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GENI CRISTINA FONSECA PATRICIO Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte nutricional em cães desnutridos submetidos à cirurgia de enterectomia São Paulo 2006

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GENI CRISTINA FONSECA PATRICIO

Avaliação da nutrição parenteral parcial como

suporte nutricional em cães desnutridos

submetidos à cirurgia de enterectomia

São Paulo 2006

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GENI CRISTINA FONSECA PATRICIO

Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte nutricional

em cães desnutridos submetidos à cirurgia de enterectomia

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária Departamento: Cirurgia Área de concentração: Clínica Cirúrgica Veterinária Orientadora: Profa Dra Silvia Renata Gaido Cortopassi

São Paulo 2006

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome: Patricio, Geni Cristina Fonseca Título: Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte nutricional em cães

desnutridos submetidos à cirurgia de enterectomia

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária

Data: ___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr. _________________ Instituição: _________________________

Assinatura: _______________ Julgamento: _________________________

Prof. Dr. ___________________ Instituição: _________________________

Assinatura: ________________ Julgamento: ________________________

Prof. Dr. __________________ Instituição: __________________________

Assinatura:_________________ Julgamento:________________________

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Dedicatória

Aos meus pais, Christina e Patricio , pela minha formação profissional, pessoal e

por todo o carinho.

Ao meu querido Sergio pela paciência, compreensão e amizade.

Ao meu irmão Mauro pela torcida e ajuda de última hora.

À Professora Silvia Gaido Cortopassi, brilhante educadora . Muito obrigada pelo

incentivo, amizade e os ensinamentos.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade de São Paulo, pela acolhida durante todos estes anos de estudo.

À Professora Denise T Fantoni, pelo apoio e conselhos desde a graduação.

À Professora Júlia Matera, pelo incentivo ao estudo da nutrição parenteral.

A todos os animais que contribuíram para a realização deste estudo e aos seus

proprietários pela perseverança.

À Patrícia Flor pela amizade e o companheirismo importante para conclusão

desse trabalho.

À Simone Sakai, uma amiga muito importante e fundamental em todas as etapas

de estudo e nos momentos de lazer.

À amiga Andréa Marques por todas as trocas de plantão.

Às amigas: Valéria de Souza Loureiro, Daniella Harumi, Liliam Petrus por todos os

momentos divertidos.

Ao amigo de longa data João Marcelo C.C.P. da Cunha, pela amizade

incondicional que sempre me apoiou nos momentos bons e ruins.

Às médicas veterinárias contratadas do Serviço de Cirurgia Andressa Gianotti

Campos, Tatiana Soares da Silva, Sandra Rosner, Patrícia Ferreira de Castro e

Viviane Galeazzi, pelo apoio na realização do projeto.

Aos médicos veterinários contratados do Serviço de Anestesia João Luiz

Krumenerl Júnior e Rodrigo de Benedetto pela ajuda na realização do projeto e o

companheirismo durante as internações dos animais.

Ao amigo e Professor Ricardo Dias por me mostrar os resultados

Ao Belarmino Ney Pereira, sempre disposto a ajudar e resolver os nossos

problemas.

Aos funcionários Jesus dos Anjos Vieira e Otávio Rodrigues dos Santos

fundamentais no funcionamento desse projeto.

Aos funcionários José Miron de Oliveira e o Cledson Lelis dos Santos pelo apoio.

Ao amigo André Henrique M. S. G. Figueiredo pelo auxílio no final da dissertação

À Vanessa Couto de Magalhães Ferraz pelo auxílio na redação da dissertação.

Ao Hospital Sena Madureira e seus colaboradores pelo espaço concedido.

À FAPESP pelo apoio financeiro.

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RESUMO

PATRÍCIO, G. C. F. Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte nutricional em cães desnutridos submetidos à cirurgia de enterectomia. [Evaluation of partial parenteral nutrition as a nutritional support for malnourished dogs after enterectomy]. 2006. 98 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. O suporte nutricional é aceito com parte dos cuidados médicos e é considerado de

emergência em pacientes graves. A nutrição parenteral parcial fornece em torno

de 50% do requerimento energético. Este estudo avaliou a nutrição parenteral

parcial, como coadjuvante ao tratamento, em cães desnutridos que foram

submetidos à enterectomia. De acordo com critérios estabelecidos previamente,

os cães foram distribuídos em três grupos, de forma aleatória: Grupo 1 (n=7)

recebeu infusão contínua de Ringer com lactato; Grupo 2 (n=6) recebeu infusão

de nutrição parenteral contendo glicose, aminoácidos e lipídeos e o Grupo 3 (n=5)

que recebeu continuamente nutrição parenteral com glicose e aminoácidos. Os

cães permaneceram hospitalizados durante o estudo, recebendo tratamento de

suporte de forma semelhante, e foram comparados em dois momentos: no pré-

cirúrgico e no final da internação. Foram avaliadas as variáveis hematológicas e

bioquímicas, o peso corpóreo, o tempo de internação e a qualidade de vida

durante a internação. Por se tratarem de grupos de n reduzido, optou-se pela

utilização de testes não paramétricos (teste de Kruskal-Wallis, de Wilcoxon e de

Friedman), sem que se verificasse a pressuposição de testes paramétricos,

previamente. Não houve alteração significante nos valores hematológicos. Os

leucócitos reduziram de forma significativa em G1 (p = 0,046), tenderam a redução

em G2 e ao incremento em G3. A fosfatase alcalina apresentou valores superiores

ao término da internação apenas no grupo 1 (p = 0,046). A presença de soro

ictérico ocorreu em um número maior de animais em G1, no momento de alta

hospitalar. Houve aumento do potássio sérico nos três grupos ao término da

internação (p = 0,043), porém dentro dos valores de referência. A albumina se

elevou nos grupos 2 e 3 (p = 0,038 e p = 0,042, respectivamente) e a perda de

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peso ocorreu apenas em G1 (p = 0,042). Os valores de triglicérides e do colesterol

apresentaram incremento apenas em G2 (p = 0,043). Não houve variação no

tempo de internação entre os grupos (4,0 ± 0,71, 3,2 ± 0,45 e 3,3 ± 0,67 dias,

respectivamente nos grupos 1, 2 e 3) e a dieta via oral normalmente ocorreu 24

horas antes da alta hospitalar. Houve melhora na qualidade de vida dos grupos 2

e 3 (p = 0,039) durante a internação. Não ocorreram alterações metabólicas em

relação a NP e não há diferença entre os dois tipos de soluções empregadas no

estudo. Desta forma, o emprego de solução parenteral parcial não reduziu o custo

de internação nem influenciou os valores hematológicos; porém aumentou

significativamente os valores de albumina, evitou a perda de peso e não acarretou

em alterações metabólicas importantes. Outros estudos são necessários para

definir o paciente que pode se beneficiar da NP e o momento de iniciar o suporte

nutricional.

Palavras-chave: Nutrição parenteral. Suporte nutricional. Enterectomia. Cães.

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ABSTRACT

PATRICIO. G.C.F. Evaluation of partial parenteral nutrition as a nutrional support for malnourished dogs after enterectomy. [Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte nutricional em cães desnutridos submetidos à cirurgia de enterectomia]. 2006. 98 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Nutritional support is accepted as part of the medical care and it is considered

emergency in severely ill patients. Partial parenteral nutrition provides around 50%

of the energy requirements. This study evaluated partial parenteral nutrition, as

coadjuvant in the treatment in malnourished dogs after enterectomy. In accord to

the previously established criteria, the dogs were randomly distributed in three

groups: Group 1 (n=7) received continuous infusion of Lactated ringer; Group 2

(n=6) received parenteral nutrition infusion with glucose, amino acids and lipids

and Group 3 (n=5) received continuous parenteral nutrition with glucose and amino

acids. The dogs were hospitalized during the study, receiving the same support

treatment, and were compared in two moments: prior to surgery and at the end of

intensive care. Hematological and biochemical variables as well as body weight,

time in intensive care and quality of life during intensive care were evaluated.

Because the groups presented a small n, we opted for the use of non-parametric

tests (Kruskal-Wallis, Wilcoxon and Friedman tests), without the previous

verification and presumption of parametric tests. There were no significant changes

in the hematological values. Leucocytes were drastically reduced in G1 (p=0.046),

tended to reduce in G2 and to increase in G3. Alkaline phosphatase presented

higher values at the end of intensive care just in G1 (p=0.046). Icteric serum

occurred in a larger number of animals in G1, at dismissal. There was increase in

serum potassium in the three groups at the end of intensive care (p=0.043),

although, within reference values. Albumin raised in groups 2 and 3 (p=0.03 and

0=0.042 respectively) and weight loss occurred only in G1 (p=0.042). Triglyceride

and cholesterol values presented and increase only in G2 (p=0.043). There was no

variation in intensive care time between groups (4,0±0,71, 3,2±0,45 e 3,3±0,67

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days, respectively in groups 1, 2 and 3) and oral diet was given normally 24h

before dismissal. There was improvement in quality of life in groups 2 and 3

(p=0.039) during intensive care. There were no metabolic changes in relation to

the NP and there is no difference between the two types of solutions used in the

study. In this way, the use of parcial parenteral solution didn’t reduce the cost of

intensive care nor did it influence the hematological values, although it significantly

increased albumin values, avoided weight loss and it didn’t lead to important

metabolic alteration. Further studies are necessary to define which patient may

benefit from the NP and the time to start nutritional support.

Key words: Parenteral nutrition. Nutritional support. Enterectomy. Dogs.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALT alanina amino trasferase

BD bilirrubina direta

BI bilirrubina indireta

BT bilirrubina total

dl decilitro

FA fosfatase alcalina

g grama

IL interleucina

Kcal kilocaloria

kg kilograma

L litro

mEq miliequivalente

mg miligrama

min minuto

ml mililitro

mmHg milímetros de mercúrio

mOms milimous

NE nutrição enteral

NEAE necessidade energética do animal enfermo

NEAR necessidade energética do animal em repouso

NP nutrição parenteral

NPC nutrição parenteral central

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NPP nutrição parenteral periférica

PC peso corporeo

TGI tubo gastrintestinal

TNF fator de necrose tumoral

U unidade

µg micrograma

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................18

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 20

2.1 ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL................................. 23

2.2 COMPLICAÇÕES E MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE........................ 24

2.3 SOLUÇÕES PARA PREPARAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL...... 25

3 OBJETIVOS............................................................................................. 29

4 MATERIAL E MÉTODO........................................................................... 30

4.1 ANIMAIS.................................................................................................. 30

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO.................................................................... 30

4.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL....................................................... 32

4.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL....................................................... 33

4.4.1 Administração das Soluções.................................................................... 34

4.4.2 Cálculo da NPC........................................................................................ 35

4.4.3 Cálculo do volume dos cristalóides.......................................................... 35

4.4.4 Componentes da NPC............................................................................. 36

4.4.5 Produção da NPC.................................................................................... 38

4.5 TRATAMENTO DE SUPORTE................................................................ 40

4.6 AVALIAÇÃO GERAL.............................................................................. 42

4.6.1 Avaliação Clínica...................................................................................... 42

4.6.2 Avaliação Laboratorial.............................................................................. 43

4.6.3 Avaliação Específica................................................................................ 44

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4.7 COMPLICAÇÕES.................................................................................... 45

4.8 CRITÉRIOS DE SUSPENSÃO................................................................ 45

4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA......................................................................... 47

5 RESULTADOS......................................................................................... 48

5.1 ANIMAIS.................................................................................................. 48

5.2 MORTALIDADE....................................................................................... 49

5.3 VARIÁVEIS HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS................................

49

5.3.1 Hemoglobina (%/g) ..................................................................................

49

5.3.2 Leucócitos (/mm³)..................................................................................... 50

5.3.2.1 Linfócitos (mm³)........................................................................................ 50

5.3.3 Uréia (mg/dl)............................................................................................. 51

5.3.4 Creatinina (mg/dl)..................................................................................... 51

5.3.5 Alanina aminotrasferase (U/L) .................................................................

52

5.3.6 Fosfatase alcalina (U/L.).......................................................................... 52

5.3.7 Bilirrubinas (mg/dl)................................................................................... 52

5.3.8 Potássio (mEq/L)...................................................................................... 53

5.3.9 Albumina (g/dl)......................................................................................... 53

5.3.10 Triglicérides e colesterol (mg/dl).............................................................. 54

5.4 AVALIAÇÃO ESPECÍFICA.......................................................................

55

5.4.1 Peso corpóreo (kg)...................................................................................

55

5.4.2 Qualidade de vida durante a internação..................................................

56

5.4.3 Período de Internação.............................................................................. 58

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5.4.4 Suporte Adicional..................................................................................... 59

5.5 COMPLICAÇÕES....................................................................................

63

5.6 CRITÉRIOS DE SUSPENSÃO................................................................ 63

6 DISCUSSÃO............................................................................................ 65

7 CONCLUSÃO.......................................................................................... 74

REFERÊNCIAS……………………………………………………………… 75

APÊNDICES............................................................................................ 80

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1 INTRODUÇÃO

O suporte nutricional é fundamental no apoio ao paciente em estado grave,

seja cirúrgico ou clínico. É realizado por meio da avaliação do estado nutricional

do paciente, do fornecimento de dietas líquidas de formulações conhecidas,

através de sondas posicionadas no trato gastrintestinal (nutrição enteral) ou via

oral e através da administração de nutrientes por veia central ou periférica

(nutrição parenteral central NPC ou periférica NPP) (WAITZBERG; JÚNIOR;

CECCONELO, 1998). As maiores conseqüências da desnutrição nos animais

doentes são: a diminuição da imunocompetência, deixando-os mais susceptíveis

às infecções ou dificultando o combate a elas, diminuição na síntese e reparação

de tecidos e alteração no metabolismo de fármacos (DAVID et al., 2001a). Estes

aspectos são importantes em um paciente que se encontra desnutrido e será

submetido a uma cirurgia do intestino delgado, principalmente se houver

ressecções do mesmo. Muitas vezes o paciente irá se encontrar impossibilitado de

receber alimentação oral ou enteral em quantidades calóricas e protéicas

necessárias para sua recuperação no pós-operatório (KOUTI; PAPAZOGLOU;

RALLIS, 2006).

