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ANÁLISE DA VIABILIDADE
ECONÔMICA DE UM EDIFÍCIO
RESIDENCIAL MULTIFAMILIAR EM
JOÃO PESSOA-PB
Luana Leal Fernandes Araujo (UFPB)
Claudino Lins Nobrega Junior (UFPB)
O setor imobiliário caracteriza-se por possuir projetos de investimento
com diversos elementos e riscos financeiros elevados decorrentes dos
altos investimentos exigidos antes da absorção do produto final pelo
mercado. Diante disto, sabe-se que as decisões sobre investimentos na
construção civil não devem basear-se apenas na sensibilidade do
empreendedor, mas, também, serem fundamentadas através da
realização de diversas análises financeiras. O estudo justifica-se pela
importância de avaliar previamente a viabilidade econômica do
investimento na construção de qualquer tipo de empreendimento. O
presente trabalho consiste em apresentar, na perspectiva do investidor,
o estudo de viabilidade econômica de um empreendimento residencial
multifamiliar na cidade de João Pessoa/PB. A partir das
especificações, localização e outras características do
empreendimento, calculou-se o valor de mercado do terreno e dos
apartamentos. Posteriormente, elaborou-se o plano de vendas dos
imóveis e, utilizando-se o orçamento e cronograma físico-financeiro foi
feita a composição de fluxos de caixa para diferentes cenários de
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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distribuição e velocidade de vendas. Cada cenário foi analisado a
partir de indicadores econômicos correspondentes, sendo o valor
presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR), o payback e o
índice de lucratividade (IL), os indicadores que auxiliam na
interpretação dos resultados. Assim, obteve-se um parecer de
viabilidade econômica da construção do empreendimento em questão
no local pretendido, sob condições estimadas de custos e receitas bem
como de taxas de desconto consideradas, o qual indicou que o
investimento no empreendimento em estudo tende a ser viável para o
investidor no ponto de vista econômico.
Palavras-chave: Indicadores econômicos; Mercado imobiliário;
Viabilidade econômica
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1. Introdução
Os investimentos no setor da Construção Civil envolvem riscos financeiros e recursos de
montantes significativos. A fim de fundamentar decisões sobre investimentos nesse setor, é
recomendável a realização de análise prévia através de critérios de viabilidade econômica. Os
métodos gerais de análise de investimentos são conhecidos, contudo há pouco material
específico e direcionado ao setor imobiliário. O estudo que precede o lançamento de um novo
empreendimento, muitas vezes, é geralmente realizado utilizando critérios simplesmente
subjetivos, dessa forma, torna-se importante aumentar o grau de objetividade das decisões.
(GONZÁLEZ E FORMOSO, 2001).
Importante ressaltar que os investidores sejam eles, empreendedores, incorporadores,
construtores ou particulares, buscam atingir algum benefício com o empreendimento
projetado e, antes de decidir, fazem uma avaliação cuidadosa e rigorosa para assegurar que o
projeto proposto pode efetivamente atingir seus objetivos. (BALARINE, 1997; GONZÁLEZ
E FORMOSO, 2001).
No mundo atual, a análise de investimentos requer conhecimento de técnicas especiais de
engenharia econômica, fundamentadas na chamada matemática financeira diante da
necessidade crescente e ilimitada do produto final desse setor. (CASAROTTO E KOPITTKE,
2007).
Goldman (2006), destaca através de pesquisa com empresas construtoras que os indicadores
de viabilidade, o projeto, a motivação, o risco, o terreno, o financiamento e a comercialização
foram os fatores considerados relevantes e motivadores para a realização de empreendimentos
imobiliários. Os especialistas entrevistados expressaram que os indicadores de viabilidade em
destaque são a taxa interna de retorno, o valor de exposição máxima do incorporador, o valor
presente, o valor presente líquido, a velocidade de venda, o lucro sobre receita, o prazo de
payback do investimento.
