avaliaÇÃo clÍnica, imaginolÓgica, histopatolÓgica e

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E CINEMÁTICA SEQUENCIAL DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL POR ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR EM OVINOS Luiz Henrique da Silva Orientadora: Profa. Dra. Naida Cristina Borges GOIÂNIA 2016

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Page 1: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

CINEMÁTICA SEQUENCIAL DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA

PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL POR ENXERTO

AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR EM OVINOS

Luiz Henrique da Silva

Orientadora: Profa. Dra. Naida Cristina Borges

GOIÂNIA

2016

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LUIZ HENRIQUE DA SILVA

AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

CINEMÁTICA SEQUENCIAL DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA

PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL POR ENXERTO

AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR EM OVINOS

Tese apresentada para obtenção do

título de Doutor em Ciência Animal

junto à Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal

de Goiás

Área de concetração:

Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Orientadora:

Profa. Dra. Naida Cristina Borges

Comitê de orientação:

Profa. Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti - EVZ/UFG

Profa. Dra Cleuza Maria de Faria Rezende - EV/UFMG

GOIÂNIA

2016

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LUIZ HENRIQUE DA SILVA

Tese defendida e aprovada em 15/07/2016 pela Banca Examinadora constituída pelos

professores:

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Dedicatória

À minha família, Maria Sebastiana e Jeane Wanessa, que me fizeram olhar

além de todos os obstáculos para que eu visse as mudanças e conquistas que

me aguardavam, e por me ensinarem a importância e o valor da persistência, da

fé, dos bons relacionamentos, da humildade e do conhecimento.

À professora amiga Naida Cristina Borges, pela paciência, oportunidade e

credibilidade, e, sobretudo por me mostrar a luz no fim do túnel mesmo quando

todos me diziam para desistir, por fim, pessoa em que eu me espelho.

Page 9: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

ix

AGRADECIMENTOS

Sinto-me mais seguro e “livre” para dizer que pesquisar, desenvolver, criar, agir,

escrever e poder demonstrar o trabalho realizado é uma sensação de fascinação e conquista

pessoal e profissional. Nada acontece ao acaso, as casualidades e oportunidades quase sempre

a criamos com ajuda das melhores pessoas, por isso, esta conquista não deve ser consolidada

apenas no singular. Tive a satisfatória felicidade durante a minha caminhada de encontrar

pessoas que contribuíram indispensavelmente para o alcance dos meus objetivos. As

mudanças acontecem a cada tentativa de buscar respostas para as nossas dúvidas e angústias,

e assim, damo-nos conta sobre o verdadeiro significado de sermos pesquisadores. As

colaborações indiretas compartilham o mesmo peso e responsabilidade dos envolvidos

diretamente na pesquisa, e mesmo sem saber o que e para que estamos fazendo isso são

fundamentais e especiais na minha vida.

À minha pequena grande família que apesar da distância nunca deixou de estar

próxima, colaborando e se desdobrando a medida do quase impossível para que tudo

parecesse estar bem. As ações discretas e objetivas de ajuda não passaram por mim

despercebidas, acompanhei o que faziam e a minha gratidão e imensurável. O destaque maior

é direcionado a minha mãe, Maria Sebastiana da Silva que nunca poupou esforço para me

ver feliz e me ajudou a ser quem sou. À minha irmã, Jeane Wanessa da Silva pelas orações e

positividade sempre. À Taís de Jesus Domiciano, pela amizade, companheirismo e atenção

dispensada em todos os momentos, pessoa impar na minha vida e nas minhas conquistas.

À eterna orientadora científica, profissional e pessoal, Naida Cristina Borges, a quem

tenho grande apreço e amizade sincera. Obrigado pelos cuidados em minha vida acadêmica,

pelas correções detalhadas, pelos oportunos conselhos, pelo permanente estímulo, pela

paciência, pelos momentos de descompensação merecidos e pela inspiração em tudo que faço

e irei fazer a partir de agora. Estes são apenas agradecimentos lacônicos frente a tudo que

merecia saber.

Agradeço aos professores:

Leandro Guimarães Franco e Mariana Pacheco Miguel, pela contribuição na

pesquisa, ensinamentos compartilhados e, sobretudo pela amizade construída desde 2005.

Paulo Henrique Jorge da Cunha, por consentir portas abertas do Hospital

Veterinário para execução da pesquisa.

Eugênio Gonçalves Araújo, por fomentar parte da pesquisa e acreditar na execução

do estudo sem interjeições e cobranças, na intenção única de ajudar.

Page 10: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

x

Patrícia Nagib, que apareceu de repente como se estivesse aguardando meu pedido de

ajuda e trouxe a solução de um problema.

Marcus Fraga Vieira e sua equipe formada pelo Matias Noll, Georgia Lehnen e

Adriano Pericles, pelo carisma, humildade e recepção, sempre em prontidão para me receber

no Laboratório de Bioengenharia da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal

de Goiás, pela ajuda na coleta dos dados, paciência no processamento e ensinamentos

infindáveis. A contribuição para a pesquisa foi incalculável.

Ao médico ortopedista Marcelo Torres, pela contribuição na pesquisa, pela atenção

dispensada e apoio antes e durante a experimentação.

Aos amigos de graduação e pós-graduação, Ana Carolina, Liz Rodrigues, Hugo

Cardoso, Rauane Moura, Renato Ferreira, Karina Tonhá, Iago Martins, Danielly

Cunha, Italo Garcia, Karolyna Brito, Monique Machado, Larissa, Bruno Canedo e

Laura Garcia. Conhecê-los melhor e tê-los como parceiros foi essencial para que este estudo

se concretizasse. Agradeço igualmente pela excelência na ajuda prestada e conhecimentos

compartilhados.

Às residentes de diagnóstico por imagem Luiza Lucena, Fernanda Carvalho e

Carla Amorim, pela compreensão, por serem solicitas e pela relação profissional.

À Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás manifesto

consideração pela minha formação acadêmica durante esses dez anos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo

auxílio e apoio concedido, que foi de fundamental importância.

Por último, para fechar com chave de ouro, pois o melhor deixamos para o final, a

Deus por ter me dado saúde, não me impedido de estudar e trabalhar, por ter me

proporcionado oportunidades, que segurei com determinação para almejar meus objetivos, por

ter me concedido força, me fazendo entender que as dificuldades são apenas degraus para as

conquistas, e por fim, por ter me gerado em uma família tão especial, que me ensina a viver e

proporciona muitas alegrias, fazendo-a intercessora de suas ações.

Page 11: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xi

“Todo aquele que se dedica ao estudo da ciência chega a convencer-se de que nas leis do

Universo se manifesta um Espírito sumamente superior ao do homem, e perante o qual nós,

com os nossos poderes limitados, devemos humilhar-nos.”

(Albert Einstein)

Page 12: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xii

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................... 1

1. Introdução ............................................................................................................................... 1

2. Aspectos gerais sobre a articulação femorotibiopatelar ......................................................... 3

2.1 Anatomia óssea da articulação femorotibiopatelar de ovinos ............................................ 3

2.2 Componentes da articulação femorotibiopatelar ................................................................ 5

2.3 Ligamentos da articulação femorotibiopatelar de ovinos .................................................. 8

2.4 Cinesiologia e biomecânica da articulação femorotibiopatelar ....................................... 10

2.5 Biomecânica do ligamento cruzado cranial ..................................................................... 11

2.6 Etiopatogenia da ruptura do ligamento cruzado cranial (LCCr) ...................................... 13

2.7. Doença articular degenerativa secundária a ruptura do ligamento cruzado cranial ........ 16

2.8 Apresentação clínica da ruptura do ligamento cruzado cranial ....................................... 20

2.9 Diagnóstico da ruptura do ligamento cruzado cranial ...................................................... 21

2.9.1. Exames complementares para o diagnóstico de RLCCr e progressão da doença

articular degenerativa ........................................................................................................... 24

a) Exame radiográfico ..................................................................................................... 24

b) Exame de Ultrassonografia ......................................................................................... 25

c) Exame de Tomografia computadorizada .................................................................... 26

d) Exame de Ressonância Magnética .............................................................................. 28

e) Artroscopia .................................................................................................................. 29

f) Análise biomecânica .................................................................................................... 30

g) Histopatologia ............................................................................................................. 31

h) Marcadores bioquímicos ............................................................................................. 32

2.10 Condutas terapêuticas para a ruptura do ligamento cruzado cranial .............................. 33

2.10.1 Tratamento conservador ........................................................................................... 33

2.10.2 Tratamentos cirúrgicos ............................................................................................. 35

a) Técnicas extracapsulares ............................................................................................. 35

b) Osteotomias corretivas ................................................................................................ 36

c) Técnicas intracapsulares ............................................................................................. 37

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 44

Page 13: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xiii

CAPÍTULO 2 – IMPLICAÇÕES IMAGINOLÓGICAS, ARTROSCÓPICAS E

HISTOPATOLÓGICAS DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO

LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO AUTÓGENO DE

LIGAMENTO PATELAR .......................................................... Erro! Indicador não definido.

1. Introdução ............................................................................................................................. 60

2. Material e métodos ............................................................................................................... 61

2.1. Animais e delineamento experimental ............................................................................ 61

2.2. Procedimento cirúrgico ................................................................................................... 62

2.2.1 Retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento patelar .............................. 63

2.2.2 Substituição do ligamento cruzado cranial ................................................................. 65

2.3 Pós-operatório .................................................................................................................. 67

2.4 Exames de radiografia e tomografia computadorizada .................................................... 67

2.5 Avaliações ultrassonográficas .......................................................................................... 68

2.6 Avaliações artroscópicas .................................................................................................. 69

2.7 Análise dos marcadores pró-inflamatórios ....................................................................... 70

2.8 Exames macroscópicos e microscópicos ......................................................................... 71

2.9 Análise estatística ............................................................................................................. 72

3. Resultados ............................................................................................................................. 73

4. Discussão .............................................................................................................................. 90

5. Conclusões ............................................................................................................................ 98

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 99

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE CINEMÁTICA DA MARCHA ANTES E APÓS A

SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

COM ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELARErro! Indicador não

definido.

1. Introdução ........................................................................................................................... 106

2. Material e métodos ............................................................................................................. 107

2.1 Procedimento cirúrgico .................................................................................................. 107

2.1.1 Retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento patelar ............................ 108

2.1.2 Substituição do ligamento cruzado cranial ............................................................... 110

2.2 Pós-operatório ................................................................................................................ 112

2.3 Avaliação clínica ............................................................................................................ 112

2.4 Coleta de dados cinemáticos .......................................................................................... 113

Page 14: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xiv

2.5 Análise estatística ........................................................................................................... 115

3. Resultados ........................................................................................................................... 116

4. Discussão ............................................................................................................................ 120

5. Conclusão ........................................................................................................................... 125

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 126

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 129

Page 15: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xv

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

FIGURA 1- Ilustração do fêmur de ruminantes em vista caudal (A) e lateral (B) e, ilustração

da tíbia e fíbula em vista caudal (C)…………………............................................. 4

CAPÍTULO 2 – IMPLICAÇÕES IMAGINOLÓGICAS, ARTROSCÓPICAS E

HISTOPATOLÓGICAS DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO

CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

FIGURA 1- Imagens da retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento patelar da

articulação femorotibiopatelar direita de ovino da raça Santa Inês. (A) Acesso

longitudinal cranial da articulação e serra óssea retirando o fragmento ósseo da

tuberosidade da tíbia; (B) Régua metálica estéril e retirada do terço central do

ligamento patelar; (C) Perfuração do fragmento patelar com fio de Kirschner e

mensuração do fragmento da tuberosidade da tíbia................................................. 64

FIGURA 2- Imagens da cirurgia de substituição do ligamento cruzado cranial por enxerto

autógeno de ligamento patelar da articulação femorotibiopatelar direita de ovino

da raça Santa Inês. (A) Posicionamento e colocação dos guias no fêmur e na

tíbia, respectivamente; (B) Confecção do túnel femoral e passagem do enxerto

através dos túneis femoral e tibial; (C) Impactação do fragmento ósseo no fêmur

e fixação do enxerto com parafuso de interferência na tíbia.................................... 66

FIGURA 3- Radiografias em exposições craniocaudal (alinhamento superior) e mediolateral

(alinhamento inferior) do articulação femorotibiopatelar direito de ovino da raça

Santa Inês, fêmea, 17,5 meses. Imagens obtidas antes (0) e aos 30, 60 e 90 dias

após procedimento cirúrgico. Efusão articular (cabeça de seta); reabsorção óssea

da crista da tíbia (*), reparação óssea dos côndilos femorais (R), Côndilos

femorais (C), Osteófitos (setas tracejada) e redução do espaço interarticular

(setas cheias) aos 60 e 90 dias. E- esclerose óssea, F- fêmur, T- tíbia, P- patela,

P- parafuso e interferência…………………........................................................... 75

FIGURA 4- Imagens tomográficas em reconstrução sagital do articulação femorotibiopatelar

direito de ovino Santa Inês, fêmea 17, 5 meses, obtidas aos 30, 60 e 90 dias após

procedimento cirúrgico. Área circular hipoatenuante (entre setas) indicando a

região de osteointegração do ligamento em topografia de côndilo femoral lateral

medindo 40 mm2 (30), 34 mm

2 (60) e 14 mm

2 (90). P- patela, F- fêmur, T-

tíbia……………………........................................................................................... 76

FIGURA 5- Ultrassonografia da articulação femorotibiopatelar direito em cortes sagitais

infrapatelar (INFRA), supra patelar (SUPRA) e lateral (LAT) de ovino Santa

Inês, fêmea, 17,5 meses, obtidas antes e 30, 60, e 90 dias após procedimento

cirúrgico. F- fêmur, T- tíbia, P- patela, LP- ligamento.patelar, M- menisco, EA-

espaço articular, Seta – fio de sutura………………………………….................... 76

Page 16: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xvi

LISTA DE FIGURAS (continuação)

FIGURA 6- Artroscopia da articulação femorotibiopatelar direita de ovino Santa Inês, fêmea,

17,5 meses, obtidas aos 30 (A), 60 (B) e 90 (C) dias após procedimento cirúrgico.

F- fibroses, S- vascularização da sinóvia (setas), V- vilosidades.............................. 77

FIGURA 7- Fotografia macroscópica da articulação femorotibiopatelar de ovinos, da raça

Santa Inês, submetidos a substituição anatômica (presssfit) do ligamento cruzado

cranial aos 30, 60 e 90 dias após a cirurgia. Vista cranial da articulação

femorotibiopatelar (A) evidenciando a presença de fibrose periligamentar (seta

tracejada); vista cranial da fossa troclear com desgaste da cartilagem e formação

de erosão (seta preta); e face articular da patela com lesão de contato na

cartilagem sobreposta a fossa troclear (asterisco)..................................................... 78

FIGURA 8- Fotomicrografia da sinóvia direita de ovinos submetidos a procedimento de

substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. (A) Membrana

sinovial da cápsula articular com moderada fibrose da íntima (seta) e

vascularização acentuada (cabeça de seta). H&E. (B) Membrana sinovial

pericondilar aos 30 dias com infiltrado inflamatório mononuclear moderado

(seta), moderada fibrose da íntima (estrela) e vascularização acentuada (cabeça de

seta). H&E. (C) Membrana sinovial pericondilar aos 60 dias com moderada

fibrose da íntima (seta) e vascularização acentuada (cabeça de seta). (D)

Membrana sinovial pericondilar aos 90 dias com acentuada fibrose da íntima

(seta) e vascularização moderada (cabeça de seta)................................................... 80

FIGURA 9- Fotomicrografia do côndilo direit0 de ovinos submetidos a procedimento de

substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 30 dias.

Cartilagem articular apresentando eosinofilia da zona superficial e de transição

(seta) e necrose discreta de condrócitos (cabeça de seta). Observar a organização

em fileiras de condrócitos e calcificação anormal (duplicação da tidemark). H&E.

B. 60 dias. Cartilagem articular apresentando eosinofilia da zona superficial, de

transição e radial (seta). Desorganização das fileiras de condrócitos e calcificação

anormal (duplicação da tidemark). H&E. C. 90 dias. Cartilagem com eosinofilia

das zonas superficial e de transição, áreas de fibrilação em zona radial (seta) e

necrose moderada de condrócitos (cabeça de seta). Desorganização acentuada das

fileiras de condrócitos. D. 60 dias. Duplicação de tidemark (seta). H&E................. 81

FIGURA 10- Fotomicrografia do enxerto do ligamento de ovinos submetidos a procedimento

de substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 60 dias.

Região de transição entre a formação de tecido fibrovascular na periferia do

ligamento (canto inferior direito) e o ligamento (canto superior esquerdo).

Observar a organização dos agrupamentos de fibras ligamentares (estrela) e o

padrão desorganizado e frouxo das fibras do tecido fibrovascular (cabeça de

seta). Há infiltrado inflamatório mononuclear moderado e perivascular (seta).

H&E. B. 90 dias. Centro do ligamento evidenciando a vascularização moderada

(cabeça de seta), infiltrado inflamatório mononulear perivascular (seta) e

hipercelularidade (estrela). H&E. C. 30 dias. Centro do enxerto do ligamento

com evidencia a coloração vermelha após polarização da imagem, indicando

predominância de colágeno tipo III. Observar o padrão de organização

ligamentar e a densidade das fibras (seta). Picrosirius. D. Periferia do enxerto de

ligamento com evidencia de coloração amarelo esverdeado após polarização da

imagem, indicando predominância de colágeno tipo I. Observar a

desorganização das fibras de colágeno e o distanciamento entre elas (seta).

Picrosirius................................................................................................................. 84

Page 17: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xvii

LISTA DE FIGURAS (continuação)

FIGURA 11- Fotomicrografias do ligamento inserido no côndilo direito de ovinos submetidos

a procedimento de substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado

cranial. A. 30 dias. Centro do ligamento no côndilo com acentuada quantidade

de tecido fibrovascular frouxo (cabeça de seta) e osteointegração (seta). H&E. B.

60 dias. Centro do ligamento no côndilo com acentuada quantidade de tecido

fibrovascular denso e hipercelular (cabeça de seta) e osteointegração (seta).

H&E. C. 90 dias. Centro do ligamento no côndilo com acentuado tecido

fibrovascular denso e organizado (cabeça de seta) com hipercelularidade na

periferia da área de osteointegração (seta). Observar a organização do tecido

ósseo e evidenciação das lamelas ósseas na periferia (seta). H&E. D. 90 dias.

Centro do ligamento no côndilo com evidencia de coloração vermelha (cabeça

de seta) após polarização da imagem, indicando predominância de colágeno tipo

III e discreta quantidade de áreas amarelo esverdeadas após polarização (seta).

Picrosirius................................................................................................................. 86

FIGURA 12- Fotomicrografia da tróclea direita de ovinos submetidos a procedimento de

substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 30 dias.

Cartilagem articular apresentando eosinofilia da zona superficial, perda de

condrócitos (seta) e hiperplasia de condroblastos (cabeça de seta). H&E. B. 30

dias. Cartilagem articular apresentando perda de condrócitos (seta), aumento da

atividade osteoblástica multifocal (estrela) e calcificação anormal (duplicação da

tidemark) (cabeça de seta) H&E. C. 60 dias. Cartilagem com eosinofilia das

zonas superficial e de transição (necrose condral) (seta), áreas discretas de

fissura superficial e redução da altura da cartilagem. D. 60 dias. Substituição de

todas as zonas por tecido fibrocartilaginoso (estrela) com evidente hiperplasia de

condroblastos na superfície condral e trabécula óssea subcondral de espessura

moderada. H&E. E. 90 dias. Atividade osteoblástica acentuada (estrela) e

reparação da cartilagem na zona superficial, necrose condral em zonal radial

(seta) e fissuras (cabeça de seta) H&E. F. 90 dias. Substituição difusa da

cartilagem por tecido fibroso cartilaginoso (estrela) e redução acentuada da

espessura das trabéculas ósseas subcondrais (traços). H&E................................... 89

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE CINEMÁTICA DA MARCHA ANTES E APÓS A

SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

COM ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

FIGURA 1- Imagens da retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento

patelar da articulação femorotibiopatelar direita de ovino da raça Santa

Inês. (A) Acesso longitudinal cranial da articulação e serra óssea retirando

o fragmento ósseo da tuberosidade da tíbia; (B) Régua metálica estéril e

retirada do terço central do ligamento patelar; (C) Perfuração do

fragmento patelar com fio de Kirschner e mensuração do fragmento da

tuberosidade da tíbia.....................................................................................

109

Page 18: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xviii

LISTA DE FIGURAS (continuação)

FIGURA 2- Imagens da cirurgia de substituição do ligamento cruzado cranial por

enxerto autógeno de ligamento patelar da articulação femorotibiopatelar

direita de ovino da raça Santa Inês. (A) Posicionamento e colocação dos

guias no fêmur e na tíbia, respectivamente; (B) Confecção do túnel

femoral e passagem do enxerto através dos túneis femoral e tibial; (C)

Impactação do fragmento ósseo no fêmur e fixação do enxerto com

parafuso de interferência na tíbia..................................................................

111

FIGURA 3- (A) Laboratório de biomecânica equipado com dez câmeras

infravermelho (Bonita 10 Vicon, Oxford, UK), operando a uma

frequência de 100 Hz e software Vicon Nexus 2.1.2. (B) Para cada

análise o sistema foi calibrado para um espaço tridimensional teste de 6

m de comprimento x 2 m de largura x 1,5 m de altura...............................

114

FIGURA 4- (A) Marcadores esféricos retroreflexivos (1,2 cm de diâmetro) em

posições específicas do membro pélvico direito: sobre o trocânter maior

do fêmur, epicôndilo lateral do fêmur, diáfise da tíbia, maléolo lateral,

aspecto lateral distal dos metatarsos III e IV e apenas o aspecto lateral

distal de metatarsos III e IV do membro pélvico esquerdo. (B) Imagens

tridimensionais dos marcadores reflexivos captados pelas câmeras............. 114

FIGURA 5- Representação gráfica do ângulo da articulação femorotibiopatelar

durante um ciclo da marcha de ovinos fêmea, adulta, avaliada antes da

cirurgia e aos 30, 60 e 90 dias de pós-operatório.......................................... 117

FIGURA6- Representação gráfica do ângulo do tarso durante um ciclo da marcha de

ovinos fêmea, adulta, avaliada antes da cirurgia e aos 30, 60 e 90 dias de

pós-operatório............................................................................................... 119

Page 19: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xix

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2 – IMPLICAÇÕES IMAGINOLÓGICAS, ARTROSCÓPICAS E

HISTOPATOLÓGICAS DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO

CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

TABELA 1- Medianas dos escores das variáveis obtidas aos exames de radiografia,

tomografia e ultrassonografia realizados na articulação femorotibiopatelar

direito de ovinos fêmeas adultas da raça Santa Inês após reconstrução do

ligamento cruzado cranial, Goiânia, 2016.………………………….................... 74

TABELA 2- Medianas dos escores da variável artroscópica empregada para avaliação

da articulação femorotibiopatelar direito de ovinos fêmeas adultas........... 77

TABELA 3- Medianas dos escores de lesões da cartilagem articular do côndilo

tróclea e patela da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos

fêmeas adultas............................................................................................. 79

TABELA 4- Medianas dos escores de lesões da cartilagem articular do côndilo

tróclea e patela da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos

fêmeas adultas............................................................................................. 79

TABELA 5- Medianas da somatória de escores da avaliação da cartilagem do côndilo

femoral da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas

adultas......................................................................................................... 82

TABELA 6- Medianas dos escores da avaliação microscópica do enxerto de

ligamento patelar e tipo de tecido formado no centro do ligamento da

articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas................ 83

TABELA 7- Medianas dos escores da avaliação microscópica da inserção do enxerto

de ligamento patelar no côndilo e tipo de tecido formado no centro do

ligamento junto ao osso na articulação femorotibiopatelar direita de

ovinos fêmeas adultas................................................................................. 87

TABELA 8- Medianas da somatória de escores da avaliação da cartilagem da tróclea

da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas........... 88

Page 20: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xx

LISTA DE TABELAS (continuação)

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE CINEMÁTICA DA MARCHA ANTES E APÓS A SUBSTITUIÇÃO

ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO

AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

TABELA 1- Medianas dos escores de avaliação das variáveis: claudicação e crepitação

obtidas durante exame clínico do membro pélvico direito de ovinos fêmeas,

adultas………………..............................................................................................

116

TABELA 2- Médias e desvios-padrão (Media ± DP) das variáveis cinemáticas: comprimento

do passo (mm), largura do passo (mm), fase de apoio (%), fase de balanço (%),

tempo total do passo (s), pico máximo do ângulo da articulação

femorotibiopatelar (°) e ângulo do tarso (°), obtidas no pré-cirúrgico (antes) e

pós-cirúrgico (depois) da articulação femorotibiopatelar direito de ovinos,

fêmeas, adultas.…......………………………………………………….................. 118

Page 21: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xxi

LISTA DE QUADROS

CAPÍTULO 2 – IMPLICAÇÕES IMAGINOLÓGICAS, ARTROSCÓPICAS E

HISTOPATOLÓGICAS DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO

CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

QUADRO 1- Distribuição dos grupos experimentais de acordo com o tempo em dias de

avaliação e os exames realizados antes e após a cirurgia…..................................... 51

QUADRO 2- Sistema de escores para avaliação das imagens radiográficas e

tomográficas………………………………………………………......................... 68

QUADRO 3- Sistema de escores para avaliação das imagens ultrassonográficas......................... 69

QUADRO 4- Sistema de escores para avaliação das vilosidades e vascularização da membrana

sinovial………………………………………………............................................. 70

QUADRO 5- Sistema de escores para avaliação macroscópica da cartilagem condilar medial e

lateral, troclear e patelar........................................................................................... 72

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE CINEMÁTICA DA MARCHA ANTES E APÓS A SUBSTITUIÇÃO

ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO

AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

QUADRO1- Sistema de escores para características de claudicação e apoio do membro. 113

QUADRO 2- Sistema de escores para presença de crepitação na articulação

femorotibiopatelar......................................................................................... 113

Page 22: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xxii

RESUMO

As consequências da instabilidade causada pela ruptura do ligamento cruzado anterior e

ligamento cruzado cranial, em seres humanos e cães, respectivamente, é a instauração e

progressão da doença articular degenerativa. No intuito de minimizar a progressão desta

doença objetivou-se com este estudo avaliar a técnica de substituição anatômica pressfit do

ligamento cruzado cranial em ovinos, por meio de exames clínicos, imaginológicos,

artroscópicos, histopatológicos, imunológicos e cinemáticos. O estudo foi conduzido com 17

ovinos, fêmeas da raça Santa Inês. No exame clínico pode-se observar que a claudicação, e

crepitação apresentaram alterações significativas (p<0,002) aos 15 dias após a cirurgia. Os

exames radiográficos mostraram que houve um aumento quinzenal do escore, indicando a

presença de alterações radiográficas discretas progressivas até os 90 dias após a cirurgia. As

alterações foram mais evidentes a partir dos 60 dias pós-cirurgia com o surgimento de

osteófitos na borda cranial da crista tibial em um animal. A tomografia computadorizada foi

mais sensível para observação das lesões aos 30, 60 e 90 dias após a cirurgia. Observaram-se

alterações discretas de efusão articular e formação osteofítica assim como observado na

imagem radiográfica. A região topográfica correspondente a ao túnel femoral lateral pôde ser

observada e avaliada apenas pela tomografia computadorizada. As alterações com formação

acentuada de osteófitos pôde ser facilmente detectada pela imagem de tomografia. A

ultrassonografia foi mais sensível na detecção precoce das lesões de tecidos moles. Aos 30

dias após a cirurgia 90% dos animais apresentavam escore discreto para os achados

ultrassonográficos. A artroscopia avaliou o grau de vascularização e o tipo de vilosidades da

sinóvia. À medida que o tempo cirúrgico aumentava a quantidade de vascularização, fibrose e

quantidade de vilos diminuíam (p≤0,05). Não foram encontradas alterações de erosão e

fibrilação na cartilagem articular. Igualmente não se observou osteofitose nos compartimentos

lateral e medial e próximo ao recesso supra patelar. A sinóvia na inserção do côndilo lateral

apresentava-se mais hiperêmica na maioria dos animais. As concentrações do TNF-alfa não

variam do pré ao pós-cirúrgico 30 (p=0,39), 60 (p=0,45) e 90 (p=0,16) dias após a cirurgia. A

maioria dos animais aos 30 dias de pós-operatório apresentou aumento desta citocina. À

análise biomecânica todos os animais apresentaram diminuição na largura do passo após a

cirurgia (p<0,05). O comprimento do passo foi maior (p>0,05) aos 60 dias (676.23±22.58mm)

e aos 90 dias (733.99±35.22mm) do pós-cirúrgico. A fase de apoio foi menor (p<0,05) e a

fase de balanço foi maior (p<0,05) após 30 e 60 dias de cirurgia. O ângulo de flexão da

articulação femorotibiopatelar aumentou (p=0,003), comparativamente entre o pré-cirúrgico e

aos 30 dias de pós-cirúrgico e embora não tenha sido observada variação no ângulo de flexão

do tarso em nenhum grupo pode-se notar uma diminuição dos valores no grupo 30 dias

(p>0,05) e valores aproximados entre o pré-cirúrgico e o grupo 90 (p>0,05). Os achados

histopatológicos da cartilagem e enxerto sugerem alterações iniciais de osteoartrite. Desta

forma, conclui-se que a substituição anatômica pressfit do ligamento cruzado cranial é capaz

de promover satisfatória recuperação funcional da articulação femorotibiopatelar em ovinos

adultos jovens da raça Santa Inês.

Palavras-chave: doença articular degenerativa, joelho, osteoartrite, reconstrução ligamento

cruzado cranial

Page 23: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

xxiii

ABSTRACT

The consequences of instability caused by the rupture of the anterior cruciate ligament and

cranial cruciate ligament in humans and dogs, respectively, is the establishment and

progression of degenerative joint disease. In order to minimize the progression of this disease,

this study aimed at evaluating the pressfit anatomical replacement technique of the cranial

cruciate ligament in sheep through clinical, imaging, arthroscopic, histopathology, immune,

and kinematics examination. The study was conducted with 17 Santa Ines female sheep.

Clinical examination showed that lameness, changed significantly (p <0.002) at 15 days after

surgery. Radiographic examination showed that there was the score increased after two

weeks, indicating the presence of discrete progressive radiographic changes until 90 days after

surgery. The changes were evident from 60 days after surgery with the appearance of

osteophytes in the cranial edge of the tibial crest in one animal. Computed tomography was

more sensitive for the observation of lesions at 30, 60, and 90 days after surgery. We observed

slight alterations of joint effusion and osteophyte formation as observed in the radiographic

image. The corresponding topographic region to the lateral femoral tunnel could be observed

and measured only by computed tomography. Changes with marked osteophyte formation

could be easily detected by CT image. Ultrasonography was more sensitive in the early

detection of soft tissue injuries. At 30 days after surgery, 90% of the animals had a slight

score for the sonographic findings. Arthroscopy evaluated the degree of vascularity and type

of synovial villi. There were no erosion and fibrillation changes in articular cartilage. Also

there were no osteophytes in the lateral and medial compartments and close to the recess

above patella. At the synovium, the insertion of the lateral condyle became more hyperemic in

most animals. TNF-alpha concentrations did not vary among pre and post-surgery periods –

30 (p = 0.39), 60 (p = 0.45), and 90 (p = 0.16) days after surgery. Most of the animals at 30

days postoperatively showed cytokine increase. At biomechanical analysis, all animals

showed a decrease in the width of the step after surgery (p <0.05). The step length was greater

(p <0.05) at 60 (676.23 ± 22.58mm) and 90 (733.99 ± 35.22mm) postsurgical days. The

support stage was lower (p <0.05) and the swing phase was higher (p <0.05) after 30 and 60

days after surgery. The bending angle of the femorotibiopatelar joint increased (p = 0.003)

when comparing preoperative and 30 days after surgery periods. Although variation was not

observed in the tarsal flexion angle in any group, a decrease in the values in the group 30 days

(p> 0.05) and approximate values between the preoperative and the 90 group (p> 0.05) were

noticed. Histopathological findings of cartilage and graft suggested early osteoarthritis

changes. In conclusion, the anatomical replacement pressfit of the cranial cruciate ligament is

able to promote satisfactory functional recovery of femorotibiopatelar joint in Santa Ines

young adult sheep.

Keywords: degenerative joint disease, knee, osteoarthritis, ligament reconstruction cranial

Page 24: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. Introdução

No ser humano a articulação femorotibiopatelar é a mais comumente

lesionada devido a sua estrutura anatômica, a exposição às forças externas e as

demandas funcionais a que está sujeita1. Em animais, estes e outros fatores, como

doenças metabólicas e autoimunes, podem ocasionar alterações nos ligamentos, sendo a

ruptura do ligamento cruzado cranial (LCCr) uma das enfermidades clínicas mais

comum do membro pélvico, a mais frequente da articulação femorotibiopatelar e a

principal responsável pela doença articular degenerativa (DAD)2-7

.

