bancos desfalque no povo · quadro de pessoal e fechar agên-cias, como ocorre no bnb, os bancos...

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www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país CORRIDA DOS BANCÁRIOS 27 DE AGOSTO Edição Diária 7248 | Salvador, segunda-feira, 10.07.2017 Presidente Augusto Vasconcelos BANCOS Entrevista: Presidente da OAB/BA analisa conjuntura Bancos deitam e rolam no Brasil. Jorra dinheiro Página 2 Página 4 Os grandes bancos no país, os mesmos que apoiam a reforma da Previdência, apontada por Temer como deficitária, devem mais de R$ 124 bilhões à União. Um rombo nas contas públicas. Pior. O governo não faz questão de cobrar. Página 3 Desfalque no povo Com discurso a favor da reforma da Previdência do governo Temer, bancos sólidos e lucrativos têm dívida bilionária com a União. Não há cobrança ELAINE CAMPOS OSÍRIS DUARTE

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Page 1: BANCOS Desfalque no povo · quadro de pessoal e fechar agên-cias, como ocorre no BNB, os bancos públicos precisam de in-vestimento para se fortalecerem, cumprirem o papel social

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Filiado à

O BANCÁRIOO único jornal diário dos movimentos sociais no país

CORRIDA DOS BANCÁRIOS27 DE AGOSTO

Edição Diária 7248 | Salvador, segunda-feira, 10.07.2017 Presidente Augusto Vasconcelos

BANCOS

Entrevista: Presidente da OAB/BA analisa conjuntura

Bancos deitam e rolam no Brasil. Jorra dinheiro

Página 2 Página 4

Os grandes bancos no país, os mesmos que apoiam a reforma da Previdência, apontada por Temer como deficitária, devem mais de R$ 124 bilhões à União. Um rombo nas contas públicas. Pior. O governo não faz questão de cobrar. Página 3

Desfalque no povo

Com discurso a favor da reforma da Previdência do governo Temer, bancos sólidos e lucrativos têm dívida bilionária com a União. Não há cobrança

elaine campos

osíris duarte

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o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, segunda-feira, 10.07.20172 ENTREVISTA luIz VIANA

O presidente da OAB-BA, Luiz Viana, não concorda com a opinião de muitos juristas, de que o Brasil está mergulhado em um Estado de exceção. Argumenta que, embora muitas decisões políticas causem decepções, as instituições funcionam normalmente.Em entrevista exclusiva ao jornal O Bancário, ele fala da crise política brasileira e diz que na real o país vive um “Estado democrático de direito crítico”.RAfAEl BARRETo [email protected]

“Esse cenário mostra um momento de crise. Vivemos um Estado democrático de direito crítico. São crises sucessivas”

“A solução mais democrática é sempre melhor. A proposta de diretas agora pressupõe uma alteração do texto constitucional que prevê a eleição direta. Então, não é golpe”“Nós temos uma sociedade

que participa pouco politicamente e quando participa é de forma polarizada, o que não abre discussão para a complexidade social”

joão ubaldo

Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933

O BANCÁRIO

O Brasil vive uma “democracia crítica”

Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade.Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - fone: (71) 3329-2333 - fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose lima - Reg. MTE 4645 DRT-BA. Repórteres: Ana Beatriz leal - Reg. MTE 4590 DRT-BA e Rafael Barreto - Reg. SRTE-BA 4863. Estagiária em jornalismo: Bárbara Aguiar e Salete Maso. Projeto gráfico: Márcio lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

O BANCÁRIO - O Brasil vive um Esta-do de exceção?

LUIZ VIANA - Não, eu acho que as ins-tituições funcionam. Mesmo que muitas decisões políticas nos decepcionem, eu, por exemplo, acho que muitas atitudes ju-rídicas e econômicas são equivocadas, mas as instituições funcionam. Nós não vemos, por exemplo, mobilização de tropa militar, falando de intervenção. O Judiciário fun-ciona. Goste ou não das decisões, funcio-na. O Legislativo funciona, também goste ou não das decisões. E o Executivo funcio-na. Temos um presidente acusado agora de ser chefe da maior quadrilha do país, mas o Executivo está funcionando.

