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ENTREVISTA Roman descreve aridez do Planalto PERFIL BIOGRÁFICO Gilberto Trivelatto, o desbravador EXCLUSIVO Conheça o novo centro de Cascavel Cascavel, 25 de maio de 2018 - Ano XXII - Nº 2148 - R$ 12,00 PROTESTANTE Eles cresceram e apareceram. Os evangélicos e neopentecostais já são mais de 60 mil em Cascavel. Confira o que um jornalista “infiltrado” viu nos templos de Edir Macedo e Valdemiro Santiago. BABEL

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EntrEvistaRoman descreve aridez do Planalto

PErfil biográficoGilberto Trivelatto, o desbravador

ExclusivoConheça o novo centro de Cascavel

Cascavel, 25 de maio de 2018 - Ano XXII - Nº 2148 - R$ 12,00

protestanteeles cresceram e apareceram. os evangélicos e neopentecostais já são mais de 60 mil em Cascavel. Confira o que um jornalista

“infiltrado” viu nos templos de Edir Macedo e Valdemiro Santiago.

babel

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evanGéliCos

Presente reportagem fecha um ciclo que abarcou católicos da RCC, a maçonaria e agora as denominações protestantes, com ênfase nos neopentecostais

a Ordem dos Pastores Evangélicos de Cas-cavel estima que o rebanho protestante

chega a 60 mil ovelhas na cidade. Destes, 40 mil muito atuantes. Eles estão distribuídos por cerca de 400 templos. São quase 50 de-nominações diferentes, uma colcha de retalhos da fé, ou uma torre de Babel, para ficar numa expressão bíblica.

Desde quando os primeiros “crentes” - como eram chamados de forma estereotipada em uma cidade de católicos - estabeleceram aqui seu primeiro templo presbiteriano, em frente a Praça Wilson Joffre, na segunda me-tade dos anos 1960, o protestantismo só fez diversificar.

Todas as expressões estão aqui. Dos segui-dores da secular pentecostal Assembleia de Deus até os tradicionais como a Congregação Cristã do Brasil, que separa homens de mu-lheres no culto, passando por organizações protestantes de origem norte-americana, como o recém-chegado templo dos mórmons na rua JK, no bairro Tropical.

babel protestante

Os “crentes” cresceram e apareceram. Ganharam expressão econômica e política. A bancada evangélica na Câmara tem cinco vereadores. Pela primeira vez na história o prefeito da cidade é um evangélico. Não que isso tenha sido determinante para sua vitória – longe disso - mas é representativo da força do segmento.

Na economia, surgiu um mercado especí-fico na cidade, que vai da área musical até o vestuário. No último dia 1º de maio, feriado nacional, Misael Pereira Junior, vereador em Cascavel, de família pentecostal tradicional, e sua esposa, inauguraram mais uma loja de moda evangélica.

“Vamos à igreja bem vestidos para nos apresentar a Deus. São vestimentas que cobrem todas as partes do corpo para inibir desejos. Mais que isso, roupas que represen-tam o ato solene de ir a um culto. É como ir a um casamento ou se apresentar a um juiz”, relata o vereador/comerciante para descrever os trajes específicos dos evangélicos.

Neste vasto mundo protestante, o pitoco fez nas páginas seguintes – com exceções – um recorte no mundo neopentecostal. É uma faceta controversa do universo evangélico e vista com reservas pelos “crentes” tradicionalistas. Não se pode medir o imenso rebanho evangélico pela régua de Edir Macedo, Valdemiro santiago ou rr soares. Mas é inegável que esses pregadores carismáticos e midiáticos constituem uma face protestante que não pode ser desprezada.

Com esta reportagem, fechamos uma série de capas que também abarcou um recorte do catolicismo, através da Renovação Carismática, passou pelos mistérios da maçonaria e agora tem seu epílogo nos neopentecostais. Entre as lições extraídas em mais de 20 páginas dedi-cadas aos temas, fica o desafio de desenvolver a tolerância ao diferente em um ambiente multifacetado. E para tolerar, é preciso atingir o mais elevado grau da sabedoria, a humildade. Já disse o filósofo Friedrich nietzsche: “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.

04 | www.pitoco.com.br Pitoco

Templo da igreja de Jesus Cristo dos santos dos Últimos Dias (Mórmons) no bairro Tropical: em Cascavel atuam cerca de 50 denominações protestantes diferentes

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O que eu vi no cultoEditor do Pitoco acompanhou pessoalmente cultos da

Igreja Universal do Reino de Deus e da Mundial do Poder de Deus

Cheguei adiantado para o culto da Mundial. Só havia duas pessoas no imóvel de 700

metros quadrados, locado por algo em torno de R$ 3,5 mil/mês. O vazio permitia um olhar 360 graus. Notei uma câmera no teto. O local, na rua Carlos Gomes, entre as ruas Rio Grande do Sul e São Paulo, vizinha de uma área urbana degradada (região da antiga rodoviária), não tem nada de glamour. Antes pelo contrário. Tudo ali é frugal, espartano e até descuidado: uma parte da forração plástica do teto estava caída perto da entrada principal.

19h40, com dez minutos de atraso, o pastor Diego surge em cena vestido de preto. Jovem, pronunciado sotaque carioca com aquele chia-do no “s”, cabelo em corte militar, o pastor é bem treinado, tem domínio da pequena plateia, contada por mim, um a um: 23 fiéis. Como há ali pelo menos 150 cadeiras brancas de plás-tico, Diego pede que todos se concentrem no quadrante à esquerda dele. Assim o pregador fica mais perto das ovelhas.

Como o marketing religioso é mais eficaz quando atua sobre um sentimento humano universal, o medo, na primeira frase do pastor

já aparece a palavra “capeta”. Aos poucos o demônio vai sendo colocado à margem, e ga-nham protagonismo os ataques às práticas das religiões afro-brasileiras. Diego “bate sem dó” na macumba, nos “trabalhos encomendados”, na feitiçaria. Talvez porque aquela sexta-feira era temática. Uma lona com uma camada de sal foi estendida no corredor entre as cadeiras, anunciando que haveria algo diferente naquela noite.

O ritmo inicial do culto é agitado, barulhen-to. Antes dos 10 minutos, os fiéis – majoritaria-mente pessoas de meia idade e aparentemente de baixa renda, são convocados a comparecer a uma espécie de urna, na frente do púlpito, e ali receber uma unção à base de óleo, aprovei-tando a “viagem” para deixar uma contribuição em dinheiro. Sejamos justos: quem estava sem grana também podia receber a unção, confor-me deixou claro o pastor.

Ainda na linha demonização da macum-baria, o pastor diz ter recebido naquele dia, mais cedo, uma senhora que encontrou um objeto com o nome dela escrito em frente à sua residência. E que depois do achado, sua vida descambou. Recebida pelo pastor em oração, passou mal, era o momento em que o “coisa ruim” restava expulso por obra da oração, “em nome de Jesus Cristo”.

Na parte final do culto, com momentos bem delimitados como se fossem capítulos de uma novela, incluindo uma trilha sonora em forma de hinos evangélicos para cada temática, os fi-éis foram convidados a desfilar no “vale do sal”,

neoPenTeCosTais

Mundial do Poder de DeusFundador: auto-proclamado apóstolo Valdemiro Santiago em Sorocaba, interior de São Paulo, em 1998.Dimensão: com cerca de 5 mil templos no Brasil e exterior, está entre as 10 maiores.

o tapete com uma camada de cloreto de sódio no corredor. Alguns tiraram os calçados para fazê-lo. O sal, segundo o pastor, tem o condão de queimar a inveja, o olho gordo ou qualquer mal que algum feiticeiro tenha encomendado para aquelas pessoas.

Auxiliado por um grupo de três obreiros, entre eles sua jovem esposa trajada em jeans justo, que em nada lembra a indumentária con-servadora das igrejas evangélicas tradicionais, o pastor leva a mão direita sobre a cabeça do fiel e clama a intervenção divina para afastar todos os males que afligem aquela pessoa.

Aos poucos, o tom de voz do pregador vai baixando, luzes são desligadas, os hinos surgem em tom mais suave. É o ambiente especialmente criado para o encerramento, a calmaria, como quem diz: o culto lhe devolveu a paz. Diego fala em paz repetidas vezes neste estágio. A mesma paz que esteve ausente em alguns momentos do culto, quando flertou-se com a intolerância religiosa.

No epílogo, o pastor recomendou que cada uma das ovelhas presentes convidasse outra para a próxima sexta-feira. E que todos estivessem ali no domingo seguinte, quando o bispo da Mundial do Poder de Deus estaria presente em culto especial. Ao final do culto, o jornalista se apresentou como tal ao pastor. Naquele momento, foi reconhecido por um dos fiéis que, acolhedor, fez o convite: “Tem assis-tido o apóstolo Valdemiro na TV? Venha para o culto. Aqui a fé levanta o povo, vem buscar uma benção aqui”, disse o homem.

Jairo

Edu

ardo

“Concorrência” religiosa na avenida Papagaios, bairro Floresta, região norte de Cascavel: de um lado, o templo da Mundial; do outro, a igreja Universal

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“Nunca julgue um homem antes de ter andado uma milha em seus sapatos”. A frase está no trailer do filme “Nada a Perder”, cuja estrela principal é Edir Macedo, autoridade máxima da Igreja Universal do Reino de Deus, a IURD. Logo mais voltaremos a ela, à frase.

19h31 de uma segunda-feira de maio, no antigo Cine Delfim, hoje convertido a templo da IURD, centro de Cascavel. Notas musicais avisam que algo está para começar. É o sinal para todos ficarem em pé. Com um minuto de atraso, entra em cena o pastor Daniel. Não tem muita cerimônia. Trajando sapato e calça escuros, camisa e gravata, ele engata o ritmo discursivo e gritado típico de cultos evangélicos.

Cerca de uma em cada quatro poltronas está ocupada. Diferente do templo da Mundial, na rua Carlos Gomes, na IURD há aparelhos de ar condicionado e uma estrutura mais acon-chegante. As seis caixas de som fixadas nas paredes laterais e outras duas no púlpito são insuficientes para uma boa acústica.

Outra diferença: a quantidade de obreiros, os voluntários da igreja. Eles são numerosos, mais de dez. E obedientes. A cada comando do pastor, os obreiros correm pelo templo para executar a ordem.

A ação mais comum é recolher ou distribuir envelopes com ou sem doações. Essa operação se repetiu três vezes nos 81 minutos de culto. A temática daquela noite era baseada na tal “teologia da prosperidade”, uma espécie de auto-ajuda espiritual.

Aqui uma diferença fundamental entre

oferecer o paraíso depois da morte e o sucesso imediato. Tudo é a curto prazo na IURD. Ao su-jeito que adquiriu um envelope vendido como luvas douradas de Deus, é prometido que já na semana seguinte estará abençoado econômica ou profissionalmente. E há sempre alguém do público para testemunhar neste sentido, ao microfone do pastor.

Também diferente da Mundial, o perfil do fiel IURD naquela noite era mais heterogêneo. Muitos jovens de ambos os sexos e a presença de pessoas aparentemente melhor posiciona-das na pirâmide social brasileira. Uma delas, na primeira fileira de cadeiras, ignorava as placas para desligar o celular e dedilhava um smartphone de última geração.

