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Page 1: BIBLIOTECA VIRTUAL DE CIÊNCIAS HUMANAS O capítulo terceiro trata da estrutura, da composição e das atribuições da Justiça Eleitoral nos vários textos constitucionais. Em seguida,

BIBLIOTECA VIRTUAL DE CIÊNCIAS HUMANAS

A JUSTIÇA ELEITORAL E

A CONSOLIDAÇÃO DA

DEMOCRACIA NO BRASIL

Maria Tereza Sadek

BIBLIOTECA VIRTUAL DE CIÊNCIAS HUMANAS

LEITORAL E ONSOLIDAÇÃO DA

RASIL

Maria Tereza Sadek

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Maria Tereza Sadek

A Justiça Eleitoral a consolidação da

democracia no Brasil

Rio de Janeiro

2010

Justiça Eleitoral e a consolidação da

democracia no Brasil

Esta publicação é parte da Biblioteca Virtual de Ciências Humanas do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais - www.bvce.org Copyright © 2010, Maria Tereza Sadek Copyright © 2010 desta edição on-line: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais Ano da última edição: 1995, Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio de comunicação para uso comercial sem a permissão escrita dos proprietários dos direitos autorais. A publicação ou partes dela podem ser reproduzidas para propósito não comercial na medida em que a origem da publicação, assim como seus autores, seja reconhecida. ISBN: 978-85-7982-038-0 Centro Edelstein de Pesquisas Sociais www.centroedelstein.org.br Rua Visconde de Pirajá, 330/1205 Ipanema - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22410-000. Brasil Contato: [email protected]

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I

SUMÁRIO

Prefácio ...................................................................................................III

Introdução ................................................................................................ V

Capítulo 1

Os organismos eleitorais na América Latina ............................................ 1

1.1. Casos paradigmáticos .........................................................................4

1.2. Observações sobre as experiências latino-americanas ......................11

Capítulo 2

A Justiça Eleitoral no quadro da evolução política brasileira ............... 15

2.1. A participação político-eleitoral .......................................................19

2.2. Confiabilidade: organização e controle das eleições ........................23

2.3. A Justiça Eleitoral .............................................................................27

Capítulo 3

Estrutura, composição e atribuições da Justiça Eleitoral ...................... 31

3.1. Estrutura............................................................................................31

3.2. Composição ......................................................................................32

3.3. Atribuições........................................................................................36

Capítulo 4

O papel da Justiça Eleitoral no processo de redemocratização ............ 39

4.1. A eleição de Tancredo Neves ...........................................................39

4.2. A Justiça Eleitoral e as eleições de 1989 ...........................................43

4.2.1. Propaganda eleitoral .................................................................44

4.2.2. Divulgação de pesquisas e realização de debates .....................46

4.2.3. O caso Sílvio Santos ...................................................................48

4.2.4. Apuração dos votos ....................................................................53

II

Capítulo 5

Justiça Eleitoral: deficiências e perspectivas de reforma ...................... 60

5.1. A dimensão institucional.................................................................. 61

5.2. A dimensão Operacional .................................................................. 68

5.2.1. Alistamento ................................................................................ 70

5.2.2. Apuração ................................................................................... 72

5.2.3. Julgamento e aprovação de contas ........................................... 75

Considerações finais ................................................................................. 78

Anexo: Capítulo 1 ................................................................................... 82

Anexo: Capítulo 3 .................................................................................. 87

Bibliografia ........................................................................................... 130

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III

PREFÁCIO

A rejeição fragorosa da proposta parlamentarista no plebiscito de 1993 ensinou algumas verdades elementares à aristocracia do pensamento político brasileiro. Entre elas a de que o nosso povo, por informação ou intuição, não quer renunciar ao modelo onde, dividido o poder público em três funções distintas que mutuamente se controlam, pode o cidadão ver resolvidos pelo juiz independente seus conflitos com o próprio Estado, e não apenas com outros particulares. Isso não significa descrença de que o sistema parlamentar funcione a contento nas democracias que o adotam. Significa, sim, a percepção de que neste país as pessoas dificilmente se acomodariam a ver o tema da inconstitucionalidade das leis ordinárias tratado em bases preventivas, por um colégio de notáveis que, no essencial do seu trabalho, copiaria as comissões de constituição e justiça das casas do Congresso. Menos ainda se acomodariam os brasileiros a ver seus litígios com a administração pública entregues ao arbitramento de uma repartição especial do próprio governo.

Crescem hoje em número – sobretudo em nossa região e por inspiração nossa –, mas são ainda poucos os países onde a gerência do processo eleitoral se entrega a um organismo da Justiça. Os críticos dessa opção constitucional quase sempre se alimentam do ressentimento da derrota nas umas, esquecidos de que não há competição ao longo da qual as partes não cumulem queixas contra o árbitro, e de que só lhes parece haverem sido lesados porque os vitoriosos, em regra, não vocalizam suas próprias queixas depois do resultado.

Leitores de poucos livros estão repetidamente a lembrar-nos como são felizes e prósperas algumas nações que desconhecem qualquer participação judiciária no preparo das eleições. Seria mais objetivo que buscassem saber o que acha o povo brasileiro da perspectiva de ver o processo eleitoral confiado a algum ministério do governo, ou, quem sabe, a algum consórcio de partidos políticos. Assim deve a questão ser formulada, e formulá-la assim é respondê-la.

No meio universitário do Brasil de agora, não sei de quem tenha superado Maria Tereza Sadek em pesquisar e refletir sobre o tema constitucional das eleições; sobre a essencialidade da correção do processo para constituir-se uma democracia definitiva; sobre todas as lições que a história eleitoral do país nos ensina, e a cuja luz é possível projetar o futuro.

IV

Esta obra, na sequência de outros trabalhos seus, é o produto de nova e mais ampla pesquisa que lhe pediu a Fundação Konrad Adenauer. Parte do direito comparado descreve nossa própria trajetória no tempo, examina o perfil do modelo, recorda o essencial da história recente, finaliza com a análise crítica do quadro e a abertura dos caminhos de reforma. Mais que pelo rigor científico provado, a obra se destaca pela oportunidade e pela sedução com que dinamiza o nosso aprendizado democrático.

Francisco Rezek

Ministro do Supremo Tribunal Federal

Brasília, Dezembro 1995

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V

INTRODUÇÃO

No Brasil, a prática eleitoral é quase tão antiga quanto o próprio país. Data do período colonial a escolha eletiva dos titulares de vários postos públicos. Vereadores, juízes ordinários, procuradores, tesoureiros e escrivães recebiam seus mandatos através de eleições. Essa longa tradição de eletividade não significa, contudo, que existisse um eleitorado numeroso e menos ainda que as eleições fossem sempre competitivas, ou que seus resultados fossem a expressão fiel da vontade do eleitor. Ao contrário, até as vésperas do golpe militar de 1964, o eleitorado era ainda bastante restrito; o processo eleitoral se reduzia muitas vezes a disputas entre membros de uma mesma oligarquia; e seus resultados não eram o coroamento da incerteza, como na boa teoria democrática, e sim um jogo de “cartas marcadas”.

A prática de eleições não é suficiente para caracterizar um regime como democrático. Nem toda eleição tipifica o sistema político como pluralista e aberto. Regimes autoritários e até totalitários têm recorrido ao mecanismo eleitoral de escolha, com finalidades diversas. Para que as eleições sejam, de fato, a base do sistema democrático, é necessário que tenham importância decisiva no processo político, que haja plena liberdade de eleger e de ser eleito, e que dessa prática possam resultar mudanças na composição e/ou na orientação do governo. O regime democrático apoia-se, pois, em uma série de mecanismos institucionais cuja eficácia repousa, em última análise, na confiabilidade dos resultados eleitorais.

É claro que estas exigências admitem gradações, sendo então possível falar em graus de democratização. Um sistema político será tanto mais democrático, quanto menos restritivos forem os direitos à participação e à escolha entre ofertas políticas diferentes, e quanto mais capazes se mostrem de produzir efeitos na composição ou na orientação do poder.

Embora exista estreita relação entre competitividade e confiabilidade, convém estabelecer uma distinção analítica entre estes dois aspectos, já que não se confundem. Eleições pouco competitivas podem coexistir com garantias eficazes no tocante à lisura do embate eleitoral. Inversamente, de pouco adiantam disputas competitivas se seus resultados não decorrem de garantias adequadas ao longo de todo o processo. A legitimidade de autoridades constituídas pelo método eleitoral depende, portanto, de pelo menos dois elementos: de um lado, o grau de competitividade e a

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possibilidade de as eleições fazerem realmente alguma diferença no que diz respeito à composição ou orientação do poder; de outro, a lisura do processo eleitoral, do começo ao fim.

A história político-eleitoral brasileira pode ser analisada em função desses dois eixos. Competitividade e confiabilidade não tiveram igual desenvolvimento e nem sempre evoluíram na mesma direção.

A literatura sobre eleições não deixa dúvidas quanto ao fato de que os embates eleitorais eram pouco competitivos e fraudulentos, pelo menos até o período da Segunda Guerra Mundial. Propostas de sistemas eleitorais mais representativos e a exigência de “verdade eleitoral” remontam à Independência, percorrendo todo o período imperial e a chamada República Velha.

O movimento de 1930 tinha o aprimoramento da competitividade e a lisura das eleições entre suas bandeiras. O voto secreto e a criação da Justiça Eleitoral, em 1932, representaram um importante passo na tentativa de reduzir a violência nas disputas eleitorais. Estes ganhos, entretanto, foram neutralizados com a implantação do Estado Novo, que suspendeu a participação eleitoral em todos os níveis. Com a redemocratização, em 1945, houve a retomada do processo eleitoral e a Justiça Eleitoral, embora fosse institucionalmente embrionária, foi reativada. A partir de 1945, tem sido notável o seu papel na administração e no controle do processo eleitoral, podendo- se mesmo dizer que sua criação representa um divisor de águas na história das eleições brasileiras.

Ressalte-se que a Justiça Eleitoral foi mantida mesmo durante o regime militar, de 1964 a 1985. Houve, nesse período, uma série de deliberadas restrições na competitividade, a começar pela implantação do bipartidarismo compulsório. Mas a Justiça Eleitoral continuou a crescer institucionalmente, e foi sua atuação como um organismo independente que garantiu a proclamação de resultados contrários aos esperados pelo regime. O próprio processo de “abertura” iniciado nos anos 70, ancorado como foi na disputa eleitoral, teria sido impensável se o Brasil não dispusesse, a essa altura, de procedimentos razoavelmente confiáveis de administração e controle do processo eleitoral.

Esse arcabouço institucional foi consagrado e fortalecido pela Constituição de 1988, com ganhos visíveis para a competitividade e a confiabilidade dos procedimentos eleitorais. Ao contrário, portanto, da

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condição de imutável subdesenvolvimento político-eleitoral que certa atitude cínica costuma sugerir, avanços importantes foram conseguidos a partir de 1945, e a Justiça Eleitoral merece crédito por grande parte deles.

A pesquisa aqui relatada procura apontar o papel da Justiça Eleitoral na evolução política brasileira. A exposição foi dividida em 5 capítulos. O primeiro deles tem por objetivo mostrar que a forma de controle e de administração do processo eleitoral adotada pelo país desde os anos 30 não é a única existente, diferindo de outras que não conferem a um organismo do Judiciário a responsabilidade pelo exercício dessas funções. É feito um mapeamento da pluralidade de soluções, dando-se especial atenção àquelas dos países latino-americanos. Esse levantamento demonstra tanto a variedade de modelos presentes no interior da América Latina, como nos leva a concluir que a credibilidade do processo eleitoral não está exclusivamente relacionada ao perfil da instituição encarregada de administrar e controlar as eleições. Seu perfil não é, contudo, uma variável de menor significado. O maior ou menor grau de eficiência do organismo com atribuições de garantir a lisura do processo eleitoral depende de sua capacidade de atuar livre dos interesses político-partidários. Assim, a princípio, uma instituição com formato independente das forças políticas tem melhores condições de enfrentar as dificuldades decorrentes dos embates políticos. Propostas de criação ou de aprimoramento do processo eleitoral têm avaliado as vantagens e as desvantagens dos vários modelos existentes. Não por acaso, a maior parte das novas democracias latino-americanas tem dado preferência por conferir a um órgão do Judiciário as atribuições de organizar e controlar o processo eleitoral.

Depois dessa resenha inicial sobre os distintos modelos, é examinado o caso brasileiro. No capítulo 2 são discutidos o papel das eleições e da participação eleitoral desde o período colonial até a atualidade, salientando-se a evolução da competitividade e da credibilidade no processo eleitoral. Aponta-se a mudança de qualidade na organização e na lisura das eleições representada pela criação da Justiça Eleitoral. A adoção desse modelo institucional a partir de 1932 contribuiu de forma positiva para a gradativa consolidação de uma arena de embates na qual, diferentes projetos políticos pudessem disputar a preferência do eleitorado.

O capítulo terceiro trata da estrutura, da composição e das atribuições da Justiça Eleitoral nos vários textos constitucionais. Em seguida, o capítulo 4 demonstra como a corrosão do autoritarismo pela via

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eleitoral contou com a participação decisiva do organismo eleitoral, que foi capaz de garantir a proclamação de resultados contrários aos esperados pelo regime. Discute- se, ainda, a atuação da Justiça Eleitoral na primeira eleição presidencial direta após a proclamação da Constituição de 1988. Por fim, no último capítulo, chama-se a atenção para os problemas que ainda persistem no processo de administração e controle das eleições. As deficiências são graves e têm justificado críticas à atuação da Justiça Eleitoral, levando, inclusive, à proposição de alterações radicais em sua estrutura, em seu modo de operar e em suas atribuições. O reconhecimento desses problemas, contudo, ao mesmo tempo em que indica a necessidade de reformulações, não justifica, de nosso ponto de vista, que se defenda soluções que façam tabula rasa dos ganhos representados por uma instituição desenhada para atuar distante dos conflitos político-partidários.

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CAPÍTULO 1

OS ORGANISMOS ELEITORAIS NA AMÉRICA LATINA

istoricamente, foram diversas as formas encontradas com o objetivo de controlar e administrar as eleições. Os primeiros intentos estavam

intrinsecamente ligados às políticas de contenção dos abusos do Executivo. Para reduzir o arbítrio dos monarcas que, frequentemente, legislavam ou formavam Casas Legislativas subordinadas à sua vontade, os Parlamentos conquistaram o poder de fazer leis, convertendo-se paulatinamente em órgãos não apenas consultivos, mas também legislativos. A vitória do Parlamento na luta contra o Executivo implicou uma transformação radical: os membros da Câmara reclamaram para si o direito de “verificar” os poderes daqueles que passariam a ter assento no Legislativo. A Revolução Gloriosa de 1688, na Inglaterra, consagrou este princípio como um corolário da soberania do Parlamento.

A prerrogativa da verificação de poderes pelas Câmaras foi incorporada pela doutrina da separação dos poderes, como um mecanismo indispensável de defesa contra a interferência dos monarcas. A Constituição dos Estados Unidos da América, seguindo as normas liberais inglesas, expressou no seu artigo primeiro: “Cada Casa será o juiz das eleições, dos resultados destas e das qualificações de seus próprios membros”. E a França revolucionária de 1789, com suas bandeiras democráticas, deu igual ênfase ao poder do Parlamento, retirando do monarca o direito de verificar os poderes dos eleitos.

Esta forma de controle das eleições – a primeira instituída historicamente em resposta ao arbítrio absolutista, que confere ao Legislativo a competência para a verificação de seus próprios poderes – é ainda hoje a mais frequente. Em muitos países, entretanto, esse procedimento tem sido fortemente questionado, devido à forma facciosa com que o próprio Parlamento às vezes exerce o seu poder, sobretudo quando se contesta a validade da eleição de algum membro do Legislativo. Por essa razão, vários países conferiram a um órgão do Judiciário e/ou administrativo parte da responsabilidade de controlar as eleições. A Inglaterra foi um dos primeiros países a modificar aquele tipo de procedimento. Em 1868, foi parcialmente

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retirada da Câmara dos Comuns a competência exclusiva de verificar os poderes de seus componentes, conferindo-se também o controle do processo eleitoral a órgãos jurisdicionais e administrativos.

Outros tipos de controle e de organização das eleições foram igualmente concebidos, como, por exemplo, o consagrado pela Constituição francesa (gaullista) de 1958. Neste caso, as eleições se processam sob a direção de órgãos administrativos, sujeitos ao exame de instituições judiciárias. Caberia ainda citar o controle e a administração do processo eleitoral sob a responsabilidade exclusiva do Poder Judiciário, além de situações nas quais há combinações de organismos administrativos, legislativos e judiciários.

Na América Latina foram variadas as soluções institucionais encontradas para a administração e o controle do processo eleitoral, embora haja uma clara tendência a atribuir tais encargos a um órgão especial. Vejamos, em traços gerais, quais têm sido essas soluções:

Um exame da mera denominação dos organismos encarregados dos assuntos eleitorais já demonstra a referida variedade. Aparece com o nome de “Tribunal” no México, na Guatemala, em El Salvador, em Honduras, na Costa Rica, no Panamá, no Equador, no Paraguai, no Chile e no Brasil. É designado como “Conselho” na Nicarágua, na Colômbia e na Venezuela. Recebe o título de “Corte” no Uruguai e na Bolívia. Como “Junta” preside as eleições na República Dominicana; como “Jurado” no Peru; e, finalmente, como “Câmara” na Argentina.

Iguais designações dos organismos administradores e controladores das eleições não significa, entretanto, que possuam o mesmo perfil institucional. Assim, embora o título mais frequente seja o de Tribunal, o que sugeriria uma instituição judiciária, independente dos partidos e com autonomia face ao executivo, não é isto o que se verifica. Embora adotem a mesma nomenclatura, México e Costa Rica são os dois casos mais distantes no que se refere ao modelo institucional para o controle do processo eleitoral.

Quanto às atribuições, também encontramos situações bastante diferenciadas. Há organismos eleitorais com faculdade meramente administrativa e outros com poderes jurisdicionais e até com possibilidade de interferir na elaboração das leis. Encontram-se no primeiro caso o Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia, a Câmara Nacional da Argentina, o Serviço Eleitoral do Chile, a Junta Eleitoral do Paraguai. No

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extremo oposto está a Costa Rica, cujo Tribunal Supremo de Eleições, além de possuir atribuições jurisdicionais, tem também funções legislativas. Ou seja, a Assembleia Legislativa costarricense é obrigada a consultar o Tribunal em todas as matérias relativas a eleições e, para derrubar uma proposta do Tribunal, necessita de uma maioria qualificada de 2/3 de seus votos. Também em Honduras, o Tribunal Nacional de Eleições tem a faculdade da iniciativa legal em questões eleitorais.

No que se refere à composição desses organismos, mais uma vez existe uma notável diferença (ver Anexo: Capítulo I). Existem, fundamentalmente, 5 tipos distintos: a) poder judiciário (o caso paradigmático é a Costa Rica); b) parlamento (exemplos: Guatemala e Venezuela); c) misto de partidos políticos e poder judiciário (Honduras e El Salvador); d) combinação do executivo, do legislativo e do judiciário (exemplo: Panamá); e) combinação entre o poder judiciário e o conselho dos advogados (Peru).

Em síntese, porém, esses diferentes mecanismos para a composição da instituição encarregada de controlar as eleições podem ser agrupados em dois grandes modelos: de um lado, o modelo não político, ou jurisdicional e, do outro, o modelo político, seja ele constituído com a interferência do executivo, do legislativo ou dos partidos políticos. A rigor, o único caso tipicamente não político ou puramente jurisdicional é o da Costa Rica. Em situações intermediárias, mas com tendência a um perfil jurisdicional há a Argentina, o Brasil e o Chile. O caso do Peru é o de mais difícil enquadramento, pois embora se trate de um organismo de composição formalmente não partidária, que inclui representantes de advogados e de faculdades de direito, não é um órgão jurisdicional. Todos os demais países latino-americanos possuem instituições compostas a partir de critérios políticos.

Examinando-se o grau de autonomia econômica destes organismos eleitorais, nota-se que, com a única exceção da Costa Rica, os outros não possuem independência financeira, dependendo de verbas do Executivo, apreciadas e aprovadas pelo Legislativo.

Quanto ao grau de institucionalização, é possível fazer um contraste entre organismos permanentes e aqueles que apenas se constituem em períodos pré e eleitorais. O Tribunal Federal Eleitoral Mexicano, por exemplo, é formado ad hoc para cada pleito. A princípio, pode-se sustentar que, quanto mais regulares e mais institucionalizados maior é a probabilidade de eficácia no cumprimento de sua função precípua.

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Um aspecto importante na avaliação desses organismos diz respeito à sua forma de integração nos poderes do Estado e a sua relação com as instituições políticas. Há, fundamentalmente, quatro tipos, cada um representando uma determinada tentativa de solução institucional. A primeira é aquela em que se confia o julgamento da atividade eleitoral a organismos que se inserem na justiça ordinária e, consequentemente, seus integrantes são magistrados de carreira. Este é o caso do Brasil e da Argentina. Uma segunda solução, mais frequente, atribui o controle do processo eleitoral a órgãos especiais. Neste caso, os tribunais eleitorais não se movimentam na órbita do Poder Judiciário, mas são controlados internamente pelos partidos. Aí estão a Nicarágua, El Salvador, Paraguai e Honduras. A terceira solução é representada pela Costa Rica, que embora possua um organismo especial, apresenta uma importante diferença em relação às duas primeiras alternativas, já que os integrantes do seu Tribunal Eleitoral são cidadãos que atuam com independência em relação aos partidos e não se vinculam ao Poder Judiciário Ordinário. Uma quarta solução opta por uma integração mista e é adotada pelo Uruguai e pela Venezuela.

1.1. CASOS PARADIGMÁTICOS

Vejamos em maior detalhe os casos que vêm ganhando prestígio como possíveis modelos para a região, dada a sua eficiência e permanência no tempo. Os casos da Costa Rica e do Uruguai merecem especial atenção. Embora existam significativas diferenças entre eles, estes dois exemplos demonstram que a lisura no processo eleitoral não está estreitamente condicionada ao formato de seus respectivos organismos ainda que encontre neles a principal fonte de legitimidade das escolhas e dos resultados eleitorais. Cabe também examinar o caso da Argentina, que adotou uma solução relativamente próxima da brasileira e, por fim, o do México, país onde os resultados eleitorais têm sido questionados com preocupante frequência.

Costa Rica

O Tribunal Supremo de Eleições da Costa Rica possui seu formato atual desde 1949. A Constituição daquele ano instituiu o Tribunal como um organismo independente em relação aos demais poderes do estado e aos partidos políticos.

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O estatuto jurídico do Tribunal Supremo de Eleições, considerado ora um poder estatal, ora um órgão constitucional, tem sido objeto de acirradas polêmicas. Muitos analistas veem este Tribunal como um quarto poder, fundamentando suas conclusões na própria Constituição, que prevê e define as atribuições do Tribunal Supremo de Eleições no mesmo artigo em que trata dos demais poderes. Diz o texto constitucional no seu artigo 9: “O Governo da República é popular, representativo, alterna-se e é responsável. É exercido por três poderes distintos e independentes entre si: Legislativo, Executivo e Judiciário. Nenhum dos poderes pode delegar o exercício de funções que lhe são próprias. Um Tribunal Supremo de Eleições, com o estatuto e independência dos Poderes de Estado, tem a seu cargo, de forma exclusiva e independente, a organização, direção e vigilância dos atos relativos ao sufrágio, assim como as demais funções que lhe atribui esta Constituição e as leis”. Para outros, contudo, o Tribunal não é um poder estatal, mas um organismo criado diretamente pela Constituição, com independência funcional, possuindo seus integrantes as mesmas prerrogativas dos membros do Poder Judiciário.

Independentemente das interpretações discordantes, trata-se de um organismo com autoridade máxima em matéria eleitoral, cujas decisões não são passíveis de recurso. Possui um perfil não político, no sentido que não se constitui a partir de critérios partidários. É mais propriamente um órgão judicial, mas com autonomia em relação ao Poder Judiciário Ordinário, com total independência funcional. Seu poder extrapola, inclusive, as atribuições clássicas do poder judiciário, uma vez que a Constituição define entre as suas funções aquela de interpretar de forma exclusiva e obrigatória as disposições constitucionais e legais referentes à matéria eleitoral, além de lhe facultar a iniciativa legal.

Outro traço característico do Tribunal Supremo de Eleições da Costa Rica é o fato de ter sob sua responsabilidade o registro civil, encarregado de expedir as cédulas de identidade, de formar a lista dos eleitores, de receber as inscrições de partidos políticos e de candidaturas. Esta singularidade amplia o âmbito de poder do organismo eleitoral, permitindo a sobreposição dos registros civil e eleitoral, além de tornar o registro de eleitores permanente. Assim, pela lei, todo cidadão, de ambos os sexos, maior de 18 anos, é obrigado a portar uma cédula de identidade que é ao mesmo tempo o seu registro eleitoral. Saliente-se que este procedimento, aparentemente visto como um detalhe tem impedido uma série de problemas bastante

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comuns na maior parte dos países latino-americanos. Como nestes países o registro eleitoral é independente do registro de identidade e, em geral, feito a cada pleito, tem-se a oportunidade de incluir, na lista de eleitores, indivíduos que não cumprem as exigências legais, outros são registrados mais de uma vez, outros são incluídos embora estejam mortos, outros, ainda, são excluídos por critérios eminentemente políticos e oportunísticos.

Na Costa Rica, são atribuições exclusivas do Tribunal Supremo de Eleições: convocar as eleições populares; nomear os membros das Juntas Eleitorais; interpretar de forma exclusiva tudo o que se refere a matéria eleitoral; investigar e pronunciar-se sobre denúncias formuladas contra funcionários públicos obrigados a guardar imparcialidade nas atividades políticas; elaborar as medidas pertinentes para que os processos eleitorais se desenvolvam em condições de irrestrita liberdade; efetuar o escrutínio dos sufrágios; proclamar os resultados.

O Tribunal Supremo de Eleições é composto por três Magistrados titulares e seis suplentes, nomeados pela Corte Suprema de Justiça. Estes devem ser advogados, com pelo menos 10 anos de exercício da profissão e maiores de 35 anos. Possuem um mandato de 6 anos, podendo ser reconduzidos, se reeleitos. Durante o período eleitoral – um ano antes da data prevista para o pleito e seis meses depois – dois dos magistrados suplentes designados pela Corte, passam a integrar o Tribunal, para constituir nesta época um Tribunal de cinco magistrados.

A estrutura do Tribunal é formada pela Secretaria, pela Controladoria Eleitoral, pela Inspeção Eleitoral, pelos escritórios de Instrução e Divulgação, pelas assessorias de Estudos e Serviços Técnicos e pela Direção Geral de Registro Civil.

Uruguai

A Constituição de 1917 organizou o Registro Civil Nacional e criou a Corte Eleitoral, sancionada em 1924, como entidades autônomas, fora da órbita de competência dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Cabia, no entanto, às Câmaras o julgamento da eleição de seus membros, e ao Senado a eleição do Presidente da República e dos membros do colegiado, designado como Conselho Nacional de Administração. À Corte Eleitoral estava reservado o conhecimento de todos os atos eleitorais prévios à eleição e a organização, a formação e a custódia do Registro Cívico Nacional e do Arquivo Nacional.

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A Corte Eleitoral teve sua autonomia reconhecida na Constituição de 1952, não integrando nenhum dos poderes do Estado e com a faculdade de decidir em última instância sobre matéria eleitoral, sem a possibilidade de recurso. A partir desse texto constitucional a Corte tornou-se o foro das eleições de todos os cargos eletivos, sem exceção, como também do plebiscito e do referendo.

A Corte Eleitoral é composta por nove titulares e pelo dobro de suplentes. Cinco de seus membros são designados pela Assembleia Geral em reunião de ambas as câmaras (deputados e senadores) por dois terços dos votos de seus componentes, devendo ser cidadãos que, por sua posição no cenário político, sejam garantia de imparcialidade. Os outros quatro titulares são representantes dos partidos, eleitos pelo sistema de duplo voto simultâneo. Destes quatro, dois têm origem na lista majoritária da legenda mais votada e dois na lista majoritária da legenda seguinte em número de votos.

A Constituição não define as qualidades necessárias para ser membro da Corte Eleitoral nem a duração do mandato de seus integrantes. Em geral, permanecem no cargo até o final de uma legislatura, mas podem ser reconduzidos. É, contudo, vedada para todos os membros – os provenientes do voto da Assembleia Geral e os partidários – a participação em órgãos de direção dos partidos e na campanha eleitoral.

Subordinam-se à Corte Eleitoral órgãos permanentes, como as juntas eleitorais departamentais, e órgãos temporários como as Comissões Receptoras de Votos. A Corte Eleitoral é definida constitucionalmente como um órgão de competência aberta, como um tribunal de última instância em matéria eleitoral, cabendo-lhe desde a confecção do padrão eleitoral, passando pela aprovação das zonas eleitorais, registro de candidaturas, designação de Comissões Receptoras de Votos, escrutínio definitivo, até a adjudicação de cargos e a proclamação dos eleitos.

O Registro Cívico uruguaio está sob a custódia da Corte Eleitoral. Diferentemente do que se passa na Costa Rica, ele não integra a estrutura eleitoral.

Argentina

É relativamente recente a experiência argentina de administração e controle do processo eleitoral através de um organismo judicial. A Câmara Nacional Electoral foi criada em 1962, sucedendo as Secretarias Electorales,

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que desde 1911, com sede em cada um dos distritos em que se divide a República, tinham por função administrar as eleições. Este novo órgão foi instituído como um tribunal único, com jurisprudência legítima para todo o território. Segundo consta dos documentos de sua criação buscava-se, com esta medida, unificar os critérios eleitorais, evitando que se perpetuasse o que se designava como “escândalo jurídico”, isto é, a existência de resoluções díspares sobre um mesmo tema. Desta forma, a Câmara Nacional Federal significou, para muitos analistas, uma centralização e uma consequente quebra do federalismo que marcara a história política do país, nos períodos de vigência da democracia.

A Câmara Nacional Eleitoral, contudo, funcionou apenas de 1962 a 1966, quando foi extinta pelo Presidente General Juan Carlos Onganía, ocasião em também foram proibidas as atividades partidárias. O atual organismo eleitoral foi recriado em 1971, nos moldes de seu antecessor, integrando o Poder Judiciário.

A justiça eleitoral argentina possui três tipos de funções: judiciais, de controle e administrativas. O Poder Judiciário, através do Fórum Eleitoral, controla todo o processo de escolha dos representantes, que vai da organização dos partidos à seleção interna dos candidatos e termina com as eleições públicas para a renovação dos poderes do Estado. Isto não significa, contudo, que esteja sob sua responsabilidade direta todas as etapas que compõem o processo eleitoral. O período compreendido entre o início da campanha (60 dias antes da data prevista para o pleito) até a proclamação final dos resultados está a cargo de Juntas Eleitorais nacionais que, embora sejam compostas por magistrados, não participam do poder judiciário. Elas possuem funções de administração das eleições, tais como aprovar as cédulas de votação, designar os integrantes das mesas de votação, decidir em primeira instância sobre as impugnações e realizar a apuração dos votos em seu distrito. Há, entretanto, a possibilidade nesta fase, de apelação à Câmara Nacional Eleitoral, que mantém seu papel de supervisora em última instância do processo eleitoral, com exceção das questões referentes à impugnação das eleições, que são atinentes à respectiva câmara no Congresso. Assim, cabe ao Congresso o juízo final sobre as eleições parlamentares e não ao Judiciário.

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O registro de eleitores, a infraestrutura necessária para a votação, a administração do Fundo Partidário e a convocação de eleições são atribuições do Ministério do Interior.

O Fórum Eleitoral, de caráter federal, compõe-se da Câmara Nacional Eleitoral e de 24 juízes federais, cada um deles com sua respectiva secretaria eleitoral. A Justiça Eleitoral não possui juízes eleitorais próprios em primeira instância, já que são os juízes federais com assento nas capitais de província, na capital e no território que possuem competência nesta matéria. Nas capitais de província em que existir mais de um juiz federal é designado o mais antigo. Há, portanto, um juiz federal com competência eleitoral por distrito, com sua respectiva secretaria eleitoral. Entende-se por distrito cada uma das províncias, a capital federal e o território da Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul. Os juízes são nomeados pelo Presidente da República, com a aprovação do Senado, e são vitalícios em seus cargos.

A Câmara Nacional Eleitoral constituiu-se como segunda instância, como tribunal superior em questões eleitorais. Compõe-se de três juízes de câmara, dois secretários com hierarquia de juiz nacional de primeira instância – um deles responsável pelas questões administrativas e de superintendência e o outro encarregado da tramitação das causas judiciais – um secretário e um pró-secretário de câmara. Sua jurisdição abarca todo o território, atuando como Tribunal de Alçada tanto face às questões iniciadas junto aos 24 juízes federais com competência eleitoral, como face as 24 juntas eleitorais nacionais constituídas em cada um dos distritos 60 dias antes da data das eleições. As decisões da Câmara Nacional Eleitoral são finais, com exceção das questões sobre as quais é previsto recurso extraordinário junto à Corte Suprema de Justiça ou junto ao Congresso, como é o caso da impugnação das eleições.

Desta forma, como órgão máximo do Poder Judiciário, a Corte Suprema de Justiça pode revisar as decisões da Câmara Nacional Eleitoral. Apesar dessa possibilidade legal, a política da Corte Suprema de Justiça, durante o início dos anos 70, foi de não imiscuir-se nas questões eleitorais. Depois deste período, entretanto, tem sido notável a jurisdicização das questões eleitorais.