O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar, na perspectiva da empresa
construtora, um estudo de viabilidade econômica da construção de um empreendimento
residencial multifamiliar em um terreno na cidade de João Pessoa-PB. Para tanto, serão
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medidos e analisados os indicadores econômicos (VPL, payback e TIR) para cada cenário
considerado no fluxo de caixa. Além disso, o estudo contribui com possíveis alternativas para
viabilizar o projeto, caso a análise indique sua inviabilidade, ou opções que podem levar a
uma melhoria dos resultados financeiros
2. Referencial teórico
2.1 Engenharia econômica e métodos de análise de investimentos
A Engenharia Econômica tem como objetivo a análise econômica de decisões sobre
investimentos e possui aplicações bastante amplas, pois os investimentos podem ser tanto de
empresas quanto de particulares ou entidades governamentais. (CASAROTTO e KOPITTKE,
2007). Na área de tomada de decisão em empreendimentos imobiliários, a Engenharia
Econômica é um ramo de especialização em engenharia que permite, através de um conjunto
de instrumentos de natureza financeira e econômica, realizar investimentos que visem retorno
econômico-financeiro. (ZENI, 2014).
A decisão de implantação do projeto analisado deve, portanto, considerar critérios
econômicos, o qual avalia a rentabilidade do investimento, critérios financeiros, o qual avalia
a disponibilidade dos recursos, e critérios imponderáveis, que são fatores não conversíveis
em dinheiro (CASAROTTO E KOPITTKE, 2007).
2.2. Elaboração de projetos de investimento imobiliário
As características especiais do mercado imobiliário tornam difíceis o processo de decisão de
investimento ou de lançamento de novas construções. Principalmente na análise de
viabilidade, na qual, muitas vezes, esta decisão é tomada pelo empresário de forma intuitiva,
de acordo com sua experiência e sua percepção das condições momentâneas do mercado, sem
ter como base uma análise criteriosa, embasada em dados (GONZÁLEZ E FORMOSO,
2001).
Balarine (1998) sugere que em auxilio à tomada de decisão, é importante a utilização de
métodos racionais que envolvam fatores econômicos para de geração de lucros bem como a
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consideração de fatores financeiros possibilitando o fornecimento de financiamento para
produção e compradores, como mostra a Figura 1.
Figura 1- Empreendimentos imobiliários (Fatores que afetam a decisão de incorporar)
Fonte: Adaptado de Balarine (1998)
2.3. Indicadores de viabilidade
A Norma Brasileira NBR 14653-4 (ABNT, 2002) define o estudo de viabilidade técnico-
econômica como a avaliação destinada a diagnosticar a viabilidade de um empreendimento
com a utilização de indicadores de viabilidade. A viabilidade de um empreendimento é,
normalmente, medida através do seu Valor Presente Líquido (VPL) e da sua Taxa Interna de
retornos (TIR), sendo o payback um indicador válido para o cálculo do risco associado a este
projeto. (HOCHHEIM, 2003).
Dantas (1998) afirma que a taxa mínima de atratividade pode ser estimada levando em
consideração as oportunidades de investimento alternativos existentes no mercado de
capitais e, além disso, considerando os riscos do negócio. A TMA é dada pela Equação (1)
que considera uma taxa de juros real (descontada a inflação) praticada pelo mercado
financeiro (im), mais uma taxa de risco (ir).
(1)
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O VPL de um projeto é a soma dos valores presentes de cada um dos fluxos de caixa- tanto
positivos como negativos- que ocorrem ao longo da vida de um projeto como mostra a
Equação (2). (DAMODARAN, 2001).
(2)
Onde:
FCt = Fluxo de caixa no período t; r = Taxa de desconto; t = Período.
O VPL de um projeto de investimento quando maior do que zero, significa que o
investimento é economicamente atrativo; igual a zero, indicando que é indiferente investir ou
não; ou ainda, menor que zero, o que representa que o investimento não é atrativo do ponto
de vista do investidor pois o valor presente das despesas é maior do que o das receitas no
fluxo de caixa. (ASSAF NETO; 1992).
A TIR é a taxa de desconto que torna o valor presente líquido igual a zero e representa a
medida do retorno que se obtém sobre um investimento. (DAMODARAN, 2001).
A NBR 14653-4 (ABNT 2002) explica que o Índice de Lucratividade é a relação entre o
valor presente das receitas líquidas e o dos investimentos, como mostra a Equação (3).
(3)
3. Metodologia
A sequência de execução das atividades empregado na realização do presente estudo de caso é
representada na Figura 2.
Selecionou-se o empreendimento a ser analisado em função da facilidade de acesso às
informações pela pesquisadora. Dados como especificações, orçamento, cronograma físico-
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financeiro e informações sobre o terreno no qual será construído o empreendimento foram
coletados.