No epílogo do culto, em algo parecido com um transe espiritual coletivo, os fiéis eram convidados a, em fila indiana, subir ao altar para atravessar uma espécie de porta da esperança. No caminho, estavam convidados a deixar mais uma doação em dinheiro sobre uma Bíblia aberta, ou adquirir um livro de Edir Macedo. Em dois momentos do culto, obreiros apressados carregavam sacos pretos do púlpito para algum lugar na saída do templo. A tensão naqueles movimentos faz lembrar os vigilantes que atuam no transporte de valores.

Ao final, como fiz na Mundial, me apresen-tei ao pastor e pedi autorização para fotografá--lo com a “porta da esperança” no cenário. “Não são permitidas fotos aqui”, descartou Daniel.

Tanto na Mundial como na IURD ficou

patente a capacidade que os pastores têm de

gerar receita para manter os elevados custos de

denominações midiáticas, mesmo atuando em

uma base social de poucas posses.

E isso não é uma crítica. Voltando à frase do

início, “nunca julgue um homem antes de ter

andado uma milha em seus sapatos”. Os fiéis

que enchem sacos pretos de dinheiro, não estão

ali obrigados. Eles estão ali porque as igrejas e

os pastores atendem uma necessidade deles. E

estão felizes assim, ponto final. Outra palavra

para isso? Livre arbítrio.

Universal do Reino de DeusFundador: Auto-proclamado bispo Edir Macedo, no Rio de Janeiro, em 1977.Dimensão: 7,2 mil templos no Brasil e presença em mais de 180 países.

ele FaloU: “Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos.” nicolau Maquiavel, autor de “O Príncipe”

o templo da Universal em Cascavel já foi um cinema

Jairo Eduardo

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É tensa a convivência entre setores neo-pentecostais e adeptos das religiões afro-

-brasileiras. Aqui, a mãe de santo cascavelense elaine Fazio, graduada em Pedagogia e Di-reito, relata como o ódio expressado no púlpito se transforma em agressão física. Ela foge do biotipo tradicional de suas colegas de ofício: é loira, sobrenome italiano e tem a reputação de atender gente muito conhecida do mundo político e empresarial de Cascavel. Em prova irrefutável do sincretismo religioso brasileiro, a mãe de santo também tem clientes no mundo evangélico. Acompanhe.

Pitoco - O que são esses arranjos encon-trados nas encruzilhadas, que alguns chamam de macumba?

elaine Fasio- São oferendas. Macumba é um instrumento musical. A maioria das religiões de raiz africana fazem oferendas às divindades, orixás, espíritos que incorporam em terreiros de umbanda. São grãos, alimen-tos, bolo, carne assada, bebidas...

E qual o sentido disso?Primeiro, é preciso dizer que isso é uma

prática ancestral, muito antiga, de diversos povos. Até nas tumbas do Egito restos de alimentos foram encontrados. No Japão, é uma prática corrente oferecer alimentos aos ancestrais. Nas religiões afro, acredita-se que estes alimentos levam energia aos espíritos. Tem muito de simbólico nisso.

a oferenda pode ser feita em desapreço a alguém, para o mal?

Não, a oferenda é para agradar, pedir um benefício, agradecer por algo. A maldade está na mente e no coração de algumas pessoas. Qualquer religião pode propagar a maldade quando usa a língua – nossa pior e melhor arma – para pregar o ódio. Se alguém pedir maldade com a oferenda, irá receber o mal.

Você diria que são mal compreendidos por setores evangélicos?

Alguns entendem que todos precisamos acreditar no Deus deles. Quem não está com eles, está contra. Ou você está comigo ou está contra mim. Assim eles raciocinam. Qualquer coisa negativa que está importunando alguém é atribuída à macumba. Tudo que é ruim foi coisa de macumbeiro.

Você já percebeu na pele essa agressi-vidade...

Tive minha casa, no Parque São Paulo, apedrejada. As agressões perduraram por uma semana, foi caso de polícia. Isso porque

templo apedrejado

fazemos um ritual por semana com tambores, atabaques, cantoria. O ritual não passa das 22 horas. Temos alvará da Prefeitura. Havia uma igreja na região que nos demonizava. A pastora dizia que a rua e a quadra estavam amaldiçoadas pela presença do meu templo de umbanda.

Como você reagiu?Fui conversar com a pastora. Mas primeiro

assisti dois cultos. Fiquei impressionada com a agressividade. Ela me recebeu meio ressabiada, tinha receio até de tocar na minha mão. Cheguei duas horas antes do culto para essa conversa. Fa-lei que ela estava pregando o ódio, a intolerância. Que Deus é esse que ela prega, que quer o ódio, a raiva? Que ao invés de unir está distanciando as pessoas? Em que tempo nós estamos?

Existe gente do mal na umbanda e no candomblé?

Sim, existe. Como existe o terrorista muçul-mano, o padre pedófilo, o pastor dinheirista. Quando fazem no culto corrente para separar amante de marido, corrente para trazer amor, corrente para isso e aquilo, não é ação muito parecida de tudo aquilo que nos acusam? Mas esses setores do ódio são minoritários. Veja no Rio de Janeiro, evangélicos trabalhando voluntariamente para reconstruir templos de umbanda vandalizados. Acredito que, no cam-po das intenções, cada um tem o seu caminho mas todos marchamos para o mesmo destino. Temos que nos respeitar. Mais paz, amor e dis-cernimento. Mais espiritualidade nas religiões e menos comércio...

Mãe de santo loira de sobrenome italiano é vítima de intolerância religiosa.“Fui falar com a pastora. Falei que ela estava pregando o ódio”

ReliGiões aFRo

DEPOiMENtO

Os “crentes” e o bullying

“Professar a fé cristã evangélica hoje é fácil,

em função da expansão de todas as vertentes protestantes no Brasil, mas nem sempre foi assim. Se hoje os evangélicos estão presentes em todos os segmentos da sociedade, em um passado não muito distante, coisa de três ou quatro décadas, ser crente era motivo de piada e chacota.

“Eu mesmo senti isso na pele quando en-trei para a escola no fim da década de 1970. Na sala, eu era o único evangélico e cada aula iniciava com uma reza católica. Isso não me incomodava, muito pelo contrário, mas não entendia quando via os coleguinhas rindo de mim por não fazer o ‘sinal da cruz’.

O bullying partia até de professores. Perdi a conta das vezes que ouvi de mestres a afirmação de que a única religião deixada por Deus era o catolicismo. Nascido em um lar evangélico, tinha convicção de minha fé desde cedo e isso nunca me abalou. Não era apenas bullying, mas discriminação mesmo!”

luiz Carlos da Cruz - jornalista

08 | www.pitoco.com.br Pitoco

elaine: “Temos que nos respeitar. Mais paz, amor e discernimento”

luiz Carlos: “Perdi a conta das vezes que ouvi de mestres a afirmação de que a única religião deixada por Deus era o catolicismo”

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o pastor alcione Gomes, da Comunidade Evangélica de Cascavel, igreja sem placa

ou templo, tem árdua missão: pastorear ovelhi-nhas do mundo da política, entre elas, o agitado prefeito de Cascavel, leonaldo paranhos.

Mais delicado ainda é transitar sem es-corregar pela linha fina que separa a ovelha mansa do patrão mandão. É que o pastor al-terna papéis. Ora é guia espiritual de cidadão ajoelhado, ora lhe deve obediência, na condição de presidente da Fundetec.

A Comunidade Evangélica, da qual faz parte o núcleo duro do governo Paranhos (o próprio alcaide, seu pastor Alcione, e os influentes comissários de gabinete, Alcineu Gruber e Diego Gomes), tem um desenho diferente.

Com cerca de 200 membros em Cascavel, eles se reúnem na residência dos fiéis. A orga-nização prega a simplicidade, um retorno às origens, e olha com ressalvas os mega-templos e contratos milionários de mídia de outras denominações, fatores que geram voracidade de arrecadação por meios nem sempre defen-sáveis. Acompanhe trechos da entrevista com o pastor que pastoreia Paranhos:

Pitoco – A igreja sem templo é disrup-tiva?

pastor alcione Gomes – De alguma for-ma, sim. Representa uma ruptura com templos faraônicos e um retorno às origens. Até o ter-ceiro século pós Cristo, as pessoas se reuniam nas casas, não havia templos. Quando a igreja virou religião oficial do Estado, governantes passaram a construir templos. Aí perdeu-se a essência.

Templos imensos, como o de Salomão, da IURD, refletem a luxúria de nossos tempos?

Descaracteriza a ideia inicial. O rei dos reis, Jesus, não tinha um lugar para reclinar a cabeça. Já satanás oferece o reino na Terra. Templos faraônicos são expressão do coração dos homens, nem sempre alinhados com o coração de Deus. O coração do homem precisa de um império para chamar de seu.

Grandes templos, grandes contratos na televisão, expansão planetária, pedem muito dinheiro para financiar...

Há uma forçação do dízimo e oferta. Esse financiamento forçado é pouco comentado no Novo Testamento. Na igreja primitiva, a oferta era espontânea, vinha de uma visão de

pastorear o paranhos

comunhão, nem precisava pedir, as pessoas en-tendiam a necessidade de prover as estruturas, por modestas que fossem.

Não há milagreiros demais nos templos?Eu acredito em milagres. Presenciei uma

experiência de cura, aos 12 anos de idade, dentro de uma igreja evangélica. Albert Eins-tein, o grande cientista, dizia: “Para quem não acredita em milagres, eles não existem. Para quem acredita, existem. O fato de estar vivo é um milagre”. Agora, sim, há excessos. Alguns são curados, outros vão no embalo.

Como a ovelha Paranhos passou a fre-quentar o rebanho de Alcione?

Conheci Paranhos pessoalmente em 2006, com uma Bíblia aberta sobre a mesa. Era um momento difícil. Ele e Fabíola enfrentavam uma severa crise familiar. Paranhos acabara de sofrer uma derrota eleitoral dolorida para deputado. Ali ele se converteu. A pancada foi forte. Na contagem regressiva, chegamos ao número 9, mas não houve nocaute. E mesmo os nocauteados podem se levantar...

Você prescreveu o afastamento do mun-do das urnas, naquela ocasião?

Não foi bem isso, mas Paranhos ficou qua-tro anos sem disputar eleição pela primeira vez na vida. Era um período especial, de conversão.

Conversão do prefeito de Cascavel à fé evangélica se deu em meio a crise familiar e dolorida derrota eleitoral

GUia esPiRiTUal

Ele se voltou para a família, para a Palavra e para a sua profissão. 2008 tinha eleição de novo. Nos unimos em oração. Disse para ele: “Ore, se Deus responder, vá em frente no seu projeto político”. Sem uma resposta, decidiu não disputar... Continuamos orando e na dis-puta seguinte, em 2010, veio a resposta: sem dinheiro, com os antigos vínculos políticos rompidos, ele milagrosamente foi eleito de-putado estadual.

Foi o milagre das urnas?Para quem crê que joelho no chão ajuda,

que há sabedoria nos atos de Deus, sim.

Como você consegue separar a figura de pastor do prefeito da figura do subordi-nado dele na Prefeitura?

Digo assim: Paranhos, agora não é o secre-tário que vos fala. Agora é o amigo, é o pastor que vai falar contigo. Aí tratamos de questões pessoais, familiares, questões espirituais. Se o pastor não amar suas ovelhas, não poderá tocá-las. Tem que ter esta proximidade. Nin-guém abre o coração para quem não é próximo. Neste momento não o trato como político, trato-o como pessoa, é um diálogo de pastor para ovelha.

