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Atualidades Ornitológicas, 187, setembro e outubro de 2015 - www.ao.com.br 33 Avifauna na região dos contrafortes da Serra Geral, Mata Atlântica do sul de Santa Catarina, Brasil João Paulo Gava Just 1,3 , Rafael Spilere Romagna 1 , Jonas Rafael Rodrigues Rosoni 1,2 & Jairo José Zocche 1 A Mata Atlântica possui uma alta heterogeneidade de ambien- tes e micro-hábitats, e consequentemente, uma alta diversidade biológica (Myers et al. 2000). O histórico de intensa degradação na Mata Atlântica acabou fragmentando uma significativa por- ção deste bioma, o que levou ao declínio populacional de muitas espécies e algumas à extinção (Brooks et al. 2002). Por este mo- tivo, a criação de Unidades de Conservação e áreas interessantes do ponto de vista biológico se tornou urgente e imprescindível para a conservação das espécies remanescentes (Brooks et al. 1999, Olmos 2005). Com este propósito, Bencke et al. (2006) propuseram uma sé- rie de Important Bird Areas (IBAs) na Mata Atlântica do Brasil, as quais foram selecionadas usando critérios como número de espécies ameaçadas e/ou endêmicas do bioma. Na região sul do Brasil uma das áreas escolhidas foi denominada Região dos Apa- rados da Serra (RAS), localizada na divisa dos estados do Rio Grande do Sul - municípios de São Francisco de Paula e Maquiné - e Santa Catarina – município de Praia Grande até o município de Lauro Muller - e que se destaca por sua alta taxa de riqueza de espécies endêmicas da Mata Atlântica e ameaçadas de extinção (Bencke et al. 2006). Essa área fica inserida a formação Serra Geral, uma imponente cadeia de montanhas onde ainda se encontram remanescentes flo- restais significativos (Bencke et al. 2006). As informações acerca da avifauna desta região vêm sendo destacadas há algumas déca- das, mas ganharam maior representatividade com os inventários feitos por Belton (1994) no Rio Grande do Sul e Rosário (1996) em Santa Catarina. Após estes, outros estudos abrangeram a re- gião (Parker & Goerck 1997, Buzzetti 2002, Bornschein 2009a) ou parte dela (Bencke & Kindel 1999), o que culminou em cerca de 360 espécies registradas. Embora a RAS possa ser considerada de forma geral bem estu- dada em relação a sua avifauna (Bencke et al. (2006)), algumas localidades ainda não receberam a devida atenção. O presente es- tudo teve por objetivo ampliar o conhecimento ornitológico desta região, apresentando um inventário realizado em quatro muni- cípios do sul de Santa Catarina localizados nos sopés da Serra Geral. São destacados os registros obtidos nos limites da RAS e na Reserva Biológica Estadual do Aguaí e ainda, são discutidos alguns registros relevantes do ponto de vista conservacionista e de distribuição geográfica, bem como as ameaças locais e a im- portância desta região às aves. Material e Métodos Área de estudo A área de amostragem localiza-se no sul do estado de Santa Catarina e abrange cerca de 1.144,953 km², incluídos nos municí- pios de Nova Veneza, Siderópolis, Timbé do Sul e Morro Grande (Figura 1). A região fica inserida totalmente na Floresta Ombró- fila Densa, onde nas planícies predominavam as florestas de bai- xada que se interligavam diretamente com as florestas montanas, ISSN 1981-8874 9 771981 88700 3 7 8 1 0 0 Figura 1. Mapa representando o Brasil, estado de Santa Catarina e os municípios estudados: Siderópolis (Sdp), Nova Veneza (NVz), Morro Grande (MGr) e Timbé do Sul (TdS).

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Atualidades Ornitológicas, 187, setembro e outubro de 2015 - www.ao.com.br 33

Avifauna na região dos contrafortes da Serra Geral, Mata Atlântica do sul de Santa Catarina, Brasil

João Paulo Gava Just1,3, Rafael Spilere Romagna1, Jonas Rafael Rodrigues Rosoni1,2 & Jairo José Zocche1

A Mata Atlântica possui uma alta heterogeneidade de ambien-tes e micro-hábitats, e consequentemente, uma alta diversidade biológica (Myers et al. 2000). O histórico de intensa degradação na Mata Atlântica acabou fragmentando uma significativa por-ção deste bioma, o que levou ao declínio populacional de muitas espécies e algumas à extinção (Brooks et al. 2002). Por este mo-tivo, a criação de Unidades de Conservação e áreas interessantes do ponto de vista biológico se tornou urgente e imprescindível para a conservação das espécies remanescentes (Brooks et al. 1999, Olmos 2005).

Com este propósito, Bencke et al. (2006) propuseram uma sé-rie de Important Bird Areas (IBAs) na Mata Atlântica do Brasil, as quais foram selecionadas usando critérios como número de espécies ameaçadas e/ou endêmicas do bioma. Na região sul do Brasil uma das áreas escolhidas foi denominada Região dos Apa-rados da Serra (RAS), localizada na divisa dos estados do Rio Grande do Sul - municípios de São Francisco de Paula e Maquiné - e Santa Catarina – município de Praia Grande até o município de Lauro Muller - e que se destaca por sua alta taxa de riqueza de espécies endêmicas da Mata Atlântica e ameaçadas de extinção (Bencke et al. 2006).

Essa área fica inserida a formação Serra Geral, uma imponente cadeia de montanhas onde ainda se encontram remanescentes flo-restais significativos (Bencke et al. 2006). As informações acerca

da avifauna desta região vêm sendo destacadas há algumas déca-das, mas ganharam maior representatividade com os inventários feitos por Belton (1994) no Rio Grande do Sul e Rosário (1996) em Santa Catarina. Após estes, outros estudos abrangeram a re-gião (Parker & Goerck 1997, Buzzetti 2002, Bornschein 2009a) ou parte dela (Bencke & Kindel 1999), o que culminou em cerca de 360 espécies registradas.

Embora a RAS possa ser considerada de forma geral bem estu-dada em relação a sua avifauna (Bencke et al. (2006)), algumas localidades ainda não receberam a devida atenção. O presente es-tudo teve por objetivo ampliar o conhecimento ornitológico desta região, apresentando um inventário realizado em quatro muni-cípios do sul de Santa Catarina localizados nos sopés da Serra Geral. São destacados os registros obtidos nos limites da RAS e na Reserva Biológica Estadual do Aguaí e ainda, são discutidos alguns registros relevantes do ponto de vista conservacionista e de distribuição geográfica, bem como as ameaças locais e a im-portância desta região às aves.

Material e MétodosÁrea de estudo

A área de amostragem localiza-se no sul do estado de Santa Catarina e abrange cerca de 1.144,953 km², incluídos nos municí-pios de Nova Veneza, Siderópolis, Timbé do Sul e Morro Grande (Figura 1). A região fica inserida totalmente na Floresta Ombró-fila Densa, onde nas planícies predominavam as florestas de bai-xada que se interligavam diretamente com as florestas montanas,

ISSN 1981-8874

9 771981 887003 78100

Figura 1. Mapa representando o Brasil, estado de Santa Catarina e os municípios estudados: Siderópolis (Sdp), Nova Veneza (NVz), Morro Grande (MGr) e Timbé do Sul (TdS).

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inseridas em cânions íngremes com variações altitudinais de até 1400 m (IBGE 2012). Alguns ambientes florestais são represen-tados na Figura 2.

Atualmente os municípios estudados são caracterizados pelo predomínio de áreas destinadas à agricultura e silvicultura, prin-cipalmente cultivo de arroz irrigado e reflorestamento de espé-cies exóticas como Pinus spp. e Eucalyptus spp., campos antró-picos e áreas destinadas ao cultivo de monoculturas de sequeiro

predominam nas regiões de baixada, onde outrora existiam as flo-restas de baixada, que foram reduzidas a pequenos fragmentos. Ao contrário dos outros municípios, Siderópolis possui grandes áreas utilizadas para mineração de carvão a céu aberto (IBGE 2015). Os centros urbanos não abrangem uma ampla porção do território, uma vez que todos os municípios possuem menos de 14 mil habitantes (IBGE 2015). A Reserva Biológica do Aguaí (RBA, 28º38’56’’S, 49º40’21’’W - 7.682 ha) é a única Unidade

Figura 2. Ambientes encontrados na área de estudo. A) Floresta submontana na Reserva Biológica Estadual do Aguaí, Nova Veneza. B) Floresta altomontana na Serra da Rocinha, Timbé do Sul. C) Floresta submontana em Siderópolis, evidenciando áreas agrícolas e de silvicultura. D) Encostas da Serra Geral vistas da

Serra da Rocinha, Timbé do Sul. E) Barragem do Rio São Bento e encostas da Serra Geral ao fundo, Siderópolis. F) Cânions da Rebio do Aguaí vistos do planalto serrano, Siderópolis. Fotos: Rafael Romagna (A), João Paulo Gava Just (B e D), Itamar Colombo (C), Júnior Santos/Instituto Felinos do Aguaí (E e F).