O valor de venda do terreno e dos apartamentos foi obtido através do Método Comparativo
Direto de Dados de Mercado, metodologia indicada pela NBR 14653-1: Imóveis Urbanos.
Para tanto, foi utilizado o software Sisdea que é um sistema para modelagem de dados com
suporte às avaliações comparativas do mercado imobiliário e calculado juntamente à consulta
profissional do quadro de engenheiros da Caixa Econômica Federal. A partir das informações
acerca das especificações do empreendimento, localização, entre outras características tais
como renda da região e dados relativos aos itens de infraestrura existentes no entorno.
A elaboração da Tabela de Vendas dos apartamentos foi realizada tomando-se como base os
valores de venda obtidos pela Avaliação dos imóveis em conjunto com a tabela de pré-vendas
disponibilizada por construtoras para empreendimentos de tipologia semelhante ao objeto de
estudo, tomadas as devidas considerações e adaptações. Determinou-se, assim, o limite de
parcelas bem como o valor dos reforços semestrais e valor a ser pago na entrega de chaves.
Na determinação dos cenários de vendas optou-se por adotar três situações diferentes sendo
elas base, otimista e pessimista. Cada situação caracteriza-se por uma frequência de vendas de
apartamentos por mês diferenciadas, sendo variadas entre o início e fim da construção e até
mesmo antes e após o término da construção do empreendimento.
Figura 2- Etapas da metodologia
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Os fluxos de caixa correspondem a cada cenário de vendas e foram desenvolvidos através de
planilhas eletrônicas no Microsoft Excel. A partir do cronograma físico financeiro, observam-
se os custos relativos à construção a cada mês, e as despesas com corretagem e publicidade,
custo de administração, entre outros. As receitas correspondem às vendas dos apartamentos
estabelecidas para cada cenário de vendas considerado.
Foram, então, calculados com o auxílio do Microsoft Excel os indicadores econômicos para
cada cenário de análise: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR),
payback e Índice de Lucratividade (IL).
Posteriormente, foi realizada a análise de sensibilidade do Valor Presente Líquido quando
variada a Taxa Mínima de Atratividade, a taxa de desconto para o cálculo do fluxo de caixa
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descontado. Foi analisada, também, a variação do período de payback para cada cenário do
estudo; a variação do VPL, TIR e IL quando considerada a aquisição do terreno através de
permuta de unidades do empreendimento; e a análise dos indicadores quando considerados
ajustes dos custos de construção e valor de venda dos apartamentos.
A viabilidade econômica foi verificada através da observação do comportamento dos
indicadores econômicos em cada cenário considerado os critérios de avaliação de cada um,
permitindo-se afirmar se o investimento é ou não viável no ponto de vista econômico e
financeiro, sob as circunstâncias determinadas para a análise deste empreendimento.
4. Resultados e discussões
Trata-se de um empreendimento residencial multifamiliar constituído de um pavimento
Subsolo destinado ao estacionamento e áreas técnicas, um pavimento Térreo reservado para
estacionamento, serviço e lazer, possuindo piscinas, churrasqueira, terraço, espaço gourmet,
WC masculino e feminino. Dois pavimentos Mezanino para estacionamento, banheiros,
quadras poliesportivas, playground, sala de estar, academia de ginástica e salão de jogos. Os
apartamentos, perfazendo um total de 132 unidades habitacionais, possuem 3 suítes, sala de
estar e sala de jantar, varanda, lavabo, cozinha e área de serviço.
4.1. Obtenção do valor de mercado
Foram calculados neste trabalho o valor médio dos apartamentos e do terreno provenientes da
simulação, resultados estatísticos, distribuição de resíduos, e gráficos que mostram a variação
dos valores em relação às variáveis consideradas, gráfico de teste de aderência, histograma de
distribuição de frequência e distribuição dos resíduos de regressão. Apenas o valor final dos
apartamentos e do terreno serão informados devido ao caráter sigiloso do banco de dados.
Através do método comparativo de dados de mercado, o valor encontrado para o terreno no
qual será construído o empreendimento é de R$ 7.109.606. Para os apartamentos, a Tabela 1
apresenta os valores de mercado dos apartamentos que variam a cada 10 andares.