E ele acata?É meio teimoso. Mas eu também sou. Ele é

argumentador, como todos sabem. Mas acata. É admirável o temor dele a Deus.

Rezaram muito na campanha para pre-feito de 2016?

Nos debates rezávamos antes, durante e depois. Eu orava em silêncio enquanto ele estava no debate.

Por que o segmento evangélico é tão fragmentado?

Lembra da Torre de Babel? Construíram uma torre até o céu para que fossem vistos da Terra. O plano de Deus é uma igreja única, universal. Bem diferente do que fazem ao contruir torres para si, para fazer seu nome, sua bandeira, sua placa...

Você convive bem com o contratidório ou com denominações hostilizadas por alguns evangélicos, como as religiões afro-brasileiras?

Não me relaciono com instituições. Me re-laciono com pessoas. Tenho amigos católicos, ateus, espíritas. As pessoas são mais impor-tantes que instituições. E pessoas merecem respeito.

25 de maio de 2018 | 09Pitoco

Pastor alcione: subordinado de Paranhos e ao mesmo tempo conselheiro espiritual do prefeito

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o camisa 10Conheça o protagonista do derby mais antigo do Oeste,

o “Grenal” político de Marechal Cândido Rondon

BioGRaFia

nos anos 60 e 70, era improvável que um cidadão rondonense ousasse ascender no

mundo político ou empresarial se não domi-nasse o idioma de Angela Merkel. Ou, na pior das hipóteses, que pelo menos arranhasse o Hunsrückisch, dialeto germânico.

Muito menos ainda um sujeito que tivesse a bebida predileta dos alemães até no sobreno-me: Bier. Mas aquele jovem administrador que viajou da capital até Marechal Cândido Ron-don em 1977 para uma rápida visita ao irmão vereador estava ali para quebrar paradigmas.

O jovem ademir bier, nascido em Ere-chim (RS), estudado em Curitiba - graduou-se

em Administração de Empresas - levou consigo

no passeio ao Oeste bravio a jovem esposa,

Roseli, recém-casada, encantada pelos olhos

azuis do marido. A pacata cidade germânica

os recebeu de braços abertos.

“Rondon é assim, menos de 30 dias depois

de conhecer alguém, já vira amigo. Com 90

dias é quase parente. O povo aqui é muito hos-

pitaleiro”, relata Bier, resgatando as memórias

daqueles anos 70.

Ele quebrou a primeira regra não escrita (do domínio do idioma), ao se tornar o mais bem sucedido corretor de imóveis de Rondon. Vendeu dezenas de lotes rurais em Nova Mu-tum, no Mato Grosso.

Se tem muito “alemão” hoje naquela porção Norte do Brasil, foi Ademir Bier que os assentou lá. É verdade, as condições eram facilitadas. O governo federal precisava inde-nizar os agricultores cujas terras receberam o espelho d’água do reservatório de Itaipu. E para isso havia o crédito fundiário e a coragem dos desbravadores.

Garoto bom de bolaAntes, porém, de pôr seus olhos azuis na

“Alemanha do Oeste”, Bier viveu a infância, até os 14 anos de idade, no norte gaúcho. Lá foi alfabetizado no Colégio Medianeira, con-siderado de elite. Os pais do “alemãozinho” não precisavam pagar as mensalidades. O menino bom de bola recebeu uma bolsa de estudos pelo desempenho com a camisa 10 no time da escola.

“Ademir era uma espécie de Toni Kroos, o meio-campo da seleção alemã, que erra um passe a cada seis meses”, relatam amigos de infância. É verdade também que as amizades e admiração obtidas no campo de futebol pro-jetaram politicamente aquele jovem corretor imobiliário rondonense.

Nos anos de chumbo, Marechal Cândido

“Rondon é assim, menos de 30 dias depois de

conhecer alguém, já vira amigo. Com 90 dias é

quase parente. o povo aqui é muito hospitaleiro”

Jairo eduardo

Dia de festa em família: Ademir Bier com esposa, filhos, noras e netos

ademir Bier: troca de camisa depois de décadas no PMDB/MDB

Pitoco

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“Cansei de ouvir todos os dias nos telejornais

os jornalistas noticiando o Cabral do PMDB, o

Quadrilhão do PMDB, isso foi muito desgastante”

Cândido Rondon, por ser município fronteira, integrava a assim chamada “área de segurança nacional”. O prefeito era nomeado pelo regi-me militar. A Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido da ditadura, davas as cartas na paróquia. Nesse contexto, o MDB (depois PMDB) tinha atuação limitada, fazia a opo-sição que lhe era possível fazer num cenário onde tudo (ou quase tudo) era controlado pelo arenismo.

O troco veio em 1985, após a redemocra-tização do país, na primeira eleição direta para prefeito do município desde meados dos anos 1960. Compondo a chapa majoritária do PMDB, lá estava o nome de Bier como candi-dato a vice-prefeito de Ilmar Priesnitz.

Priesnitz, Bier e o PMDB venceram o pleito. Ali ganhava sequência o “Grenal” de Rondon: MDB/PMDB x Arena/PDS/PFL e seus suces-sores. Na eleição seguinte, em 1988, o bom de bola foi para a cabeça da chapa peemedebista, mas perdeu para Dieter Seyboth, do PFL. O PFL (ex-Arena, ex-PDS) de Werner Wanderer e Elio Rusch era muito forte no interior, em um tempo que o êxodo rural estava apenas in-sinuado e a maioria da população vivia na roça.

Teimoso como todo “alemão”, Bier dispu-tou novamente, em 1992. Sagrou-se vencedor e derrubou a segunda regra não escrita: era o primeiro prefeito de Rondon que não dominava o idioma de Beethoven.

a grande rondonBier foi o último prefeito da chamada

“Grande Rondon”, município que abrigava os pujantes distritos de Mercedes, Nova Santa Rosa, Entre Rios do Oeste, Pato Bragado e Quatro Pontes. Todos foram convertidos em município após o mandato dele.

A partir desse ponto, o Toni Kroos de

Rondon mudou de posição no campo. Ele foi

eleito deputado estadual, sempre em derbies

emocionantes com Rusch. “Acho que ganhei

mais que ele, tenho o mandato de prefeito na

biografia”, diz Bier, provocado a indicar quem

é o vencedor histórico do “Grenal”.

Refeito o mapa da região, o MDB, que já ganhara um “P” a frente do acrônimo, perdia eleições nos municípios satélites da “Alemanha do Oeste”. Bier estranhou e puxou, na condi-ção de deputado, um recadastramento elei-toral. Desconfiava-se que muitos brasiguaios, rondonenses estabelecidos no país vizinho, mantinham irregularmente os títulos eleitorais

nos municípios recém emancipados. E eram

eleitores cativos dos sucessores da Arena. “Fis-

calizamos o recadastramento, sumiram os pa-

raguaios e começamos a ganhar”, conta Bier.

Vencida a “Guerra do Paraguai”, o MDB

hoje tem quatro dos cinco prefeitos da micro-

-região: Mercedes, Santa Rosa, Quatro Pontes

e Pato Bragado. Mas perdeu a “jóia da coroa”,

o município mãe, hoje administrado pelo advo-

gado Marcio Rauber, eleitor de Rusch.

Provocado a avaliar Rauber, Bier deu um chute com efeito na bola: “Me parece um cara bem intencionado”. No Grenal de Rondon é assim, “treino é treino, jogo é jogo”. Esfriadas as urnas eletrônicas, os “alemães” se unem para defender o município. É uma espécie fair play da política, campo em que Toledo também joga bem. Neste quesito Cascavel domina a bola no pescoço e chuta com a canela.

Adeus, mandabrasaApós a militância de uma vida no PMDB,

Ademir Bier pediu desfiliação em março últi-mo. Antes, preocupou-se em justificar o ato em sua base eleitoral, visitando prefeitos e lideranças, uma a uma, para explicar os seus motivos. Basicamente, são dois: um de ordem programática e outro pragmático. O primeiro diz respeito à insatisfação do deputado com a condução do MDB. Fragmentado em disputa fraticida entre Pessuti e Requião, a sigla esface-lou-se no Paraná. Requião ama Lula e Pessuti é apaixonado por Temer. Amores bandidos.

Soma-se a isso a tragédia nacional peeme-debista, engolfada pelo Mensalão e depois pelo Petrolão. “Cansei de ouvir todos os dias nos te-

lejornais os jornalistas noticiando o Cabral do PMDB, o Quadrilhão do PMDB, isso foi muito desgastante”, diz Bier. Para o parlamentar, faltou uma posição firme do MDB nacional. “O partido deveria ter expulsado os envolvidos”, avalia ele, embora considere que a maioria das siglas estão contaminadas.

A opção partidária dele foi o PSD, cujo pré-candidato a governador é Ratinho Jr. O

item programático do adeus ao MDB está

no esvaziamento da sigla. Estima-se que a

raquítica bancada de três deputados da AL vá

minguar mais ainda pela condução desastrosa

de Requião. Sem uma nominata que inclua os

candidatos-escadinha, aqueles que somam

votos na legenda, Bier correria o risco de fazer

uma bela votação e o partido não atingir o

coeficiente eleitoral para obter uma cadeira

na Assembleia do Paraná. Pragmatismo ger-

mânico, portanto. Ele é candidato à reeleição.

I love roseSe não fala alemão, em inglês o deputado

Bier faz uma declaração de amor à esposa. É o momento da entrevista em que os blue eyes do decano parlamentar se enchem de água. “Rose é minha companheira em todas as jornadas. Devo muito de minha carreira pública a ela”, disse. Bier faz menção também aos filhos, Fernanda e Luiz Henrique, e aos três netos: Pedro, Rogério e Caroline, “todos lindos”, derrete-se o vovô.

O que fará quando encerrar a carreira po-lítica?, é a última pergunta do pitoco. “Quero curtir os netos e palestrar para jovens, incenti-vando as novas gerações a participar da vida política partidária, incentivá-los a disputar eleições, formar lideranças. Esse será meu legado”, disse.

25 de maio de 2018 | 11

o deputado com a esposa Rose: companheira em todas as jornadas

Pitoco

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12 | www.pitoco.com.br Pitoco

em meio a muita desinformação e insatisfação po-lítica, a classe agropecuária nacional deparou-se

com um novo conflito: a contribuição sindical. Funda-mental para a manutenção de uma rede de serviços e de representação política do setor, o pagamento dos montantes tem gerado insatisfações entre muitos pro-dutores. Enfim, nós devemos ou não pagar?

Em primeiro lugar, precisamos entender um pouco mais como ela funciona. A contribuição sindical é instru-mento de fortalecimento do trabalho diário de represen-tatividade da categoria, de capacitação e de estruturação do setor. Os recursos arrecadados pela contribuição sindical são distribuídos conforme estabelece o artigo 589 da CLT: 60% para o sindicato rural (na verdade são 51%, pois 9% são impostos); 20% para o Ministério do Trabalho; 15% para a Faep e 5% para a CNA.

A CNA representa a articulação política. Por estar em um local estratégico (Brasília), que é onde tudo acontece, é fundamental que o setor tenha representan-tes diretos, com bom trânsito entre os ministérios, com os deputados e senadores, ambientes onde as decisões do Brasil são tomadas. Como intervir ou agir sem eles por lá? Quanto custaria nos deslocarmos toda vez para lá, enviando representantes de todas as federações para circular e falar com as mesmas pessoas?

