avaliaÇÃo de medidas fÍsicas, psicolÓgicas e …

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93 f. Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E COGNITIVAS EM IDOSOS COM ALTA PERFORMANCE COGNITIVA (SUPERAGERS) Autor: Alessandro Amorim Aita Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione Brasília - DF 2020

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93 f. Pró-Reitoria Acadêmica

Escola de Saúde e Medicina

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E COGNITIVAS EM IDOSOS COM ALTA PERFORMANCE

COGNITIVA (SUPERAGERS)

Autor: Alessandro Amorim Aita Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas

Soares Chariglione

Brasília - DF

2020

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ALESSANDRO AMORIM AITA

AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E COGNITIVAS EM IDOSOS COM ALTA PERFORMANCE COGNITIVA (SUPERAGERS)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione

Brasília 2020

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AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos e amados pais, Leonardo e Sônia, pela dedicação e

incentivo permanentes ao longo da minha vida.

Aos meus irmãos, Dr. Giuliano e Dra. Daniele, pelo exemplo de ser humano,

profissional, caráter e integridade.

Aos meus sobrinhos, Maria Fernanda, Valentina, Giovana e Heitor, pelo

aprendizado diário de tornar-me um melhor ser humano.

À minha orientadora, Profa. Dra. Isabelle Chariglione, psicóloga e docente, pelo

profissionalismo, dedicação e apoio na jornada.

Ao coordenador do mestrado em Gerontologia, Prof. Dr. Vicente Alves, pelo

exemplo de dedicação, empenho e profissionalismo na condução das disciplinas e

acompanhamento dos alunos.

Aos membros da banca de defesa Profa. Dra. Corina Satler e Prof. Dr. Henrique

Salmazo, pelas contribuições importantes, profissionalismo e apoio.

Ao Dr. Rubens Chojniak, diretor do Departamento de Radiologia do Hospital

AC Camargo onde fiz residência médica, pelo incentivo e apoio sempre nos estudos

e trabalhos.

À Dra. Kátia Torres Batista, cirurgiã plástica, pelo incentivo e apoio na área

acadêmica, sempre.

À Dra. Janice Lamas, radiologista e pesquisadora, pelo exemplo e apoio no

estudo e trabalho.

A toda equipe da Universidade Católica de Brasília, incluindo a equipe

administrativa e acadêmica, composta pelos professores das disciplinas cursadas

durantes o mestrado, que contribuíram para a realização e concretização desse

sonho.

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RESUMO

AITA, A. A. Avaliação das medidas físicas, psicológicas e cognitivas em idosos com alta performance cognitiva (SuperAgers). 2019. 106 f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2020.

O envelhecimento passa por processos biológicos, psicológicos e cognitivos, sendo multidisciplinar e multidimensional. A compreensão das alterações cognitivas que acompanham o envelhecimento normal é de importância crescente, sobretudo pelas trajetórias cognitivas dos idosos que parecem resilientes e resistentes às repercussões das alterações anatômicas, patológicas e funcionais associadas ao envelhecimento. Os SuperAgers são idosos com alta performance cognitiva, que têm desempenho cognitivo comparado a idosos com idade de 20 a 30 anos a menos. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre aspectos físicos, psicológicos e cognitivos em idosos com elevado desempenho cognitivo. Os objetivos específicos foram investigar as medidas cognitivas e suas relações com as medidas físicas e psicológicas, investigar a composição corporal, a capacidade cardiorrespiratória e a força muscular, além de verificar as medidas cognitivas que mais se relacionam à alta performance em idosos e analisar as medidas de desempenho dos idosos em relação ao tempo. A amostra utilizada neste estudo foi de conveniência e composta pelos idosos do Grupo de pesquisa NeuroCog-Idoso. O recorte aqui apresentado foi de um ano e com três medidas: linha de base, após seis meses e após um ano de intervenções. O estudo foi iniciado com 85 idosos, mas esse recorte refere-se a uma amostra de 27 idosos com idade média de 71 anos (DP=±3,59). Foram analisados os aspectos físicos, psicológicos e cognitivos por meio das variáveis: composição corporal, capacidade cardiorrespiratória, força muscular, qualidade de vida, ansiedade, depressão, memória episódica, cognição global, atenção e funções executivas. Os resultados corroboram resultados encontrados na literatura nacional e internacional por ter avaliado majoritariamente mulheres idosas (N=23, 86,19%). Os idosos estavam distribuídos equitativamente quanto à escolaridade e ao estado civil. As variáveis físicas foram condizentes às faixas etárias, onde 75% dos idosos apresentam sobrepeso e se encontram dentro dos parâmetros adequados na escala de ansiedade (M=4,52, DP=±4,24) e depressão (M=2,59, DP=±2,15). As medidas cognitivas foram boas preditoras no que se refere à performance cognitiva, em função do tempo, diversas variáveis tiveram aumento em seus desempenhos, correlações foram observadas entre as medidas cognitivas e psicológicas, sendo possível a apresentação de um possível modelo logístico para a explicação das variáveis preditoras para uma alta performance cognitiva e resiliência ao declínio cognitivo. Sendo assim, dada a expansão da população idosa mundialmente, entende-se a importância deste trabalho, na medida em que a saúde cognitiva está se tornando cada vez mais objeto de pesquisas, sendo necessárias mais pesquisas sobre a resiliência cognitiva, que também pode ser denominada de SuperAging ou envelhecimento bem-sucedido de memória.

Palavras-chave: Envelhecimento. Composição Corporal. Cognição. Neuropsicologia.

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ABSTRACT

AITA, A. A. Evaluation of physical, psychological and cognitive measures in elderly with high cognitive performance (SuperAgers). 2019. 106 f. Dissertation (Master in Gerontology) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2020.

Aging goes through biological, psychological and cognitive processes, being multidisciplinary and multidimensional. Understanding the cognitive changes that accompany normal aging is of increasing importance, especially due to the cognitive trajectories of the elderly who seem resilient and resistant to the repercussions of anatomical, pathological and functional changes associated with aging. SuperAgers are elderly people with high cognitive performance, who have cognitive performance compared to elderly people aged 20 to 30 years less. The aim of this study was to evaluate the relationship between physical, psychological and cognitive aspects in elderly people with high cognitive performance. The specific objectives were to investigate cognitive measures and their relationship to physical and psychological measures, to investigate body composition, cardiorespiratory capacity and muscle strength, in addition to checking the cognitive measures that are most related to high performance in the elderly and to analyze measures performance of the elderly in relation to time. The sample used in this study was convenience and composed of the elderly in the NeuroCog-Idoso research group. The clipping presented here was one year and with three measures: baseline, after six months and after a year of interventions. The study started with 85 elderly people, but this cut refers to a sample of 27 elderly people with a mean age of 71 years (SD = ± 3.59). The physical, psychological and cognitive aspects were analyzed through the variables: body composition, cardiorespiratory capacity, muscle strength, quality of life, anxiety, depression, episodic memory, global cognition, attention and executive functions. The results corroborate results found in the national and international literature for having evaluated mostly elderly women (N = 23, 86.19%). The elderly were equally distributed in terms of education and marital status. The physical variables were consistent with the age groups, where 75% of the elderly were overweight and are within the appropriate parameters on the anxiety scale (M = 4.52, SD = ± 4.24) and depression (M = 2.59, SD = ± 2.15). Cognitive measures were good predictors with regard to cognitive performance, as a function of time, several variables had an increase in their performance, correlations were observed between cognitive and psychological measures, making it possible to present a possible logistic model for the explanation of predictive variables for high cognitive performance and resilience to cognitive decline. Therefore, given the expansion of the elderly population worldwide, the importance of this work is understood, as cognitive health is becoming more and more the object of research, requiring more research on cognitive resilience, which can also be called of SuperAging or successful aging of memory.

Key Words: Aging. Body Composition. Cognition. Neuropsychology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Maintenance, reserve and compensation: the cognitive neuroscience of healthy ageing. .......................................................................................................... 47

Figura 2. Fluxograma do Desenho do Estudo. .......................................................... 51

Figura 3. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas físicas. Brasília, DF, 2020. ..................................................................................................... 69

Figura 4. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas psicológicas. Brasília, DF, 2020. ............................................................................... 70

Page 9: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição das variáveis sociodemográficas. Brasília, DF, 2020. .............. 66

Tabela 2. Descrição das variáveis Físicas, Psicológicas e Cognitivas. Brasília, DF, 2020. ......................................................................................................................... 67

Tabela 3. Estimativa do Modelo Logístico. Brasília, DF, 2020. ................................. 71

Tabela 4. Alterações dos dados físicos, psicológicos e cognitivos ao longo do tempo. Brasília, DF, 2020. ..................................................................................................... 72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACE-R Addenbrooke´s Cognitive Examination-Revised - Exame Cognitivo de Addenbrooke

ApoE Aapolipoproteina E

ASHT American Society of Hand Therapists

AVD Atividade de vida diária

BAI Escala de Ansiedade de Beck

CA Circunferência abdominal

CC Composição corporal

CCR Capacidade cardiorrespiratória

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CERAD Consortium to establish a registry for Alzheimer Disease

CP Circunferência da panturrilha

CV Capacidade vital

DEXA Absorciometria de feixe duplo

DTI Diffusion tensor imaging

EBS Envelhecimento bem-sucedido

FPPD Força de preensão palmar direita

FPPE Força de preensão palmar esquerda

GDS Geriatric Depression Scale - Escala de Depressão Geriátrica

HAROLD Hemispheric reduction in old adults

HPOA High performing older adults

IP Índice de Interferência Proativa

IR Índice de Interferência Retroativa

MEEM Miniexame do Estado Mental

MLP Memória de longo prazo

NHANES-III National Health and Nutrition Examination Survey

OMS Organização Mundial da Saúde

PALA Porto Alegre Longitudinal Study

PET Tomografia por emissão de positrons

RAVLT Rey Auditory-Verbal Learning Test

RBMT Rivermead Behavioral Memory Test

RC Reserva cognitiva

RCQ Razão cintura-quadril

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RM Ressonância magnética

SOC Seleção, otimização, compensação

TC Tomografia computadorizada

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UCB Universidade Católica de Brasília

US Ultrassonografia

VE Ventilação pulmonar

WHOQOL World Health Organization Quality of Life Group

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18

2.1 ENVELHECIMENTO E SEUS PROCESSOS BIOLÓGICOS E FÍSICOS ........... 18

2.2 ENVELHECIMENTO CEREBRAL, COGNIÇÃO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS

.................................................................................................................................. 25

2.3 LONGEVIDADE E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO ................................ 33

2.4 SUPERAGERS ................................................................................................... 38

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 49

3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 49

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 49

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 50

4.1 TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 50

4.2 AMOSTRA ........................................................................................................... 51

4.3 INSTRUMENTOS ................................................................................................ 52

4.3.1 Medidas Físicas .............................................................................................. 52

4.3.2 Medidas Psicológicas .................................................................................... 53

4.3.3 Medidas Cognitivas ........................................................................................ 54

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 55

4.5 ANÁLISE DE DADOS.......................................................................................... 56

5 ARTIGO: UM ESTUDO LONGITUDINAL SOBRE PERFORMANCE COGNITIVA E

SUAS VARIAÇÕES EM MEDIDAS PSICOLÓGICAS, COGNITIVAS E FÍSICAS EM

IDOSOS COGNITIVAMENTE TÍPICOS E COM COGNIÇÃO SUPERIOR ............... 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 85

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 87

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 103

APÊNDICE B - Anamnese ..................................................................................... 104

Page 13: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

11

1 INTRODUÇÃO

Como médico radiologista, sempre fui interessado em conhecer melhor e

investigar condições subjacentes, interpretar exames no contexto clínico apropriado,

com a visão e perspectiva multidisciplinar, além de participar de reuniões científicas,

com interesse acadêmico, trocas de experiências, educação continuada, aprendizado

contínuo. Aliado a isso, o relevante interesse em aspectos psicológicos, humanos e

seus temas correlatos sempre esteve presente em minha vida. O mestrado na área

de Gerontologia, diante da transformação epidemiológica do momento em que se vive,

foi uma escolha assertiva no contexto da compreensão do envelhecimento, sobretudo

com tema relativamente novo: SuperAgers (superidosos, subgrupo de idosos

longevos - acima de 80 anos).

O envelhecimento é compreendido como um processo multidisciplinar e

multidimensional caracterizado pela redução da capacidade de manter o equilíbrio

homeostático sob condições de sobrecarga funcional, com implicações que resultam

em alterações orgânicas, fisiológicas, psíquicas, sociais, funcionais. O modo como

essas alterações ocorrem ao longo do tempo contribuirão para o envelhecimento

senescente, isto é, saudável ou acompanhado por doenças (senilidade). A avaliação

das condições físicas, psicológicas, cognitivas dos idosos permite ampliar a

compreensão das necessidades de saúde e dos padrões de envelhecimento. As

informações geradas podem transformar-se em subsídios para implantação de

programas, planejamento e intervenções adequadas (ROSA et al., 2003).

Com o envelhecimento e aumento da expectativa de vida, os SuperAgers têm

sido o segmento populacional que mais cresce (KNAPPE et al., 2015), inclusive, o

número de centenários no mundo tem previsão de aumento para 2,2 milhões em 2050

(PAPALÉO NETTO et al., 2015). No Brasil, até 2042, de acordo com o IBGE (2018),

o número de idosos deverá dobrará dos 28 milhões apurados em 2017.

O termo SuperAger (HARRISON et al., 2012) foi originalmente

operacionalizado em Northwestern, há mais de 10 anos, baseado nos seguintes

critérios: idade acima de 80 anos; performance de memória episódica igual ou superior

ao nível de indivíduos cognitivamente típicos com 50-60 anos; performance em outros

domínios cognitivos, não relacionados à memória, no mínimo na média ou superior

para a idade (ROGALSKI, 2019). Esses critérios foram validados através de estudos

que identificaram achados anatômicos, biológicos, psicossociais e genéticos

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12

associados ao fenótipo SuperAger (ROGALSKI, 2012, 2013, 2019). A idade é um fator

relevante na definição e alguns estudos, como o de DANG et. al. (2019), que incluíram

idosos a partir de 60 anos. Construtos teóricos sobre os idosos com mais resiliência

propuseram a descrição desses indivíduos como resilient-agers (BOTT et al., 2017),

cognitively elite (LIN et al., 2017), optimal memory performers (DEKHTYAR et al.,

2017), tendo sido utilizados critérios validados de psicometria. As diversas

proposições supracitadas demonstram que até o presente momento não existe uma

definição única ou consensual para a caracterização do SuperAger.

O crescimento da longevidade e o aumento do número de longevos fez com

que o conceito de envelhecimento bem-sucedido (EBS) ganhasse mais importância,

já que um dos objetivos é manter saúde e bem-estar, reduzindo as incapacidades

relacionadas à idade mais avançada (KNAPPE et al., 2015). Uma parte da literatura

gerontológica tem trabalhado os conceitos de EBS, positivo sob o enfoque

multidimensional e de qualidade de vida, utilizados para identificar idosos sem declínio

funcional na cognição, humor-comportamento, mobilidade e comunicação. As

definições iniciais enfatizavam dimensões psicológicas como satisfação com a vida e

autopercepção positiva. A definição mais difundida é a de Rowe e Kahn, que utilizaram

perspectiva mais biomédica, estabelecendo três componentes: baixa probabilidade de

doenças, alta capacidade funcional física e cognitiva e engajamento ativo com a vida

(KNAPPE et al., 2015).

Segundo Cho, Martin e Poon (2015), várias pesquisas têm sido conduzidas nos

últimos anos para avaliar os determinantes, conceitos e aplicações do envelhecimento

bem-sucedido, e propuseram, para sua definição, modelo alternativo aos de Rowe e

Kahn, que focava nos aspectos psicossociais. Há uma tendência atual de considerar

modelos multidimensionais, incluindo critérios físicos, cognitivos, psicológicos e

sociais (DEEP; JESTE, 2006). O Envelhecimento bem-sucedido pode coexistir com

doenças e limitações funcionais quando mecanismos psicológicos e sociais

compensatórios são utilizados (YOUNG; FRICK; PHELAN, 2009).

De acordo com Harada, Love e Triebel (2013), há alterações estruturais e

funcionais cerebrais com o envelhecimento e o desenvolvimento das pesquisas em

neurociência pode auxiliar na explicação das alterações cognitivas relacionadas à

idade. Os estudos variam de acordo com o desenho proposto, variáveis analisadas,

modelo transversal (cross-sectional) ou longitudinal, e isso influencia as análises,

sendo necessárias mais pesquisas. Modelos neuropsicológicos indicam que o declínio

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13

cognitivo é uma consequência do aumento da idade, após os 60 anos (HARADA;

LOVE; TRIEBEL 2013; SALTHOUSE, 2009). Há controvérsias em relação à idade de

início de declínio cognitivo e, conforme apresentado por SALTHOUSE (2009), esta

ausência de consenso tem implicações práticas e teóricas, no entendimento e nas

ações voltadas para esse público, o que inclui a construção e a aplicação de

intervenções cognitivas. Uma importante evidência em estudos transversais (cross-

sectional) sugere que as alterações relacionadas ao declínio cognitivo começam

relativamente cedo na idade adulta com as tendências em variáveis neurobiológicas

associadas ao funcionamento cognitivo, ao volume cerebral regional cerebral, à

integridade mielínica, à espessura cortical, aos acúmulos de bandas neurofibrilares, à

concentração de metabólitos e à quantidade e índice de conectividade de

neurotransmissores (SALTHOUSE, 2009).

Duas importantes publicações baseadas em estudos transversais mostram

declínios em funcionamento cognitivo comparativamente em amostras de 250 ou mais

adultos em função do tempo (SALTHOUSE, 2004; SCHAIE, 2005). Uma parte da

discrepância em relação à idade de início do declínio se associa à questão do tipo de

estudo: longitudinal (comparações within-person) e transversal (between-person). Há

variabilidade nas trajetórias cognitivas e que aumentam com a idade, indicando que

as diferenças individuais crescem com o avançar da idade (DANG et al., 2019).

Algumas dessas diferenças têm sido explicadas por efeitos como doença

neurodegenerativa pré-clínica, a exemplo de Doença de Alzheimer em amostras de

idosos (HARRINGTON et al., 2017), assim como a presença de idosos que parecem

ser resilientes ao declínio cognitivo.

A performance cognitiva é um dos maiores determinantes de envelhecimento

saudável, sendo que o declínio cognitivo está relacionado à perda da funcionalidade

e bem-estar nos idosos (BORELLI et al., 2018b). As alterações cognitivas nos idosos

podem interferir no envolvimento das atividades sociais (PINTO; NERI, 2017), na

qualidade de vida, expectativa e bem-estar (WILSON et al., 2012), na capacidade

funcional (TRINDADE et al., 2017). Portanto, a manutenção da cognição é

componente importante da qualidade de vida e longevidade. Após a década de 1970,

passou-se a assumir a condição cognitiva como um processo multidimensional,

multifatorial com trajetórias individuais (CORRÊA, 2010).

A reserva cognitiva (RC), que consiste na capacidade do cérebro de suportar

maior quantidade de neuropatologia antes do limiar, onde a sintomatologia clínica se

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14

inicia, é considerada uma construção dinâmica e seu estado deve-se a um conjunto

de variáveis como as genéticas, escolaridade, tipo de trabalho desempenhado ao

longo da vida, atividade de lazer, estilo de vida, nível socioeconômico (SOBRAL;

PAÚL, 2015). As alterações cognitivas nos idosos não são estáticas e algumas

habilidades declinam mais rapidamente, ressaltando que existem habilidades que se

mantêm estáveis, como a linguagem e o julgamento ao longo da vida (MALLOY-DINIZ;

FUENTES; COSENZA, 2013).

Uma associação entre cognição e função física existe e pode variar entre

idosos cognitivamente típicos e idosos com declínio cognitivo (CHARIGLIONE et al.,

2018). Alguns estudos sugerem que a performance física e cognitiva são relacionadas

por algumas vias (hormonais, fisiológicas, sistêmicas): capacidade cardiorrespiratória

(CCR) - cardiorespiratory fitness - foi associada a 11% de incremento em funções de

atenção visual (LIU-AMBROSE et al., 2010), melhor função muscular e redução de

43% do risco de demências (BARNES, D. et al., 2013). Do ponto de vista funcional,

uma maior força implicaria uma melhor performance funcional, assim como atividades

relacionadas a autocuidado, manutenção da independência e interação social. Do

ponto de vista fisiológico, a insulina, o cortisol e o GH (hormônio do crescimento), além

de marcadores inflamatórios, poderiam ter associações com indicadores de reserva

cerebral e função muscular, além de fatores neuroprotetores, como o aumento da

disponibilidade de BNDF (brain-derived neurotrophic fator) (MORLEY; MALMSTROM;

MORLEY, 2013).

No contexto de aspectos físicos e biológicos, a função cardiovascular e a

respiratória são importantes, pois no envelhecimento ocorre a redução da

complacência do ventrículo esquerdo, da complacência arterial, do consumo máximo

de oxigênio (VO2 máx), assim como alterações na ergoespirometria. Estudos de

Wendell et al. (2014) mostraram que indivíduos com VO2 máximo reduzido tiveram

declínio maior na performance em medidas de memória visual e verbal, e NHANES-

III (National Health and Nutrition Examination Survey), a atividade física apresentou

correlação positiva com performance em testes cognitivos.

Hörder et al. (2018) mostraram que a alta performance cardiovascular foi

associada como redução do risco de demência em uma população de mulheres, com

follow-up de 44 anos. Chariglione et al. (2018) avaliaram as correlações entre variáveis

físicas e cognitivas em mulheres idosas, corroborando os achados de outros estudos

Page 17: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

15

(DOUGHERTY et al., 2017), que sugeriram que a performance cardiovascular está

relacionada ao volume hipocampal.

