remédios constitucionais

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Remedios Constitucionais

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  • Marcos Soares da Mota e SilvaPs-graduado em Direito Tributrio pelo Ins-

    tituto Brasileiro de Estudos Tributrios (IBET) e em Direito Processual Tributrio pela Universi-dade de Braslia (UnB). Graduado em Engenha-ria Mecnica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Direito pela Universida-de do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Profes-sor de Direito Tributrio e Direito Constitucional no Centro de Estudos Alexandre Vasconcellos (CEAV), Universidade Estcio de S, Faculdade da Academia Brasileira de Educao e Cultu-ra (Fabec) e em preparatrios para concursos pblicos. Atua como auditor fiscal da Receita Federal.

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    Remdios constitucionais

    Habeas corpusNa Constituio da Repblica de 1988 a ao de habeas corpus foi previs-

    ta no artigo 5., LXVIII, in verbis:

    Art. 5. [...]

    LXVIII - conceder-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder;

    [...]

    O habeas corpus objetiva garantir o direito individual de locomoo, por meio de uma ordem dada por um juiz ou tribunal para que seja cessada a ameaa ou coao liberdade de ir e vir do indivduo.

    O habeas corpus no pode ser utilizado para a correo de qualquer outra coisa que no seja coao ou iminncia direta de coao liberdade de ir e vir. Ele uma ao de natureza penal, de procedimento especial e isenta de custas.

    A legitimao para o ajuizamento de habeas corpus universal. Logo, no se exige a capacidade de estar em juzo, nem a capacidade postulatria para a sua impetrao. Qualquer pessoa, independentemente de nacionalida-de, de capacidade civil, de idade ou de estado mental, pode ajuizar habeas corpus, em benefcio prprio ou de terceiro.

    O ajuizamento pode ser feito sem necessidade de advogado. Admite--se, inclusive, a impetrao por pessoa jurdica, em favor de pessoa fsica. O coator pode ser uma autoridade pblica ou um particular.

    O habeas corpus pode ser preventivo (salvo-conduto) ou repressivo (ou liberatrio). O preventivo pode ser impetrado quando algum se achar ame-aado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo por ile-galidade ou abuso de poder. O repressivo pode ser ajuizado quando algum j estiver sofrendo violncia ou coao em sua liberdade de locomoo por ilegalidade ou abuso de poder. Desde que presentes os seus pressupostos: periculum in mora (probabilidade de ocorrncia de dano irreparvel) e fumus boni iuris (indicao razovel da ilegalidade no constrangimento), poss-

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    vel a concesso de medida liminar em habeas corpus, seja ele preventivo ou repressivo.

    Mandado de seguranaO mandado de segurana uma ao judicial que permite ao impetrante

    recorrer ao Poder Judicirio contra o abuso e a ilegalidade de um rgo do prprio Estado, ou cometido por algum que exera atividade estatal por delegao. Ele encontra sua previso Constitucional no artigo 5., incisos LXIX e LXX. Vamos ler inicialmente o artigo 5 LXIX:

    Art. 5. [...]

    LXIX - conceder-se- mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico;

    [...]

    O mandado de segurana est regulamentado pela Lei 12.016/2009, alm disso, subsidiariamente aplica-se a ele o Cdigo de Processo Civil.

    Ele uma ao constitucional para a proteo de direitos individuais, sejam de natureza constitucional ou infraconstitucional. Ser sempre de na-tureza civil, ainda quando interposto em aes penais. Seu rito especial e sumarssimo, buscando uma prestao jurisdicional rpida e efetiva.

    No cabe a interposio de mandado de segurana para assegurar o direito de locomoo ou o direito de acesso ou retificao de informaes relativas pessoa do impetrante, j que estes possuem remdios prprios. O mandado de segurana uma ao residual.

    O mandado de segurana poder ser preventivo ou repressivo, mas nem todo o direito poder ser amparado por esta via judicial. A mera expectativa de direito no protegida por mandado de segurana. A Constituio impe que o direito a ser protegido seja lquido e certo. Direito lquido e certo o direito de-monstrado de plano e sem incerteza a respeito dos fatos. Ele deve ser comprova-do no momento do ajuizamento da ao, haja vista que no haver produo de provas supervenientes, ou seja, as provas devem ser pr-constitudas.

    A doutrina e a jurisprudncia firmaram orientao no sentido de que a exigncia de certeza e liquidez recai sobre a matria de fato, e no sobre a de direito.

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    Impetrado o mandado de segurana, haver a manifestao da autorida-de coatora, prestando as informaes ao juzo, para que este decida o direito, por meio da concesso de medida liminar ou da prpria sentena.

    O parlamentar que queira se insurgir em face da tramitao de proposta legislativa contrria Constituio poder ajuizar mandado de segurana contra o indevido processo legislativo, alegando direito lquido e certo de s participar do processo legislativo que esteja em acordo com a Constituio.