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de Conservação que abrange a área estudada e está localizada nos municípios de Morro Grande, Nova Veneza, Siderópolis e Trevi-so. Foi criada em julho de 1983 com o objetivo de proteger os úl-timos remanescentes significativos de Floresta Ombrófila Densa na região sul de Santa Catarina (Santa Catarina 1983).

De acordo com a classificação climática de Köeppen o clima da região sul de Santa Catarina se enquadra no tipo Subtropical Úmido (Cf). Na área estudada ocorrem as duas variedades es-pecíficas desse tipo climático, Cfa e Cfb, onde Cfa (clima sub-tropical úmido, sem estação seca e verão quente) ocorre junto às planícies e às partes mais baixas das encostas da Serra Geral, enquanto que Cfb (clima temperado constantemente úmido, sem estação seca e com verão fresco) ocorre nas partes mais elevadas das encostas e no planalto serrano (Braga & Ghellere 1999).

Coleta de dadosAs amostragens da avifauna foram realizadas entre julho de

2012 e agosto de 2015, sendo essas focadas em ambientes flo-restais naturais, mas incluindo também áreas antrópicas. Foram coletados dados nos quatro municípios, cada qual sob diferentes métodos e esforços amostrais. Utilizaram-se redes-de-neblina para captura de espécimes em duas das áreas e os cálculos de esforço amostral seguem a proposição de Straube & Bianconi (2002).

1. Nova Veneza: Foi realizado um total de 75 visitas esporádi-cas - incluindo 12 noturnas - que abrangeram todas as estações e somaram 260 horas de campo. O gradiente altitudinal amostrado variou de 35 a 550 m de altitude. Na RBA foram feitas quatro campanhas de cinco dias cada, entre maio de 2013 e janeiro de 2014, as quais totalizaram 130 horas de busca ativa (ad libitum) e esforço de 43,200 h.m² de capturas com redes-de-neblina. Licen-ça de captura Sisbio nº 3558/1 e licença ambiental Fatma AuA n. 018/2012. O gradiente altitudinal amostrado nesta área variou de 230 a 550 m de altitude.

2. Siderópolis: Foram feitas 14 visitas esporádicas (ad libitum) - incluindo cinco noturnas - que somaram 78 horas e abrangeram todas as estações. O gradiente altitudinal amostrado variou de 65 a 520 m de altitude. Entre julho de 2012 e março de 2013 foram realizadas capturas com redes-de-neblina (32,256 h.m²) em um remanescente de floresta submontana localizado próximo à Sub Estação Elétrica Eletrosul (28°35.78”S, 49°24’11”W, 311 m). Li-cença de captura Sisbio n° 36971-1.

3. Timbé do Sul: Um total de cinco visitas - somente diurnas - utilizando busca ativa (ad libitum) foram realizadas na prima-vera e verão somando 21 horas de campo. O gradiente altitudinal amostrado variou de 110 a 970 m de altitude. Este foi o único município com amostragens na floresta altomontana, representa-da na Serra da Rocinha (28º48’16’’S, 49º56’06’’W, 800-970 m).

4. Morro Grande: Oito visitas - incluindo uma noturna - foram realizadas no inverno, primavera e verão. O método utilizado foi o de busca ativa (ad libitum) que totalizou em 38 horas de cam-po. O gradiente altitudinal amostrado variou de 55 a 300 m de altitude.

Sempre que possível buscou-se a documentação dos registros por meio de fotografias e gravações de vocalização, as quais foram arquivadas nos websites WikiAves (WA; www.wikiaves.com.br) e Xeno-canto (XC; www.xeno-canto.org). Alguns núme-ros tombo de arquivos depositados nessas bases de dados são ci-tados ao longo do texto. Ainda, espécimes encontrados mortos na área de estudo foram encaminhados à coleção de ornitologia do

Laboratório de Ornitologia da PUCRS. O número tombo destes espécimes são citados no Anexo 3.

No intuito de incrementar a lista de espécies buscou-se em li-teratura científica trabalhos com registros obtidos para a área de estudo. Para tanto, considerou-se Albuquerque (1983), Rosário (1996), Piacentini et al. (2006) e Bornschein (2009a). Em adição, foram visitadas as coleções ornitológicas do Museu de Ciências Naturais de Porto Alegre (MCN), do Laboratório de Ornitologia da PUCRS (MCP) e do Museu Anchieta de Ciências Naturais (sem acrônimo), todas localizadas na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Também foram considerados alguns registros disponibilizados em bases de dados online (e.g. WikiAves) ou disponíveis em arquivos particulares de terceiros.

Para verificar o status de conservação das espécies ameaçadas utilizou-se Consema (2011) em âmbito estadual, MMA (2014) em âmbito nacional e IUCN (2014) em âmbito global. As espé-cies endêmicas da Mata Atlântica foram verificadas em Moreira--Lima (2013) e a nomenclatura taxonômica segue o Comitê Bra-sileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2014).

ResultadosUm total de 300 espécies pertencentes a 66 famílias foram re-

gistradas em campo (Tabela 1) e 97% das espécies foram do-cumentadas (Anexo 1). Quatro espécies são ameaçadas global-mente, duas nacionalmente, nove em Santa Catarina e 66 são endêmicas da Mata Atlântica (Anexo 1). Nas coleções das ins-tituições visitadas foram encontrados 43 indivíduos de 36 espé-cies (Anexo 3). Nos registros adicionais, 15 são de literatura e oito de registros de terceiros (Anexo 2). Os registros oriundos de literatura são representados apenas por observações e registros auditivos, enquanto os de terceiros são todos documentados com fotografias. Dentre as espécies adicionadas por literatura, Morph-nus guianensis citada em Albuquerque (1986) e Phylloscartes di-fficilis citada em Bornschein (2009a) são ameaçadas de extinção em Santa Catarina. Desse modo, se somados todos os métodos, chega-se a uma riqueza de 320 espécies para a área de estudo.

Registros de interesse biogeográficoCallonetta leucophrys: Foram obtidos três registros em Nova

Veneza. Em 4 de outubro de 2014 um casal foi fotografado (Figu-ra 3A e WA-1476096) em um arrozal na localidade de São Bento Alto (28º40’54.57’’S, 49º31’29.09’’W, 54 m). No dia 5 de maio de 2015 uma fêmea adulta encontrada atropelada em São Ben-to Alto foi depositada na coleção do Laboratório de Ornitologia da PUCRS (ainda não tombada, número de entrada #5096). No mesmo dia em que o indivíduo foi encontrado atropelado uma visita foi feita à localidade do primeiro registro supracitado e 10 indivíduos foram fotografados (WA-1690731 e WA-1690729) junto de 24 indivíduos de Anas flavirostris em uma lagoa arti-ficial (28º40’57.03’’ S, 49º31’39.41’’ O, 56 m). Há somente um registro em literatura para Santa Catarina (Just & Botelho 2013) e no WikiAves constam registros para Laguna (WA-585707), La-ges (WA-1689784), Joinville (WA-1702678) e Santo Amaro da Imperatriz (WA-1115795).

Buteo swainsoni: Em 23 de dezembro de 2014 um juvenil mor-fo claro foi fotografado (WA-1556269) sobrevoando próximo à área central (28º38’26.00’’S, 49º29’36.02’’W, 135 m) de Nova Veneza, junto a um grupo de Cathartes aura. Em Santa Catari-na são poucos os registros em literatura deste migrante. Existem observações não documentadas para os municípios de Porto Belo

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(Bornschein & Arruda 1991), Itapema (Carrano et al. 2001) e Ermo (Piacentini et al. 2006). Há ainda no WikiAves um registro proveniente de Santo Amaro da Imperatriz (WA-1531922).

Porzana flaviventer: Em 14 de abril de 2014 um adulto foi fotografado (Figura 3C) em um arrozal (28º40’46.63’’S, 49º32’13.12’’O, 59 m) na localidade de São Bento Alto, Nova Veneza. Havia somente um registro anterior em Santa Catarina: um espécime (FURB-10936) proveniente de um arrozal no mu-nicípio de Rodeio e depositado na Universidade Regional de Blu-menau (Rupp et al. 2008).

Bubo virginianus: Obtivemos três registros em Nova Veneza. Em um remanescente de floresta de terras baixas (28º40’58.2’’S, 49º32’10.18’’W, 66 m), localidade de São Bento Alto, em 1 de julho de 2014, um casal foi observado e suas vocalizações gra-vadas (XC-184676), e em 23 de dezembro de 2014 um indivíduo foi fotografado (Figura 3D). Em 25 de agosto de 2014 um indiví-duo foi ouvido em um remanescente de floresta de baixada próxi-mo a área central do município (28º39’18.01’’S, 49º30’59.82’’W, 80 m). Embora haja somente dois registros publicados para Santa Catarina (Alves & Pozenato 2013, Piacentini et al. 2006), temos

Figura 3. Registros relevantes obtidos na área de estudo, todos oriundos de Nova Veneza. A) Callonetta leucophrys em arrozal na localidade de São Bento Alto. B) Penelope superciliaris em floresta submontana na Reserva Biológica do Aguaí. C) Porzana flaviventer em arrozal na localidade de São Bento Alto. D) Bubo

virginianus pousado em coqueiro (Syagrus rommanzoffiana) na localidade de São Bento Alto. E) Nonnula rubecula em floresta submontana na Linha Pazzetto. F) Tangara peruviana em pomar na área urbana de Nova Veneza. Fotos por Rafael Spilere Romagna (A, B, D, F) e João Paulo Gava Just (C, E).