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México

O processo eleitoral no México é dividido em etapas, pelas quais são responsáveis diferentes organismos. Durante a fase de preparação das eleições a responsabilidade cabe ao governo federal, com a participação dos partidos políticos. Esse organismo sofreu muitas modificações em sua composição desde os anos 40, no sentido de aumentar a participação dos partidos políticos. Segundo o Código Eleitoral de 1946, a Comissão Federal, então denominada de Comissão Federal de Vigilância Eleitoral, era integrada de forma tripartite: dois representantes do Poder Executivo, dois do Legislativo e dois dos partidos políticos. Em 1951, aumentou-se a representação partidária para três e o Executivo ficou com apenas um membro, o Secretário de Governo. Em 1973 cresceu ainda mais o número de membros indicados pelos partidos, cabendo um para cada um dos quatro partidos registrados. A Legislação em vigor, de 1987, determina que a Comissão Federal Eleitoral seja integrada pelo Secretário de Governo, que será seu presidente; por um representante de cada uma das casas do Legislativo; por representantes dos partidos políticos, de acordo com sua força eleitoral.

O órgão de cúpula do processo é o Tribunal do Contencioso Eleitoral Federal. Segundo o texto constitucional e o Código Federal Eleitoral, o Tribunal é um organismo autônomo de caráter administrativo, com competência para resolver os recursos, cujas resoluções só podem ser modificadas pela Câmara dos Deputados atuando como Colégio Eleitoral. Seus membros, em número de sete titulares e dois suplentes, são indicados pelos partidos políticos com assento na Câmara dos Deputados e nomeados pelo Congresso da União.

O estatuto jurídico do Tribunal permite classificá-lo com um órgão do poder legislativo, possuindo suas decisões caráter judicial. Esta classificação baseia-se formalmente no fato de que sua criação e atuação estão previstas no capítulo constitucional referente ao poder legislativo. Além disso, determina a Constituição em seu artigo 60 que “as resoluções do tribunal serão obrigatórias e só poderão ser modificadas pelos Colégios Eleitorais de cada Câmara, que serão a última instância na qualificação das eleições”.

Desta forma, as principais atribuições eleitorais cabem ao Legislativo, ainda que se admita a faculdade da Suprema Corte de Justiça de averiguar fatos que possam colocar em risco o direito de voto. Mas, os

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resultados deste exame devem ser remetidos aos órgãos competentes, no caso, as Câmaras do Congresso da União.

1.2. OBSERVAÇÕES SOBRE AS EXPERIÊNCIAS LATINO-AMERICANAS

Do ponto de vista da prática política democrática, o formato institucional que tenham ou venham a ter os organismos encarregados do controle das eleições só pode ser avaliado em função de sua eficácia. Embora o perfil institucional (judiciário, legislativo, administrativo, ou misto) não garanta por si só a lisura do processo eleitoral, a experiência latino-americana tem demonstrado que esses organismos só conseguem garantir um mínimo de confiabilidade aos resultados eleitorais quando possuem autonomia frente aos conflitos partidários.

A despeito de importantes diferenças em seus organismos eleitorais, as eleições e seus resultados na Costa Rica e no Uruguai, por exemplo, há muito tempo são vistos como confiáveis. Ainda que em menor intensidade e com menor longevidade, a Câmara Eleitoral da Argentina, de perfil distinto dos anteriores, tem garantido o respeito ao processo eleitoral, provocando mudanças no quadro político do país.

Na Costa Rica, o desenvolvimento das instituições democráticas teve início no final do século passado. Já em 1889 registraram-se as primeiras eleições presidenciais competitivas. Em 1913, uma reforma constitucional eliminou as restrições ao exercício do sufrágio e estabeleceu o voto direto. O voto secreto foi garantido em 1925. Governos civis e a alternância no poder entre situação e oposição constituíram-se em experiências interrompidas apenas durante um curto intervalo, de 1917 a 1919. As eleições presidenciais de 1948, contudo, alteraram esse quadro de respeito aos resultados das urnas, provocando, inclusive, uma guerra civil. Naquele pleito, o candidato de oposição foi declarado eleito, porém, o Congresso, composto em sua maioria por partidários da situação, anulou os resultados eleitorais. Com o final da guerra e a vitória das forças rebeldes de oposição, foi convocada uma Assembleia Constituinte que elaborou uma nova Constituição, promulgada em 1949. Desde então, a prática eleitoral na Costa Rica não sofreu nenhuma descontinuidade, o que, por si só, chama a atenção, face aos padrões latino-americanos de apelo à violência, golpes e desrespeito às regras do jogo. E, mais ainda: as eleições costarricenses têm sido vistas como limpas e como o

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mecanismo, por excelência, para a escolha dos dirigentes políticos e seus resultados tidos como legítimos tanto pelos eleitos como pelos derrotados. O Tribunal Supremo de Eleições, criado pela Constituição, constitui-se em peça-chave, tendo contribuído para a continuidade da democracia política. Seu grau de autonomia frente às forças políticas deu-lhe respeitabilidade, marcando uma nova etapa na vida política do país. Antes de sua criação, as eleições eram controladas por um Conselho Eleitoral dependente do Executivo, característica que dificultava a sua atuação, além do fato do Congresso desempenhar o papel de fórum final do processo eleitoral. O Tribunal Supremo de Eleições, ao contrário, foi concebido como um organismo autônomo e possui atribuições bastante amplas. Sua continuidade histórica e a qualidade de seu desempenho têm, inclusive, servido de modelo para países que desejam construir seus próprios organismos para a organização, a administração e o controle do processo eleitoral. De fato, seus magistrados e técnicos têm participado de atividades promovidas pelo Centro de Asesoría y Promoción Electoral, entidade ligada ao Instituto Interamericano de Derechos Humanos, com sede na Costa Rica, que tem como principal objetivo a promoção dos direitos humanos, particularmente o direito do voto, visto como base da democracia representativa.

No que se refere ao Uruguai, embora a vida política do país tenha sofrido um profundo abalo, com a quebra da institucionalidade democrática em 1973, sempre houve um alto grau de confiança no processo eleitoral. Recorde-se, inclusive, que a Corte Eleitoral desempenhou um papel de relevo durante o plebiscito realizado em 1980. Graças à sua credibilidade, foi possível a proclamação de um resultado contrário ao desejado pelo governo. Neste sentido, o retorno à democracia recebeu aí um grande impulso, tornando visível a direção sinalizada pela consulta popular.

A Argentina experimentou, a partir de 1983, uma regularidade eleitoral que não encontra precedentes em sua história política, sobretudo se levar em consideração que houve a substituição de um presidente por outro, democraticamente eleito e proveniente de força política distinta e de oposição. Dificilmente isto teria acontecido se não houvesse pelo menos um mínimo de credibilidade no organismo encarregado de organizar as eleições e proclamar seus resultados.

Em contraste com estes casos, em vários países latino-americanos têm sido comuns acusações de fraude, colocando-se em dúvida a legitimidade

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dos resultados proclamados. Nessas situações, as eleições deixam de representar um mecanismo confiável para a escolha dos governantes. No final dos anos 80, quando houve eleições em praticamente todos os países da região, pelo menos quatro processos foram colocados sob suspeita e chegou- se até mesmo à anulação de resultados. Recorde-se que em 1989, no Panamá, o processo eleitoral nem sequer chegou ao final; no México, uma longa história de fraudes não foi interrompida com a primeira derrota do partido governista, o PRI, no poder há mais de seis décadas; no Paraguai, toda sorte de irregularidades marcaram as eleições do general Rodrigues, antigo aliado do ditador Alfredo Stroessner; na República Dominicana, tanto as eleições de 1986 como as de 1990, foram marcadas por atos de violência e por tentativas de anular os resultados, tidos como fraudados, além de pesadas acusações aos membros da Junta Eleitoral, legalmente encarregada de garantir a lisura dos pleitos.

A situação mexicana chama a atenção devido à longa continuidade de seu processo eleitoral, diferentemente do que marcou a história política da maioria dos países da América Latina, repleta de golpes e de descontinuidades institucionais. Isso demonstra, claramente, que a existência de um processo eleitoral não basta para caracterizar um sistema político como democrático. Além de seus resultados terem sido constantemente contestados, a política mexicana caracteriza-se por um grau excessivamente baixo de competitividade. Dentre todos os presidentes eleitos neste século, nenhum chegou ao poder com menos de 70% dos votos, sendo que vários obtiveram 90% ou mais das preferências. Estas maiorias, quase unanimidades, foram constantemente colocadas em dúvida e dificilmente seriam explicadas apenas pelas constantes mudanças no sistema eleitoral.

Estes últimos exemplos não esgotam o “drama” eleitoral latino-americano. Há situações talvez ainda mais graves, nas quais as urnas não têm sido capazes de indicar uma facção política com capacidade mínima de governo e com algum suporte de legitimidade. Em muitos casos, o confronto entre grupos não encontrou mecanismos institucionais que permitam um convívio pacífico. A violência, sempre na ordem do dia, acaba por traduzir um virtual empate entre as forças em disputa, a tal ponto que repetidas tentativas de pactos de paz têm sistematicamente fracassado. Assim, facções derrotadas eleitoralmente, embora incapazes de obter uma eventual maioria, são, por outro lado, suficientemente fortes para impedir a

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estabilidade política, condição indispensável para a implementação de políticas com um mínimo de continuidade.

Tanto a presença sistemática de fraudes como a debilidade, ou mesmo a ausência efetiva de instituições encarregadas de canalizar os conflitos de forma pacífica, têm impedido as eleições de funcionarem como fonte de legitimidade e como um mecanismo sobre o qual se possa assentar o convívio democrático. Nessas condições, o problema da democratização ou da consolidação democrática envolve necessariamente a urgência de se pensar em certos “formalismos”, isto é, em acordos sobre as regras do jogo, que não se resumem às questões mais frequentemente frisadas pela literatura, como as relativas às gritantes desigualdades sociais e adversidades econômicas que têm caracterizado os países latino-americanos. Dizendo-o de outra forma, pode-se sustentar que a construção da democracia, em grande parte dos países da região, a despeito dos inúmeros obstáculos de ordem econômica e social, também requer o desenvolvimento de procedimentos confiáveis para a escolha dos governantes, no Executivo e no Legislativo.

O reconhecimento da diversidade por parte das forças políticas é um pilar sem o qual projetos democráticos não podem se viabilizar. Nesta perspectiva, eleições livres e limpas são um requisito indispensável do sistema democrático, uma vez que exprimem o grau de competição política, a forma da disputa partidária e a efetividade das garantias constitucionais de direitos individuais e civis. De uma adequada organização eleitoral depende a confiança nos poderes públicos, o grau de participação nas eleições e a confiabilidade nos resultados. Em uma reunião de dirigentes de organismos eleitorais, dizia um deles: “eleições limpas são aquelas em que se respeita as regras do jogo, em que se elege quem recebeu mais votos, nas quais votem todos os que têm direito de participar das lides eleitorais e o voto de cada cidadão seja contado tal como foi dado”. Esta máxima acaciana adquire todo o seu significado quando se contrasta os países que têm nas eleições um procedimento pautado pela incerteza e aqueles em que as eleições são meros atos simbólicos para confirmar lideranças previamente escolhidas.

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CAPÍTULO 2

A JUSTIÇA ELEITORAL NO QUADRO DA EVOLUÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA

ictor Nunes Leal chama a atenção para dois aspectos importantes no que se refere ao significado das eleições durante os períodos colonial e

imperial. Naqueles tempos longínquos, as eleições respondiam, em grande parte, às conveniências da Coroa. As leis que as regiam preocupavam-se sobretudo em manter o poder dos eleitos dentro de limites aceitáveis para a Metrópole. Vários mecanismos asseguravam o predomínio do monarca: a apuração era realizada por “juízes de fora”, nomeados pelo rei; eram comuns a suspensão de eleições e a restrição dos poderes das casas legislativas; “juízes de fora” frequentemente presidiam as câmaras.

A esfera pública, entretanto, não era o reflexo apenas do aparato legal e das intenções da Coroa, mas também do “estado social” da nação – ou seja, de uma economia monocultora, construída sobre o trabalho escravo. O mando político traduzia, de fato, a onipotência dos senhores rurais, apesar de formalmente constituído nas câmaras, compostas pela prática eleitoral. As manifestações do poder privado não eram contidas nem pelo rei, nem pela massa da população, composta por escravos e por trabalhadores legalmente livres, mas na prática dependentes dos proprietários de terras.

O paulatino fortalecimento da Coroa significou, antes de tudo, a transformação do poder privado de opositor em aliado. Essa simbiose se deu principalmente através da redução do poder das câmaras locais e da ampliação das atribuições dos agentes da Metrópole na Colônia: governadores, juízes de fora e ouvidores. Esse processo de redução do poder privado e de concomitante consolidação do poder central foi acelerado com a vinda da Corte para o Brasil (1806), a independência (1822) e a constitucionalização do país (1824). Ou seja, essa mudança decisiva não resultou nem foi impulsionada por embates eleitorais, nos quais se enfrentassem diferentes interesses. A arena competitiva ainda não se havia constituído como peça decisiva do jogo político. As disputas capazes de provocar consequências na ordem política davam-se fora da arena eleitoral,

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capitaneadas que eram pelo poder central – embora seja certo que provocavam efeitos indiretos e retardados naquela arena.

Os postos eletivos na esfera local continuaram a ser objeto de competição, mas as câmaras perderam muito de seu poder, pois suas atribuições tornaram-se quase puramente administrativas. Os cargos eletivos mais importantes, nas sedes das províncias e na capital do país, eram, por sua vez, tolhidos em sua ação quer pelo poder executivo, quer por artimanhas da legislação, quer ainda pelas reduzidas dimensões do eleitorado. Dizia-se que as eleições eram fabricadas pelo Gabinete, que se utilizava de todas as armas – fraude, suborno, violência, pressão – para conseguir vitórias eleitorais. O significado artificial das eleições era reconhecido pelo próprio Imperador: “... os presidentes – escreveu D. Pedro II, em 1870 – servem, principalmente, para vencer eleições” (documento transcrito em Joaquim Nabuco, “Um Estadista do Império”, citado em Leal, 1975, pag.78). Referindo-se a essa estrutura de poder, concluía V. N. Leal: “a figura dominante no cenário provincial continuaria a ser o presidente “da província”, delegado do Imperador, cuja função política mais importante era garantir a vitória eleitoral dos candidatos apoiados pelo governo” (1975, pag.78).

No que diz respeito à importância e ao caráter geral das eleições, a passagem do Império para a República não provocou mudanças substanciais. Mais que traduzir a vontade do eleitorado, as eleições exprimiam o predomínio do poder central, através da cooptação de lideranças estaduais e locais, e serviam para marcar sua presença nos pontos mais distantes do território nacional. O chamado “coronelismo”, expressão que sintetiza os principais fenômenos do período, nada mais era que o compromisso entre o poder privado decadente e um poder público que progressivamente se fortalecia. As oligarquias tinham o seu espaço político garantido, desde que assegurassem a vitória das lideranças comprometidas com a política situacionista. Essa reciprocidade significava carta-branca, no município, para o chefe local, em troca de seu apoio eleitoral aos candidatos governistas.

O movimento de 1930 pretendeu alterar esta realidade, introduzindo importantes modificações tanto no sistema eleitoral como no grau de poder das oligarquias regionais. O golpe do Estado Novo, sete anos depois, aboliu a prática eleitoral em nome de uma representação supostamente voltada para interesses gerais e invulneráveis a particularismos, quer regionais, quer de facções.

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Com a redemocratização do país, em 1945, criaram-se as condições para que as eleições pudessem desempenhar um papel relevante no sistema político. A realidade era outra. Práticas políticas que haviam atravessado os períodos colonial e imperial e os primeiros anos da República começavam a mudar sensivelmente. A população havia crescido, a extensão das franquias ampliara o eleitorado, os meios de comunicação haviam rompido barreiras locais e os processos de urbanização e industrialização começavam a repercutir naquele país tido como “essencialmente agrário”. Constituía-se um quadro propício à limitação da “política dos coronéis”, confinada a redutos cada vez mais estreitos, à medida que se expandia a política de massas. Contra esses fatores potencialmente favoráveis ao desenvolvimento da democracia política, operavam outros igualmente relevantes, decorrentes da pesada herança do Estado Novo: a centralização burocrática e o revigoramento do caráter patrimonialista e clientelístico do Estado. Assim, embora legalmente e de fato, a situação fosse distinta daquela que caracterizou a história anterior, o desenvolvimento da democracia representativa enfrentava ainda sérios percalços. Os inequívocos ganhos no tocante à confiabilidade do processo eleitoral não foram acompanhados de iguais conquistas no fortalecimento da estrutura partidária, fator sine qua non para a consolidação de um sistema político aberto e competitivo.

O regime militar inaugurado em 1964 não extinguiu as eleições e, de início, nem mesmo os partidos do regime anterior. Um novo sistema partidário foi imposto em outubro de 1965, com a organização de duas agremiações: a ARENA, representando a situação, e o MDB, ao qual caberia representar o papel de oposição. As eleições foram mantidas mesmo durante a fase mais repressiva do regime militar, fato que deve ser tão ressaltado quanto as graves distorções que lhes foram impostas pela legislação. Houve, naquele período, um deliberado estreitamento dos campos partidário e eleitoral, a ponto de as eleições perderem grande parte do significado que afinal de contas explicava sua manutenção: servirem como arena de legitimação do sistema. Situação ambígua, sem dúvida: a manutenção do calendário eleitoral seria uma peça importante na estratégia global de “normalização” institucional empreendida pelos militares, mas teria enorme significado para a renascente democracia a partir dos anos 70.

Lamounier (1988) argumenta que a viabilidade daquela estratégia encontrava sustentação nos antecedentes pluralistas do sistema político e no elevado grau de controle que o governo era capaz de exercer sobre a agenda

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política, além do fato, nada desprezível, de que a oposição mostrara-se disposta a comprometer-se com as regras do jogo então fixadas.

Desta forma, embora as eleições não colocassem em xeque o controle do ápice do poder pelos militares, algum impacto elas tiveram no conjunto do sistema. Após uma série de eleições em que os índices de abstenção e os percentuais de votos nulos e em branco superavam a votação obtida pela oposição, as eleições senatoriais de 1974 levaram a uma revalorização do mecanismo eleitoral. A inesperada vitória da oposição, congregada no MDB, elegendo 16 dos 22 senadores, foi um ponto de inflexão na história eleitoral brasileira, pois transformou as eleições em um mecanismo plebiscitário de julgamento do governo. A partir daquele ano, eleição após eleição, tornou-se cada vez mais visível a erosão da legitimidade do regime, na medida em que o partido do governo, a ARENA, foi perdendo substância eleitoral até ver sua votação confinada aos municípios menos urbanizados e industrializados do país. Tentativas de reverter aquela tendência por meio de atos casuísticos, como o “Pacote de Abril” de 1977, a reforma partidária de 1979 e diversas outras modificações nas regras eleitorais, não produziram alterações significativas e até aumentaram sua carga simbólica como indicador da ilegitimidade do autoritarismo.

Esse processo de corrosão por dentro do sistema singularizou a abertura brasileira. Trata-se, como apontou Lamounier (1987, pag. 44) de uma liberalização gradual e pacífica, de caráter endógeno. Afirma ele:

foi essencialmente uma abertura através de eleições. Não resultou de uma clara mobilização de massas, nem foi precipitada por acontecimentos dramáticos ou eventos externos, como nos casos de Portugal, Grécia e Argentina (...). No Brasil, uma acumulação gradual de pressões foi canalizada através do processo eleitoral. Os resultados das eleições funcionaram de fato como indicadores do grau em que o regime perdia legitimidade, ajudando por sua vez a agregar pressões ulteriores contra ele.

Para bem compreender a permanência e o impacto das eleições ao longo desse período, é indispensável ressaltar o seu pressuposto: a existência de mecanismos institucionais suficientemente idôneos para afiançar os resultados das disputas. Chama especialmente a atenção, no caso brasileiro, não apenas a continuidade das eleições, mas, sobretudo o fato de terem sido regular e oficialmente proclamados resultados desfavoráveis à elite

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governante. Distorções dos resultados em favor do regime foram obtidas através de manobras no âmbito da legislação eleitoral, mas não no plano do controle do processo eleitoral, que mesmo durante o autoritarismo continuou a ser feito com razoável autonomia pela Justiça Eleitoral.

Antes mesmo da reconstitucionalização do país, em 1988, o mecanismo eleitoral já havia recuperado parte do significado que perdera durante as fases mais rígidas do regime militar, com o retorno das eleições para governador dos estados em 1982 e para prefeitos das capitais, estâncias hidrominerais e municípios considerados áreas de segurança nacional, em 1985. A ordem constitucional refeita em 1988 restabeleceu por completo o papel das eleições como base do sistema democrático. Deficiências que por certo ainda existem decorrem muito mais da excessiva permissividade que caracteriza a legislação partidária em vigor e de problemas intrínsecos ao sistema eleitoral proporcional, com listas abertas, adotado no país, do que do arcabouço institucional corporificado na Justiça Eleitoral. Mesmo com esses problemas, as eleições vêm cumprindo sua função primordial: renovar a composição dos cargos públicos com pressão suficiente para provocar consequências na composição e/ou na orientação do governo.

2.1. A PARTICIPAÇÃO POLÍTICO-ELEITORAL

Afirmamos acima que um sistema político é tanto mais democrático quanto menos restritivos forem os direitos à participação e à escolha entre ofertas políticas diferentes. Este grau será tanto mais elevado quanto maior for o índice de competitividade existente, isto é, quanto menos monolítica for a sociedade e, por outro lado, quanto mais extensa for a cidadania. O tamanho do corpo eleitoral é, pois, uma variável central na determinação do grau de democratização política. Dessa forma, embora não seja suficiente a incorporação das massas à vida política para caracterizar um regime como democrático, sem um razoável grau de participação não se pode falar de um sistema plenamente democrático.

No Brasil, como dissemos na introdução, o corpo eleitoral foi bastante restrito até pelo menos o após-guerra de 1945. Durante a colônia, o Império mesmo nos primeiros anos da República os indivíduos aptos a votar não representavam um percentual expressivo da população. O sufrágio não era universal. Várias exigências excluíam da cidadania política

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a maior parte da população. Apenas na segunda metade do século XX houve significativa expansão da cidadania, tendo início a formação de um corpo eleitoral mais amplo. Mas a eliminação dos critérios de exclusão injustificáveis do ponto de vista democrático ocorreu somente em 1985, com a extensão do direito de voto aos analfabetos.

No período colonial, eram cidadãos apenas os chamados “homens bons” e os “homens novos”, qualidades preenchidas por uma parcela pequena da população. Entendia-se por “homens bons” uma “corporação de pessoas gradas, de experiência e força moral na sociedade” (Ferreira, 1956, pag. 93). O sistema de eleições de dois graus discriminava duas categorias de cidadãos: o votante e o eleitor. Esta segunda categoria tipificava mais amplamente o “homem bom” – “pessoas mais nobres, naturais da terra e da governança dela, ou que houvessem sido seus pais e avós, de idade conveniente, sem raça alguma; (caso se nomeasse) pessoa, que não fosse natural da terra, que tivesse as partes e qualidades que se requerem” (Ferreira, 1956, pag. 95). Os eleitores eram consagrados pelos votantes em um processo que não permitia a procura de votos. Além do critério baseado no sexo, que deveria ser masculino, e de ser chefe de família, os demais requisitos – nunca explícitos – permitiam uma ampla margem de arbítrio àqueles que estavam encarregados da qualificação da apuração. A literatura, em geral, aponta que estavam capacitados os nobres de linhagem e seus descendentes, os senhores de engenho, a alta burocracia civil e militar e os comerciantes ricos.

Com o Império e a permanência do sistema de eleições indiretas, continuou a haver dois tipos de cidadão: o votante e o eleitor. Os critérios, entretanto, tornaram-se ao mesmo tempo mais formais mais excludentes. Para ser votante era necessário ser do sexo masculino e maior de 25 anos, e possuir renda líquida anual de 100 mil réis. Do eleitor exigia-se uma renda anual de 200 mil réis. No final do período imperial, em 1881, a Lei Saraiva instituiu a eleição direta e modificou os requisitos para a aquisição do direito de voto. A idade foi reduzida para 21 anos e a renda líquida anual exigida passou a ser de 200 mil réis.1

1 Em uma crônica, publicada em 1876, Machado de Assis retratava com aguda sensibilidade os problemas decorrentes de uma cidadania restrita. Embora os critérios formais não excluíssem os analfabetos da vida política, tal condição prejudicava a participação de grande parte dos capacitados a votar, reduzindo sensivelmente o compromisso com a esfera pública. Escreveu ele: “Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas.

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A implantação da República significou uma alteração no sistema de governo e também no direito de voto. Foi abolida a restrição da renda, mas em compensação os analfabetos foram excluídos. Segundo dados oficiais, ainda que imperfeitos, os analfabetos representavam então cerca de 85% da população. Ou seja, a extinção do critério censitário não significou uma ampliação do eleitorado, e sim um aumento no número de marginalizados. Estavam agora impedidos de participar: as mulheres, os mendigos, os praças de pré, religiosos em comunidade claustral e os analfabetos.

Em 1932 houve uma importante ampliação do corpo eleitoral, com a incorporação das mulheres e a redução do limite da idade para 18 anos, mas a universalização do sufrágio só viria em 1985, com a inclusão dos analfabetos.

O crescimento do eleitorado brasileiro e sua proporção em relação ao total da população podem ser apreciados na tabela da próxima página.

Como se observa, o índice de participação do eleitorado na população total é bastante reduzido até 1945. Em 1930, quando a “verdade eleitoral” era reclamada de maneira candente, pouco mais de 5% da população possuía o direito de voto. A participação só se ampliou, de fato, a partir de 1950, acelerando-se esse processo nos anos 70 e 80. Hoje, o Brasil se encontra entre os países com o mais amplo marco jurídico-eleitoral no mundo: o voto é obrigatório a partir dos 18 anos e facultativo entre os 16 e os 18 incompletos.

Esse extraordinário crescimento do eleitorado – em termos absolutos e relativos proporcionais – deveu-se tanto à liberalização dos requisitos legais como às significativas mudanças estruturais, resultantes dos processos de urbanização e industrialização. Num intervalo de apenas 50 anos, isto é de 1940 a 1990, a população cresceu três vezes e meia, passando

Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem. (...) O leitor ou eu, querendo falar de nosso país, dirá: – Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o futuro com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania nacional reside nas Câmaras; as Câmaras são a representação nacional. A opinião pública deste país é o magistrado último, o supremo tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação que decida (...); ela possui nas mãos o direito superior a todos os direitos. A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade: – A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. (...) 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber por que nem o quê. Votam como vão à festa da Penha, – por divertimento. A constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida.

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de 41 para 145 milhões, a população urbana subiu de 31% para 75%, a força de trabalho ocupada na agricultura decresceu de 67% para 23%, e o eleitorado cresceu de cerca de 7 para mais de 80 milhões.

Tabela: Dimensões do eleitorado brasileiro: número de eleitores e participação percentual na população total

Ano Número de inscritos % na população 1872 1.097.698 (*) 10.8 1886 117.022 (*) 0.8 1884 290.883 (*) 2.2 1894 345.097 (*) 2.2 1898 462.188 (*) 2.7 1902 645.531 (*) 3.4 1906 294.401 (*) 1.4 1910 707.651 (*) 3.2 1914 1.212.882 5.0 1918 390.131 (*) 1.5 1919 403.315 (*) 1.5 1922 1.305.826 4.6 1926 702.580 (*) 2.3 1930 1.890.577 (*) 5.7 1933 1.466.700 3.7 1945 7.499.670 13.4 1950 11.455.149 22.1 1954 15.104.604 34.5 1958 13.780.460 21.8 1960 15.543.332 22.2 1966 22.387.251 20.3 1970 28.966.114 31.1 1974 35.810.715 34.8 1978 46.030.464 40.6 1982 58.871.378 46.4 1986 69.166.810 49.9 1989 82.074.718 55.6 1990 83.817.593 55.7 1992 90.222.835 60.0 1994 94.768.404 61.6

Fonte: Lamounier & Muszynski (1993); IBGE; T.S.E. OBS.: (*) estes dados referem-se aos votantes e não aos inscritos

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2.2. CONFIABILIDADE: ORGANIZAÇÃO E CONTROLE DAS ELEIÇÕES

A credibilidade do processo eleitoral depende fundamentalmente da forma como são organizadas e controladas as eleições. De nada adiantam eleições competitivas e nas quais milhões de cidadãos tenham direito de participar, se o alistamento, a emissão do voto, a apuração e a proclamação dos resultados acham-se sujeitos a intromissões que possam adulterar a livre manifestação do eleitor. Desta forma, a maior ou menor confiabilidade do resultado eleitoral decorre da efetividade das garantias estabelecidas em lei para assegurar a lisura de cada uma dessas etapas.

Vejamos em linhas gerais como, entre nós, eram organizadas e administradas as eleições e seu grau de credibilidade, da fase colonial – quando se realizaram as primeiras disputas eleitorais – até o presente.

Durante o período colonial, havia duas administrações: uma constituída dos governadores, representantes dos soberanos portugueses e por eles nomeados, com mandato de duração imprevisível; e outra, das Câmaras Municipais, formadas por membros eleitos. Esse processo eleitoral era minuciosamente regulamentado pelas Ordenações Filipinas. Elas é que determinavam quais indivíduos teriam direito de participar da escolha das lideranças locais, bem como os procedimentos a serem seguidos na apuração e no reconhecimento dos eleitos. Numerosos alvarás, cartas régias e provisões afetaram a execução desse código durante o período, mas cabia sempre ao juiz um papel decisivo. Não por outro motivo, em 1696, os juízes ordinários, eleitos, foram substituídos pelos “juízes de fora”, nomeados pelo monarca. Eram os juízes ou corregedores que presidiam as eleições, cabendo a eles, em última instância, escolher os ocupantes dos cargos públicos na esfera municipal. As eleições eram indiretas, delas participando dois tipos de cidadãos – o votante e o eleitor. O votante dirigia-se à mesa e proferia seu voto oralmente e em segredo ao escrivão. Uma vez computados esses votos é que eram designados os eleitores, aos quais cabia apontar os nomes que formariam a governança. Por fim, o juiz tinha a atribuição de escolher, dentre esses nomes, os que iriam efetivamente ocupar os postos em disputa – juízes, vereadores, procuradores, escrivães.

Novas alterações foram feitas depois da vinda da família real para o Brasil, determinando as disposições de 1815, 1817 e 1820 que a apuração fosse realizada no Desembargo do Paço. Oito anos mais tarde, nova lei eleitoral

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transferiu a apuração das eleições locais para a câmara e determinou a inscrição prévia dos eleitores para a eleição de vereadores. Quanto às eleições gerais, de deputados e senadores, previa-se a criação de mesas eleitorais, compostas pelo “juiz de fora”, o pároco, dois secretários e dois escrutinadores. Os amplos poderes da mesa iam da qualificação dos votantes (eleitores de primeiro grau) e estipulação do prazo para o recebimento das cédulas até a apuração dos votos e a determinação do número de eleitores (eleitores de segundo grau) da paróquia. A rigor, a mesa determinava o resultado das eleições, já que era absoluta para julgar sobre a qualificação dos votantes, podendo, inclusive, negar o direito de voto a alguns e incluir outros.

Este sistema perdurou até 1842, quando instituiu-se a qualificação prévia dos votantes e dos elegíveis por uma junta de alistamento, em cada Paróquia, formada pelo juiz de paz do distrito, o pároco e a autoridade policial, de confiança do poder central. A mesa eleitoral, por sua vez, passou a ser composta por 16 cidadãos escolhidos por sorteio entre os elegíveis. Sua competência foi diminuída: cabia a ela reconhecer a identidade dos votantes e não mais a sua idoneidade. Era ainda sua atribuição a apuração dos sufrágios. Esta lei introduziu outra modificação, ao proibir os votos por procuração, anteriormente permitidos.

Em seguida, em 1846, foram modificadas as composições das juntas qualificadoras e das mesas paroquiais. As juntas qualificadoras passaram a ser formadas pelo juiz de paz mais votado e por 4 membros escolhidos dentre os eleitores. Às mesas paroquiais atribuiu-se a apuração dos votos, devendo a câmara proceder à apuração final, examinando as atas. Em 1875 foi dada competência ao juiz de direito da comarca para julgar a validade ou não da eleição, sempre que houvesse reclamação; foi ainda instituída a possibilidade de recurso à Relação do Distrito.

A Lei Saraiva de 1881 alterou os sistemas de qualificação e de apuração, conferindo maiores atribuições aos juízes. Assim, cabia ao juiz municipal realizar a qualificação dos eleitores e ao juiz de direito organizar a lista final dos capacitados a votar. Determinava ainda a lei que o alistamento deveria ser revisado anualmente. Compunham as mesas eleitorais o juiz de paz mais votado da paróquia e quatro mesários – dois juízes de paz e dois cidadãos.

Na prática, o sistema adotado durante o Império conferia às mesas o poder de determinar os resultados das eleições. As constantes alterações em

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sua composição – sempre no sentido de uma maior presença de membros do judiciário – não garantiram sua independência em relação às forças políticas. Mesmo porque, os postos de juiz eram preenchidos a partir de critérios políticos, o que os tornava vulneráveis às pressões das lideranças comprometidas com o poder central. A crônica e a historiografia da época estão repletas de relatos sobre a ocorrência de violências e de total desrespeito à vontade do votante e do eleitor. Era a mesa que definia, em última instância, quem seria o candidato vencedor e a quantidade de votos recebidos.