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Tabela 1- Valores de mercado das unidades
4.2. Orçamento e cronograma físico-financeiro
O custo total de construção do empreendimento é de RS 47.171.056,23. A área construída do
empreendimento é de 28.658,77m², resultando em um custo unitário de construção de
1.645,96 RS/m². A Figura 3 apresenta um fragmento extraído do cronograma físico financeiro
do mês 20 que equivale a agosto de 2017 ao mês 24, equivalente a dezembro de 2017.
Figura 3 – Fragmento do cronograma físico-financeiro
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4.3. Tabela de vendas
Foi determinada a intenção de parcelamento em um prazo máximo de quarenta e oito meses e
que este prazo fosse diminuído na medida em que as obras fossem adiantadas. Além disso, foi
estabelecida uma entrada equivalente a 25% do valor do apartamento, que foi incrementada
de dezoito por cento a cada seis meses e sendo de três por cento com na conclusão do
pagamento. Os imóveis vendidos a partir de 2019 tiveram um parcelamento de 24 meses,
entrada equivalente a 25% do valor do imóvel, ajustado em aproximadamente 0,01% em
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função de uma provável valorização do imóvel. O pagamento dos reforços dá-se em 7
parcelas semestrais para imóveis vendidos entre 2016 e 2019 e de 3 para imóveis vendidos em
2019. Durante a obra não foi prevista a cobrança de juros.
4.4. Fluxo de caixa
As despesas são representadas pelo custo de construção previsto para cada mês de acordo com
o cronograma físico-financeiro, custos de corretagem, considerado de 5% sobre o valor de
venda de cada apartamento e custo com marketing e publicidade, considerado de 1% do valor
médio do apartamento. Foi considerado o BDI da construtora, contabilizando 20,51% do
custo de construção, valor proposto pelo Tribunal de Contas da União.
As receitas são representadas pelas vendas e pagamentos das parcelas dos apartamentos em
cada mês de acordo com o valor e época de venda, como estabelecido na tabela de vendas.
Após serem determinadas as condições de venda, foram elaborados três cenários para os
fluxos de caixa. O principal fator que determina as diferenças entre eles é a velocidade e
comportamento de venda das unidades no tempo, os quais são relacionados na caracterização
de cada cenário. Os modelos apresentados neste trabalho supõem diferentes velocidades de
vendas durante o período de construção, nos primeiros anos e nos últimos anos da construção.
a) No cenário base a aquisição do terreno ocorre no período zero, e o início simultâneo
dos custos com publicidade, construção do empreendimento e vendas dos
apartamentos. As vendas dos imóveis foram consideradas em uma velocidade
constante dos distribuída durante os 42 meses de construção, sendo uma velocidade
de, em média, 3 unidades por mês;
b) No cenário otimista, o terreno foi adquirido no período zero e foi considerado um
período de publicidade de 6 meses antes de iniciar a construção. As unidades foram
vendidas a partir do quarto mês de publicidade (período 3) e foram concluídas as
vendas até o sétimo mês de construção (período 12). A construção do empreendimento
tem início no período 6 e termino do período 47;
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c) No cenário pessimista o início das vendas inicia no período 25 (dois últimos anos de
construção);
A Figura 4 apresenta a distribuição de eventos nos 3 cenários.
4.5. Indicadores econômicos
Para o cálculo dos indicadores econômicos foi necessário estabelecer a taxa mínima de
atratividade (TMA) do investidor, taxa que envolve o custo de capital e riscos, como mostra a
Equação (2). Segundo Zeni (2014), o nível de risco para empreendimentos a operar tem
valores aceitáveis entre 10% e 14% ao ano, para investimentos com risco alto. Optou-se,
portanto, pela adoção de uma taxa de risco (ir) de 12% ao ano, ou seja, 0,949% ao mês. A
parcela (im) considera uma taxa de juros real, descontada a inflação.
Foi utilizada para a analise como taxa efetiva a Taxa Selic, que é de 11,15% a.a., em consulta
ao Banco Central do Brasil realizada em maio de 2017. A taxa de inflação considerada foi de
4,57% a.a., valor atualizado de setembro de 2015. Assim:
Então é determinada a Taxa Mínima de Atratividade:
Figura 4- Distribuição de vendas nos cenários base, otimista e pessimista
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A partir do fluxo de caixa calculado para cada cenário considerado para a análise e
considerado a TMA calculada, foram calculados os indicadores econômicos Valor Presente
Líquido (VPL), Taxa interna de retorno (TIR), payback e índice de lucratividade (IL). Estão
apresentados na Tabela 2 os indicadores econômicos referentes a cada cenário considerado
quando na elaboração do fluxo de caixa.