Diante da longevidade em expansão no mundo e no Brasil, torna-se relevante

o estudo dos SuperAgers. Essa tendência demográfica acarreta implicações políticas,

sociais, médicas e econômicas (DIPIETRO et al., 2012). Um fator importante refere-

se ao fato de ainda não existir uma definição consensual sobre os indivíduos com

trajetória cognitiva excepcional, e os critérios de inclusão dos estudos, como idade e

variáveis cognitivas, podem ter influenciado resultados previamente apresentados na

literatura. Nesse sentido, verifica-se nesse momento um crescente interesse pelas

trajetórias cognitivas do envelhecimento bem-sucedido (sucessful cognitive aging

trajectory) (BORELLI et al., 2018b). Em estudo sobre a definição operacional de

SuperAgers, esses autores incluem avaliação de domínios cognitivos não

relacionados à memória e reforçam que a avaliação desses idosos não implica

somente selecionar uma classe simples de indivíduos com critérios neuropsicológicos.

Os autores propõem, ainda, uma definição mais ampla, compreensível e que inclua

indivíduos com pouca escolaridade e com funcionamento cognitivo não usual,

especialmente para os países não desenvolvidos ou em desenvolvimento. A

nomenclatura proposta por Borelli et al. (2018b) do termo HOPA (high performing older

adults) foi inicialmente proposta por Cabeza (2002). Nessa apresentação, Borelli et al.

(2018b) fazem a proposição de que idosos que não tiveram declínio até os 75 anos

de idade têm maior probabilidade de manutenção cognitiva, podendo ser esse o age

cut-off.

Nyberg et al. (2010) demonstram que o declínio se intensifica após 60-65 anos

e, marcadamente, após 74 anos, com atrofia não linear envolvendo inicialmente

regiões pré-frontais e parietais. Outros estudos têm demonstrado que os idosos de

alta performance cognitiva apresentam maior volume cortical (especialmente córtex

cingulado), menor prevalência do alelo E4 da apolipoproteina E (ApoE), maior

quantidade de neurônios Von Economo e menos marcadores neuropatológicos que a

média de idosos (GEFEN, 2015; ROGASLKI et al., 2012; 2013).

Bott et al. (2017), em estudo observacional investigativo, incluíram idosos

funcionalmente íntegros entre 60 e 80 anos (University of California San Francisco

Memory and Aging Center) e avaliaram o impacto de fatores genéticos (genes APOE

e4, CR1), inflamatórios( interleucina -6), cardiovasculares, estilo de vida (atividade

física), neuroanatômicos (volume do corpo caloso) em velocidade de processamento

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cognitivo, tendo sido divididos em três grupos. Os autores observaram maior volume

de corpo caloso nos idosos resilientes (maior velocidade de processamento cognitivo),

no baseline, menores níveis de interleucina-6 e insulina comparativamente ao idosos

do grupo com menor velocidade de processamento cognitivo (SubAgers).

A velocidade de processamento cognitivo robusta e estável foi correlacionada

com maior volume do corpo caloso no baseline, níveis mais baixos de inflamação e

insulina, e maior frequência de atividade física, enfatizando a relevância de fatores

neuroanatômicos, biológicos e de estilo de vida na identificação e predição das

trajetórias cognitivas (BOTT et al., 2017). Este estudo também evidenciou alta

frequência de APOEe4 e CR1AA-AG nos SuperAgers, que são alelos que foram

associados à potencialização da deposição de beta-amiloide, risco de demência e

declínio cognitivo, indicando prováveis componentes de fatores neuroprotetores.

Segundo Thambissety et al. (2013), estudos recentes não encontraram associação de

APOE e CR1 e risco adicional de demência. Portanto, há tendência em não se

considerar APOE e4 como fator isoladamente associado ao aumento de risco de

demência.

Dang et al. (2019), em estudo que examinou o risco em oito anos de progressão

clínica em idosos acima de 60 anos com memória episódica superior (SuperAgers)

comparativamente aos idosos cognitivamente típicos (average), evidenciaram

prevalência de beta-amiloide e APOE e4 equivalente entre os dois grupos e redução

do risco de 69-73% de progressão clínica para declínio cognitivo e demência dos

SuperAgers comparativamente aos cognitivamente típicos. Os grupos foram divididos

entre presença ou não de beta-amiloide, sendo que a presença de maior depósito de

beta-amiloide foi associada a maior declínio cognitivo independente da classificação

de SuperAger-cognitivamente típico.

Borelli. (2019), em estudo desenvolvido de correlação da neuroimagem

molecular, estrutural e funcional em superidosos, ao investigar espessura cortical,

volumetria (RM estrutural), atividade metabólica (PET com FDG), conectividade

funcional (RM funcional) e depósito de placa amiloide (PIB - Pittsburg Compound B),

demonstrou maior espessura do cíngulo anterior e conectividade funcional aumentada

nessa região, sendo que o acúmulo amiloide foi similar entre os grupos de superidosos

e o grupo controle (C80).

Examinar os fatores que podem expandir a reserva cognitiva e retardar o início

de declínio é importante para indivíduos em processo de envelhecimento, tendo papel

Page 19: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

17

na Gerontologia, na saúde e na economia mundial, políticas públicas de saúde e

demais setores. Os SuperAgers têm aspectos biológicos, neurocognitivos e de

exames de imagem que podem diferenciá-los dos demais idosos.

O estudo multidimensional de idosos do grupo de pesquisa Neurocog-Idoso e

a investigação de SuperAgers com a relação entre as variáveis obtidas constituem

pilar do presente projeto. O grupo NeuroCog-Idoso é coordenado pela Profa. Dra

Isabelle Chariglione e conta com a colaboração de professores da graduação em

Psicologia e da Pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília,

além da Universidade de Brasília. O Neurocog-Idoso é registrado pelo diretório nos

Grupos de Pesquisa no Brasil – Lattes e conta com a participação de discentes nas

áreas de graduação e pós-graduação, nos níveis de Mestrado e Doutorado.

Há, de acordo com a literatura, evidências de que não somente a cognição,

como variáveis biológicas, sociais, comportamentais, apresentam variabilidade

interindividual e que deve haver um subgrupo, por diversos fatores, que não

apresentam maiores alterações nas variáveis supracitadas, sendo que nestes se

incluem os SuperAgers.

Investigar a relação entre os perfis cognitivos, de composição corporal e

aspectos psicológicos constitui a motivação do presente trabalho, que será composto

por quatro itens em seu referencial teórico, discutindo o envelhecimento e seus

processos biológicos e físicos, envelhecimento cerebral, cognição e aspectos

psicológicos, a longevidade e o envelhecimento bem-sucedido e os SuperAgers. Em

seguida, serão apresentados os objetivos gerais e específicos e uma detalhada

descrição dos materiais e métodos utilizados na realização desta pesquisa. Por fim, e

não menos importante, uma prévia do artigo intitulado: “Um estudo longitudinal sobre

performance cognitiva e suas variações em medidas psicológicas, cognitivas e físicas

em idosos” com os principais resultados deste estudo, a ser submetido após a

averiguação e contribuições da banca de defesa; e as considerações finais do trabalho

aqui proposto e realizado nesses últimos dois anos.

Page 20: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENVELHECIMENTO E SEUS PROCESSOS BIOLÓGICOS E FÍSICOS

O envelhecimento consiste em processo biológico, universal, estocástico, além

de ser dinâmico, variável e progressivo, em meio ao qual se desenvolvem

modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas do corpo humano

que podem reduzir, potencialmente, a capacidade adaptativa do indivíduo ao

ambiente, podendo comprometer sua integridade e favorecer o aparecimento de uma

grande diversidade de doenças crônicas, que impactam a saúde e a qualidade de

vida, especialmente em pessoas com idades avançadas (PASCHOAL, 2011).

Portanto, os processos de envelhecimento são contínuos e graduais, com

variabilidade entre as populações.

Como fenômeno mundial, a transformação da pirâmide etária, o

envelhecimento populacional e o aumento de longevidade são observados. Essa

tendência demográfica implica mudanças políticas, sociais, médicas, econômicas

(DIPIETRO et al., 2012). A expectativa é de 57 milhões de idosos para 2040 ou 28%

da população (CAMARANO; KANSO; FERNANDES, 2013). Informações do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam essa trajetória e afirmam que,

até 2060, o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2%

para 25,5%. Segundo a pesquisa, a fatia de pessoas com mais de 65 anos alcançará

15% da população já em 2034, ultrapassando a barreira de 20% em 2046 (IBGE,

2018).

No Brasil, o envelhecimento acompanha as mudanças demográficas que

ocorreram em âmbito mundial e a população muito idosa também aumenta, sendo

que o número de centenários tem projeção de aumentar para 2,2 milhões em 2050

(PAPALÉO NETTO et al., 2015).

O envelhecimento do ponto de vista biológico pode ser compreendido por meio

de teorias que foram agrupadas e que tentam explicar os aspectos genéticos,

bioquímicos e fisiológicos do organismo (JECKEL-NETO; CUNHA, 2011). O declínio

gradual da reserva fisiológica ocorre em cada órgão ou sistema de forma

independente, sendo influenciado pela nutrição, condições do meio, hábitos pessoais

e fatores genéticos. Essa variabilidade representa uma realidade heterogênea, com

experiências e trajetórias individuais e coletivas, com formas peculiares de

Page 21: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

19

manifestação biológica, sociocultural, psicológica, as quais contribuem para padrões

de envelhecimento normal, patológico ou otimizado (NERI, 2016).

Dentre os aspectos físicos, a composição corporal é uma medida importante,

sendo componente biológico fundamental na saúde, capacidade funcional e qualidade

de vida. Este é um dos aspectos mais importantes no campo da gerontologia, tendo

em vista o impacto metabólico e funcional dos fenótipos de composição corporal

(FALSARELLA et al., 2014), predizendo funcionalidade, cognição, saúde geral, bem-

estar. A dimensão da saúde física relaciona-se à funcionalidade e esta, por sua vez,

representa paradigma relevante no idoso ao considerar a integração entre físico,

cognitivo, habilidades motoras e o ambiente (MORAES, 2012). Há heterogeneidade e

multifatorialidade das variações quantitativas da composição corporal no

envelhecimento, sendo descrita a existência de perfis ou fenótipos de composição

corporal nos idosos, categorizados em sarcopênicos, obesos e obesos sarcopênicos

(FALSARELLA et al., 2014). Considerada como componente metabólico e funcional,

a composição corporal sofre modificações significativas no envelhecimento

(WOODROW, 2009), que se expressam por redução da massa livre de gordura e

variação positiva na massa gorda. As alterações fisiológicas na massa livre de gordura

referem-se a redução da massa muscular e redução da massa óssea (BUFFA et al.,

2011), bem como de água corporal notadamente do componente intracelular. Por

outro lado, a massa gorda subcutânea diminui expressivamente com o avanço da

idade, comparada à gordura visceral (BUFFA et al., 2011).

Há fenótipos de composição corporal (CC) e suas modificações têm impacto

na saúde, capacidade funcional e qualidade de vida (WOODROW, 2009). De acordo

com Bazzocchi et al. (2013), as variações na composição corporal associadas ao

envelhecimento devem ser investigadas sob os seguintes aspectos: redução

progressiva da massa magra e aumento da massa gorda, que podem originar a

sarcopenia e obesidade sarcopênica, redução da altura e densidade mineral óssea

vinculadas às condições de osteopenia e osteoporose, e a redistribuição de massa

gorda, com aumento da gordura central e visceral.

A identificação e diagnóstico de tais alterações constituem instrumento

essencial na avaliação do idoso, visto que essas alterações implicam desfechos

desfavoráveis para o âmbito da saúde (FALSARELLA et al., 2014). A redução da

massa magra e massa óssea influenciam o estado funcional, endócrino e cognitivo

(FALSARELLA et al., 2014), enquanto o sobrepeso e a obesidade são associados ao

Page 22: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

20

aumento de risco de morbidade e mortalidade em adultos de meia idade. Poucos

estudos focaram em população idosa, sendo que a redução da densidade óssea, o

aumento da massa gorda e a modificação na distribuição da gordura com aumento de

gordura visceral podem estar fortemente associados a condições adversas, como

síndrome metabólica, inflamação, resistência insulínica, diabetes, doenças

cardiovasculares e câncer (CHANG et al., 2012).

Além dos aspectos endócrinos, hormonais, a inflamação sistêmica (níveis

elevados de interleucina-6 e fator de necrose tumoral alfa) e a redução da estimulação

neuronal para o sistema musculoesquelético estão associadas à variação na

composição corporal (WOODROW, 2009). Os elementos da composição corporal são

de grande importância para os aspectos metabólicos e funcionais (FIELDING et al.,

2011), pois as modificações não acontecem de forma homogênea entre os indivíduos

e decréscimos de massa muscular e massa óssea influenciam o estado funcional,

endócrino e cognitivo.

A baixa massa muscular pode ser indicador de declínio geral da função

biológica. Baixos níveis de força muscular e obesidade são relacionados a declínio

funcional e alterações cognitivas (BRITO, W. et al., 2016). A mensuração da massa

muscular pode ser realizada por diversos métodos, como antropometria,

bioimpedância e métodos de imagem, como tomografia computadorizada (TC),

ressonância magnética (RM) e densitometria corporal total (VALENTE, 2016). A

densitometria é um método atrativo para diferenciar gordura, músculo e osso tanto na

prática clínica quanto em pesquisa.

Vários métodos são utilizados para a caracterização da composição corporal -

como bioimpedância, ultrassonografia (US), TC e RM (CRUZ-JENTOFT et al., 2010).

Atualmente, o método mais recomendado para a avaliação da composição corporal é

a absorciometria de feixe duplo (DEXA), que permite a determinação do percentual

de gordura e massa magra, servindo de ferramenta adicional na avaliação de risco

cardiovascular. Suas vantagens são a praticidade e aquisição de medidas objetivas

em tempo curto de exame (20 a 30 minutos). As medidas antropométricas

representadas pelo IMC, razão cintura-quadril (RCQ), circunferência da panturrilha

(CP) e circunferência abdominal (CA), representam uma maneira racional e eficiente

de se presumir o volume e a distribuição de gordura e da musculatura. Os softwares

de DEXA permitem avaliação regional e global dos elementos da composição

corporal, nos membros superiores e inferiores, corpo, cabeça (SIQUEIRA et al., 2018).

Page 23: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

21

A força de preensão palmar está relacionada à força total do corpo e tem se

caracterizado como mecanismo acessível de avaliação da força. Algumas atividades

da vida diária, para serem realizadas com boa funcionalidade, dependem direta ou

indiretamente de força de preensão palmar (REIS, 2003). Pereira et al. (2015)

observaram que grupos com maior massa magra registraram maior escore de força

muscular, mesmo com percentuais de gordura distintos. Epidemiologicamente,

estudos têm destacado que a força de preensão manual é o mais útil marcador de

fragilidade em relação à idade cronológica, e é frequentemente utilizado para

caracterizar a força muscular global (BAUMGARTNER, 2000). Utiliza-se o

dinamômetro manual e existe a técnica adequada e a mensuração.

Embora os membros inferiores sejam mais relevantes que os superiores para

marcha e atividade física, a força palmar tem sido utilizada e apresenta correlação

com redução da força de membros inferiores. Portanto, a força isométrica de preensão

palmar é relacionada à potência muscular de membros inferiores, com a amplitude de

extensão dos joelhos e área seccional da musculatura da panturrilha (VALENTE,

2016). A sua redução é marcador clínico melhor de comprometimento da mobilidade

do que redução da massa muscular. Existe correlação linear entre este parâmetro e a

incapacidade de atividades de vida diária. Trabalhos publicados na literatura

pesquisaram a relação entre qualidade muscular e marcadores de risco

cardiometabólico em idosos. Há evidências indicando associação entre força e

marcadores inflamatórios, em que altos níveis de proteínas inflamatórias são

relacionados a processos catabólicos, que levam à perda de massa e força muscular,

acelerando o processo de sarcopenia e levando à limitação funcional (GAUCHE et al.,

2015).

A maior gordura corporal associa-se com maior gordura intramuscular e menor

qualidade muscular, reduzindo a geração de potência muscular, sendo mais

estreitamente relacionada com capacidade funcional comparativamente à força

muscular (FIELDING et al., 2011). Entre as variáveis antropométricas e funcionais,

circunferência da cintura e a relação circunferência-estatura mostraram-se preditoras

de demência e a maior deposição de gordura central resultou em maior prevalência

de demência (BRITO, W. et al., 2016). O baixo nível de performance física e excesso

de peso são relacionados a isolamento social e, em alguns casos, perda de

independência funcional e doenças neurológicas, afetando a performance cognitiva

(TAKATA et al., 2012).

Page 24: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

22

A força de preensão palmar tem relação linear com as atividades de vida diária

(FOREGATO, 2019). Esta medida está sendo utilizada de forma crescente na prática

clínica em idosos (ROBERTS et al., 2011). Baixos níveis de força podem ser

considerados como fator preditivo independente de mortalidade em idosos acima de

85 anos não institucionalizados (TAKATA et al., 2012). Baixos níveis de performance

física, atividade física, estilo de vida e excesso de peso estão relacionados com

redução da mobilidade física, isolamento social e, em alguns casos, levam à perda de

independência funcional e desordens neurológicas, afetando a performance cognitiva,

como observado no estudo por Brito, W. et al. (2016). Silva, Pedraza e Menezes

(2015) verificaram a relação entre desempenho funcional e variáveis antropométricas

e composição corporal em idosos, tendo sido observada associação independente do

índice de massa corpórea, gordura e reserva muscular com a força de preensão

palmar, sendo a composição corporal a variável com melhor associação.

A CCR, mensurada através da ergoespirometria, constitui outro parâmetro

importante dentro dos aspectos físicos do envelhecimento. Modificações estruturais

determinam redução da reserva funcional, limitando o desempenho durante atividade

física e em situações de maior demanda. Alguns determinantes influenciam a função

cardíaca no envelhecimento, como redução da complacência do ventrículo esquerdo,

da complacência arterial, aumento da pressão sistólica, redução do consumo máximo

de O2 (VO2 máximo) por redução da massa ventricular (HELBER; AFIUNE NETO,

2016). Há alterações anatômicas cardíacas, como redução da quantidade e volume

de miócitos, alterações no colágeno, aumento do átrio esquerdo, que se associam a

essas alterações. O consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) pode ser

determinado de acordo com alguns parâmetros, como a exaustão voluntária

(RAVAGNANI; COELHO; BURINI, 2005). Indivíduos ativos conseguem reduzir a

perda da capacidade funcional cardiovascular para 5% quando mantêm níveis de

atividade física e composição corporal constantes (RAVAGNANI; COELHO; BURINI,

2005).

A CCR tem mostrado relação com a saúde cerebral em adultos (DOUGHERTY

et al., 2017). Para Pedrosa e Holanda (2009), perda da independência e baixos níveis

de condicionamento cardiorrespiratório são associados a risco de morbidade e

mortalidade por doenças crônicas. Evidências disponíveis sugerem que o exercício

físico pode trazer benefícios à memória e ao hipocampo. Estudos demonstraram

impacto de atividade física por 12 meses, aumentando o volume hipocampal em

Page 25: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

23

idosos, cognitivamente típicos e sedentários (ERICKSON et al., 2011; NIEMANN;

GODDE; VOELCKER-REHAGE, 2014). As relações entre CCR, volume hipocampal

e memória em idosos cognitivamente típicos, sem fatores de risco conhecidos para

demência, permanecem parcialmente elucidadas. Alguns estudos mostram

significativa associação entre CCR e volume hipocampal (ERICKSON et al., 2009).

Em uma coorte de idosos cognitivamente típicos, Dougherty et al. (2017) observaram

diferenças significativas entre os sexos na associação entre CCR, volume hipocampal

e memória episódica: para mulheres, foi observada significativa associação entre CCR

e volume hipocampal; para os homens, entre CCR e memória episódica, sugerindo

que a CCR pode proteger contra atrofia hipocampal em mulheres assintomáticas com

elevado risco de demência. Achados positivos entre CCR e volume hipocampal foram

encontrados em idosos sedentários cognitivamente típicos (BUGG et al., 2012). Em

contraste, Niemann, Godde e Voelcker-Rehage (2014) não observaram associação

significativa entre CCR e volume hipocampal em idosos sem declínio cognitivo. Essa

diferença pode ser explicada parcialmente por fatores ligados à medida do volume

hipocampal e os critérios para CCR.

Estudo de Varma et al. (2015) demonstrou associação positiva entre CCR e

volume hipocampal em mulheres. Em homens, Dougherty et al. (2017) encontraram

associação significativa entre CCR e o teste de aprendizagem auditivo-verbal RAVLT

(Rey Auditory-Verbal Learning Test) para memória episódica. Em idosos, alguns

estudos têm demonstrado associações positivas entre CCR, atividade física e

performance no RAVLT (BOOTS et al., 2014; ZHU et al., 2014). A associação entre

cognição e funções ou aspectos físicos tem sido demonstrada e estudos recentes

(ZAMMIT et al., 2018) têm proposto a integração entre medidas de performance física

e cognitiva em idosos. A capacidade ou status físico associado à saúde foi definido

como estado dinâmico de energia e vitalidade que permite, além de atividades diárias,

a capacidade intelectual e a sensação de bem-estar. A prática de atividade física pode

reduzir a taxa de declínio de funções físicas e aumentar a performance em habilidades

cognitivas (KENNEDY et al., 2017). Alguns estudos sugerem vias que relacionam os

aspectos físicos e cognitivos: CCR foi associada a um aumento de 11% em funções

de atenção visual (LIU-AMBROSE et al., 2010) e redução de 43% do risco de

demências (BARNES, D. et al., 2013).

