benjamin sobre o conceito da história

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  • 8/2/2019 BENJAMIN Sobre o conceito da histria

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    ~'~' . '."',~ .Sobreo~9J.1celt9>~J "r~a.~itit6ria"'~~ ~~-- ,~-';,i.~, _.-~ ' ,~. ~'- ,. ,- - " - -,..~ ;: ., i" . . , ,' .-~t.-~,,",~~

    MAGIA E TeCNICA, ARTE E POLtTICA 223

    Conhe~;~~~'~; ~~~triaT~~-~~autmato co~~tru;do detal modo que podia responder a cada'lance de um jogador dexadrez com um contralance, que lhe assegUravaa vitria. Umfantoche vestido turca, COD)m narguil na boca, sentava-sedinte do tabuleiro, coloca ;0numa grande mesa. Um sistemade espelhos criava' a iluso de que a mesa era totalmente vi~svel, mtodos os seus pormenores. .Na realidade, um anocorcunda se escondia nela; um Imestreno"xadrez, que dirigiacom cordis a mo d fantoche. Podemos imaginar uma con-traJ;>artidafilosfica desse mecanismo.' O fantoche chamado'tmaterialismo histrico" ganhar sempre.\Ele pode enfrentarqualquer. desafio, desde que tome a seu servio a teologia.Hoje, ela reco~ecidamente pequena e feiae no ousamos-trar-se.

    M

    capaz de suscitar nossa inveja est toda, inteira, no ar que jrespiramos, nos homens com os quais poderamos ter conver-sado, nas mulheres que po.deramoster possuido. Em outraspalavras, a imagem da felicidade est indissoluvelmente li-gada da-salvao. O mesmo ocorre com a imagem do pas-sado, que a histria transforma em coisa sua. O passado trazconsigo um ndice misterioso, que o impele redeno. Poisno somos tocados por um sopro do ar que foi respiradoantes? No existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozesque emudeceram? No tm as mulheres que crtejamos irmsque elas no chegaram a conhecer? Se,ssim , existe umencontro secreto, marcado entre as geraes precedentes e anossa. Algumna terra est nossa espera. Nesse caso, comoa cada gerao, foi-nos,concedjda 'uma frgil fora messinicapara a qual o passado d~rigeum apelo. Esse apelo no podeser rejeitado}mpunemente. O!J1~te.rialistahistqrico sabe disso.-'

    .. . . ... .."',-0-3 -, ..

    ,- O cronista que narra os acontecimentos, sem distinguirentre os graD:d~e os.pequenos, leva em conta a verdde deque nad do que um dia aconteceu pode ser considerado per-dido para a histria. Sem dvida, spmente a humanidaderedimida poder propriar-se totalmente do seu passado. Issoquer dizer: somente para a humanidade redimida o passado citvel, em cada um dos seus momentos. Cada momento vi-vido transforma-se numa citation l'ordre du jour - e essedia justamente o dojuzo final. - ,

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    "Entre os atributos mais surpreendentes da alma'hu-mana", diz Lotze, "est, ao lado de tanto egosmo individual,uma ausncia geral de inveja de cada presente com relao aseu futuro". Essa reflexo conduz-nos a pensar que nossa,imagem da felicidade totalmente mat:cada pela poca quenos foi atribuda pelo curso da nossa existncia. A felicidade

    "Lutai primeiro pela alimentao e pelo vesturio, e emseguida o reino deDeus vir por simesmo" .,. , . Hegel,,1807

    A luta de classes, que um historiador educado por Marxjamais perde 'de vista, uma luta plas coisas brutas e ma-teiiais, sem as 'quais no existem as refinadas e espirituais."

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    YVJ\Ll. t: .K .t :.I'UAMIN

    Mas na luta de classes essas cois-asespirituaisno podem serrepresentadas como despojos "atIib!ld,osao vencedor. Elas semanifestam nessa luta sob a:forma da confiana, da coragem,do humor, da astcia, da firmeza, e agem de longe, do fundodos tempos. .Elas quesfuaro sempre cada vitria ds domi-'nadore~.Assimcomoas floresdirigemsua corolapara o sol, o 'passado, graas a um misterioso heliotropismo, tenta. dirigir-separa o sol que selevanta no cuda histria. O matrialismohistrico deveficar atento a essa transformao, a mais imper-ceptvel de.todas.IfIi