Considerando-se um paciente que está em catabolismo intenso devido às

alterações intestinais e ainda apresenta fatores de risco para desnutrição ou

manutenção dela como vômito freqüente, diarréia e anorexia, percebe-se que o

uso da nutrição parenteral seria de grande ajuda para a recuperação desse animal

enfermo, que necessita de procedimentos cirúrgicos e anestésicos, principalmente

na utilização de fármacos e aparelhos para manutenção da vida e a monitorização

pós cirúrgica , além do gasto financeiro . É sabido em medicina humana que um

dia de suporte nutricional reduz três dias de internação (WAITZBERG; JÚNIOR;

CECCONELO, 1998).

Todo o trabalho envolvido no tratamento desse paciente, principalmente o

submetido à enterectomia pode não gerar resultado caso o animal não receba um

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aporte energético adequado para a sua recuperação levando-o ao óbito ou

tornando a recuperação longa o que pode acarretar em aumento dos custos.

A nutrição parenteral tem como objetivo o suporte energético exógeno

durante o catabolismo para que o animal possa manter a homeostasia, a síntese

tecidual, combater as infecções e preservar o metabolismo e o transporte de

fármacos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

O emprego do suporte nutricional em pacientes hospitalizados e domiciliares

é atualmente aceito universalmente como parte dos cuidados médicos

(WAITZBERG; JÙNIOR, CECCONELO, 1998).

O suporte nutricional consiste na administração parcial ou total de nutrientes

intravenosos por veia periférica ou central (Nutrição Parenteral Central – NPC ou

Nutrição Parenteral Periférica – NPP) e administração de dietas líquidas de

formulações conhecidas por via oral ou através de sondas posicionadas no trato

gastrintestinal TGI (nutrição enteral – NE) (WAITZBERG, JÚNIOR, CECCONELO,

1998).

A NPC utiliza a veia jugular no cão e no gato e a NPP utiliza uma veia

periférica geralmente dos membros torácicos ou pélvicos.

As alterações metabólicas que ocorrem nos animais doentes e

traumatizados, o risco da desnutrição e os efeitos deletérios no sistema

imunológico, na cicatrização, síntese de tecidos e no metabolismo de fármacos,

justifica a necessidade do suporte nutricional.

Um animal doméstico saudável se adapta melhor na utilização de ácidos

graxos como fonte de energia conservando as proteínas corpóreas; outro que

tenha sofrido trauma, queimadura, cirurgia, infecção ou choque, não apresenta

boa adaptação ao jejum, pois não há resposta adaptativa com o objetivo de

poupar proteína. Em geral, na resposta catabólica intensa, o organismo aumenta a

produção de células de defesa e de proteínas de fase aguda para combater o

agente agressor e reparar a lesão tecidual. O objetivo desse catabolismo intenso é

fornecer agudamente energia e substrato para o sistema imunológico e de

coagulação, para combater agentes agressores, realizar hemostasia e reparar os

tecidos lesados. Estas ocorrências, a princípio, são benéficas, mas se houver

perpetuação ou complicação (anorexia ou perdas), ocorrerá grande desgaste

orgânico, com consumo protéico acelerado e instalação da desnutrição

(REMILLARD, 2002).

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Quando o organismo sofre uma agressão, ocorre a liberação de hormônios

com alto poder catabólico, como as catecolaminas, cortisol, glucagon; e

mediadores inflamatórios, como o fator de necrose tumoral (TNF), interleucinas

(IL) e metabólicos do ácido aracdônico. Todos têm a finalidade de proteger o

organismo e provocam alterações no metabolismo da glicose, proteínas e gordura.

Esse metabolismo se caracteriza por hiperglicemia, hiperinsulinemia e aumentos

da proteólise e lipólise (DAVID et al., 2001a).

O consumo da proteína muscular persistente evolui para o catabolismo do

diafragma, músculos intercostais e do miocárdio, ocorrendo alterações mecânicas

da ventilação, fadiga, insuficiência renal, arritmias cardíacas e morte (FREEMAN;

CHAN, 2006).

O objetivo da nutrição parenteral é dar suporte ao paciente durante o

catabolismo para minimizar a destruição tecidual até a recuperação do animal. As

indicações para a NP são: animais que apresentam vômitos, diarréia grave, má

absorção intestinal, grandes cirurgias do TGI, obstrução do TGI, peritonite e

impossibilidade na colocação de tubos de alimentação enteral (riscos anestésicos

e cirúrgicos) (REMILLARD, 2002).

O fornecimento de nutrientes essenciais após ressecção do intestino

delgado, muitas vezes é necessário por via parenteral devido o comprometimento

da digestão e absorção do intestino delgado algumas vezes por longo período,

(mais de um mês), até a adaptação do intestino delgado em receber alimentação

por via oral (JONES, 2003).

As vantagens da NPP em relação a NPT são: facilidade de colocação do

cateter, menos complicações metabólicas, requer menor monitorização e menor

incidência de infecções sistêmicas. As desvantagens da NPP são: o limitado

número de calorias e a ocorrência de tromboflebites o que pode dificultar o acesso

venoso principalmente em pacientes graves (ZENTEK et al., 2003). A

osmolaridade da solução de NPP não deve ultrapassar 750 mOms/L (MATHEWS,

1996).

As multivitaminas, principalmente as do Complexo B e vitamina K1 devem

ser suplementadas, caso não haja contra indicação. As fontes energéticas são a

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glicose e os lipídeos. Os lipídeos podem fornecer de 30% a 50% do requerimento

energético e algumas vezes até ultrapassar essa porcentagem dependendo da

doença associada, porém em pancreatites fulminantes, pacientes lipêmicos, ou

com doença hepática grave não devem ser administrados, o que dificulta a

obtenção do requerimento energético pôr via periférica utilizando soluções apenas

com glicose e aminoácidos devido a osmolaridade da solução. (REMILLARD,

2002).

As soluções de NPC normalmente apresentam a osmolaridade maior

ultrapassando 800 mOms/L, sendo possível o fornecimento de até 100% da

energia necessária ao paciente (REMILLARD; ARMSTRONG; DAVENPORT,

2000).

Para se obter essas misturas e adicioná-las nas proporções pré-

estabelecidas determinadas pela prescrição do médico veterinário existem três

métodos básicos: seringa, fluxo gravitacional ou fluxo computadorizado. O método

utilizando a seringa transfere as soluções individuais para uma bolsa de fluído

estéril vazia. Esse método consome tempo e tem grande risco de contaminação

devido a várias transferências. Para diminuir o risco de contaminação é necessária

uma câmara de fluxo laminar para a execução da bolsa de NP. O fluxo

gravitacional é realizado por um circuito fechado, no qual a bolsa para a nutrição

parenteral vem com um conjunto de três vias que possuem um filtro de passagem

pontiagudo que é conectado nas soluções individuais dos nutrientes (glicose,

lipídeo e aminoácido). É mais rápida e segura, porém não é possível a

transferência de quantidades exatas de cada uma das soluções para a bolsa de

nutrição parenteral (REMILLARD, 2002).

O melhor método é computadorizado é o mais utilizado em grandes centros

de referência. Utiliza alta velocidade e circuito fechado que bombeiam três ou

quatro soluções (glicose, aminoácidos, lipídeos e fluídos) diretamente para dentro

de uma bolsa de nutrição parenteral no período de sessenta segundos. Cada

solução é precisamente transferida, com margem de erro menor que

2%.(REMILLARD, 2002).

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O cálculo utilizado para os mamíferos domésticos pode ser efetuado através

da seguinte equação para as necessidades energéticas do animal em repouso

(NEAR)

NEAR ( kcal/dia) =70x ( PC) 0,75,

onde PC é o peso corpóreo do animal em quilograma. Se o animal pesa mais de

dois kg ou menos de 45 kg, uma equação linear derivada da equação exponencial

mostrada a cima, pode ser usada NEAR= (30xPC) + 70.

Assim que o NEAR seja determinado, pode-se utilizar o fator multiplicador,

sobre o valor obtido, para que se alcancem as necessidades energéticas

decorrentes da enfermidade (NEAE), ou seja, NEAR x fator = NEAE (Quadro 1). O

fator pode variar de 1,2 até 2,0 (DAVENPORT, 1997).

Classificação da doença ou trauma Cálculo do NEAE

Animal em repouso, sem infecção 1,25 x NEAR

Pós-cirurgia 1,25 até 1,35 x NEAR

Trauma/ Câncer 1.35 até 1,50 x NEAR

Sepse 1,50 até 1,70 x NEAR

Grandes queimados 1,70 até 2,00 x NEAR

Gatos acima de 1,4 x NEAR

Quadro 1 - Necessidade energética para animais enfermos ou

traumatizados

Macintire et al. (2005), baseados nas possíveis conseqüências do excesso

no fornecimento energético, não utilizam o fator multiplicador como descrito no

quadro 1. As conseqüências do excesso de alimentação são: distúrbio eletrolítico,

hiperglicemia, disfunção hepática e alterações respiratórias.

O suporte nutricional independente do método e do objetivo ao ser alcançado

deve ser iniciado gradativamente em torno de 30 % a 50 % do requerimento

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energético. Os pacientes graves podem não tolerar o fornecimento a 100%, devido

às alterações metabólicas.

Os gatos hospitalizados necessitam de 6g a 9g de proteína para cada

100kcal, ingeridas (24% a 36% da energia requerida deve ser na forma de

proteína) e os cães de 4 a 6 g /100 kcal (16% a 24% na forma de proteínas).

Alternativamente em casos de uremia ou encefalopatia hepática, deverá ocorrer

redução no fornecimento, ou seja, menos de 4g/ 100kcal nos cães e menos de

6g/100kcal nos gatos (DAVENPORT, 1997).

Os cálculos das necessidades nutricionais do paciente são aplicáveis à

preparação da nutrição parenteral; entretanto não há soluções completas e

balanceadas disponíveis. O veterinário deve compor uma receita parenteral

contendo cada um dos nutrientes importantes.

2.1 ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

O local de inserção do cateter deve ser cirurgicamente preparado e o

material em contato com o cateter estéril. Uma bandagem macia e não aderente

deve ser colocada e trocada diariamente. O cateter deve ter o maior leito possível

e exclusivo para a administração da nutrição parenteral (NP) por via central ou

periférica.

O acesso periférico pode ser mantido por até 72 horas caso não apresente

sinais de contaminação e o acesso central deve ser usado quando há

necessidade de mais de três dias de nutrição parenteral e presença de sinais de

desnutrição (REMILLARD; ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000).

A solução pode ser fornecida a temperatura ambiente durante 48 horas, caso

não contenha vitaminas, (24 horas com suplementação vitamínico) (MATHEWS,

1996).

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2.2 COMPLICAÇÕES E MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE

A monitorização do paciente é muito importante sob os aspectos de prover o

suporte nutricional. Potenciais complicações podem ser mecânicas, metabólicas

ou sépticas. As mais comuns são mecânicas incluindo a obstrução do cateter,

migração do cateter, desconexão do equipo, retirada do cateter pelo animal,

tromboflebite e trombose. A maior parte dos problemas é resolvida com: atenção

ao cateter, monitorização do animal e a colocação de um colar Elizabetano.

As complicações metabólicas como: hiperamonemia, hipertrigliceremia e

hiperglicemia são as mais comuns na nutrição parenteral total que fornece 100%

do requerimento energético (NPT). Quando ocorre hiperamonemia e ou

hipertrigliceremia é necessária a reformulação das soluções, com redução das

proteínas e dos lipídeos respectivamente. A hiperglicemia quando grave e

persistente pode ser tratada com insulina exógena (CHAN; FREEMAN, 2002).

A falência cardíaca congestiva resultante do excesso de volume, ocorre

geralmente se outros fluídos intravenosos são administrados em adição a NPP. A

complicação séptica é um problema da NP principalmente na NPC, mas pode ser

minimizada por meio de um protocolo rígido de fabricação da solução e

monitorização do animal. Caso o animal apresente febre ou qualquer outro sinal

de potencial infecção (peritonite, infecção urinária, pneumonia), cultura e

antibiogramas devem ser feitos a partir dos líquidos corpóreos e da punção do

cateter. As complicações metabólicas não são sempre causadas pela NP;

geralmente são decorrentes da doença primária. (MURRAY; FREEMAN, 1999).

Outros parâmetros importantes são: o peso do animal, os sinais de desnutrição e

a presença de risco de desnutrição como vômito, diarréia ou anorexia. Caso a

desnutrição persista, uma reavaliação do suporte nutricional deve ser realizada

com a utilização de NPT ou associar a nutrição enteral quando possível

(MURRAY; FREEMAN, 1999).

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2.3 SOLUÇÕES PARA PREPARAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

As soluções de nutrição parenteral fornecem glicose, lipídeos, aminoácidos,

vitaminas e eletrólitos misturados.

a) Aminoácidos.

Existe uma variedade de soluções de aminoácidos, inclusive especializadas

para doenças renais, hepáticas, pulmonares e pediátricas para humanos.