    Podem impetrar mandado de segurana:

    as pessoas fsicas ou jurdicas, nacionais ou estrangeiras;

    as universalidades reconhecidas por lei, que, mesmo sem personalida- de jurdica, possuem capacidade processual para defesa de seus direi-tos; exs.: esplio, massa falida, herana, sociedade de fato etc.;

    os rgos pblicos, que, mesmo sem personalidade jurdica, tm capa- cidade processual para defesa de suas prerrogativas (apenas os rgos pblicos de grau superior, que possuem prerrogativas e atribuies institucionais, podem faz-lo. Exemplos: Chefias do Poder Executivo, das Mesas do Poder Legislativo, das Presidncias dos Tribunais etc.);

    os agentes polticos, na defesa de suas atribuies e prerrogativas. Exemplos: governadores, prefeitos, magistrados, deputados, senado-res, vereadores, membros do Ministrio Pblico, membros dos Tribu-nais de Contas, Ministros de Estado, Secretrios de Estado etc.

    Em relao ao Ministrio Pblico, o STF entende que, sendo aquele rgo parte na relao processual, poder utilizar-se do mandado de segurana quando entender violado direito lquido e certo, competindo a impetrao, perante os tribunais locais, ao promotor de Justia, quando o ato atacado emanar de juiz de primeiro grau de jurisdio.1

    O impetrado a autoridade coatora (polo passivo do mandado de se-gurana), que obrigado a responder em mandado de segurana, por ter, possivelmente, praticado ato com ilegalidade ou abuso de poder.

    Podem responder em mandado de segurana:

    autoridade pblica de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, de suas autarquias, fundaes pbli-cas, empresas pblicas e sociedades de economia mista;

    1 HC 69802/(SP) So Paulo Habeas corpus - Relator(a): Min. Paulo Bros-sard. Julgamento: 16/03/1993 rgo Julgador: Segunda Turma.

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    agente de pessoa jurdica privada, desde que no exerccio de atribui- es do Poder Pblico. Por exemplo, os concessionrios e permission-rios, que executam servios pblicos por delegao do Poder Pblico.

    O impetrado a autoridade coatora, e no a pessoa jurdica ou rgo a que pertence e ao qual seu ato imputado em razo do ofcio, podendo a pessoa jurdica de direito pblico, da qual o impetrado faa parte, ingressar como litisconsorte. Se houver erro na atribuio da autoridade coatora, o juiz no pode determinar a substituio do polo passivo, deve julgar extinto sem mrito.

    direito do impetrante o pedido de liminar em mandado de segurana, mas para sua concesso ser necessrio que se atenda aos dois pressupos-tos: fumus boni iuris e periculum in mora (verossimilhana das alegaes e o perigo da demora, a urgncia de uma situao aparentemente verdadeira).

    A liminar uma deciso provisria, que poder ser reformada posterior-mente. A natureza da medida liminar de antecipao provisria da provi-dncia que caberia sentena final, com o objetivo de que se evite o dano que ocorreria com a natural demora na instruo do processo.

    O STF aceita, se for razovel e no houver excesso, que a liminar seja limi-tada pela lei mesmo sob o argumento doutrinrio de que se estaria ferindo a separao dos poderes. Os casos de vedaes liminar esto dispostos no art. 7., 2. da Lei 12.016/2009.

    A liminar poder ser cassada pelo presidente do Tribunal, de acordo com o artigo 15 da Lei 12.016/2009. Contra o indeferimento da liminar no cabe recurso. A liminar pode ser revogada a qualquer tempo ou perder seus efei-tos em determinadas situaes.

    O Ministrio Pblico no mandado de segurana atua como fiscal da lei e possui prazo de cinco dias para dar seu parecer.

    CabimentoCabe impetrar mandado de segurana:

    contra atos administrativos de qualquer dos poderes;

    para a tutela do direito de reunio;

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    para a tutela do direito de obteno de certides;

    contra o processo legislativo que desrespeita a Constituio;

    em face de leis e decretos de efeitos concretos;

    contra a omisso diante de uma petio ao administrador pblico.

    DescabimentoNo cabe impetrar mandado de segurana contra lei ou ato normativo em tese porque a lei em si no causa leso, os atos administrativos que efetivam ou concretizam a lei que podem ser atacados por mandado de segurana.

    O mandado de segurana no pode ser substituto da ao popular (STF, Smula 101) e nem serve para tutelar direitos difusos salvo o mandado de segurana coletivo.

    No cabe contra sentena que transitou em julgado.

    No pode ser utilizado como substitutivo da ao rescisria.

    No cabe contra ato judicial passvel de recurso ou correio (STF, S- mula 267); abrandou-se para aceitar se a deciso for teratolgica ou se a impetrao for de terceiro que no foi parte no feito e deveria ter sido, para evitar que sobre ele venham a incidir os efeitos da deciso proferida.

    No cabe impetrar mandado de segurana contra ato para qual haja pre- viso de recurso administrativo com efeito suspensivo: para se utilizar do mandado de segurana deve-se renunciar ao recurso administrativo.

    No cabe impetrar mandado de segurana contra atos interna corporis. Pelo princpio da separao dos poderes no pode o Judicirio se en-volver em matrias relacionadas direta e exclusivamente s atribuies e prerrogativas das Casas Legislativas.

    No cabe impetrar mandado de segurana contra decises do STF: no importa se decididos monocraticamente, se em turmas ou se pelo plenrio.