    , 5- .... ., . . ."" :: ;" . .; ," ' "~: . ' ' ,.'A verdadeira imagem do passadocperpassa, veloz. O pas-sdo s se deixa fixar" como imgem"que relampeja irrever~sivelmente, no momento em que reconhecido. "A verdadenunca nos escapar" -' essa frase de Gottfried Keller carac-teriza o ponto exato 'em que o historicismo se separa do mate-rialismo histrico. Pois iriecupervel cada imagem do pre-sente que se dirige ao presente, 'semqtfeesse presente se sintavisado por ela.' ... ,:;', : . ::.'~ .,.c :.' .," j J" , . :- }( ,

    ;. , 6

    ,.,.Articular historicamente o passado no significa conhec-10"como ele de fato foi". Significa apropriar-se de uma remi-niscncia, tal como ela relampeja no momento de um perigo.Cabe ao materialismo histrico fixar'uma imagem dopassado,como ela se apresenta, no momento do perigo, ao sujeito his-trico, sem que ele tenha conscincia disso. O perigo ameaatanto a existncia da tradio como os que a recebem. Paraambos, o perigo o mesmo: entregar-se s classes dominan-tes, como seu instrumento. Em cada poca, preciso arrancara tradio ao conformismo, que quer apoderar-se dela. Pois oMessias no vem apenas como salvador; ele vem tambmcomo oyencedor do Anticristo. O dom de despertar no pas-sado as centelhas da esprana privilgio exclusivo do histo-riador'convencido de que .tambm os mortos no estaro em

    MAGIA E T~CNICA, ARTE E POLtTICA 225segurana seo inimigo vencer. E esse inimigo no tem cessadodevencer. .

    7"Pensa na escurido e no grande fr ioQue reinam nesse vale, onde soam lamentos."Brecht, pera dos trs vintns

    Fustel de Coulanges recomenda ao historiador interes:sado em ressuscitar' uma poca qu~ esquea tudo o que sabesobre fases posteriores da hisJria. Impossvel caracterizarmelhor o mtodo com o qual{rompeu omaterialistmo hist-ric. Esse mtodo o da empatia. Sua origem a inrcia docorao, a acedia, que desespera de apropriar-se da verda-

    , deira imagem histrica, em seu relampejar fug"az.Para os te-logos medi~vais, a acedia era o primeiro fundamento da tris-teza. Flaubert, que a conhecia, escreveu: "Peu de gens devi-neront combien li a falIu tre triste pour ressusciter Car-thage". A natureza dessa tristeza se tomar mais clara se nosperguntarmQScom quem o investigador historicista estabeleceuma'relo de empatia. A resposta inequvoca: com o ven-cedor. Ora, os que num.momento dado dominam so os her-deiros de todos os que venceram antes.. A empatia com t:>ven-cedor beneficia.sempre, portnto, esses dominadores. Isso diztudo pa~ap materialist~ histrico~.Todos ,os que at hoje ven-ceram participam do cortejo triunfal, em.que os dominadoresde hoje espezinham os corpos dos que .,esto.prostrados nocho. Os despojos so carregados no cortejo, como de praxe.Esses despojos so o que chamamos bens culturais. O mate-rialista histrico os contempla com distanciamento. Pois todosos bens culturais que ele v tm uma origem sobre a qualeleno pode refletir' sem horror. Devem sua existncia no.'so-mente ao esforo dos grandes gnios que os criaram; como corvia annima dos seus contemporneqs Nunca houve ummonumento da cultura que no fosse tambm um monumentoda barbrie. E, assim como a cultura no isentade l:arbrie,no o , tampouco, o processo de transmis~'oda cultura. Porisso, na medida do possvel, o materilistahistrico se desviadela. Considera sua tarefa escovar a histria a contrapelo.

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    A tradio dos oprimidos nos ensina que o "estado deexceo" em que vivemos na verdade a regra geral. Preci-samos construir um conceito de hist6ria que corresponda aessa verdade. Nessemomento, perceberemos que nossa tarefa originar um verdadeiro estado de exceo; com isso, nossaposio ficar mais forte na luta contr o fascismo. Este sebeneficia da circunstncia de que seus adversrios o enfren-tam emnome do progresso, considerado como uma norma his-trica. O assombro como fato de que os episdios que vivemosno sculos XX "aind~" sejam pos,sv~is,no - ,um assombrofilosfico. Ele no gera nenhum cO!lh,eimento,,a no ~er oconhecimento de que a concepo ,de ,hist6ria,da,qual emanasemelhante assombro insustentv~l. :_,.: 9