Tabela 2- Indicadores econômicos para cada cenário
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4.6. Análise de sensibilidade
Com o objetivo avaliar o impacto da variação de componentes do fluxo de caixa como
volume de vendas, taxa de atratividade, dentre outros, realizou-se a análise de sensibilidade.
Foi analisado o VPL em função da variação da TMA; o comportamento do payback em
relação aos diferentes cenários de vendas; a análise dos indicadores VPL, TIR e IL quando
variados os custos e receitas totais do empreendimento; e a análise dos indicadores
considerando que o valor de aquisição do terreno equivale a algumas unidades permutadas
dos apartamentos.
4.6.1. Valor Presente Líquido
Através de um intervalo de valores para Taxa Mínima de Atratividade observou-se sua
influência no Valor Presente Líquido. Foram elaborados gráficos relacionando o VPL quando
variada a TMA para os cenários base (Figura 5), otimista (Figura 6) e pessimista (Figura 7).
Figura 5- Gráfico TMA x VPL: Cenário Base
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Figura 6- Gráfico TMA x VPL: Cenário Otimista
Figura 7- Gráfico TMA x VPL: Cenário Pessimista
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Separadas pelo ponto onde a TMA gera um VPL igual a zero, entende-se que a região à
esquerda representa a aceitação do investimento para os limites de valores de TMA e a região
da direita traz valores de TMA para os quais o VPL do investimento estudado seria negativo,
isto é, o não atrativo segundo esse indicador.
A Figura 8 mostra o gráfico de variação da TMA para os três cenários simultaneamente.
Observa-se que a variação da TMA para o investimento e que valores entre 0,1 % e 15%
podem gerar um VPL positivo para o investimento, dependendo da distribuição de vendas dos
imóveis a ser considerada.
Figura 8- Gráfico TMA x VPL
4.6.2. Payback
O período de payback é definido como o período no qual o valor do fluxo de caixa acumulado
deixa de ser negativo. As Figuras 9, 10 e 11 representam os gráficos dos cenários base,
otimista e pessimista, respectivamente.
Figura 9- Payback cenário base
Figura 31- Payback cenário otimista
Figura 32- Payback cenário pessimista
No cenário base, com uma velocidade de vendas constante dos apartamentos e distribuídas
durante o período de construção, o payback acontece no 53º período do fluxo de caixa. No
cenário otimista, no qual os imóveis foram todos vendidos antes que fosse concluído o
empreendimento, o payback acontece no 6º período. Finalmente, para o cenário pessimista, as
vendas que começaram a acontecer nos dois últimos anos da construção resultam em um
payback no 63º período do fluxo de caixa.
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4.7. Análise com permuta do terreno
O custo do terreno pode ser adquirido através de dinheiro à vista ou a prazo, permuta de
unidades no local ou permuta de unidades fora do local. Considerou- se que os apartamentos
401, 402, 2101, 2102, 2103, 2201, 2202, 2203, 2301, 2302, 2303, 4401 serão entregues como
forma de pagamento do terreno onde o empreendimento será construído. Não foram incluídas
as entradas no fluxo de caixa relativas a vendas dessas unidades e foi desconsiderado o custo
de aquisição do terreno anteriormente utilizado. As Tabelas 3, 4 e 5 apresentam os valores dos
indicadores econômicos VPL, TIR e IL recalculados para os cenários base, otimista e
pessimista seguidos dos valores calculados para os respectivos cenários quando considerada a
permuta de unidades e a variação em percentual de cada indicador.
Tabela 3- Indicadores econômicos considerando a permuta: Cenário Base
Tabela 4- Indicadores econômicos considerando a permuta: Cenário Otimista
Tabela 5- Indicadores econômicos considerando a permuta: Cenário Pessimista
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4.8. Análise com ajustes de custos diretos e valor de venda
Foram elaboradas situações de variações dos custos diretos e receitas, conforme apresentado
na Tabela 6 a fim de analisar a sensibilidade dos indicadores quanto a estes parâmetros.