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    No cabe impetrar mandado de segurana buscando a equiparao pela correo de vcio na isonomia no caso em que uma lei concede a uma categoria uma benesse e no se estende categoria similar. Nesse caso s cabe a declarao de inconstitucionalidade da lei que quebrou o princpio da isonomia.

    No cabe impetrar mandado de segurana em relao discriciona- riedade das punies disciplinares. Entretanto a ao pode ser usada para atacar a incompetncia, a formalidade ou a ilegalidade da sano disciplinar.

    Consideraes finaisContra ato de tribunal o competente para apreciao de mandado de se-

    gurana ser o prprio tribunal.

    A Lei 12.016/2009 em seu artigo 23 determina que o mandado de segu-rana tem prazo decadencial para sua interposio de 120 dias a contar da ilegalidade ou abuso de poder que tenha se tomado conhecimento.

    Sendo prazo decadencial este no se suspende e no se interrompe.

    O prazo no exigvel se o mandado de segurana impetrado preven-tivamente, no h como contar prazo quando o mandado de segurana preventivo.

    importante deixar registrado que o prazo no influencia no direito ma-terial em si. Isso significa que no se perde o direito material pelo decurso do prazo de 120 dias, antes, perde-se a possibilidade de utilizar a via do manda-do de segurana (clere e sumarssima) para pleitear em juzo.

    Quanto aos atos de trato sucessivo, ou seja, aqueles que se seguem no tempo, em relao a cada ato haver um prazo prprio e independente para o ajuizamento do mandado de segurana. Dessa forma, a leso se renova periodicamente.

    Mandado de segurana coletivoO mandado de segurana coletivo foi institudo na Constituio Federal

    de 1988.

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    Em geral segue as mesmas regras que o mandado de segurana individual, porm muda-se o impetrante.

    Se um grupo usa o mandado de segurana para defender direitos indivi-duais semelhantes hiptese de litisconsrcio ativo e no de mandado de segurana coletivo. Neste, o interesse pertence categoria, o impetrante age como substituto processual legitimao extraordinria sem necessidade de autorizao expressa (impetram em seu nome, mas na defesa dos interes-ses de seus membros ou associados).

    Vejamos o disposto no artigo 5., LXX da CF:

    Art. 5 [...]

    LXX - o mandado de segurana coletivo pode ser impetrado por:

    a) partido poltico com representao no Congresso Nacional;

    b) organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

    [...]

    Quanto ao partido poltico com representao no Congresso Nacional (basta um parlamentar), importante destacar que o STJ entende que o Par-tido s pode buscar direitos dos filiados e em questes polticas. Essa posio criticada pela doutrina, mas a que foi utilizada na nova lei do mandado de segurana (conforme artigo 21 da Lei 12.016/2009).

    Em relao s entidades de classe, cabe destacar que a impetrao de mandado de segurana coletivo por entidade de classe em favor dos asso-ciados independe da autorizao destes, de acordo com a smula 629 do STF, tendo a entidade de classe legitimao para o mandado de segurana ainda quando a pretenso veiculada interesse apenas a uma parte da res-pectiva categoria conforme a smula 630 do STF.

    A maioria da doutrina entende que somente as associaes precisam cumprir o requisito de estar legalmente constitudas, em funcionamento h pelo menos um ano. As organizaes sindicais, entidades de classe e associaes devem atuar na defesa dos seus membros ou associados (pertinncia temtica).

    No h necessidade de autorizao especfica dos membros ou associa-dos (deve haver uma previso expressa no estatuto social para que possa a entidade entrar com mandado de segurana em defesa dos associados).

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    A competncia para o julgamento depende da categoria da autoridade coatora e sua sede funcional, sendo definida nas leis infraconstitucionais, bem como na prpria Constituio. Os prprios tribunais processam e julgam os mandados de segurana contra seus atos e omisses.

    Mandado de injuno um remdio constitucional disposio de quem se sentir prejudicado

    pela falta de norma regulamentadora que inviabilize o exerccio dos direitos, liberdades e garantias constitucionais, prescrito no inciso LXXI do artigo 5. da Constituio Federal, in verbis:

    Art. 5 [...]

    LXXI - conceder-se- mandado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania;

    [...]

    clara a semelhana entre o mandado de injuno e a ao direta de inconstitucionalidade por omisso, prescrita no artigo 103, 2., da Consti-tuio Federal. Ambas as aes buscam suprir uma omisso do legislador, diante da necessidade de regulamentao do texto constitucional, mas pos-suem aspectos distintos, especialmente os que seguem.

    LegitimaoO mandado de injuno pode ser intentado por qualquer pessoa, fsica

    ou jurdica, que se veja impossibilitada de exercer um dado direito constitu-cional por falta de norma regulamentadora, possuindo legitimidade ativa no processo, portanto, o prprio titular do direito constitucional obstado por inrcia do legislador.

    Na ao direta de inconstitucionalidade por omisso, a legitimao res-trita aos entes enumerados no artigo 103, incisos I ao IX, da CF, in verbis:

    Art. 103. Podem propor a ao direta de inconstitucionalidade e a ao declaratria de constitucionalidade:

    I - o Presidente da Repblica;

    II - a Mesa do Senado Federal;

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    III - a Mesa da Cmara dos Deputados;

    IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Cmara Legislativa do Distrito Federal;

    V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

    VI - o Procurador-Geral da Repblica;

    VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

    VIII - partido poltico com representao no Congresso Nacional;

    IX - confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional.