    Os temas que as ' regras do claustro impunham medi-tao dos monges tinham como funo desvi-Iosdo mundo edas suas pompas'. Nossas reflexes partem de uma preocu- -pao semelhante. Neste momento, em que os' polticos nosquais os adversrios do fascismo tinham depositado as suasesperanas jazem por terra e agravam sua derrota com a trai-o sua prpria causa, temos que arrancar a poltica dasmalhas do mundo profano, em que ela havia sido enredadopor qeles traidores. Nossoponto de partida a idia de quea obtusa f no progresso (iesses polticos, sua confiana no"apoio das massas" e,'finalmente, sua sub()rdinao servil aum{aparelho incontrolvel sQ'trs aspectos da mesma reali-dde.' Ests'reflexes tentam mostrar como alto o preo quenossos hbitos mentais tm que pagar quando nos assOCiamosa' uma concepo da histria que recusa toda cumplicidadecom aquela qual continuam aderindo esses'polticos.,c; J ". .,.'" ,,' - ,,'

    "Minhas asas esto prontas para o vo,Sepudesse, eu retrocederia "':::>,Pois eu seria menos feliz .~~Sepermanecesse imerso no temp'" vivo.",Gerhard 5cholem, Sudao do anjo, , '.' ,'.. '.'H um quadro de Klee'que se 'chama ngelusNvus.Representa um anjo que parece,querer afas!ar-se de ~lgo queele encara fixamente, Seusolhos esto.escancarados, 'sua boca

    dilatada, suas asas abertas. O anjo da' histria deve' ter esseaspecto. Seu rosto est dirigido para o passado. Onde nsvemos uma cadeia de acontecimentos, ele v uma catstrofenica, que acumula incansaveJmente runa sobre ruina e'asdispersa a nossosps. Ele gostaria de deter-se para acordar osmortos ejuntar osfragmentos. Mas uma tempestade sopra doparase e prende-se em suas asas com tanta fora que ele nopode mais fech-Ias. Essa tempestade o impele irresistivel-mente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto oamontoado de ,runas cresce at o cu. Essa tempestade oque chamamos progresso.

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    O conformismo, que sempre esteve em seu elemento nasocial-democracia, no condiciona apenas suas tticas pol-ticas, mas tambm suas idias econmicas. uma das causasdo seu colapso posterior. Nada foi mais corruptor para a clas-se operria alem que a opinio de que ela nadava com acorrente. O desenvolvimento tcnico era visto como o decliveda corrente, na qual ela supunha estar nadando. Da s6 haviaum passo para er que o trabalho industrial, que apareciasob os traos do progresso tcnico, representava uma grandeconquista poltica. A antiga morl protestante do trabalho,secularizada, festejava uma ressurreio na classe trabalha-dora alem. O Programa de Gotha j 'continha elementosdessa confuso. Nele, o trabalho definido como,"a fonte detoda riqueza e de toda civilizao". Pressentindo o pior, Marxreplicou que o homem que no possui outra propriedade que asua fora de trabIho est condenado a ser 'oescravo deoutros homens, que se tornaram... proprietrios". .Apesardisso, a confuso continuou a proparg;lt-se,.e pouco depoisJosef Dietzgen anunciava: "O traba111d' o Redentor dos

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    "~8 WALTER BENJAMIN MAGIA E T~CNICA. ARTE E POLITICA 229tempos modernos... No aperfeioamento... do trabalho residea riqueza, que agora p9de realizar ()que no foi realizado pornenhum salvador". Esse conceito de'trabalho, tpico do mar-xismo vulgar, no examina a questo de como seus produtospodem beneficiar trabalhadores que dels no dispem. Seuinteresse se dirige apenas aos progressos na dominao danatureza, e no aos retrocessos na organizao ,da sociedade.J esto visveis,nessa concepo, os traos tecnocrti

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    ..JO WALTER BENJAMIN MAGIA E TI:CNICA, ARTE E POLITICA 231carregado de "agoras", que ele fez expldir do continuum dahist6ria. A Revoluo Francesa se via como uma Roma res-

    o surreta. Ela citavaa Romaantiga comoa modadta um ves-turio antigo. A moda tem um faro para o atual, onde querque eleesteja na folhagem do antigamente. Ela um salto detigre em direo ao passado. Somente, ele se d numa arenacomandada pela classedominante. O mesmo salto, sob o livrecu da hist6ria, o salto dialtico da Revoluo, como o con-cebeu Marx.

    senta a imagem "eterna" do passado, o materialista hist6ricofaz desse passado uma experincia nica. Ele deixa a outros atarefa de se.esgotar no bordeI do historicismo, com a me-retriz "era uma vez". Ele fica senhor das suas foras, sufi-cientemente viril para fazer saltar pelos ares o continuum dahistria.