A mudança para o regime republicano veio acompanhada de alterações nas legislações que regulavam as eleições e sua apuração. O decreto n° 200 – A de fevereiro de 1890 determinou que a qualificação deveria ser feita por comissões distritais, formadas pelo juiz de paz mais votado, o subdelegado da paróquia e um cidadão alistável, nomeado pelo presidente da câmara municipal. As listas finais seriam organizadas por comissões municipais, compostas pelo juiz municipal, pelo presidente da câmara e pelo delegado de polícia. O decreto n° 511 de junho de 1890 ocupou-se da mesa eleitoral, que passou a ser constituída por 5 membros: presidida pelo presidente da câmara, que designava 4 mesários, sendo dois vereadores e dois eleitores. Cabia à mesa receber os votos e apurá-los, imediatamente após o término da eleição. Computados os votos deveria ser lavrada a ata, queimando-se as cédulas.

No que se refere às garantias necessárias à lisura do pleito, este sistema significou um retrocesso em relação às práticas vigentes no final do Império. Era absolutamente total o controle das forças governistas. Não por acaso, o governo fez uma estrondosa maioria nas eleições para o Congresso Constituinte.

A Constituição de 1891, em seu artigo 34, conferiu privativamente ao Congresso Nacional a atribuição de “regular as condições e o processo da eleição para os cargos federais em todo o país”. Em obediência ao princípio federativo, transferiu aos estados a competência de legislar em matéria eleitoral para os postos estaduais e municipais.

A primeira lei eleitoral, após a Constituição de 1891, de 25/1/1892, foi elaborada no Congresso e sancionada pelo Presidente Floriano Peixoto. Instituiu distritos subdivididos em seções, às quais correspondiam comissões formadas por 5 membros, eleitas por vereadores. Estas comissões possuíam a atribuição de fazer o alistamento, passível de recurso para uma

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comissão municipal, formada pelo presidente do governo municipal e pelos presidentes das comissões secionais. Previa-se ainda a possibilidade de recurso da comissão municipal para a junta eleitoral, que se compunha, em cada estado, do juiz federal, do seu substituto e do procurador seccional da República. A apuração dos votos permaneceu como prerrogativa das mesas eleitorais, que se organizavam do mesmo modo que as comissões seccionais de alistamento. A apuração final, com base nas atas das diferentes mesas, era realizada no município-sede do distrito eleitoral, presidida pelo presidente do governo municipal auxiliado por uma comissão constituída pelos 5 vereadores mais votados e pelos 5 cidadãos que se seguiam em votos ao último vereador eleito.

A Lei Rosa e Silva, em 1904, atribuiu a apuração final das atas aos presidentes das câmaras municipais do distrito eleitoral, não alterando a atribuição das mesas eleitorais de realizarem a contagem dos votos. Modificou-se, entretanto, a sua composição, que passou a ser de 5 membros, eleitos por cada grupo de 30 eleitores da seção.

A legislação de agosto 1916 implementou o princípio federativo, conferindo aos estados a competência de regular o alistamento estadual e municipal, deixando para as autoridades judiciárias a responsabilidade pelo alistamento para as eleições federais. Em dezembro desse mesmo ano, uma nova lei determinou que a apuração fosse feita nas capitais e não mais nas sedes dos distritos, por uma junta apuradora formada pelo juiz federal, seu substituto e pelo representante do ministério público junto ao tribunal local de segunda instância.

Durante os primeiros anos do período republicano, apesar das sucessivas mudanças na legislação referente à apuração, as eleições estiveram sujeitas a fraudes. A falsificação dos resultados era conseguida através de dois mecanismos principais: o “bico de pena” e a “degola” ou depuração. O “bico de pena” era praticado pelas mesas, que inscreviam como eleitores quem bem quisessem. Assim, não era raro que cidadãos inexistentes – mortos, fictícios e ausentes – constassem da lista de eleitores. Como se não bastasse, a apuração era igualmente adulterada, distribuindo-se os votos de acordo com as conveniências da política situacionista. As câmaras legislativas, por sua vez, ao fazerem o reconhecimento dos poderes, “degolavam”, isto é, cassavam os diplomas de eleitos indesejáveis que porventura houvessem sido dados como vitoriosos na etapa anterior.

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Essas práticas não eram privilégio da situação. Também a oposição, caso predominasse na esfera local ou estadual, procurava influenciar a composição das mesas e a apuração dos votos. A situação tinha a seu favor a possibilidade de utilizar a força policial e o erário público.

Assis Brasil resumiu com propriedade esse sistema:

ninguém tinha a certeza de se fazer qualificar, como a de votar... Votando, ninguém tinha a certeza de que lhe fosse contado o voto... Uma vez contado o voto, ninguém tinha a segurança de que seu eleito havia de ser reconhecido através de uma apuração feita dentro desta Casa (Legislativa) e por ordem, muitas vezes, superior (Anais da segunda Constituinte Republicana, vol. II, pag. 507).

O movimento de 30 tinha entre suas bandeiras a moralização das eleições, sumariada no binômio cunhado por Assis Brasil, “representação e justiça”. Para isso parecia imprescindível afastar os poderes executivo e legislativo da administração e do controle do processo eleitoral, e retirar das Câmaras Legislativas a prerrogativa da verificação dos mandatos. Através dessas práticas a máquina majoritária assegurava sua perpetuação, manipulando todas as etapas do processo eleitoral, e chegando mesmo a decapitar mandatos oposicionistas que porventura houvessem conseguido vencer os obstáculos próprios a cada fase do processo eleitoral. De fato, o novo Código Eleitoral, de fevereiro de 1932, além de alargar as franquias, com o voto feminino e a redução da exigência para 18 anos de idade para o alistamento como eleitor, criou uma instituição judiciária, formalmente independente dos poderes políticos, com a finalidade de dar garantia ao voto – a Justiça Eleitoral.

2.3. A JUSTIÇA ELEITORAL

O voto secreto e a criação da Justiça Eleitoral, em 1932, representaram um importante passo no sentido de reduzir a violência nas disputas eleitorais e de atingir a “verdade eleitoral”. Esse ramo do Judiciário tornou-se responsável pelo alistamento, pela apuração dos votos, e pelo reconhecimento e proclamação dos eleitos. Também passou a caber a ela expedir instruções complementares da legislação eleitoral, dividir os municípios em seções eleitorais, distribuir os eleitores pelas seções e formar as mesas receptoras.

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A Justiça Eleitoral organizou-se nos moldes da Justiça Comum. Isto é, foi criado um Tribunal Superior, na capital da República, e Tribunais Regionais, nas capitais dos estados. Afora os tribunais, em cada circunscrição judiciária havia um juiz eleitoral de primeira instância. A Justiça Eleitoral passou também a possuir um ministério público próprio, exercido por um procurador geral junto ao Tribunal Superior, e procuradores regionais, junto a cada um dos vinte e dois tribunais estaduais.

Os Códigos Eleitorais de 1932 e 1935 limitaram as atribuições das mesas receptoras e extinguiram a participação das assembleias legislativas no reconhecimento dos eleitos. As mesas deixaram de apurar os votos. A contagem passou a ser feita pelos Tribunais Regionais e, nas eleições locais, pelas juntas apuradoras, compostas de juízes vitalícios. A proclamação dos eleitos e a expedição dos diplomas tornou-se atribuição dos Tribunais Regionais e do Tribunal Superior. Esses códigos preocuparam-se também com o sigilo do voto. As sobrecartas feitas pelos partidos, usualmente transparentes e que tornavam possível identificar o voto do eleitor, foram substituídas pela obrigatoriedade do uso de sobrecartas oficiais, uniformes e opacas, que deveriam ser rubricadas pelo presidente da mesa.

A experiência de realização de eleições administradas por um organismo do judiciário, pelo menos formalmente descomprometido com as luta político-partidária, foi interrompida com o golpe que instaurou o Estado Novo. A Carta de 1937 extinguiu a Justiça Eleitoral, que só voltou a aparecer sete anos mais tarde, graças ao decreto-lei n° 7.586, de maio de 1945. Coube à Justiça Eleitoral dirigir as eleições que marcariam o restabelecimento do regime democrático.

A Constituição de 1946, como fizera a de 1934, instituiu a Justiça Eleitoral como ramo do poder Judiciário e conferiu aos juízes de direito o exercício da plena jurisdição eleitoral. Quanto à mecânica de atuação, foi mantido o mesmo processo previsto nos Códigos de 1932 e 1935, no que se refere às garantias do sigilo do voto. A única mudança importante ocorreu na apuração, deixando de haver distinção de procedimento, caso se tratasse de eleição municipal, estadual ou federal. Em todos os tipos de pleito a apuração passou a ser realizada pelas juntas apuradoras, presididas por um juiz vitalício e composta por mais dois cidadãos “de notória integridade moral e independência”, nomeados pelos Tribunais Eleitorais Regionais.

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As Constituições e as legislações posteriores não modificaram substancialmente a organização e as competências da Justiça Eleitoral. Alteraram, entretanto, procedimentos relativos à votação, como a “folha individual de votação” (Lei n° 2.550) e a “cédula única de votação” (Lei n° 2.582) criadas em 1955.

O regime militar, de 1964-1985, saliente-se, apesar de ter imposto alterações radicais nas atribuições dos poderes executivo e legislativo, regulamentando também a organização e o funcionamento dos partidos políticos, não modificou o papel institucional da Justiça Eleitoral.

O alistamento de eleitores, a admissão de candidatos, a apuração das eleições e a proclamação e a diplomação dos eleitos continuaram sob a responsabilidade da Justiça Eleitoral. Os juízes eleitorais são juízes de Direito, com garantias de vitaliciedade e inamovibilidade, contando nas tarefas de apuração e proclamação dos resultados das eleições com a colaboração de cidadãos eleitores, que constituem a junta apuradora. Os órgãos da Justiça Eleitoral de primeira instância atuam em todos os municípios e em todo o território nacional. Nas eleições estaduais atuam os Tribunais Regionais Eleitorais, com a função de coordenar e centralizar o registro de candidatos, a proclamação e a diplomação dos eleitos. Esses Tribunais são compostos por dois desembargadores e dois juízes da Justiça Estadual, eleitos por um período de dois anos pelos respectivos Tribunais de Justiça; dois juristas e um juiz federal. Nas eleições nacionais o processo é coordenado pelo Tribunal Superior Eleitoral, formado por três ministros do Supremo Tribunal Federal, dois ministros do Superior Tribunal de Justiça e dois juristas escolhidos pelo presidente da República, a partir de listas tríplices elaboradas pelo S.T.F.

Avaliando a criação e o papel da Justiça Eleitoral, disse Victor Nunes Leal:

É, sem dúvida, a solução que apresenta menores inconvenientes políticos, porque o judiciário, ao menos em princípio, julga pelo alegado e provado e, consequentemente, as suas decisões não podem ser contrárias ao que manifestou querer o município nas suas eleições (1975, pág. 127).

Embora se possa levantar dúvidas quanto ao formato institucional adotado no Brasil para organizar e controlar as eleições, uma análise comparativa entre o período anterior e o posterior à existência da Justiça

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Eleitoral demonstra que se trata de duas realidades radicalmente diferentes. Houve avanços evidentes no tocante à transparência nos procedimentos, na correção e no clima de liberdade durante o período eleitoral. Isto não significa que a coação, a fraude, a corrupção e outras práticas condenáveis tenham sido extintas. Mas a solução encontrada em 1932 mostrou-se menos vulnerável que todas as anteriores. No período que precedeu a criação da Justiça Eleitoral, houve repetidas tentativas de aprimorar o sistema. Alterou-se, sem êxito, a forma de alistamento, de qualificação, a composição das mesas e das juntas apuradoras, bem como as atribuições destes órgãos. Todos estes mecanismos têm influência direta no grau de lisura de um pleito. E o fato de que não se lograsse sucesso mediante tais alterações é claro indicativo de que se trabalhava dentro de um formato institucional inadequado às condições brasileiras.

A importância aqui atribuída à Justiça Eleitoral não implica desconsiderar deficiências que existem em sua atuação, e tampouco o fato de que variáveis alheias à organização das eleições e ao mecanismo de apuração e diplomação dos eleitos – condições sociais, estruturais, sistemas eleitoral e partidário, o perfil e amplitude do eleitorado, etc. – podem condicionar fortemente a qualidade do processo. Mas esta é outra questão.

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CAPÍTULO 3

ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL

ste capítulo tem por objetivo descrever a estrutura, a composição e as atribuições da Justiça Eleitoral, desde sua criação em 1932 até hoje.

Trata-se de uma resenha dos diferentes textos constitucionais, salientando as principais modificações ocorridas nestes aspectos.

Chama especialmente a atenção o fato de que, apesar do país ter vivido profundas transformações no transcorrer das últimas seis décadas e ter alterado repetidas vezes a sua Constituição e as legislações referentes às eleições, o modelo da Justiça Eleitoral praticamente se manteve inalterado. Este é um claro indicador de que esta não se constitui em uma área de controvérsia significativa e do relativo sucesso da instituição.

3.1. ESTRUTURA

Desde sua criação, em 1932, a Justiça Eleitoral brasileira experimentou poucas alterações em sua estrutura organizativa, até chegar ao formato atual, consagrado pela Constituição de 1988, que, neste particular, preserva as determinações da Carta de 1946 e da Constituição de 1967.

Quando foi instalada pelo governo revolucionário, através do decreto n° 21.076/32, de 24/03/1932, com a função de preparar as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, a Justiça Eleitoral possuía os seguintes órgãos: o Tribunal Superior, então denominado Tribunal Superior da Justiça Eleitoral, com sede na capital da República; Tribunais Regionais, na capital de cada estado, no Distrito Federal e na sede do governo no Território do Acre; e juízes eleitorais nas comarcas, distritos ou termos judiciários.

Esta estruturação praticamente não sofreu modificações até os dias atuais, a não ser a instalação de Juntas Eleitorais, a partir de 1945, e outras provenientes da criação de novos estados, territórios e municípios. A Constituição de 1946 conferiu às Juntas a categoria de órgão constitucional. Entre estes organismos de serviço eleitoral, apenas as Juntas Eleitorais são

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temporárias, formando-se sessenta dias antes da data das eleições e dissolvendo-se assim que finalizam seus trabalhos. Todos os outros órgãos são permanentes, embora seus membros não o sejam, já que devem servir à Justiça Eleitoral por um período de no mínimo dois anos e no máximo dois biênios consecutivos.

3.2. COMPOSIÇÃO

No que se refere à composição, foram maiores as modificações experimentadas pela Justiça Eleitoral.

Em 1932, quando foi instalada provisoriamente com as funções de preparar e coordenar as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, o Tribunal Superior, órgão máximo da Justiça Eleitoral, era composto de 8 membros: ocupando a presidência, o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal; outros dois ministros do Supremo Tribunal Federal, cabendo a um deles a vice- presidência do Tribunal Eleitoral; dois desembargadores da Corte de Apelação do Distrito Federal; três juristas escolhidos pelo chefe do governo provisório dentre 15 cidadãos de notório saber jurídico e reconhecida idoneidade, indicados pelo Supremo Tribunal Federal (S.T.F.).

O decreto n° 23.017, em 31/6/1933, reduziu para dois, o número de membros externos à magistratura, ficando, pois, o Tribunal Eleitoral com 7 membros. Esta composição foi ratificada pela Constituição de 1934 que também consagrou a Justiça Eleitoral como órgão do Poder Judiciário Federal.

A Justiça Eleitoral foi, contudo, extinta pela Carta de 1937, voltando a aparecer sete anos mais tarde, graças ao decreto-lei n° 7.586, de maio de 1945, com a finalidade de dirigir as eleições que marcariam o restabelecimento do regime democrático. Sua composição foi alterada: passou a exercer a presidência o presidente do S.T.F.; a vice-presidência ficou a cargo de um outro ministro do S.T.F.; integravam ainda o T.S.E. o presidente e um desembargador do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, e, por fim, um jurista de notório saber e reconhecida reputação. Cabia ao presidente do S.T.F., que acumulava a presidência do T.S.E., a indicação dos 4 demais membros.

A Constituição de 1946, como fizera a de 1934, incluiu a Justiça Eleitoral como ramo do poder Judiciário Federal e determinou a seguinte

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composição: dois ministros do S.T.F., exercendo a presidência e a vice-presidência; dois ministros do Tribunal Federal de Recursos; um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal; dois cidadãos de notório saber jurídico e reconhecida reputação nomeados pelo Presidente da República dentre 6 indicados pelo S.T.F..

A Constituição de 1967 alterou uma vez mais a composição do T.S.E., que passou a ser constituído por: três ministros do S.T.F., dentre os quais seriam eleitos o presidente e o vice-presidente do T.S.E.; dois ministros do Tribunal Federal de Recursos; dois advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, nomeados pelo Presidente da República, dentre 6 indicados pelo S.T.F.

Finalmente, a Constituição de 1988 no seu artigo 119 assim definiu a composição do T.S.E.:

no mínimo sete membros, escolhidos: I- mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II- por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Quanto aos T.R.E.s, a nova Constituição também não introduziu modificações. Sua composição dar-se-á:

I- mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II- de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na capital do Estado ou no Distrito Federal ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III- por nomeação pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. O T.R.E. elegerá seu Presidente e Vice-Presidente dentre os desembargadores (artigo 120, parágrafo 1).

A composição dos Tribunais Eleitorais é, como se depreende do texto constitucional de 1988 e de todos os anteriores, diversificada. Deles

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participam magistrados pertencentes a diferentes Tribunais e Justiças, além de juristas recrutados dentre cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral. Como pode ser apreendido nos dados que constam do Anexo deste capítulo, sumariados nas tabelas abaixo, é notável a pluralidade de experiências anteriores à incorporação ao Tribunal Superior Eleitoral: 20.3% tiveram alguma participação no poder Executivo; 21.3% nos diferentes órgãos do Legislativo; 29.1% exerceram alguma atividade no poder executivo e/ou no legislativo; 33.9% no Ministério Público; e 14.5% fizeram carreira exclusivamente na Justiça Comum Estadual. Ou seja, dos 103 ministros sobre os quais foi possível obter dados biográficos, apenas 15, desde o bacharelado ou após um breve período de exercício na advocacia, ingressaram na magistratura estadual e não desempenharam atividades em nenhum outro ramo do Judiciário ou nos demais poderes. Estas características – heterogeneidade na composição e pluralidade de experiências anteriores ao ingresso no Tribunal Superior Eleitoral – singularizam o organismo de cúpula da Justiça Eleitoral, distinguindo-o das demais justiças especiais também pertencentes ao Poder Judiciário. O modelo favorece uma composição plural, tanto ao incorporar membros do Supremo Tribunal – uma corte que não é formada exclusivamente por juristas de carreira – como membros estranhos à magistratura, os juristas de notável saber.

Tabela 1. Ministros que exerceram atividades no Poder Executivo antes da primeira posse no T.S.E. (em porcentagem).

Poder Executivo Prefeito Governador Subtotal Cargos eletivos (inclui interventorias e/ou nomeações)

3,8 4,8 7,7

Cargos de 1 escalão Secretário municipal

Secretário estadual

Ministro de Estado

Subtotal

- 8,7 5,8 13,5

Total de ministros que exerceram atividades no poder executivo

Municipal Estadual Federal Total 3,8 13,5 5,8 20,3

FONTE: Dados coligidos por Rogério Bastos Arantes (ver anexo). OBS.: Os percentuais acima (em todas as células) foram calculados com base em 103=100%, sendo 103 o número absoluto de Ministros sobre os quais foram obtidos dados biográficos. Os subtotais e o total não são meras somas das colunas por que há casos de Ministros que ocuparam mais de um dos cargos ao longo da carreira. Não há casos de um mesmo Ministro que tenha sido Secretário Estadual e Governador de Estado.

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Tabela 2. Ministros que exerceram atividades no poder legislativo antes da primeira posse no T.S.E. (em porcentagem).

Poder Legislativo Vereador Deputado estadual Deputado federal Senador Total Cargos eletivos 3,8 13,5 13,5 1,9 21,3 FONTE: Dados coligidos por Rogério Bastos Arantes (ver anexo). Obs.: Os percentuais acima (em todas as células) foram calculados com base em 103=100%, sendo 103 o número absoluto de Ministros sobre os quais foram obtidos dados biográficos. O total não é mera soma das colunas por que há casos de Ministros que ocuparam mais de um dos cargos ao longo da carreira.

Tabela 3. Ministros que exerceram atividades no Ministério Público Estadual e/ou Federal antes da primeira posse no T.S.E. (em porcentagem).

Ministério Público Estadual Federal Total

Ministério Público 27,1 14,5 33,9 FONTE: Dados coligidos por Rogério Bastos Arantes (ver anexo). Obs.: Os percentuais acima (em todas as células) foram calculados com base em 103=100%, sendo 103 o número absoluto de Ministros sobre os quais foram obtidos dados biográficos. O total não é mera soma das colunas por que há casos de Ministros que ocupam mais de um dos cargos ao longo da carreira.

Os órgãos de primeiro grau da Justiça Eleitoral são integrados por juízes eleitorais e pelas juntas eleitorais. A jurisdição de cada uma das zonas eleitorais é da responsabilidade de um juiz de direito em efetivo exercício, sendo que, nas comarcas onde existam mais de uma vara, cabe ao Tribunal Regional designar aquela ou aquelas que responderão pelo serviço eleitoral.

Membros do Ministério Público atuam junto ao Tribunal Superior Eleitoral, aos tribunais regionais e às juntas eleitorais. O Ministério Público Eleitoral tem por função promover a ação pública, quando cabível, visando a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses da sociedade, aí compreendidos os sociais e individuais indisponíveis. Depois da Constituição de 1988 esta instituição tornou-se independente e seus membros desfrutam das mesmas garantias da magistratura, quais sejam a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos.

Os integrantes dos tribunais, os juízes de direito e os membros das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozam de plenas garantias e são inamovíveis. A atual Constituição, tal como as anteriores, define o tempo de mandato dos integrantes da Justiça Eleitoral: “Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois

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anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria” (artigo 121, parágrafo 2).

O princípio da temporalidade atende a um preceito de proteção do organismo eleitoral das ingerências políticas. Os magistrados federais e estaduais servem periodicamente à Justiça Eleitoral, mas possuem nos seus cargos de origem as garantias constitucionais de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. A investidura temporária dos membros dos Tribunais Eleitorais, se por um lado permite o rodízio de seus integrantes, por outro pode apresentar o inconveniente de impedir uma maior especialização nos assuntos atinentes ao contencioso eleitoral.

3.3. ATRIBUIÇÕES

Quando foi instituída, em 1932, a Justiça Eleitoral, através de seu órgão máximo, o Tribunal Superior Eleitoral, tinha entre suas atribuições fixar normas uniformes para a aplicação das leis e regulamentos eleitorais, expedindo as instruções que julgasse necessárias; julgar em última instância os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais; propor ao Chefe do Governo Provisório as providências para que as eleições se realizassem no tempo e na forma determinados pela lei.

Tais competências de jurisdição suprema e de vigilância do processo eleitoral foram mantidas nas Constituições e nas leis posteriores.

A Constituição de 1934 ampliou as atribuições da Justiça Eleitoral, ao conferir-lhe o direito de decretar a perda do mandato legislativo federal, nos casos estabelecidos na lei; determinar o número de deputados federais por estado, distrito federal e território, de acordo com os últimos censos populacionais; fixar, quando não determinada na Constituição, a data das eleições federais; responder às consultas sobre matéria eleitoral, formuladas por autoridades públicas ou por partidos políticos registrados.

O Decreto-Lei n° 7.586, de 28/5/1945, que restabeleceu os órgãos da Justiça Eleitoral, extintos na Carta de 1937, também confirmou as mesmas atribuições da Constituição de 1934 e do Código Eleitoral de 1935. Acrescentou, contudo, novas competências: ordenação do registro dos partidos políticos e dos candidatos à Presidência da República; apuração do

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resultado geral da eleição de Presidente da República, a partir dos resultados parciais; proclamação e posse do eleito.

A Constituição de 1946 fixou as principais competências da Justiça Eleitoral, determinando que a ela cabia a apuração das eleições, a diplomação dos eleitos e a decisão sobre as arguições de inelegibilidade. Deixou, porém, para a lei ordinária a prescrição sobre as atribuições dos tribunais e juízes.

A Constituição de 1967 e a Emenda de 1969, repetindo quase que por inteiro a Constituição de 1946, incluíram entre as atribuições da Justiça Eleitoral: o registro e a cassação de registro dos partidos políticos; a divisão eleitoral do país; o alistamento eleitoral; a fixação da data das eleições, quando não determinada por disposição constitucional ou legal; o processo eleitoral, a apuração das eleições e a expedição de diploma aos eleitos; o conhecimento e a decisão de arguições de inelegibilidade; o processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, e bem assim o de Habeas-corpus e mandado de segurança em matéria eleitoral; o conhecimento de reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem de seus recursos.

O presente texto constitucional, de 1988, entretanto, diferentemente dos anteriores, deixou de definir as atribuições da Justiça Eleitoral, determinando que lei complementar deverá dispor sobre a competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.

As decisões dos juízes eleitorais e das juntas eleitorais são passíveis de recurso aos Tribunais Regionais Eleitorais. Das sentenças proferidas pelos Tribunais Regionais, entretanto, todos os textos constitucionais definem que só caberá recurso ao Tribunal Superior Eleitoral quando contrariarem disposição expressa na Constituição ou na lei; ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; denegarem Habeas-data ou mandado de injunção. São, porém, irrecorríveis as decisões da mais alta corte da Justiça Eleitoral, o T.S.E., salvo as que contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Nestes casos caberá recurso ao Supremo Tribunal Federal.

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Além das atribuições constantes da Constituição, muitas outras são estabelecidas no Código Eleitoral, tanto de caráter administrativo como de natureza jurisdicional. A Justiça Eleitoral, diferentemente dos demais ramos do Poder Judiciário, possui competências administrativas que lhe facultam baixar instruções, que são verdadeiros regulamentos elaborados pelo T.S.E. para aplicação das leis eleitorais; afora a faculdade de responder consultas sobre matérias eleitorais. Em tese, pode-se afirmar que a Justiça Eleitoral tem potencialmente a possibilidade de legislar sempre que se verificam vazios na legislação ou duvidas quanto à sua interpretação.

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CAPÍTULO 4

O PAPEL DA JUSTIÇA ELEITORAL NO PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO

issemos em capítulo anterior que a disputa eleitoral não é um mecanismo típico ou exclusivo do regime democrático, embora

apenas neste tenha importância decisiva no processo político. Em sistemas semicompetitivos ou não competitivos, as eleições não implicam em mudanças reais na estrutura do poder, mas nem por isso deixam de desempenhar um papel relevante. Utilizadas como mecanismo de sobrevivência ou de reprodução desses sistemas, elas podem também levar à sua corrosão. Estes efeitos, entretanto, dependerão fundamentalmente do grau de credibilidade do processo eleitoral. A “abertura” brasileira de 1974-1985 é um exemplo paradigmático do que acabamos de afirmar.

A Justiça Eleitoral desempenhou um papel fundamental no processo de transição. Foi um ator mudo, porém decisivo, como fiador da lisura dos resultados eleitorais. Sem uma instituição dessa natureza, dificilmente haveria confiança na competição, ainda mais levando-se em conta as restrições políticas e legais da época. O caminho para a normalidade democrática teria sido muito mais tortuoso, para dizer o mínimo, sem o respeito aos resultados saídos das urnas.

Caberia também olhar mais de perto a atuação da Justiça Eleitoral na primeira eleição presidencial direta depois da promulgação da Constituição de 1988. Este foi um momento crítico para a instituição, pois tratava-se, não apenas de administrar um pleito repleto de expectativas, já que seria o primeiro depois de 29 anos sem eleições diretas para a mais alta magistratura, mas sobretudo porque incidentes, de todo inesperados, ameaçaram a normalidade do processo.

4.1. A ELEIÇÃO DE TANCREDO NEVES

Vale a pena examinar em detalhe a atuação da Justiça Eleitoral num dos momentos mais significativos da transição política – a eleição do primeiro presidente civil, encerrando-se o ciclo de governos militares.

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Poucos se lembram hoje que foi graças a uma deliberação do Tribunal Superior Eleitoral que Tancredo Neves pode ser eleito.

Desde a Emenda Constitucional n° 1, de 1969, foi introduzida a fidelidade partidária, o que significava dizer que as resoluções dadas como imperativas por um partido teriam de ser seguidas por todos os seus parlamentares, sob risco de perda do mandato. Dizia o texto: “Perderá o mandato no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais, quem, por atitudes ou pelo voto, se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito. A perda do mandato será decretada pela Justiça Eleitoral, mediante representação do partido, assegurado o direito de ampla defesa”.

Por outro lado, artifícios diversos haviam sido introduzidos na legislação eleitoral, praticamente a cada pleito, para garantir a maioria situacionista. A vitória do governo podia assim ser prevista em todas as votações no Congresso. Qualquer proposta da oposição estava fadada de antemão ao mais absoluto fracasso.

Da mesma forma, a composição do Colégio Eleitoral encarregado de eleger o Presidente da República em 1985 praticamente afastava a possibilidade de vitória de qualquer candidato oposicionista. Além dos senadores “biônicos” (indiretos), impostos pelo chamado “Pacote de Abril” de 1977, outras medidas haviam sido tomadas com o objetivo de garantir uma maioria situacionista. A introdução do voto vinculado para as eleições de 1982, por exemplo, teve o objetivo de municipalizar o pleito, aumentando as chances de eleição de parlamentares pró-governo. Também com vistas ao controle do processo sucessório, foram feitas alterações na Constituição, em junho de 1982. Uma dessas alterações dizia respeito diretamente à composição do Colégio Eleitoral, determinando o número máximo de 479 deputados federais e que aos senadores e deputados federais fossem somados seis deputados estaduais por estado, indicados pela bancada majoritária de cada Assembleia Legislativa.

Tais casuísmos eliminavam a incerteza do processo eleitoral. Havia, entretanto, um imponderável: a atuação da Justiça Eleitoral. O T.S.E., com o voto unânime de seus membros, primeiro derrubou a fidelidade partidária para o voto no Colégio Eleitoral e depois recusou-se a aceitar o pedido da direção do PDS de arquivar, com força de diretriz partidária, a

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obrigatoriedade de seus parlamentares sufragarem os nomes de Paulo Salim Maluf e Flávio Portella Marcílio para os cargos de presidente e vice-presidente da República, respectivamente.

A resolução do T.S.E. contra a exigência de fidelidade no Colégio Eleitoral baseou-se na consideração de não existir “norma constitucional ou legal que restrinja o livre exercício do sufrágio dos membros do Congresso Nacional e dos Delegados das Assembleias Legislativas dos Estados no Colégio Eleitoral, de que tratam os artigos 74 e 75 da Constituição, ou que lhe prescreva a nulidade por violação da fidelidade partidária”. Ainda em 1985, outra Resolução do Tribunal (n° 12.008) reafirmava que as disposições constitucionais e da legislação sobre a obrigatoriedade de disciplina partidária não prevaleciam para as eleições de presidente e de vice-presidente, não podendo um partido político “fixar, como diretriz partidária, a ser observada por parlamentar a ele filiado, membro do Colégio Eleitoral, a obrigação de voto em favor de determinado candidato”. Segundo o parecer do relator, Ministro Neri Silveira, nem o Ato Institucional n° 1, de 1964, que introduziu as eleições indiretas para os cargos de presidente e vice-presidente da República, nem nenhum outro texto constitucional, como a Emenda Constitucional n° 1 de 1969, que determinou a figura da fidelidade partidária, com a sanção de perda de mandato, ou alterações posteriores na legislação ordinária, haviam determinado que o voto no Colégio Eleitoral, se atribuído a um candidato de partido distinto àquele a que pertencesse o senador, o deputado federal ou o deputado estadual, poderia ser enquadrado em caso de infidelidade partidária. Em sua interpretação, os artigos 72 e 75 da Constituição definiam o Colégio Eleitoral como constituído de eleitores com a finalidade de escolher um dos candidatos previamente registrados, na forma da lei, mediante voto nominal em sessão pública. Como o sufrágio corresponde à manifestação da livre vontade do eleitor, não caberia cerceá-lo.

Examinemos, também, os argumentos das forças políticas, desejosas de fazer valer suas interpretações dos textos legais a favor de seus candidatos nas eleições presidenciais. De um lado, havia o Diretório Nacional do PDS que fixara os nomes de seus candidatos e solicitava ao T.S.E. o arquivamento de sua resolução, para que fosse seguida por seus filiados, especialmente por aqueles com assento no Colégio Eleitoral. De outro, impugnando essa solicitação, 48 deputados federais e senadores eleitos pelo PDS, membros do Colégio Eleitoral, e também o presidente do PMDB.

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A direção do PDS invocava a seu favor a fidelidade partidária, consagrada pela Constituição e pela Lei Orgânica dos Partidos, bem como decisões anteriores do Tribunal, determinando o arquivamento de diretrizes partidárias. Os deputados federais e senadores pedessistas contrários à direção do partido julgavam esse procedimento ilegal, argumentando que contrariava resolução anterior do T.S.E., de 6 de novembro de 1984, segundo a qual, “as questões sobre disciplina partidária e perda de mandatos são de competência privativa da Justiça Eleitoral”, e não dos partidos. Referiam-se também ao item 3 da mesma resolução que fixara que: “não existe norma constitucional ou legal que restrinja o livre exercício do sufrágio dos membros do Congresso Nacional e dos delegados das Assembleias Legislativas dos Estados no Colégio Eleitoral, de que tratam os artigos 74 e 75 da Constituição, ou que lhe prescreva a nulidade por violação da fidelidade partidária”. As razões apontadas pelo PMDB em sua petição eram análogas.