Estudo de Chariglione et al. (2018), realizado com idosos sem declínio

cognitivo, mostrou associação da performance cognitiva no teste RAVLT, que avalia

Page 26: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

24

memória episódica, o ACE-R (Addenbrooke´s Cognitive Examination- Revised), que

avalia a performance cognitiva global, CCR (VO2), que avalia a capacidade

cardiorrespiratória, e Stroop (Stroop color and word test), que avalia a atenção.

Blakenvoort et al. (2013) demonstraram relação entre força, cognição global, funções

executivas medidas por Teste Stroop e testes de planejamento, atenção visual e

motora. Esses dados corroboram que a relação entre os aspectos físicos relacionados

a força e variáveis cognitivas pode ser explicada por vias funcionais, fisiológicas,

hormonais e sistêmicas.

Do ponto de vista funcional, a força permite melhor performance funcional em

atividades relacionadas com autocuidado, independência, interação social,

comunicação e estimulação contínua de habilidades mentais (KRUEGER et al., 2009).

Em relação à massa magra e gordura corporal, alguns trabalhos, como o de

Chariglione et al. (2018), demonstraram que não houve associação entre composição

corporal, massa muscular e performance cognitiva, enquanto outros, como o de

Tyrovolas et al. (2016), encontraram que a massa muscular teve associação com

melhor cognição, ausência de doença e maior engajamento na vida.

A função respiratória tem alterações no envelhecimento. As anormalidades

osteoarticulares interferem no processo de respiração, como a alteração na curvatura

do tórax, reduzindo espaço intercostal, interferindo na expansibilidade pulmonar e

capacidade volumétrica torácica. As alterações musculares resultam em perda de

força e função muscular anualmente após os 50 anos, e isso também repercute em

perdas nas capacidades inspiratória e expiratória. A expansibilidade torácica é

reduzida no idoso, assim como a fração expiratória, em 1 segundo (FEV 1) e

capacidade vital (CV) (HELBER; AFIUNE NETO, 2016).

A CCR é associada a baixas taxas de declínio cognitivo relacionado à idade,

particularmente em córtex pré-frontal, parietal superior e temporal em idosos

cognitivamente típicos (BARNES, J., 2015). Atividade física regular e exercício físico

são protetores cardiovasculares conhecidos, e isso parece se estender ao risco de

demência e alteração cognitiva. Durante o exercício, o fluxo sanguíneo aumenta,

sendo que alguns promovem aumento do fluxo sanguíneo cerebral em conjunto com

aumento do consumo de oxigênio. Esse acréscimo no fluxo sanguíneo cerebral

corresponde a redes neurais associadas com comando central à ativação da

musculatura esquelética e mudanças no sistema nervoso autônomo.

Page 27: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

25

2.2 ENVELHECIMENTO CEREBRAL, COGNIÇÃO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS

Há alterações estruturais e neurofisiológicas relacionadas ao envelhecimento

cerebral. O processo natural de envelhecimento (primário), chamado de senescência,

é fenômeno biológico, universal e inevitável. A senilidade é o processo de

envelhecimento associado à doença. A senescência implica redução na capacidade

de homeostasia, podendo haver perda da capacidade de adaptação frente a

sobrecarga, mas sem acarretar perda de autonomia e independência. Na senilidade,

a sobrecarga decorrente de doença somada à perda da capacidade de homeostasia

desencadeia sintomas e sinais e redução na funcionalidade, autonomia e

independência (FARFEL, 2008).

Uma indicação da senilidade cerebral é a ocorrência de demência ou transtorno

cognitivo maior, que resulta em prejuízo nas funções cognitivas e intelectuais, sendo

a Doença do tipo Alzheimer a mais comum. As células nervosas, os neurônios e as

células gliais são susceptíveis a danos no decorrer do processo de envelhecimento

por meio de fatores intrínsecos (genético, metabólico, circulatório) e extrínsecos

(ambientais, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiação). Há heterogeneidade em

variáveis fisiológicas e cognitivas no envelhecimento normal (CANÇADO; ALANIS;

HORTA, 2013). A senilidade ocorre quando os danos acontecem em intensidade

maior, com perdas funcionais e alterações em funções do sistema nervoso central,

especialmente as funções intelectuais, como atenção, memória, raciocínio, juízo

crítico, funções práxicas e gnósicas, fala, comunicação, com repercussões na vida de

relação, personalidade e afetividade (CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013).

As principais alterações anatômicas do sistema nervoso envolvem alterações

corticais e da substância branca e compreendem: redução do volume cerebral global

(FJELL; WALHOVD, 2010), redução do peso cerebral - a partir da sexta década para

os homens e sétima para as mulheres -, acentuação de sulcos corticais, redução do

volume do córtex cerebral em cerca de 10% entre 40 e 80 anos no córtex para-

hipocampal, hipotrofia cortical mais acentuada nos lobos frontais e temporais, redução

das porções anteriores do corpo caloso (sistema de fibras inter-hemisféricas frontais

e temporais), redução do peso do cerebelo, aumento da neuroglia em alguns locais e

redução em outros (CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013).

As alterações anatômicas e funcionais da substância branca têm sido

estudadas por métodos de imagem em idosos normais. Rogalski et al. (2012)

Page 28: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

26

descreveram redução da substância branca para-hipocampal levando à redução da

função e conexão com hipocampo. O declínio na função da estrutura da substância

branca tem sido estudado por DTI (diffusion tensor imaging), e Sullivan et al. (2001)

mostraram declínio na integridade dos tratos de substância branca mais acentuados

na porção anterior cerebral e associado a déficit em funções executivas. Há redução

da árvore dendrítica, notadamente no neocórtex, com relatos de redução de até 40%

após os 50 anos (ESIRI, 2007) e modificações nas placas proteicas, com maior

deposição após os 70 anos (MALLOY-DINIZ; FUENTES; COSENZA, 2013). Algumas

regiões são mais suscetíveis ao surgimento dos emaranhados neurofibrilares em

decorrência do envelhecimento, como o córtex frontal anterior e temporal (ESIRI,

2007). Os resultados do estudo de Farfel (2008) mostraram que, entre os indivíduos

com cognição típica, 75% não apresentavam achados neuropatológicos típicos de

Doença de Alzheimer ou os apresentavam em graus mínimos. Diversos idosos com

idade acima de 80 anos e cognição normal não manifestavam placas de amiloide no

córtex cerebral ou emaranhados neurofibrilares no hipocampo ou córtex entorrinal

(FARFEL, 2008). Bott et al. (2017), em estudo investigando fatores preditivos nas

trajetórias cognitivas de velocidade de processamento em idosos que foram divididos

em três grupos, encontraram que os idosos do grupo resilient-agers tinham maior

volume do corpo caloso e menores níveis de interleucina-6 e insulina que os

SubAgers.

As alterações cognitivas como processo esperado do envelhecimento são bem

documentadas na literatura científica (BLAKENVOORT et al., 2013; DANG et al.,

2019; HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013). Algumas habilidades cognitivas, como

vocabulário, são resilientes no envelhecimento cerebral e podem aumentar com a

idade. Outras, como memória episódica e velocidade de processamento, declinam

com o tempo. Há significativa heterogeneidade entre adultos na taxa de declínio nas

habilidades, como velocidade de processamento (HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013).

Há discussão quanto ao início do declínio cognitivo, sendo que alguns autores

sugerem que alterações relacionadas a declínio cognitivo podem começar

relativamente cedo na idade adulta com as tendências em variáveis neurobiológicas

associadas a funcionamento cognitivo, como volume cerebral regional cerebral,

integridade mielínica, espessura cortical, acúmulos de bandas neurofibrilares,

concentração de metabólitos e neurotransmissores (SALTHOUSE, 2009). Há certa

divergência em relação ao período de início de declínio cognitivo, de acordo com o

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tipo de estudo, sendo transversal ou longitudinal. Estudos longitudinais sustentam que

a maior parte da população idosa não apresenta declínio cognitivo, ou seja, apresenta

trajetória evolutiva estável e benigna. No entanto, declínio cognitivo é observado nos

indivíduos que apresentam diagnóstico de Doença de Alzheimer e naqueles que

evoluirão para a doença no seguimento (CHARCHAT-FICHMAN et al., 2005).

A memória é uma função que reúne capacidade de registro, armazenamento e

evocação de informações (CORRÊA, 2010). Essa habilidade é uma função de alta

complexidade e abrange múltiplos sistemas que se inter-relacionam (CORRÊA, 2010;

MOSCOVICTH et al., 2016).

A memória de longo prazo (MLP) pode ser episódica, semântica e procedural.

A MLP episódica permite a lembrança de eventos ou acontecimentos em contexto

conhecido. A MLP semântica permite o conhecimento geral sobre o mundo, palavras,

conceitos. A MLP procedural compreende as informações ou habilidades

armazenadas sem consciência de aprendizagem (MORAES, 2016; MORAES et al.,

2016). A memória pode, então, ser classificada em dois grandes grupos: as

declarativas (semântica) ou de procedimentos (episódica) (HARADA; LOVE;

TRIEBEL, 2013).

A formação da memória episódica requer a codificação rápida de associações

entre os diferentes aspectos de um evento que, de acordo com esses modelos,

dependem do hipocampo e da consciência. Evidências indicam que o hipocampo

pode ser mediador para o aprendizado associativo rápido, com e sem consciência,

em humanos e animais, para retenção em longo e em curto prazo. A consciência

parece ser um critério insuficiente para diferenciar os tipos de memória declarativa

(explícita) e não declarativa (implícita) (HENKE, 2010).

A memória episódica é um dos tipos de memória declarativa caracterizada por

memória de eventos pessoalmente experienciados que ocorrem em local e tempo

específicos, existindo importantes evidências de que a memória episódica é o sistema

de memória de longo prazo que mais declina no envelhecimento (BELLEVILLE, 2008;

CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013; CHARIGLIONE; JANCZURA; BELLEVILLE,

2018).

A memória de curto prazo declina com a idade e há pouca diferenciação entre

memória de curto prazo visual e verbal (CECCHINI et al., 2016). Enquanto a memória

episódica apresenta declínio ao longo da vida, a memória semântica mostra declínio

tardio na vida (HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013). A memória episódica é discutida

Page 30: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

28

através da perspectiva de conteúdo, a considerar as classificações de memória

relacionadas ao campo declarativo e de longo prazo (MAHR; CSIBRA, 2017).

Estudos longitudinais e em neurociência têm demonstrado as alterações

cognitivas relacionadas ao envelhecimento afetando de maneira diferente as

habilidades cognitivas (CECCHINI et al., 2016). Há declínio gradual das funções

cognitivas, nas quais se incluem atenção, memória, pensamento, raciocínio, resolução

de problemas, linguagem, perceptomotor, cognição social (MORAES, 2016; MORAES

et al., 2016), sendo a redução da memória a que mais se destaca e tem maior

repercussão funcional em idosos (BRITO, T., 2010).

A cognição é fundamental para a manutenção da autonomia juntamente com

os aspectos psicológicos. As diversas funções cognitivas estão localizadas em

determinadas regiões do cérebro e funcionam subscritos em circuitos e conexões

entre diferentes áreas. A localização topográfica é útil na avaliação da neuroimagem

na investigação dos quadros demenciais (tomografia computadorizada, ressonância

magnética, SPECT), facilitando o diagnóstico etiológico. No entanto, as interconexões

são abundantes e fundamentais no processamento cognitivo (MORAES, 2016;

MORAES et al., 2016).

Dentre os subsistemas de memória, os testes mais utilizados são: RAVLT,

CERAD (Consortium to establish a registry for Alzheimer Disease), memória episódica

auditiva e visual e memória prospectiva RBMT (Rivermead Behavioral Memory Test)

(MORAES et al., 2016). A performance no Stroop Test é um dos testes cognitivos

explorados no presente trabalho, que é amplamente utilizado no estudo da

interferência cognitiva ao longo dos processos de envelhecimento. Constitui teste

neuropsicológico utilizado para avaliar atenção seletiva e aspectos das funções

executivas, como flexibilidade cognitiva e susceptibilidade à interferência, podendo

estar relacionadas à disfunção do lobo frontal (KLEIN et al., 2010). O mecanismo

psicológico relacionado à tarefa inclui memória de trabalho, velocidade de

processamento de informação, ativação semântica e habilidade de resistir a uma

resposta característica (TROYER; LEACH; STRAUSS, 2006). A parte da tarefa onde

o efeito Stroop é mais acentuado é baseada na interpretação de cartão, contendo

nomes de cores, as quais estão impressas em cores diferentes do que está escrito,

sendo que o indivíduo deve falar somente as cores da impressão ao invés de ler a

palavra escrita. Indivíduos que realizam essa tarefa de maneira lenta tendem a ter

dificuldade de concentração, incluindo dificuldade em inibir distrações. Tanto as

Page 31: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

29

funções executivas quanto a atenção são compostos por diferentes subcomponentes

e dependem de sistemas cerebrais pré-frontais, sobretudo circuitos subcorticais

(DALGALARRONGO, 2008).

Um dos aspectos conceituais relevantes na discussão de cognição é a reserva

cognitiva, que é uma construção dinâmica e deve-se a uma série de variáveis:

genética, escolaridade, trabalho intelectual, estilo de vida, atividades produtivas e de

lazer. Esse constructo pode explicar por que alguns indivíduos cognitivamente típicos

têm altos níveis de neuropatologia semelhante à Alzheimer. Esse aparente paradoxo

demonstra a discrepância entre a neuropatologia cerebral (beta-amiloide e proteína

tau) e desfechos cognitivos. Alguns idosos toleram maior quantidade de patologia na

forma de amiloide e placas neurofibrilares sem manifestação clínica de declínio

cognitivo. A proposição da reserva cognitiva, que corresponde à tolerância do cérebro

à patologia estrutural sem alterações nas funções cognitivas, é feita por Stern (2012).

Indivíduos com alta reserva podem ter moderada patologia estrutural, mas não

considerados como demência.

Por outro lado, indivíduos com baixa reserva cognitiva podem ter patologia

estrutural leve e preencher os critérios diagnósticos de demência. Adultos com maior

volume cerebral e maior reserva cognitiva têm mais mecanismos compensatórios para

lidar com o aumento da patologia estrutural sem efeito na cognição. Fisiologicamente,

o melhor funcionamento cerebral em adultos com maior reserva cognitiva pode ser

devido à neurogênese como função de estímulo cognitivo ou ambiente enriquecido. A

função cardiovascular e reserva cognitiva podem atuar sinergicamente. Em uma

revisão recente, Davenport et al. (2012) propuseram que exercício físico aumenta o

fluxo sanguíneo cerebral em repouso e a reserva cardiovascular, devido a aumento

de fatores neurotróficos, angiogênese, função vascular, que resultam em maior

performance cognitiva e reserva cognitiva.

Os estudos de neuroimagem têm demonstrado que o envelhecimento está

associado a menor ativação de áreas cerebrais em comparação com os mais jovens,

porém, com maior ativação de outras regiões, refletindo mecanismo de compensação

com redes neurais alternativas, por mecanismo de neuroplasticidade, atribuídos a

reserva cognitiva (STERN, 2012).

A intervenção cognitiva, conforme corroboram diversos estudos (BELLEVILLE,

2008; CHARIGLIONE; JANCZURA, 2013), promove benefícios cognitivos e

neurobiológicos. Nos últimos anos, pesquisadores têm elaborado questionários e

Page 32: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

30

escalas que procuram avaliar a reserva cognitiva através de participação em

diferentes atividades de lazer em níveis cognitivo, físico e social (SOBRAL; PESTANA;

PAÚL, 2015). A hipótese da reserva cognitiva pressupõe que alguns indivíduos têm

maior habilidade e resiliência para suportar alterações patológicas cerebrais, como

acúmulo de proteína amiloide. A reserva passiva refere-se a características

geneticamente determinadas, como volume cerebral, quantidade de neurônios e

sinapses (HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013). Reserva ativa refere-se ao potencial

cerebral para plasticidade e reorganização do processamento neural, permitindo

compensação para as alterações neuropatológicas (HARADA; LOVE; TRIEBEL,

2013).

Em diversos estudos com RM funcional (CABEZA, 2002), o envelhecimento foi

associado a maior recrutamento de áreas e redes neurais para execução de tarefas,

especialmente para memória de trabalho e episódica, comparativamente aos

controles jovens. O fenômeno da assimetria hemisférica foi denominado HAROLD

(Hemispheric reduction in old adults) por Cabeza (2002), sugerindo que as alterações

neurofuncionais relacionadas com a idade são caracterizadas por redução da

lateralização hemisférica funcional no córtex pré-frontal. Outros estudos evidenciam

maior ativação do córtex pré-frontal durante execução de tarefa cognitiva (FJELL et

al., 2014).

Dos aspectos psicológicos que compõem a avaliação neuropsicológica e se

inter-relacionam com a avaliação cognitiva, destaca-se que a avaliação do humor

deve ser investigada em conjunto com a avaliação cognitiva. O humor é uma função

indispensável para a preservação da autonomia do indivíduo, sendo essencial para a

realização de atividades de vida diária (MORAES, 2016; MORAES et al., 2016). A

avaliação de sintomas psicológicos e comportamentais pertence à avaliação

neuropsicológica e as manifestações frequentemente estão presentes nos quadros

demenciais, no comprometimento cognitivo leve e outros transtornos (ORTEGA et al.,

2016). O espectro das manifestações inclui humor deprimido, ansiedade, apatia,

alucinações, delírio, agressividade, irritabilidade, dentre outros (LINDE et al., 2015). A

depressão e a demência estão entre as mais comuns comorbidades em idosos e

comprometem a qualidade de vida, a funcionalidade e a saúde física (FRANK;

RODRIGUES, 2011).

O domínio psicológico, ligado à percepção subjetiva, aspectos interpretativos,

controle de emoções, inteligência emocional, ansiedade, apatia, agressividade,

Page 33: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

31

irritabilidade e alterações comportamentais, pode ser avaliado, por exemplo, através

da Escala de Ansiedade de Beck (BAI), a Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e o

questionário de qualidade de vida WHOQOL (World Health Organization Quality of

Life Group). A GDS é usada para rastreio de quadros depressivos, tendo em vista que

as manifestações em idosos são atípicas. A versão de 15 itens (GDS-15) é a mais

frequentemente utilizada, tendo sido validada no Brasil, sendo que a original é de 30

questões. A GDS oferece medidas válidas e confiáveis para a avaliação dos

transtornos depressivos (MORAES, 2016; MORAES et al., 2016), e fornece medida

confiável da gravidade do quadro depressivo, com boa consistência interna. A

confirmação diagnóstica requer a aplicação dos critérios de depressão maior do

Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014).

Os transtornos depressivos unipolares estão entre as causas importantes de

declínio de saúde e têm relação com declínio cognitivo. Os sintomas depressivos

aumentam de prevalência de acordo com a faixa etária, sendo de 17% para os

maiores de 75 anos, 20% a 25% para os acima de 85 anos e 30% a 50% para os

acima de 90 anos (AZIZ; STEFFENS, 2013). A depressão tem etiologia multifatorial,

incluindo fatores genéticos, biológicos, epigenéticos e ambientais. De maneira geral,

a depressão em idosos apresenta mais anedonia, maior frequência de associação

com doença física, cerebral, maior declínio cognitivo e disfunção executiva (STOPPE,

2015).

A depressão geriátrica tem maior prevalência de demência, com piora no

desempenho de testes neuropsicológicos. Os domínios cognitivos mais afetados com

a gravidade da depressão são a função executiva, a velocidade de processamento e

a memória episódica (FRANK; RODRIGUES, 2011). A síndrome depressiva com

demência reversível, antigamente chamada de pseudodemência, é uma depressão

associada a declínio cognitivo com melhora após tratamento de depressão. Alguns

autores estudaram o ACE-R, uma bateria de testes cognitivos de rastreio que pode

ser recomendado como uma ferramenta apropriada para rastreamento de demência

e diagnóstico diferencial de depressão (ROTOMSKIS et al., 2015).

A ansiedade no idoso pode ser transtorno primário, porém, mais

frequentemente está associada a outras doenças, como neurológicas,

cardiovasculares e sistêmicas (FRANK; RODRIGUES, 2011). A associação de

ansiedade e depressão piora o prognóstico. Nesse sentido, os quadros de ansiedade

mais graves, que podem estar associados à depressão, provavelmente, apresentam

Page 34: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

32

repercussões na saúde física e cognitiva. Os transtornos de humor e ansiedade são

caracterizados por variedade de alterações neuroendócrinas, de neurotransmissores

e neuroanatômicas, e há interconectividade entre os neurotransmissores e circuitos

neuronais em sistema límbico, substância branca e áreas corticais (MARTIN et al.,

2009).

Os sintomas de ansiedade estão em parte relacionados à interrupção do

balanço de atividade dos centros emocionais cerebrais e os centros corticais da

cognição (lobo frontal). O córtex pré-frontal é responsável pelas funções executivas,

como planejamento, decisão, compreensão e comportamento social. O córtex

orbitofrontal codifica informações, controle de impulsos e regula humor e o córtex pré-

frontal ventromedial é envolvido em processamento de recompensa e resposta

visceral das emoções. Em um cérebro saudável, o córtex frontal regula controle de

impulsos, emoções e comportamento, inibindo o controle de estruturas relacionadas

ao processamento das emoções que compõem sistema límbico, que inclui córtex

cingulado e insular (MARTIN et al., 2009). O hipocampo é estrutura que faz parte do

sistema límbico e que exerce controle inibitório sobre a resposta hipotalâmica ao

estresse, e tem papel de feedback negativo no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Relatam, ainda, os autores que o volume hipocampal e neurogênese nessa estrutura

têm sido implicados na sensibilidade ao estresse e resiliência. Esses mecanismos e

conexões cerebrais são responsáveis pela relação entre aspectos psicológicos e

cognitivos, sendo este tópico um dos focos do presente estudo.