    ObjetoNo mandado de injuno busca-se soluo para um caso concreto.

    O autor da ao tem um direito subjetivo obstado pela inrcia do legislador.

    Na ao direta de inconstitucionalidade por omisso, o controle da omis-so efetivado em tese, sem a necessidade de configurao de violao a um direito individual. Assim, sua propositura no est restrita a um caso con-creto, podendo ser intentada de forma abstrata e genrica, como meio de se obter a declarao de inconstitucionalidade da omisso.

    JulgamentoNa ao direta de inconstitucionalidade por omisso, a competncia para

    o julgamento, no mbito federal, exclusiva do Supremo Tribunal Federal.

    No mandado de injuno, a competncia no exclusiva do Supremo Tri-bunal Federal, havendo previso de julgamento por outros rgos do Poder Judicirio (CF, art. 105, I, h).

    A posio do STF firme no sentido de que no caso de existncia da norma regulamentadora, ainda que supostamente incompleta ou cheia de vcios, no h que se impetrar mandado de injuno.

    No caso de a norma apresentar vcios, ela estar ferindo direito lquido e certo do indivduo, e poder ser atacada por outros meios (mandado de segurana, por exemplo), mas no mais por mandado de injuno.

    Segundo a jurisprudncia do STF no cabvel mandado de injuno se a Constituio simplesmente faculta ao legislador a outorga de um direito,

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    sem orden-lo.2 Nesse caso, entende o Tribunal que compete ao legislador, por se tratar de mera faculdade, decidir se e quando estabelecer a regula-mentao facultada.

    O pargrafo 3. do artigo 62 da Constituio Federal estabelece que no caso de medida provisria adotada pelo presidente da Repblica no ser convertida em lei pelo Congresso Nacional, dever este rgo legislativo dis-ciplinar as relaes jurdicas dela decorrentes.

    No agindo o Congresso Nacional, o STF no admite mandado de injun-o para a obteno da regulamentao desses efeitos.3

    pacfica a jurisprudncia no sentido do cabimento do mandado de in-juno coletivo, podendo as entidades sindicais ou de classe impetr-lo, para que seus filiados possam exercer direitos assegurados na Constituio e que estejam inviabilizados pela ausncia de regulamentao.

    So legitimadas para a impetrao do mandado de injuno coletivo as mesmas entidades que a Constituio possibilitou o ajuizamento de man-dado de segurana coletivo (CF, art. 5., LXX).

    A legitimao processual ativa para a impetrao do mandado de injun-o de qualquer pessoa, fsica ou jurdica, que esteja impedida de exercer um direito constitucional, por falta de norma regulamentadora.

    Na legitimao passiva s podem figurar rgos ou autoridades pblicas que tm a obrigao de legislar, mas estejam omissos quanto elaborao da norma regulamentadora.

    A competncia para o julgamento do mandado de injuno determi-nada em razo da pessoa (rationae personae) obrigada a elaborar a norma regulamentadora, e que permanece inerte.

    Ao Supremo Tribunal Federal compete, originariamente, o julgamento do mandado de injuno quando a elaborao da norma regulamentadora for atribuio do presidente da Repblica, do Congresso Nacional, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legis-lativas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, ou do prprio STF (CF, art. 102, I, q).

    Ademais, julga o Supremo Tribunal Federal, via recurso ordinrio, o man-dado de injuno decidido em nica instncia pelos Tribunais Superiores, se denegatria a deciso (CF, art. 102, II, a).

    2 MI 107 / DF - Distrito Federal - Mandado de Injuno - Relator(a): Min. Moreira Alves - Julgamen-to: 21/11/1990 - rgo Julgador: Tribunal Pleno

    3 MI 415 AgR/SP - So Paulo - Ag.Reg. no Manda-do de Injuno - Relator(a): Min. Octavio Gallotti - Jul-gamento: 11/03/1993 - rgo Julgador: Tribunal Pleno

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    Ao Superior Tribunal de Justia compete, originariamente, o julgamento do mandado de injuno quando a elaborao da norma regulamentadora for atribuio de rgo ou entidade federal, da administrao direta ou in-direta, excetuados os casos de competncia do Supremo Tribunal Federal e dos rgos da Justia Militar, Justia Eleitoral, Justia do Trabalho e Justia Federal (CF, art. 105, I, h).

    Em relao aos demais rgos judiciais de primeiro grau e aos demais tribunais da Justia Federal, a Constituio no estabeleceu a competncia, nem foi editada lei nesse sentido. Em face da inexistncia dessa legislao complementar, o STF tem firmado algumas orientaes a respeito da com-petncia para julgamento de mandado de injuno.

    Eficcia da deciso no mandado de injuno

    Posies doutrinrias

    Na doutrina, a questo no pacfica, mas a orientao dominante no sentido de que o Poder Judicirio, reconhecendo a existncia da omisso in-constitucional, dever supri-la, criando a norma regulamentar faltante, para que seja aplicada provisoriamente ao caso concreto, at a edio da norma regulamentadora pelo rgo competente.