Em seguida, temos a Faep. O agricultor paranaense reconhece e respeita o trabalho dela. Quando entra--se no debate de “por que devo pagar a CNA?”, não podemos jamais desvinculá-lo da Faep e do sindicato. Um sistema complexo, robusto, é essencial para nosso fortalecimento. Um exemplo: somente a Lei Kandhir, que desonera as exportações de matérias-primas brasileiras, já vale a pena manter todo o sistema, não

é mesmo? Por mais que questionemos a sua eficácia, precisamos respeitá-lo e sempre buscar melhorá-lo. Outras conquistas como Censo Agropecuário e Código Florestal, entre outras, também devem ser lembradas.

Esse dinheiro (maior parte) também chega ao sin-dicato. O Sindicato Rural é a segunda casa do produtor, braço forte e mão amiga. Tudo o que é feito nele, é pensando no bem-estar da família do campo. A articu-lação política e a influência do Sindicato em Cascavel, por exemplo, fizeram com que mais recursos fossem destinados para a agropecuária, como o expressivo au-mento dos recursos para manutenção e melhorias das estradas rurais, aquisição de diversos equipamentos e maquinários, entre outras conquistas.

Com o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, a decisão compete a cada produtor. Sabemos que os valores podem até ser altos, e em um país de des-mandos e corrupção sempre torcemos o nariz quando precisamos pagar impostos. Mas lembre-se: o errado não é pagar impostos, mas sim eles não darem retorno. Precisamos melhor nosso sistema? Sim! No entanto, não vamos fazer isso descapitalizando-o totalmente. Outro ponto que devemos pensar é se estamos partici-pando para a melhoria dessa engrenagem. Como você, produtor, age para isso? Só se avança com colaboração, fiscalização e atitude.

Para concluir, pense que enquanto você está plan-tando, cuidando as aves, suínos, gado ou qualquer outra atividade, alguém está em algum escritório, em algum órgão público, defendendo a manutenção e a ampliação dos seus direitos, melhorando o seu futuro e o da sua família. Voltando à pergunta inicial, o que você acha que é a melhor resposta para o celeiro do mundo?

assoCiaTivisMo

a importância do sistemaA articulação política e a influência do Sindicato Rural em Cascavel

fizeram com que mais recursos fossem destinados para a agropecuária

Paulo roberto orso

Produtor rural, engenheiro agrônomo e presidente do Sindicato Rural de Cascavel

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JaIroeDuarDo

Jornalista, editor do Pitoco e cronista nas Rádios Colméia e T. Interaja com o editor: [email protected]. WhatsApp: 991131313

Demônios das urnasUm passeio pela cabeça de nossos artistas, de Fernanda

Montenegro a Luciano Huck, passando por Raul e Paulo Coelho

sou fã declarado da arlette pinheiro esteves da Silva Torres, mais conhecida como Fernanda

Montenegro. A diva faz 90 anos quando outubro de 2019 chegar. Continuo admirando, apesar do recente episódio. Ela e a filha se recusaram a gravar um filme publicitário para a Riachuelo porque o dono da rede é candidato à presidência. Reação semelhante de gente do meio artístico surgiu quando Luciano Huck ensaiava criar asinhas para disputar o Planalto. Ele foi escrachado.

Talvez o dono da loja e o cara do Caldeirão se re-velem péssimos políticos. Mas não podemos subtrair destes sujeitos o direito de dizerem para que vieram. O processo de demonização da política só interessa para um raciocínio. Esse aqui: “são todos iguais, vote em que lhe der um benefício pessoal imediato”.

Como pensadores, pelé, Roberto Carlos e Fer-nanda são ótimas celebridades. Pessoalmente, neste quesito (pensar) prefiro Raul e Paulo Coelho. E olha que o “Maluco Beleza” desaforou a área que atuo com paixão, o jornalismo. “Não preciso ler jornais, mentir

PáGina 13

sozinho eu sou capaz”, disse Raul, sujeito que já havia enxergado as fake news lá atrás. Mas Raul e Coelho disseram mais: que deveriam estar felizes por conseguir comprar um Corcel 73 – coincidentemente, o carro com o qual aprendi a dirigir. A dupla foi além: desdenhou a vida rotineira de Pedro, que ia ao trabalho todo dia sem saber se era bom ou ruim. E gozava de quem se esforça para ser um sujeito normal.

Paulo Coelho, que segundo o historiador Vander piaia esteve em Cascavel quando era “doidão” lá por 1969, irmanado com Raul, sugeriu em letra de música alugar o Brasil para algum gringo. “Eu sei que eles (os gringos) vão gostar. Tem o Atlântico, tem vista pro mar. A Amazônia é o jardim do quintal”, diz a música. Gostei particularmente desta última parte. Se a saída para o Brasil não é o aeroporto, então vamos alugar nos-sos 8,5 milhões de quilômetros quadrados para algum país civilizado governar: Noruega? Canadá? Islândia? Se todos demoníacos somos e vivemos no inferno, não custa dar um abraço no capeta. “Pedro onde cê vai eu também vou...e tudo acaba onde começou...”

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são 19 horas de uma sexta-feira. É o mo-mento de fazer rufar os “tambores” de “O

Guarani” para anunciar a “Voz do Brasil”. O telefone toca no anexo IV, gabinete 303 da Câmara dos Deputados.

No terceiro ou quarto toque, uma voz mas-culina atende. É o próprio parlamentar, àquela altura do clássico de Carlos Gomes sozinho no gabinete de um Congresso já esvaziado pela rotina da vida mansa da capital federal.

O expediente de evandro rogério ro-man em Brasília pressupõe longas jornadas. A reportagem pede então alguns minutos para uma entrevista por telefone mesmo. E já avisa que o tema é espinhoso: gastança, foro privilegiado, cobrança de desempenho, votos controversos.

O doutor pela Unicamp tem um entendi-mento de mandato difícil de ser assimilado em nossa cultura política do tapinha nas costas. Para o deputado que foi árbitro da Fifa, há muita gente jogando para a plateia na vida pública. Ele assumiu o risco de votar pautas impopulares e diz que a função parlamentar precisa ser melhor entendida.

Aqui, um resumo da conversa que começou junto com a “Voz do Brasil” e terminou quan-do William bonner deu boa noite com um sorriso forçado no “Jornal Nacional”:

Pitoco - É comum ouvir das pessoas que vocês, de Brasília, estão de costas para o Brasil. Que vocês estão distantes, viven-do em um mundo à parte de privilégios e gastança.

evandro roman – É compreensível

que as pessoas pensem assim. De fato, muitas

ações emanadas de Brasília estão descoladas

das reais necessidades dos brasileiros. Uma

parte disso vem de uma certa incompreensão

do papel do agente político, do parlamentar...

Por que vocês se julgam incompreen-didos?

No senso comum imagina-se que o depu-tado que não aparece na bodega da periferia, na abertura da feira ou na quermesse, é um político ausente. Confunde-se o papel do de-putado com o do vereador do bairro.

em Brasília, 19 horas...Conversa começou na “Voz do Brasil” e terminou no “Jornal Nacional”.

No rol de perguntas inconvenientes, o descolamento da capital federal do mundo real

enTRevisTa

“votei a favor da reforma. era preciso atualizar a legislação,

pôr um freio na indústria de ações trabalhistas”

Jairo eduardo

14 | www.pitoco.com.br Pitoco

E não é assim?

Olha, Cascavel dista 1.428 quilômetros

de Brasília. Não dá para fazer um expediente

calça curta em Brasília para vir dar tapinha

nas costas. Assim você não faz bem feito uma

coisa nem outra.

evandro Roman: Temer tem um encontro com a lei agendado para janeiro próximo

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“a classe política é acusada de esquecer a próxima

geração em nome da próxima eleição. Poderia muito bem me ausentar,

ou encontrar uma desculpa populista para ficar bem

com todo mundo. Mas esse não é meu perfil”

“lula é apenas um político preso. a prisão dele e de

parte da quadrilha me deixa ainda mais convencido de que agimos corretamente

quando votamos pelo impeachment da ex-

presidente Dilma Roussef”

25 de maio de 2018 | 15Pitoco

Alguns deputados federais estão sempre por aqui...

Brasília tem uma particularidade que os parlamentares que comparecem aqui de terça-feira a quinta-feira não entenderam: o fim de semana e a segunda-feira reservam muitas agendas políticas de articulação que podem virar resultado para os municípios que representamos.

E quais são seus resultados?

Ações políticas do meu mandato já produ-ziram R$ 122 milhões para Cascavel. E esse número vai passar fácil de R$ 150 milhões nos próximos meses. Isso é o resultado de muitos fins de semana e longos expedientes em Brasília.

Você está colocando verba de Itaipu nesta conta. Não é inadequado?

É muito apropriado. A verba sempre existiu, pelo menos desde 1974. E por que não vinha para a base? Não vinha porque não havia uma ação política neste sentido e os re-cursos eram pulverizados Brasil afora. Agora, os recursos gerados no Oeste do Paraná são destinados para os municípios que de fato foram impactados.

Vocês não fizeram a conta eleitoral er-rada quando enviaram o dinheiro para a roça, onde vivem menos de 10% dos eleitores?

A conta não é eleitoral. A conta é de re-conhecimento. São R$ 26,5 milhões para readequação de estradas rurais em Cascavel, incluindo 99 quilômetros de calçamento po-liédrico. É o maior investimento da história na zona rural. É ali que está nossa riqueza. O agronegócio é o motor de nossa economia. Aqui está a diferença entre gastar e investir na vocação econômica regional.

O nobre deputado apanhou muito nas redes sociais quando votou para impedir o processo contra o presidente temer. Foi uma espécie de suicídio eleitoral?

Não cabia a nós impedir que o presidente responda por seus atos. Daqui a sete meses, ele estará respondendo a Justiça como qualquer

outro cidadão estaria. A propósito, em nenhum momento a investigação cessou, como pode-mos ver todos os dias na imprensa. Naquele momento histórico, o processo só interessava para a turma do quanto pior melhor.

Explique melhor...

O Brasil vinha de uma herança desastrosa da era PT. Foram governos trágicos para a economia. Temer, apesar de alguns erros na composição do Ministério, escolheu muito bem a equipe econômica. A inflação e os juros, que punem a todos, porém com mais rigor os mais pobres, caíram para níveis jamais vistos. Aprofundar a crise política para contagiar a economia é algo absolutamente irresponsável.

Acha que isso pode lhe custar a renova-ção do mandato?

Frequentemente a classe política é acusada de esquecer a próxima geração em nome da próxima eleição. Homem público tem que ter posição. Poderia muito bem me ausentar, ou encontrar uma desculpa populista para ficar bem com todo mundo. Mas esse não é meu perfil. A estabilidade econômica precisa ser colocada acima da disputa política.

Há quem diga que a bancada oestina votou com o Planalto em troca de verbas para a base...

É bom lembrar que as emendas parlamen-tares agora são impositivas. Se esse escambo fosse verdadeiro, todos os deputados daqui teriam muitos recursos para Cascavel e região, certo? Mas não foi esse o desempenho da maioria deles.

Então o Temer vai ficar impune?

Repito, ele tem um encontro com a lei agen-dado para janeiro próximo. O Parlamento não o blindou e nem teria poderes para isso. Como disse o magistrado, por mais alto que alguém possa estar, não estará acima da lei.

O ex-presidente Lula é um preso polí-

tico?