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encontrado a espécie regularmente em outras florestas de baixada no sul de Santa Catarina (e.g. municípios de Morro da Fumaça, Araranguá, Sombrio e Içara).

Antrostomus sericocaudatus: Em 21 de agosto de 2013 um in-divíduo teve sua vocalização gravada (XC-146264) em floresta submontana (28º38’32.49’’S, 49º28’12.85’’W, 173 m) nas proxi-midades da área central de Nova Veneza. Em 12 de maio e 30 de outubro de 2014 dois indivíduos foram encontrados em atividade de vocalização na mesma localidade. Até meados de 2007 não existiam registros confirmados desta espécie para Santa Catarina e tampouco para a Floresta Ombrófila Densa do sul do Brasil (Rupp et al. 2009), sendo estes apresentados aqui os primeiros para o sul do estado.

Merulaxis ater: Endêmica da Mata Atlântica e quase ame-açada globalmente. No dia 2 de agosto de 2015 um indivíduo teve sua vocalização gravada (XC-265974) em floresta montana (28º33’56.52’’ 49º35’47.86’’, 450 m) na localidade de São Pe-dro, Siderópolis. Anteriormente o limite meridional de distribui-ção desta espécie era o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Albuquerque & Brüggemann 1996). A distribuição da espécie é estendida cerca de 100 km ao sul.

Nonnula rubecula: Em 20 de outubro de 2012 três indivíduos foram observados e um deles fotografado (Figura 3E) em floresta submontana (28º42’16.07’’S, 49º37’45.96’’W, 169 m) na locali-dade de Linha Pazzetto, Nova Veneza. Em 29 de junho de 2013 a vocalização de um indivíduo foi gravada (XC-178311) na mesma localidade. Em 16 de dezembro de 2014 um indivíduo foi foto-grafado (WA-1548609) em floresta submontana (28º47’22.85’’S, 49º40’54.62’’W, 93 m) na localidade de Rio do Meio, Morro Grande. No dia 22 de agosto de 2015 um indivíduo foi ouvido na mesma localidade do registro anterior. Anteriormente o limite meridional de distribuição desta espécie era o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Albuquerque & Brüggemann 1996). Cerca de 130 km ao sul são incrementados ao limite anterior de ocor-rência desta espécie.

Baryphthengus ruficapillus: Em 27 de março de 2013 um adulto foi fotografado (WA-1285653) em floresta submontana (28º41’34.62’’S, 49º36’18.62’’W, 249 m) na localidade de Mor-ro Redondo, Nova Veneza. Em 5 de janeiro de 2015 um indiví-duo respondeu a playback em floresta montana (28º49’38.56’’S, 49º54’43.40’’W, 430 m) nas redondezas da cachoeira da Cortina, Timbé do Sul. No dia 2 de agosto de 2015 um de três indivíduos teve sua vocalização gravada (XC-266768) em floresta montana (28º33’56.75’’ 49º35’47.86’’, 477 m) na localidade de São Pe-dro, Siderópolis. No dia 9 de agosto de 2015 quatro indivíduos foram ouvidos e dois deles tiveram suas vocalizações gravadas (XC-267116) na localidade do registro anterior. Anteriormente o limite sul de distribuição desta espécie no Brasil era representa-do pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Albuquerque & Brüggemann 1996). Com os registros aqui apresentados, o limite sul é aumentado cerca de 150 km.

Ilicura militaris: Endêmica da Mata Atlântica. Em 25 de junho de 2013 uma fêmea foi capturada em rede-de-neblina, anilhada (C91026) e fotografada na RBA em Nova Veneza. Em 3 de ja-neiro de 2015 uma fêmea foi fotografada (WA-1566630) na bor-da de uma floresta submontana na barragem do Rio São Bento, Siderópolis. No dia 2 de agosto de 2015 um macho adulto foi observado em floresta submontana (28º33’55.10’’ 49º35’46.15’’, 256 m) na localidade de São Pedro, Siderópolis. No dia 30 de agosto de 2015 um indivíduo foi ouvido em floresta submontana

(28º32’56.93’’S, 49º36’35.08’’W, 342 m) na trilha dos Tropeiros, Siderópolis. Uma vez que anteriormente o limite sul confirmado de ocorrência desta espécie era o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Albuquerque & Brüggemann 1996), sua distribuição ao sul é aqui aumentada em cerca de 120 km.

Phacellodomus ferrugineigula: Endêmica da Mata Atlânti-ca. Em 16 de outubro de 2013 um adulto foi fotografado (WA-1123231) e teve sua vocalização gravada (XC-151602) em borda de um fragmento de floresta de baixada (28º43’47.43’’S, 49º37’13.27’’W, 35 m) na Linha Minerva, Nova Veneza. Em 24 de dezembro um juvenil foi fotografado (WA-1557199) na mesma localidade. Essa espécie foi incluída na lista de aves de Santa Catarina por meio de bibliografia genérica sem localidade especificada (Rosário 1996). Após isso foram feitos registros nos municípios de Jacinto Machado (Minns et al. 2010) e por meio do WikiAves em Balneário Rincão e Laguna. Documentamos a espécie ainda em Criciúma (WA-1523573) e Forquilhinha (WA-1423736).

Registros de interesse conservacionistaTinamus solitarius: Espécie endêmica da Mata Atlântica, quase

ameaçada globalmente e vulnerável em Santa Catarina. É bem conhecida pela população local, uma vez que sua carne é mui-to apreciada. Diversos registros auditivos foram obtidos entre novembro de 2014 e janeiro de 2015 em floresta submontana e montana (28º49’38’’S, 49º54’43’’W, 340-465 m) nas redonde-zas da cachoeira da Cortina, e em floresta montana (28º49’02’’S, 49º56’11’’W, 420-500 m) na Serra da Rocinha, Timbé do Sul. No dia 9 de agosto de 2015 um indivíduo foi ouvido em flores-ta montana (28º33’56.75’’ 49º35’47.86’’, 430 m) na localidade de São Pedro, Siderópolis. No dia 30 de agosto de 2015 alguns indivíduos foram ouvidos em floresta submontana e montana (28º33’11.15’’S, 49º35’27.34’’W, 280-410 m) na trilha dos Tro-peiros, Siderópolis; uma gravação de vocalização foi feita (XC-277175).

Penelope superciliaris: Vulnerável em Santa Catarina. Em 12 de Agosto de 2013 um adulto foi fotografado (Figura 3B) em floresta submontana (28º38’56.79’’S, 49º40’20.39’’W, 306 m) na RBA, Nova Veneza. Em 7 de novembro de 2013 um ban-do de cinco indivíduos foi observado e um deles fotografado (WA-1196027) em uma floresta secundária (28º51’50.29’’S, 49º52’29.23’’W, 150 m) na Linha Figueira Fortuna, Timbé do Sul. Em 16 de dezembro de 2014 dois indivíduos foram ob-servados em borda de floresta submontana (28º47’26.19’’S, 49º40’53.50’’W, 101 m) em Rio do Meio, Morro Grande. Em 26 de março de 2015 um indivíduo adulto foi fotografado em flo-resta submontana (28º38’34.28’’S, 49º28’13.62’’W, 166 m) nas proximidades da área central de Nova Veneza. Em 5 de abril de 2015 um adulto foi fotografado em borda de floresta submontana (28º36’18.10’’S, 49º35’02.55’’W, 197 m) na estrada da Gruta, Siderópolis. Esta espécie é muito apreciada como caça por mo-radores locais.

Spizaetus tyrannus: Vulnerável em Santa Catarina. Em 28 de junho de 2013 um par sobrevoando foi observado e teve sua vo-calização gravada (XC-141220) em uma área de floresta mon-tana (28º39’13.79’’S, 49º40’48.75’’W, 631 m) na RBA, Nova Veneza. Em 15 de novembro de 2014 um adulto foi observado e sua vocalização ouvida em floresta altomontana (28º48’13.66’’S, 49º56’40.84’’O, 878 m) na Serra da Rocinha, Timbé do Sul. No dia 30 de agosto de 2015 um indivíduo foi fotografado (WA-

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1816173) sobrevoando floresta submontana (28º33’03.24’’S, 49º36’09.65’’W, 314 m) na trilha dos Tropeiros, Siderópolis; duas horas depois um par foi observado próximo à esta locali-dade.

Spizaetus melanoleucus: Em perigo em Santa Catarina. No dia 30 de agosto de 2015 um indivíduo teve sua vocalização gravada (XC-277179 e XC-277180) em floresta montana (28º33’05.47’’S, 49º36’51.27’’W, 515 m) na trilha dos Tropeiros, Siderópolis, pró-

Figura 4. A) Botaurus pinnatus em Morro Grande; B) Pulsatrix koeniswaldiana em Nova Veneza; C) Penelope superciliaris em Timbé do Sul; D) Phacellodomus ferrugineigula em Nova Veneza; E) Fluvicola nengeta em

Timbé do Sul e F) Spizaetus ornatus em Nova Veneza. Fotos: João Paulo Gava Just (A, B, D, F) e Gilberto Botelho (C, E).

