O BARROCO NO BRASIL: UMA

SÍNTESE.

Pelo Professor: Gilson Nunes

Parte 2

Algumas curiosidades da pintura.

As cores são mais vivas do que as cores do barroco europeu.

O rosto de Nossa Senhora é a cópia face de Maria do Carmo Raimunda, esposa do pintor. E nos anjos, pos os traços de seus filhos e de moleques

de Vila Rica.

Aos pés da Virgem, o desconcertante anjo mulato, feio e aleijado, empunhando um cajado que ergue a santa aos céus. É o artista Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814)

Teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais - Brasil. Foi projetata pelo Aleijadinho e Pintada por Manoel da Costa Ataíde (1762-1830)

Somos Barrocos?? Em 1790, os artistas mulatos e

livres já predominavam nos cargos de oficial e de mestre. Filtraram e reinterpretaram os modelos europeus. As paredes curvas se misturavam as retas.

As cores avivaram-se com a luz dos trópicos. Os santos ganharam feições amulatadas. E os anjinhos morenos receberam viçosas perucas loiras.

Para Araújo, o barroco brasileiro carrega “a tropicalidade, a permissividade e a sensualidade da miscigenação das culturas. Aqui, as ordens religiosas incorporaram o negro e o índio”, ressalta. “Era a Igreja que promovia a festa negra do Rei do Congo”. (Superinteressante, agosto de 1998. p. 38)

Teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais - Brasil. Foi projetata pelo Aleijadinho e Pintada por Manoel da Costa Ataíde (1762-1830)

Aos pés da Virgem, o desconcertante anjo mulato, feio e aleijado, empunhando um cajado que ergue a santa aos céus. É o artista Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814)

Teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais - Brasil. Foi projetata pelo Aleijadinho e Pintada por Manoel da Costa Ataíde (1762-1830)

Ostentação, luxo e riqueza.

Para o Historiador Nicolau Sevcenko, da Universidade de São Paulo “O Brasil nasceu sob signo barroco. A fisionomia e alma brasileiras foram compostas por esse sopro místico. Ele não foi um estilo passageiro, mas a substancia básica da síntese cultural do país”.

A exemplo do “extremo de fé, ilusão de grandeza, exaltação dos sentidos, êxtase de festa, pendor pelo monumental, convivência com disparidades e compulsão de esperança”. (Superinteressante, agosto de 1998. p. 38)

Profeta do Aleijadinho, no Pátio da Basílica do Bom Jesus de Matosinho – Congonhas do Campo, MG

Barroco na Paraíba.

Convento de São Francisco – João Pessoa -PB

Hall de entrada da Igreja. 1717-1888 – www.igrejasaofrancisco.com.br

Igreja Nossa Senhora da Guia – Próximo à Cabedelo, Paraíba - Brasil

Detalhe do frontispício da igreja.

Igreja São Francisco de Paulo, Centro Histórico de João Pessoa, PB

Curiosidades e símbolos

Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, gostava de uma mesa farta e danças vulgares, aos 40 anos contraiu lepra, tornou-se amargurado e recluso. Com um cinzel amarrado no punho, fez obras-primas como o santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas MG - Brasil.

Segundo Ivo Porto de Menezes, Professor da Escola de Arquitetura da UFMG, Antonio Francisco Lisboa, foi discípulo do mestre português João Gomes Baptista.

Símbolos do Barroco brasileiro.

Cachos e ramos de uva evocavam o sangue de cristo, que adornavam as colunas contorcidas.

Palmas: os feixes de folhas sugeriam o triunfo de Jesus sobre o martírio.

Espinhos estilizados e emaranhados ásperos lembravam a consciência da dor do pecado.

Flores: São representações da beleza da alma e da fugacidade das coisas.

Baldaquino de Bernini (1633) sobre o altar-papal – Basílica de São Pedro

Vaticano

Conchas pregadas no peito, simbilizavam os peregrinos que iam ao santuário de Santiago de Compostela, na Espanha.

O Pelicano: uma metáfora do amor materno. A ave bica a si própria para oferecer o sangue aos filhos.

Atlantes, figura mística masculina da antiguidade e Cariátides figura mística feminina que serviam como suportes de colunas

Origem das cariátides, Grécia antiga.

Anjinhos símbolos do amor divino, o ideal da alma humana, o tornar-se criança para herdar a vida eterna.

Hierarquia do uso dos anjos nos altares.

Nos planos inferior do altar, os meninos com indicação dos órgãos sexuais, representando quem se acham presos aos impulsos sexuais.

Um pouco acima a indicação sexual vai desaparecendo indicando um início da espiritualização.

No cume do altar predomina os anjos com asas metade vermelha (amor divino) e metade verde (penitência), em atitude de glorificação. Seres espiritualizados.

Referencial

IANDRADE, Mario de. A arte religiosa no Brasil. São Paulo, Ed. Experimento,

1993.

ÁVILA, Affonso. O lúdico e as projeções do mundo barroco. São Paulo, Perspectiva, 1971.

JANSON, H. W. Historia Geral da Arte: Renascimento e Barroco. São Paulo, Martins Fontes, 1993.

MENESES, Ivo Porto et outros. Barroco: João Gomes Baptista. V. 5, Minas Gerais, Impressa da Universidade Federal de Minas Gerais, 7º Festival de Inverno, 1973. p. 99

NASCIMENTO, Erinaldo Alves do. Formação profissional do “bom silvícola” nas artes e ofícios: a perspectiva do jesuitismo. In: BARBOSA, Ana Mae (org.). Ensino da arte: história e memória. São Paulo, Perspectiva, 2008.

Revista Superinteressante. O renascimento do barroco. São Paulo, Nº 131, Editora Abril, 1998. PP. 30-39.

www.abcgallery.com

Criação e autoria:

Gilson Cruz Nunes (Especialista em Artes Visuais – UFPB)

Campina Grande, 07 de janeiro de 2010. Paraíba - Brasil. gilsonunes2000@bol.com.br www.professorgilsonunes.blogspot.com