Como alguém já disse antes de mim, Lula

não é um preso político. Lula é apenas um polí-

tico preso. A prisão dele e de parte da quadrilha

me deixa ainda mais convencido de que agi

corretamente quando votei pelo impeachment

da ex-presidente Dilma.

Concorda que o parlamento brasileiro é

caro e perdulário?

Concordo. Acredito que possamos reduzir os custos significativamente. Acredito que isso deva ser aplicado nos três poderes, que também gastam muito e mal. Sei que é uma luta inglória, mexe com privilégios secularmente arraigados em nossa cultura e passa inclusive por erradi-

car o hábito de uma parcela do eleitorado de “morder” o político, onerando o mandato e o desviando de suas reais atribuições.

É um bom começo a restrição ao foro privilegiado, em decisão recente do Supremo?

Já me posicionei publicamente sobre este assunto antes de o tema vir para o debate na-cional. Sou contra o foro privilegiado. O fim do foro precisa se estender para todos os poderes. Não podemos permitir que o parlamento, a Esplanada dos Ministérios, ou os mais elevados cargos da nação se transformem em esconde-rijo de foragidos da Justiça.

O fim do foro também pode afetar você e os demais parlamentares...

Afetaria se eu precisasse dele. Sou ficha limpa. Por 42 anos de minha vida não precisei deste privilégio, por que iria precisar agora? É preciso enfrentar este sistema de castas no Brasil, onde parecem existir brasileiros de primeira e brasileiros de segunda categoria. Lembra quando Dilma tentou blindar Lula com um ministério? É escandaloso defender o foro e seria interessante que os demais deputados aqui da região se posicionassem sobre o tema.

Seu prestígio com os sindicatos não é dos melhores depois da votação da re-forma trabalhista...

Votei a favor da reforma. E o fiz de forma convicta. Era preciso atualizar a legislação, pôr um freio na indústria de ações trabalhistas e no peleguismo sindical. Os trabalhadores foram beneficiados: não terão mais que devotar um dia de trabalho para o sindicato, caso o consi-derem inoperante.

Para quem o árbitro Evandro Roman daria um cartão vermelho no mundo da política?

Para a velha ordem corporativista, para os grupos de pressão que se travestem de mudancistas para deixar tudo como está e preservar privilégios. Para o populista irres-ponsável e demagogo, mas principalmente para os cleptomaníacos do poder público. Cartão vermelho para a corrupção, que está na raiz do desemprego, da injustiça social e da criminalidade.

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Dizimadores de blattellasPrêmio nacional avisa: Cascavel tem a melhor técnica do Brasil no controle de baratas em meio alimentício

seGURança aliMenTaR

pior que encontrar o bichinho na goiaba, é encontrar metade dele, certo? Não há

nada mais trágico para a reputação de um res-taurante, panificadora ou qualquer operação que trabalhe na área de alimentação do que o cliente constatar a presença da senhorita Blat-tella germanica, uma espécie da barata chata, nos dois sentidos da palavra.

Em tempos de rede social então, a notícia voa com mais desenvoltura que o inseto men-cionado nas noites abafadas de verão. Foi com a intenção de estimular as melhores práticas de controle que a transnacional Syngenta e o Instituto Biológico de São Paulo organizaram um prêmio nacional.

Dez empresas brasileiras foram pré-classi-ficada para concorrer, entre elas a Brio Limp, de Cascavel, consagrada vencedora nacional. Foram 12 meses de investigação de resultados e técnicas aplicadas por especialistas do setor. A pesquisa avaliada buscou aferir a aplicação mais eficiente da iscagem de gel, um método de con-trole com ação pontual sobre o alvo. Inscritos de todo o Brasil precisavam demonstrar na prática o controle da praga em áreas alimentícias, resguardando a segurança dos funcionários, clientes, alimentos e meio ambiente.

“O conjunto de ações que visam a seguran-ça alimentar integrada com a preservação ambiental exige um manejo técnico bastante apurado” afirma Nelson Pagno Moreira, da Brio Limp. Ele compartilhou com a equipe os méritos do prêmio, entregue na sede da empresa, na região Sul de Cascavel, no último dia 15 de maio. A metodologia comprovada pela Brio Limp agora será apresentada em evento nacional em São Paulo entre 18 e 21 de junho. E depois será replicada nos 90 países em que a Syngenta tem atuação.

“Estamos orgulhosos de trazer para Cascavel uma premiação de repercussão internacional. É uma demonstração de que o trabalho dedicado de toda uma equipe e a rigorosa aplicação das tecnologias disponíveis são fundamentais para garantir a segurança alimentar da população”, disse a responsável técnica da Brio Limp, Dra. Clair aparecida Viecelli.

em tempo: como nossas vovós já sabiam, controlar baratas a chineladas é coisa do pas-sado. Era o barato (!) que saia caro. As germâ-nicas Blattellas certamente não apreciavam as pantufas da vovó, mas gostam mesmo é do gel da Syngenta...

Fotos: Michelle Galvão

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MárcIo DanIel Folle

Natural de Campo Erê (SC) e cascavelense há 18 anos. Graduado nas áreas de administração, marketing e vendas.Coordenador comercial da Funcional Consultoria e coordenador de Planejamento, Desenvolvimento e Inovação da Funcional Contabilidade.

existe uma unanimidade quando falamos que boa parte dos brasileiros é adepto da procrastinação

(procastinare – vem do latim e significa “encaminhar para amanhã”), ou seja, gosta de deixar tudo para a ultima hora. É comum observarmos isso nos mais va-riados eventos, e sua origem muitas vezes está no fato da mudança de uma rotina que já está consolidada e na implantação de algo novo.

Bem, citei esse velho hábito para ilustrar um pouco do que vem acontecendo com algumas empresas em relação à nova obrigação de envio de informações ao governo, o eSocial, que entrou em vigor a partir de janeiro desse ano.

Em algumas conversas com empresários, tenho notado total desconhecimento e até mesmo falta de interesse em saber o que isso vem afetar no dia a dia da sua empresa.

As empresas que faturaram acima de 78 milhões em 2016, já começaram a enviar as primeiras informações ao fisco no primeiro trimestre deste ano, enquanto as demais, ou seja, 90% das organizações, começam a partir de julho.

Como citamos nessa coluna no final do ano pas-sado, o eSocial não vai modificar a legislação, apenas vai fazer com que ela seja executada à risca e procura manter uma “fiscalização” on-line do cumprimento das obrigações trabalhistas dentro das empresas.

O objetivo do governo é unificar todas as infor-mações sobre os trabalhadores, seus vínculos empre-gatícios, escriturações fiscais, entre outros, a fim de reduzir a burocracia e facilitar sua comunicação com as empresas. Envolve a Receita Federal, Caixa Econômica Federal, INSS e Ministério do Trabalho, e faz parte do

MUnDo CoRPoRaTivo

esocial: fique atento66,3% dos empresários ainda não sabem o que é o eSocial e 33,6% apenas já ouviram falar sobre ele; procrastinar o tema pode cobrar elevado preço

projeto SPED - Sistema Publico de Escrituração Digital, que iniciou em 2007 com a Nota Fiscal Eletrônica.

O que mais preocupa é que 90% das empresas vão entrar nessa segunda fase, e boa parte delas desconhe-cem completamente a legislação. Segundo uma pesquisa da multinacional de software de gestão Sage, menos de 10% dos pequenos e médios empresários conhecem a obrigatoriedade dessas informações. Foram ouvidas 366 empresas, sendo que 66,3% dos entrevistados ainda não sabem o que é o eSocial e 33,6% apenas já ouviram falar sobre ele.

Ainda existe um abismo de desconhecimento muito grande dentro das organizações. Aquelas empresas que não cumprem atualmente a legislação trabalhista terão um impacto imediato para poder se regularizar, além das possíveis multas que estão previstas para o não envio das informações.

Estima-se que a partir de julho em torno de 20 mi-lhões de empresas estarão sujeitas a essa obrigação. A transmissão dos dados se dará por meio do certificado digital, o qual vai garantir a origem e autenticidade das informações. Com o passar do tempo, haverá uma redução da burocracia, e algumas obrigações trabalhis-tas serão extintas, entre as quais o livro de registro de empregados, a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), assim como informações à Previdência Social, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Fique atento ao cronograma oficial que se encontra disponível em portal.esocial.gov.br. Nesse caso, o “deixar para a ultima hora” pode lhe gerar um prejuízo financeiro, então fique atento.

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Comprar, retalhar, venderAos 88, Gilberto Trivelatto conta – pela primeira vez - como transformou

florestas em cidades no Brasil profundo e abriu 23 loteamentos em Cascavel

Ele nunca plantou um pé de milho. Mas foi o proprietário de algumas das maiores

áreas de terra do Brasil. O negócio de Gilberto trivelatto não era a agricultura. Ele chegava antes do milharal. “Comprar, retalhar, ven-der” são os verbos que este empreendedor ativo até os dias de hoje, aos 88 anos de idade, gosta de conjugar.

Filho de um pedreiro italiano de Pádova, natural de Rio Claro, interior de São Paulo, Trivelatto dedicou grande parte de vida profis-sional à escrivaninha e máquina de escrever. Era contabilista. Até que, já estabelecido em Araçatuba, no rico interior paulista, lhe surgiu uma oportunidade no mercado imobiliário.

Então adquiriu quatro alqueires e pegou gosto pelo verbo “retalhar”. Começava ali a tra-jetória do maior loteador de Cascavel nos anos 1970 e 1980. Ele chegou à região via Goioerê no final dos anos 1960. Em solo cascavelense pisou pela primeira em 1972. “No lugar da Catedral havia uma capelinha de madeira e na Avenida Brasil tínhamos exatamente 100 metros de asfalto”, recorda-se.

Dono de um faro apurado, o empreendedor que acabara de vender 915 lotes em Goioerê, logo percebeu o potencial da “Capital do Oes-te”, à época ainda longe desse título. Trivelatto então desbravou o Sul do município, extensas áreas localizadas para além da BR 277. O primeiro loteamento foi denominado “Jardim Guarujá”, local que hoje abriga o conjunto de casas populares financiadas pelo finado BNH.

Mais tarde, Trivelatto concluiu os lotea-

mentos Cruz Grande, Jardim Palmeiras, Acli-

mação, Santos Dumont e foi o desbravador da

região Norte de Cascavel, com o Clarito, uma

imensa fazenda transformada em cidade. A

palavra Norte voltaria ao dicionário do lote-

ador, mas isso ocorreu quando Cascavel ficou

pequena para os verbos comprar e vender do

mantra trivelattano.

Antes de enveredar para o Brasil profundo,

Gilberto Trivelatto lançou o Clube de Campo

Lago Azul. Até hoje ele detém um recorde: 5

mil associados, 20 mil pessoas com os depen-

dentes. Foi o maior do gênero. Na inaugura-

ção, trouxe o velho palhaço Chacrinha e suas

chacretes. Afinal, quem não se comunica, se

trumbica.

“no lugar da Catedral havia uma capelinha de

madeira e na avenida Brasil tínhamos exatamente

100 metros de asfalto”

Jairo eduardo

eMPReenDeDoRisMo

20 | www.pitoco.com.br Pitoco

O Lago Azul não era a primeira experiência dele no ramo. Em Araçatuba, Barretos, Ca-tanduva e Rio Preto, o empreendedor já havia produzidos clubes de campo. E a inauguração era sempre um acontecimento. Trivelatto pa-gava cachês para gente como Roberto Carlos e Chitãozinho & Xororó. Ele era uma espécie de Beto Carreiro dos anos 1970.