Geralmente, utilizam-se as preparações de aminoácidos básicas a 8,5% ou 10%

com ou sem suplementação de taurina, o que é comum nas soluções pediátricas

(aminoácido essencial aos felinos). As soluções de aminoácidos contêm ou não

eletrólitos e a seleção apropriada desses irá depender do paciente (REMILLARD;

ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000).

b) Glicose

É usada para o fornecimento de calorias não protéicas na NP. Há várias

preparações de 2,5% até 70%, mas devido a sua osmolaridade, pode ser usada

apenas até 7% na NPP.

c) Lipídeos

Fornecem calorias não protéicas e contêm alta energia (9 Kcal de lipídeo

comparado com 4Kcal/g de proteína ou carboidrato); possui baixa osmolaridade e

o pH neutro que são características importantes para administração da NPP, mas

o custo é mais elevado. As soluções lipídicas apresentam concentrações de 10%

e 20%.

Os lipídeos, como componentes da NPP, aumentam o aporte calórico sem

aumentar o risco de tromboflebites (REMILLARD, 2002).

Algumas precauções devem ser tomadas na administração de lipídeos, uma

vez que podem ocorrer reações com os outros componentes da fórmula. As

reações alérgicas como febre, urticariformes ou anafilática são raras. Essa

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afirmação é baseada no grande uso do propofol, porém administrações rápidas

em doses altas e repetidas de soluções de lipídeos podem provocar tais reações e

suprimir o sistema retículoendotelial (MATHEWS, 1996), principalmente em

animais doentes com alterações metabólicas importantes (ZENTEK et al., 2003).

Os lipídeos são rapidamente retirados do plasma, mas pacientes com

certas doenças, tais como hipotireoidismo, hiperlipidemia idiopática e pancreatite,

possuem anormalidades e o soro se mantém lipêmico, não tolerando a

administração de lipídeos (REMILLARD; ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000).

d) Vitaminas e Minerais

As vitaminas são rotineiramente utilizadas nas soluções de NP. Vários

produtos comerciais fornecem as vitaminas solúveis e lipossolúveis, (A, D, E, C e

B), na dose de 0,2ml/Kcal de energia do produto reconstituído (FREEMAN; CHAN,

2006), com exceção da vitamina K1 que deve ser administrada pela via

subcutânea uma vez por semana ou a cada 12 horas em caso de doença hepática

(MATHEWS, 1996). Alguns minerais (zinco, cobre, manganês e crômio) podem

ser fornecidos, mas deve se levar em consideração as necessidades dos

pacientes e a compatibilidade com a bolsa. Quando usados são administrados na

dose de 0,2 – 0,3 ml/kcal de energia (FREEMAN; CHAN, 2006).

e) Eletrólitos

A concentração final dos eletrólitos na bolsa deve estar de acordo com cada

paciente e respeitando os valores recomendados para cada espécie.

A alimentação por via oral ou enteral, logo após a cirurgia, é muitas vezes

contra-indicada principalmente no paciente que se encontra hipotenso e com

hipomotilidade do TGI. O fornecimento precoce do alimento acarreta acúmulo de

liquido em alças intestinais, distensão abdominal provocando vômito, dor e

deiscência de pontos o que provoca peritonite. A peritonite é uma intercorrência

grave e comum nas cirurgias contaminadas, principalmente do intestino, podendo

já estar presente anteriormente à cirurgia devido à ruptura de alças ou estômago

seja por objetos perfurantes ou necrose de partes do TGI e ocorrer após a cirurgia

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por extravasamento de conteúdo para cavidade abdominal ou deiscência de

pontos (PAVLETIC; BERG, 1996).

A diarréia e o vômito são sintomas comuns de processos obstrutivos do

sistema digestivo e muitas vezes persistem após a correção cirúrgica

impossibilitando o fornecimento e ou absorção dos nutrientes importantes para a

recuperação do paciente, que nesses casos apresentam-se debilitados

previamente a cirurgia (PAVLETIC; BERG, 1996).

Os vômitos freqüentes e a manipulação do intestino delgado, principalmente

em área de duodeno, podem levar à pancreatite, o que impossibilita a alimentação

enteral por no mínimo de três dias e requer a reintrodução lenta e progressiva

(WALSHAW, 1996). Após a ressecção do intestino delgado há um período de

adaptação para que o intestino remanescente restabeleça as funções de digestão,

absorção e secreção. Em humanos essa adaptação do intestino delgado é dividida

em estágios (Quadro 2), principalmente em quem desenvolve síndrome do

intestino curto que se caracteriza por deficiência na absorção e digestão dos

nutrientes (KOUTI; PAPAZOGLOU; RALLIS, 2006).

Estágios Sinais Clínicos Manejo

I – Inicial Diarréia grave, perda

de peso, depleção de

eletrólitos

Nutrição parenteral

exclusiva

II – Início da

adaptação

Redução da diarréia Alimentação oral

associada à nutrição

parenteral

III- Adaptação Alimentação oral

Quadro 2 - Estágios da recuperação em humanos com síndrome do intestino curto

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As condições que podem levar às ressecções importantes do intestino

delgado são: intussuscepção intestinal, trauma, perfurações associadas a corpo

estranho linear, infarto intestinal, vôlvulo intestinal associado à isquemia intestinal

secundária, neoplasia intestinal e infecções fúngicas (KOUTI; PAPAZOGLOU;

RALLIS, 2006).

Por meio da formulação da NP individualizada, conhecendo-se os

componentes, suas funções no organismo do animal e as necessidades dos

mesmos, a nutrição parenteral é de grande ajuda na recuperação do animal

enfermo, principalmente aquele que foi submetido à enterotomia e ou

enterectomia e apresenta fatores de risco a desnutrição como: vômito, diarréia e

anorexia ou que não possam utilizar o TGI devido à peritonite, pancreatite e o

risco de deiscência de pontos intestinais.

As complicações decorrentes da cirurgia intestinal podem levar o paciente a

sepse e assim freqüentemente apresentam intolerância total ou parcial a dieta

enteral e geralmente apresentam instabilidade hemodinâmica que piora a

viabilidade intestinal (RIBEIRO, 2004).

O sistema digestivo geralmente não pode ser utilizado para o fornecimento

de alimento de maneira adequada no pós-cirúrgico coincidindo com o período de

recuperação na qual o animal necessita de energia para síntese, reparação

tecidual e biotransformação de fármacos.

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3 OBJETIVOS

Com os avanços na medicina veterinária é comum a necessidade de

hospitalização dos animais por semanas, impossibilitados de se alimentar pelas

vias naturais. O presente estudo tem a intenção de determinar o suporte

nutricional adequado a esses pacientes e sua viabilidade na medicina veterinária.

Assim os objetivos do trabalho foram:

- avaliar a viabilidade econômica da nutrição NPC em pacientes cirúrgicos

que não apresentem o trato gastrintestinal íntegro (TGI) ou manifestem

complicações pós-operatórias como peritonite ou alterações na repercussão

hemodinâmica importante e por isso não podem ser alimentados por via enteral ou

oral precocemente, até 24 horas após a cirurgia, por meio da avaliação do tempo

de recuperação dos cães em terapia intensiva e da necessidade de suporte

adicional;

- avaliar a resposta dos animais em relação aos dois tipos de infusão de NP

utilizados no presente estudo;

- verificar a qualidade de vida durante o tempo de recuperação, avaliando a

interação com o meio (apatia, prostração, estado de alerta, resposta a estímulos);

- os efeitos da NPC sobre parâmetros de hemograma, albumina, potássio

séricos, peso corpóreo e alterações metabólicas.

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4 MATERIAL E MÉTODO

A seguir estão descritos os procedimentos realizados durante o estudo

feito.

4.1 ANIMAIS

Foram utilizados 18 cães de idades e raças variadas, atendidos no Serviço

de Cirurgia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo (HOVET – USP), portadores de

alterações no intestino delgado de abril de 2005 a agosto de 2006. Após a análise

do critério de inclusão, todos os animais foram submetidos a enterectomia do

intestino delgado.

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Os cães foram avaliados por meio de anamnese, exame físico e análises

laboratoriais.

a) Anamnese - os animais deveriam apresentar:

� anorexia de no mínimo três dias.

� perda de peso de no mínimo 7% em uma semana.

� existência de fatores de risco para desnutrição como vômitos recorrentes

e diarréia.

b) Exame Físico - o animal apresentava as costelas facilmente palpáveis e

visíveis, com a cintura e a reentrância abdominal evidente. As mucosas poderiam

estar hipocoradas e o pelame sem brilho.

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c) Exames Laboratoriais - foram realizados os seguintes exames laboratoriais

pré-cirúrgicos: avaliação da albumina sérica, hemograma completo, uréia,

creatinina, fosfatase alcalina (FA), alanina aminotransferase (ALT), bilirrubinas se

o soro estivesse ictérico, potássio e glicemia. Nos exames laboratoriais os animais

apresentavam: hipoalbuminemia (< 2,3 mg/dl) e hipopotassemia (< 3,8 mEq/L). Os

exames laboratoriais foram realizados no Laboratório Clínico do Departamento de

Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo e os valores

de referência obtidos neste laboratório. Apenas os exames de glicemia foram

realizados no Serviço de Anestesia do HOVET – USP por meio de glicosímetro1.

Seguem os quadros com os valores de referência dos exames laboratoriais

(Quadros 3 e 4).

Hemograma Valores de referência Unidades

hemácias 5,0 -8,0 (milhões/mm3)

hematócrito 37 – 54 (%)

hemoglobina 12,0 - 18,0 (g/%)

VCM 60,0 - 70,0 (fl)

HCM 22,0 - 27,0 (pg)

CHCM 31,0 - 36,0 (%)

proteína total 5,5 - 8,0 (g/dl)

leucócitos 6.000 - 15.000 (mil/mm3)

bastonetes 0 - 300 (mil/mm³)

segmentados 3.000 - 11.800 (mil/mm³)

eosinófilos 0 - 750 (mil/mm³) linfócitos típicos 1.500 - 5.000 (mil/mm³)

basófilos raros (mil/mm³)

monócitos 0 - 800 (mil/mm³)

plaquetas 200.000 - 500.000 (mil/mm³)

Quadro 3 - Valores de referência hemograma de cães.

1 Advantage – Roche Diagnóstica – São Paulo - SP, Brasil

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Quadro 4 - Valores de referência para exames bioquímicos de cães

4.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Os cães foram distribuídos aleatoriamente em três grupos:

� grupo controle (G1): no período pós-cirúrgico, os cães foram hospitalizados

para tratamento de suporte com fluidoterapia (cristalóides ou colóides);

� grupo 3 em 1 (G2): no tratamento pós-cirúrgico, os cães receberam a NPC

individualizada fornecendo 50 % do requerimento energético e utilizando a mistura

três em um (glicose, aminoácidos e lipídeos) como coadjuvante;

� grupo glicose (G3): no período pós-operatório, os cães receberam a NPC

individualizada fornecendo 50 % do requerimento energético, utilizando-se glicose

como única fonte calórica não protéica e aminoácidos.

Bioquímica sanguínea

Valores de referência Unidades

Albumina 2,5 - 4,5 g/dL

A.L.T(T.G.P.) até 50 U.I./L

Bilirrubina direta 0 - 0,14 mg/dL

Bilirrubina indireta mg/dL

Bilirrubina total 0,1 - 0,25 mg/dL

Colesterol 100 – 300 mg/dL

Creatinina até 1,5 - 2,0 mg/dL

Fosfatase alcalina até 130 U.I./L

Potássio 3,8 - 5,2 mEq/L

Glicose 60 – 120 mg/dL

Triglicérides 50 – 100 mg/dL

Uréia até 40 mg/dL

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4.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Ao término do procedimento cirúrgico, os animais, ainda anestesiados com

diferentes protocolos do Serviço de Anestesia - HOVET/ USP, receberam um

cateter central de poliuretano2 (Figura 1) na veia jugular. Em todos os animais, a

área de colocação do cateter central foi cirurgicamente preparada e a anti-sepsia

foi realizada com solução alcoólica de clorexidine a 0,5%3 (Figura 2). O cateter

central foi protegido por uma bandagem constituída de gaze estéril e faixa elástica

que foi trocada diariamente.

Nos animais com menos de 10 kg de peso corpóreo, foi necessária a

dissecação da jugular externa para inserção do cateter e fixação com sutura

usando naylon 3.0. Já os cães com peso superior a 10 kg, foi possível a colocação

do cateter por meio de punção com agulha presente nele.

O cateter central foi exclusivo para fornecimento da NPC dos Grupos 2 e 3

no volume total de 70 ml/kg. Esse valor poderia ser aumentado no caso de perdas

e reduzido em caso de congestão. No Grupo 1, houve a administração de

cristalóides pelo cateter central, respeitando o volume de manutenção e a

necessidade de reposição de acordo com o peso do cão.

Figura 1 - Fotografia de um cateter central de poliuretano 2 I – Cath – BD – São Paulo - SP, Brasil 3 Riohex – Rioquímica - Rio Preto - SP, Brasil

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Figura 2 - Animal anestesiado e com cateter central inserido na veia jugular externa

4.4.1 Administração das Soluções

As soluções foram calculadas para um período de 24 horas e o controle do

volume foi realizado com auxílio de uma bomba de infusão4. O grupo 1: recebeu

as soluções de cristalóide de Ringer com lactato5 ou solução fisiológica a 0,9 %.

As soluções de cristalóides receberam glicose entre 3% a 5% dependendo dos

valores séricos de glicose apresentados durante a internação para manutenção da

glicemia entre 60mg/dl a 110 mg/dl. Nos grupos II e III, as bolsas e o equipo foram

4 Infusomat – B/ Braun – São Gonçalo - RJ, Brasil 5 Ringer Lactato de Sódio – Ribeirão Preto - SP, Brasil

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trocados a cada 24 horas. A região do cateter foi higienizada com solução de

clorexidine 0,5%.