Em decorrência dos prejuízos na qualidade de vida e da morbidade

desencadeada, a DAD é a artropatia mais incapacitante e comum do cão e do homem,

sendo a causa de sofrimento por dor crônica em pacientes idosos, podendo também

acometer pacientes jovens8. Uma das grandes preocupações dos cirurgiões ortopedistas

está relacionada com a instauração e progressão desta doença associada à ruptura do

ligamento cruzado cranial ou em consequência de tratamentos adotados na

reconstrução. Essa ruptura é a principal causa da perda da função estabilizadora e

consequentemente da instauração da DAD. A sinovite e consequente liberação dos

mediadores inflamatórios pelos sinoviócitos são fatores iniciadores da doença9.

Frente as dificuldade na condução de estudos aplicados em cães e no

homem, a utilização de ovinos como modelo experimental para estudos da articulação

femorotibiopatelar nesta espécie tem aumentado devido à similaridade anatômica entre

essa articulação e a do ser humano2, ao amplo tamanho quando comparada com a

articulação dos cães10,11

, a facilidade de pesquisas sobre ruptura de ligamento cruzado e

transplantes de menisco10-13

e a fatores éticos e emocionais que dificultam a realização

de estudos aplicados em algumas espécies, principalmente, em animais de companhia13

.

Diante a importância e complexidade da lesão do LCCr em cães observa-se

que os principais fatores responsáveis pela ruptura são as lesões por hiperextensão14,15

; a

senescência; a associação de afecções articulares, como artrite séptica, artrite de base

imune ou osteoartrite16

; a deformidade da porção proximal da tíbia caracterizada por

arqueamento cranial proximal com angulação caudal da superfície articular tibial17

e a

Page 25: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

2

instabilidade em valgo da articulação femorotibiopatelar por desuso do membro pélvico

com ruptura gradual do LCCr8,18

.

O diagnóstico da ruptura do LCCr, tanto na Medicina humana quanto na

Veterinária, é realizado com a avaliação física do paciente pela movimentação cranial

da tíbia em relação ao fêmur, teste chamado de “sinal de gaveta” 19,20

, e pelo teste de

compressão tibial20,21

. Associados aos exames físicos, os exames complementares,

principalmente os de imagem, são de extrema importância para o diagnóstico de

afecções na articulação femorotibiopatelar.

A avaliação da ruptura do ligamento cruzado é geralmente realizada, em

veterinária, por meio dos exames clínicos e radiográficos. Contudo, exames

ultrassonográficos, tomográficos, artroscópicos, biomecânicos e imunológicos são

importantes na diferenciação das estruturas envolvidas e na determinação da progressão

da doença articular. Para caracterizar a presença e extensão da doença articular é

necessário mais que uma modalidade de avaliação21-23

.

Considerando as técnicas de reconstrução do ligamento cruzado cranial,

sabe-se que os procedimentos intra-capsulares para reparação do LCCr resultam em

movimentação articular mais próxima do fisiológico em consequência da melhor

estabilização articular e abrandamento da DAD14

. Portanto, o objetivo fundamental na

reparação do LCCr é o retardo na progressão da DAD após a estabilização cirúrgica24

.

No emprego da técnica intra-capsular, em casuística de atendimento

hospitalar, foi testado por artrotomia a técnica de reparação do ligamento cruzado

anterior realizando a fixação sob pressão (pressfit) do enxerto osso-ligamento-osso

(OLO) de ligamento patelar em um túnel formado no fêmur e pôde-se observar que em

relação a outras técnicas já descritas a pressfit permitiu a reconstrução anatômica

adequada do enxerto, além de maior estabilidade e resistência a tração. Outra vantagem

observada foi o menor custo cirúrgico, fato que os autores associaram ao emprego de

parafuso de interferência apenas na tíbia em substituição aos já tradicionais parafusos

aplicados à tíbia e fêmur25

. No entanto, sobre as alterações morfológicas e histológicas,

tanto de estruturas intra-capsulares (cartilagem, osso subcondral, enxerto autógeno,

sinóvia) quanto na região de osteointegração no fêmur, não foram encontradas na

literatura consultada informações sobre severidade e progressão da DAD tanto em

animais quanto em seres humanos após a reconstrução com a técnica pressfit.

Analisando as consequências e danos causados pela ruptura do ligamento

cruzado e no intuito de minimizar a progressão da osteoartrite objetivou-se com este

Page 26: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

3

estudo avaliar a técnica de substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado

cranial em ovinos, por meio de exames clínicos, imaginológicos, artroscópicos,

histopatológicos, imunológicos e cinemáticos.

2. Aspectos gerais sobre a articulação femorotibiopatelar

2.1 Anatomia óssea da articulação femorotibiopatelar de ovinos

O estudo do movimento da articulação femorotibiopatelar e da ruptura e

reconstrução do ligamento cruzado cranial em ovinos envolve a compreensão anatômica

dos ossos, dos ligamentos estabilizadores mediais e laterais, dos ligamentos cruzados

cranial e caudal, dos meniscos medial e lateral e da musculatura do quadríceps5,26

.

Embora a anatomia da articulação femorotibiopatelar de ovino assemelhe-se

ao dos seres humanos e, portanto seja o modelo experimental adequado para o estudo da

ortopedia comparada, existem diferenças que devem ser consideradas na avaliação e

abordagem cirúrgica da articulação2. Comparando-se a articulação femorotibiopatelar

do ovino e do homem observa-se no ovino a presença do tendão do músculo extensor

longo dos dedos no aspecto craniolateral da articulação, ausência do ligamento

meniscofemoral cranial no espaço articular caudal e origem difusa do ligamento patelar

nos dois terços proximais do aspecto dorsal da patela2,11

. Em relação aos ossos,

articulação femorotibiopatelar do ovino é constituída pelo fêmur distal, tíbia proximal e

patela5.

A articulação femorotibiopatelar de ovinos e de seres humanos é

responsável pela transferência de forças estáticas e dinâmicas5 para todo o membro

pélvico, que é formado pela pelve, dividido em ílio, ísquio e púbis; a coxa, sustentada

pelo fêmur e patela; a perna, formada pela tíbia e fíbula; e o pé, formado pelos tarsos,

metatarsos e falanges27-30

.

O osso fêmur dos ovinos é ligeiramente curvo na porção diafisária, com a

convexidade dirigida cranialmente. O trocanter maior é mais alto que a cabeça do fêmur

e apresenta uma fóvea rasa. O côndilo femoral lateral é maior que o côndilo medial nas

direções craniocaudal e mediolateral e são ligeiramente oblíquos com a superfície

articular do côndilo lateral mais curva que a do medial (Figura 1)5,28

. No fêmur distal

está localizada a tróclea, formada por duas cristas ligeiramente oblíquas e assimétricas,

sendo a crista medial maior que a lateral com um sulco largo e profundo entre elas5,28

.

Page 27: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

4

Em ovinos jovens os discos epifisários do fêmur distal se fundem entre três anos e três

anos e meio5.

Sobre a tróclea encontra-se a patela, uma estrutura alongada e estreita em

ovinos quando comparada a de outros ruminantes. No aspecto lateral e medial a

superfície da patela é rugosa para a fixação dos ligamentos femoropatelares lateral e

medial. Na porção caudal ela é lisa e forma a superfície articular, que é convexa na

direção mediolateral e côncava na direção proximodistal5,28

. A patela serve de proteção

para a articulação do articulação femorotibiopatelar e de polia para o tendão dos

músculos do quadríceps que se insere na crista da tíbia26,28

.

A tíbia dos ovinos é longa e delgada e tem o corpo curvado com o lado

medial convexo (Figura 1). O platô tibial consiste em dois côndilos articulares, sendo

que o côndilo medial tem uma maior circunferência abaxial. As eminências

intercondilares medial e lateral são de tamanhos similares. O platô tibial apresenta

declive de cranioproximal para caudodistal com ângulo de 20º ± 3º em relação ao eixo

longo da tíbia. A fíbula é vestigial e consiste apenas das extremidades proximal,

representada por uma pequena proeminência distal à margem lateral do côndilo lateral

da tíbia e, a extremidade distal forma o maléolo lateral5,28

. Na tíbia proximal e fíbula

proximal as placas epifisárias se fundem aos três anos e meio de idade, enquanto que na

tíbia distal a fusão ocorre entre 15 e 20 meses e na fíbula distal aos três anos28

.

FIGURA 1 – Ilustração do fêmur de ruminantes em vista caudal (A) e lateral (B) e,

ilustração da tíbia e fíbula em vista caudal (C)

Fonte: Adaptado de SISSON28

Page 28: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

5

2.2 Componentes da articulação femorotibiopatelar

A articulação femorotibiopatelar é uma articulação do tipo sinovial que

realiza uma grande variedade de movimentos, sendo formada pela cápsula articular,

cartilagem articular e líquido sinovial. Além destes constituintes comuns às articulações

sinoviais, a articulação femorotibiopatelar, contém ligamentos extra e intra-articulares e

meniscos lateral e medial5. É formada por duas articulações principais, a femorotibial e

femoropatelar, e existe uma comunicação entre as cavidades articulares femoropatelar e

femorotibial medial28

.

A cápsula articular é composta predominantemente por colágeno tipo I e é

dividida em duas partes, a camada fibrosa, localizada externamente e contínua ao

periósteo e a membrana sinovial, que circunda a cavidade sinovial onde não há

cartilagem articular31

. Em ovinos, essa cápsula articular insere-se ao redor da margem

da superfície articular na patela e a uma distância variável no fêmur, formando um

fundo de saco sob o músculo quadríceps da coxa. Distal à patela, a cápsula encontra-se

separada dos ligamentos patelares pelo corpo adiposo infrapatelar e distalmente está em

contato com as cápsulas femorotibiais5.

Em contato com a membrana sinovial, está o líquido sinovial, um dialisado

do plasma ao qual são adicionadas glicoproteínas oriundas das células da membrana

sinovial. A viscosidade normal do líquido sinovial resulta da quantidade de

polimerização do ácido hialurônico, que é uma glicoproteína. O ácido hialurônico

promove uma coloração rósea homogênea à levemente granular no fundo da lâmina do

esfregaço, e a intensidade é diretamente proporcional à quantidade de ácido hialurônico

presente32,33

.

As cartilagens articulares que recobrem os côndilos femorais, platô tibial,

tróclea e face ventral da patela são formadas por tecido cartilaginoso, que é um tipo

especializado de tecido conjuntivo e, apresenta consistência semirrígida, é avascular e

contém matriz extracelular esparsamente povoada por condrócitos5,31

. Esta matriz é

composta por 48% a 62% de colágeno tipo II e 22% a 38% de proteoglicanos. Outros

tipos de colágenos como V, VI, IX, X, XI e outros colágenos secundários fazem parte

da composição da matriz cartilaginosa em menor concentração. As glicosaminoglicanas

presentes são condroitim-4-sulfato, condroitim-6-sulfato, heparam-sulfato e ácido

hialurônico34

.

Page 29: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

6

A espessura da cartilagem articular é variável entre as espécies. Em ovinos a

espessura da cartilagem da tróclea femoral varia de 400 e 1000 μm35

.

Comparativamente à do coelho, a cartilagem articular do côndilo femoral medial do

ovino é uma vez e meia mais espessa36

e, em relação à cartilagem do côndilo femoral

humano (2-3 mm) a do ovino é considerada fina (1 mm) 37

.

A cartilagem é dividida em quatro zonas com diferentes funções:

superficial, intermediária ou transicional, profunda ou radial e zona da cartilagem

calcificada. Não existe uma margem bem definida de onde termina uma e começa outra

em relação às três zonas mais superficiais5,31

.

A zona superficial é a mais fina. É constituída por fibras colágenas com

orientação paralela à superfície articular, baixa concentração de proteoglicanos e

condrócitos alongados e achatados, paralelos à superfície. Essa zona é a principal

responsável pela resistência às forças de tensão e cisalhamento exercidas na cartilagem.

A zona intermediária representa 40-60% da espessura da cartilagem. É formada por

proteoglicanos e fibras colágenas mais espessas que da zona superficial, organizadas em

camadas radiais. Os condrócitos dessa região têm baixa densidade e forma arredondada.

A zona profunda tem a maior quantidade de proteoglicanos e possui as fibras colágenas

mais espessas da cartilagem, sendo estas dispostas radialmente com orientação

perpendicular à superfície. Os condrócitos dessa região são esféricos e dispostos em

colunas perpendiculares à superfície, também apresentando baixa densidade34

.

A região da cartilagem calcificada é separada das outras zonas pela tidemark

e separa a cartilagem hialina do osso subcondral. Sua principal função é ancorar a

cartilagem ao osso por meio das fibras colágenas. Os condrócitos dessa região têm um

volume menor do que na zona profunda e apresentam-se em pequena quantidade 38,39

. A

concentração de água e colágeno aumenta em direção à superfície articular, enquanto

que a concentração de proteoglicanos aumenta em direção à zona profunda40,41

.

A matriz extracelular é dividida em três regiões: matriz pericelular, matriz

territorial e matriz interterterritorial. A matriz pericelular é composta pelos produtos de

síntese dos condrócitos como proteoglicanos e glicoproteínas. A matriz territorial

localiza-se imediatamente adjacente a matriz pericelular e contém uma malha densa de

fibras colágenas envolvendo as células como um cesto, proporcionando proteção aos

condrócitos. A matriz interterritorial compõe a maior parte do volume da cartilagem e

tem as fibras colágenas dispostas como arcos góticos, à medida que as mesmas

apresentam orientação perpendicular à superfície na zona profunda e orientação paralela

Page 30: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

7

a ela na zona superficial39,42

. A matriz extracelular é constituída por colágeno tipo II (90

- 98%), colágenos tipo VI, IX, X, XI, grandes proteoglicanos, sendo o agrecam o

principal representante (90%), glicosaminoglicanos (condroitim sulfato, dermatam

sulfato, queratam sulfato e ácido hialurônico), pequenos proteoglicanas (decorim,

biglycam, fibromodulina) e proteínas não colágeno (ancorina, fibronectina)39

.

Os proteoglicanos (PGs) são macromoléculas complexas constituídas de um

esqueleto protéico ao qual se ligam, covalentemente, uma ou mais cadeias de

glicosaminoglicanos. Glicosaminoglicanos (GAGs), por sua vez, são

heteropolissacarídeos lineares que apresentam como estrutura básica unidades

dissacarídicas repetitivas. Essas unidades dissacarídicas são constituídas por uma

hexosamina (D-glucosamina ou D-galactosamina) e por um açúcar não nitrogenado, que

pode ser um ácido urônico (D-glucurônico ou Lidurônico) ou ainda um açúcar neutro

(D-galactose), unidas entre si por ligações glicosídicas. Aos monossacarídeos podem

estar esterificados grupos sulfatos, que juntamente com os grupamentos carboxílicos

dos ácidos urônicos, conferem alta densidade de cargas negativas a esses polímeros. São

justamente essas cargas aniônicas que conferem a natureza carregada da matriz

extracelular e fazem as cadeias laterais dos glicosaminoglicanos constituintes dos

proteoglicanos se repelirem mutuamente mantendo as moléculas em estado de extensão,

além de atrair e capturar os dipolos eletropositivos (íons H+) da água e o íon sódio que

faz com que esse tecido seja extremamente hidrofílico, transformando a matriz

extracelular em uma estrutura análoga a uma esponja molecular, conferindo à

cartilagem capacidade de resistência às forças de compressão41,43,44,45

.

O ácido hialurônico (AH), denominado também hyaluronan, é um GAG não

sulfatado caracterizado por seu grande comprimento e representa a forma mais precoce

evolucionária dos GAGs. Ele é o único GAG que não apresenta sulfatação e que não se

encontra covalentemente ligado a um esqueleto protéico formando um proteoglicano. O

AH pode interagir com o proteoglicano agrecam, formando os agregados de

proteoglicanos presentes na cartilagem. A ligação entre o proteoglicano e o AH é

estabilizada por uma proteína denominada proteína de ligação. Sua síntese é realizada

na membrana plasmática da célula pela hyaluronan synthase e sua liberação ocorre

diretamente no espaço extracelular onde há a formação dos agregados de proteoglicanos

na matriz pericelular. Ainda não se sabe ao certo como os agregados de proteoglicanos

se locomovem para as regiões mais remotas da matriz extracelular. A função básica do

AH é reter água e regular seu fluxo no tecido. Devido a sua alta viscosidade, o AH

Page 31: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

8

contribui atuando como um excelente protetor e lubrificante das articulações. A sua

expressão é influenciada por estímulos mecânicos e por outras citocinas. A

Interleucina1-β (IL1-β) estimula sua síntese enquanto que o transforming growth factor

β1 (TGF- β1) tem ação contrária. O conteúdo de HA na cartilagem articular aumenta

com a idade e seu tamanho diminui. Além das funções já conhecidas, suspeita-se

também que o AH tenha um papel multifatorial de acordo com seu grau de

polimerização, estimulando a inflamação em suas formas de baixo peso molecular e

agindo como antiinflamatório nas formas de alto peso molecular, conforme demonstram

alguns estudos com seu uso exógeno39,46-52

.

2.3 Ligamentos da articulação femorotibiopatelar de ovinos

Os ligamentos patelares de ovinos estão dispostos em três bandas muito

fortes que conectam a patela à tuberosidade da tíbia. O ligamento patelar lateral estende-

se da parte lateral da superfície cranial da patela até a parte lateral da tuberosidade da

tíbia. O ligamento patelar intermediário, que corresponde ao ligamento único da maioria

das espécies, estende-se da parte cranial do ápice da patela até a parte distal na

tuberosidade da tíbia28,53

.

O ligamento patelar medial é distintamente mais delgado que os outros,

origina-se proximalmente na fibrocartilagem parapatelar e insere-se na tuberosidade da

tíbia, no lado medial do sulco. Além de estar unido com a aponeurose comum do

músculo grácil e do músculo sartório, sua parte proximal fornece inserção para as fibras

do músculo vasto medial. Apesar de serem denominados ligamentos, essas estruturas

são na realidade tendões de inserção dos músculos quadríceps e bíceps da coxa. Os

ligamentos femoropatelares lateral e medial, que são duas finas cintas, reforçam a

cápsula em cada lado28

.

Os ligamentos colaterais são dispostos em colateral lateral e colateral

medial. O ligamento colateral medial origina-se na região do epicôndilo medial do

fêmur e insere-se na metáfise tibial medial, e o ligamento colateral lateral origina-se do

côndilo femoral lateral e insere-se na cabeça da fíbula. O tendão do músculo poplíteo

passa entre o ligamento colateral lateral e borda do menisco lateral5. Do ligamento

colateral lateral origina-se o tendão dos músculos fibular longo, extensor lateral dos

dedos e flexor profundo dos dedos 28

. O tendão do músculo extensor longo dos dedos é

Page 32: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

9

fusionado com o tendão do músculo fibular terceiro e surge da fossa extensora no

aspecto craniolateral do côndilo femoral proximal5 sendo uma de suas funções, auxiliar

na estabilização da articulação femorotibiopatelar28

.

Os ligamentos cruzados são estruturas intra-articulares e extra-sinoviais

recobertas por uma bainha sinovial que se estende da membrana sinovial caudal até a

inserção tibial do ligamento cruzado cranial (LCCr)28,54

. O ligamento cruzado cranial

origina-se na face interna do côndilo lateral do fêmur e insere-se na área intercondilar

central da tíbia55

e possui dois feixes de fibras, um craniomedial e outro caudolateral5

.

Seu suprimento sanguíneo é feito pela artéria genicular média, ramo da artéria poplítea,

e pela artéria genicular descendente, originária da artéria femoral54

.

O ligamento cruzado caudal origina-se no côndilo femoral medial e insere-

se no encaixe poplíteo na superfície caudal do platô tibial5,55,56

. Nos ovinos, há um

grande coxim adiposo infrapatelar que preenche a porção dorsal do espaço articular

femorotibial, unindo e obscurecendo o ligamento cruzado cranial5. Esse tecido adiposo

também é suprido pela artéria genicular descendente54

.

Na articulação femorotibiopatelar de ovinos estão presentes dois meniscos,

o medial e o lateral, localizados entre os côndilos femorais e o platô tibial e ambos

unidos à tíbia por dois ligamentos curtos, um cranial e outro caudal. O ligamento

intermeniscal conecta as bordas craniais dos dois meniscos e, um único ligamento

meniscofemoral origina-se do corno caudal do menisco lateral e insere-se na região

intercondilar medial do fêmur5. O ligamento meniscofemoral contribui

significantemente para controlar a estabilidade craniocaudal e rotatória interna e

externa. Por esta razão, o ligamento meniscofemoral é mais forte e mais largo em

ovinos, se comparado ao dos seres humanos57

.

Com a função de permitir a movimentação e estabilização articular, a

musculatura do quadríceps é formada pelos músculos reto femoral, vasto lateral, vasto

medial e vasto intermédio5. A principal atuação desse grupo muscular é a extensão da

articulação femorotibiopatelar28

. Em seres humanos e em animais os quatro músculos se

unem para formar um tendão comum, o ligamento patelar, de inserção na crista tibial5.

Com base no conhecimento detalhado da anatomia, estudos biomecânicos

em cães15,58

e avaliações cinéticas e cinemáticas na espécie ovina59

, buscam explicar a

movimentação da articulação femorotibiopatelar e, assim, avaliar a eficácia das técnicas

cirúrgicas e implantes no tratamento de lesões desta articulação. A análise do

movimento tem se mostrado um método clinicamente eficiente e simples para se estudar

Page 33: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

10

a biomecânica da articulação femorotibiopatelar e auxiliar diretamente o tratamento do

paciente, compreendendo melhor a locomoção58,60,61

.

2.4 Cinesiologia e biomecânica da articulação femorotibiopatelar

O estudo do movimento do corpo, denominado cinesiologia, pode ser

dividido em cinética, que estuda as forças geradas durante o movimento e cinemática,

que descreve o movimento e o avalia de forma quantitativa. Em relação a articulação

femorotibiopatelar, a análise cinemática define a amplitude do movimento e descreve a

superfície de movimento da articulação em três eixos: x, y e z27,28,62

. A origem de

medição das posições, em cada eixo, é definida a partir da posição anatômica natural.

Assim, qualquer alteração na amplitude ou na superfície de movimento é detectada pela

análise cinemática da marcha56,59

.

A análise cinemática da marcha pode ser realizada de forma visual, que é

dependente da habilidade e perspicácia do observador, e por instrumentação27,62

. As

formas de instrumentação para as avaliações cinemáticas, como filmes e sistemas

optoeletrônicos, que apresentam consideráveis diferenças em propriedades e precisão,

consistem em um sistema computacional, no qual os marcadores colocados em posições

estratégias, ou locais anatômicos pré-determinados, têm suas trajetórias capturadas por

câmeras especializadas27,30

.

Os marcadores podem ser não reflexivos, quando há um delinear em cor que

é reconhecido pelo sistema cinemático; retrorreflexivos, quando constituídos de material

que reflete a luz para a fonte de imagem a ser rastreada pelo sistema cinemático; e de

diodo emissores de luz (LED), que requerem uma combinação do indivíduo ao

computador27

.

A avaliação cinemática em animais pode ser aplicada tanto para o estudo do

indivíduo hígido como para o portador de afecção. Contudo, para compreender as

alterações na locomoção é necessário entender a locomoção considerada normal. O

“normal” precisa ser interpretado levando-se em consideração as variações associadas

ao sexo e à idade e, mesmo, os extremos da geometria do corpo59,63

, sendo importante

considerar as variações morfológicas associadas com as raças62,64

.

A amplitude de movimentos permitida em uma articulação depende da

forma das superfícies articulares e, da estrutura e organização dos ligamentos que unem

Page 34: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

11

os ossos30

. A articulação femorotibiopatelar é a maior articulação5, apresentando uma

grande variedade de movimentos complexos que envolvem, dentre outros, rotação e

deslizamento entre superfícies articulares26

. No entanto, há limitação no movimento de

rotação5,56

.

O arco de movimento da articulação femorotibial do ovino varia de 72º ± 3º

em total flexão e 145º ± 5 º em total extensão5. Em estudo cinemático tridimensional em

ovinos foram encontrados valores de flexão entre 43,1º e 77º 50

. Análises cinemáticas

realizadas em quatorze ovinos, fêmeas, com idades diferentes observaram ângulos

mínimos de flexão do articulação femorotibiopatelar de 103º e 95º, e consideraram que

esta diferença pode estar relacionada com a idade e/ou tamanho dos animais59

.

Movimentos de flexão e extensão restringem o movimento de rotação. Na

articulação femorotibiopatelar em plena flexão, a rotação é completamente restringida

pelo encaixe dos côndilos femorais nos tibiais. Isso ocorre, principalmente, pelo fato do

côndilo femoral medial ser mais longo do que o lateral. Com a articulação

femorotibiopatelar em extensão, a rotação lateral pode variar de 0º a 45º e a rotação

medial dos 0º a 30º. A partir dos 90º de flexão, a amplitude de rotação interna e externa

decresce devido à restrição imposta pelos tecidos moles em torno da articulação26,59,65

.

Dados cinemáticos coletados para investigar o desenvolvimento e

progressão da osteoartrite em articulação femorotibiopatelar de cães mostraram que a

instabilidade da articulação femorotibiopatelar e o movimento de translação da tíbia em

relação ao fêmur aumentaram imediatamente após a ruptura do ligamento cruzado

cranial e não melhorou ao longo do tempo66

. A ruptura do ligamento cruzado cranial é

a principal causa da doença articular degenerativa do articulação femorotibiopatelar, e

pode ocorrer de forma progressiva e precoce em decorrência da deficiência funcional do

ligamento cruzado cranial tanto experimental quanto clinicamente14

.

2.5 Biomecânica do ligamento cruzado cranial

O conceito do movimento cranial da tíbia foi descrito pela primeira vez em

1978 por Henderson e Milton67

em cães. Em 1982, Slocum e Devine apresentaram o

movimento cranial da tíbia como um fator responsável pela ruptura do ligamento

cruzado cranial68

. Este conceito relaciona-se com o deslizamento cranial da tíbia

Page 35: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

12

resultante da força de contração do músculo gastrocnêmio e do estresse aplicado ao

platô tibial durante o apoio do membro69,70

.

O movimento cranial da tíbia é proporcional à inclinação do seu platô e é

limitado passivamente pelo ligamento cruzado cranial69,71

. No cão, este equilíbrio é

muitas vezes alterado e quando a força resultante do movimento cranial da tíbia excede

a sua resistência ocorre a ruptura do ligamento56

. Isto gera instabilidade na articulação

do articulação femorotibiopatelar, podendo ocasionar osteoartrose e lesões dos

meniscos72

.

O ligamento cruzado cranial é o grande responsável pela estabilidade

craniocaudal da articulação70

. Sua função principal é impedir o deslocamento cranial da

tíbia69,71,73

, limitando também a rotação medial e lateral da tíbia, movimentos de valgus

e varus respectivamente, durante a flexão, e prevenindo a hiperextensão da

articulação69,74

.

Durante o movimento normal da articulação femorotibiopatelar, a banda

craniomedial do ligamento cruzado cranial está tensa em flexão e extensão, mas a banda

caudolateral só está tensa em extensão69,70,71,74

. À medida que a articulação

femorotibiopatelar é fletida os ligamentos cruzados cranial e caudal torcem um sobre o

outro de forma a limitar a rotação interna da tíbia71

.

A lesão neste ligamento pode trazer graves sequelas para a articulação

femorotibiopatelar, incluindo comprometimento da estabilidade estática, alteração

cinemática e da função motora, desencadeando sobrecarga articular e microlesões à

cartilagem articular75

. A ruptura do ligamento cruzado cranial está frequentemente

associada à claudicação aguda do membro pélvico e desenvolvimento de doença

articular degenerativa8,76

. Na maioria dos cães a ruptura tem curso crônico e não há um

evento traumático distinto associado ao início do processo77,78

.

As variações na conformação, as deformidades de arqueamento e os

pequenos estresses repetidos podem resultar em artropatia degenerativa progressiva. À

medida que se desenvolvem essas alterações, os ligamentos cruzados sofrem alterações

em sua microestrutura e ficam susceptíveis a danos provenientes de traumatismos

leves69

.

A descrição detalhada da anatomia do aspecto póstero-lateral da articulação

femorotibiopatelar de ovinos comprovou que estes animais, como modelo experimental,

apresentam potencial para avaliação de lesões que acometem essa articulação, inclusive

em estudos de reconstrução dos ligamentos cruzados68

. A avaliação biomecânica da

Page 36: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

13

articulação femorotibiopatelar de ovinos e humanos demonstraram semelhanças quanto

às forças aplicadas durante o movimento e em relação às funções do ligamento cruzado

cranial e anterior, respectivamente56

.

Os mecanismos da lesão dos ligamentos cruzados podem estar diretamente

relacionados à sua função de contentores dos movimentos articulares. Forças excessivas

durante extremos destes movimentos resultam em lesão do ligamento cruzado cranial.

Portanto, na hiperextensão o ligamento cruzado cranial é a primeira estrutura a ser

submetida à lesão. Opostamente, o ligamento cruzado caudal raramente sofre alteração,

exceto em traumas diretos 15

.

A articulação femorotibiopatelar está constantemente sujeito a variáveis

graus de estresse físico, de acordo com o tipo de movimento executado. Alterações

biomecânicas provocadas pela ruptura do ligamento cruzado cranial, treinamentos

intensos e aumento da carga imposta na articulação femorotibiopatelar podem provocar

sinovites mecanicamente induzidas, com produção e liberação de citocinas e

estimulação de metaloproteinases e de outros mediadores inflamatórios. Esses eventos

podem acarretar em desequilíbrio entre os processos de síntese e degradação de

proteoglicanos da matriz cartilagínea causando a doença articular degenerativa8,56,79

.

2.6 Etiopatogenia da ruptura do ligamento cruzado cranial (LCCr)

As lesões do LCCr podem ser classificadas como traumáticas ou não

traumáticas80

. Tanto as rupturas parciais quanto as completas resultam em instabilidade

articular, o que irá contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento da

osteoartrite81

.

A forma não traumática de ruptura é denominada ruptura do ligamento

cruzado cranial (RLCCr) espontânea, e um terço dos animais que têm essa forma

apresentam ruptura do ligamento cruzado cranial do membro contralateral após oito

meses. Alguns estudos mostram que antes de ocorrer a RLCCr há sinais de processo

inflamatório na articulação que pode ser considerada uma causa de alteração do

ligamento o que predispõe a lesão ligamentar. Não há nenhum método efetivo para

prevenir o desenvolvimento da degeneração do LCCr ou diminuir sua progressão81

.

A lesão traumática pode ocorrer por uma rotação interna extrema da tíbia ou

por uma hiperextensão da articulação femorotibiopatelar. Nos casos em que há a rotação

Page 37: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

14

extrema, os ligamentos torcem entre si e isso deixa o LCCr mais susceptível à lesão

provocada pelo côndilo femoral lateral, observada quando o animal gira o corpo

lateralmente e de forma brusca, mantendo o peso sobre o membro pélvico fixo ao

chão82-85

.

Outro mecanismo de lesão é a ruptura do LCCr durante a corrida.

Normalmente a tíbia permanece comprimida entre o fêmur e o tarso, sendo exercidas

sobre ela forças de apoio do peso corporal e da musculatura do quadríceps e

gastrocnêmio. Durante a corrida há um aumento da ação de forças sobre a tíbia,

excedendo a carga suportável sobre o ligamento, levando a ruptura16,86

.

Os cães de grande porte tendem a apresentar a RLCCr em idade mais

precoce quando comparado às raças de pequeno e médio porte. Na maioria das vezes os

cães com essa doença possuem a idade entre cinco e sete anos e são fêmeas castradas80

.

Com o envelhecimento do animal, o ligamento cruzado começa a perder a organização

dos feixes das fibras e há, também, alterações metaplásicas. Essas alterações ocorrem

em animais com idade mais avançada e de pequeno porte, pois são decorrentes de

processos degenerativos. Contudo, os relatos de lesão em cães de grande porte são em

animais mais jovens o que sugere início dos processos degenerativos mais

precocemente do que em cães de pequeno porte80,87

.

Segundo Slauterbeck et al.88

, há uma maior ocorrência de ruptura em cães

castrados, o que pode sugerir uma influência dos hormônios sexuais na integridade do

ligamento. Além disso, animais castrados podem ter sobrepeso e isso predispor a

RLCCr. Estudos descreveram que a lesão ao LCCr é mais frequente em fêmeas

castradas por esses animais terem uma diminuição do conteúdo de elastina ligamentar,

mostrando que os hormônios sexuais alteram o metabolismo do colágeno80

.