As manifestações de ansiedade incluem agitação física, descontrole verbal,

prejuízo de função executiva. Déficits cognitivos têm sido associados a altas taxas de

recidiva de depressão. O idoso com depressão frequentemente se queixa de alteração

cognitiva, confirmada por testes de avaliação de memória, com piora da performance.

A presença de déficit residual em funções mnemônica e executivas pode requerer

maior investigação, uma vez que o déficit cognitivo presente em quadros moderados

a graves de depressão, pode ser fator preditor de demência (KANG et al., 2014).

Pietzrak et al. (2015), em estudo multicêntrico prospectivo em idosos do

Australian Imaging, Biomarkers and Lifestyle (AIBL) Study, avaliaram a associação

entre status de beta-amiloide, alterações cognitivas e o papel de ansiedade e

depressão em relação às alterações cognitivas na fase pré-clínica de Doença de

Alzheimer. Comparativamente ao grupo com baixos níveis de ansiedade e beta-

amiloide positivo, o declínio cognitivo foi maior no grupo com altos níveis de ansiedade

Page 35: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

33

e a diferença foi significativa. O aumento dos sintomas de ansiedade e depressão está

relacionado a aumento da deposição de beta-amiloide em idosos típicos, idosos com

declínio cognitivo leve e idosos com demência (LAVRESTKY et al., 2015).

Idosos com elevados níveis de sintomas de ansiedade tiveram maior declínio

em domínios cognitivos, como funções executivas, cognição global, linguagem em

período de 4,5 anos de seguimento (PIETZRAK et al., 2015). Dentre os mecanismos

postulados e que explicam em parte a relação dos aspectos psicológicos e cognitivos,

destacam-se o aumento dos níveis de glicocorticoides, levando a prováveis danos

neuronais como no hipocampo, exacerbando o declínio associado à deposição de

beta-amiloide. Outro estudo sugeriu que há relação dos altos níveis de beta-amiloide

e redução da modulação da atividade cortical entorrinal durante tarefa de memória

episódica em idosos saudáveis, contribuindo para o declínio cognitivo (HUIJBERS, et

al., 2014).

Portanto, fatores biológicos como beta-amiloide, perdas neuronais, alterações

na glicose podem contribuir e interagir com sintomas psicológicos para predizer o

declínio cognitivo, sendo necessárias mais pesquisas para avaliação desta

possibilidade.

2.3 LONGEVIDADE E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

A discussão sobre EBS é relativamente nova, sendo os primeiros estudos

gerontológicos elaborados nas décadas de 1950 e 1960, por pesquisadores europeus.

O conhecimento científico acumulado até o momento permite inferir que há valores e

conceitos em construção e que são difundidos em diferentes contextos do mundo. Em

países desenvolvidos, os mais idosos são os considerados com idade superior a 80

anos. Este subgrupo é a população que mais cresce no mundo e apresenta

características heterogêneas. Enquanto alguns idosos acima de 80 anos apresentam

declínio funcional, outros parecem resistentes aos fatores fisiológicos, emocionais e

ambientais (DIPIETRO et al., 2012).

O EBS é uma perspectiva positiva sobre o envelhecimento, sendo importante

determinar as variáveis associadas. Os estudos de EBS são menos numerosos que

os de demência ou alterações cognitivas no envelhecimento. A definição teve sua

primeira expressão por Havighurst (1961) (KNAPPE et al., 2015). A proposição desse

Page 36: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

34

conceito foi uma mudança importante na Gerontologia, incentivando o potencial de

desenvolvimento associado ao envelhecimento.

A necessidade de conhecer melhor os padrões de saúde é um dos fatores

relacionados ao crescimento dos estudos realizados em longevos e centenários em

todo o mundo, na busca de comparar o papel de fatores genéticos e do meio ambiente

na determinação da probabilidade de viver até os limites extremos da vida humana

(TURRA, 2012).

Um dos conceitos mais difundidos de EBS, baseado no estudo norte-americano

Mac Arthur Foundation Study, é o de Rowe e Kahn (1987), que consideram que o EBS

inclui três elementos: baixa probabilidade e incapacidades relacionadas às doenças,

alta capacidade funcional cognitiva e engajamento ativo com a vida. Propõem os

autores que as condições do envelhecimento saudável bem-sucedido e patológico

sejam consideradas trajetórias em um continuum que pode declinar ou não e pode ser

minimizado com intervenções. Não há consenso entre os diversos autores quanto a

uma teoria somente, estando a subjetividade do conceito relacionada às diferenças

socioculturais e individualidades. Sabe-se da importância da integração entre as

funções física e mental, atuando como potencial para a realização de atividades

sociais envolvendo a participação em atividades produtivas e relações interpessoais.

No final da década de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) substituiu

a expressão envelhecimento saudável por ativo, definindo como otimização das

oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a

qualidade de vida. Strawbridge, Wallhagen e Cohen (2002) afirmam que o bem-estar

subjetivo é critério essencial para EBS. Para os autores, a integridade da saúde física

e a capacidade funcional são componentes importantes do EBS. Phelan e Larson

(2002) analisaram trabalhos que buscaram definir o EBS e identificar os prováveis

indicadores de sucesso. Há diferentes definições operacionais enfatizando a

capacidade funcional, sendo consideradas: alta capacidade funcional, independência,

adaptação positiva, longevidade, satisfação com a vida, participação social ativa.

Segundo Ritsher e Phelan (2004), a principal característica é a capacidade de

adaptação às mudanças fisiológicas decorrentes da idade.

Baltes e Smith (2003) propõem que o EBS pode ser alcançado por seleção,

otimização, compensação (SOC). A etapa de seleção consiste no direcionamento

eletivo do desenvolvimento, incluindo as escolhas das estruturas para obtenção de

metas. A otimização consiste na potencialização dos meios selecionados para o

Page 37: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

35

percurso. A compensação associa-se à otimização e se caracteriza pela aquisição de

novos meios e aprendizados para compensar o declínio. Segundo esse modelo, há

plasticidade sobre as reservas funcionais e representa construto psicossocial

dinâmico com busca contínua e desenvolvimento adaptativo. Alguns autores colocam

como limitação ao modelo SOC a não inclusão de variáveis biológicas, pois a

resiliência e o enfrentamento variam de acordo com a saúde física e cognitiva.

Diversas revisões de literatura têm sido publicadas para avaliar conceitos,

modelos disponíveis e fatores associados (BOWLING, 2007; COSCO et al., 2016;

DEEP; JESTE, 2006; HUNG; KEMPEN; DE VRIES, 2010; PHELAN; LARSON, 2002).

Há dois pilares integrados: perspectiva biomédica e psicossocial. Conforme a

perspectiva biomédica, o EBS é definido sob a ótica da otimização de expectativa de

vida com ênfase na ausência de doenças e manutenção de independência física e

mental. De acordo com a perspectiva social (teorias psicossociais), há ênfase na

satisfação com a vida e participação social, além de aspectos como autoestima,

estratégias para enfrentamento de problemas, senso de controle sobre a vida

(BOWLING; DIEPPE, 2005).

Em diversas regiões do mundo, numerosos estudos vêm sendo realizados para

avaliar o EBS com modelos unidirecional e multidirecional (COSCO et al., 2016;

DOYLE; MC KEE; SHERRIF, 2012; GUREJE et al., 2014). No Brasil, há menor

quantidade de estudos sobre o tema e, sobretudo, sobre os fatores relacionados.

Deep e Jeste (2006) encontraram várias definições operacionais em diversos artigos

e demonstraram que há diferenças referentes aos domínios, variáveis independentes,

instrumentos de medida que preencheram os critérios de EBS. Os componentes da

definição indicaram predomínio de função física e déficit cognitivo. Outros domínios

apresentados foram bem-estar subjetivo, engajamento social, longevidade, doenças

e autoavaliação de EBS. Os resultados da pesquisa de Deep e Jeste (2006)

demonstraram como preditores mais significativos de sucesso: melhor desempenho

nas atividades de vida diária (AVDs), menor idade, ausência de tabagismo e de

osteoartrite. Algumas variáveis tiveram correlação moderada: ausência de depressão

ou déficit cognitivo, frequência alta de contatos sociais, prática de atividade física,

melhor autopercepção de saúde.

A longevidade tem sido considerada como um dos indicadores de EBS, e

alguns autores consideram os centenários o melhor exemplo. A perspectiva ou

modelo multidimensional traz implicações para a saúde pública, uma vez que o

Page 38: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

36

envelhecimento não é visto apenas como prevenção de doenças ou promoção de

saúde, e sim, como estímulo a práticas de atividades que promovam qualidade de

vida e construção da participação social ativa na comunidade. No Brasil, há políticas

de atenção e saúde do idoso com participação maior da estratégia de saúde da

família, com medidas de prevenção e incipiente promoção de EBS (KNAPPE et al.,

2015).

Em estudo com idosos (MORAES; SOUZA, 2005), os fatores independentes

que foram correlacionados significativamente com EBS foram: estado de saúde

percebida, capacidade funcional, suporte psicossocial. A manutenção da

independência para AVDs, autonomia e satisfação foram fatores preditores

independentes. Infere-se que o EBS é construto multidimensional e não randômico.

Puts et al. (2006) descreveram os significados de fragilidade e EBS, em cujo

estudo, os idosos informaram que EBS e fragilidade são condições multidimensionais

e multifatoriais. EBS seria considerado o processo de estar saudável e ativo,

considerando-se as dimensões física, cognitiva e social.

A política do envelhecimento ativo da OMS (2005) é um exemplo de

recomendações que valoriza o envelhecimento como processo positivo, enfatizando

que não é apenas uma questão individual, constituindo processo que deve ser

facilitado por políticas públicas e aumento das iniciativas de saúde e sociais.

Para Neri et al. (2013), a boa qualidade de vida vai além dos limites da

responsabilidade individual e deve ser vista sob múltiplos aspectos, sendo resultado

da interação entre pessoas em mudança, vivendo em sociedade, e de suas relações

intra e interpessoais e comunitárias. Os autores sustentam que alguns fatores

estariam envolvidos no bem-estar do envelhecimento: maior perspectiva de

longevidade, bons níveis de saúde física e mental, altos níveis de satisfação com a

vida, controle das dimensões sociais, autoeficácia cognitiva, participação e realização

de atividades sociais, rede de relacionamentos. A percepção do controle sobre os

eventos estressantes aumenta o sentido de competência pessoal e é um dos fatores

associados à qualidade de vida (NERI, 2016). Silva e Gutierrez (2018), ao analisarem

as implicações de participação de idosos em centros de convivência, em aspectos

cognitivos e psicossociais, sugeriram que a motivação para programas sinaliza bom

status cognitivo, altos níveis de satisfação com a vida e baixos índices de sintomas

depressivos. Os autores ressaltam que há diferentes concepções de EBS. Assim,

como sugere Bowling (2007), mesmo na presença de comorbidades e de redução da

Page 39: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

37

funcionalidade, há parcela de idosos que refere altos níveis de satisfação e qualidade

de vida. A interlocução interdisciplinar entre estudos de linhas psicológicas,

biomédicas e sociais se faz necessária. A compreensão da resiliência, enfrentamento

do estresse e níveis de plasticidade dos sistemas orgânicos são importantes nas

diferentes concepções do EBS.

Estudo de coorte realizado por Chaves et al. (2009) avaliou aspectos

demográficos, cognitivos e funcionais e definiu EBS como boa condição de saúde,

ausência de incapacidade funcional ou alterações de humor, ausência de déficit

cognitivo. Estes critérios foram confirmados pela revisão de Deep e Jeste (2006).

Camozzato, Godinho e Chaves (2014) avaliaram o efeito do status do

envelhecimento (normal ou EBS) sobre a mortalidade em idosos independentes e

saudáveis, em uma coorte de 12 anos, conforme o estudo PALA (Porto Alegre

Longitudinal Study). Foram avaliadas variáveis sociodemográficas, funcionais,

cognitivas e clínicas no período de seguimento. O EBS foi definido como bom estado

de saúde, ausência de incapacidade funcional ou alteração de humor, assim como de

alteração cognitiva, e mais de 60% da amostra preencheu os critérios para EBS.

Gênero feminino, idade menor, Miniexame do Estado Mental (MEEM) mais elevado

foram os preditores de EBS. A alta performance do MEEM indicaria melhor função

cognitiva e melhores estratégias escolhidas. A definição de EBS pode representar

fator de proteção para mortalidade e fragilidade, sendo isto corroborado pela baixa

incidência de demência e declínio funcional entre os SuperAgers. Variantes do normal

e bem-sucedido são potencialmente modificáveis e susceptíveis a intervenções.

Gondo (2012) propõe modelos ajustáveis para a faixa etária, sendo

considerados modelos biomédicos em idosos mais jovens, uma vez que se encontram

com melhor saúde física, modelos psicológicos em idosos acima de 75 anos e para

os longevos com funcionalidade reduzida, modelos psicológicos não lógicos baseados

em sensação de bem-estar. Nesta faixa, os modelos psicológicos parecem ser os mais

adequados, principalmente os de compensação emocional.

Outro estudo, denominado Pietà (CARAMELLI et al., 2011), investigou o

envelhecimento cerebral bem-sucedido em coorte de idosos muito idosos em Minas

Gerais, tendo sido realizada avaliação clínica, cognitiva, funcional, neurológica e

psiquiátrica. Um subgrupo realizou avaliação neuropsicológica, exames laboratoriais

e ressonância magnética do crânio. Os dados epidemiológicos indicam que a maioria

Page 40: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

38

tem nível educacional e status socioeconômico baixos e isso pode ter impactado nos

altos níveis de idosos com alterações cognitivas.

Um estudo sobre EBS em longevos assistidos pelo Programa Estratégia de

Saúde de Família (KNAPPE et al., 2015), no Nordeste, caracterizou componentes do

EBS como categorizados em físicos (ausência de doenças crônicas, independência

funcional e cognitiva), psicológicos (satisfação com a vida, saúde autopercebida) e

social (engajamento com a vida), tendo sido considerado bem-sucedido o idoso que

preencheu três dos cinco critérios. Quatro modelos foram propostos, sendo que um

tinha ênfase em domínio físico, um em domínio psicológico, um como critério de cada

um dos domínios e um com os cinco critérios. A manutenção da capacidade funcional,

assim como a independência cognitiva, é fator considerado importante para avaliação

do EBS. Nesse estudo, mais de 50% dos idosos foram considerados independentes,

segundo escala de Barthel. Em relação aos níveis de satisfação com a vida, a

tendência de elevados níveis é descrita em longevos, apesar de níveis variáveis de

incapacidade funcional. Outro dado é que a visão positiva dos longevos relacionada à

saúde autopercebida pode estar relacionada à manutenção da capacidade cognitiva

e espiritualidade. A proposição de modelos alternativos de EBS é uma tendência

observada em estudos publicados (GONDO, 2012).

Alguns estudos avaliaram a prevalência de EBS entre idosos através de seis

modelos multidimensionais. Os modelos biomédicos possuem limitações para avaliar

o fenômeno entre longevos, pois a própria longevidade seria um marcador de EBS. A

evolução nos paradigmas sobre o desenvolvimento e o envelhecimento traz para a

discussão a questão do envelhecimento vivido com satisfação, saúde e bem-estar e,

por isso, a necessidade de investigação das variáveis relacionadas ao EBS. O

envelhecimento saudável passa a ser resultante da interação multidimensional entre

saúde física, mental, independência de vida diária, integração social, suporte social.

2.4 SUPERAGERS

Diante da perspectiva do contexto de longevidade e do maior crescimento dos

longevos na população mundial e do Brasil, o tema SuperAgers tem desafiado

cientistas e pesquisadores, que são motivados a descobrir o porquê da longevidade e

de terem capacidades cognitivas comparáveis a décadas mais jovens. Os

Page 41: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

39

pesquisadores têm empregado anos estudando os SuperAgers para compreender os

aspectos físicos, cognitivos e psicológicos.

Idosos de alta performance foram descritos como SuperAgers (GEFEN, 2015;

HARRISSON et al., 2012, ROGALSKI et al., 2013) ou optimal performers (DEKHTYAR

et al., 2017), sendo designados assim os idosos acima de 80 anos com performance

semelhante aos de 50 a 65 anos, em testes de memória episódica (RAVLT, com

escore acima de 10). A definição operacional envolve idade e funções cognitivas. Há

crescente interesse nas trajetórias cognitivas do envelhecimento bem-sucedido

(sucessful cognitive aging trajectory) (BORELLI et al., 2018b). Os autores também

incluíram avaliação de domínios cognitivos não relacionados à memória, e reforçam

que a avaliação desses idosos não implica somente selecionar uma classe simples

de indivíduos com critérios neuropsicológicos e que deve ser ajustada de acordo com

o nível educacional.

A definição de Rogalsky et al. (2013) é consistente com os critérios utilizados

por pesquisadores do Northwestern University Superaging Project, que têm postulado

que a excelente capacidade de memória em idosos é uma possibilidade biológica. O

estudo de Rogalski et al. (2019) identificou grupo de idosos acima de 80 anos com

desempenho semelhante ou superior aos 20 ou 30 anos mais jovens. Foram

preenchidos critérios através da aplicação de testes cognitivos, questões sobre

personalidade, história médica e familiar, exames laboratoriais e ressonância

magnética de encéfalo. Segundo a pesquisadora, para ser SuperAger é necessário

ter performance individual semelhante aos adultos de 50 a 60 anos no RAVLT, o que

significa ter escore de 9 ou acima ou performar com um desvio acima do padrão para

idade e nível educacional em medidas de funções não mnemônicas (ROGALSKI et

al., 2013).

Trabalho recente de Wright e Onin (2018) mostrou que as performances

metacognitivas dos SuperAgers foram investigadas com aplicação de instrumentos

que envolvem a atenção, memória episódica, função executiva, sendo essas funções

preservadas e com performance superior a dos controles.

Os SuperAgers parecem ser mais resistentes ao declínio cognitivo, resilientes,

e possuem algumas características de personalidade mais positivas. Alguns estudos

(COOK et al., 2017a, 2017b; KRUSE, 2020) mostram maior abertura a experiências

novas devido à função cognitiva preservada, permitindo maior independência e

autonomia. Antes de conclusões definitivas, devem ser realizados estudos maiores

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40

em coorte de SuperAgers, englobando resiliência, otimismo, perseverança, que

podem promover mudança no estilo e qualidade de vida. Esse grupo representaria um

fenótipo cognitivo raro com achados únicos. O aspecto psicológico provavelmente

está relacionado com a performance cognitiva em idosos e esta relação teria uma

explicação biológica.

Cook et al. (2017a), em estudo com avaliação de 31 SuperAgers e 19 idosos

cognitivamente típicos, com aplicação de questionário Ryff-42 itens (Psychological

Well-being questionnaire), incluíram na avaliação psicológica seis domínios:

autonomia, relações positivas, crescimento pessoal, senso de propósito,

autoaceitação, domínio do ambiente, e os SuperAgers tiveram altos níveis de relações

positivas comparativamente aos idosos na média. Os SuperAgers e os cognitivamente

na média tiveram altos níveis de bem-estar psicológico, mas os primeiros tiveram

maiores níveis de relações sociais positivas, o que sugere que alta qualidade de

relacionamento social percebida pode ser importante fator em SuperAgers.

Uma investigação preliminar utilizando imagem cerebral revelou espessamento

do córtex cingulado anterior comparativamente aos idosos de 50-65 anos e, portanto,

superior aos idosos na média cognitiva de idade semelhante. Um estudo longitudinal

em neuroimagem em SuperAgers demonstrou significativamente menor atrofia

cortical ao longo de 18 meses, comparativamente à média dos idosos (COOK et al.,

2017b). Esses achados contribuem para a hipótese de que os SuperAgers podem ter

uma fisiologia cerebral única.

Esses dados são corroborados pelas análises histológicas post-mortem do giro

cingulado, que demonstraram maior densidade de neurônios Von Economo e menor

frequência de patologia da Doença de Alzheimer (GEFEN et al., 2015), sendo esses

substratos biológicos importantes. Os neurônios Von Economo são um tipo de célula

nervosa que foi identificada em humanos e espécies filogeneticamente avançadas,

primariamente encontrados no giro cingulado anterior e córtex frontoinsular e há a

hipótese de que estejam envolvidos na cognição social, intuição, facilitação da

comunicação com outras regiões. Os achados sugerem características

neurobiológicas únicas que os distinguem da média dos idosos e podem contribuir

para a resistência às alterações evolucionais na memória.

Sobre os aspectos neuropatológicos, estudo das características dos dez

primeiros casos, através de autópsia no Northwestern Superaging Program,

(ROGALSKI et al., 2019), demonstrou que sete idosos com alta performance tinham

Page 43: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

41

degeneração neurofibrilar e, entretanto, tinham neurônios saudáveis sem

degeneração. Áreas neocorticais de cinco casos tinham moderada a alta densidade

de placas neuríticas. Os espécimes post-mortem foram estudados incluindo as

regiões do córtex, caudado, hipocampo, cerebelo e patologias vasculares, corpos de

Lewy, proteína tau. A atrofia cortical significativa não estava presente ou foi leve em

praticamente todos os casos, sendo a leve atrofia hipocampal encontrada na maioria

dos espécimes. Os idosos cognitivamente na média comumente mostram as placas

amiloides e bandas neurofibrilares em quantidades e densidades variáveis. A

astrogliopatia relacionada à proteína tau esteve presente em 90% dos SuperAgers.