O BANCÁRIO - O país, então, está à beira de um colapso institucional?

LUIZ VIANA - Esse cenário mostra um momento de crise. Vivemos um Estado de-mocrático de direito crítico. São crises su-cessivas. Malgrado as minhas preferências, dentro das contradições que nossa socie-dade sempre teve, o Brasil está caminhan-do. Não há colapso. Mas essas contradições da própria sociedade são causa das contra-dições do Estado e não consequência. Ou

seja, as contradições próprias dessa socie-dade hierarquizada, violenta e excludente que temos no Brasil, são a causa imediata dos problemas políticos que vivemos. Nós temos uma sociedade que participa pouco politicamente e quando participa é de for-ma polarizada, o que não abre discussão para a complexidade social.

O BANCÁRIO - Eleições diretas agora é golpe ou uma saída democrática?

LUIZ VIANA - Toda vez que nós temos essas crises envolvendo a política, o melhor é ampliar a democracia e não restringi-la. A solução mais democrática é sempre melhor. O que significa respeitar a Constituição e o ordenamento jurídico. A proposta de dire-tas agora pressupõe uma alteração do tex-to constitucional que prevê a eleição direta. Então, não é golpe porque é uma proposta de alteração constitucional. Seria um golpe se as pessoas estivessem propondo romper com o teor constitucional. A OAB sustenta eleições diretas fazendo uma alteração do texto constitucional.

O BANCÁRIO - A OAB assinou embai-xo do impeachment de Dilma e agora quer o impeachment de Temer, em menos de um ano. Como o senhor observa essa posição da OAB nacional?

LUIZ VIANA - Eu avalio como posições adotadas com ampla maioria da classe, am-pla maioria do Conselho Federal. Não fo-ram decisões fáceis de tomar. A OAB da Bahia tem uma história de 85 anos e, ao longo deste tempo, foram adotadas posi-ções as mais variadas. Eu, como dirigente de Ordem, apesar de poder possuir diver-gências políticas ou divergências jurídicas, me submeto e defendo as decisões tomadas pelo Conselho Federal.

O BANCÁRIO - Como você avalia o jul-gamento da chapa Dilma/Temer no TSE?

LUIZ VIANA - É de que havia uma quan-tidade tão grande de provas dos atos pratica-dos que o resultado foi decepcionante. Mas eu não tenho como fazer uma análise jurídica e processual, pois não conheço o processo.

Para o presidente da OAB/BA, país vive crise

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o bancáriowww.bancariosbahia.org.br • Salvador, segunda-feira, 10.07.2017 3BANCOS

Recursos deveriam ser revertido para a população brasileiraANA BEATRIz lEAl [email protected]

fotos: manoel porto

Dívida bilionária com a União

DEfENSORES ferrenhos das re-formas neoliberais do governo Temer, os maiores bancos em

atividade no Brasil estão entre os que mais devem à União. Falta de dinheiro não é. Os lucros são exorbitantes. Juntas, as empresas somam mais de R$ 124 bilhões, de acordo com o Sinprofaz (Sin-dicato Nacional dos Procurado-res da Fazenda Nacional).

Os débitos incluem FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), atividades de segu-ros, capitalização, resseguros, planos de saúde e Previdência.

Do valor total do calote, R$ 7 bilhões correspondem à dívi-da com a Previdência, R$ 107,5 (FGTS) e R$ 117 bilhões repre-sentam o restante.

O débito dos bancos é bilio-

nário. É o dinheiro da popu-lação. Recursos que poderiam ser utilizados em áreas impor-tantes como saúde, educação, segurança pública, infraestru-tura e até a Previdência, objeto de proposta de reforma.

O Estado negligencia as co-branças e penaliza o cidadão e os pequenos e médios em-preendedores com uma carga tributária alta. Para os ban-cos, o governo fecha os olhos. Uma inversão.