O estrogênio e a progesterona possuem grande influência no metabolismo

do colágeno. O estrogênio diminui a proliferação de fibroblastos e pró-colágeno tipo I,

enquanto a progesterona contrabalança o efeito inibitório do estrogênio. Por isso que

mulheres possuem um maior risco de lesionar o LCCr na primeira metade ou na fase

ovulatória do ciclo menstrual89

.

Em animais obesos a ocorrência de ruptura se deve a sobrecarga da

articulação femorotibiopatelar, e se concomitante um processo degenerativo a chance de

ocorrer ruptura aumenta80

. O excesso de peso é um fator de grande importância na

etiologia da ruptura do LCCr. Cães obesos apresentam aumento da carga sobre as

Page 38: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

15

articulações, sobrecarregando o ligamento, muitas vezes já comprometido, que tende a

romper16,83,90

.

Alterações de conformação também estão relacionadas à etiologia da

ruptura do LCCr. Algumas raças de cães, como o Rottweiler e o Chow Chow podem

apresentar alterações no ângulo de inclinação do platô tibial, aumentando a carga sobre

o ligamento, ocasionando a lesão85,91

. A estenose da fossa intercondilar do fêmur pode

contribuir para o aparecimento de lesões no LCCr, porém na Medicina Veterinária não

existem estudos mostrando o real comprometimento dessa alteração na patogênese da

lesão. Em humanos sabe-se que ela é responsável por aproximadamente 3% dos quadros

de ruptura do LCCr, e esses pacientes são geralmente jovens, a apresentação é bilateral

e sem histórico de trauma92

. Nas raças de pequeno porte, a luxação medial da patela é a

afecção mais frequente associada à ruptura do LCCr, pois gera instabilidade articular,

predispondo à lesões no ligamento82

.

Algumas raças de cães apresentam um maior risco de ocorrer lesão do que

outras, sendo assim sugere-se que exista um fator genético envolvido no mecanismo da

doença do cruzado. Além disso, alguns animais apresentam sinais clínicos de ruptura

com menos de dois anos de idade e, muitas vezes, a ocorrência é bilateral, o que reforça

a possibilidade de uma causa hereditária93

.

Devido à camada sinovial protetora, os ligamentos cruzados são isolados do

sistema imune, e, por esta razão, podem agir como autoantígenos nos casos de lesão.

Um dos maiores componentes do tecido articular é o colágeno e os ligamentos cruzados

são principalmente compostos por colágeno tipo I, enquanto a cartilagem articular é

composta por colágeno tipo II. Quando há lesão, o antígeno é liberado no líquido

sinovial e é capaz de iniciar a resposta imune81,94

. Estudos recentes sobre a RLCCr tem

avaliado a presença de uma resposta inflamatória prévia a ruptura, porém ainda não se

sabe ao certo o que desencadeia a inflamação81,95

.

Na artrite induzida por colágeno há um estímulo direto para produção local

de anticorpos anticolágeno tipo II no tecido sinovial. Esses anticorpos encarregam-se da

formação dos complexos antígeno-anticorpo os quais desencadeiam a maior parte da

indução e perpetuação da inflamação sinovial. Em cães com artrite reumatoide e doença

do cruzado, anticorpos anticolágeno tipo I e II foram detectados no soro e líquido

sinovial com maior incidência no líquido sinovial indicando assim que há uma produção

local de anticorpos. Estudos histológicos do tecido sinovial também sustentam a opinião

que anticorpos anticolágeno são produzidos localmente no tecido sinovial81,94

.

Page 39: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

16

Os principais tipos celulares encontrados no tecido sinovial são macrófagos,

linfócitos T e B e células plasmáticas pertencentes predominantemente do isotipo IgG.

Uma quantidade alta de IgG e IgM tem sido detectada no tecido sinovial da articulação

femorotibiopatelar de cães com doença do cruzado se comparado à articulações de cães

normais. Entretanto, nenhuma célula do tecido sinovial de pacientes com RLCCr foi

avaliada para descobrir se há uma produção de anticorpos de forma eficiente81,93

.

Anticorpos anticolageno tipo I e II também tem sido detectados no liquido

sinovial de articulações com osteoartrite secundária a artropatias, sugerindo que esses

anticorpos não são específicos para a doença do cruzado. É possível que os anticorpos

anticolágeno perpetuem a inflamação crônica na articulação em alguns cães o que leva a

deterioração do cruzado, mesmo o colágeno não sendo um agente antigênico primário.

Em cães predispostos, há títulos altos de anticolágeno tipo I. Esses achados sugerem que

há um processo inflamatório com produção de anticorpos colágeno-específicos nessas

articulações antes de detectar a instabilidade articular. Acredita-se que a permanência do

antígeno é responsável pela cronicidade da inflamação articular e contribui para

degeneração do ligamento cruzado resultando em uma diminuição da elasticidade

mecânica16,81

.

A resposta imune sinovial desregulada é um fator importante nos achados

clínicos de claudicação, da ruptura ocorrer de forma bilateral e de estabelecer a artrite.

O conhecimento do mecanismo que inicia e mantém a sinovite da articulação

femorotibiopatelar é crucial para o desenvolvimento de medidas terapêuticas que inibam

o processo de degradação da articulação95

.

2.7. Doença articular degenerativa (DAD) secundária a ruptura do ligamento

cruzado cranial

Doença articular degenerativa (DAD), osteoartrose ou ainda osteoartrite são

termos utilizados para classificar a alteração não infecciosa e progressiva que acontece

inicialmente na cartilagem das articulações sinoviais6,96,97

. A DAD acomete diversas

espécies animais, como ovinos, suínos, cães, gatos, bovinos, aves e equinos, inclusive o

homem8,56,79

.

Esta alteração é caracterizada por inflamação e espessamento da cápsula

fibrosa e membrana sinovial, degeneração da cartilagem articular e produção de

Page 40: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

17

osteófitos periarticulares. O termo osteoartrose é utilizado para ressaltar a natureza não

inflamatória dessa doença, e doença articular degenerativa é empregado para englobar

todas as alterações vistas na osteoartrite. Clinicamente, os termos podem ser utilizados

como sinônimos98-100

.

A DAD é supostamente primária quando sua origem é genética e,

secundária quando há fatores predisponentes a ocorrência de defeitos de conformação e

inflamação articular. Nos animais e nos seres humanos, diferentes fatores são

identificados como causa da doença, sendo estes, trauma, fratura intra-articular,

subluxação ou luxação articular causadas pela ruptura de ligamentos, defeitos de

conformação e deformidade angular100,101

.

Apesar da possibilidade da lesão ligamentar aguda ocorrer devido a um

simples trauma, a maioria das RLCCr são secundárias as alterações adaptativas ou

degenerativas progressivas do LCCr advindas de DAD, ou ainda lesões pré-existentes

na região epiligamentar4,7,56,102

.

O processo inflamatório na DAD ocorre inicialmente na sinóvia, cápsula

articular ou osso subcondral, dando início à cascata dos mediadores inflamatórios. Isto

causa um efeito sequencial do processo inflamatório em outros tecidos articulares que

por sua vez também liberam mediadores inflamatórios103

.

A instauração e progressão da doença articular degenerativa (DAD) são

atribuídas à degradação enzimática da cartilagem articular frente a instabilidade causada

pela RLCCr101,104,105

. As propriedades da cartilagem relacionadas ao seu papel

fisiológico dependem da integridade da estrutura da sua matriz e, a alteração nos

proteoglicanos e no colágeno diminui a resistência da cartilagem106

.

Na articulação saudável, os condrócitos são os responsáveis por manter o

equilíbrio entre a degradação da matriz cartilagínea e sua reparação. Este equilíbrio é

mantido pela interação complexa entre condrócitos, citocinas e estímulos mecânicos. Na

DAD ocorre a quebra desta condição de homeostase, desencadeando,

predominantemente, um processo catabólico106-108

.

A primeira alteração é observada na cápsula articular, que se torna

responsiva a inflamação, diminui a espessura e aumenta a vascularização. À medida que

os sinoviócitos liberam citocinas e mediadores inflamatórios, acentua-se na inflamação

articular. O trauma e a inflamação crônica causam hipertrofia na membrana sinovial e

aumento da vilos sinoviais. A cápsula articular e as estruturas de tecidos moles que

envolvem a articulação danificam-se e o reparo é realizado pela granulação do tecido e

Page 41: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

18

frequentemente pela fibrose3,109

. Este processo resulta em dor e prejuízos na

movimentação dessas articulações110

.

As citocinas inflamatórios liberadas em resposta a inflamação exercem

papel biológico de três maneiras. Primeiro, por liberação na circulação, por afetar

células de um local distante de maneira endócrina. Segundo, por efeitos parácrinos em

células adjacentes e terceiro por agir de forma autócrina na própria célula de origem.

Em todos os casos essas citocinas são liberadas pela célula de origem, interagem com as

células alvo pela ligação em receptores específicos localizados na membrana celular106

e

influenciam amplamente a resposta e função de suas células alvo, seja de forma positiva

ou negativa na expressão de genes111

.

As citocinas mais importantes na DAD são as pró-inflamatórias, como a

interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), que são consideradas

interleucinas primárias. Estas por sua vez, provocam liberação de mais citocinas, dentre

as quais se destaca a interleucina 6 (IL-6)99,108

. A IL-1 induz a liberação de

metaloproteinases da matriz cartilagínea, as quais destroem a cartilagem articular e

estimulam fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e III que, por sua vez, contribuem

para a fibrose da cápsula articular na inflamação crônica. Contribui também para

diminuição da síntese de proteoglicanos e de colágeno tipo II, dando origem a um tecido

de reparação funcionalmente inadequado101,105

.

O TNF existe sob a forma de dois polipeptídeos antigeneticamente

diferentes, que são TNF-α e o TNF-β99,100

. O TNF-α está relacionado com alterações

catabólicas levando a destruição da cartilagem articular pela indução da liberação de

enzimas líticas zinco-dependentes, conhecidas como metaloproteinases (MMP), além da

diminuição da produção de agentes inibitórios teciduais da metaloproteinases (TIMP) e

dos inibidores de plasminogênio.

No processo inflamatório de tecidos sinoviais a enzima COX-2 é a principal

responsável pelo aumento local da prostaglandina (PGE2) devido a produção e atuação

no controle de síntese dos ecosanóides. A concentração de PGE2 eleva-se nas

articulações inflamadas e podem contribuir para a depleção de matriz extracelular

causando erosão na cartilagem e no osso subcondral104

. As ações da PGE2 nas

articulações incluem vasodilatação, aumento da percepção de dor, depleção de

proteoglicanas da cartilagem, tanto pela degradação quanto pela inibição da síntese,

desmineralização óssea e promoção da secreção de ativadores de plasminogênio99,109

.

Page 42: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

19

A membrana sinovial e a cápsula articular fibrosa inflamadas são fontes de

enzimas lisossomais degerativas. Além das enzimas lisossomais e das prostaglandinas,

o radical peróxido pode ser outro mecanismo envolvido na degeneração da cartilagem

articular. Esse radical peróxido tem a capacidade de degradar as proteoglicanas, o

colágeno da cartilagem articular e o ácido hialurônico106,109

.

As metaloproteínases (MMPs) são as principais enzimas responsáveis pela

degradação da matriz cartilagínea. As MMPs são capazes de degradar todos os

principais componentes da matriz extracelular e são sintetizadas pelos sinoviócitos e

condrócitos e estão presentes em altas concentrações em doenças da cartilagem, sendo

sua distribuição topográfica e concentrações relacionadas com a gravidade das lesões

histotológicas99

. Todas as MMPS são secretadas como proenzimas latentes e ativadas na

matriz extracelular. A colagenase é ativada pela estromelisina, porém assim como as

outras MMPs pode ser ativada pela plasmina, calicreína e catepsina B. A estromelisina é

ativada tanto pela plasmina como por outras proteinases que ativam a colagenase100,101

.

A MMP-1 (colagenase) e MMP-3 (estromelisina ou proteoglicanase neutra)

tem importância na degradação da matriz devido sua elevada atividade na cartilagem,

nas membranas sinoviais de pacientes com osteoartrites, e na membrana sinovial de

pessoas com artrite reumatoide100,101,112

.

As MMPs são inibidas por duas metaloproteinases teciduais a TIMP-1 e a

TIMP-2. Acredita-se que o equilíbrio entre MMPs e TIMP seja importante para a

progressão da degradação da cartilagem articular101

. A degradação do ácido hialurônico

no líquido sinovial resulta da quimiotaxia e subprodutos da inflamação, enzimas

lisossomais e não lisossomais elaboradas por sinoviócitos agredidos e radicais livres

derivados do oxigênio dos neutrófilos e macrófagos103

.

A DAD manifesta-se com leve claudicação progressiva que pode ser

unilateral ou bilateral113

, em alguns casos pode-se observar claudicação de grau

moderado a severo114

. Em articulações de grande movimentação, as alterações iniciais

são caracterizadas por sinovites e capsulite aguda ou atrofias musculares79,108

. Também,

foi observada distensão de cápsula articular com consequente aumento de volume de

tecidos moles adjacentes113

.

A sensibilidade dolorosa é o sintoma predominante no processo

degenerativo articular, podendo ser originária de estruturas intra ou extra articulares,

como cápsula, sinóvia, periósteo, ossos, tendões, bursas, ligamentos ou meniscos115

.

Page 43: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

20

Logo, os sinais clínicos variam com o grau da doença e consequentemente

da inflamação116

. Os sinais na inflamação aguda são claudicação, aumento da

temperatura, aumento do volume articular e dor à flexão. Nos casos crônicos, o aumento

articular está associado à deposição de tecido fibroso podendo haver espessamento

ósseo com limitada movimentação, sendo que os sinais podem persistir em grau

variável109,117

.

Contudo, apenas o conhecimento das manifestações clínicas não conduzirá

ao diagnóstico de RLCCr e DAD. Compreender a evolução do processo degenerativo e

um desafio constante e requer exames complementares que auxiliem, no diagnóstico, no

tratamento e no prognóstico da doença116

.

2.8 Apresentação clínica da ruptura do ligamento cruzado cranial

O estímulo iatrotrópico mais frequente é a claudicação, cujo aparecimento

pode ser súbito ou insidioso, dependendo da etiologia da ruptura118

. A claudicação

derivada de RLCCr é característica e reconhecida por apoio do membro com a

articulação femorotibiopatelar ligeiramente flexionada. Normalmente, uma semana após

a RLCCr o animal começa a claudicar menos, mas, quando em estação apoia apenas as

pontas dos dedos119

. Alguns animais apresentam estalidos ao caminhar devido à

subluxação dos côndilos femorais em relação aos meniscos. Isto pode traduzir-se apenas

como uma consequência da instabilidade funcional119

, ou segundo outros autores é

considerado um sinal de lesão dos meniscos120

.

A claudicação torna-se menos evidente após seis semanas, especialmente

em cães pequenos, devido a estabilidade parcial promovida pelo espessamento da

cápsula articular em resposta a instabilidade. As raças grandes apresentam persistência

da claudicação devido à osteoartrite e a possível lesão do menisco desenvolvida no

período de instabilidade articular119,120

. Consideram-se três apresentações clínicas mais

comuns: aguda, crônica e de ruptura parcial120

.

Na apresentação aguda o primeiro sinal clínico é uma claudicação súbita,

subsequente ao trauma, onde não há apoio completo do membro afetado118,120

. Estes

animais melhoram no período de três a seis semanas pós-trauma sem qualquer

tratamento, especialmente os animais com peso inferior a 10 kg. Em pacientes mais

Page 44: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

21

pesados a claudicação se torna menos evidente, no entanto, os animais não conseguem

retornar à atividade normal em decorrência da claudicação recorrente120

.

O quadro clínico crônico está associado ao desenvolvimento de DAD, sendo

a claudicação geralmente insidiosa e exacerbada pela atividade física. É frequente em

cães mais velhos com degeneração do LCCr118,120

.

Os casos de ruptura parcial são difíceis de diagnosticar em estágios

precoces120

. Inicialmente resultam em claudicação leve com apoio do membro quando

se realiza atividade física, mas apresenta melhora com o repouso. Nesta fase a

instabilidade articular é praticamente imperceptível120

. À medida que o ligamento vai

rompendo as fibras restantes, à articulação femorotibiopatelar torna-se

progressivamente mais instável, os processos degenerativos agravam-se e a claudicação

torna-se mais pronunciada. Os sinais radiográficos de osteoartrite vão progredindo com

o tempo até ocorrer a ruptura total do ligamento120

.

Os músculos do quadríceps da coxa podem estar atrofiados, principalmente

em animais com quadros crônicos. A avaliação é feita pela comparação com o membro

contralateral em casos de ruptura unilateral. Por palpação do ligamento patelar pode-se

perceber a existência de edema da cápsula articular ou efusão sinovial. Este ligamento

que normalmente é tenso e bem definido, na presença de edema perde a definição e

apresenta aumento de volume. Na presença de edema pode-se observar espessamento da

cápsula articular118-120

.

2.9 Diagnóstico da ruptura do ligamento cruzado cranial

O diagnóstico da RLCCr é realizado, essencialmente, por exame ortopédico

específico da articulação femorotibiopatelar, principalmente na observação do

deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur no teste de gaveta e no avanço da

tuberosidade tibial pelo teste de compressão tibial. A apresentação clínica pode não ser

típica, apesar de certos sinais característicos ajudarem na suspeita de que esta doença

possa estar em curso. O exame ortopédico deve-se iniciar com a inspeção do animal em

estação, avaliando o estado geral, alterações anatômicas e funcionais. Na sequência

observa-se o animal em movimento com intuito de identificar uma possível claudicação

e o grau. Em seguida, realiza-se a palpação das articulações suspeitas, onde se observa

Page 45: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

22

aumento de volume, sensibilidade dolorosa em graus variáveis, depressões nas

superfícies articulares, crepitações, exostoses e espessamento de ligamentos100,121

.

O exame clínico fornece informações que direcionam e auxiliam o

diagnóstico109,122

. A anamnese acurada e o exame de forma ordenada devem ser

realizados para minimizar os riscos de um diagnóstico errôneo ou impreciso29

. Durante

a anamnese deve-se informar sobre o início da claudicação, relato de trauma, duração

dos sinais clínicos, evolução da doença, aumento de volume de alguma articulação,

alteração de postura em estação e durante a marcha e dificuldades para levantar após

repouso121

.

Os movimentos de flexão e extensão das articulações são empregados para

induzir ou exacerbar uma claudicação durante o exame clínico. Estes movimentos são

realizados porque provocam dor, devido a compressão e extensão dos tecidos, aumento

das pressões intra-articulares e intra-ósseas subcondral, compressão e distensão da

cápsula articular, constrição vascular e ativação de receptores da dor na articulação e

tecidos moles adjacentes29

.

O Movimento de gaveta cranial (cranial drawer test) é considerado um teste

clínico para o diagnóstico de lesão do LCCr118,123

. Este teste é realizado com o paciente

em decúbito lateral, o examinador coloca-se dorso-caudalmente ao animal e posiciona o

dedo polegar e o indicador de uma mão no fêmur atrás do sesamoide lateral e sobre a

patela, respectivamente. A outra mão vai suportar com o polegar a cabeça da fíbula e

com o dedo indicador a crista da tíbia. Enquanto o fêmur é estabilizado com uma mão, a

outra mão move a tíbia cranial e caudalmente, numa direção paralela ao plano

transverso do platô tibial. Esta pressão é exercida pelo polegar colocado atrás da cabeça

da fíbula.

Deve-se tomar cuidado para não induzir a rotação interna da tíbia, pois isso

poderá criar a ilusão de um falso movimento de gaveta. Esta manobra deverá ser

repetida com o joelho em várias posições, nomeadamente, em extensão, no ângulo

normal quando o animal se encontra em estação, e em flexão de 90º. Testar em flexão e

extensão é importante nos casos de ruptura parcial, onde não se observa instabilidade

em flexão118

. A falta de relaxamento adequado do paciente é a causa mais comum de

falha ao realizar o movimento de gaveta cranial. Em suspeitas de RLCCr em animais

com grande volume de massa muscular na coxa torna-se importante a possibilidade de

se realizar a anestesia geral ou à sedação profunda do paciente de modo a contrariar a

influência da tensão muscular120

.

Page 46: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

23

A articulação femorotibiopatelar de um animal adulto saudável tem uma

mobilidade normal de cerca de 0 a 2 mm. Nos animais jovens esta mobilidade pode ir

até aos 4-5 mm. Considera-se um movimento de gaveta cranial positivo quando o

movimento crâniocaudal for superior a 2 mm em animais adultos e superior a 5mm nos

animais jovens. Nos casos de ruptura do LCCr, para além desta mobilidade excessiva,

verifica-se que não há uma paragem abrupta no movimento cranial, ou seja, não há um

aumento de resistência súbito quando tentamos mover a tíbia cranialmente, o que

acontece quando o ligamento está intacto118

.

O Teste de compressão da tíbia é um teste clínico dinâmico que mimetiza as

forças e as instabilidades dinâmicas que ocorrem normalmente durante o suporte de

peso123

. É aconselhado na detecção de rupturas completas do LCCr em cães grandes.

Este teste é realizado com o animal em decúbito lateral. O examinador posiciona-se

dorso-caudalmente ao paciente, colocando uma mão sobre a articulação

femorotibiopatelar, com o dedo indicador sobre a tuberosidade tibial. Com a outra mão

vai segurar a articulação do tarso induzindo a flexão da articulação tíbio-társica. Se

existir ruptura completa do LCCr, quando flexionamos o tarso com a femorotibiopatelar

em extensão, induzimos a contração do músculo gastrocnêmio, cuja ação leva ao

movimento cranial da tíbia observada pelo dedo indicador colocado sobre a

tuberosidade tibial118

.

Os exames complementares normalmente confirmam apenas a existência ou

não de DAD e o grau de severidade de degeneração articular, e a ruptura do ligamento

cruzado cranial pode não ser observada diretamente. Em alguns métodos de diagnóstico

por imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância

magnética, é possível visibilizar os ligamentos cruzados rompidos, levando em

consideração a qualidade das imagens e habilidade do ultrassonografista ou

radiologista3,4,106,124

.

Métodos invasivos, como a artroscopia, biópsia para histopatologia e

artrocentese para análise de marcadores bioquímicos do líquido sinovial ainda

apresentam limitações quanto a sua utilização em medicina veterinária pela dificuldade

de execução, custo elevado, profissionais capacitados para realização das técnicas e

disponibilidade de equipamentos para realização desses exames4,7,15,30,59,106,124

.

Page 47: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

24

2.9.1. Exames complementares para o diagnóstico de RLCCr e progressão da

doença articular degenerativa

a) Exame radiográfico

O exame radiográfico permite avaliar adequadamente os ossos e

articulações, e é o primeiro a ser solicitado pelo médico veterinário quando se suspeita

de RLCCr 106,125

. A qualidade do exame pode ser influenciada pelo posicionamento do

paciente, ajustes da exposição radiográfica, combinação filme-écran, tamanho do chassi,

uso inapropriado de grade, qualidade do filme e processo de revelação4,109,126

.

O método é um dos mais utilizados para estudar articulações, por ser menos

invasivo, de fácil realização de baixo custo109

. As radiografias de alta qualidade são

precisas em identificar mudanças estruturais como aumento do espaço articular,

osteófitos, entesófitos, mudanças no osso subcondral e aumento de radiopacidade intra-

articular127

. Em pacientes humanos essa modalidade de exame é também a primeira a

ser solicitada, e contribui em cerca de 84% para o diagnóstico da ruptura do LCCr. Os

exames radiográficos envolvem radiação ionizante e fornecem imagens bidimensionais,

o que dificulta a completa avaliação da articulação128

.

A avaliação radiográfica da articulação femorotibiopatelar permite o

diagnóstico diferencial de alterações ósseas ou de tecidos moles, que podem levar à

claudicação e à dor articular, avalia o grau de osteoartrose secundária à ruptura do

LCCr, auxiliando desta forma na escolha do tratamento e no prognóstico da doença21

.

Ambas as articulações femorotibiopatelares devem ser radiografadas nas projeções

mediolateral e craniocaudal para comparação, pois a presença de doença articular

degenerativa na articulação contralateral pode ter valor prognóstico; este achado é

sugestivo de maior probabilidade de ruptura do ligamento cruzado cranial em

comparação com cães com articulações contralaterais normais72

.

A radiografia com compressão tibial é um importante método auxiliar no

diagnóstico da ruptura do LCCr, principalmente quando os testes físicos geram dúvidas

quanto à integridade do ligamento21

. Essa técnica envolve a aplicação de uma força na

articulação para demonstrar o deslocamento dos componentes ósseos. As forças

aplicadas são as mesmas a que uma articulação estaria sujeita em atividade normal,

como forças de compressão, rotação, tração ou alavanca. A aplicação do teste causa na

articulação femorotiiopatelar com lesão do LCCr uma subluxação cranial da eminência

Page 48: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

25

intercondilar da tíbia em relação aos côndilos femorais e nas radiografias realizadas com

o membro sob estresse essa alteração é evidenciada, portanto essa manobra tem se

evidenciado útil no diagnóstico sugestivo de rupturas parcial ou total do LCCr129

. O

deslocamento cranial da tíbia em relação aos côndilos femorais é observado em 97%

dos cães com suspeita clínica de ruptura do ligamento cruzado cranial quando

submetidos à radiografia com compressão tibial130

.

Na doença articular degenerativa observa-se radiograficamente

estreitamento do espaço articular, osteofitose, entesopatia, mudanças no osso

subcondral e efusão articular22,125

. Como a radiografia convencional possui resolução

espacial maior que a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada, há um

melhor delineamento das irregularidades corticais ou calcificações finas dos tecidos

moles125

.

Entretanto, o diagnóstico de doença articular degenerativa pode ser

desafiador nos estágios iniciais da doença22

. Adicionalmente, os exames radiográficos

têm como desvantagens a exposição à radiação ionizante e o fato de mostrar as

superfícies com muita dificuldade em três dimensões7,11,106

.

b) Exame de Ultrassonografia

Além do baixo custo, o exame ultrassonográfico apresenta as vantagens de

não usar a radiação ionizante e permitir a avaliação direta da cartilagem articular e da

membrana sinovial. A principal desvantagem a impermeabilidade do osso às ondas

sonoras, que limita o acesso a determinadas regiões das articulações11

.

Em medicina veterinária, especificamente na área de animais de companhia,

a ultrassonografia articular é um método de diagnóstico ainda pouco utilizado.

Comparada ao exame radiográfico tem a seu favor o fato de não usar radiação ionizante,

permitir a visibilização de estruturas intra-articulares tais como a visibilização do

ligamento LCCr e LCCd e possibilitar a avaliação das superfícies articulares do fêmur e

da tíbia, contribuindo com o diagnóstico positivo em 76% dos casos128

.

A ultrassonografia é utilizada como um meio de diagnóstico para

confirmação de instabilidade articular crônica, em cães, ocasionada pela RLCCr, e é

utilizada como complemento para as radiografias tradicionais. O diagnóstico da RLCCr

é observado pela imagem linear hipoecogênica localizada próximo à superfície

Page 49: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

26

hiperecogênica cranioproximal da porção da tíbia, apresentando-se interrompido. O

exame ultrassonográfico pode avaliar a presença de sinovites crônicas e efusões

articulares131

. A RLCCr é visibilizada pelo exame ultrassonográfico em 19,6% dos

casos. Nos processos crônicos, observam-se lesões de osteoartrite leve em 40% dos

casos e moderada a severa em 73,3% dos casos, comparado ao exame radiográfico que

não reproduz imagens de osteoartrite, em 25% dos casos131

.

Na avaliação ultrassonográfica da articulação do articulação

femorotibiopatelar de cães hígidos, realizada por Reed e Payne132

o ligamento patelar foi

identificado como uma estrutura homogênea de baixa a moderada ecogenicidade, que

no plano transversal apresentava formato oval e no plano sagital tinha formato cônico

ou de fita, com espessura de 1,3 a 2,3 mm. Os ligamentos cruzados foram visualizados

em plano mediosagital, com o membro em total flexão. O ligamento cruzado cranial

mostrou-se mais hipoecogênico que o ligamento patelar. Os meniscos lateral e medial

foram observados em imagens sagitais como estruturas homogêneas, ecogênicas e

triangulares, com o ápice do triângulo apontado axialmente.

Em animais com DAD é observado acúmulos sinoviais ou de outros fluídos,

espessamento sinovial e de tecidos capsular, dano de ligamentos intra-articular e peri-

articular, osteófitos, fragmentos osteocondrais e irregularidades na cartilagem do osso

subcondral4,11,133

. Ao exame ultrassonográfico normal o LCCr é vizibilizado como uma

estrutura tubular hipoecogênica, observa-se principalmente seu terço distal e

médio21,124,132,134

. Quando há ruptura do LCCr, este se retrai e é vizibilizado como uma

estrutura irregular e hiperecogênica na região de inserção do ligamento à tíbia.

Em animais de raças pequenas e médias o coxim gorduroso pode dificultar a

avaliação ultrassonográfica da articulação do joelho134

. Seong et al.135

estudaram a

utilização de administração de solução salina na articulação do joelho durante o exame

ultrassonográfico de animais com e sem ruptura do LCCr. Nesse experimento observou-

se que a visibilização do LCCr foi mais com a solução salina, pois esta promoveu uma

janela acústica e afastou o coxim infrapatelar.

c) Exame de Tomografia computadorizada

A tomografia computadorizada aumenta o padrão radiográfico e não o

substitui136

. O método é capaz de diferenciar a gordura dos outros tecidos moles e

Page 50: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

27

mostra alto contraste entre as estruturas calcificadas e o tecido mole adjacente, mas de

forma inferior à ressonância magnética. A tomografia articular é limitada a planos

axiais, os planos sagitais ou coronais requerem reformatação dos dados transversos125

.

Alguns cuidados devem ser tomados no exame tomográfico, tais como o

adequado posicionamento do paciente, a espessura dos cortes e o tempo de varredura. A

qualidade da imagem, precisão e facilidade de interpretação variam inversamente com a

espessura do corte, quanto mais fino o corte melhor o estudo. O tempo de varredura

geralmente é de dois segundos, de forma a minimizar o efeito do movimento do

paciente136

.

No caso das doenças articulares, a interpretação das mudanças é similar aos

dos achados radiográficos, porém com maior exatidão. A formação de novo osso e a lise

óssea são melhores identificadas no exame tomográfico do que radiográfico

convencional por causa da melhor discriminação da densidade física, a habilidade de

manipular a escala de cinza e a eliminação das estruturas subjacentes133

.

Além das imagens convencionais produzidas pela tomografia, pode-se

realizar a artrografia, que consiste na aplicação de contraste dentro da articulação. Esse

exame permite observar com maior precisão a distensão da cápsula, bem como a

espessura e integridade da cartilagem articular. Também, a artrografia é indicada em

suspeita de rompimento da cápsula, comunicações ou formações de bolsas anormais e

proliferação de membranas sinoviais137

.

A TC pode ser empregada no diagnóstico da ruptura parcial do ligamento

cruzado cranial (LCCr). Pesquisas utilizaram peças do articulação femorotibiopatelar de

cães, onde primeiramente era realizado um exame artrográfico positivo pela TC para

avaliar as estruturas normais intra-articulares e, posteriormente, era feita a secção

cirúrgica parcial do LCCr. Após a sutura de pele, injetavam novo contraste positivo na

articulação para se proceder ao exame tomográfico. Em todas as peças foi possível

detectar a ruptura parcial do ligamento, embora os autores ressaltassem a necessidade de

novos estudos para diagnosticar os casos de maior desafio na rotina clínica, as doenças

articulares crônicas136

.

Samii et al.124

avaliaram as imagens tomográficas da articulação FTP de

cães com suspeita clínica de alteração articular, e concluíram que a TC de quarta

geração foi útil no diagnostico de osteoartrose e de lesões nos ligamentos cruzados, e

não vantajosa no diagnóstico de lesões meniscais. Salienta que a inexperiência dos

médicos veterinários em avaliar as imagens pode prejudicar no diagnóstico final.

Page 51: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

28

Almeida et al.138

avaliaram a utilização de contraste negativo na artrotomografia do

joelho de cães sem sinais clínicos de lesão articular e identificaram todas as estruturas

articulares tais como os ligamentos cruzados, meniscos, ligamento patelar e ligamentos

colaterais.

As imagens tomográficas da articulação femorotibiopatelar de cães com

suspeita clínica de alteração articular permitem o diagnóstico de DAD e lesões nos

ligamentos cruzados, porém, não é vantajosa no diagnóstico de lesões dos meniscos.