As soluções de NP foram administradas a temperatura ambiente e, após a

fabricação, mantidas em refrigeração no máximo 24 horas.

Quando houve necessidade de fornecer soluções cristalóides ao grupo 2 e 3

foram realizadas por acesso venoso, preferencialmente periférico.

4.4.2 Cálculo da NPC

Inicialmente foram calculadas as necessidades energéticas dos mamíferos

domésticos em repouso (NEAR) que é dada por meio da seguinte equação em

kcal/dia:

NEAR = 70 x (PC) 0,75

Sendo PC = peso corporal em kg

Após a determinação do NEAR do animal, utilizou-se o fator multiplicador

sobre o valor obtido e assim foram calculadas as necessidades energéticas

decorrentes da enfermidade (NEAE). O valor utilizado no presente estudo foi de

1,3 referentes ao pós-cirúrgico (DAVENPORT, 1997). O NEAE foi multiplicado por

0,5 para obtenção da necessidade energética parcial (NEP).

O objetivo foi fornecer 50 % do NEAE inicialmente para início do suporte

nutricional gradativo e o volume final obedeceu aos 70 ml/kg ao dia.

No grupo 2 a NEP foi fornecida pela glicose e os lipídeos e no grupo 3

apenas pela glicose. As soluções de NP do grupo III apresentaram osmolaridade

final da solução maior quando comparadas ao grupo II.

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Uma planilha de trabalho (Figura 3) foi elaborada para obtenção do cálculo

energético de cada paciente, o volume requerido de cada constituinte da solução,

volume final da NPC e o volume por hora a ser administrado.

4.4.3 Cálculo do volume dos cristalóides.

Os animais do grupo 1 receberam os cristalóides de acordo com as

necessidades fisiológicas, para obtenção do volume final a ser infundido durante

24 horas.

- Animal adulto: multiplicou-se o peso do animal por uma constante 40

para a obtenção do volume em ml;

- Animais jovens ou de porte grande: multiplicou-se o peso pela

constante 50 para obter o volume em ml;

- Animais muito jovens ou com peso inferior a 5 kg: multiplicou-se pela

constante 60 o peso do animal para obter o volume final em ml.

Algumas vezes as perdas hídricas foram continuadas, referente à presença

de êmese e ou diarréia. Desta forma, o volume de manutenção foi acrescido do

volume referente às perdas.

- vômito: o peso multiplicado pela constante 40;

- diarréia: o peso multiplicado pela constante 50;

- vômito e diarréia: o peso multiplicado pela constante 60.

O volume de reposição referente às perdas hídricas já ocorridas foi reposto

antes do procedimento cirúrgico e baseado no grau de desidratação do animal.

(FERREIRA; PACHALY, 2000). A administração dos cristalóides foi ajustada

baseando-se nos valores relacionados acima de acordo com a avaliação da

hidratação, debito urinário entre 1 a 2 ml/kg/hora e pressão arterial média no

mínimo 60mmHg. Na vigência de choque o volume poderia ser aumentado até 90

ml/kg/hora inicialmente.

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4.4.4 Componentes da NPC

� Grupo 2: Os animas receberam a solução constituída de aminoácidos a

10%, solução de glicose 50% e emulsão de lipídeos a 20%;

� Grupo 3: Os animas receberam a solução constituída apenas de

aminoácidos a 10% e solução de glicose 50% .

No final da formulação os eletrólitos deveriam seguir os valores descritos a

seguir e foi ajustado de acordo com as necessidades dos animais internados

(MATHEWS, 1996): Na (35 – 45 mEq/L), P (10 – 15mEq/L), Cl (35 – 45mEq/L), Ca

(4 – 5mEq/L), K (20 – 45mEq/L) e Mg (4 – 5mEq/L). Os polivitamínicos e os

oligoelementos foram adicionados no valor de 0,5 ml/5kg/dia no máximo de 5 ml.

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Nº Prontuário Hovet / FMVZ-USP

Identificação

Nome Raça IdadeEspécie Sexo

Peso (Kg)

NEAR = (PESO kg) 0,75 X 70 NEAR (Kcal / dia)

FATOR 1,3

X =FATOR NEAR NEAE

(Kcal/dia) (Kcal/dia)

Para Suplementar 50% do NEAE 50% ou 100%X 0,5 = de glicose

NEAE REP REP

(Kcal/dia)

Aminoácidos 0% ou 50%de lipídeo

4 à 6g de proteína / 100 kcal do REP

Multivitaminas Oligoelementos

0,5 ml / 5 kg = _______ ml / dia 0,5 ml / 5 kg = _______ ml / dia

Volume Final

___ ml 50% Glicose___ ml 10% Aminoácidos___ ml 20% Lipídeos___ ml Multivitaminas___ ml Oligoelementos___ ml Água e eletrólitos

Administração

(Volume total da NPP___ ml) / (24 horas) = _____ ml / hora

Observação

Checar se o volume excede ou é menor que o requerimento diário:

X 70 = ________ ml / diaPeso (kg) ml/kg

Figura 3 - Planilha de trabalho para cálculo da NP

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4.4.5 Produção da NPC

As bolsas de NPC foram formuladas em uma farmácia de manipulação

especializada6,por meio da prescrição de um médico veterinário (Figura 3),

individualizada para cada paciente. As bolsas de NP foram entregues prontas para

uso, devidamente identificadas e com as especificações de seus constituintes

(Figura 4).

Todas as bolsas (Figura 5) foram constituídas juntamente com um

profissional farmacêutico para o ajuste dos volumes de cada constituinte da NPC

necessários para assim atingir a NEP, respeitando as proporções estipuladas pelo

estudo e o volume máximo de 70 ml/kg para cada cão.

6 Fórmula Medicinal – São Paulo – SP, Brasil

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Prescrição da NPP

Hospital: Hovet - USP

Data:___ / ___ / ___

Identificação do Paciente

Nome Raça Idade

Espécie Sexo Peso (Kg)

Médico Veterinário__________________

Número do CRMV - SP______________

Volume

Aminoácidos à10% com eletrólitos ________ ml

Glicose à50% ________ ml

Cloreto de Potássio 19,1% ________ ml

Emulsão de Lipídio 20% ________ ml

Polivitamínico ________ ml

Adição de oligoelementos ________ ml

Volume Total ______ ml

Solicitação da Nutrição Parenteral Individualizada

Figura 4 - Prescrição da nutrição parenteral individualizada.

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Figura 5 - Bolsa de NP com solução de lipídeos.

4.5 TRATAMENTO DE SUPORTE

Os três grupos receberam tratamento de suporte além dos protocolos

estipulados nesse estudo (Figura 6). Devido à ressecção do intestino delgado, foi

necessária a administração de antibiótico, qual foi feita com ceftriaxona7 uma

cefalosporina de terceira geração na dose de 30 mg/kg a cada oito horas por via

intravenosa. A analgesia também foi realizada utilizando um opióide o cloridrato de

tramadol8 na dose de 2mg/kg a cada oito horas por via intravenosa.

A metoclopramida9 e o cloridrato de ranitidina10 também foram administrados

a cada oito horas por via subcutânea como coadjuvante ao tratamento pós-

operatório devido ao quadro de vômitos freqüentes.

7 Ceftriaxona sódica – Eurofarma – São Paulo - SP, Brasil 8 Tramal – Pzizer – São Paulo - SP, Brasil 9 Metoclopramida – Ariston – São Paulo - SP, Brasil 10 Cloridrato de ranitidina – Borges Sabará - MG, Brasil

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Figura 6 - Cão durante a internação com manta térmica, sondagem uretral e infusão de

cristalóide

Os hemoderivados foram necessários em alguns pacientes. A papa de

hemácia foi administrada nos cães que apresentavam hemoglobina abaixo de

7g/dl associado à taquicardia, taquipnéia sem desidratação. O plasma foi infundido

quando os cães apresentavam aumento nos tempos de tromboplastina parcial

ativada e tempo de protrombina associado a sangramento espontâneo (referência

10 a 20 segundos).

Os colóides sintéticos11 foram utilizados como coadjuvantes no tratamento da

hipotensão para melhor perfusão tecidual dos animais nos diferentes grupos na

dose de 50ml/kg a cada 12 ou 24 horas dependendo da pressão arterial média

que deveria ser no mínimo de 60mmHg.

11 Voluven – Fresenius kabi – São Paulo, SP , Brasil

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4.6 AVALIAÇÃO GERAL

Esta avaliação consiste no exame físico, monitorização da pressão, do

débito urinário e a quantidade de volume de fluido infundido.

4.6.1 Avaliação Clínica

Os sinais vitais abaixo descritos foram avaliados continuamente e registrados

a cada seis horas.

a) Freqüência e ritmo cardíacos.

A freqüência e o ritmo foram avaliados com auxílio de um monitor

eletrocardiográfico12 empregando a derivação DII. Esses parâmetros foram

utilizados na avaliação dos cães para melhor monitorização da pressão arterial e

possíveis complicações como congestão, dor e desidratação.

b) Freqüência respiratória.

Foi avaliada por meio dos movimentos torácicos. Baseado nos parâmetros

normais de um cão (10 a 30 movimentos por minuto), modificações na freqüência

respiratória poderiam indicar: congestão, acidose metabólica, déficit de saturação

por hipoperfusão tecidual ou anemia.

c) Pressão arterial média.

Foi mensurada nas primeiras 24 horas com auxílio de pressão arterial

invasiva na qual um cateter periférico foi inserido na artéria femoral e acoplado ao

transdutor de pressão13. Posteriormente, a avaliação foi realizada com auxílio de

12 DX-20101 – Dixtal – Zona Franca de Manaus, AM, Brasil 13 Virídia CMS – Hewlett Packard – Boeblingen, Alemanha

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um monitor oscilométrico12. A monitorização da pressão foi realizada para

adequada utilização de fármacos vasoativos e colóides sintéticos.

d) Temperatura retal.

A temperatura foi mensurada com auxílio de um termômetro digital, em graus

Celsius.

e) Tempo de preenchimento capilar e coloração de mucosas.

Com auxílio da dígito-pressão na mucosa da cavidade oral e a coloração das

mucosas por observação subjetiva.

f) Débito urinário.

Foi mensurado por sondagem uretral acoplada em frasco graduado em ml.

g) Volume de fluido requerido.

O volume de soluções cristalóides foi fornecido pela bomba de infusão.

4.6.2 Avaliação Laboratorial

a) Variáveis hematológicas: o hemograma foi analisado a partir da colheita

de sangue venoso com seringa plástica e depositado em tubo com EDTA. As

células foram contadas em contador automático de uso veterinário. As lâminas

com esfregaço sanguíneo “in natura” foram coradas e utilizadas para contagem

diferencial de leucócitos e avaliação da morfologia celular. O hemograma foi

avaliado antes do procedimento cirúrgico e na alta da internação.

b) Variáveis bioquímicas: os exames bioquímicos foram realizados antes do

procedimento cirúrgico e ao final da internação. O sangue foi colhido em veia

periférica e depositado em frasco sem EDTA para posterior centrifugação e

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obtenção do soro e realização dos exames bioquímicos: ALT, FA, bilirrubinas,

uréia, creatinina, potássio, albumina, triglicérides e colesterol, os dois últimos

apenas no grupo 2 para a monitorização da infusão de lipídeos.

c) Glicemia: foi realizada a cada seis horas com auxílio de um glicosímetro.

4.6.3 Avaliação Específica

a) Peso corpóreo: foi determinado em quilograma, (kg) durante a avaliação

pré-anestésica e no final da internação em balança digital, apropriada para cães.

b) Qualidade de vida durante a internação: Foram avaliados no decorrer de

24 horas e poderiam se apresentar diariamente como descrito abaixo:

- Ativo: animal responsivo ao meio através de latido, choro, abanar a cauda,

consegue se manter em estação e troca de posição na gaiola.

- Responsivo: se mantém em decúbito lateral, mas responde a estímulo doloroso e

a manipulação.

- Prostrado: se mantém em decúbito lateral, não responde a estímulo doloroso e a

manipulação.

c) Período de internação: foi considerado o número de dias que os animais

permaneceram hospitalizados até a alta médica.

d) Suporte adicional durante a internação houve a necessidade da

manutenção ou introdução de fármacos vasoativos, administração de colóides

sintéticos e hemoderivados. Foram avaliados os seguintes elementos quanto à

necessidade de emprego e o tempo em que foram necessários em cada grupo:

- Papa de hemácias ou sangue total: foi administrada durante a internação quando

a hemoglobina estava abaixo de 7g/% e os animais apresentavam; taquicardia

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acima de 160 batimentos por minuto em cães de pequeno e médio porte e a cima

de 120 batimentos por minuto em cães de grande porte, taquipnéia acima de 40

movimentos por minuto, mucosas hipocoradas e ou cianóticas.

- Plasma: foi administrado em cães com tempo de coagulação aumentado.

- Colóide sintético: coadjuvante no tratamento para manutenção da pressão

arterial no valor médio de 60mmHg. Avaliou-se o número de animais que

utilizaram o colóide sintético durante a hospitalização para a manutenção da

pressão arterial média mínima de 60 mmHg.

- Dopamina infundida na dose de 5µg/kg/minuto até 15µg/kg/minuto para a

manutenção da pressão média de 60mmHg. Avaliou-se o número de animais que

utilizaram a dopamina durante a hospitalização no período mínimo de 24 horas

para a manutenção da pressão arterial média mínima de 60 mmHg.

4.7 COMPLICAÇÕES

Na vigência de complicações descritas na literatura consultada, quando da

necessidade foram instituídos os seguintes tratamentos:

- Hiperglicemia: (valores >180mg/dl) foi resolvida com insulina exógena

aplicada 0,25 U/kg de insulina regular pela via subcutânea.