Democracia para retomar o crescimentoOS PARTICIPANTES do debate sobre a crise e o desenvolvimen-to nacional, ocorrido sexta-feira, em Salvador, não têm dúvida de que não há como retomar o cres-cimento da economia em um

Impasse na terceira mesa de saúde do bancárioSEm consenso. Não houve concordância entre o Coletivo Nacio-nal de Saúde do Trabalhador e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), sobre a contraproposta apresentada pela represen-tação dos bancários para o instrumento de avaliação do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).

Durante a terceira negociação da Comissão Bipartite de Saúde no Trabalho, realizada na quinta-feira, o coletivo informou que

O Brasil não abre mão do BNB.A SOCIEDADE brasileira, prin-cipalmente as camadas mais carentes, não pode abrir mão do Banco do Nordeste. O BNB é imprescindível e decisivo para o desenvolvimento da região nor-destina. É a opinião, unânime, dos mais de 100 participantes do Congresso Nacional dos Fun-cionários da instituição, que co-meçou sexta-feira, em Salvador, e se estendeu até sábado.

O pensamento predominan-te no evento é de que a política de desmonte implementada pelo go-verno Temer nas estatais é equi-vocada e atende apenas a agenda neoliberal. Ao invés de reduzir o quadro de pessoal e fechar agên-cias, como ocorre no BNB, os bancos públicos precisam de in-vestimento para se fortalecerem, cumprirem o papel social e ajuda-rem o Brasil a superar a atual crise.

A cobertura completa do Con-gresso será divulgada na edição de amanhã de O Bancário.

a proposta tem base na NR7, que estabelece parâmetros e dá di-retrizes para a execução do PCMSO.

Os bancários querem uma avaliação séria do programa, que seja capaz de analisar de forma aprofundada as condições do ambiente de trabalho. O objetivo é que os bancos implementem um projeto que promova e preserva a saúde dos trabalhadores. A próxima reunião acontece no dia 5 de setembro.

Cenário de recessão foi analisado durante debate sobre a crise e o desenvolvimento nacional, realizado na Fieb

cenário de instabilidade política. O economista e ex-ministro

Luiz Gonzaga Belluzo demons-trou, com sólidos dados, os equívocos cometidos pelo go-verno Temer. O cenário de re-

cessão foi muito analisado no evento, realizado na Fieb (Fede-ração das Indústrias do Estado da Bahia) e reuniu representan-tes dos mais diversos e expressi-vos setores da sociedade.

Entre os palestrantes, o presi-dente da CTB, Adilson Araújo, o reitor da UFBA, João Carlos Salles, e o secretário de De-senvolvimento Econômico da Bahia, Jaques Wagner. A ativi-dade foi mais um importante passo na aglutinação de ideias por saídas mais favoráveis ao retorno do desenvolvimento.

O Sindicato dos Bancários da Bahia esteve representado no debate pelo presidente Augusto Vasconcelos. “A crise atinge es-pecialmente os mais pobres”. A partir de amanhã, o jornal O Bancário publica entrevistas com personagens do evento.

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o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, segunda-feira, 10.07.20174

SAQuE

BANCOS

Bem longe da crise, empresas embolsam R$ 59,472 bilhõesRAfAEl [email protected]

Brasil é um paraíso para o setor bancário

mESmA COISA Com uma rejeição superior a 90%, me-nosprezado na reunião do G20, crise financeira devastadora, alvo principal das delações a serem feitas por Eduardo Cunha e Luiz Funaro, a situação de Temer agravou-se consideravelmen-te nos últimos dias. No entanto, substituí-lo por Rodrigo Maia (DEM-RJ) não muda nada. Significa apenas uma nova fase do golpismo. Sem falar que contra o presidente da Câmara Federal também pesam gravíssimas acusações na Lava Jato.

SÓ O CAPITAl Os fatos indicam que as frações das elites que ainda seguravam Temer na presidência começam a mudar de posição. O isolamento é cada vez maior. Até porque, para o grande capital, idealizador e patrocinador do golpe, pouco importa quem seja o presidente. O que conta é o projeto ne-oliberal. E as insatisfações com Temer começam a ameaçar a aprovação das reformas. Perdeu serventia.