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xima aos limites da RBA. Este é o primeiro registro da espécie na região sul de Santa Catarina.

Spizaetus ornatus: Criticamente ameaçada em Santa Cata-rina. Em 17 de novembro de 2013 um adulto foi fotografa-do (WA-1158364) sobrevoando uma área de floresta montana (28º38’10.81’’S, 49º40’24.77’’W, 515 m) na RBA, Nova Veneza. No dia seguinte e em 11 de janeiro de 2014 um adulto - prova-velmente o mesmo indivíduo - foi observado nas proximidades do registro anterior. No dia 9 de agosto de 2015 um indivíduo foi ouvido em floresta montana (28º33’57.89’’ 49º35’48.46’’, 510 m) na localidade de São Pedro, Siderópolis.

Triclaria malachitacea: Endêmica da Mata Atlântica, quase ameaçada globalmente e vulnerável em Santa Catarina. No dia 28 de março de 2015, em área de floresta submontana contínua (28º41’04.22’’S, 49º46’38.56’’O, 351 m), localidade de Três Barras, Morro Grande, um indivíduo foi observado em voo en-quanto emitia sua característica vocalização. No mesmo dia um bando foi escutado a longa distância nas proximidades da pri-meira localidade. No dia 9 de agosto de 2015 dois indivíduos foram observados e ouvidos em floresta montana (28º33’57.89’’ 49º35’48.46’’, 510 m) na localidade de São Pedro, Siderópolis. A espécie é bem conhecida por caçadores - chamada de “ca-nhãtaim” - e mateiros da região, os quais relataram a presença da espécie nos quatro municípios estudados.

Saltator fuliginosus: Endêmica da Mata Atlântica e vulnerável em Santa Catarina. Em 5 de fevereiro de 2013 um indivíduo teve sua vocalização gravada (XC-207018) em floresta submontana (28°35’58.78”S, 49°24’11.87”W, 305 m) próxima à Sub Estação Elétrica Eletrosul, Siderópolis. O único registro obtido em todo esse tempo de amostragem sugere que suas populações provavelmen-te tenham declinado localmente como já ocorreu em outras áreas (IUCN 2014), uma vez que é muito apreciada como ave de gaiola por caçadores da região, os quais relatam certa abundância antiga-mente. A espécie é conhecida regionalmente por “bico-de-pimenta”.

Tangara peruviana: Endêmica da Mata Atlântica e vulnerá-vel em âmbito global e nacional e em perigo em Santa Catari-na. Três registros foram obtidos em pomares (28º38’35.73’’S, 49º30’08.39’’O, 57 m e 28º38’02.06’’S e 49º30’07.84’’O, 61 m) na área urbana central de Nova Veneza. Uma fotografia foi feita em 16 de julho de 2013 (Figura 3F), outra em 15 de agosto de 2013 (WA-1055700) e em 17 de julho de 2015 um indivíduo foi observado.

Sporophila frontalis: Endêmica da Mata Atlântica e vulnerá-vel em âmbito global, nacional e em Santa Catarina. No dia 14 de abril de 2013 uma fêmea foi coletada em floresta submontana (28°35’58.78”S, 49°24’11.87”W, 305 m) próxima à Sub Estação Elétrica Eletrosul, Siderópolis e foi depositada (MCP-3760) no Laboratório de Ornitologia da PUCRS. Em 16 de outubro de 2013 um bando de mais de 20 indivíduos foi observado em um fragmen-to de floresta submontana (28º43’56.41’’S, 49º35’36.90’’O, 75 m) com frutificação de Merostachys sp. (Poaceae) na localidade de Araçá, Nova Veneza. Nessa ocasião um macho teve sua vocaliza-ção gravada (XC-186267). Em 25 de novembro de 2013 um bando de mais de 25 indivíduos foi observado na borda de um capoei-rão (28º38’01.58’’S, 49º31’33.80’’W, 108 m) com frutificação de bambus em São José, Nova Veneza. Ainda, entre 24 de dezembro de 2014 e 3 de fevereiro de 2015, na localidade de São Francisco, Nova Veneza, dois indivíduos foram registrados em touceiras de bambu em frutificação localizada em uma área de pastagem com alguns elementos arbóreos que formavam uma área com cobertura

fechada no dossel (28º42’38.05’’S, 49º39’07.17’’W, 116). Embora um dos indivíduos se aproximasse prontamente ao playback, ne-nhuma evidência de reprodução foi encontrada. Uma fotografia (WA-1557245) e uma gravação de vocalização (XC-208114) fo-ram obtidas para documentação deste registro.

DiscussãoRiqueza

De forma geral o total de espécies registradas representa 16% da avifauna conhecida para o Brasil (CBRO 2014), 50% da avi-fauna de Santa Catarina considerando-se a desatualizada lista de Rosário (1996) e 35% da avifauna da Mata Atlântica (Moreira--Lima 2013). Ainda, a atualização de inventários é destacada se compararmos os dados aqui obtidos com a última lista da avi-fauna da região sul de Santa Catarina (Bege & Marterer 1991), a qual relatou 238 espécies. Com os adendos deste estudo a região sul de Santa Catarina conta com 370 espécies, contudo, este nú-mero ainda não representa a real riqueza da área, que atualmente possui registros confirmados de ocorrência de cerca de 500 espé-cies (João Paulo Gava Just, obs. pess.).

Também adicionamos 32 espécies anteriormente não regis-tradas nos limites territoriais da RBA, sem considerar o entorno (Bornschein 2009a), o que soma atualmente 157 espécies para esta Unidade de Conservação. Levando-se em consideração os registros aqui apresentados, obtidos nas proximidades desta Uni-dade de Conservação, fica evidente a chance de se ampliar a lista e a necessidade de continuidade do inventário.

Nas áreas aqui estudadas a disparidade entre o esforço amos-tral despendido refletiu significativamente na riqueza obtida para cada uma delas. Por exemplo, o fato de JPGJ e RSR, coautores deste estudo, residirem no município de Nova Veneza facilitou a obtenção de registros fora de excursões ornitológicas, o que am-pliou consideravelmente a lista. Não obstante, pela similaridade fitogeográfica entre as áreas (IBGE 2012) e a sua localização de forma contígua, grande parte das espécies pode ser compartilha-da entre as áreas estudadas.

Por fim, a lista ora apresentada certamente não é definitiva. Ou-tras espécies citadas para a região sul catarinense (e.g. Rosário 1996, Bornschein 2009a) podem ser encontradas com maior esforço amos-tral despendido, como Trogon rufus, Hemitriccus obsoletus e Ortho-gonys chloricterus. Ainda, algumas espécies que tinham o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro como limite sul de distribuição foram encontradas em nossa área de estudo e devido à similaridade fitoge-ográfica entre as áreas (IBGE 2012), outras podem ter seu limite me-ridional ampliado, como Glaucidium minutissimum, Dysithamnus stictothorax, Piprites chloris e Myiothlypis rivularis.

ComposiçãoNos isolados e diminutos fragmentos de Florestas de Terras

Baixas a frequência de espécies com sensibilidade ambiental é notavelmente mais baixa, ainda que métodos para acessar índices de abundância não tenham sido utilizados. Uma série de estu-dos realizados em fragmentos de Mata Atlântica no sul do Brasil corroboram estas observações (e.g. Soares & Anjos 1999, Anjos 2006), uma vez que espécies de aves que evoluíram em florestas contínuas não possuem capacidades ecológicas para se adaptar à fragmentação (Gimenes & Anjos 2003). Nestes ambientes são frequentes espécies florestais mais generalistas, como Leptotila verreauxi, Basileuterus culicivorus, Tolmomyias sulphurescens e Tachyphonus coronatus.

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Figura 5. A) Chauna torquata em Nova Veneza; B) Ciconia maguari em Nova Veneza; C) Amblyramphus holosericeus em Nova Veneza; D) Cichlocolaptes leucophrus em Morro Grande; E) Ilicura militaris em Nova Veneza e F) Sporophila frontalis em Nova Veneza. Fotos: Rafael Romagna (A, C, E) e João Paulo Gava Just (B, D, F).

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Em direção as florestas de relevos mais íngremes, como a Flo-resta Submontana, a cobertura florestal ainda se encontra com maior conectividade (Vibrans et al. 2013). Nestas formações espécies de maior sensibilidade ambiental (Gimenes & Anjos 2003) já são registradas na área de estudo, a exemplo de Pas-seriformes endêmicos da Mata Atlântica, como Dendrocincla turdina, Xiphorhynchus fuscus, Philydor atricapillus, Pyriglena leucoptera e aves de rapina como Harpagus diodon e Pulsatrix koeniswaldiana.

No sopé das encostas da Serra Geral predominam as Flores-tas Montanas, a qual, das florestas amostradas, é a que detém maior conectividade e melhor estado de conservação, como já era de se esperar, devido ao seu relevo íngreme e de difícil aces-so (Vibrans et al. 2013). Por isso, a avifauna encontrada nestas formações ainda é composta por espécies de alta sensibilidade ambiental, como o psitacídeo Triclaria malachitacea, os cotingí-deos Procnias nudicollis, Carpornis cucullata, aves de rapina de grande porte como os gaviões do gênero Spizaetus e frugívoros de grande porte como Tinamus solitarius, Penelope superciliaris e Odontophorus capueira.

