bento xvi aos sacerdotes

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 Bento XVI aos sacerdotes (I): não basta “fazer” Diálogo entre o Papa e os presbíteros do mundo inteiro CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 15 de junho de 2010 (ZENIT.org )    Os sacerdotes hoje, em geral, encontram-se sobrecarregados de trabalho. Muitos dirigem várias paróquias ao mesmo tempo, as dificuldades aumentam e o contexto social não ajuda. Como fazer? Esta foi a primeira pergunta   vinda do Brasil    feita ao Papa Bento XVI durante a Vigília de Oração realizada na Praça de São Pedro, na quinta -feira, 10 de junho, no encerramento do Ano Sacerdotal. Pe. José Eduardo Oliveira e Silva, em nome dos sacerdotes da América, sublinhou que muitos se sentem “superados”: “Com toda a boa vontade, tentamos enfrentar as necessidades de uma sociedade muito transformada,  já não mais inteiramente cristã, mas percebemos que nosso ‘fazer’ não é suficiente”.  “Para onde ir, Santidade? Em que direção?”, perguntou ao Papa. É difícil ser pároco O Papa admitiu que hoje “é muito difícil ser pároco, também e , sobretudo, nos países de antiga cristandade”. “As  paróquias são cada vez mais extensas, unidades pastorais... É impossível conhecer todos, é impossível fazer todos os trabalhos que são esperados de um pároco”, acrescentou. A causa, explicou o Papa, é que “nossas forças são limitadas e as situações são difíceis em uma sociedade cada vez mais diversificada, mais complicada”.  O Pontífice quis dar alguns conselhos aos presbíteros. O primeiro foi a “doação total” Se os fiéis vêem que o sacerdote “não realiza apenas um ofício, horas de trabalho, e depois está livre e vive só para si mesmo, mas sim que é um homem apaixonado por Cristo”, se “vêem que está repleto da alegria do Senhor, compreendem também que não pode fazer tudo, aceitam seus limites e ajudam o pároco”.  “Este me parece o ponto mais importante: que se  possa ver e sentir que o pároco realmente se sente um chamado pelo Senhor; que está repleto de amor pelo Senhor e pelos seus”, acrescentou. Em segundo lugar, o Papa aconselhou estabelecer prioridades, “ver o que é possível e o que é impossível”.  As três  prioridades fundamentais, disse o Papa, “são as três colunas do nosso ser sacerdotes. Primeiro a Eucaristia, os sacramentos: tornar possível e presente a Eucaristia”. Depois, “o anúncio da Palavra em todas as dimensões: desde o diálogo pessoal até a homilia”. O terceiro ponto é “a  caritas, o amor de Cristo”.  Outro aspecto que não se pode desatender, advertiu o Papa, é “a relação pessoal com Cristo”.  “A relação com Cristo, o diálogo pessoal com Cristo é uma prioridade pastoral fundamental, é condição para nosso trabalho pelos demais! E a oração não é algo marginal: orar é precisamente a ‘profissão’ do pároco.”  E a terceira recomendação do Papa foi a humildade: “reconhecer nossos limites”.  “Recordemos uma cena de Marcos, no capítulo 6, na qual os discípulos estavam ‘estressados’, queriam fazer tudo, e o Senhor disse: ‘Vinde também vós à parte, a um lugar solitário, para descansar um pouco’. També m este é trabalho   eu diria   pastoral: encontrar e ter a humildade, o valor de descansar.”  “Portanto, penso que a paixão pelo Senhor, o amor pelo Senhor, nos mostra as prioridades, as decisões, ajuda-nos a encontrar o caminho.”  Bento XVI concluiu animando os presentes: “Sei que há muitos párocos no mundo que realmente oferecem todas as suas forças pela evangelização, pela presença do Senhor e dos seus sacramentos”.  “A estes párocos fiéis, que trabalham com todas as forças da sua vida, do nosso ser apaixonados pro Cristo, eu gostaria de dizer um grande ‘obrigado’ neste momento.”