Gilberto Trivelatto: “Nunca financiei nada. não trabalho com dinheiro emprestado, não simpatizo com banco”

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De florestas a cidades Quando partiu para o Mato Grosso em

seu monomotor Cessna, Trivelatto percebia as terras apertadas para as famílias grandes do Sul. Lá longe havia oportunidade na imen-sidão. Vendia áreas de 30 a 40 alqueires na Amazônia brasileira. Transformou a floresta em cidades. Foi ele quem abriu as áreas onde hoje estão quatro municípios, entre eles, Ari-puanã e Colniza.

Em Aripuanã, Trivelatto arrematou 110 mil hectares. E fez daquilo o que melhor fazia: retalhou e vendeu. Depois adquiriu 204 mil hectares onde hoje está Colniza, na divisa de Rondônia com o estado do Amazonas. Era longe, seis horas de voo a partir de Cascavel.

“Distância não era problema. Ele fazia questão de visitar as áreas pessoalmente. A gente filmava do avião e mostrava aos corre-tores e potenciais compradores aqui do Oeste do Paraná para instruir a venda”, afirma o advogado romildo amaral, há 37 anos, parceiro das aventuras do loteador.

O amigo advogado se declara fã do parceiro. “Ele tem um olhar clínico. Se ele diz: essa área é boa, pode investir sem medo”, diz Romildo. Escolhida a área, era o momento de retalhar. O empreendedor tinha uma patrulha própria de maquinário, maior que das prefeituras da

região. Certo dia, deu um susto no vendedor da concessionária Komatsu quando apontou para o trator mais caro, o A60. “Quanto é?”, pergun-tou. Com o valor anotado, disse em seguida: “Vou levar três”. Trivelatto levava mesmo. Retalhar era preciso. E para tanto ele usava equipamentos próprios, incluindo os A60, motoniveladoras e caminhões basculantes.

Foi ele quem abriu as estradas em Aripua-nã, Colniza, Nova Ponte Verde e Santa Rita de Trivelatto. Embora tivesse que pernoitar em barracas na floresta, nunca adquiriu malária ou levou corridão de onça. “Sou um cara pro-tegido”, disse.

Outros voos foram para a Bahia, Tocantins e Maranhão, sempre comprando, retalhando e vendendo. Em um dos voos entre Cuiabá e Vilhena, o anjo da guarda quase abandonou o empreendedor. O piloto negligenciou na trava e logo após a decolagem a porta ao lado do passageiro ilustre se abriu. O aparelho retornou ao campo de aviação. Foi só um susto. “O que é isso companheiro?”, ralhou Trivelatto com o piloto. Como não havia muito tempo para discutir, partiram novamente.

Aulas do professor“Barbaridade, o tempo passa”, exclama

Gilberto Trivelatto após olhar para o calendário e citar seu aniversário de número 88, ocorrido

no último 3 de abril. Longevo, gozando boa saúde, lúcido, Trivelatto é provocado a passar a receita do empreendedor vitorioso. Se alguém espera frases feitas, na linha auto-ajuda, irá se desapontar.

Trivelatto é um sujeito da vida prática.

Que conselhos ele daria a um jovem inspi-

rado em sua trajetória? “Invista no mercado

imobiliário”, diz sem titubear. E o segredo da

multiplicação? “São o preço e a qualidade da

mercadoria. Compre bem para vender bem”.

Mais claro e direto, impossível.

O homem que chegava diariamente às 6

da manhã ao Clube de Campo Lago Azul para

corridas matinais seguidas de um mergulho

e muitas braçadas para depois embarcar no

avião e enfrentar horas de voo rumo aos gro-

tões do Brasil, deixa também outra dica: “Nun-

ca financiei nada. Não trabalho com dinheiro

emprestado, não simpatizo com banco”.

em tempo: Gilberto Trivelatto foi dono

da TV Tarobá desde sua entrada no ar, em

1979, até o início dos anos 1980. Pressionado e

cercado até a porta do cartório por gente ligada

à Globo, que estava de olho na emissora, ele

manteve a palavra empenhada e vendeu a tevê

para os Muffato. Ele foi pioneiro também na

modalidade condomínio fechado, no Jardim

Gramado, em paralelo ao alto da Avenida

Brasil.

25 de maio de 2018 | 21Pitoco

Romildo amaral sobre o amigo Trivelatto: “ele tem um olhar clínico”

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Pague pela notícia, amigoDe onde veio essa ideia de que o jornalismo deve (e pode) ser de graça?

Produzir rabanetes custa dinheiro. Produzir notícias, idem

Vira e mexe eu boto o link da crônica no Twitter ou Facebook e recebo comentários do tipo “Põe o texto

na íntegra! A Folha não me deixa ler!!!”. Gostaria de acreditar que a abundância de exclamações é em razão do interesse por meus escritos, mas percebo que é fruto da indignação: como o jornal ousa cobrar por seu conteúdo?

Acho curioso. De onde veio essa ideia de que o jorna-lismo deve (e pode) ser de graça? Este mesmo indignado que exige crônicas na faixa não para na frente do Pão de Açúcar dizendo “Manda dois quilos de acém, meia dúzia de cenouras e dezoito rabanetes pra calçada! O Abílio não me deixa levar!!!”.

Produzir rabanetes custa dinheiro. Produzir notícias, idem. E ouso afirmar que no atual estágio de involução do Homo sapiens, com as calotas polares derretendo para que produzamos cada vez mais energia para suprir necessidades bá-sicas do Homo sapiens, como ir de carro na padaria da esquina e assistir ao Felipe Neto no YouTube, mais importante do que bons rabanetes é bom jornalismo. (A não ser que você considere os rabanetes acompanhados por azeite, sal e umas gotas de limão. Aí eu mando pros diabos o jornalismo, as calotas polares e o Homo sapiens.)

No início, achei que a exigência de jornalismo grátis fosse coisa de millennials, uma geração que cresceu num mundo “clicável” e nunca teve que buscar conhecimento trabalhando os bíceps numa “Barsa”, turbinando a rinite nos ácaros de uma “Mirador”. Acontece que os comen-tários vêm de todas as faixas etárias. As pessoas acham justo pagar pelos rabanetes, pelo show do Radiohead, pela assinatura da Netflix, mas não pelo jornalismo, esta instituição fundamental para o bom andamento da democracia. (Se você não gosta da Folha e, pela esquerda

ou pela direita, acha que ela não contribui para o bom andamento da democracia, assina a Carta Capital, a “Exame, o Nexo o Valor”, a piauí. E por que se restringir ao Brasil? Assinar The Economist, New York Times, Wall Street Journal, Guardian, El País ou a NPR, rádio pública americana, é uma boa maneira de lutar pelo mundo em que você deseja viver.)

Nos meses logo após as últimas eleições norte-ame-ricanas, vários jornais e revistas dos EUA experimen-taram um grande aumento nas assinaturas, fenômeno a que chamaram de “Trump bump”, algo como, numa livre tradução, “sacolejo do Paspalho” (Se a tradução é livre, posso traduzir “Trump” por “Paspalho”). Foram centenas de milhares de opositores ao presidente eleito que, percebendo como a desinformação e as fake news

haviam influenciado o pleito, resolveram patrocinar o velho e bom jornalismo.

Sou filho de jornalistas, enteado de jornalista (meu herói, Nirlando Beirão), casado com uma jornalista. Cresci fre-quentando jornais e revistas, sentado no chão, desenhando com Bics em laudas bege. As redações eram um mar de gente trabalhando sob um vozerio de mercado árabe, uma sinfonia de telefones e a quase ensurdecedora tempestade metálica das

máquinas de escrever.

Então vieram a internet e as redes sociais, e o jorna-lismo mergulhou numa crise da qual ainda não saiu. São anos e anos seguidos de demissões e o atual raquitismo das redações me parece inseparável do alastramento das mentiras e boatos que, hoje, pautam o debate mundial, do “Brexit” à velocidade das marginais.

Pague pela notícia, amigo. O mundo precisa de mais Washington Posts e menos posts de Facebook.

antonIo Prata

Escritor, publicou livros de contos e crônicas, entre eles:"Meio Intelectual", "Meio de Esquerda".

análise

22 | www.pitoco.com.br Pitoco

“o atual raquitismo das redações me

parece inseparável do alastramento

das mentiras e boatos que, hoje,

pautam o debate mundial”

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pastel disruptivoJovem coloca pastéis no lugar do pão de sanduiche e “bomba”

na rede social. É o X-Pastel, de Cascavel para o mundo

GasTRonoMia

Filho de peixe, peixinho é, certo? Hiago Mello praticamente nasceu dentro de

uma pastelaria. E cresceu ouvindo histórias do pai empreendedor, Vilmar, que começou a vida ofertando salgadinhos de porta em porta no centro de Cascavel e a partir daí construiu uma rede de pastelarias.

Pois bem, Hiago é chef por trás do X Pastel, o prato mais falado nas redes sociais de Cascavel no mês das mães. Quem navega pelas redes sabe a dimensão de uma postagem que recebe 299 comentários e 816 interações. Como não há limites planetários para a inter-net, o X- Pastel ganhou o mundo.

Em uma das postagens de efeito inter-nacional, o internauta apresentado como StartupdaReal disse no Twitter: “Se vocês con-sideram startups inovadoras e disruptivas, precisam ver as comidas que são produzidas no interior do Brasil. Hoje descobri que existe o X-Pastel”.

Jairo

Edu

ardo

24 | www.pitoco.com.br Pitoco

O que o criador tem a dizer sobre a cria-

tura? “Procuramos inovar a cada dia, assim

decidimos juntar dois dos nossos melhores

produtos, pastel e lanche, dando início ao

X-Pastel”, explica Hiago. É simples, pros-

segue ele. “Trocamos o pão tradicional por

dois pastéis recheados com queijos. É de dar

água na boca, venha experimentar”.

O insólito X-Pastel é composto de dois

pastéis de queijo “ensanduichando”, dois

hambúrgueres, presunto, queijo, alface,

tomate e batata palha. Também acompanha

uma mini-porção de batatas fritas.

A propósito, o batatinha, apresentador

da Tarobá, aprovou o lanche disruptivo do

Hiago. Em vídeo postado nas redes, oziel

Luiz recomendou a iguaria. O X Pastel, dis-

ponível na Mellos Pastelaria do Calçadão por

R$ 15, tranquilamente substitui uma refeição

no consagrado sistema fast food.

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ClUBes ReCReaTivos

Cafezinho azul e vermelhoClássico Tuicial no Bourbon foi marcado pelo fair play.

A antiga rivalidade ficou no poeirão levantado do campo de terra

a rivalidade dos anos 1960 e 70, em Casca-vel, estava basicamente nos campos de fu-

tebol. Vermelhos de um lado, azuis de outro. Os confrontos esportivos entre Tuiuti e Comercial, imortalizados no acrônimo Tuicial, ficaram no poeirão levantado do campo de terra.

A confraternização das novas gerações do famoso derby ocorreu no final de abril, no Café com pitoco, evento mensal realizado com assinantes que tem apoio institucional do Sicoob Credicapital, JN Construtora e Bourbon Hotel. Acompanhe aqui imagens e informações repassadas no evento dando conta da força que ambas as agremiações ainda ostentam em Cascavel.