Ainda, a inexperiência dos médicos veterinários em avaliar as imagens pode prejudicar

no diagnóstico final124

.

d) Exame de Ressonância Magnética

A ressonância magnética é uma excelente modalidade diagnóstica não

invasiva de detecção de alterações articulares, permitindo identificar não somente as

estruturas ósseas, mas também as estruturas teciduais moles, tais como menisco,

ligamentos cruzados, compartimento ósseo cortical e medular, músculos, tendões e

gordura139

.

Na articulação femorotibiopatelar de cães, por exemplo, pode ser utilizada

para detectar a presença de corpos livres no espaço articular, pois possibilita obter

imagens em múltiplos planos, com ótimo contraste entre tecidos moles e cartilaginosos.

A imagem da ressonância pode revelar alterações agudas e crônicas da cartilagem e do

osso subcondral, tais como fraturas condrais e cistos subcondrais. Em comparação a

outros meios imagiológicos, a ressonância magnética é o meio de diagnóstico para

avaliação da cartilagem140

.

No estudo proposto por Soler et al.141

pôde-se comparar as imagens normais

do articulação femorotibiopatelar de cães pelos exames de ultrassonografia, RM e TC.

Concluíram que a RM foi o melhor método para avaliação das estruturas intra-

articulares e com melhor definição dos mesmos, embora seja possível identificar as

mesmas estruturas do articulação femorotibiopatelar tanto na RM como na TC.

Em pacientes humanos a ressonância magnética tem se mostrado um

método adequado para diagnóstico tanto de lesões traumáticas como de afecções

crônicas articulares. Entre suas vantagens foram salientados o não requerimento de

material de contraste intravenoso ou intra-articular, a excelente resolução de contraste

Page 52: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

29

dos tecidos moles, a capacidade multiplanar, além de não haver exposição à radiação

ionizante e não promover dor125,133

.

Torelli et al23

ao compararem os exames radiográficos, tomografia

computadorizada e ressonância magnética, para avaliação da DAD induzidas em

coelhos, verificaram que todos os métodos foram capazes de evidenciar a doença após

12 semanas. Contudo, a ressonância com equipamento de 0,5 Tesla foi menos sensível

para detectar as lesões osteoartríticas iniciais. Desde que nenhuma das técnicas revelou

todas as lesões, os autores citaram a importância da combinação dos exames para um

diagnóstico mais preciso.

Em estudo de aloenxerto de menisco em ovelhas, Kelly et al10

verificaram

que o uso do tempo de relaxamento T2 com aparelho de 1,5 Tesla foi adequado para

detectar mudanças precoces da matriz de cartilagem hialina. Os achados puderam ser

correlacionados com os escores da organização do colágeno obtidos pela microscopia

de luz polarizada. Sendo assim, os autores concluíram ser o método uma ferramenta

clínica importante na identificação da doença articular degenerativa.

e) Artroscopia

A avaliação da superfície articular, por meio da artroscopia, supre as

limitações dos métodos tradicionais de diagnósticos utilizados na avaliação das doenças

articulares, como a radiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada,

ressonância magnética e análise do liquido sinovial111

.

O exame artroscópico é realizado tanto para diagnóstico de afecções

articulares como para acompanhamento de tratamentos, sejam eles clínicos como

experimentais, evitando muitas vezes nesses últimos a necessidade de eutanásia142,143

.

Esse exame é considerado uma técnica minimamente invasiva, que permite excelente

visibilização e precisão porque as estruturas articulares são magnificadas144

.

O exame de uma articulação normal causa mínima complicação pós-

operatória ou morbidade, que resolve dentro de um dia, visto o trauma articular ser

bastante reduzido durante o procedimento144,145

. A principal desvantagem da artroscopia

é o custo dos equipamentos e o fato do procedimento em si despender mais tempo que a

artrotomia convencional146,147

. Entretanto, comparativamente à ressonância magnética e

à tomografia computadorizada o custo total do exame é bem inferior144

.

Page 53: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

30

Adicionalmente, há uma curva de aprendizado, necessária para manipulação

adequada dos instrumentos144,146

. Por exemplo, tem sido sugerido um mínimo de 30 a

50 casos para alcançar habilidade adequada para avaliar por meio da artroscopia o

ombro canino, lembrando que esta é uma das articulações mais fáceis de acessar147

.

Em estudo com 51 cães com histórico de claudicação de membro pélvico

submetidos à artroscopia terapêutica ou diagnóstica, Rezende et al.148

relataram um caso

de necrose dos tecidos moles e da cartilagem articular no período de 48-72 horas, com

consequente perda dessa articulação. Segundo os autores, o processo foi associado aos

resíduos de glutaraldeído presentes no instrumental, já que a técnica foi

comprovadamente asséptica.

f) Análise biomecânica

A avaliação subjetiva de anormalidades da locomoção, por meio de escalas

numéricas, tem sido extensivamente utilizada em casos clínicos e experimentais em

medicina veterinária, embora haja controvérsias a respeito da confiabilidade dessas

medidas, especialmente devido à baixa concordância entre observadores149

. O uso de

equipamentos modernos de análise da locomoção permite a mensuração de padrões de

locomoção, com mais eficiência e acurácia do que o observador humano67

.

A análise cinemática quantifica as posições, velocidades, acelerações e

ângulos de pontos anatômicos, segmentos e articulações no espaço. Os sistemas de

analise cinemática são usados para avaliar as variáveis da locomoção e fornecer

informações em relação a estrutura do musculo esquelético, claudicação e avaliação de

tratamentos médicos e cirúrgicos. Ainda, correlacionar a análise cinemática com

processos patológicos que acometem as articulações, como a doença articular

degerativa3,27

.

Estudos biomecânicos realizados até então buscam entender a biomecânica

de algumas articulações e, assim, avaliar o grau de claudicação e comprometimento15,30

.

A avaliação da locomoção em cães submetidos a procedimentos ortopédicos é

importante para determinar a recuperação clinica do paciente. As alterações observadas

na marcha auxiliam no diagnóstico da afecção150

.

De acordo com Vasseur 69

, as variações na conformação, as deformidades

de arqueamento e os pequenos estresses repetidos podem resultar em uma artropatia

Page 54: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

31

degenerativa progressiva e o diagnóstico pode ser realizado com análises biomecânicas

das articulações. À medida que se desenvolvem essas alterações articulares, as

estruturas articulares sofrem alterações em sua microestrutura e podem ficar mais

susceptíveis a danos provenientes de um traumatismo pequeno.

g) Histopatologia

Os eventos patológicos da DAD ocorrem como resultado de diversas

interações entre a cartilagem articular e tecidos adjacentes, em resposta à lesão dos

condrócitos ou da matriz. Uma vez ocorrida à lesão, inicia-se a degradação da matriz

por enzimas e mediadores da inflamação. Ao mesmo tempo, os componentes da

cartilagem tentam impedir a progressão da degeneração100

. Com isso ocorrem quebra

dos proteoglicanos e da rede de colágeno, aumento da quantidade de água com

consequente incremento do espaço entre as fibrilas colágenas, da espessura da

cartilagem, necrose dos condrócitos superficiais e redução de sua densidade. O edema e

a fibrilação da camada superficial resultam em irregularidade da superfície articular. O

aumento da hidratação da cartilagem e a diluição dos proteoglicanos produzem

alterações nas propriedades mecânicas da cartilagem, com perda da integridade da

superfície e presença de fissuras verticais que progridem para erosões profundas e

exposição do osso subcondral151

. Há diminuição do conteúdo de proteoglicanos,

diretamente proporcional à gravidade da doença100

.

A cartilagem reage com mecanismo compensatório, tentando impedir a

progressão ou reparar o processo degenerativo. Os condrócitos viáveis tornam-se

volumosos, dispostos em grupos; ocorrem hiperatividade e aumento da divisão nas

camadas média e profunda; e hipertrofia da cartilagem100,153

. Portanto, coexistindo com

a redução da densidade celular na camada superficial, há aumento da espessura da

cartilagem. A hipertrofia da cartilagem está também associada ao aumento da síntese e

da secreção dos componentes da matriz pelos condrócitos. Essas alterações podem ser

acompanhadas de esclerose do osso subcondral e formação de osteófitos

pericondrais112,153

.

A membrana sinovial desempenha importante papel na evolução da

osteoartrose. As alterações da membrana associadas à doença articular degenerativa

(DAD) variam de inflamação média à moderada e incluem hipertrofia e hiperplasia das

Page 55: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

32

células sinoviais, infiltração linfoplasmocitária, aumento da vascularização nos tecidos

sinoviais e fibrose subsinovial. A membrana libera enzimas proteolíticas no espaço

articular que virão a agir na degradação da cartilagem100,151

.

h) Marcadores bioquímicos

Os termos biomarcador, marcador bioquímico e marcador molecular são

utilizados para descrever os indicadores diretos ou indiretos dos tecidos. Na doença

articular, estas moléculas podem ser liberadas no líquido sinovial quando sua

procedência é da cartilagem articular, menisco, ligamento ou membrana sinovial112,153

.

Entretanto, na DAD ainda busca-se o biomarcador ideal. Este deve detectar dano

articular em estágio mais precoce que os métodos convencionais, e também fornecer

informações da atividade e progressão do dano articular107,112

.

Alguns exemplos de biomarcadores diretos da DAD são os fragmentos de

proteoglicanas ou colágeno tipo II, e subprodutos da produção de proteínas encontrados

no líquido sinovial. No grupo de biomarcadores indiretos encontram-se as enzimas

proteolíticas e seus inibidores, como as metaloproteinases, agrecanases e inibidores

teciduais de metaloproteinases, as citocinas pró-inflamatórias, como as IL-1, IL-6, TNF-

α, PGE2, fatores de crescimento, como o IGF-1, bem como outras moléculas, como a

proteína C reativa e ácido hialurônico153

.

Como biomarcadores diretos do metabolismo da cartilagem, podemos citar

o sulfato de condroitina e o carboxipropetideo do colágeno tipo II que indicam

processos anabólicos. Fragmentos de colágeno tipo II, glicosaminoglicanas, sulfato de

queratam, sulfato de condroitina, proteína da matriz cartilagínea (COMP) e agrecanases

indicam os processos catabólicas107

.

Também, a mensuração de PGE2 pode ser utilizada como um marcador do

grau de sinovite112

e sua mensuração é realizada por diversos métodos de análise como o

radiomunoensaio, espectofotometria de massa e kits especiais de ELISA para PGE2

humana153

.

O TNF-α também apresenta importância no líquido sinovial, e vários

métodos podem ser utilizados para sua mensuração, sendo o mais comumente utilizado

o ensaio biológico de citotoxicidade. Outra é a interleucina-6 (IL-6), que é a citocina

Page 56: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

33

mais sensível e específica para o diagnóstico de doença articular degenerativa no líquido

sinovial112,153

.

Se a palpação da articulação e o exame radiográfico foram inconclusivos em

pacientes com doença articular, a punção da articulação e análise do líquido sinovial

poderá ter a sua utilidade, pois, a maior parte dos pacientes apresenta um aumento do

volume de líquido sinovial e uma contagem de glóbulos brancos totais entre 6000 e

9000 (glóbulos brancos/μl), o que é consistente com doença articular

degenerativa69,107,112,154,155

.

A cor avermelhada do líquido sinovial representa hemorragia difusa

associada aos casos de trauma agudo. A coloração amarelo-escuro ou âmbar pálido

(xantocrômico) representa hemorragia prévia e são associados com artrite traumática

crônica. A presença de opacidade de material floculento na amostra é indicativa de

sinovite. Em articulações inflamadas o liquido sinovial apresenta alta concentração de

células, logo o aspecto pode variar de turvo a semiturvo dependendo do grau de

inflamação. Ainda, a presença de imunocomplexos no líquido sinovial de animais

sugere que há apresentação de componentes imunológicos, entretanto, não se sabe se

estes imunocomplexos são a causa ou a consequências da progressão da doença156

.

A instabilidade gerada por lesão articular, principalmente em casos de

trauma, faz parte de cascata de eventos que se inicia com sinovite, degeneração da

cartilagem articular, desenvolvimento de osteófito periarticular, fibrose capsular, na

articulação do articulação femorotibiopatelar o menisco medial imóvel fica sujeito à

lesão e a DAD progressiva ocorre independente do método de tratamento107,120

.

2.10 Condutas terapêuticas para a ruptura do ligamento cruzado cranial

2.10.1 Tratamento conservador

O tratamento conservativo consiste na restrição ao exercício de quatro a oito

semanas permitindo-se apenas curtas caminhadas mantendo o animal na coleira. Isto

pode ser o suficiente para animais que pesam menos que 15 Kg tornarem-se

clinicamente normais, apesar da progressão da osteoartrite16

.

Drogas antiinflamatórias não-esteroidais (AINE) podem ser utilizadas para

reduzir a inflamação associada à ruptura e osteoartrite. Apesar da necessidade de mais

Page 57: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

34

estudos sobre sua eficácia, agentes condroprotetores de ação lenta como o sulfato de

condroitina e glucosamina e o polisulfato de glicosaminoglicanos podem ser

empregados para tratamento da osteoartrite156

.

Os corticoesteróides inibem a inflamação sinovial, bloqueando a ação da

fosfolipase A, o que reduz a produção de ácido araquidônico, diminuindo assim a acção

tanto de ambas as coclixigenases, como também das lipoxigenases. Participam também

na redução da actividade das enzimas metaloproteinase (das quais a colagenase é um

exemplo) ao nível da matriz do tecido cartilagíneo120

. A vantagem associada a este

efeito é o facto de reduzirem a gravidade da osteoartrite pós-ruptura de LCCr118

.

Também a doxiciclina157

, o tenidap158,159

, e produtos de condroitina e

glicosaminoglicanos156,160

diminuem a actividade das enzimas metaloproteinase.

Por outro lado, sabe-se que os corticoesteróides deprimem a atividade dos

condrócitos, e alteram a composição da matriz inibindo a síntese de proteoglicanos e

colagéneo120

. Devido aos efeitos sistémicos verificados na terapia corticoesteróide

prolongada, bem como aos efeitos deletérios sobre o tecido cartilagíneo, os

corticoesteróides raramente são indicados no tratamento médico de DDA. A sua

indicação mais comum é o tratamento de artropatias inflamatórias não-infecciosas120

.

Estudo retrospectivo realizado por Vasseur161

sobre o tratamento

conservativo de cães com RLCCr concluiu que aqueles com menos de 15Kg

apresentaram uma boa recuperação clínica, apesar das evidências radiográficas de que o

grau de osteoartrite do joelho havia progredido na maioria dos animais.

Comparativamente, os que pesavam mais de 15Kg responderam deficientemente a esse

tratamento, sendo que todos os cães manifestaram sinais de DAD.

Em adição à terapêutica anti-inflamatória, é essencial associar o repouso do

membro afetado118-120

. O exercício exagerado deve ser evitado, pois vai perpetuar a fase

inflamatória da DAD e impedir a regeneração da cartilagem articular lesada. Por outro

lado, algum tipo de exercício leve deve ser mantido, pois a manutenção das massas

musculares é fundamental para a manutenção de estabilidade da articulação afetada118-

120.

Existem situações que necessitam de consideração especial, como por

exemplo, em alguns casos crônicos de RLCCr em cães idosos, onde as alterações

degenerativas severas podem impor um prognóstico menos favorável mesmo após o

reparo cirúrgico, nestas situações, o tratamento conservativo com AINE e analgésicos

pode promover uma ajuda paliativa162

.

Page 58: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

35

2.10.2 Tratamentos cirúrgicos

Vários procedimentos cirúrgicos vêm sendo desenvolvidos para o

tratamento de lesões do LCCr, apresentando, geralmente, um bom resultado clínico para

a maioria dos casos tratados. Estudos anteriores indicam que, apesar do tratamento

cirúrgico, a osteoartrite continua a progredir5,163-166

. Tem-se sugerido que o verdadeiro

teste da cirurgia para o tratamento do LCCr lesionado é a sua capacidade de restaurar a

biologia normal da articulação e prevenir a progressão da degeneração articular

secundária5. Basicamente, os procedimentos cirúrgicos para estabilização articular após

a RLCCr podem ser divididos em técnicas extracapsulares, as osteotomias corretivas e

intracapsulares8.

a) Técnicas extracapsulares

As técnicas extracapsulares têm como objetivo restaurar a estabilidade pelo

uso de suturas ou tecidos moles como suporte. Foi descrito a técnica onde uma sutura

lateral com fio inabsorvível era passada ao redor da fabela lateral e através da porção

final do ligamento patelar. Na avaliação pós-operatória após 34 meses, 86% dos cães

apresentavam-se clinicamente bons ou apenas com claudicação intermitente e 14% com

claudicação crônica no membro operado. Algumas modificações dessa técnica foram

relatadas com resultados clínicos similares167

. Foram realizadas algumas modificações

da sutura lateral, passando o fio através de um túnel perfurado na tuberosidade da tíbia e

aplicando três suturas, e relataram que 94% dos cães não manifestavam claudicação

após cirurgia168,169

.

Diferentes materiais têm sido utilizados como métodos de fixação. Fios de

cerclagem ortopédicos foram testados a fim de se reduzir a alta incidência (10 a 25%)

de fístulas no pós-operatório170

. Tiras de fáscia (incluindo o terço lateral do ligamento

patelar) foram utilizadas na esperança de que a resistência e a elasticidade do tecido

autógeno pudesse diminuir o afrouxamento e quebra do reparo171

. Nenhum desses

materiais aumentou o sucesso clínico das técnicas extracapsulares. Coerentemente, 85 a

90% dos cães apresentaram uma melhora clínica após a cirurgia não prevenindo, porém,

a progressão da osteoartrite da articulação femorotibiopatelar167,168,171

.

Page 59: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

36

As técnicas extracapsularses normalmente juntam-se à imbricação lateral da

fáscia a fim de promover uma estabilidade articular melhor172

. No passado, o reparo

extracapsular era utilizado apenas em cães com menos de 15 ou 20 Kg, entretanto,

muitos estudos relataram bons resultados clínicos da sutura de imbricação lateral

naqueles com mais de 20 Kg167,170

.

Em estudo em longo prazo avaliou-se a técnica de estabilização

extracapsular de sutura fabelar lateral utilizando-se a tira de fáscia lata concluindo que a

este procedimento foi adequado para o tratamento da RLCCr em cães de grande porte,

quando consideradas a estabilidade e a deambulação com 180 e 360 dias de pós-

operatório, porém foi incapaz de impedir ou retardar a evolução da DAD. No mesmo

estudo, o autor avaliou a relação entre cães com RLCCr e a respectiva inclinação do

platô tíbial, observando diferença significativa apenas entre raças e faixas de peso

estudadas na manifestação da RLCCr. Por outro lado, as variáveis sexo, idade e ângulos

de inclinação do platô tibial não expressaram diferenças significativas com relação à

RLCCr. Concluiu-se que não houve relação entre a inclinação do platô tibial e a

RLCCr173

.

As técnicas cirúrgicas extracapsulares proporcionam estabilidade articular

por meio do uso de enxertos, autógenos ou sintéticos, que diminuem a frouxidão

articular. O seu mecanismo de ação é fornecer uma restrição passiva ao avanço cranial,

rotação medial e hiperextensão da tíbia. Apesar dos resultados descritos destas técnicas

variarem de bom a excelente164

, a estabilidade articular não é mantida ao longo do

tempo, e apresentam limitações quanto à diminuição do ritmo da progressão da doença

degenerativa articular e à prevenção de lesões meniscais tardias90,166,168

.

b) Osteotomias corretivas

Nas técnicas extracapsulares, a rotação interna da tíbia durante a flexão é

completamente eliminada, em vez de apenas limitada, o que vai levar à alteração da

cinética normal da articulação femorotibiopatelar, originando um aumento das forças

compressivas sobre as superfícies articulares, que por sua vez podem levar a lesões da

cartilagem de revestimento e dos meniscos174,175

. Assim, à medida que as técnicas

cirúrgicas continuam a evoluir, o conceito de estabilidade dinâmica da articulação com

Page 60: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

37

insuficiência do LCCr, por meio da alteração da geometria óssea, vem ganhado

espaço123

.

A cranial tibial wedge osteotomy (CTWO), foi a primeira técnica que

visava eliminar a instabilidade craniocaudal por meio do nivelamento do platô tibial.

Segundo o modelo proposto pelos mesmos autores, ao diminuir-se ângulo de inclinação

do platô tibial até um ângulo de 5º, há um anulamento da inclinação caudal do platô

tibial, e assim uma neutralização da translação cranial da tíbia. Ao atingir-se esta

estabilidade dinâmica, as restrições passivas da articulação femorotibiopatelar, que

impedem a lassitude articular, deixam de ser necessárias. O reconhecimento de que a

estabilidade articular pode ser alcançada desta maneira, levou ao desenvolvimento de

outras osteotomias tibiais, tais como tibial plateau leveling osteotomy (TPLO) e a

técnica combinada TPLO/CTWO123

.

A tibial tuberosity advancement (TTA), descrita mais recentemente, baseia-

se num modelo diferente, cujo objetivo principal é neutralizar dinamicamente a

instabilidade craniocaudal pela alteração do alinhamento do tendão patelar

relativamente ao platô tibial177

. Com base na predominância da instabilidade

craniocaudal observada quando há secção do LCCr in vivo, é razoável concluir que a

neutralização da translação cranial da tíbia é a função mais importante do LCCr177

. De

acordo com isto, as atuais osteotomias da tíbia procuram resolver primariamente a

instabilidade no plano sagital que ocorre durante o apoio do membro. Como estas

técnicas não providenciam uma restrição passiva à rotação interna da tíbia, a

instabilidade rotacional pode contribuir potencialmente para o desenvolvimento

subsequente de DAD e lesões meniscais123

.

c) Técnicas intracapsulares

As técnicas intracapsulares têm como objetivo restaurar a estabilidade pela

substituição do ligamento por algum tipo de implante. O princípio básico é recriar uma

estrutura intra-articular na orientação espacial aproximada do original, assim, o enxerto

pode funcionar como um ligamento normal prevenindo o movimento de gaveta cranial,

hiperextensão do joelho e, cruzando-se com o LCCa, limitar a rotação interna da tíbia

em relação ao fêmur. Vários materiais, tanto biológicos quanto sintéticos, têm sido

utilizados como enxerto, como o ligamento patelar e fáscia lata162

.

Page 61: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

38

A primeira técnica intracapsular descrita em cães foi a de Paatsama178

.

Modificada da Medicina Humana, este procedimento foi a base para a maioria das

técnicas intra-articulares utilizadas na Veterinária. Neste método, após confecção de um

retalho de fáscia lata, criavam-se túneis, na tíbia e no fêmur, para a sua passagem,

ajustando-o ao trajeto natural do LCCr.

Posteriormente apresentou-se a técnica “over-the-top”, na qual um retalho

formado pela fáscia lata e o terço intermédio do ligamento patelar junto com a patela era

passado através da fossa intercondilar, e colocado sobre o topo da fabela lateral, onde

era suturado ao periósteo179

. Há diversas variações da técnica “over-the-top”. O terço

lateral do ligamento patelar e fáscia lata (sem porção da patela) podem ser utilizados

nessa variação180,181

. O terço intermédio do ligamento patelar e a fáscia lata são

empregados em outro procedimento “over-the-top”182

. Uma modificação desse

procedimento chamando “under-and-over”, consiste na confecção de um retalho de

fáscia lata, o qual permanece inserido à tíbia e, posteriormente, é direcionado sob o

ligamento intermeniscal, através da fossa intertrocantérica até surgir proximalmente e

caudalmente à fabela lateral180

.

Uma modificação da técnica “under-and-over” envolve a sutura da porção

final do enxerto à porção distal do ligamento patelar após passá-lo sobre a fabela

lateral165,168

. O enxerto também pode ser inserido através de um túnel antes do

procedimento “over-the-top” ser completado183

.

Todas estas técnicas produzem resultados clínicos similares: 85 a 93% dos

cães tornam-se clinicamente normais ou apenas claudicam intermitentemente, estes

resultados assemelham-se àqueles obtidos com técnicas extracapsulares. Diversos

trabalhos têm utilizado materiais sintéticos como prótese de substituição do LCCr a fim

de evitar o período de vulnerabilidade do enxerto autógeno162,184

.

Ao utilizar-se prótese de poliéster em cães com RLCCr observou-se que esta

técnica não preveniu a instabilidade articular e a progressão da DAD, não sendo

considerado um material satisfatório para a substituição do LCCr em comparação a

outros técnicas cirúrgicas184

. Também, empregando implante similar conhecido como

prótese Leeds-Keio, não obteve resultados satisfatórios em modelo canino

experimental18

.

O LCCr pode ser substituído utilizando-se tecidos biológicos como o

enxerto autógeno, o alógeno e o xenoenxerto. Também pode ser empregado material

sintético ou a combinação desses dois tipos, chamados de enxertos compostos185

. O

Page 62: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

39

material ideal para um enxerto deve reproduzir a anatomia complexa do ligamento

cruzado cranial original, promover as mesmas propriedades biomecânicas originais,

permitir uma fixação segura, promover uma incorporação biológica rápida a fim se

permitir uma reabilitação acelerada e minimizar a morbidade no sítio doador186

.

Os enxertos autógenos mais utilizados incluem o segmento osso- ligamento

patelar- osso (OLO), os tendões quádruplos da perna e o tendão do músculo quadríceps

com ou sem porção óssea. As opções de enxerto alógeno são o segmento OLO, os

tendões da perna, o tendão de Aquiles e os tendões tibiais anteriores e posteriores. O

cirurgião ortopédico deve escolher um enxerto e a técnica de fixação adequada visando

restaurar a estabilidade da articulação FTP187

.

O segmento OLO na reconstrução do LCA em seres humanos tornou-se o

“enxerto padrão” para a reconstrução primária do LCA. O segmento OLO apresenta

algumas vantagens “teóricas” que incluem resistência, firmeza e potencial de

cicatrização para a interação osso-com-osso188

.

As propriedades mecânicas e estruturais do LCA inato foram investigadas

comparando enxertos alternativos como o OLO, tendão do músculo semitendinoso e

grácilis, tendão do quadríceps, fáscia lata e segmento iliotibial. Observou-se que o único

que excedeu os valores obtidos nos testes de tensão do LCA foi a amostra do terço

intermédio do segmento OLO. Apesar do cuidado necessário na interpretação de

resultados obtidos em estudos biomecânicos em cadáveres, os dados conseguidos

sugerem que a força e a resistência inicial de tensão do terço intermédio do segmento

OLO são comparáveis, senão maiores, que o do LCA inato189

.

A resistência do enxerto „in vivo‟ após a implantação depende de vários

fatores como a fixação, extensão de necrose e remodelamento. A implicação clínica

relativa a resistência inicial do enxerto permanece incerta187

.

Apesar das altas taxas de sucesso tanto objetivas quanto subjetivas, o uso do

enxerto autógeno de OLO pode ocasionar morbidade no sítio de doação. As

complicações pós-operatórias incluem a fratura patelar190

, fragilidade do músculo

quadríceps191,192

e tendinite patelar. A dor na região anterior do joelho é a complicação

pós operatória mais comum, variando de 5 a 55%193,194

.

O terço medial do conjunto autógeno patela-tendão patelar na substituição

do LCCr demosntra que a revascularização intrínseca do tendão patelar progride das

porções proximal e distal do enxerto para a central, completando-se dentro de 20

semanas após a cirurgia e em um ano, possui a aparência histológica e vascular de um

Page 63: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

40

LCCr normal. Assim, ele é vulnerável durante essas primeiras 20 semanas após a

cirurgia. Segundo os autores, a ausência de perfusão vascular dentro do enxerto

imediatamente após o transplante e a inaptidão da inserção óssea do mesmo em

contribuir para esse processo de revascularização sugerem que esta revascularização

origina-se do tecido sinovial e de tecidos moles do coxim adiposo infrapatelar, sendo o

enxerto primeiramente envolvido pelo tecido sinovial vascular195

.

A substituição do LCCr em cães com enxerto autógeno ou alógeno formado

de osso-ligamento-osso processado por congelamento rápido em nitrogênio líquido,

apresentam uma pequena diferença entre os enxertos no que se refere ao curso clínico,

aspecto radiográfico e parâmetros biomecânicos, entretanto, a aparência macroscópica

revela uma alta incidência de pannus no grupo dos animais com o enxerto alógeno.

Além disso, segundo os autores, os resultados indicaram que esses enxertos foram

metabolicamente menos ativos que os autógenos e que a reação imunológica local foi

gerada só pelo implante alógeno196

.

Foi relatada uma resposta imunológica nos cães que receberam enxerto

alógeno congelado à - 80°C e sugeriram que até aquele momento, os resultados não

favoreciam clinicamente o implante de ligamentos cruzados retirados de cadáveres197

.

Apesar de alguns autores, em estudos com seres humanos, acreditarem que

há vantagens na utilização do enxerto alógeno de ligamento patelar nas reconstruções

intracapsulares do LCA, pois não há comprometimento da articulação patelofemoral,

propiciando uma menor morbidade ao paciente, visto que não há agressões adicionais

ao joelho pela retirada de enxerto198,199

, o tempo cirúrgico é menor200

e há possibilidade

de utilização de enxertos de espessuras variadas198

, existem desvantagens importantes

como o risco de reações imunológicas e o potencial de transmissão de doenças

infecciosas201

, além da necessidade da infra-estrutura de um banco de tecidos198

.

As técnicas de reconstrução do LCA com enxerto autógeno ou alógeno de

ligamento patelar por via artroscópica têm sido relatadas como procedimentos de menor

agressão cirúrgica e a maior facilidade na reabilitação do paciente no pósoperatório,

porém, no meio Médico, fica restrita aos cirurgiões artroscopistas especialistas em

joelho202

. Segundo os mesmos autores, a determinação do ponto isométrico femoral é

feita de maneira mais segura na técnica artroscópica, apesar de reconhecerem que esta

determinação é possível nas técnicas abertas e que os resultados finais são comparáveis.

O posicionamento do enxerto OLO na FTP é dado importante na Medicina

para êxito da cirurgia, pois qualquer alteração pode levar a tensão indevida, produzindo

Page 64: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

41

frouxidão ou limitação da flexão ou extensão da FTP, principalmente quando essa má

posição acontece no fêmur188

. A localização do túnel tibial é considerada de menor

importância, porém posição muito anterior deve ser evitada, podendo levar a

pinçamento do enxerto no teto da incisura intercondilar. A busca desses pontos ideais

no fêmur e na tíbia diz respeito a isometria, isto é, no movimento de flexão-extensão, os

túneis femoral e tibial devem manter-se equidistantes202

.

Independentemente da seleção de um enxerto biologicamente adequado e

resistente, o processo de necrose e revascularização pode produzir um declínio

significativo nessa resistência189

. Este processo é seguido pela produção de novo

colágeno, pelo realinhamento das fibras e pela maturação, etapas necessárias e de forma

ordenada, para estabelecer as funções e propriedades mecânicas finais ao enxerto. O

processo pelo qual o enxerto perde suas características e adquire uma estrutura

semelhante aos ligamentos é conhecida como ligamentização203

.

Além da vantajosa propriedade biomecânica que vem sendo atribuída ao

ligamento patelar autógeno na reconstrução do LCA em humanos189

a facilidade de

fixação e a produção de bons sinais clínicos são outros fatores a serem considerados. A

fixação estável de um enxerto bem posicionado e tensionado é o fator de maior

influência na estabilidade da FTP no período pós-operatório imediato204

. Fixações bem

realizadas podem possibilitar uma reabilitação mais acelerada, além de diminuir o

potencial de artrofibrose pós-operatória.

Os métodos de fixação do enxerto osso-ligamento patelar-osso na Medicina

incluem grampos, suturas ancoradas sobre um parafuso utilizado como pilar205

, suturas

ancoradas sobre um botão206

e fixação com parafuso de interferência207

.

As opções de estabilização para enxertos de tiras de tendões e outros tecidos

moles baseiam-se em suturas, botões e grampos, os quais são inferiores à fixação

quando se utiliza parafuso de interferência, do fragmento ósseo no seu túnel, ou

simplesmente o fragmento ósseo fixado por pressão no fêmur25

. O perigo das suturas e

grampos é o afrouxamento no período pós-operatório imediato, enquanto que parafusos

corticais e botões podem ficar proeminentes sob a pele, necessitando sua retirada.

Alguns pesquisadores têm, por esta razão, defendido o emprego de parafusos de

interferência metálicos para a fixação do bloco ósseo patelar204

devido a confiabilidade

da sua resistência na estabilização inicial205

. Entretanto, algumas complicações têm sido

relatadas: laceração de suturas, avanço inadvertido e dificuldade na colocação do

parafuso, e afrouxamento do bloco ósseo durante a fixação208

. Além disso, as fibras do

Page 65: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

42

enxerto podem ser laceradas durante ou após a colocação do parafuso devido a sua rosca

proeminente e cortante que fica protruído além do bloco ósseo208

.