- Hipertrigliceremia: (valores >200mg/dl) através da redução de lipídeos na

solução.

- Hipofosfatemia e hipocalemia: correção através da suplementação na NPC

ou reposto através de outro acesso venoso.

- Septicemia: foi evitada pelo controle rigoroso na assepsia do cateter e

monitorização do paciente, caso ocorresse algum novo sinal clínico, pois a

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peritonite foi freqüente nesses animais (febre recorrente, infecção urinária, e

pneumonia) ou contaminação do cateter, cultura e antibiograma seriam realizados.

4.8 CRITÉRIOS DE SUSPENSÃO

A NPC foi iniciada após o procedimento cirúrgico e a recuperação

anestésica. A introdução de água foi entre 12 e 24 horas seguida posteriormente

de dieta líquida entre 24 a 48 horas e quando aceita (ausência de vômito e

náusea) pastosa entre 48 a 72 horas. Esses períodos, em alguns casos, se

estenderam, mas foi o ponto de referência na tentativa de reintrodução da dieta

via oral. Os pacientes que se enquadravam nesse perfil e estavam ingerindo

alimentos voluntariamente e sem os fatores de risco (vômitos freqüentes e diarréia

grave) tiveram a NPC suspensa Foi utilizada a dieta para crianças a partir de seis

meses carne com legumes14.

14 Papinha Nestlé segundo estágio – Nestlé – São José do Rio Pardo, São Paulo, Brasil

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4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Por se tratarem de grupos de n reduzido, optou-se pela utilização de testes

não paramétricos, sem que se verificasse a pressuposição de testes paramétricos,

previamente. A análise dos efeitos da NPC foi dividida em quatro partes:

a) Comparação dos parâmetros entre os três grupos experimentais, no pré –

operatório e após a alta, através do teste de Kruskal-Wallis (comparação de três

grupos independentes, em dois momentos distintos).

b) Comparação em cada grupo internamente, dos parâmetros pré-

operatórios e após a alta, através do teste de Wilcoxon (comparação de duas

medidas pareadas, em cada grupo, individualmente).

c) Foram comparados os escores de qualidade de vida dos três grupos em

cada um dos dias de avaliação (1 a 5), através dos testes de Kruskal – Wallis.

Posteriormente, em cada grupo individualmente, foi avaliados o perfil dos escores

de qualidade de vida, com o objetivo de verificar se aumentam ou diminuem com o

tempo, através do teste de Friedman.

d) Tratamento suporte: Avaliado por meio da freqüência e o número de

animais que o utilizou.

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5 RESULTADOS

Foram utilizados para demonstração dos resultados, variáveis mensuráveis

individuais, análise estatística, quadros, figuras e apêndices.

5.1 ANIMAIS

Os 18 animais foram distribuídos aleatoriamente em três grupos (Quadro 5).

espécie sexo raça idade Grupo 1

Bel canina macho Retriever do

Labrador 9 meses Killer canina macho Pitbull 2 anos Pit canina macho Poodle 3 anos

Branquinha canina fêmea Poodle 3 meses Meg II canina fêmea Boxer 1 ano Mutlie canina macho Cocker Spaniel 1 ano

Bethovem canina macho SRD 7 meses

Grupo 2 espécie sexo Raça idade Asha canina fêmea Doberman 6 anos Fred canina macho Cocker Spaniel 1 ano Billy canina macho Poodle 6 anos

Shakira canina fêmea Dog Alemão 8 anos Cléo canina fêmea Pastor Alemão 5 meses

Guy canina macho Retriever do

Labrador 3 anos

Grupo 3 espécie sexo Raça idade Meg I canina fêmea Bichon Frise 3 anos

MutlieII canina macho Cocker Spaniel 1 ano Jenny canina fêmea Poodle 13 anos Link canina macho SRD 2 anos

Cherry canina fêmea Dachshund 4 anos

Quadro 5 - Identificação dos cães nos três grupos estudados: Grupo 1 – cristalóide; Grupo 2 –

solução 3 em 1 e Grupo 3 – glicose e amonoácidos (SRD – Sem raça definida)

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5.2 MORTALIDADE

Não houve diferença significante na mortalidade entre os grupos (p>0,05)

(Figura 6).

012

3456

78

Grupo 1 Grupo2 Grupo 3

grupos

núm

ero

de a

nim

ais

vivos óbito

Figura 6. Representação gráfica dos valores absolutos de óbito nos Grupo 1 (controle), Grupo 2

(solução 3 em 1) e Grupo 3 (solução de glicose e aminoácidos) – São Paulo – 2006, p>

0,05

5.3 VARIÁVEIS HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS

Segue abaixo as variáveis hematológicas e bioquímicas mensuradas e

avaliadas no estudo em tela.

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5.3.1 Hemoglobina (%/g)

Grupo 1: os valores de hemoglobina do período pré-cirúrgico não se

alteraram até o final da internação ou óbito (p=0,92) (Apêndice A).

Grupo 2: os valores absolutos da hemoglobina também não se alteraram

significativamente (p=0,89) (Apêndice B).

Grupo 3: houve uma tendência de redução dos valores de hemoglobina na

alta hospitalar ou óbito, porém sem significância (p=0,08) (Apêndice C).

5.3.2 Leucócitos (/mm³)

Grupo 1: A redução no número de leucócitos totais no final da internação foi

significativa (p=0,046) (Apêndice A).

Grupo 2: Não ocorreu diminuição significativa (p=1,00) (Apêndice B).

Grupo 3: Houve uma tendência no aumento dos leucócitos no momento da

alta ou óbito, porém sem significância (p=0,69) (Apêndice C).

5.3.2.1 Linfócitos (mm³)

Grupos 1 e 3: Apresentaram aumento no número de linfócitos na alta

hospitalar ou óbito, mas não significante (respectivamente p = 0,25 e p=0,50)

(Figura 7 e Apêndice A e B).

Grupo 2: houve tendência à redução no número de leucócitos no final da

internação, sem significância estatística (p=0,89) (Figura 7 e Apêndice C).

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Figura 7 - Diagrama de caixa comparativo dos valores de linfócitos nos Grupo 1

(cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e Grupo 3 (solução de glicose e

aminoácidos) nos períodos pré – operatórios e na alta – hospitalar - São Paulo -

2006

5.3.3 Uréia (mg/dl)

Grupos 1, 2 e 3: Nos três grupos os valores séricos de uréia foram menores

ao final da internação (respectivamente p = 0,07, p = 0,22 e p = 0,89)

(Apêndice G,H e I).

5.3.4 Creatinina (mg/dl)

Grupo 1: não houve diferença entre os valores séricos pré-cirúrgicos e

aqueles obtidos no final da internação (p = 0,92) (Apêndice G).

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Grupos 2 e 3: houve uma tendência ao aumento da creatinina na alta

hospitalar sem significância (respectivamente p = 0,20 e p = 0,34) (Apêndice H e

I).

5.3.5 Alanina aminotrasferase (U/L)

Grupo 1: os valores foram superiores ao final da internação em relação ao

pré-operatório, sendo a diferença significante (p = 0,046). Apenas três animais de

sete apresentaram valores superiores ao valor de referência (até 50 U/L)

(Apêndice D).

Grupo 2: os animais apresentaram redução discreta nos valores séricos de

ALT sem significância (p = 0,67) (Apêndice E).

Grupo 3: os animais apresentaram uma tendência de aumento da ALT no

final da internação, porém sem significância (p = 0,50) (Apêndice F).

5.3.6 Fosfatase alcalina (U/L)

Grupo 1: apresentou valores superiores ao final da internação em relação

aos valores séricos pré-cirúrgicos (p = 0,046) (Apêndice D).

Grupo 2 e 3: os valores de FA tenderam a elevação, porém sem

significância (p = 0,08 e p = 0,893, respectivamente) (Apêndice E e F).

5.3.7 Bilirrubinas (mg/dl)

Os valores de bilirrubina total e direta foram mensurados nos soros dos

animais que se apresentavam ictéricos e foram considerados dentro dos valores

de normalidade nos animais com soro não ictérico (Figura 8 e Apêndice P).

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Grupo 1: no pré – operatório um cão apresentou soro ictérico com aumento

de bilirrubinas e se elevaram na alta hospitalar. Outros dois cães apresentaram

aumento das bilirrubinas somente no fim da internação. Todos os valores de

bilirrubina estavam acima dos valores de referência.

Grupo 2: Neste grupo no pré – operatório nenhum cão apresentou icterícia.

Dos seis cães pertencentes a esse grupo dois apresentaram no final da internação

aumento nos valores séricos de bilirrubina total e direta. Destes cães apenas um

cão apresentou valores de bilirrubina acima dos parâmetros de referência.

Grupo 3: um cão apresentou soro ictérico no pré – operatório com valores

de bilirrubina acima dos valores de referência.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

grupo1 grupo 2 grupo 3

grupos

ani

ma

is ic

téri

co

s

pré - cirúrgico

alta ou óbito

Figura 8 - Representação gráfica do número de animais que se apresentavam ictéricos no período

pré – cirúrgico e na alta hospitalar ou óbito nos três grupos estudados [Grupo 1

(cristalóide), Grupo 2 solução 3 em 1) e Grupo 3 (solução de glicose e aminoácidos)] –

São Paulo - 2006

5.3.8 Potássio (mEq/L)

Nos três grupos os níveis de potássio elevaram significativamente ao final

da internação (p = 0,043, em todos os grupos) (Apêndice J, K e L).

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5.3.9 Albumina (g/dl)

Grupo 1: houve redução dos valores no momento de alta hospitalar, porém

sem significância estatística (p = 0,59) (Figura 9 e Apêndice J).

Grupos 2 e 3: os valores de albumina elevaram-se ao final da internação

com relação aos valores iniciais (p= 0,038 e p= 0,042, respectivamente). (Figura 9

e Apêndice K e L).

Figura 9 - Diagrama de caixa comparativo dos valores de albumina nos Grupos 1 (cristalóide),

Grupo 2 (solução 3 em 1) e Grupo 3 (glicose e aminoácidos) no período pré – operatório

e na alta hospitalar ou óbito (p = 0,59, p = 0,038 e p = 0,042 respectivamente) – São

Paulo - 2006

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5.3.10 Triglicérides e colesterol (mg/dl)

Grupo 2: essas duas variáveis apresentavam valores significativamente

superiores na alta hospitalar (p=0,043).

5.4 AVALIAÇÃO ESPECÍFICA

A avaliação específica consistiu na mensuração do peso corpóreo, qualidade

de vida durante a internação e a utilização de tratamento suporte.

5.4.1 Peso corpóreo (kg)

Grupo 1: houve redução significativa de peso durante a internação (p =

0,042) (Apêndice M) (Figura 10).

Grupos 2 e 3: houve manutenção do peso corpóreo dos animais durante a

internação (p= 0,32 e p = 0,32, respectivamente). (Figura 10, Apêndice N e

Apêndice O).

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Figura 10. Diagrama de caixa comparativo do peso corpóreo nos períodos pré-operatório e na alta

hospitalar ou óbito nos Grupos 1 (cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e Grupo 3

(solução de glicose eaminoácidos) (p = 0,042, p = 0,32 e p = 0,32 respectivamente) –

São Paulo – 2006

5.4.2 Qualidade de vida durante a internação

A qualidade de vida foi analisada parcialmente (até o terceiro dia) devido ao

número muito reduzido de animais hospitalizados após o terceiro dia. Não foi

observada diferença entre os escores de qualidade de vida nos três primeiros dias

de avaliação nos grupos 1, 2 e 3 (p = 0,46, p = 0,10 e p = 0,23, respectivamente).

Ao se analisar os grupos individualmente, observaram – se:

Grupo 1: Não houve alteração significante na qualidade de vida durante a

internação (p = 0,15);(Figura 11 a 13).

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Grupo 2: Ocorreu diminuição nos valores de escores, caracterizando melhora na

qualidade de vida (p = 0,039) (Figura 11 a 13).

Grupo 3: Também ocorreu diminuição dos valores de escore, caracterizando

melhora na qualidade de vida durante a internação (p = 0,039) (Figura 11 a 13).

Figura 11. Representação gráfica do dia um de internação na qual cada um dos três quadrados

representa os grupos respectivamente (grupo 1, grupo 2 e grupo 3) e as barras

representam os escores (ativo = 1, responsivo = 2 e prostrado = 3) (p= 0,15, p = 0,039

e p = 0,039) – São Paulo – 2006

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Figura 12. Representação gráfica do segundo dia de internação na qual cada um dos três

quadrados representa os grupos respectivamente (grupo 1, grupo 2 e grupo 3) e

as barras representam os escores (ativo = 1, responsivo = 2 e prostrado = 3) (p=

0,15, p = 0,039 e p = 0,039) – São Paulo - 2006

Figura 13 - Representação gráfica do terceiro dia de internação na qual cada um dos três

quadrados representa os grupos respectivamente (grupo 1, grupo 2 e grupo 3) e

as barras representam os escores (ativo = 1, responsivo = 2 e prostrado = 3) (p=

0,15, p = 0,039 e p = 0,039) – São Paulo - 2006

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5.4.3 Período de Internação

O tempo de internação médio dos animais que tiveram alta hospitalar no

grupo 1 foi de 4 ± 0,71 dias (Apêndice Q), no grupo 2 foi de 3,2± 0,45 dias

(Apêndice R) e no grupo 3 foi de 3,3± 0,67dias (Apêndice S).

O tempo de internação foi semelhante nos três grupos (Figura 14).