Em relação aos aspectos genéticos relacionados a declínio cognitivo e à

Doença de Alzheimer, existe maior volume de evidência sobre o perfil genético

relacionado ao alelo E4, associado a altos níveis de LDL, apolipoproteína B, colesterol

total, inflamação. A proteção cognitiva promovida por ausência do perfil E4E4 é

demonstrada em estudos anteriores. O aspecto genético é importante nesse contexto,

assim como a associação com variações do gene MAP2K3, conforme estudo de

Huentelman et al. (2018), em que é postulado que os SuperAgers têm redução das

atividades desse gene. O gene MAP2k3 tem alta regulação na expressão no giro

temporal médio em pacientes com demência em comparação com indivíduos normais,

sendo que sua ativação por estresse mitogênico e no microambiente resulta em

alterações da memória (HUENTELMAN et al., 2018).

Bott et al. (2017) evidenciaram alta frequência de APOEe4 e CR1AA-AG nos

SuperAgers, alelos que foram associados à potencialização da deposição de beta-

amiloide, risco de demência e declínio cognitivo, indicando prováveis componentes de

fatores neuroprotetores. Estudos recentes não encontraram associação de APOEe4

e CR1 e risco adicional de demência (THAMBISSETY et al., 2013). Dos aspectos

genéticos, destaca-se que fatores neuroprotetivos podem explicar parcialmente a

questão dos SuperAgers, dentre eles, a presença de APOE e2, que reduziria o risco

de demência em aproximadamente 50% (GOLDBERG, 2019).

Altos níveis de bem-estar psicológico têm sido positivamente correlacionados

com a performance cognitiva nos idosos. Pesquisas anteriores mostraram correlação

positiva entre performance na memória episódica, propósito na vida, relações

positivas, suporte social (BOYLE et al., 2010). Níveis elevados de propósito na vida e

engajamento social estão associados com redução de risco de doenças

neurodegenerativas como Alzheimer (BOYLE et al., 2010; MARIONI et al., 2015).

Page 44: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

42

Sobre os aspectos neurobiológicos, os idosos com alta performance cognitiva

têm mecanismos estruturais e moleculares que levam à preservação da função

cerebral ao longo da vida. Há duas teorias sobre o envelhecimento cognitivo: reserva

(STERN, 2012) e manutenção cerebral (NYBERG et al., 2012), que foram postuladas

para explicar a variabilidade cognitiva entre idosos. A quantidade de reserva pode

determinar o impacto de alterações patológicas e suas manifestações. No conceito da

teoria da manutenção estrutural e funcional cerebral, a preservação da memória e de

funções cognitivas ocorreria relacionada a esta manutenção.

Borelli et al. (2018a) realizaram revisão sistemática sobre os achados

neurobiológicos associados à alta performance cognitiva, sendo que a maioria dos

estudos comparou SuperAgers com idosos cognitivamente típicos e uma minoria

comparou com grupos de meia-idade. O grupo com alta performance mostrou

achados estruturais e moleculares únicos comparativamente aos idosos típicos, como

a preservação cortical e redução da atrofia relacionada à idade, em concordância com

manutenção cerebral. Os volumes hipocampais foram maiores no primeiro grupo,

relacionando-se com a performance na função de memória episódica. Em relação aos

acúmulos de beta-amiloide, embora fossem semelhantes no grupo de alta

performance e no grupo de idosos típicos, após três anos, aqueles que demonstraram

manutenção cerebral tiveram menor deposição de amiloide e bandas neurofibrilares

no exame baseline.

Em relação às trajetórias cognitivas, que com variação na performance estão

positivamente correlacionadas com idade avançada, há crescente interesse no estudo

dos fatores que influenciam o EBS e os mediadores da alta performance cognitiva.

Importante observar que há dois processos patológicos que são relacionados ao

desenvolvimento de declínio cognitivo e demências: o depósito de beta-amiloide e a

doença cerebrovascular. Idosos com performance superior na memória e presença

de patologia cerebral, como acúmulo de amiloide ou leucoencefalopatia vascular,

devem ser resilientes aos efeitos da patologia. Observou-se que o grupo dos idosos

com alta performance cognitiva permanecem superiores ao longo do tempo

(HARRISON et al., 2018).

Nesse estudo, em que foram realizadas medidas da espessura cortical, volume

hipocampal, análise da substância branca quanto a alterações de sinal (vasculares),

houve diferenças morfológicas entre o grupo dos SuperAgers e os idosos na média,

sendo que nos primeiros observou-se maior espessura cortical e volume hipocampal.

Page 45: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

43

Estudo de Sun et al. (2016) demonstrou que as regiões de maior espessura cortical

foram predominantemente localizadas em redes neurais importantes, e tal padrão foi

observado por Harrison et al. (2018), sendo os locais mais comuns: pré-frontal medial,

junção temporoparietal, cíngulo anterior e médio e ínsula. As avaliações de

neuroimagem demonstraram maior volume hipocampal e menor alteração de sinal na

substância branca, sendo o primeiro achado consistente com integridade hipocampal

e performance superior de memória. O segundo achado é novo e pode sugerir

resistência a alterações na substância branca cerebral, contribuindo para melhor

compreensão dos efeitos dos acúmulos de beta-amiloide e da relativa proteção de

declínio cognitivo futuro na presença de baixo volume de doença na substância

branca.

Os estudos de difusão e tractografia na ressonância magnética do encéfalo

podem revelar associações entre a microestrutura da substância branca e a cognição

superior. A velocidade de processamento maior (juvenil) em idosos SuperAgers tem

sido associada ao aumento de volume do corpo caloso, baixo nível de marcadores

inflamatórios, maior nível de atividade física. A trajetória cognitiva nesse grupo de

idosos tem achados únicos, como a velocidade baixa de declínio na performance de

memória, com alguma proteção conferida por maiores volumes cerebrais (HARRISON

et al., 2018).

Dekhtyar et al. (2017) investigaram, em amostra do Harvard Brain Study, os

marcadores de neuroimagem em idosos com alta performance cognitiva, através de

ressonância magnética estrutural (convencional), PET com radiotraçador Pittsburg

Compund B-PIB (substância marcada com carbono 11), sendo este composto

utilizado para marcar o padrão de deposição das placas beta-amiloides. Foi avaliada

a presença de polimorfismos ApoE, através de amostras sanguíneas, sendo que o

alelo E4 é um dos mais fortes fatores de risco conhecidos de Doença de Alzheimer.

Observou-se maior volume hipocampal comparativamente ao grupo de idosos típicos

e menos atrofia relacionada à idade.

A manutenção da performance ótima de memória acima de três anos foi

associada à baixa deposição de amiloide no estudo basal, e esse dado é interessante,

pois, juntamente com os demais achados, sugere que a performance cognitiva pode

estar associada à anatomia mais robusta e favorável, com redução dos fatores de

risco para Alzheimer. Porém, segundo esse estudo, não há diferença significativa

entre os SuperAgers e os idosos típicos quanto ao acúmulo de amiloide. Esse achado

Page 46: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

44

é compatível com a fisiopatologia da Doença de Alzheimer, em que a deposição de

amiloide é um evento precoce, o qual iniciaria a cascata de injúria neuronal e declínio

cognitivo. O acúmulo e metabolismo patológico de amiloide levariam a disseminação

da patologia da proteína tau, perda sináptica, neurodegeneração e alterações

cognitivas. Os idosos típicos ou não mantenedores podem representar grupo com

progressão na trajetória pré-clínica comparativamente aos mantenedores.

Gefen et al. (2015) investigaram os achados estruturais e patológicos no córtex

do cíngulo, concordando com a hipótese de que os SuperAgers teriam preservação

da função dessa estrutura. Os achados foram consistentes com investigações

anteriores, observando-se que SuperAgers e controles de idade menor tiveram

medidas comparáveis de espessura cortical na região referida. A trajetória cognitiva,

incluindo múltiplos domínios de cognição, indicou ausência de declínio em testes

neuropsicológicos.

Estudos de função cerebral, utilizando métodos como PET e ressonância

magnética funcional, têm demonstrado mudanças no nível e padrão de atividade com

a idade. De maneira geral, há redução do fluxo sanguíneo e do metabolismo basal

particularmente no córtex frontal. Por outro lado, maior resposta regional em idosos é

comumente observada. Há componente de PASA (póstero-anterior) onde a resposta

em regiões anteriores cerebrais foi maior em idosos do que em jovens. A maior

resposta cerebral está geralmente associada a melhor performance cognitiva. A maior

associação positiva foi na região frontal, parietal, temporal medial, cíngulo (EYLER;

SHERZAI; KAUP, 2011).

A definição do idoso de alta performance cognitiva baseia-se na avaliação da

memória, em concordância com diversos estudos (BORELLI et al., 2018b). A definição

de HPOA (high performing older adults), como proposta por Cabeza (2002), deve

considerar a performance em memória episódica. Há diversos métodos validados para

a mensuração da memória episódica, sendo que o RAVLT distingue os idosos de alta

performance dos controles e diferentes grupos de acordo com a idade (BORELLI et

al., 2018b). A cognição global deve ser avaliada para selecionar os indivíduos com

excelente performance cognitiva.

BORELLI (2019), em estudo desenvolvido de correlação da neuroimagem

molecular, estrutural e funcional em superidosos investigando espessura cortical,

volumetria (RM estrutural), atividade metabólica (PET com FDG), conectividade

Page 47: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

45

funcional (RM funcional) e depósito de placa amiloide (PIB - Pittsburg Compound B),

demonstrou maior espessura do cíngulo anterior e conectividade funcional aumentada

nessa região, sendo que o acúmulo amiloide foi similar entre os grupos de superidosos

e o grupo controle (C80).

Estudo longitudinal (GORBACH et al., 2017) demonstrou que idosos acima de

65 anos, que tinham pouco ou nenhum declínio de memória episódica durante quatro

anos, possuíam menos atrofia hipocampal que indivíduos com declínio de memória

Estudo recente de Dang et al. (2019) utilizou os dados do Australian Imaging,

BIomarkersd and Lifestyle study para explorar a proteção dos SuperAgers da proteína

amiloide (Ab -) associada a doenças neurodegenerativas relativamente a uma coorte

de idosos cognitivamente típicos. O mínimo de idade requerido foi de 60 anos, e não

de 80, no estudo citado. A conceituação de cognição superior é um indicativo de

resiliência e resistência, que se tornam mais significativas. A curva normal do RAVLT,

em função da idade, mostra declínio não linear na memória episódica com a idade.

Seria esperado um declínio de quatro pontos na faixa de 60 a 80 anos em relação à

faixa de 40 a 60. O que permanece sem elucidação completa é o quanto alguns

indivíduos mantêm cognição superior mesmo na presença de amiloide e bandas

neurofibrilares.

Goldberg (2019) reconhece que a performance de memória superior

encontrada no Australian Imaging, Biomarkers and Lifestyle Study não foi associada

com redução dos efeitos do envelhecimento ou beta-amiloide na perda volumétrica

cortical. O autor sugere que fatores ligados ao estilo de vida como educação podem

ser importantes, além do exame do papel de genótipos como APOE e2 e BNDF (fator

neurotrófico cerebral). A performance superior de memória pode refletir parte de

variabilidade normal, sendo que o autor enfatiza que os incrementos nos testes podem

ocorrer com a aplicação repetida de testes semelhantes em idosos cognitivamente

típicos. Estes efeitos práticos poderiam retardar o diagnóstico de declínio cognitivo

leve subclínico

Yu et al. (2019) examinaram os perfis cognitivos e fatores ligados ao estilo de

vida associados à supercognição. Houve adoção de critérios diferentes aos critérios

clássicos dos estudos de SuperAgers e a sugestão do termo supercognição para

definir os idosos com habilidades cognitivas superiores. Os critérios foram os

seguintes: habilidades cognitivas superiores em um ou mais domínios (um desvio-

padrão acima); performance pelo menos na média nos demais domínios cognitivos

estudados; atividades de vida diária mantidas e Clinical Dementia Rating igual a 0.

Page 48: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

46

Fatores psicossociais, de estilo de vida e saúde foram investigados. É possível que

esses idosos sejam superiores em determinados domínios cognitivos, ainda que

apresentem performance menor em um ou mais domínios, indicando natureza

multidimensional do envelhecimento cognitivo bem-sucedido.

Cabeza et al. (2018), em uma revisão sobre reserva, manutenção e

compensação à luz do conhecimento da neurociência na cognição do envelhecimento,

demonstram que os termos reserva, manutenção e compensação estão inter-

relacionados e têm sido utilizados para descrição de diferenças qualitativas e

quantitativas na estrutura e função cerebral, assim como para explicar mecanismos

cerebrais no envelhecimento e declínio cognitivo. As diferenças individuais nas

trajetórias cognitivas do envelhecimento têm como uma das proposições a interação

entre os mecanismos de reserva, manutenção e compensação, promovendo relação

entre os fatores genéticos e ambientais. Tem sido proposto que reserva implica

criação de redes neurais que auxiliam o suporte em situação de declínio neural,

enquanto a manutenção suporta o reabastecimento e reparo dos recursos neurais

(anatomia e fisiologia mediadoras dos processos cognitivos, redes neurais,

funcionamento e conectividade).

Enfatiza-se que os mecanismos acima descritos (reserva, manutenção,

compensação) são dinâmicos e modificáveis. A reserva está relacionada com

aumento cumulativo, devido a fatores genéticos e ambientais (educação, atividade

física, atividades intelectuais), de recursos neurais (incluindo densidade sináptica),

que atenuam os efeitos do declínio cognitivo. A manutenção significa preservação dos

recursos neurais e ocorre durante a vida, sendo mais crítica no envelhecimento, e

envolve processos de reparação celular ou molecular e plasticidade, com interação

entre fatores genéticos e ambientais (atividade física, engajamento social e cognitivo).

O termo compensação refere-se a recrutamento de recursos neurais em resposta à

alta demanda cognitiva, sendo, então, relacionado à performance cognitiva. Esse

mecanismo seria efetuado através de regulação, seleção e reorganização contínuas,

em resposta ao declínio neural. A Figura 1 mostra os mecanismos neurais

mencionados.

Page 49: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

47

Figura 1. Maintenance, reserve and compensation: the cognitive neuroscience of healthy ageing.

Fonte: Cabeza et al., 2018.

Observa-se que os mecanismos de manutenção, compensação e reserva

atuam de forma conjunta, sendo que podem ser mediados por alguns efeitos da

interação entre genética e ambiente, conforme indicado pela etapa a. A etapa b ilustra

as alterações em recursos neurais e demandas cognitivas que ocorrem ao longo da

vida como resultado de reserva e manutenção. Em um cenário ideal, como mostrado

à esquerda, esses mecanismos neutralizam os efeitos do envelhecimento. Entretanto,

em uma situação típica, os mecanismos de reserva e manutenção apenas atenuam

os efeitos negativos e demandas cognitivas. Reserva e manutenção estão

relacionadas a aumento nos recursos neurais, sendo que a primeira é mais

Page 50: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

48

relacionada à densidade e eficácia sináptica e continuaria a ser construída em idade

mais avançada, embora seja principalmente formada durante a fase da infância e

adulto jovem. Os processos de declínio e compensação podem ocorrer

simultaneamente, apesar de, na ilustração, estarem alternados. A etapa c demonstra

a relação entre as demandas cognitivas e os mecanismos de compensação. Em

cenário ideal, o aumento da demanda cognitiva é completamente neutralizado pelo

recrutamento de recursos neurais, enquanto em um cenário típico o recrutamento

neural adicional reduz, mas não elimina a distância entre demanda e recursos.

Uma melhor compreensão dos mecanismos que proporcionam preservação da

memória em idosos pode revelar processos-chave em manutenção cognitiva. Há

lacuna de conhecimento e de estudos que enfoquem o entendimento do

envelhecimento típico e o SuperAgers. São necessários estudos longitudinais com

foco em HOPA (BORELLI et al., 2018a), sendo que o aspecto anatômico é importante,

a exemplo da espessura do córtex cerebral, representando uma das medidas

biológicas nos estudos, porém, há outros aspectos envolvidos, como o genético,

resiliência, reserva cognitiva, fatores psicossociais. Uma das hipóteses é que os

SuperAgers sejam mantenedores ou compensadores, além de terem o mecanismo de

reserva cognitiva interagindo dinamicamente.

Page 51: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

49

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a relação entre aspectos físicos, psicológicos e cognitivos em idosos

com elevado desempenho cognitivo.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar as medidas cognitivas e suas relações com as medidas físicas e

psicológicas no grupo NeuroCog-Idoso e nos idosos com alta performance cognitiva.

Investigar a composição corporal, a capacidade cardiorrespiratória e a força

muscular no grupo NeuroCog-Idoso e nos idosos com alta performance cognitiva.

Verificar as medidas cognitivas que mais se relacionam à alta performance

em idosos.

Verificar as alterações das medidas de desempenho dos idosos em relação

ao tempo.

Page 52: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

50

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo refere-se a um recorte do projeto intitulado: “Avaliação de duas

intervenções de memória em medidas fisiológicas, cognitivas e de humor em idosos

do Distrito Federal”, cuja coleta de dados foi iniciada em junho de 2017 e finalizada

em julho de 2019. Esse projeto, assim como, o seu Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (Apêndice A), já se encontram autorizados pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da Universidade Católica de Brasília pelo CAAE n°:

67653517.4.0000.0029.

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo representa uma pesquisa quantitativa, exploratória e longitudinal. A

pesquisa quantitativa é caracterizada pelo uso da quantificação, tanto na coleta

quanto no tratamento das informações, utilizando-se de técnicas estatísticas

(RICHARDSON, 1999). Objetiva a aquisição de resultados que evitem possíveis

distorções de análise e interpretação e que possibilitem a maximização da margem

de segurança (DIEHL, 2004). De modo geral, a pesquisa quantitativa é passível de

ser medida em escala numérica (ROSENTAL; FRÉMONTIER-MURPHY, 2001).

Conforme Richardson (1999), a pesquisa exploratória aprofunda os

conhecimentos das características de determinado fenômeno para procurar

explicações das suas causas e consequências, utilizando-se dos seguintes objetivos

(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013): (i) familiarizar e elevar a compreensão de um

problema de pesquisa em perspectiva; (ii) ajudar no desenvolvimento ou criação de

hipóteses explicativas de fatos a serem verificados em uma pesquisa causal; (iii)

auxiliar na determinação de variáveis a serem consideradas em um problema de

pesquisa; (iv) verificar se pesquisas semelhantes já foram realizadas, quais os

métodos utilizados e quais os resultados obtidos, determinar tendências, identificar

relações potenciais entre variáveis e estabelecer rumos para investigações

posteriores mais rigorosas; e (v) investigar problemas do comportamento humano,

identificar conceitos ou variáveis e sugerir hipóteses verificáveis.

Refere-se também a um estudo Longitudinal Prospectivo (estudo com follow

up), onde existe uma sequência temporal conhecida entre uma exposição, ausência

da mesma ou intervenção terapêutica, e o aparecimento da doença ou fato evolutivo.

Page 53: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

51

Esse tipo de delineamento destina-se a estudar um processo ao longo do tempo para

investigar mudanças, ou seja, refletem uma sequência de fatos (HADDAD, 2004;

SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013).

4.2 AMOSTRA

A amostra utilizada neste estudo foi de conveniência e composta pelos idosos

do Grupo NeuroCog-Idoso. O recorte aqui apresentado será de um ano e com três

medidas: linha de base, após seis meses e após um ano de intervenções. Assim, o N

geral é 85, e contendo até o final de um ano 27 idosos, conforme a Figura 2.

Critério de inclusão: pertencer ao grupo do NeuroCog-Idoso;

Critérios de exclusão: não ter participado de alguma variável analisada e/ou

não ter dado continuidade ao estudo no primeiro ano de intervenções.

Figura 2. Fluxograma do Desenho do Estudo. .

Fonte: Elaborado pelo autor.

Inscrição

N=85

Linha de base

N=58

Após 6 meses

N=46

Após 1 ano

N=27

Desistência

N=12

Desistência

N=27

Desistência

N=12

Avaliações

incompletas

N=07

Page 54: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

52

Destaca-se que esses idosos já haviam passado por todos os critérios de

inclusão e exclusão anteriores do projeto que referiam na inclusão ter mais de 60 anos,

ser alfabetizado, demonstrar interesse no estudo e assinar o TCLE. E como critérios

de exclusão: apresentar algum diagnóstico de transtorno cognitivo, déficits visuais,

auditivo e/ou motores que inviabilizassem o entendimento e o desempenho nas

atividades relacionadas às avaliações e às intervenções cognitivas, ter

comprometimentos atuais ou anteriores relacionados ao alcoolismo, uso de drogas

ilícitas, transtornos psiquiátricos ou doenças neurológicas conhecidas. Esses critérios

foram avaliados no primeiro encontro por meio da anamnese e, em caso de

necessidade de confirmação, por meio da avaliação neuropsicológica, no caso dos

diagnósticos de transtornos cognitivos.

4.3 INSTRUMENTOS

Para além da Anamnese, com a verificação de informações sociodemográficas,

de saúde e comportamental (Apêndice B) - o que ajudou a caracterizar a amostra a

ser estudada -, os instrumentos utilizados serão apresentados a seguir em medidas

físicas, medidas psicológicas e medidas cognitivas. As escolhas por essas medidas

deveram-se aos estudos atuais que apresentam essas três variáveis, como preditoras

de um bom envelhecimento e, consequentemente, que podem caracterizam um

SuperAgers.

4.3.1 Medidas Físicas

Teste de controle de força muscular (Pressão palmar) - Os participantes foram

posicionados sentados, estando o ombro em posição neutra, cotovelos fletidos em 90º

e punho na posição neutra. Os sujeitos foram orientados a realizar a contração

isométrica máxima ao comando verbal do examinador. Foram realizadas três

tentativas alternando os membros, com intervalo de 60 segundos. O procedimento foi

realizado respeitando os critérios descritos por Shiratori et al. (2014). Para a avaliação

da força de preensão, a ASHT (American Society of Hand Therapists) recomenda que

o paciente esteja confortavelmente sentado, posicionado com o ombro aduzido, o

cotovelo fletido a 90º, o antebraço em posição neutra e, por fim, a posição do punho

pode variar de 0 a 30º de extensão.