Jairo autografa livros do Pitoco, cuja renda é revertida para a escola alloys João MannCarlos Dresch e Moacir lucietto

Consuelo spoladore e Claudete aguiar

ademir ortolan, Chico Paetzold e Waldemar (sicoob)

armando Carlos de souza com João Carlos largo e Reginald armstrong

luiz aparecido e andré aguiar

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Tuiuti, o “leão do oeste”, na segunda metade da década de 1950. entre outros, Danilo Galafassi, ildo Forcelini, Darci Gomes, Dercio Galafassi, nelsão Tamoio Fedumenti, leonidas Fagundes, Ciro nardi, Cidral, Rubens nascimento e veve.(Colaborou na identificação dos atletas, João Lemos Filho)

Azul renasceu “Chegamos a um ponto quase sem volta. Éramos apenas

66 sócios. Era fechar as portas ou arrojar em um projeto para o futuro. Fechamos a parceria com a Construtora JL. Fizemos primeiro o salão social, pois era preciso gerar a sustentação financeira. Hoje temos um clube financeiramente sólido, su-peravitário, patrimônio avaliado em R$ 100 milhões, com 4,5 mil frequentadores, entre titulares e dependentes. Está em construção no Tuiuiti um dos maiores centros esportivos do Paraná, com 5,5 mil metros quadrados, para abrigar 40 modalidades esportivas. Temos 300 famílias na fila por um título do clube. Com a ampliação a ser entregue em 12 meses, poderemos abrigar mais 600 sócios. É o limite para atender com conforto e bom atendimento. Chega me arrepiar quando vejo a grandiosidade do Tuiuti e me recordo de quando está-vamos praticamente falidos.”

João Largo – presidente do Tuiuti Esporte Clube, sócio Diamante, integrante do G 66, os associados que resgataram o Azulão

Vermelho sólido“Com três sedes movimentadas e o CTG Estância

Colorada, acolhemos mais de 16 mil associados, entre

titulares e dependentes. As roletas chegam a registrar

65 mil entradas mensalmente. Todas as principais deci-

sões do clube são colegiadas e zelamos pela harmonia,

inclusive no processo sucessório, no período eleitoral,

quando buscamos pelo diálogo perfis que apontam

para a profissionalização da gestão, livres de vaidades

pessoais ou interesses políticos. Iniciamos agora uma

ampla revitalização do salão social na rua JK, com ênfase

na nova fachada. Também trabalhamos para atacar o

principal gargalo, o estacionamento. Como estamos no

centro, estudamos um projeto de estacionamento vertical.

É desafiante, oneroso, mas precisamos levar isso adian-

te. Vemos com alegria a recuperação do Tuiuiti. Somos

irmãos. Visitamos eles e os recebemos com satisfação

aqui. Comercial e Tuiuti são patrimônios históricos e

culturais de Cascavel.”

pedro paetzhold, o Chico, diretor financeiro do

Comercial, com 38 anos de serviços prestados ao clube

equipe do Comercial nos anos 60. a foto é originalmente em preto e branco, foi pintada posteriormente em vermelho, a cor predominante dos comercialinos: clássico Tuicial fez história em Cascavel.

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Adeus, rodoviária velhaConheça o projeto que busca investidores para a completa

reformulação da última área degradada no centro de Cascavel

a expressão “prostituta da rodoviária” era um dos maiores insultos que se poderia

dirigir para uma mulher na Cascavel dos anos 1970. Durante toda aquela década até o ano de 1984, o terminal rodoviário funcionou no cen-tro da cidade, a 100 metros da Avenida Brasil.

E era mesmo ponto de prostituição e

consumo de drogas. Aquele lugar congelou

34 anos no tempo. Nem as “mulheres da vida

fácil” - expressão estigmatizante que carimba

a mais antiga das profissões - aparecem mais

por lá. É que a clientela dos hotéis baratos e

decadentes sumiu junto com os ônibus que

vinham e partiam freneticamente.

A região, bem no miolo da cidade, e que

já fora um “formigueiro” humano, o ponto de

partida da grande imigração para Rondônia e o Norte do Brasil, é a área mais degradada de Cascavel.

Apenas uma quadra dali, a Avenida Brasil surge rejuvenescida, repaginada pelos muitos milhões do Programa de Desenvolvimento Integrado, o PDI. Já o entorno cinzento da antiga rodoviária se tornou uma espécie de primo pobre da cidade rica, um indigente entre os abonados.

Mas isso pode mudar. O urbanista mais consagrado da cidade, Nilson Gomes Viei-

ra, elaborou um ousado projeto para o local. Falar em revitalização é desprezar o trabalho do arquiteto. Ele foi muito além.

Provisoriamente denominado “Novo Centro”, o projeto prevê a Rua da Cidadania, designando a atual mão inglesa para os pedes-tres e artesãos, a Praça da Cidadania dotada de

Jairo eduardo

exClUsivo

um teatro de arena , institutos para crianças e idosos com aproveitamento de edificação já existente, tudo integrado por elementos vazados de concreto, solução parecida com a adotada por Niemeyer em Brasília.

Nilson Vieira sabe que paranhos é entu-siasta do “Novo Centro”. O prefeito, inclusive, é um dos milhares que chegou a Cascavel por aquele terminal, adolescente ainda, vindo de Paraíso no Norte somente com a roupa do corpo. Porém, o arquiteto também sabe que o município não pode bancar sozinho uma obra desta dimensão.

Aqui vem a sustentabilidade do projeto. Uma torre comercial está prevista para atrair investidores em uma parceria público-privada (PPP). O vencedor da licitação irá construir e explorar o edifício, também já desenhado por Vieira, e como contrapartida executa as obras no entorno.

O edifício Cascavel Executive Center, com 10 mil metros de área, poderá comportar 16 operações gastronômicas, dezenas de salas comerciais, restaurante panorâmico, centro de eventos na cobertura e heliponto.

Outro atrativo aos investidores são as 350 vagas de estacionamento vertical, distribuídas em dois andares e mais dois pisos subterrâne-os. A exploração do estacionamento nesta área congestionada do centro monetiza a operação e torna o negócio mais atraente.

João

Edu

ardo

arquiteto nilson Gomes vieira: projeto ousado para uma área da cidade que precisa ser repaginada

28 | www.pitoco.com.br Pitoco

João

Edu

ardo

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palavra do prefeito“É um belo complexo para ser ofertado em PPP”, diz Paranhos, após analisar deti-damente o projeto. “Queremos executá-lo onerando o mínimo possível os recursos da Prefeitura. Vamos apresentá-lo com o Nilson para o empresariado, já tratei deste tema com Edson Vasconcelos, da Acic”, disse o prefeito. “O projeto está em aberto para o debate, para eventuais redimensionamentos, para todas as contribuições”, diz o arquiteto, que o elaborou voluntariamente. “Quando cheguei a Cascavel, meio século atrás, a cidade tinha apenas duas praças. Tive a oportunidade de, como cidadão cascavelense e secretário de Planejamento, projetar muitas outras. Agora é o momento de resgatar a última área degradada do centro”, aposta Nilson Gomes.

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Tiberíades, mar da Galileia, Cafarnaum, Caná, rio Jordão, Jerusalém... Uma peregrinação inesquecível para consolidar e entender as significâncias da fé

Rumo à terra santa

em outubro passado partimos em caravana para uma visita a alguns lugares especiais

mais a Terra Santa. Aquela terra prometida por Deus a Abraão e a seus descendentes (1830 a.C.) e séculos mais tarde prometida nova-mente a Moisés e “seu povo” que era escravo no Egito (1250 a.C.), chamada Canaã.

Nossa estreia na Terra Santa foi pelo norte, na cidade de Tiberíades. Tão logo estabelecidos no hotel, nossa primeira visão foi o mar da Galileia, que na verdade é um lago, e aí come-çaram as emoções. A partir de agora, tudo o que estiver à nossa frente consta na Sagrada Escritura, sejam locais ou fatos acontecidos. Fiquei por vários minutos embebido com aque-la visão, “rodando o filme” de tudo quanto eu lembrava que citava o mar da Galileia, como os pescadores que Jesus convidou para seus discípulos, as pregações à beira d’água e a Sua caminhada sobre as águas.

De barco partimos para Cafarnaum, local onde Jesus mais esteve, porque ali estavam a casa de Pedro e ao lado a sinagoga, onde Jesus orava. Lá Jesus realizou vários milagres e teve os primeiros “confrontos” com os escribas e fa-riseus. Quase ao final da sua vida pública Jesus indicou Pedro para assumir a direção da Igreja que começava a se estruturar. Para nós, Pedro foi o primeiro Papa e sua casa pode ser vista como a primeira “igreja”, uma vez que este era o local onde os primeiros cristãos se reuniam.

Próximo a Cafarnaum está o Monte das Bem Aventuranças, onde Jesus proferiu o Sermão da Montanha. Lá celebramos missa,

Jairo albano Pereira

Catequista e especialista em inteligência Espiritual

DiáRio De BoRDo

exatamente sobre aquele chão sagrado. A vontade é de caminhar sem pisar nele, tal o respeito que invoca.

Também visitamos o Monte Tabor, onde Jesus se transfigurou na presença de dois dis-cípulos. Nova missa foi celebrada nesse local. Próximo dali está a cidade de Nazaré, onde viveu a Sagrada Família e nasceu a Virgem Ma-ria. Foram visitados vários santuários no local.

Não menos famosa é Caná, onde Jesus realizou seu primeiro milagre, transforman-do água em vinho. No local das bodas ainda encontra-se uma tina de pedra que era usada na entrada para que os convidados lavassem as mãos. Em Caná os casais peregrinos do nosso grupo renovaram os votos do matrimônio.

Beirando o rio Jordão chegamos a um local onde todos renovaram seu batismo, seguindo logo após para Jericó. Foi esta a primeira ci-dade da Canaã tomada pelo povo descendente de Abraão e comandado por Josué, sucessor de Moisés. Próximo dali, foram encontrados, em época recente (1950), documentos escritos no primeiro século depois de Cristo, os chamados Manuscritos do Mar Morto. Não muito distante está o Morro das Tentações, onde o demônio,

por três vezes, procurou persuadir Jesus.Agora, Jerusalém. Para que se tenha ideia,

Jerusalém possui mais de 200 igrejas, das mais variadas religiões. É uma das mais antigas cidades do mundo. Foram visitados o Monte das Oliveiras, que tem na sua base o Getsêmani, onde Jesus orou antes de sua prisão. Existem ali a Gruta da Traição, a Basílica da Agonia e a Capela Dominus Flevit.

Local de forte impacto emocional é a Igreja do Santo Sepulcro. Ali Jesus foi sepultado e ressuscitou no domingo de Páscoa. É um dos locais mais sagrados da cristandade. Visitou-se também a pedra sobre a qual esteve afixada a Cruz de Jesus, bem como a gruta que fica em-baixo dessa pedra. Há uma rachadura no teto pela qual, segundo se afirma, o sangue derra-mado escorreu alcançando o teto da gruta. Em Jerusalém percorreu-se a Via Crucis, por onde Jesus passou rumo ao Calvário.

Jesus nasceu em Belém, cidade próxima de Jerusalém. No local indicado como sendo onde estava a manjedoura há uma igreja bizantina aberta para visitação.

Após visitar todos estes locais e rememorar as diversas passagens bíblicas nos damos conta de como foi movimentada a vida pública de Jesus. E como foi produtiva! Nos ensinou uma nova maneira de amar ao Pai e criou uma Igreja que atravessa os séculos para nos mostrar fielmente o caminho que leva a este Pai. A fé é acreditar em tudo que é de Deus e Jesus se fez Homem para nos salvar.