Já nas áreas agrícolas adjacentes às florestas, a avifauna é composta, sobretudo, por espécies generalistas e de ampla dis-tribuição no Brasil (Sick 1997). Nas pastagens são frequentes onívoros como Vanellus chilensis, Bubulcus ibis, Theristicus caudatus, Machetornis rixosa e Anthus lutescens, enquanto nos sequeiros ocorrem em maioria espécies granívoras, como Columbina talpacoti, Sicalis flaveola, Volatinia jacarina e Mo-lothrus bonariensis. Amblyramphus holosericeus e Fluvicola nengeta potencialmente utilizaram estes ambientes para colo-nizar a região recentemente, visto que a primeira era restrita as formações litorâneas catarinenses (Bege & Marterer 1991) e a última está em constante expansão no leste do Brasil (Straube et al. 2007).

Nos arrozais são frequentes espécies paludícolas, principal-mente garças (Ardeidae), maçaricos-pretos (Threskiornithidae) e os pássaros pretos (Icteridae) Sturnella superciliaris e Chry-somus ruficapillus. Em menor proporção, ocorrem marrecas (Anatidae) - principalmente Dendrocygna viduata e Amazonetta brasiliensis - e saracuras (Rallidae) - e.g. Pardirallus nigricans. Como ocorreu nas áreas agrícolas secas, algumas espécies ante-riormente típicas do litoral de Santa Catarina (Bege & Marterer 1991) parecem ter usado os arrozais para colonizar a região re-centemente, dentre elas: Chauna torquata, Mycteria americana, Ciconia maguari, Rostrhamus sociabilis e Circus buffoni.

Em relação às expansões de distribuição geográfica aqui re-latadas, tanto a degradação de áreas florestais quanto a de áreas úmidas naturais podem explicá-las. Sendo que no primeiro caso permite espécies de áreas abertas colonizarem ambientes flores-tais degradados (Willis 1991), enquanto que no segundo caso for-ça espécies dependentes de áreas úmidas a procurarem por novos ambientes, como por exemplo, os arrozais (Acosta et al. 2010).

Ameaças e importância Os extensos ambientes florestais que predominavam na re-

gião foram modificados gradativamente desde a chegada dos colonizadores. Devido ao seu relevo plano, as florestas de bai-xada foram reduzidas a fragmentos isolados em meio a matrizes agropecuárias, onde ainda resistem alguns endemismos da Mata Atlântica, como a ameaçada Phylloscartes kronei. As florestas em melhor estado de conservação ficaram localizadas, sobretu-

do, onde o relevo íngreme dificultou o processo de mecaniza-ção agrícola e urbanização. Contudo, essa condição não impede que tais áreas sejam utilizadas em menor escala para cultivo de Pinus spp. e Eucalyptus spp., caça de animais silvestres, extra-ção de madeira (e.g. canelas, Ocotea spp.) e retirada de palmito (Euterpe edulis).

Embora nenhuma extinção local tenha sido relatada na litera-tura, não registramos algumas espécies típicas da Mata Atlân-tica que possuem ocorrência em nossa área de estudo (IUCN 2014, Birdlife International 2015), como Aburria jacutinga, Crypturellus noctivagus e Selenidera maculirostris, localmente conhecidas como “jacutinga”, “jaó” e “tucaniçu”, respectiva-mente. Os caçadores locais as citam como espécies encontradas regularmente há 20 anos e muito apreciadas como caça. Ainda, Morphnus guianensis, espécie criticamente ameaçada em Santa Catarina, foi observada em Siderópolis por Albuquerque (1983) em 1980 e em Grão Pará em 2006, sendo que este último fica cerca de 50 km ao norte da nossa área de estudo, sugerindo uma possível permanência da espécie localmente (Albuquerque et al. 2006).

O status de Aburria jacutinga é um tanto mais preocupante que os demais, uma vez que já é considerada provavelmente extinta em uma significativa porção de sua área de ocorrência original (Silveira & Straube 2008, IUCN 2014, Birdlife Interna-tional 2015). As populações naturais remanescentes mais pró-ximas da área são o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro na Grande Florianópolis (Birdlife International 2015) e a Reserva Biológica da Serra Geral no nordeste do Rio Grande do Sul (G. Bencke in litt.). Outras espécies que sofrem localmente devido à caça são Penelope superciliaris, Ortalis squamata, Cryptu-rellus obsoletus e Tinamus solitarius, localmente conhecidas como “jacu-pequeno”, “arancuã”, “inhambu-grande” e “macu-co”, respectivamente.

Contudo, mesmo após drásticas alterações na paisagem origi-nal, esta região é considerada de extrema importância biológica e prioritária para a conservação dos recursos naturais do Brasil (PROBIO 2003). Na Serra Geral, as encostas locais ou circun-dantes estão inseridas em um extenso corredor de áreas protegi-das e importantes para a conservação (Bencke et al. 2006). Na área estudada está a Reserva Biológica do Aguaí, relativamente conhecida do ponto de vista ornitológico (Bornschein 2009a), mas com notável possibilidade de ampliação de dados. Mais ao sul, na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina está o Parque Nacional de Aparados da Serra e a Reserva Biológica da Serra Geral, ambos satisfatoriamente conhecidos do ponto de vis-ta ornitológico (e.g. Parker & Goerck 1997, Buzzetti 2002). Já ao norte, fora da RAS, nos municípios catarinenses de Urubici, Grão Pará e Orleans, situam-se lado a lado o Parque Nacional de São Joaquim e o Parque Estadual da Serra Furada, que também são consideradas áreas importantes na Mata Atlântica e pouco conhecidas em relação às suas aves (Bencke et al. 2006, Borns-chein 2009b).

Esperamos que o presente estudo subsidie dados para propos-tas de manejo e estudos de impacto ambiental para implemen-tação de empreendimentos na região e, ainda, que incentive a produção de novos inventários ornitológicos nestas áreas acima referidas, principalmente aquelas pouco exploradas. Toda a ex-tensão das encostas da Serra Geral pode ser cenário para desco-bertas ou redescobertas acerca da avifauna da Mata Atlântica do sul do Brasil.

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AgradecimentosAgradecemos aos moradores locais que nos permitiram o aces-

so em propriedades particulares e compartilharam informações pessoais, principalmente Clésio Sartor, Ricardo Aléssio Mondar-

do, Devir Vassoler e família, João “Joanim” Lavezzo, Jocir Lave-zzo, Dilso “Dilsão” Mondardo, Valdir Sávio e Joaquim Lorenzo-ni. A Bianca Maximo, Bento T. L. Júnior, Ana Paula S. Ribeiro e Gilberto J. Botelho pela companhia em campo. A este último por

Figura 6. A) Três indivíduos de Anas flavirostris e uma fêmea de Callonetta leucophrys em Nova Veneza; B) Aphantochroa cirrochloris em Timbé do Sul; C) Knipolegus cyanirostris em Timbé do Sul; D) Anabacerthia amaurotis em Nova Veneza; E) Lanio melanops em

Nova Veneza e F) Xiphocolaptes albicollis em Nova Veneza. Fotos: João Paulo Gava Just (A) e Rafael Romagna (B, C, D, E, F).

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permitir utilizar suas fotografias para documentação de algumas espécies. Ao pessoal dos campos na REBIO do Aguaí, princi-palmente Ivan R. Viana e Ricardo D. Colvero que auxiliaram na amostragem da avifauna. A Bianca Vieira, Fernando Carvalho e Leonardo R. Deconto por fornecerem dicas relevantes . Aos cura-dores e a equipe das coleções visitadas (MCP, MCN e Museu Anchieta). A Glayson A. Bencke por informar sobre o registro de A. jacutinga. A. F. Carvalho pela confecção do mapa. A Alexan-dre Bianco e José Carlos dos Santos Júnior (Instituto Felinos do

Aguaí) por permitirem citar seus registros pessoais. A este último e também Itamar Colombo por disponibilizarem suas fotografias. À FATMA e ao chefe da REBIO do Aguaí, Aurélio J. de Aguiar, pelas licenças concedidas. À FAPESC pelo suporte financeiro através do projeto “Inventário da fauna de vertebrados (Herpe-tofauna, Avifauna e Mastofauna) da Reserva Biológica Estadual do Aguaí”, chamada pública 02/2012 “Valorização da Biodiver-sidade Catarinense”. Ao PIBIC e PIC170/UNESC pelas bolsas de estudo fornecidas a JPGJ, JRRR e RSR, coautores deste trabalho.

Figura 7. Espécies capturadas na Reserva Biológica do Aguaí, Nova Veneza. A) Rhopias gularis; B) Veniliornis spilogaster; C) Leptotila rufaxilla; D) Tangara seledon; E) Attila rufus; F) Heliobletus contaminatus; G) Philydor atricapillus; H) Phaethornis eurynome. Fotos: Rafael Spilere Romagna.