Os Ministros do T.S.E. rejeitaram o pedido da Direção pedessista com base nos seguintes supostos:

1) o arquivamento de uma diretriz partidária não é um expediente automático e cartorário, mas um ato de jurisdição eleitoral de feição não contenciosa; 2) o Diretório do PDS, segundo os próprios estatutos do partido, não tem competência para fixar diretrizes para seus filiados. Apenas a Convenção Nacional poderia estabelecer obrigatoriedades.

Dessa forma, apegando-se a vícios formais, o T.S.E. indeferiu o arquivamento solicitado pelo PDS, criando as condições legais para que a eleição de janeiro de 1985 fosse de fato competitiva.

Foram, pois, as deliberações do Tribunal Superior Eleitoral que permitiram que a oposição, respeitando as regras do jogo, elegesse o primeiro presidente civil dentro do colégio eleitoral que havia sido concebido para referendar o candidato ungido pela situação. Desta forma, a abertura brasileira, que fora impulsionada pelas eleições, foi também coroada por um processo eleitoral competitivo, embora indireto, graças à atuação firme da Justiça Eleitoral.

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4.2. A JUSTIÇA ELEITORAL E AS ELEIÇÕES DE 1989

Qualquer que seja a avaliação que se faça das eleições presidenciais de 1989, não se pode deixar de destacar o papel da Justiça Eleitoral, que foi, sem dúvida, um ator decisivo durante todo o processo, contribuindo de modo significativo para que o pleito se desenvolvesse dentro de um quadro de liberdade e respeito à lei. A atuação e a presença da Justiça foram marcantes em todas as fases, das primeiras providências até a votação e apuração dos votos, bem como na divulgação e proclamação dos resultados finais.

Pode-se afirmar, com efeito, que as eleições de 1989 proporcionaram à Justiça Eleitoral uma oportunidade para consolidar de maneira significativa as suas funções de regulamentar e reger a disputa político-partidária. Mais que um agente encarregado de aplicar regras formais, o desempenho da Justiça Eleitoral como intérprete de preceitos constitucionais levou-a até mesmo ao confronto com interesses casuísticos e particularistas. Pautando sua atuação por princípios liberais e de autonomia, o Tribunal Superior Eleitoral logrou significativo fortalecimento como instituição.

Essa presença marcante da Justiça Eleitoral deveu-se a diversos fatores, muitos dos quais extrapolam a vontade de seus membros. O principal dentre esses fatores foi o vazio legal provocado pela Legislação Eleitoral em vigor. Omissa em vários aspectos e caduca em muitos outros, a legislação aprovada pelo Congresso Nacional e os vetos apostos a alguns de seus artigos pelo então Presidente da República, José Sarney, redundaram em situações que exigiam um desempenho ativo por parte da Justiça Eleitoral. Espaços abertos pela legislação, que poderiam transformar-se em importante fator gerador de instabilidade ou mesmo de descrédito no processo eleitoral, foram ocupados pela Justiça Eleitoral. Agindo dessa forma, ela manteve a estabilidade do processo e reafirmou sua autoridade regulamentadora.

O T.S.E. e os T.R.E.s sempre tiveram, é claro, um papel importante na organização e regulação dos pleitos; na eleição presidencial de 1989, porém, esse papel tornou-se mais ativo. Mais do que em nenhuma outra eleição anterior, os ministros e juízes encarregados dos trabalhos eleitorais transformaram-se em personagens conhecidas e respeitadas pela população em geral. Nos meses imediatamente anteriores à eleição, o público teve diante de si 22 candidatos e uma instituição, esta última tão presente quanto os postulantes ao cargo máximo. O eleitorado familiarizou-se com

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personalidades até então conhecidas apenas nos círculos especializados – membros e funcionários da Justiça Eleitoral e, de modo particular, o então presidente do T.S.E., Ministro Francisco Rezek. Além de sua presença constante nos meios de comunicação, Rezek inaugurou um estilo novo, tornando públicas as suas posições sobre temas institucionais. Assim, manifestou abertamente sua opinião sobre questões polêmicas como o voto do analfabeto, voto obrigatório, voto útil, voto aos 16 anos, realização de pesquisas de opinião e direito à informação.

Advogando princípios liberais, Rezek dificilmente se enquadraria nos moldes liberais clássicos, que prescrevem um estilo monástico aos magistrados. Essa transgressão das normas tradicionais pode desfigurar o papel de juiz e provocar um descrédito na instituição judiciária, que tem como princípio básico arbitrar as disputas e não definir-se como parte de um contencioso. Apesar desse risco implícito, pode-se sustentar que a atuação de Rezek durante o período eleitoral não chegou a prejudicar a imagem da Justiça Eleitoral.

A construção de um papel institucional mais ativo durante as eleições presidenciais de 1989 pode ser examinada em quatro áreas de atuação, nas quais o desempenho do Tribunal Superior Eleitoral foi decisivo: a regulamentação da propaganda eleitoral; as decisões referentes à divulgação de pesquisas e à realização de debates; a deliberação que pôs fim ao episódio Silvio Santos e, por último, seu desempenho nos trabalhos finais de apuração dos votos.

4.2.1. Propaganda eleitoral

No que diz respeito à propaganda eleitoral e à veiculação de informações nas eleições de 1989, o papel da Justiça Eleitoral foi de estreita sintonia com a crescente reivindicação de liberdade política. Nesse sentido, enfrentando uma legislação eleitoral obsoleta e até certo ponto incompatível com os princípios constitucionais, a Justiça Eleitoral chamou a si a tarefa de desenvolver esse novo padrão de veiculação das diferentes mensagens eleitorais: mais livre e igualitário e em estrito respeito às normas do pluralismo político.

A interpretação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral à legislação sobre propaganda eleitoral aprovada em 8 de junho de 1989 pelo Congresso Nacional é ilustrativa do que acabamos de afirmar. Como bem se noticiou na

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época, as discussões no Congresso e os vetos apostos pelo Presidente José Sarney foram marcados por um jogo de interesses notoriamente oportunístico. Escudado em princípios liberalizantes, o T.S.E. eliminou de vez a censura e fez uma leitura tolerante do “direito de resposta”, garantido pela legislação.

Iniciado o horário eleitoral gratuito, desapareceu, pela primeira vez, a prática da censura prévia e/ou simultânea aos programas editados pelos partidos políticos. Os tradicionais ataques a adversários, que nas eleições anteriores haviam dado motivo para “cortes” efetuados pelos juízes eleitorais, foram então considerados como prática normal, compatível com o confronto democrático de ideias políticas, salvo, é claro, quando tais ataques configurassem crime de calúnia, injúria ou difamação contra a pessoa do candidato concorrente ou de autoridades e instituições. Além disso, segundo a Resolução n° 15.443 de 8/8/1989 do próprio T.S.E., “o ofendido ou seu representante legal poderia formular pedido para o exercício de resposta dentro de 24 horas da ciência do fato, devendo a decisão do Tribunal ser prolatada em um prazo máximo de 48 horas a partir da formulação do pedido”. Nesses casos, não cabia ao Tribunal pronunciar-se sobre a veracidade ou sobre o mérito das acusações, mas julgar a intensidade da ofensa à reputação e honorabilidade do atingido. Assim, o T.S.E. assegurou o “direito de resposta” apenas quando esteve em questão o reparo de danos causados pelos adversários, nas situações previstas em lei.

No primeiro turno, a maioria dos pedidos de direito de resposta julgados favoravelmente pelo T.S.E. referiu-se à defesa contra ataques proferidos por “microcandidatos”, isto é, por alguns daqueles que dificilmente poderiam ser classificados como candidatos com chances reais de chegar à Presidência da República. Tendo pouco ou nada a perder, prestavam-se com frequência ao “jogo sujo”, atacando candidatos com potencialidade real de ocupar os primeiros lugares. Some-se a isto o fato de que a lei eleitoral não proibia nenhum candidato de usar seu tempo no rádio ou na televisão para fazer campanha para outro. Proposta neste sentido havia sido feita pelo Senado, prevendo punição àqueles que usassem o seu programa para advogar a eleição de outro candidato. Essa precaução, entretanto, foi rejeitada pela Câmara. Também quanto a este ponto, ganhou importância a competência exclusiva do T.S.E. para decidir sobre o direito de resposta.

Assim, na disputa do primeiro turno, Antônio Pedreira, candidato do PPB (sigla que então designava Partido do Povo Brasileiro), foi obrigado a

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ceder quatro direitos de resposta e teve seu programa suspenso por 8 dias; Manoel Horta, inscrito pelo PDC, teve de ceder seu tempo duas vezes e Eudes Mattar, do PLP, uma. Quanto às instituições e aos demais candidatos, o T.S.E. concedeu ao IBOPE e a Collor de Mello o direito de resposta a ataques veiculados nos programas de Leonel Brizola; ao Presidente Sarney, contra o ataque do próprio Fernando Collor; ao PT, por duas vezes, para responder a acusações feitas pelo candidato do PSD, Ronaldo Caiado (o chamado “caso Lubeca”). Ressalte-se que a atuação da Justiça Eleitoral foi mais intensa do que seria possível prever a partir de suas próprias determinações, visto que a entrada de um novo candidato na disputa – o apresentador de TV, Sílvio Santos – forçou- a reavaliar a situação. Com efeito, o ingresso de Sílvio Santos fez com que o T.S.E. suspendesse 18 programas do horário eleitoral gratuito na televisão – 8 do PP, 7 do PCN e 3 do PMB. A justificativa dada para estas decisões, tomadas em sessão realizada no dia 3/11/89, foi que estes partidos estavam sendo utilizados para promover a nova candidatura.

No segundo turno, a permanência de apenas dois candidatos e a decisão do T.S.E. de encarar com naturalidade o acirramento da disputa fez com que o direito de resposta fosse concedido somente uma vez, ao PT, para defender-se dos ataques de Collor à vida pessoal de seu adversário Lula (o “caso Miriam”).

4.2.2. Divulgação de pesquisas e realização de debates

No âmbito geral da informação política, também, o T.S.E. atuou de forma decisiva. Contrapondo-se às omissões e contradições da lei eleitoral aprovada pelo Congresso e apoiada no preceito constitucional da liberdade de informação, a Justiça Eleitoral assegurou os direitos à divulgação de pesquisas eleitorais e à realização de debates entre os candidatos pelos meios de comunicação.

Cumpre lembrar que a lei aprovada pelo Congresso em junho de 1989 estabelecia severas restrições tanto à divulgação de pesquisas quanto à veiculação de debates entre os candidatos pelos meios de comunicação. Vedava a divulgação “nos trinta dias anteriores à data da eleição em primeiro turno e nos dez dias anteriores à do segundo turno de quaisquer pesquisas, prévias ou testes pré-eleitorais, relativamente à eleição presidencial” (Lei 7.773, Art. 26, parágrafo 2). Essa mesma lei, no seu artigo

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19, facultava a promoção de debates pelas emissoras de rádio e TV, desde que “assegurada a participação de todos os candidatos, em conjunto ou divididos em grupos e dias distintos” (grifo meu).

No tocante à divulgação de pesquisas eleitorais, o T.S.E. ignorou a proibição ditada pela lei 7.773, considerando-a inconstitucional, tal como fizera nas eleições de 1988. As pesquisas foram, consequentemente, liberadas, mantendo-se, entretanto a obrigação por parte dos institutos de “colocar à disposição... informações sobre métodos utilizados e fontes financiadoras dos respectivos trabalhos” (Resolução do T.S.E. nº 15.443 de 8/8/89, art. 5).

Quanto aos debates, o mandado de segurança impetrado pela Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) foi julgado favoravelmente pelo T.S.E., em 24/10/89, deixando a critério das emissoras a organização dos encontros entre os candidatos. Esta decisão foi considerada pelo T.S.E. como uma interpretação da exigência legal de que todos os candidatos fossem convidados para os debates. De acordo com o voto do relator, ministro Vilas Boas, acatado pela maioria dos juízes (5 a favor e 2 contra), “o artigo da lei, embora constitucional, era meramente programático, e assim não impede a realização de debates sem a presença de todos os candidatos à Presidência da República”. Para o ministro, o direito dos eleitores de avaliar os candidatos, a partir do confronto de ideias, sobrepunha-se ao direito dos candidatos de participar dos debates. Além disso, como as emissoras não eram obrigadas a realizar debates, o eleitorado ver-se-ia prejudicado, se tal exigência fosse interpretada como uma condição para a promoção dos mesmos.

Pesquisas e debates são elementos a que o eleitor recorre para formar sua decisão. Proibi-los ou dificultá-los é, pois, uma clara restrição à liberdade de informação. Por outro lado, a exigência de convite a todos os candidatos, como se deu nas eleições de 1985, de 1986 e de 1988, é uma imposição supostamente democrática que, na prática, inviabiliza a realização de debates, sobretudo levando-se em conta o grande número de postulantes ao cargo. Deste ponto de vista, a atuação da Justiça Eleitoral nas eleições de 1989 foi um importante avanço na implementação do direito do cidadão ao maior número possível de informações.

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4.2.3. O caso Sílvio Santos

O episódio Sílvio Santos foi o principal desafio enfrentado pela Justiça Eleitoral na campanha de 1989. Não é exagero dizer que o quadro institucional da eleição e a credibilidade do T.S.E. estiveram em jogo, naquele momento. Afinal, se a legislação permitia a entrada extemporânea de um candidato na disputa, ao T.S.E. cabia a decisão final e soberana sobre o desenrolar dos acontecimentos. Questão delicada, sem dúvida, já que interferia diretamente no jogo eleitoral e colocava a descoberto a fragilidade da legislação e das instituições.

É difícil encontrar situação comparável em toda a história da Justiça Eleitoral. Nunca é demais lembrar que os dados já estavam lançados e que era grande a expectativa criada em torno destas eleições, as primeiras diretas para a presidência da República, depois de um intervalo de 29 anos. Buscando um paralelo, alguns analistas e políticos afirmavam que a decisão do T.S.E. poderia provocar uma alteração tão profunda no quadro político do país quanto aquela que, em 1985, declarou o fim da fidelidade partidária. Naquela ocasião, como vimos, a resolução do Tribunal, considerando sem validade a exigência de fidelidade partidária, permitiu que boa parte dos deputados e senadores do PDS deixassem de votar no candidato do partido – Paulo Maluf – escolhendo Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. Entre os que viam similaridades entre as duas situações, destaca-se o deputado Prisco Viana (então PMDB-BA), ex-articulador da campanha malufista, cuja avaliação retrata uma faceta do tumulto criado na opinião pública. Disse ele, apoiado em balizas que nada tinham de jurídicas: “A grande diferença é que, daquela vez, o T.S.E. ficou do lado do povo e das liberdades democráticas, e desta vez, se impugnar a candidatura do Sílvio, vai ficar contra o candidato do povo” (jornal Folha de S. Paulo, 5/11/89).

A despeito do episódio Sílvio Santos ter sido classificado pela maior parte dos meios de comunicação como degradante e vergonhoso, a primeira indagação objetiva que se deve fazer diz respeito à própria possibilidade legal de entrada de um candidato às vésperas da data marcada para o pleito. Esta possibilidade existia, e este fato deve ser frisado para que melhor se possa avaliar a legislação então em vigor e aquilatar o desempenho da Justiça Eleitoral.

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Com o veto do Presidente Sarney ao artigo oitavo da Lei Eleitoral, ficou extinto o prazo mínimo de 6 meses para a filiação partidária dos candidatos. Dessa forma, tornou-se possível a entrada de um candidato, não só a qualquer momento, mas até mesmo sem um vínculo partidário anterior. Por outro lado, o veto ao artigo 30, que assegurava aos partidos o direito de recurso contra qualquer decisão do T.S.E., baseava-se no artigo 121 da Constituição, segundo o qual “são irrecorríveis as decisões do T.S.E., salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de Habeas corpus ou mandado de segurança”. Estes dispositivos jurídicos conferiram ao Tribunal a condição de autoridade máxima e final em questões como a que estamos considerando.

Independentemente das chances eleitorais de Sílvio Santos, sua entrada na disputa, a apenas 15 dias do pleito, criou uma celeuma talvez sem paralelo em outros países democráticos. A credibilidade da Justiça Eleitoral foi colocada em xeque, num grau também inédito na história da instituição. Enquanto alguns impugnavam previamente os juízes, prevendo que eles se curvariam aos interesses do Poder Executivo, outros diziam que o Tribunal deveria tomar o partido anti-Sarney, buscando uma saída dita “política” ou “moral”, que, na verdade, implicaria em ignorar a letra da lei. Num extremo ou no outro, a insinuação era de que os ministros iriam decidir sob pressão, desconsiderando cânones jurídicos.

Nunca as ligações pretéritas ou presentes dos juízes foram tão esmiuçadas, deixando-se subentender que tais laços explicariam a direção do voto a ser dado. Supunha-se, por exemplo, que o Ministro Rezek acompanharia as declarações do professor João Leitão de Abreu, contrárias à candidatura de Sílvio Santos, já que eram notórios tanto sua admiração como seu dever de lealdade para com esse ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, duas vezes Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, nos governos Médici e Figueiredo, responsável direto pela nomeação de Rezek para o S.T.F. Da mesma forma, supunha-se que o Ministro-Relator do processo, Antônio Vilas-Boas, como advogado da Telebrás, agiria sob a influência do Ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, intransigente adversário da nova candidatura. Alegava-se, ainda, que outros ministros, ao contrário, mostrariam fidelidade ao Presidente Sarney, visto como o promotor da nova candidatura.

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Ora, não existe nada mais pernicioso para a credibilidade de uma instituição com funções de magistratura do que a possibilidade de orientar-se em suas deliberações por interesses particulares ou por compromissos com grupos de poder. Um órgão de justiça especialmente criado para arbitrar conflitos só pode deliberar respeitando a lei, fundamentando suas decisões em argumentos lógico-formais. Qualquer outro tipo de consideração, seja assentada em critérios políticos ou de natureza “moral”, contrariaria a natureza do Tribunal, desgastando a sua credibilidade e, indiretamente também, a própria estabilidade do processo sucessório presidencial.

No dia 9 de novembro, quando todas as especulações já haviam sido feitas, as atenções voltaram-se para o T.S.E. Era a data em que seria julgado o pedido de registro de novos candidatos. Chegaram ao Tribunal, por um lado, o pedido feito pelo Partido Municipalista Brasileiro de registro das novas candidaturas de Señor Abravanel (verdadeiro nome de Sílvio Santos) e de Marcondes Iran Benevides Gadelha para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, e por outro, diversas solicitações de impugnação. De acordo, contudo, com o art. 22 da Resolução 15.362/89, só deveriam ser examinadas as impugnações provenientes de “impugnantes habilitados”, ou seja, do Ministério Público Eleitoral, de candidatos e de partidos políticos com registro no Tribunal. Dessa forma, não foram consideradas legítimas as solicitações de impugnação encaminhadas por 7 advogados, por um Juiz de Direito, por 146 cidadãos, de dirigentes e membros fundadores do Instituto de Estatística Econômica Intersindical. Como impugnantes habilitados apresentaram-se: o Ministério Público Eleitoral, representado pelo Procurador-Geral Eleitoral; o PCdoB; o PDT; o PTR; o PSC; e o PRN, este último representando a “Coligação Brasil Novo”, suporte da campanha de Fernando Collor. Pelo impugnado, isto é, pelo PMB, tiveram o direito de usar a palavra três advogados.

Ao Ministro-Relator do processo, Ministro Vilas Boas, cabia, de acordo com as normas regimentais, tornar públicos o parecer do Procurador Geral Eleitoral e as razões arroladas nos pedidos de impugnação encaminhados pelos partidos políticos, e, em seguida, proferir o seu próprio voto. O parecer do Procurador Geral era de que Sílvio Santos deveria ser considerado inelegível. Considerava que esta candidatura feria os dispositivos que protegem a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Para a proteção contra este tipo de influência

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a lei exige o afastamento da função, no mínimo 3 meses antes da data das eleições, dos candidatos proprietários ou que exerçam cargos de direção em empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. Como dirigente do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Sílvio Santos poderia, em tese, ser enquadrado nessa exigência. Os partidos impugnantes, contudo, foram além da questão da inelegibilidade, suscitando preliminares quanto à filiação partidária e quanto ao registro do PMB.

O primeiro ministro a pronunciar-se votou pelo indeferimento das novas candidaturas, fundando-se, sobretudo, no exame da situação legal do PMB. Vale a pena reproduzir aqui suas ponderações, já que todos os demais votos, sem exceção, basearam-se em argumento jurídico semelhante, negando, por unanimidade, o registro de Sílvio Santos e Marcondes Gadelha. Disse o Ministro Vilas Boas, apoiando-se exclusivamente na legislação: o PMB

teve seu registro provisório deferido em 14/10/87, dando-se-lhe, naquela ocasião, o prazo de um ano para atender as exigências legais necessárias à obtenção do registro definitivo. Por força do artigo 6, parágrafo único, da Lei 7.664, de 29/6/88/, esse prazo foi prorrogado por 12 meses, de forma que se esgotaria em 15/10/89. Em 13/10/89, às vésperas portanto do término do aludido prazo, o PMB requereu o seu registro definitivo ...Ocorre, porém, que o PMB, como atesta informação da secretaria, embora comprove ter realizado Convenção Nacional com eleição da Comissão Executiva Nacional e alegue ter realizado convenções para eleger seus Diretórios Regionais em 10 unidades da Federação, apenas acosta 4 certidões comprobatórias de tal providência, fornecidas pelos três de Pernambuco, Maranhão, Amazonas e Rondônia. Desse descumprimento decorre, conforme salienta a mesma informação, a ineficácia dos atos preliminares do Partido, em 15/10, isto é, tornou-se sem efeito naquela data o registro provisório da mencionada agremiação partidária. (...) Tenho, pois, como certo que a escolha dos novos candidatos, depois de caduco o registro provisório do PMB, torna insustentáveis as respectivas candidaturas, pois estas não podem subsistir sem aquele nos termos dos artigos 87 do CE e 77, parágrafo 2 da Constituição Federal.

Além da procedência dos argumentos contra a existência jurídica do PMB, o que, por si só bastaria para invalidar o registro dos novos candidatos, o Ministro-Relator considerou também válidas as ponderações sobre a inelegibilidade de Sílvio Santos, em virtude de sua condição de dirigente do SBT.

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Em síntese, o fato de o PMB não reunir os pressupostos necessários à sua existência legal e a condição de inelegibilidade de Silvio Santos, como empresário de comunicações, colocaram um ponto final nessa tentativa de alterar os rumos da disputa às vésperas do pleito, bem como nas insinuações de que os juízes agiriam sob constrangimentos alheios sua função. Como disse o Ministro Miguel Ferrante, ao justificar o seu voto, o T.S.E. cuidou nesta decisão “exclusivamente da reta aplicação do direito, .indiferente ao tumulto das paixões que o caso desencadeou”. Tratou, “simplesmente de fazer prevalecer o império da lei, a que todos devemos obediência e respeito. Obediência e respeito, sem transigências e sem tibiezas, sem o que não poderão subsistir o regime democrático e o estado de direito”.

A aplicação da lei encerrou este episódio, fortalecendo a imagem de credibilidade da Justiça Eleitoral. É claro que isto não significa que a unanimidade formada entre os juízes seja uma amostra do que se passava nos círculos políticos ou com a população em geral. O importante é que os ministros agiram como magistrados, equidistantes das partes em disputa. Um compromisso prevaleceu: a obediência à Constituição. Referindo-se à fidelidade à lei, como o único parâmetro a orientar o judiciário, disse o Ministro Rezek ao proferir seu voto, cumprindo salientar que, como presidente do T.S.E., regimentalmente, ele só teria obrigação de pronunciar-se em caso de empate entre os outros seis ministros:

(...) examinando, nos últimos dias, este tormentoso feito, nós nos defrontamos com um trabalho árduo, não exatamente previsto para esta fase do processo eleitoral, e fizemos por bem desenvolvê-lo, tal como manda a Constituição. Convivemos, nesse período, não apenas com o trabalho: também com manifestações da mais variada origem, da mais variada índole; manifestações inteiramente lícitas, na medida em que não advindas de algum núcleo de poder, mas de pessoas comuns, de populares e articulistas da imprensa, que valem-se do seu direito de dizer o que pensam, sem pretender com isso que o Tribunal seja permeável, no deslinde de uma questão jurídica, a considerações de tal natureza. Lembro, entretanto, que convivemos também com algumas manifestações reveladoras do desconhecimento do fenômeno judiciário, que insinuaram perspectivas decisórias à base de fatores tão absolutamente desimportantes quanto teria ocorrido se pretendessem inferir a provável decisão de um membro da Casa por sua origem étnica, por sua confissão religiosa ou por sua vizinhança habitacional. Chegou-se perto disso... Um dia, quando atendidas

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tantas outras prioridades, é possível que a sociedade brasileira venha a entender melhor a função judiciária e suas características. Deus sabe quando isto ocorrerá. Mas talvez então alguém se lembre de que, neste momento histórico, o Tribunal Superior Eleitoral contribuiu para o alcance de semelhante propósito.

4.2.4. Apuração dos votos

O noticiário jornalístico e alguns candidatos suscitaram duas questões quanto à atuação da Justiça Eleitoral no que se refere à votação e à sua apuração: a possibilidade de fraude eleitoral e a alegada lentidão no processo de totalização dos votos.

Com relação à possibilidade de fraudes, as críticas e os pedidos dirigidos ao T.S.E. pareciam sofrer da “síndrome da Proconsult” (referência às supostas irregularidades nos procedimentos de apuração das eleições de 1982 no estado do Rio de Janeiro). Fez-se denúncias de existência de vírus nos computadores do Tribunal, de manipulação ilícita dos programas de totalização, e até pedidos de contagem manual dos boletins de urna. Grande parte do que foi dito ancorava-se na lembrança das eleições no Rio de Janeiro em 1982. Naquele pleito, como se recorda, a Justiça Eleitoral (T.R.E.-RJ) realizou a primeira e mal sucedida experiência de totalização de votos utilizando um sistema privado de microcomputadores (Empresa Proconsult-Rucimec).

Para que não se perca a real dimensão das denúncias sobre as possibilidades de adulteração dos resultados eleitorais, é necessário salientar que este tema interessou somente a determinados setores políticos. Assim, durante o período pré-eleitoral e nos trabalhos de apuração do primeiro turno, a fraude foi um item constante apenas no discurso do candidato do PDT, Leonel Brizola. Durante o segundo turno, o tema voltou a ser aventado, embora com menor ênfase e com diferente significado, pelo PT.

Desde o início da campanha eleitoral, Brizola procurou transformar a questão da lisura no processo de apuração em tema de campanha. A fraude era apontada como a única ameaça à eleição. A insistência de Brizola foi tanta que o T.S.E. chegou, ainda em agosto, a convocar o candidato para que explicasse suas declarações. Ao mesmo tempo em que isentava a Justiça Eleitoral de qualquer irregularidade e manifestava sua disposição de “colaborar”, Brizola insistia na necessidade de uma apuração paralela.

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Dificilmente se poderia avaliar as constantes referências de Brizola a possíveis fraudes, senão como uma matéria de campanha, como uma estratégia para diferenciar-se dos demais candidatos. A forma genérica com que a questão era tratada – “se fizeram uma ditadura de 20 anos, não vão fazer uma fraude?” – parecia talhada para construir a imagem de um candidato destemido, que se singularizava em relação aos outros candidatos no campo da oposição por sua luta contra prováveis irregularidades, e cuja força eleitoral era maldosamente ocultada pela imprensa e pelos institutos de pesquisa, que insistiam em não lhe dar a dianteira.

Atuando em nome do PDT, o então deputado federal César Maia chegou a encaminhar ao Congresso proposta que obrigaria o T.S.E. a submeter a auditoria prévia de empresas especializadas o sistema de processamento de dados a ser utilizado na apuração das eleições presidenciais. Justificando sua iniciativa, disse César Maia à imprensa, em outubro: “o clima para uma eventual fraude já começou a ser criado com a manipulação dos resultados das pesquisas por mentes perversas que desejam um segundo turno das eleições disputado por Guilherme Afif Domingos e Fernando Collor de Mello”. E, acrescentava, referindo-se a casos de fraude supostamente ocorridos em eleições passadas:

nós estamos convencidos de que a eleição do senhor Jânio Quadros (1985), em São Paulo, foi fraudada. O senhor Fernando Henrique Cardoso perdeu no computador as eleições. Com os recursos tecnológicos atuais, é possível que analistas interfiram na transmissão eletrônica de dados e adulterem a soma de votos. A interferência pode ocorrer sem deixar rastros (Folha de S. Paulo, 23/10/1989).

As denúncias pedetistas recrudesceram, como era de se esperar, durante a fase da apuração. As críticas ao T.S.E. sustentavam-se, sobretudo, na não aceitação pelo Tribunal da proposta do partido, segundo a qual as juntas apuradoras deveriam se encarregar da soma total dos votos por elas apurados e não os Tribunais Eleitorais Regionais como regulamentou o T.S.E. Vivaldo Barbosa, então líder do PDT na Câmara, declarou: “Foi um erro grave do T.S.E. Perdemos um importante instrumento de controle” (O Estado de S. Paulo, 16/11/89). Na mesma direção manifestou-se Brizola, em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros e estrangeiros: “O clima é de suspeição. A expectativa é de irregularidade... Esta conferência de imprensa não deixa de significar nosso grito de protesto contra a Justiça Eleitoral” (Folha de S. Paulo, 17/11/89).

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O embate entre o PDT e o T.S.E. culminou com o pedido de recontagem dos votos do primeiro turno feito pelo partido brizolista, negado em 23/11/89 pela unanimidade dos votos dos ministros. Segundo os juízes, não havia motivos para acolher esse pedido, uma vez que o PDT não apresentara provas quer de incorreções no processo de apuração, quer de fatos que redundassem em prejuízos para o seu candidato.

Durante a campanha para o segundo turno, o tema da fraude foi retomado pelo PT, mas com menor intensidade. Tratava-se, na verdade, de um apelo oblíquo à militância do partido, visando mobilizá-la para os trabalhos de fiscalização. Tanto assim que o então presidente nacional do PT, deputado Luís Gushiken, em suas declarações sobre o assunto, ressaltava sempre a lisura do Tribunal: “Confiamos no T.S.E., mas a prática do outro candidato é de persuadir pessoas através de dinheiro. O grande número de juntas apuradoras exige um esforço enorme na fiscalização” (Folha de S. Paulo, 16/12/89).

Sobre a lentidão na apuração e na totalização dos votos, os argumentos veiculados foram também variados. Os problemas técnicos enfrentados em alguns estados, atrasando a programação do T.S.E., faziam parte, segundo se dizia, de uma tentativa de boicote por parte dos respectivos T.R.E.s. Esse suposto boicote teria como finalidade colocar em dúvida as promessas do T.S.E., e especialmente de seu presidente, Ministro Rezek, cuja notoriedade incomodava e suscitava veladas repreensões por parte dos membros mais conservadores do judiciário. Outros setores pretenderam demonstrar a “incompetência” do T.S.E., contrastando sua alegada lentidão com a apuração paralela realizada por instituições privadas, sobretudo pela Rede Globo. Alguns críticos chegaram mesmo a dizer que a diferença no ritmo da totalização confirmava a falência da empresa pública frente à iniciativa privada. O senador Roberto Campos, por exemplo, escreveu: “O Brasil seria um país menos chato se Lula fizesse as pazes com a gramática e Brizola com a TV Globo. Esta afinal demonstrou a acachapante superioridade da empresa privada sobre a empresa pública na apuração eleitoral. Diminuiu a angústia da espera e, portanto, a incidência de enfartos” (Folha de S. Paulo, 21/11/89).

Em ambos os casos, no temor de fraudes e nas críticas aos trabalhos de apuração, a fragilidade dos argumentos então apresentados pode ser

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evidenciada com uma simples descrição do sistema planejado e efetivamente executado pelo T.S.E. naquelas eleições.

O fato é que a eleição presidencial de 1989, histórica quanto ao seu alcance político, foi do ponto de vista técnico, uma das mais simples que o país já conheceu. A cédula eleitoral, com candidatos a um só cargo, por si só, conferia agilidade aos processos de votação, fiscalização, apuração e totalização final. Associada ao veloz processamento dos resultados pelos terminais de computador espalhados por todo o país, essa simplicidade inviabilizava ou pelo menos dificultava práticas ilícitas, como a adulteração dos dados nos mapas de apuração (o chamado “mapismo”).

Outro fator de segurança do processo foi a possível e real possibilidade de fiscalização por parte dos partidos envolvidos na disputa. Os fiscais puderam (como sempre ocorre) legitimamente acompanhar toda a trajetória do voto, desde a votação e a abertura das urnas, passando pela contagem feita pela junta apuradora, pelo preenchimento e escrutinação dos boletins de urna e pela digitação no T.R.E., até a totalização final, sob a responsabilidade do T.S.E.