Outro fator que deve ser considerado na escolha do método de fixação do

enxerto a ser utilizado, diz respeito a diferença entre a fixação do lado femoral e a do

lado tibial. A densidade óssea do osso metafisário tibial é menor que a do femoral em

um mesmo indivíduo209

. Adicionalmente a este fato, a orientação dos túneis femoral e

tibial é muito diferente. Segundo as técnicas preconizadas na Medicina Humana,

durante o apoio da perna, o túnel tibial e o enxerto são colineares, transmitindo forças

potencialmente elevadas direcionadas a interface osso-enxerto na tíbia. Estes relatos

acabam atribuindo a fixação tibial o papel de “elo frágil” na reconstrução do ligamento

anterior em seres humanos25,209

.

Os enxertos OLO permitem uma fixação estável e integração óssea precoce

por meio de fragmentos ósseos colocados sobre pressão. As excelentes propriedades

biomecânicas dos parafusos de interferência na fixação de enxertos de OLO na

Medicina levam em conta que estes ensaios biomecânicos são normalmente realizados

em animais, os quais, normalmente, apresentam densidade mineral óssea maior que a

humana25

.

A reabilitação pós-operatória na RLCCr, normalmente, não passa de

algumas palavras de motivação, ditas ao proprietário, relativas à atividade do seu cão

dentro das próximas semanas210

. A imobilização do membro e articulação com

bandagens, talas e repouso eram recomendações que durante muito tempo fizeram parte

da recuperação após tratamento cirúrgico da RLCCr, especialmente para técnicas

intracapsulares onde a proteção do enxerto até sua revascularização era vital. Tem sido

provado, porém, que a movimentação precoce da articulação é importante na prevenção

da degeneração da cartilagem21

, porque a nutrição dela depende da movimentação

articular172

. Por essa razão, deve ser feita uma conciliação entre a proteção do enxerto e

a preservação da integridade da cartilagem nas técnicas intracapsulares16

.

Normalmente não é recomendado qualquer método de imobilização externa,

promovendo-se o retorno funcional do membro com exercícios moderados e restrição

de atividade durante oito semanas. Entretanto, para alguns casos de reparos intra-

articulares, utilizando enxerto autólogo de fáscia lata, recomenda-se a aplicação de

bandagens por um período de quatro semanas, ou o emprego de talas externas para

proporcionar restrição ao movimento articular por um tempo mais longo211

.

Page 66: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

43

Neste contexto, são necessários estudos completos que abranjam os aspectos

funcionais, locomotores e fisiológicos da técnica de substituição do ligamento cruzado

cranial, empregando enxerto autógeno de ligamento patelar fixado sobre pressão no

fêmur e com parafuso de interferência na tíbia, para observação da eficácia e

estabilidade da articulação femorotibiopatelar. Para tanto, a análise pormenorizada da

articulação FTP deve ser realizada por meio de exames clínicos, radiográficos,

ultrassonográficos, tomográficos, artroscópicos, cinemáticos, imunológicos e

histopatológicos.

Page 67: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

44

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58

CAPÍTULO 2 – IMPLICAÇÕES IMAGINOLÓGICAS, ARTROSCÓPICAS E

HISTOPATOLÓGICAS DA SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO

LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL COM ENXERTO AUTÓGENO DE

LIGAMENTO PATELAR

Resumo

Objetivou-se com este estudo avaliar a técnica de substituição anatômica pressfit do

ligamento cruzado cranial em ovinos, por meio de exames radiográficos,

ultrassonográficos, tomográficos, artroscópicos, histopatológicos e imunológicos. O

estudo foi realizado com 17 ovinos, fêmeas da raça Santa Inês. Os exames radiográficos

mostraram que houve um aumento do escore aos 15 dias, indicando a presença de

alterações radiográficas discretas progressivas até os 90 dias após a cirurgia. A

tomografia computadorizada foi mais sensível para observação das lesões aos 30, 60 e

90 dias após a cirurgia. Observaram-se alterações discretas de efusão articular e

formação osteofítica assim como observado na imagem radiográfica. A região

topográfica correspondente a ao túnel femoral lateral pôde ser observada e avaliada

apenas pela tomografia computadorizada. A ultrassonografia foi mais sensível na

detecção precoce das lesões de tecidos moles. Aos 30 dias após a cirurgia 90% dos

animais apresentavam escore discreto para os achados ultrassonográficos. A artroscopia

avaliou o grau de vascularização e o tipo de vilosidades da sinóvia. Não foram

encontradas alterações de erosão e fibrilação na cartilagem articular. Igualmente não se

observou osteofitose nos compartimentos lateral e medial e próximo ao recesso supra

patelar. A sinóvia na inserção do côndilo lateral apresentava-se mais hiperêmica na

maioria dos animais. As concentrações do TNF-alfa não variam do pré ao pós-cirúrgico

30 (p=0,39), 60 (p=0,45) e 90 (p=0,16) dias após a cirurgia. A maioria dos animais aos

30 dias de pós-operatório apresentou aumento desta citocina. Os achados

histopatológicos da cartilagem sugerem alterações iniciais de osteoartrite causadas por

compressão mecânica. Desta forma, conclui-se que a substituição anatômica pressfit do

ligamento cruzado cranial é capaz de promover satisfatória recuperação funcional da

articulação femorotibiopatelar em ovinos adultos jovens da raça Santa Inês.

Palavras-chave: joelho, osteoartrite, radiografia, ultrassonografia, tomografia,

artroscopia, imunologia, histopatologia

Page 82: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

59

CHAPTER 2 - THE ANATOMICAL REPLACEMENT PRESSFIT CRANIAL

CRUCIATE LIGAMENT WITH AUTOGRAFT OF THE PATELLAR

LIGAMENT IN OVINE IN THE FUNCTIONAL RECOVERY OF THE JOINT

FEMOROTIBIOPATELAR

Abstract

The objective of this study was to evaluate the pressfit anatomical replacement

technique cranial cruciate ligament in sheep by radiographs, ultrasound, CT,

arthroscopic, histopathological and immunological. The study was conducted with 17

sheep breed female Santa Ines. Radiographic examination showed that there was an

increase in the score to 15 days, indicating the presence of discrete progressive

radiographic changes until 90 days after surgery. Computed tomography was more

sensitive for observation of lesions at 30, 60 and 90 days after surgery. They observed

slight alterations of joint effusion and osteofítica formation as observed in the

radiographic image. The corresponding topographic region to the lateral femoral tunnel

could be observed and measured only by computed tomography. Ultrasonography was

more sensitive in the early detection of soft tissue injuries. At 30 days after surgery 90%

of the animals had a slight score for the sonographic findings. Arthroscopy evaluated

the degree of vascularity and type of synovial villi. There were no erosion and

fibrillation changes in articular cartilage. Also there was no osteophytes in the lateral

and medial compartments and close the recess above patella. The synovium the

insertion of the lateral condyle had become more hyperemic in most animals. TNF-

alpha concentrations do not vary between pre and post-surgery 30 (p = 0.39), 60 (p =

0.45) and 90 (p = 0.16) days after surgery. Most of the animals at 30 days

postoperatively showed an increase of this cytokine. Histopathological findings suggest

early cartilage of osteoarthritis changes caused by mechanical compression. Thus, it is

concluded that the anatomical replacement pressfit cranial cruciate ligament is able to

promote satisfactory functional recovery femorotibiopatelar joint in young adult sheep

Santa Ines.

Key-words: knee, osteoarthritis, radiography, ultrasound, comp, arthroscopy,

immunology, histopathology

Page 83: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

60

1. Introdução

Doença articular degenerativa (DAD) e osteoartrite são sinônimos usados

para classificar a alteração não infecciosa e progressiva que ocorre na cartilagem das

articulações sinoviais1,2

. Esta alteração é caracterizada por inflamação e espessamento

da cápsula fibrosa e membrana sinovial, degeneração da cartilagem articular, produção

de osteófitos periarticulares e perda funcional da articulação3,4

.

A osteoartrite inicia-se, geralmente, após instabilidade articular causada

principalmente por ruptura de ligamentos5. O ligamento cruzado cranial é o mais

acometido por rupturas parciais ou completas, e resultam em instabilidade parcial ou

total o que contribui de maneira significativa para o desenvolvimento da doença

articular degenerativa6-8

. A progressão da osteoartrite é uma ocorrência frequente após o

tratamento cirúrgico ou conservativo da ruptura, e a claudicação persistente pode

ocorrer mesmo após o procedimento cirúrgico9-10

.

Embora a etiologia da osteoartrite após substituição do ligamento cruzado

cranial tenha sido bastante pesquisada6,11

, ainda, são necessários estudos para

compreensão da sua patogenia, principalmente, no que se refere ao tempo de formação

das lesões empregando a técnica a pressfit12,13

. O tempo de surgimento das lesões é

variável e ainda não se observaram técnicas capazes de impedir a instauração e

progressão da doença articular degenerativa14,15

. Portanto, apesar da importância de se

estudar casos de DAD, há uma limitação quanto à determinação da sequência inicial de

eventos, pois exames diagnósticos realizados em longo prazo refletem processos

degenerativos e regenerativos secundários e não o processo primário16

.

O diagnóstico e acompanhamento da evolução do processo degenerativo,

bem como da resposta aos tratamentos são desafios constantes14

. Os métodos de

diagnósticos comumente empregados para identificação da osteoartrite são: avaliação

clínica, que considera a dor, claudicação e amplitude de movimentos durante a flexão e

extensão; avaliação radiográfica em que pode ser observado efusão articular, esclerose

subcondral e formação osteofítica à medida que evolui a lesão; e avaliação

ultrassonográfica que traz informações adicionais ao identificar precocemente osteófitos

periarticulares, a condição dos tecidos moles articulares e alterações na cartilagem.

Além disso, exames de tomografia computadorizada e artroscopia propiciam maior

detalhe e precisão das imagens. A dosagem de citocinas pró-inflamatórias, como TNF

Page 84: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

61

alfa, IL-1 e IL-6 indicando catabolismo são usadas para diagnóstico e acompanhamento

de evolução da osteoartrite17-20

.

Dessa forma, objetivou-se avaliar as consequências da substituição

anatômica pressfit do ligamento cruzado cranial em ovinos, com enxerto autógeno de

ligamento patelar. Para tanto, os animais foram avaliados por meio de exames, clínico,

artroscópico, imunológico (TNF-α), histopatológico e de imagem (radiográficos,

ultrassonográficos, tomográficos) durante 90 dias.

2. Material e métodos

2.1. Animais e delineamento experimental

O estudo foi conduzido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal de Goiás utilizando 17 ovinos, fêmeas da raça Santa

Inês, com 17,5 ± 3,6 meses e 28,5 ± 6,1 kg. Os animais foram selecionados após

realização de exame clínico geral e ortopédico específico para exclusão de doenças

sistêmicas. Foram realizados exames laboratoriais de hemograma, urinálise e provas

bioquímicas para comprovação da higidez. Os animais foram mantidos em pastagem de

Brachiaria decumbens e suplementados com concentrado específico para ovinos. A

água foi fornecida, à vontade, em bebedouros artificiais. A pesquisa foi aprovada pela

Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal de Goiás (Protocolo Nº

012/14).

As ovelhas foram avaliadas por meio de exames de imagem antes e após o

procedimento cirúrgico de substituição anatômica do ligamento cruzado cranial,

conforme detalhamento no Quadro 1. Ao final de 30, 60 e 90 dias após o procedimento

cirúrgico foram realizados exames tomográficos, artroscópicos, histopatológicos e

imunológicos. Os animais foram submetidos à eutanásia aos 30 (n=5), 60 (n=6) e 90

dias (n=6) contendo em cada um, respectivamente, três, cinco e sete avaliações (Quadro

1).

Page 85: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

62

Quadro 1- Distribuição dos grupos experimentais de acordo com o tempo em dias de

avaliação e os exames realizados antes e após a cirurgia

Exames

Antes Após a cirurgia*

0 15 30 45 60 75 90

Grupo 90

Grupo 60

Grupo 30

Exames radiográficos

Exames ultrassonográficos

Tomografia computadorizada

Artroscopia

Histopatológico

Análise de citocinas pró-inflamatórias

*tempo de avaliações em dias

2.2. Procedimento cirúrgico

O procedimento cirúrgico de substituição do ligamento cruzado cranial por

enxerto de ligamento patelar autógeno foi realizado na articulação femorotibiopatelar

direita de 17 ovinos. Para intervenção cirúrgica, os animais foram submetidos à

tricotomia ampla da articulação femorotibiopatelar direita, desde a região inguinal até a

região do tarso, e mantidos em jejum alimentar e hídrico por 12 e 6 horas,

respectivamente.

A medicação pré-anestésica empregada foi 20 mg/kg de cloridrato de

detomidina 1% (Dormiun® V, Agener União, Brasil) por via intramuscular. A indução

anestésica foi realizada com 5 mg/kg de Propofol (Propovan®, Cristália Produtos

Químicos e Farmacêuticos Ltda, Brasil) por via intravenosa e a manutenção com

Isofluorano (Isofluorano®, Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda, Brasil)

em oxigênio 100% em circuito com reinalação parcial de gazes. Adicionalmente,

procedeu a anestesia epidural com 1 ml/5kg lidocaína (Lidocaína®, Hipolabor

Farmacêutica Ltda, Brasil) e 0,1 mg/kg morfina (Cloridrato de Morfina®, Cristália

Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda, Brasil). Durante o procedimento anestésico,

os animais foram monitorados com monitor multiparamétrico para avaliação dos

valores fisiológicos básicos, no período trans-cirúrgico e pós-anestésico imediato.

As ovelhas foram posicionadas em decúbito dorsal sobre a mesa cirúrgica, o

membro pélvico esquerdo foi preso lateralmente e os membros torácicos estabilizados

para evitar que o animal deslizasse sobre a mesa. O membro pélvico da articulação

Page 86: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

63

femorotibiopatelar operado foi preparado de forma rotineira, seguindo os critérios de

anti-sepsia para cirurgia ortopédica, com a colocação de atadura envolvendo a

extremidade distal do membro, a partir do tarso, para que pudesse ser manipulado

durante o procedimento. Em seguida, foi feita a colocação dos campos cirúrgicos e a

cirurgia foi realizada seguindo a técnica de substituição pressfit acessando a articulação

por artrotomia em duas etapas: retirada e preparação do enxerto e substituição do

ligamento cruzado cranial.

2.2.1 Retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento patelar

a) A retirada do enxerto foi realizada por acesso longitudinal cranial na

articulação femorotibiopatelar direita. A incisão de pele foi feita iniciando-se no terço

médio da patela acompanhando sua face cranial e seguindo distalmente a superfície

dorsal do ligamento patelar até cruzar a tuberosidade da tíbia. Empregando uma serra

óssea linear foi retirado dois fragmentos ósseos, um trapezoidal da tuberosidade da tíbia

e um retangular da patela, de aproximadamente 6 mm e 4 mm, respectivamente (Figura

1A). Utilizou-se uma régua metálica estéril com furos graduados de 2 a 5 mm para

determinar o diâmetro dos fragmentos ósseos e da broca utilizada para a confecção dos

túneis ósseos, e na medição da espessura do ligamento patelar para retirada do terço

central (Figura 1B).

b) O fragmento ósseo da tuberosidade da tíbia foi preparado com o auxílio

de uma goiva para que atingisse a espessura próxima a 5,5 mm e que não passasse

através do furo da régua. O fragmento ósseo patelar foi preparado para atingir uma

espessura menor que 5 mm para passar livremente pela régua. Na sequência, foi

realizado uma perfuração com fio de Kirschner de 1 mm no fragmento tibial e duas

perfurações no fragmento patelar. As perfurações foram necessárias para passar e fixar

os fios de nylon 0,6 mm que foram usados no tensionamento do enxerto (Figura 1C).

c) O enxerto foi conservado até sua fixação, nos túneis femoral e tibial, em

solução salina estéril. O excesso de tecido adiposo e conjuntivo aderido às fibras foi

removido para facilitação da passagem do mesmo pelos túneis ósseos.

.

Page 87: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

64

Figura 1- Imagens da retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento patelar da

articulação femorotibiopatelar direita de ovino da raça Santa Inês. (A) Acesso

longitudinal cranial da articulação e serra óssea retirando o fragmento ósseo da

tuberosidade da tíbia; (B) Régua metálica estéril e retirada do terço central do

ligamento patelar; (C) Perfuração do fragmento patelar com fio de Kirschner e

mensuração do fragmento da tuberosidade da tíbia.

Page 88: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

65

2.2.2 Substituição do ligamento cruzado cranial

a) Para o acesso articular utilizou-se o espaço criado após a retirada do terço

médio do ligamento patelar, onde foi realizada uma incisão perfurante que permitiu

adentrar a articulação com menor dano possível à cartilagem articular dos côndilos do

fêmur. Pode-se observar o coxim adiposo infrapatelar cobrindo os ligamentos cruzados

e os meniscos. Com auxílio de uma tesoura, esse coxim adiposo foi retirado em sua

maior parte, pois se necessitou de ampla visão da inserção do LCCr para sua

desmotomia, e visão do côndilo medial da tíbia para confecção do túnel ósseo tibial. Foi

realizada a desmotomia do LCCr nos seus pontos de origem e inserção. Após esse

procedimento, foi realizado o movimento de gaveta cranial para confirmar a

instabilidade articular.

b) Os cotos do ligamento foram curetados na origem e inserção, no fêmur e

na tíbia respectivamente, para auxiliar no posicionamento dos guias. Os guias foram

confeccionados exclusivamente para encaixe no fêmur e na tíbia, possuindo dois

componentes de orientação dos fios de Kirschner de 1,5 mm posicionados na origem e

inserção do ligamento cruzado cranial (Figura 2A).

c) Os fios foram passados no fêmur e na tíbia com uma perfuradora e com o

auxílio dos guias posicionados no fêmur e na tíbia, que são específicos para o porte dos

animais em estudo. Realizou-se a perfuração do túnel do fêmur e da tíbia com uma

broca canulada 5 mm passada através do fio guia. A pinça Hartmann 9 cm foi necessária

para tracionar o fio amarrado ao enxerto e permitir a passagem deste após a confecção

do túnel femoral e tibial até que o fragmento da tuberosidade da tíbia estivesse 50% do

seu comprimento no túnel femoral e, pudesse ser totalmente impactado no túnel do

fêmur utilizando um impactador ósseo (Figura 2B).

d) O enxerto completamente posicionado no túnel femoral e tibial foi

tracionado distalmente e fixado com um parafuso de interferência de 5 mm na tíbia,

correspondente ao tamanho da broca utilizada. O fragmento ósseo no fêmur foi

impactado e o fio de nylon cortado (Figura 2C). Não foi utilizado nenhum equipamento

específico para quantificar a tensão aplicada ao enxerto durante a fixação na tíbia, a

tensão foi suficiente ao se perceber que todas as fibras estavam tensionadas e o

movimento de gaveta estava ausente.

Page 89: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

66

Figura 2- Imagens da cirurgia de substituição do ligamento cruzado cranial por enxerto

autógeno de ligamento patelar da articulação femorotibiopatelar direita de ovino da

raça Santa Inês. (A) Posicionamento e colocação dos guias no fêmur e na tíbia,

respectivamente; (B) Confecção do túnel femoral e passagem do enxerto através

dos túneis femoral e tibial; (C) Impactação do fragmento ósseo no fêmur e fixação

do enxerto com parafuso de interferência na tíbia.

e) Terminada a colocação do enxerto, a articulação foi irrigada com solução

Ringer lactato sob pressão para remoção de pequenos fragmentos ósseos oriundos dos

túneis femoral e tibial. O ligamento patelar foi suturado com nylon 2-0 em plano

simples separado. Distalmente, a cápsula e o retináculo foram suturados com fio

absorvível sintético 2-0 de ácido poliglicólico em único plano com pontos simples

separados e não perfurantes, atingindo apenas a camada fibrosa da cápsula e evitando

que o material de sutura entrasse em contato com a cartilagem articular. Evitou-se, sob

Page 90: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

67

todos os aspectos, que ocorresse uma possível imbricação da cápsula articular e da

fáscia lata durante o procedimento de síntese, visto que este fato interferiria na avaliação

da técnica cirúrgica intracapsular empregada.

f) Por fim, o tecido subcutâneo foi reaproximado com sutura simples

contínua com fio absorvível sintético de ácido poliglicólico e a pele suturada com

pontos de wolf utilizando-se fio inabsorvível sintético monofilamentar 2-0. O membro

foi movimentado repetidas vezes alternando extensão e flexão e a estabilidade da

articulação foi avaliada pelo movimento de gaveta cranial.

2.3 Pós-operatório

No pós-operatório os animais ficaram em baias individuais por sete dias

para manutenção do repouso e realização de curativos diários. Analgesia foi realizada

com 4mg/kg de Tramadol (Cloridrato de tramadol®, Cristália produtos químicos e

farmacêuticos Ltda, Brasil) a cada oito horas por via intramuscular por sete dias e

25mg/kg de Dipirona sódica (D-500®, FortDodg, Brasil) a cada 12 horas, por via

intramuscular. A antibioticoterapia foi feita com 30.000 UI de Oxitetraciclina

(Oxitetraciclina®, Des-Far laboratórios Ltda, Brasil) a cada 48 horas por via

intramuscular em três doses. Os pontos de pele foram retirados no décimo dia após o

procedimento cirúrgico.

Ao final das avaliações de cada grupo realizou-se a eutanásia dos animais

seguindo os protocolos estabelecidos pela CEUA, utilizando Isofluorano (Isofluorano®,

Cristália produtos químicos e farmacêuticos Ltda, Brasil) e 1mg/kg de Cloreto de

potássio (Cloreto de Potássio®, HalexIstar indústria farmacêutica, Brasil), por via

intravenosa. Posteriormente os animais foram encaminhados ao setor de patologia onde

foram colhidas as articulações femorotibiopatelares direita e em seguida os animais

foram incinerados.

2.4 Exames de radiografia e tomografia computadorizada

Os exames radiográficos em exposições mediolateral e caudocranial da

articulação da articulação femorotibiopatelar foram realizados com aparelho de

radiologia portátil (Orange, modelo T-100) mantendo-se distância foco-filme de 70 cm

e empregando-se 42 kVp e 2,5 mAs. As películas radiográficas (Kodak T-MAT de 24 x

Page 91: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

68

30 cm) foram montadas em chassis rígidos e reveladas em processadora automática

marca Vision Line modelo LX-2 (Lotus, Curitiba, Paraná, Brasil).

Os exames tomográficos foram realizados utilizando tomógrafo helicoidal

de um canal modelo Select SP (Elscint LTDA, Haifa, Israel) com seleção de 120 kV e

210 mA segundo as recomendações para a espessura da articulação femorotibiopatelar.

As articulações femorotibiopatelares direita foram colhidas após a eutanásia e

posicionadas com a porção caudal sobre a mesa do tomógrafo iniciando-se o exame

com o topograma, para em seguida proceder os cortes transversais com espessura de

dois milímetros a partir da diáfise distal do fêmur até a diáfise proximal da tíbia,

compreendendo aproximadamente, 10 centímetros de varredura e 60 cortes por

membro. As estruturas anatômicas internas foram analisadas em janelas para tecido

ósseo e tecidos moles por meio do software Osirix® (Stable release 4.0, novembro,

2011) em plano axial, sagital e dorsal e reconstrução tridimensional.

As imagens radiográficas e tomográficas foram avaliadas quanto à presença

de efusão articular, osteófitos periarticulares e/ou intra-articulares e esclerose do osso

subcondral. As características avaliadas foram classificadas por meio de escore de 1 a 4

de acordo Muzzi et al.14

modificado (Quadro 2).

Quadro 2- Sistema de escores para avaliação das imagens radiográficas e tomográficas.

Escores Descrição

1 Sem alterações na articulação femorotibiopatelar

2 Alterações discretas: efusão articular, discreta formação de osteófitos

periarticulares (extremidades da patela, superfície caudal dos côndilos da tíbia).

3

Alterações moderadas: efusão articular, moderada formação de osteófitos

periarticulares (extremidades da patela, superfície caudal dos côndilos da tíbia,

cristas trocleares do fêmur, fabelas, cabeça da fíbula, superfícies medial e/ou

lateral dos côndilos femorais).

4

Alterações acentuadas: efusão articular, acentuada formação de osteófitos

periarticulares (extremidades da patela, superfície caudal dos côndilos da tíbia,

cristas trocleares do fêmur, fabelas, cabeça da fíbula, superfícies medial e/ou

lateral dos côndilos femorais), formação de osteófitos intra-articulares

(superfície articular do platô tibial e fossa intercondilar) e esclerose do osso

subcondral.

Fonte: Adaptado de Muzzi et al.14

.

2.5 Avaliações ultrassonográficas

Empregou-se aparelho ultrassonográfico G&E (GE Logiq-E, São Paulo)

com transdutor linear multifrequencial (7,5-10MHz) e frequência selecionada em

Page 92: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

69

10MHz. A articulação femorotibiopatelar foi examinada em modo bidimensional nos

planos transversais e longitudinais, nas regiões suprapatelar, infrapatelar e lateral. A

interpretação das imagens foi realizada considerando-se presença/ausência de alterações

articulares, como distensão do recesso suprapatelar, osteófitos nos côndilos femorais,

osteófitos nas extremidades da patela, irregularidades nas bordas trocleares e na

superfície articular da tíbia e protrusão dos meniscos. Os achados das alterações

articulares foram classificados por meio de um sistema de pontuação descrito por Muzzi

et al.14

modificado (Quadro 3).

Quadro 3- Sistema de escores para avaliação das imagens ultrassonográficas.

Avaliação ultrassonográfica

Escore Descrição

1 Sem alterações na articulação femorotibiopatelar.

2 Alterações discretas: recesso suprapatelar distendido, discretas irregularidades

nas superfícies medial e/ou lateral dos côndilos femorais.

3

Alterações moderadas: recesso suprapatelar distendido, moderadas

irregularidades nas superfícies medial e/ou lateral dos côndilos femorais,

osteófitos na extremidade distal da patela e nas fabelas.

4

Alterações acentuadas: recesso suprapatelar distendido, acentuadas

irregularidades nas superfícies medial e/ou lateral dos côndilos femorais,

osteófitos na extremidade distal da patela e nas fabelas, irregularidades na

superfície articular do platô tibial, protusão dos meniscos.

Fonte: Adaptado de Muzzi et al.14

.

2.6 Avaliações artroscópicas

Para avaliação artroscópica foi utilizado equipamento Karl Storz com ótica

2,7mm. A articulação femorotibiopatelar direita foi puncionada medialmente ao

ligamento patelar e dilatada com a infusão de 20mL de Ringer lactato. Foi realizada

uma incisão da pele, de aproximadamente 5mm, lateral ao terço médio do ligamento

patelar, aprofundada até perfurar a cápsula articular utilizando lâmina de bisturi 15,

onde se introduziu a bainha artroscópica guiada por trocarte rombo. O sistema de

irrigação foi conectado à bainha artroscópica, sendo o trocarte removido e substituído

pelo artroscópio acoplado à câmera. Realizou-se a inspeção iniciando pelo recesso

suprapatelar, seguindo-se pela articulação femoropatelar, compartimento lateral, fossa

intercondilar, platô tibial e compartimento medial. Foram observados: membrana

sinovial, superfícies articulares do fêmur e patela, bordas trocleares, côndilos femorais,

ligamentos cruzados, meniscos e tendão do músculo extensor digital longo. A

Page 93: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

70

vascularização e vilosidades da membrana sinovial foram avaliadas de acordo com

Borges et al.3 modificado.

Quadro 4- Sistema de escores para avaliação das vilosidades e vascularização da

membrana sinovial.

Membrana sinovial

Escore Descrição para as vilosidades

1 Ausente

2 Discreta: vilosidades delgadas, filamentosas, atrofiadas, brancas ou rosadas

3 Moderada: vilosidades delgadas, filamentosas, forma de pólipo, leque, galho de

árvore, bastão, avermelhadas.

4

Acentuada: vilosidades numerosas, densas em forma de couve-flor, de franja,

localizadas principalmente nos compartimentos lateral e medial de aspecto

hemorrágico e coloração vermelha

Descrição para a vascularização

1 Ausente

2 Discreta: presença discreta de vasos ingurgitados em, no máximo, duas regiões

3 Moderada: vascularização, aparente hiperemia, nos compartimentos lateral e

medial nos ligamentos cruzados e nos meniscos

4 Acentuada: hipervascularização, hiperemia dos compartimentos medial e lateral,

dos meniscos e ligamentos, hemorragia articular

Fonte: Adaptado de Borges et al.3.

2.7 Análise dos marcadores pró-inflamatórios

Utilizou-se o liquido sinovial para dosagem do TNF- α colhido antes das

cirurgias de substituição do ligamento cruzado cranial e antes da artroscopia. Foram

colhidos da articulação femorotibiopatelar direita aproximadamente 1 ml de liquido

sinovial e mantido congelado -20ºC até o processamento.

Para a realização da dosagem da citocina TNF- α por ELISA foi adquirido

kit comercial específico (Kit ELISA BD OptEIA ). O kit foi testado por meio de curvas

padrão, na qual varias concentrações de solução padrão específica para a citocina em

estudo testaram a eficiência dos seus anticorpos específicos.

Todo o protocolo foi seguido conforme determinado pelo fabricante. As

placas de ELISA de 96 poços (SantaCruz) foram seladas e incubadas a 4°C over-night

com os anticorpos específicos para a citocina de interesse, diluído em tampão de fosfato

0,2M ou carbonato, para um volume total de 100µL/poço segundo determinações do

fabricante. Após a sensibilização (12 a 14 horas) as placas foram lavadas de 3 a 5 vezes

com tampão de lavagem (PBS contendo 0,05% de Tween 20) e bloqueadas em

Page 94: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

71

200µL/poço de solução de PBS com albumina bovina (BSA) ou com soro fetal bovino

(SFB) a 1%, por 1 hora à temperatura ambiente. Após um novo ciclo de lavagem, foi

feita a diluição das amostras e dos padrões em solução diluente (PBS com BSA ou SFB

0,1%, pH 7,4) num volume total de 100 µL/poço, e incubado de 1 a 2 horas a

temperatura ambiente. Após um novo ciclo de lavagem, anticorpos secundários

biotinilados foram incubados à temperatura ambiente por 2 horas num volume de

100µL/poço. Após esse período de incubação e novo ciclo de lavagem, estreptavidina

conjugada com peroxidade foi adicionada à placa na proporção de 1:4000 em solução

diluente num volume de 100µL/poço e incubada à temperatura ambiente por 30

minutos. A placa foi lavada novamente e adicionou-se a solução do substrato da enzima

(H2O2) acrescida do cromógeno (TMB Substrate Reagent Set, BD Biosciences)

acompanhando-se a formação da cor. A reação foi interrompida após 15 a 20 minutos

de incubação no escuro com 50 µL/poço de H2SO4 1M.

A leitura das placas foi feita a 450 nm em leitora de ELISA (Thermo

LabSystems Multiskan RC/MS/EX Leitor de Microplacas). O cálculo das concentrações

das amostras foi feito com base na curva padrão (de acordo com informações da bula do

kit) estabelecida com os recombinantes do TNF- α.

2.8 Exames macroscópicos e microscópicos

Macroscopicamente, foram avaliados a cápsula articular, cartilagem

articular do côndilo, da tróclea e da patela e o aspecto do enxerto de ligamento patelar.

Para determinação das lesões e graduação da cartilagem articular, considerou-se o

recomendado por Little et al.21

, como apresentado no Quadro 5. Após avaliação e

captura fotográfica, foram colhidas amostras dessas regiões para processamento

histológico. As amostras foram fixadas em formalina tamponada a 10% até o

processamento histológico. Os fragmentos contendo osso e cartilagem foram

descalcificados em EDTA a 10% por 60 dias. Todas as amostras foram processadas por

técnica histológica de rotina para inclusão em parafina. As secções de 4μm foram

coradas em Hematoxilina e Eosina, Picrosírius e Azul de Toluidina.

Page 95: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

72

Quadro 5- Sistema de escores para avaliação macroscópica da cartilagem condilar

medial e lateral, troclear e patelar.

Lesão articular macroscópica – escore para cada área separadamente (cartilagem

condilar medial e lateral, troclear e patelar)

Escore Descrição

1 Normal

2 Superfície rugosa

3 Fibrilação e fissuras

4 Pequenas erosões no osso subcondral (menos de 5 mm de diâmetro)

5 Grandes erosões no osso subcondral (maior que 5 mm de diâmetro) Fonte: Adaptado de Little et al.

21.