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1Laboratório de Ecologia de Paisagem e de Vertebrados, Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc),

Av. Universitária, Criciúma-SC, Brasil. 2Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal,

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Av. Roraima, Santa Maria, RS, Brasil.

3E-mail para correspondência: [email protected]

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Tabela 1. Relação da riqueza exclusiva de espécies registradas em cada município1-4 e nas áreas de interesse conservacionista5,6 de acordo com cada método. *Registros adicionais - dados obtidos em literatura, museu ou em arquivo pessoal de terceiros, referentes ao Anexo 2 e 3.

Anexo 1. Lista de espécies registradas em campo em quatro municípios localizados na região da Serra Geral, sul de Santa Catarina, Brasil. ATL: Espécie endêmica da Mata Atlântica. 1Municípios: NVz - Nova Veneza, Sdp - Siderópolis, TdS - Timbé do Sul e MGr - Morro Grande. 2Ambiente: aq - ambiente aquático, ca - pastagens/áreas agrícolas secas, cp - capoeira/floresta secundária, am - floresta altomontana, mo - floresta montana, sm - floresta submontana, az - arrozal, e au - área urbana. 3Registro: f - fotografia, g - gravação de voz, o - observação, r - captura em rede, v - vocalização. 4Localidades: RAS - espécies registradas nos limites da Região dos Aparados da Serra, RBA - espécies registradas nos limites da Reserva Biológica Estadual do Aguaí. 5Conservação: Nt - quase ameaçada, Vu - vul-nerável, En - em perigo, Cr - criticamente ameaçada, GL - âmbito global, BR - âmbito nacional, SC - âmbito estadual.

Táxons Municípios1 Ambiente2 Registro3 Localidades4

Conservação5NVz Sdp TdS MGr RAS RBA

TinamidaeTinamus solitariusATL x x mo,sm g,v x Nt, VuSC

Crypturellus obsoletus x x x x am,cp,mo,sm g,o,v x xCrypturellus tataupa x x x sm g,v x xAnhimidaeChauna torquata x az f,g,o,v AnatidaeDendrocygna viduata x x az f,o,v Callonetta leucophrys x az f,o Amazonetta brasiliensis x x x x aq,az f,o,v Anas flavirostris x az f,o Cracidae Penelope superciliaris x x x x cp,sm f,o,v x x VuSC

Ortalis squamataATL x x x x cp,sm,u f,g,o,r,v xOdontophoridae Odontophorus capueiraATL x x x mo,sm g,o,v x xPodicipedidaePodilymbus podiceps x aq f,o CiconiidaeMycteria americana x az f,o Ciconia maguari x az f,o PhalacrocoracidaePhalacrocorax brasilianus x x aq f,o ArdeidaeTigrisoma lineatum x az f,o,v Botaurus pinnatus x x x az f,o,v Nycticorax nycticorax x aq,az f,o,v x xButorides striata x x x x aq,az f,g,o,v

LocalidadeRiqueza geral

Campo Literatura* Museu* Terceiros* TotalNova Veneza1 266 2 0 0 268Siderópolis2 220 9 3 7 239Timbé do Sul3 178 2 0 2 182Morro Grande4 178 0 0 0 178Região dos Aparados da Serra5 165 10 0 5 180Reserva Biológica do Aguaí6 111 9 0 2 122

Riqueza total 300 320

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Bubulcus ibis x x x x az,ca f,o,v Ardea cocoi x x az f,o Ardea alba x x x x az,aq,ca f,o,v Syrigma sibilatrix x x x x az,ca f,o,v Egretta thula x x aq,az f,o,v x xEgretta caerulea x az o ThreskiornithidaePlegadis chihi x x x az,ca f,o,v Mesembrinibis cayennensis x ca o Phimosus infuscatus x x x x az,ca f,o,v Theristicus caudatus x x x x au,az,ca f,g,o,v Platalea ajaja x az f,o CathartidaeCathartes aura x x x x ca,cp,mo,sm f,o x xCathartes burrovianus x x az,ca f,o Coragyps atratus x x x x ca,cp,sm,au f,o x xPandionidaePandion haliaetus x aq f,o AccipitridaeLeptodon cayanensis x x sm f,o,v xElanoides forficatus x x x x am,cp,mo,sm f,g,o,v x xElanus leucurus x ca f,o Harpagus diodon x x cp f,o x xCircus buffoni x az f,o Accipiter striatus x ca,sm f,g,o,v Ictinia plumbea x x x x cp,sm f,o xRostrhamus sociabilis x az f,o Geranospiza caerulescens x x cp,sm f,o Heterospizias meridionalis x x az,ca f,o Rupornis magnirostris x x x x ca,cp,sm f,g,o,v xButeo brachyurus x x x x mo,sm f,o xButeo swainsoni x cp f,o Spizaetus tyrannus x x x am,mo g,o,v x x VuSC

Spizaetus melanoleucus x mo g,v EnSC

Spizaetus ornatus x x am,mo f,o x x CrSC

AramidaeAramus guarauna x x x x aq,az f,g,o,v RallidaeAramides saracuraATL x x x x aq,cp,sm f,g,o,v x xLaterallus melanophaius x ca g,oPorzana flaviventer x az f,oPardirallus nigricans x x az f,o Pardirallus sanguinolentus x az f,o Gallinula galeata x x x aq,az f,o CharadriidaeVanellus chilensis x x x x au,az,ca f,g,o,v

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RecurvirostridaeHimantopus melanurus x x az f,g,o,v ScolopacidaeGallinago paraguaiae x x az,ca f,o,v Tringa solitaria x az f,o Tringa flavipes x az f,o,v JacanidaeJacana jacana x x x x aq,az,ca f,g,o,v ColumbidaeColumba livia x au f,o,v Columbina picui x x au,ca f,o,v Columbina talpacoti x x x x au,ca,cp f,o,v Geotrygon montana x x x x mo,sm f,g,o,r,v x xLeptotila rufaxilla x x x x sm f,g,o,r,v x xLeptotila verreauxi x x x x cp,sm f,g,o,v xPatagioenas picazuro x x x x az,ca,cp f,o,vPatagioenas plumbea x x x am, mo, sm g,o,v xCuculidaePiaya cayana x x x x cp,sm f,g,o,r,v xCrotophaga ani x x x x ca,cp f,g,o,v Guira guira x x x x au,az,ca,cp,sm f,g,o,v x xTapera naevia x x x x ca,cp f,g,o,v TytonidaeTyto furcata x x x au,ca f,o,v StrigidaeMegascops sanctaecatarinae x x sm f,g,o,v x xPulsatrix koeniswaldianaATL x x sm f,g,o,v Bubo virginianus x cp,sm f,g,o,v Strix hylophilaATL x sm g,v NtStrix virgata x x sm g,v x xGlaucidium brasilianum x mo f,g,o,v xAthene cunicularia x x x x ca f,g,o,v Asio clamator x x cp g,o,v Asio stygius x au f,o NyctibiidaeNyctibius griseus x sm f,g,o,v x xCaprimulgidaeAntrostomus sericocaudatus x sm g,v Lurocalis semitorquatus x cp,sm g,o,v Hydropsalis albicollis x x cp,sm f,g,o,v Hydropsalis torquata x x sm o Hydropsalis forcipataATL x mo g,o,vApodidaeCypseloides fumigatus x cp f,o,v xStreptoprocne zonaris x x x x ca,sm f,g,o,v x xChaetura meridionalis x x x x au, sm o,v x x

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TrochilidaePhaethornis eurynomeATL x x x x cp,mo,sm f,g,o,r,v x xAphantochroa cirrochloris x x x au,cp f,o,v Florisuga fusca x x x cp,sm f,o,r,v x xAnthracothorax nigricollis x x x au,cp f,o,v Stephanoxis lalandiATL x am o,v xChlorostilbon lucidus x x x am,au,cp f,o,v xThalurania glaucopisATL x x x x au,cp,mo,sm f,g,o,r,v x xLeucochloris albicollis x x x cp,sm f,g,o,r,v x xAmazilia versicolor x x x x cp,sm f,o,r,v x xAmazilia fimbriata x x x x au,cp f,g,o,r,v xTrogonidae Trogon surrucura x x x x cp,mo,sm f,g,o,v x xAlcedinidaeMegaceryle torquata x x x aq f,g,o,v x xChloroceryle amazona x x x aq f,o,v xChloroceryle americana x x x aq f,o,v x xMomotidae Baryphthengus ruficapillus x x x mo,sm f,o xBucconidae Nonnula rubecula x x sm f,g,o,v xRamphastidaeRamphastos dicolorusATL x x x x au,cp,sm f,g,o,v xPicidaePicumnus temminckiiATL x x x x au,cp,sm f,g,o,r,v x xMelanerpes candidus x ca g,o,v Veniliornis spilogaster x x x x au,cp,sm f,g,o,r,v x xPiculus aurulentusATL x x x x mo,sm g,o,v x x NtColaptes melanochloros x x cp,sm f,g,o,v Colaptes campestris x x x x ca f,g,o,v Celeus flavescens x x x x cp,sm f,g,o,v xFalconidaeCaracara plancus x x x x ca,cp f,g,o,v Milvago chimachima x x x x ca,cp f,g,o,v Milvago chimango x ca f,g,o,v Herpetotheres cachinnans x x x ca,cp f,o,v Micrastur ruficollis x x x x am,sm f,g,o,v x xMicrastur semitorquatus x x sm g,o,v Falco sparverius x ca f,o Falco femoralis x ca f,o PsittacidaePsittacara leucophthalmus x cp g,o,v Pyrrhura frontalis x x x x am,cp,mo,sm f,g,o,v x xMyiopsitta monachus x ca f,o,v Forpus xanthopterygius x x x x cp f,o,v Brotogeris tiricaATL x sm g,o,v x