Ou seja, o sistema montado permitiu um acompanhamento público dos procedimentos adotados e facultou aos fiscais de partido um papel decisivo. Vejamos as instruções do T.S.E.: após a comprovação, diante dos fiscais de partidos, de que a urna não foi violada, ela é aberta para que se inicie a apuração. Os votos válidos devem ser separados dos votos nulos e em branco, para que nenhuma marcação fraudulenta possa ser feita na cédula. Sempre que uma anormalidade for percebida, os fiscais devem impugnar imediatamente a apuração e recorrer ao T.R.E. Depois de terminada a contagem de uma urna, deve ser preenchido o boletim a ela referente. Este boletim só poderá ser finalizado se houver a coincidência entre o número de votantes e o total de votos apurados. Ele deve ser feito em quatro vias: uma para o T.R.E., uma para o comitê interpartidário, outra é afixada no local da apuração e a última é arquivada. Os votos apurados ficam guardados em envelope especial para uma possível recontagem. Eventuais reclamações podem ser feitas imediatamente pelos interessados. O boletim de cada urna é processado pelo T.R.E., quando poderá novamente ser conferido e posteriormente assinado pelos fiscais, mesários e pelo juiz eleitoral. Os resultados são totalizados por município e encaminhados, via teleprocessamento, ao T.S.E.

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Os partidos políticos têm, assim, sete oportunidades diferentes para conferir a apuração dos votos: (1) checagem junto às mesas apuradoras; (2) os fiscais recebem cópias do boletim de uma e assinam a via da Justiça Eleitoral, atestando a veracidade das informações; (3) os fiscais recebem em cada T.R.E. cópias dos boletins de urna enviados pelas mesas apuradoras; (4) os fiscais recebem em cada T.R.E. cópias da listagem dos boletins processados no computador, que vai alimentar o computador central do T.S.E.; (5) os partidos recebem cópias das listagens dos T.R.E.s transmitidas ao T.S.E.; (6) os partidos recebem do T.S.E. cópias dos boletins recebidos dos T.R.E.s; (7) os fiscais recebem do T.S.E. cópias do boletim oficial de apuração com os resultados por município e por Estado.

Ao lado dos mecanismos de fiscalização e controle durante a votação e a apuração, a lei prevê tanto a possibilidade de recontagem dos votos como de anulação da eleição. Para isso, porém, é necessário que a incidência de irregularidades comprovadas seja significativa, a ponto de alterar o resultado. Assim, se houver indícios de violação de uma urna, por exemplo, a Junta Eleitoral tem poder de anulação. A contagem dos votos dessa urna é feita em separado e o caso é submetido ao T.R.E., que o resolve de forma definitiva. Outros casos com potencial de adulterar a vontade livre do eleitor (por exemplo, constrangimentos que impeçam o eleitor de chegar ao local de votação) são igualmente passíveis de denúncia e de exame pelos tribunais regionais, pelo T.S.E. e até pelo Supremo Tribunal Federal. O julgamento de todas as impugnações é feito rapidamente, inclusive os recursos, de modo a não interferir na proclamação do resultado final.

É lógico que há aqui um trade off. Se os mecanismos de fiscalização e a possibilidade de recursos e de pedidos de impugnação maximizam o objetivo de proteção e de segurança contra fraudes, são também responsáveis por uma maior lentidão na apuração, em comparação com a apuração paralela que pode ser feita por entidades sem responsabilidade oficial. Com a finalidade de evitar um atraso excessivo nos trabalhos o T.S.E. programou, no âmbito do sistema informatizado, um módulo adicional para contabilizar a quantidade, tipo e capacidade de influência dos recursos e impugnações solicitados pelos partidos políticos em cada junta apuradora. Com esse controle, o T.S.E. pôde determinar aos T.R.E.s os recursos que deveriam merecer prioridade de julgamento, sempre que se verificasse que os votos em suspeição teriam condições de alterar a colocação dos candidatos nos primeiros lugares.

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Ou seja, os argumentos referentes a possíveis fraudes caem por terra, ou ficam minimizados, quando se examina o conjunto de dispositivos que garantiram a lisura do processo eleitoral. Quanto à lentidão nos trabalhos, há que se levar em conta que os ganhos em confiabilidade exigiram certa demora na totalização. Para citar mais uma vez o Ministro Rezek, “ninguém parou 5 minutos para pensar que o sistema oficial de apuração não é algo que permita a celeridade que o sistema privado pode proporcionar. Não podemos abrir mão dos critérios de segurança absoluta”.

Deve-se salientar, contudo, que o próprio T.S.E. suscitou expectativas de maior velocidade no conhecimento dos resultados finais. Desde o início da campanha, vozes autorizadas do T.S.E. afirmaram que a Justiça Eleitoral estaria em condições de tornar públicos os resultados obtidos pelos principais candidatos quase que imediatamente após o encerramento da votação. O diretor da Secretaria de Informações da área de informática, por exemplo, previa, em outubro, que mais da metade dos votos seria apurada em 48 horas. Segundo ele, os 41,8 milhões de votos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que representam mais da metade do eleitorado do país, seriam totalizados em apenas dois dias. Contrariando uma opinião amplamente difundida, disse também que a apuração seria mais demorada nos estados menores, onde os recursos humanos e materiais são mais precários. De qualquer modo, afirmava que mesmo nos estados onde se previa uma apuração mais lenta, ela poderia ser completada em três dias, sendo esse, portanto, o prazo final para o conhecimento dos vencedores do pleito em todo o território nacional.

Afirmações como esta foram frequentes e podem ter criado junto à opinião pública uma expectativa exagerada quanto ao ritmo da apuração. Após as eleições, o que se verificou foi que o T.S.E. não estava de fato preparado para corresponder à expectativa que em parte ele mesmo havia suscitado. Ao contrário das declarações iniciais, viu-se assim o T.S.E. forçado a pedir paciência, baseando seu apelo na necessidade de segurança absoluta a cada passo da divulgação de quaisquer informações.

Dois dias após o primeiro turno, não haviam ainda chegado à central de totalização em Brasília os dados dos Tribunais Regionais Eleitorais de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia, precisamente os estados que concentram o maior número de eleitores e sobre os quais a previsão divulgada de forma insistente antes das eleições fora de que os

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resultados seriam conhecidos mais rapidamente. Por outro lado, pequenas dificuldades operacionais ou mesmo incidentes meramente pitorescos (como o caso da onça que teria atacado cavalos utilizados no transporte de urnas em algum rincão longínquo) eram divulgados com estardalhaço. Paralelamente a essa demora na totalização oficial, redes privadas de televisão somavam votos e faziam projeções e institutos de pesquisa divulgavam seus resultados com base em pesquisas de “boca de urna”. O desencontro entre os prognósticos acabou ensejando especulações variadas, que iam da ocorrência de fraudes à menor eficiência do setor público.

Com ou sem fundamento, o fato é que, não correspondendo à expectativa de rapidez, a Justiça Eleitoral enfrentou uma situação de vulnerabilidade. É de se ressaltar que o T.S.E. procurou responder a cada uma das críticas que lhe foram dirigidas. Assim, quanto ao atraso provocado pela lentidão com que os dados chegavam a Brasília, afirmou o presidente do T.S.E., isentando os presidentes dos T.R.E.s: “Eles decidiram transmitir para o T.S.E. apenas os dados dos estados “fechados”. Os Tribunais têm autonomia e essa autonomia há de ser respeitada” (Jornal da Tarde, 17/11/89). No tocante a não divulgação de resultados parciais, conforme outra promessa feita anteriormente e não cumprida, dizia o ministro Rezek: “O objetivo dessa medida é evitar uma expectativa nos eleitores que não corresponda à realidade da apuração”, mas continuava sustentando: “o resultado final do primeiro turno de votação será anunciado muito antes do dia 27, data limite prevista no calendário oficial eleitoral para a divulgação dos resultados” (Jornal da Tarde, 17/11/89). Em relação às criticas que apontavam a debilidade da empresa pública, dizia o diretor de informações eleitorais do T.S.E., Benedito Gonçalves dos Santos: “não estamos apostando corrida com ninguém,... o atraso é apenas uma decorrência do processo de digitação” (Jornal da Tarde, 17/11/89).

Em síntese, o descompasso entre a marcha oficial da apuração e as expectativas, os resultados parciais e projeções oficiosas deram origem a questiona- mentos que, se não chegaram a afetar a respeitabilidade da Justiça Eleitoral, apontaram pontos frágeis, aos quais ela certamente terá que dar respostas nos próximos pleitos.

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CAPÍTULO 5

JUSTIÇA ELEITORAL: DEFICIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE REFORMA

um país onde a descrença é tão generalizada, é justo ressaltar que a Justiça Eleitoral tem conseguido, em boa medida, escapar à imagem

de inoperância e de defesa de interesses privatistas que macula a maioria das instituições. Desde sua criação, em 1932, a Justiça Eleitoral veio credenciando-se como um organismo autônomo e independente, habilitado a administrar e a regular as disputas para os cargos eletivos. Ela nasceu da imperiosa necessidade de moralizar a competição político-eleitoral, retirando das mãos das próprias forças políticas a responsabilidade de organizar os pleitos. Nestes mais de 60 anos de construção institucional, a Justiça Eleitoral tornou-se a base de todo o sistema de garantias ao efetivo exercício do direito de voto.

Se a contestação do processo eleitoral como um todo é hoje coisa do passado, inúmeras deficiências têm, entretanto, posto em risco a legitimidade da Justiça Eleitoral e de alguns pleitos. Da solução desses problemas dependerá o futuro da instituição e a efetiva consolidação da democracia. Neste regime, a confiabilidade nos procedimentos eleitorais é a base de legitimidade dos poderes públicos que emanam do voto popular.

Após um período de seis décadas em que foram, sobretudo, destacadas as vantagens da existência de um órgão judiciário encarregado de controlar os procedimentos eleitorais, as críticas começam a aumentar visivelmente. Propostas visando uma drástica limitação das atribuições da Justiça Eleitoral, e até mesmo sua extinção e substituição por outro tipo de controle do processo eleitoral têm sido feitas. Uma discussão produtiva dos problemas que têm sido imputados à Justiça Eleitoral deve começar por distingui-los, já que nem todos decorrem das mesmas causas ou comportam iguais soluções.

Dois tipos de questões frequentemente aparecem misturados no debate: um, de ordem institucional, referente ao modelo adotado; e outro de natureza operacional, relativo às variáveis que intervêm, direta ou indiretamente, no funcionamento da instituição, como o contexto social, a legislação e mesmo fatores de natureza administrativa. Embora em muitos

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aspectos haja a superposição destas duas dimensões, elas são distintas. É imprescindível separá-las, visto que a confusão entre ambas pode levar a propostas suscetíveis de provocar retrocessos no tocante ao bom ordenamento do processo eleitoral.

5.1. A DIMENSÃO INSTITUCIONAL

Ainda que não exista um modelo ideal de administração e controle das eleições, essas atividades tendem a ser mais eficientemente cumpridas por uma instituição capaz de agir com autonomia e independência, e, que permita, ao mesmo tempo, um razoável controle de suas atividades. A Justiça Eleitoral brasileira atende a esses dois requisitos. Não estando ligada nem ao Executivo, nem ao Legislativo, nem aos partidos políticos, dispõe da indispensável autonomia. Trata-se, é verdade, de uma independência relativa, já que não possui recursos próprios, nem a infraestrutura e o pessoal de que necessitaria para cumprir inteiramente suas atribuições. O importante, porém, é que ela não é institucionalmente dependente das forças políticas. Essa autonomia representou incontestáveis ganhos institucionais para o país. Permitiu a gradativa normalização dos embates eleitorais, em escala nacional; a criação de um fórum apartidário para a solução de controvérsias; a despolitização dos procedimentos de administração e controle do processo eleitoral em suas distintas fases, isto é, do registro de eleitores e candidatos até a proclamação final dos resultados e a diplomação dos eleitos.

Isto não significa que não persistam focos de tensão. A Justiça Eleitoral frequentemente tem sido acusada de exercer exorbitantemente o seu papel, interferindo na própria legislação, que é uma atribuição das forças políticas representadas no Legislativo. Essa alegada intromissão dar-se-ia tanto no tocante ao julgamento da constitucionalidade de leis aprovadas pelo Legislativo e sancionadas pelo Executivo, como na expedição de instruções específicas para o controle do processo eleitoral, em suas diferentes etapas. Além dessa ingerência, que seria de natureza política, os críticos também apontam que frequentemente ocorrem diferenças de interpretação entre os tribunais regionais e juízes a respeito das leis e procedimentos; bem como a existência de juízes corruptos, sensíveis a pressões políticas.

Esses problemas têm origem em duas áreas, nada indicando que sejam uma decorrência necessária do formato institucional. Há, de um lado,

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o que poderíamos caracterizar como uma tendência legiferante dos membros da Justiça e, de outro, uma situação que permite a heterogeneidade das decisões e a ausência de mecanismos eficazes de controle das atividades dos membros da magistratura.

De fato, acentuou-se nos últimos anos a tendência dos membros da magistratura de extrapolarem o seu papel institucional clássico de estrita independência em relação às políticas, tornando públicas suas opiniões sobre questões substantivas. São vários os exemplos desse tipo de comportamento. Juízes têm defendido ou atacado o pluripartidarismo, o voto do analfabeto, o voto facultativo, a organização partidária, o funcionamento do Congresso, o compromisso dos eleitos com os eleitores, e assim por diante.

Em 1995, o Tribunal Superior Eleitoral tomou a iniciativa de formar uma comissão de notáveis para propor uma reforma nas legislações eleitoral e partidária. Não se trata de discutir a intenção do Tribunal, nem a qualidade do projeto. Não resta dúvida de que a intenção era louvável – contribuir, nas palavras do presidente do T.S.E., “para a realização de eleições limpas e legítimas” (Folha de S. Paulo, 16/06/95). Tampouco se trata de questionar, aqui, a qualidade do projeto, ao que tudo indica uma proposta consistente e que permitiria ganhos em credibilidade e em governabilidade. Foi feita uma revisão de todo o Código Eleitoral e aprovadas várias sugestões de emendas constitucionais e leis ordinárias e complementares. O que importa discutir é se era cabível ou aconselhável tal iniciativa, tendo em vista a crescente controvérsia sobre os limites entre os três poderes e, especificamente, as atribuições da Justiça Eleitoral.

O projeto de reforma eleitoral e partidária elaborado por essa comissão do T.S.E., entregue aos presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados, não chegou a ser considerado ou discutido pelas forças políticas. As primeiras versões apresentadas pelos parlamentares encarregados da elaboração do projeto da lei que regulamentará as eleições de 1996 não apenas ignoravam por completo o trabalho do T.S.E., como tinham a intenção expressa de limitar as atribuições conferidas à Justiça Eleitoral e aumentar o poder dos partidos políticos. Por exemplo:

a) Não consideravam gastos de campanha os decorrentes de prerrogativas parlamentares. Tratava-se de impedir, desta forma, que parlamentares fossem processados por utilizar recursos do Congresso. Sem dúvida, estava fresco na memória dos parlamentares o chamado

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“caso Lucena”; isto é, o fato de que, em 1994, o T.S.E. chegou a determinar a cassação do mandato do senador Humberto Lucena por uso indevido da gráfica do Senado. A cassação foi evitada mediante uma lei de anistia amplamente criticada como casuística; Os partidos poderiam indicar os integrantes das mesas receptoras de votos; b) Os candidatos não precisariam mais apresentar declaração de bens à Justiça Eleitoral; c) O limite de gastos de campanha seria definido pelos próprios partidos; d) As sobras de verbas da campanha iriam para os partidos; e) Criavam a possibilidade de a maioria dos partidos determinar a recontagem dos votos.

Esses pontos acirraram as divergências entre o Legislativo e a Justiça Eleitoral. Membros do T.S.E. e dos tribunais regionais não esconderam sua irritação, acusando a nova legislação de estimular a fraude e de impedir a atuação fiscalizadora da Justiça Eleitoral. Deputados e senadores, de seu lado, também não pouparam os magistrados. O deputado João Almeida (PMDB-BA), relator do projeto, chegou a expressar uma avaliação que não era só dele: “se a Justiça Eleitoral fosse de homens puros, se os juízes fossem sérios, não haveria fraude na eleição” (O Estado de S. Paulo, 12/9/95). Argumentava ainda, em defesa dos princípios que orientaram o projeto de lei, de cuja elaboração participara como relator da Comissão:

eleição é assunto de partido; estou satisfeito com a lei que está aí, ela foi espancada por todos os interesses; a Justiça Eleitoral queria ver seus conteúdos impostos, sem ter submetido sua proposta ao espancamento dos diferentes interesses; o T.S.E. parte do princípio de que todo político é venal e todo o juiz é honesto (depoimento durante o Seminário Internacional: Sistema Eleitoral e Partidário, promovido pela Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung, em Brasília, nos dias 18 e 19/9/95).

Na mesma direção, o deputado Bonifácio de Andrada (PTB-MG), autor da emenda que impedia a Justiça Eleitoral de punir os candidatos que fizessem uso irregular de fundos de campanha, dizia: “só o Poder Legislativo pode cassar mandatos” (O Estado de S. Paulo, 12/9/95); “cassação não pode ser assunto da Justiça Eleitoral; a partir do momento da diplomação, isso passa a ser da responsabilidade do Legislativo” (Folha de S. Paulo, 14/9/95). O relator do projeto de lei eleitoral no Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), referindo-se ao fato de não terem sido aproveitadas as sugestões do T.S.E.,

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afirmou à imprensa: “a função do T.S.E. é de sugerir, não de legislar” (Folha de S. Paulo, 22/9/95). O PMDB, em clara demonstração de força contra o Judiciário, indicou o próprio Senador Humberto Lucena (PMDB-PB), beneficiário da lei de anistia a que acima nos referimos, para presidir a comissão do Senado encarregada de examinar o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados.

Um dos pontos mais controversos desse projeto de lei era, evidentemente, o item que determinava a partidarização da composição das mesas, a começar pelo fato de que o país possui hoje 29 partidos, dos quais 20 com registro definitivo. Mesmo antes da votação do projeto de lei, deputados discordavam sobre as consequências dessa medida: enquanto alguns sustentavam que ela traria uma benéfica autofiscalização, outros viam nela o domínio dos partidos grandes sobre os pequenos e o retorno dos coronéis na política local. O ponto básico, de qualquer forma, é que o desenvolvimento das instituições democráticas por toda a América Latina tem perseguido o objetivo oposto: retirar das forças políticas a administração e o controle dos procedimentos eleitorais. E esse, justamente, foi o grande avanço que o Brasil começou a fazer há seis décadas, com a criação da Justiça Eleitoral.

A heterogeneidade das decisões – outro problema comumente apontado como deficiência da Justiça Eleitoral – deve-se a duas causas distintas. Uma relacionada à estrutura do Judiciário e outra à legislação. Sendo uma justiça especial, a Justiça Eleitoral compartilha alguns dos problemas que afetam o Judiciário como um todo. É acusada de morosidade e de excessivo formalismo. Como justiça especial, está sujeita à deficiência adicional de não possuir um quadro de magistrados próprio. Essa limitação impede a formação de um corpo permanente de juízes, especializado em questões eleitorais. Recorde-se que são os juízes da justiça comum que, em períodos eleitorais, assumem a função de magistrados eleitorais. A organização monocrática do Judiciário acaba por conferir muito poder ao juiz singular, explicando, em grande parte, a pluralidade de atuações durante o processo eleitoral. Assim, enquanto alguns interpretam a legislação de forma rígida, outros demonstram um maior grau de tolerância em sua aplicação. Diferenças desse tipo tornam-se tanto mais visíveis, quanto mais detalhada e minuciosa for a legislação. Quanto mais itens a legislação contempla, maior é a margem de discricionariedade dos encarregados de aplicá-la. Assim, por exemplo, a heterogeneidade era acentuada quando a propaganda eleitoral achava-se sujeita a censura prévia.

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Esse dispositivo permitia uma pluralidade de interpretações sobre o que seria passível de punição. Caso não houvesse a regulamentação sobre a censura, esta seria uma área sobre a qual os juízes não teriam que arbitrar.

A instabilidade da legislação também tem estimulado a pluralidade de decisões. Nos últimos decênios, não houve praticamente duas eleições regidas por um mesmo texto legal. Mudanças constantes dificultam o desenvolvimento de entendimentos uniformes e a criação de padrões de comportamento. Como, contudo, a legislação é modificada a cada eleição, torna-se difícil a sedimentação de regras seguras sobre as diferentes etapas do processo eleitoral. Assim, durante o processo, quando contestadas, leis podem ser modificadas pelo T.S.E. Isto tem ocorrido com frequência. Na campanha eleitoral de 1989, por exemplo, a lei eleitoral, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo Executivo, continha diversos dispositivos julgados contrários ao texto da Constituição, como a proibição de divulgação de resultados de pesquisas eleitorais e certas condições para a realização de debates, que acabaram caindo por terra. A Justiça tem justificado sua interferência na legislação com o argumento de que tanto os tribunais como os juízes têm como obrigação primeira cumprir a Constituição. Se determinada lei fere a Lei Maior, ela não pode ser obedecida, abrindo-se dessa forma um campo para o arbítrio legiferante dos juízes.

O desacordo entre juízes pode ser ilustrado com o que ocorreu em relação à lei de inelegibilidades que regeu as eleições de 1990. Um primeiro entendimento sustentado pelo T.S.E. implicaria na vigência imediata da nova lei, resultante de um veto do Presidente Collor, não derrubado pelo Congresso, ao artigo que exigia um prazo de 3 meses de desincompatibilização para apresentadores de rádio e televisão e empresários do setor de comunicação que desejassem competir para cargos eletivos. Alguns Tribunais Regionais, particularmente o de São Paulo e o do Rio Grande do Sul, ao contrário, julgaram que não se tratava, como queria o T.S.E., de norma permanente, mas de lei específica. Apoiados no artigo 16 da Constituição, que determina que uma lei que altere o processo eleitoral só pode entrar em vigor um ano após sua promulgação, definiram, por conseguinte, a permanência da norma que balizou as eleições de 1989. Esta divergência interpretativa tornou público um desentendimento entre organismos da Justiça Eleitoral, tendo colocado em discussão não apenas o compromisso com a ordem jurídica, mas também supostas ingerências políticas num organismo que, por definição, tem funções de magistratura.

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Finalmente, a eventual existência de juízes corruptos não singularizaria a Justiça Eleitoral, e nem mesmo o Judiciário brasileiro. É bem mais plausível supor que a corrupção será tanto maior quanto menos independente for o organismo encarregado de controlar o processo eleitoral frente às forças políticas. Tais observações não têm por objetivo subestimar o problema, mas contextualizá-lo.

São inúmeras as denúncias de vícios e defeitos internos ao Judiciário, mostrando que, para além de deficiências decorrentes da organização e da legislação, há problemas de natureza ética. Práticas de nepotismo, de abuso de autoridade, de corrupção fazem parte do noticiário sobre a Justiça, em todos os estados. São comuns relatos de juízes submissos aos “coronéis”, havendo, inclusive, fortes indícios de governadores que interferem diretamente nas atividades do Judiciário. Mesmo membros da magistratura referem-se a esses fatos, em geral contrastando os centros mais desenvolvidos com aqueles onde persistem padrões tradicionais de fazer política. Esse tema, nunca totalmente ausente do debate sobre o Judiciário, tem estimulado acirradas discussões, principalmente quando alguma decisão mais polêmica é tomada por algum membro da magistratura ou por algum tribunal, ou quando se fundamenta propostas de reforma da instituição.

No início das atividades legislativas de 1995, por exemplo, o senador Antonio Carlos Magalhães, (PFL-BA) em controvertido discurso, reacendeu a discussão. Atacou o Judiciário, acusando-o de ser “excessivamente lento, burocratizado, corporativista, despótico e corrupto e de interferir a toda hora no Legislativo”. Propunha que a instituição fosse “passada a limpo”, tal como já ocorrera com o Executivo e com o Legislativo. Reações não tardaram: de uma parte, manifestações de apoio; de outra, respostas, quer mostrando que a fala do senador havia sido motivada por questões estranhas à preocupação com o bom desempenho da Justiça, quer contestando seus argumentos. A maior parte das manifestações favoráveis ao discurso do senador veio da própria classe política. Certamente essa concordância refletia uma insatisfação difusa em torno do funcionamento da justiça, mas também explicitava um conflito entre os poderes. As discordâncias também fundamentaram-se em argumentos diversificados. A Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) divulgou nota manifestando “estranheza com relação ao insólito pronunciamento do senador, que assacou palavras ofensivas, por inverídicas, contra o Judiciário” (O Estado de S. Paulo, 17/03/1995). A juíza Tereza Maria

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Savini, classificando de levianas as acusações do senador, decidiu interpelá-lo no Supremo Tribunal Federal. Afirmou:

não se pode lançar suspeitas genéricas contra magistrados. É preciso identificar os que não merecem vestir a toga. ACM que indique, claramente e sem subterfúgios, quem são os juízes corruptos, indecentes, que não trabalham ou beneficiam certas partes (O Estado de S. Paulo, 17/03/1995).

O presidente da Associação de Juízes para a Democracia, Antonio Celso Aguilar Cortez, embora concordando com as denúncias, ressalvava sua motivação: elas “foram motivadas pelo despacho do ministro Marco Aurélio, do STF, impedindo a realização do segundo turno das eleições para a terceira-secretaria da Mesa Diretora da Câmara” (Dinheiro Vivo, O Guia Jurídico da Empresa, vol. VII, n° 12, de 20 a 26 de março de 1995). Waldir Pires, tradicional adversário político do senador na Bahia, referindo-se às críticas de ACM ao Judiciário, declarou à imprensa em 17 de março de 1995: “É a farsa suprema, vinda do campeão da tentativa de dominação e manipulação do Judiciário na Bahia” (Folha de S. Paulo, 17/03/1995). Na mesma direção pronunciou-se Luis Inácio Lula da Silva em palestra a estudantes, em Belo Horizonte, acusando Antonio Carlos Magalhães de ser um dos maiores corruptores do Poder Judiciário no país: “Vocês viram o cinismo de ACM? Logo ele, que é tido como o maior comprador do Poder Judiciário que se tem na história” (O Estado de S. Paulo, 18/03/1995). Também voltaram ao noticiário suspeitas sobre ações de desembargadores baianos supostamente ligados a Antonio Carlos Magalhães. O T.R.E. e o Judiciário da Bahia são habitualmente vistos como comandados pelas forças políticas do estado lideradas pelo senador. Apenas nas eleições de 1994, o T.S.E. recebeu 56 recursos contestando decisões dos juízes da Bahia. A maioria desses recursos questionava o fato de o T.R.E. rejeitar quase que sistematicamente os pedidos de adversários políticos de ACM para investigações de atos eleitorais. Além disso, houve a suspeita da oposição de que as eleições seriam fraudadas, o que levou o então presidente do T.S.E., Sepúlveda Pertence, a mandar para Salvador o ministro corregedor Cid Fláquer Scartezzini para atuar como observador (Folha de S. Paulo, 16/12/1995).

Sem entrar no mérito da polêmica incitada pelo discurso do senador, o fato concreto é que chegam a fazer parte do cotidiano dos tribunais relatos sobre juízes envolvidos em práticas eticamente reprováveis. Acusações sobre corrupção, caso sejam verídicas, são sintomas de graves problemas no

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interior da instituição, mas, sobretudo indicam a fragilidade do poder Judiciário. Isto é a existência de um poder apenas formalmente independente, mas, na prática, vulnerável às forças políticas.

Caberia, entretanto indagar em que medida o próprio modelo institucional é responsável por esse conjunto de deficiências: ingerência de membros do judiciário em questões políticas, heterogeneidade de interpretações e decisões, e, no limite, submissão ao Executivo e mesmo participação de juízes em atos ilegais. A existência destes problemas não implica em contestação do modelo; ao contrário, pode até sugerir, a necessidade de seu fortalecimento. Só um poder forte e de fato independente tem condições de reagir a pressões externas. Neste sentido, seria mais apropriado implementar mecanismos que garantissem a autonomia e a transparência da instituição. Destaque-se que mecanismos de controle têm sido discutidos e muitos deles já vem operando, como a presença de membros do Ministério Público e de partidos políticos em distintas fases do processo eleitoral. A eliminação ou a minimização de tais focos de tensão depende, sobretudo, do fortalecimento do perfil institucional da Justiça Eleitoral brasileira, cuja base é sua independência frente aos poderes políticos, com as funções de administrar e controlar o processo eleitoral. O exercício de tais atribuições – principal fonte de sua legitimidade – seria provavelmente favorecido caso houvesse um quadro permanente de magistrados; uma legislação eleitoral e partidária mais estável e, ao mesmo tempo, menos minuciosa e casuística. Desta forma, haveria menos chances para que juízes interferissem no jogo político ou se tornassem vulneráveis a pressões, limitando-se sua função à de aplicadores da lei, como árbitros acima dos interesses em disputa.

5.2. A DIMENSÃO OPERACIONAL

O conjunto de dificuldades aqui examinadas diz respeito às condições sob as quais tem operado a Justiça Eleitoral, partindo-se das exigências postas pelo contexto social, passando pela legislação e chegando até o quadro de funcionários que dá apoio às atividades dos juízes e dos tribunais eleitorais.

O contexto em que o organismo de administração e controle das eleições é obrigado a atuar é marcado por cifras extraordinárias: vasta extensão territorial; um eleitorado que, segundo projeções, ultrapassará em

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1996 a casa dos 90 milhões; milhares de secções eleitorais. O tamanho territorial do país e de sua população colocam problemas que por si só tornam frágeis ou pelo menos obrigam a que se relativize comparações com países de menores dimensões. Assim, embora o sucesso do Tribunal costarricense deva ser reconhecido, é necessário também assinalar que se trata de um país com território e população muitas vezes menores que os brasileiros. Em 1990, por exemplo, quando o eleitorado costarricense somava 1.7 milhão, o brasileiro já passava de 83 milhões. Essas considerações não invalidam análises comparativas, mas sugerem cautela na avaliação das dificuldades enfrentadas em cada caso.

A Justiça Eleitoral brasileira enfrenta necessariamente os problemas organizacionais decorrentes da necessidade de garantir a eficácia e a uniformidade de suas decisões nesse vastíssimo território. O Brasil tem hoje cerca de 5 mil municípios e aproximadamente 320 mil seções eleitorais, prevendo-se que poderá chegar a ter 6 mil municípios até a data da eleição de 1996, devido ao grande número de processos de emancipação municipal que vem ocorrendo.

As condições organizativas e burocráticas sob as quais trabalha a Justiça Eleitoral estão muito aquém do necessário em alguns pleitos, sobretudo nos estaduais e municipais, sejam estes para o executivo ou para o legislativo. Nestes níveis, as deficiências técnico-materiais e de recursos humanos são graves e podem eventualmente comprometer a lisura do processo eleitoral. A título de exemplo, as secretarias dos tribunais regionais (T.R.E.) – que são os pilares da Justiça Eleitoral em cada estado – não tiveram sua estrutura aprimorada para o devido acompanhamento das modificações por que passou o país, tanto relativas ao crescimento do eleitorado como à complexidade das eleições que se seguiram ao retorno ao multipartidarismo em 1979.

Quanto ao ordenamento legal, as medidas liberalizantes e democratizantes implementadas no período da Nova República (eleições diretas em todos os níveis, voto do analfabeto, liberdade de organização partidária) e reafirmadas no texto constitucional de 1988 não foram acompanhadas por uma correspondente alteração na lei dos partidos políticos, nem por um código eleitoral adequado a essa nova complexidade. Essa desarmonia entre o projeto de consolidação democrática e as regras de

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jogo que o sustentam tem conduzido a estrutura político-partidária a uma situação de grave instabilidade.

É preocupante, desse ponto de vista, que até agora, decorridos mais de sete anos da aprovação da nova Constituição, não se tenha estabelecido uma legislação eleitoral definitiva e imune aos casuísmos. O projeto de um novo código eleitoral chegou a ser discutido por uma comissão na Câmara dos Deputados que analisava as reformas políticas. Teve, entretanto, sua tramitação paralisada, o que obriga o Legislativo a votar uma lei específica para cada eleição. Isto coloca a Justiça Eleitoral frente a toda sorte de ambiguidades e casuísmos, ampliando a margem de incerteza sobre as regras do jogo eleitoral.

Como se sabe, o processo eleitoral tem início no registro de eleitores e termina na diplomação dos candidatos. Todas as etapas exigem rigor e transparência nos procedimentos; e, em todas elas, em maior ou menor grau, tem-se constatado problemas.

5.2.1. Alistamento

O procedimento adotado para a inscrição de eleitores é comumente apontado como uma etapa crítica no processo eleitoral. Dele depende o maior ou menor grau de confiabilidade no registro dos que estão habilitados a votar. Em muitos países, esse procedimento é pouco transparente e sujeito a manipulações, inexistindo uma inscrição específica para as eleições. Analistas de processos eleitorais na América Latina chegam mesmo a apontar esta etapa como a mais suscetível à incidência de fraudes. De fato, um censo eleitoral deficiente pode permitir a ocorrência de votos múltiplos, o voto de pessoas mortas ou fictícias, além de, por vezes, deliberadamente dificultar o livre exercício do voto. Na Bolívia, por exemplo, era usual o registro de eleitores a quilômetros de seus locais de moradia; na República Dominicana, até os anos 80, como não havia um registro eleitoral, nem mesmo a obrigatoriedade ao votar, de colocar o dedo em tinta considerada indelével, coibia a ocorrência de votos múltiplos, já que o eleitor podia votar apresentando apenas a carteira de identidade; na Colômbia, até os anos 80, não haviam sido cancelados títulos eleitorais de pessoas sabidamente mortas.

A superação destas deficiências depende fundamentalmente da possibilidade de tornar público o registro de eleitores, sujeitando-o ao exame dos partidos e dos meios de comunicação. Além da publicidade, a lista de

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eleitores capacitados para exercer o direito de voto precisa ser constantemente depurada, para que possam ser excluídos os falecidos e os que deixaram de preencher as exigências legais, e também para que sejam incluídos os novos eleitores. Ou seja, os princípios da transparência nos procedimentos e de constante atualização são a base de um registro eleitoral confiável.