Figura 14 - Diagrama de caixa comparativo demonstrando a variação no tempo de internação no

diferentes grupos [Grupo 1 (cristalóides), Grupo 2 (solução 3 em 1) e Grupo 3 (solução

de glicose e aminoácidos)] – São Paulo – 2006

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5.4.4 Suporte Adicional

a) Colóide Sintético

Grupo 1: em três dos sete animais (43%) foi necessária a infusão de colóide

sintético para manutenção da pressão arterial média em valores mínimos de 60

mmHg (Figura 15).

Grupo 2: em apenas uma dos seis animais estudados (16,6%) foi

necessária a administração de colóide sintético (Figura 15).

Grupo 3: em nenhum animal foi necessária a administração de colóide

sintético (Figura 15).

Infusão de colóide

00,5

11,5

22,5

33,5

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Grupos

mer

o d

e an

imai

s

Infusão de colóide

Figura 15 - Representação gráfica do número de cães que durante a hospitalização utilizaram

colóide sintético para manutenção da pressão arterial de no mínimo 60mmHg nos três

grupos estudados [(Grupo 1 (cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e no Grupo 3

(solução glicose e aminoácidos)] – São Paulo – 2006

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b) Dopamina

A dopamina foi avaliada por meio do número de dias em que foi necessária

sua administração e o número de animais nos três grupos (Figura 16 e 17).

Grupo 1: 14 dias de infusão de dopamina no total de seis de sete animais

que necessitaram do fármaco.

Grupo 2: seis dias de infusão de dopamina em quatro dos seis animais do

grupo que precisaram do fármaco.

Grupo 3: Quatro dias de infusão de dopamina em três dos cinco cães.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Grupo1 Grupo2 Grupo3

animais

Dia

s to

tais

de

infu

são d

e dopam

ina

Figura 16 - Representação gráfica do número de dias totais da infusão de dopamina para a

manutenção da pressão arterial média em no mínimo de 60 mmHg [Grupo 1

(cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e no Grupo 3 (solução de glicose e

aminoácidos)] – São Paulo - 2006

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0

1

2

3

4

5

6

7

8

grupo1 grupo 2 grupo3

grupos

anim

ais

nº total cães

nº total de cães cominfusão de dopamina

Figura 17 - Representação gráfica do número de animais que necessitaram de dopamina no

mínimo de 24 horas para manutenção da pressão arterial média em no mínimo 60

mmHg [Grupo 1 (cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e no Grupo 3 (solução de

glicose e aminoácidos)] – São Paulo – 2006

c) Hemoderivados

Durante a internação hospitalar alguns animais utilizaram hemoderivados

(plasma ou papa de hemácias) devido às perdas sanguíneas trans ou pós-

operatórias (Figura 18).

Grupo 1: Três dos sete cães utilizaram hemoderivados: uma transfusão de

papa de hemácias e duas transfusões de plasma.

Grupo 2: apenas um cão necessitou de transfusão de sangue total.

Grupo 3: não houve necessidade da infusão de hemoderivados.

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0

1

2

3

4

5

6

7

8

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Grupos

an

ima

isnº total de cães

utilização dehemoderivados

Figura 18 - Representação gráfica do número de animais que necessitaram da utilização de

hemoderivados durante o período de internação hospitalar [Grupo 1

(cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e no Grupo 3 (solução de glicose e

aminoácidos)] – São Paulo – 2006

5.5 COMPLICAÇÕES

a)Hiperglicemia

Glicemia sérica acima de 120 mg/dl não foi diagnosticada em nenhum

grupo.

b) Hipertrigliceridemia:

Grupos 1 e 3: não dosada no soro, mas nenhum cão desse grupo

apresentou hiperlipidemia no soro, o que poderia indicar aumento de triglicérides.

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Grupo II: Cinco cães dos seis animais apresentaram valores acima de 100mg/dl,

mas sem hiperlipidemia no soro.

c) Hipofosfatemia e Hipocalcemia

Os eletrólitos seriam dosados caso algum paciente apresentasse sintomas

relacionados ao déficit desses eletrólitos, os quais não ocorreram em nenhum dos

grupos.

d) Septicemia

Os animais não apresentaram contaminação no local de inserção do

cateter.

5.6 CRITÉRIOS DE SUSPENSÃO

A nutrição parenteral foi suspensa assim que os animais não apresentaram

vômito no período de 24 horas após a ingestão de dieta pediátrica. Geralmente,

neste momento, os animais recebiam alta hospitalar.

Grupo 1: os animais iniciaram a dieta pastosa em 3,2 ± 1,1 dia.

Grupo 2: os cães apresentaram ingestão de alimentação oral em 2,2± 0,45

dia.

Grupo 3: neste grupo a dieta oral com alimento pastoso se iniciou em 2,3±

0,67 dia.

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6 DISCUSSÃO

O suporte nutricional no paciente grave é considerado uma emergência

clínica nutricional e como tal deve ser tratada imediatamente. Para isso são

necessários conhecimentos das alterações do metabolismo na doença e como

proceder a avaliação nutricional (CARNEVALE et al., 1991).

Há necessidade de se identificar o paciente que necessita de suporte

nutricional imediato, o que apresenta risco para desnutrição e o melhor método

(via oral, parenteral e ou enteral) para a realização da alimentação. E assim

alcançar os objetivos que são minimizar o catabolismo protéico e fornecer

substratos para diminuir a destruição tecidual, fornecer energia para o sistema

imunológico, coagulação, transporte e biotransformação de fármacos (CHAN,

2005).

O sistema responsável pelo aporte nutricional é o trato gastrintestinal e

muitas vezes se encontra impossibilitado de realizar a tarefa. Devido às doenças

do TGI serem comuns na medicina veterinária (CHANDLER; PAYNE-JAMES,

2006; LIPPERT, 1989) esse estudo teve como objetivo avaliar a nutrição

parenteral parcial como suporte nutricional nos pacientes desnutridos

hospitalizados após cirurgia de enterectomia do intestino delgado.

Os critérios para inclusão desses animais abrangeram desde relatos de

proprietários aos exames laboratoriais. Na: anamnese apresentavam fatores de

risco para desnutrição como vômitos freqüentes, diarréia grave, anorexia há três

dias e relutantes a movimentação, conforme relatado por Freeman e Chan (2006).

No exame físico estavam caquéticos, as costelas eram visíveis, com a cintura e a

reentrância abdominal evidente, pelame sem brilho e atrofia muscular, o que já

são indicações de suporte nutricional imediato segundo a literatura consultada

(FREEMAN; CHAN 2006). Algumas alterações nos exames laboratoriais rotineiros

em hospitais veterinários são indicativas de desnutrição como: hipoalbuminemia,

hipopotassemia, linfopenia e anemia. No presente estudo, a albumina (< 2,3

mg/dl) e o potássio (< 3,8 mEq/L) foram determinantes para a inclusão além dos

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critérios anteriormente citados, por serem de rápida obtenção do resultado e

demonstrarem a gravidade do quadro. A albumina tem meia-vida de até nove dias

o que demonstra a gravidade do quadro quando está abaixo de 2,5 mg/dl; além

disso, a hipoalbuminemia está relacionada com complicações durante a

recuperação (REMILLARD; ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000).

Os animais participantes desse estudo sofreram intervenção cirúrgica com

ressecção parcial do intestino delgado. O emprego da nutrição parenteral, como

suporte nutricional nos animais estudados, deveu-se às alterações pré-existentes

e às possíveis complicações pós-operatórias que são descritas na literatura, tais

como vômito diarréia, peritonite (KOUTI; PPAZOGLOU; RALLIS, 2006 LANE;

MILLER; TWEDT, 1999; SALISBURY; HOSGOOD, 1989) que foram confirmadas

no estudo em tela.

Há duas vias preferenciais de nutrição parenteral: a periférica (NPP), por

meio de veias periféricas normalmente nos membros torácicos e pélvicos e a

central (NPC) através da veia jugular nos cães e gatos. Como o acesso periférico

apresenta menor risco de sepse, de fácil monitorização e colocação ele acaba

sendo mais utilizado na medicina veterinária. Estudos recentes demonstram ser

um bom acesso em pacientes com risco de desnutrição (CHANDLER; PAYNE-

JAMES, 2006) e em pacientes que podem utilizar as bolsas de nutrição parenteral

com soluções três em um, que apresentam lipídeo (ZENTEK et al., 2003).

O inconveniente da manutenção do cateter periférico é a necessidade de

trocá-lo em 72 horas no máximo e a ocorrência freqüente de tromboflebites

(CHANDLER; PAYNE-JAMES, 2006).

No presente estudo, os cães apresentaram, no período pós-operatório,

edema periférico e hipotensão arterial, o que dificultou a manutenção do cateter

periférico. Assim optou-se, devido à gravidade dos casos, a utilização de cateter

central para que minimizasse o risco de tromboflebites e perda do acesso o que

poderia interromper a infusão de NPC nos grupos 2 (3 em 1) e 3 (glicose e

aminoácidos) ou de cristalóides no grupo 1.

Atualmente, na literatura consultada, após a obtenção do NEAR, existem

duas maneiras de constituir a fórmula da nutrição parenteral: uma para nutrição

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parenteral total que irá fornecer 100% do NEAR e uma forma para nutrição

parenteral parcial que poderá fornecer de 30% a 70% do NEAR (FREEMAN;

CHAN, 2006). Normalmente nos dois casos o valor energético dado pelas

proteínas é subtraído do valor de NEAR obtido (FREEMAN; CHAN, 2006).

A nutrição parenteral é individualizada para cada paciente levando em

consideração a idade, as perdas que estão ocorrendo e a existência de doenças

concomitantes. Para os pacientes desse estudo, após a obtenção do NEAR

calculou-se como nutrição parenteral total e iniciou-se com 50 % desse valor e não

houve a subtração do valor energético das proteínas devido às perdas que

continuavam ocorrendo por conseqüência da peritonite e o quadro de desnutrição

que já se encontravam. O objetivo de 100% do NEAR pode ser obtido

gradativamente no decorrer de 72 horas (FREEMAN; CHAN, 2006). No presente

estudo não ocorreu, pois nesse período houve a complementação com dieta oral,

realizando-se assim a nutrição parenteral parcial.

A manipulação da bolsa de nutrição parenteral depois de adequada

prescrição foi realizada em farmácia de manipulação para se obter melhor controle

dos eletrólitos e da osmolaridade da solução, além de evitar a contaminação. É

necessário o emprego do fluxo laminar para se misturar os constituintes na bolsa

ou aparelhos computadorizados modernos (FREEMAN; CHAN, 2006). A utilização

da farmácia de manipulação especializada permite adaptações na bolsa de NP na

vigência de complicações metabólicas relacionadas a ela.

Mathews (1996) recomenda que a concentração de potássio final na bolsa

de NP deve ser de 20 a 45 mEq/L. No presente estudo, não foi possível manter os

valores de potássio entre 3,8 mEq/L- 5,2 mEq/L com essa recomendação.

Baseando-se no limite de infusão de potássio de 0,5 mEq/kg/ hora (DIBARTOLA;

MORAIS, 2006), a dose de potássio diariamente reposta na fluidoterapia com

cristalóides no grupo 1 e em todas as bolsas de parenteral foi de 0,3 mEq/kg/hora

(DIBARTOLA; MORAIS, 2006), mostrando-se satisfatório para manutenção dos

valores de potássio sérico em todos os grupos. A solução de Ringer com lactato

não foi suficiente para a manutenção dos níveis séricos de potássio e a

complementação no caso foi realizada com a KCL 19,1 %.

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Nos três grupos, observou-se uma tendência à hipopotassemia, devido

provavelmente, às perdas por vômitos, diarréia, presença de glicose nas soluções

de parenteral e nos cristalóides, e hipotermia (DIBARTOLA; MORAIS, 2006).

O cálculo dos cristalóides no grupo 1 foi baseado nos volumes de

manutenção hídrica dos cães e nas possíveis perdas, por vômito e diarréia

(FERREIRA; PACHALY, 2000). O seqüestro de fluido para o meio extravascular,

provavelmente devido a redução da pressão coloidosmótica (CHAN et al., 2001) e

a peritonite, triplicou o volume de manutenção com perdas, fazendo com que

houvesse a necessidade de instituição de fluidos com cristalóide nos grupos 2 e 3.

No estudo em questão, a nutrição parenteral parcial não reduziu a

mortalidade como demonstrado em estudo em seres humanos (FEARON; LUFF,

2003, WAITZBERG; JÚNIOR; CECCONELO, 1998). Lippert (1993), realizando um

estudo retrospectivo do uso da nutrição parenteral total, encontrou 70 % de

sobrevida em cães e gatos. É possível que a redução da mortalidade não foi

demonstrada uma vez que houve o tratamento primário da doença antes do início

do suporte nutricional nos três grupos. Além disso, o tempo de internação

necessário até que o paciente pudesse receber dieta por via oral de forma

adequada foi semelhante nos três grupos.

A determinação do tipo de paciente que pode se beneficiar da nutrição

parenteral e os tipos de complicações que podem ocorrer nos animais são os

desafios desse suporte nutricional (CHAN et al., 2002). Assim, faz-se necessário

correlacionar as variáveis hematológicas, bioquímicas, o peso e a qualidade de

vida com o estado nutricional do paciente e os benefícios no tratamento desses

pacientes.

A hemoglobina está reduzida (<12g/%) nos quadros de anemia ferropriva,

indicativo de perdas de sangue, processo infeccioso e má alimentação (WEISER,

1997). A maioria dos cães do presente estudo não apresentava, nos exames pré-

anestésicos, valores de hemoglobina que indicassem a necessidade de transfusão

sangüínea (<7g/%), mas em 2 cães do grupo 1 e um do grupo 2 apresentaram

redução significante no pós-operatório. Nestas situações, optou-se pela transfusão

de papa de hemácias, pois havia comprometimento da oxigenação tecidual e risco

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de óbito. O valor de hemoglobina nos grupos 1 e 2 apresentou aumento não

significante, mas houve interferência da transfusão de sangue nesses dois grupos.