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Pionus maximiliani x x x x cp,mo,sm g,o,v x xTriclaria malachitaceaATL x x mo o,v x Nt, VuSC

ThamnophilidaeRhopias gularisATL x x x x cp,sm f,g,o,r,v x xMyrmotherula unicolorATL x x x sm g,o,v NtDysithamnus mentalis x x x x cp,sm f,g,o,r,v x xThamnophilus ruficapillus x cp f,g,o,r,vThamnophilus caerulescens x x x x am,cp,sm f,g,o,r,v x xHypoedaleus guttatusATL x x sm g,v xBatara cinerea x x x x am,sm,mo g,o,v xMackenziaena leachiiATL x sm g,v xMackenziaena severaATL x x sm g,o,v x xMyrmoderus squamosusATL x x x x sm g,o,r,v x xPyriglena leucopteraATL x x x x sm g,o,r,v x xDrymophila maluraATL x x x x am,mo,sm f,g,o,v x xConopophagidaeConopophaga lineata x x x x sm f,g,o,r,v x xGrallaridae Grallaria varia x x mo,sm g,v x xHylopezus nattereriATL x x x x cp,sm g,v xRhinocryptidae Merulaxis aterATL x mo g,v NtEleoscytalopus indigoticusATL x x x x cp,sm f,g,o,v x NtScytalopus speluncaeATL x x x am,mo,sm g,v x xPsilorhamphus guttatusATL x x sm g,o,v NtFormicariidaeChamaeza ruficaudaATL x x am,mo g,v xChamaeza campanisonaATL x x x x mo,sm g,o,v x xFormicarius colma x x sm g,o,v ScleruridaeSclerurus scansorATL x x x x sm g,o,r,v x xDendrocolaptidae Dendrocincla turdinaATL x x x x sm f,g,o,r,v x xSittasomus griseicapillus x x x x cp,sm,mo f,g,o,r,v xXiphorhynchus fuscus x x x x cp,sm f,g,o,r,v x xLepidocolaptes falcinellusATL x x sm o,r x xDendrocolaptes platyrostris x x x mo,sm f,g,o,r,v xXiphocolaptes albicollis x x mo,sm f,g,o,r,v x xXenopidae Xenops rutilans x x x cp,sm f,g,o,v x xFurnariidaeFurnarius rufus x x x x au,ca f,g,o,v Lochmias nematura x x x cp,sm f,g,o,v x xAutomolus leucophthalmus x x x x sm f,g,o,r,v x xAnabacerthia amaurotisATL x x sm,mo g,o,r,v x x NtPhilydor atricapillusATL x x x x sm f,g,o,r,v x x

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Philydor rufum x x x cp,sm f,o,v x xHeliobletus contaminatusATL x sm r x xSyndactyla rufosuperciliata x x x x sm,mo g,o,v x xCichlocolaptes leucophrusATL x x mo,sm f,g,o,r,v x xLeptasthenura striolataATL x am f,g,o,v xPhacellodomus ferrugineigulaATL x cp f,g,o,v Certhiaxis cinnamomeus x x x x az,ca f,g,o,v Synallaxis ruficapilla x x x x cp,mo,sm f,g,o,r,v x xSynallaxis spixi x x x x cp g,o,v Pipridae Ilicura militaris x x sm f,g,o,r x xManacus manacus x x x x cp,sm f,g,o,v Chiroxiphia caudataATL x x x x am,mo,sm f,g,o,r,v x xTityridaeSchiffornis virescens x x x x sm,mo f,g,o,r,v x xTityra inquisitor x sm f,o,v Tityra cayana x x cp g,o,v Pachyramphus viridis x sm f,o Pachyramphus castaneus x x cp,sm f,o,v x xPachyramphus polychopterus x x x x cp,sm g,o,r,v x xPachyramphus validus x x x x cp f,o,v Cotingidae Procnias nudicollisATL x x x mo,sm g,v x x VuGL

Carpornis cucullataATL x x x am,mo,sm f,g,o,v x x NtPlatyrinchidae Platyrinchus mystaceusATL x x x x sm f,g,o,r,v x xRhynchocyclidaeMionectes rufiventris x x x x sm f,o,r,v x xLeptopogon amaurocephalus x x x x cp,sm f,g,o,r,v x xPhylloscartes kroneiATL x sm f,g,o,v VuGL

Phylloscartes ventralis x x x x cp,sm f,g,o,v x xTolmomyias sulphurescens x x x x cp,sm f,g,o,v x xPoecilotriccus plumbeiceps x x x x cp f,g,o,v Myiornis auricularisATL x x x x cp,sm f,g,o,v xHemitriccus orbitatusATL x x x x sm f,g,o,r,v x NtTyrannidaeHirundinea ferruginea x ca f,o,vTyranniscus burmeisteri x mo g,vCamptostoma obsoletum x x x cp f,g,o,v Elaenia flavogaster x x x cp g,o,v Elaenia parvirostris x x x x am,cp g,o,v xElaenia mesoleuca x x am,cp,sm g,o,v x xElaenia obscura x cp g,o,v Phyllomyias virescensATL x x sm g,o,v xPhyllomyias fasciatus x x cp f,o,v xSerpophaga subcristata x cp f,o,v

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Attila phoenicurus x x x x am,mo,sm g,o,r,v x xAttila rufusATL x x x x au,cp,sm,mo f,g,o,r,v x xLegatus leucophaius x x x x cp,sm f,g,o,v xMyiarchus swainsoni x x x x cp f,g,o,r,v xPitangus sulphuratus x x x x au,ca,cp,sm f,g,o,v x xMachetornis rixosa x x x x au,ca f,o,v Myiodynastes maculatus x x x x cp,sm f,g,o,v x xMegarynchus pitangua x x x x cp,sm g,o,v x xTyrannus melancholicus x x x x au,ca,cp,sm f,g,o,v x xTyrannus savana x x x x ca f,o,v Empidonomus varius x x x x cp f,g,o,v xMyiophobus fasciatus x x cp f,o,v Pyrocephalus rubinus x ca f,o Fluvicola nengeta x x ca f,o Cnemotriccus fuscatus x x sm f,o,v Lathrotriccus euleri x x x x sm f,g,o,r,v x xKnipolegus nigerrimus x x x am,cp f,o x xKnipolegus cyanirostris x am f,o xSatrapa icterophrys x x x cp f,o Xolmis irupero x x x x ca f,o Muscipipra vetulaATL x x am,sm f,o,v xVireonidae Cyclarhis gujanensis x x x x cp,sm f,g,o,v x xVireo chivi x x x x am,cp,mo,sm f,g,o,r,v x xHylophilus poicilotisATL x x x x cp,mo,sm f,g,o,r,v x xCorvidaeCyanocorax caeruleusATL x x x am,cp,sm f,g,o,v x NtHirundinidaePygochelidon cyanoleuca x x x x au,ca f,g,o,v x xStelgidopteryx ruficollis x x x x au,ca f,o,v x xProgne tapera x x x x ca f,o,v x xProgne chalybea x x x x au,ca f,o,v Tachycineta leucorrhoa x x x x au,ca f,o,v Troglodytidae Troglodytes musculus x x x x au,ca,cp,sm f,g,o,v xTurdidae Turdus leucomelas x sm g,o,v Turdus flavipes x x x x am,cp,mo,sm f,g,o,r,v x xTurdus rufiventris x x x x am,au,cp,sm f,g,o,r,v x xTurdus amaurochalinus x x x x am,au,cp,sm f,g,o,v xTurdus subalaris x sm g,o,v x xTurdus albicollis x x x x au,cp,mo,sm f,g,o,r,v x xMimidaeMimus saturninus x x ca f,o,v MotacillidaeAnthus lutescens x x x x ca f,o,v

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Passerellidae Zonotrichia capensis x x x x ca,cp f,g,o,r,v x xAmmodramus humeralis x ca o,v Parulidae Setophaga pitiayumi x x x x cp,sm f,g,o,v x xGeothlypis aequinoctialis x x x x ca,cp f,g,o,v Basileuterus culicivorus x x x x am,cp,mo,sm f,g,o,rv x xMyiothlypis leucoblepharaATL x x x x mo,sm g,o,r,v x xIcteridaeCacicus chrysopterus x x x am,sm f,g,o,v xIcterus pyrrhopterus x x x x au,cp f,o,v Amblyramphus holosericeus x ca f,g,o,v Chrysomus ruficapillus x x az,ca f,g,o,v Agelaioides badius x x x x au,ca,cp f,g,o,v Molothrus bonariensis x x x x au,ca,cp f,g,o,v Sturnella superciliaris x x x x az,ca f,g,o,v ThraupidaeCoereba flaveola x x x x au,cp,sm f,o,r,v x xSaltator similis x x x x am,mo,sm f,g,o,v x xSaltator maxillosusATL x am f,o,v xSaltator fuliginosusATL x sm g,v VuSC