Nosso guia espiritual foi o padre adimir lazzari, pároco da Catedral de Cascavel.

Basílica da anunciação, localizada em nazaré, no norte de israel

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Contelle assessoria de Comunicação

ele está voltando! Paulo Foiani é natu-ral de Santo André, São Paulo, mas foi

criado no Paraná, em Miraselva, no norte do estado. Já rodou o país jogando futebol e teve uma experiência enriquecedora fora do Brasil. Também passou por diversos clubes brasileiros como técnico e agora toda essa experiência vai fazer parte do comando do time profissional do Futebol Clube Cascavel.

O sentimento é de alegria não só por estar de volta ao Paraná, mas por retornar ao clube em que desempenhou um bom trabalho entre 2014 e 2015. “A minha passagem pelo FC foi vitoriosa, pois fomos campeões da divisão de acesso. E na primeira divisão fizemos uma boa campanha. Quando saí, permaneci acompanhando pelas redes sociais a evolução do clube. Sempre falava para minha esposa: um dia vamos voltar pra lá’, relembra Foiani.

Apaixonado pela bola desde criança, Paulo Foiani iniciou a carreira aos 15 anos, jogando pelo Londrina. Depois passou por Coritiba, Avaí, Chapecoense, Asa de Arapiraca, Guarani, Boa Esporte, entre outros. Times em que con-quistou diversos títulos. Além disso, também jogou fora do país, atuando no Hoa Phat do Vietnã. “Foi a maior experiência da minha vida. Nova cultura, outra língua. Aprendi muitas coisas”, comenta. Depois de uma tra-jetória sem muitos danos físicos, duas lesões musculares o fizeram antecipar um pouco a despedida como atleta, encerrando essa etapa aos 35 anos, no Operário Ferroviário Esporte Clube, de Ponta Grossa.

Técnico que levou FC Cascavel à elite do Campeonato Paranaense retorna ao clube, depois de trajetória de sucesso em outras equipes

ele voltouFC CasCavel

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E nesse mesmo clube surgiu a primeira oportunidade do outro lado da moeda. “A transição foi rápida, mas difícil. Foram 18 anos dentro de campo e quando chegou o momento de parar foi meio complicado. Mas me sinto privilegiado por Deus, pois logo recebi o convite para ser auxiliar técnico do Lio Evaristo, que me abriu as portas”, comenta, listando ainda outros clubes por onde passou como técnico e elencando as principais vitórias, como a conquista do acesso pelo Marcílio Dias (SC) em 2013; conquista do acesso pelo Futebol Clube Cascavel (PR) em 2014; conquista da vaga da Copa do Brasil pelo Juazeirense (BA) em 2015 e conquista da vaga da Copa do Brasil e série D pelo Sinop, em 2018.

Agora, as expectativas nessa nova fase

no FC Cascavel são alcançar o título da Taça

FPF este ano e conquistar a vaga na Copa do

Brasil em 2019. “Tenho que tirar o máximo

de cada atleta, trabalho muito e enquanto

minha equipe não realiza dentro de campo

as jogadas automaticamente não me dou

por satisfeito. Sei dividir bem os momentos

de bate-papo e os momentos de cobrança”,

detalha Foiani.

“Foiani foi um grande treinador em Cascavel. Deixou uma boa imagem com a torcida, com a cidade e com a diretoria da época, que inclusive nos sugeriu o nome dele. Está voltando para dar sequência ao trabalho que iniciou em 2014. Ele é marca-do aqui por ser um técnico vitorioso e que sabe trabalhar com a garotada”, elogia Valdinei Silva, presidente do FC Cascavel.

Foiani: “sempre falava para minha esposa: um dia vamos voltar pra lá”

Zana

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Subversão luteranaDo ex-monge católico que subverteu o mundo do século XVI à presença

luterana no Brasil, incluindo o movimento em defesa dos desapropriados por Itaipu

Heinz schmidt

PRoTesTanTes

36 | www.pitoco.com.br Pitoco

Já disse alguém ao vivo e em cores, em programa de tevê, que falta ao Brasil uma

dose cavalar de ética luterana. Não guardei o

nome do entrevistado, mas ficou a expressão

certeira, que cabe feito uma luva nestes tempos

de República da Mala, instituições avacalhadas

e elites políticas e econômicas reduzidas à sua

real e deprimente dimensão.

Se bem lembrado estou, o entrevistado

traçou um paralelo entre o Brasil de hoje - que

tem no seu DNA ideológico a corruptocracia

colonial lusitana e o Concílio de Trento - com

o norte da Europa, onde a Reforma Protestante

se impôs há 500 anos e moldou profundamente

o pensamento e atitudes da sociedade, incluin-

do a forma de governar e fazer política.

Foi o monge agostiniano alemão Mar-

tin Luther (1483-1543) a figura central do movimento religioso que no século XVI se

levantou contra abusos do clero, propondo uma reforma do cato-licismo romano. Lutero, como é referido no Brasil, começou cri-ticando duramente o comércio de indulgências - a “compra” do perdão de Deus via depósitos no caixinha eclesiástico. Essa dis-cordância inicial evoluiu para a publicação de suas famosas 95 Teses, em 1517, colocando em xeque diversos dogmas do catolicismo.

Como instituição nenhuma se autoreforma “por dentro” sem que haja efeitos colaterais sérios (que o diga Gorbachov, que implodiu a URSS quando pretendia apenas “reformar” o neostalinismo fossilizado), a coisa terminou em cisma. Lutero foi excomungado pelo papa leão X em 1521 e declarado fora--da-lei pelo imperador Carlos V, do Sacro Império Romano. A reforma subversiva tomou

rumo próprio dando ori-gem ao protestantismo, que da Alemanha se estendeu para a Suíça, França, países escan-dinavos, Países Baixos, Reino Unido e algumas áreas do Leste europeu.

A resposta da Igreja Católica foi uma espé-cie de AI-5 teológico, a Contrarreforma, mate-rializada no Concílio de Trento (1545-1563) para se contrapor às críticas dos protestantes, asse-gurar a unidade da fé e

manter a disciplina eclesiástica. As patrulhas doicodianas da Santa Inquisição foram rea-tivadas e a censura intelectual se expressou no Index Librorum Prohibitorum, índice de livros banidos que nenhum bom católico deveria ler.

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25 de maio de 2018 | 37Pitoco

O primeiro luterano a colocar os pés no

Brasil foi um certo Heliodoro Heobano,

filho de um amigo de Lutero. Veio em 1532 com

a esquadra de Martim Afonso de Sousa,

mas retornou logo depois à Europa. Protestan-

tes também chegaram a bordo das tentativas

francesas e holandesas de ocupação das terras

descobertas por Portugal, nos séculos XVI e

XVII. Mas foi só em 1824, após a chegada de

colonos suíços a Nova Friburgo (RJ), que o

luteranismo deitou raízes no Brasil. Fundada

em maio daquele ano, a comunidade evangélica

luterana pioneira teve no pastor Friedrich

Oswald Sauerbronn (1784-1864) seu pri-

meiro e importante guia espiritual. Ainda em

1824, assistidos pelo pastor Johann Georg

ehlers, imigrantes alemães chegados à colônia

de São Leopoldo (RS) formaram a primeira

comunidade luterana do Rio Grande do Sul.

De 1824 a 1914, sucessivos movimentos migratórios despejaram milhares de alemães principalmente nos três Estados do Sul, em São Paulo e no Espírito Santo. Onde quer que aportassem com suas Bíblias e hinários, os lu-teranos tratavam logo de instalar uma escola e construir uma igreja. Na falta de pastores com formação acadêmica - uma raridade que tinha de ser “importada” da Alemanha - valiam-se de professores ou de colonos com algum grau de instrução para presidir os ofícios religiosos.

No Brasil Império, com o catolicismo no

papel protagônico de religião oficial, os pro-

testantes eram tolerados, mas deviam exercer

sua fé de forma discreta. Nada de templos

com torres e sinos. A proibição só caiu com o

advento da República. Umbilicalmente ligado à

imigração alemã, o luteranismo enfrentou dura

intolerância durante as duas guerras mundiais.

Cultos na língua de Goethe foram proibidos,

centenas de escolas comunitárias fechadas e

pastores de nacionalidade teuta remetidos à

prisão. Isso se deu principalmente na época de

Vargas, “o pai dos pobres”, que depois de namo-

rar o nazi-fascismo resolveu trocar de camisa.

Estima-se em 1,2 milhão o número de lute-

ranos brasileiros. As principais denominações

da doutrina lançada por Lutero são a Igreja

Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

(IECLB), tida como igreja de imigração e ainda

hoje fortemente ligada à Alemanha, e a Igreja

Evangélica Luterana do Brasil (IELB), fundada

por missionários americanos no início do sécu-lo XX. Ambas têm sede em Porto Alegre. Não existe papa, e sim um pastor-presidente. São pelo menos quatro os estabelecimentos de nível superior para a formação de pastores luteranos no País; muitos, depois de quatro anos “puxa-dos”, complementam a formação teológica com mestrado e doutorado. O luteranismo mantém ainda instituições para a formação de outros obreiros e professores, editoras (de livros,

jornais e revistas) e uma ampla rede de escolas

em geral vinculadas às paróquias.

Já havia luteranos no Oeste do Paraná nas

primeiras décadas do século XX. Entre eles, o

cervejeiro e comerciante Christian Weirich,

pai de sete filhos, que antes de se estabelecer

em Foz do Iguaçu (onde virou nome de rua)

trabalhava com transporte de erva-mate nos

sertões à beira do Rio Paraná. A constituição

formal das primeiras paróquias deu-se no

início dos anos 1950, no bojo da colonização

promovida pela empresa Maripá. Um pastor

vindo de Erechim (RS) realizou em 1951 os

primeiros cultos em Toledo e na então vila de

General Rondon.

Luteranos são “diferentes”? Têm o que

se poderia definir como “um jeito luterano

de ser”? É possível, mas isso não impede que

dentro do rebanho haja visões teológicas que

vão de movimento semelhante ao da Renova-

ção Carismática Católica à Teologia da Liber-

tação. Também não impede que pastores, em determinadas situações, metam a colher em questões mundanas. Foi o que se viu no final dos anos 1970 e início da década seguinte, em plena “democradura”, quando religiosos da IECLB juntaram-se ecumenicamente com padres e bispos da Igreja Católica na luta em defesa dos desapropriados por Itaipu. Desse movimento emergiu uma liderança política, Gernote Kirinus, que trocou o púlpito de sua igreja no então distrito rondonense de Entre Rios pela tribuna da Assembléia Legislativa.

Licenciou-se da IECLB e elegeu-se deputado

estadual pelo MDB, em 1978, sendo reeleito

em 1982 e 1986.

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Cascavel (PR), sexta-feira, 25 de maio de 2018 Ano XXII - Nº 2148 | Clipping News Agência de Notícias

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« na laTinHa Wanderley Graeff e os colegas de profissão do rádio toledano, Paulo Simbiose Kryszczun José Heriberto.

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ColUna Do assinanTe

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No início dos anos 70, quando Itaipu foi planejada, imaginava-se um salto na produção de energia

e desenvolvimento do Brasil e do Paraguai. Mas nunca se imaginou que fosse possível produzir tanto.

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