No Brasil, o registro de eleitores já é basicamente aceitável, embora existam distorções e situações de visível irregularidade, como municípios onde há mais eleitores que habitantes. Trata-se, contudo, por mais inadmissíveis que sejam, de casos localizados, que de modo algum deslegitimam o processo como um todo.

Aponta-se a existência de três fases distintas no processo de alistamento desde a retomada do processo eleitoral em 1945 (Muñoz, 1983). A primeira delas vai até 1955. Nessa fase, não constava do título eleitoral a fotografia do eleitor e as folhas de votação, utilizadas nas mesas receptoras de votos no dia da eleição, eram meras listas datilografadas, nas quais constavam apenas o nome e o número do título. Era admitido o voto em transito. O eleitor tinha o direito de votar em qualquer seção do município, caso se tratasse de eleição municipal; em qualquer seção do estado, se eleição estadual; e em qualquer seção do país, caso fosse eleição para presidente. A segunda fase iniciou-se com a entrada em vigor da Lei n° 2.550, de 25 de julho de 1955. Foi então instituída a folha individual de votação, com todos dos dados de qualificação do eleitor, além de sua fotografia. Aboliu-se o voto em transito. Esta medida contribuiu para abolir, entre outras fraudes, a da utilização do título falso ou de uma segunda via, obtida por meios irregulares, o que facilitava a duplicidade de votos em seções diferentes. A partir de 1982 teve início a implantação do processamento eletrônico nos serviços eleitorais. Saliente-se, ainda, que a Justiça Eleitoral brasileira adota um sistema de registro permanente e não específico para cada pleito, como ocorre em alguns países.

Afora essas alterações nos procedimentos de alistamento, recadastramentos gerais foram realizados em 1958 e em 1986, com o objetivo de depurar a lista de inscritos e registrar possíveis mudanças de domicílio eleitoral. Novo recadastramento deverá ser realizado a partir de 1997, com a implementação da informatização geral, quando o eleitor deverá trocar o título atual por um cartão magnético.

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As principais dificuldades no que se refere ao procedimento de alistamento dizem respeito à legislação eleitoral, que não tem definido com exatidão o conceito de domicílio eleitoral, com consequências negativas tanto para a inscrição de eleitores como para o registro dos candidatos. Mudanças fictícias de domicílio são relatadas aos órgãos de alistamento, com a finalidade de habilitar candidaturas que de outra forma não seriam permitidas pela lei. Assim, é comum, em épocas pré-eleitorais, cidadãos pleitearem a mudança de sua inscrição para outro município ou até para outro estado, com finalidade apenas eleitoral. Abundam exemplos de eleitores que tiveram seus títulos transferidos e de candidatos que concorreram por municípios e/ou estados nos quais nunca moraram. Embora essas práticas sejam passíveis de punição, incidindo em crime eleitoral, a Justiça não atua com rigor em tais casos. Para agir, ela depende de denúncias e provas, e poucos são os interessados em iniciar um processo desse tipo.

5.2.2. Apuração

Problemas mais graves têm ocorrido na apuração dos votos, como consequência de dois tipos distintos de deficiências: um decorrente da própria legislação eleitoral e partidária e outro de ordem técnica. A legislação vigente é assaz permissiva no que se refere às exigências para o registro de partidos e à determinação do número de candidatos, bem como ao exigir o voto em nomes (e não em listas partidárias bloqueadas). Desta forma, tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, é habitualmente grande o número de partidos e de candidatos, e o eleitor pode sufragar tanto a sigla do partido como o candidato.1 Essas regras dificultam, como não poderia deixar de ser, as tarefas de fiscalização e de apuração. Teoricamente é possível dizer que essas tarefas são tanto mais fáceis quanto menor o número de alternativas. Se as possibilidades de escolha são muito numerosas, cumpri-las com exatidão torna-se um desafio praticamente inatingível. De fato, há eleições em que o eleitor se defronta com mais de 500 candidatos, distribuídos entre dezenas de legendas partidárias. Essas quantidades dificultam as atividades de fiscalização e de apuração. E isto não apenas para a Justiça Eleitoral, mas também para os partidos, que possuem, naturalmente, o direito de participar no processo, a fim de fiscalizá-lo. Nem mesmo aqueles 1 O voto de legenda adotado no Brasil é apenas uma permissividade a mais da legislação, e não um voto em lista bloqueada, que pressupõe a fixação, pela convenção partidária, de uma ordem de prioridade entre os candidatos.

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partidos que possuem organização mais antiga e diretórios em todos os municípios contam com uma estrutura de fiscalização global, que lhes permita ter representantes preparados e credenciados em todos os locais de votação e de apuração. De fato, todas as lideranças políticas entrevistadas durante a elaboração desta pesquisa foram unânimes em demonstrar a distância entre o ideal, permitido em lei, e o real. Ou seja, é altamente improvável tanto a presença do partido em todos os locais como dispor de pessoas habilitadas para o exercício das funções de fiscalização.

Apesar das dificuldades impostas pela legislação eleitoral e partidária e de outras decorrentes de deficiências técnicas, julgava-se que adulterações nas fases de votação e de apuração se haviam tornado residuais, incidindo apenas em poucas localidades e não interferindo, por conseguinte, nos resultados globais. As eleições no Rio de Janeiro em 1982 foram as primeiras a suscitar apreensões de que tais irregularidades poderiam colocar em xeque a legitimidade do processo eleitoral. Contudo, mesmo no “caso Proconsult” – como ficaram conhecidas as suspeitas que cercaram a apuração das eleições de 1982 no Rio de Janeiro – a perícia técnica confirmou erros da empresa de processamento de dados, mas não a ocorrência deliberada de fraudes, já que todos os candidatos saíram prejudicados. Bem mais graves foram, portanto, as irregularidades ocorridas em 1994, estas sim, justificando apreensões e exigindo alterações nos mecanismos de votação e de apuração.

Essa nova constatação de irregularidades ocorreu nas eleições legislativas no Rio de Janeiro em 1994. O que ali aconteceu chama especialmente a atenção por se tratar de um estado altamente urbanizado, localizado na região mais desenvolvida do país. Supunha-se que a corrupção eleitoral persistisse residualmente nas regiões menos urbanizadas e desenvolvidas, mas que estava relativamente controlada nos grandes centros, onde o “voto de cabresto” é coisa do passado.

Foram tantas as denúncias e as provas de existência de fraudes que o T.R.E. do Rio de Janeiro, em decisão inédita, anulou as eleições para os Legislativos federal e estadual. As principais formas de fraude encontradas foram: a) adulteração de boletins de urna; b) alteração dos mapas de apuração; c) modificação de dados na digitação; d) preenchimento de votos originalmente em branco; e) adulteração de cédulas. Tudo indicava, segundo noticiários e depoimentos de juízes e promotores, que se tratava de crime organizado. Para completar o quadro de anomalias, houve sérios

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indícios de que juízes integravam a máquina de fraudes, cooperando ativamente para a sua operação.

A convocação e a realização de um segundo pleito para deputado federal e estadual, contudo, não encerraram o problema. Tornou-se visível um desentendimento entre o T.R.E.-RJ e o T.S.E., havendo mesmo quem sustentasse que a anulação do primeiro pleito deu-se para evitar uma intervenção do Tribunal Superior. Após as segundas eleições, o T.S.E. diplomou 5 deputados, desconhecendo uma decisão contrária do Tribunal Regional. Além disso, nenhum dos deputados acusados de fraude foi julgado pelo T.R.E. Em setembro de 1995, o Procurador-Geral da República, Geraldo Brindeiro, enviou um parecer ao T.S.E. sugerindo a anulação desse segundo resultado, argumentando que as eleições foram anuladas mediante “mera presunção de falsidade e fraude na votação”. Se esse parecer for aceito, haverá alteração na composição das bancadas do estado, tanto a nível estadual como federal.

O fenômeno não ocorreu apenas no Rio de Janeiro. O pleito para senador na Bahia também provocou dúvidas, ficando seu resultado sob suspeição. No Maranhão, a Justiça Eleitoral, depois da proclamação dos deputados federais eleitos, revisando as apurações, decidiu que um candidato do PT, dado como derrotado, estava eleito, enquanto um do PSB deixava de constar da lista dos eleitos. Em agosto de 1995 – mais de dez meses depois da eleição – o Tribunal Superior Eleitoral determinou nova recontagem dos votos para deputado federal (483 urnas haviam sido recontadas em junho de 1995, número que deverá ser ampliado para cerca de 3.500, a partir da última determinação). Assinale-se, ainda com referência ao Maranhão, que as eleições para o governo do Estado foram contestadas como fraudadas pelos candidatos derrotados.

Sepúlveda Pertence, então presidente do T.S.E., reconhecia em 1993: “o problema da fraude existe e sempre existirá em qualquer eleição com as dimensões da brasileira. A modernização e a informatização dos processos de votação e apuração são a melhor forma de combatê-la” (entrevista à Folha de S. Paulo, 15/06/93).

Nada justifica que ainda não tenha ocorrido a informatização da votação e da apuração. Esta seria uma maneira de incrementar a lisura do processo que vai do cadastramento de eleitores à votação, contagem, preenchimento de mapas e totalização dos votos. É auspicioso, desta forma,

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que esteja prevista a informatização total até o ano 2000. Esse sistema vem sendo testado com sucesso e o T.S.E. pretende implantar a votação eletrônica nas eleições municipais de 1996 nas 26 capitais e nos 27 municípios com mais de 200 mil eleitores. Esses centros urbanos, contando com 71 mil seções eleitorais, receberão urnas eletrônicas, nas quais votarão cerca de 30 milhões de eleitores, representando 30% do total de votos. A apuração desses votos poderá ser feita tão logo termine a eleição. O computador deverá emitir o boletim da votação, que será entregue a cada fiscal de partido, antes de seguir para a central de totalização de votos. Essas providências deverão facilitar a fiscalização e contribuir para prevenir fraudes comuns no trajeto dos mapas eleitorais da seção eleitoral até a central de totalização.

5.2.3. Julgamento e aprovação de contas

Cabe também à Justiça Eleitoral julgar as impugnações e representações propostas tanto pelo Ministério Público quanto por particulares. Esta Justiça, diferentemente da Justiça Comum, tem condições, na época de eleições, de agir de forma mais rápida porque aprecia somente o direito, não necessitando a prova do fato, que comprova o direito.

Tem sido frequente, porém, que muitos cargos públicos sejam preenchidos antes do exame e julgamento dos recursos contrários às respectivas posses. No limite, nos casos em que o julgamento for desfavorável aos empossados, a Justiça poderá determinar a destituição do presumido titular do cargo.

Denúncias de irregularidades, como abuso de poder econômico, compra de votos e adulteração de boletins de votação justificam a abertura de processos. Em todas as eleições, são milhares os casos que chegam até os tribunais regionais e ao T.S.E. A morosidade da Justiça no julgamento desses processos pode, contudo, constituir-se em um fator de desprestígio da instituição, colocando em questão a legitimidade dos eleitos e, no limite, dos organismos representativos. Levantamento realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, publicado em 1/10/95, mostrou que, entre os processos abertos em 1994 nos 27 tribunais regionais e no T.S.E., boa parte não chegou até a decisão final. No T.S.E., por exemplo, 64 ações abertas durante as últimas eleições aguardam sentença. Essa lentidão permite que, presentemente, exerçam o mandato sete deputados e dois senadores cuja correção durante a campanha foi contestada na justiça. Caso estes

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parlamentares venham a ser julgados culpados e consequentemente cassados, eles terão cumprido irregularmente boa parte de um mandato.

Juízes, em geral, responsabilizam a legislação eleitoral pela situação, considerando-a casuística, omissa e ineficiente. Costuma-se dar como exemplo o que aconteceu em 1988, com a determinação da nova Constituição de que as eleições para prefeito em municípios com mais de 200 mil eleitores passassem a ser realizadas em dois turnos. Fixadas as datas, restaram apenas 15 dias entre a data prevista para a segunda eleição e a posse dos eleitos. Desta forma, cabia à Justiça Eleitoral apurar as eleições, julgar as impugnações e os recursos, diplomar os candidatos, decidir sobre os recursos às diplomações e dar posse aos prefeitos em um prazo claramente insuficiente. O então presidente do T.S.E., Oscar Corrêa, manifestou sua insatisfação, dizendo: “No Brasil as coisas são feitas sempre desta forma improvisada. Deveriam ter pensado nisso antes, mas como não sou constituinte, nada posso fazer. Juiz não legisla, apenas executa a lei” (Folha de S. Paulo, 23/7/88). Mais recentemente, o presidente do T.R.E.-RJ, Antônio Carlos Amorim, assim justificou a morosidade da justiça eleitoral no julgamento das impugnações de candidatura: “com a atual legislação, a Justiça não tem tempo para fazer as devidas investigações e para cada decisão do relator do processo é cabível recurso, o que permite que as ações se eternizem” (O Estado de S. Paulo, 1/10/95). Em linguagem diferente, a mesma avaliação foi feita pelo presidente do T.R.E.-SP, Márcio Martins Bonilha: “a safadeza da legislação eleitoral, elaborada pelos próprios políticos que disputam os pleitos, não permite ação capaz de punir os responsáveis pelos delitos” (O Estado de S. Paulo, 1/10/95).

A legislação também dá à Justiça Eleitoral a atribuição de julgar a prestação de contas dos partidos. Este é um aspecto dominado por sombras. É sabido que os partidos escondem a origem de seus financiamentos, fazem acordos entre si, gastam muitas vezes mais do que declaram e as provas são difíceis de serem obtidas, já que o dinheiro não circula pelos meios normais. Em 1992, em entrevista aos meios de comunicação o Ministro Paulo Brossard referiu-se a essa situação como uma “beatificação do ilícito”.

A inoperância da Justiça Eleitoral não se deve apenas às dificuldades processuais e de recursos humanos e materiais para este tipo de julgamento. A demora excessiva para proferir a decisão final também compromete a imagem pública da Justiça Eleitoral e fornece argumentos aos que

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desrespeitam a legislação. Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em 10 de outubro de 1995, – um ano após as eleições de 1994 – apenas 13 dos 27 tribunais regionais haviam enviado ao T.S.E. relatórios sobre a contabilidade das campanhas dos candidatos ao governos estaduais, ao Senado, à Câmara e às Assembleias Legislativas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A promulgação de uma nova Constituição em 1988 não encerrou o debate sobre o modelo institucional a ser adotado pelo país. Ao contrário, o próprio texto constitucional deixou vários temas em aberto, prevendo em suas “disposições transitórias” um plebiscito sobre a forma e o sistema de governo para 1993 e uma revisão para cinco anos após a data de sua entrada em vigor. A confirmação da república e do presidencialismo, bem como o pequeno número de reformas aprovadas, quando o Congresso tinha possibilidades legais de realizar modificações pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em sessão unicameral, não significaram um estreitamento da pauta de reformas. É ampla a agenda de debates e poucos aspectos escapam de críticas e da consequente justificativa sobre a necessidade de mudança.

A Justiça Eleitoral não se constitui em uma exceção e tem composto o elenco de problemas. Trata-se, é bem verdade, de um item que provoca reações menos apaixonadas e ideologizadas do que, por exemplo, a previdência social, a questão do monopólio estatal, ou mesmo aspectos das legislações eleitoral e partidária. Mas, de toda forma, têm ocorrido crescentes manifestações no sentido de que ela deve ser alterada. Alguns chegam, inclusive, a advogar uma profunda modificação, propondo um modelo no qual os partidos políticos teriam participação ativa. Tais pronunciamentos tendem a ser mais enfáticos em períodos de elaboração de novas leis eleitorais ou quando da realização de eleições, épocas em que a atuação da Justiça Eleitoral torna-se mais visível.

Costuma-se sustentar como prova do fracasso da Justiça Eleitoral, entre outros aspectos, a persistência de eleitores fantasmas, de fraudes nos procedimentos de apuração, de ineficiência na punição de desrespeitos à legislação, particularmente, abuso do poder econômico. Mesmo um exame superficial das últimas eleições mostra que as deficiências são de fato graves e inaceitáveis para um país que pretende seguir na rota democrática. Bastaria atentar para o que sucedeu nas eleições de 1994 no estado do Rio de Janeiro, levando à anulação dos pleitos para deputado federal e estadual, para convencer os mais otimistas e os avessos às reformas de que é imperioso implementar alterações, sob o risco de comprometer a legitimidade do processo eleitoral e dos eleitos.

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Para bem dimensionar as deficiências imputadas à Justiça Eleitoral é necessário, entretanto, não perder de vista a natureza dos problemas, para que não se endosse soluções que podem vir a dificultar as atividades de administração e controle do processo eleitoral. Cabe, deste ponto de vista, examinar a amplitude das mudanças, perguntando-se, antes de mais nada, se elas devem atingir o modelo no qual se assenta a Justiça Eleitoral.

Como sustentamos no último capítulo, muitos dos problemas debitados à Justiça Eleitoral têm origem em outras esferas. Assim, por exemplo, existe um quadro de incertezas, determinado pela instabilidade legal, que dificulta tanto a atuação dos atores políticos como da própria Justiça Eleitoral. O fato de o país elaborar uma lei para cada pleito torna menos previsível o processo eleitoral – das normas que regulam a inscrição de candidatos até os procedimentos de apuração dos votos, julgamento das contas de campanha e diplomação dos eleitos. A elaboração das normas para a realização das eleições municipais de 3 de outubro de 1996 não foi diferente. Ou seja, uma vez mais não se chegou a uma lei permanente. A lei sancionada em 29 de setembro de 1995 deverá esgotar-se no próximo pleito. Mais grave ainda, não é seguro até agora, final do ano de 1995, e, portanto a apenas 10 meses das próximas eleições, que se disponha de todos os parâmetros sobre as eleições. Assim, por exemplo, não se sabe se a tese da reeleição dos ocupantes de cargos executivos será aprovada ou não. Desta forma, os atuais prefeitos – que poderiam ser os primeiros beneficiados pela queda do veto legal à reeleição – terão ou não condições de usufruir do direito de candidatar-se para um novo mandato? Independentemente do que se pense sobre a possibilidade de reeleição, deve-se sublinhar que há um excesso de incertezas sobre as regras do jogo. Ora, uma das bases da democracia é a segurança sobre as regras, a confiança de que normas estáveis prevalecem sobre casuísmos. Esta situação dificulta não só os candidatos, os eleitores, mas também a Justiça Eleitoral. As regras que orientaram sua atuação nas eleições passadas já não valem para as próximas e as próximas não constituirão experiência para as seguintes. O desempenho dos juízes eleitorais dificilmente terá condições de escapar dos constrangimentos impostos por este quadro que estamos caracterizando como marcado pela incerteza. Assim, cresce significativamente a probabilidade de que magistrados venham a romper com o seu papel clássico de estrita atuação como árbitros, acima dos interesses em disputa.

Além da ausência de uma lei eleitoral mais permanente, é necessário reconhecer que são insuficientes os mecanismos colocados à disposição da

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Justiça Eleitoral para controlar algumas fases do processo eleitoral. Ao que tudo indica, pela quantidade de denúncias que têm se tornado públicas, o maior problema está em coibir os abusos do poder econômico. O senador Pedro Simon (PMDB-RGS) sintetizou com propriedade a situação: “as leis eleitorais parecem propiciar maiores dificuldades a quem procura obedecê-las do que punição a quem não as cumpre. É por isso que as informações oficiais sobre cada uma das eleições não passam, efetivamente, de um exercício de ficção” (Folha de S. Paulo, 1/12/95). O mais recente episódio, popularmente conhecido como o “escândalo da pasta cor-de-rosa”, sobre listas de políticos supostamente beneficiados na campanha de 1990, com doações irregulares feitas pelo Banco Econômico, mostra cabalmente o potencial explosivo de uma prática em que a lei é burlada. Ou, no dizer de um deputado, de uma situação em que ninguém pode atirar a primeira pedra, porque todos, sem exceção, têm telhado de vidro.

Admitir a existência de constrangimentos que interferem nas atividades da Justiça Eleitoral não significa eximi-la de responsabilidades. Não há como desconhecer que ela tem cumprido de forma insatisfatória suas atribuições, afastando-se de seu papel de árbitro do contencioso eleitoral, bem como que têm sido deficientes seus esforços de organização e administração dos pleitos, verificando-se problemas em todas as fases do processo eleitoral, do alistamento de eleitores à diplomação dos eleitos, passando pela etapa mais crítica que é a da apuração dos votos.

O reconhecimento das deficiências, entretanto, não deve minimizar a identificação dos ganhos representados pela Justiça Eleitoral. Sua criação e posterior institucionalização significaram uma mudança de qualidade nas inúmeras tentativas de despolitizar a administração das eleições. Seu modelo, baseado na independência das forças políticas, tem evitado ou pelo menos minimizado problemas que sempre se colocam quando se trata de organizar embates eleitorais. Certamente não é por acaso que a maior parte das novas democracias tem procurado adotar um modelo bastante semelhante ao brasileiro. O fato do país já possuir uma instituição desta natureza significa que já foi dado um importante passo na direção de um processo eleitoral limpo e confiável. Cumpre aprimorá-la, reforçando suas bases, sem descuidar da necessidade de aperfeiçoar o seu modo de operar. Neste último aspecto, os avanços tecnológicos devem ser incorporados. A informatização poderá contribuir para reduzir as possibilidades de fraude no ato eleitoral e na apuração, além de apressar a divulgação dos resultados.

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Deste empenho dependerá o futuro da Justiça Eleitoral, e, sobretudo a consolidação da confiança no processo eleitoral que, bem ou mal, ela foi capaz de construir ao longo das últimas décadas.

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ANEXO: CAPÍTULO 1

Organismos eleitorais na América Latina

Este anexo foi preparado com o objetivo de trazer informações sobre os organismos encarregados de administrar as eleições nos países da América Latina. Trata-se de uma listagem, na qual contempla-se a denominação de cada uma das instituições e sua composição.

ARGENTINA Câmara Nacional Eleitoral

Integrada por três juízes designados pelo Poder Judiciário, dois secretários com hierarquia de juiz nacional de primeira instância, um secretário e um subsecretário. É um Tribunal de última instância, com funções fundamentalmente jurisdicionais, de supervisão e administração.

BOLÍVIA Corte Nacional Eleitoral

Integrada por um membro nomeado pelo Poder Executivo; quatro indicados pelo Congresso Nacional. (Obs.: a composição deste organismo, bem como suas atribuições, encontravam-se em discussão até recentemente. Apenas nas eleições de 1993 houve, de fato, um respeito por parte de todas as forças políticas em disputa à suas atividades. Antes disso, tratava-se de uma instituição meramente formal, encarregada de proclamar resultados previamente conhecidos).

BRASIL Tribunal Superior Eleitoral

Integrado por três ministros do Supremo Tribunal Federal; dois juízes do Superior Tribunal de Justiça e dois juízes nomeados pelo executivo entre seis advogados indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

CHILE Tribunal Qualificador de Eleições

Composto por cinco membros, sendo: três ministros ou ex-ministros da Corte Suprema de Justiça, eleitos pela maioria absoluta de seus membros em votações sucessivas e secretas; um advogado, com pelo menos 15 anos de experiência, eleito pela Corte Suprema; um ex-presidente do Senado ou

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da Câmara dos Deputados, que tenha exercido o cargo por um período de tempo não inferior a três anos, eleito por sorteio.

Serviço Eleitoral

É um organismo administrativo-eleitoral, chefiado por um diretor nomeado pelo executivo, com a aprovação do Senado.

COLÔMBIA Conselho Nacional Eleitoral

Composto por sete membros, indicados pelos partidos políticos; sendo três por cada um dos dois partidos com a maior proporção de votos nas últimas eleições e o último deles pelo terceiro partido mais votado. Todos os membros são eleitos pelo Conselho de Estado.

COSTA RICA Tribunal Supremo de Eleições

Composto por três magistrados titulares e seis suplentes, designados pela Corte Suprema de Justiça, por uma maioria qualificada de 2/3 de seus membros.

EL SALVADOR Tribunal Supremo Eleitoral

Composto por cinco magistrados titulares e cinco suplentes. O presidente do Tribunal é proposto pelo partido ou coligação que obtiver o maior número de votos na última eleição presidencial. Dois são indicados pelos partidos políticos ou coligações que obtiveram o segundo e o terceiro lugar nas últimas eleições presidenciais. E os outros dois são propostos pela Corte Suprema de Justiça.

EQUADOR Tribunal Supremo Eleitoral

Composto por sete membros, chamados vocais, eleitos pelo Congresso Nacional, obedecendo aos seguintes critérios: três membros não pertencentes ao Legislativo, representando a cidadania; dois provenientes de indicação proposta pelo Presidente da República; dois de indicação proposta pela Corte Suprema de Justiça. O Congresso também elege, da mesma forma, um suplente para cada vocal titular.

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GUATEMALA Tribunal Superior Eleitoral

Composto por cinco magistrados, eleitos pelo Congresso da República, com o voto de 2/3 de seus membros, a partir de uma lista de trinta candidatos propostos por uma Comissão de Postulação. Esta Comissão é formada pelo Reitor da Universidade de San Carlos; um representante dos reitores das universidades privadas; um representante do Colégio de Advogados; o decano da Faculdade de ‘Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade de San Carlos; e um representante das faculdades de Ciências Jurídicas e Sociais das universidades privadas.

HONDURAS Tribunal Nacional de Eleições

Composto por um número ímpar de membros, sendo um designado pela Corte Suprema de Justiça e os demais indicados por cada um dos partidos legalmente inscritos. Caso a soma destes membros resulte em um número par, a Corte de Justiça tem direito a indicar mais um integrante.

MÉXICO Tribunal do Contencioso Eleitoral

Composto por sete magistrados titulares e dois suplentes, indicados pelos partidos políticos com assento na Câmara dos Deputados e nomeados pelo Congresso da União.

NICARÁGUA Conselho Supremo Eleitoral

Composto por cinco magistrados eleitos pela Assembleia Nacional, a partir de listas propostas pelo Presidente da República, por um período de seis anos.

PANAMÁ Tribunal Eleitoral

Composto por três magistrados, sendo um indicado pelo Executivo, outro pelo Legislativo e o terceiro pela Corte Suprema de Justiça.

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PARAGUAI Tribunal Eleitoral

Composto por três membros, que não tenham ocupado cargos políticos partidários nos cinco anos anteriores à sua designação, indicados pelo Poder Executivo. Este organismo possui atribuições jurisdicionais.

Junta Eleitoral Central

Composta por doze membros, designados pelos partidos políticos, eleitos por maioria dos votos pela Câmara dos Deputados. O partido majoritário tem direito a indicar nove membros; os demais resultam de indicações dos demais partidos. Este organismo possui funções administrativas.

PERU Jurado Nacional de Eleições

Composto por sete membros, sendo: um eleito pela Corte Suprema de Justiça, entre seus membros suplentes ou aposentados; um membro eleito pela Federação Nacional de Colégios de Advogados do Peru; um membro eleito pelo Colégio de Advogados de Lima; um eleito pelos decanos das Faculdades de Direito das universidades nacionais; três membros escolhidos por sorteio entre cidadãos propostos pelos Jurados Regionais do Norte, do Centro e do Sul da República.

REPÚBLICA DOMINICANA Junta Central Eleitoral

Composto por três membros, designados pelo Senado, a partir de proposta do Presidente da República.

URUGUAI Corte Eleitoral

Composta por nove membros, sendo cinco designados pela Assembleia Geral, em reunião de ambas as casas do Legislativo, por maioria de 2/3 dos votos; quatro designados pela Assembleia Geral, pelo sistema de duplo voto simultâneo, devendo corresponder dois para cada um dos dois partidos que tenham recebido o maior percentual de votos nas últimas eleições.

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VENEZUELA Conselho Supremo Eleitoral

Composto por nove membros, sendo um indicado por cada um dos cinco partidos que tenham obtido os maiores percentuais de votos nas últimas eleições legislativas nacionais; quatro membros independentes, sem filiação partidária, eleitos pelo Congresso, com o voto de 2/3 de seus membros.

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ANEXO: CAPÍTULO 3 ∗

História da Justiça Eleitoral brasileira: estrutura e composição do Tribunal Superior Eleitoral – T.S.E.

e Dados Biográficos de Ministros do Tribunal Superior Eleitoral – T.S.E.

Este anexo divide-se em duas partes. A primeira sintetiza a evolução da estrutura interna do Tribunal Superior Eleitoral, desde a criação da Justiça Eleitoral em 1932 até a Constituição de 1988, e traz a relação de Ministros que ocuparam cargos efetivos no T.S.E. de 1932 a setembro de 1995. Nesta parte, são indicadas as formas de composição desse Tribunal adotadas pelas diferentes constituições do período e também é indicada a procedência institucional de cada um de seus membros. Alguns critérios foram adotados na elaboração da lista de Ministros: a) considerou-se apenas aqueles que ocuparam cargos efetivos no Tribunal (total de 125 até setembro de 1995); b) a ordem de apresentação dos nomes e sua procedência institucional refere-se à primeira posse no T.S.E. A adoção de tais critérios levou em consideração que nem sempre ministros substitutos chegam a se tornar membros efetivos. Também a procedência institucional de um mesmo Ministro pode variar no tempo, dado que a passagem por diferentes órgãos judiciários permite que, encerrado seu primeiro mandato, ele retorne ao T.S.E., posteriormente, recrutado numa nova condição.

A segunda parte desse anexo traz a relação dos Ministros do T.S.E. abrangendo o período maio 1932/setembro 1995. Do total de 125 membros efetivos (excluímos aqueles designados como substitutos), apresentamos dados biográficos de 103 Ministros (82,4%). As biografias e currículo pesquisados foram sistematizados da seguinte forma: Nome, Ano de Nascimento, Naturalidade, Faculdade e Ano em que se bacharelou, Origem da vaga ocupada no T.S.E. (ver legenda), Ano de Posse no Tribunal, Tempo de Permanência (ver legenda), Principais atividades da carreira pública e privada, Fonte biobibliográfica (ver legenda). Além disso, indicamos com sinais especiais (*) os que chegaram à Presidência do Tribunal e indicamos a composição que encerra o período aqui estudado através da expressão “em exercício” no item Tempo de Permanência.

∗ Estes dados foram coligidos e organizados por Rogério Bastos Arantes.

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História da Justiça Eleitoral brasileira: estrutura e composição do Tribunal Superior Eleitoral – T.S.E.

Período: 1932-1937

Estrutura Composição (Ministros efetivos) I. 1932: O decreto nº 21076, de 24 de abril de 1932, do governo revolucionário cria a Justiça Eleitoral atribuindo-lhe a tarefa de preparar as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Tem como órgãos: um Tribunal Regional na capital de cada estado, no Distrito Federal, e na sede do governo do Território do Acre, e juízes eleitorais nas Comarcas, Distritos ou Termos Judiciários.

Ao T.S.E. foi dada a seguinte estrutura:

1. Exerceria a Presidência o Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal (S.T.F.); 2. Dois ministros do S.T.F. sendo que um deles seria eleito Vice-Presidente; 3. Dois desembargadores da Corte de Apelação do Distrito Federal (C.A. do DF); 4. Três juristas escolhidos pelo chefe do Governo Provisório dentre 15 cidadãos de notório saber jurídico e reconhecida idoneidade indicados pelo S.T.F.

Oito membros no total, dentre os quais um seria eleito Procurador Geral da Justiça Eleitoral, todos com mandato mínimo de dois anos e no máximo dois biênios consecutivos.

I. 1932: Corte Suprema instalada em 20 de maior de 1932:

Nome / Origem

Hermegenildo Rodrigues de Barros / S.T.F. José Soriano de Souza Filho / S.T.F. José Martins de Carvalho Mourão / S.T.F. José Linhares / C.A. do DF Renato de Carvalho Tavares / C.A. do DF Afonso Augusto Moreira Penna Jr. / Jurista Prudente de Morais Filho / Jurista Afonso Celso / Jurista

Sob a Presidência de Hermegildo Rodrigues de Barros foram eleitos para Vice-Presidente e Procurador Geral, respectivamente, José Soriano de Souza Filho e Renato de Carvalho Tavares

II. 1933: O Decreto nº 23017, de 31 de junho de 1933, reduz para 2 o número de membros estranhos à magistratura (os juristas) e determina que as vagas dos juízes efetivos seriam preenchidas pelos substitutos de mesma categoria, à escolha do Tribunal.

Em 4 de maio de 1935 é promulgado o Novo Código Eleitoral através da Lei nº 48.

As vagas destinadas a juristas passam a ser preenchidas através de escolha do Presidente da República com base em seis cidadãos indicados pelo S.T.F.

II. 1933: Substituições ocorridas nesse período:

Nome / Origem

Eduardo Espínola substitui José Soriano de Souza Filho / S.T.F. Francisco Carneiro Monteiro de Sales substitui Afonso Celso / Jurista

Prudente de Morais Filho é exonerado por motivo de saúde. Nesse caso não ocorreu substituição em função do decreto que reduziu o número de vagas dos juristas.

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III. 1934: A Constituição de 1934 instaura a Justiça Eleitoral como órgão do Poder Judiciário Federal e ratifica o Decreto de 31/06/1932 com relação ao número e origem dos membros do T.S.E., bem como os critérios para substituições.