Pyrrhocoma ruficeps x x cp,sm f,g,o,r,v x xTachyphonus coronatusATL x x x x au,cp,mo,sm f,g,o,r,v x xLanio cucullatus x x x x cp f,g,o,v Lanio melanops x x x x cp,sm f,g,o,r,v x xTangara seledon ATL x x x x au,cp,sm f,g,o,r,v x xTangara cyanocephalaATL x x x cp,sm f,o,v x xTangara sayaca x x x x au,cp,sm f,o,v x xTangara cyanopteraATL x x x x au,sm f,g,o,r,v x x NtTangara palmarum x au f,g,o,v Tangara ornataATL x sm o Tangara peruvianaATL x au f,o VuGL, VuBR, EnSC

Tangara preciosa x x au, cp f,oStephanophorus diadematus x x x am,mo,sm f,o,v x xPipraeidea melanonota x x x sm f,g,o,v xTersina viridis x x x x cp,sm f,o,v xDacnis cayana x x x x au,sm f,o,v xHemithraupis ruficapillaATL x cp,sm f,g,o,v Haplospiza unicolorATL x x x x am,cp,sm f,g,o,r,v x xPoospiza thoracicaATL x am g,o,v xPoospiza cabanisi x x am,sm g,o,v xSicalis flaveola x x x x au,ca,cp f,g,o,v Sicalis luteola x az,ca f,o,v Volatinia jacarina x x x x ca f,g,o,v Sporophila frontalisATL x x cp,sm f,g,o,r,v VuGL, VuBR, VuSC

Sporophila lineola x cp f,g,o,v Sporophila caerulescens x x x x ca,cp f,g,o,v x x

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Cardinalidae Habia rubica x x x x cp,sm f,g,o,v,r x xFringillidae Sporagra magellanica x ca f,g,o,v Euphonia chlorotica x cp o,v Euphonia violacea x x x x au,cp,sm f,g,o,r,v x xEuphonia chalybeaATL x x au,cp f,g,o,v NtEuphonia cyanocephala x am f,o xEuphonia pectoralisATL x x x x sm f,g,o,r,v x xChlorophonia cyanea x mo g,v xEstrildidaeEstrilda astrild x x x x au,ca f,g,o,v PasseridaePasser domesticus x x x x au,ca f,o,v

Total 300 espécies 266 220 178 178 165 111

Anexo 2. Espécies registradas na área de estudo por meio de literatura ou registros pessoais de terceiros. Legenda: Status de ameaça são alocados após o nome, sendo Cr - criticamente ameaçado, En - em perigo, SC - âmbito estadual. ATL - espécie endêmica da Mata Atlântica. 1Localidades: NvZ - Nova Veneza, Sdp - Siderópolis, TdS - Timbé do Sul. 2RAS: espécies registradas nos limites da Região dos Aparados da Serra. 3RBA: espécies registradas nos limites da REBIO do Aguaí. 4Registro: n/d - não documentado, f - fotografia conferida em arquivo pessoal, WA - número tombo do arquivo no WikiAves.

EspéciesMunicípios1

Fonte Registro4

NvZ Sdp TdS RAS2 RBA3

Anhinga anhinga x Piacentini et al. (2006) n/d

Sarcoramphus papa x x Junior, J.C.S (obs. pess.), Bianco, A. (obs. pess.). f, WA-1718367

Accipiter bicolor x x x Bornschein (2009a) n/dUrubitinga urubitinga x x Rosário (1996) n/dMorphnus guianensis CrSC x Albuquerque (1983) n/dNystalus chacuru x x Rosário (1996), Bianco, A. (obs. pess.) n/d, WA-45031Streptoprocne biscutata x x x Bornschein (2009a) n/dChaetura cinereiventris x Bianco, A. (obs. pess.) WA-81411Ramphodon naeviusATL x x x Bornschein (2009a) n/dClytolaema rubricaudaATL x x x Bornschein (2009a) n/d

Hydropsalis longirostris x x x Roth, R. (obs. pess.), Bianco, A. (obs. pess.)

WA-160396, WA-1718514

Ramphastos vitellinus x x x Junior, J.C.S. (obs.pess.) WA-1485291Pionopsitta pileataATL x x x Bornschein (2009a) n/dPhyllomyias griseocapillaATL x Bianco, A. (obs. pess.) WA-1729839

Phylloscartes difficilis EnSC, ATL x x x Bornschein (2009a), Bianco, A. (obs. pess.) n/d, WA-1728908

Contopus cinereus x x x Bornschein (2009a), Bianco, A. (obs. pess.) n/d, WA-1646557

Knipolegus lophotes x Rosário (1996) n/dChlorophanes spiza x x x Junior, J.C.S. (obs. pess.) fPoospiza nigrorufa x Machado, O. (obs. pess.) WA-1040774Hemithraupis guira x Piacentini et al. (2006) n/dTotal 20 2 16 4 12 9

Page 22: Avifauna na região dos contrafortes da Serra Geral, Mata ... · campanhas de cinco dias cada, entre maio de 2013 e janeiro de 2014, as quais totalizaram 130 horas de busca ativa

Atualidades Ornitológicas, 187, setembro e outubro de 2015 - www.ao.com.br54

Anexo 3. Relação de espécimes oriundos da área de estudo e encontrados em instituições científicas. Legenda - Localidade: NVz - Nova Veneza, RBA - Reserva Biológica Estadual do Aguaí, Sdp - Siderópolis, TdS - Timbé do Sul. Espécimes depositados no Laboratório de Ornitologia da PUCRS com “#” antes do número ainda não foram tombados, sendo estes números referentes à entrada (livro de campo).

Instituição / Espécies Tombo Data Localidade ColetorLaboratório de Ornitologia da PUCRS Sporophila frontalis MCP-3760 14/04/2013 Morro Estação Eletrosul (Sdp) Rosoni, J.R.R Tachyphonus coronatus MCP-4618 28/08/2012 Barragem do rio São Bento (Sdp) Behs, D. Phaethornis eurynome MCP-4622 23/02/2013 Morro Estação Eletrosul (Sdp) Rosoni, J.R.R Guira guira MCP-4626 16/09/2014 Bairro Bortolotto (NVz) Romagna, R.S. Leptotila rufaxilla MCP-4629 01/11/2013 Serra da Rocinha (TdS) Zocche, J.J. Xiphorhynchus fuscus MCP-4630 04/01/2013 Morro do Chapéu, RBA (NVz) Viana, I.R. Tachyphonus coronatus MCP-4631 15/09/2012 Estrada Geral, São Pedro (Sdp) Rosoni, J.R.R Leptotila verreauxi #5084 21/02/2015 Bairro Bortolotto (NVz) Just, J.P.G Callonetta leucophrys #5096 05/05/2015 São Bento Alto (NVz) Mondardo, R.A.Museu Anchieta de Ciências Naturais Lanio melanops Nº 308 08/12/1977 Jordão Médio (Sdp) Albuquerque, J. Tolmomyias sulphurescens Nº 312 08/12/1977 Jordão Médio (Sdp) Albuquerque, J. Saltator similis Nº 320 08/12/1977 Jordão Médio (Sdp) Albuquerque, J. Synallaxis spixi Nº 323 08/07/1977 Jordão Médio (Sdp) Albuquerque, J. Cnemotriccus fuscatus Nº 325 04/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Elaenia parvirostris Nº 331 07/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Poecilotriccus plumbeiceps Nº 340 08/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Serpophaga subcristata Nº 342 03/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Myiophobus fasciatus Nº 348 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Xiphorhynchus fuscus Nº 387 18/09/1977 Jordão Alto (Sdp) Albuquerque, J. Pyrrhocoma ruficeps Nº 388 08/12/1977 Jordão Médio (Sdp) Albuquerque, J. Tachycineta leucorrhoa Nº 391 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Zonotrichia capensis Nº 393 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Muscipipra vetula Nº 394 03/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Vireo chivi Nº 395 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Vireo chivi Nº 396 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Stelgidopteryx ruficollis Nº 397 03/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Geothlypis aequinoctialis Nº 399 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Lucena, C. Satrapa icterophrys Nº 400 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Picumnus temminckii Nº 401 03/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Phaethornis eurynome Nº 402 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Myiornis auricularis Nº 403 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Lucena, C. Tangara cyanoptera Nº 404 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Tapera naevia Nº 405 03/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Chloroceryle americana Nº 406 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Turdus amaurochalinus Nº 407 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Chloroceryle americana Nº 409 04/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Chiroxiphia caudata Nº 410 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Chiroxiphia caudata Nº 411 04/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Tangara palmarum Nº 412 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Turdus albicollis Nº 413 04/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Myiodynastes maculatus Nº 414 06/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Pyriglena leucoptera Nº 415 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Pyriglena leucoptera Nº 416 05/12/1977 Jordão Baixo (Sdp) Albuquerque, J. Total: 43 indivíduos / 36 espécies