No grupo 3, os animais não receberam transfusão durante a internação e

apresentou tendência a diminuição. Nesse grupo todos os animais apresentavam

valores de hemoglobina dentro dos valores de referência no momento pré-

cirúrgico. Como se trata de um estudo clínico e os animais foram alocados de

forma aleatória, as eventuais alterações neste contexto (transfusão sangüínea)

são decorrentes do tratamento de suporte ora empregado.

A nutrição parenteral não colaborou nesse aspecto devido a perdas agudas

de sangue no pós-operatório, sendo necessário instituir a transfusão e a não

reposição de ferro. É possível que, em situações de utilização de NP por períodos

mais prolongados (mais de sete dias), a suplementação de ferro deva ser feita

(REMILLARD; ARMSTRONG; DAVEMPORT; 2000).

Os animais apresentavam peritonite infecciosa devido à perda de integridade

gastrintestinal levando a leucocitose. Alguns animais apresentaram leucopenia

grave por consumo (< 2000/mm³) nos exames pré-anestésicos e morreram com

menos de 24 horas após o procedimento cirúrgico e não foram incluídos no

estudo. Dois animais com essas condições participaram do estudo, mas foram a

óbito após um dia de internação. Os demais apresentaram leucocitose por

neutrofilia, que caracterizou o início do quadro e tendeu a baixar aos níveis

normais nos três grupos após o final da internação. Esta ocorrência não confirmou

a melhora do sistema imunológico com a nutrição parenteral. Seriam necessários

testes de funcionalidade das células de defesa devido à má nutrição como, por

exemplo, menor atividade fagocitária dos macrófagos e redução da liberação de

complemento (REMILLARD; ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000).

Os linfócitos são células que, na má alimentação, tendem a reduzir o número

na circulação devido à deficiência de substratos circulantes no sangue

(REMILLARD; ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000), e em pessoas retornam

rapidamente com o início da alimentação (KAHAN, 1981). Os resultados não

demonstraram esse aumento dos linfócitos talvez pelo número pequeno da

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amostra e dentro delas animais com hemogramas em pontos extremos de

linfopenia e linfocitose no pré-cirúrgico.

A albumina, um importante regulador osmótico do sangue, local de ligação e

transporte para diversas moléculas e oligoelementos, é sintetizada no fígado a

partir de aminoácidos e a síntese está correlacionada com a diminuição da

pressão oncótica. Nos pacientes graves a síntese protéica está direcionada à

produção de proteínas de fase aguda em detrimento à síntese de albumina

(SHARON, 1997). Além disso, ocorre importante mobilização protéica do

compartimento periférico para o central, com perda de nitrogênio que só é

amenizada quando se controla a causa da resposta hipermetabólica. Tal resposta,

quando prolongada, esgota as reservas protéicas de vários órgãos e é co-fator

relevante para o desenvolvimento de insuficiência orgânica múltipla (RIBEIRO,

2004).

Apesar dessas alterações, os grupos 2 e 3 apresentaram elevação

significante dos valores de albumina sérica, demonstrando que o fornecimento de

energia e aminoácidos exógenos contribuiu de forma positiva e precoce na

recuperação dos animais.

O peso corpóreo faz parte da avaliação nutricional do paciente e deve ser

mensurado em pacientes hospitalizados com freqüência. Pode ser incorreto na

desidratação grave ou quando há extravasamento de fluido para o terceiro espaço

(FREEMAN; CHAN, 2006). No presente estudo, os cães foram pesados

diariamente, mas para comparação foram utilizados apenas os pesos obtidos no

período pré-operatório e ao final da internação para evitar as alterações supra. O

estudo demonstrou que os animais que não receberam nutrição parenteral parcial

perderam peso no período pós-operatório, indicando pior avaliação nutricional.

Dudrick, Wilmore, Vars (1968) e Shin et al. (1980) tem demonstrado a

possibilidade dos cães se desenvolverem e ganharem peso com a NP, porém os

estudos são, na grande maioria, experimental e utilizam a nutrição parenteral total

e avaliam por um período maior.

O aumento nos valores de uréia geralmente é correlacionado com

complicações metabólicas da nutrição parenteral por excesso de aminoácidos (

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FREEMAN; CHAN, 2006; THATCHER,1996). Esta afirmação não foi confirmada

nesse estudo. A mensuração da creatinina sérica foi realizada para controle da

função renal, devido aos quadros de peritonite e assim acompanhar se haveria

comprometimento do rim durante a internação (PAVLETIC; BERG, 1996).

O aumento da fosfatase alcalina e das bilirrubinas é uma complicação

correlacionada à nutrição parenteral, indicando a necessidade da avaliação

rotineira em pacientes submetidos a NP. Chan et al. (2002) indicam a

hiperbilirrubinemia como a terceira complicação nos pacientes em nutrição

parenteral parcial com uma média de tempo de administração da parenteral

semelhante ao desse estudo (três dias). Com os resultados obtidos no presente

estudo, verificou-se que o aumento dos valores séricos está mais correlacionado

ao jejum, pois os animais do grupo controle apresentaram aumento dos valores de

fosfatase alcalina de forma significante e um maior número de animais apresentou

icterícia com os valores de bilirrubina ao final da internação acima dos valores de

referência. No grupo 2 , ao final da internação, dois cães apresentaram

bilirrubinemia, provavelmente pela presença de lipídeos na solução de NP.

Os triglicérides e o colesterol, que foram mensurados apenas no grupo 2

para controle da infusão dos lipídeos, apresentaram aumento, mas sem lipemia,

que também é considerada uma complicação da NP (CHAN et al., 2002).

Durante a internação, muitos cães necessitaram da utilização de colóide

sintético associado aos fármacos vasoativos para a manutenção da pressão

arterial. No grupo 3 (glicose e aminoácidos), nenhum paciente, após a

recuperação anestésica, recebeu colóide sintético. O grupo III apresentava maior

osmolaridade da solução parenteral (> 800mOms/L) em relação ao grupo II (<

700mOms/L). Sabe-se que as soluções hiperosmolares são utilizadas para melhor

perfusão tecidual em pacientes graves (MATHEWS, 1998). Chan et al. (2001), ao

realizarem um estudo “in vitro”, observaram que a nutrição parenteral não

influencia a pressão coloidosmótica diretamente, mas mais estudos são

necessários para saber se há uma influência indireta ”in vivo”. Apesar do número

de animais estudados ser reduzido, pode-se sugerir que o grupo III se beneficiou

com a solução de maior osmolaridade.

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Não ocorreu hiperglicemia em nenhum animal do estudo, contrastando com

os dados da literatura pesquisada, que cita a hiperglicemia como a principal

alteração metabólica (CHAN et al., 2002; CHANDLER; PAYNE-JAMES, 2006).

Provavelmente, o rigor na velocidade de infusão durante 24 horas no estudo em

tela e a presença da espécie felina, que tende a hiperglicemia com maior

facilidade, (CHANDLER; PAYNE – JAMES, 2006) na maioria dos trabalhos

retrospectivos, pode justificar a ausência de hiperglicemia neste estudo. Além

disso, as bolsas de nutrição parenteral continham apenas 50% do requerimento

energético.

A hipofosfatemia e hipocalemia estão relacionadas à síndrome de

realimentação e dessa maneira encontram-se correlacionadas a complicações na

administração de suporte nutricional, principalmente na NP (REMILLARD;

ARMSTRONG; DAVENPORT, 2000). A síndrome está associada a 100% do

requerimento energético ou à infusão rápida dos nutrientes (REMEDIOS; MOENS,

1997). Yamata et al. (1974), ao administrarem soluções de aminoácidos em

excesso em cães submetidos a jejum prolongado, observaram hipofosfatemia,

anemia hemolítica, trombocitopenia e diminuição na retração do coágulo.

Neste estudo, onde o requerimento energético foi iniciado com 50 % do valor

e a infusão foi durante 24 horas, não se observou à ocorrência dos sintomas

acima descritos.

Da mesma forma, não se observou sintomatologia de hipocalcemia no

estudo atual. Caso ocorresse uma diminuição do cálcio ionizado, o animal

apresentaria: tremores fasciculares, rigidez muscular, desorientação e

hipersensibilidade aos estímulos (REMEDIOS; MOENS, 1997).

A sepse devido ao cateter não é uma ocorrência comum (CHAN et al, 2002)

e não ocorreu nesse trabalho devido à assepsia na inserção do cateter e o período

curto de manutenção.

A anamnese dos cães doentes, e que apresentam fatores de risco para

desnutrição, é caracterizada por vômito, diarréia, fraqueza e apatia (REMILLARD;

ARMNSTRONG; DAVENPORT, 2000). Assim, a administração precoce da NP,

após a resolução da causa de base, amenizou os sintomas de fraqueza e apatia

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mais rapidamente na avaliação individual dos grupos 2 (solução 3 em 1) e 3

(glicose e aminoácidos). Tal melhora pôde ser observada por meio da melhor

interação dos animais com o ambiente.

É descrito que na administração de nutrição parenteral por períodos curtos

(até sete dias), não há necessidade de reposição de lipídeos (FREEMAN; CHAN,

2006). No estudo em tela, os grupos 2 e 3 comportaram-se de maneira

semelhante em relação à albumina e à tendência a não perder peso quando

comparados ao grupo 1, mostrando que em períodos curtos de suporte nutricional

em cães pode-se não utilizar lipídeos. Cabe ressaltar que as soluções de lipídeos

encarecem as bolsas de NP e não empregá-las acarreta na redução dos custos da

internação.

Os custos de internação não variaram, pois o tempo de internação foi

semelhante, então o critério de suspensão também, pois em média em três dias

estavam se alimentando, apresentavam difícil contenção e as medicações

poderiam ser realizadas por via oral.

Finalizando, algumas considerações são necessárias a respeito da execução

desse estudo. Infelizmente, o número de animais avaliados foi reduzido devido à

gravidade dos casos, uma vez que muitos morreram antes de 24 horas após a

cirurgia e foram excluídos do estudo. É importante salientar que a semelhança

entre esses animais era a hipoalbuminemia grave (valores abaixo de 1,5mg/dl) e a

leucopenia acentuada (< 2000mm³). Se o critério de inclusão fosse menos

rigoroso, seria possível incluir animais com menor gravidade e assim aumentar a

amostra.

Um dos critérios de inclusão poderia ser a gravidade da cirurgia, pois muitos

cães não foram incluídos no estudo por não apresentarem perda de peso e

hipoalbuminemia pré-anestésica, mas devido à cirurgia ficaram impossibilitados de

receber dieta oral.

Alguns fatores que poderiam ser mais bem avaliados seriam outros

eletrólitos, tais como cálcio e fósforo, para melhor avaliação da NP na manutenção

dos eletrólitos, apesar de sintomas relacionados à diminuição sérica deles não ter

ocorrido.

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Os parâmetros de freqüência respiratória, freqüência cardíaca e temperatura

foram mensurados e registrados a cada seis horas para controle do paciente e

assim manter os grupos mais homogêneos e evitar que complicações fossem

tratadas ou avaliadas de maneira diferente, pois a única diferença nos tratamento

entre os grupos seria o suporte nutricional.

O estudo foi dificultado pela ausência de condições estruturais, uma vez que

não há um serviço de internação, sendo necessário instituí-lo para realização do

estudo.

Sem dúvida alguns estudos adicionais são necessários objetivando

determinar melhor os pacientes que podem se beneficiar do suporte nutricional

com nutrição parenteral, bem como quando deve ser o início de sua administração

e as melhores composições aos pacientes veterinários.

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7 CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que a nutrição parenteral

parcial em cães desnutridos submetidos à cirurgia de enterectomia:

- Não diminui os custos de internação, uma vez que o tempo de internação e a

necessidade de suporte adicional foram similares entre os grupos estudados.

- Não há diferença entre as duas formulações utilizadas (3 em 1 e glicose com

aminoácidos), pois obtiveram resposta semelhante nos parâmetros avaliados.

- Melhora a qualidade de vida durante a internação.

- Não influencia nos valores hematológicos; aumenta significativamente os níveis

de albumina sérica; evita perda de peso no pós-operatório; não acarreta em

alterações metabólicas importantes.

