprio.
Esta investigação foi bas-
tante criticada devido aos
elevados custos (dezenas de
milhares de dólares) envolvi-
dos nesta técnica de decifra-
gem e ainda ao facto de “os
resultados obtidos sobre a
variabilidade do genoma
humano são interessantes
mas, por si só não trazem
nada de novo sobre o conheci-
mento de doenças genéticas”,
comentou o director da
Génescope (Centro Francês
de Genética Molecular) à
France Press.
Apesar das críticas as Pensamentos e
reflexões
"Há um tempo em que
é preciso abandonar as
roupas usadas que já
têm a forma do nosso
corpo e esquecer os
nossos caminhos que
nos levam sempre aos
mesmos lugares. É o
tempo da travessia e,
se não ousarmos fazê-
la, teremos ficado, para
sempre, à margem de
nós mesmos."
Fernando Pessoa Nova ameaça no rio Guadiana De acordo com informações
fornecidas pelo nosso colabora-
dor em Mértola, o biólogo Carlos
Carrapato, no dia 7 de Feverei-
ro de 2010, foram capturados 2
indivíduos da espécie Lúcioperca
(Sander lucioperca) no Rio Gua-
diana.
Esta é uma espécie invasora
natural da Europa Central, que
foi introduzida na década de
70, numa bacia hidrográfica da
Catalunha (Espanha), .
A Portugal esta ameaça
apenas chegou há cerca de 10
anos, sendo detectado primeira-
mente no rio Ave.
A chegada desta espécie ao
Guadiana, representa uma amea-
ça a várias outras espécies,
algumas delas endémicas e em
risco, como o Saramugo
(Anaecypris hispanica), ou
comercialmente importantes
como o Sável (Alosa alosa), visto
o Lucioperca ser uma espécie
carnívora que se alimenta quase
exclusivamente de peixes,
podendo atingir 60 cm de com-
primento.
Texto de Ivo Monteiro e
Carlos Carrapato
Fonte
“elproyectomatriz.wordpres
s.com”
Sabia que…
Craig Venter foi surfista na sua
juventude e passou pela Guerra
do Vietname, onde foi
paramédico no hospital de
campanha ?
Sander lucioperca
Foto: Miguel Capela
IMPORTANTE
No dia 5 de Maio vai realizar-
se, na Escola Superior Agrária de Beja, um Seminário para assi-nalar o Ano Internacional da Biodiversidade.
As inscrições são gratuitas e devem ser enviadas para o nosso mail :
[email protected] Mais informações na próxima
BioLetter e também no blog.
15 a 19 Março: Avaliação do Impacte Ambiental. Organização: LPN, Lisboa.
http://projectos.lpn.pt/formacaohttp://projectos.lpn.pt/formacao
20/ Março: Vamos limpar Portugal ! Para se inscrever no PLP, registe-se em http://
limparportugal.ning.com
20 Março a Junho: Workshop “2010 Biodiversidade”. Local : Jardim Zoológico de Lisboa.
http://www.zoo.pt
22/Março: 10.º Congresso da Água. Local: Hotel Pestana Alvor Praia; http://www.aprh.pt/
congressoagua2010
27 e 28 Março: IV Jornadas da Biologia da Conservação. Local: Campo Maior. Mais informa-
ções: [email protected]
2 a 4 de Abril: Identificação de Aves Marinhas e sua Observação em Portugal. Organização:
SPEA. Contacto para mais informações: [email protected]
10 e 11 Abril: Fotografia da Natureza em Castro Verde II. Local: Castro Verde. Organização:
LPN. http://projectos.lpn.pt/formacaohttp://projectos.lpn.pt/formacao
Próximas Actividades .....para Março/Abril
Eunice Santos
Ivo Monteiro
Miguel Capela
Comissão Técnico-Científica e Pedagógica do curso de Biologia
Correio electrónico: [email protected]
Redacção
Organização
Este pequeno jornal digital pretende ser um elemento de ligação interactiva entre os alunos do Curso de licenciatura em Biolo-gia da Escola Superior Agrária de Beja e a comunidade estudantil e profissional com interesses na área da conservação da natureza. Contamos, por isso, com a colaboração de todos os interes-sados e aguardamos, com expec-tativa, notícias, sugestões e informações que nos queiram enviar. Só com a colaboração exter-na é possível alcançar os objecti-vos a que nos propusemos com a criação da BioLetter. As vossas contribuições podem ser enviadas para o mail : [email protected] em ficheiro Word, e com identifi-cação dos autores.
PARTICIPEM !
Links úteis
Biólogos da ESAB na Europa
http://ambiente.maiadigital.pt/educacao-
ambiental
http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/
http://www.naturlink.sapo.pt
http://www.quercus.pt/scid/webquercus/
http://www.ceai.pt http://www.lpn.pt/
http://www.e-escola.pt/canal.asp?nome=biologia
http://www.ordembiologos.pt
http://www.johnkyrk.com/index.pt.html http://speco.fc.ul.pt http://www.iucn.org
ESTAMOS TAMBÉM NO FACEBOOK
E EM http://biologiaipb.blogspot.com
Duas antigas alunas do curso de Biologia vão iniciar,
em Março, estágios profissionais, em Itália e na
República Checa, ao abrigo do programa Leonardo da
Vinci. Resolvemos conhecer as expectativas de Lia
Valido antes da partida.
BioLetter: Como tiveste conhecimento deste programa de estágios?
Lia: Tomei conhecimento do Programa Leonardo da Vinci o ano passado, mas a
parceria deste ano com o IPB foi através de uma amiga ex-aluna, que por sua
vez foi informada por uma professora da Escola Superior Agrária.
B.: Para que locais e instituições vais estagiar?
L.: Vou estar 6 meses a viver no centro de Praga, República Checa e fui aceite
para estagiar no Departamento de Hidrobiologia e Limnologia, pertencente à
Faculdade de Ciências da Universidade de Charles.
B.: Que tipo de trabalho (ou áreas) vais desenvolver?
L.:Apesar de ainda não estar definido o tema especifico, escolhi a Limnologia
como área principal de trabalhos, sendo esta uma área com grandes avanços na
faculdade. Espero fazer parte de um projecto já a decorrer e que se prolonga-
rá até 2013.
B.: Quais as expectativas que levas? Que benefícios esperas recolher
desta experiência?
L.: Primeiro que tudo, espero adaptar-me facilmente à cultura, linguagem e ao
clima. Depois, sem dúvida, os benefícios virão ao enriquecer conhecimentos
na área que gosto, com pessoas já destacadas no tema, e evoluir aprendendo
com o sistema de ensino e funcionamento de uma faculdade estrangeira. Por
último, não só concretizar um trabalho experimental, útil de modo a ser publi-
cado, mas que também possa ser aproveitado para projectos ou estudos no
meu país. Por outro lado, seriam opções a considerar, se no futuro ocorrer
uma oportunidade de tirar um mestrado ou até mesmo trabalhar em Praga.
Entrevista realizada por:
Doutora Margarida Pereira