Page 55: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

53

Capacidade cardiorrespiratória (Ergoespirométrica - Vo2) - A ergoespirometria

consiste em ferramenta para avaliação de capacidade física ou cardiorrespiratória,

além de ser utilizada para rastreamento de doença coronariana e ser exame

diagnóstico. O exame consiste em determinar variáveis respiratórias, metabólicas,

cardiovasculares através de trocas gasosas pulmonares durante o exercício com

monitoração contínua do eletrocardiograma, somada a medidas seriadas da pressão

arterial. O Vo2 máximo (consumo máximo de oxigênio) e o limiar anaeróbio são

indicativos de aptidão funcional.

Foi realizada avaliação cardiopulmonar, na qual os gases expirados foram

analisados por medição direta do consumo de oxigênio para determinar o limiar

ventilatório. Foram colocados cinco eletrodos em cada participante, posteriormente,

foi posicionada uma máscara facial (Hans Rudolph Inc., EUA) para análise dos gases

expirados. Depois, foi realizada a calibração do equipamento. A velocidade inicial foi

de 3,0 km e a final, de 6,0 km, com inclinação inicial de 4% e final de 14% em um

tempo máximo de 10 minutos, e o teste foi encerrado quando o participante levantava

o braço como sinal para parar. A pressão arterial foi monitorada durante o teste a cada

dois minutos com um esfigmomanômetro manual. Os testes foram realizados em um

laboratório controlado pelo clima. O limiar de ventilação foi avaliado por um

cardiologista e acompanhado por uma técnica de laboratório.

Composição corporal Dual Energy X-ray Absorptiometry - A avaliação da

composição corporal foi medida pelo método DEXA. As medidas por DEXA (modelo

DPX-L, LUNAR Radiation, Madison, WI) foram realizadas em scan de corpo inteiro.

Todos os scans foram analisados por um investigador especializado, utilizando o

programa para análise de composição corporal, LUNAR Radiation versão 1.2i DPX-L.

A avaliação da composição corporal permite quantificar a massa magra (livre de

gordura), a massa gorda e o componente ósseo. Os fenótipos de composição corporal

foram descritos anteriormente, incluindo a caracterização de sarcopenia e obesidade.

4.3.2 Medidas Psicológicas

World Health Organization Quality of Life Group - O WHOQOL-OLD é um

questionário composto por 24 questões, em escala Likert de 1 a 5, divididas em cinco

domínios (Autonomia; Atividades passadas, presentes e futuras; Participação Social;

Page 56: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

54

Morte e morrer; Intimidade) (FLECK et al., 2000; FLECK; CHACHAMOVICH;

TRENTINI, 2003).

Inventário de Ansiedade de Beck - O BAI é um questionário de autorrelato com

21 questões de múltipla escolha, utilizado para medir o nível de ansiedade. Seu escore

varia de 0 a 63 pontos, sendo de 0 a 7 pontos considerado o grau mínimo de

ansiedade, de 8 a 15 pontos o grau de ansiedade leve, de 16 a 25 pontos o grau de

ansiedade moderada e de 26 a 63 pontos o grau de ansiedade severa (BECK; STEER,

1990).

Escala de Depressão Geriátrica - GDS é um instrumento de 15 itens adaptado

para a população brasileira por Almeida e Almeida (1999), baseado na escala

originalmente criada por Yesavage et al. (1983) com 30 itens, com o objetivo de

detectar a ausência de sintomas sugestivos de depressão em idosos. Seu escore varia

de 0 a 15 pontos, sendo a partir de 7 pontos sugestivo de depressão.

4.3.3 Medidas Cognitivas

Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão revisada - O ACE-R é utilizado para

avaliar cinco domínios cognitivos em conjunto e apresenta notas parciais para cada

um deles, sendo: Atenção e Orientação (ACE-A), Memória (ACE-M), Fluência (ACE-

F), Linguagem (ACE-L) e Habilidades Visuoespaciais (ACE-V). Adaptado e validado

para o Brasil (CARVALHO, 2009; CARVALHO; CARAMELLI, 2007) como um teste de

rastreio para avaliar as funções cognitivas, sendo sua pontuação máxima de 100

pontos.

Rey Auditory-Verbal Learning Test - Utilizou-se a versão adaptada do RAVLT

para a população idosa brasileira (MALLOY-DINIZ et al., 2007). As 15 palavras do

teste são lidas pausadamente ao avaliando, solicitando-se que ele as repita após a

leitura, de forma independente à ordem em que foram ditas (A1). Repete-se o mesmo

procedimento nas etapas A2, A3, A4 e A5, salientando-se que o sujeito deve sempre

lembrar-se de todas as palavras, inclusive as ditas anteriormente. Aplica-se, então,

uma segunda lista de palavras (B1), distratora, em que se solicita ao avaliando evocar

apenas as palavras desta lista. Pedem-se, então, as palavras da primeira lista (A6),

sem a exposição dela, em uma tarefa de evocação da memória episódica de curto

prazo. Vinte e cinco minutos após tal etapa, o sujeito deve novamente evocar as

palavras da primeira lista (A7), de forma a avaliar a evocação tardia da memória

Page 57: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

55

episódica verbal. Por fim, é apresentada uma lista de reconhecimento (REC) contendo

50 palavras, as 15 palavras da primeira lista, as 15 da segunda e 20 outras palavras

semântica ou foneticamente relacionadas com as palavras anteriores, devendo o

sujeito julgar se a palavra era pertencente ou não à primeira lista. Os escores de cada

etapa são computados de acordo com o número de palavras corretamente evocadas,

à exceção de REC, em que se pontuam todos os acertos (palavras corretamente

classificadas) e subtrai-se 35 (total de distratores). A fim de se evitar resultados

negativos nas análises posteriores, nesta foi realizada a subtração dos resultados

negativos, gerando um escore que oscila entre 0 e 50 pontos. Calcula-se também o

total (ΣA1-A5) de acertos nas etapas de aprendizagem (PAULA et al., 2012).

Stroop Test – Utilizou-se a versão Victória (SPREEN; STRAUSS, 1998, p. 213-

218, p. 477-499). Os dados normativos para essa versão foram baseados em uma

amostra de 188 sujeitos canadenses adultos e saudáveis, com idades acima de 17

anos e média de escolaridade de 14,28 anos (DP=±2,29). A versão Victória utiliza-se

de três tarefas com 24 itens cada. É composto de três cartões, contendo seis linhas

com quatro itens: o primeiro composto de tarjetas coloridas (verde, rosa, azul e

marrom); o segundo constituído por palavras neutras escritas com as cores das

tarjetas; e o terceiro com os nomes das cores escritos em cores conflitantes com o da

impressão. Solicita-se ao sujeito que, a cada cartão apresentado, verbalize as cores

impressas de cada cartão o mais rápido possível. Começa-se a contar o tempo logo

após as instruções e registra-se o tempo que o sujeito leva para ler cada um dos

cartões. O sujeito é avaliado segundo a rapidez com que ele executa a tarefa e a

quantidade de erros apresentados. O efeito da interferência é determinado pelo

cálculo de tempo extra requerido para nomear as cores (da impressão) em

comparação ao tempo requerido para nomear cores na primeira tarefa controle-cores

das tarjetas.

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O desenho metodológico deste estudo perfaz a duração de 12 meses de

acompanhamento e contempla quatro etapas, sendo elas: seleção e recrutamento,

avaliação 1 (linha de base), avaliação 2 (seis meses após) e avaliação 3 (um ano

após).

Page 58: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

56

Para o processo de recrutamento e seleção dos participantes, foi realizada a

divulgação da pesquisa em ambientes frequentados pela comunidade, tais como as

unidades básicas de saúde do Distrito Federal e o Centro de Convivência do Idoso da

Universidade Católica de Brasília (UCB). As pré-inscrições foram realizadas

individualmente, e o contato realizado via telefone, propondo o convite de participação

aos interessados para a etapa de apresentação da pesquisa.

A partir da organização da equipe de pesquisa, foi realizado um encontro grupal

dos interessados com o intuito de acolhimento e apresentação da pesquisa para o

público, juntamente com a exposição das atividades que iriam ser realizadas e o

cronograma delas. Ao fim do acolhimento, que aconteceu no auditório de um dos

blocos da universidade e que teve duração de aproximadamente uma hora, a

participação dos idosos foi confirmada, e as inscrições realizadas. Antes da etapa das

avaliações, todos os idosos assinaram o TCLE e estavam cientes da possibilidade de

desistirem do estudo a qualquer momento, assim como, se algo disparasse quaisquer

questões psicológicas e/ou físicas, haveria uma equipe disponível para os mesmos.

Para a avaliação 1, todos os idosos foram avaliados individualmente com a

aplicação da Anamnese e de medidas psicológicas, físicas e cognitivas, conforme

previamente apresentado. Para cada uma dessas etapas, havia um pesquisador

responsável da respectiva área (Psicólogo, Profissional de Educação Física e

Psicólogo ou Gerontólogo) com ajuda de auxiliares de pesquisa, e cada avaliação

durava cerca de 60 min.

As avaliações 2 e 3 seguiram os mesmos procedimentos da avaliação 1, tendo

como intervalo em cada uma das avaliações o período de seis meses. Faz-se

importante destacar aqui que, nesse período, diferentes tipos de intervenções foram

inseridas nas atividades dos idosos, como intervenções cognitivas, intervenções

pedagógicas e atividade física, mas não consistiu em objetivo principal avaliar seus

impactos.

4.5 ANÁLISE DE DADOS

A análise inferencial foi feita através de testes não paramétricos, visto o não

atendimento dos seguintes pressupostos estatísticos: normalidade,

homocedastidade, independência do erro e multicolinearidade. Assim, inicialmente foi

realizada uma análise exploratória do conjunto de dados, onde a amostra foi analisada

Page 59: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

57

com médias, desvios-padrão e quartis. Utilizou-se a metodologia de quartil, ou

coeficiente quartílico de assimetria, cujo princípio é semelhante ao da mediana. O

quartil divide a distribuição em quatro partes, cada uma contendo 25% dos dados, de

forma que o primeiro quartil limita os 25% menores valores da distribuição, o segundo,

50%, o terceiro, 75%, e o quarto, corresponde ao último valor. Nesta análise,

consideraram-se os valores acima da média no teste RAVLT, sendo o terceiro quartil

e o quarto quartil como critérios para os SuperAgers.

Para medir associação das variáveis psicológicas com as cognitivas, utilizou-

se o teste de correlação de Kendall, que é uma medida não paramétrica que avalia

correlação entre duas variáveis. Se o valor é zero, significa que não há relação linear

entre as variáveis. Quando o valor é positivo, diz-se que as duas variáveis são

diretamente proporcionais, e o valor negativo indica relação de grandeza

inversamente proporcional entre as variáveis.

A avaliação da associação entre as variáveis psicológicas e cognitivas, assim

como das físicas com as cognitivas, foi realizada através do teste de Wilcoxon

pareado. O teste de Wilcoxon pareado pode ser utilizado quando se deseja comparar

duas amostras relacionadas, amostras emparelhadas ou medidas repetidas (como no

estudo proposto) em uma única amostra para avaliar se os postos médios

populacionais diferem.

Além das avaliações supracitadas, realizou-se uma análise de regressão

logística binária, uma análise eficaz para verificar a relação entre duas ou mais

variáveis no caso específico em que a resposta (Y) é dicotomizada em “acima da

média (Y = 1) e “abaixo da média” (Y = 0). Essa modelagem permitiu a proposição de

um modelo de regressão logística com a proposição das variáveis relacionadas ao

SuperAgers. O software utilizado para as análises foi o R, versão 3.4.3 e utilizando o

nível de significância de p ≤ 0,005.

Page 60: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

58

5 ARTIGO: UM ESTUDO LONGITUDINAL SOBRE PERFORMANCE COGNITIVA

E SUAS VARIAÇÕES EM MEDIDAS PSICOLÓGICAS, COGNITIVAS E FÍSICAS

EM IDOSOS COGNITIVAMENTE TÍPICOS E COM COGNIÇÃO SUPERIOR

Um estudo longitudinal sobre performance cognitiva e suas variações em medidas psicológicas, cognitivas e físicas em idosos cognitivamente típicos e com cognição superior A longitudinal study on cognitive performance and its variations in psychological, cognitive and physical measures in cognitively typical and higher cognitive elderly Performance cognitiva em idosos Cognitive performance in the elderly

Resumo

Objetivo: Investigar as medidas cognitivas e suas relações com as medidas físicas e

psicológicas no grupo NeuroCog-Idoso e nos idosos com alta performance cognitiva,

assim como, a composição corporal, a capacidade cardiorrespiratória e a força

muscular. Método: A amostra utilizada neste estudo foi de conveniência, avaliada

longitudinalmente pelo período de um ano. O estudo composto por 27 idosos, com

idade média de 71 anos (DP=±3,59). Foram analisados os aspectos físicos,

psicológicos e cognitivos através das variáveis: composição corporal, capacidade

cardiorrespiratória, força muscular, qualidade de vida, ansiedade, depressão, RAVLT,

ACE-R e Stroop. Resultados: O estudo foi majoritariamente mulheres idosas (N=23,

86,19%). Os idosos estavam distribuídos equitativamente quanto à escolaridade e ao

estado civil. As variáveis físicas foram condizentes às faixas etárias, onde 75% dos

idosos apresentaram sobrepeso, se encontravam dentro dos parâmetros adequados

na escala de ansiedade (M=4,52, DP=±4,24) e depressão (M=2,59, DP=±2,15). As

medidas cognitivas foram boas preditoras no que se refere à performance cognitiva.

Em função do tempo, diversas variáveis tiveram aumento em seus desempenhos,

correlações foram observadas entre as medidas cognitivas e psicológicas, sendo

possível a apresentação de um modelo logístico para as variáveis preditoras para uma

alta performance cognitiva e resiliência ao declínio cognitivo. Conclusão: Entende-se

a importância deste trabalho, na medida em que a saúde cognitiva está se tornando

Page 61: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

59

cada vez mais uma questão de saúde pública, sendo necessárias pesquisas sobre a

resiliência cognitiva, SuperAging ou envelhecimento bem-sucedido de memória.

Palavras-chave: Envelhecimento. Cognição. Saúde do idoso. Medidas psicológicas.

Medidas físicas.

Abstract

Objective: To investigate cognitive measures and their relationship with physical and

psychological measures in the NeuroCog-Idoso group and in the elderly with high

cognitive performance, as well as body composition, cardiorespiratory capacity and

muscle strength. Method: The sample used in this study was convenience assessed

longitudinally over a period of one year. The study consisted of 27 elderly, with an

average age of 71 years (SD = ± 3.59). Physical, psychological and cognitive aspects

were analyzed through the following variables: body composition, cardiorespiratory

capacity, muscle strength, quality of life, anxiety, depression, RAVLT, ACE-R and

Stroop. Results: The study was mostly elderly women (N = 23, 86.19%). The elderly

were equally distributed in terms of education and marital status. The physical

variables were consistent with the age groups, where 75% of the elderly were

overweight, were within the appropriate parameters on the anxiety scale (M = 4.52, SD

= ± 4.24) and depression (M = 2.59, SD = ± 2.15). Cognitive measures were good

predictors regarding cognitive performance, as a function of time several variables had

an increase in their performance, correlations were observed between cognitive and

psychological measures, being possible to present a logistic model for the predictor

variables for a high cognitive performance and resilience to cognitive decline.

Conclusion: The importance of this work is understood, as cognitive health is

increasingly becoming a public health issue, requiring research on cognitive resilience,

overaging or successful aging of memory.

Keywords: Aging. Cognition. Health of the elderly. Psychological measures. Physical

measures.

Page 62: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

60

INTRODUÇÃO

Segundo Randolph1, a maioria dos estudos publicados na área de cognição,

psicologia e envelhecimento trata de declínio cognitivo e uma minoria enfatiza a

cognição normal ou o aumento da performance cognitiva. Uma nova perspectiva tem

sido considerada no envelhecimento, na área de envelhecimento ativo ou bem-

sucedido, notadamente a relacionada à performance cognitiva, sendo essa uma das

maiores determinantes do envelhecimento saudável2.

O termo SuperAgers foi originalmente operacionalizado no Northwestern

Program, baseado nos seguintes critérios: idade acima de 80 anos; performance de

memória episódica ao menos no nível ou superior a de indivíduos cognitivamente

típicos com 50-60 anos; performance em domínios cognitivos de funções não

mnemônicas no mínimo na média para a idade3,4.

Construtos teóricos sobre os idosos com mais resiliência propuseram a

descrição desses indivíduos como resilient-agers5, cognitively elite6, optimal memory

performers7, tendo sido utilizados critérios validados de psicometria. Em estudo

original, Harrison et al.3 demonstraram que os SuperAgers não exibiam atrofia cortical

significativa e possuíam espessamento do córtex anterior cingulado

comparativamente aos controles. Gefen et al.8 utilizaram o mesmo critério,

documentando achados semelhantes. Bott et al.5 que incluiu idosos acima de 60 anos,

acrescentaram que os resilient-agers tinham mais baixos níveis de insulina,

interleucina-6( marcador inflamatório) e maior nível de atividade física relativamente

aos controles de mesma idade, além de maior volume do corpo caloso no baseline e

alta frequência de APOEe4 e CR1 AA-AG (alelos anteriormente considerados como

risco adicional para demência).

Os indivíduos com alta performance cognitiva potencialmente mantêm a

habilidade de memória na trajetória do envelhecimento similar aos controles com

idade de 50 anos2. O termo HOPA (High Performing Older Adults), primeiramente

citado por Cabeza9 e indicado por Borelli et al.2, promove um conceito expandido,

podendo variar de acordo com as características culturais e sociodemográficas locais.

Os SuperAgers podem ter aspectos biológicos, neurocognitivos e de imagem que

podem diferenciá-los dos demais idosos, conferindo estrutura cerebral resiliente10.

Modelos neuropsicológicos indicam que o declínio cognitivo é uma

consequência do aumento da idade, após os 60 anos11,12. Entretanto, há variabilidade

Page 63: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

61

nas trajetórias cognitivas e que aumenta com a idade, indicando que as diferenças

individuais crescem com o avançar da idade13. Algumas dessas diferenças têm sido

explicadas por efeitos, como doença neurodegenerativa pré-clínica, Doença de

Alzheimer em amostras de idosos14, assim como a presença de idosos que parecem

ser resilientes ao declínio cognitivo. Há discussão na literatura científica quanto ao

início do declínio cognitivo, sendo que alguns autores, como Salthouse12, discutem se

o início é mais precoce do que tardio, considerando importante distinguir os estudos

transversais e longitudinais, assim como critérios de inclusão e exclusão.

Algumas teorias cognitivas propostas, como a da reserva cognitiva e

manutenção cerebral15,16, têm buscado explicar as variabilidades nas trajetórias

cognitivas, sendo que alguns idosos começam o declínio antes e outros mantêm a

independência e o bem-estar. As pesquisas em neurociências e com neuroimagem

têm levado a avanços na compreensão dos mecanismos neurais relacionados aos

desfechos cognitivos já descritos por Cabeza et al.17, que propuseram a contribuição

dos mecanismos de reserva, manutenção e compensação na variabilidade individual

das trajetórias cognitivas, sendo que podem ser resultado da interação entre aspectos

genéticos e relacionados ao meio ambiente.

Elucidar os fatores e aspectos que podem contribuir para o envelhecimento

cognitivo bem-sucedido é determinante para promoção de saúde e prevenção de

quadros demenciais, tendo importância na saúde pública. Um modelo de predição foi

construído em idosos acima de 90 anos na Europa (European SuperAgers),

identificando fatores ligados à resiliência e ao declínio cognitivo, incluindo plataforma

EMIF e DPUK18.

Frente a essas informações, este artigo tem por objetivo avaliar a relação e a

trajetória entre aspectos físicos, psicológicos e cognitivos em idosos cognitivamente

típicos e com alta performance cognitiva, participantes de intervenções cognitivas,

físicas e educativas, ofertadas ao longo de um ano, buscando apresentar e discutir

quais características e variáveis poderiam ser preditoras de uma melhor performance

no processo de envelhecer em idosos a partir dos 60 anos de idade.

Page 64: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

62

MÉTODO

O estudo retratado apresenta-se dentro de uma abordagem quantitativa,

exploratória e longitudinal. Foi autorizado, assim como o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE), pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Católica de Brasília pelo CAAE n°: 67653517.4.0000.0029 e realizado graças ao apoio

e aprovação nº: 0193.001227/2016 da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito

Federal (FAPDF). A coleta dos dados teve início em junho de 2017 e foi finalizada em

julho de 2019.

AMOSTRA

A amostra utilizada neste estudo foi caracterizada como de conveniência e

composta pelos idosos do grupo NeuroCog-Idoso. O recorte aqui apresentado foi de

um ano e com três medidas: linha de base, após seis meses e após um ano de

intervenções. Destaca-se que o estudo iniciou com 85 idosos, mas contabilizadas as

desistências (N=51) e a não participação em alguma das avaliações (N=07) resultou

em N de 27 idosos, com média de idade igual a 71 anos (DP= ±3,59). Os critérios de

inclusão foram: ser alfabetizado, demonstrar interesse no estudo e assinar o TCLE; e

os critérios de exclusão foram: apresentar algum diagnóstico de transtorno, déficits

visuais, auditivo e/ou motores, transtornos psiquiátricos que inviabilizassem o

entendimento e o desempenho nas atividades relacionadas às avaliações e às

intervenções cognitivas, ter acometimentos atuais ou anteriores relacionados ao

alcoolismo, uso de drogas ilícitas, doenças neurológicas conhecidas. Esses critérios

foram avaliados no primeiro encontro por meio da anamnese e em caso de

necessidade de confirmação, por meio da avaliação neuropsicológica, no caso dos

diagnósticos de transtornos cognitivos. Também foram excluídos idosos que não

participaram de alguma variável analisada e/ou não tenham dado continuidade ao

estudo no primeiro ano de intervenções.