Microscopicamente, nas amostras da cápsula articular, foram avaliadas as

alterações na membrana sinovial e na camada subsinovial e a presença de infiltrados

inflamatórios. No côndilo femoral lateral foi avaliado o osso subcondral, a cartilagem

articular, a região de entrada do enxerto no túnel ósseo e a interface enxerto-túnel

femoral. Nas amostras do segmento intra-articular do enxerto de ligamento patelar foi

realizada a caracterização histológica do tecido e a observação da presença de processos

degenerativos e/ou inflamatórios. As amostras do enxerto de ligamento patelar, tanto o

segmento intra-articular quanto aquele localizado no interior do túnel tibial, foram

coradas pelo método de Picrosírius e examinadas por meio de microscopia de luz

polarizada para caracterização dos tipos de colágeno. As amostras foram pontuadas

quanto ao tipo, localização e gravidade de lesão seguindo as recomendações de Little et

al.21

(Anexo I).

2.9 Análise estatística

A análise estatística foi realizada com auxílio do programa “R” (R

Development Core Team, 2011). Para as avaliações radiográficas e ultrassonográficas,

avaliadas quinzenalmente, utilizou-se o teste de Friedman de caráter qualitativo para

comparações múltiplas entre médias seguida do teste de Scott-Knott. Para comparar as

variáveis tomográficas, artroscópicas e histopatológicas entre os grupos empregou-se de

teste Kruskal-Wallis para comparações múltiplas entre médias. Para comparar as

variáveis dos marcadores bioquímicos dentro do mesmo grupo empregou-se a ANOVA

seguida do teste t pareado Em todas as variáveis analisadas, foram consideradas

significativas as diferenças com probabilidade de 5% (p≤0,05).

Page 96: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

73

3. Resultados

As articulações femorotibiopatelares submetidas à cirurgia apresentaram-se

macroscopicamente normais e sem alterações dignas de nota no momento do

procedimento. A técnica de substituição do LCCr pelo enxerto autógeno de OLO

baseou-se naquelas praticadas na Medicina. Não foi observada dificuldade no acesso e

desmotomia do LCCr, e os instrumentais específicos utilizados para tal procedimento

propiciou proteção adequada das estruturas intra-articulares e adjacentes.

A confecção do túnel ósseo tibial foi mais dificultosa que a do femoral e a

utilização do arco guia de perfuração foi fundamental para posicionar corretamente a

broca sem danificar estruturas como o ligamento intermeniscal, o ligamento tibial

cranial do menisco medial e a borda axial cranial do próprio menisco medial. A

utilização de um protetor na extremidade contralateral à broca também auxiliou na

preservação das estruturas intra-articulares, reduzindo a preocupação com o contato

entre a broca e a cartilagem da superfície articular dos côndilos femorais e também do

ligamento cruzado caudal, no caso do túnel femoral.

O delineamento experimental foi realizado inicialmente com 18 ovinos

distribuídos em três grupos. Durante as avaliações, um animal do grupo avaliado até 30

dias foi retirado do estudo após constatação de fratura na patela no trans-cirúrgico. A

remoção do fragmento ósseo patelar do enxerto autógeno promoveu uma fissura

longitudinal na patela sem a separação dos fragmentos no pós-cirúrgico imediato. Após

a realização do exame radiográfico aos sete dias de pós-cirúrgico observou-se a

fragmentação da patela em três partes e a perda de funcionalidade do membro operado.

A remoção do animal do estudo foi realizada porque haveria comprometimento na

avaliação da técnica.

Os exames radiográficos mostraram aumento progressivo do escore a cada

avaliação quinzenal, indicando a presença de alterações radiográficas progressivas até

os 90 dias após a cirurgia. No entanto, não houve animais com escores acima de 3. A

avaliação aos 15 e 30 dias pós-cirurgia observaram-se alterações radiográficas discretas

(escore 1) em 90% dos animais. Em um animal avaliado aos 30 dias observou-se

osteófitos na borda cranial da crista tibial (escore 3). Aos 45, 60, 75 e 90 dias pós-

cirurgia observou-se discreta efusão articular em 85% (escore 2) (Tabela 1).

A tomografia computadorizada foi mais sensível quando comparada a

radiografia para observação das lesões aos 30, 60 e 90 dias após a cirurgia. Observaram-

Page 97: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

74

se discreta efusão articular e formação de osteófitos, assim como observado na imagem

radiográfica. A formação acentuada de osteófitos pôde ser facilmente detectada pela

imagem de tomografia (Tabela 1).

A ultrassonografia foi mais sensível na detecção precoce das lesões de

tecidos moles em relação à tomografia computadorizada. Aos 30 dias após a cirurgia,

90% dos animais apresentavam escore discreto para os achados ultrassonográficos. As

lesões tiveram maior escore aos 15 dias de pós-cirurgia e ao longo das avaliações

observou-se melhora gradativa das lesões (p=0,0001).

Tabela 1- Medianas dos escores das variáveis obtidas aos exames de radiografia,

tomografia e ultrassonografia realizados na articulação femorotibiopatelar

direito de ovinos fêmeas adultas da raça Santa Inês após reconstrução do

ligamento cruzado cranial, Goiânia, 2016.

Variável N Tempo* Mediana p**

Radiografia

17 0 1,0a

0,0001

17 15 1,0ab

17 30 1,0ab

12 45 1,3ac

12 60 1,5bc

6 75 1,5bc

6 90 1,8c

Tomografia

5 30 2,0a

0,97 6 60 2,0a

6 90 2,0a

Ultrassonografia

17 0 1,0a

0,0001

17 15 3,0d

17 30 2,0bd

12 45 2,0bd

12 60 2,0cd

6 75 1,8bc

6 90 1,5ac

*Tempo em dias. **Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas

pelo teste de Scott-Knott.

A Figura 3 ilustra as alterações radiográficas encontradas nos grupos

avaliados. Aos 30 dias pós-cirurgia, observa-se na projeção mediolateral discreta efusão

articular e reparação óssea do côndilo femoral lateral. Na projeção craniocaudal,

observa-se reabsorção e reparação óssea (asterisco). As imagens radiográficas aos 60

dias após a cirurgia demonstram a efusão articular discreta e início da formação de

osteófitos em projeção mediolateral. Na craniocaudal observa-se diminuição do espaço

e reabsorção e reparação da crista da tíbia. Aos 90 dias após a cirurgia, nota-se

Page 98: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

75

formação acentuada de osteófito na borda cranial da crista da tíbia em projeção

mediolateral (seta tracejada) e na craniocaudal observa-se diminuição do espaço

articular (seta cheia) e reabsorção e reparação da crista da tíbia.

Figura 3- Radiografias em exposições mediolateral (alinhamento superior) e craniocaudal (alinhamento

inferior) da articulação femorotibiopatelar direita de ovino da raça Santa Inês, fêmea, 17,5

meses. Imagens obtidas antes (0) e aos 30, 60 e 90 dias após procedimento cirúrgico. Efusão

articular (cabeça de seta); reabsorção óssea da crista da tíbia (*), reparação óssea dos côndilos

femorais (R), Côndilos femorais (C), Osteófitos (setas tracejada) e redução do espaço

interarticular (setas finas) aos 60 e 90 dias. E- esclerose óssea, F- fêmur, T- tíbia, P- patela, P-

parafuso e interferência.

A região topográfica correspondente ao túnel femoral lateral pôde ser

observada e avaliada apenas pela tomografia computadorizada. A Figura 4 mostra a

região de colocação do enxerto e sua respectiva área de osteointegração. Observa-se que

o túnel femoral aos 30 dias pós-cirurgia apresenta uma área hipoatenuante (seta preta)

maior que a dos grupos 60 e 90. O grupo 90 apresenta área de maior atenuação (seta

preta) na topografia de túnel no côndilo femoral lateral e presença de formação

acentuada de osteófitos (seta branca).

Os achados ultrassonográficos evidenciam escores 2 e 3 aos 15 e 30 dias e

escore 2 aos 60 e 75 dias após a cirurgia. Aos 90 dias a maioria dos animais

apresentaram escore 1. Durante a realização do exame, aos 30 dias pós-cirurgia,

observou-se em dois animais moderada irregularidade da cartilagem condilar. Em todos

os animas até os 30 dias após a cirurgia observou-se irregularidade da superfície da

patela e maior distensão da cápsula e do recesso suprapatelar. Observou-se em um

Page 99: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

76

animal aos 30 dias protusão de menisco lateral, neste animal o escore atribuído foi 4.

Foi possível observar ao longo de todas as avaliações a presença do fio de sutura

utilizado para aproximação do ligamento patelar remanescente (Figura 5). Em nenhum

animal foi visualizado o enxerto.

Figura 4. Imagens tomográficas em reconstrução sagital da articulação femorotibiopatelar direita de ovino

Santa Inês, fêmea 17, 5 meses, obtidas aos 30, 60 e 90 dias após procedimento cirúrgico. Área

circular hipoatenuante (entre setas) indicando a região de osteointegração do ligamento em

topografia de côndilo femoral lateral medindo 40 mm2 (30), 34 mm

2 (60) e 14 mm

2 (90). P-

patela, F- fêmur, T- tíbia.

Figura 5. Ultrassonografia da articulação femorotibiopatelar direita em cortes sagitais infrapatelar

(INFRA), suprapatelar (SUPRA) e lateral (LAT) de ovino Santa Inês, fêmea, 17,5 meses,

obtidas antes e aos 30, 60, e 90 dias após procedimento cirúrgico. F- fêmur, T- tíbia, P-

patela, LP- ligamento patelar, M- menisco, EA- espaço articular, Seta – fio de sutura.

Ao exame artroscópicos, avaliou-se o grau de vascularização e o tipo de

vilosidades da sinóvia. Em todos os animais, observou-se hiperemia e

neovascularização, com aderências e fibrose periligamentar em vários graus (Figura 6).

À medida que o tempo cirúrgico aumentava a vascularização, fibrose e quantidade de

Page 100: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

77

vilos diminuíam (p≤0,05) (Tabela 2). Não foram encontradas alterações de erosão e

fibrilação na cartilagem articular. Igualmente, não se observou osteofitose nos

compartimentos lateral e medial e próximo ao recesso supra patelar. A sinóvia na

inserção do côndilo lateral apresentava-se mais hiperêmica na maioria dos animais.

Tabela 2- Medianas dos escores da variável artroscópica empregada para avaliação da

articulação femorotibiopatelar direito de ovinos fêmeas adultas.

Artroscopia

Vilosidade

Tempo Mediana p*

30 3,0a

0,05 60 2,0ab

90 2,0b

Vascularização

Tempo Mediana p*

30 2,0a

0,04 60 2,0a

90 1,5b

*Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas.

Figura 6- Artroscopia da articulação femorotibiopatelar direita de ovino Santa

Inês, fêmea, 17,5 meses, obtidas aos 30 (A), 60 (B) e 90 (C) dias

após procedimento cirúrgico. F- fibroses, S- vascularização da

sinóvia (setas), V- vilosidades.

Page 101: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

78

As alterações macroscópicas observadas na cartilagem articular não foram

significativas no côndilo femoral lateral e medial, tróclea e patela (p>0,05) (Tabela 3).

No côndilo femoral lateral observaram-se discretas áreas de irregularidade da cartilagem

e discretas fissuras no grupo avaliado até 30 dias. A tróclea foi a região com mais

alterações erosivas aos 60 dias de operados. Apenas 30% dos animais apresentaram

espessamento da membrana sinovial e 80% dos animais apresentaram fibrose, de

moderada a acentuada aderida ao enxerto (Figura 7).

Figura 7- Fotografia macroscópica da articulação femorotibiopatelar de ovinos, da raça

Santa Inês, submetidos a substituição anatômica (presssfit) do ligamento

cruzado cranial aos 30, 60 e 90 dias após a cirurgia. Vista cranial da articulação

femorotibiopatelar (A) evidenciando a presença de fibrose periligamentar (seta

tracejada); vista cranial da fossa troclear com desgaste da cartilagem e

formação de erosão (seta preta); e face articular da patela com lesão de contato

na cartilagem sobreposta a fossa troclear (asterisco).

Page 102: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

79

Tabela 3- Medianas dos escores de lesões da cartilagem articular do côndilo tróclea e

patela da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas.

Avaliação macroscópica da cartilagem

Variável Tempo Mediana p*

Côndilo femoral lateral

30 3a

0,060 60 2a

90 2a

Côndilo femoral medial

30 0a

0,358 60 0a

90 0a

Tróclea

30 1a

0,182 60 4a

90 2a

Patela

30 0a

0,315 60 1,5a

90 1a

*Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas pelo teste de

Kruskal-Wallis.

Na avaliação microscópica, a sinóvia da região da cápsula articular

apresentou ausência de infiltrado inflamatório na maioria dos animais, discreta

hiperplasia de sinoviócitos e moderado a acentuado aumento da vascularização e de

tecido conjuntivo fibroso (Figura 8). Um maior número de animais apresentou alteração

na sinovial pericondilar. O infiltrado inflamatório mononuclear foi visto em dois

animais aos 30 dias e dois aos 60 dias de intensidade moderado à acentuado, porém sem

diferença estatística (Tabela 4). A hiperplasia da camada íntima foi discreta a ausente

em todos os grupos. Vascularização e fibrose da camada subíntima foram os achados

mais relevantes nos três tempos avaliados.

Tabela 4- Medianas dos escores de lesões da cartilagem articular do côndilo tróclea e

patela da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas.

Avaliação microscópica da sinóvia

Grupos Cápsula Côndilo

Mediana p* Mediana p*

Grupo 30 5

0,96

5

0,59 Grupo 60 4 7,5

Grupo 90 2,5 6,5 *Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas pelo teste de

Kruskal-Wallis.

Page 103: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

80

Figura 8. Fotomicrografia da sinóvia direita de ovinos submetidos a procedimento de substituição

anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. (A) Membrana sinovial da cápsula articular

com moderada fibrose da íntima (seta) e vascularização acentuada (cabeça de seta). H&E. (B)

Membrana sinovial pericondilar aos 30 dias com infiltrado inflamatório mononuclear

moderado (seta), moderada fibrose da íntima (estrela) e vascularização acentuada (cabeça de

seta). H&E. (C) Membrana sinovial pericondilar aos 60 dias com moderada fibrose da íntima

(seta) e vascularização acentuada (cabeça de seta). (D) Membrana sinovial pericondilar aos 90

dias com acentuada fibrose da íntima (seta) e vascularização moderada (cabeça de seta).

Na avaliação histológica da cartilagem articular do côndilo direito as lesões

encontradas eram discretas a moderadas e estavam distribuídas aleatoriamente na

cartilagem, no entanto, as lesões mais graves encontravam-se na lateral próxima ao local

de implantação do tarugo ósseo. As lesões encontradas na cartilagem articular foram

irregularidades da superfície de distribuição difusa e hiperplasia de pericôndrio,

fibrilação moderada e fissuras discretas da cartilagem, principalmente, presentes na

zona superficial e de transição, necrose de condrócitos, desorganização das fileiras de

condrócitos, duplicações de tidemark e aglomerados de condrócitos.

As lesões focais (adjacente à implantação) eram semelhantes nos três

tempos de avaliação, no entanto, apresentando-se de maior intensidade aos 90 dias em

relação aos 30 dias. Aos 30 dias, a eosinofilia da cartilagem era mais evidente na região

superficial, alguns condrócitos necróticos foram identificados (Figura 9A), mas havia

organização das fileiras de condrócitos. Aos 60 dias, a eosinofilia da cartilagem era

evidente nas zonas superficial, de transição e radial, verificou-se perda discreta a

moderada de condrócitos (Figura 9B) e desorganização das fileiras de condrócitos. Aos

Page 104: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

81

90 dias, a desorganização das fileiras de condrócitos era mais evidente e, além da

eosinofilia da cartilagem, foram identificadas numerosas estriações eosinofílicas

(fibrilações) na cartilagem (Figura 9C). Principalmente, aos 30 e 60 dias, verificaram-se

duplicações da tidemark (Figura 9D), aos 90 dias a zona radial e calcificada

apresentavam-se menos espessas em comparação aos 30 dias.

Figura 9. Fotomicrografia do côndilo direit0 de ovinos submetidos a procedimento de substituição

anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 30 dias. Cartilagem articular

apresentando eosinofilia da zona superficial e de transição (seta) e necrose discreta de

condrócitos (cabeça de seta). Observar a organização em fileiras de condrócitos e calcificação

anormal (duplicação da tidemark). H&E. B. 60 dias. Cartilagem articular apresentando

eosinofilia da zona superficial, de transição e radial (seta). Desorganização das fileiras de

condrócitos e calcificação anormal (duplicação da tidemark). H&E. C. 90 dias. Cartilagem com

eosinofilia das zonas superficial e de transição, áreas de fibrilação em zona radial (seta) e

necrose moderada de condrócitos (cabeça de seta). Desorganização acentuada das fileiras de

condrócitos. D. 60 dias. Duplicação de tidemark (seta). H&E.

Page 105: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

82

As alterações de estrutura, densidade e formação de clones celulares

observadas na cartilagem do côndilo femoral direito foram mais graves aos 30 dias. Aos

90 dias observou-se um agravamento nas alterações da cartilagem condilar em relação

aos 60 dias, momento em que houve diminuição de alterações estruturais na cartilagem

(Tabela 5).

Tabela 5- Medianas da somatória de escores da avaliação da cartilagem do côndilo

femoral da articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas.

Avaliação da cartilagem do côndilo femoral

Grupos Somatório das avaliações

Mediana p*

Grupo 30 38ª

0.03 Grupo 60 18b

Grupo 90 25ab

*Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas pelo teste de

Kruskall-Wallis.

Aos 60 e 90 dias de operados o ligamento de enxerto autógeno de ligamento

patelar apresentou maior vascularização quando comparado aos 30 dias. A característica

do enxerto e quantidade de tecido fibroso periligamentar não apresentou diferença entre

os grupos (p=0,35). A presença de células inflamatórias mononucleares foi maior aos 30

dias e ausente aos 90 dias (Tabela 6).

No centro do enxerto de ligamento patelar observou-se tecido conjuntivo

fibroso apenas aos 30 dias. O tecido característico de ligamento patelar foi observado

aos 30, 60 e 90 dias após a cirurgia (Tabela 6).

Page 106: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

83

Tabela 6- Medianas dos escores da avaliação microscópica do enxerto de ligamento patelar e tipo de tecido formado no centro do ligamento da

articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas.

*Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as meidanas avaliadas pelo teste de Kruskall-Wallis.

GRUPOS

Avaliação microscópica do enxerto autógeno de ligamento patelar

Vascularização

p

Característica de

ligamento

p

Tecido conjuntivo fibroso

p

Inflamação mononuclares

p Mediana Mediana Mediana Mediana

GRUPO 30 1

0,34

2

0,35

2

0,35

1,5

0,39 GRUPO 60 2 2 1 1

GRUPO 90 2 2 2 0

GRUPOS

Tipo de tecido no centro do ligamento

Tecido conjuntivo fibroso

p

Tecido de ligamento

p Mediana Mediana

GRUPO 30 2 3

GRUPO 60 0 0,21 3 0,07

GRUPO 90 0 3

Page 107: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

84

Na avaliação histológica do enxerto do ligamento verificou-se formação de

um tecido conjuntivo fibroso vascularizado nos bordos do ligamento em todos os

tempos de avaliação, vascularização e hipercelularidade crescente do ligamento. Aos 30

dias a inflamação mononuclear era discreta a ausente. Nos bordos havia formação de

um tecido fibroso vascularizado que variou em quantidade de animal para animal e no

centro verificou-se a manutenção do ligamento, na maioria dos animais de caráter

moderado. A vascularização no ligamento era discreta a moderada. Na coloração de

Picrosirius verificou-se predominância de colágeno tipo I no centro e nos bordos

predominância de colágeno tipo III. Aos 60 dias a inflamação mononuclear era

moderada e em dois animais foram encontradas células gigantes na periferia do enxerto

(Figura 10).

Figura 10. Fotomicrografia do enxerto do ligamento de ovinos submetidos a procedimento de

substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 60 dias. Região de

transição entre a formação de tecido fibrovascular na periferia do ligamento (canto inferior

direito) e o ligamento (canto superior esquerdo). Observar a organização dos agrupamentos

de fibras ligamentares (estrela) e o padrão desorganizado e frouxo das fibras do tecido

fibrovascular (cabeça de seta). Há infiltrado inflamatório mononuclear moderado e

perivascular (seta). H&E. B. 90 dias. Centro do ligamento evidenciando a vascularização

moderada (cabeça de seta), infiltrado inflamatório mononulear perivascular (seta) e

hipercelularidade (estrela). H&E. C. 30 dias. Centro do enxerto do ligamento com

evidencia a coloração vermelha após polarização da imagem, indicando predominância de

colágeno tipo III. Observar o padrão de organização ligamentar e a densidade das fibras

(seta). Picrosirius. D. Periferia do enxerto de ligamento com evidencia de coloração

amarelo esverdeado após polarização da imagem, indicando predominância de colágeno

tipo I. Observar a desorganização das fibras de colágeno e o distanciamento entre elas

(seta). Picrosirius.

Page 108: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

85

Na periferia havia formação de um tecido fibroso vascularizado que variou

em quantidade de animal para animal e no centro verificou-se a manutenção do

ligamento, na maioria dos animais de caráter moderado a acentuado. A vascularização

no ligamento era moderada. Na coloração de picrosirius verificou-se predominância de

colágeno tipo I no centro e nos bordos em três animais predominou colágeno tipo I. Aos

90 dias a inflamação mononuclear era ausente na maioria dos animais, somente em dois

era moderada.

Na avaliação histológica do enxerto do ligamento verificou-se que a

quantidade de formação de tecido conjuntivo fibroso vascularizado e, principalmente, a

diferenciação em tecido com característica óssea (caracterizado como osteointegração)

era variada em todos os tempos de avaliação (Tabela 7). A localização predominante da

osteointegração era no centro do ligamento e da formação do tecido fibrovascular era na

periferia, onde se realizou a abertura para implante do ligamento, em todos os tempos de

avaliação. Aos 30 dias verificou-se que o tecido fibrovascular era desorganizado, com

fibras fracamente eosinofílicas, pouco coesas e onduladadas e aos 60 e 90 dias

apresentava-se mais organizado, com fibras retilíneas, coesas e fortemente eosinofílicas

(Figura 11).

Da mesma maneira, o tecido óssea diferenciado, aos 90 dias, mostrava

maior organização e menos celularidade em áreas com características de maior

deposição mineral. Desta forma, apesar de não haver diferença entre os grupos quanto à

quantidade de osteointegração, por haver grande diferença entre animais do mesmo

grupo, a organização e maturação tanto do tecido conjuntivo fibroso quanto do tecido

ósseo diferenciado era mais evidente aos 90 dias. Na maioria dos animais não foi vista a

presença de tecido com as características preservadas do ligamento, mas em alguns

animais quando encontrado estava no centro e/ou na periferia em quantidade discreta a

moderada.

O processo inflamatório tendeu a reduzir dos 30 dias até os 90 dias, mas

com variações entre animais do mesmo grupo de tempo. Aos 30 dias, o infiltrado

inflamatório era predominantemente mononuclear e moderado, aos 60 dias e 90 dias na

maioria dos animais era ausente, mas em alguns animais variou de moderado a

acentuado. Na coloração de picrosirius, em todos os tempos avaliados, verificou-se a

presença de colágeno tipo I em quantidade acentuada e colágeno tipo III de discreto a

moderado.

Page 109: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

86

Figura 11. Fotomicrografias do ligamento inserido no côndilo direito de ovinos submetidos a

procedimento de substituição anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 30

dias. Centro do ligamento no côndilo com acentuada quantidade de tecido fibrovascular

frouxo (cabeça de seta) e osteointegração (seta). H&E. B. 60 dias. Centro do ligamento

no côndilo com acentuada quantidade de tecido fibrovascular denso e hipercelular

(cabeça de seta) e osteointegração (seta). H&E. C. 90 dias. Centro do ligamento no

côndilo com acentuado tecido fibrovascular denso e organizado (cabeça de seta) com

hipercelularidade na periferia da área de osteointegração (seta). Observar a organização

do tecido ósseo e evidenciação das lamelas ósseas na periferia (seta). H&E. D. 90 dias.

Centro do ligamento no côndilo com evidencia de coloração vermelha (cabeça de seta)

após polarização da imagem, indicando predominância de colágeno tipo III e discreta

quantidade de áreas amarelo esverdeadas após polarização (seta). Picrosirius.

Page 110: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

87

Tabela 7- Medianas dos escores da avaliação microscópica da inserção do enxerto de ligamento patelar no côndilo e tipo de tecido formado no

centro do ligamento junto ao osso na articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas.

*Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas pelo teste de Kruskall-Wallis

GRUPOS

Avaliação microscópica da inserção do ligamento no côndilo

Osteointegração

p

Característica de

ligamento

p

Tecido conjuntivo fibroso

p

Inflamação mononuclares

p Mediana Mediana Mediana Mediana

Grupo 30 1,5

0,55

1

0,82

3

0,42

2

0,07 Grupo 60 1,5 1 3 0,5

Grupo 90 1,5 1 3 0

GRUPOS

Tipo de tecido no centro do ligamento

Tecido conjuntivo fibroso

p

Tecido ósseo

p

Tecido do ligamento

p Mediana Mediana Mediana

Grupo 30 3 1 1

Grupo 60 3 0,44 1 0,84 0 0,44

Grupo 90 3 1,5 0

GRUPOS

Picrosirius

Vermelho

p

Verde

p Mediana Mediana

Grupo 30 3

0,23

1

Grupo 60 3 2 0,05

Grupo 90 2,5 2

Page 111: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

88

Na avaliação histológica da cartilagem articular da tróclea direita as lesões

encontradas eram evidentes na porção central (focal), no entanto, em poucos animais a

lesão estendia-se por toda a superfície troclear. As lesões encontradas na cartilagem

articular foram necrose condral discreta a moderada (áreas acentuadamente eosinofílicas

devido à perda de alcalinidade na coloração de H&E); fibrilação e fissura discreta;

necrose e perda da organização das fileiras de condrócitos moderada; calcificação

anormal moderada vista por múltiplas linhas da tidemark na zona radial; aglomerados

de condrócitos; acentuada infiltração vascular na zona radial da cartilagem e acentuada

atividade osteoblástica multifocal nas zonas superficial, transição, radial e calcificada;

discreta exposição do osso subcondral com microfraturas de trabéculas; além disso,

redução da altura da cartilagem menos evidente aos 30 dias e pronunciada aos 90 dias.

As lesões focais observadas aos 30 dias, na maioria dos animais, era de

necrose condral da zona superficial, perda de condrócitos nas diferentes zonas,

hiperplasia e hipertrofia de condroblastos na superfície articular e, em vários animais,

atividade osteoblástica aumentada até a zona superficial (Figura 12A e B). Aos 60 dias,

verificou-se perda da zona superficial, redução da zona de transição e radial na maioria

dos animais (Figura 12C) e, em alguns, perda de condrócitos típicos até a zona

calcificada com reparação da cartilagem por tecido fibrocartilaginoso (Figura 12D). Aos

90 dias foi possível verificar a reparação da cartilagem parcialmente (Figura 12E) ou

difusamente na porção central da tróclea (Figura 12D), com perda de todas as zonas da

cartilagem articular. Redução das trabéculas do osso subcondral próximo à lesão (Figura

12F) foi evidente aos 90 dias pós-cirúrgico (Tabela 8).

Tabela 8- Medianas da somatória de escores da avaliação da cartilagem da tróclea da

articulação femorotibiopatelar direita de ovinos fêmeas adultas.

Microscopia da cartilagem da tróclea

Grupos Somatório das avaliações

Mediana p*

Grupo 30 40a

0,78 Grupo 60 38a

Grupo 90 37,5a

*Valores de p ≤0,05 representam diferenças significativas entre as medianas avaliadas pelo teste de

Kruskall-Wallis.

Page 112: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

89

Figura 12. Fotomicrografia da tróclea direita de ovinos submetidos a procedimento de substituição

anatômica (pressfit) do ligamento cruzado cranial. A. 30 dias. Cartilagem articular

apresentando eosinofilia da zona superficial, perda de condrócitos (seta) e hiperplasia de

condroblastos (cabeça de seta). H&E. B. 30 dias. Cartilagem articular apresentando perda

de condrócitos (seta), aumento da atividade osteoblástica multifocal (estrela) e calcificação

anormal (duplicação da tidemark) (cabeça de seta) H&E. C. 60 dias. Cartilagem com

eosinofilia das zonas superficial e de transição (necrose condral) (seta), áreas discretas de

fissura superficial e redução da altura da cartilagem. D. 60 dias. Substituição de todas as

zonas por tecido fibrocartilaginoso (estrela) com evidente hiperplasia de condroblastos na

superfície condral e trabécula óssea subcondral de espessura moderada. H&E. E. 90 dias.

Atividade osteoblástica acentuada (estrela) e reparação da cartilagem na zona superficial,

necrose condral em zonal radial (seta) e fissuras (cabeça de seta) H&E. F. 90 dias.

Substituição difusa da cartilagem por tecido fibroso cartilaginoso (estrela) e redução

acentuada da espessura das trabéculas ósseas subcondrais (traços). H&E.

Page 113: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

90

As concentrações do TNF-alfa não variaram do pré ao pós-cirúrgico 30

(p=0,39), 60 (p=0,45) e 90 (p=0,16) dias após a cirurgia. Quatro animais aos 30 dias de

pós-operatório apresentaram aumento desta citocina. Aos 60 e 90 dias após a cirurgia

dez animais apresentaram diminuição dos valores de concentração de TNF-alfa no

liquido sinovial.

4. Discussão

A técnica cirúrgica de estabilização intra-articular da articulação

femorotibiopatelar utilizada neste experimento, composta pelo segmento osso-

ligamento patelar-osso é muito difundida para o tratamento das lesões do ligamento

cruzado anterior na Medicina, segundo Paccola et al.22

. Na maioria das vezes são

enxertos autógenos livres e que sofrem revascularização após semanas de implantação

articular, como relatam Arnocsky et al.23

. Em seres humanos, a principal vantagem é a

menor morbidade ao paciente, haja vista não haver agressões adicionais à articulação

pela retirada de enxertos. Neste estudo, observaram-se as mesmas vantagens quando

comparada aos benefícios relatados nos seres humanos.

O tempo transoperatório, que foi em média de 1h 30min, pode ser

considerado relativamente superior ao empregado em outras técnicas cirúrgicas para

substituição do ligamento cruzado cranial, porém, tratando-se de um estudo

experimental, podemos considerar que a experiência poderá levar a sua diminuição.

Além disso, outra medida que pode ser tomada é a divisão da equipe deixando uma

pessoa encarregada para preparação do enxerto após, assim, poder-se-ia abreviar o

período cirúrgico em pelo menos 15 minutos, por se tratar de uma etapa delicada e que

necessita de atenção por parte do cirurgião.

Como relatam Arnoczky et al.24

, Hulse et al.25

e Arnoczky26

, o objetivo das

ténicas intracapsulares é restaurar a estabilidade pela substituição do ligamento por

algum tipo de implante, recriando a estrutura intra-articular na orientação espacial

aproximada do original, assim, neste experimento, a preparação e mensuração

cuidadosa das dimensões do enxerto para cada animal tratou-se do momento de maior

importância para o procedimento cirúrgico. Diferentemente do que é observado em

seres humanos na reconstrução do LCA com enxerto autógeno de OLO, em ovinos foi

observada uma variação anatômica importante relacionada ao comprimento da parte

Page 114: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

91

ligamentar do enxerto, mesmo quando este foi obtido dos animais com pouca diferença

de estatura e peso.

A utilização do guia de perfuração utilizada nos procedimentos de

substituição artroscópica do LCA, como citado por Carneiro Filho27

, é a melhor maneira

para a confecção dos túneis na posição isométrica de origem e inserção do LCCr. Este

procedimento propiciou melhor proteção ao menisco medial e ligamentos intermeniscal

e tibial cranial do menisco medial. Além disso, a maior atenção a perfuração do túnel na

tíbia e possíveis intercorrências acabam concordando com relatos feitos por Brandt et

al.28

os quais atribuem a fixação tibial o papel de “elo frágil” na reconstrução do

ligamento anterior em seres humanos, uma vez que a densidade do osso metafisário

tibial é menor que a do femoral em um mesmo indivíduo.

Para a perfuração do túnel femoral foi considerado como ponto isométrico a

face medial do côndilo lateral sobre o coto de ligamento cruzado cranial rompido,

apesar de que, com a descrição anatômica dos feixes craniomedial e o caudolateral

relatadas por Arnoczky & Marshall29

, que levou em conta suas origens e inserções,

pode-se dizer que provavelmente não há fibras verdadeiramente isométricas no LCCr

normal, assim, possivelmente não haja um ponto totalmente isométrico para a

reconstrução desse ligamento.