NOVA DIREÇÃO Ao que tudo indica, o PSDB vai mesmo abandonar o governo. Pelo menos temporariamente. O partido já está acertando tudo com Rodrigo Maia (DEM-RJ), o novo queridinho das elites golpistas para gerenciar o projeto neolibe-ral. Inclusive, ele já teria se comprometido com o empresariado em manter a equipe econômica. O Brasil sob nova direção.

HAJA CONSPIRAÇÃO Derrotado em quatro eleições pre-sidenciais consecutivas, um dos maiores partidos com repre-sentação no Congresso, o PSDB não hesita em trair Temer, que traiu Dilma, e se tornar um apoiador de primeira hora em um provável governo Rodrigo Maia. Assim pode cobrar mais caro. Teleguiado de Aécio Neves (MG), o senador tucano Cás-sio Cunha Lima (PB) tem dito abertamente que, se depender da Câmara Federal, o Brasil terá um novo presidente. Por via indireta, claro. Haja conspiração.

SEm mAGNITuDE Traído pelos cúmplices golpistas que antes garantiam total apoio e agora o largam na estrada, aban-donado pelo poder econômico que prometia mundos e fundos, completamente isolado, se Temer fosse um homem de coragem e atitude largava a bomba no colo deles todos. Convocava elei-ção direta já e deixava que PSDB, DEM, STF, TSE, PGR, Minis-tério Público e outros se opusessem e assumissem descarada-mente o ônus da nova etapa do golpe. Mas, como todo traidor, é um covarde medíocre.

O BRASIl rendeu R$ 59,472 bilhões aos bancos só em 2016. Os números colocam o país na primeira posição do relatório anual do BIS (Banco de Com-pensações Internacionais) entre os que menos sofrem com a re-cessão econômica mundial.

Enquanto o Brasil figurou com 1,99% do total de ativos sobre os lucros das maiores or-

ganizações do país, potências como Rússia (1,86%), Estados Unidos (1,36%), China (1,34%) e Austrália (1,17%) ficaram atrás.

O ranking que calculou ín-dices de 16 economias mostra ainda que o país é o campeão dos lucros com taxas e tarifas na comparação com o total de ati-vos. O Brasil teve percentual de 1,86% e ficou à frente da Suíça (1,40%), Estados Unidos (1,15%) e Rússia (1,04%).

O país ficou na vice-liderança em relação aos juros (3,22%), só perdeu para a Rússia (4,44%), e foi o segundo também nas provi-sões para pagamentos duvidosos (1,65%) contra 1,88% da Índia.

Mudanças em prontuárioOS TRABAlHADORES acabam de ter uma importante vitória. O MPT (Ministério Público do Trabalho) indica ao CFM (Con-selho Federal de Medicina) a revogação do Parecer nº 3, que concede ao médico do trabalho a utilização de informações do prontuário sem a devida autori-zação do paciente.

O Conselho Federal de Me-dicina tem 30 dias, a contar a partir do dia 29 de junho, para revogar a medida. Caso a no-

tificação não seja seguida, o MPT vai ajuizar ação civil pú-blica na Justiça do Trabalho.

O parecer nº 3 é duramente criticado pelas centrais sindi-cais por ferir os direitos fun-damentais do cidadão brasilei-ro. Também atribui ao médico do trabalho responsabilida-des ilegais, como a revogação de benefícios previdenciários concedidos pelo critério do NTEP (Nexo Técnico Epide-miológico).

Inscrições do Society até hojeAS INSCRIÇõES para o Cam-peonato de Futebol Society dos Bancários terminam hoje. Os times que ainda não garantiram vaga no certame devem procu-rar o Departamento de Esporte do Sindicato, através do telefone (71) 3329-0324 ou enviar email para [email protected]. Os interessados devem informar o nome da equipe e dos jogadores. Jogos no Society começa em breve

mANOEl pOrtO - ArquiVO