Tabela 6- Parâmetros de variação de custos e receitas
A Tabela 7 contém os resultados das variações para os cenários base, otimista e pessimista do
estudo. Os valores em azul representam resultados favoráveis quanto a viabilidade e os
valores em laranja significam resultados não satisfatórios dos indicadores.
Tabela 7- Indicadores econômicos calculados para a variação de custos e receitas
A variação de custos diretos pode acontecer devido a descontos ou aumento nos preços de
materiais e serviços e as receitas podem variar devido a uma valorização ou desvalorização do
imóvel ou também de possíveis descontos a serem concedidos nas vendas dos imóveis.
4.9. Análise de viabilidade econômica
Através da análise dos indicadores calculados para cada cenário de vendas pode-se afirmar
que o projeto, inicialmente definido como viável economicamente, é inviável sob algumas
condições específicas. Nos cenários base e otimista os valores de VPL foram positivos, a TIR
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calculada é maior do que a TMA desejada pelo investidor e o IL é maior que a unidade.
Portanto, para essas distribuições de vendas consideradas, o projeto de investimento apresenta
valores atrativos para a empresa construtora.
Já o cenário pessimista indicou uma situação de inviabilidade do projeto. Dentre os possíveis
motivos para os valores encontrados, destaca-se o período de vendas dos imóveis, que
influenciou de forma negativa os retornos do empreendimento. Nesse cenário, as receitas das
vendas ocorrem ao final da obra, o que requer um alto capital para manter os investimentos
necessários ao pagamento dos custos. Tal fato pode ser observado através dos indicadores
econômicos pois o VPL é negativo, a TIR é menor que a TMA desejada pelo investidor e o IL
é menor que a unidade, devido ao fato de o VPL ser negativo.
A análise de sensibilidade permitiu definir condições em que o projeto seria viável. O gráfico
do VPL versus TMA, mostra que o projeto se torna viável para taxas entre 0,1 e 15% a.a.
Visto que a TMA definida na análise foi de 1,46% a.a., a viabilidade do projeto é considerada
adequada aos níveis desejados pelos investidores.
Observa-se também que a distribuição das vendas interfere diretamente no período de
payback de cada cenário considerado de modo que, quanto mais postergadas as vendas, mais
tempo é necessário para que ocorra o retorno dos investimentos realizados. Para a
consideração de permuta de unidades pode-se observar que houve, na maior parte dos
cenários considerados, um aumento no valor dos indicadores o que é favorável para o
investidor. No cenário otimista ocorreu uma diminuição do VPL, TIR e IL, porém ainda assim
não modifica a situação de viabilidade do projeto para esse cenário.
A análise dos indicadores econômicos quando aplicada a variação de custos e receitas mostra
que quando o custo direto é aumentado em 20%, o projeto mostra-se inviável para os cenários
base e pessimista. No cenário otimista, o aumento de 20% dos custos e uma diminuição de
10% das receitas ainda resulta em indicadores econômicos favoráveis para o investimento.
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5. Conclusões
Foi realizada a análise da viabilidade econômica da construção de um edifício residencial
multifamiliar município de João Pessoa – PB, e conforme condições estimadas de custos e
receitas, preços de vendas avaliados e as taxas de desconto consideradas, indicam que a
construção do empreendimento tende a ser economicamente viável.
De fato, estudos de viabilidade econômica e financeira incluem algum grau de incerteza o
qual, mesmo reduzido através de detalhados estudos de mercado, não deixa de existir.
Portanto, conclui-se que é necessário realizar pesquisas para conhecer o mercado que se
deseja atender, realizar um planejamento econômico que permita avaliar os retornos
financeiros do empreendimento, além de fatores externos que possam provocar mudanças no
mercado, implicando em mudanças nos resultados estimados na concepção do projeto no
decorrer do período de maturação do investimento.
Destaca-se a importância associada à elaboração deste trabalho, uma vez que proporciona a
possibilidade de realização de análises de viabilidade econômico-financeira de outros
empreendimentos imobiliários do ponto de vista de construtoras e podendo, inclusive, ser
consideradas despesas financeiras inerentes a um possível financiamento e outras
considerações, o que traria uma proximidade ainda maior com a realidade das empresas do
setor da construção civil.
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