    Posio do STF

    O STF, em princpio, no aderiu a essa posio da doutrina. Essa posio tmida vinha conferindo pouca efetividade ao mandado de injuno, o STF apenas reconhecia a existncia da omisso inconstitucional e dela dava cincia ao rgo competente, requerendo a edio da norma. Sendo assim, a orientao dominante no STF era no sentido de que a deciso em mandado de injuno possui eficcia declaratria (reconhecendo a inconstitucionalidade da omisso) e eficcia mandamental (comunicando ao rgo competente omisso, para a adoo das providncias cabveis), no cabendo ao Poder Judicirio elaborar a regra faltante e aplic-la ao caso concreto.

    Evoluo na orientao do STF

    A jurisprudncia do STF tem evoludo, na tentativa de conferir maior efe-tividade ao mandado de injuno.

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    Continua o Tribunal a no admitir a edio da norma pelo Poder Judi-cirio, como a doutrina defende, mas deu importantes passos na busca da efetividade desta ao judicial.

    Assim, no MI 283-5/DF, ajuizado em face do art. 8., 3., do ADCT, o STF reconheceu a mora do Congresso Nacional em editar a lei prevista no refe-rido 3.o, deu cincia da deciso ao Congresso Nacional e fixou-lhe o prazo de 60 dias para a edio da norma em questo, determinando-se que, caso fosse mantida a omisso, o titular do direito poderia obter, em juzo, contra a Unio, sentena lquida de indenizao por perdas e danos.

    Decorrido o prazo, no foi editada a norma pelo Congresso Nacional, tendo sido ajuizado novo mandado de injuno4, com o mesmo objetivo. O Tribunal, nessa novo mandado de injuno, entendeu ser dispensvel nova comunicao ao Congresso Nacional, e garantiu aos impetrantes a possibili-dade de ajuizarem, imediatamente, nos termos do direito comum, a ao de reparao de natureza econmica.

    Em outro mandado de injuno, intentado em face do artigo 195, 7., da CF, o STF reconheceu a omisso do Poder Legislativo e fixou o prazo de seis meses para que fosse providenciada a legislao pertinente, sob pena de, vencido esse prazo, sem que essa obrigao se cumpra, passar o requerente a gozar da imunidade requerida.5

    Em 30/08/2007, o STF julgou parcialmente procedente pedido formula-do em mandado de injuno por servidora do Ministrio da Sade, para, de forma mandamental, assentar o direito da impetrante contagem diferen-ciada do tempo de servio, em decorrncia de atividade em trabalho insalu-bre prevista no 4. do artigo 40 da CF, adotando como parmetro o siste-ma do Regime Geral de Previdncia Social (Lei 8.213/91, art. 57), que dispe sobre a aposentadoria especial na iniciativa privada.

    Salientando o carter mandamental e no simplesmente declaratrio do mandado de injuno, foi consignado que cabe ao Judicirio, por fora do disposto no artigo 5., LXXI e seu 1., da CF, no apenas emitir certido de omisso do Poder incumbido de regulamentar o direito a liberdades consti-tucionais, a prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidada-nia, mas viabilizar, no caso concreto, o exerccio desse direito, afastando as consequncias da inrcia do legislador. (MI 721/DF, Rel. Min. Marco Aurlio, julgada em 30/08/2007) .

    4 MI 283/DF - Distrito Federal - Mandado de Injuno. Relator(a): Min. Seplveda Pertence - Julgamento: 20/03/1991. rgo Julgador: Tribunal Pleno.

    5 MI 232 / Rj - Rio de Janeiro - Mandado de In-juno - Relator(a): Min. Moreira Alves. Julgamen-to: 02/08/1991. rgo Julgador: Tribunal Pleno

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    No dia 25/10/2007 o Supremo Tribunal Federal julgou os Mandados de Injuno impetrados pelo Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Esprito Santo (Sindpol - MI 670 / ES Esprito Santo Mandado de Injun-o Rel. Min. Maurcio Corra Relator P/ Acrdo: Min. Gilmar Mendes Jul-gamento: 25/10/2007 rgo Julgador: Tribunal Pleno), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educao do municpio de Joo Pessoa (Sintem MI 708 / DF Distrito Federal Mandado de Injuno Rel. Min. Gilmar Mendes - Jul-gamento: 25/10/2007 rgo Julgador: Tribunal Pleno) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio do estado do Par (Sinjep MI 712 /PA Par Mandado de Injuno Rel: Min. Eros Grau Julgamento: 25/10/2007 rgo Julgador: Tribunal Pleno).

    O Supremo determinou que a Lei de Greve que regulamenta as parali-saes na iniciativa privada (Lei 7.783/89) passe a valer tambm para os servidores pblicos, enquanto o Congresso Nacional no legislar sobre o assunto.

    Habeas dataO habeas data uma ao constitucional, de natureza civil, submetida a

    rito sumrio. Foi introduzido pela Constituio Federal de 1988, por meio do artigo 5., inciso LXXII, in verbis:

    Art. 5 [...]