Atualmente, a fixação do enxerto de ligamento patelar com parafuso de

interferência no túnel tibial como no femoral tem-se tornado prática rotineira na técnica

cirúrgica de reconstrução ligamentar, em seres humanos, como relatam Lambert 30

,

Kurosaka et al.31

, Paschal et al.32

, Marti et al.33

por proporcionar maior rigidez e grande

suporte de carga linear quando comparada a outros métodos de fixação. Entretanto,

segundo Matthews & Soffer34

, o parafuso apresenta alguns problemas que devem ser

lembrados, como laceração da extremidade do enxerto e soltura do implante, o que não

ocorreu nos procedimentos realizados neste estudo, em que os parafusos 5,0 mm foram

adequados.

Caneiro Filho et al.27

relataram que a fixação do enxerto na tíbia com o

parafuso de interferência, em seres humanos, é realizada com o membro em extensão

quase completa. Apesar das diferenças anatômicas entre as espécies, utilizou-se o

mesmo procedimento com os ovinos deste experimento, o que auxiliou na tração correta

do enxerto e evitou o deslizamento do mesmo pelo túnel ósseo. De Biasi et al.35

utilizaram parafuso de interferência para fixação femoral de aloenxerto de ligamento

Page 115: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

92

patelar congelado a - 20ºC, porém, não há na literatura citações de estudos clínicos em

cães para fixação tanto femoral quanto tibial do enxerto com parafusos de interferência.

Existem discordâncias quanto à imobilização do membro no pós-operatório

da RLCCr. Elkins et al.36

, Tomlinson & Constantinescu37

e Hulse & Johnson38

recomendam o uso de bandagens por duas a quatro semanas, já Miller39

não recomenda

qualquer método de imobilização. Neste estudo não se empregou bandagem

compressiva e notou-se recuperação satisfatória e retorno precoce da função do

membro.

Com base nos resultados obtidos nos exames de imagem, artroscopia e

imunologia observou-se que a reconstrução anatômica do ligamento cruzado cranial,

com enxerto de ligamento patelar, não piorou a condição articular aos 90 dias pós-

cirurgia, podendo inferir que o enxerto apresentou função estabilizadora para a

articulação, consequentemente promovendo menor alteração em cartilagem articular e

sinóvia aos 90 dias após a cirurgia. Um dos principais motivos da substituição cirúrgica

do ligamento é o retorno da estabilidade articular40,41

e consequentemente retardo da

progressão da doença articular degenerativa41

, pois, a instabilidade da articulação

devido a perda de função estabilizadora do ligamento desencadeia osteoartrite43

.

Os achados radiográficos neste estudo mostraram formação de osteófitos

próximos a tuberosidade da tíbia em apenas um animal. A região de deposição óssea

refere-se ao local de retirada do enxerto juntamente com o fragmento ósseo.

Provavelmente, a proliferação em topografia de tuberosidade tibial está relacionada à

reparação e formação de calo ósseo. Normalmente, a reparação óssea em seres humanos

é tardio, diferente do observado em cães que pode ocorrer após duas semanas da

transecção do ligamento44

e neste estudo com ovinos observou-se surgimento de

proliferação óssea na região da tuberosidade da tíbia após 30 dias de cirurgia e não

foram encontrados osteófitos em outro local da articulação, enfatizando um processo de

reparação óssea no local da retirada do enxerto.

As alterações observadas nos exames de imagem não foram progressivas e

não indicavam diretamente processo degenerativo, uma vez que se observou melhora

dos sinais. Porém, Muzzi et al.14

observaram alterações osteofíticas progressivas em

exames radiográficos e ultrassonográficos de cães submetidos a reconstrução do

ligamento cruzado em 30 dias após a cirurgia e a maioria dos osteófitos estavam

presentes principalmente no aspecto posterior do côndilo femoral e superfície óssea da

patela. O grau de acometimento da articulação está associado ao tempo de lesão44

.

Page 116: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

93

A tomografia computadorizada permitiu avaliar as mesmas características

observadas no exame radiográfico, porém, em três planos e com melhor visualização da

região de colocação do enxerto referente à osteointegração. A formação e lise óssea são

melhores identificadas no exame tomográfico do que radiográfico convencional por

causa da melhor discriminação da densidade física, a habilidade de manipular a escala

de cinza e a eliminação das estruturas subjacentes45

. Alterações discretas foram

observadas ao exame radiográfico e não visibilizadas na tomografia computadorizada

neste estudo. Entretanto, o diagnóstico de doença articular degenerativa empregando

qualquer técnica pode ser desafiador nos estágios iniciais da doença46

.

Assim como no exame radiográfico observou-se na tomografia aumento da

efusão articular e formação osteofítica em um animal devido a reparação óssea. A

maioria dos estudos empregando a tomografia para avaliação da articulação

femorotibiopatelar se restringem a padronização de técnicas para identificação do

ligamento cruzado cranial. Almeida et al.47

utilizando contraste negativo e Soler et al.48

sem o uso de contraste tiveram bons resultados na identificação do LCCr em cães. Han

et al.49

descreveu a utilização da TC com contraste positivo para o diagnóstico de

ruptura parcial do LCCr, mas não obteve resultados de alterações secundárias a

instabilidade articular porque a ruptura foi induzida cirurgicamente em cadáveres.

A região de osteointegração observada no exame tomográfico foi

identificada e diferenciada entre os grupos pela densidade óssea da imagem. Aos 90

dias, a imagem era mais hiperatenuante em comparação aos 30 dias pós-cirurgia devido

a possível transformação do tecido ligamentar em tecido ósseo imaturo. Segundo Muzzi

et al.14

a ligamentização mais precoce do enxerto, associada a uma adequada

movimentação da articulação, leva à diminuição da instabilidade articular e

consequentemente lesões degenerativas menos intensas. Neste estudo, o abrandamento

dos sinais degenerativos está relacionado à estabilização da articulação pelo enxerto e

pela provável osteointegração e ligamentização observada também na histologia.

Nos tempos de avaliação os resultados ultrassonográficos apresentaram

menor gravidade a partir dos 60 dias de pós-cirurgia e observou-se melhora da

irregularidade da patela e cartilagem, inferindo que os achados ultrassonográficos estão

relacionados ao procedimento cirúrgico e não a um processo degenerativo já instaurado.

Segundo Oliveira et al.50

os achados ultrassonográficos compatíveis com osteoartrite se

agravam quanto maior a cronicidade do caso, e neste estudo observou-se uma melhora.

A efusão articular observada ao exame radiográfico e ultrassonográfico pode ter

Page 117: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

94

ocorrido devido a maior densidade do líquido sinovial e reação capsular, tais achados

também foram observados por Seong et al.51

e relatam que a efusão articular é formada

por grande quantidade de tecido fibrótico reativo que impede a visibilização do

ligamento cruzado cranial. Neste estudo todos os animais apresentaram efusão articular

de grau leve a moderado, o que dificultou a identificação do ligamento.

O exame artroscópico permitiu identificar alterações na sinóvia, que aos 90

dias após a cirurgia eram discretas com menor vascularização e melhor visualização do

espaço articular. A inflamação e o trauma gerado pela confecção dos túneis ósseos e

fixação do enxerto colaboraram para o aumento de vascularização nas primeiras

semanas após a reconstrução. À medida que a inflamação foi diminuindo observou-se

menor vascularização, indicando um regresso dos sinais sugestivos de degeneração que

se manifestam com hiperplasia e hipertrofia da membrana sinovial e aumento da

vascularização. Muzzi et al.14

observaram que após a reconstrução do ligamento com

enxerto de fascia lata por via artroscópica houve um espessamento da cápsula, com

maior vascularização e aumento de vilosidades aos 120 dias após a cirurgia.

As vilosidades da membrana sinovial aos 30 dias após a cirurgia eram

maiores e mais avermelhadas e foram se tornando menores em tamanho e quantidade e

com formato filamentoso a partir dos 60 dias de cirurgia. A reação tecidual nas

primeiras quatro semanas está relacionada com as alterações nas vilosidades da

membrana sinovial e melhorou à medida que os tecidos desinflamavam naturalmente,

pois os animais não foram medicados com anti-inflamatórios. Segundo Heard et al.53

, a

ausência de inflamação crônica e instabilidade articular pode impedir a progressão da

osteoartrite.

A avaliação histológica da cartilagem do côndilo femoral direito evidenciou

lesões focais decorrentes da fixação do enxerto na face interna do côndilo lateral. As

lesões encontradas refletiram a reação da cartilagem articular periligamentar à

movimentação do enxerto. Reações histológicas semelhantes na cartilagem femoral

foram observadas por Myers et al.53

, Smith et al.54

e Melo et al.11

após realizar a ruptura

do LCCr para reproduzir experimentalmente a doença articular degenerativa e estudar

seu tratamento. Os resultados sugerem que as alterações histológicas podem estar

relacionadas com início da DAD, neste estudo aos 90 dias após a cirurgia.

A camada superficial da cartilagem condilar mostrava-se discretamente

irregular, com sinais de fibrilação, hiperplasia e lise da matriz em todas as secções de

cartilagem avaliadas, independentemente do grupo. Essas alterações são caracterizadas

Page 118: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

95

como sinais iniciais de instauração da DAD e foram, também, evidenciadas por Smith et

al.54

e Melo et al.11

. Com a movimentação periligamentar ocorre um desequilíbrio na

distribuição das forças sobre a superfície articular, levando à ruptura dos arranjos de

proteoglicanos e consequente aumento da hidratação da cartilagem com exposição das

fibrilas de colágeno (fibrilação). Apesar disso, os condrócitos ainda guardavam a

capacidade de proliferação e, com o aparecimento de clones celulares, tentavam a

reparação da superfície articular lesada. Essa associação de lesões degenerativas e

regenerativas foi observada por Melo et al.11

, que mencionaram ser a hipertrofia da

cartilagem um evento inicial da osteoartrite induzida pela instabilidade articular. Isso

demonstra a capacidade de remodelação do tecido em resposta ao estresse mecânico

anormal.

Os resultados demonstram que aos 30 dias o processo degenerativo era

morfologicamente acentuado e avançado quando comparado aos 90 dias de pós-

operatório. A cartilagem articular dos animais aos 30 dias apresentava, na maioria das

vezes, camada superficial celularizada e aumento da densidade celular nas camadas

média e profunda. Os condrócitos apresentavam-se dispostos de forma colunar com

aumento da basofilia da matriz extracelular. Esses achados refletem hiperatividade dos

condrócitos e divisão celular, mimetizando o retorno da cartilagem ao crescimento, que

foi percebido aos 90 dias. A superfície articular estava mais regular, com poucas áreas

de fibrilação e hiperplasia aos 90 dias, esses resultados são coincidentes com os de

Francis et al.55

, os quais sugeriram que os glicosaminoglicanos polissulfatados alteram a

evolução da osteoartrose. O mecanismo, porém, que leva os condrócitos a se

proliferarem e aumentarem sua síntese e secreção ainda não foi estabelecido, merecendo

mais estudos sobre a ação dos glicosaminoglicanos exógenos na cartilagem articular.

Subjacente à camada profunda, a tidemark estava bastante evidente e íntegra

em todas as amostras analisadas. A camada calcificada não apresentou alterações que

estariam associadas à presença de DAD. Portanto, os resultados encontrados para a

morfologia estão compatíveis com os descritos para cartilagem normal por Pritzker et

al.56

.

A análise morfológica da cartilagem do côndilo direito aos 90 dias

evidenciou camadas de células fibrosas sobre a superfície articular, sempre associadas a

desaparecimento da camada cartilaginosa superficial, aumento da celularidade e necrose

de células nas camadas mais profundas. Schiavinato et al.57

afirmaram que o tratamento

Page 119: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

96

com hialuronato de sódio inibe a formação dessa camada fibroblástica, com redução da

lesão degenerativa da cartilagem.

A proliferação do tecido conjuntivo e sua aderência à superfície da

cartilagem e enxerto é um fenômeno frequente nas artrites e tem sido referida como

pânus ou tecido especial de granulação. Na DAD, embora as lesões sejam originalmente

degenerativas, há o desenvolvimento de fenômenos inflamatórios a partir dos tecidos

intra e periarticulares. De acordo com Schiavinato et al.57

, a formação do pânus é

precedida por proliferação de células mesenquimais originadas da membrana sinovial

sobre a cartilagem. Nos estágios subsequentes, há crescimento e diferenciação

progressiva do pânus, o que pode contribuir para a lesão da cartilagem. Outra hipótese

sobre o aparecimento do pânus, citada por Schiavinato et al.57

, é a possibilidade dos

condrócitos superficiais se transformarem em fibroblastos em resposta a alterações do

ambiente celular.

A morfologia da membrana sinovial variou conforme a região observada.

Notou-se que a proliferação da membrana foi acentuada próximo ao côndilo na fixação

do fragmento ósseo femoral. O tecido conjuntivo frouxo subintimal (areolar) foi

substituído por tecido de granulação (conjuntivo fibroso proliferado e proliferação

vascular), com presença discreta de células inflamatórias, distribuídas em focos

disseminados. Em outras regiões, a sinóvia era delgada, com no máximo duas a três

camadas de sinoviócitos morfologicamente bem caracterizados, revestindo tecido

conjuntivo denso com poucas células inflamatórias, a maioria com distribuição

perivascular. Esses achados coincidem com os de Zorn e Carneiro58

e Melo et al.11

, os

quais já haviam observado a existência de variações morfológicas zonais (regionais) da

membrana sinovial. Essas variações estariam provavelmente relacionadas à diferença de

incidência e distribuição das forças sobre a articulação. Assim, é recomendável, em

qualquer avaliação histológica das doenças articulares, a análise de pelo menos duas

secções da membrana sinovial de uma mesma articulação, como foi realizado neste

estudo.

Na avaliação histológica da cartilagem articular da tróclea direita as lesões

encontradas eram evidentes na porção central (focal), no entanto, em poucos animais a

lesão estendia-se por toda a superfície troclear. As lesões encontradas na cartilagem

articular foram necrose condral discreta a moderada, fibrilação e fissura discreta; perda

da organização das fileiras de condrócitos moderada; calcificação anormal moderada

vista por múltiplas linhas da tidemark na zona radial; aglomerados de condrócitos;

Page 120: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

97

acentuada infiltração vascular na zona radial da cartilagem e acentuada atividade

osteoblástica multifocal nas zonas superficial, transição, radial e calcificada; discreta

exposição do osso subcondral com microfraturas de trabéculas; além disso, redução da

altura da cartilagem menos evidente aos 30 dias e pronunciada aos 90 dias. A cartilagem

articular da tróclea apresentou alterações morfológicas típicas de DAD já descritas na

literatura por Biasi et al.59

; Pritzker et al.56

e Melo et al.11

provocado por um estresse

mecânico compressivo provocado pela patela.

Os resultados demonstraram que não houve diferença de expressão de TNF-

alfa nos grupos antes e depois da cirurgia, confirmando que não houve uma inflamação

sustentada a partir da quarta semana de pós-cirurgia. Estes resultados foram semelhantes

aos mostrados por McNearney et al.60

que não observaram aumento de TNF-alfa e IL-

10 em diversas artropatias em cães, em casos de osteoartrite.

Page 121: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

98

5. Conclusões

A técnica de substituição do ligamento cruzado cranial por enxerto autógeno

de ligamento patelar fixado por fragmento ósseo no fêmur e parafuso de interferência na

tíbia (pressfit) promove satisfatória recuperação funcional da articulação

femorotibiopatelar, o que sugere estabilidade articular e consequentemente minimização

dos sinais da osteoartrite no modelo experimental em ovinos.

Estudos com tempos experimentais maiores são necessários para avaliar em

quais situações o procedimento oferecerá um prognóstico melhor a outras técnicas

cirúrgicas.

Page 122: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

99

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aminoacids, TNF-α, and chemokine levels in synovial fluid of patients with active

arthropathies. Clin Exp Immunol. 2004;137.

Page 127: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

104

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE CINEMÁTICA DA MARCHA ANTES E APÓS A

SUBSTITUIÇÃO ANATÔMICA PRESSFIT DO LIGAMENTO CRUZADO

CRANIAL COM ENXERTO AUTÓGENO DE LIGAMENTO PATELAR

Resumo

O objetivo deste estudo foi realizar análise cinemática da marcha de ovinos submetidos

à reconstrução do ligamento cruzado cranial. Para este estudo foram utilizadas 17

ovelhas fêmeas Santa Inês, saudáveis, com idade de 17,5 ± 3,6 meses e peso corporal de

28,5 ± 6,1 kg. Os animais foram avaliados por meio de ensaios cinemáticos antes da

cirurgia de substituição anatômica pressfit do ligamento cruzado cranial, utilizando

enxerto autógeno de ligamento patelar, e depois da cirurgia, aos 30 dias (n = 5), 60 dias

(n = 6) e 90 dias (n = 6). A avaliação clínica foi realizada a cada duas semanas após a

cirurgia. Notaram-se nos resultados que todos os animais manifestaram escore de

claudicação maior até os 45 dias após a cirurgia. A crepitação teve uma melhora

discreta nas primeiras semanas e significativa nas últimas semanas de avaliação. A fase

de apoio foi menor (p <0,05) e a fase de balanço foi maior (P <0,05) aos 30 e 60 dias

após a cirurgia. O ângulo de flexão do joelho aumentou (p = 0,003) em comparação

entre o pré-operatório e 30 dias pós-cirurgia, retornando aos valores do pré-operatório

nos grupos 60 e 90 dias. Assim, conclui-se que ovelhas da raça Santa Inês, adultas

jovens, submetidas à técnica de substituição anatômica pressfit do ligamento cruzado

cranial, utilizando enxerto autógeno de ligamento patelar, retomam a função do membro

aos 90 dias após a cirurgia com mínimas alterações clínicas e cinemáticas.

Palvaras-chave: biomecânica, joelho, cinemática, osteoartrite

Page 128: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

105

CHAPTER 3 - ANATOMICAL BIND THE REPLACEMENT PRESSFIT

CROSSED CRANIAL WITH GRAFT AUTOGENOUS OF BIND PATELLAR IN

SHEEP PROMOTES EARLY RETURN OF JOINT FUNCTION AND

LOCOMOTOR

Abstract

The aim of this study was to perform kinematic analysis of sheep march undergoing

reconstruction of the cranial cruciate ligament. For this study were used 17 female sheep

Santa Inês, healthy, aged 17.5 ± 3.6 months and body weight of 28.5 ± 6.1 kg. The

animals were evaluated using kinematic tests before anatomical replacement pressfit

cranial cruciate ligament surgery using autogenous patellar ligament, and after surgery,

30 days (n = 5), 60 days (n = 6) and 90 days (n = 6). Clinical evaluation was performed

every two weeks after surgery. Results were noted in all animals showed lameness score

greater until 45 days after surgery. The crackle had a slight improvement in the first

weeks and significant in the last weeks of evaluation. The support stage was lower (p

<0.05) and the swing phase was higher (P <0.05) at 30 and 60 days after surgery. The

knee flexion angle increased (p = 0.003) compared between the preoperative and 30

days post-surgery, returning to preoperative values in groups 60 and 90 days. Thus, it is

concluded that sheep Santa Ines, young adult, submitted to anatomical replacement

technique pressfit cranial cruciate ligament using autogenous patellar ligament, resume

the function of member 90 days after surgery with minimal clinical and kinematics.

Keywords: biomechanical, knee, kinematic, osteoarthritis

Page 129: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

106

1. Introdução

A análise do movimento é empregada com o propósito de avaliar

diretamente o tratamento do paciente e de melhorar a compreensão da locomoção1-3

. A

análise clínica da locomoção é importante no diagnóstico das afecções ortopédicas e

pode ser efetuada por métodos subjetivos que variam em sua precisão e interpretação3,4

.

A análise cinemática da marcha utiliza equipamentos para aferir padrões de

movimento que, em geral, são mais exatos e eficientes do que os métodos subjetivos3,5,6

.

Em animais a análise cinemática da marcha tem se mostrado fundamental para o

desenvolvimento de pesquisas ortopédicas, auxílio direto no tratamento de pacientes e

avaliação de técnicas cirúrgicas3,6-9

.

Modelos animais, como os ovinos, são frequentemente utilizados para

estudos de ortopedia comparada, doenças musculoesqueléticas, ruptura do ligamento

cruzado cranial, alterações de meniscos e compreensão da fisiopatogenia e tratamento

da doença articular degenerativa primária ou secundária7,8,10

.

Uma das principais causas de claudicação e degeneração articular da

articulação femorotibiopatelar em animais é a ruptura do ligamento cruzado cranial, que

invariavelmente promove instabilidade da articulação11-15

. Tal instabilidade articular

pode não ser perceptível ao exame clínico no início, mas torna-se evidente à medida que

o ligamento perde sua função estabilizadora, desencadeando derrame articular e

osteoartrite16

.

Waxman et al.17

analisaram a função do membro pélvico em cães com

claudicação induzida e detectaram uma grande variação nos resultados. Perceberam que

as avaliações realizadas por observadores apresentavam baixa concordância com os

resultados de avaliações objetivas. De forma que a avaliação subjetiva deve sempre ser

interpretada com cuidado, quando usada como medida de êxito.

Estudos da locomoção mostram que a claudicação, principal indicador de

alteração do movimento, promove normalmente diminuição da fase de apoio, aumento

da fase de balanço e alterações nos ângulos normais de flexão da articulação

femorotibiopatelar e do tarso durante a análise cinemática da marcha3,15,18-20

. A

osteoartrite responsável por claudicação, dor e crepitação da articulação

femorotibiopatelar está frequentemente associada com mudanças biomecânicas

irreversíveis19

.

Page 130: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

107

Desta forma, objetivou-se com este estudo realizar avaliação clínica e

análise cinemática da marcha de ovelhas clinicamente saudáveis, antes e após a

substituição anatômica pressfit do ligamento cruzado cranial. A hipótese é que a

instauração da doença articular degenerativa após a substituição do ligamento cruzado

cranial altere os parâmetros clínicos e cinemáticos da marcha.

2. Material e métodos

Foram utilizadas dezessete ovelhas fêmeas da raça Santa Inês, hígidas, com

idade de 17,5 ± 3,6 meses e peso corporal de 28,5 ± 6,1 kg. As ovelhas foram adquiridas

todas em uma mesma propriedade, e para a realização do experimento houve o

consentimento do proprietário. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de

Animais da Universidade Federal de Goiás (protocolo 012/14-CEUA.).

Os animais foram avaliados por meio de exames cinemáticos antes (n=17)

do procedimento cirúrgico de reconstrução anatômica do ligamento cruzado cranial e,

após a cirurgia, aos 30 dias (n=5), 60 dias (n=6) e 90 dias (n=6). A avaliação clínica

ocorreu antes e a cada quinze dias após a cirurgia.

2.1 Procedimento cirúrgico

O procedimento cirúrgico de substituição do ligamento cruzado cranial por

enxerto de ligamento patelar autógeno foi realizado na articulação femorotibiopatelar

direita de 17 ovinos. Para intervenção cirúrgica os animais foram submetidos à

tricotomia ampla da articulação femorotibiopatelar direita, desde a região inguinal até a

região do tarso, e mantidos em jejum alimentar e hídrico por 12 e 6 horas,

respectivamente.

A medicação pré-anestésica empregada foi 20 mg/kg de cloridrato de

detomidina 1% (Dormiun® V, Agener União, Brasil) por via intramuscular. A indução

anestésica foi realizada com 5mg/kg de Propofol (Propovan®, Cristália Produtos

Químicos e Farmacêuticos Ltda, Brasil) por via intramuscular e a manutenção com

Isofluorano (Isofluorano®, Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda, Brasil)

em oxigênio 100% em circuito com reinalação parcial de gazes. Adicionalmente,

procedeu a anestesia epidural com 1ml/5kg lidocaína (Lidocaína®, Hipolabor

Farmacêutica Ltda, Brasil) e 0,1 mg/kg morfina (Cloridrato de Morfina®, Cristália

Page 131: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

108

Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda, Brasil). Durante o procedimento anestésico

os animais foram monitorados com monitor multiparamétrico para avaliação dos

valores fisiológicos básicos, no período trans-cirúrgico e pós-anestésico imediato.

As ovelhas foram posicionadas em decúbito dorsal sobre a mesa cirúrgica, o

membro pélvico esquerdo foi preso lateralmente e os membros torácicos estabilizados

para evitar que o animal deslizasse sobre a mesa. O membro pélvico da articulação

femorotibiopatelar operado foi preparado de forma rotineira, seguindo os critérios de

anti-sepsia para cirurgia ortopédica, com a colocação de atadura envolvendo a

extremidade distal do membro, a partir do tarso, para que pudesse ser manipulado

durante o procedimento. Em seguida, foi feita a colocação dos campos cirúrgicos e a

cirurgia foi realizada seguindo a técnica (pressfit) modificada de Pavlik et al.21

acessando a articulação por artrotomia em duas etapas: retirada e preparação do enxerto

e substituição do ligamento cruzado cranial.

2.1.1 Retirada e preparação do enxerto autógeno de ligamento patelar

a) A retirada do enxerto foi realizada por acesso longitudinal cranial na

articulação femorotibiopatelar direita. A incisão de pele foi feita iniciando-se no terço

médio da patela acompanhando sua face cranial e seguindo distalmente a superfície

dorsal do ligamento patelar até cruzar a tuberosidade da tíbia. Empregando uma serra

óssea linear foi retirado dois fragmentos ósseos, um trapezoidal da tuberosidade da tíbia

e um retangular da patela, de aproximadamente 6 mm e 4 mm, respectivamente (Figura

1A). Utilizou-se uma régua metálica estéril com furos graduados de 2 a 5 mm para

determinar o diâmetro dos fragmentos ósseos e da broca utilizada para a confecção dos

túneis ósseos, e na medição da espessura do ligamento patelar para retirada do terço

central (Figura 1B).

b) O fragmento ósseo da tuberosidade da tíbia foi preparado com o auxílio de

uma goiva para que atingisse a espessura próxima a 5,5 mm e que não passasse através

do furo da régua. O fragmento ósseo patelar foi preparado para atingir uma espessura

menor que 5 mm para passar livremente pela régua. Na sequência, foi realizado uma

perfuração com fio de Kirschner de 1 mm no fragmento tibial e duas perfurações no

fragmento patelar. As perfurações foram necessárias para passar e fixar os fios de nylon

0,6 mm que foram usados no tensionamento do enxerto (Figura 1C).

Page 132: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

109

c) O enxerto foi conservado até sua fixação, nos túneis femoral e tibial, em

solução salina estéril. O excesso de tecido adiposo e conjuntivo aderido às fibras foi

removido para facilitação da passagem do mesmo pelos túneis ósseos.

.

Figura 1- Imagens da retirada e preparação do enxerto autógeno de

ligamento patelar da articulação femorotibiopatelar direita de

ovino da raça Santa Inês. (A) Acesso longitudinal cranial da

articulação e serra óssea retirando o fragmento ósseo da

tuberosidade da tíbia; (B) Régua metálica estéril e retirada do

terço central do ligamento patelar; (C) Perfuração do fragmento

patelar com fio de Kirschner e mensuração do fragmento da

tuberosidade da tíbia.

Page 133: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

110

2.1.2 Substituição do ligamento cruzado cranial

a) Para o acesso articular utilizou-se o espaço criado após a retirada do terço

médio do ligamento patelar, onde foi realizada uma incisão perfurante que permitiu

adentrar a articulação com menor dano possível à cartilagem articular dos côndilos do

fêmur. Pode-se observar o coxim adiposo infrapatelar cobrindo os ligamentos cruzados

e os meniscos. Com auxílio de uma tesoura, esse coxim adiposo foi retirado em sua

maior parte, pois se necessitou de ampla visão da inserção do LCCr para sua

desmotomia, e visão do côndilo medial da tíbia para confecção do túnel ósseo tibial. Foi

realizada a desmotomia do LCCr nos seus pontos de origem e inserção. Após esse

procedimento, foi realizado o movimento de gaveta cranial para confirmar a

instabilidade articular.

b) Os cotos do ligamento foram curetados na origem e inserção, no fêmur e na

tíbia respectivamente, para auxiliar no posicionamento dos guias. Os guias foram

confeccionados exclusivamente para encaixe no fêmur e na tíbia, possuindo dois

componentes de orientação dos fios de Kirschner de 1,5 mm posicionados na origem e

inserção do ligamento cruzado cranial (Figura 2A).

c) Os fios foram passados no fêmur e na tíbia com uma perfuradora e com o

auxílio dos guias posicionados no fêmur e na tíbia, que são específicos para o porte dos

animais em estudo. Realizou-se a perfuração do túnel do fêmur e da tíbia com uma

broca canulada 5 mm passada através do fio guia. A pinça Hartmann 9 cm foi necessária

para tracionar o fio amarrado ao enxerto e permitir a passagem deste após a confecção

do túnel femoral e tibial até que o fragmento da tuberosidade da tíbia estivesse 50% do

seu comprimento no túnel femoral e, pudesse ser totalmente impactado no túnel do

fêmur utilizando um impactador ósseo (Figura 2B).

d) O enxerto completamente posicionado no túnel femoral e tibial foi tracionado

distalmente e fixado com um parafuso de interferência de 5 mm na tíbia, correspondente

ao tamanho da broca utilizada. O fragmento ósseo no fêmur foi impactado e o fio de

nylon cortado (Figura 2C). Não foi utilizado nenhum equipamento específico para

quantificar a tensão aplicada ao enxerto durante a fixação na tíbia, a tensão foi

suficiente ao se perceber que todas as fibras estavam tensionadas e o movimento de

gaveta estava ausente.

Page 134: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

111

Figura 2- Imagens da cirurgia de substituição do ligamento cruzado cranial por

enxerto autógeno de ligamento patelar da articulação

femorotibiopatelar direita de ovino da raça Santa Inês. (A)

Posicionamento e colocação dos guias no fêmur e na tíbia,

respectivamente; (B) Confecção do túnel femoral e passagem do

enxerto através dos túneis femoral e tibial; (C) Impactação do

fragmento ósseo no fêmur e fixação do enxerto com parafuso de

interferência na tíbia.

e) Terminada a colocação do enxerto, a articulação foi irrigada com solução

Ringer lactato sob pressão para remoção de pequenos fragmentos ósseos oriundos dos

túneis femoral e tibial. O ligamento patelar foi suturado com nylon 2-0 em plano

simples separado. Distalmente, a cápsula e o retináculo foram suturados com fio

absorvível sintético 2-0 de ácido poliglicólico em único plano com pontos simples

separados e não perfurantes, atingindo apenas a camada fibrosa da cápsula e evitando

que o material de sutura entrasse em contato com a cartilagem articular. Evitou-se, sob

todos os aspectos, que ocorresse uma possível imbricação da cápsula articular e da

Page 135: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

112

fáscia lata durante o procedimento de síntese, visto que este fato interferiria na avaliação

da técnica cirúrgica intracapsular empregada.

f) Por fim, o tecido subcutâneo foi reaproximado com sutura simples contínua

com fio absorvível sintético de ácido poliglicólico e a pele suturada com pontos de wolf

utilizando-se fio inabsorvível sintético monofilamentar 2-0. O membro foi

movimentado repetidas vezes alternando extensão e flexão e a estabilidade da

articulação foi avaliada pelo movimento de gaveta cranial.

2.2 Pós-operatório

No pós-operatório os animais ficaram em baias individuais por sete dias

para manutenção do repouso e realização de curativos diários. Analgesia foi realizada

com 4mg/kg de Tramadol (Cloridrato de tramadol®, Cristália produtos químicos e

farmacêuticos Ltda, Brasil) a cada oito horas por via intramuscular por sete dias e

25mg/kg de Dipirona sódica (D-500®, FortDodg, Brasil) a cada 12 horas, por via

intramuscular. A antibioticoterapia foi feita com 30.000 UI de Oxitetraciclina

(Oxitetraciclina®, Des-Far laboratórios Ltda, Brasil) a cada 48 horas por via

intramuscular em três doses. Os pontos de pele foram retirados no décimo dia após o

procedimento cirúrgico.

Ao final das avaliações de cada grupo realizou-se a eutanásia dos animais

seguindo os protocolos estabelecidos pela CEUA, utilizando Isofluorano (Isofluorano®,

Cristália produtos químicos e farmacêuticos Ltda, Brasil) e 1mg/kg de Cloreto de

potássio (Cloreto de Potássio®, HalexIstar indústria farmacêutica, Brasil), por via

intravenosa. Posteriormente os animais foram encaminhados ao setor de patologia onde

foram colhidas as articulações femorotibiopatelares direita e em seguida os animais

foram incinerados.

2.3 Avaliação clínica

As características de claudicação e apoio do membro foram avaliadas de

acordo com o sistema de escore de Stanek22

(Quadro 1) e a presença de crepitação pelo

sistema de escore estabelecido por Muzzi et al.23

modificado (Quadro 2).