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APÊNDICES

Apêndice A – Valores individuais, médias e desvios-padrão de hemoglobina (g/%)

leucócitos (mm³) e linfócitos (mm³) nos dois períodos avaliados dos

animais do Grupo 1 (cristalóide) -São Paulo - 2006

Grupo 1pré - operatório

alta da

internação

ou óbito

pré - operatório

alta da

internação ou

óbito

pré - operatório

alta da

internação ou

óbito

Bel 15 14 21.700 15.100 2.387 4.379

Killer 11 5 10.000 12.900 1.700 1.500

Pit 12 12 2.700 2.700 405 405

Branquinha 11 6 19.000 16.000 750 640

Meg II 13 10 19.300 11.400 1.158 1.710

MutlieI 8 13 23.500 8.700 1.645 435

Bethovem 8 16 26.200 20.100 2.882 3.971

Média 10,99 10,79 17.485,71 12.414,29 1.561,00 1.862,86

DP 2,54 3,94 8.267,49 5.606,08 876,56 1.662,82

Leucócitos mm³ linfócitos /mm³Hemoglobina g%

DP – desvio – padrão

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Apêndice B - Valores individuais, médias e desvios-padrão de hemoglobina (g/%)

leucócitos (mm³) e linfócitos (mm³) nos dois períodos avaliados dos

animais do grupo 2 (solução 3 em 1) – São Paulo - 2006

Grupo 2pré - operatório

alta da internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

Asha 13 12 18.100 17.500 3.620 3.500

Fred 14 14 1.600 1.600 - -

Billy 7 8 35.400 83.400 4.062 2.502

Shakira 5 6 39.000 59.000 1.560 -

Cléo 8 13 8.900 9.600 1.424 4.320

Guy 13 9 35.600 12.600 356 630

Média 10,17 10,42 23.100,00 30.616,67 1.837,00 1.825,33

DP 3,85 3,25 15.806,58 32.778,07 1.670,03 1.875,01

Hemoglobina g% Leucócitos mm³ linfócitos /mm³

DP – desvio padrão

Page 84: Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte ...livros01.livrosgratis.com.br/cp019778.pdfRESUMO PATRÍCIO, G. C. F. Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte

Apêndice C - Valores individuais, médias e desvios-padrão de hemoglobina (g/%)

leucócitos (mm³) e linfócitos (mm³) nos dois períodos avaliados dos

animais do grupo 3 (solução de glicose e aminoácidos) – São

Paulo – 2006

Grupo 3pré - operatório

alta da internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

Meg I 14 9 15.200 20.200 456 808

Mutlie II 13 8 8.700 18.600 435 1.600

Jenny 13 13 43.300 17.200 433 1.204

Link 13 10 281.200 29.700 11.248 3.564

Cherry 16 11 14.000 23.600 840 1.180

Média 13,58 10,18 72.480,00 21.860,00 2.682,40 1.671,20

DP 1,34 1,87 117.456,70 4.989,79 4.791,44 1.094,58

Hemoglobina g% Leucócitos mm³ linfócitos /mm³

DP – desvio padrão

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Apêndice D - Valores individuais, médias e desvios-padrão de ALT (U/L), FA (U/L)

nos dois períodos avaliados dos cães pertencentes ao Grupo 1

(cristalóide) – São Paulo - 2006

Grupo 1 pré - operatórioalta da internação

ou óbitoGrupo1 pré - operatório

alta da internação ou óbito

Bel 32 30 Bel 74 83

Killer 45 51 Killer 665 1.071

Pit 15 15 Pit 199 199

Branquinha 13 64 Branquinha 67 64

Meg II 45 168 Meg II 75 134

Mutlie I 90 94 MutlieI 260 425

Bethovem 14 29 Bethovem 441 476

Média 36,14 64,49 254,43 350,29

DP 27,60 52,66 225,96 356,81

Alanina aminotransferase U/L (ALT) Fosfatase Alcalina U/L (FA)

DP – desvio padrão

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Apêndice E - Valores individuais, médias e desvios-padrão de ALT (U/L), FA (U/L)

nos dois períodos avaliados dos cães pertencentes ao Grupo 2

(solução 3 em 1) – São Paulo - 2006

Grupo 2 pré - operatórioalta da internação

ou óbitoGrupo 2 pré - operatório

alta da internação

ou óbito

Asha 93 90 Asha 140 161

Fred 60 60 Fred 366 366

Billy 48 28 Billy 190 225

Shakira 40 43 Shakira 100 213

Cléo 18 39 Cléo 188 213

Guy 26 9 Guy 140 127

Média 47,25 44,74 187,28 217,50

DP 27,00 27,81 93,85 81,89

Alanina aminotransferase U/L (ALT) Fosfatase Alcalina U/L (FA)

DP – desvio padrão

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Apêndice F - Valores individuais, médias e desvios-padrão de ALT (U/L), FA (U/L)

nos dois períodos avaliados dos cães pertencentes ao Grupo 3

(solução de glicose e aminoácidos) – São Paulo - 2006

Grupo 3 pré - operatórioalta da internação

ou óbitoGrupo 3 pré - operatório

alta da internação

ou óbito

Meg I 34 37 Meg I 118 131

Mutlie II 94 158 Mutlie II 425 737

Jenny 29 31 Jenny 293 105

Link 361 189 Link 558 25

Cherry 11 56 Cherry 131 342

Média 105,74 94,04 304,94 268,00

DP 146,31 73,72 189,78 287,15

Alanina aminotransferase U/L (ALT) Fosfatase Alcalina U/L (FA)

DP – desvio padrão

Page 88: Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte ...livros01.livrosgratis.com.br/cp019778.pdfRESUMO PATRÍCIO, G. C. F. Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte

Apêndice G - Valores individuais, médias e desvios-padrão de uréia (mg/dl) e

creatinina (mg/dl) avaliados nos dois períodos dos cães

pertencentes ao Grupo 1(cristalóide) – São Paulo - 2006

Grupo 1 pré - operatórioalta da

internação ou óbito pré - operatório

alta da internação ou

óbito

Bel 12,0 14,0 1,5 1,1

Killer 41,0 19,0 0,8 1,0

Pit 19,0 19,0 0,5 0,5

Branquinha 20,6 18,0 0,5 0,8

Meg II 27,7 26,9 0,8 0,9

Mutlie I 33,0 14,0 0,7 0,5

Bethovem 35,0 8,2 0,8 0,8

Média 26,90 17,01 0,80 0,79

DP 10,22 5,81 0,33 0,24

Uréia mg/dl Creatinina mg/dl

DP – desvio padrão

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Apêndice H - Valores individuais, médias e desvios-padrão de uréia (mg/dl) e

creatinina (mg/dl) avaliados nos dois períodos dos cães

pertencentes ao Grupo 2 (solução 3 em 1) – São Paulo - 2006

Grupo 2 pré - operatórioalta da

internação ou óbito pré - operatório

alta da internação ou

óbito

Asha 11,0 11,9 0,8 0,9

Fred 11,7 11,7 0,8 0,8

Billy 76,5 46,0 1,8 1,8

Shakira 16,0 21,0 1,2 1,3

Cléo 31,0 21,9 0,6 0,9

Guy 41,3 21,5 1,4 1,3

Média 31,25 22,33 1,09 1,18

DP 25,19 12,53 0,44 0,35

Uréia mg/dl Creatinina mg/dl

DP – desvio padrão

Page 90: Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte ...livros01.livrosgratis.com.br/cp019778.pdfRESUMO PATRÍCIO, G. C. F. Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte

Apêndice I – Valores individuais, médias e desvios - padrão de uréia (mg/dl) e

creatinina (mg/dl) avaliados nos dois períodos dos cães

pertencentes ao Grupo 3 (solução de glicose e aminoácidos) – São

Paulo - 2006

Grupo 3 pré - operatórioalta da

internação ou óbito pré - operatório

alta da internação ou

óbito

Meg I 9,3 14,0 1,0 1,0

Mutlie II 14,0 11,6 0,5 0,7

Jenny 14,0 167,8 1,1 3,7

Link 31,8 11,5 1,2 0,7

Cherry 36,7 13,0 0,9 0,9

Média 21,16 43,58 0,93 1,40

DP 12,23 69,45 0,28 1,29

Uréia mg/dl Creatinina mg/dl

DP – desvio padrão

Page 91: Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte ...livros01.livrosgratis.com.br/cp019778.pdfRESUMO PATRÍCIO, G. C. F. Avaliação da nutrição parenteral parcial como suporte

Apêndice J – Valores individuais, médias e desvios - padrão de albumina (g/dl) e

de potássio (mEq/dl) nos dois períodos avaliados nos cães

pertencentes ao Grupo 1 (cristalóide) – São Paulo - 2006

Potássio (mEq/l)

Grupo 1 pré - operatórioalta da

internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

Bel 2,2 2,4 3,7 3,8

Killer 2,2 1,7 4,9 4,6

Pit 1,1 1,1 2,1 3,5

Branquinha 1,3 1,2 2,0 3,8

Meg II 1,3 1,9 3,6 4,2

Mutlie I 2,0 1,1 3,2 3,9

Bethovem 1,6 1,5 3,5 5,1

Média 1,67 1,56 3,29 4,13

DP 0,46 0,48 1,00 0,55

Albumina g/dl

DP – desvio padrão

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Apêndice K - Valores individuais, médias e desvios-padrão de albumina (g/dl) e

de potássio (mEq/dl) séricos nos dois períodos avaliados nos cães

pertencentes ao Grupo 2 (solução 3 em 1) – São Paulo - 2006

Potássio (mEq/l)

Grupo 2 pré - operatórioalta da

internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

Asha 1,6 1,9 3,3 4,0

Fred 1,0 1,0 4,1 4,1

Billy 1,4 1,7 3,6 3,9

Shakira 1,4 1,8 3,0 4,5

Cléo 1,3 1,7 3,0 5,8

Guy 2,2 2,6 3,5 4,1

Média 1,48 1,78 3,42 4,40

DP 0,40 0,51 0,42 0,72

Albumina g/dl

DP – desvio padrão

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Apêndice L - Valores individuais, médias e desvios-padrão de albumina (g/dl) e de

potássio (mEq/dl) séricos nos dois períodos avaliados nos cães

pertencentes ao Grupo 3 (soluçãoglicose e aminoácidos) – São

Paulo - 2006

Potássio (mEq/l)

Grupo 3 pré - operatórioalta da

internação ou óbito

pré - operatórioalta da

internação ou óbito

Meg I 0,91 1,90 3,50 3,90

MutlieII 1,10 1,90 3,90 4,90

Jenny 2,00 2,30 2,40 4,30

Link 1,60 2,80 3,80 4,70

Cherry 1,80 2,10 3,50 4,10

Média 1,48 2,20 3,43 4,33

DP 0,46 0,37 0,54 0,39

Albumina g/dl

DP – desvio padrão

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Apêndice M - Valores individuais, médias e desvios-padrão do peso (kg) nos dois

períodos avaliados nos cães pertencentes ao Grupo 1

(cristalóides) – São Paulo - 2006

Grupo 1 pré - operatórioalta da internação ou

óbito

Bel 22,0 21,7

Killer 20,0 19,0

Pit 2,6 2,6

Branquinha 1,2 1,2

Meg II 17,3 15,4

Mutlie I 8,1 7,8

Bethovem 6,0 5,7

Média 11,03 10,49

DP 8,58 8,17

Peso corpóreo ( kg)

DP – desvio padrão

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Apêndice N - Valores individuais, médias e desvios-padrão do peso (kg) nos dois

períodos avaliados nos cães pertencentes ao Grupo 2 (solução 3

em 1) – São Paulo - 2006

Grupo 2 pré - operatórioalta da internação ou

óbito

Asha 23,0 23,0

Fred 12,5 12,5

Billy 2,7 2,8

Shakira 35,0 35,0

Cléo 7,3 7,3

Guy 30,0 30,0

Média 18,42 18,43

DP 12,93 12,90

Peso corpóreo ( kg)

DP – desvio padrão

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Apêndice O - Valores individuais, médias e desvios-padrão do peso (kg) nos dois

períodos avaliados nos cães pertencentes ao Grupo 3

(solução de glicose e aminoácidos) – São Paulo - 2006

Grupo 3 pré - operatórioalta da internação ou

óbito

Meg I 6,4 6,4

Mutlie II 7,8 7,8

Jenny 3,0 3,0

Link 18,0 17,7

Cherry 4,8 4,8

Média 8,00 7,94

DP 5,87 5,74

Peso corpóreo ( kg)

DP – desvio padrão

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Apêndice P - Valores individuais de bilirrubina total (BT), direta (BD), indireta (BI)

dos cães no Grupo 1 (cristalóide), Grupo 2 (solução 3 em 1) e no

Grupo 3(solução de glicose e aminoácidos) que apresentaram o

soro ictérico nos dois períodos avaliados – São Paulo - 2006

Grupo 1 pré - operatório alta da internação ou óbitoBT 0.31

Killer soro não ictérico BD 0.17BI 0.14

BT 1.17Mutlie I soro não ictérico BD 0.7

BI 0,47

BT 0.99 BT 2.42Bethovem BD 0.62 BD 1.37

BI 0.37 BI 1.05Grupo 2 pré - operatório alta da internação ou óbito

BT 0.13Shakira soro não ictérico BD 0.11

BI 0.02

BT 1.17Cléo soro não ictérico BD 0.44

BI 0.73Grupo 3 pré - operatório alta da internação ou óbito

BT 1.17Mutlie II BD 0.70 soro não ictérico

BI 0.14

DP – desvio padrão

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Apêndice Q – Número de dias totais de internação (24 horas) e o número total de

dias no qual houve início da dieta oral no Grupo 1 (cristalóide) –

São Paulo - 2006

Grupo 1 Dias de Internação Início dieta oral (dias)

Bel 3,0 2,0Killer 4,0 3,0

Meg II 4,0 3,0

Mutlie I 5,0 5,0

Bethovem 4,0 3,0Média 4,00 3,20

DP 0,71 1,10

DP – desvio padrão

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Apêndice R – Número de dias totais de internação (24 horas) e o número total de

dias no qual houve início da dieta oral no Grupo 2 (solução 3 em 1)

– São Paulo - 2006

Grupo 2 Dias de Internação Início dieta oral (dias)Asha 3,0 2,0Billy 3,0 2,0Shakira 3,0 2,0Cléo 3,0 2,0Guy 4,0 3,0

Média 3,20 2,20 DP 0,45 0,45

DP – desvio padrão

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Apêndice S – Número de dias totais de internação (24 horas) e o número total de

dias no qual houve início da dieta oral no Grupo 3 (solução de

glicose e aminoácidos) – São Paulo - 2006

Grupo 3 Dias de Internação Início dieta oral (dias)Meg I 3,0 2,0Mutlie II 4,0 3,0Jenny 4,0 3,0Link 3,0 2,0Cherry 2,5 1,5

Média 3,30 2,30 DP 0,67 0,67

DP – desvio padrão

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