III. 1934: Substituições ocorridas nesse período:

Nome / Origem

Plínio de Castro Casado substitui João Martins de C. Mourão / S.T.F. Artur Quadros Colares Moreira substitui Renato de C. Tavares / C.A. do DF José de Miranda Valverde substitui Afonso Penna Jr. / Jurista João da Rocha Cabral substitui Francisco Carneiro M. de Sales / Jurista

IV. 1937: Estado Novo. Com o advento da Carta Constitucional de 1937 fica extinta a Justiça Eleitoral

IV. Composição ao final desse período:

Nome / Origem

Hermegildo Rodrigues de Barros / S.T.F. Laudo Ferreira de Camargo substitui Eduardo Espínola / S.T.F. Plínio de Castro Casado / S.T.F. Artur Quadros Colares Moreira / C.A. do DF José Ovídio Marcondes Romeiro substituí José Linhares / C.A. do DF João da Rocha Cabral / Jurista Cândido de Oliveira Filho substitui José de Miranda Valverde / Jurista

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Período 1945-1967

Estrutura Composição (Ministros efetivos) V. 1945: A Lei Constitucional nº 9 de 28 de fevereiro de 1945 restabelece eleição direta para Presidente da República, Câmera e Senados Federais. Para sua execução, foi promulgado o Decreto-Lei nº 7.886 de maio de 1945 que, embora não estabelecendo expressamente a Justiça Eleitoral, cria como órgãos dos serviços eleitorais um Tribunal Superior, um Tribunal Regional na capital de cada Estado e no Distrito Federal, e Juntas Eleitorais e Juízos Eleitorais nas capitais, Comarcas, Termos e Distritos.

Ao T.S.E. foi dada a seguinte estrutura:

1. Exerceria a Presidência o Presidente do Supremo Tribunal Federal (S.T.F.) 2. Um outro ministro do S.T.F. que exerceria a Vice-Presidência; 3. Presidente do Tribunal de Apelação do Distrito Federal (T.A. do DF) 4. Um outro desembargador do T.A. do DF; 5. Um jurista de notório saber e reconhecida reputação.

As vagas correspondentes aos itens 2, 4 e 5 seriam preenchidas pelo próprio Presidente do T.S.E.

Obs.: Como Procurador Geral Eleitoral serviria o Procurador Geral da República.

V. 1945: Corte Suprema instalada em 1º de junho de 1945:

Nome / Origem

José Linhares / S.T.F. Valdemar C. do Rego Falcão / S.T.F. Edgar Costa / T.A. do DF Antônio Carlos L. Andrada / T.A. do DF Antônio Sampaio Dória / Jurista

Procurador Geral Eleitoral: Hahnemann Guimarães (Procurador Geral da República)

Substituições ocorridas com a elevação de José Linhares à Presidente da República em consequência dos acontecimentos de 29 de outubro de 1945:

Nome / Origem

Valdemar C. do Rego Falcão substitui José Linhares / S.T.F. Edgar Costa (agora membro do S.T.F.) substitui Valdemar C. do Rego Falcão / S.T.F. José Antônio Nogueira substitui Edgar Costa / T.A. do DF Júlio de Oliveira Sobrinho substitui Antônio C. L. de Andrada / T.A. do DF Francisco de Sá Filho substitui Antônio de Sampaio Dória / Jurista

Essa composição presidiu e orientou as eleições de 2 de dezembro de 1945 para Presidente da República e para o Congresso Nacional Constituinte

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VI. 1946: A Constituição de 1946 incluiu a Justiça Eleitoral como ramo do Poder Judiciário Federal e determinou a seguinte estrutura para o T.S.E.:

1. Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (S.T.F.) que exerceriam a Presidente e a Vice-Presidência; 2. Dois ministros do Tribunal Federal de Recursos (T.F.R.) 3. Um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (T.J. do DF) 4. Dois cidadãos de notório saber jurídico e reconhecida reputação, nomeados pelo Presidente da República dentre 6 indicados pelo S.T.F.

Sete ministros no total, com mandato mínimo de dois anos e máximo de dois biênios consecutivos.

A Procuradoria Eleitoral seria exercida pelo Procurador Geral da República.

1950: Fixação em definitivo da Justiça Eleitoral com a promulgação do Novo Código Eleitoral (Lei nº 1.164, de 24 de julho de 1950).

VI. Ministros que ocuparam cargos efetivos no período 1946-1967:

Nome / Origem

Hahnemann Guimarães / S.T.F. Alfredo Machado Guimarães Filho / Jurista Djalma Tavares da Cunha Mello / T.F.R. Francisco de Paula R. Lagoa Filho / T.F.R. Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa / S.T.F. Augusto Saboia da Silva Lima / T.J. do DF Amando Sampaio Costa / T.F.R. Plínio Pinheiro Guimarães / Jurista Pedro Paulo Pena e Costa / Jurista Vasco Henrique D’Avila / T.F.R. Frederico Sussekind / T.J. do DF Afrânio Antônio da Costa / T.F.R. Luis Gallotti / S.T.F. José Thomas da C. Vasconcelos Filho / T.F.R. José Duarte Gonçalves da Rocha / T.J. do DF Haroldo Teixeira Valadão / Jurista Antônio Vieira Braga / T.J. do DF Edmundo Macedo Ludolf / T.F.R. Nelson Hungria Hoffbauer / S.T.F. Cândido Mesquita da Cunha Lobo / T.F.R. Artur de Souza Marinho / T.F.R. Ildefonso Mascarenhas da Silva / Jurista Plínio de Freitas Travassos / Jurista Ary de Azevedo Franco / S.T.F. Guilherme Estellita C. Pessoa / T.J. do DF Hugo Auler / T.J. do DF Cândido Motta Filho / S.T.F. Oswaldo Trigueiro de A. Melo / Jurista Nery Kurtz / Jurista Márcio Ribeiro / T.J. do DF Américo Godoy Ilha / T.F.R. Antônio Martins Villas Boas / S.T.F. João Henrique Braune / T.J. do DF Décio Meirelles de Miranda / Jurista Henrique A. Diniz de Andrada / Jurista Antônio Gonçalves de Oliveira / S.T.F. Oscar Saraiva / T.F.R. Victor Nunes Leal / S.T.F.

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Período 1967-1988

Estrutura Composição (Ministros efetivos) VII. 1967: Após o golpe militar de 1964 e a Constituição outorgada de 1967, ficou determinada de seguinte forma a estrutura do T.S.E.:

1. Três ministros do Supremo Tribunal Federal (S.T.F.) dentre os quais seriam eleitos, pelo próprio T.S.E., seu Presidente e Vice-Presidente; 2. Dois ministros do Tribunal Federal de Recursos (T.F.R.); 3. Dois advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, nomeados pelo Presidente da República dentre seis indicados pelo S.T.F.

Sete ministros no total, com mandato mínimo de dois anos e máximo de dois biênios consecutivos.

VII. 1967: Ministros que ocuparam cargos efetivos no período 1967/1988:

Nome / Origem

Amarílio Aroldo Benjamin da Silva / T.F.R. Francisco M. X. de Albuquerque / Jurista Cândido Colombo Cerqueira / T.J. do DF Armando Leite Rolemberg / T.F.R. Cláudio Penna Lacombe / Jurista Eloy José da Rocha / S.T.F. Djaci Alves Falcão / S.T.F. Antônio Neder / T.F.R. Célio Silva / Jurista Raphael de Barros Monteiros / S.T.F. Hélio Proença Doyle / Jurista Moacyr Amaral dos Santos / S.T.F. Carlos Eduardo de Barros Barreto / Jurista Carlos Thompson Flores / S.T.F. Inácio Moacir Catunda Martins / T.F.R. José Francisco Boseli / Jurista José Geraldo Rodrigues Alckmim / S.T.F. Álvaro Peçanha Martins / T.F.R. Firmino Ferreira Paz / Jurista João Leitão de Abreu / S.T.F. José Néri da Silveira / T.F.R. João Baptista Cordeiro Guerra / S.T.F. Pedro Augusto de Freitas Gordilho / Jurista Jarbas dos Santos Nobre / T.F.R. José Carlos Moreira Alves / S.T.F. Aldir Guimarães Passarinho / T.F.R. José Fernandes Dantas / T.F.R. José Maria de Souza Andrade / Jurista Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto / S.T.F. Carlos Alberto Madeira / T.F.R. Pedro Soares Muñoz / S.T.F. Evandro Gueiros Leite / T.F.R. José Guilherme Villela / Jurista Luís Rafael Mayer / S.T.F. Antônio Torreão Braz / T.F.R. Washington Bolívar de Brito / T.F.R. Sérgio Gonzaga Dutra / Jurista Oscar Dias Correia / S.T.F. Carlos Mário da Silva Velloso / T.F.R.

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William Andrade Paterson / T.F.R. Roberto Ferreira Rosas / Jurista José Francisco Rezek / S.T.F. Otto Rocha / T.F.R. Sebastião Alves dos Reis / T.F.R. Antônio Villas Boas T. de Carvalho / Jurista Romildo Bueno de Souza / T.F.R.

Período 1988-1995

Estrutura Composição (Ministros efetivos) VIII. 1988: Com a promulgação da Constituição de 1988, a estrutura do T.S.E. permanece a mesma, com apenas uma modificação decorrente da extinção do Tribunal Federal de Recursos. Os ministros antes oriundos deste Tribunal passam a ser recrutados no Superior Tribunal de Justiça, criado pela nova Constituição.

1. Três ministros do Supremo Tribunal Federal, dentre os quais são eleitos, pelo próprio T.S.E., seu Presidente e Vice-Presidente; 2. Dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (S.T.J.), dentre os quais é eleito o Corregedor Geral Eleitoral; 3. Dois advogados de notável saber jurídico e reconhecida reputação escolhidos pelo Presidente da República, dentre seis indicados pelo S.T.F.

Sete ministros no total, com mandato mínimo de dois anos e máximo de dois biênios consecutivos.

O Procurador Geral da República atuará como Procurador Geral Eleitoral.

VIII. 1988: Ministros que ocuparam cargos efetivos no T.S.E. a partir de outubro de 1988 até setembro de 1995.

Nome / Origem

Miguel Jeronymo Ferrante / S.T.J. Sydney Sanches / S.T.F. Luís Octávio Pires e A. Gallotti / S.T.F. Pedro da Rocha Acioli/ S.T.J. Célio de Oliveira Borja / S.T.F. Hugo Gueiros Bernardes / Jurista Américo Luz/ S.T.J. Paulo Brossard / S.T.F. José Paulo Sepúlveda Pertence / S.T.F. Torquato Lorena Jardim / Jurista José Cândido de Carvalho Filho/ S.T.J. José Bonifácio Diniz de Andrada / Jurista Cid Flaquer Scartezzini/ S.T.J. Marco Aurélio Mendes de F. Mello / S.T.F. Antônio de Pádua Ribeiro/ S.T.J. Ilmar Nascimento Galvão / S.T.F. Jesus Costa Lima/ S.T.J.

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Dados biográficos de Ministros do Tribunal Superior Eleitoral

1. Legendas:

1. Tempo de Permanência do Juiz no T.S.E.:

1. Menos de 2 anos; 2. Um biênio; 3. Entre 2 e 4 anos; 4. Dois biênios; 5. Mais de 4 anos.

Desde 1932, o mandato de Ministro do T.S.E. deve ser de no mínimo dois anos e no máximo dois biênios consecutivos. Entretanto, optou-se pela sistematização acima em função da ocorrência de casos em que Ministros renunciam justificadamente antes do término do mandato de dois anos e/ou do término do segundo biênio (casos 1 e 3). Além disso, verificam-se também alguns casos em que Juízes atingem o limite de 2 biênios consecutivos e, posteriormente, por se encontrarem em um outro Tribunal Superior, retornam ao T.S.E. ocupando vagas nessa nova condição (caso 5).

2. Fontes biobibliográficas:

FGV – Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro: 1930/1983. Coord. de Israel Beloch e Alzira Alves de Abreu. Fundação Getúlio Vargas. Centro de Pesquisa e documentação de História Contemporânea do Brasil. Rio de Janeiro. Ed. Forense-Universitária: FGV/CPDOC: Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP, 1984.

LCM – MELO, Luís Correia. Dicionário de Autores Paulistas. São Paulo. Ed. Gráfica Irmãos Andrioli S.A. 1954.

CC – CORTEZ, C. Homens e Instituições no Rio. Rio de Janeiro, 1957.

T.F.R. – Ministros do Tribunal Federal de Recursos. Dados Biográficos 1947/1987. N1. Brasília. T.F.R.. 1981.

LL – LAGO, Laurenio. Supremo Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. Dados Biográficos. 1828-1978. Brasília. Biblioteca do Exército – Editora. 1978.

ACB – BRANDÃO, Alonso Caldas e PALMEIRA, Delcílio. Repertório Eleitoral. A. Coelho Branco Filho Editor. Rio de Janeiro. 1950.

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T.S.E. – “Curriculum Vitae” consultado na biblioteca do T.S.E.

S.T.F. – “Curriculum Vitae” consultado na biblioteca do S.T.F.

3. Procedência institucional:

S.T.F. – Supremo Tribunal Federal; T.F.R. – Tribunal Federal de Recursos; S.T.J. – Superior Tribunal de Justiça; C.A. do D.F. – Corte de Apelação do Distrito Federal; T.A. do D.F. – Tribunal de Apelação do Distrito Federal; T.J. do D.F. – Tribunal de Justiça do Distrito Federal; Jurista – Juristas.

Considerou-se como procedência institucional a origem da vaga de Ministro efetivo quando este ingressou pela primeira vez no Tribunal. Nos casos em que Ministros retornam ao T.S.E. sob nova condição, isso pode ser observado através da descrição de suas principais atividades.

4. Principais Atividades:

Procurou-se salientar os aspectos mais importantes da carreira dos 103 Ministros do T.S.E. sobre os quais obtivemos informações biográficas. Deve-se registrar que, em geral, os dados apresentados referem-se às atividades desenvolvidas pelo Ministro até a sua posse no T.S.E., e as respectivas datas procuram demarcar apenas o início do desempenho de tais atividades.

Nome: João Martins de Carvalho Mourão Nascimento: 1872 Principais atividades Naturalidade: São João Del Rei (MG) ? – Advogado em MG e RJ Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1892)

1900 – Advogado do Banco do Brasil

Procedência: S.T.F. 1914- Professor da Fac. de Direito do RJ Posse no T.S.E.: 1932 1931 – Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 2 1932 – Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL

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Nome: Hermenegildo Rodrigues de Barros* Nascimento: 1866 Principais atividades Naturalidade: Januária (MG) 1886 – Promotor Público em Januária (MG) Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1886)

1890 – Juiz de Direito no interior de MG

Procedência: S.T.F. 1903 – Desembargador do Estado de MG Posse no T.S.E.: 1932 1919 – Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 5 1932 – Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL

Nome: José Linhares * Nascimento: 1886 Principais atividades Naturalidade: Baturité (CE) 1908 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1908)

1913 – Juiz de Direito

Procedência: C.A. do D.F. 1931 – Desembargador da C.A. do D.F. Posse no T.S.E.: 1932 1932 – Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 5 1937 – Ministro do S.T.F. 1945 – Presidente (interino) da República Fonte: FGV. LL 1946 – Presidente do S.T.F. e do T.S.E.

Nome: José Soriano de Souza Filho Nascimento: 1863 Principais atividades Naturalidade: Recife (PE) 1887 – Promotor Público em PE Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife (1884)

1887 – Juiz de Direito substituto em Santos (SP)

Procedência: S.T.F. 1888 – Juiz de Direito em Uberaba (MG) Posse no T.S.E.: 1932 1894- Juiz de Direito em Jaú (SP) Tempo de permanência: 1 1896 – Juiz de Direito em Campinas (SP) 1914 – Juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo 1927 – Ministro do S.T.F. Fonte: FGV, LL 1932 – Ministro do T.S.E.

Nome: Renato de Carvalho Tavares Procedência: C.A. do DF Posse no T.S.E.: 1932 Fonte: Biografia não encontrada

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Nome: Afonso Augusto Moreira Pena Júnior Nascimento: 1879 Principais atividades Naturalidade: Santa Barbara (MG) 1902 – Deputado Estadual Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1902)

1920 – Secretário do Interior de MG

Procedência: Jurista 1923 – Deputado Federal

Posse no T.S.E.: 1932 1925 – Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Governo Artur Bernades

Tempo de permanência: 2 1930 – Diretor do Banco do Brasil Fonte: FGV 1932 – Ministro do T.S.E.

Nome: Prudente de Morais Filho Nascimento: 1874 Principais atividades Naturalidade: Piracicaba (SP) 1899- Advogado Bacharelado: Fac. de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro (1897)

1914- Professor da Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ

Procedência: Jurista ? – Deputado Federal Posse no T.S.E.: 1932 1932 – Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 1 Fonte: LCM

Nome: Afonso Celso Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1932 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Eduardo Espínola Nascimento: 1875 Principais atividades Naturalidade: Salvador (BA) 1896 – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia (1895)

1914 – Professor da Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ

Procedência: S.T.F. ? - Deputado Federal Posse no T.S.E.: 1933 1932 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 2 Fonte: FGV

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Nome: Plínio de Castro Casado Nascimento: 1870 Principais atividades Naturalidade: Porto Alegre (RS) 1893 – Promotor Público em Porto Alegre Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1892)

1897 - Deputado Federal (RS) pelo Partido Federalista

Procedência: S.T.F. 1900 – Assessor Jurídico da Prefeitura de Porto Alegre Posse no T.S.E.: 1934 ? – Professor da Faculdade de Direito de Porto Alegre Tempo de permanência: 3 1924 - Deputado Federal (RS) pela Aliança Liberal 1930 – Interventor Federal no RJ 1931 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1934 - Ministro do T.S.E.

Nome: Francisco Carneiro Monteiro de Sales Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1933 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Artur Quadros Colares Moreira Procedência: C.A. do DF Posse no T.S.E.: 1934 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: José de Miranda Valverde Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1934 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: João da Rocha Cabral Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1934 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Laudo Ferreira de Camargo Nascimento: 1881 Principais atividades Naturalidade: Amparo (SP) 1902- Advogado em Amparo Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1902)

1905 – Promotor Público (SP)

Procedência: S.T.F. 1910 – Juiz de Direito (SP) Posse no T.S.E.: 1935 1930 – Desembargador do T.J. de SP Tempo de permanência: 1 1931 – Interventor Federal em SP 1931 – Desembargador do T.J. de SP 1932 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1935 - Ministro do T.S.E.

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Nome: José Ovídio Marcondes Romeiro Procedência: C.A. do DF Posse no T.S.E.: 1935 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Cândido de Oliveira Filho Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1936 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Valdemar Cromwell do Rego Falcão * Nascimento: 1895 Principais atividades Naturalidade: Baturité (CE) 1917 – 1º Delegado de Polícia de Fortaleza Bacharelado: Faculdade de Direito do Ceará (1916)

1921 – Professor da Faculdade de Direito do Ceará

Procedência: S.T.F. 1932 – Advogado no Rio de Janeiro

Posse no T.S.E.: 1945 1933 - Deputado Estadual pela Liga Eleitoral Católica

Tempo de permanência: 1 1934 - Deputado Federal pela LEC 1935 – Senador pelo Ceará 1937 – Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio 1941 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1945 - Ministro do T.S.E.

Nome: Edgar Costa * Nascimento: 1887 Principais atividades

Naturalidade: Vassouras (RJ) 1907 – Diretor do Gabinete de Identificação e Estatística de Polícia (RJ)

Bacharelado: Fac. de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro (1909)

1911 – Advogado

Procedência: T.A. do DF 1917 – Juiz de Direito no DF

Posse no T.S.E.: 1945 1925 – Secretário do Conselho Supremo da C.A. do DF

Tempo de permanência: 5 1931 – Secretário do Interior e Justiça do RJ 1932 – Juiz do T.R.E.-RJ 1934 – Desembargador do T.J. do DF 1945 - Ministro do T.S.E. 1945 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1951 – Presidente do T.S.E.

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Nome: Antônio Carlos Lafayette Andrade * Nascimento: 1900 Principais atividades Naturalidade: Barbacena (MG) 1925 – Curador Especial de Acidentes no Trabalho Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (1923)

1934 – Juiz de Direito

Procedência: T.A. do DF 1943 – Desembargador do T.A. do DF Posse no T.S.E.: 1946 1945 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 4 1945 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1946 - Ministro do T.S.E.

Nome: Antônio de Sampaio Dória Nascimento: 1883 Principais atividades Naturalidade: Belo Monte (AL) 1908 – Professor de Ensino Secundário Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1908)

1920 – Diretor Geral da Instituição Pública do Estado de São Paulo

Procedência: Jurista 1924 – Professor da Faculdade de Direito de São Paulo

Posse no T.S.E.: 1945 1934 – Procurador Regional Eleitoral (SP) Tempo de permanência: 1 1945 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV 1945 - Ministro da Justiça

Nome: José Antônio Nogueira Procedência: T.A. do DF Posse no T.S.E.: 1945 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Júlio de Oliveira Sobrinho Nascimento: 1888 Principais atividades

Naturalidade: ? (CE) 1911 – Subprefeito do Departamento de Alto Purus (AC) e Delegado de Polícia em Serra Madureira (AC)

Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (1909)

1912 – Procurador dos Feitos da Fazenda do Estado do Ceará

Procedência: T.A. do DF 1912 – Advogado no Rio de Janeiro Posse no T.S.E.: 1945 ? – Juiz de Direito em Xapuri (AC) Tempo de permanência: 1 1921 – Advogado no Rio de Janeiro 1928 – Promotor Público 1940 – Desembargador do T.J. do DF Fonte: ACB 1945 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Francisco de Sá Filho Nascimento: 1891 Principais atividades Naturalidade: Ouro Preto (MG) 1914 – Oficial do Gabinete do Ministério da Agricultura Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (?)

1915 – do Ministério da Fazenda

Procedência: Jurista 1922 – do Ministério da Viação Posse no T.S.E.: 1945 1924 - Deputado Federal (BA) Tempo de permanência: 4 1939 – Proc. Geral da Fazenda Pública Fonte: ACB 1945 - Ministro do T.S.E.

Nome: Hahnemann Guimarães Nascimento: 1901 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1923 – Advogado Bacharelado: Fac. Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1923)

1926 – Professor do Ensino Secundário

Procedência: S.T.F. 1932 – Professor da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil

Posse no T.S.E.: 1945 1941 – Consultor Geral da República Tempo de permanência: 5 1945 – Procurador Geral da República 1946 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL. 1946 - Ministro do T.S.E.

Nome: Alfredo Machado Guimarães Filho Nascimento: ? Principais atividades Naturalidade: ? 1915 – Advogado Bacharelado: Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ

? – Promotor Público Adjunto do DF

Procedência: Jurista 1937 - Procurador Geral da República Posse no T.S.E.: 1946 1946 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 5 Fonte: ACB

Nome: Djalma Tavares da Cunha Mello Nascimento: 1906 Principais atividades Naturalidade: Recife (PE) 1928 – Promotor Público no interior de São Paulo Bacharelado: ? 1930 – Promotor Público em Recife Procedência: T.F.R. 1932 – Curador Geral do Estado de PE Posse no T.S.E.: 1947 1932 – Juiz de Direito em PE Tempo de permanência: 5 1937 – Juiz Federal no Estado do RJ 1938- Professor na Faculdade de Direito do Recife 1939 – Procurador Regional da República no RJ 1947 - Procurador Geral da República 1947 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R. 1947 - Ministro do T.F.R.

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Nome: Francisco de Paula Rocha Lagoa Filho * Nascimento: 1895 Principais atividades Naturalidade: Ouro Preto (MG) 1916 – Delegado de Polícia Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1915)

1919 - Deputado Estadual

Procedência: T.A. do DF 1924 – Promotor Público no RJ Posse no T.S.E.: 1946 1931 – Juiz de Direito no RJ Tempo de permanência: 5 1940 – Desembargador do T.A. do DF 1947- Ministro do T.S.E. 1947 - Ministro do T.F.R. 1950 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL, T.F.R. 1950 - Ministro do S.T.F.

Nome: Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa * Nascimento: 1897 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1918 – Professor do Ensino Secundário Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro

1927 – Juiz de Direito

Procedência: S.T.F. 1942 – Desembargador do T.A. do DF Posse no T.S.E.: 1947 1945 – Chefe de Polícia do DF Tempo de permanência: 4 1945 – Juiz do T.R.E. do DF 1946 - Ministro do S.T.F Fonte: FGV. LL 1947 - Ministro do T.S.E.

Nome: Augusto Saboia da Silva Lima Nascimento: 1894 Principais atividades Naturalidade: Petrópolis (RJ) 1918 – Juiz de Direito Bacharelado: Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ (1915)

1939 – Desembargador do T.J. do DF

Procedência: T.J. do DF 1947 - Ministro do T.S.E. Posse no T.S.E.: 1947 Tempo de permanência: 1 Fonte: ACB

Nome: Amando Sampaio Costa Nascimento: 1893 Principais atividades Naturalidade: Maceió (AL) 1918 – Tabelião Público e Escrivão Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife

1931 – Secretário de Estado dos Negócios do Interior, Educação e Saúde de Alagoas

Procedência: T.F.R. 1931 – Secretário Geral do Estado de Alagoas Posse no T.S.E.: 1950 1933 – Deputado Federal (AL) pelo Partido Nacional Tempo de permanência: 2 1947 - Ministro do T.F.R. 1950 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV, T.F.R. 1952 – Presidente do T.F.R.

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Nome: Plínio Pinheiro Guimarães Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1950 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Pedro Paulo Pena e Costa Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1951 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Vasco Henrique D’Avila Nascimento: 1905 Principais atividades Naturalidade: Rio Pardo (RS) 1930 – Secretário da Presidência do Estado de SC Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1931)

1930 - Procurador Geral do Estado de SC

Procedência: T.F.R. 1945 – Juiz do T.R.E. –SC Posse no T.S.E.: 1951 1947 - Ministro do T.F.R. Tempo de permanência: 5 1951 - Ministro do T.S.E. 1954 – Presidente T.F.R. Fonte: T.F.R. 1962 - Ministro do T.S.E.

Nome: Frederico Sussekind Nascimento: 1890 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) ? – Advogado (RJ) Bacharelado: ? ? – Promotor Público (RJ) Procedência: T.J. do DF ? – Juiz de Direito (RJ) Posse no T.S.E.: 1951 ? – Desembargador do T.J. do DF Tempo de permanência: 4 1951 - Ministro do T.S.E. Fonte: CC

Nome: Afrânio Antônio da Costa Nascimento: 1892 Principais atividades Naturalidade: Macaé (RJ) 1913 – Advogado (RJ) Bacharelado: Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ (1912)

1931 – Juiz de Direito (RJ)

Procedência: T.F.R. 1940 – Desembargador do T.A. do DF Posse no T.S.E.: 1952 1945 – Juiz do T.R.E.-DF Tempo de permanência: 4 1947 – Ministro Presidente do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1952 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Luis Gallotti * Nascimento: 1904 Principais atividades Naturalidade: Tijucas (SC) 1927 - Deputado Estadual Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1926)

1929 – 2º Procurador da República

Procedência: S.T.F. 1945 – Interventor Federal em SC

Posse no T.S.E.: 1953 1947 – Subprocurador Geral da República junto ao Tribunal Federal de Recursos

Tempo de permanência: 5 1947 - Procurador Geral da República 1949 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV, LL 1953 - Ministro do T.S.E.

Nome: José Thomas da Cunha Vasc. Filho Nascimento: 1902 Principais atividades

Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1923 – Oficial de Gabinete do Governo do Território do Acre

Bacharelado: ? 1927 – Secretário do Tribunal de Apelação do Território do Acre

Procedência: T.F.R. 1933 – Promotor Público Adjunto no DF

Posse no T.S.E.: 1955 1937 – Juiz Federal do Estado do RN e do T.R.E.-RN

Tempo de permanência: 4 1940 – Juiz de Direito no RJ 1945 – Juiz do T.R.E-DF 1947 – Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1955 – Ministro do T.S.E.

Nome: José Duarte Gonçalves da Rocha Nascimento: 1866 Principais atividades Naturalidade: Igaraçu (PE) ? – Promotor Público Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife (1908)

? – Juiz de Direito

Procedência: T.J. do DF 1927 – Diretor da Instituição Pública do Estado do Rio de Janeiro

Posse no T.S.E.: 1955 1931 – Juiz do T.R.E.-DF Tempo de permanência: 4 1945 – Embaixador no Equador 1949- Corregedor de Justiça do DF 1955 – Desembargador do T.J. do DF Fonte: CC 1955 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Haroldo Teixeira Valadão Nascimento: 1901 Principais atividades

Naturalidade: São Paulo (SP) 1929 – Professor da Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro

Bacharelado: Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ (1921)

1932 – Procurador Criminal da República

Procedência: Jurista 1934 – Procurador Regional Eleitoral

Posse no T.S.E.: 1955 1940 – Professor da Fac. Nacional de Direito da Universidade do Brasil

Tempo de permanência: 4 1947 – Consultor Geral da República 1955 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV 1967 - Procurador Geral da República

Nome: Antônio Vieira Braga Procedência: T.J. do DF Posse no T.S.E.: 1955 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Edmundo Macedo Ludolf Nascimento: 1892 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1915 – Oficial da Secretaria do Governo do MT Bacharelado: ? 1916 – Delegado de Polícia de Cuiabá e Promotor Público Procedência: T.F.R. 1920 – Procurador Geral do Estado do MT Posse no T.S.E.: 1956 1921 – Juiz Federal do Estado de MT Tempo de permanência: 2 1923 – Juiz Federal do Estado de AL 1934 – Juiz Federal do Estado de MT 1936 – Juiz Federal do Estado de MG 1937 – Juiz de Direito no DF 1947 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1956 - Ministro do T.S.E.

Nome: Nelson Hungria Hoffbauer * Nascimento: 1891 Principais atividades Naturalidade: Distrito de Augustura, município de Além Paraíba (MG)

1918 – Advogado e Promotor Público

Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1931)

1921 – Delegado de Polícia no RJ

Procedência: S.T.F. 1935 – Juiz de Direito Posse no T.S.E.: 1957 1935 – Professor da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro Tempo de permanência: 4 1944 – Desembargador do T.A. do DF 1947 – Corregedor da Justiça do DF 1951 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV 1957 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Cândido Mesquita da Cunha Lobo Nascimento: 1894 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1931 – Juiz de Direito Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro

1939 – Desembargador do T.A. do DF

Procedência: S.T.F. 1950 - Ministro do T.F.R. Posse no T.S.E.: 1958 1958 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 4 Fonte: T.F.R.

Nome: Artur de Souza Marinho Nascimento: 1899 Principais atividades

Naturalidade: João Pessoa (PB) 1922 – Adjunto da 2ª Promotoria Pública do Recife

Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife 1930 – Secretário de Estado da Justiça e Negócios Interiores de PE

Procedência: T.F.R. 1935 – Juiz Federal e do T.R.E. (SE)

Posse no T.S.E.: 1959 1937 – Oficial Administrativo do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio

Tempo de permanência: 1 1939 – Juiz de Direito do DF 1952 – Desembargador do T.J. do DF 1954 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1959 - Ministro do T.S.E.

Nome: Ildefonso Mascarenhas da Silva Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1959 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Ary de Azevedo Franco * Nascimento: 1900 Principais atividades Naturalidade: Vassouras (RJ) 1928 – Juiz de Direito Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1922)

1931 – Professor da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro

Procedência: S.T.F. 1946 – Desembargador do T.A. do DF Posse no T.S.E.: 1959 1951 – Juiz do T.R.E.-DF Tempo de permanência: 4 1956 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1959 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Guilherme Estellita Cavalcanti Pessoa Nascimento: 1894 Principais atividades Naturalidade: Fortaleza (CE) ? – Professor da Faculdade Nacional Bacharelado: Faculdade Nacional (1917) ? – Juiz de Direito no DF Procedência: T.J. do DF ? – Desembargador do T.J. do DF Posse no T.S.E.: 1959 1959 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 2 Fonte: CC

Nome: Hugo Auler Procedência: T.J. do DF Posse no T.S.E.: 1960 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Cândido Motta Filho * Nascimento: 1897 Principais atividades

Naturalidade: São Paulo (SP) 1919 – Juiz de Paz do Bairro de Santa Cecília, jornalista e integrante do Partido Republicano Paulista

Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1919)

1930 – Fundador da “Ação Nacional” do PRP inspirado em Alberto Torres

Procedência: S.T.F. 1934 - Deputado Estadual pelo Partido Constitucionalista

Posse no T.S.E.: 1961 ? – Chefe da seção paulista do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo

Tempo de permanência: 5 1946 – Chefe de Gabinete do Ministério do Trabalho

1954 – Ministro da Educação e Cultura 1956 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1961 - Ministro do T.S.E.

Nome: Oswaldo Trigueiro de A. Melo Nascimento: 1905 Principais atividades Naturalidade: Alagoa Grande (PB) 1925 – Promotor Público em MG Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife (1924)

1931 – Advogado no Rio de Janeiro

Procedência: Jurista 1935 – Prefeito nomeado de João Pessoa Posse no T.S.E.: 1961 1947 – Governador eleito da PB (UDN) Tempo de permanência: 4 1950 - Deputado Federal pela PB (UDN) 1954 – Embaixador do Brasil na Indonésia 1961 - Ministro do T.S.E. 1964 - Procurador Geral da República Fonte: FGV. LL 1965 - Ministro do S.T.F.

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Nome: Nery Kurtz Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1962 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Márcio Ribeiro Nascimento: 1910 Principais atividades Naturalidade: Lavras (MG) 1933 – Promotor Público em MG Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1932)

1937 – Juiz de Direito

Procedência: T.J. do DF 1951 – Juiz do T.R.E.- MG Posse no T.S.E.: 1962 1953 – Desembargador do T.J. de MG Tempo de permanência: 5 1960- Desembargador do T.J. do DF 1962 - Ministro do T.S.E. 1965 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1971 - Ministro do T.S.E.