Instrumentos

Para além da Anamnese, com a verificação de informações sociodemográficas,

de saúde e comportamental, os instrumentos utilizados serão apresentados a seguir

em medidas físicas, medidas psicológicas e medidas cognitivas.

Page 65: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

63

Medidas Físicas: a) o teste de controle de força muscular (pressão palmar),

respeitando os critérios descritos por Shiratori et al.19, tendo sido realizadas três

tentativas alternando os membros, com intervalo de 60 segundos, tendo sido

instruídos ao máximo de contração isométrica após comando verbal; b) o teste de

capacidade cardiorrespiratória (CCR) (Ergoespirométrica – VO2) – na busca de

determinar variáveis respiratórias, metabólicas, cardiovasculares através de trocas

gasosas pulmonares durante o exercício com monitoração contínua do

eletrocardiograma, somada a medidas seriadas da pressão arterial, com objetivo de

determinar o máximo V02, de acordo com o seguinte: QR= VC02-V02 > 1,1; VE >

60% do máximo previsto; presença de platô antes do aumento no esforço; c) a medida

de composição corporal Dual Energy X-ray Absorptiometry - que permite quantificar a

massa magra (livre de gordura), a massa gorda e o componente ósseo(DPX-L) com

avaliação de corpo inteiro, utilizando o programa LUNAR versão 1.2 para esta análise.

Medidas Psicológicas: a) o questionário da World Health Organization Quality

of Life Group - WHOQOL-OLD para a quantificação de seus cinco domínios

(Autonomia; Atividades Passadas, Presentes e Futuras; Participação Social; Morte e

Morrer; Intimidade), segundo Fleck et al.20,21; b) o inventário de Ansiedade de Beck

(BAI) para medir o nível de ansiedade, segundo orientações de Beck e Steer22; c) a

Escala de Depressão Geriátrica (GDS), de 15 itens, adaptada para a população

brasileira por Almeida e Almeida23, com o objetivo de detectar a ausência de sintomas

sugestivos de depressão em idosos.

Medidas Cognitivas: a) o Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão revisada

- O ACE-R é utilizado para avaliar cinco domínios cognitivos em conjunto e apresenta

notas parciais para cada um deles, adaptado e validado para o Brasil como um teste

de rastreio para avaliar as funções cognitivas, tendo o máximo de 100 pontos24,25,

possibilitando avaliação dos seguintes domínios; orientação (ACE-A), orientação

espacial e temporal (ACE-A), função visuoespacial (ACE-V), memória episódica

(ACE-M), linguagem( ACE-L), fluência (ACE-F); b) o Rey Auditory-Verbal Learning

Test – Utilizando-se a versão adaptada do RAVLT para a população idosa brasileira26;

c) o Stroop Test – Utilizando-se a versão Victória27, que se utiliza de três tarefas com

24 itens cada, solicitando-se ao sujeito que, a cada cartão apresentado, verbalize as

cores impressas de cada cartão o mais rápido possível.

Page 66: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

64

Procedimentos metodológicos

O desenho metodológico deste estudo perfaz a duração de 12 meses de

acompanhamento (de junho de 2017 e julho de 2018) e contempla quatro etapas: 1)

seleção e recrutamento, 2) avaliação 1 (linha de base), 3) avaliação 2 (seis meses

após) e 4) avaliação 3 (um ano após).

Para o processo de recrutamento e seleção dos participantes, foi realizada a

divulgação da pesquisa em ambientes frequentados pela comunidade, tais como as

unidades básicas de saúde do Distrito Federal e o Centro de Convivência do Idoso da

Universidade Católica de Brasília (UCB). As pré-inscrições foram realizadas

individualmente, e o contato realizado via telefone, propondo o convite de participação

aos interessados para a etapa de apresentação da pesquisa. Antes da etapa das

avaliações, todos os idosos assinaram o TCLE e estavam cientes da possibilidade de

desistirem do estudo a qualquer momento, assim como, se algo disparasse quaisquer

questões psicológicas e/ou físicas, haveria uma equipe disponível para os mesmos.

Para a avaliação 1, todos os idosos foram avaliados individualmente com a

aplicação da Anamnese e de medidas psicológicas, físicas e cognitivas. Para cada

uma dessas etapas, havia um pesquisador responsável da respectiva área (Psicólogo,

Profissional de Educação Física e Psicólogo ou Gerontólogo) com ajuda de auxiliares

de pesquisa, e cada avaliação durava cerca de 60 min.

As avaliações 2 e 3 seguiram os mesmos procedimentos da avaliação 1, tendo

como intervalo em cada uma das avaliações o período de seis meses. Faz-se

importante destacar aqui que, nesse período, diferentes tipos de intervenções foram

inseridas nas atividades dos idosos, como intervenções cognitivas, intervenções

pedagógicas e atividade física, mas não consistiu em objetivo principal avaliar seus

impactos.

Análise de Dados

A análise inferencial foi feita através de testes não paramétricos. Assim,

inicialmente foi realizada uma análise exploratória do conjunto de dados, onde a

amostra foi analisada com médias, desvios-padrão e quartis. A metodologia de quartis

foi utilizada e a distribuição separada em quatro quartis sendo que o primeiro

representa 25% dos dados e os 25% menores valores para a variável em questão.

Considerou-se que os SuperAgers seriam aqueles que preferencialmente estivessem

nos 25% maiores valores do RAVLT.

Page 67: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

65

Para medir associação das variáveis psicológicas com as cognitivas, utilizou-

se o teste de correlação de Kendall. A avaliação da associação entre as variáveis

psicológicas e cognitivas, assim como das físicas com as cognitivas, foi realizada

através do teste de Wilcoxon pareado. Além dessas avaliações, realizou-se uma

análise de regressão logística binária, permitindo a proposição de um modelo de

regressão logística com a proposição das variáveis relacionadas ao SuperAgers. O

software utilizado para as análises foi o R, versão 3.4.3 e utilizando o nível de

significância de p ≤ 0,005.

RESULTADOS

Inicialmente, os resultados serão apresentados para uma análise descritiva das

medidas sociodemográficas, por meio de frequências e porcentagens e de medidas

Física, Psicológica e Cognitiva, e de valores mínimos, máximos, média, mediada,

desvios-padrão e quartis. Posteriormente, será apresentada a associação das

medidas físicas e psicológicas com as medidas cognitivas, utilizando o teste de

correlação de Kendall. Em um terceiro momento, um modelo de regressão logística

com respostas binárias foi proposto para a caracterização dos SuperAgers. Por fim,

tomando como ponto de partida a linha de base, foi verificada a performance dos

idosos e função do tempo, nos momentos de 6 meses e um ano após a primeira

avaliação.

Análises Descritivas

Conforme a Tabela 1, cerca de 60% dos participantes da pesquisa possuem

entre 67 e 72 anos de idade, a média de idade foi de 71 anos (DP= ±3,59) e a maior

parte da amostra (85,19%) são mulheres, enquanto somente 14,81% são homens.

Page 68: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

66

Tabela 1. Descrição das variáveis sociodemográficas. Brasília, DF, 2020. Variável Categoria Frequência Porcentagem

Idade De 61 a 66 anos De 67 a 72 anos De 73 a 78 anos De 79 a 84 anos

5 16 5 1

18,52% 59,26% 18,52% 3,70%

Sexo Feminino Masculino

23 04

85,19% 14,81%

Escolaridade Fundamental Incompleto Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Superior Incompleto Superior Completo

9 2 2 10 1 3

33,33% 7,41% 7,41%

37,04% 3,70%

11,11% Estado Civil Casado

Solteiro Separado/Divorciado Viúvo Outro

11 2 6 1 7

40,74% 7,41%

22,22% 3,70%

25,93% Fonte: Elaborada pelo autor.

A maioria possui ensino médio completo, o que equivale a 37,04% do total de

participantes, e 33,33% possuem fundamental incompleto. Apenas 11,11% têm

superior completo. Além disso, 40,74% da amostra correspondem às pessoas que são

casadas, 22,22% são separadas/divorciadas e 25,93% possuem outro estado civil.

Apenas 7,41% e 3,70% são solteiros e viúvos, respectivamente.

Conforme a Tabela 2, a pressão palmar da mão dominante teve média de 24,11

kgf-cm (DP=±6,52), sendo fortemente relacionada à potência muscular dos membros

inferiores, e marcador clínico de comprometimento da mobilidade, tomando como

referência Shephard28, que refere que a força de preensão manual aos 55 anos é de

34 Kgf, e que aos 75 anos cai para 22 Kgf, e que as medidas da força de preensão

manual de idosos guardam relação diretamente proporcional ao quadro de força

muscular geral.

Page 69: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

67

Tabela 2. Descrição das variáveis Físicas, Psicológicas e Cognitivas. Brasília, DF, 2020.

Variável Min 1ºQ Med Méd 3ºQ Máx DP

Medidas Físicas

Pressão Palmar mão

dominante (KG/f)

14,00 19,00 25,00 24,11 29,00 38,00 6,52

Capacidade

Cardiorrespiratória (ml/kg/min)

48% 64% 81% 82% 97% 136% 22%

DMO (gl/cm2) 962 1048 1112 1128 1188 1311 102

DXA (%G) 14,90 32,10 36,70 35,40 40,50 53,30 8,69

Massa gorda (Kg) 9,30 19,20 23,80 25,20 31,20 56,90 9,98

Massa magra (Kg) 30,30 38,50 42,90 44,60 48,70 65,40 8,17

IMC (Kg/m2) 21,20 25,80 28,00 28,90 31,70 45,40 5,11

Medidas Psicológicas

Funções Sensoriais 1,75 2,00 2,25 2,35 2,50 3,50 0,46

Autonomia 2,75 3,38 3,50 3,70 4,00 4,75 0,51

Atividades passadas,

presentes e futuras

2,75 3,50 3,75 3,90 4,25 5,00 0,60

Participação Social 2,75 3,50 3,75 3,90 4,25 5,00 0,60

Morte e morrer 1,0 1,75 2,00 2,17 2,38 4,00 0,73

Intimidade 1,0 3,25 3,50 3,46 4,00 4,75 0,94

Inventário de ansiedade de

Beck

0,00 1,00 3,00 4,52 7,00 16,00 4,24

Escala de Depressão

Geriátrica

1,00 1,00 2,00 2,59 3,50 8,00 2,15

Medidas Físicas

Stroop (tempo) 13,00 23,80 27,00 28,00 31,70 61,30 8,52

ACE-R 44,00 73,00 80,00 78,26 89,50 96,00 13,49

ACE-A 11,00 14,00 17,00 15,60 17,50 18,00 2,24

ACE-M 10,00 14,50 19,00 18,60 23,00 26,00 4,96

ACE-F 3,00 8,00 10,00 9,44 11,00 13,00 2,74

ACE-L 9,00 20,50 24,00 22,00 25,00 26,00 4,10

ACE-V 8,00 12,00 14,00 13,20 15,50 16,00 2,65

Curva de Aprendizagem 26,00 34,50 41,00 42,50 48,00 71,00 10,70

Velocidade Esquecimento 0,78 0,93 1,00 1,09 1,13 2,50 0,32

Interferência Proativa 0,20 0,67 0,80 0,84 1,00 1,75 0,35

Interferência Retroativa 0,29 0,71 0,80 0,78 0,88 1,00 0,18

Fonte: Elaborada pelo autor. Legenda: ACE-R = Exame Cognitivo de Addrenbrooke; ACE-A = Atenção e orientação, ACE-M= Memória; ACE-F = Fluência; ACE-L = Linguagem; ACE-V = Visuoespaciais; Min= Mínimo; 1ºQ = 1º Quartil; Med = Mediana. Méd = Média, 3ºQ = 3º Quartil; Máx = Máximo; DP = Desvio-Padrão.

A composição corporal, medida através de absorciometria de feixe duplo

(DEXA), e a avaliação do IMC (indicador antropométrico) mostraram os seguintes

resultados: 75% dos idosos apresentaram IMC superior a 25,8 (kg/m2), sendo a média

28,9 (DP=±5,11), indicando sobrepeso. A média de massa magra foi de

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aproximadamente 44,80 kg, enquanto a de massa gorda foi 25,20 kg, sendo o

percentual de gordura em média 35,4%, em acordo com as médias do IMC que

indicaram sobrepeso. Em relação à densidade mineral óssea, a média obtida foi 1,128

kg (DP=±102).

O VO2 máximo foi medido através da ergoespirometria, com quantificação das

relações entre VCO2-VO2 (razão de troca respiratória), entre VO2 avaliado e previsto,

VE (ventilação pulmonar). O valor mínimo obtido na relação entre VO2 previsto e

avaliado foi de 48%, e a média, 82%. O valor máximo obtido foi de 29,41 ml-kg.min.

A relação VO2-FC teve os seguintes resultados: máximo 20 ml-pulso e mínimo 6,5 ml-

pulso.

Como mostrado na Tabela 2, 50% dos idosos tiveram escore médio acima de

3,5 nos constructos atividade presentes, passadas e autonomia do WHOQOL-OLD.

Os escores mais altos do WHOQOL-OLD significam alta qualidade de vida e os mais

baixos, representam qualidade de vida inferior, tendo sido os dados apresentados na

forma de média (1 a 5). Os componentes de participação social, atividades passadas,

presentes e futuras, morte e morrer tiveram média de 3,9, 2 e 17, respectivamente.

Os componentes de autonomia e intimidade tiveram média de 3,7 e 3,46,

respectivamente.

Em relação ao inventário de Beck, em média os idosos possuem BAI de 4,52

(DP=±4,24), sendo, então, inferido que apresentam grau de ansiedade leve. Os

valores máximo e mínimo foram de 0 e 16. No GDS, a média dos idosos apresentaram

escore de 2,59 (DP=±2,15), sendo o escore máximo de 8 e o mínimo de 1,

caracterizando uma amostra com ausência ou baixos índices de ansiedade e/ou

depressão.

De acordo com a Tabela 2, a medida cognitiva média tempo Stroop, utilizada

para avaliar a atenção e funções executivas dos idosos, apresentaram valores entre

13 e 61,30, valor de mínimo e máximo, respectivamente. A média obtida foi de 28,

tendo 75% dos idosos com valores menores ou iguais a 31,70.

Para o ACE-R, de forma geral, foram observados valores entre 44 e 96, valor

de mínimo e máximo, respectivamente, e um valor médio de 78,26. Dentre os testes,

vê-se que o teste de memória (ACE-M) apresenta maior desvio-padrão de 4,96, esse

por sua vez com valores entre 10, valor mínimo, e 26, valor máximo, e apresenta uma

média de 18,6. Os demais testes de atenção e orientação, fluência, linguagem e

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habilidades visuoespaciais apresentaram como valores médios, respectivamente,

15,6, 9,44, 22,00 e 13,20.

Entre os testes que compõem o Rey Auditory-Verbal Learning Test (RAVLT),

sendo eles, curva de aprendizagem, velocidade de esquecimento, índice de

interferência proativa (IP) e índice de interferência retroativa (IR), os valores médio

foram, respectivamente, de, 48, 1,13, 1 e 0,88. A curva de aprendizagem apresentou

um desvio-padrão relativamente alto (10,70) e os índices de interferência proativa e

retroativa apresentaram valores de mediana iguais de 0,8.

Análises de Correlações

Para avaliar a correlação entre as medidas físicas e cognitivas, foi elaborado

um gráfico (Figura 3), em que as cores representam os valores, o grau de intensidade

da correlação, segundo o coeficiente de correlação Kendall, onde azuis mais escuros

representam correlação forte negativa (inversamente forte), enquanto os mais

vermelhos representam correlação forte positiva. Observou-se que as variáveis físicas

e cognitivas foram fracamente correlacionadas, de acordo com os p-valores (p≥0,005).

Figura 3. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas físicas. Brasília, DF, 2020.

Fonte: Elaborado pelo autor, utilizando o programa Estatístico: Software R versão 3.4.3.

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70

Para avaliar a associação das medidas Psicológicas e Cognitivas, foram feitas

as mesmas análises de correlação de Kendall, atendendo aos mesmos pressupostos

supracitados, conforme a Figura 4.

Figura 4. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas psicológicas. Brasília, DF, 2020.

Fonte: Elaborado pelo autor, utilizando o programa Estatístico: Software R versão 3.4.3.

Quanto à análise dentro da amostra (analisando apenas o coeficiente),

observou-se que as variáveis IR (memória episódica) e GDS (depressão) estão

correlacionadas inversamente nesta amostra, com coeficiente muito próximo de -0,5,

como se evidencia pela cor. Observa-se que as variáveis com a maior correlação

positiva na amostra são MEM (“Morte e Morrer”) e IP (memória episódica), cujo valor

do coeficiente foi muito próximo de 0,5, como se evidencia pela cor azul forte.

As análises por meio do teste de correlação de Kendall foram realizadas, sendo

os p-valores colocados no gráfico. Sob um nível de significância de 5%, deve-se

rejeitar a hipótese nula de que as variáveis não são correlacionadas, ou seja, existem

evidências estatísticas suficientes para se assumir que as variáveis estão

correlacionadas nos casos: a) IR e GDS; b) IP e BAI; c) IP e MEM; d) Curva de

Aprendizagem e GDS; e) Hab. Visuoespacial e MEM; f) Atenção e Orientação e BAI;

g) Atenção e Orientação e FS.

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71

Para todos os outros pares de variáveis, a hipótese nula não pôde ser rejeitada,

ou seja, para esses casos, as variáveis não estão correlacionadas a um nível de 95%

de confiança.

Modelo de Regressão Logística

Com o objetivo de avaliar o impacto das variáveis sobre a probabilidade de um

idoso ser classificado como um SuperAgers, um modelo de regressão logística com

respostas binárias foi proposto. A categorização dos idosos foi feita a partir do teste

RAVLT, onde os 25% maiores resultados foram considerados SuperAgers.

A Tabela 3 apresenta os resultados da estimativa dos parâmetros do modelo.

Tabela 3. Estimativa do Modelo Logístico. Brasília, DF, 2020. Variável Estimativa Erro Padrão Estatística

Z P Valor

Intercepto -7,28307 17,35011 -0,420 0,675 Idade -0,27450 0,28572 -0,961 0,337 Velocidade de Esquecimento 6,12221 5,40332 1,133 0,257 Interferência Proativa -2,26243 2,38149 -0,950 0,342 Interferência Retroativa 20,89394 13,87485 1,506 0,132 Escala de Depressão Geriátrica 0,03760 0,09689 0,388 0,698 Inventário de ansiedade de Beck -0,06886 0,27763 -0,248 0,804

Fonte: Elaborada pelo autor.

Através do sinal das estimativas dos parâmetros é possível ter uma ideia se a

razão de chances de pertencer ao grupo dos SuperAgers aumenta ou diminui quando

o valor da variável aumenta. Conforme a idade aumenta, a chance de pertencer ao

grupo SuperAgers diminui, o mesmo acontece com as variáveis, IP e BAI.

Devido à limitação no número de observações para a construção do modelo, a

estimativa dos parâmetros apresenta uma alta variabilidade. Com isso, optou-se por

não considerar as variáveis físicas, uma vez que, de acordo com a Figura 1, elas não

se revelaram muito associadas com as variáveis cognitivas, categoria considerada

para o agrupamento dos idosos. Também, devido à alta variabilidade causada pela

limitação no número de observações, nenhum parâmetro observado obteve

significância estatística.

Apesar dessa limitação, o modelo apresenta uma boa taxa de predição,

observando não preditos e não observados (N=19), preditos e observados (N=5), não

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preditos e observados (N=2) e predito e observado (N=1), havendo divergências

apenas nesses três últimos casos.

Análise ao Longo do Tempo

Nesta seção será verificado o comportamento médio das variáveis

longitudinalmente através o teste de Wilcoxon para amostras pareadas, onde o

objetivo do teste será responder se existe diferença nas medidas para um corte de 6

meses e 1 ano, conforme apresentado e discutido na Tabela 4.

Tabela 4. Alterações dos dados físicos, psicológicos e cognitivos ao longo do tempo. Brasília, DF, 2020.

Variável Tempo Estimativa V P Valor

PPMD 6 meses 378,00 0,001* 1 ano 378,00 0,001*

DMO (g/cm²) 6 meses 175,50 1,00 1 ano 104,00 0,042*

Massa magra (g) 6 meses 304,00 0,001* 1 ano 378,00 0,001*

GDS 6 meses 136,00 0,249 1 ano 143,00 0,01

ACE-R 6 meses 108,50 0,091 1 ano 95,55 0,04*

Memória (ACE−M) 6 meses 87,00 0,200 1 ano 23,00 0,002*

CA 6 meses 74,50 0,03* 1 ano 37,50 0,001*

IP 6 meses 245,50 0,178 1 ano 273,00 0,014*

Fonte: Elaborada pelo autor. Legenda: * = p≤0,05; PPMD = Preensão palmar mão dominante; DMO = Densidade Mineral Óssea; GDS = Escala de Depressão Geriátrica; ACE-R = Addenbrooke´s Cognitive Examination- Revised; Memória (ACE-M) = Média de Memória no ACR-R; CA = Curva de aprendizagem; IP = Índice de interferência proativa;

A Tabela 4 apresenta as alterações em função do tempo (seis meses e um

ano), em relação à linha de base. As variáveis retratadas foram as que apresentaram

alterações significativas em pelo menos uma das medidas de tempo, sendo

significativo quando p≤0,005. Dentre as variáveis supracitadas, destacam-se: curva

de aprendizagem, massa magra e preensão palmar na mão dominante, que tiveram

ganhos significativos a cada nova avaliação em relação à linha de base.