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    15 O historicismo culmina legitimamente na hist6ria uni-versal. Em seu mtodo, a historiografia materialista se dis-tancia dela talvezmais radicalmell~eque de qualquer outra. Ahistria universal no tem qualquer armao terica. Seu pro-cedimento aditivo. Ela utiliz a massa dos fatos, para comeles preencher o tempo homogneo e vazio. Ao contrrio, a.,historiografia marxista tem em sua base um princpio cons-trutivo. Pensar no inclui apenas omovimento das idias, mastambm sua imobilizao. Quando o pensamento pra, brus-camente, numa configurao saturada de tenses, ele lhes .comunica um choque,atravs do qual essa configurao secristaliza enqu~!lJo mnada. O materialista histrico s6 seaproxima- de um objeto histrico quando o confronta en-quanto mnada. Nessa estrutura, ele reconhece o sinal deuma imobilizao messinica dos acontecimentos, ou, dito deoutro modo, deuma oportunidade revolucionria de lutar porum passado oprimido.,Ele aproveita essa oportunidade paraextrair uma poca determinada do curso homogneo da his-tria; do mesmo modo, ele extrai da poca uma vida deter-minada e, da obra compo,sta durante ,essa vida, uma obradeterminada. Seu mtodo resulta em que na obra o conjuntoda obra, no conjunto da obra a poca e na poca a totalidadedo processo histrico so preservados e transcendidos. O frutonutritivo do que compreendido historicamentecntm emseu interior o tempo, como sementes preciosas, mas inspidas.

    A conscincia de fazer explodir o continuum da histria prpria s classes revolucionrias no momento da ao., AGrande Revoluo introduziu um novo calendrio. O dia como qual comea um novo calendrio funciona como um acele-radr histrico. No fundo, o mesmo dia que retoma,sempresob a forma dos-~iasferiados, que so os dias da reminiscn-cia. Assim, os calendrios no marcam o tempo do mesmomodo~qu os relgios. Eles so mO!lumento.~de uma cons-cincia histrica da qual no 'parece'mais haver na Europa, hcem anos, o mnimo vestgio. A Revoluo de julho registrouainda um incidente em que essa conscincia se mnifestou.Terminado o primeiro dia de combate, verificou-se que emvrios bairros de Pari~, independentes uns dos outros .e namesma hora, foram disparados tiros contra os relgios locali-zados nas torres. Uma testemunha ocular, que talvez deva rima a sua intuio proftica, escreveu: .. .."Qui te croiraitl 00 dit qu'irrits cootre l'heureDe nouveauxJosus: au pied dechaque tour,Tiraient sur les cadraos pour arrter tejour."

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    O materialista histrico no pode renunciar ao conceitode um presente queno transio, mas p,ra no tempo e seimobiliza. Porque ese conceito define exatamente aquele pre-sente em que ele mesmo escrevea histria. O historicista apre-

    18,"Comparados com a hist6ria da vidaorgnica na Terra",diz um bi(>logocontemporneo, "os mseros SO000 anos do

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    L32 WALTER BENJAMIN- ,Homo sapiens' representam algo como,dois segundos ao fim de- um dia de 24 horas. Por essa escala, toda a histria da huma-nidade civilizada preencheria um quinto do ltimo segundo

    , da ltima hora." O "agora", que como modelo do messinicoabrevia num resumo incomensurvel a histria de toda ahmanidade, coincide rigorosamente com o lugar ocupado nouniverso pela histria humana,

    Apndice.,..'~;' 1', '

    ,',' '"- .- '-- ...".".. O historicismose contenta c;mestabelecerum nexocau-sal entre.yrios momentos da ,histria. Mas ,nenhum Jato,meramente por ser causa, s6 por isso um fato histrico. Ele,se transforma em fato hist6rico postumamente, gra~s a acon-tecimentos que podem estar dele separados por milnios.. Ohistoriador consciente disso renncia a desfiar entre os dedosos acontecimentos, como as contas de um rosrio. Ele capta aconfigurao. em "que"su.a prpria ,poca entrou em contatocom uma poca anterior,'perfeitamente.determinada. .Comisso, ele funda um conceito do presente como um "agora" noqual se infiltraram estilhaos do messinico..

    2.'1',..,Certamente, os adivinhos que interrogavam o temp.opara'saber o que ele ocultava em seu seio no o experimentavamnem como vazio nem como homogneo. Quem tem em menteesse'fato, poder talvez ter uma idia' de como o tempo ps"

    sado vivido na rememorao: nem como vazio, nem comohomogneo. Sabe-se qne era proibido aos judeus investigar ofuturo. "Ao contrrio, a Tor e a prece se ensinam na ,reme-morao. Para os discpulos, a rememorao desencantava, ofuturo, ao qual sucumbiam os que interrogavam os adivinhos.Mas nem por isso o futuro s converteu para os judeus numtempo homogneo e vazio. Pois nele cada segundo era a portaestreita pela qual ~odia penetrar o Messias.,' ..'

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