Page 136: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

113

Quadro 1- Sistema de escores para características de claudicação e apoio do membro.

Escore Descrição

Claudicação e apoio do membro

1 Postura normal com linha de dorso retilínea em estação e locomoção,

passos firmes com distribuição correta e apoios.

2 Postura normal em estação e ligeiramente arqueada em locomoção.

Apoios normais.

3 Postura arqueada em estação e locomoção, ligeira alteração dos passos.

4

Postura arqueada em estação e locomoção, assimetria evidente do apoio

poupando membros, com menor tempo de apoio do(s) membro(s)

lesado(s).

5 Incapacidade de apoio ou de sustentação do peso do(s) membro(s)

lesado(s), relutância ou recusa para locomover-se.

Fonte: Adaptado de Stanek22

Quadro 2- Sistema de escores para presença de crepitação na articulação

femorotibiopatelar.

Presença de crepitação

1 Ausente

2 Crepitação discreta: presença de crepitação discreta nos extremos de

flexão e extensão da articulação femorotibiopatelar.

3 Crepitação moderada: presença de crepitação intermitente ao movimentar

a articulação femorotibiopatelar.

4 Crepitação acentuada: presença de crepitaçãointensa e constante em toda

a amplitude de movimentos da articulação femorotibiopatelar.

Fonte: Adaptado de Muzzi et al.23

2.4 Coleta de dados cinemáticos

Os dados cinemáticos foram coletados em laboratório equipado com dez

câmeras infravermelho (Bonita 10 Vicon, Oxford, UK), operando a uma frequência de

100 Hz e software Vicon Nexus 2.1.2. Para cada análise o sistema foi calibrado para um

espaço tridimensional teste de 6 m de comprimento x 2 m de largura x 1,5 m de altura

(Figura 1).

Utilizando cola de secagem rápida foram colocados oito marcadores

esféricos retroreflexivos (1,2 cm de diâmetro) em posições específicas do membro

pélvico direito: sobre o trocânter maior do fêmur, epicôndilo lateral do fêmur, diáfise da

tíbia, maléolo lateral, aspecto lateral distal dos metatarsos III e IV e apenas o aspecto

lateral distal de metatarsos III e IV do membro pélvico esquerdo (Figura 2).

Page 137: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

114

Figura 3- (A) Laboratório de biomecânica equipado com dez câmeras infravermelho (Bonita 10

Vicon, Oxford, UK), operando a uma frequência de 100 Hz e software Vicon Nexus

2.1.2. (B) Para cada análise o sistema foi calibrado para um espaço tridimensional teste

de 6 m de comprimento x 2 m de largura x 1,5 m de altura.

Figura 4- (A) Marcadores esféricos

retroreflexivos (1,2 cm de diâmetro) em posições

específicas do membro pélvico direito: sobre o

trocânter maior do fêmur, epicôndilo lateral do

fêmur, diáfise da tíbia, maléolo lateral, aspecto

lateral distal dos metatarsos III e IV e apenas o

aspecto lateral distal de metatarsos III e IV do

membro pélvico esquerdo. (B) Imagens

tridimensionais dos marcadores reflexivos

captados pelas câmeras.

Page 138: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

115

Para iniciar a coleta dos dados cinemáticos as ovelhas realizaram um

treinamento de dez tentativas prévias. Posteriormente, quatro ensaios válidos foram

obtidos a uma velocidade auto-selecionada. Cada ensaio incluiu um ciclo da marcha

completo e foram considerados válidos se o animal caminhava com velocidade

constante e natural.

Os animais se adaptaram ao laboratório de forma satisfatória e foram

necessárias dez tentativas para validar quatro coletas completas. Não foi necessária a

utilização de cabrestos para condução do animal sobre a plataforma. Manter outro

animal e recipiente com alimentação no final da plataforma foi suficiente para que os

animais caminhassem por todo a sua extensão.

As coordenadas 3D dos marcadores utilizados foram exportados e

posteriormente processados em ambiente Matlab. Os dados foram filtrados por um filtro

passa-baixa, de fase zero, quarta ordem, do tipo Butterworth, com uma frequência de

corte de 6Hz. Em seguida, as seguintes variáveis foram calculadas: (1) comprimento do

passo (mm); (2) largura do passo (mm); (3) tempo total do passo (s); (4) fase de balanço

(% do ciclo da marcha); (5) fase de apoio (% do ciclo da marcha); (6) ângulo de flexão

da articulação femorotibiopatelar); e (7) ângulo de flexão da articulação do tarso.

2.5 Análise estatística

A análise estatística foi realizada com auxílio do programa “R” (R

Development Core Team, 2011). Para as variáveis clínicas, avaliadas quinzenalmente,

utilizou-se o teste de Friedman de caráter qualitativo para comparações múltiplas entre

as médias. Para comparar os parâmetros cinemáticos dentro do mesmo grupo empregou-

se análise de variância seguida do teste de scott-knott para comparação das médias. Em

todas as variáveis analisadas, foram consideradas significativas as diferenças com

probabilidade de 5% (p≤0,05).

Page 139: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

116

3. Resultados

De acordo com a Tabela 1 a avaliação da claudicação e apoio do membro

sobre o solo apresentou diferença (p<0,05) aos quinze dias de pós-operatório. Todos os

animais apresentaram maior escore de claudicação e, consequentemente menor apoio no

solo até os 45 dias de avaliação. Dos 60 aos 90 dias de operados os animais

apresentaram claudicação discreta e apoio satisfatório do membro. Aos 90 dias

observou-se apenas claudicação discreta sem diferença estatística quando comparado

aos 60 e 75 dias de pós-operatório (Tabela 1).

A crepitação foi avaliada seguindo o quadro de escores por meio de

movimentos de flexão e extensão da articulação femorotibiopatelar operado. Observou-

se significância dos 15 aos 60 dias de operados quando comparado ao pré-cirúrgico e

aos 75 e 90 dias pós-cirurgia. Houve agravamento moderado e significativo nas

primeiras semanas e melhora significativa nas últimas semanas (Tabela 1).

Tabela 1- Medianas dos escores de avaliação das variáveis: claudicaçã e, crepitação

obtidas durante exame clínico do membro pélvico direito de ovinos fêmeas,

adultas.

Variável n Tempo Mediana p*

Claudicação

17 0 1,0a

0,001

17 15 2,4b

17 30 2,2b

12 45 2,1b

12 60 2,0bc

6 75 1,7c

6 90 1,7c

Crepitação

17 0 1,0a

0,002

17 15 1,9b

17 30 1,6b

12 45 1,4b

12 60 1,4b

6 75 1,0a

6 90 1,0a

*Valores de (p <0,05) representam diferenças significativas entre as medianas no teste de

Friedman.

Todos os animais apresentaram diminuição na largura do passo após a

cirurgia (p<0,05). Observou-se que largura do passo foi menor aos 30 dias após a

cirurgia (147.73±11mm) e aproximadamente igual aos 60 dias (170.59±11.44mm) e 90

dias (170.19±11.84mm). O comprimento do passo foi maior (p>0,05) aos 60 dias

(676.23±22.58mm) e aos 90 dias (733.99±35.22mm) do pós-cirúrgico. A fase de apoio

Page 140: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

117

foi menor (p<0,05) e a fase de balanço foi maior (p<0,05) após 30 e 60 dias de cirurgia

(Tabela 2).

O pico máximo do ângulo de flexão da articulação femorotibiopatelar

aumentou (p=0,003), comparativamente entre o pré-cirúrgico e aos 30 dias de pós-

cirúrgico (Tabela 2). Observou-se que a articulação femorotibiopatelar se matinha

menos flexionada à medida que o tempo pós-cirúrgico aumentava com maior diferença

entre a curva pré-cirúrgica da curva que representa o comportamento dos animais após

30 dias de pós-cirúrgico, e maior semelhança aos 90 dias de pós-cirúrgico em relação ao

pré-cirúrgico (Figura 5).

Figura 5- Representação gráfica do ângulo da articulação femorotibiopatelar

durante um ciclo da marcha de ovinos fêmea, adulta, avaliada antes

da cirurgia e aos 30, 60 e 90 dias de pós-operatório.

Page 141: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

118

Tabela 2- Médias e desvios-padrão (Media ± DP) das variáveis cinemáticas: comprimento do passo (mm), largura do passo (mm), fase

de apoio (%), fase de balanço (%), tempo total do passo (s), pico máximo do ângulo da articulação femorotibiopatelar (°) e

ângulo do tarso (°), obtidas no pré-cirúrgico (antes) e pós-cirúrgico (depois) da articulação femorotibiopatelar direito de

ovinos, fêmeas, adultas.

Variáveis Antes

Grupo 30 (n=5)

Grupo 60 (n=6)

Grupo 90 (n=6)

Media ± DP Media ± DP *p Media ± DP *p

Media ± DP *p

Comprimento do passo (mm) 676,23±22,58 598,38±40.40 0,100 683,65±33,65 0,850 733,99±35,22 0,170

Largura do passo (mm) 203,32±7,08 147,73±11,00 0,001 170,59±11,44 0,020 170,19±11,84 0,020

Fase de apoio (%) 59,55±1,41 48,80±2,53 0,001 54,49±1,53 0,010 57,68±1,68 0,350

Fase de balanço (%) 40,45±1,43 50,35±2,87 0,006 45,5±1,53 0,010 42,31±1,68 0,350

Tempo total do passo (s) 0,92±0,04 0,91±0,08 0,900 0,90±0,06 0,790 0,85±0,05 0,460

Flexão da articulação femorotibiopatelar (0) 87,07±1,93 100,28±3,46 0,003 95,28±3,45 0,550 90,41±3,38 0,400

Flexão do tarso (0) 70,69±2,37 66,16±4,04 0,460 71,69±3,88 0,760 69,13±4,38 0,750

*Valores de (p <0,05) representam diferenças significativas entre as médias na ANOVA, seguido do teste de scott-knott.

Page 142: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

119

Embora não tenha sido observada variação significativa no ângulo de flexão do

tarso em nenhum grupo pode-se notar uma diminuição dos valores no grupo 30 dias (p>0,05)

e valores aproximados entre o pré-cirúrgico e o grupo 90 (p>0,05) (Tabela 2). Observou-se

que o tarso se matinha mais estendido aos 30 dias de pós-cirurgia, pela maior diferença entre

as curva Pré e Grupo 30 do ângulo do tarso durante o ciclo da marcha na Figura 6.

Figura 6- Representação gráfica do ângulo do tarso durante um ciclo da marcha de

ovinos fêmea, adulta, avaliada antes da cirurgia e aos 30, 60 e 90 dias de pós-

operatório.

Page 143: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

120

4. Discussão

A melhora satisfatória dos parâmetros clínicos e cinemáticos nos intervalos

avaliados demostraram que a técnica de reconstrução anatômica pressfit do ligamento cruzado

cranial, empregando o enxerto autógeno do ligamento patelar é exequível em ovinos, com

melhora dos resultados clínicos e cinemáticos a partir dos 60 dias em pacientes submetidos à

substituição do ligamento. Os resultados favoráveis da técnica pressfit estão relacionados à

maior estabilidade da articulação femorotibiopatelar e resistência à tração do autoenxerto

como substituto do ligamento cruzado cranial de acordo com Pavlik et al.21

e Halder24

. Estes

autores realizaram reconstrução anatômica em seres humanos e concluíram que a técnica

fornece estabilidade adequada para reconstrução do ligamento cruzado anterior.

A seleção do membro direito para substituição do ligamento cruzado cranial foi

por conveniência e padronizada para todos os grupos. Estudos empregando cães da raça

Labrador comprovaram que não existem diferenças estatísticas dos parâmetros cinemáticos

entre o membro pélvico direito e esquerdo25,26

, e estudos com ovinos da raça Santa Inês

também comprovaram que não existem diferenças estatísticas entre os lados em membros

torácicos e pélvicos20

. Logo, as análises cinemáticas e as avaliações clínicas não tiveram

influência em relação ao lado operado.

A diminuição do grau de claudicação e melhor apoio do membro ocorreram de

forma gradativa e progressiva durante os 90 dias de avaliações pós-cirurgia. Em casos de

degeneração articular observa-se o contrário, normalmente a claudicação é progressiva e

associada a dor27

. O período de recuperação e melhora na deambulação dos animais foi menor

do que o relatado por Muzzi et al.23

e Biasi et al.28

que empregaram técnicas intracapsulares

para reconstrução do ligamento cruzado cranial e observaram períodos de claudicação de até

16 semanas. No estudo de Muzzi et al.23

foi descrito que a recuperação se estendeu até os 120

dias e com resultados melhores ao associar a fisioterapia ao tratamento.

No presente trabalho, a melhora do apoio e da deambulação pode estar

relacionada diretamente com a estabilidade articular e indiretamente com ausência de sinais

degenerativos articulares. Segundo Vasseur16

, a instabilidade articular, devido à perda de

função estabilizadora do ligamento, desencadeia claudicação e osteoartrite. Apenas em casos

raros a osteoartrite leva a instabilidade articular por perda funcional do ligamento, sendo,

nesses casos, considerada causa primária da lesão29

.

A crepitação da articulação femorotibiopatelar aos 15 dias após a cirurgia foi mais

evidente devido a possíveis pequenos fragmentos ósseos e cartilagíneos livres intra-

Page 144: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

121

articulares, resultantes da confecção dos tuneis ósseos no fêmur e tíbia para colocação e

fixação do enxerto. Outra possível causa seria a maior tensão inicial do enxerto fixado,

aumentando a pressão entre as superfícies articulares. Carrig30

afirma que normalmente a

crepitação articular está relacionada à presença de osteófitos; no entanto, ao longo das

semanas, observou-se diminuição gradativa da crepitação, possivelmente por degradação dos

fragmentos livres e discreto relaxamento do enxerto sem perda da função estabilizadora.

Pavlik et al.21

utilizando essa técnica deste estudo empregaram uma tração no enxerto

suficiente para estabilizar a articulação ponderando sobre possíveis perdas de tensão com a

ligamentização.

A dor associada aos movimentos de flexão e extensão da articulação é observada

de forma marcante apenas nas duas primeiras semanas pós-cirurgia, e está associada à

inflamação da articulação e musculatura adjacentes inerentes ao procedimento. Naredo et al.31

enfatiza a sensibilidade dolorosa progressiva como sintoma predominante no processo

degenerativo articular. Os animais não foram medicados com anti-inflamatórios e mesmo

assim observou-se diminuição gradativa da sensibilidade dolorosa articular ao longo das

semanas. Segundo Rousseau e Garnero32

, para haver a presença de processo articular

degenerativo todos os achados clínicos devem ser considerados, já que ocorrem de forma

concomitante em menor ou maior grau. No entanto, é necessário mais que avalições clínicas

para descartar um possível início de processo degenerativo articular33

.

Neste estudo, a claudicação e crepitação melhoraram de forma gradativa até os 90

dias, portanto, sem evidências clínicas de degeneração da articulação. Estes achados podem

estar relacionados a uma boa função estabilizadora do enxerto implantado. Em contrapartida,

Muzzi et al.23

relatou sinais clínicos e radiográficos de osteoartrite em alguns animais aos 30

dias após a cirurgia e 50% dos animais apresentavam formação osteofítica acentuada aos 90

dias após a cirurgia. Vale ressaltar que apesar dos resultados clínicos favoráveis encontrados

neste estudo, Penha et al.34

e Geels et al.35

afirmam que não há uma técnica capaz de impedir

a progressão da osteoartrite, devido às mudanças celulares e nos componentes da matriz

extracelular que alteram a síntese de colágeno diminuindo a organização dos condrócitos e,

consequentemente, levando à perda da matriz fibrilar e dos proteoglicanos.

A aquisição dos animais de uma propriedade criadora de ovinos da raça Santa

Inês favoreceu a execução da coleta de dados no laboratório de biomecânica devido ao

comportamento dócil e interatividade diária dos animais com pessoas. A dificuldade da coleta

acontecia algumas vezes devido à falta de cooperação do animal em caminhar e não por

comportamento hostil. Kim e Breur8 utilizando animais da raça Suffolk relataram que a

Page 145: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

122

análise da marcha na espécie não é adequada devido ao comportamento de rebanho dos

animais. Porém, Agostinho et al.36

e Faria et al.20

utilizaram em suas pesquisas animais da

raça Santa Inês para determinação de parâmetros cinéticos e têmporo-espaciais e concluíram

que a raça pode ser empregada em pesquisas de análise da locomoção. Os animais

caminhavam sobre a plataforma estimulados pelo oferecimento de alimento e pelo hábito

comportamental de rebanho em ficar sempre próximo a outros animais, poupando tempo de

treinamentos com cabrestos. Valentin et al.37

excluíram da pesquisa dois animais que se

recusaram a andar na esteira e Agostinho et al.36

treinaram os animais durante três semanas

para caminharem puxados em cabrestos. Segundo os autores a técnica de cabresteamento

minimiza a quantidade de tentativas para obtenção de coletas válidas.

A idade e peso médio (17 meses e 28 quilos) dos ovinos utilizados neste estudo

influenciaram nos parâmetros cinemáticos gerando resultados diferentes dos trabalhos

realizados por Valentin et al.37

e Kim e Breur8 que utilizaram animais com maior peso e

idade. Segundo Faria et al.20

e Agostinho et al.36

as variações de tamanho corporal, peso e

idade influenciam na análise da marcha de ovinos hígidos. Os parâmetros cinemáticos

normais para comparação neste estudo baseou-se na avaliação da marcha realizada antes da

reconstrução anatômica do ligamento cruzado cranial. Segundo Martini et al.38

o ovino está

sexualmente maduro entre sete e 12 meses, porém a época final de fechamento da placa

epifisária dos ossos longos pode estender-se até 36 meses, e a maturidade esquelética

influencia no estudo da locomoção desses animais.

O comprimento do passo diminuiu aos 30 e 60 dias pós-cirurgia sem diferença

estatística nos três grupos quando comparados ao pré. A menor amplitude articular e um grau

discreto de dor nas primeiras semanas pós-cirurgia implicam em maior quantidade de passos

com menor tempo de apoio e, consequentemente, com menores comprimentos. Agostinho et

al.36

encontraram valores de comprimento do passo de ovinos jovens e adultos maiores do

que os relatados neste estudo. Valentin et al.37

também relataram comprimentos de passo

maiores em animais mais velhos e pesados. Fatores como tamanho corporal podem estar

envolvidos na diferenciação dos resultados de comprimento do passo entre estudos

cinemáticos em ovinos20

.

A largura do passo também apresentou diminuição significativa em todos os

grupos, possivelmente, por uma adaptação do animal em poupar o apoio realizando adução e

menor distribuição de peso no membro operado, e, ainda, por uma rotação medial da tíbia

devido à tensão aumentada do enxerto. Tapper et al.19

relatam que a instabilidade do

ligamento gera translação cranial da tíbia e abdução do membro imediatamente após a

Page 146: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

123

ressecção do ligamento e em longo prazo uma adução e rotação medial da tíbia devido a

fibrose, contração muscular alterada e alterações na congruência das superfícies articulares.

A duração da fase de apoio e balanço apresentou diferença estatística nos grupos

30 e 60. O tempo menor de apoio nestes grupos está relacionado à sensibilidade do membro e

a diminuição da amplitude articular da articulação femorotibiopatelar, resultados estes

relacionados à avaliação clínica de sensibilidade dolorosa e angulares da articulação

femorotibiopatelar. Kim e Breur8 realizaram estudos em ovinos hígidos e encontraram valores

de apoio (68,89%) maiores e de balanço (31,11%) menores do que os encontrados na

avaliação pré-operatória deste estudo, inferindo novamente a influência do peso e idade sobre

os parâmetros cinemáticos. O aumento da fase de balanço pós-cirurgia está relacionado a

proteção do membro operado e distribuição de peso. Agostinho et al.36

encontraram valores da

fase de balanço (38,85%) próximo aos encontrados neste estudo (40,45%). Aos 90 dias de

avaliação os valores de apoio e balanço foram bem próximos da avaliação pré-cirúrgica,

resultando na melhora clínica e das variáveis cinemáticas dos animais.

Os ângulos de flexão da articulação femorotibiopatelar aumentaram

significativamente aos 30 dias pós-cirurgia devido a sensibilidade dolorosa provocada pelo

procedimento. Porém aos 60 e 90 dias o aumento foi menor e não significativo, indicando

melhora clínica e retorno da função. Tapper et al.10

afirmam que a instabilidade ligamentar

aumenta o ângulo anterior de flexão da articulação femorotibiopatelar na tentativa de

minimizar as cargas aplicadas sobre o membro e ligamento durante o apoio imediatamente

antes e após a ruptura, e essas mudanças podem ser fatores importantes para o

desenvolvimento da degeneração articular. Os ângulos de flexão da articulação

femorotibiopatelar encontrados neste estudo foram menores do que os relatado por Faria et

al.20

, que encontraram valores de flexão do articulação femorotibiopatelar de 103 e 95 graus

em ovinos jovens e adultos, respectivamente.

O ângulo de flexão do tarso se manteve inalterado nos grupos 60 e 90 dias.

Apenas no grupo 30 dias observou-se uma diminuição não significativa como medida de

compensação do membro no momento do apoio e de diminuição de cargas. Faria et al.20

avaliaram os ângulos do tarso em ovinos jovens e adultos clinicamente saudáveis da raça

Santa Inês e encontraram valores menores do que os encontrados neste estudo. Provavelmente

a maior extensão do membro esteja relacionada com a diminuição do ângulo da articulação

femorotibiopatelar.

No tempo experimental deste estudo não foram observados sinais clínicos e

alterações cinemáticas consistentes com osteoartrite. Frank et al.15

descreveram, como

Page 147: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

124

resultado de maior importância em sua pesquisa, as alterações cinemáticas da marcha e lesões

articulares compatíveis com osteoartrite em nove ovinos 20 semanas após ressecção do

ligamento cruzado cranial e do menisco. Embora os sintomas de instabilidade tenham sido

melhorados com a reconstrução do ligamento, evidências indicam que a cinemática normal da

articulação femorotibiopatelar não foi restaurada39

. Anormalidades cinemáticas residuais

podem expor o paciente a um risco aumentado de lesões ou podem estar associadas com o

retorno de sinais de dor ou instabilidade em longo prazo19

.

Entretanto, Tapper et al.19

afirmam que, com ou sem a reconstrução do ligamento

cruzado cranial, a degeneração articular acontecerá se houver algum comprometimento desse

ligamento. Logo, sugerem-se estudos que avaliem em longo prazo a estabilidade do enxerto

empregando a técnica pressfit quanto ao início dos sinais de doença articular degenerativa.

Page 148: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

125

5. Conclusão

Ovelhas da raça Santa Inês, adultas jovens, submetidas à técnica de substituição

anatômica pressfit do ligamento cruzado cranial, utilizando enxerto autógeno de ligamento

patelar, retomam a função do membro aos 90 dias após a cirurgia com mínimas alterações

clínicas e cinemáticas.

Page 149: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

126

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Page 152: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

129

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização e concretização da pesquisa ao nível de doutoramento requer

dedicação, ampla compilação da literatura sobre assuntos específicos e relacionados,

planejamento, organização, investimento, tempo e, sobretudo, compromisso e liderança. A

ética, respeito e empenho de uma equipe sincronizada e treinada determinam o sucesso da

experimentação. O manejo correto dos animais antes, durante e após as avaliações reflete

diretamente no bem estar e consequentemente nos resultados.

A aquisição de animais de peso e estatura semelhantes confere um fator de

dificuldade para formação de um grupo homogêneo. Os valores de ovinos puros da raça Santa

Inês podem inviabilizar a pesquisa pelo custo elevado dos animais. Para a compra dos animais

deste estudo foi utilizado recurso da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás em parceria com o programa de pós-graduação em Ciência Animal. A falta

de financiamento do projeto dificultou a realização da experimentação em todas as etapas e,

foi necessária a utilização de recursos próprios para custear a alimentação e suplementação

dos animais e parte do material de consumo e instrumentais utilizados para os procedimentos

cirúrgicos.

O manejo dos animais para realização das avaliações periódicas e seu

deslocamento das baias ao laboratório de biomecânica da Faculdade de Educação Física

dispensava tempo, no mínimo dois períodos do dia durando mais de oito horas, e necessitava

pelo menos de três pessoas com força suficiente para carregá-los e contê-los. A equipe

formada na sua maioria por mulheres apresentava dificuldade na execução destas atividades

que exigiam maior esforço físico.

A dificuldade de execução da técnica demandou treinamento prévio em animais

pilotos e acompanhamento na rotina cirúrgica ortopédica humana durante dois anos. A curva

de aprendizagem da técnica ultrapassou 30 procedimentos realizados em ovinos para

conseguir redução do tempo cirúrgico e colheita e fixação adequada do enxerto. O

comportamento dócil dos animais facilitou a realização do pós-operatório, no entanto, a

manutenção dos animais em baias individuais e o comportamento de rebanho da espécie

aumentou o estresse dos animais.

Os mecanismos fisiológicos, meios diagnósticos e formas de tratamento da

osteoartrite não estão totalmente esclarecidos e são insuficientes para o completo

entendimento desta artropatia incapacitante e debilitante em seres humanos e animais. As

alterações celulares e moleculares de caráter degenerativo progressivo que acometem, em

Page 153: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

130

maior ou menor grau, as articulações sinovias estão relacionadas também a rupturas

ligamentares e instabilidade. O estudo induzido da ruptura do ligamento cruzado cranial com

imediata reconstrução e avalições seriadas, em curtos intervalos, auxiliam a compreensão da

patogênese da osteoartrite de forma sequencial e evolutiva.

As técnicas de reconstrução do ligamento cruzado cranial têm por objetivo

comum a estabilização da articulação e menor alteração na sinóvia e cartilagem articular,

consequentemente diminuição dos estímulos celulares, menor liberação de metaloproteinases

e retardo na instauração da osteoartrite. Técnicas que preconizam a colocação de enxertos

autógenos de forma anatômica, respeitando a origem e inserção do ligamento original,

promovem maior estabilização, retorno precoce da função do membro e ausência de sinais

degenerativos articulares 90 dias após a reconstrução.

Os métodos clássicos e mais acessíveis na rotina clinica-cirúrgica para o

diagnóstico da osteoartrite secundária à ruptura do ligamento cruzado cranial são os

radiográficos e ultrassonográficos. Embora a radiografia na maioria das vezes, seja o exame

comumente empregado para diagnóstico e avaliação do grau de acometimento da osteoartrite,

existe meios de diagnóstico por imagem que são mais indicados para avaliação de tecidos

moles e estruturas intra-articulares, como a ultrassonografia. Também, o exame artroscópicos

possibilita uma avaliação magnificada in situ particularmente das superfícies articulares,

ligamentos e membranas internas. Desta forma, observa-se que não há o melhor ou pior

exame e sim a indicação correta para o que se pretende avaliar, pois todos os exames

funcionam de forma complementar.

A combinação de exames imaginológicos e dosagem de citocinas pró-

inflamatórias presentes no liquido sinovial evidenciam o caráter inflamatório dos achados

radiográficos e ultrassonográficos. A inflamação sustentada promove degradação progressiva

por catabolismo da matriz extracelular e cartilagem articular. À medida que a degradação

ocorre observa-se radiograficamente neoformação e remodelamento ósseo, e

ultrassonograficamente irregularidade da cartilagem articular com aumento da ecogenicidade

intra-articular pela formação de fibrose.

A cinemática e avaliação clínica da locomoção auxiliam no diagnóstico de

osteoartrite pela observação anômala da marcha após a reconstrução do ligamento cruzado

cranial, podendo ocorrer claudicação persistente ou piora progressiva. A instabilidade

resultante de uma marcha alterada é o principal fator relacionado à instauração e progressão

das doenças degenerativas articulares. A avaliação biomecânica envolve recursos

tecnológicos precisos quando comparada ao simples exame clínico da marcha isoladamente,

Page 154: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

131

predizendo, especificadamente, em que momento da marcha houve alteração e o quanto

alterado foi. Nas rotinas clínicas devem-se inserir avaliações cinéticas e cinemáticas para

diagnóstico e acompanhamento de pacientes com osteoartrite a fim de observar precocemente

alterações durante o movimento que poderão futuramente ocasionar perda funcional da

articulação.

Sugere-se com este estudo a realização de pesquisas que avaliem a técnica em

tempos superiores a 90 dias para elucidar a estabilização articular e retardo dos sinais clínicos

de osteoartrite. Achados histopatológicos sugestivos de doença articular degenerativa podem

não progredir para um processo de osteoartrite em longo prazo, haja vista que as lesões inicias

possam ter sido provocadas pelo procedimento cirúrgico.

Page 155: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

132

ANEXO I

QUADRO 1- Escores microscópicos de extensão de superfície afetada por lesão estrutural com graduação maior que 3 da cartilagem troclear e

do côndilo de acordo com OARSI (Osteoarthritis Research Society International) (LITTLE et al., 2010)

% de superfície de área afetada através de todo côndilo femoral e tróclea

Sem lesão estrutural estendendo abaixo de 10% de profundidade 0

Menos de 10% de área de superfície com lesão estrutural estendendo abaixo de 10% de profundidade 1

10-25% de área de superfície com lesão estrutural estendendo abaixo de 10% de profundidade 2

26-50% de área de superfície com lesão estrutural estendendo abaixo de 10% de profundidade 3

51-75% de área de superfície com lesão estrutural estendendo abaixo de 10% de profundidade 4

Mais de 75% de área de superfície com lesão estrutural estendendo abaixo de 10% de profundidade 5

QUADRO 2- Escores de avaliação de lesões em ligamento implantado

QUADRO 3- Escores de avaliação de lesões em ligamento implantado.

HE/ Picrosirius Picrosirius

0 Ausente POLIMORFONUCLEAR PL 3 VERMELHO

1 DISCRETO Focal ou menos 30% MONONUCLEAR MN 1 VERDE

2 MODERADO Multifocal ou 30-70% GRANULOMATOSO GR AS AUSENTE

3 ACENTUADO Difuso ou mais de 70%

HE/ Picrosirius

0 Ausente POLIMORFONUCLEAR PL

1 DISCRETO Focal ou menos 30% MONONUCLEAR MN

2 MODERADO Multifocal ou 30-70% GRANULOMATOSO GR

3 ACENTUADO Difuso ou mais de 70%

Page 156: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

133

ANEXO I (continuação)

QUADRO 4- Escores microscópicos de cartilagem troclear e do côndilo pelo Sistema de Mankin modificado de acordo com OARSI

(Osteoarthritis Research Society International)

Escore de OARSI para osteoartrite

Estrutura (escore da pior área no

campo de visão)

Densidade de

condrócitos

(média de escore

para todo o campo

de visão na

cartilagem não

calcificada)

Clones celulares (escore

de todo o campo de

visão)

Coloração da matriz

(Azul de Toluidina)

(Escore da pior área no

campo de visão da

superfície da cartilagem

articular para baixo)

Integridade da Tidemark

(Escore da pior área no campo

de visão)

Superfície lisa/ normal 0 Normal 0 Normal 0 Coloração normal 0 Plano subcondral intacto e

TM único

0

Discreta irregularidade na

superfície (pouco alterada)

1 Discreta redução

ou aumento

1 Algumas duplicações

(2 a 3/campo)

1 Redução da coloração

até a zona média (1/3 de

profundidade)

1 Plano subcondral intacto e

TM duplicado

1

Moderada irregularidade na

superfície (enrugada)

2 Moderada

redução

2 Múltiplas duplicações

(mais de 3)

2 Redução da coloração

até a zona profunda (2/3

de profundidade)

2 Vasos sanguíneos através do

plano do osso subcondral e

da cartilagem calcificada

2

Acentuada irregularidades na

superfície (fragmentação, fissura,

fibrilação em menos de 10% de

profundidade)

3 Acentuada

redução

3 Duplicações ou

Triplicações

3 Redução da coloração

até a zona calcificada

(toda profundidade)

3 TM infiltrado por vasos

sanguíneos

3

Fissura na zona de transição (1/3

de profundidade)

4 Ausência de

células

4 Ninhos de múltiplas

células ou ausência de

células na lesão

4 Ausência de coloração 4

Fissura na zona radial (2/3 de

profundidade) 5

Fissura na zona calcificada (toda

profundidade)

6

Erosão ou acentuada fibrilação

para a zona média (1/3)

7

Page 157: AVALIAÇÃO CLÍNICA, IMAGINOLÓGICA, HISTOPATOLÓGICA E

134

CONTINUAÇÃO

Erosão ou acentuada fibrilação

para a zona profunda (2/3 de

profundidade)

8

Erosão ou acentuada fibrilação

para a zona calcificada (toda

profundidade)

9

Erosão ou acentuada fibrilação

para o osso subcondral

10

TM= Tidemark

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135

ANEXO II

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