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  • Bento XVI aos sacerdotes (I): no basta fazer

    Dilogo entre o Papa e os presbteros do mundo inteiro

    CIDADE DO VATICANO, tera-feira, 15 de junho de 2010 (ZENIT.org) Os sacerdotes hoje, em geral, encontram-se sobrecarregados de trabalho. Muitos dirigem vrias parquias ao mesmo tempo, as dificuldades

    aumentam e o contexto social no ajuda. Como fazer?

    Esta foi a primeira pergunta vinda do Brasil feita ao Papa Bento XVI durante a Viglia de Orao realizada na Praa de So Pedro, na quinta-feira, 10 de junho, no encerramento do Ano Sacerdotal.

    Pe. Jos Eduardo Oliveira e Silva, em nome dos sacerdotes da Amrica, sublinhou que muitos se sentem

    superados: Com toda a boa vontade, tentamos enfrentar as necessidades de uma sociedade muito transformada, j no mais inteiramente crist, mas percebemos que nosso fazer no suficiente. Para onde ir, Santidade? Em que direo?, perguntou ao Papa.

    difcil ser proco

    O Papa admitiu que hoje muito difcil ser proco, tambm e, sobretudo, nos pases de antiga cristandade. As parquias so cada vez mais extensas, unidades pastorais... impossvel conhecer todos, impossvel fazer todos

    os trabalhos que so esperados de um proco, acrescentou. A causa, explicou o Papa, que nossas foras so limitadas e as situaes so difceis em uma sociedade cada vez mais diversificada, mais complicada.

    O Pontfice quis dar alguns conselhos aos presbteros. O primeiro foi a doao total Se os fiis vem que o sacerdote no realiza apenas um ofcio, horas de trabalho, e depois est livre e vive s para si mesmo, mas sim que um homem apaixonado por Cristo, se vem que est repleto da alegria do Senhor, compreendem tambm que no pode fazer tudo, aceitam seus limites e ajudam o proco. Este me parece o ponto mais importante: que se possa ver e sentir que o proco realmente se sente um chamado pelo Senhor; que est repleto de amor pelo Senhor

    e pelos seus, acrescentou.

    Em segundo lugar, o Papa aconselhou estabelecer prioridades, ver o que possvel e o que impossvel. As trs prioridades fundamentais, disse o Papa, so as trs colunas do nosso ser sacerdotes. Primeiro a Eucaristia, os sacramentos: tornar possvel e presente a Eucaristia. Depois, o anncio da Palavra em todas as dimenses: desde o dilogo pessoal at a homilia. O terceiro ponto a caritas, o amor de Cristo.

    Outro aspecto que no se pode desatender, advertiu o Papa, a relao pessoal com Cristo. A relao com Cristo, o dilogo pessoal com Cristo uma prioridade pastoral fundamental, condio para nosso trabalho pelos

    demais! E a orao no algo marginal: orar precisamente a profisso do proco.

    E a terceira recomendao do Papa foi a humildade: reconhecer nossos limites. Recordemos uma cena de Marcos, no captulo 6, na qual os discpulos estavam estressados, queriam fazer tudo, e o Senhor disse: Vinde tambm vs parte, a um lugar solitrio, para descansar um pouco. Tambm este trabalho eu diria pastoral: encontrar e ter a humildade, o valor de descansar. Portanto, penso que a paixo pelo Senhor, o amor pelo Senhor, nos mostra as prioridades, as decises, ajuda-nos a encontrar o caminho.

    Bento XVI concluiu animando os presentes: Sei que h muitos procos no mundo que realmente oferecem todas as suas foras pela evangelizao, pela presena do Senhor e dos seus sacramentos. A estes procos fiis, que trabalham com todas as foras da sua vida, do nosso ser apaixonados pro Cristo, eu gostaria de dizer um grande

    obrigado neste momento.