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73

DISCUSSÃO

No presente estudo, majoritariamente foram analisados dados de idosas,

aspecto conhecido como feminização do envelhecimento29,30. Maccora et al.31

investigaram associações relacionadas ao gênero em SuperAgers utilizando fatores

demográficos, genéticos, físicos, estilo de vida, psicossociais em idosos de uma

coorte australiana originada do PATH (The personality and total health through life

cohort study). Nesse estudo, foi observado maior prevalência de mulheres

SuperAgers (8,6%) e ausência de associação da maioria dos fatores previamente

identificados como associados a declínio cognitivo. Para as mulheres, os fatores

associados foram maior número de anos de educação, alta frequência de atividades

investigativas. Para os homens, associavam-se ano de educação, alta frequência de

atividades sociais e baixos escores na escala de depressão, observou-se, neste

estudo, que a maioria das idosas tinha ensino médio completo (37,4 %) e uma parcela

pouco menor, mas ainda considerável, tinha ensino fundamental incompleto (33,33%).

Estudo atuais corroboram o papel da escolaridade na reserva cognitiva e cerebral,

como o de Josefsson et al.32, que observaram associação de anos de educação com

manutenção da memória episódica maior que a média.

No que se refere aos aspectos físicos, especificamente à força muscular,

Moura33 encontrou, como média de força entre os idosos, 28,11kgf para FPPD (força

de preensão palmar direita) e 25,73kgf para FPPE (força de preensão palmar

esquerda). Naquele estudo, a média obtida pelos idosos do gênero masculino foi

35,69kgf na mão direita e 32,47kgf na mão esquerda. A média feminina foi de 20,55kgf

na mão direita e de 19,03kgf na mão esquerda.

Ao se comparar os resultados deste trabalho, pode-se verificar semelhança

com os resultados obtidos no presente estudo. Contudo, independentemente do perfil

do idoso, estudos sugerem que valores inferiores a 20 kgf representam risco para

dependência futura e baixos níveis de saúde34. Vilaça et al.35, em estudo de densidade

mineral óssea e força muscular em idosos, encontrou média de 30,3 kgf (DP=± 8,40)

em eutróficos. Os resultados aqui apresentados apresentam que a média da força

muscular está acima do ponto de corte em relação ao necessário para as atividades

de vida diárias.

Sobre a composição corporal, observou-se predominância de sobrepeso, de

acordo com IMC, com tendência a aumento em 1 ano e não foi observada redução

Page 76: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

74

significativa da massa muscular que indicasse sarcopenia. Buffa et al.36, em estudos

da variação de composição corporal no envelhecimento, destacaram a tendência a

aumento de peso e redução da massa livre de gordura (FFM), além da

heterogeneidade e variabilidade. The Fels longitudinal study estimou um aumento de

peso relacionado à idade de 40 a 66 anos em homens (taxa média anual: peso, 0,3

kg/ano; BMI, 0,11 kg/m2/ano) e mulheres (taxa média anual: peso, 0,55 kg/ano; BMI,

0,22 kg/m2/ano). Entre 60 e 80 anos, pode haver tendência à redução de peso em

mais de 50% dos idosos, mas essa redução não é constante e pode haver oscilações,

como descritas no Health, Aging, and Body Composition Study37.

No que se refere à performance cardiovascular, como demonstrada por alguns

autores38,39, essa pode estar associada à redução do risco de declínio cognitivo em

idosos. Observou-se estabilidade da capacidade cardiorrespiratória em relação ao

tempo de seguimento. Chariglione et al.40 avaliaram as correlações entre variáveis

físicas e cognitivas em mulheres idosas, tendo sido encontrada correlação positiva

entre capacidade cardiorrespiratória com curva de aprendizado no RAVLT,

performance cognitiva global e domínios atenção, linguagem e visuoespacial do ACE-

R. Dougherty et al.41 mostraram correlação entre performance cardiovascular e

volume hipocampal. O consumo máximo de O2 e a frequência cardíaca são os dois

parâmetros mais utilizados na avaliação cardiovascular, assim como na aptidão físico-

funcional.

Não foi observada uma correlação significativa entre os aspectos físicos e

cognitivos, o que pode ser devido ao número reduzido da amostra e por esta se

apresentar relativamente homogênea. Possivelmente, devido a perdas amostrais e

pelo fato de a força muscular estar em níveis aceitáveis para o idoso, não configurando

sarcopenia ou risco à saúde, com valores médios próximos, não se obteve correlação

significativa entre os grupos de variáveis físicas e cognitivas neste estudo.

Em relação às variáveis psicológicas, destaca-se a importância de aspectos

relacionados à qualidade de vida (WHOQOL-OLD), Ansiedade (BAI) e depressão

(GDS) na relação com as medidas cognitivas. Essas observações aqui apresentadas

corroboram estudos importantes dentro da área do envelhecimento cognitivo42-44.

Observou-se correlação inversa entre ansiedade, depressão (BAI e GDS) e

algumas funções cognitivas, como memória episódica (RAVLT) e atenção (ACE-A).

Alguns mecanismos poderiam estar envolvidos nessa correlação, como a associação

de depressão e ansiedade com altos niveis de glicocorticoides e dano neuronal

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75

subsequente, assim como maior ativação do sistema límbico em detrimento às áreas

corticais, como sugerido por Martin et al.44. Além disso, postula-se que os maiores

niveis de depressão podem reduzir a participação social e proporcionar abertura a

novas experiências, diminuindo a resiliência psíquica. Cook et al.46,47 observaram, em

amostra composta por 31 SuperAgers e 19 cognitivamente tipicos, avaliada com

questionário Ryff 42 (incluindo seis domínios: autonomia, senso de crescimento

pessoal, propósito, autoaceitação, dominio do ambiente, relações positivas), que os

SuperAgers tinham maiores niveis de relações positivas e esse aspecto psicossocial

pode ter relação com o aumento da espessura do giro cingulado anterior e alta

densidade de neurônios Von Economo documentados nesse grupo de idosos. Pietzrak et al.48 mostraram que maiores níveis de sintomas de ansiedade estão

relacionados a maior depósito de beta-amiloide em idosos normais ou com declínio

cognitivo leve e quadros demenciais, além de redução em alguns subtipos de

memória e das funções cognitivas

Quanto aos aspectos cognitivos, Carvalho e Caramelli25, em estudo sobre a

versão brasileira do ACE-R com amostra de idosos com idade média de 75,4 anos,

encontraram valores mínimo e máximo do escore total 73 e 98, respectivamente,

sendo a média de 83,3 pontos, dados muito próximos aos aqui apresentados. Os

pontos de corte são: acima de 50 para iletrados, acima de 60 para 1-4 anos de

educação, acima de 70 para 5-8 anos de educação e acima de 80 para mais de 9

anos de escola. Os escores mais altos indicam melhor performance cognitiva, e nossa

amostra revelou idosos com esses índices.

O desempenho em testes de aprendizagem auditivo-verbal, como o teste de

Rey (RAVLT), que avalia memória recente, aprendizagem, interferência e memória de

reconhecimento, é significativamente pior em indivíduos idosos que apresentam

queixas de memória. Nitrini et al.49 estudaram a influência de idade e educação em

testes neuropsicológicos e observaram diferenças na performance de memória,

considerando letrados e iletrados. O funcionamento da memória pode ser

particularmente afetado por nível educacional na lista A1, apesar de metanálise

realizada não ter demonstrado que o nível educacional contribuiria significativamente

para a performance nos testes.

Em relação ao teste de atenção, o Stroop obteve, nessa amostra, valor médio

de 28 e os valores mínimo e máximo de 13 e 61,3, respectivamente. Cerqueira et al.50,

em estudo inicial sobre o desempenho de população idosa em testes como RAVLT e

Page 78: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

76

Stroop, encontraram valores de 22,89 (cores), 32,5 (palavras) e 42,14 (interferência)

no subgrupo de idosos entre 70 e 88 anos.

Chariglione et al.40, em estudo sobre performance cognitiva e capacidade física

em mulheres idosas, encontraram correlação nas mulheres sem declínio cognitivo,

entre força na mão dominante, atenção e performance em Stroop, performance

cognitiva global e alguns subdomínios do ACE-R. Alguns estudos mostraram dados

que corroboram esses achados, com associação de força muscular, sendo um melhor

indicador de saúde e performance funcional51,52. Kang et al.53 observaram associação

de força muscular e melhor performance cognitiva.

Pesquisas recentes indicam que a melhor performance cognitiva está

associada a melhor performance funcional e saúde52. Baseando-se nos dados obtidos

neste estudo, verificou-se que a associação de variáveis psicológicas e cognitivas se

mostrou significativa com valores de p≤ 0,005. Lin et al.6 investigaram em revisão

sistemática o constructo Resistência mental (mental toughness) e diferenças

individuais em aprendizado, educação, aspectos psicológicos e fatores de

personalidade. Segundo estes autores, a resistência ou resiliência psíquica englobaria

recursos psicológicos importantes nos domínios da saúde mental, e deve estar

associada a traços psíquicos, estratégias mais eficientes e desfechos positivos em

saúde mental, podendo ter componente genético e ambiental. Na revisão sistemática

citada, pesquisadores observaram que os altos níveis de Resistência mental foram

associados a níveis moderados ou menos acentuados de estresse, redução dos

sintomas depressivos e altos níveis de satisfação com a vida.

Embora alguns autores, através de modelos neuropsicológicos, indiquem que

o declínio cognitivo é uma consequência do aumento da idade, após os 60 anos11,12,

esse estudo apresentou indicativos de variabilidade cognitiva, com maior parte dos

idosos resilientes ao declínio, conforme a avaliação longitudinal no período de até 1

ano. Estudo de Fortes et al.54 mostraram uma correlação direta e significativa entre a

Escala de Resiliência e o Miniexame do Estado Mental. Assim, quanto mais altos os

escores de resiliência, maior foi o desempenho cognitivo (orientação para tempo e

espaço, memória, linguagem entre os idosos). Neste estudo, não foi mensurada a

escala de resiliência, mas feita correlação entre aspectos psicológicos envolvidos e

cognitivos.

Sumariamente, os dados de estabilidade e incremento das funções cognitivas

ao longo do tempo, quando analisadas longitudinalmente, têm implicações no

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77

contexto do envelhecimento e do estudo de SuperAgers, sendo a perspectiva do

envelhecimento bem-sucedido necessariamente ligada à cognição. Estudo derivado

do National Normative Study of Cognitive Determinants of Healthy Aging (NANOK)

que aconteceu entre 2015 e 2019, utilizou como critérios para SuperAgers: acima de

80 anos, com reconhecimento de, ao menos, nove palavras no RAVLT e ao menos

um desvio-padrão acima nos testes não relacionados à memória demonstrou

estabilidade em 55% dos SuperAgers como definido por Harrison et al.3 ao longo de

três anos.

O presente estudo também se propôs a apresentar um modelo logístico com

medidas físicas, psicológicas e cognitivas, não sendo observado em outros estudos

análises semelhantes, sendo essa uma proposta diferencial em estudos recentes, que

buscam apresentar modelos mais preditivos para o desenvolvimento dos idosos

caracterizados como SuperAgers10.

CONCLUSÃO

Os dados do presente trabalho apresentam os estudos relacionados aos

SuperAgers como um campo promissor e que muito ainda precisa ser

desenvolvimento na literatura internacional, mas especialmente também na literatura

nacional.

Diante dessa realidade do envelhecimento, que demanda atenção,

compreensões e intervenções para uma faixa etária cada vez mais avançada, é

importante repensar e ampliar metodologias de compreensão e atuação que alcancem

as Universidades, mas também os serviços apresentados e disponíveis para esse

público.

Compreender o idoso de maneira multiprofissional deve ser cada vez mais um

campo de atuação importante para a Gerontologia nos próximos anos. Estudos

recentes (especialmente na literatura nacional) sobre octogenários e centenários

progressivamente têm despertado para os declínios e intervenções, mas também para

o desenvolvimento de modelos neuropsicologicos e cognitivos.

Neste estudo, destaca-se a correlação entre os aspectos psicológicos e

cognitivos, com correlações inversas entre ansiedade-depressão e funções

cognitivas. São necessárias mais pesquisas incluindo biomarcadores (B-amiloide, tau,

genética-APOE e4 e e2, inflamação), escalas de resiliencia psiquica e cognitiva,

Page 80: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E …

78

exames de neuroimagem (RM convencional, funcional e PIB) para avaliar as possiveis

diferenças entre os grupos de idosos.

Diante desses fatos, é importante a realização de estudos que investiguem o

perfil desses idosos e os fatores que mais se relacionam à trajetória do

envelhecimento bem-sucedido, com maior número de participantes, em diferentes

contextos e em diferentes faixas etárias.

Dentre as limitações do estudo, destacam-se a representatividade da amostra

de conveniência para a população idosa, o N reduzido no final, assim como a amostra

relativamente homogênea e o tempo de seguimento de um ano, o efeito da aplicação

de testes em idosos cognitivamente típicos, podendo mascarar declínio subclínico e

talvez superestimar incrementos nos testes avaliados. Além disso, medidas de

correlação não fornecem evidências de dependência ou causalidade e modelos

hipotéticos que devem ser confirmados posteriormente por pesquisas dedicadas.

Algumas questões se tornam importantes, como a possível contribuição de

efeitos da intervenção (fatores ambientais modificáveis) nesta amostra, podendo ter

expressão na manutenção cerebral (um dos postulados).

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Apoio e Pesquisa do Distrito Federal, pelo Edital 03/2016 –

Demanda Espontânea, Processo nº: 0193-001-227/2016.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os SuperAgers, as suas caracterizações e modelos preditivos se inserem

dentro de um campo promissor na compreensão da longevidade e do envelhecimento.

O que diferencia esses dois grupos? Qual a compreensão necessária para

profissionais na área da Gerontologia e Geriatria? Existe algum modelo preditivo para

um melhor envelhecer?

Essas respostas são urgentes para um mundo que progressivamente tem se

desenvolvido em termos de números de anos vividos e quantidade de pessoas. O

interesse do autor por essas questões estiveram claras desde a sua chegada ao

Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília

e pelas escolhas realizadas nesse programa. O seu percurso prático e acadêmico o

trouxeram para uma discussão e, acima de tudo, para uma possibilidade de

crescimento enquanto profissional e pesquisador, que agora é compartilhada com

todos.

O desejo de estudar sobre a perspectiva da neuropsicologia cognitiva foi um

campo bastante desafiador para um médico radiologista, mas, acima de tudo

motivador, pelo desejo de aprender e de contribuir em aspectos tão interessantes na

atualidade e, possivelmente, ainda por muitos anos.

O presente estudo se faz importante, pois confirma que o autor buscou um

campo promissor, mas que ao mesmo tempo ainda requer muito desenvolvimento

teórico e acadêmico para que, em um dado momento, possa chegar à população por

meio prático. Embora nem todas as perguntas possam ter sido respondidas de

maneira mais significativa, sendo esse o desejo de todo pesquisador, um caminho foi

construído, que poderá logo apontar outros caminhos para o próprio autor, assim

como para demais pesquisadores da área.

Os resultados também mostraram importantes variáveis que podem

caracterizar o “melhor envelhecer”, como essas se relacionam ou correlacionam e

como hipoteticamente poderiam ser organizar para explicar do que é constituído um

SuperAgers. De maneira alguma desconsideram-se, nesta apresentação, as lacunas,

mas, nesse momento, destacam-se os avanços, sugerindo que haja mais estudos que

abordem questões relativas aos SuperAgers, com biomarcadores, neuroimagem e

fatores relacionados ao estilo de vida, de forma a auxiliar na construção de melhores

compreensões acerca dos mesmos.

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No que se refere às lacunas, embora a amostra tenha sido significativamente

reduzida no final, sendo essa uma limitação do estudo, foi mostrado que aspectos

psicológicos estão relacionados à cognição, indicando que a melhor performance

cognitiva influencia a qualidade de vida e os aspectos psicológicos. A estabilidade de

funções cognitivas, como a memória episódica, a atenção seletiva, funções

executivas, a cognição global e seus subdomínios, ao longo de um ano, mostra a

tendência à resistência ou resiliência ao declínio cognitivo. Novos estudos e pesquisas

com mais ferramentas, como a RM convencional e funcional, com uma amostra maior

e heterogênea no que se refere às faixas etárias e níveis educacionais, se fazem

necessários.

Nesse sentido, um pouco se contribuiu dentro de um mundo de possibilidades,

que novas perspectivas sejam indicadas, almejadas e alcançadas para que tão logo

outras apareçam e a ciência continue no seu propósito de nunca se estagnar e sempre

se desenvolver na busca de compreensão e soluções.

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Convidamos o(a) senhor(a) a participar da pesquisa: Avaliação de duas intervenções

de memória em medidas fisiológicas, cognitivas e de humor em idosos do Distrito Federal, sob a responsabilidade da Professora Doutora Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione e das doutorandas Amanda Alves da Silva e Angela Maria Sacramento.

O objetivo desta pesquisa é: comparar duas diferentes intervenções de memória em idosos com mais de 60 anos com diferentes níveis em testes fisiológicos, cognitivos e emocionais em diferentes momentos (pré, entre e pós-intervenção). Esta pesquisa justifica-se, pois se torna importante dar continuidade na investigação referente ao efeito de diferentes tipos de intervenções cognitivas e testes para avaliar os seus benefícios em idosos do DF.

O(A) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome será mantido no mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-la. O(A) senhor(a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo.

A sua participação será da seguinte forma: a pré-intervenção será de forma individual e em uma sala reservada onde o(a) senhor(a) poderá responder, a depender da necessidade uma Anamnese, o Miniexame do Estado Mental (MEEM), o Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão revisada, o teste de Rorschach, O teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey (RAVLT), Stroop Neuropsychological Screening Test, Prospective and Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ), Teste de Percepção Subjetiva de Memória (MAC-Q), a Escala de Ansiedade de Beck (BAI) e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS), esses questionários serão respondidos por perguntas diretas feitas pela pesquisadora. Depois, fará o teste de controle de força, capacidade cardiorrespiratória, composição corporal e avaliação genética. Após a análise das medidas pré-intervenção e observados os critérios de inclusão e de exclusão, você será distribuído em um dos três grupos (estimulação, treinamento ou controle). Informo ainda que cada intervenção incluirá seis sessões, distribuídas em um período de seis semanas, sendo uma sessão por semana com duração de duas horas. Na pós-intervenção serão aplicados os mesmos testes da pré-intervenção, com exceção da Anamnese e do MEEM. Ciente de que a pesquisadora responsável terá acesso a todos os dados.

Os resultados da pesquisa serão divulgados para fins científicos podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda da pesquisadora.

Neste estudo o participante pode correr o risco de desencadeamento de algumas questões emocionais sendo garantido que estes interrompam sua participação, bem como retirarem seu consentimento e terá como benefício o encaminhamento à Clínica Escola do Curso de Psicologia (CEFPA) caso haja necessidade, e terão acesso aos resultados dos testes aplicados. Todas as intervenções serão acompanhadas pelos profissionais responsáveis.

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para: Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione, telefone: (61) 985483005, no horário: das 8h às 12h e das 14h às 17h. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o voluntário da pesquisa.

___________________________________________ Nome / assinatura

___________________________________________ Pesquisador Responsável

Nome e assinatura

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APÊNDICE B - Anamnese

DATA:___/___/___

INSCRIÇÃO PARA INTERVENÇÕES EM MEMÓRIA

Dados Pessoais do Paciente

Nome:_________________________________________________________________

Telefone:______________________________________________________________

Data de nascimento:___/___/_____

Escolaridade:

( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Superior Incompleto

( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Superior Completo

( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Ensino Médio Completo

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Ocupação/Profissão: _____________________________________________________

Quanto tempo trabalhou?________ anos

Quantas horas por dia trabalhava? _________

Está aposentado? ( ) Sim ( ) Não

Ainda trabalha, mesmo aposentado? ( ) Sim ( ) Não

Quantas horas por dia trabalha? ___________

Se sim, com o que trabalha atualmente? _________________________

Estrutura Familiar

( ) Mora sozinho(a) ( ) Mora somente com os filhos

( ) Mora somente com a(o) esposa(o) ( ) Mora com um cuidador(a)

( ) Mora com a(o) esposa(o) e os filhos

( ) Mora com outras pessoas. Quem? _____________________________________

Número de pessoas que moram na casa: ________

Aspectos Comportamentais

Queixa-se de memória?

( ) Sim ( ) Não

Algum parente se queixa da memória do idoso?

( ) Sim ( ) Não Quem?_________________________________________

Queixa-se de estar deprimido(a)?

( ) Sim ( ) Não

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Ansioso(a)?

( ) Sim ( )Não

Houve mudança na mobilidade?

( ) Sim ( ) Não

Redução na velocidade?

( ) Sim ( ) Não

Marcha arrastada?

( ) Sim ( ) Não

Dificuldade de se levantar da cadeira?

( ) Sim ( ) Não

Houve quedas frequentes?

( ) Sim ( ) Não

Aspectos de Saúde

( ) Alguma operação? Quantas? _________. Há quanto tempo? ______________________

( ) Alguma anestesia Geral?. Quantas? _________.Há quanto tempo? _________________

( ) Quimioterapia ou radioterapia? Há quanto tempo? __________________________

( ) Traumatismo craniano. Há quanto tempo? ________________________________

( ) Doenças crônicas? Quais e há quanto tempo? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Realiza alguma atividade física? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, há quanto tempo? ___________ meses

Quantas vezes por semana? ________

Duração: _________ minutos/dia

Toma medicamentos? Quais? Há quanto tempo?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Responsável pela inscrição:

___________________________________________