    LXXII - conceder-se- habeas data:

    a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico;

    b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

    [...]

    O habeas data pode ser impetrado:

    para garantir que o impetrante tenha conhecimento de informaes relativas a sua pessoa, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico;

    para que o impetrante possa retificar dados incorretos constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de

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    carter pblico, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

    para a anotao nos assentamentos do interessado, de contestao ou explicao sobre dado verdadeiro mais justificvel e que esteja sob pendncia judicial ou amigvel.

    A terceira finalidade do habeas data no est prevista expressamente na Constituio, foi acrescentada pela Lei 9.507/97 (art. 7., III), para aquelas hi-pteses em que haja um registro verdadeiro sobre o impetrante, mas que este pretenda justificar-se, ou mesmo complementar tal informao, para tornar possvel uma correta interpretao do seu contedo.

    O habeas data poder ser ajuizado por qualquer pessoa fsica, brasileira ou estrangeira, e tambm por pessoa jurdica.

    O habeas data tem natureza de ao personalssima, pois por meio dela o im-petrante s pode pleitear informaes relativas a si prprio e no de terceiros.

    A doutrina e a jurisprudncia tm admitido a impetrao por cnjuge ou herdeiros, para retificao de registros relativos ao falecido. Como sujeitos passivos, podemos encontrar entidades governamentais, da Administrao Pblica direta e indireta, e tambm instituies, entidades e pessoas jurdi-cas privadas detentoras de banco de dados de carter pblico, ou seja, que contenham informaes que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que no sejam de uso privativo do rgo ou entidade produtora ou de-positrias das informaes (exemplos: SPC, Serasa).

    O habeas data somente pode ser impetrado diante da negativa da autori-dade administrativa no fornecimento (ou na retificao ou contestao) das informaes solicitadas ou diante de sua omisso em atender ao pleito.

    pacfica a jurisprudncia nesse sentido. A Lei 9.507/97 adotou expres-samente esse entendimento, ao determinar, na forma do disposto em seu artigo 8. que a petio inicial seja instruda com prova:

    da recusa ao acesso s informaes ou do decurso de mais de 10 (dez) dias sem deciso;

    da recusa em fazer-se a retificao ou do decurso de mais de 15 (quin- ze) dias, sem deciso;

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    da recusa em fazer-se a anotao sobre a explicao ou contestao sobre determinado dado, mesmo que no seja inexato, justifican-do possvel pendncia sobre o mesmo, ou do decurso de mais de 15 (quinze) dias, sem deciso.

    A impetrao do habeas data no est sujeita a prazo prescricional ou decadencial, ela pode ser feita a qualquer momento.

    A competncia para o julgamento do habeas data foi delineada na Cons-tituio Federal, tendo por critrio a pessoa que pratica o ato (rationae per-sonae). O procedimento tem incio com a apresentao da petio inicial em juzo, que, alm do atendimento das condies do Cdigo de Processo Civil (CPC), dever ser instruda com a prova da recusa da autoridade administra-tiva (ou do seu no atendimento no prazo legal) em permitir o acesso aos dados do interessado.

    A Lei no previu expressamente a figura da medida liminar no habeas data, provavelmente porque se trata de uma ao de trmite rpido. Entretanto, considerando que o STF, h muito, vem decidindo que a concesso de limi-nar medida inerente funo jurisdicional, entende-se que nada impede que seja concedida liminar para evitar dano irreparvel ao impetrante.

    Tanto o procedimento administrativo quanto a ao judicial de habeas data so gratuitos (CF, art. 5., XXXIV, b e LXXVII e Lei 9.507/97, art. 21). No h nus de sucumbncia (honorrios advocatcios) em habeas data.

    Ao popularSurgiu com a Constituio de 1934 e assim como o voto, a iniciativa po-

    pular, o plebiscito e o referendo, a ao popular constitui importante instru-mento de democracia direta e participao poltica.

    A Constituio Federal de 1988 dispe em seu artigo 5., LXXIII o seguinte:

    Art. 5. [...]

    LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia;

    [...]

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    A Lei da Ao Popular (Lei 4.717/65) regulamenta o artigo 5., LXXIII da Constituio Federal. Ela confere ao popular a natureza de rito ordinrio, com algumas particularidades.

    Hely Lopes Meirelles (1992, p. 127) conceituou a ao popular, nos se-guintes termos:

    Ao popular o meio constitucional posto disposio de qualquer cidado para obter a invalidao de atos ou contratos administrativos ou a estes equiparados ilegais e lesivos do patrimnio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurdicas subvencionadas com dinheiros pblicos.

    Desafortunadamente, tem sido observado um mau uso da ao popular. Essa tem sido utilizada como forma de oposio poltica aos governos por parte dos seus opositores, e isto pode mitigar esse instituto de fiscalizao da coisa pblica.

    Compete ao Poder Judicirio inibir esse abuso de direito, declarando a litigncia de m-f, que ir resultar na imposio das custas judiciais e do nus da sucumbncia ao autor mal intencionado, e, ainda, na aplicao das demais sanes processuais cabveis.

    A doutrina lista trs pressupostos para o ajuizamento da ao popular, que so:

    condio de cidado;

    ilegalidade do ato;

    lesividade do ato.