Nome: Américo Godoy Ilha Nascimento: 1903 Principais atividades Naturalidade: Cachoeira do Sul (RS) ? – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito de Pelotas (1936)

? – Vereador e Prefeito de Erechim (RS) pelo Partido Republicano Rio Grandense

Procedência: T.F.R. 1947 - Deputado Estadual no RS (PSD) Posse no T.S.E.: 1963 1950 - Deputado Federal pelo RS (PSD) Tempo de permanência: 4 1954 - Deputado Federal pelo RS (PSD) 1959 - Ministro do T.F.R. Fonte: FGV, T.F.R. 1963 - Ministro do T.S.E.

Nome: Antônio Martins Villas Boas * Nascimento: 1896 Principais atividades

Naturalidade: Visconde do Rio Branco (MG) 1924 – Promotor de Justiça e Delegado de Polícia em Patos de Minas (MG)

Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1923)

1927 – Juiz Municipal de Miraí (MG)

Procedência: S.T.F. 1930 – Prefeito de Araxá Posse no T.S.E.: 1963 1931 – Procurador Federal em MG Tempo de permanência: 4 1932 - Procurador Geral do Estado 1936 – Desembargador do T.J. de MG 1939 – Professor da Faculdade de Direito de

Minas Gerais 1945 – Secretário de Finanças de MG 1945 – Desembargador do T.J. de MG 1957 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV, LL 1963 - Ministro do T.S.E.

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Nome: João Henrique Braune Procedência: T.J. do DF Posse no T.S.E.: 1964 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Décio Meirelles de Miranda * Nascimento: 1916 Principais atividades Naturalidade: Belo Horizonte (MG) 1938 – Advogado no RJ e em MG Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1938)

1964 - Ministro do T.S.E.

Procedência: Jurista 1967 - Procurador Geral da República Posse no T.S.E.: 1964 1969 - Ministro do T.F.R. Tempo de permanência: 5 1976 - Ministro do T.S.E. 1978 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL, T.F.R. 1981 - Ministro do T.S.E.

Nome: Henrique Augusto Diniz de Andrada Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1964 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Antônio Gonçalves de Oliveira * Nascimento: 1910 Principais atividades Naturalidade: Curvelo (MG) 1935 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1935)

1938 – Promotor Público no DF

Procedência: S.T.F. 1940 – Professor da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil

Posse no T.S.E.: 1965 1942 – Consultor Jurídico do Ministério da Viação e Obras Públicas

Tempo de permanência: 4 1954 – Consultor Geral da República 1960 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV 1965 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Oscar Saraiva Nascimento: 1903 Principais atividades

Naturalidade: São Paulo (SP) 1928 - Procurador Geral do Conselho Nacional do Trabalho, do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio

Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (?)

1951 - Procurador Geral da prefeitura de Brasília

Procedência: T.F.R. 1955- Juiz do Tribunal Superior do Trabalho Posse no T.S.E.: 1966 1960 - Ministro do T.F.R. Tempo de permanência: 2 1966 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R.

Nome: Victor Nunes Leal Nascimento: 1914 Principais atividades Naturalidade: Carangola (MG) 1936 – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro

1939 – Oficial de Gabinete do Ministro da Educação e Saúde

Procedência: S.T.F. 1943 – Professor da Fac. Nacional de Filosofia Posse no T.S.E.: 1966 1955 – Professor da Escola Superior de Guerra

Tempo de permanência: 3 1956 - Procurador Geral da Justiça do DF e chefe do Gabinete Civil de JK

1959 – Consultor Geral da República 1960 - Ministro do S.T.F. 1962 – Professor da UnB Fonte: FGV. LL 1966 - Ministro do T.S.E.

Nome: Amarílio Aroldo Benjamin da Silva Nascimento: 1910 Principais atividades

Naturalidade: Castro Alves (BA) 1932 – Juiz Preparador em Rio de Contas e Saúde

Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia (1932)

1937 – Advogado em Jacobina e Salvador

Procedência: T.F.R. 1946 - Deputado Estadual(BA)

Posse no T.S.E.: 1967 1955 – Secretário do Interior e Justiça do Estado da Bahia

Tempo de permanência: 2 1955 – Desembargador do T.J. da Bahia 1960 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1967 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Francisco M. Xavier de Albuquerque * Nascimento: 1926 Principais atividades Naturalidade: Manaus (AM) 1949 – Advogado em Manaus Bacharelado: Faculdade de Direito do Amazonas (1949)

1953 – Professor da Fac. de Direito do AM

Procedência: Jurista 1964 – Professor da UnB e advogado junto ao Banco do Brasil e junto ao S.T.F.

Posse no T.S.E.: 1968 1968 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 5 1972 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1973 - Ministro do T.S.E.

Nome: Cândido Colombo Cerqueira Procedência: T.J. do DF Posse no T.S.E.: 1968 Fonte: Biografia não encontrada

Nome: Armando Leite Rolemberg Nascimento: 1921 Principais atividades Naturalidade: Usina Topo, município de Taparatuba (SE)

1946 – Chefe de Polícia do Estado de SE

Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1943)

1950 - Deputado Estadual pelo Partido Republicano (SE)

Procedência: T.F.R. 1954 - Deputado Federal pela Aliança Social Democrática (PSD e PR)

Posse no T.S.E.: 1968 1958 – Reeleito Deputado Federal Tempo de permanência: 4 1962 – Reeleito Deputado Federal 1963 - Ministro do T.F.R. 1968 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV, T.F.R. 1971 - Presidente T.F.R.

Nome: Cláudio Penna Lacombe Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1968 Fonte: Biografia não encontrada

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Nome: Eloy José da Rocha * Nascimento: 1907 Principais atividades Naturalidade: São Leopoldo (RS) 1928 – Juiz de Direito (RS) Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto Alegre (1928)

1931 – Professor da Fac. de Direito de Porto Alegre

Procedência: S.T.F. 1945 - Deputado Federal (RS) pelo PSD

Posse no T.S.E.: 1969 1947 – Secretário da Educação e Cultura do RS

Tempo de permanência: 4 1950 – Retomou o mandado de Dep. Federal 1952 – Desembargador do T.J. do RS 1966 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1969 - Ministro do T.S.E.

Nome: Djaci Alves Falcão * Nascimento: 1919 Principais atividades Naturalidade: Monteiro (PB) 1944 – Juiz de Direito (PE) Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife (1943)

1957 – Desembargador do T.J. de PE

Procedência: S.T.F. 1965 – Juiz do T.R.E.-PE Posse no T.S.E.: 1969 1967 - Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 4 1969 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL

Nome: Antônio Neder Nascimento: 1911 Principais atividades Naturalidade: Além Paraíba (MG) 1937 - Promotor Público no RJ Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (1937)

1946 – Juiz de Direito no RJ

Procedência: T.F.R. ? – Professor da Fac. de Direito da Universidade Católica em Petrópolis

Posse no T.S.E.: 1969 ? – Desembargador do T.J. do DF Tempo de permanência: 4 1964 - Ministro do T.F.R. 1969 - Ministro do T.S.E. 1971 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL, T.F.R. 1979 – Presidente do S.T.F.

Nome: Célio Silva Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1969 Fonte: Biografia não encontrada

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Nome: Raphael de Barros Monteiro * Nascimento: 1908 Principais atividades Naturalidade: Areias (SP) 1930 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1930)

1935 – Juiz de Direito (SP)

Procedência: S.T.F. 1949 – Desembargador do T.J. de SP

Posse no T.S.E.: 1969 1956 – Professor da Faculdade de Direito da USP e da PUC-SP

Tempo de permanência: 4 1958 – Juiz do T.R.E.-SP 1967 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1969 - Ministro do T.S.E.

Nome: Hélio Proença Doyle Nascimento: 1921 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1947 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG (1946)

1961 – Advogado em Brasília

Procedência: Jurista 1965 – Conselheiro da NOVACAP

Posse no T.S.E.: 1970 1967 – Vice-diretor da Faculdade de Direito do CEUB (Brasília)

Tempo de permanência: 4 1970 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.S.E.

Nome: Moacyr Amaral dos Santos Nascimento: 1902 Principais atividades Naturalidade: Capivari (SP) 1927 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1925)

1936 – Diretor Geral da Câmera Municipal de São Paulo

Procedência:S.T.F. 1938 – Chefe da Procuradoria Geral Judicial do Dpto. Jurídico da Municipalidade de São Paulo

Posse no T.S.E.: 1971 1950 – Professor da Universidade Mackenzie

Tempo de permanência: 1 1954 – Professor da Universidade de São Paulo

1967 - Ministro do S.T.F. Fonte: S.T.F., LL 1971 - Ministro do T.S.E.

Nome: Carlos Eduardo de Barros Barreto Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1970 Fonte: Biografia não encontrada

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Nome: Carlos Thompson Flores * Nascimento: 1911 Principais atividades Naturalidade: Montenegro (RS) 1933 – Juiz de Direito no RS Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto Alegre (?)

1945 – Juiz do T.R.E.-RS

Procedência: S.T.F. 1953 – Desembargador do T.J. do RS Posse no T.S.E.: 1972 1954 – Juiz do T.R.E.-RS

Tempo de permanência: 4 1956 – Corregedor Geral da Justiça do Estado do RS

1968 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV. LL 1972 - Ministro do T.S.E.

Nome: Inácio Moacir Catunda Martins Nascimento: 1915 Principais atividades Naturalidade: Santa Quitéria (CE) 1941 – Advogado em Fortaleza Bacharelado: Faculdade de Direito do Ceará (1940)

1942 – Juiz de Direito

Procedência: T.F.R. 1961 – Desembargador do T.J. do CE Posse no T.S.E.: 1972 ? – Juiz do T.R.E.-CE Tempo de permanência: 4 1966 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1972- Ministro do T.S.E.

Nome: José Francisco Boseli Nascimento: 1918 Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1942)

Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1974 Fonte: T.S.E.

Nome: José Geraldo Rodrigues Alckmin * Nascimento: 1915 Principais atividades Naturalidade: Guaratinguetá 1940 – Juiz de Direito (SP) Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1937)

1958 – Juiz do Tribunal de Alçada de SP

Procedência:S.T.F. 1964 – Desembargador do T.J. de SP Posse no T.S.E.: 1975 1972 - Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 4 1975 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL

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Nome: Álvaro Peçanha Martins Nascimento: 1912 Principais atividades Naturalidade: Salvador (BA) 1936 – Advogado em Salvador Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia (1936)

1950 – Assistente Jurídico do Ministério da Justiça

Procedência: T.F.R. 1954 - Deputado Federal (BA) Posse no T.S.E.: 1975 1967 – Juiz Federal (BA) Tempo de permanência: 2 1969 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1975 - Ministro do T.S.E.

Nome: Firmino Ferreira Paz Nascimento: 1912 Principais atividades Naturalidade: Teresina (PI) ? – Promotor Público em Teresina

Bacharelado: Faculdade de Direito do Piauí (?) ? – Presidente do Conselho Penitenciário do Piauí

Procedência: Jurista ? – Professor da Faculdade de Direito do Piauí Posse no T.S.E.: 1976 ? – Juiz do T.R.E.-PE Tempo de permanência: 4 1970 – Procurador da República ? – Subprocurador Geral da República ? Procurador Geral da República Fonte: S.T.F. 1976 - Ministro do T.S.E.

Nome: João Leitão de Abreu Nascimento: 1913 Principais atividades

Naturalidade: Cachoeira do Sul (RS) 1948 – Diretor Geral da Secretaria de Educação e Cultura do RS

Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto Alegre (1946)

1952 – Professor da PUC-RS

Procedência: S.T.F. 1964- Chefe do Gabinete Civil do Governo Ildo Meneghetti (RS)

Posse no T.S.E.: 1976 1966 – Chefe de Gabinete do Ministro da Justiça, Mem de Sá

Tempo de permanência: 4 1969 – Ministro de Estado Extraordinário para os Assuntos do Gabinete Civil da Presidência da República (Governo Médici)

1974 - Ministro do S.T.F. 1976 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL 1981 – Chefe do Gabinete Civil do Presidente

Figueiredo.

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Nome: José Neri da Silveira * Nascimento: 1932 Principais atividades Naturalidade: Tabuleiro em Lavras do Sul (RS)

1955 – Advogado em Porto Alegre

Bacharelado: Faculdade Direito da PUC-RS (1955)

1960 – Professor da PUC-RS

Procedência: T.F.R. 1963 – Consultor Jurídico do Estado do RS Posse no T.S.E.: 1976 1963 – Professor da Faculdade de Direito da UFRS Tempo de permanência: 5 1967 – Juiz do T.R.E.-RS 1969 - Ministro do T.F.R. 1976 - Ministro do T.S.E. 1981 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1984 - Ministro do T.S.E.

Nome: João Baptista Cordeiro Guerra * Nascimento: 1916 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1940 – Promotor substituto no DF Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1937)

1944 – Promotor Público DF

Procedência: S.T.F. 1962 – Procurador Geral da Justiça da Guanabara Posse no T.S.E.: 1977 1974 - Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 4 1977 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL

Nome: Pedro Augusto de Freitas Gordilho Nascimento: 1938 Principais atividades Naturalidade: Salvador (BA) 1961 – Advogado em Brasília

Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia (1960)

1963 – Procurador Geral do Estado da Bahia junto ao S.T.F.; Advogado da prefeitura de Salvador junto aos Tribunais Federais em Brasília

Procedência: Jurista 1978 - Ministro do T.S.E. Posse no T.S.E.: 1978 Tempo de permanência: 4 Fonte: T.S.E.

Nome: Jarbas dos Santos Nobre Nascimento: 1915 Principais atividades Naturalidade: Belém (PA) ? - Oficial de Administração do Ministério da Fazenda Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1942)

? – Delegado Fiscal do Tesouro Nacional em São Paulo

Procedência: T.F.R. ? – Professor da Universidade Mackenzie Posse no T.S.E.: 1978 1967 - Juiz Federal substituto do Estado de São Paulo Tempo de permanência: 2 1969 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1978 - Ministro do T.S.E.

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Nome: José Carlos Moreira Alves Nascimento: 1933 Principais atividades Naturalidade: Taubaté (SP) 1957 – Professor da Universidade Gama Filho Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1955)

1963 – Advogado do Banco do Brasil

Procedência: S.T.F. 1964 – Professor da Fundação Getúlio Vargas (RJ)

Posse no T.S.E.: 1978 1965 – Professor da Fac. Nacional de Direito Tempo de permanência: 4 1968 – Professor da Fac. de Direito da USP

1970 – Chefe de Gabinete do ministro da Justiça, Alfredo Buzaid

1972 - Procurador Geral da República 1975 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV 1978 - Ministro do T.S.E.

Nome: Aldir Guimarães Passarinho * Nascimento: 1921 Principais atividades Naturalidade: Floriano (PI) 1950 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (1950)

1964 – Subchefe do Gabinete Civil do Presidente Castelo Branco

Procedência: T.F.R. 1967 – Juiz Federal Posse no T.S.E.: 1979 1974 - Ministro do T.F.R. Tempo de permanência: 5 1978 - Ministro do T.S.E. 1982 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1985 - Ministro do T.S.E.

Nome: José Fernandes Dantas Nascimento: 1928 Principais atividades Naturalidade: Pau dos Ferros (RN) 1955 - Promotor Público (Pau dos Ferros) Bacharelado: Faculdade de Direito de Maceió (1954)

1959 – 1º Promotor de Justiça em Natal

Procedência: t.f.r. 1963 – Defensor Público do Ministério Público do DF

Posse no T.S.E.: 1979 1967 – Promotor substituto do Ministério Público do DF

Tempo de permanência: 2 1969 - Procurador da República 1975 – 1º Subprocurador Geral da República 1976 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1979 - Ministro do T.S.E.

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Nome: José Maria de Sousa Andrade Nascimento: 1930 Principais atividades Naturalidade: Santos (SP) 1959 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade de Direito da USP (1959)

1966 – Advogado em Paranavaí (PE)

Procedência: Jurista

1971 – Consultor Jurídico do Banco do Brasil em Brasília; Advogado dos Bancos Econômico S.A., do Nordeste do Brasil S.A. e do Estado da Bahia

Posse no T.S.E.: 1979 1979 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 4 Fonte: T.S.E.

Nome: Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto Nascimento: 1911 Principais atividades Naturalidade: Teófilo Otoni (MG) 1935 – Advogado em Ibiá (MG) Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Gerais (1935)

1946 – Consultor Jurídico da Secretaria de Finanças de Minas Gerais

Procedência: S.T.F. 1953 – Professor da PUC-MG Posse no T.S.E.: 1980 1958 – Desembargador do T.J. de MG Tempo de permanência: 1 1975 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.S.E. 1980 - Ministro do T.S.E.

Nome: Carlos Alberto Madeira Nascimento: 1920 Principais atividades Naturalidade: São Luís (MA) 1957 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito de São Luís (1955)

1961 – Membro do Conselho Consultivo da Fábrica Nacional de Motores S.A.

Procedência: T.F.R. 1966 – Juiz auditor da Justiça Militar do Maranhão

Posse no T.S.E.: 1981 1967 – Juiz do T.R.E.-MA Tempo de permanência: 2 1977 - Ministro do T.F.R. 1981 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R. 1985 - Ministro do S.T.F.

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Nome: Pedro Soares Munoz Nascimento: 1916 Principais atividades Naturalidade: Fazenda São Joaquim em Herval do Sul (RS)

1943 - Promotor Público (RS)

Bacharelado: Fac. de Direito da Universidade do Rio Grande do Sul (1942)

1945 – Juiz de Direito

Procedência: S.T.F. 1945 – Prefeito interino de São Gabriel Posse no T.S.E.: 1981 1962 – Desembargador do T.J. do RS Tempo de permanência: 4 ? – Juiz do T.R.E.-RS 1977 - Ministro do S.T.F. Fonte: LL 1981 - Ministro do T.S.E.

Nome: Evandro Gueiros Leite Nascimento: 1920 Principais atividades Naturalidade: Canhotinho (PE) 1947 – Advogado em Recife Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife(1943)

1952 – Advogado no Rio de Janeiro

Procedência: T.F.R. 1967 – Juiz Federal no RJ Posse no T.S.E.: 1981 1967 – Juiz do T.R.E-RJ Tempo de permanência: 4 1977 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1981 - Ministro do T.S.E.

Nome: José Guilherme Villela Nascimento: 1936 Principais atividades Naturalidade: Manhuaçu (MG) 1959 – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (1959)

1962 – Procurador do Tribunal de Contas do DF

Procedência: Jurista 1962 – Professor de Direito na UnB Posse no T.S.E.: 1982 1982 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 4 Fonte: T.S.E.

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Nome: Luís Rafael Mayer * Nascimento: 1919 Principais atividades Naturalidade: Monteiro (PB) 1944 – Advogado em Recife Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife (1943)

1945 - Promotor Público (PE)

Procedência: S.T.F. 1952 – Promotor Auxiliar da Procurador Geral do Estado

Posse no T.S.E.: 1982 1955 – Subprocurador Geral do Estado Tempo de permanência: 4 1961 – Professor da UFPE 1962 – Professor da PUC-Recife 1965 – Assessor de Gabinete do Ministro da

Fazenda 1967 – Consultor Jurídico do Ministério do Interior 1974 – Consultor Geral da República 1978 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV 1982 - Ministro do T.S.E.

Nome: Antônio Torreão Braz Nascimento: 1928 Principais atividades Naturalidade: Princesa Isabel (PB) 1956 - Promotor Público (PB) Bacharelado: Fac. de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (?)

1961 – Governador interino do Território de Roraima

Procedência: T.F.R. 1963 - Promotor Público no DF Posse no T.S.E.: 1983 1965 - Procurador da República Tempo de permanência: 2 1973 - Subprocurador Geral da República 1977 - Ministro do T.F.R. 1983 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R. 1989 - Ministro do S.T.F.

Nome: Washington Bolívar de Brito Nascimento: 1928 Principais atividades Naturalidade: Jequié (BA) 1950 – Advogado na Bahia Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade da Bahia (1950)

1959 – Vereador em Jequié (BA)

Procedência: T.F.R. 1961 – Defensor Público no Ministério Público no DF

Posse no T.S.E.: 1983 1963 - Promotor Público no DF Tempo de permanência: 4 1977 - Ministro do T.F.R. 1983 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R.

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Nome: Sérgio Gonzaga Dutra Nascimento: 1929 Principais atividades Naturalidade: Petrópolis (RJ) 1953 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (Catete) (1953)

1960 – Advogado em Brasília junto aos Tribunais Superiores

Procedência: Jurista 1970 – Vice-Presidente da OAB-DF Posse no T.S.E.: 1984 1984 – Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 4 Fonte: T.S.E.

Nome: Oscar Dias Correia * Nascimento: 1921 Principais atividades Naturalidade: Itaúna (MG) 1947 - Deputado Estadual (MG) pela UDN Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais (1943)

1947 – Professor da PUC-MG

Procedência: S.T.F. 1950 - Deputado Estadual (MG) pela UDN Posse no T.S.E.: 1983 1950 – Professor da UFMG Tempo de permanência: 4 1954 - Deputado Federal (MG) pela UDN 1958 – Reeleito Deputado Federal 1961 – Secretário de Educação de MG 1962 – Reeleito Deputado Federal 1966 – Professor da UnB 1976 – Diretor da Faculdade de Direito da

Univ. Estadual do Rio de Janeiro 1982 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV 1983 - Ministro do T.S.E.

Nome: Carlos Mário da Silva Velloso * Nascimento: 1936 Principais atividades Naturalidade: Entre Rios de Minas (MG) 1964 – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG (1963)

1964 – Promotor de Justiça em MG

Procedência: T.F.R. 1966 – Juiz Federal (MG) Posse no T.S.E.: 1985 1969 – Juiz do T.R.E.-MG Tempo de permanência: em exercício 1977 - Ministro do T.F.R. 1985 - Ministro do T.S.E. 1990 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.S.E., T.F.R. 1992 - Ministro do T.S.E.

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Nome: William Andrade Paterson Nascimento: 1936 Principais atividades

Naturalidade: Amargosa (BA) 1963 – Assistente Jurídico da Consultoria Geral da República

Bacharelado: Fac. Brasileira de Ciências Jurídicas / RJ (1961)

1967 – Assessor do Gabinete do Consultor Geral da República

Procedência: T.F.R. 1978 – Consulto Geral da República Posse no T.S.E.: 1985 1979 – Ministro do T.F.R. Tempo de permanência: 3 1985 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R.

Nome: Roberto Ferreira Rosas Nascimento: ? Principais atividades

Naturalidade: ? 1969 – Procurador do Tribunal de Contas do DF

Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito (1964)

1971 – Advogado do BNDES

Procedência: Jurista 1986 - Ministro do T.S.E. Posse no T.S.E.: 1986 Tempo de permanência: 4 Fonte: T.S.E.

Nome: José Francisco Rezek * Nascimento: 1944 Principais atividades Naturalidade: Cristina (MG) 1970 – Professor da UFMG Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG (1966)

1971 – Professor da UnB

Procedência: S.T.F 1972 – Procurador da República

Posse no T.S.E.: 1987 1976 – Professor do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores

Tempo de permanência: 3 1979 - Subprocurador Geral da República

1981 – Assessor do Ministro Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, João Leitão de Abreu

1983 - Ministro do S.T.F. 1987 - Ministro do T.S.E. 1990 – Ministro das Relações Exteriores do

Governo Collor Fonte: T.S.E. 1992 - Ministro do S.T.F.

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Nome: Otto Rocha Nascimento: 1918 Principais atividades Naturalidade: São João Nepomuceno (MG) 1951 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1950)

1957 – Assistente do Consultor Geral da República

Procedência: T.F.R. 1960 – Representante da Rede Ferroviária Federal em Brasília

Posse no T.S.E.: 1987 1967 – Juiz Federal do DF Tempo de permanência: 1 1969- Juiz do T.R.E.-DF 1983 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1987 - Ministro do T.S.E.

Nome: Sebastião Alves dos Reis Nascimento: 1918 Principais atividades Naturalidade: Rio Espera (MG) 1967 – Juiz Federal em MG Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG (1944)

1969 – Juiz do T.R.E.-MG

Procedência: T.F.R. 1980 - Ministro do T.F.R. Posse no T.S.E.: 1987 1987 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 1 ? – Professor da UFMG, PUC-MG e UnB Fonte: T.F.R.

Nome: Antônio V. Boas Teixeira de Carvalho Nascimento: 1946 Principais atividades

Naturalidade: Belo Horizonte (MG) 1970 – Advogado da Usiminas e da Companhia Força e Luz de MG

Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (1969)

1973 – Escrivão da Corregedoria Geral do T.S.E.

Procedência: Jurista 1973 – Advogado da Telecomunicações de Minas Gerais S.A. e da Companhia Telefônica Brasileira

Posse no T.S.E.: 1988 1979 – Advogado da Telebrás Tempo de permanência: 4 1988 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.S.E.

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Nome: Romildo Bueno de Souza Nascimento: 1929 Principais atividades Naturalidade: Aguaí (SP) 1953 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1953)

1964 – Defensor Público do Ministério Público do DF

Procedência: T.F.R (S.T.J.) 1966 – Professor da UnB Posse no T.S.E.: 1988 1967 – Juiz de Direito do DF Tempo de permanência: 2 1971 – Juiz Eleitoral no DF 1975 – Juiz do T.R.E.-DF 1980 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F.

Nome: Miguel Jeronymo Ferrante Nascimento: 1920 Principais atividades Naturalidade: Rio Branco (AC) 1945 – Advogado em Rio Branco (AC) Bacharelado: Faculdade de Direito do Pará (1945)

? – Secretário da Educação e Cultura do Acre

Procedência: T.F.R. (S.T.J.) 1963 – Consultor Jurídico do Ministério da Justiça em Brasília

Posse no T.S.E.: 1988 1967 – Assessor de Gabinete do Ministro da Justiça

Tempo de permanência: 2 1968 – Juiz Federal em São Paulo 1977 – Juiz do T.R.E.-SP 1980 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.F.R. 1988 - Ministro do T.S.E.

Nome: Sydney Sanches * Nascimento: 1933 Principais atividades Naturalidade: Rincão (SP) 1959 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1958)

1963 – Juiz de Direito em SP

Procedência: S.T.F. 1972 – Juiz Auxiliar da Presidência do T.J. de SP

Posse no T.S.E.: 1989 1978 – Juiz do Tribunal de Alçada Criminal de SP

Tempo de permanência: 2 1980 - Desembargador do T.J. de SP 1984 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.S.E. 1988 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Luís O. P. e Albuquerque Gallotti * Nascimento: 1930 Principais atividades

Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1954 – Assistente do Procurador Geral da República

Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1952)

1956 – Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União

Procedência: S.T.F. 1973 – Ministro do Tribunal de Contas da União

Posse no T.S.E.: 1989 1985 - Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 2 1989 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.S.E.

Nome: Pedro da Rocha Acioli Nascimento: 1925 Principais atividades Naturalidade: Murici (AL) 1951 – Advogado em Maceió Bacharelado: Faculdade de Direito de Alagoas (1952)

1953 – Juiz de Direito em AL

Procedência: S.T.J. 1967 – Juiz Federal substituto em AL Posse no T.S.E.: 1990 1974 – Juiz Federal em AL Tempo de permanência: 2 1980 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1990 - Ministro do T.S.E.

Nome: Célio de Oliveira Borja * Nascimento: 1928 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1961 – Professor Bacharelado: Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (1951)

1963 - Deputado Estadual

Procedência: S.T.F. 1971 - Deputado Federal Posse no T.S.E.: 1990 1975 - Deputado Federal Tempo de permanência: 2 1979 - Deputado Federal 1986 - Ministro do S.T.F. 1990 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.S.E. 1992 – Ministro da Justiça do Governo Collor

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Nome: Hugo Gueiros Bernardes Nascimento: 1930 Principais atividades Naturalidade: Catanduva (SP) ? – Advogado

Bacharelado: ? 1965 – Assistente Jurídico do Ministério do Trabalho

Procedência: Jurista 1970 – Vice-Presidente da OAB-DF Posse no T.S.E.: 1990 1975 – Juiz substituto do T.R.E.-DF Tempo de permanência: 2 1990 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.S.E.

Nome: Américo Luz Nascimento: 1928 Principais atividades Naturalidade: São Sebastião do Paraíso (MG) 1954 – Deputado Estadual no RS (PL) Bacharelado: Faculdade de Direito da PUC-RJ (1951)

1958 - Deputado Estadual no RS (PL)

Procedência: S.T.J. 1962 - Deputado Estadual no RS (PL) Posse no T.S.E.: 1990 1966 – Deputado Federal pelo RS Tempo de permanência: 4 1974 – Senador pelo RS 1985 – Consultor Geral da República 1986 – Ministro da Justiça do Governo Sarney 1989 – Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1991 – Ministro do T.S.E.

Nome: Paulo Brossard * Nascimento: 1924 Principais atividades Naturalidade: Bajé (RS) 1952 – Advogado no Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto Alegre (1947)

1967 – Juiz Federal

Procedência: S.T.J. 1979 – Juiz do T.R.E.-RJ Posse no T.S.E.: 1990 1980 - Ministro do T.F.R. Tempo de permanência: 4 1988- Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1990 - Ministro do T.S.E.

Nome: José Paulo Sepúlveda Pertence * Nascimento: 1937 Principais atividades

Naturalidade: Sabará (MG) 1961 – Assistente Jurídico da Prefeitura do Distrito Federal

Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG (1960)

1965 – Secretário Jurídico do S.T.F.

Procedência: S.T.F. 1969 – Conselheiro da OAB-DF Posse no T.S.E.: 1991 1977 – Vice-Presidente da OAB Tempo de permanência: 3 1985 – Procurador Geral da República 1989 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.S.E. 1991 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Torquato Lorena Jardim Nascimento: 1946 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) ? – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito da UFRJ (1973)

1977 – Professor da UnB

Procedência: Jurista 1992 - Ministro do T.S.E. Posse no T.S.E.: 1992 Tempo de permanência: em exercício Fonte: T.S.E.

Nome: José Cândido de Carvalho Filho Nascimento: 1924 Principais atividades Naturalidade: Boa Viagem (CE) 1951 – Advogado em Ilhéus Bacharelado: Faculdade de Direito da UFBA (1950)

1959 – Advogado em Salvador

Procedência: S.T.J. 1959 - Deputado Estadual (BA) Posse no T.S.E.: 1992 1962 - Deputado Estadual (BA) Tempo de permanência: 2 1967 – Juiz Federal (BA 1969 – Juiz do T.R.E.-BA 1973 – Professor da Faculdade de Direito da

UFBA 1974 – Juiz do T.R.E.-BA 1980 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E.

Nome: José Bonifácio Diniz de Andrada Nascimento: 1928 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1951 – Advogado Bacharelado: Faculdade de Direito da PUC-RJ (1950)

1959 – Vereador (DF)

Procedência: Jurista 1963 - Deputado Estadual (Guanabara) Posse no T.S.E.: 1992 1971 - Deputado Federal (MDB) Tempo de permanência: em exercício 1992 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.S.E.

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Nome: Cid Flaquer Scartezzini Nascimento: 1929 Principais atividades Naturalidade: São Paulo (SP) 1951 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade de Direito de São Paulo (1953)

1960 – Vereador em Santo André (SP)

Procedência: S.T.J. 1967 – Juiz Federal em São Paulo Posse no T.S.E.: 1992 1969 – Professor de Direito da FMU Tempo de permanência: 2 1969 – Juiz do T.R.E.-SP 1981 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1992 - Ministro do T.S.E.

Nome: Marco A. Mendes de Farias Mello Nascimento: 1946 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1978 – Juiz do Tribunal Regional do Trabalho Bacharelado: Faculdade de Direito da UFRJ (1973)

1981 – Ministro do Tribunal Superior do Trabalho

Procedência: S.T.F. 1990 - Ministro do S.T.F. Posse no T.S.E.: 1993 1993 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: em exercício Fonte: T.S.E.

Nome: Antônio de Pádua Ribeiro Nascimento: 1940 Principais atividades Naturalidade: Torneiros, em Pará de Minas (MG)

1967 – Advogado em Brasília

Bacharelado: Universidade de Brasília (1967) 1971 – Professor de Direito do CEUB Procedência: S.T.J. 1972 – Procurador da República no DF Posse no T.S.E.: 1994 1979 – Subprocurador-Geral da República Tempo de permanência: em exercício 1980 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E.

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Nome: Ilmar Nascimento Galvão Nascimento: 1933 Principais atividades

Naturalidade: Jaguaquara (BA) 1964 – Diretor de Organização e Controle da Secretaria de Planejamento do Estado do Acre

Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (1963)

1965 – Diretor Presidente do Banco do Acre

Procedência: S.T.F. 1965 – Professor de Direito da UFAC Posse no T.S.E.: 1994 1967 – Juiz Federal no Acre Tempo de permanência: em exercício 1975 – Juiz do T.R.E.-AC 1979 – Juiz Federal no DF 1985 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E.

Nome: Jesus Costa Lima Nascimento: 1926 Principais atividades Naturalidade: Itaiçaba (CE) 1953 – Promotor de Justiça (CE) Bacharelado: Faculdade de Direito da UFCE (1952)

1956 – Juiz de Direito, interior e capital (CE)

Procedência: S.T.J. 1972 – Juiz Federal (CE) Posse no T.S.E.: 1944 ? – Juiz do T.R.E.-CE, T.R.E.-DF, T.R.E.-AM Tempo de permanência: em exercício 1981 - Ministro do T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E.

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