  • Bento XVI aos sacerdotes: Celibato antecipa o cu

    Dilogo entre o Papa e os presbteros do mundo inteiro

    CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 17 de junho de 2010 (ZENIT.org) - O sentido profundo do celibato em um

    sacerdote que antecipa a vida plena da ressurreio. Assim respondeu o Papa Bento XVI, no ltimo dia 10 de junho,

    pergunta que o eslovaco Karol Miklosko lhe dirigiu em nome dos sacerdotes da Europa. Durante a viglia de encerramento do

    Ano Sacerdotal, realizada na Praa de So Pedro, o Papa explicou aos milhares de sacerdotes presentes que o celibato

    sacerdotal, hoje to questionado, supe uma consequncia da unio do "eu" do sacerdote com Cristo. Isso, afirmou, significa

    que o sacerdote " atrado' tambm sua realidade de ressuscitado, que seguimos adiante rumo vida plena da ressurreio,

    da qual Jesus fala aos saduceus no captulo 22 de So Mateus: uma vida nova', na qual j estamos muito alm do

    matrimnio". " importante que nos deixemos penetrar novamente por esta identificao do eu' de Cristo conosco, desse ser

    tirados' e conduzidos ao mundo da ressurreio - prosseguiu. Neste sentido, o celibato uma antecipao" do cu.

    O problema da cristandade no mundo de hoje, sublinhou o Papa, " que j no se pensa no futuro de Deus: parece

    suficiente somente o presente deste mundo. Queremos ter somente este mundo, viver s neste mundo. Assim, fechamos as

    portas verdadeira grandeza da nossa existncia". "O sentido do celibato como antecipao do futuro precisamente abrir

    estas portas, tornar o mundo maior, mostrar a realidade do futuro que vivido por ns j como presente. Viver, portanto, como

    um testemunho da f: cremos realmente que Deus existe, que Deus tem a ver com a minha vida, que posso fundar minha vida

    sobre Cristo, sobre a vida futura."

    Celibato e matrimnio

    Bento XVI reconheceu que, "para o mundo agnstico, o mundo com o qual Deus no tem nada a ver, o celibato

    um grande escndalo, porque mostra precisamente que Deus considerado e vivido como realidade". "Com a vida escatolgica

    do celibato, o mundo futuro de Deus entra nas realidades do nosso tempo. E isso deveria desaparecer! "De certa forma, "pode

    surpreender esta crtica permanente contra o celibato, em uma poca em que est cada vez mais de moda no se casar". No

    entanto, "este no se casar algo total e fundamentalmente diferente do celibato, porque o no se casar se baseia na vontade de

    viver s para si mesmos, de no aceitar nenhum vnculo definitivo, de ter a vida em todo momento em uma autonomia plena,

    decidir em cada momento o que fazer, o que aproveitar da vida".Este "celibato moderno" um "no" ao vnculo, um "no"

    definitividade, "um ter a vida s para si mesmo. Por outro lado, o celibato precisamente o contrrio: um sim' definitivo,

    um deixar-se conduzir por Deus, entregar-se nas mos do Senhor".

    O celibato em um sacerdote " um ato de fidelidade e de confiana, um ato que supe tambm a fidelidade do

    matrimnio; precisamente o contrrio desse no', dessa autonomia que no quer obrigar-se, que no quer entrar em um

    vnculo; precisamente o sim' definitivo que supe e confirma o sim' definitivo do matrimnio". Por isso, acrescentou, "o

    celibato confirma o sim' do matrimnio com seu sim' ao mundo futuro, e assim queremos seguir adiante e tornar presente este

    escndalo de uma f que coloca toda a sua existncia em Deus".

    Este "escndalo da f", concluiu o Papa, no deve ficar escurecido pelos "escndalos secundrios" provocados pelas

    fraquezas dos sacerdotes. "O celibato - so precisamente as crticas que mostram isso - um grande sinal de f, da presena de

    Deus no mundo."