    O autor da ao deve estar no gozo dos seus direitos cvicos e polticos, ou seja, dever ser eleitor. Apenas o cidado poder propor ao popular; ele pode ser brasileiro, nato ou naturalizado, inclusive ter entre 16 e 18 anos, uma vez que possvel votar a partir dos 16 anos, e ainda o portugus equi-parado, no gozo de seus direitos polticos.

    No podero propor ao popular os estrangeiros, os inalistveis e no alistados, os partidos polticos, as organizaes sindicais e quaisquer outras pessoas jurdicas, bem como aquelas pessoas naturais que sofrerem a sus-penso ou perda dos direitos polticos.

    O ato questionado tem que ser ilegal ou contrrio aos princpios gerais que orientam a Administrao Pblica.

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    Para legitimar o ajuizamento da ao popular, no basta que o ato seja ilegal, ele deve ser lesivo ao patrimnio pblico (STJ, REsp. 111.527/DF).

    importante ressaltar que, embora sejam mais frequentes os atos de leso de natureza pecuniria, a lesividade abrange tanto o patrimnio mate-rial quanto o patrimnio histrico, moral, ambiental etc.

    Na sujeio passiva da ao popular podem estar mltiplos sujeitos, de acordo com o disposto na Lei da Ao Popular.

    Assim, devem ser obrigatoriamente citadas para figurar no polo passivo da ao popular (Lei 4.717/65, art. 6.):

    a) todas as pessoas jurdicas, pblicas ou privadas, em nome das quais foi praticado o ato ou contrato a ser anulado;

    b) todas as autoridades, funcionrios e administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou firma-do o contrato a ser anulado, ou que, por omissos, permitiram a leso;

    c) todos os beneficirios diretos do ato ou contrato ilegal.

    Neste momento cabe destacar o disposto no 3. do artigo 6. da Lei da Ao Popular (Lei 4.717/65), que permite ao sujeito passivo da ao popular contestar ou no a ao, podendo, inclusive, encampar o pedido do autor.

    Isto quer dizer que o ru na ao popular pode concordar tacitamente com o que foi pedido na inicial, pela revelia, ou pode confess-la expressa-mente, passando a atuar a favor do pedido, contra o ato praticado.

    Desta forma, a pessoa jurdica passa de ru a colaboradora do autor na ao, na defesa do patrimnio pblico (exemplo tpico: novo governante in-tegrante de partido de oposio ao governo anterior).

    O Ministrio Pblico atuar na ao popular, da seguinte forma:

    como parte pblica autnoma, cabendo-lhe velar pela regularidade do processo e correta aplicao da lei, podendo opinar pela procedn-cia ou improcedncia da ao;

    como substituto e sucessor do autor, no caso de omisso ou abandono da ao pelo sujeito ativo, quando reputar de interesse pblico seu prosseguimento, at o julgamento (Lei 4.717/65, art 9.).

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    A competncia para o julgamento da ao popular definida em funo da origem do ato a ser anulado da seguinte forma:

    se o ato impugnado foi praticado por autoridade, funcionrio ou ad- ministrador de rgo da Unio e de suas entidades ou por ela subven-cionado, a competncia ser do juiz federal da Seo Judiciria em que se consumou o ato;

    se o ato impugnado foi praticado por autoridade, funcionrio ou ad- ministrador de rgo, repartio, servio ou entidade do Estado ou por ele subvencionado, a competncia ser do juiz estadual que a organi-zao judiciria do Estado indicar;

    se o ato impugnado foi praticado por autoridade, funcionrio ou ad- ministrador de rgo, repartio, servio ou entidade de municpio ou por este subvencionado, a competncia ser do juiz estadual da comarca a que o municpio interessado pertencer, conforme a organi-zao judiciria do Estado;

    se a ao interessar simultaneamente Unio e a qualquer outra pessoa ou entidade, ser competente o juiz das causas da Unio (Lei 4.717/65, art. 5., 2.).

    Os Tribunais do Poder Judicirio no tm competncia originria para o julgamento de ao popular em geral.

    Portanto, ainda quando proposta em face de atos praticados pelo presi-dente da Repblica, do presidente da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal, de governador, de prefeito etc., a ao popular ser processada e julgada perante a Justia de primeiro grau (federal ou estadual).

    A sentena proferida em ao popular de natureza tipicamente civil, no impondo condenao de ndole poltica, administrativa ou criminal.

    Atividades de aplicaoJulgue os itens a seguir como certo ou errado.

    1. (Cespe) O habeas corpus constitui, segundo o STF, medida idnea para impugnar deciso judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e banc-rio em procedimento criminal.

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    2. (Cespe) O sujeito passivo do habeas corpus ser a autoridade pblica, pois somente ela tem a prerrogativa de restringir a liberdade de locomoo individual em benefcio do interesse pblico ou social, razo pela qual no se admite sua impetrao contra ato de particular.

    3. (Cespe) De acordo com entendimento do STF, cabvel a impetrao de habeas corpus, dirigido ao plenrio da Suprema Corte, contra deciso co-legiada proferida por qualquer de suas turmas.

    4. (Cespe) A perda de direitos polticos pode ser tutelada constitucional-mente mediante a utilizao do instrumento do habeas corpus.

    5. (Cespe)A garantia constitucional do habeas corpus no cabvel em rela-o a punies militares, conforme previso expressa da Carta de 1988.

    6. (Cespe) O mandado de segurana pode ser impetrado por pessoas natu-rais, mas no por pessoas jurdicas, em defesa de direitos individuais.

    7. (Cespe) Tal como ocorre na ADI, no admitida a impetrao de manda-do de segurana contra lei ou decreto de efeitos concretos.

    8. (Cespe) O STF pacificou entendimento no sentido de que a desistncia, no mandado de segurana, no depende de aquiescncia do impetrado. No entanto, essa regra no se aplica aos casos em que a desistncia parcial.

    9. (Cespe) A prtica de ato que configure abuso de poder por autoridade que exerce competncia delegada faz que o mandado de segurana in-terposto contra este ato tenha, no polo passivo, a autoridade que transfe-riu os poderes por delegao.

    10. (Cespe) Um promotor de justia, no uso de suas atribuies, poder in-gressar com ao popular.

    11. (Cespe) Associao com seis meses de constituio pode impetrar man-dado de segurana coletivo.

    12. (Cespe) Julgado procedente o pedido encaminhado via mandado de se-gurana, estaro garantidos ao impetrante no s o afastamento do ato ilegal e abusivo, como tambm os efeitos patrimoniais anteriores pr-pria impetrao.

    13. (Cespe) O pedido de reconsiderao na via administrativa, desde que pro-tocolado dentro do prazo de 120 dias da cincia do ato impugnado, sus-pende o prazo decadencial para impetrao do mandado de segurana.

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    14. (Cespe) Passeatas, comcios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza poltica constituem eventos que podem ser elementos do direito de reunio passvel de tutela jurdica efetiva por meio do mandado de segurana.

    15. (Cespe) A ao popular contra o presidente da Repblica deve ser julga-da pelo STF.

    16. (CESPE) O mandado de injuno instrumento a ser utilizado para via-bilizao de direito assegurado em lei, mas sem a regulamentao das autoridades competentes.

    17. (Cespe) Conceder-se- habeas data para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante ou de terceiros, constan-tes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico.

    18. (Cespe) A CF assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, a obteno de certides em reparties pblicas, para a defesa de direitos e esclarecimentos de situaes de interesse pessoal. Nesse senti-do, no sendo atendido o pedido de certido, por ilegalidade ou abuso de poder, o remdio cabvel ser o habeas data.

    19. (Cespe) Qualquer cidado poder impetrar habeas data no Poder Ju-dicirio para assegurar o conhecimento de informaes relativas a sua pessoa disponveis na Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel), independentemente de ter formulado o pedido diretamente na agncia.

    20. (Cespe) O habeas data o instrumento adequado garantia do direito liberdade de locomoo.

    21. (Cespe)A CF exige que o habeas data seja cabvel apenas contra ato de autoridade pblica.

    22. (Cespe) Por serem ambas aes de cunho especial voltadas a proteger direitos violados por atos ilegais e lesivos, praticados por autoridades p-blicas, correto afirmar que o mandado de segurana e a ao popular possuem finalidades prximas, sendo, em determinadas situaes, indi-ferente que se ajuze uma ou outra.

    23. (Cespe) vedado ao condenado por improbidade administrativa com a perda de direitos polticos, enquanto perdurarem os efeitos da deciso judicial, a propositura de ao popular.

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    Dicas de estudoLivros: Mandado de Segurana, de Luiz Fux da editora Forense e Manual

    das Aes Constitucionais, de Gregrio Assagra de Almeida da editora Del Rey.

    RefernciasALMEIDA, Gregrio Assagra de. Manual das Aes Constitucionais. Belo Hori-zonte: Del Rey, 2007.

    BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7. ed. So Paulo: Malheiros, 1997.

    BULOS, Uadi Lammgo. Constituio Federal Anotada. 9. ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

    COSTA, Nelson Nery. Constituio Federal Anotada e Explicada. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense.

    FUX, Luiz. Mandado de Segurana. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

    LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15. ed. So Paulo: Sarai-va, 2011.

    MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurana, Ao Popular, Ao Civil Pblica, Mandado de Injuno, Habeas Data. 14. ed. So Paulo: Malheiros, 1992.

    MORAES, Guilherme Pea de. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Niteri: Im-petus, 2008.

    MOTTA FILHO, Sylvio Clemente; BARCHET, Gustavo. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

    PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 4. ed. So Paulo: Mtodo, 2009.

    SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22. ed. So Paulo: Malheiros, 2003.

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    Gabarito1. Certo.

    2. Errado.

    3. Errado.

    4. Errado.

    5. Certo.

    6. Errado.

    7. Errado.

    8. Errado.

    9. Errado.

    10. Errado.

    11. Errado.

    12. Errado.

    13. Errado.

    14. Certo.

    15. Errado.

    16. Errado.

    17. Errado.

    18. Errado.

    19. Errado.

    20. Errado.

    21. Errado.

    22. Errado.

    23. Certo.

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